Teste 1 - 9º A
Teste 1 - 9º A
Teste 1 - 9º A
GRUPO I
Para responderes aos itens que se seguem, vais ouvir um programa radiofónico sobre um
livro.
Para cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação adequada ao
sentido do texto.
4. O jornalista afirma que os Contos da Infância e do Lar são o «tesouro» dos Irmãos
Grimm, porque
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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MARINHA GRANDE NASCENTE
GRUPO II
Lê o texto. Se necessário, consulta a nota.
Paula Rego sempre adorou histórias. A Tia Ludgera contava-lhe muitas, algumas
podiam durar dias e dias, como uma série. «Todas as crianças gostam que lhes contem
histórias, não é?», pergunta a pintora. Sim. «Tudo são histórias. É através delas que
descobrimos o mundo e quem somos. As portuguesas são as melhores, porque nos fazem
perceber o que é ser português. As antigas mostram a natureza humana tal qual ela é. Não
foram alteradas pelo sentimentalismo. Estão cheias de crueldade impensada e de atos de
bondade. Detestaria que perdêssemos o contacto com as nossas histórias», diz Paula Rego.
Por isso, pinta-as. Pintou-as a vida toda, seguindo talvez o conselho do marido e mentor, o
pintor inglês Victor Willing (1928-1988), que, como Paula Rego contou recentemente ao
The Guardian, lhe dizia «lê um livro e “ilustra-o”».
Sopa de Pedra foi isso e o seu contrário. Paula tinha um conjunto de desenhos que
queria que ficassem juntos. Pertenciam uns aos outros. Teve-os guardados por algum
tempo. Um editor e amigo, Stephen Stuart Smith, queria fazer um livro, mas a pintora
precisava de um texto e perguntou à filha se o fazia. Cas Willing, relutante no início, acabou
por ceder à persuasão materna.
«A Paula disse que o tema era a história da sopa de pedra», diz Cas. «Com uma
história tão conhecida, pensámos que poderíamos encontrar uma versão antiga que
pudesse ser usada. Mas era muito difícil encaixar os desenhos em alguma coisa que tivesse
que ver com versões mais tradicionais. Acabei por dizer que ia tentar ver o que conseguia
inventar.»
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Nesta nova Sopa de Pedra, a rapariga substitui o frade, conquista a aldeia e até cria
novas receitas, não parte à procura de outros a quem enganar. Mais uma vez, o trabalho
de Paula Rego pinta-se do ponto de vista feminino.
«Diferentes países têm diferentes versões desta história que não envolvem um
frade. Por que não uma rapariga?», questiona a pintora. Claro que a rapariga podia ter
continuado a viajar e a ganhar a vida enganando estranhos para lhe darem comida, mas
essa seria uma vida triste, diz Cas. «Desta forma, ela dá-lhes alguma coisa em troca. Ganha
o seu sustento e tem um sítio para ficar. Todos beneficiam. É um final (mais) feliz.» Nem
Cas nem Paula pensaram numa moral para a história, mas, uma vez que o pai diz à rapariga
que ela é forte, que é bonita e que é esperta; que da mãe herda o cesto, o vestido e as
receitas; e que com a sua própria resiliência1 transforma a herança numa vida boa, a moral
talvez seja que «não há nenhum príncipe para a salvar, por isso tem de o fazer sozinha», diz
Cas. «Tem de se esforçar para ser boa em alguma coisa e sobreviver. É talvez mais acertado
não ficar à espera do príncipe.»
Catarina Pires, Notícias Magazine, 3 de janeiro de 2016. (Texto adaptado)
NOTA
1 resiliência – capacidade de resistência de uma pessoa perante situações adversas.
Para responderes a cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
1. Segundo Paula Rego, as histórias são muito importantes, porque, entre outros aspetos,
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3. Após ter sido convidada por Paula Rego, Cas Willing
(A) respondeu prontamente à proposta que a mãe lhe fizera.
(B) descobriu uma versão inédita que se adaptava aos desenhos.
(C) hesitou antes de aceitar a proposta que a mãe lhe fizera.
(D) começou por sugerir a criação de uma nova versão do conto.
GRUPO III
PARTE A
Lê o texto e as notas.
AS PESSOAS CRESCIDAS
As pessoas crescidas fui-as conhecendo de baixo para cima à medida que a minha
idade ia subindo em centímetros, marcados na parede pelo lápis da mãe. Primeiro eram
apenas sapatos, por vezes descobertos sob a cama, enormes, sem pé dentro, e logo
calçados por mim para caminhar pela casa, erguendo as pernas como um escafandrista,
num estrondo imenso de solas. Depois tomei conhecimento dos joelhos cobertos de
fazenda ou de meias de vidro, formando ao redor da mesa debaixo da qual eu gatinhava
uma paliçada que me impedia de fugir. A seguir vieram as barrigas de onde a voz, a tosse e
a autoridade saíam apesar do esforço inútil de suspensórios e de cintos.
Ao chegar à altura da toalha aprendi a distinguir os adultos uns dos outros pelos
remédios entre o guardanapo e o copo: as gotas da avó, os xaropes do avô, as várias cores
dos comprimidos das tias, as caixinhas de prata das pastilhas dos primos, o vaporizador da
asma do padrinho que ele recebia abrindo as mandíbulas numa ansiedade de cherne.
Compreendi por essa época que tinham o riso desmontável: tiravam as piadas da boca e
lavavam-nas, a seguir ao almoço, com uma escovinha especial. Aconteceu-me encontrá-las
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sob a forma de gargantilhas de dentes num estojo de gengivas cor-de-rosa escondidas por
trás do despertador nas manhãs de domingo, a troçarem dos rostos que sem elas
envelheciam mil anos de rugas murchas como flores de herbário devorando os lábios com
as suas pregas concêntricas.
Já capaz pelo meu tamanho de lhes olhar a cara, o que mais me surpreendia neles
era a sua estranha indiferença perante as duas únicas coisas verdadeiramente importantes
do mundo: os bichos-da-seda e os guarda-chuvas de chocolate. Também não gostavam de
colecionar gafanhotos, de mastigar estearina nem de dar tesouradas no cabelo, mas em
contrapartida possuíam a mania incompreensível dos banhos e das pastas dentífricas e
quando se referiam diante de mim a uma parente loira, muito simpática, muito pintada,
muito bem cheirosa e mais bonita que eles todos, desatavam a falar francês olhando-me
de banda com desconfiança e apreensão.
Nunca percebi quando se deixa de ser pequeno para se passar a ser crescido.
Provavelmente quando a parente loira passa a ser referida, em português, como a
desavergonhada da Luísa.
Provavelmente quando substituímos os guarda-chuvas de chocolate por bifes
tártaros. Provavelmente quando começamos a gostar de tomar duche. Provavelmente
quando cessamos de ter medo do escuro. Provavelmente quando nos tornamos tristes.
Mas não tenho a certeza: não sei se sou crescido.
António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, 6.ª ed., Dom Quixote, 2006
1. escafandrista: mergulhador.
2. cherne: peixe muito comum em Portugal.
3.gargantilhas:colares.
4. concêntricas: em forma de círculo.
5. estearina: gordura sólida.
2. O cronista recorre a várias expressões para indicar diferentes fases do seu crescimento.
Transcreve-as.
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3. Ao longo do texto, são colocadas em oposição duas faixas etárias – a infância e a idade
adulta. Copia a frase que revela que o cronista associa à primeira a alegria e à segunda
a tristeza.
Coluna A Coluna B
a. “As pessoas crescidas fui-as 1. Sujeito
conhecendo de baixo para cima…”
2. Complemento direto
b. “Depois tomei conhecimento
3. Complemento oblíquo
dos joelhos cobertos de
fazenda…” 4. Complemento agente da
passiva
c. “O pai diz à rapariga que ela é
forte …” 5. Modificador do grupo verbal
2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.4.), seleciona a opção que completa cada
afirmação.
2.1. A palavra «livro» estabelece com a palavra «folha» a mesma relação semântica que
(A) «árvore» estabelece com «floresta».
(B) «alfabeto» estabelece com «letra».
(C) «felino» estabelece com «gato».
(D) «único» estabelece com «singular».
(A) copulativo.
(D) copulativo.
2.4. Considerando a frase «A Ana confirmou ao Pedro que, no dia anterior, tinha
participado no concurso da biblioteca.», uma representação correta, em discurso direto, da
fala da Ana é
5. Reescreve a frase : “ela dá-lhes alguma coisa .“de acordo com as indicações:
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2017/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
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perguntas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Total
cotação 3 3 3 3 3 3 3 3 6 6 7 7 20 30 100