PRATICA CLINICA + Seminário 2019 - Slide Angele

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SUMÁRIO

01 O Método Psicanalítico
02 Como o paciente tem conhecimento do psicanalista
03 Como é feito o primeiro contato com o psicanalista
04 Procedimentos do primeiro encontro
05 A entrevista
06 Anexos (08)
07 O Par Analítico
08 A Entrevista Inicial
09 Algumas considerações sobre a entrevista
10 Indicação e contra-indicação
11 - Indicação de análise em crianças
12 O Contrato Analítico
13 As anotações
14 O que se espera do psicanalista
15 Postura do Psicanalista
16 Vestimenta do psicanalista
17 Analisabilidade
18 - Acessibilidade
19 O Setting Analítico (Enquadre)
20 O ambiente físico O procedimento que a psicanálise exige que o pa-
21 A sessão psicanalítica ciente use, para facilitar a comunicação de derivativos, é
22 A Aliança Terapêutica a associação livre, o método fundamental da psicanálise,
23 O Relacionamento Real entre Paciente e Analista a chamada regra básica. Estes derivativos surgem nas
24 O Uso do Divã associações livres do paciente, nos sonhos, nos sintomas,
25 Clientes ou pacientes? atos falhos, chistes, etc.
26 Férias e faltas Depois de concluídas as entrevistas preliminares, o
27 - Trabalho e Instruções analista pede ao paciente que, com o máximo de sua ca-
28 Bibliografia pacidade, tente deixar as coisas aparecerem e dizê-las
sem ligar para a lógica e a ordem; deve relatar coisas
mesmo que elas pareçam triviais, vergonhosas ou indeli-
cadas, etc. Deixando todo material vir à mente, há uma
regressão a serviço do ego e os derivativos do ego in-
consciente, do id e do superego tendem a vir à superfí-
cie. O paciente sai do raciocínio severo do processo se-
01 O Método Psicanalítico: cundário em direção ao processo primário. Ao analista
cabe analisar o material que o paciente produz na situa-
A terapia psicanalítica procura clarificar as causas ção analítica.
da neurose. É seu objetivo solucionar os conflitos neuró-
ticos do paciente, incluindo a neurose infantil que serve 02 Como o paciente tem conhecimento do
de núcleo à adulta. Solucionar os conflitos neuróticos Psicanalista?
significa juntar ao ego consciente aquelas parcelas do id,
superego e ego inconscientes que ficaram excluídas dos a) Através de informações de outro paciente;
processos de amadurecimento da parte restante saudável b) Por meio do cartão de apresentação do Psicanalis-
da personalidade total. ta;
O psicanalista aborda os elementos inconscientes c) Através da lista telefônica, revista ou livro de ser-
através de seus derivativos. Todos os componentes re- viços de saúde;
primidos do id e do ego produzem derivativos, que não d) Indicação de médicos ou pessoas conhecidas, etc.
estão conscientes e mesmo assim estão muito bem orga- e) Na Internet, em site próprio ou site de serviços de
nizados de acordo com o processo secundário e acessí- saúde.
veis ao ego consciente.
03 Como o paciente faz o primeiro contato f) É bom oferecer sempre um copo com água, pois o
com o Psicanalista? paciente geralmente vem ansioso para o primeiro
encontro;
a) Pelo telefone (este é o meio mais comum); g) Evitar dar o telefone particular ao paciente: é
b) Pessoalmente, quando o paciente vai ao consultó- aconselhável ter um telefone só para atendimento
rio, ou alguém apresenta em outro local qualquer. aos pacientes;

Obs.: Normalmente o paciente procura saber o valor da 05 A entrevista:


consulta, o ideal é explicar, com delicadeza, para ele
vir conversar pessoalmente, e tudo será explicado no A entrevista é reservada com um caráter formal de
primeiro encontro. Caso insista muito para saber o va- oportunidade para termos uma visão anímica do paciente
lor da consulta, poderá dizer: a primeira consulta é e é iniciada no primeiro contato. É o momento em que o
, e no consultório acertaremos o valor de cada paciente chega ou é trazido. Neste caso, (quando é trazi-
sessão. do) já temos uma forte contra-indicação para a análise. O
ideal é que o paciente venha de livre e espontânea vonta-
de, porque ninguém pode tratar-se a partir do desejo do
outro. Temos que convir, que às vezes o paciente neces-
sita de apoio, de encorajamento de alguém da família ou
04 Procedimentos do Primeiro Encontro: não.
Na entrevista primeiramente ouvimos as razões
a) O Psicanalista já deve saber o nome do paciente; que fez o paciente nos procurar. Se pelo estado do paci-
b) A pontualidade do psicanalista é de suma impor- ente pudermos avaliar se o mesmo é psicótico, se é de-
tância; pressivo, etc., já o encaminhamos para um psiquiatra,
c) Após ter conhecimento da chegada do paciente, explicando-lhe a necessidade da medicação. Dependendo
dirigir-se à porta, cumprimentá-lo com cordialida- do grau de psicose, sendo moderada, podemos fazer a
de, um leve sorriso nos lábios, um aperto de mão e análise em conjunto com o tratamento psiquiátrico, sem-
solicitar a sua entrada; pre com um parente ou alguém que possa acompanhá-lo
d) Evitar, (caso não conheça o paciente), batidinhas com a medicação, pois, o psicanalista precisa ter certeza
nas costas, abraços e beijos; de que o paciente está tomando a medicação para poder
e) Encaminhe o paciente até a poltrona, deixando-o analisá-lo.
bem à vontade;
Caso seja um amigo nosso, ou um colega de trabalho - Relação com o cônjuge, os filhos (se for o caso);
(mesmo setor), ou ainda se temos ou já tivemos algum - Qual a ordem na constelação familiar?
tipo de negócio junto, podemos explicar porque não po- - Desempenho escolar;
demos atendê-lo e solicitamos gentilmente que procure - Como se relaciona na sociedade;
outro analista ou podemos indicar um, caso ele solicite. - Religião e como pratica essa religião;
É de suma importância a utilização da entrevista, - Grau de conhecimento da psicanálise;
antes de iniciarmos o tratamento analítico, porque ela - Enfermidades que possui;
nos proporcionará uma compreensão da situação atual do - Enfermidades que já teve, inclusive as doenças pró-
paciente. Para executá-la é necessário fazermos a ficha prias da infância;
com os dados do paciente. A seguir daremos um exem- - Lesões provocadas por enfermidades;
plo para ajudá-lo a formalizar a ficha do paciente e a - Acidentes que já teve;
entrevista, que você poderá complementar os dados ou - Cirurgias que já realizou;
reduzir outros, conforme achar mais conveniente. Eis - Quantidade de amigos;
alguns dados que vamos precisar: - Hábitos, passa-tempo preferido;
- Medos, manias; etc.
a) Ficha de atendimento Clínico:
- Nome completo; Como já foi citado, outras perguntas podem ser inclu-
- Data do nascimento; ídas nesta ficha, com o propósito de se permitir uma
- Filiação, estado Civil; maior introspecção do paciente. Mesmo na entrevista é
- Profissão, nível cultural; necessário que observemos os aspectos comportamentais
- Endereço residencial e comercial do paciente.
- Telefone residencial, comercial e celular De posse dessas informações e de outras que poderão
- Algumas observações que surjam naquele momento. ser obtidas com as respostas formuladas anteriormente, o
psicanalista terá uma visão da analisabilidade e das pos-
b) Formulário de entrevista: sibilidades de formação do par analítico, bem como das
A pergunta principal é: O que motivou você a procurar condições gerais que darão sustentação ao processo.
o psicanalista? Ou, Qual a sua queixa principal? Na realização da entrevista o psicanalista não deve
- Quando começou a sentir o que está motivando-o a fa- prometer nada, além de sua boa vontade para com o ca-
zer análise; so, mas deixando claro que tudo vai depender do traba-
- Número de irmãos; lho em conjunto: analista e paciente. Não podemos ga-
- Relação com o pai, a mãe, os irmãos e a família; rantir cura de imediato, nem mesmo se poderemos
continuar com o caso, (se bem que isto é mais teórico do limitação maior ou menor das pessoas a quem pode ana-
que prático). lisar. Não é dispensável dizer que não se trata de simpa-
Às vezes o paciente chega tão ansioso para colocar tia ou antipatia possível que possamos sentir à pri-
seus conteúdos para fora que não deixa o analista falar, meira vista por um analisando, mas de processos muito
ou então chora o tempo todo. Neste caso é bom deixá-lo mais complicados Del Campo Psicanalíti-
à vontade. co, p. 141).
Se os requisitos para a situação analítica não forem
06 - ANEXOS: atendidos, certamente que paciente e psicanalista forma-
rão uma dupla de estranhos. Não é o mesmo que trans-
Anexo 01 Ficha de atendimento Clínico ferência, mas predispõe ao surgimento da mesma. E se
Anexo 02 Controle das sessões não ocorrer a transferência, o trabalho será inútil, não
Anexo 03 - Entrevista haverá cura. Assim, para entender o que quer dizer Par
Anexo 04 Entrevista de criança Analítico temos que considerar se um determinado paci-
Anexo 05 - Anotações do paciente ente vai responder melhor a um analista do que a outro,
Anexo 06 Atestado de um dia ou que um analista pode tratar melhor um paciente do
Anexo 07 Atestado para mais de um dia que outro. Par Analítico é, portanto, o melhor analista
Anexo 08 Condições necessárias para um Analista para determinado paciente e paciente adequado para de-
terminado analista.
07 O Par Analítico: Ainda segundo os Baranger (1961/62) o par fra-
cassa pelo que o paciente fez e pelo que o analista não
Em La situación analítica como campo dinâmico pode resolver.
(1961/62), os Baranger definem claramente o que enten-
dem por campo bi-pessoal da situação analítica, e afir- 08 A Entrevista Inicial:
mam que é um campo de par que se estrutura sobre a
base de uma fantasia inconsciente que não pertence David Zimerman, em seu livro Fundamentos Psi-
somente ao analisado, mas a ambos (P e A). canalíticos afirma que, antes de assumir a responsabili-
Não se trata meramente de entender a fantasia bá- dade formal de tomar uma pessoa para um tratamento
sica do analisando, mas de aceder a algo que se constrói psicanalítico, fica previamente entendido que este deverá
em uma relação de dois. ser de longa duração e de uma trajetória que inevitavel-
mente passará por períodos difíceis, de muitos imprevis-
renúncia à onipotência da parte do analista, ou seja, uma tos, incertezas e sofrimento. O psicanalista deverá ter
uma idéia razoavelmente clara das condições psíquicas e ambos decidam se é com essa pessoa estranha que está à
pragmáticas que tanto ele como o pretendente à análise sua frente que eles, reciprocamente, querem partilhar um
possuem antes de enfrentar uma empreitada de tamanha longo, profundo e imprevisível convívio.
envergadura.
08.2 Finalidade da Entrevista Inicial:
08.1 Conceituação:
O propósito fundamental deste contato preli-
Embora a expressão entrevista inicial esteja na minar é para:
forma singular, não significa que se refira sempre, a uma
única entrevista prévia à efetivação do contrato analítico, O psicanalista avaliar as condições mentais,
ainda que muitas vezes possa ser assim; porém, em mui- emocionais, materiais e circunstanciais da
tas outras situações, essa necessária avaliação pode de- vida do paciente que lhe procurou;
mandar um período algo mais longo com um número Ajuizar os prós e os contras;
bem maior de contatos preliminares. As vantagens e desvantagens;
Inicialmente é importante estabelecer uma dife- Os prováveis riscos e benefícios;
rença entre entrevista inicial e primeira sessão. A(s) en- O grau e o tipo de psicopatologia, de modo
trevista(s) inicial (ais) antecede(m) a contrato a permitir alguma impressão do diagnóstico
quanto o ter primeira sessão e do prognóstico;
a análise já começou formalmente. Reconhecer os efeitos contratransferênciais
O vínculo analítico principia já nas primeiras que lhe estão sendo despertados.
aproximações pré-transferência
que, inclusive, já principia desde o telefonema do pre- Assim, balanceando todos esses fatores, poder dis-
tendente à análise para um primeiro contato, independen- criminar qual a modalidade de terapia psicológica
temente da efetivação, ou ainda não, das indispensáveis será a mais indicada para este paciente e, no caso
combinações contratuais. de que a indicação seja o de uma análise, se ele
A duração da entrevista inicial depende da neces- realmente se sente em condições e se quer ser o te-
sidade do paciente. Quando o analista perceber que o rapeuta deste paciente.
paciente já tem uma idéia clara do que consiste uma
análise, pode iniciar a primeira sessão analítica.
O contato prévio sempre tem que existir, para que
09 Algumas Considerações sobre a Entrevis-
os dois (analista e analisando) se conheçam melhor e ta:
A entrevista deve ser distinta do processo de Psi-
Tanto melhor será o campo da entrevista quanto canálise formal, de maneira que o paciente saiba
menos participe o entrevistador; onde terminou uma e começou a outra;
O analisado deve ser informado que a entrevista O psicanalista não deve recorrer a procedimentos
tem a finalidade de um melhor conhecimento de que evitem a ansiedade, como apoio ou a suges-
sua pessoa, por parte do analista e de responder a tão, e tampouco resolvê-la com o instrumento es-
uma consulta sobre sua análise mental, para ver pecífico da interpretação;
qual tratamento lhe é mais adequado, se psicanalí- A entrevista deve ter tempo limitado, como duas,
tico, ou outro; três ou mais sessões, se for necessário, não deve
A entrevista não se baseia nas regras de Livre As- ser arrastada indefinidamente;
sociação, embora já é iniciada uma espécie de en- Na entrevista, também o paciente poderá chegar à
saio da mesma; conclusão de que esse Psicanalista não lhe é indi-
É comum observarmos pacientes em estado de an- cado, sem, contudo abrir mão do tratamento com
siedade e/ou angústia já na entrevista; um outro Psicanalista (é comum pacientes que
A entrevista é realizada sempre face a face e o uso vão de analista em analista, até encontrar um in-
do divã está formalmente afastado; dicado, embora isso já possa ser estudado como
O Psicanalista deve anotar ao máximo, de modo uma busca de um profissional que satisfaça suas
elegante e não acintoso tudo que interesse à deci- fantasias à priori), etc.
são quanto a analisabilidade;
O psicanalista deve observar bem as atitudes não- 10 Indicação e Contraindicação:
verbais (comunicação não verbal);
O Psicanalista não deve interpretar nem fazer Hoje a psicanálise tem um campo mais abrangente
prognóstico durante a entrevista. Suas palavras do que na época que Freud inventou o método psicanalí-
devem apenas induzir; tico. Algumas outras indicações que até certo tempo
A entrevista informa sobre fatos fundamentais, atrás contra-indicavam a escolha para um tratamento
não como objeto de análise, mas como para definir psicanalítico, atualmente encontram uma outra resolu-
se será ou não possível o trabalho de análise; ção.
No fim de cada entrevista já predomina a angústia Um bom exemplo é o critério de idade, o qual deixou
de separação, que será fortalecida durante todo de ser excludente e é encarado com muito relativismo,
processo da análise; tanto que, desde M. Klein, a psicanálise ficou extensiva
às crianças, e de uns tempos para cá, ela também é pra- ca crônica, pode resultar em um
ticada com pessoas de idade bastante avançada. Deve- prognóstico desalentador.
se ter em conta que a expectativa de vida mudou nota- Persistem como contra-indicação para a análise como
damente nos últimos anos. A indicação, neste caso, de- escolha prioritária, os casos de alguma forma de degene-
penderá do paciente e do critério do analista, porque a ração mental, ou aqueles pacientes que não demonstram
expectativa de vida é determinada para o demógrafo, a condição mínima de abstração e simbolização. Tam-
mas não para o analista, que só deve olhar para a pessoa pouco é recomendada a análise em casos agudos de his-
concreta. Levando-se em consideração que algumas pes- teria, no esgotamento nervoso e quadros confusionais.
soas morrem logo e outras muito mais tarde. Aliás, Freud discutiu com cautela a indicação da psicanálise,
Abraham (1919, Psicanálise clínica, capítulo 16, pg. 241) como método a ser escolhido em casos crônicos e graves
afirmava que a idade da neurose é mais importante do de histeria, fobias e abulias (perda total ou parcial da
que a idade do paciente , e apresenta várias histórias de vontade, por doença), ou seja, a psicanálise é indicada a
pessoas de mais de 50 anos que responderam muito bem todos os tipos de neurose.
ao tratamento psicanalítico. *** Em sua conferência de 1904, Freud afirmou que a
Um outro exemplo pode ser a dúvida que existia análise não é um método perigoso se praticado adequa-
quanto à adequação de iniciar a análise em pleno período damente, pois não leva ninguém para o mau caminho,
crítico de um quadro clínico com sintomas agudos, situ- não transforma ninguém em louco, perverso ou imoral.
acionais, neuróticos ou psicóticos; os psicanalistas hoje
não receiam enfrentar essas situações com todo o proces- 11 - Indicação de análise em crianças:
samento psicanalítico habitual, até porque a maioria dos
analistas está se inclinando, a não excluir a possibilidade As controvérsias sobre indicações e contra-
eito indicações de análise em crianças e adolescentes foram
de Eissler, 1934), como pode ser o de um possível uso se modificando e atenuando no curso dos anos.
simultâneo de quimioterápicos, em conjunto com o mé- Freud foi o primeiro a aplicar o método psicanalí-
dico psiquiatra, quando este não o for. tico em crianças, encarregando-se do tratamento de jua-
O diagnóstico clínico comporta no presente, um acen- nito, um menino de cinco anos com uma fobia aos cava-
tuado relativismo, tanto que, por exemplo, o diagnóstico los (Freud 1909/b).
reação esquizofrênica decorrência Os primeiros analistas dos anos vinte discordam
do nome alusivo à Esquizofrenia e, no entan- to, pode em muitos pontos da técnica para analisar crianças e a
ser de excelente prognóstico psicanalítico, en- quanto idade a partir da qual o tratamento pode ser aplicado.
o que pode parecer simples neurose fóbi- Hug-hellmuth sustentava, em sua apresentação ao con-
gresso de Haya, que análise estrita, conforme os princí- A entrevista inicial que antecede à formalização
pios da psicanálise, só pode ser efetuada a partir dos sete do compromisso contratual tem a finalidade não só de
ou oito anos de idade. avaliação, mas também a de uma mútua apresentação
Anna Freud também considera que a análise só das características pessoais de cada um e a instalação de
pode ser aplicada às crianças a partir da latência. Na se- atmosfera sta a criação
gunda edição de seu livro, publicada em Londres, em aliança terapêutica
1964, a autora estende muito esse limite e pensa que são contrato com-trato), portanto, exige uma de-
analisáveis as crianças de primeira infância, desde os finição de papéis e funções, respectivamente por parte do
dois anos. psicanalista, do analisando e da vincularidade entre
Melanie Klein, por sua parte, sempre pensou que ambos, sendo útil considerá-los separadamente.
as crianças poderiam ser analisadas na primeira infância; Da parte do analisando o analista espera que esteja
ela tratou uma criança chamada Rita quando esta tinha suficientemente motivado, que o analisando reflita com
dois anos e nove meses. seriedade sobre todos os itens das combinações que estão
Se deixarmos de lado a apaixonada polêmica, que sendo propostas para o contrato analítico e que, ele parti-
tem um de seus pontos culminantes no Simpósio sobre cipe ativamente e não de uma forma passiva e de mero
Análise Infantil da Sociedade Britânica de 1926, pode- submetimento.
mos concluir que a maioria dos analistas que seguem Atualmente alguns psicanalistas ainda adotam o
Anna Freud e Melanie Klein pensa que a análise é critério original que regia a com
aplicável a crianças de primeira infância e que todas as assim impõem de modo esmiuçado uma série de reco-
crianças normais ou perturbadas podem se beneficiar mendações, enquanto a tendência da grande maioria é
com a análise. simplificar a formulação mínimo in-
dispensável
12 Contrato Analítico: surjam ao natural no curso do tratamento, sendo que a
análise de cada uma delas é que vai definindo as neces-
A palavra contrato pode ser decomposta em sárias regras e diretrizes.
+ , isto é, ela significa que, além do indispensável
acordo manifesto de algumas combinações práticas bási- 12.1 - O que não pode deixar de ser dito ao paciente:
cas que referenciarão a longa jornada da análise, há tam-
bém um acordo latente que alude a como analista e paci- As definições relativas a horários;
trabalhar-se-ão Honorários;
Período de reajuste;
Como funciona o tratamento; audível, por melhor que seja a memória do psicanalista,
Plano de férias; poderá provocar uma sensação de inutilidade das pala-
Como agirá na falta do paciente às sessões; vras do analisando, com acentuado descrédito pelo nos-
Esclarecer que o paciente está conquistando um so trabalho. O ideal é que as anotações sejam feitas no
espaço exclusivamente seu e que, por isso, será o final da sessão, quando o cliente sair, e na presença deste
responsável por ele; só o estritamente necessário.
Informar a duração das sessões (cinqüenta minu-
tos); 14 O que se espera do psicanalista:
A freqüência (pelo menos duas vezes por semana),
que devido à falta de tempo atual e a crise finan- Que ele tenha bem claro para si os seguintes aspectos:
ceira em geral, constantemente temos que arcar
com o prejuízo do tratamento, diminuindo a fre- a) Qual é a natureza de sua motivação, predomi-
qüência para uma vez por semana; nante, para aceitar tratar analiticamente a uma
Definir o dia do pagamento, e se o fará no fim da certa pessoa (se é por um natural prazer pro-
sessão ou mensalmente; se o pagamento poderá fissional ou prevalece uma oportunidade para
ser efetuado em dinheiro ou cheque; uma determinada pesquisa; uma necessidade
Explicar sobre a importância do uso do divã; de complementar os ganhos pecuniários; uma
Falar sobre o compromisso do analista com o sigi- obrigatoriedade devido a uma certa pressão
lo absoluto, etc. de pessoas amigas, ou, no caso de candidatos,
unicamente pelo cumprimento da obrigação
13 A questão das anotações: curricular do Instituto; ou é um pouco de ca-
da um destes fatores)...
Devemos informar ao paciente que temos o direito b) Definir para si qual é o seu projeto terapêuti-
de anotar elementos colhidos da Livre Associação, que
co, se o mesmo está mais voltado para a ob-
considerarmos necessário para interpretações futuras ou
benefícios terapêuticos
para dirimir dúvidas quando de resistências contumazes
resultados analíticos .
apresentadas pelo paciente. Mas é preciso constar que as
c) Diante de um paciente bastante regressivo, o
anotações não são obrigatoriedade, uma vez que há psi-
analista deve ponderar se ele reúne as condi-
canalistas que simplesmente não anotam nada.
ções de conhecimento teórico-técnico, nota-
Contudo, aconselhamos, que todos anotem o que
damente das primitivas fases do desenvolvi-
acharem importante, porque a pura e simples postura mento emocional e se está preparado para en-
frentar possíveis passagens por situações Na recepção do paciente, deve recebê-lo estenden-
transferenciais de natureza psicótica. do a mão com um bom-dia, boa-tarde ou boa-
d) Da mesma forma, o analista deve avaliar se noite, sem exageros. Evitar beijos e abraços,
preenche aqueles atributos que Bion (1992) principalmente de pessoas do sexo oposto que
denomina de condições necessárias mínimas serão interpretados pelo paciente como afetividade
e que aludem à empatia, intuição, função e fortalecerão a transferência e contratransferên-
psicanalítica da personalidade, amor à ver- cia, principalmente a erotizada.
dade, etc. No relacionamento com o paciente não provoque
e) Reconhecer se ele domina o eventual uso de distanciamento com máscara de semideus ou su-
parâmetros psicanalíticos esar das mui- per-homem, como também, semideusa ou mu-
tas e diferentes táticas de abordagem e estilos lher-maravilha. Tente ser uma pessoa natural,
pessoais de interpretação. (Eissler cunhou es- que inspire confiança, sem jamais escandalizar o
te termo para designar as intervenções do psi- paciente com seu modo de agir. Procure ser uma
canalista que, embora transgridam a algumas pessoa agradável, quer pela indumentária, quer
regras psicanalíticas, não alteram a essência pela higiene geral e cuidado com a aparência,
do processo analítico). sem exageros.
f) Deve estar em condições de reconhecer a na- Quando o paciente fizer algum gracejo, devemos
tureza de suas contra-resistências, contra- rir levemente, pois, se não o fizermos, podemos
transferências, etc. provocar constrangimento inibitório. Não pode-
g) Ele deve ter condições de envolver-se afeti- mos dar ao paciente a idéia de que ele nos interes-
vamente ficar sa de modo pessoal, que nos sentimos muito bem
envolvido firme sem ser rígido; ao com sua presença, ou que é muito gratificante
mes- mo tempo flexível, sem ser fraco e atendê-lo, etc.
manipulá- vel. Se você encontrar com o paciente fora do consul-
15 Postura do Psicanalista: tório, cumprimente-o, sem fazer qualquer referên-
cia à condição de paciente e psicanalista. Não se
O psicanalista deve tratar o paciente com educa- deve apresentar o paciente a outros como tal. Tra-
ção e respeito, sem fazer juízo de nada que lhe for te-o naturalmente, sem estardalhaço, pois, o paci-
dito na sessão, guardando segredo absoluto de tu- ente continua sendo paciente, em qualquer local
do que foi falado pelo paciente, não comentando que o encontrarmos.
nem mesmo com os parentes.
16 Vestimenta do Psicanalista: Para alguns psicanalistas, toda vez que não haja
uma contra-indicação específica e irrecusável, a psica-
Homens e mulheres devem vestir-se simples, mas nálise é indicada.
adequadamente. Homens, de preferência, com camisa de Entretanto, falando das contra-indicações, pode-
mangas compridas, calça, meia e sapato. mos relacionar as de natureza familiar, religiosa, amiza-
As mulheres devem vestir, de preferência, roupas de, etc... Há também os pacientes que não preenchem os
compostas, evitar alças, roupas decotadas, transparên- requisitos para tal. E nesse caso estão os fatores inteli-
cias, mini-saia, mini-vestido, mini-blusa, tomara-que- gência, cultura, universo religioso, enfermidades psi-
caia, (a não ser que use bata ou jaleco por cima, como já cogênicas de modo geral, (com algumas exceções, como
foi citado anteriormente). certos casos de esquizofrenia, que parecem responder a
Estes cuidados visam resguardar os psicanalistas e uma análise profunda), etc. podem contra indicar.
pacientes da transferência e contra-transferência eroti- Nesses casos o paciente não produzirá o suficien-
zada. Também devemos levar em consideração que a te para o processo de interpretação ou não acompanhará
roupa é um dos meios de comunicação. Então vamos nos o raciocínio sempre avançado do psicanalista. Outro fa-
comunicar bem. tor que não podemos descartar na contra indicação é a
idade muito avançada, porém se o paciente deseja, não
17 Analisabilidade (conceito de técnica): podemos negar, devemos ser flexível, sem perder nossa
autoridade de psicanalista.
Antes de comprometer-se a assumir o trabalho de O conceito de analisabilidade nega ao paciente o
determinado paciente, o analista deve ter critérios bem benefício da dúvida, e este é, com certeza, seu calcanhar
definidos quanto ao fato de que sua indicação para fazer de Aquiles Etchegoyen, em seu livro
psicanálise é a mais acertada possível, para minimizar o Fundamentos da Técnica Psicanalítica (1987), e o mes-
risco de possíveis futuras decepções para ambos. mo comenta ainda que, se aplicássemos com rigor todos
Na verdade, na prática e na teoria, existe apenas os critérios de analisabilidade, principalmente os de Ze-
um critério de analisabilidade. Só é analisável quem é tzel, ficaríamos logo sem pacientes.
capaz de desenvolver com o analista uma neurose dita
de transferência ente, a condição para que 18 O conceito de Acessibilidade:
um tratamento analítico continue e termine, é que o ana-
lisando seja neurótico. Vamos aqui expor o conceito de uma figura muito
representativa da escola Kleiniana: Beth Joseph, em seu
artigo de 1975. Ela assinala que a acessibilidade não de- tratamento, ao que tão pouco se propõe, diferentemente
pende do tipo nosográfico, mas sim da personalidade dos critérios de analisabilidade.
profunda do paciente. A autora não diz que há duas 19 O Setting Analítico (Enquadre):
classes de pacientes, acessíveis e inacessíveis, mas que
há pacientes mais difíceis de alcançar que outros, e trata O setting ou enquadre pode ser conceituado como
de estudar em que consiste essa dificuldade. Segue-se a soma de todos os procedimentos que organizam, nor-
disso que a acessibilidade só poderá ser estabelecida com matizam e possibilitam o processo psicanalítico.
a própria marcha da análise. A analisabilidade, ao con- Assim, ele resulta de uma conjunção de regras,
trário, aspira a detectar a situação previamente, classifi- atitudes e combinações, tanto as contidas no contrato
cando os futuros analisados. analítico, como também as que vão se definindo durante
O paciente de difícil acesso que Beth Joseph des- a evolução da análise, como os dias e horários da ses-
creve não corresponde a uma categoria diagnóstica. são, os honorários com a respectiva modalidade de pa-
Trata-se de mais um tipo especial de dissociação, gamento, etc. Pode-se dizer que o setting, por si mesmo,
pelo qual uma parte do paciente, a parte do funciona como um importante fator terapêutico psicana-
paciente fica mediatizada por outra que se apresenta co- lítico, pela criação de um espaço que possibilita ao anali-
mo colaboradora do analista. sando trazer seus aspectos infantis no vínculo transfe-
Entretanto, esta parte que aparentemente colabora, rencial, e, ao mesmo tempo, poder usar a sua parte adul-
na verdade não constitui uma aliança terapêutica com o ta para ajudar o crescimento daquelas partes infantis.
analista, mas, ao contrário opera como fator hostil à ver-
dadeira aliança. São pacientes que parecem colaborar, 20- Como deve ser o ambiente físico:
falam e discutem de forma adulta, porém vinculam-se ao
analista como um aliado falso que fala com o analista do Do ponto de vista metodológico, o ambiente não
paciente que ele mesmo é. O problema técnico é chegar a faz parte do processo. Entretanto se precisamos dele para
essa parte necessitada que permanece bloqueada pela tal, não podemos ignorar a sua importância. É claro que
outra, a pseudocolaboradora. existe ambiente e ambiente. Também sabemos que as
Etchegoyen diz que o conceito de acessibilidade pessoas se sentem melhor em função de certas disposi-
surge do trabalho analítico e se propõe a descobrir as ra- ções, cores, etc... Assim veremos como um ambiente
zões pelas quais um paciente se torna inacessível ou poderá ficar adequado para a prática da psicanálise
quase inacessível ao tratamento psicanalítico, contudo disposição de um Consultório ou Gabinete:
não é útil para predizer o que vai acontecer no curso do
a) A sala não deve ser pequena nem grande em quanto associa, mas que o mesmo possa ver o
demasia, no mínimo 25m², se possível, térreo ou paciente e seus movimentos ou gestos, (comuni-
nos primeiros andares; cação não verbal); não esquecendo a flexibilida-
b) Deve possuir os móveis apenas necessários (me- de do analista, caso o paciente não consiga ficar
sa, divã e 03 poltronas); nesta posição;
c) Não deve ter nas paredes nada que chame a aten- p) O consultório não deve ser dividido com muitos
ção; psicanalistas, (no máximo três).
d) Ambiente com pouca claridade, porém não escu- q) O ambiente deve oferecer ao paciente oportuni-
ro ou meia-luz; dade de bem estar. O paciente deve ter a sensa-
e) As cortinas a as paredes devem ser de cor neutra; ção de que aquele local é o mais agradável possí-
f) Evitar enfeites sobre a mesa ou coisas que pere- vel para ele passar os 50 (cinqüenta) minutos a
çam ostentação; que tem direito.
g) Se tiver estante, nela deve conter apenas livros;
h) Dê preferência a ambientes afastados de ruídos 21 - A Sessão Psicanalítica:
sistemáticos;
i) Devemos primar pela limpeza e disposição dos A Sessão psicanalítica tem duração de 50 minutos,
móveis e demais pertences; embora sempre falamos que o horá
j) Caso tenha telefone no interior do consultório, de 09h às 10h, mas na realidade é das 09h às 09h50.
desligar durante a sessão, como também celular, É bom evitar o acúmulo de pacientes na ante-
campainha, etc.; sala, pois o consultório psicanalítico é diferente do con-
k) O divã deve ser confortável e suficientemente sultório médico. As sessões são pré-marcadas, não po-
largo para acomodar quaisquer pacientes; dem ser por ordem de chegada, pois o acúmulo de pes-
l) Não deve faltar um bebedouro, sanitário e lava- soas e conversas pode inibir o paciente.
tório;
m) O ambiente deve ser simples, porém confortável, 22 A Aliança Terapêutica:
com ventilador ou ar condicionado;
n) Se possível é bom ter uma ante-sala, levemente Denominação criada por Elizabeth Zetzel, psica-
decorada; nalista norte-americana em um trabalho de 1956, conce-
o) A cadeira do analista deverá estar disposta por beu um aspecto importante em relação ao vínculo trans-
detrás do divã (modelo tradicional), de maneira ferencial, ou seja, o fato de determinado paciente apre-
que o analista não seja visto pelo paciente en- sentar uma condição mental, tanto de forma consciente
como inconsciente, que lhe permite manter-se verdadei-
ramente aliado à tarefa do psicanalista.
Essa aliança deve provir, pelo menos, de uma par- realista, voltado para a
te do paciente comprometida e envolvida em assumir e realidade ou não-distorcido se comparado com o termo
colaborar verdadeiramente com a profundeza da análise, transferência ido e
enfrentando, assim, as inevitáveis dificuldades e dores. inadequa- do.
Segundo a Dra. Zetze A palavra real também pode se referir a genuíno,
03 funções básicas para autêntico e verdadeiro em contraste com artificial, sin-
desenvolver a aliança terapêutica: tético ou simulado. Neste ponto, é mais apropriado usar
1) A capacidade de manter a confiança básica o termo real para nos referirmos ao relacionamento rea-
em ausência de uma gratificação imediata; lista e genuíno entre analista e paciente. É importante
2) A capacidade de manter a discriminação en- esta distinção porque nos permite comparar o que é real
tre o objeto e o self; no relacionamento do paciente com o que é real no
3) A capacidade potencial de admitir as limita- comportamento do analista.
ções da realidade. Tanto no paciente como no analista, as reações
transferenciais são irreais e inadequadas, mas são ge-
23 O Relacionamento Real entre Paciente e nuínas e são verdadeiramente sentidas. Em ambos, a
Analista: aliança de trabalho é realista e adequada, mas é um arti-
fício da situação de tratamento. Em ambos, o relaciona-
No livro A Técnica e Prática da Psicanálise, mento real é genuíno e real.
Ralph Grensson nos explica que as reações transferen- O paciente utiliza a aliança de trabalho a fim de
ciais e a aliança de trabalho são, clinicamente, as duas entender o ponto de vista do analista, mas suas respostas
variedades mais importantes de relações objetais que transferenciais tomam a dianteira (se aparecem). No
ocorrem na situação analítica. analista, a aliança de trabalho toma a dianteira sobre
Também ocorrem formas mais arcaicas de intera- todas as outras respostas diretas ao paciente.
ção humana, antecedentes da transferência, assim como
transições para os fenômenos transferenciais. Tais rea- 24 O uso do Divã:
ções primitivas costumam surgir em estados de profunda
regressão e exige manejo terapia de O Divã é um instrumento de trabalho muito útil na
compreensão (winnicott, 1955, 1956; James, 1964). terapia psicanalítica. Não é apenas um sofá, onde o paci-
ente senta se quiser. Entretanto não devemos impor ao
paciente, como algo obrigatório. Devemos, com habili-
dade e clareza explicar ao paciente sobre sua utilidade 25 Clientes ou Pacientes?
no tratamento, e seu emprego histórico, desde o tempo
do mestre FREUD. Paciente ou cliente? Como devemos chamar os
Então os pacientes ou os candidatos podem per- nossos pacientes/clientes?
guntar: qual a razão de usar o Divã? Freud recomendou o Vejamos o que diz os autores abaixo:
uso do Divã para possibilitar o maior relaxamento pos- CLIENTE:
sível do paciente enquanto fala. Ele tem por objetivo ti- Segundo Avellanal (1964, p. 182), cliente "é a
rar o paciente da rotina de atividades musculares, dimi- pessoa que utiliza os serviços do profissional". Tratando-
nuir as tensões, afastar as responsabilidades com equilí- se do setor de saúde, o autor assevera que o cliente é o
brio e outros movimentos que consomem bastante mais nobre dos pacientes.
energia. Na visão de Nascentes (1988, p.145), cliente é "a
O Divã é fundamental também porque permite ao pessoa que consulta habitualmente um médico, um den-
psicanalista posicionar-se em relação a ele, de modo a tista, um terapeuta. É o freguês de uma loja comercial".
ficar menos exposto, diminuindo assim a carga transfe- PACIENTE:
rencial e o constrangimento dos olhares insinuantes, Segundo Avellanal (1964, p.577) define paciente
que são responsáveis pela contra-transferência, obstá- como o "enfermo que padece de uma lesão que deve ser
culo que pode ameaçar todo o trabalho. *** tratada. Nessa mesma linha de pensamento, Filgueiras
No contrato deve ficar claro que o divã é para o
psicanalista como a mesa de cirurgia, para o médico, ce; doente; sofredor; resignado".
ou a cadeira do paciente que o dentista usa, etc. Segundo Nascentes (1988, p.460), paciente "é a pessoa
O Divã oferece condições para que não haja com- em quem se pratica uma operação cirúrgica; pessoa do-
pressão das juntas, como já mencionamos, oferece uma ente; que suporta resignadamente; sofredor". Para Gal-
melhor oportunidade para a relaxação não só do corpo vão Filho (1998, p.480), paciente "é aquele que sofre de
como da mente, pois se o corpo está mais descansado a alguma doença; aquele que está em tratamento; aquele
mente trabalha melhor, de modo que se torna indispen- que está sob cuidados médicos ou dentários".
sável ao exercício da Psicanálise. Concluindo: poderemos chamá-lo de paciente ou
Porém, se o paciente não está ainda liberado para cliente. Na prestação de serviço na área médica, o assis-
usá-lo nos primeiros dias, não custa nada termos um tido será sempre paciente e cliente ou cliente e paciente,
pouco de paciência e aguardar que o mesmo adapte-se a ordem não muda o sentido da finalidade.
ao divã.
No caso do serviço prestado pelos psicanalistas,
acho que soa melhor a palavra cliente. A palavra pacien-
27 TRABALHO E INSTRUÇÕES:
te já está declarando que a pessoa está doente.
Perguntas:
26.1 Férias: 1) Como deve ser a relação paciente e analista para
que o tratamento obtenha êxito?
O psicanalista deve combinar com o paciente o seu 2) Fale sobre o Ato Psicanalítico.
período de descanso semanal, os feriados e anual. Estas 3) Fale sobre paciente analisável e não analisável.
férias atendem as necessidades de descanso financeiro do 4) Na sua visão como deve ser o ambiente físico do
paciente quanto de um período de cessação de trabalho, setting analítico, de modo a proporcionar o bem estar
que funciona bem para realimentar as esperanças e forta- do paciente?
lecer a transferência, segundo a maioria dos psicanalis- 5) Fale sobre as condições necessárias para um
tas. analista.
É possível fazer a opção por trinta dias corridos ou 27.1 Modelo de trabalho para o Instituto Summus:
dois períodos de quinze dias, ou a critério. Entretanto,
esses períodos devem ser fixados de antemão. Muito ra- a) Os trabalhos equivalentes a média do módulo
ramente se admite alteração nessa cláusula. Trabalhar mensal são individuais;
direto jamais. É contra-indicado por todos os motivos. b) No mínimo duas a três folhas digitadas com con-
teúdo do trabalho;
26.2 FALTAS: c) Capa com o nome: do Instituto, do aluno, da maté-
ria e do professor (a);
Deverá ser acertado no momento do contrato ana- d) Última página com a bibliografia, caso haja pes-
lítico. Quando o paciente faltar sem avisar até a noite do quisa na Internet colocar o site.
dia anterior (até +- 21h), a sessão será paga normalmen-
te, mesmo avisando no dia da sessão. Do mesmo modo ATENÇÃO: Não se limitar apenas à
quando o analista faltar sem avisar (um esquecimento,
por exemplo), aquela sessão não será paga pelo analisan- apostila para fazer os trabalhos, consul-
do. Em contrapartida o analista poderá fazer uma sessão tem os livros!
grátis para dirimir seu erro com o analisando. Ou, fica ao
critério do psicanalista como irá lidar com as faltas dele R E F L E X Ã O:
e do analisando.
Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade.
Pensar é algo que certamente não se aprende; é William Shakespeare
a coisa mais compartilhada do mundo, a mais espontâ-
nea, a mais inorgânica. Mas aquela também da qual se é
mais afastado. Pode-se desaprender a pensar: tudo con-
corre para isso. Entregar-se ao pensamento demanda
até mesmo audácia quando tudo se opõe, e, em primeiro
lugar, com muita freqüência, a própria pessoa. Engajar-
se ao pensamento reclama exercício, como esquecer os
adjetivos que o apresentam como austero, árduo, repug- 28 - BIBLIOGRAFIA:
nante, inerte, elitista, paralisante e de um tédio sem limi-
tes. Frustrar as artimanhas que fazem crer na separação CALLIGARIS, Contardo. Cartas a um Jovem terapeuta. El-
entre o intelectual e o visceral, entre o pensamento e a sevier Editora Ltda. 2008.
emoção. Quando se consegue isso, é como se fosse a
eterna salvação! E isso pode permitir a cada um tornar- CHEMAMA, Roland. Dicionário de Psicanálise. Artes Médi-
cas. RS. 1995.
se, para o bem ou para o mal, um habitante de pleno di-
reito, autônomo, seja qual for seu estatuto. Não é de
DOR, Joel. Clínica Psicanalítica. Artes Médicas. RS. 1996.
surpreender que isso não seja nem um pouco encoraja-
do . ETCHEGOYEN, R. Horácio. Fundamentos da Téc. Psicana-
lítica. A.Médicas. RS. 1989.

- Viviane Forrester GREENSON, Rauph. A Técnica e a Prática da Psicanálise,


Vol. 1 e 2. Imago. RJ. 1981.

SANDLER, Joseph. O Paciente e o Analista. Imago Editora


MAL FALA, MAL Ltda. RJ. 1986.
OUVE, LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise.
(Uyratan de Carvalho, psicanalista) Martins Fontes. SP. 2000.

MANNONI, Maud. A Primeira Entrevista em Psicanálise.


Ed.Campus. RJ. 1997.
MOORE, Burness e FINE. Bernard. Termos e Conceitos Psi-
canalíticos. A. Médicas, 1992.

NASIO, Juan-David. Um Psicanalista no Divã. Jorge Zahar


Editor, RJ. 2002.

ROUDESCO, Elizabeth e Plon. M. Dicionário de Psicanálise.


Jorge Zahar Editor. RJ. 1998.
SUMÁRIO
ZIMERMAN, David. Fundamentos Psicanalíticos. Artmed.
1999.
01 Introdução
. Bion, da Teoria à Prática. Artmed.
02 Técnicas Recomendadas por Freud
2004.
03 Resistência
04 Contra-resistência
05 Resistência do analista
06 Conluios Inconscientes
07 Reação Terapêutica Negativa (RTN)
08 Relações Transferenciais
09 Transferência e Regressão
10 Reações Contratransferenciais (RC)
11 Conceitos de contratransferência por vários autores
12 Manejo dos sonhos
13 Contribuições de outros autores sobre os sonhos
14 O papel do analista diante do relato de um sonho
1 Introdução

A criança está sempre presente no adulto, seja ele


psicanalista ou não. É por isso que, depois de crescida,
ela nos fala através do inconsciente. E como é próprio
das crianças, diz que não é ela que gostaria de saber o
que existe no inconsciente, é o inconsciente que se quer
dar a conhecer: O inconsciente gostaria de passar pa-
ra o consciente, mas este último não o pode receber: é
. Isso nos dá uma esperança: talvez um
dia seja suficientemente grande! Talvez um dia cheque a
hora...
Essa hora chega, de tempos em tempos. Chega quan-

dentro de você. Você me deu essa resposta na semana


passada, em determinado momento. Eu a devolvo a você,

Mas, por que esperar tanto tempo? Jean-Jacques


-se muito bem perce-
ber algo sem sabê- emana passada ainda não era a
hora certa porque o analista, como o paciente estava ain-

sagem. Como teria dito Freud, ela não passava de um


retorno do recalcado sem eliminação do recalcamento.
Naquele momento, o psicanalista nem sequer sabia que
aquilo que o paciente estava dizendo era uma resposta,
porque ainda não conhecia a pergunta. Além do mais,
não se identifica verdadeiramente uma pergunta, ao lon-
go de um tratamento psicanalítico, a não ser pelo fato de
que a resposta já foi dada, sem que se saiba disso no ato.
Só se sabe depois.
Reconhecer isso é o trabalho elementar do psicanalis- o que lhe ocorrer, assim, desordenadamente, com a idéia
ta. É o que permite dizer, por exemplo, que o inconscien- de que isso poderá ser útil, chegado o momento.
[...] a psicanálise promete a felicidade? De jeito ne-
esteja p nhum! Freud dizia que ela transforma a infelicidade

Aquilo que se acreditava perdido nas profundezas mista. Digamos que ela não pode nos curar da vida
volta à superfície da fala, aqui e ali, difícil de reconhecer porque a vida não é uma doença [...].
porque revestido pela linguagem de adulto. A criança
que cada um de nós ainda é está travestida, disfarçada de 2 Técnicas recomendadas por Freud
gente grande. Tanto que poderíamos do mesmo modo
repetir a fórmula e dizer: 02.1 Regra Fundamental: Consistia fundamentalmente
passar para o consciente, mas este último não o pode no compromisso assumido pelo analisando em associar
. Mais precisamente, ele se livremente as idéias que lhe surgissem de forma espon-
considera grande demais para perder tempo com coisas tânea na mente e verbalizá-las ao analista, independente
de suas inibições ou do fato se ele as julgassem impor-
E como as crianças, é assim que muitas vezes ele diz a tantes ou não.
ode-se muito bem perceber No trabalho Dois artigos para enciclopédia (1923),
algo sem sabê- Freud definiu com precisão as suas três recomendações
dizer um bocado de coisas. A verdade sai da boca da cri- fundamentais que, no início de qualquer análise, devem
ança que ainda existe em nós.
O inconsciente, em função de seu espaço, seu lugar, e colocar em uma posição de
sua textura propõe ao consciente um bocado de coisas - 2º) compro-
heteróclitas. É o que nos vem à cabeça, de repente. Não meter-se com a mais absoluta honestidade; 3º) não reter
prestamos atenção. Ou então não sabemos o que fazer qualquer idéia a ser comunicada, mesmo quando ele sen-
com elas. Somos grandes demais, sérios demais, como a
a ciência não la, não tão importante ou irrelevante para o que se procu-
fala o autor, Jean-Jacques:
A regra fundamental nesses primeiros tempos, não
tesouros nas latas de lixo da ciência e da consciência. É se restringia unicamente à imperiosa obrigação de o ana-
por isso que pede a quem vem consultá-lo que diga tudo lisando cumprir com a livre associação dos pensamentos,
analistas impunham desde a formalização do contrato 02.2 Regra da Abstinência: Foi formulada pela 1ª vez
analítico, como o uso do divã, a quantidade de sessões por Freud, em Observações sobre o amor transferencial
semanais, forma de pagamento, e assim por diante. (1915), em uma época na qual as análises eram curtas e
Atualmente, alguns autores acham que a maioria dos na clínica dos psicanalistas predominavam as pacientes
psicanalistas prefere se limitar a deixar claramente com-
binados os aspectos referentes à responsabilidade que o e de atração erótica com o analista, como também o fato
paciente deve assumir, quanto aos horários, honorários e de que à medida que a psicanálise se expandia e ganhava
férias, sendo que as demais questões (como uso do divã, em reconhecimento e repercussão, paralelamente tam-
uso simultâneo de medicamentos; etc.) serão examinados bém aumentavam as críticas contra aquilo que os detra-
à medida que surgirem no curso do processo analítico, tores consideravam um uso abusivo e licencioso da se-
hoje de duração bem mais longa do que aquelas análises xualidade.
pioneiras. Preocupado com a imagem moral e ética da ciên-
Na verdade hoje este método já não é mais tão impor- cia que ele criara, além da científica, e com o possível
tante como antes, por três razões, segundo Zimerman: despreparo dos médicos psicoterapeutas da época, quan-
a impossibilidade de o P seguir à risca essa com- to ao grande risco de envolvimento sexual com as suas
binação, pois isso poderá lhe gerar mais um pro- amor
blema: a culpa por não poder cumprir o combina- de transferência -se na obrigação de definir
do; claros limites de abstenção, tanto para a pessoa do ana-
muitas associações podem levar a uma narração lista como também para a do analisando.
discursiva, obsessiva ou vazia, na forma ou no Essa regra sugere que o psicanalista abstenha-se de
conteúdo; qualquer tipo de atividade que não seja a de interpretar.
na psicanálise contemporânea as diversas formas Ela inclui a proibição de qualquer tipo de gratificação
de comunicação não-verbal, como é o caso dos si- externa, sexual ou social, a um mesmo tempo que o tera-
lêncios, da entonação vocal, da linguagem corpo- peuta deveria preservar ao máximo o seu anonimato para
ral e gestual, das somatizações, dos actings e, a o paciente.
primitiva linguagem que o paciente emite pela Para o analisando, Freud impôs que ele se abstivesse
provocação de efeitos contratransferenciais na de tomar qualquer iniciativa importante em sua vida, sem
pessoa do analista, etc., possibilitam ao psicanalis- uma prévia análise minuciosa da mesma, por exemplo,
ta uma maior compreensão daquilo que o paciente não escolher uma profissão ou objeto amoroso definiti-
quer expressar. vo, mas, adiar todos os planos desse tipo para depois de
restabelecido.
A preocupação de Freud com a possibilidade de o ente para inconsciente e que o ideal seria que o analis-
analista ceder à tentação de um envolvimento sexual ta pudesse -se artificialmente para poder ver
com os pacientes era tanta que ele utilizou a metáfora de
um radiologista que deve se proteger com uma capa de Ao complementar essa regra de Freud, Bion argu-
chumbo contra a incidência dos efeitos maléficos dos menta que esse esta
útil para permitir o surgimento, na mente do analista, da
Atualmente, sem perder a necessária preservação do importante capacidade, latente em todos, de intuição, ou
setting normatizador e delimitador, a maioria dos psica- seja, olhar para dentro uma espécie de terceiro
nalistas, segundo pesquisas dos autores, trabalham de olho a qual costuma ficar ofuscada quando a percepção
uma forma mais descontraída, o clima da análise adqui- do analista é feita unicamente pelos órgãos dos sentidos.
riu um estilo mais coloquial, com uma menor evitação de Uma questão que comumente costuma ser levan-
aproximação (que anteriormente levaria a adquirir uma tada refere-se à possibilidade de o analista atingir a real
natureza fóbica). Além disso, há um certo abrandamento condição cegar-se -se de
superego analítico (o qual é herdeiro das institui- seus desejos, da memória e de seus prévios conheci-
ções que o formaram e modelaram como psicanalista), mentos teóricos. Os psicanalistas mais experientes
de modo a possibilitar que o analista possa sorrir duran- acham que não há nenhum inconveniente em que o A
te a sessão, responder a algumas inócuas perguntas par- sinta desejos ou quaisquer outros sentimentos, assim
ticulares, dar algum tipo de orientação, não ter pavor de como a memória de fatos ou teorias prévias, desde que
que apareça alguma fissura no seu anonimato, etc. ele esteja seguro que a sua mente não está saturada pe-
Aplicar rigidamente a regra da abstinência e do ano- los aludidos desejos, memórias e conhecimentos.
nimato, nos termos em que foram originalmente reco- Atualmente é bom destacar que o analista não de-
mendadas por Freud, nas análises mais longas de hoje, ve levar a regra da atenção flutuante rigorosamente ao pé
seria impossível e conduziria para um clima de muita da letra, para evitar trabalhar em estado de desconforto,
falsidade, além de um incremento da submissão e para- devido a culpas, e uma conseqüente sensação de fracas-
nóia. so pessoal, pois é impossível sustentar essa condição du-
rante todas as sessões, sem que eventualmente ele tenha
02.3 Regra da Atenção Flutuante: Freud estabeleceu, suas distrações, divagações, desejos, cansaço, algum
como equivalente à regra fundamental para o analisando desligamento... Um possível surgimento de imagens na
e também para o analista. Foi em Recordações... (1912), mente do analista enquanto o paciente fala, sempre foi
que ele postulou que o analista deve propiciar condições considerado como sendo uma provável distração e alhe-
para que se estabeleça uma comunicação de inconsci- amento do terapeuta, no entanto, na atualidade, isto está
sendo visto como uma possibilidade de que se trate de No sentido absoluto do termo, a neutralidade é um
ideogramas (termo empregado por Bion), ou seja, mito, impossível de ser alcançado, até mesmo porque o
uma importante forma onírica de comunicação por in- analista é um ser humano como qualquer outro e, portan-
termédio de imagens, por parte do paciente, de algo que to, tem a sua ideologia e o seu próprio sistema de valo-
vai além das suas palavras e da captação pelos órgãos res, os quais, quer ele queira ou não, são captados pelo
dos sentidos do analista. paciente.
Resta acrescentar que, aliado a um reconhecimento
02.4 Regra da Neutralidade: Onde Freud apresenta a dos seus sentimentos contratransferenciais, também os
sua famosa metáfora do espelho, pela qual ele aconse- conhecimentos teóricos do analista favorecem um ade-
lhava aos médicos que exerciam a terapia psicanalítica quado desempenho da regra da neutralidade.
opaco aos seus pacientes e,
como um espelho, não lhes mostrar nada, exceto o que 02.5 Regra do Amor às Verdades: Em diversas passa-
o gens de seus textos técnicos, Freud reiterou o quanto
como sendo a contrapartida da regra fundamental exigida considerava a importância da verdade para a evolução
ao paciente. exitosa do processo psicanalítico. Mais exatamente, a sua
A palavra original em alemão para esse termo é ênfase incidia na necessidade de que o psicanalista fosse
indifferenz, cuja tradução mais próxima é , uma pessoa veraz, honesta, verdadeira, e que somente a
porém não vamos ficar indiferentes à possibilidade, não partir dessa condição fundamental é que a análise pode-
tão incomum, de que muitos analistas confundam um ria, de fato, promover mudanças verdadeiras nos anali-
sadio estado mental de imparcialidade neutra com o de sandos. Dessa firme posição de Freud, podemos tirar
uma verdadeira indiferença, prejudicial para a análise, uma primeira conclusão: a de que mais do que unica-
até mesmo porque muitos autores acreditam que a reco- mente uma obrigação de ordem ética, a regra do amor às
mendação que Freud fazia acerca da neutralidade era tão verdades também se constitui como um elemento essen-
rigorosa que o analista praticamente era incitado a, de cial da técnica da psicanálise.
fato, manter uma indiferença. Em relação ao compromisso com a ética, é opor-
Atualmente, acredita-se que o analista deve funcio- tuno incluir que também diz respeito à necessidade de o
nar como um espelho, sim, porém no sentido de que seja psicanalista não emitir julgamentos a respeito de tercei-
um espelho que possibilite ao paciente mirar-se de cor- ras pessoas, muitas vezes inclusive de colegas, tendo em
po inteiro, por fora e por dentro, como realmente ele é, vista que os pacientes os convidam para tal quebra de
ou que não é, ou como pode vir a ser! ética por meio de um inconsciente jogo sutil e provoca-
dor veiculado por intrigas, insinuações, proposição de Desde o início da psicanálise, a resistência tem sido
negócios, envolvimento amoroso e afins. exaustivamente estudada em sua teoria e em sua técnica,
Antes dessa caça à verdade, o importante é a aquisi- mas, nem por isso, na atualidade, perdeu sua significação
ção de uma atitude de ser verdadeiro, especialmente e relevância. Mesmo com todo desenvolvimento e avan-
consigo, único caminho para atingir um estado de liber- ço da psicanálise, a resistência continua sendo a pedra
dade interna, o que seguramente é o bem maior que um angular da prática analítica.
indivíduo pode obter. De fato, verdade e liberdade são Freud empregou o termo resistência pela primeira
indissociáveis entre si e não é por nada que na Bíblia Sa- vez ao se referir a Elizabeth Von R. em 1893. Até então,
grada consta um trecho de uma profunda e milenar sa- a resistência era considerada exclusivamente obstáculo à
bedoria ade, e a verdade vos análise, e sua força corresponderia à quantidade de ener-
(João 8.32). gia com que as idéias tinham sido reprimidas e expulsas
Esta regra técnica inerente ao amor à verdade é parte de suas associações.
de uma condição mais ampla na pessoa do A que vai Uma das regras da psicanálise é que tudo o que inter-
muito além de unicamente uma capacidade para entender rompe o progresso do trabalho psicanalítico é uma
e habilidade para interpretar podendo ser denominada resistência (Freud).
atitude psicanalítica interna e que, na contemporânea A resistência no cotidiano da prática analítica tanto
psicanálise vincular, assume uma importância funda- pode ser inconsciente quanto consciente, mas sempre
mental, pois implica a indispensabilidade de demais atri- provém do ego, mesmo que possa vir em função de ou-
butos mínimos, como são os de empatia, de intuição, tras instâncias psíquicas. Ela pode expressar-se em emo-
etc. ções, atitudes, idéias, impulsos, fantasias, linguagem,
Freud entendia a sua postulação de ser indispensável somatizações ou ações. Na clínica ela pode aparecer de
a honestidade e a verdade tanto à pessoa do analista várias maneiras: clara, oculta, sutil, simples, complexa;
quanto à do paciente. Em relação ao analista, ninguém pelo que está acontecendo e pelo que está deixando de
contesta a validade dessa assertiva de Freud, a ponto de acontecer. Além disso, cada indivíduo tem uma carga de
podermos afirmar que se o profissional que labora como recursos resistenciais, os quais variam com os distintos
analista não tiver suficientemente esse atributo de ser momentos do processo analítico.
verdadeiro, o melhor que ele tem a fazer é mudar de Um outro critério de classificação da resistência está
especialidade. baseado nas manifestações clínicas, tais como: faltas,
atrasos, intelectualizações, exagero de silêncio ou pro-
3 Resistência lixidade, segredos, sonolências, etc.
Tipos de resistência: vários autores classificaram as nal equivalente. Por exemplo, se, com qualquer paciente
resistências segundo seu ponto de vista. Existem mais de de uma determinada categoria (idoso, adolescente, mu-
quarenta tipos de resistências com suas características. lher, psicótico...), sem levar em consideração a estrutura
Pedimos que vocês consultem a literatura sobre o assun- emocional de cada um deles individualmente, o analista
to. vier a experimentar as mesmas reações emocionais, com
certeza ele resistirá em aprofundar a análise do que ele
4 Contra-resistência não está suportando em si próprio.

Assim como a resistência pode partir unicamente do 6 Conluios inconscientes


paciente, também pode proceder do analista, embora o
que vai nos interessar é a interação resistencial-contra- Lembrando que o tratamento psicanalítico não é a
resistencial que se processa entre ambos, no campo ana- análise isolada de um indivíduo, mas sim a de um vín-
lítico. culo humano, com múltiplos vértices, podendo ocorrer
Segundo Bion, o analista pode estar com a mente sa- um desvirtuamento analítico desse vínculo, o que, às ve-
turada por . zes, torna-se difícil de desfazer.
Ocasionando que durante a sessão o A pode ficar confu- Na clínica cotidiana, vemos isso em uma infinidade
so com a hipertrofia ou atrofia de seus desejos, com a de parelhas que se estruturam de formas complementa-
sua memória atrapalhada e, conseqüentemente, com sua res, tipo: sadomasoquista; forte-fraco; rico-pobre; sa-
capacidade de percepção prejudicada, em razão dos dio-doente; feio-bonito; sedutor-seduzido; criança-
ataques aos vínculos in- adulto; etc. Um paciente com tais características tentará
consciente do paciente. A CR pode estar a serviço de reproduzir com o seu analista algumas dessas modalida-
uma sutil resistência do paciente, a qual consiste no fato des inter-relacionais, e isso se constitui no risco do esta-
de em vez de atacar a sua própria percepção de verdades belecimento no processo analítico de um irreparável con-
intoleráveis, consegue o mesmo resultado, fazendo com luio de recíprocas resistências.
que se multipliquem as resistências do seu analista. O estado de resistência-contra-resistência mais séria e
esterilizante de uma análise é aquela que se manifesta
5 Resistência do analista sob a forma de conluios inconscientes (aos conscientes,
fica mais apropriado chamá-los de )
É identificada quando elas se repetem de modo entre o paciente e o analista.
sistemático com todos os seus pacientes, independente Existem outras variantes de conluios resistenciais-
de como eles sejam, diante de uma complicação emocio- contra-resistenciais, no entanto, o que vale destacar é que
o paciente está rigorosamente dentro do seu papel de sentimento de culpa, ou necessidade de castigo que,
analisando, sendo que a responsabilidade pela formação segundo Freud, se satisfaz na enfermidade, e que en-
do conluio inconsciente cabe ao psicanalista. Se, por quanto herdeiro da relação com o pai provém da an-
acaso o psicanalista não se der conta disto ou não tiver gústia de castração, apesar de que ficam nele contidas a
condições de reverter o acontecimento no campo analíti- angústia do nascimento e a separação da mãe proteto-
co, aumentará a possibilidade de que o processo analítico ra.
se cronifique em uma circularidade estéril ou que de- O sentimento de culpa tem a ver com a severidade ou
semboque em impasse psicanalítico, inclusive na tão com o sadismo do superego, enquanto a necessidade de
temida reação terapêutica negativa. castigo alude ao masoquismo do ego, apesar de que es-
sas duas características estão sempre juntas em alguma
7 Reação Terapêutica Negativa (RTN) medida.

A expressão reação terapêutica negativa apareceu 8 Reações Transferenciais (RT)


pela primeira vez no quinto capítulo do trabalho O ego e
o Id (1923), onde Freud diz que certos pacientes não to- Freud percebeu de início, desde que analisou Dora, a
leram o progresso do tratamento ou as palavras de estí- importância das reações transferenciais. Isto o levou a
mulo que, em um dado momento, o analista pode crer trabalhar no intuito de facilitar o desenvolvimento das
que seja adequado oferecer-lhes e reagem de uma forma reações transferenciais do paciente. Em contra partida
contrária ao esperado. apareceram as resistências, cuja função principal é evitar
Essa reação não só surge quando ouve algo positi- o desenvolvimento das RT. Evidentemente, tanto a trans-
vo em relação ao tratamento, mas também quando se ferência como a resistência guarda informações precio-
realizou algum avanço na análise. No momento em que sas do passado e história reprimida do paciente.
fica resolvido um problema ou vencida uma resistência, Como sabemos a transferência nada mais é do que a
a resposta do analisado, em vez de ser uma vivência de vivência de sentimentos, impulsos, atitudes, fantasias e
progresso e de alívio, é o contrário. defesas dirigidas a uma pessoa no presente, sendo que
São pessoas, diz Freud, que não podem tolerar ne- essa vivência não se coaduna com essa pessoa, consti-
nhum tipo de elogio ou apreço, e respondem de forma tuindo assim uma repetição, um deslocamento de uma
inversa a todo progresso do tratamento, onde esse tipo de reação a pessoas importantes ou algo vivenciado na in-
reação está ligada ao sentimento de culpa, que opera a fância primitiva, cuja insatisfação instintual necessita
partir de uma ação superegóica, onde o superego não lhe de uma descarga. Exemplo: o psicanalista pode em de-
dá o direito de melhorar. A RTN está vinculada a um terminada hora representar o pai, a mãe, o irmão, o
tio, ou alguém que lhe causou algo doloroso na infância. uma RT, pois o comportamento do analista justifi-
ca a raiva. Porém, se o paciente ficasse furioso e
t repetições e des- não somente irritado ou se tivesse mantido com-
locamentos por parte do paciente. pleta indiferença, a intensidade inadequada da rea-
Na verdade estes acontecimentos têm um valor ines- ção poderia indicar que estamos lidando com uma
timável, pois é através destas repetições e deslocamentos repetição ou reação da infância.
que o P trás seu passado para o presente ou torna-se b) Intensidade: em geral as reações emocionais in-
consciente aquilo que está no inconsciente. O P, nor- tensas em relações ao Analista são indicativas de
malmente tem mais facilidade de repetir um fato que transferência. Válido tanto para as várias formas
relembrar. A repetição é, na realidade, uma resistência de amor como para o ódio e para o medo. Ex. O A
à memória, ao inconsciente. faz algo que não combina com sua condição de
analista. O paciente reclama, e fica furioso quando
08.1 Classificação das RT: o A acha que a culpa foi do P (inconscientemen-
te), por ser um paciente chato.
a) Transferência Positiva: quando o paciente c) Ambivalência: é bom termos em mente que todas
demonstra diferentes formas de anseios sexuais, as RTs são ambivalentes, pois coexiste um senti-
sentimentos, como gostar, amar, e respeitar o ana- mento oposto, um aspecto do sentimento é incons-
lista; ciente. Conforme Greenson, não há amor pelo
b) Transferência Negativa: quando o paciente analista sem que haja algum ódio escondido em
demonstra agressividade sob forma de raiva, ódio algum lugar, nem anseios sexuais sem alguma re-
ou desprezo pelo analista. pulsa encoberta, etc. A ambivalência pode ser fa-
A técnica psicanalítica é utilizada para que se te- cilmente detectada quando os sentimentos envol-
nha o desenvolvimento máximo da neurose transferenci- vidos são inconstantes e mudam inesperadamente.
al, é esta que servirá de transição da doença para a saúde. d) Inconstância: os sentimentos transferenciais são
E mesmo porque sem transferência não existe psicaná- inconstantes, irregulares e excêntricos, principal-
lise. mente no começo da análise.
e) Tenacidade: possuem uma natureza contraditória,
08.2 Características das RT são também constantes e firmes. Enquanto as rea-
ções esporádicas aparecem no início da análise, as
a) Inadequação: quando ocorre algo por parte do reações rígidas e prolongadas surgem nas fases
analista que irrita o paciente, isto pode não ser mais adiantada das sessões, embora não haja regra
absoluta para isso. Não quer dizer que o trabalho Em seu artigo de 1912, re
analítico seja paralisado, outras características , Freud recomenda ao ana-
comportamentais do P podem mudar surgindo no- lista tomar como modelo o cirurgião, que deixa de lado
vas compreensões internas. todos os seus afetos e também a sua compaixão humana
e concentra as suas forças espirituais em uma única me-
9 Transferência e Regressão ta: realizar a cirurgia o mais de acordo possível com as
regras da arte. Ele também empregou a metáfora do es-
A situação analítica dá ao paciente neurótico opor- analista, tal qual um espelho, somente deve
tunidade para repetir, através da regressão, todas as fases
anteriores de relacionamentos objetais. Pode-se observar Como vimos nessas metáforas citadas, Freud tinha
no comportamento e fantasias transferenciais as formas uma grande preocupação quanto a uma aproximação do
primitivas do funcionamento do ego, id e superego. O analista com o paciente. Muito embora ele mesmo tenha
paciente analisável pode regredir e sair dessa regressão. recomendado que o inconsciente do analista comporte-se
Os fenômenos regressivos são irregulares, cada fragmen- a respeito do inconsciente emergente do paciente, ou se-
to clínico do comportamento transferencial tem que ser ja, como um receptor telefônico se comporta com o
estudado com muito cuidado. Por exemplo, num paciente emissor das mensagens telefônicas. Em outros escritos
o desejo de ser amado pode provocar benefícios terapêu- . Na ver-
ticos superficiais, mas podem encobrir um medo profun- dade Freud pregava a distancia efetiva entre o analista e
damente enraizado de perda objetal. o paciente, mas ao mesmo tempo ele pregava que o ana-
lista fosse bastante sensível ao paciente.

10.1 - Formas De Reações Contratransferênciais


10 Reações Contratransferenciais (Rc):
a) Erotizada: quando o analista sente sensações e
Para Freud, ocorre quando o analista reage ao pacien- desejos eróticos que lhe são despertados pelo paci-
te como se o paciente fosse uma pessoa significativa na ente, constitui situações analíticas normais, desde
história primitiva do analista. que a sua atividade, perceptiva e interpretativa,
uturas da te- não sofra nenhum prejuízo e o mesmo esteja
consciente do que está sentido e como psicanalista
aos médicos não-analisados que praticavam a psicanáli- possa cumprir seu dever de manter a neutralida-
se. de. Mas é bom ficar atento porque o psicanalista,
como ser humano, poderá sentir atração pelo seu uma contra-identificação dele com esses
paciente e na maioria das vezes essa atração é re- mortos-vivos
cíproca, o que interfere na atividade psicanalítica,
podendo perverter o vínculo analítico. 11 CONCEITOS DE CONTRATRANSFERÊNCIA
b) Somatizada: é aquela que se manifesta sob a for- (VÁRIOS AUTORES):
ma de somatizações na pessoa do analista. Vari-
am desde algum desconforto físico, como uma dor FREUD (1910) - a contratransferência consistia
de cabeça, ou em outra parte do corpo, sonolência
ou fortes sensações e sintomas corporais. terapeuta como influência nele dos sentimentos
c) Sonolência: ocorre às vezes no analista com al-
guns pacientes, através dos sintomas deste último. M. Klein (1946) - disse que a contratransferência
Isso ocorre porque: (identificação projetiva) não era mais do que um
O analista faz um grande esforço devido à obstáculo para análise, uma vez que ela corres-
pressão do seu superego para manterem ponderia a núcleos inconscientes do analista, insa-
afastadas de sua consciência algumas pul- tisfatoriamente analisados.
sões e ansiedades que foram despertadas pe- Winnicott (1947) -
lo discurso do P.
cos que o par analítico provoca um no outro.
Ps que apresente alteração do Rosenfeld (1947) - disse que somente conseguia
seu sensório, cujas associações adquirem entender um paciente psicótico a partir dos pró-
um caráter estereotipado, de modo que elas prios sentimentos despertados nele, pelo paciente.
são pronunciadas em tom de voz monótono Racker (1948) a CT consiste em uma conjunção
e monocórdico. de imagens, sentimentos e impulsos do analista
É aquela decorrente das identificações pro- durante a sessão.
jetivas do P, de seus objetos internos, que Bion (1963) fez a importante observação de que
habitam o espaço depressivo (do analisan- a identificação projetiva, mais do que uma mera
do), sob forma de moribundos, isto é, embo- descarga de sentimentos intoleráveis, conforme
ra mortos, eles permanecem vivos, dentro da enfatizava M. Klein, também tinha a função de
sua mente. Cria-se um estado mórbido. A uma forma de comunicação primitiva, não-
sonolência do A estaria representado por verbal, por meio dos efeitos contratransferenciais.
Na atualidade, o sonho prossegue como sendo uma via
12 - Manejo dos sonhos importante de acesso ao inconsciente, porém não mais
régia, porquanto não reina absoluta. Existem inúmeras
Os sonhos acompanham a humanidade desde sempre. outras vias de acesso ao inconsciente (verbal e não-
Na Bíblia sagrada constam os relatos de José, filho de verbal).
Jacó, interpretando os sonhos de um faraó egípcio, como
também Daniel, interpretando os sonhos de Nabucodo- 12.2 - O sonho como uma interpretação de desejos:
nosor (interpretação por inspiração divina). Como sa-
bemos, Freud foi o primeiro cientista que, a partir de Essa afirmativa de Freud continua despertando po-
1900, começou a dar uma dimensão rigorosamente cien-
tífica quanto à compreensão da formação e das funções relaçõe sob a liderança de M.Klein - o sonho
dos sonhos. Antes das suas descobertas, a busca de en- deixou de ser unicamente uma realização de desejo e ga-
tendimento dos sonhos estava entregue a profetas, adivi- nhou a relevância de também ser considerado como uma
nhos charlatões, com mensagens de espíritos ou interpre- forma de comunicação, de sentimentos muito primiti-
tações fantásticas. vos, por meio de um código estabelecido entre o par ana-
Até o final de sua obra, Freud concebeu o fenômeno lítico.
dos sonhos como resultante de inconscientes desejos in- Na psicanálise contemporânea considera-se que,
fantis, às vezes proibitivos, que, por isso, foram reprimi- às vezes os sonhos podem significar uma realização de
conteúdo latente desejo; porém isso não é o principal, pois está ficando
conteú- consensual entre os analistas o fato de que os sonhos do
do manifesto como uma forma de gratificação dos paciente durante certos períodos do processo analítico,
desejos resto di- silenciosamente,
urno censura onírica
trabalho onírico 13 - Contribuições de outros autores sobre os sonhos:
torções que disfarçam os desejos, se manifestam através
de uma gratificação alucinatória com imagens visuais.
Melanie Klein: teve o mérito de equiparar os
sonhos, segundo as concepções de Freud, com
12.1 - O sonho como via régia do Inconsciente
a forma de como a criança brinca com os jogos,
Durante muito tempo essa frase de Freud constituiu- desenhos e brinquedos. Ela valorizou a impor-
se como uma verdadeira bandeira para todo psicanalista. tância das fantasias, ligadas às relações objetais
internas, que se expressam por meio do simbo- mória e sem desejo
lismo dos sonhos. Outro aspecto refere-se à re- modo a escutar o paciente com isenção e poder
comendação que os sonhos sempre devem ser observar as imagens oníricas (ideogramas) que
vistos e interpretados no aqui-agora, como surgirem em sua própria mente.
uma mensagem transferencial. Bion
Lacan: ências emocionais conscientes e as armazena

piciador do pensamento,
que adquirem a forma de imagens oníricas que,
Winnicott: coerente com o seu corpo teórico recebendo estímulos internos ou externos, po-
lúdi- dem se manifestar nos sonhos durante o sono,
ou como ideogramas, no estado de vigília.
co, ele recomenda que analista e paciente fa- Afirmou que os psicóticos mais graves não so-
jogo do rabisco nham.
no do entendimento do sonho, até formarem
um desenho do mesmo. Segundo ele o analista 13.1 - O papel do analista diante do relato de um so-
ofuscar a nho:

não é tanto a interpretação do sonho, mas, sim, O analista deve acreditar que, por mais camu-
co-
Psicólogos do Ego: eles utilizam o ponto de municar
vista estrutural, ou seja, como se manifestam às por mais resistente que esteja, ele anseia que o
pulsões do ID, as funções do EGO, e a censura seu analista consiga decifrar e pôr em palavras
do SUPEREGO, também reduziram a obriga- com um sentido esclarecedor.
ção que o analista tinha de fazer uma decifra- Capacidade de sonhar a sessão. Como Freud,
ção do conteúdo latente, que estaria contido em observar e transformar os conteúdos manifes-
qualquer fragmento do conteúdo manifesto. tos do sonho em conteúdos latentes, com o es-
Meltzer:
sucessivas transformações do processo. Ele re- Bion).
comenda que diante dos sonhos relatados, o sujeito suposto sa-
sem me- ber nte mercê de
uma exagerada idealização do analista delega a
este a função de quem sabe e pode tudo. Lem-
bre-se a tarefa da interpretação é participação
conjunta do par analítico.
Não force o paciente a sonhar.
Não demonstre para o paciente a importância
do sonho para o tratamento.
Não valorize demais um determinado sonho.

SUMÁRIO
Reflexão

01 Análise, psicanálise, processo analítico e situação


as fazem quando todos estão olhando. O conjunto de analítica
coisas que as pessoas fazem quando ninguém está 02 O silêncio no setting analítico
olhando chamamos de Ca 03 A atividade interpretativa
- Oscar Wilde 04 Destino
05 Interpretação e transferência
06 As atuações (actings)
07 Conceito de insight
08 Elaboração, confrontação e clarificação
09 A cura (Conceituação)
10 Término da análise
11 Condições necessárias para um analista
12 Demais condições necessárias segundo Bion
13 Crise atual da psicanálise
14 As perspectivas futuras da psicanálise
01 - Análise, psicanálise, processo analítico, situação
analítica tradução em palavras simples e compreensíveis.

A análise é, na verdade, um método ou procedimento 02.1 - Tipos de Silêncios:


utilizado para compreender o inconsciente, mediante o
emprego das técnicas psicanalíticas, como a associação a) Simbiótico: quando o paciente se julga no direito
livre, resistência, transferência, sonhos, etc. É um méto- pleno de esperar que o analista adivinhe suas ne-
do de investigação terapêutica. cessidades não satisfeitas;
Freud disse muitas vezes que a psicanálise é uma teo- b) Bloqueio: da capacidade de pensar;
ria da personalidade, um método de psicoterapia e um c) Inibição fóbica: medo de falar devido a uma forte
instrumento de investigação científica, querendo desta- ansi
car que, por uma condição especial, intrínseca desta dis- interpretado, ocorrer quebra de sigilo, etc. Neste
ciplina, o método de investigação coincide com o proce- caso, a inibição da fala é comparável à contenção
dimento de cura, porque, à medida que a pessoa conhece anal das sujeiras de fezes e urinas.
a si mesma, pode modificar sua personalidade, Isto é, d) Protesto: o paciente não tolera a relação assimé-
curar-se. trica com o analista, e fazendo silêncio ele quer
obrigar o analista a falar mais. Normalmente isto
02 O Silêncio no setting analítico: acontece quando os anseios narcisísticos não es-
tão sendo correspondidos.
Por muito tempo o silêncio era somente visto co- e) Controle: é a forma de testar a paciência do ana-
mo uma resistência do paciente em relação à análise. É lista ou de impedir que este consiga material para
compreensível, pois a comunicação não-verbal ainda não construir as interpretações que possam ameaçar
era tão conhecida como atualmente. Alguns pacientes sua auto-estima.
não conseguem exprimir seus sentimentos primitivos f) Desafio narcisista: ele crê no silêncio como uma
numa linguagem verbal. Os psicanalistas contemporâ- forma de fantasia de que ficando em silêncio ele
neos afirmam que ao lado de uma manifestação de con- vai derrotar o seu analista. Lembrando Lacan:
trole resistencial, o silêncio também exerce uma impor- poder é o que fica calado, por-
tante função de comunicação não-verbal na interação quanto é ele que outorga as significações ao que o
analista-analisando. É importante o analista compreender
g) Negativismo: o silêncio tanto pode ser uma forma
de identificação com os objetos frustradores que
não lhe respondiam ou pode estar representando o Suas principais frustrações decorrem do não atendi-
mento de seus pedidos e desejos, e principalmente quan-
do 15º mês de vida, segundo Spitz (1957). do este adolescente não se sente compreendido por seu
h) Comunicação primitiva: através dos efeitos da terapeuta, da mesma forma como ele acredita que seus
contratransferência que o silêncio do paciente pais não o entendem.
desperta no analista, ele pode estar fazendo impor- Outra forma de frustração é por meio de acting, sendo
tante comunicação daquilo que está inconsciente e o mais comum, faltar muito às sessões e até o abandono
que não consegue expressar com palavras. da análise.
i) Regressivo: em algumas ocasiões o paciente to- O psicanalista deve ter cautela especial no atendimen-
talmente silencioso, adormece no divâ como se to desses pacientes e com sua atividade interpretativa,
fosse uma criança tendo sua mãe a velar o seu so- correndo o risco do terapeuta deixar-se envolver por uma
no. Ou quando o silêncio é prolongado poderá ser contratransferência
uma forma de busca da presença da mãe, segundo (analista) estará identificado com os pais repressores e,
postulou Wi a capaci- por conseguinte, reforçará no analisando o seu superego
ameaçador, ou o seu ideal de ego está repleto de expecta-
j) Elaborativo: muitas vezes o silencio se constitui tivas dos pais a serem cumpridos por ele.
numa oportunidade de tempo e espaço para o pa-
ciente fazer reflexões, correlações e a integração 02.3 - O Silencio do Psicanalista:
dos insights parciais para um insight total.
Obs: O silêncio pode ser, às vezes, cansaço mes- A técnica psicanalítica nos ensina que o psicana-
mo, ficar atento para não confundir. lista deve manter-se em silêncio. Foi isso que vimos na
02.2 - O Silencio no adolescente: maioria dos livros consultados.
Reik dizia para os psicanalistas manter-se nas ses-
Devido até a sua pouca experiência de vida, estes sões o máximo possível silencioso, com a finalidade de
pacientes mostram-se muito silenciosos nas primeiras despertar um estado de ansiedade no paciente, e, dessa
sessões, por não entender ainda as vicissitudes do pro- forma, impedi-lo a quebrar o mutismo do analista e com
cesso analítico, querem respostas imediatas, ele leva tudo isso verbalizar as suas experiências emocionais.
no concreto, confunde o real com o imaginário e tenta Os seguidores da escola da psicologia do ego, que são
falar como se fosse um adulto. herdeiros da obra de Freud, eram analistas muito silenci-
Constantemente exige opiniões e conselhos do analis- osos e no inicio da análise não interpretam nada.
ta e diante das frustrações magoa-se com facilidade.
Os kleinianos romperam com o paradigma da psica- as atividades interpretativas devem ser feitas sempre que
nálise clássica, e adotaram uma atitude interpretativa necessário, observando os princípios básicos da técnica
mais imediata. Priorizam a necessidade interpretativa, psicanalítica.
logo que surja a ansiedade em qualquer momento da ses-
são. 02.4 - Mutismo
Os lacanianos fizeram o inverso, ficando até meses
sem interpretar, justificando o silêncio como uma forma É uma forma mais prolongada com uma determi-
de fazer o analisando flagrar o seu discurso com palavras nação mais definida por parte do paciente, em manter-se
vazias e desenvolver a capacidade para falar com pala- em silêncio na análise, às vezes de forma absoluta, ou
vras cheias, em um discurso significativo. Eles buscam com esporádicos e lacônicos comunicados verbais. De-
uma tempo lógico ve-se, também, verificar se o paciente está representando
sessão (vale lembrar que para os lacanianos não importa uma timidez expressiva para proteger o self ameaçado
(pulsão de vida) ou se adquiriu uma forma arrogante com
p castração uma conduta própria de um negativismo mais amplo e
que o ajudará a passar do registro imaginá- arraigado (pulsão de morte).
rio para o registro simbólico. Alegam também que evi- O mutismo do analisando pode estar significando
tam interpretar muito para não criar a fantasia do pacien- uma extrema necessidade em proteger-se contra possí-
te de que o analista pode sempre responder à sua deman- veis novas humilhações já sofridas no passado e também
da. contra o reconhecimento de que ele precisa e depende
Interessante é que o próprio Freud não utilizava este dos outros, que ele tem muitos gritos trancados na gar-
silencio tão comentado, pelos seus relatos dá para obser- ganta, muitas lágrimas a serem choradas e muitos dolori-
var. Conforme lemos em seus escritos, Greenson tam- dos sentimentos esperando para serem descodificados,
bém conversava com seus pacientes, não era tão ortodo- pensados, sofridos e verbalizados com palavras e nomes.
xo assim.
Vivemos hoje, numa época diferente, com outras ex- 03 A Atividade Interpretativa
periências, outros valores, conhecimentos de outras téc-
nicas, como a comunicação não-verbal, etc. Portanto, O tripé fundamental da psicanálise é a resistência,
cada psicanalista seguirá a sua linha de trabalho, aquela a transferência e a interpretação, conforme postulou
que melhor lhe convir, dentro da psicanálise. Entretanto, Freud, e é o que a diferencia das demais formas de tera-
lembramos aos colegas, que somos psicanalistas e não, pias não psicanalíticas. Desde os seus primórdios até a
psicólogos, médicos ou conselheiros. As intervenções e atualidade, continuam persistindo muitos pontos bastante
polêmicos entre os psicanalistas em relação ao conteúdo, Sendo que cada um do par analítico influencia e é influ-
à forma e ao estilo de interpretar. enciado pelo outro, de modo que a interpretação formal
representa ser uma das peças importantes de um proces-
03.1 Conceituação so mais amplo, que é o da comunicação entre ambos,
tanto a consciente como a inconsciente, a comunicação
verbal e a não-verbal, no registro imaginário ou simbóli-
Pontalis (1967) não é uma tradução fiel ao termo original co, no plano inter, intra ou transpessoal, na dimensão
científica, filosófica ou artística, etc.
significa esclarecimento e explicação. Freud também Antigamente a Interpretação valorizava a descodifi-
descoberta via régia
de uma significação. Então para Freud a interpretação acesso ao inconsciente. Depois a Interpretação dos so-
seria: uma forma do analista explicar o significado de nhos cedeu lugar à Interpretação sistemática
um desejo (pulsão) inconsciente. agora co
mente esta transferência está entendida unicamente como
repetição de coisas do passado, mas tem que levar em
03.2 - Significação conta outros fatores inclusive a pessoa do Analista.
Dentro desta nova perspectiva da atual psicanálise
Refere-se às profundas distorções provindas desde vincular, nem todo paciente diz a verdade, muito pelo
o psiquismo primitivo da criança, não só como resultado contrário, muitas vezes o discurso dele é o inverso, indu-
de suas fantasias, como também expressão da veiculação zindo o Analista a interpretar o que ele deseja ouvir, para
do discurso dos pais, do meio que viveu e da própria so- triunfar sobre ele, ou para não necessitar sofrer e fazer
ciedade. verdadeiras transformações e mudanças na sua persona-
Diferentemente da psicanálise clássica, onde a in- lidade.
Por outro lado também nem tudo que o Analista diz
sultante da livre associação de idéias, e ao psicanalista, são interpretações que correspondam ao que realmente
cabia a tarefa única de descodificar e traduzi-las para o proveio do analisando, pois, às vezes as interpretações
analisando. A psicanálise contemporânea está mais podem adquirir um grau de sugestionabilidade sobre o
vinculada à relação entre paciente e analista. O termo paciente.
teração entre o Obs: Cuidado para não fazer falsas interpretações.
analista e o analisando, onde o analista deixa de ser um
mero observador e passa a ser um participante ativo.
A reciprocidade do vínculo analisando-analista, as nova conexão e combinação de significados, possibili-
identificações projetivas, segundo Racker (1959), poderá tando que o analisando desenvolva determinadas funções
provocar no analista: egóicas que nunca foram desenvolvidas, ou que, se fo-
Contra-identificação do tipo ram, estão obstruídas.
os primitivos objetos superegóicos que nele foram Como, por exemplo, a capacidade para pensar as ve-
projetados, determinando quase sempre uma con- lhas e as novas experiências emocionais que Bion cita
tratransferência patológica. em sua obra, equivalente ao que Bollas (1992) denomina
Contra-identificação
possibilitará uma indispensável empatia.
O mais importante é aquilo que o Paciente diz e faz 03.4 Elementos Essenciais de uma Interpretação:
ou o que ele deixou de dizer, sentir ou fazer?
Aquilo que ele associa e nos verbaliza ou como que Conteúdo: Como já dissemos antes, o importante
ele entende e significa o que dizemos a ele? é que ele seja fruto de sucessivas transformações
Na verdade não existe uma única interpretação. A in- que as mensagens verbais e não-verbais vão pro-
terpretação guarda uma equivalência com a hermenêuti- duzindo na mente do analista até que ele encontre
ca (arte de interpretar, particularmente os textos de natu- a nomeação necessária.
reza muito ambígua). Forma: Muito cuidado como o conteúdo está sen-
Cada paciente tem seu oráculo, seus signos e mensa- do formulado, principalmente com pacientes bas-
gens de múltiplos significados e que precisam ser desco- tante regredidos e cuja atenção está muito mais
dificados diferentemente a cada vez, de acordo com a voltada a mínimos detalhes provindos do analista
situação e o momento particular de cada intérprete, no (querendo saber se pode confiar nele, já que não
caso o psicanalista. confia em seus objetos internos) do que propria-
03.3 - Finalidade mente interessado naquilo que lhe está sendo dito.
A forma por si só, pode funcionar como sendo
Segundo o consenso geral entre os psicanalistas a in- uma interpretação.
terpretação visa sobretudo à obtenção de insight. Os di- Oportunidade: Consiste naquilo que todos apren-
versos insights parciais possibilitam ao analista o traba- demos como sendo o timing, o qual deve ser deri-
lho de uma elaboração psíquica. vado de um estado mental do analista que venho
A interpretação do analista não deve ficar restrita uni- chamando de bússola empática, que, se estiver
camente à conscientização dos conflitos inconscientes, sintonizada com o estado mental do analisando,
mas, constituir-se também como uma dialética, com uma constitui-se talvez no elemento mais importante
relativo ao fato de que nem sempre uma interpre- dissociadas para fora (identificações projetivas) e
tação correta é eficaz, e vice-versa. para dentro dele, que embora esteja ativa, ele des-
Finalidade: Por sua importância será explicada no conhece, neste caso é necessário, segundo Bion,
próximo subtítulo. que o analista apresente ao analisando estas partes
Destino: Também explicada a seguir.

03.5 Finalidade da Interpretação Essa forma de interpretação


promove o ingresso na posição depressiva, além
É importante saber para quem foi dirigida a interpre- de facilitar que o paciente resgate valores, capaci-
tação, ou seja, para qual personagem que habita o interi- dades e identificações que estavam atrofiadas e
or do paciente e que neste momento está falando por ele esvaziadas.
e de dentro dele (pai, mãe? etc.). E se for um desses, tra- c) Instigadora: refere-se às intervenções do Analista
ta-se do lado amigo ou tirano desse pai ou mãe? E se que, embora não seja uma interpretação propria-
pretende atingir a ou a - mente dita, exerce uma importante função inter-
falso self pretativa, pois elas vão abrir novos vértices de
psicanalista está emitindo a sua interpretação? percepção, conhecimento e reflexões sobre as atu-
A finalidade da interpretação varia de acordo com a ais e antigas experiências emocionais, de modo a
situação e o processo analítico. Iremos estudar seis tipos estimulá-lo a pensar.
de interpretação, seguindo o critério de sua finalidade. d) Disruptora: desconstrutiva (Bollas, 1992) quan-
do o analista torna egodistônico aquilo que, embo-
ra seja doentio, está integrado na estrutura psíqui-
ca do paciente de uma maneira egossintônica.
03.6 Tipos de Interpretação Exemplo as ilusões narcisistas de muitos pacien-
a) Compreensiva: aquela que é iniciada desde as en- tes, as quais devem ser desfeitas para permitir a
trevistas preliminares e também durante toda aná- passagem do registro imaginário para o simbólico.
lise. A sua finalidade é fazer o paciente sentir que Aplicável quando o paciente pensa ser uma coisa e
suas angústias e necessidades estão sendo compre- até imagina que os outros pensam assim também
endidas e contidas e com isso constituir o par ana- sobre ele e que, provavelmente, o paciente nunca
lítico e um empático clima de trabalho. virá a ser. É somente por meio da penosa elabora-
b) Integradora: tem a finalidade de promover a inte- ção desta des-ilusão das ilusões narcisísticas, que
gração das partes do self do paciente que estão
será possível uma mudança onde o paciente possa uma sintonia entre o que ele diz e o que, de fato, sente,
avançar e descobrir seu verdadeiro self. faz e é!
e) Nomeadora: quando o analista acolhe as cargas Por exemplo, não adianta assinalar corretamente os
projetivas do seu paciente, pensa nelas, descodifi- aspectos obsessivos do paciente se o analista estiver
ca, transforma, dar significado e finalmente um agindo e interpretando de forma obsessiva, etc. É impor-
no tante na situação analítica o estado mental não só do
paciente é grande, pois o analista insiste para ele analisando, mas também do analista, caso contrário a
verbalizar sua angústia, enquanto este insiste que interpretação perde sua eficácia.
não encontra palavras para expressá-las.
f) Reconstrutora: é como se o analista fizesse uma 04.2 - Destino da Interpretação na mente do analisan-
costura entre as experiências emocionais atuais do:
que estão sendo vividas e ressignificadas na análi-
se e aquelas experiências análogas do passado, tal O analisando participa mais ativamente no processo
como elas foram distorcidas pelas fantasias in- de esterilização das interpretações, de forma inconscien-
conscientes e pelos significados que foram impu- te, resistindo às mudanças verdadeiras.
tados pelos pais, educadores e cultura vigente. Isso Mesmo numa análise exitosa, este processo obstruti-
com certeza vai reconstruir a sua identidade exis- vo pode acontecer com maior rigidez nos pacientes por-
tencial. tadores de uma forte organização narcisística patológi-
ca.
04 Destino Um exemplo claro pode ser o de um paciente em es-
tado regressivo-simbiótico-parasitário que acredita na
04.1 - Destino da Interpretação na mente do analista ilusão de que uma interpretação correta do seu analista
seja suficiente para aliviar o seu sofrimento ou fazê-lo
A interpretação corre o risco de tornar-se ineficaz crescer sem que o mesmo ingresse nas dores da posição
quando o analista elabora unicamente o que o paciente depressiva. É comum, nesse caso, o paciente aceitar a
fala e, não sobre o que ele diz, faz e, sobre quem real- parte que lhe traz alívio e rejeitar a que lhe faz sofrer.
mente ele é contribuindo para que ele permaneça oculto Há a possibilidade de que analisandos de predomi-
sob as várias formas resistenciais imperceptíveis. nância obsessiva utilizem as interpretações para reforçar
Da mesma forma a interpretação torna-se estéril se seu arsenal defensivo; os fóbicos se relacionam com elas
atitude psica- de maneira evasiva e evitativa; pacientes negativistas
nalítica interna do terapeuta, ou seja, se não houver que desqualificam todas as interpretações do analista
com um propósito inicial de uma diferenciação de sua condição do analista de sujeito-suposto-saber (termo de
individuação, a exemplo de uma criança que ensaia o Lacan).
exercício do ou do adolescente que se posiciona
contra tudo que vem dos seus pais, etc. 06 As atuações (actings):

05 - Interpretação e Transferência: O termo original empregado por Freud, em alemão, é


agieren, que alude ao fato de que no lugar de lembrar e
É de suma importância diferenciar a interpretação da verbalizar determinados sentimentos reprimidos, o paci-
transferência quando formulada na (dentro da) situação ente os substitui por atos e ações motoras, que funcio-
transferencial, daquela outra que podemos chamar de nam como sintomas.
Corresponde também a uma modalidade de resistên-
A cia que o paciente emprega inconscientemente para im-
tereotipada do analista, ainda bastante freqüente, de re- pedir que as representações tenham acesso à consciên-
duzir tudo que ele ouve de seu paciente a um sistemático cia, para não correr ao risco de serem lembradas.
o é aqui agora comigo - a pon- Constitui-se em um fenômeno essencialmente perti-
to de representar um sério risco de que as interpretações nente ao processo analítico, que deveria ser compreen-
se transformem em chavões frios e mecânicos, que logo dido e interpretado pelo analista.
virá a ser notado pelo analisado, conferindo-lhe um con- Para Lacan é uma conduta assumida por um determi-
trole sobre o analista, com possibilidade de induzi-lo a nado sujeito que tem uma mensagem para ser decifrada
interpretá-lo mal ou a formular as interpretações justa- para aquele a quem ela é dirigida.
mente com o conteúdo que ele paciente quer ouvir, e já
conhece. 06.1 Acting na prática:
a
do paciente fazer do analista um objeto unicamente
transferencial, evitando experimentá-lo como um objeto do uma forma de resistência inconveniente à evolução
novo e imprevisível, resultando numa análise enfadonha. da análise, mas na psicanálise contemporânea, podemos
Além do fato de conceder um controle ao paciente, vê-la através de 03 aspectos que conferem uma nova vi-
torna o processo psicanalítico artificial. Enquanto o ana- sualização e manejo técnico das atuações dos pacientes:
aqui - agora..., está a) processam-se quando o paciente não consegue re-
ai cordar, pensar ou verbalizar seus conflitos ocul-
diminui a importância da realidade exterior e reforça a
tos, ou quando não foi compreendido pelo analis-
ta.
b) podem constituir uma importante forma de comu-
nicação primitiva não verbal, à espera que o ana-
lista saiba descodificar e nomear a dramatização 07.1 - Tipos de Insight:
oriunda do libreto inconsciente.
c) podem ser malignos decorrentes de uma forte Intelectivo: aqueles pacientes que são marcada-
predominância da pulsão de morte, ou benignos mente intelectualizadores, como por exemplo, os
quando prevalece a pulsão de vida. obsessivos ou narcisistas. Algumas vezes esses
Assim o surgimento de uma atuação pode ser negati- pacientes usam o intelecto como defesa, prejudi-
vo para a evolução da análise ou positiva quando pro- cando assim a análise.
porciona uma via de comunicação ao desconhecido ou Cognitivo: é quando o paciente toma conhecimen-
quando traduz algum significativo movimento de um to de atitudes e características suas, até então
paciente no sentido dele estar experimentando vencer egossintônicas. É comum o paciente perguntar ao
alguma inibição. e agora o que faço com isso Neste
caso poderíamo
07 Conceito de Insight:
Afetivo: este é o tipo mais importante para a análi-
Morfologicamente a palavra é composta dos étimos se, onde começa o insight propriamente dito, pois,
ingleses in (dentro de) + sight (visão), dando uma clara através do conhecimento e não só uma mera inte-
idéia de que a conceituação de insight está diretamente lectualização, o paciente vai vivenciar seu lado
ligada a alguma luz que o analisando venha a adquirir afetivo, tanto as atuais como as vivências passa-
por meio de uma atividade interpretativa do analista. das e possibilitar correlações entre elas.
Insight Reflexivo: é um importante e decisivo passo adi-
i surgindo através da interpretação ante, é parte das inquietações vivenciadas no in-
do analista. Assim vai se constituindo os insights parciais sight afetivo que leva o paciente a refletir, fazer
que por sua vez possibilitam as mudanças psíquicas, indagações e estabelecer correlações entre os pa-
que é o objetivo da análise. O termo insight não é unívo- radoxos e as contradições de seus sentimentos,
co, permite várias significações, de acordo com o destino pensamentos, atitudes e valores; entre aquilo que
que a interpretação do analista toma na mente do pacien- ele diz e o que faz e o que de fato ele é. Este in-
te. sight é de natureza binocular, isto é, o paciente
começa a olhar-se com duas perspectivas: a sua Bion, nos ensina que não se trata somente de sentir
própria e a que é oferecida pelo analista. Da dor, mas, principalmente da capacidade de sofrer (elabo-
mesma forma é quando ele adquire condições de rar) a dor, tendo em vista que o paciente com pseudoge-
observar seus aspectos contraditórios, como é o nitalidade deve substituir a sua costumeira atitude de
caso da sua vida infantil contrapondo-se à vida evadir as verdades pela de enfrentá-las, única forma de
adulta, etc. conseguir efetivar transformações, em direção a uma
Pragmático: depois da bem-sucedida elaboração verdadeira e harmônica genitalidade edípica.
dos insights pelo paciente, ou seja, as suas mu- Confrontação consiste em chamar a atenção do paci-
danças psíquicas devem necessariamente ser tra- ente para um determinado fenômeno, tornando-o explíci-
duzidas na práxis de sua vida real exterior, e que to, e fazendo o paciente reconhecer algo que esteve evi-
ele tenha pleno controle consciente de seu ego, tando e que terá de ser mais bem compreendido.
assumindo, portanto, a responsabilidades pelos
seus atos. Clarificação representa o processo que consiste em
colocar sob um foco mais nítido os fenômenos psicoló-
08 - Elaboração, Confrontação e elaboração gicos com os quais o paciente foi confrontado (e que ele
agora está mais apto a considerar).
Elaborar é trabalhar continuadamente, é dar signifi-
cado através deste trabalho, assim o aparelho psíquico 09 - A Cura (Conceituação)
consegue transformar a energia pulsional em representa-
ções ou significados. Na p
Para Freud, de um modo em geral, a ausência ou a um sentido de amadurecimento, crescimento mental, o
deficiência da elaboração das pulsões, nas suas diversas que equivale ao trabalho de uma lenta elaboração psíqui-
formas, estaria na base de todas as neuroses e psicoses. ca que permita a obtenção de mudanças psíquicas está-
É uma tarefa muito difícil para o analisando a obten- veis e definitivas. ntido
ção de um crescimento mental, como fruto de um tra- analítico são os resultados obtidos no final de uma aná-
balho de elaboração de sucessivos insights parciais, pois lise.
tudo isso o faz sentir uma profunda dor psíquica. A obtenção de um objetivo terapêutico se processa de
Talvez não haja dor mais difícil de suportar do que duas maneiras:
aquela que implica em ter que se renunciar às ilusões do através de um benefício terapêutico;
faz de conta através de um resultado analítico.
O resultado psicanalítico, é uma expressão que pres- teto inglês (Denys Lasdun) que sintetiza e define o espí-
supõe uma condição básica: de uma modificação nas rito da análise. Entre parênteses termo de Zimerman.
relações objetais internas do paciente. Nosso papel é proporcionar ao cliente, dentro do tem-
Requer trabalhar as primitivas pulsões, necessidades, po e custo (e capacidade) disponíveis, não o que ele
demandas e desejos que estão embutidos nas fantasias quer (pelo menos no início da análise), mas o que ele
inconscientes, com suas respectivas ansiedades e defe- nunca sonhou em querer, e, quando ele tem o produto
sas. (resultado analítico) final, o reconhece como sendo exa-
tamente o que ele queria o tempo todo.
10 - Término da análise:

Desde a época de Freud (1937) existe uma polêmica: 11 - Condições Necessárias para um Analista:
análise é terminável ou ela é sempre interminável?
Alguns psicanalistas acham que ela é terminável, le- O tempo passa, as pessoas mudam, a tecnologia
vando em conta que a cura analítica é bem diferente da avança, surgem novas conquistas e novas descobertas. A
clínica médica. técnica psicanalítica também evoluiu com o tempo.
Outros acham que ela é terminável quando ela fica É impossível a compreensão dos fenômenos psíqui-
interminável, ou seja, um tratamento analítico termina cos centrando seu foco somente na pessoa, pelo contrá-
quando o analisando ciente de sua boa introjeção da rio, devemos ver o que ocorre no seu meio ambiente,
função psicanalítica do seu analista, está equipado para a nas suas relações.
sua eterna função auto-analítica e, assim, continuar fa- O indivíduo é um agente que pode influenciar e ser
zendo renovadas mudanças psíquicas. influenciado.
Um critério de bom resultado analítico, segundo Bi- Atualmente não é mais possível o analista limitar seu
on, não é o paciente ficar igual ao analista, ou estar cu- trabalho apenas ao material trazido pelo paciente, pelas
rado igual ao analista, mas, sim, o de vir a tornar-se al- livres associações.
guém, que está se tornando alguém. Ferenczi (1931) pode ser considerado um dos precur-
David Zimerman (em um de seus livros) diz que o sores da psicanálise contemporânea, ele já defendia uma
analista é uma espécie de arquiteto que, juntamente inter-relação analista-paciente.
com o cliente lida com os espaços mentais, modifican- Bion que seguiu a mesma linha enfatizou as condi-
do-os, abrindo paredes, emprestando mais luz, cores, ções emocionais do analista ao longo de um tratamento
harmonia e funcionalidade, cita uma frase de um arqui- analítico, com isso ele propôs: que cada analista deve ter
em mente, de modo claro, quais as condições mínimas
necessárias, para si mesmo nas quais ele e o seu paciente mas, aquilo que vivemos, aquilo que somos. Outra
possam fazer um trabalho psicanalítico. vez ele falou que, em análise, o mais importante
Bion, foi o autor que mais enfatizou a participação do não é aquilo que o analista e o paciente podem
terapeuta, por meio do seu modelo continente-conteúdo, fazer, mas o que a dupla pode fazer, onde a uni-
e outras concepções, segundo David Zimerman em seu dade biológica é dois e não um. O analista tem
livro: Fundamentos Psicanalíticos (1999). Por isso va- que reunir a tenacidade, a coragem e a temeri-
mos citar algumas condições necessárias para um analis- dade, para poder insistir no direito de ser ele
ta. mesmo e ter sua própria opinião. A simples pre-
sença do psicanalista promove alteração no set-
12 - Demais Condições Necessárias para um Analista ting. Devemos ter certeza do que o paciente pode
2º Bion: suportar, e devemos ter consideração para com o
paciente.
a) Formação do Analista: Bion já falava em seus c) Pessoa real do analista: O analista deve se dar à
seminários que a prática da psicanálise era muito oportunidade de aprender algo com o paciente e
difícil. A teoria é simples, se uma pessoa tem uma não permitir que o paciente ou quem quer que se-
boa memória poderá decorá-la facilmente. Daí pa- ja, insista que ele é uma espécie de deus que co-
ra ser um bom analista tem que saber lidar com nhece todas as respostas, pois fazendo assim, esta-
uma situação desconhecida, imprevisível e peri- grande pai grande
gosa. Além de estar sempre estudando, participan- . Para Bion, em toda situação analítica de-
do de grupos de estudos, seminários, congressos, é vem existir duas pessoas angustiadas e, comple-
necessário ter uma competente habilidade (resul- tava jocosamente, espera-se que uma menos que a
tante da supervisão), deve possuir adequada atitu- outra. O analista deve reconhecer suas próprias
de psicanalítica (mercê de seus atributos naturais limitações, além daquelas do paciente, pois certos
e, aqueles desenvolvidos pela análise pessoal), pacientes não são analisáveis. Pode não ser culpa
sendo que esta última consiste exatamente na pos- do analista, nem do paciente, senão que simples-
mente ainda não sabemos o suficiente.
as angústias e os imprevistos d) Visualizar as diferentes partes do paciente: em
de uma longa viagem pelo inconsciente do paci- relação ao aspecto transferencial, que a situação
ente e dele também. mental do paciente não seja vista unicamente co-
b) Par analítico: Bion disse: ... a única coisa que pa- mo espaçada no tempo passado, presente e fu-
rece ser básica não é tanto aquilo que fazemos, turo, mas que no lugar disso, o analista poderia
considerar a mente do paciente como um mapa da mente do analista, e espera que durante algum
militar, no qual tudo está retratado em sua superfí- tempo (o que for necessário) o analista devolva, ao
cie plana, ligada com vários contornos. O ser hu- seu legítimo dono, tudo devidamente descodifica-
mano tem comportamento variável, sendo assim do, transformado e com um significado, um
na situação analítica, o relacionamento do paciente sentimento e um nome, completamente desinto-
não deve ser entendido unicamente com a pessoa xicado, sob a forma de assinalamentos ou interpre-
do analista, mas, também com a do próprio paci- tações em doses adequadas, ao modo como cada
ente consigo mesmo, ou seja, do seu consciente paciente em particular consegue suportar.
com o seu inconsciente, de sua parte infantil com h) Paciência: Essa condição está ligada à anterior,
sua parte adulta, da não psi- porém com sofrimento. Ela exige que o analista
cótica verdadeira com a outra suporte a dor de uma espera de surgir uma luz no
parte que falsifica e mente etc. fim do túnel.
e) Respeito: O analista deve respeitar o paciente co- i) Capacidade negativa: capacidade do analista
mo ele é, ou pode vir a ser, e não como o analista conter suas próprias angústias decorrentes de
gostaria que ele fosse. Porém, respeitar as limita- ainda não saber o que se passa na situação analíti-
ções do paciente, não é o mesmo que se confor- ca , pois temos um horror ao vazio, nós odiamos
mar com elas. O desenvolvimento da capacidade estar ignorantes.
de - só será possível se o analista (tal j) Intuição: capacidade que todo analista deve ter,
como a mãe, no passado) possuir as capacidades que é a capacidade de se olhar com o chamado
de empatia e a de rêverie, ou seja, de continên- terceiro olho. Bion recomenda que o analista cubra
cia. sua própria visão, para que possa ver melhor. Que
f) Empatia: não é o mesmo que simpatia (ao lado também o analista deve saber escutar não só as
de). É a capacidade do analista colocar-se no papel palavras e os sons, mas também a música.
do paciente, isto é, entrar dentro dele, junto, sen- k) Ser verdadeiro: o analista deve ter amor à ver-
tir o que ele sente. dade, ser verdadeiro consigo mesmo e conseqüen-
g) Capacidade de ser continente: é a capacidade do temente para com o paciente. Ser verdadeiro vai
analista (ou mãe) de conter as necessidades e an- muito além do dever ético, é uma imposição téc-
con- nica mínima, com tudo a ser transmitido ao anali-
não deve ser confundida com sando, é ir a busca das verdades originais.
te
re-se que o paciente deposita aspectos seus, dentro
Resumindo o que foi dito acima:
ouvir não é o mesmo que escutar; São inúmeras dificuldades, com uma série de fatores,
olhar é diferente de ver, enxergar; como segue:
entender não é o mesmo que compreender; situação econômica difícil para todos;
ter a mente saturada com a posse das verdades é rigidez na formação de um psicanalista no sistema
distinto de um estado mental de amor pelas ver- do IPA com um tempo superior a quatro anos;
dades; a exigência de mais de 3 sessões semanais para os
simpatia não é o mesmo que empatia; analisandos;
recipiente não é o mesmo que continente; valor de cada sessão muitas vezes um S.M. ou
ser bonzinho não deve ser confundido com ser mais;
bom; algumas sociedades só aceitam candidatos médi-
interpretar corretamente não significa que houve cos ou psicólogos;
um efeito eficaz: os sistemas de seguros de saúde costumam pagar
adivinhar ou palpitar não é o mesmo que intuir; tarifas muito baixas, quando se dispõem a pagar,
falar não é o mesmo que dizer; com um número limitado de sessões, tanto sema-
saber não é o mesmo que, de fato, ser! nal, como o total do tratamento;
hostilidade provinda do ambiente universitário,
13 Crise Atual da Psicanálise: onde os próprios psicanalistas se encastelaram em
uma auto-suficiência;
Para o mundo a psicanálise está em crise pelos se-
guintes motivos: 14 - As perspectivas futuras da psicanálise:

13.1 - Crise da psicanálise como teoria e técnica: No Brasil a psicanálise está, a cada dia, crescendo e
em todas as sociedades e institutos psicanalíticos do país
As opiniões são divergentes, alguns psicanalistas existem cursos de formação. A expectativa é grande,
se afastaram dos conceitos básicos da teoria psicanalíti- pois estamos vendo quase que diariamente na mídia um
ca, outros acham que a psicanálise não está acompa- psicanalista dando entrevista, emitindo opiniões e até
nhando as mudanças da realidade do mundo atual, etc. mesmo nas novelas eles aparecem analisando os perso-
nagens.
13.2 - Crises do psicanalista:
As pessoas estão acostumando-se a procurar o tra- Não deixando de fazer sua análise pessoal e supervisão
tamento psicanalítico, os pacientes indicam o tratamen- sempre que for necessário.
to também para seus parentes e amigos, e os psicanalis-
tas são cada vez mais convidados para fazer palestras nas
empresas, escolas, etc.
Os congressos, jornadas e encontros psicanalíticos
estão acontecendo nas capitais e cidades; revistas e livros
especializados estão sendo editados. Cada dia mais, li-
vros antigos são reeditados, e há também um maior nú-
mero de artigos em jornais e revistas seculares, etc.
Tudo isso prova que estamos vivenciando uma revo-
lução da psicanálise no país. Cabe a cada psicanalista ler,
estudar, participar dos grupos de estudos, congressos,
divulgar o seu trabalho, seu consultório, etc.
Cito como exemplo, de quando comecei a fazer a
formação psicanalítica em 1997, quase não se via livros
psicanalíticos nas livrarias do nordeste, mais precisamen-
te aqui em Recife, Maceió, Aracaju e Salvador. Até as
obras completas de Freud, foi preciso o livreiro enco-
mendar direto da editora. Hoje em dia você encontra
bons livros de psicanálise nas livrarias, a menos que a
edição esteja esgotada, como também as obras comple-
tas, não só de Freud, como também de outros psicanalis-
tas.
Precisamos nos preparar a cada dia, pois sempre irão
existir pessoas querendo melhorar como seres humanos,
tanto mentalmente como fisicamente, como já dizia Hi-
Aí está a nossa grande
oportunidade. Vá em frente! Estude sempre! Seja res-
ponsável, faça seu trabalho com qualidade e com ética.
1 - Texto de Freud O método psicanalítico de
Freud (1903/1904)

Designa a psicoterapia psicanalítica pelo


método catártico, que era usado como hip-
nose.
SUMÁRIO Procedimento: Hipnotizava ampliando a
consciência
1 - Texto de Freud O método psicanalítico de Freud Através desse enfoque eliminava os sinto-
(1903/1904) mas patológicos, fazia com que o paciente
2 - BIBLIOGRAFIA
ma.
Leva o paciente à lembranças, pensamentos
e impulsos até então excluídos da consciên-
cia.
O paciente não comunicava seu processo
anímico, então, os sintomas eram superados
e impediam seu retorno.
Freud afirmava que os sintomas não chegam
à consciência, tomam outro lugar - represen-
tando-se uma transformação (conversão).
Acontece Em função da descarga de afeto

gu nímicas suprimi-
das (ab-reação).
Porém, nem todas as premissas sobre o me-
canismo psíquico passavam pelo curso dife-
rente - às vezes, desembocava na formação
do sintoma.
A partir dessas fontes, Freud cria o método Freud conclui que a amnésia é resultado do
catártico - esse método renuncia à sugestão. processo que chamamos de recalcamento,
Freud abandona a Hipnose e elabora uma motivada pelo sentido do desprazer. Estas
nova abordagem clínica: forças que deram origem ao recalcamento
1 - Convida o paciente a deitar-se no divã ou estariam na Resistência que se opõe à res-
cadeira tauração (lembranças). As formações
2 - Fora do seu campo visual Psíquicas recalcadas (pensamentos) - como
3 - Não era necessário fechar os olhos deturpações provocadas pela resistência à
4 - O paciente fala o que vier à cabeça sua produção.
5 - Não podia ampliar a consciência - isso O valor das ideias intencionais para a técni-
significa nada de auto-sugestão ca terapêutica reside nessa relação delas
6 - Freud substitui esse enfoque no pensa- com o material psíquico recalcado. Então:
mento involuntário (livre associação). Uma sem hipnose.
conversa sem sentido, passando de um as-
sunto para outro irrelevante, fala-se de tudo 14.1 - O procedimento para avançar
sem recriminação ou julgamentos.
7- Une as histórias e trás à memória do pa- Objetivo: Permitir avançar das associações até
ciente, visto que esquecem dos eventos o recalcado.
(acontecimentos reais), confundem as rela- Como? Observando as distorções até o distor-
ções de tempo, rompem com as conexões cido - fazendo tornar acessível a consciência -
causais, tem um efeito incompreensível. que era inconsciente na vida anímica.
Não há nenhuma história clínica de Neurose Baseado nesse procedimento, Freud cria a in-
sem um tipo de entrevista. terpretação - extrai minério bruto das associa-
Como Procede ao entendimento da amnésia: ções inintencionais - o metal puro dos pensa-
1 - As lacunas da memória são preenchidas mentos recalcados.
(através do trabalho-áudio)
2 - Verifica se as ideias à respeito são repe- 14.2 - São fatores observáveis para
lidas (possuem uma crítica) interpre- tação:
3 - Até que o paciente sinta-se fraco e mal
quando as lembranças são instaladas com- A. Sonhos
pletamente. B. Ações intencionais
C. Atos somáticos
D. Erros cometidos na vida cotidiana (lap- 1.6 - Tempo de tratamento:
sos de fala, equívocos de ação).
Dessa forma, as lacunas são preenchidas criando No mínimo 3 anos. Ajuda na prevenção de pro-
as lembranças - assim, produz a interpretação - tarefa blemas futuros.
árdua pela qual somente quem se submete consegue en-
tender. Assim, a descoberta elimina a amnésia e a doença
não tem como reproduzir-se.
Tornando o conteúdo inconsciente em consciente se con- BIBLIOGRAFIA
segue mediante superação da resistência.
FREUD, Sigmund. O método psicanalítico de
1.3 - Objetivo do tratamento: Freud, Volume VII (1904). Imago.

Restabelecer ao sujeito sua capacidade de rendi-


mento e satisfação.

1.4 - Contra-indicações do método:

Estado psíquico anormal (surtos)


Excesso de melancolia
Má formação de caráter (alter ego)
Faixa etária

1.5 - Indicações do método:

Neurose Histérica
Neurose Obsessiva
Neurose Fóbica
Alguns casos de pseudoneurose
1. Introdução

Conhecer as diferentes formas da transferência é


para o psicanalista a condição básica para um trabalho
bem sucedido. Sem um conhecimento preciso da transfe-
rência, a análise fica presa em um beco sem saída e não
avança. Sendo assim, é da maior importância para o ini-
ciante conhecer a transferência em suas diferentes varia-
SUMÁRIO
ções, para que possa lidar com ela de modo eficaz.
1 - Introdução Estou ciente de que aquilo que vou dizer já é co-
2 O processo transferencial
3 Texto: A dinâmica da transferência, 1911 nhecido e não muito novo para a maioria dos nossos co-
4 Transferência Positiva e Negativa legas, mas é dever daqueles profissionais que lidam há
5 O enigma da transferência
6 Conclusão mais tempo com a psicanálise, apresentar de forma aber-
7 - Bibliografia ta as suas experiências sobre pontos específicos da sua
técnica e colocá-las em discussão.

cobertas de Freud. Ela aponta para o curioso fato, ainda


pouco estudado em termos psicológicos, de que o paci-
ente psicanaliticamente tratado projeta todos os seus afe-
tos sobre o analista. Principalmente afetos amorosos, de
modo que alguns psicoterapeutas chegam, erroneamente,
a acreditar que a transferência é idêntica ao processo em capacidade neles para certo tipo de afetividade. Dizemos
que o paciente se apaixona pelo psicanalista. que eles não são capazes de amar ou de odiar, etc. No
No entanto, notamos no decurso de um processo processo de análise, esses antigos nós podem ser, então,
analítico que o paciente também odeia o médico, que o desatados e um punhado de afetos torna-se enfim dispo-
inveja, que o considera um rival, que o despreza e insul- nível para o paciente. A quem ele vai dirigi-los durante o
ta, assim como também o superestima e excessivamente tratamento? Ele precisa projetá-los sobre algum objeto
enaltece. Assim, a pergunta: que se encontre no primeiro plano de seu campo de
cada , deve ser respondida ne- consciência. É evidente, portanto, que durante o trata-
gativamente. Um comentário pertinente de Freud [a este mento este objeto será seu analista.
respeito] é: A preocupação com a própria saúde é sempre o mais im-
. portante interesse das pessoas. Na pessoa do analista, o
Devemos assumir que fenômenos semelhantes de paciente ama e odeia a si mesmo, isso porque ele sempre
transferência afetiva e vínculo com outras pessoas fazem se identifica com o esse profissional que o acompanha ou
parte dos fenômenos cotidianos. O que, então, nos torna dele se diferencia.
a vida compreensível? Essa foi uma indagação que tentei
responder e explicar de modo comprobatório em minha 2. O processo transferencial

Feitas estas considerações iniciais, pretendemos


Todos nós temos uma porção de afetos em suspen-
agora estudar como a transferência se expressa na prática
so, sempre à procura de um objeto ao qual eles possam
da psicanálise. Tomemos como exemplo o simples caso
se ligar. Nos neuróticos, muitos desses afetos já estão
de uma moça sofrendo de histeria de angústia que, du-
ligados, o que pode dar a impressão de uma aparente in-
rante o tratamento, expressou sérias dúvidas sobre o su- crever, com a motivação bastante reduzida; o que tende a
or amor a seu marido e por não acontecer quando não intervimos na hora certa, chaman-
querer deixar de tentar o do a atenção do paciente para o mecanismo de transfe-
queria então sentir-se culpada) submete-se ao tratamento. rência.
Ela, então, apresenta-se com claras resistências à cura. O que aconteceu? A paciente se apaixonou pelo
Chega às sessões, frequentemente, com quinze minutos médico e, em um esforço inconsciente de não colocar
de atraso, o que é sempre um sinal preocupante para o sua dignidade em risco um princípio orientador na
futuro do tratamento; e caçoa das diferentes perguntas maioria dos neuróticos ela parte em retirada. O Psica-
colocadas pelo analista. Pedimos a ela para que, sim- nalista deveria ter chamado sua atenção em um momento
plesmente, comunique o que lhe ocorre, no entanto, não preciso para o deslocamento de afeto que havia sido ge-
lhe ocorre nada. Finalmente, ela consente em dar uma rado. Ele deveria tê-lo exposto já quando a paciente se
palhinha da sua história clínica e isso seria tudo o que ela
teria a dizer. Passam-se alguns dias e uma dúvida paira por amor ao analista e que estava a ponto de se apaixo-
sobre a possibilidade de uma psicanálise. Eis que certo nar por ele. Enfim, deveria ter a orientado de que este
dia ela chega cerca de quinze minutos mais cedo, expli- amor constitui um fenômeno legítimo no processo psica-
cando que já se encontrava visivelmente aliviada após nalítico e que, na verdade, seria um pseudo-amor; escla-
aqueles poucos encontros. Então, de uma só vez, ocorre- recendo que ele (analista) teria assumido o papel de um
lhe uma porção de coisas; ela tem agora diversas coisas ente querido por meio da identificação. Dessa forma no
pra contar e o tempo da consulta se torna curto. Assim referido dia, ela teria, por esta ou aquela razão, realizado
acontece por mais alguns dias e com o tempo essa moça a identificação com seu pai ou com outra pessoa.
vai ficando desmotivada, distante ou, como poderia des-
Na verdade, nós todos amamos apenas uma vez e lade Viena, paciente de Freud e citado por ele como
todo amor subsequente seria sempre um amor substituti- bilidoso para interpretar o incosciente .
vo. Também, o psicanalista estaria substituindo seus ob-
jetos amados da juventude pela psicanálise; o que torna- 3.1 Teoria da transferência de Stekel
ria possível a ele o sucesso. Porque, em verdade, far-se- O que fazer com os afetos livres?
ia tudo apenas por amor ou por ódio (teimosia!). Por - Projeção
meio deste esclarecimento, a paciente se tranquilizaria. - Introjeção
- Identificação
cisaria temer por sua dignidade, dado que o analista,
constantemente (e de modo mais ou menos enérgico), IDENTIFICAÇÃO
- Histérica
contestaria seu enamoramento, deixando latente a quan- - Narcísica
tidade necessária de transferência que ele precisaria para - Primária
- Secundária
alcançar um bom resultado. Uma vez que a paciente se
sinta segura de si mesma, isso então permitiria facilmen- 3.2- Qual a posição do analista na transferência
(sentimentos)?
te o desvelamento de sua imagem anímica interior. Ela
só precisaria saber de duas coisas: que o analista não a Identificação com um ente querido
Freud chamaria de ( *? ) Transferência
despreza e que ele não a ama.
3.3 - Como acontece o manejo da transferência?
3 - Texto: A dinâmica da transferência, 1911 Por meio de imagens anímicas
Foi escrito por Freud e Jung, baseado na Teoria de Wil-
Sonhos
helm Stekel, que foi contemporâneo de Freud na Esco-
E tudo que há no consultório do analista Imago do analista favorece
Na dinâmica do conjunto Freud e Stekel: Traços (sensato e racional)
Amamos na infância, ensaiamos a forma Expectativas conscientes e Inconscientes
de lidar com este amor. Desta forma
aprendemos as mais variadas 3.7 - Conduta na transferência
características para uma vida amorosa.
(Janise Pedra) Transferência neurótica do paciente em aná-
lise é muito mais intensa.
3.4 - Da dinâmica da metodologia A Transferência aparece, mas há forte resis-
tência ao tratamento, enquanto fora do pro-
Instinto Objeto cesso de análise.
Clichê Curso da vida A Transferência é portadora da cura como
Repetição Objetos amorosos condição de sucesso.

3.5 - Expectativas libidinais não deve, portanto, ser colocada na conta da


psicanálise mas, atribuí-la
A divisão do objeto amoroso entre
Princípio do Prazer e; RESISTÊNCIA
Princípio da Realidade TRANSFERÊNCIA
As ações libidinais - divisa celular
Caminha para a realidade Jung relata que há a introversão da
Caminha para a fantasia, desconhece a consci- Libido.
ência A libido volta para si e diminui o contato
Aquele que não infantil (?) não se acha comple- com a realidade e o inconsciente pode libe-
tamente satisfeito. Retorna à novas expectativas (Ideias, rar a fantasia da pessoa pela via da regressão
Representações libidinais) - Reanimou a imagem infantil.
O processo analítico, então, procura achá-la
3.6 A transferência pode acontecer e torná-la acessível à realidade.

Quando os afetos estão soltos Investigação Psicanalítica


Depara-se com a libido recolhida Assim, se faz as associações possíveis e, essas de-
vem ser repetidas inúmeras vezes ao longo do processo
As forças Libidinais se levantam como re- analítico.
sistência Porque a transferência se presta, nesse contexto,
admiravelmente, a servir como meio de resistência.
Causa introversão ou regressão E isto, em virtude da confissão de todo desejo pro-
ibido e especialmente, é difícil quando deve ser feito a
Pelo fato de o mundo exterior provocar frus- própria pessoa à qual se diz respeito.
trações e satisfações
4 - TRANSFERÊNCIA POSITIVA OU
3.8 - Como a psicanálise lida com as resistências NEGATIVA
mais fortes
Sentimentos ternos ou hostis
Acompanhamento passo a passo de cada pensa- Transferência Positiva - amigáveis, ternos, tangí-
mento e cada ato do analisando. veis à consciência e ao inconsciente.
Seguindo o processo patogênico dessas represen- Engloba todos os nossos sentimentos de afeto,
tações (consciente, sintomas e atitudes discretas) simpatia, amizade e confiança.
até sua raiz no inconsciente, chegando onde a re- Ligam-se à sexualidade, se desenvolveram para
sistência vigora. enfraquecer a meta sexual. Anseios mais puros e
Observe o exemplo a seguir: não sensuais.
- Pois é assim que o analisando faz quando
DESEJO REPRIMIDO concede o objeto de seus impulsos afetivos ao
analista.
Surge a transferência A psicanálise nos faz ver que as pessoas em nossas
vidas que são, apenas, estimadas e amadas podem,
Quando um material do complexo pode ser trans- ainda assim, ser objeto sexual para o inconsciente.
ferido para o analista (ex: mãe de leite mineira e
negra) 5-

A resistência aparece novamente


psicanalista. Mas não se deve esquecer que jus-
Quando há a transferência negativa e positiva de tamente eles nos prestam o inestimável serviço
impulsos eróticos reprimidos de tornar atuais e manifestos os impulsos amo-
rosos ocultos.
Abordamos esse impulso E esquecido pelo paciente, pois afinal, é impos-

O paciente se desliga do analista nos dois compo-


nentes dos atos afetivos
(Janise Pedra)
O paciente é capaz de ter nível de consciência e
não repulsivo
BIBLIOGRAFIA
Sucesso da psicanálise
FREUD, Sigmund. A dinâmica da transferência ,
Cuidamos da independência final do paciente Vol XII. Imago.
através de orientações para melhorar a psique.

6 - Conclusão

A Transferência é um fenômeno (?) ao da Psi-


canálise
Não acontece
Instituições
Causadores de danos
Transferência negativa
Angústia
Inibição
Acusa a ambivalência
Dificultando ou anulando a cura
É inegável que o controle dos fenômenos de
transferência oferecem mais dificuldades ao
SUMÁRIO

1 Construção da análise
2 As causas subjacentes
3 Fatores determinantes para o processo analítico ser
bem sucedido
4 Procedimentos
5 Análise Inacabada
6 Quanto ao termino
7 Realização como tratamento profilático 1 Construção da análise
8 - Bibliografia
O último escrito de Freud a ser publicado antes de
seu falecimento
Conferência 22 a 23 no ano de 1916 a 1917
Propõe uma análise sobre os limites e dificuldades
do processo analítico
Mostra uma perspectiva não entusiasta

2 As causas subjacentes

Fisiológicas e Biológicas (puberdade, menopausa,


doenças etc)
Instinto de morte (Pulsão de morte)
consegue resolver todas as repressões do paciente e
3 - Fatores determinantes para o processo analítico preencher todas as lacunas em suas lembranças. Não há
ser bem sucedido mais insight.

Prognóstico favorável - no caso de origem 6 Quando há o término?


traumática
A importância quantitativa Enquanto houver imperfeições no mental, se sua
Alteração do Ego (Fator principal) análise não foi terminada, logo nunca analisou até
o fim.
4 Procedimentos A análise deixa de existir quando o analista e
paciente deixam de existir.
No final da análise as forças instituais foram O Paciente não sofre mais: Ansiedade, Inibições,
liberadas, o paciente será capaz de lidar com o Sintomas.
conflito atual em relação ao conflito latente. Quando o paciente não repete mais.
Cuide em não fazer promessas ao paciente.
Determinar o tempo de análise é estratégia
perigosa
O erro de cálculo não pode ser retificado. Fator constitucional (operação inconsciente)
O ditado que o leão só salta uma vez deve ser
aplicado aqui. Trauma
Não há mais impedimentos de alcançar seus
objetivos. Fixação

5 Análise inacabada Distúrbio do desenvolvimento

Então: Falaremos de análise incompleta ou Sucesso da Análise


inacabada.
Fator traumático
ambicioso - diz que o analista
Fortalece o Ego
Substitui uma decisão infantil para uma solução compensados e super-compensados.
correta
Alguém muito meigo - Autoritário
Freud acreditava que os futuros psicanalistas Bondoso - Hostil (Isto é conteúdo residual)
desenvolveriam técnicas mais
eficazes. A linha do tempo do inconsciente é atemporal

Conteúdo de análise Repressões INSIGHT: Manifestação de conteúdo mnêmico


(Neurose)
da primeira infância Auxiliador da eficácia da análise
O resultado depende das forças relativas dos
Formada por um Ego imaturo e débil agentes psíquicos.

As repressões antigas - tem como finalidade certa Análise interminável


alguns conflitos -
Objetivo de não fracassar. De sofrimento real
A análise capacita o Ego atingir maturidade COMO?
(tomada de decisões)
a) Mediante a frustração
O Efeito da análise é intelectual, pois o conteúdo b) Represamento da Libido
re-processado descobri Como fazer isso?
generalizações, regras e que tais organizam o caos Elevamos o conflito à um ponto culminante, muito
(instinto). alto.
Relação quantitativa Acordar o cão que está dormindo

Conteúdo da análise Ou nunca está dormindo e sim adormecido


O tamanho da angústia é tentador pensar que há Como podemos fazer?
muitos resíduos, pois foram
a) Proporcionar situação de conflito para se tornar
presente e ativo
b) Oferecer possibilidade para despertá-lo

De que maneira?
Na realidade ou na transferência expomos o
paciente a uma quantidade
SUMÁRIO
7- Realização como tratamento profilático

a) Influência do Ego na etiologia traumática. As 1 A mudança das técnicas


forças relativas do instinto 2 - O objetivo das técnicas
tem que ser controladas e dominadas pelo ego. 3 Processo de transformação
b) A importância do fator quantitativo 4 Nos relatórios é necessário
c) Alteração do ego. 5 5 - Bibliografia

BIBLIOGRAFIA
1 - A Mudança das técnicas Caso de Amnésia infantil é contrabalanceado pelas
lembranças encobridoras
Catarse Breuer Foco Momento da formação do ligadas à vida infantil na essência. Podemos extraí-la por
sintoma. A recordação era Ab-reagir meio da análise. Representa anos esquecidos na infância.
Renuncia a Hipnose - Entrada da Livre Associação
do analisando, o que ele não conseguia recordar. puramente internos, podem ser contrapostos:
Seria a arte de interpretar Foco - Tornar consciente Às impressões vivenciadas
suas resistências. Às fantasias
Referências
2 - O objetivo das técnicas Sentimentos
Conexões
Termos descritivos em termos dinâmicos; superação da
resistência da VOCABULÁRIO
repressão. Eventos = Processos
Acontecimento Evento Parece ser caso
3 - Processo de Transformação
Referências, sentimentos, conexões Nos
Bloqueio de tela Esquecimento das associamos aos
impressões, cenas, vivências reduzem-se em geral sentimentos omissos Processos de
a Bloqueio de tela Paciente disse: eu referenciamentos emocionais de
sempre, eu sempre soube, só nunca tinha pensado sentimentos.
nisso.
Não quer dizer que foram esquecidas - Nunca mais Moção Triebregung Moção pulsional -
fora falado deste momento esquecido ou nunca em alemão - verbo
pensou mais desde que o momento aconteceu. Regen - Significa - Mover Agitar
o Estimular
Histeria de Conversão o Mover
O esquecimento sofre ainda limitações, se o Agir
apreciarmos as lembranças o Impulsos Emocionais
encobridoras de presença universal.
Ao relatar o fato no relatório - precisamos Transferências como parte da repetição.
registrar as conexões Repetição como evento do passado esquecido.
separadamente como o esquecer e o recordar. A compulsão de repetição - como impulso à
recordação, como a masturbação, como todas
4 - Nos Relatórios é necessário: as atitudes da vida.
A escolha do seu objeto amoroso - seus
Relatos de infância: Época que foram vividas sem empreendimentos.
compreensão e o posterior Como se observar este fato? Quanto maior
(Lugar com afeto foi recordar). a resistência - O recordar será substituido
As técnicas ainda não conseguiram despertar pelo ativar.
lembranças Através das manifestações do Análise muito minuciosa no registro:
inconsciente podemos conhecê-las. Repetição # Lembrança
Relatar - À ausência de familiaridade com a Características das repetições:
sensação de lembranças e recusá-la entender. Inibições Atitudes
O que é lembrado não pode ser esquecido há um inviáveis
caminho, pois o que foi lembrado ou esquecido Traços patológicos de caráter
não chegou na consciência Pois não faz Sintomas.
conexões. Nem tudo precisa ser lembrado no
curso da análise.
As recordações e lembranças relatadas não são
propriamente ditas de fato integra.
A manifestação do consciente é uma atuação. BIBLIOGRAFIA
A reprodução não é como lembrança e sim
como ato - Repete naturalmente o que faz
No nosso relatório devem constar as atuações
contínuas.
Registrar a linha de interesse em relação à
compulsão de repetição - c
transferência e a resistência.
Observar
SOCIEDADE SUMMUS
SOCIEDADE SUMMUS
FICHA DE ATENDIMENTO CLÍNICO CONTROLE DE SESSÕES DE ANÁLISE
Nome: _________________________________________
Cliente: Normal ( ) Didática ( )
Data de Nascimento: ____/___/____ Idade ______ anos Pseudônimo:_____________________________________

Filiação:________________________________________ Número: ____ Sessões: _____ Psicanalista: ___________


_______________________________________________ Data Horário
Nacionalidade ___________ Naturalidade:_____________ 1-____/____/____ Das ________ às ______H
Estado: ____ Estado civil: _________ Filhos: S ( ) - N ( ) 2-____/____/____ Das ________ às ______H
3-____/____/____ Das ________ às ______H
Nº de filhos: _____ Nome dos filhos:__________________ 4-____/____/____ Das ________ às ______H
_______________________________________________ 5-____/____/____ Das ________ às ______H
Cônjuge: ________________________________________ 6-____/____/____ Das ________ às ______H
7-____/____/____ Das ________ às ______H
Escolaridade: ____________________________________ 8-____/____/____ Das ________ às ______H
Profissão: _______________________________________ 9-____/____/____ Das ________ às ______H
Atividade atual: __________________________________ 10-___/____/____ Das ________ às ______H
Endereço residencial: CEP (___________________) 11-___/____/____ Das ________ às ______H
_______________________________________________ 12-___/____/____ Das ________ às ______H
_______________________________________________ 13-___/____/____ Das ________ às ______H
14-___/____/____ Das ________ às ______H
TELEFONES: ________________-___________________ 15-___/____/____ Das ________ às ______H
16-___/____/____ Das ________ às ______H
Endereço comercial: CEP (___________________) 17-___/____/____ Das ________ às ______H
18-___/____/____ Das ________ às ______H
_______________________________________________ 19-___/____/____ Das ________ às ______H
20-___/____/____ Das ________ às ______H
Telefones: __________________ - __________________ 21-___/____/____ Das ________ às ______H
E-mail: _________________________________________ 22-___/____/____ Das ________ às ______H
23-___/____/____ Das ________ às ______H
Data de início: ____/___/____ 24-___/____/____ Das ________ às ______H
25-___/____/____ Das ________ às ______H
Anotações:
Assinatura:_________________
História patológica pregressa:
a) Problemas médicos concomitantes:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
SOCIEDADE SUMMUS _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Pseudônimo: _________________________________________________________
Queixa principal: b) História médica pregressa:
O que motivou você a procurar um Psicanalista? _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________

c) Tabagismo, etilismo e drogas:


História da doença atual: _________________________________________________________________
a) Instalação, curso e duração: _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________ d) Você tem alguma mania?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Consequências: _________________________________________________________________
Problemas médicos: _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ História pessoal (história psicossocial):
________________________________________________________________________
a) Período Pré-natal e Perinatal:
_______________________________________________________________________
Condições de gestação:
_________________________________________________________________
Problemas sócio-econômicos: _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Principal Figura Parental:
_________________________________________________________________
Problemas com relações interpessoais: _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________
b) Período Pré-escolar:
Desenvolvimento psicomotor:
Situação escolar laborativa: _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________ _________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Primeiras lembranças: Vida sexual:
_______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ ___________________________________________________
_________________________________________________________
História familiar:
c) Período escolar e adolescência: a) História de doença mental na família:
Relações sociais: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________ b) Relacionamento com os familiares:
_______________________________________________________________
História escolar: _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________
c) Dinâmica familiar:
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Sexualidade: _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________ d) Situação social atual:
_______________________________________________________________
d) Idade adulta: _______________________________________________________________
Atividades laborativas: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________ Constituição familiar:
_________________________________________________________
_________________________________________________________ ( ) irmãos ( ) irmãs ( ) ordem na família (ex.3º )
_________________________________________________________

Vida social: Observações:


_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
_________________________________________________________ _______________________________________________________________
ANOTAÇÕES DO PACIENTE

Pseudônimo:______________________________________

Data Anotações

Psicanalista Clínico:_____________________________

Declaração de Comparecimento

Atesto para os devidos fins que ___________________________


_____________________________________________________

esteve sob meus cuidados, no período de --------/ -----------/ ---------

Belo Horizonte/MG, _____de___________________20_____

______________________________________________

Assinatura/Carimbo

(Endereço)

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