Questionario de Situações Domesticas - QSD

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Psicologia: Teoria e Pesquisa

Jan-Mar 2010, Vol. 26 n. 1, pp. 57-66

Questionário de Situações Domésticas:


Comparação entre Pré-Escolares Clínicos e Não Clínicos1
Cynthia Borges de Moura2
Leidiany Cristina da Silva
Ana Claudia Paranzini Sampaio
Renata Grossi
Universidade Estadual de Londrina

RESUMO - O objetivo deste estudo foi comparar os resultados do Questionário de Situações Domésticas (QSD) respondidos
por mães de crianças clínicas e não clínicas, para identificar diferenças no número de situações em que enfrentam problemas de
obediência com as crianças e intensidade desses problemas. Foram coletados dados de 56 mães de crianças pré-escolares, entre
3 e 6 anos, com e sem problemas de comportamento opositor. As mães responderam ao Child Behavior Checklist (CBCL), para
divisão dos grupos, e ao QSD. O grupo clínico apresentou, em média, 3,2 situações problema a mais que o grupo não clínico,
e em média 2,1 pontos a mais na avaliação da severidade. Tais diferenças foram estatisticamente significantes, indicando o
QSD como um instrumento sensível no diagnóstico clínico.

Palavras-chave: pré-escolares; problemas comportamentais; interação pais-filhos; orientação de pais.

Home Situations Questionnaire:


Comparison between Clinical and Non-Clinical Preschoolers
ABSTRACT - The goal of this study was to compare the results of the Home Situations Questionnaire (HSQ), which was
answered by mothers of clinical and non-clinical children, in order to identify differences on the number of situations related
to child compliance problems and the severity of these problems. Data were collected of 56 mothers of preschool children
(aged from 3 to 6 years), with and without problems of oppositional behavior. The mothers answered to the Child Behavior
Checklist (CBCL), for their distribution into groups, and to the HSQ. The clinical group presented an average of 3.2 more
problem situations than the non-clinical group, and an average of 2.1 more points in severity scores. These differences were
statistically significant, indicating the HSQ as a sensitive instrument for clinical diagnosis.

Keywords: preschoolers; behavior problems; parents-children interaction; parents training.

Problemas de comportamento opositor são as razões (Campbell, 2002). Por um lado, os pais frequentemente
mais comuns para a procura dos pais por atendimento psi- conseguem julgar, com algum grau de precisão, se os compor-
cológico para seus filhos em idade pré-escolar e, segundo tamentos das crianças são normais ou desviantes (Wakschlag
as pesquisas na área (Campbell, 2002; Wakschlag & Danis, & cols, 2005). Por outro, a maioria dos profissionais também
2004), esses problemas são geralmente persistentes e levam sabe identificar a necessidade de tratamento infantil com base
a outros problemas. No entanto, em função do período pré- em critérios normativos de desenvolvimento. Porém, tais
escolar ser marcado por grandes mudanças comportamentais habilidades de pais e profissionais não diminui, nem substitui
e pelo desenvolvimento de uma maior autonomia, a maioria a utilidade de instrumentos padronizados que forneçam uma
das crianças exibe comportamento opositor em pelo menos medida confiável para a tomada de decisão clínica.
algumas situações cotidianas. Isso faz com que a avaliação O Questionário de Situações Domésticas - QSD (Home
clínica do comportamento de pré-escolares seja particular- Situation Questionnaire) foi desenvolvido por Barkley (1987)
mente sutil e complexa. como um instrumento de avaliação que se propõe a trabalhar
Por outro lado, tem havido falta de consenso sobre como com a visão dos pais de suas interações cotidianas com os
avaliar problemas clínicos durante o período pré-escolar filhos. O QSD aborda um número específico de situações
cotidianas nas quais os pais e as crianças podem experimentar
conflitos. Essas situações podem ser, então, posteriormente
1 O presente trabalho recebeu apoio do Conselho Nacional de Desen- utilizadas para se obter descrições mais específicas sobre a
volvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de Bolsa de natureza da interação problemática no contexto doméstico.
Iniciação Científica para a primeira autora. As informações obtidas por meio do QSD podem auxiliar
2 Endereço para correspondência: Universidade Estadual de Londrina, o profissional na distinção apropriada de comportamentos
Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Psicologia Geral e
normais/passageiros ou problemáticos em pré-escolares, e na
Análise do Comportamento, Campus Universitário. Cx. Postal 6001.
Londrina, PR. CEP 86051-990. Fone/Fax: (43) 3371-4227. E-mail: consequente informação aos pais da necessidade ou não de pre-
[email protected]. ocupação por parte destes quanto ao comportamento da criança.

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C. B. Moura & Cols.

O QSD tem como objetivo verificar quais são as situações de Doenças (CID-10), ou TDAH, de acordo com o Manual
domésticas em que a criança apresenta problemas de obedi- Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-III Re-
ência e a severidade desses problemas. É constituído de 16 visado (DSM-III-R), e 263 crianças entre 7 e 10 anos sem
itens que descrevem situações domésticas para as quais se tais diagnósticos, para a comparação dos dados. Os pais das
requer que a mãe/pai avaliem se a criança apresenta proble- crianças diagnosticadas com TDAH relataram experimentar
mas para obedecer instruções naquela situação. Caso os pais maior número de situações familiares problemáticas com
considerem que seu filho apresenta problemas de seguimento seus filhos em comparação com a amostra de crianças sem
de instruções em uma dada situação, deve marcar sim dian- o transtorno.
te do item e assinalar o quão severo eles acreditam ser tal A análise dos fatores estruturais do instrumento mostrou
problema em uma escala de que vai de 1 (leve) a 9 (severo). boa consistência interna. Os escores da versão alemã do QSD
Dados normativos do QSD para a população americana, se correlacionaram significativamente com outros questioná-
obtidos a partir dos estudos de Barkley e Eldelbrock (1987, ci- rios de avaliação parental acerca de problemas comportamen-
tado por Barkley, 1987), mostram que as crianças americanas tais, sendo essa alta correlação encontrada na comparação
que se enquadrariam em perfil não clínico, segundo avaliação com escalas para a avaliação de problemas comportamentais
de suas mães, apresentam problemas para obedecer em duas hipercinéticos e problemas sociais. Para Breuer e Dopfner
a quatro situações domésticas, com intensidade variando de (1997), o instrumento apresenta status comprovado como
um a dois pontos. Segundo os autores, valores maiores que auxiliar das avaliações de crianças com comportamentos
esses são indicadores da necessidade de avaliação clínica. específicos da hipercinética e problemas de comportamento
Segundo Barkley (1987), o QSD é um instrumento sim- opositor e para o planejamento de intervenções.
ples e de fácil aplicação que pode auxiliar na distinção entre Nixon, Sweeney, Ericson e Touys (2003) convidaram
as crianças que necessitam de encaminhamento para trata- pais de crianças na idade pré-escolar, entre 3 e 5 anos, com
mento psicológico e as que não necessitam. Também pode ser relatos de problemas comportamentais, a participarem de um
um importante auxiliar na prática clínica para a identificação programa de tratamento gratuito para famílias. Foi recrutado
dos problemas de comportamento em crianças, permitindo o também um grupo de 21 crianças em idade pré-escolar, cujas
melhor planejamento da avaliação e da intervenção oferecida. famílias não relataram problemas comportamentais (grupo
Assim, segundo o próprio Barkley (1987), os dados controle para fins de validação social), para os testes de signi-
normativos não são exclusivamente para comparação com ficância clínica. Os autores compararam dois grupos clínicos
crianças que apresentam um padrão normal de interação, submetidos a diferentes tratamentos com um grupo controle.
mas também para acompanhar as mudanças nas áreas iniciais Para a avaliação do perfil clínico, foram utilizados os
problemáticas em função da implementação do tratamento. escores clínicos no Inventário Comportamental Eyberg para
Huang, Chao, Tu e Yang (2003) buscaram examinar a Crianças (Eyberg Child Behavior Inventory - ECBI, Eyberg
efetividade de um programa de treinamento comportamental & Pincus, 1999) e o critério diagnóstico para desordens de
para pais de crianças com déficit de atenção/hiperatividade comportamento (Oppositional Defiant Disorder - ODD),
(TDAH) e usaram o QSD como uma das medidas compor- de acordo com o DSM-IV, sendo também considerado se o
tamentais. A amostra estudada contou com 14 pré-escolares principal problema comportamental referido foi apresentado
(idades entre os 3 e 6 anos) com diagnóstico de TDAH. Os por pelo menos seis meses. Entre os questionários utilizados
pais concluíram o programa de treinamento num total de para obtenção de medidas repetidas do comportamento das
10 sessões. Com a progressão do treinamento, houve uma crianças ao longo desse estudo, estava o QSD na versão modi-
diminuição significativa na severidade dos comportamentos- ficada por Matthey e Barnett (1999). Os 24 itens dessa versão
problema em casa avaliados pelo QSD. incluem oito itens adicionais que avaliam comportamentos
Matthey e Barnett (1999) e Breuer e Dopfner (1997) de difícil manejo ao longo de um número de situações do
estudaram a possibilidade de aplicar o QSD em outras po- dia a dia da família. O QSD foi útil na detecção das melho-
pulações, como a australiana e a alemã, respectivamente. ras decorrentes dos diferentes tratamentos, assim como na
Matthey e Barnett estudaram a normatização de dados do obtenção de medidas de comparação a partir dos resultados
QSD para uma amostra clínica de Sidney, utilizando a versão obtidos com o grupo de validação social.
modificada (QSD-M). As informações foram obtidas a partir Ao longo de 19 anos, Collett, Ohan e Myers (2003b)
de 339 mães e 143 pais informantes do comportamento de 403 revisaram a avaliação de escalas, mais especificamente a
crianças com idades entre 3 e 12 anos, provenientes de nove avaliação de escalas para comportamentos externalizantes.
centros de Sidney. Os meninos, quando comparados com as As escalas selecionadas para análise foram as mais citadas
meninas, apresentaram mais situações problema com os pais na literatura e/ou utilizadas com mais frequência na prática
do que com as mães, e maior gravidade de situações com as clínica mediante extensa revisão em base eletrônicas de dados
mães do que com os pais. Embora essas diferenças tenham (ver Collett, Ohan & Myers, 2003b; Myers & Winters, 2002;
sido estatisticamente significativas, não foram significativas Ohan, Myers & Collett, 2002; Winters, Myers & Proud, 2002,
clinicamente, pois no geral, os pais e as mães relataram níveis para uma descrição mais detalhada). Essa avaliação mostrou
similares de dificuldades no manejo das situações domésticas. que as propriedades psicométricas do QSD estão adequadas.
O estudo de Breuer e Dopfner (1997) avaliou as situa- Entre as vantagens do QSD, Collett e cols. (2003b)
ções problemáticas no contexto familiar a partir da versão apontaram boa consistência interna e estabilidade, o que é
alemã do QSD. A amostra estudada era composta por 76 crucial para uso repetido durante um tratamento, e o fato
crianças entre os 6 e 10 anos, com diagnóstico de transtorno de que a escala é breve e pode ser preenchida várias vezes
hipercinético, de acordo com a Classificação Internacional durante a intervenção sem muitas dificuldades. O índice

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Questionário de Situações Domésticas

de concordância entre as respostas das mães e dos pais foi O presente trabalho teve como objetivo comparar os
classificado de baixo a bom, mas foi maior do que a de outras dados provenientes do QSD de duas amostras de crianças
escalas de avaliação comportamental. A validade convergente com perfil clínico e não clínico. Tais perfis foram levantados
para o QSD foi demonstrada por correlações moderadas com a partir do CBCL (Achenbach, 1991), respondido pelas mães
o Conners Parent Rating Scale-Revised e com subescalas das crianças. Sabe-se que crianças pré-escolares clínicas e
selecionadas do Child Behavior Checklist - CBCL. não clínicas apresentam comportamentos semelhantes, e que
Collett e cols. (2003b) citam algumas desvantagens do as diferenças podem residir no número de situações que a mãe
QSD, por exemplo: não avalia uma desordem comportamen- enfrenta problemas de obediência com a criança e na inten-
tal em particular, não se destina a avaliar constructos teóricos sidade desses problemas. A identificação dessas diferenças
subjacentes, não avalia como as desordens comportamentais pode fornecer informações importantes para a composição
afetam crianças pequenas no dia a dia e nos mais variados tanto de padrões de normalidade, quanto de critérios diagnós-
contextos, e nem como funcionam as mudanças com o tra- ticos que possam servir para a avaliação das melhoras obtidas
tamento. Esses autores apontam a necessidade de cautela na com os tratamentos propostos aos pré-escolares.
interpretação dos escores individuais em função dos limites
dos dados normativos, pois estes foram obtidos de uma
amostra homogênea, apenas com crianças americanas e não Método
estão temporalmente atualizados.
O QSD tem sido adaptado para adolescentes com itens Participantes
modificados ou adicionados para refletir situações típicas
encontradas nesta faixa etária e problemas específicos acer-
ca de comportamentos relacionados ao TDAH (DuPaul & Participaram da pesquisa 56 mães e suas crianças pré-
Barkley, 1992, citados por Collett, Ohan & Myers, 2003a). escolares na faixa etária de 3 a 6 anos. Todas as mães foram
Há também revisões internacionais como as de Catala, An- avaliadas como não clínicas e seus filhos foram divididos
dres, Gomes e Agueero (1994), na Espanha, de Matthey e em dois grupos: com e sem problemas de comportamento
Barnett (1999), na Austrália, e de Breuer e Dopfner (1997), opositor. A Tabela 1 apresenta a caracterização geral da
na Alemanha, como já referido. amostra pesquisada.

Tabela 1: Características gerais dos grupos Clínico e Não Clínico.

Clínico Não Clínico Total


Características
n=30 n=26 n=56

Idade das Crianças


1 1/2 a 5 anos 24 (80%) 23 (88,5%) 47 (84%)
6 a 10 anos 06 (20%) 03 (11,5%) 09 (16%)
Sexo das Crianças
Feminino 05 (17%) 05 (19%) 10 (18%)
Masculino 25 (83%) 21 (81%) 46 (82%)
Escolaridade das Mães
Ensino Fundamental (completo ou incompleto) 05 (17%) 02 (8%) 07 (12,5%)
Ensino Médio (completo ou incompleto) 07 (23%) 09 (35%) 16 (28,5%)
Ensino Superior (completo ou em curso) 18 (60%) 15 (43%) 33 (59%)
Idade das Mães
20 a 30 anos 11 (36,7%) 05 (19,25%) 16 (28,6%)
31 a 40 anos 15 (50%) 16 (61,5%) 31 (55,4%)
41 a 50 anos 03 (10%) 05 (19,25%) 08 (14,3%)
51 a 60 anos 01 (3,3%) - 01 (1,7%)

Média dos Escores do BDI 8,6 6,9 7,7

Média dos Escores no MAT 111,9 118,2 115

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Instrumentos derando se a criança apresenta algum problema em obedecer


instruções, ordens ou regras dos pais nas situações descritas.
Child Behavior Checklist (CBCL). A versão de 1½ a 5 Se “sim”, é solicitada uma avaliação da severidade do pro-
anos é recente (Achenbach & Rescorla, 2000) e foi elabo- blema numa escala de 1 (leve) a 9 (severo). Esse questionário
rada para avaliar questões específicas da faixa etária pré- apresenta a vantagem de permitir tanto a comparação das
escolar. O CBCL permite a obtenção de taxas padronizadas crianças com seus pares normais, quanto a mensuração das
de problemas comportamentais de crianças de 1½ a 5 anos mudanças em função de intervenção realizada com os pais
de idade, a partir do relato dos pais. A avaliação do instru- ou com a própria criança. O QSD possui dados normativos
mento é computadorizada, realizada por meio de software por idade e sexo.
específico. É composto por 99 itens destinados à avaliação Inventário Beck de Depressão (Beck Depression Inven-
dos problemas comportamentais da criança. O informante é tory – BDI). Os 21 itens que compõem esse instrumento
orientado a quantificar os comportamentos apresentados pela foram originalmente derivados de observações e sumarizados
criança nos últimos dois meses numa escala de 0-1-2 pontos de atitudes típicas e sintomas apresentados por pacientes
que indicam, respectivamente: item falso ou comportamento psiquiátricos (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1982). Durante
ausente, item parcialmente verdadeiro ou comportamento aplicação do instrumento, solicita-se que o sujeito informe
às vezes presente, e item bastante verdadeiro ou comporta- quanto à intensidade dos sintomas, com base em como se
mento frequentemente presente. Usando uma nova amostra sentiu na semana que passou, incluindo aquele dia, numa
normativa e uma ampla amostra clínica, essa versão para pais escala crescente de severidade que varia entre 0 e 3. O
de crianças de 1½ a 5 anos avalia as seguintes síndromes: BDI tem sido bastante utilizado por diversos autores para
Reatividade Emocional, Ansiedade/Depressão, Queixas So- avaliar a ocorrência e a gravidade do distúrbio em pais que
máticas, Problemas de Atenção, Comportamento Agressivo participarão de programas de treinamento. Além de permitir
e Problemas de Sono. Os valores para análise dos escores uma avaliação rápida, o inventário também fornece impor-
para as síndromes são: limítrofe – escores entre 65 a 69; e tantes dados acerca de pensamentos negativos, tais como
clínico – escores acima de 70. Por meio da análise dos itens as expectativas de que tudo sairá mal, a visão de si mesmo
dessas síndromes, obtém-se também uma caracterização da como fracasso, a crença de que é incapaz de fazer qualquer
criança quanto a seu Funcionamento Global (clínica, normal coisa sem ajuda ou pensamentos suicidas. Os escores para a
ou limítrofe) e nos perfis Internalizante e Externalizante. Os versão em português (Cunha, 2001) são depressão mínima
valores para análise dos escores em Funcionamento Global, (0-11), depressão leve (12-19), depressão moderada (20-35)
Perfil Internalizante e Perfil Externalizante são: limítrofe – e depressão grave (36-63).
escores entre 60 e 63; clínico – escores superiores a 64; e Escala de Ajustamento Conjugal (Marital Adjustment
normal – escores inferiores a 60. Test – MAT). Esse instrumento foi desenvolvido por Locke e
A versão de 6 a 18 anos faz parte de um conjunto de Wallace (1959) e tem por objetivo avaliar a satisfação conju-
avaliações formuladas por Achenbach (2001), destinadas gal de ambos os cônjuges. As concordâncias e discordâncias
à obtenção de taxas padronizadas de problemas comporta- entre o casal são avaliadas em várias áreas do relacionamento,
mentais de crianças e adolescentes de 6 a 18 anos de idade, tais como manejo das finanças da família, assuntos de lazer,
a partir do relato dos pais. É composta por 133 itens, sendo demonstração de afeto, amigos, relações sexuais, filosofia
20 destinados à avaliação de competência social e 113, à de vida (ideais e objetivos), modo de lidar com os parentes
avaliação de problemas de comportamento. O informante etc. A pontuação de corte nesse instrumento é 100, escores
é orientado a quantificar os comportamentos apresentados acima indicam satisfação conjugal e escores abaixo indicam
pela criança ou adolescente nos últimos seis meses numa insatisfação do indivíduo com o casamento.
escala de 0-1-2 pontos, de forma idêntica ao já descrito
anteriormente na versão para pré-escolares. Oito síndromes Procedimento
comportamentais são avaliadas quanto à sua presença ou
ausência: Ansiedade e Depressão, Isolamento, Queixas
Somáticas, Problemas Sociais, Problemas de Pensamento, A presente pesquisa foi realizada no Laboratório de
Problemas de Atenção, Comportamento de Quebrar Regras Estudos do Comportamento Humano e nas salas de atendi-
e Comportamento Agressivo. Também se avalia a criança mento da Clínica Psicológica da Universidade Estadual de
como clínica, normal ou limítrofe quanto a seu Funciona- Londrina. Os dados do Grupo Clínico são provenientes da
mento Global e nos perfis Internalizante e Externalizante, triagem inicial para outra pesquisa (Moura, 2007) que incluía
por meio de uma análise computadorizada. Os valores dos intervenção com mães de crianças com comportamento
escores em Funcionamento Global, Perfil Internalizante e opositor. Os dados do Grupo Não Clínico são provenientes
Perfil Externalizante são: limítrofe – entre 60 e 63; clínico – de convites feitos às mães indicadas por duas escolas (uma
superiores a 64; normal – inferiores a 60. Para as síndromes, pré-escola particular e uma creche pública) por seus filhos
os valores são: limítrofe entre 65 a 69 e clínico acima de 70. serem considerados sem problemas, para participação vo-
Questionário de Situações Domésticas (QSD) (Apêndice luntária no estudo. As mães voluntárias foram informadas
1). Esse instrumento é uma tradução do Home Situations sobre a pesquisa e somente participaram as que concordaram
Questionnaire (Barkley, 1987). Compreende uma lista com e assinaram individualmente o Termo de Consentimento
16 situações potencialmente geradoras de conflito entre pais Livre e Esclarecido.
e crianças pequenas no contexto doméstico. Solicita-se ao Todas as mães responderam individualmente ao CBCL
respondente, pai ou mãe, que assinale “sim” ou “não”, consi- para avaliar os problemas comportamentais da criança.

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Questionário de Situações Domésticas

Tabela 2: Comparação das médias das idades e dados do QSD, CBCL, BDI e MAT.

Não
Clínicos
Médias Clínicos p
n=30
n=26

Das Crianças
Idade 4,3 4,2 0,7055
QSD - Número de Situações Problema 9,8 6,6 0,0001*
QSD - Grau de Severidade das Situações
5,3 3,2 <0,0001*

CBCL - Escore Perfil Externalizante 73,3 48,2 <0,0001*


CBCL - Escore Total
70,1 53,1 <0,0001*

Das Mães
Idade 33,1 34,8 0,2210
Escores do BDI 8,6 6,9 0,2241
Escores no MAT 111,9 118,2 0,2651
*Resultado estatisticamente significante.

Mães com crianças até 5 anos responderam ao CBCL 1 ½ a A Tabela 2 apresenta a comparação estatística entre as
5 anos, e as mães cujos filhos já tinham completado 6 anos principais características das mães e das crianças que partici-
responderam ao CBCL 4 a 18 anos. Responderam ainda ao param da pesquisa. Como os participantes foram designados
QSD, ao BDI e ao MAT. As mães do Grupo Clínico realiza- para um dos dois grupos com base no resultado do CBCL,
ram esses procedimentos como parte da avaliação inicial da essa análise teve o objetivo de identificar se os grupos não
intervenção da qual participariam. diferiram entre si quanto à outras características.
Selecionou-se para a pesquisa as mães cujos escores de Observa-se que os dados do QSD referentes ao número de
depressão e ajustamento conjugal foram classificados como situações problema e o grau de severidade dos grupos Clínico
não clínicos, ou estavam em faixas próximas aos escores e Não Clínico e os dados do CBCL apresentam uma diferença
não clínicos, conforme os seguintes critérios: (a) escores estatisticamente significante. Já os dados referentes às idades
na faixa de depressão mínima no BDI (0 a 11) ou leve (12 das crianças e das mães e aos escores no BDI e no MAT
a 19), e acima de 100 no MAT (indicativo de ajustamento mostram que não há diferença estatisticamente significante
conjugal); ou (b) escores na faixa de depressão mínima entre os grupos, o que demonstra homogeneidade da amostra.
no BDI (0 a 11) e escores até 20 pontos abaixo de 100 no A Figura 1 mostra a comparação das médias do número de
MAT (79 a 99). situações-problema no QSD, segundo a percepção das mães
O Grupo Clínico foi então composto por mães não clí- das crianças dos grupos Clínico e Não Clínico. Observa-se
nicas cujas crianças apresentaram escore clínico mais alto que no grupo de crianças clínicas, as mães selecionaram, em
para problemas externalizantes do que internalizantes no média, 9,8 situações em que, na opinião delas, suas crianças
CBCL, e cuja síndrome de maior escore foi comportamento
12
agressivo. O Grupo Não Clínico foi composto por mães não
clínicas cujas crianças apresentaram escores totais na faixa 10
não clínica no CBCL.
Número de Situações

Resultados
6

Foram comparados os dados provenientes do QSD (Ba- 4


rkley, 1987), respondido pelas mães dos Grupos Clínico e
Não Clínico, quanto ao número médio de situações problema 2

e à média do grau de severidade atribuído a essas situações.


Os dados foram analisados por meio do programa BioEstat 0
clínico não-clínico
4.0 (Aplicações Estatísticas nas Áreas das Ciências Biomé-
Grupos
dicas), optando-se pela aplicação do teste de Mann Withney
para comparação entre amostras independentes. O índice de Figura 1. Comparação do número médio de situações-problema no QSD
significância adotado foi de 0,05. entre os grupos clínico e não-clínico.

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6
Não Clínico. Novamente, observa-se que, quanto ao grau de
severidade, a média do Grupo Clínico (5,3) foi maior do que
5
a do Grupo Não Clínico (3,2). Conforme mostram também
Grau de Severidade

os dados da Tabela 2, a diferença de 2,1 quanto ao grau de


4 severidade é estatisticamente significativa entre os grupos.
A Tabela 3 mostra a comparação percentual entre o
3 número médio de mães que citaram cada situação como
“problemática” com seu filho quanto à obediência.
2 No que se refere ao número de mães que citaram enfrentar
problemas de obediência com seu filho em cada situação
descrita, tem-se que, na maior parte das situações, o Grupo
1
clínico não-clínico
Clínico ficou acima de 40% do Grupo Não Clínico. A média
do Grupo Clínico (18,5) foi de 7,8 mães a mais do que o
Grupos
Grupo Não Clínico (10,7). A única exceção foi a situação de
Figura 2: Comparação das médias do grau de severidade no QSD entre os número 14 (na hora de dormir), que foi mais citada pelas mães
grupos clínico e não-clínico. do Grupo Não Clínico, mas a pequena diferença percentual
permite afirmar que os problemas enfrentados se igualam
nessa situação para os dois grupos estudadas.
apresentam problemas de obediência e seguimento de instru- A Tabela 4 mostra a comparação estatística entre as mé-
ções, sendo que no grupo de crianças não clínicas, a média dias do grau de severidade de cada situação avaliada pelo
foi de 6,6 situações. Essa diferença média de 3,2 situações instrumento.
foi estatisticamente significativa entre os grupos. Observa-se que há uma diferença estatisticamente sig-
A Figura 2 mostra a comparação das médias do grau de nificante entre os grupos quanto ao grau de severidade para
severidade atribuído às situações-problema no QSD, segun- oito situações: 1) Sit. 5 – escovar os dentes/lavar as mãos;
do a percepção das mães das crianças dos grupos Clínico e 2) Sit. 6 – tomar banho; 3) Sit. 7 – quando um dos pais está

Tabela 3: Comparação percentual entre o número médio de mães do Grupo Não Clínico (GNC) e Grupo Clínico (GC) que referiram problemas com obediência
com seu filho em cada situação.

Número de situações
Situações Problema
GNC GC Dif. %
1 Brincando sozinho 6 14 8 57,1*
2 Brincando com outra criança 13 25 12 48,0*
3 Durante as refeições 15 25 10 40,0*
4 Para vestir-se/ despir-se 10 18 8 44,4*
5 Escovar dentes/ lavar as mãos 9 14 5 35,7
6 Tomando banho 9 19 10 52,6*
7 Quando você está ao telefone 11 25 14 56,0*
8 Quanto você tem visitas em casa 12 23 11 47,8*

9 Quando você está fazendo uma visita 13 26 13 50,0*

10 Em lugares públicos 13 22 9 40,9*


11 Quando o pai está em casa 10 17 7 41,1*

12 Quando é pedido para que realize pequenas tarefas em casa 10 17 7 41,1*

13 Quando é pedido para que faça a lição de casa 4 6 2 33,3


14 Na hora de dormir 16 14 -2 -12,5
15 No carro 10 15 5 33,3
16 Quando está com outros cuidadores 10 16 6 37,5*
TOTAL (Média) 10,7 18,5 7,8 42,1*
* Resultado acima de 40%.

62 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Jan-Mar 2010, Vol. 26 n. 1, pp. 57-66


Questionário de Situações Domésticas

Tabela 4: Comparação estatística entre as médias do grau de severidade do Grupo Não Clínico (GNC) e Grupo Clínico (GC) para cada situação avaliada
pelas mães como “problemática”.

Grau de Severidade
Situações Problema
GNC GC p
1 Brincando sozinho 2,6 4,1 0,2160
2 Brincando com outra criança 3,9 5,4 0,0906**
3 Durante as refeições 4,5 6 0,0694**
4 Para vestir-se/despir-se 3,8 5,2 0,2499
5 Escovar dentes/lavar as mãos 3 6,3 0,0089*
6 Tomando banho 2,9 5,1 0,0366*
7 Quando você está ao telefone 3,0 5,7 0,0037*
8 Quando você tem visitas em casa 2,9 6,2 0,0011*
9 Quando você está fazendo uma visita 2,6 5,5 0,0017*
10 Em lugares públicos 3,3 5,4 0,0222*
11 Quando o pai está em casa 3,6 5,4 0,0502*

12 Quando é pedido para que realize pequenas tarefas em casa 2,8 4,6 0,0926**

13 Quando é pedido para que faça a lição de casa 3,2 5,5 0,2410
14 Na hora de dormir 3,7 5 0,2614
15 No carro 4,1 2,4 0,0350*
16 Quando está com outros cuidadores 4,8 4,4 0,8125
*Resultado estatisticamente significante (p=<0,05)
** Resultado com tendência a significância (de 0,06 a 0,09)

ao telefone; 4) Sit. 8 – quando tem visitas em casa; 5) Sit. ainda não há estudos que quantifiquem os níveis de obedi-
9 – quando um dos pais está fazendo uma visita; 6) Sit. 10 – ência para idades específicas.
em lugares públicos; 7) Sit. 11 – quando o pai está em casa; Nesse sentido, o QSD é um instrumento que pode preen-
e 8) Sit. 15 – no carro. Três situações mostraram tendência cher essa lacuna de informação, ao estabelecer um critério
a significância estatística: 1) Sit. 2 – brincando com outra científico sobre se uma determinada frequência de problemas
criança; 2) Sit. 3 – durante as refeições; e 3) Sit.12– quando de obediência é normal ou não. Para os terapeutas infantis,
é pedido que realize pequenas tarefas em casa. isso é especialmente importante. No entanto, os dados nor-
Comparando-se os dados das Tabela 3 e 4, percebe-se mativos disponíveis são da população americana, e tais resul-
que embora as mais mães do Grupo Clínico relatem enfre- tados devem refletir a exigência parental típica dessa cultura,
tamento de problemas nas situações descritas, a intensidade que provavelmente tem suas especificidades e peculiaridades.
dos problemas difere significativamente em apenas metade Entretanto, os dados normativos em si (número médio de
das situações descritas. situações e intensidade) podem ou não ser semelhantes.
Os resultados deste estudo mostraram que, como se
Discussão poderia esperar, o Grupo Clínico apresentou mais situações
problema e maior grau de severidade do que o Grupo Não
Clínico, e para cada situação avaliada, o número de mães do
A importância da obediência das crianças às instruções Grupo Clínico que referiram enfrentar problemas de obedi-
parentais é amplamente documentada na literatura clínica ência, foi geralmente maior.
infantil (e.g., Forehand, 1977; Houlihan, Sloane, Jones & Comparando-se os resultados deste estudo com a nor-
Paten, 1992; Patterson, 1982). A obediência geralmente matização de Barkley (1987), que encontrou em média três
aumenta durante a socialização normal, mas esse processo situações problema e escore dois para grau de severidade
pode ser interrompido por desordens emocionais infantis. entre crianças normais, tem-se que a amostra aqui pesquisa-
Infelizmente, como afirmam Brumfield e Roberts (1998), da apresenta um maior número de situações em que os pais

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C. B. Moura & Cols.

enfrentam problemas de obediência com as crianças, mesmo Achenbach, T. ., & Rescorla, L. A. (2000). Manual for ASEBA
na amostra Não Clínica. O Grupo Clínico apresentou média Preschool Forms & Profiles. Burlington: University of Vermont.
de 9,8 situações problemáticas e o Grupo Não Clínico, 6,6 Barkley, R. A. (1987). Defiant children: Parent-teacher
situações. assignments. New York: Guilford.
E no que se refere ao grau de severidade dessas situações, Beck, A.T., Russh, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1982).
a amostra pesquisada também se encontra acima do critério Terapia cognitiva da depressão. Rio de Janeiro: Zahar.
de Barkley (1987). O Grupo Clínico apresentou média de Breuer, D., & Dopfner, M. (1997). The assessment of problem
5,3 e o Grupo Não Clínico, de 3,2. Esse resultado remete à situations within family. Praxis der Kinderpsychologie und
questão inicial de que diferenças culturais devem permear Kinderpsychiatrie, 46, 583-596.
a percepção de normalidade que as mães têm quanto ao Brumfield, B. D., & Roberts, M. W. (1998). A comparison of two
comportamento de suas crianças, assim como a tolerância measurements of child compliance with normal preschool children.
delas para comportamentos típicos da faixa etária, os quais Journal of Clinical Child Psychology, 27, 109-116.
podem ser avaliados como problemáticos apenas quanto se Campbell, S. (2002). Behavior problems in preschool children:
intensificam em frequência e severidade. Clinical and developmental issues (2nd ed.). New York: Guilford.
Embora ambos os fatores avaliados pelo QSD sofram a Catala, A. M., Andres C. M., Gomes B. M., & Agueero, J. A.
ação da subjetividade das mães quanto ao julgamento que (1994.). Current validity of Barkley’s criteria for the diagnosis of
fazem dos problemas enfrentados nas situações listadas, as attention deficit dosorder with hyperactivity. Revista de Psiquiatria
mães do presente estudo parecem tolerar entre uma e duas Infanto Junenil, 3, 198-202.
situações a mais que as mães da amostra americana, assim Collett B. R., Ohan J. L., & Myers K. M. (2003a). Ten-year
como uma intensidade um pouco maior. Como apontam review of rating scales, V: Scales assessing attention-deficit/
Collett, Ohan e Myers (2003a, 2003b), é necessário atenção hyperactivity disorder. Journal of the American Academy of Child
aos limites dos dados normativos do QSD, pois além de and Adolescent Psychiatry, 42, 1015-1037.
fazerem referência a uma amostra homogênea americana, Collett, B. R., Ohan, J. L., & Myers, K. M. (2003b). Ten-year
estão temporalmente desatualizados, o que também pode review of rating scales, VI: Scales assessing externalizing behaviors.
explicar as diferenças entre as amostras. Journal of the American Academy of Child and Adolescent
Na comparação entre as duas amostras estudadas, Psychiatry, 42, 1143-1170.
destacam-se as situações em que os grupos diferem entre si. Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das
Tarefas de higiene (escovar os dentes, lavar as mãos, tomar escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo.
banho), situações de disputa de atenção a terceiros (pais ao Eyberg, S. M., & Pincus, D. (1999). Eyberg Child Behavior
telefone, visitas em casa, fazendo uma visita, pai em casa), e Inventory and Sutter-Eyberg Student Behavior Inventory-
lugares amplos ou restritos (lugares públicos e carro), são as Revised. Professional manual. Odessa: Psychological Assessment
situações em que o Grupo Clínico supera o Não Clínico em Resources.
termos de frequência e intensidade dos problemas. Pode-se Forehand, R. (1977). Child noncompliance to parental
levantar a hipótese de que a falta de repertório comporta- commands: Behavioral analysis and treatment. Em M. Hersen, R.
mental dessas crianças, juntamente com a demanda para M. Eisler & P. M. Miller (Eds.), Progress in Behavior Modification,
que apresentem um comportamento adequado, possa levar à London: Academic Press.
ocorrência dos problemas. Porém, uma amostra maior e uma Houlihan, D., Sloane, H. N., Jones, R. N., & Paten, C. (1992).
análise minuciosa de tais dados seriam necessárias para que A review of behavioral conceptualizations and treatments of
afirmações nesse sentido pudessem ser feitas. child noncompliance. Education and Treatment of Children,
Apesar de não avaliar como os problemas comportamen- 15, 56-77.
tais das crianças afetam sua interação com os pais no dia a Huang, H. L., Chao, C. C., Tu, C. C., & Yang, P. C. (2003).
dia e como funcionariam as mudanças com o tratamento Behavioral parent training for Taiwanese parents of children with
psicoterápico, o QSD apresenta várias vantagens. Por exem- attention-deficit/hyperactivity disorder. Psychiatry and Clinical
plo, o QSD auxilia o profissional (a) na investigação clínica, Neurosciences, 57, 275-281.
permitindo que os pais se apoiem nas situações listadas para Locke, H. J., & Wallace, K. M (1959). Short Marital-Adjustment
melhor descrever suas queixas em relação ao comportamento and Prediction Tests: Their reliability and validity. Mariage and
da criança; (b) na justificativa sobre a necessidade ou não Family Living, 21, 251-255.
de tratamento; e (c) no acompanhamento/monitoramento do Matthey, S., & Barnett, B. (1999). Normative data for an
tratamento proposto. Para fins de pesquisa, o QSD apresenta Australian clinical sample on the Home Situations Questionnaire-
ainda a vantagem de ser um instrumento psicométrico sim- Modified version (HSQ-M). Behaviour Change, 16, 207-218.
ples, porém, bem construído e validado e de fácil utilização. Myers K., & Winters, N. C. (2002). Ten-year review of rating
scales II: Scales of internalizing disorders. Journal of the American
Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 41, 634-659.
Referências
Moura, C. B. (2007). Efeitos do vídeo feedback na orientação
de mães de pré-escolares com comportamento opositor. Tese de
Achenbach, T. M. (1991). Integrative guide for the 1991 Doutorado. Universidade de São Paulo, SP.
CBCL/4-18, YSR, and TRF profiles. Burlington: University of Nixon, R. D. V., Sweeney, L., Ericson, D. B., & Touys, S. W.
Vermont. (2003). Parent-child interation therapy: A comparison of standards
Achenbach, T. M. (2001) Manual for the Child Behavior and abbreviated treatments for oppositional defiant preschoolers.
Checklist/6-18 and 2001 Profile. Burlington: University of Vermont. American Psychological Association, 71, 251-260.

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Questionário de Situações Domésticas

Ohan, J. L., Myers, K., & Collett, B. R. (2002). Ten-year review Winters, N. C., Myers, K., & Proud, L. (2002). Ten-year review
of rating scales IV: Scales assessing trauma and its effects. Journal of rating scales, III. Scales for suicidality, cognitive style, and self-
of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 41, esteem. Journal of the American Academy of Child and Adolescent
404-1422. Psychiatry, 41,1050-1181.
Patterson, G. R. (1982). Coercive family process. Eugene:
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Wakschlag, L., & Danis, B. (2004). Assessment of disruptive
behavior in young children: A clinical-developmental framework.
Em R. Del Carmen-Wiggins & A. S. Carter (Eds.), Handbook of
infant, toddler and preschool mental health assessment (pp. 421-
440). New York: Oxford University.
Wakschlag, L. S., Leventhal, B. L., Briggs-Gowan, M. J., Danis,
B., Keenan, K., Hill, C., Egger, H. L., Cicchetti, D., & Carter, A. Recebido em 12.09.08
S. (2005). Defining the “disruptive” in preschool behavior: What Primeira decisão editorial em 24.09.09
diagnostic observation can teach us. Clinical Child and Family Versão final em 20.10.09
Psychology Review, 8, 183-201. Aceito em 05.11.09 n

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C. B. Moura & Cols.

Apêndice

Questionário de Situações-Domésticas – QSD

Nome da criança: ___________________________________________Data:______________.


Nome da Pessoa que está preenchendo o formulário: __________________________________.

Instruções: O seu filho apresenta algum problema em obedecer suas instruções, ordens ou regras em alguma dessas
situações?Se afirmativo, por favor circule a palavra sim e depois circule o número ao lado da situação que descreve quão
severo esse problema é para você. Se o seu filho não apresenta problema na situação, circule Não e vá para a próxima
situação do formulário.

Situações Sim/ Não Se sim, quão severo?

(circule um) Leve (circule um) Severo


1. Brincando sozinho Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
2. Brincando com outra criança Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
3. Durante as refeições Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
4. Para vestir-se/ despir-se Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
5. Escovar dentes/ lavar as mãos Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
6. Tomando banho Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
7. Quando você está ao telefone Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
8. Quanto você tem visitas em casa Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
9. Quando você está fazendo uma visita Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
10. Em lugares públicos (restaurantes, Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
lojas, igreja, etc.)
11. Quando o pai está em casa Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
12. Quando é pedido para que realize Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
pequenas tarefas em casa
13. Quando é pedido para que faça a lição Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
de casa
14. Na hora de dormir Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
15. No carro Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
16. Quando está com outros cuidadores Sim Não 1 2 3 4 5 6 7 8 9
que não os pais
.................................................Apenas para uso do apurador............................................

Número total de situações problema _________________ Grau de severidade ____________ .

Fonte: Barkley, R. A. (1987). Defiant children: Parent-teacher assignments. New York: Guilford.

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