Brock

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

Rock Brazuca – Uma Viagem no Tempo aos Anos 80 1

Autores Bruno Luiz Gutierrez Prieto Fernandes, Diana Gonzalez Ferreira, Gabriel
Ferraz Tedesco Lutuvino, Paulo Ricardo Di Gregorio Ferreira, Vinícius Eugênio Milani
Lima.2

Universidade Santa Cecília

Resumo

Rock Brazuca – Uma Viagem no Tempo aos Anos 80 é um programa de rádio-


documentário que tem por objetivo transmitir a história e importância que o rock
nacional dos anos 80 tiveram na cultura. Acreditamos que a década de 80 foi decisiva
para que o rock nacional se consolidasse no Brasil. Este período foi quando o Brasil, de
fato, começou a produzir seu próprio rock. Por isso achamos importante mostrar, e, ou,
relembrar esta fase da história da música no país. Afinal, muitas das músicas produzidas
naquela época são ouvidas até hoje nas rádios nacionais. Decidimos transmitir esse
conteúdo através de um rádio-documentário dividido em quatro episódios. No programa
produzido, abordamos como surgiram as bandas de rock brasileiro nos anos 80 e quais
foram os fatores para que elas conquistassem mídia e público.

Palavras-chave

Jornalismo; música; rock; Brasil; história.

1
Trabalho apresentado ao Intercom, na Divisão Temática de Jornalismo, do XXXII Congresso de Ciências da
Comunicação na Região Sudeste.
2
Bacharéis em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo

1
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

Corpo do trabalho

1. Apresentação

Este trabalho representa a aplicação teórica e prática de conhecimentos adquiridos por


nós durante o curso de Comunicação Social da Universidade Santa Cecília. Trata-se da
criação de um programa de radiojornalismo, em formato de Documentário, sobre o
Rock Nacional dos Anos 80.
O projeto objetiva mostrar ao ouvinte o ambiente em que surgiu e se desenvolveu o
movimento, levando em conta seu contexto histórico e político. Temos como ponto de
partida o fato de que o Rock Nacional se consolidou nos anos 80, e que as bandas
formadas neste período abriram as portas para que dezenas de bandas nacionais
tivessem espaço no cenário musical brasileiro.
Além disso, muitas bandas que surgiram naquela época continuam em atividade e
possuem destaque no cenário musical brasileiro, como os Paralamas do Sucesso, Titãs,
Capital Inicial.
Para apresentarmos esta proposta o programa será divido em quatro partes, de 30
minutos cada, com pautas específicas sobre o estilo musical abordado.
O episódio produzido e que será apresentado para a banca como mostra do nosso
objetivo é o primeiro capítulo do rádio documentário. Nele introduzimos o assunto para
mostrar o cenário da época de maneira a situar o ouvinte neste contexto. O nome
escolhido para o programa foi Rock Brazuca. Isto porque Brazuca foi como se
convencionou chamar as bandas surgidas no período de 1980.

2
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

2. Objetivo Geral

O objetivo desde trabalho é documentar a história do rock nos anos 80 pela visão de
personagens que de alguma forma vivenciaram e, ou, fizeram parte deste movimento.
Isto foi feito com entrevistas realizadas pelos integrantes do grupo, entrevistas de
arquivos e com informações captadas através de pesquisas em livros, revistas,
documentários e vídeos da internet.
São quatro programas, semanais, transmitidos por uma emissora de rádio FM.
Apresentamos para avaliação o primeiro desses programas. A princípio tem caráter de
transmissão regional pelo fato da cidade de Santos ter tido grande influência sobre este
movimento. No último capítulo do primeiro bloco, inserimos o cenário de Santos
dentro do Rock Nacional da época. Contudo, o programa também pode ser veiculado
em qualquer emissora que atenda o perfil do nosso público-alvo, com pessoas na idade
entre 25 e 45 anos, pois é nesta faixa etária que está concentrada a audiência das bandas
deste tempo. Secundariamente também pode alcançar o público de 13 a 25 anos por se
tratar de jovens que em geral manifestam interesse por rock , e todo ouvinte amante da
música.
Queremos proporcionar aos ouvintes a oportunidade de conhecerem, ou, lembrarem a
história musical da época. Afinal, muitas bandas formadas naquele período continuam
na atividade e com destaque na mídia como o ‘Barão Vermelho’, ‘Titãs’, ‘Paralamas do
Sucesso’, entre outras. Algumas bandas como ‘Legião Urbana’, ‘Cazuza’, ‘Camisa de
Vênus’, já não existem mais, no entanto suas músicas são tocadas até hoje com destaque
nas rádios.

3
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

3. Objetivo Específico

• Desenvolver um programa que resgate o passado musical do rock no


Brasil.
• Documentar todos os passos do rock no Brasil durante os anos 80.
• Relatar a influência deste movimento na música da atualidade.
• Proporcionar aos ouvintes informações importantes e curiosas sobre o
passado musical.
• Aplicar conhecimentos técnicos de produção, direção, locução, edição e
entrevista, desenvolvidos durante o curso de Comunicação Social.

4
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

4. Justificativa

A identificação do grupo com a música, especificamente a dos anos 80, e a falta de


divulgação da história sobre esta época, foram os pontos determinantes para a escolha
do projeto e que nos impulsionaram para a realização deste resultado.
Dentro do cenário musical atual, constatamos a presença de diversas bandas que se
perpetuam, desde os anos 80, como as principais bandas de rock nacional. São
exemplos, o Barão Vermelho, Capital Inicial, Titãs, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha,
entre outras. Há também diversos artistas que iniciaram seus trabalhos nesta época e
hoje seguem na área, quer seja em carreira solo, ou com novas bandas. Exemplo disso
são os ex-Titãs, Arnaldo Antunes e Nando Reis. O primeiro segue carreira solo e o
segundo atua com a banda Nando Reis e os Infernais. Fernanda Abreu, ex-Blitz, e
Marcelo Nova, ex-Camisa de Vênus, também seguem atualmente carreira solo, entre
outros.
Observamos o resgate desta década, quer pelas roupas, ou, costumes, mas
principalmente pela música. O jornalista Guilherme Bryan, autor do livro “Quem tem
um sonho não dança”, sobre a cultura jovem nos anos 80, afirmou em entrevista
concedida aos repórteres do Rock Brazuca, que esse resgate é feito em partes por
saudosismo de quem viveu a juventude naquela época.
O saudosismo citado por Bryan, ou, o interesse de quem não viveu aquela época, mas
gosta do estilo, é notório atualmente nas festas PLOC3, ou, mesmo evidenciado em
casas noturnas que dedicam noites com músicas dos anos 80. Consideramos, no entanto,
que o impacto deste estilo musical na cultura brasileira não tem sido abordado pelos
veículos midiáticos. Teve parte influente na cultura da década, no entanto sua história
não ganha destaque nos meios de comunicação.
Por isso acreditamos que esta história deve ser revivida e contada. E nada melhor do que
difundir e resgatar este passado através do rádio. Afinal, foram as emissoras da época,
como a rádio Fluminense, que desempenharam grande papel em divulgar essas bandas,
consagrando vários hit´s.

3
PLOC 80’s foi criada para suprir uma lacuna histórica na noite carioca, de grandes festas especializadas, dedicadas
aos anos 80. O que vale na PLOC 80’s é a diversão, por isso ela é considerada por muitos formadores de opinião
como a festa mais animada da cidade, um oásis sem brigas, com total respeito pela diversidade sexual e, o melhor,
com o público mais animado e alto-astral do Rio de Janeiro. Nesta festa são tocadas músicas de , Ultraje a Rigor,
Michael Jackson, Grafitte, Barão Vermelho, Eduardo Dusek, Lulu Santos, Guilherme Arantes,Kid Abelha,
Engenheiros do Haway, entre outros.

5
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

5. Histórico

O árduo caminho do Brock até a consolidação nos anos 80

Na década de 50 surgia nos EUA, Elvis Presley, o mito do rock n´roll. Além dele,
outros expoentes de destaque como Chuck Berry e Little Richard aparecem nesta
mesma década levando o estilo musical ao sucesso.
Enquanto isso no Brasil, o Rock caminhava a passos lentos. Ainda na década de 50 o
rock aparece aos brasileiros na trilha sonora do filme “The blackboard jungle”, que
trazia a música “Rock around the clock”, de Bill Haley and His Comets. Assim, inserido
em trilhas sonoras de filmes, ou, musicais, o rock foi formando seus primeiros
seguidores no país.
Em 1957 a música “Rock and roll em Copacabana”, cantada por Cauby Peixoto surge
como o embrião do estilo. De acordo com o escritor Arthur Dapieve, este é “o primeiro
rock made in Brazil4”
Neste contexto a cantora Celly Campello, no final da década de 50, dá indícios do rock
produzido no país, com canções como “Estúpido Cupido” e “Banho de Lua”.
Contudo, foram aparições pontuais e efêmeras, não abrangentes o suficiente para que o
estilo fincasse seu espaço no cenário musical. A evidência musical da época voltada
para outros gêneros como, por exemplo, a bossa nova e músicas sentimentais, e até
mesmo, as condições econômicas do país, foram fatores que retardaram a consagração
do Rock Brazuca.
O cantor e compositor Caetano Veloso em seu livro “Verdade Tropical” analisa as
razões que fizeram o Rock não ter conquistado muitos adeptos brasileiros na década de
50.
Para Caetano Veloso, “o rock´n´roll não produziu no Brasil uma minoria de massa (...)
que o transformasse num fenômeno comercial ou numa referência cultural irrecusável.
A extração social dos seus seguidores de primeira hora era muito difícil de definir, uma
vez que, para que se o fosse, requeria-se ao mesmo tempo um gosto suburbano e poder
econômico que permitisse acesso imediato a informações sobre a cultura americana-
discos, filmes e revistas-, de modo que muitas vezes um fã de rock´n´roll tinha aquelas
características de gosto, mas não tinha meios de seguir, por exemplo, um curso

4
DAPIEVE, Arthur, BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80, p.14

6
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

particular de inglês, e, outras vezes, sendo filho de família abastada, tinha acesso a
produtos americanos mas mantinha uma atitude elitista a que o rock mal se adaptava
como um mero sinal exterior de modernidade. Raramente os dois requisitos coincidiam
num mesmo indivíduo ou num grupo (...) para formar uma personalidade ou um
ambiente que pudesse se chamar de genuinamente roqueiro(...) Desse modo, um jovem
brasileiro talentoso que amasse o rock e quisesse desenvolver um estilo próprio dentro
do gênero, nos fins dos anos 50, enfrentava não apenas a ultra melódica tradição
musical brasileira de base luso-africana e veleidades italianas e a atmosfera católica da
nossa imaginação, mas também a dificuldade de decidir-se por se afirmar socialmente
como um pária ou como um privilegiado5”.
Veio a década de 60 e com ela a Jovem Guarda, dando mais espaço em suas músicas
para o símbolo do rock´n´roll, a guitarra. Contudo, as letras ainda estavam longe de
terem a rebeldia com causa presente no rock 80. O jornalista Arthur Dapieve descreve
em seu livro BRock, O Rock Brasileiro dos anos 80, o conteúdo das letras desse
movimento. “As letras iam um pouco além da ingenuidade brega dos “banhos de lua” e
“biquínis de bolinhas amarelinhas”; ou seja, estavam mais próximas da realidade do
Brasil urbano ao falar de carrões e festanças. No amplo panorama da música brasileira,
contudo, o rock ainda era ouvido como um artigo importado e supérfluo, ”Jovem
Guarda” era apenas a doença infantil da nossa música. Duraria até que aquela turma
amadurecesse. E assim foi6”.
Em 68, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa,Tom Zé, Nara Leão, os Mutantes ,mais
os poetas Capinam e Torquato Neto, fazem a “Tropicália”. O movimento era uma
antropofagia7 musical que misturava desde guitarra elétrica a berimbau. No entanto, a
postura roqueira, no sentido comportamental, dos tropicalistas, não foi entendida pela
turma da MPB da época. “Curiosamente, quem primeiro viu o rock como inimigo não
foram os generais, mas os universitários. Num mundo estreitado pelo maniqueísmo
esquerda/direita, não havia lugar para uma música que desse conta da complexidade do
Brasil: quem não estava engajado em canções de protesto ou pesquisas “de raiz” estava
alienado, estava jogando contra8”.

5
VELOSO, Caetano, Verdade Tropical, p.43
6
DAPIEVE, Arthur, BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80, p.14
7
VELOSO, Caetano, Verdade Tropical, p.241
8
DAPIEVE, Arthur, BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80, p. 15

7
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

Da Tropicália saem os Mutantes, banda formada por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e
Sérgio Dias Baptista que começam a despontar no final dos anos 60.
“Roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”, diz Rita Lee na letra da música
“Ôrra meu”, do álbum Rita Lee, lançado em 1980. Para se ter uma idéia de como o
rock era visto como algo marginal, o jornalista Carlos Calado, autor do livro, “A Divina
Comédia dos Mutantes”, relata em sua obra que o artista plástico, Toninho Peticov, que
em 1965 contribuía com sugestões para o departamento de promoções da Folha de São
Paulo, queria que o veículo inserisse shows de rock na programação dos concertos
organizados pelo jornal. “...mas sabia que não seria fácil driblar o preconceito que os
meios de comunicação tinham contra aquele gênero de música. Rock ainda soava quase
como um palavrão. O jeito era ir com calma9”.
No início dos anos 70 Rita Lee saiu dos Mutantes. Com a banda em um estilo mais
progressivo e sem Rita a gravadora Polygran não teve interesse no álbum A e o Z e
dispensou o quarteto de seu cast da gravadora. Ainda nos anos 70 surge Raul Seixas,
figura irreverente e com traços de influência de Elvis Presley Chuck Berry e Little
Richard.
Posto este histórico do desenvolvimento dos primeiros passos do rock feito no Brasil,
com aparições apenas pontuais e não duradouras, chegamos enfim, aos anos 80, a
década em que o rock se consagra no país com as bandas Brazucas.
Até então, eram tímidas as aparições de grupos nacionais deste gênero musical. E foi
justamente nos anos 80 que o movimento não só apareceu, como se consolidou,
conquistando um espaço até então inexistente, em se tratando de bandas nacionais, entre
o público brasileiro.
Este movimento esteve presente durante um dos principais momentos políticos da
história do nosso país. Junto com ela, a democracia dava seus primeiros passos após
muitos anos de ditadura.
Consideramos também o fato de que o rock nacional dos anos 80 proporcionou uma
transformação no cenário musical brasileiro. As bandas de rock da época chegaram até
mesmo a conquistar um novo espaço nas estruturas midiáticas, ganhando proporções de
exposição até então não conhecidas na mídia nacional. “Blitz um fenômeno de mídia
como o país ainda não havia conhecido10”, afirmou Arthur Dapieve em seu livro
BRock, o rock brasileiro dos anos 80”.

9
CALADO, Carlos, A Divina Comédia dos Mutantes, p. 58.
10
DAPIEVE, Arthur, BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80, p. 57.

8
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

Além disso, foi na década de 80 que o rock, com cara de Brasil, se consolidou no país.
Com as portas abertas pela Blitz e com o inicio da abertura política, os jovens tiveram o
incentivo necessário para formar bandas de rock.
O fator mercadológico também influenciou a ascensão das bandas de rock nos anos 80,
como disse, em entrevista ao nosso programa, o jornalista Guilherme Bryan, autor do
livro “Quem tem um sonho não dança, cultura jovem brasileira nos anos 80”. “Os
medalhões da MPB custam muito caro e as gravadoras percebem que contratar uma
banda sai mais barato”., afirma Bryan.
Por toda essa importância histórica no cenário musical é que decidimos produzir nosso
trabalho de conclusão de curso sobre Rock Nacional nos anos 80.
Para mostrar como a década de 80 foi importante para que este estilo musical pudesse
ter o espaço no cenário brasileiro como tem atualmente.
As letras de músicas das bandas dos anos 80 já não tinham o apelo panfletário e denso
como as letras da MPB vistas em outras épocas. As letras eram mais voltadas para o
cotidiano destes jovens, mas sem deixar de serem políticas e apresentarem conteúdo.
Contudo isto era feito com humor, a exemplo de Ultraje a rigor, ou ironia, como notado
em letras do Cazuza e Legião Urbana. “Os jovens sentiam a necessidade de falarem
mais sobre o seu dia-a-dia, mas ir pra rua falar do cotidiano é um ato extremamente
político”, disse o jornalista Guilherme Bryan, autor do livro “Quem tem um sonho não
dança, cultura jovem brasileira nos anos 80”. em entrevista ao Rock Brazuca.

9
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

6. Por que o Rádio Para o Projeto?

O rádio é o meio de comunicação muito utilizado para a divulgação de músicas e foi


uma das ferramentas mais usadas pelas bandas da época para levar seus trabalhos até os
ouvintes.
Além disso, é um veículo de comunicação de massa acessível para as pessoas, seja pela
abrangência ou pela facilidade em portar esse aparelho.
O dinamismo e a rapidez na divulgação da informação foram pontos fortes para a
escolha do veículo como o meio para a produção do nosso trabalho de conclusão de
curso.
Acreditamos na atual programação veiculada neste tipo de mídia que tem sido aquém da
real capacidade que este veículo pode proporcionar. Assim, transmitir um conteúdo que
está em pauta no momento através do rádio seria também explorar melhor a capacidade
desta mídia. Hoje é comum ouvirmos comentários de que as rádios estão sem conteúdo.
Por isso, transmitir um documentário no rádio é proporcionar conhecimento aos
ouvintes.

10
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

7. Desenvolvimento - Etapas

No primeiro semestre nos inteiramos do assunto através de livros, documentários,


vídeos e arquivos da internet, além de nos aprofundarmos no conhecimento das próprias
músicas e álbuns lançados na época. Para isto baixamos conteúdo na internet e
freqüentamos sebos em busca de discos. Também buscamos na internet vídeos com
informação que poderiam ser utilizados no programa.
No segundo semestre iniciamos a parte prática do projeto. Fizemos diversas entrevistas
e muitos ainda foram os contatos e as incansáveis tentativas de entrevistas. Tivemos um
pouco de dificuldade em conseguir todas as entrevistas que desejávamos no prazo que
gostaríamos. Isto se deve ao fato de que grande parte de nossas fontes são artistas que
ainda estão na atividade e em razão das agendas lotadas e turnês dos músicos, nós
ficamos à mercê da possibilidade destes.
Mesmo assim conseguimos o conteúdo suficiente para a explicação deste tema.
Pesquisamos em livros e nos baseamos em depoimentos de pessoas que vivenciaram o
rock nos anos 80.
Além disso, conseguimos duas entrevistas às quais consideramos de peso para o
trabalho. Trata-se de dois grandes músicos que tiveram muito destaque nos anos 80.
O primeiro foi Billy Forghieri, tecladista da primeira formação da Blitz, a banda que foi
a precursora do sucesso do rock nacional na década de 80. E que nas palavras do
próprio Billy foi a responsável pela consolidação do espaço do rock nacional na mídia e
pela explosão do surgimento de bandas deste estilo.
Além disso, Billy foi também tecladista da histórica banda dos anos 80, a Gang 90,
comandada pelo falecido jornalista e músico, Julio Barroso. A Gang 90 também exerceu
grande importância no cenário da época, contudo a morte precoce de Barroso acabou
com o desenvolvimento da banda.
Atualmente Billy continua na Blitz e conseguimos realizar a entrevista quando a banda,
que é da cidade do Rio de Janeiro, foi a São Paulo para realizar um show.
A entrevista de maior destaque foi a com o músico e ex- vocalista da banda de rock
Camisa de Vênus, Marcelo Nova. Depois de diversas tentativas e insistentes pedidos,
finalmente conseguimos entrevistá-lo. Segundo o seu produtor Ari Mendes, Nova não é
“um cara fácil para topar entrevistas”. Enfim, conseguimos marcar a entrevista que foi

11
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

feita durante um show do ex-vocalista do Camisa de Vênus, atualmente em carreira


solo.
Na entrevista Marcelo Nova falou como foi a formação do Camisa de Vênus e do seu
relacionamento com as outras bandas da época. Momento no qual o vocalista nos
revelou ser um “cara solitário”. Além disso, entrevistamos o músico Boka, baterista da
Banda de punk rock, Os Ratos de Porão, formada na década de 80.
Fora os músicos, entrevistamos diversas pessoas que tiveram contato com o cenário
musical da época. Constam entre os nossos entrevistados: radialistas, jornalistas, críticos
de música, escritores, empresários de bandas, ex-donos de casas de shows, proprietários
de lojas de discos, sebos, fãs, entre outros, inseridos na gravação do programa.

12
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

8. Descrição de Técnicas e Formatos

O documentário está dividido em quatro episódios de 30 minutos cada. O primeiro,


produzido pelo grupo para apresentação no TCC, informa ao ouvinte a história do rock
nacional dos anos 80.
Nosso roteiro aborda como foi o surgimento deste estilo musical e como esta década
teve importância imprescindível para a formação do rock nacional. O programa está
dividido em quatro blocos, abordando temas específicos da época.
O primeiro episódio é a introdução do assunto, por isso, optamos por pautas sucintas,
mas que situem o ouvinte neste contexto. Organizamos então, o roteiro de forma a
demonstrar um apanhado geral do cenário da época.
No primeiro bloco nós mostramos porque o rock se consolidou na década de 80 e
também contamos ao ouvinte como era o cenário político da época e como ele
influenciou a cultura jovem, logo, os roqueiros da época. Para isso utilizamos as
entrevistas que fizemos com o escritor Guilherme Bryan, com o jornalista e produtor
musical da rádio saudade FM, Luis Torquato, e a entrevista de arquivo com o Edgar
Scandurra, ex-integrante do grupo IRA.
No segundo bloco nós falamos sobre as duas bandas que obtiveram maior vendagem de
discos nos anos 80: A Blitz, no início da década e o RPM, da segunda metade dos anos
80.
No terceiro bloco, fazemos uma breve análise das letras das músicas e mostramos suas
diferenças e semelhanças. O último bloco é dedicado ao cenário musical da cidade de
Santos.
Os outros três programas serão produzidos pelo grupo posteriormente, para emissoras
que se interessem pelo projeto. A proposta é que a produção seja feita com pautas mais
aprofundadas sobre questões da época como eixo Rio-São Paulo, o espaço teatral, o
Circo Voador, a performance das bandas, o crescimento da importância da imagem
como aliada ao sucesso das bandas de rock nacional , bandas punks, entre outros
assuntos.
A idéia é apresentar o programa produzido para o Trabalho de Conclusão de Curso,
como piloto a emissoras de rádio, para um possível patrocínio, o que permitiria a
execução e a transmissão dos demais. Desde que seja dentro do tema proposto, os
próximos programas podem ter pautas remanejadas e roteiros decididos juntamente com

13
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

a emissora contratante. Além disso, pretendemos levar em conta o feed back dos
ouvintes do primeiro programa.

8.1 Periodicidade

O Rock Brazuca será semanal voltado para o público com idade entre 25 e 45 anos, pois
é nesta faixa etária que está concentrada a audiência das bandas deste tempo.
Secundariamente também pode alcançar o público de 13 a 25 anos por se tratar de
jovens que em geral manifestam interesse por música em geral, e o ouvinte amante da
música.
Tendo visto o nosso público alvo, optamos por transmitir o programa às terças-feiras a
partir das 22h30, com reprise nos finais de semana, ou em outros dias, conforme a
disponibilidade e as propostas das emissoras. O período noturno foi escolhido, pois o
nosso público provavelmente ou estará estudando, ou trabalhando, quando não
realizando as duas funções.
Sobre o horário, além, de ser o mais adequado para o estilo de programa voltado para
maiores de 16 anos, também possibilita que as pessoas já tenham saído de seus
trabalhos, ou, faculdade. Para aqueles que estiverem a caminho de casa, poderão ouvir
no mp3 ou rádio do carro.

8.2 Publicidade

O comercial foi inserido no nosso programa para ilustrar, por isso a repetição do mesmo
serve apenas para demonstrar como os breaks podem ser preenchidos. Para inserções
comerciais nos intervalos do Rock Brazuca, acreditamos que o êxito será obtido
juntamente com empresas que tenha algum destes perfis: público entre 16 e 35 anos,
com perfil independente, moderno,com ouvintes que gostem do pop-rock.
Seguimentos que podem veicular comercias no intervalo do Rock Brazuca: moda,
acessórios, roupas, aparelhos de som, instrumentos musicais, lojas de discos, cds, bares,
discotecas, aparelhos celulares, ou quaisquer que sejam os produtos voltados ao público
com este perfil.

14
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

Referências bibliográficas

ALEXANDRE, Ricardo. Dias de Luta: O Rock e o Brasil dos Anos 80. São Paulo:
Editora 34, 2002.

ANOS 80 - Multishow ao vivo. Direção de Alexandre Ktenas. Produção Som Livre.


Brasil, 2005.

ARAÚJO, Lúcia. Cazuza: Só as mães são felizes. São Paulo: Editora Globo, 1997.

ARNALDO ANTUNES. Disponível em: http://www.arnaldoantunes.com.br

ASSAD, Simone. Renato Russo de A a Z: as Idéias do Líder da Legião Urbana.


Campo Grande: Editora Letra Livre, 2000.

BARÃO VERMELHO. Disponível em: http://www.barao.com.br

BARBEIRO, Heródoto e LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Radiojornalismo. Editora


Campus, 2001;

BANDAS DE GARAGEM: Afarra. Disponível


em: http://bandasdegaragem.uol.com.br/afarra

BIQUÍNI CAVADÃO. Disponível em: http://www.biquini.com.br

BLITZ. Disponível em : http://www.blitzmania.com.br/

BRYAN, Guilherme. Quem tem um sonho não dança: cultura jovem brasileira nos
anos 80. Rio de Janeiro/ São Paulo. Editora Record, 2004.

CALADO, Carlos. A divina comédia dos Mutantes. Editora 34, 1995

CAPITAL INICIAL. Disponível em:


http://www2.uol.com.br/capitalinicial/v3/index.html

CASSINO do Chacrinha. Direção de Leléco Barbosa. Produção Rede Globo. Brasil,


1982.

15
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

CAZUZA. Disponível em: http://www.cazuza.com.br

_______ - O tempo não para. Direção de Walter Carvalho e Sandra Werneck. Produção
Cineluz produções cinematográficas. Brasil, 2004. (90 min).

DADO VILLA-LOBOS. Disponível em: http://www.dadovilla-lobos.com.br

DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. Rio de Janeiro: Editora DBA,
1995.

DE MORAES, Marcelo Leite. RPM: Revelações por minuto. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2007.

ENGENHEIROS DO HAWAII. Disponível em:


http://www2.uol.com.br/engenheirosdohawaii

FRANÇA, Jamari. Os Paralamas do Sucesso, vamo batê Llata. São Paulo: Editora 34,
2003.

KOPLIN, Elisa e FERRARETO, Luiz Artur. Técnica de Redação Radiofônica.


Editora Sagra Luzzano, Porto Alegre- RS, 1922.

LOBÃO. Disponível em: http://lobao.uol.com.br

LONZA, Furio; MARINHO, Sérgio. Quarenta anos de rock: período pós-jurássico


(1981-95). São Paulo: Editora 34,1995

MARCHETTI, Paulo. O diário da turma 1976-1986: a história do rock de Brasília.


São Paulo: Editora Conrad, 2001.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação. Estados Unidos da América:


Editora Cultrix, 1964.

MARCELO NOVA. Disponível em http://www2.uol.com.br/marcelonova

16
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

MARMO, Hérica. Titãs: a vida até parece uma festa. Rio de Janeiro: Editora Record,
2002.

MATTOSO, Gilda. Assessora de encrenca. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 2006.

NANDO REIS. Disponível em: http://nandoreis.terra.com.br/html/default.asp

NASI. Disponível em: http://www.nasioficial.com.br/site

NENHUM DE NÓS. Disponível em: http://www.nenhumdenos.com.br

OS PARALAMAS DO SUCESSO. Disponível em: http://www2.uol.com.br/paralamas/

PAULO MIKLOS. Disponível em: http://www.paulomiklos.com.br

PAULO RICARDO. Disponível em: http://pauloricardo.uol.com.br/beta

PERDIDOS na noite. Direção de Luís Filipe Goulart de Andrade. Produção TV Gazeta.


Brasil, 1984.

POR toda a minha vida - Legião Urbana. Direção de Alexandre Ishikawa. Produção
Rede Globo. Brasil, 2007.

PROVOCAÇÕES – Arnaldo Antunes. Direção de Antônio Abujamra. Produção TV


Cultura. Brasil, 2008.

QUE rock é esse. Direção de Rodrigo Carelli. Produção Multishow. Brasil, 2007.

RENATO RUSSO. Disponível em: http://www.renatorusso.com.br

ROBERTO FREJAT. Disponível em: http://www.frejat.com.br

RODRIGUES, Rodrigo. As Aventuras da Blitz. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 2008.

17
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Rio de Janeiro – 7 a 9 de maio de 2009

ROSSI, Clovis. O que é jornalismo. Editora Brasiliense,1980.

SÉRGIO BRITTO. Disponível em: http://www2.uol.com.br/sergiobritto/

TABORDA, Felipe. A imagem do som do rock-pop brasileiro. São Paulo: Editora


Globo, 2002.

TAVARES, Reynaldo. Histórias que o rádio não contou. Editora Harbra, 1999.

TITÃS. Disponível em: http://www.titas.net

TRIBUTO a Cazuza. Direção de Aramis Barros. Produção Som Livre. Brasil, 2004.

ULTRAJE A RIGOR. Disponível em: http://www.ultraje.com.br

VELOSO, Caetano. Verdade Tropical . São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1997.

VINIL, Kid. Almanaque do Rock. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 2008.

18

Você também pode gostar