MATERIA
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MATERIA
O Termo chave desta definição do objecto da Economia é agente racional. Ele está no
centro da primeira versão da definição acima. Mas ele só não está explicitado na
segunda versão porque aí ele é desdobrado e explicado: é racional o agente que busca
obter o máximo benefício por unidade de dispêndio de seus recursos escassos. Vale
dizer: racionalização e maximização de benefício por unidade de dispêndio são
sinónimas. O comportamento do homem racional maximizador é, em síntese, o objecto
económico.
A ESCOLA AUSTRÍACA
Também conhecida como Escola de Viena é uma escola que advoga e enfatiza o poder
de organização espontânea do mecanismo de preços. A Escola Austríaca afirma que a
complexidade das escolhas humanas subjectivas faz com que seja extremamente difícil
(ou indecidível) a modelação matemática do mercado em evolução e defende uma
abordagem laissez-faire para a economia. Os economistas da Escola Austríaca
defendem a estrita aplicação rigorosa dos acordos contratuais voluntários entre os
agentes económicos, e afirmam que transacções comerciais devam ser sujeitas à menor
imposição possível de forças que consideram ser coercivas (em particular a menor
quantidade possível de intervenção do governo).
Teve como seus defensores Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von
Mises, tendo como uma das características principais, a crítica às teorias defensoras da
intervenção do Estado no mercado e à política económica que não levava em conta dois
factores imprescindíveis para o cálculo económico: a acção individual (isto é, a Acção
Humana, imbuída de desejos e necessidades variáveis) e o tempo, sobretudo os ciclos
económicos profundamente afectados por períodos de escassez, por exemplo.
ESCOLA DE CHICAGO
Os pensadores neoliberais, onde se destaca Friedman (1956, 1962), basearam-se nas
ideias propostas por Smith (1923).
Para Smith, o Estado devia intervir o menos possível nos assuntos económicos,
porque o melhor modo de desenvolver a economia das nações era através do mercado e
do mecanismo de preços que lhe será associado – existência do princípio de mão
invisível. Este principio suporta-se na acção egoísta dos indivíduos, que com o intuito
de promoverem o seu próprio bem então, em concomitância e como que por uma mão
invisível, a elevar o bem geral.
Assim, preconiza-se a não intervenção do Estado na economia, uma vez que esta se
auto-regula pela oferta e procura de bens e serviços. O autor parte do pressuposto de que
o indivíduo tenta dilatar até ao nível óptimo os seus ganhos, e na adopção deste
comportamento está também a ampliar os benefícios da sociedade, porquanto a
ineficiência, que a ninguém favorece, será menor.
ESCOLA DE CAMBRIDGE
A Escola de Cambridge é célebre pelo escrito de Keynes (1970, 1971), que nela se
integrou. A alegação primordial de Keynes era a de que o capitalismo enquanto modelo
económico não iria ser abandonado e sentenciado ao esquecimento, contudo iria sofrer
alterações tais que possibilitariam a contestação no Estado de poderes que podiam
debelar as falhas do capitalismo.
Keynes defendia que o equilíbrio macroeconómico não podia ser alcançado pelos
mercados.
Esse equilíbrio podia contudo ser almejado pelo planeamento central de direcção estatal
e consequentemente resultaria no pleno emprego sem que existisse a inflação. A procura
vai pois influenciar a produção, a qual por sua vez ira dominar o nível de emprego.
Havendo um aumento da procura de produtos, a produção terá de aumentar para
satisfazer essa procura.
Ora o crescimento da produção implicara o aumento de emprego e, consecutivamente, o
poder de compra também aumentará, repercutindo-se novamente no aumento da
procura, ciclicamente. Assim, o Estado deve proceder ao investimento público como
elemento dinamizador da procura, evitando-se imperfeições de mercado tais como
desemprego considerada a mais seria manifestação da crise económica.
RECEITAS PUBLICAS
Indubitavelmente, a finalidade primordial das receitas do Estado é o financiamento do
Estado, pois sem recursos o Estado não pode exercer suas atribuições mínimas. É nesse
sentido que as receitas dão vida ao Ente Público e estabelecem uma relação clara entre
governante e governados.
Neste contexto, existem dois pontos importantes. Primeiro, que as receitas são a seiva
do Estado, e determinam, assim, sua vida ou sua morte. Segundo, que, caso as receitas
não fossem claramente definidas e aceitam com legalidade e legitimidade, outros
instrumentos de financiamento – muito mais tradicionais até então, continuariam a ser
usados, como o foram a pilhagem e a exploração ao longo dos séculos.
Ressalte-se, assim, que as receitas não são a única fonte de suporte de recursos ao
tesouro público. Porém, talvez possam ser consideradas, quando utilizadas dentro da
legalidade e dos limites de capacidade da sociedade, como a mais adequada em termos
de sustentabilidade a longo prazo. Justamente por isso, as receitas tem sido a fonte de
recursos mais extensivamente adoptada pelos Estados democráticos modernos. O modo
de financiamento do Estado evolui à medida que a própria estrutura política, económica
e social caminha para regimes politicamente democráticos, economicamente auto-
sustentáveis, e socialmente mais justos.
Receitas Públicas são todos os ingressos de carácter não devolutivo auferidas pelo
poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das
despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita
pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas.
Como exemplo de receitas orçamentárias podemos citar a receita advinda dos tributos,
da exploração do património do Estado, dos recursos provenientes do desenvolvimento
bem sucedido de actividade económico pelo Poder Público, etc.
Receitas extra orçamentárias são as receitas que não fazem parte do orçamento de
modo que não serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. São receitas
públicas apenas na acepção mais ampla do termo, uma vez que não poderá o
administrador público contar com elas para custear despesas públicas previstas na peça
orçamentária. O único motivo que justifica sua inserção no conceito de receita,
malgrado não se incorporem ao património público, é que como adentram nos cofres
públicos deverão ser precedidas de lançamento.
O Poder Público adquire tais receitas extra orçamentárias em atenção a futura despesa
extra orçamentária, o que em termos contábeis seria um passivo exigível. Assim, tais
entradas já possuem destino certo, de modo a inviabilizar seu aproveitamento no custeio
de outras despesas (inclusive aquelas previstas no orçamento).
São exemplos de receitas extra orçamentárias os recursos financeiros que adentram nos
cofres públicos a título de fiança, caução, depósitos para garantia, etc.
Obs: Trata-se da maior fonte de receitas públicas que, em tese, deveriam seguir os
princípios teóricos da tributação.
As receitas de capital:
títulos ou contratos.
SISTEMAS TRIBUTÁRIOS
Os encargos do Governo são financiados por recursos captados de forma variada. Eles
podem ser obtidos por intermédio da emissão de moedas, lançamento de títulos,
empréstimos e, principalmente pela tributação.
Os mecanismos de tributação, associados a políticas orçamentárias, intervêm
directamente na alocação e distribuição dos recursos na sociedade e pode também,
reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo.
A tributação é um instrumento através da qual, as pessoas tentam obter recursos
colectivamente para satisfazer as necessidades da sociedade. O sistema de tributação
varia de acordo com as peculiaridades e também com determinadas situações politicas,
económicas e sociais de cada pais. Mesmo que os sistemas de tributação sejam
diferentes, eles se constituirão assim mesmo no principal mecanismo de obtenção de
recursos públicos no sistema capitalista. Isto porque, neste sistema a tributação é um dos
instrumentos básicos para que alguns ajustamentos possam ser feitos na distribuição de
renda na sociedade bem como uma fonte crucial de obtenção de recursos para o
desempenho das actividades públicas.
A tributação tem duas funções principais. Primeiro ela determina que proporção de
recursos da sociedade que vai estar sob controlo do governo para ser gasta de acordo
com algum procedimento de decisão colectiva e que proporção será deixada, na
qualidade de propriedade pessoal, sob o arbítrio de indivíduos particulares. Essa é a
repartição ente público e privado. Segundo é que ela é um dos principais factores que
determinam de que modo o produto social é dividido entre os diversos indivíduos, tanto
sob a forma de propriedade privada, sob quanto a forma de benefícios fornecidos pela
acção pública. Essa é a distribuição.
A tributação pode ser definida como o conjunto de acções e instrumentos empregados
pelos governos para arrecadar fundos, sendo que o que distingue a tributação de outras
transacções económicas é sua obrigatoriedade. A obrigatoriedade confere características
especiais à tributação. Por ser compulsória, a tributação viabiliza a execução de acções
governamentais desejáveis da perspectiva da Sociedade e que dificilmente seriam
concretizadas se deixadas sob responsabilidade dos indivíduos.
Tais acções governamentais incluem, por exemplo, transferências de renda: entre ricos e
pobres (programas sociais), empregados e desempregados (seguro desemprego), entre
jovens e idosos (previdência social). A tributação também viabiliza a produção de bens
e serviços públicos como segurança pública, infra-estrutura urbana (ruas, praças e
parques públicos) e limpeza pública.
Se, por um lado, é a obrigatoriedade que torna a tributação um instrumento tão útil, por
outro lado também é o que a torna perigosa. A obrigatoriedade implica que os
contribuintes (indivíduos e empresas) não dispõem de liberdade quanto à determinação
do nível da tributação e da sua destinação. Esta característica torna a tributação muito
susceptível a abusos. A obrigatoriedade faz com que a tributação possa ser facilmente
utilizada por governos para atender a interesses de grupos de pressão, com
transferências involuntárias e indesejadas pela maioria.
A tributação, em contraste, não dispõe de um mecanismo de autocorrecção. Por isto é
essencial que a tributação seja disciplinada por um sistema de validação política que
produza legitimidade e respeitabilidade perante a sociedade. Para atingir este objectivo é
necessário que a tributação siga alguns princípios e que esteja continuamente sob
escrutínio da sociedade para evitar abusos e distorções.
Para que o sistema tributário mantenha a sua legitimidade e respeitabilidade é
importante que ela possa ser continuamente avaliada pela sociedade. Para auxiliar nesse
processo é útil identificar alguns critérios que podem ser utilizados para balizar essa
avaliação.
O prémio Nobel em economia Joseph Stiglitz identifica cinco princípios desejáveis de
um sistema tributário:
Eficiência;
Simplicidade;
Transparência;
Equidade; e
Flexibilidade.
Alguns principios referem-se a questões objectivas que podem ser mensuradas e
comparadas de forma quantitativa. A eficiência e a transparência são propriedades
objectivas. Outras propriedades abordam questões que envolvem juízo de valor. Essas
questões reflectem a ética e valores dos indivíduos, que tendem a ser mais controversos,
requerendo um processo político para desvendar qual solução melhor atende aos
interesses da sociedade.
Como os valores da sociedade podem mudar, isto pode implicar mudanças do sistema
tributário ao longo do tempo. Portanto, é importante que o sistema tributário seja
continuamente revalidado.
Eficiência
O sistema não deve interferir na eficiente alocação dos recursos
É desejável que o sistema tributário não distorça a alocação eficiente de recursos na
sociedade. Todo tributo provoca algum grau de distorção. Exemplos: quando se tributa
o salário, desencoraja-se o trabalho em relação ao ócio; quando se tributa o lucro,
desencoraja-se o investimento em relação ao consumo imediato; quando se tributa
alguns produtos mais do que outros, são distorcidas as decisões de produção e consumo
da sociedade.
O efeito destas distorções é gerar um nível de bem-estar social inferior ao que seria
obtido na ausência da tributação. Economistas denominam este tipo de ineficiência de
Perda de Peso Morto porque se trata de uma perda líquida para a sociedade, em que a
perda de um não é compensada pelo ganho de outro.
Simplicidade
A administração do sistema deve ser de baixo custo, seja para o fisco e seja para o
contribuinte.
Outro aspecto que deve ser levando em conta na tributação é seu grau de complexidade.
O custo administrativo de sistemas tributários está directamente relacionado ao grau de
complexidade do sistema tributário. Tributos complexos são mais caros para
administrar. Isto vale tanto para os contribuintes (que precisam preencher formulários,
computar e pagar os tributos em diversas datas sob diferentes regras) quanto para os
governos (que precisam processar, monitorar e fiscalizar a implementação do tributo).
A complexidade está relacionada a uma série de factores: a quantidade e tipo de registos
requeridos para o cálculo e comprovação do tributo devido; o número de provisões
especiais (excepções, deduções, depreciações, entre outros); e a aplicação de alíquotas
diferenciadas que possibilitam arbitragem por meio da alocação de receitas e despesas
entre diferentes contribuintes.
Por mais legítimas que sejam as razões para a criação dessa tributação diferenciada
(provisões especiais ou aplicação de alíquotas diferenciadas), tal diferenciação pode ter
impactos importantes que precisam ser levados em conta tanto no que diz respeito ao
custo de administração do sistema quanto no que se refere à alteração da estrutura de
incentivos dos agentes.
A tributação diferenciada aumenta os custos administrativos do sistema tributário.
Portanto, sempre que se propõe uma mudança que implique elevação da complexidade
do sistema tributário, deve-se avaliar se o benefício do tratamento diferenciado supera a
elevação dos custos administrativos para os contribuintes e a burocracia colectora de
impostos.
Adicionalmente deve-se avaliar como a tributação diferenciada entre sectores afecta o
comportamento dos agentes. Este efeito é importante no mundo corporativo e consiste
no famoso “planeamento tributário”. Frequentemente, as decisões empresariais ligadas à
localização de plantas, estruturação financeira, política de preços e outras são definidas
com base no sistema tributário.
Transparência
O sistema deve ser transparente, os contribuintes devem ser capazes de dizer quanto
pagam e porque ao mesmo tempo em que avaliam o quanto sistema reflecte suas
referências.
Para que a sociedade possa avaliar o custo-benefício dos bens e serviços produzidos
com os recursos obtidos por meio da tributação é crucial que os contribuintes conheçam
a magnitude da tributação que lhes é imputada (“quanto?”) e a destinação de cada
tributo (“para que?”, ou em muitos casos, “para quem?”). Só assim os contribuintes
podem definir suas próprias relações de custo-benefício (quanto pagamos vis a vis
quanto recebemos).
Empiricamente é possível constatar que, quando se menciona a palavra “tributos”, as
pessoas geralmente pensam naqueles tributos pagos directamente, principalmente
naqueles baseados no seu património e renda.
Equidade
O sistema deve ser e parecer justo tratando aqueles em circunstancias similares em
isonomia e impondo tributos mais altos aqueles que podem arcar com o peso de
tributação.
Para que o sistema tributário obtenha a aprovação da sociedade é fundamental que os
tributos sejam percebidos como “justos”. Esta noção de equidade deve ser avaliada em
duas dimensões: na “horizontal” e na “vertical”. A equidade “horizontal” se refere ao
tratamento equitativo de contribuintes com características semelhantes. Por exemplo,
consumidores com o mesmo nível de renda devem pagar o mesmo montante em
imposto de renda; do mesmo modo, o valor pago a título de imposto sobre veículos
automotivos deve ser igual ao pago por outro proprietário com um veículo do mesmo
modelo e ano.
A noção de equidade “vertical” refere-se ao grau de diferenciação entre contribuintes
diferentes: a diferença do montante a ser pago deve resguardar alguma
“proporcionalidade” em relação ao grau de diferenciação entre os dois contribuintes.
Flexibilidade
O sistema deve ser capaz de responder facilmente ou automaticamente as mudanças no
ambiente económico. Uma dimensão a ser avaliada quando se examina um tributo é a
sua flexibilidade. Uma propriedade desejável da tributação é que ela possa ser ajustada
conforme os anseios da sociedade. Alguns tributos podem ser facilmente alterados, mas
outros requerem uma negociação política complexa que torna modificações
praticamente inviáveis, o que pode levar à postergação de sistemas tributários
indesejáveis.
Um aspecto especialmente relevante é a variação da tributação ao longo dos ciclos
económicos.
Sociedades tipicamente desejam que a tributação seja alterada ao longo dos ciclos,
reduzindo a arrecadação quando a economia entra em recessão e elevando a arrecadação
quando a economia apresenta forte crescimento. Desta forma, a tributação ajuda a
estabilizar a economia e beneficia os contribuintes ao reduzir a carga tributária em
períodos de dificuldades económicas. Alguns tributos, pela sua própria base de cálculo,
já se ajustam automaticamente de forma a aumentar a tributação em períodos mais
rentáveis e reduzir a tributação em períodos menos rentáveis, proporcionando um efeito
estabilizador macroeconómico altamente desejável.
Finalmente, um terceiro factor que deve ser considerado ao analisar a questão da
flexibilidade dos tributos é a velocidade com a qual ajustes no montante tributado
podem ser implementados. Para que um tributo possa ser empregado para promover a
estabilização do ciclo económico, por exemplo, é necessário que alterações no tributo e
seus efeitos sejam tempestivos.
Por exemplo, para evitar ou mitigar uma recessão económica poder-se-ia reduzir
impostos para estimular o consumo e investimento. Para que tal medida seja eficaz,
entretanto, é crucial que a redução dos impostos possa rapidamente produzir o estímulo
económico esperado.
Caso contrário, o estímulo poderá surtir efeito quando a economia já estiver se
recuperando, ocasionando pressões inflacionárias (o que poderia até prejudicar a
recuperação económica).
Portanto, é necessário avaliar a rapidez com a qual se pode promover a redução de
impostos – algo que pode ser muito complexo quando são necessárias alterações na
legislação ou quando são envolvidas diferentes esferas do governo. Também é
necessário avaliar quanto tempo transcorrerá até que a redução dos tributos produza o
efeito desejado sobre a economia. Por exemplo, uma alteração da alíquota do imposto
de renda, que é cobrado somente uma vez ao ano, pode demorar muitos meses para
começar a surtir algum efeito.