Monografia 2 de Garantia

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA
CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

Projecto de Monografia

O PAPEL DA CONTABILIDADE NO PROCESSO DE GESTÃO DE MICRO E


PEQUENAS EMPRESAS: CASO DAS EMPRESAS SEDIADAS NA
LOCALIDADE DE MESSICA (2017-2019)

Nome: Garantia Sofi

4° ANO

Chimoio, Abrir 2020


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE ENGENHARIA
CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

Projecto de Monografia

O PAPEL DA CONTABILIDADE NO PROCESSO DE GESTÃO DE MICRO E


PEQUENAS EMPRESAS: O CASO DAS EMPRESAS SEDIADAS NA
LOCALIDADE DE MESSICA (2017-2019)

Projecto de Monografia apresentada à


Universidade Católica de Moçambique,
na faculdade de Engenharia em
Chimoio, como requisito para obtenção
do grau de licenciatura em
Contabilidade e Auditoria

Discente: Supervisor:
Garantia Sofi

Chimoio, Abril de 2020

1
2
SUMÁRIO

Geralmente, são consideradas de empresas familiares toda propriedade empresarial cuja,


a sua gestão, esta literalmente associada a uma família. As empresas familiares
destacam-se cada vez no cenário económico nacional, regional e mundial, sendo
responsável por grande parte da geração de empregos, renda, e pelo desenvolvimento
dos países em que estão inseridas. Dada a importância deste sector, o presente trabalho
que tem como tema: “empreendedorismo e a gestão de negócios nas empresas
familiares: o caso das empresas sediadas no Conselho Autárquico de Chimoio (2013-
2018), tem como principal objectivo analisar o empreendedorismo e a gestão de
sobrevivência de negócios nas micro empresas familiares, o caso das empresas sediadas
na cidade de Chimoio (2013-2018). Portanto buscou-se conhecer como os
empreendedores, gestores de empresas com características de empresa familiar, levam a
cabo o processo de gestão de seus negócios. Nesta perspectiva, foi feita numa primeira
fase um estudo teórico, onde foram analisados os conceitos de empreendedorismo e
empresa familiar, as diferentes formas de classificação assim como as vantagens e
desvantagens de utilização de capitais de terceiro, mostrou-se também como é analisada
noutros países a prática de gestão das empresas familiares. A questão de partida do
presente trabalho é a seguinte: Porque o empreendedorismo e a gestão de negócios nas
microempresas familiares não duram muito tempo de sobrevivência na cidade de
Chimoio? A natureza exploratória deste trabalho e a ausência de dados rigorosos para o
universo, a amostra foi do tipo não-representativo, foram entrevistados 50 vendedores
dos mercados desta cidade de Chimoio, mas concretamente nos mercados Mapulango,
mercado 38 mercado de Nhamaonha e Primeiro de Maio sendo homens e mulheres, para
darem a sua opinião sobre o tema em alusão. Como conclusão, notou-se que O
empreendedorismo e a gestão de negócios nas microempresas familiares não duram
muito tempo de sobrevivência na cidade de Chimoio porque estes empreendedores não
tem conhecimento suficiente sobre os negócios, isto é não fazem estudo de viabilidade
com vista a praticar o negócio viável

Palavras-Chave: Micro empresa, Contabilidade, Gestão e pequenas empresas.

AGRADECIMENTOS

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DEDICATÓRIA

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANPROTEC-Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de


Tecnologias Avançadas
CAC-Conselho Autárquico de Chimoio
CNPq-Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CTA- Confederação das Associações Económicas
EGEPE-encontro de estudos em empreendedorismo e gestão de pequenas empresas
FINEP-Financiadora de Estudos e Projectos
GBPN-Guia Básico Sobre os Pequenos Negócios
INE-Instituto Nacional de Estatística
PEA população economicamente activa
PME- Pequenas e médias empresas
PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

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SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

7
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
O empreendedorismo em Moçambique está cada vez mais presente no quotidiano das
famílias, sobretudo na criação de pequenos negócios, traduzindo-se em micro empresas
familiares. Neste tipo de empresas, os vínculos existentes entre a família, a propriedade
e a gestão do negócio são estreitos e fazem com que seja difícil ajustar as relações
familiares às económico-financeiras. Actualmente, em Moçambique, o
empreendedorismo é considerado um dos vectores integrantes na redução da pobreza e
da exclusão social, porque se crê que a sua dinamização incentiva as camadas mais
pobres da sociedade moçambicana a criarem os seus próprios negócios e a
providenciarem os seus rendimentos. Tem sido evidente que muitos segmentos da
sociedade estão com as atenções viradas para este desiderato. Sendo assim, a sociedade
tem-se tornado mais exigente, o que obriga os gestores das micro e pequenas empresas a
geri-las de forma eficiente.

Este tipo de empreendimento constitui um importante motor de crescimento económico,


de criação de riqueza e bem-estar social e, portanto, de promoção da inclusão social.
Abrir uma empresa e mantê-la no segmento de mercado escolhido acaba por se tornar
uma tarefa difícil, uma vez que envolve diversos desafios para o empreendedor, aliada a
diversos obstáculos de ordem financeira, burocrática, administrativa, entre outros. As
empresas familiares têm por característica o facto de serem empreendedoras, pois
surgem de uma necessidade ou desejo de indivíduos abraçarem esta actividade, mas
nem sempre possuem alguma experiência ou conhecimento do negócio.

O presente trabalho que fala sobre o papel da contabilidade no processo de gestão de


micro e pequenas empresas no caso das empresas sediadas na localidade de Messica,
cujo período é compreendido entre 2017 à 2019, apresentar-se-á na primeira parte com a
introdução que abrange os subcapítulos da contextualização, objectivos da pesquisa
hipóteses, problematização, justificação, assim como a metodologia que irá se usar neste
trabalho.

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1.2 O problema do estudo
No âmbito da iniciativa empreendedora e uma liberalização económica, surgem na
sociedade moçambicana muitas empresas de pequeno porte, que desenvolvem suas
actividades sem no entanto partir para compreensão das práticas de empreendedorismo
e gestão, entendidas como o conjunto de práticas quotidianas, executadas por diferentes
esferas sociais, que resultam na criação de novos negócios, na exploração de novas
oportunidades no mercado, e em inovações e situações de renovação e melhoria de
actividades ou processos.

Segundo Lopes (2006), em Moçambique, as pessoas estando na posse de alguma


disponibilidade financeira, num pensamento direccionado a cultura empreendedora,
julgam-se aptas a criar uma empresa. Com andar de tempo, estas empresas não
conseguem sobreviver e acabam por entrar em falência, consequentemente a morte
destas, e o empreendedor ao menos sabe justificar ao certo por que isso aconteceu.

Os empreendedores tem encarado diversos problemas tais como, a falta de planificação


a médio e longo prazo, falta de comando central, baixo profissionalismo, conflitos, falta
de compromisso, descapitalização da empresa, controlo contabilístico irreal, emprego de
parentes, falta de experiência mínima para fazer a gestão da empresa da maneira
correcta para alavancar o negócio que está investindo, baseando-se apenas em seu ponto
de vista, têm vindo a impedir que os empreendedores desfrutem com plenitude do
desenvolvimento económico gerado pela criação de empresas inovadoras de grande
potencial (Lopes, 2006).

Em geral, os empreendedores, quer individuais, quer colectivos que aplicam de forma


incorrecta os fundos de que dispõem, tendem a lograr os seus objectivos a muito custo.

Na localidade de Messica no distrito de Manica, existem muitas pessoas que fazem os


seus negócios para auto sustento e outras como forma de auxiliar o salário e
consequente aumento de renda familiar, com vista ao bem-estar social. Neste contesto,
existem muitas bancas fixas nos mercados principalmente informais, assim como como
nas casas de particulares que vendem vários produtos, mas com o andar de pouco
tempo, estas encerram por causa de não ter fundos suficientes para continuar com
negócio.

Assim sendo, o problema de pesquisa circunscreve-se ao seguinte:

9
Porque o empreendedorismo e a gestão de negócios nas pequenas e microempresas
não duram muito tempo de sobrevivência na Localidade de Messica?

1.3 Hipóteses
H0: O empreendedorismo e a gestão de negócios nas micro e pequenas empresas não
duram muito tempo de sobrevivência na localidade de Messica porque estes
empreendedores não tem conhecimento suficiente sobre os negócios, isto é não fazem
estudo de viabilidade com vista a praticar o negócio viável.

H1: Os micro e pequenos empreendedores não sabem gerir e não aproximam aos
contabilistas ou auditores para um aconselhamento sobre como gerir o seu negócio.

H2: Sendo a localidade de Messica, uma zona com governo local, estes são cobrados
taxas pelo Governo e que não conseguem pagar e como consequências as
microempresas deixam de existir.

1.4 Objectivos da pesquisa


1.4.1 Objectivo geral
 Analisar o papel da contabilidade no processo de gestão de micro e pequenas
empresas no caso das empresas sediadas na localidade de Messica (2017-2019)

1.4.2.Objectivo específico
 Conceptualizar de ponto de vista teórico, empreendedorismo, as micro e
pequenas empresas na gestão de negócio;

 Especificar as modalidades de financiamento nas micro e pequenas empresas


na localidade de Messica;

 Conhecer as actuais práticas de gestão das Micro e pequenas empresas na


localidade de Messica;

 Analisar o ambiente de negócio dos empreendedores nas micro e pequenas


empresas;

 Identificar os tipos de empreendedorismo mais frequentes nas micro e


pequenas empresas na localidade de Messica.

1.5 Justificação do estudo


O presente trabalho aborda sobre o papel da contabilidade no processo de gestão de micro e
pequenas empresas no caso das empresas sediadas na localidade de Messica
10
Em Moçambique, as micro e pequenas empresas são responsáveis pela geração de
grande parte dos empregos formais e informais.

Actualmente, verifica-se o surgimento de novas empresas de pequeno porte na


localidade de Messica e não só, como resposta à estratégia de promoção de emprego, de
inovação, de criação de rendimentos, de crescimento, de desenvolvimento económico e
social. Este fenómeno acontece a uma velocidade extraordinária no ambiente de negócio
moçambicano, o que tem mostrado, cada vez mais, quão mutável e dinâmico é o
mercado, mas tal não significa necessariamente o entendimento da realidade económica
e os seus desdobramentos em negócios por parte dos intervenientes, visto que o mesmo
se torna um mundo menos previsível.

Em Moçambique, embora haja um número considerável de empresários sem muita


instrução, a comunidade académica não tem mostrado muito interesse em desenvolver
algum mecanismo de auxílio à gestão de negócios para este grupo de microempresários.
O fato de constituírem o grupo que mais postos de trabalho geram no país, parece não
ter sido suficiente para despertar o interesse dos académicos no sentido de criar uma
literatura capaz de ajudá-los a administrar os seus negócios de forma eficiente e eficaz,
(Chiau, 2006).
A justificativa para o desenvolvimento deste estudo ampara-se no facto de que, até o
momento, ao que tudo indica, são ainda escassas as pesquisas de cunho científico
voltadas para o empreendedorismo e a gestão de negócios nas micro e pequenas
empresas na localidade de Messica e por acreditar que a mesma procura agregar novos
conhecimentos aos já existentes, na medida em que se propõe aprofundar a análise das
dimensões neste universo, auxiliando na tomada de decisões, consequentemente
proporciona benefícios económicos e sociais às empresas e à sociedade em geral.

Neste contexto e considerando a diversidade de assuntos pertinentes, o estudo pretende


apresentar ferramentas empreendedoras que conduzam a novos conhecimentos aos
intervenientes no processo que tem em vista garantir um negócio saudável, bem como
mostrar em que momento a pequena empresa deve funcionar e como deve ser gerida
para não incorrer aos riscos de encerrar em tão curto tempo de sobrevivência.

Assim, o presente projecto servirá de apoio à execução das actividades dos micro
empreendedores, elevando a sua capacidade de coordenar as actividades que passam
pelo desenvolvimento de um negócio sustentável.
11
1.6 Delimitação de Estudo
A pesquisa será desenvolvida na localidade de Messica, no distrito de Manica, província
de Manica. A escolha deste local deve-se ao de que Messica é uma das localidades
rurais do distrito de Manica onde existe um número elevado e aglomerado de
empreendedores e também onde existem vários tipos de negócios o que tornará uma
análise mais profunda da situação das sobrevivência das microempresas em
Moçambique. No que se refere a escolha do tempo (2017-2019), que são dois anos é o
tempo médio que que as empresas de pequeno porte que a maioria delas sobrevive. A
pesquisa se baseará em teorias relacionadas com empreendedorismo e a gestão de
negócios nas micro e pequenas empresas relacionando-se com o tempo de sobrevivência
ou de vida destas microempresas.

1.7 Limitações do Estudo


Uma das limitações deste estudo poderá ser o universo populacional e a sua amostra,
uma vez que a localidade de Messica é constituída por vários bairros, onde cada bairro
alberga muitas micro empresas ou mini mercados informais.

Outra limitação será a ausência de obras que falam sobre o tema em estudo na
localidade de Messica. Também como limitação poderá se destruir o material de
questionário pelas pessoas inquiridas devido ao tempo de recolha, uma vez que vai-se
lançar o questionário e marcar-se-á um outro dia para a recolha.

CAPÍTULO II-REVISÃO DA LITERATURA


Neste capítulo, irão se abordar conceitos sobre as palavras-chave do trabalho de alguns
autores e também abordagens de algumas obras literárias no que concerne a este
capítulo. Esta parte do capítulo engloba três subcapítulos, nomeadamente a revisão da
literatura teórica, revisão da literatura empírica e revisão da literatura focalizada.

12
2.1 Revisão Da Literatura Empírica
2.1.1 Empreendedorismo
O conceito de empreendedorismo está a par com a ideia de criação de um negócio
próprio, contudo o espectro é ainda mais abrangente, desde o Empreendedorismo
Corporativo, não no sentido de quem gera a sua própria empresa, mas agora no âmbito
de quem imagina desenvolve e realiza visões dentro de organizações já criadas, ou ainda
o Empreendedorismo Social, através da identificação de falhas na comunidade, e
utilização os princípios de empreendedorismo para gerar organizações que promovem a
transformação social

A Comissão Europeia, Livro Verde sobre o Espírito Empresarial (2003:73), considera


que o empreendedorismo é acima de tudo uma atitude mental que engloba a motivação
e a capacidade de um indivíduo, isolado ou integrado numa organização, para identificar
uma oportunidade e para concretizar com o objectivo de produzir um determinado valor
ou resultado económico.

Considerando que o empreendedorismo se verifica em várias situações e que dentre elas


sobretudo, está associado à criação de empresas, cabe aprofundar sobre esse acto,
criativo. Na verdade, cabe considerar o fato da acção empreendedora como elemento
central para compreensão do fenómeno empreendedorismo.
Schumpeter (1997) afirma que a essência do empreendedorismo está na percepção e
aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios, estando relacionado à
criação de novas formas de uso dos recursos, em que eles sejam deslocados de seu
emprego tradicional para novas combinações. O autor associou empreendedorismo a
crescimento económico, ao considerar que os empreendedores são a força motriz do
crescimento económico, ao introduzir no mercado inovações que tornam obsoletos os
produtos e as tecnologias existentes.
Na concepção de Bernardi (2003), da observação, da percepção e da análise de
actividades, tendências e desenvolvimentos, na cultura, na sociedade e nos hábitos
sociais e de consumo é que surge a ideia de empreendimento. As oportunidades
detectadas, as necessidades não atendidas e demandas prováveis definem a ideia do
empreendimento, que pode surgir também por meio de contactos especializados nos
vários ramos de actividade, em círculos de conhecimento tecnológico e mercado lógico
como complementação ou associação.

13
Para Gimenez et al. (2001) empreendedorismo consiste em identificar uma
oportunidade e agir sobre esta com o propósito de criação de riqueza nos sectores
públicos, privados e globais.

2.1.2 Empresa Familiar


Tondo (2008) afirma que a família empresária são pessoas ligadas por laços de sangue
ou de uniões estáveis, que dão o suporte emocional e estratégicos necessários aos
negócios.

Para Waiandt e Davel (2008), a maioria dos conceitos sobre empresa familiar gira em
torno de três características específicas: propriedade ou controle sobre a empresa; poder
que a família exerce sobre a empresa e intenção de transferir a empresa para gerações
futuras. Segundo os autores, outros critérios de mesma natureza incluem ainda a gestão
da organização pela família por pelo menos duas gerações e que a sucessão deve ter
carácter hereditário.

Bornholdt (2005) considera empresa familiar quando são identificados em uma


organização os seguintes aspectos: a família ou os herdeiros possuem o controlo
accionário; as posições estratégicas, como directoria ou conselhos de administração são
ocupadas por familiares; as crenças e os valores da família são semelhantes ao da
organização; as acções dos familiares repercutem na empresa, mesmo se nela não
atuem. A família determina a sucessão no poder e ainda a ausência de liberdade total ou
parcial de vender suas participações/quotas acumuladas ou herdadas na empresa.

Peiser e Wooten (1983) definem a empresa familiar como sendo aquela que, a partir do
empenho de um empreendedor, aproxima os componentes da família para auxiliá-lo
quando os negócios evoluem.

2.1.3 Microempresa
Não existe critério único universalmente aceito para definir as microempresas. Vários
indicativos podem ser utilizados para a classificação das empresas nas categorias micro,
pequena, média e grande, mas eles não podem ser considerados completamente
apropriados e definitivos para todos os tipos de contexto. Como afirma Filion (1990), a
maioria das tentativas de definição dos tipos de empresa nos mais variados países foi
feita não apenas por razões fiscais. Com elas, visa-se também a estabelecer critérios de
identificação de empresas elegíveis para receber diferentes tipos de benefício oferecidos
14
pelos governos. Por exemplo, com os critérios de definição, pode-se seleccionar
empresas admissíveis em programas de subcontratação (terceirização, etc.) ou de
fornecimento de produtos e serviços a organizações governamentais.
Os Estados Unidos foram os primeiros a definir oficialmente as pequenas empresas na
lei. Durante a Grande Depressão dos anos 30, instituições foram criadas neste país para
apoiá-las ou estudar projectos de financiamento a elas dirigidos. Esta iniciativa estava
claramente inserida numa lógica de incentivos para a recuperação económica do país.
Em 1953, com o Small Business Act, os Estados Unidos criaram em sua legislação a
primeira definição legal da pequena empresa no mundo. Contudo, as pequenas empresas
já eram objecto de discussão em vários outros países, dos quais o Reino Unido, onde o
Macmillan Committee analisava as dificuldades de financiamento dos pequenos
negócios desde o final dos anos 20 (Filion, 1990).

Para os países em geral, a definição do que são a micro, a pequena, a média e a grande
empresas é um elemento de base para a elaboração de políticas públicas de tratamento
diferenciado dos tipos de empresa (Filion, 1990). Assim, pode-se esperar uma grande
variação de definições entre países, cada um tendo uma conjuntura específica quanto
aos tipos de empresa, ao seu papel socioeconómico e às prioridades governamentais na
promoção do desenvolvimento.
Segundo Lima (2001), na Lei fiscal brasileira, a microempresa é definida como uma
empresa cujo facturamento anual é de até R$ 244 mil (US$134 mil), enquanto a
pequena empresa é aquela cujo facturamento anual é superior a R$ 244 mil e igual ou
inferior a R$ 1,2 milhão (US$ 134 mil e 659,3 mil respectivamente).
Em Moçambique, o Estatuto Geral das Micro, Pequenas e Médias Empresas (Decreto
n.º 44/2011, de 21 de Setembro) define o que é uma Pequena e Média Empresa,
segundo o quadro a seguir.
Tabela 1: Definição das empresas
Categoria da N° de Trabalhadores Volume de Negócios Anual
Empresa (Meticais)
Micro 1à4 Até 1.200.000
Pequena 5 à 49 1.200.000 a 14.700.000
Media 50 à 99 14.700.000 a 29.900.000
Fonte: Observatório Internacional sobre conhecimentos que geram oportunidades

2.1.4 Sobrevivência das empresas


Muitas médias e pequenas empresas (MPEs) não sobrevivem nos seus anos iniciais de
vida. Este fenómeno – conhecido na literatura organizacional como desvantagem de ser
15
jovem – ocorre porque empresas jovens podem apresentar falta de conhecimento do
mercado, dificuldade de gerenciamento, falta de experiência e problemas financeiros
dos novos empreendedores (Stinchcombe, 1965).

Seguindo discussões prévias na literatura, analisam-se três factores que podem


apresentar impacto na taxa de sobrevivência de empresas: capital humano, capital social
e práticas gerenciais. Testa-se, também, se o efeito desses factores varia de acordo com
o género do empreendedor (Bertolami & Lazzarini, 2017)

2.1.5.1 Capital humano


Schultz (1961) define capital humano como um conjunto de habilidades individuais.
Nesse sentido, a habilidade de conduzir o negócio é altamente influenciada pelo
background do indivíduo (educação, treinamento, habilidades, disciplina, experiência,
entre outros) que se reflecte em alta capacidade de se adaptar às mudanças do ambiente.
Por exemplo, indivíduos com maior nível de escolaridade apresentam alta capacidade de
gerenciar imprevistos e problemas mais complexos, pois são capazes de explorar seus
conhecimentos para adquirir recursos e identificar novas oportunidades de negócio,
assim como o conhecimento técnico no caso de startups de estudantes universitários.
2.1.5.2 Capital social
O conceito de capital social está atrelado a recursos valiosos obtidos através da rede de
relacionamentos do indivíduo. Capital social, nesse contexto, seria um conjunto de
recursos intrínsecos ao relacionamento com familiares, pais, amigos ou grupos sociais
em geral. Empreendedores com fortes laços sociais têm “chance” de maior identificação
de oportunidades lucrativas, acesso à informação privilegiada e aquisição de recursos
externos complementares). Por exemplo, laços familiares proporcionam informações
privilegiadas de fornecedores, oportunidades de investimento e troca de experiências.
(Burt, 1992)
2.1.5.3 Práticas gerenciais
As práticas gerenciais têm sido definidas como o conjunto de métodos, ferramentas e
técnicas usadas pelo administrador para organizar e sistematizar a tarefa de gerir um
negócio. As práticas gerenciais são importantes, já que proporcionam conjuntos de
informações que garantem desenvolvimento técnico e comercial do empreendedor e são
capazes de criar vantagens competitivas, auxiliares na adaptação da empresa ao
ambiente. Desta forma, as habilidades e conhecimentos desenvolvidos pelos gestores

16
permitem gerenciamento mais eficiente, como a identificação de ameaças e
oportunidades do negócio e a rápida capacidade de adequação ao mercado. (Drucker,
1955).

2.2 Revisão da literatura empírica


Esse subcapítulo, faz referência aos trabalhos como publicações, monografias,
dissertações e teses que já foram escritos por alguns autores internacionais sobre a
meteria de empreendedorismo no micro e pequenas empresas familiares.

De acordo com um estudo feito com Borges e Lima (2014), publicado no VIII encontro
de estudos em empreendedorismo e gestão de pequenas empresas (EGEPE), em
Goiánia- Brasil, com o título Práticas de Inovação Em Empresa Familiar, diz que as
pequenas empresas familiares são consideradas como objectos relevantes do ponto de
vista económico e social, contribuindo de maneira significativa para a geração de
emprego e renda. Não obstante, as pequenas empresas familiares também têm sido
objecto de teorização, uma vez que suas particularidades de natureza estratégica,
gerência e organizacional revelam um tipo de empresa que merece uma maior
compreensão por parte da academia.
O estudo feito com Lima e Bezzera (2013) com o título acção empreendedora na criação
de empresa familiar: estudo de caso, em Minas gerais- Brasil, considera que as
empresas, incluídas as empresas familiares, nascem do sonho de alguém, levado pela
intenção de realizar algo, de concretizar uma ideia. A partir desta premissa, estes autores
concluem que as empresas nascem para atender a determinadas situações. Segundo os
autores, um dos principais motivos é o atendimento de um sonho ou expectativa, caso
típico de alguém, empregado por muitos anos, com muita experiência acumulada,
conhecedor do ramo, que deseja abrir seu próprio negócio. Outro motivo é o
atendimento de um desejo ou necessidade de um empresário já estabelecido, que fica
em um impasse entre expandir, diversificando seu negócio, ou estagnar ou regredir. O
impasse profissional, como, por exemplo, o indivíduo que ficou desempregado ou se
aposentou, e busca a necessidade de uma nova ocupação ou renda, ou ambos, podendo
ainda utilizar de uma indemnização trabalhista para realizar o sonho de ter sua própria
empresa, também podem motivar a criação de uma empresa. Lima e Bezzera citam
ainda que o atendimento a acordos trabalhistas, como contratos de consultorias, em que
microempresas são criadas para atender, às vezes, a apenas um contrato e
17
posteriormente, pode ser que a empresa acumule mais contratos; a utilização de um
capital inesperado, quando o indivíduo recebe uma herança, ou ganha um recurso
financeiro em jogos de azar e resolve investir em uma nova empresa; e para atender a
um projecto planejado, estruturado e estudado criteriosamente, que é o caso menos
comum, típico de um efectivo empresário e evidentemente com maior chance de
sucesso.

2.2.1 Realidade empresarial em Portugal


Segundo Costa (2013) na sua dissertação defendida na Universidade autónoma de
Portugal, com o titulo Empreendedorismo como estratégia de desenvolvimento local: O
Caso “Agência Dna Cascais – Um Concelho Empreendedor, diz que de acordo com os
dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), existiam cerca de 350000
empresas em Portugal, no ano de 2008, das quais 300000 são microempresas (que
empregam em média cerca de 2 a 7 trabalhadores) e 50 mil são Pequenas e Médias
Empresas (PME) (que empregam em média 18 pessoas).
Ainda costa (2013), o esforço de promoção do empreendedorismo, como estratégia para
ultrapassar a crise, gerou resultados positivos. Os números mais díspares são registados
entre 2002 e 2010, em que o número de Pequenas e Médias Empresas (PME) cresceu
cerca de 59 % em Portugal (enquanto que nos restantes países da União Europeia se
verificou apenas um aumento de 13%). Este tipo de empresas teve igualmente um
aumento de empregados (no quadro fixo) de aproximadamente 16% (contrastando com
os 12% dos restantes membros da União Europeia).
Costa (2013), diz que durante o período em análise (2002-2010), 41% dos trabalhadores
das Pequenas e Médias empresas Portuguesas, teve formação em aplicações
relacionadas com o e-learning. Segundo VAN (2005), ao combinar tecnologia com
conhecimento, o e-learning assume-se como uma ajuda para os crescentes desafios que
a sociedade cada vez mais presta em termos de gestão de conhecimento.
O Estado Português assumiu como missão a promoção das condições necessárias à
criação e proliferação de novas empresas, particularmente pequenas e médias, que
surgem em 90% do tecido empresarial nacional. Este impulso advém da falência de
4800 empresas nos últimos nove meses de 2012, apresentando um número duas vezes
superior ao do ano de 2011, que se traduz numa média de vinte e cinco empresas por dia
(IAPMEI, 2012).

18
Ainda Costa (2013), diz que com vista à captação de ideias de negócio e de facilitação
do acesso a fontes de financiamento, a agência DNA Cascais promove o Concurso de
ideias de Negócio. Este concurso promove a “selecção de ideias/projectos inovadores
nos vários sectores de actividade, em torno das quais se perspective a criação e/ou
robustecimento de novas empresas de forte conteúdo de inovação e/ou negócios
emergentes de pequena escala que sejam sedeados no concelho”. Deste 2006, ano em
que foi lançado, o Concurso de Ideias de Negócio de Cascais registou a participação de
1356 empreendedores. No ano de 2012, a DNA Cascais registou a apresentação 85
candidaturas (destacando-se sector “Comércio & Serviços” (45%), seguindo-se o
“Turismo” (17,5%), o “Ambiente & Energia” (13,8%), a “Saúde” (9,4%),“Outras áreas
de negócio” (7,5%) e finalmente o “Empreendedorismo Social”, com 6,8%).

2.2.2 As características Marcantes do Empreendedor


No mundo contemporâneo, empreender é praticamente uma necessidade,
principalmente por haver grande disputa no mercado de trabalho. Diante do exposto, o
empreendedor tem seus fundamentos e conceitos apoiados na disciplina, na capacidade
de assumir riscos, no espírito inovador, na ousadia e persistência, em ser um
profissional visionário e de iniciativa própria.
Contudo, para empreender com eficácia e assegurar o sucesso do negócio, Luecke
(2007) afirma que é preciso que o empreendedor, alie análise, planeamento estratégico,
capacidade de implementação e controle para o seu negócio. Segundo o autor, são estes
os elementos fundamentais para o êxito de empreendimentos inovadores.
Nesse sentido, ao se iniciar um novo negócio, Luecke (2007) salienta que o
empreendedor deve ter consciência que isso envolve considerável risco e esforço para
que seja superado o desafio da criação de algo novo. Contudo, ao decidir por
desenvolver uma nova empresa, o empreendedor assume a responsabilidade e os riscos
pelo desenvolvimento e sobrevivência da criação, além de lidar com novos desafios,
passar também a fazer parte da economia local e nacional.
De acordo com Valei, Wilkinson e Amâncio (2008), é exigido ao empreendedor não
apenas a criação, inovação e a capacidade de lançar no mercado algo novo, mas,
inclusive, a capacidade de compreender todas as forças que atuam no ambiente no qual
se está inserindo. Ainda que a novidade seja um novo produto, um inovador sistema de
distribuição ou até mesmo um método para desenvolver uma nova estrutura
organizacional, o empreendedor precisa entender todo o ambiente.
19
Conforme Valei, Wilkinson e Amâncio (2008), a capacidade empreendedora
compreende, ainda, a habilidade de operacionalizar os acordos dos negócios existentes
entre as partes envolvidas, tais como, por exemplo, os parceiros, os fornecedores de
peças e serviços, o capitalista, o inventor do processo, os distribuidores, as agências
governamentais, o saber manter relações bem-sucedidas com os trabalhadores e o
público. Os autores ainda salientam que a capacidade de quebrar barreiras e alcançar o
sucesso encontra-se na própria essência da actividade empreendedora.
Valei, Wilkinson e Amâncio (2008) reforçam ainda que o empreendedor é dotado de
uma capacidade de associar e de complementar o conjunto ideal de insumos necessários
a um determinado processo produtivo e que as capacidades de somar e complementar
insumos e a de preencher vazios representam as características distintivas dos
empreendedores.
Para os autores, os reais empreendedores agem no mercado com a finalidade de criar
e/ou abrir novas possibilidades, preenchendo as lacunas descontínuas deixadas por
outras empresas. Desta forma, o empreendedor cria novas rotas, expandindo o mercado
o qual está se inserindo. Valei, Wilkinson e Amâncio (2008) ainda afirmam que,
entretanto, a actividade de empreender pode, em alguns casos, criar novas obstruções ao
provocar o surgimento de monopólios.
Embora o impacto directo ocasionado pelo empreendedorismo na empresa por parte do
empreendedor não precisa ser algo limitado, uma vez que o seu sucesso como
empreendedor é diferente daquele do administrador. Diante das diversas mudanças que
vem ocorrendo nas organizações, os administradores devem buscar recursos que visem
à actuação permanente da empresa no contexto globalizado.
Tal realidade trouxe o espírito empreendedor o qual, de acordo com Elias (2001), deve
apresentar algumas características básicas para o sucesso dos negócios. Estas
características são, para o autor, as necessidades, o conhecimento, as habilidades e os
valores. E que ainda são completados segundo o autor por 11 passos que devem ser bem
definidos e possíveis de alcançar a conquista:
 Estabelecer metas: estas devem ser bem definidas e mensuráveis e que sejam
capazes de se estabelecer algo que seja possível e satisfatório.
 Informações: É preciso que o empreendedor busque informações de clientes e
fornecedores, além de seus concorrentes a fim de que seja realizado um estudo
eficaz na busca pelo atendimento adequado ao mercado.

20
 Planeamento: É a divisão das tarefas e com os prazos bem definidos, realizando
revisões periódicas e levantamento dos resultados alcançados.
 Oportunidades e iniciativa: O empreendedor deve fazer coisas mesmo antes do
solicitado, promovendo a expansão de seus negócios de modo a aproveitar as
oportunidades que aparecerem.
 Qualidade e eficácia: É a forma do empreendedor encontrar maneiras de fazer
melhor e mais rápido as coisas, satisfazendo os padrões de excelência,
assegurando que ao término do trabalho atendeu às exigências da qualidade.
 Saber calcular os riscos: É o modo de como o empreendedor avalia as
alternativas e calcula os riscos, procurando reduzir os riscos, melhorando os
resultados.
 Persistência: Repetir ou mudar de estratégia sempre que for necessário, assim
poderá superar os obstáculos assumindo as responsabilidades pessoais, atingindo
as metas e objectivos da organização.
 Comprometimento: Ser responsável com as obrigações e a busca por alcançar
as metas e objectivos traçados, mantendo os clientes satisfeitos.
 Rede de contactos: Saber manter uma rede de contactos, bem como saber
influenciá-los.
 Autoconfiança: Busca pela autonomia mantendo o próprio ponto de vista frente
aos resultados, mesmo que estes sejam desanimadores.
Além do exposto, pode-se dizer que há, ainda, o empreendedor nato. Sobre esta
referência, Dolabela (1999) salienta que refere-se àquele que nasce com as
peculiaridades e características fundamentais para ser um empreender de sucesso.
Contudo, pelo fato de ser um ser social, certamente ele sofrerá influência do meio em
que está inserido. Assim sendo, sua formação empreendedora poderá ocorrer por
influência de amigos, actividades que executa no trabalho, família, educação, estudo,
formação e prática.
Para o autor, o indivíduo, ao aprender a empreender, precisa apresentar um
comportamento proactivo, mas, além disso, é fundamental que ele queira aprender a
pensar e agir por conta própria. Esta actuação necessita ser acompanhada por liderança,
criatividade e visão de futuro, de modo a criar, inovar e ocupar um espaço de liderança
no mercado.

21
Segundo o World Bank (2006), as empresas de pequeno porte apresentam, no mínimo,
três contribuições para a economia. A primeira contribuição é o seu impacto no mercado
de trabalho expresso pela geração de novas vagas de emprego e, por esse motivo,
contribui, automaticamente, com a redução da pobreza. A segunda contribuição refere-
se ao fato de que elas são fontes inesgotáveis de actividades e inovação, o que colabora
no desenvolvimento do talento empreendedor. E a terceira, por dar impulso e incentivo
à economia pela abertura de novos empreendimentos e introdução de novas actividades.
Dornelas (2005) observa que o tratamento do empreendedorismo e das MPEs tem
recebido significante atenção no Brasil, incentivando para a abertura de novas empresas,
o empreendedorismo e impulsionando a economia do país.
Para Filion (2008), empreender requer a análise do campo no qual o empreendedor está
inserido, dentre o qual, destacam-se MPE e, administrá-las desde o início de
operacionalização para muitos ainda é um grande desafio. Em alguns países, as MPEs
têm recebido destaque nas políticas públicas e, consecutivamente, o empreendedorismo
é objecto de acções que efectivam este negócio. É possível afirmar, diante do contexto
apresentado, que as MPEs significam parcela relevante na economia mundial e do
Brasil.
Tavares (2008) salienta que as MPEs são fundamentais para a economia do país e, por
isso, têm sido alvo cada vez maior de políticas específicas com a finalidade de
promoverem e contribuírem para a sua sobrevivência no mercado. Dentre tais políticas a
autora aponta como exemplo a referida Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas. A
lei tem como finalidade criar facilidades em questões tributárias como o super Simples.
São medidas que foram tomadas com o intuito de ir ao encontro da constatação que
grande parte das MPEs fecha as portas prematuramente. Os efeitos parecem ser
positivos, pois, das MPEs abertas entre os anos de 2003 e 2005, 78% permanece no
mercado.
Contudo, para que elas se mantenham sustentáveis, é importante que o empreendedor
tenha uma visão mais ampla do mercado, sendo o plano de negócio etapa fundamental
para o sucesso do empreendimento. Segundo o Sebrae (2012), antes que seja iniciado
um negócio, deve-se decidir qual será este negócio para que assim, seja uma empresa de
permanente crescimento no mercado.
Segundo o Sebrae (2012), o plano de negócio pode ser considerado como sendo o
documento elaborado pelo empreendedor que tem a finalidade de estruturar as ideias

22
essenciais e principais que ele irá analisar para decidir no que se refere à viabilidade da
empresa a ser criada ou expandida. Conforme exposto, o plano de negócio é a fase que
requer mais tempo, uma vez que envolve diversos conceitos que precisam ser
compreendidos e expressos em forma de escrita. Assim, dará forma a um documento
que irá resumir todas as informações da empresa, do mercado, da estratégia de negócio,
da gestão, dos concorrentes e do crescimento.

2.2.3 As Micro e pequenas empresas no Brasil


De acordo com Requião (2007), a actividade considerada um micro ou pequeno negócio
tem grande importância no cenário económico brasileiro, podendo confirmar, segundo
pesquisa realizada pelo Guia Básico Sobre os Pequenos Negócios (GBPN) de São
Paulo, que as MPEs já representam em média quase 99,2% das empresas brasileiras,
empregando em média 60% das pessoas que estão economicamente activas do Brasil.
Porém, essas empresas respondem somente por 20% do Produto Interno Bruto brasileiro
(PIB). A autora observa que só no ano de 2005, registava-se cerca de 5 milhões de
MPEs no país, o qual inclui-se, dentre outros, o dono de pousada, a costureira, o
padeiro, o cabeleireiro, o contador. Assim sendo, segundo a autora, as MPEs podem ser
definidas como sendo aquelas que referem-se à ideia de ser uma empresa, de qualquer
entidade da qual, de modo independente quanto à sua forma jurídica, exerce uma
actividade económica.
Requião (2007) observa que os empreendimentos constituídos formalmente só em São
Paulo são caracterizados pelo baixo número de empregados e peculiaridade pessoal na
busca por ajuda para a concretização dos negócios, tais como, por exemplo, a busca por
orientação a outras pessoas do ramo, a amigos, parentes, ou qualquer outra pessoa que
tenha seu próprio negócio e possa auxiliá-lo.
A vontade de ter o negócio próprio é, sem dúvida, o principal elemento motivador para
a abertura de uma PME, aumentando, cada vez mais, sua importância na economia
brasileira e mundial.
Para auxiliar e apoiar essas empresas, Palermo (2002) cita a criação do SEBRAE,
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A autora afirma que o
Sebrae é uma instituição técnica que oferece apoio ao pequeno empreendedor para o
desenvolvimento do seu negócio e das suas actividades empresariais de pequeno porte,
direccionada para a promoção e transmissão de projectos e programas que tem como
objectivo o fomento e o fortalecimento das MPEs.
23
O objectivo do Sebrae é ter uma actuação inovadora, estratégica e pragmática junto aos
micro e pequenos empreendedores para fazer com que a realidade dos pequenos
negócios tenha condições mais favoráveis para uma evolução sustentável, auxiliando
para o desenvolvimento do Brasil em todos os seus aspectos. Foi desenvolvido pela lei
de iniciativa do Poder Executivo, idealizada em comum acordo com as confederações
que representam as forças produtivas do país, pois, sem essa parceria, esse modelo de
auxílio às MPEs não se concretizaria.
Palermo (2002) afirma que o Sebrae oferece suporte co-atendimento pessoal e também
por meio do seu site que possui uma gama de informações fundamentais para quem
deseja abrir uma empresa.
Tal suporte é dado desde a elaboração do Plano de Negócios, passando pela escolha do
tipo de negócio até a sua formalização. Além disso, há ainda atendimento
personalizado, pessoalmente, nas diversas cidades brasileiras, com vários postos de
atendimento.
Segundo Dolabela (1999) a iniciativa em oferecer apoio as MPEs surgiu na década de
1980, tendo como marco principal, a criação da Associação Nacional de Entidades
Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC). A partir de
então, as actividades das MPEs no cenário nacional foi acelerando substancialmente e,
depois, foram surgindo várias parcerias que ofereceram o mesmo apoio, como o
SEBRAE, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a
Financiadora de Estudos e Projectos (FINEP).
Dolabela (1999) destaca que, mesmo tendo apoio legal para se manterem no mercado, a
mortalidade das MPEs ainda ocorre constantemente. Mas elas ainda representam grande
significância para o mercado, seja na geração de novos empregos ou no
desenvolvimento tecnológico.
De acordo com Valei, Wilkinson e Amâncio (2008), são abertas em média 400 mil
novas empresas por ano no Brasil, sendo a grande maioria MPE. Dentre tais empresas, o
sector do comércio e de serviços são os que apresentam maior concentração das MPEs.
Esta grande concentração ocorreu ainda no início da década de 1990, quando as grandes
empresas estavam sendo instaladas no país que, seguindo uma tendência mundial,
estimularam a terceirização de sectores que não são consideradas fundamentais para o
negócio.

24
Desta forma, surgem, gradativamente, empresas de prestação de serviços como
conservadoras, de segurança patrimonial, de motoristas, de segurança pessoal, dentre
outras. Algumas empresas, buscando sair das obrigações dos encargos trabalhistas
elevados do Brasil, escolheram em dispensar os funcionários e contrata-los através da
MPE.
Ainda com o surgimento do Estatuto da Micro e Pequena Empresa no Brasil o ano de
1998 promoveu a facilidade política empresarial que, com o desemprego, auxiliou ainda
mais para que as MPEs surgissem. Contudo, mesmo parecendo um sonho conquistado,
o micro e pequeno empreendedores ainda passam por diversos percalços.

2.2.4 Factores Condicionantes do Sucesso das micro e pequenas empresas


Existem diversos factores que devem ser considerados pelos empreendedores para o
sucesso da empresa. Nesse sentido, Medina e Silveira (2003) afirmam que antes de
tudo, é fundamental que os órgãos governamentais e os próprios empreendedores
tenham consciência da importância que a MPE representa para a economia do país.
Sendo assim, pode-se observar que elas fazem parte da comunidade empresarial,
produzindo parte substancial e essencial do total de bens e serviços produzidos e
oferecidos aos consumidores.
Considerando essa visão, os autores enfatizam que a participação e contribuição das
MPEs no Brasil são semelhantes àquelas das grandes organizações, porém, têm como
diferencial o oferecimento de contribuições únicas por gerarem novos empregos,
colocarem no mercado produtos inovadores, por estimularem a competitividade,
ajudarem as grandes empresas mesmo de forma indirecta e por criarem bens e serviços
com alta eficiência.
Neste sentido, Filion (2008) salienta que os segmentos e actividades atingidos pela MPE
apresentam êxito dos mais variados, podendo destacar as actividades relacionadas à
inovação tecnológica e que exigem capacidades, habilidades ou serviços especializados.
O autor constata que, o sucesso do empreendedor no mercado com o seu
empreendimento é resultado de uma combinação entre factores como, por exemplo, a
criatividade e capacidade superior de realização que podem diversificar de acordo com a
realidade de cada negócio e características do proprietário.
Em suma, Filion (2008) acredita que o sucesso de um empreendimento, principalmente
considerando as características das MPEs, é resultante do perfil do próprio
empreendedor, pois elas são fundamentais para o alcance do sucesso. Baseado no perfil
25
do empreendedor, os factores de sucesso são: a motivação para realizar o que deseja; ser
persistente na busca pelo alcance dos objectivos; ser criativo, por implicar em liberdade
para ter acções independentes; ser autoconfiante; ser seguro daquilo que deseja realizar;
possuir capacidade para assumir grandes e pequenos riscos; dentre outros.
Para Geus (1999), o sucesso de um empreendimento é resultado da combinação da
sensibilidade ao meio ambiente; coesão e identidade; tolerância a seu corolário e
conservadorismo financeiro.
São estes factores que levam as MPEs à longevidade:
 Ter sensibilidade ao meio ambiente: isso significa a capacidade que a MPE
possui em aprender a se adequar ao ambiente em que está inserida;
 Coesão e identidade: refere-se aos elementos sobre a capacidade nata da
empresa e empreendedor em formar uma comunidade e uma identidade própria
(GEUS, 1999);
 Tolerância a seu corolário: A MPE precisa possuir a capacidade de constituir
relacionamentos duradouros e construtivos com as demais empresas, dentro e
fora de si (GEUS, 1999);
 Conservadorismo financeiro: este factor é a capacidade que a MPE apresenta
de ter efectividade de governar a si, o negócio e a evolução no mercado (GEUS,
1999).
Na visão de Boog (1991), os factores condicionantes do sucesso da MPE podem ser
descritos por meio de três dimensões distintas que são financeiros, de marketing e de
operação. No primeiro caso, os resultados financeiros surgem como lucro, retorno e
crescimento do património líquido da empresa. Quanto ao marketing, seus resultados
são mensurados conforme o que é determinado pelo mercado, quantidade de vendas,
clientes fidelizados, atendimento regional, imagem da empresa dos produtos e serviços
oferecidos e, inclusive, pela assistência pós-venda. No caso da operação, os resultados
são alcançados pelo número de produção, métodos e processos, comercialização,
produtividade, qualidade do produto, estoque de máquinas e instalações.
Ao tratar dos factores condicionantes do sucesso da MPE, Coelho (2002) afirma que
estes estão relacionados directamente ao empreendedor, esperando que o mesmo:
 Tenha bom conhecimento do mercado em que atua;
 Seja um bom administrador;
 Saiba aproveitar as oportunidades de mercado;

26
 Saiba utilizar adequadamente capital próprio;
 Tenha capacidade de assumir riscos;
 Seja perseverante e persistente;
 Tenha uma boa estratégia de vendas definida;
 Seja criativo.
Nota-se, diante do exposto pelos autores, que, o sucesso do negócio da MPE depende de
factores condicionados ao empreendimento e também ao empreendedor. Assim sendo,
pode-se, portanto, afirmar que, dentre outros, tais condicionantes são bom conhecimento
do mercado; planeamento, criatividade; estratégia; e capacidade de conduzir mudanças.
Contudo, é importante enfatizar que os ambientes, interno e externo também são
determinantes para o sucesso ou fracasso da MPE no Brasil.
Ao considerar os factores internos como condicionantes para o sucesso das MPEs,
Valei, Wilkinson e Amâncio (2008) salientam que este será determinado por elementos
como a definição do negócio, visão e missão e a filosofia adoptada pela empresa. Além
disso, também devem ser considerados os líderes e a equipe de funcionários. Para os
autores, é primordial que o pessoal envolvido na empresa avalie de forma detalhada e
cuidadosa os factores internos do ambiente organizacional, os quais envolvem os pontos
fortes e fracos; a estrutura; os fluxos de informações; a gestão financeira; o
planeamento; as práticas funcionais; as vendas; o marketing; o controlo da gestão e a
organização.
Além disso, é importante também que o empreendedor e o empreendimento tenham
qualidades. No caso do primeiro, para actuar no novo negócio, deve-se considerar os
elementos fundamentais para o sucesso. Dentre tais elementos fundamentais que são
essenciais para o sucesso do negócio está a motivação que auxiliará na busca dos
objectivos desejados. Para tanto, é importante, ter claro aonde se quer chegar.
Além do exposto, inclui-se ainda como qualidade fundamental ao empreendedor a
criatividade, pois, por meio desta, ele poderá actuar de modo a criar novas estratégias e
possuir capacidade para delegar tarefas e decisões. Valei, Wilkinson e Amâncio (2008)
citam, dentre outros, possuir capacidade para delegar tarefas e decisões; a capacidade de
assumir riscos; capacidade prospectiva para detectar tendências futuras; a
autoconfiança; espírito de liderança para conduzir e orientar equipes.

27
No que se refere à qualidades essenciais ao empreendimento para o sucesso do negócio,
os autores apontam a área mercadológica; técnico-operacional; financeira; e jurídico-
organizacional.
Contudo, é importante enfatizar que as características apresentadas não devem
obrigatoriamente constar em todos os empreendedores, pois são apenas indicadores.
Grapeggia, et al. (2011) afirmam que não se pode prender-se às peculiaridades do
empresário, pois ainda há factores internos do próprio empreendimento que podem ser
determinantes para o sucesso da empresa.
Para melhor visualização, considerando os factores internos que influenciam no sucesso
do empreendimento, pode-se demonstrar, conforme a tabela que segue:

Tabela 2: Factores mais importantes para o sucesso de uma MPE


Empresas
Extintas Activas
Fautores de sucesso influenciado pelo ambiente interno
Bom conhecimento do mercado onde atua 49% 55%
Boa estratégia de vendas 48% 46%
Criatividade do empresário 31% 45%
Ter um bom administrador 31% 27%
Aproveitamento das oportunidades de negócios 29% 43%
Uso de capital próprio 29% 29%
Empresário com persistência/perseverança 28% 36%
Capacidade de liderança do empresário 25% 28%
Reinvestimento dos lucros na empresa 23% 33%
Acesso a novas tecnologias 17% 23%
Capacidade do empresário para assumir riscos 15% 22%
Terceirização das actividades meio da empresa 5% 6%
Fonte: Grapeggia, et al., 2011.

Segundo Tavares (2008) na sua dissertação de mestrado defendido na Universidade


Jean Piaget em Cabo Verde, com o tema Gestão de Pequenas e Médias Empresas em
Cabo Verde Estudo de caso Ilha de Santiago diz que o sistema de incentivos ao
desenvolvimento empresarial é tido em quase todas as latitudes, como sendo uma via
eficaz de induzir um desenvolvimento económico auto- sustentável. Assim, como forma
de estimular o desenvolvimento empresarial em Cabo Verde é necessário conceder não
só empréstimos em condições favoráveis, mas também facilitar o acesso dessas
empresas ao sistema financeiro, concedendo-lhes assistência antes e depois do início das
actividades, incentivando a cooperação e o desenvolvimento.
Ainda Tavares (2008), Cabo Verde um país cuja economia é vocacionalmente suportada
pela PME`s, é necessário criar incentivos necessários ao livre exercício, na sua
28
promoção e na sua competitividade, de forma a impulsionar, quer o ritmo de
crescimento da produção, quer o equilíbrio entre os interesses económicos e sociais, e
ainda concorrendo para a elevação do nível de emprego efectivo nacional.

2.3 Revisão da literatura focalizada


Esse subcapítulo, faz referência aos trabalhos como publicações, monografias,
dissertações e teses que já foram escritos por alguns autores Moçambicanos sobre a
meteria de empreendedorismo no micro e pequenas empresas familiares.

2.3.1 Microempresas no contexto moçambicano


No contexto moçambicano, segundo Chiau (2006) na sua monografia defendido na
Universidade Federal do Paraná, com o tema Princípios de Gestão Financeira Aplicados
às microempresas de Moçambique, diz que o que está sendo considerado como
microempresa é um pouco diferente do que é entendido, por exemplo, no Brasil. As
microempresas moçambicanas fornecem bens ou prestam serviços à população e na
esmagadora maioria são empresas individuais Muitas vezes são apenas associações de
mulheres que se reúnem com o propósito de prestar serviços, desde o doméstico até a
venda de objectos de alto valor. É raro estarem constituídas como pessoas jurídicas. A
grande maioria consiste no que é denominado na nomenclatura internacional de
“trabalhador por conta própria”. (PNUD, 1999).
Neste trabalho é considerado por microempresa um conjunto que engloba a parcela da
população economicamente activa (PEA) classificada como Conta Própria e Agregado
Familiar, mais as empresas formalizadas classificadas como pequenas (até 9
empregados) pelo Instituto Nacional de Estatística de Moçambique
No contexto moçambicano esse grupo da população pode ser considerado como
microempresários e, portanto compõem o público-alvo deste trabalho juntamente com o
que foi conceituado como pequena empresa em Moçambique. Essa parcela da
população – que como será visto é a maioria absoluta- retira seu sustento de actividades
económicas muito precárias em que predominam as actividades agrícolas e, nas áreas
urbanas, as actividades comerciais e de prestação de serviços.
Na óptica de Franco & Andersson (2002), a informalidade dessas actividades não lhes
tira o carácter empresarial e tal como uma empresa formalizada e de maior porte elas
também precisam de um mínimo de planeamento financeiro.

29
Conforme o Diário Digital (2006) um dos principais motivos para a informatização em
Moçambique são os impostos elevados que, na óptica de alguns analistas, levam cerca
de 50% dos lucros das empresas.
O investimento inicial para a formação de uma microempresa não constitui barreira para
a entrada no mercado, ou seja, mundo dos negócios, na medida em que, não se faz
necessário um grande investimento de capital. Pode-se afirmar que as barreiras para as
novas empresas neste segmento são praticamente inexistentes.
As microempresas moçambicanas atuam num mercado em que as vendas são
geralmente feitas á vista não se aceitando cheques como meio de pagamento. É
considerada venda a crédito aquela que é feita sem que a mercadoria seja entregue ao
comprador antes que o mesmo quite a última parcela de pagamento. Na prática,
significa que o comprador financia as actividades do empresário, visto que, enquanto a
mercadoria permanece no estabelecimento comercial e os pagamentos são feitos
regularmente permitindo que o giro de estoque sem o uso necessariamente dos recursos
dos empresários.
Importa salientar que, a falta de confiança entre o comerciante e o cliente, aliada a falta
de um serviço de protecção ao crédito são dois factores determinantes desta prática
comercial. Geralmente este grupo de empresários efectua as suas vendas em repartições
públicas, serviços consulares e salões de beleza, mas nunca está garantido o
recebimento pelas vendas efetuadas, o que causa um desfalque no capital investido.
De acordo com Mussanhane (2001), dentro do actual cenário moçambicano as
microempresas não estão preparadas para enfrentar a concorrência das empresas
maiores no mercado em que elas estão inseridas. O precário conhecimento de gestão
tem dificultado a identificação das oportunidades de negócios, e pior ainda, as empresas
neste mercado informal não conhecem os seus reais concorrentes.
Devido ao seu porte, as microempresas não investem no seu capital humano, pois, não
vislumbram com isso a possibilidade de aumento da capacidade produtiva.
Ainda de acordo com Mussanhane (2001), a rotatividade ou abandono de postos é muito
grande nestas empresas, na medida em que, os seus funcionários são geralmente pessoas
sem nenhuma formação técnica específica, quando não é o próprio
trabalhador/empresário, por outro lado a remuneração é muito baixa. Muitas das
microempresas moçambicanas não fazem a diferenciação entre o caixa da empresa e o

30
da família, e até mesmo a separação da propriedade familiar, situação que vem
dificultando o cálculo de ganhos e perdas das mesmas.
Devido à falta de conhecimentos básicos de gestão a pesquisa de mercado e o estudo de
viabilidade de negócios não são feitos, o mesmo acontece com o rateio dos custos
operacionais.
No caso destas empresas, a documentação dos fatos contábeis não é factor fundamental
para o sistema de informações gerenciais, pois, este é falho ou quase inexistente. Esta
pode ser considerada talvez a maior causa da má gestão financeira das empresas em
questão.

2.3.2 O Perfil do empresariado e dos trabalhadores


A maioria do micro empresariado moçambicano é constituída por mulheres oriundas de
famílias pobres, com pouca instrução ou analfabetas, resultado de uma sociedade que
coloca a mulher em segundo plano. São elas que garantem o sustento da família na
maior parte dos lares moçambicanos. Os demais trabalhadores geralmente são os seus
familiares, agregados familiares ou a vizinhança. São pessoas que também não tem
muito conhecimento sobre a gestão de negócios, e pouco incentivo recebem dos seus
patrões no sentido de buscarem uma melhor qualificação com o objetivo de contribuir
para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Segundo afirmam Tschirley & Benfica (2000), a falta de oportunidades no mercado de
trabalho e o esquecimento a que estas mulheres estão subjugadas constituem o factor
determinante para a abertura de negócios próprios, na medida em que, a sua condição de
mulher pobre e quase analfabeta não constitui barreira desde que ela tenha capital
próprio mínimo para a formação de uma empresa.
Franco & Andersson (2002), afirmam que devido a sua fragilidade económica as
microempresas em Moçambique não têm acesso ao crédito bancário, pois, dificilmente
conseguem quitar as suas dívidas com os bancos, o que torna a situação financeira das
mesmas pouco confortáveis. Mais importante ainda, a maioria sequer tem acesso ao
sistema bancário para abrir uma simples conta corrente.
Existem algumas excepções como é o caso da instituição de microcrédito denominada
Novo Banco, pertencente ao Grupo BIM que concede créditos a um número ainda
considerado insignificante. Nos últimos anos surgiram novos bancos como são os casos
da Procredit, Socremo, Novo Banco, etc.

31
Em Moçambique é muito comum os empresários recorrerem à família quando há
necessidade de liquidez, e não aos bancos, pois, estes geralmente cobram taxas altas e a
família nunca cobra juros pelo empréstimo, na medida em que, as referidas famílias não
tem conhecimento do real valor do dinheiro no tempo. O planeamento das actividades é
visto como sendo algo inerente as grandes empresas, não havendo, portanto, a
necessidade de disponibilizar tempo para a elaboração de um planeamento ainda que de
curto prazo.
De acordo com o PNUD (1999), as implicações do não planeamento são inúmeras,
podendo citar algumas, tais como, o não conhecimento dos riscos inerentes ao negócio,
a má aplicação dos escassos recursos financeiros, o mau aproveitamento dos
rendimentos das empresas, ou seja, o não investimento em fundos ou aplicações com
boa rentabilidade.
A maior parte destas empresas, como já foi citado, operam no mercado informal, tendo
como público-alvo as famílias de baixa renda. Dedicam-se a compra e venda de
produtos “importados” da República da África do Sul, Portugal e do Brasil, rota
recentemente descoberta. A actividade comercial é feita em conjunto, ou seja, várias
mulheres reúnem-se e formam um grupo que fornece produtos alimentícios,
electrodomésticos, vestuários e cosméticos, (é mais comum), pois tem maior aceitação e
a população feminina tornou-se mais vaidosa nos últimos anos, entre vários outros bens
ou serviços.
Importa salientar que, existem também aquelas que se dedicam ao pequeno comércio,
tais como, produtos agrícolas trazidos das zonas rurais e revendidos em mercados das
grandes cidades. As suas práticas comerciais e gerenciais são primárias, pois, não é feito
o cálculo ou o rateio dos custos operacionais envolvidos, por julgar-se desnecessário a
sua contabilização.
A não contabilização dos custos envolvidos dificulta de certo modo a determinação
correta dos ganhos obtidos. Este é talvez uma das várias causas da má gestão financeira
que assola a maior parte dos microempresários. Outro factor importante é a falta de
controle dos estoques, ou seja, não se tem conhecimento do tempo médio de rotação dos
estoques armazenados.
Quando os produtos não são comercializados, os próprios empresários e as respectivas
famílias fazem uso dos produtos sem contabilizar, ou seja, colocar no seu caixa o valor
da mercadoria em causa. Em resumo, não é comum para este grupo de empresários

32
determinar o prazo médio da rotação dos estoques, na medida em que, não se tem
conhecimento de que estoques altos e parados representam “dinheiro parado”. Esta é a
visão do CTA (2001)
De acordo com o PNUD (2000), este grupo de microempresários tende a ficar
marginalizado no processo de desenvolvimento do país, devido ao seu pouco
conhecimento sobre a situação socioeconómico, o que também se manifesta no baixo
poder político e social que eles têm. Dado o fato de esses microempresários serem na
maioria mulheres, essa tendência tenderá a piorar a condição feminina no país.
Em Moçambique apesar de mais da metade da população ser constituída de mulheres,
ainda não é dado a elas a mesma oportunidade de formação e de participação em
actividades económicas com impacto na situação socioeconómica do país. Isso é
paradoxal quando se considera que um dos cargos mais importantes do país – o de
primeiro-ministro- é ocupado por uma mulher.

Assim sendo, Tschirley & Benfica (2000), afirmam que qualquer melhoria nesse
quadro terá um grande efeito sobre a sociedade moçambicana e contribuirá para a
solução do problema estrutural do país: a redução do número de pessoas vivendo
em condições de extrema pobreza.

33
CAPITULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA
Breve contextualização
Este capítulo compreende a apresentação metodológica, dos procedimentos se percorreu
para elaboração da presente pesquisa.

Metodologia tem como função, mostrar ao pesquisador como andar no caminho da


pesquisa, ajudando a reflectir e dando novo olhar sobre o fenómeno em pesquisa. A
elaboração de um projecto de pesquisa é o desenvolvimento da própria pesquisa, seja
ela uma dissertação ou tese, necessitam para que seus resultados sejam satisfatório, estar
baseados em planeamento cuidadoso, reflexões conceituais sólidas e alicerçados em
conhecimentos já existente, (Silva & Menezes 2001).

Marconi & Lakatos (2003), referem que a especificação da pesquisa é a que abrange
maior número de itens, pois responde a um só tempo, as questões, como? Com quê?
Onde? Quanto?

3. Desenho da pesquisa
Consciente da complexidade desta temática, tornou-se necessário delimitar as fronteiras
do problema, assim como das variáveis consideradas mais relevantes no papel do
contabilista consultor como auxiliar no crescimento das pequenas empresas, que é o
estudo em causa.

Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa compreendeu em primeiro lugar, com o


método de abordagem, o método hipotético-dedutivo que se inicia pela percepção de
uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de
inferência dedutiva, que testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela
hipótese (Marconi & Lakatos, 2003).

Em segundo lugar, foi feita uma colecta de dados de duas fontes: documentação
indirecta, abrangendo a pesquisa bibliográfica e documentação directa. Esta última
inclui observação directa intensiva com aplicação de entrevistas face a face e
observação directa extensiva com distribuição de questionários respondidos sem
presença do pesquisador (Marconi & Lakatos, 2003).

34
3.1. Tipo de pesquisa
3.1.1. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema
Quando a abordagem do problema, o estudo foi caracterizado como pesquisa
quantitativa, pois o mesmo buscará alcançar um entendimento quantitativo para as
respostas procuradas sobre o empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de
negócios no micro empresas familiares: o caso das empresas sediadas na cidade de
chimoio (2013-2018)

3.1.2. Do ponto de vista de sua natureza


Do ponto de vista de sua natureza a presente pesquisa constitui-se de pesquisa aplicada,
porque visa gerar conhecimentos sobre a gestão de sobrevivência de negócios no micro
empresas familiares.

3.1.3. Do ponto de vista de seus objectivos


Quanto aos objectivos a presente pesquisa é descritiva. As pesquisas descritivas visam
descrever as características de determinada população, ou factores que determinam ou
contribuem para a ocorrência dos fenómenos, aprofundar o conhecimento da realidade,
porque explica a razão, o porquê das coisas, responde as causas de certos
acontecimentos ou fenómenos. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de
dados: questionário e observação sistematizada. Assume em geral a forma de
levantamento, (Sampieri, Collado e Lúcio (2006)

Portanto, a presente pesquisa é denominada descritiva, porque descreve as acções que


são feitas para desenvolver e empreender negócios de pequena escala na cidade de
Chimoio.

3.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos


Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa delineou-se na pesquisa bibliográfica e
estudo de caso. Bibliográfica porque foi feita a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de período e actualmente com material
disponível na internet. E outrossim, é estudo de caso na medida em que é baseado na
análise de um caso real, e sua relação com hipóteses, buscando colher dados sobre a
gestão de sobrevivência de negócios no micro empresas.

35
3.2. Métodos de pesquisa
3.2.1. Método de abordagem
Quanto ao método de abordagem a pesquisa delineou-se no método dedutivo.
Compreende o método dedutivo porque, tem o objectivo de explicar os conceitos e as
interpretações sobre o empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de negócios no
micro empresas familiares: o caso das empresas sediadas na cidade auxiliado de uma
cadeia de raciocínio em ordem descendente das ideias em torno do tema em análise.

3.2.2. Métodos de procedimentos


No que concerne aos métodos de procedimento, a pesquisa tange-se no método
observacional. Segundo Barros & Lehfeld (2014), método de procedimentos
observacional é mais usada nas ciências e apresenta aspectos curiosos, por outro lado
pode ser considerado como o mais primitivo e moderno, fundamenta-se em
procedimentos de natureza sensorial, como produto de processo em que se empenha o
pesquisador no mundo dos fenómenos empíricos. É a busca deliberada, levada a efeitos
com cautela e predeterminação em contraste com as percepções do censo comum.

Portanto, a presente pesquisa usa o método observacional porque, em primeiro lugar foi
feita uma observação directa no local de estudo, isto é conversando com os micro
empreendedores.

3.2.2.1. A recolha de dados


A recolha de dados não só depende das questões de investigação, mas também da
situação de investigação concreta, isto é, do contexto, pois só a visão global permite
determinar o que será mais adequado e o que será capaz de fornecer os dados
pretendidos.

Para proceder a fase de recolha de dados da presente pesquisa, foram escolhodos alguns
vendedores nos mercados informais nomeadamente o mercado Mapulango, mercado 38
mercado de Nhamaonha e Primeiro de Maio, para se ter uma ideia de uma realidade
quase geral da gerência de micro negócios nestes pontos. Sendo muitos so vendedores
escolheu-se um número especificado para fazer face as inquietações do presente
trabalho.

3.2.2.1.1. Tipos de dados


Quanto ao tipo de dado, a pesquisa constitui-se de dados primários e dados secundários.
Primários porque foi baseado em questionário distribuídos nos mercados informais que

36
o estudo feito, para tornar credível o estudo em causa, e secundários porque é baseado
em pesquisa bibliográfica.

3.2.2.1.2. Vantagem e desvantagem de usar dados primários


As vantagens dos dados primários consistem na veracidade dos factos, pois são
colectados em tempo real, o que torna a pesquisa mais credível, e a desvantagem destes
é que são mais complexos e lentos para serem aplicados, e exigem recursos como
tempo, trabalho e dinheiro.

3.2.2.1.3. Vantagem e desvantagem de usar dados secundários


As vantagens de usar os dados secundários reside no custo económico, e há maior
facilidade de conseguir colectar os tais dados, e a desvantagem é que são menos
confiáveis, visto que determinados dados exigem actualizações.

3.3. Técnica de colecta de dados


Como técnica de colecta de dados a pesquisa compreendeu três fases, sendo: pesquisa
bibliográfica, e questionário.

3.3.1. Pesquisa bibliográfica


Pesquisa bibliográfica na medida em que consistiu em consultar as obras já publicadas
dos autores que tratam do mesmo tema que se pretendeu estudar. Segundo Gil (1991)
refere que, a pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em
material publicado em livros, revistas e redes electrónicas.

3.3.3. Questionário
O questionário foi objectivo, limitando em extensão e foi acompanhado de instruções, e
no mesmo momento as instruções esclareceram o propósito de sua aplicação,
ressaltando a importância de colaboração do informante e facilitar o seu preenchimento
de modo que se alcancem os objectivos propostos na pesquisa, (Lakatos & Marconi,
2003).

Para a prossecução do mesmo, distribuiu-se exemplares de questionário e os vendedores


responderam por escrito

3.4. Amostragem
Segundo Gil (1991) destaca que, uma amostra é um subconjunto do universo ou
população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse
universo ou população. Sendo que, uma população ou universo nada mais é do que um
conjunto de elementos que possuem determinadas características.
37
3.4.1. População
A presente pesquisa, por se tratar, de pesquisa social para compreender comportamento
e atitude avaliação de política pública. Por se tratar de um numero quase infinito de
vendedores, isto é na cidade Chimoio tem um numero muito grande de pequenos
empreendedores e de diferentes tipos de negócios e pela natureza exploratória deste
trabalho e a ausência de dados rigorosos para o universo, a amostra foi do tipo não-
representativo. Foram entrevistados 50 vendedores dos mercados desta cidade de
Chimoio, mas concretamente nos mercados Mapulango, mercado 38 mercado de
Nhamaonha e Primeiro de Maio sendo homens e mulheres, para darem a sua opinião
sobre empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de negócios no micro empresas
familiares na cidade de Chimoio.
3.4.2. Amostra
Segundo Marconi & Lakatos (2003), referem que amostra é portanto, escolher uma
parte, de tal forma que ela seja mais representativa possível do todo, e a partir dos
resultados obtidos, relativos a essa parte, pode inferir o mais legitimamente possível os
resultados da população.
Para amostra, constitui-se de 50 (cinquenta) proprietários de pequenas empresas
respondente ao questionário, todos do sector comercial.

3.5. Técnica de análise de dados


Respondido o questionário por proprietários das pequenas empresas, para buscar ter
uma melhor prova. Iniciou-se a análise do questionário aplicados demonstrando
informações quantitativa, e verificou-se a inter-relação das respostas entre os dois
universos e a respectiva análise, baseado tanto em evidências de objectividade, quanto
de subjectividade.

Chegado na análise dos dados obtidos, utilizou-se a estatística descritiva. A estatística


descritiva caracteriza-se por um conjunto de métodos que ajudam na colecta, síntese, e
apresentação dos dados. Esta técnica permite a compreensão a respeito do
comportamento dos dados por meio de tabelas, gráficos, e medidas de resumo, (Levin,
1987).

Os dados foram analisados pergunta a pergunta do questionário, empregando medidas


como frequência ou percentuais que sumarizam os dados para obtenção de informações
que possa ser mais bem interpretada.

38
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Introdução
Neste capítulo foram apresentados, analisados e interpretadas as variáveis colectadas
através de questionário aos 50 proprietários das bancas sedeadas nos mercados da

39
periferia da cidade de Chimoio sobre suas opiniões referente empreendedorismo e a
gestão de sobrevivência de negócios nas micro empresas familiares na de Chimoio
(dados primários). A apresentação de resultados obtidos de levantamento documental
(dados secundários), tendo sempre como foco em responder os objectivos específicos.

Gráfico 1: Idade dos empreendedores

Idade dos empreendedores


35%

30%

25%

20%

15% 32%

10% 20%
14% 16%
5% 12%
6%
0% 0%
18-24 25-31 32-38 39-45 46-52 53-59 60-66

Fonte: dados primários, 2019

Segundo o gráfico 1, a idade com maior presença no empreendedorismo na cidade de


Chimoio é de 32 a 37 anos, seguida de 25 à 31 anos e em terceiro lugar é da idade dos
39 à 40 anos. Isso significa que a idade jovem é quem tem mais frequência nos
mercados a fazer negócio tal que é o grupo economicamente activo.
Este estudo é corroborado com o de Costa (2013), que analisa os seus dados da sus
pesquisa de Distracção que revelam que, a idade média aproximada dos
empreendedores é de 36 anos.
Segundo BOSMA (2009), os portugueses identificam esta faixa etária como a ideal para
a criação do próprio negócio, uma vez que engloba os factores “estabilidade” e
“dinâmica” em consonância com a “experiência laboral” fundamental ao sucesso.

40
Gráfico 2: Sexo dos empreendedores

Fonte: dados primários, 2019

De acordo com os dados do gráfico 2 sobre o género dos empreendedores, o sexo


masculino é que tem maior presença nos negócios com uma percentagem de 74% e
segundo das mulheres com 26%.

Essa é quase uma realidade universal em que a maioria da mão-de-obra é do sexo


masculino.

Este estudo é consubstanciados com o estudo de Duarte (2013), na sua Dissertação que
através dos seis dados o número dos empreendedores nas micro e pequenas empresas da
cidade de Pará em Minas Gerais era representada com 65% de indivíduos do sexo
masculino e 35% do sexo feminino.

Gráfico 3: Anos de trabalho dos empreendedores

41
Fonte: dados primários, 2019

Segundo o gráfico 3, a maioria dos inquiridos que correspondem a 42% responderam


que estão nos desafios de empreendedorismo no período de 0à 5 anos seguido de 6 à 10
anos, com 32%. Em terceiro lugar estão os inquiridos que estão a trabalhar no período
de 11à 15 anos com 18 pontos percentuais, seguidos do período de 16 à 20 anos com a
percentagem de 6% e por fim são os mais de 20 anos representado apenas 1%.

Este estudo é corroborado com o estudo de Ferreira (2013), na sua dissertação com o
tema “Gestão, Inovação e Empreendedorismo nas Pequenas e Médias Empresas em
Portugal”. No seu estudo percebeu que a maior parte das empresas inquiridas
encontram-se no mercado há mais de 10 anos contabilizando assim um total de 58 dos
inqueridos, logo de seguida temos as empresas inqueridas que estão no mercado entre
cinco (5) a (10) anos com um total de 55 respostas, a diferença dos números não é muito
acentuada contudo pode-se perceber que existe de alguns anos a esta parte alguma
aposta em criação de mais pequenas e médias empresas, os que conseguirem vingar no
mercado logicamente continuarão a trilhar o percurso no intuito de vencer todos os dias
um mercado exigente e bastante competitivo e globalizado, é certo que tem havido
poucas novas entradas de novas empresas no mercado, isso deve-se a um mercado
bastante exigente em termos das demandas no que toca a qualidade de produto/serviço
que as empresas disponibilizam, e ainda deve-se ao facto dos mercados estarem bastante
saturados em diversas áreas, uma das alternativas que algumas empresas podem seguir é
a internacionalização, contudo esta alternativa necessita de fortes investimentos

42
financeiros e não só, contudo uma PME’s à partida muitas vezes não tem todo o capital
necessário para entrar num novo mercado dessa forma, infelizmente, alguns não
resistem a certas pressões dos mercados e são empurradas para fora dela.

Gráfico 4: Nível académico dos empreendedores

Fonte: Dados primários, 2019

De acordo com os dados extraídos dos inquiridos sobre o nível académico dos mesmos,
a percentagem maior reflecte aos de nível elementar com 52 pontos, seguidos de 30%
dos básicos, em terceiro lugar estão os de nível médio com 16% e por fim os de nível
superior com 2%.

Neste gráfico nota-se que os que estão na cidade de Chimoio, os que os proprietários
dos micro empresas não estudaram e os mesmos não tem capacidades para ter um
emprego formal por isso se refugiam para este ramos a fim de fazer o seu sustento.

Este estudo é contrastado com o estudo de Duarte (2013), acima mencionado e notou
que dos 118 inquiridos, os dados colectados evidenciam que 7% dos empreendedores
que fizeram parte da amostra têm ensino fundamental completo e 4% incompleto; 27%
com ensino médio completo e 19% incompleto; 19% possuem ensino superior completo
e 24% incompleto. Nota-se que a maioria é representada por 27% com ensino médio
completo.

43
Gráfico 5: Razões que levaram a fazer o pequeno empreendedorismo

Fonte: Dados primários, 2019

De acordo com os dados do gráfico 5, sobre as razões ou motivos que os levaram a fazer
o empreendedorismo, a maioria correspondente a 82% respondeu que foi mesmo por
falta de oportunidade de emprego formal e os outros 18% é para aumentar a renda
familiar, uma vez que não estão satisfeitos com o que ganham nos outros empregos

44
Gráfico 6: Modalidade de financiamento dos seus negócios

Modalidade de financiamento
70%
60%
50%
40%
30% 58%
20%
10%
14% 10% 18%
0%
Finaciado por Bancos Agiotas Nao tem
programas

Fonte: Dados primários,2019

O gráfico 6, que se refere sobre a modalidade de financiamentos nos seu negócios, 58%
responderam que não tem nenhum financiamento, seguidos de 18% que responderam
que pedem empréstimos aos agiotas, 14% foram financiados por programas como
Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), assim como outros e por fim 10% destes é
que foram aos diferentes bancos pedir empréstimo.

Com esse gráfico nota-se que os pequenos negociantes nãos gostam de pedir um
financiamento para fazer face aos seus negócios os que querem financiamento vão logos
aos agiotas que depois são estipulados taxas de reembolso muito alto. Isso está
associado a falta de conhecimentos académicos que lhes limitam em ir em bancos fazer
empréstimos formais.

Este estudo é contrariado com o estudo de Ferreira (2013), na sua dissertação com o
tema “Gestão, Inovação e Empreendedorismo nas Pequenas e Médias Empresas em
Portugal”, que Verificou que o crédito bancário está no topo dos financiamentos das
empresas, essa dependência das empresas e relação ao sector bancário muitas vezes não
favorece o livre desenvolvimento, tendo em conta que o mercado é cada vez mais forte
em termos concorrencial as empresas ao financiarem para novos projectos terão o dobro
do esforço para verem os seus compromisso cumprido, vencer os concorrentes e
conseguirem fazer o retorno do financiamento á entidade bancária, portanto no quadro

45
acima temos 73 empresas que recorrem ao crédito bancário para financiarem novos
projectos.

Gráfico 7: Tipos de micro empreendimentos feitos

Tipo de negocio
30%
25%
20%
15% 28%
10% 20%
5% 12% 10%
8% 8% 6%
4% 4%
0%

Fonte: Dados primários,2019

Segundo o gráfico 7 acima, sobre os tipos de negócios que estes fazer na cidade de
Chimoio, dos respondentes, 28 vendem roupa usada, seguido de vendedores de produtos
alimentícios da primeira necessidade (mercearias), com 20% ; em terceiro lugar são os
da venda de roupa nova com 12%, seguido de vendedores de peixe seco com 10%, os
comerciantes de milho à retalho e produtos frescos (hortaliças, tomate, cebola, etc) com
8% cada, também os vendedores de bancas de bebida alcoólica com 6% e por último os
vendedores de cosméticos e peixaria com 4% cada.

De acordo com a realidade de cada país os micoempreenimentos são diferentes. De


acordo com Ferreira (2013), na sua dissertação com o tema “Gestão, Inovação e
Empreendedorismo nas Pequenas e Médias Empresas em Portugal”, dos entrevistados,
no seu gráfico estevão representados os ramos de negócios das empresas contactadas
para o efeito de realização deste trabalho, contando desta forma com uma maior
participação das empresas do ramo de Tecnologias de Informação e Indústria
Alimentares e das Bebidas 23 representação a cada um, seguidamente 21 empresas do
ramo de Fabricação de Produtos Químicos, 19 empresas do ramo de Comércio por
grosso, 13 empresas do sector Têxtil, 12 do ramo de Construção e 9 das Energias.

46
Gráfico 8: empreendedores com conhecimentos da contabilidade

Fonte: dados primários,2019

Sobre o gráfico 8 que que questionou acerca dos conhecimentos científicos que tem
sobre a matéria da contabilidade. Dos 50 respondentes 82% respondeu que não tem
conhecimento da mateia de contabilidade e que nunca estudaram, seguidos de 14% que
responderam que tem pouco conhecimentos e por fim 4% disseram que sim estudaram
até um certo nível.

Neste gráfico nota-se que muitos não têm conhecimentos contabilísticos e aos que
responderam que estudaram a matéria de contabilidade poucas vezes implementam os
seus conhecimentos.

47
Gráfico 9: Aconselhamento contabilístico aos empreendedores

Fonte: Dados primários, 2019

De acordo com o gráfico 9 acima, sobre um certo aconselhamento contabilístico, isto é,


se já contactaram um técnico de contabilidade para fazer certas orientações dos seus
negócios, 94% afirmaram que nunca fizeram e somente 6% dos 50 inquiridos
responderam que tem um contabilista que tem os assistido.

Os que responderam que não tem contabilista, alegaram custos adicionais no pagamento
dos serviços destes profissionais e os que responderam que tem contabilista afirmaram
que é uma mais-valia o trabalho deles porque ajudam a organizar os seus negócios e
também a fazer um plano que seguido pode ter muitos êxitos no seu negócio.

48
Gráfico 10: Influencia das taxas cobradas pelas entidades governamentais

Fonte: Dados primários, 2019

De com o gráfico 10, sobre as que estes são cobrados pelas Autoridades Municipais na
razão da venda dos mercados, dos 50 inqueridos, 62% responderam que prejudicam os
seus negócios e 38% dizerem que não prejudicam.

Os que responderão que prejudicam os seus negócios disseram que eles quase dividem o
lucro dos seus negócios com o Município e isso desencoraja a continuação dos seus
negócios. Maioritariamente são as senhoras que vendem produtos como tomate, couve,
cenoura e peixe seco que fizeram estas repostas.

CAPÍTULO-V CONCLUSÕES E SUGESTÕES


5.1 Conclusões
49
O presente trabalho de investigação permitiu conhecer melhor as realidades do
empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de negócios nas micro empresas familiares
no caso das empresas sediadas na cidade de Chimoio. É certo que os tempos não são fáceis
mas os seus responsáveis vêm desenvolvendo esforços redobrados para conseguirem manter
a sua actividade.
Uma das situações levantadas na introdução o objectivos geral deste trabalho, era de
Analisar o empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de negócios nas micro
empresas familiares: o caso das empresas sediadas na cidade de Chimoio (2013-2018).

Para desenvolver este trabalho, levou-se em consideração uma metodologia que consiga
explicar detalhadamente cada item trabalhado e cada questão colocada aos proprietários das
micro empresas para estabelecer relações entre elas e encontrar um ponto comum em que
uma determinada questão fosse explicativa para a questão colocado. Uma das maiores
dificuldades deparada ao desenvolver este trabalho foi a disponibilidade de tempo por parte
dos responsáveis das empresas em responder às questões colocadas o que seria muito bom
poder contar com uma amostra superior a que foi trabalhada.
Para dar sustentabilidade a este trabalho foram levadas a cabo três hipóteses:
Hipótese 0.
“O empreendedorismo e a gestão de negócios nas microempresas familiares não duram
muito tempo de sobrevivência na cidade de Chimoio porque estes empreendedores não
tem conhecimento suficiente sobre os negócios, isto é não fazem estudo de viabilidade
com vista a praticar o negócio viável.”

Esta hipótese foi sustentada recorrendo a questões fundamentais colocadas aos proprietários
das empresas na medida em que o maior numero das pequenas empresa tem duração de 0 à
5 anos. Isso é consubstanciado com a falta de conhecimentos das normas contabilísticas e
que também estes não se preocupam em procurar um contabilista para fazer o devido
acompanhamento em matéria de contabilidade.

Hipótese 1.
“Os empreendedores familiares não sabem gerir e não aproximam os contabilistas ou
auditores para um aconselhamento sobre como gerir o seu negócio;”
Esta hipótese também foi valida porque de acordo com o gráfico 8 da discussão de dados
apontam que a maioria não tem conhecimentos de contabilidade.
Hipótese 2

50
“Sendo a cidade de Chimoio um município, estes são cobrados taxas que não
conseguem pagar e como consequências as microempresas deixam de existir.”
Esta hipótese é valida de acordo com o gráfico 10 do presente trabalho, onde 62% foram
unânimes em responder que na verdade estas taxas prejudicam o desenvolvimento do
seu negócio, apesar de maioria dos respondentes ser do sexo feminino e que tem um
negócio bastante ínfimo.
De acordo com este estudo ora levado a cabo conseguiu-se identificar que uma das
situações verificadas na elaboração deste trabalho, é que além da muita dificuldade das
micro empresas obterem financiamento por parte da banca, ainda assim, existem um grande
número de empresas que recorrem aos agiotas por causa de muita burocracias nos bancos e
também ao factor desses proprietários não terem garantias de penhora caso não consigam
pagar.
Ainda de acordo com estes estudo, verificou-se que quase todos os empreendedores
inquiridos apresentam uma semelhança na linha de negócios que é a venda de produtos ou
bem e não serviços.

5.2 Sugestões
De cordo com o trabalho em análise sobre empreendedorismo e a gestão de
sobrevivência de negócios no micro empresas familiares no caso das empresas sediadas
na cidade de Chimoio (2013-2018), para os empreendedores, sugere-se o seguinte:
 Que os empreendedores estudem mais ter conhecimentos de gerir os seus
negócios;
 Que procurem o pessoal formado em contabilidades e auditoria a fim de serem
auxiliados para o bem do seu trabalho empreendedor;
 Procurem um financiamento bancário com vista a adquirir um maior volume de
negócios;
 Não recorram aos agiotas por que para elem de serem cobrados taxas
exorbitantes a curto prazo, também é um tipo legal de crime na República de
Moçambique.

51
CAPÍTULO VI-REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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experiência de uma empresa familiar que enfrenta mudanças e sucessões de gestão.

54
ANEXOS

Questionário dirigido aos proprietários das microempresas sediadas na cidade de


Chimoio.

55
Este questionário versa um conjunto de temáticas relativas ao modo a aferir o pulsar do
empreendedorismo e a gestão de sobrevivência de negócios nas micro empresas
familiares no caso das empresas sediadas na cidade de Chimoio

É de toda a conveniência que responda com o máximo de rigor e honestidade, pois só


assim é possível à sua organização apostar numa melhoria contínua dos serviços que
presta.

Não há respostas certas ou erradas relativamente a qualquer dos itens, pretendendo-se


apenas a sua opinião pessoal e sincera.

Este questionário é de natureza confidencial. O tratamento deste, por sua vez, é


efectuado de uma forma global, não sendo sujeito a uma análise individualizada, o que
significa que o seu anonimato é respeitado

1. Idade_______

2. Sexo M_____ F____

3. Tempo de trabalho no micro empreendedorismo?______

4. Nível académico______

Elementar______Básico____ Médio____ Superior______

5. Motivos que levaram a fazer micro empreendedorismo?

Falta de Emprego________ Aumentar a renda _________

6. Quais são as modalidades de financiamentos do seu negócio?

Não Tem_____ Banco______ Programas do Governo____ Agiotas_____

7. Que tipo de negócio faz?

________________________________________________________________
________________________________________________________________

8. Tem conhecimentos estudados sobre a contabilidade e auditoria?

Sim__________ Pouco__________Não

9. Já procurou um contabilista para auxiliar os seus negócios?

Sim_____ Não______

10. Como vê as cobranças das taxas, se influenciam os negócios?


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Prejudicam nos negócios_________ prejudicam nos negócios_____

Muito obrigado

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