Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico Programa de Pós-Graduação em Arquitetura E Urbanismo - Pósarq

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E
URBANISMO – PÓSARQ

Fabíola Bristot Serpa

A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO COMO


ABORDAGEM DE CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO EDIFICADO:

A aplicação do sistema de projeto baseado em desempenho


em edifícios históricos em Florianópolis, SC

FLORIANÓPOLIS
2009
Fabíola Bristot Serpa

A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO COMO


ABORDAGEM DE CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO EDIFICADO:
A aplicação do sistema de projeto baseado em desempenho
em edifícios históricos em Florianópolis, SC

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo – PósArq, da Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial à obtenção de grau de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. João Carlos Souza

Florianópolis
2009
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina

S486. Serpa, Fabíola Bristot


A segurança contra incêndio como abordagem de
Conservação do patrimônio histórico edificado
[dissertação] : a aplicação do sistema de projeto
baseado em desempenho em edifícios históricos em
Florianópolis, SC / Fabíola Bristot Serpa ; orientador,
João Carlos Souza. - Florianópolis,
SC, 2009.
198 f.: il., tabs.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa


Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo.

Inclui bibliografia

1. Arquitetura - Florianópolis, SC. 2. Incêndios.


3. Patrimônio. 4. Conservação. I. Souza, João Carlos.
II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. III. Título.

CDU 72
Fabíola Bristot Serpa

A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO COMO ABORDAGEM DE


CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO EDIFICADO: A
aplicação do sistema de projeto baseado em desempenho em edifícios
históricos em Florianópolis, SC

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo – PósArq, da Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial à obtenção de grau de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada pela Banca Examinadora em 30 de junho de 2009

______________________________________
Profª Carolina Palermo, Drª.
Coordenadora do Programa

______________________________________
Prof. João Carlos Souza, Dr.
Orientador

Banca Examinadora

__________________________________________________
Prof. Sérgio Castello Branco Nappi, Dr. (PÓSARQ/UFSC)

_________________________________________________
Prof. Wilson Jezus da Cunha Silveira, Dr. (PÓSARQ/UFSC)

_________________________________________________
Prof. Arnoldo Debatin Neto., Dr. (EGR/UFSC)
Aos meus amados pais, Élio e Consuelo.
AGRADECIMENTOS

Voltar à vida acadêmica depois de oito anos afastada foi, sem


dúvida, um grande desafio. As inúmeras leituras, fichamentos, trabalhos
de campo, artigos e a própria dissertação podem parecer, em um
primeiro momento para quem já não está mais acostumada a estas
práticas, algo desagradável ou até um sacrifício. Para mim, ao contrário
disso, o mestrado foi muito gratificante à medida que descobri o gosto
pela pesquisa e voltei a escrever, que é um hábito que eu havia
abandonado há muito tempo.
O mestrado também me possibilitou conhecer pessoas novas e
trocar experiências, bem como rever professores e alguns colegas da
época da graduação. À todas estas pessoas, tanto as que me
acompanharam desde o início desta jornada, como aquelas que encontrei
durante o caminho, agradeço de coração.
Ao professor João Carlos Souza, meu orientador, ou, como
chamo carinhosamente de “chefe”, pela paciência e incentivo sempre;
Aos meus pais, que mesmo longe, estiveram sempre me apoiando
nesta jornada;
Ao PósArq e principalmente aos professores que durante as
disciplinas me transmitiram suas experiências;
Agradeço também aos membros da banca, que com paciência e
disponibilidade, contribuíram com paciência e disponibilidade para a
minha formação;
À todos os meus colegas de mestrado, especialmente à Isabela
Fernandes Andrade e Eliane Maria Benvegnú (garotas PósArq), pela
trocas, ajudas, risadas e longas conversas.
Aos amigos do messenger e do Orkut, pela paciência e incentivo
através das mensagens, recados e vibrações positivas, agradeço do fundo
do meu coração ;
Ao professor Sérgio Nappi que, além de sua amizade, agradeço
pelas sugestões, materiais emprestados, pelo estágio de docência e pelas
agradáveis conversas durante os lanches no LabRestauro.
À Manuela Marques Lalane, pela sua paciência, amizade e
gentileza em todos os momentos;
À secretária do curso, Ivonete, pela disposição em atender e tirar
as dúvidas de todos;
À Capes, pelo auxílio financeiro;
E, a todas as pessoas que, de alguma forma, participaram direta
ou indiretamente para a finalização deste trabalho, em especial ao
Marcelo Cabral Vaz, pelas sugestões e fotografias.
RESUMO

A segurança contra incêndio como uma abordagem de conservação do


patrimônio histórico edificado permite garantir a sua longevidade por
meio de intervenções conscientes e manutenção adequada aliado ao
conhecimento dos riscos de incêndio e formas de proteção, e visa não
somente a preservação do patrimônio em si, mas a continuidade de
diversas práticas sociais culturais e econômicas para as gerações futuras.
No Brasil, as regulamentações vigentes referentes à segurança contra
incêndio se aplicam às edificações novas, muitas vezes sendo
inadequadas à garantia da proteção de edificações que abrigam o
patrimônio histórico, artístico ou cultural, devido à especificidade de
suas características. Neste contexto, a problemática consiste em
encontrar soluções que atendam o nível de proteção adequado com o
menor impacto possível sobre o edifício. Uma nova alternativa para
projetos de prevenção de incêndios é abordagem baseada em
desempenho que permite a inter-relação entre as questões relativas à
preservação histórica e os aspectos da segurança contra incêndio, pois as
estratégias de proteção são desenvolvidas como um sistema integrado de
segurança, verificando usos, características e sua importância para a
sociedade. Desta maneira, o objetivo principal desta dissertação é
aplicar a filosofia de projeto baseado em desempenho para a segurança
contra incêndios como uma das abordagens de conservação do
patrimônio histórico edificado. Para isso, são apresentadas as análises de
três edificações históricas tombadas em Florianópolis, SC, a Capela do
Menino Deus, o Teatro Álvaro de Carvalho e o Palácio Cruz e Sousa; e
diretrizes de projetos, tanto gerais, quanto específicas para cada um
destes bens culturais. Na avaliação dos estudos de caso buscou-se a
sistematização das informações obtidas de modo a servir de base para a
proposição de diretrizes projetuais de acordo com o sistema baseado em
desempenho. As propostas específicas objetivam a garantia da proteção
destes edifícios destacando os aspectos da prevenção contra os incêndios
e sua extinção inicial, aliado ao fato de que na ocorrência de um
princípio de um incêndio nestas edificações, a sua extinção acarretará
efeitos nocivos mínimos ao patrimônio.

Palavras- chave: Arquitetura, Conservação, Incêndio, Patrimônio


ABSTRACT

Fire safety as a boarding of conservation of historical buildings allows


to guarantee its longevity by means of conscientious interventions and
adequate maintenance ally to the knowledge of fire risks and forms of
protection, and not only aims at preservation of heritage in itself, but
the continuity of diverse practical social cultural and economic for
future generations. In Brazil, the referring effective regulations to fire
safety applies to new constructions, many times being inadequate to
guarantee of artistic or cultural the protection of constructions that
shelter the historic site, due to its characteristics. The problematic
consists of finding solutions that take care of the level of protection
adjusted with the lesser possible impact on the building. A new
alternative for projects of fire prevention is the performance baser
boarding, that allows the interrelation enters the relative questions to
the historical preservation and the aspects of fire safety, therefore these
strategies are developed as an integrated system of security, verifying
uses, characteristics and its importance for the society. In this way, the
main objective of this work is to apply the philosophy of performance
based design for fire safety as one of the boardings of conservation of
historical buildings. So, the analyses of three historical constructions in
Florianópolis, SC, the Capela do Menino Deus, the Theater Alvaro de
Carvalho and the Palace Cruz and Sousa are presented; e lines of
direction of projects, general and specific for each one of these cultural
buidings. In the evaluation of the case studies it searched
systematization of the gotten information in order in accordance with to
serve of base performance based design. The specific proposals
objectify the guarantee of the protection of these buildings detaching the
aspects of fire safety and its initial extinguishing, ally to the fact of that
in the occurrence of a principle of a fire in these constructions, its
extinguishing will not cause harmful effect to heritage.

Key-words: Architecture, Conservation, Fire, Heritage


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Santuário de Nossa Senhora da Conceição, Lagoa da


Conceição, Florianópolis. _____________________________________ 9
Figura 2.2 - A Procissão do Senhor dos Passos____________________ 11
Figura 2.3 - Imagem do Bom Senhor Jesus dos Passos, considerada como
Bem cultural móvel__________________________________________ 12
Figura 2.4 -Capela do Menino Deus, em Florianópolis, SC. __________ 12
Figura 2.5 -Triângulo do Fogo. ________________________________ 17
Figura 2.6 - Desenvolvimento de um incêndio. ____________________ 18
Figura 2.7 - Propagação de incêndio entre ambientes pelas aberturas na
fachada. __________________________________________________ 20
Figura 2.8 - Propagação de incêndio entre edifícios ________________ 20
Figura 2.9 -Precariedade de parede em pau-a-pique _______________ 27
Figura 2.10 -Precariedade de um fechamento de empena em madeira. _ 27
Figura 2.11 -Precariedade de uma estrutura de madeira. ____________ 27
Figura 2.12: A esquerda, delimitação da área atingida pelo incêndio
(SILVA,2003); à direita, incêndio no bairro do Chiado, Lisboa. _______ 30
Figura 2.13 - Danos ocasionados pelo incêndio na igreja de Nossa Senhora
do Carmo, em Mariana, MG. __________________________________ 31
Figura 2.14 - Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis, GO 31
Figura 2.15: Hospital de Caridade, Florianópolis, SC.______________ 32
Figura 2.16 - Incêndio no mercado público de Florianópolis, SC. Fonte:
www.guiafloripa.com.br ______________________________________ 32
Figura 2.17 - Vista geral da fachada do Museu AIB.________________ 38
Figura 2.18 - Teatro comunale Piccinni.._________________________ 38
Figura 2.19: Vista da cobertura do Museu AIB. ___________________ 39
Figura 2.20: Modelamento de incêndio do AIB. ___________________ 39
Figura 2.21 - Interior do Teatro Comunale Piccini. ________________ 40
Figura 2.22: Compartimentação do Teatro Comunale Piccini ________ 41
Figura 3.1: Florianópolis, SC. _________________________________ 58
Figura 3.2: Delimitação do centro histórico de Florianópolis. _______ 59
Figura 3.3 – Procedimentos de pesquisa de acordo com a Filosofia de
projeto baseado em desempenho. _______________________________ 62
Figura 3.3 - Capela do Menino Deus. ___________________________ 64
Figura 3.4 - Palácio Cruz e Sousa. _____________________________ 64
Figura 3.5 - Teatro Álvaro de Carvalho. _________________________ 64
Figura 4.1 - O complexo do Hospital de Caridade na cidade. ________ 67
Figura 4.2: Bens culturais contidos na Capela do Menino Deus. ______ 68
Figura 4.3 - Construção da Capela do Menino Deus. _______________ 68
Figura 4.4 - Construção da capela Bom Senhor Jesus dos Passos e da torre
sineira.____________________________________________________ 69
Figura 4.5 - Construção da Capela de Nossa Senhora das Dores e do
Consistório. ________________________________________________ 69
Figura 4.6 - Inserção do estilo eclético. __________________________ 70
Figura 4.7 - Configuração do acesso atual. _______________________ 70
Figura 4.8 - Localização da Capela do Menino Deus e do Hospital de
Caridade.__________________________________________________ 71
Figura 4.9 - Rua do Menino Deus, Florianópolis, SC. _______________ 71
Figura 4.10 - Via de acesso com veículos estacionados ______________ 71
Figura 4.11 - Níveis da capela. _________________________________ 73
Figura 4.12 - Estacionamento frontal. ___________________________ 73
Figura 4.13 - Limite com o Hospital de Caridade. _________________ 73
Figura 4.14 - Hidrantes compartilhados entre o Hospital de Caridade e a
Capela do Menino Deus ______________________________________ 73
Figura 4.15 - Cobertura da Capela do Menino Deus ________________ 73
Figura 4.17 - Planta primeiro pavimento.. ________________________ 75
Figura 4.18 - Circulações na capela do Menino Deus _______________ 76
Figura 4.19 - Sistemas de proteção contra incêndios identificados na
capela. ____________________________________________________ 76
Figura 4.20 - Localização na igreja do Menino Deus e planta da capela
Bom Senhor Jesus dos Passos __________________________________ 77
Figura 4.21 - Circulação entre ambientes. ________________________ 78
Figura 4.22 - Teatro Álvaro de Carvalho. ________________________ 81
Figura 4.23 - O antigo Teatro Santa Isabel. _______________________ 82
Figura 4.24 - Reforma de 1955 e inserção de elementos decorativos na
fachada. ___________________________________________________ 82
Figura 4.25 - Localização do Teatro Álvaro de Carvalho.. ___________ 83
Figura 4.26 - Níveis do TAC. __________________________________ 84
Figura 4.27 - Acessos ao TAC__________________________________ 85
Figura 4.28 – Manchas de umidade observadas. ___________________ 85
Figura 4.29 - Pavimento térreo do TAC – platéia..__________________ 86
Figura 4.30 - Primeiro pavimento do TAC – camarotes e frisas _______ 86
Figura 4.31 - Segundo pavimento do TAC – balcão. ________________ 86
Figura 4.32 - Sistemas de proteção identificados no TAC ____________ 87
Figura 4.33 - Circulações no pavimento térreo do TAC______________ 88
Figura 4.34 - Saguão do TAC. _________________________________ 88
Figura 4.35 - Platéia do TAC e os demais pavimentos. ______________ 89
Figura 4.36 - Lay-out da platéia. _______________________________ 90
Figura 4.37 - Detalhe do palco e camarins do TAC. ________________ 90
Figura 4.38 - Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis, SC.______________ 94
Figura 4.39 - Vista da Ilha de Santa Catarina._____________________ 95
Figura 4.40 - A Casa do Governo antes da reforma. ________________ 95
Figura 4.41 - O Palácio do Governo e sua nova fachada.____________ 96
Figura 4.42 - Localização do Palácio Cruz e Sousa. _______________ 97
Figura 4.43 - Acesso frontal. __________________________________ 97
Figura 4.44 - Acesso posterior, pelo jardim. ______________________ 97
Figura 4.45 - Entorno do Palácio Cruz e Sousa. ___________________ 98
Figura 4.46 - À esquerda, vista do telhado e da clarabóia, à direita, vista
interna da clarabóia. ________________________________________ 99
Figura 4.47 - Pavimento térreo.. ______________________________ 100
Figura 4.48 - Primeiro pavimento._____________________________ 100
Figura 4.49 - Acessos ao museu pelo pavimento térreo. ____________ 101
Figura 4.50 - Acessos à administração e à reserva técnica, pelo primeiro
pavimento. _______________________________________________ 101
Figura 4.51 - Sistemas identificados no Palácio Cruz e Sousa. _______ 102
Figura 4.52 - Sala de exposições temporárias. ___________________ 103
Figura 4.53 Sistemas de proteção identificados na sala de exposições
temporárias. ______________________________________________ 104
Figura 4.54 - Instalações elétricas na sala de exposições temporárias. 104
Figura 4.54 - Posição do quartel do Corpo de Bombeiros mais próximo da
Capela do Menino Deus. ____________________________________ 110
Figura 5.1 - Intervenções na Capela Bom Senhor Jesus dos Passos. __ 126
Figura 5.2 - Intervenção na Capela-mor.________________________ 127
Figura 5.3 - Intervenção no salão nobre e sala de estudos. __________ 133
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Etapas da dissertação ________________________________ 5


Tabela 2 - Elementos da segurança contra incêndios relacionados às
medidas de proteção _________________________________________ 23
Tabela 3 – Exposição ao risco de incêndio________________________ 47
Tabela 4 – Medidas de segurança_______________________________ 51
Tabela 5 – Riscos de ativação__________________________________ 52
Tabela 6 – síntese dos elementos, requisitos funcionais, objetivos e
soluções para projetos de segurança contra incêndios em edifícios históricos
__________________________________________________________ 55
Tabela 7 - Síntese da observação dos ambientes da Capela do Menino Deus
__________________________________________________________ 79
Continuação________________________________________________ 80
Tabela 8 - Síntese da observação dos ambientes do Teatro Álvaro de
Carvalho __________________________________________________ 91
Tabela 9 - Síntese da observação dos ambientes do Palácio Cruz e Sousa
_________________________________________________________ 105
Tabela 10 – exposição ao risco de incêndio ______________________ 114
Tabela 11 – Segurança ______________________________________ 115
Tabela 12 – Riscos de ativação________________________________ 116
Tabela 13 – Risco de incêndio e Coeficiente de segurança __________ 116
Tabela 14 - Análise do risco de incêndio e determinação do coeficiente de
segurança considerando as intervenções propostas para a Capela do Menino
Deus_____________________________________________________ 129
Tabela 15: Síntese das Diretrizes Gerais e Específicas _____________ 139
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO __________________________ 1
1.1. Justificativa e relevância __________________________ 1
1.2. Questões de pesquisa e Pressuposto teórico ___________ 3
1.3. Objetivos _______________________________________ 4
1.3.1. Objetivo Geral_____________________________________ 4
1.3.2. Objetivos específicos________________________________ 4
1.4. Metodologia_____________________________________ 4
1.5. Limitações da Pesquisa ___________________________ 6
1.6. Estrutura da dissertação __________________________ 6
CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ___________ 8
2.1. Patrimônio______________________________________ 8
2.1.1. Patrimônio cultural ________________________________ 10
2.1.2. Bens materiais e imateriais __________________________ 10
2.1.3. Patrimônio histórico _______________________________ 12
2.1.4. Patrimônio arquitetônico ____________________________ 13
2.1.5. Preservação e Conservação do Patrimônio Histórico ______ 13
2.2. O fogo_________________________________________ 16
2.2.1. A anatomia dos incêndios ___________________________ 18
2.2.2. Segurança contra incêndio __________________________ 20
2.2.3. Prevenção e Proteção contra incêndio__________________ 22
2.2.4. Aspectos referentes à Normalização Brasileira ___________ 28
2.2.5. Incêndio em edifícios históricos ______________________ 29
2.2.6. Risco de incêndio _________________________________ 32
2.2.7. As intervenções para a segurança contra incêndio em edifícios
históricos _____________________________________________ 33
2.3. O sistema de projeto baseado em desempenho _______ 34
2.3.1. A aplicação do sistema baseado em desempenho em edifícios
históricos _____________________________________________ 37
2.4. Análise Global do Risco de Incêndio________________ 41
2.4.1. Determinação da exposição ao risco de incêndio do edifício 43
2.4.2. Determinação da segurança__________________________ 44
2.4.3. Parâmetros e fatores de risco de ativação de incêndios_____ 45
2.4.4. Cálculo do risco global de incêndio ___________________ 46
2.4.5. Cálculo do coeficiente de segurança ___________________ 54
2.5. Síntese dos elementos, requisitos funcionais, objetivos e
soluções para projetos de segurança contra incêndios em
edifícios históricos ___________________________________54
CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ________57
3.1. Local da pesquisa: Florianópolis____________________57
3.1.1. Aspectos históricos ________________________________ 58
3.2. Métodos e técnicas utilizados_______________________61
3.2.1. Pesquisa bibliográfica e documental ___________________ 62
3.2.2. Observações sistemáticas____________________________ 62
3.2.3. Entrevistas _______________________________________ 63
3.2.4. Análise global do risco de incêndio ____________________ 63
3.3. Elaboração do experimento________________________64
CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS ____________67
4.1. Capela do Menino Deus ___________________________67
4.1.1. Histórico construtivo _______________________________ 68
4.1.2. Acesso __________________________________________ 70
4.1.3. Funcionamento____________________________________ 71
4.1.4. Análise das fachadas e cobertura ______________________ 72
4.1.5. Organização espacial _______________________________ 74
4.1.6. Análise dos ambientes ______________________________ 76
4.2.Teatro Álvaro de Carvalho_________________________81
4.2.1. Histórico construtivo _______________________________ 81
4.2.2. Acesso __________________________________________ 82
4.2.3. Funcionamento____________________________________ 83
4.2.4. Fachadas e Cobertura _______________________________ 84
4.2.5. Organização espacial _______________________________ 84
4.2.6. Análise dos ambientes ______________________________ 87
4.3. Palácio Cruz e Sousa _____________________________94
4.3.1. Histórico construtivo _______________________________ 94
4.3.2. Acesso __________________________________________ 96
4.3.3. Funcionamento____________________________________ 96
4.3.4. Fachadas e Cobertura _______________________________ 98
4.3.5. Organização espacial _______________________________ 99
4.3.6. Análise dos ambientes _____________________________ 102
4.4. Análise do Risco de Incêndio______________________108
4.4.1. Determinação da Exposição ao risco de incêndio ________ 108
4.4.2. Determinação da Segurança_________________________ 111
4.4.3. Determinação dos riscos de ativação__________________ 112
4.4.4. Cálculo do Risco de incêndio e do coeficiente de segurança 112
4.5. Discussões ____________________________________ 117
5. DIRETRIZES DE PROJETO _______________________ 119
5.1. Introdução ____________________________________ 119
5.2. Diretrizes gerais _______________________________ 120
5.3. Diretrizes específicas ___________________________ 123
5.3.1. Capela do Menino Deus ___________________________ 124
5.3.2. Teatro Álvaro de Carvalho _________________________ 131
5.3.3. Palácio Cruz e Sousa ______________________________ 135
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES ________________________ 144
Sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros____ 148
REFERÊNCIAS_____________________________________ 149
Referências da Internet _____________________________ 156
APÊNDICES _______________________________________ 158
ANEXOS___________________________________________ 183
1. Introdução

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1. Justificativa e relevância


A descoberta do fogo pelo homem e o controle de sua utilização
caracterizaram-se como eventos fundamentais no processo de
desenvolvimento tecnológico da nossa civilização. O elemento fogo,
desta maneira, constituiu-se como uma importante ferramenta a ser
utilizada em praticamente todas as atividades cotidianas da civilização.
Entretanto, o fogo fora de controle torna-se uma ameaça em todos os
aspectos, uma vez que pode ocasionar destruição e perdas, tanto no que
se refere aos aspectos econômicos, culturais e sociais (SOUZA, 1996).
São evidentes as conseqüências que os incêndios causam à
sociedade, tanto no âmbito social como no econômico e, principalmente,
humano. Atualmente, nota-se uma maior preocupação por parte da
sociedade quanto à segurança contra incêndios, e isso reverbera na
Universidade por meio do crescimento do interesse acadêmico acerca
deste tema. No entanto, ainda há muito a ser pesquisado, planejado e
aplicado no que se refere a este assunto e cobrir demandas que
reivindicam modernização e segurança (MITIDIERI, IOSHIMOTO,
1998).
Neste sentido, a segurança contra incêndio pode ser
conceitualmente definida como uma série de medidas e recursos
internos e externos à edificação, bem como as possíveis áreas de risco
adjacentes, as quais viabilizam o controle de um incêndio. Além disso,
pode-se afirmar que seus objetivos essenciais são: a proteção da vida
humana, de modo a garantir condições seguras de escape, e do
patrimônio, com a manutenção da estabilidade estrutural do edifício,
bem como a possibilidade de extinção do incêndio através de sistemas
de proteção.
No entanto, além do caráter essencial da salvaguarda da
população, é necessário ressaltar a relevância da preservação de objetos,
edifícios ou sítios históricos/ arqueológicos, que também possuem valor
inestimável tanto para uma cidade, país, como, até mesmo, para a
Humanidade. A perda de bens históricos e culturais também implicam
impactos emocionais e econômicos para a sociedade atingida. (ONO,
2004) Desta maneira, a prevenção aos riscos, levando em consideração
os aspectos ambientais, os impactos e os riscos às estruturas físicas de
edifícios ou centros históricos, pode ser considerada uma abordagem
atual de conservação (ARAÚJO et al, 2005).

1
1. Introdução

O patrimônio histórico edificado, dentre toda a gama de bens


pertencentes ao contexto do patrimônio histórico, pode ser caracterizado
como o que mais diretamente se relaciona com a vida de todos
(CHOAY, 2006), e, por esta razão, optou-se, neste trabalho, pelo estudo
de edificações históricas.
De um modo geral, as regulamentações vigentes referentes à
segurança contra incêndios se aplicam às edificações novas, sendo
inadequadas à garantia da proteção de edificações que abrigam o
patrimônio histórico, artístico ou cultural, devido à especificidade de
suas características. Neste sentido, os principais documentos de
referência aos projetistas são as normas americanas NFPA 909 –
Protection of cultural resources, 2001, e NFPA 914 - Fire Protection in
Historic Structures.
Com isso, é necessário o entendimento das questões referentes à
segurança contra incêndio como uma abordagem de conservação do
patrimônio histórico edificado, uma vez que possibilita a garantia da
longevidade destes bens culturais por meio de intervenções conscientes
e manutenção adequada aliado ao conhecimento dos riscos de incêndio e
formas de proteção, e visa não somente a preservação do patrimônio em
si, mas a continuidade de diversas práticas sociais culturais e
econômicas para as gerações futuras. Considerando o fato de que as
normalizações brasileiras vigentes referentes à segurança ao fogo não
contemplam edifícios históricos, é necessário uma nova metodologia
para este tipo de intervenção, com base em normas e trabalhos
científicos, que permitam uma maior flexibilidade ao projeto e à sua
execução, e principalmente, que respeitem as particularidades destas
edificações.
A metodologia do projeto baseado em desempenho consiste na
investigação de novas soluções aliada às possíveis comparações com
propostas alternativas, de modo a estabelecer níveis adequados de
proteção. Neste contexto, além dos aspectos técnicos envolvidos em um
projeto, são avaliados os usos da referida edificação, as suas
características, tendo em vista os aspectos sócio-culturais e geográficos
do local, as exigências do cliente/ empreendedor e as expectativas da
sociedade.
No que se refere às intervenções no patrimônio edificado, a
abordagem baseada em desempenho permite a inter-relação entre as
questões relativas à preservação histórica e os aspectos da segurança
contra incêndio. Esta metodologia segue a premissa de que todas as
estratégias de proteção contra incêndio devem ser desenvolvidas como

2
1. Introdução

um sistema integrado de segurança, verificando a sua utilização, suas


características e sua importância para a sociedade.
Neste trabalho serão apresentados três estudos de caso na cidade
de Florianópolis, SC onde se procederá a aplicação do sistema de
projeto baseado em desempenho como uma forma de aliar a obtenção de
níveis adequados de segurança à garantia da integridade e de seu caráter
histórico. Neste sentido, foram selecionadas três edificações históricas
tombadas, consideradas referenciais no contexto da cidade: a Capela do
Menino Deus, o Teatro Álvaro de Carvalho e o Palácio Cruz e Sousa;
onde serão avaliados os riscos de incêndio de cada um dos edifícios, por
meio da análise global do risco de incêndio. Este método consiste em
uma ferramenta do referido sistema, com a finalidade de estabelecer
níveis mínimos de proteção juntamente com diretrizes para
intervenções, visando a salvaguarda dos bens culturais para gerações
futuras. A partir deste, é possível a determinação do conjunto de
medidas ativas e passivas eficazes na redução do risco de incêndio.

1.2. Questões de pesquisa e Pressuposto teórico


Tendo em vista que as normalizações vigentes referentes à
segurança contra incêndio pouco contemplam o patrimônio histórico
edificado e suas especificidades, algumas perguntas de pesquisa são
levantadas:
• Como promover medidas eficazes de segurança contra incêndios
para edificações históricas tombadas em Florianópolis, SC,
respeitando as suas particularidades?
• Como verificar se as medidas de segurança contra incêndio
prescritas pela norma vigente são satisfatórias às edificações
históricas?
• De acordo com as características específicas da edificação (uso,
idade, situação, instalações e aspectos construtivos) e a política de
preservação na qual está inserida, qual o nível mínimo de segurança
a ser estabelecido?
A aplicação do sistema de projeto Baseado em Desempenho
como alternativa à norma vigente trata a questão da proteção contra
incêndios e sua interação com o edifício e seus usuários de maneira
global, portanto pode consistir em uma maneira eficaz de se promover
medidas de segurança contra incêndios para edificações históricas.
Aliado ao projeto baseado em desempenho, a avaliação global do
risco de incêndio possibilita verificar o risco de incêndio e o nível de

3
1. Introdução

proteção necessária a uma edificação histórica. Com isso, é possível


estabelecer diretrizes de segurança contra incêndios para edificações
históricas, bem como comparar soluções de projeto obtidas, tanto de
acordo com a normalização vigente, quanto aquelas seguindo a filosofia
de projeto baseada em desempenho.
Em intervenções no patrimônio histórico edificado é necessário o
conhecimento de que cada edificação histórica possui características
específicas as quais devem ser identificadas e compreendidas. O nível
de proteção por lei de tombamento pode ter influência efetiva no risco
de incêndio de determinada edificação.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral


Aplicar a filosofia de projeto baseada em desempenho para a
segurança contra incêndios de edifícios históricos como uma das
abordagens de conservação do patrimônio.

1.3.2. Objetivos específicos


• Apresentar os conceitos básicos do método de projeto baseado em
desempenho, principalmente para edificações históricas.
• Investigar as características específicas de três edificações históricas
tombadas, bem como a política de preservação na qual estão
inseridas.
• Reconhecer soluções de projeto para as edificações históricas
pesquisadas, de acordo com a normalização vigente.
• Estabelecer um nível mínimo de segurança contra incêndios para as
edificações através do conhecimento dos riscos de incêndio
presentes nas mesmas.
• Sugerir diretrizes de projeto de segurança contra incêndio para as
edificações analisadas seguindo a abordagem baseada em
desempenho.

1.4. Metodologia
Esta dissertação constitui-se de três etapas distintas, conforme o
apresentado na Tabela 1:

4
1. Introdução

Tabela 1 – Etapas da dissertação


Etapa Descrição Método
1ª etapa Fundamentação teórica - Análise documental
- Observações sistemáticas
2ª etapa Pesquisa de campo - Entrevistas
- Análise global do risco
de incêndio
3ª etapa Diretrizes projetuais - Análise das etapas
anteriores

A primeira etapa consiste na fundamentação teórica, a partir de


uma revisão bibliográfica e apresenta o estado atual da arte de três
assuntos principais: Patrimônio, Segurança contra incêndio e Sistema de
projeto baseado em desempenho.
A segunda etapa refere-se à pesquisa de campo e compreende a
sua montagem, aplicação e tratamento dos dados. Nesta fase foi
realizada uma pesquisa de campo a partir de estudos de casos, efetuados
na Capela do Menino Deus, Palácio Cruz e Sousa e Teatro Álvaro de
Carvalho, em Florianópolis, SC, onde foram empregados quatro
métodos: análise documental, observações sistemáticas, entrevistas e
análise global do risco de incêndio.
A análise documental consiste em uma pesquisa bibliográfica
com a finalidade de construir um referencial teórico para a
fundamentação das demais etapas do trabalho.
As observações têm por objetivo familiarizar a pesquisadora com
os edifícios a serem estudados, aliado à identificação das características
destacadas na fundamentação teórica, juntamente com as formas de
apropriação deste espaço pelos seus usuários. Com a análise global do
risco de incêndio busca-se identificar os principais riscos de incêndio
presentes nestas edificações, de modo a permitir a proposição de
diretrizes visando a sua minimização.
Com as entrevistas pretende-se complementar as informações
obtidas com a aplicação do método das observações.
Na terceira etapa são analisados os resultados das etapas
anteriores, fundamentação teórica e pesquisa de campo, para que seja
possível a proposição de diretrizes projetuais para a inserção de
elementos de segurança contra incêndio em edificações históricas.
No que se refere à abordagem, a pesquisa pode ser classificada
como qualitativa devido aos métodos aplicados; e quantitativa, visto

5
1. Introdução

pela medição objetiva e análise dos dados obtidos por meio das
observações dos objetos de estudo. Quanto à tipologia da pesquisa, esta
pode ser definida como explicativa, considerando o fato de que abrange
a identificação, descrição, bem como a caracterização quantitativa das
questões abordadas.

1.5. Limitações da Pesquisa


Esta pesquisa visa apresentar o método de projeto baseado em
desempenho e verificar a sua viabilidade de aplicação nas intervenções
de segurança contra incêndio em edificações históricas. Neste sentido, a
referida abordagem caracteriza-se como uma alternativa à aplicação das
normas vigentes, considerando o fato de que as mesmas não
contemplam aspectos específicos referentes ao patrimônio histórico, e
não como uma crítica ou proposta de elaboração de uma nova
regulamentação.
A opção em aplicar o método em três edificações distintas,
verificando as suas particularidades, caracteriza-se como estudos de
caso, e ratifica o fato acima descrito, uma vez que se pretende estudar as
relações entre o edifício histórico e os elementos de segurança contra
incêndio. Neste sentido, não será procedida uma análise aprofundada
das normas vigentes no estado de Santa Catarina, porém, a mesma
servirá como referência juntamente com outros documentos técnicos e
científicos para a aplicação do sistema baseado em desempenho em
edificações históricas.
O método da avaliação global do risco de incêndio aparece neste
contexto como um guia para a observação dos aspectos de segurança
contra incêndio nas edificações históricas. Neste sentido, o risco de
incêndio nas mesmas será avaliado de maneira simplificada, apenas para
a aplicação do sistema de projeto baseado em desempenho.

1.6. Estrutura da dissertação


CAPÍTULO 1 - Introdução: É apresentado, primeiramente, o
tema da dissertação, juntamente com uma justificativa, e os objetivos
que se pretende alcançar ao final do trabalho. Posteriormente são
descritos os métodos utilizados durante a pesquisa prática, seguidos das
limitações de pesquisa e estrutura da dissertação.

6
1. Introdução

CAPÍTULO 2 - Fundamentação teórica: São apresentados os


conceitos e assuntos referentes aos três temas principais: patrimônio,
segurança contra incêndio e projeto baseado em desempenho.
Posteriormente à apresentação destes conceitos, há uma breve análise de
alguns incêndios ocorridos em edificações históricas a fim de fazer um
levantamento dos principais fatores que potencializam a ocorrência
destes sinistros no patrimônio histórico edificado. Em seguida são
descritos exemplos de intervenções relativas à segurança contra incêndio
em edificações históricas, de acordo com o sistema de projeto baseado
em desempenho, de modo a apontar que medidas podem ser tomadas
para minimizar os riscos de incêndio no patrimônio histórico edificado.

CAPÍTULO 3 - Procedimentos de pesquisa: Neste capítulo são


explicados os métodos utilizados na dissertação, seus objetivos, a
elaboração de cada experimento, a descrição da aplicação dos
procedimentos metodológicos e o tratamento dos dados.

CAPÍTULO 4 - Análise dos resultados: Neste capítulo são


apresentados e comparados os resultados dos diferentes métodos da
pesquisa de campo, e descritos os principais problemas referentes à
segurança contra incêndio encontrados nas edificações históricas
estudadas durante a pesquisa de campo.

CAPÍTULO 5 - Diretrizes projetuais: Através da análise dos


resultados obtidos, são propostas diretrizes para atuação e/ou projeto
com a finalidade de reduzir os riscos de incêndio verificados em cada
edificação.

CAPÍTULO 6 - Conclusões: São apresentadas as conclusões da


pesquisa e recomendações para estudos futuros

Para finalizar, são apresentadas as Fontes Bibliográficas e da


Internet utilizadas na elaboração da dissertação, e ainda os Apêndices e
Anexos.

7
2. Fundamentação teórica

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tendo em vista o objetivo principal desta dissertação que consiste


na aplicação da metodologia de projeto baseado em desempenho para a
segurança contra incêndio em edificações históricas, torna-se necessário
o estudo de conceitos teóricos que fundamentem esta avaliação. Desta
maneira, este capítulo pretende fazer uma exposição juntamente com
uma breve análise do referencial teórico utilizado no desenvolvimento
desta dissertação.
A revisão de literatura divide-se em três partes: a primeira parte
compreende os conceitos de Patrimônio, onde se procurou a sua
definição bem como o esclarecimento de algumas questões relativas à
preservação e conservação do patrimônio histórico edificado; a segunda
parte refere-se ao entendimento da gênese do fogo, a anatomia dos
incêndios, exemplos e fatores que potencializam a ocorrência de
incêndios em edificações históricas e uma breve conceituação de risco; e
a terceira parte abrange a definição da metodologia de projeto baseado
em desempenho, exemplos de sua aplicação em edificações históricas e
a conceituação da análise global do risco de incêndio.

2.1. Patrimônio
A palavra patrimônio tem origem latina, patrimonium, e entre os
antigos romanos, referia-se ao que pertencia ao pai ou pai de família. O
patrimônio era um valor aristocrático e privado, referente à transmissão
de bens no seio da elite patriarcal romana (FUNARI e PELEGRINI,
2006). Na Idade Média, com a difusão do cristianismo, o patrimônio
adquiriu outro caráter: o religioso (ver Figura 2.1).
Nesse sentido, a abordagem do patrimônio implica lidar com
história, memória e identidade, que são conceitos inter-relacionados
cujos conteúdos são constantemente definidos e modificados
(OLIVEIRA, 2008).
Os bens patrimoniais, além de permitir dar continuidade ao
passado, contêm um valor simbólico da sociedade na qual estão
inseridos, e não necessariamente devem ser artefatos de épocas
passadas.

8
2. Fundamentação teórica

Figura 2.1 - Santuário de Nossa Senhora da Conceição, Lagoa da


Conceição, Florianópolis. Fonte: Autora, 2008.
.
A primeira convenção referente ao patrimônio mundial, cultural e
natural foi adotada pela conferência geral da UNESCO em 1972. De
acordo com esta convenção, subscrita por mais de 150 países, foram
considerados como patrimônio cultural:
• Monumentos: obras arquitetônicas, esculturas, pinturas, vestígios
arqueológicos, inscrições, cavernas;
• Conjuntos: grupos de construções;
• Monumentos naturais: formações físicas e biológicas;
• Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e
vegetais ameaçadas de extinção;
• Sítios naturais: áreas de valor científico ou de beleza natural.”
(FUNARI e PELEGRINI, 2006: p.25).
No Brasil, os bens patrimoniais podem ser:
• Arqueológicos: por meio de objetos que forneçam dados e
sejam representativos dos primeiros povos, já desaparecidos,
que habitaram o território brasileiro antes da chegada dos
portugueses;
• Etnográficos: desde que contenham elementos da cultura
material de povos ou grupos que integram a nação brasileira,
como, por exemplo, os grupos indígenas;
• Bibliográficos: desde que contenham informações escritas
relevantes à cultura brasileira;

9
2. Fundamentação teórica

• Artísticos: desde que englobem tanto as expressões de arte


popular, quanto as formas de arte consagradas, seja no campo
da arquitetura, da pintura, escultura etc.
• Históricos: desde que representem algum fato importante da
história nacional ou da humanidade. (LOUREIRO, 2003: p.30)

2.1.1. Patrimônio cultural


A Constituição Federal Brasileira de 1988 reconhece o
patrimônio cultural como a memória e o modo de vida da sociedade
brasileira, aliando elementos materiais e imateriais.
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à nação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL,
2002: p.132)
Desta maneira, o patrimônio cultural pode ser definido como
todos os elementos, sejam materiais ou imateriais, produzidos pelo ser
humano, e que devido a questões culturais inerentes ao meio onde estes
bens estão inseridos, adquiriram valor para aquela sociedade. As
particularidades dos bens pertencentes ao patrimônio caracterizam uma
determinada época e um modo de vida, e assim possibilitam um sentido
de continuidade uma vez que refletem a identidade e memória de uma
sociedade.

2.1.2. Bens materiais e imateriais


Os bens culturais podem ser definidos como os produtos
concretos do homem, resultantes de sua capacidade de convivência com
o meio ambiente e se dividem em dois grupos: o dos bens culturais
imateriais ou intangíveis, e dos bens culturais materiais ou tangíveis.
(CALDEIRA, 2005)
Os bens imateriais ou intangíveis consistem em lugares, festas,
religiões, formas de medicina popular, música, dança, culinária,
técnicas, entre outras manifestações. No contexto da cidade de

10
2. Fundamentação teórica

Florianópolis, um exemplo é a procissão do Senhor dos Passos (ver


Figura 2.2), que, com mais de 200 anos de tradição, atrai nos dias atuais
uma grande quantidade de pessoas. Neste sentido, Oliveira (2008)
destaca que:
“Ao se falar de patrimônio cultural imaterial está se falando de
bens culturais ‘vivos’, de processos cuja existência depende de
indivíduos, grupos ou comunidades que são seus portadores. Sua
salvaguarda envolve mais do que a preservação de objetos, o registro de
seu saber.” (OLIVEIRA, 2008: p.133)

Figura 2.2 - A Procissão do Senhor dos Passos. Fonte: IPUF

O Patrimônio Imaterial é constantemente recriado pelas


comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com
a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e
continuidade (IPHAN, 2008). O registro de bens culturais de natureza
imaterial, de acordo com o Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000 deve
ser feito em quatro livros: O Livro de Registro de Saberes, o Livro de
Registro das Celebrações, o Livro de Registro das Formas de Expressão
e o Livro de Registro de Lugares.
Neste sentido, o registro reflete o reconhecimento do valor das
expressões culturais, consolidando as mesmas como parte do patrimônio
cultural brasileiro. Desta maneira é estabelecido para o Estado o
compromisso de garantir sua salvaguarda mediante sua documentação,
acompanhamento e apoio (OLIVEIRA, 2008: p. 134).
Os bens materiais são componentes essenciais do patrimônio
cultural e podem ser divididos em móveis e imóveis. Os bens móveis
são expressivas realizações da sociedade, abrangendo as realizações de

11
2. Fundamentação teórica

cunho religioso, como as estátuas de santos; as obras de valor utilitário,


como artesanato; as coleções arqueológicas; acervos museológicos,
documentais, arquivísticos, bibliográficos, videográficos, fotográficos e
cinematográficos (ver Figura 2.3)
Por outro lado, os bens imóveis são designados como um grupo
diversificado de conjuntos arquitetônicos e sítios urbanos históricos, ou
como monumentos isolados, tais como museus, igrejas, palácios,
conventos, solares, casas grandes, sobrados, engenhos, sedes de
fazendas, escavações arqueológicas entre outros (ver Figura 2.4)
(LOUREIRO, 2003 :p.32).

Figura 2.3 - Imagem do Bom Senhor Figura 2.4 -Capela do Menino


Jesus dos Passos, considerada como Deus, em Florianópolis, SC.
Bem cultural móvel. Fonte: Autora, Fonte: Marcelo Cabral Vaz,
2008. 2009.

2.1.3. Patrimônio histórico


A expressão “patrimônio histórico” pode ser definida, de acordo
com Choay (2006), como
“um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se
ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação
contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por
seu passado comum: obras e obras-primas das belas-artes e das
artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e
‘savoir-faire’ dos seres humanos” (CHOAY, 2006: p.11).

Os patrimônios denominados históricos e artísticos têm, nas


modernas sociedades ocidentais, a função de representar simbolicamente

12
2. Fundamentação teórica

a identidade e a memória de uma nação. O fato de pertencer a uma


comunidade nacional se dá a partir da idéia de propriedade sobre um
conjunto de bens: relíquias, monumentos, cidades históricas, entre
outros (OLIVEIRA, 2008: p.114).

2.1.4. Patrimônio arquitetônico


Um edifício histórico é aquele que tem a característica de
proporcionar comoção e admiração à comunidade, despertando o
interesse pela sua história: quem o construiu, quem eram os seus
usuários, para que foi produzido, quais os acontecimentos que foram
vivenciados no mesmo. Ele pode apresentar valores arquitetônicos,
estéticos, históricos, documentais, arqueológicos, econômicos, sociais,
políticos, e simbólicos. A edificação histórica é, com isso, símbolo de
uma identidade cultural e parte da herança de uma sociedade.
(FEILDEN, 1994)
Preservar os edifícios históricos, desta maneira, significa
preservar a imagem da cidade, que é um: bem patrimonial e cultural que
abarca uma variedade de dimensões, tais como: os aspectos
construtivos, estéticos, decorativos, sociais, culturais e simbólicos;
processo de construção dinâmico e intimamente relacionado com as
mudanças sociais; e um dos aspectos de interesse de salvaguarda, como
forma de respeito pela história urbana e social, bem como pelo passado,
presente e futuro de uma sociedade (MENEZES, TAVARES, 2003).
Dentro desse contexto, a preservação da edificação histórica
ganha uma importância fundamental e são importantes todos os esforços
realizados no sentido da ampliação da sua existência, frente aos diversos
fatores que favorecem a sua degradação, como os incêndios.

2.1.5. Preservação e Conservação do Patrimônio Histórico


O termo preservação tem uma abrangência genérica, podendo ser
definido de acordo com uma visão institucional, jurídica ou técnica. De
acordo com uma abordagem institucional pode ser definida como toda e
qualquer ação do Estado a fim de conservar a memória de fatos ou
valores culturais da nação.
Seguindo uma visão jurídica, aparece o conceito de tombamento,
que é o meio posto à disposição do Poder Público para a efetiva tutela
do patrimônio cultural e natural do país (CASTRO, 1991).
A expressão ‘tombamento’ é proveniente do direito português, no
qual o verbo ‘tombar’ significava ‘inventariar’ ou ‘inscrever’ nos
arquivos do reino, guardados na Torre do Tombo. Tombamento,

13
2. Fundamentação teórica

portanto, significava inscrever em um dos quatro livros do Tombo:


Livro das Belas-Artes, Livro Histórico, Livro Arqueológico e Livro
Paisagístico” (OLIVEIRA, 2008: p.120).
Desta maneira, o tombamento de um bem cultural pode ser
definido como o conjunto de ações realizadas pelo poder público para
preservar, por meio da aplicação da legislação específica, bens de valor
histórico, cultural, arquitetônico e também de valor afetivo para a
população, de modo a impedir que sejam destruídos ou
descaracterizados. Esta ação somente é aplicada aos bens culturais que
sejam de interesse para a preservação da memória coletiva (DIAS,
2005).
Por outro lado, de acordo com uma definição técnica, a
conservação é o conjunto de ações destinadas a prolongar o tempo de
vida de determinado bem cultural, englobando um ou mais tipos de
intervenções (IPHAN, 2005: p.13). No que se refere à conservação de
edifícios históricos, segundo o Manual de Elaboração de Projetos-
IPHAN/Monumenta, destacam-se os seguintes graus de intervenção:
Manutenção - conjunto de operações preventivas destinadas a
manter em bom funcionamento e uso, em especial, a edificação.
São exemplos: inspeções rotineiras, a limpeza diária ou
periódica, pinturas, imunizações, reposição de telhas
danificadas, inspeção nos sistemas hidro-sanitário, elétrico e
outras.
Reparação - conjunto de operações para corrigir danos
incipientes e de pequena repercussão. São exemplos: troca ou
recuperação de ferragens, metais e acessórios das instalações,
reposição de elementos de coberturas, recomposições de
pequenas partes de pisos e pavimentações e outras.
Reabilitação - conjunto de operações destinadas a tornar apto o
edifício a novos usos, diferente para o qual foi concebido.
Reconstrução - conjunto de ações destinadas a restaurar uma
edificação ou parte dela, que se encontre destruída ou em risco
de destruição, mas ainda não em ruínas. A reconstrução é
aceitável em poucos casos especiais e deve ser baseada em
evidências históricas ou documentação indiscutíveis. São
exemplos: as edificações destruídas por incêndios, enchentes,
guerra, ou, ainda, na iminência de serem destruídas, como no
caso de construção de barragens.
Consolidação / Estabilização - conjunto de operações destinadas
a manter a integridade estrutural, em parte ou em toda a
edificação.

14
2. Fundamentação teórica

Restauração ou Restauro - conjunto de operações destinadas a


restabelecer a unidade da edificação, relativa à concepção
original ou de intervenções significativas na sua história. O
restauro deve ser baseado em análises e levantamentos
inquestionáveis e a execução permitir a distinção entre o original
e a intervenção. A restauração constitui o tipo de conservação
que requer o maior número de ações especializadas (GOMIDE et
al, 2005: p.13).
De um modo geral, o objetivo da preservação está vinculado à
manutenção da identidade cultural de uma sociedade, de sua história e
modos de vida. Em uma época em que a transformação das cidades se
dá de uma maneira cada vez mais rápida, a preservação adquiriu
importância social e cultural.
Um plano de conservação dos bens culturais consiste em um
conjunto de ações que visam prolongar a existência do patrimônio,
evitando a sua destruição. Desta maneira, é necessário o conhecimento e
a interpretação das constantes transformações a que o mesmo encontra-
se exposto. A gestão de um plano de conservação do patrimônio deverá
estar apoiada em ações jurídicas, administrativas, técnicas e financeiras,
em conjunto com a vontade política, a identificação dos valores do
referido bem e à participação da comunidade neste processo (NUNES,
2006: p:29).
Com isso, pode-se afirmar que a conservação é uma atividade
cultural, pois os objetos de intervenção estão incluídos na categoria de
bens culturais, com implicações técnicas, pois tem embasamento em
padrões técnicos. Se as considerações de ordem tecnológica são de
definição razoavelmente concreta, devido ao fato de serem
fundamentadas, em sua maior parte, em ciências de caráter mais exato,
os valores culturais que as regem têm características próprias que devem
ser tidas como condição básica à sua aplicação coerente (HENRIQUES,
2003).
A Carta de Washington, de 1986, que trata da salvaguarda das
cidades históricas, ressalta a importância da adoção de medidas
preventivas contra catástrofes naturais e todos os tipos de danos,
incluindo os incêndios, para assegurar a continuidade do patrimônio
aliado à segurança e bem estar de seus habitantes. O referido documento
ainda afirma que os meios empregados para prevenir ou reparar
possíveis efeitos destes sinistros devem adaptar-se ao caráter específico
dos bens de interesse de salvaguarda (IPHAN, 2004).
Neste sentido, a preservação do patrimônio histórico edificado
contra os incêndios também pode ser considerada uma abordagem de

15
2. Fundamentação teórica

conservação, uma vez que esta ação visa a continuidade dos bens, tanto
materiais quanto imateriais, para as gerações futuras A segurança do
patrimônio contra incêndios tem como premissa a prevenção aos riscos
e deve ser pensada juntamente aos aspectos da preservação histórica, a
fim de que sejam assegurados os valores culturais e a autenticidade dos
bens culturais.

2.2. O fogo
Apesar dos grandes avanços nos estudos referentes ao fogo, ainda
não há consenso mundial para defini-lo. Este fato é constatado pelas
definições usadas nas normas de vários países, tais como:
a) Brasil - NBR 13860, onde o fogo é conceituado como o
processo de combustão caracterizado pela emissão de calor e luz.
b) Estados Unidos da América - (NFPA), que define o fogo como
a oxidação rápida auto-sustentada acompanhada de evolução variada da
intensidade de calor e de luz.
c) Internacional - ISO 8421-1 e BS 4422: Part 1, que conceituam
o fogo como o processo de combustão caracterizado pela emissão de
calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos. Sendo que o fenômeno
da Combustão é definido pela ISO 8421-1 como uma reação exotérmica
de uma substância combustível com um oxidante usualmente
acompanhada por chamas e ou abrasamento e ou emissão de fumaça
(SEITO, 2008).
O fogo é gerado por meio da combinação simultânea de materiais
combustíveis, oxigênio e calor, caracterizados como elementos
imprescindíveis neste processo. Estes fatores representam os vértices do
triângulo do fogo (ver Figura 2.5).
Em um primeiro momento, o triângulo do fogo remete a três
meios de redução de riscos de incêndio: a redução da carga combustível
em um ambiente, a redução da probabilidade de exposição do material
combustível a uma fonte de calor e a redução do teor de oxigênio no
ambiente. No entanto, a presença dos três elementos componentes do
triângulo do fogo não necessariamente implica o início de uma ignição.
A quantidade de calor fornecida pela fonte piloto pode não ser suficiente
para sustentar o processo de ignição. Desta maneira, o fogo que tem
início em um determinado objeto combustível se apagará por si só, e não
evoluirá para um incêndio naquele ambiente. Entretanto, da mesma
maneira, a quantidade de energia presente no referido objeto pode
sustentar o fogo, porém sendo insuficiente para atingir os outros objetos

16
2. Fundamentação teórica

do ambiente. Neste sentido, não haverá inflamação, somente o que se


conhece por princípio de incêndio (GOUVEIA, 2006).

Figura 2.5 -Triângulo do Fogo. Fonte: GOUVEIA, 2006.

O fenômeno incêndio, desta maneira, é definido, de acordo com a


NBR 13860 (Brasil) como o fogo fora de controle, enquanto a
Internacional ISO 8421-1 conceitua um incêndio como a combustão
rápida, disseminando-se de forma descontrolada no tempo e no espaço”.
De acordo com SEITO (2008), essas conceituações permitem a
afirmação de que a magnitude de um incêndio não é determinada pelo
fogo, e sim pelos seus efeitos. No Brasil, quando os danos causados pelo
fogo são pequenos, pode-se dizer que ocorreu um princípio de incêndio
e não um incêndio.
Cada incêndio é um fenômeno único, uma vez que são vários os
fatores que concorrem para seu início e desenvolvimento, tais como:
a) forma geométrica e dimensões da sala ou local.
b) superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos.
c) distribuição dos materiais combustíveis no local.
d) quantidade de material combustível incorporado ou
temporário.
e) características de queima dos materiais envolvidos.
f) local do início do incêndio no ambiente.
g) condições climáticas (temperatura e umidade relativa).
h) aberturas de ventilação do ambiente.
i) aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio.
j) projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício.
k) medidas de prevenção de incêndio existentes.
l) medidas de proteção contra incêndio instaladas.

17
2. Fundamentação teórica

Um incêndio inicia-se, na sua maioria, com intensidade pequena.


O crescimento dependerá: do primeiro elemento ignizado, das
características do comportamento ao fogo dos materiais na proximidade
do material em chamas e sua distribuição no ambiente (SEITO, 2008).
Quando o material entra em contato com a fonte de ignição, o
mesmo é decomposto pelo calor (pirólise), ocorrendo uma geração de
gases combustíveis. Assim, estes reagem com o oxigênio e produzem
calor, gases e partículas sólidas que compõem a fumaça. Desta maneira,
o ambiente sofre uma elevação gradativa de temperatura, juntamente
com o acúmulo de fumaça e gases aquecidos junto ao teto do referido
ambiente (ver Figura 2.6). Com isso, o fogo também poderá se propagar
para outros materiais combustíveis adjacentes por meio da condução,
radiação e convecção1. (MITIDIERI, IOSHIMOTO, 1998)

Figura 2.6 - Desenvolvimento de um incêndio. Fonte: GOUVEIA, 2006

2.2.1. A anatomia dos incêndios


Um incêndio pode ser compreendido por meio de etapas distintas,
cujo tempo de duração e magnitude podem variar consideravelmente.
Desta maneira, um incêndio pode ser classificado em três etapas,
considerando que não haja qualquer intervenção para extinção do
mesmo. Estas etapas são:
Na fase inicial do incêndio, o fogo se restringe a um foco, que
consiste no primeiro material ignizado e possíveis materiais existentes
em seu entorno. Neste momento, a temperatura do ambiente sofre
elevação gradual. Com isso, o risco de início de um incêndio pode ser

1
Condução do calor é o mecanismo onde a energia (calor) é transmitida por meio do
material sólido. Convecção do calor é o mecanismo no qual a energia (calor) se transmite pela
movimentação do meio fluído aquecido (líquido ou gás). Radiação de energia é o mecanismo
no qual a energia se transmite por ondas eletromagnéticas (SEITO, 2009: p.36).

18
2. Fundamentação teórica

caracterizado pela probabilidade do surgimento de um foco de incêndio


por meio da interação de elementos combustíveis trazidos para o interior
de um edifício e dos materiais combustíveis integrados ao sistema
construtivo (MITIDIERI, IOSHIMOTO, 1998).
O crescimento do incêndio pode se dar pela combustão com
chama, que se desenvolve na presença de materiais combustíveis
próximos à fonte de ignição. Com isso, a probabilidade de que o fogo
atinja todo o ambiente é alta caso não existam meios de prevenção e
proteção para controlar e extinguir o incêndio (SILVA, 2003).
Neste sentido, o risco de crescimento do incêndio é caracterizado
pela probabilidade da fase inicial ou o foco de incêndio evoluir até
atingir a fase de inflamação generalizada (MITIDIERI, IOSHIMOTO,
1998).
A velocidade do crescimento do incêndio depende da geometria,
arranjo físico e características do combustível até que a magnitude do
evento possa ser limitado à uma área do combustível ou restrito devido
ao fornecimento de oxigênio (SILVA, 2003: p. 15).
Quando ocorre oxigenação do ambiente por meio de
comunicações diretas ou indiretas com o exterior, as chamas progridem
de forma intensa, atingindo o estágio de inflamação generalizada. Neste
processo ocorre a formação de grande quantidade de gases quentes e
fumaça, e os materiais combustíveis do ambiente, uma vez aquecidos
por convecção e radiação, poderão inflamar-se conjuntamente. Neste
sentido, que o fenômeno de inflamação generalizada ocorre quando a
temperatura das camadas de gases aquecidos atinge 600º C ou um nível
de radiação no chão de aproximadamente 20Kw/m² é alcançado, a
probabilidade de que todos os itens presentes no ambiente queimem
livremente é alta (SILVA, 2003: p. 16).
Desenvolvimento completo do incêndio, que consiste na etapa
que é iniciada após a inflamação generalizada e se desenvolve até o
momento no qual todo o combustível do ambiente é consumido pelas
chamas. Nesta fase é necessário considerar a proteção da propriedade, a
estabilidade estrutural da edificação e a possibilidade de propagação do
incêndio para ambientes e/ou edifícios vizinhos (SILVA, 2003).
Neste sentido, o risco de propagação do incêndio é caracterizado
como o evento que ocorre a partir da inflamação generalizada no
ambiente de origem para outros ambientes e/ou edifícios adjacentes
(MITIDIERI, IOSHIMOTO, 1998: p.7)
Desta maneira, os gases quentes e fumaça gerados no local onde
o incêndio se originou podem ser transferidos para outros cômodos
dentro do próprio edifício por meio das aberturas que estabelecem a

19
2. Fundamentação teórica

comunicação entre ambientes (ver Figura 2.7). As altas temperaturas


propiciarão a propagação das chamas de forma rápida para outros locais
no edifício, e os materiais combustíveis existentes nos mesmos também
sofrerão ignição. Da mesma forma, as altas temperaturas e os gases
quentes emitidos por meio de aberturas nas fachadas ou cobertura da
edificação em chamas propiciam a propagação do incêndio para
edifícios vizinhos (ver Figura 2.8) (MITIDIERI, IOSHIMOTO, 1998).

Figura 2.7 - Propagação de incêndio entre ambientes pelas aberturas na


fachada. Fonte: COSTA; ONO; SILVA, 2005

Figura 2.8 - Propagação de incêndio entre edifícios. Fonte: COSTA;


ONO; SILVA, 2005

Período de decaimento, que é a etapa na qual a temperatura


ocasionada pelo incêndio é reduzida a aproximadamente 80% de seu
valor máximo. Após as etapas anteriormente descritas, a intensidade das
chamas diminui devido ao consumo do combustível disponível. Neste
momento, a propagação do fogo diminui consideravelmente pelo fato de
que grande parte do material combustível fora consumido, iniciando,
desta maneira, o processo de extinção do incêndio (SILVA, 2003).

2.2.2. Segurança contra incêndio


A segurança contra incêndio pode ser definida como uma série de
medidas e recursos internos e externos à edificação, bem como as
possíveis áreas de risco adjacentes, que viabilizam o controle de um

20
2. Fundamentação teórica

incêndio. Além dos objetivos essenciais da proteção da vida humana,


pela garantia das condições seguras de escape, e do patrimônio, com a
manutenção da estabilidade estrutural do edifício e a possibilidade de
extinção do incêndio através de sistemas de proteção, Almeida e Coelho
(2007) ainda ressaltam a importância da preservação do patrimônio
histórico ou cultural.
De um modo geral, para que um edifício seja considerado seguro
contra incêndio, deve-se primeiramente estabelecer os objetivos da
segurança e os requisitos funcionais a serem atendidos. As iniciativas
adotadas para se alcançar níveis de segurança adequados em um edifício
devem ser coerentes e implantadas de maneira conjunta.
Pode-se definir um edifício seguro contra incêndio como aquele
que, em uma situação de incêndio, todos os seus ocupantes tenham a sua
salvaguarda garantida sem sofrer qualquer ferimento, e no qual os danos
à propriedade não ultrapassem o local em que o fogo se iniciou.
Os requisitos funcionais a serem atendidos por um edifício seguro
estão relacionados à seqüência de etapas de um incêndio, considerando
as ações de combate, as quais consistem: no início do incêndio,
crescimento do incêndio no local de origem, combate, propagação para
outros ambientes, evacuação do edifício, propagação para outros
edifícios e na ruína parcial e/ou total do edifício.
Com isso, os requisitos funcionais atendidos pelos edifícios em
geral consistem em:
a) dificultar a ocorrência do princípio de incêndio.
b) ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da
inflamação generalizada do ambiente.
c) possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem,
antes que a inflamação generalizada ocorra.
d) instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do
incêndio, dificultar a propagação para outros ambientes.
e) permitir a fuga dos usuários do edifício.
f) dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes.
g) manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou
total.
h) permitir operações de natureza de combate ao fogo e de
resgate/salvamento de vítimas.
De um modo geral, em todas as fases que envolvem o processo
produtivo, bem como o uso do edifício, a segurança contra incêndio
deve ser considerada, passando pelo estudo preliminar, pela concepção
do anteprojeto, pelo projeto executivo e pela construção, operação e
manutenção (MITIDIERI, 2008).

21
2. Fundamentação teórica

Especificamente, nas intervenções em edificações históricas, as


questões relativas à segurança contra incêndio devem ser resolvidas na
fase de projeto. Neste sentido, todas as soluções de projeto obtidas
devem ser consideradas nas obras de intervenção no edifício de interesse
de preservação, garantindo a confiabilidade e a efetividade
anteriormente previstas, bem como a garantia de seu caráter histórico.
MitidieriI (2008) ainda salienta o fato de que boa parte dos problemas
relativos à proteção contra incêndio ocorre durante o período de
operação do edifício e depende da caracterização do tipo de ocupação,
do perfil dos usuários e das regulamentações vigentes.
A segurança contra incêndio nos edifícios históricos deve ser
explorada de maneira tal que possibilite garantir a manutenção dos
equipamentos aliada a uma formação e treino dos usuários que permita,
em caso de necessidade, a utilização de forma correta e eficaz, dos
recursos materiais e humanos existentes (ALMEIDA, COELHO, 2007).

2.2.3. Prevenção e Proteção contra incêndio


As medidas de proteção consistem em um conjunto de
disposições, sistemas construtivos ou equipamentos de detecção e
combate ao fogo. Pode-se citar como exemplo: os materiais de
construção empregados; as rotas de fuga; os sistemas de detecção e
alarme; bem como os de controle e extinção do incêndio.
De acordo com Berto (1991), as medidas de prevenção e proteção
contra incêndio, quando relacionadas aos requisitos funcionais citados
anteriormente, objetivando garantir níveis adequados de segurança
contra incêndio são:
a) “precaução” contra o início do incêndio.
b) limitação do crescimento do incêndio.
c) extinção inicial do incêndio.
d) limitação da propagação do incêndio.
e) evacuação segura do edifício.
f) “precaução” contra a propagação do incêndio entre edifícios.
g) “precaução” contra o colapso estrutural.
h) rapidez, eficiência e segurança das operações relativas ao
combate e resgate.
A precaução contra o incêndio consiste em todas as medidas que
se destinam a prevenir a ocorrência do início do incêndio. Já as medidas
de proteção contra incêndio são aquelas que objetivam a proteção da
vida humana, da propriedade e dos bens materiais contra os efeitos

22
2. Fundamentação teórica

decorrentes de um incêndio ocorrido em um determinado edifício


(MITIDIERI, 2008).
De um modo geral, os sistemas de proteção contra incêndios
podem ser classificados como ativos e passivos. O sistema de proteção
ativa contra incêndio é constituído por equipamentos e sistemas
acionados manual ou automaticamente em situação de incêndio como,
por exemplo: os extintores, hidrantes, chuveiros automáticos
(sprinklers), sistemas de iluminação de emergência, alarme, entre outros.
Os meios de proteção passiva contra incêndios são aqueles incorporados
na edificação em sua construção, não sendo necessário acionamento
para o seu funcionamento. São exemplos: a acessibilidade ao lote
(afastamentos) e ao edifício (janelas e outras aberturas), rotas de fuga
(corredores, passagens e escadas), compartimentação, entre outros
(COSTA; ONO; SILVA, 2005).
Na Tabela 2, Berto (1991) destaca os elementos de segurança
contra incêndio relacionados às medidas de prevenção e proteção contra
incêndios, tanto no que se refere ao processo produtivo da edificação,
quanto os aspectos relacionados aos seus usos.
Com isso, é necessário que o edifício disponha de equipamentos
que possibilitem o combate imediato ao princípio de um incêndio por
seus ocupantes, bem como rotas de fuga e sistemas de orientação e
alarme de maneira a permitir a evacuação segura da população, evitando
situações de pânico e atropelos os quais, de maneira geral, ocasionam
mais vítimas que o próprio fogo (SOUZA, 1996).

Tabela 2 - Elementos da segurança contra incêndios


relacionados às medidas de proteção
PRINCIPAIS MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA
INCÊNDIO
ELEMENTO RELATIVAS AO
RELATIVAS AO USO DO
PROCESSO PRODUTIVO
EDIFÍCIO
DO EDIFÍCIO
- correto dimensionamento e
- correto dimensionamento e execução de instalações -
execução de instalações de correta estocagem e
Precaução serviço manipulação de líquidos
contra o - distanciamento seguro inflamáveis e combustíveis e
início do entre fontes de calor e de outros produtos perigosos
incêndio materiais combustíveis - manutenção preventiva e
- provisão de sinalização de corretiva dos equipamentos e
emergência instalações que podem
provocar o início do incêndio

23
2. Fundamentação teórica

- conscientização do usuário
para a prevenção contra
incêndio
controle da quantidade de
materiais combustíveis
incorporados aos elementos - controle da quantidade de
Limitação do
construtivos materiais combustíveis
crescimento do
- controle das características incorporados aos elementos
incêndio
de reação ao fogo dos construtivos
materiais incorporados aos
elementos construtivos
- manutenção preventiva e
- provisão de equipamentos corretiva dos quipamentos de
portáteis proteção destinados a
- provisão de sistema de extinção
hidrantes e mangotinhos inicial do incêndio
Extinção inicial - provisão de sistema de - elaboração de planos para a
do incêndio chuveiros automáticos extinção inicial do incêndio
- provisão de sistema de - treinamento dos usuários
detecção e alarme para efetuar o combate
-provisão de sinalização de inicial do incêndio
emergência - formação e treinamento de
brigadas de incêndio

- compartimentação
horizontal - manutenção preventiva e
- compartimentação vertical corretiva dos equipamentos
- controle da quantidade de destinados a compor a
Limitação da materiais compartimentação horizontal
propagação combustíveis incorporados e vertical
do incêndio aos elementos construtivos - controle da disposição de
- controle das características materiais combustíveis nas
de reação ao fogo dos proximidades das fachadas
materiais incorporados aos
elementos construtivos

- provisão de sistema de - manutenção preventiva e


detecção e alarme corretiva dos equipamentos
- provisão de sistema de destinados a garantir a
comunicação de emergência evacuação segura
Evacuação
- provisão de rotas de fuga - elaboração de planos de
segura
seguras abandono do edifício
do edifício
- provisão do sistema de - treinamento dos usuários
iluminação de emergência para a evacuação de
- provisão do sistema do emergência
controle do movimento da - formação e treinamento de

24
2. Fundamentação teórica

fumaça brigadas de evacuação de


- controle das características emergência
de reação ao fogo dos
materiais incorporados aos
elementos construtivos
- controle das características
Precaução de reação ao fogo dos
- distanciamento seguro
contra materiais incorporados aos
entre edifícios
a propagação elementos construtivos (na
- resistência ao fogo da
do envoltória do edifício)
envoltória dos edifícios
incêndio entre - controle da disposição de
edifícios materiais combustíveis nas
proximidades das fachadas
Precaução - resistência ao fogo dos
contra o elementos estruturais
---
colapso - resistência ao fogo da
estrutural envoltória do edifício
- controle da quantidade de
Rapidez, materiais combustíveis
eficiência e incorporados aos elementos - controle da quantidade de
segurança das construtivos materiais combustíveis
operações - controle das características incorporados aos elementos
de combate e de reação ao fogo dos construtivos
resgate materiais incorporados aos
elementos construtivos
Fonte: BERTO (1991), adaptado pela autora (2009).
A seguir, são apresentados conceitos fundamentais referentes à
segurança contra incêndios:
a) Problemas de vizinhança
O principal problema de implantação de edificações de centros
históricos é a relação com os edifícios vizinhos: geralmente são
geminados ou demasiadamente próximos uns dos outros. Esta
característica favorece a possibilidade da transmissão do fogo do prédio
contíguo e, até mesmo, de incêndios no outro lado da via pública, e deve
ser considerado pelos profissionais responsáveis pela intervenção no
patrimônio histórico.
O acesso de viaturas do Corpo de Bombeiros é outro fator a
considerar. Isto é particularmente importante no caso de conjuntos com
vários prédios no mesmo local, sendo somente um com a frente para a
via pública, com o acesso aos demais via pilotis ou passagens estreitas.
b) Compartimentação
De um modo geral, uma edificação é dividida em unidades de
ocupação, sendo que cada uma destas pode ou não ser subdividida em
cômodos. Nos cômodos pertencentes à uma mesma unidade ocorrem

25
2. Fundamentação teórica

uma certa diferenciação de usos, ou seja, quartos para dormir, cozinha


para a preparação de alimentos, entre outros; porém esse fato não vem a
caracterizar uma outra ocupação (GOUVEIA, 2006).
A compartimentação consiste no estabelecimento de divisões
internas horizontais, verticais, ou uma combinação de ambas, de uma
determinada edificação com o propósito de manter o fogo em seu local
de origem, impedindo-o de se propagar para outros ambientes, em uma
situação de incêndio (COSTA; ONO; SILVA, 2005). Desta maneira, os
compartimentos podem ser definidos como as divisões internas das
edificações, sendo que as paredes, pisos e forros devem apresentar a
resistência ao fogo requerida por norma, ou aquela suficiente para
garantir os níveis mínimos de segurança contra incêndio específicos
para uma determinada edificação.
Existem três situações gerais onde se faz necessária a construção
de elementos de compartimentação: entre dois ou mais edifícios
geminados; separando unidades de ocupação na mesma edificação; e
separando ocupações distintas em uma mesma unidade, exceto se uma
for auxiliar da outra.
De maneira geral, nos sítios históricos é comum a existência de
edificações geminadas apresentando elementos de compartimentação em
condições precárias. Aliado a esse fato, é usual a adaptação de novos
usos a estes edifícios sem preocupação com o isolamento adequado
entre os mesmos. Um outro fator é a rusticidade ou deterioração dos
acabamentos e vedações das edificações históricas, o que vem a
ocasionar diferença de resistência ao fogo entre juntas de
compartimentação (GOUVEIA, 2006).
c) Resistência ao fogo
A resistência ao fogo é conceituada como o tempo durante o qual
os elementos da construção sujeitos a uma elevação padronizada de
temperatura mantém a sua estabilidade ou integridade não permitindo,
no caso de elementos separadores de ambientes, a elevação acentuada de
temperatura no lado não exposto ao fogo nem a passagem de gases
quentes ou chamas (BERTO, 1983).
Neste sentido, pode-se afirmar que a resistência ao fogo de um
dado elemento construtivo relaciona-se a três propriedades distintas:
estanqueidade, isolamento e estabilidade de forma e posição.
A estanqueidade ou integridade refere-se à capacidade do
elemento construtivo de vedar a passagem de gases quentes e chamas de
dentro para fora do compartimento. Desta maneira, o elemento de
vedação não deve apresentar fissuras ou trincas resultantes do calor do

26
2. Fundamentação teórica

incêndio, ou aberturas oriundas de possíveis dificuldades de montagem


ou construção.
Em edifícios históricos, a estanqueidade das vedações, tanto
internas quanto externas, é um requisito de difícil atendimento. Pode-se
citar como exemplo as vedações de madeira e de aço zincado presentes
nas empenas e o estado de conservação de paredes de pau-a-pique (ver
Figura 2.9).
O isolamento consiste na capacidade do elemento de vedação de
impedir o fluxo de calor de dentro de um compartimento para fora do
mesmo, em intensidade tal a possibilitar a ignição espontânea do
conteúdo dos ambientes adjacentes.
Em sítios históricos, quando há desnível dos telhados das
edificações há a possibilidade de contato das chamas provenientes de
um edifício com a empena de outro vizinho ao mesmo, ocasionando o
aquecimento da estrutura de madeira e propagação do incêndio.
Também é relevante citar que o estado de conservação dos telhados é,
geralmente, demasiadamente precário, o que vem a facilitar trocas de
calor por radiação, convecção e condução. (ver Figura 2.10)
A estabilidade de forma e posição corresponde ao fato de que o
elemento construtivo deve manter a sua posição e não apresentar
deformações excessivas em situação se incêndio (ver Figura 2.11)
(GOUVEIA, 2006).
De um modo geral, os requisitos de desempenho dos elementos
construtivos frente ao fogo são definidos com base no período de tempo
durante os quais devem manter as propriedades acima descritas (ver
Anexo A). A Tabela 3 mostra, resumidamente, o comportamento de
alguns materiais em situação de incêndio.

Figura 2.9 - Figura 2.10 - Figura 2.11 -


Precariedade de Precariedade de um Precariedade de uma
parede em pau-a- fechamento de empena estrutura de madeira.
pique. Fonte: em madeira. Fonte: Fonte: GOUVEIA,
GOUVEIA, 2006 GOUVEIA, 2006 2006

27
2. Fundamentação teórica

Ainda é importante ressaltar que as resistências ao fogo das


fachadas e coberturas podem dificultar a dissipação térmica, de modo a
aumentar as temperaturas no interior da edificação. Este fato implica a
necessidade de um aumento da estabilidade e resistência dos elementos
construtivos, que, em edifícios históricos, consiste em um procedimento
de difícil ou impossível execução. (BARTH e VEFAGO, 2007).

2.2.4. Aspectos referentes à Normalização Brasileira


De maneira similar a diversos países do mundo, no Brasil, os
aspectos relativos à segurança contra incêndios só obtiveram a sua
devida importância e preocupação, no que se refere à implementação de
normas, por parte dos órgãos públicos a partir de grandes incêndios
ocorridos. Destes acontecimentos, pode-se destacar os incêndios do
Edifício Andraús (1972) e do Edifício Joelma (1974), ambos em São
Paulo, com 6 e 189 vítimas fatais, respectivamente.
Anteriormente a estes fatos, já existiam algumas regras de
segurança contra incêndios em São Paulo, contudo, demasiadamente
simplificadas e restritas ao uso de hidrantes e extintores. Com isso,
pode-se afirmar que as normas brasileiras de segurança contra incêndios
não são decorrentes de estudos aprofundados e constante atualização.
Em meados da década de 1990, a normalização brasileira
referente à segurança contra incêndios teve o seu mais expressivo
desenvolvimento, no entanto, adotando um caráter predominantemente
prescritivo. Em seu conteúdo já se encontrava inserido, efetivamente,
especificações referentes aos materiais de construção e sistemas de
proteção, juntamente com recomendações para treinamento e combate
ao fogo. No entanto, as normas de proteção contra incêndios, nos dias
atuais, ainda são conflitantes, sobrepostas e até mesmo contraditórias
com relação à legislação do Corpo de Bombeiros (MATTEDI, 2005).
De um modo geral, as regulamentações vigentes referentes à
segurança contra incêndios acabam por se aplicar às edificações novas,
sendo pouco adequadas à garantia da proteção de edificações que
abrigam o patrimônio histórico, artístico ou cultural, devido à
especificidade de suas características. As normas prescrevem a
aplicação de sistemas de combate a incêndios, tais como proteção por
extintores ou hidrantes, que acabam por não minimizar os riscos de um
princípio de incêndio. Estes sistemas, exceto os móveis, exigem
requisitos mínimos para a sua implantação em uma edificação, como a
disponibilidade de espaço físico e estabilidade estrutural, os quais, no
caso de edificações já existentes ou de limitada intervenção, acabam por

28
2. Fundamentação teórica

ter o seu atendimento dificultado ou até mesmo impossibilitado


(NETTO, 1998).
Atualmente, no contexto da segurança contra incêndio em
edificações históricas, os principais documentos de referência aos
projetistas são as normas americanas NFPA 909 – Protection of cultural
resources, 2001, e NFPA 914: Fire Protection in Historic Structures.
Estas normas destacam o estabelecimento de planos de emergência,
critérios mínimos para implementação de um programa de prevenção
contra incêndio, medidas de segurança para novas construções e
reformas de edificações existentes, manutenção preventiva e corretiva e
particularidades dos diferentes usos de edificações históricas ou que
abrigam acervos histórico-culturais (ONO, 2004).

2.2.5. Incêndio em edifícios históricos


A grande incidência de incêndios em edifícios históricos pode ser
explicada, em parte, por aspectos específicos que potencializam o risco
de incêndio, e que podem vir a dificultar ou até mesmo impedir a
extinção das chamas antes do colapso estrutural da edificação. São estes
aspectos:
a) Características Construtivas: Grande parte das edificações de
interesse de preservação é caracterizada pelo uso de alvenarias com
características estruturais autoportantes e de vedação apenas em suas
paredes externas, enquanto que suas compartimentações internas
(pavimentos, escadas, divisórias) e coberturas são constituídas
predominantemente por madeira.
b) Implantação: De maneira geral, nos centros urbanos históricos
a implantação das edificações se dá junto ao alinhamento predial, de
modo a ocupar toda a testada do terreno e, em alguns casos, ocupando
inteiramente o terreno. Além disso, têm-se as ampliações irregulares nos
miolos de quadra, que acabam por definir comunicações internas entre
edificações, bem como edifícios geminados com as mesmas
características, os quais configuram uma edificação única delimitada
pela via pública. Deste modo, verifica-se a possibilidade de propagação
de incêndio de uma edificação para outras em seu entorno.
c) Idade: A idade da edificação acaba por potencializar o risco de
incêndio e sua propagação quando não são realizados os serviços de
manutenção do edifício propriamente dito e de suas instalações.
d) Ocupação: Grande parte dos edifícios históricos situados nas
áreas centrais das cidades acabam por adquirir um caráter comercial e de
serviços gerais sem as devidas adequações (NETTO, 1998).

29
2. Fundamentação teórica

e) Instalações: De maneira geral, para adequação ao uso atual, são


adaptadas às edificações históricas instalações elétricas e de GLP,
muitas vezes sem dimensionamento adequado.
Um dos incêndios de repercussão mundial em centros urbanos
históricos foi o ocorrido em 1988 no bairro do Chiado, na Baixa
Pombalina, em Lisboa, Portugal (ver Figura 2.12), o qual atingiu
quatro quarteirões, destruindo 18 edifícios datados do século XVIII. De
acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio se desenvolveu devido,
principalmente:
• Pela dificuldade de acesso e movimentação das viaturas do Corpo
de Bombeiros devido aos obstáculos de arquitetura, como bancos,
plataformas de concreto e floreiras; e aos veículos estacionados ao
longo das ruas demasiadamente estreitas.
• Pela rápida propagação das chamas entre os edifícios, ocasionada
pela direção do vento no momento do incêndio.
• Pelas adaptações ao uso das edificações, de residencial para
comércio, serviços, armazéns e pequenas fábricas; o que
proporcionou o acúmulo de materiais nas mesmas (elevada
densidade de carga de incêndio).
• Pela presença de botijões de gás, que ocasionou explosões
sucessivas, contribuindo para a severidade do incêndio.
• Pela ausência de alarmes de incêndio eficazes (SILVA, 2003).

Figura 2.12: A esquerda, delimitação da área atingida pelo incêndio


(SILVA,2003); à direita, incêndio no bairro do Chiado, Lisboa.

Outros exemplos mais recentes são os incêndios ocorridos em


Mariana (MG), Ouro Preto (MG), Pirenópolis (GO) e Florianópolis
(SC).
O incêndio ocorrido na Igreja de Nossa Senhora do Carmo,
(ver Figura 2.13) em janeiro de 1999, na cidade de Mariana, MG,
destruiu grande parte do piso de madeira, dois altares laterais e todo o
telhado, incluindo a pintura barroca original do seu forro. Esta

30
2. Fundamentação teórica

edificação, concluída em 1784, havia passado por um processo de


restauração de 4 anos e se destacava entre as construções coloniais
mineiras devido a peculiaridade de sua arquitetura. A unidade do corpo
de bombeiros mais próxima se localizava na cidade de Ouro Preto,
ocasionando uma considerável demora no atendimento da ocorrência
(ONO, 2004).
O incêndio na Igreja Nossa Senhora do Rosário de
Pirenópolis, GO, (ver Figura 2.14) em setembro de 2002 também teve
repercussão nacional devido a sua importância histórica e religiosa. O
edifício, construído no estilo barroco, datado da primeira metade do
século XVIII, em taipa de pilão, havia sido restaurado em 1999 e foi
totalmente destruído pelas chamas. Em setembro de 2001, técnicos do
IPHAN constataram a existência de adaptações nas instalações elétricas
e de som, velas acesas e uso inadequado de cera no piso,
demasiadamente inflamável, que consistem em fatores que podem ter
ocasionado o incêndio (SILVA, 2003).
Um outro incêndio, desta vez na cidade de Florianópolis, SC, em
abril de 1994, ocorreu nas instalações do Hospital de Caridade (ver
Figura 2.15), quando boa parte da área construída foi atingida e
destruída pelas chamas. Este edifício é composto pela capela, construída
em 1762, e pelo hospital, inaugurado em 1789, constituindo-se como um
dos principais referenciais urbanos da paisagem do centro de
Florianópolis. Além disso, o edifício abriga em seu interior a imagem do
Senhor dos Passos juntamente com diversos outros documentos
históricos do estado. Muitos deles foram destruídos pelo fogo ou
demasiadamente danificados pela água na extinção do incêndio. As
causas deste incêndio não puderam ser determinadas.

Figura 2.13 - Danos Figura 2.14 - Igreja de Nossa


ocasionados pelo incêndio na Senhora do Rosário, em Pirenópolis,

31
2. Fundamentação teórica

igreja de Nossa Senhora do GO. Fonte: Autora, 2008.


Carmo, em Mariana, MG.

Figura 2.15: Hospital de Caridade, Florianópolis, SC.

Em agosto de 2005, um incêndio na ala esquerda do Mercado


Público de Florianópolis, SC, (ver Figura 2.16) destruiu toda a área
interna deste lado do complexo, a qual precisou ser inteiramente
reconstruída. O edifício foi construído no ano de 1898, em substituição
ao antigo mercado, o qual foi demolido em 1896 após 45 anos de
funcionamento. A totalidade da construção conta com 140 boxes
destinados ao comércio de roupas, utensílios, alimentos e trabalhos de
artesanato em cerâmica, palha e vime. As atividades realizadas no
edifício, bem como a adaptação de instalações podem ter contribuído
para a severidade do incêndio.

Figura 2.16 - Incêndio no mercado público de Florianópolis, SC.


Fonte: www.guiafloripa.com.br

2.2.6. Risco de incêndio


Em geral, define-se Risco como a possibilidade de acontecimento
de algum evento. O Risco, no entanto, relaciona-se com a probabilidade.
O Perigo define-se como o potencial de perda através de um único

32
2. Fundamentação teórica

evento, ou seja, a gravidade do dano, caso o risco se concretize em


evento (CARSON, 2003).
Guimarães (2000) define risco como uma possibilidade, dentro de
um período de tempo determinado e sob condições iniciais pré-definidas
da ocorrência de um evento; e perigo como uma situação determinada
que, potencialmente, poderia ocorrer e da qual decorreriam
circunstâncias indesejáveis de intensidade intolerável pelos grupos
sociais afetados.
De acordo com Gouveia (2006), o conceito de Risco distingue-se
do de Perigo uma vez que o primeiro envolve a noção de probabilidade.
O Perigo de incêndio consiste na possibilidade de início e
desenvolvimento de um incêndio, que é um fato constante no cotidiano
de todas as pessoas, visto que materiais combustíveis, fontes de calor e
oxigênio são elementos abundantes nos espaços construídos. Com isso,
o Risco de incêndio é a probabilidade de que um incêndio, uma vez
iniciado, se desenvolva.
De um modo geral, as palavras Risco e Probabilidade não são
utilizadas com o mesmo significado: enquanto a probabilidade tem uma
definição matemática rigorosa, o risco é uma noção mais intuitiva.

2.2.7. As intervenções para a segurança contra incêndio em edifícios


históricos
Na preservação contra incêndio em patrimônio histórico é
necessário observar, primeiramente, quais os aspectos a serem
protegidos: o edifício em si, os objetos nele contido ou ambos. Para o
estabelecimento destes objetivos, é necessário o entendimento e
aplicação dos conceitos da preservação histórica.
Tanto em intervenções em edifícios históricos de modo geral
como, neste caso, no que se refere à inserção de elementos de proteção
contra incêndios é necessário o entendimento dos seguintes conceitos:
a) Intervenção mínima: qualquer intervenção, por mais cuidadosa e
sofisticada que seja, ocasionará danos nos materiais originais, o que
acarretará uma inevitável perda de autenticidade.
b) Reversibilidade: os materiais ou soluções construtivas em uma dada
intervenção devem poder ser removidos ao final de sua vida útil, sem
ocasionar danos aos materiais originais ou, no caso da impossibilidade
de remoção, não devem comprometer a possibilidade de novas
aplicações (re-aplicabilidade).

33
2. Fundamentação teórica

c) Manutenção: prevê a realização de procedimentos preventivos que,


em muitos casos, impedem a ocorrência de problemas significativos,
como os incêndios.
Entretanto, é necessário afirmar que os objetivos de preservação
do patrimônio histórico para as gerações futuras justificam os esforços
que sejam necessários, tendo em vista que os resultados esperados
dependem, em grande parte, das decisões a serem tomadas em termos de
uma verdadeira política de conservação (HENRIQUES, 2003).

2.3. O sistema de projeto baseado em desempenho


Nos dias atuais, tendo em vista o processo de desenvolvimento
tecnológico operado na Arquitetura e Engenharia no que se refere aos
sistemas construtivos, tornam-se necessários estudos e investimentos na
área de segurança contra incêndios. A utilização de áreas sem
compartimentação e a inserção de materiais combustíveis nos elementos
construtivos, juntamente com o número crescente de instalações e
equipamentos de serviço, tanto em edificações novas quanto em outras
pré-existentes, caracterizam-se como riscos anteriormente inexistentes
em um edifício (MITIDIERI, IOSHIMOTO,1998).
Entretanto, paradoxalmente a este desenvolvimento tecnológico
da Arquitetura e Engenharia, pode-se afirmar que o modelo de edifício
encontra-se tecnologicamente defasado com relação a segurança contra
incêndio. Isto se dá devido ao fato de que a estrutura normativa vigente
restringe a consolidação e aplicação de tais avanços.
Tanto no Brasil como nos outros países do mundo todas as
soluções e recomendações relativas à segurança contra incêndios são
baseadas em um modelo normativo caracterizado como prescritivo. Este
sistema denominado prescritivo de segurança contra incêndios consiste
em exigências detalhadas e padronizadas para diversas situações e
configurações espaciais de edifício.
Apesar da característica de fácil utilização dos códigos
prescritivos, devido à possibilidade de aplicação de soluções de projetos
anteriores, aliado à dispensa de qualificação profissional, esse sistema
torna-se inflexível, à medida que não permite soluções alternativas além
de limitar a incorporação de inovações tecnológicas.
O sistema prescritivo de segurança fundamenta-se em exigências
relativas à manutenção da estabilidade estrutural pela resistência ao fogo
dos elementos construtivos, evidenciando uma tendência ao
superdimensionamento das estruturas e sistemas de segurança, o que

34
2. Fundamentação teórica

vem a influenciar consideravelmente os custos da edificação. Isto se dá


devido ao fato de que elementos construtivos com resistência excessiva
implicam custos desnecessários à construção.
Nos dias atuais, encontra-se mundialmente em evidência uma
nova filosofia de projeto, baseado em desempenho, com uma abordagem
ampla, seguindo a premissa de que todas as estratégias de proteção
contra incêndios devem ser desenvolvidas como um sistema integrado
de segurança. Desta maneira, pode-se afirmar que o edifício em questão
é estudado globalmente, verificando-se os seus usos, as exigências do
cliente/empreendedor, bem como as necessidades da sociedade.
O sistema baseado em desempenho começou a ser efetivamente
desenvolvido a partir da década de 1970, em diversos países europeus e
asiáticos, Canadá e Estados Unidos. Nestes países, a aplicação do
projeto baseado em desempenho se dá concomitantemente à utilização
de normas prescritivas, devido ao desenvolvimento da Engenharia de
incêndio, com a introdução de metodologias de projeto e ferramentas
computacionais. Desta maneira, o sistema a ser utilizado no processo de
projeto é definido de acordo com a complexidade do programa de
necessidades do edifício em questão. Nesta situação, a utilização do
sistema baseado em desempenho é recomendável em programas mais
complexos, pois estes tornam a inovação das estratégias de segurança
um fator condicionante no processo de projeto (MATTEDI, 2006).
Pode-se afirmar, de acordo com o que fora acima descrito que o
processo de projeto baseado em desempenho caracteriza-se como uma
estrutura racional de projeto e construção, possibilitando, no entanto,
uma maior flexibilidade, de modo a permitir adaptações e mudanças.
Nesta metodologia prega-se a investigação de soluções e comparações
entre alternativas, isto é, a transformação de objetivos claramente
definidos no início do processo de projeto em dados concretos, os quais
possibilitam uma avaliação sobre a capacidade da proposta em atender
aos parâmetros estabelecidos no início deste processo.
Conceitualmente, o modelo de desempenho é dividido em dois
momentos: qualitativo e quantitativo. A fase qualitativa tem a função de
definir a estrutura e as diretrizes para o desenvolvimento da porção
quantitativa. É neste momento que se dá a definição das necessidades e
expectativas de todas as partes envolvidas no processo, que deverão ser
satisfeitas pela edificação. Desta maneira, são estabelecidas as metas,
requisitos e níveis de desempenho a serem alcançados no projeto. A
porção quantitativa, que é a fase onde todo o sistema de desempenho é
consolidado, envolve os critérios de desempenho mensuráveis e os
métodos de verificação. Os resultados obtidos nesta parte do processo

35
2. Fundamentação teórica

devem estar de acordo com as diretrizes estabelecidas na fase qualitativa


e seguindo um embasamento técnico e científico (MEACHAM et al,
2002).
O sistema baseado em desempenho é caracterizado por uma
estrutura própria e independente, constituída por três elementos
distintos: os códigos de desempenho, as diretrizes e orientações técnicas
e as ferramentas de projeto e cálculo.
Os códigos de desempenho têm por finalidade a definição, de
forma específica, das metas de segurança contra incêndios e o
estabelecimento de níveis mínimos aceitáveis ou toleráveis de proteção,
os quais podem ser utilizados como referência na avaliação de seus
resultados. Estas soluções obtidas não encontram-se prescritas em
normas técnicas, entretanto, sua fundamentação teórica encontra-se em
manuais ou documentos com diretrizes específicas. Os códigos são
determinados a partir de condicionantes que abrangem as metas sociais,
os objetivos e as exigências de desempenho, além das soluções, que
podem ser prescritivas ou inovadoras, definidas de acordo com a
complexidade do programa do edifício.
As diretrizes e orientações técnicas se referem às publicações
técnicas, que proporcionam o embasamento teórico ao processo. Sua
função é a descrição de todos os procedimentos e metodologias a serem
utilizadas, de modo a fornecer as diretrizes acerca da aplicabilidade dos
princípios técnicos e científicos neste contexto.
A função das ferramentas de projeto e cálculo é o
desenvolvimento, análise e verificação da eficácia do projeto com
relação aos critérios de desempenho predeterminados. Estas ferramentas
consistem em: ensaios e testes reais, cálculos computacionais ou
modelos matemáticos e a combinação dos ensaios e dos cálculos.
A aplicação do sistema baseado em desempenho em um
determinado país é delimitada pela sua estrutura governamental e pelos
aspectos culturais e econômicos. As experiências obtidas através de
tragédias no passado, a capacidade de investimentos em pesquisas
científicas, tecnologia e recursos humanos determinam a posição de
cada país no contexto do desenvolvimento de um sistema de segurança
contra incêndios.
No atual contexto brasileiro, todos os projetos referentes à
segurança contra incêndios ainda seguem uma regulamentação
prescritiva, o que implica soluções padronizadas e pouca flexibilidade
no projeto. A cultura da adequação dos projetos às normas prescritivas
no Brasil começou a se dar de maneira mais intensa a partir da década
de 1990, coincidindo com o desenvolvimento e as aplicações iniciais do

36
2. Fundamentação teórica

processo de projeto baseado em desempenho na Europa e nos Estados


Unidos (MATTEDI, 2006).
Neste sentido, verifica-se uma crescente preocupação com o
estabelecimento de níveis mínimos aceitáveis de segurança contra
incêndios em edificações, bem como os seus respectivos custos
financeiros. Apesar do fato de que o desenvolvimento econômico e o
conseqüente crescimento dos centros urbanos no Brasil tornem
necessário a inserção de edifícios de grande porte e alta complexidade
arquitetônica no contexto das cidades, a diminuição dos custos de
implantação das ações que visam a proteção contra incêndios garantindo
níveis mínimos de segurança ainda consiste em um desafio às áreas de
Arquitetura e Engenharia e também ao poder público (MITIDIERI,
IOSHIMOTO,1998).
Juntamente com o processo de globalização, o desenvolvimento
econômico brasileiro percebido em meados da década de 1990
constituiu-se como um forte estímulo à implementação de um sistema
de normalização baseado em desempenho. Neste contexto, combina-se
diversos aspectos da vida econômica, como a otimização das relações
custo x benefício em todos os empreendimentos e a busca pela máxima
eficiência de processos, com a filosofia de projeto e normalização
(MATTEDI, 2006).
No entanto, a viabilização da aplicação dos conceitos do projeto
baseado em desempenho no Brasil depende de diversos fatores, tais
como: o estabelecimento da Engenharia de Incêndio como disciplina; a
qualificação e formação de profissionais e representantes do poder
público; o desenvolvimento de políticas públicas visando a
conscientização da população acerca da importância das medidas de
segurança contra incêndios; investimentos em tecnologias de produtos e
serviços e, finalmente, a consolidação de uma cultura de prevenção
contra incêndios.

2.3.1. A aplicação do sistema baseado em desempenho em edifícios


históricos
Com relação ao patrimônio histórico edificado, pode-se afirmar
que o objetivo principal da segurança contra incêndios é o
estabelecimento de um programa adequado de proteção, com o menor
impacto possível sobre o edifício, ou seja, garantindo a integridade e o
caráter histórico do mesmo, o que pode ser alcançado com a aplicação
do sistema baseado em desempenho. Com isso, é necessário o

37
2. Fundamentação teórica

entendimento de que para a realização de intervenções com a finalidade


de prover elementos de segurança contra incêndio em edificações
históricas é fundamental a compreensão dos conceitos básicos de
preservação histórica e da proteção contra incêndio.
Para uma melhor compreensão das formas de aplicação do
sistema de projeto baseado em desempenho na segurança contra
incêndio de edifícios históricos, torna-se necessária a análise de alguns
exemplos que utilizaram esta abordagem. Neste contexto, pode-se citar
o caso do museu histórico The Arts and Industries Building (AIB), em
Washington, EUA, descrito por Bowman em seu artigo intitulado
Performance-based analysis of na historic museum, 2000 (ver Figura
2.17), e o Teatro comunale Piccinni, em Bari, Itália, de acordo com o
trabalho denominado Performance-based fire protection of historical
structures, desenvolvido por Bukowski et al, 2008 (ver Figura 2.18).

Figura 2.17 - Vista geral da Figura 2.18 - Teatro comunale


fachada do Museu AIB. Fonte: Piccinni. Fonte: BUKOWSKI et
MATTEDI, 2005. al, 2008.

a) A aplicação do sistema baseado em desempenho no museu histórico


The Arts and Industries Building, Washington, EUA
O projeto do referido museu (ver Figura 2.19), além de cumprir
as exigências das normas vigentes, utilizou o sistema baseado em
desempenho, levando em consideração ferramentas de modelamento de
incêndio e escape dos usuários (ver Figura 2.20), a fim de garantir a
salvaguarda de vidas humanas por meio do cálculo do tempo de escape
necessário em caso de incêndio neste edifício.
Com isso, todos os resultados obtidos foram comparados com os
valores de três critérios de desempenho (temperatura, concentração de
monóxido de carbono e visibilidade), possibilitando avaliar se estes
seriam atendidos pelo projeto, bem como a eficácia das rotas de fuga. E,
a partir disso, foi possível a proposição de recomendações adicionais de

38
2. Fundamentação teórica

segurança, tais como: resposta rápida dos sprinklers, inclusão de


sistemas de proteção passiva separando as rotas de fuga dos espaços de
exposição do museu, indicação de seis novas escadas nas extremidades
do edifício para reduzir distâncias a serem percorridas, e a limitação de
cargas de incêndio nas salas de exposição (MATTEDI, 2005).

b) A Integração da segurança contra incêndios ao projeto de restauro:


o caso do Teatro Comunale Piccini, em Bari, Itália
Construído a partir da segunda metade do século XIX e
inaugurado em 4 de Outubro de 1854, o Teatro Piccinni (ver Figura
2.21) resistiu até os dias atuais praticamente sem sofrer alterações
significativas em sua estrutura. Neste sentido, o projeto de restauro deste
teatro pode ser considerado um dos primeiros exemplos na Itália de
integração de questões relativas à segurança contra incêndio com
aspectos referentes à preservação histórica.

Figura 2.19: Vista da cobertura Figura 2.20: Modelamento de


do Museu AIB. Fonte: incêndio do AIB. Fonte:
MATTEDI,2005 BOWMAN, 2000

39
2. Fundamentação teórica

Figura 2.21 - Interior do Teatro Comunale Piccini. Fonte:


www.teatroviviani.it

A intenção dos projetistas era enfatizar a abordagem baseada em


desempenho principalmente a partir da verificação da resistência ao
fogo dos elementos a serem utilizados na consolidação do edifício, bem
como a propagação de fumaça. Para tanto, a edificação foi estudada
detalhadamente no que se refere aos aspectos estruturais, decorativos e
funcionais. Com isso foi verificado que o teatro apresentava uma carga
combustível bastante elevada aliada a um deficiente sistema de escape
em situações de emergência.
Uma das primeiras iniciativas de projeto a serem tomadas, neste
caso, foi o estabelecimento de três compartimentos distintos: foyer,
platéia e camarotes (2); palco e camarins (1); e galeria e museu do
teatro, junto ao telhado (3). (ver Figura 2.2) Além desta medida, foram
inseridas três novas escadas de emergência, sistemas de detecção e
exaustão de fumaça e sistemas de extinção de incêndio, verificando-se
as formas ideais para cada situação (sprinklers – água ou gás PF23).
Um outro procedimento relevante neste contexto é a resistência
ao fogo das estruturas do teatro. As estruturas de madeira pré-existentes
foram reforçadas com elementos resistentes ao fogo (90 minutos)
devidamente verificados. Em alguns casos, como nas vigas e pilares,
foram combinados madeira e concreto. As novas estruturas inseridas no
teatro, como as três novas escadas de emergência, foram executadas em
aço, devido à possibilidade de serem substituídas ou retiradas quando
necessário, sem ocasionar danos significativos ao patrimônio
(reversibilidade).

40
2. Fundamentação teórica

Figura 2.22: Compartimentação do Teatro Comunale Piccini. Fonte:


BUKOWSKI et al, 2008.

2.4. Análise Global do Risco de Incêndio


Um dos instrumentos para se estabelecer níveis mínimos de
segurança contra incêndio para edificações históricas é a análise global
de risco, que é um método semi-probabilístico2 aplicado ao projeto de
segurança contra incêndios de edificações. Este método possibilita
estimar o risco global de incêndio de uma edificação isolada ou um
conjunto de edifícios através de simulações considerando diversos
cenários de incêndio. Com isso, é possível a determinação do conjunto
de medidas ativas e passivas eficazes na redução do risco de incêndio a
um máximo aceitável. A análise global do risco de incêndio foi baseada
no método de Gretener3 adaptado por Gouveia (2006) para as condições

2
Um método probabilístico puro envolve uma formulação matemática
complexa, de modo a dificultar a sua aplicação em projetos. Com isso,
Gouveia (2006) propõe um método de quantificação do risco de incêndio
que não necessite da aplicação da matemática avançada,o qual é
caracterizado pelo autor como semi-probabilístico.
3
A análise global do risco de incêndio foi baseada no método
desenvolvido pelo engenheiro suíço Max Gretener (método de Gretener,
1965), o qual foi difundido mundialmente devido à simplicidade de sua
aplicação. Este método pode ser classificado como tal uma vez que abrange
toda a complexidade do sistema edificação x usuário x incêndio juntamente

41
2. Fundamentação teórica

brasileiras, especificamente, para edificações históricas, tanto isoladas


quanto conjuntos de edifícios.
Para a análise do risco de incêndio é necessário o levantamento
de dados específicos das edificações, que podem ser obtidos através da
observação direta.
Neste sentido, os cenários de incêndio são “definidos por um
conjunto de parâmetros que influem decisivamente sobre a severidade
do incêndio em uma dada edificação ou um dado conjunto de
edificações, tanto agravando-a quanto reduzindo-a” (GOUVEIA, 2006).
Desta maneira, são elementos que constituem um cenário de incêndio:
a) A geometria, ocupação e localização do compartimento,
b) A determinação do objeto ou conjunto de objetos mais
prováveis de iniciar um incêndio (início da ignição)
c) Um conjunto de medidas inibidoras do desenvolvimento e
propagação do incêndio
d) Um conjunto de fatores que possibilitam o desenvolvimento e
propagação do incêndio
e) A possibilidade de propagação do incêndio
f) O possível comportamento dos usuários
É relevante ressaltar que o autor considera o volume da
edificação como um parâmetro de risco. Quanto maior for o volume do
compartimento incendiado, maior será a dificuldade de combate ao
fogo, bem como a possibilidade de sua propagação para os edifícios
adjacentes. Neste sentido, é apresentada uma classificação das
edificações coloniais visando a quantificação da influência do volume
interno dos compartimentos para o risco global de incêndio.
Tipo C: É o tipo de edificação compartimentada que, por suas
características construtivas, não permitem ou dificultam
significativamente a propagação de um incêndio, tanto vertical, como
horizontalmente. Neste sentido, os elementos de vedação (paredes, pisos
e forros) possuem resistência ao fogo superior ou igual a 120 minutos.
Tendo em vista as características construtivas da maior parte das
edificações de grande valor histórico de Florianópolis (em geral, em
pedra e cal, ou tijolos), é possível a afirmação de que as mesmas se
classificam como do tipo C.

com os aspectos político-econômico-sociais envolvidos na problemática da


segurança contra incêndios. Também é considerado um método de
balanceamento, uma vez que medidas facilitadoras e inibidoras são
equilibradas a fim de estabelecer um coeficiente de segurança contra
incêndios.

42
2. Fundamentação teórica

Tipo H: É a edificação que, devido às suas características


construtivas, não permite ou dificulta a propagação de um incêndio no
sentido vertical, isto é, suas paredes possuem resistência ao fogo
inferior a 120 minutos e pisos e forros com resistência superior ou igual
a 120 minutos. Os edifícios com um ou mais pavimentos, cuja área de
piso é superior a 200m² são classificados como do tipo H.
Tipo V: Consiste nas edificações que não podem ser classificadas
como C ou H, e suas unidades de ocupação têm paredes externas, pisos
e forros de resistência ao fogo inferior a 120 minutos e um volume
interno maior que 900m³ (GOUVEIA, 2006).
Para a avaliação global do risco de incêndio, o autor propõe os
seguintes procedimentos a serem realizados após o levantamento dos
dados das edificações conforme o explicitado anteriormente:

2.4.1. Determinação da exposição ao risco de incêndio do edifício


(E)
A exposição ao risco de incêndio ( E ) consiste em todos os
fatores relativos à edificação que favorecem o desenvolvimento e
propagação de um incêndio e é calculada através da atribuição de pesos
a cada um destes parâmetros, os quais podem ser agrupados em três
categorias: Carga de incêndio, Compartimento e Política de preservação.
A carga de incêndio abrange duas propriedades dos elementos
combustíveis alojados na edificação: a densidade da carga de incêndio e
a sua posição (altura) em relação ao nível de descarga.
O compartimento refere-se à situação da edificação no contexto
urbano, ou seja, a distância em relação à unidade do corpo de bombeiros
mais próxima, as condições de acesso à edificação e o perigo de
generalização do incêndio ou possibilidade de propagação para
edificações adjacentes.
A política de preservação consiste em um parâmetro especial, que
explicita a política de preservação para a referida edificação ou conjunto
(proteção por lei municipal, estadual, nacional e mundial) (GOUVEIA,
2006). Com isso, a partir dos dados específicos da edificação a ser
estudada, a exposição ao risco de incêndio pode ser calculada pela
seguinte expressão:

E = f1 f 2 f 3 f 4 f 5 f 6 (1)

Onde cada parâmetro é definido na Tabela 3.

43
2. Fundamentação teórica

2.4.2. Determinação da segurança ( S )

A determinação da segurança ( S ) permite medir a segurança


contra incêndio pela identificação dos sistemas existentes no edifício.
Consiste no balanceamento do risco de incêndio através de diversas
medidas de segurança, sejam elas previstas na fase de projeto da
edificação, ou nela inseridas posteriormente, ou ainda por aquelas
relacionadas à infra-estrutura pública. Neste sentido, estas medidas são
reunidas em cinco classes:
Medidas sinalizadoras do incêndio, que visam detectar o início
deste evento e comunica-lo aos usuários ou aos profissionais
responsáveis pelo combate. São estas medidas os alarmes e detectores
de calor e fumaça.
Medidas extintivas, cuja função é extinguir o incêndio em
qualquer uma de suas fases. São estas os aparelhos extintores, sistema
extintor fixo de gases, sistema interno e externo de chuveiros
automáticos e brigadas de incêndio.
Medidas de infra-estrutura, que consistem nos meios que
possibilitam as atividades de combate, como os sistemas de hidrantes e
reservas de água.
Medidas estruturais, que são os diversos níveis de resistência ao
fogo proporcionados pela adoção de materiais estruturais adequados ou
pelo uso de sistemas de proteção passiva.
Medidas políticas, que são todas as iniciativas visando a
orientação da ação dos usuários e profissionais em uma situação de
incêndio, com o objetivo de guiar a sua atuação o sentido de reduzir
significativamente as conseqüências deste sinistro.
Desta maneira, é possível mensurar a segurança contra incêndio
através do produto de casa medida observada no edifício de acordo com
a seguinte expressão:

S = s1 s 2 ...s n (2)
s s s n consistem nas medidas de segurança
Onde 1 , 2 ,
observadas nas edificações, para as quais são atribuídos pesos
diferenciados (ver Tabela 4).
O autor salienta que o método contempla medidas que se
agregam à edificação, fundamentadas nas normas prescritivas atuais.
Com isso, a análise do risco de incêndio, no contexto desta dissertação,
tem por objetivo a identificação destes riscos nas edificações estudadas

44
2. Fundamentação teórica

de modo a gerar uma discussão acerca das soluções obtidas seguindo as


normas vigentes e guiar a aplicação da filosofia de projeto baseado em
desempenho.
A atribuição de pesos às medidas de segurança é embasada na
expectativa de seus efeitos visando a extinção do incêndio em qualquer
uma de suas fases, ou, ao menos, o controle de sua propagação.

2.4.3. Parâmetros e fatores de risco de ativação de incêndios ( A )


Os fatores de risco de ativação de incêndios em uma edificação
consistem em todos os elementos que favorecem o desenvolvimento e a
propagação das chamas, considerando o fato de que, para a
concretização deste fenômeno, o edifício deve estar exposto a uma fonte
de ativação.
Gouveia (2006) reúne os riscos de ativação em três classes:
a) Riscos decorrentes da atividade humana:
Podem ser devido à natureza da ocupação ou à falha humana.
O risco gerado pela natureza da ocupação da edificação refere-se
ao fato de que “o simples uso de um cômodo pode gerar um risco de
ativação de incêndio quando envolve operações de qualquer natureza
capazes de gerar temperaturas suficientemente elevadas para iniciar a
ignição em objetos comuns” (GOUVEIA, 2006: p.59). Desta maneira, o
referido autor considera faixas de temperaturas presentes nas atividades
desenvolvidas na edificação.
Por outro lado, o tipo de ocupação ou uso da edificação também
pode ser considerado um fator de risco de ativação. Neste sentido, o
método tem fundamentação nas classes definidas no Decreto
46076/2001 do Governo do Estado de São Paulo – Classificação das
edificações e áreas de risco quanto à ocupação.
O risco devido à falha humana refere-se tanto ao nível de
treinamento dos usuários para a atuação em situações de incêndio,
quanto aos aspectos de manutenção do edifício, principalmente no que
se refere ao uso adequado das instalações elétricas e o correto manuseio
de fontes de calor.
b) Riscos decorrentes das instalações:
Para a avaliação do risco de ativação decorrente da qualidade das
instalações elétricas e de GLP considera-se a existência ou não de
projeto com base em normas técnicas aplicáveis. Desta maneira, se a
instalação foi executada adequadamente e segundo este critério, aliado
ao uso e estado de manutenção regular, o risco de ativação pode ser
considerado mínimo.

45
2. Fundamentação teórica

c) Riscos devido aos fenômenos naturais:


Na gama de fenômenos naturais que podem dar início a um
incêndio em uma edificação destacam-se as descargas atmosféricas. De
maneira similar à classe de risco de ativação anteriormente descrita,
adota-se como critério a existência ou não de projeto específico de
acordo com as normas técnicas aplicáveis.
O risco de ativação ( A ) pode ser calculado pela seguinte
expressão:

A = A1 Ak (3)

Onde cada parâmetro é definido na Tabela 5.

2.4.4. Cálculo do risco global de incêndio ( E )


O risco global de incêndio é calculado através do produto da
exposição ao risco de incêndio ( E ) e dos riscos de ativação ( A ), ou
seja:

R = E. A (4)

46
Tabela 3 – Exposição ao risco de incêndio

Carga de incêndio

q ≤ 200 1,0 1700 ≤ q ≤ 2500 1,7


200 ≤ q ≤ 300 1,1 2500 ≤ q ≤ 3500 1,8
1. Densidade da carga de 300 ≤ q ≤ 400 1,2 3500 ≤ q ≤ 5000 1,9
incêndio 400 ≤ q ≤ 600 1,3 5000 ≤ q ≤ 7000 2,0
f1
600 ≤ q ≤ 800 1,4 7000 ≤ q ≤ 10000 2,1
800 ≤ q ≤ 1200 1,5 10000 ≤ q ≤ 14000 2,2
1200 ≤ q ≤ 1700 1,6 14000 ≤ q ≤ 20000 2,3
Profundidade do subsolo (m) Altura do piso mais elevado (m)
2. Altura do s ≤4 8 ≤ s ≤ 12 h ≤ 6 12 ≤ h ≤ 23
4≤s≤8 6 ≤ h ≤ 12
compartimento
f2 C 1,0 1,9 3,0 1,0 1,3 1,5
H 1,3 2,4 4,0 1,3 1,6 2,0
V 1,5 3,0 4,0 1,5 2,0 2,3

47
2. Fundamentação teórica

Compartimento

Tipo Denominação Distância (Km) Peso


I Muito próximo D ≤1 1,0
3. Distância do corpo de II Próximo 1≤ D ≤ 6 1,25
bombeiros
f3 III Medianamente distante 6 ≤ D ≤ 11 1,6
IV Distante 11 ≤ D ≤ 16 1,8
V Muito distante ou inexistente D ≥ 16 4,0
Descrição Peso
Acesso da viatura a pelo menos 2 fachadas da edificação,
quando do tipo C ou H; ou a 3 fachadas quando do tipo
Fácil 1,0
V; Hidrante público a até 75m da edificação ou instalação
de hidrante interno ou externo à edificação
4. Condições de acesso Acesso a 1 só fachada, quando do tipo C ou H; ou a 2
fachadas quando do tipo V; Hidrante público a até 75m
f4 Restrito 1,25
da edificação ou instalação de hidrante interno ou externo
à edificação
Acesso a 1 só fachada da edificação; Hidrante público a
Difícil até 75m da edificação ou instalação de hidrante interno 1,6
ou externo à edificação
Muito Acesso a 1 só fachada da edificação; Hidrante público a 1,9

48
2. Fundamentação teórica

difícil mais 75m da edificação


5. Perigo de generalização Elemento Descrição Peso
f5 Paredes Resistência ao fogo de 120min sem
aberturas
Fachadas Incombustíveis, com aberturas
Empenas Incombustíveis com resistência ao fogo
I 1,0
de 120min sem aberturas
Coberturas Combustíveis ou incombustíveis com
resistência ao fogo inferior a 120min ou
com aberturas
Paredes Resistência ao fogo de 120min sem
aberturas
Fachadas Incombustíveis, com aberturas
Empenas Combustíveis, sem a faixa de 1,5m a
II 1,5
partir das bordas
Coberturas Incombustíveis ou combustíveis,
protegida em uma faixa de pelo menos
1,5m a partir das bordas
Paredes Resistência ao fogo de 120min sem
aberturas
Fachadas Combustíveis ou com aberturas
III Empenas Combustíveis ou incombustíveis com 2,0
resistência ao fogo inferior a 120min ou
com aberturas
Coberturas Combustíveis, sem a faixa de 1,5m a

49
2. Fundamentação teórica

partir das bordas


Paredes Combustíveis ou incombustíveis, com
resistência ao fogo inferior a 120min
com aberturas
Fachadas Combustíveis ou com aberturas
IV Empenas Combustíveis ou incombustíveis com 3,0
resistência ao fogo inferior a 120min ou
com aberturas
Coberturas Combustíveis, sem a faixa de 1,5m a
partir das bordas

Importância específica da edificação

Tombamento Peso
Tombamento em todos os níveis 1,2
6. Proteção por lei de Patrimônio histórico da humanidade 1,5
tombamento
f6 Tombada pela União 1,7
Tombado pelo estado 1,9
Tombado pelo município 2,2
Fonte: GOUVEIA, 2006, adaptado pela autora (2009).

50
2. Fundamentação teórica

Tabela 4 – Medidas de segurança


Medidas de Segurança
Classificação Descrição Símbolo Peso
Alarme de incêndio manual S1 1,5
1. Medidas
Detector de calor e fumaça S2 2,0
sinalizadoras
Detector de calor e fumaça automáticos S3 3,0
Aparelhos extintores S4 1,0
Sistema fixo de gases S5 6,0
Brig. de incêndio – plantão expediente S6 8,0
2. Medidas extintivas
Brig. de incêndio – plantão permanente S7 8,0
Chuveiros automáticos internos S8a 10,0
Chuveiros automáticos externos S8b 6,0
Hidrantes – reservatório público S9 6,0
3. Medidas de
Hidrantes – reservatório particular S10 6,0
infraestrutura
Reserva de água S11 1,0
Resistência ao fogo >30 S12 1,0
Resistência ao fogo >60 S13 2,0
4. Medidas estruturais
Resistência ao fogo >90 S14 3,0
Resistência ao fogo >120 S15 4,0
Planta de risco S16 1,0
Plano de intervenção S17 1,2
5. Medidas políticas
Plano de escape S18 1,2
Sinalização das saídas S19 1,0
Fonte: GOUVEIA, 2006, adaptado pela autora (2009).

51
2. Fundamentação teórica

Tabela 5 – Riscos de ativação

Riscos decorrentes da atividade humana

Descrição Peso
Habitações unifamiliares, multifamliares e coletivas
Hotéis, pensões, pousadas, apart-hotéis e similares 1,25
Escolas de todos os tipos, espaços para cultura física, centros de treinamento
1. Natureza da
e outros
ocupação
A1 Espaços comerciais e centros de compras
Escritórios, agências bancárias, oficinas de eletrodomésticos, laboratórios 1,50
fotográficos, de análises clínicas e químico
Restaurantes, lanchonetes, bares, cafés, boates, clubes, salões, de baile
Locais de reunião de público que não os anteriores 1,0
Descrição Peso
Usuários treinados e reciclados no treinamento pelo menos uma vez ao ano 1,0
2. Falha humana
A2 Usuários treinados e reciclados no treinamento pelo menos uma vez a cada
dois anos 1,25

Usuários não treinados 1,75

52
2. Fundamentação teórica

Riscos decorrentes das instalações

Descrição Peso
Instalações projetadas e executadas segundo as normas técnicas aplicáveis;
3. Qualidade das uso e manutenção regulares 1,0
instalações elétricas
A3 Instalações projetadas e executadas segundo as normas técnicas aplicáveis;
uso inadequado (extensões sem projeto) e manutenção irregular 1,25

Instalações não projetadas segundo as normas técnicas aplicáveis 1,5

Riscos decorrentes de fenômenos naturais

Descrição Peso
Instalações projetadas e executadas segundo as normas técnicas aplicáveis;
4. Descargas manutenção regular 1,0
atmosféricas
A4 Instalações projetadas e executadas segundo as normas técnicas aplicáveis;
manutenção irregular 1,25

Projeto inexistente 1,5


Fonte: GOUVEIA, 2006, adaptado pela autora (2009).

53
2. Fundamentação teórica

γ
2.4.5. Cálculo do coeficiente de segurança ( )
Com o cálculo de R, é possível a determinação do coeficiente de
segurança da edificação pela razão entre o risco global de incêndio ( R )
e a segurança ( S ), isto é:

S
γ= (5)
R
O coeficiente de segurança indica se a edificação, ou conjunto de
γ
edificações é seguro, através de um valor mínimo min
≥1.
Para a determinação do coeficiente de segurança consideram-se
as medidas mais comuns aplicadas em um projeto de prevenção contra
incêndios. São atribuídos pesos de modo a compor o balanceamento
entre risco de incêndio e segurança, que é o procedimento que
fundamenta este método.Neste sentido, o tratamento dispensado aos
meios de segurança, assim como aos demais parâmetros descritos no
método, foi o adotado nas normas prescritivas vigentes em todo o
mundo. No contexto do projeto baseado em desempenho, alguns dos
aspectos expostos seriam diferentes, principalmente no que se refere ao
uso de normas técnicas específicas para o projeto de segurança contra
incêndio (GOUVEIA, 2006: p.55).

2.5. Síntese dos elementos, requisitos funcionais, objetivos e soluções


para projetos de segurança contra incêndios em edifícios históricos
A partir destes conhecimentos, foi desenvolvido uma tabela
síntese dos elementos, requisitos funcionais, objetivos da segurança
contra incêndios e possíveis sugestões de medidas a serem adotadas em
projetos neste contexto (ver Tabela 6). A finalidade deste quadro é
referenciar algumas soluções que possam ser aplicadas na segurança
contra incêndios em edificações históricas, complementando as NSCI.
No contexto destas soluções, além da proposição de medidas de
proteção, ressalta-se a importância da prevenção contra incêndios.
Primeiramente é necessário o entendimento e verificação dos riscos de
incêndio visando sua eliminação ou controle. Aliado à esta iniciativa, a
execução de instalações elétricas adequadas e realização de
manutenções periódicas nas mesmas são exemplos de iniciativas
preventivas neste contexto.

54
2. Fundamentação teórica

Neste sentido, a limitação da combustibilidade dentro da


edificação também aparece como uma importante medida de redução
dos riscos de incêndio. É necessário ressaltar que todos os materiais
devem ser verificados quanto à sua capacidade de ignição, e, quando os
novos elementos com características adequadas ao desempenho ao fogo
são inseridos, estes não devem interferir nos aspectos decorativos do
edifício.
Os sistemas de proteção ativa, juntamente com a
compartimentação, são elementos fundamentais de segurança. As
formas de detecção e alarme, sistemas de combate automático,
extintores portáteis, hidrantes e mangueiras devem ser instalados,
verificando as condições estruturais, estéticas e dos riscos apresentados
pelo uso do edifício.
Além de todas estas medidas de proteção, é necessário destacar o
estabelecimento de planos de emergência. Este instrumento tem por
finalidade a identificação da vulnerabilidade da edificação a situações de
emergência, como os incêndios, antecipar seus possíveis impactos,
indicar a melhor forma de prevenção, atribuir responsabilidades, bem
como a proposição de um plano de ação e de recuperação do edifício
que veio a sofrer um incêndio (ONO, 2004).
A compartimentação deve ser considerada em qualquer projeto de
intervenção em edificações históricas. O uso de portas corta-fogo,
elementos isolantes, bem como a atuação sobre o lay-out interno do
edifício evitam a propagação de chamas, mantendo o fogo em seu local
de origem de modo a facilitar a sua extinção.

Tabela 6 – síntese dos elementos, requisitos funcionais,


objetivos e soluções para projetos de segurança contra incêndios em
edifícios históricos
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS
REQUISITOS POSSÍVEIS
ELEMENTO OBJETIVOS
FUNCIONAIS SOLUÇÕES
- Avaliação dos
riscos de incêndio
- Manutenção das
Precaução
instalações
contra o Dificultar o princípio de
elétricas
início do incêndio
- Controle das
incêndio
fontes de calor
- Conscientização
dos usuários

55
2. Fundamentação teórica

Limitação do Ocorrido o princípio de


crescimento incêndio, dificultar a - Limitação da
do ocorrência da combustibilidade
incêndio inflamação generalizada

- Proteção ativa
Extinção Possibilitar a extinção - Brigadas de
inicial do incêndio no incêndio
do incêndio ambiente de origem - Planos de
emergência

Instalada a inflamação
Limitação da generalizada no
-
propagação ambiente de origem,
Compartimentação
do incêndio dificultar a propagação
para outros ambientes

Evacuação
Permitir a fuga dos - Sinalização e
segura
usuários do edifício iluminação
do edifício
- Rotas de fuga
Precaução
contra
a propagação Dificultar a propagação - Controle dos
do do incêndio para materiais no
incêndio edifícios adjacentes entorno do edifício
entre
edifícios
Precaução
Manter o edifício - Conservação
contra o
íntegro, sem danos, sem preventiva
colapso
ruína parcial e/ou total
estrutural
Rapidez,
eficiência e Permitir operações de
segurança natureza de combate ao
- Desobstrução dos
das fogo e de
acessos
operações resgate/salvamento de
de combate e vítimas
resgate

LEGENDA: Segurança do Patrimônio; Segurança da vida humana

56
CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
ESTUDO DE CASO

Os dados analisados neste trabalho foram coletados a partir de


estudo de caso aplicado em três edificações históricas, tombadas na
esfera estadual, sob a guarda da Fundação Catarinense de Cultura e da
Fundação Cultural do Senhor dos Passos, em Florianópolis, SC.
O estudo de caso ressalta a interpretação do contexto onde o
objeto a ser pesquisado se insere. A partir de diferentes informações
obtidas pelas observações diretas e indiretas dos objetos é possível a
comparação de dados e a avaliação das hipóteses (YIN, 2003).
Os três estudos de casos podem ser classificados, de acordo com
Yin (2003), como explicativos, uma vez que a coleta de dados foi
realizada em etapas devidamente planejadas ao longo da pesquisa a
partir dos conceitos de preservação do patrimônio histórico edificado, da
segurança contra incêndio e do projeto baseado em desempenho. Podem
ser definidos também como qualitativos em função dos métodos e
técnicas aplicados; e quantitativos, visto pela análise do risco de
incêndio e tratamento dos dados obtidos.
De acordo com os objetivos da pesquisa, o presente estudo visa
aplicar a filosofia de projeto baseado em desempenho para a segurança
contra incêndios como uma das abordagens de conservação de edifícios
históricos.

3.1. Local da pesquisa: Florianópolis


O município de Florianópolis, capital do estado de Santa
Catarina, localiza-se na região sul do Brasil e ocupa uma área de 436,5
km², distribuindo-se em uma ilha oceânica, com 54 km de extensão e
424,4 km, em uma península continental, com 12,1 km, e em algumas
pequenas ilhas (ver figura 3.1).
Na parte continental oeste, Florianópolis faz limite com o
município de São José, a leste com o oceano Atlântico e com as baias
norte e sul. O acesso terrestre é feito através das vias expressas BR-282
e BR-101 e pelas pontes Hercílio Luz (desativada), Governador
Colombo Machado Salles e Governador Pedro Ivo Campos, que fazem a
travessia do canal de 500 m (LOUREIRO, 2003).

57
3. Procedimentos de pesquisa

Figura 3.1: Florianópolis, SC. Fonte: Autora, 2008

Neste trabalho foram adotados como objetos de estudo edifícios


localizados no centro histórico de Florianópolis, considerado, de acordo
com Vaz (1991), como o coração histórico da cidade, que representa o
conjunto mais importante da área urbana no período que antecede o
processo de modernização. Neste sentido, o referido autor delimita o
centro histórico de acordo com a Figura 3.2.

3.1.1. Aspectos históricos


A fundação da Vila de Nossa Senhora do Desterro ocorreu por
volta da segunda metade do século XVII, decorrente de uma bandeira de
povoamento liderada pelo paulista Francisco Dias Velho. O sítio onde a
povoa foi implantada localizava-se na face da ilha voltada para o
continente, em uma colina e a praia, nos arredores onde atualmente é o
Largo da Catedral.
A opção por ocupar a ilha, e não o continente, pode ser explicada
pela preocupação com a defesa do território, com a procura das
condições geográficas mais favoráveis e para facilitar a ligação com a
metrópole. Várias cidades litorâneas de colonização portuguesa foram
fundadas em sítios à beira-mar (VEIGA, 1993).

58
3. Procedimentos de pesquisa

Figura 3.2: Delimitação do centro histórico de Florianópolis. Fonte:


VAZ, 1991; adaptado pela autora.

Com a chegada do Brigadeiro Silva Paes, em 1738, a vida de


Santa Catarina se transformou. Foi criada a primeira administração para
as povoações do litoral e o governo foi centralizado em Desterro. Neste
período teve início a construção das fortalezas, e ainda CORRÊA (2004)
relata que Silva Paes se incumbiu do projeto do palácio do governo, o
atual Palácio Cruz e Sousa, e da Igreja Matriz, e organizar todo o
material para as suas construções. Com relação a este fato, Broos (2002)
relata que:
“A insignificante Vila do Desterro tornou-se centro
governamental e espiritual. A praça recebeu repartições públicas
e começaram os vestígios da vida oficial. Além de ser Silva Paes
engenheiro, quem mandou construir fortificações, estradas e
igrejas, soldado que organizou a tropa e dirigiu campanhas e
administrador que organizou a colonização da Capitania, ele
representa o começo de transformações da sociedade”(BROOS,
2002: p.56-57).

59
3. Procedimentos de pesquisa

A organização espacial da vila de Desterro seguiu a Provisão


Régia de 9 de agosto de 1747, que é considerada a primeira norma
pública de regulamentação urbanística e de distribuição da população.
De acordo com esta provisão, o traçado das ruas deveria respeitar a
proeminência da igreja matriz com sua praça, porém os primeiros
arruamentos tiveram como fator condicionante o relevo, sendo
necessária a sua adaptação ao mesmo. (LOUREIRO, 2003).
Em 1762 teve início a construção da Capela do Menino Deus,
com iniciativa da Beata Joana de Gusmão, com a finalidade de abrigar a
imagem que dá nome a igreja, a qual carregava consigo a todos os
lugares que peregrinava (FONTES, 1965). Este bem se encontra até hoje
no edifício anexo ao complexo do Hospital de Caridade.
No ano de 1764 chegou a Desterro uma imagem do Senhor dos
Passos, a qual aí permaneceu, dando origem em 1765 à Irmandade do
Senhor dos Passos. Com isso, à capela do Menino Deus foi anexada
uma outra para abrigar a nova imagem, a qual permanece neste espaço
até os dias atuais (CORRÊA, 2004:p. 66).
No século XIX, a vila de Desterro foi elevada à condição de
cidade, tornando-se a capital da Província de Santa Catarina. De acordo
com CHEREM (2004),
“Depois de uma nova invasão espanhola e uma seqüência de
acertos diplomáticos entre Portugal e Espanha, deu-se início a
saída destes últimos, sendo a vila elevada à categoria de cidade
através da carta régia, em 1823”. (p.33).
Ainda segundo esta autora, a população da Capital era
contabilizada em 25.708 habitantes.
Nesta época, os principais edifícios públicos, como o Mercado
Público (demolido em 1898) e a primeira Alfândega (destruída por uma
explosão e 1866) se situavam voltados para o mar. As principais ruas do
comércio, como a Felipe Schimdt e a Conselheiro Mafra eram
exclusivas de pedestres.
Na porção atrás da Igreja Matriz ficava o Teatro Santa Isabel,
inaugurado no ano de 1875. Desde o lançamento de sua pedra
fundamental, o edifício levou dezoito anos para ser concluído. Cerca de
três anos após a proclamação da República, o teatro teve ser nome
alterado para Álvaro de Carvalho, e tornou-se palco de importantes
acontecimentos deste período, como por exemplo o que deu o nome
atual da capital (CHEREM, 2004, p.45).
No ano de 1894, a capital teve seu nome substituído por
Florianópolis, em homenagem à vitória das forças republicanas
comandadas pelo Marechal Floriano Peixoto.

60
3. Procedimentos de pesquisa

No início do século XX, além da instalação de serviços de


telefone, água encanada, luz, rede de esgoto e linhas de bonde, é
relevante ressaltar a construção da Ponte Hercílio Luz, em 1926, que
possibilitou a integração da ilha ao continente.
A partir da segunda metade do século XX, ao contrário das
principais capitais brasileiras, Florianópolis apresentava-se estagnada
quanto ao processo de crescimento urbano e permanecia como uma
cidade de pouca expressão nacional. Neste período, no que se refere à
construção civil, pouco se edificou em Florianópolis, a antiga paisagem
da cidade após a década de 1930 foi mantida em muitos trechos da área
central. Neste sentido, a estagnação nas transformações urbanísticas em
Florianópolis acarretou a salvaguarda de boa parte do seu patrimônio
histórico edificado. (VEIGA, 1993).

3.2. Métodos e técnicas utilizados


Para uma melhor compreensão das edificações, tanto no que se
refere à construção em si, como à sua importância histórica e cultural,
aliada às suas formas de ocupação atuais, optou-se pela realização de
uma análise documental, observações sistemáticas, entrevistas e a
análise global do risco de incêndio.
Conforme o explicitado anteriormente no capítulo 2 –
Fundamentação teórica, o sistema baseado em desempenho é constituído
por uma fase quantitativa e outra, qualitativa. Neste sentido, para a
aplicação desta filosofia neste trabalho, a metodologia utilizada pode ser
caracterizada de acordo com o diagrama a seguir (ver Figura 3.6).
A porção qualitativa, representada pela análise documental,
entrevistas e observações sistemáticas objetivam coletar dados para a
realização da etapa quantitativa, caracterizada pela análise global do
risco de incêndio. Esta fase visa mensurar o risco de incêndio presente
em cada uma das edificações através de parâmetros a serem observados.
A partir disto é possível uma avaliação de todos os resultados cuja
finalidade é o entendimento das reais necessidades quanto à proteção
contra incêndio em cada caso e o estabelecimento de prioridades para a
proposição de soluções projetuais.
A análise de todas as informações coletadas através dos quatro
métodos utilizados estão apresentadas no capítulo 4 - Análise dos
resultados, enquanto as diretrizes projetuais obtidas através da discussão
destes dados estão descritas no capítulo 5 – Diretrizes projetuais.

61
3. Procedimentos de pesquisa

Figura 3.3 – Procedimentos de pesquisa de acordo com a Filosofia de


projeto baseado em desempenho. Fonte: Autora, 2009.

3.2.1. Pesquisa bibliográfica e documental


Esta etapa consiste nas consultas bibliográficas e documentais,
onde as informações são coletadas em livros, periódicos, normas, artigos
científicos, documentos em geral e plantas arquitetônicas das
edificações.

3.2.2. Observações sistemáticas


A observação sistemática é realizada com um determinado
propósito, prevendo a utilização de alguns instrumentos reguladores e
organizadores das informações obtidas durante o experimento, como
quadros, escalas e dispositivos mecânicos (MARCONI; LAKATOS,
2003: p.193). Neste trabalho, consiste na investigação de fatos
relevantes à pesquisa nos referidos edifícios, tendo por referência
planilhas de análise embasadas nos dados obtidos na análise
documental. Estas planilhas guiam a observação e agrupam todos os
aspectos de interesse a serem conferidos de tal maneira a facilitar o
posterior tratamento dos dados obtidos neste processo.
“Na observação sistemática, o observador sabe o que procura e
o que carece de importância em determinada situação; deve ser
objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência
sobre o que vê ou recolhe” (MARCONI; LAKATOS, 2003:
p.193).

62
3. Procedimentos de pesquisa

3.2.3. Entrevistas
Para complementar as informações a serem obtidas com as
observações, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com
funcionários e outros usuários das edificações. Esta tipologia de
entrevista é caracterizada pela utilização de um roteiro contendo os
temas de maior relevância, com tópicos gerais, e conduzida pela
pesquisadora, podendo assumir, eventualmente o formato de uma
conversa. Neste caso, o registro das respostas se dará por escrito ou
gravação, e o tratamento dos dados obtidos foi realizado por análise de
conteúdo.

3.2.4. Análise global do risco de incêndio


Para a avaliação global do risco de incêndio, Gouveia (2006)
propõe os seguintes procedimentos a serem realizados após o
levantamento dos dados das edificações conforme o explicitado no
capítulo 2 – Fundamentação teórica:

a) Determinação da exposição ao risco de incêndio do edifício ( E ),


que consiste nos parâmetros favoráveis ao desenvolvimento e
propagação do incêndio.
b) Determinação da segurança ( S ), que possibilita mensurar a
segurança contra incêndio através da atribuição dos pesos definidos para
cada medida de segurança observada na edificação (ver item 2. no
capítulo 2 – Fundamentação teórica).
c) Determinação dos riscos de ativação ( A ), que consistem em
parâmetros determináveis a partir do levantamento de dados específicos
do edifício e seus compartimentos, tais como: ocupação, atividades,
usuários e instalações.
d) Cálculo do risco global de incêndio ( E )
O risco global de incêndio é o produto da exposição ao risco de
incêndio ( E ) e dos riscos de ativação ( A ).
e) Cálculo do coeficiente de segurança ( )
γ
O coeficiente de segurança da edificação é a razão entre o risco
global de incêndio ( R ) e a segurança ( S ), e indica se a edificação, ou
conjunto de edificações é seguro, através de um valor mínimo
γ min ≥ 1 .

63
3. Procedimentos de pesquisa

3.3. Elaboração do experimento


Para a viabilização da aplicação do método de projeto baseado
em desempenho descrito anteriormente, bem como a complementação
da parte teórica, verificou-se a necessidade de uma investigação através
de estudo de caso. Desta maneira, foi definida a Capela do Menino Deus
(ver Figura 3.3), o Palácio Cruz e Sousa (ver Figura 3.4) e o Teatro
Álvaro de Carvalho (ver Figura 3.5), na cidade de Florianópolis, SC,
que consistem em referenciais urbanos relevantes no contexto desta
cidade. A seleção se deu considerando os seguintes critérios:
a) Localização: Tendo em vista o crescente processo de
urbanização nesta área da cidade, optou-se por edifícios situados no
centro histórico de Florianópolis.
b) Importância: O edifício deve ser tombado na esfera estadual,
considerado referencial na paisagem de Florianópolis.
c) Usos: Todas as edificações devem ser públicas e ter usos
diferenciados

Figura 3.3 - Figura 3.4 - Palácio Figura 3.5 - Teatro


Capela do Menino Cruz e Sousa. Fonte: Álvaro de Carvalho.
Deus. Fonte: autora, 2009 Fonte: autora, 2009
Marcelo Cabral
Vaz, 2009

A partir da definição dos objetos de estudo procedeu-se a coleta


de dados sobre as edificações com a finalidade de reconhecer as suas
particularidades e a sua importância para a sociedade. Para isso, foi
realizada pesquisa bibliográfica e documental, no sentido de conhecer a
história, as características arquitetônicas, as técnicas construtivas
empregadas e as intervenções realizadas nos edifícios. Para
complementar estas informações, guiar as observações e ilustrar a
pesquisa, foram levantadas as plantas arquitetônicas e fachadas dos
edifícios.
Com os conhecimentos adquiridos nas etapas anteriores, teve
início o procedimento de reconhecimento dos objetos de estudo, por

64
3. Procedimentos de pesquisa

meio das observações. Nesta etapa, além da familiarização da


pesquisadora com os edifícios a serem estudados, foi realizada a
identificação das características destacadas na pesquisa bibliográfica e
documental, juntamente com as formas de apropriação destes espaços
pelos seus usuários. As observações referentes às edificações foram
registradas por meio de fotografia e filmagem.
Além das visitas exploratórias, foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com as administradoras dos edifícios, onde foi utilizado um
roteiro para as perguntas, que consistia em uma lista com os temas mais
relevantes à pesquisa, para complementação dos dados obtidos com a
aplicação dos métodos anteriormente descritos. Neste sentido, as
perguntas consistiam na busca de informações sobre a gestão das
edificações, o seu funcionamento, quadro de funcionários e manutenção
do edifício. As respostas foram registradas por escrito e os dados
obtidos foram tratados através de análise de conteúdo.
Para a análise das edificações, foram utilizadas planilhas
similares às propostas por Gouveia (2006), contendo dados gerais a
serem observados. Neste sentido, tendo por referência a tabela
apresentada por aquele autor, foram elaboradas três planilhas de coleta
de dados:
- A primeira referente à edificação global, contendo itens
referentes à sua localização, acessos, relação com o entorno, fachadas e
coberturas (ver Apêndices A, B e C);
- A segunda, com dados referentes aos ambientes internos, como:
forma, organização espacial, situação no edifício, comunicação com
outros ambientes, materiais componentes (tanto os integrados na
construção, quanto o mobiliário), usos e identificação dos sistemas de
proteção contra incêndio, se existentes (ver Tabelas 7, 8 e 9, no capítulo
4 – Análise dos resultados);
- E a última, referente à análise dos sistemas de proteção contra
incêndio identificados anteriormente, a qual teve a sua elaboração
fundamentada nas Normas de Segurança contra Incêndio do Corpo de
Bombeiros do Estado de Santa Catarina (NSCI, 1994). Esta planilha é
subdividida em tópicos referentes a cada sistema de proteção, contendo
perguntas referentes à situação dos mesmos na edificação. Esta
observação será necessária para a compreensão das soluções de projeto
obtidas tendo por referência a norma vigente, bem como os motivos
pelos quais alguns itens desta regulamentação não puderam ser
cumpridos, caso sejam verificados (ver Apêndices D, E e F).

65
3. Procedimentos de pesquisa

De um modo geral, com as informações obtidas por meio da


aplicação das duas primeiras planilhas é possível a obtenção dos
seguintes dados:
Natureza e quantidade de materiais combustíveis, que possibilita
a determinação da densidade da carga de incêndio;
Dimensões e fatores de ventilação dos ambientes, para a análise
das condições de desenvolvimento de um incêndio;
A distribuição da carga de incêndio e sua combustibilidade, que
permite a caracterização das condições de propagação interna e externa
de um incêndio;
O número de usuários, estado de saúde, idade e as atividades
exercidas em cada um dos ambientes, que possibilita a determinação do
risco de ativação de um incêndio.
A separação em planilhas diferenciadas se deu com a finalidade
de sistematizar a verificação e organizar, com uma maior legibilidade,
todos os dados obtidos com a observação para uma posterior análise.
Em seguida, para a análise do risco de incêndio, todos os aspectos
observados são agrupados de modo a possibilitar a verificação dos
parâmetros e seus respectivos pesos descritos por Gouveia (2006). A
partir disso, procede-se o cálculo do risco de incêndio para cada
edificação, assim como a avaliação da segurança das mesmas
juntamente com o balanceamento do risco de incêndio em função das
medidas de segurança disponíveis no edifício. Os resultados são
apresentados em tabelas elaboradas conforme a memória de cálculo
sugerida pelo autor deste método.

66
CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados dos quatro métodos
utilizados na pesquisa de campo, conforme explicado no capítulo 03 –
Procedimentos de pesquisa. Para cada método, há uma descrição dos
resultados obtidos e uma posterior comparação e análise. Para finalizar
este capitulo apresenta-se uma discussão dos resultados dos quatro
métodos utilizados, que procura enfatizar os principais problemas
encontrados referentes à segurança contra incêndio nas edificações
pesquisadas.

4.1. Capela do Menino Deus


A capela do Menino Deus pertence ao complexo do Imperial
Hospital de Caridade, situado no centro da cidade de Florianópolis, SC
(ver Figura 4.1). Tanto o hospital quanto a capela são de propriedade da
Irmandade do Senhor dos Passos, sendo que a igreja do Menino Deus é
gerenciada pela Fundação Cultural Senhor dos Passos.

Figura 4.1 - O complexo do Hospital de Caridade no contexto da


cidade. Foto: Marcelo Cabral Vaz, 2009, editado pela autora.

A referida capela é umas das edificações mais antigas do centro


histórico de Florianópolis e abriga em seu interior bens culturais de
valor inestimável (ver figura 4.2), como as imagens do Senhor dos
Passos (1) e de Nossa Senhora das Dores (2), e os restos mortais de D.
Joana de Gusmão (3). A igreja do menino Deus é considerada
patrimônio cultural de todos os catarinenses, tombada de acordo com o
Decreto Lei Estadual Nº 2998, de 25 de junho de 1998, e também na
esfera municipal, juntamente com o Hospital de Caridade e mais dez
conjuntos arquitetônicos de destaque no contexto de Florianópolis, pelo
Decreto Lei Municipal Nº 270 de 30 de dezembro de 1986.

67
4. Análise dos resultados

Figura 4.2: Bens culturais contidos no interior da Capela do Menino


Deus. Fonte: Autora, 2009.

4.1.1. Histórico construtivo


A construção da capela foi iniciada em 1762, sendo a planta
arquitetônica composta pela nave e capela – mor (ver Figura 4.3). A
nave possuía uma área de 126,72 m2, sendo 8,80 m de largura por 14,40
m de profundidade, e era seguida pelo altar mor, de 6,60 m de
comprimento. A fachada da capela era constituída por um frontão
triangular que acompanhava duas águas do telhado, tendo a cruz como
coroamento central. Havia também três janelas e a porta de entrada
almofadada, que permanece até os dias atuais.

Figura 4.3 - Construção da Capela do Menino Deus.

Em 1768 foi anexada à lateral esquerda da igreja a capela do


Senhor Bom Jesus dos Passos (ver Figura 4.4). Neste mesmo período,
na lateral direita, foi construída a torre sineira, a qual se compunha por
três níveis: o térreo, com uma porta e duas janelas, o primeiro piso,
delimitado por uma cimalha, com duas janelas e, por final, o segundo
pavimento, que abrigava o sino e possuía duas pequenas janelas
(ALTHOFF, 1987).

68
4. Análise dos resultados

Figura 4.4 - Construção da capela Bom Senhor Jesus dos Passos e da


torre sineira.

No ano de 1780 tiveram início as obras do consistório, sendo que


em 1782 foi aberta a porta de comunicação do mesmo com o coro.
Cabral (1979) supõe que a construção da capela de Nossa Senhora das
Dores se deu por volta de 1783, uma vez que a imagem da Santa já fazia
parte das procissões, neste período (ver Figura 4.5).

Figura 4.5 - Construção da Capela de Nossa Senhora das Dores e do


Consistório.

No período de 1859 a 1870 foram realizados apenas pequenos


reparos em toda a capela.
Entre os anos de 1914 a 1916 foi introduzido, na arquitetura da
capela, o estilo eclético. De todas as alterações realizadas, destacam-se a
construção das atuais dependências de atendimento ao público, a
reconstrução do consistório, ampliação da torre e sobrado do capelão.
Ressaltam-se também as obras de embelezamento da fachada, que em
sua parte central é marcada por um elemento ornamentado com três
penáculos sobre a platibanda, bem como os balaústres que se estendem
até a lateral da capela do Senhor dos Passos. A torre, por sua vez, é
complementada com mais um pavimento, platibanda balaústres e
penáculos são quatro extremidades além de uma cúpula abobadada (ver
Figura 4.6).

69
4. Análise dos resultados

Figura 4.6 - Inserção do estilo eclético.

Em 1928, ao antigo frontispício, foi anexada uma torre


constituída por vários níveis, configurando o acesso principal atual da
capela (ver Figura 4.7). Além disso, foram inseridos na planta
arquitetônica, outras dependências utilizadas como sacristia e depósitos.
(DENDIA, 2008).

Figura 4.7 - Configuração do acesso atual.

4.1.2. Acesso
O complexo do Imperial Hospital de Caridade e a Capela do
Menino Deus consiste em um dos principais referenciais urbanos do
centro da cidade, localizado na encosta do Morro da Boa Vista, em um
amplo terreno elevado. A igreja tem como entorno uma vegetação
diversa, o Hospital de Caridade e um estacionamento, na parte frontal
(ver Figura 4.8). O acesso para o conjunto se dá pela rua do Menino
Deus, subindo uma ladeira, chegando à uma guarita. A partir desta
inicia-se uma subida íngreme, cuja via é estreita (aproximadamente 5 m
de largura), pavimentada com paralelepípedos (ver Figura 4.9). Ao
longo desta encontram-se carros estacionados em ambos os lados, visto
que o estacionamento localizado na frente do hospital (ver Figura 4.10)
não comporta a demanda de veículos. Este fato dificulta o acesso do
corpo de bombeiros ao edifício em uma situação de emergência.

70
4. Análise dos resultados

Figura 4.8 - Localização da Capela do Menino Deus e do Hospital de


Caridade. Fonte mapa: www.maps.google.com (acesso em
18/06/2009), Foto: Marcelo Cabral Vaz (2009), tratados pela autora
(2009).

Figura 4.9 - Rua do Menino Deus, Figura 4.10 - Via de acesso


Florianópolis, SC. Fonte: com veículos estacionados.
www.panoramio.com.br (acesso Fonte: Autora (2009).
em 14/06/2009).

4.1.3. Funcionamento
A capela é aberta à visitação todos os dias das 07:00 h às 19:00 h.
Em seu interior há um ambiente destinado ao museu sacro e um
pequeno dormitório, ocupado pelo capelão. O museu é aberto ao público
de terça a sexta feira, das 08:00 h às 18:00 h, contando com uma
funcionária.
A capela em si conta com duas funcionárias que exercem serviços
gerais, em turnos diferenciados. No período próximo à procissão do
Senhor Jesus dos Passos têm-se a inclusão de um colaborador
(voluntário), funcionário do hospital, cuja função é auxiliar nos

71
4. Análise dos resultados

preparativos da celebração. A faixa etária destes funcionários é de 45 a


60 anos e não possuem treinamento para atuação em situações de
emergência.
Com relação à segurança da capela, esta é feita por uma empresa
terceirizada. Na capela, somente durante o seu horário de visitação,
ficam dois funcionários.
Os visitantes da capela têm perfil muito diversificado e, tanto a
fundação quanto a irmandade não tem estimativas do número de pessoas
por dia. Durante o período que antecede a procissão do Senhor dos
Passos, a visitação aumenta consideravelmente.
Os visitantes acendem velas em local próprio localizado no
exterior do edifício. Na capela são realizadas somente missas internas da
irmandade e rezas.

4.1.4. Análise das fachadas e cobertura


A capela do menino Deus é composta pelos níveis: térreo,
primeiro pavimento, cobertura e torre sineira (ver Figura 4.11). Em sua
parte frontal, o edifício limita-se com um estacionamento, em ambas as
laterais e na parte posterior, pelo Hospital de Caridade (ver Figura 4.12).
No entanto, a fachada lateral direita da igreja é parcialmente geminada
com o complexo do referido hospital (ver Figura 4.13).
É importante ressaltar, nos limites da fachada lateral esquerda a
configuração de uma circulação do hospital, onde se observa a presença
de um hidrante com abrigo de mangueiras que supõe-se atender a ambos
os edifícios (ver Figura 4.14).
A cobertura da capela é independente do telhado do hospital,
porém em nível inferior, dado pela diferença de altura das edificações
(ver Figura 4.15). O telhado da capela é composto por telhas cerâmicas
do tipo francesa e a estrutura é de madeira. O fechamento das empenas é
feito em alvenaria e a cobertura, de modo geral, aparenta estar em boas
condições de conservação.

72
4. Análise dos resultados

Figura 4.11 - Níveis da capela. Fonte: Figura 4.12 -


Autora (2008). Estacionamento frontal.
Fonte: Marcelo Cabral Vaz
(2009).

Figura 4.13 - Limite com o Hospital de Figura 4.14 - Hidrantes


Caridade. Fonte: Marcelo Cabral Vaz compartilhados entre o
(2009). Hospital de Caridade e a
Capela do Menino Deus.
Fonte: Autora (2008).

Figura 4.15 - Cobertura da Capela do Menino Deus. Fonte: Marcelo


Cabral Vaz (2009).

73
4. Análise dos resultados

4.1.5. Organização espacial


A igreja do Menino Deus é composta, em seu pavimento térreo,
pela capela-mor, nave sacristia, capela de Nossa Senhora das Dores,
Capela Bom Senhor Jesus dos Passos, circulação, museu sacro (primeiro
pavimento da sala de exposição e reserva técnica), consistório (sala da
irmandade) e dois depósitos (ver Figura 4.16). No segundo pavimento
encontram-se o coro e o segundo parte da sala de exposição do museu e
reserva técnica (ver Figura 4.17).

Figura 4.16 - Planta pavimento térreo. Fonte: Autora (2009).

O acesso principal aos visitantes se dá pela nave, porém existem


outros secundários feitos através da circulação lateral (funcionários,
pacientes do Hospital de Caridade e familiares), pela sala da irmandade
(para os membros da irmandade do Senhor dos Passos) e pela sacristia e
depósito (somente para funcionários). Não existem acessos diretos
internos do hospital à capela. A comunicação entre os edifícios se dá
somente pelo exterior de ambos (ver Figura 4.18).

74
4. Análise dos resultados

Figura 4.17 - Planta primeiro pavimento. Fonte: Autora (2009).

O processo construtivo em etapas diferenciadas pode ser


caracterizado como adaptações sucessivas na planta arquitetônica,
devido ao aumento da quantidade de bens a serem abrigados na igreja e
à construção do hospital. Este fato permite a observação da configuração
de uma circulação realizada entre ambientes, principalmente nas laterais
esquerda e direita da planta e o conseqüente isolamento de algumas
dependências, evidenciado pela ausência de comunicação com outros
espaços vizinhos. Isto pode ser percebido em ambientes como a sala da
irmandade (consistório) e a sala de exposição do museu sacro.
É relevante ressaltar que na Capela do Menino Deus foi
observada a presença de sistema de proteção por extintores somente no
museu sacro (2 unidades extintoras por pavimento – pó químico e água)
e na circulação lateral, no pavimento térreo (1 unidade extintora – pó
químico). Não foi observado sistema de alarme e detecção de incêndio
na igreja (ver Figura 4.19).

75
4. Análise dos resultados

Figura 4.18 - Circulações na capela do Menino Deus. Fonte: Autora


(2009).

Figura 4.19 - Sistemas de proteção contra incêndios identificados na


capela. Fonte: Autora (2009).

4.1.6. Análise dos ambientes


Considerando a composição da planta arquitetônica da igreja,
procedeu-se a análise de cada ambiente separadamente. Neste sentido,
foram verificados os aspectos formais, organização espacial (layout),
comunicação com outras dependências, natureza e quantidade de
materiais, tanto integrados na construção quanto o mobiliário, usos e
identificação dos sistemas de proteção contra incêndio. Todos os dados

76
4. Análise dos resultados

obtidos foram organizados em tabelas (ver Tabela 7), de modo a


sistematizar a análise posterior dos resultados.
Para ilustrar a aplicação dos métodos, optou-se pela apresentação
da análise de um ambiente componente da Igreja do Menino Deus.
Desta maneira, foi selecionada a capela Bom Senhor Jesus dos Passos
pelo fato de ser o espaço mais visitado e que abriga bens de valor
inestimável para a comunidade, como os restos mortais de Dona Joana
de Gusmão e a imagem do Senhor dos Passos.

Análise da Capela Bom Senhor Jesus dos Passos


A Capela Bom Senhor Jesus dos Passos localiza-se no piso térreo
e seu acesso se dá pela nave. O ambiente tem comunicação direta com a
nave, sacristia e sala da irmandade (ver Figura 4.20).
Suas paredes são, supostamente, em alvenaria de pedra, o piso em
madeira e a cobertura abobadada em estuque com aberturas de
iluminação. Possui aberturas que consistem em 2 portas em madeira e 1
janela com comunicação com o exterior.
O ambiente comporta o altar com acesso ao seu interior em
madeira, escada de madeira, 1 banco cadeira e um suporte em madeira,
2 imagens, vaso com plantas, toalha e velas. O altar encontra-se em piso
elevado em madeira (3 degraus). As instalações elétricas são embutidas
nas paredes. Não foram observados, neste ambiente, sistemas de
proteção contra incêndios.
Tendo em vista o seu conteúdo de grande importância cultural, a
capela Bom Senhor Jesus dos Passos aparece como ponto focal no
contexto da igreja. Este fato é verificado pelo número de visitantes que
procuram este ambiente. No entanto, a mesma também tem a função de
circulação e comunicação entre ambientes, como a sala da irmandade e a
sacristia (ver Figura 4.21).

Figura 4.20 - Localização na igreja do Menino Deus e planta da


capela Bom Senhor Jesus dos Passos. Fonte: Autora (2009).

77
4. Análise dos resultados

Figura 4.21 - Circulação entre ambientes. Fonte: Autora (2009).

78
4. Análise dos resultados

Tabela 7 - Síntese da observação dos ambientes da Capela


do Menino Deus

79
4. Análise dos resultados

Continuação

80
4. Análise dos resultados

4.2.Teatro Álvaro de Carvalho


O Teatro Álvaro de Carvalho localiza-se na Rua Marechal
Guilherme nº26, no Centro da cidade de Florianópolis, SC. (ver Figura
4.22). Tombado em 29 de janeiro de 1988, pelo Decreto Estadual n.
1.304, o teatro pertence ao Governo do Estado de Santa Catarina, porém
sob a guarda da Fundação Catarinense de Cultura.
Possui lotação máxima de 500 lugares, sendo 301 assentos na
platéia numerada, 45 lugares nas frisas, 118 lugares no balcão e 6
camarotes com 6 cadeiras, em um total de 36 assentos. O teatro ainda
dispõem de 4 camarins, palco italiano, equipamentos de iluminação e
sonorização, instrumentos musicais e equipe técnica. No TAC são
realizados espetáculos de teatro, dança e música, sendo o seu público
tanto adulto quanto infantil.

Figura 4.22 - Teatro Álvaro de Carvalho. Fonte: Autora (2009).

4.2.1. Histórico construtivo


A construção do Teatro Santa Isabel (atual Teatro Álvaro de
Carvalho) teve início em 29 de julho de 1857, porém as obras se
prolongaram por 18 anos devido à problemas de arrecadação de
recursos. Ainda que inacabado, o teatro funcionou entre 1871 e 1873.
Originalmente, o edifício apresentava uma linguagem bastante próxima
às das construções luso-brasileiras do período Neoclássico do século
XIX (ver Figura 4.23).

81
4. Análise dos resultados

Figura 4.23 - O antigo Teatro Santa Isabel. Fonte: CORREA (2004).

A partir de 1955 foram realizadas reformas as quais conferiram


um estilo eclético à edificação. Um largo balcão suspenso ao acesso
principal foi anexado à fachada, em substituição aos pequenos balcões
existentes nas aberturas frontais superiores. A platibanda, que se
limitava somente à parte dianteira da edificação, foi estendida por toda a
sua volta. Ainda no que se refere às alterações na fachada, um pequeno
frontão foi construído, com as armas do estado de Santa Catarina (ver
Figura 4.24). No interior do teatro, a madeira colonial do balcão, das
escadas em caracol e do mezanino foi substituída pelo concreto. De um
modo geral, do antigo Teatro Santa Isabel, inaugurado em 1875,
restaram apenas as paredes externas (FCC, 2008).

Figura 4.24 - Reforma de 1955 e inserção de elementos decorativos na


fachada. Fonte: Autora (2009).

Em 1975 e 1984 o Teatro Álvaro de Carvalho foi novamente


reformado, porém todas as melhorias foram direcionadas aos aspectos
técnico-ambientais.
Em 2000 o TAC foi fechado por questões de segurança, sendo
que em 2003 o edifício foi restaurado seguindo a fisionomia definida na
reforma de 1955 (SCHIMIDTZ, 200-).

4.2.2. Acesso
O Teatro Álvaro de Carvalho consiste em um importante
referencial urbano do centro de Florianópolis (ver Figura 4.25).
Localizado na Rua Marechal Guilherme, o edifício ocupa praticamente
toda a quadra na qual está inserido, sendo o espaço à sua direita

82
4. Análise dos resultados

destinado a um estacionamento. O teatro limita-se na sua lateral


esquerda com a rua dos Ilhéus, e aos fundos, com a rua Artista
Bittencourt.

Figura 4.25 - Localização do Teatro Álvaro de Carvalho. Fonte Mapa:


www.maps.google.br (acesso em 18/06/2009), tratado Autora (2009).

4.2.3. Funcionamento
O TAC é aberto à visitação todos os dias, exceto os finais de
semana sem espetáculo. A administração funciona das 13h00min às
19h00min e o teatro funciona das 11h00min às 19h00min. Quando não
há espetáculo, o horário se estende até às 23h00min.
O teatro conta com 16 funcionários entre: guardas, faxineiras,
técnicos e administradores. Falta pessoal entre recepcionistas monitores
e informantes. Um dos funcionários, cuja função é sonoplastia,
apresenta deficiência visual. A segurança do edifício é feita por oficiais
da polícia militar do Estado aposentados. De um modo geral, os
funcionários não têm treinamento para agir em situações de emergência,
como no caso de um incêndio.
O público que freqüenta o TAC têm perfil muito diversificado,
sendo principalmente constituído por produtores, artistas e espectadores

83
4. Análise dos resultados

em geral. No TAC são realizados espetáculos de teatro, dança e música,


sendo o seu público tanto adulto quanto infantil.

4.2.4. Fachadas e Cobertura


O Teatro Álvaro de Carvalho é composto pelos níveis: subsolo,
térreo, primeiro pavimento (camarotes e frisas) e segundo pavimento
(balcão) (ver figura 4.26). O seu acesso principal é frontal, por uma
escadaria, ou pela rampa na lateral direita, pelo estacionamento. Na
lateral esquerda do edifício evidencia-se uma saída de emergência que
serve à platéia; e aos fundos, uma outra, ao palco, camarins e
administração (ver figura 4.27).

Figura 4.26 - Níveis do TAC. Fonte: BINS ELY et al (2008) tratado


pela Autora (2009).

A cobertura do teatro é caracterizada por um telhado de 4 águas,


composto por telhas cerâmicas do tipo francesa e a estrutura é de
madeira. Na entrevista realizada com uma funcionária da administração
do TAC, a mesma relata problemas de infiltração de águas pluviais no
edifício devido à presença de aberturas no telhado. Este fato pode ser
observado pelas manchas no teto e piso de alguns ambientes do teatro
(ver Figura 4.28).

4.2.5. Organização espacial


O teatro Álvaro de Carvalho é composto, em seu pavimento
térreo, pelo saguão, platéia, palco e camarins (ver Figura 4.29). No
primeiro pavimento encontram-se o salão nobre, uma circulação, os
camarotes e frisas e a administração (ver Figura 4.30). No segundo
pavimento, o balcão, a cabine de luz e som e depósitos; e no subsolo, a
circulação de acesso à administração e palco, e espaços destinados a
depósitos e instalações elétricas (ver Figura 4.31).

84
4. Análise dos resultados

Figura 4.27 - Acessos ao TAC. Fonte: Autora (2009).

Figura 4.28 – Manchas de umidade observadas. Fonte: Autora (2009).

O acesso principal aos visitantes se dá pelo saguão, porém existe


outro secundário feito através da saída de emergência localizada na
fachada posterior do edifício (funcionários e artistas).
É relevante ressaltar que no TAC foi observada a presença de
sistema de proteção por extintores, iluminação de emergência, hidrantes
e saídas de emergência. O edifício possui projeto preventivo contra
incêndios (ver Figura 4.32).

85
4. Análise dos resultados

Figura 4.29 - Pavimento térreo do TAC – platéia. Fonte: Autora (2009).

Figura 4.30 - Primeiro pavimento do TAC – camarotes e frisas. Fonte:


Autora (2009).

Figura 4.31 - Segundo pavimento do TAC – balcão. Fonte: Autora (2009).

86
4. Análise dos resultados

Figura 4.32 - Sistemas de proteção identificados no TAC. Fonte:


Autora (2009).

4.2.6. Análise dos ambientes


Considerando a composição da planta arquitetônica do teatro,
procedeu-se a análise de cada ambiente separadamente. Neste sentido,
foram verificados os aspectos formais, organização espacial (layout),
comunicação com outras dependências, natureza e quantidade de
materiais, tanto integrados na construção quanto o mobiliário, usos e
identificação dos sistemas de proteção contra incêndio. Como no estudo
de caso anterior, todos os dados obtidos foram organizados em tabelas
(ver Tabela 8), de modo a sistematizar a análise posterior dos resultados.
Para ilustrar a aplicação dos métodos, para facilitar a leitura deste
trabalho, será apresentada a análise de um pavimento do TAC. Desta
maneira, foi selecionado o piso térreo do teatro, pelo fato de ser o

87
4. Análise dos resultados

espaço mais visitado e que abriga as diversas funções fundamentais do


teatro (recepção, platéia, palco e camarins).

Análise do pavimento térreo


Os ambientes no pavimento térreo estão dispostos linearmente, o
que evidencia uma única circulação principal, entre saguão, platéia,
palco e camarins (ver Figura 4.33). Os acessos aos demais pavimentos
do teatro se dão pelo saguão, sendo que o acesso à administração é feito
pela parte posterior do palco. É relevante ressaltar que no pavimento
térreo do TAC foi observada a presença de sistema de proteção por
extintores, iluminação de emergência, hidrantes e saídas de emergência.

Figura 4.33 - Circulações no pavimento térreo do TAC. Fonte: Autora


(2009).

O saguão é o ambiente de acesso a todos os espaços do teatro. O


ambiente tem comunicação direta com a platéia e com o exterior, e
abriga a recepção e a bilheteria (ver Figura 4.34). Nas suas laterais
encontram-se as escadarias de acesso aos demais pavimentos.

Figura 4.34 - Saguão do TAC. Fonte: Autora (2009), Foto: Marcelo


Cabral Vaz (2009).

88
4. Análise dos resultados

Suas paredes são, supostamente, em alvenaria de pedra, o piso em


mármore e a cobertura em gesso. Possui aberturas que consistem em 3
portas em madeira e 4 vitrais laterais, todos com comunicação com o
exterior.
Neste ambiente foram observados sistemas de proteção contra
incêndio por extintores e iluminação de emergência. Todas as
instalações elétricas são embutidas nas paredes.
A platéia tem comunicação direta com o saguão, com o palco e
com o exterior através de uma saída de emergência (ver Figura 4.35). O
ambiente também tem comunicação com os camarotes e frisas (primeiro
pavimento) e com o balcão (segundo pavimento).

Figura 4.35 - Platéia do TAC e os demais pavimentos. Fonte: Marcelo


Cabral Vaz (2009).

Suas paredes são, supostamente, em alvenaria de pedra, o piso em


madeira e a cobertura em gesso. O ambiente comporta 301 assentos em
plástico, forrados com tecido (ver Figura 4.36).
Neste ambiente foram observados sistemas de proteção contra
incêndio por extintores, iluminação e saída de emergência, hidrante e
alarme de incêndio. Todas as instalações elétricas são embutidas nas
paredes.
O palco consiste em um piso elevado em madeira. O ambiente
tem comunicação direta com a platéia e com o exterior, e abriga, em sua
parte posterior, os camarins (ver Figura 4.37). Nas suas laterais
encontram-se as escadarias de acesso à administração e à sua parte
superior, para manutenção e sonoplastia.

89
4. Análise dos resultados

Figura 4.36 - Lay-out da platéia. Fonte: Administração do TAC.

Figura 4.37 - Detalhe do palco e camarins do TAC. Fonte: Autora


(2009).

Suas paredes são, supostamente, em alvenaria de pedra, o piso em


madeira e a cobertura em gesso. Possui comunicação com o exterior por
meio de uma saída de emergência.
Neste ambiente foram observados sistemas de proteção contra
incêndio por extintores, hidrante e iluminação de emergência. No palco,
todas as instalações elétricas são expostas, já nos camarins são
embutidas nas paredes.

90
4. Análise dos resultados

Tabela 8 - Síntese da observação dos ambientes do Teatro


Álvaro de Carvalho

91
4. Análise dos resultados

Continuação

92
4. Análise dos resultados

Continuação

93
4. Análise dos resultados

4.3. Palácio Cruz e Sousa


O Palácio Cruz e Sousa localiza-se na Praça XV de Novembro,
no Centro da cidade de Florianópolis, SC (ver Figura 4.38), e é uma das
edificações mais antigas da cidade. O Palácio está protegido pelo
Decreto Lei Municipal Nº 270, de 30 de dezembro de 1986, sendo que
também é tombado na esfera estadual pelo Decreto Lei Estadual
Nº.21.326 de 26 de janeiro de 1984.
O edifício atualmente abriga o Museu Histórico de Santa Catarina
e o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. No palácio ainda
são realizadas atividades no jardim, exposições temporárias de artistas, e
outros eventos, sendo o seu público tanto adulto quanto infantil. O
acervo do MHSC consiste essencialmente em sua estrutura física,
devido à sua importância histórica e arquitetônica, e em móveis e outro
s objetos que faziam parte do cotidiano político da capital do
Estado.

Figura 4.38 - Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis, SC. Fonte: Autora


(2009).

4.3.1. Histórico construtivo


Não há registro exato referente ao ano da conclusão da Casa do
Governo, atual Palácio Cruz e Sousa, mas certamente foi uma das
primeiras grandes edificações de Florianópolis. Este fato pode ser
constatado visto que o edifício pode ser identificado na mais antiga
gravura conhecida de Desterro, apresentada nos relatos do navegador La
Perouse, de 1785 (ver Figura 4.39) (FCC, 2008).

94
4. Análise dos resultados

Figura 4.39 - Vista da Ilha de Santa Catarina. Fonte CORRÊA, 2004

A Casa do Governo era basicamente um típico sobrado colonial


português, e passou por algumas reformas ao longo de sua existência.
De acordo com Cabral (1994), talvez a primeira intervenção tenha
ocorrido em 1845, quando D.Pedro II fez uma visita à província. Em
1894 e 1898 o governador Hercílio Luz ordenou uma grande reforma
que lhe conferiu o aspecto atual, onde foi agregada uma série de
elementos decorativos de inspiração eclética, tais como: adornos
esculpidos, pilastras, colunas de ferro, clarabóia entre outros (ver Figura
4.40).

Figura 4.40 - A Casa do Governo antes da reforma. Fonte: CORRÊA,


2004

Na fachada, foi construída a platibanda vazada e abalaustrada


onde foram inseridas dez figuras alegóricas. Em seu interior foi
implantada a escadaria revestida com mármore de Carrara, usado
também nos balaústres e balcões (ver Figura 4.41). Ainda destacam-se

95
4. Análise dos resultados

os trabalhos de marchetaria nos assoalhos, a pintura das paredes e tetos,


o vitral da sala de jantar e todo o seu nobre mobiliário (FCC, 2008).

Figura 4.41 - O Palácio do Governo e sua nova fachada.

Em 1977 e 1984 o palácio sofreu duas restaurações. Em janeiro


de 1984 o palácio foi tombado e restaurado pelo estado, onde vários
elementos foram reintroduzidos na sua arquitetura buscando uma maior
coerência com a reforma realizada pelo governador Hercílio Luz em
1894 e 1898 (SILVA, 2004). Com isso, o edifício mudou o seu caráter,
deixando de ser a sede administrativa do governo e passou a abrigar,
desde 1986, o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e o
Museu Histórico de Santa Catarina.

4.3.2. Acesso
O Palácio Cruz e Sousa é um importante referencial urbano do
centro de Florianópolis. Localizado em frente da Praça XV de
Novembro (ver Figura 4.42), o seu acesso principal é frontal (ver Figura
4.43), ou pelo jardim em sua parte posterior, pela rua Trajano (ver
Figura 4.44).

4.3.3. Funcionamento
O Palácio Cruz e Sousa é aberto à visitação de terças a sextas-
feiras das 10h00min às 18h00min, e aos sábados e domingos das 10h00

96
4. Análise dos resultados

às 16h00. A administração funciona de segunda à sexta-feira, das


13h00min às 19h00min.
O edifício conta com 25 funcionários entre: guardas, jardineiros,
monitores, bilheteria e administradores. De um modo geral, os
funcionários não têm treinamento para agir em situações de emergência,
como no caso de um incêndio.

Figura 4.42 - Localização do Palácio Cruz e Sousa. Fonte


mapa:www.maps.google.com (acesso em 18/06/2009), Foto: Marcelo
Cabral Vaz (2009), tratados pela Autora (2009).

Figura 4.43 - Acesso Figura 4.44 - Acesso posterior, pelo jardim.


frontal. Fonte: Autora Fonte: www. mhsc.sc.gov.br (acesso em
(2009). 18/09/2008)

97
4. Análise dos resultados

O público que visita o Palácio Cruz e Sousa têm perfil muito


diversificado, sendo principalmente constituído por estudantes, turistas e
comunidade em geral. No edifício ainda são realizados eventos no
jardim, exposições temporárias e reuniões em geral.

4.3.4. Fachadas e Cobertura


O Palácio Cruz e Sousa é composto por dois níveis: térreo e
primeiro pavimento. O edifício ocupa praticamente toda a quadra na
qual está inserido, sendo o espaço à sua direita ocupado por edificações
comerciais. O edifício limita-se na sua lateral esquerda com a Rua
Tenente Silveira e aos fundos, com a Rua Trajano (ver Figura 4.45).
A cobertura do palácio é caracterizada por um telhado de 4 águas,
composto por telhas cerâmicas do tipo colonial e a estrutura é de
madeira. Na cobertura ainda evidencia-se uma clarabóia (ver Figura
4.46).

Figura 4.45 - Entorno do Palácio Cruz e Sousa. Fonte:


www.maps.google.com (acesso em 25/06/2009), imagem tratada pela
autora (2009).

98
4. Análise dos resultados

Figura 4.46 - À esquerda, vista do telhado e da clarabóia, à direita,


vista interna da clarabóia. Fonte: Autora (2009).

4.3.5. Organização espacial


O Palácio Cruz e Sousa é composto, em seu pavimento térreo,
pelo saguão, salas de exposições temporárias, circulação e os espaços
destinados ao Instituto Histórico e Geográfico (ver Figura 4.47). No
primeiro pavimento encontram-se as salas de exposição permanente,
reserva técnica, conservação e a administração (ver Figura 4.48).
O acesso principal aos visitantes (ver Figura 4.49) se dá pelo
saguão, na parte frontal do edifício, por uma porta automática, porém
existe outro secundário feito através do jardim localizado na porção
posterior do edifício (acesso ao espaço de exposições temporárias).
Junto a este existe o acesso à administração, através de uma escadaria
(ver Figura 4.50). A exposição permanente no primeiro pavimento pode
ser acessada pelos funcionários da administração ou reserva técnica pelo
interior do edifício.

99
4. Análise dos resultados

Figura 4.47 - Pavimento térreo. Fonte: Autora (2009).

Figura 4.48 - Primeiro pavimento. Fonte: Autora (2009).

100
4. Análise dos resultados

Figura 4.49 - Acessos ao museu pelo pavimento térreo. Fonte: Autora


(2009).

Figura 4.50 - Acessos à administração e à reserva técnica, pelo


primeiro pavimento. Fonte: Autora (2009).

101
4. Análise dos resultados

No edifício, os ambientes estão dispostos no entorno da escada


central, o que configura uma circulação neste sentido. No primeiro
pavimento, este fato proporciona aos ambientes destinados à reserva
técnica e à administração um caráter de isolamento, ainda que os
mesmos possuam ligação com os demais espaços do palácio.
No que se refere aos aspectos da segurança contra incêndio, é
relevante ressaltar que no Palácio Cruz e Sousa foi verificada a presença
de sistema de proteção por extintores e hidrantes. O edifício não possui
projeto preventivo contra incêndios (ver Figura 4.51).

Figura 4.51 - Sistemas de proteção identificados no Palácio Cruz e


Sousa. Fonte: Autora (2009).

4.3.6. Análise dos ambientes


Considerando a composição da planta arquitetônica do palácio,
procedeu-se a análise de cada ambiente separadamente. Neste sentido,
de maneira similar aos procedimentos realizados nos estudos de caso
anteriores, foram verificados os aspectos formais, organização espacial
(layout), comunicação com outras dependências, natureza e quantidade
de materiais, tanto integrados na construção quanto o mobiliário, usos e
identificação dos sistemas de proteção contra incêndio. Todos os dados
obtidos foram organizados em tabelas (ver Tabela 9), de modo a
sistematizar a análise posterior dos resultados.
Para ilustrar a aplicação dos métodos, de modo a facilitar a leitura
deste trabalho, será apresentada a análise do espaço de exposição, no
pavimento térreo do Palácio Cruz e Sousa. Este ambiente foi
selecionado pelo fato de ter acesso gratuito e abriga exposições
temporárias.

102
4. Análise dos resultados

Análise da sala de exposição temporária


O espaço de exposições temporárias localiza-se no piso térreo e é
o ambiente de acesso a todos os espaços do teatro. O ambiente tem
comunicação direta com o exterior e com o saguão do museu, através de
um corredor. Este local abriga uma recepção, banheiros e a exposição
(ver Figura 4.52).

Figura 4.52 - Sala de exposições temporárias. Fonte: Autora (2009).

Suas paredes são, supostamente, em alvenaria de pedra, o piso e o


forro em madeira. Possui aberturas que consistem em 8 portas em
madeira e vidro, sendo 3 delas com comunicação com o exterior e 8
janelas.
Neste ambiente foram observados sistemas de proteção contra
incêndio por extintores, hidrante e uma sinalização de saída
improvisada. Na exposição ainda observa-se a presença de um elevador
não utilizado atualmente (ver Figura 4.53). Foi relatado na entrevista o
histórico de um princípio de incêndio ocorrido nas instalações deste
elevador. Todas as instalações elétricas são embutidas nas paredes e nos
rodapés de madeira (ver Figura 4.54).

103
4. Análise dos resultados

Figura 4.53 Sistemas de proteção identificados na sala de exposições


temporárias. Fonte: Autora (2009).

Figura 4.54 - Instalações elétricas na sala de exposições temporárias.


Fonte: Autora (2009).

104
4. Análise dos resultados

Tabela 9 - Síntese da observação dos ambientes do Palácio


Cruz e Sousa

105
4. Análise dos resultados

Continuação

106
4. Análise dos resultados

Continuação

107
4. Análise dos resultados

4.4. Análise do Risco de Incêndio

A partir dos dados obtidos com as observações, é possível estimar


o risco global de incêndio para a capela do Menino Deus, o Teatro
Álvaro de Carvalho e o Palácio Cruz e Sousa. De acordo com o que foi
descrito no capítulo 2 – Fundamentação teórica, o método é constituído
por cinco etapas:
• Determinação da exposição ao risco de incêndio ( E )
• Determinação das medidas de segurança ( S )
• Determinação dos riscos de ativação ( A )
• Cálculo do risco de incêndio ( R )
• Cálculo do coeficiente de segurança ( γ )
Para isso, todos os parâmetros componentes foram verificados
seguindo as tabelas com os pesos atribuídos para cada um deles neste
método (ver capítulo 2 – Fundamentação teórica). Com os valores
obtidos foi possível calcular o risco de incêndio ( R ) para cada
edificação.
Após o cálculo do risco de incêndio ( R ) é possível a
determinação do coeficiente de segurança ( S ) do edifício. Para isso
foram levantadas todas as medidas de segurança disponíveis na
edificação, de acordo com o explicitado no capítulo 3 – procedimentos
de pesquisa. Após esta etapa, da mesma maneira que o procedimento
anterior, foram verificados os pesos para cada elemento de segurança
observado nas tabelas componentes deste método (ver capítulo 2 –
Fundamentação teórica).

4.4.1. Determinação da Exposição ao risco de incêndio


A exposição ao risco de incêndio é determinada a partir do
produto de 6 parâmetros ou fatores de risco referentes à edificação,
agrupados em 3 classes: Carga de incêndio; Compartimento; e Política
de preservação.
Primeiramente, para o cálculo da exposição ao risco de incêndio
( E ), procedeu-se a verificação das cargas de incêndio tanto de cada um
dos ambientes que compõem cada uma das edificações pesquisadas.
Para isso, foram utilizados os dados obtidos nas observações referentes

108
4. Análise dos resultados

aos materiais componentes da edificação, tanto no que se refere ao


mobiliário quanto aos elementos construtivos.
Em seguida, os pesos de todos os materiais foram calculados
levando-se em consideração o equivalente em madeira, de acordo com o
especificado nas normas de segurança contra incêndios de Santa
Catarina – NSCI/SC (ver Anexo B). Com a determinação da carga de
incêndio é possível a verificação do peso atribuído para o primeiro
parâmetro definido no método da análise global do risco de incêndio
(
f1 ).
Para a capela do Menino Deus e o Teatro Álvaro de Carvalho,
foram obtidas as cargas de fogo equivalentes à 970,33 MJ/m² e 876,13
f
MJ/m², respectivamente, que correspondem à 1 = 1,5. Para o Palácio
Cruz e Sousa, devido ao seu acervo, a densidade da carga de fogo
calculada foi de 1738,5 MJ/m², que corresponde à
f1 = 1,7.
f
Para a verificação do segundo parâmetro ( 2 ) referente à altura
do compartimento foi considerada a altura total dos edifícios, sendo
para a Capela do Menino Deus considerado h=10,0m e para o Palácio
Cruz e Sousa, h=.8,0m, o que equivale a
f 2 = 1,3. Para o TAC, cuja

altura é de 12,5m, foi obtido f 2 = 1,5.


f
.No que se refere ao terceiro parâmetro ( 3 ), a distância do
Corpo de Bombeiros, foi considerado a posição do quartel do corpo de
bombeiros mais próximo das edificações. Desta maneira, foi
considerado o comando CB2 como o mais favorável, cuja distância a ser
percorrida é de aproximadamente 1,5 Km, conforme a Figura 4.54.
Desta maneira, fazendo a relação entre a distância a ser percorrida
pela viatura do Corpo de Bombeiros e o peso equivalente segundo o
f3
método da análise global do risco de incêndio, temos que = 1,25.

109
4. Análise dos resultados

Figura 4.54 - Posição do quartel do Corpo de Bombeiros mais próximo


da Capela do Menino Deus. Fonte: www.maps.google.com (acesso em
26/05/2009), tratado pela autora, 2009.

f
Para a determinação de 4 , ou seja, as condições de acesso à
edificação foram adotados os critérios prescritos no método, isto é, a
quantidade de fachadas possíveis de serem acessadas por uma viatura do
Corpo de Bombeiros em uma situação de incêndio. Para isso foram
utilizados os dados obtidos nas observações, na etapa anterior. Neste
sentido, foram verificadas três fachadas livres nas três edificações que,
de acordo com o método, caracteriza o acesso como “fácil”, cujo valor
de f 4 é equivalente à 1,0.
Tendo em vista as características construtivas dos edifícios
estudados, descritas anteriormente (ver itens 4.1.1 e 4.1.6), considera-se
os mesmos como do tipo C ou compartimentados (ver capítulo 2 -
Fundamentação teórica). Neste sentido, o perigo de generalização pode
f
ser classificado como I, sendo 5 equivalente a 1,0.
O último parâmetro para a determinação da exposição ao risco de
incêndio consiste na importância específica da edificação, caracterizada
como o grau de tombamento da mesma. A capela do Menino Deus e o
Palácio Cruz e Sousa são tombados tanto na esfera estadual como
municipal, enquanto o TAC é tombado somente no nível estadual. Neste

110
4. Análise dos resultados

sentido, foi atribuído para as três edificações o peso correspondente ao


f
tombamento estadual, sendo 6 = 1,9.
O cálculo e os valores obtidos para cada parâmetro são
apresentados na Tabela 10.

4.4.2. Determinação da Segurança


Através do levantamento de dados foi possível a identificação das
medidas de segurança presentes nas edificações pesquisadas.
Na igreja do Menino Deus foi observado sistema de proteção por
extintores somente no museu (duas unidades por pavimento, sendo de
água e pó químico) e na circulação lateral (uma unidade extintora de pó
químico). Além disso, foi verificada a presença de um hidrante externo
junto ao hospital de caridade, o que permite concluir que o mesmo serve
aos dois edifícios. Entretanto, o caminhamento da mangueira certamente
é insuficiente para proteger a capela de forma global. Desta maneira,
optou-se por desconsiderar este sistema de proteção, visto que o mesmo
não é operacional para a totalidade da edificação. Com isso, uma vez
que não foram verificadas as presenças de outros sistemas de proteção
s3
( s1 , s 2 e ), estes são desconsiderados para o cálculo da segurança,
sendo identificado somente s 4 , cujo peso equivale a 1,0.
No Teatro Álvaro de Carvalho foram observados sistemas de
proteção por extintores, hidrantes, alarme se incêndio com acionamento
manual, iluminação, sinalização e saídas de emergência. É relevante
ressaltar que esta edificação possui projeto de segurança contra
incêndio.
No Palácio Cruz e Sousa foram observados sistemas de proteção
por extintores e hidrantes. Na sala de exposições temporárias foi
verificada a presença de uma improvisação de sinalização de saída,
porém esta iniciativa não foi considerada operacional no contexto deste
edifício, sendo desconsiderada no cálculo da segurança.
Uma outra medida de segurança relevante observada é a
resistência ao fogo da estrutura. Para a sua avaliação, é necessário o
conhecimento das técnicas construtivas empregadas na edificação, que
foram reconhecidas através do levantamento de dados da mesma (ver
itens 4.1.1 e 4.1.6). Como não existem ensaios específicos referentes aos
tempos de resistência ao fogo para vedações verticais externas de pedra
e cal (supostamente o caso dos três edifícios pesquisados), foi

111
4. Análise dos resultados

considerado o tempo de 120 minutos, que corresponde a s14


equivalente a 4,0.
A partir disso, foram obtidos os pesos equivalentes para cada
medida de segurança, de acordo com as tabelas componentes do método
da análise global do risco de incêndio. O cálculo e os valores obtidos
para cada medida de segurança, bem como a sua descrição são
apresentados na Tabela 11.

4.4.3. Determinação dos riscos de ativação


Para a determinação dos fatores de risco de ativação ( A ) nas três
edificações pesquisadas, de acordo com o princípio da exclusão, onde
são utilizados no cálculo somente os parâmetros relevantes no contexto
dos edifícios analisados dentre todos os fatores explicitados no método,
foram considerados: a natureza da ocupação; o treinamento dos
funcionários e usuários, avaliado através das entrevistas; as instalações
elétricas e a presença de sistema de proteção contra descargas
atmosféricas.
No que se refere aos riscos decorrentes da atividade humana, as
três edificações consistem em locais de reunião de público, cujo valor
atribuído para A1 é 1,00. Da mesma maneira, quanto ao treinamento dos
usuários, que de acordo com o relatado nas entrevistas os usuários não
possuem treinamento específico, o peso de A2 para os três casos é 1,75.
Com relação aos riscos decorrentes da qualidade das instalações
elétricas, nos três casos não foi observado adaptação inadequada alguma
A
nas mesmas, o que implica 3 =1,00.
Finalmente, quanto aos riscos decorrentes dos fenômenos
naturais, foi verificada a presença de sistema de proteção contra
descargas atmosféricas somente na capela do Menino Deus, que, de
acordo com o método para este caso, o valor de A4 é equivalente a
1,00. Para os demais casos foi obtido A4 =1,50. Todos os valores
referentes a cada edifício e o cálculo do risco de ativação para os
mesmos encontram-se na Tabela 12.

4.4.4. Cálculo do Risco de incêndio e do coeficiente de segurança


A partir da verificação dos pesos equivalentes aos parâmetros
relacionados no método, é possível a determinação do risco de incêndio

112
4. Análise dos resultados

( R ) e do coeficiente de segurança ( γ ). Com o levantamento de dados e


a verificação dos pesos equivalentes a cada parâmetro destacado no
método, foram obtidos os valores apresentados na Tabela 13.
Para a capela do Menino Deus foi obtido o risco de incêndio ( R )
correspondente à 8,10 e coeficiente de segurança ( ) de valor
γ
equivalente a 0,49, que está aquém do critério estabelecido no método
de γ min ≥ 1 .
Para o Teatro Álvaro de Carvalho foi obtido um risco de incêndio
( R ) correspondente a 14,01 e coeficiente de segurança ( γ ) de valor
equivalente a 2,6, considerado satisfatório de acordo com o critério
estabelecido pela análise global do risco de incêndio (
γ min ≥ 1 ).
Para o Palácio Cruz e Sousa foi obtido um risco de incêndio ( R )
correspondente à 13,8 e coeficiente de segurança ( γ ) de valor
equivalente a 1,74, que é considerado satisfatório de acordo com o
critério estabelecido na análise global do risco de incêndio ( min
γ ).
≥1
Com estes resultados é possível a afirmação de que ainda que
exista um projeto de segurança contra incêndio para a capela do Menino
Deus, os sistemas designados para esta edificação são insuficientes para
a sua proteção. Neste sentido, de acordo com a filosofia de projeto
baseado em desempenho, é necessário estabelecer um nível de proteção
para o referido edifício e definir os procedimentos de tal modo a garantir
a sua segurança com um grau de interferência aceitável no patrimônio.
No caso do Teatro Álvaro de Carvalho, além do fato deste
edifício possuir um projeto de segurança contra incêndio de acordo com
as normas vigentes, a aplicação desta metodologia permite afirmar que
os sistemas designados para esta edificação são suficientes para a sua
proteção contra incêndio.
De maneira similar ao estudo de caso anterior, para o Palácio
Cruz e Sousa, pode-se afirmar que os sistemas de proteção dispostos
nesta edificação são suficientes para a garantia de sua proteção contra
incêndios.

113
Tabela 10 – exposição ao risco de incêndio
Capela do Teatro Álvaro Palácio Cruz e
EDIFICAÇÃO
Menino Deus de Carvalho Sousa
Densidade da carga de
Carga de incêndio
f1 = 1,50 f1 = 1,50 f1 = 1,70
incêndio
Altura do compartimento f 2 =1,30 f 2 =1,50 f 2 =1,30
Distância do corpo de f3 f3 f3
Compartiment bombeiros =1,25 =1,25 =1,25
o
Condições de acesso f 4 =1,00 f 4 =1,00 f 4 =1,00

Importância Perigo de generalização f5


=1,00
f5
=1,00
f5
=1,00

FATORES DE RISCO
específica Tombamento f6 f6 f6
=1,90 =1,90 =1,90
E = f1 f 2 f 3 f 4 f 5 f 6 4,63 5,34 5,25
Fonte: Autora (2009).

114
Tabela 11 – Segurança
Capela do Menino Teatro Álvaro de
EDIFICAÇÃO Palácio Cruz e Sousa
Deus Carvalho
Medidas Alarme acion. manual =
sinalizadoras 1,50
Medidas extintivas Extintores = 1,00 Extintores = 1,00 Extintores = 1,00
Medidas de
Hidrantes = 6,0 Hidrantes = 6,0
infraestrutura
Resist. Fogo 120 min = Resist. Fogo 120 min = Resist. Fogo 120 min =
Medidas estruturais
4,00 4,00 4,00
Medidas políticas Sinalização saídas =1,00
S = s1 s 2 ...s n 4,00 36,00 24,00
Fonte: Autora (2009).

115
Tabela 12 – Riscos de ativação
EDIFICAÇÃO Capela do Menino Deus Teatro Álvaro de Carvalho Palácio Cruz e Sousa

A1 = 1,00 A1 = 1,00 A1 = 1,00


Atividade humana
A2 =1,75 A2 =1,75 A2 =1,75
Instalações A3 =1,00 A3 =1,00 A3 =1,00
Fenômenos naturais A4 =1,00 A4 =1,50 A4 =1,50
A = A1 Ak 1,75 2,62 2,62
Fonte: Autora (2009).

Tabela 13 – Risco de incêndio e Coeficiente de segurança


EDIFICAÇÃO Capela do Menino Deus Teatro Álvaro de Carvalho Palácio Cruz e Sousa

R = E. A R = 8,10 R = 14,01 R = 13,80


S γ γ γ
γ= = 0,49 = 2,60 = 1,74
R
CONCLUSÃO Insuficiente ( γ min <1) Suficiente ( γ min ≥ 1) Suficiente ( γ min ≥ 1)
Fonte: Autora (2009).

116
4.5. Discussões
De um modo geral, constatou-se que as edificações dispõem de
alguns sistemas de proteção contra incêndio de acordo com as NSCI-
1994, e outros caracterizados como iniciativas no sentido de promover
elementos de segurança pela sua adaptação à situação dos edifícios.
Foram identificados sistemas de proteção por extintores de água e pó
químico e hidrantes, os quais ao serem utilizados podem ocasionar
danos ao patrimônio. Muitas destas soluções podem ser melhoradas
objetivando níveis adequados de proteção aliado à garantia de que os
bens culturais, tanto a edificação em si como os objetos contidos no
interior das mesmas, não sofrerão danos significativos ocasionados pelo
fogo, tampouco pela sua extinção, em uma situação de incêndio.
A análise global do risco de incêndio, ainda que seja uma
importante iniciativa no sentido de conhecer e quantificar estes riscos
para a aplicação em projetos, generaliza diversos aspectos das
edificações históricas, tanto no que se refere ao seu local de
implantação, quanto às próprias peculiaridades inerentes a cada edifício.
Especificamente na capela do Menino Deus, não foram
considerados a obstrução da via de acesso por veículos estacionados e a
relação com a vizinhança ou o entorno da edificação. O método
considera somente o acesso às fachadas do edifício, e não o contexto
urbano no qual o mesmo está inserido. Da mesma maneira, na análise
global do risco de incêndio não é considerada a possibilidade da
propagação de incêndio proveniente de edifícios adjacentes, somente
oriundo da própria edificação estudada. No método não consta nenhum
parâmetro referente à natureza da ocupação do entorno, tampouco ao
afastamento entre edificações (isolamento de riscos). Com os
levantamentos realizados através das observações, é possível afirmar
que o risco de incêndio na capela do Menino Deus pode aumentar
significativamente, tendo em vista a sua relação com o hospital de
Caridade e a sua localização no contexto da cidade.
No caso do teatro Álvaro de Carvalho, o estado de conservação
da edificação não é considerado como fator de risco. Na entrevista foi
relatado que o edifício apresenta problemas de infiltração de águas
pluviais devido à presença de aberturas no telhado dadas pelo estado de
conservação insatisfatório do mesmo. Com a grande quantidade de
sistemas elétricos típicos de um teatro, é possível afirmar que o fato
descrito consiste em um risco iminente de um curto-circuito nestas
instalações. Neste sentido, com os levantamentos realizados através das

117
observações, é possível afirmar que o risco de incêndio no Teatro
Álvaro de Carvalho pode aumentar significativamente.
No Palácio Cruz e Sousa é relevante destacar a interferência
visual da disposição do hidrante localizado na exposição permanente. O
referido sistema foi implantado em uma das paredes com pinturas
decorativas que dão identidade e valor ao palácio Cruz e Sousa. Pode-se
afirmar que a sua implantação ocasionou prejuízo a este patrimônio.
Este hidrante, além do impacto visual no contexto do ambiente, não
possui acesso fácil ao seu uso, uma vez que está obstruído pelo
mobiliário componente do acervo do museu. Desta maneira, não se pode
afirmar que estes sistemas estão efetivamente protegendo as edificações.
Por outro lado, a aplicação desta metodologia foi um instrumento
importante à medida que seus parâmetros guiaram a observação e
proporcionaram um conhecimento dos riscos de incêndio e sua
quantificação ainda que preliminar. Com isso, foi possível a
sistematização das informações obtidas de modo a servir de base para a
proposição de diretrizes projetuais, de acordo com a filosofia de projeto
baseado em desempenho. Como o objetivo principal deste trabalho é a
aplicação da filosofia de projeto baseado em desempenho em
edificações históricas, os dados obtidos com a análise do risco de
incêndio aliado aos outros métodos aplicados consistem em elementos
fundamentais no entendimento das necessidades específicas de cada
edificação para a proposição de soluções de projeto para as mesmas.

118
5. DIRETRIZES DE PROJETO

5.1. Introdução
A segurança contra incêndio como uma abordagem de
conservação do patrimônio histórico edificado permite garantir a sua
longevidade por meio de intervenções conscientes e manutenção
adequada aliado ao conhecimento dos riscos de incêndio e formas de
proteção, e visa não somente a preservação do patrimônio em si, mas a
continuidade de diversas práticas sociais culturais e econômicas para as
gerações futuras. De um modo geral, as regulamentações vigentes
referentes à segurança contra incêndios se aplicam melhor às edificações
novas, sendo pouco adequadas à garantia da proteção patrimônio
histórico edificado devido à especificidade de suas características. Estas
normas prescrevem a aplicação de sistemas de combate a incêndios, tais
como proteção por extintores e/ou hidrantes, que acabam por não
minimizar os riscos de um princípio de incêndio.
Durante a pesquisa de campo, pôde-se verificar o tratamento
dispensado às edificações históricas no que se refere à segurança contra
incêndio, levando em consideração as especificações da norma bem
como a identificação das especificidades de cada edifício. Desta
maneira, constatou-se que, apesar de que os edifícios estudados estarem
em conformidade com a NSCI-1994, considerando os seus usos as
respectivas prescrições para os mesmos, é necessário identificar as reais
necessidades de cada caso, aliando os aspectos de segurança contra
incêndio à conservação do patrimônio. Em determinadas situações, o
valor do patrimônio no que se refere à sua importância cultural, justifica
a utilização de sistemas de proteção sofisticados, com custos
relativamente elevados; em outras, pequenas iniciativas podem ser
suficientes para a garantia de níveis adequados de proteção contra
incêndio.
As diretrizes projetuais apresentadas neste capítulo consistem na
aplicação do sistema de projeto baseado em desempenho em edifícios
históricos como forma de aliar a obtenção de níveis adequados de
segurança à garantia da integridade e de seu caráter histórico. O método
da análise global do risco de incêndio é aplicado para verificar os níveis
mínimos de proteção e guiar a proposição de diretrizes para
intervenções, visando a sua salvaguarda.
Para melhor sistematização das diretrizes projetuais, estas foram
divididas em duas partes: as Diretrizes Gerais, recomendadas às

119
5. Diretrizes de projeto

edificações históricas de um modo geral, abrangendo os edifícios


estudados neste trabalho; e as Diretrizes Específicas, direcionadas a cada
uma das edificações pesquisadas considerando suas peculiaridades,
conforme o sistema de projeto baseado em desempenho.
Ao final de cada conjunto de diretrizes, é apresentado um quadro
síntese que procura classificá-las de acordo com os elementos da
segurança contra incêndios, e, ainda, identificar itens a ser usados e/ou
evitados em projetos de prevenção contra incêndios para o patrimônio
histórico edificado.
Estas diretrizes foram sugeridas com a intenção de contribuir com
futuros projetos de prevenção contra incêndios para edificações
históricas, ressaltando que este trabalho não esgota a questão, e que
muito ainda há que ser feito neste sentido. Tais diretrizes estão
embasadas nos dados obtidos com as observações realizadas durante a
pesquisa de campo, e na fundamentação teórica, e são direcionadas para
edificações históricas, mas podem ser consideradas em qualquer projeto
para edifícios que abriguem o patrimônio histórico, artístico e cultural.
Cabe salientar ainda que as diretrizes a seguir estão em conformidade
com as proposições das regulamentações vigentes referentes à segurança
contra incêndio, entretanto procurou-se apresentar soluções que vão
além das suas especificações, seguindo as premissas do sistema de
projeto baseado em desempenho.

5.2. Diretrizes gerais

a) Precaução contra o início do incêndio

Avaliação do risco de incêndio


É necessário o entendimento e verificação dos riscos de incêndio
visando sua eliminação ou controle. Desta maneira, é possível a
identificação e a classificação do mesmo, estabelecendo prioridades, de
modo a revelar as condições mais indesejáveis que possam ocorrer em
um edifício ou conjunto de edifícios.

Manutenção das Instalações elétricas


É necessário ressaltar a importância da execução de instalações
elétricas adequadas e realização de manutenções periódicas nas mesmas
são exemplos de iniciativas preventivas neste contexto.

120
5. Diretrizes de projeto

Controle das fontes de calor


Sugere-se que as atividades que envolvam o manuseio de fontes
de calor sejam executadas em local apropriado por pessoal treinado e/ou
fora da edificação, verificando uma distância adequada de segurança.

Conscientização do usuário
É relevante a realização de programas de conscientização sobre
os riscos e os efeitos de um incêndio, visando o conhecimento por parte
dos usuários de suas formas de prevenção, destacando atividades que
podem representar perigo de início de incêndio.

b) Limitação do crescimento do incêndio

Limitação da combustibilidade
A limitação da combustibilidade dentro das edificações, por meio
do controle dos materiais inseridos nas mesmas, tanto revestimentos
quanto mobiliários, documentos e outros objetos combustíveis, é uma
importante medida de redução dos riscos de incêndio.
Todos os materiais combustíveis que não fazem parte do contexto
do edifício histórico devem ser avaliados quanto à necessidade de sua
presença na edificação.

Treinamento dos funcionários


É sugerida a realização de treinamento dos funcionários para ação
em situações de emergência, principalmente no que se refere ao
acionamento de sistemas de comunicação e alarme e também ao
manuseio de unidades extintoras em caso de princípio de incêndio.

c) Extinção inicial do incêndio

Sistemas de proteção ativa


Os sistemas de proteção ativa são elementos fundamentais de
segurança. As formas de detecção e alarme, sistemas de combate
automático, extintores portáteis e iluminação de emergência com
acionamento por baterias devem ser instalados, verificando as condições
estruturais, estéticas e dos riscos apresentados pelo uso do edifício.
Brigadas de incêndio
É relevante a formação e treinamento de profissionais para a
atuação em situações de emergência, principalmente no que se refere à
extinção inicial do incêndio e evacuação do edifício.

121
5. Diretrizes de projeto

Planos de emergência
Além de todas estas medidas de proteção, é necessário destacar o
estabelecimento de planos de emergência. Este instrumento tem por
finalidade a identificação da vulnerabilidade da edificação a situações de
emergência, como os incêndios, antecipar seus possíveis impactos,
indicar a melhor forma de prevenção, atribuir responsabilidades, bem
como a proposição de um plano de ação e de recuperação do edifício
que veio a sofrer um incêndio.

d) Limitação da propagação do incêndio

Compartimentação
A compartimentação deve ser considerada em qualquer projeto de
intervenção em edificações históricas. O uso de portas corta-fogo,
elementos isolantes, bem como a atuação sobre o lay-out interno do
edifício evitam a propagação de chamas, mantendo o fogo em seu local
de origem de modo a facilitar a sua extinção.

e) Evacuação segura do edifício

Sinalização e iluminação de emergência


Considerando fato de que as edificações históricas em geral não
dispõem de rotas de fuga, sugere-se que todos os caminhos para as
saídas do edifício sejam devidamente desobstruídos, sinalizados e
iluminados, de modo a evitar pânico e atropelos entre os usuários.

Pisos e revestimentos
Quando possível, os caminhos até as saídas devem ter pisos
antiderrapantes.
Os demais revestimentos incorporados à edificação, além de
serem reversíveis, devem ser verificados quanto à sua reação ao fogo.

Corrimãos
Sempre que possível, no caso de escadas, as mesmas devem
dispor de corrimãos preferencialmente em madeira. Deve-se ter um
cuidado especial com a sua fixação: quando possível os mesmos devem
ser engastados nas paredes.

f) Precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios

122
5. Diretrizes de projeto

Controle dos materiais no entorno do edifício


É necessário o conhecimento das características dos materiais
incorporados ao edifício em suas fachadas, bem como evitar depósitos
de materiais em geral em suas imediações.

g) Precaução contra o colapso estrutural

Manutenção preventiva da edificação


É necessário ressaltar a importância dos procedimentos de
conservação da edificação. Caso não sejam realizadas manutenções
adequadas no edifício, a sua segurança de um modo geral, pode ser
comprometida, principalmente em uma situação de emergência como
um incêndio.
Nos procedimentos de manutenção do edifício recomenda-se
verificar a resistência ao fogo de seus elementos estruturais e de
vedação.

h) Rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e


resgate

Desobstrução dos acessos


Um fator relevante é as condições de acesso das viaturas do corpo
de bombeiros ao edifício. Neste sentido, as vias não devem ser
obstruídas por veículos estacionados e o mobiliário urbano e vegetação
devem estar dispostos de tal forma a permitir a aproximação das viaturas
para operações de combate e resgate.

Comunicação
Recomenda-se a instalação de sistema de comunicação direta
com o corpo de bombeiros.

5.3. Diretrizes específicas


A partir dos dados obtidos nas etapas anteriores é possível a
proposição de diretrizes de projeto visando a segurança contra incêndios
nas três edificações avaliadas. Com a finalidade de sistematizar todas
estas informações e facilitar a sua leitura, foi elaborada uma Tabela
síntese das diretrizes gerais e específicas (ver Tabela 15). Nesta são
apresentadas as propostas específicas para cada edificação, classificadas

123
5. Diretrizes de projeto

de acordo com a sua prioridade e relacionadas às soluções gerais


levantadas com a realização desta pesquisa.
No caso específico da Capela do Menino Deus, as diretrizes
propostas visaram a garantia de sua proteção destacando os aspectos da
prevenção contra os incêndios e sua extinção inicial. No que se refere ao
Teatro Álvaro de Carvalho e ao Palácio Cruz e Sousa, foram verificados
a existência de sistemas de proteção considerados como suficientes à
garantia da segurança contra incêndios nestas edificações, de acordo
com a análise do risco de incêndio e do coeficiente de segurança. Neste
sentido, foram priorizados os mesmos aspectos do estudo de caso
anterior, porém com iniciativas relativamente simples no sentido de
melhorar os níveis de segurança existentes e diminuir os impactos da
implantação destas medidas. De um modo geral, buscou-se propor
soluções no sentido de que na ocorrência de um princípio de um
incêndio nestes edifícios, a sua extinção não acarretará efeitos nocivos
ao patrimônio.

5.3.1. Capela do Menino Deus


No caso da capela do Menino Deus, pode-se afirmar que o valor
cultural do edifício e dos objetos contidos em seu interior justifica o uso
de sistemas de segurança de alta tecnologia, e conseqüentemente, com
custo financeiro superior aos dispositivos tradicionais. De acordo com a
análise global do risco de incêndio, a capela do Menino Deus não está
suficientemente protegida, logo, as diretrizes propostas visam adequar
os níveis de segurança neste edifício para valores satisfatórios.

a) Precaução contra o início do incêndio

Manutenção das Instalações elétricas


Realizar manutenções periódicas nas instalações elétricas da
capela.
No caso de substituições ou execução de novas instalações, as
mesmas devem ficar aparentes, protegidas por dutos conforme a
normalização aplicável.

Controle das fontes de calor


Sugere-se que as atividades que envolvam o manuseio de fontes
de calor, como acender velas, sejam executadas em local apropriado
preferencialmente fora da edificação, verificando uma distância
adequada de segurança.

124
5. Diretrizes de projeto

Controle dos ambientes


É recomendável o monitoramento dos ambientes através de
circuito de câmeras ligado ao sistema de segurança do hospital, com
atenção especial à capela Bom Senhor Jesus dos Passos.
Sugere-se, considerando os horários de expediente relatados na
entrevista, a instalação de um sistema automático de corte de energia.
Recomenda-se a realização de procedimentos simples, como a
inspeção dos ambientes ao final do expediente.
É relevante ressaltar a importância dos procedimentos de
manutenção preventiva da edificação como um todo.

Conscientização do usuário
É relevante a realização de programas de conscientização sobre
os riscos e os efeitos de um incêndio na capela do Menino Deus,
destacando a importância da prevenção e identificando atividades que
podem representar perigo de início de incêndio nesta edificação.

b) Limitação do crescimento do incêndio

Limitação da combustibilidade
Realizar controle dos materiais inseridos na edificação, tanto
revestimentos quanto mobiliários, documentos e outros objetos
combustíveis.
Avaliar a necessidade da presença na edificação de todos os
materiais combustíveis que não fazem parte do contexto da Capela do
Menino Deus.

Treinamento dos funcionários


É sugerida a realização de treinamento dos funcionários da capela
para ação em situações de emergência, principalmente no que se refere
ao acionamento de sistemas de comunicação e alarme, à evacuação do
edifício e ao manuseio de unidades extintoras em caso de princípio de
incêndio.

c) Extinção inicial do incêndio

Sistemas de proteção ativa


Recomenda-se a instalação de um alarme ligado a um sistema de
detecção de fumaça, considerando que um princípio de incêndio neste

125
5. Diretrizes de projeto

edifício pode implicar prejuízos ao patrimônio, principalmente no que se


refere ao acervo cultural contido em seu interior.
É recomendável a utilização de extintores e sistemas de combate
automáticos de gás carbônico, devido à sua eficácia comprovada bem
como o fato de sua utilização não prejudicar a edificação histórica, bem
como os bens contidos em seu interior.
Os extintores devem estar dispostos em quase todos os ambientes
da capela, tendo como critério a sua operacionalidade em ambientes
vizinhos e facilidade de acesso.
Devem ser utilizados, preferencialmente, suportes no chão,
verificando a facilidade de manuseio, acesso e identificação.
Na capela Bom Senhor Jesus dos Passos, instalar sistema de
detecção de fumaça na parte interna do altar, juntamente com sistema
automático de combate por gás carbônico.
Este ambiente deverá dispor de uma unidade extintora de gás
carbônico, disposta nas proximidades de sua entrada (ver Figura 5.1).

Figura 5.1 - Intervenções na Capela Bom Senhor Jesus dos Passos.

Entre a nave e capela-mor deverá ser inserida uma unidade de gás


carbônico próxima ao quadro de distribuição de energia elétrica (ver
Figura 5.2).

126
5. Diretrizes de projeto

Figura 5.2 - Intervenção na Capela-mor.

Planos de emergência
Recomenda-se a identificação da vulnerabilidade da edificação a
situações de incêndios, a fim de antecipar seus possíveis impactos,
indicar a melhor forma de prevenção e atribuir responsabilidades.
É necessário a proposição de um plano de ação e de recuperação
do referido edifício caso venha a sofrer um incêndio.

d) Limitação da propagação do incêndio

Compartimentação
Utilização de elementos isolantes em intervenções futuras.

e) Evacuação segura do edifício

Sinalização e iluminação de emergência


Considerando fato de que a capela do Menino Deus não dispõe de
rotas de fuga e saídas de emergência, sugere-se que todos os caminhos
para as saídas do edifício sejam devidamente desobstruídos, sinalizados
e iluminados.
O sistema de iluminação de emergência deve ser por baterias e o
edifício deverá dispor de luminárias, pelo menos nas proximidades das
saídas, quando possível.

127
5. Diretrizes de projeto

Revestimentos
Os demais revestimentos incorporados à edificação, além de
serem reversíveis, devem ser verificados quanto à sua reação ao fogo.

f) Precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios

Controle dos materiais no entorno do edifício


Evitar depósito de materiais em geral nas imediações do edifício.
Desativar o depósito anexado à edificação em sua lateral.

g) Precaução contra o colapso estrutural

Conservação preventiva da edificação


Sugere-se a realização de procedimentos periódicos de
conservação da edificação relativos à manutenção (pequenos reparos).
Nos procedimentos de consolidação do edifício recomenda-se
verificar a resistência ao fogo de seus elementos estruturais,
principalmente estruturas de telhado, e de vedação.

h) Rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e


resgate

Desobstrução dos acessos


Desobstruir a via de acesso ao complexo do Hospital de caridade
e o entorno imediato da capela através da construção de estacionamentos
em locais apropriados, quando possível.
No caso destes estacionamentos não suprirem a demanda de
veículos, criar um sistema de transporte até o complexo.

As diretrizes propostas visam principalmente a prevenção contra


o início de um incêndio. Entretanto, no caso específico da capela do
Menino Deus, as mesmas objetivaram aumentar os níveis de segurança
contra incêndio consideradas insatisfatórias na análise global do risco de
incêndio. Desta maneira, é apresentado novamente o cálculo do
coeficiente de segurança para a igreja do Menino Deus a fim de
comparar as soluções atuais e as diretrizes propostas (ver Tabela 14).

128
Tabela 14 - Análise do risco de incêndio e determinação do coeficiente de segurança considerando as
intervenções propostas para a Capela do Menino Deus
Medidas de Segurança
Classificação Descrição Símbolo Peso
Alarme de incêndio manual S1 1,5
1. Medidas
Detector de calor e fumaça S2 2,0
sinalizadoras
Detector de calor e fumaça automáticos S3 3,0
Aparelhos extintores S4 1,0
Sistema fixo de gases S5 6,0
2. Medidas Brig. de incêndio – plantão expediente S6 8,0
extintivas Brig. de incêndio – plantão permanente S7 8,0
Chuveiros automáticos internos S8a 10,0
Chuveiros automáticos externos S8b 6,0
Hidrantes – reservatório público S9 6,0
3. Medidas de
Hidrantes – reservatório particular S10 6,0
infraestrutura
Reserva de água S11 1,0
Resistência ao fogo >30 S12 1,0
4. Medidas Resistência ao fogo >60 S13 2,0
estruturais Resistência ao fogo >90 S14 3,0
Resistência ao fogo >120 S15 4,0
Planta de risco S16 1,0
Plano de intervenção S17 1,2
5. Medidas políticas
Plano de escape S18 1,2
Sinalização das saídas S19 1,0

129
Risco Global de
Incêndio
R = E. A R = 8,10
Coeficiente de S
segurança
γ= γ 1 = 0,49 γ 2 = 10,67
R
Conclusão Insuficiente ( γ min <1) Suficiente ( γ min ≥ 1)
Fonte: Autora (2009).

130
5. Diretrizes de projeto

5.3.2. Teatro Álvaro de Carvalho


No caso do Teatro Álvaro de Carvalho, considerando o fato de
que o mesmo possui sistemas de proteção e projeto de segurança contra
incêndios, o que, de acordo com o método da análise global do risco de
incêndio, implica um coeficiente de segurança satisfatório, recomenda-
se a realização de procedimentos simples que visam a precaução contra
o início de um incêndio. Além disso, estas medidas objetivam que todas
as intervenções realizadas neste sentido acarretem impactos mínimos ao
patrimônio.

a) Precaução contra o início do incêndio

Manutenção das Instalações elétricas


Todas as instalações elétricas do teatro devem passar por
manutenções periódicas, principalmente aquelas dispostas no palco e
imediações.

Controle das fontes de calor


Sugere-se que as atividades que envolvam o manuseio de fontes
de calor sejam executadas em local apropriado por pessoal treinado e/ou
fora da edificação, verificando uma distância adequada de segurança.
No caso destas atividades fazerem parte de algum espetáculo a
ser realizado, a mesma deverá ser acompanhada por pessoal treinado.

Controle dos ambientes


Sugere-se, considerando os horários de expediente relatados na
entrevista, a instalação de um sistema automático de corte de energia.
Além disso, podem ser realizados procedimentos simples como a
inspeção dos ambientes ao final do expediente.
É relevante ressaltar a importância dos procedimentos de
manutenção preventiva da edificação como um todo.

Conscientização do usuário
É relevante a realização de programas de conscientização sobre
os riscos e os efeitos de um incêndio, visando o conhecimento por parte
dos usuários de suas formas de prevenção, destacando atividades que
podem representar perigo de início de incêndio no teatro.

131
5. Diretrizes de projeto

b) Limitação do crescimento do incêndio

Limitação da combustibilidade
Realizar controle dos materiais inseridos no teatro, tanto
revestimentos quanto mobiliários, documentos e outros objetos
combustíveis.
Todos os materiais combustíveis que não fazem parte do contexto
do edifício histórico devem ser avaliados quanto à necessidade de sua
presença na edificação.

Treinamento dos funcionários


É sugerida a realização de treinamento dos funcionários para ação
em situações de emergência, principalmente no que se refere ao
acionamento de sistemas de comunicação e alarme e também ao
manuseio de unidades extintoras em caso de princípio de incêndio.

c) Extinção inicial do incêndio

Sistemas de proteção ativa


Como o edifício dispõe de sistemas de segurança por extintores,
hidrantes, iluminação, sinalização e saídas de emergência e alarme com
acionamento manual, sugere-se os seguintes procedimentos:
Substituir os extintores de água e pó químico existentes por
unidades de gás carbônico devido à sua eficácia comprovada bem como
o fato de sua utilização não prejudicar a edificação histórica, bem como
os equipamentos e instalações contidas no teatro. .
Aumentar o número de unidades extintoras na edificação, de
modo a diminuir a necessidade do acionamento dos hidrantes em
situações de incêndio.
Inserir uma unidade extintora de gás carbônico no salão nobre nas
proximidades da entrada e uma outra na sala de estudos (ver Figura 5.3).
Devem ser utilizados, preferencialmente, suportes no chão,
verificando a facilidade de manuseio, acesso e identificação.
Instalar sistema de detecção de fumaça ligado a um alarme.

Brigadas de incêndio
É relevante a formação e treinamento de profissionais para a
atuação em situações de emergência, principalmente no que se refere à
extinção inicial do incêndio e evacuação do edifício

132
5. Diretrizes de projeto

Figura 5.3 - Intervenção no salão nobre e sala de estudos.

Planos de emergência
Identificar a vulnerabilidade da edificação a situações de
incêndios, antecipar seus possíveis impactos, indicar a melhor forma de
prevenção e atribuir responsabilidades.
Proposição de um plano de ação e de recuperação do edifício
caso venha a sofrer um incêndio.

d) Limitação da propagação do incêndio

Compartimentação
Recomenda-se a utilização de portas corta-fogo nos acessos às
escadas, quando possível e saídas de emergência.
Utilização de elementos isolantes em intervenções futuras.

e) Evacuação segura do edifício

Sinalização e iluminação de emergência


Considerando fato de que o TAC dispõe de sistemas de saídas,
iluminação e sinalização de emergência, são sugeridos os seguintes
procedimentos:
Os caminhos para as saídas do edifício deverão estar
devidamente desobstruídos, sinalizados e iluminados, de modo a evitar
pânico e atropelos entre os usuários do teatro.

133
5. Diretrizes de projeto

Sinalizar as mudanças de nível e os degraus das escadas com


materiais reversíveis e incombustíveis.
Sinalizar o primeiro e segundo pavimento, indicando os
ambientes e caminho para as saídas (escadas), de modo a facilitar a
orientação espacial do usuário.
Desobstruir os acessos ao edifício através da demarcação de
espaços para a colocação de banners e meios de comunicação visual.
Estudar a adaptação dos sistemas de abertura interna das portas
de saída de emergência .

Pisos e revestimentos
Quando possível, os caminhos até as saídas devem ter pisos
antiderrapantes.
Os demais revestimentos incorporados à edificação, além de
serem reversíveis, devem ser verificados quanto à sua reação ao fogo.

Corrimãos
Sempre que possível, no caso de escadas, as mesmas devem
dispor de corrimãos preferencialmente em madeira, de acordo com o
especificado na NSCI -1994.
Deve-se ter um cuidado especial com a sua fixação: quando
possível os mesmos devem ser engastados nas paredes.

f) Precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios

Controle dos materiais no entorno do edifício


Evitar depósitos de materiais em geral nas imediações das
fachadas do teatro.

g) Precaução contra o colapso estrutural

Conservação preventiva da edificação


Restaurar o edifício, destacando a necessidade de solução para os
problemas de umidade e infiltração de águas pluviais relatados na
entrevista.
Nos procedimentos de consolidação do edifício recomenda-se
verificar a resistência ao fogo de seus elementos estruturais e de
vedação.

134
5. Diretrizes de projeto

h) Rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e


resgate

Desobstrução dos acessos


Desobstruir os acessos ao edifício e saídas de emergência.
Relocar o estacionamento destinado às pessoas com deficiência
(atualmente na frente do teatro) para a lateral do edifício, próximo à
rampa de acesso.
Permitir somente embarque e desembarque de passageiros na
frente do TAC.
Executar as vagas de deficientes segundo as normas aplicáveis.

5.3.3. Palácio Cruz e Sousa


No caso do Palácio Cruz e Sousa, considerando o fato de que o
mesmo possui sistemas de proteção, recomenda-se, de maneira similar
ao estudo de caso anterior, a realização de procedimentos simples que
têm por objetivo principal a precaução contra o início de um incêndio.
Neste edifício, de acordo com as análises realizadas e descritas no
Capítulo 4 – Análise dos resultados, a prioridade é minimizar os
impactos ocasionados pelas intervenções referentes à segurança contra
incêndio, tanto em situações cotidianas, quanto após a extinção de um
incêndio.

a) Precaução contra o início do incêndio

Manutenção das Instalações elétricas


Todas as instalações elétricas do palácio devem passar por
manutenções periódicas.

Controle das fontes de calor


Sugere-se que atividades que envolvam o manuseio de fontes de
calor sejam executadas em local apropriado por pessoal treinado e/ou
fora da edificação, verificando uma distância adequada de segurança.

Controle dos ambientes


Sugere-se, considerando os horários de expediente relatados na
entrevista, a instalação de um sistema automático de corte de energia.
Além disso, podem ser realizados procedimentos simples como a
inspeção dos ambientes ao final do expediente.

135
5. Diretrizes de projeto

É relevante ressaltar a importância dos procedimentos de


manutenção preventiva da edificação como um todo.

Conscientização do usuário
É relevante a realização de programas de conscientização sobre
os riscos e os efeitos de um incêndio, visando o conhecimento por parte
dos usuários de suas formas de prevenção, destacando atividades que
podem representar perigo de início de incêndio no teatro.

b) Limitação do crescimento do incêndio

Limitação da combustibilidade
Realizar controle dos materiais inseridos no palácio, tanto
revestimentos quanto mobiliários, documentos e outros objetos
combustíveis.
Todos os materiais combustíveis que não fazem parte do contexto
do edifício histórico devem ser avaliados quanto à necessidade de sua
presença na edificação.

Treinamento dos funcionários


É sugerida a realização de treinamento dos funcionários para ação
em situações de emergência, principalmente no que se refere ao
acionamento de sistemas de comunicação e alarme e também ao
manuseio de unidades extintoras em caso de princípio de incêndio.

c) Extinção inicial do incêndio

Sistemas de proteção ativa


Como o edifício dispõe de sistemas de segurança por extintores,
hidrantes, iluminação, sinalização e saídas de emergência e alarme com
acionamento manual, sugere-se os seguintes procedimentos:
Substituir os extintores de água e pó químico existentes por
unidades de gás carbônico devido à sua eficácia comprovada bem como
o fato de sua utilização não prejudicar a edificação histórica e seu
acervo.
Instalar sistema automático de combate a incêndio por gás
carbônico nas salas de exposição permanente.
Aumentar o número de unidades extintoras na edificação, de
modo a diminuir a necessidade do acionamento dos hidrantes em
situações de incêndio.

136
5. Diretrizes de projeto

Devem ser utilizados, preferencialmente, suportes no chão,


verificando a facilidade de manuseio, acesso e identificação.
Instalar sistema de detecção de fumaça ligado a um alarme.

Brigadas de incêndio
É relevante a formação e treinamento de profissionais para a
atuação em situações de emergência, principalmente no que se refere à
extinção inicial do incêndio e evacuação do edifício.

Planos de emergência
Identificar a vulnerabilidade da edificação a situações de
incêndios, antecipar seus possíveis impactos, indicar a melhor forma de
prevenção e atribuir responsabilidades.
Proposição de um plano de ação e de recuperação do edifício
caso venha a sofrer um incêndio.

d) Limitação da propagação do incêndio

Compartimentação
Utilização de elementos isolantes em intervenções futuras.

e) Evacuação segura do edifício

Sinalização e iluminação de emergência


Os caminhos para as saídas do edifício deverão estar devidamente
desobstruídos, sinalizados e iluminados, de modo a evitar pânico e
atropelos entre os funcionários e visitantes do museu.
Sinalizar o primeiro e segundo pavimento, indicando os
ambientes e caminho para as saídas (escadas), de modo a facilitar a
orientação espacial do usuário.

Revestimentos
Os demais revestimentos incorporados à edificação, além de
serem reversíveis, devem ser verificados quanto à sua reação ao fogo.

f) Precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios

Controle dos materiais no entorno do edifício


Evitar depósitos de materiais em geral nas imediações das
fachadas do palácio.

137
5. Diretrizes de projeto

g) Precaução contra o colapso estrutural

Conservação preventiva da edificação


Realizar procedimentos de manutenção periódicos no edifício.
Nos procedimentos de consolidação do edifício recomenda-se
verificar a resistência ao fogo de seus elementos estruturais e de
vedação.

h) Rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e


resgate

Comunicação
Recomenda-se a instalação de sistema de comunicação direta
com o corpo de bombeiros.

138
Tabela 15: Síntese das Diretrizes Gerais e Específicas
DIRETRIZES ESPECÍFICAS
DIRETRIZES GERAIS OBJETOS DE ESTUDO
ELE
CAPELA DO TEATRO ÁLVARO PALÁCIO CRUZ
MEN SOLUÇÃO MEDIDAS
MENINO DEUS DE CARVALHO E SOUSA
TO
Avaliação dos riscos de incêndio
-Execução de instalações
Manutenção das
elétricas adequadas;
instalações
- Realização de manutenções
elétricas
periódicas
- Atividades que envolvam o Obs: Caso estas
manuseio de fontes de calor atividades façam parte
devem ser executadas em local de algum espetáculo,
Controle das fontes
apropriado por pessoal treinado deverá ter
de calor
e/ou fora da edificação; acompanhamento de
- Verificar distância adequada pessoal treinado
de segurança.
-Instalação de um sistema Obs: Monitoramento
automático de corte de energia; dos ambientes através
Controle dos - Inspeção dos ambientes ao de circuito de
ambientes final do expediente. câmeras ligado ao
sistema de segurança
do hospital
- Realização de programas de
Conscientização conscientização sobre os riscos
dos usuários e os efeitos de um incêndio;

Precaução contra o início do incêndio


- Destacar a importância das

139
formas de prevenção;
Identificar atividades que
podem representar perigo de
início de incêndio.
- Controle dos materiais
inseridos na edificação, tanto
revestimentos quanto
Limitação da
mobiliários, documentos e
combustibilidade
outros objetos combustíveis

Limitação do
crescimento do
incêndio
- Extintores CO2, Obs: Os extintores Obs: Substituir os extintores de água e pó
preferencialmente; devem estar dispostos químico existentes por unidades de gás
- Sistemas automáticos de em todos os carbônico
combate; ambientes da capela, - Aumentar o número de unidades extintoras
- Detecção e alarme. com fácil acesso e nas edificações.
identificação.
- Na capela BSJP,
Proteção ativa
instalar sistema de
detecção de fumaça
na parte interna do
altar, juntamente com
sistema automático
de combate por gás
carbônico.
- Formação e treinamento de
Brigadas de profissionais para a atuação na
incêndio extinção inicial do incêndio e

Extinção inicial do incêndio


evacuação do edifício.

140
Planos de emergência
- Uso de elementos corta-fogo;
- Atuação sobre o lay-out dos
ambientes.
Compartimentação

Limitação da
propagação
do incêndio
- Os caminhos para as saídas do Obs: Sinalizar as
edifício devem ser devidamente mudanças de nível e
desobstruídos, sinalizados e os degraus das escadas
iluminados. com materiais
reversíveis e
incombustíveis
Sinalização e - Sinalizar todos os
iluminação pavimentos, indicando
os ambientes e
caminho para as saídas
(escadas).
- Demarcar espaços
para comunicação
visual.
- Os caminhos até as saídas
devem ter pisos
antiderrapantes;
Pisos e
- Os revestimentos devem ser
revestimentos
verificados quanto à sua reação
ao fogo.

Evacuação segura do edifício


141
- Corrimãos e guarda-corpos
em madeira;
Corrimãos - Quando possível os mesmos
devem ser engastados nas
paredes.
Controle dos - Conhecimento das Obs: Desativar o
materiais no características dos materiais depósito anexado à
entorno do edifício incorporados ao edifício em edificação em sua
suas fachadas; lateral.
- Evitar depósitos de materiais
em geral em suas imediações

Precaução contra a
propagação do incêndio
entre edifícios
Conservação - Manutenção do edifício Obs: Restaurar o
preventiva verificando a resistência ao edifício, destacando a
fogo de seus elementos solução para os
estruturais e de vedação. problemas de umidade
e infiltração de águas
pluviais.

Precaução contra o
colapso estrutural
142
- Posicionamento da vegetação Obs: Desobstruir a Obs: Desobstruir os
e mobiliário urbano no entorno; via de acesso ao acessos ao edifício e
- Evitar carros estacionados ao complexo do saídas de emergência.
longo de vias de acesso Hospital de caridade - Relocar o
estreitas e o entorno imediato estacionamento
da capela destinado às pessoas
- Construção de com deficiência para a
Desobstrução dos estacionamentos em lateral do edifício
acessos locais apropriados, - Permitir somente o
quando possível. embarque e
- No caso destes desembarque de
estacionamentos não passageiros na frente
suprirem a demanda do TAC
de veículos, criar um - Executar as vagas
sistema de transporte de deficientes segundo
até o complexo. as normas aplicáveis.
- Instalar sistema de
Comunicação comunicação direta com o

Rapidez, eficiência e segurança das operações


de combate e resgate
corpo de bombeiros.
Lege Desnecessária ou não
Prioridade Relevante
nda observada

143
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES

Este trabalho objetivou a proposição de algumas diretrizes


projetuais de acordo com a filosofia de projeto baseado em desempenho
direcionadas ao patrimônio histórico edificado. Foi importante, neste
sentido, conhecer suas características específicas, como sua história,
seus aspectos construtivos, as atividades realizadas nestas edificações, e
as principais adaptações realizadas nas mesmas ao longo de sua
existência. Para que isto fosse possível, contou-se com o
desenvolvimento das etapas de fundamentação teórica e pesquisa de
campo.
A fundamentação teórica contribuiu, entre outros fatores, com
esclarecimentos sobre as questões do patrimônio, o fenômeno do
incêndio e o sistema de projeto baseado em desempenho. Pôde-se
compreender a importância da preservação do patrimônio histórico
edificado para a sociedade, da prevenção contra incêndio, os fatores que
potencializam a incidência de incêndios em edifícios históricos e a
importância do projeto neste contexto.
A conceituação do sistema de projeto baseado em desempenho
juntamente com exemplos de sua aplicação permitiu situar a pesquisa à
medida que sua aplicação permite o diálogo entre as questões da
segurança contra incêndio e os aspectos da preservação do patrimônio
histórico edificado. Desta maneira, é possível o estabelecimento de um
programa adequado de proteção, com o menor impacto possível sobre a
edificação, ou seja, garantindo a integridade e o caráter histórico do
mesmo, o que pôde ser alcançado com a aplicação da filosofia de
projeto baseado em desempenho.
A partir disso, constatou-se a necessidade do entendimento e
verificação dos riscos de incêndio tendo como finalidade a sua
eliminação ou controle. Desta maneira, a análise global do risco de
incêndio aparece como um instrumento dentro do contexto do sistema
baseado em desempenho à medida que sua aplicação guia a observação
de aspectos relevantes à segurança contra incêndio, quantifica estes
riscos e embasa a sugestão de diretrizes projetuais.
A conceituação da segurança contra incêndio, seus objetivos,
elementos e requisitos funcionais facilitaram a sistematização das
soluções de prevenção e proteção contra os incêndios em edificações
históricas, levantadas a partir de projetos e pesquisas relacionados com o
tema, e também das diretrizes projetuais sugeridas na dissertação. Além

144
6. Conclusões

disso, verificou-se que há muito que ser feito para estabelecer programas
adequados de proteção e garantir não somente a sua segurança a estes
sinistros, mas também que as intervenções realizadas neste contexto
acarretem o menor impacto possível sem interferências no caráter
histórico e arquitetônico destas edificações.
O quadro síntese dos elementos, requisitos funcionais, medidas e
objetivos da segurança contra incêndio, apresentados no final da etapa
de fundamentação teórica, tornou possível inventariar sugestões de
projetos neste contexto que possam ser aplicados em edificações
históricas, complementando as NSCI.
No que se refere aos procedimentos de pesquisa de campo, a
metodologia utilizada visava conhecer as peculiaridades de cada
edificação e os principais problemas relacionados à segurança contra
incêndio. Para isto, foi necessária a utilização de quatro métodos que se
complementaram de forma lógica e estratégica, alcançando o objetivo
esperado. Obviamente, cada método utilizado teve suas vantagens e
desvantagens, que foram sendo lapidadas conforme o andamento da
pesquisa.
Com o estudo sobre os três edifícios históricos, suas
peculiaridades e o seu tratamento referente à segurança contra incêndio,
foram identificados os fatores potenciais para o princípio de um
incêndio específicos nestas edificações. Além disso, com a análise
fundamentada nos elementos da segurança contra incêndio foi possível o
conhecimento dos riscos de incêndio aos quais cada um dos edifícios
encontra-se exposto, a identificação das medidas disponíveis em cada
uma das edificações, e a proposição de diretrizes gerais para elaboração
de projetos de prevenção contra incêndios neste contexto e diretrizes
específicas para intervenções nos objetos de estudo.
Com o desenvolvimento do primeiro método - pesquisa
bibliográfica e documental – pôde-se coletar dados relevantes sobre as
edificações, no sentido de reconhecer as suas particularidades e a sua
importância para a sociedade. Foi possível conhecer a história, as
características arquitetônicas, as técnicas construtivas empregadas e as
intervenções realizadas nos edifícios. Assim, este método serviu de base
para o desenvolvimento das observações sistemáticas e da análise global
do risco de incêndio.
Com as entrevistas semi-estruturadas foi possível o entendimento
da gestão das edificações, o seu funcionamento, o quadro de
funcionários e manutenção do edifício. A aplicação deste método
objetivou a complementação das informações obtidas com a análise

145
6. Conclusões

documental e as observações sistemáticas para o desenvolvimento da


análise do risco de incêndio para as referidas edificações.
As observações sistemáticas contribuíram com a identificação das
características destacadas na pesquisa bibliográfica e documental,
juntamente com as formas de apropriação dos espaços pelos seus
usuários, e ainda, permitiu a verificação dos elementos de segurança
contra incêndio empregados em cada edificação. Para o
desenvolvimento do método das observações, foram criadas planilhas de
análise, que facilitaram a coleta e a sistematização dos dados finais,
consolidando-se como um instrumento eficaz para esta pesquisa. No
entanto, na primeira metade da aplicação do experimento, a planilha
referente ao registro da observação dos ambientes evoluiu, mantendo-se
em constante transformação, à medida que surgiam novos critérios a
serem observados, revelados pela planilha de avaliação dos sistemas de
proteção.
Com o método de análise global do risco de incêndio, foi possível
a identificação e a classificação do mesmo, estabelecendo prioridades,
de modo a revelar as condições mais indesejáveis que possam ocorrer
especificamente nas edificações pesquisadas. No entanto, com a sua
aplicação em edificações históricas referenciais em Florianópolis, foi
constatado que esta metodologia não contempla certos aspectos que
podem se caracterizar como potencializadores de incêndios de grandes
proporções e condicionantes das ações de combate e resgate. A análise
global do risco de incêndio, ainda que seja uma importante iniciativa no
sentido de conhecer e quantificar estes riscos para a aplicação em
projetos, generaliza aspectos das edificações históricas que são
particulares, tanto no que se refere ao seu local de implantação, quanto
às próprias peculiaridades inerentes a cada edifício. Por outro lado, a
aplicação desta metodologia nesta dissertação foi um instrumento
importante à medida que seus parâmetros guiaram a observação e
possibilitaram a sistematização das informações obtidas de modo a
servir de base para a proposição de diretrizes projetuais de acordo com o
sistema baseado em desempenho.
Quanto aos resultados obtidos, identificou-se que as edificações
dispõem de alguns sistemas de proteção contra incêndio de acordo com
as NSCI-1994, e outros caracterizados como iniciativas no sentido de
promover elementos de segurança pela sua adaptação à situação dos
edifícios. De um modo geral foram identificados sistemas de proteção
por extintores de água e pó químico e hidrantes, os quais ao serem
utilizados podem ocasionar danos ao patrimônio. Muitas destas soluções
podem ser melhoradas objetivando níveis adequados de proteção aliado

146
6. Conclusões

à garantia de que os bens culturais, tanto a edificação em si como os


objetos contidos no interior das mesmas, não sofrerão danos
significativos ocasionados pelo fogo, tampouco pela sua extinção, em
uma situação de incêndio.
No caso específico da Capela do Menino Deus, com a análise do
risco de incêndio, verificou-se que os sistemas de proteção ativa
existentes na edificação são insuficientes para garantir a segurança do
patrimônio. Neste sentido, as diretrizes propostas visaram a garantia de
sua proteção destacando os aspectos da prevenção contra os incêndios e
sua extinção inicial. O valor dos bens contidos na igreja bem como a sua
própria estrutura física impregnada da história e memória da
comunidade justificam a utilização de sistemas de proteção contra
incêndios de alta tecnologia e custos mais elevados de implantação.
No que se refere ao Teatro Álvaro de Carvalho e ao Palácio Cruz
e Sousa, foram verificados a existência de sistemas de proteção
considerados como suficientes à garantia da segurança contra incêndios
nestas edificações. Neste sentido, da mesma forma que no estudo de
caso anterior foram priorizados os aspectos da prevenção contra os
incêndios e sua extinção inicial, porém com iniciativas relativamente
simples no sentido de melhorar os níveis de segurança existentes.
As diretrizes sugeridas estão embasadas nos conceitos
apresentados na fundamentação teórica e relacionadas aos dados obtidos
na pesquisa de campo. De uma forma geral, todas as propostas estão
direcionadas para o patrimônio histórico edificado do centro da cidade
de Florianópolis, no entanto, servem para qualquer projeto que envolva
as questões da segurança contra incêndios em edificações históricas.
Finalmente, a segurança contra incêndio em edificações históricas
deve ser pensada de maneira integrada à sua arquitetura, às suas
características construtivas e às atividades desenvolvidas nas mesmas.
Tendo em vista que as normas vigentes pouco contemplam edifícios
históricos, as mesmas devem servir de referência para a realização de
projetos que garantam efetivamente os níveis requeridos de segurança
para o patrimônio histórico edificado. Neste sentido, o projeto de
prevenção contra incêndio não deve ser encarado como um simples
cumprimento às normas, e sim, como uma das atividades que compõem
a conservação dos bens culturais, visando a sua salvaguarda e
continuidade para as gerações futuras.
Cabe salientar, que esta proposição de diretrizes é uma pequena
contribuição ao conhecimento quanto à importância da segurança contra
incêndio como abordagem de conservação de edificações históricas, mas
que ainda há muito a ser explorado nesta área.

147
6. Conclusões

Sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros


Ao longo da pesquisa foram verificados vários assuntos no
contexto da segurança contra incêndio que poderiam ser abordados em
trabalhos futuros, tais como:
O aprofundamento do método da análise global do risco de incêndio,
visando a aplicação efetiva em edificações históricas e o gerenciamento
destes riscos.
Estudos comparativos dos níveis de proteção contra incêndio em
edificações com usos semelhantes.
Verificação dos níveis de proteção contra incêndio em edificações
pertencentes a diferentes núcleos históricos dispersos na cidade.
Avaliação da orientação espacial no contexto dos meios de escape em
edificações históricas em situação de incêndio ou outras emergências.
Estabelecimento de critérios para a elaboração de planos de emergência
para atuação em incêndios ou outros eventos.

148
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157
APÊNDICES

Apêndice A - Levantamento de dados da Capela do Menino Deus


LEVANTAMENTO DE DADOS GERAIS
EDIFÍCIO: CAPELA DO MENINO DEUS AVALIADOR: DATA:
1.DADOS DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
1.1 Endereço Rua do Menino Deus, anexo ao Hospital de Caridade.
1.2 Proprietário Irmandade do Senhor dos Passos
2.DADOS DA OCUPAÇÃO PRINCIPAL
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
2.1 Residencial
2.2 Comercial
2.3 Escritório
2.4 Indústria
2.5 Local de reunião de público Igreja
2.6 Depósito
2.7 Outro
3.DADOS DA OCUPAÇÃO SECUNDÁRIA
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
3.1 Cozinha
3.2 Restaurante
3.3 Vestiário
3.4 Banheiros
3.5 Local de reunião de público
3.6 Lanchonete
3.7 Outros Museu
4.DESCRIÇÃO EXTERNA DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
4.1 Dimensões do terreno Não observado

158
4.2 Declividade do terreno Encosta de morro, porém plano
4.3 Gabarito 3
4.4 Fachada frontal Estacionamento
4.5 Fachada lateral esquerda Estacionamento e Hospital
4.6 Fachada lateral direita Estacionamento e Hospital
4.7 Fachada fundos Hospital
4.8 Edificações vizinhas Parcialmente geminada com Hospital de Caridade
5.COBERTURA
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
5.1 Tipo de estrutura Madeira
5.2 Número de águas
5.3 Tipo de telha Cerâmica, do tipo francesa
5.4 Posição em relação aos telhados vizinhos Nível abaixo
5.5 Tipo de material usado no fechamento das empenas Alvenaria, supostamente de pedras
5.6 Estado de conservação do telhado Boa
5.7 Aberturas Não verificadas
5.8 Compartimentação Paredes externas supostamente em pedra

159
Apêndice B - Levantamento de dados do Teatro Álvaro de Carvalho
LEVANTAMENTO DE DADOS GERAIS
EDIFÍCIO: TEATRO ÁLVARO DE CARVALHO AVALIADOR: DATA:
1.DADOS DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
1.1 Endereço Rua Marechal Guilherme, 26.
1.2 Proprietário Governo do estado de Santa Catarina
2.DADOS DA OCUPAÇÃO PRINCIPAL
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
2.1 Residencial
2.2 Comercial
2.3 Escritório
2.4 Indústria
2.5 Local de reunião de público Teatro
2.6 Depósito
2.7 Outro
3.DADOS DA OCUPAÇÃO SECUNDÁRIA
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
3.1 Cozinha
3.2 Restaurante
3.3 Vestiário
3.4 Banheiros
3.5 Local de reunião de público
3.6 Lanchonete
3.7 Outros
4.DESCRIÇÃO EXTERNA DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
4.1 Dimensões do terreno Não observado
4.2 Declividade do terreno Praticamente plano
4.3 Gabarito 3
4.4 Fachada frontal Rua Marechal Guilherme; estacionamento para deficientes

160
4.5 Fachada lateral esquerda Rua Arcipreste Paiva
4.6 Fachada lateral direita Estacionamento
4.7 Fachada fundos Rua Artista Bittencourt
4.8 Edificações vizinhas Ocupa a quadra inteira
5.COBERTURA
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
5.1 Tipo de estrutura Madeira
5.2 Número de águas 4
5.3 Tipo de telha Cerâmica, do tipo francesa
5.4 Posição em relação aos telhados vizinhos
5.5 Tipo de material usado no fechamento das empenas Alvenaria, supostamente de pedras
5.6 Estado de conservação do telhado Necessita de manutenção (infiltração de águas pluviais)
5.7 Aberturas sim
5.8 Compartimentação Paredes externas supostamente em pedra

161
Apêndice C - Levantamento de Dados do Palácio Cruz e Sousa
LEVANTAMENTO DE DADOS GERAIS
EDIFÍCIO: PALÁCIO CRUZ E SOUSA AVALIADOR: DATA:
1.DADOS DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
1.1 Endereço Praça XV de Novembro
1.2 Proprietário Governo do estado de Santa Catarina
2.DADOS DA OCUPAÇÃO PRINCIPAL
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
2.1 Residencial
2.2 Comercial
2.3 Escritório
2.4 Indústria
2.5 Local de reunião de público
2.6 Depósito
2.7 Outro Museu
3.DADOS DA OCUPAÇÃO SECUNDÁRIA
Nº INFORMAÇÃO SIM OBSERVAÇÃO
3.1 Cozinha
3.2 Restaurante
3.3 Vestiário
3.4 Banheiros
3.5 Local de reunião de público Realização de eventos no jardim
3.6 Lanchonete
3.7 Outros Arquivo (IHGSC)
4.DESCRIÇÃO EXTERNA DA EDIFICAÇÃO
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
4.1 Dimensões do terreno Não observado
4.2 Declividade do terreno Plano
4.3 Gabarito 2
4.4 Fachada frontal Praça XV de Novembro

162
4.5 Fachada lateral esquerda Rua Tenente Silveira
4.6 Fachada lateral direita Edificações comerciais
4.7 Fachada fundos Rua Trajano (calçadão)
4.8 Edificações vizinhas Não geminada (isolamento de riscos)
5.COBERTURA
Nº INFORMAÇÃO OBSERVAÇÃO
5.1 Tipo de estrutura Madeira
5.2 Número de águas 4
5.3 Tipo de telha Cerâmica, do tipo colonial
5.4 Posição em relação aos telhados vizinhos Isolada
5.5 Tipo de material usado no fechamento das empenas Alvenaria, supostamente de pedras
5.6 Estado de conservação do telhado Em manutenção
5.7 Aberturas Clarabóia
5.8 Compartimentação Paredes externas supostamente em pedra

163
Apêndice D - Avaliação dos Sistemas de Proteção da Capela do Menino Deus
PLANILHA DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO
NORMA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO - NSCI/94

(Decreto Estadual nº 4.909 de 18/10/94 - Diário Oficial nº 15.042 de 19/10/94)


EDIFÍCIO: Capela do Menino Deus AVALIADOR: DATA:
1. EXTINTORES
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
1.1 V 36 Há probabilidade do fogo bloquear o seu acesso?
1.2 36 Os extintores estão situados em locais onde haja boa
visibilidade e acesso desimpedido?
1.3 36 Os extintores portáteis estão afixados de maneira que
nenhuma de suas partes fique acima de 1,70 m ou abaixo
de 1,00m do piso acabado?
1.4 36 Os extintores portáteis estão corretamente sinalizados?
1.5 36 Estão localizados nas escadas (junto aos degraus) e/ou em
seus patamares?
1.6 39 Se a edificação possui mais de um pavimento, a mesma
possui o mínimo de duas Capacidades Extintoras para cada
pavimento?
1.7 Existem extintores sobre rodas na edificação?
1.8 42 Os extintores sobre-rodas estão localizados em pontos
centrais da edificaçäo?
1.9 43 O extintor sobre-rodas possui livre deslocamento?
1.10 46 Os extintores manuais ou sobre-rodas possuem a
identificaçäo do fabricante e os selos de marca de
conformidade emitidos por órgäos oficiais, de vistoria ou
de inspeçäo, respeitadas as datas de vigência e devidamente

164
lacrados?
2. SHP – não possui
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NA VIA PÚBLICA
2.18 Existe hidrante de recalque?
2.19 78 O hidrante de recalque está localizado junto à via pública,
na calçada ou embutido em muros ou fachadas?
2.20 78 A tampa do abrigo do hidrante de recalque é metálica com
as dimensöes mínimas 0,40 x 0,30 m e possui a inscriçäo
INCENDIO?
3. GLP
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
3.1 VII Existe instalação de GLP no edifício?
4. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
4.1 VIII 210 A largura das saídas de emergência é proporcional ao Não são saídas de emergência
número de pessoas que por elas transitarem?
4.2 210 A largura das saídas de emergência tem no mínimo 1,20
m?
4.3 211 Todas as saídas de emergência das edificaçöes são
sinalizadas com indicaçäo clara do sentido de saída?
4.4 212 O edifício possui somente escada comum?
4.5 212 O edifício possui escada protegida?
4.6 212 O edifício possui escada enclausurada?
4.7 212 O edifício possui escada enclausurada e a prova de
fumaça?
4.8 213 A escada comum possui degraus em leque?
4.9 219 O piso dos degraus e patamares são revestidos por Madeira

165
materiais incombustíveis e anti-derrapantes?
4.10 219 Os corrimãos são contínuos em ambos os lados?
4.11 219 Existe sinalizaçäo nas paredes: em local bem visível, o
número do pavimento correspondente e, no pavimento de
descarga, deverá ter a sinalizaçäo indicando a saída?
4.12 219 O guarda corpo possui altura mínima de 1,10 m?
4.13 221 A escada é obstruída por equipamentos, mobiliário entre
outros?
4.14 224 A escada tem no mínimo 1,50 m de largura, para
edificaçöes de reuniäo de público e a largura mínima de
1,20 m para os demais tipos de ocupações?
4.15 225 Os degraus têm espelho (h) entre 16 e 18 cm?
4.16 225 O comprimento obedece à fórmula: 63 cm < (2h + b) < 64
cm?
4.17 225 A saliência é menor ou igual a 0,02 m?
4.18 225 Os lances mínimos possuem 3 degraus, contando-se estes
pelo número de espelhos?
4.19 225 Os degraus são uniformes em toda a extensão da escada? Em geral, sim
4.20 226 A altura máxima de piso a piso entre patamares
consecutivos é de 3,00 m?
4.21 226 O comprimento do patamar é inferior a 1,20 m?
4.22 226 O comprimento do patamar é inferior à sua largura?
4.23 226 A altura da escada ultrapassa 3,00 m?
4.24 226 O número de degraus do lance é superior a 19?
4.25 227 Os corrimãos são colocados em ambos os lados da escada,
incluindo-se os patamares?
4.26 227 Os corrimãos estão situados entre 0,75 a 0,85 m acima do
nível da superfície superior do degrau?
4.27 227 Os corrimãos são fixados somente pela parte inferior?
4.28 227 Os corrimãos têm largura máxima de 0,06 m?
4.29 227 Os corrimãos estão afastados 0,04 m da face das paredes ou
guarda de fixação?
4.30 227 Os corrimãos são construídos de forma a permitir contínuo

166
escorregamento das mäos ao longo de seu comprimento e
näo proporcionar efeito de gancho?
4.31 227 Os corrimãos são metálicos? Madeira
4.31 227 Existe escada com mais de 2,50 m de largura? Externa
4.33 227 Existem corrimäos intermediários distantes no máximo até
2,20 m?
4.34 227 Consiste em escada externa de caráter monumental?
4.35 227 A escada monumental possui apenas dois corrimãos? Nenhum
4.36 227 As extremidades dos corrimäos intermediários são dotadas
de dispositivos para evitar acidentes (balaustres etc)?
4.37 228 O edifício possui área de descarga, como pátio em pilotis, Entrada principal e saída lateral
corredor ou átrio enclausurado?
4.38 229 Se a descarga conduzir a um corredor a céu aberto, este é Somente na parte frontal do edifício
protegido com marquise com largura de 1,20 m²?
4.39 232 A largura da descarga tem no mínimo 1,20 m de largura? Somente na parte frontal do edifício
4.40 232 A largura da descarga é menor que a largura das escadas
que com ela se comunique?
4.41 233 A descarga recebe mais de uma escada?
4.42 233 A sua largura se acrescenta a partir de cada uma das
escadas, da largura destas?
4.43 234 A descarga é sinalizada, indicando claramente a direção
para via pública ou área que com ela se comunique?
4.44 252 O edifício possui portas corta-fogo?
4.45 256 As portas têm as larguras normatizadas de 0,80 m e 0,90 m,
valendo por uma unidade de passagem?
4.46 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,40 m com
duas folhas de 0,70 m, valendo por duas unidades de
passagem?
4.47 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,80 m com
duas folhas de 0,90 m, valendo por três unidades de
passagem?
4.48 256 As portas têm as larguras normatizadas de 2,20 m com
duas folhas de 1,10 m, valendo por quatro unidades de

167
passagem?
5. SPCDA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
5.1 XII O edifício possui sistema de proteção contra descargas
atmosféricas?
5.2 284 É verificada a presença de materiais inflamáveis nas
imediaçöes das instalaçöes do SPCDA?
5.3 286 Todas as instalaçöes do SPCDA tem os captores e cabos de No Hospital de Caridade
descida firmemente ligados à edificação?
5.4 292 Os dispositivos de captura das descargas atmosféricas Haste
(captores) são constituídos por uma combinaçäo qualquer
dos seguintes elementos: Hastes; Cabos esticados;
Condutores em malha (rede ou gaiola). ? (informar o tipo)
5.5 339 Os cabos de descida estão devidamente aterrados?
5.6 343 Os eletrodos de terra estão instalados sob revestimento Não verificado
asfáltico?
5.7 343 Os eletrodos de terra estão instalados sob concreto? Não verificado
5.8 343 Os eletrodos de terra estão instalados sob argamassa em Não verificado
geral?
5.9 343 Os eletrodos de terra estão instalados em poços de Não verificado
abastecimento d'água?
5.10 343 Os eletrodos de terra estão instalados em centrais de gás ou Não verificado
próximo delas, a menos de 2 metros?
5.11 343 Os eletrodos de terra estão instalados em fossas sépticas? Não verificado
5.12 343 Os eletrodos de terra estão instalados a menos de 50 cm Não verificado
das fundaçöes?

6. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA – não possui


7. SISTEMA DE ALARME – não possui

168
Apêndice E - Avaliação dos Sistemas de Proteção do Teatro Álvaro de Carvalho
PLANILHA DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO
NORMA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO - NSCI/94

(Decreto Estadual nº 4.909 de 18/10/94 - Diário Oficial nº 15.042 de 19/10/94)


EDIFÍCIO: Teatro Álvaro de Carvalho AVALIADOR: DATA:
1. EXTINTORES
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
1.1 V 36 Há probabilidade do fogo bloquear o seu acesso?
1.2 36 Os extintores estão situados em locais onde haja boa
visibilidade e acesso desimpedido?
1.3 36 Os extintores portáteis estão afixados de maneira que
nenhuma de suas partes fique acima de 1,70 m ou abaixo de
1,00m do piso acabado?
1.4 36 Os extintores portáteis estão corretamente sinalizados?
1.5 36 Estão localizados nas escadas (junto aos degraus) e/ou em
seus patamares?
1.6 39 Se a edificação possui mais de um pavimento, a mesma
possui o mínimo de duas Capacidades Extintoras para cada
pavimento?
1.7 Existem extintores sobre rodas na edificação?
1.8 42 Os extintores sobre-rodas estão localizados em pontos
centrais da edificaçäo?
1.9 43 O extintor sobre-rodas possui livre deslocamento?
1.10 46 Os extintores manuais ou sobre-rodas possuem a
identificaçäo do fabricante e os selos de marca de
conformidade emitidos por órgäos oficiais, de vistoria ou de

169
inspeçäo, respeitadas as datas de vigência e devidamente
lacrados?
2. SHP
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
2.1 VI 49 As canalizaçöes, se expostas, estão pintadas de vermelho?
2.2 52 O abastecimento do Sistema Hidráulico Preventivo é feito
por Reservatório Superior?
2.3 52 O abastecimento do Sistema Hidráulico Preventivo é feito
por Reservatório inferior?
2.4 53 Os hidrantes ocupam lugares de modo a se proceder a sua
localizaçäo no menor tempo possível?
2.5 53 Os hidrantes estão devidamente sinalizados?
2.6 54 O hidrante está dentro do abrigo de mangueiras?
2.7 54 Os hidrantes estão dispostos de modo a evitar que, em caso
de sinistro, fiquem bloqueados pelo fogo?
2.8 62 Os hidrantes estão instalados em rampas, em escadas e nem
seus patamares?
2.9 64 Há, pelo menos um hidrante em cada pavimento?
2.10 69 Os abrigos de mangueiras têm forma paralelepipedal, com
as dimensöes máximas de 0,90 m de altura, por 0,70 m de
largura, por 0,20 m de profundidade?
2.11 69 As portas dos abrigos possuem viseiras de vidro com a
inscriçäo "INCENDIO", em letras vermelhas com as
dimensöes mínimas: traço de 0,5 cm e moldura de 3 x 4
cm?
2.12 69 A porta do abrigo possui dispositivos para ventilaçäo?
2.13 70 Os abrigos de mangueiras são dotados de dispositivos de
fechamento à chave, observando se os dispositivos
utilizados permitem a rápida abertura dos abrigos?
2.14 70 A chave (ou outro dispositivo que possibilite a abertura)
está situada ao lado do abrigo de mangueiras?

170
2.15 70 O abrigo para a chave possui dimensöes mínimas de 0,10 x
0,15 x 0,04 m?
2.16 70 A parte frontal do abrigo da chave é envidraçada, contendo
informaçöes quando a sua destinaçäo e forma de acioná-la?
2.17 77 As mangueiras estão acondicionadas nos abrigos, de modo a
facilitarem o seu emprego imediato?
NA VIA PÚBLICA
2.18 Existe hidrante de recalque?
2.19 78 O hidrante de recalque está localizado junto à via pública,
na calçada ou embutido em muros ou fachadas?
2.20 78 A tampa do abrigo do hidrante de recalque é metálica com
as dimensöes mínimas 0,40 x 0,30 m e possui a inscriçäo
INCENDIO?
3. GLP
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
3.1 VII Existe instalação de GLP no edifício?

4. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
4.1 VIII 210 A largura das saídas de emergência é proporcional ao
número de pessoas que por elas transitarem?
4.2 210 A largura das saídas de emergência tem no mínimo 1,20 m?
4.3 211 Todas as saídas de emergência das edificaçöes são
sinalizadas com indicaçäo clara do sentido de saída?
4.4 212 O edifício possui somente escada comum?
4.5 212 O edifício possui escada protegida?
4.6 212 O edifício possui escada enclausurada?

171
4.7 212 O edifício possui escada enclausurada e a prova de fumaça?
4.8 213 A escada comum possui degraus em leque?
4.9 219 O piso dos degraus e patamares são revestidos por materiais Mármore
incombustíveis e anti-derrapantes?
4.10 219 Os corrimãos são contínuos em ambos os lados?
4.11 219 Existe sinalizaçäo nas paredes: em local bem visível, o
número do pavimento correspondente e, no pavimento de
descarga, deverá ter a sinalizaçäo indicando a saída?
4.12 219 O guarda corpo possui altura mínima de 1,10 m?
4.13 221 A escada é obstruída por equipamentos, mobiliário entre
outros?
4.14 224 A escada tem no mínimo 1,50 m de largura, para
edificaçöes de reuniäo de público e a largura mínima de
1,20 m para os demais tipos de ocupações?
4.15 225 Os degraus têm espelho (h) entre 16 e 18 cm?
4.16 225 O comprimento obedece à fórmula: 63 cm < (2h + b) < 64
cm?
4.17 225 A saliência é menor ou igual a 0,02 m?
4.18 225 Os lances mínimos possuem 3 degraus, contando-se estes
pelo número de espelhos?
4.19 225 Os degraus são uniformes em toda a extensão da escada? Em geral, sim
4.20 226 A altura máxima de piso a piso entre patamares
consecutivos é de 3,00 m?
4.21 226 O comprimento do patamar é inferior a 1,20 m?
4.22 226 O comprimento do patamar é inferior à sua largura?
4.23 226 A altura da escada ultrapassa 3,00 m?
4.24 226 O número de degraus do lance é superior a 19?
4.25 227 Os corrimãos são colocados em ambos os lados da escada,
incluindo-se os patamares?
4.26 227 Os corrimãos estão situados entre 0,75 a 0,85 m acima do
nível da superfície superior do degrau?
4.27 227 Os corrimãos são fixados somente pela parte inferior?
4.28 227 Os corrimãos têm largura máxima de 0,06 m?

172
4.29 227 Os corrimãos estão afastados 0,04 m da face das paredes ou
guarda de fixação?
4.30 227 Os corrimãos são construídos de forma a permitir contínuo
escorregamento das mäos ao longo de seu comprimento e
näo proporcionar efeito de gancho?
4.31 227 Os corrimãos são metálicos?
4.31 227 Existe escada com mais de 2,50 m de largura? Externa
4.33 227 Existem corrimäos intermediários distantes no máximo até
2,20 m?
4.34 227 Consiste em escada externa de caráter monumental?
4.35 227 A escada monumental possui apenas dois corrimãos?
4.36 227 As extremidades dos corrimäos intermediários são dotadas
de dispositivos para evitar acidentes (balaustres etc)?
4.37 228 O edifício possui área de descarga, como pátio em pilotis, Direto no passeio
corredor ou átrio enclausurado?
4.38 229 Se a descarga conduzir a um corredor a céu aberto, este é
protegido com marquise com largura de 1,20 m²?
4.39 232 A largura da descarga tem no mínimo 1,20 m de largura?
4.40 232 A largura da descarga é menor que a largura das escadas
que com ela se comunique?
4.41 233 A descarga recebe mais de uma escada?
4.42 233 A sua largura se acrescenta a partir de cada uma das
escadas, da largura destas?
4.43 234 A descarga é sinalizada, indicando claramente a direção
para via pública ou área que com ela se comunique?
4.44 252 O edifício possui portas corta-fogo?
4.45 256 As portas têm as larguras normatizadas de 0,80 m e 0,90 m,
valendo por uma unidade de passagem?
4.46 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,40 m com duas
folhas de 0,70 m, valendo por duas unidades de passagem?
4.47 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,80 m com duas
folhas de 0,90 m, valendo por três unidades de passagem?
4.48 256 As portas têm as larguras normatizadas de 2,20 m com duas

173
folhas de 1,10 m, valendo por quatro unidades de
passagem?
5. SPCDA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
5.1 XII O edifício possui sistema de proteção contra descargas
atmosféricas?
6. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
6.1 XII 366 Os componentes da fonte de energia se situam em
compartimentos acessíveis ao público, e/ou onde há risco
de incêndio?
6.2 366 Os componentes da fonte de energia se situam em local
isolado de outros compartimentos por paredes resistentes
ao fogo?
6.3 366 Os componentes da fonte de energia se situam em local Não verificado
ventilado, de forma adequada à cada tipo de fonte de
energia e dotado de dispositivos para escapamento de ar
para o exterior da edificaçäo?
6.4 366 Os componentes da fonte de energia se situam em local Não verificado
que oferece riscos de acidentes aos usuários, como
ocorrência de explosäo, fogo, propagaçäo de fumaça ou
acidentes de funcionamento produzindo obstruçäo à
evacuaçäo da edificaçäo ou à organizaçäo de
socorro?gaiola). ? (informar o tipo)
6.5 366 Os componentes da fonte de energia se situam em local de
fácil acesso para inspeção e manutenção?
6.6 367 O circuito está ligado ao quadro geral e protegido por
disjuntores termomagnéticos?
6.7 371 A fixação dos pontos de luz é feita de modo que as

174
luminárias não fiquem instaladas em alturas superiores às
aberturas do ambiente?
6.8 397 A Iluminaçäo de Sinalizaçäo indica todas as mudanças de
direçäo, obstáculos, saídas, escadas, etc?
6.9 398 A distância em linha reta entre 2 pontos e iluminaçäo de
sinalizaçäo näo é maior de 15 m?
6.10 399 Mesmo havendo obstáculos, curvas ou escada, os pontos
de iluminação de sinalização estão dispostos de forma
que, na direção da saída, de cada ponto seja possível
visualizar o ponto seguinte?
6.11 402 A sinalização contém a palavra "SAIDA" sobre a seta
indicando o sentido da saída?
6.12 403 O material empregado para a sinalizaçäo e sua fixaçäo é
tal que näo possa ser facilmente danificada?
7. SISTEMA DE ALARME
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART.
NO EDIFÍCIO
7.1 XIV 408 A central de sinalizaçäo está instalada em local de
permanente vigilância e de fácil visualizaçäo?
7.2 408 A central deverá está protegida contra eventuais danos por
agentes químicos, elétricos ou mecânicos?
7.3 412 Cada pavimento ou área setorizada possui, no mínimo,
uma sirene ou campainha?
7.4 417 Os acionadores do sistema são do tipo Quebra-vidro "Push
Button", em cor vermelha e com inscriçäo instruindo o seu
uso?
7.5 418 Os acionadores estão instalados em locais visíveis e entre
cotas de 1,20 e 1,50 m tendo como referência o piso
acabado?
7.6 418 Os acionadores estão instalados nas áreas comuns de
acesso e/ou circulaçäo?
7.7 418 Os acionadores estão instalados próximo aos pontos de

175
fuga?
7.8 418 Os acionadores estão instalados próximo aos
equipamentos de combate a incêndio?
7.9 419 O número de acionadores de alarme foi calculado de
forma que o operador näo percorra mais de 30 m, no
pavimento ou na área setorizada, para acioná-los ?
7.10 423 Os detectores estão distribuídos por pavimentos ou áreas
setorizadas, de modo a permitir a imediata localizaçäo do
início de incêndio?

176
Apêndice F - Avaliação dos Sistemas de Proteção do Palácio Cruz e Sousa
PLANILHA DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO
NORMA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO - NSCI/94

(Decreto Estadual nº 4.909 de 18/10/94 - Diário Oficial nº 15.042 de 19/10/94)


EDIFÍCIO: Palácio Cruz e Sousa AVALIADOR: DATA:
1. EXTINTORES
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
1.1 V 36 Há probabilidade do fogo bloquear o seu acesso?
1.2 36 Os extintores estão situados em locais onde haja boa
visibilidade e acesso desimpedido?
1.3 36 Os extintores portáteis estão afixados de maneira que Em suportes no chão
nenhuma de suas partes fique acima de 1,70 m ou abaixo de
1,00m do piso acabado?
1.4 36 Os extintores portáteis estão corretamente sinalizados?
1.5 36 Estão localizados nas escadas (junto aos degraus) e/ou em
seus patamares?
1.6 39 Se a edificação possui mais de um pavimento, a mesma
possui o mínimo de duas Capacidades Extintoras para cada
pavimento?
1.7 Existem extintores sobre rodas na edificação?
1.8 42 Os extintores sobre-rodas estão localizados em pontos
centrais da edificaçäo?
1.9 43 O extintor sobre-rodas possui livre deslocamento?
1.10 46 Os extintores manuais ou sobre-rodas possuem a
identificaçäo do fabricante e os selos de marca de
conformidade emitidos por órgäos oficiais, de vistoria ou de
inspeçäo, respeitadas as datas de vigência e devidamente

177
lacrados?

2. SHP
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
2.1 VI 49 As canalizaçöes, se expostas, estão pintadas de vermelho?
2.2 52 O abastecimento do Sistema Hidráulico Preventivo é feito
por Reservatório Superior?
2.3 52 O abastecimento do Sistema Hidráulico Preventivo é feito
por Reservatório inferior?
2.4 53 Os hidrantes ocupam lugares de modo a se proceder a sua No 1º pavto. Está no fundo de uma das
localizaçäo no menor tempo possível? salas de exposição
2.5 53 Os hidrantes estão devidamente sinalizados?
2.6 54 O hidrante está dentro do abrigo de mangueiras?
2.7 54 Os hidrantes estão dispostos de modo a evitar que, em caso Sala de exposição permanente
de sinistro, fiquem bloqueados pelo fogo?
2.8 62 Os hidrantes estão instalados em rampas, em escadas e nem
seus patamares?
2.9 64 Há, pelo menos um hidrante em cada pavimento?
2.10 69 Os abrigos de mangueiras têm forma paralelepipedal, com
as dimensöes máximas de 0,90 m de altura, por 0,70 m de
largura, por 0,20 m de profundidade?
2.11 69 As portas dos abrigos possuem viseiras de vidro com a
inscriçäo "INCENDIO", em letras vermelhas com as
dimensöes mínimas: traço de 0,5 cm e moldura de 3 x 4
cm?
2.12 69 A porta do abrigo possui dispositivos para ventilaçäo?
2.13 70 Os abrigos de mangueiras são dotados de dispositivos de
fechamento à chave, observando se os dispositivos
utilizados permitem a rápida abertura dos abrigos?

178
2.14 70 A chave (ou outro dispositivo que possibilite a abertura)
está situada ao lado do abrigo de mangueiras?
2.15 70 O abrigo para a chave possui dimensöes mínimas de 0,10 x
0,15 x 0,04 m?
2.16 70 A parte frontal do abrigo da chave é envidraçada, contendo
informaçöes quando a sua destinaçäo e forma de acioná-la?
2.17 77 As mangueiras estão acondicionadas nos abrigos, de modo a
facilitarem o seu emprego imediato?
NA VIA PÚBLICA
2.18 Existe hidrante de recalque?
2.19 78 O hidrante de recalque está localizado junto à via pública,
na calçada ou embutido em muros ou fachadas?
2.20 78 A tampa do abrigo do hidrante de recalque é metálica com
as dimensöes mínimas 0,40 x 0,30 m e possui a inscriçäo
INCENDIO?
3. GLP
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO

3.1 VII Existe instalação de GLP no edifício?

4. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
4.1 VIII 210 A largura das saídas de emergência é proporcional ao Não são saídas de emergência
número de pessoas que por elas transitarem?
4.2 210 A largura das saídas de emergência tem no mínimo 1,20 m?
4.3 211 Todas as saídas de emergência das edificaçöes são

179
sinalizadas com indicaçäo clara do sentido de saída?
4.4 212 O edifício possui somente escada comum?
4.5 212 O edifício possui escada protegida?
4.6 212 O edifício possui escada enclausurada?
4.7 212 O edifício possui escada enclausurada e a prova de fumaça?
4.8 213 A escada comum possui degraus em leque?
4.9 219 O piso dos degraus e patamares são revestidos por materiais Mármore
incombustíveis e anti-derrapantes?
4.10 219 Os corrimãos são contínuos em ambos os lados?
4.11 219 Existe sinalizaçäo nas paredes: em local bem visível, o
número do pavimento correspondente e, no pavimento de
descarga, deverá ter a sinalizaçäo indicando a saída?
4.12 219 O guarda corpo possui altura mínima de 1,10 m?
4.13 221 A escada é obstruída por equipamentos, mobiliário entre
outros?
4.14 224 A escada tem no mínimo 1,50 m de largura, para
edificaçöes de reuniäo de público e a largura mínima de
1,20 m para os demais tipos de ocupações?
4.15 225 Os degraus têm espelho (h) entre 16 e 18 cm?
4.16 225 O comprimento obedece à fórmula: 63 cm < (2h + b) < 64
cm?
4.17 225 A saliência é menor ou igual a 0,02 m?
4.18 225 Os lances mínimos possuem 3 degraus, contando-se estes
pelo número de espelhos?
4.19 225 Os degraus são uniformes em toda a extensão da escada? Em geral, sim
4.20 226 A altura máxima de piso a piso entre patamares
consecutivos é de 3,00 m?
4.21 226 O comprimento do patamar é inferior a 1,20 m?
4.22 226 O comprimento do patamar é inferior à sua largura?
4.23 226 A altura da escada ultrapassa 3,00 m?
4.24 226 O número de degraus do lance é superior a 19?
4.25 227 Os corrimãos são colocados em ambos os lados da escada,
incluindo-se os patamares?

180
4.26 227 Os corrimãos estão situados entre 0,75 a 0,85 m acima do
nível da superfície superior do degrau?
4.27 227 Os corrimãos são fixados somente pela parte inferior?
4.28 227 Os corrimãos têm largura máxima de 0,06 m?
4.29 227 Os corrimãos estão afastados 0,04 m da face das paredes ou
guarda de fixação?
4.30 227 Os corrimãos são construídos de forma a permitir contínuo
escorregamento das mäos ao longo de seu comprimento e
näo proporcionar efeito de gancho?
4.31 227 Os corrimãos são metálicos?
4.31 227 Existe escada com mais de 2,50 m de largura?
4.33 227 Existem corrimäos intermediários distantes no máximo até
2,20 m?
4.34 227 Consiste em escada externa de caráter monumental? Escada interna
4.35 227 A escada monumental possui apenas dois corrimãos? Nenhum
4.36 227 As extremidades dos corrimäos intermediários são dotadas
de dispositivos para evitar acidentes (balaustres etc)?
4.37 228 O edifício possui área de descarga, como pátio em pilotis, Somente o jardim
corredor ou átrio enclausurado?
4.38 229 Se a descarga conduzir a um corredor a céu aberto, este é
protegido com marquise com largura de 1,20 m²?
4.39 232 A largura da descarga tem no mínimo 1,20 m de largura?
4.40 232 A largura da descarga é menor que a largura das escadas
que com ela se comunique?
4.41 233 A descarga recebe mais de uma escada?
4.42 233 A sua largura se acrescenta a partir de cada uma das
escadas, da largura destas?
4.43 234 A descarga é sinalizada, indicando claramente a direção
para via pública ou área que com ela se comunique?
4.44 252 O edifício possui portas corta-fogo?
4.45 256 As portas têm as larguras normatizadas de 0,80 m e 0,90 m,
valendo por uma unidade de passagem?
4.46 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,40 m com duas

181
folhas de 0,70 m, valendo por duas unidades de passagem?
4.47 256 As portas têm as larguras normatizadas de 1,80 m com duas
folhas de 0,90 m, valendo por três unidades de passagem?
4.48 256 As portas têm as larguras normatizadas de 2,20 m com duas
folhas de 1,10 m, valendo por quatro unidades de
passagem?
5. SPCDA
Nº NSCI/94 ITENS A CONFERIR S N OBSERVAÇÕES
CAP ART
NO EDIFÍCIO
5.1 XII O edifício possui sistema de proteção contra descargas
atmosféricas?
6. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA – não possui
7. SISTEMA DE ALARME – não possui

182
ANEXOS

Anexo A – Tempos requeridos de resistência ao fogo

183
Anexos

Anexo B – Cálculo da carga de fogo de acordo com a NSCI-1994


(Anexo A)

CARGA DE FOGO

Ensaios de carga de fogo em edifícios de concreto demonstraram:


Funçäo da edificaçäo Carga de fogo (Kg/m2)

Apartamentos 40 - 70

Hospitais A partir de 30

Hotéis 25 - 40

Escritórios 30 -150

Sala de aula 20 - 50

Bibliotecas (salas de leitura) 50 -350

Bibliotecas 300-600

Lojas 50 -200

Roteiro de cálculo para dimensionamento da carga de fogo da


edificaçäo:
1 - Relaçäo dos materiais combustíveis encontrados na
edificaçäo, inclusive o mobiliário.
2 - Levantamento do peso estimado dos combustíveis.
3 - Relacionar os respectivos poderes caloríficos.
4 - Cálculo da quantidade de calor por combustível:

Q = Ki.Pi

Onde,
Q = Quantidade de calor (kcal)
i = Unidade considerada
k = Poder calorífico (kcal/kg)
p = Peso do combustível (kg)
5 - Somatório das quantidades de calor:

184
Anexos

n
Q = E Ki.Pi
i=1

6 - Cálculo da equivalência em madeira:

n
E Ki.Pi

i=1
Pm = -------------
Km

Pm = poder calorífico - equivalente em madeira (kg)


Km = poder calorífico da madeira - adotado: 4400 (kcal/kg)
7 - Cálculo da carga de fogo ideal

Pm
q = ---------
S

q = Carga de fogo ideal (kg/m2)


S = área da unidade (m2)
8 - Cálculo da carga de fogo corrigida - quando os combustíveis
estiverem armazenado ou guardados em depóstios.

m
Qc = q -----
2

qc = carga de fogo corrigida (kg/m2)


m = coeficiente de correçäo
m - admensional

velocidade de combustão - m/s


( m = -------------------------------------- )
vel. de combustão - m/s

185
Anexos

TABELA COM VALORES DO COEFICIENTE DE CORREÇÄO

COEFICIENTE "m"

SEGUNDO O ESTADO DOS MATERIAIS

SOLTOS EMPILHADOS COMPACTOS


MATERIAIS
PEQUENA DENSIDADE E GRANDE
DENSIDADE SUPERFÍCIE DENSIDADE
GRANDE MÉDIA E
SUPERFÍCIE SUPERFÍCIE
REDUZIDA

ALGODÃO 1.2 0.8 0.5

BORRACHA, 1.3 1.0 0.7


LINÓLEO,
PLÁSTICOS

CEREAIS 1.0 0.8 0.6

COQUE, 0.3 0.2


ANTRACITA,
HULHA SECA

PEDAÇOS DE 1.7 1.2 0.6


MADEIRA, PAPEL

FARINHA 0.9 0.7 0.5

PELE 1.0 0.8 0.6

FENO, PALHA 1.8 1.3 0.9

HULHA 0.5 0.4


GORDUROSA,
HULHA DE GÁS,
LIGNITO

LÃ 0.8 0.6 0.4

MADEIRA E 1.4 1.0 0.5


PRODUTOS DE
MADEIRA,
PAPELÃO,
MÓVEIS

NITROCELULOSE, 4.0 3.0 2.0


CELULÓIDE

186
Anexos

TURBA, TURBA, 0.8 0.6 0.5


CARVÃO
VEGETAL

SEDA 1.4 0.9 0.6

MATERIAIS LÍQUIDOS E GASOSOS COEFICIENTE


"m"

GASES COMBUSTÍVEIS 1.5

LÍQUIDOS QUE PODEM ESQUENTAR ATÉ SEU PONTO 1.0


DE INFLAMAÇÃO

LÍQUIDOS COM PONTOS DE INFLAMAÇÃO MAIOR 0.6


QUE 100º C

187

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