Parq0473 D
Parq0473 D
Parq0473 D
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Florianópolis
2022
Tatiana Bruna Fabian
Florianópolis
2022
0
Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do título de mestre em arquitetura e urbanismo.
___________________________
Coordenação do Programa de Pós-Graduação
____________________________
Prof. João Carlos Souza, Dr.
Orientador
Florianópolis, 2022
1
AGRADECIMENTOS
Chegar à conclusão do mestrado foi um desafio que contribuiu tanto para o meu
crescimento pessoal quanto profissional, e superar todas as adversidades que surgiram no
percorrer do caminho só foi possível graças a quem me incentivou a seguir firme na
concretização deste sonho. Primeiramente agradeço ao Giovani, meu marido e maior
incentivador, que foi essencial nesta trajetória, pelo apoio e companheirismo, sendo que não
tenho palavras suficientes para dizer o quanto ele é importante em minha vida.
Gostaria de agradecer a meus pais, pessoas que sempre estiveram ao meu lado em todas
as situações e compreenderam meus momentos de ausência dedicados a esta dissertação.
A meu orientador, João Carlos Souza, que nos momentos de incerteza me guiou,
fazendo que com o resultado final apresentado fosse imensamente gratificante. E também aos
professores do Pós ARQ, por todos os ensinamentos nas disciplinas que participei.
As prefeituras municipais de Videira, Rio das Antas, Três Barras, Caçador e Maravilha,
que além de autorizar o levantamento de dados, contribuíram com informações cruciais que
tornaram possíveis os resultados apresentados. Aos membros da banca, Fernando, Manuela e
Ângela, pelas contribuições que lapidaram a construção deste trabalho.
A Luiza Dalmolin, por ter me proporcionado estadia em meio as minhas viagens
semanais a Florianópolis.
A Universidade Federal de Santa Catarina e ao programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo pela oportunidade que me concederam para obter este título.
E por fim, a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização desta
pesquisa, o meu muito obrigada.
2
RESUMO
ABSTRACT
Building with wood is an art that guides human development from the first civilizations,
being the constructive material protagonist of different historical periods. In the state of Santa
Catarina, this scenario was no different. At present, the legacy left by the first immigrants who
colonized the state is portrayed by the few wooden buildings that survived the modernization
process resulting from the new technologies that emerged in civil construction. In the current
scenario, these buildings are categorized as of historical interest, because even though they are
not heritage listed, they convey through their old boards exposed for years of weather and
stories, the identity character that marks the beginning of a community. Currently, requalified
and adapted to a purpose that differs from their creation, these buildings are used as museums,
illustrating not only through their architecture but also through their interior, experiences, and
knowledge that need to be protected for future generations. It is with a focus on fire prevention
of these structures that the present research is developed, aiming to propose guidelines that
prioritize, the maintenance of the originality of these buildings, making them safe against fire.
In addition to a global overview, five case studies from Santa Catarina were analyzed, providing
a diagnosis that illustrates the main measures that have been explored in relation to this point,
as well as the deficiencies and challenges that need to be solved. The selected buildings were:
the Mário de Pellegrin Wine Museum, Vale do Rio do Peixe Museum, João Bedretchuk
Museum, Contestado Historical and Anthropological Museum, and Padre Fernando Nagel
Museum, located in different cities of the state. Good practices and also some problems were
identified in this sample. Factors related to the lack of maintenance of the building, lack of
training with users and human carelessness allied to vandalism were the main adversities found
in the preservation of these old wooden structures. Thus, avoiding any form of ignition principle
is the most accessible and efficient strategy to be adopted. At the end of the study, in addition
to exposing the parameters diagnosed, viable strategies are proposed that respect the integrity
of the building as alternatives to enhance safety in these, and other similar structures.
Keywords: wooden museum; old buildings; historic architecture; fire prevention; security.
4
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE IMAGENS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 152
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
Santa Catarina, assim como os demais estados do sul do país, possui na arquitetura em
madeira, especificamente a que foi resultado do processo emigratório europeu, um patrimônio
rico em edificações. Parte delas, atualmente, foi requalificada para outras funções e tipologias
de uso, a museológica é um exemplo, como forma de promover o turismo local e preservar a
história dos primeiros colonizadores das cidades interioranas do estado. Um aspecto delicado
destas edificações é que sua estrutura não foi pensada para atender às normativas atuais de
prevenção de incêndio, tampouco seria desejável alterar seus aspectos arquitetônicos únicos
para adequá-las. No caso dos museus, o acervo é outra particularidade que eleva a importância
de se pensar nestas estruturas de forma a se garantir a sua salvaguarda.
A combustibilidade da madeira é uma das principais razões que tornam as legislações
atuais rígidas quando se trata de edificações concebidas com este material construtivo. Por não
terem sido dimensionadas para precaver esta situação e estarem expostas há décadas ao
intemperismo natural, esta madeira antiga possui um desempenho diferente em relação ao fogo
quando comparado às estruturas contemporâneas. Diante desse panorama, surge o desafio de
propor soluções que propiciem às edificações de interesse histórico uma utilização compatível
com as suas capacidades estruturais, de forma que possíveis incêndios tenham sua ignição
evitada.
Vijay e Gadde (2021) enaltecem que neste tipo de estrutura as medidas ativas de
proteção contra incêndio são cruciais e devem ser avaliadas em quatro categorias: medidas
organizacionais, ferramentas e técnicas de detecção, alarme e evacuação e medidas de extinção,
descritas no Quadro 1.
Dessa forma, adequado seria estabelecer uma correlação entre a segurança dos
ocupantes e a da própria estrutura, para que mecanismos sejam previstos de forma que permitam
às pessoas fugir ou se abrigar em um espaço adequado até que haja a contenção do fogo e a
prevenção de um colapso estrutural (ÖSTMAN; BRANDON; FRANTZICH, 2017).
A fumaça também é um aspecto que precisa ser considerado, pois afeta negativamente
a saúde e a visibilidade dos usuários. Além da própria madeira, os revestimentos e compostos
usados para retardar o fogo, como os intumescentes, também desempenham papel significativo
na liberação de gases tóxicos que podem gerar problemas respiratórios, perda de consciência e
morte. Isso demonstra a importância que os detectores de fumaça possuem nestas instalações,
além dos sistemas de ventilação que são úteis para mitigar os efeitos nocivos provenientes da
fumaça (VIJAY; GADDE, 2021).
Porém, conforme descrevem Salleh e Mohtar (2020), grande parte destes edifícios não
possuem investimentos mínimos nos aspectos descritos por Vijay e Gadde (2021) como básicos
no Quadro 1. Em levantamento realizado em edifícios patrimoniais em madeira da Malásia, foi
16
possível verificar este aspecto. Diagnosticou-se que os quatro edifícios objetos do estudo,
tombados como patrimônio nacional, possuíam apenas medidas básicas de prevenção de
incêndio e estavam totalmente dependentes de extintores de incêndio portáteis, em alguns casos
ainda distribuídos de forma insuficiente. Além disso, não se constatou a presença de nenhum
tipo de gestão de segurança, tanto para com os visitantes, quanto para os aspectos de
manutenção com o edifício. Isso evidencia a falta de conscientização dos responsáveis para com
o risco de incêndio nestas estruturas (SALLEH; MOHTAR, 2020).
Para minimizar a probabilidade de acidentes (evento que evolui de forma a proporcionar
danos e perdas) e incidentes (evento que não resulta em danos e perdas) nestes locais, um
gerenciamento de risco é crucial. Esse processo deve ocorrer desde a elaboração do projeto de
prevenção de incêndio que considere as particularidades da edificação, contemplando uma
análise dos riscos de acordo com diferentes cenários e propondo planos de prioridade de
evacuação, até o controle e a orientação dos visitantes, aliada ainda a uma manutenção
preventiva eficiente aos sistemas de prevenção adotados (BROMBILLA; ANDRADE;
SOUZA, 2017).
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
2 REVISÃO DE LITERATURA
Uma vez organizados, uma leitura inicial dos resumos dos trabalhos foi realizada para
verificar se o artigo era realmente condizente com o esperado. Observou-se a necessidade de
um novo filtro manual, uma vez que se diagnosticou grande número de duplicatas e de temas
voltados a incêndios florestais, que não são o foco neste caso. A Scopus foi a plataforma que
contribuiu de forma mais significativa, após este último filtro.
23
Fonte: a autora
foram exploradas na Idade Média e nos séculos XVI, XVII e XVIII de forma primorosa.
(COUTINHO, 1999). Costa (2013, p. 7) ainda enaltece que
(...) algumas regiões do mundo, nomeadamente a Ásia central, atingiram um nível tão
grande de desenvolvimento que dificilmente a tecnologia moderna terá algo a
acrescentar. Estas construções chegaram até hoje como testemunho da sua
extraordinária tecnologia. Entre elas temos o templo Horyu-ji, localizado no Japão, na
prefeitura de Nara. É um complexo constituído por vários edifícios onde se destaca
um Pagode de 5 andares, considerado como o edifício de madeira mais antigo do
mundo totalmente preservado (...) tendo mais de 1400 anos e uma altura de 32,25
metros. Conseguiu sobreviver aos variados sismos graças às suas características
únicas estruturais. O seu peso próprio não é suportado pelas paredes, mas sim por um
conjunto de pilares centrais, onde toda uma complexa estrutura se apoia, permitindo
assim à estrutura ser flexível como uma árvore e absorver qualquer movimento de
origem sísmica (COSTA, 2013, p. 7).
melhor estanqueidade e estabilidade. Um exemplo deste tipo de encaixe está ilustrado na Figura
3.
No final da Idade Média, o desenvolvimento era tal que permitia construir edifícios de
até 6 pavimentos. Todas as paredes eram construídas com elementos de madeira que
promoviam a sustentação da estrutura, aliado a um preenchimento de areia e argila, que se
aplicava sobre um entrelaçado de ripas e tecidos firmemente presos à estrutura de madeira, tanto
29
interna quanto externamente. Geralmente as argamassas das paredes exteriores eram revestidas
com outros materiais, como azulejos, com função decorativa (LOURENÇO; BRANCO, 2013).
Esse sistema foi adotado em Portugal com a designação de “taipa”, no Porto, e “gaiola”
em Lisboa. Na França a mesma técnica designa-se por “à colombage”. No Porto o recurso da
taipa evoluiu para uma utilização essencialmente em divisórias internas, enquanto nos séculos
XVIII e XIX a grande maioria dos edifícios em Lisboa foram edificados com estruturas
resistentes, em “gaiola”. Porém este sistema foi progressivamente substituído pela utilização
de alvenaria de tijolos com a evolução das novas tecnologias construtivas na engenharia civil,
pois não apresentava os efeitos de dilatação e empenamento que a madeira possui (COSTA,
2013).
Nos territórios hoje que compõem a Alemanha, o Enxaimel era a técnica construtiva
predominante. Criada durante a Idade Média, a técnica se utiliza de toras enormes cortadas em
grandes vigas, robustas e pesadas, quadriculares ou retangulares encaixadas de forma a montar
um esqueleto estrutural rígido. É muito semelhante às construções modernas de concreto pré-
fabricado (SOUTO; BUENO; SILVA, 2016). Essa estrutura de madeira permitia tanta
estabilidade que muitas vezes não existia a necessidade de utilizar estacas profundas no solo
como fundação. O grande peso da estrutura somado ao pé-direito baixo já eram suficientes.
Após a estrutura ser erguida, era instalado o telhado. Posteriormente as paredes eram
preenchidas com a vedação disponível. Inicialmente, utilizava-se o adobe1 e depois a alvenaria,
sem função estrutural, apenas para vedação.
1
O Adobe se caracteriza por ser tijolos feitos com terra crua, palha e água, que posteriormente são moldados e
secados ao sol.
30
Esta técnica continua sendo utilizada em grande parte da Europa com o objetivo de
manter traços específicos da cultura germânica. No Brasil, existem exemplos desta técnica nos
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, frutos do processo de imigração. Porém as
políticas contra a cultura alemã, estabelecidas pelo governo Vargas durante a II Guerra
Mundial, direcionaram para o esquecimento desta técnica construtiva, substituída pela alvenaria
estrutural e o concreto armado.
Atualmente algumas ações, em função do turismo, são idealizadas como alternativa para
preservar estas estruturas. Um exemplo é a Rota do Enxaimel, localizada em Pomerode/SC, que
em 2021 recebeu o selo internacional da ONU como uma das maiores vilas turísticas do mundo
(MACHADO, 2021). Trata-se da maior concentração fora da Europa de casas construídas na
técnica Enxaimel, fruto do processo imigratório. São cerca de 50 casas ao longo de 16 km, em
um percurso tombado como patrimônio paisagístico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). Alguns exemplos destas edificações estão ilustrados na Imagem
4 (a e b).
31
crescente população que emigrava da área rural para os grandes centros urbanos, iniciou-se um
processo de construção de habitações sociais baseado em sistemas pré-fabricados de madeira.
Esses sistemas ofereciam baixos custos de construção e rapidez de execução quando comparado
a outros materiais. Isso fez com que a madeira ficasse associada a uma construção de baixa
qualidade.
Na América do Norte, as primeiras habitações eram precárias e serviam de estrutura
provisória para que os colonos pudessem iniciar os cultivos no terreno. Essas habitações de piso
térreo com uma única divisão eram compostas de paredes de troncos redondos dispostos na
horizontal com encaixes simples, conforme ilustrado na Imagem 5. As chaminés eram de argila
e madeira e as coberturas eram de ramos, terra e tábuas. Caso os colonos permanecessem longos
períodos no mesmo local, as habitações evoluíam e adotavam melhores acabamentos e mais
cômodos. Quando existia um piso superior, tinha um pé direito relativamente pequeno e atuava
apenas como um aproveitamento do espaço gerado a partir do ângulo de inclinação da cobertura
(BAHAMON E SOLER, 2008).
dos grandes centros urbanos. Graças às ferrovias, foi possível facilitar o transporte. Esta técnica
construtiva permitia que mão de obra não qualificada pudesse erguer rapidamente edifícios
usando para as ligações pregos, agora fabricados industrialmente a um preço acessível. A
grande maioria dos edifícios na América do Norte foi edificada utilizando este sistema
(JOHNSON, 2007).
Uma das técnicas derivadas deste processo é o método Light Wood Frame.
Impulsionado a partir das inovações nos equipamentos de beneficiamento da madeira, foi
possível obter secções cada vez mais finas com maior rapidez. Desse modo, a introdução de
técnicas industrializadas permitiu uma construção barata, capaz de ser facilmente montada e
desmontada (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010). Este sistema construtivo é composto por
montantes e travessas de madeira, onde as chapas de madeira compensada ou OSB são pregadas
a estes elementos para constituir a estrutura. O revestimento posteriormente é realizado com
drywall, chapa cimentícia, cerâmica ou siding vinílico constituído por placas de PVC como
pode ser observado na Imagem 6, abaixo.
A partir de então as construções desse tipo foram aplicadas ininterruptamente até o ano
de 1872, quando um grande incêndio destruiu todo o centro de Chicago. Como consequência,
passou-se a investir nas novas técnicas que se desenvolviam nessa época, como as estruturas
em concreto e ferro fundido, substituindo a madeira progressivamente (MOLINA; CALIL
JUNIOR, 2010).
34
Como exemplo de grandes estruturas que exploram alguns destes derivados da madeira,
pode-se citar a primeira grande estrutura de madeira lamelada colada construída em Portugal, a
Cobertura do Pavilhão Atlântico – representada pela Imagem 7 - e a emblemática construção
em madeira microlaminada na praça La Encarnación, em Sevilha; a Metropol Parasol,
projetado por Jürgen Mayer H. Architects – ilustrada na Imagem 8 - uma das maiores estruturas
concebidas em madeira do mundo. A estrutura total – que conforma seis quebra-sóis em forma
de cogumelos – mede aproximadamente 150 m de extensão, 75 m de largura e 28 m de altura,
a partir de uma rede ortogonal de 1,5×1,5 m e é composta por madeira microlaminada
(HOLANDA, 2012).
Desta forma fica evidente que a madeira, como material construtivo, por herança de
usos inadequados, é menosprezada em diversos quesitos, os quais, muitas vezes, quando bem
utilizada, pode atuar até de forma superior ao concreto e ao aço, por exemplo, na composição
estrutural. Cabe, dessa forma, uma análise eficaz da demanda que cada projeto exige, para que
o material construtivo seja aplicado de forma coerente e condizente às suas características.
No Brasil, pela sua vasta quantidade de florestas, a madeira já era utilizada para
estruturar os abrigos primitivos dos indígenas antes mesmo da chegada dos portugueses.
Em um país que acabou batizado com nome de árvore, a importância da madeira não
poderia ser menor do que em outros cantos do mundo. Por sua abundância e variedade,
o material foi usado, ao longo da trajetória do país, para os mais diversos fins, desde
construções, a tinturas, remédios e borracha (já nos fins do século XIX) (BRAGA,
2003, p.12).
Shigue (2018) relata que, com a apropriação portuguesa, passou-se a explorar somente
as madeiras mais nobres, de melhor aparência e mais resistentes para a utilização em móveis,
navios, peças de decoração e acabamento em construções. A madeira também era o único
material utilizado em estruturas de telhados coloniais e de telhas francesas. Isso determinou a
extração intensa de determinadas espécies de madeira da Mata Atlântica.
As mudanças mais significativas no cenário socioeconômico brasileiro começaram a
acontecer a partir da metade do século XIX. Houve o início da implantação das linhas férreas e
da importação de equipamentos pesados como máquinas a vapor e serrarias. Além disso,
imigrantes de outras regiões da Europa que substituiriam a mão de obra escrava utilizada até
então chegavam ao Brasil, trazendo novos conhecimentos construtivos (SHIGUE, 2018).
No sul do Brasil, a presença de madeira como material empregado em moradias se deve
aos imigrantes Europeus, que trouxeram consigo as técnicas construtivas de seus países de
origem, com a utilização inicialmente de madeiras nativas e posteriormente de madeiras de
reflorestamento. Essa prática não se pode atribuir aos colonizadores portugueses que, por sua
vez, privilegiaram outros materiais (taipa e pedra) aos quais estavam mais familiarizados
(PINTO, 2001).
Este cenário gerou enorme demanda para o setor da construção civil, em razão do
aumento populacional e do crescimento das cidades. Concomitantemente, com a importação de
37
Nesta seção, discorre-se acerca das características básicas da madeira e como suas
particularidades influenciam o processo construtivo de edificações. Além disso, abordam-se os
principais aspectos relacionados ao seu comportamento em relação ao fogo, ponto importante
a ser observado quando se pensa em tornar uma edificação antiga de madeira segura contra
incêndios.
Dessa forma, o lenho é a parte resistente do tronco, composta de duas partes: alburno e
cerne. O alburno é formado de madeira jovem, mais permeável, menos denso e suscetível a
ação de fungos e insetos, por isso possui menos resistência mecânica. O cerne, por sua vez, é o
trecho do tronco constituído por células mortas, caracterizando uma estrutura rígida de suporte,
em torno da qual o alburno vai progressivamente se formando. Este último é o mais
2
Corte da madeira para fins industriais. Etapa que consiste na transformação das toras em peças de madeira com
dimensões previamente definidas, normalmente conhecidas como pranchões sendo executado normalmente em
serrarias com o auxílio de serras-fita.
41
recomendado a ser utilizado na construção civil por ser um material denso e resistente
mecanicamente, menos suscetível à degradação (SZUCS et al., 2015).
Dentro desse contexto, enfatiza-se que as peças de madeira possuem sua qualidade
intrinsecamente correlacionada ao resultado das necessidades da árvore enquanto ser vivo, em
que as propriedades do produto correspondem à estrutura celular resultante do seu processo de
ampliação e a adição de novas camadas concêntricas e periféricas vão formando, ano a ano, os
anéis de crescimento. Estes aspectos tornam fundamental a escolha adequada do material, pois
define o desempenho, a durabilidade e a resistência da madeira utilizada estruturalmente.
Outro fator que deve ser considerado é a sua característica ortotrópica, que resulta em
comportamentos diferentes em relação à direção de crescimento das fibras, variando de acordo
com três eixos perpendiculares entre si: longitudinal, radial e tangencial (SZUCS et al.2015),
conforme ilustrado na Figura 8.
Já, no caso das fendas, são provenientes na maioria das vezes pela variação da umidade
(processo de retrair e inchar). As fendas de secagem se desenvolvem por processos de secagem
bruscos, mas podem variar de acordo com o tipo da madeira. Além da questão da secagem,
também pode ocorrer o descolamento entre as camadas consecutivas dos anéis de crescimento,
as chamadas fendas anelares. Estas podem ocorrer em espécies que, durante o crescimento,
estiveram suscetíveis a flexões frequentes e consecutivas por ventos intensos ou ainda por efeito
de congelamento (CRUZ; NUNES, 2012).
43
Fonte: a autora
Para minimizar possíveis variações dimensionais das peças, é crucial que, após a
fabricação dos componentes e sua instalação em obra, a madeira se encontre o mais próximo
possível do teor de água de equilíbrio com as condições do local, uma vez que sua aplicação
excessivamente úmida ou seca pode acarretar problemas. No caso de seca em demasia, poderá
ocorrer a abertura de juntas, a formação de fendas e empenos, resultando em arrancamentos
indesejados. No caso de excesso de umidade, em contrapartida, sua dilatação pode superar a
capacidade de acomodação das folgas e juntas de montagem, resultando em tensões que podem
provocar o rompimento dos elementos integrantes da instalação (CRUZ; NUNES, 2012).
Outros fatores que também merecem atenção quando se emprega este produto na
construção civil são os agentes responsáveis por seu processo de deterioração a qual pode
ocorrer a partir de três formas: a decorrente de agentes atmosféricos (exposição ao sol e chuva),
a biodegradação oriunda de organismos vivos (fungos e cupins) e o desgaste mecânico,
proveniente de abrasões e atritos relacionados aos mais diversos tipos de uso. Para todas estas
particularidades existem tratamentos que podem ser aplicados com caráter preventivo.
Um conhecimento básico da anatomia da madeira é muito útil para compreender como
a estrutura pode afetar o movimento dos preservativos dentro dela. As propriedades anatômicas
da madeira possuem uma significativa influência na sua capacidade de penetração (DE
CASTRO et al., 2018).
44
3
Quando há fogo em um espaço confinado, existe uma etapa em que a radiação térmica total gera nos combustíveis
ali existentes: a pirólise, em que os gases se tornam quentes e há partículas em suspensão. Caso tenha uma fonte
de ignição, estes gases inflamam e ocorre uma súbita transição de um incêndio progressivo em um incêndio
generalizado. A causa desta mudança de estado é chamada de flashover.
45
no qual está inserido. A este último se atribui a resistência ao fogo da estrutura (ÖSTMAN;
BRANDON; FRANTZICH, 2017).
A extensão do incêndio em um edifício depende da densidade de carga disponível no
compartimento de origem, da disponibilidade de ventilação e da presença de sistemas ativos
que visem minimizar a sua propagação (VIJAY; GADDE, 2021). Os principais conceitos
correlacionados a este processo estão dispostos no Quadro 4.
Sobre a carga de fogo do interior da construção Li et al., (2020) discorre que a alteração
da função original de um edifício histórico contribui, como no caso da readaptação para espaços
de exposição, para aumentar a carga de fogo. Dessa forma, ajustes pertinentes de prevenção
devem ser cuidadosamente avaliados e posteriormente monitorados.
Um estudo que comprova como o conteúdo do edifício contribui para o
desenvolvimento de um incêndio foi desenvolvido por Wei et al. (2011) que concebeu uma
série de testes controlados em escala real em edifícios de madeira, avaliando quesitos como: a
interferência da posição de origem de uma chama na propagação de um incêndio, a contribuição
dos elementos combustíveis na propagação e a ação dos sprinklers para contenção. O estudo
conclui que a propagação de um incêndio é muito mais rápida quando materiais combustíveis
(tecidos, móveis de madeira, espumas) estão envolvidos com as chamas; já o alastramento é
facilitado quando a origem se situa próximo das paredes. Os sprinklers no estudo em questão
tiveram uma eficiência efetiva na contenção das chamas iniciais, eliminando o princípio de
incêndio.
Em se tratando da estrutura de madeira propriamente dita, numa situação de incêndio,
ela começa a secar por ação da elevada temperatura. A carbonização inicia-se por volta dos
280°C, a partir das faces expostas ao fogo. O carvão que se forma permanece aderente ao
elemento e, por ser um bom isolante térmico, contribui para retardar a subida de temperatura
do material subjacente. Por esta razão, pode acontecer que a temperatura na superfície exterior
46
A carbonização permite que a madeira demore mais tempo para ruir. Quanto mais densa
é a peça, menos inflamável é. Em contrapartida, seções de madeira inferiores a 20 mm se tornam
elementos de alimentação de um incêndio. Ou seja, as dimensões e a forma da seção transversal
das peças de madeira influenciam na taxa de carbonização. Para peças pequenas, a taxa de
carbonização é maior que para peças grandes. Em componentes de seção transversal retangular,
a taxa de carbonização é maior do que em componentes de seção circular, visto que existe maior
área de exposição ao calor nas arestas do material (CRUZ; NUNES, 2012).
Além do formato geométrico da seção, as taxas de carbonização das madeiras variam
conforme a massa específica, o teor de umidade, a espécie de madeira, as dimensões das peças
e a intensidade do fluxo de calor. Em geral, situam-se entre 0,37 e 0,80 mm/min. Os valores
próximos a 0,37 são para madeiras mais densas e teores de umidade mais elevados, enquanto
os próximos a 0,80 mm/min são para madeiras secas e com baixa massa específica
(FIGUEROA; MORAES, 2009). Dessa forma é possível prever, levando em consideração um
maior ou menor risco de incêndio e a finalidade de ocupação da edificação, uma espessura a
mais nas dimensões da seção transversal da peça de madeira.
47
periódicas. Ademais comenta que novos estudos devem ser realizados para proporcionar uma
compreensão mais concreta de como estes produtos agem e qual seria o seu tempo de validade.
Outra tendência de estratégias aplicáveis é o uso de gases químicos. A China é um
exemplo de país que emprega este tipo de abordagem principalmente em locais onde a água
pode causar danos, como em espaços que contêm elementos eletrônicos ou arquivos históricos
(papel). Porém ZHOU et al. (2021) descreve que este tipo de produto demanda ainda estudos
mais conclusivos quando aplicados a edificações em madeira, pois há teorias que afirmam que
após os gases entrarem em contato com a madeira antiga, considerando sua porosidade,
impregnam-se e podem causar danos secundários de aspectos corrosivos, além de a edificação
não ser hermeticamente vedada, o que contribui para que esses gases se escapem e não tenham
a eficiência imaginada, sem contar o alto valor agregado a instalação do sistema.
Dentro desse contexto, quando se trata de novos projetos, há diversos estudos e
normativas que norteiam estas tomadas de decisão, por parte dos profissionais da construção
civil, para tornar o processo construtivo em madeira cada vez mais próspero. Um ponto
problemático de abordagem é quando há a necessidade de se propor medidas de prevenção de
incêndio a edificações antigas, muitas vezes centenárias, que não foram construídas para
atender a determinadas premissas necessárias atualmente.
Uma abordagem específica acerca das particularidades da madeira antiga foi elaborada
por Chorlton e Gales (2019), que se apropriaram de experimentos em laboratório para comparar
o desempenho ao fogo da madeira de edificações históricas com os produtos de madeira
utilizados na construção atualmente. Eles comparam peças de Glulam provenientes de madeira
de abeto, com peças estruturais de pinheiro retiradas de edifícios históricos datados com a
construção entre os anos de 1800 e 1900.
Os autores descrevem que a madeira envelhecida difere da madeira contemporânea de
várias formas. O primeiro ponto é que a madeira antiga foi produzida a partir de árvores
selvagens, possivelmente centenárias, sem nenhum controle de prática de cultivo como hoje é
empregado nos sistemas de reflorestamento. Isso impacta diretamente em suas propriedades,
como a largura e densidade dos anéis de crescimento, por exemplo. Além, é claro, da ausência
de uso de adesivos e outros aditivos que os produtos de madeira possuem atualmente
(CHORLTON; GALES, 2019). A Figura 14 ilustra a diferença anatômica da seção de cada um
destes tipos de madeira.
49
4
A madeira laminada colada (MLC), também conhecida como Glulam (por seu nome inglês 'Glued Laminated
Timber'), é um material estrutural fabricado pela união de segmentos individuais de madeira, colados com adesivos
industriais (geralmente adesivos de resina de melamina ou poliuretano). As peças resultantes oferecem alta
durabilidade e resistência à umidade, podendo vencer grandes vãos e conformar formas únicas.
50
problemática constante é que os edifícios antigos, na maioria das vezes, não possuem
infraestrutura hidráulica para instalação desse mecanismo.
A partir das análises propostas pelos autores, verificou-se que todos os edifícios
possuíam algum sistema de proteção ativa contra incêndio. No entanto, a seleção de
equipamentos para cada edifício era diferente quando comparadas entre si. Essas diferenças se
devem, provavelmente, à dimensão que cada edifício possui e ao seu conteúdo.
O diagnóstico dos autores, ilustrado no Quadro 7 acima, descreve que todas as estruturas
possuíam extintores do tipo ABC de Pó químico seco em quantidade suficiente e apenas uma
das estruturas possuía adicionalmente ao primeiro, o extintor de CO 2. Apenas uma estrutura
possuia sistema de detecção de fumaça (SALLEH; MOHTAR, 2020).
Dessa forma, observa-se que a Istana Ampang Tinggi e a Negeri Sembilan Traditional
House, por possuírem áreas menores, a implantação de medidas protetivas contra incêndio se
torna menos complicada. Além disso, conforme descrevem os autores, não há no interior dos
edifícios artigos valiosos em exposição. O foco principal é, portanto, evacuar os ocupantes de
54
forma segura e evitar danos externos ao edifício. O Muzium Matang e o Muzium Kota Kuala
Kedah possuem relíquias que incentivaram a instalação dos sistemas de monitoramento por
questão de segurança. A estratégia foi posteriormente adaptada para o diagnóstico antecipado
de um possível incêndio. Porém sua eficácia é comprometida, uma vez que depende totalmente
do fator humano.
Dessa forma, os autores concluem que as edificações possuem sim medidas de proteção
contra incêndio, porém elas são totalmente dependentes dos extintores portáteis. Por mais que
seja uma alternativa economicamente viável e ao mesmo tempo minimamente invasiva, os
autores relatam que possui uma funcionalidade limitada. Isso exige que estes equipamentos
estejam sempre com as manutenções em dia e com pessoas treinadas ao seu redor. As limitações
que comprometem esse cenário são as restrições financeiras impostas neste foco.
Outro país que possui uma gama considerável de edificações com as características
estudadas por esta pesquisa é a Suécia. Conforme descreve Arvidson (2008), o quantitativo de
igrejas suecas em madeira é significativo, porém o dado que aproximadamente uma igreja por
ano é destruída por um incêndio é extremamente preocupante. No país, uma das principais
estratégias adotadas para tentar minimizar estes impactos é a implantação de sistemas de
supressão de incêndio por meio da nebulização de água por alta pressão (high-pressure water
mist systems).
A NFPA 750 (2023 edition) define que a supressão de um incêndio tem por objetivo
reduzir a acentuada taxa de liberação de calor, contendo o seu crescimento. O high-pressure
water mist systems se caracteriza por ser um spray de água operado por bicos em que a névoa
gerada por alta pressão é transferida por um sistema de tubulação instalado na edificação o qual
pode ser submetido a pressões que podem exceder 34,5 bar (500 psi).
Arvidson (2008), em seu estudo intitulado experience with fire suppression installations
for wood churches in Sweden, cita os principais resultados obtidos após a implantação de
sistemas de supressão de incêndio por meio de sistema de nebulização de água por alta pressão
em igrejas de madeira de pequeno e médio porte na Suécia.
O autor cita que os principais motivos que contribuíram para a adoção deste sistema
foram as taxas de fluxo de água reduzidas e a tubulação de menor diâmetro associada à sua
instalação. A vantagem é que este sistema permite possibilidades mais discretas de instalação,
não danificando as características estéticas muitas vezes parte da forma arquitetônica que torna
a edificação de interesse cultural. Os bicos automáticos do sistema são ilustrados na Imagem
13.
55
Arvidson (2008) discorre que o emprego deste sistema é eficiente quando se trata de
fachadas para proteção do envoltório em madeira da edificação. Porém cita de forma superficial
como a ação do vento pode implicar na eficiência do sistema. Outro fator não abordado foi a
56
necessidade periódica de manutenção, uma vez que, exposto às diversas intempéries, os bicos
nebulizadores podem entupir. Sem o manejo adequado do sistema, em situação de risco pode
não ter desempenho satisfatório. Mas no quesito intervenção, ele se ilustra como eficaz, uma
vez que os dutos, além de possuírem um diâmetro pequeno, quando pintados da cor da
edificação ficam camuflados na estrutura, não prejudicando as características arquitetônicas.
O autor cogita a hipótese de, para atingir maior eficiência, mesclar ambos os sistemas,
sprinklers e névoa sob pressão. Porém ele não se apresenta, pelo menos não atualmente, como
uma alternativa viável. O motivo é que ambos dependem de infraestruturas independentes. O
único item que poderia ser compartilhado seria o reservatório de água, porém o investimento
para instalar todos os componentes do sistema duplo teria um alto valor agregado. Sem contar
que não há estudos atualmente que evidenciem o uso simultâneo dos dois sistemas realmente
ser eficiente. Orienta, por fim, que o sistema de nebulização por alta pressão possui sim
eficiência, porém testes funcionais devem ser realizados regularmente para diagnosticar
possíveis falhas, mitigando problemas futuros (ARVIDSON, 2008).
A China também não fica para trás quando se trata de patrimônio histórico edificado em
madeira. Nanquim, capital da província oriental de Jiangsu, é um exemplo que abriga itens
representativos da antiga civilização Chinesa, protegidos por seus 298 edifícios históricos. A
cidade já passou por situações envolvendo incêndios. Conforme descreve Dong, You e Hu
(2014) entre 2008 e 2011 pelo menos 3 incêndios de grandes proporções aconteceram,
danificando estruturas históricas e relíquias.
Para buscar propor soluções para essa situação, os autores selecionaram 4 edifícios
históricos representativos da cidade: a Torre de Yuejiang, o Palácio de Tianfei, o Jiangnan
57
Diante do exposto nesta seção, fica o seguinte questionamento: por que esperar que
episódios ruins aconteçam se é possível fazer algo para evitá-los? Essa é a principal lição que
se precisa aprender a partir de situações que já ocorreram e causaram prejuízo irrecuperável.
Em pouco mais de duas horas e meia, por mais que tenham sido mobilizados seis
caminhões de bombeiros e mais de 100 socorristas do condado de Weishan para conter o fogo,
a estrutura foi destruída. A causa do incêndio não foi confirmada pelas autoridades chinesas,
mas moradores do condado afirmam que a estrutura havia sido adaptada para receber novas
atividades, as quais não condiziam com as particularidades da estrutura existente (GRACE
CHENG et al., 2015).
Além dessa, a ponte Fengyu, na cidade de Chongqing na China, conhecida como a ponte
coberta de madeira mais longa da Ásia, com uma história de 426 anos, foi danificada por um
62
incêndio em novembro de 2013 (ZHOU et al., 2019). A ponte, conhecida em toda a Ásia por
sua beleza tradicional, possuía cobertura em estilo pagode que se estendia por 303 metros ao
longo do rio Apeng. As causas atribuídas ao incêndio foram descuidos humanos. Após 4 anos
de restaurações, foi reaberta em 2017 (Ruijin, 2017).
Em 2019, em Nara, no Japão, o incêndio que atingiu o castelo de Shuri e destruiu todas
as suas sete estruturas principais é outra situação sem reparação (HUANG et al., 2009).
Construído em madeira há cerca de 500 anos pela Dinastia Ryukyu, tornou-se um tesouro
nacional japonês em 1933 e declarado como patrimônio mundial pela UNESCO em 2000. O
local já havia sido destruído por um incêndio durante a II Guerra Mundial e reconstruído em
1992. No total foram 4.800 metros quadrados destruídos no incêndio que não teve causa
diagnosticada (PETERSEN, 2019).
Fonte: G1 (2019)
Fonte: G1 (2019)
64
Um outro exemplo de estrutura atingida por um incêndio, desta vez nos Estados Unidos,
foi o incidente ocorrido em 2015 no complexo de edifícios históricos de Harpers Ferry,
localizados no oeste da Virgínia que atingiu um conjunto de 4 edifícios datados de 1830, até
então utilizados como lojas comerciais e apartamentos. Eles possuíam suas paredes, teto e piso
estruturados em madeira. Segundo as análises de Vijay e Gadde (2015), os elementos estruturais
65
O incêndio teve origem no deck externo de um dos prédios e só foi percebido quando já
havia atingido a fachada de madeira de um dos edifícios. De acordo com relatos de testemunhas
locais, os alarmes de incêndio funcionaram corretamente, e os ocupantes deixaram os prédios
pelas saídas de emergência em segurança, não havendo feridos. Porém, os extintores de
incêndio, que estavam com as datas de inspeção válidas, não foram utilizados em nenhum
momento durante o tempo de resposta do corpo de bombeiros que durou entre 20 e 30 minutos.
Se houvesse alguma tentativa de extinguir o fogo, os danos poderiam ter sido menores (VIJAY;
GADDE, 2021).
Este caso deixa evidente como a falta de monitoramento externo e ausência de pessoal
treinado no local para agir na situação de incêndio acarretou consequências de grandes
proporções.
66
Nesse caso em específico de Harpers Ferry, os autores Vijay e Gadde (2021) realizaram
uma pesquisa que descreveu os procedimentos realizados para limpeza da superfície para
posterior reparo, reabilitação e restauração da estrutura. Utilizou-se CO2 pressurizado (variando
de 20 à 300 psi) jateado progressivamente a partir de pressões baixas a moderadas para limpar
as superfícies danificadas pelo fogo. Também se usou o jateamento com bicarbonato de sódio.
Essas estratégias permitiram um procedimento mais rápido, que tirou o odor da fumaça e
evidenciou o material subjacente com aparência integra, similar a original. A partir disso,
trabalhou-se na restauração dos danos.
Semelhante à situação ocorrida em Hapers Ferry, o vilarejo de Laerdal, na Noruega,
considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, também teve 36 edifícios
modernos e 4 edifícios históricos construídos em madeira na área do patrimônio cultural de
Gamle, destruídos por um incêndio em 2014. O sítio histórico, ao norte da capital Oslo, é
conhecido por sua beleza natural e construções de madeira dos séculos XVIII e XIX. O esforço
dos moradores e bombeiros impediu que o fogo se propagasse para os outros 157 edifícios
históricos existentes no local. Ao menos 90 pessoas ficaram feridas e foi considerado o maior
incêndio na Noruega desde a Segunda Guerra Mundial (LOG, 2016). O problema neste caso
foi que o vento intenso contribui para espalhar o incêndio e dificultou muito o trabalho dos
bombeiros.
Log (2016) descreve que dezembro é o mês com maior frequência de incêndios na
região, em parte pelo uso das luzes das velas em celebração ao Natal e Ano Novo. O uso de
fogões a lenha e o consumo excessivo de eletricidade nos meses de frio também contribuem
para este aumento.
67
Fonte: G1 (2014)
Diante dos estudos de caso de incêndios já ocorridos citados e com base nos resultados
da pesquisa de Salleh e Mohtar (2020), observa-se que os fatores que contribuem para acidentes
envolvendo incêndios neste tipo de edificação são, em sua essência:
nos códigos prescritivos, pudessem ser implementadas. Prospectou dessa forma uma
flexibilidade importante ao se lidar com a segurança contra incêndio em edifícios históricos de
madeira (KRISTOFFERSEN; LOG, 2022).
Karlsen (2019), discorrendo sobre o mesmo tema, enaltece que um ponto muito
debatido nas regulamentações nórdicas são os quesitos voltados à prevenção e à proteção. Cabe
aqui um parêntese para categorizá-los: prevenção de incêndio se relaciona a mecanismos que
visam reduzir itens presentes no edifício ou seu entorno que possam servir como estopim ou
fonte de ignição. Já as medidas de proteção contra incêndios priorizam que, uma vez já existente
o incêndio, sua propagação para os demais ambientes da edificação seja contida, por aspectos
construtivos ou equipamentos (CARNIELETTO; DE CASTRO; ARAÚJO, 2019).
Dessa forma, Karlten (2019) cita que medidas de prevenção devem ser prioritárias. O
nível de segurança é sempre maior se o incêndio for evitado, pois, por menor que ele seja,
sempre causará danos. Medidas administrativas simples podem, diante disso, assumir um
grande papel, uma vez que podem ser executadas com poucos recursos econômicos e atingir
altos níveis de eficácia como estratégias de prevenção. Elas se correlacionam a:
Além dessas medidas, a Noruega foi pioneira em testes envolvendo o sistema Water
Mist. A partir do diagnóstico de que a quantidade de água liberada pelos aspersores poderia
danificar o interior decorado das igrejas, iniciaram-se testes envolvendo métodos alternativos,
uma vez que o sistema de gás estava fora de cogitação por requerer um edifício hermético para
eficiência. O sistema se caracteriza pelo uso de água pressurizada e aspersores específicos que
dispersam o líquido por meio de pequenas gotas. O método não extingue um incêndio, apenas
o controla. Exige apoio de medidas adicionais para extinção (LOG; CANNON-BROOKES,
1995).
Também se propôs a instalação de mini fire stations para abastecimento de água quando
a estrutura não possui uma. Trata-se de contêineres instalados próximo às estruturas com
mangueiras de até 50 metros e reservatórios de água de 6 a 10 m³ (KARLSEN, 2019).
Kristoffersen e Log (2022) descrevem que outra medida implementada de forma
satisfatória nas cidades de madeira Norueguesas foi a utilização de câmeras com a tecnologia
IR5. No caso de um incêndio ao ar livre, as câmeras detectarão e emitirão alarmes de forma
eficaz, desde que haja uma linha de visão clara entre a câmera e o incêndio. No caso de um
incêndio iniciar dentro de uma casa, a tecnologia só detectará o sinistro quando o fogo
atravessar uma janela ou telhado. No entanto, quando alertados, os bombeiros podem usar a
função do circuito fechado de monitoramento (closed circuit television – CCTV) para confirmar
possível situação crítica.
Um exemplo ocorreu na cidade de Risor, em fevereiro de 2021. Duas câmeras com
tecnologia IR monitoravam o local e, durante a madrugada, uma das câmeras soou o alarme.
5
Se trata do mecanismo Infravermelho presentes na câmera. Serve para obter imagens em ambientes sem
iluminação ou iluminação muito baixa.
71
Pelo circuito CCTV, o incêndio foi confirmado pelos bombeiros locais que acionaram um
alarme geral na vila, por ser um incêndio de grande potencial. Quando os bombeiros chegaram,
a casa já estava totalmente envolvida pelo fogo (KRISTOFFERSEN; LOG, 2022).
O clima local permitiu, na época, que a madeira seca contribuísse para um flash over
precoce (LOG, 2016). O relatório do incidente considerou que a atuação das câmeras IR foi
crucial para impedir que o fogo se propagasse para outras edificações do entorno. Este é o
primeiro incêndio conhecido em que as câmeras IR remotas tiveram grande contribuição na
mitigação de um incêndio, impulsionando aumento significativo de interesse nesta tecnologia
aplicada a este assunto (KRISTOFFERSEN; LOG, 2022).
Kristoffersen e Log (2022) complementam que a combustibilidade da madeira varia de
acordo com as condições climáticas, em particular em relação à umidade relativa do ar. Além
da contribuição do vento na propagação. Dessa forma, novos métodos que diagnosticam a
ocorrência de picos de risco de incêndio podem ajudar a focar a atenção em períodos adversos,
criando prevenção de risco dinâmica. Quando o perigo é conhecido, podem ser consideradas
medidas de compensação para esses momentos em particular.
Melhorias na modelagem computacional também podem ser utilizadas para identificar
fatores de risco, como o demonstrado por Huang para o sítio do patrimônio histórico de Shuri,
incendiado em 2019 (HUANG, 2020), por exemplo. Tal modelagem, aliada ao conhecimento
sobre as propriedades da madeira, principalmente quando estiver seca, pode contribuir para uma
análise de risco de incêndio mais concreta (KRISTOFFERSEN; LOG, 2022).
Dentro do contexto apresentado verifica-se que a Noruega possui lições importantes
baseadas em experiências passadas que podem contribuir de forma significativa na adoção de
estratégias preventivas de incêndio aplicadas a edificações de madeira. Evidencia-se que tal
72
problemática não é particular do local, mas recorrente em outros locais do mundo. Cabe elencar
que a essência das atitudes preventivas norueguesas pode sim inspirar novas soluções. Compete
aos responsáveis e profissionais da área admitir essas problemáticas, avaliar as possíveis
soluções e propor medidas que se adaptem a cada caso.
É por esse motivo que se faz necessário um levantamento sobre a construção, listando
as características que a tornam historicamente importante. Assim é possível avaliar as opções
disponíveis antes da elaboração de um plano de ação corretiva, que pode ser baseado tanto em
ações prescritivas, quanto em desempenho (WATTS; SOLOMON, 2002).
Quando uma abordagem prescritiva se torna mais adequada, no caso de estruturas
pequenas, por exemplo, a NFPA 914 esclarece que as estratégias adotadas no edifício precisam
atender às alternativas dispostas na NFPA 101 de proteção à vida, e adotar algumas medidas de
compensação que devem ser documentadas. As sugestões são a adoção de sistemas de detecção
e alarme com sinais transmitidos para uma central de monitoramento ou diretamente para o
corpo de bombeiros local, a instalação de sistemas de supressão automática, ou manual, ou uma
combinação de ambos e a instalação de disjuntores que desarmem, desativando
automaticamente a distribuição de energia em caso de curto-circuito ou sobrecarga (NFPA,
2019).
Além disso, recomenda tratamentos com retardante de fogo, tanto ao edifício quanto ao
seu conteúdo constituído de madeira. Ainda, havendo a possibilidade, a instalação de
fechamentos entre os ambientes de forma a impedir a propagação horizontal de fogo e fumaça,
separando áreas dos edifícios de ambientes que possam ter um perigo específico gerador de
uma ignição (NFPA, 2019)
A abordagem baseada em desempenho, por sua vez, pode ser um método mais flexível
e abrangente que pode propor soluções mais eficazes e viáveis a estruturas históricas maiores
com grau de complexidade elevado. O cenário de incêndio avaliado considera as
particularidades da edificação, de forma a considerar desde a atividade dos ocupantes, número
e posicionamento dentro da edificação até as dimensões e layout do ambiente de origem,
natureza e importância do conteúdo/mobiliário, propriedades dos itens combustíveis e tipo de
fonte de ignição, juntamente com a condição de ventilação do espaço analisado. Segue assim a
premissa de que todas as estratégias de proteção contra incêndios devem ser desenvolvidas
como um sistema integrado de segurança (SERPA, 2009).
Além das abordagens prescritivas e de desempenho, o código comenta acerca de outros
quesitos como a importância que inspeções, testes e manutenções possuem para um plano de
prevenção de incêndio eficaz. Ademais que a responsabilidade é do corpo diretivo da
edificação. Além de enaltecer que as boas práticas (senso comum) também contribuem para
uma estrutura segura contra incêndio.
Essas boas práticas se referem a quesitos como: a limpeza geral da edificação, que pode
ajudar a garantir que combustíveis excessivos ou desnecessários não sejam acumulados ou
74
2.4.2 Eurocódigo 5
(...) são poucos estados que abordam o assunto, como: São Paulo, por meio da IT
(instrução técnica) n° 40/2011 – Edificações históricas, museus e instituições culturais
com acervos museológicos; Minas Gerais pela IT n° 35 – Segurança contra incêndio
em edificações históricas; Paraná, pela NPT (norma de procedimento técnico) n°
40/2012 – Edificações históricas, museus, e instituições culturais com acervos
museológicos, Goiás, pela NT (norma técnica) n° 05 parte 07/2014 – processo de
segurança contra incêndio: edificações existente, históricas e tombadas.
classificam as edificações quanto ao seu uso e definem museus como edificações de risco de
incêndio baixo (300 MJ/m²).
Dentro desses parâmetros, cada pavimento deve possuir no mínimo 2 unidades de
extintores. Já riscos específicos devem apresentar extintores em suas imediações, evidenciando
de forma implícita que estão ali para proteção de determinada situação. Devem ser instalados
nas circulações em que há boa visibilidade e pouca probabilidade de obstrução. O Quadro 10
correlaciona o mínimo que estas edificações deveriam possuir por pavimento e traz duas opções
que poderiam ser adotadas, uma vez que se deve priorizar nestas edificações haver extintores
suficientes para combater as classes A, B e C por pavimento.
Fraga e Paiva (2011) ainda complementam que estes extintores devem estar a uma
distância máxima de 15 metros a ser percorrida dos pontos extremos do pavimento e estar
sinalizado fixo à parede com uma altura final de 1,60m. Caso não haja esta possibilidade de
instalação deve estar disposto em tripés.
As instruções técnicas da corporação dos estados de Minas Gerais e São Paulo
(respectivamente na IT 35 e na IT 40) ainda complementam que deverão ser previstos extintores
(água, pó químico ou CO2) nas áreas das edificações nas quais não houver a presença de
elementos artísticos integrados ou móveis. Nos ambientes onde haja presença desses acervos
artísticos protegidos e itens documentais, é obrigatória a utilização de extintores que levem em
78
Quadro 11 - Inspeções mínimas que devem ser previstas para extintores portáteis
COMPONENTE/AÇÃO PERIODICIDADE
Inspeção visual para checagem do nível de carga; Trimestral
Esvaziamento dos vasilhames e recarga Anual
Teste hidrostático dos vasilhames A cada 5 anos
Fonte: Ono e Moreira (2011) adaptado pela autora
3 METODOLOGIA
diagnosticar as atuais práticas que vêm sendo sugeridas para este tipo de edificação por
profissionais da área.
Para o museu Municipal Padre Fernando Nagel, por se tratar de uma edificação que
atualmente se encontra em ótimas condições por ter sido objeto de restauro recente, o
procedimento de levantamento de dados cumpriu a etapa 1, realizada de forma online com os
responsáveis da estrutura; já a etapa 2, neste caso em específico, teve o projeto preventivo de
incêndio, instalado na edificação, fornecido pelo poder público municipal. Os passos 3 e 4
foram realizados com base em imagens fornecidas pela responsável da estrutura que, por
solicitação da pesquisadora, foram registradas no mês do levantamento citado no Quadro 13 e
encaminhadas por meio de um aplicativo de mensagens instantâneas.
A visita da pesquisadora a esta estrutura em particular não se tornou viável pela sua
localização distante do raio de abrangência que a mesma possuía recursos para atingir. Mesmo
diante dessas condicionantes, esta e as outras estruturas geraram dados interessantes para
posterior análise e encontram-se dispostos na seção a seguir.
86
4 ESTUDOS DE CASO
Conforme descrito nos objetivos específicos desta pesquisa, foram realizados alguns
levantamentos em estruturas de madeira antigas adaptadas ao uso de museus. A proposta foi
analisar suas particularidades, sejam elas positivas ou não, de forma a contribuir com situações
reais e catarinenses. A partir disso, foi possível avaliar quais são as alternativas utilizadas nestas
edificações e se elas se apresentam adequadas.
As edificações em madeira investigadas foram: museu do Vinho Mário de Pellegrin,
situado na cidade de Videira e tombado a nível estadual; museu municipal Vale do Rio do Peixe,
localizado no município de Rio das Antas; museu municipal João Bedretchuk em Três Barras;
museu histórico e antropológico da região do contestado em Caçador; e museu municipal Padre
Fernando Nagel de Maravilha. Este último tombado a nível municipal.
Fonte: a autora
Edificação construída no ano de 1931, a estrutura que hoje abriga o museu do Vinho
Mário de Pellegrin, na cidade de Videira, teve como objetivo principal, inicialmente, atuar
como casa canônica e abrigo para os jovens padres salvatorianos que chegavam à região meio
oeste do estado. Foi a primeira obra a ser construída na cidade. A estrutura hoje sintetiza com
maestria os conhecimentos trazidos pelos primeiros colonizadores italianos e alemães (SILVA,
1985).
Sua estrutura é composta por: um porão de pedras ciclópicas, além de um térreo,
primeiro pavimento e sótão constituídos inteiramente em madeira de pinheiro (Araucária
Angustifólia). Possui elementos característicos da arquitetura colonial italiana, como:
lambrequins, mãos francesas esculpidas, portas duplas com entalhes decorativos e janelas com
venezianas, conforme ilustrado na Imagem 32, abaixo.
Em relação à instrução dos funcionários sobre a atitude a ser tomada em uma situação
de incêndio, diagnosticou-se que o último treinamento realizado com a corporação do corpo
de bombeiros local ocorreu em 2014, período no qual foi aprovado o projeto preventivo de
incêndio implantado no edifício atualmente. Não há treinamentos desde então. A responsável
pelo museu comenta que se houvesse a necessidade de utilizar um extintor, não saberia a forma
correta de manuseá-lo. Além disso, não há nenhum tipo de plano de evacuação de retirada de
itens importantes do acervo caso haja necessidade em situação de sinistro.
A limpeza na edificação acontece de forma semanal (segunda-feira) quando o museu
fica fechado ao público para realização dos procedimentos necessários. A última inspeção
geral realizada no edifício ocorreu em 2017 e envolveu a pintura externa e troca de toda a rede
elétrica. Atualmente, em um intervalo trimestral, há um responsável que realiza inspeções
preventivas na fiação, tomadas e lâmpadas.
Fonte: A autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
91
O porão se caracteriza apenas por uma sala de exposições com diversos itens
correlacionados ao cultivo da uva e ao fabrico da graspa. Diagnosticou-se neste pavimento a
presença de 2 extintores (um do tipo BC de 6 kg, de pó químico seco e outro do tipo A de 10
litros de carga de água pressurizada), além de sinais luminosos indicando a saída, juntamente
com 3 luminárias de emergência autônomas, posicionadas conforme ilustrado na Figura 18. O
piso deste ambiente é de pedras basálticas e os materiais existentes em maior quantidade nos
itens expostos são a madeira, vidro e itens metálicos.
Fonte: a autora
O primeiro pavimento, por sua vez é dividido em 5 ambientes e circulação. Uma das
salas se destina aos trabalhos administrativos (com equipamentos como computador, notebook
e impressora); e outra para a parte de cozinha (com apenas uma geladeira e um micro-ondas
para aquecimento dos alimentos). As demais salas se destinam a exposições permanentes que
retratam o processo do cultivo da uva.
Os itens que estão alocados nestas salas são constituídos em sua maioria de madeira,
vidro e ferro. Não há nenhum tipo de tecido, nem cortinas que pudessem servir como uma
possível fonte de ignição. Exemplificando o acervo citado, tem-se o apoio da Imagem 36.
92
Fonte: a autora
Fonte: a autora
93
Por uma escada de madeira é possível o acesso ao primeiro pavimento do museu. Cabe
mencionar aqui que foram diagnosticados alguns obstáculos relacionados à acessibilidade na
estrutura, tanto na entrada principal, em que o acesso é proveniente por 5 degraus, quanto no
acesso ao primeiro pavimento e sótão, conforme ilustrado na Imagem 37 (a e b). Porém, por se
tratar de uma edificação tombada, alterações na estrutura para adaptação deste quesito são
limitadas. Por este aspecto não ser o ponto de análise principal da pesquisa, não se levantou em
suas minúcias, mas fica como sugestão para trabalhos futuros.
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
95
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
da grama e poda das árvores do entorno), além de possuir um jardineiro funcionário do próprio
museu que realiza manutenções periódicas conforme a necessidade (como recolhimento de
folhas secas e rega de flores da estação que estão distribuídas na praça do entorno).
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Em 1909 os trilhos chegam à localidade de Rio das Antas, atualmente uma cidade de
pouco mais de 6 mil habitantes situada no meio oeste do estado de Santa Catarina (IBGE, 2010).
Com a necessidade de um espaço adequado para carga e descarga do trem, a estação ferroviária
foi construída e inaugurada em 1910 com madeira das araucárias do local, atendendo a
necessidade para a qual foi construída, por 70 anos. Em 1980, a estrutura foi desativada, pois o
trem não era mais o meio de transporte mais utilizado. Em 1985, a estação foi restaurada em
comemoração aos 75 anos da ferrovia do contestado e, posteriormente, serviu temporariamente
como escola, mas logo foi desativada e a estrutura abandonada por um longo período
(GIESBRECHT, 2021).
Em 1999, por uma lei municipal, é criado o Museu municipal vale do Rio do Peixe na
estrutura original da estação ferroviária, com um acervo que retrata a história dos imigrantes
que colonizaram a região. O Quadro 17 descreve seus dados principais.
99
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
102
Fonte: a autora
Fonte: a autora
103
Sobre a parte interna, diagnosticou-se que as paredes são simples em grande parte da
construção. Construiu-se a estrutura em madeira para sustentação e apenas realizado o
fechamento externo com tábuas, conforme descreve Zani (2013), com dimensões em média de
22cm de largura, com a união entre elas recoberta por mata juntas com aproximadamente
2,5cm.
Internamente também se diagnosticou que a fiação está predominantemente exposta e
fixa às paredes com grampos. Junto às tomadas e aos interruptores, em alguns trechos há acervo
alocado na parede junto à rede elétrica, sendo parte deles constituídos de tecido. Um exemplo
é o ilustrado na Imagem 47. Além disso, no mesmo ambiente, ainda há uma cama com estrutura
de madeira e um colchão sobre ela. As tomadas antigas, em caso de curto-circuito, por estarem
em contato direto com as roupas, poderiam proporcionar o início de uma ignição.
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
106
Fonte: a autora
Fonte: a autora
A estação abriga o museu desde o ano de 1997, pela lei municipal n° 3.279. A partir de
2017, passou a se chamar Museu Municipal João Bedretchuk em homenagem a um dos
membros do grupo dos onze, os precursores do movimento de emancipação do então distrito
de Três Barras da cidade de Canoinhas, fato concretizado em 1961. A estrutura, que é a estação
ferroviária original construída em 1916, até o momento da presente pesquisa não possui nenhum
grau de tombamento.
Fonte: a autora
Na sequência, é possível ter acesso à segunda sala de exposição fixa e a sala de vídeo,
onde parte da história do município também é repassada aos visitantes, além do banheiro
acessível e a área restrita para funcionários, com sala administrativa, depósito e copa.
Fonte: a autora
dos livros em empréstimo, além de obras de arte de artistas locais e estantes metálicas com a
disposição dos livros.
Imagem 56 - Biblioteca
a) Disposição dos livros b) Recepção de atendimento
Fonte: a autora
Fonte: a autora
111
Fonte: a autora
Quando questionado sobre a parte elétrica, o responsável informou que nos últimos 5
anos trabalhando dentro da estrutura, nenhuma manutenção focada neste quesito foi realizada.
Também é mencionado que a energia do edifício não é desativada nos momentos de inatividade,
pois a estrutura possui apenas uma rede energizada. Se a energia for desligada, os alarmes não
funcionam, pois a central foi instalada na rede única que já existia no edifício.
Outro ponto observado foi referente à iluminação natalina, instalada provisoriamente e
não mais removida. Externamente, na cobertura que protege a antiga plataforma de embarque
e desembarque da estação ferroviária, é possível identificar a fiação elétrica exposta com
isolamentos precários e expostos à chuva, como é possível verificar na Imagem 58 (a e b).
112
Fonte: a autora
Fonte: a autora
113
Fonte: a autora
Outro ponto observado foi a presença de infiltrações no telhado evidenciado por marcas
presentes no forro de madeira. Parte das manchas estão em contato direto com componentes da
rede elétrica interna do edifício. Um exemplo é citado na Imagem 61 em que a fiação
direcionada à iluminação de emergência está em contato com um ponto de umidade.
Fonte: a autora
114
Fonte: a autora
115
Além dos alarmes, há um vigia noturno para todo o complexo que envolve o museu,
uma vez que o seu contorno contempla as proximidades da prefeitura, de escolas e da rodoviária
municipal. Sobre acidentes envolvendo o fogo, foi descrito à pesquisadora que já foram
verificados curtos-circuitos em algumas tomadas e bitucas de cigarro são frequentemente
encontradas debaixo das portas do edifício.
As manutenções ao paisagismo externo, como poda das árvores e corte da grama, são
verificadas e realizadas pela prefeitura em um intervalo quinzenal. A estrutura conta com 3
funcionários fixos: o coordenador, a bibliotecária e a zeladora responsável pela limpeza e
cuidados diários com o acervo.
Especificamente sobre a parte de prevenção de incêndio, conforme informado à
pesquisadora, iniciou-se um processo para elaboração de um projeto preventivo de incêndio na
estrutura no ano de 2018, mas ainda não foi finalizado. Atualmente há alguns itens básicos
instalados sugeridos de forma provisória desde então pela corporação do corpo de bombeiros
situada na cidade. A planta baixa ilustrada na Figura 23 descreve, tanto o layout do edifício
levantado pela pesquisadora quanto os itens correlacionados a este aspecto diagnosticados.
Identificou-se, dessa forma, a presença de três extintores de pó químico seco do tipo
BC, dispostos na biblioteca, na sala de exposições 01 e na sala de exposições 02. A placa
indicativa do tipo de extintor estava com dados equivocados em relação ao existente in loco,
como é possível verificar na Imagem 62. Todos os extintores estavam com a manutenção em
dia.
Imagem 63 - Extintores
a) Extintor da biblioteca b) Extintor da sala de exposição 01
Fonte: a autora
116
Fonte: a autora
117
Fonte: a autora
Por mais que a edificação seja térrea, por se tratar de uma antiga estação de trem, ela
encontra-se elevada acima do perfil natural do solo cerca de 80cm, para facilitar o acesso
necessário à locomotiva, gerando escadas na parte posterior do edifício. Ainda que as rampas
de acesso à antiga plataforma de embarque e desembarque forneçam uma possibilidade
facilitada de aproximação à entrada principal da construção de madeira, a pavimentação deste
trecho é composta por pedras irregulares de diferentes alturas. Isso dificulta o manuseio da
cadeira de rodas, por exemplo, por parte de pessoas com mobilidade reduzida. Um aspecto
positivo observado neste quesito foi o sanitário existente na estrutura do edifício adaptado
conforme o exigido pela NBR 9050.
118
Fonte: a autora
O entorno do edifício é cercado por calçadas de cimento alisado em grande parte de seu
perímetro (fora o trecho da plataforma da estação). São poucos os trechos em que os alicerces
em pedra possuem contato direto com a grama. Por mais que haja árvores em seu entorno, no
dia do levantamento, não se verificou aglomeração de folhas no entorno do edifício,
comprovando que uma manutenção na jardinagem foi realizada recentemente.
Fonte: a autora
119
que mobilizou os sertanejos das terras às margens da ferrovia e as forças militares estaduais e
federais que buscavam desapossá-los.
Além da estrutura do museu concebida em pinheiro e imbuia, uma locomotiva Baldwin-
Mogul fabricada em 1908 também faz parte do acervo. Ela contém dois vagões, um de
passageiros e outro de administração, utilizados neste trecho da ferrovia a partir de 1910.
Ambos constituídos de madeira (BIASI et al., 2021).
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
123
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
125
Um aspecto positivo observado foi que a rede de energia do museu é desligada durante
sua inatividade, ponto permitido em razão da separação dos circuitos de acordo com os
ambientes. Por se tratar de uma réplica da estação original, observa-se que foi providenciado
este cuidado na reconstrução. Conforme relatado pelos usuários, apenas a energia da copa não
é desligada, pois há uma geladeira no local.
Fonte: a autora
Fonte: a autora
Fonte: a autora
127
Fonte: a autora
Fonte: a autora
129
Fonte: a autora
No térreo, além dos extintores, há três luminárias de emergência do tipo bloco autônomo
dispostas ao longo da sala. Sobre as saídas de emergência há falta de uma sinalização adequada.
Há uma placa de indicação improvisada pelos funcionários, porém sua indicação gera confusão
quanto ao ponto adequado de evacuação da rota de fuga, uma vez que as portas estão obstruídas
por acervo. Esse item também foi ilustrado na planta disposta na Figura 26.
Fonte: a autora
130
Fonte: a autora
No pavimento superior, como ilustrado pela Figura 27, é possível verificar que há
instalados dois extintores, também do tipo ABC 6kg de pó químico. Um está situado na sala
multiuso e outro no laboratório de conservação. Além destes, também há uma luminária de
emergência do tipo bloco autônomo, além da sinalização de saída pontuada no patamar da
escada.
Analisando o projeto preventivo contra incêndio proposto pelo instituto de pesquisa e
planejamento urbano de Caçador, verifica-se que o problema diagnosticado atualmente em
relação às rotas de fuga foi corrigido, propondo sinalização mais clara e a retirada do acervo de
uma das portas que atualmente se encontra bloqueada. Isso pode ser verificado na Figura 28.
Além disso, o projeto orienta ainda a instalação de detectores de fumaça, alarmes de
acionamento manual, avisadores audiovisuais e extintores do tipo BC de pó químico, dispostos
ao centro da edificação, potencializando o seu raio de abrangência. Esse ponto é visto como
pertinente em razão do tamanho da edificação. Também se verifica a indicação de lotação
máxima do edifício.
131
Verifica-se, assim, que houve um cuidado do poder público em propor medidas mais
eficientes voltadas à prevenção de incêndio dentro da estrutura. O problema atual é a
morosidade que envolve o processo para direcionamento de verbas e a licitação para a execução
do projeto proposto. Até que o projeto ganhe forma, a estrutura fica à mercê das estratégias
provisórias e das manutenções precárias que foram citadas anteriormente.
133
Maravilha é uma cidade que também teve seu desenvolvimento urbano relacionado aos
empreendimentos do processo de colonização. Na região, em 1949 iniciou o processo
imigratório de italianos, alemães e poloneses provenientes do Rio Grande do Sul. Sua instalação
foi administrada pela companhia territorial Sul Brasil, que liderou a divisão dos lotes e a
exploração da madeira nativa. O povoado prosperou a ponto de se emancipar como município
em 1958.
Uma das edificações da colonização que ainda se encontra edificada no município é a
que abrigava o banco nacional do comércio, primeiro empreendimento bancário da cidade e a
sede da companhia territorial Sul Brasil, construída pelo carpinteiro Hélio Pretto. Atualmente
a estrutura abriga o museu municipal Padre Fernando Nagel. Está sob os cuidados da prefeitura
municipal desde 1970. Em 2011, pelo projeto de lei municipal n° 3545, o edifício de madeira
foi tombado a nível municipal (FRANZEN; OLIVEIRA; ORSO, 2017).
Na Figura 31, é possível verificar como ficou definido o layout da edificação depois do
restauro.
A partir dos dados levantados, foi possível analisar as estratégias adotadas, em relação
a medidas preventivas contra incêndio, em diferentes estruturas antigas que abrigam museus
localizados no estado de Santa Catarina. De modo geral, pode-se afirmar que foram
diagnosticadas boas práticas relacionadas à temática estudada, bem como algumas deficiências.
Ademais, algumas sugestões podem ser avaliadas para incentivar investimentos adequados por
parte dos órgãos responsáveis para cuidado destas estruturas. Este diagnóstico pode ser
verificado no Quadro 21 abaixo.
Fonte: a autora
140
Das edificações pesquisadas, 80 % dos funcionários afirmaram que não tiveram nenhum
tipo de treinamento voltado a rotinas adequadas focadas na prevenção de incêndio. Destes, 33%
afirmaram que, se houvesse a necessidade de utilizar um extintor, não saberiam a forma
adequada de manuseá-lo. Fica claro, dessa forma, que as problemáticas envolvendo uma
edificação com estas características não estão evidentes para os usuários da estrutura. Episódios
que provam este argumento podem ser verificados na Imagem 82 (a e b), em que a utilização
de fontes de calor dentro da estrutura próximo de itens de papel pode se tornar um perigo. Além,
é claro, da sobrecarga das tomadas antigas pelo excesso de aparelhos conectados com
adaptadores do tipo T.
Fonte: a autora
Além dos pontos citados, a manutenção do edifício deve ser priorizada para prevenir
possíveis incidentes. Problemas relacionados à rede elétrica foram diagnosticados nos três
museus, objeto dos estudos de caso, que não são tombados. Isso se deve, em partes, por se tratar
de estruturas não protegidas por lei. Dessa forma, investimentos são deixados em segundo plano
frente a outras demandas que os municípios possuem. Fiação com isolamentos adequados e
estratégias que se apropriem de eletrocalhas e eletrodutos, por exemplo, é o mínimo que deveria
ser priorizado neste tipo de estrutura. Além de orientações básicas aos usuários para desligar a
energia geral do edifício em momentos de inatividade, deixando apenas a rede independente de
alarmes e monitoramento em funcionamento.
141
Fonte: a autora
A pintura, neste contexto, contribui não apenas para os quesitos estéticos e para a
proteção da madeira sã contra a ação das intempéries, mas também para atrasar a propagação
de uma chama. As tintas retardantes são uma alternativa adicional viável que, conforme descrito
nos estudos de Ostman et al (2017), colaboram como um mecanismo de proteção passiva.
Internamente a disposição do acervo também foi um ponto que mereceu análise. Quando
a dimensão dos ambientes permitem e o acervo não está contido dentro de abrigos de vidro, é
preferível que não estejam alocados junto às paredes. Um exemplo são as rouparias expostas
diretamente na parede sobre tomadas e interruptores antigos observada no museu do vale do
Rio do Peixe. Este ponto vem de encontro ao descrito no estudo elaborado por Wei et al (2011)
que comprova que a propagação de um incêndio em uma estrutura de madeira é acelerada
quando materiais como tecidos e espumas estão em contato direto com a parede. Se a origem
do fogo for no centro do compartimento, o alastramento é lento. A Imagem 84 (a) compara a
situação descrita, com um exemplo de solução observado no museu municipal João Bedretchuk
(b), onde a rouparia está disposta dentro de abrigos de vidro.
143
Fonte: a autora
Atrasar a propagação é importante, pois contribui para que o tempo de reação, tanto dos
funcionários/usuários quanto dos bombeiros, possua graus maiores de eficiência. Identificar o
incêndio em seu início também é um aspecto importante. Porém em todos os edifícios objeto
dos estudos de caso desta pesquisa não foi diagnosticado nenhum tipo de detecção automática,
como é possível se verificar no Quadro 22.
Além dos itens dispostos no Quadro 22, verificou-se que quatro das cinco estruturas
levantadas possuíam algum tipo de vigilância ou alarmes de segurança contra arrombamentos
e atos de vandalismo, com vigia noturno. Destas, duas também apresentam monitoramento por
câmeras. Havendo a necessidade de acionar o corpo de bombeiros, constatou-se que todas as
edificações levantadas se encontram há um tempo de deslocamento inferior a 10 minutos, como
é possível verificar no Quadro 23. Então, havendo um tempo de acionamento e resposta curta,
os bombeiros conseguiriam ter acesso às estruturas de forma relativamente rápida.
Nestas edificações, observa-se que o próprio edifício é caracterizado como uma carga
de incêndio por ser constituído na íntegra em madeira. Considerando esta condição especial, a
NBR 12.693/2021 (sistemas de proteção por extintores de incêndio) descreve a necessidade de
extintores do tipo A, B e C para extinção, tanto de materiais sólidos, quanto de líquidos
inflamáveis e componentes elétricos. Essa condição foi verificada nas duas edificações
tombadas, que continham extintores de carga de água aliado ao de pó químico seco. O museu
municipal João Bedretchuk possui apenas extintores do tipo BC 4 kg e o museu municipal do
Vale do Rio do Peixe nenhum. No museu histórico e antropológico do Contestado, há dois
extintores do tipo ABC 6 kg instalados, porém o novo projeto preventivo de incêndio sugere a
troca para o tipo BC. Isso se verifica como um equívoco.
O ideal, considerando os dados levantados e as características do acervo e da estrutura
de madeira que também possui importância histórica, seria a apropriação de um extintor do tipo
pó químico seco ABC e outro do tipo CO2, que atua por abafamento, diminuindo a concentração
de oxigênio e evitando danos severos aos materiais envolvidos com o sinistro. Além disso,
proporcionam facilidade de manuseio, uma vez que os extintores de carga de água, além de
pesados, possuem uma quantidade de água em alguns casos insuficiente. Este ponto vem de
encontro à orientação dos personagens envolvidos com a estrutura, pois eles precisam
compreender o porquê e a finalidade de cada extintor sugerido.
145
Outro aspecto tangente ao estudo de Dong, You e Hou (2014) observado nas estruturas
dos municípios de Rio das Antas e de Caçador foi em relação ao entorno que envolve cada
museu de madeira. A presença de folhas secas proporciona alastramento rápido e de difícil
controle, gerando uma situação de perigo para as particularidades deste tipo de construção.
Serviços de jardinagem semanais devem ser previstos para propiciar estas inspeções.
O consumo de cigarro e drogas próximo destas áreas com folhas secas também se
apresenta como um problema que deve ser o foco de políticas públicas que orientem a
conscientização por parte da comunidade do entorno. Além de alternativas que potencializem
a iluminação, o paisagismo e a vigilância destes espaços públicos. Ponto que também se
correlaciona as práticas de vandalismo, diagnosticadas como frequentes.
Diante deste cenário, conclui-se que o fator humano é crucial quando se trata de
preservar estruturas antigas de madeira. Assim como pode colaborar para sua preservação para
as futuras gerações, também o tempo pode ser o seu algoz. Ações educativas para orientação
dos visitantes e dos moradores do entorno se mostram como pertinentes quando se trata da
salvaguarda destas edificações.
Deve-se criar a consciência de que o melhor remédio para precaver um incidente é
impedir toda e qualquer situação que possa contribuir para o início e o desenvolvimento de uma
ignição dentro e no entorno destes museus, pois os danos são, na maioria das vezes,
irrecuperáveis ou exigem investimentos elevados. Além de ser a alternativa mais barata,
precaver o início de um incêndio é a forma mais eficiente de salvaguardar essas estruturas
históricas de madeira.
Observa-se desse modo que estas construções, por possuírem características
vernaculares, não comportam alternativas que exijam intervenções mais complexas, tanto de
investimento, quanto de arquitetura. Sprinklers e sistemas de aspersão de alta pressão, dessa
forma, são objeto de uma análise mais profunda, pois exigem uma infraestrutura complementar
externa à edificação para abrigar equipamentos e reservatório de água.
Em contrapartida, há sim outras estratégias viáveis de serem implantadas com um grau
de eficiência confiável. Medidas organizacionais e de gerenciamento são o ponto principal que
deveriam demandar uma reflexão por parte das pessoas envolvidas com estes edifícios. Assim
como o plano museológico, fica como sugestão que estes museus se apropriem de um manual
orientativo acerca das suas particularidades e rotinas básicas de segurança que devem ser
adotadas, para que, mesmo com a rotatividade de funcionários, todos tenham acesso ao material
que esclareça todos os pormenores que o edifício possui, e como devem agir frente aos diversos
cenários que podem ocorrer. O material deve conter plantas baixas do museu que descrevam
146
sua compartimentação e rotas de fuga, além de descrições acerca das peças contidas em seu
interior.
Uma sugestão de metodologia que pode auxiliar no desenvolvimento deste manual é a
análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats), uma técnica de planejamento
estratégico utilizada para auxiliar organizações a identificarem forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças relacionadas a um determinado empreendimento para, a partir disso, avaliar projetos
que corroborem para melhorar estas estruturas. O plano museológico do Museu Padre Fernando
Nagel é um exemplo de apropriação desta estratégia.
Programas de arrecadação de fundos por meio de campanhas beneficentes também
podem contribuir para a criação de um caixa para o museu, de forma complementar aos recursos
fornecidos pelo poder público municipal e auxiliar nos gastos relacionados à manutenção da
estrutura de madeira. Com o planejamento adequado, estas construções concebidas de madeira
antiga possuem grande potencial turístico, retornando para a comunidade, além de valores
financeiros provenientes do turismo, a salvaguarda de um legado iniciado na primeira década
do século XX pelos primeiros colonizadores do estado de Santa Catarina.
147
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fonte: a autora
A madeira, como material combustível, deve ser sim um aspecto de cuidado especial
quando se pensa nestas edificações. O tetraedro do fogo evidencia esse ponto, conforme
ilustrado na Figura 33. Dentro dos fatores que se pode interferir neste caso de estudo, a própria
148
Maior investimento
Alarmes manuais
Campanhas educativas para a comunidade;
Treinamentos periódicos com os funcionários
Sensores de calor e fumaça
(on-the-job);
Cuidados referentes a disposição do layout do
Tintas e vernizes com retardante de fogo
acervo e ao modo de exibição das peças;
Manter a pintura do edifício em dia; Complementares
Monitoramento por câmeras de segurança e
Evitar dentro da edificação fontes de calor
vigilância em períodos noturnos
Implantação de sistemas de aspersão de água
Prever inspeções periódicas na rede elétrica
por alta pressão ou sprinklers
Prever abrigos adequados para acervo composto Estratégias de conexão direta com o corpo de
por espumas e tecidos bombeiros mais próximo
Fonte: a autora
149
caso localizados no estado de Santa Catarina, pode-se concluir que ainda há pontos a serem
melhorados, uma vez que estas estruturas são únicas e agregam um valor histórico
inimaginável. Foram encontradas tanto situações que ilustram boas práticas relacionadas à
preservação, quanto a cenários preocupantes que demandam atitudes urgentes de revisão e
manutenção.
A presente pesquisa dentro do relatado buscou contribuir como um instrumento
norteador para as entidades, sejam elas públicas ou privadas, que possuem sob sua
responsabilidade a salvaguarda destas estruturas. A intenção é que não apenas as edificações
foco desta pesquisa sejam beneficiadas, mas que outras estruturas similares localizadas no sul
do Brasil possam se apropriar das estratégias aqui sugeridas.
Como recomendações para trabalhos futuros, verifica-se que uma abordagem focada
nos princípios da acessibilidade seria pertinente, além da apropriação de estudos
computacionais simulando o comportamento destas estruturas em situação de sinistro. Verifica-
se também que há alguns pontos sobre o comportamento dos gases inertes e das tintas e vernizes
retardantes de fogo quando aplicadas à madeira antiga que ainda merecem ser analisados, para
proporcionar a compreensão do real desempenho destes produtos, para verificar se há algum
aspecto residual que, a longo prazo, possa comprometer uma peça de madeira exposta há anos
à ação das intempéries.
Ao final do desenvolvimento da pesquisa, também se constatou que o corpo de
bombeiros de Santa Catarina realizou um levantamento similar em alguns museus do estado,
elencando aos seus responsáveis os ajustes pertinentes para adequá-los. Porém essa informação
veio à tona na reta final do desenvolvimento da pesquisa, quando o tempo destinado à
elaboração deste trabalho já estava se encerrando. Dessa forma, sugere-se que novos
levantamentos focados neste tema se apropriem deste material para análise.
152
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SILVA, Oscar. Casa Canônica: seu tombamento e seu fim. Santa Catarina: Centro Cultural de
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disponível em: http://www.giem.ufsc.br/.
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ZHOU, B. et al. The Effects of Hydrogen Fluoride on the Wooden Surface of Historic
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of Architectural Heritage, p. 1–11, 15 jul. 2021.
ANEXO A
FICHA DE LEVANTAMENTO – ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA
Identificação do museu:
Endereço:
Ano de construção:
Horário de funcionamento:
Data do levantamento:
Nome e cargo do entrevistado:
...Continuação do Anexo A
N° CHECK LIST DE PERGUNTAS
Qual foi a última inspeção geral realizada no edifício? Ano:
O que foi realizado nesta inspeção?
15
16
25
163
ANEXO B
CHECK LIST – ANÁLISE DO ENTORNO
Museu analisado:
Croqui da implantação do edifício e descrição do entorno
ANEXO C
CHECK LIST – ANÁLISE INTERNA
Museu analisado:
CROQUI DA PLANTA BAIXA DO AMBIENTE
AMBIENTE: Data da medição:
Levantamentos necessários
( ) Dimensões gerais com aberturas
( ) Pé direito
( ) medidas de proteção ativa diagnosticada e sua posição
( ) Distribuição básica do layout
( ) Descrição dos materiais predominantes e tipo de acervo
165
ANEXO D
- CHECK LIST -
INSPEÇÃO DAS MEDIDAS ATIVAS DE PROTEÇÃO E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
Museu analisado:
Item Parâmetros de análise
Quantidade total de extintores
Tipos
Extintores
Descrição
Sinalização de emergência
Materiais combustíveis
ANEXO E
MEMORIAL DO PPCI DO MUSEU PADRE FERNANDO NAGEL
Autoria: Duo Arquitetura – Patrícia Betin e Luciana Grando
Fornecido pela prefeitura municipal de Maravilha
167
168
169