Sutra de Lótus Budismo Fácil
Sutra de Lótus Budismo Fácil
Sutra de Lótus Budismo Fácil
BUDISMO FÁCIL
ÍNDICE
O Sutra de Lótus ........................................................................................................... 03
O 1º Capítulo do Sutra de Lótus (parte 1) ..................................................................... 05
O 1º capítulo do Sutra de Lótus (parte 2) ..................................................................... 08
Hoben — segundo capítulo .......................................................................................... 10
Terceiro capítulo do Sutra de Lótus — Parábolas ......................................................... 13
Quarto capítulo do Sutra de Lótus — Shingue .............................................................. 15
Quinto capítulo do Sutra de Lótus — Parábola das Ervas Medicinais .......................... 17
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki (parte 1) ........................................................ 19
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki (parte 2) ........................................................ 21
O sétimo capítulo do Sutra de Lótus — Kejoyu ............................................................ 23
Oitavo capítulo do Sutra de Lótus — Profecia da iluminação de Quinhentos
Discípulos ...................................................................................................................... 25
O nono capítulo do Sutra de Lótus — Ninki .................................................................. 27
Hosshi — o décimo capítulo do Sutra de Lótus ........................................................... 29
O décimo primeiro capítulo do Sutra de Lótus — “Torre do Tesouro” ........................ 31
O décimo segundo capítulo do Sutra de Lótus — “Devadatta” ................................... 33
O décimo terceiro capítulo do Sutra de Lótus — devoção encorajadora (Kanji) .......... 35
Décimo quarto capítulo do Sutra de Lótus — “Práticas Pacíficas” ............................... 37
Décimo quinto capítulo do Sutra de Lótus — “Emergindo da Terra” ........................... 39
Décimo sexto capítulo do Sutra de Lótus — “Revelação da Vida Eterna do Buda” ...... 41
O 17º capítulo do Sutra de Lótus — Distinção de Benefícios ....................................... 43
O 18º capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios da Alegre Aceitação ...................... 45
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios do Mestre da Lei (parte 1) ............ 47
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios do Mestre da Lei (parte 2) ............ 49
O 20o capítulo do Sutra de Lótus — Bodhisattva ......................................................... 51
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os Poderes Místicos do Buda (parte 1) ............... 53
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os Poderes Místicos do Buda (parte 2) ............... 55
O 22o capítulo do Sutra de Lótus — Transferência ...................................................... 57
23o capítulo do Sutra de Lótus — Os Feitos Anteriores do Bodhisattva Reis dos
Remédios ...................................................................................................................... 59
Décimo quarto capítulo do Sutra de Lótus — “Práticas Pacíficas” ............................... 61
25o capítulo do Sutra de Lótus — Portal Universal do Bodhisattva Percebedor dos Sons
do Mundo ..................................................................................................................... 63
26o capítulo do Sutra de Lótus — Dharani ................................................................... 65
27o capítulo do Sutra de Lótus — Os feitos anteriores do Rei Adorno Maravilhoso ... 67
28o capítulo — Encorajamento ao Bodhisattva Mérito Universal ............................... 69
2
O Sutra de Lótus
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1924, PÁG. A8, 19 DE JANEIRO DE 2008.
O Segundo Conselho foi realizado cem anos depois; e duzentos anos depois, o rei
Asoka promoveu o Terceiro Conselho da Ordem Budista. Quatrocentos anos após a
morte do Buda, o Quarto Conselho foi realizado com o apoio do rei Kanishka.
Com o passar do tempo, o sutra foi traduzido e levado da Índia à China. Deste país, foi
transmitido para o Japão, particularmente na sua oitava tradução, realizada por
Kumarajiva e intitulada Miao-fa lien-hua ching ou Myoho-rengue-kyo.
3
O termo sânscrito do título, saddharma, é traduzido freqüentemente como “boa lei”,
mas essa tradução não expressa totalmente seu significado. O termo sat, ou sad,
provém da raiz sânscrita que significa “existir” e significa algo como “verdadeiro”,
“real”, “genuíno” ou “autêntico”. O termo dharma pode ser traduzido como “doutrina”
ou “ensino”, mas também pode ser interpretado como “verdade” ou até mesmo como
“essência real dos fenômenos”. Juntando-se os dois termos, saddharma, o resultado
seria algo como “verdade absoluta”.
Pundarika significa “lótus branco”. Dessa forma, o título desse sutra seria “Lótus
Branco da Verdade Absoluta”. Esse título remete à idéia de que, embora o lótus cresça
no pântano, as pétalas de suas flores são puras e imaculadas. Essa flor é um símbolo
de pureza em meio à impureza, ou da iluminação em meio às questões seculares.
Em 804, o monge Saityo, também conhecido como Grande Mestre Dengyo, levou o
budismo da escola Tendai para o Japão. Dengyo acreditava que todas as pessoas
possuíam a natureza de Buda e que o Sutra de Lótus era o verdadeiro ensino que
expunha a iluminação.
Mas foi Nitiren Daishonin (1222–1282), fundador do Budismo Nitiren, quem revelou a
verdade intrínseca ao Sutra de Lótus, especificamente em seus capítulos “Meios”
(Hoben) e “Revelação da Vida Eterna do Buda” (Juryo) e manifestou-a pela invocação
de seu título em japonês, estabelecendo assim a prática da recitação do Nam-myoho-
rengue-kyo.
4
O 1º Capítulo do Sutra de Lótus
Introdução — Parte 1
A segunda parte começa quando o Buda entra no “samadhi do lugar dos imensuráveis
significados” (The Lótus Sutra [LS], pág. 5), e manifesta uma variedade de fenômenos
extraordinários.
A terceira parte dá-se em seguida, quando o Buda emite um raio de luz do tufo de
cabelos brancos entre suas sobrancelhas, iluminando dezoito mil mundos a leste.
Com relação à “Assim eu ouvi”, em Palavras e Frases do Sutra de Lótus, consta: “‘Assim
eu ouvi...’ são palavras que indicam fé e concordância. Fé significa compreensão do
que foi ouvido. E compreensão significa que [a pessoa procede como alguém que]
segue o caminho de mestre e discípulo”. (Vol. 1.)1
“Certa vez, o Buda estava em Rajagriha, no Monte Gridhrakuta (Pico da Águia). Junto
com ele havia uma multidão de importantes monges cujo número chegava a doze mil...
“Seus nomes eram Ajnata Kaundinya, Mahakashyapa,... Ananda e Rahula. Todos eram
como esses, grandes arhats muito conhecidos pelos outros.
“Havia também duas mil pessoas, algumas das quais estavam ainda aprendendo e
outras que já haviam concluído seu aprendizado.
5
“... E o Rei Ajatashatru, filho de Vaidehi, com várias centenas de milhares de
seguidores...
“Cada um deles, após fazer uma reverência aos pés do Buda, retirou-se e tomou seu
assento. (LS3, 5).2
(1) Doze mil monges que haviam atingido o estado de arhat, o mais alto estágio dos
ouvintes (pessoas de Erudição). São dados os nomes de vinte e um arhat como
representantes deste grupo, dentre os quais conhecidos discípulos como Ajnata
Kaundinya, Mahakashyapa e Shariputra (Sharihotsu, em japonês).
Além do mais, outros dois mil ouvintes — que “ainda estavam aprendendo” ou que
“haviam concluído seu aprendizado” — também estavam presentes. Aqueles que
“ainda estavam aprendendo” são os discípulos que ainda estavam praticando os três
tipos de aprendizado necessários para atingir o estado de arhat, os quais são os
preceitos, a meditação e a sabedoria.
Aqueles que “haviam concluído seu aprendizado” são os discípulos que já haviam
atingido o estado de arhat e não tinham mais nada a aprender.
(3) Oitenta mil bodhisattvas. São apresentados 18 nomes como representantes deste
grupo, dentre os quais o Bodhisattva Manjushri e o Bodhisattva Percebedor dos Sons
do Mundo.
(4) Os reis e filhos de deuses de vários mundos celestes, tais como Shakra Devanam
Indra (Taishaku), os Quatro Grandes Reis Celestes e o Rei Brahma (Bonten). Seus
seguidores totalizavam algo em torno de setenta ou 80 mil, ou bem mais de 100 mil,
dependendo da maneira como se calcula seu número.
6
(10) O Rei Ajatashatru e seus seguidores. 3
Este vasto número de seres — que totalizava pelo menos várias centenas de milhares
ou até mesmo vários milhões reunidos para a pregação do Sutra de Lótus, podem ser
interpretados simbolizando as diferentes funções e atividades inerentes à própria vida.
A assembléia do capítulo “Introdução” é uma manifestação de todos os seres dos Nove
Mundos (estados de Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição,
Absorção, Bodhisattva) que se encontram na própria vida do Buda.
Notas: • Terceira Civilização, edição no 462, fevereiro de 2007, pág. 20. • Brasil Seikyo,
edição no 1.332, 19 de agosto de 1995, pág. 4. • Ibidem.
7
O 1º capítulo do Sutra de Lótus
Introdução — Parte 2
Nesse sutra, Sakyamuni explica a realidade máxima da vida por meio das trinta e
quatro negativas: “Seu corpo não existe nem não existe, / Não foi causado nem
condicionado, nem sou eu nem o outro, / Não é quadrado nem redondo, não é curto
nem longo, / Não aparece nem desaparece, não nasceu nem foi extinto, / Não foi
criado nem surgiu, não foi produzido nem feito, / Não está sentado nem deitado, não
está andando nem está parado, / Não se move nem gira, não é ocioso nem imóvel, /
Não avança nem recua, não está em segurança nem em perigo, / Não é certo nem
errado, não ganham nem perde, / Não é aquele nem este, não parte nem vem, / Não é
azul nem amarelo, não é vermelho nem branco, / Não é escarlate nem púrpura nem
qualquer outro tipo de cor”.3
O Sutra de Lótus ensina que todos os seres humanos podem atingir o estado de Buda.
Qual é, então, a verdadeira entidade de um “buda”? O que significa atingir o estado de
Buda? O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, contemplou profundamente
essas questões e procurou resolvê-las. No início de 1944, Toda decidiu recitar dez mil
Daimoku por dia para compreender totalmente o Sutra de Lótus. Ele já havia lido esse
sutra por três vezes desde o início do ano e em março começara a leitura pela quarta
vez. Toda não compreendia o significado das trinta e quatro negativas. Foi então que
no fim do ano, a palavra “vida” repentinamente surgiu em sua mente. “O Buda é a
própria vida! É uma expressão da vida! O Buda não existe fora de nós, ele se encontra
em nossa vida. Não, ele também existe fora de nossa vida. É uma entidade da vida
cósmica!”4
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “A vida tem também uma enorme
diversidade. Ela é rica e cheia de energia. Ao mesmo tempo, opera de acordo com
certas leis e tem um ritmo definido. A doutrina que diz que um único momento da vida
possui três mil mundos (itinen sanzen) descreve esta harmonia na diversidade, e
aquele que compreendeu a essência desse princípio é um Buda”.5
8
Quando o Buda terminou a pregação, sentou-se na posição de Lótus e entrou no
“samadhi do lugar dos imensuráveis significados”. O nome da meditação (samadhi)
implica que o Sutra de Lótus que o Buda está para ensinar é o ensino máximo no qual
se baseiam ou originam-se todos os outros ensinos.
Em seguida, o Buda emite um raio de luz do tufo de cabelos brancos entre suas
sobrancelhas, iluminando dezoito mil mundos a leste. Todos os seres dos seis
caminhos bem como os budas e seus discípulos, em todos esses mundos, são
claramente visíveis.
Majushri fala então de experiências de vidas passadas. Ele descreve como no passado
um Buda chamado Brilho do Sol e da Lua manifestou o mesmo tipo de fenômenos
maravilhosos quando pregou o Sutra de Lótus. Com ele elemento principal, diz
Majushri, Sakyamuni também está prestes a pregar o Sutra de Lótus.
O Buda só desperta no segundo capítulo para, enfim, começar a expor o Sutra de Lótus.
Notas: 1. Nova Revolução Humana, vol. 4, pág. 160. 2. A Sabedoria do Sutra de Lótus,
vol. 1, pág. 77. 3. Brasil Seikyo, edição no 1.331, 27 de maio de 1995, pág. 33. 4. A
Sabedoria do Sutra de Lótus, vol. 1, pág. 35. 5. Ibidem. 6. Ibidem, pág. 80.
9
Hoben — segundo capítulo
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1930, PÁG. A8, 08 DE MARÇO DE 2008.
O mesmo ocorreu com o Buda Nitiren Daishonin, que expôs o ensino do Nam-myoho-
rengue-kyo sem que ninguém tivesse pedido a ele. Em temos de prática budista, essa
atitude indica o espírito espontâneo de enaltecer a Lei Mística com profundo
reconhecimento de sua grandiosidade, sem levar em conta o que os outros disserem.
A prática do Gongyo é uma manifestação desse espírito.
Em seguida, Sakyamuni diz: “Qual é a razão disso? Um buda é aquele que serviu a
centenas, a milhares, a dezenas de milhares, a incontáveis budas e executou um
número incalculável de práticas religiosas. Ele se empenha corajosa e
ininterruptamente e seu nome é universalmente conhecido. Um buda é aquele que
compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada, pregando-a de acordo com a
capacidade das pessoas, ainda que seja difícil compreender sua intenção.
“Sharihotsu, desde que atingi a iluminação exponho meus ensinos utilizando várias
histórias sobre relações causais, parábolas e inúmeros meios para conduzir e fazer com
que renunciem aos seus apegos a desejos mundanos.
10
“Qual a razão disso? A razão está no fato de o Buda ser plenamente dotado dos meios
e do paramita da sabedoria.
“Sharihotsu, o Buda é aquele que sabe como discernir e expor os ensinos habilmente.
Suas palavras são ternas e gentis e podem alegrar o coração das pessoas. Sharihotsu,
em síntese: o Buda compreendeu perfeitamente a Lei ilimitada, infinita e nunca antes
revelada”.
Então, Sakyamuni se recusa a continuar pregando porque a Lei que o Buda revelou é a
mais rara e mais difícil de compreender.
Ele afirma: “A essência real de todos os fenômenos somente pode ser compreendida e
partilhada entre os budas. Essa realidade consiste de aparência, natureza, entidade,
poder, influência, causa interna, relação, efeito latente, efeito manifesto e consistência
do início ao fim”.
Os cinco mil monges, monjas, monges, leigos e leigas presentes fizeram uma
reverência ao Buda e retiraram-se. As raízes de suas ofensas eram profundas, graves.
Devido à sua arrogância, eles eram incapazes de entender o ensino que o Buda iria
pregar.
O Buda diz a Sharihotsu: “Uma Lei maravilhosa como esta é pregada somente
ocasionalmente pelos budas, os tathagatas, assim como a flor de udumbara aparece
somente uma vez num grande período de tempo”.
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evideniar os benefícios advindos da prática budista por meio da recitação do Nam-
myoho-rengue-kyo, revelado por Nitiren Daishonin.
Referências: • Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo. • The Lotus Sutra, Burton Watson.
12
Terceiro capítulo do Sutra de Lótus —
Parábolas
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1932, PÁG. A8, 22 DE MARÇO DE 2008.
No capítulo anterior (Hoben ou Meios), o Buda Sakyamuni revela que os três veículos
de Erudição, Absorção e Bodhisattva não são nada além de “Meios” que o Buda utiliza
para conduzir as pessoas à iluminação. Seu discípulo Sharihotsu foi o primeiro a
despertar para isso. Ele diz ao Buda: “Ouvi a Lei do Buda e obtive algo sem
precedentes. Agora sinto a máxima alegria, e todas as minhas dúvidas foram
removidas”. Nos sete capítulos seguintes, Sakyamuni relata várias parábolas para
ajudar os outros discípulos a compreenderem o propósito de sua prática.
A parábola é sobre um homem muito rico que mora em uma mansão. Com o passar
dos anos, as vigas, as paredes e os pilares da casa se desgastam, ameaçando ruir.
Mesmo assim, os filhos dele se recusam a abandoná-la. Até que certo dia, um incêndio
se propaga rapidamente pela casa, ameaçando os filhos. Contudo, eles não percebem
o perigo e se recusam a deixar o local. Ao ver o incêndio, o pai, desesperado, grita para
que saiam da casa e se salvem, mas não é atendido pelas crianças.
Então, ele decide usar uma estratégia. Lembrando-se de que gostavam de objetos
raros, gritou o mais alto que pôde: “Saíam, pois tenho aqui fora três belíssimas
carroças: cada uma é puxada por um carneiro, por um cervo e por um boi. Saiam e eu
as darei a vocês”. Ouvindo isso, as crianças, enfim, saem da casa e ganham carroças
bem maiores e muito mais bonitas do que as prometidas. Cada uma delas era puxada
por um grande boi branco e decorada com sete espécies de pedras preciosas.
Observando os filhos, o pai pensou: “Minhas riquezas são imensuráveis e eu amo
todos os meus filhos igualmente. Não posso lhes dar veículos inferiores. Tenho
riquezas suficientes para presentear todas as pessoas do meu país com carroças
13
puxadas por bois brancos. Portanto, com certeza, não poderia deixar de dar carroças
aos meus próprios filhos”.
Sakyamuni termina a explanação da parábola e então diz a Sharihotsu que uma pessoa
consegue adentrar [o caminho] somente por meio da fé. Sharihotsu era respeitado
como o mais inteligente entre os discípulos de Sakyamuni. No entanto, o Buda declara
que mesmo a grande sabedoria de Sharihotsu não era comparável à profunda doutrina
do Sutra de Lótus. O Buda afirma que somente a fé possibilitaria Sharihotsu alcançar a
iluminação.
Os ensinos anteriores ao Sutra de Lótus postulavam que os Budas existiam longe deste
mundo, ou seja, as pessoas não acreditavam serem capazes de atingir a condição de
Buda. Mas no Sutra de Lótus, Sakyamuni revela que todas as pessoas possuem
inerente na vida essa condição que pode ser alcançada por meio da fé na Lei Mística.
Contudo, se a fé não estiver acompanhada pela ação, terá pouco efeito. É por isso que
o Buda Nitiren Daishonin sempre traduziu a fé em ação, e ensinou a seus discípulos a
nunca esquecerem de realizar a prática individual (a recitação do mantra Nam-myoho-
rengue-kyo ao Gohonzon) e a prática altruística (ensinar a Lei Mística a outras pessoas).
Daishonin incorporou o estado de Buda no Gohonzon — o objeto de devoção — por
intermédio do qual todas as pessoas que possuem fé e recitam esse mantra podem
extrair o estado de Buda das profundezas da vida.
14
Quarto capítulo do Sutra de Lótus —
Shingue
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1934, PÁG. A8, 05 DE ABRIL DE 2008.
A parábola conta a história de um garoto que foge de casa e se torna um andarilho que
percorre o mundo vivendo em extrema pobreza. Enquanto isso, seu pai enriquece e se
torna um cidadão muito respeitado em seu país. Cerca de cinqüenta anos depois, o
filho retorna ao país e, sem saber, pára diante da magnífica mansão do pai, que o
reconhece imediatamente. Ansioso por reencontrar o filho, o pai pede aos criados que
o tragam à sua presença. Porém, o filho não o reconhece e fica amedrontado diante de
tanta riqueza. Percebendo isso, o pai elabora um plano. Ele envia dois servos
pobremente vestidos ao filho para oferecer-lhe um emprego de limpar os lavatórios da
casa pagando-lhe o dobro do usual. O filho aceita e trabalha arduamente. Depois de
um tempo, o pai, vestido humildemente, aproxima-se do filho e trava conhecimento
com ele. Gradualmente, um laço de compreensão e confiança cresce entre eles, e o
filho passa a transitar livremente pela mansão do pai, embora ele continue a viver
numa cabana humilde na periferia.
15
O homem rico então promove o filho a administrador de sua propriedade e, passo a
passo, este começa a aprender todas as suas funções. Finalmente, pressentindo a
morte, o pai revela ao rei, ministros e parentes que seu empregado é, na verdade, seu
filho verdadeiro, transferindo-lhe todas as suas posses.
Após contarem ao Buda a parábola, os quatro homens explicam o seu significado. Eles
comparam o Buda ao homem rico, e o pobre filho a eles mesmos. Eles dizem ao Buda:
“Na realidade, somos filhos do Buda há muito tempo. Contudo, procuramos ensinos
inferiores e ficamos satisfeitos quando os encontramos. Agora, neste sutra o Buda
expôs o supremo veículo — algo que nunca esperávamos. O grande tesouro do Rei da
Lei chegou a nós por si mesmo”.
Do ponto de vista do Budismo Nitiren, o filho representa as pessoas que vagam pela
vida sem nunca encontrar o Buda. O pai é o Buda Original Nitiren Daishonin, que legou
o Gohonzon à humanidade.
Como o filho pobre, as pessoas vivem sem saber que são budas em potencial. Para que
eles possam evidenciar essa condição de vida, Nitiren Daishonin inscreveu um mandala
na forma do Gohonzon, possibilitando-as a conduzir plenamente a vida cheia de
esperança, ilimitada alegria, energia vital e sabedoria.
16
Quinto capítulo do Sutra de Lótus —
Parábola das Ervas Medicinais
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1938, PÁG. A8, 10 DE MAIO DE 2008.
Neste capítulo, o Buda Sakyamuni cita a “Parábolas das Ervas Medicinais” (Yakusoyu,
em japonês) para mostrar a benevolência imparcial do Buda.
No início do capítulo, Sakyamuni elogia Kashyapa por expor de maneira correta sobre
os verdadeiros méritos e virtudes do Buda. Então, Sakyamuni começa a contar a
parábola:
“No mundo existem muitas espécies de flores, capins, árvores e ervas, diferentes em
tamanhos, forma e nome. Ao redor do mundo existe uma nuvem densa e grande, que
acaba fazendo com que a chuva caia sobre todos os lugares. Evidentemente, a chuva
molha o solo seco e, como resultado, as árvores, ervas e plantas de todos os lugares
são nutridas e crescem. A água que cai da nuvem é imparcial, mas as plantas recebem
umidade segundo suas naturezas e crescem de acordo com a sua espécie. Todas as
diversas árvores, sejam altas, médias ou baixas, possuem tudo o que é próprio das
grandes ou pequenas, e cada uma está possibilitada a brotar e crescer.”
Embora essa parábola seja curta em comparação com as outras expostas no Sutra de
Lótus, ela é repleta de significados. Após expô-la, Sakyamuni a interpretou, dizendo:
— O aparecimento do Buda neste mundo é como a grande nuvem que cobre todas as
coisas. O Buda aparece neste mundo e revela a verdade da vida às pessoas sob
diversos ângulos. Ele satisfaz as pessoas miseráveis, liberta-as dos sofrimentos e dá-
lhes paz.
Sakyamuni ensinou a Lei para todas as pessoas sem distinção: “Aos honrados e aos
humildes, altos e baixos, justiceiros e malfeitores, aqueles de perfeito caráter e os
imperfeitos, ortodoxos, heterodoxos, os vivazes e os lentos, faço com que a chuva da
Lei caia com igualdade”. Assim, todas as pessoas recebem a Lei do Buda de modo igual.
Contudo, como elas diferem quanto à capacidade de compreender os ensinos do Buda,
o desenvolvimento de cada uma é diferente. Portanto, algumas continuam no estado
de Alegria ou Erudição; outras, no estado de Absorção. Sakyamuni compara as três
ervas medicinais e os dois tipos de árvores com esses estados de vida. Dos três tipos
de ervas medicinais, as “inferiores” estão para aqueles seres nos estados de
Tranqüilidade e de Alegria. As ervas “médias” representam aqueles nos estados de
Erudição e Absorção. E as “superiores” e os dois tipos de árvores, “pequenas” e
“grandes” indicam aqueles no estado de Bodhisattva que aspiram tornarem-se budas.
17
Sakyamuni observa: “O ensino parcial do Buda pode ser comparado a uma chuva.
Entretanto, a compreensão das pessoas difere, assim como as plantas e as árvores
recebem diferentemente a chuva”. Contudo, a chuva acaba, no final, nutrindo todas as
espécies de plantas e árvores, fazendo com que, sem exceção, dêem frutos e flores. Da
mesma maneira, o Buda faz com que todos atinjam igualmente o estado de Buda.
A chuva cair também igualmente significa que a Lei que o Buda prega é “única em
forma, única em sabor” (LS 5, 99). Isso significa definitivamente que a pregação do
Buda contém o benefício de possibilitar todas as pessoas tornarem-se igualmente
budas; é o veículo único do Buda.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, reflete sobre o significado dessa parábola: “Essa é
a essência da pregação do Buda do ponto de vista do Buda. Mas as pessoas, de sua
parte, falham em compreender esse benefício. A quantidade de chuva recebida e sua
eficácia diferem de acordo com a personalidade particular e o tamanho das plantas e
árvores. Similarmente, embora o Buda exponha somente o veículo único do Buda, há
diferenças em como as pessoas recebem esses ensinos. À medida que eles são
filtrados pela compreensão das pessoas, os ensinos do Buda assumem a forma dos
chamados três veículos”. (Brasil Seikyo, edição no 1.389, 2 de novembro de 1996, pág.
3.)
Numa análise final, a parábola dos três tipos de ervas medicinais e dos dois tipos de
árvores, assim como as duas parábolas precedentes (das três carroças e da casa em
chamas e do homem rico e de seu filho pobre), expressam o princípio da substituição
dos três veículos pelo veículo único.
Por um lado, esclarece (como as parábolas anteriores) porque o Buda expôs os ensinos
dos três veículos. Indica porque as pessoas diferem amplamente em termos de sua
capacidade intelectual e disposição para receber os ensinos do Buda. O Buda expôs
vários ensinos para corresponder à capacidade e tendência de cada qual.
Por outro, essa parábola esclarece que embora os ensinos do Buda sejam muitos e
variados, sua essência em cada caso é o veículo único do Buda. E assim, como a chuva,
cai igualmente sobre todos e possui um sabor “único”.
18
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1940, PÁG. A8, 24 DE MAIO DE 2008.
Originariamente, “concessão da profecia” significa dar uma clara resposta, dessa forma,
resolvendo as dúvidas no coração das pessoas.
O Buda concede profecias às pessoas a fim de fazer com que elas “compreendam
claramente” e dêem-lhe a consciência e a confiança para que possam atingir o estado
de Buda.
19
que ao pedir ao Buda para conceder-lhes uma profecia sobre iluminação, eles se
sentem como se fossem pessoas de uma terra de fome que repentinamente
encontraram a festa de um grande rei, ou seja, a mais peculiar e exótica cozinha. As
pessoas nessa situação quase ficariam fora de si pelo desejo de comer. Mas, ao mesmo
tempo, estariam tão receosas e temerosas que nem ousariam tocar na comida até que
o rei lhes desse permissão. Da mesma forma, embora esses discípulos tivessem ouvido
e aceitado o ensino do veículo único do Buda que possibilita que até mesmo os
ouvintes atinjam o estado de Buda, eles podiam não se sentir seguros a menos que o
Buda fizesse uma clara predição de iluminação para eles também.
Subhuti era sobrinho de Sudatta, o rico mercador que construiu o famoso Monastério
Jetavana como um oferecimento para Sakyamuni. Mesmo após ter deixado a vida
secular, Subhuti continuou a fazer constantes oferecimentos do que pudesse dar, e ele
tornou-se o primeiro em tranqüilidade interior e o mais digno de receber
oferecimentos.
20
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki
Segunda e última parte
Analisando sob essa perspectiva, vemos que os discípulos recebiam nomes que
condiziam com sua personalidade. Além disso, suas inclinações pessoais são
transformadas nas qualidades virtuosas dos budas que estão destinados a se tornarem
no futuro.
21
Nas predições sobre iluminação de Sakyamuni aos ouvintes do Sutra de Lótus, o atingir
do estado de Buda é apresentado como algo que acontecerá no distante futuro. Ao
contrário, Nitiren Daishonin ensina que se pode atingir o estado de Buda na presente
existência por meio da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo (concessão da profecia)
conectando as pessoas à Lei Mística. Dessa forma, é plantado na profundeza da vida de
cada pessoa que elas são uma entidade da Lei Mística e possuem o ilimitado potencial
da vida.
O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, explica que “atingir o estado de
Buda não significa tornar-se ou tentar tornar-se um Buda. Significa acreditar
honestamente nas palavras de Daishonin de que o mortal comum é o supremo ser e
que todos os fenômenos manifestam a verdadeira identidade, e despertar para a
própria identidade como um Buda existente desde o remoto passado e por todo o
infinito futuro”. (A Sabedoria do Sutra de Lótus, vol. 2, pág. 112.)
Atingir o estado de Buda parece como atingir um objetivo, mas não é o mesmo. “Esse
caminho é um equívoco. É a própria esperança em si — esperança de avançar
eternamente rumo ao autodesenvolvimento, a uma maior realização e uma crescente
serenidade e satisfação na vida. A iluminação futura que o Sutra de Lótus prediz ensina
a entidade de focar o presente e o futuro, o espírito progressivo de sempre empenhar-
se para concretizar um maior crescimento e auxiliar cada vez mais as pessoas a
tornarem-se felizes” — esclarece o presidente Ikeda.
22
O sétimo capítulo do Sutra de Lótus —
Kejoyu
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1950, PÁG. A8, 09 DE AGOSTO DE 2008.
Além deles, os reis Brahma dos mundos nas dez direções de todo o Universo também
pedem unanimemente que Excelência da Grande Sabedoria Universal exponha a Lei.
Atendendo ao pedido, Excelência da Grande Sabedoria Universal começa a expor
parcialmente a Lei. Mas os dezesseis príncipes não ficam satisfeitos e imploram que ele
exponha a verdadeira causa de sua iluminação.
O sutra diz que após Excelência da Grande Sabedoria Universal ter exposto o Sutra de
Lótus por um período de oito mil kalpas, ele entra em meditação por um período de
oitenta e quatro mil kalpas. Durante e após sua meditação, os dezesseis príncipes, que
haviam se tornado bodhisattvas, expõem o ensino do Sutra de Lótus assim como seu
pai havia feito.
23
O Buda Sakyamuni diz, a seguir, que todos aqueles bodhisattvas já atingiram a
iluminação e estão ensinando a Lei em suas terras. E revela que ele era o 16o príncipe
e que os homens de Erudição que eram seus discípulos naquele momento e aqueles
que apareceriam após seu falecimento são os seres que ele havia começado a instruir
naquela época.
A parábola é sobre uma caravana que viaja pelo deserto, guiada por um único líder e
enfrenta uma longa e difícil jornada rumo a uma terra de tesouros. Mas, ao longo do
caminho, as pessoas ficam extremamente fracas e desmotivadas, e dizem ao líder que
não podem mais continuar.
Se retornassem, todos os seus esforços até aquele ponto teriam sido em vão. O líder,
então, usa seus poderes místicos para criar uma grande cidade e encoraja essas
pessoas a continuarem, dizendo-lhes que quando entrassem nela, poderiam desfrutar
a paz e a tranqüilidade. Ao ouvirem isso, as pessoas se alegram e seguem para a cidade,
onde descansam o corpo completamente exausto e recuperam as forças.
Depois, o líder faz a cidade desaparecer e diz às pessoas que a cidade era uma ilusão
que ele havia criado para que elas descansassem e que seu verdadeiro destino, a terra
de tesouros, estava próximo.
A cidade imaginária que o líder lhes havia mostrado correspondia aos ensinos
intermediários dos Três Veículos que o Buda expôs a fim de guiar as pessoas rumo à
iluminação. A terra de tesouros representa o veículo único do Buda que é o objetivo
último que as pessoas devem alcançar.
Aqueles que lamentam diante de novos objetivos não conseguem tornar real o
princípio de “a cidade imaginária é idêntica à terra de tesouros” em sua vida.
24
Oitavo capítulo do Sutra de Lótus —
Profecia da iluminação de Quinhentos
Discípulos
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1956, PÁG. A8, 20 DE SETEMBRO DE 2008.
No sétimo capítulo do Sutra de Lótus, o Buda Sakyamuni revelou que a relação entre
ele e seus discípulos estendia-se desde o passado inimaginavelmente remoto. No
oitavo capítulo, Furuna, um dos dez principais discípulos de Sakyamuni compreende
profundamente os ensinos de seu mestre e recebe dele a predição de que se tornaria
o Buda Lei Radiante.
Os arhats, que observavam a cena, ficaram contentes com essa predição e desejaram
também que o Buda fizesse uma predição sobre eles. Entendendo isso, Sakyamuni
disse a Kasho: “Dotarei os arhats com uma predição específica. Entre eles, Kyojinnyo
servirá a 6.200 bilhões de budas e alcançará o estado de Buda. Ele se chamará ‘Buda
Universalmente Brilhante’. Os outros quinhentos arhats também alcançarão a
iluminação e terão o mesmo título”.
Então, eles contaram a “Parábola da Pedra Preciosa Escondida no Manto”, a quinta das
sete parábolas contidas no Sutra de Lótus.
Essa parábola narra sobre um homem que ao visitar seu amigo é recebido com várias
garrafas de vinho. Ele se embriaga e cai adormecido. O amigo tendo de sair com
urgência costura antes uma gema de valor incalculável no forro da roupa do visitante.
O homem, não percebendo que possuía a gema, começou a vagar pelo mundo,
vivendo em extrema penúria. Tempos mais tarde, ele reencontra o amigo, e só então
descobre que durante todo aquele período tivera em seu poder uma gema inestimável.
O amigo (o Buda) sabia que o outro possuía a gema em sua roupa (o mundo do estado
de Buda em sua vida), embora o visitante (os seres dos nove mundos) não
compreendesse isso.
Após relatar essa parábola, os quinhentos arhats compararam o Buda ao amigo que
deu a inestimável gema. Eles disseram: “O Buda certa vez dedicou-nos e fez-nos
25
aspirar à suprema sabedoria. Entretanto, tal como a pessoa que visitou o seu amigo
embebedou-se e caiu adormecido, nos esquecemos da verdadeira intenção do Buda —
a de nos levar à suprema sabedoria. Após isso, alcançamos o estado de arhat e,
acreditando que tínhamos alcançado a iluminação, estávamos satisfeitos com a nossa
compreensão superficial. O Buda penetrou em nossa mente e contou-nos: ‘O que
alcançastes não é a verdadeira iluminação. Desde há muito, plantei a semente do
estado de Buda dentro do coração de vocês. Contudo, ao longo do caminho, ficaram
totalmente satisfeitos por terem atingido essa iluminação superficial’. Agora, notamos
o nosso erro. E como felizmente nos foi dada a nossa específica predição de
iluminação, a nossa alegria é além da expressão”.
Com essa parábola, os arhats compararam o amigo que costurou uma inestimável
gema dentro da roupa do homem ao Buda Sakyamuni, que plantou a semente da
iluminação dentro das pessoas, inclusive neles. No entanto, em algum momento, eles
abandonaram a fé no Sutra de Lótus, convertendo-se a ensinos superficiais. Como o
homem que errou por toda a terra sofrendo de contínua pobreza, eles estavam
destinados ao ciclo dos seis mundos inferiores. E tal como o homem ao qual fora
ensinado pelo amigo a respeito da existência da gema, eles também foram finalmente
capazes de compreender que o Buda, há muito, havia plantado a inestimável “gema”
dentro deles.
A gema indica claramente o Sutra de Lótus. Indica também o estado de Buda inerente
no coração de todas as pessoas. Do ponto de vista do Budismo Nitiren, a gema é o
Gohonzon. O amigo que costurou uma gema preciosa na parte interna do casaco
indica que o Buda Nitiren Daishonin inscreveu o Gohonzon — o objeto de devoção
para as pessoas dos Últimos Dias da Lei. Os que são incapazes de compreender a força
do Gohonzon são como o homem que se embebedou até ficar inconsciente, e então
vagou sem objetivos.
26
O nono capítulo do Sutra de Lótus —
Ninki
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1960, PÁG. A8, 18 DE OUTUBRO DE 2008.
O nono capítulo (Ju Gaku Mugaku Ninki, “Profecias concedidas aos Aprendizes e
Adeptos”) é freqüentemente abreviado como capítulo “Ninki”, no qual Sakyamuni
profetiza a iluminação futura de seus discípulos Ananda, Rahula e dois mil discípulos
de Erudição.
— Ananda sempre desejou ouvir mais dos ensinos do Buda do que qualquer outra
pessoa. Dediquei-me completamente à prática constante. Como resultado, alcancei a
iluminação. Ananda protege os meus ensinos e protegerá os ensinos dos Budas que
virão. Ele conduzirá muitos bodhisattvas à iluminação e se tornará um buda chamado
Sengaie Jizaitsu (Rei do Poder irrestrito das Montanhas e Mares de Sabedoria). É por
isso que Ananda é digno da minha predição.
Então, Sakyamuni concede uma profecia de iluminação futura a dois mil discípulos
shomon, tanto os aprendizes (gaku, em japonês) como aqueles que, tendo dominado a
iluminação shomon e, tornando-se arhats, nada mais têm a aprender (mugaku, em
japonês). Sakyamuni declara que todos esses dois mil discípulos tornar-se-ão budas
com o nome Hoso (Sinal de Jóia).
No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin explica que os dois mil
homens de Erudição representam todas as pessoas deste mundo, e que somente o
mantra Nam-myoho-rengue-kyo, a “Lei fundamental” pela qual os budas atingem a
iluminação, possibilitam todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei a atingirem a
27
iluminação. Ele ainda afirma que, independentemente do quão sábia e inteligente uma
pessoa possa ser, não conseguirá construir uma felicidade indestrutível se não basear a
vida na Lei Mística.
Como seu nome indica, por toda sua vida Ananda serviu alegremente ao Buda e
devotou-se à prática budista. Do ponto de vida simbólico, Nitiren Daishonin declara
que Ananda representa as pessoas que alegremente praticam o Nam-myoho-rengue-
kyo. Ananda, portanto, significa alegria da fé.
Esse capítulo também ensina que mesmo os indivíduos mais ignorantes podem atingir
o estado de Buda se abraçarem o Gohonzon e conclui o ensino da substituição dos três
veículos pelo veículo único de Sakyamuni. Os capítulos subseqüentes tratam da prática
e propagação do sutra após o falecimento do Buda e sua transmissão para as eras
futuras.
28
Hosshi — o décimo capítulo do Sutra
de Lótus
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1962, PÁG. A8, 08 DE NOVEMBRO DE 2008.
O 10o capítulo Hosshi (Mestre da Lei) consiste em três elementos. Primeiro, explica os
cinco modos de praticar o Sutra de Lótus; segundo, o Buda ensina uma parábola (não
incluída nas chamadas sete parábolas do Sutra de Lótus); terceiro, explica as regras
para propagar o Sutra.
Sakyamuni ainda diz: “Meus sutras são inumeráveis, sejam os já ensinados, os que
estão sendo ensinados agora ou aqueles a serem ensinados no futuro. De todos esses
sutras, o Sutra de Lótus é o mais difícil de crer e o mais difícil de compreender. Como o
ódio e a inveja para com este sutra abundam mesmo durante a vida do Buda, quão
pior será no mundo após o seu falecimento? Contudo, os que acalentarem e
propagarem o sutra após o falecimento do Buda serão protegidos com a veste do
Buda”.
Então, Sakyamuni relata a seguinte parábola: suponham que um homem, por causa de
sua extrema sede, procure pela água cavando num planalto. Embora cave
desesperadamente, somente vê a terra seca. Ele pensa que a água está muito longe
29
sob o solo. Pelo incessante esforço, finalmente, alcança a lama úmida e compreende
que a água está próxima à mão.
Sakyamuni explica, então, o seu significado: “Os bodhisattvas são como este homem.
Se não tivessem ainda ouvido este sutra, estariam longe da iluminação. Em contraste,
se ouvem este sutra e se esforçam para dominá-lo, a iluminação não se encontra
muito distante. Isso porque a iluminação de todos os bodhisattvas pertence a este
sutra”.
Depois, o Buda revela como pregar o Sutra de Lótus após o seu falecimento por meio
das três regras de propagação: Manto, assento e recinto.
O “recinto” é o estado de mente que mostra grande piedade e benevolência para com
todos os seres vivos; o “manto” é o espírito de gentileza e tolerância e o “assento” é o
vazio de todos os fenômenos.
O termo hosshi, ou mestre da Lei, significa aquele que ensina as cinco práticas [de
abraçar, ler, recitar, ensinar e transcrever o Sutra de Lótus]. A respeito das cinco
práticas, Nitiren Daishonin afirma: “Quando abraçar o Sutra de Lótus e recitar o Nam-
myoho-rengue-kyo está observando simultaneamente todas as cinco práticas... Este é
o ensino principal para os discípulos e crentes de Nitiren. Não procure nenhum outro”.
(As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 214.)
30
O décimo primeiro capítulo do Sutra de
Lótus — “Torre do Tesouro”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1964, PÁG. A8, 22 DE NOVEMBRO DE 2008.
Logo depois, uma voz poderosa ressoa da torre, dizendo: “Buda Sakyamuni, ensinastes
o Sutra de Lótus aos homens, e todas as suas doutrinas são verdadeiras!”
Naturalmente, toda a audiência maravilhou-se ao ver a magnífica torre e ouvir essa
majestosa voz.
Ouvindo isso, o Bodhisattva Grande Eloqüência desejou ansiosamente ver esse buda.
Compreendendo esse desejo, Sakyamuni revela que o Buda Muitos Tesouros fez uma
vez um profundo juramento: Se o Buda quisesse que ele fosse visto pelas pessoas na
cerimônia do Sutra de Lótus, deveria chamar antes todos os outros budas.
Sakyamuni, então, lança uma luz ao oriente, fazendo com que inumeráveis terras de
budas se tornassem visíveis à assembléia. Em cada um desses mundos, os budas
disseram aos seus bodhisattvas: “Eu devo ir onde está o Buda Sakyamuni que está no
mundo saha e prestar homenagem à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros”.
Instantaneamente, cada um dos budas vem ao mundo saha, tornando-o puro. Eles se
reúnem gradualmente de dez direções do Universo e, após os inumeráveis mundos
purificados serem ocupados, os budas dizem aos seus ouvintes que prestem
31
homenagem ao Buda espargindo-lhe flores com pedras preciosas e digam-lhe que
desejam ver a Torre de Tesouro aberta.
Sobre o significado dos materiais preciosos que adornam a torre, Nitiren Daishonin
ensina que todos eles representam qualidades da vida (audição, fé, preceitos,
convicção, devoção, apego e reflexão). Audição significa discernir o falso do
verdadeiro; fé, crer na verdade; preceito, controlar a si mesmo e não ser
desencaminhado pelos desejos; convicção, ter uma mente inabalável que não seja
influenciada pelo ambiente; devoção, buscar incessantemente a perfeição; apego, ir
além da preocupação consigo mesmo e ter compaixão para com os outros; reflexão,
sempre refletir e corrigir seus próprios erros. Assim, os materiais preciosos indicam a
perfeição da vida humana.
Em seu escrito “Carta a Abutsu-bo”, Nitiren Daishonin esclarece: “Aqueles que recitam
o Nam-myoho-rengue-kyo, não importando sua classe, são a própria Torre de Tesouro
e, semelhantemente, são o próprio Buda Muitos Tesouros”. (As Escrituras de Nitiren
Daishonin, vol. 3, pág. 232.) Assim, a Torre de Tesouro indica aqueles que desenvolvem
sua natureza de Buda recitando o Nam-myoho-rengue-kyo e, num sentido amplo,
todas as pessoas, pois possuem potencialmente a semente do estado de Buda inerente
em sua vida.
32
O décimo segundo capítulo do Sutra de
Lótus — “Devadatta”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1966, PÁG. A8, 06 DE DEZEMBRO DE 2008.
Neste capítulo, o Buda Sakyamuni começa descrevendo sua prévia existência, quando
havia nascido como um rei que buscava o Sutra de Lótus e a suprema iluminação.
Disposto a renunciar o trono em favor de seu primogênito, ele anuncia por todo o
reino que buscava alguém que lhe pudesse ensinar a Lei. Um dia, um eremita veio à
procura dele e disse que possuía o ensino do Mahayana chamado Myoho-rengue-kyo,
e que lhe ensinaria a Lei. O rei ficou tão contente ao ouvir isso que jurou servi-lo
dedicadamente. Para esse mestre, ele passou a colher frutos, buscar água, juntar lenha,
preparar comida. Durante mil anos, ele serviu o eremita e não deixou que esse mestre
sofresse desconforto. Durante esse período, ele aprendeu a Lei, atingindo finalmente o
estado de Buda.
A seguir, Sakyamuni revela as identidades do rei e do eremita. Ele disse: “O rei daquele
tempo foi eu próprio; e o eremita, Devadatta. Com o seu auxílio pude atingir a
iluminação. Por isso, o considero um bom amigo”.
O fato seguinte a ser referido nesse capítulo é a iluminação da filha do Rei Dragão.
Entre os adeptos do Buda Muitos Tesouros havia um bodhisattva chamado Acúmulo
de Sabedoria. Ele desejava voltar à sua terra e, por isso, queria pedir autorização ao
Buda Muitos Tesouros. Mas Sakyamuni o impede e chama o Bodhisattva Monju, que
sai do Palácio do Dragão, sob o oceano, e eleva-se ao ar.
O Buda Acúmulo de Sabedoria pergunta ao Monju quantas pessoas ele havia salvado
no Palácio do Dragão e Monju responde que havia salvado inúmeras pessoas. Para
provar isso, aqueles que haviam sido salvos por ele surgem do oceano e elevam-se ao
ar. O Buda Acúmulo de Sabedoria pergunta se algum deles havia atingido o estado de
Buda imediatamente, praticando Sutra de Lótus. O Bodhisattva Monju responde que a
filha do Rei Dragão, de apenas oito anos de idade — uma garota benevolente e sábia
— havia atingido a iluminação instantaneamente.
33
Em seguida, a filha do Rei Dragão aparece e diz: “Eu juro pregar os ensinos Mahayana
para salvar todas as pessoas angustiadas”.
Mas Sharihotsu desafia a menina, afirmando que o caminho do Buda exige um tempo
inimaginavelmente longo para ser atingido. Além disso, ele lembra que as mulheres
não poderiam atingir essa condição.
A filha do Rei Dragão possuía uma pedra mais preciosa que um grande mundo e
oferece-a ao Buda que a aceita imediatamente. Dirigindo-se ao Buda Acúmulo de
Sabedoria e à Sharihotsu, pergunta: “Eu ofereci minha pedra ao Buda e ele a aceitou
imediatamente. Não foi muito rápido?” Eles respondem: “Sim, foi”. Então, a filha do
Rei Dragão declara: “Vejam, com seus poderes místicos, como atinjo rapidamente o
estado de Buda”.
Sobre o título desse capítulo, Devadatta foi primo e inimigo eterno de Sakyamuni.
Durante grande parte de sua vida, ele tentou prejudicar de todas as formas o Buda, e
até mesmo assassiná-lo. Devadatta era extremamente arrogante e foi repreendido por
Sakyamuni devido a isso diante de toda uma audiência. Em vez de aceitar a repreensão
como benevolência do Buda para que se desenvolvesse, Devadatta ficou irado e
buscou cada oportunidade para tirar a vida do Buda. Certa vez , ele tentou quebrar a
união harmoniosa da comunidade budista.
Apesar de suas maldades, Devadatta agiu como um “bom amigo” (zentishiki), pois as
suas maldades somente serviram para provar a grandiosidade de Sakyamuni e de seus
ensinos.
Embora seja um caso extremo, isso nos ensina que, não importando quão ruins sejam
as circunstâncias que nos encontremos, a prática do budismo tem o poder de
transformar tudo em algo positivo e os inimigos em “bons amigos” — são molas
propulsoras para o nosso próprio desenvolvimento como valores humanos.
34
O décimo terceiro capítulo do Sutra de
Lótus — devoção encorajadora (Kanji)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1970, PÁG. A8, 10 DE JANEIRO DE 2009.
Neste capítulo, os Bodhisattvas Reis dos Remédios, Grande Eloqüência e mais outros
vinte mil bodhisattvas juram praticar o Sutra de Lótus após o falecimento do Buda:
“Nós juramos abraçar, ler, recitar e ensinar este sutra após o falecimento do Buda. Os
povos da maléfica era após o seu falecimento serão arrogantes e gananciosos quanto a
oferecimentos. Eles serão inclinados a se voltarem contra o caminho da iluminação.
Dificilmente eles se iluminarão. Apesar disso, com a força da grande benevolência,
iremos ler, recitar, ostentar e copiar este sutra. Não pouparemos nem a própria vida
para isso”.
Então, quinhentos arhats, cuja iluminação lhes foi assegurada, dizem ao Buda: “Nós
também juramos propagar amplamente este sutra em outros mundos”.
A seguir, aqueles que estavam ainda aprendendo e os que ainda nada mais tinham a
aprender, num total de oito mil pessoas, levantaram-se dos seus assentos e juraram ao
Buda: “Nós também juramos propagar este sutra amplamente em outros mundos. A
razão disso é que neste mundo saha, as pessoas são más, arrogantes, irrascíveis, falsas
e desonestas”.
A tia do Buda, Makahajahadai, levanta-se também junto com seis mil monjas, olhando
para o Buda. Sakyamuni pergunta:
— Por que esse olhar tão preocupado? Deverá estar preocupada porque não lhe foi
feita a previsão sobre sua iluminação? Você se tornará uma grande mestra no futuro,
junto com essas seis mil monjas. Irá seguir o caminho de bodhisattva e tanto você
como as demais atingirão o estado de Buda.
Eles juram que daí por diante irão propagar o sutra enfrentando a oposição dos Três
Poderosos Inimigos que aparecerão na maligna era após o falecimento do Buda: as
pessoas ignorantes do budismo que acusam os devotos do Sutra de Lótus, atacando-os
35
com espadas e bastões; religiosos arrogantes e astutos que caluniam os devotos;
aqueles que gozam do respeito do público em geral e que, temendo perder a fama e
os lucros, induzem as autoridades a perseguir os devotos do Sutra de Lótus.
E eles dizem: “Nós enfrentaremos todas essas perseguições. Para ensinar este sutra,
nós os suportaremos. Não pouparemos nossa vida, somente cuidaremos do supremo
caminho. Conservaremos o que o Buda nos conferir. Os maus religiosos da era maligna
irão maltrata-nos e seremos banidos repetidamente”.
Neste capítulo, Sakyamuni mostra a dificuldade de propagar a Lei Mística nos Últimos
Dias da Lei após o falecimento do Buda. Aquele que, conforme predisse Sakyamuni,
enfrentou os Três Poderosos Inimigos e propagou a Lei foi Nitiren Daishonin, que foi
exilado duas vezes, primeiro na Península de Ito e depois à Ilha de Sado. Ele foi
também quase decapitado na Perseguição de Tatsunokuti. Por isso, Daishonin
denominou-se devoto do Sutra de Lótus.
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Décimo quarto capítulo do Sutra de
Lótus — “Práticas Pacíficas”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1972, PÁG. A8, 24 DE JANEIRO DE 2009.
Este capítulo recebeu este nome porque nele o Buda Sakyamuni explica a natureza da
prática pacífica numa época maléfica. O capítulo, o último dos ensinos teóricos,
descreve os quatro meios pacíficos de prática, em resposta à pergunta do Bodhisattva
Manjushri referente à maneira como os bodhisattvas deveriam praticar numa época
maligna. Os quatro meios pacíficos da prática relacionam-se com as ações, palavras,
pensamentos e juramento. O capítulo “Práticas Pacíficas” também contém a parábola
da pedra preciosa escondida no topete.
Ação pacífica significa acalmar o corpo e evitar influências malignas e praticar num
local de paz e tranquilidade.
Pensamentos pacíficos é manter, ler e expor o Sutra de Lótus sem inveja, arrogância
ou atitude afetada e evitar disputas doutrinais.
Neste capítulo, o Buda afirma: “Aquele que lê este sutra estará em qualquer ocasião
livre de preocupações e ansiedades; e igualmente livre de doença e dor, e sua
expressão será vigorosa e radiante. Ele caminhará destemidamente como o rei leão. O
brilho de sua sabedoria será como a luz do Sol...” (LS14, 209-210).
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O que devemos fazer para realizar a prática pacífica na era atual e experimentar a paz
e felicidade nesta existência? No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin
explica: “A entidade dessas práticas pacíficas é este (ensino do) Nam-myoho-rengue-
kyo transmitido pelo Bodhisattva Práticas Superiores”. (Gosho Zenshu, pág. 798.) Em
outras palavras, o componente principal da prática pacífica é abraçar o ensino do Nam-
myoho-rengue-kyo.
Contudo, praticar pacificamente não significa viver uma vida calma e tranquila, sem
problemas. É transformar todas as circunstâncias negativas em causas para a “paz” e
“felicidade” por meio da prática da suprema Lei do Nam-myoho-rengue-kyo. É viver de
forma correta e digna, com o espírito de jamais ser derrotado e de não poupar a
própria vida em prol da Lei Mística.
Após falar sobre os quatro modos de prática pacífica, Sakyamuni expõe a parábola da
pedra preciosa escondida no topete. A parábola é sobre um rei girador da roda que
recompensa os que lutaram bravamente dando-lhes vários tesouros. Porém, há um
objeto do qual ele não se desfaz, uma pedra preciosa que mantém escondida em seu
topete. Finalmente, ele tira essa jóia e a concede ao soldado que havia lutado com
insuperável coragem na batalha. Essa jóia representa o Sutra de Lótus, que é o mais
precioso tesouro que o Buda concede. Com esta parábola, Sakyamuni compara a pedra
nos cabelos ao Sutra de Lótus, e os demais tesouros aos sutra anteriores ao de Lótus.
Sakyamuni diz: “Este Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os sutras”.
Assim como o sábio rei girador da roda nunca havia concedido a brilhante jóia a
ninguém, Sakyamuni jamais havia exposto antes o verdadeiro ensino (Sutra de Lótus).
38
Décimo quinto capítulo do Sutra de
Lótus — “Emergindo da Terra”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1974, PÁG. A8, 07 DE FEVEREIRO DE 2009.
Atônito com a cena, o Bodhisattva Maitreya pergunta ao Buda de onde vieram e quem
lhes ensinou a Lei e os iluminou.
Essa é uma parte da preparação para o Buda revelar a eternidade do seu estado de
Buda. Sakyamuni diz que eles são discípulos a quem vinha ensinando desde o distante
passado. No entanto, Maitreya e os outros bodhisattvas não conseguem compreender
o significado de “distante passado”. Eles dizem: “No curto tempo desde que atingira a
iluminação em Bodhigaya, como pôde o Buda preparar esses inumeráveis bodhisattvas
e levá-los à iluminação?”
Isso implica que Sakyamuni havia atingido a iluminação em um remoto passado, muito
distante daquela vida. Pela primeira vez, ele revela o conceito budista da eternidade
da vida.
No Registro dos Ensinos Orais, Nitiren Daishonin revela brevemente o que o capítulo
pretende explicar. Ele diz: “Todo o capítulo ‘Emergindo da Terra’ ensina a missão dos
bodhisattvas enviados pelo verdadeiro Buda. A prática desses bodhisattvas é o Nam-
myoho-rengue-kyo. Isso é o que o sutra quer dizer com o termo ‘recitavam’.
‘Conduziam’, no mesmo sutra, significa conduzir todas as pessoas ao paraíso do Pico
da Águia”.
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“Recitavam” e “conduziam”, no Sutra de Lótus, deriva da passagem do capítulo
“Emergindo da Terra”: “Entre os bodhisattvas haviam quatro líderes, o primeiro
chamado Práticas Superiores, o segundo, Práticas Ilimitadas, o terceiro, Práticas Puras
e o quarto, Práticas Firmemente Estabelecidas. Esses quatro bodhisattvas eram os
líderes que recitavam e conduziam”. O Bodhisattvas da Terra são aqueles que recitam
o Nam-myoho-rengue-kyo e levam outras pessoas a recitá-lo.
O Sutra de Lótus paga o mais alto tributo aos Bodhisattvas da Terra. Isso mostra a
grandeza da existência deles. A questão é saber de onde surgem as suas maravilhosas
características. O Sutra de Lótus diz que eles viviam num espaço sob o mundo saha e
que dali surgiram. Mas é totalmente inacreditável que homens possam surgir debaixo
da terra. No Registro dos Ensinos Orais, Daishonin esclarece: “Esses quatro
bodhisattvas vivem embaixo, e a interpretação de Tient’ai em Palavras e Frases sobre
o Sutra de Lótus refere-se a ‘embaixo’ como ‘a profundidade última da vida’ ou
verdade absoluta.
O capítulo diz em parte: “Eles não possuem manchas dos desejos mundanos, como os
botões de lótus na água”. Essas palavras descrevem brevemente uma qualidade
fundamental dos Bodhisattvas da Terra. Os belos botões de lótus não se desenvolvem
em águas límpidas, mas num imundo pântano. O pântano lamacento é o símbolo das
duras realidades da sociedade e dos sofrimentos das pessoas. Os Bodhisattvas da Terra
são aqueles que enfrentam dignamente a difícil realidade do dia-a-dia ao lado das
pessoas que sofrem e lutam em companhia delas.
Apesar de tudo, quando uma pessoa está totalmente coberta de lama é difícil ficar
limpa. Muitas pessoas tendem a se perder diante das dificuldades, apesar dos elevados
ideais de sua juventude. A pessoa precisa ter uma grande energia vital para não
sucumbir diante das circunstâncias desfavoráveis.
40
Décimo sexto capítulo do Sutra de
Lótus — “Revelação da Vida Eterna do
Buda”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1976, PÁG. A8, 21 DE FEVEREIRO DE 2009.
Dos 28 capítulos do Sutra de Lótus, os mais importantes são o 2o, Hoben (Meios) e o
16o, Juryo (Revelação da Vida Eterna do Buda).
Depois, ele revela a verdadeira causa que o fez atingir o estado de Buda: “Uma vez, eu
também pratiquei as austeridades de bodhisattva, e a vida que então adquiri continua
imutável. Embora eu, na realidade, nunca faleça, profetizo minha própria morte. Se
virem o Buda constantemente presente e eterno neste mundo, eles se tornarão
arrogantes e egoístas, e negligenciarão a prática do budismo. Portanto, o Buda ensina
41
como expediente que ‘é raro viver nas épocas que um Buda surge neste mundo’.
Quando os homens ouvem estas palavras, certamente compreendem que é raro ver
um Buda e passam a aspirar por ele. E, assim fazendo, plantam a causa da iluminação
em seu coração”.
Sakyamuni, então, relata a parábola do bom médico, para ensinar aos homens que o
Buda usa um recurso para salvá-los. A parábola é sobre um médico muito sábio e
habilidoso que tinha muitos filhos. Certa vez, ao retornar de uma longa viagem, ele
encontrou todos agonizando, pois haviam ingerido veneno acidentalmente. O médico
preparou um remédio, mas alguns deles se recusaram a tomá-lo. O veneno já havia
penetrado na mente deles, afetando seu raciocínio. Para salvá-los, o bom médico usou
um subterfúgio. Disse-lhes que precisaria partir imediatamente, mas que deixaria o
remédio para que o tomassem, afinal, ele não sabia se viveria muito tempo devido à
idade avançada. Ele partiu e, depois, enviou um mensageiro para comunicar-lhes o seu
falecimento. Apesar de abalados, os filhos doentes se lembraram do último desejo do
pai e finalmente ingeriram o remédio, recuperando a saúde. Feliz, o pai retornou para
casa e revelou aos filhos a verdade.
Após contar a parábola, Sakyamuni diz que, da mesma forma, ele também utiliza
meios para conduzir as pessoas ao caminho do Buda.
42
O 17º capítulo do Sutra de Lótus —
Distinção de Benefícios
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1978, PÁG. A8, 14 DE MARÇO DE 2009.
O capítulo anterior, Juryo (Revelação da Vida Eterna do Buda), revela aos ouvintes a
insondável profundidade e duração da iluminação de Sakyamuni. Neste capítulo,
denominado “Fumbetsu Kudoku” (distinção de benefícios), são descritos os diversos
benefícios que eles iriam receber por ouvi-lo. Entretanto, os benefícios que eles
obteriam diferiam. Essa é a razão do título do capítulo.
Então, Sakyamuni fala dos quatro estágios da fé: “Se alguém ouve falar da imensa
longevidade do Buda e desperta mesmo um momento da fé, obterá imensuráveis
benefícios. Seu benefício será inimaginavelmente maior do que o benefício obtido por
aquele que pratica os cinco paramitas — oferecimento de esmolas, observância aos
preceitos, perseverança, assiduidade e meditação — por muitos aeons1”. Esta parte
refere-se ao primeiro dos quatro estágios: despertar mesmo um momento para a fé.
Sakyamuni prossegue dizendo que se uma pessoa ouve sobre a grande longevidade
do Buda e compreende o que isso significa, receberá ilimitados benefícios. Ainda
mais benefícios receberão aqueles que ensinam o Sutra de Lótus aos outros. Se uma
pessoa ouve sobre a grande longevidade do Buda e a compreende profundamente,
verá o Buda pregar a Lei no Pico da Águia. Nesta parte, estão descritos os outros três
estágios: compreender, propagar e crer e entender profundamente o sutra.
A seguir, Sakyamuni fala dos cinco estágios da prática: regozijar-se ouvindo o Sutra de
Lótus; ler e recitar o sutra; propagar o sutra aos outros; ostentar o sutra e praticar os
seis paramitas2 e pregar este sutra e praticar os seis paramitas com base no sutra.
43
Sutra de Lótus são a base de tudo nos Últimos Dias da Lei. Isso acontece porque, no
Budismo Nitiren, tudo está incluído na fé, conforme definido no princípio “abraçar o
Gohonzon é em si a iluminação”. A Lei Mística é o caminho para o estado de Buda.
44
O 18º capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios da Alegre Aceitação
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1980, PÁG. A8, 28 DE MARÇO DE 2009.
O 18o capítulo do Sutra de Lótus expõe o primeiro dos cinco estágios da prática
budista, citados no capítulo anterior: Regozijar-se ouvindo o Sutra de Lótus.
“Os Benefícios da Alegre Aceitação” (Zuiki Kukoku, em japonês) junto com a última
parte do capítulo anterior, “Distinção de Benefícios”, descreve os benefícios de
alegrar-se ao ouvir o Buda revelar sua iluminação original no capítulo Juryo.
Portanto, essa alegoria nos ensina dois pontos importantes: o primeiro é a grandeza
dos benefícios de alegrar-se ouvindo o Sutra de Lótus e o segundo, os imensuráveis
benefícios de se propagar o sutra.
45
da fé dentro de uma pessoa após outra, nós obteremos também imensuráveis
benefícios.
Sob o ponto de vista do Budismo Nitiren, a alegria ao ouvir o Sutra de Lótus indica a
alegria de ouvir sobre o Nam-myoho-rengue-kyo e o Gohonzon. Portanto, na época
atual, a propagação contínua até a quinquagésima pessoa corresponde exatamente ao
movimento desenvolvido em nossa organização transmitindo de pessoa a pessoa a
convicção e o sentimento de realização obtidos por meio da prática budista.
46
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios do Mestre da Lei (1ª parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1982, PÁG. A8, 11 DE ABRIL DE 2009.
O 19o capítulo (Hosshi Kudoku, “Os Benefícios do Mestre da Lei”) começa com a
afirmação de que realizando as práticas de abraçar, ler, recitar, ensinar e transcrever o
Sutra de Lótus, a pessoa pode purificar seus órgãos sensoriais (visão, audição, olfato,
paladar, tato e mente).
Aqueles que conduzem essas práticas (abraçar, ler, recitar, ensinar, transcrever) são
chamados “mestres da Lei que conduzem os cinco tipos de prática”. No Budismo
Nitiren, a prática única de aceitar e manter o Gohonzon inclui as cinco práticas em sua
totalidade: “Quando se abraça o Sutra de Lótus e se recita o Nam-myoho-rengue-kyo,
está se observando simultaneamente todas as cinco práticas”. (END, vol. 1, pág. 214.)
47
Purificar a visão é enxergar o coração das pessoas, saber discernir a essência de tudo.
Assim como um hábil físico, nós adquirimos a capacidade de ver o que as outras
pessoas estão buscando e o que podemos fazer para ajudá-las a superar as
dificuldades. O budismo nos capacita compreender o coração de outra pessoa e a
entender por completo como ele age. Pode-se dizer que o budismo é a ciência do
espírito, o remédio do coração.
Purificar o ouvido é saber ouvir, entender o que se passa no coração das pessoas.
Dialogar é aprender a ouvir. Muitas vezes somos alertados, mas não paramos para
pensar e depois nos arrependemos ou colocamos a culpa em alguém.
Purificar o olfato. O Sutra de Lótus também usa o caractere chinês que designa “ouvir”
para indicar os verbos cheirar e detectar. Segundo o presidente da SGI, Daisaku Ikeda,
cada pessoa tem sua própria “fragrância”. Ele não se refere ao perfume ou odor
corporal, mas, sim, à “fragrância do coração”, ou a “fragrância da vida” que são únicas.
Uma pessoa que estuda, que se empenha para crescer com uma sincera diligência,
possui a “fragrância da tenacidade”. Porém, aquele que passa a vida numa ociosa
decadência manifesta de todo seu ser um aroma desagradável, tal como o de algo
estragado.
Purificar o tato. Um mestre da Lei adquire um aspecto digno para o qual as pessoas
sentem-se naturalmente atraídas. Todas as outras pessoas ao seu redor sentem-se
alegres e renovadas. Ou seja, uma pessoa assim torna-se uma presença ensolarada.
48
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios do Mestre da Lei (2a e
última parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1984, PÁG. A10, 25 DE ABRIL DE 2009.
O “mestre da Lei” é um líder do Kossen-rufu, uma pessoa que dedica a vida a lutar pela
paz e pela felicidade da humanidade. Quando nos tornamos um “mestre da Lei”,
recebemos o grande benefício da felicidade absoluta.
Mesmo que a pessoa envelheça e perca a visão, suas mãos ainda se movem. Portanto,
pode escrever cartas. Se ainda conseguem falar, podem falar ao telefone.
Independentemente das circunstâncias da vida, podemos transformar tudo em valor e
benefício. Essa grande força vital é o benefício obtido pelo “mestre da Lei”.
De acordo com Nitiren Daishonin, quando mudamos podemos “obter boa sorte de dez
milhas de distância”. (The Major Writings of Nichiren Daishonin [MW], vol. 1, pág.
272.)
49
importante lutar contra as forças maldosas e destrutivas que atuam na vida das
pessoas.
Como observa o líder da SGI, Daisaku Ikeda, “O bem não é simplesmente uma questão
de fazer caridade e viver altruísticamente; ele inclui lutar contra a maldade e a injustiça.
Ao refutar a maldade, amenizamos nosso próprio carma negativo e criamos boa sorte
e benefício. Esse é o significado de benefício (kudoku) no Budismo de Nitiren
Daishonin. A felicidade nasce da luta contra a injustiça”. (Brasil Seikyo, edição no 1.543,
12 de fevereiro de 2000, pág. A3.)
Este é um ponto importante na filosofia propagada pela SGI. Na maioria dos casos,
uma grande mudança externa inicia a partir de uma grande mudança interior. Mesmo
se tratando, por exemplo, de um problema de saúde, a disposição interior e a
determinação de superar o problema podem se mostrar fundamentais.
Nesse sentido, no Budismo Nitiren não há benefícios que venham de fora — ele se
manifesta a partir de uma mudança de postura da própria pessoa.
Embora não seja perceptível uma mudança de um dia para o outro, por meio de uma
contínua e sincera prática budista os praticantes podem transformar sua vida e
conquistar extraordinários benefícios. Portanto, o ponto fundamental é a continuidade
da prática da fé, sem jamais ser derrotado perante as adversidades do dia-a-dia.
50
O 20o capítulo do Sutra de Lótus —
Bodhisattva
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1986, PÁG. A4, 09 DE MAIO DE 2009.
Após contar a história do Bodhisattva Jamais Desprezar, Sakyamuni revela que ele era
esse bodhisattva numa existência prévia. A seguir, Sakyamuni diz que as pessoas que
caluniaram o Bodhisattva Jamais Desprezar caíram no inferno de incessantes
sofrimentos, onde ficaram em grande agonia durante mil anos. No entanto, após
terem expiado suas ofensas, essas pessoas renasceram junto a esse bodhisattva e
foram salvas por meio da prática do Sutra de Lótus. Sakyamuni revela que essas
pessoas atingiram a iluminação e estavam presentes na cerimônia do Sutra de Lótus.
Contudo, no budismo não há inferno eterno. Mesmo que uma pessoa calunie a Lei
Mística e caia em uma vida de sofrimentos, essa relação negativa e a compreensão de
sua causa a levará, no final, ao grande benefício do estado de Buda. É isso o que
aconteceu com os caluniadores do Bodhisattva Jamais Desprezar.
Em outro escrito, Daishonin declara: “Se acender uma lamparina para uma outra
pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”. (Ibidem, pág. 1.598.) Daishonin
ressalta que respeitar os outros, como exemplificado pelas ações do Bodhisattva
51
Jamais Desprezar, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que ensinar aos
outros a Lei Mística é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos
de corpo e alma para encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui
uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas,
mas o nosso também.
Por meio de seu exemplo, o Bodhisattva Jamais Desprezar nos ensina que devemos
respeitar os outros, não só quando propagamos o budismo, mas em todos os sentidos
porque esse é o correto comportamento dos seres humanos.
52
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Poderes Místicos do Buda (1a parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1988, PÁG. A8, 23 DE MAIO DE 2009.
No 21o capítulo do Sutra de Lótus (Jinriki, “Os Poderes Místicos do Buda”), finalmente
Sakyamuni transfere a Lei aos Bodhisattvas da Terra, já prenunciada no 15o capítulo,
Emergindo da Terra, no qual Sakyamuni não aceita o juramento de outros bodhisattvas
de propagar a Lei após sua morte e convoca inumeráveis Bodhisattvas da Terra
confiando-lhes essa missão. O 21o capítulo começa com a cena do juramento: “Nesse
momento, os bodhisattvas e mahasattvas que emergiram da terra, tão numerosos
quanto as partículas de pó dos mil mundos, solenemente observaram o honrado
semblante do Buda e, com as palmas juntas, disseram em reverência: ‘Lorde Buda!
Após o seu falecimento juramos propagar este sutra em todas as terras em que o
senhor aparecer’”.
No trecho seguinte, consta: “Nesse momento, o Lorde Buda demonstrou seus grandes
poderes místicos para a assembleia inteira. Os dez poderes místicos são uma
representação do Kossen-rufu e das funções da vida”.
O primeiro deles seria o Buda “estender sua longa língua para o alto até alcançar o céu
Brahma” (LS 21, 273). Na Índia antiga, as pessoas esticavam a língua num gesto para
testemunhar a verdade de suas palavras. Nesse caso, ao estender a língua, Sakyamuni
declara que o Sutra de Lótus é completamente livre de falsidade.
Daishonin diz que a língua estendida indica que a Lei Mística pode salvar todos os seres
dos Dez Mundos, e a língua longa indica a existência da Lei desde o tempo sem início
(cf. Gosho Zenshu, pág. 770).
53
Com relação ao segundo poder místico, consta no sutra: “De seus poros ele
[Sakyamuni] emitiu imensuráveis e incontáveis raios de luz que iluminaram todos os
mundos das dez direções. Os outros Budas... da mesma forma, estenderam a longa
língua e emitiram imensuráveis raios de luz”. (LS 21, 273.) Essa passagem significa que
quando manifestamos um ardente espírito de fé, toda a nossa vida irradia dignidade,
sabedoria e esperança e somos capazes de iluminar a vida dos outros.
Quanto ao quinto poder, ele diz: “Os sons produzidos por essas duas ações ecoaram
por todos os mundos do Buda das dez direções e a terra em todos eles tremeu de seis
modos diferentes”. (LS 21, 273.) Isso indica que mesmo a terra atinge o estado de
Buda. Esse é o princípio dos três mil mundos num único momento da vida; ele
simboliza o grande drama do Kossen-rufu.
Após a terra tremer de alegria, ocorre o sexto poder místico: “Os seres vivos em seu
meio... todos viram neste mundo saha centenas, milhares, dezenas de milhares,
milhões de imensuráveis e incontáveis budas sentados nos assentos do leão... e
também viram os budas Sakyamuni e Taho sentados juntos no assento do leão na
Torre de Tesouro. Além disso, eles viram imensuráveis, incontáveis, centenas, milhares,
dezenas de milhares, milhões de bodhisattvas e mahasattvas e os quatro tipos de
seguidores que respeitosamente rodeavam o Buda Sakyamuni. Quando eles vêem
essas imagens, enchem-se de alegria, o que jamais haviam conseguido antes”. (LS 21,
273.) A multidão de Budas sentados sobre “tronos do leão” esticou-se tanto quanto
seus olhos podiam ver. O termo “leão” é escrito com dois caracteres chineses; o
primeiro significa “mestre” e o segundo, “discípulo”. Isso indica que quando o mestre e
o discípulo são unos, qualquer mundo pode ser transformado na Terra da Luz
Eternamente Tranquila.
54
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Poderes Místicos do Buda (2a e última
parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1990, PÁG. A8, 06 DE JUNHO DE 2009.
O sétimo poder místico é mostrado quando os seres rejubilam-se e “o céu clama com
altas vozes”. (LS 21, 273.) O seres celestes declaram: “Há uma terra chamada saha, e
nela um buda chamado Sakyamuni. Agora, em prol dos bodhisattvas e mahasattvas,
ele está pregando um sutra do Grande Veículo chamado Lótus da Maravilhosa Lei, uma
Lei para instruir os bodhisattvas, guardada e mantida em mente pelos budas. O senhor
deve responder com alegria das profundezas de seu coração e também prestar
obediência e oferecer donativos ao Buda Sakyamuni!” (LS 21, 273–74.)
O oitavo poder místico assume seu lugar em resposta a essa voz: “Os vários seres
vivos... juntam as mãos, olham para o mundo saha e dizem estas palavras: ‘Salve o
Buda Sakyamuni! Salve o Buda Sakyamuni!’” (LS21, 274.)
O sutra diz o seguinte a respeito do nono poder místico: “E então eles [os seres vivos
dos mundos das dez direções] tomam diferentes tipos de flores, incenso, colares,
bandeiras e dosséis, e também ornamentos, joias raras e outros objetos maravilhosos
que adornavam essas pessoas, e todos juntos lançaram-nos para bem longe, na
direção do mundo saha. Os objetos assim lançados caem das dez direções como se
fossem nuvens. E então transformam-se em uma cortina preciosa que cobre por
completo o local onde os budas se encontram”. (LS21, 274.)
E sobre o décimo poder: “Nessa época, os mundos das dez direções abrem-se para que
a passagem de um para outro seja desobstruída e torne-se uma única terra do Buda”.
(Ibidem.)
55
(Jyogyo) e Práticas Ilimitadas (Muhengyo). Dirigindo-se a Práticas Superiores e a outros
na grande assembleia de bodhisattvas, Sakyamuni diz: “Descrevi neste sutra todas as
leis do Buda, todos os invencíveis poderes místicos do Buda, todos os tesouros
secretos do Buda, e todas as profundas práticas do Buda”.
Miao-lo afirma que os primeiros cinco dos dez grandes poderes místicos tinham em
vista os que viviam durante a vida de Sakyamuni, e os cinco últimos, as gerações após
o seu falecimento. Num sentido mais profundo, contudo, todos estão destinados às
gerações futuras.
Sakyamuni conclui sua pregação dizendo que, onde quer que uma pessoa pratique o
Sutra de Lótus, esse lugar é a Terra do Buda.
Quando recitamos Daimoku ao Gohonzon todas as manhãs e noites, fazemos com que
surja no microcosmo de nossa vida um drama magnífico como o que é descrito no
capítulo “Os Poderes Místicos do Buda”. E quando fazemos com que esse drama da
mudança se realize na sociedade, estamos compreendendo o verdadeiro significado
do capítulo.
Para esse fim, precisamos ter coragem. Temos de tomar a iniciativa. Quando agimos
assim, nós próprios mudamos, e a sociedade também muda.
56
O 22o capítulo do Sutra de Lótus —
Transferência
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1991, PÁG. A8, 13 DE JUNHO DE 2009.
Logo após Sakyamuni ter transmitido a Lei Mística aos Bodhisattvas da Terra no
capítulo anterior, nesta parte ele conclui a transmissão da Lei Mística confiando-a a
todos os outros inumeráveis bodhisattvas presentes na assembleia. Esse capítulo
também conclui a Cerimônia no Ar, com o local da cerimônia revertendo-se em pleno
ar para o topo do Pico da Águia.
O termo “transferência” significa confiar ou deixar algo para alguém com confiança.
Considerando do ponto de vista dos que estão recebendo essa transferência, esse é o
capítulo em que os discípulos juram assumir a responsabilidade da propagação da Lei.
Esse ponto define a relação de mestre e discípulo, pois tudo depende da seriedade
com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre.
Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre — sem
imitá-lo, mas colocando suas palavras em ação.
No Registro dos Ensinos Orais consta: “A transferência das três leves batidas simboliza
o fato de que o Buda está transferindo-lhes as três categorias da ação, que são: as
ações corporais, verbais e mentais; as três verdades; e as três visões ou meditações
possíveis por meio das três verdades”. (Gosho Zenshu, pág. 722.)
Do ponto de vista dos discípulos, eles compreendem os três tipos de sabedoria em seu
coração quando praticam o ensino do mestre em seus pensamentos, palavras e ações.
57
Em outras palavras, despertam para o infinito estado de Buda existente em sua própria
vida.
O capítulo “Transferência” vai mais além declarando que aqueles que propagam o
ensino “retribuirão os débitos de gratidão que possuem com os budas”. (LS22, 278.) O
único propósito da oração do Buda e do mestre é a concretização do Kossen-rufu. É
por essa razão que a dedicação à propagação do ensino significa retribuir
verdadeiramente o débito de gratidão com o mestre.
O Brasil Seikyo publicará a partir desta edição a seção Budismo Fácil ininterruptamente,
deixando de publicar nos meses de junho e julho as seções Tendência & Opinião e
Lições da Vida.
58
23o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Feitos Anteriores do Bodhisattva Reis
dos Remédios
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1992, PÁG. A8, 20 DE JUNHO DE 2009.
Esse capítulo, “Os Feitos Anteriores do Bodhisattva Rei dos Remédios”, conhecido
simplesmente como capítulo Yakuo, dá início à segunda Assembleia no Pico da Águia,
realizada após a Cerimônia no Ar. No início, o Bodhisattva Rei da Constelação Flor
implora a Sakyamuni que fale sobre as práticas passadas do Bodhisattva Rei dos
Remédios. Em resposta, o Buda explana que houve uma vez um bodhisattva chamado
Alegremente Recebido por Todos os Seres Vivos, que ouviu o Sutra de Lótus por
intermédio do Buda da Virtude Pura e Reluzente do Sol e da Lua. Em gratidão, ele
queimou seu corpo como forma de oferecimento ao Buda e ao Sutra de Lótus por
1.200 anos. Ele renasceu na terra do Buda da Virtude Pura e Reluzente do Sol e da Lua
e queimou seus cotovelos como mais um oferecimento por 72 mil anos.
Após falar da devoção do Bodhisattva Alegremente Recebido por Todos os Seres Vivos,
Sakyamuni revela que esse buda foi o próprio Buda Rei dos Remédios. A seguir,
Sakyamuni fala dos inimagináveis benefícios de abraçar o Sutra de Lótus e apresenta
dez comparações e doze analogias ilustrando a supremacia do Sutra de Lótus e o
benefício da fé no sutra como, por exemplo, comparando o rio ao mar e às montanhas.
Como o mar é mais profundo que os rios, o Sutra de Lótus é igualmente mais profundo
que qualquer outro sutra. Como o Monte Sumeru é a mais elevada de todas as
montanhas, o Sutra de Lótus é também o mais elevado de todos os sutras.
Terminadas as comparações, Sakyamuni fala das funções do Sutra de Lótus. Ele diz ao
Bodhisattva Rei da Constelação: “Este sutra realiza todos os desejos das pessoas”. E
continua falando dos imensos benefícios da prática do Sutra de Lótus e encoraja as
pessoas a propagarem-na.
Nesse capítulo, o Buda declara: “Você deve aceitar, abraçar, ler, recitar e meditar
sobre este sutra e ensiná-lo aos outros. A boa sorte que receberá com isso será
imensurável e ilimitada. Não pode ser queimada nem levada pela água. (...) Agora você
conseguiu destruir todos os demônios e ladrões, aniquilar o exército de nascimento e
59
morte e todos os outros que sentem inimizade ou maldade por você foram igualmente
destruídos.
“Bom homem, centenas e milhares de budas empregarão seus poderes místicos para
defendê-lo e protegê-lo. Dentre os seres humanos e celestiais de todos os mundos,
não haverá ninguém como você”. (LS23, págs. 287–288.)
Perto do final, o Buda enfatiza novamente a propagação do sutra no futuro. Essa parte
inclui a passagem: “No quinto período de quinhentos anos após minha morte, realizem
o Kossen-rufu mundial e jamais permitam que seu fluxo cesse. Não permitam que a
maldade e as pessoas do mal, dragões, yakshas, kumbhandas ou qualquer tipo levem
vantagem”.
60
Décimo quarto capítulo do Sutra de
Lótus — “Práticas Pacíficas”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1972, PÁG. A8, 24 DE JANEIRO DE 2009.
Este capítulo recebeu este nome porque nele o Buda Sakyamuni explica a natureza da
prática pacífica numa época maléfica. O capítulo, o último dos ensinos teóricos,
descreve os quatro meios pacíficos de prática, em resposta à pergunta do Bodhisattva
Manjushri referente à maneira como os bodhisattvas deveriam praticar numa época
maligna. Os quatro meios pacíficos da prática relacionam-se com as ações, palavras,
pensamentos e juramento. O capítulo “Práticas Pacíficas” também contém a parábola
da pedra preciosa escondida no topete.
Ação pacífica significa acalmar o corpo e evitar influências malignas e praticar num
local de paz e tranquilidade.
Pensamentos pacíficos é manter, ler e expor o Sutra de Lótus sem inveja, arrogância
ou atitude afetada e evitar disputas doutrinais.
Neste capítulo, o Buda afirma: “Aquele que lê este sutra estará em qualquer ocasião
livre de preocupações e ansiedades; e igualmente livre de doença e dor, e sua
expressão será vigorosa e radiante. Ele caminhará destemidamente como o rei leão. O
brilho de sua sabedoria será como a luz do Sol...” (LS14, 209-210).
61
O que devemos fazer para realizar a prática pacífica na era atual e experimentar a paz
e felicidade nesta existência? No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin
explica: “A entidade dessas práticas pacíficas é este (ensino do) Nam-myoho-rengue-
kyo transmitido pelo Bodhisattva Práticas Superiores”. (Gosho Zenshu, pág. 798.) Em
outras palavras, o componente principal da prática pacífica é abraçar o ensino do Nam-
myoho-rengue-kyo.
Contudo, praticar pacificamente não significa viver uma vida calma e tranquila, sem
problemas. É transformar todas as circunstâncias negativas em causas para a “paz” e
“felicidade” por meio da prática da suprema Lei do Nam-myoho-rengue-kyo. É viver de
forma correta e digna, com o espírito de jamais ser derrotado e de não poupar a
própria vida em prol da Lei Mística.
Após falar sobre os quatro modos de prática pacífica, Sakyamuni expõe a parábola da
pedra preciosa escondida no topete. A parábola é sobre um rei girador da roda que
recompensa os que lutaram bravamente dando-lhes vários tesouros. Porém, há um
objeto do qual ele não se desfaz, uma pedra preciosa que mantém escondida em seu
topete. Finalmente, ele tira essa jóia e a concede ao soldado que havia lutado com
insuperável coragem na batalha. Essa jóia representa o Sutra de Lótus, que é o mais
precioso tesouro que o Buda concede. Com esta parábola, Sakyamuni compara a pedra
nos cabelos ao Sutra de Lótus, e os demais tesouros aos sutra anteriores ao de Lótus.
Sakyamuni diz: “Este Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os sutras”.
Assim como o sábio rei girador da roda nunca havia concedido a brilhante jóia a
ninguém, Sakyamuni jamais havia exposto antes o verdadeiro ensino (Sutra de Lótus).
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25o capítulo do Sutra de Lótus —
Portal Universal do Bodhisattva
Percebedor dos Sons do Mundo
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1994, PÁG. A8, 04 DE JULHO DE 2009.
Esse capítulo conta a história do Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo. No início,
o Bodhisattva Mente Inexaurível pede a Sakyamuni que explane por que o Bodhisattva
Percebedor dos Sons do Mundo tem esse nome. Sakyamuni responde que é porque
ele percebe e salva todos aqueles que estão aflitos, não importando onde estejam, e
que sinceramente invocam seu nome. O Buda ainda menciona sete desastres dos quais
a pessoa pode ser salva por meio do poder do Bodhisattva Percebedor dos Sons do
Mundo, como incêndios, inundações, espadas e bastões, prisão e ataque de bandidos.
Esse bodhisattva também livra as pessoas dos três venenos da avareza, ira e estupidez
e concede orações às crianças. Ele pode assumir qualquer forma para pregar o ensino
do Buda.
Sobre o significado de seu nome, Nitiren Daishonin diz que “Percebedor” significa
percepção perfeita, “mundo”, refere-se a maravilhoso, e “sons” à capacidade de
atingir o estado de Buda. “Mundo” diz respeito aos seres dos dez mundos. Numa
passagem desse capítulo, consta: “Ele olha para os seres vivos com benevolência”.
Olhar as pessoas com benevolência não significa olhá-las com pena, mas com a
consciência de que “esta pessoa é realmente um buda, mas está sofrendo porque não
percebe isso”.
Elas tendem a achar erroneamente que serão protegidas apenas por serem budistas,
tornando-se acomodadas e negligentes. Mas as funções protetoras do Universo
63
apenas são evidenciadas por uma corajosa e inabalável fé. É a fé, a recitação de
Daimoku e a ação pelo Kossen-rufu que ativam essa poderosa força.
O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, dizia que é uma falta de
responsabilidade simplesmente desejar o benefício sem se devotar ao Gohonzon.
Aqueles que oram com toda sinceridade e se empenham em prol do Kossen-rufu
constroem em sua vida uma fortaleza de segurança e tranquilidade.
Por meio da corajosa e sincera fé podemos evidenciar este poder em nossa vida e
reconhecer os “sons” do sofrimento de uma pessoa, não importando quem seja e agir
de forma a extrair os seus sofrimentos e substituí-los por felicidade.
De fato, a seriedade com que oramos e a nossa incansável e sincera dedicação pela
felicidade das pessoas ultrapassando nossas próprias limitações é o que nos faz tocá-
las profundamente. É a própria virtude do Percebedor dos Sons do Mundo.
64
26o capítulo do Sutra de Lótus —
Dharani
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1995, PÁG. A8, 11 DE JULHO DE 2009.
Nesse capítulo, cinco grupos prometem proteger os praticantes do Sutra de Lótus: dois
sábios (os Bodhisattvas Rei dos Remédios e Corajoso Doador), duas divindades
(Vaishravana e Protetor da Nação), as dez filhas-demônio (Jurasetsunyo), a mãe das
filhas-demônio (Kishimojin) e uma horda de demônios.
A mãe das filhas-demônio e suas filhas afirmam: “Se houver aqueles que não prestem
atenção aos nossos encantamentos / E causem problemas e dividem os pregadores da
65
Lei, / Sua cabeça será partida em sete pedaços / Assim como os ramos da árvore arjaka.
/ Seu crime será como o daquele que mata o pai e a mãe”. (LS26, 310.)
Os cinco grupos são representantes dos deuses budistas e dos bodhisattvas de todo o
Universo que fazem o mesmo juramento. Poderiam ser descritos como a “aliança
protetora” para os devotos do Sutra de Lótus.
Por que sua proteção é necessária? Porque o Kossen-rufu é uma grandiosa batalha
entre o Buda e todos os tipos de forças negativas. Mas consta no capítulo “Dharani”
que os praticantes desse sutra serão protegidos dessa força do mal com a força do
bem. Daishonin diz: “Vocês buscam aliados entre os seres humanos. Mas eu, Nitiren,
faço dos deuses do Sol e da Lua, Shakra e Brahma, meus aliados”. (WND, pág. 1.057.)
De fato, ele diz: “Vocês tornam as pessoas suas aliadas. Eu farei dos céus meus
aliados”.
66
27o capítulo do Sutra de Lótus — Os
feitos anteriores do Rei Adorno
Maravilhoso
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1996, PÁG. A8, 18 DE JULHO DE 2009.
Este capítulo descreve como o Rei Adorno Maravilhoso é direcionado para a Lei graças
aos esforços de sua esposa e de seus dois filhos. O Buda conta que no remoto passado
havia um buda chamado Flor da Sabedoria da Constelação da Nuvem do Som do
Trovão, que expôs o Sutra de Lótus. Os dois filhos do Rei Adorno Maravilhoso, Puro
Conhecimento e Puro Olhar, pediram a sua mãe, a Dama Pura Virtude, que fosse com
eles ouvir o Buda. Ela respondeu que deveriam, primeiro, convencer o pai, um devoto
praticante do bramanismo, e sugeriu que efetuassem mágicas para mostrar-lhe o
poder do budismo. Eles, então, exibiram poderes místicos diante do rei, despertando
nele o desejo de ouvir o ensino do Buda.
O Buda disse: “Um bom amigo ensina a pessoa e cria dentro do coração dela o espírito
de procura à iluminação”.
Após contar essa história, Sakyamuni identifica o Rei Adorno Maravilhoso como o
Bodhisattva Virtude da Flor, que se encontra presente na assembleia no Pico da Águia.
Ele identifica a Dama Pura Virtude como um nobre bodhisattva, e Puro Conhecimento
e Puro Olhar como os Bodhisattvas Yakuo e Yakujo.
No Hokke Mongu, o mestre Tient’ai relata a seguinte história sobre a relação entre o
Rei Adorno Maravilhoso e sua esposa e filhos. No remoto passado, havia quatro
praticantes religiosos que realizavam austeridades em busca do Caminho. Contudo,
eles se acharam impedidos pelas tarefas diárias de cozinhar e limpar. Um deles, para
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auxiliar a prática dos outros três, abandonou suas austeridades e assumiu todos os
encargos domésticos sozinho. Os outros três continuaram sua prática e alcançaram o
caminho para o estado de Buda, mas ele não. Porém, como recompensa cármica por
sustentar a prática dos demais, renasceu como o Rei Adorno Maravilhoso e os outros
três, para retribuir o que deviam a ele, renasceram como seus filhos e esposa para
levá-lo ao Caminho budista.
Os pais podem observar o crescimento de seus filhos e a esposa pode dizer quando
seu marido mudou para melhor. É essa revolução humana que significa os “poderes
místicos”. Não significam simplesmente poderes sobre-humanos. Eles se referem à
revolução humana. Também poderíamos dizer que o conceito de poderes místicos
ensina o princípio da fé para “tornar o impossível possível”.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, observa: “Superar uma a uma as pequenas ondas
de conflito que surgem no lar e estabelecer uma família harmoniosa é o caminho para
assegurar a transformação da sociedade. A reforma social que significa o Kossen-rufu
somente pode ser construída sobre o sólido alicerce assentado pela transformação
coletiva de cada família”. (Brasil Seikyo, edição no 1.567, 12 de agosto de 2000, pág. 3.)
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28o capítulo — Encorajamento ao
Bodhisattva Mérito Universal
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1997, PÁG. A8, 25 DE JULHO DE 2009.
Após ouvir o Buda, o Bodhisattva Mérito Universal jura proteger o Sutra de Lótus e
todos aqueles que o abraçam e propagam nos maléficos Últimos Dias da Lei, deixando
Sakyamuni extremamente feliz. Mais uma vez o Buda declara brevemente os grandes
benefícios do sutra e diz: “Se o senhor vir alguém que abrace este sutra, deverá se
levantar e cumprimentá-la de longe, respeitando-o como se fosse um Buda”.
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Daishonin diz ainda: “No nome Mérito Universal, ‘universal’ refere-se ao princípio do
verdadeiro aspecto de todos os fenômenos, a verdade essencial e imutável
incorporada no ensino teórico [do Sutra de Lótus]. E ‘mérito’ expressa a ideia de
sabedoria, a sabedoria que atua de acordo com as circunstâncias mutáveis,
incorporada ao ensino essencial”. (Ibidem.)
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica que a “sabedoria que atua de acordo com
as circunstâncias mutáveis” significa criação de valor. “Sem fundamentos, tudo se
torna arbitrário e desmorona. Porém, simplesmente brandir regras significa
dogmatismo. A fé é o que une as duas.
“Por fé, quero dizer aquela instilada pelo senso de responsabilidade para assegurar
que todas as pessoas se tornem felizes sem falta. Ter esse espírito é o mesmo que
incorporar o espírito do ‘Bodhisattva Mérito Universal’, e possuir ‘poderes místicos’.
Essa é a força motriz que move o Kossen-rufu”. (Brasil Seikyo, edição no 1.570, 2 de
setembro de 2000, pág. A3.)
Nesse capítulo também consta: “Se deseja arrepender-se de seus maus atos, sente-se
ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida. Então, todas as suas ofensas se
desvanecerão como gotas de orvalho sob a luz do sol da sabedoria iluminada”. “Sente-
se ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida” significa recitar Daimoku ao
Gohonzon. Uma vez que os atos impróprios originaram-se fundamentalmente da
ignorância sobre a Lei Mística, recitar Daimoku acreditando no Gohonzon provocará a
purificação da vida e erradicará as calúnias do passado.
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