OSE - Ed-166 - Nov19 Condutores Bimetal P Aterrar LTs
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Figura 1- Heterogeneidade do próprio eletrólito (solo) onde está implantado o eletrodo de aterramento das torres das linhas de transmissão (contrapesos)
com diversas zonas anódicas e catódicas.
ec
O Setor Elétrico / Novembro de 2019
T
52 mais negativo for o metal em relação ao eletrodo de platina em determinada temperatura ambiente (Ta).
hidrogênio, padrão do hidrogênio (potencial natural = zero), com Com relação ao tempo de permanência do curto-circuito (t),
maior facilidade este metal irá se corroer. Conclui-se que o zinco, deve-se para sua escolha levar em consideração que os tempos
que possui um potencial eletroquímico de (- 0,76V) anódico de resposta da proteção dinâmica dos disjuntores mais modernos,
(doador de elétrons), irá se corroer muito mais facilmente do que o como por exemplo os com isolação em SF6, estão numa faixa de 0,05
cobre, com (+ 0,34V) de potencial eletroquímico catódico (receptor à 0,1 segundos, e a resposta da proteção estática normalmente
de elétrons). é da ordem de 0,5 segundos. Pode-se então adotar na ausência de
Portanto, com base nas considerações anteriores, os condutores um valor específico ao sistema elétrico que se está trabalhando,
de aterramento das torres das linhas de transmissão deverão ser de tempos (t) na faixa de 0,5 segundos a 1,0 segundo. Normalmente os
cobre ou bimetálicos de aço-cobre (Copper-clad-steel: núcleo de aço projetistas utilizam (t) = 0,5s.
e cobre na camada externa). É oportuno observar que quando se está trabalhando em um
A corrosão sempre existirá em todos os sistemas de aterramento sistema elétrico com religamento automático, a norma brasileira
implantados, porém devemos fazer o possível para que a corrosão ABNT NBR 15751:2013 sugere o seguinte quanto a escolha do
seja retardada ao máximo, com a utilização de materiais nos sistemas tempo (t) a ser adotado para o cálculo da seção (S) pelo critério
de aterramento que tenham uma similar ou igual vida útil do que os térmico, figura 2:
sistemas nos quais estão implantados. Havendo religamento automático, com um intervalo de tempo
Cabe observar também que os materiais a serem utilizados em menor ou igual a 0,5 segundos, o tempo (t) a ser considerado para
linhas de transmissão e em subestações devem sofrer um outro tipo o cálculo da seção deve ser igual à soma dos tempos da falta inicial
importante de análise: a “resistência” ao furto. É necessário escolher e das faltas subsequentes, ou seja, (t1 + t2 + t3). Se o intervalo de
um material que não possua alto valor comercial se for roubado. O tempo entre os religamentos for maior do que 5 segundos, o tempo
cobre, em estado puro, como é utilizado principalmente em malhas (t) deve ser escolhido igual ao maior do que os tempos em que o
de subestações, tem alto valor de revenda no mercado clandestino, e circuito fica ligado.
por esta razão é constantemente alvo de furtos.
Neste aspecto, a solução é a utilização de condutores bimetálicos
de aço-cobre, onde a separação dos metais é inviável, já que a união
entre o núcleo de aço e a camada externa de cobre se processa pelo
método de caldeamento contínuo, tornando praticamente impossível
a separação dos materiais que foram unidos em escala atômica.
O dimensionamento da seção dos condutores é executado pelos Figura 2 - Defeito com religamento [Ref.4].
seguintes critérios:
if = Corrente de curto-circuito
Critério Mecânico: os condutores devem suportar os esforços in = Corrente nominal
mecânicos resultantes da circulação de corrente, ação dos ventos,
do próprio peso, da corrosão, de cargas sobre os mesmos quando A equação para o cálculo da seção (S) do condutor de aterramento
enterrados, sem se romperem. A bitola mínima pelo critério [Ref.4]:
mecânico, para os condutores de cobre é de 50mm² e para o aço
(protegido contra a corrosão de acordo com as normas aplicáveis)
é de 38mm².
Critério Térmico: para o dimensionamento da seção (S) dos
condutores de aterramento submetidos a corrente de curto-circuito, S é a seção, expressa em milímetros quadrados (mm2);
um dos fatores essenciais é o tempo de duração do defeito (t) a ser If é a corrente de falta fase-terra, expressa em quilo ampères (kA);
adotado na equação para esse cálculo, uma vez que o condutor com t é o tempo, expresso em segundos (s), normalmente igual ao tempo da
determinada seção (S) deverá suportar o aquecimento resultante da interrupção da corrente de defeito obtida pela atuação do dispositivo
circulação das correntes de defeito (If) sem que suas características de proteção;
elétricas e mecânicas sejam alteradas. Existirá, em consequência, αr é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a t °C (°C-1);
uma temperatura limite suportável (Tm) considerando-se uma ρr é a resistividade do condutor de aterramento a t °C, expressa em ohm
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K0 é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a 0 °C; de (K f) para as conexões de aterramento mais utilizadas estão
Celsius (°C).
Tabela I — Valores dos parâmetros para os tipos de condutores mais utilizados em Sistemas de Aterramentos [REF.4].
Tipo do condutor Condutância Coeficiente térmico de resistividade Temp. de fusãoa Resist. TCAP
% α0 (0 ºC) αr (20 ºC) (ºC) ρr (20 ºC) [J/(cm3×°C)]
Cobre (macio) 100,0 0,004 27 0,003 93 1 083 1,724 3,422
Cobre (duro) 97,0 0,004 13 0,003 81 1 084 1,777 3,422
Aço cobreado 40% 40,0 0,004 08 0,003 78 1 084 4,397 3,846
Aço cobreado 30% 30,0 0,004 08 0,003 78 1 084 5,862 3,846
Haste de aço cobreadoa 20,0 0,004 08 0,003 78 1 084 8,62 3,846
Fio de alumínio 61,0 0,004 39 0,004 03 657 2,862 2,556
Liga de alumínio 5005 53,5 0,003 80 0,003 53 660 3,222 2,598
Liga de alumínio 6201 52,5 0,003 73 0,003 47 660 3,284 2,598
Aço-alumínio 20,3 0,003 88 0,003 60 660 8,480 2,670
Aço 1020 10,8 0,001 65 0,001 60 1 510 15,90 3,28
Haste de açob 9,8 0,001 65 0,001 60 1 400 17,50 4,44
Aço zincado 8,5 0,003 41 0,003 20 419 20,1 3,931
Aço inoxidável 304 2,4 0,001 34 0,001 30 1 400 72,0 4,032
a
Aço cobreado baseado em uma espessura de 254 µm de cobre.
b
Aço inoxidável baseado em 508 µm no 304 de espessura sobre o aço 1020.
Tec
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Mecânica (aparafusada ou por pressão) 5,8 condutor de cobre perde a rigidez mecânica com uma temperatura de
a
Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta Material Temperatura Máxima Fator Limitante
hidráulica.
Bimetálico 850°C Perda de rigidez
(aço-cobre) mecânica
Exemplo ilustrativo: Calcular a bitola de um condutor de cobre macio,
Cobre 450°C Perda de rigidez
de uma malha de aterramento, cujas conexões são executadas por solda
mecânica
exotérmica, dados:
Aço Galvanizado 419°C Temperatura de
fusão do Zinco
7- Conclusões
Com base nas análises técnicas e considerações anteriores, podemos concluir:
8- Referências