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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Acre
Embrapa Rondônia
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Carlos Mauricio Soares de Andrade


Ana Karina Dias Salman
Tadário Kamel de Oliveira
Editores técnicos

Embrapa
Brasília, DF
2012
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Acre Embrapa Informação Tecnológica


Rodovia BR-364, km 14 Rio Branco-Porto Velho Parque Estação Biológica (PqEB), Av. W3 Norte (final)
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Unidade responsável pela edição


Unidades responsáveIs pelo conteúdo Embrapa Informação Tecnológica
Embrapa Acre
Embrapa Rondônia Coordenação editorial
Fernando do Amaral Pereira
Comitê de publicações da Embrapa Acre Lucilene Maria de Andrade
Nilda Maria da Cunha Sette
Presidente
Ernestino de Souza Gomes Guarino Supervisão editorial
Erika do Carmo Lima Ferreira
Secretária-executiva
Claudia Carvalho Sena Revisão de texto
Aline Pereira de Oliveira
Membros
Clarissa Reschke da Cunha, Henrique José Borges de Araujo, Normalização bibliográfica
José Tadeu de Souza Marinho, Maria de Jesus Barbosa Cavalcante, Iara Del Fiaco Rocha
Maykel Franklin Lima Sales, Moacir Haverroth, Rodrigo Souza Santos,
Romeu de Carvalho Andrade Neto, Tatiana de Campos Projeto gráfico e capa
Carlos Eduardo Felice Barbeiro

Comitê de Publicações da Embrapa Rondônia 1ª edição


1ª impressão (2012): 1.000 exemplares
Presidente 2ª impressão (2016): 500 exemplares
Cléberson de Freitas Fernandes Publicação digital – PDF (2021)

Secretárias-executivas
Marly de Souza Medeiros e Sílvia Maria Gonçalves Ferradaes

Membros
Marília Locatelli, Rodrigo Barros Rocha, José Nilton Medeiros Costa,
Ana Karina Dias Salman, Luiz Francisco Machado Pfeifer, Fábio da
Silva Barbieri

Todos os direitos reservados


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).


Embrapa Informação Tecnológica

Guia arbopasto : manual de identificação e seleção de espécies arbóreas para


sistemas silvipastoris. / editores técnicos, Carlos Mauricio Soares de Andrade,
Ana Karina Dias Salman, Tadário Kamel de Oliveira. – Brasília, DF : Embrapa,
2012.
PDF (345 p.) : il.

ISBN 978-65-87380-71-1

1. Árvore. 2. Pastagem. 3. Silvicultura. I. Andrade, Carlos Mauricio Soares


de. II. Salman, Ana Karina Dias. III. Oliveira, Tardário Kamel de. IV. Embrapa Acre.
V. Embrapa Rondônia.
CDD 634.9

© Embrapa 2012
Autores

Ana Karina Dias Salman


Zootecnista, D.Sc. em Zootecnia, pesquisadora da Embrapa Rondônia,
Porto Velho, RO

Angelo Mansur Mendes


Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Ciência do Solo, pesquisador da Embrapa
Rondônia, Porto Velho, RO

Carlos Mauricio Soares de Andrade


Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Acre, Rio
Branco, AC

Dayanne Cristyne de Souza Moura


Engenheira-florestal, estudante de especialização em Gestão Florestal,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR

Giovana Fiorela Zamora López


Engenheira Florestal, assistente administrativa da Federação de Indústrias do
Estado de Rondônia, Porto Velho, RO

Giselle Mariano Lessa de Assis


Zootecnista, D.Sc. em Genética e Melhoramento, pesquisadora da
Embrapa Acre, Rio Branco, AC

José Marlo Araújo de Azevedo


Engenheiro-agrônomo, M. Sc. em Agronomia, doutorando
em Biotecnologia e Conservação na Universidade Federal do
Maranhão, rede Bionorte, São Luiz, MA
Luis Cláudio de Oliveira
Engenheiro-florestal, M.Sc. em Ciência de Florestas Tropicais, pesquisador da
Embrapa Acre, Rio Branco, AC

Michelliny de Matos Bentes Gama


Engenheira-florestal, D.Sc. em Ciência Florestal, pesquisadora da Embrapa
Rondônia, Porto Velho, RO

Renan Suaiden Parmejiani


Engenheiro-agrônomo, mestrando em Ciência Animal e Pastagens na ESALQ/USP,
Piracicaba, SP

Rean Augusto Zaninetti


Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Ciência do Solo, doutorando em Agronomia
Tropical pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM

Tadário Kamel de Oliveira


Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa
Acre, Rio Branco, AC

Wesley José Pontes Pereira


Engenheiro-agrônomo, consultor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural/AC,
Rio Branco, AC
Agradecimentos

Aos viveiristas e especialistas em produção de mudas florestais, que colabo-


raram fornecendo informações sobre a produção de mudas das espécies descritas
nesta obra: José Cláudio Albuquerque Braga e João Soares Sobrinho, do Parque
Zoobotânico da Universidade Federal do Acre; Marcelo Josias Duda e Aluilson
Costa Cordeiro, da Secretaria de Floresta do Governo do Estado do Acre; Hailton
Melo de Araújo, da Embrapa Acre e aos responsáveis pelo viveiro do Batalhão da
Polícia Ambiental de Rondônia.
Aos parataxonomistas (mateiros) da Embrapa Acre, Airton do Nascimento
Farias, e da Embrapa Rondônia, Jucelino do Carmo, pela grande colaboração nos
levantamentos de campo.
Aos herbários da Embrapa Amazônia Oriental (IAN) e do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA) e aos taxonomistas que colaboraram na identifi-
cação das espécies arbóreas descritas neste livro: Dra. Ana Maria Goulart de Aze-
vedo Tozzi, do Departamento de Botânica da Universidade Estadual de Campinas;
Dra. Ângela Lucia Bagnatori Sartori, do Laboratório de Botânica da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul; Dra. Flávia Cristina Pinto Garcia, do Herbário
da Universidade Federal de Viçosa; Dra. Ingrid Koch, da Universidade Federal de
São Carlos; Dra. Regina Celia Viana Martins da Silva, do Laboratório de Botânica
da Embrapa Amazônia Oriental; Dra. Silvane Tavares Rodrigues, do Laboratório
de Botânica da Embrapa Amazônia Oriental; Dr. Vidal de Freitas Mansano, do
Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Ao senhor José da Silva Melo, proprietário da Colônia Planalto, em
Senador Guiomard, AC, e ao senhor Celestino Sabaini, proprietário do
Sítio Bolso Furado, em Ouro Preto d´Oeste, RO, em nome dos quais
agradecemos aos mais de 100 proprietários rurais que abriram as
porteiras de suas propriedades para que pudéssemos avaliar as
árvores existentes nas pastagens.
Os autores também não poderiam deixar de prestar uma
homenagem aos pesquisadores cujos trabalhos pioneiros so-
bre sistemas silvipastoris no Brasil serviram de inspiração para
a execução da pesquisa que deu origem a este livro. Merecem
destaque os professores Rasmo Garcia e Laércio Couto, da Univer-
sidade Federal de Viçosa, João Carlos de Saibro, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, e Renato Luiz Grisi Macedo, da Universidade Federal de Lavras,
orientadores de inúmeras teses de mestrado e doutorado sobre sistemas silvipasto-
ris e responsáveis pela formação de boa parte dos pesquisadores que atualmente
lideram as pesquisas sobre este tema no Brasil. Também não poderíamos deixar
de realçar a importância dos trabalhos do pesquisador Amilton João Baggio, na
Embrapa Florestas, com arborização de pastagens no Paraná; do pesquisador João
Ambrósio de Araújo Filho, na Embrapa Caprinos, com manejo da vegetação da
caatinga para produção de ruminantes; do pesquisador Jonas Bastos da Veiga, na
Embrapa Amazônia Oriental, com uso de sistemas silvipastoris na Amazônia; do
pesquisador Avílio Antônio Franco, na Embrapa Agrobiologia, com uso de legu-
minosas arbóreas para recuperação de pastagens degradadas; e do pesquisador
Arnildo Pott, na Embrapa Pantanal e, posteriormente, na Embrapa Gado de Corte,
profundo conhecedor da vegetação nativa dos biomas Cerrado e Pantanal e incen-
tivador do uso deste recurso nos sistemas pastoris.
Merece uma homenagem especial a pesquisadora aposentada da Embrapa
Gado de Leite, Margarida Mesquita de Carvalho, que iniciou um trabalho excep-
cional sobre arborização de pastagens na Zona da Mata de Minas Gerais, no início
da década de 1990, o qual serviu de exemplo e inspiração para um grande número
de pesquisas sobre sistemas silvipastoris com espécies arbóreas nativas nas diver-
sas regiões do Brasil. Em 2004, a doutora Margarida foi agraciada pela Sociedade
Brasileira de Zootecnia com o prêmio de Zootecnista do Ano, em reconhecimento
aos seus trabalhos na área de forragicultura e pastagens, em especial com arboriza-
ção de pastagens. Nesse mesmo ano, ela esteve em Rio Branco, AC, cidade onde
nasceu, para visitar as pesquisas da Embrapa Acre sobre arborização de pastagens
cultivadas com espécies arbóreas nativas.
Outras fontes de inspiração para a pesquisa que resultou nesse livro foram as
três publicações da coleção Árvores Brasileiras, do pesquisador Harri Lorenzi, e os
quatro livros da coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, do pesquisador da Embrapa
Florestas, Paulo Ernani Ramalho Carvalho. A riqueza de ilustrações sobre mais de
1.000 espécies arbóreas nativas do Brasil na coleção Árvores Brasileiras, a maioria
de árvores crescendo em pastagens, demonstra claramente a enorme diversidade
dessas espécies com relação à arquitetura das árvores, indicando a possibilidade de
seleção de espécies com características adequadas para a arborização de pastagens.
Já a riqueza de informações sobre as 280 espécies, descritas na coleção Espécies
Arbóreas Brasileiras, deu-nos a segurança necessária de que conseguiríamos com-
plementar as informações obtidas nos levantamentos de campo e em entrevistas no
Acre e em Rondônia, para a caracterização das 51 espécies arbóreas apresentadas
nesta obra.
Apresentação

O século 21 marca a consolidação da agropecuária brasileira como uma das


mais importantes do planeta, não somente em termos quantitativos, mas, princi-
palmente, com relação à inovação tecnológica no caminho da sustentabilidade. O
Brasil tem se destacado na produção de biocombustíveis, na fixação biológica de
nitrogênio na agricultura, na adoção de práticas conservacionistas de solo – como
o plantio direto –, e, mais recentemente, na produção de madeira e alimentos de
origem animal e vegetal em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta.
Com a aprovação recente do novo Código Florestal brasileiro, o País dá mais
um salto em busca da sustentabilidade da sua produção agropecuária. O novo
arcabouço legal representa um avanço ao permitir que a recomposição das áreas
consolidadas em áreas de reserva legal possa ser realizada mediante a implantação
de sistemas agroflorestais. É o reconhecimento do papel desses sistemas não so-
mente como fonte de renda para os produtores rurais, mas também na restauração
do equilíbrio biológico dos agroecossistemas e na geração de serviços ambientais
que beneficiam toda a humanidade.
A arborização de pastagens é uma prática agropecuária que envolve a inte-
gração de espécies arbóreas (árvores ou palmeiras) na atividade pecuária, visando
a implantação de sistemas silvipastoris. A importância desse sistema está na pos-
sibilidade de agregar à produção pecuária uma série de produtos madeireiros e
não-madeireiros, além de uma infinidade de serviços. Entretanto, apesar da riqueza
extraordinária da flora arbórea brasileira, a maioria dos sistemas silvipastoris
implantados no Brasil utilizam espécies arbóreas exóticas. Um dos mo-
tivos para isso é que ainda existe um longo caminho a se percorrer para
identificar, caracterizar e domesticar as espécies nativas de modo que
o seu uso nestes sistemas se torne tão ou mais atrativo do que o
das exóticas.
A presente obra representa uma importante contribuição
da Embrapa para o incentivo à implantação de sistemas sil-
vipastoris com espécies arbóreas nativas da flora brasileira. É
o resultado de um trabalho de cinco anos de pesquisa, em que
somente nos dois primeiros anos foi necessário percorrer mais de
10 mil kilômetros de estradas e ramais e visitar mais de 100 propriedades rurais,
para identificação e avaliação das espécies arbóreas. A isso se seguiu uma longa
fase de obtenção e organização de informações, de modo a produzir um livro de
fácil compreensão para um público interessado em conhecer melhor cada uma das
51 espécies arbóreas nativas descritas.
As informações aqui contidas deverão servir de referência para os profissio-
nais da área agronômica, zootécnica e florestal, bem como para extensionistas
e produtores rurais responsáveis pelo planejamento e implantação de sistemas
silvipastoris na Amazônia Ocidental e no Brasil.

Judson Ferreira Valentim César Augusto Domingues Teixeira


Chefe-Geral da Embrapa Acre Chefe-Geral da Embrapa Rondônia
Prefácio

Os sistemas agroflorestais, conhecidos e já praticados em muitos países do


mundo, começaram a ter destaque no Brasil nas últimas duas décadas. Os sistemas
agrossilvipastoris e silvipastoris são considerados modalidades do sistema agroflo-
restal. Tais sistemas caracterizam-se pelo envolvimento de duas ou mais espécies
de plantas, ou plantas e animais, e pelo menos uma das espécies deve ser perene
arbórea ou arbustiva.
O livro Guia arbopasto: manual de identificação e seleção de espécies ar-
bóreas para sistemas silvipastoris apresenta quatro capítulos. No primeiro, Arbo-
rização de Pastagens na América Latina: situação atual e perspectivas, os autores
comentam a importância da árvore na pastagem para o conforto térmico e melhor
desempenho animal. Pastagens com árvores que escaparam de queimadas ou de
derrubadas inadequadas nas áreas de vegetação natural não devem ser considera-
das um sistema silvipastoril. Como bem relatado no primeiro capítulo, a maioria
das pastagens cultivadas nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia não
chega a apresentar mais do que cinco árvores por hectare. Tais árvores podem
vir a contribuir para o conforto animal, mas o benefício para o solo e para a água
do ecossistema, tão importante para sua sustentabilidade, pode ser considerado
muito pequeno pelo baixo número de árvores presente. O objetivo principal é
que se tenha nas pastagens cultivadas, nativas e naturais um número de árvores
que garanta sustentabilidade num processo mútuo de convivência, no qual todos
os componentes do sistema sejam beneficiados ao longo dos anos com práticas
adequadas de manejo.
No segundo capítulo, Sistemas Silvipastoris: Conceitos, Benefícios
e Métodos de Implantação, os autores, além de fazer uma abordagem
sobre modalidades, conceitos e implantação, descrevem os inú-
meros e importantes benefícios dos sistemas. As modalidades
de sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris (uma integração
lavoura, pecuária e silvicultura) se destacam nos estudos con-
duzidos e no interesse dos agricultores e pecuaristas do Brasil.
Na evolução do uso dos sistemas, pode-se dizer que
os sistemas silvipastoris considerados “temporários” foram os
primeiros a serem incentivados pelos pesquisadores com base na
utilização dos ecossistemas naturais pelos herbívoros selvagens e domésticos. Até
os dias de hoje, muitos animais são utilizados como simples rebaixadores do sub-
bosque.
Para os sistemas silvipastoris “permanentes”, existe um planejamento com-
pleto para a sua implantação, e os elementos solo, árvore, pasto e animal são vistos
como um todo num processo de integração e equilíbrio. A escolha do componente
arbóreo, do componente herbáceo (pasto) e do animal que realizará o pastejo é de-
terminante para a implantação do sistema e para as práticas adequadas de manejo.
Instituições de ensino e pesquisa, a exemplo da Embrapa, estão envolvidas
de maneira marcante no desenvolvimento de sistemas agrossilvipastoris e silvipas-
toris. São assuntos que já envolvem grupos de pesquisadores e que certamente
aumentarão a cada ano. A presença da árvore, trazendo-a de volta como a natureza
já propiciava ao homem centenas de anos atrás, é uma necessidade. Solo tem
vida e necessita estar coberto. A integração de espécies herbáceas, arbóreas e/
ou arbustivas é o caminho a ser seguido. Os monocultivos sempre trazem riscos,
sejam culturas anuais ou florestas plantadas.
No terceiro capítulo, Método de Seleção de Espécies Arbóreas para Sistemas
Silvipastoris, é feita uma abordagem bastante completa dos critérios de seleção de
espécies arbóreas para os sistemas silvipastoris. É apresentada uma revisão bem
ampla sobre levantamentos, identificações, critérios de seleção, características e
mapeamentos para as espécies arbóreas nativas nos estados do Acre e de Rondô-
nia, Amazônia Ocidental, e sobre suas múltiplas aplicações no estabelecimento
dos sistemas. Nada menos do que quinze características foram destacadas para o
processo de seleção. O método descrito, segundo os autores, mostrou-se viável e
até inovador. As informações prestadas no relato dos autores trazem, sem dúvida,
uma grande contribuição e chamam a atenção de muitos pesquisadores para o
cuidado que se deve ter na escolha de determinado componente arbóreo a ser
incluído num sistema silvipastoril.
No quarto capítulo, Guia de Espécies, numa extensa e abrangente exposição,
pode-se ver a riqueza de espécies arbóreas nativas. A escolha do componente
arbóreo na composição do sistema silvipastoril é tida como a decisão de maior
importância para o sucesso do estabelecimento do sistema e, diante do grande
número de espécies e de sua diversidade, torna-se até uma tarefa difícil.
A escolha da espécie arbórea deverá ser feita em consonância com os objeti-
vos propostos e mediante as características de cada espécie. O bom conhecimento
das condições edafoclimáticas e da espécie arbórea é base fundamental para o
melhor ajuste e sucesso no estabelecimento e no manejo do sistema. Como dito
anteriormente, a simples arborização de uma área de pastagem não deve ser con-
fundida com um sistema silvipastoril verdadeiro. Todas as duas modalidades de
consórcio são importantes e resultam em muitos benefícios para o solo e para o
pasto, e ainda para os animais e para o homem.
Pela diversidade e complexidade dos assuntos e dos elementos que são es-
tudados num sistema, os quais requerem conhecimentos multidisciplinares e uma
equipe diversificada de pesquisadores, não pode um único livro atender satisfa-
toriamente a todos. No entanto, o presente livro, com certeza, traz uma grande
contribuição para aqueles que terão oportunidade de utilizá-lo.
Os sistemas agroflorestais são hoje uma realidade no Brasil. Algumas barreiras
técnicas e socioeconômicas que chegam a ser citadas na literatura como impedi-
mentos à adoção dos sistemas não devem ser considerados como fatores negativos.
Com base nisso, acredita-se que o futuro uso global da terra esteja nos siste-
mas agroflorestais, como destacado em uma mensagem do Second World Congress
of Agroforestry, realizado em Nairobi, Kenya, em 2009.
Por fim, congratulamos os autores pelo extraordinário esforço na elaboração
deste livro.

Rasmo Garcia, Ph.D.


Professor do Departamento de Zootecnia
Universidade Federal de Viçosa, MG
Sumário

Capítulo 1
15 Arborização de pastagens na América Latina:
situação atual e perspectivas

Capítulo 2
27 Sistemas silvipastoris:
conceitos, benefícios e métodos de implantação

Capítulo 3
55 Método de seleção de espécies
arbóreas para sistemas silvipastoris

91 Capítulo 4
Guia de espécies

339 Índice
Capítulo 1

Arborização de pastagens
na América Latina
Situação atual e perspectivas

Carlos Mauricio Soares de Andrade


Ana Karina Dias Salman
Tadário Kamel de Oliveira
Capítulo 1 – Arborização de pastagens na América Latina... 19

A arborização de pastagens é uma prática que envolve a integração de es-


pécies arbóreas (árvores, arbustos ou palmeiras) na atividade pecuária, seja pelo
plantio ou pela seleção e manutenção das espécies que se regeneram naturalmente
na pastagem, visando à implantação de sistemas silvipastoris (integração pecuária-
floresta) ou agrossilvipastoris (integração lavoura-pecuária-floresta). Nesses siste-
mas, as árvores podem contribuir com produtos madeireiros (madeira para ser-
raria, laminação, papel e celulose, lenha, carvão e palanques para cerca e outras
construções rurais) e não madeireiros (frutos para alimentação humana e animal,
mel, látex, resinas, óleos, etc.), e também com uma infinidade de serviços (sombra
e abrigo para o gado, aves ou outros animais, cercas vivas, cortinas contra ven-
tos, produção de matéria orgânica, fixação biológica de nitrogênio, sequestro de
carbono, controle de erosão, manutenção da umidade do solo, aspectos estético-
-culturais, entre outros).
A presença de árvores dispersas em áreas de pastagens cultivadas é muito
frequente em toda a América Latina, demonstrando que os pecuaristas estão cada
vez mais conscientes do papel das árvores na sua atividade. Nos últimos anos,
várias pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de revelar a percepção do
pecuarista sobre a importância da arborização de pastagens. Essas pesquisas mos-
traram que o fornecimento de sombra para assegurar o conforto térmico do gado é
a principal motivação do pecuarista para a manutenção de árvores nas pastagens
(CASTRO et al., 2008; HARVEY; HABER, 1999; LOVE; SPANER, 2005; SANTOS;
MITJA, 2011).
Embora a presença de árvores nessas áreas seja comum na América Latina, sua
densidade na maioria das pastagens cultivadas é baixa, especialmente no Brasil. Em
função disso, uma cena muito comum em boa parte do País durante dias quentes e
ensolarados é a aglomeração do gado sob a copa das poucas árvores existentes nas
pastagens, competindo por sombra (Figura 1). Nessas áreas, o excesso de pisoteio
do gado acaba matando o pasto, deixando a área sob a copa das árvores com o
solo descoberto e compactado. Geralmente, isso é interpretado equivocadamente
20 Guia arbopasto

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.

Figura 1. Exemplos de aglomeração de bovinos sob a copa de árvores dispersas em pastagens


pobremente arborizadas no Acre.

pelos pecuaristas como um efeito negativo das árvores, reduzindo a área útil da
pastagem, e não como uma consequência da baixa disponibilidade de sombra nas
pastagens.
Os estudos conduzidos na América Latina demonstram que existe grande
variação do grau de arborização das pastagens cultivadas, dependendo do País
ou da região. Em Veracruz, no México, as pastagens apresentavam 3,3 árvores ha-1
(GUEVARA et al., 1994); já nas pastagens de Cañas, na Costa Rica, a densidade
observada variou de 7,8 a 8,1 árvores ha-1, com uma cobertura arbórea média de
6,8% a 7,0% (ESQUIVEL-MIMENZA et al., 2011; VILLANUEVA et al., 2003); em
Río Frío, na Costa Rica, a densidade média foi de 20 árvores ha-1, com cobertura
arbórea de 15% (VILLACIS et al., 2003); em Monteverde, na Costa Rica, foram
encontradas 25 árvores ha-1 (HARVEY; HABER, 1999); e na região de Tabasco, no
México, 38 árvores ha-1 (GRANDE et al., 2010).
No Brasil, os estudos dessa natureza são bem mais escassos. No Pará, uma
pesquisa feita em pequenas propriedades na região de Marabá demonstrou que, em
média, existem 5 árvores ha-1, em pastagens com 5 a 10 anos de idade (SANTOS;
MITJA, 2011). No Acre, as pastagens visitadas no estudo que deu origem a este livro
possuíam até 20 árvores adultas ha-1 (Figura 2), porém, com média de 4 árvores
adultas ha-1. Entretanto, deve-se considerar que as pastagens selecionadas para esse
estudo apresentavam grau de arborização acima da média do Estado. Em outro le-
vantamento no Acre, nas pastagens da Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, foram
encontradas, em média, 2,3 árvores adultas ha-1. Em levantamento feito no Estado
do Rio de Janeiro, a quantidade de árvores individuais nas pastagens também foi
classificada como baixa (SOUTO et al., 2003). Acredita-se que a maioria das pasta-
gens cultivadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica deve apresentar no
máximo 4 a 5 árvores adultas ha-1, salvo em pastagens degradadas e encapoeiradas.
Uma pastagem arborizada com árvores dispersas (scattered trees in pastures –
STP) é considerada uma modalidade de sistema silvipastoril, cujo foco é a produção
Capítulo 1 – Arborização de pastagens na América Latina... 21

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.


Figura 2. Pastagem cultivada típica do Estado do Acre, com 1 ou 2 árvores ha-1 (esquerda), em
comparação a uma pastagem com 20 árvores ha-1 (direita).

pecuária – as árvores têm a finalidade de fornecer serviços múltiplos (CARVALHO,


1998; FRANKE; FURTADO, 2001; GRANDE et al., 2010; VILCAHUAMAN et al.,
1994). Entretanto, merece questionamento se as pastagens cultivadas com até 4 a
5 árvores ha-1, com uma cobertura arbórea de apenas 4% a 5% (considerando-se
árvores com área média de copa de 100 m2), poderiam ser consideradas sistemas
silvipastoris.
A literatura não apresenta indicação sobre a densidade arbórea mínima
para que tais pastagens possam ser consideradas sistemas silvipastoris. Entretanto,
a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco),
visando à estratificação da vegetação natural do continente africano, definiu duas
categorias de pastagens: as pastagens típicas (grasslands), que são áreas cobertas
com gramíneas e outras plantas herbáceas, contendo menos de 10% de cobertura
por espécies lenhosas1; e as pastagens arborizadas (wooded grasslands), que também
são áreas cobertas por gramíneas e outras plantas herbáceas, porém com 10% a
40% de cobertura por espécies lenhosas (WHITE, 1983 citado por SUTTIE et al.,
2005). Esses critérios parecem bastante adequados para a definição da densidade
arbórea mínima para que as pastagens arborizadas possam ser consideradas
sistemas silvipastoris.
Já com relação à densidade arbórea máxima, os diversos estudos que avaliaram
a tolerância ao sombreamento das principais gramíneas e leguminosas forrageiras uti-
lizadas na pecuária brasileira confirmaram que o crescimento dessas é pouco afetado
quando o nível de sombreamento é mantido na faixa de 30% a 40% (ANDRADE
et al., 2004; CASTRO et al., 1999; PACIULLO et al., 2007). Em alguns casos, quando
as gramíneas crescem sob a sombra de árvores fixadoras de nitrogênio, a produtivida-
de do pasto pode até mesmo ser aumentada (LUZ; OLIVEIRA, 2011; PACIULLO et al.,
2008), desde que o nível de sombreamento não seja excessivo.
1
Espécies lenhosas dizem respeito a árvores, arbustos e palmeiras.
22 Guia arbopasto

Em função disso, Carvalho et al. (2002) recomendaram que a densidade de


árvores em sistemas silvipastoris deve ser planejada para que a cobertura arbórea
(área coberta pelas copas das árvores) não ultrapasse 40% ou 50% da área da
pastagem, desde que as espécies usadas tenham arquitetura de copa adequada.
Desse modo, a transmissão de luz para o crescimento do pasto seria mantida em
níveis satisfatórios.
Confirmando isso, em sistema silvipastoril com leguminosas arbóreas em Mi-
nas Gerais, com 20% a 30% de cobertura arbórea, o nível de sombreamento variou
de 29% a 45%, sem prejuízos para a produtividade do pasto (CASTRO et al., 2009).
Já na Argentina, tem se recomendado níveis mais baixos de cobertura arbórea (15%
a 20%) nas pastagens, com uso de densidades de 40 a 60 árvores ha-1 (MARTÍN,
2002).
Assim, a arborização de pastagens para o estabelecimento de sistemas
silvipastoris deveria ser planejada de modo que a densidade de árvores adultas
assegurasse uma cobertura arbórea mínima de 10% e máxima de 40%, de modo a
balancear a manutenção da capacidade de suporte da pastagem com os benefícios
da presença das árvores, com seus produtos e serviços múltiplos.
Entretanto, para convencer os pecuaristas a investirem na arborização de
pastagens, aumentando a densidade arbórea dos atuais 4% a 5% para 10% a 40%,
alguns fatores são fundamentais: a) culturais: entender as motivações que os levam
a manter as pastagens com baixo grau de arborização; b) econômicos: demonstrar
benefícios econômicos expressivos; e, c) técnicos: resolver alguns gargalos técnicos
que dificultam a adoção dos sistemas silvipastoris.
As pesquisas qualitativas conduzidas com pecuaristas na América Latina reve-
lam aspectos muito interessantes sobre a sua percepção em relação à arborização
de pastagens. As principais conclusões desses estudos são:
a) A maioria dos pecuaristas tem uma atitude positiva sobre as árvores nas
pastagens. Em estudo na Costa Rica, apenas 13% dos entrevistados consi-
deraram que as árvores não contribuem para a produtividade da fazenda
(HARVEY; HABER, 1999).
b) O fornecimento de sombra para o gado é a principal motivação para man-
ter as árvores nas pastagens (CASTRO et al., 2008; HARVEY; HABER, 1999;
LOVE; SPANER, 2005; SANTOS; MITJA, 2011).
c) O principal motivo para os pecuaristas eliminarem árvores das pastagens é
a prevenção do excesso de sombreamento do pasto (GRANDE et al., 2010;
HARVEY; HABER, 1999).
d) Na escolha das espécies para eliminação, a prioridade são as arbustivas e
aquelas com elevado potencial invasor, que podem se multiplicar exces-
sivamente na pastagem (CASTRO et al., 2008; HARVEY; HABER, 1999).
Capítulo 1 – Arborização de pastagens na América Latina... 23

e) A maioria dos pecuaristas acredita que já possuem quantidade adequada


de árvores nas pastagens, embora haja grande variação quanto à percepção
de qual seria a densidade arbórea ideal (HARVEY; HABER, 1999).
f) Os pecuaristas preferem manter árvores isoladas, dispersas na pastagem,
do que agrupadas em certos locais da pastagem (HARVEY; HABER, 1999).
g) A maioria dos pecuaristas considera o manejo da regeneração natural mais
interessante do que o plantio de árvores nas pastagens, certamente por
causa dos menores custos envolvidos (LOVE; SPANER, 2005).
h) Geralmente, a preferência dos pecuaristas é por manter espécies com co-
pas amplas, tais como mangueiras e figueiras, embora em baixa densidade
nas pastagens para diminuir sua interferência na produtividade do pasto
(ESQUIVEL-MIMENZA et al., 2011).
Em resumo, os pecuaristas reconhecem a importância das árvores nas pasta-
gens, especialmente para fornecer sombra para o gado, mas temem que seu excesso
possa prejudicar o crescimento do pasto e a capacidade de suporte da pastagem.
Além disso, aparentemente, não estão dispostos a assumir os custos do plantio de
árvores nas pastagens, provavelmente por não estarem convencidos dos benefícios
econômicos que podem advir dessa prática. De modo geral, essas informações suge-
rem que a arborização de pastagens é uma tecnologia que pode ser bem aceita pelos
pecuaristas, desde que sejam convencidos dos benefícios técnicos e econômicos do
uso de maiores densidades arbóreas nas pastagens. Ou seja, é preciso demonstrar
claramente que a arborização de pastagens é muito mais do que simplesmente ga-
rantir sombra para o gado.
A estratégia que tem sido utilizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (Embrapa) para demonstrar os benefícios do uso de sistemas silvipastoris e
agrossilvipastoris é a instalação, em todo o Brasil, de Unidades de Referência Tecno-
lógica (URTs), que são campos de demonstração da tecnologia, geralmente instalados
em propriedades particulares, em parceria com os produtores. Essas URTs, ao mesmo
tempo em que servem de vitrine tecnológica, também são observatórios para apri-
moramento dos sistemas, com base em observações dos produtores e pesquisadores
envolvidos (BALBINO et al., 2011; PORFÍRIO-DA-SILVA; BAGGIO, 2003).
Apesar da intensificação desse trabalho nos últimos 15 anos, é preciso re-
conhecer que o nível de adoção de sistemas silvipastoris ainda está aquém do
esperado, por uma série de barreiras técnicas e socioeconômicas, entre as quais
destacam-se (DIAS-FILHO; FERREIRA, 2008):
a) Necessidade de investimento relativamente alto na fase de estabelecimen-
to, com o plantio e a proteção das mudas das árvores.
b) Baixa lucratividade inicial (primeiros 3 a 4 anos).
24 Guia arbopasto

c) Maior complexidade inerente aos sistemas integrados, que exigem maior


dedicação e nível de conhecimento técnico para a tomada de decisões de
manejo.
d) Percepção de riscos associados com a ocorrência de fogo acidental, esco-
lha de espécie arbórea inadequada ou mudança no mercado futuro dos
produtos das árvores.
e) Percepção incompleta, por parte dos produtores, sobre os benefícios dos
sistemas silvipastoris, além da sombra para o gado.
Especialmente com relação às barreiras econômicas, dois fatores que podem
auxiliar na adoção dos sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris são a criação de
linhas de crédito especiais – que considerem a necessidade de investimento inicial,
a manutenção e o longo prazo para obtenção de retornos econômicos – e o paga-
mento pelos serviços ambientais gerados (DIAS-FILHO; FERREIRA, 2008; IBRAHIM
et al., 2007).
Linhas de crédito especiais para a implantação de sistemas silvipastoris foram
criadas recentemente pelo governo federal, que passou a considerar a adoção desse
tipo de sistema de produção como uma estratégia para o País aumentar a produção
de alimentos e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE)
e os impactos do aquecimento global.
O Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), criado em 2010,
dá incentivos e recursos para os produtores rurais adotarem todas as modalidades
de integração lavoura-pecuária-floresta. Nesse programa, produtores rurais e coo-
perativas podem contar com limite de financiamento de R$ 1 milhão, taxas de juros
de 5,5% ao ano e prazo para pagamento de até 15 anos. A meta do governo federal
é aumentar a utilização desses sistemas em 4 milhões de hectares e evitar que entre
18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalentes sejam liberadas na atmosfera até
2020 (PROGRAMA ABC, 2012).
Com relação ao pagamento por serviços ambientais, já existem experiências
exitosas na América Latina, demonstrando a importância desse benefício para a
adoção de sistemas silvipastoris pelos pecuaristas (CALLE et al., 2009; IBRAHIM
et al., 2007, 2010; MONTAGNINI; FINNEY, 2011).
Entretanto, nem todas as modalidades de sistemas silvipastoris exigem investi-
mento inicial elevado para a sua adoção. O manejo seletivo da regeneração natural
de espécies arbóreas nas áreas de pastagens cultivadas tem sido apontado como
uma das maneiras mais econômicas de se arborizar (CARVALHO et al., 2002; DIAS-
-FILHO, 2006; OLIVEIRA et al., 2003). No bioma Amazônia, por exemplo, a maior
parte das árvores existentes nas pastagens cultivadas é oriunda da regeneração
natural, tendo se estabelecido durante os primeiros anos após a conversão da flo-
resta em pastagem. Em Minas Gerais, 68% dos pecuaristas entrevistados afirmaram
Capítulo 1 – Arborização de pastagens na América Latina... 25

preservar os indivíduos jovens de espécies arbóreas adequadas para arborização,


durante a limpeza periódica das pastagens (CASTRO et al., 2008).
Já com relação aos aspectos técnicos, as maiores dúvidas dos pecuaristas in-
teressados em arborizar suas pastagens para implantação de sistemas silvipastoris,
são:
a) Quais as melhores espécies a plantar: nativas ou exóticas?
b) Quais as árvores nativas mais indicadas?
c) Qual a indicação de densidade de árvores?
d) Como reconhecer as espécies arbóreas adequadas, quando essas ainda são
plantas jovens, no manejo seletivo da regeneração natural?
e) Como proteger as mudas plantadas, ou as plantas jovens oriundas da rege-
neração natural, de modo menos oneroso?
Esse livro foi escrito com o intuito de ajudar a esclarecer algumas dessas dúvi-
das, especialmente com relação à identificação das espécies arbóreas nativas com
maior quantidade de atributos desejáveis para arborização de pastagens cultivadas.
A obra resulta de um estudo feito pela Embrapa nos estados do Acre e de Rondônia,
entre 2008 e 2010, onde foram identificadas, caracterizadas, classificadas e ran-
queadas 51 espécies de árvores e palmeiras nativas, que ocorrem espontaneamente
em pastagens cultivadas. Além desse capítulo introdutório, o livro contém outros
três capítulos assim organizados: o capítulo 2 apresenta uma descrição geral sobre
os sistemas silvipastoris, com destaque para a definição das modalidades existentes,
a apresentação dos principais produtos e serviços e a discussão sobre as técnicas de
arborização já desenvolvidas; no terceiro capítulo, é apresentado um novo método
de seleção de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris, baseado na
classificação das espécies de acordo com um conjunto de 15 atributos específicos
e na importância relativa desses atributos para diferentes modalidades de sistemas;
o quarto e último capítulo foi estruturado para servir como um guia para a iden-
tificação e escolha de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris. Nesse
capítulo, são apresentadas a classificação e o ranqueamento dessas espécies, além
da indicação da densidade arbórea máxima de cada espécie para arborização de
pastagens. Também apresenta quatro páginas de informações sobre cada uma das
51 espécies arbóreas, incluindo fotografias e descrição morfológica, visando sua
correta identificação.

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Capítulo 2

Sistemas silvipastoris
Conceitos, benefícios e
métodos de implantação

Tadário Kamel de Oliveira


Carlos Mauricio Soares de Andrade
Ana Karina Dias Salman
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 31

Nas últimas três décadas, o conceito de sustentabilidade popularizou-se em


todos os campos da atividade humana no planeta. Na agricultura, os conceitos
mais aceitos convergem para o apresentado por Tilman et al. (2002, p. 671):

práticas agrícolas sustentáveis são aquelas que atendem as necessidades


atuais e futuras da sociedade por alimentos e fibras, por serviços ambien-
tais e por uma vida saudável, e que atingem esses objetivos maximizando
o benefício líquido para a sociedade, quando todos os custos e benefícios
das práticas são considerados.

O desenvolvimento e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis é o único


caminho para a sociedade conseguir superar, nas próximas décadas, o desafio de
erradicar a fome e alimentar uma população crescente, com nível de renda e de
consumo de alimentos também crescentes, ao mesmo tempo em que necessita
reduzir as emissões de gases de efeito estufa, diminuir a contaminação do solo
e dos recursos hídricos, mantendo a biodiversidade e os serviços ambientais dos
ecossistemas agrícolas e naturais (GODFRAY et al., 2010; TILMAN et al., 2002,
2011).
A integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais em propriedades
rurais já foi muito frequente no passado. Entretanto, a partir da segunda metade
do século 20, o aumento da demanda por alimentos e a evolução tecnológica no
campo tornaram essas atividades cada vez mais especializadas, simplificadas e
padronizadas, na busca por ganhos crescentes de produtividade e de rentabilidade.
Porém, esse modelo de produção agropecuária tem se mostrado cada vez menos
interessante, devido à redução das margens de lucro, aumento dos custos da ener-
gia e dos insumos, aumento dos problemas com pragas e doenças, diminuição da
matéria orgânica do solo, além de outros problemas agronômicos, econômicos e
ambientais. Por isso, nos últimos anos, tem havido uma renovação do interesse e
crescimento da adoção de sistemas de produção que buscam integrar as atividades
agrícolas, pecuárias e florestais, seja numa mesma propriedade rural ou em dife-
rentes propriedades de uma região, com objetivo de aumentar a eficiência do uso
32 Guia arbopasto

de energia, de nutrientes, de mão de obra e da terra (BALBINO et al., 2011; ENTZ


et al., 2005; RUSSELLE et al., 2007).
A viabilidade econômica dos sistemas de integração tem sido amplamente
demonstrada, e se fundamenta em alguns princípios básicos: otimização dos re-
cursos de produção imobilizados na propriedade rural, como terra e maquiná-
rios; sinergia entre as atividades de produção vegetal e animal; diversificação de
receitas, mediante a produção e a venda de grãos, carne, leite, biocombustível,
fibras e madeira; redução do custo total do sistema agropecuário em decorrência,
sobretudo, do melhor uso da infraestrutura de produção e da menor demanda por
insumos agrícolas, com redução dos custos decorrentes da utilização dos resíduos
agrícolas na alimentação animal e da oferta de pastagens de melhor qualidade; au-
mento da receita líquida (lucro do sistema) devido à maior diversidade de produtos
comercializados e à redução do custo total; maior estabilidade temporal da receita
líquida diante das externalidades; e dinamização de vários setores da economia,
principalmente a regional (BARCELLOS et al., 2011).
Os sistemas de integração podem ser classificados em quatro modalidades
distintas (BARCELLOS et al., 2011):
a) Sistema agropastoril ou integração lavoura-pecuária (iLP), que integra os
componentes agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na
mesma área, em um mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos. Exemplo:
reforma de pastagem com plantio simultâneo de capins e milho.
b) Sistema silviagrícola ou integração lavoura-floresta (iLF), que integra os
componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas
com cultivos agrícolas (anuais ou perenes). Exemplo: plantio de café con-
sorciado com árvores para sombreamento.
c) Sistema silvipastoril ou integração pecuária-floresta, que integra os com-
ponentes pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio. Exemplo:
pastagens arborizadas.
d) Sistema agrossilvipastoril ou integração lavoura-pecuária-floresta, que in-
tegra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio
ou sucessão, na mesma área, sendo que o componente agrícola pode ser
utilizado na fase inicial de implantação do componente florestal ou em
ciclos durante o desenvolvimento do sistema.
Os sistemas de integração, por definição, são sistemas agroflorestais (DUBOIS
et al., 1996; MONTAGNINI, 1992; NAIR, 1989), à exceção da integração lavoura-
-pecuária, em que não ocorre a presença de árvores. Neste capítulo, será feita uma
abordagem conceitual dos sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris, procurando-se
enfatizar os principais benefícios (produtos e serviços) desses sistemas e as técnicas
que podem ser utilizadas na sua implantação.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 33

Conceitos
Os sistemas silvipastoris (SSPs) consistem em sistemas produtivos que inte-
gram árvores e pastagens destinadas à criação de animais na mesma área, visando
conferir maior sustentabilidade ao sistema, por meio das interações ecológicas e
econômicas positivas entre seus componentes.
Trata-se da introdução da atividade pecuária em povoamentos florestais ou
da implantação, condução e manutenção de árvores na atividade pecuária. É uma
alternativa para conciliar a produção de animais, madeira, frutos e outros bens e
serviços na mesma área. As árvores, preferencialmente as leguminosas fixadoras
de nitrogênio, podem aumentar a fertilidade do solo e tornar a pastagem mais
produtiva e de melhor qualidade.
Os sistemas silvipastoris, podem ser classificados em temporários ou perma-
nentes, conforme a duração da integração dos componentes ao longo da explora-
ção da área (VEIGA; SERRÃO, 1990; VEIGA et al., 2000).

Sistemas silvipastoris temporários

Sistemas silvipastoris temporários são aqueles em que ocorre um pastoreio


eventual das forrageiras no sub-bosque de povoamentos florestais. Nesse caso,
ocorre o aproveitamento da forragem pelos animais e o controle da competição,
favorecendo o crescimento das árvores.
O objetivo do pastoreio em plantações florestais é controlar as plantas da-
ninhas, diminuindo dessa forma o custo de manutenção do povoamento florestal
(VEIGA et al., 2000; YARED et al., 1998). Deve-se iniciar a associação quando as
árvores tiverem desenvolvimento suficiente para não serem danificadas pelos ani-
mais (FRANKE; FURTADO, 2001). O tempo de permanência dos animais na área
varia de acordo com a disponibilidade de forragem existente e com a carga animal.
O tempo de duração de um SSP temporário depende da quantidade de luz
incidente no sub-bosque e da ocorrência de plantas forrageiras. O espaçamento
da espécie arbórea e a densidade da copa são fatores determinantes. Nos plantios
arbóreos mais densos, especiais para produção de madeira com menores dimen-
sões (em geral para celulose ou lenha), a duração desses sistemas é menor. Entre-
tanto, povoamentos florestais submetidos a desbastes podem tornar-se potenciais
sistemas silvipastoris temporários, pois com espaço e luz disponíveis, permitem o
estabelecimento de um extrato herbáceo forrageiro.
Nesses sistemas, os componentes pastagem e animal são secundários, mane-
jados para que não haja prejuízos para o componente florestal, de maior interesse.
34 Guia arbopasto

Sistemas silvipastoris permanentes

São aqueles planejados para que haja coexistência e interações permanentes


e positivas do componente arbóreo, pastagem e animais na mesma área. Nesses
sistemas, a densidade do componente arbóreo é planejada de modo a evitar o
excesso de sombreamento do pasto e a redução da produtividade animal na área.
De acordo com a origem e o arranjo do componente arbóreo, esses sistemas ainda
podem ser subdivididos em:

• Sistemas silvipastoris de regeneração natural


Essa modalidade de sistema silvipastoril resulta da condução da regeneração na-
tural das espécies arbóreas em pastagens já estabelecidas. Veiga et al. (2000) mencio-
nam esses sistemas silvipastoris como aqueles com componente arbóreo não plantado,
citando alguns exemplos típicos do bioma Amazônia, tais como as associações de
babaçu (Attalea speciosa) com gramíneas, no Maranhão; de bacuris (Platonia insignis)
com pastagens nativas e cultivadas, na ilha do Marajó, no Pará; e de castanheiras (Ber-
tholletia excelsa) remanescentes da floresta, em toda a região amazônica.
Nesse tipo de sistema silvipastoril, geralmente as árvores encontram-se isoladas
e dispersas na área da pastagem (Figura 1), e sua função principal é o fornecimen-
to de serviços múltiplos para o desenvolvimento da atividade pecuária (FRANKE;
FURTADO, 2001; VILCAHUAMAN et al., 1994). Quando uma pastagem arborizada
constitui um sistema silvipastoril de regeneração natural, geralmente o componente
arbóreo tem função exclusiva de promover sombra e/ou alimentação para os ani-
mais. Adicionados vêm outros benefícios, como enriquecimento do solo e melhoria
do valor nutritivo do pasto (LUZ, 2011). Essa modalidade também é chamada de pas-
tagem arborizada com árvores dispersas (scattered trees in pastures – STP). Conforme
proposto no Capítulo 1, para ser considerada um sistema silvipastoril, uma pastagem
arborizada deve possuir, pelo menos, 10% de cobertura arbórea, proporcionada por
espécies de árvores de comprovado efeito positivo no sistema.

• Sistemas silvipastoris com plantio de árvores


Nessa modalidade de SSP permanente, as árvores podem ser plantadas di-
retamente em pastagens já estabelecidas ou simultaneamente com o plantio das
forrageiras ou de cultivos agrícolas. Nesse último caso (sistemas agrossilvipastoris),
as forrageiras são plantadas definitivamente no sistema após um período de um a
quatro anos de lavouras intercalares, quando as árvores já atingiram porte suficiente
para não serem danificadas pelos animais em pastejo (Figura 2), evitando os custos
com proteção das mudas.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 35

Fotos: Tadário Kamel de Oliveira


A

B C
Figura 1. Pastagens arborizadas ao longo da BR-317 (Capixaba, AC) (a) e em áreas de relevo
ondulado nos municípios de Tarauacá (b) e Xapuri (c), AC.

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade

A B
Figura 2. Sistema agrossilvipastoril com eucalipto plantado em linhas quádruplas, com as forra-
geiras estabelecidas em plantio simultâneo com o milho no ano seguinte ao plantio das árvores
(a) e animais em pastejo no terceiro ano (b), em Cachoeira Dourada, GO.

O componente arbóreo nesses sistemas pode ter a finalidade de produção de


madeira, sombra, forragem ou frutos, além de desempenhar a função de proteção do
solo e ciclagem de nutrientes. Esses sistemas não apresentam grandes perspectivas
de produção de madeira para celulose e lenha em grande escala, devido à baixa
densidade de árvores por hectare (YARED et al., 1998). No entanto, o aumento da
área útil por árvore propicia maiores volumes individuais (OLIVEIRA et al., 2009),
e a produção de madeira com árvores de maior diâmetro pode ser uma vantagem,
com finalidades economicamente mais atrativas, haja vista as dimensões do fuste
e da árvore.
36 Guia arbopasto

Benefícios dos sistemas silvipastoris


(produtos e serviços)
Os sistemas silvipastoris possuem vantagens potenciais em relação aos con-
vencionais, desde que implantados e manejados corretamente. Seus benefícios ad-
vêm das interações positivas que se estabelecem entre os componentes, conforme
será discutido a seguir.

Conforto térmico e produtividade animal

O primeiro aspecto benéfico da presença de árvores nas pastagens é o confor-


to térmico para os animais (CASTRO et al., 2008; EPIFÂNIO; SANTOS, 2006; LEME
et al., 2005; SANTOS et al., 2004). O abrigo fornecido contra a ação direta do sol
é observado especialmente nas horas mais quentes do dia, quando fica nítida a
presença dos animais sob a copa das árvores existentes na pastagem, em busca de
sombra. Em regiões frias, os animais também se beneficiam da proteção das árvores
contra geadas e ventos.
O maior conforto térmico implica na manutenção ou aumento da produtivi-
dade, tanto relacionado ao ganho de peso diário (OLIVARES; CARO, 1998) quanto
à produção de leite (BETANCOURT et al., 2003).
As condições climáticas da Região Amazônica, por exemplo, com tempe-
ratura e umidade elevadas, causam forte estresse térmico nos bovinos (Figura 3),

A B

Figura 3. Potencial de perda na produção leiteira de vacas com produção de 15 L dia-1 (a) ou
25 L dia-1 (b), em função do estresse térmico causado pelas condições de temperatura e umidade
no Brasil.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (2012).
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 37

especialmente naqueles com maior grau de sangue europeu (raças taurinas). O


sombreamento proporcionado pelas árvores pode amenizar esse estresse, elevando
o desempenho produtivo e reprodutivo dos rebanhos. O estresse pelo calor afeta a
fertilidade do rebanho, reduzindo a taxa de parição e peso ao nascer dos bezerros
(DALY, 1984 citado por CARVALHO, 1998).

Enriquecimento do solo

O enriquecimento do solo sob a copa das árvores decorre de vários fatores,


com destaque para a fixação biológica de nitrogênio, a reciclagem de nutrientes e
a deposição de excrementos de animais e pássaros (NAIR et al., 1999). As árvores
possuem raízes profundas, que conseguem capturar água e nutrientes em camadas
inferiores do solo onde as plantas forrageiras geralmente não alcançam. Com a
queda de folhas, galhos e frutos, e a reciclagem do sistema radicular, parte desses
nutrientes é depositada no solo, aumentando sua fertilidade.
A maioria das árvores pertencentes à família das leguminosas é capaz de fixar
o nitrogênio do ar em associação com bactérias, o qual posteriormente é liberado no
solo pela decomposição de folhas, ramos e galhos. Esse é um importante processo
biológico em sistemas silvipastoris (MARTINS et al., 2004), já que a deficiência de
nitrogênio no solo é um dos fatores que mais afetam a produtividade das pastagens
em regiões tropicais, causando sua degradação (BODDEY et al., 2004).
Na Região Amazônica, existe um grande número de leguminosas arbóreas
que ocorrem espontaneamente nas pastagens. Alguns exemplos são a baginha
(Stryphnodendron pulcherrimum), o bordão-de-velho (Samanea tubulosa) e algu-
mas espécies de ingá (Inga spp.). A fertilidade do solo debaixo da copa de árvores
de baginha superou a do solo adjacente às árvores, principalmente em sua camada
superficial (0 cm a 20 cm), apresentando teores mais elevados de matéria orgânica,
nitrogênio total, fósforo e potássio disponíveis e de cálcio trocável, maior soma de
bases trocáveis e capacidade de troca de cátions (ANDRADE et al., 2002). Oliveira
e Luz (2011) também verificaram que o bordão-de-velho melhora a fertilidade do
solo, com aumento nos teores de fósforo e cálcio na camada de 0 cm a 20 cm
(Figura 4), soma e saturação por bases em relação à área a pleno sol.
Como resultado do enriquecimento do solo pelas árvores fixadoras de nitro-
gênio, observa-se geralmente um crescimento vigoroso do pasto sob a copa das
árvores, quando o nível de sombreamento não é excessivo (Figura 5). Em estudo
conduzido em pastagem arborizada com o bordão-de-velho, durante a transição
do período seco para o chuvoso, verificou-se que a taxa de acúmulo de matéria
seca da Brachiaria brizantha sob a copa das árvores foi de 79,5 kg ha-1 dia-1. Já
na área adjacente a pleno sol, em distâncias de duas e três vezes o raio da copa
das árvores, o crescimento do pasto foi menor, com taxas de acúmulo de 60,0 e
47,0 kg ha-1 dia-1, respectivamente (LUZ; OLIVEIRA, 2011).
38 Guia arbopasto

Foto: Tadário Kamel de Oliveira

Figura 4. Teores de Ca e P no solo (0 cm a 20 cm), na época seca, em função da distância das


árvores de bordão-de-velho (Samanea tubulosa). Para o P, somente árvores com área de copa
superior a 100 m2.
Fonte: Oliveira e Luz (2011).
Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 5. Crescimento vigoroso da braquiária sob a copa de uma árvore de baginha


(Stryphnodendron pulcherrimum) em comparação com a área adjacente da pastagem, onde o
capim encontra-se amarelado.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 39

Melhoria do valor nutritivo do pasto

Esse benefício dos sistemas silvipastoris é mencionado por diversos autores na


literatura (ANDRADE et al., 2002; CARVALHO et al., 1997; PEZO; IBRAHIM, 1998).
O pasto crescendo debaixo da copa de árvores, principalmente de leguminosas arbó-
reas, normalmente apresenta coloração verde-escura, decorrente de teores de clorofila
e de nitrogênio maiores do que aqueles da área não sombreada da pastagem (Figura
5). Em parte, isso reflete o enriquecimento do solo proporcionado pelas árvores. Em
estudo feito com 37 espécies arbóreas no Acre, o aumento médio do teor de clorofila
(índice SPAD) no pasto crescendo sob a copa das árvores em relação ao ambiente a
pleno sol foi de 24,4% sob as leguminosas fixadoras de N e de 15,0% sob as demais
espécies arbóreas (PARMEJIANI et al., 2010).
Da mesma forma, plantas de braquiária crescendo sob a copa da baginha, apre-
sentaram maiores teores de proteína bruta (PB), N e K, e menores teores de Ca nas
lâminas foliares do que na braquiária a pleno sol. O teor de PB da forragem à sombra
foi 50% maior que a pleno sol (Tabela 1) (ANDRADE et al., 2002). Efeito semelhante
foi observado para outra leguminosa arbórea (bordão-de-velho), que também elevou
a percentagem de proteína bruta na forragem de Brachiaria brizantha em sistema
silvipastoril, com valores de 11,45% de PB à sombra para 8,5% a pleno sol (Tabela 1).

Tabela 1. Teores de proteína bruta e minerais na forragem de Brachiaria brizantha à sombra de


duas leguminosas arbóreas nativas da Amazônia e a pleno sol.

Baginha (Stryphnodendron Bordão-de-velho (Samanea


Teores na forragem pulcherrimum) tubulosa)
Sombra Pleno sol Sombra Pleno sol
Proteína bruta (g 100 g ) -1
10,83 7,20 11,45 8,5
Fósforo (g kg ) -1
1,44 1,44 1,51 1,71
Potássio (g kg ) -1
33,35 27,71 28,72 24,41
Cálcio (g kg ) -1
2,07 2,59 2,96 2,95
Magnésio (g kg ) -1
3,02 3,08 2,39 2,31
Fonte: adaptado de Andrade et al. (2002) e Luz (2011).

Suplementação natural

Uma das leguminosas arbóreas mais estudadas no Brasil como fonte de nu-
trientes para ruminantes é a algaroba (Prosopis juliflora), notadamente no Nordeste
brasileiro, norte de Minas Gerais e sul da Bahia. Os frutos maduros, ao cair das
árvores, são consumidos pelos animais diretamente no pasto e/ou colhidos e ar-
mazenados. As vagens apresentam elevado valor alimentício, com alta digestibili-
dade e excelente palatabilidade para bovinos, caprinos, ovinos, equinos, asininos,
40 Guia arbopasto

suínos, aves e outros animais, podendo substituir o milho, o melaço e o farelo de


trigo em suas rações (MENDES, 1989).
Na Amazônia, muitas espécies arbóreas, notadamente as leguminosas, pro-
duzem grande quantidade de frutos, coincidentemente no pico do período seco
(julho a setembro), quando normalmente há falta de pasto nas fazendas. As vagens
produzidas pela baginha, bordão-de-velho, jurema (Chloroleucon mangense var.
mathewsii) e por outras árvores da Região Amazônica, são muito apreciadas pelos
bovinos e ovinos (Figura 6), representando um recurso forrageiro adicional na pas-
tagem (suplementação natural), com elevado teor de proteína bruta. Em análises
conduzidas no Laboratório de Bromatologia, da Embrapa Acre, verificou-se teor de
proteína bruta de 25,0% nas vagens de bordão-de-velho e de 22,7% nas de jurema,
espécies de ocorrência natural em pastagens no Acre.
Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 6. Bovinos e ovinos se alimentando dos frutos dispersados sob a copa de uma árvore de
baginha (Stryphnodendron pulcherrimum).

Para a espécie Samanea saman, existem relatos na literatura de produção


anual de 100 kg a 272 kg de frutos por árvore, embora, para a maioria das espécies
arbóreas, a produção de frutos seja muito variável, tanto entre árvores quanto entre
anos (DURR, 2001).
Outra espécie de interesse em regiões de bosques tropicais da Colômbia
é a Gmelina arborea, conforme constataram Vergara e Botero (2009). A espécie
foi estabelecida, em muitas propriedades, nas cercas, para produzir madeira ou
simplesmente com fins paisagísticos. Essa árvore produz grande quantidade de
sementes, consumidas pelos animais, e, devido à alta percentagem de germinação,
dispersa-se com facilidade nos pastos. Apresenta alta palatabilidade da forragem,
de tal forma que quando os animais ingressam em uma área da pastagem isolada,
ramoneiam primeiro a Gmelina e depois consomem o pasto.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 41

Controle da erosão do solo

A copa das árvores também tem efeito amortecedor dos impactos diretos das
gotas de chuva sobre o solo, sendo, portanto, um importante elemento no con-
trole da erosão em áreas de pastagem, especialmente as mais declivosas (PEZO;
IBRAHIM, 1998).
O componente arbóreo reduz a velocidade dos ventos e o sistema radicular
contribui para a sua sustentação, minimizando deslizamentos de terra em áreas
declivosas. Assim, evidencia-se o potencial que as árvores possuem para contri-
buir no controle da erosão em áreas de pastagens, aspecto de grande relevância
especialmente quando se busca a sustentabilidade da produção animal a pasto em
regiões com relevo mais ondulado (CASTRO et al., 2008).
Para aumentar o controle da erosão do solo, recomenda-se que o plantio
das árvores seja feito em nível e, quando possível, em terraços, construídos para
reduzir a velocidade da água (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2010).

Uso de árvores como cercas vivas

O uso de cercas vivas constitui uma prática agroflorestal bastante difundida


em países da América Central (IBRAHIM et al., 2007), onde fazem parte da pai-
sagem natural, apresentando inúmeras vantagens. Na Amazônia, sua utilização
ainda é bastante restrita a agricultores que trabalham com práticas agroflorestais e/
ou agroecológicas.
A adoção de cercas vivas pela maioria dos produtores rurais pode diminuir a
pressão sobre a floresta nativa; exercer melhorias sobre o microclima, como som-
breamento, quebra-vento; contribuir para uma maior disponibilidade de forragem
na época seca; fornecer abrigo e alimento para pássaros e outros animais silvestres,
contribuindo para o controle de determinadas pragas; além de apresentar menor
custo de implantação e manutenção, visto que cercas convencionais são renova-
das, em média, a cada cinco anos (DUBOIS et al., 1996).
Trabalhos de pesquisa relatam o uso de estacas de Erythrina verna para
implantação de cercas vivas no Acre (LUDEWIGS et al., 1998). Ainda segundo
Dubois et al. (1996), além de estacas, pode-se utilizar mudas para cercas vivas,
plantando-as ao lado do mourão morto para fins de proteção, até que as plantas
alcancem dimensões que assegurem sua resistência.
No caso do plantio de árvores ao longo de cercas (mourões vivos), Dias-Filho
(2006) cita o plantio, por estacas, de espécies com facilidade de rebrota e com folhas
que possam ser consumidas pelo gado (Figura 7). Inicialmente, métodos de proteção
devem ser adotados nesse caso.
42 Guia arbopasto

Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 7. Cerca viva de Gliricidia sepium, em Cobija, Bolívia.

Outras formas de plantio, como a introdução de mudas de espécies arbóreas de


eucalipto e mogno em cercas vivas, além das vantagens como produção de madeira e
sementes (caso do mogno e de outras nativas da Amazônia), implicariam em reduzir
a pressão de desmatamento sobre espécies preferenciais para produção de estacas e
mourões em cercas convencionais no Acre, como itaúba (Mezilaurus itauba), maça-
randuba (Manilkara surinamensis) e quariquara (Minquartia guianensis), atualmente,
bastante exploradas na floresta (OLIVEIRA et al., 2007). Esses autores verificaram que
o eucalipto apresentou maior média de altura e diâmetro, possivelmente em função
da utilização de clones dessa espécie, enquanto que as mudas de mogno foram ori-
ginadas a partir de sementes e, portanto, com variabilidade genética maior, além da
incidência de pragas (70% das árvores), o que pode ter reduzido seu crescimento.
Outra vantagem da utilização de cercas vivas, seria a maior durabilidade
e o menor custo de manutenção em relação às cercas convencionais. Espécies
adicionais para utilização em cercas vivas seriam a Gliricidia sepium, mulungu-
mole (Erythrina ulei), sabiá (Mimosa caesalpineafolia), cajá (Spondias mombin.)
(DUBOIS et al., 1996; HARVEY et al., 2005; LUDEWIGS et al., 1998; ZAHAWI,
2005), entre outras.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 43

Aumento da biodiversidade

A diversificação das pastagens, muitas vezes representadas por monocultivos,


implica naturalmente o aumento da biodiversidade, com a presença de gramíneas
e leguminosas forrageiras, animais e espécies arbóreas, constituindo os sistemas
silvipastoris.
Em zonas pecuárias da Colômbia, a riqueza de aves é maior em sistemas
silvipastoris do que em pastagens tradicionais e em remanescentes de vegetação
natural, chegando a três vezes o número de espécies registradas em pastagens sem
árvores. O uso de árvores nas pastagens gera um ambiente propício para as aves,
provendo recursos, conectando a paisagem e permitindo o aumento da mobilida-
de das espécies da floresta até fragmentos ou outros habitats similares (FAJARDO
et al., 2009).

Contribuição para a adequação ambiental das propriedades

Dentre as finalidades da recomposição florestal em área de reserva legal,


pode-se citar a recuperação da biodiversidade, a regulação do ciclo hidrológico, a
conservação do solo, a fixação do carbono no lenho das árvores e a minimização da
degradação ambiental, entre outros efeitos benéficos proporcionados pelas florestas.
Os sistemas silvipastoris podem prestar grande parte desses serviços, confe-
rindo uma nova conformação ao manejo da atividade pecuária, com a introdução
do componente arbóreo, a divisão de pastagens, o controle de plantas daninhas,
podas, desbastes, aliados à exclusão definitiva do uso do fogo e à possibilidade
de conservação da biodiversidade com as árvores de regeneração natural ou in-
troduzidas na pastagem, assim como vantagens técnicas, quanto à produção de
forragem, das árvores e dos animais (OLIVEIRA, 2009).

Produtos madeireiros e não madeireiros

Os sistemas silvipastoris possibilitam a comercialização de produtos madei-


reiros e não madeireiros fornecidos direta ou indiretamente pelas árvores.
São uma alternativa de incorporar a produção de madeira ao empreendimen-
to pecuário, reunindo as vantagens econômicas de cada atividade: o rápido retorno
econômico da atividade pecuária e as características favoráveis do mercado de
produtos florestais madeireiros, incluindo madeira para serraria, laminação, lenha,
palanques para cerca, carvão, celulose (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2010), além de
frutos, sementes, resinas, látex, biocombustíveis, óleos essenciais, mel, etc..
Também têm sido utilizados para produção comercial de frutos em todo o
mundo, com destaque para os sistemas com coqueiros (Cocus nucifera) na Ásia
44 Guia arbopasto

(REYNOLDS, 1995). No Brasil, várias árvores frutíferas podem ser utilizadas em


sistemas silvipastoris (Figura 8), tais como o cajueiro (Anacardium occidentale),
a cajazeira (Spondias mombin), o jenipapeiro (Genipa americana), entre outras.
Sistemas silvipastoris com castanheira (Bertholletia excelsa) podem ser utilizados
tanto para produção de frutos quanto de madeira.
Existem ainda exemplos no Brasil e na Ásia de sistemas silvipastoris com
espécies oleaginosas, como o dendezeiro (Elaeis guineensis), e com seringueiras
(Hevea brasiliensis), possibilitando a produção comercial de látex.
Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 8. Sistema silvipastoril com cajueiros em Rio Branco, AC.

Técnicas de arborização de pastagens


A arborização de pastagens é uma estratégia de implantação de sistemas
silvipastoris permanentes, representados pela associação de árvores e pastagens
em que se estabelecem benefícios mútuos entre os componentes do sistema. Esse
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 45

tipo de arborização consiste na implantação, condução e manutenção de árvores


em pastagens, conferindo maior sustentabilidade ao sistema. Tal tecnologia vem
sendo utilizada em várias regiões do Brasil como uma alternativa para conciliar
a produção simultânea de animais, madeira, frutos e outros bens e serviços na
mesma área.
As etapas para arborização de pastagens dependem de vários fatores, mas são
definidas principalmente a partir da situação da área a ser convertida e da compo-
sição e finalidade dos componentes do sistema pretendido. Os três métodos mais
utilizados para implantação de sistemas silvipastoris são: condução da regeneração
natural; plantio de mudas em pastagem estabelecida; e implantação de sistema
agrossilvipastoril.

Condução da regeneração natural

A condução da regeneração natural de espécies arbóreas em pastagens pode


ser adotada como uma estratégia para estabelecimento de sistemas silvipastoris
(GARCÍA et al., 2009). Esse é considerado o método mais econômico para se arbo-
rizar pastagens, pois não necessita o preparo e o plantio de mudas. Contudo, sua
eficiência é dependente da existência de um banco de sementes viáveis no solo,
condições favoráveis para germinação e crescimento, ocorrência de competição
pelas forrageiras e danos pelos animais, capacidade de rebrota de espécies arbusti-
vo/arbóreas após desfolha, entre outros fatores (CARVALHO et al., 2002).
Para favorecer a regeneração de árvores nativas, as plântulas e indivíduos
jovens das espécies desejáveis devem ser mantidos nas pastagens, evitando-se seu
corte quando das operações de limpeza, e os danos causados pelo ramoneio ou
pelos animais, buscando observar o manejo correto das pastagens e o uso de méto-
dos de proteção (CARVALHO et al., 2002), especialmente para espécies palatáveis
para o gado.
O sucesso dessa técnica depende também da escolha das espécies com maior
potencial para uso em pastagens arborizadas, as quais devem ser seletivamente
manejadas visando o seu rápido desenvolvimento. Além disso, muitos pecuaristas
reclamam da dificuldade de identificar corretamente as plantas jovens das espécies
potenciais.
A conscientização dos benefícios e reconhecimento das espécies por parte dos
produtores afeta diretamente a manutenção e a condução de pastagens arborizadas.
Para 67,9% dos pecuaristas da microrregião de Juiz de Fora, MG, que por ocasião
da limpeza periódica, preservam árvores/arbustos jovens de ocorrência natural nas
pastagens, a necessidade de sombra, visando o conforto térmico dos animais, foi
mencionada por 64,3% dos entrevistados; a produção de madeira para uso futuro,
46 Guia arbopasto

por 33,9% dos produtores; enquanto que os produtores que não preservam árvores
alegam temer prejuízos para o desenvolvimento do pasto (CASTRO et al., 2008).
As informações descritas no Capítulo 4 desta obra poderão auxiliar os produto-
res quanto ao uso dessa técnica, indicando as espécies arbóreas com características
mais adequadas para uso, sua capacidade de regeneração natural em pastagens, e
com imagens que podem auxiliar na correta identificação das árvores.

Plantio de mudas em pastagens estabelecidas

O plantio em pastagem formada tem algumas limitações quanto ao esta-


belecimento das mudas das espécies arbóreas introduzidas. Condições de baixa
fertilidade dos solos com pastagem e a competição com a gramínea previamente
estabelecida, tornam-se obstáculos a serem superados. Práticas como coroamento
e adubação em cobertura são recomendáveis nesse caso.
Para preparar as linhas de plantio das árvores, recomenda-se a capina mecâ-
nica ou química de uma faixa de 1 m de cada lado da linha de plantio (PORFÍRIO-
-DA-SILVA et al., 2010). Após o plantio, a competição das forrageiras com as árvo-
res nos primeiros anos pode ser reduzida por controle químico ou biologicamente,
através do pastejo com ovinos (VARELLA; SAIBRO, 1999; VARELLA et al., 2009).
Outra dificuldade para introdução de árvores em pastagens são os danos pro-
vocados pelos animais às mudas, quando não existe nenhum método de proteção.
Diferentes formas de proteção de mudas têm sido utilizadas, incluindo estacas com
espiral de arame farpado, cercas de bambu ou outras madeiras e cercas eletrificadas
(CARVALHO et al., 2002; NICODEMO et al., 2004, 2009; PORFÍRIO-DA-SILVA
et al., 2010).
Em áreas de pastagens na Amazônia, o plantio próximo aos tocos remanes-
centes da floresta foi sugerido por Oliveira et al. (2003) como forma de proteção das
mudas plantadas em pastos formados e em convivência com os animais, evitando
os danos por pisoteio.

Implantação de sistemas agrossilvipastoris

A reforma ou renovação da pastagem degradada, ou em degradação, constitui


uma oportunidade para implantar sistemas silvipastoris, com vantagens significati-
vas em relação ao plantio de mudas de espécies arbóreas em pastagens formadas,
considerando que não há necessidade de proteção das mudas contra danos causa-
dos pelos animais.
Por reduzir a competição proporcionada pela gramínea já estabelecida no
pasto formado, diminuir o trabalho de preparo do solo e pelo efeito residual positivo
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 47

da adubação da cultura anual, o plantio das árvores no momento da recuperação


da pastagem, via integração lavoura–pecuária–floresta, promove maior percenta-
gem de sobrevivência, maior altura de plantas e diâmetro do tronco no primeiro
ano após o plantio (LESSA et al., 2006; SILVA et al., 2006).
Quando o gado for reintroduzido na área, as árvores já se encontrarão es-
tabelecidas e com porte suficiente para não serem mais danificadas, evitando a
necessidade de proteção das mudas. Devem ser utilizados espaçamentos regulares
(linhas simples ou múltiplas), para facilitar as atividades de preparo da área.

Etapas do planejamento para arborização de pastagens

Nos métodos de arborização que empregam o plantio de mudas, algumas eta-


pas de planejamento prévio são necessárias. Para o componente arbóreo, define-se
a escolha das espécies, a densidade e o arranjo espacial das árvores. Por fim, o
plantio e manejo das mudas e árvores devem ser bem sucedidos para concluir o
processo de arborização de pastagens.

Escolha das espécies arbóreas


A definição de espécies adequadas é fundamental para o sucesso do siste-
ma silvipastoril. Os objetivos do produtor são muito importantes nessa decisão.
Sugere-se, sempre que possível, optar por árvores de uso múltiplo, que produzam
madeira ou outros produtos, além de serviços como sombreamento, proteção do
solo e fixação de nitrogênio (OLIVEIRA et al., 2003).
Os principais aspectos para escolha das espécies arbóreas são (PACIULLO
et al., 2007; PORFÍRIO-DA-SILVA et al, 2010):
a) Priorizar espécies adaptadas às condições de clima e solo da região.
b) Basear a escolha nos benefícios a serem obtidos das árvores (produtos
madeireiros, não madeireiros e/ou serviços múltiplos)
c) Ter conhecimento da existência de mercado e do valor dos produtos ad-
vindos do componente arbóreo (lenha, carvão, toras para serraria, escoras
para construção civil, etc.), o que definirá o manejo para atingir os padrões
de qualidade e a escala de produção.
d) Preferir espécies de rápido crescimento, o que implicará em obter, no
menor tempo possível, os benefícios da presença de árvores no sistema.
Para espécies de serviço ou com produtos de alto valor, deve-se adotar
métodos de proteção das mudas ou cultivos intercalares sequenciais até
que alcancem porte suficiente para não serem danificadas pelos animais.
48 Guia arbopasto

e) Escolher espécies sem efeito alelopático para as culturas anuais e forragei-


ras, ou tóxicas para os animais.
f) Optar preferencialmente por árvores com arquitetura favorável, com copa
alta e pouco densa, que permita o crescimento de forrageiras no sub-bosque.
g) Selecionar espécies com efeitos positivos comprovados sobre o sistema,
como a capacidade de fixação biológica de nitrogênio (o que implica em
melhoria do valor nutritivo do pasto sob a copa) e uma boa ciclagem de
nutrientes, aumentando a fertilidade do solo.
As etapas de coleta de sementes e preparo das mudas variam em função da
espécie arbórea em questão. No Acre, grande parte das espécies de árvores que
podem ser utilizadas produz e dispersa sementes entre os meses de julho e setem-
bro. A semeadura e a produção das mudas devem ser providenciadas de imediato,
tão logo seja feita a coleta, de maneira a permitir o plantio no início ou meados do
período chuvoso.
O Capítulo 4 desta obra foi estruturado para servir como um guia para a
identificação e escolha de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris,
apresentando a classificação, o ranqueamento e a descrição de 51 espécies ar-
bóreas nativas, incluindo fotografias e descrição morfológica, visando sua correta
identificação.

Densidade das árvores


O espaçamento e a densidade recomendados para o plantio das árvores em
sistemas silvipastoris dependem de fatores como a arquitetura das espécies (altura,
tamanho e densidade da copa), a distribuição das árvores na área (em linhas, faixas
ou em área total), a fertilidade do solo e o tipo de sistema silvipastoril (CARVALHO
et al., 2002; CASTRO; PACIULLO, 2006).
Na escolha do espaçamento e do arranjo arbóreo adequado aos objetivos do
projeto, deve-se considerar a finalidade do produto florestal (VARELLA et al., 2009).
Assim, para produção de madeira de menores dimensões pode-se adotar plantios
mais adensados e para produção de madeira de maiores dimensões, plantios mais
amplos ou submeter plantios densos a desbastes.
Porfírio-da-Silva et al. (2010) indicam que se o interesse for produzir madeira
grossa para serraria ou laminação, as árvores devem ser conduzidas em espaça-
mentos maiores, com pelo menos 50 m2 por indivíduo ao final do ciclo, implicando
em 100 a 200 árvores para o corte final. Para produção de lenha, carvão ou estacas
para cerca, espaçamentos menores implicam em maior número de árvores e maior
volume em menor tempo.
Por fim, Porfírio-da-Silva et al. (2008) desenvolveram um método para calcular
o número de mudas a serem plantadas em função da disposição espacial das árvores
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 49

no terreno. Técnicos e produtores podem fazer o cálculo da densidade arbórea para


diferentes arranjos de linhas simples ou múltiplas, inserindo informações como a
distância entre faixas, número de linhas de árvores na faixa, distância entre linhas nas
faixas e distância entre árvores na linha. O aplicativo informará o número de árvores
por hectare e a porcentagem de área ocupada pelas faixas de árvores.
Para a modalidade pastagem arborizada com árvores dispersas, com foco
nos serviços múltiplos das árvores, é apresentado, no Capítulo 4, um indicativo do
número máximo de árvores adultas por hectare que deve ser mantido em pastagens
arborizadas, estabelecido em função da arquitetura da copa (densidade e área da
copa) de cada espécie.

Arranjo espacial das árvores


A forma de distribuição das árvores é um importante elemento estrutural
na implantação de sistemas silvipastoris. Portanto, seu planejamento deve levar
em consideração os seguintes fatores: 1) finalidade de produção das árvores; 2)
declividade e face de exposição do terreno; 3) proteção dos demais componentes
(cultivos e/ou rebanhos); 4) conservação da água e do solo (PORFÍRIO-DA-SILVA,
2006a, 2007).
O relevo é o principal parâmetro para se definir a orientação das linhas de
plantio das árvores, visando a conservação do solo e da água, o controle da erosão,
a melhoria do conforto térmico e o bem-estar do gado, bem como orientar o cami-
nhamento dos animais em terrenos declivosos (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2010).
Na literatura, sugerem-se alguns arranjos para arborização, tais como o plan-
tio em linhas simples ou múltiplas, em bosques, disperso na pastagem, e ao longo
das cercas vivas de divisão da pastagem.

• Plantio em linhas simples ou múltiplas


As árvores são dispostas em espaçamentos regulares entre as linhas e entre as
plantas em cada linha de plantio. Vários espaçamentos são estudados ou observa-
dos em áreas de produtores, com variações de 2 m a 5 m entre plantas na linha e
de 8 m até 30 m, entre linhas.
No caso de áreas com relevo mais acentuado, as árvores devem ser plantadas
em nível, “cortando” a declividade do terreno. Em áreas mais planas, deve-se fazer
o plantio no sentido leste–oeste, permitindo maior incidência de luz para o cresci-
mento das forrageiras nas entrelinhas.
Quanto aos renques (Figura 2), são mais comuns arranjos em linhas duplas e
triplas. Geralmente, adotam-se espaçamentos de 3 m x 2 m ou 3 m x 3 m entre as
50 Guia arbopasto

linhas mais próximas. Entre as linhas duplas, o espaço pode ser de 10 m a 50 m, a


critério do técnico ou produtor (OLIVEIRA et al., 2003). Utilizando os fundamentos
da prática de quebra-ventos convencional, Porfírio-da-Silva (2006b) sugere que
uma faixa de árvores não poderá distar de outra faixa mais do que 10 vezes a sua
altura. Alguns exemplos de linhas duplas (14 m x 2 m) e triplas (14 m x 2 m x 3 m e
13 m x 3 m x 1,5 m) foram descritos por Porfírio-da-Silva et al. (2010), com suges-
tões para desbaste que os converterão em linhas simples, com menor densidade de
árvores a serem colhidas para madeira de serraria ou laminação.

• Plantio em bosques
Trata-se de pequenos aglomerados de árvores distribuídos na pastagem
(Figura 9). Dentro dos bosques, as árvores podem ser plantadas no espaçamento de
3 m x 2 m, 3 m x 3 m, ou ainda em espaçamentos maiores.
O uso de bosques possui duas desvantagens. A primeira é que normalmente
há pouco crescimento do pasto no interior dos bosques, devido ao excesso de
sombra. A outra desvantagem é que prejudica a uniformidade da reciclagem de
nutrientes no sistema silvipastoril, já que os animais tendem a concentrar a depo-
sição de fezes e urina unicamente sob a copa das árvores e, ao longo do tempo,
pode haver diminuição da fertilidade do solo nas áreas de pasto entre os bosques.
Uma das vantagens é que as árvores podem fornecer produtos em maior
quantidade, de acordo com o número de bosques, e apresentar maior crescimento
com a fertilização intensa dos dejetos dos animais.
Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 9. Bosques de árvores nativas distribuídos em pastagem cultivada na região noroeste de


Minas Gerais.
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 51

• Plantio disperso na pastagem


É uma forma de arborização em que as árvores são plantadas seguindo uma
distribuição aleatória na pastagem, sem espaçamento definido. As finalidades geral-
mente são os serviços de proteção do solo, sombreamento para o gado e melhoria
da ciclagem de nutrientes, proporcionados pelas árvores, mas também se podem
obter produtos (madeira, óleos, resina, etc.) originados desse consórcio.
O uso de métodos de proteção individual é inevitável nesse caso, podendo-se
empregar uma estaca de madeira com arame farpado em espiral envolvendo a
muda, conforme recomendações de Baggio; Carpanezzi (1989) e Vilcahuaman e
Baggio (1992).

• Plantio de cercas vivas


Existem diversos exemplos de arborização na literatura em que o plantio de
árvores é feito ao longo das cercas de limite da propriedade ou de divisória das
pastagens (DUBOIS et al., 1996; HARVEY et al., 2005; IBRAHIM et al., 2007; LU-
DEWIGS et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2007; ZAHAWI, 2005). Ao mesmo tempo,
está sendo implantada uma cerca viva. O sucesso desse método é maior quando
se utilizam cercas eletrificadas, assim, as mudas são protegidas de possíveis danos
causados pelos animais. A cerca eletrificada permite formar sistemas silvipastoris
com espécies de interesse econômico, palatáveis pelo gado, o que não seria tão
fácil em outras formas de plantio, sem métodos de proteção.
Como nos demais modelos, as principais limitações são o tempo necessário
para o crescimento das árvores, especialmente espécies nativas (mínimo de dois
anos) e o custo para a implantação (DIAS-FILHO, 2006).
Além de cercas vivas, algumas leguminosas se prestam para uso como moirões
vivos. Várias espécies do gênero Erythrina, que ocorrem no Brasil, e de Gliricidia
(Figura 7), que tem como centro de origem a América Central, são apropriadas para
uso como mourão vivo devido a facilidade de enraizamento de estacas (MARADEI;
FRANCO, 2000).

Plantio e manejo das mudas e das árvores


O plantio das mudas deve ser feito do início até meados do período chuvoso,
quando a quantidade de água no solo é suficiente para que a muda suporte alguns
dias de sol pleno. Um processo importante para aumentar a percentagem de sobre-
vivência de mudas no campo é a rustificação antes de sua retirada do viveiro. Isso
é feito diminuindo-se gradativamente a irrigação e aumentando-se a exposição das
mudas ao sol, pelo menos 10 dias antes do plantio definitivo no campo (PORFÍRIO-
-DA-SILVA et al., 2010).
52 Guia arbopasto

A adubação de plantio deve ser feita segundo as análises de solo da área. Em


geral, utilizam-se fórmulas ou misturas com nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio
(K), com maior dosagem de fósforo, que é o nutriente mais exigido na fase inicial
de crescimento das mudas. Adubações em cobertura devem seguir orientações téc-
nicas, mas geralmente incluem NPK em uma ou duas aplicações e, posteriormente,
N e K + micronutrientes.
O manejo das árvores na arborização de pastagens consiste basicamente em
favorecer o crescimento das mudas para se evitar ou minimizar os danos causados
pelos animais e facilitar a utilização da nova pastagem o mais breve possível. No
caso de pastagens já formadas, pode ser necessário o isolamento da área até que
as árvores tenham altura e diâmetro suficientes para não serem danificadas ou,
então, recorre-se à proteção com faixas definidas por cercas eletrificadas, conforme
mencionado anteriormente. Porfírio-da-Silva et al. (2010) recomendam instalar a
cerca elétrica a 1 m de cada lado da linha de árvores.
No manejo das árvores, além de coroamento, para reduzir a competição com
a vegetação herbácea, deve-se efetuar cobertura morta, para melhorar as condições
de umidade do solo (CARVALHO et al., 2002; OLIVEIRA et al.,2003). Porfírio-
-da-Silva et al. (2010) mencionam que o controle de plantas daninhas seja feito
mecanicamente (com implementos ou ferramentas agrícolas), quimicamente em
pré ou pós-plantio das árvores, usando herbicidas seletivos para espécies florestais
ou não seletivos, empregando métodos de proteção para as mudas.
Outra prática extremamente importante em sistemas silvipastoris é a desrama
ou poda. Porfírio-da-Silva et al. (2010) recomendam a primeira poda quando as
árvores apresentarem 6 cm de diâmetro à altura do peito (1,30 m do nível do solo).
Sugere-se o corte dos galhos mais baixos para evitar o sombreamento excessivo
da pastagem, e ainda conferir melhor forma de fuste e qualidade da madeira das
espécies arbóreas com finalidade comercial.

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Capítulo 3

Método de seleção de
espécies arbóreas para
sistemas silvipastoris

Ana Karina Dias Salman


Carlos Mauricio Soares de Andrade
Michelliny de Matos Bentes Gama
Luis Cláudio de Oliveira
Tadário Kamel de Oliveira
Angelo Mansur Mendes
Giselle Mariano Lessa de Assis
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 59

A escolha correta das espécies arbóreas para compor um sistema silvipastoril,


independentemente da sua modalidade, é considerada por diversos autores como
uma das etapas de maior importância para o sucesso desse empreendimento (DIAS-
FILHO, 2006; HUXLEY, 1999; NICODEMO et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2003;
POTT; POTT, 2003). A natureza perene das árvores implica num investimento com
longo prazo para obtenção dos retornos esperados, de modo que o erro na escolha
do componente arbóreo pode implicar em frustrações e prejuízos econômicos muito
grandes. Dias-Filho e Ferreira (2008) apontam a possibilidade de escolha de espécies
arbóreas inadequadas, do ponto de vista agronômico e mercadológico, como um
fator de risco que tem dificultado a adoção de sistemas silvipastoris no Brasil.
Por isso, um dos principais temas de pesquisa sobre sistemas silvipastoris
nos últimos 30 anos tem sido a seleção de espécies arbóreas apropriadas para as
diferentes modalidades existentes, nas diferentes regiões do Brasil. Isso foi bem
evidenciado por Maneschy et al. (2005), que fizeram uma meta-análise sobre as
pesquisas com sistemas silvipastoris na Amazônia brasileira, entre 1983 e 2004,
e apontaram 42 trabalhos científicos publicados, sendo que 26% desses tiveram
como objetivo identificar e selecionar espécies arbóreas nativas e exóticas para
compor os sistemas silvipastoris.
A análise sobre essas pesquisas na América Latina revela uma grande diversi-
dade de processos e critérios utilizados para escolha e recomendação das espécies
arbóreas nativas e exóticas. De modo geral, esses trabalhos podem ser agrupados
em duas estratégias gerais: pesquisas exploratórias e ensaios de introdução e ava-
liação.
Nas pesquisas exploratórias, normalmente, são utilizados diagnósticos ru-
rais e revisão de literatura, sem o uso de experimentação. De modo geral, esses
trabalhos têm como objetivo identificar as espécies nativas promissoras de uma
determinada região e seus potenciais usos, visando a sua posterior avaliação em
ensaios introdutórios.
60 Guia arbopasto

Na Amazônia Ocidental, por exemplo, Franke (1999) fez um levantamento


de campo em 25 propriedades rurais no Estado do Acre e identificou 139 espé-
cies arbóreas nativas e exóticas que ocorrem nas pastagens, bem como os seus
principais usos e serviços, com base em revisão de literatura e entrevistas com os
produtores rurais. A partir dessas informações, relacionaram as espécies mais apro-
priadas para diferentes modalidades de sistemas silvipastoris (FRANKE; FURTADO,
2001; FRANKE et al., 2001).
Já na Amazônia Oriental, Santos e Mitja (2011) fizeram um levantamento das
espécies de árvores e palmeiras presentes em pastagens cultivadas na região de
Marabá, PA, identificaram 71 espécies e selecionaram nove delas (Caryocar villo-
sum, Bertholletia excelsa, Attalea speciosa, Oenocarpus distichus, Astrocaryum
tucuma, Swartzia flaemingii, Apeiba tibourbou, Cenostigma tocantinum e Spondias
mombin) por sua tolerância ao fogo, longevidade na pastagem e potencial de uso
múltiplo (sombra, frutos e madeira).
Em estudo conduzido no Panamá, na América Central, a estratégia adotada
foi entrevistar pecuaristas sobre suas espécies arbóreas preferidas e seus principais
usos (LOVE; SPANER, 2005). A partir do ranqueamento das 82 espécies identifi-
cadas com base na preferência dos produtores, e frequência e pluralidade de usos
potenciais, os autores selecionaram oito espécies arbóreas nativas (Anacardium
excelsum, Bursera simaruba, Byrsonima crassifolia, Cedrela odorata, Cordia allio-
dora, Diphysa robinioides, Enterolobium cyclocarpum e Guazuma ulmifolia).
Em outro trabalho, na Amazônia Ocidental, Oliveira et al. (2003) relacionaram
as 18 espécies com melhores características para uso em sistemas silvipastoris na
região, selecionadas com base na experiência dos autores e de produtores rurais
entrevistados (Ochroma pyramidale, Stryphnodendron pulcherrimum, Samanea
tubulosa, Cedrela odorata, Colubrina acreana, Eucaliptus sp., Schizolobium parahyba
var. amazonicum, Cordia goeldiana, Inga marginata, Inga sp., Handroanthus
serratifolius, Chloroleucon mangense var. mathewsii, Jacaranda copaia, Swietenia
macrophylla, Calycophyllum spruceanum, Swartzia acreana, Ceiba pentandra e
Tectona grandis). Os principais critérios de seleção utilizados foram o crescimento
das mudas a pleno sol, em solos de baixa fertilidade, e a capacidade das mesmas
de resistirem aos danos causados pelos animais.
Em outro estudo conduzido no Estado do Rio de Janeiro (SOUTO et al., 2003), a
estratégia usada foi fazer o levantamento de espécies arbóreas presentes em pastagens
cultivadas e avaliar visualmente a densidade da copa das árvores e a influência dessas
no crescimento do pasto sob sua copa. Foram então indicadas as 10 espécies que
predominam nas pastagens do estado e que não prejudicam o crescimento do pasto
(Platypodium elegans, Peltophorum dubium, Anadenanthera peregrina, Apuleia
leiocarpa, Handroanthus ochraceus, Piptadenia gonoacantha, Machaerium hirtum,
Dalbergia nigra, Albizia polycephala e Handroanthus chrysotrichus).
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 61

Em alguns casos, a identificação das espécies promissoras é feita utilizando o


conhecimento empírico acumulado pela experiência de campo dos autores, como
no trabalho de Pott e Pott (2003), no Mato Grosso do Sul, que sugeriram 116 es-
pécies lenhosas nativas da flora da região, selecionadas em função dos seus usos
potenciais para diferentes modalidades de sistemas agroflorestais.
Em outros casos, a indicação das espécies é feita a partir do levantamento de
experiências práticas com uso de sistemas silvipastoris numa determinada região.
Por exemplo, Veiga et al. (2001) indicaram as espécies nativas e exóticas utilizadas
com maior grau de sucesso em experiências silvipastoris na Amazônia Oriental
brasileira (Attalea speciosa, Maximiana maripa, Bertholletia excelsa, Tabebuia
serratifolia, Hevea brasiliensis, Coccus nucifera, Elaeis guineensis, Anacardium
occidentale, Bixa orellana, Pinus caribaea, Mangifera indica, Schyzolobium
amazonicum, Bagassa guianensis, Eucalyptus tereticornis, Tectona grandis, Swietenia
macrophylla, Khaya ivorensis, Sclerolobium paniculatum, Acacia mangium e
Acacia auriculiformis).
Alguns estudos basearam a seleção de espécies somente em informações
secundárias, a partir de revisão de literatura. Exemplo disso é o estudo de Mallea
et al. (2011), que fez um levantamento bibliográfico sobre as espécies arbóreas que
ocorrem no bioma Mata Atlântica, da região Sudeste do Brasil. Essas espécies foram
agrupadas considerando-se 16 características desejadas (densidade da madeira, fo-
lhagem exuberante, flores ornamentais, sombra ampla, aptidão para ruas estreitas,
consumo humano, flores apícolas, velocidade de crescimento, grupo sucessional,
aptidão para terrenos secos, aptidão para terrenos úmidos e matas ciliares, apti-
dão para crescer em áreas degradadas, aptidão para reflorestamento heterogêneo,
aptidão para recuperar áreas de preservação permanente e capacidade de fixação
de nitrogênio), algumas delas de relevância duvidosa. A partir dessa classificação,
os autores então ranquearam as espécies com maior pontuação, selecionando 27
espécies nativas que reúnem características desejáveis para uso em sistemas silvi-
pastoris na região.
Outro exemplo é o trabalho do Catie (Centro Agronómico Tropical de Inves-
tigación y Enseñanza), na Costa Rica, que resultou na publicação do livro Árboles
de Centroamérica (CORDERO; BOSHIER, 2003). A partir da revisão de trabalhos
publicados sobre levantamentos, sondagens e diagnósticos de espécies arbóreas
nativas da América Central, utilizadas e preferidas pelos produtores locais, os au-
tores selecionaram um conjunto de 199 espécies, com base nos seguintes critérios:
potencial de gerar retorno econômico, preferência dos produtores rurais, capaci-
dade de prestação de serviços ambientais, ausência de características negativas na
visão dos produtores e ocorrência natural mais ampla.
Os ensaios de introdução e avaliação seguiram basicamente as diretrizes esta-
belecidas pelo World Agroforestry Centre, antigo International Centre for Research
in Agroforestry (Icraf), para avaliação de espécies arbóreas de múltiplo propósito
62 Guia arbopasto

para sistemas agroflorestais (WOOD; BURLEY, 1991), embora tenham sido utili-
zados como critérios de seleção, basicamente, a velocidade de crescimento e o
índice de sobrevivência das espécies.
Em Planaltina, DF, Melo e Zoby (2004) plantaram 21 espécies arbóreas
nativas e exóticas em pastagem de Brachiaria decumbens, recomendando, para
arborização de pastagens na região do Cerrado, as seis espécies que se destacaram
com base na velocidade de crescimento e índice de sobrevivência até os 57 meses
após o plantio (Anadenanthera falcata, Enterolobium contortisiliquum, Eucalyptus
citriodora, Eucalyptus urophylla, Piptadenia gonoacantha e Simarouba versicolor).
Estratégia semelhante foi utilizada no Rio de Janeiro, permitindo a indicação de
quatro (Mimosa caesalpiniaefolia, Enterolobium contortisiliquum, Acacia holoseri-
cea e Eucalyptus grandis) das 10 espécies nativas e exóticas estudadas (SOUCHIE
et al., 2006); no Mato Grosso do Sul, selecionando três (Guazuma ulmifolia, Ja-
caranda cuspidifolia e Peltophorum dubium) das 11 espécies arbóreas nativas do
Brasil central testadas, todas elas pioneiras e heliófilas (MELOTTO et al., 2009); e
em São Paulo, com indicação de três (Croton floribundus, Guazuma ulmifolia e
Peltophorum dubium) das sete testadas (NICODEMO et al., 2009).
Já em outro trabalho no Rio de Janeiro, Dias et al. (2008) selecionaram legu-
minosas arbóreas para sistemas silvipastoris com base na facilidade de introdução
das mesmas em pastagens cultivadas na presença do gado. Para isso, avaliaram
16 espécies nativas e exóticas em sete experimentos, recomendando as sete le-
guminosas que se destacaram pela maior velocidade de crescimento e taxa de
sobrevivência, e menor aceitabilidade pelos bovinos (Albizia lebbeck, Leucaena
leucocephala, Enterolobium contortisiliquum, Mimosa artemisiana, Mimosa cae-
salpiniifolia, Mimosa tenuiflora, Pseudosamanea guachapele).
Uma deficiência que pode ser apontada nesses trabalhos de introdução e
avaliação, principalmente com espécies nativas, é a subjetividade na escolha do
grupo a ser avaliado e a pequena diversidade de critérios utilizados para selecionar
as melhores espécies. Rápido crescimento e alta taxa de sobrevivência são atributos
indispensáveis para a seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris. Entre-
tanto, somente esses critérios não são capazes de definir o sucesso de uma espécie
arbórea, tendo em vista a complexidade desses sistemas onde o componente arbó-
reo deverá interagir com o pasto, com os animais e, eventualmente, com culturas
agrícolas em sistemas agrossilvipastoris. Exemplo disso é a seleção de uma espécie
(Enterolobium contortisiliquum) reconhecida pela produção de frutos tóxicos para
bovinos (BONEL-RAPOSO et al., 2008; COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-CORREA,
2000; MENDONÇA et al., 2009) em três dos cinco ensaios de introdução e avaliação
apresentados anteriormente (DIAS et al., 2008; MELO; ZOBY, 2004; SOUCHIE et al.,
2006).
A deficiência dos processos atualmente utilizados na seleção de espécies
arbóreas para sistemas silvipastoris também foi identificada no melhoramento de
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 63

espécies florestais no Brasil ainda na década de 1970, quando Fonseca e Kageyama


(1978) criticaram o alto grau de subjetividade e a falta de padronização dos crité-
rios usados para seleção de árvores superiores no melhoramento de Pinus taeda.
Naquela época, esses autores propuseram um método de seleção de árvores de P.
taeda, baseado na classificação e ordenamento das árvores superiores (KAGEYAMA;
FONSECA, 1979), que pode ser adaptado para uso na seleção de espécies arbóreas
para sistemas silvipastoris no Brasil. Esse trabalho requer a definição das caracte-
rísticas mais importantes para a seleção, escolhidas em função da modalidade de
sistema silvipastoril em que as espécies serão utilizadas (HUXLEY, 1999). Além
disso, também é necessário encontrar uma maneira mais apropriada de classificar
e ordenar as melhores espécies com o maior grau de objetividade possível.
No presente capítulo, será apresentado um novo método para seleção de
espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris, baseado na classificação das
espécies de acordo com um conjunto de 15 atributos específicos e na importância
relativa desses para diferentes modalidades de sistemas. Esse método utiliza crité-
rios objetivos e é especialmente apropriado para ser utilizado como estratégia de
pesquisa exploratória para definição das espécies arbóreas a serem testadas em
ensaios de introdução e avaliação e em modelos de sistemas silvipastoris, para
ensaios de longa duração. Também pode ser utilizado para a identificação de ide-
ótipos de árvores para compor diferentes modalidades de sistemas silvipastoris, em
diferentes regiões. Os resultados da aplicação desse método para duas modalida-
des de sistemas silvipastoris na Amazônia Ocidental brasileira são apresentados no
Capítulo 4 desta obra.

Método de seleção
A seguir, serão descritas as principais etapas e estratégias a serem utilizadas na
aplicação desse método de seleção de espécies arbóreas, desenvolvido como parte
de um estudo conduzido na Amazônia Ocidental brasileira, visando a seleção de
espécies nativas para arborização de pastagens cultivadas na região. O estudo foi
feito entre 2008 e 2010, no Vale do Acre, região leste do Estado do Acre, e nos
municípios de Porto Velho, Ouro Preto d’Oeste, Presidente Médici, Nova União e
Teixeirópolis, em Rondônia (Figura 1).
O clima predominante nos estados do Acre e Rondônia é tropical, úmido e
quente o ano todo. Segundo a classificação de Thornthwaite (1948), o clima do
estado do Acre pode ser subdividido em quatro faixas (B1, B2, B3 e B4) (PROGRA-
MA ESTADUAL DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO ESTADO
DO ACRE, 2000) e o de Rondônia, em três (B1, B2 e B3) (BASTOS; DINIZ, 1982).
Essas faixas são definidas de acordo a variação da precipitação anual na região,
sendo B1: entre 1.600 mm a 2.000 mm; B2: entre 2.000 mm a 2.250 mm; B3:
entre 2.250 mm a 2.500 mm; e B4: entre 2.500 mm a 2.700 mm. As temperaturas
64 Guia arbopasto

médias anuais no Acre e Rondônia, respectivamente, estão em torno de 24,5 oC


(PROGRAMA ESTADUAL DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO
ESTADO DO ACRE, 2000) e 25 oC (RONDÔNIA, 2010).

Figura 1. Mapa de localização dos municípios onde o estudo foi desenvolvido.

As classes de solo que predominam no estado do Acre, em ordem decres-


cente de expressão territorial, são: Argissolos, Cambissolos, Luvissolos, Gleissolos,
Latossolos, Vertissolos, Plintossolos e Neossolos (PROGRAMA ESTADUAL DE ZO-
NEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO ESTADO DO ACRE, 2006). Já em
Rondônia, as principais classes são: Latossolo Amarelo; Latossolo Vermelho; La-
tossolo Vermelho-Amarelo; Cambissolo; Gleissolo e Argissolo Vermelho-Amarelo,
que totalizam quase 82% da área de Rondônia (RONDÔNIA, 2010).

Escolha das espécies a serem avaliadas

Um dos primeiros passos da metodologia consiste na escolha do conjunto de


espécies que serão avaliadas. Para isso, pode-se recorrer a bases de dados sobre
as espécies nativas da região ou, preferencialmente, a estudos exploratórios que
levantaram as espécies que ocorrem em pastagens cultivadas. Isso é importante,
pois esse método prevê a identificação e caracterização de pelo menos 10 exem-
plares de árvores adultas de cada espécie crescendo isoladas em pastagens e a
realização de entrevistas com produtores rurais que conhecem o comportamento
dessas espécies em pastagens.
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 65

Na aplicação desse método na Amazônia Ocidental, a fonte de informação


para a escolha das espécies a serem avaliadas foi o trabalho de Franke (1999), que
identificou 123 espécies arbóreas nativas em pastagens cultivadas no Estado do
Acre. De posse dessa lista de espécies, foi feita uma reunião técnica com o objetivo
de excluir espécies consideradas pouco promissoras para uso em sistemas silvipas-
toris, de modo a obter uma pré-listagem com apenas 50 ou 60 espécies a serem
estudadas. Essa reunião contou com a presença dos pesquisadores integrantes da
equipe do projeto de pesquisa, além de outros pesquisadores convidados por seu
conhecimento sobre as espécies florestais da região.
Essa lista inicial de espécies deve ser considerada como um ponto de partida
para o início dos levantamentos de campo. Durante essa fase, algumas espécies se-
rão descartadas por sua baixa frequência de ocorrência em ambiente de pastagem
cultivada na região, inviabilizando a avaliação do número mínimo (10) de indiví-
duos adultos, o que pode ser considerado um indicativo da sua menor aptidão para
arborização de pastagem. Entretanto, novas espécies poderão ser incluídas por suas
características interessantes e por serem encontradas com maior frequência. No
estudo feito, das 68 espécies pré-selecionadas, 27 foram descartadas e 10 novas es-
pécies foram incluídas na avaliação durante os levantamentos de campo, de modo
que o número final de espécies avaliadas foi de 51 árvores nativas.

Definição das características a serem avaliadas

A escolha das características a serem avaliadas baseou-se em uma ampla


revisão de literatura sobre os principais atributos de uma espécie arbórea multipro-
pósito para fins de arborização de pastagem: a) arquitetura da copa favorável; b)
facilidade de estabelecimento; c) crescimento rápido; d) capacidade para enrique-
cer o ecossistema com nitrogênio e outros nutrientes; e) adaptação ao ambiente;
f) ausência de efeitos tóxicos para os animais; g) ausência de efeitos alelopáticos
sobre as plantas forrageiras; h) tolerância a ataques de insetos e doenças; i) resis-
tência ao vento, com raízes profundas; j) ausência de raízes superficiais expostas;
k) ter silvicultura conhecida; l) ser preferencialmente perenifólia; m) capacidade de
produzir alimento palatável para o gado; n) não produzir frutos grandes, capazes de
obstruir o esôfago dos animais; o) ausência de caráter invasor; p) tolerância ao fogo
acidental (BACCARI JÚNIOR, 2001; BAGGIO; CARPANEZZI, 1988; CARVALHO,
1998; POTT, 1993; POTT; POTT, 2003; WILDIN, 1990).
A partir dessas informações e de discussões entre os membros da equipe do
projeto, foi então definido um conjunto de 15 características selecionadas por sua
relevância para a arborização de pastagens e pela possibilidade de obtenção de
dados sobre as mesmas para cada espécie a partir de levantamentos de campo,
entrevistas com produtores rurais, viveiristas e empresários, e revisão de literatura
(Tabela 1).
66 Guia arbopasto

Tabela 1. Relação das características de interesse e respectivas fontes de informação.

Levantamento Revisão de
Características Entrevistas
de campo literatura
Capacidade de fixação de N X X
Porte da árvore adulta em pastagens X
Forma da copa em pastagens X
Densidade da copa X
Qualidade do fuste X
Presença de raízes superficiais sob a copa X
Interferência no pasto sob a copa X
Regeneração natural em pastagens X X X
Tolerância ao fogo em pastagens X X
Potencial forrageiro dos frutos X X
Potencial tóxico dos frutos X X
Velocidade de crescimento X X
Valor comercial da madeira X X
Produtos não madeireiros com valor comercial X X
Produção de mudas X X

Essas características estão relacionadas com atributos silviculturais e ecoló-


gicos da espécie (facilidade de produção de mudas, velocidade de crescimento,
tolerância ao fogo e capacidade de regeneração natural em pastagens), com a influ-
ência das árvores no crescimento do pasto sob as suas copas (fixação biológica de
N, porte da planta, forma e densidade da copa, e interferência na cobertura do solo
sob a copa), com o aproveitamento de produtos das árvores (qualidade do fuste,
valor comercial da madeira e de produtos não madeireiros e potencial forrageiro
dos frutos) e com o bem-estar animal (abundância de raízes superficiais sob a copa
e potencial tóxico dos frutos).
Cinco atributos desejáveis com base na revisão de literatura não foram inclu-
ídos na relação de características a serem avaliadas. Considerou-se que as espécies
arbóreas nativas que ocorrem com frequência em pastagens cultivadas na região
possuem elevado grau de adaptação às condições locais de clima e solo, e também
tem boa capacidade de conviver com as condições de vento predominantes na re-
gião. O fato de a espécie ser perenifólia não foi considerado um atributo de grande
relevância para a arborização de pastagens, pois mesmo as espécies caducifólias
proveem sombra para o gado na maior parte do ano. Também foi considerado que o
fato de a espécie ter silvicultura pouco conhecida não pode ser utilizado como crité-
rio de descarte. Indica apenas que, caso a espécie tenha potencial elevado, necessita
de aprofundamento dos estudos silviculturais para seu melhor aproveitamento. Uma
característica considerada importante, porém não incluída no estudo conduzido na
Amazônia Ocidental, foi a tolerância a pragas e doenças. A literatura ainda é bastante
escassa sobre esse assunto, especialmente em relação às espécies arbóreas nativas
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 67

e, principalmente àquelas mais desconhecidas; e as informações obtidas a partir


de entrevistas com produtores rurais são pouco confiáveis a esse respeito, pois eles
geralmente não tem o hábito de observar o ataque de pragas e doenças nas árvores
dispersas na pastagem.

Coleta de dados

Os levantamentos de campo devem ser feitos em propriedades rurais com


pastagens em idade superior a 10 anos, e com a presença de árvores adultas de di-
ferentes espécies de crescimento espontâneo. No estudo conduzido na Amazônia
Ocidental, foram visitadas ao todo mais de 100 propriedades rurais no Acre e em
Rondônia, no período entre maio de 2008 e julho de 2009, tendo sido percorridos
mais de 10.000 km de carro na busca por, pelo menos, 10 indivíduos adultos de
cada espécie arbórea estudada. A quantidade de árvores encontradas nas primeiras
semanas do levantamento é bastante grande, principalmente para as espécies mais
frequentes. Entretanto, a busca por árvores das espécies menos frequentes torna-se
cada vez mais difícil nas etapas finais do levantamento. Por exemplo, no primeiro
mês de levantamento, no Acre, foi necessário percorrer 7 km para cada árvore ava-
liada, quantidade que aumentou para 100 km na última semana do levantamento,
ocasião em que o trabalho passa a se tornar uma verdadeira “caça a árvore”.
A presença na equipe de campo de um mateiro (parataxonomista) experiente
é de fundamental importância para assegurar a correta identificação das árvores a
serem avaliadas, em tempo hábil. Em regiões de floresta tropical, como no bioma
Amazônia, é importante que o mateiro esteja familiarizado com a forma das árvo-
res em ambiente de pastagem, que é bem diferente daquela existente na floresta.
O mateiro geralmente utiliza alguns indicadores visuais para identificar à distância
uma possível árvore procurada, incluindo a arquitetura da copa, a densidade e a
coloração da folhagem, a cor e o formato do tronco, dentre outros. Em contato
com a árvore, outros detalhes morfológicos, fisiológicos e químicos devem ser
observados para confirmação, tais como formato, tamanho, coloração e odor das
folhas, flores e frutos, cor da casca interna e externa do tronco, presença, cor e
consistência da exsudação após o corte da casca do tronco, entre outros tantos
detalhes aprendidos com a prática.
No bioma Amazônia, a maioria das árvores nativas encontradas dispersas
em pastagens cultivadas se estabeleceu logo após a conversão da floresta em pas-
tagem, proveniente da regeneração natural a partir do banco de sementes do solo
ou de brotações de tocos e raízes de árvores cortadas (VIEIRA; PROCTOR, 2007).
Árvores remanescentes da floresta primária geralmente são representadas somente
por espécies cujo corte é proibido por lei, como a castanheira (Bertholletia excelsa)
e o mogno (Swietenia macrophylla). Nesse bioma, portanto, as árvores a serem
avaliadas deverão ser exclusivamente aquelas oriundas da regeneração natural, re-
68 Guia arbopasto

conhecidas por sua arquitetura diferenciada das espécies remanescentes da floresta


original (Figura 2). No bioma Cerrado, por exemplo, esse tipo de distinção é de
pouca relevância, tendo em vista que a maior parte da sua vegetação natural pode
ser considerada uma pastagem natural.
Uma vez identificada pelo mateiro, a árvore pretendida deve ser georreferen-
ciada com uso de aparelho GPS portátil e avaliada com relação a diversas variáveis
dendrométricas, fenológicas, botânicas e morfológicas. Além disso, é importante
que cada árvore seja fotografada, com uso de câmera digital com boa resolução,
observando-se seu aspecto geral e detalhes do tronco, casca, ramos e folhas, flores
e frutos, raízes superficiais e outros. Essas imagens podem ser utilizadas em publi-
cações sobre as espécies arbóreas estudadas e também são importantes caso seja
necessário conferir algum detalhe sobre a caracterização da espécie, para confir-
mar a sua inclusão em determinada classe ou para assegurar que todas as árvores
avaliadas pertencem à mesma espécie botânica. Isso pode evitar uma nova viagem
para visitar a árvore avaliada, ou o infortúnio de a mesma não ser encontrada por
ter sido eliminada da área de pastagem. No estudo feito na Amazônia Ocidental,
foram acumuladas mais de 8.000 imagens das espécies arbóreas estudadas.
Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.

Figura 2. Árvores de castanheira (Bertholletia excelsa) em pastagens cultivadas no Acre, ori-


ginada da regeneração natural em pastagem (esquerda) ou remanescente da floresta (direita).
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 69

Os parâmetros dendrométricos a serem mensurados em cada árvore, são:


a) Altura total (m) – Corresponde à distância vertical entre o terreno e o ápice
da árvore.
b) Altura do fuste (m) – Refere-se à distância vertical entre o terreno e a pri-
meira bifurcação do tronco da árvore, ou a coroa da planta, no caso das
palmeiras.
c) Altura da base da copa (m)– Corresponde à distância vertical entre o terre-
no e as primeiras ramificações com folhas vivas.
d) Altura da copa (m) – Corresponde à diferença entre a altura total e a altura
da base da copa (a – c).
e) Diâmetro da copa (DC, m) – Avaliado por meio de duas medidas transver-
sais da sua projeção no solo, uma no sentido norte – sul e outra no sentido
leste – oeste.
f) Circunferência do tronco à altura do peito (CAP, cm) – Medida com fita
métrica, a 1,3 m acima da altura do solo.
g) Diâmetro do tronco à altura do peito (DAP, cm) – Estimado a partir da
circunferência do tronco.
h) Área da copa (m2) – Estimada a partir do diâmetro da copa.
Também devem ser feitas anotações sobre o estádio fenológico da árvore,
incluindo floração, frutificação, presença de frutos maduros e perda de folhas par-
cial ou total (Anexo I). Essas informações são importantes para aumentar o grau
de conhecimento sobre a espécie na região e, também, para a coleta de sementes
visando sua multiplicação.
Visando à confirmação botânica da espécie, devem ser coletadas amostras de
material botânico (ramos com folhas, flores e/ou frutos) para confecção de exsicatas
de pelo menos uma árvore avaliada de cada espécie. Em caso de dúvidas, novas
exsicatas deverão ser confeccionadas para confirmação de que todas as árvores
avaliadas pertencem à mesma espécie. As diretrizes para confecção de exsicatas
e do preenchimento da ficha de campo podem seguir as recomendações de cada
laboratório de botânica (herbário). No estudo conduzido na Amazônia Ocidental,
foram seguidas as orientações de Ferreira e Andrade (2006). É importante confec-
cionar pelo menos três exsicatas de cada árvore. Duas devem ser enviadas para
herbários distintos e uma deve ficar de posse do pesquisador responsável pela
coleta, para confirmação dos resultados da identificação botânica, no caso desses
serem divergentes entre os herbários. Assim, quando possível, o ideal é recorrer ao
taxonomista do gênero ou família botânica, de modo a assegurar a correta identi-
ficação da espécie.
70 Guia arbopasto

As demais avaliações a serem feitas em cada árvore estão diretamente rela-


cionadas com as 15 características de interesse e serão comentadas separadamente
mais a frente. Além disso, algumas características da pastagem onde cada árvore é
avaliada e que são consideradas importantes para análises futuras sobre o contexto
em que essas se desenvolveram também merecem ser avaliadas. Nesse estudo, as
seguintes informações foram levantadas com uso de uma ficha de campo (Anexo
II), que considerava as forrageiras predominantes na pastagem, o tamanho da área
(ha), a idade (anos), o uso anterior (mata nativa, capoeira, roçado ou pastagem
degradada), a taxa de lotação (número de cabeças), o número de queimadas por
ano, a frequência de roçadas por ano, o uso de herbicidas, a composição botânica
do pasto (% de gramíneas, leguminosas forrageiras herbáceas e plantas daninhas),
o nível de degradação da pastagem, a altura (cm) e o vigor do pasto.

Fixação biológica de nitrogênio


Atributo determinado com base em revisão de literatura especializada, ava-
liando a capacidade de nodulação das espécies arbóreas pertencentes à família
botânica Fabaceae (Leguminosae). No caso de não se encontrar informações sobre
a capacidade de nodulação da espécie, será necessário investigar localmente a
nodulação em indivíduos jovens ou adultos, seguindo as diretrizes descritas por
Faria et al. (1984). Todas as espécies não leguminosas e as leguminosas não nodu-
líferas são classificadas em não fixadoras de nitrogênio (N), recebendo o escore 1;
as demais em fixadoras de N, com escore 5 (Tabela 2).

Tabela 2. Critérios e escores para a característica fixação biológica de nitrogênio.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Fixação biológica de N Não - - - Sim

Porte das árvores em pastagens


Cada árvore avaliada deve ser classificada com relação ao porte da planta
adulta, com base na sua altura total, utilizando os seguintes critérios: pequeno (até
7,0 m), médio (7,1 a 15,0 m) e grande (superior a 15,0 m). As espécies com porte
médio e grande são mais valorizadas em relação às de pequeno porte (Tabela 3),
pois essas últimas tendem a prejudicar a permanência dos animais sob as suas co-
pas e a causar maior interferência na disponibilidade de luz ao pasto. Além disso,
espécies que adquirem maior porte em pastagens geralmente possuem crescimento
mais vigoroso nesse ambiente.
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 71

Tabela 3. Critérios e escores para a característica porte das árvores em pastagens.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Porte das árvores em pastagens - Pequeno - Médio Grande

Forma da copa em pastagens


Cada árvore avaliada deve ser classificada visualmente com relação à forma da
sua copa, utilizando-se o guia apresentado na Figura 3. No caso das palmeiras, que
possuem formato típico, as copas foram classificadas como “forma característica de
palmeira”. As árvores cuja classificação é colunar ou flabeliforme (forma de leque)
são as mais desejáveis para arborização de pastagens (SILVA, 2006), permitindo maior

Figura 3. Classes de forma da copa de árvores.


Fonte: Coelba (2002).
72 Guia arbopasto

transmissão de luz para o crescimento do pasto na área sob sua copa, independente-
mente da densidade da copa. Além disso, essas árvores também podem ser utilizadas
em maiores densidades de plantio. Por isso, recebem os escores máximos (Tabela 4).
Já as árvores com formato menos desejável são aquelas classificadas como elíptica
horizontal ou umbeliforme (forma de guarda-chuva), as quais são mais dependentes
da densidade da copa para definir o nível de transmissão de luz ao sub-bosque,
recebendo o escore 3.

Tabela 4. Critérios e escores para a característica forma da copa em pastagens.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Caliciforme,
Elíptica Cônica, Elíp- Colunar,
Forma da copa
- - horizontal, tica vertical, Flabelifor-
em pastagens
Umbeliforme Globosa, me
Palmeira

Densidade da copa em pastagens


As árvores também devem ser classificadas visualmente com relação à densi-
dade da copa, utilizando-se quatro classes: rala, pouco densa, densa e muito densa.
A utilização de um guia visual auxilia bastante no trabalho da equipe de campo
(Figura 4). Quanto maior a densidade da copa, menor o escore atribuído à árvore
(Tabela 5), tendo em vista o maior grau de interferência da árvore na transmissão de
luz ao pasto na área de influência de sua copa. Espécies com copa muito densas e
amplas, como a mangueira e a jaqueira, geralmente causam sombreamento tão in-
tenso sob suas copas que impedem o crescimento do pasto. Além disso, propiciam
um ambiente excessivamente úmido e pouco iluminado que podem favorecer a
ocorrência de problemas sanitários diversos nos bovinos que frequentam a sombra
destas árvores, especialmente em regiões de clima chuvoso e com solos de baixa
permeabilidade, como no Estado do Acre.

Qualidade do fuste
Para esse método de seleção de espécies arbóreas, a classificação com re-
lação à qualidade do fuste é baseada em duas características importantes para o
seu aproveitamento para fins madeireiros: o comprimento do fuste e a frequência
de ocorrência de troncos bifurcados ou múltiplos nas árvores avaliadas (Tabela
6). Para isso, cada árvore tem o seu fuste principal avaliado em curto (até 3 m
de comprimento), médio (3,1 m a 6,0 m) e longo (superior a 6,0 m); além de ser
classificada com relação ao tipo de tronco em único, bifurcado e múltiplo, tendo
como referência a altura do peito (1,3 m acima do solo). As árvores com tronco
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 73

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.


Muito densa Densa

Pouco densa Rala

Figura 4. Classes de densidade da copa.

Tabela 5. Critérios e escores para a característica densidade da copa.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Muito
Densidade da copa - Densa Pouco densa Rala
densa
74 Guia arbopasto

Tabela 6. Critérios e escores de classificação do fuste das árvores em função do seu comprimen-
to e da frequência de ocorrência de bifurcações.

Comprimento do fuste
Frequência de bifurcações Curto Médio Longo
(≤ 3 m) (3,1 m –6,0 m) (≥ 6,1 m)
Alta (escore 1,0–3,0) 1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular
Média (escore 3,1–4,0) 2-Ruim 3-Regular 4-Bom
Baixa (escore 4,1–5,0) 2-Ruim 4-Bom 5-Ótimo

único recebem o escore 5; aquelas com tronco bifurcado, o escore 2; e as com


tronco múltiplo, 1. Posteriormente, são classificadas com relação à frequência de
ocorrência de bifurcações, de acordo com o escore médio das árvores avaliadas:
alta (escore médio de 1,0 a 3,0), média (3,1 a 4,0) e baixa (4,1 a 5,0).

Presença de raízes superficiais sob a copa


Para essa característica, as árvores são classificadas em três categorias diferen-
tes, de acordo com a avaliação visual da presença de raízes superficiais expostas sob
a sua copa: nenhuma, escore 5; poucas, escore 3; e muitas, escore 1. A utilização
de um guia visual também é importante para auxiliar a equipe de campo, pois se
trata de um critério subjetivo (Figura 5). Posteriormente, as espécies são classificadas
quanto à presença de raízes superficiais expostas, com base no escore médio das
árvores avaliadas (Tabela 7): muito baixa (escore médio superior a 4,5), baixa (3,67
a 4,5), moderada (2,34 a 3,66), alta (1,67 a 2,33) e muito alta (inferior a 1,67).
Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Muitas Poucas

Figura 5. Classes de abundância de raízes superficiais expostas sob a copa da árvore.

Interferência no pasto sob a copa


Uma característica desejável na arborização de pastagens é que o pasto con-
siga crescer bem e manter alto grau de cobertura do solo na área sob influência da
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 75

Tabela 7. Critérios e escores para a característica presença de raízes superficiais expostas sob
a copa.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Presença de raízes
Muito
superficiais expostas sob Muito alta Alta Moderada Baixa
baixa
a copa

copa das árvores. Isso depende da interferência da árvore na disponibilidade de


luz, água e nutrientes para as plantas forrageiras, bem como da possível produção
de substâncias alelopáticas que possam inibir o crescimento dessas plantas. Avaliar
cada um dos tipos de interferência negativa seria muito difícil. Entretanto, é possível
utilizar a avaliação do grau de cobertura do solo pelo pasto como um indicador da
interferência global das árvores no crescimento das plantas forrageiras. Assim, deve
ser feita uma estimativa visual do grau de cobertura do solo pelo pasto crescendo
na área de projeção da copa de cada árvore avaliada, de acordo com a seguinte
escala: 0% a 20%, escore 1; 21% a 40%, escore 2; 41% a 60%, escore 3; 61% a
80%, escore 4; 81% a 100%, escore 5. Nesse caso, o correto é considerar como
solo descoberto apenas o solo exposto, coberto ou não com serrapilheira. Havendo
a presença de raízes superficiais expostas, a área ocupada pelas mesmas não deve
ser considerada na avaliação da cobertura do solo. Recomenda-se que a equipe
seja treinada e que seja elaborado um guia de campo ilustrado com os diferentes
níveis de cobertura do solo para auxiliar na estimativa visual dessa característica.
Posteriormente, as espécies são classificadas quanto à interferência no pasto sob
a copa, com base no escore médio das árvores avaliadas (Tabela 8): muito baixa
(escore médio superior a 4,5), baixa (3,67 a 4,5), moderada (2,34 a 3,66), alta (1,67
a 2,33) e muito alta (inferior a 1,67).

Tabela 8. Critérios e escores para a característica interferência no pasto sob a copa.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Interferência no pasto sob Muito
Muito alta Alta Moderada Baixa
a copa baixa

Na avaliação dessa característica, é importante considerar que o baixo grau


de cobertura do solo sob a copa da árvore pode estar associado ao excesso de
pisoteio do gado. Isso ocorre com maior frequência em pastagens com arborização
inadequada, onde os animais costumam disputar as poucas sombras existentes na
76 Guia arbopasto

pastagem nas horas mais quentes do dia. Por isso, o responsável por essa avaliação
deve estar atento aos sinais de excesso de uso da sombra da árvore avaliada (Figura
6). Nesses casos, a informação para essa árvore não deve ser incluída na classifica-
ção da espécie.
Fotos Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 6. Baixo grau de cobertura do solo sob a copa da árvore, causado pelo excesso de
animais que buscam a sombra em pastagem com sombreamento insuficiente.

Regeneração natural em pastagens


A capacidade de regeneração natural da espécie arbórea em pastagens es-
tabelecidas há mais de 10 anos de idade foi o indicador escolhido para avaliar o
potencial invasor da espécie. A classificação da espécie deve ser feita a partir do
cruzamento de informações obtidas de três fontes distintas: 1) revisão de literatura
sobre o potencial invasor da espécie em áreas de pastagem; 2) entrevistas com
pecuaristas sobre a capacidade de disseminação da espécie em pastagens já esta-
belecidas (pode se tornar invasora?), utilizando-se a ficha de campo apresentada no
Anexo III; 3) avaliação do número de indivíduos jovens da espécie na pastagem, em
um raio de 100 m da árvore avaliada, utilizando-se a seguinte escala: 0, nenhum;
1-5, baixo; 6-20, médio; mais de 20, alto.
Na avaliação da regeneração natural da espécie a campo, o valor máximo
encontrado é que deve ser considerado como indicador do potencial invasor da
espécie. Entretanto, essa avaliação não deve ser a fonte exclusiva de informação
para a classificação, tendo em vista a possibilidade de não se constatar regeneração
na pastagem simplesmente porque o proprietário elimina periodicamente as plantas
jovens da espécie por ocasião da limpeza do campo (controle de plantas indesejá-
veis). Assim, é preciso ponderar as fontes de informação sugeridas para classificar a
espécie em uma das três categorias de regeneração natural em pastagem: excessiva,
escore 1; baixa, escore 4; adequada, escore 5 (Tabela 9).
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 77

Tabela 9. Critérios e escores para a característica regeneração em pastagens.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Regeneração em pastagens Excessiva - - Baixa Adequada

As espécies com regeneração natural excessiva são aquelas com alto poten-
cial invasor em pastagens, evidenciada por pelo menos duas das três fontes de
informação consideradas. Na aplicação desse método na Amazônia Ocidental, a
única espécie classificada nessa categoria foi o babaçu (Attalea speciosa). Dois ter-
ços dos produtores entrevistados consideraram que o babaçu possui alto potencial
invasor, confirmando as informações existentes na literatura de que essa espécie
pode se tornar uma planta daninha de pastagem em algumas situações (LORENZI
et al., 2010; POTT et al., 2006; RIBEIRO et al., 1985; SMITH et al., 1995), embora
a regeneração máxima observada no entorno das palmeiras avaliadas tenha sido
baixa (1-5 indivíduos jovens).
As espécies com baixa capacidade de regeneração natural são aquelas cujo
baixo potencial invasor foi confirmado com base nas três fontes de informação.
Para essas espécies, é inviável a utilização do manejo da regeneração natural como
estratégia para arborização de pastagens, conforme discutido no Capítulo 2 desta
obra. Essa capacidade deve ser considerada adequada para aquelas espécies que
conseguem regenerar alguns indivíduos em pastagens já estabelecidas, viabilizan-
do o uso dessa técnica, sem que haja risco de que a espécie se torne uma planta
daninha na pastagem.
Sem dúvida, essa é a característica que envolve maior grau de subjetividade
na classificação das espécies arbóreas. Entretanto, na literatura não foi encontrado
nenhum outro método mais objetivo do que esse para avaliar o potencial invasor
dessas espécies em pastagens.

Tolerância ao fogo em pastagens


Para avaliar a capacidade de tolerância ao fogo acidental das árvores adultas
de uma determinada espécie em pastagens, devem ser feitas entrevistas com pro-
dutores rurais que possuam árvores da espécie em suas pastagens. Cada produtor
entrevistado é indagado sobre o grau de tolerância ao fogo da espécie, utilizando-
se a ficha de campo apresentada no Anexo III, com as respostas classificadas em:
alta, escore 5; média, escore 3; e baixa, escore 1. Posteriormente, as espécies são
classificadas quanto à tolerância ao fogo em pastagens, com base no escore médio
obtido nas entrevistas (Tabela 10): baixa (escore médio até 2,34), média (2,35 a
3,67) e alta (superior a 3,67).
78 Guia arbopasto

Tabela 10. Critérios e escores para a característica tolerância ao fogo em pastagens.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Tolerancia ao fogo Baixa - Média - Alta

Não existem muitas informações na literatura sobre a tolerância ao fogo para


a maioria das espécies arbóreas nativas do Brasil. Além disso, essas informações
devem ser baseadas na tolerância a incêndios em ecossistemas de pastagem, que
geralmente são mais rápidos e atingem menores temperaturas do que em incên-
dios florestais (HOLECHEK et al., 2001). As informações encontradas devem ser
utilizadas para confirmar ou não a classificação feita a partir das entrevistas com
produtores locais. No caso de discrepância, a equipe do projeto pode tomar a
iniciativa de arbitrar a classificação com base no conhecimento da equipe ou, no
caso de dúvida, pode decidir entrevistar maior número de produtores locais para
aumentar o grau de confiabilidade sobre a classificação.

Potencial forrageiro dos frutos


A classificação das espécies com relação ao potencial forrageiro dos frutos
também é feita baseada em entrevistas com produtores rurais e complementada por
revisão de literatura. O produtor entrevistado deve ser indagado se o gado come ou
não os frutos produzidos pela espécie, utilizando a ficha de campo apresentada no
Anexo III, com as respostas classificadas em: sim, escore 5; e não, escore 1. Poste-
riormente, as espécies são classificadas quanto ao potencial forrageiro dos frutos,
com base no escore médio obtido das entrevistas (Tabela 11): sim (escore médio
igual ou superior a 3) e não (escore médio inferior a 3). A experiência com a apli-
cação desse método na Amazônia Ocidental mostrou que as respostas fornecidas
pelos produtores para a grande maioria das espécies são muito consistentes com
relação a essa característica, e as informações encontradas na literatura geralmente
confirmam os resultados obtidos nas entrevistas.

Tabela 11. Critérios e escores para a característica potencial forrageiro dos frutos.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Potencial forrageiro dos frutos Não - - - Sim

Potencial tóxico dos frutos


Os produtores entrevistados devem ser indagados sobre o que conhecem a
respeito do potencial tóxico dos frutos produzidos pela espécie, utilizando a ficha
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 79

de campo apresentada no Anexo III, com as respostas classificadas em: nenhum,


escore 5; baixo, escore 3; médio, escore 2; e alto, escore 1. A existência de alguma
espécie com escore médio inferior a 5 indica que há necessidade de uma ampla
revisão de literatura sobre a toxidez dos frutos, ou de outras partes das plantas,
dessa ou de outras espécies do gênero. Se nada for encontrado na literatura, deve-
se considerar que existem indícios de toxidez somente para as espécies para as
quais mais de um produtor relatou essa possibilidade, pelo menos até que estudos
científicos comprovem a suspeita sobre a espécie. As espécies então devem ser
classificadas quanto ao potencial tóxico dos frutos, considerando duas categorias
(Tabela 12): frutos sem indícios de toxidez (escore médio igual a 5 e ausência de
indícios na literatura); e frutos com indícios de toxidez (escore médio inferior a 5,
mais de um relato de produtor entrevistado ou suspeita de toxidez com base na
literatura).

Tabela 12. Critérios e escores para a característica potencial tóxico dos frutos.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Não existem
Existem indício
Potencial tóxico dos frutos - - - indício de
de toxidez
toxidez

No estudo conduzido na Amazônia Ocidental, somente um produtor indicou


haver indícios de toxidez nos frutos da seringueira (Hevea brasiliensis) e do mulungu-
-duro (Ormosia nobilis). A revisão de literatura não revelou nenhum indício de toxidez
para essas espécies ou espécies congêneres. Além disso, no Acre, existem diversas
pastagens estabelecidas em seringais de cultivo abandonados e nunca houve relato de
intoxicação de bovinos nesses lugares. Já o relato de toxidez dos frutos da timbaúba
(Enterolobium barnebianum), em Rondônia, foi averiguado e encontrou-se respaldo
na literatura, já que várias espécies do gênero Enterolobium (E. contortisiliquum, E.
gummiferum e E. timbouva) produzem frutos comprovadamente tóxicos para bovinos
(BONEL-RAPOSO et al., 2008; COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-CORREA, 2000;
MENDONÇA et al., 2009). Por isso, os frutos da timbaúba e da timbaúba-gigante
(Enterolobium maximum) foram classificados como suspeitos de serem tóxicos para
bovinos, pelo menos até que estudos comprovem a segurança dos frutos dessas duas
espécies para alimentação de bovinos.

Velocidade de crescimento
A classificação das espécies com relação à velocidade de crescimento deve
ser feita, prioritariamente, com base em revisão de literatura sobre o incremento
80 Guia arbopasto

médio anual em altura (IMA-h) da espécie em plantios florestais ou agroflores-


tais, considerando-se o maior valor de IMA-h encontrado como o melhor indi-
cador existente do potencial de crescimento em altura da espécie. As espécies
são, então, classificadas quanto à velocidade de crescimento, considerando-se
as seguintes categorias: lento, IMA-h de até 0,7 m ano-1; moderado, IMA-h entre
0,71 m ano-1 e 1,4 m ano-1; rápido, entre 1,41 m ano-1 e 2,0 m ano-1; muito rápido,
superior a 2,0 m ano-1 (Tabela 13). Esses critérios de classificação da velocidade de
crescimento das espécies foram definidos em uma reunião técnica da equipe do
projeto, tendo como base o estudo de Meneses Filho et al. (1995).

Tabela 13. Critérios e escores para a característica velocidade de crescimento.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Muito
Velocidade de crescimento - Lento Moderado Rápido
rápido

Infelizmente, ainda existe carência de informações sobre a velocidade de


crescimento para muitas espécies nativas, razão pela qual se faz necessário buscar
outras fontes de informações para permitir a classificação precisa. Uma alternativa
adotada nesse estudo feito na Amazônia Ocidental para as espécies sem informa-
ções na literatura sobre o IMA-h em plantios florestais ou agroflorestais (37% das
espécies estudadas), foi entrevistar os produtores rurais locais, indagando-os sobre
a sua percepção a respeito da velocidade de crescimento da espécie, utilizando a
ficha de campo apresentada no Anexo III, com as respostas classificadas em: baixa,
escore 1; média, escore 3; rápida, escore 5. O resultado do escore médio obtido
para a espécie foi então confrontado com os valores de IMA-h encontrados na lite-
ratura para espécies congêneres, e então a espécie foi classificada subjetivamente
em uma das quatro categorias descritas na Tabela 13. Essa classificação foi tida
como a melhor informação existente para a espécie, considerando-se o estágio
atual de conhecimento sobre seu comportamento em sistemas silvipastoris.

Valor comercial da madeira


A classificação das espécies arbóreas quanto ao valor comercial da madeira
deve levar em consideração duas fontes de informação: a) levantamento de preços
da madeira das espécies nas indústrias da região; e b) revisão de literatura sobre a
qualidade e usos da madeira da espécie. Pode acontecer de uma espécie produzir
madeira de elevada qualidade e uso considerado nobre, porém, as indústrias locais
não possuírem cotação de preços por sua pouca disponibilidade. Nesses casos, a
equipe do projeto deve classificar a espécie considerando seu valor comercial po-
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 81

tencial. As espécies são então classificadas quanto ao valor comercial da madeira,


considerando-se as seguintes categorias (Tabela 14): nenhum, espécies que não
produzem madeira (palmeiras) ou a madeira produzida possui baixa qualidade
e pequeno potencial de aproveitamento; baixo, espécies que produzem madeira
de média a baixa qualidade e pouco valorizada no mercado; moderado, espécies
com madeira de boa qualidade e valorizada no mercado; alto, espécies que pro-
duzem madeira de excelente qualidade, atingindo elevada cotação de preços no
mercado. Como essa classificação considera o valor comercial relativo da madeira,
recomenda-se que seja feita de forma consensual, em uma reunião técnica com os
membros do projeto e outras pessoas convidadas por seu conhecimento sobre o
mercado de madeira de espécies nativas na região.

Tabela 14. Critérios e escores para a característica valor comercial da madeira.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Valor comercial da madeira - Nenhum Baixo Moderado Alto

Produtos não madeireiros


A partir de revisão de literatura e de entrevistas com produtores rurais, as
espécies devem ser classificadas com relação à sua capacidade de produzir pelo
menos um produto não madeireiro com valor comercial atual (Tabela 15). Para essa
classificação, não devem ser considerados produtos que já tiveram valor comercial
no passado, mas que atualmente não são mais demandados pelo mercado. Um
exemplo é a paina, uma fibra natural produzida por espécies do gênero Ceiba, que
no passado era comercializada para a confecção de travesseiros e atualmente foi
substituída por fibras sintéticas.
As sementes florestais também não devem ser consideradas como possíveis
produtos não madeireiros, pois, embora representem opções de renda com o uso
de sistemas silvipastoris, considera-se que para toda espécie florestal com poten-
cial de uso em sistemas silvipastoris, ou em florestas plantadas, haveria mercado
potencial para sua semente.

Tabela 15. Critérios e escores para a característica produtos não madeireiros com valor comer-
cial.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Produtos não madeireiros Pelo
Nenhum - - -
com valor comercial menos um
82 Guia arbopasto

É importante salientar que algumas das espécies avaliadas originam produtos


não madeireiros, porém, como não se observou na região de estudo estruturas de
mercado definidas ou tecnologias disponíveis para manejo, essas foram classifica-
das como sem valor comercial, embora haja a documentação da geração de renda
em pequena escala e serviços ambientais em outros tipos de sistemas agroflorestais.

Produção de mudas
As espécies devem ser classificadas quanto à facilidade de produção de
mudas, prioritariamente, com base em entrevistas com viveiristas que possuam
experiência com espécies florestais nativas da região. Para as espécies pouco co-
nhecidas dos viveiristas entrevistados, a classificação pode levar em consideração
as informações existentes na literatura para a espécie ou, em último caso, para
espécies congêneres. Cada viveirista entrevistado é indagado sobre o grau de difi-
culdade para produzir mudas da espécie, com as respostas classificadas em: fácil,
escore 5; regular, escore 3; e difícil, escore 1. Durante as entrevistas, os viveiristas
devem ser orientados a classificar a produção de mudas da espécie considerando
os seguintes aspectos: disponibilidade de sementes, dificuldade para quebra de
dormência, dificuldade para retirada das sementes dos frutos, sementes recalci-
trantes, sensibilidade das mudas ao excesso de água no viveiro e suscetibilidade
ao ataque de pragas (insetos e roedores) e doenças no viveiro. Posteriormente, as
espécies são classificadas quanto à produção de mudas, com base no escore médio
obtido das entrevistas (Tabela 16): difícil (escore médio até 2,34); regular (2,35 a
3,67); e fácil (superior a 3,67).

Tabela 16. Critérios e escores para a característica produção de mudas.

Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Produção de mudas Difícil - Regular - Fácil

Índice de Seleção Arbórea (ISA)

Conforme discutido anteriormente, na seleção de espécies arbóreas para uso


em sistemas silvipastoris, não basta apenas identificar as características importantes
e classificar as espécies. É necessário também encontrar uma maneira objetiva de
ordená-las com base no seu grau de aptidão de uso em uma determinada moda-
lidade de sistema silvipastoril. Uma forma de fazer isso é definindo a importância
relativa de cada característica para a seleção.
No estudo conduzido na Amazônia Ocidental, a importância relativa de cada
uma das 15 características avaliadas foi definida de forma consensual em uma
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 83

reunião técnica com os membros da equipe do projeto, considerando a seleção


de espécies arbóreas nativas para arborização de pastagens, com foco nos serviços
múltiplos proporcionados pelas árvores na atividade pecuária (Figura 7).

Figura 7. Peso de cada característica, conforme sua importância relativa para a seleção de
árvores visando o fornecimento de serviços múltiplos em pastagens arborizadas.

Para essa modalidade de sistema silvipastoril, foram consideradas prioritárias


as características silviculturais e ecológicas da espécie (velocidade de crescimento,
facilidade de produção de mudas e capacidade de regeneração natural em pas-
tagens) e aquelas relacionadas com a interferência das árvores no crescimento
do pasto (fixação biológica de N, forma e densidade da copa e interferência na
cobertura do solo sob a copa). O potencial tóxico dos frutos também foi conside-
rado muito importante. Juntas, essas oito características receberam quase 80% da
pontuação máxima atribuída ao conjunto.
Também foi definida a importância relativa de cada uma das 15 caracterís-
ticas para a seleção de espécies arbóreas nativas visando à produção comercial
de madeira em sistemas silvipastoris (Figura 8). Para essa modalidade de sistema
silvipastoril, quatro características foram consideradas como as mais importantes
(valor comercial da madeira, velocidade de crescimento, qualidade do fuste e fa-
cilidade de produção de mudas), recebendo 50% da pontuação máxima atribuída
ao conjunto.
84 Guia arbopasto

Figura 8. Peso de cada característica conforme sua importância relativa para a seleção de árvo-
res visando a produção comercial de madeira em sistemas silvipastoris.

A partir dos escores atribuídos a cada uma das 51 espécies arbóreas estuda-
das, conforme sua classificação nas 15 características de interesse (Tabelas 2 a 16),
e da definição da importância relativa de cada característica para fornecimento de
serviços múltiplos (Figura 7) ou para produção de madeira (Figura 8), foi possível
desenvolver um modelo matemático para estimar o Índice de Seleção Arbórea (ISA)
de cada espécie. A fórmula geral para calcular esse índice é a seguinte:

Em que:
ISA = Índice de seleção arbórea para uma determinada modalidade de siste-
ma silvipastoril ou agrossilvipastoril.
Xe = Escore final (e) atribuído à espécie para uma dada característica (X).
Xp = Peso (p) de uma dada característica (X) para o índice, conforme sua
importância relativa.
C = Constante igual a 100, para que os valores obedeçam à escala de valores
entre 1 e 5.
A aplicação desse modelo no estudo conduzido na Amazônia Ocidental ge-
rou a seguinte equação:
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 85

ISA = [(FNe x FNp) + (PAe x PAp) + (FCe x FCp) + (DCex DCp) + (QFe x QFp)
+ (PRe x PRp) + (IPe x IPp) + (RNe x RNp) + (RFe x RFp) + (PFe x PFp) + (PTe
x PTp) + (VCe x VCp) + (VMe x VMp) + (NMe x NMp) + (PMe x PMp)] / 100
Em que:
FN, PA, FC, DC, QF, PR, IP, RN, RF, PF, PT, VC, VM, NM, PM = Códigos para
as características fixação de nitrogênio, porte das árvores, forma da copa, densidade
da copa, qualidade do fuste, presença de raízes superficiais, interferência no pasto,
regeneração natural, tolerância ao fogo, potencial forrageiro dos frutos, potencial
tóxico dos frutos, velocidade de crescimento, valor comercial da madeira, produtos
não madeireiros e produção de mudas, respectivamente.
A estimativa dos valores do Índice de Seleção Arbórea (ISA) para cada es-
pécie possibilita o ranqueamento dessas com base no seu grau de aptidão para
fornecimento de serviços múltiplos ou para produção de madeira. No Capítulo
4, são apresentados e discutidos os resultados do ranqueamento das 51 espécies
arbóreas estudadas para duas modalidades de sistemas silvipastoris: pastagens
arborizadas com foco em serviços múltiplos (ISA-serviço) ou sistemas silvipastoris
com produção comercial de madeira (ISA-madeira). Entretanto, uma vez obtida a
classificação das espécies com relação às características de interesse, é possível o
desenvolvimento de modelos matemáticos específicos visando ao ranqueamento
das espécies conforme os objetivos do produtor rural ou a modalidade de sistema
silvipastoril escolhida. Para isso, é necessário apenas definir o conjunto de carac-
terísticas a serem incluídas no modelo e a importância relativa de cada uma delas.
Uma das finalidades da aplicação desse tipo de modelo é a identificação de
ideótipos de árvores para sistemas silvipastoris. O ideótipo é um modelo conceitual
de um tipo de planta com características mais apropriadas para uma determinada
modalidade de sistema silvipastoril, com base em sua forma e função (WOOD;
BURLEY, 1991). A definição de um ideótipo de árvore tem sido apontada como
uma informação básica importante para a avaliação das espécies atualmente
disponíveis, auxiliando na domesticação e melhoramento genético das espécies
florestais para sistemas silvipastoris (LEAKEY; PAGE, 2006; WOOD; BURLEY,
1991). Entretanto, a definição de um ideótipo de árvore para sistemas silvipastoris
é bem mais complexa do que para plantios florestais. Nos sistemas silvipastoris, as
árvores deverão crescer em associação com outras plantas (forrageiras e/ou cereais)
e animais, havendo a necessidade de minimizar interferências negativas entre os
componentes. Em função disso, a definição de ideótipos para esses sistemas precisa
considerar um conjunto bem mais amplo de atributos e características das árvores
(HUXLEY, 1999; WOOD; BURLEY, 1991).
A aplicação dos modelos ISA-serviço e ISA-madeira não identificou nenhu-
ma “espécie nota dez” entre as 51 avaliadas na Amazônia Ocidental. Entretanto,
conforme será discutido no Capítulo 4, mostrou que o bordão-de-velho (Samanea
86 Guia arbopasto

tubulosa) e o parapará (Jacaranda copaia) seriam as espécies mais próximas dos


ideótipos para as duas modalidades de sistemas silvipastoris consideradas, respec-
tivamente.

Considerações finais
O método de seleção de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris
descrito nesse capítulo mostrou-se efetivo e prático para a identificação, caracteri-
zação, classificação e ranqueamento de 51 espécies arbóreas nativas da Amazônia
Ocidental brasileira (Capítulo 4) e apresenta carácter inovador em relação aos
métodos normalmente utilizados para esse fim porque considera critérios objetivos
e atributos fáceis e rápidos de serem avaliados. Como não envolve o plantio de ár-
vores em áreas experimentais, os recursos humanos e financeiros necessários para
sua aplicação e uso são menores. Isso também implica num levantamento mais
rápido das informações necessárias tanto para estudos exploratórios quanto para
o desenvolvimento de ferramentas de auxílio de manejo de sistemas integrados
de produção que incluem o componente arbóreo. Dessa forma, essa metodologia
pode ser facilmente replicada, considerando outras espécies arbóreas nativas em
diferentes regiões geográficas, as quais apresentam uma infinidade de espécies
muitas vezes pouco conhecidas e estudadas, mas que podem apresentar um po-
tencial para uso não só no setor pecuário, mas também industrial e da construção.
O Brasil possui uma ampla e variada biodiversidade florestal, cabe a pesqui-
sadores, técnicos e produtores aprenderem a explorar racionalmente e de maneira
eficiente essa gama de possibilidades em cada região. A exploração irracional e de
forma aleatória devido à falta de conhecimento sobre o manejo e uso adequado de
uma determinada espécie podem colocá-la em risco devido a sua vulnerabilidade
de conservação genética in situ. Tal desconhecimento, de certa forma, impede a
exploração das reais potencialidades da vegetação nativa.
Dessa forma, as informações levantadas pela metodologia descrita abrem um
leque de possibilidades, que vão desde a inovação ao uso até o aprendizado da
maneira mais adequada de manejo de espécies arbóreas já conhecidas ou pouco
estudadas. Além disso, também auxiliam na identificação de lacunas do conhe-
cimento para desenvolvimento de projetos científicos visando ampliar a gama de
informações sobre uma espécie ou grupos de espécies arbóreas nativas. No estudo
feito na Amazônia Ocidental, ficou evidente a necessidade de mais pesquisas
científicas em busca de informações sobre a suscetibilidade das espécies arbóreas
quanto ao ataque de pragas e doenças, sobre o potencial tóxico e forrageiro dos
frutos produzidos, bem como sobre a velocidade de crescimento das espécies ar-
bóreas consideradas. No caso específico das espécies Simaba paraensis, Rauvolfia
praecox, Swartzia acreana e Swartzia jorori, ainda faltam estudos básicos sobre os
aspectos silviculturais e ecológicos das mesmas.
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 87

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Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 89

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90 Guia arbopasto

ANEXO I
Ficha para levantamento de informações sobre a árvore

Nome (s) do avaliador (es): Data:


Nome comum:
No da pastagem: No espécie: No árvore: Ponto GPS:

Forma da Copa ( ) Coluniforme ( ) Cônica ( ) Elíptica vertical


( ) Umbeliforme ( ) Caliciforme ( ) Globosa
( ) Caliciforme ( ) Palmeira ( ) Elíptica horizontal
Densidade da copa ( ) Rala ( ) Pouco densa ( ) Densa ( ) Muito densa
Altura (m) Total: Fuste: Copa:
Diâmetro copa (m) Raio 1: Raio 2:
Circunferência a altura do peito – CAP (cm):
Estádio fenológico ( ) Floração ( ) Frutos ( ) Estéril ( ) Com perda
maduros folhas
Cobertura do solo ( ) 0–20 ( ) 21–40 ( ) 41–60
sob a copa (%)
( ) 61–80 ( ) 81–100
Presença de ( ) Nenhuma ( ) Poucas ( ) Muitas
raízes superficiais
expostas
Regeneração ( ) Nenhuma (0) ( ) Baixa (1 a 5)
natural (no de ( ) Média (6 a 20) ( ) Alta (+ de 20)
indivíduos no raio
de 100 m)
Característica do ( ) Único ( ) Bifurcado ( ) Múltiplo
tronco
Observações:
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 91

ANEXO II
Ficha para levantamento de informações sobre as pastagens

Nome (s) do avaliador (es): Data:


Nome do produtor:
Nome da Propriedade: Ponto GPS:
Endereço: Município/Estado:
Área propriedade (ha): Área de pastagem (ha):

Pastagem 1 2 3
Gramíneas plantadas
Área (ha)
Idade (anos)
Uso anterior da área1
Taxa de lotação (UA/ha)
No de queimadas/ano
No de roçadas/ano
Aplica herbicida? Qual?
Gramíneas (%)
Leguminosas (%)
Plantas daninhas (%)
Grau de degradação2
Altura do pasto (cm)
Vigor do pasto3
Árvore/ha
1
MN = Mata nativa; CP = Capoeira; LV = Lavoura; PD = Pastagem degradada
2
P = Produtiva (até 10% de invasoras); DL = Degradação leve (11–35% de invasoras); DM = Degradação
moderada (36–60% de invasoras); DA = Degradação avançada (mais de 60% de invasoras)
3
Péssimo = 1; Ruim = 2; Regular = 3; Bom = 4; Excelente = 5
92 Guia arbopasto

ANEXO III
Questionário para entrevista dos produtores

Nome do entrevistador: Data:


Nome comum da árvore:
No da pastagem: No espécie: No árvore: Ponto GPS:

1. Os animais comem os frutos? ( ) sim ( ) Não


2. Verificou-se algum evento de ( ) sim ( ) Não
intoxicação de animais após con-
sumirem os frutos?
3. Os frutos são comercializados? ( ) sim ( ) Não
4. Idade árvore (anos):
5. A árvore demora para crescer?
6. A árvore se dissemina muito rápido na pastagem? Pode se tornar uma
invasora?
7. A árvore tolera o fogo? Se, sim: ( ) Muito ( ) Médio ( ) Pouco
8. Os animais comem folhas ou ramos?
9. A espécie perde folhas? Se sim, qual época?
10. A madeira é boa? Se sim, qual o uso da mesma?
11. A árvore é atacada por alguma praga ou doença?
Observações:
Capítulo 4

Guia de espécies

Carlos Mauricio Soares de Andrade


Ana Karina Dias Salman
Michelliny de Matos Bentes Gama
Renan Suaiden Parmejiani
Luis Cláudio de Oliveira
Tadário Kamel de Oliveira
Dayanne Cristyne de Souza Moura
Giovana Fiorela Zamora López
José Marlo Araújo de Azevedo
Rean Augusto Zaninetti
Wesley José Pontes Pereira
Capítulo 4 – Guia de espécies 95

Uma das etapas mais importantes no planejamento da arborização de pas-


tagens, ou de qualquer outra modalidade de sistema silvipastoril, é a escolha das
espécies arbóreas a serem utilizadas. A natureza perene das árvores implica num
investimento com longo prazo para obtenção dos retornos esperados, de modo que
o erro na escolha do componente arbóreo pode resultar em frustrações e prejuízos
econômicos muito grandes. Nessa escolha, devem ser levados em consideração
pelo menos três fatores: a) os objetivos do produtor com o sistema silvipastoril; b) a
modalidade do sistema a ser implantado; e c) a biologia e silvicultura das espécies
arbóreas disponíveis (HUXLEY, 1999).
Alguns pecuaristas podem querer arborizar suas pastagens apenas visando os
serviços ambientais que as árvores podem proporcionar, tais como o provimento
de sombra para aliviar o estresse térmico dos animais, a fixação de nitrogênio e o
enriquecimento do solo da pastagem. Outros produtores podem estar interessados
em recompor áreas de reserva legal ou recuperar as de preservação permanente na
propriedade, ou mesmo em obter uma renda adicional com a comercialização de
créditos de carbono. A finalidade da arborização da pastagem pode ser também a
produção de madeira para uso futuro em construções rurais na propriedade, tais
como cercas, currais, moradias, etc. Outro objetivo seria o de produzir madeira
comercialmente para atender diferentes mercados, tais como energia, papel e ce-
lulose, madeira laminada ou movelaria de luxo. Enfim, é preciso definir o que se
espera do componente arbóreo para que então seja possível escolher as espécies
mais apropriadas dentre as opções disponíveis.
A pesquisa com espécies arbóreas para uso em sistemas agroflorestais em
regiões tropicais já identificou um número enorme de espécies potenciais, tanto
exóticas quanto nativas. Por exemplo, na Costa Rica, o Catie (Centro Agronómico
Tropical de Investigación y Enseñanza) publicou, em 2003, um livro com infor-
mações sobre 199 árvores nativas da América Central, selecionadas com base na
preferência dos produtores da região (CORDERO; BOSHIER, 2003). Já o World
Agroforestry Centre (Icraf) dispõe atualmente de uma base de dados mundial (Agro-
96 Guia arbopasto

forestree Database), com informações sobre mais de 500 espécies arbóreas (ICRAF,
2012). No Brasil, existem diversas publicações sugerindo espécies apropriadas
para uso em sistemas silvipastoris. Como exemplos, podemos citar o trabalho de
Pott e Pott (2003), sugerindo 116 espécies lenhosas nativas com potencial de uso
em sistemas agroflorestais em Mato Grosso do Sul; a publicação de Carvalho et al.
(2001), descrevendo as características de algumas leguminosas arbóreas, nativas
e exóticas, com potencial para arborização de pastagens na região Sudeste; e o
trabalho de Franke (1999), que identificou 139 espécies arbóreas promissoras para
uso em sistemas silvipastoris no Acre.
Embora a existência de grande quantidade de espécies arbóreas indicadas
para sistemas silvipastoris confirme a biodiversidade florestal brasileira e demonstre
o grande esforço já despendido para avaliação e seleção do germoplasma florestal,
ainda é um grande desafio para produtores e extensionistas a escolha das espécies
arbóreas mais adequadas para cada situação. Geralmente, essa escolha tem sido
feita de forma empírica e, em alguns casos, leva em consideração apenas a dispo-
nibilidade de sementes ou mudas das árvores.
Para minimizar esse desafio, tem sido proposto que as espécies arbóreas
disponíveis deveriam ser classificadas com base em seus atributos biológicos,
permitindo o agrupamento de espécies com características adequadas para situ-
ações práticas específicas (HUXLEY, 1999). De acordo com Huxley (1999), não
basta classificar as espécies arbóreas somente com base nos seus usos potenciais,
adaptação edafoclimática e outros atributos gerais, tais como forma da planta e ve-
locidade de crescimento. Atributos mais específicos, relacionados com a maneira
como as árvores interagem com os demais componentes do sistema (p. ex. solo,
plantas forrageiras e animais) também são importantes, tendo em vista a necessi-
dade de minimizar interações negativas e maximizar a complementaridade entre
os componentes de qualquer sistema integrado, como são os sistemas silvipastoris.
Pensando nisso, as 51 espécies arbóreas descritas nesta obra foram classi-
ficadas com base em 15 características consideradas relevantes para o seu uso
em sistemas silvipastoris. Essas características estão relacionadas com atributos
silviculturais e ecológicos da espécie (facilidade de produção de mudas, veloci-
dade de crescimento, tolerância ao fogo e capacidade de regeneração natural em
pastagens), com a influência das árvores no crescimento do pasto (fixação bioló-
gica de nitrogênio, porte da planta, forma e densidade da copa, e interferência
na cobertura do solo sob a copa), com o aproveitamento de produtos das árvores
(qualidade do fuste, valor comercial da madeira e de produtos não madeireiros e
potencial forrageiro dos frutos) e com o bem-estar animal (abundância de raízes
superficiais sob a copa e potencial tóxico dos frutos). Isso permite que se escolham
as espécies apropriadas para atender a demandas específicas de cada produtor
rural interessado em implantar sistemas silvipastoris.
A partir dessa classificação, foram desenvolvidos dois modelos matemáticos
(descritos no Capítulo 3) visando ao ranqueamento das 51 espécies arbóreas, com
base na sua maior ou menor aptidão de uso em duas modalidades de sistemas silvi-
Capítulo 4 – Guia de espécies 97

pastoris: 1) pastagens arborizadas com foco nos serviços múltiplos proporcionados


pelas árvores; e 2) sistema silvipastoril com foco na obtenção de renda adicional,
por meio da comercialização de madeira para diversas finalidades. Esses modelos
levaram em consideração a importância relativa de cada uma das 15 características
para as duas modalidades de sistemas silvipastoris. O ranqueamento estabelecido
a partir desses dois modelos não tem por objetivo indicar de forma definitiva as
melhores espécies a serem utilizadas em cada caso. A intenção é demonstrar um
método com critérios objetivos para selecionar espécies florestais para diferentes
tipos de sistemas silvipastoris. Além disso, é também uma ferramenta para que
as instituições de pesquisa possam priorizar as espécies que merecem aprofunda-
mento dos estudos silviculturais, domesticação (LEAKEY; TOMICH, 1999) e me-
lhoramento genético, visando ao seu melhor aproveitamento. Os modelos servem
também para a identificação de ideótipos (tipos “ideais” de plantas, com base em
sua forma ou função), uma ferramenta útil para visualizar e conceitualizar o modo
de combinar em uma planta atributos desejáveis específicos, visíveis e invisíveis,
auxiliando na domesticação e melhoramento genético das espécies florestais para
sistemas silvipastoris (LEAKEY; PAGE, 2006).
Portanto, este capítulo foi estruturado para servir como um guia para a identifi-
cação e escolha de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris. Inicialmente,
são apresentadas algumas informações gerais sobre o conjunto de espécies estudadas.
Em seguida, é apresentada a classificação e o ranqueamento dessas espécies, além da
indicação da densidade arbórea máxima de cada espécie para arborização de pas-
tagens. Por fim, é feita a descrição de cada uma das 51 espécies arbóreas, incluindo
fotografias e descrição morfológica visando sua correta identificação.

Informações gerais sobre as espécies


Apesar das 51 espécies apresentadas neste livro terem sido selecionadas em
pastagens cultivadas no Acre e em Rondônia, apenas nove espécies são de ocor-
rência natural restrita aos estados da região Norte do Brasil (Simaba paraensis, Ma-
chaerium tortipes, Rauvolfia praecox, Calycophyllum spruceanum, Astrocaryum
ulei, Platypodium elegans subsp. maxonianum, Geissospermum reticulatum, Ceiba
lupuna e Enterolobium barnebianum). As demais espécies também são encontra-
das em outras regiões do Brasil, com destaque para o Centro-Oeste e o Nordeste
(Figura 1), especialmente em Mato Grosso e no Maranhão, que possuem parte do
seu território no bioma Amazônia. Além disso, nove espécies ocorrem em todas as
regiões do Brasil (Andira inermis, Cedrela fissilis, Apuleia leiocarpa, Lonchocarpus
cultratus, Albizia niopoides, Handroanthus serratifolius, Machaerium hirtum, Ge-
nipa americana e Maclura tictoria).
Em função disso, as informações apresentadas nessa obra são úteis também
para produtores rurais, extensionistas, estudantes e pesquisadores de todo o Brasil, e
98 Guia arbopasto

Figura 1.Distribuição geográfica da ocorrência natural das 51 espécies arbóreas estudadas nas
diferentes regiões do Brasil.

também de alguns países da América Latina, em especial a Bolívia, o Peru, o Equador


e a Colômbia, que possuem grande parte dos seus territórios no bioma Amazônia e
apresentam flora muito parecida com a dos estados do Acre e de Rondônia. Exemplo
disso é o estudo conduzido, no Rio de Janeiro, por Souto et al. (2003), que indicou
10 espécies arbóreas para uso na arborização de pastagens no estado, sendo que
três espécies estão entre as descritas na presente obra (Apuleia leiocarpa, Machae-
rium hirtum e Platypodium elegans) e outras três são espécies congêneres (Albizia
polycephala, Handroanthus chrysotrichus e Handroanthus ochraceus). Obviamente,
para as regiões localizadas nos demais biomas do Brasil, deve ser considerado que
o grupo de espécies aqui descrito é menos representativo das espécies nativas com
maior potencial para uso em sistemas silvipastoris. Para essas regiões, espera-se que
esse livro sirva de estímulo para a realização de trabalhos semelhantes, utilizando a
metodologia descrita no Capítulo 3.
As 51 espécies arbóreas nativas descritas nesta obra estão entre as mais
encontradas em ecossistemas de pastagens cultivadas nos estados do Acre e de
Rondônia, um indicativo da sua aptidão natural para se estabelecer e desenvolver
nesse tipo de ambiente. Poucas espécies nativas da região, comuns em ecossistemas
de pastagens e com potencial para uso em sistemas silvipastoris, ficaram de fora
dessa relação. Essas, geralmente, são plantas congêneres de algumas das espécies
descritas no livro, porém, encontradas em menor frequência. Como exemplos,
podemos citar o jaci (Attalea butyracea), uma palmeira frequente em pastagens
no Acre e muito parecida com o uricuri (Attalea princeps), e algumas espécies
dos gêneros Ormosia, Inga e Zanthoxylum. Entretanto, dada a riqueza da flora da
região e a carência de estudos silviculturais sobre suas espécies arbóreas, é muito
provável que existam outras também apropriadas para arborização de pastagens
além das apresentadas neste livro.
Capítulo 4 – Guia de espécies 99

Uma característica comum à maioria das espécies estudadas é a sua classifi-


cação quanto ao grupo sucessional como plantas pioneiras (p. ex. Stryphnodendron
pulcherrimum e Schizolobium parahyba var. amazonicum) ou secundárias (p. ex.
Spondias mombin e Enterolobium schomburgkii), características dos estágios iniciais
de sucessão da floresta tropical, e geralmente exigentes em luz e de rápido cresci-
mento. Isso explica a predominância dessas espécies entre as árvores de ocorrência
espontânea nas pastagens cultivadas da região. Essas árvores geralmente se estabele-
cem logo após a conversão da floresta em pastagem, a partir do banco de sementes do
solo e de brotações de tocos e raízes de árvores cortadas (VIEIRA; PROCTOR, 2007).
A queima da biomassa da floresta para a “limpeza” da área, visando à semea-
dura das espécies forrageiras, estimula a germinação das sementes dessas espécies
e libera nutrientes minerais no solo, que favorecem o crescimento tanto das forra-
geiras plantadas quanto das espécies florestais.
A maior ou menor presença de árvores nessas pastagens é resultado das ações
de manejo (queimadas, roçagem mecânica, uso de herbicidas, etc.), implementadas
nos primeiros anos após sua formação, bem como do grau de conscientização de
cada pecuarista sobre a importância de se manter árvores no local. Geralmente, em
pastagens já estabelecidas, produtivas e bem manejadas, as oportunidades para o
estabelecimento de espécies arbóreas a partir da regeneração natural são bastante
reduzidas, principalmente por causa da competição das forrageiras e dos danos
causados pelo pastejo e pisoteio do gado.
As leguminosas arbóreas, pertencentes à família botânica Fabaceae, represen-
tam 45% das espécies descritas nesta obra, com maior participação das subfamílias
Faboideae (11 espécies) e Mimosoideae (9 espécies), quando comparadas com a
Caesalpinioideae (3 espécies). Fabaceae é a terceira maior família de plantas, com
distribuição cosmopolita, incluindo 727 gêneros e 19.327 espécies. Em importância
econômica, é superada apenas pelas gramíneas (a família dos capins, da cana-de-
açúcar e dos cereais). Espécies de leguminosas são encontradas em praticamente
todos os ambientes terrestres e variam desde pequenas ervas efêmeras e anuais até
árvores emergentes em florestas tropicais úmidas, como a Dinizia excelsa, reputada
como uma das maiores árvores do Brasil (QUEIRÓZ, 2009).
A segunda família mais representativa foi a Apocynaceae, com cinco espécies
(Aspidosperma ulei, Aspidosperma macrocarpon, Geissospermum reticulatum,
Himatanthus sucuuba e Rauvolfia praecox), e a terceira foi a Arecaceae, com
quatro espécies de palmeiras (Astrocaryum aculeatum, Astrocaryum ulei, Attalea
princeps e Attalea speciosa). As demais espécies pertencem às famílias Bigno-
niaceae (Handroanthus impetiginosus, Handroanthus serratifolius e Jacaranda
copaia), Malvaceae (Ceiba lupuna, Ceiba pentandra e Ceiba sumauma), Rubiaceae
(Calycophyllum spruceanum e Genipa americana), Boraginaceae (Cordia alliodo-
ra e Cordia bicolor), Anacardiaceae (Spondias mombin), Euphorbiaceae (Hevea
brasiliensis), Lauraceae (Mezilaurus itauba), Lecythidaceae (Bertholletia excelsa),
100 Guia arbopasto

Lythraceae (Physocalymma scaberrimum), Meliaceae (Cedrela fissilis), Moraceae


(Maclura tinctoria) e Rutaceae (Zanthoxylum riedelianum).

Classificação das espécies


As 51 espécies avaliadas foram classificadas de acordo com critérios e escores
estabelecidos para cada característica, conforme descrito em detalhes no Capítulo 3.
Para facilitar a interpretação do significado dessa classificação, nas Tabelas de 1 a 14,
cada classe foi associada a um escore visual, conforme a legenda abaixo:

Fixação biológica de nitrogênio

A capacidade de fixação biológica de nitrogênio (N) e, consequentemente,


de contribuir para o enriquecimento do solo do ecossistema da pastagem com esse
nutriente, é uma característica altamente desejável em uma espécie arbórea, espe-
cialmente quando utilizada para provimento de serviços múltiplos em pastagens.
A capacidade de estabelecer associação simbiótica com bactérias do gênero
Rhizobium, que formam nódulos nas raízes da maioria das espécies de leguminosas,
principalmente daquelas das subfamílias Faboideae e Mimosoideae, é a característica
mais importante dessa família de plantas (FRANCO; FARIA, 1997). Das 23 espécies
de leguminosas arbóreas estudadas, 17 são comprovadamente plantas fixadoras de
nitrogênio e seis não têm capacidade de se associar com rizóbios, sendo três da
subfamília Faboideae e as outras três, da subfamília Caesalpinioideae (Tabela 1).

Porte das árvores em pastagens

O conjunto de espécies avaliadas apresentou grande variação com relação


ao porte das árvores. A espécie de menor porte foi a ingá-peluda (Inga velutina),
com altura média de 5,8 m; a de maior porte, o paricá (Schizolobium parahyba var.
amazonicum), com média de 19,3 m (Figura 2). Entretanto, 72,5% das espécies
estudadas foram classificadas como árvores de porte médio, quando crescem isola-
das em pastagens cultivadas no sudoeste da Amazônia (Tabela 2).
Entre as sete espécies classificadas como de porte grande estão algumas das
maiores árvores da floresta amazônica, capazes de atingir altura total entre 40 m e
50 m, como o paricá, a sumaúma-barriguda (Ceiba lupuna) e a timbaúba-gigante
Capítulo 4 – Guia de espécies 101

Tabela 1. Relação de espécies classificadas com base em sua capacidade de fixação biológica
de nitrogênio (N).

Capacidade de fixação biológica de N Relação de espécies


Angelim-pedra Jacarandá-de-espinho
Angelim-rajado Japecanga
Baginha Jurema
Bordão-de-velho Mulungu-duro
Leguminosas nodulíferas Envira-piaca Mulungu-mole
Farinha-seca Pau-sangue-da-casca-fina
Fava-orelhinha Timbaúba
Ingá-peluda Timbaúba-gigante
Ingá-vermelha
Cerejeira Jatobá
Leguminosas não nodulíferas Cumaru-cetim Pau-sangue
Paricá Piranheira
Amarelão Marfim
Angelim-amarelo Moreira
Babaçu Mulateiro
Cajá Murmuru
Castanheira Parapará
Cedro-rosa Pereiro
Freijó-louro Quina-quina-amarela
Espécies não leguminosas Freijó-preto Seringueira
Ipê-amarelo Sucuúba
Ipê-roxo Sumaúma-barriguda
Itaúba Sumaúma-branca
Itaubarana- Sumaúma-preta
do-campo Tucumã
Jenipapo Uricuri
Limãozinho

Escala visual
Fonte: Allen e Allen (1981), Faria e Lima (1998), Faria et al. (1984, 1987, 2006), Moreira (1997), Moreira et al. (1992), Saur et al. (2000).

Enterolobium maximum). Outras sete espécies foram classificadas como de por-


te pequeno, embora algumas dessas possam atingir altura total superior a 30 m
quando crescem em ambiente de floresta, como o amarelão (Aspidosperma ulei), o
angelim-amarelo (Simaba paraensis) e a baginha (Stryphnodendron pulcherrimum).
Isso se deve, principalmente, à modificação da arquitetura da planta no ambiente
da pastagem, devido à ausência de competição por luz com árvores vizinhas.

Forma da copa em pastagens

As espécies arbóreas estudadas apresentam grande variação quanto ao formato


predominante da sua copa (Figura 3) quando crescem em ambiente de pastagem, com
a maioria delas classificadas como elíptica vertical, flabeliforme e globosa (Tabela 3).
Todas as espécies classificadas como flabeliforme e umbeliforme são legu-
minosas arbóreas. Em algumas espécies, tais como o amarelão, o angelim-pedra e
102 Guia arbopasto

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.

Figura 2. Árvores típicas de ingá-peluda e de paricá, crescendo isoladas em pastagens, repre-


sentando os extremos opostos com relação à característica porte das árvores.

Tabela 2. Relação de espécies classificadas com base no porte das árvores adultas em pasta-
gens cultivadas.
Porte da árvore(1) Relação de espécies
Farinha-seca Pau-sangue-da-casca-fina
Grande Paricá Sumaúma-barriguda
(mais de 15 m) Jatobá Timbaúba-gigante
Mulungu-mole
Angelim-pedra Japecanga
Angelim-rajado Jenipapo
Babaçu Jurema
Bordão-de-velho Limãozinho
Cajá Marfim
Castanheira Moreira
Cedro-rosa Mulateiro
Cerejeira Mulungu-duro
Cumaru-cetim Parapará
Médio
Envira-piaca Pau-sangue
(7,1 m a 15 m)
Fava-orelhinha Pereiro
Freijó-louro Piranheira
Freijó-preto Seringueira
Ingá-vermelha Sumaúma-branca
Ipê-amarelo Sumaúma-preta
Ipê-roxo Timbaúba
Itaúba Tucumã
Itaubarana-do-campo Uricuri
Jacarandá-de-espinho
Amarelão Murmuru
Pequeno Angelim-amarelo Quina-quina-amarela
(até 7 m) Baginha Sucuúba
Ingá-peluda
(1)
Com base na mediana das alturas totais das árvores avaliadas.

Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 103

Figura 3. Classes de forma da copa de árvores.


Fonte: Coelba (2002).

as palmeiras, essa característica é pouco variável. Em outras, como o ipê-amarelo,


a forma da copa apresenta enorme variação de uma árvore para outra, por isso, a
classificação apresentada se baseia na forma encontrada com maior frequência.
O formato da copa, juntamente com sua densidade e a altura de sua base, é
uma característica determinante da interferência da árvore na disponibilidade de
luz para o pasto crescendo sob sua influência. As copas com formato flabeliforme
(forma de leque) e colunar são as mais desejáveis para a arborização de pastagens.

Densidade da copa

Mais de 82% das espécies arbóreas estudadas apresentam copas pouco den-
sas ou ralas (Tabela 4), características desejáveis para uso em sistemas silvipastoris.
Uma particularidade das nove espécies classificadas com copas densas ou muito
104 Guia arbopasto

Tabela 3. Relação de espécies classificadas com base na forma da copa predominante em pas-
tagens cultivadas.

Forma da copa Relação de espécies


Castanheira Marfim
Cedro-rosa Mulateiro
Freijó-louro Pereiro
Freijó-preto Piranheira
Ipê-roxo Quina-quina-amarela
Elíptica vertical
Itaúba Seringueira
Itaubarana-do-campo Sucuúba
Jacarandá-de-espinho Sumaúma-barriguda
Japecanga Sumaúma-branca
Jenipapo Sumaúma-preta
Bordão-de-velho
Paricá
Farinha-seca
Jatobá
Flabeliforme Cerejeira
Pau-sangue-da- casca-fina
Cumaru-cetim
Timbaúba-gigante
Fava-orelhinha
Angelim-amarelo
Limãozinho
Angelim-pedra
Mulungu-duro
Globosa Angelim-rajado
Parapará
Envira-piaca
Pau-sangue
Ingá-vermelha
Baginha Jurema
Umbeliforme
Ingá-peluda Timbaúba
Babaçu Tucumã
Palmeira
Murmuru Uricuri

Colunar Ipê-amarelo Mulungu-mole

Caliciforme Cajá

Cônica Amarelão

Elíptica horizontal Moreira

Escala visual

densas foi que essas também apresentaram copas baixas, ou seja, com a distância
entre a base da copa e o nível do solo inferior a 3 m. Esse tipo de arquitetura
é indesejável para arborização de pastagens, pois tende a manter um ambiente
excessivamente úmido e pouco iluminado na área sob a copa da árvore, preju-
dicando o crescimento do pasto e podendo favorecer a ocorrência de problemas
sanitários diversos nos bovinos que frequentam essa sombra, especialmente em
regiões de clima chuvoso e com solos de baixa permeabilidade, como no Estado
do Acre. Essas árvores também exigem maior gasto de mão de obra para a poda nos
galhos inferiores, visando corrigir sua arquitetura de copa deficiente.
Capítulo 4 – Guia de espécies 105

Tabela 4. Relação de espécies classificadas com base na densidade da copa predominante em


pastagens cultivadas.

Densidade da copa Relação de espécies


Farinha-seca Jacarandá-de-espinho
Cerejeira Moreira
Rala Cumaru-cetim Mulateiro
Paricá Timbaúba-gigante
Freijó-preto Tucumã
Angelim-amarelo Jurema
Babaçu Limãozinho
Baginha Marfim
Bordão-de-velho Mulungu-mole
Cajá Murmuru
Castanheira Parapará
Cedro-rosa Pau-sangue
Fava-orelhinha Pau-sangue-da-casca-fina
Pouco densa
Freijó-louro Piranheira
Ingá-vermelha Seringueira
Ipê-amarelo Sucuúba
Ipê-roxo Sumaúma-barriguda
Itaubarana-do-campo Sumaúma-branca
Japecanga Sumaúma-preta
Jatobá Timbaúba
Jenipapo Uricuri
Amarelão
Mulungu-duro
Densa Envira-piaca
Pereiro
Itaúba
Angelim-pedra Ingá-peluda
Muito densa
Angelim-rajado Quina-quina-amarela

Escala visual

Do ponto de vista da arquitetura de copa, quatro espécies (farinha-seca, cumaru-


cetim, paricá e timbaúba-gigante) se destacaram por combinarem copa alta (base
da copa com altura superior a 5 m), rala e com formato flabeliforme (Figura 4).

Essas espécies podem ser consideradas como modelos de arquitetura de copa


favorável (ideótipos) para arborização de pastagens com o objetivo de provimento
de serviços múltiplos, por causarem baixo nível de competição por luz com o
pasto, ao mesmo tempo em que garantem fornecimento de sombra e amenização
do estresse térmico dos bovinos na sua área de projeção. A área média da copa
dessas espécies variou de 91,3 m2, no cumaru-cetim, a 216,6 m2, na farinha-seca.

Qualidade do fuste

Na seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris com o objetivo


de produzir madeira comercial, uma das características desejáveis é que a espécie
106 Guia arbopasto

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.

Farinha-seca Cumaru-cetim

Paricá Timbaúba-gigante

Figura 4. Espécies com arquitetura de copa perfeita para arborização de pastagem.


Capítulo 4 – Guia de espécies 107

produza um fuste retilíneo e bem desenvolvido, de preferência com boa desrama


natural (CARVALHO, 2010).
Oito espécies descritas nesta obra se destacaram por apresentar fuste bem
desenvolvido (mais de 6 m de comprimento) e com baixa ocorrência de caules
bifurcados ou múltiplos, mesmo crescendo isoladas em ambiente de pastagem
(Tabela 5). Com exceção da palmeira tucumã, todas as espécies classificadas com
fuste ótimo produzem madeira com valor comercial variando de médio a alto nos
mercados do Acre e de Rondônia (Tabela 12).

Tabela 5. Relação de espécies classificadas com base na qualidade do fuste das árvores em
pastagens cultivadas.

Qualidade do fuste Relação de espécies


Castanheira Parapará
Paricá Mulateiro
Ótimo
Freijó-preto Sumaúma-branca
Jatobá Tucumã
Amarelão Jenipapo
Babaçu Limãozinho
Bordão-de-velho Mulungu-mole
Cedro-rosa Murmuru
Cumaru-cetim Pau-sangue
Bom
Farinha-seca Pereiro
Freijó-louro Seringueira
Ipê-amarelo Sumaúma-barriguda
Ipê-roxo Sumaúma-preta
Jacarandá-de-espinho Uricuri
Cajá
Timbaúba-gigante
Regular Fava-orelhinha
Marfim
Itaubarana-do-campo
Angelim-amarelo Itaúba
Angelim-pedra Japecanga
Angelim-rajado Pau-sangue-da-casca-fina
Ruim
Baginha Piranheira
Cerejeira Sucuúba
Ingá-vermelha Timbaúba
Envira-piaca Moreira
Péssimo Ingá-peluda Mulungu-duro
Jurema Quina-quina-amarela

Escala visual

Presença de raízes superficiais sob a copa

As leguminosas arbóreas do gênero Enterolobium se destacaram pela elevada


quantidade de raízes superficiais expostas na área sob a copa, com destaque para a
fava-orelhinha e a timbaúba (Tabela 6). Esse é um fator negativo para o seu uso em
108 Guia arbopasto

Tabela 6. Relação de espécies classificadas com base na frequência de ocorrência de raízes


superficiais expostas sob a copa das árvores.

Frequência Relação de espécies


Amarelão
Jenipapo
Angelim-amarelo
Marfim
Babaçu
Mulateiro
Castanheira
Murmuru
Freijó-louro
Parapará
Muito baixa Ingá-peluda
Pau-sangue-da-casca-fina
Itaúba
Quina-quina-amarela
Itaubarana-do-campo
Sucuúba
Jacarandá-de-espinho
Tucumã
Japecanga
Uricuri
Jatobá
Baginha Ipê-amarelo
Farinha-seca Ipê-roxo
Cedro-rosa Limãozinho
Cerejeira Mulungu-duro
Baixa
Cumaru-cetim Pereiro
Envira-piaca Piranheira
Freijó-preto Seringueira
Ingá-vermelha Sumaúma-preta
Angelim-pedra Moreira
Angelim-rajado Mulungu-mole
Bordão-de-velho Pau-sangue
Moderada
Cajá Sumaúma-barriguda
Paricá Sumaúma-branca
Jurema Timbaúba-gigante
Alta Fava-orelhinha

Muito alta Timbaúba

Escala visual

sistemas silvipastoris, por prejudicar tanto a acomodação dos animais sob a copa das
árvores quanto as operações mecanizadas de preparo de solo, em caso de reforma
da pastagem ou integração com agricultura. Felizmente, mais de 72% das espécies
descritas apresentam ocorrência baixa ou muito baixa desse tipo de problema.

Interferência no pasto sob a copa

Uma característica desejável na arborização de pastagens é que o pasto con-


siga crescer bem e manter alto grau de cobertura do solo na área sob influência da
copa das árvores, de modo que não haja redução da área útil da pastagem e que se
estabeleça um ambiente de concorrência que iniba o surgimento e a proliferação de
plantas daninhas no local. Isso depende da interferência da árvore na disponibilidade
de luz, água e nutrientes para as plantas forrageiras, bem como da possível produção
de substâncias alelopáticas que possam inibir o crescimento dessas plantas.
Capítulo 4 – Guia de espécies 109

Para 94% das espécies apresentadas nesta obra, a interferência na cobertura


do solo sob a copa das árvores foi classificada como baixa ou muito baixa, e ne-
nhuma espécie causou interferência alta ou muito alta (Tabela 7). As três espécies
que causam maior interferência (angelim-pedra, angelim-rajado e ingá-peluda)
apresentam arquitetura desfavorável, com folhagem densa e copa baixa, promo-
vendo sombreamento excessivo ao pasto.
Tabela 7. Relação de espécies classificadas com base no grau de interferência na cobertura do
solo sob a copa das árvores.

Grau de interferência Relação de espécies


Amarelão
Jatobá
Babaçu
Jenipapo
Bordão-de-velho
Limãozinho
Cajá
Moreira
Farinha-seca
Mulateiro
Castanheira
Mulungu-mole
Cedro-rosa
Murmuru
Cerejeira
Parapará
Cumaru-cetim
Pau-sangue-da-casca-fina
Muito baixa Fava-orelhinha
Pereiro
Paricá
Piranheira
Freijó-louro
Quina-quina-amarela
Freijó-preto
Sucuúba
Ingá-vermelha
Sumaúma-branca
Ipê-amarelo
Sumaúma-preta
Ipê-roxo
Timbaúba-gigante
Itaubarana-do-campo
Tucumã
Jacarandá-de-espinho
Uricuri
Japecanga
Angelim-amarelo
Mulungu-duro
Baginha
Pau-sangue
Envira-piaca
Baixa Seringueira
Itaúba
Sumaúma-barriguda
Jurema
Timbaúba
Marfim
Angelim-pedra
Moderada Ingá-peluda
Angelim-rajado

Alta - -

Muito alta - -

Escala visual

Regeneração natural em pastagens

Uma das principais preocupações dos produtores rurais com relação à arbori-
zação de pastagens é saber se as espécies arbóreas utilizadas poderão se multiplicar
excessivamente na área, a ponto de causar impacto econômico negativo, devido
110 Guia arbopasto

à redução da capacidade de suporte da pastagem e aos custos associados com o


controle dessas plantas.
Somente o babaçu (Attalea speciosa) foi considerado com capacidade de
regeneração natural excessiva em áreas de pastagem (Tabela 8), podendo se tornar
uma planta daninha em algumas situações (LORENZI et al., 2010; POTT et al.,
2006; RIBEIRO et al., 1985; SMITH et al., 1995). A grande maioria (82%) das es-
pécies estudadas apresenta baixa capacidade de regeneração natural em pastagens
cultivadas já estabelecidas. Entretanto, oito espécies apresentam nível de regene-
ração natural em pastagens capaz de viabilizar o manejo dos indivíduos jovens
como estratégia para arborização da área, técnica conhecida como “condução da
regeneração natural”. No caso do mulateiro, sua capacidade de regeneração natu-
ral é maior em ambientes de várzea, podendo ser utilizada para a recomposição de
áreas de preservação permanente.

Tabela 8. Relação de espécies classificadas com base na sua capacidade de regeneração na-
tural em pastagens cultivadas.

Capacidade de
Relação de espécies
regeneração
Bordão-de-velho Jurema
Paricá Mulateiro
Adequada
Ingá-peluda Uricuri
Ipê-amarelo Quina-quina-amarela
Amarelão Jatobá
Angelim-amarelo Jenipapo
Angelim-pedra Limãozinho
Angelim-rajado Marfim
Baginha Parapará
Cajá Moreira
Farinha-seca Mulungu-duro
Castanheira Mulungu-mole
Cedro-rosa Murmuru
Cerejeira Pau-sangue
Baixa Cumaru-cetim Pau-sangue-da-casca-fina
Envira-piaca Pereiro
Fava-orelhinha Piranheira
Freijó-louro Seringueira
Freijó-preto Sucuúba
Ingá-vermelha Sumaúma-barriguda
Ipê-roxo Sumaúma-branca
Itaúba Sumaúma-preta
Itaubarana-do-campo Timbaúba
Jacarandá-de-espinho Timbaúba-gigante
Japecanga Tucumã

Excessiva Babaçu

Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 111

Tolerância ao fogo em pastagens

A queimada do pasto é uma prática de manejo da pastagem que tem sido


cada vez menos utilizada pelos pecuaristas, seja por pressão da sociedade ou pela
conscientização dos produtores sobre os seus malefícios para o ambiente e para a
produtividade futura da pastagem, devido ao empobrecimento do solo.

Entretanto, a queimada acidental é um fenômeno sempre possível de ocorrer


em pastagens, devido à elevada capacidade de propagar fogo das gramíneas forra-
geiras, especialmente durante a estação seca. Assim, espécies arbóreas tolerantes ao
fogo têm maiores chances de sobreviver no caso de queima acidental da pastagem
arborizada. Quase um terço das espécies arbóreas estudadas foram classificadas
como altamente tolerantes ao fogo em pastagens, incluindo as quatro espécies de
palmeiras (Tabela 9).

Tabela 9. Relação de espécies classificadas com base na sua tolerância ao fogo em pastagens.

Tolerância ao fogo Relação de espécies


Angelim-pedra Japecanga
Babaçu Jatobá
Cajá Jurema
Cumaru-cetim Moreira
Alta
Envira-piaca Murmuru
Ipê-roxo Uricuri
Itaubarana-do-campo Pau-sangue-da-casca-fina
Jacarandá-de-espinho Tucumã
Amarelão Jenipapo
Angelim-rajado Mulateiro
Bordão-de-velho Mulungu-duro
Farinha-seca Mulungu-mole
Castanheira Pereiro
Cedro-rosa Piranheira
Média
Cerejeira Quina-quina-amarela
Freijó-preto Sumaúma-barriguda
Ingá-peluda Sumaúma-branca
Ingá-vermelha Sumaúma-preta
Ipê-amarelo Timbaúba
Itaúba Timbaúba-gigante
Angelim-amarelo
Marfim
Baginha
Parapará
Fava-orelhinha
Baixa Pau-sangue
Paricá
Seringueira
Freijó-louro
Sucuúba
Limãozinho

Escala visual
112 Guia arbopasto

Potencial forrageiro dos frutos

Outra característica desejável em espécies arbóreas para uso em sistemas


silvipastoris é que essas produzam frutos com valor forrageiro, que possam com-
plementar a alimentação do rebanho. Onze espécies estudadas produzem frutos
que são consumidos, pelos bovinos, após a sua dispersão na pastagem (Tabela 10).
Os frutos do jatobá (Hymenaea courbaril ) também possuem potencial forra-
geiro, embora o seu consumo in natura pelos bovinos seja difícil devido à dureza
da casca. No caso dos frutos das palmeiras, os animais somente ingerem a casca
e a polpa (epicarpo e mesocarpo), expelindo o endocarpo, com semente, após a
mastigação ou a ruminação (POTT; POTT, 1987; POTT et al., 2006).
Alguns pecuaristas entrevistados relataram que o consumo excessivo de frutos
de cajá por bovinos “amoleceria” os dentes dos mesmos, fazendo com que não
consigam pastejar por alguns dias. Provavelmente, esse efeito se deve à acidez
elevada da polpa dos frutos, com pH próximo de 3 (FILGUEIRAS et al., 2000).

Tabela 10. Relação de espécies classificadas com base no potencial forrageiro dos frutos.

Potencial forrageiro dos frutos Relação de espécies


Babaçu Murmuru
Baginha Pau-sangue
Bordão-de-velho Timbaúba(1)
Sim
Cajá Timbaúba-gigante(1)
Jatobá Tucumã
Jenipapo Uricuri
Amarelão
Jacarandá-de-espinho
Angelim-amarelo
Japecanga
Angelim-pedra
Jurema
Angelim-rajado
Limãozinho
Farinha-seca
Marfim
Castanheira
Parapará
Cedro-rosa
Moreira
Cerejeira
Mulateiro
Cumaru-cetim
Mulungu-duro
Envira-piaca
Não Mulungu-mole
Fava-orelhinha
Pau-sangue-da-casca-fina
Paricá
Pereiro
Freijó-louro
Piranheira
Freijó-preto
Quina-quina-amarela
Ingá-peluda
Seringueira
Ingá-vermelha
Sucuúba
Ipê-amarelo
Sumaúma-barriguda
Ipê-roxo
Sumaúma-branca
Itaúba
Sumaúma-preta
Itaubarana-do-campo
(1)
Os frutos produzidos por essas duas espécies são suspeitos de causar intoxicação em bovinos.

Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 113

Potencial tóxico dos frutos

Duas espécies estudadas (timbaúba, Enterolobium barnebianum; timbaúba-


gigante, Enterolobium maximum) produzem frutos suspeitos de causarem fotos-
sensibilização hepatógena, alterações digestivas e aborto em bovinos, de maneira
semelhante ao registrado por diversos autores (BONEL-RAPOSO et al., 2008; COSTA
et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-CORREA, 2000; MENDONÇA et al., 2009) para outras
espécies do gênero Enterolobium (E. contortisiliquum, E. gummiferum e E. timbouva).
Essas suspeitas se baseiam no relato de pecuaristas de Rondônia de casos
de intoxicação de bovinos que consumiram frutos de timbaúba. Também alguns
produtores entrevistados, no Acre, afirmam que os frutos da timbaúba (eles não
sabem distinguir as duas espécies) podem ser utilizados para fabricação de sabão
caseiro, o que indica a presença de saponinas em teores elevados, sendo esse o
composto biologicamente ativo envolvido na intoxicação por frutos das demais
espécies de Enterolobium.
Há, ainda, um caso de fotossensibilização em bovinos, presenciado em setem-
bro de 2002, em uma pastagem próxima ao Campo Experimental da Embrapa Acre,
em Rio Branco, onde havia uma árvore de timbaúba (E. barnebianum). Naquela
ocasião, não se associou o problema à timbaúba. Porém, o período de setembro
a outubro é a época de dispersão dos frutos dessa leguminosa arbórea e as lesões
observadas na pele dos bovinos (Figura 5) são idênticas às de casos de intoxicação
por frutos de E. contortisiliquum, em Andradina, SP (COSTA et al., 2009).
Portanto, até que estudos comprovem a segurança dos frutos dessas duas
espécies de Enterolobium para alimentação de bovinos, esses devem ser conside-
rados suspeitos de serem tóxicos.
Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade

Figura 5. Bovinos Nelore com lesões na pele possivelmente associadas à fotossensibilização


causada pela ingestão de frutos de Enterolobium barnebianum, em setembro de 2002, em Rio
Branco, AC.
114 Guia arbopasto

Velocidade de crescimento

A velocidade de crescimento da árvore é um dos atributos mais importantes de


uma espécie para uso em qualquer modalidade de sistema silvipastoril, reduzindo o
tempo e o custo para o estabelecimento do sistema e acelerando o retorno econômi-
co e os benefícios ambientais esperados. As três espécies estudadas que apresentam
maior velocidade de crescimento são o paricá, o parapará e a sumaúma-branca, para
as quais têm sido registrados na literatura valores de incremento médio anual em
altura (IMA-h) de 2,8 a 3,5 m ano-1 (ARCO-VERDE et al., 2000; CALIRI et al., 2000),
permitindo classificá-las como de crescimento muito rápido (Tabela 11).
Não por acaso, essas três espécies fazem parte do grupo de essências flo-
restais nativas mais plantadas na Amazônia e com maior grau de conhecimento

Tabela 11. Relação de espécies classificadas com base na velocidade de crescimento em plan-
tios florestais.

Velocidade de crescimento(1) Relação de espécies


Muito rápido Parapará
Sumaúma-branca
(mais de 2 m ano-1) Paricá
Bordão-de-velho Jurema
Cajá Limãozinho
Rápido Envira-piaca Mulateiro
(1,41 a 2,0 m ano-1) Freijó-louro Sumaúma-barriguda
Freijó-preto Sumaúma-preta
Jenipapo Timbaúba-gigante
Angelim-amarelo
Babaçu Japecanga
Baginha Jatobá
Castanheira Marfim
Cedro-rosa Moreira
Cerejeira Mulungu-duro
Cumaru-cetim Mulungu-mole
Farinha-seca Pau-sangue
Moderado
Fava-orelhinha Pau-sangue-da-casca-fina
(0,71 a 1,4 m ano-1)
Ingá-peluda Pereiro
Ingá-vermelha Piranheira
Ipê-amarelo Quina-quina-amarela
Ipê-roxo Seringueira
Itaubarana- Sucuúba
do-campo Timbaúba
Jacarandá- Uricuri
de-espinho
Amarelão Itaúba
Lento
Angelim-pedra Murmuru
(até 0,7 m ano-1)
Angelim-rajado Tucumã
(1)
Com base no incremento médio anual em altura (IMA-h).
Fonte: Alencar e Araújo (1980), Arco-Verde et al. (2000), Butterfield (1995), Caliri et al. (2000), Camargos et al. (2001), Carvalho (2003,
2006, 2007, 2008), Cordero e Boshier (2003), Espinoza e Butterfield (1989), Franke et al. (2000), Kageyama (1992), Loureiro et al. (1979),
Meneses Filho et al. (1995a, 1995b, 1995c), Miranda e Valentim (2000), Montagnini et al. (2003), Nogueira (1977), Oliveira et al. (2009),
Yared et al. (1988).

Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 115

silvicultural (SABOGAL et al., 2006). Porém, 59% das espécies estudadas apresenta
crescimento moderado (IMA-h de 0,71 a 1,4 m ano-1).

Valor comercial da madeira

A maioria das espécies arbóreas (72,5%) descritas nessa obra produz madeira
com valor comercial nos mercados do Acre e de Rondônia (Tabela 12). Entre as
espécies com madeira mais valorizada, estão algumas muito utilizadas pelas indús-
trias nacionais de móveis finos e de luxo, tais como a cerejeira, os ipês e o jatobá.
Já no grupo de espécies classificadas com valor moderado estão algumas muito
usadas localmente em construções rurais (postes, mourões e estacas), tais como a
itaúba, a moreira e o pereiro, além de outras destinadas à indústria de laminados,
por exemplo, o paricá, o parapará e as sumaúmas.

Tabela 12. Relação de espécies classificadas com base no valor comercial da madeira.

Valor comercial Relação de espécies

Castanheira Freijó-preto
Cedro-rosa Ipê-amarelo
Alto
Cerejeira Ipê-roxo
Cumaru-cetim Jatobá

Amarelão
Mulateiro
Angelim-pedra
Parapará
Angelim-rajado
Paricá
Fava-orelhinha
Pereiro
Moderado Freijó-louro
Seringueira
Itaúba
Sumaúma-barriguda
Itaubarana-do-campo
Sumaúma-branca
Marfim
Sumaúma-preta
Moreira

Angelim-amarelo Pau-sangue
Bordão-de-velho Pau-sangue-da-casca-fina
Farinha-seca Piranheira
Baixo
Jenipapo Quina-quina-amarela
Limãozinho Timbaúba
Mulungu-duro Timbaúba-gigante

Babaçu Japecanga
Baginha Jurema
Cajá Mulungu-mole
Nenhum Envira-piaca Murmuru
Ingá-peluda Sucuúba
Ingá-vermelha Tucumã
Jacarandá-de-espinho Uricuri

Escala visual
116 Guia arbopasto

Produtos não madeireiros com valor comercial

A possibilidade de comercialização de produtos não madeireiros obtidos das


espécies arbóreas em sistemas silvipastoris é uma opção interessante, podendo as-
segurar uma receita adicional à produção pecuária enquanto as espécies madeirei-
ras não atingem idade de corte. Dentre as espécies descritas nesta obra, sete podem
produzir pelo menos um produto não madeireiro com valor comercial (Tabela 13).
No caso da seringueira, o produto considerado foi o látex. Para as demais, os
produtos são derivados da extração do óleo dos frutos (babaçu e murmuru) ou do
aproveitamento na produção de alimentos (cajá, castanheira, jenipapo e tucumã).
Para essa classificação, as sementes florestais não foram consideradas como
possíveis produtos não madeireiros, pois, embora representem opções de renda
com o uso de sistemas silvipastoris, considera-se que para toda espécie florestal
com potencial de uso em sistemas silvipastoris ou em florestas plantadas haveria
mercado potencial para sua semente.

Tabela 13. Relação de espécies classificadas com base na produção de produtos não madeirei-
ros (PNM) com valor comercial.

PNM com valor comercial Relação de espécies


Babaçu
Murmuru
Cajá
Pelo menos um Seringueira
Castanheira
Tucumã
Jenipapo
Amarelão Japecanga
Angelim-amarelo Jatobá
Angelim-pedra Jurema
Angelim-rajado Limãozinho
Baginha Marfim
Bordão-de-velho Moreira
Cedro-rosa Mulateiro
Cerejeira Mulungu-duro
Cumaru-cetim Mulungu-mole
Envira-piaca Parapará
Farinha-seca Pau-sangue
Nenhum
Fava-orelhinha Pau-sangue-da-casca-fina
Paricá Pereiro
Freijó-louro Piranheira
Freijó-preto Quina-quina-amarela
Ingá-peluda Sucuúba
Ingá-vermelha Sumaúma-barriguda
Ipê-amarelo Sumaúma-branca
Ipê-roxo Sumaúma-preta
Itaúba Timbaúba
Itaubarana-do-campo Timbaúba-gigante
Jacarandá-de-espinho Uricuri

Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 117

Produção de mudas

A facilidade de produção de mudas é outra característica silvicultural im-


portante para a implantação dos sistemas em questão, especialmente em locais
onde não existam empresas especializadas na produção e comercialização das
de espécies florestais, de modo que os próprios produtores tenham que produzi-
las. Além disso, a maior dificuldade na produção de mudas de uma espécie pode
encarecê-las, aumentando os custos de implantação do sistema.
Para 75% das espécies estudadas, a produção de mudas foi classificada como
fácil (Tabela 14), não apresentando dificuldades técnicas, mesmo para viveiristas
pouco experientes. Já as quatro espécies de palmeiras e a castanheira são as que
exigem maior esforço dos viveiristas para produção de mudas.

Tabela 14. Relação de espécies classificadas com base na facilidade de produção de mudas.

Produção de mudas Relação de espécies

Amarelão Jatobá
Angelim-pedra Jenipapo
Angelim-rajado Jurema
Baginha Marfim
Bordão-de-velho Parapará
Farinha-seca Moreira
Cedro-rosa Mulungu-mole
Cerejeira Pau-sangue
Cumaru-cetim Pau-sangue-da-casca-fina
Fácil Envira-piaca Pereiro
Fava-orelhinha Piranheira
Paricá Quina-quina-amarela
Freijó-louro Seringueira
Freijó-preto Sucuúba
Ingá-peluda Sumaúma-barriguda
Ingá-vermelha Sumaúma-branca
Ipê-amarelo Sumaúma-preta
Ipê-roxo Timbaúba
Itaúba Timbaúba-gigante

Angelim-amarelo Japecanga
Cajá Limãozinho
Regular
Itaubarana-do-campo Mulateiro
Jacarandá-de-espinho Mulungu-duro

Babaçu
Uricuri
Difícil Castanheira
Tucumã
Murmuru

Escala visual
118 Guia arbopasto

Ranqueamento das espécies


Visando facilitar a escolha das espécies arbóreas que reúnem maior quan-
tidade de atributos positivos, serão apresentados a seguir o ranqueamento com
base no seu grau de aptidão de uso em duas modalidades de sistemas silvipastoris:
1) pastagens arborizadas com foco nos serviços múltiplos proporcionados pelas
árvores; e, 2) sistema silvipastoril com foco na obtenção de renda adicional, por
meio da comercialização de madeira para diversas finalidades.
O grau de aptidão de cada espécie para essas duas modalidades de sistemas
silvipastoris foi estimado a partir do Índice de Seleção Arbórea para serviços múl-
tiplos (ISA-serviço) e para produção de madeira (ISA-madeira), apresentados no
Capítulo 3, respectivamente.

Serviços múltiplos em pastagens arborizadas


A espécie com menor capacidade de prover serviços múltiplos em pastagens
arborizadas foi o angelim-amarelo (Simaba paraensis), que obteve ISA-serviço igual
a 3,1 (escala de 1 a 5). Já a espécie com maior quantidade de atributos positivos
para essa modalidade de sistema silvipastoril foi o bordão-de-velho (Samanea tu-
bulosa), com 4,4 (Figura 6).
É interessante analisar os fatores responsáveis por essas duas espécies estarem
localizadas nos extremos opostos desse ranqueamento (Tabela 15). O bordão-de-
velho apresenta, como principais pontos fortes, o fato de ser uma leguminosa arbó-
rea com capacidade de fixar nitrogênio, um dos serviços múltiplos mais desejáveis
na arborização de pastagens; uma boa arquitetura de copa, pouco densa e com for-
mato flabeliforme; produção de frutos muito apreciados pelo gado, com bom valor
nutritivo e ausência de toxidez; a ausência de interferência negativa na cobertura
do solo e adequada regeneração natural em pastagens; além de rápido crescimento
e facilidade de produção de mudas. Seus principais pontos fracos seriam o baixo
valor comercial da madeira e a ausência de produtos não madeireiros de valor co-
mercial, duas características de menor relevância para essa modalidade de sistema
silvipastoril, cujo foco são os serviços múltiplos.
Já o angelim-amarelo apresenta maior quantidade de pontos negativos do
que positivos (Tabela 15), com destaque para a incapacidade de fixar nitrogênio,
por ser uma espécie não leguminosa; porte baixo e fuste ruim, quando cresce iso-
lada em pastagens; baixa tolerância ao fogo em pastagens; madeira de baixo valor
comercial e não produção de frutos com potencial forrageiro ou produtos não ma-
deireiros com valor comercial; além de apresentar crescimento apenas moderado e
a produção de mudas não ser muito fácil.
Portanto, o bordão-de-velho se destaca por apresentar como pontos positivos
justamente os atributos mais importantes para a arborização de pastagens (fixação
Capítulo 4 – Guia de espécies 119

Figura 6. Espécies ordenadas com base no índice de seleção arbórea para serviços múltiplos
em pastagens arborizadas (ISA-serviço).
120 Guia arbopasto

Tabela 15. Comparação de duas espécies arbóreas que representam extremos opostos com
relação à aptidão para arborização de pastagens.

Características de interesse Angelim-amarelo Bordão-de-velho

Fixação biológica de N

Porte das árvores em pastagens

Forma da copa em pastagens

Densidade da copa

Qualidade do fuste

Presença de raízes superficiais sob a copa

Interferência no pasto sob a copa

Regeneração natural em pastagens

Tolerância ao fogo em pastagens

Potencial forrageiro dos frutos

Potencial tóxico dos frutos

Velocidade de crescimento

Valor comercial da madeira

Produtos não madeireiros com valor comercial

Produção de mudas

Escala visual

de N, velocidade de crescimento, facilidade de produção de mudas e arquitetura


de copa), os quais são, consequentemente, aqueles mais valorizados no modelo
ISA-serviço. Já o angelim-amarelo, além de apresentar poucos pontos fortes, esses
geralmente estão relacionados com atributos menos importantes.
Entre as 10 espécies mais apropriadas para essa modalidade de sistema
silvipastoril (Figura 6), apenas o parapará (Jacaranda copaia) e o jatobá não são
leguminosas arbóreas com capacidade de fixação de nitrogênio. A predominância
das leguminosas nodulíferas nas primeiras colocações ocorre porque essa foi a
segunda característica com maior importância relativa no modelo (12,1%), atrás
apenas da velocidade de crescimento (12,5%), mas principalmente por ser esse um
atributo exclusivo das leguminosas.
Capítulo 4 – Guia de espécies 121

Entre as leguminosas arbóreas que se destacaram, o bordão-de-velho, a ba-


ginha (Stryphnodendron pulcherrimum) e a jurema (Chloroleucon mangense var.
mathewsii) são aquelas que têm sido mais estudadas para arborização de pastagens
no Acre, especialmente a primeira (ANDRADE et al., 2002; FRANKE et al., 2001;
LUZ; OLIVEIRA, 2011a, 2011b; OLIVEIRA et al., 2009; OLIVEIRA; LUZ, 2011;). En-
tretanto, o ranqueamento mostrou que existem outras espécies com características
adequadas para arborização de pastagens na região.

Produção de madeira em sistemas silvipastoris


Para o ranqueamento das espécies para implantação de sistemas silvipastoris
com foco na produção de madeira, foram consideradas apenas as 37 espécies que
produzem madeira com valor comercial nos mercados do Acre e de Rondônia.
Novamente, a espécie de menor aptidão foi o angelim-amarelo, que obteve ISA-
madeira igual a 2,92 (Figura 7). Já a espécie com maior quantidade de atributos
positivos para essa modalidade de sistema silvipastoril foi o parapará (Jacaranda
copaia), com 4,36.
A comparação dos pontos fortes e fracos dessas duas espécies (Tabela 16)
mostra que o parapará, além de possuir maior quantidade de atributos desejáveis,
destaca-se especialmente nas características mais importantes, apresentando velo-
cidade de crescimento muito rápida, excelente qualidade do fuste, madeira com
médio valor comercial e facilidade de produção de mudas.
Ao contrário do que ocorreu com o ranqueamento com base no ISA-serviço,
entre as 10 espécies mais apropriadas para produção de madeira em sistemas sil-
vipastoris, apenas o bordão-de-velho é uma leguminosa arbórea com capacidade
de fixação de nitrogênio. Todas as demais espécies são árvores não leguminosas
(parapará, freijó-preto, sumaúma-branca, mulateiro, ipê-amarelo e cedro-rosa) ou
leguminosas não nodulíferas (jatobá, cumaru-cetim e paricá). Isso se deve à menor
importância relativa da fixação de nitrogênio para o ISA-madeira (4%), que prioriza
espécies com maior velocidade de crescimento, valor comercial da madeira, qua-
lidade do fuste e facilidade de produção de mudas.
O ranqueamento com base no ISA-madeira mostrou-se satisfatório, uma vez
que algumas das espécies apontadas como mais apropriadas para uso em sistemas
silvipastoris (parapará, paricá, freijó-preto, mulateiro e sumaúma-branca) estão entre
as espécies florestais nativas mais plantadas na Amazônia para fins de produção
comercial de madeira, e para as quais já se acumulou maior grau de conhecimento
silvicultural (SABOGAL et al., 2006).

Densidade de árvores nas pastagens


Um dos principais questionamentos feitos pelos pecuaristas com relação à
arborização de pastagens refere-se à quantidade de árvores que devem ser manti-
122 Guia arbopasto

Figura 7. Espécies ordenadas com base no índice de seleção arbórea para produção de madeira
em sistemas silvipastoris (ISA-madeira).
Capítulo 4 – Guia de espécies 123

Tabela 16. Comparação de duas espécies arbóreas que representam extremos opostos com
relação à aptidão para produção de madeira em sistemas silvipastoris.

Características de interesse Angelim-amarelo Parapará


Fixação biológica de N

Porte das árvores em pastagens

Forma da copa em pastagens

Densidade da copa

Qualidade do fuste

Presença de raízes superficiais sob a copa

Interferência no pasto sob a copa

Regeneração natural em pastagens

Tolerância ao fogo em pastagens

Potencial forrageiro dos frutos

Potencial tóxico dos frutos

Velocidade de crescimento

Valor comercial da madeira

Produtos não madeireiros

Produção de mudas

Escala visual

das na área. Em sistemas silvipastoris, a densidade de árvores a ser recomendada


é muito variável, pois depende de vários fatores, entre os quais se destacam: a
arquitetura das espécies arbóreas, a distribuição espacial das árvores (plantadas em
faixas ou dispersas na área) e a modalidade de sistema silvipastoril.
A arquitetura da espécie arbórea pode alterar consideravelmente a percenta-
gem de transmissão de luz para o pasto. Espécies com fuste alto e copas pouco
densas permitem maior transmissão de luz e, assim, a densidade pode ser maior. A
distribuição espacial é outro fator que pode afetar a densidade de árvores, tendo em
vista que essas modificam sua arquitetura em função da competição por luz com as
árvores vizinhas. Assim, o número de árvores geralmente pode ser maior nos sistemas
silvipastoris em que essas são plantadas em faixas do que naqueles com árvores dis-
persas em toda a área da pastagem. A densidade de árvores também varia conforme a
124 Guia arbopasto

modalidade de sistema silvipastoril, geralmente adotando-se maiores densidades na-


queles que visam prioritariamente à produção de madeira (CARVALHO et al., 2002).

A avaliação da transmissão de luz ao pasto na área de projeção da copa das


árvores das espécies estudadas confirmou que essa varia com a densidade da copa
e, também, com o nível de nebulosidade do ambiente (Figura 8). Árvores com copa
muito densa transmitem ao pasto, em média, apenas 9,1% da radiação incidente, en-
quanto aquelas que possuem copa rala possibilitam a transmissão de quase metade
dessa radiação. Portanto, quanto maior a densidade da copa das árvores utilizadas
em sistemas silvipastoris, menor deverá ser a densidade arbórea, para evitar que a
capacidade de suporte do sistema seja afetada pela baixa disponibilidade de luz.

Figura 8. Transmissão de luz ao pasto em função da densidade da copa das árvores e do grau
de nebulosidade1 do ambiente, em Rio Branco, Acre.

1
Nebulosidade classificada de acordo com a densidade do fluxo de fótons (DFF) medida a pleno sol: baixa, DFF acima de 1.500 µmol s-1 m-2;
média, DFF entre 1.001 e 1.500 µmol s-1 m-2; alta, DFF entre 501 e 1.001 µmol s-1 m-2; muito alta, DFF até 500 µmol s-1 m-2.
Capítulo 4 – Guia de espécies 125

A transmissão de luz pela copa das árvores também depende da proporção de


luz direta em relação à difusa. Assim, medições feitas em períodos com céu claro
subestimam a transmissão de luz ao pasto em períodos com maior nebulosidade
(Figura 8), quando há maior relação luz difusa/luz direta. O motivo é que a luz di-
fusa, por emanar de todo o céu, e não apenas de um único ponto (sol), tem melhor
penetração no dossel do que a luz direta. Isso é especialmente importante para as
regiões tropicais mais úmidas, que apresentam alta incidência de dias nublados
(WILSON; LUDLOW, 1991).
Conforme discutido no Capítulo 1, a arborização de pastagens para o estabe-
lecimento de sistemas silvipastoris deveria ser planejada de modo que a densidade
de árvores adultas assegurasse uma cobertura arbórea mínima de 10% e máxima de
40%, de modo a balancear a manutenção da capacidade de suporte da pastagem
com os benefícios da presença das árvores. Com base nesses critérios e no conhe-
cimento da arquitetura da copa de diferentes espécies arbóreas crescendo isoladas
em pastagens, é possível fazer recomendações específicas quanto à densidade de
árvores a serem mantidas em pastagens arborizadas. Para as 51 espécies descritas
neste livro, as recomendações foram feitas considerando-se a área média da copa de
árvores adultas em pastagens e níveis máximos de cobertura arbórea, variando de
acordo com a densidade da copa da espécie: copa muito densa, 10%; copa densa,
20%; copa pouco densa, 30%; copa rala, 40%.
Devido à grande diversidade de arquitetura de copa entre as espécies nativas
avaliadas, a densidade arbórea máxima nas pastagens da região deve variar de 8 a
254 árvores adultas ha-1, dependendo da espécie considerada (Tabela 17).
Assim, para espécies com copa estreita e rala ou pouco densa, como o parapará,
a sucuúba, o mulateiro, o freijó-preto, o tucumã e o murmuru, podem ser mantidas
pastagens arborizadas com mais de 100 árvores adultas ha-1, sem que o crescimento
do pasto seja prejudicado por excesso de sombreamento, e desde que as árvores
estejam dispersas em toda a área da pastagem e não agrupadas formando bosques.
Já para espécies com copa ampla e muito densa, como o angelim-rajado, devem ser
mantidas, no máximo, 8 árvores adultas ha-1, para se evitar a redução da capacidade
de suporte da pastagem. Entretanto, para a maioria das espécies estudadas, a densi-
dade arbórea máxima recomendada variou de 20 a 60 árvores adultas ha-1.
É interessante comparar a arquitetura da copa das duas espécies que representam
extremos opostos com relação à densidade arbórea máxima recomendada para
arborização de pastagens (Figura 9). O parapará é uma árvore com copa alta, pouco
densa e muito estreita, mesmo quando cresce isolada em ambiente de pastagem. A
área média da copa de suas árvores foi a menor entre as espécies avaliadas, com
apenas 11,8 m2, o que justifica a possibilidade de plantios com densidades de até 254
árvores adultas ha-1 (Tabela 17). Mesmo a maior árvore avaliada, com 20,5 m de altura
total, apresentou copa com apenas 6 m de diâmetro e área de 27,8 m2. Já o angelim-
rajado é a espécie que deve ser plantada em menor densidade (até 8 árvores adultas
ha-1), mesmo não sendo a espécie com copa mais ampla entre as avaliadas (média de
126 Guia arbopasto

118,2 m2). Isso se deve à sua copa ser baixa e muito densa, causando elevado grau de
sombreamento do pasto sob a copa, semelhante ao que acontece com a mangueira
e a jaqueira. Para espécies com esse tipo de arquitetura de copa, além de se utilizar
baixa densidade de árvores, é também recomendado efetuar podas dos galhos mais
baixos, visando elevar a altura da copa e melhorar a transmissão de luz ao pasto. Essa
prática também é importante para aumentar a ventilação sob a copa, facilitando a
dissipação do calor corporal dos bovinos por evaporação (MARTÍN, 2002).

No bioma Amazônia, as pastagens arborizadas a partir da regeneração natu-


ral são caracterizadas por apresentarem grande diversidade de espécies (FRANKE,
1999; SANTOS; MITJA, 2011), embora algumas sempre ocorram em maior densi-
dade, dependendo do local. Por exemplo, na região de Rio Branco, AC, a palmeira
uricuri é a espécie encontrada com maior frequência nas pastagens cultivadas.
Assim, embora as recomendações apresentadas na Tabela 17 sejam específicas para
cada tipo de árvore, os pecuaristas podem utilizar essas informações para avaliar se
as suas pastagens estão com densidade arbórea satisfatória ou não, dependendo da
arquitetura da copa das árvores predominantes.

Vale a pena ressaltar que as indicações de densidade arbórea apresentadas na


Tabela 17 são exclusivas para uma modalidade de sistema silvipastoril: pastagens
arborizadas com árvores dispersas na área.

Conforme mencionado anteriormente, nos sistemas silvipastoris com árvores


plantadas em faixas, é possível utilizar maiores densidades devido à modificação
da arquitetura da copa induzida pela competição por luz entre árvores vizinhas
(CARVALHO et al., 2002). Além disso, em sistemas silvipastoris com foco na pro-
dução de madeira, a densidade de árvores normalmente é alta no início, mas é
reduzida posteriormente por meio de desbastes, para não prejudicar a produção de
forragem do sub-bosque e para que a madeira produzida atenda às especificações
do mercado, dependendo da sua finalidade (CARVALHO et al., 2002; PORFÍRIO-
DA-SILVA et al., 2010).

Do ponto de vista da manutenção da produtividade do pasto, existem algu-


mas indicações sobre a densidade arbórea máxima em sistemas silvipastoris com
espécies exóticas. Por exemplo, em sistemas silvipastoris com Pinus radiata, na
Austrália, tem sido mostrado que a densidade final de 100 árvores ha-1 assegura
níveis satisfatórios de produtividade do pasto (ANDERSON et al., 1988 citados
por CARVALHO et al., 2002). Já em sistemas silvipastoris com Eucalyptus spp., a
densidade final deveria ser de 50 a 80 árvores ha-1 (CAMERON et al., 1991).
Capítulo 4 – Guia de espécies 127

Tabela 17. Número máximo de árvores adultas, por hectare, que deve ser mantido em pastagens,
estabelecido em função da arquitetura da copa (densidade e área) de cada espécie.

Densidade Área da copa Número de


Espécie
da copa(1) (m2) árvores ha-1
Parapará Pouco densa 11,8 254
Sucuúba Pouco densa 16,5 182
Mulateiro Rala 27,4 146
Freijó-preto Rala 27,8 144
Tucumã Rala 28,5 140
Murmuru Pouco densa 26,4 114
Jacarandá-de-espinho Rala 40,2 99
Japecanga Pouco densa 32,8 92
Itaubarana-do-campo Pouco densa 33,3 90
Mulungu-mole Pouco densa 40,5 74
Freijó-louro Pouco densa 43,7 69
Jenipapo Pouco densa 43,9 68
Angelim-amarelo Pouco densa 44,2 68
Ipê-amarelo Pouco densa 48,8 61
Castanheira Pouco densa 49,0 61
Itaúba Densa 33,8 59
Cerejeira Rala 68,3 59
Amarelão Densa 38,5 52
Marfim Pouco densa 57,4 52
Ipê-roxo Pouco densa 58,0 52
Cedro-rosa Pouco densa 65,7 46
Uricuri Pouco densa 65,8 46
Cumaru-cetim Rala 91,3 44
Ingá-vermelha Pouco densa 72,0 42
Pereiro Densa 50,1 40
Quina-quina-amarela Muito densa 25,2 40
Limãozinho Pouco densa 75,0 40
Piranheira Pouco densa 78,5 38
Seringueira Pouco densa 81,1 37
Babaçu Pouco densa 82,4 36
Mulungu-duro Densa 56,4 35
Sumaúma-branca Pouco densa 91,6 33
Jatobá Pouco densa 91,8 33
Paricá Rala 128,1 31
Sumaúma-preta Pouco densa 96,7 31
Cajá Pouco densa 104,1 29
Moreira Rala 138,8 29
Envira-piaca Densa 74,3 27
Pau-sangue Pouco densa 115,0 26
Continua...
128 Guia arbopasto

Tabela 17. Continuação.

Densidade Área da copa Número de


Espécie
da copa(1) (m2) árvores ha-1
Jurema Pouco densa 120,6 25
Baginha Pouco densa 128,2 23
Timbaúba-gigante Rala 186,0 22
Sumaúma-barriguda Pouco densa 135,6 22
Ingá-peluda Muito densa 49,1 20
Pau-sangue-da-casca-fina Pouco densa 150,6 20
Farinha-seca Rala 216,6 18
Fava-orelhinha Pouco densa 169,0 18
Angelim-pedra Muito densa 59,4 17
Bordão-de-velho Pouco densa 207,7 14
Timbaúba Pouco densa 215,4 14
Angelim-rajado Muito densa 118,2 8
Considerando as seguintes porcentagens de área sombreada na pastagem: 10%, copa muito densa; 20%, copa densa; 30%, copa
(1)

pouco densa; 40%, copa rala.

Fotos: Carlos Mauricio Soares de Andrade.

Figura 9. Contraste da arquitetura de copa de árvores de parapará e angelim-rajado, crescendo


isoladas em pastagens cultivadas no Acre.
Capítulo 4 – Guia de espécies 129

Descrição das espécies


Essa seção descreve as 51 espécies arbóreas estudadas, apresentadas em ordem
alfabética, com base no seu nome vulgar2 mais comum nos estados do Acre e de
Rondônia. A intenção não foi descrever de forma abrangente cada uma das espécies,
reunindo todas as informações disponíveis na literatura. Ao contrário, são quatro
páginas por espécie, com a intenção de facilitar sua identificação, descrever sua clas-
sificação e posição no ranqueamento de forma concisa, além de apresentar algumas
informações sobre a taxonomia, ecologia, silvicultura e principais usos das espécies.

Página 1

2
Nome vulgar, comum ou popular, é a designação dada pela população a uma determinada espécie vegetal ou animal.
130 Guia arbopasto

Página 2
Capítulo 4 – Guia de espécies 131

Página 3
132 Guia arbopasto

Página 4
Capítulo 4 – Guia de espécies 133

Amarelão – Aspidosperma ulei 45ª 29ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, cônica.

Densidade da copa: densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento (IMA-h de até 0,61 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
134 Guia arbopasto

Amarelão
Aspidosperma ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 135

Informações gerais
Nome científico: Aspidosperma ulei Markgr.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Aspidosperma occidentale (RAPINI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: pitiá.
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com crescimento monopodial,
fuste cilíndrico e copa com formato cônico. Tronco revestido por casca externa (ritidoma)
marrom claro, com lenticelas. A casca interna é amarelada. Os ramos jovens apresentam
coloração marrom avermelhada, com lenticelas brancas. Folhas simples, alternas, pecioladas
e dispostas em espiral, agrupadas nas extremidades dos ramos. Flores amareladas dispostas
em inflorescências axilares. Frutos do tipo folículo piriforme, de cor marrom, com lenticelas
esbranquiçadas, dispostos aos pares. Sementes membranáceas, aladas e amareladas
(WOODSON JUNIOR, 1951).
Características ecológicas: espécie decídua. As sementes do amarelão são dispersas pelo
vento.
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amazonas, Acre), Nordeste (Ceará, Rio Grande do
Norte, Pernambuco, Bahia) (RAPINI et al., 2010).
Fenologia: a floração ocorre durante a estação seca, entre agosto e setembro, junto com a
nova folhagem. Os frutos permanecem na árvore por longo período, amadurecendo entre
julho e agosto.
Características da madeira: o amarelão apresenta madeira moderadamente pesada
(densidade 0,67 g cm-3) (NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira é de boa qualidade, alcançando valor comercial médio nos mercados
do Acre e de Rondônia. Muito utilizada na construção civil, carpintaria, fabricação de
cabos de ferramentas agrícolas e mourões para cerca. A maioria das espécies do gênero
Aspidosperma são bioprodutoras de alcaloides indólicos. Alguns estudos têm demonstrado
que os alcaloides presentes na casca da raiz do amarelão têm potencial para tratamento da
disfunção erétil (OLIVEIRA et al., 2009).
Produção de mudas: sem informações na literatura para A. ulei. Para outras espécies
do gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
abertura espontânea. Em seguida, deve-se levá-los ao sol para completarem a abertura e a
liberação das sementes. Não há necessidade de tratamentos pré-germinativos. Semeia-se
em canteiros ou em recipientes individuais, cobrindo as sementes com leve camada de
substrato peneirado. A taxa de germinação geralmente é alta (LORENZI, 2008).
136 Guia arbopasto

Tabela 18. Características dendrométricas de árvores de amarelão em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,0 5,0 a 21,5
Altura do fuste (m) 4,3 2,2 a 9,3
Altura da copa (m) 6,5 3,2 a 15,5
Altura da base da copa (m) 2,5 1,3 a 6,0
Diâmetro da copa (m) 7,0 4,2 a 13,5
Área da copa (m²) 38,5 13,9 a 143,1
DAP (cm) 25,2 14,0 a 63,7

Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
OLIVEIRA, V. B.; FREITAS, M. S. M.; MATHIAS, L.; BRAZ-FILHO, R.; VIEIRA, I. J. C. Atividade
biológica e alcalóides indólicos do gênero Aspidosperma (Apocynaceae): uma revisão. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 11, n. 1, p. 92-99, 2009.
RAPINI, A.; KOCH, I.; KINOSHITA, L. S.; SIMÕES, A. O.; SPINA, A. P. Apocynaceae. In: LISTA
DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB021894>. Acesso em: 23 mar. 2011.
WOODSON JUNIOR, J. E. Studies in the Apocynaceae VIII: An interim revision of the genus
Aspidosperma Mart. & Zucc. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 38, p. 119-
204, 1951.
Capítulo 4 – Guia de espécies 137

Angelim-amarelo – Simaba paraensis


51ª 37ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
138 Guia arbopasto

Angelim-amarelo
Simaba paraensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 139

Informações gerais
Nome científico: Simaba paraensis Ducke
Família: Simarubaceae
Sinonímia botânica: Quassia paraensis (PIRANI; THOMAS, 2010).
Outros nomes vulgares: marupá; marupá-amarelo (CAVALCANTE, 1983).
Características morfológicas: árvores com fuste cilíndrico e copa predominantemente
globosa, algumas vezes elíptica vertical, quando cresce em ambiente de pastagem. Na
floresta, atinge até 30 m de altura. Tronco revestido por casca externa fissurada de cor parda
e casca interna, amarela. As folhas são compostas, com até 8 pares de folíolos opostos,
subssésseis, coriáceos, discolores e glabros em ambas as faces. Inflorescência em panícula
terminal ampla, composta, com 30 cm a 40 cm de altura. Flores hermafroditas branco-
esverdeadas. Fruto drupa ovalada, e alaranjada, quando madura (CAVALCANTE, 1983).
Características ecológicas: o angelim-amarelo é uma árvore característica de floresta de
terra firme (CAVALCANTE, 1983).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Pará e Roraima) (PIRANI; THOMAS, 2010).
Fenologia: no Acre, o angelim-amarelo floresce entre junho e julho, e a frutificação ocorre
de julho a agosto. Em Roraima, o florescimento ocorre em fevereiro (CAVALCANTE, 1983).
A árvore perde as folhas na época da floração.
Características da madeira: trata-se de uma espécie carente de maiores estudos sobre as
características da madeira. As informações empíricas indicam que se trata de uma madeira
leve e fácil de trabalhar.
Usos: a madeira é utilizada na fabricação de tábuas para assoalho de casas na zona rural
do Acre, possuindo baixo valor comercial no mercado local.
Produção de mudas: as informações disponíveis na literatura para outras duas espécies do
gênero Simaba indicam que os frutos devem ser recolhidos no chão, sob a árvore, logo
após a sua queda natural. Depois, deve-se deixá-los alguns dias em repouso, amontoados,
e separar as sementes por meio de lavagem em água corrente. As sementes devem ser
postas para germinação, logo que colhidas, em canteiros à meia-sombra, preparados com
substrato organo-arenoso, cobrindo-as com uma camada de espessura igual à sua altura.
Deve-se irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 15 a 30 dias (LORENZI, 2009).
140 Guia arbopasto

Tabela 19. Características dendrométricas de árvores de angelim-amarelo em pastagens culti-


vadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 7,5 5,8 a 10,5
Altura do fuste (m) 1,7 1,3 a 2,8
Altura da copa (m) 5,5 3,8 a 9,2
Altura da base da copa (m) 1,9 1,3 a 2,8
Diâmetro da copa (m) 7,5 4,9 a 10,8
Área da copa (m²) 44,6 18,5 a 91,1
DAP (cm) 26,0 18,5 a 47,1

Referências
CAVALCANTE, P. B. Revisão taxonômica do gênero Simaba aubl. (Simaroubaceae) na América
do Sul. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 1983. 85 p. (Museu Paraense Emílio Goeldi.
Publicações Avulsas, 37).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. v. 3, 384 p.
PIRANI, J. R.; THOMAS, W. Simaroubaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB001346>.
Acesso em: 19 out. 2010.
Capítulo 4 – Guia de espécies 141

Angelim-pedra – Andira inermis


21ª 24ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: muito densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: moderada.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento (IMA-h de até 0,6 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
142 Guia arbopasto

Angelim-pedra
Andira inermis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 143

Informações gerais
Nome científico: Andira inermis (W. Wright) DC.
Família: Fabaceae-Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Andira acuminata; A. grandifolia; Geoffroea inermis (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: morcegueiro; morcegueira; morcego; sucupira-da-várzea; avinei-
ra; andirá; angelim-branco; angelim-doce; angelim-liso; andirá-uchi; umaré; pau-palmeira;
cumarurana; uchi; uchirana (CAMARGOS et al., 2001; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore com altura de até 35 m, dotada de copa globosa e densa.
Tronco ereto e cilíndrico, com casca externa acinzentada ou amarronzada, com desprendimento
de placas lenhosas. A casca interna é de cor creme. Folhas alternas, compostas imparipinadas,
pecioladas, com raque de 8 cm a14 cm de comprimento. Folíolos opostos ou alternos, curto-
peciolulados, em número de 9 a 15, concolores, glabros em ambas as faces, subcoriáceos,
brilhantes na face superior, de 5 cm a 9 cm de comprimento por 2 cm a 4 cm de largura.
Inflorescências em panículas tomentosas terminais, de 10 cm a 30 cm de comprimento, com
flores de cor violeta. Fruto legume drupáceo globoso, de 2,5 cm a 4,0 cm de diâmetro, contendo
uma única semente (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: o angelim-pedra ocorre com relativa frequência em pastagens
cultivadas no Acre, sendo classificada como uma espécie secundária. Requer pouca luz para
seu estabelecimento, porém, é exigente em luz para alcançar maior crescimento. Os morce-
gos frugívoros são os principais agentes dispersores de suas sementes (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais), Sul (Paraná,
Santa Catarina). Também ocorre na América Central e nas Guianas (PENNINGTON, 2010).
Fenologia: no Acre, floresce durante os meses de julho e agosto, época que coincide com
a renovação da sua folhagem. Os frutos amadurecem entre fevereiro e março.
Características da madeira: a madeira é moderadamente pesada, com densidade variando
de 0,65 g cm-3 a 0,78 g cm-3, textura grossa e grande resistência. É difícil de trabalhar e mo-
deradamente difícil de preservar. Sua durabilidade natural é média (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2002; NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira tem sido utilizada para carpintaria, construção de embarcações rústicas,
móveis e assoalhos, bem como para uso externo, como dormentes, postes, cochos e mourões
para cerca. A casca e as sementes são usadas como medicamentos caseiros, em baixas doses;
em excesso, são considerados tóxicos (LORENZI, 2002).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem
a queda espontânea, ou recolhidos do chão, após a queda. Esses já podem ser considerados
como semente para fins de semeadura, uma vez que a remoção de sua polpa é bastante
difícil. Um quilo de frutos contém de 50 a 70 unidades. Deve-se semear em embalagens
individuais contendo substrato organo-argiloso. A emergência ocorre entre 15 e 25 dias
após a semeadura e a taxa de germinação geralmente alcança de 80% a 95% (CORDERO;
BOSHIER, 2003; LORENZI, 2002).
144 Guia arbopasto

Tabela 20. Características dendrométricas de árvores de angelim-pedra em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,0 6,3 a 13,0
Altura do fuste (m) 2,7 2,0 a 3,5
Altura da copa (m) 6,5 3,3 a 10,0
Altura da base da copa (m) 2,5 1,5 a 3,5
Diâmetro da copa (m) 8,7 4,4 a 12,2
Área da copa (m²) 59,4 14,9 a 116,9
DAP (cm) 31,9 17,9 a 47,7

Referências
CAMARGOS, J. A. A.; CORADIN, V. T. R.; CZARNESKI, C. M.; OLIVEIRA, D.;
MEGUERDITCHIAN, I. Catálogo de árvores do Brasil. 2. ed. Brasília, DF: Ibama, 2001. 896 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
PENNINGTON, T. Andira. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 2010/FB022787>. Acesso em: 28
jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 145

Angelim-rajado – Andira surinamensis 28ª 32ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: muito densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: moderada.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
146 Guia arbopasto

Angelim-rajado
Andira surinamensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 147

Informações gerais
Nome científico: Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff
Família: Fabaceae-Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Andira retusa; Andira retusa var. oblonga; Andira surinamensis var.
ovatifoliolata; Geoffroea surinamensis (PENNINGTON, 2010).
Outros nomes vulgares: acapurana; angelim; angelim-vermelho; morcegueira; lombriguei-
ra; manga-brava; andirauchi; uchirana; almendro-de-rio (FERREIRA et al., 2004; LORENZI,
2009).
Características morfológicas: árvore dotada de copa globosa, muito densa e baixa em
pastagens, alcançando até 42 m de altura na Floresta Amazônica. Tronco cilíndrico
revestido por casca externa marrom a cinza-claro, com desprendimento de placas lenhosas.
Casca interna róseo-alaranjada, exsudando resina incolor de odor forte. Folhas compostas
imparipinadas com 7 a 9 folíolos de ápice obtuso, retuso ou emarginado, com lâminas
glabras e brilhantes na face superior, sendo pubérulas e opacas na inferior. Inflorescências
em panículas terminais, com flores de pétalas violáceas. O fruto é uma drupa verde-
amarelada, com 4,5 cm a 6,8 cm de comprimento (FERREIRA et al., 2004; FERREIRA;
HOPKINS, 2004; LORENZI, 2009).
Características ecológicas: considerada uma planta pioneira, muito comum em áreas com
vegetação secundária e pastagens cultivadas. Os morcegos frugívoros são os principais
agentes dispersores de suas sementes (LORENZI, 2009).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso) (PENNINGTON, 2010).
Fenologia: No Acre, a floração ocorre durante o mês de outubro e a frutificação de dezem-
bro a março.
Características da madeira: pesada, com densidade de 0,86 g cm-3, de textura grosseira e
grã direita, difícil de trabalhar, mas de boa resistência ao apodrecimento (LORENZI, 2009).
Usos: a madeira, de qualidade média a alta, é indicada para construção civil e naval, para
confecção de tacos (para assoalhos e bilhares), bengalas, tanoaria e trabalhos de tornos,
bem como para obras externas, como estacas, mourões e dormentes (LORENZI, 2009).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a queda espontânea e utilizados diretamente para a semeadura, não havendo necessidade
de se remover a polpa. Um quilo de frutos contém cerca de 100 unidades. Deve-se semear
em canteiros semissombreados, contendo substrato organo-arenoso. A emergência demora
de 4 a 6 semanas (LORENZI, 2009).
148 Guia arbopasto

Tabela 21. Características dendrométricas de árvores de angelim-rajado em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,0 7,1 a 25,0
Altura do fuste (m) 2,5 1,4 a 3,5
Altura da copa (m) 10,1 5,5 a 23,5
Altura da base da copa (m) 1,9 1,0 a 3,0
Diâmetro da copa (m) 12,3 8,3 a 22,4
Área da copa (m²) 118,2 53,5 a 394,1
DAP (cm) 40,2 26,4 a 76,4

Referências
FERREIRA, G. C.; HOPKINS, M. J. G. Manual de identificação botânica e anatômica - angelim.
Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2004. 101 p.
FERREIRA, G. C.; HOPKINS, M. J. G.; SECCO, R. de S. Contribuição ao conhecimento
morfológico das espécies de leguminosae comercializadas no estado do Pará, como «angelim».
Acta Amazonica, Manaus, v. 34, n. 2, p. 219-232, abr./jun. 2004.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. v. 3, 384 p.
PENNINGTON, T. Andira. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 2010/FB022791>. Acesso em: 27
out. 2010.
Capítulo 4 – Guia de espécies 149

Babaçu – Attalea speciosa 50ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, típica das palmeiras.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: excessiva.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: óleo extraído da amêndoa.

Produção de mudas: difícil.

Escala visual
150 Guia arbopasto

Babaçu
Attalea speciosa
Fotos: Ana Karina Dias Salman
Capítulo 4 – Guia de espécies 151

Informações gerais
Nome científico: Attalea speciosa Mart. ex Spreng.
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Orbignya phalerata; Orbignya cuci; Orbignya barbosiana; Orbignya
lydiae; Orbignya martiana; Orbignya speciosa; Orbignya huebneri; Orbignya macropetala;
Attalea lydiae (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: babassu; uauassu; baguaçu; guaguaçu (LORENZI et al., 2010).
Características morfológicas: caule solitário, colunar, de 10 m a 30 m de altura e 30 cm
a 60 cm de diâmetro. Folhas pinadas, eretas e divergentes, com 175 a 260 pares de pinas
regularmente distribuídas sobre toda a extensão da raque. Inflorescências pistiladas e andró-
ginas dispostas na mesma planta. Frutos de 10 cm a 12 cm x 5 cm a 10 cm, com mesocarpo
seco-farináceo, de coloração branco-marfim na maturidade. Sementes (amêndoas) de 3 cm
a 7 cm x 1,0 cm a 1,8 cm (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: planta perenifólia, heliófila, muito comum na região norte
do país, na floresta pluvial. No Estado do Maranhão e parte do Pará, apresenta ampla e
expressiva dispersão, chegando em muitas regiões a formar populações puras, denominadas
“babaçuzais”. Apesar de ocorrer no interior da floresta primária, geralmente é espécie
predominante. Seu maior vigor é como espécie pioneira, regenerando-se naturalmente em
áreas abertas com tamanho vigor que é considerada espécie daninha (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão,
Piauí, Ceará), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás) (LEITMAN et al., 2010).
Fenologia: floresce durante os meses de janeiro a abril. A maturação dos frutos verifica-se
entre agosto e janeiro (LORENZI, 2002).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: a amêndoa verde fornece um leite muito nutritivo e da amêndoa madura extrai-se
um óleo alimentício de boa qualidade, com o qual se fabrica manteiga, sabões e sabone-
tes, velas e biodiesel. Do mesocarpo do fruto, faz-se uma farinha alimentar. O resíduo da
extração do óleo também pode ser utilizado na alimentação animal. As folhas e espatas
são empregadas como cobertura de ranchos. A extração do óleo de babaçu é uma das
principais atividades econômicas do Maranhão (LORENZI, 2002; LORENZI et al., 2004;
2010).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da palmeira quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão após a queda. Os frutos assim obtidos podem
ser diretamente utilizados para semeadura, não havendo necessidade de despolpá-los.
Um quilo de frutos assim obtidos contém aproximadamente 10 unidades. Coloca-se os
frutos para germinação logo que colhidos, e sem nenhum tratamento, em canteiros ou
diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-argiloso. A emergência
pode demorar de 4 a 6 meses (LORENZI, 2002).
152 Guia arbopasto

Tabela 22. Características dendrométricas de palmeiras de babaçu em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,8 11,2 a 21,0
Altura do caule (m) 5,2 1,7 a 9,6
Altura da copa (m) 9,6 5,4 a 13,2
Altura da base da copa (m) 5,2 1,7 a 9,6
Diâmetro da copa (m) 10,2 5,6 a 16,0
Área da copa (m²) 82,4 24,6 a 201,1
DAP (cm) 50,1 32,5 a 87,5

Referências
LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. Arecaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/
FB015686>. Acesso em: 29 jul. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 368 p.
LORENZI, H.; NOBLICK, L. R.; KAHN, F; FERREIRA, E. J. L. Flora brasileira Lorenzi: Arecaceae
(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; MEDEIROS-COSTA, J. T.; CERQUEIRA, L. S. C.; FERREIRA, E. J. L.
Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2004. 416 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 153

Baginha – Stryphnodendron pulcherrimum 12ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, umbeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,0 m ano-1).

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
154 Guia arbopasto

Baginha
Stryphnodendron pulcherrimum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 155

Informações gerais
Nome científico: Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Acacia pulcherrima; Stryphnodendron floribundum; Stryphnodendron
angustum; Piptadenia cobi.
Outros nomes vulgares: baginha-de-são-joão; barbatimão; camuzé; caubi; fava-barbatimão;
fava-camuzé; favinha; jubarbatimão; juerana-branca; paricá; paricarana; paricazinho
(LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 32 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa fina e quase lisa. Em árvores mais velhas, há desprendimento de placas
lenhosas. Folhas compostas bipinadas, com uma glândula de até 3 mm de comprimento na
metade inferior do pecíolo. Pinas alternas ou opostas, em número de 14 a 20 pares. Folíolos
opostos ou alternos, em número de 14 a 26, levemente discolores, de 3 mm a 6 mm de
comprimento. Inflorescências em espigas axilares terminais, de cor amarelada. Fruto legume
(vagem) de 6 cm a 10 cm de comprimento, marrom-escuro quando maduro, contendo de
10 a 18 sementes, envoltas por intensa mucilagem adocicada (LORENZI, 2002; MENESES
FILHO et al., 1995).
Características ecológicas: planta pioneira, heliófila, decídua, característica da mata pluvial
de terra firme (LORENZI, 2002). Árvore de longevidade relativamente curta, especialmente
quando atacada por cupins. Muito conhecida no Acre, principalmente pelos seringueiros e
caçadores, porque seus frutos são apreciados por pacas, cutias, caititus e veados (ANDRADE
et al., 2002).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(SCALON, 2010). Também nas Guianas, Venezuela e Colômbia (LORENZI, 2002).
Fenologia: no Acre, a dispersão dos frutos ocorre no final da estação seca (julho a setem-
bro), juntamente com a renovação da folhagem. O florescimento ocorre nos meses de
setembro e outubro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,61 g cm-3), macia, de
textura média, pouco resistente e de baixa durabilidade natural (IBAMA, 2011; LORENZI,
2002).
Usos: A madeira é indicada para confecção de móveis, lâminas faqueadas decorativas,
compensados, esculturas, cabo de ferramentas e para lenha e carvão. As flores são melíferas
(LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea e deixá-
los ao sol por alguns dias para facilitar a retirada das sementes. Um quilo de sementes contém
aproximadamente 19 mil unidades. As sementes precisam de escarificação mecânica com
lixa para superação da dormência tegumentar. Deve-se semear em canteiros a pleno sol
contendo substrato arenoso e, 2 a 3 semanas após a germinação, repicar as plântulas para
sacos de polietileno ou tubetes de tamanho médio (LORENZI, 2002).
156 Guia arbopasto

Tabela 23. Características dendrométricas de árvores de baginha em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 7,8 6,0 a 11,0
Altura do fuste (m) 1,8 1,0 a 2,2
Altura da copa (m) 5,8 4,1 a 9,0
Altura da base da copa (m) 2,0 1,6 a 3,0
Diâmetro da copa (m) 12,8 9,3 a 20,6
Área da copa (m²) 128,2 67,2 a 331,7
DAP (cm) 34,3 19,1 a 91,0

Referências
ANDRADE, C. M. S.; VALENTIM, J. F.; CARNEIRO, J. C. Árvores de baginha (Stryhnodendron
guianense (Aubl.) Benth.) em ecossistema de pastagens cultivadas na Amazônia Ocidental. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 31, n. 2, p. 574-582, 2002.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=26&caracteristica=54>. Acesso em: 29 jul. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES-FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSAGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A.
Comportamento de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no Parque
Zoobotânico, Rio Branco - Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
SCALON, V. R. Stryphnodendron. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023177>. Acesso em: 29
jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 157

Bordão-de-velho – Samanea tubulosa 1ª 8ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, flabeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,64 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
158 Guia arbopasto

Bordão-de-velho
Samanea tubulosa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 159

Informações gerais
Nome científico: Samanea tubulosa (Benth.) Barneby & J.W. Grimes
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Calliandra tubulosa Benth.; Pithecelobium saman var. (b) acutifolium
Benth.; P. venosum Rusby; Samanea saman sensu Bernardi (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: samaneiro; sete-cascas; barba-de-velho (CARVALHO, 2007).
Características morfológicas: árvore de até 28 m de altura, com copa flabeliforme. Tronco
revestido por casca externa fissurada e muito suberosa e casca interna amarelada ou rosada.
Folhas alternas, compostas bipinadas, com folíolos opostos, discolores, elípticos, com
margem inteira e lados desiguais. Inflorescências em capítulos terminais, em agrupamentos
de 6 a 15, cada um com 12 a 20 flores, com estames metade brancos, metade purpúreos.
Fruto legume séssil, indeiscente, de 10 cm a 18 cm de comprimento, carnoso, com polpa
doce e perfumada (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta caducifólia, heliófila, pioneira, que ocorre preferencial-
mente em capoeiras e em áreas abertas, como colonizadora. Frutos muito apreciados por
animais silvestres (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Goiás, Mato Grosso do Sul) (MORIN, 2010).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, o bordão-de-velho floresce de agosto a janeiro.
A dispersão dos frutos ocorre durante a estação seca (julho e agosto), juntamente com a
renovação da folhagem.
Características da madeira: a madeira do bordão-de-velho varia de leve a moderadamente
densa (0,44 g cm-3 a 0,78 g cm-3), textura média, grã direita, resistência mecânica de média
a moderada e moderadamente durável (CARVALHO, 2007; LORENZI, 2002).
Usos: a madeira é empregada para marcenaria, moirões e para lenha. Também serve para
produção de celulose e papel. As flores são melíferas (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea ou
recolhê-los no chão, sob a planta-mãe, logo após a queda. Depois, deixá-los ao sol por
alguns dias para facilitar a retirada manual das sementes, que precisam de escarificação
mecânica com lixa para superação da dormência tegumentar. Recomenda-se distribuir
uma semente em saco de polietileno ou em tubetes de tamanho médio, ou ainda em se-
menteira, com repicagem das plântulas de 4 a 6 semanas após a germinação (CARVALHO,
2006; LORENZI, 2002).
160 Guia arbopasto

Tabela 24. Características dendrométricas de árvores de bordão-de-velho em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,5 6,2 a 18,6
Altura do fuste (m) 3,3 1,4 a 5,2
Altura da copa (m) 10,0 4,0 a 13,2
Altura da base da copa (m) 4,5 2,2 a 6,5
Diâmetro da copa (m) 16,3 9,7 a 25,5
Área da copa (m²) 207,7 73,1 a 510,7
DAP (cm) 46,2 29,6 a 66,8

Referências
CARVALHO, P. E. R. Bordão-de-velho - Samanea tubulosa. Colombo: Embrapa Florestas, 2007.
6 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 132).
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MORIM, M. P. Samanea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023141>. Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 161

Cajá – Spondias mombin 20ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, caliciforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: regular.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,78 m ano-1).

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: frutos.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
162

Cajá
Spondias mombin
Guia arbopasto
Capítulo 4 – Guia de espécies 163

Informações gerais
Nome científico: Spondias mombin L.
Família: Anacardiaceae
Sinonímia botânica: Spondias lutea; S. brasiliensis; S. myrobalanus; S. aurantiaca (LORENZI,
2008).
Outros nomes vulgares: cajazeira; cajá-da-mata; cajá-mirim; taperebá (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: árvores de até 30 m de altura, com tronco reto, revestido por
casca externa fendida e suberosa, de coloração cinza-clara. A casca interna é rosa-clara.
As folhas são compostas, alternas, imparipinadas, com 5 a 11 pares de folíolos, espiralados,
peciolados. A inflorescência se apresenta em panículas masculinas e femininas, nas axilas
das folhas novas, com flores creme-esverdeadas. Os frutos são drupas ovoides de 3 cm a
6 cm de comprimento, com polpa comestível amarela e ácida, de odor agradável.
A semente é um caroço grande, branco, suberoso e enrugado (CARVALHO, 2006;
LORENZI, 2008; SANTANA, 2010).
Características ecológicas: espécie heliófila, secundária tardia. Nas regiões de estação
seca definida, apresenta-se como caducifólia, e em outras regiões, como perinifólia ou
semidecídua. Os frutos são muito apreciados pela fauna em geral (CARVALHO, 2006;
CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Rondônia, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(SILVA-LUZ; PIRANI, 2010). Ocorre também nos seguintes países: Bolívia, Colômbia,
Equador, Honduras, México, Peru e Venezuela (CARVALHO, 2006).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce nos meses de agosto e setembro, e os frutos
amadurecem entre janeiro e fevereiro. A árvore perde as folhas entre junho e agosto.
Características da madeira: leve, com densidade de 0,41g cm-3, mole e fácil de trabalhar,
de média durabilidade natural (LORENZI, 2008).
Usos: a madeira pode ser usada em caixotaria, em aeromodelismo, na fabricação de fósforos
e de papel branco. Os frutos são muito utilizados no preparo de sucos e sorvetes. São
também consumidos pelo gado. Suas flores são melíferas (CARVALHO, 2006; LORENZI,
2008).
Produção de mudas: os frutos devem ser recolhidos no chão, após sua queda da árvore. Após
a despolpa, deve-se lavar os endocarpos em água corrente e deixar secar ao sol. Um quilo
de endocarpos secos contém 600 unidades, sendo que cada endocarpo contém entre 1 e
5 sementes. Não há necessidade de tratamento pré-germinativo. As sementes apresentam
comportamento recalcitrante, e sua viabilidade é inferior a 3 meses. Recomenda-se semear
um endocarpo em saco de polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm de altura e
7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno grande. A emergência tem início de 25 a
75 dias após a semeadura (CARVALHO, 2006; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI,
2008; REYNEL et al., 2003).
164 Guia arbopasto

Tabela 25. Características dendrométricas de árvores de cajá em pastagens cultivadas na Ama-


zônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,0 8,3 a 18,0
Altura do fuste (m) 4,2 1,4 a 8,0
Altura da copa (m) 7,8 4,0 a 13,1
Altura da base da copa (m) 5,2 1,4 a 8,0
Diâmetro da copa (m) 11,5 5,0 a 21,4
Área da copa (m²) 104,1 19,6 a 358,0
DAP (cm) 42,9 25,1 a 57,3

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SANTANA, F. F. Caracterização de genótipos de cajazeira. 2010. 109 f. Tese (Doutorado em
Agronomia, produção vegetal) -- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
Estadual Paulista, Jaboticabal.
SILVA-LUZ, C. L.; PIRANI, J. R. Anacardiaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB004404>.
Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 165

Castanheira – Bertholletia excelsa 49ª 20ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,15 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: amêndoas.

Produção de mudas: difícil.

Escala visual
166 Guia arbopasto

Castanheira
Bertholletia excelsa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 167

Informações gerais
Nome científico: Bertholletia excelsa Bonpl.
Família: Lecythidaceae
Sinonímia botânica: Bertholletia nobilis Miers (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: castanha-do-Brasil; castanha-do-Pará (LORENZI, 2008)
Características morfológicas: árvore de até 60 m de altura, com tronco retilíneo revestido
por casca externa pardo-acinzentada, e com fendas longitudinais com interior avermelha-
do. Folhas alternas, simples, elípticas a estreitamente obovadas, glabras, de 17 cm a 45 cm
de comprimento. Flores de coloração amarela, grandes, muito perfumadas, dispostas em
panículas terminais. Os frutos são cápsulas lenhosas, globosas e indeiscentes, cada uma
pesando entre 500 g a 1.500 g e contendo de 15 a 25 sementes (castanhas) (ICRAF, 2012;
LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, característica de mata alta de
terra firme de toda a Amazônia. Pertence à fase final da sucessão, sendo considerada
clímax, e seu tempo de vida é longo. É planta social, ocorrendo em determinados locais
com grande frequência e formando os chamados “castanhais”, porém, sempre em asso-
ciação com outras espécies. Prefere terrenos bem drenados, não tolerando encharcamento
(ÁVILA, 2006; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso) (SMITH et al., 2010). Também ocorre na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Guia-
nas (LOCATELLI et al., 2005).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce durante os meses de outubro a dezembro.
Seus frutos amadurecem no período de dezembro a fevereiro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,63 g cm-3 a 0,75 g cm-3),
macia ao corte, textura média, grã direita, superfície sem brilho e lisa ao tato, de boa resistência
ao ataque de microrganismos xilófagos (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Usos: a exploração da madeira de castanheiras silvestres é proibida por lei federal. Sua madeira
é de ótima qualidade para construção civil e naval, bem como para esteios e obras externas. As
amêndoas são muito utilizadas para consumo in natura e na fabricação de alimentos diversos,
sendo um importante produto de exportação da Amazônia. O óleo extraído das amêndoas
assemelha-se ao de oliva, sendo, portanto, muito saudável. Ele é também utilizado na fabri-
cação de sabonetes, cosméticos e xampus. A torta resultante da extração do óleo pode ser
utilizada na alimentação humana e animal (ÁVILA, 2006; LOUREIRO et al., 1979).
Produção de mudas: as sementes apresentam dormência, associada à impermeabilidade
do tegumento. Sem a remoção da casca, a emergência pode demorar de 6 a 18 meses.
Com a retirada da casca e tratamento das amêndoas com fungicida é possível obter mais
de 80% de germinação aos 3 meses. Para facilitar a retirada da casca, deve-se deixar as
sementes imersas em água por 48 horas. Depois, deve-se colocar as amêndoas tratadas
para germinar em sementeiras com areia lavada, protegidas contra roedores, tendo o cui-
dado de se deitar as sementes sob a areia, colocando o polo radicular de onde se originará
a raiz (parte mais grossa) voltada para baixo, e o caulicar a uma profundidade de 1 cm da
superfície do substrato. A repicagem deve ser feita antes da abertura das primeiras folhas
das plântulas, no chamado “ponto de palito”, para evitar a perda de água e queima das
folhas. As mudas estarão aptas para o plantio de 4 a 8 meses após a repicagem (LOCATELLI
et al., 2005).
168 Guia arbopasto

Tabela 26. Características dendrométricas de árvores de castanheira em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 16,0 9,0 a 26,5
Altura do fuste (m) 9,2 3,5 a 18,5
Altura da copa (m) 7,6 5,2 a 12,8
Altura da base da copa (m) 8,4 3,0 a 18,5
Diâmetro da copa (m) 7,9 4,7 a 13,7
Área da copa (m²) 49,0 17,3 a 146,3
DAP (cm) 30,4 0,6 a 59,5

Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=26&caracteristica=54>. Acesso em: 29 jul. 2011.
ICRAF. International Center for Research in Agroforestry. AgroForestryTree Database: a tree
species reference and selection guide. Disponível em: <http://www.worldagroforestry.org/sea/
products/afdbases/af/index.asp>. Acesso em: 12 abr. 2012.
LOCATELLI, M; VIEIRA, A. H.; GAMA, M. M. B.; FERREIRA, M. G. R.; MARTINS, E. P.; FILHO,
E. P. S.; SOUZA, V. F; MACEDO, R. S. Cultivo da Castanha-do-Brasil em Rondônia. Porto Velho:
Embrapa Rondônia, 2005. (Embrapa Rondônia. Sistemas de Produção, 7). Disponível em: <http://
sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Castanha/CultivodaCastanhadoBrasilRO/
index.htm>. Acesso em: 4 ago. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 1, 245 p.
SMITH, N. P.; MORI, S. A.; PRANCE, G. T. Lecythidaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do
Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/
FB023424>. Acesso em: 29 Jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 169

Cedro-rosa – Cedrela fissilis 31ª 10ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,94 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
170 Guia arbopasto

Cedro-rosa
Cedrela fissilis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade

Foto: Ana Karina Dias Salman


Capítulo 4 – Guia de espécies 171

Informações gerais
Nome científico: Cedrela fissilis vell.
Família: Meliaceae
Sinonímia botânica: Cedrela elliptica; C. huberi; C. macrocarpa (SAKURAGUI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: cedro-vermelho; cedro-branco; cedro-batata; cedro-amarelo;
cedro-cetim; cedro-da-várzea; cedrinho (CARVALHO, 2003).
Características morfológicas: árvore com até 35 m de altura e tronco cilíndrico, revestido por
casca externa marrom a pardo-acinzentada, com fissuras longitudinais profundas e largas.
Casca interna com camadas alternadas de cor rosa e amarelada. Folhas alternas espiraladas,
compostas pinadas, com 8 a 30 pares de folíolos. Inflorescência em panículas terminais, com
flores com pétalas esverdeado-brancas, às vezes rosadas no ápice. Fruto cápsula piriforme
deiscente, com lenticelas claras, com 3 cm a 10 cm de comprimento e 3 cm a 3,5 cm de
largura. Semente alada em uma das extremidades, comprimida lateralmente, bege a castanho-
avermelhada. Todas as partes da planta, quando esmagadas, apresentam cheiro de alho
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008; PENNINGTON, 1986).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, que desenvolve-se no interior de
florestas primárias, podendo também ser encontrada como espécie pioneira em capoeiras.
É atacada pela broca-das-meliáceas (Hypsipyla grandella), especialmente em plantios
puros (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Bahia),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio
de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (SAKURAGUI et al., 2010).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, geralmente os frutos amadurecem com a árvore
totalmente desfolhada entre junho e agosto. A floração ocorre juntamente com a nova
folhagem entre junho e outubro.
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade média de
0,55 g cm-³), macia ao corte e notavelmente durável em ambiente seco. Quando enterrada
ou submersa, apodrece rapidamente (LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é largamente empregada em compensados, contraplacados, esculturas e
obras de talha, modelos e molduras, esquadrias, móveis em geral, marcenaria, na construção
civil, naval e aeronáutica, na confecção de pequenas caixas, lápis e instrumentos musicais
(LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
abertura espontânea. Em seguida, deixá-los secar à sombra para a retirada das sementes. Um
quilo de sementes contém cerca de 20 mil unidades, cuja longevidade é superior a 4 meses.
Colocar as sementes para germinar em canteiros semissombreados contendo substrato
argiloso, cobrindo-as com uma fina camada do substrato peneirado e irrigar duas vezes ao
dia. A germinação é abundante e ocorre em 12 a 18 dias. Em 70 a 120 dias do transplante
para saquinhos individuais, já podem ser levadas para plantio no local definitivo (LORENZI,
2008). A espécie também pode ser propagada vegetativamente por miniestaquia (XAVIER
et al., 2003).
172 Guia arbopasto

Tabela 27. Características dendrométricas de árvores de cedro-rosa em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,4 9,8 a 19,0
Altura do fuste (m) 4,4 2,7 a 7,0
Altura da copa (m) 10,5 6,9 a 14,6
Altura da base da copa (m) 3,9 2,7 a 6,0
Diâmetro da copa (m) 9,1 5,5 a 17,0
Área da copa (m²) 65,7 23,8 a 225,6
DAP (cm) 43,4 28,6 a 69,4

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PENNINGTON, T. D. Meliaceae: a família do cedro na região cacaueira da Bahia. Ilhéus:
CEPLAC, 1986. 64 p. (CEPLAC. Boletim técnico, 143).
SAKURAGUI, C. M.; STEFANO, M. V.; CALAZANS, L. S. B. Meliaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2010/FB009990>. Acesso em: 8 ago. 2011.
XAVIER, A.; SANTOS, G. A.; WENDLING, I.; OLIVEIRA, M. L. Propagação vegetativa de cedro-
rosa por miniestaquia. Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 2, p. 139-143, 2003.
Capítulo 4 – Guia de espécies 173

Cerejeira – Amburana acreana 27ª 19ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, flabeliforme.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,25 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
174 Guia arbopasto

Cerejeira
Amburana acreana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 175

Informações gerais
Nome científico: Amburana acreana (Ducke) A. C. Sm.
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Torresea acreana; Amburana cearensis var. acreana (LIMA, 2010).
Outros nomes vulgares: amburana; amburana-de-cheiro; cerejeira-da-amazônia; cerejeira-
amarela; cumaru-de-cheiro; umburana; emburana; imburana (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: árvore decídua, atingindo até 40 m de altura na Floresta
Amazônica. O tronco é reto a levemente tortuoso, recoberto por casca externa muito
fina (até 5 mm de espessura), que esfolia-se em grandes placas, de coloração vermelho-
ferrugínea, com lenticelas brancas, tornando-se róseas e lisas após a renovação. A casca
interna é de coloração amarelo-clara, com odor característico. As folhas são compostas,
com 17 a 25 folíolos membranáceos, glabros, ovados ou ovado-lanceolados, medindo 6
cm de comprimento e 3 cm de largura. As inflorescências são panículas de até 25 cm de
comprimento, com flores hermafroditas brancas. O fruto é uma vagem deiscente, com 4
cm a 7 cm de comprimento, contendo 1 ou 2 sementes aladas (CARVALHO, 2006).
Características ecológicas: espécie clímax, tolerante à sombra. É de origem andino-
amazônica e de dispersão sul-americana ampla e divergente. Essa espécie ocupa áreas
com floresta de terra firme (CARVALHO, 2006).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(LIMA, 2010). Também ocorre de forma natural na Bolívia e no Peru (CARVALHO, 2006).
Fenologia: floresce em abril e maio, em ramos desfolhados. Os frutos maduros ocorrem
em julho, no Acre; de agosto a setembro, em Mato Grosso; e de agosto a outubro, em
Rondônia (CARVALHO, 2006; 2007).
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,57 g cm-3 a 0,62 g cm-3),
lisa, macia ao corte, de aspecto agradável, com cheiro peculiar (CARVALHO, 2006; IBAMA,
2011).
Usos: a madeira é excelente na construção civil e muito procurada, principalmente, pelas
indústrias nacionais de móveis de luxo, que a utilizam na forma de madeira serrada e
compensada. Também utilizada para acabamento interno, como rodapés, molduras,
cordões, esquadrias, portas, batentes, folhas faqueadas decorativas e peças torneadas
(CARVALHO, 2006).
Produção de mudas: a colheita total de sementes pode ser iniciada a partir de frutos
de coloração preta e coletadas no chão, havendo 800 sementes por quilo. Não há
necessidade de tratamento pré-germinativo das sementes. Recomenda-se semear uma
semente em saco de polietileno, em tubetes de polipropileno ou em sementeiras, para
posterior repicagem. A repicagem deve ser feita logo após a emissão da parte aérea
ou quando a muda atingir até 10 cm de altura. Essa espécie aceita poda radicial.
A emergência tem início entre 15 e 33 dias após a semeadura, sendo alta (76% a 81%). As
mudas atingem uma altura média de 20 cm, dois meses após a semeadura (CARVALHO, 2006).
176 Guia arbopasto

Tabela 28. Características dendrométricas de árvores de cerejeira em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,8 8,5 a 23,4
Altura do fuste (m) 2,9 1,2 a 6,0
Altura da copa (m) 10,1 5,5 a 20,5
Altura da base da copa (m) 2,8 1,2 a 4,8
Diâmetro da copa (m) 9,3 5,2 a 15,2
Área da copa (m²) 68,3 21,2 a 181,5
DAP (cm) 30,3 14,3 a 70,0

Referências
CARVALHO, P. E. R. Cerejeira-da-Amazônia: Amburana acreana. Colombo: Embrapa Florestas,
2007. 5 p. (Embrapa Florestas. Circular Técnica, 134).
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=6&caracteristica=202>. Acesso em: 9 ago. 2011.
LIMA, H. C. Amburana. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB022780>. Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 177

Cumaru-cetim – Apuleia leiocarpa 18ª 5ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, flabeliforme.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,22 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
178 Guia arbopasto

Cumaru-cetim
Apuleia leiocarpa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 179

Informações gerais
Nome científico: Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: Apuleia molaris; Leptolobium leiocarpum (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: cumarurana; garapeira; garapeiro; grápia; mitaroá; muirajuba;
pau-cetim (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: na Floresta Amazônica, atinge até 40 m de altura. O tronco é ci-
líndrico e reto, na floresta fechada, e um pouco tortuoso quando cresce em ambiente aberto. A
casca externa é lisa, fina, pardo-amarelada a branco-acinzentada, com presença de lenticelas.
A casca interna é dura, espessa, de cor rosada. As folhas são alternas, compostas, imparipinadas,
pecioladas, geralmente com 5 a 11 folíolos alternos e pequenos. Flores brancas, em panículas
terminais e axilares. O fruto é uma vagem oblonga, achatada, ligeiramente oblíqua, indeiscente,
elíptica, de cor castanho-clara, com pouca pilosidade quando nova, contendo 2 a 4 sementes
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila ou de luz difusa, indiferente às condi-
ções físicas do solo (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste (Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe) e em todos os estados
do Centro-Oeste, Sudeste e Sul (LIMA, 2011).
Fenologia: a espécie floresce durante os meses de agosto a outubro. A árvore apresenta
desfolha antes da floração. Os frutos amadurecem de janeiro a fevereiro, entretanto, per-
manecem na árvore por muitos meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,83 g cm3) e dura.
Apresenta boa durabilidade em aplicações expostas às intempéries, desde que não seja
em condições de alta umidade. Estacas de cerne dessa espécie mostraram ser resistentes
a fungos e cupins. A vida média da madeira, em contato com o solo, é inferior a 9 anos
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é empregada em marcenaria, tanoaria, esquadrias, carrocerias, trabalhos de
torno, cabos de ferramentas; na construção civil, como vigas, ripas, caibros, tacos e tábuas para
assoalhos, e para usos externos, como postes, estacas, mourões, dormentes e vigas de pontes.
Produz polpa para papel de embalagem e também pode ser utilizada para fins energéticos, na
produção de álcool, coque e carvão (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: os frutos maduros devem ser colhidos diretamente da árvore e
submetidos a secagem em local bem ventilado ou a meio-sol. As sementes apresentam
dormência tegumentar e precisam de escarificação mecânica, térmica ou química. Deve-
-se distribui-las em sementeira e depois repicar as plântulas para sacos de polietileno,
com 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho
médio. Recomenda-se a repicagem de duas a quatro semanas após a germinação. O tempo
mínimo de viveiro é de 6 meses (CARVALHO, 2003; REYNEL et al., 2003).
180 Guia arbopasto

Tabela 29. Características dendrométricas de árvores de cumaru-cetim em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,7 9,0 a 18,5
Altura do fuste (m) 4,7 2,5 a 8,5
Altura da copa (m) 7,3 3,0 a 13,5
Altura da base da copa (m) 6,5 4,0 a 9,5
Diâmetro da copa (m) 10,8 6,6 a 15,8
Área da copa (m²) 91,3 34,2 a 194,8
DAP (cm) 24,9 14,0 a 37,9

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
LIMA, H. C. Apuleia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB022796>. Acesso em: 25 out. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 181

Envira-piaca – Lonchocarpus cultratus 4ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: densa.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
182 Guia arbopasto

Envira-piaca
Lonchocarpus cultratus
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 183

Informações gerais
Nome científico: Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azevedo & H.C. Lima
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Pterocarpus cultratus; Derris guilleminiana; Lonchocarpus guilleminianus
(SILVA; TOZZI, 2011).
Outros nomes vulgares: embira-de-sapo; embira-de-macaco; falso-timbó; ingá-bravo;
timbó-carrapateiro (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 25 m, com tronco de até 50 cm de diâmetro, re-
vestido por casca externa acinzentada, com lenticelas e às vezes com fendas longitudinais.
Casca interna amarelo-rosada, com exsudação abundante e avermelhada. Folhas alternas
espiraladas, estipuladas, compostas imparipinadas, geralmente com 7 folíolos ovalados a
elípticos, subcoriácios, glabros, de 4 cm a 8 cm, de comprimento, por 2 cm a 4 cm, de
largura. Inflorescências em racemos axilares fusiformes, com flores brancas, perfumadas,
zigomorfas e diclamídeas. Os frutos maduros são vagens achatadas, indeiscentes, de cor
marrom (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: árvore semidecídua, heliófila, indiferente às condições físicas e
químicas do solo. Ocorre principalmente em formação secundária, sendo rara no interior
da floresta primária densa (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Nordeste (Pernambuco, Bahia, Alagoas),
Centro-Oeste (Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de
Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (SILVA; TOZZI, 2011).
Fenologia: floresce de dezembro a fevereiro e a maturação dos frutos ocorre nos meses de
julho a setembro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,61 g cm-3 a 0,83 g cm-3),
dura, compacta, moderadamente resistente ao ataque de organismos xilófagos, de cerne e
alburno indistintos (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira pode ser usada em obras internas na construção civil e na fabricação de
cabos de ferramentas e de peças torneadas, em caixotaria e em dormentes. Também serve
para lenha e fabricação de papel e celulose. É uma espécie adequada para recomposição
de áreas de preservação permanente (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando maduros.
Depois, secá-los ao sol, para facilitar a abertura manual e retirada das sementes, que devem
secar à sombra por mais 2 ou 3 dias. Coloca-se as sementes para germinar em canteiros
semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno ou em tubetes de polipropileno,
de tamanho médio. Não há necessidade de escarificar as sementes. A emergência ocorre
em 10 ou 15 dias, e a germinação geralmente é alta. Aos 6 meses, as mudas podem ser
plantadas no campo (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
184 Guia arbopasto

Tabela 30. Características dendrométricas de árvores de envira-piaca em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 10,0 6,3 a 15,0
Altura do fuste (m) 2,7 1,5 a 4,4
Altura da copa (m) 7,5 4,5 a 12,9
Altura da base da copa (m) 2,5 1,7 a 4,4
Diâmetro da copa (m) 9,7 6,2 a 14,2
Área da copa (m²) 74,3 29,7 a 158,4
DAP (cm) 25,0 12,4 a 47,1

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
SILVA, M. J.; TOZZI, A. M. G. A. Lonchocarpus.In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023052>.
Acesso em: 27 out. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 185

Farinha-seca – Albizia niopoides 3ª 14ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa alta, flabeliforme.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,0 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
186 Guia arbopasto

Farinha-seca
Albizia niopoides
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 187

Informações gerais
Nome científico: Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Albizia hasslerii sensu Bernardi; Pithecellobium hassleri; Pithecellobium
niopoides (CARVALHO, 2009; IGANCI, 2010)
Outros nomes vulgares: angico-branco; canafístula; frango-assado; gurujuba (LORENZI,
2008).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura. Tronco cilíndrico e reto, com
casca externa lisa, cinzenta ou amarelada, com lenticelas e estrias avermelhadas. A casca
interna é de coloração amarela-suave. Folhas alternas, bipinadas, com 8 a 14 pares de
pinas e pecíolo com uma glândula. Há de 40 a 80 folíolos pareados em cada pina. A página
adaxial é verde-lustrosa e a página abaxial é clara e finamente pilosa. A inflorescência
é uma panícula terminal ou lateral com numerosos capítulos brancos, medindo 1 cm
de diâmetro. O fruto é uma vagem chata, deiscente, de coloração castanho-clara, com
cinco a dez sementes ovaladas, de coloração castanha, medindo 5 mm de comprimento
(CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira. É encontrada frequente-
mente colonizando pastagens, em muitos casos sendo plantas originadas da regeneração
por brotação de raízes (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Pará, Acre, Rondônia), Nordeste (Bahia, Pernam-
buco, Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas
Gerais, São Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (IGANCI, 2010).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de setembro e outubro. A dispersão dos frutos ocor-
re no final da estação seca (agosto e setembro), juntamente com a renovação da folhagem.
Características da madeira: leve, macia ao corte, pouco compacta, de baixa resistência ao
ataque de organismos xilófagos, porém pode ser tratada (FLORES, 2002; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é empregada apenas para forros, caixotaria e confecção de objetos leves,
como brinquedos, lápis, etc. Se tratada, pode ser utilizada na construção civil e como
estacas. Também pode ser usada para fabricação de papel, carvão e lenha (FLORES, 2002;
LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos do chão logo após a queda e colocá-
los para secar ao sol, para facilitar a abertura dos frutos e a liberação das sementes.
Essas podem ser armazenadas a frio por pelo menos 1 ano. Um quilo contém de
22 mil a 36 mil sementes. Para quebra de dormência, é necessário imergir as sementes
em água quente (80 oC), por 1 minuto, e em seguida, mantê-las em água morna (30 oC
a 40 oC), por 24 horas. Coloca-se as sementes embebidas para germinar em canteiros
semissombrados ou diretamente em sacos de polietileno ou em tubetes. A emergência
ocorre em 6 a 15 dias (CARVALHO, 2008; FLORES, 2002; LORENZI, 2008).
188 Guia arbopasto

Tabela 31. Características dendrométricas de árvores de farinha-seca em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 18,4 5,5 a 24,5
Altura do fuste (m) 3,7 1,5 a 9,5
Altura da copa (m) 12,5 2,9 a 19,0
Altura da base da copa (m) 5,9 2,4 a 10,5
Diâmetro da copa (m) 16,6 6,4 a 22,5
Área da copa (m²) 216,6 32,0 a 397,6
DAP (cm) 46,7 18,1 a 63,7

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
CARVALHO, P. E. R. Farinha-Seca: Albizia niopoides. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 8 p.
(Embrapa Florestas. Comunicado técnico, 226).
FLORES, E. M. Albizia niopoides (Spruce ex Benth.)Burkart. In: VOZZO, J. A. (Ed.). Tropical tree
seed manual. Washington, DC: USDA Forest Service, 2002. p. 277-279. Disponível em: <http://
www.rngr.net/publications/ttsm/species/Albizia %20niopoides.pdf/at_download/file>. Acesso em:
2 ago. 2011.
IGANCI, J. R. V. Albizia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br /2010/FB082617>. Acesso em: 2 ago. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 189

Fava-orelhinha – Enterolobium schomburgkii 16ª 25ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, flabeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: regular.

Presença de raízes superficiais sob a copa: alta.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,71 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
190 Guia arbopasto

Fava-orelhinha
Enterolobium schomburgkii
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 191

Informações gerais
Nome científico: Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Pithecellobium schomburgkii (LORENZI, 2002)
Outros nomes vulgares: tamboril; sucupira-amarela; orelha-de-macaco; fava-de-rosca;
orelha-de-negro; paricarana; timbaúva; timbaúba (LORENZI, 2002; SILVA; MESQUITA,
1991).
Características morfológicas: altura de até 40 m, com tronco mais ou menos ereto e cilíndri-
co de 60 cm a 100 cm de diâmetro. A casca externa é rugosa, com descamamento em placas
irregulares, de cor cinza ou amarelada. A casca interna é creme, tornando-se alaranjada
com o tempo de exposição, devido à exsudação de uma resina amarelada. Os ramos novos
são ferrugíneo-tomentosos. As folhas são compostas bipinadas, 11 a 25 jugas, com eixo
comum (pecíolo+raque) ferrugíneo-tomentoso de 10 cm a 18 cm de comprimento. Folíolos
peciolulados, lineares, 40 a 60 jugos, de 3 mm a 4 mm de comprimento. Inflorescência em
capítulos axilares, sobre pedúnculos ferrugíneo-tomentosos de 2 cm a 4 cm de comprimento,
com flores brancacentas ou amareladas. Fruto legume contorcido, glabro, sublenhoso, com
superfície rugosa, de cor marrom-escura, contendo de 4 a 22 sementes duras (LORENZI,
2002; LOUREIRO et al., 1979; MESQUITA, 1990; RAMOS; FERRAZ, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila até esciófila, secundária, característica
e exclusiva da mata pluvial Amazônica e Atlântica. Ocorre preferencialmente no interior
de matas primárias e de capoeirões (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão,
Piauí, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro) (MORIN,
2010).
Fenologia: floresce durante os meses de agosto a outubro e os frutos amadurecem entre
julho e agosto. A árvore perde folhas de julho a setembro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,79 g cm-3 a 0,95 g cm-3), dura ao corte,
textura média, grã irregular a revessa, de boa resistência e moderadamente durável. Fácil
de trabalhar, recebendo bom acabamento (LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira possui potencial de exportação, sendo conhecida no mercado externo
como batibatra. É indicada para lâminas faqueadas decorativas, confecção de móveis,
tacos e tábuas para assoalhos, batentes de portas, implementos agrícolas, carrocerias, guar-
nições, molduras para embarcações, vigas, caibros, ripas, e também para obras externas
(LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda
espontânea. Em seguida, são quebrados manualmente para a retirada das sementes. Um
quilo de sementes contém entre 17 e 20 mil unidades. As sementes são duras e devem
ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da semeadura. Depois, coloca-
se as sementes para germinar em canteiros a pleno sol com substrato organo-arenoso.
A emergência ocorre em 10 a 15 dias e a taxa de germinação é alta (LORENZI, 2002;
RAMOS; FERRAZ, 2008).
192 Guia arbopasto

Tabela 32. Características dendrométricas de árvores de fava-orelhinha em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,2 7,0 a 19,6
Altura do fuste (m) 3,1 1,2 a 5,0
Altura da copa (m) 11,0 4,0 a 17,1
Altura da base da copa (m) 3,2 1,2 a 5,0
Diâmetro da copa (m) 14,7 7,2 a 24,2
Área da copa (m²) 169,0 40,7 a 458,1
DAP (cm) 33,0 22,0 a 56,0

Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus:
INPA, 1979. v. 2, 187 p.
MESQUITA, A. L. Revisão taxonômica do gênero Enterolobium Mart. (Mimosoideae) para a
região neotropical. 1990. 222 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universidade Federal Rural
de Pernambuco, Recife.
MORIM, M. P. Enterolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/ FB022964>. Acesso em: 28
out. 2011.
RAMOS, M. B. P.; FERRAZ, I. D. K. Estudos morfológicos de frutos, sementes e plântulas de
Enterolobium schomburgkii Benth. (Leguminosae-Mimosoideae). Revista Brasileira de Botânica,
São Paulo, v. 31, n. 2, p. 227-235, 2008.
SILVA, A. C.; MESQUITA, A. L. Árvores da Amazônia: I. Sucupira amarela (Enterolobium
schomburgkii (Benth) Benth). Manaus: Instituto de Tecnologia da Amazônia, 1991. 14 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 193

Freijó-louro – Cordia bicolor 29ª 17ª

Características de interesse

Fixação biológica de N:espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos :não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 2,0 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
194 Guia arbopasto

Freijó-louro
Cordia bicolor
Fotos: Ana Karina Dias Salman
Capítulo 4 – Guia de espécies 195

Informações gerais
Nome científico: Cordia bicolor A. DC.
Família: Boraginaceae
Sinonímia botânica: Cordia araripensis (MELO et al., 2010).
Outros nomes vulgares: freijó-branco; chapéu-de-sol; pau-de-jangada (IBAMA, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 29 m de altura, com tronco reto e cilíndrico,
revestido por casca externa de cor marrom, fissurada, geralmente coberta por líquens
brancos, que lhe conferem aspecto cinza-prateado. A casca interna é de cor ocre. As folhas
são simples, alternas, com forma e tamanho variável, geralmente, com 16 cm a 23 cm de
comprimento por 6 cm a 9 cm de largura. Todas as superfícies das folhas, galhos e pecíolos
(1 cm) são cobertas com pelos curtos e duros que lhes dão uma textura áspera de lixa. As
folhas são discolores, com a superfície abaxial brancacenta. Inflorescências em panículas
terminais ou axilares, com flores hermafroditas de 8 mm de comprimento por 5 mm de
diâmetro, com cálice verde e pétalas brancas curvadas. Os frutos são drupas ovoides de
1,0 cm a 1,5 cm de diâmetro, verdes, tornando-se amarelados ou branco-translucentes,
quando maduros, e contendo uma única semente envolta em polpa gelatinosa (HARMON,
2011; MILLER, 2011; SALOMÃO et al., 1995; ZAMORA, 2000).
Características ecológicas: espécie característica de vegetação secundária, cujos frutos são
dispersados por morcegos e primatas (HARMON, 2011).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas), Centro-Oeste (Mato Grosso) (MELO
et al., 2010).
Fenologia: as árvores renovam sua folhagem entre junho e julho. A floração ocorre no mês
de julho e a dispersão dos frutos, entre outubro e dezembro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,46 cm-3 a 0,49 g cm-3), grã direita, textura
média, brilho fraco, de fácil serragem e aplainamento, e baixa durabilidade natural (IBAMA,
2011; ZANNE et al., 2009).
Usos: madeira apropriada para a indústria de laminados e para produção de papel e celu-
lose (PAULA, 1999).
Produção de mudas: sem informações na literatura para a espécie C. bicolor. Para
C. superba, recomenda-se colher os frutos maduros diretamente da árvore. Em seguida,
devem ser imersos em água, por 24 horas, e macerados em peneiras, sob água corrente,
para separação das sementes da polpa. As sementes são colocadas para secar à sombra,
em local ventilado. A semeadura deve ser feita em sacos de polietileno ou em tubetes de
polipropileno de tamanho médio (CARVALHO, 2010).
196 Guia arbopasto

Tabela 33. Características dendrométricas de árvores de freijó-louro em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,2 7,1 a 17,5
Altura do fuste (m) 5,6 2,2 a 9,5
Altura da copa (m) 7,1 1,9 a 14,5
Altura da base da copa (m) 5,1 2,2 a 9,5
Diâmetro da copa (m) 7,5 2,8 a 11,8
Área da copa (m²) 43,7 5,9 a 109,4
DAP (cm) 28,8 11,8 a 59,5

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2010. 644 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 4).
HARMON, P. Cordia bicolor DC. In: TREES of Costa Rica’s Pacific Slope. Disponível em: <http://
www.cds.ed.cr/teachers/harmon/page23.html>. Acesso em: 3 nov. 2011.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=6&caracteristica=202>. Acesso em: 9 ago. 2011.
MELO, J. I. M.; SILVA, L. C.; STAPF, M. N. S.; RANGA, N. T. Boraginaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.
gov.br/2010/FB016505>. Acesso em: 26 out. 10.
MILLER, J. S. Cordiaceae R. Br. ex Dumort. Flora Mesoamericana, St. Louis, v. 4, n. 2, p. 1-34,
2011. Disponível em: <http://www.tropicos.org/docs/meso/ cordiaceae.pdf>. Acesso em: 3 nov.
2011.
PAULA, J. E. Caracterização anatômica de madeiras nativas do cerrado com vistas à produção de
energia. Cerne, Lavras, v. 5, n. 2, p. 26-40, 1999.
SALOMÃO, R. P.; ROSA, N. A.; NEPSTAD, D. C.; BAKK, A. Estrutura diamétrica e breve
caracterização ecológica econômica de 108 espécies arbóreas da floresta amazônica brasileira.
Interciência, Caracas, VE, v. 20, n. 1, p. 20-29, 1995. Disponível em: <http://www.interciencia.
org/v20_01/art03/1>. Acesso em: 3 nov. 2011.
ZAMORA, N. Cordia bicolor DC. Espécies de Costa Rica. Heredia: Instituto Nacional de
Biodiversidad, 2000. Disponível em: <http://darnis.inbio.ac.cr/FMPro?-DB=UBIpub.fp3&-
lay=WebAll&-Format=/ubi/detail.html&-Op=bw&id=1965&-Find>. Acesso em: 3 nov. 2011.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 197

Freijó-preto – Cordia alliodora 19ª 3ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,5 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
198 Guia arbopasto

Freijó-preto
Cordia alliodora
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 199

Informações gerais
Nome científico: Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Cham.
Família: Boraginaceae
Sinonímia botânica: Cerdana alliodora; Cordia cerdana; C. frondosa; C. cuyabensis;
C. velutina; Gerascanthus alliodorus (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002; MELO et al.,
2011).
Outros nomes vulgares: freijó; louro-freijó; falso-louro; lourinho; louro-alho; laurel laurel
(CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore que atinge 45 m de altura e 100 cm de DAP. O tronco é
geralmente cilíndrico e reto, revestido por casca externa marrom, tornando-se branca quando
recoberta por líquens, ficando mais escura e estreitamente fissurada na maturidade. A casca
interna é clara, tornando-se escurecida quando exposta ao ar. As folhas são simples, alternas,
elípticas e apresentam pecíolos pilosos, medindo de 1 cm a 2 cm de comprimento. As lâminas
foliares medem 4 cm a 15 cm de comprimento e 2,5 cm a 4,5 cm de largura. Inflorescências
em panículas terminais ou axilares, contendo muitas flores perfumadas de cor branca.
O fruto é uma drupa elipsoide, contendo uma única semente, com as partes florais persistentes
cor-de-café (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, característica de florestas secundá-
rias, intolerante a baixas temperaturas (CARVALHO, 2006; CORDERO; BOSHIER, 2003;
LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul) (MELO et al., 2011).
Fenologia: floresce durante os meses de maio a agosto. Os frutos amadurecem logo em
seguida, em julho a setembro (LORENZI, 2002).
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,31 g cm-3 a
0,70 g cm-3), com grã reta, ocasionalmente entrecruzada, textura lisa a média, de alto brilho.
De secagem rápida e fácil de serrar, cepilhar e lixar. Considerada durável à biodeterioração,
sendo o cerne muito mais resistente (CARVALHO, 2006).
Usos: madeira muito procurada e valorizada nos mercados internacionais, podendo
substituir a teca, nogueira, mogno e cedro, quando a cor não é um fator importante.
É empregada na fabricação de móveis, instrumentos musicais, marcenaria, carpintaria leve
e naval, interiores, assoalho, laminação e compensado (CARVALHO, 2006; CORDERO;
BOSHIER, 2003; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos quando adquirem a cor castanha. Não
há necessidade de tratamentos pré-germinativos, a não ser a retirada dos remanescentes
florais dos frutos por maceração. Um quilo de frutos contém de 20 a 42 mil unidades.
Deve-se semear os frutos assim que colhidos em sementeiras, com posterior repicagem
quando as plântulas atingem 5 cm de altura. As mudas ficam prontas para o plantio quan-
do atingem altura de 20 cm a 25 cm, aos 6 a 7 meses, após a semeadura. Também há
possibilidade de propagação vegetativa por estacas de brotações caulinares (CARVALHO,
2006; LORENZI, 2002).
200 Guia arbopasto

Tabela 34. Características dendrométricas de árvores de freijó-preto em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,3 6,9 a 22,5
Altura do fuste (m) 6,7 2,9 a 14,5
Altura da copa (m) 5,5 1,8 a 8,0
Altura da base da copa (m) 6,8 3,0 a 14,5
Diâmetro da copa (m) 5,9 3,0 a 8,5
Área da copa (m²) 27,8 7,1 a 56,1
DAP (cm) 20,0 8,0 a 31,5

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 627 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MELO, J. I. M.; SILVA, L. C.; STAPF, M. N. S.; RANGA, N. T. Boraginaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.
gov.br/2011/FB022271>. Acesso em: 3 nov. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 201

Ingá-peluda – Inga velutina 22ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, umbeliforme.

Densidade da copa: muito densa.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: moderada.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,75 m ano-1).

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
202 Guia arbopasto

Ingá-peluda
Inga velutina
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 203

Informações gerais
Nome científico: Inga velutina Willd.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Inga expansa; Mimosa velutina.
Outros nomes vulgares: ingá-de-fogo; ingá-capelão (CAVALCANTE, 1996).
Características morfológicas: árvore com até 10 m de altura, geralmente com tronco
múltiplo, revestido por casca externa acinzentada, levemente fissurada. Os ramos jovens
são cobertos por densa pilosidade ferrugínea. Folhas compostas bi ou trijugadas, de
tamanho muito variável. Folíolos normais superiores com 15 cm a 20 cm por 8 cm a
12 cm, e inferiores com 5 cm a 7 cm por 3 cm a 5 cm, todos com formato largo-elípticos,
base arredondada ou subcordada e ápice obtuso, apiculado, com ambas as faces revestidas
de pelos velutinosos, ferrugíneos. Inflorescência com a raque rufo-vilosa, cerca de 7 cm
de comprimento, com flores sésseis de 10 cm de comprimento. Vagem plana, mais ou
menos espessa, arqueada ou reta, até 27 cm de comprimento e 3 cm a 5 cm de largura,
densamente recoberta de pelos ferrugíneos. Sementes de 1,5 cm, envoltas pela polpa
branca e doce (CAVALCANTE, 1996).
Características ecológicas: planta semidecídua, de pequeno porte, encontrada tanto em
ambientes de terra firme quanto de várzea (MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso do Sul) (GARCIA; FERNANDES, 2011).
Fenologia: floresce de setembro a outubro e frutifica de outubro a fevereiro.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre as características de sua
madeira.
Usos: a polpa dos frutos é comestível. A madeira serve apenas para lenha de baixa quali-
dade.
Produção de mudas: sem registros na literatura para I. velutina. Para outras espécies do
gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando maduros. Em segui-
da, abrir manualmente as vagens e retirar as sementes envoltas pelo arilo branco. Semear
imediatamente em canteiros semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno
(LORENZI, 2002).
204 Guia arbopasto

Tabela 35. Características dendrométricas de árvores de ingá-peluda em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 5,8 4,5 a 10,0
Altura do fuste (m) 1,7 1,5 a 2,2
Altura da copa (m) 4,1 3,0 a 7,8
Altura da base da copa (m) 1,7 1,5 a 2,2
Diâmetro da copa (m) 7,9 4,6 a 11,9
Área da copa (m²) 49,1 16,3 a 110,3
DAP (cm) 15,4 8,6 a 22,3

Referências
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
GARCIA, F. C. P.; FERNANDES, J. M. Inga. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB083275>.
Acesso em: 4 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; FERRAZ, J. M. M.; FERREIRA, L. A. Comportamento de
25 espécies arbóreas tropicais frutíferas introduzidas no parque Zoobotânico, Rio Branco-Acre.
Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 3, 102 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 205

Ingá-vermelha - Inga alba 9ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
206

Inga alba
Ingá-vermelha
Guia arbopasto
Capítulo 4 – Guia de espécies 207

Informações gerais
Nome científico: Inga alba (Sw.) Willd.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Inga aggregata; Inga altissima; Inga carachensis; Inga fraxinea; Inga
parviflora; Inga spruceana; Inga thyrsoidea; Mimosa alba; Mimosa fraxinea (GARCIA;
FERNANDES, 2011; TROPICOS, 2009).
Outros nomes vulgares: ingá-ferro; ingá-turi; ingá-xixi; ingá-xixica (CAVALCANTE, 1996;
GARCIA; FERNANDES, 2011; PARROTA et al., 1995).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com fuste relativamente baixo.
A casca externa é de cor cinza, estriada, geralmente recoberta por líquens. Folhas alternas,
compostas, pecioladas, com 3 a 5 pares de folíolos, os apicais geralmente maiores e mais
longos, ápice agudo ou curto-acuminado, base desigual, de aguda a obtusa, nervação
igualmente elevada nas 2 faces. A ráquis foliar é geralmente alada na porção distal, com
glândulas interpeciolulares peltadas. Inflorescência axilar em glomérulos de espigas
ou rácemos de espigas, com flores brancas sésseis, actinomorfas. Os frutos são vagens
alongadas com até 20 cm de comprimento, contendo 2 a 10 sementes globosas envoltas
em pequena quantidade de polpa branca adocicada (ALMEIDA et al., 1998; CAVALCANTE,
1996).
Características ecológicas: ocorre tanto em florestas primárias quanto secundárias. De-
senvolve-se bem tanto em áreas alagadas como nas bem drenadas (ALMEIDA et al., 1998;
PARROTA et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia),
Nordeste (Maranhão, Ceará), Centro-Oeste (Goiás), Sudeste (Minas Gerais) (GARCIA;
FERNANDES, 2011).
Fenologia: floresce de julho a setembro e frutifica de outubro a fevereiro.
Características da madeira: a madeira é moderadamente densa (0,62 g cm‑3), marrom-
clara, grã cruzada ondulada e cruzada revessa, textura média a grossa, brilho moderado
(IBAMA, 2011).
Usos: a madeira é utilizada em obras internas, carpintaria, caixotaria, andaimes e para
lenha e carvão. A polpa dos frutos é comestível (ALMEIDA et al., 1998).
Produção de mudas: sem registros na literatura para I. alba. Para outras espécies do gênero,
recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando maduros. Em seguida,
abrir manualmente as vagens e retirar as sementes envoltas pelo arilo branco. Semear
imediatamente em canteiros semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno
(LORENZI, 2002).
208 Guia arbopasto

Tabela 36. Características dendrométricas de árvores de ingá-vermelha em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 8,7 6,0 a 11,0
Altura do fuste (m) 2,4 1,6 a 5,0
Altura da copa (m) 6,5 4,3 a 9,2
Altura da base da copa (m) 2,2 1,5 a 4,0
Diâmetro da copa (m) 9,6 6,3 a 19,2
Área da copa (m²) 72,0 31,2 a 289,5
DAP (cm) 20,7 11,1 a 30,9

Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
GARCIA, F. C. P.; FERNANDES, J. M. Inga. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB022982>.
Acesso em: 7 nov. 2011.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=129&caracteristica=90>. Acesso em: 7 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
PARROTA, J. A.; FRANCIS, J. K.; ALMEIDA, R. R. Trees of the Tapajos: a photographic field guide.
Rio Piedras: IITF, 1995. 370 p. (IITF. General Technical Report, 1).
TROPICOS. Inga alba (Sw.) Willd. Missouri Botanical Garden. Disponível em: <http://www.
tropicos.org/NameSynonyms.aspx?nameid=13021157>. Acesso em: 9 dez. 2009.
Capítulo 4 – Guia de espécies 209

Ipê-amarelo – Handroanthus serratifolius 24ª 9ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, colunar.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,72 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
210 Guia arbopasto

Ipê-amarelo
Handroanthus serratifolius
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 211

Informações gerais
Nome científico: Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Bignonia serratifolia; B. flavescens; B. conspicua; Tecoma araliacea;
T. serratifolia; T. nigricans; T. atractocarpa; T. speciosa; T. flavescens; T. conspicua;
Tabebuia araliacea; T. monticola; T. serratifolia; Handroanthus araliaceus; H. flavenscens;
Gelseminum speciosum; G. araliaceum (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: ipê-pardo; ipê-do-cerrado; pau-d’arco-amarelo; piúva-amarela
(LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 37 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca fissurada de cor marrom-claro. A casca interna é de cor creme. As folhas são
opostas, digitadas, com 3 a 7 folíolos glabros ou pubescentes, de 6 cm a 17 cm de compri-
mento por 3 cm a 7 cm de largura, com margem geralmente serreada, principalmente no
ápice. Inflorescências em panículas de corimbos, com flores amarelas. Frutos de até 50 cm
de comprimento, cilíndricos, deiscentes, verrucosos, marrons quando maduros. Sementes
retangulares, numerosas, laminares, leves, com duas asas hialinas e curtas (FERREIRA et al.,
2004; ICRAF, 2012; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003; SILVA JÚNIOR, 2005).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica da floresta pluvial den-
sa. Também ocorre em formações secundárias (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Sul (Paraná) e em todos os estados do Norte, Nordeste, Centro-
Oeste e Sudeste (LOHMANN, 2011).
Fenologia: a floração é sincronizada, rápida e anual, ocorrendo logo após a queda comple-
ta das folhas. No Acre, a floração ocorre entre julho e agosto e a frutificação entre agosto
e setembro (FERREIRA et al., 2004).
Características da madeira: é muito dura e pesada (densidade de 0,89 g cm-3 a 1,08 g cm-3),
de alta durabilidade natural, porém, moderadamente difícil de ser trabalhada. Apresenta
secagem fácil e rápida (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é própria para construções pesadas e estruturas externas, como mourões,
estacas, pontes, dormentes e postes. Também é utilizada para confecção de tacos e tábuas
de assoalho, tacos de bilhar, bengalas, eixos de rodas, implementos agrícolas e ferramentas
manuais (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando os primeiros
iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, são deixados ao sol para completarem sua
abertura e a liberação das sementes. Um quilo de sementes contém de 18 mil a 34 mil
unidades. A semeadura pode ser feita em canteiros ou em embalagens individuais, em
ambiente semissombreado. A germinação é rápida e abundante. A repicagem deve ser
feita quando as mudas alcançarem 3 cm a 7 cm de altura. As mudas ficam prontas para o
plantio definitivo em 5 meses (FERREIRA et al., 2004; LORENZI, 2008).
212 Guia arbopasto

Tabela 37. Características dendrométricas de árvores de ipê-amarelo em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,2 7,5 a 23,5
Altura do fuste (m) 4,1 1,2 a 10,1
Altura da copa (m) 9,7 4,5 a 14,9
Altura da base da copa (m) 4,5 1,6 a 10,1
Diâmetro da copa (m) 7,9 5,0 a 10,3
Área da copa (m²) 48,8 19,6 a 82,5
DAP (cm) 27,3 5,7 a 41,4

Referências
FERREIRA, L.; CHALUB, D.; MUXFELDT, R. Ipê-amarelo: Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols.
Manaus: INPA, 2004. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 5). Disponível em:
<ftp://ftp.inpa.gov.br/pub/ documentos/sementes/iT/5_Ipe-amarelo.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2011.
ICRAF. International Center for Research in Agroforestry. AgroForestryTree Database: a tree
species reference and selection guide. Disponível em: <http://www.worldagroforestry.org/sea/
products/afdbases/af/index.asp>. Acesso em: 12 abr. 2012.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=245&caracteristica=178>. Acesso em: 7 nov. 2011.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil. jbrj.gov.br/2011/FB117466>. Acesso em: 7
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SILVA JÚNIOR, M. C.; SANTOS, G. C.; NOGUEIRA, P. E.; MUNHOZ, C. B. R.; RAMOS, A. E.
100 árvores do cerrado: guia de campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2005. 278 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 213

Ipê-roxo – Handroanthus impetiginosus 33ª 13ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,75 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
214 Guia arbopasto

Ipê-roxo
Handroanthus impetiginosus
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 215

Informações gerais
Nome científico: Handroanthus impetiginosus Mattos
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Tabebuia impetiginosa; T. avellanedae; Tecoma impetiginosa
(CARVALHO, 2003).
Outros nomes vulgares: ipê-rosa; ipê-roxo-de-bola; ipê-una; ipê-preto; ipê-de-minas; ipê-
roxo-do-grande; piúna-roxa; pau-d’arco-roxo (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 50 m de altura. O tronco é revestido por casca
externa cinzenta e fissurada, desprendendo-se em escamas retangulares e grossas. A casca
interna é espessa, com coloração creme. As folhas são opostas, digitadas, com pecíolo
de até 11 cm de comprimento, geralmente com cinco folíolos, com margem inteira ou
levemente serreada até o ápice. Flores rosadas a lilás, tubulares, reunidas em panícula
terminal, apresentando-se em cachos em forma de bola. O fruto é uma síliqua cilíndrica
estreita, deiscente, com 12 cm a 56 cm de comprimento e 1,3 cm a 2,6 cm de largura,
contendo numerosas sementes retangulares, laminares, leves, com duas asas hialinas e
curtas (CARVALHO, 2003).
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, longeva, que ocorre tanto no interior
da floresta primária, como nas formações secundárias (CARVALHO, 2003; LORENZI,
2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro) (LOHMANN, 2011).
Fenologia: a floração é sincronizada, rápida e anual, ocorrendo logo após a queda comple-
ta das folhas. No Acre, a floração ocorre entre julho e agosto e a frutificação, entre agosto
e setembro.
Características da madeira: muito pesada (densidade de 0,92 g cm-3 a 1,08 g cm-3), bastan-
te dura ao corte, grã direita ou revessa, textura fina a média. Cheiro e gosto imperceptíveis.
Excelente durabilidade natural (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é muito valorizada, podendo ser usada para construções externas, como
dormentes, cruzetas, postes, mourões e estacas; para esquadrias e lambris, confecção de
artigos esportivos, cabos de ferramentas, implementos agrícolas e instrumentos musicais.
Também em acabamentos internos, como tacos e tábuas para assoalho e degraus de esca-
da. Sua casca é reconhecida pelas diversas propriedades medicinais (CARVALHO, 2003).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando os primeiros
iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, são deixados ao sol para completarem sua
abertura e a liberação das sementes. Um quilo de sementes contém de 9 mil a 40 mil
unidades. A semeadura pode ser feita em canteiros ou em embalagens individuais, em
ambiente semissombreado. A germinação é rápida e abundante. A repicagem deve ser feita
quando as mudas alcançarem de 3 cm a 7 cm de altura. As mudas ficam prontas para o
plantio definitivo em 4 a 6 meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
216 Guia arbopasto

Tabela 38. Características dendrométricas de árvores de ipê-roxo em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,3 7,5 a 21,7
Altura do fuste (m) 4,0 1,5 a 10,5
Altura da copa (m) 9,2 5,6 a 15,7
Altura da base da copa (m) 4,0 1,5 a 10,5
Diâmetro da copa (m) 8,6 5,9 a 11,3
Área da copa (m²) 58,0 27,3 a 99,4
DAP (cm) 28,0 15,0 a 46,5

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. v. 1. 1.039 p.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil. jbrj.gov.br/2011/FB114086>. Acesso em: 7
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 217

Itaúba – Mezilaurus itauba 48ª 33ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, elíptica vertical.

Densidade da copa: densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento (IMA-h de até 0,61 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
218 Guia arbopasto

Itaúba
Mezilaurus itauba
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 219

Informações gerais
Nome científico: Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez
Família: Lauraceae
Sinonímia botânica: Acrodiclidium itauba; Silvia itauba (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: itaúba-amarela; itaúba-preta; itaúba-abacate; louro-itaúba
(LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com tronco ereto e mais ou
menos cilíndrico, revestido por casca externa avermelhada, fissurada, com desprendimen-
to de placas. A casca interna é espessa, de cor creme com pontos alaranjados, contendo
óleo. Folhas alternas, simples, agregadas na ponta dos ramos, coriáceas, glabras, com
nervuras salientes e reticuladas em ambas as faces. Inflorescência em rácemos solitários
axilares, quase glabros, de 10 cm a 14 cm de comprimento, sobre pedúnculos de 2 cm a
4 cm de comprimento, com flores verde-amareladas de 1 mm. Fruto baga preta, elipsoide
e glabra, com 25 mm a 30 mm de comprimento, com aparência semelhante a um abacate,
contendo uma única semente (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Características ecológicas: árvore decídua. Embora seja uma planta clímax, regenera-se
facilmente em áreas abertas, seja por meio de rebrotação ou de sementes disseminadas por
pássaros (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul)
(QUINET et al., 2011).
Fenologia: floresce durante os meses de abril a maio. Os frutos amadurecem de julho a
agosto.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,66 g cm-3 a 0,96 g cm-3), com cerne
marrom-amarelado, de textura média a fina, de alta resistência mecânica e extremamente
durável (IBAMA, 2011; LORENZI, 2002; NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira é especialmente indicada para construções externas, como estruturas de
pontes, cruzetas, dormentes, postes, mourões e estacas. Na construção civil, é usada para
vigas, ripas, caibros, tábuas e tacos para assoalhos, marcos de portas e janelas, carrocerias,
construção naval, tornearia, defensas e móveis (LORENZI, 2002).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando
iniciarem a queda espontânea ou recolhidos no chão logo após a queda. Em seguida, são
amontoados durante alguns dias em saco plástico até a decomposição parcial da polpa,
visando facilitar a remoção da semente através de lavagem em água corrente. Um quilo de
sementes contém aproximadamente 480 unidades. Semeia-se diretamente em embalagens
individuais contendo substrato organo-arenoso, mantidas à meia-sombra. A emergência
ocorre em 3 a 5 semanas e a taxa de germinação geralmente é baixa (LORENZI, 2002).
220 Guia arbopasto

Tabela 39. Características dendrométricas de árvores de itaúba em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,7 5,0 a 15,0
Altura do fuste (m) 2,9 1,7 a 6,6
Altura da copa (m) 7,2 3,0 a 11,8
Altura da base da copa (m) 2,5 1,5 a 6,6
Diâmetro da copa (m) 6,6 4,0 a 9,3
Área da copa (m²) 33,8 12,6 a 67,9
DAP (cm) 28,6 15,0 a 50,0

Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=157&caracteristica=110>. Acesso em: 8 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus:
INPA, 1979. v. 2, 187 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
QUINET, A.; BAITELLO, J. B.; MORAES, P. L. R. Lauraceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do
Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/
FB023376>. Acesso em: 8 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 221

Itaubarana-do-campo – Physocalymma scaberrimum 38ª 23ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: regular.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
222 Guia arbopasto

Itaubarana-do-campo
Physocalymma scaberrimum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 223

Informações gerais
Nome científico: Physocalymma scaberrimum Pohl
Família: Lythraceae
Sinonímia botânica: Physocalymma floridum; Diplodon arborus; Laphoensia scaberrima
(LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: pau-de-rosas; pau-rosa; nó-de-porco; grão-de-porco; cega-
machado; quebra-facão; roxinha (CARVALHO, 2010; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 25 m de altura, com tronco mais ou menos
ereto e cilíndrico, revestido por casca externa rugosa, com placas grossas retangulares, de
cor marrom-acinzentada. A casca interna é espessa, de cor marrom-clara. Folhas simples,
opostas, pecioladas, com lâminas medindo de 5 cm a 12 cm de comprimento por 3,5 cm a
8 cm de largura. Inflorescência em panícula racemosa espalhada, terminal ou subterminal
nos ramos, que são laxos e caducifólios, medindo de 10 cm a 18 cm, com flores vistosas
de cor róseo-magenta a arroxeadas. O fruto é uma cápsula deiscente, contendo muitas
sementes aladas arredondadas, medindo cerca de 6 mm de comprimento (CARVALHO,
2010; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência predominante em ve-
getações secundárias. Produz abundante quantidade de sementes disseminadas pelo vento
(LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Tocantins, Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás,
Distrito Federal) (CAVALCANTI; GRAHAM, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce de julho a agosto. Os frutos amadurecem entre novembro e
janeiro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,77 g cm-3 a 1,03 g cm-3), muito dura
ao corte, textura grossa, resistente e moderadamente durável (ALMEIDA et al., 1998;
LORENZI, 2002).
Usos: a madeira é empregada em marcenaria de luxo, serviços de torno, construção civil e
em obras externas, como postes, mourões, dormentes, estacas e carrocerias, e na fabrica-
ção de lenha e carvão. Também apresenta potencial apícola (CARVALHO, 2010).
Produção de mudas: as infrutescências são colhidas diretamente da árvore logo após o
secamento das flores, quando algumas sementes já se desprendem pela movimentação
dos ramos. Um quilo de sementes contém aproximadamente 1 milhão de unidades.
Deve-se semear em canteiros com substrato arenoso e repicar para sacos de polietileno
ou tubetes de tamanho médio quando aparecerem as primeiras folhas definitivas, de
2 a 4 semanas após a germinação. A emergência ocorre em 3 a 5 semanas e a taxa de
germinação é média (até 50%). As mudas ficam prontas para o plantio em 6 meses,
quando atingem 20 cm de altura (CARVALHO, 2010; LORENZI, 2002).
224 Guia arbopasto

Tabela 40. Características dendrométricas de árvores de itaubarana-do-campo em pastagens


cultivadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,3 8,0 a 22,0
Altura do fuste (m) 4,3 1,2 a 9,8
Altura da copa (m) 8,5 1,5 a 17,5
Altura da base da copa (m) 3,8 1,2 a 9,0
Diâmetro da copa (m) 6,5 3,0 a 11,9
Área da copa (m²) 33,3 7,1 a 111,2
DAP (cm) 25,7 15,9 a 57,9

Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENCA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2010. 644 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 4).
CAVALCANTI, T. B.; GRAHAM, S. Lythraceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023480>.
Acesso em: 8 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 225

Jacarandá-de-espinho – Machaerium hirtum 7ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
226 Guia arbopasto

Jacarandá-de-espinho
Machaerium hirtum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 227

Informações gerais
Nome científico: Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Nissolia hirta; Machaerium acaciefolium; M. affine; M. angustifolium;
M. bolivianum; M. glabratum; M. glabripes; M. jacarandifolium; M. pilosum; M. rectipes
(FILARDI, 2011).
Outros nomes vulgares: jacarandá-bico-de-pato; jacarandá-rosa; espinheira; pau-de-angu;
pintadinho (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características morfológicas: árvore de até 21 m de altura, com tronco cilíndrico ou ligei-
ramente acanalado, revestido por casca externa acinzentada, lenticelada, frequentemente
recoberta por líquens de cores variadas, daí o nome comum de pintadinho. A casca interna é
fina, de cor alaranjada, com exsudação avermelhada pouco abundante. Ramos com estípulas
persistentes, transformadas em espinhos cônicos, de até 1,5 cm. Folhas alternas, estipuladas,
compostas imparipinadas, com até 59 folíolos oblongos, pubescentes na face inferior, de cerca
de 2 cm de comprimento por 0,5 cm de largura. Flores arroxeadas dispostas em panículas
axilares ou terminais, denso-tomentosas. Fruto do tipo sâmara falciforme, de até 5 cm de com-
primento, com ala apical, contendo uma única semente reniforme, amarelada, de 1 cm a 2 cm
de comprimento (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características ecológicas: planta decídua ou semidecídua, heliófila, pioneira e indiferente
às condições de solo. Ocorre quase que exclusivamente em formações secundárias aber-
tas, chegando a vegetar nas piores condições de solo possíveis, como pedreiras, barrancos
de estradas e até em áreas raspadas de subsolo (LORENZI, 2008)
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Tocantins, Acre), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ce-
ará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina) (FILARDI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce de maio a julho. A maturação de seus frutos ocorre de junho
a agosto.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,66 g cm-3), de cor
amarelada, macia ao corte, de baixa durabilidade quando exposta (LORENZI, 2008; SILVA
JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Usos: a madeira é empregada em construção civil e para a confecção de caixotaria, objetos
leves e carvão (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a
queda espontânea. Um quilo de frutos contém de 1.900 a 4.000 unidades. Colocá-los
para germinar, logo que colhidos, diretamente em recipientes individuais, mantidos em
ambiente semissombreado (sensível ao transplantio). A emergência ocorre em 25 a 35
dias e a germinação geralmente é baixa. O desenvolvimento das mudas é rápido, ficando
prontas para o plantio no local definitivo em 4 a 5 meses (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR;
PEREIRA, 2009).
228 Guia arbopasto

Tabela 41. Características dendrométricas de árvores de jacarandá-de-espinho em pastagens


cultivadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,1 7,0 a 21,0
Altura do fuste (m) 3,8 2,0 a 6,5
Altura da copa (m) 7,6 3,0 a 14,0
Altura da base da copa (m) 5,4 2,2 a 9,0
Diâmetro da copa (m) 7,2 4,5 a 10,9
Área da copa (m²) 40,2 15,9 a 93,1
DAP (cm) 34,8 18,1 a 52,5

Referências
FILARDI, F. L. R. Machaerium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023059>. Acesso em: 9
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 229

Japecanga – Machaerium tortipes 14ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
230 Guia arbopasto

Japecanga
Machaerium tortipes
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 231

Informações gerais
Nome científico: Machaerium tortipes Hoehne
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: não há.
Outros nomes vulgares: espinho-de-judeu; pau-cipó (FILARDI, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa cinza, escamosa, estriada e lenticelada. A casca interna é espessa,
alaranjada a rosada, com exsudação alaranjada. Ramos com estípulas persistentes,
transformadas em espinhos triangulares de até 3,5 cm de comprimento. Folhas compostas,
imparipinadas, com até 29 folíolos alternos, ápice obtuso, cartáceos, discolores.
Inflorescências em rácemos ou panículas axilares ou terminais, com flores sésseis de 10
mm de comprimento, linear-lanceoladas, de cor arroxeada. Fruto do tipo sâmara falciforme,
de até 7,5 cm de comprimento, fulvo-puberulento, com ala apical, contendo uma única
semente (FILARDI, 2011).
Características ecológicas: planta decídua ou semidecídua, heliófila e pioneira. Ocorre
predominantemente em vegetações secundárias e pastagens cultivadas. Trata-se de uma
leguminosa fixadora de nitrogênio, cuja nodulação foi confirmada pelos autores em Rio
Branco, AC.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Peru e na Bolívia (FILARDI,
2012; MENDONÇA-FILHO et al., 2007).
Fenologia: floresce de fevereiro a março. A maturação dos frutos ocorre de julho a agosto.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade de sua madeira.
De acordo com produtores entrevistados no Acre, a madeira é de baixa qualidade.
Usos: pelo conhecimento atual sobre a espécie, seu principal uso é como fornecedora de
serviços em pastagens cultivadas, especialmente sombra para o gado e fixação biológica
de nitrogênio.
Produção de mudas: sem registros na literatura para M. tortipes. Para outras espécies do
gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda
espontânea. E, logo que colhidos, colocá-los para germinar diretamente em recipientes
individuais, mantidos em ambiente semissombreado (LORENZI, 2008).
232 Guia arbopasto

Tabela 42. Características dendrométricas de árvores de japecanga em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,9 6,0 a 17,0
Altura do fuste (m) 2,4 0,7 a 5,0
Altura da copa (m) 7,1 4,2 a 14,0
Altura da base da copa (m) 2,8 1,5 a 5,0
Diâmetro da copa (m) 6,5 3,2 a 8,6
Área da copa (m²) 32,8 8,0 a 57,4
DAP (cm) 19,0 10,5 a 27,4

Referências
FILARDI, F. L. R. Machaerium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB023065>. Acesso em: 5
abr. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MENDONÇA-FILHO, C. V.; TOZZI, A. M. G. A.; FORNI-MARTINS, E. R. Revisão taxonômica
de Machaerium sect. Oblonga (Benth.) Taub. (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae).
Rodriguesia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 2, p. 283-312, 2007.
Capítulo 4 – Guia de espécies 233

Jatobá – Hymenaea courbaril var. courbaril 10ª 2ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa alta, flabeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 1,2 m ano-1).

Valor comercial da madeira: alto.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
234 Guia arbopasto

Jatobá
Hymenaea courbaril var. courbaril
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 235

Informações gerais
Nome científico: Hymenaea courbaril L. var. courbaril
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: Hymenaea courbaril var. obtusifolia (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: jutaí; jutaí-açu; jataí; jataí-grande (MELO; MENDES, 2005).
Características morfológicas: árvore com até 50 m de altura, tronco reto e cilíndrico,
revestido por casca externa cinza-claro, estriada e lenticelada. A casca interna é espessa
(até 3 cm), de cor rosada. As folhas são alternas, compostas de 2 folíolos assimétricos,
coriáceos, glabros e brilhantes. Flores brancas reunidas em inflorescências racemosas
terminais. O fruto é uma vagem indeiscente, de 8 cm a 15 cm de comprimento, com
casca espessa, dura, castanho-avermelhada, contendo 2 a 6 sementes vermelho-escuras,
envoltas por uma polpa seca, farinácea, amarelo-pálida, de sabor e cheiro característicos
(ÁVILA, 2006; CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003;
MELO; MENDES, 2005).
Características ecológicas: espécie secundária tardia ou clímax exigente de luz, semicadu-
cifólia, característica do interior da floresta primária (CARVALHO, 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal,
Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro)
(LIMA, 2011).
Fenologia: floresce de outubro a dezembro e frutifica entre maio e outubro.
Características da madeira: pesada a muito pesada (densidade de 0,8 g cm-3 a 1,0 g cm-3),
dura, com cerne vermelho a castanho-avermelhado, com manchas escuras, grã regular,
ondulada ou diagonal, textura média a relativamente grosseira, superfície pouco lustrosa.
Moderadamente difícil de trabalhar, recebendo acabamento agradável. Altamente durável
em solo seco (ÁVILA, 2006; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira possui excelente aceitação no mercado externo, sendo empregada em
construção civil, pisos, marcenaria, peças torneadas, instrumentos musicais, implementos
agrícolas, cabos de ferramentas e laminados. Fornece a resina conhecida como jutaicica
ou copal, exsudada pelo tronco e raízes, empregada na indústria de vernizes e incensos.
O endocarpo dos frutos é comestível, podendo ser utilizado na alimentação humana ou
de animais domésticos. A casca e a seiva do tronco são utilizadas na fitoterapia popular.
Produção de mudas: deve-se coletar os frutos caídos ao chão e quebrá-los com martelo
para extração das sementes. Essas devem ser lavadas em água para separação da polpa
farinhosa. O número de sementes, por quilo, varia de 150 a 500. Para superação da
dormência, recomenda-se: escarificação mecânica seguida de imersão em água, por 24
horas; imersão em água quente até a temperatura voltar à ambiente; imersão em ácido
sulfúrico concentrado por 30 minutos, seguida por lavagem em água corrente por 10
minutos. Depois, distribui-se uma semente em sacos de polietileno ou tubetes de tamanho
grande. A germinação inicia em 12 dias e as mudas ficam prontas em 2 a 4 meses.
A semeadura direta no campo também é preconizada (ÁVILA, 2006; CARVALHO, 2003;
CAVALCANTE, 1996; MELO; MENDES, 2005).
236 Guia arbopasto

Tabela 43. Características dendrométricas de árvores de jatobá em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,9 8,0 a 19,6
Altura do fuste (m) 6,5 1,7 a 13,0
Altura da copa (m) 8,7 4,1 a 15,7
Altura da base da copa (m) 6,1 1,7 a 13,0
Diâmetro da copa (m) 10,8 6,7 a 19,5
Área da copa (m²) 91,8 34,7 a 298,6
DAP (cm) 36,4 12,7 a 69,4

Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LIMA, H. C. Hymenaea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB083197>. Acesso em: 10 nov. 2011.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 1, 245 p.
MELO, M. G. G.; MENDES, A. M. S. Jatobá: Hymenaea courbaril L. Manaus: INPA, 2005.
(Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 9). Disponível em: <http://leaonet.com/
sementesrsa/sementes/pdf/doc9.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 237

Jenipapo – Genipa americana 13ª 12ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,54 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: frutos.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
238 Guia arbopasto

Jenipapo
Genipa americana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 239

Informações gerais
Nome científico: Genipa americana L.
Família: Rubiaceae
Sinonímia botânica: Gardenia genipa; G. brasiliensis, Genipa americana var. caruto; G.
barbata; G. brasiliana; G. caruto; G. codonocalyx; etc (ZAPPI, 2011).
Outros nomes vulgares: jenipapeiro; jenipá; jenipapinho; janipaba (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e
reto, revestido por casca externa pardo-clara a cinza-esverdeada, lenticelada, recoberta
de líquens. A casca interna é creme, de textura arenosa. As folhas são simples, opostas,
oblongo-obovadas, com até 35 cm de comprimento, agrupadas na extremidade dos ramos.
Flores hermafroditas, campanuladas, de corola branca a amarela, de 1,8 cm a 4 cm de
comprimento, suavemente aromática. O fruto é uma baga globosa, de 7 cm a 9 cm de
diâmetro, pesando de 200 g a 400 g, com epicarpo pardo, carnoso, suculento, com polpa
comestível. As sementes são achatadas, com tegumento duro e coriáceo. (CARVALHO,
2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008)
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, classificada como pioneira a secun-
dária tardia. É comum em toda a Amazônia brasileira, principalmente nas várzeas ao longo
dos rios. O processo reprodutivo inicia-se a partir do quinto ano de idade, com produção
de até 600 frutos por árvore adulta (CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO;
BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná) (ZAPPI, 2011).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce entre outubro e dezembro. Os frutos amadu-
recem entre outubro e novembro.
Características da madeira: moderadamente pesada (0,62 g cm-3 a 0,71 g cm-3), flexível,
compacta, de cor branco-marfim, fácil de ser trabalhada, textura fina, de longa durabili-
dade quando não exposta ao solo e à umidade (CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996;
LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é considerada de primeira qualidade, sendo usada em construção naval e
civil, móveis de luxo, palitos de fósforo e de dente, marcenaria, coronhas de armas, cabos
de ferramentas e de máquinas agrícolas, estatuetas e chapas decorativas. Também pode ser
usada na fabricação de papel. Os frutos são utilizados na forma de compotas, vinhos, licores,
geleias e doces cristalizados. A árvore pode ser utilizada para recomposição de matas ciliares
e plantada nas margens de represas de piscicultura para alimentação dos peixes (CARVA-
LHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos quando começam a cair no chão e despolpá-
los manualmente, para extração das sementes. Essas devem ser postas em peneiras, para
secagem à sombra, em local bem ventilado. O número de sementes por quilo varia de
12 mil a 34 mil. Semear em canteiros e repicar para sacos de polietileno ou tubetes de
polipropileno grande quando as plântulas atingirem de 3 cm a 5 cm de altura. As mudas
ficam prontas em 7 a 9 meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
240 Guia arbopasto

Tabela 44. Características dendrométricas de árvores de jenipapo em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,2 6,5 a 23,0
Altura do fuste (m) 4,2 2,5 a 6,0
Altura da copa (m) 8,2 2,5 a 19,0
Altura da base da copa (m) 4,0 2,4 a 5,7
Diâmetro da copa (m) 7,5 4,5 a 14,2
Área da copa (m²) 43,9 15,6 a 157,3
DAP (cm) 25,0 14,6 a 37,6

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
ZAPPI, D. Genipa. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011.
Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB014045>. Acesso em: 16 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 241

Jurema - Chloroleucon mangense var. mathewsii 5ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, umbeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,49 m ano-1).

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
242 Guia arbopasto

Jurema
Chloroleucon mangense var. mathewsii
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 243

Informações gerais
Nome científico: Chloroleucon mangense var. mathewsii (Benth.) Barneby & J.W. Grimes
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Pithecolobium mathewsii (IGANCI, 2011).
Outros nomes vulgares: sem registros na literatura.
Características morfológicas: árvore de até 18 m de altura, com tronco geralmente aca-
nalado e curto, recoberto por casca externa lisa e marmorizada, marcada pela escamação
laminar. Folhas compostas, bipinadas, com 4 a 5 pares de pinas e 8 a 20 pares de folíolos
por pina. Possui estípulas lanceoladas, caducas, de até 8 mm de comprimento. Geralmente,
apresenta espinhos nos ramos, porém há indivíduos inermes. Flores de coloração creme,
com até 1,5 cm de comprimento (incluindo os estames), reunidas em capítulos. Frutos
legumes deiscentes, com formato variando de quase reto a espiralado, com até 25 cm de
comprimento, de cor castanho-escuro quando maduro, contendo até 28 sementes duras
(BARNEBY; GRIMES, 1996; MENESES FILHO et al., 1995; PENNINGTON et al., 2004).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica de florestas secundárias
em ambientes de terra firme (MENESES FILHO et al., 1995). Trata-se de uma leguminosa
fixadora de nitrogênio, cuja nodulação foi confirmada pelos autores em indivíduos jovens,
em Rio Branco, AC.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso) (IGANCI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce em abril e frutifica entre agosto e setembro.
Características da madeira: sem registros na literatura para a variedade mathewsii. Para
a variedade leucospermum, existente no México, a madeira foi classificada como muito
pesada (densidade de 0,99 g cm-3) (BARAJAS-MORALES, 1987).
Usos: a madeira aparentemente se presta apenas para lenha. Trata-se de uma espécie com
potencial para fornecimento de serviços em pastagens cultivadas, tais como sombra para o
gado e fixação biológica de nitrogênio.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, são levados ao sol para completarem sua abertura e a liberação das sementes.
As sementes precisam de escarificação mecânica com lixa para superação da dormência
tegumentar. Devem ser semeadas em canteiros a pleno sol, contendo substrato arenoso
e, 2 a 3 semanas após a germinação, repica-se as plântulas para sacos de polietileno ou
tubetes de tamanho médio.
244 Guia arbopasto

Tabela 45. Características dendrométricas de árvores de jurema em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,2 6,5 a 18,0
Altura do fuste (m) 1,6 0,7 a 2,5
Altura da copa (m) 7,3 4,6 a 16,0
Altura da base da copa (m) 1,9 1,0 a 3,2
Diâmetro da copa (m) 12,4 9,4 a 18,7
Área da copa (m²) 120,6 69,1 a 274,6
DAP (cm) 30,5 15,8 a 60,5

Referências
BARAJAS-MORALES, J. Wood specific gravity in species from two tropical forests in Mexico.
International Association of Wood Anatomists Bulletin, Utrecht, v. 8, p. 143–148, 1987.
BARNEBY, R. C.; GRIMES, J. W. Silk tree, Guanacaste, Monkey’s earring: a generic system for the
synandrous Mimosaceae of the Americas: Part. I. Abarema, Albizia, and Allies. New York: The
New York Botanical Garden, 1996. 292 p. (Memoirs of the New York Botanical Garden, 74).
IGANCI, J. R. V. Chloroleucon. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB022880>. Acesso em: 17
nov. 2011.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A. Comportamento
de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no parque zoobotânico, Rio Branco -
Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
PENNINGTON, T. D.; REYNEL, C.; DAZA, A. Illustrated guide to the trees of Peru. Sherborn:
David Hunt, 2004. 848 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 245

Limãozinho – Zanthoxylum riedelianum 46ª 30ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, globosa.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,77 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
246 Guia arbopasto

Limãozinho
Zanthoxylum riedelianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 247

Informações gerais
Nome científico: Zanthoxylum riedelianum Engl.
Família: Rutaceae
Sinonímia botânica: Fagara cinerea; F. riedeliana; F. duckei; F. latespinosa; F. prancei;
F. williamii; Zanthoxylum cinereum; Z. cuiabense; Z. duckei; Z. latespinosum; Z. prancei;
Z. williamii; Z. kellermanii (LORENZI, 2008; PIRANI, 2011).
Outros nomes vulgares: limãozinho-amarelo; laranjeira-brava; mamica-de-porca;
tamanqueira (LORENZI, 2008; PIRANI, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico ou
acanalado, reto, revestido por casca externa rugosa, variando de cinza a esverdeada,
recoberta por líquens, com abundantes acúleos cônicos. A casca interna tem uma camada
inicial amarela, seguida por camadas alternadas de cor rosada e branca. Folhas alternas,
espiraladas, compostas imparipinadas ou paripinadas, com até 17 pares de folíolos, elípticos
a oblongo-elípticos, ápice acuminado. Inflorescências em panículas terminais multifloras,
com flores branco-amareladas. Os frutos são pequenos plurifolículos globosos, com 3 a
5 folículos parcialmente soldados entre si, cada um contendo uma semente negra, brilhante,
elipsoide (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira. É encontrada principalmen-
te em formações abertas e secundárias (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São
Paulo), Sul (Paraná) (PIRANI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce entre março e abril e os frutos amadurecem entre agosto e
outubro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,39 g cm-3 a 0,46 g cm-3), de coloração
amarelo pálido, macia ao corte, textura média, fácil de trabalhar, medianamente resistente
ao ataque de organismos xilófagos (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é empregada para acabamentos internos em construção civil, como forros,
molduras, rodapés, para marcenaria leve, carpintaria, cabos de ferramentas e instrumentos
agrícolas (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem
a abertura espontânea. Em seguida, deixá-los ao sol para completar sua abertura e a
liberação das sementes. Um quilograma de sementes contém entre 21,6 mil e 40,2 mil
unidades. As sementes apresentam dormência, devendo ser lavadas com água e sabão
para eliminar a película protetora, elevando o poder germinativo de 35% a 47% para 90%
a 100%. Coloca-se as sementes para germinação em canteiros, com posterior repicagem
para sacos de polietileno ou tubetes de polipropileno médio, quando atingirem de 4 cm a
6 cm. A emergência ocorre de 35 a 90 dias, após a semeadura. As mudas atingem o
tamanho ideal para o plantio no local definitivo em 9 ou 10 meses (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2008).
248 Guia arbopasto

Tabela 46. Características dendrométricas de árvores de limãozinho em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,1 8,2 a 21,0
Altura do fuste (m) 5,8 2,8 a 12,5
Altura da copa (m) 8,1 3,2 a 13,0
Altura da base da copa (m) 6,0 2,8 a 8,9
Diâmetro da copa (m) 9,8 3,5 a 16,0
Área da copa (m²) 75,0 9,6 a 201,7
DAP (cm) 34,2 13,1 a 74,2

Referências
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PIRANI, J. R. Zanthoxylum. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB001169>. Acesso em: 17
nov. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 249

Marfim – Rauvolfia praecox 43ª 27ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: regular.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
250 Guia arbopasto

Marfim
Rauvolfia praecox
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 251

Informações gerais
Nome científico: Rauvolfia praecox K. Schum. ex Markgr.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: marfim-fedorento; marfim-de-porco (KOCH, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
recoberto por casca externa acinzentada, rugosa e fissurada. A casca interna é espessa,
de cor marfim salpicada de pontos alaranjados. Apresenta de 2 a 4 ramos por verticilo,
esparsamente lenticelados. As folhas são simples, verticiladas, com 3 a 4 por verticilo,
glabras, brilhantes na face adaxial, medindo até 19 cm de comprimento e 5 cm de largura,
com pecíolos de 1 cm a 3 cm. Inflorescência apenas nos verticilos terminais, com flores
de cor lilás a roxa, com corola tubulosa. Os frutos são drupas sincárpicas, 2 cm a 3 cm x
2 cm a 3 cm, elípticas a globosas, verdes quando imaturas, com superfície do epicarpo lisa,
endocarpo elíptico, achatado, de superfície rugosa (KOCH, 2002).
Características ecológicas: ocorre em ambientes de floresta tropical, de terra firme ou
clareiras (KOCH, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Equador, Peru e Bolívia
(KOCH, 2002; KOCH; RAPINI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce em abril e frutifica entre setembro e outubro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,43 g cm-3 a 0,49 g cm-3) (ZANNE et al.,
2009), cor de marfim. Trata-se de uma espécie carente de maiores estudos sobre as carac-
terísticas da madeira.
Usos: a madeira é utilizada localmente em marcenaria, na fabricação de móveis, e para
tábuas.
Produção de mudas: sem registros na literatura para R. praecox. Para R. sellowii, recomen-
da-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou
do chão após a sua queda. Esses podem ser semeados diretamente, sem necessidade de
despolpamento. Entretanto, em caso de necessidade de armazenamento ou transporte, é
conveniente despolpá-los. Para isso, deixam-se os frutos amontoados por alguns dias para
iniciar a decomposição e facilitar a retirada da polpa. Em seguida, deve-se lavá-los em
água corrente e deixá-los secar à sombra. Depois, semeá-los em recipientes individuais
contendo substrato organo-argiloso, mantidos em ambiente semissombreado (LORENZI,
2008).
252 Guia arbopasto

Tabela 47. Características dendrométricas de árvores de marfim em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 10,7 7,5 a 18,0
Altura do fuste (m) 3,9 1,9 a 5,8
Altura da copa (m) 6,7 3,7 a 15,0
Altura da base da copa (m) 4,0 1,9 a 5,8
Diâmetro da copa (m) 8,6 5,0 a 12,5
Área da copa (m²) 57,4 19,6 a 122,2
DAP (cm) 27,4 15,6 a 45,5

Referências
KOCH, I. Estudos das espécies neotropicais do gênero Rauvolfia L. (Apocynaceae). 2002. 292 f.
Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.
KOCH, I.; RAPINI, A. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro:
Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB021942>. Acesso
em: 18 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 253

Moreira – Maclura tinctoria 32ª 28ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, elíptica horizontal.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,79 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
254 Guia arbopasto

Moreira
Maclura tinctoria
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 255

Informações gerais
Nome científico: Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud.
Família: Moraceae
Sinonímia botânica: Chlorophora tinctoria; C. reticulata; Morus tinctoria; M. zanthoxylon;
Maclura affinis; M. chlorocarpa; M. velutina; M. zanthoxylon (CARVALHO, 2003;
LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: amarelinho; amoreira; amora-brava; taiúva; tatajuba; tatajuba-de-
espinho (CARVALHO, 2003)
Características morfológicas: árvore de até 37 m de altura, com tronco geralmente
tortuoso. Todas as partes da planta exsudam látex amarelo. A casca externa varia de cinza-
claro a amarelo-esverdeado, com presença de lenticelas. A casca interna é esbranquiçada
ou alaranjada. Apresenta espinhos na base e nas extremidades dos galhos. As folhas são
simples, alternas, com margens serreadas, discolores. Planta dioica, com inflorescências
femininas em capítulos globosos, axilares, com 10 mm de diâmetro. Inflorescências
masculinas em espigas axilares, com 3 cm a 11 cm de comprimento. Frutos múltiplos,
apocárpicos, de até 2 cm de diâmetro, globosos, carnosos, adocicados e comestíveis. As
sementes são numerosas, achatadas, com até 3 mm de comprimento (CARVALHO, 2003;
LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, frequente nas formações secundárias
e rara na floresta primária. Considerada planta indicadora de solos de fertilidade química
alta. Tem capacidade de rebrotar após o corte (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Pernambuco, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul), Sudeste e Sul (todos os estados) (ROMANIUC NETO et al., 2011).
Fenologia: floresce a partir de agosto, com a planta quase sem folhas, indo até outubro.
Os frutos amadurecem em dezembro e janeiro (LORENZI, 2008).
Características da madeira: pesada (densidade de 0,75 g cm-3 a 0,97 g cm-3), dura,
flexível, grã revessa, fácil de trabalhar, recebendo bom acabamento, de alta resistência à
decomposição (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira é recomendada para obras que exigem grande resistência, podendo
substituir a teca na construção naval. Também é indicada para fabricação de móveis e
peças torneadas, e para construções externas, como postes, esteios, moirões, etc. A lenha é
de boa qualidade. Fornece também corantes e pigmentos. A seiva é utilizada, na medicina
popular, como cicatrizante e para dor de dente. Indicada para recomposição de mata ciliar
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: o fruto deve ser coletado quando muda de cor. Em seguida, deve ser
lavado, macerado e passado em peneira, para separar as sementes, que devem secar ao ar
livre. Um quilo de sementes contém cerca de 250 mil a 384 mil unidades. Recomenda-se
semear em canteiros e depois repicar as plântulas para embalagens individuais, de 4 a 6
semanas após a germinação. As mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 4
meses após a semeadura (CARVALHO, 2003; CORDERO; BOSHIER, 2003).
256 Guia arbopasto

Tabela 48. Características dendrométricas de árvores de moreira em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 10,9 6,0 a 15,3
Altura do fuste (m) 1,9 0,9 a 2,9
Altura da copa (m) 8,4 1,6 a 10,9
Altura da base da copa (m) 2,5 0,9 a 4,4
Diâmetro da copa (m) 13,3 8,6 a 16,0
Área da copa (m²) 138,8 57,4 a 199,8
DAP (cm) 35,7 29,4 a 55,4

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 2, 187 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
ROMANIUC NETO, S.; CARAUTA, J. P. P.; VIANNA FILHO, M. D. M.; PEREIRA, R. A. S.; RIBEIRO,
J. E. L. S. MACHADO, A. F. P.; SANTOS, A.; PELISSARI, G.; PEDERNEIRAS, L. C. Moraceae. In:
LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB010186>. Acesso em: 16 dez. 2011.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 257

Mulateiro – Calycophyllum spruceanum 25ª 7ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido (IMA-h de até 1,48 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
258 Guia arbopasto

Mulateiro
Calycophyllum spruceanum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 259

Informações gerais
Nome científico: Calycophyllum spruceanum (Benth.) K. Schum
Família: Rubiaceae
Sinonímia botânica: Eukylista spruceana (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: mulateiro-da-várzea; pau-mulato; pau-mulato-da-várzea; pau-
marfim; escorrega-macaco (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
revestido por casca externa lisa, marrom-esverdeada, lustrosa, que descama anualmente
em longas tiras avermelhadas. A casca interna é muito delgada, com 1 mm a 2 mm de
espessura, de cor creme-esverdeada. Folhas com estípulas caducas, opostas cruzadas, sim-
ples, glabras, de 9 cm a 17 cm de comprimento por 6 cm a 7 cm de largura. Flores brancas,
bissexuadas, reunidas em cimeiras apicais. O fruto é uma cápsula elipsoidal, com 10 mm
de comprimento, pubescente, que se abre em duas valvas quando maduro. As sementes
diminutas, com apenas 4 mm de comprimento, são aladas em ambas as extremidades
(ALMEIDA, 2004; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta heliófila ou esciófila, higrófila, característica da mata
de várzea permanentemente inundada da floresta pluvial amazônica. Pode ser encontrada
tanto em floresta primária como em formações secundárias. Ocorre geralmente em agru-
pamentos quase homogêneos (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre). Também ocorre na Colômbia, Equador,
Peru e Bolívia (ALMEIDA, 2004; ZAPPI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de março a maio e frutifica de maio a setembro
(OLIVEIRA et al., 1992).
Características da madeira: moderadamente pesada a pesada (densidade de 0,65 g cm-3
a 0,78 g cm-3), dura, compacta, fácil de trabalhar, bastante resistente à deterioração, de
coloração branco-pardacenta (ALMEIDA, 2004; LORENZI, 2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é empregada para marcenaria, esquadrias, molduras, caibros, cabos de
ferramentas, artigos torneados, compensados, pisos, construção naval. Também é excelen-
te para lenha, por seu alto poder calorífico e por queimar ainda verde (ALMEIDA, 2004;
LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003). É uma espécie apropriada para recomposição de
matas ciliares. No Acre, alguns pecuaristas utilizam suas estacas para cerca viva.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, antes da abertura das
valvas e quando apresentarem coloração avermelhada. Em seguida, devem ser espalhados
em local arejado, seco e à sombra, para abertura e liberação das sementes. Um quilo de
sementes contém de 6 milhões a 9 milhões de unidades. Coloca-se as sementes para ger-
minação em canteiros, utilizando-se terra vegetal como substrato, cobrindo-as levemente
com o substrato peneirado, devido à necessidade de luz para a germinação. Para evitar o
deslocamento das minúsculas sementes durante a irrigação, cobre-se o canteiro com saco
de estopa, retirando-o logo que iniciar a emergência (20 a 40 dias). A repicagem deve
ocorrer quando as plântulas atingirem 4 a 6 cm de altura (ALMEIDA, 2004; LORENZI,
2008).
260 Guia arbopasto

Tabela 49. Características dendrométricas de árvores de mulateiro em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,7 7,5 a 18,0
Altura do fuste (m) 6,9 3,0 a 11,5
Altura da copa (m) 6,0 2,0 a 10,0
Altura da base da copa (m) 7,8 2,0 a 11,5
Diâmetro da copa (m) 5,9 2,5 a 10,8
Área da copa (m²) 27,4 4,9 a 91,6
DAP (cm) 20,5 14,3 a 33,1

Referências
ALMEIDA, M. de C. Pau-mulato-da-várzea Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K.
Schum. Manaus: INPA, 2004. p. 1-2. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 6).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
OLIVEIRA, M. V. N. d’; MENDES, I. M. S.; SILVEIRA, G. S. Estudo do mulateiro, Calycophyllum
spruceanum Benth, em condições de ocorrência natural e em plantios homogêneos. Rio Branco:
EMBRAPA-CPAF-Acre, 1992. 17 p. (EMBRAPA-CPAF-Acre. Boletim de Pesquisa, 8).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
ZAPPI, D. Calycophyllum. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB024394>. Acesso em: 19
dez. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 261

Mulungu-duro – Ormosia nobilis 26ª 35ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, globosa.

Densidade da copa: densa.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,73 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: regular.

Escala visual
262 Guia arbopasto

Mulungu-duro
Ormosia nobilis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 263

Informações gerais
Nome científico: Ormosia nobilis
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: mulungu; mulungu-liso; tento; tenteiro (RUDD, 1965).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa cinzenta, fendida. A casca interna é amarelada com presença de grânulos
esbranquiçados. Folhas compostas, alternas e dispostas em espiral, imparipinadas, com 3
a 11 folíolos coriáceos ou subcoriáceos, medindo de 5 cm a 35 cm de comprimento por 2
cm a 20 cm de largura, com nervuras secundárias proeminentes na face abaxial, paralelas,
formando um ângulo de 50o a 70o, com a nervura central. Flores roxas medindo de 15 mm
a 22 mm de comprimento, reunidas em inflorescências terminais. O fruto é um legume
bivalvar, deiscente, coriáceo, medindo 2,5 cm a 7,5 cm de comprimento, contendo até 6
sementes bicolores, vermelhas com manchas pretas (RUDD, 1965).
Características ecológicas: planta semidecídua, que ocorre tanto em ambiente de terra
firme quanto de várzea (MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre), Nordeste (Maranhão). Também ocorre
na Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela (MEIRELES, 2012; RUDD, 1965)
Fenologia: a floração ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Os frutos amadurecem entre
setembro e outubro, porém permanecem na árvore por muitos meses.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,50 g cm-3 a
0,60 g cm-3), cerne róseo com tonalidade avermelhada, bem destacado do alburno de cor
amarelado brilhante, textura média, grã regular, sem distinção de odor ou gosto, superfície
brilhosa, recebe acabamento grosseiro, com polimento atrativo. Na Amazônia, existem
outras espécies (O. coccinea, O. flava e O. paraensis) que produzem madeira de qualidade
superior (LOUREIRO; LISBOA, 1979).
Usos: a madeira é utilizada para a confecção de caibros, ripados, lenha e carvão
(LOUREIRO; LISBOA, 1979). As sementes são utilizadas para fabricação de artesanatos.
Produção de mudas: sem registros na literatura para O. nobilis. Para O. arborea, recomenda-
se coletar os frutos diretamente da árvore quando estiverem abertos, expondo-se a semente.
As sementes apresentam dormência tegumentar e precisam de escarificação mecânica
com lixa. A taxa de germinação de sementes não tratadas é quase nula. Deve-se semear
em embalagens individuais, contendo substrato organo-argiloso, mantidas em ambiente
semissombreado, irrigando-se duas vezes ao dia. O desenvolvimento das mudas é lento
(LORENZI, 2008).
264 Guia arbopasto

Tabela 50. Características dendrométricas de árvores de mulungu-duro em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,1 7,0 a 12,5
Altura do fuste (m) 2,9 1,8 a 4,5
Altura da copa (m) 6,8 5,0 a 11,5
Altura da base da copa (m) 2,3 1,0 a 4,5
Diâmetro da copa (m) 8,5 8,0 a 8,9
Área da copa (m²) 56,4 50,3 a 61,5
DAP (cm) 25,7 19,7 a 36,0

Referências
LOUREIRO, A. A.; LISBOA, P. L. B. Anatomia do lenho de seis espécies de Ormosia (Leguminosa)
da Amazônia. Acta Amazonica, Manaus, v. 9, n. 4, p. 731-746, 1979.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MEIRELES, J. E. Ormosia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB029804>. Acesso em: 4. abr. 2012.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A. Comportamento
de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no parque zoobotânico, Rio Branco -
Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
RUDD, V. E. The American species of Ormosia (Leguminosae). Contributions from the United
States National Herbarium, Washington, DC, v. 32, part 5, p. 279-384, 1965.
Capítulo 4 – Guia de espécies 265

Mulungu-mole – Erythrina ulei 8ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa alta, colunar.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
266 Guia arbopasto

Mulungu-mole
Erythrina ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 267

Informações gerais
Nome científico: Erythrina ulei Harms
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Erythrina xinguensis (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: mulungu; periquiteira.
Características morfológicas: árvores com até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
ramificado no terço final. Casca externa de coloração marrom-esverdeada a ocre, com lentice-
las pequenas formando estrias longitudinais, com espinhos cônicos e afiados. A casca interna
possui coloração creme-claro, oxidando rapidamente, a marrom-claro, quando exposta. Folhas
compostas trifolioladas, alternas e dispostas em espiral, com 30 cm a 50 cm de comprimento,
sustentada por pecíolo de 10 cm a 15 cm de comprimento. Folíolos jovens com textura de
papel e pubérulos, posteriormente glabros e cartáceos, de coloração verde-escura em ambas
as faces. Os terminais são elípticos e ovalados, com 13 cm a 27 cm de largura e 11 cm a 26 cm
de comprimento; os laterais são um pouco menores. Os peciólulos apresentam duas glândulas
conspícuas na base. Inflorescências em rácemos terminais com 15 cm a 30 cm de comprimen-
to, com pedúnculo glabro e numerosas flores vermelhas na metade distal. Os frutos são vagens
finas de 12 cm a 15 cm de comprimento, com superfície glabra, geralmente contendo três
sementes de cor marrom-café, parecidas com o feijão (ABANTO, 2005; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: é uma espécie heliófila, comum em floresta secundária. Os fru-
tos são muito apreciados por periquitos. Trata-se de uma leguminosa nodulífera (REYNEL
et al., 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Acre, Amazonas), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás,
Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais). Também ocorre no Equador, Colômbia e Peru
(LIMA, 2011; REYNEL et al., 2003).
Fenologia: floresce nos meses de maio a setembro, com a árvore completamente desfo-
lhada. Frutifica de julho a setembro e a dispersão das sementes ocorre entre setembro e
outubro (ABANTO, 2005).
Características da madeira: muito leve (densidade de 0,11 g cm-3) e macia, de baixa dura-
bilidade natural.
Usos: a madeira é de baixa qualidade, prestando-se apenas para confecção de caixas para
embalagens. A espécie tem sido utilizada para formar cercas vivas em pastagens (ABANTO,
2005).
Produção de mudas: esta espécie pode ser propagada por sementes ou com uso de estacas
de 3 cm a 5 cm de diâmetro e 1 m a 1,2 m de comprimento. Os frutos devem ser colhidos
quando iniciarem a queda espontânea. A semeadura deve ser feita logo após a colheita,
sem necessidade de tratamentos pré-germinativos, diretamente em embalagens individu-
ais contendo substrato organo-arenoso. A emergência é rápida e a taxa de germinação é
superior a 90%. As mudas ficam prontas para o plantio no local definitivo em 60 a 90 dias
(REYNEL et al., 2003).
268 Guia arbopasto

Tabela 51. Características dendrométricas de árvores de mulungu-mole em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,2 7,5 a 19,0
Altura do fuste (m) 6,4 2,4 a 11,5
Altura da copa (m) 7,1 2,0 a 10,0
Altura da base da copa (m) 7,0 2,4 a 11,5
Diâmetro da copa (m) 7,2 3,4 a 9,4
Área da copa (m²) 40,5 9,0 a 68,7
DAP (cm) 37,3 16,6 a 55,7

Referências
ABANTO, V. A. A. Estudio taxonómico e histológico de seis especies del género Erythrina
L. (Fabaceae). 2005. 117 f. Dissertação (Mestrado em Botânica Tropical) – Departamento de
Botânica, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, PE.
LIMA, H. C. Erythrina. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB029678>. Acesso em: 19 dez. 2011
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
WOODCOCK, D. W. Wood specific gravity of trees and forest types in the Southern Peruvian
Amazon. Acta Amazonica, Manaus, v. 30, n. 4, p. 589-599, 2000.
Capítulo 4 – Guia de espécies 269

Murmuru – Astrocaryum ulei 47ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa média, típica das palmeiras.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: óleo extraído da amêndoa.

Produção de mudas: difícil.

Escala visual
270 Guia arbopasto

Murmuru
Astrocaryum ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 271

Informações gerais

Nome científico: Astrocaryum ulei Burret

Família: Arecaceae

Sinonímia botânica: sem informações na literatura.

Outros nomes vulgares: murumuru.

Características morfológicas: palmeira com caule (estipe) simples ou cespitoso, com até
8 m de altura e 30 cm de diâmetro. Folhas pinadas, em número de 8 a 14, com bainha e
pecíolo com até 1,2 m de comprimento, armados com espinhos negros achatados de até
30 cm de comprimento. Raque com até 5,1 m de comprimento, com espinhos negros. Pinas
lineares em número de 85 a 115, em cada lado da raque. Inflorescências e infrutescências
eretas. Frutos subglobosos, obovoides ou de forma cônica invertida, com 3,1 cm a 6,2 cm
de comprimento e 2,5 cm a 3,5 cm de diâmetro; epicarpo com um indumento acastanhado,
coberto por cerdas e pequenos espinhos; mesocarpo de cor amarela, carnoso, fibroso, de
forte aroma e de sabor doce-acidulado. Sementes (amêndoas) com 2,1 cm a 4,0 cm de
comprimento (KAHN; MILLÁN, 2009; LORENZI et al., 2010).

Características ecológicas: palmeira típica de florestas primárias, tanto de terra firme quan-
to periodicamente alagadas, também encontrada com frequência em áreas secundárias
(capoeiras) e pastagens cultivadas. Os frutos são muito apreciados por animais silvestres
(pacas, veados e cutias) (FERREIRA, 2006).

Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Acre, Rondônia). Também ocorre na Bolívia e no


Peru (KAHN; MILLÁN, 2009; LEITMAN et al., 2011).

Fenologia: no Acre, a floração ocorre de maio a fevereiro e o amadurecimento dos frutos


de setembro a maio (SOUZA et al., 2004).

Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.

Usos: o mesocarpo do fruto é comestível, porém não muito apreciado em razão do seu
alto teor de óleo. No Acre, exploram-se populações nativas da palmeira para produção de
óleo, utilizado na indústria de cosméticos por suas propriedades hidratantes excepcionais.
O óleo também pode ser utilizado na fabricação de margarinas (DALY, 2010; LORENZI
et al., 2010; SOUZA et al., 2004).

Produção de mudas: as sementes do murmuru, assim como as demais espécies do gênero,


apresentam dormência elevada, dificultando a sua propagação. Recomenda-se colher os
frutos diretamente da palmeira quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhê-los no
chão após a queda. Coloca-se os frutos para germinação logo que colhidos em canteiros
sombreados contendo substrato organo-argiloso. A germinação demora de seis meses a um
ano (LORENZI et al., 2010). Protocolos para propagação por meio da técnica de cultura de
tecidos estão sendo desenvolvidos, com boas perspectivas de acelerar a produção de mudas
dessa palmeira (PEREIRA et al., 2006).
272 Guia arbopasto

Tabela 52. Características dendrométricas de palmeiras de murmuru em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 6,4 4,5 a 10,0
Altura do caule (m) 3,1 1,6 a 4,5
Altura da copa (m) 4,6 2,6 a 7,2
Altura da base da copa (m) 3,1 1,6 a 4,5
Diâmetro da copa (m) 5,8 3,0 a 8,3
Área da copa (m²) 26,4 7,1 a 53,6
DAP (cm) 20,5 12,4 a 38,2

Referências
DALY, D. C. Murumuru: parente do tucumã. In: SHANLEY, P.; SERRA, M.; MEDINA, G. (Ed.).
Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. 2. ed. Bogor: Cifor; Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnólogica; Belém: Embrapa Amazônia Oriental; Manaus: Embrapa Amazônia
Ocidental, 2010. p. 227.
FERREIRA, E. L. Manual das palmeiras do Acre, Brasil. Rio Branco: Instituto Nacional Pesquisas
da Amazônia: Universidade Federal do Acre, 2006. 212 p. Disponível em: <http://www.nybg.org/
bsci/acre/www1/manual_palmeiras.html>. Acesso em: 31 ago. 2009.
KAHN, F.; MILLÁN, B. Astrocaryum ulei (Arecaceae) newly discovered in Peru. Revista Peruana
de Biología, Lima, PE, v. 16, n. 2, p. 161-164, 2009.
LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L.; MARTINS, R.C. Arecaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.
gov.br/2011/FB022087>. Acesso em: 22 mar. 2012.
LORENZI, H.; NOBLICK, L. R.; KAHN, F; FERREIRA, E. J. L. Flora brasileira Lorenzi: Arecaceae
(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
PEREIRA, J. E. S.; MACIEL, T. M. S.; COSTA, F. H. S.; PEREIRA, M. A. A. Germinação in vitro de
embriões zigóticos de murmuru (Astrocaryum ulei). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 2,
p. 251-256, 2006.
SOUSA, J. A.; RAPOSO, A.; SOUSA, M. M. M.; MIRANDA, E. M.; SILVA, J. M. M.; MAGALHÃES,
V. B. Manejo de murmuru (Astrocaryum spp.) para produção de frutos. Rio Branco: Seprof:
Embrapa Acre, 2004. 30 p. (Seprof. Documento Técnico, 1).
Capítulo 4 – Guia de espécies 273

Parapará – Jacaranda copaia 6ª 1ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, globosa.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: muito rápido (IMA-h de até 3,18 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
274 Guia arbopasto

Parapará
Jacaranda copaia
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 275

Informações gerais
Nome científico: Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Bignonia copaia; B. procera; Kordelestris syphilitica; Jacaranda
amazonensis; J. paraensis; J. procera; J. spectabilis; J. superba (LOHMANN, 2011).
Outros nomes vulgares: marupá; marupá-doce; caroba; caxeta; caraúba (CARVALHO,
2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
revestido por casca externa acinzentada, estriada, às vezes fissurada nas árvores mais
velhas. A casca interna é de cor clara, tornando-se marrom rapidamente quando exposta
ao ar. As folhas se encontram dispostas em ramos eretos, localizados no topo da copa.
São compostas, bipinadas, opostas, com 8 a 9 jugos de folíolos opostos e com ráquilas
subcilíndricas. Os folíolos são de ápice agudo, acuminado, obtuso ou retuso e base
inequilátera a normal. Flores roxas em inflorescências terminais multifloras. O fruto é uma
cápsula septicida, com até 16 cm de comprimento, que se abre liberando as sementes
aladas, transparentes (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, pioneira (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará), Nordeste
(Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso) (LOHMANN, 2011).
Fenologia: floresce junto com a renovação das folhas, em agosto e setembro.
Os frutos amadurecem entre os meses de janeiro e fevereiro (LORENZI, 2011).
Características da madeira: leve (densidade de 0,31 g cm-3 a 0,54 g cm-3), grã direita, textura
de média a grossa, fácil de trabalhar, superfície pouco lustrosa, de cor branco-palha, com
listras vasculares mais escuras, de baixa durabilidade em ambientes externos, porém fácil
de ser preservada sob pressão (CARVALHO, 2008; CLAY et al., 1999; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é usada em carpintaria, movelaria (móveis leves), acabamentos internos,
confecção de brinquedos, instrumentos musicais, embalagens, engradados e caixotaria
leve, palitos de fósforos, armação de balsas, contraplacados e laminados. É também
adequada para polpa-celulósica. Quando preservada, pode ser utilizada para fabricação
de estacas para cerca (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; NIETO; RODRIGUEZ, 2002).
Produção de mudas: recomenda-se colher os frutos quando adquirem a coloração marrom
e iniciam a deiscência. Em seguida, devem ser expostos ao sol para que se abram e
liberem as sementes (142 mil a 220 mil unidades por quilograma). Sua viabilidade em
armazenamento é inferior a 5 meses e não há necessidade de tratamento pré-germinativo.
Sugere-se semear em canteiros semissombreados, contendo substrato organo-argiloso. A
emergência ocorre em 2 ou 3 semanas, com índice de até 84%. A repicagem pode ser
efetuada de 4 a 5 semanas após a germinação, ou quando as plântulas atingirem 4 cm a
6 cm de altura. As mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 6 meses após a
semeadura (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
276 Guia arbopasto

Tabela 53. Características dendrométricas de árvores de parapará em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,6 7,5 a 20,5
Altura do fuste (m) 9,0 5,5 a 14,0
Altura da copa (m) 3,3 1,5 a 6,5
Altura da base da copa (m) 9,4 5,5 a 14,0
Diâmetro da copa (m) 3,9 2,8 a 6,0
Área da copa (m²) 11,8 5,9 a 27,8
DAP (cm) 19,5 12,1 a 36,3

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
CLAY, J. W.; CLEMENT, C. R.; SAMPAIO, P. T. B. (Ed.). Biodiversidade amazônica: exemplos e
estratégias de utilização. Manaus: SEBRAE: INPA, 1999. 409 p.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB114117>. Acesso em: 12
dez. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NIETO, V. M.; RODRIGUEZ, J. Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don. In: VOZZO, J. A. (Ed.). Tropical
tree seed manual. Washington, DC: USDA Forest Service, 2002. p. 526-527. Disponível em:
<http://www.rngr.net/publications/ttsm/species/PDF.2004-03-15.5706/at_download/file>. Acesso
em: 2 ago. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 277

Paricá – Schizolobium parahyba var. amazonicum 15ª 6ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa alta, flabeliforme.

Densidade da copa: copa rala.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: muito rápido (IMA-h de até 3,48 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
278 Guia arbopasto

Paricá
Schizolobium parahyba var. amazonicum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 279

Informações gerais
Nome científico: Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: S. amazonicum; S. excelsum var. amazonicum (CARVALHO, 2006;
LEWIS, 2011).
Outros nomes vulgares: bandarra; canafístula; faveira; fava-paricá; guapuruvu-da-
amazônia; paricá-da-amazônia; pinho-cuiabano (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: as árvores podem alcançar 40 m de altura e 100 cm de DAP, na
idade adulta. O tronco é cilíndrico e reto, geralmente com sapopemas, e revestido por casca
externa lisa e finamente fissurada, de coloração cinza-clara, com abundantes lenticelas. A
casca interna é creme-rosada. As folhas são longipecioladas, bipinadas e grandes, medindo
de 60 cm a 150 cm de comprimento, com 15 a 25 pares de pinas, cada uma com 20 a 30
pares de folíolos, com pecíolos viscosos. Flores de coloração amarelo-clara, zigomorfas, dis-
postas em inflorescências terminais vistosas na ponta dos ramos. O fruto é uma criptosâmara
em forma espatulada, deiscente, com coloração bege a marrom quando maduro, contendo
1 ou 2 sementes (CARVALHO, 2006).
Características ecológicas: espécie pioneira, heliófila, decídua, de vida curta. Ocorre na
Amazônia em floresta primária e, principalmente, nas florestas secundárias de terra firme e
várzea alta (CARVALHO, 2006; REYNEL et al., 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(LEWIS, 2011).
Fenologia: floresce de junho a julho e os frutos amadurecem de agosto a setembro
(CARVALHO, 2006).
Características da madeira: leve a moderadamente densa (0,32 g cm-3 a 0,62 g cm-3).
A textura varia de grossa a média. Fácil de ser trabalhada, porém de baixa durabilidade
natural (CARVALHO, 2006).
Usos: a madeira é bastante usada na produção de lâminas médias ou miolo de compen-
sados, brinquedos, caixotaria leve, portas e parquete. No Pará, são produzidas chapas de
compensados de alta qualidade e uniformidade, que são exportadas principalmente para
os EUA. Produz lenha de qualidade razoável e é promissora para a produção de pasta de
celulose (CARVALHO, 2006; MARQUES et al., 2006).
Produção de mudas: as sementes devem ser coletadas antes da deiscência dos frutos,
quando iniciarem a dispersão espontânea. Um quilo de sementes contém de 980 a 1.400
unidades. Há necessidade de escarificação mecânica com lixa para quebrar a dormência
tegumentar. Recomenda-se semear 1 a 2 sementes diretamente em sacos de polietileno
(18 cm x 25 cm) ou em tubetes de tamanho grande. A emergência ocorre de 6 a 20 dias
após a semeadura. As mudas crescem rapidamente, atingindo porte adequado para plantio
(20 cm a 35 cm de altura) cerca de 60 dias após a semeadura (CARVALHO, 2006; SOUSA
et al., 2005).
280 Guia arbopasto

Tabela 54. Características dendrométricas de árvores de paricá em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 19,3 14,8 a 29,8
Altura do fuste (m) 6,1 4,5 a 10,9
Altura da copa (m) 13,1 8,2 a 24,0
Altura da base da copa (m) 6,1 4,5 a 10,9
Diâmetro da copa (m) 12,8 7,5 a 19,7
Área da copa (m²) 128,1 44,2 a 303,3
DAP (cm) 34,2 22,6 a 57,3

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 627 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
LEWIS, G. P. Schizolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov. br/2011/FB023144>. Acesso em: 28
out. 2011.
MARQUES, L. C. T.; YARED, J. A. G.; SIVIERO, M. A. A Evolução do conhecimento sobre o
paricá para reflorestamento no Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2006. 5 p.
(Embrapa Amazonia Oriental. Comunicado técnico, 158).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SOUSA, D. B.; CARVALHO, G. S.; RAMOS, E. J. A. Paricá Schizolobium amazonicum Huber ex
Ducke. Manaus: INPA, 2005. p. 1-8. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 13).
Capítulo 4 – Guia de espécies 281

Pau-sangue – Swartzia jorori 30ª 26ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, globosa.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
282 Guia arbopasto

Pau-sangue
Swartzia jorori
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 283

Informações gerais
Nome científico: Swartzia jorori Harms
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: pau-sangue-da-casca-grossa; sangue-do-bugre; envira-sangue
(MANZANO et al., 2012).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico recober-
to por casca externa cinzenta, fendida, com desprendimento de placas lenhosas. A casca
interna tem coloração amarelo-rosada, com abundante exsudação vermelha pegajosa.
Folhas alternas, compostas, imparipinadas, com 7 a 9 folíolos com ápice agudo a acumi-
nado, discolores, com face adaxial verde brilhante e glabra e face abaxial verde pálida.
Inflorescências axilares ou ramifloras, com flores pequenas com uma única pétala amarela.
O fruto é um legume drupáceo, deiscente, contendo uma ou duas sementes cobertas por
arilo vermelho carnoso quando maduro (COWAN, 1967; MONTERO et al., 2004; TORKE,
2004; TROPICOS, 2012).
Características ecológicas: planta perenifólia, encontrada em florestas e savanas de terra
firme e de várzea. Seus frutos são muito apreciados por aves silvestres (COWAN, 1967;
MONTERO et al., 2004).
Ocorrência natural: Norte (Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso). Também ocorre na Bolívia
e no Peru (MANZANO et al., 2012; TORKE, 2004).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de maio e junho e frutifica entre junho e julho.
Características da madeira: leve (densidade de 0,48 g cm-3), branco amarelada,
trabalhabilidade regular e baixa durabilidade natural (GUTIÉRREZ ROJAS; SANDOVAL,
2002)
Usos: a madeira é utilizada para pisos, marcenaria, embalagens, decoração e na fabricação
de instrumentos musicais e artigos esportivos (MONTERO et al., 2004).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a abertura espontânea, ou deve-se recolher as sementes do solo sob a copa da árvore.
Semeia-se a 2 cm de profundidade, em embalagens individuais contendo substrato organo-
arenoso. A emergência ocorre entre 3 e 4 semanas após a semeadura (MONTERO et al.,
2004).
284 Guia arbopasto

Tabela 55. Características dendrométricas de árvores de pau-sangue em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 13,5 10,0 a 16,5
Altura do fuste (m) 4,8 2,5 a 6,5
Altura da copa (m) 8,5 5,0 a 11,0
Altura da base da copa (m) 5,0 2,5 a 8,5
Diâmetro da copa (m) 12,1 7,4 a 15,5
Área da copa (m²) 115,8 43,0 a 188,7
DAP (cm) 45,2 18,8 a 62,1

Referências
COWAN, R.S. Swartzia (Leguminosae, Caesalpinioideae Swartzieae). New York: Hafner, 1967.
228 p. (Flora Neotropica. Monograph, 1).
GUTIÉRREZ ROJAS, V. H.; SANDOVAL, J. S. Información técnica para el procesamiento
industrial de 134 especies maderables de Bolivia. La Paz: FAO-PAFBOL, 2002. 372 p. Disponível
em: <http://www.hib-latinoamerica.com/Bolivia_134_species.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2012.
MANSANO, V. F.; PINTO, R. B.; TORKE, B. M. Swartzia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/
FB023184>. Acesso em: 2 abr. 2012.
MONTERO, J. C.; CALVO, D.; MONTERO, I. Árboles ornamentales nativos del oriente boliviano.
Santa Cruz de la Sierra: Landiver, 2004. 39 p. Disponível em: <http://www.lidema.org.bo/portal/
index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=33&Itemid=329>. Acesso em: 4 abr.
2012.
TORKE, B. M. Two new species of Swartzia (Leguminosae) from the Amazon Basin of Brazil, with
notes on the genus and a key to the unifoliolate species. Systematic Botany, Laramie, v. 29, n. 2,
p. 358-365, 2004.
TROPICOS. Specimen – C. Tello E. - 1997. Missouri Botanical Garden. Disponível em: <http://
www.tropicos.org/Specimen/3214599>. Acesso em: 15 jul. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 285

Pau-sangue-da-casca-fina 2ª 16ª
Platypodium elegans subsp. maxonianum

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa média, flabeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,82 m ano-1).

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
286 Guia arbopasto

Pau-sangue-da-casca-fina
Platypodium elegans subsp. maxonianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 287

Informações gerais
Nome científico: Platypodium elegans subsp. maxonianum (Pittier) H. C. Lima
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Platypodium maxonianum (LIMA, 2012).
Outros nomes vulgares: abiurana-branca; faveiro; envira-ferro.
Características morfológicas: árvore com até 30 m de altura, tronco cilíndrico ou acanalado,
recoberto por casca externa marrom-acinzentada, com desprendimento de placas. Casca in-
terna amarelo-rosada, com exsudação avermelhada. Folhas compostas, alternas, espiraladas,
estipuladas, com raque sulcada na face superior, com 10 a 15 folíolos de 4 cm de comprimen-
to, opostos ou alternos, ápice retuso ou emarginado. Flores amarelas, vistosas, hermafroditas,
zigomorfas, dispostas em rácemos axilares e apicais curtos. Fruto sâmara, com ala apical,
até 10 cm de comprimento, de cor paleácea. Semente única, sigmoide ou reniforme, de até
1,5 cm de comprimento (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA,
2009).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, que ocorre tanto em ambientes
de terra firme quanto de várzeas (LORENZI, 2008; MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: no Brasil, a subespécie maxonianum está restrita à região Norte
(Acre, Pará, Amazonas). Ocorre também na Colômbia, Venezuela e Panamá (LIMA, 2012;
TROPICOS, 2012).
Fenologia: floresce entre setembro e outubro. Os frutos amadurecem a partir de junho,
porém, a dispersão ocorre até outubro e novembro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,75 g cm-3 a 0,83 g cm-3), dura, porém,
de tecido frouxo, moderadamente durável quando em ambientes internos (LORENZI,
2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é empregada para carpintaria e marcenaria, obras internas, cabos de
ferramentas e de instrumentos agrícolas, e como lenha (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI,
2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão, após a queda. Os frutos podem ser diretamente
utilizados para a semeadura, sem nenhum tratamento, em recipientes individuais mantidos
em ambiente ensolarado e contendo substrato organo-argiloso (mudas sensíveis ao trans-
plante). Depois, devem ser cobertos com o substrato peneirado e irrigados duas vezes ao
dia. A emergência ocorre em 15 a 25 dias e a taxa de germinação geralmente é superior a
50% para frutos novos (LORENZI, 2008).
288 Guia arbopasto

Tabela 56. Características dendrométricas de árvores de pau-sangue-da-casca-fina em pasta-


gens cultivadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 17,8 11,0 a 24,5
Altura do fuste (m) 4,0 2,3 a 7,0
Altura da copa (m) 13,5 8,7 a 20,0
Altura da base da copa (m) 4,4 2,3 a 7,0
Diâmetro da copa (m) 13,8 10,6 a 17,5
Área da copa (m²) 150,6 88,7 a 239,2
DAP (cm) 49,0 24,8 a 78,9

Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENCA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
LIMA, H. C. Platypodium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB109692>. Acesso em: 26
mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; FERRAZ, J. M. M.; FERREIRA, L. A. Comportamento de
25 espécies arbóreas tropicais frutíferas introduzidas no parque Zoobotânico, Rio Branco-Acre.
Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 3, 102 p.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
TROPICOS. Name – Platypodium elegans subsp. maxonianum (Pittier) H.C. Lima. Missouri
Botanical Garden. Disponível em: <http://www.tropicos.org/Name/13076063>. Acesso em: 15 jul.
2012.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 289

Pereiro – Aspidosperma macrocarpon 36ª 22ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, elíptica vertical.

Densidade da copa: densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
290 Guia arbopasto

Pereiro
Aspidosperma macrocarpon
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 291

Informações gerais
Nome científico: Aspidosperma macrocarpon Mart.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Aspidosperma macrocarpum; A. duckei; A. gardneri; A. lecointei;
A. platyphyllum; A. snethlagei; A. verbascifolium (KOCH et al., 2012).
Outros nomes vulgares: peroba; guatambu-do-cerrado; pau-pereira (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, de crescimento monopodial,
com tronco cilíndrico e ereto, revestido por casca externa fissurada de cor cinza ou marrom.
A casca interna é amarelada, com exsudação de látex branco ao ser cortada. Folhas
simples, alternas e dispostas em espiral, glabras e coriáceas, medindo de 11 cm a 18 cm de
comprimento, por 6 cm a 9 cm de largura, com pecíolo de 2,0 cm a 3,5 cm de comprimento e
lâminas oblongas a obovadas. Inflorescências em panículas curtas e subcapitadas, com flores
com cinco pétalas brancas, fundidas na base, formando um pequeno tubo. Os frutos são
folículos secos, de até 20 cm de comprimento, achatados, lenhosos, levemente enrugados,
dispostos em pares e erguidos, contendo até 20 sementes membranáceas, amareladas,
aladas, circulares, com 9 cm de diâmetro, em média (LORENZI, 2008; REYNEL et al.,
2003; SILVA JÚNIOR et al., 2005).
Características ecológicas: planta decídua, encontrada tanto na Floresta Amazônica quan-
to nos cerrados e cerradões do Brasil Central. Apresenta boa capacidade de rebrotação
após o corte das plantas adultas.
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso
do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (KOCH et al., 2012).
Fenologia: floresce em agosto e setembro, com a árvore quase sem folhas. Os frutos ama-
durecem no mesmo período do ano seguinte (LORENZI, 2008).
Características da madeira: moderadamente pesada a pesada (densidade de 0,65 g cm-3 a
0,79 g cm-3), compacta, de fibras entrecruzadas, grã fina, de boa resistência ao apodreci-
mento (LORENZI, 2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é própria para a construção civil e naval, dormentes, marcenaria e carpin-
taria, confecção de cabos de ferramentas, peças flexíveis e xilografia (LORENZI, 2008). No
Acre, é muito utilizada como estacas e mourões para cerca e curral.
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos da árvore quando iniciarem a abertura
espontânea e levados ao sol para completar sua abertura e a liberação das sementes. Um
quilo de sementes contém de 600 a 700 unidades. Deve-se colocar as sementes para ger-
minar, logo que colhidas e sem nenhum tratamento, diretamente em embalagens individu-
ais contendo substrato arenoso, cobrindo-as apenas levemente e irrigando diariamente. A
emergência ocorre em 10 a 25 dias e a taxa de germinação é geralmente baixa (LORENZI,
2008; REYNEL et al., 2003).
292 Guia arbopasto

Tabela 57. Características dendrométricas de árvores de pereiro em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 8,6 6,0 a 12,5
Altura do fuste (m) 3,6 2,1 a 5,5
Altura da copa (m) 6,0 3,9 a 9,0
Altura da base da copa (m) 2,6 1,8 a 4,8
Diâmetro da copa (m) 8,0 5,4 a 13,5
Área da copa (m²) 50,1 23,1 a 143,1
DAP (cm) 24,4 17,2 a 39,8

Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB021888>. Acesso em: 28 mar. 2012.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SILVA JÚNIOR, M. C.; SANTOS, G. C.; NOGUEIRA, P. E.; MUNHOZ, C. B. R.; RAMOS, A. E. 100
árvores do cerrado: guia de campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2005. 278 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 293

Piranheira – Swartzia acreana 37ª 31ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa não nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptca vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
294 Guia arbopasto

Piranheira
Swartzia acreana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 295

Informações gerais
Nome científico: Swartzia acreana R. S. Cowan
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: sucupira-preta; cumaru-pedra; olho-de-boi.
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com tronco cilíndrico reco-
berto por casca externa marrom-acinzentada, espessa, fissurada, com desprendimento de
placas lenhosas. A casca interna é esbranquiçada, com exsudação avermelhada pouco
abundante. Folhas compostas, imparipinadas, com 11 a 15 folíolos, cartáceos, discolores.
Inflorescências racemosas, ramifloras e caulifloras, com 10 cm a 15 cm de comprimento, e
flores vistosas com uma única pétala amarela. Os frutos são legumes lenhosos, deiscentes,
medindo até 15 cm de comprimento, de cor verde-oliva, com estrias transversais na super-
fície. As sementes são grandes, medindo 4 cm de comprimento por 3 cm de largura, na cor
creme, cobertas parcialmente por arilo amarelo, em número variável conforme o tamanho
do fruto (COWAN, 1985).
Características ecológicas: planta decídua, característica de florestas de terra firma, em
solos bem drenados. Encontrada com maior frequência em capoeiras, pastagens cultivadas
e margens de rodovias. A nodulação foi investigada em árvores adultas no Acre e os resul-
tados foram negativos.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(MANZANO et al., 2012).
Fenologia: no Acre, a floração se estende de abril a setembro e a frutificação de junho a
outubro.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
Usos: com base nas entrevistas feitas, a madeira pode ser utilizada como estacas e na
confecção de engradados, carroceria e móveis.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão após a queda. Em seguida, deve-se abri-los ma-
nualmente para a retirada das sementes. Depois, coloca-se, imediatamente, as sementes
para germinar em embalagens individuais com substrato organo-arenoso, em ambiente
semissombreado. Cobre-se as sementes com 1 cm de substrato peneirado e irriga-se duas
vezes ao dia. A taxa de germinação geralmente é alta.
296 Guia arbopasto

Tabela 58. Características dendrométricas de árvores de piranheira em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 9,8 8,3 a 12,5
Altura do fuste (m) 2,4 1,3 a 5,0
Altura da copa (m) 7,0 5,0 a 9,0
Altura da base da copa (m) 2,8 2,0 a 5,0
Diâmetro da copa (m) 7,8 5,5 a 11,4
Área da copa (m²) 47,5 23,3 a 102,1
DAP (cm) 23,8 17,2 a 31,3

Referências
COWAN, R. S. Studies in tropical American Leguminosae-IX. Brittonia, New York, v. 37, n. 3,
p. 291-304, 1985.
MANSANO, V. F.; PINTO, R. B.; TORKE, B. M. Swartzia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/
FB023179>. Acesso em: 2 abr. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 297

Quina-quina-amarela – Geissospermum reticulatum 39ª 36ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa baixa, elíptica vertical.

Densidade da copa: muito densa.

Qualidade do fuste: péssimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
298 Guia arbopasto

Quina-quina-amarela
Geissospermum reticulatum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 299

Informações gerais
Nome científico: Geissospermum reticulatum A. H. Gentry
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: sem informações na literatura.
Outros nomes vulgares: quina; quina-quina; quina-quina-branca; quinarana.
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com tronco cilíndrico, reves-
tido por casca externa fissurada, de cor marrom, frequentemente coberta por líquens de
cor branca ou cinzenta. A casca interna é amarelada. Folhas simples, alternas, pecioladas,
cartáceas, longo-acuminadas, de até 11 cm de comprimento. Inflorescências espalhadas
ao longo dos ramos, às vezes opostas às folhas, com flores pubescentes de cor creme. Os
frutos são constituídos por uma ou duas bagas elipsoides, de cor amarelada ou alaranjada
quando maduros, leitosos, com polpa carnosa, contendo cerca de 5 sementes achatadas,
medindo de 10 mm a 15 mm de comprimento (GENTRY, 1984).
Características ecológicas: planta perenifólia, heliófila, secundária, característica e
exclusiva da floresta pluvial Amazônica. Encontrada frequentemente em pastagens
cultivadas.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia). Ocorre também no Peru
e na Bolívia (GENTRY, 1984; KOCH et al., 2012).
Fenologia: no Acre, floresce durante os meses de agosto a outubro. Os frutos amadurecem
de fevereiro a abril.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
Outras espécies do gênero apresentam madeira pesada a moderadamente pesada
(densidade de 0,75 g cm-3 a 0,95 g cm-3), de boa resistência mecânica e média durabilidade
natural (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2002; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é utilizada localmente para estacas e para lenha. Sua casca amarga possui
propriedades medicinais e é utilizada pela população local no preparo de chás para trata-
mento da malária.
Produção de mudas: sem informações na literatura para G. reticulatum. Para
G. laeve, recomenda-se colher os frutos maduros diretamente da árvore ou no chão, após
sua queda natural. Em seguida, deve-se deixá-los amontoados até sua decomposição parcial
para facilitar a remoção das sementes, através de lavagem em água corrente. Após uma
rápida secagem à sombra, as sementes devem ser semeadas em canteiros semissombreados
contendo substrato rico em matéria orgânica. Em seguida, deve-se cobri-las com uma leve
camada do substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 30 a
50 dias e a taxa de germinação geralmente é superior a 50% (LORENZI, 2002).
300 Guia arbopasto

Tabela 59. Características dendrométricas de árvores de quina-quina-amarela em pastagens


cultivadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 6,5 4,3 a 8,0
Altura do fuste (m) 1,6 1,1 a 2,1
Altura da copa (m) 4,9 2,6 a 6,0
Altura da base da copa (m) 1,6 1,0 a 2,1
Diâmetro da copa (m) 5,7 4,1 a 8,4
Área da copa (m²) 25,2 13,0 a 55,4
DAP (cm) 12,7 8,6 a 15,9

Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
GENTRY, A. H. New species and combinations in Apocynaceae from Peru and adjacente
Amazonia. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 71, p. 1075-1081, 1984.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB080265>. Acesso em: 3 abr. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 301

Seringueira – Hevea brasiliensis 40ª 21ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,95 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: látex.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
302 Guia arbopasto

Seringueira
Hevea brasiliensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 303

Informações gerais
Nome científico: Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg.
Família: Euphorbiaceae
Sinonímia botânica: Hevea granthamii; H. janeirensis; H. randiana; H. sieberi (CORDEIRO;
SECCO, 2012).
Outros nomes vulgares: seringa; seringa-real (CORDEIRO; SECCO, 2012).
Características morfológicas: árvores de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa parda ou cinzenta, escamosa. A casca interna apresenta abundante
exsudação de látex branco. Folhas compostas trifoliadas, espiraladas, com folíolos
membranáceos e glabros. Flores amareladas, dispostas em panículas axilares. Os frutos
são cápsulas triloculadas, lenhosas e secas na maturidade, que se abrem em deiscência
explosiva dispersando para longe suas sementes. As sementes possuem tegumento brilhante
de coloração marrom-clara, e manchas mais escuras (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila ou esciófila, característica da
floresta tropical Amazônica, sendo mais frequente em solos argilosos e férteis de várzeas e
margens de rios (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso) (CORDEIRO; SECCO, 2012).
Fenologia: a floração está ligada ao reenfolhamento, que ocorre nos meses de junho e
julho, com a produção de sementes nos meses de janeiro e fevereiro (ÁVILA, 2006).
Características da madeira: leve (densidade de 0,29 g cm-3 a 0,56 g cm-3), mole, de
textura média a grossa, cor marrom-clara, de baixa durabilidade natural (LORENZI, 2008;
PARROTA et al., 1995; ZANNE et al., 2009).
Usos: o seu principal produto é o látex, do qual se extrai a borracha natural. A madeira pode
ser usada para tabuado, forros, caixotaria, brinquedos e lenha. Atualmente, ao término do
período produtivo, a madeira tratada da seringueira tornou-se importante fonte de renda
nas plantações asiáticas. Da semente, é extraído um óleo de boa qualidade. A torta obtida
da extração de óleo pode ser utilizada na alimentação de bovinos, suínos e aves (ÁVILA,
2006; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: recolhe-se as sementes no chão, logo após a queda espontânea.
Um quilo de sementes contém 260 unidades, cuja viabilidade em armazenamento é
inferior a 90 dias. Coloca-se as sementes para germinar, logo que colhidas, em canteiros,
ou diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-arenoso, com a
carúncula virada para baixo; depois, cobri-las até a metade de sua altura com o substrato
peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 20 a 40 dias e a taxa de
germinação geralmente é alta. Deve-se transplantar as mudas para embalagens individuais
quando alcançarem 4 cm a 6 cm, as quais ficam prontas para plantio no campo em 4 a 6
meses. No caso de se preparar mudas enxertadas, essa é a época de ser plantada no viveiro
de campo (LORENZI, 2008).
304 Guia arbopasto

Tabela 60. Características dendrométricas de árvores de seringueira em pastagens cultivadas


na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 15,8 11,0 a 23,4
Altura do fuste (m) 4,7 2,2 a 8,0
Altura da copa (m) 11,0 6,0 a 15,9
Altura da base da copa (m) 4,7 2,2 a 8,0
Diâmetro da copa (m) 10,2 6,1 a 13,8
Área da copa (m²) 81,1 28,7 a 149,6
DAP (cm) 46,5 25,5 a 68,1

Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
CORDEIRO, I.; SECCO, R. Hevea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB022704>. Acesso em: 28
mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PARROTTA, J. A.; FRANCIS, J. K.; ALMEIDA, R. R. de. Trees of the Tapajos: a photographic field
guide. Rio Piedras: USDA Forest Service-International Institute of Tropical Forestry, 1995. 370 p.
(USDA Forest Service. General Technical Report IITF, 001).
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 305

Sucuúba – Himatanthus sucuuba 42ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: pequeno.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: baixa.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado (IMA-h de até 0,93 m ano-1).

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
306 Guia arbopasto

Sucuúba
Himatanthus sucuuba
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 307

Informações gerais
Nome científico: Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Plumeria sucuuba (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: janaguba; sucuba; leiteiro; ucuúba.
Características morfológicas: árvore com até 16 m de altura, tronco ereto e cilíndrico,
com casca externa fissurada, cinza, geralmente recoberta por líquens brancos. A casca
interna é de cor amarelo-rosado, com exsudação de látex branco. Folhas simples, alternas
espiraladas, totalmente glabras em ambas as faces, de margens inteiras, coriáceas, de 17
cm a 20 cm de comprimento por 4 cm a 6 cm de largura, sobre pecíolo de 2 cm a 3 cm de
comprimento. Inflorescências em cimeiras terminais, com poucas flores brancas e muito
perfumadas. Fruto folículo geminado, de cor preta quando maduro, curvado como um
chifre, glabro e angulado, de 20 cm a 26 cm de comprimento, com numerosas sementes
aladas (LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, secundária, que ocorre preferencial-
mente no interior das matas primárias e secundárias (LORENZI, 2002). Frequentemente
atacada por uma espécie de lagarta desfolhadora, de cor preta com listras amarelas.
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia),
Nordeste (Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul) (KOCH et al., 2012).
Fenologia: floresce de agosto a outubro e os frutos amadurecem de março a maio (LORENZI,
2002).
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,40 g dm-3 a
0,52 g dm-3), macia e fácil de trabalhar, de textura média, de baixa resistência e pouco
durável (LORENZI, 2002; ZANNE et al., 2009).
Usos: A madeira é de baixa qualidade, podendo ser utilizada para caixotaria, obras inter-
nas em construção civil, lenha e carvão. O látex e o chá da casca da sucuúba são muito
utilizados pelas populações tradicionais da Amazônia, por suas propriedades medicinais,
que vêm sendo amplamente estudadas (FERREIRA et al., 2005; LORENZI, 2002; MENESES
FILHO et al., 1995).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a abertura espontânea. Em seguida, deve-se deixá-los ao sol para completar sua abertura
e liberação das sementes. Um quilo de sementes tem aproximadamente 14 mil unidades.
Depois, colocar as sementes para germinação logo que colhidas em canteiros a pleno sol,
contendo substrato arenoso. A remoção da ala das sementes é importante para acelerar a
germinação. Em seguida, deve-se cobri-las com uma fina camada de substrato peneirado
e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 2 a 4 semanas e a taxa de germinação
geralmente é alta. As mudas são, então, transplantadas para embalagens individuais
quando atingirem 4 a 6 cm de altura (LORENZI, 2002).
308 Guia arbopasto

Tabela 61. Características dendrométricas de árvores de sucuúba em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 8,1 5,5 a 14,3
Altura do fuste (m) 3,0 1,6 a 5,3
Altura da copa (m) 5,0 2,0 a 9,0
Altura da base da copa (m) 3,1 1,6 a 5,3
Diâmetro da copa (m) 4,6 2,1 a 9,3
Área da copa (m²) 16,5 3,5 a 67,9
DAP (cm) 16,3 7,6 a 36,6

Referências
FERREIRA, C.; PIEDADE, M. T. F.; PAROLIN, P.; BARBOSA, K. M. Tolerância de Himatanthus
sucuuba Wood. (Apocynaceae) ao alagamento na Amazônia Central. Acta Botanica Brasilica, São
Paulo, v. 19, n. 3, p. 425-429, 2005.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB015569>. Acesso em: 27 mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; PINHA, J. F. M.; FERREIRA, L. A.; BRILHANTE, N.
A. Comportamento de 24 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no Parque
Zoobotânico, Rio Branco-Acre. Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 1, 135 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 309

Sumaúma-barriguda – Ceiba lupuna 34ª 15ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
310 Guia arbopasto

Sumaúma-barriguda
Ceiba lupuna
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 311

Informações gerais
Nome científico: Ceiba lupuna P. E. Gibbs & Semir
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: barriguda; samaúma-barriguda.
Características morfológicas: árvore de até 50 m de altura, com tronco abaulado e dotado de
sapopemas basais. A casca externa é marrom acinzentada, estriada, com presença de acúleos
cônicos. Nas árvores jovens, a casca tem cor esverdeada devido à presença de estrias com
pigmentos fotossintéticos. A casca interna é espessa, com faixas amarelas e rosadas alternadas.
Folhas compostas digitadas, alternas e dispostas em espiral, com 5 folíolos coriáceos, com
margens inteiras ou denticuladas. Flores hermafroditas, com pétalas medindo 50 mm a
100 mm x 14 mm a 18 mm, com margens onduladas, de cor avermelhada na porção distal
e amarelo-pálido com pintas vermelhas na basal, com parte externa aveludada. O fruto
é uma cápsula elipsoide, deiscente, glabra e lisa, contendo numerosas sementes escuras
cobertas por paina, uma pluma sedosa branca e brilhante (GIBBS; SEMIR, 2003; REYNEL
et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência exclusiva da floresta
amazônica, especialmente em várzeas úmidas (GIBBS; SEMIR, 2003).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Peru e no Equador
(DUARTE, 2012; GIBBS; SEMIR, 2003).
Fenologia: no Acre, a floração foi registrada nos meses de junho e julho. Em Rondônia, a
frutificação foi observada em agosto, com a árvore completamente desfolhada.
Características da madeira: muito leve, textura grossa, fácil de ser trabalhada, de baixa
durabilidade natural (ARAÚJO, 2002; REYNEL et al., 2003).
Usos: a madeira é utilizada na indústria de laminados, podendo ser empregada também
para caixotaria e celulose (ARAÚJO, 2002; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: sem registros na literatura para C. lupuna. Para C. speciosa, recomenda-
se coletar os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Em
seguida, deve-se deixá-los ao sol por alguns dias para completar sua abertura e facilitar a
remoção manual das sementes envoltas na paina. Coloca-se as sementes para germinar,
logo que colhidas, em canteiros semissombreados, contento substrato organo-arenoso.
As sementes devem ser cobertas com substrato peneirado e irrigadas duas vezes ao dia
(LORENZI, 2008).
312 Guia arbopasto

Tabela 62. Características dendrométricas de árvores de sumaúma-barriguda em pastagens


cultivadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 15,2 9,5 a 22,8
Altura do fuste (m) 5,3 2,3 a 11,2
Altura da copa (m) 10,2 6,5 a 17,3
Altura da base da copa (m) 5,0 2,1 a 11,0
Diâmetro da copa (m) 13,1 7,4 a 18,3
Área da copa (m²) 135,6 43,0 a 263,0
DAP (cm) 77,4 46,8 a 107,6

Referências
ARAÚJO, H. J. B. Agrupamento das espécies madeireiras ocorrentes em pequenas áreas sob
manejo florestal do projeto de colonização Pedro Peixoto (AC) por similaridade das propriedades
físicas e mecânicas. 2002. 168 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – ESALQ,
Universidade de São Paulo, Piracicaba.
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023547>. Acesso em: 30 mar. 2012.
GIBBS, P.; SEMIR, J. A taxonomic revision of the genus Ceiba Mill. (Bombacaceae). Anales del
Jardín Botánico de Madrid, Madrid, ES, v. 60, n. 2, p. 259-300, 2003.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 313

Sumaúma-branca – Ceiba pentandra 17ª 4ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: muito rápido (IMA-h de até 2,84 m ano-1).

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
314 Guia arbopasto

Sumaúma-branca
Ceiba pentandra
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 315

Informações gerais
Nome científico: Ceiba pentandra (L.) Gaerth
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: Bombax orientale; B. pentandrum; Eriophorus javanica (CARVALHO,
2008).
Outros nomes vulgares: samaúma; samaúma-da-várzea; samaumeira; sumaúma; sumaú-
ma-verdadeira (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 60 m de altura, com tronco cilíndrico ou
abaulado, dotado de sapopemas basais e revestido por casca externa acinzentada, estriada e
aculeada. Nas árvores jovens, é esverdeada devido à presença de pigmentos fotossintéticos.
A casca interna é espessa, de cor branco rosada, com faixas longitudinais escuras. As folhas
são alternas, digitadas, compostas, com 5 a 11 folíolos, glabros na página superior e pálidos
na inferior, com até 30 cm de comprimento e 2 cm a 5 cm de largura. As inflorescências
são fascículos de 8 a 15 flores esbranquiçadas, com 3 cm a 4 cm de comprimento. O fruto é
uma cápsula lenhosa, elipsoide, medindo 10 cm a 30 cm de comprimento, contendo 120 a
175 sementes negras, envoltas em paina marrom-esbranquiçada a grisácea (CARVALHO,
2008; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica de terrenos úmidos da
mata primária de várzea. Ocorre também em formações secundárias, comportando-se
como planta pioneira (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Pará, Acre, Amazonas, Rondônia), Nordeste (Mara-
nhão), Centro-Oeste (Mato Grosso) (DUARTE, 2012).
Fenologia: floresce de agosto a setembro, com a árvore quase totalmente despida da
folhagem. Os frutos amadurecem de novembro a dezembro (CARVALHO, 2008; LORENZI,
2008).
Características da madeira: leve (de 0,23 g cm-3 a 0,49 g cm-3), macia, fácil de serrar e de
aplainar, de baixa durabilidade natural (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é muito utilizada na indústria de laminados. Pode ser utilizada tam-
bém na fabricação de barcos, divisórias internas, embalagens, construções leves, moldes,
palitos de fósforos, brinquedos e papel. A paina (kapok) foi muito usada para confecção
de boias e salva-vidas, enchimento de colchões e travesseiros e como isolante térmico,
até o surgimento das fibras sintéticas. Em plantios comerciais, na Indonésia, a produção
anual atinge até 4 t ha-1 de paina (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; NEVES et al., 2003;
REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: deve-se colher as sementes no chão, logo após a queda, retirando-se
a pluma que recobre as sementes, manualmente. Um quilo de sementes contém de 7 mil a
10 mil unidades. Coloca-se as sementes para germinar em canteiros com substrato contendo
areia lavada. A emergência ocorre em 5 ou 10 dias, com taxa de germinação alta para
sementes recém-coletadas. Deve-se repicar as mudas para embalagens individuais quando
atingirem de 4 cm a 6 cm de altura. Dentro de 3 a 4 meses, as mudas estarão prontas para
serem levadas ao campo. A produção de mudas por estacas também é viável na espécie
(CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; SOUZA et al., 2005).
316 Guia arbopasto

Tabela 63. Características dendrométricas de árvores de sumaúma-branca em pastagens culti-


vadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 14,6 12,5 a 18,0
Altura do fuste (m) 7,6 3,5 a 13,5
Altura da copa (m) 7,2 3,0 a 12,0
Altura da base da copa (m) 7,4 2,5 a 13,5
Diâmetro da copa (m) 10,8 5,3 a 19,8
Área da copa (m²) 91,6 22,1 a 306,4
DAP (cm) 67,1 51,6 a 101,9

Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023548>. Acesso em: 30 mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NEVES, E. J. M.; MARTINS, E. G.; SANTOS, A. F. Potencialidade de Ceiba pentandra (L.) Gaertn.
para plantios na Amazônia brasileira. Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 26 p. (Embrapa
Florestas. Documentos, 89).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SOUZA, C. R.; LIMA, R. M. B.; AZEVEDO, C. P.; ROSSI, L. M. B. Sumaúma (Ceiba pentandra (L.)
Gaerth). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2005. 22 p. (Embrapa Amazônia Ocidental.
Documentos, 41).
Capítulo 4 – Guia de espécies 317

Sumaúma-preta – Ceiba samauma 23ª 11ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, elíptica vertical.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: não.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido.

Valor comercial da madeira: médio.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
318 Guia arbopasto

Sumaúma-preta
Ceiba samauma
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 319

Informações gerais
Nome científico: Ceiba samauma (Mart.) K. Schum.
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: Eriodendron samauma; Ceiba burchellii (GIBBS; SEMIR, 2003).
Outros nomes vulgares: samaúma-preta.
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico de base
dilatada, revestido por casca externa cinzenta, fendida, com presença de acúleos cônicos.
Nas árvores jovens, o tecido da parte interna das fendas da casca tem cor verde (pigmentos
fotossintéticos). A casca interna é espessa, de cor amarelo-rosada, com faixas alternadas
mais escuras. Folhas compostas digitadas, alternas e dispostas em espiral, com 5 folíolos
elípticos, glabros, 6 cm a 14 cm de comprimento por 3 cm a 6 cm de largura. Flores
solitárias ou em rácemos curtos, hermafroditas, com pétalas de 10 cm a 22 cm de compri-
mento, com parte interna branca, glabra, e parte externa com pubescência dourada. Fruto
cápsula elipsoide, deiscente, glabra e lisa, com 15 cm a 18 cm de comprimento, contendo
numerosas sementes escuras cobertas por paina, uma pluma sedosa branca e brilhante
(GIBBS; SEMIR, 2003; LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira, que ocorre predominante-
mente em matas primárias e secundárias de várzeas não inundáveis, e também em áreas
abertas como árvores isoladas (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Piauí), Centro-
Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul).
Fenologia: no Acre, a floração foi registrada em fevereiro e dispersão dos frutos em agosto,
com a árvore totalmente desfolhada.
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,32 g cm-3 a
0,57 g cm-3), macia e fácil de trabalhar, de textura média a grossa, pouco resistente e de
baixa durabilidade natural (LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é excelente para a indústria de laminados, podendo ser empregada também
para caixotaria, celulose e forros. A paina pode ser usada para o enchimento de colchões,
travesseiros e almofadas, e como isolante térmico (LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: os frutos são coletados diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura
espontânea. Em seguida, deve-se deixá-los ao sol por alguns dias para completar sua abertura
e facilitar a remoção manual das sementes envoltas na paina. Um quilo de sementes contém
cerca de 3 mil unidades. Deve-se colocar as sementes para germinar, logo que colhidas, em
canteiros a pleno sol contento substrato organo-arenoso. Devem ser cobertas com uma cama-
da de 0,5 cm do substrato peneirado e irrigadas duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 5 a
10 dias e a taxa de germinação geralmente é alta (LORENZI, 2002).
320 Guia arbopasto

Tabela 64. Características dendrométricas de árvores de sumaúma-preta em pastagens cultiva-


das na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 12,3 7,0 a 17,6
Altura do fuste (m) 4,0 1,6 a 7,8
Altura da copa (m) 8,3 4,5 a 12,0
Altura da base da copa (m) 4,0 1,6 a 8,8
Diâmetro da copa (m) 11,1 6,0 a 15,7
Área da copa (m²) 96,7 28,3 a 192,4
DAP (cm) 38,6 17,2 a 73,2

Referências
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB016485>. Acesso em: 30 mar. 2012.
GIBBS, P.; SEMIR, J. A taxonomic revision of the genus Ceiba Mill. (Bombacaceae). Anales del
Jardín Botánico de Madrid, Madrid, ES, v. 60, n. 2, p. 259-300, 2003.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 321

Timbaúba – Enterolobium barnebianum 35ª 34ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, umbeliforme.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: ruim.

Presença de raízes superficiais sob a copa: alta.

Interferência no pasto sob a copa: baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
322 Guia arbopasto

Timbaúba
Enterolobium barnebianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 323

Informações gerais
Nome científico: Enterolobium barnebianum Mesquita & M. F. Silva
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: orelha-de-negro; faveira; faveira-bolacha (MESQUITA; SILVA,
1984).
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com copa ampla e achatada,
tronco geralmente curto, bifurcado ou múltiplo, recoberto por casca externa lenticelada, de
cor variando de cinza a marrom. A casca interna tem coloração creme e é bastante espessa.
Folhas compostas bipinadas, com 9 cm a 15 cm de comprimento e 5 a 8 pares de pinas.
Folíolos linear-falcados, assimétricos, opostos, com 10 a 16 pares por pina, o terminal com
5 mm x 1 mm de largura e o basal com 4 mm x 1 mm de largura. As inflorescências são
glomérulos fasciculares, axilares, heteromórficos, com 8 a 15 flores brancas, com pendúnculo
de 25 mm a 30 mm de comprimento. Fruto legume rígido, fibroso-lenhoso, circular, epicarpo
castanho ou negro quando maduro, medindo 5 cm a 15 cm x 4 cm a 7 cm de diâmetro,
superfície glabra, mesocarpo farináceo. Semente obovada, medindo 2 cm x 1 cm de largura,
com pleurograma diferenciado (MESQUITA; SILVA, 1984).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência mais frequente em
vegetações secundárias e pastagens (MESQUITA, 1990).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima). Também ocorre no
Peru, Colômbia e Equador (MESQUITA, 1990; MORIM, 2012).
Fenologia: a floração ocorre entre setembro e outubro e a dispersão dos frutos no final da
estação seca do ano seguinte; em alguns casos, junto com a nova floração.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
A maioria dos produtores entrevistados afirma que é de baixa qualidade. Além disso, a
árvore geralmente apresenta fuste pouco desenvolvido, com caule bifurcado ou múltiplo.
Usos: alguns produtores relatam que os frutos podem ser utilizados para fabricação de sabão
caseiro, o que indica a presença de saponina em teores elevados. Existem indícios de que
os seus frutos podem causar fotossensibilização hepatógena, sinais digestivos e aborto em
bovinos, de maneira semelhante ao registrado para outras espécies do gênero Enterolobium
(E. contortisiliquum, E. gummiferum e E. timbouva) (COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-
CORREA, 2000).
Produção de mudas: sem registros na literatura para E. barnebianum. Para E. contortisiliquum,
recomenda-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, deve-se levá-los ao sol para secar e facilitar a sua abertura e retirada das sementes.
As sementes são duras e devem ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da
semeadura. Colocar as sementes para germinar em embalagens individuais, em ambiente
semissombreado (LORENZI, 2008).
324 Guia arbopasto

Tabela 65. Características dendrométricas de árvores de timbaúba em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 11,3 8,0 a 15,5
Altura do fuste (m) 3,1 2,0 a 4,0
Altura da copa (m) 7,5 4,0 a 11,5
Altura da base da copa (m) 3,8 3,0 a 4,0
Diâmetro da copa (m) 16,6 9,3 a 26,7
Área da copa (m²) 215,4 67,2 a 557,8
DAP (cm) 39,1 26,2 a 55,1

Referências
COSTA, R. L. D.; MARINI, A.; TANAKA, D.; BERNDT, A.; ANDRADE, F. M. E. Um caso de
intoxicação de bovinos por Enterolobium contortisiliquum (timboril) no Brasil. Archivos de
Zootecnia, Córdova, v. 58, n. 222, p. 313-316, 2009.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MÉNDEZ, M. C.; RIET-CORREA, F. Plantas tóxicas e micotoxicoses. Pelotas: Universidade Federal
de Pelotas, 2000. 112 p.
MESQUITA, A. L. Revisão taxonômica do gênero Enterolobium Mart. (Mimosoidae) para a região
Neotropical. 1990. 222 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Departamento de Botânica,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
MESQUITA, A. L.; SILVA, M. F. Enterolobium barnebianum A. L. Mesquita & M. F. da Silva, uma
nova mimosácea para a Amazônia brasileira, Colômbia e Peru. Acta Amazonica, Manaus, v. 14,
n. 1-2, p. 153-158, 1984.
MORIM, M. P. Enterolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/ FB022962>. Acesso em: 23
mar. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 325

Timbaúba-gigante – Enterolobium maximum 11ª 18ª

Características de interesse

Fixação biológica de N: leguminosa nodulífera.

Porte das árvores em pastagens: grande.

Forma da copa em pastagens: copa alta, flabeliforme.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: regular.

Presença de raízes superficiais sob a copa: moderada.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: média.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: rápido.

Valor comercial da madeira: baixo.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: fácil.

Escala visual
326 Guia arbopasto

Timbaúba-gigante
Enterolobium maximum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 327

Informações gerais
Nome científico: Enterolobium maximun Ducke
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: orelha-de-negro; timbaúba; tamboril (IBAMA, 2012).
Características morfológicas: árvore de até 45 m de altura, com tronco revestido por casca
externa cinza, lenticelada, algumas vezes apresentando protuberâncias. Folhas compostas
bipinadas, com 9 cm a 17 cm de comprimento e 2 a 6 pares de pinas. Folíolos simétricos,
oblongo-obovados, face superior glabra e lustrosa, face inferior pubérula e opaca, com 5 a
11 pares por pina, o terminal com 1,2 cm a 4,8 cm x 1,1 cm a 4,0 cm de largura e o basal
com 0,7 cm a 1,5 cm x 2,6 cm a 3,0 cm de largura. As inflorescências são glomérulos
fasciculares, axilares, homomórficos, pubérulos, com 20 a 25 flores creme, pedúnculo
de 37 mm a 50 mm de comprimento. Fruto legume sublenhoso, com 6 cm a 8 cm x 4
cm a 10 cm de largura, circular a recurvado, negro a castanho; epicarpo com indumento
aveludado, mesocarpo creme, farináceo, endocarpo lenhoso. Semente castanho-escuro,
elíptico-oblongo a elíptico-oval, com 2 cm x 1 cm de largura, com pleurograma diferenciado
(MESQUITA, 1990).
Características ecológicas: espécie típica da Floresta Amazônica, onde ocorre em indiví-
duos raros e isolados, nos locais próximos de rios (MESQUITA, 1990).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(MORIM, 2012).
Fenologia: no Acre, a floração ocorre entre junho e agosto, e a dispersão dos frutos no final
da estação seca do ano seguinte.
Características da madeira: madeira leve (densidade de 0,37 g cm-3 a 0,43 g cm-3), macia,
textura média a grossa, grã cruzada, levemente revessa, brilho moderado, cheiro indistinto,
secagem rápida, de baixa durabilidade ao ataque de fungos, cupins e insetos de madeira
seca (IBAMA, 2012; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é apropriada para construções leves, embarcações, móveis, artigos
domésticos decorativos, torneados e brinquedos (IBAMA, 2012). Existem indícios de que
os seus frutos podem causar fotossensibilização hepatógena, sinais digestivos e aborto em
bovinos, de maneira semelhante ao registrado para outras espécies do gênero Enterolobium
(E. contortisiliquum, E. gummiferum e E. timbouva) (COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-
CORREA, 2000).
Produção de mudas: sem registros na literatura para E. maximum. Para E. contortisiliquum,
recomenda-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, deve-se levá-los ao sol para secar e facilitar a sua abertura e retirada das sementes.
As sementes são duras e devem ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da
semeadura. Colocar as sementes para germinar em embalagens individuais, em ambiente
semissombreado (LORENZI, 2008).
328 Guia arbopasto

Tabela 66. Características dendrométricas de árvores de timbaúba-gigante em pastagens culti-


vadas na Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 17,2 13,5 a 20,1
Altura do fuste (m) 5,0 2,3 a 7,5
Altura da copa (m) 10,8 6,5 a 14,9
Altura da base da copa (m) 6,4 2,3 a 10,0
Diâmetro da copa (m) 15,4 12,1 a 19,0
Área da copa (m²) 186,0 114,0 a 282,0
DAP (cm) 45,8 33,7 a 63,7

Referências
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Capítulo 4 – Guia de espécies 329

Tucumã – Astrocaryum aculeatum 44ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa alta, típica das palmeiras.

Densidade da copa: rala.

Qualidade do fuste: ótimo.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: baixa.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: lento.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: frutos.

Produção de mudas: difícil.

Escala visual
330 Guia arbopasto

Tucumã
Astrocaryum aculeatum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 331

Informações gerais
Nome científico: Astrocaryum aculeatum G. Mey
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Astrocaryum aureum; A. caudescens; A. macrocarpum; A. manoense;
A. princeps; A. tucuma (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: tucumã-do-amazonas; tucumã-açu; jabarana (COSTA et al., 2010).
Características morfológicas: palmeira de caule simples de até 25 m de altura e
40 cm de diâmetro, com os entrenós cobertos por espinhos negros de até 25 cm de com-
primento. Folhas pinadas e ascendentes, de 4 m a 5 m de comprimento, em número de 5
a 15, com bainha, pecíolo e raque cobertos por espinhos longos e achatados de cor negra
ou castanha, de até 10 cm de comprimento. Pinas lineares, em número de 100 a 120, de
cada lado da raque. Inflorescência e infrutescências eretas. Frutos globosos a elipsoides,
de 4,5 cm a 6,5 cm x 3,5 cm a 4,5 cm, com epicarpo liso e amarelado quando maduros e
com mesocarpo carnoso e comestível (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: encontrado, com maior frequência, em áreas secundárias
(capoeiras), pastagens cultivadas e, mais raramente, em florestas primárias, principalmente
em solos bem drenados. Em pastagens, é comum apresentar estipe desprovido de espinhos
nos 2/3 iniciais, eliminados pelo fogo. Seus frutos são consumidos por muitos animais
silvestres, sendo a cutia seu principal dispersor na floresta (COSTA et al., 2010; FERREIRA,
2006; LORENZI et al., 2010).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso). Também ocorre na Colômbia, Bolívia, Peru, Guiana, Venezuela (ÁVILA, 2006;
FERREIRA, 2006; LEITMAN et al., 2011).
Fenologia: em Manaus, floresce nos meses de julho a janeiro e frutifica de fevereiro a
agosto (ÁVILA, 2006).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: os frutos são comercializados nos mercados de Rio Branco, AC, Porto Velho, RO, e
Manaus, AM, para consumo humano, seja na forma in natura, como recheio de sanduíches e
tapiocas, bem como na fabricação de doces e sorvetes. O mesocarpo dos frutos é muito nu-
tritivo, com alto teor de provitamina A (b-caroteno) (COSTA et al., 2010). Alguns produtores
alegam que os espinhos de folhas caídas no pasto podem cegar bezerros.
Produção de mudas: como a maioria das palmeiras, a germinação das sementes do tucumã
é lenta, podendo se estender por até 2 anos. Para acelerá-la, tem sido recomendado retirar
a casca e a polpa dos frutos maduros, lavar os pirenos (sementes com endocarpo) e colocá-
-los para secar à sombra por 1 ou 2 semanas. Um quilo de frutos despolpados contém
cerca de 35 unidades. Em seguida, deve-se quebrar o endocarpo para retirar a semente,
após balançá-lo para checar se a semente está solta. As sementes são deixadas de molho
por 3 a 5 dias, trocando-se a água diariamente para evitar que as sementes apodreçam.
Semeia-se em canteiros sombreados, com a germinação podendo iniciar em apenas 30
dias. Quando as mudas já estiverem com 4 a 5 folhas, já podem ser plantadas nos locais
definitivos (COSTA et al., 2010; FERREIRA, 2010).
332 Guia arbopasto

Tabela 67. Características dendrométricas de palmeiras de tucumã em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 11,4 6,4 a 13,0
Altura do caule (m) 6,7 3,0 a 10,0
Altura da copa (m) 4,6 2,6 a 7,2
Altura da base da copa (m) 6,7 3,5 a 10,0
Diâmetro da copa (m) 6,0 4,0 a 7,7
Área da copa (m²) 28,5 12,6 a 46,6
DAP (cm) 22,5 12,7 a 37,2

Referências
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(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 333

Uricuri – Attalea princeps 41ª –

Características de interesse

Fixação biológica de N: espécie não leguminosa.

Porte das árvores em pastagens: médio.

Forma da copa em pastagens: copa média, típica das palmeiras.

Densidade da copa: pouco densa.

Qualidade do fuste: bom.

Presença de raízes superficiais sob a copa: muito baixa.

Interferência no pasto sob a copa: muito baixa.

Regeneração natural em pastagens: adequada.

Tolerância ao fogo em pastagens: alta.

Potencial forrageiro dos frutos: sim.

Potencial tóxico dos frutos: não existem indícios de toxidez.

Velocidade de crescimento: moderado.

Valor comercial da madeira: nenhum.

Produtos não madeireiros com valor comercial: nenhum.

Produção de mudas: difícil.

Escala visual
334 Guia arbopasto

Uricuri
Attalea princeps
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 335

Informações gerais
Nome científico: Attalea princeps Mart.
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Scheelea princeps (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: acuri; aricuri; ouricuri.
Características morfológicas: palmeira com caule (estipe) solitário, com até 15 m de altura,
revestido por bainhas aderentes em porção variável do caule. Folhas pinadas, plumosas,
arqueadas, em número de 12 a 20; raque com 3,7 m a 4,6 m de comprimento, contendo
cerca de 160 pinas de cada lado. Inflorescências estaminadas e andrógenas na mesma
planta. Fruto elipsoide de 6 cm a 8 cm de comprimento, sem incluir o longo bico, e 3 cm
a 4 cm de diâmetro, com mesocarpo um tanto fibro-carnoso e adocicado, e endocarpo
apresentando grupos de fibras conspícuas, com 3 a 5 sementes (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: o uricuri e o jaci (Attalea butiracea) são as palmeiras mais
comuns em pastagens cultivadas na região de Rio Branco, AC. Pesquisas mostram que a
produção de frutos é maior nas palmeiras que crescem em pastagens do que na floresta.
As bainhas de folhas mortas que persistem no caule servem de substrato ou sustentação
para o crescimento de diversas espécies de plantas epífitas, incluindo as de figueiras
estranguladoras que podem causar a morte de algumas palmeiras. Essa palmeira é
considerada indicadora de terra boa (FERREIRA, 2006; LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso). Também ocorre
na Bolívia e Peru (FERREIRA, 2006; LORENZI et al., 2010).
Fenologia: frutifica a partir de março ou abril (LORENZI et al., 2010).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: as folhas podem ser utilizadas na cobertura de construções rurais. No local de
ocorrência, o endocarpo é fonte de carvão, e o mesocarpo é comestível (LORENZI et al., 2010).
Os bovinos pastejam os folíolos de palmeiras jovens crescendo em pastagens, que
apresentam teor de proteína bruta acima de 11% (POTT, 1986).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos no chão, sob a planta, após a queda. A
germinação das sementes sem tratamento é lenta, podendo levar anos. Para acelerá-la, é
necessário retirá-la do endocarpo. Semeia-se, então, em canteiros sombreados, contendo
substrato rico em matéria orgânica, cobrindo as sementes levemente com o substrato e
irrigando-as com frequência (LORENZI et al., 2010).
336 Guia arbopasto

Tabela 68. Características dendrométricas de palmeiras de uricuri em pastagens cultivadas na


Amazônia Ocidental.

Característica Média Amplitude


Altura total (m) 10,9 7,5 a 16,9
Altura do caule (m) 4,5 1,9 a 11,3
Altura da copa (m) 6,5 5,0 a 8,5
Altura da base da copa (m) 4,5 1,9 a 11,3
Diâmetro da copa (m) 9,2 5,0 a 11,8
Área da copa (m²) 65,8 19,6 a 109,4
DAP (cm) 62,8 29,0 a 94,9

Referências
FERREIRA, E. L. Manual das palmeiras do Acre, Brasil. Rio Branco: Instituto Nacional Pesquisas
da Amazônia: Universidade Federal do Acre, 2006. 212 p. Disponível em: <http://www.nybg.org/
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Capítulo 4 – Guia de espécies 337

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341

Índice
A Apuleia leiocarpa ver cumaru-cetim
abiurana-branca ver pau-sangue-da-casca-fina Apuleia molaris ver cumaru-cetim
Acacia pulcherrima ver baginha aricuri ver uricuri
acapurana ver angelim-rajado Aspidosperma duckei ver pereiro
Acrodiclidium itauba ver itaúba Aspidosperma gardneri ver pereiro
acuri ver uricuri Aspidosperma lecointei ver pereiro
Albizia hasslerii sensu Bernardi ver farinha-seca Aspidosperma macrocarpon ver pereiro
Albizia niopoides ver farinha-seca Aspidosperma macrocarpum ver pereiro
almendro-de-rio ver angelim-rajado Aspidosperma occidentale ver amarelão
amarelão 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, Aspidosperma platyphyllum ver pereiro
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, Aspidosperma snethlagei ver pereiro
120, 125, 131-134
Aspidosperma ulei ver amarelão
amarelinho ver moreira
Aspidosperma verbascifolium ver pereiro
Amburana acreana ver cerejeira
Astrocaryum aculeatum ver tucumã
Amburana cearensis var. acreana ver cerejeira
Astrocaryum aureum ver tucumã
amburana ver cerejeira
Astrocaryum caudescens ver tucumã
amburana-de-cheiro ver cerejeira
Astrocaryum macrocarpum ver tucumã
amora-brava ver moreira
Astrocaryum manoense ver tucumã
amoreira ver moreira
Astrocaryum princeps ver tucumã
Andira acuminata ver angelim-pedra
Astrocaryum tucuma ver tucumã
Andira grandifolia ver angelim-pedra
Astrocaryum ulei ver murmuru
Andira inermis ver angelim-pedra
Attalea lydiae ver babaçu
Andira retusa var. oblonga ver angelim-rajado
Attalea princeps ver uricuri
Andira retusa ver angelim-rajado
Attalea speciosa ver babaçu
Andira surinamensis var. ovatifoliolata ver
avineira ver angelim-pedra
angelim-rajado
Andira surinamensis ver angelim-rajado
B
andirá ver angelim-pedra
babaçu 32, 75, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
andirá-uchi ver angelim-pedra
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
andirauchi ver angelim-rajado 117, 125, 147-150
angelim ver angelim-rajado babassu ver babaçu
angelim-amarelo 99, 100, 102, 103, 105, 106, baginha 35, 36, 37, 38, 99, 100, 102, 103,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113,
116, 117, 118, 119, 120, 121, 125, 135-138 114, 115, 117, 126, 151-154
angelim-branco ver angelim-pedra baginha-de-são-joão ver baginha
angelim-doce ver angelim-pedra baguaçu ver babaçu
angelim-liso ver angelim-pedra bandarra ver paricá
angelim-pedra 99, 100, 102, 103, 105, 106, barba-de-velho ver bordão-de-velho
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
barbatimão ver baginha
117, 120, 126, 139-142
barriguda ver sumaúma-barriguda
angelim-rajado 99, 100, 102, 103, 105, 106,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, Bertholletia excelsa ver castanheira
117, 120, 123, 126, 143-146 Bertholletia nobilis ver castanheira
angelim-vermelho ver angelim-rajado Bignonia conspícua ver ipê-amarelo
angico-branco ver farinha-seca Bignonia copaia ver parapará
342 Guia arbopasto

Bignonia flavescens ver ipê-amarelo Ceiba pentandra ver sumaúma-branca


Bignonia procera ver parapará Ceiba samauma ver sumaúma-preta
Bignonia serratifolia ver ipê-amarelo Cerdana alliodora ver freijó-preto
Bombax orientale ver sumaúma-branca Cerejeira 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
Bombax pentandrum ver sumaúma-branca 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
120, 125, 171-174
bordão-de-velho 35, 36, 37, 38, 83, 99, 100,
102, 103, 105, 106, 107, 108, 109, 110, cerejeira-amarela ver cerejeira
112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, cerejeira-da-amazônia ver cerejeira
126, 155-158 chapéu-de-sol ver freijó-louro
Chloroleucon mangense var. mathewsii ver
C jurema
cajá 40, 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, Chlorophora reticulata ver moreira
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, Chlorophora tinctoria ver moreira
125, 159-162 Cordia alliodora ver freijó-preto
cajá-da-mata ver cajá Cordia araripensis ver freijó-louro
cajá-mirim ver cajá Cordia bicolor ver freijó-louro
cajazeira ver cajá Cordia cerdana ver freijó-preto
Calliandra tubulosa ver bordão-de-velho Cordia cuyabensis ver freijó-preto
Calycophyllum spruceanum ver mulateiro Cordia frondosa ver freijó-preto
camuzé ver baginha Cordia velutina ver freijó-preto
canafístula ver farinha-seca, ver também paricá cumaru-cetim 99, 100, 102, 103, 104, 105,
caraúba ver parapará 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
caroba ver parapará 115, 117, 119, 120, 125, 175-178
castanha-do-Brasil ver castanheira cumaru-de-cheiro ver cerejeira
castanha-do-Pará ver castanheira cumaru-pedra ver piranheira
castanheira 32, 42, 65, 66, 99, 100, 102, 103, cumarurana ver angelim-pedra, ver também
105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, cumaru-cetim
114, 115, 117, 120, 125, 163-166
caubi ver baginha D
caxeta ver parapará Derris guilleminiana ver envira-piaca
Cedrela elliptica ver cedro-rosa Diplodon arborus ver itaubarana-do-campo
Cedrela fissilis ver cedro-rosa
Cedrela huberi ver cedro-rosa E
Cedrela macrocarpa ver cedro-rosa embira-de-macaco ver envira-piaca
cedrinho ver cedro-rosa embira-de-sapo ver envira-piaca
cedro-amarelo ver cedro-rosa emburana ver cerejeira
cedro-batata ver cedro-rosa Enterolobium barnebianum ver timbaúba
cedro-branco ver cedro-rosa Enterolobium maximum ver timbaúba-gigante
cedro-cetim ver cedro-rosa Enterolobium schomburgkii ver fava-orelhinha
cedro-da-várzea ver cedro-rosa envira-ferro ver pau-sangue-da-casca-fina
cedro-rosa 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, envira-piaca 99, 100, 102, 103, 105, 106,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
119, 120, 125, 167-170 117, 125, 179-182
cedro-vermelho ver cedro-rosa envira-sangue ver pau-sangue
cega-machado ver itaubarana-do-campo Eriodendron samauma ver sumaúma-preta
Ceiba burchellii ver sumaúma-preta Eriophorus javanica ver sumaúma-branca
Ceiba lupuna ver sumaúma-barriguda Erythrina ulei ver mulungu-mole
Índice 343

Erythrina xinguensis ver mulungu-mole Gelseminum speciosum ver ipê-amarelo


escorrega-macaco ver mulateiro Genipa americana var. caruto ver jenipapo
espinheira ver jacarandá-de-espinho Genipa americana ver jenipapo
espinho-de-judeu ver japecanga Genipa barbata ver jenipapo
Eukylista spruceana ver mulateiro Genipa brasiliana ver jenipapo
Genipa caruto ver jenipapo
F Genipa codonocalyx ver jenipapo
Fagara cinerea ver limãozinho Geoffroea inermis ver angelim-pedra
Fagara duckei ver limãozinho Geoffroea surinamensis ver angelim-rajado
Fagara latespinosa ver limãozinho Gerascanthus alliodorus ver freijó-preto
Fagara prancei ver limãozinho grão-de-porco ver itaubarana-do-campo
Fagara riedeliana ver limãozinho grápia ver cumaru-cetim
Fagara williamii ver limãozinho guaguaçu ver babaçu
falso-louro ver freijó-preto guapuruvu-da-amazônia ver paricá
falso-timbó ver envira-piaca guatambu-do-cerrado ver pereiro
farinha-seca 99, 100, 102, 103, 104, 105, gurujuba ver farinha-seca
106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
115, 117, 120, 126, 183-186
H
fava-barbatimão ver baginha
Handroanthus araliaceus ver ipê-amarelo
fava-camuzé ver baginha
Handroanthus flavenscens ver ipê-amarelo
fava-de-rosca ver fava-orelhinha
Handroanthus impetiginosus ver ipê-roxo
fava-orelhinha 99, 100, 102, 103, 105, 106,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, Handroanthus serratifolius ver ipê-amarelo
117, 120, 126, 187-190 Hevea brasiliensis ver seringueira
fava-paricá ver paricá Hevea granthamii ver seringueira
faveira ver paricá, ver também timbaúba Hevea janeirensis ver seringueira
faveira-bolacha ver timbaúba Hevea randiana ver seringueira
faveiro ver pau-sangue-da-casca-fina Hevea sieberi ver seringueira
favinha ver baginha Himatanthus sucuuba ver sucuúba
frango-assado ver farinha-seca Hymenaea courbaril var. courbaril ver jatobá
freijó ver freijó-preto Hymenaea courbaril var. obtusifolia ver jatobá
freijó-branco ver freijó-louro
freijó-louro 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, I
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, imburana ver cerejeira
120, 125, 191-194
Inga aggregata ver ingá-vermelha
freijó-preto 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
Inga alba ver ingá-vermelha
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
119, 120, 123, 125, 195-198 Inga altíssima ver ingá-vermelha
Inga carachensis ver ingá-vermelha
G Inga expansa ver ingá-peluda
garapeira ver cumaru-cetim Inga fraxinea ver ingá-vermelha
garapeiro ver cumaru-cetim Inga parviflora ver ingá-vermelha
Gardenia brasiliensis ver jenipapo Inga spruceana ver ingá-vermelha
Gardenia genipa ver jenipapo Inga thyrsoidea ver ingá-vermelha
Geissospermum reticulatum ver quina-quina- Inga velutina ver ingá-peluda
amarela ingá-bravo ver envira-piaca
Gelseminum araliaceum ver ipê-amarelo ingá-capelão ver ingá-peluda
344 Guia arbopasto

ingá-de-fogo ver ingá-peluda jacarandá-rosa ver jacarandá-de-espinho


ingá-ferro ver ingá-vermelha janaguba ver sucuúba
ingá-peluda 98, 99, 100, 102, 103, 105, 106, janipaba ver jenipapo
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, japecanga 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
117, 126, 199-202 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
ingá-turi ver ingá-vermelha 125, 227-230
ingá-vermelha 99, 100, 102, 103, 105, 106, jataí ver jatobá
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
jataí-grande ver jatobá
117, 125, 203-206
jatobá 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, 108,
ingá-xixi ver ingá-vermelha
109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, 118, 119,
ingá-xixica ver ingá-vermelha 120, 125, 231-234
ipê-amarelo 99, 100, 101, 102, 103, 105, 106, jenipá ver jenipapo
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
jenipapeiro ver jenipapo
117, 119, 120, 125, 207-210
ipê-de-minas ver ipê-roxo jenipapinho ver jenipapo
ipê-do-cerrado ver ipê-amarelo jenipapo 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
ipê-pardo ver ipê-amarelo
120, 125, 235-238
ipê-preto ver ipê-roxo
jubarbatimão ver baginha
ipê-rosa ver ipê-roxo
juerana-branca ver baginha
ipê-roxo 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
jurema 38, 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
120, 125, 211-214
119, 126, 239-242
ipê-roxo-de-bola ver ipê-roxo
jutaí ver jatobá
ipê-roxo-do-grande ver ipê-roxo
jutaí-açu ver jatobá
ipê-una ver ipê-roxo
itaúba 40, 97, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, K
117, 120, 125, 215-218 Kordelestris syphilitica ver parapará
itaúba-abacate ver itaúba
itaúba-amarela ver itaúba L
itaúba-preta ver itaúba Laphoensia scaberrima ver itaubarana-do-
itaubarana-do-campo 99, 100, 102, 103, 105, campo
106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, laranjeira-brava ver limãozinho
115, 117, 120, 125, 219-222
laurel ver freijó-preto
leiteiro ver sucuúba
J
Leptolobium leiocarpum ver cumaru-cetim
jabarana ver tucumã
limãozinho 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
Jacaranda amazonensis ver parapará 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
Jacaranda copaia ver parapará 120, 125, 243-246
Jacaranda paraensis ver parapará limãozinho-amarelo ver limãozinho
Jacaranda procera ver parapará lombrigueira ver angelim-rajado
Jacaranda spectabilis ver parapará Lonchocarpus cultratus ver envira-piaca
Jacaranda superba ver parapará Lonchocarpus guilleminianus ver envira-piaca
jacarandá-bico-de-pato ver jacarandá-de- lourinho ver freijó-preto
espinho
louro-alho ver freijó-preto
jacarandá-de-espinho 99, 100, 102, 103, 105,
106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, louro-freijó ver freijó-preto
115, 117, 125, 223-226 louro-itaúba ver itaúba
Índice 345

M mulateiro 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,


Machaerium acaciefolium ver jacarandá-de- 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
espinho 119, 120, 123, 125, 255-258
Machaerium affine ver jacarandá-de-espinho mulateiro-da-várzea ver mulateiro
Machaerium angustifolium ver jacarandá-de- mulungu ver mulungu-duro, ver também
espinho mulungu-mole
Machaerium bolivianum ver jacarandá-de- mulungu-duro 77, 99, 100, 102, 103, 105,
espinho 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
Machaerium glabratum ver jacarandá-de- 115, 117, 120, 125, 259-262
espinho mulungu-liso ver mulungu-duro
Machaerium glabripes ver jacarandá-de- mulungu-mole 40, 99, 100, 102, 103, 105,
espinho 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
Machaerium hirtum ver jacarandá-de-espinho 115, 117, 125, 263-266
Machaerium jacarandifolium ver jacarandá-de- murmuru 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
espinho 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
Machaerium pilosum ver jacarandá-de-espinho 123, 125, 267-270
Machaerium rectipes ver jacarandá-de-espinho murumuru ver murmuru
Machaerium tortipes ver japecanga
Maclura affinis ver moreira
N
Maclura chlorocarpa ver moreira
Nissolia hirta ver jacarandá-de-espinho
Maclura tinctoria ver moreira
nó-de-porco ver itaubarana-do-campo
Maclura velutina ver moreira
Maclura zanthoxylon ver moreira
mamica-de-porca ver limãozinho O
manga-brava ver angelim-rajado olho-de-boi ver piranheira
marfim 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, Orbignya barbosiana ver babaçu
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, Orbignya cuci ver babaçu
120, 125, 247-250 Orbignya huebneri ver babaçu
marfim-de-porco ver marfim Orbignya lydiae ver babaçu
marfim-fedorento ver marfim
Orbignya macropetala ver babaçu
marupá ver angelim-amarelo, ver também
Orbignya martiana ver babaçu
parapará
marupá-amarelo ver angelim-amarelo Orbignya phalerata ver babaçu
marupá-doce ver parapará Orbignya speciosa ver babaçu
Mezilaurus itauba ver itaúba orelha-de-macaco ver fava-orelhinha
Mimosa alba ver ingá-vermelha orelha-de-negro ver fava-orelhinha, ver
Mimosa fraxinea ver ingá-vermelha também timbaúba e timbaúba-gigante
Mimosa velutina ver ingá-peluda Ormosia nobilis ver mulungu-duro
mitaroá ver cumaru-cetim ouricuri ver uricuri
morcego ver angelim-pedra
morcegueira ver angelim-pedra, ver também P
angelim-rajado parapará 84, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
morcegueiro ver angelim-pedra 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
moreira 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, 117, 118, 119, 120, 121, 123, 125, 126,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, 271-274
120, 125, 251-254 paricá 98, 99, 100, 102, 103, 104, 105, 106,
Morus tinctoria ver moreira 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
Morus zanthoxylon ver moreira 117, 119, 120, 125, 275-278
muirajuba ver cumaru-cetim paricá-da-amazônia ver paricá
346 Guia arbopasto

paricarana ver baginha, ver também fava- piúva-amarela ver ipê-amarelo


orelhinha Platypodium elegans subsp. maxonianum ver
paricazinho ver baginha pau-sangue-da-casca-fina
pau-cetim ver cumaru-cetim Platypodium maxonianum ver pau-sangue-da-
pau-cipó ver japecanga casca-fina
pau-d’arco-amarelo ver ipê-amarelo Plumeria sucuuba ver sucuúba
pau-d’arco-roxo ver ipê-roxo Pterocarpus cultratus ver envira-piaca
pau-de-angu ver jacarandá-de-espinho
pau-de-jangada ver freijó-louro Q
pau-de-rosas ver itaubarana-do-campo Quassia paraenses ver angelim-amarelo
pau-marfim ver mulateiro quebra-facão ver itaubarana-do-campo
pau-mulato ver mulateiro quina ver quina-quina-amarela
pau-mulato-da-várzea ver mulateiro quina-quina ver quina-quina-amarela
pau-palmeira ver angelim-pedra quina-quina-amarela 99, 100, 102, 103, 105,
pau-pereira ver pereiro 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
115, 117, 120, 125, 295-298
pau-rosa ver itaubarana-do-campo
quina-quina-branca ver quina-quina-amarela
pau-sangue 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, quinarana ver quina-quina-amarela
120, 125, 279-282
pau-sangue-da-casca-fina 99, 100, 102, 103, R
105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, Rauvolfia praecox ver marfim
114, 115, 117, 120, 126, 283-286 roxinha ver itaubarana-do-campo
pau-sangue-da-casca-grossa ver pau-sangue
pereiro 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, S
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
120, 125, 287-290 Samanea saman sensu Bernardi ver bordão-de-
velho
periquiteira ver mulungu-mole
Samanea tubulosa ver bordão-de-velho
peroba ver pereiro
samaneiro ver bordão-de-velho
Physocalymma floridum ver itaubarana-do-
campo samaúma ver sumaúma-branca
Physocalymma scaberrimum ver itaubarana- samaúma-barriguda ver sumaúma-barriguda
do-campo samaúma-da-várzea ver sumaúma-branca
pinho-cuiabano ver paricá samaúma-preta ver sumaúma-preta
pintadinho ver jacarandá-de-espinho samaumeira ver sumaúma-branca
Piptadenia cobi ver baginha sangue-do-bugre ver pau-sangue
piranheira 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, Scheelea princeps ver uricuri
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, Schizolobium amazonicum ver paricá
120, 125, 291-294 Schizolobium excelsum var. amazonicum ver
Pithecellobium hassleri ver farinha-seca paricá
Pithecellobium niopoides ver farinha-seca Schizolobium parahyba var. amazonicum ver
Pithecellobium schomburgkii ver fava- paricá
orelhinha seringa ver seringueira
Pithecelobium saman var. (b) acutifolium ver seringa-real ver seringueira
bordão-de-velho
seringueira 42, 77, 99, 100, 102, 103, 105,
Pithecelobium venosum ver bordão-de-velho 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114,
Pithecolobium mathewsii ver jurema 115, 117, 120, 125, 299-302
pitiá ver amarelão sete-cascas ver bordão-de-velho
piúna-roxa ver ipê-roxo Silvia itauba ver itaúba
Índice 347

Simaba paraensis ver angelim-amarelo Tecoma conspicua ver ipê-amarelo


Spondias aurantiaca ver cajá Tecoma flavescens ver ipê-amarelo
Spondias brasiliensis ver cajá Tecoma impetiginosa ver ipê-roxo
Spondias lutea ver cajá Tecoma nigricans ver ipê-amarelo
Spondias mombin ver cajá Tecoma serratifolia ver ipê-amarelo
Spondias myrobalanus ver cajá Tecoma speciosa ver ipê-amarelo
Stryphnodendron angustum ver baginha tenteiro ver mulungu-duro
Stryphnodendron floribundum ver baginha tento ver mulungu-duro
Stryphnodendron pulcherrimum ver baginha timbaúba 77, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
sucuba ver sucuúba 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114,
sucupira-amarela ver fava-orelhinha 115, 117, 120, 126, 189, 319-322
sucupira-da-várzea ver angelim-pedra timbaúba-gigante 77, 98, 99, 100, 102, 103,
104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111,
sucupira-preta ver piranheira
112, 113, 114, 115, 117, 120, 126, 323-326
sucuúba 97, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, timbaúva ver fava-orelhinha
117, 123, 125, 303-306 timbó-carrapateiro ver envira-piaca
sumaúma ver sumaúma-branca Torresea acreana ver cerejeira
sumaúma-barriguda 98, 99, 100, 102, 103, tucumã 58, 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
114, 115, 117, 120, 126, 307-310 123, 125, 327-330
sumaúma-branca 99, 100, 102, 103, 105, 106, tucumã-açu ver tucumã
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, tucumã-do-amazonas ver tucumã
117, 119, 120, 125, 311-314
sumaúma-preta 99, 100, 102, 103, 105, 106,
U
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
117, 120, 125, 315-318 uauassu ver babaçu
sumaúma-verdadeira ver sumaúma-branca uchi ver angelim-pedra
Swartzia acreana ver piranheira uchirana ver angelim-pedra
Swartzia jorori ver pau-sangue uchirana ver angelim-rajado
ucuúba ver sucuúba
T umaré ver angelim-pedra
Tabebuia araliacea ver ipê-amarelo umburana ver cerejeira
Tabebuia avellanedae ver ipê-roxo uricuri 96, 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107,
Tabebuia impetiginosa ver ipê-roxo 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117,
124, 125, 331-334
Tabebuia monticola ver ipê-amarelo
Tabebuia serratifolia ver ipê-amarelo
Z
taiúva ver moreira
tamanqueira ver limãozinho Zanthoxylum cinereum ver limãozinho
tamboril ver fava-orelhinha, ver também Zanthoxylum cuiabense ver limãozinho
timbaúba-gigante Zanthoxylum duckei ver limãozinho
taperebá ver cajá Zanthoxylum kellermanii ver limãozinho
tatajuba ver moreira Zanthoxylum latespinosum ver limãozinho
tatajuba-de-espinho ver moreira Zanthoxylum prance ver limãozinho
Tecoma araliacea ver ipê-amarelo Zanthoxylum riedelianum ver limãozinho
Tecoma atractocarpa ver ipê-amarelo Zanthoxylum williamii ver limãozinho
Impressão e acabamento
Embrapa Informação Tecnológica

O papel utilizado nesta publicação foi produzido conforme a certificação


do Bureau Veritas Quality International (BVQI) de Manejo Florestal.

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