Cultivo Mono Melancia
Cultivo Mono Melancia
Cultivo Mono Melancia
Cultivo de
Mini Melancia
em Casa de Vegetação
Rafael Campagnol
Rodrigo Pereira Diniz Junqueira
Simone da Costa Mello
2 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Campagnol, Rafael
Cultivo de mini melancia em casa de vegetação / Rafael Campagnol, Rodrigo
Pereira Diniz Junqueira e Simone da Costa Mello. - - Piracicaba : USP/ESALQ/Casa
do Produtor Rural, 2012.
56 p. : il.
Bibliografia.
ISBN: 978-85-86481-22-2
1
Aluno de Doutorado - Departamento de Produção Vegetal – ESALQ/USP
2
Aluno de Graduação em Engenharia Agronômica – ESALQ/USP
3
Professora Doutora – Departamento de Produção Vegetal – ESALQ/USP
Cultivo de
Mini Melancia
em Casa de Vegetação
Piracicaba
2012
4 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Agradecimentos
Casa Rosário
Ecovaso Ind. e Com. de Art. Plásticos Ltda.
Gerdau S.A.
Hidro Forte Irrigação
IBS Mudas
Comércio de Madeiras Nalessio Ltda.
Takii do Brasil Ltda.
Vida Verde Ind. e Com. Insumos Orgânicos Ltda.
Yara Brasil Fertilizantes
Apoio
Índice
Introdução 07
Aspectos básicos da biologia das plantas 09
Utilização e composição 11
Condições climáticas 13
Cultivares de mini melancia 15
Cultivo em casa de vegetação 16
• Modelos de casa de vegetação 16
• Instalação 18
Sistemas de cultivo 19
• Cultivo em solo 19
• Cultivo em substrato 20
• Estruturas para condução e distribuição
das plantas 21
Produção de mudas 23
Distribuição das plantas na área 25
Transplante das mudas 26
Sistemas de condução das plantas 27
6 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
• Sistema 1
Plantas conduzidas com uma haste e um
fruto conduzido na haste principal 27
• Sistema 2
Plantas conduzidas com uma haste e um
fruto conduzido na haste secundária 28
• Sistema 3
Plantas conduzidas com duas hastes e um
fruto conduzido na haste principal 28
Polinização 30
Poda e desbrota de ramos e frutos 32
Ensacamento dos frutos 35
Controle de plantas daninhas 37
Manejo de irrigação 38
Nutrição das plantas 41
Colheita, classificação e comercialização 45
Pós-colheita 47
Manejo de pragas e doenças 48
• Manejo integrado de pragas e doenças 51
Bibliografia consultada 54
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 7
Introdução
A melancia (Citrullus lanatus) é origi- China, responsável por 65% da produ-
nária das regiões secas e quentes da ção mundial, seguido da Turquia, Irã,
África, onde foi domesticada há mais Brasil e Estados Unidos.
de 5000 anos. No século X, a cultu- O Brasil produziu, em 2010, 2,05
ra foi introduzida na China, no sécu- milhões de toneladas de melancia em
lo XIII, já era cultivada em diversas re- uma área de 96,5 mil hectares, com
giões da Europa e no século XVI, le- valor da produção atingindo 823,7
vada à América pelos espanhóis. Sua milhões de reais. A produtividade
introdução no Brasil, provavelmente, média brasileira é de 21,6 toneladas
ocorreu com a chegada dos escravos por hectare, 24,7% abaixo da média
africanos. mundial, que é de 28,7 t.ha-1. As re-
Os frutos são normalmente consu- giões nordeste, sul e centro-oeste do
midos crus e por apresentarem gran- país são as maiores produtoras de
de quantidade de água na sua consti- melancia, com destaque para os es-
tuição são muito utilizados em regiões tados do Rio Grande do Sul, Bahia e
quentes. Suas sementes também po- Goiás, responsáveis por, respectiva-
dem ser consumidas na forma de fa- mente, 16,88; 16,48 e 13,08% do total
rinha, como na Índia, ou assadas, produzido em 2010.
como no Oriente Médio. O estado de São Paulo foi respon-
Dentre as Cucurbitáceas, a melan- sável por 9,35% da quantidade total
cia é a espécie com maior expressão de frutos produzidos em 2010 no Bra-
mundial. Em 2009, foram produzidos sil, 191,9 mil toneladas. Nessa região,
no mundo 98,1 milhões de toneladas destacam-se os municípios de Presi-
de frutos em uma área de 3,4 milhões dente Prudente, Marília e Bauru.
de hectares. O maior produtor foi a Tradicionalmente a melancia é culti-
8 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Utilização e composição
A melancia desempenha importante to os demais elementos como sódio,
papel na alimentação humana, espe- manganês, zinco, cobre e ferro estão
cialmente nas regiões tropicais, onde presentes em menores quantidades.
o consumo é elevado. Seu fruto é con- Possui também licopeno, um carote-
sumido quase que exclusivamente in noide com elevada atividade antioxi-
natura. Porém, também pode ser usa- dante, que atua na prevenção de do-
do na confecção de sucos, geleias, enças cardíacas e de certos tipos de
doces, molhos e em saladas. Suas cânceres.
sementes, ricas em gordura, proteína, Por ser muito hidratante (90% de
tiamina, niacina, cálcio, fósforo, ferro e seu volume é água) e diurética, auxi-
magnésio, também podem ser consu- lia no tratamento de doenças que se
midas como ocorre na China, na Índia beneficiam do aumento do fluxo de
e em outros países. urina (infecções urinárias, gota e
O fruto é fonte de provitaminas A, vi- hipertensão arterial), elimina resí-
tamina C e vitaminas do complexo B. duos do aparelho digestivo e funciona
Nas melancias de polpa vermelha, os como laxante. É também recomenda-
teores de potássio, magnésio, fósfo- da em dietas, pois possui baixo valor
ro e cálcio são significativos, enquan- calórico.
12 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Tabela
Tabela 1.1.Composição
Composiçãomédia
médiadada
melancia. Valores
melancia. expressos
Valores por 100
expressos por g100
de gparte
de
comestível.
parte comestível.
Macro-constituintes Teor Vitaminas Teor Minerais Teor
Água (%) 91 Vitamina A (UI) 569 Potássio (mg) 112
Energia (kcal) 30 Vitamina B1(mg) 0,033 Cálcio (mg) 7
Proteína (%) 0,6 Vitamina B2 (mg) 0,021 Fósforo (mg) 11
Gordura (%) 0,15 Vitamina B3 (mg) 0,178 Magnésio (mg) 10
Carboidratos (%) 7,6 Vitamina B6 (mg) 0,045 Sódio (mg) 1
Fibras (%) 0,4 Vitamina C (mg) 8,1 Ferro (mg) 0,24
Fonte: Adaptado de Almeida (2006).
Condições climáticas
Típica de regiões tropicais, a melan- depende do comprimento do dia,
cia é uma espécie pouco tolerante ao mas o surgimento de flores femininas
frio e que não suporta granizos e ge- é mais favorecido por dias curtos do
adas durante algumas das fases de que por dias longos.
seu ciclo. A temperatura é o principal A umidade relativa do ar elevada
fator que interfere no desenvolvimen- afeta negativamente a qualidade dos
to vegetativo da planta e influencia frutos, sendo que as melancias produ-
processos como a germinação das zidas em regiões mais secas têm me-
sementes, o florescimento e o sabor lhor sabor e estão menos sujeitas a
dos frutos. As condições ótimas para incidência de doenças fúngicas. Sob
o crescimento vegetativo e desenvol- clima frio e úmido o sabor torna-se
vimento dos frutos são temperatura incipiente, em virtude da redução no
média noturna de 15 a 20oC e tem- teor de açúcares. A umidade relativa
peratura média diurna de 25 a 30oC. do ar ótima para a cultura, de forma
Temperaturas acima de 35oC prejudi- geral, é de 60 a 80%. Essa faixa de va-
cam a floração e aumentam a propor- lor é fator determinante durante a flo-
ção de flores masculinas (Tabela 2). ração, pois, associada à temperaturas
A melancia também é muito exigen- mais amenas, favorece uma melhor
te em intensidade luminosa, espe- fertilização das flores e o surgimento
cialmente para a fixação dos frutos. de flores femininas.
Seu desenvolvimento vegetativo não
Gordura (%) 0,15 Vitamina B3 (mg) 0,178 Magnésio (mg) 10
Carboidratos (%) 7,6 Vitamina B6 (mg) 0,045 Sódio (mg) 1
Tabela
Tabela 2.
2.Temperaturas
Temperaturasfundamentais
fundamentais(cardinais) para
(cardinais) a cultura
para dada
a cultura melancia.
melancia.
Parâmetro Temperatura (ºC)
Germinação
Mínima 13 a 15
Ótima 23 a 28
Máxima 45
Vegetação
Mínima 11 a 13
Ótima 21 a 30
Máxima 45
Floração (ótima) 18 a 20
Vingamento dos frutos (ótima) 25 a 35
Fonte: Adaptado de Almeida (2006).
A B C
Figura 1. Casas de vegetação com diferentes dimensões e materiais utilizados no
cultivo de
Figura 1. mini melancia.
Casas Estrutura metálica
de vegetação (A); Estrutura
com diferentes composta por
dimensões madeira
e materiais
e pilares de
utilizados noconcreto
cultivo (B);
de Estrutura de madeira
mini melancia. (C).
Estrutura metálica (A); Estrutura
composta por madeira e pilares de concreto (B); Estrutura de madeira (C).
As dimensões de cada casa de ve- tura do pé-direito pode variar de 2 a
As dimensões de cada
getação variam conforme o modelo casa de vegetação
4 m, sendovariam conforme
que valores o modelo
superiores a
dadaestrutura
estruturaescolhida.
escolhida.Geralmente,
Geralmente, cada3 módulo apresenta
m são mais de 6,4 a para
recomendados 8 m de
o
largura e de 3apresenta
cada módulo a 4,5 m de de comprimento
6,4 a 8 m entre
cultivopilares, podendo
da maioria formar casas
das hortaliças. Es-
de vegetação com até 50 m de comprimento ou mais (Figura
de largura e de 3 a 4,5 m de compri- 14 truturas muito baixas promovem 2). A altura do
o
pé-direito pode variar de 2 a
mento entre pilares, podendo formar4 m, sendo que valores superiores a 3
aquecimento excessivo do ambiente, m são
mais recomendados
baixas para o cultivo da maioria das do hortaliças.
ambiente, Estruturas
enquanto muito
casas depromovem
vegetação ocom aquecimento
até 50 m de excessivo
enquanto que estruturas que
mais altas
estruturas mais altas apresentam custo mais elevado.
comprimento ou mais (Figura 2). A al- apresentam custo mais elevado.
Instalação
Na escolha do local para a instalação da casa de vegetação deve-se
evitar aqueles excessivamente úmido, frio, pouco ensolarado e de baixa
ventilação. Preferencialmente devem ser construídas em terrenos planos e
orientadas no sentido da direção dos ventos predominantes, visando diminuir
o impacto destes. Sua orientação na área também deve favorecer a
18 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
14
Sistemas de cultivo
Sistemas de cultivo
As As
minimini melancias
melancias podempodem
ser cul-ser cultivadas em Essa
ramos e frutos. casaprática
de vegetação
possibili-
diretamente no solo ou em recipientes,
tivadas em casa de vegetação dire- como vasos, canaletas ou sacolas
ta que o horticultor modele as plantas,
plásticas (Figura 3). Podem ainda
tamente no solo ou em recipientes, ser conduzidas de diversas maneiras,
ou seja, estabeleça uma boa relação com
realização de podas das folhas,
como vasos, canaletas ou sacolas ramos e frutos.
entre folhas e frutos, para que elas o
Essa prática possibilita que
horticultor modele as plantas, ou seja, estabeleça uma boa relação entre
plásticas (Figura 3). Podem ainda ser produzam frutos de qualidade e com
folhas e frutos, para que elas produzam frutos de qualidade e com bom
conduzidas de diversas maneiras, bom padrão comercial.
padrão comercial.
com realização de podas das folhas,
Rafael Campagnol e Graziele Ferezini (ESALQ/USP/LPV)
A B
Figura 3. Cultivo de mini melancia realizado no solo (A) e em substrato (B).
Figura 3. Cultivo de mini melancia realizado no solo (A) e em substrato (B).
Tabela
Tabela 3.
3. Tolerância
Tolerânciada
damelancia
melanciaààsalinidade
salinidadeeeààacidez
acidezdo
dosolo.
solo.
Característica Nível
Tolerância à salinidade Moderada
Máxima salinidade do solo sem quebra de produção (nível crítico) 2,5 dS.m-1
Decréscimo na produtividade por cada dS/m acima do nível crítico 13%
Intervalo ótimo de pH 6,0 a 7,0
Tolerância à acidez Elevada
Fonte: Adaptado de Almeida (2006).
B C
Figura 4. Estrutura para condução das plantas de mini melancia no sentido verti-
cal. Distribuição
Figura dos para
4. Estrutura mourões no interior
condução dasdaplantas
casa dedevegetação (A); Bambus
mini melancia sus-
no sentido
vertical.
tentando Distribuição dos mourões
os arames e fitilhos no interior
presos a estes da casa
(B); Detalhe de vegetação
do travamento (A);
da estru-
Bambus sustentando
tura de condução (C). os arames e fitilhos presos a estes (B); Detalhe do
travamento da estrutura de condução (C).
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 23
Produção de mudas
Um dos requisitos mais importantes plantadas com menor porte; aumen-
para se obter sucesso na produção de ta a rapidez no desenvolvimento das
hortaliças é a utilização de materiais plantas; e proporciona maior precoci-
de propagação (sementes, mudas, dade na colheita.
partes vegetativas) de alta qualidade. No caso do cultivo de mini melan-
A implantação da cultura através de cia em ambiente protegido, a implan-
mudas produzidas em bandejas mos- tação da cultura é feita principalmente
tra-se muito interessante para melan- através de mudas produzidas em ban-
cia devido aos benefícios de ordem dejas. Essas mudas podem ser pro-
agronômica e econômica proporcio- duzidas por empresas especializadas
nados por esse método. O uso de nessa atividade (viveiristas) ou pelo
bandejas eleva o rendimento opera- próprio produtor, em uma área no in-
cional de todas as tarefas; diminui a terior da estufa. Para isso, as condi-
quantidade necessária de sementes, ções climáticas no interior do ambien-
importante no caso para as de maior te protegido devem ser adequadas
valor agregado como os híbridos; para a boa germinação das sementes
permite uma nutrição mais homogê- e desenvolvimento das plantas, bem
nea e controlada, através da fertirriga- como haver um bom controle de pra-
ção; melhora a qualidade das mudas, gas e doenças.
pelo equilíbrio entre a parte aérea e as A escolha por produzir as mudas ou
raízes; aumenta a eficiência na pro- adquirí-las de um viveirista especiali-
dução de mudas, pela racionalização zado deve ser baseada no seu custo e
do uso do espaço e do tempo; facilita benefício, uma vez que a utilização de
o manuseio das mudas no campo; mudas de qualidade resultará em be-
permite que as mudas sejam trans- nefícios produtivos e econômicos. As
24 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
de profundidade.
suas A manutenção das
incidências precoces. ças ou suas incidências precoces.
Fábio K. Nakagawa e Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV)
A B
Figura 5. Efeito da temperatura na produção de mudas de mini melancia. Bande-
Figura 5. Efeito da temperatura na produção de mudas de mini melancia.
jas mantidas
Bandejas em condições
mantidas de baixa
em condições de temperatura (A). Bandejas
baixa temperatura sob condições
(A). Bandejas sob
ideais de temperatura (B).
condições ideais de temperatura (B).
Tabela
Tabela 4.4. Densidade
Densidade de plantas (plantas.m
de plantas (plantas.m-2-2) )em
emfunção
funçãododoespaçamento
espaçamentoentre
entre
linhas
linhas ee entre
entre plantas.
plantas.
Entre Entre linhas simples (m) Entre linhas duplas (m)
plantas
(m) 0,90 1,00 1,20 0,6 x 0,9 0,5 x 1,0 0,4 x 1,2
0,30 3,70 3,33 2,78 4,44** 4,44** 4,17
0,45 2,47 2,22 1,85* 2,96 2,96 2,78
0,60 1,85* 1,67* 1,38* 2,22 2,22 2,08
*Valores não recomendados.
**Valores recomendados para produção de frutos de 1,5 a 2 kg.
A B C
Figura 6. Transplantio das mudas para canteiros cobertos com mulching no solo
Figura 6. Transplantio das mudas para canteiros cobertos com mulching no
(A) e para vasos de 8 litros com substrato de fibra de coco (B e C).
solo (A) e para vasos de 8 litros com substrato de fibra de coco (B e C).
Sistemas de condução
das plantas
Em casa de vegetação, os sistemas Basicamente, um sistema de con-
de condução das plantas criam con- dução consiste na determinação do
dições para a maximização da produ- número de ramos, folhas e frutos que
ção de frutos de alta qualidade atra- serão mantidos durante o ciclo da
vés do estabelecimento do número planta. Este deve proporcionar bons
ideal de frutos, da melhor cobertura resultados produtivos e qualitativos.
da área por folhas e da uniformidade Seu estabelecimento, bem como os
de plantas, promovendo o equilíbrio resultados obtidos por ele, contudo,
entre fonte (folhas) e dreno (frutos), pode variar de acordo com as condi-
de acordo com as necessidades pro- ções climáticas e de cultivo da área,
dutivas. Além disso, a condução das necessitando que o agricultor faça al-
plantas no sentido vertical evita o con- guns ajustes de acordo com suas ne-
tato delas com o solo e facilita as prá- cessidades.
ticas de manejo, como as aplicações Para mini melancia, os sistemas de
de defensivos em ambos os lados condução de plantas que já foram es-
da planta. Proporciona também uma tudados e que são recomendados
maior ventilação ao longo do dossel, para seu cultivo em casa de vegeta-
reduzindo o período de molhamento ção são:
foliar e, consequentemente, a severi-
dade das doenças; melhora a distri- Sistema 1 - Plantas conduzidas com
buição da radiação solar sobre a plan- uma haste e um fruto conduzido na
ta; e possibilita o aumento do número haste principal:
de plantas por área. Após o transplante das mudas para
28 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
3ª Folha
Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV) 3ª Folha
Figura 7. RamosFigura
lateraisRamos
devemlaterais
ser podados após a 3a folha.
Figura 7. Ramos 7.
laterais devem devem
ser ser
podados podados
após a após a 3ª folha.
3a folha.
Arte: Rafael Campagnol (ESALQ/USP)
Arte: Rafael Campagnol (ESALQ/USP)
Polinização
Polinização
Na natureza
Na natureza e, geralmente,
e, geralmente, na produção
na produção em campo
em campo a polinização
a polinização da da
melancia
melancia é feita
é feita por insetos,
por insetos, sobretudo
sobretudo abelhas.
abelhas. Em Em
casacasa de vegetação,
de vegetação,
entretanto,
entretanto, a atividade
a atividade de insetos
de insetos polinizadores
polinizadores é muito
é muito baixa
baixa e a ecolocação
a colocação
de caixas de abelhas não é recomendada devido às altas temperaturas no no
de caixas de abelhas não é recomendada devido às altas temperaturas
interior
interior da casa
da casa de vegetação,
de vegetação, queafetam.
que as as afetam.
30 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Polinização
Na natureza e, geralmente, na pro- estigmas (parte da flor que deve rece-
dução em campo a polinização da ber o pólen) das flores femininas (Fi-
melancia é feita por insetos, sobretu- gura 9). Essa operação é de grande
do abelhas. Em casa de vegetação, importância, sendo que polinizações
entretanto, a atividade de insetos poli- deficientes resultam em frutos defei-
nizadores é muito baixa e a colocação tuosos e sem padrão comercial. O
de caixas de abelhas não é recomen- pólen da melancia forma uma massa
dada devido às altas temperaturas no densa e pegajosa, assim, é possível
interior da estufa, que as afetam. visualizar sua deposição no estigma
Dessa forma, deve-se realizar a po- da flor e verificar se esta foi suficiente.
linização manualmente quando surgi- Como a melancia não é uma espécie
rem as primeiras flores femininas na auto incompatível, uma flor masculina
posição ideal de condução do fruto pode ser usada para polinizar uma flor
(8º ao 14º internódio), conforme siste- feminina da mesma planta.
ma de condução, e repetidas até que Essa prática deve ser realizada pela
todas as flores femininas de todas as manhã, preferencialmente entre 8 e 10
plantas sejam polinizadas. Esse pe- horas, pois nesse período as flores se
ríodo pode durar de 1 a 5 dias, depen- abrem e os grãos de pólen estão viá-
dendo da uniformidade das plantas. veis. É um trabalho que exige paciên-
A polinização é realizada passan- cia, pois é dele que originará os frutos.
do as anteras (parte da flor que con- Portanto, a polinização deve ser feita
tém pólen) das flores masculinas nos com grande atenção.
Essa prática deve ser realizada pela manhã, preferencialmente entre
8 e 10 horas, pois nesse período as flores se abrem e os grãos de pólen
estão viáveis. É um trabalho que exige paciência, pois é dele que originará os
Cultivo deatenção.
frutos. Portanto, a polinização deve ser feita com grande Mini Melancia em Casa de Vegetação 31
Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV)
Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV)
A B
Figura 9. Diferença morfológica entre flor feminina (A) e flor masculina (B) de
melancia.
Figura 9. Diferença morfológica entre flor feminina (A) e flor masculina (B) de
melancia.
Poda e desbrota de ramos e frutos
Definido o sistema de condução das plantas, este deve ser mantido
ao longo do ciclo produtivo (Figura 10). Para isso, o produtor deve realizar
periodicamente a poda e desbrota de ramos e frutos, conforme o sistema de
A B
32 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
A B C
Graziele
Fábio
Fábio Keiti Nakagawa, Graziele
Ferezini
K. Nakagawa,
D E F
G H I
Figura 10. Estádios de desenvolvimento das plantas de mini melancia cultivada
Figura 10. Estádios de desenvolvimento das plantas de mini melancia
em ambiente protegido no sistema vertical através de fitilhos. Transplante das
cultivada em ambiente protegido no sistema vertical através de fitilhos.
mudas – 0 dia após o transplante (DAT) (A); 10 DAT (B); 18 DAT (C); 25 DAT (D);
Transplante das mudas – 0 dia após o transplante (DAT) (A); 10 DAT (B); 18
35 DAT (E); 40 DAT (F); Início do ensacamento dos frutos (G); Frutos na fase de
DAT (C); 25 DAT (D); 35 DAT (E); 40 DAT (F); Início do ensacamento dos
crescimento intenso
frutos (G); Frutos na (H);fase
Frutodenocrescimento
ponto de colheita (I). (H); Fruto no ponto de
intenso
colheita (I). são selecionados quan-
Os frutos de aumentar o ciclo de produção e
do atingirem aproximadamente 2 cm prolongar o período de colheita. A
de diâmetro, mantendo somente um fixação dos frutos abaixo da posição
fruto por planta, na posição reco- recomendada, apesar de reduzir o
mendada para cada sistema de con- ciclo de produção, pode diminuir o
dução (Figura 11). A manutenção de tamanho do fruto. A altura de fixação
mais de um fruto, para os sistemas dos frutos irá influenciar no desen-
de condução descritos, pode gerar a volvimento vegetativo da planta, na
competição entre eles, o que resul- duração do seu ciclo produtivo e no
tará na redução do seu peso, além tamanho do fruto.
frutos abaixo da posição recomendada, apesar de reduzir o ciclo de
produção, pode reduzir o tamanho do fruto. A altura de fixação dos frutos irá
A B
Figura 11. Ramos laterais no estádio ideal de poda (3 folhas) (A) e frutos no está-
Figura 11. Ramos laterais no estádio ideal de poda (3 folhas) (A) e frutos no
dio ideal para seleção e raleio dos excedentes (2 cm) (B).
estádio ideal para seleção e raleio dos excedentes (2 cm) (B).
A B
C D
Figura 12. Detalhes da confecção das redes (A e B), estádio ideal de ensacamen-
Figura 12. Detalhes da confecção das redes (A e B), estádio ideal de
to dos frutos (4 a 5 cm) (C) e sua sustentação através do arame inferior (D).
ensacamento dos frutos (4 a 5 cm) (C) e sua sustentação através do arame
inferior (D).
Controle de plantas daninhas
Em ambiente protegido, o controle doenças. Uma prática muito utilizada
de plantas daninhas deve ser feito pe- na produção de hortaliças é a coloca-
riodicamente, evitando o uso de her- ção de plástico ou material vegetal so-
bicidas devido ao risco de derivas nas bre os canteiros (mulching). Além dos
plantas cultivadas. Recomenda-se, benefícios proporcionados pelo con-
assim, a realização de capinas ma- trole de daninhas, o uso de plástico
nuais, mantendo a área livre de plan- reduz a evaporação de água das ca-
tas daninhas. Estas, além de compe- madas superficiais do solo e aumen-
tirem com as plantas por água, luz e ta o volume de raízes na faixa do solo
nutrientes, podem hospedar pragas e mais rica em nutrientes.
38 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Manejo de irrigação
Para as plantas, a água é o principal pode comprometer a produtividade,
fator que limita a produção. Em casa reduzindo o tamanho do fruto e au-
de vegetação, a irrigação é uma prá- mentando os problemas de podridão
tica essencial, uma vez que esse am- apical. Do início da maturação até a
biente é protegido das chuvas. colheita, o fornecimento de água deve
A melancia é uma cultura que ape- ser reduzido gradativamente. Próximo
sar de resistente à seca, responde à época de colheita, a suspensão da
bem às irrigações, desde que não irrigação contribui para melhorar o sa-
em excesso. Durante a germinação, bor dos frutos. A aplicação de água
emergência e início do crescimento próximo à colheita deve ser criteriosa,
vegetativo deve-se irrigar moderada- pois pode resultar em rachadura dos
mente. No início do seu crescimento, frutos, atraso na colheita e redução no
a planta responde a um déficit hídri- teor de açúcares.
co moderado aprofundando suas raí- No cultivo em substrato, o mane-
zes em direção aos locais com menor jo da irrigação é ainda mais impor-
resistência mecânica, o que pode ser tante, pois o volume de exploração
benéfico nos cultivos em solo. Do iní- das raízes é limitado pelo recipien-
cio da ramificação até a frutificação a te e sua capacidade de retenção de
planta requer mais água do que a fase água é menor em comparação ao
anterior, sendo que a sua deficiência solo. Com isso, as irrigações devem
retardará o desenvolvimento da plan- ser realizadas com maior frequência a
ta. Da frutificação até o início da ma- fim de manter a umidade dos substra-
turação dos frutos é a fase de maior tos sempre adequada. Os substratos
exigência hídrica. Nesta fase, o fruto apresentam diferentes capacidades
cresce rapidamente e a falta de água de retenção de água em função da
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 39
sua composição e do volume do reci- do solo cultivado, feita em laboratório.
piente. Para substratos que apresen- A tensão limite de água no solo para
tam uma capacidade de reidratação melancia é de 10 a 20 kPa, sendo o
muito baixa, como a fibra de coco, o menor valor utilizado na fase de maior
intervalo entre as irrigações não deve exigência hídrica.
ser longo a ponto de ressecar o subs- Em substrato, um método muito
trato. Quando isso ocorre, ele demora utilizado entre os produtores é a dre-
muito tempo para reidratar, exigindo nagem mínima, que consiste na apli-
que o produtor aumente o tempo de cação de água no vaso até que 5 a
irrigação, resultando em desperdício 10% do volume aplicado seja drena-
de água ou de solução nutritiva, que do. Quanto menor o volume drenado,
será drenada pelos vasos. Além disso, menor é o desperdício de solução nu-
pode ocorrer salinização momentânea tritiva, entretanto, aumenta-se o risco
do substrato. de salinização do substrato. Caso isso
A forma mais comum para o forne- ocorra, deve-se irrigar somente com
cimento de água às plantas cultivadas água para retirar o excesso de sais do
em casa de vegetação é o gotejamen- substrato. A concentração de sais no
to. Esse método de irrigação, além de substrato pode ser monitorada e con-
economizar água, permite o forneci- trolada através de medições periódi-
mento de nutrientes às plantas, sendo cas da condutividade elétrica da so-
assim chamado de fertirrigação. lução drenada do vaso. Essa prática,
A quantificação do volume de água entretanto, requer maior nível técnico
necessária para mini melancia cultiva- do produtor e de equipamentos para
da em casa de vegetação é uma tare- sua medição.
fa difícil devido à falta de informações A frequência de irrigação pode ser
técnicas e cultural para essa cultura realizada de 1 até 6 vezes ao dia, de-
no sistema tutorado (vertical). pendendo do sistema de cultivo (solo
No cultivo em solo, um equipamen- ou substrato), do sistema de condu-
to bastante utilizado é o tensiômetro. ção e estádio de desenvolvimento das
Com ele, é possível determinar a ten- plantas, do volume do recipiente, do
são de água no solo e, assim, quantifi- tipo de substrato e das condições cli-
car o volume de água necessário para máticas no interior da estufa.
atingir a capacidade de campo. Esse Um sistema de irrigação por gotejo
método, entretanto, exige certo nível para o cultivo de 1000 plantas pode
técnico do produtor e a determinação ser constituído de dois reservatórios,
da capacidade de retenção de água motobomba (1/2 cv), regulador de
40 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
pressão (10 m.c.a.), filtro, tubos ou veis devem ser separados em reserva-
mangueiras gotejadoras, painel acio- tórios diferentes. Os filtros e sua corre-
nador, tubos de PVC, conexões e re- ta limpeza são muito importantes para
gistros (Figura 13). Os reservatórios evitar que partículas maiores entrem
devem ter volume suficiente para su- no sistema e causem o entupimento
30
prir a necessidade de água à planta dos gotejadores.
por pelo
muito menos um para
importantes dia. Reservatórios
evitar que partículasDiversas outras
maiores formas
entrem no esistema
equipa-e
maiores opossibilitam
causem entupimento maior
dosautonomia
gotejadores. mentos podem ser utilizados na mon-
Diversas
e praticidade. outras
Neles são formas
diluídos eosequipamentos
tagem de podem
um sistemaser utilizados na
de irrigação,
montagem de um sistema de irrigação,
fertilizantes, sendo que os incompatí- como injetores de fertilizantes.
como injetores de fertilizantes.
Fabiana M. de Abreu e Rodrigo P. D. Junqueira (ESALQ/USP/LPV)
Fabiana Marchi de Abreu e Rodrigo Pereira Diniz Junqueira (ESALQ/USP/LPV)
B C
Figura 13. Sistema de irrigação das plantas. Gotejadores utilizados para o mane-
Figura 13. Sistema
jo da irrigação de irrigação
(A); Reservatório dedas plantas.
solução Gotejadores
nutritiva utilizado
(B); Motobomba paradeo
e filtro
manejo da
disco (C). irrigação (A); Reservatório de solução nutritiva (B); Motobomba e
filtro de disco (C).
Tabela
Tabela 5.5.Solução
Soluçãonutritiva parapara
nutritiva o cultivo de mini
o cultivo demelancia em ambiente
mini melancia protegido
em ambiente
no solo (Nitossolo Vermelho Eutrófico Típico).
protegido no solo (Nitossolo Vermelho Eutrófico Típico).
Fase I Fase II Fase III
Fertilizantes -1
g.1000 L
Nitrato de potássio (13% N; 36,6% K) 180,5 201,5 350
Nitrato de cálcio (15% N; 20% Ca) 380 426 450
Nitrato de amônio (33% N) 50 100 0
Fosfato monoamônico (10% N; 26,2% P) 230 257 200
Sulfato de magnésio (9,5% Mg; 12% S) 190 210 270
Sulfato de potássio (41,5% K; 18% S) 192 200 300
Micronutrientes* 10 15 15
Nutrientes g.1000 L-1
N 122,3 151,4 151,5
P 60,3 67,3 52,4
K 145,7 153,4 252,6
Ca 76,0 85,2 90,0
Mg 18,1 20,0 25,7
S 57,3 59,8 86,4
* Produto composto por micronutrientes quelatizados. Contém 7,26% Fe; 1,82% Cu;
0,73% Zn; 1,82% Mn; 1,82% B; 0,36% Mo; 0,36% Ni.
Fonte: Adaptado de Campagnol (2009).
44 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Tabela
Tabela 6.6.Solução
Solução nutritiva parapara
nutritiva o cultivo de mini
o cultivo demelancia em casaem
mini melancia de casa
vegetação
de
em substrato de fibra de coco (Tipo granulado).
vegetação em substrato de fibra de coco (Tipo granulado).
Fase I Fase II Fase III
Fertilizantes -1
g.1000 L
Nitrato de potássio (13% N; 36,6% K) 222,0 222,0 437,0
Nitrato de cálcio (15% N; 20% Ca) 470,0 470,0 400,0
Nitrato de amônio (33% N) 0,0 0,0 120,0
Fosfato monoamônico (10% N; 26,2% P) 284,0 284,0 212,0
Sulfato de magnésio (9,5% Mg; 12% S) 230,0 230,0 465,0
Sulfato de potássio (41,5% K; 18% S) 0,0 99,0 0,0
Micronutrientes* 20,0 25,0 25,0
Ferro** 30,0 30,0 50,0
-1
Nutrientes g.1000 L
N 130,6 130,6 179,7
P 74,4 74,4 55,5
K 81,3 122,3 159,9
Ca 94,0 94,0 80,0
Mg 21,9 21,9 44,2
S 27,6 45,4 55,8
* Produto composto por micronutrientes quelatizados. Contém 7,26% Fe; 1,82% Cu;
0,73% Zn; 1,82% Mn; 1,82% B; 0,36% Mo; 0,36% Ni.
** Produto composto por ferro quelatizado. Contém 6% de Fe.
Fonte: Adaptado de Campagnol (2009).
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 45
Colheita, classificação e
comercialização
A colheita dos frutos ocorre de 65 a utilizado é através do som emitido do
100 dias após o transplante das mu- impacto da mão na casca. Ele deve ser
das, o que corresponde de 30 a 50 grave e mudo. Som agudo e metálico
dias após a polinização das flores. Es- indica que o fruto está imaturo. De qual-
sas variações ocorrem em razão das quer forma, é indicado fazer uma amos-
condições climáticas de cultivo, do tragem de frutos para analisar a cor e
cultivar utilizado, do sistema de con- o sabor da polpa (teor de sólidos solú-
dução das plantas, do manejo nutri- veis). Frutos de qualidade apresentam
cional, dentre outros. teor de sólidos solúveis superior a 10%.
A melancia é considerada por al- O pedúnculo deve ser cortado a 5 cm
guns autores um fruto não-climatéri- do fruto com uma faca ou tesoura.
co, pois sua qualidade não melhora Não existe uma classificação exata
após a colheita, devendo este ser co- para os frutos de mini melancia. Estes
lhido maduro. podem ser comercializados individu-
O melhor período para a colheita almente, com ou sem a rede de nylon,
é de manhã, quando os frutos estão ou em caixas de papelão, semelhan-
mais túrgidos, o que favorece a con- te à cultura do melão (Figura 14). É
servação da textura da polpa. recomendado que se faça uma classi-
Os frutos devem ser retirados das ficação dos frutos de acordo com seu
plantas quando atingirem o seu tama- tamanho e peso, eliminando aque-
nho máximo, perder o brilho caracte- les que apresentem defeitos graves,
rístico e mudar a textura de sua casca danos mecânicos e afetados por
(Figura 14). Um parâmetro bastante doenças ou pragas.
recomendado que se faça uma classificação dos frutos de acordo com seu
tamanho e peso, eliminando aqueles que apresentem defeitos graves, danos
46 Cultivo de Minie
mecânicos Melancia em Casa depor
afetados
Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV)
Vegetação
doenças ou pragas.
B
Rafael Campagnol (ESALQ/USP/LPV)
A C
Figura14.
Figura 14. Frutos
Frutosno no
ponto ideal de
ponto colheita
ideal de (A); frutos colhidos
colheita (B) e embalados
(A); frutos colhidos (B) e
em caixa de papelão (C).
embalados em caixa de papelão (C).
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 47
Pós-colheita
O fruto da melancia é muito sensí- A melancia tem um período de arma-
vel ao frio, não podendo ser armaze- zenamento curto, mesmo em condi-
nados abaixo de 10oC. Possui taxa de ções ótimas de conservação. Deve
produção de etileno reduzida, porém, ser consumida no período de 2 a 3
é sensível a sua aplicação, que pode semanas após a colheita (Tabela 7).
provocar a desintegração da polpa.
Tabela
Tabela 7.
7. Condições
Condições de
de armazenamento
armazenamentorecomendadas
recomendadaspara
paramelancia.
melancia.
Condições de armazenamento Nível
Temperatura (oC) 10 a 15
Umidade relativa (%) 90
Duração do armazenamento 2 a 3 semanas
Potencial para utilização da atmosfera controlada Nulo
Fonte: Adaptado de Almeida (2006).
Tabela
Tabela8.
8.Principais
Principaisdoenças
doençasda
damelancia
melanciacausada
causadapor
porfungos.
fungos.
Nome Espécies
Alternaria Alternaria ssp
Antracnose Colletotrichum orbiculare
Crestamento gomoso Dydimella bryoniae
Cladosporiose Cladosporium cucumerinum
Fusariose vascular Fusarium oxysporum f.sp. niveum
Míldio Pseudoperonospora cubensis
Oídio Sphaerotheca fuliginea, Erysiphe cichoracearum
Pé negro Pythium ssp
Tabela 9. Viroses
Podridão cinzentaencontradas infectando plantios
Botrytis cinerea
comerciais
Podridão de melancia no Brasil.Diplodia ssp
do colo
Verticilose Nome Sigla
Verticillium albo-atrum
Mosaico
Fonte: da melancia
Adaptado de Almeida1(2006).
PRSV-W
(Papaya ringspot virus type W)
Mosaico da melancia 2
Tabela 9. Viroses encontradas infectando plantios WMV-2
(Watermelon mosaic virus 2)
Tabela 9. Viroses
comerciais encontradas
de melancia em plantios comerciais de melancia no Brasil
no Brasil.
Mosaico da abóbora
Nome SqMV
Sigla
(Squash mosaic virus)
Mosaico da melancia 1
Mosaico amarelo da abobrinha PRSV-W
ZYMV
(Papaya ringspot
(Zucchini virus type
yellow mosaic W)
virus)
Mosaico do
Mosaico da pepino
melancia 2
WMV-2
CMV
(Watermelon
(Cucumber mosaic
mosaic virus 2)
virus)
Mosaico da abóbora
Clorose letal da abobrinha SqMV
ZLCV
(Squash mosaic
(Zucchini virus) virus)
lethal chlorosis
Mosaico
Fonte: amarelo
Adaptado da (2005).
de Vieira abobrinha
ZYMV
(Zucchini yellow mosaic virus)
Mosaico do pepino
CMV
(Cucumber mosaic virus)
Clorose letal da abobrinha
ZLCV
(Zucchini lethal chlorosis virus)
Fonte: Adaptado de Vieira (2005).
Tabela
Tabela 10.
10. Principais
Principaispragas
pragasda
damelancia.
melancia.
Nome vulgar Espécies
Ácaro vermelho Tetranychus spp
Afídeos (pulgões) Aphis gossypii, Myzus persicae
Lagartas Spodoptera exigua
Larva-minadora Liriomyza spp
Tabela 10. Principais pragas da melancia.
Mosca-branca Bemisia tabaci, Trialeurodes vaporariorum
Nome vulgar Espécies
Tripes Frankliniella occidentalis, Thrips tabaci
Ácaro vermelho Tetranychus spp
Nematoides Meloidogyne spp
Afídeos (pulgões) Aphis gossypii, Myzus persicae
Fonte: Adaptado de Almeida (2006).
Lagartas Spodoptera exigua
Larva-minadora Liriomyza spp
Mosca-branca Bemisia tabaci, Trialeurodes vaporariorum
Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação 51
Manejo integrado de pragas e doenças ou secundárias. No caso da mini me-
Manejo integrado consiste na utiliza- lancia conduzida no sistema vertical,
ção de várias técnicas de controle dis- devem ser amostradas duas folhas da
poníveis ao agricultor, com o objetivo parte mediana do dossel. Os insetos
de reduzir os danos causados pelas devem ser coletados e contados. No
pragas e doenças das plantas a níveis caso de ácaros, mosca-branca e lar-
econômicos aceitáveis, com o míni- va-minadora a contagem de insetos,
mo de prejuízos para o agrossistema. minas e ninfas deve ser direta. Para
Para isso, o agricultor deve conhecer a contagem do número de ácaros,
o limite de dano econômico, ou seja, a 1 cm² do lado inferior de cada folha
intensidade de doenças ou de pragas (parte central) deve ser avaliada com
na qual o benefício do controle iguala o auxílio de uma lupa com aumento
ao seu custo. Em ambiente protegido, de 10 vezes. A frequência das amos-
onde os produtos apresentam maior tragens deve ser de uma semana,
valor comercial e as pragas e doen- sendo que quando os níveis popula-
ças podem ter comportamentos dife- cionais forem próximos aos de contro-
rentes em relação ao campo, o limite le ela deve ser realizada duas vezes
de dano econômico para o início do por semana.
controle também pode ser alterado. As principais medidas de controle
Uma proposta de limites de tomada de pragas e doenças que apresen-
de decisão para o controle das princi- tam potencial para uso em ambien-
pais pragas das hortaliças em ambien- te protegido e que, dependendo do
te protegido, apresentada e citada por conjunto doença/praga, hospedeiro
vários autores pode ser utilizada para e ambiente, poderão ser empregadas
mini melancia em ambiente protegido. de forma isolada ou em conjunto, para
Primeiramente, considera-se que obter um controle eficiente são:
cada casa de vegetação é um bloco, • Escolha do local para instalação da
que deve ser constituído de uma úni- estufa: Evitar locais de baixadas, su-
ca cultura, idade, genótipo e sistema jeitas a ventos fortes, infestadas por
de cultivo. As amostras devem ser reti- nematoides e próximos a estradas
radas de 1% das plantas de cada blo- poeirentas.
co, ou seja, numa estufa ou bloco com • Escolha do material de plantio livre
1000 plantas deve-se retirar amostras de patógenos: Vários agentes cau-
de 10 plantas. Essas amostras devem sadores de doenças em cultivo pro-
ser de folhas, caules, flores e frutos, tegido, altamente destrutivos e/ou
que são atacados por pragas-chaves difíceis de serem controlados após
52 Cultivo de Mini Melancia em Casa de Vegetação
Bibliografia consultada
AGUIAR, R. L; AGUILERA, G. A. H; DAREZZO, R. J; ROZANE, D. E; SILVA, D. J. H
da. Cultivo em ambiente protegido: histórico, tecnologia e perspectivas. Viçosa:
UFV; DFT, 2004. 332p.
MINAMI, K.; SALVADOR, E.D. Substrato para Plantas. Piracicaba, SP: Degaspari,
2010. 226p.