Regio Emilia
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Todo este progresso deu origem à reflexão sobre o modo de como educar as
crianças promovendo a criação de “um conjunto singular e inovador de suposições
filosóficas, currículo e pedagogia, método de organização escolar e desenho de
ambientes que, tomados como um todo unificado” Edwards, Gandini, e Forman. (1999,
p. 21) a qual se deu o nome de abordagem de Reggio Emilia.
Em Portugal ainda são muito poucas as escolas que se podem dizer que
verdadeiramente procuram aplicar os ensinamentos desta abordagem. É uma pedagogia
ainda em desenvolvimento.
Este modelo é um “espelho” do que este pedagogo considera ser a base para o
desenvolvimento global da criança. Os alicerces deste modelo pedagógico baseiam-se
nos princípios de respeito, responsabilidade e participação na vida comunitária.
Uma outra inspiração foi Dewey, que via o aprendizado como um processo ativo
e não uma transmissão de conhecimento, em que também defendia que o conhecimento
é construído nas crianças por meio das atividades, com experimentações livres, e com
participação ativa nas atividades.
Foi a partir destas teorias que a pedagogia Reggio Emilia foi formando a sua
particularidade, em que um dos fortes pilares é o sentimento e a vivência de
comunidade educativa. Assim, tanto os professores como os pais trabalharam em equipa
cooperando e colaborando para que em conjunto adquirissem uma melhor qualidade de
atendimento para os seus filhos.
3.1.4-Dimensão e ambiente (organização do espaço e materiais utilizados):
Segundo Vasconcelos:
(…) falam do espaço como o terceiro educador, como um recipiente que favorece a
interação social, a exploração, a aprendizagem, mas também vêem o espaço como tendo
conteúdo educativo, isso é, contendo mensagens educativas e carregando estímulos que
favoreçam experiências interativas e aprendizagem construtiva. Trata-se de contextos
de múltipla escuta (2009, p. 59).
Todas estas características proporcionam às crianças desta forma, diferentes
aprendizagens nomeadamente afetiva, social e cognitiva. Segundo (Sim-Sim, 2008), “o
ser humano é, por natureza, um comunicador, pelo que comunicar constitui uma
experiência central no desenvolvimento da criança”. (p.28). Por esse motivo, este
Modelo defende que o espaço deve idealizado e acolhedor, de forma a beneficiar uma
abordagem ativa e participativa.
De acordo com Horn, (2004) “É no espaço físico que a criança consegue
estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o num pano de fundo
no qual se inserem emoções” (p. 28). Ou seja, a organização da sala de aula tem como
base a criança, as suas características bem como as suas relações e interações com o
outro. Estes são fatores imprescindíveis ao bem-estar e desenvolvimento de cada
criança.
Assim, podemos constatar que todos os espaços de sala de aula nas instituições
de Reggio Emilia têm presentes um ambiente acolhedor, organizado, desafiador e
atraente. Para que possam proporcionar às crianças e famílias um conjunto de interações
e aprendizagens.
O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a atividade
caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela
decoração. Já, o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações que
se estabelecem no mesmo (afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre
crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto) (1998, pp. 232-233).
Ambos estão interligados, a organização do espaço beneficia o desenvolvimento
bem como o ambiente que proporciona as relações e interações referidas anteriormente.
Devemos ainda ter em conta e não esquecendo que este espaço é para a criança
um espaço de vida, ou seja, é nele que a mesma passa uma grande parte da sua infância
onde se formam como pessoas, aprendendo e conhecendo o mundo, os outros e a si
próprio.
Em toda a escola, as paredes e o mobiliário têm cores neutras e são usadas como
espaços para exibições temporárias e permanentes do que as crianças e os professores
criaram: nossas paredes falam e documentam. (Malaguzzi, 1999).
Este é um espaço dedicado ao jogo simbólico, onde a criança pode ser o que
desejar esquecendo a vida real e transportando-se assim para um mundo imaginário,
onde só ela poderá obter diversos papéis e ser uma personagem que se identifique.
3.1.5- O Atelier:
No atelier que consiste num estúdio de artes visuais e gráficas, a criança é livre
de explorar o espaço bem como diversos materiais, aproveitando assim as variadas
técnicas á sua disposição. É importante salientar as interações entre o grupo de crianças
e o educador promovendo as relações bem como novas aprendizagens.
Conforme defendem Edwards et al. (1999) este espaço adota um modo de “uma
oficina, ou estúdio utilizado por todas as crianças e adultos da escola” (p. 152),
permitindo aos grupos novos desafios e curiosidades.
Barbosa e Horn (2008) afirmam que “Muitos dos projetos e pesquisas da escola
acontecem nesse espaço, porque este é um lugar especial, uma oficina, um depósito,
com objetos e instrumentos que podem gerar fazeres e pensares, despertando as cem
linguagens.” (p. 120).
Edwards, C., Gandini, L., & Forman, G. (1999). As cem linguagens da criança. Porto
Alegre: Artmed.
Edwards, C., Gandini, L., & Forman, G. (2016). As cem linguagens da criança. A
abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância (Vol. I). Porto
Alegre: Penso.
Edwards, C., Gandini, L., & Forman, G. (2016). As cem linguagens da criança: a
experiência de Reggio Emilia em transformação (Vol. 2). Porto Alegre: Penso.
em:https://www.communityplaythings.co.uk/learning-library/articles/reggio
%20emilia.