Sutra de Lótus Budismo Fácil

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SUTRA DE LÓTUS

BUDISMO FÁCIL
ÍNDICE
O Sutra de Lótus ........................................................................................................... 03
O 1º Capítulo do Sutra de Lótus (parte 1) ..................................................................... 05
O 1º capítulo do Sutra de Lótus (parte 2) ..................................................................... 08
Hoben — segundo capítulo .......................................................................................... 10
Terceiro capítulo do Sutra de Lótus — Parábolas ......................................................... 13
Quarto capítulo do Sutra de Lótus — Shingue .............................................................. 15
Quinto capítulo do Sutra de Lótus — Parábola das Ervas Medicinais .......................... 17
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki (parte 1) ........................................................ 19
Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki (parte 2) ........................................................ 21
O sétimo capítulo do Sutra de Lótus — Kejoyu ............................................................ 23
Oitavo capítulo do Sutra de Lótus — Profecia da iluminação de Quinhentos
Discípulos ...................................................................................................................... 25
O nono capítulo do Sutra de Lótus — Ninki .................................................................. 27
Hosshi — o décimo capítulo do Sutra de Lótus ........................................................... 29
O décimo primeiro capítulo do Sutra de Lótus — “Torre do Tesouro” ........................ 31
O décimo segundo capítulo do Sutra de Lótus — “Devadatta” ................................... 33
O décimo terceiro capítulo do Sutra de Lótus — devoção encorajadora (Kanji) .......... 35
Décimo quarto capítulo do Sutra de Lótus — “Práticas Pacíficas” ............................... 37
Décimo quinto capítulo do Sutra de Lótus — “Emergindo da Terra” ........................... 39
Décimo sexto capítulo do Sutra de Lótus — “Revelação da Vida Eterna do Buda” ...... 41
O 17º capítulo do Sutra de Lótus — Distinção de Benefícios ....................................... 43
O 18º capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios da Alegre Aceitação ...................... 45
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios do Mestre da Lei (parte 1) ............ 47
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os Benefícios do Mestre da Lei (parte 2) ............ 49
O 20o capítulo do Sutra de Lótus — Bodhisattva ......................................................... 51
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os Poderes Místicos do Buda (parte 1) ............... 53
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os Poderes Místicos do Buda (parte 2) ............... 55
O 22o capítulo do Sutra de Lótus — Transferência ...................................................... 57
23o capítulo do Sutra de Lótus — Os Feitos Anteriores do Bodhisattva Reis dos
Remédios ...................................................................................................................... 59
Décimo quarto capítulo do Sutra de Lótus — “Práticas Pacíficas” ............................... 61
25o capítulo do Sutra de Lótus — Portal Universal do Bodhisattva Percebedor dos Sons
do Mundo ..................................................................................................................... 63
26o capítulo do Sutra de Lótus — Dharani ................................................................... 65
27o capítulo do Sutra de Lótus — Os feitos anteriores do Rei Adorno Maravilhoso ... 67
28o capítulo — Encorajamento ao Bodhisattva Mérito Universal ............................... 69

2
O Sutra de Lótus
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1924, PÁG. A8, 19 DE JANEIRO DE 2008.

Sutra de Lótus (Saddharma-pundarika sutra em sânscrito) foi pregado pelo Buda


Sakyamuni nos últimos oito anos de vida dele. Após a morte de Sakyamuni, seus
discípulos reuniram-se para compilar seus ensinos, exposto no período de 45 a 50 anos,
de maneira que pudessem ser transmitidos às gerações futuras.

Segundo a tradição budista, o Primeiro Conselho da Ordem Budista foi realizado na


Gruta das Sete Folhas, perto de Rajagriha, capital do Estado de Magadha, na Índia
Oriental, três meses após a morte do Buda. Dela participaram 500 monges presididos
por Mahakashyapa que perguntou a Ananda sobre as doutrinas e a Upali sobre as
regras das disciplinas. Ananda foi escolhido porque havia acompanhado o Buda por um
longo período e, como seu auxiliar pessoal, havia captado seus ensinos mais do que
qualquer outro discípulo; Upali, por ser considerado o “mais notável” a respeito das
disciplinas e por dominar a fundo as regras e os regulamentos. Quando interrogado
por Mahakashyapa sobre o local e o que Sakyamuni havia pregado, Ananda costumava
dizer “Assim eu ouvi. O Buda estava certa vez em...”, razão pela qual tradicionalmente
todos os sutras iniciam com a frase “Assim eu ouvi”.

Os membros que participaram dessa assembléia confirmaram a retidão das recitações


de Ananda e Upali referentes às palavras do Buda e em seguida todos recitaram de
novo e em uníssono estabelecendo dessa forma a versão definitiva. Entretanto, essa
versão não foi escrita, pois naquela época os ensinos religiosos eram apenas
memorizados e transmitidos oralmente.

Após a primeira assembléia, obedecendo a vontade de Sakyamuni, a Ordem acatou as


doutrinas e os regulamentos compilados nessa ocasião, tomando-os como seu mestre
e neles basearam suas atividades.

Durante um século após a assembléia, as regras disciplinares que os monges deveriam


seguir foram compiladas e preservadas em textos conhecidos como vinaya, enquanto
as doutrinas e os ensinamentos foram compilados em diversos textos, conhecidos
como sutras.

O Segundo Conselho foi realizado cem anos depois; e duzentos anos depois, o rei
Asoka promoveu o Terceiro Conselho da Ordem Budista. Quatrocentos anos após a
morte do Buda, o Quarto Conselho foi realizado com o apoio do rei Kanishka.

Com o passar do tempo, o sutra foi traduzido e levado da Índia à China. Deste país, foi
transmitido para o Japão, particularmente na sua oitava tradução, realizada por
Kumarajiva e intitulada Miao-fa lien-hua ching ou Myoho-rengue-kyo.

3
O termo sânscrito do título, saddharma, é traduzido freqüentemente como “boa lei”,
mas essa tradução não expressa totalmente seu significado. O termo sat, ou sad,
provém da raiz sânscrita que significa “existir” e significa algo como “verdadeiro”,
“real”, “genuíno” ou “autêntico”. O termo dharma pode ser traduzido como “doutrina”
ou “ensino”, mas também pode ser interpretado como “verdade” ou até mesmo como
“essência real dos fenômenos”. Juntando-se os dois termos, saddharma, o resultado
seria algo como “verdade absoluta”.

Pundarika significa “lótus branco”. Dessa forma, o título desse sutra seria “Lótus
Branco da Verdade Absoluta”. Esse título remete à idéia de que, embora o lótus cresça
no pântano, as pétalas de suas flores são puras e imaculadas. Essa flor é um símbolo
de pureza em meio à impureza, ou da iluminação em meio às questões seculares.

Já “sutra” é um termo que designa antigos tratados da Índia. A tradução de Kumarajiva


divide o Sutra de Lótus em 28 capítulos, os quais consistem de uma combinação de um
texto em prosa e um texto em versos. Os versos eram utilizados antigamente para
facilitar a memorização dos ensinos pelos seus seguidores. É provável que a parte em
prosa tenha sido acrescida posteriormente para tornar o texto uma narrativa contínua,
originando sua forma final.

O erudito chinês Tient’ai (537–597), um dos grandes estudiosos do budismo, fundador


da escola Tendai e organizador do cânone budista, foi um dos maiores propagadores
do Sutra de Lótus na China.

Em 804, o monge Saityo, também conhecido como Grande Mestre Dengyo, levou o
budismo da escola Tendai para o Japão. Dengyo acreditava que todas as pessoas
possuíam a natureza de Buda e que o Sutra de Lótus era o verdadeiro ensino que
expunha a iluminação.

Mas foi Nitiren Daishonin (1222–1282), fundador do Budismo Nitiren, quem revelou a
verdade intrínseca ao Sutra de Lótus, especificamente em seus capítulos “Meios”
(Hoben) e “Revelação da Vida Eterna do Buda” (Juryo) e manifestou-a pela invocação
de seu título em japonês, estabelecendo assim a prática da recitação do Nam-myoho-
rengue-kyo.

Daishonin, que constantemente utilizava passagens do Sutra de Lótus ao expor seus


ensinos aos seguidores e para escrever suas cartas, conhecidas como Gosho, baseava-
se nos comentários sobre o Sutra de Lótus feitos por Tient’ai. Em várias de suas
passagens, ele cita frases e parábolas do Sutra de Lótus, muitas vezes num linguajar
simplificado tornando, assim, mais acessível à compreensão dos ensinos contidos
nesse sutra.

Fontes: • Terceira Civilização, edição no 407, julho de 2002, pág. 3. • Fundamentos do


Budismo, págs. 120 e 121.

4
O 1º Capítulo do Sutra de Lótus
Introdução — Parte 1

BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1926, PÁG. A8, 09 DE FEVEREIRO DE 2008.

O 1o capítulo (“Introdução”) é dividido em três partes principais de acordo com seu


conteúdo.

A primeira parte é a frase de abertura “Assim eu ouvi”, após a qual é apresentada a


congregação de todos os tipos de seres sensíveis reunidos no Pico da Águia. Essa fase
aparece no início de quase todos os sutras.

A segunda parte começa quando o Buda entra no “samadhi do lugar dos imensuráveis
significados” (The Lótus Sutra [LS], pág. 5), e manifesta uma variedade de fenômenos
extraordinários.

A terceira parte dá-se em seguida, quando o Buda emite um raio de luz do tufo de
cabelos brancos entre suas sobrancelhas, iluminando dezoito mil mundos a leste.

Com relação à “Assim eu ouvi”, em Palavras e Frases do Sutra de Lótus, consta: “‘Assim
eu ouvi...’ são palavras que indicam fé e concordância. Fé significa compreensão do
que foi ouvido. E compreensão significa que [a pessoa procede como alguém que]
segue o caminho de mestre e discípulo”. (Vol. 1.)1

Em seguida, o cenário e os personagens são apresentados:

“Certa vez, o Buda estava em Rajagriha, no Monte Gridhrakuta (Pico da Águia). Junto
com ele havia uma multidão de importantes monges cujo número chegava a doze mil...

“Seus nomes eram Ajnata Kaundinya, Mahakashyapa,... Ananda e Rahula. Todos eram
como esses, grandes arhats muito conhecidos pelos outros.

“Havia também duas mil pessoas, algumas das quais estavam ainda aprendendo e
outras que já haviam concluído seu aprendizado.

“Havia a monja Mahaprajapati com seus seis mil seguidores.

“E a mãe de Rahula, a monja Yashodara, com seus seguidores.

“Havia bodhisattvas e mahasattvas, oitenta mil deles...

5
“... E o Rei Ajatashatru, filho de Vaidehi, com várias centenas de milhares de
seguidores...

“Cada um deles, após fazer uma reverência aos pés do Buda, retirou-se e tomou seu
assento. (LS3, 5).2

O sutra passa então a apresentar os participantes da assembléia na seguinte ordem:

(1) Doze mil monges que haviam atingido o estado de arhat, o mais alto estágio dos
ouvintes (pessoas de Erudição). São dados os nomes de vinte e um arhat como
representantes deste grupo, dentre os quais conhecidos discípulos como Ajnata
Kaundinya, Mahakashyapa e Shariputra (Sharihotsu, em japonês).

Além do mais, outros dois mil ouvintes — que “ainda estavam aprendendo” ou que
“haviam concluído seu aprendizado” — também estavam presentes. Aqueles que
“ainda estavam aprendendo” são os discípulos que ainda estavam praticando os três
tipos de aprendizado necessários para atingir o estado de arhat, os quais são os
preceitos, a meditação e a sabedoria.

Aqueles que “haviam concluído seu aprendizado” são os discípulos que já haviam
atingido o estado de arhat e não tinham mais nada a aprender.

(2) A monja Mahaprajapati, tia e mãe adotiva de Sakyamuni; a monja Yashodhara,


esposa de Sakyamuni antes de ele renunciar à vida secular; e vários milhares de seus
respectivos seguidores.

(3) Oitenta mil bodhisattvas. São apresentados 18 nomes como representantes deste
grupo, dentre os quais o Bodhisattva Manjushri e o Bodhisattva Percebedor dos Sons
do Mundo.

Após a apresentação desses ouvintes e bodhisattvas, ficamos conhecendo uma


variedade de outros seres sensíveis do mundo saha que chegam para participarem da
assembléia:

(4) Os reis e filhos de deuses de vários mundos celestes, tais como Shakra Devanam
Indra (Taishaku), os Quatro Grandes Reis Celestes e o Rei Brahma (Bonten). Seus
seguidores totalizavam algo em torno de setenta ou 80 mil, ou bem mais de 100 mil,
dependendo da maneira como se calcula seu número.

(5) Oito reis dragões e seus seguidores.

(6) Quatro reis kimnara e seus seguidores.

(7) Quatro reis gandharva e seus seguidores.

(8) Quatro reis asura e seus seguidores.

(9) Quatro reis garuda e seus seguidores.

6
(10) O Rei Ajatashatru e seus seguidores. 3

Este vasto número de seres — que totalizava pelo menos várias centenas de milhares
ou até mesmo vários milhões reunidos para a pregação do Sutra de Lótus, podem ser
interpretados simbolizando as diferentes funções e atividades inerentes à própria vida.
A assembléia do capítulo “Introdução” é uma manifestação de todos os seres dos Nove
Mundos (estados de Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição,
Absorção, Bodhisattva) que se encontram na própria vida do Buda.

Cada um fez reverência aos pés do Buda, postaram-se ao lado, e sentaram-se.

Notas: • Terceira Civilização, edição no 462, fevereiro de 2007, pág. 20. • Brasil Seikyo,
edição no 1.332, 19 de agosto de 1995, pág. 4. • Ibidem.

7
O 1º capítulo do Sutra de Lótus
Introdução — Parte 2

BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1928, PÁG. A8, 23 DE FEVEREIRO DE 2008.

O Honrado pelo Mundo, circundado pela Assembléia de Quatro Tipos de Crentes,


recebeu oferecimentos, foi honrado, venerado, e elogiado; e então iniciou a pregação
do sutra Muryogui (Infinitos Significados), na qual ele afirma: “Nestes mais de
quarenta anos, não revelei a verdade”1 e “os infinitos significados derivam de uma
única Lei”2. Isso confirma que Sakyamuni expôs somente ensinos provisórios nos
primeiros quarenta anos de pregação, e que o seu ensino máximo é ensinado no Sutra
de Lótus.

Nesse sutra, Sakyamuni explica a realidade máxima da vida por meio das trinta e
quatro negativas: “Seu corpo não existe nem não existe, / Não foi causado nem
condicionado, nem sou eu nem o outro, / Não é quadrado nem redondo, não é curto
nem longo, / Não aparece nem desaparece, não nasceu nem foi extinto, / Não foi
criado nem surgiu, não foi produzido nem feito, / Não está sentado nem deitado, não
está andando nem está parado, / Não se move nem gira, não é ocioso nem imóvel, /
Não avança nem recua, não está em segurança nem em perigo, / Não é certo nem
errado, não ganham nem perde, / Não é aquele nem este, não parte nem vem, / Não é
azul nem amarelo, não é vermelho nem branco, / Não é escarlate nem púrpura nem
qualquer outro tipo de cor”.3

O Sutra de Lótus ensina que todos os seres humanos podem atingir o estado de Buda.
Qual é, então, a verdadeira entidade de um “buda”? O que significa atingir o estado de
Buda? O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, contemplou profundamente
essas questões e procurou resolvê-las. No início de 1944, Toda decidiu recitar dez mil
Daimoku por dia para compreender totalmente o Sutra de Lótus. Ele já havia lido esse
sutra por três vezes desde o início do ano e em março começara a leitura pela quarta
vez. Toda não compreendia o significado das trinta e quatro negativas. Foi então que
no fim do ano, a palavra “vida” repentinamente surgiu em sua mente. “O Buda é a
própria vida! É uma expressão da vida! O Buda não existe fora de nós, ele se encontra
em nossa vida. Não, ele também existe fora de nossa vida. É uma entidade da vida
cósmica!”4

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “A vida tem também uma enorme
diversidade. Ela é rica e cheia de energia. Ao mesmo tempo, opera de acordo com
certas leis e tem um ritmo definido. A doutrina que diz que um único momento da vida
possui três mil mundos (itinen sanzen) descreve esta harmonia na diversidade, e
aquele que compreendeu a essência desse princípio é um Buda”.5

8
Quando o Buda terminou a pregação, sentou-se na posição de Lótus e entrou no
“samadhi do lugar dos imensuráveis significados”. O nome da meditação (samadhi)
implica que o Sutra de Lótus que o Buda está para ensinar é o ensino máximo no qual
se baseiam ou originam-se todos os outros ensinos.

Nessa ocasião, quatro tipos de extraordinárias flores chovem do céu e a estremece de


seis maneiras diferentes sobre o Buda e a assembléia. Os seres ficam cheios de alegria
por terem presenciado essa experiência sem precedentes; regozijam-se e com um
espírito só fitam o Buda.

Em seguida, o Buda emite um raio de luz do tufo de cabelos brancos entre suas
sobrancelhas, iluminando dezoito mil mundos a leste. Todos os seres dos seis
caminhos bem como os budas e seus discípulos, em todos esses mundos, são
claramente visíveis.

As pessoas presentes à assembléia ficam atônitas com esse fabuloso presságio e, em


nome de todas elas, o Bodhisattva Maitreya pergunta ao Bodhisattva Majushri, que já
havia praticado servindo a inumeráveis budas, sobre o seu significado. Majushri
responde que, no passado, viu outros budas lançarem um raio de luz dessa forma e,
depois disso, eles sempre expuseram um ensino superior. E diz: “Creio que o Buda, o
Universalmente Honrado, deseja agora expor a grande Lei, fazer cair a chuva da grande
Lei, rebentar a concha da grande Lei, elucidar o significado da grande Lei... Ele deseja
fazer com que todos os seres humanos ouçam e aprendam a Lei, que é difícil de ser
acreditada por todos no mundo. Por isso ele manifestou esse auspicioso presságio (de
emitir um raio de luz do tufo de cabelos brancos entre suas sobrancelhas)”.6

Majushri fala então de experiências de vidas passadas. Ele descreve como no passado
um Buda chamado Brilho do Sol e da Lua manifestou o mesmo tipo de fenômenos
maravilhosos quando pregou o Sutra de Lótus. Com ele elemento principal, diz
Majushri, Sakyamuni também está prestes a pregar o Sutra de Lótus.

O Buda só desperta no segundo capítulo para, enfim, começar a expor o Sutra de Lótus.

Notas: 1. Nova Revolução Humana, vol. 4, pág. 160. 2. A Sabedoria do Sutra de Lótus,
vol. 1, pág. 77. 3. Brasil Seikyo, edição no 1.331, 27 de maio de 1995, pág. 33. 4. A
Sabedoria do Sutra de Lótus, vol. 1, pág. 35. 5. Ibidem. 6. Ibidem, pág. 80.

9
Hoben — segundo capítulo
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1930, PÁG. A8, 08 DE MARÇO DE 2008.

No segundo capítulo do Sutra de Lótus (Hoben ou Meios), Sakyamuni levanta-se


serenamente de sua meditação e começa a expor espontaneamente o Sutra de Lótus.
Essa forma de pregar, em que o Buda expõe a Lei por iniciativa própria sem nenhuma
indagação, é chamada de “pregação espontânea”. Ao contrário dos sutras anteriores
que foram pregados de acordo com a capacidade das pessoas, o Sutra de Lótus é
exposto “de acordo com o próprio desejo do Buda”. Nesse sutra, Sakyamuni revela a
verdade diretamente, de acordo com a própria iluminação.

O mesmo ocorreu com o Buda Nitiren Daishonin, que expôs o ensino do Nam-myoho-
rengue-kyo sem que ninguém tivesse pedido a ele. Em temos de prática budista, essa
atitude indica o espírito espontâneo de enaltecer a Lei Mística com profundo
reconhecimento de sua grandiosidade, sem levar em conta o que os outros disserem.
A prática do Gongyo é uma manifestação desse espírito.

Sakyamuni inicia dizendo: “A sabedoria dos budas é infinitamente profunda e


imensurável. O portal dessa sabedoria é difícil de compreender e de transpor. Nenhum
dos homens de erudição ou de absorção é capaz de compreendê-la”.

A sabedoria do Buda é “profunda e imensurável” porque ela atinge a verdade


fundamental da vida. Sakyamuni não está louvando a sabedoria dos budas para
afirmar que somente o Buda é grandioso, mas, sim, que todos podem fazer com que a
sabedoria do Buda brilhe na própria vida e sejam felizes.

Nitiren Daishonin afirma que a “sabedoria significa Nam-myoho-rengue-kyo” (Gosho


Zenshu, pág. 725.) Sendo assim, o Nam-myoho-rengue-kyo contém a sabedoria
infinitamente profunda e imensurável dos budas em sua totalidade. E o portal para
chegar à sabedoria do Nam-myoho-rengue-kyo é a fé.

Em seguida, Sakyamuni diz: “Qual é a razão disso? Um buda é aquele que serviu a
centenas, a milhares, a dezenas de milhares, a incontáveis budas e executou um
número incalculável de práticas religiosas. Ele se empenha corajosa e
ininterruptamente e seu nome é universalmente conhecido. Um buda é aquele que
compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada, pregando-a de acordo com a
capacidade das pessoas, ainda que seja difícil compreender sua intenção.

“Sharihotsu, desde que atingi a iluminação exponho meus ensinos utilizando várias
histórias sobre relações causais, parábolas e inúmeros meios para conduzir e fazer com
que renunciem aos seus apegos a desejos mundanos.

10
“Qual a razão disso? A razão está no fato de o Buda ser plenamente dotado dos meios
e do paramita da sabedoria.

“Sharihotsu, a sabedoria do Buda é ampla e profunda. Ele é dotado de imensurável


benevolência, ilimitada eloqüência, poder, coragem, concentração, liberdade e
samadhi (meditação), [ele] aprofundou-se no reino do insondável e despertou para a
Lei nunca antes revelada.

“Sharihotsu, o Buda é aquele que sabe como discernir e expor os ensinos habilmente.
Suas palavras são ternas e gentis e podem alegrar o coração das pessoas. Sharihotsu,
em síntese: o Buda compreendeu perfeitamente a Lei ilimitada, infinita e nunca antes
revelada”.

Então, Sakyamuni se recusa a continuar pregando porque a Lei que o Buda revelou é a
mais rara e mais difícil de compreender.

Ele afirma: “A essência real de todos os fenômenos somente pode ser compreendida e
partilhada entre os budas. Essa realidade consiste de aparência, natureza, entidade,
poder, influência, causa interna, relação, efeito latente, efeito manifesto e consistência
do início ao fim”.

Sharihotsu, em nome da assembléia, suplica-lhe três vezes para que explique o


significado de suas palavras até que o Buda concorda e diz: “Ouçam atentamente
sobre o segredo do Buda e seus poderes místicos”.

Os cinco mil monges, monjas, monges, leigos e leigas presentes fizeram uma
reverência ao Buda e retiraram-se. As raízes de suas ofensas eram profundas, graves.
Devido à sua arrogância, eles eram incapazes de entender o ensino que o Buda iria
pregar.

O Buda diz a Sharihotsu: “Uma Lei maravilhosa como esta é pregada somente
ocasionalmente pelos budas, os tathagatas, assim como a flor de udumbara aparece
somente uma vez num grande período de tempo”.

Sakyamuni esclarece que os budas aparecem no mundo manchado pelas cinco


impurezas (do kalpa [tempo], da aflição, dos seres viventes, da visão, e da vida) para
despertar e conduzir as pessoas para a Lei Mística. Nesse mundo, os seres viventes são
miseráveis, ambiciosos, invejosos e ciumentos.

“Sharihotsu, todos vocês deveriam, com pensamento único, entender, compreender,


aceitar e manter as palavras do Buda, porque nas palavras de todos os Budas não há
nada em vão ou falso. Não há outros veículos; há somente o Veículo Único do Buda” —
admoesta o Buda no fim deste capítulo.

Ao contrário da época de Sakyamuni — em que havia a necessidade de se praticar por


incontáveis existências para atingir a iluminação — na era atual denominada de Os
Últimos Dias da Lei, todas as pessoas podem alcançar essa condição máxima e

11
evideniar os benefícios advindos da prática budista por meio da recitação do Nam-
myoho-rengue-kyo, revelado por Nitiren Daishonin.

Por meio da recitação desse mantra, as pessoas manifestam os atributos de um buda


como benevolência, ilimitada eloqüência, poder, coragem, concentração, liberdade
para conduzir a própria vida com sabedoria, ajudando os outros também a obter essa
mesma elevada condição de vida.

Por meio dessa prática simples e acessível, todas as pessoas, independentemente da


nacionalidade ou condição social, conseguem transformar o ambiente, tornando-o um
local onde as pessoas vivem felizes e tranqüilas.

Referências: • Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo. • The Lotus Sutra, Burton Watson.

12
Terceiro capítulo do Sutra de Lótus —
Parábolas
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1932, PÁG. A8, 22 DE MARÇO DE 2008.

No capítulo anterior (Hoben ou Meios), o Buda Sakyamuni revela que os três veículos
de Erudição, Absorção e Bodhisattva não são nada além de “Meios” que o Buda utiliza
para conduzir as pessoas à iluminação. Seu discípulo Sharihotsu foi o primeiro a
despertar para isso. Ele diz ao Buda: “Ouvi a Lei do Buda e obtive algo sem
precedentes. Agora sinto a máxima alegria, e todas as minhas dúvidas foram
removidas”. Nos sete capítulos seguintes, Sakyamuni relata várias parábolas para
ajudar os outros discípulos a compreenderem o propósito de sua prática.

A partir do terceiro capítulo “Parábola” (Hiyu), um após outro, os ouvintes, começando


por Sharihotsu, recebem predições de futura iluminação: “Numa época vindoura, o
senhor tornar-se-á um Buda. O seu nome será Buda Luz da Flor (Keko). A sua terra será
chamada Imaculada (Riku). A época, nesse tempo, será chamada Grande Esplendor da
Jóia (Daiho Shogon)”.

Porém, as outras pessoas reunidas tiveram dificuldade de entender as palavras do


Buda e Sharihotsu, compreendendo isso, solicita ao Buda que explane a sua doutrina
de um modo mais compreensível. Então, Sakyamuni conta-lhes a parábola das “Três
carroças e da casa em chamas”, que toma a maior parte desse capítulo.

A parábola é sobre um homem muito rico que mora em uma mansão. Com o passar
dos anos, as vigas, as paredes e os pilares da casa se desgastam, ameaçando ruir.
Mesmo assim, os filhos dele se recusam a abandoná-la. Até que certo dia, um incêndio
se propaga rapidamente pela casa, ameaçando os filhos. Contudo, eles não percebem
o perigo e se recusam a deixar o local. Ao ver o incêndio, o pai, desesperado, grita para
que saiam da casa e se salvem, mas não é atendido pelas crianças.

Então, ele decide usar uma estratégia. Lembrando-se de que gostavam de objetos
raros, gritou o mais alto que pôde: “Saíam, pois tenho aqui fora três belíssimas
carroças: cada uma é puxada por um carneiro, por um cervo e por um boi. Saiam e eu
as darei a vocês”. Ouvindo isso, as crianças, enfim, saem da casa e ganham carroças
bem maiores e muito mais bonitas do que as prometidas. Cada uma delas era puxada
por um grande boi branco e decorada com sete espécies de pedras preciosas.
Observando os filhos, o pai pensou: “Minhas riquezas são imensuráveis e eu amo
todos os meus filhos igualmente. Não posso lhes dar veículos inferiores. Tenho
riquezas suficientes para presentear todas as pessoas do meu país com carroças

13
puxadas por bois brancos. Portanto, com certeza, não poderia deixar de dar carroças
aos meus próprios filhos”.

Essa parábola é repleta de significados revelados por Sakyamuni a seus ouvintes. A


casa em chamas é uma metáfora do mundo, envolto pelas chamas de sofrimento. Os
filhos que brincam na casa representam as pessoas que sofrem no mundo dos desejos.
O pai é o Buda, que aparece no mundo para salvar os filhos queridos. Na parábola, o
pai usa as três carroças como um meio para salvar os filhos do incêndio. No final, o pai
ou Buda concede a cada um de seus filhos a carroça do boi branco, que indica o
supremo veículo da iluminação (Sutra de Lótus), capaz de conduzir todas as pessoas à
felicidade.

Sakyamuni termina a explanação da parábola e então diz a Sharihotsu que uma pessoa
consegue adentrar [o caminho] somente por meio da fé. Sharihotsu era respeitado
como o mais inteligente entre os discípulos de Sakyamuni. No entanto, o Buda declara
que mesmo a grande sabedoria de Sharihotsu não era comparável à profunda doutrina
do Sutra de Lótus. O Buda afirma que somente a fé possibilitaria Sharihotsu alcançar a
iluminação.

Os ensinos anteriores ao Sutra de Lótus postulavam que os Budas existiam longe deste
mundo, ou seja, as pessoas não acreditavam serem capazes de atingir a condição de
Buda. Mas no Sutra de Lótus, Sakyamuni revela que todas as pessoas possuem
inerente na vida essa condição que pode ser alcançada por meio da fé na Lei Mística.
Contudo, se a fé não estiver acompanhada pela ação, terá pouco efeito. É por isso que
o Buda Nitiren Daishonin sempre traduziu a fé em ação, e ensinou a seus discípulos a
nunca esquecerem de realizar a prática individual (a recitação do mantra Nam-myoho-
rengue-kyo ao Gohonzon) e a prática altruística (ensinar a Lei Mística a outras pessoas).
Daishonin incorporou o estado de Buda no Gohonzon — o objeto de devoção — por
intermédio do qual todas as pessoas que possuem fé e recitam esse mantra podem
extrair o estado de Buda das profundezas da vida.

Fonte: • The Lotus Sutra, Burton Watson.

14
Quarto capítulo do Sutra de Lótus —
Shingue
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1934, PÁG. A8, 05 DE ABRIL DE 2008.

O notável estudioso dos sutras Kumarajiva (344-413) chamou de ‘‘Fé e Compreensão’’


(shingue, em japonês), o título do quarto capítulo do Sutra de Lótus, ao espírito inato
de procurar continuamente pelo auto-aprimoramento. O capítulo inicia-se com os
homens de Erudição (ouvintes) rejubilando-se com o ensino de Sakyamuni segundo o
qual as pessoas dos dois veículos (da Erudição e da Absorção) atingirão o estado de
Buda. Eles são: Subhuti, o melhor na compreensão da vacuidade; Mahakatyayana, o
melhor em debates; Mahakashyapa, o melhor na prática para eliminar os desejos; e
Mahamaudgalyayana, o melhor em forças sobrenaturais. O termo sânscrito para “fé e
compreensão” é adhimukti, que literalmente significa inclinação ou intenção, ou seja,
dirigir a mente da pessoa para algo. Pensa-se que mukti esteja relacionado à palavra
sânscrita para liberação, moksha.

Neste capítulo, os quatro grandes ouvintes, os homens de erudição, que ouviram a


parábola das três carroças e da casa em chamas ficam contentes com sua descoberta
de que o mundo do estado de Buda existe na própria vida, dizendo: “Esta coroa de
jóias insuperáveis veio a nós sem ser requisitada”. (LS 4, 87.) A “coroa de jóias
insuperáveis” pode ser interpretada como indicando o ensino do Sutra de Lótus, o
estado de Buda, ou a própria vida, que contém o estado de Buda. Eles compreendem
que a intenção do Buda é substituir os dois veículos (de Erudição e Absorção) pelo
veículo supremo (do estado de Buda). Eles demonstram sua compreensão contando a
segunda das sete parábolas do Sutra de Lótus, “O homem rico e seu filho”.

A parábola conta a história de um garoto que foge de casa e se torna um andarilho que
percorre o mundo vivendo em extrema pobreza. Enquanto isso, seu pai enriquece e se
torna um cidadão muito respeitado em seu país. Cerca de cinqüenta anos depois, o
filho retorna ao país e, sem saber, pára diante da magnífica mansão do pai, que o
reconhece imediatamente. Ansioso por reencontrar o filho, o pai pede aos criados que
o tragam à sua presença. Porém, o filho não o reconhece e fica amedrontado diante de
tanta riqueza. Percebendo isso, o pai elabora um plano. Ele envia dois servos
pobremente vestidos ao filho para oferecer-lhe um emprego de limpar os lavatórios da
casa pagando-lhe o dobro do usual. O filho aceita e trabalha arduamente. Depois de
um tempo, o pai, vestido humildemente, aproxima-se do filho e trava conhecimento
com ele. Gradualmente, um laço de compreensão e confiança cresce entre eles, e o
filho passa a transitar livremente pela mansão do pai, embora ele continue a viver
numa cabana humilde na periferia.

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O homem rico então promove o filho a administrador de sua propriedade e, passo a
passo, este começa a aprender todas as suas funções. Finalmente, pressentindo a
morte, o pai revela ao rei, ministros e parentes que seu empregado é, na verdade, seu
filho verdadeiro, transferindo-lhe todas as suas posses.

Após contarem ao Buda a parábola, os quatro homens explicam o seu significado. Eles
comparam o Buda ao homem rico, e o pobre filho a eles mesmos. Eles dizem ao Buda:
“Na realidade, somos filhos do Buda há muito tempo. Contudo, procuramos ensinos
inferiores e ficamos satisfeitos quando os encontramos. Agora, neste sutra o Buda
expôs o supremo veículo — algo que nunca esperávamos. O grande tesouro do Rei da
Lei chegou a nós por si mesmo”.

Do ponto de vista do Budismo Nitiren, o filho representa as pessoas que vagam pela
vida sem nunca encontrar o Buda. O pai é o Buda Original Nitiren Daishonin, que legou
o Gohonzon à humanidade.

Como o filho pobre, as pessoas vivem sem saber que são budas em potencial. Para que
eles possam evidenciar essa condição de vida, Nitiren Daishonin inscreveu um mandala
na forma do Gohonzon, possibilitando-as a conduzir plenamente a vida cheia de
esperança, ilimitada alegria, energia vital e sabedoria.

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Quinto capítulo do Sutra de Lótus —
Parábola das Ervas Medicinais
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1938, PÁG. A8, 10 DE MAIO DE 2008.

Neste capítulo, o Buda Sakyamuni cita a “Parábolas das Ervas Medicinais” (Yakusoyu,
em japonês) para mostrar a benevolência imparcial do Buda.

No início do capítulo, Sakyamuni elogia Kashyapa por expor de maneira correta sobre
os verdadeiros méritos e virtudes do Buda. Então, Sakyamuni começa a contar a
parábola:

“No mundo existem muitas espécies de flores, capins, árvores e ervas, diferentes em
tamanhos, forma e nome. Ao redor do mundo existe uma nuvem densa e grande, que
acaba fazendo com que a chuva caia sobre todos os lugares. Evidentemente, a chuva
molha o solo seco e, como resultado, as árvores, ervas e plantas de todos os lugares
são nutridas e crescem. A água que cai da nuvem é imparcial, mas as plantas recebem
umidade segundo suas naturezas e crescem de acordo com a sua espécie. Todas as
diversas árvores, sejam altas, médias ou baixas, possuem tudo o que é próprio das
grandes ou pequenas, e cada uma está possibilitada a brotar e crescer.”

Embora essa parábola seja curta em comparação com as outras expostas no Sutra de
Lótus, ela é repleta de significados. Após expô-la, Sakyamuni a interpretou, dizendo:

— O aparecimento do Buda neste mundo é como a grande nuvem que cobre todas as
coisas. O Buda aparece neste mundo e revela a verdade da vida às pessoas sob
diversos ângulos. Ele satisfaz as pessoas miseráveis, liberta-as dos sofrimentos e dá-
lhes paz.

Sakyamuni ensinou a Lei para todas as pessoas sem distinção: “Aos honrados e aos
humildes, altos e baixos, justiceiros e malfeitores, aqueles de perfeito caráter e os
imperfeitos, ortodoxos, heterodoxos, os vivazes e os lentos, faço com que a chuva da
Lei caia com igualdade”. Assim, todas as pessoas recebem a Lei do Buda de modo igual.
Contudo, como elas diferem quanto à capacidade de compreender os ensinos do Buda,
o desenvolvimento de cada uma é diferente. Portanto, algumas continuam no estado
de Alegria ou Erudição; outras, no estado de Absorção. Sakyamuni compara as três
ervas medicinais e os dois tipos de árvores com esses estados de vida. Dos três tipos
de ervas medicinais, as “inferiores” estão para aqueles seres nos estados de
Tranqüilidade e de Alegria. As ervas “médias” representam aqueles nos estados de
Erudição e Absorção. E as “superiores” e os dois tipos de árvores, “pequenas” e
“grandes” indicam aqueles no estado de Bodhisattva que aspiram tornarem-se budas.

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Sakyamuni observa: “O ensino parcial do Buda pode ser comparado a uma chuva.
Entretanto, a compreensão das pessoas difere, assim como as plantas e as árvores
recebem diferentemente a chuva”. Contudo, a chuva acaba, no final, nutrindo todas as
espécies de plantas e árvores, fazendo com que, sem exceção, dêem frutos e flores. Da
mesma maneira, o Buda faz com que todos atinjam igualmente o estado de Buda.

A “grande nuvem” representa o Buda; o seu surgimento e o envolvimento do mundo


representam o aparecimento do Buda. Da mesma forma, a chuva que cai em todos os
lugares igualmente representa a pregação do Buda e é chamada “chuva darma”. As
várias plantas e árvores são os vários seres vivos e a chuva sobre eles representa “ouvir
a Lei”. Também se pode dizer que o crescimento e a produção de flores e frutos pelas
árvores corresponde à prática e ao benefício.

A chuva cair também igualmente significa que a Lei que o Buda prega é “única em
forma, única em sabor” (LS 5, 99). Isso significa definitivamente que a pregação do
Buda contém o benefício de possibilitar todas as pessoas tornarem-se igualmente
budas; é o veículo único do Buda.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, reflete sobre o significado dessa parábola: “Essa é
a essência da pregação do Buda do ponto de vista do Buda. Mas as pessoas, de sua
parte, falham em compreender esse benefício. A quantidade de chuva recebida e sua
eficácia diferem de acordo com a personalidade particular e o tamanho das plantas e
árvores. Similarmente, embora o Buda exponha somente o veículo único do Buda, há
diferenças em como as pessoas recebem esses ensinos. À medida que eles são
filtrados pela compreensão das pessoas, os ensinos do Buda assumem a forma dos
chamados três veículos”. (Brasil Seikyo, edição no 1.389, 2 de novembro de 1996, pág.
3.)

Numa análise final, a parábola dos três tipos de ervas medicinais e dos dois tipos de
árvores, assim como as duas parábolas precedentes (das três carroças e da casa em
chamas e do homem rico e de seu filho pobre), expressam o princípio da substituição
dos três veículos pelo veículo único.

Por um lado, esclarece (como as parábolas anteriores) porque o Buda expôs os ensinos
dos três veículos. Indica porque as pessoas diferem amplamente em termos de sua
capacidade intelectual e disposição para receber os ensinos do Buda. O Buda expôs
vários ensinos para corresponder à capacidade e tendência de cada qual.

Por outro, essa parábola esclarece que embora os ensinos do Buda sejam muitos e
variados, sua essência em cada caso é o veículo único do Buda. E assim, como a chuva,
cai igualmente sobre todos e possui um sabor “único”.

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Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1940, PÁG. A8, 24 DE MAIO DE 2008.

No sexto capítulo do Sutra de Lótus, Juki ou Concessão da Profecia, Sakyamuni confere


profecias de iluminação aos grandes discípulos ouvintes: Kashyapa, Subhuti, Katyayana,
e Maugalyayana.

O caractere chinês para “profecia” (ki, em japonês) é um verbo que significava


originalmente “distinguir claramente e dar uma expressão coerente a algo”. O termo
“concessão da profecia” (juki) que aparece na tradução chinesa do Sutra de Lótus foi
cunhada por Kumarajiva quando ele traduziu o sutra para a língua indiana. Nas
traduções anteriores foi usada a combinação dos caracteres chineses significando
“expressão de distinção” (kibetsu) ou “concessão da profecia” (juketsu). Aqui,
“distinção” significa “distinguir claramente”; e “decisão” significa “julgar
decisivamente”.

Acredita-se que “concessão da profecia” derive originariamente da palavra sânscrita


Vyakarana, cujo significado inclui “distinção”, “análise” e “desenvolvimento”. Nos
textos budistas é usada no sentido de uma clara resposta à questão.

Originariamente, “concessão da profecia” significa dar uma clara resposta, dessa forma,
resolvendo as dúvidas no coração das pessoas.

O Buda concede profecias às pessoas a fim de fazer com que elas “compreendam
claramente” e dêem-lhe a consciência e a confiança para que possam atingir o estado
de Buda.

Kashyapa é o primeiro a receber a predição da iluminação. Sakyamuni profetiza que


ele atingirá a iluminação no futuro, se chamará Luz Brilhante e habitará a terra Virtude
da Luz, numa época (kalpa) chamada Grande Adorno.

No sânscrito, Luz Brilhante tem o mesmo sentido de “glória brilhante”. O nome da


terra, Virtude da Luz, significa “mundo da honra” ou “mundo cheio de glória”. E
Grande Adorno, o nome do Kalpa, significa “uma imagem de brilho grandioso”.

Kashyapa, o primeiro na prática ascética, era de uma família de prestígio, mas na


verdade havia iniciado a vida de mendicante religioso antes de Sakyamuni, e por muito
tempo levou uma vida itinerante em busca da verdade. Posteriormente, ele encontrou
Sakyamuni, e dizem que ele decidiu tornar-se seu discípulo desde a primeira vez em
que o viu. Sakyamuni via em Kashyapa, que havia se devotado à mais sincera e árdua
das práticas, uma pessoa que brilhava radiantemente.

Observando a cena, Maudgalyayana e outros imploraram a Sakyamuni que também


lhes concedesse profecias. Eles contam a parábola da grande festa do rei e explicam

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que ao pedir ao Buda para conceder-lhes uma profecia sobre iluminação, eles se
sentem como se fossem pessoas de uma terra de fome que repentinamente
encontraram a festa de um grande rei, ou seja, a mais peculiar e exótica cozinha. As
pessoas nessa situação quase ficariam fora de si pelo desejo de comer. Mas, ao mesmo
tempo, estariam tão receosas e temerosas que nem ousariam tocar na comida até que
o rei lhes desse permissão. Da mesma forma, embora esses discípulos tivessem ouvido
e aceitado o ensino do veículo único do Buda que possibilita que até mesmo os
ouvintes atinjam o estado de Buda, eles podiam não se sentir seguros a menos que o
Buda fizesse uma clara predição de iluminação para eles também.

Sakyamuni, então, confere profecias a Subhuti, Katyayana e Maudgalyayana, nessa


ordem.

Na profecia concedida a Subhuti, “jóia” torna-se a palavra-chave. Nascido como uma


Jóia, o nome da terra, literalmente significa algo que dá à luz ou que produz jóias. E o
nome do Kalpa, Possuído de Jóias, significa “brilho das jóias”. Rara Forma, o título de
Subhuti nessa existência, significa “aquele que tem o aspecto renovado”.

Subhuti era sobrinho de Sudatta, o rico mercador que construiu o famoso Monastério
Jetavana como um oferecimento para Sakyamuni. Mesmo após ter deixado a vida
secular, Subhuti continuou a fazer constantes oferecimentos do que pudesse dar, e ele
tornou-se o primeiro em tranqüilidade interior e o mais digno de receber
oferecimentos.

Na profecia concedida a Katyayana, não é feita nenhuma menção ao kalpa ou à terra;


somente o seu título, Luz de Ouro Jambunada, é revelado. Esse nome significa “brilho
das partículas de ouro do Rio Jambunada”. O Jambunada é um rio que corre por um
lugar idílico que fica ao norte do Himalaia chamado Floresta Jambunada. Acredita-se
que as partículas de ouro extraídas do rio brilhavam com uma beleza excepcional.
Provavelmente, esse nome indica a característica do Buda, que brilha como o ouro
com benevolência e sabedoria.

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Sexto capítulo do Sutra de Lótus — Juki
Segunda e última parte

BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1942, PÁG. A8, 07 DE JUNHO DE 2008.

Segundo explica o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, Maudgalyayana, na profecia —


Fragrância do Sândalo e de Tamalapatra —, significa a “fragrância das folhas das
árvores de sândalo e de tamala”. A madeira dessas árvores era pulverizada e
transformada em perfume que era borrifado ou aplicado sobre o corpo. A madeira
também era queimada em festivais de fogos.

O nome do kalpa, Repleto de Alegria, significa “cheio de alegria e tranqüilidade”. E


Satisfação do Espírito, o nome da terra, significa “lugar que deixa o espírito tranqüilo”.

Esse kalpa, a terra e o título parecem relacionar-se ao fato de Maudgalyayana ser


conhecido como o primeiro em poderes transcedentais. Existem muitas histórias a
respeito de seus poderes transcedentais, com o episódio em que ele fez com que o Rei
Brahma (Bonten, em japonês) reverenciasse e se tornasse devoto de Sakyamuni.

Maudgalyayana subiu em um lugar no céu onde moravam o Rei Brahma e outros


deuses, e demonstrou-lhes a meditação dentro de uma chama. A luz ofuscante era tão
brilhante que nem mesmo o Rei Brahma, que personificava o princípio universal
fundamental (brâmane), tinha visto algo semelhante. Quando Maudgalyayana
declarou ser discípulo de Sakyamuni, o Rei Brahma perguntou por um intermediário se
havia dentre os discípulos de Sakyamuni alguém que possuísse esses grandes poderes
transcendentais. Ao saber que havia, o Rei Brahma alegrou-se e prometeu tornar-se
seguidor de Sakyamuni. O Rei Brahma, governante do mundo saha, ficou
completamente eufórico, e a alegria espalhou-se e permeou todo o mundo.
Demonstrando seu próprio poder, o discípulo do Buda ensinou ao Rei Brahma a
grandiosidade de seu mestre, levando a honra tanto ao mestre quanto ao discípulo.

Analisando sob essa perspectiva, vemos que os discípulos recebiam nomes que
condiziam com sua personalidade. Além disso, suas inclinações pessoais são
transformadas nas qualidades virtuosas dos budas que estão destinados a se tornarem
no futuro.

Ouvir os maravilhosos nomes do kalpa, da terra e do título — que se adequam


perfeitamente à característica de cada um — possibilitou que os quatro ouvintes
sentissem profundamente que eles de fato atingiriam o estado de Buda. E todos os
que estavam ao seu redor poderiam compreender, por extensão, que eles também se
tornariam budas dignos de louvor. Em conseqüência, ondas de alegria se espalharam
dentre aqueles que ouviram a concessão de profecias.

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Nas predições sobre iluminação de Sakyamuni aos ouvintes do Sutra de Lótus, o atingir
do estado de Buda é apresentado como algo que acontecerá no distante futuro. Ao
contrário, Nitiren Daishonin ensina que se pode atingir o estado de Buda na presente
existência por meio da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo (concessão da profecia)
conectando as pessoas à Lei Mística. Dessa forma, é plantado na profundeza da vida de
cada pessoa que elas são uma entidade da Lei Mística e possuem o ilimitado potencial
da vida.

O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, explica que “atingir o estado de
Buda não significa tornar-se ou tentar tornar-se um Buda. Significa acreditar
honestamente nas palavras de Daishonin de que o mortal comum é o supremo ser e
que todos os fenômenos manifestam a verdadeira identidade, e despertar para a
própria identidade como um Buda existente desde o remoto passado e por todo o
infinito futuro”. (A Sabedoria do Sutra de Lótus, vol. 2, pág. 112.)

Atingir o estado de Buda parece como atingir um objetivo, mas não é o mesmo. “Esse
caminho é um equívoco. É a própria esperança em si — esperança de avançar
eternamente rumo ao autodesenvolvimento, a uma maior realização e uma crescente
serenidade e satisfação na vida. A iluminação futura que o Sutra de Lótus prediz ensina
a entidade de focar o presente e o futuro, o espírito progressivo de sempre empenhar-
se para concretizar um maior crescimento e auxiliar cada vez mais as pessoas a
tornarem-se felizes” — esclarece o presidente Ikeda.

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O sétimo capítulo do Sutra de Lótus —
Kejoyu
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1950, PÁG. A8, 09 DE AGOSTO DE 2008.

Esse capítulo é chamado Kejoyu, que significa “Parábola da cidade-imaginária”. É uma


das sete parábolas do Sutra de Lótus, e está descrita na última parte do capítulo.

O conceito principal desse capítulo é o das “causas e condições” (innen, em japonês).


Esse termo, que significa relação cármica, refere-se à profunda ligação existente desde
vidas passadas entre Sakyamuni e seus discípulos. Em outras palavras, expõe o laço de
mestre e discípulo.

O capítulo inicia-se com Sakyamuni explicando o aparecimento de um buda chamado


Excelência da Grande Sabedoria Universal (Daitsutisho, em japonês) na época de
sanzen-jintengo, que é um período de assombrosa duração. Nesse capítulo, esse
conceito é explicado da seguinte forma: ele postula uma pessoa que reduz a pó todas
as terras de um sistema de grandes mundos e então segue em direção ao leste,
deixando cair uma partícula de pó cada vez que passa por mil mundos, e continua em
seu caminho até que tenham acabado todas as partículas. Diz ainda que se a pessoa
reduz então a pó todos os mundos por onde passou, tenham ou não recebido uma
partícula de pó, e se cada partícula significa um kalpa ou aeon, então, sanzen-jintengo
é a duração de tempo que corresponde ao total das partículas de pó.

A seguir, aparecem os dezesseis príncipes, filhos de Excelência da Grande Sabedoria


Universal antes de ele ter renunciado ao mundo. Sabendo que seu pai havia se
tornado buda, os príncipes aproximam-se dele e pedem-lhe que exponha a Lei.

Além deles, os reis Brahma dos mundos nas dez direções de todo o Universo também
pedem unanimemente que Excelência da Grande Sabedoria Universal exponha a Lei.
Atendendo ao pedido, Excelência da Grande Sabedoria Universal começa a expor
parcialmente a Lei. Mas os dezesseis príncipes não ficam satisfeitos e imploram que ele
exponha a verdadeira causa de sua iluminação.

O sutra diz que após Excelência da Grande Sabedoria Universal ter exposto o Sutra de
Lótus por um período de oito mil kalpas, ele entra em meditação por um período de
oitenta e quatro mil kalpas. Durante e após sua meditação, os dezesseis príncipes, que
haviam se tornado bodhisattvas, expõem o ensino do Sutra de Lótus assim como seu
pai havia feito.

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O Buda Sakyamuni diz, a seguir, que todos aqueles bodhisattvas já atingiram a
iluminação e estão ensinando a Lei em suas terras. E revela que ele era o 16o príncipe
e que os homens de Erudição que eram seus discípulos naquele momento e aqueles
que apareceriam após seu falecimento são os seres que ele havia começado a instruir
naquela época.

Após explicar o relacionamento cármico ligando ele e seus atuais discípulos,


Sakyamuni fala sobre a parábola da cidade imaginária e a terra de tesouros.

A parábola é sobre uma caravana que viaja pelo deserto, guiada por um único líder e
enfrenta uma longa e difícil jornada rumo a uma terra de tesouros. Mas, ao longo do
caminho, as pessoas ficam extremamente fracas e desmotivadas, e dizem ao líder que
não podem mais continuar.

Se retornassem, todos os seus esforços até aquele ponto teriam sido em vão. O líder,
então, usa seus poderes místicos para criar uma grande cidade e encoraja essas
pessoas a continuarem, dizendo-lhes que quando entrassem nela, poderiam desfrutar
a paz e a tranqüilidade. Ao ouvirem isso, as pessoas se alegram e seguem para a cidade,
onde descansam o corpo completamente exausto e recuperam as forças.

Depois, o líder faz a cidade desaparecer e diz às pessoas que a cidade era uma ilusão
que ele havia criado para que elas descansassem e que seu verdadeiro destino, a terra
de tesouros, estava próximo.

A cidade imaginária que o líder lhes havia mostrado correspondia aos ensinos
intermediários dos Três Veículos que o Buda expôs a fim de guiar as pessoas rumo à
iluminação. A terra de tesouros representa o veículo único do Buda que é o objetivo
último que as pessoas devem alcançar.

Especificamente, essa parábola esclarece que o nível de despertar atingido pelos


ouvintes e os pratyekabuddhas (que corresponde à “cidade imaginária”) é um meio, e
que a insuperável iluminação do Buda (a terra de tesouros) é a verdadeira iluminação
para a qual eles devem direcionar seus esforços única e exclusivamente.

Aqueles que lamentam diante de novos objetivos não conseguem tornar real o
princípio de “a cidade imaginária é idêntica à terra de tesouros” em sua vida.

Segundo o presidente Ikeda, “precisamos desafiar a nós mesmos com seriedade e


firmeza para atingirmos nossos objetivos. Com a determinação de superar todos os
obstáculos, devemos avançar abrindo caminhos. Mais tarde, quando olharmos para
trás, veremos que esses momentos, embora talvez difíceis, foram de fato os mais
significativos e recompensadores de nossa vida. Eles serão um tesouro de memórias
douradas, cenas grandiosas no eterno drama de nossa vida pelas três existências do
passado, presente e futuro”. (A Sabedoria do Sutra de Lótus, vol. 2, pág. 163.)

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Oitavo capítulo do Sutra de Lótus —
Profecia da iluminação de Quinhentos
Discípulos
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1956, PÁG. A8, 20 DE SETEMBRO DE 2008.

No sétimo capítulo do Sutra de Lótus, o Buda Sakyamuni revelou que a relação entre
ele e seus discípulos estendia-se desde o passado inimaginavelmente remoto. No
oitavo capítulo, Furuna, um dos dez principais discípulos de Sakyamuni compreende
profundamente os ensinos de seu mestre e recebe dele a predição de que se tornaria
o Buda Lei Radiante.

Os arhats, que observavam a cena, ficaram contentes com essa predição e desejaram
também que o Buda fizesse uma predição sobre eles. Entendendo isso, Sakyamuni
disse a Kasho: “Dotarei os arhats com uma predição específica. Entre eles, Kyojinnyo
servirá a 6.200 bilhões de budas e alcançará o estado de Buda. Ele se chamará ‘Buda
Universalmente Brilhante’. Os outros quinhentos arhats também alcançarão a
iluminação e terão o mesmo título”.

Os quinhentos arhats ficaram radiantes com as palavras do Buda e, ao mesmo tempo,


estavam arrependidos. Eles disseram ao Buda: “Acreditávamos erroneamente que
tínhamos alcançado a iluminação. Mas agora compreendemos o nosso erro. Somos
verdadeiramente ignorantes. Estávamos satisfeitos com a nossa sabedoria superficial”.

Então, eles contaram a “Parábola da Pedra Preciosa Escondida no Manto”, a quinta das
sete parábolas contidas no Sutra de Lótus.

Essa parábola narra sobre um homem que ao visitar seu amigo é recebido com várias
garrafas de vinho. Ele se embriaga e cai adormecido. O amigo tendo de sair com
urgência costura antes uma gema de valor incalculável no forro da roupa do visitante.
O homem, não percebendo que possuía a gema, começou a vagar pelo mundo,
vivendo em extrema penúria. Tempos mais tarde, ele reencontra o amigo, e só então
descobre que durante todo aquele período tivera em seu poder uma gema inestimável.

O amigo (o Buda) sabia que o outro possuía a gema em sua roupa (o mundo do estado
de Buda em sua vida), embora o visitante (os seres dos nove mundos) não
compreendesse isso.

Após relatar essa parábola, os quinhentos arhats compararam o Buda ao amigo que
deu a inestimável gema. Eles disseram: “O Buda certa vez dedicou-nos e fez-nos

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aspirar à suprema sabedoria. Entretanto, tal como a pessoa que visitou o seu amigo
embebedou-se e caiu adormecido, nos esquecemos da verdadeira intenção do Buda —
a de nos levar à suprema sabedoria. Após isso, alcançamos o estado de arhat e,
acreditando que tínhamos alcançado a iluminação, estávamos satisfeitos com a nossa
compreensão superficial. O Buda penetrou em nossa mente e contou-nos: ‘O que
alcançastes não é a verdadeira iluminação. Desde há muito, plantei a semente do
estado de Buda dentro do coração de vocês. Contudo, ao longo do caminho, ficaram
totalmente satisfeitos por terem atingido essa iluminação superficial’. Agora, notamos
o nosso erro. E como felizmente nos foi dada a nossa específica predição de
iluminação, a nossa alegria é além da expressão”.

Com essa parábola, os arhats compararam o amigo que costurou uma inestimável
gema dentro da roupa do homem ao Buda Sakyamuni, que plantou a semente da
iluminação dentro das pessoas, inclusive neles. No entanto, em algum momento, eles
abandonaram a fé no Sutra de Lótus, convertendo-se a ensinos superficiais. Como o
homem que errou por toda a terra sofrendo de contínua pobreza, eles estavam
destinados ao ciclo dos seis mundos inferiores. E tal como o homem ao qual fora
ensinado pelo amigo a respeito da existência da gema, eles também foram finalmente
capazes de compreender que o Buda, há muito, havia plantado a inestimável “gema”
dentro deles.

A gema indica claramente o Sutra de Lótus. Indica também o estado de Buda inerente
no coração de todas as pessoas. Do ponto de vista do Budismo Nitiren, a gema é o
Gohonzon. O amigo que costurou uma gema preciosa na parte interna do casaco
indica que o Buda Nitiren Daishonin inscreveu o Gohonzon — o objeto de devoção
para as pessoas dos Últimos Dias da Lei. Os que são incapazes de compreender a força
do Gohonzon são como o homem que se embebedou até ficar inconsciente, e então
vagou sem objetivos.

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O nono capítulo do Sutra de Lótus —
Ninki
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1960, PÁG. A8, 18 DE OUTUBRO DE 2008.

O nono capítulo (Ju Gaku Mugaku Ninki, “Profecias concedidas aos Aprendizes e
Adeptos”) é freqüentemente abreviado como capítulo “Ninki”, no qual Sakyamuni
profetiza a iluminação futura de seus discípulos Ananda, Rahula e dois mil discípulos
de Erudição.

Inicialmente, Ananda e Rahula tomam a iniciativa e imploram ao Buda que lhes


conceda uma predição. Seguindo-os, os outros dois mil discípulos também o fazem.

Os oito mil bodhisattvas presentes na assembléia que tinham começado a buscar a


iluminação pensaram: “Nunca antes o Buda havia feito uma predição, até mesmo aos
grandes bodhisattvas. Por que esses homens de Erudição seriam merecedores de
recebê-la?”. O Buda, compreendendo o sentimento deles, disse-lhes:

— Ananda sempre desejou ouvir mais dos ensinos do Buda do que qualquer outra
pessoa. Dediquei-me completamente à prática constante. Como resultado, alcancei a
iluminação. Ananda protege os meus ensinos e protegerá os ensinos dos Budas que
virão. Ele conduzirá muitos bodhisattvas à iluminação e se tornará um buda chamado
Sengaie Jizaitsu (Rei do Poder irrestrito das Montanhas e Mares de Sabedoria). É por
isso que Ananda é digno da minha predição.

Prosseguindo, Sakyamuni dirigiu-se a Rahuk:

— Somente eu sei da vossa inconspícua, mas difícil prática. No mundo vindouro,


atingirá o estado de Buda e se chamará Buda Tyoshippoke (Andando sobre Sete Flores
Preciosas).

Então, Sakyamuni concede uma profecia de iluminação futura a dois mil discípulos
shomon, tanto os aprendizes (gaku, em japonês) como aqueles que, tendo dominado a
iluminação shomon e, tornando-se arhats, nada mais têm a aprender (mugaku, em
japonês). Sakyamuni declara que todos esses dois mil discípulos tornar-se-ão budas
com o nome Hoso (Sinal de Jóia).

No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin explica que os dois mil
homens de Erudição representam todas as pessoas deste mundo, e que somente o
mantra Nam-myoho-rengue-kyo, a “Lei fundamental” pela qual os budas atingem a
iluminação, possibilitam todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei a atingirem a

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iluminação. Ele ainda afirma que, independentemente do quão sábia e inteligente uma
pessoa possa ser, não conseguirá construir uma felicidade indestrutível se não basear a
vida na Lei Mística.

Ananda é um exemplo de prática budista. O significado de seu nome é “alegria”, e ele


foi um dos dez principais discípulos de Sakyamuni. Era primo do Buda e filho do Rei
Kokubon, tio de Sakyamuni. Diz-se que ele nasceu no mesmo dia em que Sakyamuni
atingiu a iluminação sob a árvore Bodhi. O rei Kokubon enviou um mensageiro ao Rei
Jobon, pai de Sakyamuni, informando-lhe do nascimento de seu filho. O Rei Jobon
ficou tão feliz que chamou-o de Ananda (alegria).

Como seu nome indica, por toda sua vida Ananda serviu alegremente ao Buda e
devotou-se à prática budista. Do ponto de vida simbólico, Nitiren Daishonin declara
que Ananda representa as pessoas que alegremente praticam o Nam-myoho-rengue-
kyo. Ananda, portanto, significa alegria da fé.

Esse capítulo também ensina que mesmo os indivíduos mais ignorantes podem atingir
o estado de Buda se abraçarem o Gohonzon e conclui o ensino da substituição dos três
veículos pelo veículo único de Sakyamuni. Os capítulos subseqüentes tratam da prática
e propagação do sutra após o falecimento do Buda e sua transmissão para as eras
futuras.

28
Hosshi — o décimo capítulo do Sutra
de Lótus
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1962, PÁG. A8, 08 DE NOVEMBRO DE 2008.

O 10o capítulo Hosshi (Mestre da Lei) consiste em três elementos. Primeiro, explica os
cinco modos de praticar o Sutra de Lótus; segundo, o Buda ensina uma parábola (não
incluída nas chamadas sete parábolas do Sutra de Lótus); terceiro, explica as regras
para propagar o Sutra.

O capítulo começa com a pregação de Sakyamuni ao Bodhisattva Rei dos Remédios e


oito mil bodhisattvas, dizendo: “Se alguém sentir alegria em ouvir um único verso ou
frase do Sutra de Lótus após minha morte, dotá-lo-ei com a predição da iluminação.
Quem quer que abrace, leia, recite, explane e transcreva mesmo um único verso do
Sutra de Lótus e o reverencie como se fosse o Buda, deve ter certa vez feito
oferecimentos a dez bilhões de budas e cumprido os seus grandes desejos sob estes
budas. Pela sua benevolência pelas pessoas, renascerão no mundo mundano. Eles são
grandes bodhisattvas que alcançaram a iluminação e serão reverenciados por todas as
pessoas. Eles desejaram renascer neste mundo e pregar o Sutra de Lótus pela sua
benevolência pelas pessoas. Sejam homens ou mulheres, se secretamente ensinarem a
uma única pessoa uma frase do Sutra de Lótus após o meu falecimento, saibam que
eles serão os enviados do Buda, mandados para levar avante a tarefa do Buda. Aqueles
que mais merecem essa descrição são os que ensinam o Sutra amplamente entre as
pessoas. Mesmo que alguém, durante uma eternidade inteira, calunie o Buda face a
face, o seu pecado é ainda leve. Porém, mesmo uma única palavra má, se calunia os
leigos ou monges que lêem e recitam o Sutra de Lótus, o seu pecado é tremendamente
grave. Em contraste, o Buda apoiará com os seus ombros os que lêem o recitam o
Sutra de Lótus”.

Sakyamuni ainda diz: “Meus sutras são inumeráveis, sejam os já ensinados, os que
estão sendo ensinados agora ou aqueles a serem ensinados no futuro. De todos esses
sutras, o Sutra de Lótus é o mais difícil de crer e o mais difícil de compreender. Como o
ódio e a inveja para com este sutra abundam mesmo durante a vida do Buda, quão
pior será no mundo após o seu falecimento? Contudo, os que acalentarem e
propagarem o sutra após o falecimento do Buda serão protegidos com a veste do
Buda”.

Então, Sakyamuni relata a seguinte parábola: suponham que um homem, por causa de
sua extrema sede, procure pela água cavando num planalto. Embora cave
desesperadamente, somente vê a terra seca. Ele pensa que a água está muito longe

29
sob o solo. Pelo incessante esforço, finalmente, alcança a lama úmida e compreende
que a água está próxima à mão.

Sakyamuni explica, então, o seu significado: “Os bodhisattvas são como este homem.
Se não tivessem ainda ouvido este sutra, estariam longe da iluminação. Em contraste,
se ouvem este sutra e se esforçam para dominá-lo, a iluminação não se encontra
muito distante. Isso porque a iluminação de todos os bodhisattvas pertence a este
sutra”.

Depois, o Buda revela como pregar o Sutra de Lótus após o seu falecimento por meio
das três regras de propagação: Manto, assento e recinto.

O “recinto” é o estado de mente que mostra grande piedade e benevolência para com
todos os seres vivos; o “manto” é o espírito de gentileza e tolerância e o “assento” é o
vazio de todos os fenômenos.

Sakyamuni usa a imagem do “manto”, do “assento” e do “recinto” para esclarecer o


espírito do Buda ao expor o Sutra de Lótus. E clama às pessoas que exponham
amplamente o ensino, dizendo: “Se os senhores se basearem nesse espírito, então,
mesmo que encontrem dificuldades, certamente poderão conduzir as pessoas à
iluminação assim como o Buda fez”.

O termo hosshi, ou mestre da Lei, significa aquele que ensina as cinco práticas [de
abraçar, ler, recitar, ensinar e transcrever o Sutra de Lótus]. A respeito das cinco
práticas, Nitiren Daishonin afirma: “Quando abraçar o Sutra de Lótus e recitar o Nam-
myoho-rengue-kyo está observando simultaneamente todas as cinco práticas... Este é
o ensino principal para os discípulos e crentes de Nitiren. Não procure nenhum outro”.
(As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 214.)

Nos Últimos Dias da Lei, as cinco práticas consistem unicamente em abraçar o


Gohonzon — o supremo objeto de devoção revelado por Nitiren Daishonin que
permite a todas as pessoas a atingir infalivelmente o estado de Buda na presente
existência.

30
O décimo primeiro capítulo do Sutra de
Lótus — “Torre do Tesouro”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1964, PÁG. A8, 22 DE NOVEMBRO DE 2008.

O Buda Sakyamuni ensinou os dez primeiros capítulos do Sutra de Lótus no topo do


Pico da Águia. Contudo, no 11o capítulo, ele e aqueles que se reuniram para ouvir seu
ensino tomam suas posições no céu em torno da Torre de Tesouro, começando, assim,
a Cerimônia no Ar. Essa cerimônia é o assunto dos doze capítulos consecutivos,
incluindo o 22o capítulo, “Transferência”.

O nome do capítulo ”Torre de Tesouro” se origina da imensa torre adornada de jóias


que surge no seu início. A torre, na realidade, indica especificamente a torre do Buda
Muitos Tesouros que emerge da terra no capítulo “Surgimento da Torre de Tesouro”
do Sutra de Lótus e pára flutuando no ar.

Logo depois, uma voz poderosa ressoa da torre, dizendo: “Buda Sakyamuni, ensinastes
o Sutra de Lótus aos homens, e todas as suas doutrinas são verdadeiras!”
Naturalmente, toda a audiência maravilhou-se ao ver a magnífica torre e ouvir essa
majestosa voz.

Embora maravilhados, ficam intrigados com a estranha ocorrência. Entre eles,


encontrava-se o Bodhisattva Grande Eloqüência que pergunta ao Buda o que estava
acontecendo. E o Buda responde que dentro da torre vivia o Buda Muitos Tesouros.
Esse buda havia jurado que após atingir o estado de Buda apareceria numa Torre de
Tesouro para atestar a legitimidade do Sutra de Lótus onde quer que alguém a ensine.

Ouvindo isso, o Bodhisattva Grande Eloqüência desejou ansiosamente ver esse buda.
Compreendendo esse desejo, Sakyamuni revela que o Buda Muitos Tesouros fez uma
vez um profundo juramento: Se o Buda quisesse que ele fosse visto pelas pessoas na
cerimônia do Sutra de Lótus, deveria chamar antes todos os outros budas.

Sakyamuni, então, lança uma luz ao oriente, fazendo com que inumeráveis terras de
budas se tornassem visíveis à assembléia. Em cada um desses mundos, os budas
disseram aos seus bodhisattvas: “Eu devo ir onde está o Buda Sakyamuni que está no
mundo saha e prestar homenagem à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros”.

Instantaneamente, cada um dos budas vem ao mundo saha, tornando-o puro. Eles se
reúnem gradualmente de dez direções do Universo e, após os inumeráveis mundos
purificados serem ocupados, os budas dizem aos seus ouvintes que prestem

31
homenagem ao Buda espargindo-lhe flores com pedras preciosas e digam-lhe que
desejam ver a Torre de Tesouro aberta.

Sakyamuni, percebendo que outros também desejam o mesmo, ergue-se no ar e abre


a torre adornada. Todas as pessoas vêem, então, o Buda Muitos Tesouros em seu
interior e ouvem-no elogiar o Buda Sakyamuni e dizer que veio ouvir o Sutra de Lótus.
O Buda Muitos Tesouros convida Sakyamuni a sentar-se ao seu lado. Vendo-os juntos,
a assembléia deseja reunir-se a eles. Por isso, Sakyamuni, com seus poderes místicos,
ergue a grande assembléia no ar.

Sakyamuni pergunta à assembléia: “Quem propagará amplamente o Sutra de Lótus


neste mundo saha? Logo entrarei no nirvana e desejo transferir o Sutra de Lótus a
alguém para que possa ser perpetuado”.

Sem esperar resposta, Sakyamuni prossegue falando da dificuldade de propagar o


Sutra de Lótus após sua morte. Ele salienta ainda a necessidade de seus discípulos
fazerem seus juramentos, dizendo: “Após atingir a iluminação, ensinei numerosos
sutras. Dentre eles, entretanto, o Sutra de Lótus é o supremo. Quem será capaz de
conservar esse sutra e recitá-lo após meu falecimento? É difícil abraçar esse sutra e
aquele que o faz mesmo por curto tempo alegrará a mim e a todos os outros budas”.

Como se pode notar, a Torre de Tesouro desempenha um importante papel nesse


capítulo. Ela indica a grandeza e a preciosidade da vida humana. A torre fechada
significa que, sem exceção, todas as pessoas possuem em si o estado de Buda.
Entretanto, ele encontra-se dormente nelas. A abertura das portas indica a
manifestação dessa condição.

Sobre o significado dos materiais preciosos que adornam a torre, Nitiren Daishonin
ensina que todos eles representam qualidades da vida (audição, fé, preceitos,
convicção, devoção, apego e reflexão). Audição significa discernir o falso do
verdadeiro; fé, crer na verdade; preceito, controlar a si mesmo e não ser
desencaminhado pelos desejos; convicção, ter uma mente inabalável que não seja
influenciada pelo ambiente; devoção, buscar incessantemente a perfeição; apego, ir
além da preocupação consigo mesmo e ter compaixão para com os outros; reflexão,
sempre refletir e corrigir seus próprios erros. Assim, os materiais preciosos indicam a
perfeição da vida humana.

Em seu escrito “Carta a Abutsu-bo”, Nitiren Daishonin esclarece: “Aqueles que recitam
o Nam-myoho-rengue-kyo, não importando sua classe, são a própria Torre de Tesouro
e, semelhantemente, são o próprio Buda Muitos Tesouros”. (As Escrituras de Nitiren
Daishonin, vol. 3, pág. 232.) Assim, a Torre de Tesouro indica aqueles que desenvolvem
sua natureza de Buda recitando o Nam-myoho-rengue-kyo e, num sentido amplo,
todas as pessoas, pois possuem potencialmente a semente do estado de Buda inerente
em sua vida.

32
O décimo segundo capítulo do Sutra de
Lótus — “Devadatta”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1966, PÁG. A8, 06 DE DEZEMBRO DE 2008.

O capítulo “Devadatta” revela dois princípios extremamente importantes: que até os


mais maléficos dos homens podem atingir a iluminação se abraçarem o Sutra de Lótus
e que tanto os homens quanto as mulheres podem atingir o estado de Buda.

Neste capítulo, o Buda Sakyamuni começa descrevendo sua prévia existência, quando
havia nascido como um rei que buscava o Sutra de Lótus e a suprema iluminação.
Disposto a renunciar o trono em favor de seu primogênito, ele anuncia por todo o
reino que buscava alguém que lhe pudesse ensinar a Lei. Um dia, um eremita veio à
procura dele e disse que possuía o ensino do Mahayana chamado Myoho-rengue-kyo,
e que lhe ensinaria a Lei. O rei ficou tão contente ao ouvir isso que jurou servi-lo
dedicadamente. Para esse mestre, ele passou a colher frutos, buscar água, juntar lenha,
preparar comida. Durante mil anos, ele serviu o eremita e não deixou que esse mestre
sofresse desconforto. Durante esse período, ele aprendeu a Lei, atingindo finalmente o
estado de Buda.

A seguir, Sakyamuni revela as identidades do rei e do eremita. Ele disse: “O rei daquele
tempo foi eu próprio; e o eremita, Devadatta. Com o seu auxílio pude atingir a
iluminação. Por isso, o considero um bom amigo”.

Sakyamuni profetiza, então, que Devadatta atingiria a iluminação futuramente e se


chamaria Buda Rei Celeste. Durante seus dias, esse Buda pregaria a Lei Mística,
salvando muitas pessoas.

O fato seguinte a ser referido nesse capítulo é a iluminação da filha do Rei Dragão.
Entre os adeptos do Buda Muitos Tesouros havia um bodhisattva chamado Acúmulo
de Sabedoria. Ele desejava voltar à sua terra e, por isso, queria pedir autorização ao
Buda Muitos Tesouros. Mas Sakyamuni o impede e chama o Bodhisattva Monju, que
sai do Palácio do Dragão, sob o oceano, e eleva-se ao ar.

O Buda Acúmulo de Sabedoria pergunta ao Monju quantas pessoas ele havia salvado
no Palácio do Dragão e Monju responde que havia salvado inúmeras pessoas. Para
provar isso, aqueles que haviam sido salvos por ele surgem do oceano e elevam-se ao
ar. O Buda Acúmulo de Sabedoria pergunta se algum deles havia atingido o estado de
Buda imediatamente, praticando Sutra de Lótus. O Bodhisattva Monju responde que a
filha do Rei Dragão, de apenas oito anos de idade — uma garota benevolente e sábia
— havia atingido a iluminação instantaneamente.

33
Em seguida, a filha do Rei Dragão aparece e diz: “Eu juro pregar os ensinos Mahayana
para salvar todas as pessoas angustiadas”.

Mas Sharihotsu desafia a menina, afirmando que o caminho do Buda exige um tempo
inimaginavelmente longo para ser atingido. Além disso, ele lembra que as mulheres
não poderiam atingir essa condição.

A filha do Rei Dragão possuía uma pedra mais preciosa que um grande mundo e
oferece-a ao Buda que a aceita imediatamente. Dirigindo-se ao Buda Acúmulo de
Sabedoria e à Sharihotsu, pergunta: “Eu ofereci minha pedra ao Buda e ele a aceitou
imediatamente. Não foi muito rápido?” Eles respondem: “Sim, foi”. Então, a filha do
Rei Dragão declara: “Vejam, com seus poderes místicos, como atinjo rapidamente o
estado de Buda”.

Todas as pessoas reunidas na assembléia testemunham a filha do Rei Dragão ir a um


outro mundo puro e atingir a iluminação. Eles observam ela pregar a Lei Mística às
pessoas daquela terra e compreendem, de coração, que as mulheres podem atingir a
iluminação do mesmo modo como os homens, e que não se leva incontáveis tempos
para que isso aconteça.

Sobre o título desse capítulo, Devadatta foi primo e inimigo eterno de Sakyamuni.
Durante grande parte de sua vida, ele tentou prejudicar de todas as formas o Buda, e
até mesmo assassiná-lo. Devadatta era extremamente arrogante e foi repreendido por
Sakyamuni devido a isso diante de toda uma audiência. Em vez de aceitar a repreensão
como benevolência do Buda para que se desenvolvesse, Devadatta ficou irado e
buscou cada oportunidade para tirar a vida do Buda. Certa vez , ele tentou quebrar a
união harmoniosa da comunidade budista.

Por isso, participantes da assembléia ficaram surpresos ao ouvir que Devadatta


atingiria a iluminação. Nos ensinos anteriores ao Sutra de Lótus, isso seria impossível.
Contudo, esse capítulo ensina que Devadatta representa uma parte inerente à vida das
pessoas, quando manifestam a arrogância, o egoísmo, os ciúmes, o desejo pela fama e
poder. São aspectos que destroem as pessoas e causam a miséria do mundo. O fato de
Sakyamuni ter profetizado a iluminação de Devadatta significa que o Sutra de Lótus
possui a chave para erradicar o mal e conduzir todas as pessoas, mesmo as piores, à
iluminação.

Apesar de suas maldades, Devadatta agiu como um “bom amigo” (zentishiki), pois as
suas maldades somente serviram para provar a grandiosidade de Sakyamuni e de seus
ensinos.

Embora seja um caso extremo, isso nos ensina que, não importando quão ruins sejam
as circunstâncias que nos encontremos, a prática do budismo tem o poder de
transformar tudo em algo positivo e os inimigos em “bons amigos” — são molas
propulsoras para o nosso próprio desenvolvimento como valores humanos.

34
O décimo terceiro capítulo do Sutra de
Lótus — devoção encorajadora (Kanji)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1970, PÁG. A8, 10 DE JANEIRO DE 2009.

Neste capítulo, os Bodhisattvas Reis dos Remédios, Grande Eloqüência e mais outros
vinte mil bodhisattvas juram praticar o Sutra de Lótus após o falecimento do Buda:
“Nós juramos abraçar, ler, recitar e ensinar este sutra após o falecimento do Buda. Os
povos da maléfica era após o seu falecimento serão arrogantes e gananciosos quanto a
oferecimentos. Eles serão inclinados a se voltarem contra o caminho da iluminação.
Dificilmente eles se iluminarão. Apesar disso, com a força da grande benevolência,
iremos ler, recitar, ostentar e copiar este sutra. Não pouparemos nem a própria vida
para isso”.

Então, quinhentos arhats, cuja iluminação lhes foi assegurada, dizem ao Buda: “Nós
também juramos propagar amplamente este sutra em outros mundos”.

A seguir, aqueles que estavam ainda aprendendo e os que ainda nada mais tinham a
aprender, num total de oito mil pessoas, levantaram-se dos seus assentos e juraram ao
Buda: “Nós também juramos propagar este sutra amplamente em outros mundos. A
razão disso é que neste mundo saha, as pessoas são más, arrogantes, irrascíveis, falsas
e desonestas”.

A tia do Buda, Makahajahadai, levanta-se também junto com seis mil monjas, olhando
para o Buda. Sakyamuni pergunta:

— Por que esse olhar tão preocupado? Deverá estar preocupada porque não lhe foi
feita a previsão sobre sua iluminação? Você se tornará uma grande mestra no futuro,
junto com essas seis mil monjas. Irá seguir o caminho de bodhisattva e tanto você
como as demais atingirão o estado de Buda.

A mãe de Ragora, Yashudara, pensa: “Somente a mim deixou de ser concedida a


iluminação pelo Buda”. E então, o Buda diz a ela: “No futuro, você se tornará uma
grande mestra e finalmente atingirá o estado de Buda”. Todas as mulheres, exultantes,
juram que ensinarão amplamente este sutra em outros mundos. E o Buda olha para os
inumeráveis bodhisattvas que chegaram ao estágio em que nunca mais se afastariam.
Eles dizem ao Buda: “Nós viajaremos pelos mundos e faremos as pessoas copiarem,
guardarem, lerem e recitarem este sutra, explicaremos o seu significado e
praticaremos exatamente como o sutra ensina”.

Eles juram que daí por diante irão propagar o sutra enfrentando a oposição dos Três
Poderosos Inimigos que aparecerão na maligna era após o falecimento do Buda: as
pessoas ignorantes do budismo que acusam os devotos do Sutra de Lótus, atacando-os

35
com espadas e bastões; religiosos arrogantes e astutos que caluniam os devotos;
aqueles que gozam do respeito do público em geral e que, temendo perder a fama e
os lucros, induzem as autoridades a perseguir os devotos do Sutra de Lótus.

E eles dizem: “Nós enfrentaremos todas essas perseguições. Para ensinar este sutra,
nós os suportaremos. Não pouparemos nossa vida, somente cuidaremos do supremo
caminho. Conservaremos o que o Buda nos conferir. Os maus religiosos da era maligna
irão maltrata-nos e seremos banidos repetidamente”.

Neste capítulo, Sakyamuni mostra a dificuldade de propagar a Lei Mística nos Últimos
Dias da Lei após o falecimento do Buda. Aquele que, conforme predisse Sakyamuni,
enfrentou os Três Poderosos Inimigos e propagou a Lei foi Nitiren Daishonin, que foi
exilado duas vezes, primeiro na Península de Ito e depois à Ilha de Sado. Ele foi
também quase decapitado na Perseguição de Tatsunokuti. Por isso, Daishonin
denominou-se devoto do Sutra de Lótus.

Da mesma forma, os praticantes do Budismo Nitiren comprovam por meio de sua


conduta que também são devotos do Sutra de Lótus. No sutra consta: “Nós, com a
força da grande benevolência, iremos ler, recitar, ostentar e copiar este sutra. Não
pouparemos nem a própria vida para isso’. Qual o significado da frase “não
pouparemos?” Não significa desprezar a própria vida, pelo contrário, significa ação e
determinação com mente objetiva.

Geralmente, os que dedicam todas as suas energias a alguma coisa desenvolvem um


certo brilhantismo e até mesmo nobreza. Quando um estudioso tem uma mentalidade
determinada na busca da verdade, a sua aparência o demonstra. O mesmo pode ser
dito a um médico que põe seu coração e sua alma no tratamento de um paciente. De
qualquer modo, quando uma pessoa concentra todas as suas forças em um único
objetivo, podemos dizer que ela está vivendo a frase “não pouparemos a própria vida”.

36
Décimo quarto capítulo do Sutra de
Lótus — “Práticas Pacíficas”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1972, PÁG. A8, 24 DE JANEIRO DE 2009.

Este capítulo recebeu este nome porque nele o Buda Sakyamuni explica a natureza da
prática pacífica numa época maléfica. O capítulo, o último dos ensinos teóricos,
descreve os quatro meios pacíficos de prática, em resposta à pergunta do Bodhisattva
Manjushri referente à maneira como os bodhisattvas deveriam praticar numa época
maligna. Os quatro meios pacíficos da prática relacionam-se com as ações, palavras,
pensamentos e juramento. O capítulo “Práticas Pacíficas” também contém a parábola
da pedra preciosa escondida no topete.

Ação pacífica significa acalmar o corpo e evitar influências malignas e praticar num
local de paz e tranquilidade.

Palavras pacíficas é expor calmamente o Sutra de Lótus, sem depreciar


irrefletidamente ou louvar outras pessoas e sutras.

Pensamentos pacíficos é manter, ler e expor o Sutra de Lótus sem inveja, arrogância
ou atitude afetada e evitar disputas doutrinais.

E o juramento pacífico é fazer um voto profundamente benevolente pela salvação de


todos os seres e praticar de acordo com o ensino.

Segundo Tient’ai, esses quatro tipos de prática referem-se ao “método” de propagar o


Sutra de Lótus sem permitir a si próprio ser perturbado física e espiritualmente pelas
várias influências negativas que acompanham uma “era maligna”.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “Mesmo quando estamos propagando a


Lei Mística ‘sem nos preocuparmos com a nossa vida’, não devemos fazer
absolutamente nada que difame a Lei. Por termos a mais elevada consideração pela
Lei, precisamos exercitar plenamente nossa sabedoria propagando-a”1. Prática
pacífica indica praticar a Lei Mística em ação, palavras e conduta — as três categorias
de ação — isto é, com todo o ser.

Neste capítulo, o Buda afirma: “Aquele que lê este sutra estará em qualquer ocasião
livre de preocupações e ansiedades; e igualmente livre de doença e dor, e sua
expressão será vigorosa e radiante. Ele caminhará destemidamente como o rei leão. O
brilho de sua sabedoria será como a luz do Sol...” (LS14, 209-210).

37
O que devemos fazer para realizar a prática pacífica na era atual e experimentar a paz
e felicidade nesta existência? No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin
explica: “A entidade dessas práticas pacíficas é este (ensino do) Nam-myoho-rengue-
kyo transmitido pelo Bodhisattva Práticas Superiores”. (Gosho Zenshu, pág. 798.) Em
outras palavras, o componente principal da prática pacífica é abraçar o ensino do Nam-
myoho-rengue-kyo.

Contudo, praticar pacificamente não significa viver uma vida calma e tranquila, sem
problemas. É transformar todas as circunstâncias negativas em causas para a “paz” e
“felicidade” por meio da prática da suprema Lei do Nam-myoho-rengue-kyo. É viver de
forma correta e digna, com o espírito de jamais ser derrotado e de não poupar a
própria vida em prol da Lei Mística.

Após falar sobre os quatro modos de prática pacífica, Sakyamuni expõe a parábola da
pedra preciosa escondida no topete. A parábola é sobre um rei girador da roda que
recompensa os que lutaram bravamente dando-lhes vários tesouros. Porém, há um
objeto do qual ele não se desfaz, uma pedra preciosa que mantém escondida em seu
topete. Finalmente, ele tira essa jóia e a concede ao soldado que havia lutado com
insuperável coragem na batalha. Essa jóia representa o Sutra de Lótus, que é o mais
precioso tesouro que o Buda concede. Com esta parábola, Sakyamuni compara a pedra
nos cabelos ao Sutra de Lótus, e os demais tesouros aos sutra anteriores ao de Lótus.
Sakyamuni diz: “Este Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os sutras”.

Assim como o sábio rei girador da roda nunca havia concedido a brilhante jóia a
ninguém, Sakyamuni jamais havia exposto antes o verdadeiro ensino (Sutra de Lótus).

Da mesma forma, Nitiren Daishonin concedeu a “pedra preciosa” (Nam-myoho-


rengue-kyo) a toda a humanidade, possibilitando a todas as pessoas manifestar uma
elevada condição de vida interior e assim conduzir a própria vida no caminho da paz e
da felicidade plena, independentemente das adversidades que possam encontrar no
decorrer da vida.

Nota: 1. Brasil Seikyo, edição no 1.447, 7 de fevereiro de 1998 págs. 3-4.

38
Décimo quinto capítulo do Sutra de
Lótus — “Emergindo da Terra”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1974, PÁG. A8, 07 DE FEVEREIRO DE 2009.

Sakyamuni começa a pregar o ensino essencial do Sutra de Lótus neste capítulo


denominado “Emergindo da Terra” (Yujutsu). Ele inicia com Sakyamuni recusando-se a
transferir a Lei aos bodhisattvas dos outros mundos que demonstraram o desejo de
propagá-la. Em um número oito vezes maior que o das areias do Rio Ganges, esses
bodhisattvas juntam-se à assembléia. Com as mãos postas em profunda reverência,
eles se curvam e dizem ao Buda: “Honrado pelo Mundo! Permita-nos proteger, ler,
recitar, transcrever e adorar este sutra no mundo saha após o seu falecimento.
Juramos pregá-lo amplamente em toda a Terra”. Mas o Buda responde: “Desistam,
homens de fé devota! Não há necessidade de fazê-lo. Neste mundo saha existem
inumeráveis outros bodhisattvas. Eles conservarão este sutra e o ensinarão
amplamente após minha morte”. Nesse momento, a terra treme e das rachaduras
surgem inumeráveis outros bodhisattvas. Eles aparentam ser extremamente nobres e
brilhantes. Eles eram liderados por quatro bodhisattvas: Práticas Superiores (Jogyo),
Práticas Ilimitadas (Muhengyo), Práticas Puras (Jyogyo) e Práticas Firmemente
Estabelecidas (Anryugyo).

Atônito com a cena, o Bodhisattva Maitreya pergunta ao Buda de onde vieram e quem
lhes ensinou a Lei e os iluminou.

Essa é uma parte da preparação para o Buda revelar a eternidade do seu estado de
Buda. Sakyamuni diz que eles são discípulos a quem vinha ensinando desde o distante
passado. No entanto, Maitreya e os outros bodhisattvas não conseguem compreender
o significado de “distante passado”. Eles dizem: “No curto tempo desde que atingira a
iluminação em Bodhigaya, como pôde o Buda preparar esses inumeráveis bodhisattvas
e levá-los à iluminação?”

Isso implica que Sakyamuni havia atingido a iluminação em um remoto passado, muito
distante daquela vida. Pela primeira vez, ele revela o conceito budista da eternidade
da vida.

No Registro dos Ensinos Orais, Nitiren Daishonin revela brevemente o que o capítulo
pretende explicar. Ele diz: “Todo o capítulo ‘Emergindo da Terra’ ensina a missão dos
bodhisattvas enviados pelo verdadeiro Buda. A prática desses bodhisattvas é o Nam-
myoho-rengue-kyo. Isso é o que o sutra quer dizer com o termo ‘recitavam’.
‘Conduziam’, no mesmo sutra, significa conduzir todas as pessoas ao paraíso do Pico
da Águia”.

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“Recitavam” e “conduziam”, no Sutra de Lótus, deriva da passagem do capítulo
“Emergindo da Terra”: “Entre os bodhisattvas haviam quatro líderes, o primeiro
chamado Práticas Superiores, o segundo, Práticas Ilimitadas, o terceiro, Práticas Puras
e o quarto, Práticas Firmemente Estabelecidas. Esses quatro bodhisattvas eram os
líderes que recitavam e conduziam”. O Bodhisattvas da Terra são aqueles que recitam
o Nam-myoho-rengue-kyo e levam outras pessoas a recitá-lo.

O Sutra de Lótus paga o mais alto tributo aos Bodhisattvas da Terra. Isso mostra a
grandeza da existência deles. A questão é saber de onde surgem as suas maravilhosas
características. O Sutra de Lótus diz que eles viviam num espaço sob o mundo saha e
que dali surgiram. Mas é totalmente inacreditável que homens possam surgir debaixo
da terra. No Registro dos Ensinos Orais, Daishonin esclarece: “Esses quatro
bodhisattvas vivem embaixo, e a interpretação de Tient’ai em Palavras e Frases sobre
o Sutra de Lótus refere-se a ‘embaixo’ como ‘a profundidade última da vida’ ou
verdade absoluta.

Aplicando à vida diária, os quatro bodhisattvas representam as funções do Nam-


myoho-rengue-kyo. Quando recitamos esse mantra e nos dedicamos ao caminho do
bodhisattva (salvar outras pessoas por meio da Lei Mística), manifestamos as várias
qualidades do estado de Buda como a eternidade, felicidade, verdadeira identidade e
pureza.

O capítulo diz em parte: “Eles não possuem manchas dos desejos mundanos, como os
botões de lótus na água”. Essas palavras descrevem brevemente uma qualidade
fundamental dos Bodhisattvas da Terra. Os belos botões de lótus não se desenvolvem
em águas límpidas, mas num imundo pântano. O pântano lamacento é o símbolo das
duras realidades da sociedade e dos sofrimentos das pessoas. Os Bodhisattvas da Terra
são aqueles que enfrentam dignamente a difícil realidade do dia-a-dia ao lado das
pessoas que sofrem e lutam em companhia delas.

Apesar de tudo, quando uma pessoa está totalmente coberta de lama é difícil ficar
limpa. Muitas pessoas tendem a se perder diante das dificuldades, apesar dos elevados
ideais de sua juventude. A pessoa precisa ter uma grande energia vital para não
sucumbir diante das circunstâncias desfavoráveis.

A água lamacenta representa ainda a desilusão, o desejo e o carma negativo. O botão


de lótus, a natureza de buda. Em outras palavras, essa analogia indica também a nossa
nobre missão do Kossen-rufu — baseada em um profundo senso de responsabilidade e
benevolência para com a humanidade. Como o próprio Nitiren Daishonin afirma:
“Nitiren e os seus discípulos que recitam o Nam-myoho-rengue-kyo são todos
Bodhisattvas da Terra”.

40
Décimo sexto capítulo do Sutra de
Lótus — “Revelação da Vida Eterna do
Buda”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1976, PÁG. A8, 21 DE FEVEREIRO DE 2009.

Dos 28 capítulos do Sutra de Lótus, os mais importantes são o 2o, Hoben (Meios) e o
16o, Juryo (Revelação da Vida Eterna do Buda).

O capítulo Juryo revela a insondável profundidade e duração da iluminação de


Sakyamuni. Daí o título: ju significa “duração da vida do Buda”, especificamente a de
Sakyamuni, e ryo, “sondar”. “Sondar a duração da vida do Buda” significa saber há
quanto tempo ele é Buda. Isso não quer dizer que esse capítulo revela a “eternidade
da vida”. A crença na eternidade da vida já havia se propagado entre praticamente
todos os antigos filósofos indianos muito antes do advento do budismo e assim não
mereceu nenhuma discussão nesse capítulo que enfoca a duração da vida de
Sakyamuni como Buda, ou seja, quanto tempo passou desde que ele originariamente
atingiu o estado de Buda.

Sakyamuni apresenta aqui uma distância de tempo inimaginavelmente longa chamada


Gohyaku-Jintengo, quando ele atingiu a iluminação pela primeira vez, e declara que
desde então esteve sempre aqui neste mundo pregando a Lei para salvar a
humanidade: “Desde então eu tenho estado neste mundo para ensinar a Lei. Como as
pessoas têm diferentes naturezas, desejos, comportamentos, ideias e julgamento,
propus diferentes ensinos a eles por meio das várias histórias de relações causais,
parábolas e de outros modos, devido ao meu desejo de plantar sementes da
iluminação em seu coração”.

Seus contemporâneos consideravam Sakyamuni como um príncipe que havia iniciado


as austeridades religiosas ainda jovem e que havia finalmente atingido a iluminação
perto da cidade de Gaya. Ninguém havia nem mesmo considerado a possibilidade de
ele ter sido Buda antes disso e, quando atingiu a iluminação, pensaram que foi porque
ele era especial. O capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda” deixa claro que mostra
o erro dessa forma de pensar.

Depois, ele revela a verdadeira causa que o fez atingir o estado de Buda: “Uma vez, eu
também pratiquei as austeridades de bodhisattva, e a vida que então adquiri continua
imutável. Embora eu, na realidade, nunca faleça, profetizo minha própria morte. Se
virem o Buda constantemente presente e eterno neste mundo, eles se tornarão
arrogantes e egoístas, e negligenciarão a prática do budismo. Portanto, o Buda ensina

41
como expediente que ‘é raro viver nas épocas que um Buda surge neste mundo’.
Quando os homens ouvem estas palavras, certamente compreendem que é raro ver
um Buda e passam a aspirar por ele. E, assim fazendo, plantam a causa da iluminação
em seu coração”.

Sakyamuni, então, relata a parábola do bom médico, para ensinar aos homens que o
Buda usa um recurso para salvá-los. A parábola é sobre um médico muito sábio e
habilidoso que tinha muitos filhos. Certa vez, ao retornar de uma longa viagem, ele
encontrou todos agonizando, pois haviam ingerido veneno acidentalmente. O médico
preparou um remédio, mas alguns deles se recusaram a tomá-lo. O veneno já havia
penetrado na mente deles, afetando seu raciocínio. Para salvá-los, o bom médico usou
um subterfúgio. Disse-lhes que precisaria partir imediatamente, mas que deixaria o
remédio para que o tomassem, afinal, ele não sabia se viveria muito tempo devido à
idade avançada. Ele partiu e, depois, enviou um mensageiro para comunicar-lhes o seu
falecimento. Apesar de abalados, os filhos doentes se lembraram do último desejo do
pai e finalmente ingeriram o remédio, recuperando a saúde. Feliz, o pai retornou para
casa e revelou aos filhos a verdade.

Após contar a parábola, Sakyamuni diz que, da mesma forma, ele também utiliza
meios para conduzir as pessoas ao caminho do Buda.

Neste capítulo, Sakyamuni revela os Três Princípios Místicos (San-myo) da Verdadeira


Causa (a causa da iluminação original de Sakyamuni), do Verdadeiro Efeito (sua
iluminação original) e da Verdadeira Terra (o lugar onde o Buda vive e ensina).

A “verdadeira causa” refere-se à prática fundamental que conduz as pessoas a


manifestarem o estado de Buda, que é o “verdadeiro efeito”; e a “verdadeira terra” é
o local da atuação do Buda. O Sutra de Lótus revela que este mundo mundano é a
terra iluminada do Buda. Aplicando este princípio na vida diária, empenhar-se na
prática budista visando à revolução humana constitui a “verdadeira causa”. A
comprovação da felicidade absoluta é o “verdadeiro efeito” e, em consequência disso,
o local onde se vive transforma-se na “verdadeira terra”.

Conforme o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica, o mantra Nam-myoho-rengue-


kyo já contém tanto a verdadeira causa quanto o verdadeiro efeito para se atingir o
estado de Buda. Por isso, sua recitação faz as pessoas manifestarem a sabedoria do
Buda para conduzir a vida da melhor forma e transformar o local onde vivem numa
terra feliz e tranquila.

42
O 17º capítulo do Sutra de Lótus —
Distinção de Benefícios
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1978, PÁG. A8, 14 DE MARÇO DE 2009.

O capítulo anterior, Juryo (Revelação da Vida Eterna do Buda), revela aos ouvintes a
insondável profundidade e duração da iluminação de Sakyamuni. Neste capítulo,
denominado “Fumbetsu Kudoku” (distinção de benefícios), são descritos os diversos
benefícios que eles iriam receber por ouvi-lo. Entretanto, os benefícios que eles
obteriam diferiam. Essa é a razão do título do capítulo.

O capítulo começa com Sakyamuni explicando quais espécies de benefícios as pessoas


obteriam. Alguns receberiam os benefícios da ilimitada eloquência na pregação da Lei.
A outros, foi assegurado que atingiriam a iluminação após uma ou três existências.

Tendo Sakyamuni descrito os benefícios, o Bodhisattva Maitreya (Miroku, em japonês)


diz a ele que nunca havia ouvido falar da imensa longevidade do Buda e que essa
revelação beneficiava a todos os homens e era motivo de grande alegria.

Então, Sakyamuni fala dos quatro estágios da fé: “Se alguém ouve falar da imensa
longevidade do Buda e desperta mesmo um momento da fé, obterá imensuráveis
benefícios. Seu benefício será inimaginavelmente maior do que o benefício obtido por
aquele que pratica os cinco paramitas — oferecimento de esmolas, observância aos
preceitos, perseverança, assiduidade e meditação — por muitos aeons1”. Esta parte
refere-se ao primeiro dos quatro estágios: despertar mesmo um momento para a fé.

Sakyamuni prossegue dizendo que se uma pessoa ouve sobre a grande longevidade
do Buda e compreende o que isso significa, receberá ilimitados benefícios. Ainda
mais benefícios receberão aqueles que ensinam o Sutra de Lótus aos outros. Se uma
pessoa ouve sobre a grande longevidade do Buda e a compreende profundamente,
verá o Buda pregar a Lei no Pico da Águia. Nesta parte, estão descritos os outros três
estágios: compreender, propagar e crer e entender profundamente o sutra.

A seguir, Sakyamuni fala dos cinco estágios da prática: regozijar-se ouvindo o Sutra de
Lótus; ler e recitar o sutra; propagar o sutra aos outros; ostentar o sutra e praticar os
seis paramitas2 e pregar este sutra e praticar os seis paramitas com base no sutra.

Os quatro estágios da fé destinavam-se aos discípulos dos dias de Sakyamuni, e os


cinco estágios da prática aos crentes que vieram após o falecimento de Sakyamuni.
Tient’ai definiu como fundamentais os cinco estágios da prática. Entretanto, Nitiren
Daishonin ensinou que despertar mesmo um momento à fé e regozijar-se ouvindo o

43
Sutra de Lótus são a base de tudo nos Últimos Dias da Lei. Isso acontece porque, no
Budismo Nitiren, tudo está incluído na fé, conforme definido no princípio “abraçar o
Gohonzon é em si a iluminação”. A Lei Mística é o caminho para o estado de Buda.

Notas: 1. Aeon (ou kalpa) : Período de tempo extremamente longo originado da


tradição indiana. A duração de um aeon é descrita de várias formas. De acordo com
um método de cálculo, um aeon médio equivale a aproximadamente 16 milhões de
anos. 2. Os seis paramitas: oferecimento de esmolas, observância aos preceitos,
perseverança, assiduidade, meditação e obtenção da sabedoria.

44
O 18º capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios da Alegre Aceitação
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1980, PÁG. A8, 28 DE MARÇO DE 2009.

O 18o capítulo do Sutra de Lótus expõe o primeiro dos cinco estágios da prática
budista, citados no capítulo anterior: Regozijar-se ouvindo o Sutra de Lótus.

“Os Benefícios da Alegre Aceitação” (Zuiki Kukoku, em japonês) junto com a última
parte do capítulo anterior, “Distinção de Benefícios”, descreve os benefícios de
alegrar-se ao ouvir o Buda revelar sua iluminação original no capítulo Juryo.

Esse capítulo relata o princípio da propagação contínua até a quinquagésima pessoa


(goju tenden). O Bodhisattva Maitreya (Miroku, em japonês) pergunta a Sakyamuni:
“Se a pessoa alegrar-se ao ouvir o Sutra de Lótus após a morte do Buda, qual a
dimensão dos benefícios que ela obterá?” Em resposta, o Buda narra o princípio da
propagação contínua até a quinquagésima pessoa da seguinte forma: uma pessoa
alegra-se ao ouvir o Sutra de Lótus após a morte de Sakyamuni e o ensina a uma
segunda pessoa que, por sua vez, o prega a uma terceira e assim por diante, até que a
quinquagésima pessoa ouça o sutra. Sakyamuni explana que o benefício que essa
quinquagésima pessoa recebe alegrando-se por ouvir o sutra é imensurável. De acordo
com o sutra, o primeiro ouvinte pode obter benefícios maiores que o último. Por que
isso? Segundo Tient’ai, o primeiro ouvinte não somente sente a alegria de ouvir o sutra
mas também o propaga. O quinquagésimo não continua a propagação, simplesmente
se alegra por ter ouvido sobre o ensino. Desse modo, a diferença nos benefícios
obtidos não depende do grau de alegria que a primeira e a última pessoa podem sentir,
mas do grau em que eles propagam o Sutra de Lótus.

Portanto, essa alegoria nos ensina dois pontos importantes: o primeiro é a grandeza
dos benefícios de alegrar-se ouvindo o Sutra de Lótus e o segundo, os imensuráveis
benefícios de se propagar o sutra.

A alegria da contínua propagação à quinquagésima pessoa também ensina a atitude


que devemos assumir ao propagar a Lei Mística, isto é, propagar é compartilhar a
nossa alegria na fé com os outros. Nesse sentido, a propagação é uma manifestação
natural da alegria. Se os praticantes do budismo se sentem felizes praticando o
budismo e participando das atividades da organização, manifestarão, infalivelmente,
os benefícios advindos desse sentimento. Além disso, quando vemos outros membros
felizes, nós também nos alegramos. Isso é o que Nitiren Daishonin quis dizer quando
afirma que o Nam-myoho-rengue-kyo é a maior das alegrias. Se despertarmos a alegria

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da fé dentro de uma pessoa após outra, nós obteremos também imensuráveis
benefícios.

Sob o ponto de vista do Budismo Nitiren, a alegria ao ouvir o Sutra de Lótus indica a
alegria de ouvir sobre o Nam-myoho-rengue-kyo e o Gohonzon. Portanto, na época
atual, a propagação contínua até a quinquagésima pessoa corresponde exatamente ao
movimento desenvolvido em nossa organização transmitindo de pessoa a pessoa a
convicção e o sentimento de realização obtidos por meio da prática budista.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica o princípio da propagação contínua até a


quinquagésima pessoa da seguinte forma: “Isso significa que o simples fato de ouvir
sobre o Gohonzon e pensar ‘Que maravilhoso! Eu tenho sorte de aprender sobre este
ensino!’ gera um enorme benefício. Aqueles que respondem dessa maneira, abraçam a
fé e compartilham-na com os outros e de acordo com sua capacidade terão todas as
suas orações respondidas, obterão enorme boa sorte e atingirão uma condição em que
todos os desejos são concretizados sem falha. A passagem que fala sobre a
quinquagésima pessoa é uma prova documental desse princípio”.

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O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios do Mestre da Lei (1ª parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1982, PÁG. A8, 11 DE ABRIL DE 2009.

O 19o capítulo (Hosshi Kudoku, “Os Benefícios do Mestre da Lei”) começa com a
afirmação de que realizando as práticas de abraçar, ler, recitar, ensinar e transcrever o
Sutra de Lótus, a pessoa pode purificar seus órgãos sensoriais (visão, audição, olfato,
paladar, tato e mente).

O capítulo inicia-se assim: “Naquela época, o Buda disse ao bodhisattva e mahasattva


Constante Empenho: “Se os homens e mulheres de bem aceitarem e mantiverem este
Sutra de Lótus, se lerem-no, recitarem-no, explicarem-no, pregarem-no ou
transcreverem-no, essas pessoas obterão oitocentos olhos de benefícios, mil e
duzentos ouvidos de benefícios, oitocentos narizes de benefícios, mil e duzentas
línguas de benefícios, oitocentos corpos de benefícios e mil e duzentas mentes de
benefícios. Com esses benefícios, eles poderão adornar seus seis órgãos dos sentidos,
tornando-os puros”. (LS 19, 251.)

Aqueles que conduzem essas práticas (abraçar, ler, recitar, ensinar, transcrever) são
chamados “mestres da Lei que conduzem os cinco tipos de prática”. No Budismo
Nitiren, a prática única de aceitar e manter o Gohonzon inclui as cinco práticas em sua
totalidade: “Quando se abraça o Sutra de Lótus e se recita o Nam-myoho-rengue-kyo,
está se observando simultaneamente todas as cinco práticas”. (END, vol. 1, pág. 214.)

“Aceitar e manter” significa praticar a fé com dedicação abnegada. Significa abraçar


sinceramente o Gohonzon e empenhar-se totalmente pelo Kossen-rufu. Isso é
“empenho constante”. É trabalhar pelo Kossen-rufu a cada dia e ao longo do curso da
vida. Por meio dessa fé, os seis sentidos são purificados.

Quando purificamos nossa mente, nossos pensamentos e palavras não divergem da


realidade; ou seja, vivemos de acordo com o budismo. Pode-se dizer que esse
benefício também deriva de um modo de vida embasado no princípio de que o
“budismo é vitória ou derrota”. Há pessoas que pensam erroneamente que, pelo
simples fato de possuírem o Gohonzon, sua vida melhorará sem o mínimo de esforço.
Contudo, Daishonin nos ensina que a prática budista é a própria vida diária. Ou seja,
ninguém consegue conquistar algo se não houver decisão, oração, esforço e
planejamento. Uma pessoa que não lamenta e ora com seriedade e determinação pelo
seu desenvolvimento compreende o ensino budista e as leis da sociedade.

47
Purificar a visão é enxergar o coração das pessoas, saber discernir a essência de tudo.
Assim como um hábil físico, nós adquirimos a capacidade de ver o que as outras
pessoas estão buscando e o que podemos fazer para ajudá-las a superar as
dificuldades. O budismo nos capacita compreender o coração de outra pessoa e a
entender por completo como ele age. Pode-se dizer que o budismo é a ciência do
espírito, o remédio do coração.

Purificar o ouvido é saber ouvir, entender o que se passa no coração das pessoas.
Dialogar é aprender a ouvir. Muitas vezes somos alertados, mas não paramos para
pensar e depois nos arrependemos ou colocamos a culpa em alguém.

Purificar o olfato. O Sutra de Lótus também usa o caractere chinês que designa “ouvir”
para indicar os verbos cheirar e detectar. Segundo o presidente da SGI, Daisaku Ikeda,
cada pessoa tem sua própria “fragrância”. Ele não se refere ao perfume ou odor
corporal, mas, sim, à “fragrância do coração”, ou a “fragrância da vida” que são únicas.
Uma pessoa que estuda, que se empenha para crescer com uma sincera diligência,
possui a “fragrância da tenacidade”. Porém, aquele que passa a vida numa ociosa
decadência manifesta de todo seu ser um aroma desagradável, tal como o de algo
estragado.

Purificar o paladar refere-se ao “mistério” do estado de vida uma pessoa mergulhada


na aflição até mesmo a refeição mais suntuosa será ruim. Da mesma forma, a pessoa
que purificou o sentido da visão encontrará um milagre cintilando de vida mesmo no
cenário mais mundano. Significa também a capacidade de explanar o budismo de tal
forma que leve alegria aos ouvintes.

Purificar o tato. Um mestre da Lei adquire um aspecto digno para o qual as pessoas
sentem-se naturalmente atraídas. Todas as outras pessoas ao seu redor sentem-se
alegres e renovadas. Ou seja, uma pessoa assim torna-se uma presença ensolarada.

48
O 19o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Benefícios do Mestre da Lei (2a e
última parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1984, PÁG. A10, 25 DE ABRIL DE 2009.

O “mestre da Lei” é um líder do Kossen-rufu, uma pessoa que dedica a vida a lutar pela
paz e pela felicidade da humanidade. Quando nos tornamos um “mestre da Lei”,
recebemos o grande benefício da felicidade absoluta.

Em resumo, purificar os seis órgãos dos sentidos significa transformar totalmente a


vida num “veículo” do Kossen-rufu. Quando nos empenhamos com sinceridade e
abnegação por esse ideal, nossa vida transborda de ilimitada força vital. A sabedoria, a
vitalidade e a benevolência brotam.

Mesmo que a pessoa envelheça e perca a visão, suas mãos ainda se movem. Portanto,
pode escrever cartas. Se ainda conseguem falar, podem falar ao telefone.
Independentemente das circunstâncias da vida, podemos transformar tudo em valor e
benefício. Essa grande força vital é o benefício obtido pelo “mestre da Lei”.

Os integrantes da SGI que se empenham sinceramente pela paz e pela felicidade da


humanidade estão seguindo o caminho supremo da vida como “mestres da lei” e
conseguem manifestar ilimitados benefícios na vida.

Quando se fala em benefícios, tem-se a impressão que é algo externo à pessoa.


Contudo, o benefício não é algo de fora. Ele surge de dentro da própria vida;
manifesta-se por suas ações.

De acordo com Nitiren Daishonin, quando mudamos podemos “obter boa sorte de dez
milhas de distância”. (The Major Writings of Nichiren Daishonin [MW], vol. 1, pág.
272.)

O caractere ku [do termo kudoku, ou benefício] significa também eliminar a maldade,


ao passo que o caractere doku, produzir o bem. (Gosho Zenshu, pág. 762.) No Budismo
Nitiren, benefício significa livrar-se da escuridão fundamental da vida e fazer surgir o
bem.

A menos que erradiquemos as impurezas e as tendências negativas e destrutivas


existentes dentro de nós, não conquistaremos a verdadeira felicidade. Por isso, é

49
importante lutar contra as forças maldosas e destrutivas que atuam na vida das
pessoas.

Como observa o líder da SGI, Daisaku Ikeda, “O bem não é simplesmente uma questão
de fazer caridade e viver altruísticamente; ele inclui lutar contra a maldade e a injustiça.
Ao refutar a maldade, amenizamos nosso próprio carma negativo e criamos boa sorte
e benefício. Esse é o significado de benefício (kudoku) no Budismo de Nitiren
Daishonin. A felicidade nasce da luta contra a injustiça”. (Brasil Seikyo, edição no 1.543,
12 de fevereiro de 2000, pág. A3.)

Este é um ponto importante na filosofia propagada pela SGI. Na maioria dos casos,
uma grande mudança externa inicia a partir de uma grande mudança interior. Mesmo
se tratando, por exemplo, de um problema de saúde, a disposição interior e a
determinação de superar o problema podem se mostrar fundamentais.

Nesse sentido, no Budismo Nitiren não há benefícios que venham de fora — ele se
manifesta a partir de uma mudança de postura da própria pessoa.

No budismo, a comprovação real da prática se manifesta sob duas formas de


benefícios: perceptíveis e imperceptíveis. Os benefícios perceptíveis se referem à
comprovação real que se manifesta de forma visível e perceptível na vida dos
praticantes, já os imperceptíveis não podem ser vistos no momento presente, mas
com o passar do tempo florescem de forma tão extraordinária, muito além das
próprias expectativas. Embora seja natural buscarmos os benefícios perceptíveis, no
Budismo Nitiren os verdadeiros benefícios são os imperceptíveis, conforme consta no
escrito “Ensino, Prática e Prova”: “Aqueles que obtiveram o benefício durante os
Primeiros e Médios Dias da Lei receberam benefícios ‘perceptíveis’, pois a relação que
estabeleceram com o Sutra de Lótus no transcurso da existência do Buda, finalmente
havia amadurecido. Por outro lado, aqueles nascidos atualmente, nos Últimos Dias da
Lei, receberam a semente do estado de Buda pela primeira vez, e o benefício deles é,
portanto, imperceptível”. (END, vol. 4, pág. 235.)

Embora não seja perceptível uma mudança de um dia para o outro, por meio de uma
contínua e sincera prática budista os praticantes podem transformar sua vida e
conquistar extraordinários benefícios. Portanto, o ponto fundamental é a continuidade
da prática da fé, sem jamais ser derrotado perante as adversidades do dia-a-dia.

Vale ressaltar que, com a prática do Budismo Nitiren, os benefícios perceptíveis


também podem ser plenamente conquistados. Por exemplo, ao abraçar o Gohonzon e
iniciar a prática do budismo, comumente se manifesta um benefício perceptível como
uma primeira comprovação real na vida.

50
O 20o capítulo do Sutra de Lótus —
Bodhisattva
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1986, PÁG. A4, 09 DE MAIO DE 2009.

Neste capítulo, Sakyamuni ilustra tanto o benefício de abraçar e praticar o Sutra de


Lótus como a gravidade da retribuição das calúnias aos seus devotos com o exemplo
do Bodhisattva Jamais Desprezar, que tinha esse nome porque independentemente de
quem encontrasse (outros monges, freiras, leigos ou leigas), curvava-se em reverência
a todos eles e os louvava, dizendo: “Eu os reverencio profundamente e jamais ousaria
tratá-los com desprezo ou arrogância. Por que? Porque os senhores estão praticando o
caminho de bodhisattva e certamente atingirão o estado de Buda”.

Quando se expressava assim, as pessoas o atacavam com bastões e pedras. Apesar


disso, ele continuava dizendo: “Não ouso desprezá-las, pois todas as pessoas podem
atingir o estado de Buda”. Graças a essa prática, ele conseguiu obter o benefício da
purificação dos seis sentidos, tema do capítulo anterior.

Após contar a história do Bodhisattva Jamais Desprezar, Sakyamuni revela que ele era
esse bodhisattva numa existência prévia. A seguir, Sakyamuni diz que as pessoas que
caluniaram o Bodhisattva Jamais Desprezar caíram no inferno de incessantes
sofrimentos, onde ficaram em grande agonia durante mil anos. No entanto, após
terem expiado suas ofensas, essas pessoas renasceram junto a esse bodhisattva e
foram salvas por meio da prática do Sutra de Lótus. Sakyamuni revela que essas
pessoas atingiram a iluminação e estavam presentes na cerimônia do Sutra de Lótus.

Em “Esclarecendo a Calúnia”, Nitiren Daishonin resume passagens do capítulo


“Bodhisattva Jamais Desprezar”, dizendo: “Mesmo aqueles que falam mal do devoto
do Sutra de Lótus ou o agridem com pedaços de madeira podem se arrepender mais
tarde de seus atos, mas suas ofensas não são expiadas e eles cairão no inferno de
incessante sofrimento por mil kalpas”. (Gosho Zenshu [GZ], pág. 448.)

Contudo, no budismo não há inferno eterno. Mesmo que uma pessoa calunie a Lei
Mística e caia em uma vida de sofrimentos, essa relação negativa e a compreensão de
sua causa a levará, no final, ao grande benefício do estado de Buda. É isso o que
aconteceu com os caluniadores do Bodhisattva Jamais Desprezar.

Em outro escrito, Daishonin declara: “Se acender uma lamparina para uma outra
pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”. (Ibidem, pág. 1.598.) Daishonin
ressalta que respeitar os outros, como exemplificado pelas ações do Bodhisattva

51
Jamais Desprezar, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que ensinar aos
outros a Lei Mística é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos
de corpo e alma para encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui
uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas,
mas o nosso também.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, retrata o Bodhisattva Jamais Desprezar dizendo


que não era uma pessoa eloquente nem demonstrava superioridade. Apenas seguia
plantando a semente do Sutra de Lótus no coração das pessoas com uma simplicidade
tão grande que chegava a parecer ingenuidade.

Na sociedade atual em que a vida não é devidamente respeitada, o comportamento do


Bodhisattva Jamais Desprezar nos faz lembrar a importância de se valorizar cada
pessoa. Ele é a personificação do humanismo, pois seu comportamento não se origina
do sentimento de comiseração e, sim, da consciência de que cada pessoa possui uma
joia preciosa dentro de si — o supremo estado de Buda.

Por meio de seu exemplo, o Bodhisattva Jamais Desprezar nos ensina que devemos
respeitar os outros, não só quando propagamos o budismo, mas em todos os sentidos
porque esse é o correto comportamento dos seres humanos.

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O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Poderes Místicos do Buda (1a parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1988, PÁG. A8, 23 DE MAIO DE 2009.

No 21o capítulo do Sutra de Lótus (Jinriki, “Os Poderes Místicos do Buda”), finalmente
Sakyamuni transfere a Lei aos Bodhisattvas da Terra, já prenunciada no 15o capítulo,
Emergindo da Terra, no qual Sakyamuni não aceita o juramento de outros bodhisattvas
de propagar a Lei após sua morte e convoca inumeráveis Bodhisattvas da Terra
confiando-lhes essa missão. O 21o capítulo começa com a cena do juramento: “Nesse
momento, os bodhisattvas e mahasattvas que emergiram da terra, tão numerosos
quanto as partículas de pó dos mil mundos, solenemente observaram o honrado
semblante do Buda e, com as palmas juntas, disseram em reverência: ‘Lorde Buda!
Após o seu falecimento juramos propagar este sutra em todas as terras em que o
senhor aparecer’”.

Por que apenas os Bodhisattvas da Terra poderiam se responsabilizar pela tarefa de


propagar amplamente a Lei do Buda a todas as pessoas nos Últimos Dias da Lei?
Porque embora eles tenham o mesmo estado de vida de um Buda, sua conduta é
totalmente a de bodhisattvas. Eles poderiam ser chamados de “bodhisattvas-budas”.

Conforme o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica, se o estado de vida de um


bodhisattva não for uno ao de um buda, não poderá propagar corretamente a Lei. Ao
mesmo tempo, numa era corrupta como a dos Últimos Dias da Lei, a menos que os
bodhisattvas saiam pelo mundo e assimilem os trabalhos da sociedade, o Kossen-rufu
não será atingido. Os Bodhisattvas da Terra são dotados com essas qualidades.

No trecho seguinte, consta: “Nesse momento, o Lorde Buda demonstrou seus grandes
poderes místicos para a assembleia inteira. Os dez poderes místicos são uma
representação do Kossen-rufu e das funções da vida”.

O primeiro deles seria o Buda “estender sua longa língua para o alto até alcançar o céu
Brahma” (LS 21, 273). Na Índia antiga, as pessoas esticavam a língua num gesto para
testemunhar a verdade de suas palavras. Nesse caso, ao estender a língua, Sakyamuni
declara que o Sutra de Lótus é completamente livre de falsidade.

Daishonin diz que a língua estendida indica que a Lei Mística pode salvar todos os seres
dos Dez Mundos, e a língua longa indica a existência da Lei desde o tempo sem início
(cf. Gosho Zenshu, pág. 770).

53
Com relação ao segundo poder místico, consta no sutra: “De seus poros ele
[Sakyamuni] emitiu imensuráveis e incontáveis raios de luz que iluminaram todos os
mundos das dez direções. Os outros Budas... da mesma forma, estenderam a longa
língua e emitiram imensuráveis raios de luz”. (LS 21, 273.) Essa passagem significa que
quando manifestamos um ardente espírito de fé, toda a nossa vida irradia dignidade,
sabedoria e esperança e somos capazes de iluminar a vida dos outros.

Na sequência, Sakyamuni e os outros budas recolheram simultaneamente a língua e,


exibindo o terceiro e o quarto poderes místicos, “tossiram em uníssono e todos juntos
estalaram os dedos” (LS 21, 273). De acordo com um costume da Índia, as pessoas
também estalavam os dedos para evidenciar a verdade de suas palavras.

Quanto ao quinto poder, ele diz: “Os sons produzidos por essas duas ações ecoaram
por todos os mundos do Buda das dez direções e a terra em todos eles tremeu de seis
modos diferentes”. (LS 21, 273.) Isso indica que mesmo a terra atinge o estado de
Buda. Esse é o princípio dos três mil mundos num único momento da vida; ele
simboliza o grande drama do Kossen-rufu.

Após a terra tremer de alegria, ocorre o sexto poder místico: “Os seres vivos em seu
meio... todos viram neste mundo saha centenas, milhares, dezenas de milhares,
milhões de imensuráveis e incontáveis budas sentados nos assentos do leão... e
também viram os budas Sakyamuni e Taho sentados juntos no assento do leão na
Torre de Tesouro. Além disso, eles viram imensuráveis, incontáveis, centenas, milhares,
dezenas de milhares, milhões de bodhisattvas e mahasattvas e os quatro tipos de
seguidores que respeitosamente rodeavam o Buda Sakyamuni. Quando eles vêem
essas imagens, enchem-se de alegria, o que jamais haviam conseguido antes”. (LS 21,
273.) A multidão de Budas sentados sobre “tronos do leão” esticou-se tanto quanto
seus olhos podiam ver. O termo “leão” é escrito com dois caracteres chineses; o
primeiro significa “mestre” e o segundo, “discípulo”. Isso indica que quando o mestre e
o discípulo são unos, qualquer mundo pode ser transformado na Terra da Luz
Eternamente Tranquila.

54
O 21o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Poderes Místicos do Buda (2a e última
parte)
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1990, PÁG. A8, 06 DE JUNHO DE 2009.

O sétimo poder místico é mostrado quando os seres rejubilam-se e “o céu clama com
altas vozes”. (LS 21, 273.) O seres celestes declaram: “Há uma terra chamada saha, e
nela um buda chamado Sakyamuni. Agora, em prol dos bodhisattvas e mahasattvas,
ele está pregando um sutra do Grande Veículo chamado Lótus da Maravilhosa Lei, uma
Lei para instruir os bodhisattvas, guardada e mantida em mente pelos budas. O senhor
deve responder com alegria das profundezas de seu coração e também prestar
obediência e oferecer donativos ao Buda Sakyamuni!” (LS 21, 273–74.)

O oitavo poder místico assume seu lugar em resposta a essa voz: “Os vários seres
vivos... juntam as mãos, olham para o mundo saha e dizem estas palavras: ‘Salve o
Buda Sakyamuni! Salve o Buda Sakyamuni!’” (LS21, 274.)

“Buda Sakyamuni” representa o espírito da persistência, pois o mundo saha é uma


terra habitada por pessoas de pouca capacidade, que não conseguem aceitar algo por
seu verdadeiro valor. Ao contrário, tendem a perseguir os justos.

Para resistir a essa perseguição e desprezo e persistir na propagação da Lei Mística é


necessário o espírito de perseverança e rechaçar as maldades. Nitiren Daishonin
ensina que agir assim é o próprio estado de Buda e é também o estado de vida do
Buda Sakyamuni.

O sutra diz o seguinte a respeito do nono poder místico: “E então eles [os seres vivos
dos mundos das dez direções] tomam diferentes tipos de flores, incenso, colares,
bandeiras e dosséis, e também ornamentos, joias raras e outros objetos maravilhosos
que adornavam essas pessoas, e todos juntos lançaram-nos para bem longe, na
direção do mundo saha. Os objetos assim lançados caem das dez direções como se
fossem nuvens. E então transformam-se em uma cortina preciosa que cobre por
completo o local onde os budas se encontram”. (LS21, 274.)

E sobre o décimo poder: “Nessa época, os mundos das dez direções abrem-se para que
a passagem de um para outro seja desobstruída e torne-se uma única terra do Buda”.
(Ibidem.)

Assim, demonstrando os dez grandes poderes místicos, o Buda transferiu os cinco


caracteres do Myoho-rengue-kyo para os quatro grandes Bodhisattvas: Práticas
Superiores (Jogyo), Práticas Firmemente Estabelecidas (Anryugyo), Práticas Puras

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(Jyogyo) e Práticas Ilimitadas (Muhengyo). Dirigindo-se a Práticas Superiores e a outros
na grande assembleia de bodhisattvas, Sakyamuni diz: “Descrevi neste sutra todas as
leis do Buda, todos os invencíveis poderes místicos do Buda, todos os tesouros
secretos do Buda, e todas as profundas práticas do Buda”.

Miao-lo afirma que os primeiros cinco dos dez grandes poderes místicos tinham em
vista os que viviam durante a vida de Sakyamuni, e os cinco últimos, as gerações após
o seu falecimento. Num sentido mais profundo, contudo, todos estão destinados às
gerações futuras.

As pessoas em geral associam os “poderes místicos” com a capacidade física e sobre-


humana. Mas Daishonin adverte: “Não se deve basear o julgamento sobre a validade
de uma religião no poder oculto ou sobrenatural de seus seguidores”. (Gosho Zenshu,
pág. 16.) Os poderes místicos não se referem a poderes ou habilidades extraordinárias
de uma pessoa, pois elas não conduzem as pessoas à felicidade. Atingir o estado de
Buda, alcançar um estado de vida de absoluta e eterna felicidade é o poder místico do
Buda. Pois esse é o supremo poder de acordo com a Lei da vida.

Sakyamuni conclui sua pregação dizendo que, onde quer que uma pessoa pratique o
Sutra de Lótus, esse lugar é a Terra do Buda.

Quando recitamos Daimoku ao Gohonzon todas as manhãs e noites, fazemos com que
surja no microcosmo de nossa vida um drama magnífico como o que é descrito no
capítulo “Os Poderes Místicos do Buda”. E quando fazemos com que esse drama da
mudança se realize na sociedade, estamos compreendendo o verdadeiro significado
do capítulo.

Para esse fim, precisamos ter coragem. Temos de tomar a iniciativa. Quando agimos
assim, nós próprios mudamos, e a sociedade também muda.

56
O 22o capítulo do Sutra de Lótus —
Transferência
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1991, PÁG. A8, 13 DE JUNHO DE 2009.

Logo após Sakyamuni ter transmitido a Lei Mística aos Bodhisattvas da Terra no
capítulo anterior, nesta parte ele conclui a transmissão da Lei Mística confiando-a a
todos os outros inumeráveis bodhisattvas presentes na assembleia. Esse capítulo
também conclui a Cerimônia no Ar, com o local da cerimônia revertendo-se em pleno
ar para o topo do Pico da Águia.

O capítulo inicia-se assim: “Nesse momento, Sakyamuni levantou-se de seu lugar


Dharma e, manifestando seus grandes poderes sobrenaturais, com sua mão direita
tocou a cabeça dos inumeráveis bodhisattvas e mahasattvas e pronunciou estas
palavras: ‘Durante incalculáveis milhões de kalpas asamkhya, eu pratiquei esta difícil
Lei de anuttara-samyak-sambodhi. Agora confio essa Lei a vocês. Devem propagá-la
em outras terras com uma única mente, fazendo seus benefícios espalharem-se para
todos os cantos...’

“A multidão de bodhisattvas e mahasattvas repetiu essas palavras três vezes, elevando


sua voz em união e dizendo: ‘Cumpriremos respeitosamente essa missão conforme o
Buda nos ordenou. Portanto, pedimos que o Buda não se preocupe!” (LS22, 277–278.)

O capítulo “Transferência” é um capítulo de transmissão. O termo “transferência”


neste contexto indica sucessão; e “sucessão” define a relação de mestre e discípulo.
Portanto, esse capítulo também poderia ser denominado de “Sucessão” ou “Mestre e
Discípulo”.

O termo “transferência” significa confiar ou deixar algo para alguém com confiança.
Considerando do ponto de vista dos que estão recebendo essa transferência, esse é o
capítulo em que os discípulos juram assumir a responsabilidade da propagação da Lei.
Esse ponto define a relação de mestre e discípulo, pois tudo depende da seriedade
com que o discípulo é capaz de aceitar e agir de acordo com cada palavra do mestre.
Um verdadeiro discípulo esforça-se para concretizar os objetivos do mestre — sem
imitá-lo, mas colocando suas palavras em ação.

No Registro dos Ensinos Orais consta: “A transferência das três leves batidas simboliza
o fato de que o Buda está transferindo-lhes as três categorias da ação, que são: as
ações corporais, verbais e mentais; as três verdades; e as três visões ou meditações
possíveis por meio das três verdades”. (Gosho Zenshu, pág. 722.)

Do ponto de vista dos discípulos, eles compreendem os três tipos de sabedoria em seu
coração quando praticam o ensino do mestre em seus pensamentos, palavras e ações.

57
Em outras palavras, despertam para o infinito estado de Buda existente em sua própria
vida.

Assim, isso equivale à ação, da propagação do budismo ou o empenho pelo Kossen-


rufu. Quando nos dedicamos ao Kossen-rufu em pensamento, palavra e ação, como
resultado, tudo será transformado infalivelmente em grandes benefícios. Mas, se
somente aparentarmos nos dedicar a esse ideal e, em vez disso, cultivarmos
sentimentos negativos, nossa boa sorte se desvanecerá.

O capítulo “Transferência” vai mais além declarando que aqueles que propagam o
ensino “retribuirão os débitos de gratidão que possuem com os budas”. (LS22, 278.) O
único propósito da oração do Buda e do mestre é a concretização do Kossen-rufu. É
por essa razão que a dedicação à propagação do ensino significa retribuir
verdadeiramente o débito de gratidão com o mestre.

Quando esquecemos nosso débito de gratidão, o budismo desaparece de nossa vida,


deixamos de trilhar o verdadeiro caminho da humanidade. O budismo ensina como
devemos conduzir nossa vida como seres humanos. Portanto, um budista deve ser
alguém que está consciente disso e que se esforça para retribuir seu débito de
gratidão.

Um discípulo cumpre respeitosamente sua missão exatamente como o mestre instruiu.


Isso significa colocar em prática tudo o que ele ensinou, sem negligenciar nenhum
ponto. Esse é o caminho de um discípulo.

O Brasil Seikyo publicará a partir desta edição a seção Budismo Fácil ininterruptamente,
deixando de publicar nos meses de junho e julho as seções Tendência & Opinião e
Lições da Vida.

58
23o capítulo do Sutra de Lótus — Os
Feitos Anteriores do Bodhisattva Reis
dos Remédios
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1992, PÁG. A8, 20 DE JUNHO DE 2009.

Esse capítulo, “Os Feitos Anteriores do Bodhisattva Rei dos Remédios”, conhecido
simplesmente como capítulo Yakuo, dá início à segunda Assembleia no Pico da Águia,
realizada após a Cerimônia no Ar. No início, o Bodhisattva Rei da Constelação Flor
implora a Sakyamuni que fale sobre as práticas passadas do Bodhisattva Rei dos
Remédios. Em resposta, o Buda explana que houve uma vez um bodhisattva chamado
Alegremente Recebido por Todos os Seres Vivos, que ouviu o Sutra de Lótus por
intermédio do Buda da Virtude Pura e Reluzente do Sol e da Lua. Em gratidão, ele
queimou seu corpo como forma de oferecimento ao Buda e ao Sutra de Lótus por
1.200 anos. Ele renasceu na terra do Buda da Virtude Pura e Reluzente do Sol e da Lua
e queimou seus cotovelos como mais um oferecimento por 72 mil anos.

Após falar da devoção do Bodhisattva Alegremente Recebido por Todos os Seres Vivos,
Sakyamuni revela que esse buda foi o próprio Buda Rei dos Remédios. A seguir,
Sakyamuni fala dos inimagináveis benefícios de abraçar o Sutra de Lótus e apresenta
dez comparações e doze analogias ilustrando a supremacia do Sutra de Lótus e o
benefício da fé no sutra como, por exemplo, comparando o rio ao mar e às montanhas.
Como o mar é mais profundo que os rios, o Sutra de Lótus é igualmente mais profundo
que qualquer outro sutra. Como o Monte Sumeru é a mais elevada de todas as
montanhas, o Sutra de Lótus é também o mais elevado de todos os sutras.

Terminadas as comparações, Sakyamuni fala das funções do Sutra de Lótus. Ele diz ao
Bodhisattva Rei da Constelação: “Este sutra realiza todos os desejos das pessoas”. E
continua falando dos imensos benefícios da prática do Sutra de Lótus e encoraja as
pessoas a propagarem-na.

Por meio da história do Bodhisattva Rei dos Remédios, Sakyamuni ensina a


importância do espírito de não poupar a própria vida pela Lei Mística. No budismo,
essa expressão indica a força e a devoção da prática budista de uma pessoa. O
sacrifício não deve ser interpretado de maneira literal. A sua implicação reside em
viver para nós mesmos e para os outros, desafiando a realidade diária da vida sem
medo, em vez de buscar a felicidade fora do ambiente em que se vive.

Nesse capítulo, o Buda declara: “Você deve aceitar, abraçar, ler, recitar e meditar
sobre este sutra e ensiná-lo aos outros. A boa sorte que receberá com isso será
imensurável e ilimitada. Não pode ser queimada nem levada pela água. (...) Agora você
conseguiu destruir todos os demônios e ladrões, aniquilar o exército de nascimento e

59
morte e todos os outros que sentem inimizade ou maldade por você foram igualmente
destruídos.

“Bom homem, centenas e milhares de budas empregarão seus poderes místicos para
defendê-lo e protegê-lo. Dentre os seres humanos e celestiais de todos os mundos,
não haverá ninguém como você”. (LS23, págs. 287–288.)

Perto do final, o Buda enfatiza novamente a propagação do sutra no futuro. Essa parte
inclui a passagem: “No quinto período de quinhentos anos após minha morte, realizem
o Kossen-rufu mundial e jamais permitam que seu fluxo cesse. Não permitam que a
maldade e as pessoas do mal, dragões, yakshas, kumbhandas ou qualquer tipo levem
vantagem”.

Na época atual, abraçar o Gohonzon, orar o Nam-myoho-rengue-kyo e ensinar aos


outros a fazer o mesmo é viver o mais nobre caminho, conforme Sakyamuni e Nitiren
Daishonin ensinam.

As pessoas que perseveram na prática budista, acumulam benefícios imensuráveis e


são infalivelmente protegidas por todas as funções do Universo.

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Décimo quarto capítulo do Sutra de
Lótus — “Práticas Pacíficas”
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1972, PÁG. A8, 24 DE JANEIRO DE 2009.

Este capítulo recebeu este nome porque nele o Buda Sakyamuni explica a natureza da
prática pacífica numa época maléfica. O capítulo, o último dos ensinos teóricos,
descreve os quatro meios pacíficos de prática, em resposta à pergunta do Bodhisattva
Manjushri referente à maneira como os bodhisattvas deveriam praticar numa época
maligna. Os quatro meios pacíficos da prática relacionam-se com as ações, palavras,
pensamentos e juramento. O capítulo “Práticas Pacíficas” também contém a parábola
da pedra preciosa escondida no topete.

Ação pacífica significa acalmar o corpo e evitar influências malignas e praticar num
local de paz e tranquilidade.

Palavras pacíficas é expor calmamente o Sutra de Lótus, sem depreciar


irrefletidamente ou louvar outras pessoas e sutras.

Pensamentos pacíficos é manter, ler e expor o Sutra de Lótus sem inveja, arrogância
ou atitude afetada e evitar disputas doutrinais.

E o juramento pacífico é fazer um voto profundamente benevolente pela salvação de


todos os seres e praticar de acordo com o ensino.

Segundo Tient’ai, esses quatro tipos de prática referem-se ao “método” de propagar o


Sutra de Lótus sem permitir a si próprio ser perturbado física e espiritualmente pelas
várias influências negativas que acompanham uma “era maligna”.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “Mesmo quando estamos propagando a


Lei Mística ‘sem nos preocuparmos com a nossa vida’, não devemos fazer
absolutamente nada que difame a Lei. Por termos a mais elevada consideração pela
Lei, precisamos exercitar plenamente nossa sabedoria propagando-a”1. Prática
pacífica indica praticar a Lei Mística em ação, palavras e conduta — as três categorias
de ação — isto é, com todo o ser.

Neste capítulo, o Buda afirma: “Aquele que lê este sutra estará em qualquer ocasião
livre de preocupações e ansiedades; e igualmente livre de doença e dor, e sua
expressão será vigorosa e radiante. Ele caminhará destemidamente como o rei leão. O
brilho de sua sabedoria será como a luz do Sol...” (LS14, 209-210).

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O que devemos fazer para realizar a prática pacífica na era atual e experimentar a paz
e felicidade nesta existência? No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin
explica: “A entidade dessas práticas pacíficas é este (ensino do) Nam-myoho-rengue-
kyo transmitido pelo Bodhisattva Práticas Superiores”. (Gosho Zenshu, pág. 798.) Em
outras palavras, o componente principal da prática pacífica é abraçar o ensino do Nam-
myoho-rengue-kyo.

Contudo, praticar pacificamente não significa viver uma vida calma e tranquila, sem
problemas. É transformar todas as circunstâncias negativas em causas para a “paz” e
“felicidade” por meio da prática da suprema Lei do Nam-myoho-rengue-kyo. É viver de
forma correta e digna, com o espírito de jamais ser derrotado e de não poupar a
própria vida em prol da Lei Mística.

Após falar sobre os quatro modos de prática pacífica, Sakyamuni expõe a parábola da
pedra preciosa escondida no topete. A parábola é sobre um rei girador da roda que
recompensa os que lutaram bravamente dando-lhes vários tesouros. Porém, há um
objeto do qual ele não se desfaz, uma pedra preciosa que mantém escondida em seu
topete. Finalmente, ele tira essa jóia e a concede ao soldado que havia lutado com
insuperável coragem na batalha. Essa jóia representa o Sutra de Lótus, que é o mais
precioso tesouro que o Buda concede. Com esta parábola, Sakyamuni compara a pedra
nos cabelos ao Sutra de Lótus, e os demais tesouros aos sutra anteriores ao de Lótus.
Sakyamuni diz: “Este Sutra de Lótus é o mais profundo de todos os sutras”.

Assim como o sábio rei girador da roda nunca havia concedido a brilhante jóia a
ninguém, Sakyamuni jamais havia exposto antes o verdadeiro ensino (Sutra de Lótus).

Da mesma forma, Nitiren Daishonin concedeu a “pedra preciosa” (Nam-myoho-


rengue-kyo) a toda a humanidade, possibilitando a todas as pessoas manifestar uma
elevada condição de vida interior e assim conduzir a própria vida no caminho da paz e
da felicidade plena, independentemente das adversidades que possam encontrar no
decorrer da vida.

Nota: 1. Brasil Seikyo, edição no 1.447, 7 de fevereiro de 1998 págs. 3-4.

62
25o capítulo do Sutra de Lótus —
Portal Universal do Bodhisattva
Percebedor dos Sons do Mundo
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1994, PÁG. A8, 04 DE JULHO DE 2009.

Esse capítulo conta a história do Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo. No início,
o Bodhisattva Mente Inexaurível pede a Sakyamuni que explane por que o Bodhisattva
Percebedor dos Sons do Mundo tem esse nome. Sakyamuni responde que é porque
ele percebe e salva todos aqueles que estão aflitos, não importando onde estejam, e
que sinceramente invocam seu nome. O Buda ainda menciona sete desastres dos quais
a pessoa pode ser salva por meio do poder do Bodhisattva Percebedor dos Sons do
Mundo, como incêndios, inundações, espadas e bastões, prisão e ataque de bandidos.
Esse bodhisattva também livra as pessoas dos três venenos da avareza, ira e estupidez
e concede orações às crianças. Ele pode assumir qualquer forma para pregar o ensino
do Buda.

Em seguida, Sakyamuni enumera trinta e três formas que o Bodhisattva Percebedor


dos Sons do Mundo assume para salvar as pessoas e afirma que esse bodhisattva
confere o benefício da coragem nos momentos de dificuldades e de perigo. O
Bodhisattva Mente Inexaurível, então, oferece um colar precioso ao Bodhisattva
Percebedor dos Sons do Mundo que divide-o ao meio e oferece uma metade ao Buda
Sakyamuni e a outra à Torre de Tesouro.

Sobre o significado de seu nome, Nitiren Daishonin diz que “Percebedor” significa
percepção perfeita, “mundo”, refere-se a maravilhoso, e “sons” à capacidade de
atingir o estado de Buda. “Mundo” diz respeito aos seres dos dez mundos. Numa
passagem desse capítulo, consta: “Ele olha para os seres vivos com benevolência”.
Olhar as pessoas com benevolência não significa olhá-las com pena, mas com a
consciência de que “esta pessoa é realmente um buda, mas está sofrendo porque não
percebe isso”.

Do ponto de vista do Budismo Nitiren, a figura do Bodhisattva Percebedor dos Sons do


Mundo representa um aspecto da própria vida de Daishonin e está contida no
Gohonzon. É um símbolo da ilimitada benevolência dele. Entretanto, apesar de toda a
sua popularidade, ainda hoje muitas pessoas não compreendem que a fonte de seu
poder vem da Lei Mística ou da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo para obter sua
proteção.

Elas tendem a achar erroneamente que serão protegidas apenas por serem budistas,
tornando-se acomodadas e negligentes. Mas as funções protetoras do Universo

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apenas são evidenciadas por uma corajosa e inabalável fé. É a fé, a recitação de
Daimoku e a ação pelo Kossen-rufu que ativam essa poderosa força.

O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, dizia que é uma falta de
responsabilidade simplesmente desejar o benefício sem se devotar ao Gohonzon.
Aqueles que oram com toda sinceridade e se empenham em prol do Kossen-rufu
constroem em sua vida uma fortaleza de segurança e tranquilidade.

Jossei Toda também observava que é indispensável possuir percepção e capacidade


aguçadas para distinguir corretamente e compreender profundamente as tendências
na sociedade e a época, e até mesmo antecipá-las antes que aconteçam.

Por meio da corajosa e sincera fé podemos evidenciar este poder em nossa vida e
reconhecer os “sons” do sofrimento de uma pessoa, não importando quem seja e agir
de forma a extrair os seus sofrimentos e substituí-los por felicidade.

E como podemos fazer isso? Pela benevolência e amabilidade. É na atitude de


compartilhar sinceramente nossas preocupações com os outros, de orar para a
superação de seus problemas como se fossem nossos, na sincera consideração pelos
demais e no incentivo rigoroso repleto desses sentimentos que espontaneamente
sensibilizamos as pessoas. Todas essas virtudes são características do Percebedor dos
Sons do Mundo.

De fato, a seriedade com que oramos e a nossa incansável e sincera dedicação pela
felicidade das pessoas ultrapassando nossas próprias limitações é o que nos faz tocá-
las profundamente. É a própria virtude do Percebedor dos Sons do Mundo.

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26o capítulo do Sutra de Lótus —
Dharani
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1995, PÁG. A8, 11 DE JULHO DE 2009.

A palavra dharani é um termo sânscrito. Em chinês esse termo é traduzido com


caracteres que significam “sustentar”, incluindo a ideia de ser “capaz de sustentar” e
também de ser “capaz de evitar”. Originariamente, dharani significava “lembrar e
preservar”; e sua raiz, “apoiar” ou “manter”. Portanto, quer dizer sustentar e manter o
ensino no coração em toda sua totalidade.

Na antiguidade, os ensinos importantes eram gravados na memória, levando-os


sempre no coração. Registrar profundamente o ensino do mestre na própria vida por
toda a eternidade é o significado original de dharani.

Nitiren Daishonin afirma que “dharani significa o Nam-myoho-rengue-kyo” (Gosho


Zenshu, pág. 777.) E continua: “Portanto, dharani representa as palavras secretas de
todos os budas”. Ou seja, são o segredo de todos os segredos. Elas não transmitem
simplesmente um significado; são palavras instiladas pela energia da vida. Por isso, o
som e o ritmo são muito importantes. Provavelmente, foi por isso que Kumarajiva não
traduziu o termo dharani. O Nam-myoho-rengue-kyo também não é traduzido, pois é a
“linguagem do Buda”.

Nesse capítulo, cinco grupos prometem proteger os praticantes do Sutra de Lótus: dois
sábios (os Bodhisattvas Rei dos Remédios e Corajoso Doador), duas divindades
(Vaishravana e Protetor da Nação), as dez filhas-demônio (Jurasetsunyo), a mãe das
filhas-demônio (Kishimojin) e uma horda de demônios.

Os textos budistas descrevem a mãe das filhas-demônio como um demônio que


“rouba os filhos das pessoas e devora-os”. Ao ver isso, Sakyamuni esconde sua filha
menor. Ao observar a dor da mãe das filhas-demônio com o desaparecimento de sua
filha, ele a repreende, dizendo: “Se você está tão triste com a perda de apenas uma de
suas muitas filhas, deve compreender o enorme pesar dos pais cujos filhos você
roubou e devorou!” Esse famoso episódio faz com que ela mude seu sentimento.

Pelo poder da Lei Mística, a mãe das filhas-demônio transforma-se em um demônio


benevolente. Quando se tem a forte fé de lutar com convicção pelo Kossen-rufu, até
mesmo os demônios malignos tornam-se forças benevolentes. Os obstáculos
transformam-se em ajuda.

A mãe das filhas-demônio e suas filhas afirmam: “Se houver aqueles que não prestem
atenção aos nossos encantamentos / E causem problemas e dividem os pregadores da

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Lei, / Sua cabeça será partida em sete pedaços / Assim como os ramos da árvore arjaka.
/ Seu crime será como o daquele que mata o pai e a mãe”. (LS26, 310.)

É importante entender que a punição, nesse caso, é um efeito produzido quando se


age contrariando a Lei. Os benefícios são manifestados da mesma forma. Sakyamuni
alegra-se com suas palavras e as elogia dizendo que o mérito delas será imensurável.

Esse capítulo transmite verdadeiramente a paixão de proteger prontamente aqueles


que realizam a prática do Kossen-rufu.

Os cinco grupos são representantes dos deuses budistas e dos bodhisattvas de todo o
Universo que fazem o mesmo juramento. Poderiam ser descritos como a “aliança
protetora” para os devotos do Sutra de Lótus.

Por que sua proteção é necessária? Porque o Kossen-rufu é uma grandiosa batalha
entre o Buda e todos os tipos de forças negativas. Mas consta no capítulo “Dharani”
que os praticantes desse sutra serão protegidos dessa força do mal com a força do
bem. Daishonin diz: “Vocês buscam aliados entre os seres humanos. Mas eu, Nitiren,
faço dos deuses do Sol e da Lua, Shakra e Brahma, meus aliados”. (WND, pág. 1.057.)
De fato, ele diz: “Vocês tornam as pessoas suas aliadas. Eu farei dos céus meus
aliados”.

O mesmo afirma o presidente da SGI, Daisaku Ikeda: “As divindades celestiais


protegerão firmemente aqueles que continuarem a propagar o budismo mesmo tendo
de perseverar corajosamente em meio aos obstáculos. Além disso,
independentemente de qual seja nosso carma — não importando quais sejam os
problemas de saúde ou de dinheiro que tenhamos de enfrentar — as funções
protetoras do Universo irão nos proteger sem falta”. (Brasil Seikyo, edição no 1.738, 6
de março de 2004, pág. A3.)

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27o capítulo do Sutra de Lótus — Os
feitos anteriores do Rei Adorno
Maravilhoso
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1996, PÁG. A8, 18 DE JULHO DE 2009.

Este capítulo descreve como o Rei Adorno Maravilhoso é direcionado para a Lei graças
aos esforços de sua esposa e de seus dois filhos. O Buda conta que no remoto passado
havia um buda chamado Flor da Sabedoria da Constelação da Nuvem do Som do
Trovão, que expôs o Sutra de Lótus. Os dois filhos do Rei Adorno Maravilhoso, Puro
Conhecimento e Puro Olhar, pediram a sua mãe, a Dama Pura Virtude, que fosse com
eles ouvir o Buda. Ela respondeu que deveriam, primeiro, convencer o pai, um devoto
praticante do bramanismo, e sugeriu que efetuassem mágicas para mostrar-lhe o
poder do budismo. Eles, então, exibiram poderes místicos diante do rei, despertando
nele o desejo de ouvir o ensino do Buda.

Profundamente impressionado com esses poderes místicos, o rei perguntou a seus


filhos quem era o mestre deles. Eles responderam que eram discípulos do Buda Flor da
Sabedoria da Constelação da Nuvem do Som do Trovão que havia lhes ensinado o
Sutra de Lótus. O rei manifestou o desejo de conhecê-lo pessoalmente e seus filhos
disseram-lhe: “Nós lhe pedimos que visite o Buda. A razão é que encontrar um Buda é
tão difícil quanto ver uma flor de udumbara uma vez em cada três mil anos. É tão difícil
quanto uma tartaruga de um olho só encontrar madeira de sândalo flutuando”. E,
então, o rei, acompanhado de sua família, ministros e servos, foi fazer oferecimentos a
esse buda e ouviu dele uma predição da iluminação. O rei proclamou que seus filhos
foram os agentes positivos (zentishiki), pois eles o haviam conduzido ao budismo.
Então, ele, sua esposa e todo o seu séquito renunciaram à vida secular e tornaram-se
discípulos do Buda.

O Buda disse: “Um bom amigo ensina a pessoa e cria dentro do coração dela o espírito
de procura à iluminação”.

Após contar essa história, Sakyamuni identifica o Rei Adorno Maravilhoso como o
Bodhisattva Virtude da Flor, que se encontra presente na assembleia no Pico da Águia.
Ele identifica a Dama Pura Virtude como um nobre bodhisattva, e Puro Conhecimento
e Puro Olhar como os Bodhisattvas Yakuo e Yakujo.

No Hokke Mongu, o mestre Tient’ai relata a seguinte história sobre a relação entre o
Rei Adorno Maravilhoso e sua esposa e filhos. No remoto passado, havia quatro
praticantes religiosos que realizavam austeridades em busca do Caminho. Contudo,
eles se acharam impedidos pelas tarefas diárias de cozinhar e limpar. Um deles, para

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auxiliar a prática dos outros três, abandonou suas austeridades e assumiu todos os
encargos domésticos sozinho. Os outros três continuaram sua prática e alcançaram o
caminho para o estado de Buda, mas ele não. Porém, como recompensa cármica por
sustentar a prática dos demais, renasceu como o Rei Adorno Maravilhoso e os outros
três, para retribuir o que deviam a ele, renasceram como seus filhos e esposa para
levá-lo ao Caminho budista.

Esse capítulo resume o princípio de realizar a “revolução familiar”, de comprovar por


meio da transformação pessoal a veracidade do Budismo Nitiren na família.

Os pais podem observar o crescimento de seus filhos e a esposa pode dizer quando
seu marido mudou para melhor. É essa revolução humana que significa os “poderes
místicos”. Não significam simplesmente poderes sobre-humanos. Eles se referem à
revolução humana. Também poderíamos dizer que o conceito de poderes místicos
ensina o princípio da fé para “tornar o impossível possível”.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, observa: “Superar uma a uma as pequenas ondas
de conflito que surgem no lar e estabelecer uma família harmoniosa é o caminho para
assegurar a transformação da sociedade. A reforma social que significa o Kossen-rufu
somente pode ser construída sobre o sólido alicerce assentado pela transformação
coletiva de cada família”. (Brasil Seikyo, edição no 1.567, 12 de agosto de 2000, pág. 3.)

68
28o capítulo — Encorajamento ao
Bodhisattva Mérito Universal
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1997, PÁG. A8, 25 DE JULHO DE 2009.

Quando o Bodhisattva Mérito Universal estava na terra do Buda Rei Acima da


Dignidade Adornada e da Virtude e soube que Sakyamuni estava expondo o Sutra de
Lótus no distante mundo saha, ele dirigiu-se sem demora ao Pico da Águia
acompanhado de “grandes bodhisattvas num número imensurável, ilimitado e
indescritível”. Chegando lá, ele pergunta como uma pessoa pode conseguir encontrar
o Sutra de Lótus após a morte do Buda. Em resposta a isso, Sakyamuni expõe os quatro
requisitos (shiho): “Primeiro, devem ser protegidos e considerados pelos budas.
Segundo, devem plantar as raízes da virtude. Terceiro, devem entrar no estágio em
que estejam convictos de alcançar a iluminação. E quarto, devem ter a determinação
de salvar todos os seres vivos”. (LS28, 320.)

“Ser protegidos e considerados pelos budas” significa ser protegido em consequência


da reverência ao Gohonzon, o que é a fonte da iluminação de todos os budas — do
passado, do presente e do futuro. “Plantar as raízes da virtude” é crer no Gohonzon e
recitar Daimoku pela felicidade de si próprio e dos outros. “Entrar no estágio em que
estejam convictos de alcançar a iluminação”, significa ter solidariedade pelas pessoas
que se empenham continuamente e estão determinadas a nunca abandonar a fé. E
“ter a determinação de salvar todos os seres vivos” é o empenho em realizar o Kossen-
rufu. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, afirmava que a Soka Gakkai é
a única organização que preenche todos os requisitos essenciais da prática do Sutra de
Lótus articulada por Sakyamuni — o Gohonzon, o Daimoku, a união harmoniosa dos
seguidores e a propagação do Kossen-rufu.

Após ouvir o Buda, o Bodhisattva Mérito Universal jura proteger o Sutra de Lótus e
todos aqueles que o abraçam e propagam nos maléficos Últimos Dias da Lei, deixando
Sakyamuni extremamente feliz. Mais uma vez o Buda declara brevemente os grandes
benefícios do sutra e diz: “Se o senhor vir alguém que abrace este sutra, deverá se
levantar e cumprimentá-la de longe, respeitando-o como se fosse um Buda”.

Essencialmente, esse capítulo se refere à propagação mundial da Lei Mística ou


Kossen-rufu. No Ongui Kuden (Registro dos Ensinos Orais), Nitiren Daishonin diz: “É
graças à proteção do Bodhisattva Mérito Universal [que representa a função da
sabedoria universal] que a ampla propagação deste sutra será alcançada”. (Gosho
Zenshu, pág. 780.) Num sentido mais amplo, isso significa que o Kossen-rufu avança
com a força da sabedoria universal, com o comportamento, a ação valorosa de cada
praticante budista que respeita todas as pessoas, sem exceção.

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Daishonin diz ainda: “No nome Mérito Universal, ‘universal’ refere-se ao princípio do
verdadeiro aspecto de todos os fenômenos, a verdade essencial e imutável
incorporada no ensino teórico [do Sutra de Lótus]. E ‘mérito’ expressa a ideia de
sabedoria, a sabedoria que atua de acordo com as circunstâncias mutáveis,
incorporada ao ensino essencial”. (Ibidem.)

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica que a “sabedoria que atua de acordo com
as circunstâncias mutáveis” significa criação de valor. “Sem fundamentos, tudo se
torna arbitrário e desmorona. Porém, simplesmente brandir regras significa
dogmatismo. A fé é o que une as duas.

“Por fé, quero dizer aquela instilada pelo senso de responsabilidade para assegurar
que todas as pessoas se tornem felizes sem falta. Ter esse espírito é o mesmo que
incorporar o espírito do ‘Bodhisattva Mérito Universal’, e possuir ‘poderes místicos’.
Essa é a força motriz que move o Kossen-rufu”. (Brasil Seikyo, edição no 1.570, 2 de
setembro de 2000, pág. A3.)

Nesse capítulo também consta: “Se deseja arrepender-se de seus maus atos, sente-se
ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida. Então, todas as suas ofensas se
desvanecerão como gotas de orvalho sob a luz do sol da sabedoria iluminada”. “Sente-
se ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida” significa recitar Daimoku ao
Gohonzon. Uma vez que os atos impróprios originaram-se fundamentalmente da
ignorância sobre a Lei Mística, recitar Daimoku acreditando no Gohonzon provocará a
purificação da vida e erradicará as calúnias do passado.

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