Politica Nacional de Alcool e Drogas
Politica Nacional de Alcool e Drogas
Politica Nacional de Alcool e Drogas
Brasília – DF
2004
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 1
© 2004 Ministério da Saúde.
É permitida a r eprodução parcial ou total desta obra,desde que citada a fonte.
Distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Ações Pr ogramáticas Estratégicas
Coordenação de Saúde Mental
Secretaria de Vigilância em Saúde
Coordenação Nacional de DST/AIDS
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, Sala 606
CEP: 70058-900,Brasília – DF
Fones:(61) 315-3319/315-2684/315-2655
Fax: (61) 315-2313
E-mail: [email protected]
Elaboração:
Grupo de Trabalho em Álcool e outras Dr ogas
Cláudia Araújo dos Santos, Denise Doneda, Denise Gandolfi,Maria Cristina Hoffmann, Maria Gorete Selau,
Margareth Oliveira, Paulo Macedo, Pedro Gabriel Delgado, Regina Benevides, Sueli Rodrigues, Francisco
Cordeiro
Revisão técnica:
Coordenação Geral de Saúde Mental/DAPE/SAS/MS
Ficha Catalográfica
NLM W 84
2 Ministério da Saúde
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................5
1 - Introdução .....................................................................................................................7
4.1 Intersetorialidade........................................................................................................24
4.2.1 Prevenção................................................................................................................26
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 3
4.3 Diretrizes para uma Política Nacional, Integral e Intersetorial de Redução dos Danos
à Saúde e ao Bem-estar Causados pelas Bebidas Alcoólicas...................................37
5 - Bibliogr afia...................................................................................................................41
Anexo ..............................................................................................................................57
Relatório Final do I Encontro Nacional de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e
outras Drogas - CAPS ad (Drogas, Saúde Pública e Democracia: reduzindo danos,
ampliando direitos)
4 Ministério da Saúde
Apresentação
A constatação de que tal uso tomou proporção de grave problema de saúde pública no
País encontra ressonância nos diversos segmentos da sociedade, pela relação comprovada
entre o consumo e agravos sociais que dele decor rem ou que o reforçam. O enfrentamento
desta problemática constitui uma demanda mundial: de acordo com a Organização Mundial
de Saúde, cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem
abusivamente substâncias psicoativas, independentemente de idade, sexo, nível de
instrução e poder aquisitivo. Salvo variações sem r epercussão epidemiológica significativa,
esta realidade encontra equivalência em território brasileiro.
Uma ação política eficaz pode reduzir o nível de problemas relacionados ao consumo de
álcool e outras drogas que são vi venciados por uma sociedade, evitando que se assista de
forma passiva ao fluxo e refluxo de tal problemática. Consideramos que nada assume um
caráter inevitável, e que, ao contrário, quando se constróem políticas públicas
comprometidas com a promoção, prevenção e tratamento, na perspectiva da integração
social e produção da autonomia das pessoas, o sofrimento decorrente deste consumo tende
a diminuir em escala expressiva. Se em alguns países impera a ausência de qualquer
iniciativa de saúde pública neste campo, vemos que em outros tal resposta assume um
caráter meramente retórico e, por vezes, confuso.
Cabe ressaltar, entretanto, que a sociedade atual coloca à nossa disposição uma extensa
gama de políticas potenciais, e a sua inventividade e alcance estão em um processo de
expansão contínua, sendo então possíveis outras formas de produzir novas perspectivas de
vida para aqueles que sofrem devido ao consumo de álcool e drogas. Tal produção não
ocorre somente pelo estabelecimento de leis, planos ou propostas, e sim pela sua
implementação e exercício no cotidiano dos serviços, práticas e instituições, com definição
sistematizada de responsabilidades para cada esfera governamental.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 5
consistente na consolidação de rede de cuidados que funcione de forma regionalizada,
hierarquizada e integrada. O SUS tem seu funcionamento organizado pelas Leis 8.080/90 e
8.142/90, editadas com a função de fazer cumprir o mandamento constitucional de dispor
legalmente sobre a proteção e a defesa da saúde.
As conferências de saúde, definidas e instituídas pela Lei 8.142/90, têm como atribuição
avaliar a situação da saúde, propondo diretrizes para a formulação de políticas afins, nas
três esferas de governo. De forma análoga, as conferências de saúde mental constituem o
foro maior de debates em torno de questões relacionadas a esta área especifica de atuação.
Nesta condição, vemos o relatório da III Conferência Nacional de Saúde Mental (dezembro
de 2001) evidenciando, de forma ética e diretiva, a (re)afirmação e (re)elaboração de
estratégias e propostas para efetivar e consolidar um modelo de atenção aos usuários de
álcool e outras drogas que garanta o seu atendimento pelo SUS e, ao mesmo tempo,
considere o seu caráter multifatorial, não reduzindo esta questão a uma problemática
exclusiva do sistema de atenção à saúde.
Reafirmando que o uso de álcool e outras drogas é um grave problema de saúde pública,
reconhecendo a necessidade de superar o atraso histórico de assunção desta
responsabilidade pelo SUS, e buscando subsidiar a construção coletiva de seu
enfrentamento, o Ministério da Saúde apresenta as suas diretrizes para uma Política de
Atenção Integral ao Uso de Álcool e outras Drogas.
HUMBERTO COSTA
Ministro da Saúde
6 Ministério da Saúde
1. Introdução
A realidade contemporânea tem colocado novos desafios no modo como certos temas
têm sido habitualmente abordados, especialmente no campo da saúde. Isto se dá pelo f ato
de que os objetos sobre os quais intervimos apresentam-se complexos, exigindo de nós o
esforço de evitarmos simplificações reducionistas. Este é o caso do tema "álcool e outras
drogas", que nos indica a necessidade de uma ação não apenas ampliada, mas para onde
devem concor rer diferentes saberes e aportes teórico-técnicos. Assim, ao estabelecermos
diretrizes, ações e metas na constituição de políticas para o Ministério da Saúde para os
próximos anos, deveremos ter em mente a perspectiva transversalizadora que permite a
apreensão do fenômeno contemporâneo do uso abusivo/dependência de álcool e outras
drogas de modo integrado, e diversificado em ofertas terapêuticas, preventivas,
reabilitadoras, educativas e promotoras da saúde.
Os principais limites observados pela não priorização, por parte do MS, de uma política
de saúde integral dirigida ao consumidor de álcool e outras drogas, podem ser percebidos a
partir do impacto econômico e social que tem recaído para o Sistema Único de Saúde, seja
por seus custos diretos, seja pela impossibilidade de resposta de outras pastas
governamentais voltadas para um efeito positivo sobre a redução do consumo de drogas;
isto também ocorre no que se refere ao resgate do usuário do ponto de vista da saúde (e
não tão-somente moralista ou legalista), e em estratégias de comunicação que reforçam o
senso comum de que todo consumidor é marginal e perigoso para a sociedade.
Internamente à Saúde, ressalta-se a elaboração pregressa de políticas fragmentadas, sem
capilaridade local e de pouca abrangência, além do desenvolvimento de ações de redução
de danos adstritas ao controle da epidemia de AIDS, não explorando as suas possibilidades
para a prevenção e a assistência.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 7
do Ministério da Saúde com outros Ministérios, bem como com setores da sociedade civil
organizada. Trata-se aqui de afirmar que o consumo de álcool e outras drogas é um grave
problema de saúde pública. Dentro de uma perspectiva de saúde pública, o planejamento
de programas deve contemplar grandes parcelas da população, de uma forma que a
abstinência não seja a única meta viável e possível aos usuários.
8 Ministério da Saúde
2. Marco Teórico-político
O que estamos querendo aqui destacar é:esta lógica deve ser combatida em prol de uma
outra maneira de pensar e fazer que experimente as diferentes contribuições, fazendo-as
interpelações umas das outras. A esta outra lógica chamamos transversalização.
Parece que hoje aí reside o grande desafio: instaurar em todos os campos da saúde
pública uma atitude que, ao mesmo tempo, garanta as especificidades acumuladas ao longo
do tempo em cada núcleo de saber e, para além disso, consiga fazer atravessar tais saberes
uns sobre os outros, de modo a construir novos olhares, novos dispositivos de intervenção.
Quem ganha com isto? Os usuários do sistema de saúde e todos aqueles comprometidos
com a saúde enquanto defesa da vida.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 9
exatamente a ruptura de uma lógica binarizante que separa e detém o problema em
fronteiras rigidamente delineadas, e cujo eixo principal de entendimento (e, portanto, de
"tratamento") baseia-se na associação drogas/comportamento anti-social (álcool) ou
criminoso (drogas ilícitas). Em ambos os casos, há um único objetivo a ser alcançado: a
abstinência.
Frente a este objetivo, são traçadas estratégias de abordagem para sua consecução:
redução da oferta e redução da demanda. Para a primeira estratégia, conta-se com a ação
da justiça, da segurança e da defesa. Para a segunda, a operação substancial tem-se dado
por meio de tratamentos de internação com afastamento do usuário do agente indutor.
Sem que deixemos de considerar a existência destes métodos, com os quais temos ainda
muito de debater, queremos indicar que, em se tratando de tema tão complexo, com claras
implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas, traçar uma política com base em
um único objetivo é trabalhar em saúde com um modo estreito de entendimento.
Parece-nos que aí é o sentido da clínica que se perde e, mais ainda, é a riqueza do que
nos oferece a saúde coletiva que se empobrece. Queremos resgatar aqui o duplo sentido da
clínica: o de "inclinar-se" (klinikós), acolhendo o paciente e sua história, e o de produzir um
desvio (clinamem) para produzir outra história, outra possibilidade de existência (Benevides,
2001). Queremos também resgatar o sentido de saúde coletiva que "implica levar em conta
a diversidade e especificidade dos grupos populacionais e das individualidades com seus
modos próprios de adoecer e/ou representarem tal processo" (Paim, 1980).
Se nas práticas de saúde nosso compromisso ético é o da defesa da vida, temos de nos
colocar na condição de acolhimento, em que cada vida se expressará de uma maneira
singular, mas também em que cada vida é expressão da história de muitas vidas, de um
coletivo. Não podemos nos afastar deste intrincado ponto onde as vidas, em seu processo
de expansão, muitas vezes sucumbem ao aprisionamento, perdem-se de seu movimento de
abertura e precisam, para desviar do rumo muitas vezes visto como inexorável no uso de
drogas, de novos agenciamentos e outras construções.
Aqui a abordagem da redução de danos nos oferece um caminho promissor. E por quê?
Porque reconhece cada usuário em suas singularidades, traça com ele estratégias que
estão voltadas não para a abstinência como objetivo a ser alcançado, mas para a defesa de
sua vida. Vemos aqui que a redução de danos se oferece como um método (no sentido de
methodos, caminho) e, portanto, não excludente de outros. Mas, vemos também que o
método está vinculado à direção do tratamento e, aqui, tratar significa aumentar o grau de
liberdade, de co-responsabilidade daquele que está se tratando. Implica, por outro lado, o
estabelecimento de vínculo com os profissionais, que também passam a ser co-
responsáveis pelos caminhos a serem construídos pela vida daquele usuário, pelas muitas
vidas que a ele se ligam e pelas que nele se expressam.
10 Ministério da Saúde
viabilizando o acesso e o acolhimento, adscrevendo a clientela e qualificando a demanda,
multiplicando as possibilidades de enfrentamento ao problema da dependência no uso do
álcool e outras drogas.
Neste ponto, a abordagem se afirma como clínico-política, pois, para que não reste
apenas como "mudança comportamental", a redução de danos deve se dar como ação no
território, intervindo na construção de redes de suporte social, com clara pretensão de criar
outros movimentos possíveis na cidade, visando a avançar em graus de autonomia dos
usuários e seus familiares, de modo a lidar com a hetero e a autoviolência muitas vezes
decorrentes do uso abusivo do álcool e outras drogas, usando recursos que não sejam
repressivos, mas comprometidos com a defesa da vida. Neste sentido, o locusde ação pode
ser tanto os diferentes locais por onde circulam os usuários de álcool e outras drogas, como
equipamentos de saúde flexíveis, abertos, articulados com outros pontos da rede de
saúde, mas também das de educação, de trabalho, de promoção social etc., equipamentos
em que a promoção, a prevenção, o tratamento e a reabilitação sejam contínuos e se dêem
de forma associada.
Este é o compromisso da saúde: fazer proliferar a vida e fazê-la digna de ser vivida. Este
é o compromisso do Ministério da Saúde: criar e manter equipamentos, qualificar seus
profissionais, formular políticas de saúde em articulação com outras áreas afins, executar e
avaliar tais políticas, assumindo o que lhe cabe no enfrentamento do que faz adoecer e
morrer. Este é o compromisso do SUS: fortalecer seu caráter de rede incitando outras redes
à conexão. A garantia do acesso aos serviços e à participação do consumidor em seu
tratamento são princípios assumidos pelo SUS como direitos a serem garantidos. Isto se dá
por meio do estabelecimento de vínculos, da construção da co-responsabilidade e de uma
perspectiva ampliada da clínica, transformando os serviços em locais de acolhimento e
enfrentamento coletivo das situações ligadas ao problema.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 11
3. Panorama Nacional para
Álcool e outras Drogas
3.1 Contextualização
A exclusão social e a ausência de cuidados que atingem, de forma histórica e contínua,
aqueles que sofrem de transtornos mentais, apontam para a necessidade da reversão de
modelos assistenciais que não contemplam as reais necessidades de uma população. Isto
é uma demanda mundial, amplamente respaldada por evidências científicas. Citando
somente um exemplo, dados fornecidos por estudo capitaneado pela Universidade de
Harvard indicam que, das dez doenças mais incapacitantes em todo o mundo, cinco são de
origem psiquiátrica: depressão, transtorno afetivo bipolar, alcoolismo, esquizofrenia e
transtorno obsessivo-compulsivo (Murray e Lopez, 1996). Apesar de responsáveis diretas
por somente 1,4% de todas as mortes, as condições neurológicas e psiquiátricas foram
responsáveis por 28% de todos os anos vividos com alguma desabilitação para a vida. Salvo
variações sem repercussão epidemiológica significativa, a realidade acima encontra
equivalência em território brasileiro.
De acordo com a própria Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), cerca de 10% das
populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias
psicoativas independentemente de idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo. A
despeito do uso de substâncias psicoati vas de caráter ilícito, e considerando qualquer faixa
etária, o uso indevido de álcool e tabaco tem a maior prevalência global, trazendo também
as mais graves conseqüências para a saúde pública mundial. Corroborando tais afirmações,
estudo conduzido pela Universidade de Harvard e instituições colaboradoras (Murray e
Lopez, 1996) sobre a carga global de doenças trouxe a estimativa de que o álcool seria
responsável por cerca de 1,5% de todas as mortes no mundo, bem como sobre 2,5% do
total de anos vividos ajustados para incapacidade. Ainda segundo o mesmo estudo, esta
carga inclui transtornos físicos (cirrose hepática, miocardiopatia alcoólica, etc.) e lesões
decorrentes de acidentes (industriais e automobilísticos, por exemplo) influenciados pelo
uso indevido de álcool, o qual cresce de forma preocupante em países em desenvolvimento.
12 Ministério da Saúde
complexa e difícil; geram grande carga agregada de doenças, sendo freqüentemente o
reflexo de acometimento maior, em um contexto sócio-familiar.
Existe uma tendência mundial que aponta para o uso cada vez mais precoce de
substâncias psicoativas, incluindo o álcool, sendo que tal uso também ocorre de forma cada
vez mais pesada. No Brasil, estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas Psicoativas – CEBRID sobre o uso indevido de drogas por estudantes (n = 2.730)
dos antigos 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras (Galduróz et. al., 1997) revelou
percentual altíssimo de adolescentes que já haviam feito uso de álcool na vida: 74,1%.
Quanto a uso freqüente, e para a mesma amostra, chegamos a 14,7%. Ficou constatado
que 19,5% dos estudantes faltaram à escola, após beber, e que 11,5% brigaram, sob o efeito
do álcool.
Como conseqüências, temos altos índices de abandono escolar, bem como o rompimento
de outros laços sociais que reforçam a percepção pública deste uso como próximo ao crime,
faltando a compreensão do fenômeno como reflexo de questões multifatoriais.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 13
de uso "seis vezes ou mais no mês", observou-se aumento no consumo de 100% para os
ansiolíticos; 150% para as anfetaminas; 325% para a maconha e 700% para a cocaína.
Pesquisa encomendada pelo Governo Federal sobre os custos dos acidentes de trânsito
no Brasil (IPEA/MS e Cols., em desenvolvimento), mostra em seus resultados preliminares
que 53% do total dos pacientes atendidos por acidentes de trânsito, no Ambulatório de
Emergência do Hospital das Clínicas/SP, em período determinado, estavam com índices de
alcoolemia em seus exames de sangue superiores aos permitidos pelo Código de Trânsito
Brasileiro, sendo a maioria pacientes do sexo masculino, com idades entre 15 e 29 anos. A
deseconomia relacionada a estes agravos faz que o SUS gaste aproximadamente R$
1.000.000,00 dos recursos do tesouro nacional e do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais
por Veículos Automotores Terrestres/DPVAT, com internações e tratamentos (IPEA/MS e
Cols., em desenvolvimento); a mortalidade chega a 30 mil óbitos/ano, cerca de 28%, das
mortes por todas as causas externas. Das análises em vítimas fatais/IML/SP, o nível de
alcoolemia encontrado chega a 96,8%.
O Brasil conta com mais de 51 milhões de jovens na faixa etária dos 10 aos 24 anos de
idade. Enfrentar o desafio de promover o desenvolvimento saudável da juventude requer a
elaboração de políticas capazes de prover a atenção à saúde em todos os níveis de
complexidade, e a participação de todos os setores da sociedade.
O uso de drogas, inclusive álcool e tabaco, tem relação direta e indireta com uma série
de agravos à saúde dos adolescentes e jovens, entre os quais destacam-se acidentes de
trânsito, agressões, depressões clínicas e distúrbios de conduta, ao lado de comportamento
de risco no âmbito sexual e transmissão do HIV pelo uso de drogas injetáveis e de outros
problemas de saúde decorrentes dos componentes da substância ingerida, e das vias de
administração.
14 Ministério da Saúde
Em Salvador, a defasagem chegou a 78,7%. Com exceção de Porto Alegre, São Paulo e
Curitiba, as outras 07 capitais apresentaram defasagem escolar acima de 60%.
Fonte: DATASUS/TABNET/MS
Fonte: DATASUS/TABNET/MS
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 15
Os quadros da página anterior evidenciam que as causas de morbidade são bem
diferenciadas por sexo. Verifica-se que a vulnerabilidade das mulheres nesta faixa etária
está na saúde sexual e reprodutiva, enquanto que os homens estão mais expostos às
causas de acidentes e violência.
O contingente masculino, de 10 a 24 anos de idade, tem como primeira causa de
morbidade, dentro das primeiras doze causas, as lesões e envenenamentos e algumas
outras causas externas, com uma incidência de 24,53%; o percentual mais alto por faixa
etária está na faixa de 20 a 24 anos de idade com 39,78%, seguida pelos adolescentes de
15 a 19 anos (32,97%) e os de 10 a 14 anos, com 37,22%. Quando somadas a outras
causas externas de morbidade e mortalidade, com o percentual de 2,35%, mostram a
vulnerabilidade dos homens adolescentes e jovens às questões relacionadas à violência.
Ainda de forma relativa aos profissionais de saúde, existem diversos impedimentos para
diagnosticar, tratar ou encaminhar as pessoas que apresentam complicações decorrentes
do consumo de álcool. Em um plano cognitivo, os trabalhadores de saúde apresentam a falta
de conhecimentos sobre a variedade de apresentações sintomáticas gerados pelo uso
abusivo e pela dependência ao álcool, bem como de meios para facilitar o seu diagnóstico.
Apresentam também uma visão negativa do paciente, e de suas perspectivas evolutivas
frente ao problema, o que impede uma atitude mais produtiva.
16 Ministério da Saúde
de cuidados, é fundamental. Tal acolhimento, em qualquer nível assistencial (especializado
ou não-especializado), deve estar disponível no momento em que a sua necessidade se
impõe, uma vez que a ambivalência, a flutuação moti vacional e o imediatismo fazem parte
da apresentação costumeiramente evidente naqueles que procuram os serviços de saúde,
devido às conseqüências do seu consumo alcoólico. Podemos ainda apontar como
impedimento o conceito normalmente abraçado pelos profissionais de saúde de que não
possuem qualquer responsabilidade ou competência sobre o diagnóstico e tratamento da
dependência ao álcool, em uma evidente demonstração de estigma, exclusão e preconceito.
Ao analisarmos alguns dados correlatos e relativos aos custos decorrentes, vemos que
os custos decorrentes do consumo de álcool são de grande magnitude. Considerando dados
referentes ao ano de 2001 (DATASUS, 2001), tivemos no Brasil 84.467 internações para o
tratamento de problemas relacionados ao uso do álcool, mais de quatro vezes o número de
internações ocorridas por uso de outras drogas. No mesmo período, foram emitidas 121.901
AIHs para as internações relacionadas ao alcoolismo. Como a média de permanência em
internação foi de 27,3 dias para o período selecionado, estas internações ti veram em 2001
um custo anual para o SUS de mais de 60 milhões de reais.
Estes números não incluem os gastos com os tratamentos ambulatoriais , nem com as
internações e outras formas de tratamento de doenças indiretamente provocadas pelo
consumo do álcool, como aquelas que atingem os aparelhos digestivo e cardiovascular,
câncer (principalmente hepático, de estômago e de mama), deficiências nutricionais,
doenças do feto e recém-nato da mãe alcoolista, as doenças neurológicas e o agravamento
de outras doenças psiquiátricas provocado pelo álcool, assim como os agravos decorrentes
de acidentes ou violência, o que se aplica a todos os povos. Pesquisa realizada pelo Instituto
Nacional de Abuso de Álcool e Drogas dos EUA (1997) revelou que o uso excessivo de
bebida estava presente em 68% dos homicídios culposos, 62% dos assaltos, 54% dos
assassinato e 44% dos roubos ocorridos. De forma relativa à violência doméstica, a mesma
pesquisa evidenciou que 2/3 dos casos de espancamento de crianças ocorrem quando os
pais agressores estão embriagados, o mesmo ocorrendo nas agressões entre marido e
mulher. No Brasil, pesquisa realizada pelo CEBRID (1996) informou que na análise de mais
de 19.000 laudos cadavéricos feitos entre 1986 e 1993 no IML de cada 100 corpos que
deram entrada vítimas de morte não natural, 95 tinham álcool no sangue.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 17
Os dados confirmam o consenso mundial de que as intervenções voltadas para minimizar
os custos do gasto indevido de substâncias psicoativas devem dedicar atenção especial às
drogas de uso lícito, especialmente o álcool. Poucos consumidores (os mais acometidos, em
verdade) recebem atenção do sistema de saúde em dispositivos de atenção extra-hospitalar
especializada (ainda pouco disponível) ou em nível de atenção básica; a atenção hospitalar
no Brasil, componente de um modelo iatrogênico, ultrapassado e excludente de oferta de
cuidados, não contempla as necessidades da maioria dos indivíduos que têm poucos
problemas com o álcool, os quais constituem parcela maior da população de consumidores
– portanto, com maior probabilidade e risco para desenvolver problemas mais graves,
devendo ser alvo de intervenções preventivas, o que não deve ser absolutamente ignorado,
dentro de uma perspectiva de saúde pública. Desta forma, prevenção precoce e
intervenções breves podem ter efeitos benéficos que ultrapassam as suas populações-alvo.
A oferta de cuidados extra-hospitalares, inseridos na comunidade e complementados por
outros programas assistenciais, promove condições para a reversão deste panorama.
18 Ministério da Saúde
Educar a população é fundamental, pois promove a redução dos obstáculos relativos ao
ao tratamento e à atenção integral voltada para os consumidores de álcool, aumentando a
consciência coletiva sobre a freqüência dos transtornos decorrentes do uso indevido de
álcool e drogas. As opções de atenção disponíveis e seus benefícios devem ser amplamente
divulgados.
Quanto à mídia, uma política para redução de danos relacionados ao consumo de álcool
deve necessariamente propor modificação na legislação na direção da proibição da
propaganda de bebidas alcoólicas em meios de comunicação de massa. A propaganda deve
ficar restrita aos locais de venda (bares, prateleiras de supermercado, etc.), como já é feito
no Brasil para o tabaco. Os veículos de comunicação de massa devem ser incentivados a
realizar campanhas de redução dos danos à saúde provocados pelo consumo do álcool. O
eixo norteador de campanhas pela redução dos problemas provocados pelo álcool deve ser
a estratégia de redução de danos, devendo haver a crítica de estereótipos relacionados ao
uso do álcool, e incentivados pela propaganda de bebidas alcoólicas, como a associação do
uso do álcool com a virilidade, a sensualidade, a diversão etc. Produtores, distribuidores e
estabelecimentos que vendem bebidas devem ser implicados no desenvolvimento da
campanha de prevenção, por meio de suas associações.
Quanto ao controle social dos danos à saúde relacionados ao uso do álcool, deve ser
fomentado o debate público em várias instâncias de modo a viabilizar o controle social sobre
os danos à saúde e relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Este debate deve
abordar medidas como a revisão da taxação de bebidas alcoólicas por meio de imposto que
seria destinado ao custeio de assistência e prevenção dos problemas relacionados ao uso
do álcool, bem como por discussão, implantação e implementação das propostas constantes
no Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental (III CNSM, 2001) e do
Seminário Internacional de Redução de Danos em Álcool, realizado em Recife, em
setembro de 2002.
Para tanto, devem-se utilizar fortes contra-argumentos, no sentido de que são exatamente
os países mais desenvolvidos do ponto de vista democrático que aumentam a cada dia o
controle social sobre o álcool. É necessário privilegiar o interesse da sociedade em proteger-
se dos danos causados pelo álcool, em face do interesse da indústria de bebidas, sendo
portanto imperativo um exercício menos tímido e mais eficaz do controle social, no sentido de
implementação das propostas que configurem uma política pública relativa ao uso de álcool.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 19
80,1% tiveram antes dos 17 anos. Tais índices coincidem com a idade média de início de
consumo de bebidas alcoólicas, também extraídos da pesquisa supracitada: 32,2%
começaram a beber antes dos 13 anos e 74, 9% antes dos 17 anos.
Quanto aos conhecimentos sobre formas de contágio de AIDS, a pesquisa mostrou que
93,2% dessa população jovem têm informação sobre a infecção por meio do
compartilhamento de seringas. Quanto ao uso de drogas, 23,2% refere já ter usado algum
tipo de droga e quanto ao uso de droga por via injetável compartilhando a mesma seringa
ou agulhas há referência em 0,8% da amostra.
Quando questionados sobre as drogas mais utilizadas pelas pessoas nos locais onde
moram (perguntas com múltiplas escolhas), relataram:
• Álcool: 66,7%
• Maconha: 65,1%
• Cola: 41,7%
• Cocaína: 19,6%
• Crack: 13,13%
• Droga Injetável: 6,5%
20 Ministério da Saúde
3.6 Uso de Dr ogas Injetáveis
O uso compartilhado de equipamentos utilizados na auto-administração de drogas
injetáveis, com o predomínio da cocaína injetável, é direta ou indiretamente, responsável por
cerca de 25% do total de casos de AIDS notificados. Além da infecção pelo HIV, as demais
doenças de transmissão sangüínea são bastante prevalentes entre os usuários de drogas
injetáveis (UDI) brasileiros, com taxas elevadas de infecção pelos agentes etiológicos das
hepatites virais, além de infecções particularmente comuns em determinadas regiões
brasileiras, como a infecção pelo HTLV I / II, endêmica na Bahia e região Nordeste do Brasil,
além de surtos de malária transmitidos por equipamentos de injeção.
Embora ainda não tenhamos dados consistentes, pesquisas pontuais e a obser vação da
realidade demonstram crescimento do compartilhamento de seringas e agulhas para uso de
anabolizantes em academias e de silicone injetável entre travestis. Por ora, estima-se, a
partir de dados disponibilizados por diferentes pesquisas, que existam cerca de 800.000
usuários de drogas injetáveis (UDI) no País, com utilização desta via de consumo ao menos
uma vez nos últimos 12 meses, com as seguintes características:
• São jovens, entre 18 a 30 anos, tendo iniciado o consumo de drogas injetável por volta
dos 16 anos;
• Escolaridade é baixa, tendo a maioria o primeiro grau incompleto;
• A média de injeção gira em torno de 10 a 25 vezes por sessão de uso;
• Altas taxas de HIV = 36,5%, Hepatite C = 56,4 %;
• 85% dos UDI relatam o uso de droga em grupo;
• 23% procuraram tratamento para a dependência química em algum momento da
vida;
• 80 % já foram detidos pelo menos uma vez na vida.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 21
4. Diretrizes para a Política de
Atenção Integr al aos Usuários
de Álcool e outras Drogas
As diretrizes para uma política ministerial específica para a atenção a estes indivíduos
estão em consonância com os princípios da política de saúde mental vigente – preconizada,
articulada e implementada pelo Ministério da Saúde; uma vez regulamentada e respaldada
pela Lei Federal 10.216 (MS, 2002), sancionada em 6/4/2001 –, constitui a Política de Saúde
Mental oficial para o Ministério da Saúde, bem como para todas as unidades federativas.
Assim sendo, a Lei Federal 10.216 (MS, 2002) também vem a ser o instrumento legal/
normativo máximo para A Política de Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas, a
qual também se encontra em sintonia para com as propostas e pressupostos da
Organização Mundial da Saúde. A Lei em questão tem diversos desdobramentos positivos
possíveis, se aplicada com eficácia (Delgado, 2002).
22 Ministério da Saúde
O programa considera ainda a necessidade de estruturação e fortalecimento de uma
rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde
e sociais, que tenha ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários; considera
ainda que a atenção psicossocial a pacientes com dependência e/ou uso prejudicial de
álcool e outras drogas deve se basear em uma rede de dispositivos comunitários, integrados
ao meio cultural, e articulados à rede assistencial em saúde mental e aos princípios da
Reforma Psiquiátrica.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 23
Principais fatores que reforçam a exclusão social dos usuários de drogas:
Desta forma, todas as propostas abaixo descritas têm o objetivo imprescindível de:
1) Alocar a questão do uso de álcool e outras drogas como problema de saúde pública;
3) Formular políticas que possam desconstruir o senso comum de que todo usuário de
droga é um doente que requer internação, prisão ou absolvição;
4.1 Intersetorialidade
O impacto de políticas públicas coordenadas setorialmente é visível e vem se impondo
para todas as áreas sociais de governo. O desafio colocado é o de aperfeiçoar os
instrumentos de acompanhamento e de geração de informações, que tornem factíveis os
processos de avaliação e de gestão dos programas.
O uso de álcool e outras drogas, por tratar-se de um tema transversal a outras áreas da
saúde, da justiça, da educação, social e de desenvolvimento, requer uma intensa capilaridade
para a execução de uma política de atenção integral ao consumidor de álcool e outras drogas.
24 Ministério da Saúde
2. A formulação de alternativas de sustentabilidade e de financiamento das ações;
7. Revisão da lei que permite demissão por justa causa em empresas que constatam o
uso de drogas por funcionários;
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 25
controle da política de drogas, juntamente aos conselhos de saúde, ressaltando-se o ganho
incomensurável se tais instâncias promoverem a participação de consumidores de drogas
para a formulação de políticas locais. Os conselhos de saúde necessitam resgatar seu papel
articulador entre os diferentes segmentos e não se constituírem em executores de ações. É
importante ressaltar que a implementação de um sistema de formação de recursos
humanos especificamente voltado para este tema é imprescindível.
Os principais limites observados pela falta de prioridade dada a uma política de saúde
integral dirigida ao consumidor de álcool e outras drogas pode ser observada a partir do
impacto econômico e social que tem recaído para o SUS, seja por seus custos diretos, seja
pela impossibilidade de resposta de outras pastas governamentais, de forma a impactar
positivamente na redução do consumo de drogas, no resgate do usuário do ponto de vista
da saúde e não tão-somente moralista ou legalista, e em estratégias de comunicação que
reforçam o senso comum de que todo consumidor é marginal e perigoso para a sociedade.
4.2.1 Prevenção
Em todo o mundo, são evidentes os agravos decorrentes do uso indevido de substâncias
psicoativas; também é de conhecimento público a crescente elevação dos custos
decorrentes direta ou indiretamente de tal uso. O estigma, a exclusão, o preconceito, a
discriminação e a desabilitação são ao mesmo tempo agravantes e conseqüências do uso
indevido de álcool e drogas, c o l ab o rando morbidamente para a situação de
comprometimento global que acomete tais pessoas. Isto também ocor re relativamente aos
outros transtornos mentais.
Devemos ainda considerar o caráter informativo alarmista em relação ao real status quo
do problema; tabaco e álcool, substâncias de uso historicamente lícito e as mais consumidas
em todo o mundo são também as que trazem maiores e mais graves conseqüências para a
saúde pública mundial. Com a mesma magnitude, deve ser levada em conta a grande
timidez nacional em propor práticas de efetivo controle social relativo à comercialização
destes produtos, que não trouxessem inevitavelmente a consolidação de uma cultura de
falsos constrangimentos, e que fossem facilitadoras para a redução de danos e custos
decorrentes do seu uso indevido. O comprometimento global conseqüente ao uso de álcool
e outras drogas envolve muito estigma, exclusão e preconceito. Além disso, sofre influência
da desabilitação que promove, sendo esta definida como a perda ou restrição nas
habilidades de um indivíduo para exercer uma atividade, função ou papel social, em
qualquer um dos domínios da vida de relação. Suas conseqüências afetam, com
considerável prejuízo, as nações do mundo inteiro, ultrapassando fronteiras, na medida
em que a problemática inerente ao abuso e/ou dependência de drogas avança por
todas as sociedades, envolvendo homens e mulheres de diferentes grupos étnicos,
independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade.
A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas pode
ser definida como um processo de planejamento, implantação e implementação de múltiplas
estratégias voltadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco específicos, e
fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente a inserção comunitária das
26 Ministério da Saúde
práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais disponíveis,
buscando atuar, dentro de suas competências, para facilitar processos que levem à redução
da iniciação no consumo, do aumento deste em freqüência e intensidade, e das
conseqüências do uso em padrões de maior acometimento global. Para tanto, a lógica da
redução de danos deve ser considerada como estratégica ao planejamento de propostas e
ações preventivas.
Os fatores de risco para o uso de álcool e outras drogas são características ou atributos
de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social, que contribuem para aumentar a
probabilidade da ocorrência deste uso. Por sua vez, se tal consumo ocorre na comunidade,
é no âmbito comunitário que terão lugar as práticas preventivas de maior impacto sobre a
vulnerabilidade e o risco.
Assim como podemos identificar os fatores de risco atuantes em cada um dos domínios
citados, podemos fazer o mesmo para os fatores específicos de proteção. Vejamos:
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 27
No domínio individual, podemos identificar como principais fatores de risco baixa auto-
estima, falta de auto-controle e assertividade, comportamento anti-social precoce, doenças
pré-existentes (ex.: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), e vulnerabilidade
psicossocial. Como fatores de proteção, a apresentação de habilidades sociais, flexibilidade,
habilidade em resolver problemas, facilidade de cooperar, autonomia, responsabilidade e
comunicabilidade são os mais influentes, paralelamente à vinculação familiar-afetiva ou
institucional.
Quanto à família, vemos que o uso de álcool e outras drogas pelos pais é um fator de
risco importante, assim como a ocorrência de isolamento social entre os membros da
família. Também é negativamente influente um padrão familiar disfuncional, bem como a
falta do elemento paterno. São considerados fatores de proteção a existência de vinculação
familiar, com o desenvolvimento de valores e o compartilhamento de tarefas no lar, bem
como a troca de informações entre os membros da família sobre as suas rotinas e práticas
diárias; o cultivo de valores familiares, regras e rotinas domésticas também deve ser
considerado, e viabilizado por meio da intensificação do contato entre os componentes de
cada núcleo familiar.
No domínio das relações interpessoais, os principais fatores de risco são pares que usam
drogas, ou ainda que aprovam e/ou valorizam o seu uso; a rejeição sistemática de regras,
práticas ou atividades organizadas também é aqui considerada como um sinalizador. Ao
contrário, pares que não usam álcool/drogas, e não aprovam ou valorizam o seu uso
exercem influência positiva, o mesmo ocorrendo com aqueles envolvidos com atividades de
qualquer ordem (recreativa, escolar, profissional, religiosa ou outras), que não envolvam o
uso indevido de álcool e outras drogas.
4. Educar a população;
28 Ministério da Saúde
6. Estabelecer políticas, programas e legislação específica;
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 29
articulação e mobilização dos diversos programas de saúde, facilitando a participação de
demais instituições cuja atividade possua transversalidade com a questão de álcool e drogas.
Ainda no âmbito educacional, deve ser desenvolvido trabalho intersetorial voltado para
revisão e reformulação dos parâmetros curriculares vigentes, garantindo a inclusão
consistente de álcool e drogas e DST-AIDS nas grades curriculares escolares. Da mesma
forma, devem ser operadas mudanças relativas à formação de profissionais das diversas
áreas de saúde, com a inclusão de disciplinas especificamente voltadas para esta área, ou
com a remodelação das já existentes, garantindo carga horária teorico-prática suficiente.
"Descriminalizar uma conduta longe está de, necessariamente, significar uma ausência
de qualquer controle sobre esta conduta. Significa apenas afastar uma das formas pelas
quais se exerce o controle social de condutas sem invadir o âmbito da liberdade individual,
mostrando-se igualmente mais racionais, eficazes e menos danosas. Tomemos como
exemplo a restrição ao uso de cigarros e outros produtos derivados do tabaco em recintos
coletivos, com o que se evitam efeitos eventualmente danosos ou indesejáveis para
terceiros, respeitando-se, ao mesmo tempo, a opção individual, com a reserva da área,
devidamente isolada e com arejamento conveniente, destinada exclusivamente ao fim de
uso daquelas substâncias psicoativas. É nesta mesma linha que podem e devem ser
tratados a produção, a distribuição e o consumo de quaisquer outras substâncias
psicoativas, abrindo-se maior espaço para o desenvolvimento de políticas que, como a que
informa os programas e ações voltados para a redução de danos eventualmente causáveis
30 Ministério da Saúde
por um consumo excessivo, descuidado ou descontrolado, daquelas substâncias,
verdadeiramente se destinam a preservar e proteger a saúde pública" (Karan, 2003).
Também é necessário assegurar a articulação com outros setores, bem como a garantia das
conquistas já realizadas. Como exemplo, citamos o cumprimento dos parâmetros
curriculares que incluem temas de sexualidade e uso de drogas e DST/Aids.
Grandes esforços têm sido feitos para a incorporação das ações de redução de danos no
âmbito de outras ações de saúde, tal qual nos Programas de Agentes Comunitários e de
Saúde da Família (PACS/PSF), pois tais programas contam com o apoio direto dos
municípios que os implementam por meio de recursos próprios, tendo a saúde preventiva
como método de ação. Pode-se medir a efetividade das ações de RD por meio do seu
impacto econômico. A prevenção dirigida a UDI por meio de um projeto de redução de danos
custa em torno de U$ 29,00/ano, ao passo que o tratamento de uma pessoa com AIDS pelo
SUS custa em torno de U$ 4.000,00/ano.
Estudos realizados pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal de Minas Gerais
nos anos de 1999 e 2001 demonstram que as ações de redução de danos dirigidas a UDI
promovem a mudança de comportamentos de injeção compartilhada e o uso do
preservativo, diminuindo suas vulnerabilidades à infecção ao HIV:
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 31
Outro importante resultado a ser destacado mostra que um UDI vinculado a alguma ação
de saúde, no caso um projeto de redução de danos, em que a abordagem prioriza suas
necessidades e faz a ligação com o sistema de saúde, tem melhores indicadores
comportamentais do que um UDI sem este tipo de relação:
A via de mão dupla da Reforma:declínio dos leitos psiquiátricos e ampliação dos serviços de
atenção diária, 1996-2004
Leitos Psiquiátricos/
CAPS 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004*
Leitos em
Hospitais Psiquiátricos 72.514 71.041 70.323 66.393 60.868 56.755 55.755 52.765 48.344
CAPS 154 176 231 237 253 295 424 502 520**
Fonte: DATASUS – Área Técnica de Saúde Mental/ASTEC/SAS, 2001 e 2003 • Gestores Municipais e
Estaduais de Saúde Mental
* Até maio de 2004
** Incluídos os 63 CAPS ad
32 Ministério da Saúde
Distribuição dos 534 CAPS em funcionamento – Brasil 2004*
Transtornos mentais
e comportamentais 62.582.338,86 60.336.408,98 19.727.259,62 142.646.007,46 83%
devidos ao uso de
álcool
Transtornos mentais
e comportamentais
devido ao uso de 11.865.485,78 12.689.961,70 4.543.509,13 29.098.956,61 17%
outras substâncias
psicoativas
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 33
3. Maior risco/vulnerabilidade, em função de indicadores epidemiológicos e sociais;
1. Prestar atendimento diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de redução de
danos;
34 Ministério da Saúde
2. Quando o gestor local indica a unidade para coordenar as atividades de supervisão de
serviços de atenção a usuários de drogas;
4. Devem também manter listagem atualizada dos pacientes que, em sua região de
abrangência, utilizem medicamentos para a saúde mental.
A vulnerabilidade para o uso indevido de álcool e drogas é maior em indivíduos que estão
insatisfeitos com a sua qualidade de vida, possuem saúde deficiente, não detêm informações
minimamente adequadas sobre a questão de álcool e drogas, possuem fácil acesso às
substâncias e integração comunitária deficiente. Também vale a pena ressaltar que, se existem
fatores de risco – características ou atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio
social, que contribuem para aumentar a ocorrência do uso indevido de álcool e drogas –,
também existem fatores específicos de proteção para este mesmo uso. Fatores de risco e de
proteção podem ser identificados em todos os domínios da vida: nos próprios indivíduos, em
suas famílias, em seus pares, em suas escolas e nas comunidades, e em qualquer outro nível
de convivência sócio-ambiental; estando interligados de forma consistente.
Também devem oferecer condições para o repouso dos usuários de serviços, bem como
para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem deste tipo de cuidados, e
que não demandem por atenção clínica hospitalar.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 35
Em todo o mundo, a abordagem terapêutica dentro de uma lógica de redução de danos
tem apresentado resultados positivos, e vem assumindo importância considerável no
tratamento de usuários de drogas. Desta forma, os CAPS ad devem se utilizar dos recursos
terapêuticos disponíveis para promover, o mais amplamente possível, a reabilitação
psicossocial e a reinserção social de seus usuários.
A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas pode
ser definida como um processo de planejamento, implantação e implementação de múltiplas
estratégias voltadas para a diminuição da vulnerabilidade/redução dos fatores de risco
específicos, e fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente a inserção
comunitária das práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais
disponíveis.
A lógica que sustenta tal planejamento deve ser a da redução de danos, em uma ampla
perspectiva de práticas voltadas para minimizar as conseqüências globais de uso de álcool e
drogas. O planejamento de programas assistenciais de menor exigência contempla uma
parcela maior da população, dentro de uma perspectiva de saúde pública, o que encontra o
devido respaldo em propostas mais flexíveis, que não tenham a abstinência total como a única
meta viável e possível aos usuários dos serviços CAPS ad, e outros não-especializados.
36 Ministério da Saúde
As ações de controle e fiscalização do uso lícito de substâncias e medicamentos sujeitos
a controle especial no Brasil, incluídos os entorpecentes e psicotrópicos, são executadas
pelo Ministério da Saúde sob o amparo no art. 6º da Lei nº 6368/76 que reza:
Esta competência, por força da Lei nº 9782/99, cabe à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – ANVISA, órgão federal de regulação no SUS, instituído para ser conseqüente
com a missão do poder público a ele atribuído "de proteger e promover a saúde do conjunto
da população brasileira, garantindo a segurança sanitária de produtos e de serviços",
conforme está explicitado na Lei nº 8080/90.
Em 2002, a Lei nº 10.409 amplia a atribuição do Ministério da Saúde para controle dos
precursores, ficando a ANVISA com a responsabilidade institucional do controle da grande
maioria dos precursores definidos na Convenção das Nações Unidas Contra o Tráfico de
Entorpecentes e Psicotrópicos, de acordo com a Portaria SVS/MS nº 344/98 (lista D1).
Com estas atribuições, a ANVISA inclui-se entre os atores que abraçam o desafio do
enfrentamento das questões referentes a álcool e drogas, um dos grandes desafios da
sociedade contemporânea com seus determinantes psíquicos, sociais e econômicos.
I – Introdução
1. O consumo de bebidas alcoólicas, bem como de outros tipos de drogas, sejam elas
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 37
lícitas ou ilícitas, faz parte da cultura humana desde as épocas mais remotas. Do ponto de
vista da saúde pública, o que importa é desenvolver ações intersetoriais que sejam eficazes
no sentido de reduzir os danos à saúde causados pelo consumo prejudicial do álcool e
outras drogas, incluídos os psicofármacos.
3. Entende-se como uso prejudicial de bebidas alcoólicas o consumo que pode acarretar
danos à saúde e ao bem-estar da pessoa e dos ambientes sociais. O uso prejudicial guarda
relação diretamente proporcional com os padrões de consumo (quantidade, tipo, qualidade,
forma e hábito de uso). Deve ser ressaltado que problemas associados ao uso de álcool
podem ocorrem também com o uso eventual ou fortuito.
5. Uma política integral e intersetorial de redução dos danos causados pelo álcool deve
contemplar a atenção integral à saúde e à vida, buscando atenuar, minimizar e/ou eliminar
todos os danos mencionados;
6. Esta política deve envolver governo e sociedade, em todos os seus segmentos: área
cultural e educacional, área sanitária, meios de comunicação, setor produtivo, comércio &
serviços, organizações não-governamentais etc.
7. Deve ainda utilizar a lógica ampliada de redução de danos como referencial para as
ações políticas, educativas, terapêuticas e preventivas, em todos os níveis.
11. Para os efeitos dessa política, é considerada bebida alcoólica toda bebida que
contiver 0.5 g rau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo-se aí bebidas destiladas,
fermentadas e outras preparações, como a mistura de refrigerantes e destilados, além de
preparações farmacêuticas que contenham teor alcoólico significativo.
38 Ministério da Saúde
13. Recursos educacionais e de comunicação social devem ser utilizados em benefício
da melhor informação e conhecimento sobre os danos associados, e ainda sobre os limites
do uso que não é prejudicial à saúde.
14. Deve sem implementada uma política integral, intersetorial e inclusiva de atenção aos
usuários e dependentes de bebidas alcoólicas, com ações na rede básica de saúde, e
atendimento na rede hospitalar não-psiquiátrica, quando necessário, além de programas de
suporte e reintegração social.
VI – Do controle da propaganda
17. O patrocínio de eventos esportivos como meio de propaganda também deve ser
objeto de restrição e controle, tendo em vista a proteção de crianças e adolescentes, e da
sociedade em geral. A associação entre álcool e eventos esportivos deve ser vista como um
problema a ser equacionado.
19. Devem ser induzidas posturas municipais e outras medidas que restrinjam espacial
e temporalmente os pontos de venda e consumo de bebidas alcoólicas.
21. Devem ser discutidas as linhas gerais de uma política fiscal que desestimule o
consumo de bebidas alcoólicas.
22. A prevenção é essencial para a saúde pública; devem ser estimuladas, em todo o
País, práticas educativas, relativas ao uso de álcool e outras drogas, que estimulem a
percepção, a reflexão e a articulação das pessoas frente à temática em questão, de forma
pragmática e responsável.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 39
23. Todos os ministérios do governo devem estar implicados intersetorialmente nas
iniciativas de educação, promoção de saúde e de hábitos saudáveis, reforço da mudança de
padrões de consumo, ênfase na responsabilização e autocuidado.
24. As escolas, sejam de natur eza pública ou privada, devem ser local privilegiado para
iniciativas de prevenção do consumo de bebidas alcoólicas.
26. Os ambientes de trabalho devem ser vistos como locais privilegiados para iniciativas
de prevenção do uso prejudicial de bebidas alcoólicas.
40 Ministério da Saúde
5. Bibliogr afia
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SP, 2000.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 43
6. Endereços para Contatos e
Informações
6.1 Ministeriais
MINISTÉRIO DA SAÚDE
www.saude.gov.br
Informações gerais sobre o SUS, programas de saúde e linksimportantes.
DISQUE SAÚDE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
0800 61 1997
Serviço telefônico g ratuito para esclarecimentos à população em geral.
44 Ministério da Saúde
6.2 Coordenações Estaduais de Saúde Mental
ACRE
Coordenadora: Sandra Ortiz Rodrigues
Rua Antônio da Rocha Viana, 1.296 – Rio Branco
Fones: (68) 223-4688/224-2587
E-mail: [email protected]
ALAGOAS
Coordenador: João Facchinetti
Avenida da Paz, 978 – Jaraguá – Maceió
CEP: 57022-050
Fone: (82) 315-1140
E-mail: [email protected]
AMAPÁ
Coordenador: Rosano Barata dos Santos
Av. FAB, 69 – Centro – Macapá
Fone: (96) 212-6136
E-mail: [email protected]
AMAZONAS
Coordenador: Rogelio Casado
Av. André Araújo, 701 – Aleixo – Manaus
Fones: (92) 663-4826/663-7313
E-mail: [email protected]
BAHIA
Coordenador: Paulo Gabrielli
Avenida Anita Garibaldi, 1.133, Sala 109/110
Ondina – Salvador
Fone: (71) 370-4278
E-mail: [email protected]
CEARÁ
Coordenador: Nilson Moura Fé
Av. Santos Dumont, 1.740, Salas 2002/2004
Aldeota – Fortaleza
Fone: (85) 488-9931
E-mail: [email protected]
DISTRITO FEDERAL
Coordenador: Josimar Mata de Farias França
SMHS, Quadra 301, Ed. Pioneiras Sociais
8º Andar – Brasília
Fones: (61) 325-4902/563-8102
E-mail:: [email protected]
ESPÍRITO SANTO
Coordenadora: Cláudia Gomes Rossoni
Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, Beira Mar, 2.025
Bento Ferreira – Vitória
Fones: (27) 3137-2365/3137-2354
E-mail:: [email protected]
GOIÁS
Coordenadora: Mabel Del S. Carla Rodriguez
Av. Anhangüera, 5.195 – Setor Coimbra – Goiânia
Fones: (62) 233-3601/291-5022, Ramal 207
E-mail: [email protected]
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 45
MARANHÃO
Coordenador: Cláudio Moraes Rego
Rua Colares Moreira, Quadra 19, C-9, Calhau – São Luís
Fone: (98) 218-8880
E-mail: [email protected]
MATO GROSSO
Coordenadora: Áurea Assis Lamber t
Rua D, Quadra 12, Lt. 12, Bloco 5
Centro Político Administrativo – CPA – Cuiabá
Fones: (65) 613-5339/613-5340
E-mail: [email protected]
MINAS GERAIS
Coordenadora: Marta Elizabeth
Avenida Afonso Pena, 2.300, 9° Andar, Sala 905
Funcionários – Belo Horizonte
Fones: (31) 326-14986/326-15571
E-mail: [email protected]
PARÁ
Coordenadora: Maria da Glória Ferreira
Rua Presidente Pernambuco, 894
Batista Campos – Belém
Fones: (91) 241-9355/223-9438
Fax: (91) 222-7548
PARAÍB A
Coordenadora: Ieda Pires de Sá
Rua Dom Pedro II, 1.826
Torre – João Pessoa
Fone: (83) 241-1718
PARANÁ
Coordenadora: Cleuse Maria Brandão Barleta
Rua Piquiri, 170 – Rebouças – Curitiba – Paraná
Fones: (41) 330-4526/330-4300
Fax: (41) 330-4591
E-mail: [email protected]
PERNAMBUCO
Coordenador: Durval Bezerra de Lima Filho
Praça Oswaldo Cruz, s/nº – Bairro Boa Vista – Recife
Fones: (81) 341-26182/342-35696
E-mail: [email protected]
PIAUÍ
Coordenador: Maria Helena Chaib Gomes Stegun
Avenida Pedro Freitas, s/nº, Bloco A
Centro Administrativo – Teresina
Fones: (86) 222-7861/221-6759
E-mail: [email protected]
46 Ministério da Saúde
RIO DE JANEIR O
Coordenadora: Cristina Loyola
Rua México, 128 – 4º Andar, Sala 405
Rio de Janeiro
Fone: (21) 224-07471
E-mail: [email protected]
RONDÔNIA
Coordenadora: Regina Fátima Cor rea Lima
Rua Padre Ângelo Serri, s/nº, Esplanada das Secretarias
Pedrinhas – Porto Velho
Fone: (69) 216-5284
RORAIMA
Coordenadora: Maria da Conceição Teixeira da Silva
Rua Brigadeiro Eduardo Gomes, s/nº
Campo de Paricarama – Boa Vista
Fones: (95) 625-3342/625-3030
SANTA CATARINA
Coordenadora: Elisia Puel
IPQ – Rua Engilberto Koerish, s/nº – Santana
São José – Florianópolis
Fones: (48) 278-0101, ramal 110
E-mail: [email protected]
SÃO PAULO
Coordenadora: Mirsa Elisabeth Dellosi
Rua dos Franceses, 498, ap. 81 – Bloco F
São Paulo
Fones: (11) 306-68167/306-68169
E-mail: [email protected]
SERGIPE
Coordenador: Manuel Messias de Jesus Cordeiro
Rua Mato Grosso, 880 – Aracaju
Fone: (79) 211-9565, Ramal 257
E-mail: [email protected]
TOCANTINS
Coordenadora: Raquel de Sampaio Moraes de Araújo
Esplanada das Secretarias, s/nº – AANO S/N – Palmas
Fones: (63) 218-1787/218-1716
E-mail: [email protected]
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 47
6.3 CAPS ad Implantados e Cadastrados no Ministério da Saúde
Acr e
Rua Luís Z. da Silva, 364 – Conj. Manoel Julião
CEP: 69912-000
Fone/Fax: (68) 227-5134
Resp.: Francisco Geisson
E-mails: [email protected] ou [email protected]
Amapá
Centro Amapaense de Prevenção e Tratamento ao Abuso de Substâncias
Psicoativas – CAPTA
Rua Aurino Borges de Oliveira, 103 – São Lázaro – Macapá, AP
Fone: (96) 212.1148/Fax (96) 212-1123
Resp.: Márcia Gomes Godinho Valentim
Bahia
Centro de Estudos de Álcool e Drogas – CAPS ad
Praça João Gonçalves, s/nº – Centro
CEP: 45000-000
Fones: (77) 424-8545/424-8943
Vitória da Conquista – BA
Ceará
CAPS ad II
Rua Cel. Mont’Alberne, 769
Fone: (88) 611-2002
CEP: 62011210
Sobral – Ceará
Espírito Santo
Centro de Prevenção e Tratamento de Toxicômanos
Rua Álvaro Sarlo, s/nº – Ilha de Santa Maria
CEP: 29040-400
Fone: (27) 235-1871
Vitória – ES
48 Ministério da Saúde
Goiás
CAPS ad Girassol
Rua R5, Quadra 7, Lote 3
Bairro Setor Oeste
CEP: 74125-070
Goiânia – Goiás
Mato Grosso
Centro de Atenção Psicossocial – CAPS ad
Quadra 04, Loteamento São Sebastião II
CEP: 78600-000
Fone: (66) 402-2042
Barra do Garças – MT
Minas Gerais
Centro de Atenção Psicossocial ao Dependente Químico – CAPS ad
Rua Vigário Silva, 561 – Centro
Fones: (34) 3322-3007/3312-7912
Uberaba – MG
Pará
Centro de Atenção Psicossocial para Usuários Dependentes de Álcool e Drogas – CAPS ad
Rua Senador Manoel Barata, 869
Fone: (91) 241-6710
Belém – PA
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 49
Paraíba
CAPS Jovem Cidadão
Rua Leonardo Arcoverde, 250 – Jaguaribe
Fone: (83) 218-7379/218.5902
João Pessoa – PB
CAPS ad
Rua Floriano Peixoto, 43 – Bairro das Areias
CEP 58801-450
Fone: (83) 522-5038/Fax: (83) 522-2684
E-mail: [email protected]
Sousa – PB
Paraná
CAPS ad
Rua das Camélias, 32
Fone: (42) 218-3172
Maringá – PR
Centro Vida
Rua. Cel. Hoche Pedro Pires, 475 – Vila Isabel
CEP: 80240-510
Fone: (41) 340-2181
E-mail: [email protected]
Curitiba – PR
Pernambuco
Centro Eulâmpio Cordeiro de Recuperação Humana
Rua Rondônia, 100 – Bairro Cordeiro
Fone: (81) 3228-3200
Recife – PE
Piauí
Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Dr. Clidenor de Freitas Santos
Rua Osmar Félix, s/nº – Monte Castelo
CEP: 64016-250
Teresina – PI
50 Ministério da Saúde
CAPS Norte AD
Av. Paulistana, 2109
CEP: 59108-120
Fone: (84) 232-8231/33/Fax: (84) 232-8180
Natal – RN
CAPS ad Renascer
Avenida Júlio de Castilhos, 4.683
Bairro Cinqüentenário
CEP: 95010-005
Fone: (54) 225-1167/Fax: (54) 218-6038
E-mail: [email protected]
Caxias do Sul – Rio Grande do Sul
Rio de Janeir o
Centro de Atenção Psicossocial Dr. Ari Viana
Rua José do Patrocínio, 102 – Centro
CEP: 28010-385
Fone: (22) 2726-7749
Campos dos Goytacazes – RJ
Roraima
Centro de Recuperação e Promoção Humana
Rua Sócrates Peixoto, 138 – Jardim Floresta I
CEP: 69312-095
Fone: (95) 625-3342
Boa Vista – Roraima
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 51
Santa Catarina
Centro de Atenção Psicossocial II ad
Rua Eugênio Moreira, 400 – Anita Garibaldi
CEP: 89202-100
Fone/Fax: (47) 423.3367
E-mail: [email protected]
Joinville – SC
São Paulo
Centro de Referência de Álcool e Drogas – CRAD
Av. Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, 483 – Jd. Silveira
CEP: 06433-010
Fone: (11) 4194-0040
Barueri – SP
CAPS ad Jabaquara
Avenida Engenheiro Armando de Ar ruda Pereira, 331
Fone: (11) 275-9286
São Paulo – SP
52 Ministério da Saúde
Centro de Atenção Psicossocial à Dependência Química de Santo André
Rua Henrique Porchat, 44 – Vila Bastos
Fone: (11) 4990-5294/4992-3668
CEP: 09041-170
Santo André – São Paulo
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 53
CAPS ad Adulto Centro
Rua Frederico Alvarenga, 529 – Parque D. Pedro II, 5º Andar
CEP: 01020-030
Fone: (11) 3241-0901
São Paulo – SP
Sergipe
CAPS ad Primavera
Rua Construtor João Alves, 480 – São José
Telefones: (79) 3179-3770/3179-3771
Fax: (79) 3179-1023
E-mail:[email protected]
Aracaju – SE
54 Ministério da Saúde
6.4 Associações de Redução de danos
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REDUTORES DE DANOS – ABORDA
Avenida General Justo, 275, Sala 316 "B" – Centro
CEP: 22021-130
Fones: (21) 2240-4351/9128-9361
E-mail:[email protected]/[email protected]
Rio de Janeiro – RJ
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 55
REDUTORES DE DANOS DE DANOS DE MINAS GERAIS – REDAMMIG
Rua Além Paraíba, 917 A – Bonfim
CEP: 31210-120
Fone: (31) 3427266
Belo Horizonte – MG
56 Ministério da Saúde
Anexo
I – Introdução
Nos dias 26 e 27 de abril de 2004, a cidade de Santo André, São Paulo, em parceria com
o Ministério da Saúde, sediou o I Encontro Nacional de CAPS ad – Dr og as, Saúde
Pública e Democracia: reduzindo danos , ampliando direitos , que contou com a
presença de aproximadamente 100 instituições de todo o Brasil (CAPS cadastrados, em
fase de cadastramento e outros equipamentos da área da saúde que desenvolvem
atividades afins). Foram cadastrados para o evento 204 participantes.
Este foi um Encontro que se propôs como espaço de reflexão coletiva da prática
quotidiana dos Serviços de Atenção em Álcool e outras Drogas de todo o território nacional,
de reafirmação dos princípios e diretrizes que permeiam esta prática, sendo também um
momento preparatório para o Encontro Nacional de CAPS a se realizar na cidade de São
Paulo em junho de 2004.
A Mesa de Abertura contou com:
Sr. João Avamileno – Prefeito de Santo André
Sr. René Miguel Mindrisz – Secretário Municipal da Saúde de S.A.
Dra. Tereza de Jesus Campos Neta – Diretora do Departamento de Ações Programáticas
e Estratégicas – MS
Dra. Mirsa Delossi – Coordenadora Estadual de Saúde Mental/SP – CONASS
Sra. Maria Aparecida Damaia – Diretora do Departamento de Gestão do SUS –
Secretaria da Saúde/S.A.
Fundamentalmente, este Encontro traduz o promissor momento da área, no processo de
construção de uma clínica ampliada, pertinente e, por que não dizer, ousada, neste
momento histórico. Momento em que as políticas públicas buscam a maturidade da Reforma
e a concretização dos princípios do Sistema Único de Saúde em nosso País.
II – Conferências
1 - A política nacional de saúde mental para a atenção ao usuário de dr og as. A
reforma psiquiátrica e os CAPS ad
Pedro Gabriel Delgado – Coordenador Nacional de Saúde Mental
Décio de Castro Alves – Coordenador do Programa Municipal de Saúde Mental de
Santo André
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 57
2 - O homem e sua relação com as dr ogas: história, valores e políticas
"A universalidade dos usos de drogas": o lugar das drogas na sociedade
pós-moderna
Carlos Geraldo D’ Andréa Espinheira
• Ampliar o conceito de adesão não somente como uma dificuldade do usuário, mas
também do profissional (e sua subjetividade) implicado como parte ativa do processo, assim
como a família e a organização do serviço (tipos de dispositivos ofertados, abordagem etc.).
A adesão a algum tipo de cuidado não se relaciona somente ao CAPS ad, ou seja, o usuário
58 Ministério da Saúde
pode aderir a outro dispositivo de saúde na rede que mais se aproxime ao seu desejo, suas
possibilidades e limitações. Neste sentido, ao invés de considerar somente a dificuldade do
usuário, vem a pergunta: que condições e dispositivos os serviços podem oferecer que
facilitem a adesão?; ou ainda: quais atitudes ou ações o serviço utiliza que dificultam a
adesão?;
• Ressaltar que a posição da equipe, em termos de acolhimento e prontidão, é
preponderante para a adesão do usuário aos cuidados oferecidos pelo serviço. Incentiva-se
uma postura de acolhimento, escuta diferenciada para cada situação em particular
(aceitação da condição do usuário), assim como uma organização que disponibilize "portas
abertas" durante todo o funcionamento do serviço;
• A diversidade de instrumentos terapêuticos contribui para a facilitação da adesão, tendo
em vista a importância do vínculo estabelecido com um técnico ou alguma atividade
artística;
• A necessidade de um espaço de supervisão clínica para a equipe no sentido de garantir
a atitude de acolhimento;
• O estabelecimento do projeto terapêutico, e suas mudanças sejam impreterivelmente
realizados em pactuação com o usuário, assim como com a rede de serviços e entre as
instituições de referência;
• A constituição de uma rede de suporte social é de fundamental importância para a
adesão ao tratamento, em particular às modalidades de atendimento intensivo.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 59
5.2 Considerações do Grupo de Trabalho
• O controle social deve também ser exercido pela participação, ocupação e iniciativas em
todos os demais espaços de ação política e social. No judiciário, é crucial o
comprometimento dos órgãos de defesa dos direitos dos cidadãos. No executivo, é
importante sensibilizar ou indicar ocupantes comprometidos com nossa luta nos cargos não
eletivos;
• Cabe montar iniciativas próprias de produção artística e cultural, bem como de
estratégias de sensibilização de entidades de produção cultural da sociedade para os
interesses da reforma psiquiátrica, na luta contra o estigma e segregação dos usuários de
droga na sociedade em geral;
• O controle social deve ser entendido também como participação efetiva dos
trabalhadores na garantia de boas condições de trabalho e na gestão democrática, pluralista
e interdisciplinar dos serviços e programas de saúde mental, de forma integrada com os
usuários e familiar.
60 Ministério da Saúde
sistema; educar e treinar adequadamente os profissionais de saúde; aumentar a eficiência
no reconhecimento de casos de alto risco; reduzir a prevalência de casos graves e
hospitalizações; promover a integração entre os níveis de atenção de saúde;
• Propõe-se a integração dos princípios da redução de danos nas ações de prevenção
primária em relação ao uso de risco e abuso de drogas, tendo em vista a necessidade
humana em buscar estados alterados de consciência. Neste sentido, abordagens que
trabalham na ótica do "diga não às drogas" e de eliminar as drogas da sociedade por meio
de abordagens de cunho amedrontador se mostram pouco producentes em matéria de
prevenção;
• Integrar os setores de saúde e educação na prevenção do uso de risco e abuso de
álcool e outras drogas, tornando a educação preventiva parte do projeto pedagógico das
escolas.
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 61
o acesso das populações às práticas de redução de danos;
• Ressalta-se a importância do trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar na
abordagem do fenômeno das drogas com vistas a uma atenção integral;
• Aponta-se como um dos pontos importantes de sustentação dos programas o
compromisso pelas equipes no cumprimento dos contratos estabelecidos com os usuários
no campo, em termos da presença constante em dias e horários acordados.
12 - Informação e pesquisa
62 Ministério da Saúde
12.2 Considerações do Grupo de Trabalho
IV – Conclusões Gerais
O I Encontro Nacional dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas com
o tema "Drogas, Saúde Pública e Democracia: reduzindo danos, ampliando direitos",
realizado no Município de Santo André – São Paulo, reuniu a quase totalidade dos
dispositivos de assistência já implantados em todo o território nacional. Além de possibilitar
o reconhecimento dos CAPS ad como eixo central da política nacional de saúde mental para
o setor das drogas lícitas e ilícitas, indicou caminhos importantes para a consolidação de um
modelo de atenção mais flexível, ampliado e inclusivo para a população usuária do SUS.
O evento contou com a participação de 204 representantes dos vários municípios e
estados brasileiros, tendo como destaque a qualidade das experiências apresentadas e do
debate nos grupos de trabalho, o que resultou em várias recomendações e propostas para
aprofundamento e ampliação das inter venções e políticas. O debate apontou a importância
da participação dos profissionais, usuários, familiares e da comunidade em geral nos
processos de construção de intervenções e políticas públicas para o setor.
Uma das constatações observadas no Encontro, além de consenso em relação a
determinadas práticas, foi o fato de que os diversos serviços implantados, em termos de
dispositivos de intervenção ofertados à população usuária e de experiência acumulada na
área, estão em distintos momentos. Outra se refere à introdução do modelo de redução de
danos no quotidiano dos CAPS no sentido de repensar abordagens de maior exigência em
relação às possibilidades e desejos dos usuários de drogas em detrimento de abordagens
A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogras 63
de menor exigência e criação de novas alternativas na clínica da dependência de
psicoativos.
Para finalizar, acreditamos que a troca de experiência e o debate possibilitado pelo I
Encontro Nacional de CAPS ad, com vistas ao I Encontro Nacional de CAPS a ser
realizado nos dias 28, 29, 30 de junho e 01 de julho, adquire grande importância para a
construção permanente e participativa de uma Política Nacional de Saúde na área de
drogas lícitas e ilícitas.
Comissão Or ganizador a
Ministério da Saúde
Pedro Gabriel Godinho Delgado
Sueli Moreira Rodrigues
Francisco Cordeiro
André Magalhães Teixeira
Kelle Antunes
64 Ministério da Saúde