Cultivodocoqueiroanococo 170611132045

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documentos no 227 ISSN No 1519.

2059

O CULTIVO DO COQUEIRO-ANÃO-VERDE:
tecnologias de produção

Antonio Carlos Benassi


César José Fanton
Enilton Nascimento de Santana

Vitória, ES
2013
© 2013 - Incaper
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
Rua Afonso Sarlo, 160 – Bento Ferreira – CEP 29052-010 – Vitória-ES - Caixa Postal 391
Telefax: (27) 3636 9868 – 3636 9846 – [email protected] – www.incaper.es.gov.br

Documentos no 227
ISSN 1519-2059
Editor: DCM/Incaper
Tiragem: 1.000
Novembro de 2013

Conselho editorial
Presidente - Aureliano Nogueira da Costa
Chefe de Departamento de Comunicação e Marketing - Liliâm Maria Ventorim Ferrão
Chefe da Área de Pesquisa - José Aires Ventura
Chefe da Área de Extensão - Maxwel Assis de souza
Coordenação Editorial: Liliâm Maria Ventorim Ferrão

Membros:
Adelaide de Fátima Santana da Costa
Alessandra Maria da Silva
André Guarçoni Martins
Bevaldo Martins Pacheco
Luiz Carlos Santos Caetano
Romário Gava Ferrão
Sebastião Antonio Gomes
Sheila Cristina Prucoli Posse

Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica - Laudeci Maria Maia Bravin

revisão de português - Marcos Roberto da Costa

Ficha catalográfica - Merielem Frasson

FOTOS - Arquivos dos autores e do Incaper

(Biblioteca do Incaper)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B456
Benassi, Antonio Carlos
O cultivo do coqueiro-anão-verde : tecnologias de produção / Antonio Carlos
Benassi; César José Fanton; Enilton Nascimento de Santana. - Vitória, ES : Incaper,
2013.
120 p. il. (Incaper. Documentos, 227).

ISSN 1519-2059

1. Coco verde. 2. Cocos Nucifera. 3. Coqueiro anão. I. Benassi, Antonio Carlos.


II. Fanton, César José. III. Santana, Enilton Nascimento de. IV. Instituto Capixaba
de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. V. Título. VI. Série.

CDD 634.61
apresentação

A fruticultura, uma das mais importantes atividades agropecuárias do


Estado do Espírito Santo, contribui de forma representativa para o processo
de diversificação das atividades agrícolas, promovendo a inclusão social,
a geração de renda e a sustentabilidade socioeconômica do agricultor
familiar.
O Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de
Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e do
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(Incaper), tem investido no processo de organização das cadeias produtivas
de frutas priorizando planejamento, gestão, tecnologias, comercialização e
agregação de valor a partir de uma perspectiva agroindustrial. Todo esse
esforço resultou no lançamento de 14 polos de frutas considerando o
mapeamento agroclimático do Estado, as características socioeconômicas,
o mercado, as tecnologias geradas pela pesquisa e a assistência técnica aos
agricultores de base familiar.
Nesse contexto, o cultivo do coqueiro é de grande importância para o
Estado do Espírito Santo, na medida em que atende a essas premissas.
Portanto, as tecnologias e inovações geradas e/ou adaptadas pelo
Incaper, por meio de uma equipe técnica de alta qualificação, possibilitaram
a elaboração deste documento para socializá-lo à sociedade, aos diversos
integrantes da cadeia produtiva do coco e em especial aos agricultores
familiares, fornecendo informações técnico-científicas que nortearão o
cultivo dessa espécie de forma sustentável.

Aureliano Nogueira da Costa


Diretor-Técnico do Incaper
agradecimentoS
Ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(Incaper) pelas condições proporcionadas para a realização deste trabalho.
Ao grupo gestor do polo de coco pelo desafio proposto.
Ao Engenheiro Agrônomo D.Sc. Luiz Carlos Prezotti, pesquisador do
Incaper, pelas informações prestadas.
Ao Engenheiro Agrônomo Elídio Gama Torezani, diretor da Hydra
irrigações, pela análise e contribuição ao trabalho.
Ao Técnico Agrícola Luiz Ricardo Pagung, servidor do Incaper – Fazenda
Experimental de Linhares, pelo apoio e auxílio nos trabalhos de campo.
Ao empresário rural Edísio Antonio Pignaton proprietário da Fazenda
Guanabara em Linhares, ES, grande entusiasta da cocoicultura.

Os Autores
sumário

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 9
2 ORIGEM E DISPERSÃO ......................................................................................................... 12
3 PRODUÇÃO MUNDIAL E BRASILEIRA........................................................................... 13
4 POLO DE COCO.......................................................................................................................... 16
5 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA............................................................................................... 18
6 VARIEDADES.............................................................................................................................. 19
6.1 VARIEDADE GIGANTE............................................................................................................ 19
6.2 VARIEDADE ANÃ..................................................................................................................... 20
6.2.1 Anão-verde.......................................................................................................................... 21
6.2.2 Anão-amarelo.................................................................................................................... 22
6.2.3 Anão-vermelho................................................................................................................. 23
6.3 HÍBRIDO...................................................................................................................................... 23
7 MORFOLOGIA............................................................................................................................ 25
7.1 RAIZ.............................................................................................................................................. 25
7.2 CAULE.......................................................................................................................................... 26
7.3 FOLHA......................................................................................................................................... 27
7.4 INFLORESCÊNCIA................................................................................................................... 29
7.5 FRUTO......................................................................................................................................... 31
7.5.1 Processo de germinação............................................................................................... 32
8 CLIMA............................................................................................................................................ 34
8.1 LATITUDE................................................................................................................................... 34
8.2 TEMPERATURA......................................................................................................................... 34
8.3 UMIDADE DO AR.................................................................................................................... 35
8.4 PLUVIOSIDADE........................................................................................................................ 35
8.5 INTENSIDADE LUMINOSA................................................................................................... 36
8.6 ALTITUDE................................................................................................................................... 37
8.7 VENTO......................................................................................................................................... 37
9 SOLO............................................................................................................................................... 38
10 PRODUÇÃO DE MUDAS..................................................................................................... 38
10.1 PLANTA MATRIZ.................................................................................................................... 38
10.1.1 Coleta de sementes....................................................................................................... 40
10.2 VIVEIROS.................................................................................................................................. 40
10.2.1 Produção de mudas de raiz nua............................................................................. 41
10.2.2 Produção de mudas em recipientes plásticos................................................. 43
10.2.3 Posicionamento da semente.................................................................................... 44
10.2.4 Adubação no viveiro.................................................................................................... 45
11 PLANTIO E MANEJO............................................................................................................ 46
11.1 SELEÇÃO DA ÁREA.............................................................................................................. 46
12.2 PREPARO DO SOLO............................................................................................................. 46
11.3 ESPAÇAMENTO E MARCAÇÃO DAS COVAS............................................................... 47
11.4 ABERTURA DA COVA.......................................................................................................... 50
11.5 TAMANHO E PREPARO DA COVA................................................................................... 51
11.6 PLANTIO DA MUDA............................................................................................................. 53
11.7 IRRIGAÇÃO ............................................................................................................................ 54
11.7.1 Necessidade hídrica..................................................................................................... 55
11.7.2 Monitoramento da umidade do solo................................................................... 57
12 NUTRIÇÃO MINERAL........................................................................................................... 59
13 USO DE CORRETIVOS E ADUBAÇÃO .......................................................................... 64
13.1 AMOSTRAGEM DO SOLO.................................................................................................. 65
13.2 AMOSTRAGEM FOLIAR...................................................................................................... 66
13.3 CALAGEM ............................................................................................................................... 68
13.3.1 Cálculo da necessidade de calcário...................................................................... 69
13.4 GESSAGEM.............................................................................................................................. 70
13.5 ADUBAÇÃO DE PLANTIO.................................................................................................. 70
13.6 ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO ............................................................. 71
13.7 LOCALIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO...................................................................................... 74
14 PRAGAS . ................................................................................................................................... 74
14.1 PRAGAS DO ESTIPE............................................................................................................. 75
14.2 PRAGAS DAS FOLHAS........................................................................................................ 78
14.3 PRAGAS DAS FLORES E FRUTOS.................................................................................... 83
14.4 CONSIDERAÇÕES................................................................................................................. 86
15 DOENÇAS ................................................................................................................................. 87
16 COLHEITA................................................................................................................................106
17 TRANSPORTE........................................................................................................................114
18 COMERCIALIZAÇÃO..........................................................................................................115
18.1 COCO SECO..........................................................................................................................116
18.2 COCO VERDE........................................................................................................................116
19 ReferênCias........................................................................................................................117
O CULTIVO DO COQUEIRO-ANÃO-VERDE:
tecnologias de produção

Antonio Carlos Benassi1


César José Fanton2
Enilton Nascimento de Santana3

1 INTRODUÇÃO

Uma espécie vegetal ao ser classificada botanicamente recebe um


nome científico que normalmente procura destacar ou evidenciar alguma
característica específica daquele indivíduo. Assim, o coqueiro recebeu as
palavras “cocos” e “nucifera” as quais se referem a uma planta que emite
nozes com aparência de cabeça.
O cultivo do coqueiro, Cocos nucifera L. 1753, pode ser considerado uma
das mais importantes atividades agrícolas do mundo gerando emprego,
renda e divisas para vários países, além de importante fonte nutricional na
alimentação humana e animal.
Conhecida em vários países com a “árvore da vida”, essa espécie vegetal
é cultivada mundialmente na regiões tropicais, fornecendo ao homem uma
grande quantidade de produtos e subprodutos.
Além do uso predominante para a produção de frutos, outras formas
de utilização são possíveis, até mesmo em composições paisagísticas. Do
coqueiro, praticamente tudo é aproveitado. A seguir, alguns exemplos de
sua utilização são apresentados:
a) Folhas – Confecção de peneiras, balaios, artesanatos variados e
coberturas rústicas de galpões na área rural.

1
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. Produção Vegetal, Pesquisador do Incaper, [email protected]
2
Engenheiro Agrônomo, D. Sc. Entomologia, Pesquisador do Incaper, [email protected]
3
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. Fitopatologia, Pesquisador do Incaper, [email protected]

10
b) Tronco – Utilização da madeira na construção civil, fabricação de
mobiliários, artesanatos e produção de palmito.
c) Raízes – Produção de balaios e medicamentos a partir de sua seiva.
d) Inflorescências – Produção de açúcar e bebidas fermentadas a partir
de sua seiva.
e) Frutos – Considerados a parte nobre da planta com maior interesse
comercial, podem ser comercializados ainda verdes (imaturos) para o
consumo de água de coco ou secos para a agroindústria e para utilização
na culinária de forma geral.
Do fruto podem ser obtidos os seguintes produtos:
a) Fibras – Utilização como substrato agrícola, na confecção de cordas,
tapetes, escovas, mantas para drenagem de solo, estofamento de bancos
de veículos e composição com polímeros.
b) Coque – Produção de carvão especial e artesanatos como botões,
colares, pulseiras e cuias.
c) Polpa – Produção de copra, leite de coco e coco ralado, utilizados na
fabricação de sorvetes, doces, bolos e na panificação, entre outros.
A polpa do coco desidratada a 6% de umidade é conhecida como
“copra” que é um produto comercializado mundialmente. Da copra é
obtido principalmente o óleo de coco com grande aplicação industrial na
produção de borracha sintética, margarinas, cosméticos, fluido para freios
hidráulicos, resinas, lubrificantes, glicerina e, principalmente, na fabricação
de sabões.
O óleo de copra é muito utilizado na indústria de sabões e detergentes
pelas suas características como espumante, bactericida e, principalmente,
por ser biodegradável. Portanto, menos agressivo ao meio ambiente.
Mundialmente o coqueiro tem grande importância na produção de óleo.
Entretanto, no Brasil, essa potencialidade não é devidamente explorada.
Atualmente a tendência mundial por alimentos mais saudáveis e
funcionais induz a substituição de bebidas industrializadas por sucos de

11
frutas e, também, por água de coco. Por essa razão tem sido constatada, em
vários estados brasileiros, a ampliação na área cultivada com o coqueiro-
anão, com o objetivo maior de produção de frutos imaturos para o consumo
da água de coco in natura.
A água de coco pode ser considerada uma solução isotônica natural,
levemente ácida, estéril e de baixo valor calórico. Contém sais minerais,
açúcares, vitaminas e proteínas, atuando como uma excelente bebida
para a hidratação. Sua utilização tem sido indicada na nutrição humana,
medicina e na biotecnologia.
A água de coco é consumida tanto na forma industrializada como
diretamente dos frutos verdes. Apesar do consumo desse produto ter
crescido acentuadamente na última década, existe um grande potencial
para sua ampliação tendo em vista a tendência de consumo de bebidas
não alcoólicas no Brasil.
Atualmente estima-se que o consumo de refrigerantes no Brasil seja
da ordem de 16 bilhões de litros/ano. Considerando-se o consumo de
água de coco em 200 milhões de litros/ano, este representa apenas 1,25%
daquele valor. Caso se pretenda ampliar o consumo de água de coco para
3% do consumo de refrigerantes, ou seja, 480 milhões de litros/ano, seria
necessária uma produção anual adicional de 280 milhões de litros de água
de coco. Admitindo-se uma média populacional de 205 plantas/ha com
uma produtividade média de 100 frutos/planta/ano e três frutos para se
obter 1 litro de água de coco, seria necessário ampliar a área de plantio
existente em aproximadamente 41,4 mil hectares.
No Espírito Santo a criação dos polos de fruticultura tem potencializado
e organizado a cadeia produtiva para diferentes fruteiras, dentre elas a do
coqueiro.
Os dados e informações apresentados neste manual técnico objetivam
contribuir para o desenvolvimento dessa cultura na região do polo, levando
em consideração a carência de informações técnicas e a necessidade de

12
avanços na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para essa espécie
vegetal que possui diversos atributos para usos múltiplos demandando
maiores conhecimentos para sua plena utilização.

2 ORIGEM E DISPERSÃO

O coqueiro é uma palmeira de distribuição mundial, cultivada em mais


de noventa países, principalmente nas regiões tropicais. A determinação
exata de seu local de origem é muito controversa, pois, não se conhecendo
populações espontâneas, as teorias baseiam-se em evidências indiretas.
São encontradas referências como centro de origem: Ilhas do Pacífico,
Continente Asiático, Ceilão, Índia, África, América Central e América do Sul.
Considerando o maior número de cultivares conhecidas, a hipótese mais
aceita é que a região do Sudeste Asiático seja o provável centro de origem,
compreendendo uma vasta área que se estende por um grande número de
ilhas entre os oceanos Índico e Pacífico, da Malásia à Nova Guiné.
Um forte argumento para sua origem ser nas ilhas da Melanésia é
descrito com base na grande proporção da entomofauna, pois 90% dos
insetos específicos do coqueiro existem nessa região, enquanto que na
América existem 20% e na África, apenas 4%. A região compreendida pela
Melanésia situa-se no oceano Pacífico a nordeste da Austrália (Figura 1).

Figura 1. Mapa geográfico mostrando a localização das ilhas que compõe a


Melanésia.

13
Dessa região, provavelmente, foi disperso para a Índia e em seguida
para o leste africano. Posteriormente levado para o oeste africano e, deste,
disperso pelo homem para as Américas e para toda a região tropical.
Independentemente de seu centro de origem, o homem é considerado
seu principal agente de dispersão. Entretanto, devido à capacidade dos
frutos (sementes) flutuarem e permanecerem viáveis após longo período
de tempo em água salgada, as correntes marinhas foram de grande
importância, atuando como agentes secundários na dispersão dessa
espécie. Experimento para determinar a viabilidade do coco revelou que
os frutos (sementes) foram capazes de germinar e se desenvolver após
um período de 110 dias flutuando na água do mar. Assim, estimando-se
uma condição favorável, esse fruto (semente) poderia ser levado por uma
corrente marinha por distâncias superiores a 5.000 km.
Relatos históricos indicam que o coqueiro-gigante foi introduzido pela
primeira vez no Brasil, no estado da Bahia, em 1553, pelos portugueses, por
meio de mudas e sementes trazidas da Ilha de Cabo Verde.
A introdução dos coqueiros-anões foi mais recente. O anão-verde foi
introduzido em 1924 e, em 1938, foi introduzido o anão-amarelo e o anão-
vermelho.

3 PRODUÇÃO MUNDIAL E BRASILEIRA

Segundo dados da FAO, em 2011 o cultivo do coqueiro foi praticado em


92 países, dos quais os cinco maiores produtores, em ordem decrescente
são, Indonésia, Filipinas, Índia, Brasil e Sri Lanka, que somaram 52,0 milhões
de toneladas, representando 83,2% da produção mundial.
Na última década, o cultivo mundial do coqueiro registrou um acréscimo
tanto na produção quanto na área colhida. Em 2001 a produção mundial
foi de 51,9 milhões de toneladas, numa área colhida de 11,1 milhões de
hectares, enquanto que, no ano de 2010, a produção foi de 62,4 milhões de

14
toneladas em uma área colhida de 11,7 milhões de hectares, representando
um acréscimo de 20,2% na produção e apenas 5,4% na área colhida. O
rendimento médio mundial passou de 4,68 t/ha no ano de 2001 para 5,33
t/ha no ano de 2010.
Em 2011 a produção mundial foi de 59,2 milhões de toneladas em uma
área colhida de 11,4 milhões de hectares.
No Brasil a evolução da produção de frutos e da área colhida com coco,
no período de 2001 a 2010, pode ser observada na Figura 2. A análise do
gráfico mostra que houve crescimento na produção de frutos no período
entre 2001 e 2005, chegando a ultrapassar 2 bilhões de frutos. Após 2005,
verifica-se uma queda na produção atingindo em 2010 aproximadamente
1,8 bilhões de frutos. A área colhida seguiu a mesma tendência com
crescimento entre 2001 e 2005 com posterior declínio.

2.500.000 295.000

290.000
2.000.000 285.000

280.000
Produção (1.000 frutos)

Área colhida (ha)


1.500.000
275.000

270.000
1.000.000
265.000

500.000 260.000

255.000

0 250.000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Produção (1.000 frutos) Área colhida (ha)

Figura 2. Produção de frutos e área colhida com coco no Brasil no período de 2001
a 2010.
Fonte: Agrianual 2007; 2013.

A análise dos dados estatísticos obtidos em 2001 e 2010 demonstra que


a produção de coco teve um acréscimo, passando de 1,4 bilhão para 1,8

15
bilhão de frutos, enquanto a área colhida variou de 273,3 mil para 264,3
mil hectares, representando um acréscimo de 28,6% na produção e uma
redução de 3,29% na área colhida. No mesmo período, o rendimento médio
passou de 5.123 frutos/ha/ano para 6.810 frutos/ha/ano. Vale ressaltar que
este aumento na produtividade foi decorrente de plantios mais tecnificados
com variedades melhoradas de maior potencial produtivo e ajustes
tecnológicos no espaçamento, tratos culturais e manejo fitossanitário.
No ano de 2011, a produção nacional foi da ordem de 1,9 bilhões de
frutos em uma área colhida de 260,4 mil hectares. Nesse ano, os cinco
estados brasileiros maiores produtores de coco foram: Bahia, Ceará, Sergipe,
Pará e Espírito Santo (Figura 3). Considerando estes cinco estados, juntos
representaram, em 2011, uma produção superior a 1,45 bilhões de frutos
correspondendo a 76,1% da produção nacional.
A Bahia é o estado com maior produção e área colhida, tendo no ano de
2011 produzido 529,5 milhões de frutos em uma área de 76,7 mil hectares,
com rendimento médio de 6.900 frutos/ha, enquanto o rendimento médio
nacional foi de 7.310 frutos/ha.
Produção (1.000 frutos)

Figura 3. Produção de frutos de coco no Brasil e nos principais estados produtores


em 2011.
Fonte: Agrianual, 2013.

16
O estado do Espírito Santo ocupa a quinta posição como produtor
nacional com uma produção, em 2011, de 176,5 milhões de frutos em uma
área colhida de 11,2 mil hectares e rendimento médio de 15.817 frutos/
ha, valor este superior aos verificados na maioria dos estados brasileiros
produtores e bem acima da média nacional de 7.310 frutos/ha.
Propriedades rurais produtoras de coco, localizadas na região do polo
de coco, têm alcançado rendimentos acima de 30 mil frutos/ha/ano, com
rendimento médio superior a 150 frutos/planta/ano, revelando o elevado
nível tecnológico adotado no seu sistema produtivo.

4 POLO DE COCO

A fruticultura representa uma atividade de grande expressão no estado


do Espírito Santo, ocupando uma área de 85 mil hectares, com produção de
1,3 milhões de toneladas, gerando cerca de 60 mil empregos diretos em sua
maioria associados à agricultura de base familiar. Esta atividade contribui
para a estabilidade e sustentabilidade social e econômica, que se destaca
pela produção, produtividade e qualidade final do produto, respondendo
por 17% do valor bruto da produção agropecuária estadual.
O estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da
Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca - Seag e de suas vinculadas,
Incaper, Idaf e Ceasa, juntamente com outras instituições públicas, privadas
e da sociedade civil organizada vêm, a partir do início da década de 2000,
desenvolvendo uma política de planejamento, implantação e consolidação
de polos de frutas com os objetivos de estimular o desenvolvimento social
e econômico, qualificar a mão de obra, aprimorar e difundir tecnologias de
produção e integrar os setores da agroindústria, comércio e abastecimento
visando a organização das cadeias produtivas da fruticultura.
Em 2003 os municípios que integram o polo de coco foram selecionados
com base na caracterização das Unidades Naturais do Espírito Santo, a qual

17
reúne um conjunto de informações de clima e solo, associados com o perfil
socioeconômico da região. São eles: Aracruz, Boa Esperança, Conceição
da Barra, Fundão, Ibiraçú, Jaguaré, João Neiva, Linhares, Montanha,
Pedro Canário, Pinheiros, Rio Bananal, São Gabriel da Palha, São Mateus,
Sooretama e Vila Valério, que fazem parte do polo de coco como áreas
prioritárias. Entretanto, outros municípios, próximos a estes, constituem-se
como potencial de expansão (Figura 4).
Municípios que inicialmente não constam dessa relação, poderão ser
incluídos conforme interesse e/ou avanços na produção ou processamento
do fruto ou de seus subprodutos.

Figura 4. Área de abrangência do polo de coco no estado do Espírito Santo.

18
Em relação ao cultivo do coqueiro nessa região, constatou-se, nas
décadas de 1990 e 2000, um desestímulo do produtor rural, provocando
a redução da área plantada e da produção em função dos baixos preços
recebidos pelo produto.
Recentemente, com a instalação de agroindústrias na região e a
perspectiva de novas empresas processadoras de água de coco para
abastecimento do mercado interno e exportação, a área de plantio vem
sendo ampliada. Em 2011 a área colhida foi de 11,2 mil hectares com
produção de 176,5 milhões de frutos. Para 2025, estima-se uma área de 19
mil hectares plantada com coco no Espírito Santo, com uma produção de
430 milhões de frutos (ESPÍRITO SANTO, 2008).

5 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

A classificação das espécies vegetais exige um grande conhecimento


botânico e uma mesma espécie pode ser descrita com nomes diferentes por
autores distintos. No caso das palmeiras, a classificação é complexa e existem
várias propostas de agrupamento causando confusão na nomenclatura. De
acordo com Cronquist (1988), o coqueiro possui a classificação botânica
descrita no Quadro 1.

Classificação botânica
Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Liliopsida
Subclasse Arecidae
Ordem Arecales
Família Arecaceae (Palmae)
Subfamília Cocosoideae
Tribo Cocoineae
Gênero Cocos
Espécie Cocos nucifera L., 1753

Quadro 1. Classificação botânica do coqueiro proposta por Cronquist (1988).

19
6 VARIEDADES

A espécie Cocos nucifera L. apresenta número diploide 2n = 32


cromossomos e é uma entre aproximadamente 2.600 espécies da família
Arecaceae (Palmae). Essa família é considerada uma das mais importantes
dentro da classe Monocotyledonea. O Gênero Cocos inclui, além de Cocos
nucifera, cerca de 60 espécies, a maior parte delas existentes na América
Central e América do Sul.
Essa espécie, por sua vez, é composta por algumas variedades, entre as
quais duas são as mais importantes do ponto de vista socioeconômico e
agroindustrial: Cocos nucifera var. typica, conhecida no Brasil como ‘Gigante’
e Cocos nucifera var. nana denominada ‘Anã’. A variedade Anã é composta
das cultivares Verde, Amarela e Vermelha. Um terceiro tipo, o híbrido, é
resultante de cruzamentos entre ou dentre essas variedades.

6.1 VARIEDADE GIGANTE

As plantas da variedade Gigante apresentam fase vegetativa longa,


cerca de 5 a 7 anos para florescer, seu crescimento é rápido com plantas
atingindo mais de 30 m de altura (Figura 5). Apresenta fecundação cruzada,
rendimento entre 60 e 80 frutos/planta/ano. Os frutos são grandes e
possuem o endocarpo espesso e firme, próprio para a agroindústria de
alimentos (coco ralado, leite de coco etc.) ou para uso culinário in natura
(doces, bolos, sorvetes, entre outros).
As principais cultivares de Gigante existentes no Brasil são: Gigante-do-
Oeste-Africano, Gigante-de-Renell, Gigante-da-Malásia, Gigante-da-Costa-
Oeste e Gigante-da-Praia-do-Forte.

20
Figura 5. Exemplares de coqueiro-gigante com idade de cinco anos e meio, em
início de produção.

6.2 VARIEDADE ANÃ

O coqueiro-anão originou-se, provavelmente, de uma mutação gênica


ocorrida na variedade Gigante na ilha de Java. É uma planta autógama,
reproduzindo-se predominantemente por autofecundação. Possui
crescimento vegetativo lento, podendo atingir altura entre 10 e 12 m.
Sua fase vegetativa é curta, iniciando o florescimento entre 2 e 3 anos.
Possui estipe delgado, numerosas folhas na copa e produz um grande
número de frutos cujo destino principal é a produção de água de coco.
Apresenta grande importância nos trabalhos de melhoramento genético
para a produção de híbridos.
Os coqueiros-anões, quando comparados aos gigantes, são mais
sensíveis ao ataque de pragas, doenças e mais exigentes quanto ao clima
e solo.
A variedade Anã é composta por cultivares que são identificadas pela
coloração da casca (epicarpo) do fruto, das quais podemos citar o anão-
verde, o anão-amarelo e o anão-vermelho. Mesmo em se tratando de uma

21
cultivar, observa-se diferenças entre as plantas dentro de um mesmo grupo
de cor de casca, o que demonstra a necessidade de trabalhos de seleção
genética.

6.2.1 Anão-verde

Relatos históricos indicam a introdução de mudas de coqueiro-anão


provenientes da Malásia em 1924, efetuada por Miguel Calmon, então
Ministro da Agricultura, que foram distribuídas para vários estados. Por
outro lado, também há relatos na literatura de que a introdução dessa
variedade no Brasil foi em 1925, proveniente de Java. Trata-se de uma
variedade considerada intermediária em relação à sua reprodução,
podendo apresentar até 20% de cruzamento e apresenta a fase da flor
feminina relativamente curta, porém, com simultaneidade parcial com a
fase masculina da mesma inflorescência e da inflorescência seguinte.
Na fase adulta plena, com idade aproximada de 20 anos, a planta pode
atingir 10 a 12 metros de altura. Planta muito produtiva, pode originar
mais de 150 frutos/planta/ano e por possuir o albúmen líquido muito
saboroso, a principal finalidade de seu cultivo é a produção de frutos
imaturos (verdes) para consumo da água de coco in natura ou processada
em agroindústrias.
Entre os coqueiros-anões,
o anão-verde (Figura 6) é o
mais tolerante às condições
desfavoráveis do ambiente.
Os principais representantes
são: Anão-verde-do-Brasil e
Anão-verde-de-Jequi.

Figura 6. Coqueiro-anão-verde.

22
6.2.2 Anão-amarelo

O coqueiro-anão-amarelo foi introduzido no Brasil pela primeira vez


no ano de 1938, procedente do norte da Malásia. A coloração das folhas é
verde-amarelada e os frutos apresentam coloração amarelo pálido (Figura 7).
Apresenta maior precocidade entre os anões e sua taxa de autofecundação
é superior a 90%.
Os frutos dos
coqueiros anão-amarelo
e anão-vermelho não
são bem aceitos pelos
consumidores de água de
coco in natura, sofrendo
rejeição pelo fato de
acreditarem que se trata
de frutos do anão-verde Figura 7. Coqueiro-anão-amarelo.
em estágio avançado de
amadurecimento, ou seja, um fruto passado e, portanto, ruim ou impróprio
para o consumo de sua água. Esse fato não se justifica, uma vez que essa
coloração é dada pela cor do epicarpo da casca do fruto, além da água de
coco dessas variedades ser equivalente em sabor e composição entre as
variedades anãs.
Entre os coqueiros anões, o anão-amarelo é considerado o mais
sucetível a pragas e doenças e menos resistente às condições desfavoráveis
do ambiente.
São encontrados no Brasil dois tipos muito semelhantes quanto as suas
características morfológicas e agronômicas: o Anão-amarelo da Malásia
e o Anão-amarelo de Gramame. Por meio de estudos de marcadores
moleculares, é possível sua identificação.

23
6.2.3 Anão-vermelho

O coqueiro anão-vermelho foi introduzido pela primeira vez em


1939, proveniente da Malásia; por isso, denominado Anão-vermelho da
Malásia cuja taxa de autofecundação é superior a 90%. Apesar de receber
a denominação de vermelho, os frutos apresentam coloração alaranjada
(Figura 8). São representantes o Anão-vermelho da Malásia e Anão-
vermelho de Gramame. O Anão-vermelho de Camarões foi introduzido em
1978 procedente da Costa do Marfim.
Os coqueiros-anões-
vermelhos são tidos como
os de maior produção
entre os anões em relação
ao peso da noz, albúmen
sólido e volume de água.

6.3 HÍBRIDO

A obtenção de um Figura 8. Coqueiro-anão-vermelho.


híbrido de coqueiro pode
ser proveniente do cruzamento inter e/ou intravarietal resultante de um
programa de melhoramento genético através de técnicas de fecundação
dirigida ou fecundação assistida.
Mundialmente são desenvolvidos programas de melhoramento
genético do coqueiro onde são obtidos e avaliados híbridos resultantes do
cruzamento de Anão x Anão, Anão x Gigante e Gigante x Gigante.
No melhoramento genético brasileiro para o coqueiro, maior ênfase tem
sido dada à obtenção de híbridos através do cruzamento de Anão x Gigante
visando plantas vigorosas e produtivas (Figura 9), com ampla utilização dos
frutos na agroindústria, na culinária e na obtenção da água de coco.

24
A obtenção de sementes híbridas de coco tem sido realizada por
instituições públicas de pesquisa e grandes empresas privadas. No entanto,
essas sementes
nem sempre estão
disponíveis para
comercialização.
São exemplos de
híbridos: PB 111;
PB 121, PB 131 e
PB 141.
As principais

Foto: Moura, J.I.L.


características das
variedades Anãs,
Figura 9. Área em produção com coqueiros “Híbrido PB 121”.
Gigantes e do
híbrido resultante
do cruzamento entre estas variedades, podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1. Principais características de variedades e híbrido do coqueiro.


Característica Anã Híbrido Gigante
Altura da planta (m) 10 20 30
Crescimento Lento Intermediário Rápido
Tamanho do fruto Pequeno Intermediário Grande
Formato do fruto Arredondado Intermediário Quinado
Vida útil da planta (anos) 30 a 40 50 a 60 60 a 80
Início de florescimento (anos) 2a3 3a4 5a7
Rendimento (frutos/planta/ano) 120 a 180 120 a 150 60 a 80
Água de coco por fruto (ml) 300 a 400 400 a 500 500 a 600
Exigência de clima e solo Muito exigente Exigente Rústico
Produção de copra Baixa Média/alta Alta
Agroindústria/ culinária/ Agroindústria/
Utilização Água de coco
água de coco culinária

25
7 MORFOLOGIA

7.1 RAIZ

O coqueiro possui um sistema radicular fasciculado, característico das


monocotiledôneas. Portanto, não apresenta raiz pivotante.
Um grande número de raízes grossas de 8 a 10 mm de diâmetro,
chamadas de primárias, partem da extremidade inferior do estipe (caule).
Essa extremidade apresenta-se na forma de um cone ou bulbo numa
profundidade média de 50 cm, onde, a partir dessa região, as raízes primárias
são produzidas continuamente durante toda a vida da planta.
As raízes primárias têm como função principal a fixação do coqueiro ao
solo. Entretanto, podem apresentar próximo de sua extremidade, região da
coifa, uma pequena capacidade de absorção de água e nutrientes.
Das raízes primárias partem as raízes secundárias e destas as terciárias.
É a partir das terciárias que se originam as radicelas, que são raízes muito
finas, entre 1 e 3 mm de diâmetro, efetivamente as verdadeiras estruturas
de absorção de água e nutrientes. A Figura 10 mostra parte do sistema
radicular de um coqueiro-anão-verde.

A B C
Figura 10. Vista parcial do sistema radicular do coqueiro-anão-verde (A). Detalhe
do sistema radicular de um coqueiro-anão-verde com dois anos de
idade (B) e (C).

A quantidade de raízes pode variar conforme a idade da planta, condições


do ambiente, características físicas e químicas do solo ou conforme os tratos

26
culturais empregados, como a irrigação e adubação.
Embora seja possível encontrar raízes bem afastadas da planta, 5 m ou
mais ou mesmo a grandes profundidades, 4 m ou mais. De maneira geral, a
maior concentração do sistema radicular do coqueiro, entre 70 e 90%, está
distribuída num raio de até 2,0 m a partir do estipe e na profundidade até
0,6 m.
Em solos com problemas de drenagem, sujeitos ao encharcamento, com
camada compactada ou formação rochosa próximo à superfície, o sistema
radicular apresenta dificuldades para crescimento, formação e absorção de
nutrientes, influenciando no crescimento e desempenho da planta.

7.2 CAULE

O caule do coqueiro é do tipo estipe, cilíndrico, não ramificado, de


coloração acinzentada, apresentando externamente regiões lisas e regiões
ásperas, que são as cicatrizes que as folhas deixaram ao caírem (Figura 11).

A B
Figura 11. Estipe do coqueiro-anão-verde (A). Cicatriz foliar no estipe após a queda
da folha (B).

Seu crescimento é de forma ereta. Porém, condições climáticas,


especialmente luz e ventos, podem ocasionar curvaturas. O crescimento
em altura varia conforme a característica genética, condições de clima, solo
e do manejo cultural. Entretanto, a velocidade de crescimento é mais rápida

27
nas plantas jovens e vai diminuindo à medida que a planta vai ficando mais
velha.
Sua altura pode ser superior a 20 m na variedade gigante e pouco superior
a 10 m no coqueiro anão. O híbrido apresenta porte intermediário.
Raramente o estipe do coqueiro aparece ramificado e, quando acontece,
pode ser devido a danos ocasionados na gema apical.
Na extremidade superior do estipe desenvolve-se um conjunto de
folhas onde, em sua região central, encontra-se o ponto de formação de
novas folhas, tenro e comestível, denominado de palmito. É no ápice desse
palmito que se encontra o único ponto de crescimento da planta, a gema
apical que, se destruída, causará a morte da planta.
Internamente, o estipe do coqueiro não possui tecido meristemático
secundário (câmbio) como ocorre nas dicotiledôneas. O tecido fibrovascular
encontra-se distribuído por todo interior do tronco, embora com maior
concentração na periferia. Portanto, não apresenta crescimento no
diâmetro, sendo aproximadamente de igual diâmetro da base até a copa.
Ao se observar o estipe de um coqueiro adulto, em alguns casos, poderá
ocorrer uma região apresentando um diâmetro menor, ou seja, mais fino.
Isto pode estar relacionado a alguns fatores, como má nutrição ou ataque
de pragas ou doenças. Entretanto, muito provavelmente estará associado a
um período com déficit hídrico acentuado e prolongado.

7.3 FOLHA

A folha do coqueiro é do tipo pinada. Possui bainha e pecíolo que se


prolonga numa raque onde se prendem numerosos folíolos (Figura 12).
No coqueiro gigante a folha atinge entre 5 e 6 m de comprimento
com 200 a 300 folíolos. No coqueiro-anão-verde a folha desenvolvida é
menor, com 4 a 5 m de comprimento, com peso aproximado entre 6 e 7
kg, contendo cerca de 200 folíolos que podem atingir entre 1,2 e 1,3 m de

28
comprimento.

Figura 12. Folha jovem de um coqueiro-anão-verde.

Dependendo das condições do ambiente e tratos culturais, o coqueiro-


anão poderá emitir até 16 folhas por ano e, uma planta em boas condições,
pode apresentar uma copa contendo 24 folhas abertas. Entretanto,
desequilíbrio nutricional, pragas, doenças e deficiência hídrica abreviam
muito sua vida útil, ocasionando um número reduzido de folhas na copa
do coqueiro.
A folha é considerada o laboratório fotossintético da planta. Distribuídos
por toda sua superfície estão os estômatos os quais são células epidérmicas
modificadas por onde ocorre a transpiração e as trocas gasosas com o
ambiente necessárias para o processo fotossintético. Os estômatos estão
localizados principalmente na face inferior dos folíolos em média de 200
por mm2 de área foliar.
Os estômatos ficam abertos nas horas de maior intensidade luminosa,
fechando ao entardecer e permanecendo totalmente fechados à noite.
Em dias nublados, os estômatos mostram-se parcialmente abertos,
evidenciando que o coqueiro é uma planta que exige muita luz.
Quanto mais abertos estiverem os estômatos, maior será a saída de
oxigênio (O2) e de vapor de água (transpiração) e, consequentemente, maior

29
entrada de gás carbônico (CO2) com aumento da atividade fotossintética. O
aumento da transpiração implicará aumento da absorção de água e sais
minerais pelo sistema radicular, desde que estejam disponíveis no solo.
A temperatura é o fator ambiental que interfere fortemente no ritmo de
formação e abertura das folhas.

7.4 INFLORESCÊNCIA

O coqueiro é uma planta monoica com flores masculinas e femininas


distintas, reunidas numa mesma inflorescência do tipo paniculada, axilar,
ou seja, se forma e aparece entre a base da folha e o estipe, sendo protegida
por brácteas grandes, chamadas espatas. Essas espatas ao completarem
seu desenvolvimento, abrem-se liberando a inflorescência (Figura 13).

A B C
Figura 13. Inflorescência do coqueiro-anão-verde alojada no interior das espatas
(A) e (B). Inflorescência recém aberta (C).

A inflorescência é formada pelo pedúnculo que se prolonga numa raque,


contendo várias ramificações denominadas espiguetas, que possui na parte
inferior, terço basal, um número variável de botões florais femininos e na
parte superior, dois terços terminais, numerosas flores masculinas (Figura
14).

30
A B C
Figura 14. Inflorescência do coqueiro-anão-verde recém aberta com suas flores
masculinas e femininas (A) e (B). Inflorescência com os frutos em início
de crescimento (C).

Logo que a inflorescência se abre, as flores masculinas começam a


abrir do ápice para a base das ramificações, liberando o pólen. Cada flor
masculina é composta por três sépalas e três pétalas. No centro da flor estão
seis estames com as anteras, que liberam o pólen para a fecundação das
flores femininas e posterior formação do fruto. Geralmente a flor masculina
dura apenas um dia, abrindo-se pela manhã e caindo à tarde.
A flor feminina apresenta-se inicialmente como um botão arredondado,
de coloração amarelo-pálido, protegida por três brácteas e constituídas por
três sépalas imbricadas. O ovário é formado por três carpelos, três estígmas
e três óvulos. Porém, normalmente, somente um é fértil. Os estigmas acham-
se na parte apical e constam de três pequenas saliências.
Cada flor feminina está acompanhada por duas flores masculinas
chamadas de companheiras. Exceção pode ocorrer no primeiro botão floral
feminino da base de cada raque onde poderá estar acompanhada por
somente uma ou nenhuma flor masculina.
O número de flores femininas pode variar conforme a característica
genética da planta. Porém, esse número é fortemente influenciado pelas
condições nutricionais e hídricas. Sob condições de deficiência hídrica

31
severa ou acentuada desnutrição, a inflorescência poderá estar ausente.
No coqueiro Gigante, em uma mesma inflorescência, as flores masculinas
se abrem e disseminam o pólen antes que as flores femininas se tornem
receptivas, não ocorrendo a fecundação de flores femininas com o pólen da
mesma inflorescência. Sendo assim, normalmente acontece a polinização
cruzada. Os agentes mais importantes de polinização são os insetos e o
vento.
Em coqueiros anões as flores masculinas e femininas da mesma
inflorescência amadurecem aproximadamente ao mesmo tempo, ocorrendo
normalmente a autofecundação.

7.5 FRUTO

O fruto do coqueiro, o coco, é uma drupa fibrosa, de grande tamanho,


com formato variável, do arredondado ao oblongo ou ovoide. Sua coloração
também pode ser muito variável do, do verde intenso ao avermelhado.
Vários híbridos naturais apresentam frutos com coloração bronzeada. No
entanto, essa característica é muito variável, dependendo do material
genético.
Em um fruto aberto (Figura 15) pode ser observado de fora para dentro
as seguintes estruturas:
• Epicarpo – película fina, lisa, com diferentes colorações, que envolve
externamente o fruto.
• Mesocarpo – camada espessa e fibrosa.
• Endocarpo – camada muito dura, de coloração escura no fruto
maduro.
• Tegumento – camada fina de coloração marrom, localizada entre o
endocarpo e o albúmen sólido.
• Albúmen sólido – polpa do fruto, camada branca e muito oleosa.
• Albúmen líquido – água de coco.

32
• Embrião – estrutura localizada próximo a um dos três orifícios do
endocarpo.

A B
Figura 15. Corte longitudinal de um fruto do coqueiro-anão-verde aos sete meses
de idade(A) e aos doze meses mostrando suas principais estruturas
internas (B).

7.5.1 Processo de germinação

A semente do coqueiro não apresenta nenhum tipo de dormência.


Entretanto, para que a germinação ocorra, o embrião deverá estar
desenvolvido. Frutos retirados da planta ainda verdes poderão não
germinar, pois o embrião encontra-se ainda em formação.
Durante o processo de germinação uma porção da parte mediana do
embrião desenvolve-se para dentro da cavidade da semente, formando
uma massa branca esponjosa denominada haustório, chupador ou
maçã do coco (Figura 16A). Esse haustório produz e secreta enzimas que
progressivamente digerem o albúmen da semente e nutre a plântula na sua
fase inicial. A Figura 16B mostra mudas de coco anão-verde com diferentes
idades e o haustório no interior da cavidade da semente em diferentes fases
de crescimento.
No endocarpo do fruto, distinguem-se três depressões circulares
chamadas comumente de “olhos”. Internamente, Inserido no albúmen
sólido (polpa) da semente, encontra-se o embrião, e por um destes poros

33
germinativos (olho), se dará o processo de germinação (Figura 17A).
Normalmente, a semente apresenta somente um embrião. Porém, há casos
de existirem mais de um na mesma semente dando origem a duas plântulas
a partir da mesma semente.
Retirando-se o mesocarpo de um “coco semente” em processo de
germinação e emergência da plântula, observa-se a formação inicial das
raízes na base da plântula que se desloca sobre o endocarpo através de um
geotropismo positivo até romper o mesocarpo e o epicarpo e atingir o solo
(Figura 17B).

A B
Figura 16. Crescimento do broto através do mesocarpo e início da formação do
haustório (A). Mudas de coco anão-verde em diferentes estágios de
crescimento e seus respectivos haustórios (B).

A B
Figura 17. Emergência da plântula através de um dos poros germinativos da
semente (A). Início da formação das raízes da planta (B).

34
8 CLIMA

8.1 LATITUDE

O coqueiro é uma planta tipicamente tropical que, de maneira geral,


encontra condições climáticas favoráveis entre as latitudes 20° norte e 20°
sul.
No Brasil é possível encontrar cultivos comerciais até a latitude 23° sul
como ocorre no interior do estado de São Paulo.
Em locais com latitudes superiores a 20° sul, é preciso considerar
também a topografia, altitude e as condições climáticas do ambiente,
especialmente quanto à variação de temperatura ao longo do ano. Em
determinadas regiões do estado do Espírito Santo, a latitude não é limitante,
mas a temperatura, sim, em função da altitude.

8.2 TEMPERATURA

Para um bom desenvolvimento, o coqueiro requer temperaturas


elevadas com pouca variação entre a temperatura diurna e noturna. A
média anual considerada ótima para o crescimento e produção encontra-
se na faixa de 27° C, com variações diárias entre 5 e 7° C. Essas condições são
normalmente encontradas nas regiões próximas ao litoral, onde o oceano
estabiliza a temperatura.
O coqueiro não gosta de frio. Temperaturas mínimas diárias inferiores
a 15° C, mesmo sendo de pequena duração, podem ocasionar desordens
fisiológicas, como atraso no processo de germinação, retardo no
crescimento e anormalidades na floração, frutificação e queda de frutos
novos. A ocorrência de geadas poderá levar a planta jovem à morte.
Temperaturas elevadas são toleradas. Entretanto, quando associada à
baixa umidade atmosférica, baixa disponibilidade de água no solo, ventos

35
quentes e secos, provoca alta taxa de transpiração foliar e, não sendo
compensada adequadamente pela absorção de água através das raízes,
ocasiona forte estresse hídrico na planta, interferindo na sua produção.

8.3 UMIDADE DO AR

O clima quente e úmido é favorável ao desenvolvimento do coqueiro.


Nas regiões tradicionais da cultura, próximo ao litoral, a umidade atmosférica
não sofre grandes variações ao longo do ano pela estabilização devido ao
oceano. Nos cultivos distantes do litoral, porém, ocorrem grandes variações
na umidade relativa do ar, podendo provocar efeitos negativos sobre o
desenvolvimento e produção da planta.
Umidade atmosférica excessivamente alta, acima de 90%, reduz a
absorção de água e nutrientes devido à redução na transpiração. Pode ainda
ocasionar a queda prematura de frutos novos e, principalmente, favorecer
uma maior incidência de doenças fúngicas.
Ambientes com umidade atmosférica muito baixa, inferior a 60%, tornam-
se prejudiciais, influenciando desfavoravelmente no desenvolvimento da
planta. Locais com baixa umidade atmosférica associados a lençol freático
muito profundo e período prolongado de estiagem, provocam acentuado
déficit hídrico na planta, comprometendo a produção.

8.4 PLUVIOSIDADE

A quantidade e a distribuição de chuvas em uma região têm grande


importância sobre o desenvolvimento e produção do coqueiro.
Diversas informações são encontradas na literatura, indicando que
variações entre 1.500 e 2.500 mm anuais são a condição ideal de precipitação.
No entanto, há certa concordância entre os autores que, para haver uma
boa produção, nenhum mês deverá apresentar precipitação abaixo de 130

36
mm.
Períodos com baixa precipitação, especialmente quando inferior a 50
mm mensal, são considerados muito prejudiciais, ocasionando alterações
fisiológicas e morfológicas na planta, como murchamento das folhas e
da planta, seca e queda prematura de folhas, menor formação de flores
femininas, redução no tamanho dos frutos, redução no volume de polpa e
de água de coco e, consequente, queda na produção.
Por outro lado, locais com excessiva quantidade de chuvas podem
ser prejudiciais, acarretando redução na insolação e radiação solar, o
que interfere na condutância estomática com redução no processo
fotossintético. Chuvas excessivas também ocasionam menor aeração no
solo, lixiviação de nutrientes e redução na polinização.

8.5 INTENSIDADE LUMINOSA

O coqueiro é uma planta que exige muita luz. Não se desenvolve bem
em locais sombreados, ocasionando o estiolamento da planta e redução na
produção.
A radiação solar tem uma importante influência na transpiração
do coqueiro, interferindo na condutância estomática e no processo
fotossintético.
O coqueiro é uma planta de pleno sol e se desenvolve melhor em
regiões ensolaradas e quentes. Ainda que seja uma planta C3, apresenta
alta taxa fotossintética em temperaturas relativamente elevadas.
As plantas C3 são menos eficientes na assimilação do CO2 atmosférico
utilizado no processo fotossintético quando comparadas com plantas C4.
Para que ocorra uma alta taxa fotossintética, o coqueiro mantém seus
estômatos abertos mesmo em períodos quentes do dia. Isso implica uma
grande transpiração e, consequentemente, uma grande necessidade de
água. Portanto, é fundamental uma boa disponibilidade de água no solo

37
para a planta.

8.6 ALTITUDE

Mundialmente, o coqueiro é cultivado, predominantemente, em locais


de baixa altitude, como aqueles verificados próximo ao litoral brasileiro. De
forma geral, seu cultivo se estende a altitudes de até 600 a 700 m. Locais
com altitudes mais elevadas devem ser analisados cuidadosamente para
a implantação da cultura, pois maior altitude implica menor temperatura
média do ar.
Deve-se observar que quanto mais distante da linha do Equador, menor
deverá ser a altitude recomendada para o plantio, pois no Sri Lanka, com
latitude de 8° norte, são encontrados plantios de coqueiros a 750 m acima
do nível do mar e na Jamaica, a 18º norte de latitude, os coqueiros acima de
150 m não são cultivados comercialmente.

8.7 VENTO

Dependendo da intensidade, o vento pode ser prejudicial ou não ao


coqueiro. Ventos fracos a moderados são favoráveis, pois aumentam a
transpiração e favorecem a absorção de água e nutrientes pelas raízes,
desde que haja disponibilidade de água e nutrientes no solo.
Ventos fortes podem ocasionar problemas, como a quebra da planta,
especialmente aquelas atacadas por brocas no tronco.
O vento desempenha importante papel como agente polinizador,
atuando na disseminação do pólen. Apresenta maior importância para
o coqueiro-gigante por ser uma planta alógama, ou seja, de fecundação
cruzada e menor importância para o coqueiro-anão devido à baixa alogamia
verificada.

38
9 SOLO

A grande capacidade de adaptação do coqueiro tem permitido seu


cultivo em diferentes tipos de solos. Preferencialmente, deve ser cultivado
em solo de textura franco-arenosa com boa porosidade facilitando a
drenagem e aeração e proporcionando o pleno desenvolvimento do
sistema radicular.
Solos muito argilosos com problemas de drenagem e aeração, solos
rasos, solos com impedimentos físicos à penetração das raízes ou solos com
lençol freático próximo à superfície, devem ser evitados.
De maneira geral, os solos brasileiros onde se cultiva o coqueiro
apresentam baixa fertilidade natural e, em muitos casos, com o pH abaixo de
5,0, caracterizando-se como solos ácidos com limitação na disponibilidade
de determinados elementos essenciais para a planta.
A correção do solo poderá ser feita por meio da utilização de calcário,
gesso agrícola, adubações orgânica e química.

10 PRODUÇÃO DE MUDAS

A propagação do coqueiro é do tipo sexuado por meio das sementes,


ou seja, havendo envolvimento de gametas masculinos e femininos.

10.1 PLANTA MATRIZ

Ao se pensar na produção de mudas do coqueiro, a primeira análise a


ser feita deve ser em relação ao campo de plantas matrizes, ou seja, onde as
sementes serão obtidas.
Este campo de plantas matrizes, seja para a variedade Gigante, Anã
ou Híbrida, deve estar em conformidade com as normas estabelecidas
e devidamente registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e

39
Abastecimento (MAPA). As determinações a serem seguidas para registro
e produção de mudas de coco estão dispostas na Instrução Normativa do
MAPA nº 23 de 16 de Junho de 2009.
Destacamos, entre outros, os seguintes pontos necessários para um
campo de matrizes de coqueiro anão:
• Inscrição do campo de plantas no órgão de fiscalização.
• Identificação da localização do campo com as coordenadas geodésicas.
• Atestado de origem genética das plantas matrizes.
• Variedade inscrita no Registro Nacional de Cultivares (RNC).
• Isolamento do campo de matrizes.
• Projeto de produção de sementes.
• Responsável técnico.
Para a produção de sementes da variedade de coqueiro anão, o
isolamento mínimo da área, em relação a outras plantas de coco, será de
500 metros sem barreira, podendo ser de 250 metros se houver barreira
natural ou artificial.
Em relação aos critérios agronômicos para a seleção de plantas
fornecedoras de sementes, deve-se observar principalmente as seguintes
características:
• Planta com alta produção.
• Planta vigorosa.
• Planta com baixo índice de ataque de pragas e doenças.
• Planta com boa conformação de copa.
• Planta com grande número de folhas.
• Folhas com a raque curta.
• Tronco com cicatrizes foliares bem próximas.
• Inflorescência com grande número de flores femininas.
• Cacho bem posicionado sobre sua folha de sustentação.
• Tamanho, formato e coloração dos frutos de acordo com a cultivar em
questão.

40
• Tamanho e formato da cavidade interna do fruto.
• Frutos com grande volume de água.
O atendimento a estas
características ou outros
parâmetros desejados deverá
estar definido adequadamente
no programa de melhoramento
genético, buscando reunir na
mesma planta o maior número
de atributos possíveis. (Figura
18). Figura 18. Planta jovem de coqueiro-anão-
verde com potencial de se tornar
uma planta matriz.
10.1.1 Coleta de sementes

Os frutos destinados à produção de sementes deverão ser colhidos nas


plantas matrizes completamente maduros, com aproximadamente 11 a
12 meses de idade e armazenados à sombra, em ambiente arejado para
completar a maturação. Recomenda-se um período de repouso de cerca de
15 dias para as sementes do coqueiro-anão.
Os “frutos-sementes” devem ser avaliados e selecionados, descartando-
se aqueles malformados, danificados ou que contenham pouca água em
seu interior. Esta última característica pode ser observada através do peso
do fruto e pelo barulho da água no seu interior.

10.2 VIVEIROS

As mudas de coqueiro poderão ser produzidas em viveiro instalado a


céu aberto ou sob telado. Pela Instrução Normativa 23 (IN 23), é permitida a
produção de mudas de coco de raiz nua ou em sacos plásticos.

41
10.2.1 Produção de mudas de raiz nua

As mudas de coqueiro são produzidas em viveiros a céu aberto. As


sementes previamente selecionadas e preparadas são colocadas no
germinadouro ou canteiro onde permanecerão até estarem prontas para o
plantio definitivo no campo.
Os germinadouros são canteiros com 1,0 a 1,5 m de largura e
comprimento variável. Entre os canteiros deve haver um espaço de 0,5
a 1,0 m para permitir a passagem e facilitar os tratos culturais, inspeção
fitossanitária e seleção das mudas.
As sementes são colocadas no canteiro preferencialmente na posição
vertical, ou seja, com a região da semente que estava ligada ao cacho
voltada para cima, as quais são cobertas com 2/3 de sua altura com solo ou
areia. A densidade máxima permitida será de 20 sementes/m2, conforme
recomendado pela I N 23 do MAPA.
Considerando que uma densidade elevada pode ocasionar mudas
estioladas com o coleto fino, recomenda-se que as sementes sejam
colocadas a uma distância de 30 cm entre si, numa distribuição triangular
que, pelos cálculos matemáticos, proporciona uma densidade de 12,8
sementes/m2.
Na prática, a construção de um canteiro com largura de 1,40 m é
suficiente para colocar 5 sementes espaçadas de 30 cm a partir do seu
ponto central. Colocadas na disposição triangular, no espaçamento de 30 x
30 x 30 cm, a partir de seu centro, a cada 1,04 m linear desse canteiro, serão
colocadas 18 sementes (Figura 19). Se o espaçamento entre os centros das
sementes for de 40 x 40 x 40 cm e considerando-se a mesma largura do
canteiro de 1,40 m, a cada 1,05 m linear, serão colocadas 11 sementes.
O viveiro deverá permanecer no limpo, livre da infestação de plantas
invasoras, principalmente gramíneas, por serem consideradas hospedeiras
de insetos vetores de doenças. A limpeza da área deve ser realizada

42
sistematicamente mantendo limpa inclusive uma faixa de área externa
próximo aos canteiros.

Figura 19. Disposição das sementes de coco anão-verde no germinadouro com


distribuição triangular no espaçamento 30 x 30 x 30 cm.

Para que possam ser comercializadas, as mudas permanecerão no viveiro


por um período entre 5 e 8 meses a partir da semeadura e deverão conter
entre 3 e 4 folhas vivas e ter entre 40 e 70 cm de altura com a circunferência
na região do coleto entre 5 e 8 cm.
O tempo para que ocorra a germinação e emergência da plântula é
variável em função da idade da semente, maturidade do embrião, absorção
de água pela semente e pela característica do material genético. Quando
colhidas secas, entre 11 e 12 meses de idade, a germinação das sementes
do coqueiro-anão-verde ocorre entre 30 e 60 dias.
É importante destacar que a velocidade de germinação está diretamente
relacionada com a precocidade e produção da planta no campo. Sementes
de coqueiro-anão não germinadas até 90 dias após a semeadura deverão
ser eliminadas do germinadouro, conforme IN 23. Este período de tempo
poderá ser reduzido pelo produtor de mudas em função dos critérios
técnicos adotados pelo viveirista. Por exemplo, as sementes que não
germinaram após 60 dias no viveiro poderão ser descartadas.
As práticas culturais como limpeza da área, controle de plantas
invasoras, controle de pragas, doenças e irrigação são importantes.
Frequentemente, as plantas devem ser inspecionadas, passando por uma
seleção e descartando-se as malformadas, raquíticas, albinas, com limbo

43
reduzido e com poliembrionia.
O manejo da irrigação é prática importante, podendo ser realizada no
início da manhã e final da tarde. Importante ter atenção para que não ocorra
o encharcamento. Normalmente, os canteiros utilizados para a germinação
das sementes são confeccionados sobre um leito de areia que apresenta
naturalmente uma boa drenagem.
A muda de coco deverá ser ereta, sem defeito de formação, sem
sintomas de deficiência nutricional, sem estiolamento e de coloração
típica da variedade. Deverá também estar livre de doenças, principalmente
helmintosporiose e de pragas, principalmente ácaro-da-necrose e
cochonilhas.
As mudas, ao serem retiradas do canteiro, deverão ter suas raízes
podadas. O período entre a retirada das mudas do viveiro e o plantio
definitivo no campo deve ser o menor possível, permanecendo à sombra e
irrigadas para evitar o ressecamento severo.

10.2.2 Produção de mudas em recipientes plásticos

As mudas de coqueiros podem ser produzidas em sacos de polietileno


opacos, sanfonados, perfurados na base e no terço inferior, com dimensões
mínimas de 40 cm de largura e 40 cm de altura e 0,2 mm de espessura ou
em recipientes plásticos com igual ou superior capacidade volumétrica.
Os sacos devem ser preenchidos com substrato previamente preparado
até 2/3 de seu volume interno. A semente deverá ser acomodada no interior
do saco, na posição horizontal ou vertical e preenchido com o substrato até
cobrir parcialmente a semente (Figura 20). Embora a legislação não faça
referência sobre o substrato a ser utilizado para esse tipo de muda de coco,
recomenda-se que seja utilizado um substrato industrializado, próprio para
esta finalidade. A utilização de substrato convencional à base de solo, areia
e esterco poderá estar contaminado com patógenos e ocasionar problemas

44
na formação da muda.
Este sistema de produção de mudas em recipientes plásticos apresenta
a vantagem de manter intacto o sistema radicular da planta. Por outro lado,
o custo é mais elevado e se justifica em casos específicos de replantio ou
para coqueiros destinados a ornamentação e trabalhos paisagísticos.

A B C
Figura 20. Produção de mudas de coco anão-verde em recipiente plástico (A).
Muda com a semente colocada na posição vertical (B) e muda com a
semente colocada na posição horizontal (C).

10.2.3 Posicionamento da semente

O posicionamento da semente no germinadouro (canteiro) poderá ser


na horizontal, inclinada ou na vertical.
Na posição horizontal, as sementes são colocadas no solo e cobertas
até 2/3 de sua altura com o solo do canteiro ou areia (Figura 21A). Nesse
sistema, é comum fazer o entalhe, que consiste na retirada de uma parte
da superfície da casca próximo ao embrião com a finalidade de facilitar a
absorção de água e favorecer a germinação. Porém, esse procedimento se
não for bem realizado, pode ocasionar ferimento no broto em formação,
comprometendo a plântula.
Outra forma muito utilizada é a colocação da semente no germinadouro
na posição vertical, sem o entalhe (Figura 21B). Nesse caso, as sementes são
colocadas na posição vertical, com a região da semente que estava ligada
ao cacho voltada para cima e cobertas com solo do canteiro ou areia até 2/3

45
de sua altura. A “germinação-emergência” poderá ser um pouco mais lenta.
Porém, o encaixe da plântula na região entre o coleto e a semente ficará
bem mais firme, facilitando seu manejo no transplantio, com menor quebra
da muda nessa região.

A B
Figura 21. Muda de coco-anão-verde formada a partir da semente colocada na
posição horizontal (A). Muda de coco-anão-verde formada a partir da
semente colocada na posição vertical (B).

10.2.4 Adubação no viveiro

As informações sobre adubação no viveiro para a produção de mudas


de coco-anão são escassas e divergentes.
De forma geral, considerando-se um planejamento para que a muda
fique no viveiro por um período de 6 meses a partir da semeadura, uma
sugestão de adubação poderá ser com a aplicação de 100 gramas/muda do
formulado 20:05:20 em três aplicações.
Considerando que o processo de germinação/emergência finalize aos
60 dias após a semeadura, as adubações poderão ser da seguinte forma:
a) Primeira aplicação com 30 gramas/muda do formulado aos 90 dias
após a semeadura.
b) Segunda aplicação com 30 gramas/muda do formulado aos 120 dias
após a semeadura.
c) Terceira aplicação com 40 gramas/muda do formulado aos 150 dias
após a semeadura.

46
11 PLANTIO E MANEJO

Antes da implantação da cultura no campo, é importante um


planejamento das atividades nem sempre realizado pelo produtor. Aspectos
relacionados à aquisição de máquinas e equipamentos, disponibilidade
de insumos, mão-de-obra, logística de transporte, comercialização,
perfil do consumidor e análise de custos são atitudes necessárias para a
sustentabilidade da atividade.

11.1 SELEÇÃO DA ÁREA

Para a planta expressar todo o seu potencial produtivo, o ambiente não


deve ser limitante. A escolha da área para o plantio do coqueiro deverá ser
efetuada após estudo criterioso.
Alguns fatores podem ser avaliados mesmo distantes da área de plantio,
como latitude, longitude, altitude, regime de precipitação pluviométrica,
histórico da área e logística de transporte.
Outros necessitam de uma análise direta na área, como topografia,
cultivos próximos, local de capitação de água, profundidade do lençol
freático, disposição de estradas e carreadores, rede de energia e
edificações.
Existem ainda aqueles que necessitam de avaliações mais detalhadas,
como análises física e química do solo, análise de organismos fitopatogênicos
no solo ou análise da qualidade da água para irrigação.

12.2 PREPARO DO SOLO

Preparar um solo para plantio significa colocá-lo numa condição


adequada para receber as mudas e oferecer um ambiente propício para seu
desenvolvimento.

47
O preparo inicial de um solo poderá conter diferentes operações
mecânicas, manuais ou químicas, dependendo do tamanho, da situação
presente e das condições disponíveis para sua realização.
Normalmente, são empregadas operações mecânicas com o uso
de tratores e implementos como arados, grades e roçadeiras. Em solos
que apresentem camadas compactadas, torna-se necessário o uso de
equipamentos específicos para seu preparo, como subsoladores.
As operações de preparo de solo deverão considerar a capacidade de
uso da área, principalmente em relação à declividade. O preparo do solo
deverá ser realizado sempre acompanhando as curvas de nível do terreno,
juntamente com as práticas conservacionistas mecânicas e vegetativas que
mantenham o solo coberto para evitar ou reduzir os processos erosivos.
A demarcação e construção de estradas e carreadores devem ser
planejadas para não provocar a formação de enxurradas e, consequente,
erosão na área.
Durante os preparativos e procedimentos de preparo do solo, amostras
deverão ser coletadas nas profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm,
enviadas ao laboratório para a realização de análises visando identificar a
necessidade de uso de corretivos do solo, adubações ou outras práticas de
manejo.

11.3 ESPAÇAMENTO E MARCAÇÃO DAS COVAS

Para a marcação das covas deverá ser definido previamente o


espaçamento e o tipo de arranjo espacial que será adotado no coqueiral.
O espaçamento entre as plantas será determinado considerando-se a
variedade e objetivos do cultivo, por exemplo, se solteiro ou em sistemas
agroflorestais (SAFs).
O arranjo espacial do plantio poderá ser num formato quadrado,
retangular, triangular ou variável dependendo da situação. Os sistemas de

48
plantio de formato quadrado ou retangular são mais adequados quando o
coqueiro for cultivado em sistemas associados com outras culturas, anuais
ou perenes. Nesses casos, os espaçamentos poderão ser bem variáveis,
dependendo de avaliação caso a caso.
Para cultivo solteiro, o arranjo triangular proporciona uma melhor
distribuiçao de plantas e maior densidade populacional por área. Um
plantio no arranjo quadrado com espaçamento de 7,5 x 7,5 m entre as
plantas proporciona uma densidade populacional de 178 plantas/ha,
enquanto no sistema triangular 7,5 x 7,5 x 7,5 m a distância entre as plantas
será a mesma. Porém, as plantas estarão melhor distribuídas e a densidade
populacional será de 205 plantas/ha, ou seja, um acréscimo de 15% no
número de plantas por hectare (Tabela 2).

Tabela 2. Variação da densidade populacional em função do espaçamento e


sistema de plantio para as variedades e híbrido de coqueiro.

Espaçamento entre Número de plantas


Variedade Arranjo espacial
plantas (m) por hectare
Anão Quadrado 7,0 x 7,0 204
Anão Triângulo 7,0 x 7,0 x 7,0 235
Anão Quadrado 7,5 x 7,5 178
Anão Triângulo 7,5 x 7,5 x 7,5 205
Híbrido Quadrado 8,5 x 8,5 138
Híbrido Triângulo 8,5 x 8,5 x 8,5 160
Gigante Quadrado 9,0 x 9,0 123
Gigante Triângulo 9,0 x 9,0 x 9,0 142

O sistema triangular no espaçamento entre plantas de 7,5 x 7,5 x 7,5


m é o mais recomendado e o mais utilizado para o coqueiro-anão-verde
irrigado. Entretanto, embora necessitando de confirmação científica, tem-
se observado na região norte do Espírito Santo um desenvolvimento de
copa um pouco menor daquele observado na região nordeste brasileira.
Esse fato sugere a possibilidade de uma avaliação criteriosa com o arranjo

49
triangular no espaçamento de 7,0 x 7,0 x 7,0 m entre plantas, o que
possibilitará colocar 235 plantas por hectare, ou seja, 31 plantas a mais por
hectare em relação ao espaçamento tradicional.
Para um plantio de coqueiro-anão no sistema de triângulo equilátero,
no espaçamento de 7,5 x 7,5 x 7,5 m entre as plantas, a marcação das
covas deverá ser iniciada preferencialmente pelo estabelecimento de um
alinhamento no sentido norte-sul e neste as covas serão marcadas na
distância de 7,5 m (Figura 22A). O balizamento da linha principal no sentido
norte-sul tem a finalidade de proporcionar um maior período de insolação
e luminosidade para as plantas.

A B C
Figura 22. Marcação das covas no primeiro alinhamento (A). Corda com 15 m
utilizada na marcação (B). Marcação das covas no formato triangular
7,5 x 7,5 x 7,5 m a partir do primeiro alinhamento (C).

Após a marcação das covas no primeiro alinhamento norte-sul, marca-


se a segunda linha com o auxílio de uma corda ou uma corrente de 15 m de
comprimento tendo em cada extremidade e no meio uma argola (Figura
22B). A partir da segunda linha, marca-se a terceira e assim sucessivamente
até completar a marcação total na área (Figura 22C).
Para facilitar a marcação das covas no campo, pode-se utilizar de um
procedimento com base em cálculos matemáticos que indica a distância
entre as linhas paralelas de plantio.

50
Observe na Figura 23 que a união de dois triângulos, contendo cinco
plantas, forma uma figura geométrica de um retângulo (linhas tracejadas).
Para um plantio na disposição triangular com espaçamento equidistante de
7,5 m entre as plantas, a distância entre as linhas de plantio será de 6,495 m
que, para efeito de marcação do campo, pode ser utilizado à distância de 6,5
m. Isto significa dizer que se pode marcar linhas paralelas afastadas de 13,0
m, nesse alinhamento deve-se fazer marcações a cada 7,5 m e, ao cruzar as
diagonais, a cova no intervalo central será definida, conforme demonstrado
pelas linhas pontilhadas (Figura 23). Essa prática facilita e agiliza a marcação
das covas no campo.
A Figura 23 representa uma área com a marcação das covas e
implantação do coqueiral no sistema triangular de 7,5 x 7,5 x 7,5 m indicado
para o coqueiro-anão-verde.

Figura 23. Esquema de marcação das covas e distribuição das plantas no sistema
triangular 7,5 x 7,5 x 7,5 m.

11.4 ABERTURA DA COVA

Após a marcação ou balizamento da área, as covas poderão ser abertas


manualmente ou mecanicamente.
Manualmente com o auxílio de cavadeira, pá, enxadão e enxada.
Mecanicamente poderá ser aberta com uma broca acoplada ao eixo de

51
tomada de força do trator (Figura 24A) ou com uma retroescavadeira (Figura
24B). O uso da broca para a abertura da cova em solos pesados (argilosos)
deverá ser criterioso, pois poderá ocasionar o espelhamento na parede
da cova, dificultando ou mesmo impedindo o crescimento do sistema
radicular. Outro problema que pode ser verificado é que uma cova com
a parede espelhada dificulta a drenagem. Assim, após chuvas ou mesmo
irrigação frequente, poderá ocorrer o encharcamento na cova levando à
morte das raízes.
As covas poderão ser confeccionadas a partir de um sulco aberto com
o uso de um sulcador acoplado ao trator. A cova será do tipo banqueta,
preparada no interior do sulco confirme tamanho pré-estabelecido (Figura
24C).

A B C
Figura 24. Abertura mecânica da cova de plantio com uso de broca mecânica (A),
com retroescavadeira (B) e sulcador (C).

11.5 TAMANHO E PREPARO DA COVA

Quanto ao tamanho da cova de plantio, existem várias indicações, desde


0,5 x 0,5 x 0,5 m, até covas com 1,0 x 1,0 x 1,0 m. Normalmente, o tamanho de
cova recomendado para coqueiro-anão está entre as dimensões de 0,6 x 0,6
x 0,6 m e 0,8 x 0,8 x 0,8 m, dos quais o último é preferível. Para a demarcação
da cova, pode-se utilizar um molde com as dimensões preestabelecidas
(Figura 25A). Após a marcação, o trabalho de abertura pode ser iniciado
com o auxílio de uma cavadeira reta (Figura 25B).

52
A B
Figura 25. Molde utilizado para a marcação das covas de plantio (A). Início do
processo de abertura manual da cova com uma cavadeira reta (B).

Durante o procedimento de abertura manual das covas, a terra da


superfície da cova, até 20 ou 25 cm de profundidade, pode ser retirada
com o auxílio de uma cavadeira de boca e ser depositada ao lado da cova
(Figura 26A). A terra retirada do subsolo da cova deverá ser separada e
posteriormente descartada, ou seja, não deve voltar para dentro da cova,
por apresentar baixos teores de matéria orgânica e nutrientes (Figura 26B).

A B
Figura 26. Retirada da terra da superfície da cova (A). Após a retirada do solo da
superfície da cova, o subsolo deverá ser retirado e descartado (B).

Ao volume de solo retirado da superfície da cova deverão ser


incorporados adubos orgânicos e químicos (Figura 27). A quantidade de
fertilizantes será em função da análise química previamente realizada na
área e do tamanho da cova.

53
A B
Figura 27. Cova aberta nas dimensões estabelecidas (A). Preparo do substrato com
adubos químico e orgânico e preenchimento da cova com o material
preparado (B).

O preparo da cova deve ser realizado com antecedência de 1 a 3 meses


do plantio da muda, pois os materiais químicos e orgânicos necessitam de
tempo para reagir e interagir com o solo e não provocar danos à muda.

11.6 PLANTIO DA MUDA

As mudas, contendo entre 3 e 4 folhas vivas e idade entre 5 e 6 meses,


são retiradas do viveiro, suas raízes aparadas, transportadas para o campo,
devendo permanecer à sombra, pelo menor tempo possível, para evitar a
perda excessiva de umidade e plantadas no local definitivo, se possível, no
mesmo dia. Na etapa do plantio, as mudas poderão receber um tratamento
fitossanitário para pragas e/ou doenças visando reduzir a perda no campo
e, consequente, replantio.
Na parte superior da cova anteriormente preparada, será reaberto
um espaço suficiente para encaixar a muda (Figura 28A). Deve-se tomar
cuidado para não colocar a muda demasiadamente funda, ou seja, evitar
o enterramento do coleto, conhecido como afogamento da planta. A
semente poderá ser recoberta com uma fina camada de terra (Figura 28B).
O solo deve ser levemente pressionado lateralmente na região da semente

54
e a muda deverá permanecer na posição vertical (Figura 28C).

A B C
Figura 28. Reabertura parcial da cova para a colocação da muda (A). Plantio na
profundidade adequada (B). Muda corretamente plantada na posição
vertical (C).

Nessa etapa, é prática importante o balizamento das mudas plantadas,


possibilitando o alinhamento definitivo e mantendo o espaçamento
equidistante das plantas.
Em condições de sequeiro, o plantio da muda no campo deve ser
realizado no início do período chuvoso. Se houver possibilidade, as
mudas deverão ser irrigadas pelo menos na fase inicial para garantir sua
sobrevivência.
Nas áreas onde o cultivo será conduzido sob irrigação, o plantio poderá
ocorrer em qualquer época do ano, desde que outra condição do ambiente
não seja limitante.

11.7 IRRIGAÇÃO

As plantas C3, entre elas o coqueiro, são menos eficientes na assimilação


do CO2 atmosférico utilizado no processo fotossintético quando comparadas
com plantas C4. Para que ocorra uma alta taxa fotossintética, o coqueiro
mantém seus estômatos abertos mesmo em períodos quentes do dia, isso
implica uma grande transpiração, ou seja, grande perda de água pela planta
que deve ser reabastecida com a água disponível no solo e absorvida pelo

55
sistema radicular. Isso explica a grande necessidade hídrica do coqueiro.
O coqueiro pode sobreviver sob condições de estresse hídrico. Porém,
nessa condição, a produção de frutos é severamente afetada. Os sintomas
da falta de água manifestam-se de diferentes formas e intensidades
dependendo do grau do déficit hídrico. Pode ocorrer atraso no início da
fase de produção, redução no crescimento pela diminuição na emissão
e no tamanho das folhas, queda prematura de folhas e frutos, redução
do número de flores femininas por cacho, queda de flores, frutos com
tamanho reduzido, com menor volume de água e consequente queda na
produtividade.
A atividade rural da cocoicultura em nossa região, objetivando alto
rendimento, deve considerar que, além do volume de chuvas ser insuficiente,
a sua distribuição é irregular. Sendo assim, a complementação por meio da
irrigação se torna necessária. O projeto para a implantação de um cultivo
irrigado deve atender a três considerações básicas: como, quando e quanto
irrigar.
Diversos sistemas de irrigação podem ser utilizados no cultivo do
coqueiro. Irrigação por superfície, irrigação convencional ou localizada.
Considerando a necessidade de melhor utilizar os recursos naturais, a
irrigação localizada é a mais indicada.
Sempre que for possível e economicamente viável, deve-se utilizar
dois microaspersores por planta, com objetivo de aumentar a eficiência
do processo pela ampliação da área a ser irrigada, pois o coqueiro requer
grande volume de água.

11.7.1 Necessidade hídrica

A quantidade de água necessária ao coqueiro depende de vários fatores


relacionados à planta e ao ambiente. Fatores climáticos, como radiação
solar, temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento devem ser

56
considerados. Em relação ao solo, deve-se observar sua classificação (tipo) e
o teor de umidade. Quanto à planta, deve-se considerar a idade, volume da
copa, estado nutricional e rendimento. Em relação ao sistema de irrigação,
deve-se avaliar sua eficiência e o tamanho da área molhada.
A necessidade hídrica pode ser determinada pela equação: ETc = ETo x
Kc x Ks, na qual:
ETc = evaporação da cultura, mm.dia-1
ETo = evaporação de referência, mm.dia-1
Kc = coeficiente de cultivo
Ks = coeficiente de sombreamento
O coeficiente de cultivo (Kc) é um indicador de significado físico e
biológico que depende da arquitetura da planta, da cobertura vegetal
e da transpiração. Seu valor pode variar de acordo com o crescimento,
desenvolvimento e fenologia da planta, conforme a fração de cobertura
da superfície do solo pela vegetação e com a profundidade e densidade
do sistema radicular. Pode variar também em função da textura e do teor
de água desejável no solo. Mesmo sem informações científicas específicas
para essa região que definam sua amplitude, os valores utilizados variam
entre 0,8 e 1,3 para os cálculos das equações.
O Ks pode ser calculado pela equação Ks = Cc/0,85, proposta por Keller
e Karmeli (1974), na qual Cc é o coeficiente de cobertura e representa a
fração da superfície do solo realmente coberta pela folhagem das plantas
vista de uma projeção vertical. Assim, esse coeficiente deve ser empregado
em sistemas de irrigação localizada, pois somente uma parte da superfície
do solo será molhada. No caso de sistema convencional de irrigação, em
área total, o Ks assume valor igual a 1,0.
Em coqueiros irrigados por microaspersão, o volume de água a ser
aplicado pode ser estimado pela equação Va = ETc x A x Tr, na qual:
Va = volume de água a ser aplicado por planta, L
ETC = evapotranspiração da cultura, mm.dia-1

57
A = área ocupada por planta, m2
Tr = turno de rega, dia
A área ocupada por planta (A), no caso do coqueiro plantado no sistema
triangular de 7,5 x 7,5 x 7,5 m, é de 48,8 m2.
O turno de rega (Tr) depende da capacidade de retenção de água no
solo, da porcentagem de área molhada e da evapotranspiração da cultura.
O turno de rega (Tr) normalmente varia entre 1 e 3 dias para solos arenosos
e argilosos, respectivamente.
O tempo de irrigação pode ser calculado pela equação Ti = Va/(Nep x
qa x Ea), na qual:
Va = volume de água a ser aplicado por planta, L
Nep = número de emissores por planta
qa = vazão do emissor, L.h.-1
Ea = eficiência de aplicação do sistema de irrigação, decimal
A eficiência de aplicação (Ea) do sistema de irrigação deve ser avaliada no
campo. Porém, em geral, sistemas por microaspersão bem dimensionados
e com boa manutenção apresentam valores entre 85 e 95%.

11.7.2 Monitoramento da umidade do solo

As estimativas de cálculos e coeficientes utilizadas para a determinação


da irrigação frequentemente são importadas de outras localidades e,
consequentemente, nem sempre bem ajustadas às condições de solo,
clima e desenvolvimento da planta no local de cultivo. Os erros resultantes
podem ser cumulativos e levar à deficiência hídrica ou excesso de irrigação.
Assim, recomenda-se que seja utilizado o monitoramento da umidade do
solo com o uso de tensiômetros (Figura 29).
Os tensiômetros geralmente são instalados em pelo menos duas
profundidades a fim de se ter uma idéia da umidade no perfil do solo
explorado pelo sistema radicular. No caso do coqueiro-anão, pode ser

58
recomendada a instalação de três tensiômetros nas profundidades de 20
cm, 40 cm e 60 cm. Esse conjunto de tensiômetros pode ser instalado a uma
distância de 0,8 a 1,20 m em relação ao estipe do coqueiro.

A B
Figura 29. Modelo de tensiômetro utilizado para monitoramento da umidade do
solo.

Para cada talhão, composto de área homogênea em relação ao solo e


à idade das plantas, o conjunto de tensiômetros deve ser instalado pelo
menos em três locais diferentes permitindo a checagem de funcionamento
entre eles e maior segurança de informações.
As leituras nos tensiômetros devem ser realizadas, preferencialmente,
pela manhã.
Embora não se disponha de dados técnicos específicos na região do polo
de coco no estado do Espírito Santo, trabalho desenvolvido por Miranda
e Gomes (2006) em várias regiões do estado do Ceará, indicam que, para
coqueiros cultivados em solos arenosos, a tensão da água do solo entre
as irrigações, medida pelo tensiômetro deve variar entre 8 e 25 centibares.

59
Para solos argilosos deve variar entre 25 e 50 centibares.
Leituras abaixo dos valores mínimos citados indicam que a irrigação
está excessiva e leituras acima da faixa ideal indicam que o solo está mais
seco que o desejável e a quantidade de água deve ser aumentada ou o
turno de irrigação reduzido. Entretanto, esses valores devem ser ajustados
mediante a elaboração da curva de retenção de água pelo solo em questão
definida através de análise laboratorial.

12 NUTRIÇÃO MINERAL

Os nutrientes minerais são extraídos da solução do solo através das


raízes e são utilizados no metabolismo para o desenvolvimento da planta.
São componentes essenciais de moléculas orgânicas e de estruturas das
membranas e estão envolvidos como ativador de reações enzimáticas, no
controle osmótico celular, no transporte de elétrons, no sistema tampão do
protoplasma e no controle da permeabilidade das membranas.
Os chamados elementos essenciais são necessários e indispensáveis
ao crescimento normal das plantas e devem estar presentes no solo, em
formas assimiláveis e em concentrações ótimas para assegurar o adequado
desenvolvimento da planta. Dependendo da quantidade requerida de um
nutriente pela planta, o elemento pode ser classificado como macronutriente
ou micronutriente.
Estudo desenvolvido com o coqueiro híbrido PB 121 revelou que a
extração de nutrientes segue a seguinte sequência: K > Cl > N > Ca > Na >
Mg > S > P.
A seguir, estão apresentados os principais nutrientes, forma de absorção,
principais funções e sintomas de sua deficiência no coqueiro.

Nitrogênio (N) – Absorvido preferencialmente nas formas NO3– e


NH4+. Encontra-se presente nas moléculas de aminoácidos, clorofila,

60
bases nitrogenadas, ácidos nucléicos (DNA e RNA) e proteínas. Também
relacionado aos mais importantes processos fisiológicos, como fotossíntese
e respiração. Participa da síntese de vitaminas, hormônios e coenzimas. O
N apresenta alta mobilidade na planta, o qual é transferido de um órgão
para outro. Quando há deficiência desse nutriente na planta, ocorre um
processo de degradação de compostos nas folhas mais velhas, liberando o
N para ser utilizado nas áreas deficientes ou em formação (remobilização),
com isso o sintoma visual da deficiência está inicialmente relacionado ao
amarelecimento nas folhas mais velhas. Sua deficiência ocasiona um gradual
amarelecimento na planta, redução do número de flores femininas, redução
do número de frutos por cacho e da produção. A deficiência severa, em
estágio avançado, acarreta a diminuição do tamanho, do número de folhas
e estreitamento do estipe, fazendo com que a planta apresente aspecto
característico denominado “ponta-de-lápis”. Em plantas jovens, no viveiro,
a deficiência ocasiona amarelecimento generalizado das folhas e redução
no diâmetro do coleto. As causas da deficiência de nitrogênio podem
estar associadas a solos desfavoráveis à mineralização do nitrogênio, baixa
pluviosidade ou seu excesso causando lixiviação, presença de plantas
invasoras principalmente gramíneas, e falta de coroamento da planta ou
manejo inadequado da adubação.

Fósforo (P) – Dependendo do pH do solo, o P pode ser absorvido pela


planta nas formas H2PO41- e HPO42-. Participa das reações responsáveis
pelo transporte de energia na planta (ATP, NADP, NADPH). Faz parte de
compostos essenciais ao metabolismo vegetal, como ácidos nucléicos e
açúcares fosfatados e atua na multiplicação de células e crescimento das
raízes. Apresenta-se móvel na planta. A sua deficiência causa uma redução
no crescimento da planta, e as folhas apresentam uma coloração verde
mais escuro. Há uma correlação entre os níveis de N e P na planta em que o
baixo teor de fósforo pode ser decorrente de baixo teor de nitrogênio.

61
Potássio (K) – Absorvido na forma de K+. Participa diretamente no
processo de abertura e fechamento estomático fundamental no equilíbrio
hídrico da planta. Atua no crescimento de tecidos meristemáticos e está
envolvido na ativação de vários sistemas enzimáticos. É essencial na
frutificação e maturação dos frutos, além de ser responsável pela conversão
de amido em açúcares. Apresenta alta mobilidade na planta. É o nutriente
mais exportado pelos frutos e os sintomas de sua deficiência podem ser
observados pelo aparecimento de manchas amareladas, cor de ferrugem,
nos dois lados do folíolo que posteriormente evoluem para uma necrose
na extremidade. A deficiência pode ser observada por um gradiente de
coloração na planta com as folhas mais novas verdes, as folhas de meio de
copa amarelecidas e as folhas mais velhas amareladas e secas. Coqueiros
com deficiência de potássio apresentam redução na produção de frutos.

Cálcio (Ca) - Absorvido na forma de Ca2+. Uma das principais funções do


cálcio está associada à estrutura da planta como integrante da parede celular.
Promove resistência física em flores, ramos e frutos e, juntamente com o
fósforo, atuam no crescimento e multiplicação das raízes. É um nutriente
praticamente imóvel na planta. Embora seja difícil encontrar sintomas de
deficiência no campo, eles aparecem inicialmente nas folhas bem jovens
(folhas 1, 2 e 3) como manchas amareladas e arredondadas, tornando-se
marrom no centro. A partir da folha 4 essas manchas concentram-se nos
folíolos da base.

Magnésio (Mg) – Absorvido na forma Mg2+. Entre as principais funções


do magnésio, destaca-se sua participação na fotossíntese como integrante
da molécula de clorofila e reações enzimáticas. Apresenta-se móvel na
planta. Nas folhas, os sintomas visuais da deficiência de Mg são pouco
marcantes nos coqueiros-anões, os quais são inicialmente observados
nas folhas expostas ao sol como um amarelecimento na extremidade

62
dos folíolos enquanto permanecem verdes próximos à raque. Folhas bem
jovens e folhas sombreadas permanecem verdes. Quando a deficiência é
severa, manchas translúcidas podem aparecer nas partes amarelas da folha
e as extremidades dos folíolos ficam necróticos com coloração marrom-
avermelhada. A deficiência de Mg pode estar associada à elevada acidez
em solos leves, pelo contínuo uso de fertilizantes amoniacais e pesadas
fertilizações com K.

Enxofre (S) – Absorvido principalmente na forma de SO42- e também na


forma SO2 pelas folhas. Participa da estrutura de aminoácidos e constituinte
de enzimas e hormônios vegetais. Faz parte de moléculas de vários
compostos orgânicos como ferrodoxinas que participam da fotossíntese.
É considerado um elemento com pouca mobilidade na planta. Deficiência
de enxofre promove o amarelecimento de todas as folhas, mesmo as mais
novas. As folhas maduras perdem progressivamente a coloração verde dos
folíolos das margens em direção à nervura central. Em coqueiros adultos
deficientes em S, ocorre a redução no tamanho e no número de folhas
vivas. Há o enfraquecimento da raque fazendo com que as folhas também
sequem prematuramente e fiquem penduradas no estipe. Sob deficiência
severa, ocorre grande redução no tamanho e na produção de frutos.

Cloro (Cl) – Absorvido na forma Cl-. Participa do processo fotossintético,


no movimento dos estômatos e regulação osmótica das células. Para
o coqueiro, o Cl é considerado um macronutriente e um dos principais
componentes químicos na fisiologia da planta. Apresenta-se móvel
na planta. O sintoma da deficiência de Cl aparece primeiramente nas
folhas mais velhas, caracterizado por um amarelecimento e/ou manchas
alaranjadas com ressecamento das extremidades e pontas dos folíolos.
Planta deficiente em Cl possui baixa produção de folhas, reduzido número
de folhas vivas e menor produção de frutos.

63
Zinco (Zn) – Absorvido na forma de Zn2+. Participa dos processos de
respiração, síntese de proteínas e controle hormonal. Componente essencial
de várias enzimas. Apresenta-se pouco móvel na planta. A deficiência de
Zn interfere no crescimento da planta, podendo ocasionar redução no
tamanho e deformação da folha.

Boro (B) – Absorvido na forma H3BO3. Possui importante função no


metabolismo de carboidratos, transporte de açúcares e síntese de ácidos
nucléicos. Atua no crescimento dos tecidos meristemáticos da parte aérea
e das raízes. Está associado ainda ao processo de biossíntese e estrutura da
parede celular e na fecundação de flores e formação da semente. Apresenta
parcial mobilidade na planta. Os sintomas iniciais da deficiência aparecem
nos pontos de crescimento com o crestamento dos folíolos, os quais tornam-
se mais curtos e podem estar unidos pelas extremidades. Sob condições de
maior deficiência, os folíolos terminais apresentam-se fundidos e a folha
flecha apresenta-se torta em forma de gancho com dificuldade para abrir. A
parte basal da raque pode ficar ausente de folíolos. Nos casos mais graves,
o ponto de crescimento apresenta-se deformado e ocorre paralisação do
desenvolvimento, podendo ocasionar a morte da planta. A principal fonte
de boro no solo é a matéria orgânica.

Ferro (Fe) – Absorvido na forma Fe2+ e Fe3+. Complexos orgânicos de


ferro estão envolvidos no mecanismo fotossintético. Participa no processo
de respiração e de assimilação de N e S. Elemento pouco móvel na planta.
Sintomas da deficiência de Fe ocasionam um amarelecimento generalizado
da planta. Em solos tropicais intemperizados, por serem ricos nesse
elemento, os sintomas de deficiência de Fe não são comuns.

Cobre (Cu) – Absorvido na forma Cu2+. Participa no transporte de


energia no processo fotossintético. Atua na respiração e no metabolismo de

64
proteínas. Elemento pouco móvel na planta. Quando ocorre deficiência de
Cu, a raque da folha fica flexível e se curva. Os folíolos começam a secar nas
extremidades, passando de verdes a amarelados e, por fim, secam e ficam
com aspecto de queimados. Sob deficiência severa, a planta apresenta
poucas folhas vivas e as folhas novas emitidas são pequenas e cloróticas.
A deficiência de Cu é mais comum em plantas jovens e pode aparecer
em solos turfosos, nos quais o Cu se encontra complexado com a matéria
orgânica e em solos de areia quartzosa distrófica.

Manganês (Mn) – Absorvido na forma Mn2+. Participa dos processos


de fotossíntese, respiração e atua no metabolismo celular como ativador
de inúmeras enzimas. Apresenta baixa mobilidade na planta. A deficiência
de Mn caracteriza-se por apresentar uma leve descoloração da folha e,
principalmente, pelo aparecimento de uma estreita necrose marrom,
longitudinal, paralela às nervuras dos folíolos. Aparecem rachaduras no
córtex das raízes primárias.

Molibdênio (Mo) – Absorvido na forma MoO42-. A função mais


importante do molibdênio nas plantas está associada ao metabolismo
do N. Apresenta parcial mobilidade na planta. Os sintomas de deficiência
de Mo podem estar associados à carência de N com amarelecimento das
folhas mais velhas e possível necrose marginal. Solos com pH abaixo de 5,0
predispõe à deficiência desse nutriente.

13 USO DE CORRETIVOS E ADUBAÇÃO

A determinação da necessidade da utilização de corretivo e adubação


para o coqueiro deve ser feita com base nas análises de solo e vegetal.

65
13.1 AMOSTRAGEM DO SOLO

A área a ser amostrada deverá ser dividida em talhões homogêneos,


levando-se em consideração sua posição geográfica, tipo de solo, variedade
cultivada, idade das plantas e produtividade. Os talhões devem ser, no
máximo, de 10 hectares.
Os pontos de coleta são estabelecidos caminhando-se em zigue-
zague de forma a se ter uma cobertura de todo o talhão coletando-se 20
subamostras representativas da área para formar uma amostra composta a
ser enviada para análise.
As subamostras devem ser coletadas na projeção da copa do coqueiro,
no local onde são aplicados os fertilizantes. Esta amostragem deverá ser
realizada pelo menos 30 dias após a última adubação.
Amostragens nas entrelinhas devem ser realizadas a cada três anos
para avaliar a acidez do solo e a disponibilidade de nutrientes de modo a
permitir possíveis correções.
No local da coleta do solo para análise, devem ser removidos apenas
folhas e galhos, sem alterar a superfície do solo. A amostragem geralmente
é efetuada utilizando-se enxadão, trado ou sonda. No caso de análise para
a determinação de micronutrientes, os equipamentos de coleta do solo
devem ser de material inoxidável para evitar a contaminação da amostra.
Nos pontos definidos, o solo deve ser coletado tradicionalmente na
profundidade de 0 a 20 cm para a avaliação de sua fertilidade. Entretanto, a
coleta poderá ser também na profundidade de 20 a 40 cm principalmente
para uma avaliação do teor de alumínio ou outros parâmetros no subsolo,
conforme necessidade. As subamostras de diferentes profundidades devem
ser colocadas em recipientes separados.
As subamostras coletadas são depositadas em um recipiente limpo e
posteriormente homogeneizadas. Deste material, será retirada uma amostra
de aproximadamente 300 a 500 gramas, acondicionada em saco plástico

66
ou caixinha própria de papelão, identificada e enviada ao laboratório para
análise.

13.2 AMOSTRAGEM FOLIAR

O histórico da área e das plantas cultivadas, o diagnóstico visual e as


análises de solo são importantes ferramentas na condução do coqueiral.
Entretanto, somente a análise do solo não é suficiente para garantir um
acompanhamento adequado do estado nutricional do coqueiro, tendo
em vista que a existência de nutrientes no solo, mesmo em quantidades
satisfatórias, não garante o suprimento adequado para as plantas devido a
uma série de fatores que podem influenciar na sua absorção.
A diagnose foliar consiste em se comparar os teores dos nutrientes
das folhas com padrões pré-estabelecidos, determinados em lavouras
produtivas.
O talhão a ser amostrado deverá ser homogêneo, considerando-se a
topografia, tipo de solo, variedade, idade das plantas, nutrição, fitossanidade
e rendimento. O tamanho máximo da área para compor uma amostra será
de 10 hectares. Nessa área, no mínimo 20 plantas representativas serão
amostradas, retirando-se três folíolos de cada lado da parte central da folha.
Deve-se evitar a coleta de folíolos danificados.
Para o estabelecimento de comparação quanto ao teor de nutrientes
foliar, a folha a ser amostrada deverá possuir a mesma idade fisiológica em
relação ao padrão estabelecido. Por isso, é importante conhecer a filotaxia
do coqueiro.
A filotaxia de uma planta diz respeito ao padrão de distribuição das
folhas ao longo do caule, ou seja, a forma como as folhas estão dispostas
na planta.
Para o coqueiro, a filotaxia é 2/5, ou seja, para se encontrar duas folhas
alinhadas, uma abaixo da outra, é necessário marcar uma folha, dar duas

67
voltas ao redor da planta, contando-se cinco folhas em torno de uma espiral,
conforme apresentado na figura 30.
Para coqueiros jovens, as amostragens poderão ser feitas na folha
número 4 ou na folha número 9. No caso de coqueiros em produção, a folha
a ser amostrada normalmente é a de número 14.

Figura 30. Representação esquemática da filotaxia e distribuição das folhas na


planta do coqueiro-anão-verde.

Para a identificação prática da folha número 14, deve-se proceder da


seguinte maneira:
Localizar a inflorescência recém-aberta, ou seja, a última inflorescência
aberta na copa do coqueiro, cuja folha correspondente é a número 10. Do
lado oposto a esta, estará a folha número 9, cuja inflorescência está prestes
a abrir, ainda envolta pela espata. Abaixo desta, encontra-se a folha de
número 14, que é uma folha de meio de copa, totalmente desenvolvida,
que forma um ângulo de aproximadamente 45° em relação à sua inserção
no estipe e que possui na sua axila um cacho com frutos do tamanho de
um punho.
Depois de identificada a folha a ser amostrada, coletar seis folíolos, sendo
três de cada lado, na posição média da folha (Figura 31). Esse procedimento
deve ser realizado em, no mínimo, 20 plantas para compor uma amostra a

68
ser enviada ao laboratório.
Recomenda-se coletar os folíolos de plantas sadias que representem a
população da área. Não deve ser coletada amostra em plantas ou folhas
muito danificadas por pragas ou doenças ou que apresentem distúrbios
fisiológicos ou morfológicos. Nunca misturar amostras coletadas em folhas
de números diferentes.

A B
Figura 31. Folhas do coqueiro mostrando os folíolos retirados para análise (A e B).

Os folíolos coletados (amostra) devem ser acondicionados em


sacos de papel, identificados e enviados ao laboratório para análise,
preferencialmente no mesmo dia. Na impossibilidade de envio da amostra
para análise no mesmo dia, manter o material em ambiente refrigerado.
As amostras de folhas devem ser coletadas preferencialmente entre
7 e 11 horas e, caso ocorram chuvas com intensidade acima de 20 mm,
aguardar pelo menos 36 horas.

13.3 CALAGEM

A implantação de coqueirais em áreas com solos não adequados ou


com baixa fertilidade natural sem as devidas correções pode comprometer
o desenvolvimento da planta, com rendimento abaixo do esperado. O
coqueiro é tolerante a uma ampla faixa de pH do solo, desde solos fortemente

69
alcalinos, pH 7,5, até solos bastante ácidos, menor que pH 5,0. Entretanto,
nestes casos extremos ocorrerá desequilíbrios na disponibilidade dos
elementos nutrientes no solo e a planta poderá se tornar improdutiva. A
faixa de pH considerada ótima situa-se entre 6,0 e 6,5.
Solos ácidos normalmente apresentam Al3+ (forma tóxica) e/ou baixos
teores de Ca e Mg. Nesse caso, é necessária a sua correção por meio da
calagem.
Para o bom desenvolvimento do coqueiro, é necessário que o teor
de Ca e Mg no solo esteja acima de 3 cmolc/dm3 e 0,8 cmolc/dm3,
respectivamente.
No estado do Espírito Santo, o método utilizado para a estimativa da
quantidade de calcário é o da saturação de bases (V%). Para o coqueiro-
anão irrigado, recomenda-se elevar a saturação de bases para 70%.

13.3.1 Cálculo da necessidade de calcário

A determinação da quantidade de calcário a ser aplicada é calculada


pela pela equação NC = T (V2 – V1), na qual:
PRNT

NC = Necessidade de calcário em t/ha


T = CTC a pH 7 em cmolc/dm³
V2 = Saturação em bases (%) desejada
V1 = Saturação em bases (%) atual do solo
PRNT = Poder relativo de neutralização total

No caso da aplicação de calcário na cova de plantio, deve-se levar em


consideração a análise química do solo e o tamanho da cova, ou seja, do
volume de solo correspondente. Uma cova de 60 x 60 x 60 cm corresponde
a um volume de solo de 0,216m3 (216 litros), enquanto uma cova de 80

70
x 80 x 80 cm, a um volume de 0,512m3 (512 litros). Portanto, como os
volumes de solos correspondentes a cada tamanho de cova são diferentes,
a quantidade de calcário necessária para alcançar o efeito desejado deverá
ser diferente.
A quantidade de calcário a ser utilizada será determinada por cálculos
matemáticos com base na análise química do solo.

13.4 GESSAGEM

A gessagem é recomendada para solos que apresentam a camada


subsuperficial com baixos teores de Ca e/ou altos teores de Al3+. Entretanto,
o gesso não substitui o calcário e não modifica o pH do solo.
A utilização do gesso é indicada quando na camada de 20 a 40 cm do
solo apresentar:
• Teor de cálcio menor ou igual a 0,5 cmolc/dm³.
• Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm³.
• Saturação por Alumínio (m) maior que 40%.
Em solos de textura arenosa, com baixa CTC, a movimentação de cátions
é maior que em um solo argiloso com elevada CTC. Assim, deve-se observar
cuidadosamente a quantidade de gesso a ser aplicada para evitar o risco
de movimentação de alguns nutrientes além das camadas exploradas pelo
sistema radicular.
A quantidade de gesso a ser aplicada deve ser 30% da quantidade de
calcário calculada para a camada de 20 a 40 cm.
Aplicar o gesso, preferencialmente após a aplicação do calcário e em
cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo.

13.5 ADUBAÇÃO DE PLANTIO

A adubação da cova de plantio deverá ser determinada em função da

71
análise química do solo. Nos solos tropicais, geralmente é indispensável a
aplicação de matéria orgânica e fósforo na cova de plantio.
Para o preparo da cova:
• Aplicar fósforo considerando seu teor disponível no solo indicado
pela análise (Tabela 3). Preferencialmente utilizar superfosfato simples por
conter enxofre em sua composição.
• Misturar ao solo da cova 20 litros de esterco de curral curtido ou seu
equivalente em outra forma orgânica.
• A quantidade de calcário deve ser determinada considerando-se a
análise química do solo.
• Se a análise de solo indicar baixos teores de micronutrientes, aplicar 7
g de zinco, 1 g de cobre, 2,5 g de boro,1,5 g de ferro e 3 g de manganês.

Tabela 3. Recomendação para aplicação de P2O5 na cova de plantio em função do


teor de fósforo disponível no solo e do tamanho da cova

Teor de P no solo Cova 60 x 60 x 60 cm Cova 80 x 80 x 80 cm


(mg/dm3)
P2O5 (g/cova)
< 10 150 300
10 – 20 100 200
>20 50 100

13.6 ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO

O coqueiro é uma palmeira de crescimento e produção contínua.


Considerando-se um suprimento hídrico adequado para a planta, a
adubação é uma prática de grande influência sobre a produção de frutos e
deve ser definida em função da análise de solo e de folhas.
As indicações de adubação para o coqueiro-anão-verde são escassas e
necessitam de maior número de trabalhos científicos para a determinação
da demanda de nutrientes e das doses a serem aplicadas para maximização
da eficiência de aproveitamento dos fertilizantes e da produtividade.

72
Na carência de maiores informações e dados da pesquisa sobre adubação
do coqueiro- anão irrigado em nossa região, utilizou-se informações
bibliográficas, de técnicos e produtores rurais para elaborar a tabela de
referência (Tabela 4). A recomendação de adubação com as doses de N leva
em consideração o teor foliar de N e a idade da planta. Os valores indicados
para P2O5 e K2O foram determinados considerando-se os teores de P e K no
solo e a idade da planta.

Tabela 4. Doses de N, P2O5 e K2O em função do teor de N foliar, do teor de P e K do


solo e da idade do coqueiro-anão-verde.
Idade da N foliar (dag/kg) P no solo (mg/dm3) K no solo (mg/dm3)
planta <1,8 1,8-2,0 >2,0 <10 10-20 >20 <60 60-120 >120
Anos gramas de N/planta/ano gramas de P2O5/planta/ano gramas de K2O /planta/ano
0a1 400 300 150 0 0 0 500 350 150
1a2 600 400 200 150 80 50 800 500 250
2a3 800 600 300 300 100 80 1.200 800 400
3a4 1.000 700 400 400 200 100 1.400 1.000 600
4a5 1.200 850 500 500 300 150 1.600 1.200 700
5a6 1.400 1.100 600 600 400 250 1.800 1.400 800
>6 1.600 1.300 800 650 450 300 2.000 1.600 900

Observações:
a) Em cultivos irrigados, a adubação com nitrogênio e potássio pode ser
parcelada a cada trinta ou sessenta dias ou aplicados com maior frequência
via fertirrigação.
b) Quanto ao fósforo, parcelar o total anual recomendado em duas
aplicações com intervalo semestral.
c) A partir do 2° ano, aplicar 20 kg/ha/ano de enxofre tendo como fonte
gesso ou sulfato de amônio.
d) Quando a análise de solo indicar para o zinco valores abaixo de 0,6 mg/
dm3, determinado pelo método do DTPA, aplicar 5 kg de zinco por hectare.
e) Quando a análise de solo indicar para o boro teores abaixo de 0,2 mg/
dm³, pelo método de água quente, aplicar 2 kg de boro por hectare.

73
f ) Suspender a adubação potássica quando a análise de solo indicar teor de
K superior a 250 mg/dm3.
A análise de solo é uma importante aliada para o manejo da adubação.
Porém, não é suficiente para o acompanhamento do estado nutricional
do coqueiro. Assim, a análise foliar é prática indispensável para o
monitoramento, acompanhamento nutricional da planta e sua correlação
com índices de produtividade.
Na ausência de maiores informações de pesquisa quanto ao balanço de
nutrientes para o coqueiro-anão-verde irrigado em nossa região, elaborou-
se um estudo baseado em vários trabalhos científicos que possibilitou a
indicação das faixas de teores de macro e micronutrientes consideradas
adequadas para essa cultivar, determinado na folha 14 (Tabela 5).

Tabela 5. Faixas de nutrientes na folha 14 consideradas adequadas para o coqueiro-


anão-verde
Macronutriente (g.kg-1)

N P K Ca Mg S Cl Na
18 - 20 1,1 - 1,4 9 - 10 4,0 - 5,0 2,5 - 2,6 1,5 - 1,7 5,0 - 5,5 2,2 - 2,9

Micronutriente (mg.kg-1)
Zn B Fe Mn Cu
11 - 12 24 - 36 90 - 100 30 - 55 4,5 - 50
Fonte: adaptado de Holanda et al., 2007.

A adubação orgânica é considerada uma prática de grande importância


no fornecimento de nutrientes e na melhoria das condições físicas e
biológicas do solo.
A associação organomineral é benéfica para o coqueiro e aplicações
conjuntas de NPK e estercos ou compostos orgânicos promovem aumento
na produção de frutos.
É aconselhável que, no planejamento da adubação, seja dimensionada

74
a relação entre os custos dos insumos e mão de obra com a produção
esperada e preço do fruto a ser comercializado.

13.7 LOCALIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO

A prática da adubação do coqueiro deve ser realizada considerando-se


a idade, tamanho da planta e o desenvolvimento do sistema radicular.
Os fertilizantes devem ser aplicados em formato circular correspondente,
no máximo, à projeção da ponta das folhas sobre o solo. No primeiro ano, a
aplicação do adubo poderá ser feita distanciando-se 20 cm do estipe numa
faixa até 70 cm. Com o crescimento da planta, a área do círculo deve ser
expandida acompanhando o crescimento da copa.
Nas plantas adultas, a área circular de aplicação deve ser iniciada a 50
cm a partir do tronco cobrindo-se uma área de até 2,0 m de raio. A aplicação
de fertilizantes a partir de 2,0 m distanciados do estipe não é aconselhável,
tendo em vista a pequena quantidade de radicelas, ou seja, raízes que
efetivamente absorvem água e nutrientes (Figura 32).

A B
Figura 32. Região de aplicação de adubos em planta jovem (A). Área indicada para
adubação em planta adulta de coqueiro-anão-verde (B).

14 PRAGAS

Ocorre grande número de espécies de artrópodes associados ao


coqueiro, algumas das quais podem ser consideradas pragas capazes de

75
causar danos de importância econômica para a cultura.
A seguir, será apresentada uma breve descrição das principais pragas
da cultura, características de seu ciclo biológico, danos que provocam e
sugestão de algumas medidas de controle.

14.1 PRAGAS DO ESTIPE

Broca-do-coqueiro ou broca-do-olho-do-coqueiro - Rhynchophorus


palmarum (L., 1764) (Coleoptera: Curculionidae).

O adulto é um besouro preto, de 4 a 6 cm de comprimento (Figura


33A). Esses insetos são atraídos de grandes distâncias por odores de
fermentação.
As fêmeas colocam seus ovos (até 250/ciclo) na base da raque. As larvas
são brancas, cabeça marrom, sem pernas, com o corpo recurvado e chegam
a atingir 7 cm de comprimento quando plenamente desenvolvidas. As
larvas fazem galerias a partir da gema apical, no pecíolo das folhas novas e
no estipe mole, podendo, em altas infestações, provocar a queda da parte
aérea, que se quebra na região do palmito.
Como dano indireto, são vetores do nematoide Bursaphelenchus
cocophilus, agente causador da doença do anel-vermelho, que é letal para
o coqueiro. Essa doença, porém, só é observada a partir do terceiro ano
após o plantio.
O controle da praga é preventivo com a colocação de armadilhas com
feromônio (Rhyncophorol) + toletes de cana de açúcar para captura e
eliminação dos adultos.
As armadilhas podem ser preparadas com balde plástico com tampa,
com capacidade entre 50 e 100 litros ou garrafas tipo PET de 2 litros.
Os baldes são preparados com a confecção de três furos na tampa
onde, em cada orifício, será fixado um funil plástico. No interior desse balde,

76
serão colocados cerca de 20 a 30 toletes de cana de 30 cm com a cápsula
do feromônio fixada através de um arame fino na parte inferior da tampa
(Figura 33B).
Esses recipientes devem ser distribuídos aproximadamente a cada 500
metros na periferia do plantio. Recomenda-se, quinzenalmente, a inspeção
para a destruição dos insetos capturados e a troca dos toletes de cana.
Esses insetos também são controlados biologicamente pelo fungo
Beauveria bassiana (Bals.) Vuill e pelo parasitóide Paratheresia menezesi
Townsend (Diptera: Tachinidae).
É importante não provocar ferimentos nas plantas de coqueiros
evitando, assim, atrair esses insetos. Também é importante monitorar
plantações vizinhas, pois a cana de açúcar, palmáceas diversas, mamoeiro
e bananeira, são hospedeiros desse inseto de onde podem continuamente
migrar para o coqueiral.

A B
Figura 33. Inseto adulto da broca-do-olho-do-coqueiro (A). Recipiente plástico
adaptado para a captura dos insetos adultos de R. palmarum (B).

Broca-do-estipe ou broca-do-tronco - Rhinostomus barbirostris (Fabricius,


1775) (Coleoptera: Curculionidae).

Os adultos são besouros pretos, com o corpo rugoso e coberto de

77
pontuações. O macho diferencia-se da fêmea por apresentar o rostro (bico)
coberto de pelos avermelhados (Figura 34A).
Durante o dia, os adultos ficam escondidos na base das folhas, saindo à
noite e caminhando pelo estipe. As fêmeas colocam os ovos, de preferência,
nas cicatrizes foliares ou naquelas deixadas pela broca-do-pedúnculo-floral,
fazendo orifícios ou aproveitando os já existentes, introduzindo um ovo em
cada um e recobrindo-os com um muco. As larvas são branco-amareladas,
cilíndricas, recurvadas e podem atingir até 5 cm de comprimento. O ciclo
completo pode durar até 6 meses.
Os sintomas de ataque são manchas escurecidas no tronco do coqueiro
resultantes do escorrimento de seiva, além da deposição de serragem que
é expelida pelos orifícios e se depositam sobre o solo ao redor do tronco
(Figura 34B). Internamente, observam-se numerosas galerias que são
escavadas pelas larvas ao se alimentar.
Coqueiros fortemente atacados ficam sujeitos a ser quebrados por
ventos fortes. Quando o ataque vai se aproximando da copa das árvores, as
folhas mais velhas secam e ficam dependuradas, até a morte das plantas.
O controle é feito com a eliminação das plantas severamente atacadas.
Armadilhas luminosas podem ser usadas como medida auxiliar para coleta
e eliminação de adultos.

A B
Figura 34. Insetos adultos, macho e fêmea, de Rhinostomus barbirostris (A). Base do
estipe atacado pela broca e a deposição de serragem junto à planta (B).

78
Broca-do-bulbo - Strategus aloeus (L., 1758) (Coleoptera: Scarabaeidae).

Os adultos são besouros pretos, de até 6 cm de comprimento, de hábito


noturno e são mais comuns no período chuvoso. Cavam galerias próximas
à região do colo da planta em início de desenvolvimento e perfuram
galerias em seu bulbo para se alimentar. As plantas atacadas inicialmente
apresentam murchamento e, se o ataque do inseto não for controlado,
morrem.
O controle pode ser feito com a combinação de várias práticas: arrancar
e destruir plantas atacadas; destruição manual dos adultos que podem
ser arrancados das galerias com arame em cuja ponta é feito um gancho e
instalação de armadilhas luminosas para captura e destruição de adultos.

14.2 PRAGAS DAS FOLHAS

Broca-da-raque-foliar - Amerrhinus ynca (Sahlberg, 1823) (Coleoptera:


Curculionidae).

São besouros de cor amarelada com pontuações pretas e manchas


escurecidas pelo corpo, patas e rostro. Medem cerca de 2,5 cm de
comprimento (Figura 35A).
Possuem hábito diurno e alimentam-se do pólen das inflorescências. A
fêmea faz orifícios com o rostro no pecíolo foliar para a colocação dos ovos,
que são recobertos por mucilagem. Internamente, a larva cava galerias do
ponto de postura para a base ou extremidade da raque (Figura 35B), torna
as folhas amareladas e sujeitas a quebra por vento e apressa sua senescência
e queda. Seu ataque é percebido pelo escorrimento de seiva escurecida
(resina) na base ou na parte central da raque da folha (Figura 35C).
O controle pode ser feito com a retirada e destruição das folhas atacadas
antes da emergência dos insetos adultos. A pulverização de inseticidas

79
somente se justifica em casos específicos e deve ser realizada em jato
dirigido para as inflorescências em que adultos estejam se alimentando
de pólen. Existe ainda a ação natural de parasitóides exercendo controle
biológico sobre larvas e pupas.

A B C
Figura 35. Adulto do besouro da broca-da-raque-foliar (A). Larva do besouro e sua
galeria no interior da base da raque (B). Folhas com exsudado resinoso
característico do ataque da broca-da-raque (C).

Baratas-do-coqueiro - Coraliomela brunnea (Thunberg, 1821) (Coleoptera:


Chrysomelidae) e Mecistomela marginata (Thunberg, 1821) (Coleoptera:
Chrysomelidae).

São besouros de corpo largo e achatado. O primeiro, de cor vermelha


(Figura 36A) e o segundo, de cor preta com as bordas amarelas, são insetos
que se movimentam durante o dia e que são facilmente observados sobre
as folhas das plantas.
Os adultos se alimentam do parênquima das folhas mais velhas. A fêmea
faz a oviposição nas folhas, cobrindo os ovos com um muco. Após a eclosão,
as larvas migram para a folha central (flecha) onde se aloja entre os folíolos
fechados. As larvas, semelhantes a lesmas, são achatadas e de coloração
amarelada e se alimentam dos tecidos mais tenros da flecha (Figura 36B).
Os danos são mais expressivos nas plantas jovens, cuja área foliar é
reduzida, causando atraso no seu desenvolvimento e até sua morte no caso
de infestações mais severas.

80
O controle pode ser feito com coleta manual de adultos e larvas ou
aplicação de inseticidas em plantas isoladas. Neste último, a aplicação é
feita com jato dirigido para a folhas flecha em infestações leves ou em área
total no caso de infestações severas.

A B
Figura 36. Inseto adulto do besouro Coraliomela brunnea (A). Danos provocados
pela barata-do-coqueiro (B).

Lagarta-das-folhas ou lagarta-das-palmeiras - Brassolis sophorae (L.,


1758) (Lepidoptera: Nymphalide).

Os adultos são borboletas grandes, de 6 a 10 cm de envergadura (Figura


37A), que colocam ovos agrupados nas folhas. As lagartas, de cabeça
castanho-avermelhada, têm listras marrons no corpo e são recobertas por
intensa pilosidade (Figura 37B). Possuem hábito gregário, e constroem um
ninho juntando os folíolos (“estojo”) onde se abrigam durante o dia e saem
para se alimentar durante a noite. A duração do ciclo é de 50 a 85 dias.
O dano provocado é a desfolha da planta que, em ataques severos,
deixam apenas a nervura central dos folíolos (Figura 37C). O resultado
é a queda dos frutos e atraso na colheita, que vão se agravando com a
severidade do ataque da praga.

81
O controle deve buscar a associação de diversas práticas, como coleta
e destruição dos ninhos (estojos), instalação de armadilhas para atrair os
adultos (bandejas com melaço), pulverização das folhas com produtos a
base de Bacilus thuringiensis ou do fungo Beauveria bassiana (mais eficiente
se adotado no início do ataque), inimigos naturais, lançando-se mão do
controle químico (pulverização com inseticidas) apenas em último caso.

A B C
Foto: Teixeira, E. P. Foto: Zorzenon, F. J.

Figura 37. Inseto adulto Lagarta do inseto Brassolis sophorae (B). Coqueiro
intensamente atacado pela lagarta-das-palmeiras (B).

Cochonilha-transparente-do-coqueiro - Aspidiotus destructor (Signoret,


1869) (Hemiptera: Diaspididae).

As fêmeas vivem aderidas às folhas do coqueiro, têm o corpo achatado,


arredondado e de cor amarelada, medem 1,3 mm de diâmetro e são
recobertas por escamas cerosas transparentes. Encontram-se fixadas na
face inferior dos folíolos. Sua dispersão no plantio ocorre através dos
ventos e pelo contato entre as folhas. O macho é alado e dificilmente
observado.
Como se alimentam picando a folha e sugando a seiva, provocam
clorose (pontuações mais claras) e posterior secamento. Pode ocorrer o
desenvolvimento de um fungo escuro, conhecido como fumagina, sobre os
dejetos desses insetos, o que reduz a capacidade da planta para absorver
luz para a fotossíntese. Com isso, atrasam o desenvolvimento de plantas
jovens e reduzem a produção de plantas adultas, provocando o secamento
prematuro e consequente desfolha da planta.

82
Seu controle depende de monitoramento frequente da plantação para
localizar o início do ataque, poda e queima de folhas severamente atacadas
e eventual controle químico (aplicação de inseticida) nas reboleiras onde se
concentram os ataques iniciais.

Pulgão-preto-do-coqueiro - Cerataphis lataniae (Boisduval, 1867)


(Hemiptera: Aphididae).

De formato circular, com diâmetro variando de 1,5 a 2,0 mm, de


coloração preta e uma franja cerosa branca ao redor do corpo, vivem em
colônias fixadas na face inferior dos folíolos, principalmente das folhas mais
novas, especialmente na folha ainda fechada (folha flecha) (Figura 38A).
Se alimentam sugando seiva da planta, os seus dejetos atraem outros
insetos, principalmente formigas e favorecem o desenvolvimento de
fumagina (Figura 38B). A sucção de seiva e o aparecimento da fumagina
resultam em atraso do desenvolvimento de plantas jovens, retarda o
período de início da produção e reduz a capacidade de produção de plantas
adultas.
O controle deve ser feito com a aplicação de inseticidas nos focos iniciais
de ataque, que devem ser identificados pela contínua inspeção do plantio.

A B
Figura 38. Pulgão-preto atacando a folha flecha (A). Ataque do pulgão-preto e a
presença de fumagina (B).

83
Percevejo - Lincus spp (Hemiptera: Pentatomidae).

De coloração preta, são encontrados, em todas as fases, tanto adultos


como ninfas, abrigados nas axilas das folhas jovens, onde se alimentam. Não
causa danos diretos ao coqueiro, mas é agente transmissor do protozoário
causador da murcha-de-Phytomonas, que provoca a morte da planta.
Como medida de controle, as plantas com sintomas da doença, devem ser
retiradas da área do plantio para posterior destruição e, consequentemente,
não servirem de fonte de inóculo para o inseto.

14.3 PRAGAS DAS FLORES E FRUTOS

Broca-do-pedúnculo-floral - Homalinotus coriaceus (Gyllenhal, 1836)


(Coleoptera: Curculionidae).

O adulto é um besouro preto de 2,5 a 3,0 cm de comprimento, com élitros


estriados e presença de granulações (Figura 39A). As larvas, semelhantes
às dos outros gorgulhos, possuem a cabeça marrom e o corpo variando
de branco a uma coloração amarelo-cremosa, com uma placa mais escura
logo atrás da cabeça (Figura 39B).
Os adultos vivem nas axilas das folhas, se alimentam de pólen e fazem
a postura de seus ovos diretamente no pedúnculo da inflorescência (cabo
do cacho). As larvas se alimentam do pedúnculo cavando galerias, o que
impede a passagem da seiva e provoca a queda dos frutos (Figura 39C).
Em coqueiros ainda jovens, sem inflorescências, as larvas se alimentam da
parte interna da bainha foliar e, em ataques intensos, podem fazer as folhas
arriarem.
O controle deve combinar a erradicação e destruição de partes atacadas
das plantas e aplicação de inseticida dirigida para a axila das folhas. Há
registros de ocorrência natural do parasitóide Paratheresia menezesi como

84
agente de controle biológico natural de larvas e pupas.

A B C
Figura 39. Inseto adulto do besouro Homalinotus coriaceus (A). Larva e pupa (B).
Larva em seu casulo localizado na base do cacho (C).

Traça-dos-cocos-novos - Hyalospila ptychis (Dyar, 1914) (Lepidoptera:


Pyralidae).

O adulto é uma pequena mariposa de 1,4 a 1,8 cm de envergadura e


coloração parda. As lagartas são brancas, com listras pardas ou rosadas. A
duração do ciclo é de 25 a 30 dias, e as lagartas perfuram as flores femininas
ou a bráctea dos frutos novos cavando galerias para se alimentar. Estruturas
atacadas apresentam escorrimento de seiva que ficam escurecidas.
Posteriormente, ocorre o aparecimento de pequenos grânulos escuros
envoltos por fios de seda que indicam a presença e atividade dessa praga.
Medidas de controle devem combinar coleta e destruição periódica de
frutos atacados e aplicação dirigida de inseticidas, que devem ser repetidas
em caso de alta infestação.

Gorgulho-dos-frutos-e-flores - Parisoschoenus obesulus (Casey, 1922)


(Coleoptera: Curculionidae).

O adulto é um pequeno gorgulho, medindo de 0,4 a 0,5 cm de


comprimento, de coloração castanha escuro.

85
Pequenas larvas de cor branco-leitosa desenvolvem-se sob flores
femininas e brácteas de frutos novos. Não seria propriamente praga no
sentido de causar quedas dessas estruturas, mas insetos que se alimentam
de material vegetal em decomposição. Assim, não haveria necessidade de
recomendação de medidas de controle.

Ácaro-da-necrose - Aceria guerreronis (Keifer, 1965) (Acari: Eriophydae).

São ácaros muito pequenos, com 0,2 mm de comprimento, corpo


esbranquiçado, aspecto vermiforme, possuem apenas dois pares de pernas
e apresentam a parte posterior do corpo mais afilada que a anterior. Vivem
preferencialmente em colônias sob as brácteas e podem ser transportados
por ventos a longas distâncias. Seu ciclo pode durar de 8 a 11 dias em
função das condições climáticas.
Os sintomas iniciais de seu ataque são pequenas manchas claras e
triangulares, próxima das brácteas dos frutos pequenos (Figura 40A).
Essas manchas vão escurecendo até o secamento completo do tecido
nos locais atacados, ocasionando frutos ressecados e deformados ou até
mesmo impróprios para o consumo quando não ocorre sua queda antes de
completar seu desenvolvimento (Figura 40B).
Em plantas jovens, que ainda não entraram em produção, os ácaros
atacam as folhas antes de sua abertura, o que provoca sua deformação e
posterior secamento, podendo, em casos extremos, causar a morte das
plantas (Figura 40C).
O controle pode ser feito com aplicação de acaricidas dirigida para os
cachos mais novos. Óleo de algodão misturado com detergente neutro tem
despontado como alternativa eficiente e com menor impacto ambiental
que produtos químicos.

86
A B C
Figura 40. Fruto jovem de coco-anão-verde com sintoma do ataque de ácaro (A).
Frutos em diferentes estádios de crescimento danificados pelo ácaro-
da-necrose (B). Planta jovem de coqueiro atacada pelo ácaro (C).

14.4 CONSIDERAÇÕES

As dificuldades de se controlar as pragas do coqueiro estão associadas


ao grande número de espécies, além das brocas que vivem no interior do
tecido vegetal e, portanto, de difícil controle químico; ciclo longo de muitas
espécies; dificuldade de controle em plantas de porte mais alto; e pequeno
número de agrotóxicos registrados para a cultura.
Medidas auxiliares como limpeza das plantas e destruição de partes
da planta atacada por pragas são de grande importância. A aplicação de
produtos em jato dirigido para os três últimos cachos mais novos, além
de promover o controle do ácaro-da-necrose, serve como medida auxiliar
de controle para aquelas espécies cujos adultos se abrigam na axila das
folhas.
E, por fim, o uso criterioso de inseticidas apenas em casos de ataques
mais severos de pragas vai ajudar na preservação daquelas espécies que
atuam como agentes naturais de controle biológico, como parasitóides e
predadores.

87
15 DOENÇAS

O Espírito Santo destaca-se como grande produtor de coco e possui


uma localização privilegiada, com características climáticas peculiarmente
apropriadas para uma boa produtividade. De fato, é interessante frisar que
a sua localização próxima do maior mercado consumidor brasileiro, o eixo
Rio-São Paulo, faz com que sejam um dos estados mais competitivos entre
os produtores tradicionais de coco em nosso país.
No Brasil, em todas as regiões produtoras de coco, são encontradas
doenças que atacam a planta, desde a fase jovem até a fase adulta,
incidindo sobre o sistema radicular, estipe, folhas, inflorescência e frutos.
As doenças encontradas apresentam maior ou menor grau de importância,
dependendo da região produtora, do manejo tecnológico adotado e da
variedade cultivada.
Com a criação do polo de coco no norte do Espírito Santo, é relevante
preocupar-se não somente com a ampliação da área cultivada, mas,
sobretudo, com a incidência das doenças e pragas nas áreas já existentes,
bem como o possível surgimento de novas ameaças fitopatogênicas.
A incidência de doenças nos coqueirais constitui um problema
limitante a essa exploração, respondendo, de maneira significativa, pelo
depauperamento geral da cultura e pela baixa produtividade registrada
nas regiões mais representativas de seu cultivo.
Considerando o pequeno número de agrotóxicos registrados para
essa cultura, é necessário que o produtor exerça como prioridade em sua
lavoura as práticas culturais específicas para cada doença, seguidas de
monitoramento minucioso para alcançar um controle significativo.
Algumas doenças descritas estão intimamente relacionadas a pragas,
as quais atuam como vetores na sua transmissão. Como consequência,
o controle dessas enfermidades depende grandemente do sucesso no
controle dos respectivos insetos vetores.

88
A seguir, será apresentada uma breve descrição das principais doenças
que afetam o coqueiro, suas características, danos que provocam e
sugestões de algumas medidas de controle.

Lixa-grande - Camarotella acrocomiae (Mont.)

A lixa-grande, até pouco tempo, era classificada como agente causal do


fungo Sphaerodothis acrocomiae (Montagne) von Arx & Muller (Cocostroma
palmicola (Speg) von Arx & Muller).Entretanto, segundo a nova classificação,
a espécie passou a se chamar Camarotella acrocomiae (Mont.) K.D. Hyde &
P.F. Cannon, está taxonomicamente inserido na classe dos ascomicetos e
pertence à ordem Sphaeriales.
Essa doença está disseminada em todas as regiões produtoras de coco
no Brasil de forma endêmica, especialmente no Espírito Santo, além de ser
considerada uma das mais importantes. A importância da lixa-grande está
relacionada principalmente ao fato de proporcionar a abertura no tecido
vegetal, possibilitando a infecção por outros patógenos, especialmente o
fungo Botryosphaeria cocogena.
A doença é observada como lesões alongadas principalmente na
superfície do limbo dos folíolos e na raque foliar, onde se nota a presença de
grandes estromas arredondados (estrutura rugosa em relevo), de coloração
negra, geralmente disposta na borda dos folíolos, ao lado da nervura
central ou sobre ela (Figura 41). Essas estruturas estão fracamente aderidas
à superfície dos folíolos, podendo ser destacadas com facilidade.
O fungo promove amarelecimento inicial das lesões, provoca necrose
das folhas mais velhas da planta, que secam e caem precocemente. A
formação de estruturas estromáticas (peritécios), de coloração marrom/
preto, representadas por pontos rugosos, circulares, isolados em linhas ou
coalescentes, é que dão o aspecto de lixa, caracterizando o nome comum
da doença.

89
A B
Figura 41. Sintoma da lixa-grande nos folíolos (A). Detalhe dos estromas do fungo
da lixa-grande (B).

A maior incidência e a maior severidade da doença ocorrem


principalmente nos períodos quentes do ano.
A disseminação do patógeno ocorre por meio dos ventos fortes e
da água das chuvas, através dos respingos e também devido ao contato
das folhas, principalmente em lavouras muito adensadas. Condição de
alta precipitação pluviométrica aumenta a liberação e disseminação dos
esporos dos fungos causadores das lixas. Após o período de incubação, já
na época seca, observa-se, no campo, aumento do número de estromas.
A severidade da doença pode ser maior ou menor de acordo com as
condições nutricionais que a planta apresenta, principalmente em relação
ao equilíbrio entre os nutrientes minerais, nitrogênio, fósforo e potássio.
Essa doença é de difícil controle devido à formação dos estromas, a
qual impede uma maior eficiência/penetração dos fungicidas quando
aplicados.
As medidas mais eficazes de controle envolvem práticas de manejo
como o corte e a queima das folhas muito infectadas e secas e plantio
de leguminosas para permitir a fixação do nitrogênio. A aplicação de
agrotóxicos, isoladamente, não apresenta controle eficiente, pois é
necessária a associação de diferentes táticas de manejo. Há relatos de

90
produtores conseguindo um manejo adequado através do controle
biológico com uso de hiperparasitas desse fungo.

Lixa-pequena - Camarotella torrendiella (Batista) Bezerra & Vitória comb.


Nov.

A lixa-pequena é uma doença encontrada nas plantas de coqueiro em


quase todas as regiões produtoras do Brasil, ocorrendo desde as regiões
tradicionais até às limítrofes para essa cultura, cujas variedades e híbridos
são suscetíveis a essa doença. As perdas econômicas provocadas por essa
doença são maiores em condições de altas temperaturas e de alta umidade
relativa do ar.
O agente causal da lixa-pequena, anteriormente classificado como
Phyllachora torrendiella, passou a se chamar Camarotella torrendiella
(Batista) Bezerra & Vitória comb. Nov.
Os sintomas são expressos em diversas partes da planta, ou seja, nos
folíolos, na raque, nos pedúnculos florais e nos frutos.
Nos folíolos, observa-se a formação de lesões inicialmente amareladas
e, posteriormente, necrosadas de formato elíptico a losangular, dando
origem, assim, ao surgimento dos estromas (picnidiais e ascígeros) do
fungo. Com os estromas maduros, as lesões apresentam-se em forma de
verrugas negras, opacas, irrompentes e hemisféricas, dispostas nos sentidos
das nervuras e, por vez, desenvolvem-se no sentido lateral, formando filas
paralelas, livres ou anastomosadas, denominados comumente de lixa-
pequena (Figura 42).
Na raque e no pedúnculo floral, o micélio encontra-se no interior dos
tecidos parasitados e causa lesões alongadas, com exsudação de goma
clara, ficando de cor âmbar em contato com o ar.
O fungo causa necrose nas folhas inferiores, secando-se as
prematuramente. Assim, o cacho fica sem suporte físico e nutricional,

91
prejudicando seu desenvolvimento e, consequentemente, a
produtividade.

A B
Figura 42. Danos provocados nos folíolos pela lixa-pequena (A). Detalhe do
sintoma do ataque da lixa-pequena no folíolo (B).

Nessa doença, o fungo apresenta um ciclo típico dos ascomicetos com


produção de ascósporos, principalmente nos períodos de maior frequência
de chuvas. No norte do Espírito Santo, isso ocorre entre os meses de outubro
e março.
Uma característica marcante dessa doença que facilita sua diferenciação
da lixa-grande é o fato de os estromas serem de tamanho menor e estarem
fortemente aderidos, ou seja, não são facilmente destacados do tecido do
hospedeiro.
Testes com nutrição mineral demonstraram que dose elevada de
nitrogênio reduziram o número de estromas na folha, enquanto que dose
elevada de potássio favoreceu o desenvolvimento da doença. As condições
nutricionais, como fator redutor ou potencializador das lixas do coqueiro
precisam ser mais estudadas.
As medidas mais eficazes de controle são: corte e queima das folhas
muito infectadas e secas, plantio de leguminosas para permitir a fixação
do nitrogênio, biocontrole com hiperparasitas Acremonium alternatum, A.
persicinum, A. cavaraeanum, Dycima pulvinata e Septofusidium elegantulum

92
e controle químico.
O controle químico sempre será uma alternativa atraente na visão
do produtor por se tratar de uma prática que traz resultados imediatos.
Entretanto, apesar dos resultados positivos da aplicação dos fungicidas, a
prática dessa técnica em grandes plantios é considerada apenas paliativa,
uma vez que resultados obtidos até o momento não são convincentes nos
aspectos curativo e econômico.

Queima-das-folhas - Botryosphaeria cocogena Subileau (Lasiodiplodia
theobromae (Pat.) Griffon & Maudl).

Esta doença ocorre principalmente nos estados do norte e nordeste do


Brasil. Entretanto, já se encontra de forma avançada em lavouras de coco no
Espírito Santo e nos demais estados do Sudeste, especialmente em plantios
com pouco ou nenhum trato cultural.
A importância da doença evidencia-se por promover a morte precoce
da folha deixando os cachos pendurados, levando à queda dos frutos
e da produtividade. Em certos casos, a perda chega a ser superior a 50%
da produção. A queima-das-folhas do coqueiro está sempre associada às
doenças conhecidas como lixa-do-coqueiro.
A doença inicia-se com o sintoma morfológico de empardecimento da
folha, evolui posteriormente para um ressecamento, levando-as à morte
prematura. O sintoma mais conhecido e mais característico da doença é a
lesão em forma de “V”, de coloração marrom- avermelhada observado nas
extremidades das folhas (Figura 43).
Nos folíolos, as lesões são manchas de coloração marrom-avermelhadas,
que se localizam na extremidade ou no meio do folíolo. Os sintomas que
mais afetam a produtividade da planta são a redução da área fotossintética
e a queda das folhas basais, que prejudicam o apoio físico e nutricional dos
cachos, causando a queda prematura dos frutos.

93
A B
Figura 43. Sintoma da doença queima-das-folhas em diferentes intensidades
de infecção (A). Coqueiral anão-verde com alta incidência da doença
queima-das-folhas (B).

Embora a doença ocorra durante todo o ano, períodos com


temperaturas mais elevadas e baixa umidade relativa do ar favorecem o
seu desenvolvimento. Nas plantas sob condições de déficit hídrico, há uma
tendência de aumento da severidade da doença evidenciado pelo aumento
das lesões.
O planejamento e acompanhamento das práticas culturais na lavoura
são de grande importância e cuidados devem ser tomados na fase de
colheita e comercialização, pois em muitos casos, a colheita dos frutos é
realizada pelo próprio comprador de coco que, inadvertidamente, pode
trazer doenças de outras lavouras, uma vez que colhe frutos em diversas
áreas, disseminando estruturas de patógenos por meio de ferramentas,
veículos, vestuários e do próprio corpo.
O controle da queima-das-folhas, assim como várias outras, exige um
conjunto de práticas, entre elas o monitoramento semanal, em que o
agricultor ou o funcionário visita a área de plantio, observando as plantas
para detecção dos primeiros sintomas da doença.
Após a constatação da presença da doença, é necessário aplicar o
método cultural, que é a retirada das partes infectadas da planta. Em
seguida, é realizado o método físico, que consiste na queima dessas partes

94
doentes, reduzindo satisfatoriamente o progresso da doença.
O controle químico é utilizado concomitantemente ou após as demais
práticas. Embora bastante utilizado, sozinho não controla eficientemente a
doença, sendo necessária a associação de métodos. O reduzido número de
produtos utilizados no controle da queima-das-folhas do coqueiro com
registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA tem
dificultado o manejo fitossanitário.
É importante lembrar que, quando se fizer necessário utilizar produtos
químicos no controle desta ou de qualquer outra doença, é indispensável
respeitar o período de carência para realizar a entrada na área, a colheita e
a comercialização dos frutos.
Nas plantas onde houve a perda precoce de folhas, deve-se escorar os
cachos de coco para evitar a queda dos frutos.

Mancha-foliar (Helmintosporiose) - Bipolaris incurvata Dreschs

A importância dessa doença, se deve à redução da área fotossintética,


devido ao dano direto causado na planta. A sua ocorrência é mais evidenciada
em campo, nos plantios recentes, com idade de até dois anos e também nos
viveiros de mudas onde a grande severidade pode comprometer a muda
para o plantio ou para a sua comercialização. Em regiões onde o micro
clima é favorável ao surgimento da doença, a severidade costuma causar
maior dano à planta, podendo levá-la à morte.
O agente causal da doença é o fungo Bipolaris incurvata Dreschs,
Drechslera incurvata (C. Bernhard) M. B. Ellis e Helmintosporium halodes
(Dreschs).
Os sintomas da doença são caracterizados pela presença de pequenas
manchas escuras, circundadas por um halo amarelo-ouro e no centro há
uma coloração entre as tonalidades marrom e cinza que progridem para
formas arredondadas ou alongadas acompanhando o sentido das nervuras

95
que coalescem e evoluem para a morte do tecido foliar (Figura 44A e B).
A doença se inicia pelas folhas baixeiras, progride rapidamente para as
folhas mais jovens, apresentando-se como manchas pequenas, elipsóides-
alongadas, de coloração marrom-acinzentada com halo amarelado. Com a
evolução da doença, as lesões se fundem, ocupam grandes áreas na lâmina
foliar, provocando a necrose dos tecidos e seca da folha (Figura 44C).

A B C
Figura 44. Planta jovem de coqueiro-anão-verde com sintoma de helmintosporiose
(A). Lesões nas folhas provocadas pelo fungo (B). Estágio avançado da
doença, causando necrose e seca da folha (C).

O fungo sobrevive nas folhas infectadas e mortas deixadas no solo após


sua queda ou poda sanitária. Os conídeos são disseminados pelo vento e
pelos respingos da água de chuva ou irrigação por aspersão.
Viveiros muito adensados, com temperaturas entre 18 e 27 °C; controle
deficiente de plantas invasoras que permitem o aumento da umidade
relativa do ar ao redor dos coqueiros jovens, favorecem o desenvolvimento
da doença. A maior incidência da mancha-foliar também pode estar
relacionada com o desequilíbrio nutricional da planta, pois a aplicação de
dosagem elevada de nitrogênio pode ocasionar maior suscetibilidade à
doença.
Para o controle dessa doença são importantes as práticas de manejo,
bem como a realização de inspeções periódicas tanto no viveiro quanto
nas áreas recém-implantadas eliminando as folhas atacadas com o sintoma

96
característico da doença. Essas folhas devem ser retiradas da área e
destruídas. É necessário ainda manter um adequado controle das plantas
invasoras nos plantios recém-estabelecidos, e nos viveiros é importante
manter um maior espaçamento entre as mudas para melhor arejamento.
Em caso de infestação generalizada, sob condições favoráveis à doença,
fungicidas sistêmicos, principalmente do grupo dos triazóis, podem ser
empregados. Nesses casos, as pulverizações devem ser espaçadas de 15 a
20 dias para controle mais eficiente da doença.

Anel-vermelho - Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard

Doença de grande importância econômica, principalmente por levar a


planta à morte em qualquer estágio de desenvolvimento, também pode
causar doença em outras palmeiras de igual importância, como o dendezeiro
e a tamareira. Esta doença encontra-se disseminada com maior ou menor
incidência em todas as regiões produtoras de coco no Brasil. No estado do
Espírito Santo, ocorre esporadicamente em diferentes localidades.
O agente etiológico dessa doença é o nematoide Bursaphelenchus
cocophilus (Cobb) Baujard, pertencente à família Aphelenchoidea. Os
nematoides machos apresentam corpo com cauda mais curta e em espiral,
enquanto as fêmeas têm cauda mais longa, e os juvenis apresentam cauda
tipo aguda.
Os nematoides são patógenos que causam danos à planta muito
lentamente quando comparados com os outros fitopatógenos. Por esse
motivo, os sintomas visíveis só aparecem tardiamente, dificultando assim
a diagnose precoce.
As expressões sintomáticas mais evidentes da doença são dependentes
das condições ambientais, idade e variedade da planta. O sintoma
morfológico apresentado pela planta é o amarelecimento das folhas mais
velhas que, posteriormente, tendem a secar e necrosar, quebrar-se na base

97
da raque, permanecendo pendurada à planta. Em estágio mais avançado
da doença, as folhas da copa apresentam-se com um aspecto amarelo-
ouro, com exceção das folhas centrais, que permanecem verdes, as quais
se dobram, secam e, consequente, a
planta vem a morrer (Figura 45).
Internamente no estipe, o sintoma
mais evidente é a formação de um anel
vermelho, o qual dá nome à doença.
A coloração avermelhada é devido ao
distúrbio metabólico produzido pela
atividade dos nematoides, que leva o
teor de gás carbônico no interior dos
tecidos e, como consequência, altera
Figura 45. Planta de coqueiro-anão-
os complexos enzimáticos, como o verde com sintomas da
dos glicosídeos, dando origem aos doença anel-vermelho.
pigmentos antociânicos.
Esse anel acontece nos vasos xilemáticos, induz o aparecimento de
tiloses, que é o crescimento irregular das células do parênquima para
dentro do xilema, causando oclusão vascular. A tilose é irreversível em
plantas monocotiledôneas, uma vez que não existem tecidos de câmbio
para reparar. Assim, as plantas de coqueiro portadoras da doença tendem a
morrer após alguns meses.
A principal forma de transmissão da doença é por meio do vetor
biológico, o inseto Rhynchophorus palmarum L., que transporta o nematoide
das plantas atacadas para as plantas sadias.
A transmissão pode ser também por meio das ferramentas de cortes
no ato da colheita, principalmente a espora de ferro que é utilizada pelos
colhedores em plantas mais altas. Forma diversa de contaminação ocorre
por meio do corte de raízes durante as operações de manejo do solo. A
transmissão pode ainda ocorrer por contato direto entre a raiz de uma

98
planta infectada e a de outra planta sadia.
A disseminação pode ainda ocorrer por meio de solos infestados, de
adubos orgânicos contaminados, de facões utilizados na colheita e nos
tratos culturais, fragmentos de tecidos infestados e pela água de irrigação.
O nematoide consegue migrar no solo de uma planta para outra quando
as condições de umidade são favoráveis, principalmente em áreas de pouca
drenagem. Os frutos ou as mudas provenientes de plantas infectadas
podem disseminar o nematoide.
É importante salientar que todas as variedades de coco são suscetíveis
a essa doença e que existem também outras espécies igualmente
suscetíveis, entre elas, o buriti-do-brejo (Mauritia flexuosa), o catolé (Syagrus
romanzoffiana, S. schizophylla), o dendenzeiro (Elaeis guineensis), o inajá
(Maximiliana maripa), a macaúba (Acrocomia aculeata, A. intumescens, A.
sclerocarpa), a palmeira-real (Roystonia regia, R. oleraceae), a piaçava (Attalea
funifera), a tamareira (Phoenix dactylifera, P. canariensis) Guilielma sp., Sabal
umbraculiferum e Syagrus coronata.
Essa doença é de difícil controle e não existe até o momento nenhuma
recomendação química que apresente um controle eficiente e que seja
econômica e pouco agressiva ao ambiente. Entretanto, há produtos
registrados no MAPA para o controle do inseto vetor quando este estiver
em alta população.
A principal forma de controle do nematoide é a erradicação das plantas
doentes seguida de sua queima, evitando, assim, as fontes de inóculo.
Outra medida que tem reduzido grandemente a incidência de plantas
infectadas pelo nematoide é a orientação ao produtor para que ele não faça
corte em folhas ainda verdes, provocando ferimentos na planta, os quais
servem de atrativo para o inseto vetor da doença. Além disso, o simples
uso de ferramentas contaminadas com o nematoide pode ocasionar a
transmissão dessa doença em plantas ainda sadias.

99
Murcha-de-Phytomonas - Phytomonas staheli McGhee & McGhee.

Até o momento, tem sido uma doença de baixa prevalência em plantios


no estado do Espírito Santo, entretanto, de enorme preocupação, à medida
que novos plantios estão sendo realizados, aumentando, assim, a área
cultivada com coqueiro e, sobretudo, com pouco conhecimento por parte
dos produtores sobre essa doença, que chega a matar muitas plantas em
um pequeno espaço de tempo.
A doença tem como vetor um inseto e, portanto, de disseminação
eficiente em grandes proporções, caracterizando-se principalmente por
infectar diversas palmeiras economicamente importantes.
O agente etiológico dessa doença é um protozoário
flagelado denominado Phytomonas staheli, pertencente à família
Triponossomatideae. O protozoário fica restrito ao floema da planta
hospedeira, sendo possível a sua visualização quando utilizada uma gota
da seiva da planta infectada e observada em um microscópio ótico.
Os sintomas mais característicos dessa doença iniciam-se nas
inflorescências não abertas, apresentando coloração castanha. Nas
inflorescências abertas, em diferentes estágios de desenvolvimento,
apresentam-se necrosadas da extremidade para a base com emissão de
odores fétidos.
Quase que concomitantemente aparecem de duas a três folhas mais
velhas com coloração amarronzada, seguidas da queda de frutos pequenos
a médios, enquanto os frutos completamente desenvolvidos permanecem
aderidos aos cachos.
O sintoma causado nas folhas basais é um amarelecimento dos folíolos
das extremidades para a base. Com o avanço da doença, as folhas jovens
apodrecem, apresentando odores fétidos, secam e há uma ruptura da raque
junto à estirpe ou na parte mediana da folha, apresentando uma aparência
de um guarda-chuva (Figura 46).

100
O sistema radicular pode apresentar alguma manifestação de danos,
como por exemplo, necrose ou dessecamento das raízes e radicelas.

A B
Figura 46. Plantas de coqueiro-anão-verde, apresentando sintomas da doença
murcha-de-Phytomonas (A) e (B).

A doença tem como vetor um inseto da ordem hemíptera, família


Pentatomidae, gênero Lincus. A espécie principal é o Lincus lobulliger
Breddin. Porém, existem outras espécies do gênero servindo de vetores da
doença em coqueiro em outras regiões produtoras.
A disseminação da doença pelo vetor é rápida, levando à infecção
quase a totalidade das plantas caso não seja tomada nenhuma medida de
controle. Há relatos de que a maior incidência ou ocorrência da doença no
campo acontece nos períodos chuvosos e com baixas temperaturas.
Por se tratar de uma doença letal ao coqueiro e por não existir nenhuma
forma de controle curativo nem variedades resistentes, é necessário adotar
medidas preventivas para que a doença não se instale na lavoura e, caso
já instalada, sejam minimizados os seus danos por meio de supressão do
vetor.
Como medida preventiva recomenda-se, quinzenalmente, o
monitoramento fitossanitário da lavoura, observando a presença de plantas
doentes e também a presença do inseto vetor.
As plantas doentes devem ser retiradas da área e queimadas.

101
As plantas de coqueiros devem ser coroadas para evitar o abrigo do
inseto vetor, bem como as folhas mais velhas pendentes que tocam o
solo devem ser podadas. Também deve-se roçar as entrelinhas e utilizar
armadilhas para captura do percevejo. Em casos específicos, o controle
químico do inseto vetor poderá ser utilizado.

Resinose - Thielaviopsis paradoxa

A resinose do coqueiro é uma doença que compromete principalmente


o sistema vascular da planta, causa obstruções dos vasos e dificulta
o transporte da seiva elaborada para as demais partes do coqueiro,
comprometendo todo o seu sistema fisiológico.
Essa doença encontra-se com baixa incidência nas lavouras do norte
capixaba. Entretanto, sua presença na região do polo de coco traz enorme
preocupação. Pelo fato de se tratar de um patógeno que pode sobreviver
no solo ou em restos culturais em decomposição por longo período de
tempo, esse fungo poderá vir a causar perdas em grandes proporções caso
nenhuma medida de controle ou manejo seja adotada.
O agente causal da resinose do coqueiro é um fungo vascular
denominado Thielaviopsis paradoxa (também conhecido como Chalara
paradoxa), apresentando teleomorfo o fungo ascomiceto Ceratocystis
paradoxa. Patógeno extremamente danoso, pode levar a planta à morte
e sua manifestação e registro como doença no Brasil ocorreram no ano de
2004.
A sintomatologia mais evidente dessa doença é o aparecimento de
uma substância marrom-avermelhada que escorre no estipe da planta
justamente no ponto de infecção pelo patógeno (Figura 47A). Esta
substância é pegajosa, tipo resina, a qual dá nome à doença e, com o passar
do tempo, essa substância pode escurecer devido a sua oxidação.
Com o avanço da doença, há uma tendência de redução no tamanho

102
e no número de folhas da planta. A raque foliar apresenta coloração
amarronzada, as inflorescências e os cachos ficam enegrecidos e os frutos
amarronzados. No estágio final da doença, ocorre um afinamento na parte
superior do estipe, seguido de queda espontânea dos frutos, redução da
copa da planta e, finalmente, a morte (Figura 47B).

A B
Figura 47. Coqueiro-anão-verde infectado pela resinose (A). Área com várias
plantas mortas pelo ataque da resinose (B).

A principal forma de disseminação da doença é pelo vetor Rhynchophorus
palmarum. Entretanto, já foi relatado o Rhinostomus barbirostris como
transmissor.
Outras formas de disseminação do patógeno são: solo infestado, terra
aderida em pneus ou máquinas, ferramentas utilizadas na colheita, espora
de ferro utilizada na colheita e também facões e machados utilizados
durante a operação de roguing das plantas doentes.
É interessante lembrar que as palmeiras, de um modo geral, são
suscetíveis à resinose, as quais poderão vir a ser consorciadas com a cultura
do coqueiro e, consequentemente, servirem de fonte de inóculo para
transmissão do fungo para as plantas de coco. Essa doença ocorre também
em bananeira, cana-de-açúcar e abacaxi.
Entre as medidas de combate a essa doença, recomenda-se o
monitoramento semanal do coqueiral para identificar os sintomas iniciais da

103
doença. As plantas contaminadas e comprometidas devem ser eliminadas,
retiradas da área e queimadas, eliminando, assim, a fonte de inóculo.
Destaca-se ainda a necessidade de evitar ferimentos no tronco da
planta no momento dos tratos culturais. Não utilizar ferramentas em
plantas supostamente contaminadas e, posteriormente, utilizá-las em
plantas sadias. Eliminar os vetores de transmissão do patógeno utilizando
armadilhas atrativas para captura do inseto. Utilizar inseticida na axila das
folhas do coqueiro para eliminação do vetor adulto, caso esteja instalado
nas raques e eliminar a deposição de restos culturais ao redor do caule da
planta evitando, assim, a hospedagem do inseto transmissor.

Podridão-do-olho-do-coqueiro - Phytophthora sp.

Doença de ocorrência generalizada em praticamente todas as regiões


produtoras de coco. As perdas com essa doença não têm sido fator
preocupante, por ser esporádica, ocorrendo principalmente em períodos
de grande incidência de chuvas.
A doença tem como agente causal o fungo Phytophthora sp. (Butler).
Este patógeno é capaz de causar doença em grande diversidade de espécies
de plantas, como por exemplo, a pupunha e o dendê.
Os sintomas apresentados pela doença são, inicialmente, o surgimento
de clareamento das folhas mais novas (verde-esmaecido), seguido de
murchamento e curvamento da folha flecha. Esta sintomatologia progride
para o apodrecimento da base dessa folha, apresentando coloração
amarronzada, facilmente destacada da planta. O quadro evolui para a
necrose da folha, podendo levar à morte da parte central da planta (Figura
48).
Durante a colonização do fungo, pode ocorrer a queda de alguns frutos
e o apodrecimento de outros, fazendo com que apresentem lesões marrons
e com aspectos encharcados, típicos de lesão causada por Phytophthora

104
em outras espécies de plantas. Com o passar do tempo, a doença causa a
queda de praticamente todas as folhas da planta, ficando apenas o tronco
da planta.

A B
Figura 48. Plantas de coqueiro-anão-verde que apresentam sintomas de
Phytophthora (A) e (B).

A disseminação e o desenvolvimento do fungo e da doença,


respectivamente, ocorrem mais eficientemente no período de dois a seis
meses após as chuvas. O fungo produz grande número de esporos capazes
de infectar grande quantidade de plantas em pequeno espaço de tempo.
As condições favoráveis para a disseminação do patógeno são as chuvas
intensas, seguidas de ventos e em áreas com deficiência de drenagem,
ocorre maior predisposição ao surgimento da doença e maior severidade.
O controle dessa doença começa pelo monitoramento semanal do
pomar para verificação de seu surgimento. Sendo confirmada a presença
da doença, no início de sua infecção, o sucesso no controle será muito mais
eficiente, uma vez que se pode limitar a disseminação dos seus propágulos
(esporos) para outras plantas dentro do pomar.
Medida de controle de doenças em plantas deve ser sempre de
caráter preventivo: deixar o plantio limpo; realizar drenagem do solo,
evitando, assim, o acúmulo de água, pois a alta umidade do solo favorece
o desenvolvimento do patógeno; espaçamento adequado entre as plantas
para evitar excesso de sombreamento e evitar plantio próximo de cultivos

105
de mamão e cacau, pois essas espécies são altamente infectadas pelo
“fungo” em épocas de chuvas intensas.
As plantas severamente infectadas devem ser erradicadas da lavoura
e queimadas. O controle químico dessa doença deve ser realizado de
forma preventiva por meio da aplicação de fungicida protetor (contato),
principalmente nos períodos de maior ocorrência de chuvas (outubro a
março). A aplicação do fungicida curativo só deve ser utilizada para esse
fungo quando a doença é detectada bem no inicio da infecção e, mesmo
assim, não há garantia total de controle.

Podridão-seca (Agente causal desconhecido)

Mesmo esporadicamente, o surgimento da podridão-seca preocupa os


produtores por levar a planta à morte antes mesmo de chegar à fase adulta.
Trata-se de doença letal ao coqueiro, desde o viveiro, durante a formação
da muda, até os dois anos durante a fase vegetativa.
O agente causal da podridão-seca dos coqueiros ainda é desconhecido,
embora se tenha evidenciado que existe um fragmento de DNA de
densidade de 1,2 Kb aparentemente similar a um grupo de fitoplasmas.
Em estágio inicial da doença, há um sintoma aparente de subcrescimento
da planta. A sintomatologia mais característica apresentada pela planta ao
ataque do patógeno são as manchas de coloração clara nos folíolos, as quais
podem estar isoladas ou agrupadas, formando verdadeiras estrias paralelas
às nervuras dos folíolos.
Com o avanço da doença, a folha flecha tende a apresentar coloração
marrom. A doença apresenta, em seu estágio mais avançado, um
necrosamento dos folíolos infectados com posterior necrose total da folha.
Após infecção da folha flecha, a doença progride para o centro do estipe,
infecta as folhas vizinhas, coloniza totalmente esses vasos e demais células,
levando a planta à morte. Internamente, na região do coleto, encontra-se

106
um tecido necrosado de coloração marrom com aspecto de cortiça (Figura
49).
A forma de disseminação da doença também é desconhecida, embora
se acredite ser seu vetor uma
cigarrinha da família Delphacidae,
devido à forma de distribuição
irregular que a doença apresenta
dentro do pomar.
O controle indicado para essa
doença é a eliminação da planta
Figura 49. Plantas jovens de coqueiro-
doente, seguida da queima. Deve- anão-verde com a doença
se realizar a limpeza do pomar, podridão-seca.

principalmente o coroamento das


plantas para evitar que possíveis insetos vetores possam se alojar.
Caso seja encontrada alguma planta doente, recomenda-se, de forma
preventiva, que seja pulverizado um inseticida nas plantas circunvizinhas,
num raio de 30 metros, para que se possa eliminar algum possível inseto
vetor para essa doença.

16 COLHEITA

A fase da colheita assume grande importância no sistema produtivo, pois


pequenas falhas podem representar riscos a todo investimento efetuado
na lavoura. A qualidade final do produto, a aparência, a percentagem de
descarte, a vida útil de prateleira do fruto no comércio e a qualidade da
água de coco dependem diretamente dessa etapa.
Tem sido observado e relatado pelos produtores que o atraso na época
de colheita do coco-verde, assim como quando se deixa os frutos secarem
na planta com o objetivo da produção do coco semente, a planta apresenta
uma subsequente redução no número de frutos produzidos. Embora esse

107
fato seja constatado, necessita-se de maiores estudos científicos para sua
quantificação.
O coqueiro-anão produz em média cerca de 15 cachos por ano.
Entretanto, ocorrem variações no tempo de emissão das inflorescências,
influenciadas por fatores climáticos, especialmente a temperatura do
ar. No período mais quente do ano, a planta emite maior quantidade de
inflorescências em relação ao período mais frio. A temperatura também
influi no tempo de formação e desenvolvimento do fruto.
O ponto ideal de colheita do coco verde ocorre quando a água de coco
atinge todas as características sensoriais, que a tornam apta para o consumo,
aliadas ao seu maior volume possível. A determinação do ponto de colheita
é feita pela associação de indicadores morfológicos relacionados à idade,
tamanho do fruto, contagem da folha do cacho na planta, espessura do
albúmen sólido e teor de sólidos solúveis (°Brix) presentes na água de
coco.
Os frutos destinados ao consumo in natura da água de coco devem
ser colhidos, de uma maneira geral, com idade entre 7 e 8 meses por
apresentarem maior volume de albúmen líquido (água de coco) e maiores
concentrações de açúcares. De forma geral, a colheita, em nossa região, se
processa nos cachos entre as folhas 18 e 21. Quando destinados à utilização
como coco seco ou semente para a produção de mudas, devem ser colhidos
com cerca de 12 meses.
Quanto ao procedimento na colheita dos frutos verdes, o produtor
deve estar atento para que o cacho colhido não sofra queda no campo,
ou seja, arremessado ou jogado na carreta transportadora ou sobre o piso
do galpão de embarque, pois apesar de possuir a aparência de um fruto
resistente, não significa que não sofra danos ou injúrias pelo impacto.
Os cachos devem ser cortados na sua base e manejados com os devidos
cuidados, pois a água de coco existente no interior do fruto verde, com idade
aproximada de seis meses, encontra-se sob uma pressão que pode atingir

108
entre 2 e 5 atmosferas e, considerando-se que o endocarpo encontra-se em
fase de endurecimento, o impacto no fruto pode ocasionar fissuras internas,
causar injúria mecânica, interferir nas propriedades químicas desse líquido,
tornando-o impróprio para o consumo.
Esse fato pode trazer transtornos operacionais para a agroindústria
que processa a água de coco, pois um fruto que sofreu forte impacto e
consequente fissura interna do endocarpo, externamente apresenta-se
com aspecto normal, não sendo possível detectar o dano. Entretanto, esse
tipo de dano mecânico poderá alterar a qualidade do albúmen líquido
e esse fruto, ao ser processado e sua água extraída e adicionada à outra
de boa qualidade, poderá comprometer a qualidade final de todo o lote
produzido.
A pouca disponibilidade, o elevado custo e a baixa qualidade da mão
de obra no meio rural têm levado os produtores à busca por tecnologias
que aumentem a eficiência e reduzam a necessidade de mão de obra.
Entretanto, em muitos casos essa tecnologia ainda está por ser desenvolvida
e a inovação de processos assume importante papel para o agronegócio. É
o que se verifica na cocoicultura, especialmente na etapa da colheita.
A colheita dos cachos nas plantas novas, ou seja, nas plantas baixas é
realizada com relativa facilidade onde o cacho é cortado na sua base, com
facão ou serrote de poda, sendo depositado sobre a carreta agrícola.
À medida que a planta vai crescendo, o processo de colheita torna-se
mais difícil, especialmente a partir do ponto onde os colhedores necessitam
de equipamentos para acessar o cacho.
Nas plantas altas, até pouco tempo atrás, em nossa região e, ainda
utilizado nas regiões tradicionalmente produtoras de coco, a subida na
planta para a colheita dos cachos era realizada com a utilização de esporas,
prática esta não recomendada, pois este equipamento, além de provocar
ferimentos no estipe, pode transmitir doenças letais, como por exemplo,
o anel-vermelho. Em substituição à espora, passou-se a utilizar peias de

109
couro. Porém, o processo é de baixa eficiência, uva vez que o cacho deve
ser amarrado e descido por meio de uma corda.
Conforme a altura da planta, a utilização de escada pode ser empregada.
Assim, o operador sobe, amarra o cacho em uma corda e, após seu corte,
desce-o, sendo amparado por outro trabalhador. Esse procedimento, além
de pouco eficiente, pode oferecer riscos de acidentes aos trabalhadores e,
portanto, inadequado.
Uma alternativa muito interessante a esse processo tem sido atualmente
empregada. Trata-se de um gancho de ferro acoplado na extremidade de
uma haste ou vara de madeira, por onde passa uma corda. O comprimento
da vara é variável conforme a altura dos cachos na planta. O gancho é
posicionado e encaixado na base de uma folha próxima do cacho a ser
cortado e, com o auxílio de uma foice presa na extremidade de outra vara,
a base do cacho é cortada que, por sua vez, desce sustentado pela corda
(Figura 50). Nesse processo, são necessários dois operários e sua eficiência
é boa, podendo ser empregado inclusive em áreas com topografia adversa
à operação mecânica.

A B
Figura 50. Colheita do cacho de coco com auxílio do gancho adaptado na
extremidade de uma haste (A). Detalhe do gancho e posicionamento
da corda (B).

Em propriedades com maior área de cultivo na região do polo de


coco, buscou-se melhorar a eficiência da colheita através da mecanização.

110
Inicialmente, utilizou-se de uma plataforma, com altura regulável, adaptada
sobre uma carreta agrícola que, tracionada por um trator, posicionava um
operador próximo à copa da planta para efetuar o corte do cacho. Após o
corte, o cacho era passado para outro trabalhador que o depositava sobre
a carreta (Figura 51). Essa prática mostrou-se pouco eficiente e com certo
risco de acidente.

A B
Figura 51. Plataforma fixa adaptada sobre uma carreta agrícola para colheita de
coco verde (A) e (B).

Na busca por novas tecnologias que aumentassem a eficiência da


colheita nas plantas altas, avaliou-se, na Fazenda Rio Preto, no município
de São Mateus, ES, pertencente ao empresário rural Pedro De Martins, a
utilização de um braço mecânico hidráulico acoplado ao trator, o qual
possuía um local (cesto) para acomodação de um operário que era içado até
próximo do cacho para realizar o corte (Figura 52). Esse processo também se
mostrou pouco eficiente, não sendo incorporado ao processo produtivo.
Outra tentativa de mecanização da colheita foi utilizada na Fazenda
Guanabara, em Linhares, ES, onde o produtor projetou e construiu uma
plataforma com regulagem na altura e na largura, montada sobre uma
carreta agrícola, tracionada por um trator (Figura 53).

111
A B
Figura 52. Colheita dos cachos de coco realizada com braço mecânico hidráulico
na Fazenda Rio Preto, município de São Mateus, ES (A) e (B).

A B
Figura 53. Plataforma desenvolvida para a colheita de frutos de coco verde (A).
Operação de colheita com a plataforma (B).

A plataforma, puxada por um trator, deslocava-se por entre as linhas


de plantas e, uma vez posicionada sob a copa da planta, o cacho de coco
era colhido e depositado na plataforma superior que, em seguida, era
repassado manualmente para uma carreta anexa onde se processava a
toalete e seleção dos frutos.
Recentemente, uma nova forma de colheita em plantas altas tem sido
utilizada cuja eficiência se mostra superior às demais práticas até então
utilizadas. Trata-se de uma plataforma, tipo semigaiola, construída em
ferro na forma de “U”, adaptada em um sistema de torre de elevação de
uma empilhadeira, acoplada na dianteira de um trator agrícola de média
potência (Figura 54).

112
A B C
Figura 54. Plataforma tipo semigaiola desenvolvida para a colheita de coco (A).
Torre de elevação de uma empilhadeira (B). Elevação da semigaiola
através do sistema hidráulico (C).

Para a sua operação são necessários três trabalhadores, sendo um


tratorista e dois operários que ficam dentro da semigaiola para a operação
de corte e coleta do cacho de coco. O tratorista faz o deslocamento do
equipamento e o posiciona sob a copa do coqueiro. Posteriormente,
eleva a plataforma até próximo do cacho facilitando a operação de corte
e colheita (Figura 55A e B). Após a retirada dos cachos, estes vão sendo
depositados no interior da plataforma que, ao atingir sua capacidade de
carga, é descarregada diretamente sobre uma carreta agrícola (Figura 55C)
ou em contentores tipo big bag.

A B C
Figura 55. Plataforma em operação de colheita (A) e (B). Descarga dos frutos sobre
a carreta agrícola (C).

113
A grande mobilidade, a facilidade operacional e a eficiência desse
processo merecem destaques, sugerindo que essa tecnologia seja melhor
avaliada, difundida e, possivelmente, adotada pelos produtores de coco da
região onde a topografia do terreno permita sua utilização. Este registro não
poderia deixar de mencionar agradecimentos ao cocoicultor e empresário
rural Sr. Edíso Antonio Pignaton, proprietário da Fazenda Guanabara
em Linhares, ES, por sua visão empreendedora e capacidade inventiva
dispensados à produção do coco em nossa região.
Durante o procedimento de colheita, deve-se efetuar a limpeza
das plantas. Essa prática deve ser realizada retirando-se os frutos secos,
abortados, restos de inflorescências e folhas secas. Não é aconselhável o
corte de folhas ainda verdes evitando, assim, ferimentos e predisposição da
planta ao ataque de pragas e doenças, redução do seu sistema fotossintético
e perda de nutrientes que poderiam ser translocados dessas folhas para
outras partes da planta em formação.
Após a colheita, os cachos são acondicionados diretamente sobre a
carroceria do caminhão ou transportados para um galpão packing house
para beneficiamento. Esse processo consta de etapas como: seleção, toalete,
embalagem, carregamento e transporte.
A seleção consiste na retirada dos frutos pequenos, secos, deformados,
lesionados e impróprios para a comercialização.
A toalete é o preparo do cacho com o uso de uma tesoura de poda
promovendo a limpeza, corte e retirada das pontas dos ramos do cacho
(espiguetas), corte dos ramos secos da inflorescência, a fim de evitar o atrito
com os frutos e, consequentemente arranhões e posterior escurecimento
com depreciação do produto.
A embalagem dependerá do mercado ao qual o produto se destina,
podendo ser acondicionados em caixas, sacos de ráfia, contentores tipo big
bags ou a granel sobre a carroceria de caminhões.
O carregamento normalmente é de forma manual, sobre a carroceria do

114
caminhão. Para se completar a carga em um caminhão, entre 6.000 e 7.000
frutos, gasta-se em média três horas com cinco trabalhadores envolvidos.
Sistemas alternativos têm sido testados pelos produtores, visando
mecanizar o processo de carregamento, com redução de mão de obra e
aumento na eficiência do processo, especialmente com frutos destinados
à agroindústria que são acondicionados em contentores tipo big bags e
deslocados através de braço mecânico hidráulico acoplado ao trator. Com
os big bags preenchidos com frutos, o carregamento do caminhão utilizando
o braço mecânico hidráulico leva entre 20 e 30 minutos.

17 TRANSPORTE

O transporte dos frutos destinados ao comércio de frutos verdes


geralmente é a granel, sobre a carroceria de caminhões, sem controle
das condições ambientais (Figura 56A). Para os mercados mais exigentes
os frutos são selecionados, individualizados e acondicionados em caixas,
sacos de ráfia contendo 10 frutos/saco (Figura 56B) ou ainda embalados
individualmente e acondicionados em caixas de papelão no caso de
exportação (Figura 56C).

A B C
Figura 56. Transporte a granel de frutos de coco-anão-verde sobre carroceria de
caminhão (A). Frutos individualizados e embalados em sacos de ráfia
(B). Frutos embalados individualmente e acondicionados em caixa de
papelão (C).

115
Uma nova modalidade de transporte tem sido utilizada para os frutos
destinados à agroindústria. Os frutos colhidos são individualizados e
depositados em contentores tipo big bags com capacidade média para 500
frutos. Os big bags são posicionados em uma estrutura metálica e os frutos
vão sendo neles colocados até atingir sua capacidade de carga (Figura
57A). Ao completar seu volume, os contentores são transportados por um
braço mecânico hidráulico acoplado a um trator e depositados sobre a
carroceria do caminhão (Figura 57B e C) e transportados ao seu destino
final. Esse processo de carregamento, aliado ao sistema de colheita com
o equipamento semigaiola, descrito anteriormente, proporciona uma alta
eficiência quando comparado ao sistema tradicional.

A B C
Figura 57. Frutos de coco verde colocados nos big bags (A). Transporte dos big
bags por meio de um braço mecânico hidráulico (B). Colocação dos big
bags sobre a carroceria do caminhão (C).

18 COMERCIALIZAÇÃO

A cocoicultura é uma atividade agrícola de grande interesse e


importância e se destaca pelo fato da planta apresentar uma produção
contínua. Embora com alguma variação sazonal decorrente de condições
climáticas, a atividade, se bem planejada e conduzida, proporciona colheita
em todos os meses do ano, permitindo um fluxo contínuo de receita ao
longo da vida útil do coqueiral.

116
Entretanto, devido a pouca organização dos produtores, dentre todas
as atividades inter-relacionadas ao sistema de produção de coco, talvez
a comercialização seja hoje um dos maiores entraves enfrentados pelo
produtor.

18.1 COCO SECO

O Espírito Santo e, em particular, a região norte do estado não se


caracterizam como produtores de coco seco. Porém, não é descartada a
possibilidade futura da introdução e implantação de áreas com cultivo de
coco híbrido com dupla finalidade para atender a demanda da agroindústria
local processadora da água de coco e também do comércio estadual ou
nacional de coco seco.
O preço estabelecido para o coco seco é definido pela lei de oferta e
procura do produto no mercado nacional. No caso do coco seco destinado
à agroindústria, o preço sofre influência tanto do mercado interno quanto
do internacional.
Apesar do Brasil ser um grande produtor mundial de coco, o país vem
importando sistematicamente coco fresco, coco seco ou desidratado,
principalmente da Indonésia, Filipinas, Vietnã e Sri Lanka, o que contribui
para a evasão de divisas, redução de empregos, queda nos preços,
desestímulo do produtor e desestruturação da cocoicultura nacional.

18.2 COCO VERDE

O preço do coco verde destinado ao consumo in natura é definido pela


lei de oferta e procura do produto na região de produção, no estado ou no
mercado nacional, em função da sazonalidade de seu consumo.
O valor a ser definido é afetado pelo volume de produção, época do
ano, mecanismos de comercialização, grau de intermediação no meio rural

117
e pelo número de agentes que participam dos canais de comercialização.
A partir do pequeno produtor, o coco é objeto de até quatro transações
comerciais antes de chegar ao consumidor final, elevando o preço final
e deixando o produtor com a menor participação, enquanto o grande
intermediário obtém a maior percentagem do lucro.
A implantação de agroindústrias processadoras de água de coco na região
norte do Espírito Santo possibilitou uma nova forma de comercialização
dos frutos verdes. Entretanto, pelo pouco tempo de atividade e da relação
comercial entre a empresa e os produtores, ajustes são necessários para
tornar essa parceria sustentável.
Premente é a necessidade da criação e efetiva organização e atuação de
associações e cooperativas que reúnam e fortaleçam os produtores de coco
dessa região-polo.

19 ReferênCias

AGRIANUAL 2013: anuário da agricultura brasileira. Coco. São Paulo: FNP,


consultoria e Agroinformativos, 2013. p. 282-288.

ARAGÃO, W. M.; RIBEIRO, F. E.; TUPINAMBÁ, E. A.; SIQUEIRA, E. R. de.


Variedades e híbridos do coqueiro. ARAGÃO, W. M. (Ed.). Coco pós-
colheita. Brasília: EMBRAPA, 2002. p. 26-34. (Série Frutas do Brasil, 29).

BENASSI, A. C. Caracterização biométrica, química e sensorial de


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