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Embrapa Acre
Embrapa Rondônia
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Embrapa
Brasília, DF
2012
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Rondônia
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Ana Karina Dias Salman, Luiz Francisco Machado Pfeifer, Fábio da
Silva Barbieri
ISBN 978-65-87380-71-1
© Embrapa 2012
Autores
Capítulo 1
15 Arborização de pastagens na América Latina:
situação atual e perspectivas
Capítulo 2
27 Sistemas silvipastoris:
conceitos, benefícios e métodos de implantação
Capítulo 3
55 Método de seleção de espécies
arbóreas para sistemas silvipastoris
91 Capítulo 4
Guia de espécies
339 Índice
Capítulo 1
Arborização de pastagens
na América Latina
Situação atual e perspectivas
pelos pecuaristas como um efeito negativo das árvores, reduzindo a área útil da
pastagem, e não como uma consequência da baixa disponibilidade de sombra nas
pastagens.
Os estudos conduzidos na América Latina demonstram que existe grande
variação do grau de arborização das pastagens cultivadas, dependendo do País
ou da região. Em Veracruz, no México, as pastagens apresentavam 3,3 árvores ha-1
(GUEVARA et al., 1994); já nas pastagens de Cañas, na Costa Rica, a densidade
observada variou de 7,8 a 8,1 árvores ha-1, com uma cobertura arbórea média de
6,8% a 7,0% (ESQUIVEL-MIMENZA et al., 2011; VILLANUEVA et al., 2003); em
Río Frío, na Costa Rica, a densidade média foi de 20 árvores ha-1, com cobertura
arbórea de 15% (VILLACIS et al., 2003); em Monteverde, na Costa Rica, foram
encontradas 25 árvores ha-1 (HARVEY; HABER, 1999); e na região de Tabasco, no
México, 38 árvores ha-1 (GRANDE et al., 2010).
No Brasil, os estudos dessa natureza são bem mais escassos. No Pará, uma
pesquisa feita em pequenas propriedades na região de Marabá demonstrou que, em
média, existem 5 árvores ha-1, em pastagens com 5 a 10 anos de idade (SANTOS;
MITJA, 2011). No Acre, as pastagens visitadas no estudo que deu origem a este livro
possuíam até 20 árvores adultas ha-1 (Figura 2), porém, com média de 4 árvores
adultas ha-1. Entretanto, deve-se considerar que as pastagens selecionadas para esse
estudo apresentavam grau de arborização acima da média do Estado. Em outro le-
vantamento no Acre, nas pastagens da Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, foram
encontradas, em média, 2,3 árvores adultas ha-1. Em levantamento feito no Estado
do Rio de Janeiro, a quantidade de árvores individuais nas pastagens também foi
classificada como baixa (SOUTO et al., 2003). Acredita-se que a maioria das pasta-
gens cultivadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica deve apresentar no
máximo 4 a 5 árvores adultas ha-1, salvo em pastagens degradadas e encapoeiradas.
Uma pastagem arborizada com árvores dispersas (scattered trees in pastures –
STP) é considerada uma modalidade de sistema silvipastoril, cujo foco é a produção
Capítulo 1 – Arborização de pastagens na América Latina... 21
Referências
ANDRADE, C. M. S.; VALENTIM, J. F.; CARNEIRO, J. C.; VAZ, F. A. Crescimento de gramíneas e
leguminosas forrageiras tropicais sob sombreamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
DF, v. 39, n. 3, p. 263-270, 2004.
26 Guia arbopasto
Sistemas silvipastoris
Conceitos, benefícios e
métodos de implantação
Conceitos
Os sistemas silvipastoris (SSPs) consistem em sistemas produtivos que inte-
gram árvores e pastagens destinadas à criação de animais na mesma área, visando
conferir maior sustentabilidade ao sistema, por meio das interações ecológicas e
econômicas positivas entre seus componentes.
Trata-se da introdução da atividade pecuária em povoamentos florestais ou
da implantação, condução e manutenção de árvores na atividade pecuária. É uma
alternativa para conciliar a produção de animais, madeira, frutos e outros bens e
serviços na mesma área. As árvores, preferencialmente as leguminosas fixadoras
de nitrogênio, podem aumentar a fertilidade do solo e tornar a pastagem mais
produtiva e de melhor qualidade.
Os sistemas silvipastoris, podem ser classificados em temporários ou perma-
nentes, conforme a duração da integração dos componentes ao longo da explora-
ção da área (VEIGA; SERRÃO, 1990; VEIGA et al., 2000).
B C
Figura 1. Pastagens arborizadas ao longo da BR-317 (Capixaba, AC) (a) e em áreas de relevo
ondulado nos municípios de Tarauacá (b) e Xapuri (c), AC.
A B
Figura 2. Sistema agrossilvipastoril com eucalipto plantado em linhas quádruplas, com as forra-
geiras estabelecidas em plantio simultâneo com o milho no ano seguinte ao plantio das árvores
(a) e animais em pastejo no terceiro ano (b), em Cachoeira Dourada, GO.
A B
Figura 3. Potencial de perda na produção leiteira de vacas com produção de 15 L dia-1 (a) ou
25 L dia-1 (b), em função do estresse térmico causado pelas condições de temperatura e umidade
no Brasil.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (2012).
Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 37
Enriquecimento do solo
Suplementação natural
Uma das leguminosas arbóreas mais estudadas no Brasil como fonte de nu-
trientes para ruminantes é a algaroba (Prosopis juliflora), notadamente no Nordeste
brasileiro, norte de Minas Gerais e sul da Bahia. Os frutos maduros, ao cair das
árvores, são consumidos pelos animais diretamente no pasto e/ou colhidos e ar-
mazenados. As vagens apresentam elevado valor alimentício, com alta digestibili-
dade e excelente palatabilidade para bovinos, caprinos, ovinos, equinos, asininos,
40 Guia arbopasto
Figura 6. Bovinos e ovinos se alimentando dos frutos dispersados sob a copa de uma árvore de
baginha (Stryphnodendron pulcherrimum).
A copa das árvores também tem efeito amortecedor dos impactos diretos das
gotas de chuva sobre o solo, sendo, portanto, um importante elemento no con-
trole da erosão em áreas de pastagem, especialmente as mais declivosas (PEZO;
IBRAHIM, 1998).
O componente arbóreo reduz a velocidade dos ventos e o sistema radicular
contribui para a sua sustentação, minimizando deslizamentos de terra em áreas
declivosas. Assim, evidencia-se o potencial que as árvores possuem para contri-
buir no controle da erosão em áreas de pastagens, aspecto de grande relevância
especialmente quando se busca a sustentabilidade da produção animal a pasto em
regiões com relevo mais ondulado (CASTRO et al., 2008).
Para aumentar o controle da erosão do solo, recomenda-se que o plantio
das árvores seja feito em nível e, quando possível, em terraços, construídos para
reduzir a velocidade da água (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2010).
Aumento da biodiversidade
por 33,9% dos produtores; enquanto que os produtores que não preservam árvores
alegam temer prejuízos para o desenvolvimento do pasto (CASTRO et al., 2008).
As informações descritas no Capítulo 4 desta obra poderão auxiliar os produto-
res quanto ao uso dessa técnica, indicando as espécies arbóreas com características
mais adequadas para uso, sua capacidade de regeneração natural em pastagens, e
com imagens que podem auxiliar na correta identificação das árvores.
• Plantio em bosques
Trata-se de pequenos aglomerados de árvores distribuídos na pastagem
(Figura 9). Dentro dos bosques, as árvores podem ser plantadas no espaçamento de
3 m x 2 m, 3 m x 3 m, ou ainda em espaçamentos maiores.
O uso de bosques possui duas desvantagens. A primeira é que normalmente
há pouco crescimento do pasto no interior dos bosques, devido ao excesso de
sombra. A outra desvantagem é que prejudica a uniformidade da reciclagem de
nutrientes no sistema silvipastoril, já que os animais tendem a concentrar a depo-
sição de fezes e urina unicamente sob a copa das árvores e, ao longo do tempo,
pode haver diminuição da fertilidade do solo nas áreas de pasto entre os bosques.
Uma das vantagens é que as árvores podem fornecer produtos em maior
quantidade, de acordo com o número de bosques, e apresentar maior crescimento
com a fertilização intensa dos dejetos dos animais.
Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade
Referências
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Capítulo 2 – Sistemas silvipastoris: conceitos, benefícios e métodos de implantação 53
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HARVEY, C. A.; VILLANUEVA, C.; VILLACÍS, J.; CHACÓN, M.; MUNÕZ, D.; LÓPEZ, M.;
IBRAHIM, M.; GÓMEZ, R.; TAYLOR, R.; MARTINEZ, J.; NAVAS, A.; SAENZ, J.; SÁNCHEZ, D.;
MEDINA, A.; VILCHEZ, S.; HERNÁNDEZ, B.; PEREZ, A.; RUIZ, F.; LÓPEZ, F.; LANG, I.; SINCLAIR,
54 Guia arbopasto
Método de seleção de
espécies arbóreas para
sistemas silvipastoris
para sistemas agroflorestais (WOOD; BURLEY, 1991), embora tenham sido utili-
zados como critérios de seleção, basicamente, a velocidade de crescimento e o
índice de sobrevivência das espécies.
Em Planaltina, DF, Melo e Zoby (2004) plantaram 21 espécies arbóreas
nativas e exóticas em pastagem de Brachiaria decumbens, recomendando, para
arborização de pastagens na região do Cerrado, as seis espécies que se destacaram
com base na velocidade de crescimento e índice de sobrevivência até os 57 meses
após o plantio (Anadenanthera falcata, Enterolobium contortisiliquum, Eucalyptus
citriodora, Eucalyptus urophylla, Piptadenia gonoacantha e Simarouba versicolor).
Estratégia semelhante foi utilizada no Rio de Janeiro, permitindo a indicação de
quatro (Mimosa caesalpiniaefolia, Enterolobium contortisiliquum, Acacia holoseri-
cea e Eucalyptus grandis) das 10 espécies nativas e exóticas estudadas (SOUCHIE
et al., 2006); no Mato Grosso do Sul, selecionando três (Guazuma ulmifolia, Ja-
caranda cuspidifolia e Peltophorum dubium) das 11 espécies arbóreas nativas do
Brasil central testadas, todas elas pioneiras e heliófilas (MELOTTO et al., 2009); e
em São Paulo, com indicação de três (Croton floribundus, Guazuma ulmifolia e
Peltophorum dubium) das sete testadas (NICODEMO et al., 2009).
Já em outro trabalho no Rio de Janeiro, Dias et al. (2008) selecionaram legu-
minosas arbóreas para sistemas silvipastoris com base na facilidade de introdução
das mesmas em pastagens cultivadas na presença do gado. Para isso, avaliaram
16 espécies nativas e exóticas em sete experimentos, recomendando as sete le-
guminosas que se destacaram pela maior velocidade de crescimento e taxa de
sobrevivência, e menor aceitabilidade pelos bovinos (Albizia lebbeck, Leucaena
leucocephala, Enterolobium contortisiliquum, Mimosa artemisiana, Mimosa cae-
salpiniifolia, Mimosa tenuiflora, Pseudosamanea guachapele).
Uma deficiência que pode ser apontada nesses trabalhos de introdução e
avaliação, principalmente com espécies nativas, é a subjetividade na escolha do
grupo a ser avaliado e a pequena diversidade de critérios utilizados para selecionar
as melhores espécies. Rápido crescimento e alta taxa de sobrevivência são atributos
indispensáveis para a seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris. Entre-
tanto, somente esses critérios não são capazes de definir o sucesso de uma espécie
arbórea, tendo em vista a complexidade desses sistemas onde o componente arbó-
reo deverá interagir com o pasto, com os animais e, eventualmente, com culturas
agrícolas em sistemas agrossilvipastoris. Exemplo disso é a seleção de uma espécie
(Enterolobium contortisiliquum) reconhecida pela produção de frutos tóxicos para
bovinos (BONEL-RAPOSO et al., 2008; COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-CORREA,
2000; MENDONÇA et al., 2009) em três dos cinco ensaios de introdução e avaliação
apresentados anteriormente (DIAS et al., 2008; MELO; ZOBY, 2004; SOUCHIE et al.,
2006).
A deficiência dos processos atualmente utilizados na seleção de espécies
arbóreas para sistemas silvipastoris também foi identificada no melhoramento de
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 63
Método de seleção
A seguir, serão descritas as principais etapas e estratégias a serem utilizadas na
aplicação desse método de seleção de espécies arbóreas, desenvolvido como parte
de um estudo conduzido na Amazônia Ocidental brasileira, visando a seleção de
espécies nativas para arborização de pastagens cultivadas na região. O estudo foi
feito entre 2008 e 2010, no Vale do Acre, região leste do Estado do Acre, e nos
municípios de Porto Velho, Ouro Preto d’Oeste, Presidente Médici, Nova União e
Teixeirópolis, em Rondônia (Figura 1).
O clima predominante nos estados do Acre e Rondônia é tropical, úmido e
quente o ano todo. Segundo a classificação de Thornthwaite (1948), o clima do
estado do Acre pode ser subdividido em quatro faixas (B1, B2, B3 e B4) (PROGRA-
MA ESTADUAL DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO ESTADO
DO ACRE, 2000) e o de Rondônia, em três (B1, B2 e B3) (BASTOS; DINIZ, 1982).
Essas faixas são definidas de acordo a variação da precipitação anual na região,
sendo B1: entre 1.600 mm a 2.000 mm; B2: entre 2.000 mm a 2.250 mm; B3:
entre 2.250 mm a 2.500 mm; e B4: entre 2.500 mm a 2.700 mm. As temperaturas
64 Guia arbopasto
Levantamento Revisão de
Características Entrevistas
de campo literatura
Capacidade de fixação de N X X
Porte da árvore adulta em pastagens X
Forma da copa em pastagens X
Densidade da copa X
Qualidade do fuste X
Presença de raízes superficiais sob a copa X
Interferência no pasto sob a copa X
Regeneração natural em pastagens X X X
Tolerância ao fogo em pastagens X X
Potencial forrageiro dos frutos X X
Potencial tóxico dos frutos X X
Velocidade de crescimento X X
Valor comercial da madeira X X
Produtos não madeireiros com valor comercial X X
Produção de mudas X X
Coleta de dados
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Fixação biológica de N Não - - - Sim
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Porte das árvores em pastagens - Pequeno - Médio Grande
transmissão de luz para o crescimento do pasto na área sob sua copa, independente-
mente da densidade da copa. Além disso, essas árvores também podem ser utilizadas
em maiores densidades de plantio. Por isso, recebem os escores máximos (Tabela 4).
Já as árvores com formato menos desejável são aquelas classificadas como elíptica
horizontal ou umbeliforme (forma de guarda-chuva), as quais são mais dependentes
da densidade da copa para definir o nível de transmissão de luz ao sub-bosque,
recebendo o escore 3.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Caliciforme,
Elíptica Cônica, Elíp- Colunar,
Forma da copa
- - horizontal, tica vertical, Flabelifor-
em pastagens
Umbeliforme Globosa, me
Palmeira
Qualidade do fuste
Para esse método de seleção de espécies arbóreas, a classificação com re-
lação à qualidade do fuste é baseada em duas características importantes para o
seu aproveitamento para fins madeireiros: o comprimento do fuste e a frequência
de ocorrência de troncos bifurcados ou múltiplos nas árvores avaliadas (Tabela
6). Para isso, cada árvore tem o seu fuste principal avaliado em curto (até 3 m
de comprimento), médio (3,1 m a 6,0 m) e longo (superior a 6,0 m); além de ser
classificada com relação ao tipo de tronco em único, bifurcado e múltiplo, tendo
como referência a altura do peito (1,3 m acima do solo). As árvores com tronco
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 73
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Muito
Densidade da copa - Densa Pouco densa Rala
densa
74 Guia arbopasto
Tabela 6. Critérios e escores de classificação do fuste das árvores em função do seu comprimen-
to e da frequência de ocorrência de bifurcações.
Comprimento do fuste
Frequência de bifurcações Curto Médio Longo
(≤ 3 m) (3,1 m –6,0 m) (≥ 6,1 m)
Alta (escore 1,0–3,0) 1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular
Média (escore 3,1–4,0) 2-Ruim 3-Regular 4-Bom
Baixa (escore 4,1–5,0) 2-Ruim 4-Bom 5-Ótimo
Muitas Poucas
Tabela 7. Critérios e escores para a característica presença de raízes superficiais expostas sob
a copa.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Presença de raízes
Muito
superficiais expostas sob Muito alta Alta Moderada Baixa
baixa
a copa
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Interferência no pasto sob Muito
Muito alta Alta Moderada Baixa
a copa baixa
pastagem nas horas mais quentes do dia. Por isso, o responsável por essa avaliação
deve estar atento aos sinais de excesso de uso da sombra da árvore avaliada (Figura
6). Nesses casos, a informação para essa árvore não deve ser incluída na classifica-
ção da espécie.
Fotos Carlos Mauricio Soares de Andrade
Figura 6. Baixo grau de cobertura do solo sob a copa da árvore, causado pelo excesso de
animais que buscam a sombra em pastagem com sombreamento insuficiente.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Regeneração em pastagens Excessiva - - Baixa Adequada
As espécies com regeneração natural excessiva são aquelas com alto poten-
cial invasor em pastagens, evidenciada por pelo menos duas das três fontes de
informação consideradas. Na aplicação desse método na Amazônia Ocidental, a
única espécie classificada nessa categoria foi o babaçu (Attalea speciosa). Dois ter-
ços dos produtores entrevistados consideraram que o babaçu possui alto potencial
invasor, confirmando as informações existentes na literatura de que essa espécie
pode se tornar uma planta daninha de pastagem em algumas situações (LORENZI
et al., 2010; POTT et al., 2006; RIBEIRO et al., 1985; SMITH et al., 1995), embora
a regeneração máxima observada no entorno das palmeiras avaliadas tenha sido
baixa (1-5 indivíduos jovens).
As espécies com baixa capacidade de regeneração natural são aquelas cujo
baixo potencial invasor foi confirmado com base nas três fontes de informação.
Para essas espécies, é inviável a utilização do manejo da regeneração natural como
estratégia para arborização de pastagens, conforme discutido no Capítulo 2 desta
obra. Essa capacidade deve ser considerada adequada para aquelas espécies que
conseguem regenerar alguns indivíduos em pastagens já estabelecidas, viabilizan-
do o uso dessa técnica, sem que haja risco de que a espécie se torne uma planta
daninha na pastagem.
Sem dúvida, essa é a característica que envolve maior grau de subjetividade
na classificação das espécies arbóreas. Entretanto, na literatura não foi encontrado
nenhum outro método mais objetivo do que esse para avaliar o potencial invasor
dessas espécies em pastagens.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Tolerancia ao fogo Baixa - Média - Alta
Tabela 11. Critérios e escores para a característica potencial forrageiro dos frutos.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Potencial forrageiro dos frutos Não - - - Sim
Tabela 12. Critérios e escores para a característica potencial tóxico dos frutos.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Não existem
Existem indício
Potencial tóxico dos frutos - - - indício de
de toxidez
toxidez
Velocidade de crescimento
A classificação das espécies com relação à velocidade de crescimento deve
ser feita, prioritariamente, com base em revisão de literatura sobre o incremento
80 Guia arbopasto
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Muito
Velocidade de crescimento - Lento Moderado Rápido
rápido
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Valor comercial da madeira - Nenhum Baixo Moderado Alto
Tabela 15. Critérios e escores para a característica produtos não madeireiros com valor comer-
cial.
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Produtos não madeireiros Pelo
Nenhum - - -
com valor comercial menos um
82 Guia arbopasto
Produção de mudas
As espécies devem ser classificadas quanto à facilidade de produção de
mudas, prioritariamente, com base em entrevistas com viveiristas que possuam
experiência com espécies florestais nativas da região. Para as espécies pouco co-
nhecidas dos viveiristas entrevistados, a classificação pode levar em consideração
as informações existentes na literatura para a espécie ou, em último caso, para
espécies congêneres. Cada viveirista entrevistado é indagado sobre o grau de difi-
culdade para produzir mudas da espécie, com as respostas classificadas em: fácil,
escore 5; regular, escore 3; e difícil, escore 1. Durante as entrevistas, os viveiristas
devem ser orientados a classificar a produção de mudas da espécie considerando
os seguintes aspectos: disponibilidade de sementes, dificuldade para quebra de
dormência, dificuldade para retirada das sementes dos frutos, sementes recalci-
trantes, sensibilidade das mudas ao excesso de água no viveiro e suscetibilidade
ao ataque de pragas (insetos e roedores) e doenças no viveiro. Posteriormente, as
espécies são classificadas quanto à produção de mudas, com base no escore médio
obtido das entrevistas (Tabela 16): difícil (escore médio até 2,34); regular (2,35 a
3,67); e fácil (superior a 3,67).
Critérios e Escores
Característica
1-Péssimo 2-Ruim 3-Regular 4-Bom 5-Ótimo
Produção de mudas Difícil - Regular - Fácil
Figura 7. Peso de cada característica, conforme sua importância relativa para a seleção de
árvores visando o fornecimento de serviços múltiplos em pastagens arborizadas.
Figura 8. Peso de cada característica conforme sua importância relativa para a seleção de árvo-
res visando a produção comercial de madeira em sistemas silvipastoris.
A partir dos escores atribuídos a cada uma das 51 espécies arbóreas estuda-
das, conforme sua classificação nas 15 características de interesse (Tabelas 2 a 16),
e da definição da importância relativa de cada característica para fornecimento de
serviços múltiplos (Figura 7) ou para produção de madeira (Figura 8), foi possível
desenvolver um modelo matemático para estimar o Índice de Seleção Arbórea (ISA)
de cada espécie. A fórmula geral para calcular esse índice é a seguinte:
Em que:
ISA = Índice de seleção arbórea para uma determinada modalidade de siste-
ma silvipastoril ou agrossilvipastoril.
Xe = Escore final (e) atribuído à espécie para uma dada característica (X).
Xp = Peso (p) de uma dada característica (X) para o índice, conforme sua
importância relativa.
C = Constante igual a 100, para que os valores obedeçam à escala de valores
entre 1 e 5.
A aplicação desse modelo no estudo conduzido na Amazônia Ocidental ge-
rou a seguinte equação:
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 85
ISA = [(FNe x FNp) + (PAe x PAp) + (FCe x FCp) + (DCex DCp) + (QFe x QFp)
+ (PRe x PRp) + (IPe x IPp) + (RNe x RNp) + (RFe x RFp) + (PFe x PFp) + (PTe
x PTp) + (VCe x VCp) + (VMe x VMp) + (NMe x NMp) + (PMe x PMp)] / 100
Em que:
FN, PA, FC, DC, QF, PR, IP, RN, RF, PF, PT, VC, VM, NM, PM = Códigos para
as características fixação de nitrogênio, porte das árvores, forma da copa, densidade
da copa, qualidade do fuste, presença de raízes superficiais, interferência no pasto,
regeneração natural, tolerância ao fogo, potencial forrageiro dos frutos, potencial
tóxico dos frutos, velocidade de crescimento, valor comercial da madeira, produtos
não madeireiros e produção de mudas, respectivamente.
A estimativa dos valores do Índice de Seleção Arbórea (ISA) para cada es-
pécie possibilita o ranqueamento dessas com base no seu grau de aptidão para
fornecimento de serviços múltiplos ou para produção de madeira. No Capítulo
4, são apresentados e discutidos os resultados do ranqueamento das 51 espécies
arbóreas estudadas para duas modalidades de sistemas silvipastoris: pastagens
arborizadas com foco em serviços múltiplos (ISA-serviço) ou sistemas silvipastoris
com produção comercial de madeira (ISA-madeira). Entretanto, uma vez obtida a
classificação das espécies com relação às características de interesse, é possível o
desenvolvimento de modelos matemáticos específicos visando ao ranqueamento
das espécies conforme os objetivos do produtor rural ou a modalidade de sistema
silvipastoril escolhida. Para isso, é necessário apenas definir o conjunto de carac-
terísticas a serem incluídas no modelo e a importância relativa de cada uma delas.
Uma das finalidades da aplicação desse tipo de modelo é a identificação de
ideótipos de árvores para sistemas silvipastoris. O ideótipo é um modelo conceitual
de um tipo de planta com características mais apropriadas para uma determinada
modalidade de sistema silvipastoril, com base em sua forma e função (WOOD;
BURLEY, 1991). A definição de um ideótipo de árvore tem sido apontada como
uma informação básica importante para a avaliação das espécies atualmente
disponíveis, auxiliando na domesticação e melhoramento genético das espécies
florestais para sistemas silvipastoris (LEAKEY; PAGE, 2006; WOOD; BURLEY,
1991). Entretanto, a definição de um ideótipo de árvore para sistemas silvipastoris
é bem mais complexa do que para plantios florestais. Nos sistemas silvipastoris, as
árvores deverão crescer em associação com outras plantas (forrageiras e/ou cereais)
e animais, havendo a necessidade de minimizar interferências negativas entre os
componentes. Em função disso, a definição de ideótipos para esses sistemas precisa
considerar um conjunto bem mais amplo de atributos e características das árvores
(HUXLEY, 1999; WOOD; BURLEY, 1991).
A aplicação dos modelos ISA-serviço e ISA-madeira não identificou nenhu-
ma “espécie nota dez” entre as 51 avaliadas na Amazônia Ocidental. Entretanto,
conforme será discutido no Capítulo 4, mostrou que o bordão-de-velho (Samanea
86 Guia arbopasto
Considerações finais
O método de seleção de espécies arbóreas para uso em sistemas silvipastoris
descrito nesse capítulo mostrou-se efetivo e prático para a identificação, caracteri-
zação, classificação e ranqueamento de 51 espécies arbóreas nativas da Amazônia
Ocidental brasileira (Capítulo 4) e apresenta carácter inovador em relação aos
métodos normalmente utilizados para esse fim porque considera critérios objetivos
e atributos fáceis e rápidos de serem avaliados. Como não envolve o plantio de ár-
vores em áreas experimentais, os recursos humanos e financeiros necessários para
sua aplicação e uso são menores. Isso também implica num levantamento mais
rápido das informações necessárias tanto para estudos exploratórios quanto para
o desenvolvimento de ferramentas de auxílio de manejo de sistemas integrados
de produção que incluem o componente arbóreo. Dessa forma, essa metodologia
pode ser facilmente replicada, considerando outras espécies arbóreas nativas em
diferentes regiões geográficas, as quais apresentam uma infinidade de espécies
muitas vezes pouco conhecidas e estudadas, mas que podem apresentar um po-
tencial para uso não só no setor pecuário, mas também industrial e da construção.
O Brasil possui uma ampla e variada biodiversidade florestal, cabe a pesqui-
sadores, técnicos e produtores aprenderem a explorar racionalmente e de maneira
eficiente essa gama de possibilidades em cada região. A exploração irracional e de
forma aleatória devido à falta de conhecimento sobre o manejo e uso adequado de
uma determinada espécie podem colocá-la em risco devido a sua vulnerabilidade
de conservação genética in situ. Tal desconhecimento, de certa forma, impede a
exploração das reais potencialidades da vegetação nativa.
Dessa forma, as informações levantadas pela metodologia descrita abrem um
leque de possibilidades, que vão desde a inovação ao uso até o aprendizado da
maneira mais adequada de manejo de espécies arbóreas já conhecidas ou pouco
estudadas. Além disso, também auxiliam na identificação de lacunas do conhe-
cimento para desenvolvimento de projetos científicos visando ampliar a gama de
informações sobre uma espécie ou grupos de espécies arbóreas nativas. No estudo
feito na Amazônia Ocidental, ficou evidente a necessidade de mais pesquisas
científicas em busca de informações sobre a suscetibilidade das espécies arbóreas
quanto ao ataque de pragas e doenças, sobre o potencial tóxico e forrageiro dos
frutos produzidos, bem como sobre a velocidade de crescimento das espécies ar-
bóreas consideradas. No caso específico das espécies Simaba paraensis, Rauvolfia
praecox, Swartzia acreana e Swartzia jorori, ainda faltam estudos básicos sobre os
aspectos silviculturais e ecológicos das mesmas.
Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 87
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Capítulo 3 – Método de seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris 89
ANEXO I
Ficha para levantamento de informações sobre a árvore
ANEXO II
Ficha para levantamento de informações sobre as pastagens
Pastagem 1 2 3
Gramíneas plantadas
Área (ha)
Idade (anos)
Uso anterior da área1
Taxa de lotação (UA/ha)
No de queimadas/ano
No de roçadas/ano
Aplica herbicida? Qual?
Gramíneas (%)
Leguminosas (%)
Plantas daninhas (%)
Grau de degradação2
Altura do pasto (cm)
Vigor do pasto3
Árvore/ha
1
MN = Mata nativa; CP = Capoeira; LV = Lavoura; PD = Pastagem degradada
2
P = Produtiva (até 10% de invasoras); DL = Degradação leve (11–35% de invasoras); DM = Degradação
moderada (36–60% de invasoras); DA = Degradação avançada (mais de 60% de invasoras)
3
Péssimo = 1; Ruim = 2; Regular = 3; Bom = 4; Excelente = 5
92 Guia arbopasto
ANEXO III
Questionário para entrevista dos produtores
Guia de espécies
forestree Database), com informações sobre mais de 500 espécies arbóreas (ICRAF,
2012). No Brasil, existem diversas publicações sugerindo espécies apropriadas
para uso em sistemas silvipastoris. Como exemplos, podemos citar o trabalho de
Pott e Pott (2003), sugerindo 116 espécies lenhosas nativas com potencial de uso
em sistemas agroflorestais em Mato Grosso do Sul; a publicação de Carvalho et al.
(2001), descrevendo as características de algumas leguminosas arbóreas, nativas
e exóticas, com potencial para arborização de pastagens na região Sudeste; e o
trabalho de Franke (1999), que identificou 139 espécies arbóreas promissoras para
uso em sistemas silvipastoris no Acre.
Embora a existência de grande quantidade de espécies arbóreas indicadas
para sistemas silvipastoris confirme a biodiversidade florestal brasileira e demonstre
o grande esforço já despendido para avaliação e seleção do germoplasma florestal,
ainda é um grande desafio para produtores e extensionistas a escolha das espécies
arbóreas mais adequadas para cada situação. Geralmente, essa escolha tem sido
feita de forma empírica e, em alguns casos, leva em consideração apenas a dispo-
nibilidade de sementes ou mudas das árvores.
Para minimizar esse desafio, tem sido proposto que as espécies arbóreas
disponíveis deveriam ser classificadas com base em seus atributos biológicos,
permitindo o agrupamento de espécies com características adequadas para situ-
ações práticas específicas (HUXLEY, 1999). De acordo com Huxley (1999), não
basta classificar as espécies arbóreas somente com base nos seus usos potenciais,
adaptação edafoclimática e outros atributos gerais, tais como forma da planta e ve-
locidade de crescimento. Atributos mais específicos, relacionados com a maneira
como as árvores interagem com os demais componentes do sistema (p. ex. solo,
plantas forrageiras e animais) também são importantes, tendo em vista a necessi-
dade de minimizar interações negativas e maximizar a complementaridade entre
os componentes de qualquer sistema integrado, como são os sistemas silvipastoris.
Pensando nisso, as 51 espécies arbóreas descritas nesta obra foram classi-
ficadas com base em 15 características consideradas relevantes para o seu uso
em sistemas silvipastoris. Essas características estão relacionadas com atributos
silviculturais e ecológicos da espécie (facilidade de produção de mudas, veloci-
dade de crescimento, tolerância ao fogo e capacidade de regeneração natural em
pastagens), com a influência das árvores no crescimento do pasto (fixação bioló-
gica de nitrogênio, porte da planta, forma e densidade da copa, e interferência
na cobertura do solo sob a copa), com o aproveitamento de produtos das árvores
(qualidade do fuste, valor comercial da madeira e de produtos não madeireiros e
potencial forrageiro dos frutos) e com o bem-estar animal (abundância de raízes
superficiais sob a copa e potencial tóxico dos frutos). Isso permite que se escolham
as espécies apropriadas para atender a demandas específicas de cada produtor
rural interessado em implantar sistemas silvipastoris.
A partir dessa classificação, foram desenvolvidos dois modelos matemáticos
(descritos no Capítulo 3) visando ao ranqueamento das 51 espécies arbóreas, com
base na sua maior ou menor aptidão de uso em duas modalidades de sistemas silvi-
Capítulo 4 – Guia de espécies 97
Figura 1.Distribuição geográfica da ocorrência natural das 51 espécies arbóreas estudadas nas
diferentes regiões do Brasil.
Tabela 1. Relação de espécies classificadas com base em sua capacidade de fixação biológica
de nitrogênio (N).
Escala visual
Fonte: Allen e Allen (1981), Faria e Lima (1998), Faria et al. (1984, 1987, 2006), Moreira (1997), Moreira et al. (1992), Saur et al. (2000).
Tabela 2. Relação de espécies classificadas com base no porte das árvores adultas em pasta-
gens cultivadas.
Porte da árvore(1) Relação de espécies
Farinha-seca Pau-sangue-da-casca-fina
Grande Paricá Sumaúma-barriguda
(mais de 15 m) Jatobá Timbaúba-gigante
Mulungu-mole
Angelim-pedra Japecanga
Angelim-rajado Jenipapo
Babaçu Jurema
Bordão-de-velho Limãozinho
Cajá Marfim
Castanheira Moreira
Cedro-rosa Mulateiro
Cerejeira Mulungu-duro
Cumaru-cetim Parapará
Médio
Envira-piaca Pau-sangue
(7,1 m a 15 m)
Fava-orelhinha Pereiro
Freijó-louro Piranheira
Freijó-preto Seringueira
Ingá-vermelha Sumaúma-branca
Ipê-amarelo Sumaúma-preta
Ipê-roxo Timbaúba
Itaúba Tucumã
Itaubarana-do-campo Uricuri
Jacarandá-de-espinho
Amarelão Murmuru
Pequeno Angelim-amarelo Quina-quina-amarela
(até 7 m) Baginha Sucuúba
Ingá-peluda
(1)
Com base na mediana das alturas totais das árvores avaliadas.
Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 103
Densidade da copa
Mais de 82% das espécies arbóreas estudadas apresentam copas pouco den-
sas ou ralas (Tabela 4), características desejáveis para uso em sistemas silvipastoris.
Uma particularidade das nove espécies classificadas com copas densas ou muito
104 Guia arbopasto
Tabela 3. Relação de espécies classificadas com base na forma da copa predominante em pas-
tagens cultivadas.
Caliciforme Cajá
Cônica Amarelão
Escala visual
densas foi que essas também apresentaram copas baixas, ou seja, com a distância
entre a base da copa e o nível do solo inferior a 3 m. Esse tipo de arquitetura
é indesejável para arborização de pastagens, pois tende a manter um ambiente
excessivamente úmido e pouco iluminado na área sob a copa da árvore, preju-
dicando o crescimento do pasto e podendo favorecer a ocorrência de problemas
sanitários diversos nos bovinos que frequentam essa sombra, especialmente em
regiões de clima chuvoso e com solos de baixa permeabilidade, como no Estado
do Acre. Essas árvores também exigem maior gasto de mão de obra para a poda nos
galhos inferiores, visando corrigir sua arquitetura de copa deficiente.
Capítulo 4 – Guia de espécies 105
Escala visual
Qualidade do fuste
Farinha-seca Cumaru-cetim
Paricá Timbaúba-gigante
Tabela 5. Relação de espécies classificadas com base na qualidade do fuste das árvores em
pastagens cultivadas.
Escala visual
Escala visual
sistemas silvipastoris, por prejudicar tanto a acomodação dos animais sob a copa das
árvores quanto as operações mecanizadas de preparo de solo, em caso de reforma
da pastagem ou integração com agricultura. Felizmente, mais de 72% das espécies
descritas apresentam ocorrência baixa ou muito baixa desse tipo de problema.
Alta - -
Muito alta - -
Escala visual
Uma das principais preocupações dos produtores rurais com relação à arbori-
zação de pastagens é saber se as espécies arbóreas utilizadas poderão se multiplicar
excessivamente na área, a ponto de causar impacto econômico negativo, devido
110 Guia arbopasto
Tabela 8. Relação de espécies classificadas com base na sua capacidade de regeneração na-
tural em pastagens cultivadas.
Capacidade de
Relação de espécies
regeneração
Bordão-de-velho Jurema
Paricá Mulateiro
Adequada
Ingá-peluda Uricuri
Ipê-amarelo Quina-quina-amarela
Amarelão Jatobá
Angelim-amarelo Jenipapo
Angelim-pedra Limãozinho
Angelim-rajado Marfim
Baginha Parapará
Cajá Moreira
Farinha-seca Mulungu-duro
Castanheira Mulungu-mole
Cedro-rosa Murmuru
Cerejeira Pau-sangue
Baixa Cumaru-cetim Pau-sangue-da-casca-fina
Envira-piaca Pereiro
Fava-orelhinha Piranheira
Freijó-louro Seringueira
Freijó-preto Sucuúba
Ingá-vermelha Sumaúma-barriguda
Ipê-roxo Sumaúma-branca
Itaúba Sumaúma-preta
Itaubarana-do-campo Timbaúba
Jacarandá-de-espinho Timbaúba-gigante
Japecanga Tucumã
Excessiva Babaçu
Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 111
Tabela 9. Relação de espécies classificadas com base na sua tolerância ao fogo em pastagens.
Escala visual
112 Guia arbopasto
Tabela 10. Relação de espécies classificadas com base no potencial forrageiro dos frutos.
Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 113
Velocidade de crescimento
Tabela 11. Relação de espécies classificadas com base na velocidade de crescimento em plan-
tios florestais.
Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 115
silvicultural (SABOGAL et al., 2006). Porém, 59% das espécies estudadas apresenta
crescimento moderado (IMA-h de 0,71 a 1,4 m ano-1).
A maioria das espécies arbóreas (72,5%) descritas nessa obra produz madeira
com valor comercial nos mercados do Acre e de Rondônia (Tabela 12). Entre as
espécies com madeira mais valorizada, estão algumas muito utilizadas pelas indús-
trias nacionais de móveis finos e de luxo, tais como a cerejeira, os ipês e o jatobá.
Já no grupo de espécies classificadas com valor moderado estão algumas muito
usadas localmente em construções rurais (postes, mourões e estacas), tais como a
itaúba, a moreira e o pereiro, além de outras destinadas à indústria de laminados,
por exemplo, o paricá, o parapará e as sumaúmas.
Tabela 12. Relação de espécies classificadas com base no valor comercial da madeira.
Castanheira Freijó-preto
Cedro-rosa Ipê-amarelo
Alto
Cerejeira Ipê-roxo
Cumaru-cetim Jatobá
Amarelão
Mulateiro
Angelim-pedra
Parapará
Angelim-rajado
Paricá
Fava-orelhinha
Pereiro
Moderado Freijó-louro
Seringueira
Itaúba
Sumaúma-barriguda
Itaubarana-do-campo
Sumaúma-branca
Marfim
Sumaúma-preta
Moreira
Angelim-amarelo Pau-sangue
Bordão-de-velho Pau-sangue-da-casca-fina
Farinha-seca Piranheira
Baixo
Jenipapo Quina-quina-amarela
Limãozinho Timbaúba
Mulungu-duro Timbaúba-gigante
Babaçu Japecanga
Baginha Jurema
Cajá Mulungu-mole
Nenhum Envira-piaca Murmuru
Ingá-peluda Sucuúba
Ingá-vermelha Tucumã
Jacarandá-de-espinho Uricuri
Escala visual
116 Guia arbopasto
Tabela 13. Relação de espécies classificadas com base na produção de produtos não madeirei-
ros (PNM) com valor comercial.
Escala visual
Capítulo 4 – Guia de espécies 117
Produção de mudas
Tabela 14. Relação de espécies classificadas com base na facilidade de produção de mudas.
Amarelão Jatobá
Angelim-pedra Jenipapo
Angelim-rajado Jurema
Baginha Marfim
Bordão-de-velho Parapará
Farinha-seca Moreira
Cedro-rosa Mulungu-mole
Cerejeira Pau-sangue
Cumaru-cetim Pau-sangue-da-casca-fina
Fácil Envira-piaca Pereiro
Fava-orelhinha Piranheira
Paricá Quina-quina-amarela
Freijó-louro Seringueira
Freijó-preto Sucuúba
Ingá-peluda Sumaúma-barriguda
Ingá-vermelha Sumaúma-branca
Ipê-amarelo Sumaúma-preta
Ipê-roxo Timbaúba
Itaúba Timbaúba-gigante
Angelim-amarelo Japecanga
Cajá Limãozinho
Regular
Itaubarana-do-campo Mulateiro
Jacarandá-de-espinho Mulungu-duro
Babaçu
Uricuri
Difícil Castanheira
Tucumã
Murmuru
Escala visual
118 Guia arbopasto
Figura 6. Espécies ordenadas com base no índice de seleção arbórea para serviços múltiplos
em pastagens arborizadas (ISA-serviço).
120 Guia arbopasto
Tabela 15. Comparação de duas espécies arbóreas que representam extremos opostos com
relação à aptidão para arborização de pastagens.
Fixação biológica de N
Densidade da copa
Qualidade do fuste
Velocidade de crescimento
Produção de mudas
Escala visual
Figura 7. Espécies ordenadas com base no índice de seleção arbórea para produção de madeira
em sistemas silvipastoris (ISA-madeira).
Capítulo 4 – Guia de espécies 123
Tabela 16. Comparação de duas espécies arbóreas que representam extremos opostos com
relação à aptidão para produção de madeira em sistemas silvipastoris.
Densidade da copa
Qualidade do fuste
Velocidade de crescimento
Produção de mudas
Escala visual
Figura 8. Transmissão de luz ao pasto em função da densidade da copa das árvores e do grau
de nebulosidade1 do ambiente, em Rio Branco, Acre.
1
Nebulosidade classificada de acordo com a densidade do fluxo de fótons (DFF) medida a pleno sol: baixa, DFF acima de 1.500 µmol s-1 m-2;
média, DFF entre 1.001 e 1.500 µmol s-1 m-2; alta, DFF entre 501 e 1.001 µmol s-1 m-2; muito alta, DFF até 500 µmol s-1 m-2.
Capítulo 4 – Guia de espécies 125
118,2 m2). Isso se deve à sua copa ser baixa e muito densa, causando elevado grau de
sombreamento do pasto sob a copa, semelhante ao que acontece com a mangueira
e a jaqueira. Para espécies com esse tipo de arquitetura de copa, além de se utilizar
baixa densidade de árvores, é também recomendado efetuar podas dos galhos mais
baixos, visando elevar a altura da copa e melhorar a transmissão de luz ao pasto. Essa
prática também é importante para aumentar a ventilação sob a copa, facilitando a
dissipação do calor corporal dos bovinos por evaporação (MARTÍN, 2002).
Tabela 17. Número máximo de árvores adultas, por hectare, que deve ser mantido em pastagens,
estabelecido em função da arquitetura da copa (densidade e área) de cada espécie.
Página 1
2
Nome vulgar, comum ou popular, é a designação dada pela população a uma determinada espécie vegetal ou animal.
130 Guia arbopasto
Página 2
Capítulo 4 – Guia de espécies 131
Página 3
132 Guia arbopasto
Página 4
Capítulo 4 – Guia de espécies 133
Características de interesse
Escala visual
134 Guia arbopasto
Amarelão
Aspidosperma ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 135
Informações gerais
Nome científico: Aspidosperma ulei Markgr.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Aspidosperma occidentale (RAPINI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: pitiá.
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com crescimento monopodial,
fuste cilíndrico e copa com formato cônico. Tronco revestido por casca externa (ritidoma)
marrom claro, com lenticelas. A casca interna é amarelada. Os ramos jovens apresentam
coloração marrom avermelhada, com lenticelas brancas. Folhas simples, alternas, pecioladas
e dispostas em espiral, agrupadas nas extremidades dos ramos. Flores amareladas dispostas
em inflorescências axilares. Frutos do tipo folículo piriforme, de cor marrom, com lenticelas
esbranquiçadas, dispostos aos pares. Sementes membranáceas, aladas e amareladas
(WOODSON JUNIOR, 1951).
Características ecológicas: espécie decídua. As sementes do amarelão são dispersas pelo
vento.
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amazonas, Acre), Nordeste (Ceará, Rio Grande do
Norte, Pernambuco, Bahia) (RAPINI et al., 2010).
Fenologia: a floração ocorre durante a estação seca, entre agosto e setembro, junto com a
nova folhagem. Os frutos permanecem na árvore por longo período, amadurecendo entre
julho e agosto.
Características da madeira: o amarelão apresenta madeira moderadamente pesada
(densidade 0,67 g cm-3) (NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira é de boa qualidade, alcançando valor comercial médio nos mercados
do Acre e de Rondônia. Muito utilizada na construção civil, carpintaria, fabricação de
cabos de ferramentas agrícolas e mourões para cerca. A maioria das espécies do gênero
Aspidosperma são bioprodutoras de alcaloides indólicos. Alguns estudos têm demonstrado
que os alcaloides presentes na casca da raiz do amarelão têm potencial para tratamento da
disfunção erétil (OLIVEIRA et al., 2009).
Produção de mudas: sem informações na literatura para A. ulei. Para outras espécies
do gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
abertura espontânea. Em seguida, deve-se levá-los ao sol para completarem a abertura e a
liberação das sementes. Não há necessidade de tratamentos pré-germinativos. Semeia-se
em canteiros ou em recipientes individuais, cobrindo as sementes com leve camada de
substrato peneirado. A taxa de germinação geralmente é alta (LORENZI, 2008).
136 Guia arbopasto
Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
OLIVEIRA, V. B.; FREITAS, M. S. M.; MATHIAS, L.; BRAZ-FILHO, R.; VIEIRA, I. J. C. Atividade
biológica e alcalóides indólicos do gênero Aspidosperma (Apocynaceae): uma revisão. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 11, n. 1, p. 92-99, 2009.
RAPINI, A.; KOCH, I.; KINOSHITA, L. S.; SIMÕES, A. O.; SPINA, A. P. Apocynaceae. In: LISTA
DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB021894>. Acesso em: 23 mar. 2011.
WOODSON JUNIOR, J. E. Studies in the Apocynaceae VIII: An interim revision of the genus
Aspidosperma Mart. & Zucc. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 38, p. 119-
204, 1951.
Capítulo 4 – Guia de espécies 137
Características de interesse
Escala visual
138 Guia arbopasto
Angelim-amarelo
Simaba paraensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 139
Informações gerais
Nome científico: Simaba paraensis Ducke
Família: Simarubaceae
Sinonímia botânica: Quassia paraensis (PIRANI; THOMAS, 2010).
Outros nomes vulgares: marupá; marupá-amarelo (CAVALCANTE, 1983).
Características morfológicas: árvores com fuste cilíndrico e copa predominantemente
globosa, algumas vezes elíptica vertical, quando cresce em ambiente de pastagem. Na
floresta, atinge até 30 m de altura. Tronco revestido por casca externa fissurada de cor parda
e casca interna, amarela. As folhas são compostas, com até 8 pares de folíolos opostos,
subssésseis, coriáceos, discolores e glabros em ambas as faces. Inflorescência em panícula
terminal ampla, composta, com 30 cm a 40 cm de altura. Flores hermafroditas branco-
esverdeadas. Fruto drupa ovalada, e alaranjada, quando madura (CAVALCANTE, 1983).
Características ecológicas: o angelim-amarelo é uma árvore característica de floresta de
terra firme (CAVALCANTE, 1983).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Pará e Roraima) (PIRANI; THOMAS, 2010).
Fenologia: no Acre, o angelim-amarelo floresce entre junho e julho, e a frutificação ocorre
de julho a agosto. Em Roraima, o florescimento ocorre em fevereiro (CAVALCANTE, 1983).
A árvore perde as folhas na época da floração.
Características da madeira: trata-se de uma espécie carente de maiores estudos sobre as
características da madeira. As informações empíricas indicam que se trata de uma madeira
leve e fácil de trabalhar.
Usos: a madeira é utilizada na fabricação de tábuas para assoalho de casas na zona rural
do Acre, possuindo baixo valor comercial no mercado local.
Produção de mudas: as informações disponíveis na literatura para outras duas espécies do
gênero Simaba indicam que os frutos devem ser recolhidos no chão, sob a árvore, logo
após a sua queda natural. Depois, deve-se deixá-los alguns dias em repouso, amontoados,
e separar as sementes por meio de lavagem em água corrente. As sementes devem ser
postas para germinação, logo que colhidas, em canteiros à meia-sombra, preparados com
substrato organo-arenoso, cobrindo-as com uma camada de espessura igual à sua altura.
Deve-se irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 15 a 30 dias (LORENZI, 2009).
140 Guia arbopasto
Referências
CAVALCANTE, P. B. Revisão taxonômica do gênero Simaba aubl. (Simaroubaceae) na América
do Sul. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 1983. 85 p. (Museu Paraense Emílio Goeldi.
Publicações Avulsas, 37).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. v. 3, 384 p.
PIRANI, J. R.; THOMAS, W. Simaroubaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB001346>.
Acesso em: 19 out. 2010.
Capítulo 4 – Guia de espécies 141
Características de interesse
Escala visual
142 Guia arbopasto
Angelim-pedra
Andira inermis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 143
Informações gerais
Nome científico: Andira inermis (W. Wright) DC.
Família: Fabaceae-Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Andira acuminata; A. grandifolia; Geoffroea inermis (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: morcegueiro; morcegueira; morcego; sucupira-da-várzea; avinei-
ra; andirá; angelim-branco; angelim-doce; angelim-liso; andirá-uchi; umaré; pau-palmeira;
cumarurana; uchi; uchirana (CAMARGOS et al., 2001; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore com altura de até 35 m, dotada de copa globosa e densa.
Tronco ereto e cilíndrico, com casca externa acinzentada ou amarronzada, com desprendimento
de placas lenhosas. A casca interna é de cor creme. Folhas alternas, compostas imparipinadas,
pecioladas, com raque de 8 cm a14 cm de comprimento. Folíolos opostos ou alternos, curto-
peciolulados, em número de 9 a 15, concolores, glabros em ambas as faces, subcoriáceos,
brilhantes na face superior, de 5 cm a 9 cm de comprimento por 2 cm a 4 cm de largura.
Inflorescências em panículas tomentosas terminais, de 10 cm a 30 cm de comprimento, com
flores de cor violeta. Fruto legume drupáceo globoso, de 2,5 cm a 4,0 cm de diâmetro, contendo
uma única semente (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: o angelim-pedra ocorre com relativa frequência em pastagens
cultivadas no Acre, sendo classificada como uma espécie secundária. Requer pouca luz para
seu estabelecimento, porém, é exigente em luz para alcançar maior crescimento. Os morce-
gos frugívoros são os principais agentes dispersores de suas sementes (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais), Sul (Paraná,
Santa Catarina). Também ocorre na América Central e nas Guianas (PENNINGTON, 2010).
Fenologia: no Acre, floresce durante os meses de julho e agosto, época que coincide com
a renovação da sua folhagem. Os frutos amadurecem entre fevereiro e março.
Características da madeira: a madeira é moderadamente pesada, com densidade variando
de 0,65 g cm-3 a 0,78 g cm-3, textura grossa e grande resistência. É difícil de trabalhar e mo-
deradamente difícil de preservar. Sua durabilidade natural é média (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2002; NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira tem sido utilizada para carpintaria, construção de embarcações rústicas,
móveis e assoalhos, bem como para uso externo, como dormentes, postes, cochos e mourões
para cerca. A casca e as sementes são usadas como medicamentos caseiros, em baixas doses;
em excesso, são considerados tóxicos (LORENZI, 2002).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem
a queda espontânea, ou recolhidos do chão, após a queda. Esses já podem ser considerados
como semente para fins de semeadura, uma vez que a remoção de sua polpa é bastante
difícil. Um quilo de frutos contém de 50 a 70 unidades. Deve-se semear em embalagens
individuais contendo substrato organo-argiloso. A emergência ocorre entre 15 e 25 dias
após a semeadura e a taxa de germinação geralmente alcança de 80% a 95% (CORDERO;
BOSHIER, 2003; LORENZI, 2002).
144 Guia arbopasto
Referências
CAMARGOS, J. A. A.; CORADIN, V. T. R.; CZARNESKI, C. M.; OLIVEIRA, D.;
MEGUERDITCHIAN, I. Catálogo de árvores do Brasil. 2. ed. Brasília, DF: Ibama, 2001. 896 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
PENNINGTON, T. Andira. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 2010/FB022787>. Acesso em: 28
jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 145
Características de interesse
Escala visual
146 Guia arbopasto
Angelim-rajado
Andira surinamensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 147
Informações gerais
Nome científico: Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff
Família: Fabaceae-Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Andira retusa; Andira retusa var. oblonga; Andira surinamensis var.
ovatifoliolata; Geoffroea surinamensis (PENNINGTON, 2010).
Outros nomes vulgares: acapurana; angelim; angelim-vermelho; morcegueira; lombriguei-
ra; manga-brava; andirauchi; uchirana; almendro-de-rio (FERREIRA et al., 2004; LORENZI,
2009).
Características morfológicas: árvore dotada de copa globosa, muito densa e baixa em
pastagens, alcançando até 42 m de altura na Floresta Amazônica. Tronco cilíndrico
revestido por casca externa marrom a cinza-claro, com desprendimento de placas lenhosas.
Casca interna róseo-alaranjada, exsudando resina incolor de odor forte. Folhas compostas
imparipinadas com 7 a 9 folíolos de ápice obtuso, retuso ou emarginado, com lâminas
glabras e brilhantes na face superior, sendo pubérulas e opacas na inferior. Inflorescências
em panículas terminais, com flores de pétalas violáceas. O fruto é uma drupa verde-
amarelada, com 4,5 cm a 6,8 cm de comprimento (FERREIRA et al., 2004; FERREIRA;
HOPKINS, 2004; LORENZI, 2009).
Características ecológicas: considerada uma planta pioneira, muito comum em áreas com
vegetação secundária e pastagens cultivadas. Os morcegos frugívoros são os principais
agentes dispersores de suas sementes (LORENZI, 2009).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso) (PENNINGTON, 2010).
Fenologia: No Acre, a floração ocorre durante o mês de outubro e a frutificação de dezem-
bro a março.
Características da madeira: pesada, com densidade de 0,86 g cm-3, de textura grosseira e
grã direita, difícil de trabalhar, mas de boa resistência ao apodrecimento (LORENZI, 2009).
Usos: a madeira, de qualidade média a alta, é indicada para construção civil e naval, para
confecção de tacos (para assoalhos e bilhares), bengalas, tanoaria e trabalhos de tornos,
bem como para obras externas, como estacas, mourões e dormentes (LORENZI, 2009).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a queda espontânea e utilizados diretamente para a semeadura, não havendo necessidade
de se remover a polpa. Um quilo de frutos contém cerca de 100 unidades. Deve-se semear
em canteiros semissombreados, contendo substrato organo-arenoso. A emergência demora
de 4 a 6 semanas (LORENZI, 2009).
148 Guia arbopasto
Referências
FERREIRA, G. C.; HOPKINS, M. J. G. Manual de identificação botânica e anatômica - angelim.
Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2004. 101 p.
FERREIRA, G. C.; HOPKINS, M. J. G.; SECCO, R. de S. Contribuição ao conhecimento
morfológico das espécies de leguminosae comercializadas no estado do Pará, como «angelim».
Acta Amazonica, Manaus, v. 34, n. 2, p. 219-232, abr./jun. 2004.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2009. v. 3, 384 p.
PENNINGTON, T. Andira. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 2010/FB022791>. Acesso em: 27
out. 2010.
Capítulo 4 – Guia de espécies 149
Características de interesse
Escala visual
150 Guia arbopasto
Babaçu
Attalea speciosa
Fotos: Ana Karina Dias Salman
Capítulo 4 – Guia de espécies 151
Informações gerais
Nome científico: Attalea speciosa Mart. ex Spreng.
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Orbignya phalerata; Orbignya cuci; Orbignya barbosiana; Orbignya
lydiae; Orbignya martiana; Orbignya speciosa; Orbignya huebneri; Orbignya macropetala;
Attalea lydiae (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: babassu; uauassu; baguaçu; guaguaçu (LORENZI et al., 2010).
Características morfológicas: caule solitário, colunar, de 10 m a 30 m de altura e 30 cm
a 60 cm de diâmetro. Folhas pinadas, eretas e divergentes, com 175 a 260 pares de pinas
regularmente distribuídas sobre toda a extensão da raque. Inflorescências pistiladas e andró-
ginas dispostas na mesma planta. Frutos de 10 cm a 12 cm x 5 cm a 10 cm, com mesocarpo
seco-farináceo, de coloração branco-marfim na maturidade. Sementes (amêndoas) de 3 cm
a 7 cm x 1,0 cm a 1,8 cm (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: planta perenifólia, heliófila, muito comum na região norte
do país, na floresta pluvial. No Estado do Maranhão e parte do Pará, apresenta ampla e
expressiva dispersão, chegando em muitas regiões a formar populações puras, denominadas
“babaçuzais”. Apesar de ocorrer no interior da floresta primária, geralmente é espécie
predominante. Seu maior vigor é como espécie pioneira, regenerando-se naturalmente em
áreas abertas com tamanho vigor que é considerada espécie daninha (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão,
Piauí, Ceará), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás) (LEITMAN et al., 2010).
Fenologia: floresce durante os meses de janeiro a abril. A maturação dos frutos verifica-se
entre agosto e janeiro (LORENZI, 2002).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: a amêndoa verde fornece um leite muito nutritivo e da amêndoa madura extrai-se
um óleo alimentício de boa qualidade, com o qual se fabrica manteiga, sabões e sabone-
tes, velas e biodiesel. Do mesocarpo do fruto, faz-se uma farinha alimentar. O resíduo da
extração do óleo também pode ser utilizado na alimentação animal. As folhas e espatas
são empregadas como cobertura de ranchos. A extração do óleo de babaçu é uma das
principais atividades econômicas do Maranhão (LORENZI, 2002; LORENZI et al., 2004;
2010).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da palmeira quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão após a queda. Os frutos assim obtidos podem
ser diretamente utilizados para semeadura, não havendo necessidade de despolpá-los.
Um quilo de frutos assim obtidos contém aproximadamente 10 unidades. Coloca-se os
frutos para germinação logo que colhidos, e sem nenhum tratamento, em canteiros ou
diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-argiloso. A emergência
pode demorar de 4 a 6 meses (LORENZI, 2002).
152 Guia arbopasto
Referências
LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. Arecaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/
FB015686>. Acesso em: 29 jul. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 368 p.
LORENZI, H.; NOBLICK, L. R.; KAHN, F; FERREIRA, E. J. L. Flora brasileira Lorenzi: Arecaceae
(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; MEDEIROS-COSTA, J. T.; CERQUEIRA, L. S. C.; FERREIRA, E. J. L.
Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2004. 416 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 153
Características de interesse
Escala visual
154 Guia arbopasto
Baginha
Stryphnodendron pulcherrimum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 155
Informações gerais
Nome científico: Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Acacia pulcherrima; Stryphnodendron floribundum; Stryphnodendron
angustum; Piptadenia cobi.
Outros nomes vulgares: baginha-de-são-joão; barbatimão; camuzé; caubi; fava-barbatimão;
fava-camuzé; favinha; jubarbatimão; juerana-branca; paricá; paricarana; paricazinho
(LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 32 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa fina e quase lisa. Em árvores mais velhas, há desprendimento de placas
lenhosas. Folhas compostas bipinadas, com uma glândula de até 3 mm de comprimento na
metade inferior do pecíolo. Pinas alternas ou opostas, em número de 14 a 20 pares. Folíolos
opostos ou alternos, em número de 14 a 26, levemente discolores, de 3 mm a 6 mm de
comprimento. Inflorescências em espigas axilares terminais, de cor amarelada. Fruto legume
(vagem) de 6 cm a 10 cm de comprimento, marrom-escuro quando maduro, contendo de
10 a 18 sementes, envoltas por intensa mucilagem adocicada (LORENZI, 2002; MENESES
FILHO et al., 1995).
Características ecológicas: planta pioneira, heliófila, decídua, característica da mata pluvial
de terra firme (LORENZI, 2002). Árvore de longevidade relativamente curta, especialmente
quando atacada por cupins. Muito conhecida no Acre, principalmente pelos seringueiros e
caçadores, porque seus frutos são apreciados por pacas, cutias, caititus e veados (ANDRADE
et al., 2002).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(SCALON, 2010). Também nas Guianas, Venezuela e Colômbia (LORENZI, 2002).
Fenologia: no Acre, a dispersão dos frutos ocorre no final da estação seca (julho a setem-
bro), juntamente com a renovação da folhagem. O florescimento ocorre nos meses de
setembro e outubro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,61 g cm-3), macia, de
textura média, pouco resistente e de baixa durabilidade natural (IBAMA, 2011; LORENZI,
2002).
Usos: A madeira é indicada para confecção de móveis, lâminas faqueadas decorativas,
compensados, esculturas, cabo de ferramentas e para lenha e carvão. As flores são melíferas
(LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea e deixá-
los ao sol por alguns dias para facilitar a retirada das sementes. Um quilo de sementes contém
aproximadamente 19 mil unidades. As sementes precisam de escarificação mecânica com
lixa para superação da dormência tegumentar. Deve-se semear em canteiros a pleno sol
contendo substrato arenoso e, 2 a 3 semanas após a germinação, repicar as plântulas para
sacos de polietileno ou tubetes de tamanho médio (LORENZI, 2002).
156 Guia arbopasto
Referências
ANDRADE, C. M. S.; VALENTIM, J. F.; CARNEIRO, J. C. Árvores de baginha (Stryhnodendron
guianense (Aubl.) Benth.) em ecossistema de pastagens cultivadas na Amazônia Ocidental. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 31, n. 2, p. 574-582, 2002.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=26&caracteristica=54>. Acesso em: 29 jul. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES-FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSAGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A.
Comportamento de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no Parque
Zoobotânico, Rio Branco - Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
SCALON, V. R. Stryphnodendron. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023177>. Acesso em: 29
jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 157
Características de interesse
Escala visual
158 Guia arbopasto
Bordão-de-velho
Samanea tubulosa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 159
Informações gerais
Nome científico: Samanea tubulosa (Benth.) Barneby & J.W. Grimes
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Calliandra tubulosa Benth.; Pithecelobium saman var. (b) acutifolium
Benth.; P. venosum Rusby; Samanea saman sensu Bernardi (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: samaneiro; sete-cascas; barba-de-velho (CARVALHO, 2007).
Características morfológicas: árvore de até 28 m de altura, com copa flabeliforme. Tronco
revestido por casca externa fissurada e muito suberosa e casca interna amarelada ou rosada.
Folhas alternas, compostas bipinadas, com folíolos opostos, discolores, elípticos, com
margem inteira e lados desiguais. Inflorescências em capítulos terminais, em agrupamentos
de 6 a 15, cada um com 12 a 20 flores, com estames metade brancos, metade purpúreos.
Fruto legume séssil, indeiscente, de 10 cm a 18 cm de comprimento, carnoso, com polpa
doce e perfumada (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta caducifólia, heliófila, pioneira, que ocorre preferencial-
mente em capoeiras e em áreas abertas, como colonizadora. Frutos muito apreciados por
animais silvestres (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Goiás, Mato Grosso do Sul) (MORIN, 2010).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, o bordão-de-velho floresce de agosto a janeiro.
A dispersão dos frutos ocorre durante a estação seca (julho e agosto), juntamente com a
renovação da folhagem.
Características da madeira: a madeira do bordão-de-velho varia de leve a moderadamente
densa (0,44 g cm-3 a 0,78 g cm-3), textura média, grã direita, resistência mecânica de média
a moderada e moderadamente durável (CARVALHO, 2007; LORENZI, 2002).
Usos: a madeira é empregada para marcenaria, moirões e para lenha. Também serve para
produção de celulose e papel. As flores são melíferas (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea ou
recolhê-los no chão, sob a planta-mãe, logo após a queda. Depois, deixá-los ao sol por
alguns dias para facilitar a retirada manual das sementes, que precisam de escarificação
mecânica com lixa para superação da dormência tegumentar. Recomenda-se distribuir
uma semente em saco de polietileno ou em tubetes de tamanho médio, ou ainda em se-
menteira, com repicagem das plântulas de 4 a 6 semanas após a germinação (CARVALHO,
2006; LORENZI, 2002).
160 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Bordão-de-velho - Samanea tubulosa. Colombo: Embrapa Florestas, 2007.
6 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 132).
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MORIM, M. P. Samanea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023141>. Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 161
Características de interesse
Escala visual
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
162
Cajá
Spondias mombin
Guia arbopasto
Capítulo 4 – Guia de espécies 163
Informações gerais
Nome científico: Spondias mombin L.
Família: Anacardiaceae
Sinonímia botânica: Spondias lutea; S. brasiliensis; S. myrobalanus; S. aurantiaca (LORENZI,
2008).
Outros nomes vulgares: cajazeira; cajá-da-mata; cajá-mirim; taperebá (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: árvores de até 30 m de altura, com tronco reto, revestido por
casca externa fendida e suberosa, de coloração cinza-clara. A casca interna é rosa-clara.
As folhas são compostas, alternas, imparipinadas, com 5 a 11 pares de folíolos, espiralados,
peciolados. A inflorescência se apresenta em panículas masculinas e femininas, nas axilas
das folhas novas, com flores creme-esverdeadas. Os frutos são drupas ovoides de 3 cm a
6 cm de comprimento, com polpa comestível amarela e ácida, de odor agradável.
A semente é um caroço grande, branco, suberoso e enrugado (CARVALHO, 2006;
LORENZI, 2008; SANTANA, 2010).
Características ecológicas: espécie heliófila, secundária tardia. Nas regiões de estação
seca definida, apresenta-se como caducifólia, e em outras regiões, como perinifólia ou
semidecídua. Os frutos são muito apreciados pela fauna em geral (CARVALHO, 2006;
CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Rondônia, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(SILVA-LUZ; PIRANI, 2010). Ocorre também nos seguintes países: Bolívia, Colômbia,
Equador, Honduras, México, Peru e Venezuela (CARVALHO, 2006).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce nos meses de agosto e setembro, e os frutos
amadurecem entre janeiro e fevereiro. A árvore perde as folhas entre junho e agosto.
Características da madeira: leve, com densidade de 0,41g cm-3, mole e fácil de trabalhar,
de média durabilidade natural (LORENZI, 2008).
Usos: a madeira pode ser usada em caixotaria, em aeromodelismo, na fabricação de fósforos
e de papel branco. Os frutos são muito utilizados no preparo de sucos e sorvetes. São
também consumidos pelo gado. Suas flores são melíferas (CARVALHO, 2006; LORENZI,
2008).
Produção de mudas: os frutos devem ser recolhidos no chão, após sua queda da árvore. Após
a despolpa, deve-se lavar os endocarpos em água corrente e deixar secar ao sol. Um quilo
de endocarpos secos contém 600 unidades, sendo que cada endocarpo contém entre 1 e
5 sementes. Não há necessidade de tratamento pré-germinativo. As sementes apresentam
comportamento recalcitrante, e sua viabilidade é inferior a 3 meses. Recomenda-se semear
um endocarpo em saco de polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm de altura e
7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno grande. A emergência tem início de 25 a
75 dias após a semeadura (CARVALHO, 2006; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI,
2008; REYNEL et al., 2003).
164 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SANTANA, F. F. Caracterização de genótipos de cajazeira. 2010. 109 f. Tese (Doutorado em
Agronomia, produção vegetal) -- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
Estadual Paulista, Jaboticabal.
SILVA-LUZ, C. L.; PIRANI, J. R. Anacardiaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB004404>.
Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 165
Características de interesse
Escala visual
166 Guia arbopasto
Castanheira
Bertholletia excelsa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 167
Informações gerais
Nome científico: Bertholletia excelsa Bonpl.
Família: Lecythidaceae
Sinonímia botânica: Bertholletia nobilis Miers (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: castanha-do-Brasil; castanha-do-Pará (LORENZI, 2008)
Características morfológicas: árvore de até 60 m de altura, com tronco retilíneo revestido
por casca externa pardo-acinzentada, e com fendas longitudinais com interior avermelha-
do. Folhas alternas, simples, elípticas a estreitamente obovadas, glabras, de 17 cm a 45 cm
de comprimento. Flores de coloração amarela, grandes, muito perfumadas, dispostas em
panículas terminais. Os frutos são cápsulas lenhosas, globosas e indeiscentes, cada uma
pesando entre 500 g a 1.500 g e contendo de 15 a 25 sementes (castanhas) (ICRAF, 2012;
LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, característica de mata alta de
terra firme de toda a Amazônia. Pertence à fase final da sucessão, sendo considerada
clímax, e seu tempo de vida é longo. É planta social, ocorrendo em determinados locais
com grande frequência e formando os chamados “castanhais”, porém, sempre em asso-
ciação com outras espécies. Prefere terrenos bem drenados, não tolerando encharcamento
(ÁVILA, 2006; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso) (SMITH et al., 2010). Também ocorre na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Guia-
nas (LOCATELLI et al., 2005).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce durante os meses de outubro a dezembro.
Seus frutos amadurecem no período de dezembro a fevereiro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,63 g cm-3 a 0,75 g cm-3),
macia ao corte, textura média, grã direita, superfície sem brilho e lisa ao tato, de boa resistência
ao ataque de microrganismos xilófagos (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Usos: a exploração da madeira de castanheiras silvestres é proibida por lei federal. Sua madeira
é de ótima qualidade para construção civil e naval, bem como para esteios e obras externas. As
amêndoas são muito utilizadas para consumo in natura e na fabricação de alimentos diversos,
sendo um importante produto de exportação da Amazônia. O óleo extraído das amêndoas
assemelha-se ao de oliva, sendo, portanto, muito saudável. Ele é também utilizado na fabri-
cação de sabonetes, cosméticos e xampus. A torta resultante da extração do óleo pode ser
utilizada na alimentação humana e animal (ÁVILA, 2006; LOUREIRO et al., 1979).
Produção de mudas: as sementes apresentam dormência, associada à impermeabilidade
do tegumento. Sem a remoção da casca, a emergência pode demorar de 6 a 18 meses.
Com a retirada da casca e tratamento das amêndoas com fungicida é possível obter mais
de 80% de germinação aos 3 meses. Para facilitar a retirada da casca, deve-se deixar as
sementes imersas em água por 48 horas. Depois, deve-se colocar as amêndoas tratadas
para germinar em sementeiras com areia lavada, protegidas contra roedores, tendo o cui-
dado de se deitar as sementes sob a areia, colocando o polo radicular de onde se originará
a raiz (parte mais grossa) voltada para baixo, e o caulicar a uma profundidade de 1 cm da
superfície do substrato. A repicagem deve ser feita antes da abertura das primeiras folhas
das plântulas, no chamado “ponto de palito”, para evitar a perda de água e queima das
folhas. As mudas estarão aptas para o plantio de 4 a 8 meses após a repicagem (LOCATELLI
et al., 2005).
168 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=26&caracteristica=54>. Acesso em: 29 jul. 2011.
ICRAF. International Center for Research in Agroforestry. AgroForestryTree Database: a tree
species reference and selection guide. Disponível em: <http://www.worldagroforestry.org/sea/
products/afdbases/af/index.asp>. Acesso em: 12 abr. 2012.
LOCATELLI, M; VIEIRA, A. H.; GAMA, M. M. B.; FERREIRA, M. G. R.; MARTINS, E. P.; FILHO,
E. P. S.; SOUZA, V. F; MACEDO, R. S. Cultivo da Castanha-do-Brasil em Rondônia. Porto Velho:
Embrapa Rondônia, 2005. (Embrapa Rondônia. Sistemas de Produção, 7). Disponível em: <http://
sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Castanha/CultivodaCastanhadoBrasilRO/
index.htm>. Acesso em: 4 ago. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 1, 245 p.
SMITH, N. P.; MORI, S. A.; PRANCE, G. T. Lecythidaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do
Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/
FB023424>. Acesso em: 29 Jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 169
Características de interesse
Escala visual
170 Guia arbopasto
Cedro-rosa
Cedrela fissilis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Informações gerais
Nome científico: Cedrela fissilis vell.
Família: Meliaceae
Sinonímia botânica: Cedrela elliptica; C. huberi; C. macrocarpa (SAKURAGUI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: cedro-vermelho; cedro-branco; cedro-batata; cedro-amarelo;
cedro-cetim; cedro-da-várzea; cedrinho (CARVALHO, 2003).
Características morfológicas: árvore com até 35 m de altura e tronco cilíndrico, revestido por
casca externa marrom a pardo-acinzentada, com fissuras longitudinais profundas e largas.
Casca interna com camadas alternadas de cor rosa e amarelada. Folhas alternas espiraladas,
compostas pinadas, com 8 a 30 pares de folíolos. Inflorescência em panículas terminais, com
flores com pétalas esverdeado-brancas, às vezes rosadas no ápice. Fruto cápsula piriforme
deiscente, com lenticelas claras, com 3 cm a 10 cm de comprimento e 3 cm a 3,5 cm de
largura. Semente alada em uma das extremidades, comprimida lateralmente, bege a castanho-
avermelhada. Todas as partes da planta, quando esmagadas, apresentam cheiro de alho
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008; PENNINGTON, 1986).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, que desenvolve-se no interior de
florestas primárias, podendo também ser encontrada como espécie pioneira em capoeiras.
É atacada pela broca-das-meliáceas (Hypsipyla grandella), especialmente em plantios
puros (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Bahia),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio
de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (SAKURAGUI et al., 2010).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, geralmente os frutos amadurecem com a árvore
totalmente desfolhada entre junho e agosto. A floração ocorre juntamente com a nova
folhagem entre junho e outubro.
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade média de
0,55 g cm-³), macia ao corte e notavelmente durável em ambiente seco. Quando enterrada
ou submersa, apodrece rapidamente (LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é largamente empregada em compensados, contraplacados, esculturas e
obras de talha, modelos e molduras, esquadrias, móveis em geral, marcenaria, na construção
civil, naval e aeronáutica, na confecção de pequenas caixas, lápis e instrumentos musicais
(LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
abertura espontânea. Em seguida, deixá-los secar à sombra para a retirada das sementes. Um
quilo de sementes contém cerca de 20 mil unidades, cuja longevidade é superior a 4 meses.
Colocar as sementes para germinar em canteiros semissombreados contendo substrato
argiloso, cobrindo-as com uma fina camada do substrato peneirado e irrigar duas vezes ao
dia. A germinação é abundante e ocorre em 12 a 18 dias. Em 70 a 120 dias do transplante
para saquinhos individuais, já podem ser levadas para plantio no local definitivo (LORENZI,
2008). A espécie também pode ser propagada vegetativamente por miniestaquia (XAVIER
et al., 2003).
172 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PENNINGTON, T. D. Meliaceae: a família do cedro na região cacaueira da Bahia. Ilhéus:
CEPLAC, 1986. 64 p. (CEPLAC. Boletim técnico, 143).
SAKURAGUI, C. M.; STEFANO, M. V.; CALAZANS, L. S. B. Meliaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2010/FB009990>. Acesso em: 8 ago. 2011.
XAVIER, A.; SANTOS, G. A.; WENDLING, I.; OLIVEIRA, M. L. Propagação vegetativa de cedro-
rosa por miniestaquia. Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 2, p. 139-143, 2003.
Capítulo 4 – Guia de espécies 173
Características de interesse
Escala visual
174 Guia arbopasto
Cerejeira
Amburana acreana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 175
Informações gerais
Nome científico: Amburana acreana (Ducke) A. C. Sm.
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Torresea acreana; Amburana cearensis var. acreana (LIMA, 2010).
Outros nomes vulgares: amburana; amburana-de-cheiro; cerejeira-da-amazônia; cerejeira-
amarela; cumaru-de-cheiro; umburana; emburana; imburana (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: árvore decídua, atingindo até 40 m de altura na Floresta
Amazônica. O tronco é reto a levemente tortuoso, recoberto por casca externa muito
fina (até 5 mm de espessura), que esfolia-se em grandes placas, de coloração vermelho-
ferrugínea, com lenticelas brancas, tornando-se róseas e lisas após a renovação. A casca
interna é de coloração amarelo-clara, com odor característico. As folhas são compostas,
com 17 a 25 folíolos membranáceos, glabros, ovados ou ovado-lanceolados, medindo 6
cm de comprimento e 3 cm de largura. As inflorescências são panículas de até 25 cm de
comprimento, com flores hermafroditas brancas. O fruto é uma vagem deiscente, com 4
cm a 7 cm de comprimento, contendo 1 ou 2 sementes aladas (CARVALHO, 2006).
Características ecológicas: espécie clímax, tolerante à sombra. É de origem andino-
amazônica e de dispersão sul-americana ampla e divergente. Essa espécie ocupa áreas
com floresta de terra firme (CARVALHO, 2006).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(LIMA, 2010). Também ocorre de forma natural na Bolívia e no Peru (CARVALHO, 2006).
Fenologia: floresce em abril e maio, em ramos desfolhados. Os frutos maduros ocorrem
em julho, no Acre; de agosto a setembro, em Mato Grosso; e de agosto a outubro, em
Rondônia (CARVALHO, 2006; 2007).
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,57 g cm-3 a 0,62 g cm-3),
lisa, macia ao corte, de aspecto agradável, com cheiro peculiar (CARVALHO, 2006; IBAMA,
2011).
Usos: a madeira é excelente na construção civil e muito procurada, principalmente, pelas
indústrias nacionais de móveis de luxo, que a utilizam na forma de madeira serrada e
compensada. Também utilizada para acabamento interno, como rodapés, molduras,
cordões, esquadrias, portas, batentes, folhas faqueadas decorativas e peças torneadas
(CARVALHO, 2006).
Produção de mudas: a colheita total de sementes pode ser iniciada a partir de frutos
de coloração preta e coletadas no chão, havendo 800 sementes por quilo. Não há
necessidade de tratamento pré-germinativo das sementes. Recomenda-se semear uma
semente em saco de polietileno, em tubetes de polipropileno ou em sementeiras, para
posterior repicagem. A repicagem deve ser feita logo após a emissão da parte aérea
ou quando a muda atingir até 10 cm de altura. Essa espécie aceita poda radicial.
A emergência tem início entre 15 e 33 dias após a semeadura, sendo alta (76% a 81%). As
mudas atingem uma altura média de 20 cm, dois meses após a semeadura (CARVALHO, 2006).
176 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Cerejeira-da-Amazônia: Amburana acreana. Colombo: Embrapa Florestas,
2007. 5 p. (Embrapa Florestas. Circular Técnica, 134).
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 628 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=6&caracteristica=202>. Acesso em: 9 ago. 2011.
LIMA, H. C. Amburana. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB022780>. Acesso em: 29 jul. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 177
Características de interesse
Escala visual
178 Guia arbopasto
Cumaru-cetim
Apuleia leiocarpa
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 179
Informações gerais
Nome científico: Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: Apuleia molaris; Leptolobium leiocarpum (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: cumarurana; garapeira; garapeiro; grápia; mitaroá; muirajuba;
pau-cetim (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: na Floresta Amazônica, atinge até 40 m de altura. O tronco é ci-
líndrico e reto, na floresta fechada, e um pouco tortuoso quando cresce em ambiente aberto. A
casca externa é lisa, fina, pardo-amarelada a branco-acinzentada, com presença de lenticelas.
A casca interna é dura, espessa, de cor rosada. As folhas são alternas, compostas, imparipinadas,
pecioladas, geralmente com 5 a 11 folíolos alternos e pequenos. Flores brancas, em panículas
terminais e axilares. O fruto é uma vagem oblonga, achatada, ligeiramente oblíqua, indeiscente,
elíptica, de cor castanho-clara, com pouca pilosidade quando nova, contendo 2 a 4 sementes
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila ou de luz difusa, indiferente às condi-
ções físicas do solo (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste (Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe) e em todos os estados
do Centro-Oeste, Sudeste e Sul (LIMA, 2011).
Fenologia: a espécie floresce durante os meses de agosto a outubro. A árvore apresenta
desfolha antes da floração. Os frutos amadurecem de janeiro a fevereiro, entretanto, per-
manecem na árvore por muitos meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,83 g cm3) e dura.
Apresenta boa durabilidade em aplicações expostas às intempéries, desde que não seja
em condições de alta umidade. Estacas de cerne dessa espécie mostraram ser resistentes
a fungos e cupins. A vida média da madeira, em contato com o solo, é inferior a 9 anos
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é empregada em marcenaria, tanoaria, esquadrias, carrocerias, trabalhos de
torno, cabos de ferramentas; na construção civil, como vigas, ripas, caibros, tacos e tábuas para
assoalhos, e para usos externos, como postes, estacas, mourões, dormentes e vigas de pontes.
Produz polpa para papel de embalagem e também pode ser utilizada para fins energéticos, na
produção de álcool, coque e carvão (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: os frutos maduros devem ser colhidos diretamente da árvore e
submetidos a secagem em local bem ventilado ou a meio-sol. As sementes apresentam
dormência tegumentar e precisam de escarificação mecânica, térmica ou química. Deve-
-se distribui-las em sementeira e depois repicar as plântulas para sacos de polietileno,
com 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho
médio. Recomenda-se a repicagem de duas a quatro semanas após a germinação. O tempo
mínimo de viveiro é de 6 meses (CARVALHO, 2003; REYNEL et al., 2003).
180 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
LIMA, H. C. Apuleia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB022796>. Acesso em: 25 out. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 181
Características de interesse
Escala visual
182 Guia arbopasto
Envira-piaca
Lonchocarpus cultratus
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 183
Informações gerais
Nome científico: Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azevedo & H.C. Lima
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Pterocarpus cultratus; Derris guilleminiana; Lonchocarpus guilleminianus
(SILVA; TOZZI, 2011).
Outros nomes vulgares: embira-de-sapo; embira-de-macaco; falso-timbó; ingá-bravo;
timbó-carrapateiro (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 25 m, com tronco de até 50 cm de diâmetro, re-
vestido por casca externa acinzentada, com lenticelas e às vezes com fendas longitudinais.
Casca interna amarelo-rosada, com exsudação abundante e avermelhada. Folhas alternas
espiraladas, estipuladas, compostas imparipinadas, geralmente com 7 folíolos ovalados a
elípticos, subcoriácios, glabros, de 4 cm a 8 cm, de comprimento, por 2 cm a 4 cm, de
largura. Inflorescências em racemos axilares fusiformes, com flores brancas, perfumadas,
zigomorfas e diclamídeas. Os frutos maduros são vagens achatadas, indeiscentes, de cor
marrom (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: árvore semidecídua, heliófila, indiferente às condições físicas e
químicas do solo. Ocorre principalmente em formação secundária, sendo rara no interior
da floresta primária densa (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Nordeste (Pernambuco, Bahia, Alagoas),
Centro-Oeste (Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de
Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (SILVA; TOZZI, 2011).
Fenologia: floresce de dezembro a fevereiro e a maturação dos frutos ocorre nos meses de
julho a setembro.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,61 g cm-3 a 0,83 g cm-3),
dura, compacta, moderadamente resistente ao ataque de organismos xilófagos, de cerne e
alburno indistintos (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira pode ser usada em obras internas na construção civil e na fabricação de
cabos de ferramentas e de peças torneadas, em caixotaria e em dormentes. Também serve
para lenha e fabricação de papel e celulose. É uma espécie adequada para recomposição
de áreas de preservação permanente (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando maduros.
Depois, secá-los ao sol, para facilitar a abertura manual e retirada das sementes, que devem
secar à sombra por mais 2 ou 3 dias. Coloca-se as sementes para germinar em canteiros
semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno ou em tubetes de polipropileno,
de tamanho médio. Não há necessidade de escarificar as sementes. A emergência ocorre
em 10 ou 15 dias, e a germinação geralmente é alta. Aos 6 meses, as mudas podem ser
plantadas no campo (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
184 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
SILVA, M. J.; TOZZI, A. M. G. A. Lonchocarpus.In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023052>.
Acesso em: 27 out. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 185
Características de interesse
Escala visual
186 Guia arbopasto
Farinha-seca
Albizia niopoides
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 187
Informações gerais
Nome científico: Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Albizia hasslerii sensu Bernardi; Pithecellobium hassleri; Pithecellobium
niopoides (CARVALHO, 2009; IGANCI, 2010)
Outros nomes vulgares: angico-branco; canafístula; frango-assado; gurujuba (LORENZI,
2008).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura. Tronco cilíndrico e reto, com
casca externa lisa, cinzenta ou amarelada, com lenticelas e estrias avermelhadas. A casca
interna é de coloração amarela-suave. Folhas alternas, bipinadas, com 8 a 14 pares de
pinas e pecíolo com uma glândula. Há de 40 a 80 folíolos pareados em cada pina. A página
adaxial é verde-lustrosa e a página abaxial é clara e finamente pilosa. A inflorescência
é uma panícula terminal ou lateral com numerosos capítulos brancos, medindo 1 cm
de diâmetro. O fruto é uma vagem chata, deiscente, de coloração castanho-clara, com
cinco a dez sementes ovaladas, de coloração castanha, medindo 5 mm de comprimento
(CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira. É encontrada frequente-
mente colonizando pastagens, em muitos casos sendo plantas originadas da regeneração
por brotação de raízes (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amazonas, Pará, Acre, Rondônia), Nordeste (Bahia, Pernam-
buco, Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas
Gerais, São Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (IGANCI, 2010).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de setembro e outubro. A dispersão dos frutos ocor-
re no final da estação seca (agosto e setembro), juntamente com a renovação da folhagem.
Características da madeira: leve, macia ao corte, pouco compacta, de baixa resistência ao
ataque de organismos xilófagos, porém pode ser tratada (FLORES, 2002; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é empregada apenas para forros, caixotaria e confecção de objetos leves,
como brinquedos, lápis, etc. Se tratada, pode ser utilizada na construção civil e como
estacas. Também pode ser usada para fabricação de papel, carvão e lenha (FLORES, 2002;
LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos do chão logo após a queda e colocá-
los para secar ao sol, para facilitar a abertura dos frutos e a liberação das sementes.
Essas podem ser armazenadas a frio por pelo menos 1 ano. Um quilo contém de
22 mil a 36 mil sementes. Para quebra de dormência, é necessário imergir as sementes
em água quente (80 oC), por 1 minuto, e em seguida, mantê-las em água morna (30 oC
a 40 oC), por 24 horas. Coloca-se as sementes embebidas para germinar em canteiros
semissombrados ou diretamente em sacos de polietileno ou em tubetes. A emergência
ocorre em 6 a 15 dias (CARVALHO, 2008; FLORES, 2002; LORENZI, 2008).
188 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
CARVALHO, P. E. R. Farinha-Seca: Albizia niopoides. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 8 p.
(Embrapa Florestas. Comunicado técnico, 226).
FLORES, E. M. Albizia niopoides (Spruce ex Benth.)Burkart. In: VOZZO, J. A. (Ed.). Tropical tree
seed manual. Washington, DC: USDA Forest Service, 2002. p. 277-279. Disponível em: <http://
www.rngr.net/publications/ttsm/species/Albizia %20niopoides.pdf/at_download/file>. Acesso em:
2 ago. 2011.
IGANCI, J. R. V. Albizia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br /2010/FB082617>. Acesso em: 2 ago. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 189
Características de interesse
Escala visual
190 Guia arbopasto
Fava-orelhinha
Enterolobium schomburgkii
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 191
Informações gerais
Nome científico: Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Pithecellobium schomburgkii (LORENZI, 2002)
Outros nomes vulgares: tamboril; sucupira-amarela; orelha-de-macaco; fava-de-rosca;
orelha-de-negro; paricarana; timbaúva; timbaúba (LORENZI, 2002; SILVA; MESQUITA,
1991).
Características morfológicas: altura de até 40 m, com tronco mais ou menos ereto e cilíndri-
co de 60 cm a 100 cm de diâmetro. A casca externa é rugosa, com descamamento em placas
irregulares, de cor cinza ou amarelada. A casca interna é creme, tornando-se alaranjada
com o tempo de exposição, devido à exsudação de uma resina amarelada. Os ramos novos
são ferrugíneo-tomentosos. As folhas são compostas bipinadas, 11 a 25 jugas, com eixo
comum (pecíolo+raque) ferrugíneo-tomentoso de 10 cm a 18 cm de comprimento. Folíolos
peciolulados, lineares, 40 a 60 jugos, de 3 mm a 4 mm de comprimento. Inflorescência em
capítulos axilares, sobre pedúnculos ferrugíneo-tomentosos de 2 cm a 4 cm de comprimento,
com flores brancacentas ou amareladas. Fruto legume contorcido, glabro, sublenhoso, com
superfície rugosa, de cor marrom-escura, contendo de 4 a 22 sementes duras (LORENZI,
2002; LOUREIRO et al., 1979; MESQUITA, 1990; RAMOS; FERRAZ, 2008).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila até esciófila, secundária, característica
e exclusiva da mata pluvial Amazônica e Atlântica. Ocorre preferencialmente no interior
de matas primárias e de capoeirões (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão,
Piauí, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro) (MORIN,
2010).
Fenologia: floresce durante os meses de agosto a outubro e os frutos amadurecem entre
julho e agosto. A árvore perde folhas de julho a setembro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,79 g cm-3 a 0,95 g cm-3), dura ao corte,
textura média, grã irregular a revessa, de boa resistência e moderadamente durável. Fácil
de trabalhar, recebendo bom acabamento (LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira possui potencial de exportação, sendo conhecida no mercado externo
como batibatra. É indicada para lâminas faqueadas decorativas, confecção de móveis,
tacos e tábuas para assoalhos, batentes de portas, implementos agrícolas, carrocerias, guar-
nições, molduras para embarcações, vigas, caibros, ripas, e também para obras externas
(LORENZI, 2002).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda
espontânea. Em seguida, são quebrados manualmente para a retirada das sementes. Um
quilo de sementes contém entre 17 e 20 mil unidades. As sementes são duras e devem
ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da semeadura. Depois, coloca-
se as sementes para germinar em canteiros a pleno sol com substrato organo-arenoso.
A emergência ocorre em 10 a 15 dias e a taxa de germinação é alta (LORENZI, 2002;
RAMOS; FERRAZ, 2008).
192 Guia arbopasto
Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus:
INPA, 1979. v. 2, 187 p.
MESQUITA, A. L. Revisão taxonômica do gênero Enterolobium Mart. (Mimosoideae) para a
região neotropical. 1990. 222 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universidade Federal Rural
de Pernambuco, Recife.
MORIM, M. P. Enterolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/ FB022964>. Acesso em: 28
out. 2011.
RAMOS, M. B. P.; FERRAZ, I. D. K. Estudos morfológicos de frutos, sementes e plântulas de
Enterolobium schomburgkii Benth. (Leguminosae-Mimosoideae). Revista Brasileira de Botânica,
São Paulo, v. 31, n. 2, p. 227-235, 2008.
SILVA, A. C.; MESQUITA, A. L. Árvores da Amazônia: I. Sucupira amarela (Enterolobium
schomburgkii (Benth) Benth). Manaus: Instituto de Tecnologia da Amazônia, 1991. 14 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 193
Características de interesse
Escala visual
194 Guia arbopasto
Freijó-louro
Cordia bicolor
Fotos: Ana Karina Dias Salman
Capítulo 4 – Guia de espécies 195
Informações gerais
Nome científico: Cordia bicolor A. DC.
Família: Boraginaceae
Sinonímia botânica: Cordia araripensis (MELO et al., 2010).
Outros nomes vulgares: freijó-branco; chapéu-de-sol; pau-de-jangada (IBAMA, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 29 m de altura, com tronco reto e cilíndrico,
revestido por casca externa de cor marrom, fissurada, geralmente coberta por líquens
brancos, que lhe conferem aspecto cinza-prateado. A casca interna é de cor ocre. As folhas
são simples, alternas, com forma e tamanho variável, geralmente, com 16 cm a 23 cm de
comprimento por 6 cm a 9 cm de largura. Todas as superfícies das folhas, galhos e pecíolos
(1 cm) são cobertas com pelos curtos e duros que lhes dão uma textura áspera de lixa. As
folhas são discolores, com a superfície abaxial brancacenta. Inflorescências em panículas
terminais ou axilares, com flores hermafroditas de 8 mm de comprimento por 5 mm de
diâmetro, com cálice verde e pétalas brancas curvadas. Os frutos são drupas ovoides de
1,0 cm a 1,5 cm de diâmetro, verdes, tornando-se amarelados ou branco-translucentes,
quando maduros, e contendo uma única semente envolta em polpa gelatinosa (HARMON,
2011; MILLER, 2011; SALOMÃO et al., 1995; ZAMORA, 2000).
Características ecológicas: espécie característica de vegetação secundária, cujos frutos são
dispersados por morcegos e primatas (HARMON, 2011).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas), Centro-Oeste (Mato Grosso) (MELO
et al., 2010).
Fenologia: as árvores renovam sua folhagem entre junho e julho. A floração ocorre no mês
de julho e a dispersão dos frutos, entre outubro e dezembro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,46 cm-3 a 0,49 g cm-3), grã direita, textura
média, brilho fraco, de fácil serragem e aplainamento, e baixa durabilidade natural (IBAMA,
2011; ZANNE et al., 2009).
Usos: madeira apropriada para a indústria de laminados e para produção de papel e celu-
lose (PAULA, 1999).
Produção de mudas: sem informações na literatura para a espécie C. bicolor. Para
C. superba, recomenda-se colher os frutos maduros diretamente da árvore. Em seguida,
devem ser imersos em água, por 24 horas, e macerados em peneiras, sob água corrente,
para separação das sementes da polpa. As sementes são colocadas para secar à sombra,
em local ventilado. A semeadura deve ser feita em sacos de polietileno ou em tubetes de
polipropileno de tamanho médio (CARVALHO, 2010).
196 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2010. 644 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 4).
HARMON, P. Cordia bicolor DC. In: TREES of Costa Rica’s Pacific Slope. Disponível em: <http://
www.cds.ed.cr/teachers/harmon/page23.html>. Acesso em: 3 nov. 2011.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=6&caracteristica=202>. Acesso em: 9 ago. 2011.
MELO, J. I. M.; SILVA, L. C.; STAPF, M. N. S.; RANGA, N. T. Boraginaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.
gov.br/2010/FB016505>. Acesso em: 26 out. 10.
MILLER, J. S. Cordiaceae R. Br. ex Dumort. Flora Mesoamericana, St. Louis, v. 4, n. 2, p. 1-34,
2011. Disponível em: <http://www.tropicos.org/docs/meso/ cordiaceae.pdf>. Acesso em: 3 nov.
2011.
PAULA, J. E. Caracterização anatômica de madeiras nativas do cerrado com vistas à produção de
energia. Cerne, Lavras, v. 5, n. 2, p. 26-40, 1999.
SALOMÃO, R. P.; ROSA, N. A.; NEPSTAD, D. C.; BAKK, A. Estrutura diamétrica e breve
caracterização ecológica econômica de 108 espécies arbóreas da floresta amazônica brasileira.
Interciência, Caracas, VE, v. 20, n. 1, p. 20-29, 1995. Disponível em: <http://www.interciencia.
org/v20_01/art03/1>. Acesso em: 3 nov. 2011.
ZAMORA, N. Cordia bicolor DC. Espécies de Costa Rica. Heredia: Instituto Nacional de
Biodiversidad, 2000. Disponível em: <http://darnis.inbio.ac.cr/FMPro?-DB=UBIpub.fp3&-
lay=WebAll&-Format=/ubi/detail.html&-Op=bw&id=1965&-Find>. Acesso em: 3 nov. 2011.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 197
Características de interesse
Escala visual
198 Guia arbopasto
Freijó-preto
Cordia alliodora
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 199
Informações gerais
Nome científico: Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Cham.
Família: Boraginaceae
Sinonímia botânica: Cerdana alliodora; Cordia cerdana; C. frondosa; C. cuyabensis;
C. velutina; Gerascanthus alliodorus (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002; MELO et al.,
2011).
Outros nomes vulgares: freijó; louro-freijó; falso-louro; lourinho; louro-alho; laurel laurel
(CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore que atinge 45 m de altura e 100 cm de DAP. O tronco é
geralmente cilíndrico e reto, revestido por casca externa marrom, tornando-se branca quando
recoberta por líquens, ficando mais escura e estreitamente fissurada na maturidade. A casca
interna é clara, tornando-se escurecida quando exposta ao ar. As folhas são simples, alternas,
elípticas e apresentam pecíolos pilosos, medindo de 1 cm a 2 cm de comprimento. As lâminas
foliares medem 4 cm a 15 cm de comprimento e 2,5 cm a 4,5 cm de largura. Inflorescências
em panículas terminais ou axilares, contendo muitas flores perfumadas de cor branca.
O fruto é uma drupa elipsoide, contendo uma única semente, com as partes florais persistentes
cor-de-café (CARVALHO, 2006; LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, característica de florestas secundá-
rias, intolerante a baixas temperaturas (CARVALHO, 2006; CORDERO; BOSHIER, 2003;
LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí),
Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul) (MELO et al., 2011).
Fenologia: floresce durante os meses de maio a agosto. Os frutos amadurecem logo em
seguida, em julho a setembro (LORENZI, 2002).
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,31 g cm-3 a
0,70 g cm-3), com grã reta, ocasionalmente entrecruzada, textura lisa a média, de alto brilho.
De secagem rápida e fácil de serrar, cepilhar e lixar. Considerada durável à biodeterioração,
sendo o cerne muito mais resistente (CARVALHO, 2006).
Usos: madeira muito procurada e valorizada nos mercados internacionais, podendo
substituir a teca, nogueira, mogno e cedro, quando a cor não é um fator importante.
É empregada na fabricação de móveis, instrumentos musicais, marcenaria, carpintaria leve
e naval, interiores, assoalho, laminação e compensado (CARVALHO, 2006; CORDERO;
BOSHIER, 2003; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos quando adquirem a cor castanha. Não
há necessidade de tratamentos pré-germinativos, a não ser a retirada dos remanescentes
florais dos frutos por maceração. Um quilo de frutos contém de 20 a 42 mil unidades.
Deve-se semear os frutos assim que colhidos em sementeiras, com posterior repicagem
quando as plântulas atingem 5 cm de altura. As mudas ficam prontas para o plantio quan-
do atingem altura de 20 cm a 25 cm, aos 6 a 7 meses, após a semeadura. Também há
possibilidade de propagação vegetativa por estacas de brotações caulinares (CARVALHO,
2006; LORENZI, 2002).
200 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 627 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MELO, J. I. M.; SILVA, L. C.; STAPF, M. N. S.; RANGA, N. T. Boraginaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.
gov.br/2011/FB022271>. Acesso em: 3 nov. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 201
Características de interesse
Escala visual
202 Guia arbopasto
Ingá-peluda
Inga velutina
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 203
Informações gerais
Nome científico: Inga velutina Willd.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Inga expansa; Mimosa velutina.
Outros nomes vulgares: ingá-de-fogo; ingá-capelão (CAVALCANTE, 1996).
Características morfológicas: árvore com até 10 m de altura, geralmente com tronco
múltiplo, revestido por casca externa acinzentada, levemente fissurada. Os ramos jovens
são cobertos por densa pilosidade ferrugínea. Folhas compostas bi ou trijugadas, de
tamanho muito variável. Folíolos normais superiores com 15 cm a 20 cm por 8 cm a
12 cm, e inferiores com 5 cm a 7 cm por 3 cm a 5 cm, todos com formato largo-elípticos,
base arredondada ou subcordada e ápice obtuso, apiculado, com ambas as faces revestidas
de pelos velutinosos, ferrugíneos. Inflorescência com a raque rufo-vilosa, cerca de 7 cm
de comprimento, com flores sésseis de 10 cm de comprimento. Vagem plana, mais ou
menos espessa, arqueada ou reta, até 27 cm de comprimento e 3 cm a 5 cm de largura,
densamente recoberta de pelos ferrugíneos. Sementes de 1,5 cm, envoltas pela polpa
branca e doce (CAVALCANTE, 1996).
Características ecológicas: planta semidecídua, de pequeno porte, encontrada tanto em
ambientes de terra firme quanto de várzea (MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso do Sul) (GARCIA; FERNANDES, 2011).
Fenologia: floresce de setembro a outubro e frutifica de outubro a fevereiro.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre as características de sua
madeira.
Usos: a polpa dos frutos é comestível. A madeira serve apenas para lenha de baixa quali-
dade.
Produção de mudas: sem registros na literatura para I. velutina. Para outras espécies do
gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando maduros. Em segui-
da, abrir manualmente as vagens e retirar as sementes envoltas pelo arilo branco. Semear
imediatamente em canteiros semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno
(LORENZI, 2002).
204 Guia arbopasto
Referências
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
GARCIA, F. C. P.; FERNANDES, J. M. Inga. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB083275>.
Acesso em: 4 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; FERRAZ, J. M. M.; FERREIRA, L. A. Comportamento de
25 espécies arbóreas tropicais frutíferas introduzidas no parque Zoobotânico, Rio Branco-Acre.
Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 3, 102 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 205
Características de interesse
Escala visual
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
206
Inga alba
Ingá-vermelha
Guia arbopasto
Capítulo 4 – Guia de espécies 207
Informações gerais
Nome científico: Inga alba (Sw.) Willd.
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Inga aggregata; Inga altissima; Inga carachensis; Inga fraxinea; Inga
parviflora; Inga spruceana; Inga thyrsoidea; Mimosa alba; Mimosa fraxinea (GARCIA;
FERNANDES, 2011; TROPICOS, 2009).
Outros nomes vulgares: ingá-ferro; ingá-turi; ingá-xixi; ingá-xixica (CAVALCANTE, 1996;
GARCIA; FERNANDES, 2011; PARROTA et al., 1995).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com fuste relativamente baixo.
A casca externa é de cor cinza, estriada, geralmente recoberta por líquens. Folhas alternas,
compostas, pecioladas, com 3 a 5 pares de folíolos, os apicais geralmente maiores e mais
longos, ápice agudo ou curto-acuminado, base desigual, de aguda a obtusa, nervação
igualmente elevada nas 2 faces. A ráquis foliar é geralmente alada na porção distal, com
glândulas interpeciolulares peltadas. Inflorescência axilar em glomérulos de espigas
ou rácemos de espigas, com flores brancas sésseis, actinomorfas. Os frutos são vagens
alongadas com até 20 cm de comprimento, contendo 2 a 10 sementes globosas envoltas
em pequena quantidade de polpa branca adocicada (ALMEIDA et al., 1998; CAVALCANTE,
1996).
Características ecológicas: ocorre tanto em florestas primárias quanto secundárias. De-
senvolve-se bem tanto em áreas alagadas como nas bem drenadas (ALMEIDA et al., 1998;
PARROTA et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia),
Nordeste (Maranhão, Ceará), Centro-Oeste (Goiás), Sudeste (Minas Gerais) (GARCIA;
FERNANDES, 2011).
Fenologia: floresce de julho a setembro e frutifica de outubro a fevereiro.
Características da madeira: a madeira é moderadamente densa (0,62 g cm‑3), marrom-
clara, grã cruzada ondulada e cruzada revessa, textura média a grossa, brilho moderado
(IBAMA, 2011).
Usos: a madeira é utilizada em obras internas, carpintaria, caixotaria, andaimes e para
lenha e carvão. A polpa dos frutos é comestível (ALMEIDA et al., 1998).
Produção de mudas: sem registros na literatura para I. alba. Para outras espécies do gênero,
recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando maduros. Em seguida,
abrir manualmente as vagens e retirar as sementes envoltas pelo arilo branco. Semear
imediatamente em canteiros semissombreados ou diretamente em sacos de polietileno
(LORENZI, 2002).
208 Guia arbopasto
Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
GARCIA, F. C. P.; FERNANDES, J. M. Inga. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB022982>.
Acesso em: 7 nov. 2011.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=129&caracteristica=90>. Acesso em: 7 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
PARROTA, J. A.; FRANCIS, J. K.; ALMEIDA, R. R. Trees of the Tapajos: a photographic field guide.
Rio Piedras: IITF, 1995. 370 p. (IITF. General Technical Report, 1).
TROPICOS. Inga alba (Sw.) Willd. Missouri Botanical Garden. Disponível em: <http://www.
tropicos.org/NameSynonyms.aspx?nameid=13021157>. Acesso em: 9 dez. 2009.
Capítulo 4 – Guia de espécies 209
Características de interesse
Escala visual
210 Guia arbopasto
Ipê-amarelo
Handroanthus serratifolius
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 211
Informações gerais
Nome científico: Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Bignonia serratifolia; B. flavescens; B. conspicua; Tecoma araliacea;
T. serratifolia; T. nigricans; T. atractocarpa; T. speciosa; T. flavescens; T. conspicua;
Tabebuia araliacea; T. monticola; T. serratifolia; Handroanthus araliaceus; H. flavenscens;
Gelseminum speciosum; G. araliaceum (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: ipê-pardo; ipê-do-cerrado; pau-d’arco-amarelo; piúva-amarela
(LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 37 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca fissurada de cor marrom-claro. A casca interna é de cor creme. As folhas são
opostas, digitadas, com 3 a 7 folíolos glabros ou pubescentes, de 6 cm a 17 cm de compri-
mento por 3 cm a 7 cm de largura, com margem geralmente serreada, principalmente no
ápice. Inflorescências em panículas de corimbos, com flores amarelas. Frutos de até 50 cm
de comprimento, cilíndricos, deiscentes, verrucosos, marrons quando maduros. Sementes
retangulares, numerosas, laminares, leves, com duas asas hialinas e curtas (FERREIRA et al.,
2004; ICRAF, 2012; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003; SILVA JÚNIOR, 2005).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica da floresta pluvial den-
sa. Também ocorre em formações secundárias (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Sul (Paraná) e em todos os estados do Norte, Nordeste, Centro-
Oeste e Sudeste (LOHMANN, 2011).
Fenologia: a floração é sincronizada, rápida e anual, ocorrendo logo após a queda comple-
ta das folhas. No Acre, a floração ocorre entre julho e agosto e a frutificação entre agosto
e setembro (FERREIRA et al., 2004).
Características da madeira: é muito dura e pesada (densidade de 0,89 g cm-3 a 1,08 g cm-3),
de alta durabilidade natural, porém, moderadamente difícil de ser trabalhada. Apresenta
secagem fácil e rápida (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é própria para construções pesadas e estruturas externas, como mourões,
estacas, pontes, dormentes e postes. Também é utilizada para confecção de tacos e tábuas
de assoalho, tacos de bilhar, bengalas, eixos de rodas, implementos agrícolas e ferramentas
manuais (IBAMA, 2011; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando os primeiros
iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, são deixados ao sol para completarem sua
abertura e a liberação das sementes. Um quilo de sementes contém de 18 mil a 34 mil
unidades. A semeadura pode ser feita em canteiros ou em embalagens individuais, em
ambiente semissombreado. A germinação é rápida e abundante. A repicagem deve ser
feita quando as mudas alcançarem 3 cm a 7 cm de altura. As mudas ficam prontas para o
plantio definitivo em 5 meses (FERREIRA et al., 2004; LORENZI, 2008).
212 Guia arbopasto
Referências
FERREIRA, L.; CHALUB, D.; MUXFELDT, R. Ipê-amarelo: Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols.
Manaus: INPA, 2004. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 5). Disponível em:
<ftp://ftp.inpa.gov.br/pub/ documentos/sementes/iT/5_Ipe-amarelo.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2011.
ICRAF. International Center for Research in Agroforestry. AgroForestryTree Database: a tree
species reference and selection guide. Disponível em: <http://www.worldagroforestry.org/sea/
products/afdbases/af/index.asp>. Acesso em: 12 abr. 2012.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=245&caracteristica=178>. Acesso em: 7 nov. 2011.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil. jbrj.gov.br/2011/FB117466>. Acesso em: 7
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SILVA JÚNIOR, M. C.; SANTOS, G. C.; NOGUEIRA, P. E.; MUNHOZ, C. B. R.; RAMOS, A. E.
100 árvores do cerrado: guia de campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2005. 278 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 213
Características de interesse
Escala visual
214 Guia arbopasto
Ipê-roxo
Handroanthus impetiginosus
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 215
Informações gerais
Nome científico: Handroanthus impetiginosus Mattos
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Tabebuia impetiginosa; T. avellanedae; Tecoma impetiginosa
(CARVALHO, 2003).
Outros nomes vulgares: ipê-rosa; ipê-roxo-de-bola; ipê-una; ipê-preto; ipê-de-minas; ipê-
roxo-do-grande; piúna-roxa; pau-d’arco-roxo (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 50 m de altura. O tronco é revestido por casca
externa cinzenta e fissurada, desprendendo-se em escamas retangulares e grossas. A casca
interna é espessa, com coloração creme. As folhas são opostas, digitadas, com pecíolo
de até 11 cm de comprimento, geralmente com cinco folíolos, com margem inteira ou
levemente serreada até o ápice. Flores rosadas a lilás, tubulares, reunidas em panícula
terminal, apresentando-se em cachos em forma de bola. O fruto é uma síliqua cilíndrica
estreita, deiscente, com 12 cm a 56 cm de comprimento e 1,3 cm a 2,6 cm de largura,
contendo numerosas sementes retangulares, laminares, leves, com duas asas hialinas e
curtas (CARVALHO, 2003).
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, longeva, que ocorre tanto no interior
da floresta primária, como nas formações secundárias (CARVALHO, 2003; LORENZI,
2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro) (LOHMANN, 2011).
Fenologia: a floração é sincronizada, rápida e anual, ocorrendo logo após a queda comple-
ta das folhas. No Acre, a floração ocorre entre julho e agosto e a frutificação, entre agosto
e setembro.
Características da madeira: muito pesada (densidade de 0,92 g cm-3 a 1,08 g cm-3), bastan-
te dura ao corte, grã direita ou revessa, textura fina a média. Cheiro e gosto imperceptíveis.
Excelente durabilidade natural (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é muito valorizada, podendo ser usada para construções externas, como
dormentes, cruzetas, postes, mourões e estacas; para esquadrias e lambris, confecção de
artigos esportivos, cabos de ferramentas, implementos agrícolas e instrumentos musicais.
Também em acabamentos internos, como tacos e tábuas para assoalho e degraus de esca-
da. Sua casca é reconhecida pelas diversas propriedades medicinais (CARVALHO, 2003).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando os primeiros
iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, são deixados ao sol para completarem sua
abertura e a liberação das sementes. Um quilo de sementes contém de 9 mil a 40 mil
unidades. A semeadura pode ser feita em canteiros ou em embalagens individuais, em
ambiente semissombreado. A germinação é rápida e abundante. A repicagem deve ser feita
quando as mudas alcançarem de 3 cm a 7 cm de altura. As mudas ficam prontas para o
plantio definitivo em 4 a 6 meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
216 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. v. 1. 1.039 p.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil. jbrj.gov.br/2011/FB114086>. Acesso em: 7
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 217
Características de interesse
Escala visual
218 Guia arbopasto
Itaúba
Mezilaurus itauba
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 219
Informações gerais
Nome científico: Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez
Família: Lauraceae
Sinonímia botânica: Acrodiclidium itauba; Silvia itauba (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: itaúba-amarela; itaúba-preta; itaúba-abacate; louro-itaúba
(LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com tronco ereto e mais ou
menos cilíndrico, revestido por casca externa avermelhada, fissurada, com desprendimen-
to de placas. A casca interna é espessa, de cor creme com pontos alaranjados, contendo
óleo. Folhas alternas, simples, agregadas na ponta dos ramos, coriáceas, glabras, com
nervuras salientes e reticuladas em ambas as faces. Inflorescência em rácemos solitários
axilares, quase glabros, de 10 cm a 14 cm de comprimento, sobre pedúnculos de 2 cm a
4 cm de comprimento, com flores verde-amareladas de 1 mm. Fruto baga preta, elipsoide
e glabra, com 25 mm a 30 mm de comprimento, com aparência semelhante a um abacate,
contendo uma única semente (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2002; LOUREIRO et al., 1979).
Características ecológicas: árvore decídua. Embora seja uma planta clímax, regenera-se
facilmente em áreas abertas, seja por meio de rebrotação ou de sementes disseminadas por
pássaros (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul)
(QUINET et al., 2011).
Fenologia: floresce durante os meses de abril a maio. Os frutos amadurecem de julho a
agosto.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,66 g cm-3 a 0,96 g cm-3), com cerne
marrom-amarelado, de textura média a fina, de alta resistência mecânica e extremamente
durável (IBAMA, 2011; LORENZI, 2002; NOGUEIRA et al., 2007).
Usos: a madeira é especialmente indicada para construções externas, como estruturas de
pontes, cruzetas, dormentes, postes, mourões e estacas. Na construção civil, é usada para
vigas, ripas, caibros, tábuas e tacos para assoalhos, marcos de portas e janelas, carrocerias,
construção naval, tornearia, defensas e móveis (LORENZI, 2002).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando
iniciarem a queda espontânea ou recolhidos no chão logo após a queda. Em seguida, são
amontoados durante alguns dias em saco plástico até a decomposição parcial da polpa,
visando facilitar a remoção da semente através de lavagem em água corrente. Um quilo de
sementes contém aproximadamente 480 unidades. Semeia-se diretamente em embalagens
individuais contendo substrato organo-arenoso, mantidas à meia-sombra. A emergência
ocorre em 3 a 5 semanas e a taxa de germinação geralmente é baixa (LORENZI, 2002).
220 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
caracteristicas.php?ID=157&caracteristica=110>. Acesso em: 8 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus:
INPA, 1979. v. 2, 187 p.
NOGUEIRA, E. M.; FEARNSIDE, P. M.; NELSON, B. W.; FRANÇA, M. B. Wood density in forests of
Brazil’s ‘arc of deforestation’: implications for biomass and flux of carbon from land-use change in
Amazonia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, NL, v. 248, p. 119-135, 2007.
QUINET, A.; BAITELLO, J. B.; MORAES, P. L. R. Lauraceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do
Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/
FB023376>. Acesso em: 8 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 221
Características de interesse
Escala visual
222 Guia arbopasto
Itaubarana-do-campo
Physocalymma scaberrimum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 223
Informações gerais
Nome científico: Physocalymma scaberrimum Pohl
Família: Lythraceae
Sinonímia botânica: Physocalymma floridum; Diplodon arborus; Laphoensia scaberrima
(LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: pau-de-rosas; pau-rosa; nó-de-porco; grão-de-porco; cega-
machado; quebra-facão; roxinha (CARVALHO, 2010; LORENZI, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 25 m de altura, com tronco mais ou menos
ereto e cilíndrico, revestido por casca externa rugosa, com placas grossas retangulares, de
cor marrom-acinzentada. A casca interna é espessa, de cor marrom-clara. Folhas simples,
opostas, pecioladas, com lâminas medindo de 5 cm a 12 cm de comprimento por 3,5 cm a
8 cm de largura. Inflorescência em panícula racemosa espalhada, terminal ou subterminal
nos ramos, que são laxos e caducifólios, medindo de 10 cm a 18 cm, com flores vistosas
de cor róseo-magenta a arroxeadas. O fruto é uma cápsula deiscente, contendo muitas
sementes aladas arredondadas, medindo cerca de 6 mm de comprimento (CARVALHO,
2010; LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência predominante em ve-
getações secundárias. Produz abundante quantidade de sementes disseminadas pelo vento
(LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Tocantins, Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás,
Distrito Federal) (CAVALCANTI; GRAHAM, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce de julho a agosto. Os frutos amadurecem entre novembro e
janeiro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,77 g cm-3 a 1,03 g cm-3), muito dura
ao corte, textura grossa, resistente e moderadamente durável (ALMEIDA et al., 1998;
LORENZI, 2002).
Usos: a madeira é empregada em marcenaria de luxo, serviços de torno, construção civil e
em obras externas, como postes, mourões, dormentes, estacas e carrocerias, e na fabrica-
ção de lenha e carvão. Também apresenta potencial apícola (CARVALHO, 2010).
Produção de mudas: as infrutescências são colhidas diretamente da árvore logo após o
secamento das flores, quando algumas sementes já se desprendem pela movimentação
dos ramos. Um quilo de sementes contém aproximadamente 1 milhão de unidades.
Deve-se semear em canteiros com substrato arenoso e repicar para sacos de polietileno
ou tubetes de tamanho médio quando aparecerem as primeiras folhas definitivas, de
2 a 4 semanas após a germinação. A emergência ocorre em 3 a 5 semanas e a taxa de
germinação é média (até 50%). As mudas ficam prontas para o plantio em 6 meses,
quando atingem 20 cm de altura (CARVALHO, 2010; LORENZI, 2002).
224 Guia arbopasto
Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENCA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2010. 644 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 4).
CAVALCANTI, T. B.; GRAHAM, S. Lythraceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023480>.
Acesso em: 8 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 225
Características de interesse
Escala visual
226 Guia arbopasto
Jacarandá-de-espinho
Machaerium hirtum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 227
Informações gerais
Nome científico: Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Nissolia hirta; Machaerium acaciefolium; M. affine; M. angustifolium;
M. bolivianum; M. glabratum; M. glabripes; M. jacarandifolium; M. pilosum; M. rectipes
(FILARDI, 2011).
Outros nomes vulgares: jacarandá-bico-de-pato; jacarandá-rosa; espinheira; pau-de-angu;
pintadinho (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características morfológicas: árvore de até 21 m de altura, com tronco cilíndrico ou ligei-
ramente acanalado, revestido por casca externa acinzentada, lenticelada, frequentemente
recoberta por líquens de cores variadas, daí o nome comum de pintadinho. A casca interna é
fina, de cor alaranjada, com exsudação avermelhada pouco abundante. Ramos com estípulas
persistentes, transformadas em espinhos cônicos, de até 1,5 cm. Folhas alternas, estipuladas,
compostas imparipinadas, com até 59 folíolos oblongos, pubescentes na face inferior, de cerca
de 2 cm de comprimento por 0,5 cm de largura. Flores arroxeadas dispostas em panículas
axilares ou terminais, denso-tomentosas. Fruto do tipo sâmara falciforme, de até 5 cm de com-
primento, com ala apical, contendo uma única semente reniforme, amarelada, de 1 cm a 2 cm
de comprimento (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características ecológicas: planta decídua ou semidecídua, heliófila, pioneira e indiferente
às condições de solo. Ocorre quase que exclusivamente em formações secundárias aber-
tas, chegando a vegetar nas piores condições de solo possíveis, como pedreiras, barrancos
de estradas e até em áreas raspadas de subsolo (LORENZI, 2008)
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Tocantins, Acre), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ce-
ará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina) (FILARDI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce de maio a julho. A maturação de seus frutos ocorre de junho
a agosto.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,66 g cm-3), de cor
amarelada, macia ao corte, de baixa durabilidade quando exposta (LORENZI, 2008; SILVA
JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Usos: a madeira é empregada em construção civil e para a confecção de caixotaria, objetos
leves e carvão (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a
queda espontânea. Um quilo de frutos contém de 1.900 a 4.000 unidades. Colocá-los
para germinar, logo que colhidos, diretamente em recipientes individuais, mantidos em
ambiente semissombreado (sensível ao transplantio). A emergência ocorre em 25 a 35
dias e a germinação geralmente é baixa. O desenvolvimento das mudas é rápido, ficando
prontas para o plantio no local definitivo em 4 a 5 meses (LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR;
PEREIRA, 2009).
228 Guia arbopasto
Referências
FILARDI, F. L. R. Machaerium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB023059>. Acesso em: 9
nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 229
Características de interesse
Escala visual
230 Guia arbopasto
Japecanga
Machaerium tortipes
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 231
Informações gerais
Nome científico: Machaerium tortipes Hoehne
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: não há.
Outros nomes vulgares: espinho-de-judeu; pau-cipó (FILARDI, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa cinza, escamosa, estriada e lenticelada. A casca interna é espessa,
alaranjada a rosada, com exsudação alaranjada. Ramos com estípulas persistentes,
transformadas em espinhos triangulares de até 3,5 cm de comprimento. Folhas compostas,
imparipinadas, com até 29 folíolos alternos, ápice obtuso, cartáceos, discolores.
Inflorescências em rácemos ou panículas axilares ou terminais, com flores sésseis de 10
mm de comprimento, linear-lanceoladas, de cor arroxeada. Fruto do tipo sâmara falciforme,
de até 7,5 cm de comprimento, fulvo-puberulento, com ala apical, contendo uma única
semente (FILARDI, 2011).
Características ecológicas: planta decídua ou semidecídua, heliófila e pioneira. Ocorre
predominantemente em vegetações secundárias e pastagens cultivadas. Trata-se de uma
leguminosa fixadora de nitrogênio, cuja nodulação foi confirmada pelos autores em Rio
Branco, AC.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Peru e na Bolívia (FILARDI,
2012; MENDONÇA-FILHO et al., 2007).
Fenologia: floresce de fevereiro a março. A maturação dos frutos ocorre de julho a agosto.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade de sua madeira.
De acordo com produtores entrevistados no Acre, a madeira é de baixa qualidade.
Usos: pelo conhecimento atual sobre a espécie, seu principal uso é como fornecedora de
serviços em pastagens cultivadas, especialmente sombra para o gado e fixação biológica
de nitrogênio.
Produção de mudas: sem registros na literatura para M. tortipes. Para outras espécies do
gênero, recomenda-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda
espontânea. E, logo que colhidos, colocá-los para germinar diretamente em recipientes
individuais, mantidos em ambiente semissombreado (LORENZI, 2008).
232 Guia arbopasto
Referências
FILARDI, F. L. R. Machaerium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB023065>. Acesso em: 5
abr. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MENDONÇA-FILHO, C. V.; TOZZI, A. M. G. A.; FORNI-MARTINS, E. R. Revisão taxonômica
de Machaerium sect. Oblonga (Benth.) Taub. (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae).
Rodriguesia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 2, p. 283-312, 2007.
Capítulo 4 – Guia de espécies 233
Características de interesse
Escala visual
234 Guia arbopasto
Jatobá
Hymenaea courbaril var. courbaril
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 235
Informações gerais
Nome científico: Hymenaea courbaril L. var. courbaril
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: Hymenaea courbaril var. obtusifolia (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: jutaí; jutaí-açu; jataí; jataí-grande (MELO; MENDES, 2005).
Características morfológicas: árvore com até 50 m de altura, tronco reto e cilíndrico,
revestido por casca externa cinza-claro, estriada e lenticelada. A casca interna é espessa
(até 3 cm), de cor rosada. As folhas são alternas, compostas de 2 folíolos assimétricos,
coriáceos, glabros e brilhantes. Flores brancas reunidas em inflorescências racemosas
terminais. O fruto é uma vagem indeiscente, de 8 cm a 15 cm de comprimento, com
casca espessa, dura, castanho-avermelhada, contendo 2 a 6 sementes vermelho-escuras,
envoltas por uma polpa seca, farinácea, amarelo-pálida, de sabor e cheiro característicos
(ÁVILA, 2006; CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003;
MELO; MENDES, 2005).
Características ecológicas: espécie secundária tardia ou clímax exigente de luz, semicadu-
cifólia, característica do interior da floresta primária (CARVALHO, 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal,
Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro)
(LIMA, 2011).
Fenologia: floresce de outubro a dezembro e frutifica entre maio e outubro.
Características da madeira: pesada a muito pesada (densidade de 0,8 g cm-3 a 1,0 g cm-3),
dura, com cerne vermelho a castanho-avermelhado, com manchas escuras, grã regular,
ondulada ou diagonal, textura média a relativamente grosseira, superfície pouco lustrosa.
Moderadamente difícil de trabalhar, recebendo acabamento agradável. Altamente durável
em solo seco (ÁVILA, 2006; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira possui excelente aceitação no mercado externo, sendo empregada em
construção civil, pisos, marcenaria, peças torneadas, instrumentos musicais, implementos
agrícolas, cabos de ferramentas e laminados. Fornece a resina conhecida como jutaicica
ou copal, exsudada pelo tronco e raízes, empregada na indústria de vernizes e incensos.
O endocarpo dos frutos é comestível, podendo ser utilizado na alimentação humana ou
de animais domésticos. A casca e a seiva do tronco são utilizadas na fitoterapia popular.
Produção de mudas: deve-se coletar os frutos caídos ao chão e quebrá-los com martelo
para extração das sementes. Essas devem ser lavadas em água para separação da polpa
farinhosa. O número de sementes, por quilo, varia de 150 a 500. Para superação da
dormência, recomenda-se: escarificação mecânica seguida de imersão em água, por 24
horas; imersão em água quente até a temperatura voltar à ambiente; imersão em ácido
sulfúrico concentrado por 30 minutos, seguida por lavagem em água corrente por 10
minutos. Depois, distribui-se uma semente em sacos de polietileno ou tubetes de tamanho
grande. A germinação inicia em 12 dias e as mudas ficam prontas em 2 a 4 meses.
A semeadura direta no campo também é preconizada (ÁVILA, 2006; CARVALHO, 2003;
CAVALCANTE, 1996; MELO; MENDES, 2005).
236 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LIMA, H. C. Hymenaea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB083197>. Acesso em: 10 nov. 2011.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 1, 245 p.
MELO, M. G. G.; MENDES, A. M. S. Jatobá: Hymenaea courbaril L. Manaus: INPA, 2005.
(Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 9). Disponível em: <http://leaonet.com/
sementesrsa/sementes/pdf/doc9.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 237
Características de interesse
Escala visual
238 Guia arbopasto
Jenipapo
Genipa americana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 239
Informações gerais
Nome científico: Genipa americana L.
Família: Rubiaceae
Sinonímia botânica: Gardenia genipa; G. brasiliensis, Genipa americana var. caruto; G.
barbata; G. brasiliana; G. caruto; G. codonocalyx; etc (ZAPPI, 2011).
Outros nomes vulgares: jenipapeiro; jenipá; jenipapinho; janipaba (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e
reto, revestido por casca externa pardo-clara a cinza-esverdeada, lenticelada, recoberta
de líquens. A casca interna é creme, de textura arenosa. As folhas são simples, opostas,
oblongo-obovadas, com até 35 cm de comprimento, agrupadas na extremidade dos ramos.
Flores hermafroditas, campanuladas, de corola branca a amarela, de 1,8 cm a 4 cm de
comprimento, suavemente aromática. O fruto é uma baga globosa, de 7 cm a 9 cm de
diâmetro, pesando de 200 g a 400 g, com epicarpo pardo, carnoso, suculento, com polpa
comestível. As sementes são achatadas, com tegumento duro e coriáceo. (CARVALHO,
2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008)
Características ecológicas: árvore decídua, heliófila, classificada como pioneira a secun-
dária tardia. É comum em toda a Amazônia brasileira, principalmente nas várzeas ao longo
dos rios. O processo reprodutivo inicia-se a partir do quinto ano de idade, com produção
de até 600 frutos por árvore adulta (CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO;
BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amapá, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná) (ZAPPI, 2011).
Fenologia: no Acre e em Rondônia, floresce entre outubro e dezembro. Os frutos amadu-
recem entre outubro e novembro.
Características da madeira: moderadamente pesada (0,62 g cm-3 a 0,71 g cm-3), flexível,
compacta, de cor branco-marfim, fácil de ser trabalhada, textura fina, de longa durabili-
dade quando não exposta ao solo e à umidade (CARVALHO, 2003; CAVALCANTE, 1996;
LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é considerada de primeira qualidade, sendo usada em construção naval e
civil, móveis de luxo, palitos de fósforo e de dente, marcenaria, coronhas de armas, cabos
de ferramentas e de máquinas agrícolas, estatuetas e chapas decorativas. Também pode ser
usada na fabricação de papel. Os frutos são utilizados na forma de compotas, vinhos, licores,
geleias e doces cristalizados. A árvore pode ser utilizada para recomposição de matas ciliares
e plantada nas margens de represas de piscicultura para alimentação dos peixes (CARVA-
LHO, 2003; CAVALCANTE, 1996; CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos quando começam a cair no chão e despolpá-
los manualmente, para extração das sementes. Essas devem ser postas em peneiras, para
secagem à sombra, em local bem ventilado. O número de sementes por quilo varia de
12 mil a 34 mil. Semear em canteiros e repicar para sacos de polietileno ou tubetes de
polipropileno grande quando as plântulas atingirem de 3 cm a 5 cm de altura. As mudas
ficam prontas em 7 a 9 meses (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
240 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6. ed. Belém: Museu Paraense Emílio
Goeldi: CNPq, 1996. 279 p.
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
ZAPPI, D. Genipa. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011.
Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB014045>. Acesso em: 16 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 241
Características de interesse
Escala visual
242 Guia arbopasto
Jurema
Chloroleucon mangense var. mathewsii
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 243
Informações gerais
Nome científico: Chloroleucon mangense var. mathewsii (Benth.) Barneby & J.W. Grimes
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: Pithecolobium mathewsii (IGANCI, 2011).
Outros nomes vulgares: sem registros na literatura.
Características morfológicas: árvore de até 18 m de altura, com tronco geralmente aca-
nalado e curto, recoberto por casca externa lisa e marmorizada, marcada pela escamação
laminar. Folhas compostas, bipinadas, com 4 a 5 pares de pinas e 8 a 20 pares de folíolos
por pina. Possui estípulas lanceoladas, caducas, de até 8 mm de comprimento. Geralmente,
apresenta espinhos nos ramos, porém há indivíduos inermes. Flores de coloração creme,
com até 1,5 cm de comprimento (incluindo os estames), reunidas em capítulos. Frutos
legumes deiscentes, com formato variando de quase reto a espiralado, com até 25 cm de
comprimento, de cor castanho-escuro quando maduro, contendo até 28 sementes duras
(BARNEBY; GRIMES, 1996; MENESES FILHO et al., 1995; PENNINGTON et al., 2004).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica de florestas secundárias
em ambientes de terra firme (MENESES FILHO et al., 1995). Trata-se de uma leguminosa
fixadora de nitrogênio, cuja nodulação foi confirmada pelos autores em indivíduos jovens,
em Rio Branco, AC.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso) (IGANCI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce em abril e frutifica entre agosto e setembro.
Características da madeira: sem registros na literatura para a variedade mathewsii. Para
a variedade leucospermum, existente no México, a madeira foi classificada como muito
pesada (densidade de 0,99 g cm-3) (BARAJAS-MORALES, 1987).
Usos: a madeira aparentemente se presta apenas para lenha. Trata-se de uma espécie com
potencial para fornecimento de serviços em pastagens cultivadas, tais como sombra para o
gado e fixação biológica de nitrogênio.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, são levados ao sol para completarem sua abertura e a liberação das sementes.
As sementes precisam de escarificação mecânica com lixa para superação da dormência
tegumentar. Devem ser semeadas em canteiros a pleno sol, contendo substrato arenoso
e, 2 a 3 semanas após a germinação, repica-se as plântulas para sacos de polietileno ou
tubetes de tamanho médio.
244 Guia arbopasto
Referências
BARAJAS-MORALES, J. Wood specific gravity in species from two tropical forests in Mexico.
International Association of Wood Anatomists Bulletin, Utrecht, v. 8, p. 143–148, 1987.
BARNEBY, R. C.; GRIMES, J. W. Silk tree, Guanacaste, Monkey’s earring: a generic system for the
synandrous Mimosaceae of the Americas: Part. I. Abarema, Albizia, and Allies. New York: The
New York Botanical Garden, 1996. 292 p. (Memoirs of the New York Botanical Garden, 74).
IGANCI, J. R. V. Chloroleucon. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB022880>. Acesso em: 17
nov. 2011.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A. Comportamento
de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no parque zoobotânico, Rio Branco -
Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
PENNINGTON, T. D.; REYNEL, C.; DAZA, A. Illustrated guide to the trees of Peru. Sherborn:
David Hunt, 2004. 848 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 245
Características de interesse
Escala visual
246 Guia arbopasto
Limãozinho
Zanthoxylum riedelianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 247
Informações gerais
Nome científico: Zanthoxylum riedelianum Engl.
Família: Rutaceae
Sinonímia botânica: Fagara cinerea; F. riedeliana; F. duckei; F. latespinosa; F. prancei;
F. williamii; Zanthoxylum cinereum; Z. cuiabense; Z. duckei; Z. latespinosum; Z. prancei;
Z. williamii; Z. kellermanii (LORENZI, 2008; PIRANI, 2011).
Outros nomes vulgares: limãozinho-amarelo; laranjeira-brava; mamica-de-porca;
tamanqueira (LORENZI, 2008; PIRANI, 2011).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico ou
acanalado, reto, revestido por casca externa rugosa, variando de cinza a esverdeada,
recoberta por líquens, com abundantes acúleos cônicos. A casca interna tem uma camada
inicial amarela, seguida por camadas alternadas de cor rosada e branca. Folhas alternas,
espiraladas, compostas imparipinadas ou paripinadas, com até 17 pares de folíolos, elípticos
a oblongo-elípticos, ápice acuminado. Inflorescências em panículas terminais multifloras,
com flores branco-amareladas. Os frutos são pequenos plurifolículos globosos, com 3 a
5 folículos parcialmente soldados entre si, cada um contendo uma semente negra, brilhante,
elipsoide (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira. É encontrada principalmen-
te em formações abertas e secundárias (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São
Paulo), Sul (Paraná) (PIRANI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce entre março e abril e os frutos amadurecem entre agosto e
outubro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,39 g cm-3 a 0,46 g cm-3), de coloração
amarelo pálido, macia ao corte, textura média, fácil de trabalhar, medianamente resistente
ao ataque de organismos xilófagos (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é empregada para acabamentos internos em construção civil, como forros,
molduras, rodapés, para marcenaria leve, carpintaria, cabos de ferramentas e instrumentos
agrícolas (CORDERO; BOSHIER, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem
a abertura espontânea. Em seguida, deixá-los ao sol para completar sua abertura e a
liberação das sementes. Um quilograma de sementes contém entre 21,6 mil e 40,2 mil
unidades. As sementes apresentam dormência, devendo ser lavadas com água e sabão
para eliminar a película protetora, elevando o poder germinativo de 35% a 47% para 90%
a 100%. Coloca-se as sementes para germinação em canteiros, com posterior repicagem
para sacos de polietileno ou tubetes de polipropileno médio, quando atingirem de 4 cm a
6 cm. A emergência ocorre de 35 a 90 dias, após a semeadura. As mudas atingem o
tamanho ideal para o plantio no local definitivo em 9 ou 10 meses (CORDERO; BOSHIER,
2003; LORENZI, 2008).
248 Guia arbopasto
Referências
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PIRANI, J. R. Zanthoxylum. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB001169>. Acesso em: 17
nov. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 249
Características de interesse
Escala visual
250 Guia arbopasto
Marfim
Rauvolfia praecox
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 251
Informações gerais
Nome científico: Rauvolfia praecox K. Schum. ex Markgr.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: marfim-fedorento; marfim-de-porco (KOCH, 2002).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
recoberto por casca externa acinzentada, rugosa e fissurada. A casca interna é espessa,
de cor marfim salpicada de pontos alaranjados. Apresenta de 2 a 4 ramos por verticilo,
esparsamente lenticelados. As folhas são simples, verticiladas, com 3 a 4 por verticilo,
glabras, brilhantes na face adaxial, medindo até 19 cm de comprimento e 5 cm de largura,
com pecíolos de 1 cm a 3 cm. Inflorescência apenas nos verticilos terminais, com flores
de cor lilás a roxa, com corola tubulosa. Os frutos são drupas sincárpicas, 2 cm a 3 cm x
2 cm a 3 cm, elípticas a globosas, verdes quando imaturas, com superfície do epicarpo lisa,
endocarpo elíptico, achatado, de superfície rugosa (KOCH, 2002).
Características ecológicas: ocorre em ambientes de floresta tropical, de terra firme ou
clareiras (KOCH, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Equador, Peru e Bolívia
(KOCH, 2002; KOCH; RAPINI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce em abril e frutifica entre setembro e outubro.
Características da madeira: leve (densidade de 0,43 g cm-3 a 0,49 g cm-3) (ZANNE et al.,
2009), cor de marfim. Trata-se de uma espécie carente de maiores estudos sobre as carac-
terísticas da madeira.
Usos: a madeira é utilizada localmente em marcenaria, na fabricação de móveis, e para
tábuas.
Produção de mudas: sem registros na literatura para R. praecox. Para R. sellowii, recomen-
da-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou
do chão após a sua queda. Esses podem ser semeados diretamente, sem necessidade de
despolpamento. Entretanto, em caso de necessidade de armazenamento ou transporte, é
conveniente despolpá-los. Para isso, deixam-se os frutos amontoados por alguns dias para
iniciar a decomposição e facilitar a retirada da polpa. Em seguida, deve-se lavá-los em
água corrente e deixá-los secar à sombra. Depois, semeá-los em recipientes individuais
contendo substrato organo-argiloso, mantidos em ambiente semissombreado (LORENZI,
2008).
252 Guia arbopasto
Referências
KOCH, I. Estudos das espécies neotropicais do gênero Rauvolfia L. (Apocynaceae). 2002. 292 f.
Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.
KOCH, I.; RAPINI, A. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro:
Jardim Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB021942>. Acesso
em: 18 nov. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 253
Características de interesse
Escala visual
254 Guia arbopasto
Moreira
Maclura tinctoria
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 255
Informações gerais
Nome científico: Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud.
Família: Moraceae
Sinonímia botânica: Chlorophora tinctoria; C. reticulata; Morus tinctoria; M. zanthoxylon;
Maclura affinis; M. chlorocarpa; M. velutina; M. zanthoxylon (CARVALHO, 2003;
LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: amarelinho; amoreira; amora-brava; taiúva; tatajuba; tatajuba-de-
espinho (CARVALHO, 2003)
Características morfológicas: árvore de até 37 m de altura, com tronco geralmente
tortuoso. Todas as partes da planta exsudam látex amarelo. A casca externa varia de cinza-
claro a amarelo-esverdeado, com presença de lenticelas. A casca interna é esbranquiçada
ou alaranjada. Apresenta espinhos na base e nas extremidades dos galhos. As folhas são
simples, alternas, com margens serreadas, discolores. Planta dioica, com inflorescências
femininas em capítulos globosos, axilares, com 10 mm de diâmetro. Inflorescências
masculinas em espigas axilares, com 3 cm a 11 cm de comprimento. Frutos múltiplos,
apocárpicos, de até 2 cm de diâmetro, globosos, carnosos, adocicados e comestíveis. As
sementes são numerosas, achatadas, com até 3 mm de comprimento (CARVALHO, 2003;
LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, frequente nas formações secundárias
e rara na floresta primária. Considerada planta indicadora de solos de fertilidade química
alta. Tem capacidade de rebrotar após o corte (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Ceará, Pernambuco, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul), Sudeste e Sul (todos os estados) (ROMANIUC NETO et al., 2011).
Fenologia: floresce a partir de agosto, com a planta quase sem folhas, indo até outubro.
Os frutos amadurecem em dezembro e janeiro (LORENZI, 2008).
Características da madeira: pesada (densidade de 0,75 g cm-3 a 0,97 g cm-3), dura,
flexível, grã revessa, fácil de trabalhar, recebendo bom acabamento, de alta resistência à
decomposição (CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008; LOUREIRO et al., 1979).
Usos: a madeira é recomendada para obras que exigem grande resistência, podendo
substituir a teca na construção naval. Também é indicada para fabricação de móveis e
peças torneadas, e para construções externas, como postes, esteios, moirões, etc. A lenha é
de boa qualidade. Fornece também corantes e pigmentos. A seiva é utilizada, na medicina
popular, como cicatrizante e para dor de dente. Indicada para recomposição de mata ciliar
(CARVALHO, 2003; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: o fruto deve ser coletado quando muda de cor. Em seguida, deve ser
lavado, macerado e passado em peneira, para separar as sementes, que devem secar ao ar
livre. Um quilo de sementes contém cerca de 250 mil a 384 mil unidades. Recomenda-se
semear em canteiros e depois repicar as plântulas para embalagens individuais, de 4 a 6
semanas após a germinação. As mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 4
meses após a semeadura (CARVALHO, 2003; CORDERO; BOSHIER, 2003).
256 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 1.039 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 1).
CORDERO, J.; BOSHIER, D. H. (Ed.). Árboles de Centroamérica: un manual para extensionistas.
Turrialba: Catie, 2003. 1.079 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
LOUREIRO, A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da Amazônia. Manaus: INPA,
1979. v. 2, 187 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
ROMANIUC NETO, S.; CARAUTA, J. P. P.; VIANNA FILHO, M. D. M.; PEREIRA, R. A. S.; RIBEIRO,
J. E. L. S. MACHADO, A. F. P.; SANTOS, A.; PELISSARI, G.; PEDERNEIRAS, L. C. Moraceae. In:
LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2011. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB010186>. Acesso em: 16 dez. 2011.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 257
Características de interesse
Escala visual
258 Guia arbopasto
Mulateiro
Calycophyllum spruceanum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 259
Informações gerais
Nome científico: Calycophyllum spruceanum (Benth.) K. Schum
Família: Rubiaceae
Sinonímia botânica: Eukylista spruceana (LORENZI, 2008).
Outros nomes vulgares: mulateiro-da-várzea; pau-mulato; pau-mulato-da-várzea; pau-
marfim; escorrega-macaco (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
revestido por casca externa lisa, marrom-esverdeada, lustrosa, que descama anualmente
em longas tiras avermelhadas. A casca interna é muito delgada, com 1 mm a 2 mm de
espessura, de cor creme-esverdeada. Folhas com estípulas caducas, opostas cruzadas, sim-
ples, glabras, de 9 cm a 17 cm de comprimento por 6 cm a 7 cm de largura. Flores brancas,
bissexuadas, reunidas em cimeiras apicais. O fruto é uma cápsula elipsoidal, com 10 mm
de comprimento, pubescente, que se abre em duas valvas quando maduro. As sementes
diminutas, com apenas 4 mm de comprimento, são aladas em ambas as extremidades
(ALMEIDA, 2004; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta heliófila ou esciófila, higrófila, característica da mata
de várzea permanentemente inundada da floresta pluvial amazônica. Pode ser encontrada
tanto em floresta primária como em formações secundárias. Ocorre geralmente em agru-
pamentos quase homogêneos (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre). Também ocorre na Colômbia, Equador,
Peru e Bolívia (ALMEIDA, 2004; ZAPPI, 2011).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de março a maio e frutifica de maio a setembro
(OLIVEIRA et al., 1992).
Características da madeira: moderadamente pesada a pesada (densidade de 0,65 g cm-3
a 0,78 g cm-3), dura, compacta, fácil de trabalhar, bastante resistente à deterioração, de
coloração branco-pardacenta (ALMEIDA, 2004; LORENZI, 2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é empregada para marcenaria, esquadrias, molduras, caibros, cabos de
ferramentas, artigos torneados, compensados, pisos, construção naval. Também é excelen-
te para lenha, por seu alto poder calorífico e por queimar ainda verde (ALMEIDA, 2004;
LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003). É uma espécie apropriada para recomposição de
matas ciliares. No Acre, alguns pecuaristas utilizam suas estacas para cerca viva.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, antes da abertura das
valvas e quando apresentarem coloração avermelhada. Em seguida, devem ser espalhados
em local arejado, seco e à sombra, para abertura e liberação das sementes. Um quilo de
sementes contém de 6 milhões a 9 milhões de unidades. Coloca-se as sementes para ger-
minação em canteiros, utilizando-se terra vegetal como substrato, cobrindo-as levemente
com o substrato peneirado, devido à necessidade de luz para a germinação. Para evitar o
deslocamento das minúsculas sementes durante a irrigação, cobre-se o canteiro com saco
de estopa, retirando-o logo que iniciar a emergência (20 a 40 dias). A repicagem deve
ocorrer quando as plântulas atingirem 4 a 6 cm de altura (ALMEIDA, 2004; LORENZI,
2008).
260 Guia arbopasto
Referências
ALMEIDA, M. de C. Pau-mulato-da-várzea Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K.
Schum. Manaus: INPA, 2004. p. 1-2. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 6).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
OLIVEIRA, M. V. N. d’; MENDES, I. M. S.; SILVEIRA, G. S. Estudo do mulateiro, Calycophyllum
spruceanum Benth, em condições de ocorrência natural e em plantios homogêneos. Rio Branco:
EMBRAPA-CPAF-Acre, 1992. 17 p. (EMBRAPA-CPAF-Acre. Boletim de Pesquisa, 8).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
ZAPPI, D. Calycophyllum. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB024394>. Acesso em: 19
dez. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 261
Características de interesse
Escala visual
262 Guia arbopasto
Mulungu-duro
Ormosia nobilis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 263
Informações gerais
Nome científico: Ormosia nobilis
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: mulungu; mulungu-liso; tento; tenteiro (RUDD, 1965).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa cinzenta, fendida. A casca interna é amarelada com presença de grânulos
esbranquiçados. Folhas compostas, alternas e dispostas em espiral, imparipinadas, com 3
a 11 folíolos coriáceos ou subcoriáceos, medindo de 5 cm a 35 cm de comprimento por 2
cm a 20 cm de largura, com nervuras secundárias proeminentes na face abaxial, paralelas,
formando um ângulo de 50o a 70o, com a nervura central. Flores roxas medindo de 15 mm
a 22 mm de comprimento, reunidas em inflorescências terminais. O fruto é um legume
bivalvar, deiscente, coriáceo, medindo 2,5 cm a 7,5 cm de comprimento, contendo até 6
sementes bicolores, vermelhas com manchas pretas (RUDD, 1965).
Características ecológicas: planta semidecídua, que ocorre tanto em ambiente de terra
firme quanto de várzea (MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre), Nordeste (Maranhão). Também ocorre
na Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela (MEIRELES, 2012; RUDD, 1965)
Fenologia: a floração ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Os frutos amadurecem entre
setembro e outubro, porém permanecem na árvore por muitos meses.
Características da madeira: moderadamente pesada (densidade de 0,50 g cm-3 a
0,60 g cm-3), cerne róseo com tonalidade avermelhada, bem destacado do alburno de cor
amarelado brilhante, textura média, grã regular, sem distinção de odor ou gosto, superfície
brilhosa, recebe acabamento grosseiro, com polimento atrativo. Na Amazônia, existem
outras espécies (O. coccinea, O. flava e O. paraensis) que produzem madeira de qualidade
superior (LOUREIRO; LISBOA, 1979).
Usos: a madeira é utilizada para a confecção de caibros, ripados, lenha e carvão
(LOUREIRO; LISBOA, 1979). As sementes são utilizadas para fabricação de artesanatos.
Produção de mudas: sem registros na literatura para O. nobilis. Para O. arborea, recomenda-
se coletar os frutos diretamente da árvore quando estiverem abertos, expondo-se a semente.
As sementes apresentam dormência tegumentar e precisam de escarificação mecânica
com lixa. A taxa de germinação de sementes não tratadas é quase nula. Deve-se semear
em embalagens individuais, contendo substrato organo-argiloso, mantidas em ambiente
semissombreado, irrigando-se duas vezes ao dia. O desenvolvimento das mudas é lento
(LORENZI, 2008).
264 Guia arbopasto
Referências
LOUREIRO, A. A.; LISBOA, P. L. B. Anatomia do lenho de seis espécies de Ormosia (Leguminosa)
da Amazônia. Acta Amazonica, Manaus, v. 9, n. 4, p. 731-746, 1979.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MEIRELES, J. E. Ormosia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB029804>. Acesso em: 4. abr. 2012.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; SASSGAWA, M. R. Y.; FERREIRA, L. A. Comportamento
de 21 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no parque zoobotânico, Rio Branco -
Acre. Rio Branco: UFAC, 1995. v. 2, 80 p.
RUDD, V. E. The American species of Ormosia (Leguminosae). Contributions from the United
States National Herbarium, Washington, DC, v. 32, part 5, p. 279-384, 1965.
Capítulo 4 – Guia de espécies 265
Características de interesse
Escala visual
266 Guia arbopasto
Mulungu-mole
Erythrina ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 267
Informações gerais
Nome científico: Erythrina ulei Harms
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Erythrina xinguensis (LIMA, 2011).
Outros nomes vulgares: mulungu; periquiteira.
Características morfológicas: árvores com até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
ramificado no terço final. Casca externa de coloração marrom-esverdeada a ocre, com lentice-
las pequenas formando estrias longitudinais, com espinhos cônicos e afiados. A casca interna
possui coloração creme-claro, oxidando rapidamente, a marrom-claro, quando exposta. Folhas
compostas trifolioladas, alternas e dispostas em espiral, com 30 cm a 50 cm de comprimento,
sustentada por pecíolo de 10 cm a 15 cm de comprimento. Folíolos jovens com textura de
papel e pubérulos, posteriormente glabros e cartáceos, de coloração verde-escura em ambas
as faces. Os terminais são elípticos e ovalados, com 13 cm a 27 cm de largura e 11 cm a 26 cm
de comprimento; os laterais são um pouco menores. Os peciólulos apresentam duas glândulas
conspícuas na base. Inflorescências em rácemos terminais com 15 cm a 30 cm de comprimen-
to, com pedúnculo glabro e numerosas flores vermelhas na metade distal. Os frutos são vagens
finas de 12 cm a 15 cm de comprimento, com superfície glabra, geralmente contendo três
sementes de cor marrom-café, parecidas com o feijão (ABANTO, 2005; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: é uma espécie heliófila, comum em floresta secundária. Os fru-
tos são muito apreciados por periquitos. Trata-se de uma leguminosa nodulífera (REYNEL
et al., 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Acre, Amazonas), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás,
Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais). Também ocorre no Equador, Colômbia e Peru
(LIMA, 2011; REYNEL et al., 2003).
Fenologia: floresce nos meses de maio a setembro, com a árvore completamente desfo-
lhada. Frutifica de julho a setembro e a dispersão das sementes ocorre entre setembro e
outubro (ABANTO, 2005).
Características da madeira: muito leve (densidade de 0,11 g cm-3) e macia, de baixa dura-
bilidade natural.
Usos: a madeira é de baixa qualidade, prestando-se apenas para confecção de caixas para
embalagens. A espécie tem sido utilizada para formar cercas vivas em pastagens (ABANTO,
2005).
Produção de mudas: esta espécie pode ser propagada por sementes ou com uso de estacas
de 3 cm a 5 cm de diâmetro e 1 m a 1,2 m de comprimento. Os frutos devem ser colhidos
quando iniciarem a queda espontânea. A semeadura deve ser feita logo após a colheita,
sem necessidade de tratamentos pré-germinativos, diretamente em embalagens individu-
ais contendo substrato organo-arenoso. A emergência é rápida e a taxa de germinação é
superior a 90%. As mudas ficam prontas para o plantio no local definitivo em 60 a 90 dias
(REYNEL et al., 2003).
268 Guia arbopasto
Referências
ABANTO, V. A. A. Estudio taxonómico e histológico de seis especies del género Erythrina
L. (Fabaceae). 2005. 117 f. Dissertação (Mestrado em Botânica Tropical) – Departamento de
Botânica, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, PE.
LIMA, H. C. Erythrina. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB029678>. Acesso em: 19 dez. 2011
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
WOODCOCK, D. W. Wood specific gravity of trees and forest types in the Southern Peruvian
Amazon. Acta Amazonica, Manaus, v. 30, n. 4, p. 589-599, 2000.
Capítulo 4 – Guia de espécies 269
Características de interesse
Escala visual
270 Guia arbopasto
Murmuru
Astrocaryum ulei
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 271
Informações gerais
Família: Arecaceae
Características morfológicas: palmeira com caule (estipe) simples ou cespitoso, com até
8 m de altura e 30 cm de diâmetro. Folhas pinadas, em número de 8 a 14, com bainha e
pecíolo com até 1,2 m de comprimento, armados com espinhos negros achatados de até
30 cm de comprimento. Raque com até 5,1 m de comprimento, com espinhos negros. Pinas
lineares em número de 85 a 115, em cada lado da raque. Inflorescências e infrutescências
eretas. Frutos subglobosos, obovoides ou de forma cônica invertida, com 3,1 cm a 6,2 cm
de comprimento e 2,5 cm a 3,5 cm de diâmetro; epicarpo com um indumento acastanhado,
coberto por cerdas e pequenos espinhos; mesocarpo de cor amarela, carnoso, fibroso, de
forte aroma e de sabor doce-acidulado. Sementes (amêndoas) com 2,1 cm a 4,0 cm de
comprimento (KAHN; MILLÁN, 2009; LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: palmeira típica de florestas primárias, tanto de terra firme quan-
to periodicamente alagadas, também encontrada com frequência em áreas secundárias
(capoeiras) e pastagens cultivadas. Os frutos são muito apreciados por animais silvestres
(pacas, veados e cutias) (FERREIRA, 2006).
Usos: o mesocarpo do fruto é comestível, porém não muito apreciado em razão do seu
alto teor de óleo. No Acre, exploram-se populações nativas da palmeira para produção de
óleo, utilizado na indústria de cosméticos por suas propriedades hidratantes excepcionais.
O óleo também pode ser utilizado na fabricação de margarinas (DALY, 2010; LORENZI
et al., 2010; SOUZA et al., 2004).
Referências
DALY, D. C. Murumuru: parente do tucumã. In: SHANLEY, P.; SERRA, M.; MEDINA, G. (Ed.).
Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. 2. ed. Bogor: Cifor; Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnólogica; Belém: Embrapa Amazônia Oriental; Manaus: Embrapa Amazônia
Ocidental, 2010. p. 227.
FERREIRA, E. L. Manual das palmeiras do Acre, Brasil. Rio Branco: Instituto Nacional Pesquisas
da Amazônia: Universidade Federal do Acre, 2006. 212 p. Disponível em: <http://www.nybg.org/
bsci/acre/www1/manual_palmeiras.html>. Acesso em: 31 ago. 2009.
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LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L.; MARTINS, R.C. Arecaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
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embriões zigóticos de murmuru (Astrocaryum ulei). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 2,
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SOUSA, J. A.; RAPOSO, A.; SOUSA, M. M. M.; MIRANDA, E. M.; SILVA, J. M. M.; MAGALHÃES,
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Embrapa Acre, 2004. 30 p. (Seprof. Documento Técnico, 1).
Capítulo 4 – Guia de espécies 273
Características de interesse
Escala visual
274 Guia arbopasto
Parapará
Jacaranda copaia
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 275
Informações gerais
Nome científico: Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don
Família: Bignoniaceae
Sinonímia botânica: Bignonia copaia; B. procera; Kordelestris syphilitica; Jacaranda
amazonensis; J. paraensis; J. procera; J. spectabilis; J. superba (LOHMANN, 2011).
Outros nomes vulgares: marupá; marupá-doce; caroba; caxeta; caraúba (CARVALHO,
2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico e reto,
revestido por casca externa acinzentada, estriada, às vezes fissurada nas árvores mais
velhas. A casca interna é de cor clara, tornando-se marrom rapidamente quando exposta
ao ar. As folhas se encontram dispostas em ramos eretos, localizados no topo da copa.
São compostas, bipinadas, opostas, com 8 a 9 jugos de folíolos opostos e com ráquilas
subcilíndricas. Os folíolos são de ápice agudo, acuminado, obtuso ou retuso e base
inequilátera a normal. Flores roxas em inflorescências terminais multifloras. O fruto é uma
cápsula septicida, com até 16 cm de comprimento, que se abre liberando as sementes
aladas, transparentes (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, pioneira (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará), Nordeste
(Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso) (LOHMANN, 2011).
Fenologia: floresce junto com a renovação das folhas, em agosto e setembro.
Os frutos amadurecem entre os meses de janeiro e fevereiro (LORENZI, 2011).
Características da madeira: leve (densidade de 0,31 g cm-3 a 0,54 g cm-3), grã direita, textura
de média a grossa, fácil de trabalhar, superfície pouco lustrosa, de cor branco-palha, com
listras vasculares mais escuras, de baixa durabilidade em ambientes externos, porém fácil
de ser preservada sob pressão (CARVALHO, 2008; CLAY et al., 1999; LORENZI, 2008).
Usos: a madeira é usada em carpintaria, movelaria (móveis leves), acabamentos internos,
confecção de brinquedos, instrumentos musicais, embalagens, engradados e caixotaria
leve, palitos de fósforos, armação de balsas, contraplacados e laminados. É também
adequada para polpa-celulósica. Quando preservada, pode ser utilizada para fabricação
de estacas para cerca (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; NIETO; RODRIGUEZ, 2002).
Produção de mudas: recomenda-se colher os frutos quando adquirem a coloração marrom
e iniciam a deiscência. Em seguida, devem ser expostos ao sol para que se abram e
liberem as sementes (142 mil a 220 mil unidades por quilograma). Sua viabilidade em
armazenamento é inferior a 5 meses e não há necessidade de tratamento pré-germinativo.
Sugere-se semear em canteiros semissombreados, contendo substrato organo-argiloso. A
emergência ocorre em 2 ou 3 semanas, com índice de até 84%. A repicagem pode ser
efetuada de 4 a 5 semanas após a germinação, ou quando as plântulas atingirem 4 cm a
6 cm de altura. As mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 6 meses após a
semeadura (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
276 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
CLAY, J. W.; CLEMENT, C. R.; SAMPAIO, P. T. B. (Ed.). Biodiversidade amazônica: exemplos e
estratégias de utilização. Manaus: SEBRAE: INPA, 1999. 409 p.
LOHMANN, L. G. Bignoniaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB114117>. Acesso em: 12
dez. 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NIETO, V. M.; RODRIGUEZ, J. Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don. In: VOZZO, J. A. (Ed.). Tropical
tree seed manual. Washington, DC: USDA Forest Service, 2002. p. 526-527. Disponível em:
<http://www.rngr.net/publications/ttsm/species/PDF.2004-03-15.5706/at_download/file>. Acesso
em: 2 ago. 2011.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 277
Características de interesse
Escala visual
278 Guia arbopasto
Paricá
Schizolobium parahyba var. amazonicum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 279
Informações gerais
Nome científico: Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby
Família: Fabaceae–Caesalpinioideae (Leguminosae–Caesalpinioideae)
Sinonímia botânica: S. amazonicum; S. excelsum var. amazonicum (CARVALHO, 2006;
LEWIS, 2011).
Outros nomes vulgares: bandarra; canafístula; faveira; fava-paricá; guapuruvu-da-
amazônia; paricá-da-amazônia; pinho-cuiabano (CARVALHO, 2006).
Características morfológicas: as árvores podem alcançar 40 m de altura e 100 cm de DAP, na
idade adulta. O tronco é cilíndrico e reto, geralmente com sapopemas, e revestido por casca
externa lisa e finamente fissurada, de coloração cinza-clara, com abundantes lenticelas. A
casca interna é creme-rosada. As folhas são longipecioladas, bipinadas e grandes, medindo
de 60 cm a 150 cm de comprimento, com 15 a 25 pares de pinas, cada uma com 20 a 30
pares de folíolos, com pecíolos viscosos. Flores de coloração amarelo-clara, zigomorfas, dis-
postas em inflorescências terminais vistosas na ponta dos ramos. O fruto é uma criptosâmara
em forma espatulada, deiscente, com coloração bege a marrom quando maduro, contendo
1 ou 2 sementes (CARVALHO, 2006).
Características ecológicas: espécie pioneira, heliófila, decídua, de vida curta. Ocorre na
Amazônia em floresta primária e, principalmente, nas florestas secundárias de terra firme e
várzea alta (CARVALHO, 2006; REYNEL et al., 2003).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(LEWIS, 2011).
Fenologia: floresce de junho a julho e os frutos amadurecem de agosto a setembro
(CARVALHO, 2006).
Características da madeira: leve a moderadamente densa (0,32 g cm-3 a 0,62 g cm-3).
A textura varia de grossa a média. Fácil de ser trabalhada, porém de baixa durabilidade
natural (CARVALHO, 2006).
Usos: a madeira é bastante usada na produção de lâminas médias ou miolo de compen-
sados, brinquedos, caixotaria leve, portas e parquete. No Pará, são produzidas chapas de
compensados de alta qualidade e uniformidade, que são exportadas principalmente para
os EUA. Produz lenha de qualidade razoável e é promissora para a produção de pasta de
celulose (CARVALHO, 2006; MARQUES et al., 2006).
Produção de mudas: as sementes devem ser coletadas antes da deiscência dos frutos,
quando iniciarem a dispersão espontânea. Um quilo de sementes contém de 980 a 1.400
unidades. Há necessidade de escarificação mecânica com lixa para quebrar a dormência
tegumentar. Recomenda-se semear 1 a 2 sementes diretamente em sacos de polietileno
(18 cm x 25 cm) ou em tubetes de tamanho grande. A emergência ocorre de 6 a 20 dias
após a semeadura. As mudas crescem rapidamente, atingindo porte adequado para plantio
(20 cm a 35 cm de altura) cerca de 60 dias após a semeadura (CARVALHO, 2006; SOUSA
et al., 2005).
280 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 627 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 2).
LEWIS, G. P. Schizolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov. br/2011/FB023144>. Acesso em: 28
out. 2011.
MARQUES, L. C. T.; YARED, J. A. G.; SIVIERO, M. A. A Evolução do conhecimento sobre o
paricá para reflorestamento no Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2006. 5 p.
(Embrapa Amazonia Oriental. Comunicado técnico, 158).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SOUSA, D. B.; CARVALHO, G. S.; RAMOS, E. J. A. Paricá Schizolobium amazonicum Huber ex
Ducke. Manaus: INPA, 2005. p. 1-8. (Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 13).
Capítulo 4 – Guia de espécies 281
Características de interesse
Escala visual
282 Guia arbopasto
Pau-sangue
Swartzia jorori
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 283
Informações gerais
Nome científico: Swartzia jorori Harms
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: pau-sangue-da-casca-grossa; sangue-do-bugre; envira-sangue
(MANZANO et al., 2012).
Características morfológicas: árvore de até 35 m de altura, com tronco cilíndrico recober-
to por casca externa cinzenta, fendida, com desprendimento de placas lenhosas. A casca
interna tem coloração amarelo-rosada, com abundante exsudação vermelha pegajosa.
Folhas alternas, compostas, imparipinadas, com 7 a 9 folíolos com ápice agudo a acumi-
nado, discolores, com face adaxial verde brilhante e glabra e face abaxial verde pálida.
Inflorescências axilares ou ramifloras, com flores pequenas com uma única pétala amarela.
O fruto é um legume drupáceo, deiscente, contendo uma ou duas sementes cobertas por
arilo vermelho carnoso quando maduro (COWAN, 1967; MONTERO et al., 2004; TORKE,
2004; TROPICOS, 2012).
Características ecológicas: planta perenifólia, encontrada em florestas e savanas de terra
firme e de várzea. Seus frutos são muito apreciados por aves silvestres (COWAN, 1967;
MONTERO et al., 2004).
Ocorrência natural: Norte (Acre), Centro-Oeste (Mato Grosso). Também ocorre na Bolívia
e no Peru (MANZANO et al., 2012; TORKE, 2004).
Fenologia: no Acre, floresce nos meses de maio e junho e frutifica entre junho e julho.
Características da madeira: leve (densidade de 0,48 g cm-3), branco amarelada,
trabalhabilidade regular e baixa durabilidade natural (GUTIÉRREZ ROJAS; SANDOVAL,
2002)
Usos: a madeira é utilizada para pisos, marcenaria, embalagens, decoração e na fabricação
de instrumentos musicais e artigos esportivos (MONTERO et al., 2004).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a abertura espontânea, ou deve-se recolher as sementes do solo sob a copa da árvore.
Semeia-se a 2 cm de profundidade, em embalagens individuais contendo substrato organo-
arenoso. A emergência ocorre entre 3 e 4 semanas após a semeadura (MONTERO et al.,
2004).
284 Guia arbopasto
Referências
COWAN, R.S. Swartzia (Leguminosae, Caesalpinioideae Swartzieae). New York: Hafner, 1967.
228 p. (Flora Neotropica. Monograph, 1).
GUTIÉRREZ ROJAS, V. H.; SANDOVAL, J. S. Información técnica para el procesamiento
industrial de 134 especies maderables de Bolivia. La Paz: FAO-PAFBOL, 2002. 372 p. Disponível
em: <http://www.hib-latinoamerica.com/Bolivia_134_species.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2012.
MANSANO, V. F.; PINTO, R. B.; TORKE, B. M. Swartzia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/
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MONTERO, J. C.; CALVO, D.; MONTERO, I. Árboles ornamentales nativos del oriente boliviano.
Santa Cruz de la Sierra: Landiver, 2004. 39 p. Disponível em: <http://www.lidema.org.bo/portal/
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2012.
TORKE, B. M. Two new species of Swartzia (Leguminosae) from the Amazon Basin of Brazil, with
notes on the genus and a key to the unifoliolate species. Systematic Botany, Laramie, v. 29, n. 2,
p. 358-365, 2004.
TROPICOS. Specimen – C. Tello E. - 1997. Missouri Botanical Garden. Disponível em: <http://
www.tropicos.org/Specimen/3214599>. Acesso em: 15 jul. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 285
Pau-sangue-da-casca-fina 2ª 16ª
Platypodium elegans subsp. maxonianum
Características de interesse
Escala visual
286 Guia arbopasto
Pau-sangue-da-casca-fina
Platypodium elegans subsp. maxonianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 287
Informações gerais
Nome científico: Platypodium elegans subsp. maxonianum (Pittier) H. C. Lima
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: Platypodium maxonianum (LIMA, 2012).
Outros nomes vulgares: abiurana-branca; faveiro; envira-ferro.
Características morfológicas: árvore com até 30 m de altura, tronco cilíndrico ou acanalado,
recoberto por casca externa marrom-acinzentada, com desprendimento de placas. Casca in-
terna amarelo-rosada, com exsudação avermelhada. Folhas compostas, alternas, espiraladas,
estipuladas, com raque sulcada na face superior, com 10 a 15 folíolos de 4 cm de comprimen-
to, opostos ou alternos, ápice retuso ou emarginado. Flores amarelas, vistosas, hermafroditas,
zigomorfas, dispostas em rácemos axilares e apicais curtos. Fruto sâmara, com ala apical,
até 10 cm de comprimento, de cor paleácea. Semente única, sigmoide ou reniforme, de até
1,5 cm de comprimento (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 2008; SILVA JÚNIOR; PEREIRA,
2009).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila, que ocorre tanto em ambientes
de terra firme quanto de várzeas (LORENZI, 2008; MENESES FILHO et al., 1995).
Ocorrência natural: no Brasil, a subespécie maxonianum está restrita à região Norte
(Acre, Pará, Amazonas). Ocorre também na Colômbia, Venezuela e Panamá (LIMA, 2012;
TROPICOS, 2012).
Fenologia: floresce entre setembro e outubro. Os frutos amadurecem a partir de junho,
porém, a dispersão ocorre até outubro e novembro.
Características da madeira: pesada (densidade de 0,75 g cm-3 a 0,83 g cm-3), dura, porém,
de tecido frouxo, moderadamente durável quando em ambientes internos (LORENZI,
2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é empregada para carpintaria e marcenaria, obras internas, cabos de
ferramentas e de instrumentos agrícolas, e como lenha (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI,
2008).
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão, após a queda. Os frutos podem ser diretamente
utilizados para a semeadura, sem nenhum tratamento, em recipientes individuais mantidos
em ambiente ensolarado e contendo substrato organo-argiloso (mudas sensíveis ao trans-
plante). Depois, devem ser cobertos com o substrato peneirado e irrigados duas vezes ao
dia. A emergência ocorre em 15 a 25 dias e a taxa de germinação geralmente é superior a
50% para frutos novos (LORENZI, 2008).
288 Guia arbopasto
Referências
ALMEIDA, S. P.; PROENCA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis.
Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.
LIMA, H. C. Platypodium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB109692>. Acesso em: 26
mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; FERRAZ, J. M. M.; FERREIRA, L. A. Comportamento de
25 espécies arbóreas tropicais frutíferas introduzidas no parque Zoobotânico, Rio Branco-Acre.
Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 3, 102 p.
SILVA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. S. + 100 árvores do cerrado – Matas de Galeria: guia de
campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2009. 288 p.
TROPICOS. Name – Platypodium elegans subsp. maxonianum (Pittier) H.C. Lima. Missouri
Botanical Garden. Disponível em: <http://www.tropicos.org/Name/13076063>. Acesso em: 15 jul.
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ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 289
Características de interesse
Escala visual
290 Guia arbopasto
Pereiro
Aspidosperma macrocarpon
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 291
Informações gerais
Nome científico: Aspidosperma macrocarpon Mart.
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Aspidosperma macrocarpum; A. duckei; A. gardneri; A. lecointei;
A. platyphyllum; A. snethlagei; A. verbascifolium (KOCH et al., 2012).
Outros nomes vulgares: peroba; guatambu-do-cerrado; pau-pereira (LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 40 m de altura, de crescimento monopodial,
com tronco cilíndrico e ereto, revestido por casca externa fissurada de cor cinza ou marrom.
A casca interna é amarelada, com exsudação de látex branco ao ser cortada. Folhas
simples, alternas e dispostas em espiral, glabras e coriáceas, medindo de 11 cm a 18 cm de
comprimento, por 6 cm a 9 cm de largura, com pecíolo de 2,0 cm a 3,5 cm de comprimento e
lâminas oblongas a obovadas. Inflorescências em panículas curtas e subcapitadas, com flores
com cinco pétalas brancas, fundidas na base, formando um pequeno tubo. Os frutos são
folículos secos, de até 20 cm de comprimento, achatados, lenhosos, levemente enrugados,
dispostos em pares e erguidos, contendo até 20 sementes membranáceas, amareladas,
aladas, circulares, com 9 cm de diâmetro, em média (LORENZI, 2008; REYNEL et al.,
2003; SILVA JÚNIOR et al., 2005).
Características ecológicas: planta decídua, encontrada tanto na Floresta Amazônica quan-
to nos cerrados e cerradões do Brasil Central. Apresenta boa capacidade de rebrotação
após o corte das plantas adultas.
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Piauí, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso
do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (KOCH et al., 2012).
Fenologia: floresce em agosto e setembro, com a árvore quase sem folhas. Os frutos ama-
durecem no mesmo período do ano seguinte (LORENZI, 2008).
Características da madeira: moderadamente pesada a pesada (densidade de 0,65 g cm-3 a
0,79 g cm-3), compacta, de fibras entrecruzadas, grã fina, de boa resistência ao apodreci-
mento (LORENZI, 2008; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é própria para a construção civil e naval, dormentes, marcenaria e carpin-
taria, confecção de cabos de ferramentas, peças flexíveis e xilografia (LORENZI, 2008). No
Acre, é muito utilizada como estacas e mourões para cerca e curral.
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos da árvore quando iniciarem a abertura
espontânea e levados ao sol para completar sua abertura e a liberação das sementes. Um
quilo de sementes contém de 600 a 700 unidades. Deve-se colocar as sementes para ger-
minar, logo que colhidas e sem nenhum tratamento, diretamente em embalagens individu-
ais contendo substrato arenoso, cobrindo-as apenas levemente e irrigando diariamente. A
emergência ocorre em 10 a 25 dias e a taxa de germinação é geralmente baixa (LORENZI,
2008; REYNEL et al., 2003).
292 Guia arbopasto
Referências
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB021888>. Acesso em: 28 mar. 2012.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
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SILVA JÚNIOR, M. C.; SANTOS, G. C.; NOGUEIRA, P. E.; MUNHOZ, C. B. R.; RAMOS, A. E. 100
árvores do cerrado: guia de campo. Brasília, DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2005. 278 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 293
Características de interesse
Escala visual
294 Guia arbopasto
Piranheira
Swartzia acreana
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 295
Informações gerais
Nome científico: Swartzia acreana R. S. Cowan
Família: Fabaceae–Faboideae (Leguminosae–Papilionoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: sucupira-preta; cumaru-pedra; olho-de-boi.
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com tronco cilíndrico reco-
berto por casca externa marrom-acinzentada, espessa, fissurada, com desprendimento de
placas lenhosas. A casca interna é esbranquiçada, com exsudação avermelhada pouco
abundante. Folhas compostas, imparipinadas, com 11 a 15 folíolos, cartáceos, discolores.
Inflorescências racemosas, ramifloras e caulifloras, com 10 cm a 15 cm de comprimento, e
flores vistosas com uma única pétala amarela. Os frutos são legumes lenhosos, deiscentes,
medindo até 15 cm de comprimento, de cor verde-oliva, com estrias transversais na super-
fície. As sementes são grandes, medindo 4 cm de comprimento por 3 cm de largura, na cor
creme, cobertas parcialmente por arilo amarelo, em número variável conforme o tamanho
do fruto (COWAN, 1985).
Características ecológicas: planta decídua, característica de florestas de terra firma, em
solos bem drenados. Encontrada com maior frequência em capoeiras, pastagens cultivadas
e margens de rodovias. A nodulação foi investigada em árvores adultas no Acre e os resul-
tados foram negativos.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(MANZANO et al., 2012).
Fenologia: no Acre, a floração se estende de abril a setembro e a frutificação de junho a
outubro.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
Usos: com base nas entrevistas feitas, a madeira pode ser utilizada como estacas e na
confecção de engradados, carroceria e móveis.
Produção de mudas: deve-se colher os frutos diretamente da árvore, quando iniciarem a
queda espontânea, ou recolhê-los no chão após a queda. Em seguida, deve-se abri-los ma-
nualmente para a retirada das sementes. Depois, coloca-se, imediatamente, as sementes
para germinar em embalagens individuais com substrato organo-arenoso, em ambiente
semissombreado. Cobre-se as sementes com 1 cm de substrato peneirado e irriga-se duas
vezes ao dia. A taxa de germinação geralmente é alta.
296 Guia arbopasto
Referências
COWAN, R. S. Studies in tropical American Leguminosae-IX. Brittonia, New York, v. 37, n. 3,
p. 291-304, 1985.
MANSANO, V. F.; PINTO, R. B.; TORKE, B. M. Swartzia. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil.
Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/
FB023179>. Acesso em: 2 abr. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 297
Características de interesse
Escala visual
298 Guia arbopasto
Quina-quina-amarela
Geissospermum reticulatum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 299
Informações gerais
Nome científico: Geissospermum reticulatum A. H. Gentry
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: sem informações na literatura.
Outros nomes vulgares: quina; quina-quina; quina-quina-branca; quinarana.
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com tronco cilíndrico, reves-
tido por casca externa fissurada, de cor marrom, frequentemente coberta por líquens de
cor branca ou cinzenta. A casca interna é amarelada. Folhas simples, alternas, pecioladas,
cartáceas, longo-acuminadas, de até 11 cm de comprimento. Inflorescências espalhadas
ao longo dos ramos, às vezes opostas às folhas, com flores pubescentes de cor creme. Os
frutos são constituídos por uma ou duas bagas elipsoides, de cor amarelada ou alaranjada
quando maduros, leitosos, com polpa carnosa, contendo cerca de 5 sementes achatadas,
medindo de 10 mm a 15 mm de comprimento (GENTRY, 1984).
Características ecológicas: planta perenifólia, heliófila, secundária, característica e
exclusiva da floresta pluvial Amazônica. Encontrada frequentemente em pastagens
cultivadas.
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia). Ocorre também no Peru
e na Bolívia (GENTRY, 1984; KOCH et al., 2012).
Fenologia: no Acre, floresce durante os meses de agosto a outubro. Os frutos amadurecem
de fevereiro a abril.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
Outras espécies do gênero apresentam madeira pesada a moderadamente pesada
(densidade de 0,75 g cm-3 a 0,95 g cm-3), de boa resistência mecânica e média durabilidade
natural (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2002; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é utilizada localmente para estacas e para lenha. Sua casca amarga possui
propriedades medicinais e é utilizada pela população local no preparo de chás para trata-
mento da malária.
Produção de mudas: sem informações na literatura para G. reticulatum. Para
G. laeve, recomenda-se colher os frutos maduros diretamente da árvore ou no chão, após
sua queda natural. Em seguida, deve-se deixá-los amontoados até sua decomposição parcial
para facilitar a remoção das sementes, através de lavagem em água corrente. Após uma
rápida secagem à sombra, as sementes devem ser semeadas em canteiros semissombreados
contendo substrato rico em matéria orgânica. Em seguida, deve-se cobri-las com uma leve
camada do substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 30 a
50 dias e a taxa de germinação geralmente é superior a 50% (LORENZI, 2002).
300 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
GENTRY, A. H. New species and combinations in Apocynaceae from Peru and adjacente
Amazonia. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 71, p. 1075-1081, 1984.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB080265>. Acesso em: 3 abr. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 301
Características de interesse
Escala visual
302 Guia arbopasto
Seringueira
Hevea brasiliensis
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 303
Informações gerais
Nome científico: Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg.
Família: Euphorbiaceae
Sinonímia botânica: Hevea granthamii; H. janeirensis; H. randiana; H. sieberi (CORDEIRO;
SECCO, 2012).
Outros nomes vulgares: seringa; seringa-real (CORDEIRO; SECCO, 2012).
Características morfológicas: árvores de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico revestido
por casca externa parda ou cinzenta, escamosa. A casca interna apresenta abundante
exsudação de látex branco. Folhas compostas trifoliadas, espiraladas, com folíolos
membranáceos e glabros. Flores amareladas, dispostas em panículas axilares. Os frutos
são cápsulas triloculadas, lenhosas e secas na maturidade, que se abrem em deiscência
explosiva dispersando para longe suas sementes. As sementes possuem tegumento brilhante
de coloração marrom-clara, e manchas mais escuras (ÁVILA, 2006; LORENZI, 2008).
Características ecológicas: planta semidecídua, heliófila ou esciófila, característica da
floresta tropical Amazônica, sendo mais frequente em solos argilosos e férteis de várzeas e
margens de rios (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso) (CORDEIRO; SECCO, 2012).
Fenologia: a floração está ligada ao reenfolhamento, que ocorre nos meses de junho e
julho, com a produção de sementes nos meses de janeiro e fevereiro (ÁVILA, 2006).
Características da madeira: leve (densidade de 0,29 g cm-3 a 0,56 g cm-3), mole, de
textura média a grossa, cor marrom-clara, de baixa durabilidade natural (LORENZI, 2008;
PARROTA et al., 1995; ZANNE et al., 2009).
Usos: o seu principal produto é o látex, do qual se extrai a borracha natural. A madeira pode
ser usada para tabuado, forros, caixotaria, brinquedos e lenha. Atualmente, ao término do
período produtivo, a madeira tratada da seringueira tornou-se importante fonte de renda
nas plantações asiáticas. Da semente, é extraído um óleo de boa qualidade. A torta obtida
da extração de óleo pode ser utilizada na alimentação de bovinos, suínos e aves (ÁVILA,
2006; LORENZI, 2008).
Produção de mudas: recolhe-se as sementes no chão, logo após a queda espontânea.
Um quilo de sementes contém 260 unidades, cuja viabilidade em armazenamento é
inferior a 90 dias. Coloca-se as sementes para germinar, logo que colhidas, em canteiros,
ou diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-arenoso, com a
carúncula virada para baixo; depois, cobri-las até a metade de sua altura com o substrato
peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 20 a 40 dias e a taxa de
germinação geralmente é alta. Deve-se transplantar as mudas para embalagens individuais
quando alcançarem 4 cm a 6 cm, as quais ficam prontas para plantio no campo em 4 a 6
meses. No caso de se preparar mudas enxertadas, essa é a época de ser plantada no viveiro
de campo (LORENZI, 2008).
304 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
CORDEIRO, I.; SECCO, R. Hevea. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB022704>. Acesso em: 28
mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
PARROTTA, J. A.; FRANCIS, J. K.; ALMEIDA, R. R. de. Trees of the Tapajos: a photographic field
guide. Rio Piedras: USDA Forest Service-International Institute of Tropical Forestry, 1995. 370 p.
(USDA Forest Service. General Technical Report IITF, 001).
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 305
Características de interesse
Escala visual
306 Guia arbopasto
Sucuúba
Himatanthus sucuuba
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 307
Informações gerais
Nome científico: Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson
Família: Apocynaceae
Sinonímia botânica: Plumeria sucuuba (LORENZI, 2002).
Outros nomes vulgares: janaguba; sucuba; leiteiro; ucuúba.
Características morfológicas: árvore com até 16 m de altura, tronco ereto e cilíndrico,
com casca externa fissurada, cinza, geralmente recoberta por líquens brancos. A casca
interna é de cor amarelo-rosado, com exsudação de látex branco. Folhas simples, alternas
espiraladas, totalmente glabras em ambas as faces, de margens inteiras, coriáceas, de 17
cm a 20 cm de comprimento por 4 cm a 6 cm de largura, sobre pecíolo de 2 cm a 3 cm de
comprimento. Inflorescências em cimeiras terminais, com poucas flores brancas e muito
perfumadas. Fruto folículo geminado, de cor preta quando maduro, curvado como um
chifre, glabro e angulado, de 20 cm a 26 cm de comprimento, com numerosas sementes
aladas (LORENZI, 2002).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, secundária, que ocorre preferencial-
mente no interior das matas primárias e secundárias (LORENZI, 2002). Frequentemente
atacada por uma espécie de lagarta desfolhadora, de cor preta com listras amarelas.
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia),
Nordeste (Maranhão), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul) (KOCH et al., 2012).
Fenologia: floresce de agosto a outubro e os frutos amadurecem de março a maio (LORENZI,
2002).
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,40 g dm-3 a
0,52 g dm-3), macia e fácil de trabalhar, de textura média, de baixa resistência e pouco
durável (LORENZI, 2002; ZANNE et al., 2009).
Usos: A madeira é de baixa qualidade, podendo ser utilizada para caixotaria, obras inter-
nas em construção civil, lenha e carvão. O látex e o chá da casca da sucuúba são muito
utilizados pelas populações tradicionais da Amazônia, por suas propriedades medicinais,
que vêm sendo amplamente estudadas (FERREIRA et al., 2005; LORENZI, 2002; MENESES
FILHO et al., 1995).
Produção de mudas: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem
a abertura espontânea. Em seguida, deve-se deixá-los ao sol para completar sua abertura
e liberação das sementes. Um quilo de sementes tem aproximadamente 14 mil unidades.
Depois, colocar as sementes para germinação logo que colhidas em canteiros a pleno sol,
contendo substrato arenoso. A remoção da ala das sementes é importante para acelerar a
germinação. Em seguida, deve-se cobri-las com uma fina camada de substrato peneirado
e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 2 a 4 semanas e a taxa de germinação
geralmente é alta. As mudas são, então, transplantadas para embalagens individuais
quando atingirem 4 a 6 cm de altura (LORENZI, 2002).
308 Guia arbopasto
Referências
FERREIRA, C.; PIEDADE, M. T. F.; PAROLIN, P.; BARBOSA, K. M. Tolerância de Himatanthus
sucuuba Wood. (Apocynaceae) ao alagamento na Amazônia Central. Acta Botanica Brasilica, São
Paulo, v. 19, n. 3, p. 425-429, 2005.
KOCH, I.; RAPINI, A.; SIMÕES, A. O.; KINOSHITA, L. S. Apocynaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES da
flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.
br/2012/FB015569>. Acesso em: 27 mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368 p.
MENESES FILHO, L. C. L.; FERRAZ, P. A.; PINHA, J. F. M.; FERREIRA, L. A.; BRILHANTE, N.
A. Comportamento de 24 espécies arbóreas tropicais madeireiras introduzidas no Parque
Zoobotânico, Rio Branco-Acre. Rio Branco: UFAC: Parque Zoobotânico, 1995. v. 1, 135 p.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 309
Características de interesse
Escala visual
310 Guia arbopasto
Sumaúma-barriguda
Ceiba lupuna
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 311
Informações gerais
Nome científico: Ceiba lupuna P. E. Gibbs & Semir
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: barriguda; samaúma-barriguda.
Características morfológicas: árvore de até 50 m de altura, com tronco abaulado e dotado de
sapopemas basais. A casca externa é marrom acinzentada, estriada, com presença de acúleos
cônicos. Nas árvores jovens, a casca tem cor esverdeada devido à presença de estrias com
pigmentos fotossintéticos. A casca interna é espessa, com faixas amarelas e rosadas alternadas.
Folhas compostas digitadas, alternas e dispostas em espiral, com 5 folíolos coriáceos, com
margens inteiras ou denticuladas. Flores hermafroditas, com pétalas medindo 50 mm a
100 mm x 14 mm a 18 mm, com margens onduladas, de cor avermelhada na porção distal
e amarelo-pálido com pintas vermelhas na basal, com parte externa aveludada. O fruto
é uma cápsula elipsoide, deiscente, glabra e lisa, contendo numerosas sementes escuras
cobertas por paina, uma pluma sedosa branca e brilhante (GIBBS; SEMIR, 2003; REYNEL
et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência exclusiva da floresta
amazônica, especialmente em várzeas úmidas (GIBBS; SEMIR, 2003).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia). Também ocorre no Peru e no Equador
(DUARTE, 2012; GIBBS; SEMIR, 2003).
Fenologia: no Acre, a floração foi registrada nos meses de junho e julho. Em Rondônia, a
frutificação foi observada em agosto, com a árvore completamente desfolhada.
Características da madeira: muito leve, textura grossa, fácil de ser trabalhada, de baixa
durabilidade natural (ARAÚJO, 2002; REYNEL et al., 2003).
Usos: a madeira é utilizada na indústria de laminados, podendo ser empregada também
para caixotaria e celulose (ARAÚJO, 2002; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: sem registros na literatura para C. lupuna. Para C. speciosa, recomenda-
se coletar os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Em
seguida, deve-se deixá-los ao sol por alguns dias para completar sua abertura e facilitar a
remoção manual das sementes envoltas na paina. Coloca-se as sementes para germinar,
logo que colhidas, em canteiros semissombreados, contento substrato organo-arenoso.
As sementes devem ser cobertas com substrato peneirado e irrigadas duas vezes ao dia
(LORENZI, 2008).
312 Guia arbopasto
Referências
ARAÚJO, H. J. B. Agrupamento das espécies madeireiras ocorrentes em pequenas áreas sob
manejo florestal do projeto de colonização Pedro Peixoto (AC) por similaridade das propriedades
físicas e mecânicas. 2002. 168 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – ESALQ,
Universidade de São Paulo, Piracicaba.
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023547>. Acesso em: 30 mar. 2012.
GIBBS, P.; SEMIR, J. A taxonomic revision of the genus Ceiba Mill. (Bombacaceae). Anales del
Jardín Botánico de Madrid, Madrid, ES, v. 60, n. 2, p. 259-300, 2003.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 313
Características de interesse
Escala visual
314 Guia arbopasto
Sumaúma-branca
Ceiba pentandra
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 315
Informações gerais
Nome científico: Ceiba pentandra (L.) Gaerth
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: Bombax orientale; B. pentandrum; Eriophorus javanica (CARVALHO,
2008).
Outros nomes vulgares: samaúma; samaúma-da-várzea; samaumeira; sumaúma; sumaú-
ma-verdadeira (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Características morfológicas: árvore de até 60 m de altura, com tronco cilíndrico ou
abaulado, dotado de sapopemas basais e revestido por casca externa acinzentada, estriada e
aculeada. Nas árvores jovens, é esverdeada devido à presença de pigmentos fotossintéticos.
A casca interna é espessa, de cor branco rosada, com faixas longitudinais escuras. As folhas
são alternas, digitadas, compostas, com 5 a 11 folíolos, glabros na página superior e pálidos
na inferior, com até 30 cm de comprimento e 2 cm a 5 cm de largura. As inflorescências
são fascículos de 8 a 15 flores esbranquiçadas, com 3 cm a 4 cm de comprimento. O fruto é
uma cápsula lenhosa, elipsoide, medindo 10 cm a 30 cm de comprimento, contendo 120 a
175 sementes negras, envoltas em paina marrom-esbranquiçada a grisácea (CARVALHO,
2008; LORENZI, 2008; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, característica de terrenos úmidos da
mata primária de várzea. Ocorre também em formações secundárias, comportando-se
como planta pioneira (LORENZI, 2008).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Pará, Acre, Amazonas, Rondônia), Nordeste (Mara-
nhão), Centro-Oeste (Mato Grosso) (DUARTE, 2012).
Fenologia: floresce de agosto a setembro, com a árvore quase totalmente despida da
folhagem. Os frutos amadurecem de novembro a dezembro (CARVALHO, 2008; LORENZI,
2008).
Características da madeira: leve (de 0,23 g cm-3 a 0,49 g cm-3), macia, fácil de serrar e de
aplainar, de baixa durabilidade natural (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008).
Usos: sua madeira é muito utilizada na indústria de laminados. Pode ser utilizada tam-
bém na fabricação de barcos, divisórias internas, embalagens, construções leves, moldes,
palitos de fósforos, brinquedos e papel. A paina (kapok) foi muito usada para confecção
de boias e salva-vidas, enchimento de colchões e travesseiros e como isolante térmico,
até o surgimento das fibras sintéticas. Em plantios comerciais, na Indonésia, a produção
anual atinge até 4 t ha-1 de paina (CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; NEVES et al., 2003;
REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: deve-se colher as sementes no chão, logo após a queda, retirando-se
a pluma que recobre as sementes, manualmente. Um quilo de sementes contém de 7 mil a
10 mil unidades. Coloca-se as sementes para germinar em canteiros com substrato contendo
areia lavada. A emergência ocorre em 5 ou 10 dias, com taxa de germinação alta para
sementes recém-coletadas. Deve-se repicar as mudas para embalagens individuais quando
atingirem de 4 cm a 6 cm de altura. Dentro de 3 a 4 meses, as mudas estarão prontas para
serem levadas ao campo. A produção de mudas por estacas também é viável na espécie
(CARVALHO, 2008; LORENZI, 2008; SOUZA et al., 2005).
316 Guia arbopasto
Referências
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 593 p. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 3).
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB023548>. Acesso em: 30 mar. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
NEVES, E. J. M.; MARTINS, E. G.; SANTOS, A. F. Potencialidade de Ceiba pentandra (L.) Gaertn.
para plantios na Amazônia brasileira. Colombo: Embrapa Florestas, 2003. 26 p. (Embrapa
Florestas. Documentos, 89).
REYNEL, C.; PENNINGTON, R. T.; PENNINGTON, T. D.; FLORES, C.; DAZA, A. Arboles útiles
de la Amazonia peruana y sus usos. Lima, PE: ICRAF: Darwin Initiative Project, 2003. 509 p.
Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2011.
SOUZA, C. R.; LIMA, R. M. B.; AZEVEDO, C. P.; ROSSI, L. M. B. Sumaúma (Ceiba pentandra (L.)
Gaerth). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2005. 22 p. (Embrapa Amazônia Ocidental.
Documentos, 41).
Capítulo 4 – Guia de espécies 317
Características de interesse
Escala visual
318 Guia arbopasto
Sumaúma-preta
Ceiba samauma
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 319
Informações gerais
Nome científico: Ceiba samauma (Mart.) K. Schum.
Família: Malvaceae
Sinonímia botânica: Eriodendron samauma; Ceiba burchellii (GIBBS; SEMIR, 2003).
Outros nomes vulgares: samaúma-preta.
Características morfológicas: árvore de até 30 m de altura, com tronco cilíndrico de base
dilatada, revestido por casca externa cinzenta, fendida, com presença de acúleos cônicos.
Nas árvores jovens, o tecido da parte interna das fendas da casca tem cor verde (pigmentos
fotossintéticos). A casca interna é espessa, de cor amarelo-rosada, com faixas alternadas
mais escuras. Folhas compostas digitadas, alternas e dispostas em espiral, com 5 folíolos
elípticos, glabros, 6 cm a 14 cm de comprimento por 3 cm a 6 cm de largura. Flores
solitárias ou em rácemos curtos, hermafroditas, com pétalas de 10 cm a 22 cm de compri-
mento, com parte interna branca, glabra, e parte externa com pubescência dourada. Fruto
cápsula elipsoide, deiscente, glabra e lisa, com 15 cm a 18 cm de comprimento, contendo
numerosas sementes escuras cobertas por paina, uma pluma sedosa branca e brilhante
(GIBBS; SEMIR, 2003; LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, pioneira, que ocorre predominante-
mente em matas primárias e secundárias de várzeas não inundáveis, e também em áreas
abertas como árvores isoladas (LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Piauí), Centro-
Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul).
Fenologia: no Acre, a floração foi registrada em fevereiro e dispersão dos frutos em agosto,
com a árvore totalmente desfolhada.
Características da madeira: leve a moderadamente pesada (densidade de 0,32 g cm-3 a
0,57 g cm-3), macia e fácil de trabalhar, de textura média a grossa, pouco resistente e de
baixa durabilidade natural (LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é excelente para a indústria de laminados, podendo ser empregada também
para caixotaria, celulose e forros. A paina pode ser usada para o enchimento de colchões,
travesseiros e almofadas, e como isolante térmico (LORENZI, 2002; REYNEL et al., 2003).
Produção de mudas: os frutos são coletados diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura
espontânea. Em seguida, deve-se deixá-los ao sol por alguns dias para completar sua abertura
e facilitar a remoção manual das sementes envoltas na paina. Um quilo de sementes contém
cerca de 3 mil unidades. Deve-se colocar as sementes para germinar, logo que colhidas, em
canteiros a pleno sol contento substrato organo-arenoso. Devem ser cobertas com uma cama-
da de 0,5 cm do substrato peneirado e irrigadas duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 5 a
10 dias e a taxa de germinação geralmente é alta (LORENZI, 2002).
320 Guia arbopasto
Referências
DUARTE, M. C. Ceiba. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico,
2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB016485>. Acesso em: 30 mar. 2012.
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LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
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Disponível em: <http://www.icraf-peru.org/docs/14_arbolesamazon_Peru.pdf>. Acesso em: 2 ago.
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ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 321
Características de interesse
Escala visual
322 Guia arbopasto
Timbaúba
Enterolobium barnebianum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 323
Informações gerais
Nome científico: Enterolobium barnebianum Mesquita & M. F. Silva
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: orelha-de-negro; faveira; faveira-bolacha (MESQUITA; SILVA,
1984).
Características morfológicas: árvore de até 20 m de altura, com copa ampla e achatada,
tronco geralmente curto, bifurcado ou múltiplo, recoberto por casca externa lenticelada, de
cor variando de cinza a marrom. A casca interna tem coloração creme e é bastante espessa.
Folhas compostas bipinadas, com 9 cm a 15 cm de comprimento e 5 a 8 pares de pinas.
Folíolos linear-falcados, assimétricos, opostos, com 10 a 16 pares por pina, o terminal com
5 mm x 1 mm de largura e o basal com 4 mm x 1 mm de largura. As inflorescências são
glomérulos fasciculares, axilares, heteromórficos, com 8 a 15 flores brancas, com pendúnculo
de 25 mm a 30 mm de comprimento. Fruto legume rígido, fibroso-lenhoso, circular, epicarpo
castanho ou negro quando maduro, medindo 5 cm a 15 cm x 4 cm a 7 cm de diâmetro,
superfície glabra, mesocarpo farináceo. Semente obovada, medindo 2 cm x 1 cm de largura,
com pleurograma diferenciado (MESQUITA; SILVA, 1984).
Características ecológicas: planta decídua, heliófila, de ocorrência mais frequente em
vegetações secundárias e pastagens (MESQUITA, 1990).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima). Também ocorre no
Peru, Colômbia e Equador (MESQUITA, 1990; MORIM, 2012).
Fenologia: a floração ocorre entre setembro e outubro e a dispersão dos frutos no final da
estação seca do ano seguinte; em alguns casos, junto com a nova floração.
Características da madeira: espécie carente de estudos sobre a qualidade da sua madeira.
A maioria dos produtores entrevistados afirma que é de baixa qualidade. Além disso, a
árvore geralmente apresenta fuste pouco desenvolvido, com caule bifurcado ou múltiplo.
Usos: alguns produtores relatam que os frutos podem ser utilizados para fabricação de sabão
caseiro, o que indica a presença de saponina em teores elevados. Existem indícios de que
os seus frutos podem causar fotossensibilização hepatógena, sinais digestivos e aborto em
bovinos, de maneira semelhante ao registrado para outras espécies do gênero Enterolobium
(E. contortisiliquum, E. gummiferum e E. timbouva) (COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-
CORREA, 2000).
Produção de mudas: sem registros na literatura para E. barnebianum. Para E. contortisiliquum,
recomenda-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, deve-se levá-los ao sol para secar e facilitar a sua abertura e retirada das sementes.
As sementes são duras e devem ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da
semeadura. Colocar as sementes para germinar em embalagens individuais, em ambiente
semissombreado (LORENZI, 2008).
324 Guia arbopasto
Referências
COSTA, R. L. D.; MARINI, A.; TANAKA, D.; BERNDT, A.; ANDRADE, F. M. E. Um caso de
intoxicação de bovinos por Enterolobium contortisiliquum (timboril) no Brasil. Archivos de
Zootecnia, Córdova, v. 58, n. 222, p. 313-316, 2009.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MÉNDEZ, M. C.; RIET-CORREA, F. Plantas tóxicas e micotoxicoses. Pelotas: Universidade Federal
de Pelotas, 2000. 112 p.
MESQUITA, A. L. Revisão taxonômica do gênero Enterolobium Mart. (Mimosoidae) para a região
Neotropical. 1990. 222 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Departamento de Botânica,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
MESQUITA, A. L.; SILVA, M. F. Enterolobium barnebianum A. L. Mesquita & M. F. da Silva, uma
nova mimosácea para a Amazônia brasileira, Colômbia e Peru. Acta Amazonica, Manaus, v. 14,
n. 1-2, p. 153-158, 1984.
MORIM, M. P. Enterolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/ FB022962>. Acesso em: 23
mar. 2012.
Capítulo 4 – Guia de espécies 325
Características de interesse
Escala visual
326 Guia arbopasto
Timbaúba-gigante
Enterolobium maximum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 327
Informações gerais
Nome científico: Enterolobium maximun Ducke
Família: Fabaceae–Mimosoideae (Leguminosae–Mimosoideae)
Sinonímia botânica: sem registros na literatura.
Outros nomes vulgares: orelha-de-negro; timbaúba; tamboril (IBAMA, 2012).
Características morfológicas: árvore de até 45 m de altura, com tronco revestido por casca
externa cinza, lenticelada, algumas vezes apresentando protuberâncias. Folhas compostas
bipinadas, com 9 cm a 17 cm de comprimento e 2 a 6 pares de pinas. Folíolos simétricos,
oblongo-obovados, face superior glabra e lustrosa, face inferior pubérula e opaca, com 5 a
11 pares por pina, o terminal com 1,2 cm a 4,8 cm x 1,1 cm a 4,0 cm de largura e o basal
com 0,7 cm a 1,5 cm x 2,6 cm a 3,0 cm de largura. As inflorescências são glomérulos
fasciculares, axilares, homomórficos, pubérulos, com 20 a 25 flores creme, pedúnculo
de 37 mm a 50 mm de comprimento. Fruto legume sublenhoso, com 6 cm a 8 cm x 4
cm a 10 cm de largura, circular a recurvado, negro a castanho; epicarpo com indumento
aveludado, mesocarpo creme, farináceo, endocarpo lenhoso. Semente castanho-escuro,
elíptico-oblongo a elíptico-oval, com 2 cm x 1 cm de largura, com pleurograma diferenciado
(MESQUITA, 1990).
Características ecológicas: espécie típica da Floresta Amazônica, onde ocorre em indiví-
duos raros e isolados, nos locais próximos de rios (MESQUITA, 1990).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso)
(MORIM, 2012).
Fenologia: no Acre, a floração ocorre entre junho e agosto, e a dispersão dos frutos no final
da estação seca do ano seguinte.
Características da madeira: madeira leve (densidade de 0,37 g cm-3 a 0,43 g cm-3), macia,
textura média a grossa, grã cruzada, levemente revessa, brilho moderado, cheiro indistinto,
secagem rápida, de baixa durabilidade ao ataque de fungos, cupins e insetos de madeira
seca (IBAMA, 2012; ZANNE et al., 2009).
Usos: a madeira é apropriada para construções leves, embarcações, móveis, artigos
domésticos decorativos, torneados e brinquedos (IBAMA, 2012). Existem indícios de que
os seus frutos podem causar fotossensibilização hepatógena, sinais digestivos e aborto em
bovinos, de maneira semelhante ao registrado para outras espécies do gênero Enterolobium
(E. contortisiliquum, E. gummiferum e E. timbouva) (COSTA et al., 2009; MÉNDEZ; RIET-
CORREA, 2000).
Produção de mudas: sem registros na literatura para E. maximum. Para E. contortisiliquum,
recomenda-se colher os frutos sob a árvore quando iniciarem a queda espontânea. Em
seguida, deve-se levá-los ao sol para secar e facilitar a sua abertura e retirada das sementes.
As sementes são duras e devem ser escarificadas, química ou mecanicamente, antes da
semeadura. Colocar as sementes para germinar em embalagens individuais, em ambiente
semissombreado (LORENZI, 2008).
328 Guia arbopasto
Referências
COSTA, R. L. D.; MARINI, A.; TANAKA, D.; BERNDT, A.; ANDRADE, F. M. E. Um caso de
intoxicação de bovinos por Enterolobium contortisiliquum (timboril) no Brasil. Archivos de
Zootecnia, Córdova, v. 58, n. 222, p. 313-316, 2009.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Banco
de dados de madeiras brasileiras. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/
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LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MÉNDEZ, M. C.; RIET-CORREA, F. Plantas tóxicas e micotoxicoses. Pelotas: Universidade Federal
de Pelotas, 2000. 112 p.
MESQUITA, A. L. Revisão taxonômica do gênero Enterolobium Mart. (Mimosoidae) para a região
Neotropical. 1990. 222 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Departamento de Botânica,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
MORIM, M. P. Enterolobium. In: LISTA DE ESPÉCIES da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/ FB022963>. Acesso em: 23
mar. 2012.
ZANNE, A. E.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; COOMES, D. A.; ILIC, J.; JANSEN, S.; LEWIS, S. L.;
MILLER, R. B.; SWENSON, N. G.; WIEMANN, M. C.; CHAVE, J. Global wood density database.
Dryad, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10255/dryad.235>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Capítulo 4 – Guia de espécies 329
Características de interesse
Escala visual
330 Guia arbopasto
Tucumã
Astrocaryum aculeatum
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 331
Informações gerais
Nome científico: Astrocaryum aculeatum G. Mey
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Astrocaryum aureum; A. caudescens; A. macrocarpum; A. manoense;
A. princeps; A. tucuma (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: tucumã-do-amazonas; tucumã-açu; jabarana (COSTA et al., 2010).
Características morfológicas: palmeira de caule simples de até 25 m de altura e
40 cm de diâmetro, com os entrenós cobertos por espinhos negros de até 25 cm de com-
primento. Folhas pinadas e ascendentes, de 4 m a 5 m de comprimento, em número de 5
a 15, com bainha, pecíolo e raque cobertos por espinhos longos e achatados de cor negra
ou castanha, de até 10 cm de comprimento. Pinas lineares, em número de 100 a 120, de
cada lado da raque. Inflorescência e infrutescências eretas. Frutos globosos a elipsoides,
de 4,5 cm a 6,5 cm x 3,5 cm a 4,5 cm, com epicarpo liso e amarelado quando maduros e
com mesocarpo carnoso e comestível (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: encontrado, com maior frequência, em áreas secundárias
(capoeiras), pastagens cultivadas e, mais raramente, em florestas primárias, principalmente
em solos bem drenados. Em pastagens, é comum apresentar estipe desprovido de espinhos
nos 2/3 iniciais, eliminados pelo fogo. Seus frutos são consumidos por muitos animais
silvestres, sendo a cutia seu principal dispersor na floresta (COSTA et al., 2010; FERREIRA,
2006; LORENZI et al., 2010).
Ocorrência natural: Norte (Roraima, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso). Também ocorre na Colômbia, Bolívia, Peru, Guiana, Venezuela (ÁVILA, 2006;
FERREIRA, 2006; LEITMAN et al., 2011).
Fenologia: em Manaus, floresce nos meses de julho a janeiro e frutifica de fevereiro a
agosto (ÁVILA, 2006).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: os frutos são comercializados nos mercados de Rio Branco, AC, Porto Velho, RO, e
Manaus, AM, para consumo humano, seja na forma in natura, como recheio de sanduíches e
tapiocas, bem como na fabricação de doces e sorvetes. O mesocarpo dos frutos é muito nu-
tritivo, com alto teor de provitamina A (b-caroteno) (COSTA et al., 2010). Alguns produtores
alegam que os espinhos de folhas caídas no pasto podem cegar bezerros.
Produção de mudas: como a maioria das palmeiras, a germinação das sementes do tucumã
é lenta, podendo se estender por até 2 anos. Para acelerá-la, tem sido recomendado retirar
a casca e a polpa dos frutos maduros, lavar os pirenos (sementes com endocarpo) e colocá-
-los para secar à sombra por 1 ou 2 semanas. Um quilo de frutos despolpados contém
cerca de 35 unidades. Em seguida, deve-se quebrar o endocarpo para retirar a semente,
após balançá-lo para checar se a semente está solta. As sementes são deixadas de molho
por 3 a 5 dias, trocando-se a água diariamente para evitar que as sementes apodreçam.
Semeia-se em canteiros sombreados, com a germinação podendo iniciar em apenas 30
dias. Quando as mudas já estiverem com 4 a 5 folhas, já podem ser plantadas nos locais
definitivos (COSTA et al., 2010; FERREIRA, 2010).
332 Guia arbopasto
Referências
ÁVILA, F. Árvores da Amazônia. São Paulo: Empresa das Artes, 2006. 243 p.
COSTA, J. R.; LEEUWEN, J. van; COSTA, J. A. Tucumã-do-amazonas. Astrocaryum tucuma Martius.
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FERREIRA, E. L. Manual das palmeiras do Acre, Brasil. Rio Branco: Instituto Nacional Pesquisas
da Amazônia: Universidade Federal do Acre, 2006. 212 p. Disponível em: <http://www.nybg.org/
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FERREIRA, S. A. N. Para a semente germinar rápido. In: SHANLEY, P.; SERRA, M.; MEDINA, G.
(Ed.). Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. 2. ed. Bogor: Cifor; Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnólogica; Belém: Embrapa Amazônia Oriental; Manaus: Embrapa Amazônia
Ocidental, 2010. p. 227.
LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L.; MARTINS, R.C. Arecaceae. In: LISTA DE ESPÉCIES
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(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
Capítulo 4 – Guia de espécies 333
Características de interesse
Escala visual
334 Guia arbopasto
Uricuri
Attalea princeps
Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade
Capítulo 4 – Guia de espécies 335
Informações gerais
Nome científico: Attalea princeps Mart.
Família: Arecaceae
Sinonímia botânica: Scheelea princeps (LORENZI et al., 2010).
Outros nomes vulgares: acuri; aricuri; ouricuri.
Características morfológicas: palmeira com caule (estipe) solitário, com até 15 m de altura,
revestido por bainhas aderentes em porção variável do caule. Folhas pinadas, plumosas,
arqueadas, em número de 12 a 20; raque com 3,7 m a 4,6 m de comprimento, contendo
cerca de 160 pinas de cada lado. Inflorescências estaminadas e andrógenas na mesma
planta. Fruto elipsoide de 6 cm a 8 cm de comprimento, sem incluir o longo bico, e 3 cm
a 4 cm de diâmetro, com mesocarpo um tanto fibro-carnoso e adocicado, e endocarpo
apresentando grupos de fibras conspícuas, com 3 a 5 sementes (LORENZI et al., 2010).
Características ecológicas: o uricuri e o jaci (Attalea butiracea) são as palmeiras mais
comuns em pastagens cultivadas na região de Rio Branco, AC. Pesquisas mostram que a
produção de frutos é maior nas palmeiras que crescem em pastagens do que na floresta.
As bainhas de folhas mortas que persistem no caule servem de substrato ou sustentação
para o crescimento de diversas espécies de plantas epífitas, incluindo as de figueiras
estranguladoras que podem causar a morte de algumas palmeiras. Essa palmeira é
considerada indicadora de terra boa (FERREIRA, 2006; LORENZI, 2002).
Ocorrência natural: Norte (Acre, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso). Também ocorre
na Bolívia e Peru (FERREIRA, 2006; LORENZI et al., 2010).
Fenologia: frutifica a partir de março ou abril (LORENZI et al., 2010).
Características da madeira: as palmeiras não produzem madeira.
Usos: as folhas podem ser utilizadas na cobertura de construções rurais. No local de
ocorrência, o endocarpo é fonte de carvão, e o mesocarpo é comestível (LORENZI et al., 2010).
Os bovinos pastejam os folíolos de palmeiras jovens crescendo em pastagens, que
apresentam teor de proteína bruta acima de 11% (POTT, 1986).
Produção de mudas: deve-se recolher os frutos no chão, sob a planta, após a queda. A
germinação das sementes sem tratamento é lenta, podendo levar anos. Para acelerá-la, é
necessário retirá-la do endocarpo. Semeia-se, então, em canteiros sombreados, contendo
substrato rico em matéria orgânica, cobrindo as sementes levemente com o substrato e
irrigando-as com frequência (LORENZI et al., 2010).
336 Guia arbopasto
Referências
FERREIRA, E. L. Manual das palmeiras do Acre, Brasil. Rio Branco: Instituto Nacional Pesquisas
da Amazônia: Universidade Federal do Acre, 2006. 212 p. Disponível em: <http://www.nybg.org/
bsci/acre/www1/manual_palmeiras.html>. Acesso em: 31 ago. 2009.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 368 p.
LORENZI, H.; NOBLICK, L. R.; KAHN, F; FERREIRA, E. J. L. Flora brasileira Lorenzi: Arecaceae
(palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.
POTT, E. B. Teores de minerais e proteina bruta em plantas forrageiras da parte alta de Corumbá,
MS. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1986. 6 p. (EMBRAPA-CPAP. Comunicado Técnico, 06).
Capítulo 4 – Guia de espécies 337
Referências
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341
Índice
A Apuleia leiocarpa ver cumaru-cetim
abiurana-branca ver pau-sangue-da-casca-fina Apuleia molaris ver cumaru-cetim
Acacia pulcherrima ver baginha aricuri ver uricuri
acapurana ver angelim-rajado Aspidosperma duckei ver pereiro
Acrodiclidium itauba ver itaúba Aspidosperma gardneri ver pereiro
acuri ver uricuri Aspidosperma lecointei ver pereiro
Albizia hasslerii sensu Bernardi ver farinha-seca Aspidosperma macrocarpon ver pereiro
Albizia niopoides ver farinha-seca Aspidosperma macrocarpum ver pereiro
almendro-de-rio ver angelim-rajado Aspidosperma occidentale ver amarelão
amarelão 99, 100, 102, 103, 105, 106, 107, Aspidosperma platyphyllum ver pereiro
108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 117, Aspidosperma snethlagei ver pereiro
120, 125, 131-134
Aspidosperma ulei ver amarelão
amarelinho ver moreira
Aspidosperma verbascifolium ver pereiro
Amburana acreana ver cerejeira
Astrocaryum aculeatum ver tucumã
Amburana cearensis var. acreana ver cerejeira
Astrocaryum aureum ver tucumã
amburana ver cerejeira
Astrocaryum caudescens ver tucumã
amburana-de-cheiro ver cerejeira
Astrocaryum macrocarpum ver tucumã
amora-brava ver moreira
Astrocaryum manoense ver tucumã
amoreira ver moreira
Astrocaryum princeps ver tucumã
Andira acuminata ver angelim-pedra
Astrocaryum tucuma ver tucumã
Andira grandifolia ver angelim-pedra
Astrocaryum ulei ver murmuru
Andira inermis ver angelim-pedra
Attalea lydiae ver babaçu
Andira retusa var. oblonga ver angelim-rajado
Attalea princeps ver uricuri
Andira retusa ver angelim-rajado
Attalea speciosa ver babaçu
Andira surinamensis var. ovatifoliolata ver
avineira ver angelim-pedra
angelim-rajado
Andira surinamensis ver angelim-rajado
B
andirá ver angelim-pedra
babaçu 32, 75, 99, 100, 102, 103, 105, 106,
andirá-uchi ver angelim-pedra
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
andirauchi ver angelim-rajado 117, 125, 147-150
angelim ver angelim-rajado babassu ver babaçu
angelim-amarelo 99, 100, 102, 103, 105, 106, baginha 35, 36, 37, 38, 99, 100, 102, 103,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113,
116, 117, 118, 119, 120, 121, 125, 135-138 114, 115, 117, 126, 151-154
angelim-branco ver angelim-pedra baginha-de-são-joão ver baginha
angelim-doce ver angelim-pedra baguaçu ver babaçu
angelim-liso ver angelim-pedra bandarra ver paricá
angelim-pedra 99, 100, 102, 103, 105, 106, barba-de-velho ver bordão-de-velho
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
barbatimão ver baginha
117, 120, 126, 139-142
barriguda ver sumaúma-barriguda
angelim-rajado 99, 100, 102, 103, 105, 106,
107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115, Bertholletia excelsa ver castanheira
117, 120, 123, 126, 143-146 Bertholletia nobilis ver castanheira
angelim-vermelho ver angelim-rajado Bignonia conspícua ver ipê-amarelo
angico-branco ver farinha-seca Bignonia copaia ver parapará
342 Guia arbopasto