Orientacao para Elaboracao Do Projecto
Orientacao para Elaboracao Do Projecto
Orientacao para Elaboracao Do Projecto
Capa
Folha de Rosto
Índice
Introdução
Delimitação da pesquisa/tema
Problematização (Pergunta de partida)
Objectivos: objectivo geral e objectivos específicos
Questões de pesquisa (ou hipótese/s)
Relevância do estudo (motivação e contributos)
Marco teórico (Revisão da Literatura)
Metodologia: (opção, procedimentos e limites), Tipo de Pesquisa, Participantes (Universo e
Amostra), Instrumentos de Recolha de Dados, Modelo de análise de dados
Cronograma de actividades
Orçamento
Referências Bibliográficas
Apêndices e anexos (caso haja)
O projecto de pesquisa é na verdade uma orientação dinâmica e flexível que indica onde o
pesquisador quer chegar e os caminhos que pretende seguir e, por isso, pode ser feito um
reajustamento ad hoc sempre que necessário, adequando-o às novas exigências que vão
emergindo no desenrolar do trabalho.
A seguir procuramos apresentar e explicar com o mínimo de detalhes alguns elementos que
compõem o projecto de pesquisa:
3.1 Problematização
Em ciências sociais, a questão relacionada com a formulação de problema refere-se ao
processo de identificação, caracterização e delimitação de um determinado fenómeno
(acontecimento ou experiência) no sentido de aumentar o conhecimento sobre o mesmo e/ou
contribuir para resolver uma determinada problemática associada aquele e/ou ainda produzir
melhorias/mudanças (sociais ou profissionais). Enquanto alguns autores procuram distinguir
problema e oportunidade de pesquisa, outros apresentam uma perspectiva diferente, como
duas faces da mesma moeda que para serem solucionadas ou capitalizados dependem de uma
pesquisa de informação.
Alves-Mazzotti e Gewansznadjer (1999, p. 149), conceptualizam o problema de pesquisa, no
seu sentido mais estrito, como uma indagação referente à relação entre duas ou mais variáveis
ou como “uma questão relevante que nos intriga e sobre a qual as informações disponíveis
são insuficientes”.
Na verdade, o processo de formulação do problema, como se diz, envolve mais transpiração
do que inspiração, por isso mesmo, é a etapa mais difícil de projecto de pesquisa, exigindo
por parte do pesquisador muita arte e habilidade de leitura e reflexão para abordar o processo
com o máximo de cuidado.
Alves-Mazzotti e Gewansznadjer (1999, p. 145) acrescentam que o conhecimento da
literatura é uma condição necessária para formular o problema, no sentido de identificar ou
definir com mais precisão os problemas que precisam de ser investigados numa determinada
área ou campo de estudo. Aliás, estes teóricos dizem que há três situações que podem dar
origem a um problema de pesquisa: (a) lacunas no conhecimento existente, (b) inconsistência
entre o que uma 7 teoria prevê e o que realmente acontece e (c) inconsistências entre os
resultados de diferentes pesquisas ou entre estes e o que se observou na prática.
Por outro lado, Richardson (1999, p. 58) diz que o processo de formulação pressupõe dois
comportamentos distintos do pesquisador:
a) O primeiro aspecto implica que o pesquisador detenha domínio do fenómeno devido à
experiência adquirida em pesquisas anteriores e/ou em leituras, ou defina o problema de
pesquisa sem a participação da população em estudo e elabore instrumentos de recolha de
dados, que serão fornecidos a um grupo de pessoas utilizadas apenas como objectos de
estudo. Estas pessoas são designadas por amostra do estudo:
O pesquisador insere-se na população que deseja estudar e juntamente com seus elementos,
em constante interacção, tenta levantar os problemas que serão pesquisados, com o objectivo
de produzir um conhecimento concreto da prática que vivencia. Aqui o pesquisador acredita
que a população que pretende estudar é a única que tem condições de levantar os problemas
prioritários de pesquisa. (Richardson, 1999, p. 58)
Nesta fase o pesquisador, deverá formular algumas questões norteadoras: Qual a importância
do fenómeno a ser pesquisado? Que factores ditaram o surgimento do fenómeno? Há quanto
tempo ocorre o fenómeno? Por que pesquisar este fenómeno? Quem beneficiará dos
resultados da pesquisa?
Claro que ao colocar estas questões, ou seja, ao problematizar ou ao identificar a
oportunidade, o pesquisador deve ter em conta que, num ambiente social, existem,
essencialmente, duas causas básicas que podem ter dado espaço para o surgimento do
problema. São elas, mudanças não planeadas e mudanças planeadas, que surgem devido a
vários factores externos e internos tais como factores económicos, factores tecnológicos,
factores científicos, factores socioculturais, 8 factores demográficos, factores ecológicos e
factores político-legais, entre outros.
É importante realçar que o pesquisador, dentro deste processo de formulação do problema,
deve, acima de tudo, procurar delimitar o problema através de uma pesquisa exploratória. A
sua atitude deve ser idêntica à de um médico que escuta o seu paciente para diagnosticar o
problema e poder prescrever o tratamento adequado.
Haja cuidado durante este processo, pois Richardson (1999, p. 59) elucida que nem todas as
questões devem ser consideradas problemas de pesquisa, mas sim aquelas que necessitam de
uma resposta devido à sua importância na sociedade ou no campo das ciências humanas.
3.1.3 Problema
Embora não existam regras rígidas para a formulação do problema, o problema em si deve ser
colocado na forma de uma pergunta, precedido da sua respectiva formulação. Quer dizer que
depois de descrever todo o background do fenómeno, definindo-o, apresentando as
características, dizendo onde ocorre, quando ocorre, como se manifesta, identificando os
intervenientes e explicando factos que se relacionam com o fenómeno, o pesquisador coloca
o problema ou seja a pergunta de pesquisa, sempre na forma interrogativa, com o auxílio do
como, que, quando e por que, esta última expressão, como diz Richardson (1999, p. 27), sem
resposta fácil para pesquisas desenvolvidas pelo método científico.
É importante destacar que ao longo do projecto há uma relação entre o problema, o tema, os
objectivos, a pergunta de partida (ou hipótese/s) e as técnicas ou instrumentos de recolha de
dados. Para além disso, é a partir do problema que o pesquisador define o título (tema, para
alguns) do trabalho.
3.3 Objectivos
A definição dos objectivos da pesquisa é um processo muito importante para a solução do
problema focado, pois estes antevêem e expressam os passos que o pesquisador vai dar para o
solucionar. Por essa razão, os objectivos devem ser extraídos do problema levantado.
A experiência do pesquisador nesta fase é relevante, mesmo porque se deve ter em conta que
alguns dos objectivos, normalmente, surgem durante a formulação do problema.
Os objectivos dividem-se em geral e específicos. Enquanto o objectivo geral se relaciona
directamente com o problema (pergunta de partida ou hipótese/s)., focalizando a pesquisa de
maneira ampla, os específicos operacionalizam o objectivo geral, visando facilitar a
formulação das variáveis (abordagem quantitativa) ou das questões de investigação
(abordagem qualitativa).
O pesquisador deve elaborar objectivos tendo em conta que ele deve ser claro, simples e
preciso para não dar lugar a interpretações subjectivas. Deve ser mensurável (nas abordagens
quantitativas), dando a possibilidade de avaliar o seu cumprimento. Deve ser alcançável
durante o período em que a pesquisa irá decorrer e deve ser orientado para o fenómeno
estudado, de modo a satisfazer a necessidade concreta do grupo-alvo.
Há que se prestar atenção, também, à escolha dos verbos a usar ao traçar o objectivo geral ou
o específico.
Na formulação de objectivos podem-se usar os verbos abaixo indicados, segundo a pretensão
do pesquisador:
1. Determinar estágio cognitivo de conhecimento: os verbos apontar, arrolar, definir,
enunciar, inscrever, registar, relatar, repetir, sublinhar e nomear;
2. Determinar estágio cognitivo de compreensão: os verbos descrever, discutir, esclarecer,
examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever;
O marco teórico deve integrar o relatório. É um elemento importante dado que nele são
explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa. A
coerência e a vinculação entre o marco teórico, o problema e a metodologia adoptada são
essenciais pois clarificam a lógica da construção do objecto de estudo, além de serem os
principais referentes para a interpretação e discussão dos resultados da pesquisa. Para além
disso, é nesta exigência de articulação que se vai construindo o rigor metodológico, condição
sine qua non do processo de validação interna do estudo.
Contudo, a forma de apresentação do marco teórico nos trabalhos científicos não é
consensual entre pesquisadores. Alguns preferem uma apresentação sistematizada dentro de
um capítulo ou secção (como acontece no Centro de Ensino à Distância), reservado para o
efeito. Outros consideram essa prática desnecessária, inserindo o marco teórico ao longo da
análise dos dados. Esta última alternativa exige maior competência e capacidade de
raciocínio por parte do pesquisador:
Em qualquer circunstância, porém, a literatura revista deve formar com os dados um todo
integrado: o referencial teórico servindo à interpretação (...) orientando a construção do
objecto e fornecendo parâmetros para a comparação com os resultados e conclusões do
estudo em questão. (Alves- Mazzotti & Gewansznadjer, 1999, p. 185).
Contudo, no CED, recomenda-se que o marco teórico seja dividido em títulos e subtítulos
para que o relatório seja elegante e bem articulado.
Não há diferença entre o marco teórico duma monografia e duma dissertação. Entretanto, o
marco teórico, apresentado no projecto de pesquisa, deve continuar a ser enriquecido até à
finalização do relatório de pesquisa.
Assim, ao redigir o relatório final tanto na monografia como na dissertação é imperativo a
inserção de alguns elementos do marco teórico ao longo da interpretação e discussão dos
resultados. Por outras palavras, deve haver uma confrontação dos dados pesquisados com a
teoria ou com o pensamento de vários autores. Este facto não retira a possibilidade de, se
necessário, em texto corrido e em espaço próprio do marco teórico, o pesquisador fazer a
definição de conceitos mais usados no estudo, discutindo os diferentes pontos de vista dos
autores e como o mesmo conceito deve ser entendido no trabalho.
3.5 Metodologia
A metodologia é o conjunto de métodos e técnicas utilizadas para a execução de uma
pesquisa. Nesta secção pretende-se que o pesquisador apresente a abordagem/tipo e o nível de
pesquisa, faça a apresentação do universo, da amostra e do respectivo processo de selecção,
dos métodos/técnicas de recolha de dados e do plano de apresentação e análise de dados (este
último se se trata de um projecto de pesquisa).
3.5.2 Universo
O campo de estudo é toda a população a que pertence o grupo focal da pesquisa. Deve ser
mencionada brevemente, mas de maneira completa. Esta população é o universo da pesquisa.
Faz-se necessário, contudo, definir o que é universo. Este pode ser compreendido como o
conjunto, a totalidade de elementos ou indivíduos que possuem determinadas características,
definidas para um estudo. É do universo que se retira uma parte para submeter às técnicas de
recolha de dados. O universo deve ser quantificado em números exactos ou aproximados à
realidade.
3.5.3 Amostra
As monografias e as dissertações são trabalhos científicos que têm limitações temporais e
financeiras. Daí a necessidade de trabalhar com uma parte da população, a amostra.
Existem dois procedimentos de selecção de amostras, o probabilístico e o não probabilístico,
cada um com as suas limitações e vantagens quando se fala em representatividade. Neste
manual, não vamos explicar a tipologia de cada uma delas. Esse é um trabalho feito na
literatura especializada.
Neste manual pretende-se esclarecer que nesta matéria de amostragem o importante é que,
para além de definir e descrever com exactidão o seu tipo de amostra e os critérios usados
para a sua selecção, o pesquisador deve garantir a representatividade (excepto na abordagem
qualitativa) da população identificando elementos com características que lhe possibilitem
responder validamente às questões colocadas. Quer dizer que, conforme for seleccionada a
amostra, deve haver uma probabilidade adequada de ela ser representativa da população.
O que interessa ao construtor de inquéritos é obter uma fracção desta população na qual
algumas destas características estariam distribuídas do mesmo modo que na população, ou
aproximadamente. Que características? Aquelas que têm uma relação directa com o inquérito
que vamos realizar. (Jeveau cit. em Cabrito et al., 1992, p. 178).
A amostra é, portanto, qualquer subconjunto da população estudada cujas características, que
a levam a fazer parte do estudo, devem ser amplamente descritas.
Em pesquisas qualitativas, a definição da amostragem não se baseia no critério numérico para
garantir sua representatividade. Uma pergunta importante neste item é "quais indivíduos
sociais têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado?" A
amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em
suas múltiplas dimensões (Minayo, 1992).