Caderno de Orientação - Assim Se Brinca
Caderno de Orientação - Assim Se Brinca
Caderno de Orientação - Assim Se Brinca
1. Título
2. Participantes
3. Materiais
sacola paralapracá
4. Seções
cá entre nós
para fazer
lá
Esta seção está voltada ao público que quer ir além, aprofundar-se por meio da
consulta a livros, sites, revistas, etc.
Agora que você já sabe como este caderno está organizado, é só fazer acontecer!
O Caderno de Orientação Assim se Brinca é uma publicação do programa Paralapracá.
O programa é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil criada em
2009, por meio de uma parceria entre a Avante – Educação e Mobilização Social e o
Instituto C&A.
O Paralapracá foi implementado em diversos municípios e teve sua eficácia reconhecida
pelo Ministério da Educação (MEC) em 2015, quando passou a integrar o Guia de Tecno-
logias Educacionais do MEC. O programa é uma metodologia da Avante, passível de ser
implantada em regime de parceria em qualquer localidade brasileira.
Esta publicação faz parte da Coleção Paralapracá e está licenciada sob a Licença Crea-
tive Commons Atribuição Internacional 4.0 (CC BY 4.0). Para ver uma cópia desta licença,
visite <https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_br> ou envie uma carta
para Creative Commons, PO Box 1866, Mountain View, CA, 94042, Estados Unidos.
■ SÉRIE DE VÍDEOS
Cá entre nós
Por que a brincadeira se constitui como um direito É no brincar, e talvez apenas no brincar,
da criança? que a criança ou o adulto fruem sua liber-
Na instituição onde você atua, a brincadeira é um dade de criação.
direito garantido na rotina das crianças? D.W. Winnicott
Elas têm oportunidade de escolher as brincadeiras?
Será que os espaços da instituição estão organiza-
dos de modo a favorecer as brincadeiras?
O que a instituição tem feito para garantir que esse
direito seja usufruído pelas crianças?
E na comunidade, o direito de brincar é reconheci-
do e valorizado? Como a instituição contribui nesse
aspecto?
Pra fazer
Toda criança tem direito a brincar. Este direito é tão
Refletir e tomar decisões sobre a impor-
fundamental que foi incluído na Declaração Universal
tância de garantir o direito de brincar
dos Direitos da Criança, da Organização das Nações
das crianças.
Unidas (ONU), em 1959, e reiterado em 1989, quando a
ONU adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança
9
(CDC), a qual declara no artigo 31: a criança tem direito
Os direitos da criança, incluindo o direi-
ao descanso e lazer, ao divertimento e às atividades
to de brincar, também estão divulgados
recreativas próprias da idade, bem como à livre partici-
no documento Critérios para um atendi-
pação na vida cultural e artística.
mento em creches que respeite os direitos
Uma boa forma de refletir sobre esta questão é se
fundamentais das crianças. Acesse a lis-
reunir com todos os profissionais da instituição, inclusi-
ta completa dos direitos no site do MEC.
ve os funcionários, para assistir ao vídeo Assim se Brinca,
Veja como na seção Lá.
da Coleção Paralapracá. Muitas vezes, nem todos têm
conhecimento de que brincar é um direito. Isso também
é comum entre os pais, que, por vezes, acham que “é bobagem” usar o tem-
po na escola para brincar. Se brincadeira é coisa séria para o desenvolvi-
mento infantil, deve ser tratada como tal por todos que estão em torno da
criança.
Há várias formas de assistir ao vídeo. Neste caso, se o desejo é direcionar
o olhar do grupo de educadores da instituição para a questão do direito de
brincar, é importante organizar um ambiente propício. Uma maneira de fazer
isso poderia ser recorrendo ao livro Os direitos das crianças segundo Ruth
Rocha, da Cia. das Letrinhas. “Em forma de poema, a mais lírica e divertida
declaração dos direitos das crianças!”
Produzir um cartaz com os indicadores,
Após este momento de mobilização, é possível
usando cores ou uma legenda para classifi-
destacar a questão do direito à brincadeira e convidar
car como estão. O importante é que, após
o grupo para assistir ao vídeo, refletindo sobre
esta avaliação, sejam tomadas decisões
algumas das indagações da seção Cá entre nós.
que melhorem ainda mais a qualidade do
Outra sugestão é usar os indicadores a seguir,
trabalho desenvolvido na instituição.
retirados daquele documento, para avaliar como está
sua instituição em relação à garantia do direito de brincar.
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Fizemos a atualização dessa lista acrescentando três novos itens.
11
Lá
A publicação Convenção sobre os direitos da criança pode ser en-
contrada no site do Unicef: ‹http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_
10120.htm›
Acesse o site territoriodobrincar.com.br e veja filmes, fotos e textos so-
bre o brincar e as infâncias.
Assista ao filme Tarja Branca, do Instituto Alana. O vídeo é um manifes-
to da importância de se manter o espírito lúdico que surge na infância
e que as pessoas tendem a abandonar na vida adulta. Disponível em
muitos canais do YouTube: https://youtu.be/jPm7LZ1ZDAQ
Você sabia que existe no Brasil uma associação que luta pela garantia
do direito de brincar? Ela se chama Associação Brasileira pelo Direito
de Brincar (IPA). Acesse o site: ‹http://www.ipadireitodebrincar.org.br›
BRASIL, MEC, SEB. Critérios para um atendimento em creches que res-
peite os direitos fundamentais das crianças. 2ª Ed. Brasília: MEC/SEB/
DCOCEB/COEDI, 2009. ‹http://portal.mec.gov.br/dmdoc›
rocha, ruth. Os direitos da criança segundo Ruth Rocha. Editora
Companhia das Letras, 2002.
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A brincadeira
e a cultura
■ almanaque paralapracá
■ SÉRIE DE VÍDEOS
Cá entre nós
Você sabia que a brincadeira possui uma dimensão A brincadeira é um fenômeno da cultura,
cultural? E que essa dimensão cultural revela o modo uma vez que se configura como um
de ser e de viver de um determinado grupo social? conjunto de práticas, conhecimentos e
Você já parou para pensar que as brincadeiras das artefatos construídos e acumulados pelos
crianças revelam algo sobre a sua cultura? sujeitos nos contextos históricos e sociais
Você conhece as brincadeiras presentes na comu- em que se inserem. Representa, dessa
nidade da instituição? forma, um acervo comum sobre o qual os
As práticas pedagógicas da instituição incorporam sujeitos desenvolvem atividades conjuntas.
o brincar como dimensão cultural, fundamental para Ângela M. Borba
a constituição da formação humana?
Pra fazer
Refletir sobre as possibilidades de amplia-
Como afirma Chico dos Bonecos no vídeo Assim se Brin-
ção cultural promovidas pela brincadeira.
ca, da Coleção Paralapracá, a brincadeira é própria do
humano, mas também se aprende a brincar. É um direito das crianças terem aces-
Teóricos da antropologia e da filosofia afirmam so- so a essa cultura milenar e planetária dos
bre este potencial natural, reconhecendo a presença brinquedos e brincadeiras.
do jogo/brincar em algumas espécies de animais e Chico dos Bonecos
na espécie humana:
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O traço biológico do lúdico, como é medido pela incidência do jogo, cresce em
intensidade na classe dos mamíferos, de acordo com a posição das espécies na
escala de evolução que leva ao homem. Entre os mamíferos, as espécies da or-
dem dos primatas são as que mais jogam e, entre estes, o homem parece brincar
mais do que todos.
Norbeck (apud ROSAMILHA, 1979, p. 26)
Assim, embora seja uma característica nata, a “A ação do brincar está intimamente re-
brincadeira se desenvolve a partir do ambiente lacionada com o desenvolvimento do co-
cultural no qual a criança está inserida. Ou seja, ela nhecimento de si, do mundo físico, so-
aprende a brincar pelas interações sociais e, por isso, cial e dos sistemas de comunicação, na
suas brincadeiras estão impregnadas de valores, criança. Assim, a brincadeira influencia
hábitos, formas e conhecimentos do seu grupo social. a construção da realidade e do conheci-
Por isso, é tão importante que as instituições de mento do mundo interior e exterior. O
Educação Infantil sejam espaços onde se garanta o brincar reflete um modo através do qual
direito de brincar e onde se amplie este repertório de a criança elabora, ordena, desordena,
brincadeiras. destrói e reconstrói o mundo, constrói
Consulte a seção Repare do mês de agosto do e recria a realidade. Enfim, brincar tem
Almanaque Paralapracá. Veja como uma mesma uma função imprescindível na vida da
brincadeira ganha sentidos diversos em cada região do criança, pois envolve os aspectos psicos-
nosso país. Observe o que expressou o poeta Carlos social, cultural e histórico.”
Drummond de Andrade sobre a brincadeira com as marlene santos, maria izabel e da-
pipas: niela varandas
— O bom da pipa não é mostrar aos outros, O Almanaque Paralapracá é uma publi-
é sentir individualmente a pipa, cação que visa ampliar o conhecimento
dando ao céu o recado da gente. dos profissionais da educação sobre cul-
— Que recado? Explique isso direito! tura infantil. Na formação destes educa-
João olhou-me com delicado desprezo. dores, é fundamental inserir experiências
— Pensei que não precisasse. que ampliem seus repertórios brincan-
Você solta o bichinho e solta-se a si mesmo. tes e que os convidem a brincar! Esta di-
Ela é sua liberdade, o seu eu, girando por aí, mensão cultural das brincadeiras é essen-
dispensado de todas as limitações. cial na formação docente.
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pertório de brincadeiras que compõem a cultura lúdica
Leia o artigo de Adriana Friedmann so-
infantil da comunidade, visto que este é um elemento
bre os Jogos Tradicionais, disponível em
essencial para a construção das identidades das crian-
https://goo.gl/cjDqqM
ças. Como este tipo de conhecimento em geral não
está disponível em livros, em muitos casos, ele não é Cândido Portinari foi um artista que de-
valorizado. Cabe a cada instituição resgatar e valorizar dicou sua vida ao registro da cultura de
estes saberes e inseri-los no currículo. seu povo e de seu país. Nasceu em Bro-
Assim como no vídeo Assim se Brinca, da Coleção dowski, cidade do interior paulista, em
Paralapracá, vocês também poderão recorrer às pes- 1903. Na Fazenda Santa Rosa, onde mo-
soas da comunidade para descobrir do que brincam as rava, observava os colonos trabalhando
crianças quando não estão na instituição. na roça e, assim, pintava coisas e pesso-
Outra possibilidade interessante é resgatar as brin- as do interior, exaltando a gente que pro-
cadeiras de rua de “antigamente”, que, além do prazer duz e trabalha pelo país. Portinari adora-
de brincar, fortaleciam os laços de convivência, de vi- va pintar crianças brincando e dizia:
zinhança, de comunidade. Convide os familiares para “Sabem por que eu pinto tanto meni-
contar os tipos de brincadeira que faziam! Esta tam- nos em gangorra e balanço? Para botá-los
bém é uma forma interessante de aproximar as famí- no ar, feito anjos”.
lias da instituição! Experimente! Portinari pintava crianças brincando
E sabe por que isso é tão importante?! em árvores, participando de jogos de
Quando a criança chega à instituição, traz consigo futebol e de festas de São João. Todas
um acervo cultural próprio da família, da região onde essas imagens trazem a lembrança da
mora e da sociedade a que pertence. Esse acervo inclui, vida rural do artista. Espantalhos, pipas,
além de um conhecimento do mundo, uma maneira de luas e estrelas são elementos recorrentes
comunicar-se, uma forma linguística de se expressar. que refletem o apego à cultura rural e à
Todo este acervo da comunidade, pesquisado pela paisagem do interior.
equipe juntamente com as crianças, pode e deve ser Consulte ‹www.portinari.org.br›
documentado. Há muitas formas de fazer isso! Trans-
forme este empreendimento em um projeto coletivo e
certamente muita riqueza emergirá desta iniciativa.
Lá
BENJAMIM, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São
Paulo: Summus, 1984.
BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo.
In: Brasil, MEC, Ensino Fundamental de nove anos: Orientações para a
inclusão da criança de 6 anos de idade, 2006.
BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KYSHIMOTO, T. M. (Org.).
O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
CARVALHO, Ana M. A. et al (Orgs.). Brincadeira e cultura: viajando pelo
Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
FRIEDMANN, Adriana. A arte de brincar: brincadeiras e jogos tradicionais.
Vozes, 2004.
15
huizinga, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São
Paulo: Perspectiva, 1990.
rosamilha, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São
Paulo: Pioneira, 1979.
SANTOS, Marlene O. e RIBEIRO, Maria Izabel S. (Org.) Educação Infantil:
os desafios estão postos e o que estamos fazendo? Salvador: Sooffset
Gráfica e Editora, 2014.
Acesse o site do Mapa do Brincar: ‹www.mapadobrincar.com.br›
Brincadeiras e Jogos Típicos do Brasil, de Geraldo Peçanha de Almeida,
pode ser baixado gratuitamente no seguinte link: https://goo.gl/PU5WUD
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Brincar é aprender
■ almanaque paralapracá
■ SÉRIE DE VÍDEOS
Cá entre nós
É importante demarcar que no brincar as
Você sabe o que as crianças podem aprender quan- crianças vão se constituindo como agen-
do estão brincando? tes de sua experiência social, organizando
Que tipo de problema as crianças resolvem quando com autonomia suas ações e interações,
brincam? elaborando planos e formas de ações
conjuntas, criando regras de convivência
social e de participação nas brincadeiras.
Pra fazer Nesse processo, instituem coletivamente
uma ordem social que rege as relações
No vídeo Assim se Brinca, da Coleção Paralapracá, a entre pares e se afirmam como autoras de
professora Maria Cristina, do CMEI Rubens José Quinti- suas práticas sociais e culturais.
liano, em Castro · PR, comenta quantas aprendizagens Ângela M. Borba
podem ocorrer nas brincadeiras da Cadeira e da Está-
tua. Para ela, isso está muito claro: as crianças apren-
dem a ganhar e perder, desenvolvem sua percepção
espacial, ritmo e aprendem a resolver problemas. No
Analisar o que as crianças aprendem
caso da brincadeira da cadeira, o problema central é:
quando brincam.
como consigo sentar antes do meu amigo?
Ao brincar, as crianças se deparam com desafios
e problemas e buscam soluções que mobilizam uma
série de aprendizagens relativas ao modo de se rela-
cionar, de conhecer novas possibilidades, de colocar
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em jogo habilidades já desenvolvidas. Aprendem a perder e ganhar, a ser
persistentes, a experimentar, a ter confiança, enfim, desenvolvem apren-
dizagens de natureza social, emocional e intelectual.
No livro Brincadeiras infantis nas aulas de matemática, as autoras enfa-
tizam o quanto as crianças podem aprender noções matemáticas ligadas à
orientação espacial, números, quantidades, entre outras, a partir das brin-
cadeiras. Segundo elas, nesta perspectiva, “as brincadeiras devem conter
alguma coisa interessante e desafiadora para elas resolverem; permitir que
todos possam participar ativamente e desencadear processos de pensa-
mento nas crianças, possibilitando que elas possam se avaliar quanto ao
seu desempenho. Devem ter um objetivo a ser alcançado e permitir que as
crianças usem estratégias, estabeleçam planos, descubram possibilidades,
isto é, a brincadeira deve ser permeada por diversas situações-problema”.
E você, professor/a, ao planejar, também pensa nas possíveis aprendi-
zagens promovidas pelas brincadeiras? Pois, então, vamos lá!
Para refletir com o grupo, vale ler o Capítulo 2: O brincar como meio edu-
cacional, do livro O brincar no cotidiano da criança, de Adriana Friedmann.
O texto indicado poderá ajudar a pensar sobre as diferentes aprendiza-
gens inerentes ao ato de brincar.
Consulte a seção Brincadeiras do Almanaque Paralapracá e escolha e
planeje uma atividade a ser realizada com as crianças. Antecipe os possí-
veis desafios a serem enfrentados por elas e as aprendizagens que serão
promovidas.
Durante a brincadeira, escolha uma criança e faça
Nenhuma criança brinca espontanea-
uma observação mais atenta de como esses desafios
mente só para passar o tempo. Sua esco-
são enfrentados e de como ela reage a eles. Esse re-
lha é motivada por processos íntimos, de-
gistro de observação será um instrumento para você
sejos, problemas, ansiedades. O que está
pensar sobre o modo como as crianças resolvem os
acontecendo com a mente da criança de-
problemas que surgem nessas situações.
termina suas atividades lúdicas; brincar é
sua linguagem secreta, que devemos res-
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FRIEDMANN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar.
São Paulo: Moderna, 2006.
KISHIMOTO, Tizuco. M. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educa-
ção. São Paulo: Cortez, 2000.
MOYLES, Janet. R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
SMOLE, Kátia, DINIZ, Maria I. e CÂNDIDO, Patrícia. Coleção matemática
de 0 a 6. Volume 1. Brincadeiras infantis nas aulas de matemática. Por-
to Alegre: Artmed, 2000.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2000.
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O brincar livre
Cá entre nós
A atividade autônoma, escolhida e realiza-
Na sua instituição as crianças têm o direito de brin- da pela criança — atividade originada de
car livremente? seu próprio desejo — é uma necessidade
Qual a importância do brincar livre para a criança? fundamental do ser humano desde o seu
Qual é o papel do adulto nesses momentos? nascimento. A motricidade em liberdade
e um ambiente rico e adequado, que cor-
responda ao nível dessa atividade, são as
Pra fazer duas condições sine qua non da satisfa-
ção dessa necessidade.
Vimos nas outras seções que o brincar é um direito da Ana Tardos e A. Szanto
criança, que brincando ela se expressa, aprende, se
desenvolve! Todas essas argumentações são impor-
tantes e aqui destacaremos outro argumento funda-
mental: a criança tem direito de escolher as brincadei-
ras, de brincar livremente, de forma autônoma, e esse
tipo de atividade é essencial ao seu desenvolvimento
saudável. Afinal, ter direito à infância significa ter direi-
to de brincar e de escolher do que brincar!
Na contemporaneidade há, em geral, cada vez me-
nos tempo e espaço para a manifestação livre da crian-
ça. Ela está sempre ocupada com algo, ou fazendo coi-
sas que os adultos determinam. Você já pensou nisso?
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A instituição de Educação Infantil é um ambiente em que a criança pas-
sa várias horas, às vezes chegando a ficar até oito horas diárias.
Qual é o tempo que as crianças têm para brincar daquilo que desejam?
De manifestar seus gostos, suas preferências?
De escolher os espaços, os parceiros e as brincadeiras?
Como responsáveis por organizar o tempo, a roti- Todas as abordagens teóricas sustentam
na, cabe aos adultos estarem atentos aos tempos li- que as atividades autônomas são impor-
vres, não como espaços de descanso das suas ativi- tantes para o desenvolvimento das crian-
dades, mas por reconhecerem a importância dessas ças. No caso dos bebês, destacam-se os es-
experiências para o desenvolvimento das crianças. Ao tudos da Dra. Emmi Pickler (1902-1984)
estruturar tempos livres por os considerarem relevan- e de sua equipe, que, na Hungria, desen-
tes, os professores também estão atuando com inten- volveram um trabalho — a experiência de
cionalidade. Além disso, é fundamental enriquecer as Lóczy — que tem este tipo de atividade
possibilidades das crianças, tornando o ambiente rico como um princípio fundamental.
em materiais disponíveis ou observando atentamen-
te suas escolhas, suas formas de resolver problemas, Ter, perder, reencontrar, fazer, desfazer,
como se agrupam ou se preferem brincar sozinhas, as refazer de outra maneira, criar, recriar
temáticas que emergem, enfim, usando esse tempo as relações com os seres humanos e com
para conhecer melhor as crianças. as coisas infindavelmente, eis o que pa-
O tempo dedicado às atividades de livre escolha rece sempre novo e fascinante nos jogos
das crianças está vinculado ao valor que os adultos dos humanos em busca de seu prazer e da
dão a este tipo de experiência. Esta é uma condição conquista em si mesmos de possibilidades
que precisa ser encarada com a máxima responsabi- sempre renovadas.
lidade por parte dos pais e, na Educação Infantil, por Françoise Dolto
parte de todos os profissionais envolvidos. Por isso é Brincar é usar o fio inteiro de cada ser.
tão importante refletir sobre essa temática com toda Quando você está usando o seu fio in-
a comunidade escolar. Respeitar a criança passa, es- teiro da vida, você está brincando. Só
sencialmente, por reconhecê-la como um sujeito de quando você vai inteiro para fazer algo,
desejos, que, por sua vez, tem direitos que devem ser o resultado é verdadeiro. Assumir a ex-
garantidos. E um deles é o direito de brincar. perimentação e a brincadeira como prá-
Então, que tal mobilizar a comunidade escolar para ticas constantes na nossa vida e o pa-
pensar sobre esta questão? pel de protagonistas do reencantamento
Se houver uma compreensão sobre a importância do mundo é de uma coragem que requer
do brincar livre para as crianças e que este tipo de ex- muita simplicidade e coração de criança.
periência é tão importante quanto as atividades diri- A alegria e as percepções afetivas da vida
gidas, certamente será possível promover uma rotina só são possíveis quando a gente brinca.
mais equilibrada, em que as crianças tenham direito de Brincar é mostrar ao mundo que você
escolha, sendo escutadas e respeitadas, enfim, partici- está por inteiro.
pando da estruturação do planejamento da instituição. Maria Amélia Pereira, no filme
Na estruturação da rotina da instituição, pode pa- Tarja Branca
recer mais fácil que os adultos centralizem todas as
decisões, definindo o que, como, quando e com quem
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fazer as atividades. Entretanto, essa centralização resulta em um ambien-
te autoritário, em que não há espaço para o exercício da ação autônoma.
Oferecer condições para que as crianças, conforme os recursos que lhes
são oferecidos, dirijam por si mesmas suas ações propicia o desenvolvi-
mento do senso de responsabilidade e o exercício da autonomia.
Então, que tal fazer uma análise da rotina da instituição, avaliando quais
são os tempos, espaços e tipos de experiência ou atividade em que as
crianças têm o direito de fazer escolhas e de brincar livremente!
Pra fazer
PROPOSTA 1
Você já parou para observar como as crianças se com- Refletir sobre a importância do conta-
portam ao ar livre e em espaços naturais, como os to com a natureza para o desenvolvimen-
quintais, jardins, terrenos, campos, praias, e na área to integral e o bem-estar das crianças e
externa da sua instituição? comprometer-se com este tipo de aborda-
Qualquer pedacinho de natureza já é uma alegria gem curricular.
para elas, que se conectam com os elementos que a
natureza oferece. Ao ar livre e livremente as crianças “A natureza é a casa das crianças. Para
brincam e se expressam... favorecer o desenvolvimento da cultura
É comum observar que as crianças, quando em con- da criança, a natureza tem um papel fun-
tato com a natureza, recolhem elementos naturais como damental. A cultura da criança se tornou
galhos, folhas, pedras, sementes, flores, frutos, conchas, uma questão ecológica. Se você não per-
plantas e dão vida aos mesmos. Elas criam personagens, mite o desenvolvimento da criança, não
compõem cenários, fazem comidinhas, entre outros. há futuro, a espécie tende a desaparecer.
Que tal valorizar este tipo de experiência e criar Hoje em dia, a primeira, a grande pre-
oportunidades para que as crianças recolham elemen- ocupação é com a preservação da vida.
tos da natureza, façam suas explorações e brinquem Precisamos levar os meninos a brincar na
com esses elementos? Afinal, muitas aprendizagens natureza!”
emergem deste tipo de vivência! Lydia Hotélio
Além de as deixarem livres, podemos ainda ofere- O livro Jardim de Brincadeiras, de Gui-
cer algumas possibilidades brincantes: lherme Blauth, apresenta muitos outros
As crianças podem juntar pétalas de flores e fo- exemplos de exploração e brincadeiras
lhas caídas no chão e criar uma composição circu- com elementos naturais. As brincadeiras
lar, uma mandala, de modo a brincar com as formas, descritas nesse livro são tributos à nos-
cores, texturas. É possível incluir outros elementos, sa capacidade de observar e imaginar. Na
tais como pedrinhas, gravetos, organizando a man- interação criativa com o elemento já co-
dala no próprio solo ou sobre folhas de papel. nhecido, é possível encontrar a novida-
Com o dente-de-leão, por exemplo, uma erva co- de e as inúmeras possibilidades de cria-
mum nas calçadas e em quintais e que tem uma ção. Acesse o livro gratuitamente. Veja o
penugem que produz um efeito parecido ao de um link no Lá.
paraquedas, as crianças podem brincar de soprar.
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Quando a semente se desprende da planta, permite que o vento a leve
para longe. A semente fica pendurada como um paraquedista, é muito
divertido!
Com pedrinhas ou seixos é possível brincar de cinco-marias, ou criar
construções como castelos, casas, lagos e outras obras arquitetônicas
Lá
ADELSIN. Cuidar bem das águas. Ed. Peirópolis, 2009.
ADELSIN. Cuidar bem do ambiente: brinquedos e brincadeiras com a
natureza. Ed. Peirópolis, 2009.
ADELSIN. Barangandão Natureza. Ed. Peirópolis, 2013.
ANDREETTO, Andréia e PAOLILLO, Vera M. (Orgs.). Estudos e reflexões de
Lóczy. São Paulo: OMEP, 2011.
BLAUTH, Guilherme. Jardim das Brincadeiras: Uma estratégia lúdica
para a educação ecológica. Disponível em https://goo.gl/3bH4c1
CENPEC. Brincar: o brinquedo e a brincadeira na infância. São Paulo,
2009.
DOLTO. Françoise. As etapas decisivas da infância. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
FALK, Judit (Org.). Educar os três primeiros anos: a experiência de Ló-
czy. Araraquara: JM Editora, 2004.
LOUV, Richard. A última criança na natureza: resgatando nossas crian-
ças do transtorno do déficit de natureza. São Paulo: Aquariana, 2016.
PIORSKI, Gandhy. Brinquedos do chão: a natureza, o imaginário e o brin-
car. Peirópolis, São Paulo, 2016.
Leia uma bonita entrevista com Lydia Hortélio no https://goo.gl/x6EcW3
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Brincadeiras de
faz de conta
■ SÉRIE DE VÍDEOS
Cá entre nós
Nesta instituição há diferentes espaços e objetos/ Vigotski enfatiza a importância do brinque-
materiais para as crianças brincarem e simboliza- do e da brincadeira do faz de conta para
rem situações do cotidiano? o desenvolvimento infantil. Por exemplo,
Nos planejamentos realizados, há tempo e espaços quando a criança coloca várias cadeiras,
previstos para as brincadeiras de faz de conta? uma atrás da outra, dizendo tratar-se de
De que maneira o faz de conta é incentivado para um trem, percebe-se que ela já é capaz
que as crianças possam assumir variados papéis, de simbolizar, pois as cadeiras enfileira-
como pai, mãe, herói, professor(a), profissionais di- das representam uma realidade ausente,
versos e outros personagens que a imaginação criar? ajudando a criança a separar objeto de
O ambiente da instituição (sala, pátio e outros espa- significado. Tal capacidade representa um
ços) é organizado de forma que incentive a imagi- passo importante para o desenvolvimento
nação das crianças, possibilitando a construção de do pensamento, pois faz com que a crian-
diferentes cenários, narrativas e papéis? ça se desvincule das situações concretas
Você já observou/escutou o que acontece com as e imediatas, sendo capaz de abstrair.
crianças durante as brincadeiras de faz de conta? Maria Carmem Craidy e Gláids E.
Quem elas representam? Que temas, conteúdos e Kaercher
tramas emergem?
24
Pra fazer
PROPOSTA 1
No próximo encontro de formação, seria interessante ler
o texto abaixo e fazer uma reflexão sobre as brincadeiras
de faz de conta das crianças pequenas. Refletir sobre a importância das brinca-
deiras simbólicas para o conhecimento de
As brincadeiras de faz de conta são formas de explorar e si e do mundo.
compreender a sociedade. Quando as crianças represen-
tam diversas cenas da vida cotidiana, assumindo papéis,
construindo narrativas, apropriando-se e reinventando
práticas sociais e culturais, elas não estão apenas incor-
porando conteúdos, mas também ampliando suas experi-
ências e se apropriando de formas de pensar, de conhecer
e de agir sobre o mundo. É por meio do faz de conta que
elas representam como compreendem a sociedade e a re-
lação entre as pessoas nas diversas situações.
O jogo simbólico permite que as crianças compre- As brincadeiras de faz de conta tam-
endam regras e papéis sociais, como se relacionar com bém são conhecidas como jogo simbólico
o outro. Em geral, por imitação, se portam a partir do ou jogo de papéis. Este jogo se caracte-
comportamento dos adultos, usando linguagens especí- riza pela capacidade que as crianças de-
ficas para cada situação, mobilizando saltos cognitivos senvolvem de representar, de simbolizar,
importantes para seu desenvolvimento. Ao desempenhar substituindo um objeto por outro.
papéis diferentes, muitos relativos ao mundo adulto, in-
terpretar personagens ou quando dão aos objetos signi-
ficados diferentes do uso convencional, elas aprendem a simbolizar, ou seja,
dissociam significado do significante, a ideia da palavra, isto é, desenvolvem
processos de abstração.
Além disso, as brincadeiras de faz de conta promovem
a elaboração de novas possibilidades de ação e novas O Capítulo 2 do livro Educação Infantil:
formas de organizar elementos do ambiente; ou seja, as pra que te quero trata desta questão e é
crianças interpretam suas vivências sociais e as reinter- uma boa referência para aprofundamen-
pretam no jogo simbólico, tomando consciência do mun- to! Veja na seção Lá.
do e de si mesmas.
25
nhecimentos sobre a importância do jogo simbólico na
Educação Infantil.
26
to das crianças são excessos”.
Então, que tal inspirar-se nas reflexões sobre a importância do brincar
livre e do faz de conta e liderar as mudanças necessárias à garantia
desses direitos das crianças na sua instituição?
Afinal, é assim que elas vão aprender mais e mais!
Lá
BONDIOLI, Anna e MANTOVANI, Susanna. Manual de educação infantil:
de 0 a 3 anos — uma abordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.
KLISYS, Adriana. Faz de conta: invenção do possível. In: Revista Criança
do professor de Educação Infantil — nº 43, ano 2007. Ministério da Edu-
cação.
SANTOS, Vera Lúcia B. Promovendo o desenvolvimento do faz de conta
na Educação Infantil. In: CRAIDY, M. C. e KAERCHER G. (Orgs.). Educação
infantil: pra que te quero? Cap. 8. Porto Alegre: Artmed, 2001.
VIGOTISKI, Lev. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimen-
to psíquico da criança. Revista virtual de gestão e iniciativas virtu-
ais — Gis.[on-line] v. 11, p. 23 a 36. Disponível em: xa.yimg.com/kq/
groups/32960205/729519164/
27
Oficina de
brinquedos
■ almanaque paralapracá
■ SÉRIE DE VÍDEOS
Cá entre nós
As crianças têm sido apoiadas e incentivadas a con- Todo este processo nos faz pensar que,
feccionar seus próprios brinquedos? em um momento tão marcado pela
A criação de brinquedos é compreendida como comercialização de brinquedos, ainda há
possibilidade de ampliação de conhecimentos? um importante espaço para a valorização
Os espaços e os tempos da instituição propiciam as da criação pessoal, ainda se mantém o
situações lúdicas de criação e exploração de objetos? encanto de aprender fazendo o próprio
As crianças têm tido contato com diferentes tipos brinquedo e construindo o ato de brincar.
de material que possam instrumentalizá-las para Kátia Smole, Maria Inez Diniz
confeccionar brinquedos livremente? e Patrícia Cândido
O que as crianças aprendem quando criam ou cons-
troem seus próprios brinquedos?
Já contou às crianças quais eram seus brinquedos
de infância?
Pra fazer
PROPOSTA 1
Os brinquedos são artefatos culturais que fazem par-
te de um determinado tempo histórico, de costumes e
de modos diferentes de vida. Ao entrarem em contato
28
com brinquedos de outras épocas, as crianças podem
Envolver as crianças em atividades essen-
compreender muito da vida social da comunidade, das
cialmente lúdicas, nas quais terão oportu-
mudanças ocorridas no tempo, do avanço tecnológico
nidades de tomar decisões, explorar, criar,
e certamente, também, se encantarão com esses ou-
experimentar, transformar, atribuir novo
tros modos de viver a infância.
sentido às coisas e brincar!
Uma das formas de elas conhecerem brinquedos de
épocas passadas é envolver as famílias e a comunidade Saiba mais sobre este assunto no vídeo
para contarem com que tipo de brinquedo elas brinca- Assim se Explora o Mundo, da Coleção
vam na infância. Assim, as crianças também começam Paralapracá.
a compreender o mundo social, uma aprendizagem im-
portante para elas.
Então, que tal convidar pessoas da comunidade para realizar uma
oficina de brinquedos? Podem ser um artesão, pais das crianças ou até
mesmo alguém da própria instituição. Observar alguém construindo brin-
quedos pode tornar esta “brincadeira” ainda mais rica e divertida para as
crianças.
Esta também pode ser uma boa oportunidade de ampliar as referên-
cias e o acervo cultural das crianças, uma vez que a pessoa convidada
poderá construir brinquedos muito interessantes, porém bem diferentes
daqueles com que as crianças estão acostumadas a brincar.
Este tema é tão rico que pode até virar um projeto de investigação!
Que tal: do que brincavam os adultos quando eram crianças?
PROPOSTA 2
Numa conversa informal, pergunte às crianças qual é
o seu brinquedo predileto; se sabem quem construiu
aquele brinquedo; se já viram alguém fazendo brinque- Produzir brinquedos com as crianças.
dos ou se conhecem alguém que os faça. Pergunte o
que acham de construírem seus próprios brinquedos.
Proponha às crianças fazer uma oficina de brinquedos. Mostre que no
Almanaque Paralapracá existem várias sugestões na seção É brinquedo,
sim!, mas esteja receptivo às ideias e sugestões do grupo. Lembre-se: as
29
crianças são as protagonistas, precisam sentir-se envol- O programa Território do Brincar é um
vidas e interessadas pela proposta. trabalho de escuta, intercâmbio de sabe-
O momento da escolha do brinquedo a ser construí res, registro e difusão da cultura infantil.
do pode gerar conflitos, já que são muitas crianças no Neste link, dentro do site do programa,
grupo. Para isso, você pode usar a estratégia da vota- tem muitas dicas de construção de brin-
ção, uma forma interessante e democrática de resolver quedos e brincadeiras dos meninos e me-
este tipo de impasse. Ou, dependendo da disponibili- ninas de diversas regiões do Brasil: http://
dade de tempo e materiais, decidir fazer dois ou mais territoriodobrincar.com.br/videos/brin-
tipos de brinquedo. quedos-e-brincadeiras/
Que tal começar com um “planejamento” do brin-
quedo que será construído? Pode ser uma modela- No livro Barangandão Natureza, Adelsin
gem usando massinha ou, até mesmo, com papel e lá- apresenta 36 brinquedos inventados por
pis, através de um desenho. Desenhando, as crianças meninos e meninas que convivem com a
começam a pensar nas formas e cores daquele objeto; natureza do Brasil. É muito interessante!
revelam suas hipóteses sobre a estrutura e dinâmica Lembra dos brinquedos criados por
do brinquedo; descartam ideias, elaboram novas e se Chico dos Bonecos no vídeo Assim se
divertem! Brinca? Você e as crianças podem cons-
Falar sobre o desenho é também uma estratégia in- truir e criar muitos outros. Inspire-se!
teressante. Assim, as crianças comunicam seus pensa-
mentos e comparam suas ideias com as dos colegas. Lembre-se: os familiares também podem
Por fim, faça junto com as crianças uma lista dos fazer parte desta proposta!
materiais necessários para a confecção do brinque-
do. Providencie esses materiais e arrume-os em uma
mesa, garantindo que todas as crianças tenham aces-
so a eles. Dê um tempo para que explorem cada um deles. É importan-
te que toquem, brinquem, cheirem, apertem, experimentando diferentes
possibilidades de interação com esses materiais.
A construção do brinquedo é o passo final desta proposta e o primeiro
passo para a tão esperada brincadeira.
30
Lá
ADELSIN. Barangandão Arco-íris: 36 brinquedos inventados por meni-
nos e meninas. Ed. Peirópolis, 1997.
Adelsin. Barangandão Natureza. Editora Zerinho ou Um, São Paulo,
2014.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem lingua-
gens da criança: A abordagem de Reggio Emilia na educação da pri-
meira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
Ministério da Educação. A brincadeira como experiência de cultura na
educação infantil. In: Revista Criança do professor de educação infantil.
Novembro, n. 44, p. 12, 2007.
Siaulys, Mara O. de Campos. Brincar para todos. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. Disponível no link
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf>
Acesse o site do programa Território do Brincar: <http://territoriodobrin-
car.com.br>
31
Brincar
com palavras
■ almanaque paralapracá
Cá entre nós
Poesia
Você acredita que a sonoridade das palavras tem é brincar com palavras
tanta importância quanto seu significado? como se brinca
Por que brincar com as palavras é tão importante com bola, papagaio, pião.
para o desenvolvimento da linguagem? Só que
Que situações de brincadeiras com a linguagem po- bola, papagaio, pião
dem ser planejadas para explorar com as crianças? de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
Pra fazer quanto mais se brinca
com elas
Você já reparou que as crianças brincam naturalmente mais novas ficam.
com as palavras, suas sonoridades e os sentidos? Mui- Como a água do rio
tas vezes, aquilo que parece serem transformações inu- que é água sempre nova.
sitadas e criativas, o que elas fazem com a língua são, na Como cada dia
verdade, suas descobertas! Mas a materialidade sonora que é sempre um novo dia.
da língua, em si, já traz a condição lúdica que permite Vamos brincar de poesia?
que essas explorações, sobretudo no contexto da poe- José Paulo Paes
sia oral e literária, se apresentem como brincadeiras.
Há muitas formas de brincar com as palavras, com
a linguagem… Não é verdade que muitas brincadeiras
são, de fato, acompanhadas de parlendas ou cantigas?
32
Já se deu conta de que brincar de Lá vai a bola, Cor-
Planejar situações para as crianças brinca-
re cotia, Andoleta, entre muitas outras brincadeiras, é
rem com a linguagem.
também brincar com a linguagem? Muitas parlendas
são próprias para acompanhar brincadeiras.
Mas as parlendas, os brincos, as quadrinhas, os trava-línguas, as adi-
vinhas, as cantigas e os poemas são também oportunidades de brincar
com a linguagem em si mesma, com suas sonoridades, onomatopeias,
ritmos, sentidos, com suas surpresas, sua musicalidade. As crianças são
muito sensíveis aos sons, às rimas, ao ritmo dos versos, isso tudo pode vi-
rar uma grande brincadeira! Cantar A sapa na lava a pá… já não é brincar
com as palavras?
Além de se divertir com as sonoridades, é possível
Que tal olhar no caderno Assim se Faz
trazer uma novidade aos textos que as crianças já co-
Literatura, da Coleção Paralapracá, a
nhecem, brincando com o som e os sentidos, com a
parte que trata dos textos poéticos da
repetição e a novidade, com a transmissão e a trans-
tradição oral? Lá também fala do brincar
formação. Que tal tentar dizer “O ato oeu a oupa do
com as palavras.
ei de oma”, retirando o som da letra R do trava-língua?
Que tal inventar um “Hoje é quinta”, em vez de domin- As crianças se divertem muito com os
go, lembrando-se, claro, de rimar?! trava-línguas. Suas aliterações e assonân-
Uma simples quadrinha conhecida das crianças cias propiciam muita diversão! Procu-
pode virar um grande divertimento se trouxer um ele- re os trava-línguas no Almanaque Parala-
mento surpresa. Quer ver? pracá e divirta-se com as crianças. Você
pode fazer uma rodada com todos para
Lá no fundo do quintal ver quem consegue falar o trava-língua
tem um tacho de melado sem se atrapalhar. Vai ser muito diverti-
quem não sabe cantar verso do! É garantia de muitas risadas!
É melhor ficar (calado). Experimente também se divertirem com
as parlendas encontradas no A lmanaque
Em vez de dizer “calado”, que as crianças vão esperar, Paralapracá e no livro O jogo da parlenda,
experimente dizer “atrapalhado”, “molhado” ou “no te- de Heloisa Prieto.
lhado”… Outra ideia é explorar as rimas e os tro-
cadilhos, soltando a imaginação, com o
Como duas andorinhas livro Não confunda, de Eva Furnari. A
numa tarde de verão, brincadeira é certa!
seremos sempre amigas,
amigas (do coração).
Em vez de “do coração”, dizer “de Maria Tereza”, “de Conceição”… sem a
rima esperada, faz mais graça ainda…
Que tal experimentar fazer com que elas completem diferentemente os
versos de uma quadrinha conhecida?
Sou pequenininha
do tamanho de… uma latinha
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carrego papai no bolso
e mamãe… numa sombrinha.
E nas brincadeiras de faz de conta? nárias das quais participam, ou seja, usam a
Quando brincam, as crianças expressam-se linguagem. O faz de conta é, assim, um lugar de
nesse brincar e sobre esse brincar, se comuni- experimentação da linguagem e favorece o seu
cam, negociam o rumo das situações imagi- uso e desenvolvimento.
34
Lá
BORDINI, M. da G. Poesia infantil. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1986.
HALL, N. O brincar, o letramento e o papel do professor. In: MOYLES, J. R.
(Org.). A excelência do brincar. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 135-147.
NÓBREGA, Maria José e PAMPLONA, Rosane. Salada saladinha. São
Paulo: Moderna, 2005. Coleção Na panela do mingau.
__________. Diga um verso bem bonito! Trovas. São Paulo: Moderna,
2005. Coleção Na panela do mingau.
__________. Enrosca ou desenrosca? Adivinhas, trava-línguas e outras
enroscadas. São Paulo: Moderna, 2005. Coleção Na panela do mingau.
_________. Era uma vez… três! Histórias de enrolar. São Paulo: Moder-
na, 2005. Coleção Na panela do mingau.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vários colaboradores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-60828-16-6 (Avante)
ISBN 978-85-60828-13-5 (coleção)
18-12345 CDD-372.21