Voleibol Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos 1
Voleibol Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos 1
Voleibol Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos 1
Pedagógicos e
Aprofundamentos
Autora: Profa. Luciana Perez Bojikian
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Professora conteudista: Luciana Perez Bojikian
Natural de São Paulo, foi atleta de voleibol dos 13 aos 20 anos de idade. É formada em Educação Física pela Escola
de Educação Física e Esporte da USP, onde fez sequência da pós-graduação lato sensu em voleibol.
Em 2004, concluiu o mestrado sob o título: Características Cineantropométricas de Jovens Atletas de Voleibol
Feminino e o doutorado, em 2013, com o título: Processo de Formação de Atletas de Voleibol Feminino.
CDU 796.32
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Kleber Nascimento de Souza
Ana Fazzio
Sumário
Voleibol: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 10
Unidade I
1 HISTÓRICO DO VOLEIBOL E SUA CARACTERIZAÇÃO COMO MODALIDADE ESPORTIVA...... 11
1.1 Como o voleibol foi criado................................................................................................................ 11
1.2 A trajetória de sucesso do voleibol brasileiro............................................................................ 13
1.3 Características do voleibol e suas regras básicas..................................................................... 15
1.3.1 Caracterização do voleibol com modalidade esportiva........................................................... 15
1.3.2 Regras básicas do voleibol................................................................................................................... 16
1.3.3 Regras adaptadas..................................................................................................................................... 22
1.3.4 Voleibol adaptado para idosos........................................................................................................... 22
1.3.5 Voleibol sentado....................................................................................................................................... 22
1.3.6 Voleibol de praia....................................................................................................................................... 23
2 UTILIZAÇÃO DO VOLEIBOL COMO FERRAMENTA PARA CONTRIBUIÇÃO AO
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO ALUNO............................................................................................... 23
3 A EXECUÇÃO DAS TÉCNICAS DO VOLEIBOL........................................................................................... 25
3.1 Posição de expectativa ou posição básica.................................................................................. 25
3.2 Deslocamentos....................................................................................................................................... 25
3.3 Toque de bola por cima...................................................................................................................... 26
3.4 Manchete.................................................................................................................................................. 28
3.5 Saque.......................................................................................................................................................... 29
3.5.1 Saque por baixo........................................................................................................................................ 29
3.5.2 Saque por cima......................................................................................................................................... 30
3.5.3 Saque por cima com rotação da bola............................................................................................. 30
3.5.4 Saque por cima sem rotação da bola – flutuante...................................................................... 31
3.6 Cortada...................................................................................................................................................... 32
3.7 Largada...................................................................................................................................................... 35
3.8 Bloqueio.................................................................................................................................................... 36
3.9 Defesa........................................................................................................................................................ 38
3.10 Rolamento............................................................................................................................................. 38
3.11 Mergulhos.............................................................................................................................................. 38
4 IDADE IDEAL PARA O ENSINO DAS TÉCNICAS..................................................................................... 39
Unidade II
5 MÉTODO BOJIKIAN PARA O ENSINO DAS TÉCNICAS DO VOLEIBOL............................................. 45
5.1 Apresentação da habilidade motora............................................................................................. 46
5.2 Sequência pedagógica........................................................................................................................ 46
5.3 Exercícios educativos e/ou formativos......................................................................................... 47
5.4 Automatização....................................................................................................................................... 48
5.5 Aplicação.................................................................................................................................................. 49
5.6 O processo progressivo-associativo............................................................................................... 50
6 O ENSINO DAS HABILIDADES MOTORAS ESPECÍFICAS DO VOLEIBOL......................................... 51
6.1 O ensino da posição de expectativa e da movimentação (ou deslocamentos)........... 51
6.1.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 51
6.1.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 52
6.1.3 Automatização.......................................................................................................................................... 53
6.1.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 54
6.2 O ensino do toque de bola por cima............................................................................................. 55
6.2.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 55
6.2.2 Exercícios educativos e formativos.................................................................................................. 56
6.2.3 Automatização.......................................................................................................................................... 57
6.2.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 59
6.3 O ensino da manchete........................................................................................................................ 61
6.3.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 61
6.3.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 62
6.3.3 Automatização.......................................................................................................................................... 63
6.3.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 64
6.4 O ensino do saque por baixo............................................................................................................ 66
6.4.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 66
6.4.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 66
6.4.3 Automatização.......................................................................................................................................... 67
6.4.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 67
6.5 O ensino do saque por cima............................................................................................................. 68
6.5.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 69
6.5.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 69
6.5.3 Automatização.......................................................................................................................................... 70
6.5.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 70
6.6 O ensino da cortada............................................................................................................................. 70
6.6.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 71
6.6.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 72
6.6.3 Automatização.......................................................................................................................................... 74
6.6.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 75
6.7 O ensino do bloqueio........................................................................................................................... 76
6.7.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 76
6.7.2 Exercícios educativos e/ou formativos............................................................................................ 77
6.7.3 Automatização.......................................................................................................................................... 78
6.7.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 78
6.8 O ensino da defesa em pé.................................................................................................................. 79
6.9 O ensino do rolamento....................................................................................................................... 81
6.9.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................... 81
6.9.2 Exercícios educativos e formativos.................................................................................................. 81
6.9.3 Automatização.......................................................................................................................................... 82
6.9.4 Aplicação..................................................................................................................................................... 82
6.10 O ensino do mergulho...................................................................................................................... 83
6.10.1 Sequência pedagógica........................................................................................................................ 83
6.10.2 Exercícios educativos e/ou formativos......................................................................................... 83
6.10.3 Automatização....................................................................................................................................... 84
6.10.4 Aplicação................................................................................................................................................... 84
Unidade III
7 A TÁTICA NO VOLEIBOL.................................................................................................................................. 88
7.1 Os sistemas de jogo.............................................................................................................................. 89
7.1.1 Sistema 6x6 ou 6x0................................................................................................................................ 89
7.1.2 Sistema 3x3: três atacantes e três levantadores........................................................................ 90
7.1.3 Sistema 4x2: quatro atacantes e dois levantadores.................................................................. 90
7.1.4 Sistema 5x1: cinco atacantes e um levantador.......................................................................... 94
7.1.5 6x2: seis atacantes e dois levantadores......................................................................................... 96
7.1.6 Qual o sistema de jogo mais indicado para equipes principiantes?................................... 97
8 FORMAÇÕES TÁTICAS..................................................................................................................................... 98
8.1 Formações ofensivas............................................................................................................................ 99
8.2 Formações para recepção de saque.............................................................................................100
8.2.1 Formação para recepção de saque com cinco jogadores ou formação em “W”..........101
8.2.2 Formação para recepção de saques com quatro jogadores.................................................105
8.2.3 Formação para recepção de saques com três jogadores.......................................................106
8.2.4 Formação para recepção de saques com dois jogadores......................................................106
8.3 Formações para a proteção ao ataque.......................................................................................107
8.4 Formações defensivas........................................................................................................................109
8.5 Método de ensino das formações táticas.................................................................................116
8.6 A atuação do professor/técnico em competições..................................................................118
APRESENTAÇÃO
A disciplina trata do estudo das habilidades motoras específicas do voleibol, dos parâmetros
importantes para a montagem e direção de equipes de nível escolar ou iniciante, e dos processos
metodológicos para seu ensino e aplicação, de forma que possam ser utilizados pelos futuros professores
como instrumento da Educação Física, para a promoção da saúde e da qualidade de vida, e na formação
de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
Os seus objetivos gerais são capacitar o profissional de Educação Física formado pela UNIP a conhecer
e utilizar o voleibol como um instrumento, ensinando a modalidade e explorando suas possibilidades
educacionais.
Os objetivos específicos ao final do curso fazem com que os alunos estejam aptos a:
• saber os aspectos mais relevantes da história do voleibol e como o Brasil se tornou uma potência
mundial no esporte;
• preparar e lecionar uma aula que tenha por objetivo a apresentação de uma estrutura tática e
simplificada para uma equipe;
• montar e dirigir equipes de nível iniciante, que atuem em competições entre estudantes,
comerciários, industriários e outras do mesmo porte.
9
INTRODUÇÃO
Imagine que você é um professor de Educação Física e que um aluno seu chega e pergunta por
que os jogadores de voleibol que ele viu na televisão trocam de lugar na quadra a todo instante, ou
então questiona o motivo de não conseguir receber o saque e fazer com que a bola chegue na mão do
levantador, ou ainda pede orientações sobre como fazer para que seu saque por cima ultrapasse a rede?
Essas são questões corriqueiras, que acontecem no dia a dia do professor. É claro que não é preciso ser
especialista em todas as modalidades, mas é necessário ter as ferramentas básicas para poder trabalhar
com segurança.
Se você for um especialista em preparação física, por exemplo, como poderá fazer um bom trabalho
para atletas de voleibol sem conhecer a modalidade e suas características específicas? E ainda, quais são
as exigências metabólicas da categoria? Que tipo de força deve ser desenvolvida?
Cada vez mais pessoas se conscientizam de que é preciso praticar algum tipo de atividade física, mas
nem todas se adaptam às academias ou à corrida, preferindo exercícios em grupo, também por causa da
socialização. O voleibol é uma excelente possibilidade nesses casos.
Trata-se de uma modalidade que cresceu muito, e o Brasil é um dos melhores do mundo. É importante
que você saiba como trabalhar com voleibol e utilizá-lo como ferramenta para o desenvolvimento
integral de seus alunos.
10
VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Unidade I
1 HISTÓRICO DO VOLEIBOL E SUA CARACTERIZAÇÃO COMO MODALIDADE
ESPORTIVA
O esporte foi criado em Holyoke, Massachussets, nos Estados Unidos, na ACM (Associação Cristã de
Moços) em 1895, pelo professor William Morgan.
Inspirado no tênis, que separava os competidores por uma rede, ele criou uma modalidade que se
chamava minonete (ou mintonete), na qual diversos jogadores, em um espaço bem maior que o de hoje,
jogavam rebatendo com as mãos uma câmera de bola de basquete, separados por uma rede de tênis
erguida a 2 m do chão.
11
Unidade I
Exemplo de aplicação
Na escola você irá trabalhar com seus alunos o aspecto histórico do voleibol.
Pense em como tornar esse conteúdo mais interessante. Ouça os alunos e aceite sugestões. Um
teatro, por exemplo, pode ser bem interessante e produtivo.
A nova modalidade foi sendo difundida pelo mundo tanto pelas ACMs como pelos soldados
americanos na Primeira Guerra Mundial. À medida que foi sendo praticada, ocorreram adaptações e as
regras foram sendo ajustadas.
Em 1918, limitou-se o número de jogadores em quadra, bastando ter metade de cada lado da rede,
ou seja, 6 atletas, e, em 1922, a quantidade de toques na bola por equipe passou a ser de 3, no máximo.
Durante muitos anos de prática do voleibol, os jogadores só batiam na bola utilizando o toque por
cima, não havia manchete, que foi criada em 1958, pelos jogadores tchecos.
As dimensões atuais da quadra são 18 m x 9 m, e o nome passou a ser volleyball, devido aos voleios
(rebatidas) na bola.
À medida que crescia o número de praticantes, foram sendo criadas as entidades que organizavam
as competições. Em 1946, foi criada a Confederação Sul-americana de Voleibol e, em 1947, a Federação
Internacional de Voleibol; que organizou em 1949 o primeiro Campeonato Mundial (masculino), vencido
na época pela fortíssima equipe da ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). O primeiro
Campeonato Mundial (feminino) aconteceu em 1952, também com vitória da URSS.
12
VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Na época, a modalidade era jogada com bolas levantadas altas, que favoreciam atletas mais altos
e fortes.
O voleibol estreou como esporte olímpico em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, país onde
a atividade era muito popular.
A partir de 1964, o Japão reuniu professores, técnicos, árbitros e atletas com a intenção de estudar uma
forma de vencer o voleibol-força da URSS, porque apesar de ter jogadores muito bons tecnicamente e da
popularidade, vencer os soviéticos era quase impossível. Essa reunião de profissionais para estudar tal categoria
revolucionou a forma como se jogava o esporte até então. Nos Jogos Olímpicos de 1968, no México, o Japão
extasiou o resto do mundo com jogadas de ataque de velocidade, levantamentos baixos e fintas e trocas de
posição dos jogadores no ataque, que enganavam o bloqueio adversário. Além da inovação no ataque, o
treinamento físico e a defesa foram revolucionados. Novos métodos de treinamento tornaram os jogadores
mais ágeis e velozes, tanto no ataque quanto na defesa. De 1968 a 1976, os japoneses conquistaram muitos
dos principais títulos em Jogos Olímpicos e em Mundiais, no feminino e no masculino.
Observação
A Federação Internacional de Voleibol possui um ranking dos países, baseado em resultados obtidos
nas competições mais importantes do mundo, e nele o Brasil tem figurado nas primeiras posições, tanto
no feminino quanto no masculino.
Mas nem sempre foi assim. O que será que houve para que o nosso voleibol alcançasse tanto sucesso?
Vamos voltar à criação do esporte para entender.
No Brasil, há relatos divergentes sobre o início da prática do voleibol. Alguns autores afirmam que
esse início ocorreu em 1915 no Colégio Marista em Pernambuco; outros, em 1916, na ACM de São Paulo.
Muito inspirado pelo que aconteceu no Japão, o Brasil, que até então não tinha resultados importantes,
começou a mudar sua história a partir da década de 1970, quando a CBV passou a adotar uma administração
mais profissional e organizada, e decidiu investir na formação de nossos técnicos, tanto incentivando o
intercâmbio com outros países como oferendo cursos de especialização. Ainda hoje, a CBV oferece cursos em
cinco níveis, os quais os treinadores de equipes federadas são obrigados a cursarem, de acordo com a categoria
13
Unidade I
que dirigem. Uma das razões para o sucesso competitivo do voleibol brasileiro é que nossos técnicos são
muito competentes e respeitados no mundo todo, alguns, inclusive, dirigem importantes equipes e seleções.
Outra questão que contribuiu para o crescimento em termos de resultado foi o investimento
financeiro, que teve início quando o voleibol passou a ser exibido em TV aberta. A transmissão de partidas
que chegavam a durar na época, até 4 horas, fez com que aparecessem empresas patrocinadoras que
viam na crescente audiência uma oportunidade de divulgar suas marcas. Elas começaram a patrocinar
clubes tradicionais ou até mesmo criaram suas próprias equipes. Então, atletas e técnicos que tinham
outras funções e dedicavam ao voleibol duas ou três noites por semana, passaram a dedicar-se em
tempo integral à modalidade. Os patrocínios tornaram nossos atletas e técnicos profissionais, e com o
conhecimento que já havia, os benefícios surgiram.
O primeiro grande resultado do Brasil foi nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, com a medalha de prata
no masculino. Como consequência, levou uma grande quantidade de jovens para a prática do esporte.
Quadro 1
Masculino Feminino
Campeonatos mundiais Campeonatos mundiais
1982 – prata 1994 – prata
2002 – ouro 1998 – bronze
2006 – ouro 2006 – prata
2010 – ouro 2010 – prata
2014 – prata 2014 – bronze
Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos
1984 (Los Angeles) – medalha de prata 1996 (Atlanta) – medalha de bronze
1992 (Barcelona) – medalha de ouro 2000 (Sidney) – medalha de bronze
2004 (Atenas) – medalha de ouro 2008 (Pequim) – medalha de ouro
2008 (Pequim) – medalha de prata 2012 (Londres) – medalha de ouro
2012 (Londres) – medalha de prata
2016 (Rio de Janeiro) – medalha de ouro
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Saiba mais
<http://www.fivb.com>
<http://2017.cbv.com.br/>
Com todos esses resultados, hoje o voleibol brasileiro é muito popular, e um profissional de Educação
Física precisa de conhecimento, ainda que básico, da modalidade.
Exemplo de aplicação
Uma característica determinante, que diferencia o voleibol de outras modalidades, é a não retenção
da bola. Ela deve sempre ser rebatida, e nunca retida. Desta forma, o jogador tem menos tempo para
se posicionar, analisar a situação e decidir como vai receber a bola e para onde irá enviá‑la. Isso
implica tempo de reação menor, com raciocínio rápido, que requer um domínio maior das técnicas
de recepção.
15
Unidade I
feminino dura, em média, 6 a 8 segundos e no masculino dura de 4 a 6 segundos. Isso ocorre porque
a altura da rede, embora mais alta no masculino (2,43 m) do que no feminino (2,24 m), favorece o
masculino, que tem uma média de estatura maior que o feminino, além da maior potência de salto e de
ataque, o que dificulta as ações de defesa.
Como as pausas no jogo são muitas, os períodos de esforço são recuperados durante os intervalos.
Algumas ações no jogo são de intensidade média, como deslocamentos, recepção, defesa e cobertura,
e outras são de alta intensidade e curtíssima duração, como ataques, bloqueios e saques. Por causa
disso, o sistema energético predominante no voleibol é o anaeróbio alático. Devido ao fato de maiores
intervalos, é possível obter uma recuperação da energia dispendida, o que acontece em razão do
sistema oxidativo.
Não é permitido que uma equipe atue com menos de 6 jogadores. Caso o time esteja apenas com 6
jogadores e sem reservas, e um deles se machuque a ponto de não poder mais atuar, ela será considerada
como derrotada.
Uma equipe possui 6 jogadores em quadra e 6 reservas, sendo um deles o líbero, que não pode ser
o capitão da equipe. Em algumas competições de categorias principiantes ou escolares, podem haver
regras adaptadas, inclusive com a proibição do uso do líbero. As regras da modalidade sofrem mudanças
constantes, portanto é importante sempre atualizar-se.
Em jogos internacionais organizados pela FIVB, até 14 jogadores podem ser relacionados na súmula,
sendo 2 líberos. Se algum atleta se atrasar para o início do jogo, mas seu nome e documento constarem
no registro, ele poderá chegar a qualquer momento e atuar na partida. No entanto, se o indivíduo não
estiver relacionado, não poderá atuar.
A equipe pode dar até 3 toques na bola antes de enviá-la para a outra quadra. O mesmo jogador não
pode tocar 2 vezes seguidas na bola, a menos que a primeira delas tenha sido em seu próprio bloqueio
e a bola passe para o seu lado da quadra.
O toque de bola por cima deve ser executado com as 2 mãos, exatamente ao mesmo tempo. Caso
uma das mãos toque a bola antes da outra, o árbitro sinalizará uma ação de “2 toques”, indicando o
ponto para a equipe adversária.
A quadra se divide em zona de ataque, da rede até a linha dos 3 m, e zona de defesa, da linha dos 3
m até a linha de fundo.
Lembrete
Área de
penalidade
Área de 1mx1m Área de
1.50 m
1.50 m
3x3 m 3x3 m
aquecimento aquecimento
Mesa do
Banco de equipe apontador Banco de equipe
1,.75 m
3-5m
3-8m
Zona de saque
15 - 19 m
Quadra Quadra
9m
9m
Quadra de jogo
3-8m
1,.75 m
0.50 m - 1m
A
3-5 m
Zona livre
24 - 34 m
O primeiro árbitro fica em patamar mais elevado e é soberano na partida, suas decisões prevalecem
sobre os demais membros da equipe de arbitragem. Sua cadeira fica de frente para o segundo árbitro,
que se posiciona frontalmente à mesa de arbitragem, onde ficam o apontador, que preenche a súmula
e o controlador de líbero, se houver (algumas categorias de iniciação possuem regras adaptadas e não
permitem a utilização do líbero). Nas laterais da mesa ficam os bancos de reserva com os membros da
comissão técnica e os atletas reservas.
Cada equipe pode ter até 5 membros na comissão técnica sentados no banco de reservas: o técnico,
2 assistentes, 1 fisioterapeuta e 1 médico.
Se houver juízes de linha na partida (4), eles ficarão dispostos cada um em frente a uma das
linhas. Os atletas reservas deverão permanecer sentados no banco ou na área de aquecimento, nos
cantos da quadra.
O saque poderá ser realizado dentro da área delimitada por dois traços marcados no prolongamento
das linhas laterais.
A rede é sustentada por dois postes, colocados na distância entre 0,50 m e 1 m da linha lateral. Ela
deverá ter de 9,50 m a 10 m de comprimento, por 1 m de altura, e duas faixas brancas na direção das
17
Unidade I
linhas laterais, marcando o espaço de ação. Sobre as linhas, são posicionadas duas antenas de fibra de
vidro, listradas de branco e vermelho. As antenas possuem 1,80 m de comprimento, sendo que 1 m fica
colado à rede e 0,80 cm acima dela. A função das antenas é auxiliar na delimitação do espaço em que
a bola deve cruzar de uma quadra para outra. A bola deverá passar no espaço entre as antenas sem
tocá‑las, caso o faça, será considerada “fora”.
0.80 m 9m
Cabo de
susentação
0,07 m
Corda 2,43 m
Masculino
1m
2,24 m
Feminino
2.55 m
0,05 m
Corda
9,50 m - 10 m
0.50 m / 1 m
Eixo central
A invasão do espaço aéreo adversário por cima da rede é permitida quando o jogador for executar
o bloqueio ao ataque adversário, desde que não interfira na jogada adversária, ou seja, se o levantador
adversário fizer um levantamento para seu atacante e você o interceptar com um bloqueio, impedindo
que o adversário ataque, será considerada uma falta, mas se você tocar na bola bloqueando‑a, após
o adversário atacar, será permitido. Convém lembrar que a invasão por cima é autorizada sempre que
houver ataque adversário, seja na primeira, segunda ou terceira bola.
A invasão do espaço aéreo por baixo da rede, ultrapassando a linha central, não é considerada
falta, desde que não interfira na jogada. O mesmo se dá quando outras partes do corpo, que não os
pés, tocarem o solo da quadra adversária. Caso o jogador toque a quadra adversária por baixo da rede,
com um ou dois pés, não será considerada invasão se ele mantiver pelo menos uma parte sobre a linha
central. Se ele ultrapassar o pé todo para a quadra adversária, será falta.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Zona de ataque
Zona de defesa
O rodízio de jogadores é obrigatório e acontece no sentido horário toda vez que a equipe recupera
o saque. Cada local na quadra é demarcado com a numeração da posição, de 1 a 6, tal disposição é
denominada “ordem de saque”, pois o jogador da posição 1 é o primeiro jogador a sacar, o da posição 2
é o segundo e assim por diante. A única situação em que o atleta da posição 1 não é o primeiro a sacar,
é quando no início do set a bola começar com a equipe adversária. Por exemplo, inicia-se um set e a
equipe A começa sacando, com seu indivíduo da posição 1. Quando a equipe B ganhar uma jogada e
sacar, ela terá que realizar um rodízio obrigatoriamente, e, portanto, o primeiro jogador da equipe B a
sacar será o jogador da posição 2.
Todo início de set, os professores/técnicos deverão entregar para a arbitragem uma papeleta com
sua ordem de saque, que será anotada na súmula. A equipe de arbitragem irá fiscalizar se as equipes
estão obedecendo a norma de rodízio e o posicionamento em quadra.
6 5
1
2
3 4
4 3
2
5 1
6
19
Unidade I
A regra de posicionamento diz que toda vez que alguém for sacar, de qualquer uma das equipes, os
atletas devem manter suas posições, a saber: o jogador da posição 3 deve estar na frente (em relação à
rede) daquele da posição 6, e entre as pessoas das posições 2 e 4. O indivíduo da posição 2 deve estar
à esquerda do da posição 3, enquanto o jogador da posição 4 deve estar à direita do 3. A pessoa da
posição 6 deve estar atrás do 3, e entre o 5 e o 1. O 5 deve estar à esquerda do 6 e o 1 à sua direita.
As relações a serem respeitadas são verticais e horizontais. Não há obrigatoriedade com respeito aos
posicionamentos 4 e 6, por exemplo, que estão na diagonal.
Rede
4 3
2
Linha dos 3 m
Linhas
imaginárias
1
5 6
4 3 2
5 6 1
Figura 10 – Formação teoricamente permitida (de acordo com as regras de posicionamento) para sacar ou receber o saque
Após a batida na bola do sacador, os jogadores poderão trocar de posição enquanto a bola estiver
em jogo. Assim que ela cair, todos assumirão seus lugares novamente.
Apenas os jogadores da rede (4, 3 e 2) poderão atacar e bloquear. Os atletas do fundo poderão
fazê‑lo apenas se saltarem antes da linha dos 3 m (ataque de fundo). Em função disso, as trocas de
posição, quando são realizadas, acontecem entre os indivíduos da rede e aqueles do fundo entre si.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Vence uma partida a equipe que ganhar 3 sets. Eles são disputados em 25 pontos. Caso o jogo
empate em 2 sets, o 5º será disputado em 15 pontos. Em qualquer dos sets, a vitória só será alcançada
se houver uma diferença de 2 pontos. Se o placar empata em 24 pontos, o set só terminará em 26 a 24,
por exemplo, e assim, sucessivamente.
Um rali se inicia quando o sacador golpeia a bola e é encerrado quando o árbitro apita indicando
que a jogada está finalizada.
Em cada set, o técnico tem o direito de solicitar dois pedidos de tempo de 30 segundos. Quando isso
acontece os jogadores saem do espaço da quadra e se dirigem para a frente do banco de reservas a fim
de conversar. Os atletas apenas poderão voltar à quadra após o apito do segundo árbitro sinalizando que
está encerrado o pedido de tempo.
Cada treinador poderá fazer até seis substituições por set. O indivíduo que saiu de quadra substituído
pode voltar no mesmo set, no lugar do jogador que entrou em seu lugar. Após essas duas trocas, no
mesmo set, nem o jogador que saiu pode sair novamente, nem o jogador que entrou pode entrar de
novo. A entrada do jogador A para a saída do B conta como uma substituição, e a volta do jogador B
à quadra para a saída do A será a segunda substituição. Se o técnico assim o desejar, ele poderá trocar
os 6 jogadores de uma vez, por jogadores da reserva, no entanto estarão esgotadas as substituições
nesse set. Ele poderá também fazer a “ida e volta” de 3 jogadores, ou usar suas 6 substituições como
desejar. No set seguinte todas as substituições estarão novamente liberadas. As trocas do líbero não
são computadas entre as substituições regulares. Líbero é a posição do jogador especialista em defesa
e recepção. Ele atua no fundo da quadra e não pode sacar, atacar e bloquear. Ainda é vetado ao líbero
levantar de toque quando estiver dentro da zona de ataque. Caso isso ocorra, o atacante que receber o
levantamento deverá passar a bola sem atacar.
As regras das modalidades frequentemente passam por mudanças, o voleibol foi uma das que
mais teve as normas alteradas. Muitas das transformações ocorreram por causa das solicitações da
televisão, tentando encurtar o tempo total de partida, e também de patrocinadores. De modo geral, as
modificações de regras acontecem após um ciclo olímpico (4 anos), quando sugestões são testadas em
campeonatos pelo mundo, antes de serem concretizadas.
Saiba mais
<www.fpv.com.br>.
21
Unidade I
Em competições organizadas pelas federações, as equipes devem seguir as regras estipuladas. Elas podem
ser oficiais ou adaptadas. Em competições escolares, temos normalmente algumas normas adaptadas para as
primeiras categorias de competição, o que é muito bom e favorece a aprendizagem do jogador.
Temos exemplos em determinados estados do Brasil, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, e
em algumas competições escolares, nas quais as regras são adaptadas e garantem que não haja a
especialização precoce, exigindo, por exemplo, que todos joguem no sistema 6x0, ou que o saque
utilizado nas primeiras categorias seja por baixo, que permite uma facilitação no passe para o levantador
e possibilita a organização de ataques. Outra norma que pode ser adaptada para auxiliar na formação
mais generalizada dos jogadores é a proibição da largada de segunda pelo jogador da posição 3,
obrigando o levantamento.
Outra modificação que pode ser utilizada é a exigência de que todos os jogadores inscritos na
súmula participem do jogo. Em alguns casos, a regra diz que no segundo set 3 dos jogadores que
participaram do primeiro set sejam substituídos por 3 reservas, e no terceiro isso pode se repetir, fazendo
com que todos os atletas participem de um tempo inteiro na partida. Essa regra dá oportunidade a mais
indivíduos de aturem e evita o comportamento de certos professores/técnicos de contarem apenas com
os seis melhores.
O voleibol é uma modalidade de elevada exigência técnica e nem todos estão aptos a praticar, por
causa disso surgiu uma versão adaptada a idosos, que faz muito sucesso.
O jogo mantém a maioria das regras do vôlei normal, no entanto a bola deve ser lançada e segurada.
O saque deve ser por baixo e as equipes podem passar a bola até duas vezes entre si antes de enviá-la
para a quadra adversária.
A prática dessa modalidade oferece aos idosos uma melhora das habilidades envolvidas, além das
capacidades. Contudo, o maior ganho está na parte psicossocial, em que a alegria e o relacionamento
interpessoal são sempre estimulados. Ela possui diversas competições: locais, regionais e nacionais.
O voleibol adaptado para deficientes é o voleibol sentado. Jogado em uma quadra de 10 m por 6 m,
com rede no masculino de 1,15 m e no feminino de 1,05, ele é disputado de acordo com a maioria das
regras normais, sendo que o atleta só poderá tocar na bola se estiver sentado.
Os jogadores poderão apresentar qualquer uma das condições a seguir: amputados, lesões na
medula espinhal, paralisia cerebral, lesões cerebrais e os que já sofreram acidentes vasculares cerebrais
e paralisia muscular, ou seja, serão classificados em 14 categorias.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
A modalidade é jogada em quadra de areia de 16 m por 8 m, com 2 jogadores por equipe, e seus sets
são disputados em 21 pontos. As técnicas utilizadas são as mesmas, no entanto há maior dificuldade de
deslocamentos em razão a das características do piso e do ambiente (sol ou chuva).
O voleibol de praia do Brasil é reconhecido como um dos melhores do mundo. No ranking da FIVB,
em novembro de 2017, no feminino, três duplas brasileiras apareciam entre as seis melhores do mundo,
estando em primeiro lugar a dupla Larissa e Talitha. No masculino, foram quatro duplas entre as nove
melhores, com o primeiro lugar para Evandro e André.
Temos claro que o objetivo da Educação Física é desenvolver o aluno de maneira integral quanto aos
aspectos motores, físicos, sociais, afetivos e cognitivos. Vamos analisar conjuntamente se a prática do
voleibol pode contribuir para esse desenvolvimento.
Em quais situações o professor poderá aplicar o voleibol como modo de desenvolvimento de seus
alunos? O vôlei, assim como outras modalidades esportivas, pode e deve ser utilizado como conteúdo
das aulas de educação física escolar. Respeitando as características do esporte, nas primeiras séries do
Ensino Fundamental, do primeiro ao quinto ano, ele pode ser trabalhado de forma lúdica, com campo
e bolas adaptadas, para que o aluno apenas conheça a prática e desenvolva capacidades e habilidades
que possibilitem o aprendizado das técnicas específicas. A partir do sexto ano já será possível o início
do uso das técnicas corretas, lembrando sempre que o objetivo da escola não é formar atletas, mas dar
a oportunidade aos alunos de explorarem melhor a categoria e poder vivenciá-la, sem cobrança de
desempenho. Certamente você terá um planejamento com objetivos a curto, médio e longo prazos.
Observação
Você poderá trabalhar com voleibol nas escolas, porém em turmas de treinamento, fora do horário
normal de aula. Essas turmas podem ser apenas de treinamento ou de treinamento e competição. Muitas
escolas possuem o esporte competitivo de forma muito forte, inclusive utilizando-o como modo de
propaganda, atingindo pais que procuram instituições com grupos esportivos. O correto nessas turmas
é que o esporte fora do horário cumpra seu papel dentro do Projeto Político-Pedagógico da escola.
O trabalho com voleibol pode também ser realizado no clube. Neles, é possível encontrar situações
diversas. Alguns oferecem turmas de voleibol apenas de treinamento, para associados, com escolinhas
23
Unidade I
em vários níveis. Outros, têm turmas de escolinha e categorias de base, além de equipes de veteranos,
que disputam competições de associações, em nível mais baixo que o das federações. Finalmente, há
aqueles que possuem categorias de competição cujos objetivos são voltados para o alto desempenho, e
disputam competições do mais alto nível. Nestas situações, além do trabalho como técnico ou assistente
técnico, há a função de preparador físico, que é um profissional que precisa conhecer muito bem a
modalidade exercida, além de saber adequar os conteúdos às fases de maturação e desenvolvimento.
A aprendizagem do voleibol irá contribuir, sem dúvida, para a ampliação do repertório motor do
aluno, que vai aprender a executar todas as técnicas específicas da modalidade. Cada uma das técnicas
tem uma exigência física, em termos de capacidades motoras. Por exemplo, para executar a técnica
da cortada, o aluno precisa da potência de membros inferiores para o salto e de equilíbrio dinâmico.
Portanto, aí estão representados os desenvolvimentos motor e físico.
Para jogar voleibol, o aluno precisará não só conhecer as técnicas, mas as regras básicas, além de
entender a dinâmica do jogo. Com o tempo de prática, ele irá explorar também algumas formações
táticas. Quando estiver jogando, precisará saber analisar as jogadas, decidir como irá intervir e para onde
direcionará a bola. O raciocínio rápido e a tomada de decisão farão com que possa alcançar sucesso. Tal
conhecimento e raciocínio estimulam bastante o desenvolvimento cognitivo.
A ação de um jogador é altamente dependente do seu companheiro de equipe. Aquele que finaliza o ponto
com uma cortada espetacular só pode fazê-lo se receber um bom levantamento e o levantador, por sua vez,
depende de um bom passe. Essa interdependência desenvolve nos jogadores um espírito de equipe ainda maior,
ensinando a lidar com as diferenças e a respeitar os demais. O fator social, portanto, é sempre desenvolvido.
Para o desenvolvimento dos aspectos afetivos, é preciso um bom trabalho por parte do professor/técnico,
no que diz respeito ao ensino das técnicas, para que o indivíduo possa, uma vez dominando‑as, participar
de situações em diferentes momentos, por exemplo, um jogo na escola/no clube, ou um jogo de lazer
na praia/no campo. O aluno que tem os conhecimentos básicos do voleibol possui sua autoestima mais
elevada e pode se relacionar com pessoas distintas em diferentes situações. O professor/técnico que ensina,
instrui, corrige e faz cobranças plausíveis, valorizando acima de tudo o esforço, contribuindo e muito para
o crescimento da autoestima e autoconfiança no aluno. É importante buscar sempre o desenvolvimento
integral do aluno/atleta na escola, no clube ou em qualquer lugar onde se insere a prática.
Trabalhar de forma ética, de maneira que o foco principal do seu trabalho seja o bem-estar do aluno, é nossa
obrigação. Ao meu modo de ver, o professor/técnico deve sempre assumir a postura de educador, ainda que com
atletas adultos, pois seu objetivo é educar o atleta, nos aspectos físicos, motores, afetivos, sociais e cognitivos.
O jogo de voleibol é composto de ações de início da jogada, com os diversos tipos de saques; de recepção
e defesa da bola, realizadas por meio do toque por cima, da manchete, de rolamentos, mergulhos e bloqueio;
e ações de ataque, efetuadas por meio da cortada, da largada e até mesmo do toque ou da manchete.
Verificaremos a seguir como são executadas tais técnicas e quais os fatores necessários para sua execução.
Cada técnica (habilidade motora específica), para ser executada, precisa de algumas capacidades
motoras. Descreveremos a seguir as mais importantes.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Lembrete
A posição de expectativa é fundamental para vários momentos no jogo, como esperar a bola que
vem do outro lado da quadra, seja por meio de um saque, um toque ou uma cortada. Ela permite ao
executante entrar em ação mais rapidamente e propicia um passe de melhor qualidade.
Os pés deverão estar em afastamento lateral e anteroposterior, com um deles pouco à frente. O
tronco precisará estar inclinado à frente e os braços semiflexionados, com as mãos à frente do tronco, a
meio caminho entre a posição de toque e a de manchete.
Figura 11 – Posição de expectativa vista de frente Figura 12 – Posição de expectativa vista de lado
3.2 Deslocamentos
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Unidade I
Para deslocar-se para frente, partindo da posição de expectativa, você deve iniciar ampliando
o afastamento anteroposterior, com um passo com a perna que já estiver à frente, depois dê uma
passada dupla.
A fim de mover-se para trás, parte-se da posição de expectativa e dá-se o primeiro passo com a
perna que estiver atrás, ampliando o afastamento para depois executar uma passada dupla.
Durante os deslocamentos, tanto para as laterais como para frente e para trás, o executante deve
sempre manter os pés afastados um do outro, o que permitirá que ele esteja sempre preparado para
receber a bola.
Efetuar as movimentações de forma correta facilitará os passes realizados tanto de toque quanto
de manchete, pois permitirão ao jogador chegar ao local em que a bola se dirige, e se posicionar
adequadamente e de frente para onde o passe será realizado. É importante que, na iniciação ao voleibol,
o aluno se posicione corretamente para receber a bola.
Observação
O toque de bola por cima é utilizado para se fazer um passe para o colega de equipe, a fim de
enviar a bola para a outra quadra e principalmente executar o levantamento para o ataque. Os
levantadores mais experientes sempre o utilizam, pois ele permite maior controle e precisão do
que a manchete.
Existem variações na execução do toque, por exemplo, toque de costas, toque lateral e toque em
suspensão (saltando), no entanto, na iniciação ao voleibol, deve-se assegurar que o aluno aprenda
primeiro o toque de frente.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
O toque de bola por cima é realizado sempre acima da cabeça, com as mãos abertas em forma
de concha, para o encaixe da bola, de maneira que se forme um triângulo entre os dedos polegares e
indicadores. O executante deve se posicionar embaixo da bola e com os membros inferiores e superiores
semiflexionados. No instante do toque na bola, deve-se fazer a extensão de membros superiores e
inferiores, impulsionando a bola para cima e para frente.
Observação
Saiba mais
27
Unidade I
3.4 Manchete
Figura 15 – Posição de manchete vista de frente Figura 16 – Posição de manchete vista de lado
Observação
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
3.5 Saque
As jogadas, ou ralis, têm início com um saque. Ele será sempre executado pelo jogador que estiver
na posição 1. O saque pode ser por baixo ou por cima (tipo tênis).
O saque por baixo é muito utilizado em competições escolares e de principiantes (em qualquer
idade). Há torneios em que algumas regras são adaptadas para as categorias menores e entre elas está o
uso desse tipo de saque. Essa regra auxilia a aprendizagem porque o saque por baixo é de recepção mais
fácil, o que possibilita às equipes a realização dos três toques, o que seria dificultado com a execução do
saque por cima, uma vez que na iniciação a capacidade de recepção não é tão desenvolvida.
O saque por cima pode ser realizado com ou sem rotação da bola (saque flutuante). Os dois tipos de
saque podem ser praticados com ou sem salto. O saque flutuante tem ainda uma variação que é o saque
asiático ou balanceado, embora esse tipo de saque seja cada vez menos executado.
O saque com rotação segue uma trajetória mais bem definida, contudo obtém maior potência, já o
saque flutuante não tem tanta potência, mas sua trajetória irregular dificulta a recepção.
O sacador deverá se posicionar em qualquer ponto da linha de fundo, atrás dela, com o tronco
ligeiramente inclinado à frente, com as pernas em afastamento anteroposterior, e com a perna contrária
à mão que irá sacar, à frente. O braço que irá sacar faz um movimento de pêndulo ao lado do corpo,
transferindo o peso da perna de trás para a da frente. A bola deverá estar na mão contrária àquela
que irá sacar, e será realizado um pequeno lançamento. No momento do contato da bola com a mão
que saca, o cotovelo e o punho deverão estar estendidos. O contato poderá ser efetuado com a mão
espalmada ou com o punho fechado. Quanto maior a área de contato com a bola, maior a precisão e a
chance de acerto.
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Unidade I
Observação
Em torneios amistosos, ou mesmo oficiais, de crianças, adolescentes
ou até mesmo adultos principiantes, use como regra adaptada o saque
por baixo. Isso permitirá um jogo de maior volume (com mais tempo de
bola no ar) e aprendizagem melhor da recepção e do levantamento, por
consequência do ataque.
Em equipes principiantes, que ainda não têm a técnica muito assimilada, um sacador com muita
potência no saque por cima pode definir o jogo sem que haja necessariamente um ganho evolutivo no
desempenho geral, que é o que se espera.
O saque por cima é muito mais potente e difícil de receber do que o por baixo. São dois os seus tipos:
saque com rotação e sem rotação da bola.
Esse tipo de saque também pode ser realizado com salto. Neste caso, o sacador tomará uma distância
maior atrás da linha de fundo, lançará a bola com uma ou duas mãos para cima e para frente, dará
uma ou duas passadas e um salto com um só dos pés, e realizará o movimento de braços descrito. Tal
movimento é o mesmo da cortada (que será descrito mais à frente), e ele, conhecido como “saque
viagem”, pode ser bem potente e de difícil recepção, por causa da força e da velocidade que alcança,
embora possua trajetória definida.
Para realizar o saque flutuante, o sacador deve se posicionar atrás da linha de fundo, na área de
saque, em afastamento anteroposterior das pernas, com a perna contrária à mão que saca à frente.
A bola deve ser sustentada pela mão contrária à que vai bater na bola, à frente do corpo, com o
braço estendido. O braço de ataque deve ser previamente preparado com uma semiflexão do cotovelo e
máxima extensão da articulação escapuloumeral. A bola deve ser lançada para cima, na altura suficiente
para a batida com o braço estendido, e à frente do corpo, de forma que, se ela não for golpeada, deverá
cair no solo em frente ao corpo, à frente do pé que está na frente. A batida na bola é realizada acima
da cabeça e à frente do corpo, com a mão espalmada e a palma voltada de frente para a rede. Ao bater
na bola, o braço freia o movimento se mantém estendido e à frente do corpo, de forma paralela ao solo.
Isso fará com que a bola se desloque sem rotação de seu eixo e oscilando sua trajetória.
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Unidade I
O saque flutuante e com salto deve ser executado com uma ou duas passadas à frente, salto em uma
ou duas pernas, lançamento da bola mais baixo do que no saque com rotação, e com o movimento dos
braços já descrito.
Saiba mais
3.6 Cortada
A cortada é o fundamento do voleibol utilizado para finalizar a jogada de ataque, procurando enviar
a bola de forma potente à quadra adversária e tentando fazer com que ela toque o solo ou dificulte ao
máximo a defesa.
Trata-se de uma habilidade motora seriada. Sua execução é bastante complexa porque o
jogador deve, além de executar o movimento correto, adequá-lo ao levantamento que receber.
Os ajustes precisam ser realizados durante o movimento. Se o levantamento for mais alto, o
indivíduo deverá esperar o tempo certo para iniciar o movimento, se for mais baixo, acelerar o
movimento. São necessários também ajustes para os levantamentos mais curtos ou mais longos,
mais próximos ou mais distantes da rede, e para os jogadores mais experientes, de acordo com o
bloqueio do adversário.
O movimento da cortada possui cinco etapas: passada ou deslocamento; chamada; salto; fase
aérea; e queda.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
A passada ou o deslocamento pode ser realizado com 1, 2, 3 ou mais passos de corrida em direção
à rede. O mais importante é que no último passo a perna contrária ao braço que ataca deve estar à
frente. Para iniciantes destros, recomenda-se o início com o pé esquerdo à frente, uma passada com o
pé direito e logo em seguida tocar os dois pés, com o esquerdo um pouco à frente. Esse deslocamento
deve ser realizado com o tronco inclinado à frente e em velocidade, para tentar transferir a velocidade
em potência de salto. A chegada da passada é na posição da “chamada”.
A posição da chamada é a preparação para o salto. Ela é realizada com a perna esquerda um
pouco à frente da direita em relação à rede (para destros) e com os joelhos semiflexionados.
O tronco precisa estar inclinado à frente, e os braços estendidos ao lado do corpo devem ser
lançados para trás no mesmo instante em que os pés tocam o solo. Nesse momento o jogador
deverá estar a uma distância de pelo menos um braço da rede. Essa posição é fundamental para
se conseguir um ótimo salto.
Na fase do salto, os braços, que estavam atrás do corpo na chamada, são lançados estendidos
para frente e para cima, auxiliando o salto. É importante que se consiga que o aluno execute
o salto para cima, e não para frente. Ele deve ser executado de forma que o corpo esteja não
exatamente embaixo da bola, mas um pouco para trás dela em relação à rede. A posição correta
é o aluno, a bola e a rede.
Na fase aérea, no ponto mais alto do salto, o braço que vai golpear a bola deve ser flexionado
para trás da linha do ombro, aproveitando a máxima amplitude escapuloumeral, com uma
hiperextensão do tronco (como no posicionamento do saque por cima), enquanto o outro braço,
que tem uma função de equilíbrio, é estendido na direção da bola, à frente do corpo. Partindo
dessa posição, tem início o movimento de batida na bola, no qual o braço de ataque irá golpear a
bola totalmente estendido, com a mão aberta encaixando acima e com uma flexão do punho, esse
33
Unidade I
braço terá seu movimento continuado passando ao lado do corpo. O braço esquerdo, no momento
da batida na bola, será flexionado e trazido junto ao corpo, completando uma flexão do tronco
no momento da batida na bola.
Figura 22 – Ataque
Observe na figura anterior a jogadora durante a fase aérea da cortada, preparando-se para
atacar. Note que ela está com o corpo atrás da bola (com relação à rede), o braço esquerdo estendido
à frente do corpo, o tronco em extensão, o braço de ataque flexionado e o cotovelo atrás e acima
da linha dos ombros.
A queda no solo se dá com os dois pés, dividindo o peso do corpo e fazendo uma flexão dos joelhos
no momento do contato com o chão.
Lembrete
Jogadores canhotos terão mais facilidade em aprender a cortada na posição 2, ou saída da rede, e os
destros na posição 4, ou entrada da rede.
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 23 – Fase aérea do movimento da cortada de um jogador canhoto pela saída da rede
3.7 Largada
A largada, ou colocada, é o ato de finalizar um ataque por meio de um leve toque na bola, que tem
por objetivo fazer com que ela caia em determinada área da quadra, mais comumente próxima à rede.
Para que a largada seja eficaz, o atleta deverá fazer todo o movimento de cortada, levando o
adversário a acreditar que a jogada potente vai ser realizada, e no último instante ele toca na bola
levemente com as pontas dos dedos, direcionando-a para o local desejado.
Trata-se de uma técnica que deve ser ensinada somente após o domínio da cortada, para que não
seja um movimento que interfira na aprendizagem dessa técnica.
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Unidade I
3.8 Bloqueio
O bloqueio é a primeira linha de defesa da equipe. É uma técnica que parece ser de simples execução,
porém torna-se extremamente complexa por ter de ser executada o mais próximo possível da rede e
sem tocá‑la, além de ter a necessidade de ajustar o momento do salto ao levantamento e ao atacante
adversário. Ele tem quatro fases: posição inicial; salto; contato com a bola; e queda.
A posição inicial é executada bem junto à rede, com pés paralelos em pequeno afastamento, braços
flexionados com mãos espalmadas e palmas à frente dos ombros e voltadas para a quadra adversária.
Os membros inferiores devem estar em semiflexão e prontos para os deslocamentos e saltos necessários.
O salto é realizado com extensão total e simultânea de membros superiores e inferiores. As mãos
devem estar espalmadas e pouco afastadas uma da outra, de maneira a não permitir a passagem da
bola entre elas.
O contato com a bola deve ser realizado no ponto mais alto do salto e, para os jogadores mais
experientes, nesse momento deve haver um movimento de flexão do punho e direcionamento da bola
para o solo adversário. Para os iniciantes, recomenda-se ensinar apenas o salto com os punhos estendidos.
A queda no solo deve ser realizada com ambos os pés e semiflexão dos joelhos.
Os deslocamentos para bloquear poderão ser realizados com passadas laterais ou cruzadas. Para a
iniciação, é recomendado que se treine o mesmo deslocamento lateral trabalhado na fase da posição
de expectativa.
• conforme o alcance, pode ser defensivo ou ofensivo. O bloqueio defensivo é realizado por jogadores
não tão altos, do lado da rede do bloqueador, com as mãos espalmadas e voltadas para cima, em
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
uma extensão dos punhos. Sua intenção é amortecer o impacto do ataque adversário, impedindo
que a bola seja “cravada” na sua quadra, fazendo com que ela bata em suas mãos e suba em
direção à sua quadra, facilitando assim a defesa de sua equipe. O bloqueio defensivo costuma ser
utilizado por jogadores de uma estatura menor, que não conseguem altura para invadir o espaço
aéreo da quadra adversária, e também é executado por aqueles que não conseguem se posicionar
a tempo (chegam atrasados em relação ao ataque) de realizar um bloqueio ofensivo. O bloqueio
ofensivo é praticado por indivíduos que conseguem invadir o espaço aéreo do adversário com o
objetivo de devolver a bola atacada para a quadra do oponente, fazendo o ponto de bloqueio. É
bom lembrar que a invasão do espaço aéreo da equipe adversária é permitida quando ela estiver
atacando, seja no seu primeiro, segundo ou terceiro toque, não sendo autorizado impedir que o
adversário execute os três toques interceptando a bola do outro lado da rede.
Os bloqueios duplo e triplo só devem ser ensinados aos jogadores que já dominem a execução
do bloqueio simples. Caso sejam executados na ponta da rede, a “segunda” mão é que deve marcar a
bola. Tanto na execução do bloqueio duplo quanto do triplo, as duas mãos de fora, nas extremidades
do bloqueio, devem estar com as palmas voltadas para a bola, a fim de impedir a sua passagem.
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Unidade I
3.9 Defesa
A defesa é o ato de receber o ataque adversário impedindo que a bola atinja o solo e, se possível,
armando um contra-ataque. O ato da chamada “defesa em pé”, que é diferenciado das defesas de chão
(rolamentos e mergulhos), é realizado eminentemente de manchete. A posição de mãos e braços é a
mesma da manchete, mas como há um impacto maior da bola nos antebraços, o movimento dos braços,
em vez de impulsionar a bola, será no sentido inverso, em direção ao corpo, no momento do toque na
bola, com o objetivo de absorver um pouco do impacto e fazer com que ela permaneça no seu campo
de jogo para que possa ser organizado um contra-ataque. A flexão dos membros inferiores também é
maior na manchete de defesa do que na manchete normal, pois a bola vem direcionada praticamente
de cima da rede para o chão. Outra diferença da manchete de defesa, é que há menos tempo para os
deslocamentos em direção à bola, portanto eles devem ser mais rápidos.
A posição do corpo no momento do toque na bola, de frente para onde ela será enviada, é importante
para o correto direcionamento da bola.
3.10 Rolamento
Os rolamentos são recursos defensivos para serem utilizados quando o deslocamento e a manchete
não forem suficientes para alcançar a bola. Ao serem realizados, os rolamentos devem ter sempre o
objetivo de não deixar que a bola toque o solo e colocá-la para cima, retomando imediatamente a
posição de expectativa para estar pronto para a continuidade da jogada. Existem rolamentos com queda
lateral e rolamentos frontais. Estes são realizados com um giro sobre o eixo longitudinal do corpo, com a
extensão total do braço para o alcance da bola. Os rolamentos laterais são executados, após a corrida em
direção à bola, com a prática de um afundo lateral e queda lateral do tronco com extensão do braço no
prolongamento do corpo e golpe na bola para que ela suba. Após a queda lateral, se a bola for golpeada
com a mão direita, há um giro com o quadril passando por sobre o ombro esquerdo, o mais rápido
possível, para que o executante assuma na sequência a posição de expectativa. Se a bola for tocada com
a mão esquerda, o quadril irá passar por cima do ombro direito.
3.11 Mergulhos
O mergulho, assim como os rolamentos, é uma técnica utilizada para recuperação de bolas que não
podem ser feitas apenas de manchete.
Após uma corrida, o executante apoia um dos pés e se lança de frente para o solo em direção à bola,
toca nela com uma das mãos golpeando-a para cima e em seguida apoia as duas mãos no solo para
suportar o peso do corpo, realizando uma extensão de tronco, com semiflexão dos joelhos e elevação
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VOLEIBOL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
do queixo, para evitar que ele se choque contra o solo. Após as mãos, o peito toca o solo, seguido pelo
abdome e coxas.
O movimento pode ser executado puxando os braços para trás logo ao tocarem o solo, fazendo o
corpo deslizar, o chamado “peixinho”, sem tanto apoio do peito e mais do abdome. O deslocamento
realizado sem o deslize exige mais força dos braços, que irão suportar todo o peso do corpo.
Conforme visto nas características da modalidade, o voleibol possui algumas peculiaridades com
relação às demais práticas coletivas com bola: a não retenção da bola é uma delas. Outro aspecto é que
ele é composto de técnicas, ou habilidades motoras específicas, totalmente construídas, que exigem
grande precisão e controle, ou seja, não são aptidões básicas como receber, lançar ou chutar.
De acordo com as teorias do desenvolvimento motor, para que o aluno aprenda com eficiência uma
habilidade específica, esportiva, é preciso que antes ele tenha desenvolvido as aptidões básicas em
um estágio maduro, e que tenha tido oportunidade de realizar diversas combinações entre as técnicas
básicas, como correr e lançar, correr e saltar, saltar e lançar etc. A partir daí, o aluno terá adquirido um
vasto repertório motor que possibilitará a aprendizagem de capacidades mais complexas e específicas.
As habilidades motoras do voleibol são movimentos construídos com o fim específico de se jogar a
modalidade. São deslocamentos complicados que exigem muita precisão na sua execução.
Veja por exemplo o saque por baixo e sua execução correta: a perna contrária à mão que golpeia a
bola deve estar à frente, é necessário haver um movimento de pêndulo com o braço estendido antes
de golpear a bola. Se você, professor, for ensinar essa habilidade para um aluno que já passou por
todos os estágios de desenvolvimento das habilidades básicas, será bem tranquilo, pois eles já terão o
controle motor necessário. No entanto, se você estiver ensinando a habilidade para alguém ainda no
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Unidade I
estágio inicial ou elementar de “rolar a bola”, será bem mais difícil e demorada a aprendizagem, porque
os alunos ainda não trabalham naturalmente com a perna contrária ao braço que faz o lançamento da
bola, à frente, por exemplo.
Em teoria, de acordo com Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), as crianças alcançam o estágio maduro
de habilidades básicas até os 6 anos de idade, e dos 7 aos 10 anos devem iniciar o processo de experimentar
combinações das aptidões, para que depois iniciem a aprendizagem de habilidades esportivas.
No entanto, sabemos que são poucas as crianças que alcançam os resultados nessas idades, sobretudo
nos dias de hoje, em que elas estão muito restritas no que diz respeito às oportunidades de movimento.
Outra questão que tem relação com o início da aprendizagem correta das técnicas é a maturação
biológica. Sabemos que na puberdade acontece um crescimento em estatura e um aumento de força
muscular, ambos importantes para o voleibol. Entretanto, o fato é que ela ocorre em idades cronológicas
diferentes de indivíduo para indivíduo, e mais cedo nas meninas que nos meninos.
O tipo de raciocínio que o jogo exige também é uma característica que estará presente a partir
da adolescência; um pensamento abstrato, um raciocínio hipotético-dedutivo, para entender o jogo,
elaborar uma jogada e responder rapidamente.
Por todas as questões levantadas, antes da puberdade, o processo de ensino do voleibol deve se ater
apenas a aspectos lúdicos e trabalhar as habilidades e capacidades coordenativas, que no futuro serão
utilizadas para uma aprendizagem mais especializada.
A partir da puberdade, sim, o aluno reunirá as principais condições para passar por um processo de
aprendizagem das técnicas corretas. Teoricamente ele já terá um repertório motor razoável, uma boa
coordenação motora, a força suficiente, a compreensão e as habilidades sociais.
Saiba mais
No mundo real sabemos que as turmas de alunos que nos chegam serão sempre heterogêneas,
complicando bastante o nosso trabalho. No entanto, se você tiver estudantes que estejam em um grupo de
aprendizagem do voleibol e não possuam a coordenação motora necessária, invista no desenvolvimento
das capacidades coordenativas, mesmo durante o processo de aprendizagem. O aquecimento da sua
aula ou do seu treino é um bom momento para isso. Se você fizer um aquecimento com seus alunos
correndo em volta da quadra, eles irão atingir os objetivos de um aquecimento, que são: elevação da
frequência cardíaca e preparação da musculatura e articulações para o trabalho que se seguirá, no
entanto, em termos motores, não houve ganho, o trabalho foi muito “pobre”. Utilize esse tempo para
aquecer estimulando as capacidades coordenativas, pode ser em forma lúdica ou de exercícios. Você
vai encontrar esse tipo de atividade no livro Escola da Bola de Kröger e Roth (2002). Dessa forma seu
trabalho irá fluir bem melhor.
É possível otimizar ainda mais o seu trabalho, se você fizer no aquecimento movimentos parecidos
à técnica que irá ensinar na parte principal da aula, ou seja, se vou ensinar saque por baixo na parte
principal da minha aula, no meu aquecimento posso fazer exercícios ou jogos que imitem o lançamento
do boliche, com a perna contrária à frente com relação à mão que arremessa. Com esse procedimento,
você estará utilizando-se de algo que na Teoria da Aprendizagem Motora chama-se “transferência
de aprendizagem”, na qual o aluno utilizará movimentos que já realizou durante o estudo das novas
técnicas com movimentos similares.
Se você estiver trabalhando com um grupo de iniciação, que pretende passar para uma categoria de
competição a seguir, tenha em mente que será necessária, pelo menos, a preparação de 1 ano antes do
começo em competições oficiais.
Observação
Resumo
O Japão foi um grande inspirador do voleibol brasileiro, uma vez que depois
de muitas derrotas para as equipes da ex-URSS, que eram mais altas e fortes,
resolveu estudar o esporte e dessa forma criou-se uma nova forma de jogá-lo.
Exercícios
Questão 1. (Secretaria de Estado da Educação 2012, adaptada) Segundo as regras básicas do voleibol,
analise as afirmativas a seguir:
I – Uma das características do toque é que a bola pode ser tocada com qualquer parte do corpo.
II – A bola enviada para a rede não pode ser recuperada, mesmo dentro do limite dos três toques
da equipe.
III – O saque é o ato de colocar a bola em jogo pelo jogador de trás à direita, posicionado na zona
de saque.
IV – Um bloqueio coletivo é executado por dois ou três jogadores posicionados na zona de ataque e
é efetivo quando um deles toca a bola.
A) I e II.
B) III e IV.
D) I, III E IV.
E) I, II e III.
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Unidade I
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o toque no voleibol pode ser realizado com qualquer parte do corpo, inclusive com pé,
perna ou cabeça.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a bola quando toca a rede pode ser recuperada pela equipe dentro do limite dos
três toques.
Justificativa: o saque é realizado pelo atleta na posição 1 atrás e à direita posicionado na zona
de saque.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: o bloqueio coletivo pode ser executado pelos jogadores da posição 2, 3 ou 4, portanto
por 2 ou 3 atletas e é efetivo quando um deles toca na bola.
A) Cada equipe tem direito a, no máximo, um “tempo” e cinco substituições em cada set.
B) Cada equipe tem direito a, no máximo, um “tempo” e seis substituições em cada set.
C) Cada equipe tem direito a, no máximo, dois “tempos” e cinco substituições em cada set.
D) Cada equipe tem direito a, no máximo, dois “tempos” e seis substituições em cada set.
E) Cada equipe tem direito a, no máximo, três “tempos” e seis substituições em cada set.
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