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Introdução

A Economia estuda o comportamento de agentes racionais na alocação de recursos


escassos entre fins alternativos.
Ou, de forma mais clara e detalhada:
A Economia estuda a alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho,
energia, etc.) entre fins alternativos (lazer, segurança, sucesso, etc.) por parte dos
proprietários de recursos que buscam obter o máximo benefício por unidade de
dispêndio.

O Termo chave desta definição do objecto da Economia é agente racional. Ele está no
centro da primeira versão da definição acima. Mas ele só não está explicitado na
segunda versão porque aí ele é desdobrado e explicado: é racional o agente que busca
obter o máximo benefício por unidade de dispêndio de seus recursos escassos. Vale
dizer: racionalização e maximização de benefício por unidade de dispêndio são
sinónimas. O comportamento do homem racional maximizador é, em síntese, o objecto
económico.

Duas partes da economia que são a Microeconomia e a Macroeconomia

Microeconomia – que trataria da consolidação das decisões de aquisição, consumo,


produção e venda de bens e serviços nos diversos mercados - e a Macroeconomia – que
trataria da determinação do produto e da renda agregadas da Economia e da evolução do
nível geral de preços, taxas de juros.

A microeconomia estuda o comportamento e auxilia a tomada de decisão dos agentes


económicos individuais (consumidores e empresas), já a macroeconomia estuda o
comportamento e auxilia na tomada de decisões sobre os agregados económicos
inflação, desemprego, crescimento do produto, e determinação dos preços dos bens e
serviços transaccionados nos mais diversos mercados, dentre outros.

ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO


O sector público inclui as instituições governamentais propriamente ditas tais como os
Ministérios e Secretarias da União, Estados e Municípios, os Tribunais e o Congresso
Nacional (Executivo, Legislativo e Judiciário) e as empresas públicas tais como o
Banco Central, EDM, CFM, Correios, o INSS, etc.
É praticamente impossível, nos dias de hoje, procurar entender o funcionamento da
economia sem considerar o papel do sector público nesse contexto.
As funções do sector público na actividade económica cresceram substancialmente no
século XX, devido à evolução da própria sociedade. Em épocas anteriores bastava a
acção do Estado, assegurando Justiça e Segurança, para maximizar o bem-estar social,
cabendo ao sector privado a oferta dos demais bens e serviços necessitados pela
colectividade.
Após a Grande Depressão, sobretudo, surgiram novas funções para o Estado, não
apenas no que diz respeito à regulamentação da economia, ofertando bens públicos,
como educação, saúde e segurança, como também bens privados, como produtos
siderúrgicos, energia, transportes e telecomunicação.
Nos anos seguintes, a economia do sector público continuou sofrendo alterações,
principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com novas funções atribuídas ao
Estado. Com a necessidade de reconstrução da Europa destruída pela Guerra, o Estado
aparece como o grande agente de fomento do desenvolvimento económico, elaborando
planos de desenvolvimento, planejando investimentos em sectores estratégicos e criando
empresas estatais.

TEORIA DE DIFERENTES ESCOLAS

A ESCOLA AUSTRÍACA

Também conhecida como Escola de Viena é uma escola que advoga e enfatiza o poder
de organização espontânea do mecanismo de preços. A Escola Austríaca afirma que a
complexidade das escolhas humanas subjectivas faz com que seja extremamente difícil
(ou indecidível) a modelação matemática do mercado em evolução e defende uma
abordagem laissez-faire para a economia. Os economistas da Escola Austríaca
defendem a estrita aplicação rigorosa dos acordos contratuais voluntários entre os
agentes económicos, e afirmam que transacções comerciais devam ser sujeitas à menor
imposição possível de forças que consideram ser coercivas (em particular a menor
quantidade possível de intervenção do governo).

Teve como seus defensores Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von
Mises, tendo como uma das características principais, a crítica às teorias defensoras da
intervenção do Estado no mercado e à política económica que não levava em conta dois
factores imprescindíveis para o cálculo económico: a acção individual (isto é, a Acção
Humana, imbuída de desejos e necessidades variáveis) e o tempo, sobretudo os ciclos
económicos profundamente afectados por períodos de escassez, por exemplo.
ESCOLA DE CHICAGO
Os pensadores neoliberais, onde se destaca Friedman (1956, 1962), basearam-se nas
ideias propostas por Smith (1923).
Para Smith, o Estado devia intervir o menos possível nos assuntos económicos,
porque o melhor modo de desenvolver a economia das nações era através do mercado e
do mecanismo de preços que lhe será associado – existência do princípio de mão
invisível. Este principio suporta-se na acção egoísta dos indivíduos, que com o intuito
de promoverem o seu próprio bem então, em concomitância e como que por uma mão
invisível, a elevar o bem geral.

Assim, preconiza-se a não intervenção do Estado na economia, uma vez que esta se
auto-regula pela oferta e procura de bens e serviços. O autor parte do pressuposto de que
o indivíduo tenta dilatar até ao nível óptimo os seus ganhos, e na adopção deste
comportamento está também a ampliar os benefícios da sociedade, porquanto a
ineficiência, que a ninguém favorece, será menor.

ESCOLA DE CAMBRIDGE
A Escola de Cambridge é célebre pelo escrito de Keynes (1970, 1971), que nela se
integrou. A alegação primordial de Keynes era a de que o capitalismo enquanto modelo
económico não iria ser abandonado e sentenciado ao esquecimento, contudo iria sofrer
alterações tais que possibilitariam a contestação no Estado de poderes que podiam
debelar as falhas do capitalismo.
Keynes defendia que o equilíbrio macroeconómico não podia ser alcançado pelos
mercados.
Esse equilíbrio podia contudo ser almejado pelo planeamento central de direcção estatal
e consequentemente resultaria no pleno emprego sem que existisse a inflação. A procura
vai pois influenciar a produção, a qual por sua vez ira dominar o nível de emprego.
Havendo um aumento da procura de produtos, a produção terá de aumentar para
satisfazer essa procura.
Ora o crescimento da produção implicara o aumento de emprego e, consecutivamente, o
poder de compra também aumentará, repercutindo-se novamente no aumento da
procura, ciclicamente. Assim, o Estado deve proceder ao investimento público como
elemento dinamizador da procura, evitando-se imperfeições de mercado tais como
desemprego considerada a mais seria manifestação da crise económica.
RECEITAS PUBLICAS
Indubitavelmente, a finalidade primordial das receitas do Estado é o financiamento do
Estado, pois sem recursos o Estado não pode exercer suas atribuições mínimas. É nesse
sentido que as receitas dão vida ao Ente Público e estabelecem uma relação clara entre
governante e governados.
Neste contexto, existem dois pontos importantes. Primeiro, que as receitas são a seiva
do Estado, e determinam, assim, sua vida ou sua morte. Segundo, que, caso as receitas
não fossem claramente definidas e aceitam com legalidade e legitimidade, outros
instrumentos de financiamento – muito mais tradicionais até então, continuariam a ser
usados, como o foram a pilhagem e a exploração ao longo dos séculos.
Ressalte-se, assim, que as receitas não são a única fonte de suporte de recursos ao
tesouro público. Porém, talvez possam ser consideradas, quando utilizadas dentro da
legalidade e dos limites de capacidade da sociedade, como a mais adequada em termos
de sustentabilidade a longo prazo. Justamente por isso, as receitas tem sido a fonte de
recursos mais extensivamente adoptada pelos Estados democráticos modernos. O modo
de financiamento do Estado evolui à medida que a própria estrutura política, económica
e social caminha para regimes politicamente democráticos, economicamente auto-
sustentáveis, e socialmente mais justos.

Receitas Públicas são todos os ingressos de carácter não devolutivo auferidas pelo
poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das
despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita
pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas.

Receitas públicas são os recursos previstos em legislação e arrecadados pelo poder


público com a finalidade de realizar gastos que atenda as necessidades ou demandas da
sociedade.

Tipos de receitas púlicas


As receitas públicas dividem-se em orçamentária e extra-orçamentária.
As receitas orçamentárias as receitas que estiverem previstas no orçamento de modo
que serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. O administrador
público poderá contar com elas para fazer frente às despesas públicas em que incorrerá
o ente, posto que tais receitas são incorporadas ao património público (não são passíveis
de restituição).
A arrecadação das receitas orçamentárias carecem de autorização legislativa e a
realização desta receita se vinculará a execução do orçamento.

Como exemplo de receitas orçamentárias podemos citar a receita advinda dos tributos,
da exploração do património do Estado, dos recursos provenientes do desenvolvimento
bem sucedido de actividade económico pelo Poder Público, etc.

Receitas extra orçamentárias são as receitas que não fazem parte do orçamento de
modo que não serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. São receitas
públicas apenas na acepção mais ampla do termo, uma vez que não poderá o
administrador público contar com elas para custear despesas públicas previstas na peça
orçamentária. O único motivo que justifica sua inserção no conceito de receita,
malgrado não se incorporem ao património público, é que como adentram nos cofres
públicos deverão ser precedidas de lançamento.

O Poder Público adquire tais receitas extra orçamentárias em atenção a futura despesa
extra orçamentária, o que em termos contábeis seria um passivo exigível. Assim, tais
entradas já possuem destino certo, de modo a inviabilizar seu aproveitamento no custeio
de outras despesas (inclusive aquelas previstas no orçamento).

Desta feita, a arrecadação das receitas extraorçamentárias prescinde de autorização


legislativa e a realização desta receita não se vinculará a execução do orçamento.

São exemplos de receitas extra orçamentárias os recursos financeiros que adentram nos
cofres públicos a título de fiança, caução, depósitos para garantia, etc.

Os ingressos orçamentários são aqueles pertencentes ao ente público arrecadados


exclusivamente para aplicação em programas e ações governamentais.
Os ingressos extra-orçamentários são aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo
ente público exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para
posterior devolução. Estes ingressos são denominados recursos de terceiros.

Classificação da Receita no conceito Amplo


Receita pública originária: é a receita proveniente do patrimônio público, ou seja, o
Estado obtém receitas através de seu patrimônio (bens e direitos) colocados à disposição
da sociedade mediante pagamento.
De outra forma, é a receita pública efetiva oriunda das rendas produzidas pelos ativos
do poder público, pela cessão remunerada de bens e valores, aluguéis e ganhos em
aplicações financeiras ou em atividades econômicas - produção, comércio ou serviços.

Receita Pública derivada: Resulta da tributação do patrimônio da sociedade.


Trata-se da receita pública obtida pelo Estado em função da sua soberania, por meio de
tributos e penalidades.

A classificação econômica da Receita


Receitas Correntes: São os ingressos de recursos financeiros oriundos das atividades
do Estado, para aplicação em despesas (correntes e de capital), visando a consecução
dos objetivos constantes dos programas e ações de governo.
Classificam-se em:
Tributária;
Patrimonial;
Industrial;
De contribuições;
Agropecuária;
De serviços;

Receita Tributária: São os ingressos provenientes da arrecadação de impostos, taxas e


contribuições de melhoria. É uma receita particular das entidades competentes para
tributar: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Obs: Trata-se da maior fonte de receitas públicas que, em tese, deveriam seguir os
princípios teóricos da tributação.

Receita de Contribuições: É o ingresso (entrada) proveniente de contribuições sociais,


de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. Mesmo diante da
controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte
forma:

Contribuições sociais: destinadas ao custeio da seguranca social,


compreendendo a previdência social, a saúde e a assistência social.

Exemplo: Assistencia media e medicamentosa, etc.


Contribuições sobre o domínio econômico: deriva da contraprestação à atuação
estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade.

Exemplo: CIDE – Combustíveis

Receita Patrimonial: é o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do


ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em opções de mercado e
outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.

Ex: Aplicações Financeiras das reservas internacionais, de títulos privados e etc.

Receita Agropecuária: é o ingresso proveniente da atividade ou da exploração


agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nesta classificação as
receitas advindas da exploração da agricultura - cultivo do solo, da pecuária -
criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte, e das
atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários.

Ex: Taxas cobradas pelo Ministério da Agricultura, EMBRAPA e etc.

Receita Industrial: é o ingresso proveniente da atividade industrial de extração


mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades
industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE.

Ex: royalties de petróleo destinados a estados e municípios.

Receita de Serviços: é o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte,


saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização,
judiciário,

processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à atividade da


entidade e outros serviços.

Ex: Taxas portuárias e aeroportuárias (INFRAERO)

Transferência Corrente: é o Ingresso proveniente de outros órgãos ou entidades,


referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou
entidade transferidora, efetivados mediante condições preestabelecidas
ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas
correntes.

Ex: repasse de recursos a título de convênio entre União, estados e Municípios.

Outras Receitas Correntes: são os ingressos provenientes de outras origens não


classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.

Ex: Repasse emergencial a título de crises como calamidade pública

As receitas de capital:

São os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades geralmente não


operacionais para aplicação em despesas operacionais

(correntes ou de capital), visando cumprir os objetivos traçados nos programas e ações


de governo.

São assim denominados porque são derivados da obtenção de recursos mediante a


constituição de dívidas,
amortização de empréstimos, financiamentos ou alienação de bens

São Receitas de Capital:

As provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de


dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de
outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas
classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento
Corrente”.

Operações de Crédito: é o ingresso proveniente da colocação de títulos públicos ou da


contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais,
instituições financeiras, fundos, etc.

Alienação de Bens: é o ingresso de recursos provenientes da alienação de


componentes do ativo permanente, ou seja, é a conversão em espécie de bens e
direitos.
Amortização de Empréstimos: é o ingresso proveniente da amortização, ou seja,
recebimento de valores referentes a parcelas de empréstimos ou financiamentos
concedidos em

títulos ou contratos.

Transferências de Capital: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades


referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou
entidade

transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer


exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital.

Outras Receitas de Capital: são os ingressos provenientes de outras origens não


classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.

O somatório das receitas corrente e de capital, sejam estas orçamentárias ou extra-


orçamentárias, corresponde ao total de recursos disponíveis aos governos para a
realização de políticas que visem a melhoria do bem estar da população de país.

A correta aplicação da receita, caracterizado pela realização da despesa pública,


capacita o governo a realizar políticas estruturadas na alocação de recursos
disponíveis na economia, distribuição destes, e na manutenção da estabilidade
econômica do país.

SISTEMAS TRIBUTÁRIOS
Os encargos do Governo são financiados por recursos captados de forma variada. Eles
podem ser obtidos por intermédio da emissão de moedas, lançamento de títulos,
empréstimos e, principalmente pela tributação.
Os mecanismos de tributação, associados a políticas orçamentárias, intervêm
directamente na alocação e distribuição dos recursos na sociedade e pode também,
reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo.
A tributação é um instrumento através da qual, as pessoas tentam obter recursos
colectivamente para satisfazer as necessidades da sociedade. O sistema de tributação
varia de acordo com as peculiaridades e também com determinadas situações politicas,
económicas e sociais de cada pais. Mesmo que os sistemas de tributação sejam
diferentes, eles se constituirão assim mesmo no principal mecanismo de obtenção de
recursos públicos no sistema capitalista. Isto porque, neste sistema a tributação é um dos
instrumentos básicos para que alguns ajustamentos possam ser feitos na distribuição de
renda na sociedade bem como uma fonte crucial de obtenção de recursos para o
desempenho das actividades públicas.
A tributação tem duas funções principais. Primeiro ela determina que proporção de
recursos da sociedade que vai estar sob controlo do governo para ser gasta de acordo
com algum procedimento de decisão colectiva e que proporção será deixada, na
qualidade de propriedade pessoal, sob o arbítrio de indivíduos particulares. Essa é a
repartição ente público e privado. Segundo é que ela é um dos principais factores que
determinam de que modo o produto social é dividido entre os diversos indivíduos, tanto
sob a forma de propriedade privada, sob quanto a forma de benefícios fornecidos pela
acção pública. Essa é a distribuição.
A tributação pode ser definida como o conjunto de acções e instrumentos empregados
pelos governos para arrecadar fundos, sendo que o que distingue a tributação de outras
transacções económicas é sua obrigatoriedade. A obrigatoriedade confere características
especiais à tributação. Por ser compulsória, a tributação viabiliza a execução de acções
governamentais desejáveis da perspectiva da Sociedade e que dificilmente seriam
concretizadas se deixadas sob responsabilidade dos indivíduos.
Tais acções governamentais incluem, por exemplo, transferências de renda: entre ricos e
pobres (programas sociais), empregados e desempregados (seguro desemprego), entre
jovens e idosos (previdência social). A tributação também viabiliza a produção de bens
e serviços públicos como segurança pública, infra-estrutura urbana (ruas, praças e
parques públicos) e limpeza pública.
Se, por um lado, é a obrigatoriedade que torna a tributação um instrumento tão útil, por
outro lado também é o que a torna perigosa. A obrigatoriedade implica que os
contribuintes (indivíduos e empresas) não dispõem de liberdade quanto à determinação
do nível da tributação e da sua destinação. Esta característica torna a tributação muito
susceptível a abusos. A obrigatoriedade faz com que a tributação possa ser facilmente
utilizada por governos para atender a interesses de grupos de pressão, com
transferências involuntárias e indesejadas pela maioria.
A tributação, em contraste, não dispõe de um mecanismo de autocorrecção. Por isto é
essencial que a tributação seja disciplinada por um sistema de validação política que
produza legitimidade e respeitabilidade perante a sociedade. Para atingir este objectivo é
necessário que a tributação siga alguns princípios e que esteja continuamente sob
escrutínio da sociedade para evitar abusos e distorções.
Para que o sistema tributário mantenha a sua legitimidade e respeitabilidade é
importante que ela possa ser continuamente avaliada pela sociedade. Para auxiliar nesse
processo é útil identificar alguns critérios que podem ser utilizados para balizar essa
avaliação.
O prémio Nobel em economia Joseph Stiglitz identifica cinco princípios desejáveis de
um sistema tributário:
 Eficiência;
 Simplicidade;
 Transparência;
 Equidade; e
 Flexibilidade.
Alguns principios referem-se a questões objectivas que podem ser mensuradas e
comparadas de forma quantitativa. A eficiência e a transparência são propriedades
objectivas. Outras propriedades abordam questões que envolvem juízo de valor. Essas
questões reflectem a ética e valores dos indivíduos, que tendem a ser mais controversos,
requerendo um processo político para desvendar qual solução melhor atende aos
interesses da sociedade.
Como os valores da sociedade podem mudar, isto pode implicar mudanças do sistema
tributário ao longo do tempo. Portanto, é importante que o sistema tributário seja
continuamente revalidado.

Eficiência
O sistema não deve interferir na eficiente alocação dos recursos
É desejável que o sistema tributário não distorça a alocação eficiente de recursos na
sociedade. Todo tributo provoca algum grau de distorção. Exemplos: quando se tributa
o salário, desencoraja-se o trabalho em relação ao ócio; quando se tributa o lucro,
desencoraja-se o investimento em relação ao consumo imediato; quando se tributa
alguns produtos mais do que outros, são distorcidas as decisões de produção e consumo
da sociedade.
O efeito destas distorções é gerar um nível de bem-estar social inferior ao que seria
obtido na ausência da tributação. Economistas denominam este tipo de ineficiência de
Perda de Peso Morto porque se trata de uma perda líquida para a sociedade, em que a
perda de um não é compensada pelo ganho de outro.

Simplicidade
A administração do sistema deve ser de baixo custo, seja para o fisco e seja para o
contribuinte.
Outro aspecto que deve ser levando em conta na tributação é seu grau de complexidade.
O custo administrativo de sistemas tributários está directamente relacionado ao grau de
complexidade do sistema tributário. Tributos complexos são mais caros para
administrar. Isto vale tanto para os contribuintes (que precisam preencher formulários,
computar e pagar os tributos em diversas datas sob diferentes regras) quanto para os
governos (que precisam processar, monitorar e fiscalizar a implementação do tributo).
A complexidade está relacionada a uma série de factores: a quantidade e tipo de registos
requeridos para o cálculo e comprovação do tributo devido; o número de provisões
especiais (excepções, deduções, depreciações, entre outros); e a aplicação de alíquotas
diferenciadas que possibilitam arbitragem por meio da alocação de receitas e despesas
entre diferentes contribuintes.
Por mais legítimas que sejam as razões para a criação dessa tributação diferenciada
(provisões especiais ou aplicação de alíquotas diferenciadas), tal diferenciação pode ter
impactos importantes que precisam ser levados em conta tanto no que diz respeito ao
custo de administração do sistema quanto no que se refere à alteração da estrutura de
incentivos dos agentes.
A tributação diferenciada aumenta os custos administrativos do sistema tributário.
Portanto, sempre que se propõe uma mudança que implique elevação da complexidade
do sistema tributário, deve-se avaliar se o benefício do tratamento diferenciado supera a
elevação dos custos administrativos para os contribuintes e a burocracia colectora de
impostos.
Adicionalmente deve-se avaliar como a tributação diferenciada entre sectores afecta o
comportamento dos agentes. Este efeito é importante no mundo corporativo e consiste
no famoso “planeamento tributário”. Frequentemente, as decisões empresariais ligadas à
localização de plantas, estruturação financeira, política de preços e outras são definidas
com base no sistema tributário.

Transparência
O sistema deve ser transparente, os contribuintes devem ser capazes de dizer quanto
pagam e porque ao mesmo tempo em que avaliam o quanto sistema reflecte suas
referências.
Para que a sociedade possa avaliar o custo-benefício dos bens e serviços produzidos
com os recursos obtidos por meio da tributação é crucial que os contribuintes conheçam
a magnitude da tributação que lhes é imputada (“quanto?”) e a destinação de cada
tributo (“para que?”, ou em muitos casos, “para quem?”). Só assim os contribuintes
podem definir suas próprias relações de custo-benefício (quanto pagamos vis a vis
quanto recebemos).
Empiricamente é possível constatar que, quando se menciona a palavra “tributos”, as
pessoas geralmente pensam naqueles tributos pagos directamente, principalmente
naqueles baseados no seu património e renda.

Equidade
O sistema deve ser e parecer justo tratando aqueles em circunstancias similares em
isonomia e impondo tributos mais altos aqueles que podem arcar com o peso de
tributação.
Para que o sistema tributário obtenha a aprovação da sociedade é fundamental que os
tributos sejam percebidos como “justos”. Esta noção de equidade deve ser avaliada em
duas dimensões: na “horizontal” e na “vertical”. A equidade “horizontal” se refere ao
tratamento equitativo de contribuintes com características semelhantes. Por exemplo,
consumidores com o mesmo nível de renda devem pagar o mesmo montante em
imposto de renda; do mesmo modo, o valor pago a título de imposto sobre veículos
automotivos deve ser igual ao pago por outro proprietário com um veículo do mesmo
modelo e ano.
A noção de equidade “vertical” refere-se ao grau de diferenciação entre contribuintes
diferentes: a diferença do montante a ser pago deve resguardar alguma
“proporcionalidade” em relação ao grau de diferenciação entre os dois contribuintes.

Flexibilidade
O sistema deve ser capaz de responder facilmente ou automaticamente as mudanças no
ambiente económico. Uma dimensão a ser avaliada quando se examina um tributo é a
sua flexibilidade. Uma propriedade desejável da tributação é que ela possa ser ajustada
conforme os anseios da sociedade. Alguns tributos podem ser facilmente alterados, mas
outros requerem uma negociação política complexa que torna modificações
praticamente inviáveis, o que pode levar à postergação de sistemas tributários
indesejáveis.
Um aspecto especialmente relevante é a variação da tributação ao longo dos ciclos
económicos.
Sociedades tipicamente desejam que a tributação seja alterada ao longo dos ciclos,
reduzindo a arrecadação quando a economia entra em recessão e elevando a arrecadação
quando a economia apresenta forte crescimento. Desta forma, a tributação ajuda a
estabilizar a economia e beneficia os contribuintes ao reduzir a carga tributária em
períodos de dificuldades económicas. Alguns tributos, pela sua própria base de cálculo,
já se ajustam automaticamente de forma a aumentar a tributação em períodos mais
rentáveis e reduzir a tributação em períodos menos rentáveis, proporcionando um efeito
estabilizador macroeconómico altamente desejável.
Finalmente, um terceiro factor que deve ser considerado ao analisar a questão da
flexibilidade dos tributos é a velocidade com a qual ajustes no montante tributado
podem ser implementados. Para que um tributo possa ser empregado para promover a
estabilização do ciclo económico, por exemplo, é necessário que alterações no tributo e
seus efeitos sejam tempestivos.
Por exemplo, para evitar ou mitigar uma recessão económica poder-se-ia reduzir
impostos para estimular o consumo e investimento. Para que tal medida seja eficaz,
entretanto, é crucial que a redução dos impostos possa rapidamente produzir o estímulo
económico esperado.
Caso contrário, o estímulo poderá surtir efeito quando a economia já estiver se
recuperando, ocasionando pressões inflacionárias (o que poderia até prejudicar a
recuperação económica).
Portanto, é necessário avaliar a rapidez com a qual se pode promover a redução de
impostos – algo que pode ser muito complexo quando são necessárias alterações na
legislação ou quando são envolvidas diferentes esferas do governo. Também é
necessário avaliar quanto tempo transcorrerá até que a redução dos tributos produza o
efeito desejado sobre a economia. Por exemplo, uma alteração da alíquota do imposto
de renda, que é cobrado somente uma vez ao ano, pode demorar muitos meses para
começar a surtir algum efeito.

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