Aula 6

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Projetos de Instalações Elétricas

AULA 6

Professor André Bonetto


Dimensionamento de Condutores
O correto dimensionamento dos condutores de uma instalação garante segurança e
confiabilidade na utilização das cargas elétricas, e aumento de sua eficiência
energética.
Resistência dos Condutores

A grandeza que relaciona a dificuldade


imposta por um material na passagem de uma
corrente elétrica é a RESISTIVIDADE
ELÉTRICA.
É dada pela letra ρ, e a unidade de medida
é o ohm.metro [Ω.m].
Resistência dos Condutores
A resistência elétrica de um condutor, é obtida a partir da seguinte relação:
Materiais Condutores
Os principais materiais utilizados como condutores em instalações elétricas:

COBRE ALUMÍNIO
Cobre
O cobre é uma metal avermelhado, brilhante, maleável e dúctil. Suas principais
características são:

- Baixa Resistividade elétrica;


- Baixa Oxidação em ambientes com alta umidade;
- Boa Tração Mecânica;
- Alta ductibilidade (fios);
- Alta maleabilidade (lâminas);
- Fácil soldagem.
Alumínio
Metal de coloração branco-prateada, extremamente maleável e dúctil, extraído da
bauxita e criolita por processo eletrolítico. As principais características do alumínio são:

- Baixo peso específico (linhas de transmissão);


- Na presença de umidade, recobre-se com película de óxido de alumínio, que apresenta
uma resistência elevada com tensão de ruptura de 100 a 300V;
- Exige processo especial para soldas;
- Menor resistência à tração, comparado ao cobre.
Isolação
Trata-se de um conjunto de materiais isolantes aplicados sobre o condutor, cuja
finalidade é isolá-lo eletricamente do ambiente que o circunda. Serve também para
proteção mecânica.
Isolação x Isolamento
Isolação elétrica define o aspecto qualitativo, como por exemplo, isolação de
PVC, polietileno, etc.
Isolamento elétrico se refere ao aspecto quantitativo, ou seja, condutor com
tensão de isolamento para 750V, 1kV, resistência de isolamento de 12MΩ, etc.
A isolação de fios e cabos é sempre feita para uma determinada “classe de
isolamento”, relacionadas com a espessura da isolação e com as características da
instalação.
Tensão de Isolamento
A tensão de isolamento é indicada por dois valores Vo/V. “Vo” refere-se à tensão
de fase – terra e “V” à tensão fase-fase.
Elementos de Isolação

PVC
EPR (Borracha Etileno Propileno)
(POLICLORETO DE VINILA.)
XLPE (Polietileno Reticulado)
Elementos de Isolação

ABNT NBR 5410:2004


Características PVC
- Comum no mercado brasileiro;
- Possui um preço relativamente acessível;
- Pouco sensível à água;
- Sua queima pode gerar fumaça tóxica;
- Possui uma menor resistência de isolamento comparada ao isolante de EPR.
Características EPR / XLPE
- Possui uma boa resistência aos agentes oxidantes e ao envelhecimento térmico;
- Por ser um tipo de borracha, é muito flexível;
- É pouco suscetível a um fenômeno chamado treeing. (ávore elétrica, pontos de fugas
devido a imperfeições do material);
- Preços maiores comparado aos isolantes de PVC.
Tipos de Condutores

Nu Isolados Cobertos
Blindagem
São camadas de materiais semicondutores, aplicadas sobre o condutor, ou
partes metálicas aplicadas sobre a segunda camada semicondutora que recobre a
isolação, cuja finalidade é concentrar o campo elétrico ou facilitar o escoamento das
correntes de curto-circuito e das correntes induzidas.
Seção Nominal

Os condutores são caracterizados pela seção


nominal, referente à grandeza do condutor
respectivo, no entanto a seção nominal não
corresponde a um valor estritamente geométrico
(seção transversal do condutor) e sim a um valor
determinado por uma medida da resistência,
denominada “Seção Elétrica Efetiva”.
Identificação dos Condutores
A NBR5410 determina que as linhas elétricas devem ser dispostas ou marcadas
de modo a permitir sua identificação quando da realização de manutenção,
verificações e ensaios.

Condutor Neutro: Deve ser usada a cor azul-claro na isolação do condutor.

Condutor de Proteção: Deve ser identificado com dupla coloração verde-amarelo ou


a cor verde.

Condutor fase e retorno: Qualquer cor, excetuando as anteriores.


Seção Mínima dos Condutores
A NBR5410 estabelece os seguintes critérios de relação às seções mínimas dos
condutores fase, neutro e condutor de proteção.
Os condutores fase, em CA e dos condutores vivos em CC, não devem ser
inferiores aos valores da tabela 47.
Seção do Condutor Neutro

O condutor neutro tem por finalidade o equilíbrio e a proteção do sistema elétrico na


distribuição secundária de baixa tensão. A norma NBR5410 determina:

6.2.6.2.1 – O condutor neutro não pode ser comum a mais de um circuito;

6.2.6.2.2 – O condutor neutro de um circuito monofásico deve ter a mesma seção do condutor
fase;
Seção do Condutor Neutro
6.2.6.2.3 Quando, num circuito trifásico com neutro, a taxa de terceira harmônica e seus
múltiplos for superior a 15%, a seção do condutor neutro não deve ser inferior à dos
condutores de fase, podendo ser igual à dos condutores de fase se essa taxa não for superior
a 33%.

NOTAS
1 Tais níveis de correntes harmônicas são encontrados, por exemplo, em circuitos que
alimentam luminárias com lâmpadas de descarga, incluindo as fluorescentes.
2 O caso de taxas superiores a 33% é tratado em 6.2.6.2.5.
Seção do Condutor Neutro
6.2.6.2.4 A seção do condutor neutro de um circuito com duas fases e neutro não deve ser
inferior à seção dos condutores de fase, podendo ser igual à dos condutores de fase se a taxa
de terceira harmônica e seus múltiplos não for superior a 33%.

NOTA O caso de taxas superiores a 33% é tratado em 6.2.6.2.5.


Seção do Condutor Neutro
6.2.6.2.5 Quando, num circuito trifásico com neutro ou num circuito com duas fases e neutro, a
taxa de terceira harmônica e seus múltiplos for superior a 33%, pode ser necessário um
condutor neutro com seção superior à dos condutores de fase.

NOTAS
1 Tais níveis de correntes harmônicas são encontrados, por exemplo, em circuitos que
alimentam principalmente computadores ou outros equipamentos de tecnologia de informação.
2 Para se determinar a seção do condutor neutro, com confiança, é necessária uma estimativa
segura do conteúdo de terceira harmônica das correntes de fase e do comportamento imposto
à corrente de neutro pelas condições de desequilíbrio em que o circuito pode vir a operar. O
anexo F fornece subsídios para esse dimensionamento.
Seção do Condutor Neutro
Em circuitos trifásicos com
neutro, caso os condutores de fase
sejam superiores a 25mm2, a seção
do condutor neutro pode ser inferior à
dos condutores de fase, porém nunca
inferiores à tabela ao lado. Quando
simultaneamente:

1) Circuito presumivelmente
equilibrado em serviço normal;
2) A corrente de fase não contiver
taxa de 3a harmônica > 15%;
3) O condutor neutro for protegido por
sobrecorrentes.
Seção do Condutor de Proteção
6.4.3.1.3 Em alternativa ao método de cálculo de 6.4.3.1.2, a seção do condutor de
proteção pode ser determinada através da tabela 58. Quando a aplicação da tabela conduzir a
seções não padronizadas, devem ser escolhidos condutores com a seção padronizada mais
próxima. A tabela 58 é válida apenas se o condutor de proteção for constituído do mesmo
metal que os condutores de fase. Quando este não for o caso,ver IEC 60364-5-54.
Critério da Ampacidade
O critério da capacidade de corrente ou de ampacidade visa determinar a seção do
condutor, observando a máxima temperatura de operação a fim de evitar danos à
isolação e ao condutor durante o regime normal de funcionamento, sobrecarga e curto-
circuito.
Critério da Ampacidade
A corrente elétrica ao fluir pelo condutor, produz uma quantidade de calor que
tende a elevar a temperatura deste. A dissipação deste calor dependerá principalmente
da natureza dos materiais envolvidos e da forma de instalação.
Métodos de Referência
6.2.5.1.2 Os métodos de referência são os métodos de instalação, indicados na IEC
60364-5-52, para os quais a capacidade de condução de corrente foi determinada por
ensaio ou por cálculo. São eles: A1, A2, B1, B2, C, D, E, F e G.
Métodos de Referência / Notas
- A1: condutores isolados em eletroduto de seção circular embutido em parede
termicamente isolante;
- A2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente
isolante;

1 - Nos métodos A1 e A2, a parede é formada por uma face externa estanque, isolação
térmica e uma face interna em madeira ou material análogo com condutância térmica de
no mínimo 10 W/m2.K. O eletroduto, metálico ou de plástico, é fixado junto à face interna
(não necessariamente em contato físico com ela).
Exemplo:
Métodos de Referência / Notas
- B1: condutores isolados em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira;
- B2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira;

2 - Nos métodos B1 e B2, o eletroduto, metálico ou de plástico, é montado sobre uma


parede de madeira, sendo a distância entre o eletroduto e a superfície da parede inferior
a 0,3 vez o diâmetro do eletroduto.

Exemplo:
Métodos de Referência / Notas
- C: cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede de madeira;

3 - No método C, a distância entre o cabo multipolar, ou qualquer cabo unipolar, e a


parede de madeira é inferior a 0,3 vez o diâmetro do cabo.

Exemplo:
Métodos de Referência / Notas
- D: cabo multipolar em eletroduto enterrado no solo;

4 - No método D, o cabo é instalado em eletroduto (seja metálico, de plástico ou de barro)


enterrado em solo com resistividade térmica de 2,5 K.m/W, a uma profundidade de 0,7 m.

Exemplo:
Métodos de Referência / Notas
- E: cabo multipolar ao ar livre;
- F: cabos unipolares justapostos (na horizontal, na vertical ou em trifólio) ao ar livre;

5 - Nos métodos E, F e G, a distância entre o cabo multipolar ou qualquer cabo unipolar e


qualquer superfície adjacente é de no mínimo 0,3 vez o diâmetro externo do cabo, para o
cabo multipolar, ou no mínimo uma vez o diâmetro do cabo, para os cabos unipolares
Métodos de Referência / Notas
- G: cabos unipolares espaçados ao ar livre.

5 - Nos métodos E, F e G, a distância entre o cabo multipolar ou qualquer cabo unipolar e


qualquer superfície adjacente é de no mínimo 0,3 vez o diâmetro externo do cabo, para o
cabo multipolar, ou no mínimo uma vez o diâmetro do cabo, para os cabos unipolares.

6 - No método G, o espaçamento entre os cabos unipolares é de no mínimo uma vez o


diâmetro externo do cabo
Métodos de Instalação
Para cada método de instalação dado na tabela 33 da NBR5410 é indicado o método
de referência no qual ele se enquadra, a ser utilizado para a obtenção da capacidade de
condução de corrente.
Exemplo
Métodos de Instalação
A forma de instalação influencia a dissipação térmica entre os condutores e o
ambiente, em consequência, a capacidade de condução de corrente elétrica. A
NBR5410 indica métodos de instalações e suas respectivas capacidades de corrente.
Corrente Nominal ou de Projeto (Ip)
É a corrente que os condutores de um circuito de distribuição ou circuito terminal
devem suportar, levando em consideração suas características nominais.

Circuito Monofásico (F/N):


Corrente Nominal ou de Projeto (Ip)
Circuito Trifásico:
v=tensão de fase/neutro;
V=tensão de fase/fase.
Número de Condutores Carregados
Entende-se por condutor carregado aquele que é efetivamente percorrido por uma
corrente elétrica durante o funcionamento normal do circuito, logo, os condutores fases
e neutro são condutores carregados.
Critério da Ampacidade
Para determinar a seção do condutor fase pelo método da Ampacidade, é
necessário determinar de antemão:

a) Tipo de Isolação dos condutores (PVC, EPR, XLPE);


b) Tipo de condutor (Cobre ou Alumínio);
c) Método de Instalação;
d) Corrente Nominal (Ip) em Ampères;
e) Corrente Corrigida (Ic) em Ampères;
f) Número de condutores carregados.
Critério da Ampacidade
Fatores de Correção
Para o dimensionamento correto das seções dos condutores, eventualmente será
necessário o uso de fatores de correção de temperatura (FCT) e fatores de
agrupamento de circuitos (FCA).
Fator de Correção de Temperatura
O valor da temperatura ambiente a ser considerado é a temperatura do meio onde
os condutores serão instalados, considerando-os não carregados. Os valores tabelados
são para 30oC para condutores não enterrados e 20oC para enterrados no solo.
Fator de Correção de Agrupamento
Aplicável a vários circuitos, quando instalados no mesmo eletroduto, calha, bloco
alveolado, bandeja, agrupados sobre uma superfície, ou ainda para cabos em
eletrodutos enterrados, ou cabos diretamente enterrados no solo.
Exemplo
Determinar os condutores para um forno elétrico monofásico de potência nominal de
6000Watts, ligados em 220V. Considere fator de potência e rendimento unitários. O tipo
de condutor é de cobre com isolação de PVC. A temperatura ambiente é de 35oC e os
condutores estão isolados em eletroduto de seção circular embutido em parede
termicamente isolante.

Ip = 6000/220 x 1 x 1
Ip = 27,27A Ic =27,27/ 0,94 x 1
Ic = 29,01A
Exemplo

Logo, para Ic = 29,01A, tem-se condutor fase de 6 mm2:


Exercício #1
Determinar, usando o método da ampacidade, o condutor fase para um chuveiro
elétrico monofásico de potência nominal de 5000Watts, ligados em 110V. Considere fator
de potência e rendimento unitários. O tipo de condutor é de cobre com isolação de PVC.
A temperatura ambiente é de 40oC e os condutores estão são isolados em eletroduto
aparente de seção circular sobre parede.
Exercício #2
Dimensionar o condutor fase para um circuito de tomada de cozinha, cuja a potência
aparente é S=2000VA e tensão monofásica de 127V. A isolação é de PVC, condutor
cobre, temperatura ambiente de 35oC. Será condutor isolado em eletroduto de seção
circular embutido em alvenaria. Neste mesmo eletroduto passarão 2 circuitos.
Exercício #3
Inicie o dimensionamento dos condutores para todos os ambientes do projeto
proposto, utilizando o método da Ampacidade.
OBRIGADO!

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