PR Socorros
PR Socorros
PR Socorros
PROCEDIMENTOS
DE PRIMEIROS
SOCORROS
PROFESSORES
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
UNIDADE I UNIDADE II
ASPECTOS GERAIS DO ATENDIMENTO À URGÊNCIA URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES
E EMERGÊNCIA E RESPIRATÓRIAS
16 Relação Profissional de Educação Física–Aluno 50 Lipotimia e Síncope
18 Incidência de Situações de Urgência 52 Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hiper-
e Emergência na Prática Esportiva tensiva e Hipotensão
20 Aspectos Legais e Órgãos Competentes 54 Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana
(DAC) e Angina
22 Urgência e Emergência
55 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
24 Introdução aos Primeiros Socorros
56 Parada Cardiorrespiratória (PCR)
26 Preparo do Profissional de Educação Física
Frente aos Quadros de Urgência 62 Obstrução das Vias Aéreas (OVA)
e/ou Emergências Médicas
65 Síndrome de Hiperventilação
28 Prevenção das Emergências Médicas
66 Crise Asmática
30 Avaliação da Vítima
68 Afogamentos
42 Referências
78 Referências
45 Gabarito
81 Gabarito
s um á r io
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Relação profissional de Educação Física-Aluno
• Incidência de situações de urgência e emergência na prática esportiva
• Aspectos legais e órgãos competentes
• Urgência e emergência
• Introdução aos primeiros socorros
• Preparo do profissional de Educação Física frente aos quadros de urgência e/ou emergências
médicas
• Prevenção das emergências médicas
• Avaliação da vítima
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a importância do bom relacionamento entre o profissional de Educação Física e
o aluno.
• Conhecer as situações de urgência e emergência mais prevalentes durante a atividade física.
• Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de primeiros socorros.
• Entender a diferença entre as situações de urgência e emergência.
• Compreender o significado de primeiros socorros.
• Refletir sobre o preparo do profissional de Educação Física frente aos quadros de urgências e
emergências mais frequentes.
• Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências e emergências.
• Aprender sobre os procedimentos relacionados à avaliação da vítima e as técnicas corretas
para avaliação dos sinais vitais.
unidade
I
INTRODUÇÃO
Q
ualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes ou lesões, e po-
dem ocorrer independentemente do ambiente em que se en-
contra, seja na escola, universidade, na rua seja até mesmo em
casa. A falta de conhecimento em relação aos procedimentos de
primeiros socorros pode provocar sequelas irreversíveis nas vítimas de
situações de urgência ou emergência. Em casos mais graves, o óbito pode
ocorrer, especialmente, quando há demora entre a ocorrência do evento
e a chegada do serviço especializado.
Não é novidade que, em locais onde há prática de atividade física, a
incidência de acidentes e lesões pode aumentar, consideravelmente. Nes-
te sentido, o(a) profissional de Educação Física tem um papel fundamen-
tal na promoção da saúde dos seus alunos e atletas e na prevenção de
urgências e emergências que possam ocorrer no ambiente de trabalho.
Baseando-se nessa premissa, é que se torna importante o conhecimento
sobre primeiros socorros.
Considerando a responsabilidade dessa profissão, a maioria dos cur-
sos de graduação em Educação Física, nas modalidades de licenciatura e
bacharelado, tem implementado em sua grade curricular disciplinas que
abordam os primeiros socorros. Portanto, a falta de conhecimento em
relação a este tema não pode ser uma justificativa para a omissão do so-
corro ou para a adoção de técnicas inadequadas diante de situações de
urgência ou emergência. Enquanto profissionais, temos responsabilidade
sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes
sejam equivocadas, devido à utilização de condutas impróprias ou da so-
licitação desnecessária da assistência especializada em emergência.
Por conseguinte, caro(a) aluno(a), esperamos que você faça uma leitura
atenta desta unidade e aproveite as sugestões de reflexão e aprofunda-
mento apresentadas ao longo deste caderno e no material complementar.
E aí, vamos começar?
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Relação Profissional
de Educação Física–Aluno
16
EDUCAÇÃO FÍSICA
Manter uma boa relação entre você e o(a) aluno(a) é empatia e afetividade. Além disso, deve haver coe-
imprescindível para que possa conhecê-lo(a) e obter rência entre o seu discurso e os seus atos.
informações sobre seu histórico de saúde e persona- Lembre-se de transmitir tranquilidade e segu-
lidade. Estes aspectos podem contribuir na preven- rança, pois são condutas fundamentais para garantir
ção de acidentes ou de eventos que coloquem a vida um atendimento de qualidade em casos de urgência
em risco. ou emergência e prevenir complicações futuras.
A qualidade dos relacionamentos está direta- Contudo, caro(a) aluno(a), você sabe quais são
mente relacionada à integridade e à capacidade de as lesões mais comuns relacionadas à prática espor-
os indivíduos inspirarem confiança. Em eventos de tiva que poderá presenciar no seu dia a dia? Vamos
urgência ou emergência, a vítima, normalmente, conhecê-las?
encontra-se fragilizada, portanto, quando falar com
a vítima, procure resgatar a confiança adquirida ao
longo do tempo, demonstre convicção quanto ao co-
nhecimento dos primeiros socorros e explique com
clareza que a ajudará.
Visto que o processo de interação humana en-
contra-se presente em todos os ambientes e que o
ser humano é um ser sociável e depende de boas re-
lações para a sua sobrevivência, a maneira como se
dão essas interações determina o nível de confian-
ça entre os indivíduos.
Neste contexto, durante a prática de ativida-
des físicas, a figura do profissional de Educa-
ção Física é fundamental, pois envolve o elo
afetivo e permite, por meio das atividades
corporais esportivas, culturais e coope-
rativas, experiências positivas que en-
sinam a conviver, harmoniosamente,
uns com os outros (CASTAGNOLI,
2009). Entretanto o desafio de manter
um bom relacionamento entre profes-
sor(a)-aluno(a) é grande, pois dentro
de um mesmo ambiente social estão inse-
ridas pessoas diferentes em vários aspectos.
As competências que são consideradas relevan-
tes para estabelecer essa relação são: comunicação,
liderança, equilíbrio emocional, autoconhecimento,
17
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
18
EDUCAÇÃO FÍSICA
As lesões mais típicas relacionadas à prática esporti- musculoesqueléticas variadas, também estão vulne-
va podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni- ráveis a complicações. De fato, tem-se o entendimen-
cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, traumas de to de que situações de emergência, durante ou após
crânio, tórax e coluna são consideradas as principais o exercício físico, dependem de fatores, como idade,
lesões traumáticas. Já as lesões clínicas, destacam-se gênero, comorbidades e tipo de esporte praticado.
o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o infarto Ademais, naqueles indivíduos que já apresentam
e a parada cardiorrespiratória (CREF4, 2014). distúrbios cardiovasculares e quadro clínico instável,
No que se refere às crianças, devido às suas caracte- o esforço físico acima de determinada intensidade é
rísticas anatômicas, menor coordenação e habilidade extremamente perigoso, podendo levar às arritmias
motora, maior impulsividade e baixo reconhecimen- ventriculares, isquemia miocárdica, parada cardior-
to dos riscos, elas se tornam suscetíveis aos acidentes, respiratória e ao óbito (ALBERT et al., 2000).
frequentemente graves, no ambiente escolar. Como professor(a), em algum momento, você,
Estudos desenvolvidos em nível mundial demons- provavelmente, estará envolvido em situações que
traram que as quedas são os acidentes mais frequentes requerem a prestação de primeiros socorros. Por-
com crianças e adolescentes em espaço escolar, repre- tanto, lembre-se de que o profissional de Educação
sentando, em 2011, uma taxa de 55% do total de aci- Física deve assegurar a seus beneficiários um serviço
dentes escolares ocorridos (CRISTO, 2011). Esse tipo profissional seguro, competente e atualizado, pres-
de acidente é a principal causa de lesões traumáticas tado com o máximo de conhecimento, habilidade e
cerebrais, com risco significativo de sequelas crônicas experiência. Isso também se aplica às situações que
demandando custos consideráveis (WHO, 2008). necessitam de cuidados emergenciais, as quais estão
Os atletas e frequentadores de academia e centros previstas em diversas normas e leis que regem os as-
de treinamento, porém, além de apresentarem lesões pectos relacionados aos primeiros socorros.
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TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Aspectos Legais
e Órgãos Competentes
A prestação dos primeiros socorros ainda é motivo tando de cuidados e omitir socorro em situações em
de dúvidas para o cidadão e os profissionais. Qual é que não haja risco pessoal, são condutas que carac-
a nossa responsabilidade diante de uma vítima que terizam crime perante a legislação brasileira.
necessita de auxílio durante as situações de urgência O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on-
e emergência? Você, enquanto profissional de Edu- -line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que,
cação Física, deve conhecer as leis, os códigos de “por ação ou omissão voluntária, negligência ou
ética e as normas relacionadas às intervenções em imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
primeiros socorros. ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O fato de ofender a integridade corporal ou saú- Por sua vez, de acordo com o Código Penal Bra-
de de outrem, abandonar pessoa que está necessi- sileiro, Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, qual-
20
EDUCAÇÃO FÍSICA
quer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever de ajudar Por outro lado, destaca-se que a vítima não pode
a pessoa acidentada ou simplesmente chamar ajuda. ser forçada a receber os primeiros socorros. Em mui-
Do contrário, sofrerá sanções penais (BRASIL, 1940). tos casos, ela tem direito de recusar o atendimento,
Neste sentido, sabe-se que todo profissional que seja por crença religiosa ou por falta de confiança no
tenha obrigatoriedade de prestar socorro, como o(a) prestador do serviço.
educador(a) físico(a), está sujeito aos estatutos legais Em adultos, o direito existe quando estiverem
que regem a prestação de socorro. Nos casos omis- conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de
sos, o profissional sofrerá processos penais e respon- falar em decorrência do acidente, como um trau-
derá pela consequência de sua omissão. ma na boca, mas demonstre através de sinais que
O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, 1940), não aceita o atendimento, fazendo uma negativa
fixa que deixar de prestar assistência, quando possível com a cabeça ou empurrando a mão do prestador
fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa inválida ou ferida, de socorro. Nessas situações, você deve certificar-
deixando-o ao desamparo ou em grave e iminente pe- -se que o socorro especializado foi solicitado e
rigo, ou não pedir o socorro da autoridade pública é continuar monitorando a vítima. Por outro lado,
crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei-
detenção, que varia de um a seis meses, podendo ser ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança
aumentada em metade caso haja omissão que resulte é retirada do local do acidente antes da chegada do
em lesão corporal grave; e triplicada, se houver morte. socorro especializado, o prestador deverá, se pos-
Para o Conselho Federal de Educação Física, as sível, arrolar testemunhas que comprovem o fato
responsabilidades com os alunos que praticam al- (SILVEIRA; MOULIN, 2003).
guma atividade física seguem alinhadas aos direitos
constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética REFLITA
profissional (CONFEF, 2008). Compete a esse pro-
fissional, a avaliação do aluno, além de coordenação,
A principal causa de morte fora dos hospi-
organização, planejamento e supervisão da aula/ tais é a falta de atendimento e a segunda é
treino e, ocupando lugar de destaque, deve, entre to- o socorro inadequado. As pessoas morrem
das as atividades, ter um conhecimento prático dos porque ninguém faz nada ou porque alguém
não capacitado resolveu fazer algo.
procedimentos que devem ser adotados em situação
de urgência e emergência (BRASIL, 2010). (Marta Peres Sobral Rocha)
21
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Urgência
e Emergência
22
EDUCAÇÃO FÍSICA
23
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Introdução aos
Primeiros Socorros
24
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os primeiros socorros são considerados como “se- que sofrem estresse emocional, causado por experi-
gundos de ouro”. Compreendem os cuidados que mentar ou testemunhar um trauma ou evento.
devem ser prestados, imediatamente, à vítima cujo Segundo a Associação Americana do Coração
estado físico põe em perigo a sua vida, com o obje- (AHA, 2010), as avaliações e intervenções em pri-
tivo de garantir a manutenção das funções vitais e meiros socorros podem ser realizadas por uma pes-
evitar o agravamento das condições, aplicando me- soa presente, com equipamento mínimo ou nenhum.
didas e procedimentos até a chegada de assistência Vale ressaltar que há redução da morbidade e
qualificada (BRASIL, 2003). mortalidade, em até 7,5%, em situações de emergên-
A American Red Cross Scientific Advisory cia pré-hospitalar, mesmo quando a primeira ajuda
Council, a Cruz Vermelha americana (2010) ca- for prestada por leigos com treinamento nesta área
racteriza os Primeiros Socorros como a assistência (VALÉRIO, 2010). No entanto no que concerne,
prestada rapidamente a uma pessoa doente ou feri- efetivamente, aos procedimentos de primeiros so-
da até chegar o serviço de emergência. São caracte- corros, destaca-se que, no âmbito dos locais onde a
rizados pelo atendimento não apenas de lesões físi- prática de exercício físico é frequente, o alcance de
cas ou doenças, mas também por outros cuidados seus objetivos depende do preparo dos profissionais
iniciais, incluindo apoio psicossocial para pessoas de Educação Física.
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TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
•
•
•
Preparo do Profissional
de Educação Física
Frente aos Quadros de Urgência
e/ou Emergências Médicas
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Prevenção das
Emergências Médicas
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EDUCAÇÃO FÍSICA
É de suma importância levar em conta a prevenção Flegel (2015) descreve alguns tópicos que o
de acidentes e lesões no ambiente esportivo. Os fato- profissional deve seguir a fim de minimizar riscos
res de riscos podem ser extrínsecos ou intrínsecos. de lesões: planejar de forma correta as atividades,
Quando são relacionados ao ambiente, ao tipo de fornecendo as devidas orientações sobre os riscos
modalidade, às vestimentas, à orientação inadequa- inerentes aos exercícios; supervisionar o praticante
da são considerados extrínsecos. No entanto carac- durante as atividades; utilizar os princípios do trei-
terísticas, como idade, sexo, condicionamento físico namento para a prescrição de exercícios, respeitan-
e presença de doenças são fatores intrínsecos, ou do a individualidade de cada indivíduo.
seja, do próprio praticante. Neste contexto, uma boa anamnese fornece in-
Para prevenir os fatores de risco ambientais, as formações sobre o estado de saúde do praticante,
instalações e os equipamentos envolvidos na prá- torna a prática esportiva mais segura, diminuindo,
tica de atividades físicas devem estar em bom es- assim, a ocorrência de situações emergenciais.
tado e garantir segurança. Em academias, ambien- É imprescindível dar atenção adequada ao exa-
tes aquáticos e ginásios esportivos, o piso deve ser me físico, especialmente quando se trata da popula-
revestido com material antiderrapante para evitar ção idosa, que tem como característica a heteroge-
quedas. É importante que os equipamentos e ma- neidade, com diferenças em diversos aspectos, como
quinários estejam a uma distância apropriada de condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre
paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes outras características intrínsecas ao processo de en-
devem ser providos de uma boa ventilação para velhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009).
evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio A classificação do estado físico do praticante de-
térmico do praticante. pende dos seus hábitos de vida, das doenças e comor-
O tipo de atividade praticada pode impor bidades. Sendo assim, é possível verificar que, para
maior risco, sendo que a especificidade da moda- prevenir as situações de urgência e emergência, você
lidade está diretamente associada a determinados precisa estar preparado para atuar diante de relatos,
riscos de acidentes ou lesões. As roupas e calçados como uso de álcool, drogas, diabetes mellitus, hiper-
também são fatores relevantes, recomenda-se que tensão arterial sistêmica entre outras. Lembrando,
sejam adequados, produzidos com tecidos que per- também, que estes hábitos e estas doenças podem
mitam a evaporação e que liberem o calor produ- ser verificados tanto em adultos como em crianças.
zido pelo organismo, considerando o conforto. É Contudo, conhecer o(a) seu(sua) aluno(a) ou atle-
indicado que os calçados tenham solado aderente e ta, tomar os devidos cuidados e oferecer orientações
sistema de amortecimento para absorção de impac- sobre a prática esportiva, pode minimizar os riscos
tos (SILVA, 1998). de acidentes e lesões e salvar vidas.
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TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Avaliação
da Vítima
30
EDUCAÇÃO FÍSICA
Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será pre- Os protocolos para atendimento necessitam de
ciso verificar o local para garantir a sua segurança atitude rápida e seguem as diretrizes para procedi-
durante o atendimento. Caso o ambiente não esteja mentos baseados nas melhores evidências cientí-
adequado, em algumas situações, por exemplo, você ficas. Estes permitem maior qualidade do trabalho
pode desligar a rede elétrica antes de prestar os pri- desenvolvido, aquisição de maior confiança no pro-
meiros socorros. É importante frisar que a sua segu- cesso de tomada de decisão e maior eficácia nos des-
rança deve estar em primeiro lugar. fechos.
Portanto, ao realizar os procedimentos, você Neste contexto, podemos citar o Suporte Básico
deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam de Vida (SBV), no qual a sequência de procedimen-
como barreiras para evitar o contato direto com san- tos tem como objetivo promover oxigenação e per-
gue e outros fluidos que possam transmitir doenças fusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) em vítimas de
contagiosas, como as luvas descartáveis, máscaras parada cardiorrespiratória (PCR).
faciais e óculos de proteção. É importante lembrar que a sequência de atendi-
Em ambientes de prática de atividades físicas, é mento à vítima sofreu alteração. Anteriormente, era
extremamente importante ter à disposição um kit de considerada como o ABC da ressuscitação (abertu-
primeiros socorros. Além dos dispositivos de barrei- ra de via aérea, ventilação e compressões torácicas).
ra citados anteriormente, este kit deve conter: Atualmente, a sequência recomendada é CAB (com-
Quadro 1 - Kit de primeiros socorros pressões torácicas, abertura de via aérea e ventila-
Sabão ou lenços antibacterianos
ção). Esta mudança é devido às evidências de que,
apesar de a ventilação ser importante, as compres-
Tesoura
sões são imprescindíveis na RCP e não podem ser
Gazes esterilizadas
postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013).
Esparadrapo
Os procedimentos de SBV contemplam o reco-
Ataduras
nhecimento imediato de parada cardíaca, o acio-
Tipoia
namento do serviço de atendimento móvel de ur-
Termômetro oral
gência, a realização das manobras de ressuscitação
Sacos plásticos para gelo ou bolsa de gel
cardiopulmonar (RCP) e uso do desfibrilador ex-
Estetoscópio
terno automático (DEA). As ações de SBV devem
Esfigmomanômetro
ser realizadas de maneira adequada para aumentar
Fonte: a autora.
a possibilidade de sobrevivência de uma vítima em
Agora que você já conheceu os cuidados que devem situação de emergência.
ser tomados antes do atendimento, verificaremos Diante disto, é necessário utilizar a “corrente da
como devemos proceder na avaliação e no atendi- sobrevivência” para realizar passo a passo as con-
mento nos casos de urgência ou emergência. A se- dutas durante o atendimento. Esta corrente, para o
guir, nós descrevemos os procedimentos de modo adulto (Figura 1), é composta por cinco elos que são
geral, mas, a partir da Unidade 2, você verificará as relacionados ao suporte básico e avançado de emer-
definições e condutas nas situações específicas. gência e cuidados pós-PCR (AHA, 2015).
31
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Na Unidade II, nós estudaremos de maneira mais específica os conceitos de PCR e outros
aspectos relevantes no atendimento desta situação (como realizar as compressões e ventila-
ções e utilizar o DEA).
A avaliação primária da vítima deve ser completada em, no máximo, 30 segundos, tendo
por objetivo avaliar as condições de risco e a necessidade do início precoce do suporte básico
de vida. Você precisa determinar se o(a) aluno (a) encontra-se estável, ou seja, se apresenta
condições e sinais vitais equilibrados e constantes ou se está instável caso apresente alterações
gradativas ou súbitas das condições e dos sinais vitais.
32
EDUCAÇÃO FÍSICA
Entendemos os sinais como sendo as alterações de alterações no padrão respiratório, como apneia
que podem ser verificadas por meio de avaliação (ausência periódica da respiração), bradipneia (res-
(por exemplo: pulso, coloração da pele e sudorese). piração lenta) e taquipneia (respirações rápidas e
No entanto os “sintomas” são relatados pela própria profundas), podemos verificar a frequência respira-
vítima, de acordo com sua percepção (por exemplo: tória (FR), ou seja, contar o número de incursões por
tontura, fraqueza e náusea). minuto. Para isto, você deverá observar a respiração
Ao abordar a vítima, você precisa checar a responsi- do(a) aluno(a), verificando a elevação do tórax.
vidade. Para isso, precisa aproximar-se e ajoelhar próxi- No caso de vítima não responsiva, deve verificar
mo da cabeça, colocando a mão sobre os ombros da se há elevação do tórax em menos de 10 segundos, não
vítima e chamar por ela. Se ela responder, apresente-se perca tempo contando as respirações por minuto. Se
e pergunte se precisa de ajuda. Se ela não responder e identificar que ela apresenta respiração, fique ao seu
não reagir, significa que está irresponsiva (SBC, 2015). lado monitorando a evolução, e, caso seja necessário,
chame o serviço móvel de urgência (GONZÁLEZ et
al., 2013). Na tabela a seguir, você pode observar os
valores da frequência respiratória em repouso.
33
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
Em vítimas não responsivas, verifique o pulso Nas vítimas que não estão em situação de emergên-
central (carotídeo) em adultos (Figura 4), em crian- cia, você terá tempo para avaliar a frequência cardía-
ças o pulso central ou femoral (Figura 5): este pro- ca, a qual se refere ao número de batimentos por mi-
cedimento deve ser rápido, entre 5 e 10 segundos. nuto (bpm). Os locais podem ser os mesmos citados
Caso não detecte pulso ou esteja com dificuldade anteriormente para avaliação do pulso. Na tabela a
para avaliar, inicie as compressões e ventilações seguir, você pode observar os valores da frequência
(GONZÁLEZ et al., 2013). cardíaca em repouso.
Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso
34
EDUCAÇÃO FÍSICA
Inicialmente, é necessário verificar a circunfe- É fato que, em determinadas situações, isso não
rência do braço no ponto médio entre acrômio e será possível, pois a vítima pode não conseguir per-
olécrano; selecionar o manguito de tamanho ade- manecer na posição sentada, como nos casos de sín-
quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cope (desmaio). Então, você poderá verificar a pressão
cm acima da linha cubital; estimar o nível da pressão em decúbito dorsal, mas utilizando o mesmo posicio-
arterial sistólica (PAS) pela palpação do pulso radial; namento do braço e seguir as demais recomendações.
colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio Em crianças, é recomendado que a medição da
sem compressão excessiva sobre a artéria braquial; PA seja realizada em toda avaliação médica após os
inflar até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estima- três anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do
do da PAS obtido pela palpação; iniciar a deflação atendimento pediátrico primário (TRUELSEN et al.,
lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- 2007). No entanto os valores de PA para crianças e
meiro som (fase I de Korotkoff ) e a pressão arterial adolescentes levam em consideração a idade, sexo e
diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase altura, conforme disponíveis em tabelas específicas
V de Korotkoff ) (MALACHIAS et al., 2016). ou aplicativos para smartphones.
35
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS
36
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, destacamos o papel importante
que o(a) profissional de Educação Física possui frente às situações de ur-
gência e emergência. Você deve ter se dado conta da sua responsabilidade,
acima de tudo como cidadão, mas também como professor(a) diante de
lesões ou eventos que coloquem em risco a vida do(a) aluno(a).
Neste sentido, nesta unidade, buscamos trazer informações relacionadas à im-
portância que você tem diante da construção de uma boa relação com o(a) aluno(a),
pois ela se configura como o primeiro passo no atendimento de primeiros socorros.
O relacionamento interpessoal concreto e efetivo desenvolve o vínculo de confiança
e segurança entre os sujeitos perante essas situações.
Em um segundo momento, caro(a) aluno(a), existe a necessidade de avaliar cor-
retamente o local e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a sua segurança
esteja preservada, e isso permite o gerenciamento adequado dessas condições. Des-
ta maneira, buscamos trazer os fatores que interferem no atendimento inicial e os
principais equipamentos que podem ser utilizados nessas situações. Adicionalmente,
você pode adquirir conhecimentos em relação à identificação dos sinais e sintomas
que auxiliam na classificação do evento, possibilitando um atendimento mais rápido
e eficaz, e sobre as técnicas corretas em relação à verificação dos sinais vitais.
Por fim, destacamos que o conhecimento sobre primeiros socorros não se resu-
me a essa unidade. Ainda há muito para aprender. Verifique também o material e
leitura completar e aproveite nossas atividades de estudos. Bons estudos!
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atividades de estudo
38
atividades de estudo
3. Você está em uma quadra esportiva preparando o ambiente para a prática de vôlei e se
depara com uma vítima jovem, do sexo masculino, inconsciente, seu primeiro procedi-
mento será:
a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas.
c) Avaliar os sinais vitais.
d) Avaliar a responsividade da vítima.
e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento.
5. O Profissional de Educação Física deve estar apto a reconhecer as situações que põem a
vida em risco assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são importan-
tes para manter a vítima em melhor condição possível até que se obtenha atendimento
médico. Portanto, este profissional tem como objetivo(s), nos primeiros socorros:
I - Diagnosticar as doenças.
II - Solicitar assistência médica e serviço de emergência.
III - Minimizar o risco de outras lesões e complicações.
IV - Evitar infecções.
39
LEITURA
COMPLEMENTAR
Fonte: as autoras.
40
material complementar
O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primeiros socorros. Ao final, ele dá
dica de um aplicativo gratuito, disponível para Android e IOS. Baixe em seu celular, ele pode ajudar nos
estudos.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=fsnv8b1vNUY>.
41
referências
42
referências
43
referências
44
gabarito
1. D.
2. A.
3. E.
4. D.
5. C.
45
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Lipotimia e síncope
• Hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão
• Aterosclerose, doença arterial coronariana (DAC) e angina
• Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
• Parada Cardiorrespiratória (PCR)
• Obstrução das Vias Aéreas (OVA)
• Síndrome de hiperventilação
• Crise asmática
• Afogamentos
Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar lipotimia e síncope e descrever os primeiros socorros.
• Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão e descrever os
protocolos de atendimento.
• Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e angina.
• Descrever o infarto agudo do miocárdio.
• Conceituar parada cardiorrespiratória e apresentar o protocolo para realização da
ressuscitação cardiopulmonar.
• Identificar a obstrução das vias aéreas e descrever o protocolo para atendimento.
• Conceituar a síndrome de hiperventilação e descrever as condutas de primeiros socorros.
• Identificar a crise asmática e saber realizar os procedimentos de primeiros socorros.
• Descrever o afogamento e descrever as condutas de primeiros socorros.
unidade
II
INTRODUÇÃO
C
aro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade II do nosso ma-
terial. Agora que você já conhece os procedimentos para ava-
liar os sinais vitais, nesta unidade, abordaremos situações que
podem ser decorrentes, ou que podem ocasionar eventos que
promovam alterações nos sistemas cardiovascular e respiratório. Após
identificar cada situação, apresentaremos os protocolos indicados para o
atendimento das vítimas.
Inicialmente, caro(a) acadêmico(a), descreveremos as situações mais
comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais costumam ser de curta
duração e podem ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária.
Você também aprenderá a reconhecer quando o indivíduo apresenta
hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva ou hipotensão e quais
são os posicionamentos indicados e demais condutas que devem ser rea-
lizadas nestes casos.
Para que você, acadêmico(a) do curso de Educação Física, possa com-
preender melhor como e por que ocorre o infarto agudo do miocárdio e a
parada cardíaca, abordaremos os aspectos relacionados à aterosclerose e
à doença arterial coronariana, as quais, entre outros fatores, podem cau-
sar IAM e PCR.
Por fim, serão relatados os conceitos e procedimentos relacionados
aos casos que provocam alterações respiratórias, como a obstrução das
vias aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao engasgo com alimen-
tos ou aspiração de líquido por submersão ou imersão; a síndrome de
hiperventilação e a crise asmática presenciada, geralmente, nos casos de
ansiedade.
Caro(a) aluno(a), aproveite o conteúdo desta unidade e lembre de
verificar os tópicos que trazem indicações para o aprofundamento do seu
estudo. Bons estudos! E então, vamos começar?
Lipotimia e
Síncope
Figura 2 - Síncope
Figura 1 - Lipotimia
50
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os conhecimentos sobre os procedimentos gerais Entre estas, a causa mais frequente é a diminui-
para avaliação das vítimas em situações de urgên- ção da atividade cerebral. Para manter a oxigenação
cia e emergência que abordamos na Unidade I se- no cérebro, o corpo desfalece e mantém um metabo-
rão complementados pelos conteúdos desta e das lismo basal, ou seja, realiza a mínima atividade com
próximas unidades. Desta forma, iniciaremos pe- o mínimo gasto de energia. Estas situações podem
los conceitos e condutas relacionadas a lipotimia e ocorrer também devido à queda súbita da pressão ar-
síncope. terial (hipotensão) em consequência da dor, emoção
A lipotimia é caracterizada por alteração da intensa, esforço físico, fobia de ambientes fechados,
consciência (sem perda total dela) em cuja situação calor excessivo e ao ver sangue (MORAES, 2010).
a vítima relata a sensação de desmaio. No entanto, Segundo Gonçalves e Gonçalves (2009), os si-
na síncope, há perda súbita da consciência e, conse- nais e sintomas destas situações são:
quentemente, o desmaio. Ambas as situações são de • Sensação de fraqueza.
curta duração, e a recuperação da consciência geral- • Escurecimento da visão.
mente é espontânea. • Náuseas, vômito.
A lipotimia e a síncope podem ocorrer em de- • Pele fria e pegajosa.
corrência de diversas situações. As causas mais co- • Pulso rápido e fraco.
muns estão relacionadas à desidratação, à anemia, à • Extremidades dos pés e mãos geladas.
diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio no cé- • Extremidades cianóticas (coloração azul-ar-
rebro, aos traumas na cabeça, aos problemas neuro- roxeada).
lógicos ou devido à hipoglicemia, que, geralmente,
ocorre em indivíduos que não se alimentaram, estão Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo
fazendo regimes sem orientação ou em diabéticos está, ou não, consciente. Apresentaremos, no quadro
(GONÇALVES; GONÇALVES, 2009). a seguir, quais devem ser os procedimentos.
51
Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente
Fonte: Flegel (2008, p. 114).
Geralmente, ao presenciar estas situações, são to- nagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), entre
madas condutas equivocadas e erradas, como: jo- outros, para tentar acordar a vítima. No entanto as
gar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou condutas devem ser baseadas em protocolos, e não
comida, utilizar produtos com odor forte, como vi- em conhecimento popular.
52
EDUCAÇÃO FÍSICA
Durante os primeiros socorros: ocorrer por diversos motivos que causam a perda
• Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso do controle do fluxo de sangue e a hipovolemia (di-
absoluto, de maneira confortável (sentado ou minuição de sangue no corpo). Entre estes, jejum
semi-sentado). prolongado, desidratação, uso de diuréticos e troca
• Afrouxe as roupas. repentina de posição (hipotensão postural ou ortos-
• Monitore os sinais vitais. tática) (VARELLA, 2018, on-line)1.
• Se necessário, acione o SAMU. A vítima com hipotensão pode apresentar: ton-
• A elevação dos membros inferiores neste tura, visão embaçada, náuseas, vômitos síncope,
caso, está contraindicada.
pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão e disp-
Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se a neia (MION, 2016, on-line)2.
crise hipertensiva, a qual pode ser classificada como Durante os primeiros socorros:
urgência hipertensiva ou emergência hipertensi- • Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso,
va. Estas são situações clínicas sintomáticas em que deitado(a) de maneira confortável com os
é observada elevação acentuada da pressão arterial membros inferiores elevados.
diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que na urgência hi- • Afrouxe as roupas.
pertensiva há elevação da PA superior ao percentil 99. • Monitore os sinais vitais.
Nestes casos, pode ocorrer acometimento neurológi- • Se necessário, acione o SAMU.
co, renal, hepático, insuficiência miocárdica, convul- É recomendado para hipertensos que possuam mais
sões e alterações visuais (MALACHIAS et al., 2016). de três fatores de risco, diabetes ou cardiopatias, re-
As condutas têm ênfase em prestar os primeiros alizar o teste ergométrico antes de realizar atividades
socorros realizando a rápida identificação da crise físicas. Além disso, antes de esses indivíduos começa-
hipertensiva e remoção da vítima, para isso, acione rem a praticar esportes competitivos ou de alta perfor-
o serviço de emergência (BRASIL, 2003). mance, é recomendada uma avaliação cardiovascu-
Outra alteração da pressão arterial bas- lar completa (MALACHIAS et al., 2016).
tante comum é a hipotensão, a qual apre- Nas crianças e adolescentes, a medição da
senta níveis de pressão abaixo do normal pressão arterial na escola pode ser uma
com PAS < 90 mmHg (JENSEN, 2013). ferramenta importante para identificar
Não é considerada uma doença, porém os que necessitam de avaliação
pode estar relacionada com diabetes formal, bem como para mo-
mellitus, infarto do miocárdio entre nitorar a pressão arterial
outros. As quedas da pressão podem (FLYNN et al., 2017).
53
Aterosclerose, Doença Arterial
Coronariana (DAC) e Angina
Os protocolos para o atendimento de eventos car- A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa-
diovasculares passam por revisões e atualizações, rede arterial a diversos agentes agressores, na qual há
frequentemente. Portanto, você encontrará con- deposição de lípides, inflamação e evolução da placa
teúdo com os mais recentes consensos e diretrizes aterosclerótica (placa de gordura). A aterosclerose
disponíveis para que possa dispor de uma fonte tem início quase concomitante à formação do próprio
confiável de consulta e estudo. Além disso, utiliza- corpo humano. As lesões iniciais podem ser identifi-
mos uma proposta prática e concisa dos principais cadas em fetos de mães com altos níveis de colesterol
assuntos que envolvem este tema. Iniciaremos pela e em crianças na primeira infância. A evolução das
aterosclerose. lesões continua até desenvolver o ateroma, em torno
54
EDUCAÇÃO FÍSICA
da quinta década de vida (MARTINS et al., 2009). O com DAC podem experimentar episódios de angina
ateroma pode causar obstrução do fluxo sanguíneo e, (dor ou desconforto na região torácica).
consequentemente, doença arterial coronariana. Nestes casos, você deve ligar para o serviço de
A DAC é considerada a principal causa de óbi- urgência e recomendar que a pessoa utilize os pró-
to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de prios medicamentos enquanto aguarda o atendi-
indivíduos morrem em decorrência desta doença mento. Esta situação pode progredir para infarto
(MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou
sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- morte súbita, por isso, é extremamente relevante
mente, redução da chegada do oxigênio ao coração monitorar os sinais vitais e realizar os procedimen-
(PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos tos, conforme indicados nos próximos tópicos.
Infarto Agudo
do Miocárdio (IAM)
A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre Os sintomas são desconforto ou dor opressiva na
fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe- região torácica anterior e/ou posterior, com sensa-
los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas ção de queimação e sufocamento, dor na mandíbula,
morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen- na região cervical, no ombro, nos membros superio-
do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri- res (geralmente o esquerdo) e no epigástrio. Pode
cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo, ocorrer parestesia no membro superior (geralmente
essa situação deve ser reconhecida rapidamente. esquerdo) e a vítima, geralmente, apresenta sudore-
Quando há ativação inflamatória, agregação se, dispnéia e náuseas (SBC, 2013a).
plaquetária, vasoconstrição e trombose da co- O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é
ronária, a oclusão coronariana por algum tempo considerado uma das principais causas de PCR. Na
provocará o infarto. Esta isquemia que ocorre no suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de
músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro
denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os
et al., 2013). procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar.
55
Parada
Cardiorrespiratória (PCR)
A situação de maior emergência é a parada cardior- cada minuto, após o evento sem ressuscitação car-
respiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido à parada diopulmonar (RCP) e desfibrilação, as chances de
do funcionamento do coração e dos pulmões, o que sobrevivência da vítima diminuem de 7 a 10%. Por-
resultará em morte caso não sejam realizados os pro- tanto, é extremamente relevante a RCP, pois, quando
cedimentos de primeiros socorros. As características realizada, as chances de sobrevida diminui 3 a 4% a
da vítima em PCR são: perda da consciência, gasping cada minuto de PCR (MORAES, 2015).
(respiração de forma anormal), ausência da responsi- Os protocolos descritos nas diretrizes de Ressus-
vidade, perda da respiração e do pulso (SBC, 2013a). citação Cardiopulmonar são destinados tanto aos
A taquicardia ventricular sem pulso e a fibrila- profissionais da saúde quanto para leigos. No entan-
ção ventricular são consideradas as principais causas to, é importante ficar atento(a), pois livros, artigos e
deste evento em ambiente extra-hospitalar (GON- diretrizes mais antigas trazem uma sequência dife-
ZALEZ et al., 2013). As PCRs são mais frequentes rente de procedimentos para RCP. A recomendação
em adultos, mas também ocorrem em crianças. A é utilizar sempre os materiais mais atuais.
56
EDUCAÇÃO FÍSICA
As novas diretrizes internacionais não adiciona- Para utilizar o DEA, você precisa ligar o aparelho,
ram muitas modificações no atendimento às vítimas apertando o botão ON - OFF (alguns equipamen-
de PCR, mas enfatizam as compressões torácicas tos ligam, automaticamente, ao abrir a tampa). As
como a chave para o sucesso da ressuscitação e ten- pás (eletrodos) devem ser colocadas no tórax da
do como principal objetivo minimizar atrasos na in- vítima, nas próprias pás há o desenho instruindo
tervenção (GONZALEZ et al., 2013). o posicionamento. Caso o choque seja indicado, o
Na Unidade I, abordamos a sequência de pro- aparelho avisará “choque recomendado, afaste-se”.
cedimentos para realizar o suporte básico de vida e Você precisará pressionar o botão indicado para
a corrente da sobrevivência, agora, você verificará aplicar o choque.
como executar estes procedimentos, conforme a I A RCP deverá ser iniciada imediatamente após o
Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuida- choque e, caso o aparelho não indique o choque, deve
dos Cardiovasculares de Emergência da Sociedade realizar a RCP imediatamente. Se a vítima retomar a
Brasileira de Cardiologia (GONZALEZ et al., 2013) consciência, o aparelho não deverá ser desligado ou
e as Diretrizes da American Heart Association de retirado até a chegada do serviço de emergência.
2015 para RCP e ACE (AHA, 2015). Quanto ao posicionamento das pás, quatro posi-
Após avaliar a responsividade e reconhecer a ções são aceitas: anterolateral, anteroposterior, ante-
PCR (presença de gasping ou ausência de pulso), rior-esquerda infraescapular, anterior-direita infra-
você deverá: escapular.
• Ligar para o Sistema de Atendimento Móvel
de Urgência – SAMU 192 – e estar prepara-
do(a) para responder informações sobre local
da ocorrência, os sinais e sintomas da vítima.
• Solicitar, se disponível no local, um desfibri-
lador externo automático.
SAIBA MAIS
57
iniciar imediatamente os ciclos de 30 compressões contato da mão com o esterno. Os tempos de com-
torácicas e 2 ventilações. pressão e descompressão devem ser similares. Nas
Para realizar as compressões em adultos e crian- crianças, a profundidade da compressão é de, pelo
ças (verifique a Figura 7), deixe a vítima deitada em menos, um terço do diâmetro anteroposterior do tó-
decúbito dorsal sobre local rígido. Você deve estar rax, portanto, também será cerca de 5 cm.
posicionado entre a cabeça e o corpo da vítima (ve-
rifique as imagens), expor o tórax (retirando as rou-
pas) e colocar a base de uma das mãos (região hipo-
tenar) sobre o tórax e a base da outra mão sobre a
primeira mão. Com os braços estendidos, posicione
suas mãos com os dedos abertos entrelaçados na me-
tade inferior do esterno (fora do alcance das coste-
las). Os ombros devem estar alinhados com as mãos.
Realize uma pressão para deprimir o esterno 5
cm, comprimindo o coração em direção à coluna
vertebral (Figura 8) e descomprima, sem perder o Figura 7 - Compressões torácicas
Esterno
Pericárdio
Corpo vertebral
Figura 8 - Compressão do esterno
Fonte: Resgate Federal ([2018], on-line)3.
58
EDUCAÇÃO FÍSICA
Nos lactentes, a compressão torácica deve ser um Após realizar as 30 compressões, proceda com a
terço do diâmetro anteroposterior do tórax, o que abertura das vias aéreas, utilizando a manobra de
representa cerca de 4 cm. Você pode utilizar as extensão da cabeça.
mãos na lateral do tórax e comprimir com os pri- Existem diferentes formas para realizar as venti-
meiros dedos (Figura 9), ou utilizar apenas o segun- lações. Podem ser aplicadas por meio de ventilação
do e terceiro dedo para realizar as compressões logo boca a boca (Figura 11), com máscara/lenço facial
a seguir da linha mamilar (Figura 10). A relação com válvula antirrefluxo, máscara de bolso (pocket-
compressão-ventilação em crianças e lactentes, se -mask) (Figura 12) ou bolsa-válvula-máscara (Figura
tiver um socorrista, é de 30:2, mas, se houver dois 13). No entanto, é indicado que você utilize mecanis-
ou mais socorristas, deve ser 15:2. mos de barreira para aplicar as ventilações, devido
ao risco de contaminação na ventilação boca a boca
(GONZALEZ et al., 2013).
59
Por outro lado, com a máscara de bolso ou dicador e os posicione acima da máscara, realizando
pocket-mask, que também contém uma válvula pressão contra a face da vítima. Posicione os outros
unidirecional, você deve envolver a boca e nariz três dedos na mandíbula para estabilizá-la e pressione
da vítima, realizar uma letra “C” com os dedos in- a bolsa durante 1 segundo para cada ventilação (com
dicador e polegar de uma das mãos e posicionar, pressão suficiente para elevar o tórax) (Figura 13).
na parte superior da máscara, e, com a outra mão,
posicionar o polegar na região inferior da máscara
e os outros dedos na mandíbula (Figura 12).
60
EDUCAÇÃO FÍSICA
Crianças Bebês
Componente Adultos e adolescentes (1 ano de idade à (menos de 1 ano de idade,
puberdade) excluindo recém-nascidos)
Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima.
Verifique se a vítima responde.
Reconhecimento
Ausência de respiração ou apenas gasping.
da PCR
Nenhum pulso sentido em 10 seg.
Se estiver sozinho, deixe a vítima
Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas
e acione o 192; obtenha DEA,
em adultos e adolescentes
Acionamento do antes de iniciar a RCP. Do con-
Colapso não presenciado: execute 2 minutos
serviço médico de trário, peça que alguém chame o
de RCP; deixe a vítima para acionar o 192 e bus-
emergência 192 e inicie a RCP imediatamente;
car o DEA; retorne à criança e reinicie a RCP; use
use o DEA assim que ele estiver
o DEA assim que ele estiver disponível.
disponível.
Relação
1 socorrista = 30:2
compressão-ventilação 1 ou 2 socorristas = 30:2
2 ou mais socorristas = 15:2
sem via aérea avançada
Relação
Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min.
compressão-ventilação
Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min).
com via aérea avançada
Frequência
100 a 120/min.
de compressão
Pelo menos 1/3 do
Pelo menos 1/3 do diâ-
Profundidade diâmetro antero-
No mínimo 5 cm. metro anteroposterior do
de compressão posterior do tórax;
tórax; cerca de 4 cm.
cerca de 5 cm.
1 socorrista: 2 dedos no
centro do tórax, logo abaixo
da linha mamilar.
Posicionamento 2 mãos sobre a metade inferior
2 mãos ou 1 mão. 2 ou mais socorristas:
das mãos do esterno.
técnica dos dois polegares
no centro do tórax, logo
abaixo da linha mamilar.
Aguarde o retorno do tórax, após cada compressão; não se apoie sobre o tórax após
Retorno do tórax
cada compressão.
Minimizar
Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos.
interrupções
Fonte: adaptado de AHA (2015).
Caso a vítima apresente pulso e respiração normal, é indicado colocá-la em posição de recuperação (se não
houver suspeita de trauma).
61
Obstrução das
Vias Aéreas (OVA)
62
EDUCAÇÃO FÍSICA
A obstrução de vias aéreas é considerada qualquer si- sinais que a vítima está apresentando. Para vítimas
tuação que impede, totalmente ou de forma parcial, o conscientes, adultas ou crianças, deve ser realizada
fluxo de ar até os alvéolos pulmonares. A obstrução (em pé) a manobra de Heimlich (Figuras 14 e 15), ex-
leve pode provocar dispneia e tosse. A obstrução gra- ceto para gestantes e obesos, pois, nestes casos, estão
ve pode levar à cianose nos lábios e face, alteração da indicadas as compressões torácicas (Figura 16).
consciência, inspiração respiratória com ruído. A ob- De acordo com SBC (2015), para realizar a ma-
servação da expressão de angústia com a boca aberta, nobra de Heimlich é necessário:
mãos sobre o pescoço, são sinais característicos do • Posicionar-se atrás da vítima.
engasgo (MORAES, 2010). • Abraçá-la com suas mãos em frente ao corpo.
A vítima de OVA pode apresentar obstrução, • Fechar uma das mãos e colocar o lado do
devido a causas intrínsecas, como por relaxamento polegar da mão fechada contra o abdômen,
da língua, devido ao rebaixamento do nível de cons- na linha média, logo acima do umbigo e bem
abaixo do osso esterno.
ciência (oclui a hipofaringe), ou extrínsecas, devido
• Deve envolver a mão fechada com a outra
a aspiração de algum corpo estranho, como à aspira-
mão e pressionar contra o abdômen, reali-
ção de alimentos, deslocamento de próteses dentárias
zando compressão rápida e forte para dentro
ou presença de fragmentos dentários (QUILICI; e para cima (em “J”).
TIMERMAN, 2011).
Os traumas diretos sobre as vias aéreas também Nas crianças, você deve posicionar-se atrás dela, na
podem causar OVA, devido a hemorragias, edema ou mesma altura, ou ficar ajoelhado(a). Em seguida,
fraturas da árvore laringotraqueobrônquica ou bronco- execute os mesmos procedimentos da manobra de
aspiração de dentes. Outras causas de OVA podem ser Heimlich nos adultos. As compressões devem ser
decorrentes de queimaduras, as quais podem promover repetidas até que o objeto seja expelido ou a crian-
inflamação e edema de glote e de reações alérgicas cau- ça pare de responder. Caso a criança não responda,
sadas por alguns alimentos, produtos ou picadas de in- deve-se acionar o SAMU e iniciar, imediatamente, o
setos, que desencadeiam reações alérgicas, acometendo SBV (GONZALEZ et al., 2013).
a glote e causando edema (MORAES, 2010).
A manutenção ou restauração da permeabilidade
das vias aéreas é essencial e deve ser realizada rapi-
damente para não resultar asfixia e morte. Enquanto
a vítima ainda está consciente e apresenta obstrução
parcial, o fluxo de ar está presente; se esta for capaz de
emitir sons, você deve solicitar para a vítima realizar
uma tosse forçada e a respiração espontânea. Caso a
obstrução permaneça, acione o serviço de emergên-
cia (SBC, 2013a).
Os métodos para desobstrução de vias aéreas po-
dem ser realizados de diversas formas, conforme os Figura 14 - Manobra de Heimlich
63
Na manobra de Heimlich, a compressão realizada ele-
va o diafragma, aumentando a pressão na via aérea.
Por conta disto, esta manobra pode ser eficaz para
criar uma tosse artificial e auxiliar a vítima a expelir o
corpo estranho (QUILICI; TIMERMAN, 2011).
Nas pessoas inconscientes realizam-se compres-
sões abdominais em decúbito dorsal (Figura 17).
Realize as compressões abdominais acima da cica-
triz umbilical, utilizando uma mão sobre a outra;
comprima o abdômen em direção anteroposterior e
em direção ao tórax; verifique a respiração e o pulso,
na ausência destes ligue para o SAMU (192) e ini-
Figura 15 - Manobra de Heimlich em criança
cie o protocolo para ressuscitação cardiopulmonar
Fonte: MEDLINEPLUS (2017, on-line)4.
(SBC, 2015).
Nos bebês, a desobstrução deve ser realizada,
colocando-o em decúbito ventral (Figura 18). Para
realizar a manobra, sente-se e posicione o corpo do
bebê em direção ao chão (cabeça mais baixa do que
o corpo). Você deve sustentar a cabeça com uma
mão e apoiar o tórax sobre o seu antebraço. É reco-
mendado aplicar cinco golpes na região entre as es-
cápulas. Se o lactente não apresentar melhora, e você
detectar ausência de pulso, inicie RCP e monitore os
sinais vitais (GONZALEZ et al., 2013).
Figura 16 - Compressões torácicas para gestantes e obesos
Fonte: adaptada de SBC (2013a).
64
EDUCAÇÃO FÍSICA
Síndrome de
Hiperventilação
A hiperventilação é caracterizada pelo aumento da lentas. Solicite que permaneça calmo e respirando
quantidade de ar inalada e exalada por minuto, que naturalmente. Em seguida, retire o saco de papel
excede a quantidade necessária para o metabolis- e peça para a vítima respirar lentamente. Instrua
mo celular normal (PAPP et al., 1997). A síndrome para que realize algumas técnicas de respiração,
de hiperventilação causa alterações complexas com como expirar com os lábios fortemente pressiona-
interação entre distúrbios orgânicos, respiratórios, dos e inspirar com o nariz aberto e a boca fechada
psiquiátricos e fisiológicos (GARDNER, 1996). Os para controlar a falta de ar e diminuir o ritmo res-
transtornos de ansiedade, como o de pânico, estão piratório (BFA, 2016, on-line)8.
associados à hiperventilação leve e a outros padrões
respiratórios anormais. A hiperventilação pode, por-
tanto, ser considerada uma causa, um correlato e uma
consequência dos ataques de pânico (SARDINHA et
al., 2009). No entanto a respiração rápida e profunda
pode ser sinal de estresse, dor intensa, hemorragias,
problemas cardíacos ou pulmonares, infecções entre
outros (BEST DOCTORS, [2018], on-line)6.
Os sinais e sintomas característicos de hiperven-
tilação são: confusão, sudorese, tontura, fraqueza,
dormência ou sensação de formiga-
mento nos braços ou boca, es-
pasmos musculares nas mãos e
pés, dor no peito e palpitação
(CFAC, 2013, on-line)7.
Nestes casos, você deve re-
comendar que a vítima respire
em um saco ou sacola de papel
limpo (evite usar sacos de plástico)
para reutilizar o dióxido de carbono (Figura 19). A
boca e o nariz devem estar cobertos completamen-
te com o saco, o indivíduo precisa apertar o saco,
ligeiramente, você deve orientá-lo para que inicie
inspiração e expiração, fazendo 6-12 respirações Figura 19 - Respiração com sacola de papel
65
Crise
Asmática
66
EDUCAÇÃO FÍSICA
67
Afogamentos
A aspiração de líquidos (não-corporais) por sub- nestas situações, que a vítima encontra-se frequen-
mersão ou imersão caracteriza o afogamento. Esta temente em posição vertical, com os membros supe-
situação ocorre quando a via aérea da vítima está riores estendidos lateralmente, batendo-os na água.
abaixo do nível da superfície líquida. Caso não se- As pessoas próximas da vítima podem não perceber
jam tomadas as condutas de primeiros socorros, o que estes indivíduos estão com problemas. Devido
afogamento pode levar à morte. à respiração ser instintivamente prioridade, a víti-
Segundo crença popular, a vítima acena com a ma de submersão, na maioria das vezes, é incapaz de
mão e chama por ajuda. No entanto, é observado gritar por socorro (SZPILMAN, 2005).
68
EDUCAÇÃO FÍSICA
É importante ressaltar que você deve tomar cui- Recomenda-se que a remoção da vítima seja realiza-
dado para prestar os primeiros socorros sem se tor- da conforme o seu nível de consciência, sendo que
nar uma segunda vítima. a posição vertical deve ser adotada, com intuito de
evitar vômitos e outras complicações das vias aéreas.
REFLITA Para o transporte de vítimas inconscientes, a posi-
ção deve ser mais próxima possível da horizontal,
Para prevenir afogamentos, não deixe crian- tomando cuidado para manter a cabeça acima do
ças sozinhas dentro ou próximas da água. nível do corpo. Lembre de manter sempre as vias aé-
Diversos casos ocorrem com indivíduos que reas abertas e, ao chegar em ambiente seco, a vítima
acreditam que sabem nadar. Portanto, não
superestime a habilidade das crianças ou deve ser posicionada paralela ao espelho d’água, em
dos adultos. decúbito dorsal (Figura 20) (WATSON et al., 2001;
SZPILMAN; IDRIS; CRUZ-FILHO, 2002).
69
Vítimas de submersão precisam receber, rapidamente, ATENÇÃO
SBV (Figura 21), no local do acidente, e é necessário
verificar a possibilidade de trauma. Lembre-se de que A limpeza das vias aéreas e a retirada de água
as lesões neurológicas permanentes ocorrem após 5 dos pulmões são contraindicadas por não
minutos de asfixia, por isso, a rapidez no atendimento apresentarem eficácia e atrasar os procedi-
mentos de SBV. Além disso, estas manobras
será extremamente relevante para o sucesso dos proce- podem provocar aspiração do conteúdo gás-
dimentos. Portanto, retirar a vítima da água é priorida- trico. Mesmo após a vítima retornar a respi-
de. Se a vítima apresentar apneia, a ventilação deve ser rar e apresentar pulso, é necessário que seja
submetida à avaliação médica. Para evitar
iniciada ainda na água. Caso não seja detectado pulso, afogamentos de crianças, é necessária a su-
as compressões torácicas devem ser iniciadas, ime- pervisão permanente dos professores.
diatamente, após a retirada da água. As manobras de
ressuscitação reduzirão a hipóxia e minimizarão seus
efeitos deletérios (CAMPOS JÚNIOR; BURNS, 2014).
70
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos diversos aspectos relacionados
às urgências e emergências cardiovasculares e respiratórias, as quais po-
dem ser simples ou, até mesmo, ocasionar problemas graves e levar a óbito.
A lipotimia, a síncope e a obstrução das vias aéreas são bastante comuns e
parece que estão mais próximas entre os eventos que podem ocorrer no nosso dia a
dia. A parada cardiorrespiratória também apresenta grande incidência e é um pro-
blema mundial de saúde pública. Apesar de avanços relacionados à prevenção e ao
tratamento, diversas vidas são perdidas, anualmente, no Brasil, devido, em parte, à
falta dos primeiros socorros.
Quanto à prevenção de afogamentos, você tem um papel muito importante: além
de ensinar os alunos a nadar, é necessário sempre estar supervisionando as ativida-
des. Adicionalmente, é necessário ensinar as crianças a não correr em volta da pisci-
na, a não pular em cima de outras crianças ou empurrar os colegas.
Desta forma, é importante que este material consultivo seja relembrado ao longo
da disciplina, pois outras situações podem acabar evoluindo para uma parada cardí-
aca ou respiratória. No que diz respeito à sua aplicabilidade, servirá para situações
diversas tanto nos atendimentos voltados para lactentes como para crianças e adultos.
Lembre-se de que há diferenças nos protocolos das diretrizes e dos livros mais
antigos, por isso, é importante você procurar sempre por materiais atualizados e ela-
borados por especialistas.
Caro(a) aluno(a), o intuito desta unidade foi quebrar os obstáculos para o aten-
dimento das vítimas, trazendo, de forma simples, mas detalhada, os procedimentos
de primeiros socorros nestas situações, desde o reconhecimento das situações, até o
uso de desfibrilador externo automático, que pode e deve ser manuseado, inclusive,
por pessoas que não são da área da saúde.
71
atividades de estudo
1. A obstrução das vias aéreas (OVA) é uma emergência absoluta que, se não for re-
conhecida e resolvida, pode levar a óbito em minutos. Quando um bebê é vítima
de OVA, deve ser realizado o procedimento de:
a) Manobra de Heimlich, em posição ortostática.
b) Manobra de Heimlich, em decúbito dorsal.
c) Compressões torácicas, em posição ortostática.
d) Manobra de desobstrução, em decúbito ventral.
e) Manobra de desobstrução, em decúbito lateral.
72
atividades de estudo
SOBE
OMBROS
DESCE
SOBRE AS
MÃOS
BRAÇOS
ESTICADOS
USAR A BASE
DAS MÃOS
73
atividades de estudo
74
LEITURA
COMPLEMENTAR
75
LEITURA
COMPLEMENTAR
A PCR permanece como um problema mundial de saúde pública. Apesar de avanços, nos
últimos anos, relacionados à prevenção e ao tratamento, muitas são as vidas perdidas anu-
almente, no Brasil, relacionadas à PCR, ainda que não tenhamos a exata dimensão do pro-
blema pela falta de estatísticas robustas a este respeito. Os avanços também se estendem
à legislação sobre acesso público à desfibrilação e obrigatoriedade de disponibilização de
DEAs (desfibriladores externos automáticos), bem como no treinamento em RCP (ressusci-
tação cardiopulmonar), missão esta em que a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresen-
ta, há muitos anos, uma posição de destaque. Podemos estimar algo próximo de 200.000
PCRs ao ano, no Brasil, sendo metade dos casos ocorrendo em ambiente hospitalar, e a
outra metade em ambientes, como residências, shopping centers, aeroportos, estádios etc.
Estima-se que a maioria das PCRs em ambiente extra hospitalar sejam em decorrência de
ritmos, como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso, enquanto que, em
ambiente hospitalar, a atividade elétrica sem pulso e a assistolia respondam pela maioria
dos casos. A maior parte das PCRs ocorre em adultos, mas crianças também são afetadas.
O perfil etiológico/epidemiológico da criança é totalmente diferente do adulto, o que se
reflete em diferenças importantes no tratamento.
76
material complementar
Esta publicação resume os principais pontos de discussão e alterações feitas na atualização das Diretrizes
de 2015 da American Heart Association para ressuscitação cardiopulmonar.
Web: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-
Portuguese.pdf>.
77
referências
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sociation de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://
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Acesso em: 17 jan. 2019.
8
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2019.
80
gabarito
1. D.
2. C.
3. A.
4. E.
5. A.
81
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
METABÓLICAS E NEUROLÓGICAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Hiperglicemia e Hipoglicemia
• Convulsão e Epilepsia
• Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
• Acidente Vascular Encefálico (AVE)
• Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
• Traumatismo Raquimedular (TRM)
Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer e atuar diante da vítima acometida por uma
emergência diabética.
• Conhecer os sinais e sintomas de convulsões e epilepsia e as
condutas de primeiros socorros.
• Compreender a atuação diante de Ataque Isquêmico Transitório
(AIT).
• Compreender a atuação diante do Acidente Vascular Encefálico
(AVE).
• Identificar os indícios de Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e
saber atuar diante destas situações.
• Identificar os indícios de Traumatismo Raquimedular (TRM) e saber
atuar diante destas situações.
unidade
III
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), você, como profissional de Educação Física,
deve estar preparado(a) para atuar em todas as situações de
emergência. Para que sua conduta resulte na melhora dos sin-
tomas, no restabelecimento dos sinais vitais e na prevenção de
lesões secundárias, você precisa saber reconhecer as diferentes situações
que necessitam de atendimento em primeiros socorros. Nesta unidade,
vamos nos dedicar aos estudos das principais urgências e emergências
metabólicas e neurológicas.
Que a prática de atividade física é uma aliada à nossa saúde, todos
nós já sabemos, entretanto, durante o exercício físico, frequentemente,
deparamo-nos com situações de fadiga extrema, desmaios, dores de ca-
beça etc.; isso porque o exercício exige muito esforço e uma demanda
energética alta.
O diabetes mellitus, por exemplo, é um dos mais importantes pro-
blemas de saúde pelo alto número de pessoas afetadas, podendo causar
incapacitações físicas e motoras até a mortalidade prematura. Os esta-
dos hiperglicêmicos e hipoglicêmicos, no momento das práticas espor-
tivas, são emergências médicas muito comuns no campo das alterações
do metabolismo. Por outro lado, não podemos esquecer das emergências
neurológicas. Hoje, sabe-se que mesmo impactos leves sobre a cabeça
não somente prejudicam o cérebro, mas também podem romper o fluxo
sanguíneo, causar desequilíbrios químicos e elétricos e, possivelmente,
lesionar as células cerebrais. Da mesma maneira, um simples movimento
para rebater uma bola, um impacto direto ou um alongamento além do
normal pode lesionar a coluna e/ou nervos.
Neste sentido, tenha em mente que sua primeira abordagem de primei-
ros socorros em urgências e emergências metabólicas e neurológicas deverá
ser determinada pelos sinais e sintomas que serão descritos nesta unidade.
Vamos aos estudos?
Hiperglicemia
e Hipoglicemia
Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, tência à ação da insulina entre outros (SBD, 2016,
mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabó- LYRA; CAVALCANTI; SANTOS, 2014).
licos que apresenta em comum a hiperglicemia (ex- A classificação atual do DM baseia-se na etiolo-
cesso de glicose na corrente sanguínea), resultante gia, e não no tipo de tratamento, portanto, a DM tipo
de alterações na secreção e/ou ação da insulina, que 1A está relacionada a fatores genéticos e ambientais
envolve destruição das células beta pancreáticas, e, na DM tipo 1B, a etiologia não está elucidada. O
comprometimento da secreção da insulina, resis- DM tipo 2 pode estar presente em indivíduos de
86
EDUCAÇÃO FÍSICA
qualquer idade, e o diagnóstico ocorre após os 40 Em casos diagnosticados, além da prática regu-
anos. A maioria dos casos (90 a 95%) de diabetes é lar de exercício físico e da alimentação adequada, o
ocasionada por DM2, a qual se caracteriza por defei- portador faz uso de medicamentos para o controle
tos na ação e secreção da insulina e na regulação da da glicemia e, em indivíduos com problemas graves
produção hepática de glicose. Outros aspectos tam- de diabetes, pode ser necessária a administração de
bém são correlacionados a este tipo de DM, como: insulina, por meio de injeções ou de uma bomba,
sobrepeso, obesidade, sedentarismo e dietas ricas que fornece este hormônio em doses reduzidas por
em gorduras (SBD, 2016). um pequeno tubo inserido sob a pele.
No Quadro 1, podem ser identificados os valores Sabe-se que o exercício físico pode influenciar
de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico na quantidade do hormônio que o corpo necessita,
de diabetes mellitus. é por isso que atletas diabéticos devem ser constan-
temente monitorados, especialmente aqueles que
Quadro 1 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico
de diabetes mellitus / Fonte: adaptado de SBD (2016).
apresentam problemas para controlar o diabetes.
Neste contexto, é importante que você conheça
2h após
Categoria Jejum* 75g de Casual** os procedimentos para medição do nível de glicose
glicose capilar. Existem diversos modelos de equipamentos
Glicemia para medição da glicose sanguínea, portanto, po-
< 100 < 140
normal
dem diferir quanto a alguns procedimentos, assim,
Tolerância
≥ 100 a ≥ 140 a < é importante que você consulte o manual de cada
à glicose
126 200 equipamento. A seguir, descrevemos uma técnica
diminuída
≥ 200 (com para medição da glicose:
Diabetes
≥ 126 ≥ 200 sintomas 1. Quando possível, a vítima deve lavar e secar
Mellitus
clássicos)*** corretamente as mãos (você, assim como nos
*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8h. demais procedimentos, deve usar luvas).
**Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia,
sem se observar o intervalo desde a última refeição.
2. Você deve ligar o glicosímetro.
***Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda 3. Introduzir a ponta da lanceta descartável no
não explicada de peso.
dedo do indivíduo.
Nota: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição
do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com 4. Com a fita teste você absorverá a gota de san-
descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
gue.
Os sintomas clássicos da hiperglicemia são: polidip- 5. A fita teste deve ser colocada no glicosímetro.
sia (sede excessiva), poliúria (aumento da quantida- 6. Você deve aguardar alguns segundos até que
de de excreção de urina), polifagia (fome em exces- o valor de glicemia apareça no monitor do
so) e perda considerável de peso. Outros sintomas glicosímetro.
que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, 7. Ofereça um curativo ou algodão para o pa-
letargia e prurido cutâneo e vulvar. Entretanto deve- ciente cobrir o local perfurado.
-se destacar que o diabetes é assintomático em pro- 8. O material deve ser descartado de forma cor-
porção significativa dos casos (BRASIL, 2006). reta, conforme as normas de biossegurança.
87
Apesar dos tratamentos já bem estabelecidos para o Desta maneira, também é importante, estar aten-
controle da hiperglicemia, não é incomum nos de- to aos sinais e sintomas de hipoglicemia. O paciente
pararmos com indivíduos que apresentam o nível de apresenta palidez, sudorese fria, confusão mental,
glicose acima do recomendado. Embora saibamos delírio, nervosismo, ansiedade, taquicardia, tontura,
que uma das maneiras de diminuir a glicemia sanguí- sonolência, visão turva, sensação de formigamento
nea é por meio da prática de exercícios, a Sociedade nos lábios e na língua, fraqueza e déficit de coorde-
Brasileira do Diabetes (2017) recomenda a suspensão nação motora (SBD, 2016).
do exercício físico em caso de glicemia acima de 250 Quanto aos procedimentos para atendimento de
mg/dL, na presença de cetose, ou em caso de glicemia pacientes com hipoglicemia conscientes:
acima de 300 mg/dL, mesmo na ausência de cetose. 1. Interrompa as atividades físicas.
Assim, se você verificar que o atleta apresenta 2. Ofereça alimentos ou líquidos compostos por
um quadro de hiperglicemia: frutose, sacarose e oligossacarídeos (balas,
sucos) (AHA, 2015).
1. Afaste-o de todas as atividades e monitore os
níveis de glicose do sangue (caso ele tenha 3. Monitore os sinais vitais.
um monitor). Por outro lado, os procedimentos para pacientes hi-
2. Acione a equipe de resgate se os sinais indi- poglicêmicos que estão inconscientes são:
carem evolução para um quadro grave (con- 1. Interrompa os exercícios físicos.
fusão mental, hálito cetônico, náuseas, sede 2. Não administre nada por via oral.
excessiva; respiração ofegante).
3. Solicite o serviço de emergência.
3. Monitore os sinais vitais e realize a RCP, se 4. Monitore os sinais vitais e, se necessário, ini-
houver necessidade. cie protocolo de RCP.
Também ressalta-se que, durante a prática de ativida- A partir disso, lembre-se sempre de que para preve-
de física, pode ocorrer hipoglicemia (diminuição dos nir a hipoglicemia, a hiperglicemia e as complica-
níveis glicêmicos com valores abaixo de 60mg/dL). O ções do DM, é importante manter os níveis de glico-
exercício físico é um dos fatores precipitantes mais se dentro dos valores estabelecidos.
frequentes de hipoglicemia, que ocorre por excesso
de insulina circulante durante o exercício, seja pelo
aumento da absorção de insulina injetada no tecido
subcutâneo (induzido pela atividade física), seja pela
perda da capacidade endógena de diminuir os níveis
circulantes de insulina no exercício, prejudicando a
liberação hepática de glicose, o que predispõe o in-
divíduo a um quadro de hipoglicemia entre 20 e 60
minutos após o início do exercício (SBD, 2017).
88
EDUCAÇÃO FÍSICA
89
Convulsão
e Epilepsia
Caro(a) aluno(a), antes de iniciarmos este capítulo, rebral é afetada, ou generalizada, na qual os dois he-
você precisa entender que convulsão e epilepsia não misférios cerebrais são atingidos.
são sinônimos; a epilepsia é uma doença específica De acordo com o comprometimento dos he-
que predispõe o indivíduo a convulsões, mesmo na misférios cerebrais, o episódio pode se resumir a
ausência de problemas, como traumas na cabeça ou apenas uma crise de ausência (pequeno mal), pe-
tumores cerebrais. Então, o que é convulsão? ríodo de segundos a poucos minutos, em que a ví-
A convulsão é um episódio de atividade elétrica tima permanece com os olhos abertos e apresenta
anormal no cérebro, que pode ocasionar mudan- movimentos de automatismo, como estalar os lá-
ças repentinas no estado de alerta, comportamen- bios ou deglutir, esfregar as mãos e alisar ou pegar
to e controle muscular de um indivíduo (FLEGEL, objetos sem propósito definido, piscar de olhos.
2010). Pode ser classificada em dois tipos: parcial Entretanto as crises mais conhecidas são as cha-
(focal), na qual apenas uma parte do hemisfério ce- madas convulsões tônico-clônicas (grande mal),
90
EDUCAÇÃO FÍSICA
91
É sempre importante conhecer o atleta/criança. Se
você tem certeza de que a pessoa sofre de epilepsia e
que o ataque não durou mais do que 3 minutos, é des-
necessário chamar ajuda externa, mas é fundamental
orientá-la sobre a importância do acompanhamento
médico. Caso o ataque se prolongue, seja repetitivo,
ou, caso a pessoa não recupere a consciência, solicite o
serviço de atendimento móvel de urgência.
SAIBA MAIS
Fonte: as autoras.
92
EDUCAÇÃO FÍSICA
93
Ataque Isquêmico
Transitório (AIT)
94
EDUCAÇÃO FÍSICA
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Acidente Vascular
Encefálico (AVE)
96
EDUCAÇÃO FÍSICA
97
O AVE, por muito tempo, foi considerado uma b. Acidente vascular encefálico hemorrágico:
condição relacionada com o envelhecimento, em ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, im-
que apenas pessoas com idade avançada apresenta- pedindo o fluxo de sangue normal e permitin-
riam essa doença. Entretanto, sabe-se que diversos do que ele extravase para áreas do cérebro. Pode
ser adjacente ao cérebro (hemorragia suba- rac-
casos têm ocorrido com pessoas com idade inferior
nóidea) ou dentro da massa encefálica.
a 40 anos, tornando-se uma grande preocupação
para a população em geral, especialmente para os Como já citado anteriormente, os sinais e os sintomas
professores de Educação Física, uma vez que a prá- do AVE são muito parecidos com o do AIT: cefaleia,
tica de atividade física exige grande esforço do sis- alteração da consciência, fraqueza em um dos lados
tema cardiovascular e, consequentemente, aumento do corpo, assimetria facial, vertigens, alteração da
da pressão arterial. fala, perda da visão, náuseas e vômitos (SBC, 2013).
O AVE caracteriza-se em dois tipos: Para uma avaliação pré-hospitalar, você pode
a. Acidente vascular encefálico isquêmico: utilizar a Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati, que
quando o fluxo sanguíneo é bloqueado por consiste em avaliar face, braços e fala. Se o pacien-
um acúmulo de gordura (ateroma) dentro da te apresentar um deles alterado, tem 72% de proba-
artéria cerebral ou por coágulo que obstrui o bilidade de ser AVC; se houver as três alterações, a
vaso sanguíneo (embolia cerebral). chance de ser AVC é de 85%.
98
EDUCAÇÃO FÍSICA
99
Traumatismo
Cranioencefálico (TCE)
O trauma é a principal causa de morte em indivídu- De acordo com Moraes (2010), existem três ti-
os entre 1 e 44 anos. O traumatismo cranioencefáli- pos de TCE:
co (TCE) é o principal determinante de morbidade, • Traumatismo craniano fechado: quando
incapacidade e mortalidade dentro deste grupo. O não há ferimentos no crânio, ou existe ape-
TCE grave, por exemplo, está associado a uma taxa nas uma fratura linear. Pode apresentar con-
de mortalidade de 30% a 70%, e a recuperação dos cussão, breve perda de consciência, depois
sobreviventes é marcada por sequelas neurológicas do traumatismo, geralmente se recobra a
consciência antes de seis horas.
graves e por uma qualidade de vida muito prejudica-
da (OLIVEIRA; IKUTA; REGNER, 2008). • Fratura com afundamento do crânio: o pe-
ricrânio está íntegro, porém um fragmento
O (TCE) é uma lesão do crânio e/ou do parên-
do osso fraturado está afundado e compri-
quima cerebral provocada por uma força física ex-
me e/ou lesiona o cérebro.
terna, como um choque local ou movimentos repe-
• Fratura exposta do crânio: indica que os
tidos decorrentes de impactos únicos ou múltiplos,
tecidos pericranianos foram lacerados e
resultando em compressão, expansão, aceleração,
que existe uma comunicação direta entre o
desaceleração e rotação do cérebro dentro do crânio, couro cabeludo lesionado e o parênquima
que pode ocasionar alteração do nível de consciên- cerebral por meio dos fragmentos ósseos
cia e comprometimento das habilidades cognitivas afundados ou estilhaçados e da dura-máter
ou do funcionamento físico (SILVA et al., 2017). lacerada.
100
EDUCAÇÃO FÍSICA
Além disso, o TCE pode ser classificado como ser encaminhada ao hospital mais próximo, ou o
leve, moderado e grave (GENTILE et al., 2011). serviço de emergência deve ser acionado.
Normalmente, o TCE leve é assintomático, ou a Neste sentido, Flegel (2015) orienta a seguir os
vítima pode apresentar: cefaleias, tonturas, pertur- passos a seguir:
bações da visão e lesões cranianas evidentes (ex: 1. Solicite rapidamente o serviço de emergência
lacerações e hematomas). médica.
Em casos de TCE moderado, pode ocorrer al- 2. Mantenha a cabeça e o pescoço imóveis (ex-
teração do estado de consciência, no momento do ceto em casos de suspeita de traumatismo ra-
traumatismo ou depois, que pode ir desde o estado quimedular) até que o atendimento especia-
de alerta até a ausência de resposta, passando pela lizado chegue.
desorientação no tempo e no espaço, cefaleia pro- 3. Em casos de sangramento, controle qualquer
hemorragia profusa, mas evite aplicar pres-
gressiva, convulsão, vômito, amnésia, politrauma-
são excessiva sobre uma ferida na cabeça.
tismo, traumatismo facial grave.
4. Monitore a frequência respiratória, cardíaca,
No caso grave, há alterações da simetria e da
pulso, pressão arterial e temperatura. Se ne-
reatividade à luz das pupilas, hemiplegia ou hemi- cessário, realize a RCP.
paresia, perda de líquido cefalorraquidiano ou de
sangue pelos orifícios da cabeça, nomeadamente,
nariz e ouvidos, ventilação rápida e superficial ou SAIBA MAIS
101
Traumatismo
Raquimedular (TRM)
102
EDUCAÇÃO FÍSICA
103
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), nesta unidade discutimos um pouco sobre as principais
urgências e emergências metabólicas e neurológicas.
Os distúrbios endócrinos, especialmente os relacionados aos níveis de
glicose sanguínea, compreendem uma gama de manifestações clínicas. Nos
casos de urgência e emergência, essas condições configuram-se como potencialmen-
te fatais se não foram imediatamente reconhecidas e tratadas de maneira adequada.
Por outro lado, sabe-se que esses distúrbios compreendem sintomas muito inespecí-
ficos, o que dificulta o seu diagnóstico e torna os primeiros socorros algo complexo
e extremamente desafiador.
Da mesma maneira, caro(a) acadêmico(a), você deve ter compreendido que, em
uma emergência neurológica, existe a necessidade de uma avaliação criteriosa dos
sinais e sintomas apresentados pela vítima, uma vez que o sistema neurológico é ex-
tremamente complexo e desempenha um importante papel no controle das funções
corporais. Assim, qualquer alteração sutil pode indicar um possível agravamento da
condição da vítima. Sabe-se que o reconhecimento e uma avaliação focada dessas
condições devem ser a base das intervenções.
Portanto, caro(a) estudante, é imprescindível aprofundar seus conhecimentos a
respeito dos aspectos essenciais das situações de urgências e emergências metabóli-
cas e neurológicas, de maneira que você se torne capacitado para atuar em qualquer
situação e em qualquer ambiente, seja no meio escolar, em academias, centros de
treinamento, seja até mesmo em locais públicos.
De fato, as orientações de primeiros socorros nessas situações não devem termi-
nar aqui. É necessário ler e se atualizar constantemente acerca dessa temática. Bons
estudos!
104
atividades de estudo
a) I e II, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III, apenas.
105
atividades de estudo
106
atividades de estudo
A sequência correta é:
a) V - V - V - F - V.
b) F - F - V - F - V.
c) F - F - F - F - V.
d) F - V - V - V - F.
e) F - V - V - F - F.
107
LEITURA
COMPLEMENTAR
Fonte: as autoras.
108
material complementar
Primeiros socorros
Luiz Fernando dos Reis Falcão e Julio Cezar Mendes Brandão
Editora: Martinari
Sinopse: a forma como as pessoas reagem em uma situação de emergência antes
da chegada do socorro médico costuma determinar como será a recuperação das
vítimas e, em casos extremos, pode significar a diferença entre a vida e a morte. A
primeira pessoa a chegar ao local precisa ser capaz de reconhecer as emergências
e lidar com elas de modo a proteger as vítimas. Este livro permite o acesso à infor-
mação de Primeiros Socorros.
109
referências
AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart As-
sociation de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://
eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Hi-
ghlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.
BARBÉRIO, G. S.; SANTOS, P. S. S.; MACHADO, M. A. A. M. Epilepsia: condutas
na prática odontológica. Rev. Odontol. Univ. Cid., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 114,
maio/ago., 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 16. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006. Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em:
17 jan. 2019.
FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010.
______. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. Barueri: Manole, 2015.
GENTILE, J. K. A. et al. Condutas no paciente com trauma cranioencefálico. Ver.
Bras. Clin. Med., v. 9, n. 1, p. 74-82, 2011. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/
S/1679-1010/2011/v9n1/a1730.pdf> Acesso em: 18 jan. 2019.
110
referências
111
referências
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.neuroligaunivasf.com.br/2016/10/29/dia-do-avc-2016/>. Acesso
em: 17 jan. 2019.
112
gabarito
1. B.
2. D.
3. D.
4. E.
5. a) A vítima sofreu um traumatismo craniano.
b) Além dos sinais e sintomas apresentados no caso, a vítima pode apre-
sentar: hemiplegia ou hemiparesia, convulsões; náuseas e/ou vômitos;
cefaleias e perturbações da visão, hipertermia. Em casos mais graves, al-
teração do estado de consciência e PCR.
c) Em casos de TCE, deve-se solicitar rapidamente o serviço de emergência
médica; imobilizar a cabeça e o pescoço (exceto em casos de suspeita de
traumatismo raquimedular) até que o atendimento especializado chegue.
Controlar qualquer hemorragia profusa, monitorar a frequência respira-
tória, cardíaca, pulso, pressão arterial e temperatura e, se necessário, re-
alizar a RCP.
113
ACIDENTES E LESÕES EM GERAL
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Hemorragia interna e externa
• Queimaduras
• Choque elétrico
• Insolação
• Intoxicação e Envenenamento
• Lesões nos olhos, orelhas e dentes
Objetivos de Aprendizagem
• Identificar e prestar os primeiros socorros em casos de hemorragia interna e
externa.
• Compreender as condutas diante de queimaduras conforme classificação.
• Compreender o atendimento de emergências em casos de choque elétrico.
• Identificar sinais e sintomas de insolação e técnicas de atendimento às vítimas.
• Reconhecer as situações de intoxicação e envenenamento e os procedimentos
de primeiros socorros.
• Identificar as lesões nos olhos, orelhas e dentes e os procedimentos de
primeiros socorros.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
B
em-vindo(a) a mais um capítulo do nosso livro. Nele vamos apre-
sentar os acidentes e lesões que, de maneira geral, ocorrem em nos-
so local de trabalho ou mesmo no ambiente domiciliar.
Inicialmente, vamos nos dedicar aos estudos sobre os diferentes
tipos de hemorragias, características e intervenções próprias. É provável que
você já tenha sofrido uma hemorragia, mas que não causou preocupação por
ser pequena, ou porque o trauma não atingiu um vaso importante. Entretanto
algumas hemorragias podem ser sérias e demandam atendimento imediato.
Depois, estudaremos os aspectos relacionados às queimaduras, a classifi-
cação e os métodos aceitos para calcular a superfície corporal queimada. Em-
bora os procedimentos de primeiros socorros sejam simples, as queimaduras
podem atingir estruturas além da pele, como músculos, ossos, nervos e vasos
sanguíneos, o que pode desencadear um comprometimento das vias aéreas.
No tópico seguinte, abordaremos as características do choque elétrico,
que também pode provocar queimaduras graves, devendo ser tratado com os
mesmos critérios. A insolação é outra situação de emergência que surge devi-
do ao superaquecimento do organismo, decorrente da exposição prolongada
ao calor, configurando-se como uma queimadura grave.
Descreveremos os principais casos de intoxicação e envenenamento. Sa-
be-se que reconhecer uma vítima nesta situação não é simples, pois os sinais e
sintomas variam de acordo com o tipo de substância com a qual a vítima teve
contato, entretanto, é importante que você reconheça os sinais de gravidade e
que necessitam de atendimento médico imediato.
Por fim, destacamos algumas lesões gerais que ocorrem nos olhos, nas
orelhas e nos dentes. Cada uma com sua particularidade, nem sempre são
uma condição de emergência, mas devem ser tratadas com atenção e respon-
sabilidade.
Todas as situações abordadas aqui são comuns tanto no ambiente escolar,
como em outros locais de prática de atividade física, por isso, você deve saber
como agir diante dessas situações. Vamos começar? Bons estudos a você!
Hemorragia
Interna e Externa
A hemorragia compreende a perda de volume sanguí- possível visualizar o sangue, e o socorrista deduz o
neo devido ao rompimento de veias e/ou artérias por quadro devido aos seguintes sintomas:
causas diversas, como amputações, fraturas, esmaga- • Pulso com batimento anormal (fraco ou ace-
mentos, cortes, úlceras entre outros. As hemorragias lerado).
podem ser classificadas como internas ou externas. • Pele fria.
A hemorragia interna ocorre sem que a pele seja • Sudorese abundante.
rompida. Pode ser provocada pela lesão de algum • Palidez intensa e mucosas descoradas.
órgão interno. Normalmente, esse tipo de hemorra- • Tonturas.
gia acontece imediatamente após acidentes violen- • Eliminação de sangue pela boca (junto com
tos, nos quais o corpo deve suportar pressões mui- vômito ou saliva), nas fezes e na urina.
to grandes, como: colisões; soterramentos; quedas; • Sede.
acidentes automobilísticos etc. Nesses casos, não é • Inconsciência.
118
EDUCAÇÃO FÍSICA
Nos casos de hemorragia interna, você deve mo- Diante de traumatismos que apresentam hemor-
nitorar os sinais vitais e chamar, imediatamente, o ragia externa, Quilici e Timerman (2011) apontam
serviço de emergência, uma vez que uma situação como agir diante desta situação:
de hemorragia interna pode levar a vítima, rapida- 1. Verifique se o local do atendimento está se-
mente, ao estado de choque. Caso a vítima passe a guro para você.
não responder mais, iniciar RCP de imediato. 2. Solicite que alguém traga o material próprio
para atendimento de primeiros socorros.
REFLITA 3. Coloque todos os equipamentos de proteção
individual (EPI), incluindo óculos.
Você sabe o que é choque? Também conhecido 4. Se a vítima estiver consciente, peça para ela
como choque circulatório, compreende a falên- comprimir o local do sangramento com gaze
cia circulatória aguda que prejudica a oferta de ou compressa limpa enquanto você se para-
oxigênio para os tecidos. Se não tratado preco- menta.
cemente, apresenta altas taxas de mortalidade.
5. Mantenha o membro afetado elevado.
(John E. Hall e Arthur Guyton)
6. Comprima firmemente o local do sangra-
mento por 5 a 10 minutos, até que a hemor-
Por outro lado, os casos de hemorragia externa são ragia pare.
facilmente diagnosticados, pois o derramamento de 7. Se não parar, comprimir com mais força fa-
zendo uso de uma segunda gaze colocada
sangue ocorre para fora do corpo. Nessas situações,
sobre a primeira, que não deve ser retirada
há possibilidade de reconhecimento de uma hemor-
para que não ocorra remoção de coágulos já
ragia capilar, arterial ou venosa. A capilar correspon- presentes.
de a um sangramento lento, com pouco volume de
8. Verifique possíveis sinais de choque (palidez
sangue, observada em arranhões e pequenos cortes cutaneomucosa, sudorese, taquicardia, pulso
superficiais. A arterial caracteriza-se pelo fluxo em fino).
forma de esguicho intermitente (na mesma pulsação 9. Se houver sinais de choque e sangramento
das palpitações cardíacas), e a venosa apresenta flu- persistente, acione imediatamente o serviço
xo contínuo e não muito intenso (Figura 1). de atendimento especializado.
119
Ressalta-se que a grande maioria dos sangramentos nantes, antialérgicos e corticosteróides. Além disso,
externos pode ser tratada com simples tampona- o ressecamento da mucosa causado pelo clima seco
mento direto sobre o local da hemorragia, mas aten- ou pelo inverno rigoroso, exposição prolongada ao
ção: o ferimento deve estar sempre limpo, diminuin- ar condicionado ou por infecções virais e bacteria-
do, assim, a possibilidade de infecções. Se não existir nas também podem ocasionar o sangramento nasal.
gaze ou compressa esteril no local, utilize algum te- Nesses casos:
cido limpo, ou faça a compressão com a própria mão • Mantenha a vítima sentada, imóvel, inclinada
vestindo luva devidamente ajustada. para frente.
Além disso, instrumentos que estejam fincados • Realize o tamponamento de ambas as narinas
em um ferimento não devem ser retirados, devido com uma gaze/pano limpo, usando o polegar
e indicador em forma de pinça, durante 15
a possibilidade de sangramento de um grande vaso
minutos (Figura 2).
que esteja por ele tamponado. Nestes casos, mante-
• Coloque compressa com gelo sobre o nariz,
nha a vítima o mais imóvel possível até a chegada de
fazendo vasoconstricção, diminuindo o san-
atendimento especializado. gramento nasal.
Em casos de amputação de membro, deve-se
promover a compressão firme da área ferida. Não
aplique torniquetes, pois a compressão que exercem
é suficiente apenas para diminuir o retorno veno-
so e, na manutenção do fluxo arterial, promovem
aumento da hemorragia local. Os torniquetes de-
vem ser utilizados somente como último recurso,
quando outros métodos de hemostasia já tenham
falhado. Assim, deve-se sempre ter em mente que
a compressão sobre o local da hemorragia é o mais
recomendado.
Sob nenhuma hipótese despreze o membro am-
putado. A melhor forma de preservá-lo é colocá-lo
em um saco plástico e resfriá-lo em gelo. Não co-
loque o membro amputado diretamente sobre gelo
ou mergulhado em água ou outro líquido, pois isso
provoca degeneração celular do órgão.
Outra situação relativamente comum durante
o exercício físico é o sangramento nasal (epistaxe).
As causas mais comuns para a ocorrência desse tipo
de hemorragia são: traumatismos locais (mais fre- Figura 2 - Condutas no atendimento a vítima com epistaxe
quentes em crianças); o uso tópico de descongestio- Fonte: FCFRP - USP (2016).
120
EDUCAÇÃO FÍSICA
ATENÇÃO
121
Queimaduras
122
EDUCAÇÃO FÍSICA
As queimaduras são lesões decorrentes de agentes capa- Em relação à profundidade, a queimadura depende
zes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos de dois fatores: a temperatura a qual a pele foi expos-
corporais e acarreta a morte celular (BRASIL, 2012). ta e o tempo de exposição. Nesse sentido, as lesões
No cenário atual, as queimaduras são considera- podem ser classificadas, conforme a tabela a seguir:
das um importante problema de saúde pública visto Quadro 1 - Classificação das queimadura quanto à profundidade
que acarretam graves problemas psicopatológicos, A lesão atinge a epiderme, apresenta ver-
devido às sequelas estéticas, funcionais e emocio- 1º Grau
melhidãoi e é acompanhada de dor.
nais decorrentes de limitações físicas e amputação A lesão atinge a epiderme e a derme, apre-
de membros (ANTONIOLLI et al., 2014). 2º Grau senta vermelhidão e é acompanhada de
dor e do aparecimento de bolhas.
Ademais, o trauma por queimaduras representa a
A lesão atinge todas as camadas da pele,
quarta causa de óbito no mundo, acometendo, predo-
chegando ao tecido subcutâneo.
minantemente, jovens, na faixa etária de 1 a 40 anos e 3º Grau É a forma mais grave. As lesões apresentam-
repercutindo com danos, muitas vezes, irreversíveis. -se esbranquiçadas, secas e com aspecto
carbonizado, acompanhadas de dor intensa.
No Brasil, cerca de 30% do total de vítimas queima-
das necessitam de hospitalização, sendo que o restan- Fonte: adaptado de Santos (2014, p. 114).
te corresponde a queimaduras mais leves, tratadas Nas queimaduras de primeiro grau, a cicatrização
ambulatorialmente (QUILICI; TIMERMAN, 2011). ocorre de 2 a 7 dias com a descamação da epiderme;
Nesse contexto, entende-se que as queimaduras nas de segundo grau, a cicatrização ocorre entre 10
podem variar desde lesões pequenas até catastróficas, e a 14 dias, em condições normais, sem infecção. Por
que as condutas de primeiros socorros frente a essas si- outro lado, nas de terceiro grau, a cicatrização ocor-
tuações dependem de uma análise criteriosa em relação re pelo crescimento epitelial, a partir das bordas da
ao agente causador, à profundidade ou ao grau, à exten- ferida ou por meio do autoenxerto.
são ou severidade, à localização coporal da queimadura. As queimaduras também podem ser classifica-
De acordo com Moraes (2010), as queimaduras das quanto à extensão, o que se refere à porcentagem
podem ser classificadas quanto ao agente causador: da área da superfície corporal queimada. O cálculo
• Agentes físicos: líquidos superaquecidos, va- da extensão do agravo é classificado de acordo com a
por, fogo e o gelo. idade. Nestes casos, normalmente, utiliza-se a regra
• Agentes elétricos: a energia elétrica, como as dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em
correntes de baixa voltagem (eletrodomésti- conta a extensão atingida, a chamada superfície cor-
cos), alta tensão e raio; radiantes: resultam da poral queimada (SCQ) (BRASIL, 2012).
exposição à luz solar, como os raios ultravio-
Veja, na Figura 3, a extensão da área queimada.
leta ou fontes nucleares.
Essa regra divide o corpo humano em áreas, cada
• Agentes químicos: substâncias químicas in-
dustriais, produtos de uso doméstico, como uma delas equivalente a 9%. Com essa regra, pode-
solventes, soda cáustica, alvejantes ou qual- mos ter noção da extensão e da gravidade da área
quer ácido ou álcalis. lesada. Embora a regra dos noves apresente um re-
• Agentes biológicos: seres vivos, como tatura- sultado aproximado, é de grande importância para a
nas, água-viva, urtiga. continuidade do atendimento.
123
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
Neste sentido, é fato que as condutas de primei- Dependendo da gravidade da lesão, é importante que
ros socorros dependem de uma avaliação criteriosa você fique atento(a) as queimaduras que envolvam
de todos os fatores, mas, de maneira geral, em quei- vias aéreas, queimaduras faciais, de sobrancelhas e
maduras, os princípios básicos no cuidado consis- narinas, fuligem na orofaringe, faringe avermelha-
tem em (SANTOS, 2014): da e com edema, pois causam comprometimento da
• Afastar a vítima do agente causador. respiração. Avalie também possíveis sinais de cho-
• No caso de a vítima estar em chamas, envol- que (pele fria e pegajosa, respiração rápida, fraca e
vê-la em um cobertor, deixando a região da irregular, pulso rápido e fraco, cianose, hipotensão
cabeça livre, evitando que se sufoque com a arterial etc.) e alterações no nível de consciência.
fumaça.
Nesses casos mais graves, chame imediatamente o
• Retirar acessórios, como anéis, pulseiras, re-
serviço de emergência.
lógios e outros.
• Retirar as vestimentas que não aderiram à
área queimada.
• Resfriar a área com água em abundância.
Não aplique gelo. Quando possível, aplique
compressas molhadas sobre a área lesionada.
• Se houver bolhas (flictemas), não perfurá-las,
pois o risco de infecção pode aumentar.
• Não aplicar nenhum tipo de loção, creme, in-
fusão caseira, pasta de dente, pó de café ou
produto gorduroso (graxa e óleo), pois isso
complica e interfere no tratamento.
• Se estiver consciente, dar bastante água para
beber, evitando desidratação rápida.
• No caso de queimadura química ou ácida, la-
var a área com água em abundância por mais
ou menos 10 minutos.
• No caso de queimadura por pó químico, re-
tirar primeiro o excesso e, depois, lavar com
água em abundância, pois o excesso de pó
em contato com a água pode aderir ao tecido
subcutâneo.
• Nas queimaduras por soda cáustica, tirar a
substância com um tecido limpo e, em se-
guida, lavá-lo, pois o contato da soda com
água provoca reação química com aumento
de calor.
• Providenciar transferência da vítima para um
posto médico ou hospital mais próximo.
125
Choque
Elétrico
O choque elétrico compreende uma alteração de humano aos efeitos danosos da exposição a essa
natureza e efeitos diversos, que se manifesta no corrente. Os principais efeitos fisiológicos que a
organismo humano quando este é percorrido por corrente elétrica externa produz no corpo humano
uma corrente elétrica. De acordo com Moraes são (MORAES, 2010):
(2010), no choque elétrico, a corrente fisiológica a) Tetanização: contração muscular involun-
do corpo soma-se à corrente externa desconheci- tária, causada pela circulação de corrente
da com intensidade muito maior, levando o corpo externa por meio dos nervos que controlam
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
os músculos. A corrente supera os impulsos também para os seus pés, verifique se eles não estão
elétricos, que são enviados pelo sistema ner- molhados e se o chão está seco, já que a água, di-
voso, e os anula, levando à tetanização, a qual ferentemente da madeira, é excelente condutora de
será interrompida somente com o desliga-
corrente elétrica.
mento da fonte geradora.
Depois de ter certeza que a corrente foi desliga-
b) Fibrilação ventricular: sequência de impul-
sos cardíacos desordenados, iniciando-se da, inicie os primeiros socorros à vítima:
pelo músculo ventricular que se repete, con- 1. Cheque o nível de consciência e seus sinais
tinuamente, no mesmo músculo (o impulso vitais (respiração e pulso).
elétrico não inicia no nó sinoatrial, que é o 2. Realize massagem cardíaca externa se a víti-
comando dos impulsos elétricos). ma estiver em parada cardiorrespiratória.
c) Parada cardiorrespiratória: a corrente elétri- 3. Verifique também se há queimaduras e reali-
ca que passa pelo corpo da vítima com eleva- ze os procedimentos nas áreas lesionadas.
da intensidade em curto período pode levar à 4. Acione o serviço de emergência.
parada cardíaca. A parada cardíaca difere da
fibrilação ventricular pela ausência total dos De fato, algumas vezes, o choque elétrico pode cau-
impulsos elétricos, ou seja, o coração está em sar apenas um susto, mas dependendo da corrente
assistolia. elétrica, a vítima pode ir a óbito. Neste contexto,
d) Queimadura: a circulação da corrente elé- adote algumas condutas para evitar a ocorrência
trica no corpo da vítima é acompanhada do dessa situação:
efeito Joule, fenômeno de produção de calor, • Não mexa e não permita que alguém (espe-
levando a queimaduras graves, geralmente, cialmente crianças) toque na parte interna
de 3º grau. das tomadas, seja com os dedos seja com ob-
jetos. Proteja as tomadas com protetores es-
No atendimento a vítimas de choque elétrico, é ne-
peciais ou esparadrapo.
cessário ter cautela e atenção às condições de segu-
• Quando estiver com as mãos molhadas, não
rança para não se tornar uma segunda vítima e evi-
toque em aparelhos elétricos.
tar outros acidentes.
• Mantenha os aparelhos elétricos em bom
Imediatamente, localize a fonte que está provo- estado de conservação, realizando manuten-
cando o choque e desligue o aparelho da tomada ções preventivas.
ou a chave geral de energia. É muito comum que a • Não deixe fios elétricos à vista tampouco de-
vítima fique presa à corrente elétrica, portanto, não sencapado.
toque na vítima antes desligar a corrente. Caso con- • Não sobrecarregue as instalações elétricas
trário, você também poderá ser atingido pela des- com vários utensílios ao mesmo tempo, uti-
carga elétrica. Se não houver possibilidade de des- lizando por exemplo um “T” ou um “benja-
mim”, pois os fios podem esquentar e provo-
ligar a fonte de energia, afaste a vítima da fonte de
car incêndio.
eletricidade com um objeto seco não-condutor de
corrente (como cabo de vassoura, bastão de borra- Estas simples condutas podem prevenir grandes aci-
cha e tábua, objetos de madeira em geral). Atente-se dentes.
127
Insolação
A insolação é um mal estar causado pela ação do • Se possível, mergulhe o atleta em água fria
calor ou dos raios de sol que elevam a temperatu- (piscina ou banheira) ou borrife água fria em
todo o corpo do acidentado, delicadamente,
ra do indivíduo. Este tipo de incidente pode afetar
e aplique compressas de água fria na testa,
atletas e crianças que se expõem, excessivamente, a
pescoço, axilas e virilhas.
ambientes muito quentes ou que sofrem exposição
• Se estiver consciente, mantenha a vítima em
demorada e direta aos raios solares. repouso e recostado (cabeça elevada).
Assim, quando for realizar atividades ao ar livre, • Ofereça bastante água fria, gelada ou qual-
procure evitar horários de maior calor (entre 10h e quer líquido não alcoólico para ser bebido.
16h). Além disso, oriente seu atletas, crianças e/ou • Observe os sinais vitais.
pais, quanto à importância da aplicação do protetor • Se estiver inconsciente, eleve a cabe-
solar adequado para o tipo de pele, com reaplicação ça da vítima ou a coloque em posi-
a cada 2 ou 3 horas. Se possível, peça que usem rou- ção lateral de segurança.
pas largas e frescas, além de protetores faciais como • Se ocorrer parada respirató-
bonés e chapéus. Oriente que façam a ingestão de ria, deve-se proceder à
respiração artificial,
bastante líquido ao longo do dia.
associada à mas-
Se você identificar, entretanto, a ocorrência de
sagem cardíaca
sintomas, como cefaleia, sensação de muito calor, externa, caso ne-
náuseas, irritabilidade, fadiga e o aparecimento cessário.
dos sinais de desidratação, pele vermelha ou aver-
melhada e quente, grande elevação da temperatura É importante ressaltar
do corpo, pulsação rápida, respiração rápida, pupi- que, após um atleta ou
las contraídas, vômito, diarreia, confusão, possíveis criança ter sofrido
convulsões, possível inconsciência e parada cardior- uma insolação, não
respiratória, é possível que o individuo esteja sofren- permita que ele(a)
do uma insolação (FLEGEL, 2010). retorne às ativi-
Nesse sentido, o objetivo principal dos primei- dades físicas a
ros socorros diante da vítima que apresenta insola- menos que seja
ção é baixar a temperatura corporal, lenta e gradati- liberado(a) por
vamente. Para tanto, siga as condutas seguintes: um médico.
• Remova a vítima para um local fresco, à som-
bra e ventilado.
• Remover o máximo de peças de roupa do in-
divíduo.
128
EDUCAÇÃO FÍSICA
129
Intoxicação e
Envenenamento
130
EDUCAÇÃO FÍSICA
131
132
EDUCAÇÃO FÍSICA
tretanto podem ser encontrados halo eritematoso e Nos casos mais brandos, retire o ferrão e utilize
edema discretos, sudorese e piloereção. uma compressa fria com gelo para reduzir o efei-
Nesses casos, proceda da mesma maneira como to do veneno no local da picada, mas fique atento
em picadas de cobras. Ao encaminhar a vítima para para algumas das consequências resultantes de pi-
o centro de saúde mais próximo, quando possível cadas por insetos. Em algumas pessoas, a reação ao
leve o inseto ou, pelo menos, uma foto para auxi- veneno de um inseto pode assumir caráter sistêmi-
liar no tratamento. Em casos mais graves, também co, tais como: insuficiência respiratória; edema de
podem ocorrer manifestações sistêmicas, por isso, glote; broncoespasmo; edema generalizado das vias;
fique atento, pois pode haver midríase, arritmias hemólise intensa, acompanhada de insuficiência re-
respiratórias e cardíacas, taquicardia, hipertensão nal, hipertensão arterial. Muito rapidamente, estes
arterial, podendo evoluir para falência cardiocir- sintomas podem causar o óbito (BRASIL, 2003). Ao
culatória. Essa situação exige atendimento médico perceber sintomas graves, chame o socorro.
especializado (CUPO; AZEVEDO-MARQUES; Sabe-se que o perigo da picada da abelha, além
HERING, 2003) e aplicação de tratamento específi- de estar relacionada à quantidade de picadas e ao ve-
co (soro antiaracnídeo ou antiescorpiônico). neno, também está relacionado com a sensibilização
Destaca-se, também, um evento muito comum da vítima. Se ela já foi sensibilizada aos antígenos de
que é a picada de abelha. Nesses casos, a vítima apre- abelha ocorrerá um quadro alérgico típico. Do con-
senta uma reação localizada à picada, com sintomas de trário, a simples picada poderá provocar o choque
uma reação de hipersensibilidade, ou seja, edema, dor, anafilático, mesmo que seja em pequena quantidade.
prurido e hiperemia no local; o tamanho da lesão cos-
tuma ter entre 1,0 e 5,0 cm (conforme figura a seguir). SAIBA MAIS
Fonte: as autoras.
133
Lesões nos Olhos,
Orelhas e Dentes
Os ferimentos oculares são muito comuns, durante na esclera (parte branca do olho) ou na íris. Além
as atividades físicas e, se não tratados de maneira rá- disso, há restrição dos movimentos oculares, a íris
pida e apropriada, podem levar a complicações que ou a pupila podem apresentar formas irregulares.
ameaçam a visão (LECUONA, 2009). Entre as lesões Pode ocorrer, ainda, corte na córnea, incapacida-
oculares mais comuns ocorridas, principalmente de para abrir os olhos, perda da visão periférica,
nos esportes de contato, pode-se citar a contusão, deformidade palpável dos ossos ao redor do olho
perfuração, abrasão e fratura da órbita. e sensibilidade à luz. Na ocorrência destes sinais e
A lesões contusas representam uma compres- sintomas, deve-se:
são no sentido anteroposterior, a qual empurra o • Afastar o(a) atleta/aluno(a) das atividades e,
globo ocular contra as estruturas orbitárias, como se necessário, acionar a equipe de resgate.
acontece em um soco ou bolada (CBO, [2018]). • Colocar o(a) atleta/aluno(a) sentado(a) em
Nestes casos, pode-se observar acúmulo de sangue posição ereta ou semirreclinada (45°).
134
EDUCAÇÃO FÍSICA
135
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), encerramos mais uma unidade de aprendizagem. Em um
primeiro momento, conhecemos os eventos que causam hemorragias in-
ternas e externas. Ambas, se não tratadas precocemente podem levar o
indivíduo à parada cardiorrespiratória e a sequelas irreversíveis causadas
pela hipóxia nos tecidos, especialmente se a hemorragia for arterial.
Consequências sérias são decorrentes de queimaduras graves, com grandes su-
perfícies corporais lesionadas, grande profundidade e áreas críticas atingidas. O
atendimento deve ser muito criterioso e sempre requer assistência médica especiali-
zada. Em queimaduras mais brandas, muitas vezes, os primeiros socorros prestados
no local do acidente, já são suficientes para controlar a situação e prevenir compli-
cações.
O mesmo ocorre em casos de vítimas que sofreram um choque elétrico. Nosso
sistema nervoso é pouco afetado em casos de uma corrente muito fraca. Quando a
corrente elétrica é mais forte, o indivíduo pode apresentar dor, queimaduras e até
uma parada cardiorrespiratória. Neste contexto, o que podemos fazer é saber reco-
nhecer e prestar o atendimento adequado.
A insolação, uma condição provocada pela exposição prolongada a ambientes
quentes e raios solares, causa um distúrbio no mecanismo de controle da temperatu-
ra corporal, causando hipertermia, pele seca e avermelhada, pulsação acelerada, falta
de ar, enjoo, vômitos, tonturas e até desmaios. Embora seja totalmente prevenível, ela
ainda é muito comum no nosso cotidiano e depende da nossa atuação para diminui-
ção dos sinais e sintomas.
Por fim, ao final da unidade, conhecemos as principais lesões nos olhos, orelhas e
dentes, as quais são muito comuns durante a prática esportiva. Além disso, compre-
endemos os fatores que causam uma intoxicação e um envenenamento, consideran-
do que os sinais e sintomas estão diretamente relacionados com o tipo de exposição
e a substância tóxica envolvida.
De fato, as situações descritas nesta unidade, dependendo das circunstâncias,
nem sempre se caracterizam como eventos de urgência e emergência. Entretanto,
se não tratadas de maneira adequada podem causar danos irreversíveis na vítima,
sejam eles físicos ou psicológicos.
136
atividades de estudo
1. As queimaduras são lesões causadas por agentes capazes de produzir calor ex-
cessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Neste con-
texto, assinale a alternativa correta sobre as queimaduras.
a) Podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, de acordo com
a extensão da área do corpo queimada.
b) As queimaduras de primeiro grau são as mais graves pela presença de dor
forte, destruição da epiderme e da derme e pelo aparecimento de bolhas.
c) Embora sejam mais extensas que as de primeiro e segundo grau, as queima-
duras de terceiro grau não formam bolhas.
d) A aplicação de água corrente limpa sobre a queimadura deve ser a principal
medida de primeiros socorros adotada para todas as queimaduras, pois a
água resfria a pele e alivia a dor.
e) Para diminuir o efeitos das queimaduras de primeiro grau, pode-se aplicar
creme dental para aliviar a dor local.
137
atividades de estudo
138
LEITURA
COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a), ao encerrarmos essa unidade, indicamos para você a leitura de um artigo
que descreve o trauma dental durante a prática de atividades físicas.
É frequente nas atividades esportivas a ocorrência das lesões traumáticas dentárias, es-
pecialmente em crianças e adultos jovens, que praticam esportes de contato, nos quais
os atletas interagem fisicamente. Desta maneira, a intensidade e a frequência do contato
durante a prática desportiva podem ser os principais determinantes da lesão dentária.
As injúrias podem representar-se apenas por uma simples fratura de esmalte, até danos
mais sérios, como nos casos de intrusões e avulsões dentárias até a perda do elemento
dental. Essas condições refletem negativamente na qualidade de vida do atleta/aluno, pois
interferem no seu bem-estar físico e psicológico. Prestar os primeiros socorros adequados
em casos de traumas dentários é fundamental para minimizar as consequências da lesão.
Nesse contexto, caro(a) estudante, torna-se relevante o estudo aprofundado sobre o co-
nhecimento dos professores de educação física em relação a esse tipo de assistência. A
partir da leitura desta unidade, acreditamos que você já tenha adquirido conhecimentos
suficientes sobre as condutas no atendimento de primeiros socorros em casos de avulsão
dentária, mas o que você pensa sobre os seus colegas de profissão? Você acredita que eles
sabem o que fazer diante dessa situação?
Leia atentamente o artigo “Conhecimento de acadêmicos de Educação Física sobre a avul-
são e o reimplante dentário” de José Elvys de Souza Monteiro e colaboradores, publicado
em 2012 na RFO.
O documento está disponível para ser acessado, na íntegra, no link a seguir: <http://www.
seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/1884/1929>.
Ao final da leitura, caro(a) aluno(a), você perceberá que os acadêmicos pesquisados de-
monstraram conhecimentos insuficientes sobre os procedimentos de urgência a serem
realizados em casos de avulsão dentária.
O que você pode sugerir que se faça para aumentar o conhecimento dos professores de
educação física em relação aos traumas dentários?
Fonte: as autoras.
139
material complementar
140
referências
141
referências
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/envene-
namento/57534>. Acesso em: 21 jan. 2019.
142
gabarito
1. D.
2. A.
3. E.
4. a) No caso de sangramento nasal, deve-se manter a vítima sentada, imóvel,
inclinada para frente. Além disso, deve-se realizar o tamponamento de am-
bas as narinas com uma gaze ou um pano limpo usando o polegar e indi-
cador em forma de pinça, durante 15 minutos. Se possível, pode-se colocar
compressa com gelo sobre o nariz, fazendo vasoconstricção, diminuindo o
sangramento nasal.
b) A vítima jamais deve deitar ou manter a cabeça inclinada para trás, pois isso
facilita que o sangue seja aspirado.
143
LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
EM ATIVIDADES FÍSICAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Lesões musculoesqueléticas em atividades físicas
• Lesões na coluna
• Lesões no tórax e abdômen
• Lesões musculoesqueléticas em membros superiores
• Lesões musculoesqueléticas em membros inferiores
Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar o que são as lesões musculoesqueléticas em
atividades físicas.
• Descrever as lesões na coluna e os procedimentos iniciais
do atendimento.
• Identificar as lesões no tórax e abdômen e apresentar os
primeiros socorros.
• Descrever as lesões musculoesqueléticas em membros
superiores e os procedimentos de primeiros socorros.
• Identificar as lesões musculoesqueléticas em membros
inferiores e as condutas de primeiros socorros.
unidade
V
INTRODUÇÃO
C
aro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à última unidade da nossa
disciplina. Aqui abordaremos as lesões musculoesqueléticas em
atividades físicas e os procedimentos nas principais situações.
As lesões podem ocorrer nas atividades físicas recreacio-
nais, durante o treinamento ou a competição. Estão principalmente rela-
cionadas ao excesso de treinamento (acima do limite do corpo) e tempo
de repouso inadequado entre as sessões de treino. Os indivíduos que re-
alizam exercícios sem preparação correta, específica e/ou sem orientação
de um profissional são os que podem apresentar maior incidência de le-
sões. Estes casos estão associados à dor, ao desconforto no membro ou
local acometido, à disfunção de movimento e incapacidade de realizar os
exercícios. Podem ocorrer em todos os praticantes de atividades físicas,
atletas profissionais ou amadores e em qualquer faixa etária.
Neste contexto, os primeiros socorros nas lesões são imprescindíveis
para que o indivíduo ou atleta retorne à atividade ou ao esporte o mais
breve possível e para que não perca a força muscular e a capacidade fí-
sica em decorrência do tempo prolongado de afastamento. Desta forma,
os atendimentos iniciais podem minimizar as consequências das lesões,
mas o tempo de reabilitação até o retorno do esporte deve sempre ser
respeitado.
Os tipos de lesões descritas nesta unidade envolvem as contusões, es-
tiramentos musculares, entorses, fraturas entre outras. Estas lesões aco-
metem músculos, tendões, ligamentos, ossos e articulações. Os tópicos
estão divididos em acometimentos que envolvem a coluna, tórax e abdô-
men. Além destes, serão descritos os casos que comprometem o quadril,
os membros superiores e inferiores.
Esperamos que você tenha bons estudos! Vamos começar?
Lesões Musculoesqueléticas
em Atividades Físicas
148
EDUCAÇÃO FÍSICA
As modalidades esportivas têm suas próprias ca- grau causa ruptura completa, perda total de movi-
racterísticas quanto à duração, gestos esportivos e mento e a dor é intensa (PRENTICE, 2011).
exigências físicas. Os praticantes destas atividades
podem apresentar modificações negativas, como as
lesões. As lesões são caracterizadas por um dano de-
vido a traumatismo físico que acomete os tecidos do
corpo (DARIO; BARQUILHA; MARQUES, 2010).
Podemos destacar como as principais lesões es-
portivas: Distenção de grau I
Músculo ou tendão
• Distensão: rompimento de fibras musculares, levemente estirado
devido a um movimento além da capacidade
elástica do músculo.
• Contusão: trauma direto aos tecidos moles,
sem ruptura da pele, com infiltração de san-
gue nos tecidos circundantes, levando à equi-
mose (sangramento no tecido subcutâneo).
• Tendinite: inflamação ou degeneração dos Distenção de grau II
tendões em decorrência do uso excessivo. Músculo ou tendão estirado
e parcialmente rompido
• Entorse: a principal característica é a lesão
dos ligamentos, sem deslocamento das su-
perfícies articulares.
• Luxação: caracterizada pela separação das
extremidades ósseas da articulação (ARBEX;
MASSOLA, 2007).
• Fratura: definida pela perda da continuidade
Distenção de grau III
de um osso e pode gerar fragmentos ósseos. Músculo ou tendão
totalmente estirado
Na distensão, podemos classificar as lesões confor- Figura 1 - Classificação das distensões / Fonte: Flegel (2015, p. 38).
me o grau de ruptura (Figura 1). A distensão de pri-
meiro grau causa lesão de algumas fibras muscula- As contusões causam comprometimento dos tecidos
res, a vítima apresenta sensibilidade e dor durante e dos capilares, provocando dor e edema. As con-
movimentos ativos. Na distensão de segundo grau, tusões profundas podem atingir músculos e ossos,
é detectado rompimento de várias fibras muscula- promovendo perda de função. A equimose é obser-
res, a contração ativa do músculo é extremamente vada por uma coloração púrpuro-azulada da pele
dolorosa, pode ser observada depressão ou volume (Figura 2) e persiste por vários dias. Geralmente, a
de dilatação no local da lesão, edema e diminuição dor diminui em alguns dias, e a coloração incomum
da amplitude de movimento. A distensão de terceiro desaparece em algumas semanas (FLEGEL, 2015).
149
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
151
Lesões
na Coluna
Os traumas diretos na coluna e os movimentos repe- local são menos graves, como as distensões mus-
titivos, em decorrência de flexão, extensão, cisalha- culares, que comprometem os músculos ou ten-
mento, torção, compressão ou alongamento forçado dões. Os indivíduos podem apresentar: cefaleia
podem causar diversas lesões. Entre estas, as disten- (dor na cabeça), cervicalgia (dor pescoço), dor no
sões, contusões e entorses são as mais comuns, já as ombro, estalo no pescoço, diminuição de força e
fraturas e discopatias, que são mais severas, ocorrem mobilidade. O procedimento indicado é orientar
com menor frequência (FLEGEL, 2015). o(a) atleta/aluno(a) para evitar a movimentação e
As lesões na região do pescoço podem ser procurar atendimento médico, nos casos graves,
graves, particularmente nos casos de fraturas das deve chamar o atendimento móvel de emergência
vértebras. No entanto as lesões mais comuns neste (WALKER, 2010).
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
Os distúrbios da região lombar são os mais co-
Os exercícios de alongamento muscular estão muns entre as alterações que afetam a coluna. De-
entre os mais comumente utilizados na rea- pendendo do tipo da modalidade, a prevalência de
bilitação e na prática esportiva e são muito dor lombar pode chegar a 86% (LIMA et al., 2014).
estudados, porém seu efeito no desempenho
esportivo e na prevenção de lesões ainda é Além das lesões citadas anteriormente, o(a)
polêmico. Verifique, no link a seguir, um es- atleta pode apresentar espondilólise e/ou espondi-
tudo de Paulo Henrique Foppa de Almeida e lolistese (Figura 6). Geralmente, ocorrem em atletas
colaboradores sobre as implicações do alon-
gamento na performance e na prevenção de praticantes de esportes que impõem grande carga
lesões: <https://periodicos.pucpr.br/index. axial, como o golfe, halterofilismo, box e ginástica.
php/fisio/article/view/19453/18793>. Na espondilólise, há uma fratura com descon-
Fonte: as autoras. tinuidade óssea do segmento intervertebral, na
região da lâmina (entre os processos articulares
superiores e inferiores). A progressão desta situa-
Entre os acometimentos da coluna, podemos citar ção pode ocasionar espondilolistese, que é carac-
também a hérnia de disco, que é considerada uma terizada pelo deslizamento de uma vértebra sobre
protrusão (deslocamento) do núcleo discal para outra subjacente, na qual há subluxação. Ocorre,
além dos seus limites normais. Pode comprimir as principalmente, na coluna lombar, entre os ní-
raízes nervosas, causando sintomas sensitivo-moto- veis L5-S1, sobretudo, em crianças e adolescentes
res, devido à associação de alterações degenerativas (JASSI et al., 2010).
e fatores biomecânicos. Nestes casos, podem ser observadas compli-
Essas lesões podem causar dor e dificuldade de cações neurológicas importantes e dores na região
movimentação, parestesia, fraqueza, disfunção mo- lombar, que pioram durante a corrida ou quedas
tora e sensorial. Nestes casos, deve-se interromper a e melhoram com o repouso e a flexão do tronco.
atividade que está causando estresse à coluna, reco- Desta forma, é importante evitar as atividades que
mendar repouso e encaminhar para o atendimento causam impacto na coluna e desencadeiam a dor e
de profissionais especialistas (WALKER, 2010). desconforto.
Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese
153
Lesões no Tórax
e Abdômen
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
155
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Superiores
156
EDUCAÇÃO FÍSICA
As luxações podem acometer diversas articulações tra a parte anterior do braço com o membro estendi-
e, conforme citado anteriormente, são caracteriza- do e rotação externa. Estas lesões causam dor intensa,
das pela separação das extremidades ósseas que for- principalmente quando a musculatura de suporte apre-
mam uma articulação. Na luxação de ombro, há in- senta espasmo (DUTTON, 2010). Pode haver impos-
capacidade de manter a cabeça umeral no centro da sibilidade de realizar o movimento na articulação e ser
glenoide (Figura 7) (CARTUCHO, 2015). Entre os observada deformidade acentuada no local da lesão.
diferentes tipos de instabilidade dessa articulação, a De acordo com Moraes (2010), os seguintes pro-
anterior de causa traumática é o tipo mais comum. cedimentos são indicados:
• Deixar a vítima tranquila.
• Verificar os sinais vitais e a perfusão periférica.
• Imobilizar a articulação acima e abaixo da
fratura (duas articulações).
• Iniciar o enfaixamento sempre de distal para
proximal, sem comprimir ossos expostos ou
tentar recolocá-los no lugar.
• Aquecer a vítima com manta ou outros teci-
Anatomia Deslocamento Deslocamento
dos disponíveis.
normal anterior posterior • Se houver fraturas externas, estancar as he-
Figura 7 - Luxação no ombro morragias.
• Encaminhar a vítima para o hospital.
A luxação do ombro, muitas vezes, resulta em lesão
dos nervos, vasos sanguíneos e músculos do manguito As luxações e fraturas nos ombros, clavícula e es-
rotador. Entre os mecanismos mais comuns, podemos cápula devem ser imobilizadas com bandagem
citar as quedas com as mãos espalmadas, os golpes con- triangular (Figura 8) ou tipoia (Figura 9).
157
EPICONDILITE LATERAL
158
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os atletas/alunos devem receber orientações para fa- Os sintomas desta lesão são associados à degene-
zer repouso, evitar os movimentos repetitivos tanto ração do tendão, devido aos microtraumas repetiti-
nas práticas esportivas como nas atividades laborais vos, apoptose celular e morte celular. Também é ca-
e podem fazer uso de bolsas e compressas de gelo. racterizada pela proliferação de fibroblastos, presença
de colágeno desorganizado e vascularização pouco
EPICONDILITE MEDIAL funcional (TOSTI; JENNINGS; SEWARDS, 2013;
GOSENS, 2011). A dor e sensibilidade na região in-
Entre as lesões na região do cotovelo, a epicondili- terna do cotovelo podem aparecer de forma súbita ou
te medial ou “cotovelo de golfista” é uma das mais gradualmente. O atleta/aluno pode apresentar fra-
comuns. A epicondilite medial acomete os tendões queza nas mãos e pulsos, rigidez articular e parestesia
flexores do antebraço (Figura 11) (SBED, 2018, on- até a região dos dedos (SBED, 2018, on-line)5.
-line)5. Os golfistas podem ser vítimas desta lesão, As recomendações para os casos de epicondi-
porém diversas atividades que exigem o uso excessi- lite medial são as mesmas que para a lesão medial,
vo dos músculos e tendões do antebraço podem cau- ou seja, evitar as atividades que causam estresse re-
sar este tipo de epicondilite, como os movimentos petitivo ao cotovelo e utilizar compressas de gelo
de arremesso. (WALKER, 2010).
159
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Inferiores
160
EDUCAÇÃO FÍSICA
161
PUBALGIA
162
EDUCAÇÃO FÍSICA
SÍNDROME FEMOROPATELAR
163
LESÃO DE LIGAMENTO CRUZADO
ANTERIOR
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EDUCAÇÃO FÍSICA
FASCITE PLANTAR
165
TRANSPORTE DAS VÍTIMAS
REFLITA
166
EDUCAÇÃO FÍSICA
167
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), as lesões são acometimentos indesejáveis e desagradáveis
na vida dos praticantes de atividades físicas. Conforme verificamos ao lon-
go deste material, estas situações podem ser evitadas e prevenidas.
As lesões na coluna podem ser evitadas se conseguirmos prevenir os
traumas e os movimentos repetitivos, como a flexão, extensão, torção ou as disten-
sões. Nos esportes de contato, lembre-se de que a colisão entre jogadores, os golpes e
as quedas podem causar lesões no tórax e abdômen. Além disso, qualquer alteração
que acomete a estrutura e função das articulações torna o local alvo de novas lesões
musculoesqueléticas, seja nos membros superiores seja inferiores. Casos mal trata-
dos ou negligenciados promovem microtraumatismos, degeneração e diminuição
de força muscular. Por isso, você tem papel importante na saúde dos praticantes de
atividades físicas. Desta forma, sempre fique atento(a) quando seus alunos/atletas
relatarem dor, dificuldade de movimentação, fraqueza ou parestesia. Nestes casos,
interromper, diminuir ou adaptar a atividade física é importante.
Infelizmente, os que treinam arduamente acima do limite do corpo e não se pre-
ocupam com a preparação correta e específica, fatalmente, serão vítimas de lesões.
Evitar que os alunos e atletas sofram de dores e desconforto deve ser sua preocupa-
ção. Traçar objetivos e planos de treinamento é importante para manter os indivídu-
os treinando. É comum atletas e não atletas vivenciarem as lesões, portanto, é neces-
sário levar em consideração diversos critérios, como a capacidade física, habilidade
e idade para prevenir as lesões.
No entanto, diante de lesões, é extremamente relevante utilizar procedimentos
e procurar auxílio de outros profissionais da saúde com o objetivo de diminuir ou
eliminar a dor, restabelecer a mobilidade e a estabilidade, aumentar a capacidade
cardiorrespiratória, a flexibilidade e a força muscular, por fim, planejar o retorno das
atividades físicas/esportivas com segurança.
Caro(a) aluno(a), lembre de manter-se sempre atualizado sobre estes temas.
Aproveite as atividades a seguir para testar seus conhecimentos. Até breve!
168
atividades de estudo
169
atividades de estudo
170
atividades de estudo
171
LEITURA
COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a), o artigo “Fraturas por estresse: definição, diagnóstico e tratamento”, pu-
blicado por Diego Costa Astur e colaboradores, na Revista Brasileira de Ortopedia (2015),
complementa o assunto abordado ao longo desta unidade. Este trabalho aborda as fra-
turas por estresse que ocorrem devido a um número elevado de sobrecargas cíclicas de
intensidade inferior ao strength ósseo máximo sobre o tecido ósseo não patológico. O obje-
tivo do estudo foi apresentar um artigo de atualização sobre o tema e condensar as princi-
pais informações obtidas nos principais estudos publicados nos últimos anos.
A seguir, confira um trecho do material:
“Atletas corredores, militares e dançarinos são as principais vítimas da fratura por estresse.
Todos os ossos do corpo humano estão sujeitos a fratura por estresse. Ela está intima-
mente relacionada com a prática diária do atleta. A predominância de fraturas por estres-
se nos membros inferiores sobre os membros superiores reflete as sobrecargas cíclicas
tipicamente exercidas sobre ossos de sustentação do peso corporal comparadas com as
dos ossos que não têm essa função. São mais comumente diagnosticadas fraturas por es-
tresse na tíbia, seguida pelos metatarsos (segundo e terceiro principalmente) e pela fíbula.
Fraturas por estresse no esqueleto axial são infrequentes, localizam-se principalmente nas
costelas, pars interarticularis, vértebras lombares e na pelve.
Atletas de corrida têm maior incidência de fratura por estresse nos ossos longos como
a tíbia, o fêmur e a fíbula, além dos ossos do pé e do sacro. Modalidades esportivas que
usam os membros superiores como ginástica olímpica, tênis, beisebol e basquetebol po-
dem resultar em fraturas por estresse. O osso mais acometido é a ulna, principalmente
em sua porção proximal, e também o úmero em sua extremidade distal. Essa lesão ocorre
principalmente nas costelas em jogadores de golfe e remadores. Saltadores, jogadores de
boliche e bailarinos apresentam maior risco de lesão na coluna lombar e pelve.
172
LEITURA
COMPLEMENTAR
Quanto a diferença na incidência de fraturas por estresse, entre homens e mulheres atle-
tas, é mínima. Acredita-se que a intensidade e o tipo de treinamento controlado para cada
atleta e o preparo físico já existente diminuam o impacto do programa de treinos. Na po-
pulação militar, a incidência de fraturas por estresse no sexo feminino é maior do que no
masculino.
Em relação a fisiopatologia, após seis a oito semanas do aumento súbito e não gradual da
intensidade da atividade física do atleta ou do novo praticante, essa sobrecarga fisiológica
cíclica e repetitiva pode levar ao surgimento de microfraturas e não permitir que o tecido
ósseo tenha tempo suficiente para que sofra remodelação e se adapte à nova condição e
repare a microlesão. A carga aplicada é considerada insuficiente para causar uma fratura
aguda, mas a combinação de sobrecarga, movimentos repetitivos e um tempo de recupera-
ção inadequado faz dessa uma lesão crônica. Inicialmente, ocorre uma deformação elástica
que progride para deformidade plástica até que finalmente resulte em microfraturas, que,
quando não tratadas, evoluem para a fratura completa do osso acometido. O processo de
reparo ósseo na fratura por estresse é diferente do processo das fraturas agudas comuns
e ocorre unicamente por meio da remodelação óssea, ou seja, ocorre a reabsorção das
células lesadas e a substituição com novo tecido ósseo.
Markey ainda propôs que a massa muscular atua na dispersão e no compartilhamento das
cargas de impacto no tecido ósseo. Portanto, quando há fadiga, fraqueza ou despreparo
muscular, essa ação protetora é perdida e aumenta o risco de lesões do tecido ósseo”.
O artigo está disponível, na integra, no link a seguir: <https://www.sciencedirect.com/scien-
ce/article/pii/S010236161500106X>.
Caro(a) aluno(a), não perca esta oportunidade. Faça uma análise do artigo e reflita sobre
esta questão. Boa leitura!
Fonte: as autoras.
173
material complementar
Nesta revisão sistemática sobre a prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associa-
dos, são descritos os tipos de lesões e as regiões mais acometidas. Leia este artigo na íntegra.
Web: <https://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/view/7798/5116>.
174
referências
175
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11
Em: <http://www.sbed.org.br/lermais_materias.php?cd_materias=55>. Acesso
em: 22 jan. 2019.
12
Em: <http://www.ortopediabr.com.br/fascite-plantar-dor-sola-do-pe/>. Acesso
em: 22 jan. 2019.
13
Em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/sinais.htm>. Acesso em: 22
jan. 2019.
178
gabarito
1. A.
2. C.
3. C.
4. E.
5. B.
179
conclusão geral
Caro(a) estudante, neste livro, aprendemos um que se as condições de saúde da pessoa são compatí-
pouco mais sobre acidentes que, em geral, podem veis com os exercícios físicos que você está propondo.
acontecer no seu local de trabalho. Seja em ambien- De fato, muitas situações citadas ao longo deste
te escolar, centros de treinamento, academias, praias estudo são evitáveis, por outro lado, algumas surgem
etc., todos estão sujeitos a sofrer algum tipo de aci- inesperadamente, e você precisa estar preparado.
dente; então, é importante que saiba como prevenir Saiba reconhecer os sinais e sintomas de cada situa-
estes acontecimentos. Fique atento ao seu ambiente ção de urgência e emergência e, sobretudo, saiba atu-
de trabalho, procure por fatores que podem favorecer ar diante desses acontecimentos. Lembre-se de que o
uma situação de urgência e emergência e os corrija. Código Penal Brasileiro trata como crime os casos de
Lembre-se de que oferecer ambiente adequado para omissão de socorro.
a prática esportiva também é sua responsabilidade. Não se esqueça de que você é o(a) profissional
Além disso, é importante conhecer seus atletas/ que tem contato mais próximo com os atletas ou com
alunos, pois as condições de saúde-doença do indiví- alunos. Desta maneira, a assistência imediata pres-
duo refletem, diretamente, na possibilidade da ocor- tada por você às vítimas de acidentes pode evitar e/
rência de eventos adversos. Muitas situações podem ou minimizar futuras complicações, favorecendo o
ser evitadas pelo simples fato de tomarmos consciên- prognóstico do indivíduo, seja na sobrevida seja na
cia da história clínica do indivíduo, portanto, verifi- redução de sequelas e complicações.