Abea. Caderno Abea 39

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XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  2 

CADERNO abea 39

XXXIII ENSEA
Encontro Nacional sobre Ensino de
Arquitetura e Urbanismo

XXXVI COSU
Reunião do Conselho Superior da ABEA

O Ensino de Arquitetura e Urbanismo:


Teoria e Prática

29 a 31 de outubro 2014 
Universidade do Vale do Itajaí ‐ UNIVALI 
   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  3    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  4 

DIRETORIA ABEA BIÊNIO 2014/2015   
 
DIRETORIA EXECUTIVA  APRESENTAÇÃO
Presidente      FERNANDO J. DE MEDEIROS COSTA  UFRN/RN  A  teoria  sem  a  prática  vira  “verbalismo”, 
Vice‐Presidente    GOGLIARDO VIEIRA MARAGNO  UFMS/MS  assim  como  a  prática  sem  teoria,  vira 
Secretário      DÉBORA PINHEIRO FRAZATTO  PUC‐Campinas/SP  ativismo. No entanto, quando se une a prática 
Sub‐Secretário    ANA PAULA REBELLO LYRA    UVV/ES  com a teoria tem‐se a práxis, a ação criadora e 
Secretário de Finanças  JOSÉ ROBERTO GERALDINE JR.  Barão de Mauá/SP  modificadora da realidade. (Paulo Freire). 
Sub‐Secret. de Finanças  ANDREA LÚCIA VILELLA ARRUDA  FASA/MG 
 
 
Em seus mais de quarenta anos de atividade a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura 
DIRETORIA  CONSELHO FISCAL  e  Urbanismo  ‐  ABEA  tem  buscado  centrar  suas  ações  no  aprimoramento  da  qualidade  do 
Ana Maria Reis Goes Monteiro  UNICAMP/SP  Titulares  ensino  para  que  no  futuro  a  sociedade  possa  usufruir  de  profissionais  de  alta  qualidade  e 
Carlos Eduardo Nunes Ferreira  UNESA/RJ  Jose Antonio Lanchoti  MOURA LACERDA/SP  capacitação. A dicotomia entre teoria e prática, em que pese haver existido em quase todos 
Fábio Mariz Gonçalves  USP/SP  João Carlos Correa  SOCIESC/SC 
Wilson Ribeiro dos Santos Jr.  PUC‐ Esther j. B. Gutierrez  UFPel/RS  os momentos da história da profissão, desperta críticas e vem sendo um dos principais focos 
Campinas/SP  Suplentes  dos questionamentos efetuados sobre os profissionais do mercado e principalmente sobre o 
Yone Yara Pereira  FURB/SC  Márcio Cotrin Cunha  UFPB/PB  ensino de arquitetura e urbanismo. 
Wanda Vilhena Freire  UFRJ/RJ  Roberto Py Gomes da Silveira  UFRGS/RS 
Dirceu Lima da Trindade  PUC/GO  Itamar Costa Kalil  UFBA/BA  A ABEA reconhece que a universidade brasileira tem múltiplos papéis e eles abarcam tanto o 
Fernando Moreira Diniz  UFPE    vínculo  desejável  do  ensino  com  a  vida  cotidiana,  ou  seja,  com  a  prática  profissional, 
Enio Moro Junior  BELAS ARTES  buscando proporcionar mão de obra qualificada em atendimento ao mercado de trabalho, 
Frederico Lopes Meira Barboza  UCB/DF 
  quanto à geração de novos conhecimentos teóricos que no futuro deverão ser incorporados 
  pela sociedade. A grande dificuldade tem sido adequar a dosagem das duas abordagens na 
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Arquitetura  formação dos futuros profissionais. 
 
  Assim,  buscando  reconhecer  estudos,  metodologias  e  aplicações,  e  a  partir  de  demandas 
Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (32. : 2014:  apontadas  nos  eventos  anteriores  a  ABEA  convidou  docentes  e  discentes  de  Cursos  de 
Camboriú/SC). 
Anais: XXXIII ENSEA/ XXXVI COSU: O Ensino de Arquitetura e Urbanismo: 
Graduação  e  de  Pós‐Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  para  expor  e  discutir 
Teoria e Prática./ XXXIII Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e  experiências pedagógicas de interação da teoria e da prática nos projetos pedagógicos dos 
Urbanismo, XXXVI Reunião do Conselho Superior da ABEA. Camboriú/SC  cursos. 
– Brasil, 29 a 31 de outubro 2014, Universidade do Vale do Itajaí ‐ 
UNIVALI; Comissão organizadora Fernando José de Medeiros Costa ... et  A discussão foi proposta em eixos temáticos assim distribuídos 
al... – Camboriú: ABEA, 2014. 
679 p.: il. – (Caderno; 39)  1.  Na  Graduação:  estágio  supervisionado;  assistência  técnica;  canteiros  experimentais; 
  aplicação das práticas pedagógicas; extensão em Arquitetura e Urbanismo. 
     1. Arquitetura. – Ensino. 2. Arquitetura – Congresso.  3. Urbanismo. 4. 
Prática pedagógica. I. Costa, Fernando José de Medeiros. II. 17.. III. 2014.   2. Na Educação Continuada: Latu sensu; strictu sensu; residência técnica; aperfeiçoamento; 
IV. Camboriú/SC. V. Título. VI. Caderno. 
  capacitação. 
RN/UF/BSE‐ARQ                                                  CDU 72 
Com  esse  evento  a  ABEA  espera  estar  contribuindo  para  a  socialização  das  experiências  e 
  estimulando a discussão sobre o tema, sempre na busca da melhoria da qualidade do ensino 
    de Arquitetura e Urbanismo. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  5    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  6 

PROGRAMAÇÃO SUMÁRIO 

Dia 29 de outubro de 2014 (quarta feira)  Ata conjunta do XXXII ENSEA e XVII CONABEA   11 


MANHà

8:30 – 12:00  Livre  SESSÕES DE COMUNICAÇÕES  43 


Almoço  Aprender na Obra  Risale NEVES  44 
TARDE 

14:00 – 18:00  Credenciamento  Contributos da Extensão Universitária na  Merlin Janina DIEMER; Jamile Maria 


aprendizagem dos acadêmicos no curso de  da Silva WEIZENMANN; Viviane  57 
Intervalo  Arquitetura e Urbanismo da UNIVATES  Maria Theves ECKHARDT 
20:00  Abertura solene do Evento – Mesa de abertura com autoridades e convidados  Escritório modelo como estágio profissional na 
Fernanda Maria MENEZES; Silas 
 Palestra: "O Ensino de Arquitetura na Europa" Prof. Constantin Spiridonidis,  formação dos acadêmicos. Caso da comunidade  71 
Matias AZEVEDO 
NOITE 

20:20  de Tessalonica na Grécia, coordenador do ENHSA ‐ European Network of  PC3 – Florianópolis. SC 


Heads of Schools of Architecture  As atividades de extensão do Curso de 
21:00  Coquetel  Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Frederico Lopes Meira BARBOZA JR; 
Católica de Brasília: o Acordo de Cooperação 
Dia 30 de outubro de 2014 (quinta feira)  Tatiana Mamede Salum CHAER;  84 
Técnica com o Governo do Distrito Federal e o 
Aline Stefânia ZIM 
Programa de Melhorias Habitacionais do 
MANHà

9:00 – 12:00  ENSEA – Mesas de Comunicações  Governo Federal 


Nirce Saffer MEDVEDOVSKI; Carlos 
Almoço  Um relato do CAU/RS sobre a Prática 
Eduardo PEDONE; Marindia 
COSU da ABEA  Profissional Assistida nas escolas de Arquitetura  100 
GIRARDELLO; Luiz Antônio 
14:00 – 15:45  Instalação do COSU da ABEA, informes e pauta de discussão 
e Urbanismo no Rio Grande do Sul 
VERÍSSIMO 
 Palestra “Matriz da Mobilidade e do Exercício Profissional dos Arquitetos e  O ensino em projeto de Arquitetura frente às  Marcel Alessandro CLARO; Larissa 
117 
TARDE 

Urbanistas”. Arquiteta Mirna Cortopassi Lobo, assessora do CAU/BR  inovações tecnológicas – um processo reflexivo  Caroline Silva JORDÃO 


 Mesa com a Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR  Divergências e convergências. 
16:00 – 18:00 
 Palestra sobre o Sistema Nacional de Acreditação de Cursos de Arquitetura e  Design Thinking e problematização no ensino  Ivo R. GIROTO  128 
Urbanismo dos Estados Unidos – NAAB  ‐ Andrea S. Rutledge, CAE, Hon. AIA ‐  de projeto arquitetônico 
Executive Director ‐ The National Architectural Accrediting Board  Como deve ser o ensino de sustentabilidade nas 
Intervalo  Faculdades de Arquitetura e Urbanismo?  Joel OUTTES  143 
ENSEA ‐ COSU  Reflexões sobre uma experiência docente 
NOITE 

 Palestras: Un arquitecto en “El Paraíso”  As atividades experimentais no contexto 
19:00 – 21:00  Albenise LAVERDE; Cláudia 
Arq. Simon Hosie Samper, da Colômbia  acadêmico: o confronto entre o projeto e a  156 
Terezinha de Andrade OLIVEIRA 
materialidade 
Dia 31 de outubro de 2014 (sexta feira)  Biomimética aplicada ao ensino de projeto em  Ronnie Elder da CUNHA; Carlos 
167 
arquitetura: o método BioTRIZ  Alejandro NOME 
MANHà

9:00 – 12:00  ENSEA – Mesas de Comunicações  
O projeto e a integração com o conteúdo 
Renato de MEDEIROS, Camila 
tecnológico no ensino de Arquitetura e  185 
Almoço  Cavalcanti RESENDE 
Urbanismo no Brasil. 
CONABEA 
Representação e apresentação do projeto 
TARDE 

Fabiana IZAGA; Solange CARVALHO; 
14:00 – 18:00  PLENÁRIA DO COSU – Deliberações e encaminhamentos; 
urbano em “Ateliê Integrado 2” do quarto ano  196 
Alexandre PESSOA 
da FAU‐UFRJ 
    Luiz AMORIM; Maria de Jesus LEITE; 
Conceito, instrumento, integração: postulados 
Gilson GONÇALVES; Patrícia Porto  210 
pedagógicos do CAU/UFPE 
CARREIRO 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  7    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  8 

Novas práticas pedagógicas da matéria de  Praticar o que se aprende ou aprender o que se 
informática aplicada à Arquitetura, Urbanismo  pratica: nexos e dicotomias entre a qualidade 
Patrícia Porto CARREIRO; Rejane de  Gogliardo Vieira MARAGNO  399 
e Paisagismo: experimentações dentro do novo  224 do ensino ea prática de arquitetura e 
Moraes RÊGO 
currículo do curso de Arquitetura e  urbanismo 
Urbanismo/UFPE  Um Exercício na Praia: O Homem, a Terra e a  Anália Maria Marinho de Carvalho 
418 
O ensino de Teoria e História da Arquitetura e  Luta  AMORIM 
Taise Costa de FARIAS  243
das Cidades: desafios e estratégias  Redes Sociais e Ambientes Virtuais de 
André Luis Carrilho; Luiz Salomão 
Desenho Técnico Geométrico e Geometria  Erika Pereira MACHADO; Layla  Aprendizagem: Facebook como uma 
252 Ribas Gomez; Alice Theresinha  432 
Descritiva – novas metodologias  Christine Alves TALIN  ferramenta de integração no ensino de teoria 
Cybis 
Fabricação digital em ateliê vertical: uma  Juliano Miotto; Katiane Laura  da arquitetura. 
experiência didática no ensino de Arquitetura e  Balzan; Paula Batistello; Vivian  267 Vivências Espaciais em Arquitetura e 
Ursula Gonçalves D’ALMEIDA; 
Urbanismo  Delatorre  Urbanismo: desenvolvendo uma compreensão  445 
Rosane Fidalma Leocadio DIAS 
A história presente: um exercício com maquetes  Ana Carolina CARMONA  277 mais sensível do espaço 
Perspectivas para o ensino de história nos  Pedro Henrique de Carvalho 
Ensino e aprendizagem do comportamento  454 
cursos de arquitetura  RODRIGUES 
estrutural por   Marina M. Duarte; Károla A. Stach  286 O capital, a arquitetura e o ensino: o problema  Gelson de Almeida Pinto; Larissa 
meio de modelos físicos  464 
social no canteiro de obras  Cardillo Acconcia Dias 
Sociologia Urbana: conversas com futuros  O ensino da ética e da prática profissional nas 
Ivany Câmara NEIVA  296 Ana Luisa Dantas C. PEREZ  478 
arquitetos e urbanistas  escolas de arquitetura 
Importância da área da Paisagem para o Projeto  Atividades práticas e experimentos didáticos  Marcelo GALAFASSI; Carolina Rocha 
Carmem Silvia MALUF; Veronica 
Pedagógico da Universidade de Uberaba ‐  308 aplicadas no ensino de disciplinas que  CARVALHO; Rafael Prado CARTANA;  495 
Garcia DONOSO 
UNIUBE  envolvem Conforto Térmico  João Luiz PACHECO 
Exercício relâmpago no ensino de paisagismo:  Carmem Silvia Maluf; Juliano Carlos  O Ateliê de Projeto e o Patrimônio Cultural nas 
321
uma oportunidade!  Cecílio Batista Oliveira  Estruturas Curriculares dos Cursos de  Heitor de Andrade SILVA  510 
A Contribuição do Programa de Extensão do  Arquitetura e Urbanismo no Brasil 
Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais da  Emanuela Cristina M. DA SILVA; 
Luiz Alberto SOUZA  325 Utilização de Mapas Conceituais para o Ensino 
FURB no planejamento de cidades da Região do  Roberta Vilhena Vieira LOPES; Fábio  520 
Vale do Itajaí/SC  da Disciplina de Desenho Técnico I 
Paraguaçu Duarte da COSTA 
A extensão universitária integrando a  Sabrina Assmann LÜCKE; Laura  Metodologia ativa e interdisciplinaridade: 
graduação em Arquitetura e Urbanismo ao  COSTA; Luciana Regina Fauri  339 Jamile Maria da Silva 
práticas pedagógicas no ensino de projeto de 
Ensino Médio no Vale Do Taquari/RS  CAETANO  WEIZENMANN; Glauco Assumpção  530 
arquitetura na UNIVATES para a aprendizagem 
Teoria e prática, razão e sensibilidade:  PACHALSKI; Merlin Janina DIEMER 
de competências 
difundindo a temática hospitalar na graduação  Bianca Breyer CARDOSO  349 O redesenho como estratégia didática no  Maria Marta dos Santos 
em Arquitetura e Urbanismo  processo de ensino‐Aprendizagem da História e  CAMISASSA; Josélia Godoy  546 
A formação e os interesses profissionais dos  da Teoria da Arquitetura  PORTUGAL; Maristela SIOLARI 
estudantes de arquitetura e urbanismo da FAU‐ Maria do Carmo de L. Bezerra; Erick  Deriva fotográfica do bem: cidade, encontro, 
359 Bráulio Vinícius FERREIRA  557 
UnB frente aos objetivos da Lei de Assistência  Welson B. Mendonça  memória e fotografia 
Técnica para a população de baixa renda 
Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ:  O concurso Opera Prima e a formação do 
Rafael Silva BRANDÃO; Flávia Nacif  Bráulio Vinícius FERREIRA  570 
uma experiência com a flexibilidade e a  374 arquiteto e urbanista 
da COSTA 
autonomia 
Experiência pedagógica do curso de Arquitetura 
Uma experiência de Planejamento Participativo  Isabel Maria de MELO BORBA; 
e Urbanismo da UTFPR: atividades extraclasse 
aplicado à elaboração do Projeto Político  Marcia Keiko ONO ADRIAZOLA;  588 
Flavio Jose Nery Conde MALTA  388 como recurso para a formação integral do 
Pedagógico do curso de Arquitetura e  Armando Luis Yoshio ITO 
estudante 
Urbanismo da Universidade de Taubaté, SP 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  9    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  10 

A teoria e a prática do “sentimento estrutural”    
Renato de MEDEIROS; Camila   
no processo de ensino‐aprendizagem do  605
Cavalcanti RESENDE  Solenidade de Abertura do XXXIII ENSEA e XXXVI COSU 
projeto arquitetônico 
Abordagens sobre ensino de sustentabilidade 
Daniele Ornaghi Sant´Anna; Sasquia 
na construção civil: enlaces em arquitetura e  616
Hizuru Obata 
engenharia civil 
Estudo das etapas de elaboração do projeto 
arquitetônico, visando à construção de uma  Zamara Ritter BALESTRIN; 
628
metodologia aplicável às disciplinas de projeto  Alessandra Gobbi SANTOS 
de arquitetura 
Revisão de Projeto Pedagógico, uma  Luiz Antonio de Paula NUNES; 
oportunidade para a reflexão sobre o ensino de  Rebeca Cavalcante Albuquerque da  642
arquitetura e urbanismo  SILVA 
O ensino de projeto arquitetônico com ênfase 
Edison K. TSUTSUMI; Marcela A. 
em sistemas estruturais: relato de práticas  659
MACIEL; Nébora L. MODLER 
didático‐pedagógicas da UFFS 
Indice Remissivo – AUTORES    676   
   
    Solenidade de Abertura do XXXIII ENSEA e XXXVI COSU 

 
 
   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  11    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  12 

Ata conjunta do XXXIII ENSEA ‐ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e 
Urbanismo e XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 

Realizados na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI/SC, em Balneário Camboriú no 
período de 29 a 31 de outubro de 2014 
Às vinte horas do dia vinte e nove do mês de outubro de dois mil e quatorze, foram iniciadas 
as atividades do XXXIII Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ENSEA) 
e  do  XXXVI  Reunião  do  Conselho  Superior  da  ABEA  (COSU).  O  evento  contou  com  cento  e 
dezoito participantes inscritos, representantes das seguintes Instituições: 
1. Associação Escola da Cidade   Escola da Cidade/SP 
ATA CONJUNTA 2. Centro Universitário Barão de Mauá 
3. Centro Universitário Belas Artes de São Paulo 
CBM 
FEBASP 
4. Centro Universitário CESMAC   CESMAC/AL 
5. Centro Universitário Filadélfia  UNIFIL/PR 
6. Centro Universitário da Fun. de Ens. Octávio Bastos  UNIFEOB/SP 
7. Centro Universitário Ritter dos Reis  UNIRITTER/RS 
8. Faculdade Avantis de Balneário Camboriú  AVANTIS/SC 
9. Faculdade Max Planck   MAX PLANC/SP 
10. Faculdade Paraíso do Ceará  FAP/CE 
11. Faculdades Santo Agostinho   FASA/MG 
12. Instituto Federal Fluminense  IFF/RJ 
13. Instituto Federal da Paraíba   IFPB/PB 
14. Instituto Federal de São Paulo  IFSP/SP 
15. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais  PUC‐MINAS 
16. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul  PUC‐RS 
XXXIII ENSEA
17. Pontifícia Universidade Católica de Campinas  PUC‐Campinas/SP 
Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 18. Universidade de Brasília  UNB 
19. Universidade Católica de Petrópolis  UCP/RJ 
20. Universidade Comunitária da Região de Chapecó  UNOCHAPECÓ/SC 
XXXVI COSU 21. Universidade de Cruz Alta   UNICRUZ/RS 
Reunião do Conselho Superior da ABEA 22. Universidade Estácio de Sá  UNESA/RJ 
23. Universidade Estadual de Campinas  UNICAMP 
24. Universidade do Extremo Sul Catarinense   UNESC/SC 
    25. Universidade Federal do Amapá   UNIFAP/AP 
26. Universidade Federal de Campina Grande  UFCG/PB 
27. Universidade Federal de Goiás  UFG/GO 
28. Universidade Federal de Itajubá   UNIFEI/MG 
29. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul  UFMS/MS 
30. Universidade Federal da Paraíba  UFPB/PB 
31. Universidade Federal de Pernambuco  UFPE/PS 
32. Universidade Federal de Pelotas  UFPEL/RS 
33. Universidade Federal do Rio Grande do Sul  UFRGS/RS 
34. Universidade Federal do Rio de Janeiro   UFRJ/RJ 
35. Universidade Federal do Rio Grande do Norte  UFRN/RN 
36. Universidade Federal de Sergipe  UFS/SE 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  13    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  14 

37. Universidade Federal de Santa Catarina  UFSC/SC  Representante do Ministério das Cidades, Arquiteta e Urbanista Luciana Barbosa. Registrou‐


38. Universidade Federal de São João Del Rei  UFSJ/MG  se ainda a presença das seguintes autoridades: Fabiana Izaga ‐ Secretária Geral do IAB/DN, 
39. Universidade Federal de Viçosa  UFV/MG  Representando  o  Presidente  Sérgio  MAGALHÃES;  Constantin  Spiridonidis,  Simon  Hosie  e 
40. Universidade Luterana do Brasil  ULBRA Torres/RS  Andrea  Rutledge,  convidados  internacionais  que  estarão  palestrando  durante  o  evento;  o 
41. Universidade Nove de Julho  UNINOVE/SP  Presidente  do  CAU  Rio  Grande  do  Norte,  Raquelson  Lins;  o  Presidente  do  CAU  Bahia, 
42. Universidade Presbiteriana Mackenzie  MACKENZIE/SP  Guivaldo  D'Alexandria;  o  Presidente  do  Cau  Tocantins,  Lucas  Rodrigues  Dantas; 
43. Universidade Regional de Blumenau  FURB/SC  representando  o  presidente  do  CAU/PR,  o  conselheiro  Carlos  Hardt;  representando  o 
44. Universidade do Sul de Santa Catarina  UNISUL‐Tubarão/SC  presidente do CAU/MG, a Conselheira Andrea Vilella. Após as falas de boas vindas proferidas 
45. Universidade do Vale do Rio dos Sinos  UNISINOS  pelos  membros  da  mesa,  o  evento  foi  declarado  aberto  pelo  Professor  Fernando  Costa.  A 
46. Universidade de Taubaté  UNITAU/SP  mesa foi desfeita e deu‐se início à palestra proferida pelo Professor Constantin Spiridonidis 
47. Universidade de Uberaba  UNIUBE/MG  da Universidade de Thessaloniki, na Grécia. Os arquitetos e urbanistas José Antônio Lanchoti 
48. Universidade do Oeste de Santa Catarina  UNOESC/SC  Diretor  da  ABEA  e  Luciana  Barbosa  do  Ministério  das  Cidades  fizeram  a  apresentação  do 
49. Universidade Reg. Integ. do Alto Uruguai e das Missões ‐ Westphalen URI/RS  Convênio que a ABEA realiza com o Ministério das Cidades e que conta com o patrocínio do 
50. Universidade do Vale do Itajaí  UNIVALI/SC  CAU/SP.  Foram  relatados  os  detalhes  do  convênio  que  tem  dois  produtos  principais:  1.  o 
51. Universidade do Vale do Taquari  UNIVATES/RS  CADERNO  ABEA  ESPECIAL  ‐  Normativos  Legais  sobre  a  Acessibilidade  na  Arquitetura  e 
52. Universidade de São Paulo  USP  Urbanismo no Brasil, edição bilíngue que foi lançado no evento; e o Curso de Acessibilidade 
53. Universidade Tecnológica Federal do Paraná  UTFPR  em Projetos e Obras de Arquitetura e Urbanismo ‐ modalidade ensino à distância (EAD), que 
54. Universidade Vila Velha  UVV  também foi anunciado. Os dois produtos foram oficialmente lançados para conhecimento da 
55. Conselho de Arq. e Urb. do Rio Grande do Norte  CAU/RN  comunidade  acadêmica  com  distribuição  do  livro  através  do  Correio  e  inscrições  no  Curso 
56. Conselho de Arq. e Urb.  do Rio Grande do Sul  CAU/RS  EAD através do site do Ministério das Cidades, do site da ABEA e do site do CAU/SP ainda em 
57. Conselho de Arq. e Urb.  do Tocantins  CAU/TO  dezembro  de  2014.  Na  sequencia  todos  foram  convidados  a  participar  de  um  coquetel 
58. Conselho de Arq. e Urb.  de Santa Catarina  CAU/SC  oferecido pela UNIVALI de Balneário Camboriú, SC. 
59. Conselho de Arq. e Urb.  da Bahia  CAU/BA  XXXIII  ENSEA  –  As  comunicações  foram  agrupadas  em  nove  seções  de  apresentação  e 
As seções de comunicações de artigos do XXXIII ENSEA se desenvolveram em dois turnos de  distribuídas em dois turnos. Na manhã do dia 30 de outubro foram instaladas quatro seções.  
trabalhos,  o  primeiro  na  manhã  do  dia  trinta  (quarta  feira)  e  o  segundo  na  manhã  do  dia  1ª SEÇÃO: Coordenação da professora Yone Yara Pereira e relatoria da professora Ana Paula 
trinta e um (quinta feira) e seções de palestra na noite do vinte e nove (quarta feira) e na  Rabello Lyra. Foram apresentados cinco trabalhos sobre experiências e práticas de extensão. 
tarde  e  noite  do  dia  30  (quinta  feira).  Dos  artigos  enviados  por  pesquisadores,  quarenta  e  O  Primeiro  trabalho  apresentado  pela  Professora  Risale  Neves  da  Universidade  Federal  de 
cinco  foram  aprovados  pelo  Comitê  Científico  do  evento  para  apresentação.  As  Pernambuco com o título “Aprender na Obra” expôs a proposta da professora na oferta de 
apresentações  foram  distribuídas  para  ocorrerem  em  salas  simultâneas.  O  XXXVI  COSU  foi  uma disciplina que contempla a prática em obra associada ao ensino. Proposta que surgiu a 
realizado em duas seções sendo a primeira na tarde do dia trinta e a segunda na tarde do dia  partir da inquietação da professora nos questionamentos feitos por colegas da ADEMI de PE 
trinta e um de outubro de dois mil e quatorze.  de  que  “arquitetos  não  entendem  nada  de  tecnologia  da  construção”.  A  partir  desta 
ABERTURA SOLENE DO EVENTO: Às vinte horas do dia vinte e nove de outubro de 2014, no  provocação  a  professora  que  fazia  parte  da  assessoria  técnica  da  própria  ADEMI  elaborou 
auditório  central  da  UNIVALI,  deu‐se  início  à  solenidade  de  abertura  do  XXXIII  Encontro  um projeto para criação de um convênio que possibilitasse a alunos do curso de Arquitetura 
Nacional  Sobre  Ensino  de  Arquitetura  –  ENSEA  e  XXXVI  Reunião  do  Conselho  Superior  da  e  Urbanismo  a  vivência  de  uma  prática  profissional  em  obras  de  empresas  construtoras 
ABEA – COSU. Para compor a mesa foram convidadas as seguintes autoridades: o Diretor do  associadas  à  ADEMI‐PE.  O  convênio  abre  vagas  e  os  alunos  inscritos  e  selecionados  são 
Centro  de  Ciências  Sociais  Aplicadas  ‐  Comunicação,  Turismo  e  Lazer  ‐  CECIESA.CTL  da  instruídos sobre o processo de contratação que inicia no âmbito do Curso e envolve: termo 
UNIVALI, Prof. Renato Bîchele Rodrigues, representando o reitor da UNIVALI, Prof. Dr. Mário  de  compromisso,  regras  de  aferição,  ficha  cadastral,  um  manual  do  projeto  e  o 
César  dos  Santos;  o  Presidente  da  Associação  Brasileira  de  Ensino  de  Arquitetura  e  encaminhamento  do  aluno  para  uma  das  empresas  contratantes.  A  disciplina  consiste  em 
Urbanismo  ‐  ABEA,  Professor  Arquiteto  e  Urbanista  Fernando  Costa;  o  Coordenador  do  encontros  semanais  onde  são  debatidas  as  questões  relacionadas  às  experiências 
Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVALI ‐ Balneário Camboriú, Professor Arquiteto e  vivenciadas  pelos  alunos  nas  obras  para  promover  uma  reflexão  e  crítica  sobre  a  teoria 
Urbanista  Carlos  Alberto  Barbosa  de  Souza;  Presidente  do  Conselho  de  Arquitetura  e  aprendida  em  sala  e  a  realidade  da  prática  identificada  pelos  alunos  nas  construções.  O 
Urbanismo  do  Brasil  –  CAU/BR,  Arquiteto  e  Urbanista  Haroldo  Pinheiro;  Presidente  do  segundo trabalho foi apresentado pelas professoras Merlin Diemer e Jamile Weizenmann da 
Conselho  de  Arquitetura  e  Urbanismo  do  Estado  de  Santa  Catarina  –  CAU/SC,  Arquiteto  e  UNIVATES do RS com o título “Contributos da Extensão Universitária na aprendizagem dos 
Urbanista Ronaldo DE Lima; o Presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas  acadêmicos no curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVATES”. O trabalho foi estimulado 
‐  FNA,  o  Arquiteto  Urbanista  Jeferson  Salazar;  a  Presidente  da  Associação  Brasileira  de  pela divulgação do novo Plano Nacional de Educação – PNE de 2014 que instituiu a meta das 
Arquitetos  Paisagistas  ‐  ABAP,  Arquiteta  e  Urbanista  Letícia  Peret  Antunes  Hardt;  a  Instituições assegurarem, um mínimo, de 10% do total de créditos curriculares exigidos para 
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a  graduação  em  programas  e  projetos  de  extensão  universitária,  orientando  sua  ação,  vida,  como  o  acesso  a  pessoas  com  deficiência  e  modalidades  reduzidas  e  também  a 
prioritariamente,  para  áreas  de  grande  pertinência  social.  As  professoras  iniciaram  o  previsão  de  implantação  de  elevadores.  Desenvolveram  propostas  de  dois  e  três  quartos 
trabalho  com  uma  pesquisa  sobre  a  definição  do  significado  de  Extensão  Universitária,  para  atender  assim  a  diferentes  composições  familiares  da  comunidade.  Processo  que 
apresentaram  um  breve  histórico  das  legislações  de  ensino  com  foco  na  abordagem  da  envolveu os acadêmicos e graduandos com a realidade da comunidade no que diz respeito a 
extensão.  Deste contexto destacaram  a concepção  de  extensão  do Fórum Nacional de  Pró  adequar  a  linguagem  arquitetônica  nas  interlocuções  com  a  comunidade,  vivenciaram 
Reitores das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX de 1987 em que enfatizava do  discussões acirradas, trataram da assistência técnica tendo a oportunidade de colocá‐la em 
processo  dialético  entre  teoria  e  prática  o  aprendizado  que  docentes  e  discentes  traziam  prática.  Destacaram  como  aspecto  positivo  a  possibilidade  interdisciplinar  no  convívio  de 
para as Instituições a partir das experiências de ação com comunidades encontrando assim  alunos de diferentes períodos e a participação da IES em uma ação que visava o benefício de 
na  “sociedade,  a  oportunidade  de  elaboração  da  práxis  de  um  conhecimento  acadêmico”.  uma Comunidade de Interesse Social. A quarta apresentação do professor Frederico Barboza 
Ao citarem RABEL (2012) deixam claro que para caracterizar a extensão, é imprescindível a  com  o  título  “As  atividades  de  extensão  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
articulação  de  três  sujeitos,  que  são:  professores,  acadêmicos  e  comunidade  externa.  Universidade  Católica  de  Brasília:  o  Acordo  de  Cooperação  Técnica  com  o  Governo  do 
Ilustram  em  seguida  dois  projetos  de  extensão  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Distrito Federal e o Programa de Melhorias Habitacionais do Governo Federal” ilustrou uma 
UNIVATES:  o  “arquitetando” que consiste  em  atividades nas  áreas  de  Artes,  Matemática  e  das  experiências  das  atividades  de  extensão  vinculadas  à  disciplina  ofertada  na  matriz 
História  com  alunos  do  ensino  médio,  e  o  “sustentec”  que  consiste  em  atividades  que  curricular  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Instituição.  A  disciplina  “Projeto  e 
vinculam  temas  de  sustentabilidade  e  tecnologia  com  alunos  do  ensino  médio.  Os  alunos  Atendimento  Comunitário  –  PAC”  foi  inserida  como  proposta  para  o  sétimo  período  do 
bolsistas  que  participaram  destes  projetos  consideraram  que  ao  lidar  com  este  público  curso,  o  objetivo  era  o  desenvolvimento  de  um  exercício  da  prática  do  atendimento  à 
diferente e diversificado permitiu um aprimoramento pessoal, pois aprenderam a conviver  comunidade, sob a orientação docente associada ao Núcleo de Arquitetura e Urbanismo. O 
com  pessoas  a se  portar em  público, a  desenvolverem  experimentos  diferentes da  sala  de  Núcleo  tinha  funções  de  atender  a  cinco  frentes  de  trabalho  com  ação  intrainstituicional, 
aula  no  formato  de  pesquisa  ação.  Concluem  que  a  extensão  deve  ser  vista  como  um  extra institucional, ação comunitária, ação por demanda, ação de treinamento comunitário. 
processo  “aprendente”  para  o  estudante,  uma  fonte  de  aprendizagem  que  expõem  os  O Projeto se inspirou na Lei Federal 11.888/2008 de Assistência Técnica e foi financiado com 
acadêmicos a novos desafios e preparando‐os para a vida profissional. Encerram informando  recursos  repassados  pelo  Programa  de  Aceleração  do  Crescimento  –  PAC  através  da  Caixa 
que ainda estão estudando a melhor forma de viabilizar os 10% dos créditos curriculares em  Econômica  Federal  que  incorporou  demandas  do  Subprograma  Melhorias  Habitacional  do 
programas e projetos de extensão promovidos pela Instituição. A terceira apresentação foi a  Governo compondo assim a minuta do acordo do Plano de Trabalho com uma estratégia de 
do  Professor  Silas  Azevedo  da  UNISUL  com  o  título  “Escritório  modelo  como  estágio  extensão do curso. Trabalharam com uma área de Interesse Social localizada na quadra QNL 
profissional na formação dos acadêmicos. Caso da comunidade PC3 – Florianópolis. SC.” O  iniciando com uma atividade de campo para levantamento de dados e atividades de Ateliê 
Professor Silas informa que o Escritório Modelo funciona há 14 anos sob a gestão de alunos  para  produção  de  desenhos,  relatórios  e  diagnóstico.  Conclui  informando  os  objetivos 
do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  supervisão  de  professores  do  curso.  Apresenta  o  alcançados  com  o  trabalho  na  capacitação  do  aluno  com  o  trabalho  de  campo  e 
projeto desenvolvido para a comunidade PC3 no município de Florianópolis que consistia em  envolvimento  nos  diálogos  com  a  comunidade  da  área  de  estudos,  na  aplicação  dos 
uma  proposta  de  relocação  em  um  assentamento  que  envolvia  um  terreno  menor  e  conteúdos teóricos das disciplinas e a interlocução com os agentes locais e da administração 
acidentado.  O  Projeto  envolvia  uma  parceria  entre  Secretaria  municipal  de  Florianópolis,  pública  no  processo  de  elaboração  do  diagnóstico.  Conseguiram  assim  envolver  os 
Procuradoria,  Ministério  Público  de  Santa  Catarina,  União  das  Entidades  Comunitárias  e  a  graduandos nas Atividades administrativas e finalísticas da administração pública. A quinta e 
Comunidade  da  área  de  estudos.  As  etapas  contemplaram  reuniões  públicas  com  a  última apresentação proferida pela professora Nirce Medvedovski, coordenadora da CEF do 
comunidade e a equipe deveria conciliar questões de insolação e aproveitamento do terreno  CAU/RS, com o título “Um relato do CAU/RS sobre a Prática Profissional Assistida nas escolas 
com  o  desafio  de  adequar  a  comunidade  a  um  novo  modelo  de  convívio  que  consistia  a  de Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul” foi resultado do debate da Comissão de 
concepção  de  habitações  coletivas  multifamiliares,  tendo  em  vista  o  tamanho  limitado  do  Ensino e Formação do CAU/RS sobre suas reais competências e contribuições. A professora 
terreno e o número de famílias existente. Promoveram discussões com a comunidade onde  ilustrou as possibilidades do novo sistema IGEO do SICCAU como estratégia para atender ao 
a  maquete  serviu  para  os  leigos  como  uma  estratégia  didática  de  apropriação  do  objetivo de melhoria do exercício profissional a partir da origem da formação profissional. A 
conhecimento.  Definiram  junto  à  comunidade  o  programa  de  necessidades  quando  reflexão  demandou  um  trabalho  conjunto  da  CEF  e  da  CEP  sobre  quais  informações 
incentivaram  os  moradores  a  aceitarem  a  proposta  de  morarem  em  habitações  híbridas  poderiam contribuir para o desenvolvimento de um melhor ensino e a questão da teoria e 
conjugadas. Tiveram que trabalhar com a comunidade de forma que as mesmas passassem a  prática da profissão. O  Método adotado contemplou pesquisas  exploratórias qualitativas e 
entender  que  morar  em  uma  habitação  coletiva  poderia  favorecer  e  beneficiar  áreas  de  quantitativas  nas  busca  de  informações  diretas  através  de  entrevistas  abertas  e  de 
convívio  comuns  para  o  lazer  e  uso  público,  com  horta  comunitária,  parque  infantil,  questionários  específicos  realizados  junto  as  coordenações  das  IES  e  de  seus  respectivos 
associação  moradores,  estacionamento,  circulação  vertical  e  horizontal  confortáveis.  escritórios  modelos.  Aspectos  legais  sobre  o  tema  da  prestação  de  serviço  também  foi 
Aproveitaram o declive da área para dar acesso no nível de pelos menos três distintos planos  avaliado inclusive de como o PPC abordava esta relação nas práticas assistidas de extensão 
onde  foram  desenvolvidas  as  circulações  horizontais.  Foi  um  processo  construído  junto  à  de seus respectivos cursos. Dividiram o Estado em regiões de planejamento e fizeram mapas 
população e ainda existia algumas condições como a própria demanda do minha casa minha  temáticos.  Analisaram  os  tipos  de  escolas,  o  número  de  vagas  e  de  profissionais  ativos  no 
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estado e a distribuição espacial destes no contexto Estadual. Constataram a existência atual  processo  de  abertura,  divergência  baseado  em  empatia,  colaboração,  tangibilização  entre 
de três oportunidades de vagas de estágio por egressos, alertando porém para a demanda  outros.  A  empatia  baseia‐se  em  olhar  o  contexto  no  papel  de  quem  vivencia  foco  no  ser 
crescente  tendo  em  vista  as  novas  IES  com  cursos  de  Arq  Urb  no  Estado  que  ainda  não  humano.  Colaboração  entre  os  estudantes  e  entre  eles  e  os  usuários  finais,  permitindo 
possuem  alunos  nos  períodos  do  estágio  supervisionado  obrigatório.  Destacou  dentre  os  conexão entre diferentes áreas de conexão e experiências. A tangibilização é transformar as 
aspectos positivos do estágio supervisionado nas IES o ganho acadêmico – esta deve ser uma  ideias  em  projeto,  fazendo,  errando  e fazendo  novamente.  Testar  ideias e  saber  quando  é 
prática  garantida  da  integração  da  teoria  à  prática,  que  demanda  estratégias  preventivas  necessário abandoná‐las. O Design Thinking dá um valor maior ao processo que ao resultado 
diante o resultado da pesquisa para atender a demanda real da comunidade. Acrescenta que  final. “Os arquitetos aprendem com uma serie de estudos de projetos e recebem críticas as 
cada  projeto  de  extensão  possibilita  a  abertura  também  de  campo  de  trabalho  do  futuro  soluções  e  não  aos  métodos”.  Convergência  e  problematização  através  do  lançamento  de 
egresso, pois a comunidade passa a conhecer aspectos que são da profissão reconhecendo o  um enunciado e desenvolvimento de suas condicionantes. A restrição de alternativas para a 
valor do profissional de arquitetura e urbanismo. Dentre os aspectos negativos destacou a  solução seja apelo terreno ou pela definição programática, conduz ao aperfeiçoamento das 
dispensa de licitação que vem sendo aproveitada pelas IES que utilizam toda infraestrutura  definições forais e construtivas (Corona Martinez). Começar com propostas que vão sendo 
da  Instituição,  no  caso  das  públicas  com  o  uso  da  máquina  pública  para  concorrer  com  o  desenvolvidas através de pesquisa direcionada e com soluções maduras evitando a divisão 
mercado,  gerando  uma  discussão  ética  relacionada  a  questão  da  concorrência.  Encerra  entre prática e teoria. Aplicação em um projeto: Mercado Popular da Uruguaiana: procurar 
informando que os 10% de alunos envolvidos em projetos de extensão conforme definido no  um tema onde a capacidade empática dos alunos pudesse ser testada em  grande medida. 
recente  Plano  Nacional  de  Educação  ainda  é  uma  realidade  distante  tendo  em  vista  o  Alunos da Barra da Tijuca pudessem ter contato com um problema real, com usuários reais, 
problema  da  limitada  participação  dos  alunos  nestes  projetos.  As  contribuições  do  debate  distante do seu meio. Condicionantes baseada na fora do terreno, fluxos e edifício vertical 
que  ocorreu  após  as  apresentações  destacaram  a  necessidade  de  se  incluir  a  questão  de  encravado  na  esquina  do  terreno.  Etapa  de  interpretação  a  partir  da  análise  do  usuário‐ 
como estruturar a Extensão e fazer com que os acadêmicos e a gestão entendam a definição  arquétipo.  Dinâmica  da  experimentação:  10  projetos  em  uma  hora.  Validação  posterior 
da mesma, no próximo evento da ABEA.   levando os estudos até as pessoas reais, retornando ao atelier. Organização espacial a partir 
2ª SEÇÃO: Nessa seção coordenada pela professora Wanda Vilhena e relatoria do professor   dos Fluxos, existentes ou propostos, referencias locais (edifício da esquina coo ponto focal, 
Gogliardo Vieira Maragno, dois autores não compareceram para apresentar seus trabalhos.  por  exemplo)  e  forma  do  terreno.  3‐  “Biomimetica  aplicada  ao  ensino  de  projeto  de 
foram  apresentados  trabalhos  a  seguir.  1‐  “O  ensino  de  Projeto  de  Arquitetura  frente  as  arquitetura:  o  método  biotriz”  de  autoria  de  Ronnie  Cunha  ,  IFPB  (design)  mestrando  da 
inovações  tecnológicas  –  um  processo  reflexivo”  de  autoria  de  MarcelAlessandro  Claro,  UFPB. Biomimética é nova ciência que estuda os modelos da natureza, originada da biônica. 
Larissa  Caroline  Silva  Jordão  (apresentado  por  Carmem  Maluf).  Contexto:  Houve  mudança  É  a  abstração  do  bom  projeto  da  natureza  (Vicent).  Dois  tipos  de  abordagens:  top  down, 
curricular  na  UNIUBE  quando  se  inseriu  tecnologia  e  explicou‐se  sua  reestruturação  e  a  abordagem  baseada  no  problema  e  bottom  up,  abordagem  baseada  na  solução.  Métodos 
inclusão da tecnologia em paralelo às disciplinas de projeto. Com necessidade de redução da  não  são  claramente  definidos.  São  necessários  domínios  tanto  da  Biologia  quanto  da 
carga  horária,  foram  retiradas  ou  reduzidas  as  disciplinas  que  fossem  apenas  Arquitetura. O BioTRIZ é um sistema que permite utilizar soluções abstraídas de projetos de 
instrumentação. A informática reduziu‐se a um único ano. A utilização de plataformas ficou  sistemas  biológicos,  já  traz  embutido  um  banco  de  dados  que  diminui  a  necessidade  de 
para  ser  obtida  externa  ao  curso/instituição.  Foi  observado  que  alguns  alunos  não  conhecimento  biológico.  Desenvolvido  por  Julian  Vicent  baseado  na  análise  de  500 
conseguiram  buscar  externamente.  Agora,  após  5  anos,  está  se  revendo  como  recuperar  fenômenos  biológicos  e  cerca  de  2500  conflitos.  Utiliza  6  campos  de  operação:  estrutura, 
este conteúdo. Esse é o foco do trabalho, reflexão sobre os processos de projeto no atelier  substância, espaço, tempo energia e informação. Estudo de caso com alunos de arq e urb da 
com  a  inserção  de  novas  tecnologias.  O  uso  das  TICs  –  tecnologia  de  informação  e  UFPB na disciplina de Plástica. Verificar se o BioTRIZ seria um método adequado ao ensino 
comunicação no ensino de arquitetura. Que as TICs não sejam meramente uma prancheta  de  arquitetura.  Experiência  inicial  com  modelos  de  baixa  complexidade.  Mapa  conceitual 
eletrônica,  e  sim  um  facilitador  do  ato  projetual  e  de  interação  entre  professor  e  aluno.  para  avaliar  os  resultados.  Grande  dificuldade  com  o  emprego  foram  condicionamento  de 
Como estarão portanto inseridas no projeto? Quais as mediações entre professor e aluno?  projeto,  interferência  na  aplicação  e  limitações  do  conhecimento.  Alunos  desejavam 
Como será o novo atelier de projeto. Como evitar a dispersão pelo uso das redes sociais e  conhecer  o  doador  da  forma,  o  que  no  biotriz  não  mais  havia,  pois  o  sistema  já  trazia  a 
reverter  para  o  aprendizado?  Instâncias  de  importância  da  pesquisa:  científica,  social  e  abstração.  Dificuldade  de  abstração  dificultou  a  aplicação  do  método.  Preferencia  pelo 
pessoal. O projeto como construção coletiva com a participação do professor. Como focar o  método intuitivo. Entenderam e conseguiram aplicar o método, mas preferem o método da 
processo de aprendizado para que seja crítico e reflexivo, mais que seja mero instrumento. A  tentativa  e  erro,  o  que  gerou  uma  barreira  na  aplicação.  Durante  o  debate  após  a 
postura  do  professor  é  essencial  para  essa  mudança  de  enfoque.  2‐  “Divergências  e  apresentação,  houve  muita  discussão  sobre  as  interações  entre  ensino  de  projeto, 
convergências.  Design  Thinking  e  problematização  no  ensino  de  projeto  arquitetônico”  de  tecnologia, domínios de tecnologia da informação, etc.  
Ivo  R.  Giroto,  Universidade  Estácio  de  Sá,  RJ.  Experiência  de  2  anos  de  uma  disciplina  de  3ª  SEÇÃO:  Nessa  seção  que  contou  com  a  coordenação  da  professora  Andrea  Lúcia  Vilella 
projeto arquitetônico: Atelier 4, 7º período. Falar de projeto é falar de processo criativo. A  Arruda e relatoria d professor Enio Moro foram apresentados quatro trabalhos. “O projeto e 
experiência  parte  de  uma  busca  de  uma  prática  pedagógica  aplicada  que  incluísse  a  a integração com o conteúdo tecnológico no ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil” 
autonomia do aluno e também a condução para atingir melhores resultados através do que  de Renato de Medeiros e  Camila Cavalcanti Resende. O trabalho discorreu sobre os desafios 
chama de problematização. A abordagem que o Design Thinking proporciona baseado de um  para  integração  das  questões  tecnológicas  nos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo, 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  19    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  20 

debatendo  a  integração  necessária  entre  ensino  de  projeto  e  tecnologia;  discorreu  ainda  com  maquetes”  de  Ana  Carolina  Carmona;  “Ensino  e  aprendizagem  do  comportamento 
sobre  o  pensamento  necessário  e  integrado  entre  essas  questões  e  a  necessidade  de  estrutural por meio de modelos físicos” de Marina M. Duarte e Károla A. Stach. 
revigoramento  do  ensino  por  meio  do  olhar  sobre  o  projeto  da  obra.  “Representação  e  XXXVI COSU. Após o intervalo do almoço, às quatorze horas e vinte minutos do dia trinta de 
apresentação  do  projeto  urbano  em  ‘Ateliê  Integrado  2’  do  quarto  ano  da  FAU‐UFRJ”  de  outubro  foi  dado  início  à  primeira  seção  da  XXXVI  Reunião  do  Conselho  Superior  da  ABEA 
Fabiana Izaga, Solange Carvalho e Alexandre Pessoa. Os autores trazem a discussão sobre os  com  a  seguinte  pauta:  1)  Informes;  2)  Palestra  “Matriz  da  Mobilidade  e  do  Exercício 
desafios  das  questões  urbanas  para  o  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  tendo  como  Profissional dos Arquitetos e Urbanistas”; 3) Mesa com a Comissão de Ensino e Formação do 
principal  foco  sua  reflexão  como  embasamento  e  conseqüência  do  processo  projetivo;  CAU/BR e  4) Palestra sobre o Sistema Nacional de Acreditação de  Cursos de Arquitetura  e 
discutiu‐se também a importância das experiências do Ateliê integrado e as dificuldades na  Urbanismo dos Estados Unidos – NAAB.  
sensibilização  dos  departamentos  da  UFRJ  para  o  exercício  integrado  de  meio  e  final  de  1) Informes. O professor Fernando Costa, presidente da ABEA, fez um breve relato sobre as 
curso;  nem  todas  as  disciplinas  aceitaram  mas  a  experiência  foi  de  extremo  sucesso;  a  ações da Associação iniciando pelas deliberações do CONABEA realizado em Goiânia em dois 
experiência ainda trás resultados por meio de integração e fusão de exercícios e conteúdos e  mil  e  treze.  Informa  que  as  contribuições  referentes  à  revisão  das  Diretrizes  Curriculares 
associações  disciplinares  pela  disciplina  de  Projeto,  como  por  exemplo,  Representação,  Nacionais – DCN foram reunidas em um documento único entregue pela ABEA ao Conselho 
Imagens  Conceito,  Corte  Urbano  e  Maquetes,  entre  outros.  “Conceito,  Instrumento,  Nacional de Educação junto a uma solicitação de revisão da referida DCN de Arquitetura e 
Integração:  Postulados  Pedagógicos  do  CAU/UFPE”  de  Luiz  Amorim,    Maria  de  Jesus  Leite,  Urbanismo  após  o  mesmo  ter  sido  encaminhado  à  Comissão  de  Ensino  e  Formação 
Gilson  Gonçalves  e  Patrícia  Porto  Carreiro.  Esta  comunicação  apresentou  as  questões  Profissional  do  CAU/BR.  Acrescenta  que  o  documento  foi  ratificado  pela  CEF  do  CAU/BR 
pertinentes à construção do novo Projeto Pedagógico do curso de Arquitetura e Urbanismo  tendo  sido  alterados  por  solicitação  do  Plenário  do  CAU  somente  o  artigo  referente  ao 
da  UFPE,  com  enfoque  na  discussão  da  estrutura  curricular  como  oportunidade  para  regulamento da Pós graduação na graduação, neste caso retirado do documento, e do artigo 
melhorar  o  curso;  uma  das  dinâmicas  referiu‐se  à  prática  cotidiana  de  construção  e  referente  ao  estágio  que  no  entendimento  da  mesma  Plenária  do  CAU  decidiu‐se  pela 
transmissão  do  conhecimento,  da  concepção  das  mudanças  (Ordem  Expressiva,  Ordem  sugestão  de  que  o  estágio  supervisionado  fosse  limitado  a  ser  realizado  em  obras, 
Instrumental articulando‐se por meio de Eletivas, Conceituais e Instrumentais), por meio da  entendimento  este  que  diferia  da  proposta  da  ABEA  que  entende  que  o  estágio 
revisão  de  conteúdos  e  práticas  integradas.    “Novas  práticas  pedagógicas  da  matéria  de  supervisionado  deva  contemplar  as  diferentes  modalidades  do  exercício  profissional. 
Informática  Aplicada  à  Arquitetura,  Urbanismo  e  Paisagismo:  Experimentações  dentro  do  Completa  o  ponto  de  pauta  informando  que  o  documento  aprovado  no  CONABEA  foi 
Novo Currículo do Curso” de Patrícia Porto Carreiro e Rejane de Moraes Rêgo. A exposição  mantido e encaminhado ao CNE e que a ABEA agendou uma reunião para o início do mês de 
tratou  da  questão  da  informática  aplicada  à  arquitetura  e  urbanismo  sob  o  enfoque  da  novembro  junto  a  Câmera  de  Educação  Superior  para  cobrar  um  retorno  em  relação  a 
interdisciplinaridade, indissociabilidade e aprendizagem baseada em problemas; neste olhar  solicitação feita pela ABEA E CAU/BR em maio deste anos. O Professor Geraldine confirma o 
a  Informática  funciona  como  o  elemento  integrador,  mesmo  com  carga  horária  reduzida,  agendamento da reunião para o dia cinco de novembro por solicitação da própria CNE.  
discutindo  questões  de  mapas  georreferenciados,  BIM,  Modelagem  e  Prototipagem.  A  2) Palestra  “Matriz da  Mobilidade  e do Exercício Profissional dos Arquitetos  e  Urbanistas”. 
Coordenação da mesa resumiu o conteúdo dos trabalhos com os principais aspectos e abriu  Dando  prosseguimento  o  presidente  da  ABEA  convida  a  Arquiteta  Mirna  Cortopassi  Lobo, 
o  debate.  O  prof.  PAULO  perguntou  aos  expositores  sobre  as  relações  entre  a  revisão  do  assessora do CAU/BR para apresentar a palestra sobre a Matriz de Mobilidade desenvolvida 
Projeto Pedagógico e a estruturação dos novos espaços necessários.  Os debates giraram em  pelo CAU/BR. A Assessora inicia agradecendo o convite e informando se sentir emocionada 
torno  do  papel  da  Coordenação  do  NDE  e  dos  demais  atores  em  processos  reforma  por  estar  em  contato  com  profissionais  do  universo  acadêmico,  já  que  ela  mesma  foi 
pedagógica,  a  experiência  do  Ateliê  Integrado  rompendo  com  o  modelo  de  ensino  por  docente  por  anos.  Informa  que  ainda  enquanto  docente  se  deparou  com  grandes 
disciplina,  sobre  a  participação  dos  estudantes  nesse  processo  e  ainda  sobre  o  papel  dos  resistências dos colegas da academia sempre que propunha inserir práticas que envolviam a 
departamentos  e  dos  pré  e  co‐requisitos.  Foi  enfatizado  o  tema  da  prototipagem  e  a  tecnologia  e  que  tem  sido  defensora  destas  estratégias  de  ensino  desde  a  sugestão  pela 
importância  do  papel  da  geometria  gráfica  na  formação  dos  arquitetos  e  urbanistas.  implementação  de  propostas  que  envolviam  o  desenho  assistido  pelo  computador  nos 
Discutiu‐se  as  especificidades  temáticas,  a  complexidade  dos  conteúdos,  a  utilização  das  cursos de Arquitetura e Urbanismo. Acrescenta que devemos sempre estar atentos a ouvir 
multi‐escalas e a estrutura física necessária para os avanços pedagógicos. Sobre o ensino de  nossos  alunos  tendo  em  vista  a  facilidade  tecnológica  dos  mesmos.  Similar  resistência 
CAD, cabe à visão crítica de cada curso a pertinência desta ferramenta, seja como meio ou  ocorreu no âmbito do próprio CBA e CAU logo no início quando foi sugerido um Sistema de 
como fim.  gerenciamento para o novo Conselho que hoje conhecemos pelo SICCAU. Prossegue dizendo 
4ª  SEÇÃO:  Coordenação  da  professora  Ana  Maria  Reis  Goes  Monteiro  e  relatoria  do  que esta Matriz da Mobilidade  e do Exercício  Profissional dos Arquitetos e Urbanistas tem 
professor  Carlos  Eduardo  Ferreira.  Nessa  seção  foram  apresentados  quatro  artigos.  sido um ideal de consumo desde quando era docente, pois havia uma lacuna referente ao 
“Desenho  Técnico  Geométrico  e  Geometria  Descritiva  –  novas  metodologias”  de  Erika  acompanhamento  para  identificar  se  o  trabalho  que  procurava  fazer  junto  aos  discentes 
Pereira  Machado  e  Layla  Christine  Alves  Talin;  “Fabricação  digital  em  ateliê  vertical:  uma  estava tendo o efeito esperado quando os mesmos se inseriam no mercado profissional. A 
experiência  didática  no  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo”  de  autoria  de  Juliano  Miotto,  matriz  operacional  surgiu  a  partir  de  indagações  semelhantes  onde  o  atual  presidente  do 
Katiane Laura Balzan, Paula Batistello e Vivian Delatorre; “A história presente: um exercício  CAU  identificou  que  precisávamos  de  um  sistema  de  informação  integrado,  baseado  no 
raciocínio  territorial  para  produzir  informações  e  dados  para  assessorar  as  decisões  do 
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Conselho.  Continuou explicando  que  o Sistema  de  Inteligência Geográfica  do  CAU surgiu  a  de cursos de arquitetura e urbanismo a ser feita através do convênio firmado entre MEC e 


partir  da  resolução  número  cinco,  permitindo  hoje  uma  interoperabilidade  de  módulos  CAU quanto com os relatórios das comissões avaliadoras de curso do MEC e às próprias IES, 
“mobiles”  baseado  em  um  Data  Center  único,  com  um  IRP  em  um  sistema  gerencial,  pois  lembra  que  um  dos  itens  de  avaliação  do  Instrumento  de  Avaliação  do  INEP  é  o 
corporativo, o SICCAU como sistema de informação e comunicação do CAU. A partir deste,  acompanhamento  de  egressos  por  parte  das  IES.  Encerra  dizendo  que  o  sistema  irá 
tem‐se a inteligência geográfica, o gerenciador de documentos e a biblioteca que está sendo  contribuir ainda para redefinir questões de atuação dos cursos de arquitetura e urbanismo 
implantada este mês. O IGEO Server possui uma associação de layers temáticos infinitos com  para revisões internas dos seus respectivos Projetos Pedagógicas de Curso ‐ PPC. Em seguida 
um  banco  de  dados  que  guarda  informações alfanuméricas  para armazenagem dos  dados,  pede a palavra o Professor Gogliardo Vieira Maragno que se intitula fã do referido sistema 
trata‐se de um portal livre para qualquer um acessar a partir da solicitação de uma senha. A  apresentado lembrando que o IGEO possibilitará que uma IES com interesse de abertura de 
assessora  alerta  que  para  acessá‐lo  é  necessária  a  leitura  do  manual  disponibilizado  no  novo curso identifique dentro do território a demanda pelo caráter regional para elaboração 
sistema. A professora Mirna explica que as CEF dos CAU UFs tem feito um esforço continuo  do seu PPC do novo curso. Manifestação positiva seguida do Professor Geraldine Junior que 
para cadastrar os cursos de Arquitetura e Urbanismo, pois a partir dos dados fornecidos as  também parabeniza a professora Mirna pela palestra lembrando a mesma que foram várias 
Instituições poderão obter informações referentes a atuação de seus egressos por região e  reuniões  com  o  Ministério  de  Educação  para  apresentar  este  produto.  O  MEC  ficou  muito 
áreas de atuação, inclusive no exterior, além das informações que contemplam o percentual  interessado  nestas  informações  e  o  único  Conselho  que  possui  este  material  é  o  CAU. 
de  egressos  que  procuram  uma  pós  graduação  com  os  diferentes  níveis  e  titulações  Quando apresentamos alguns gráficos e mapas, o MEC viu e pensou no programa dos “mais 
especificadas. Informa que dos trezentos e setenta e quatro cursos existentes hoje no país,  médicos”,  então  o  Governo  vislumbrou  um  produto  que  possa  desenvolver  políticas  para 
cento e cinquenta e oito já estão cadastrados no SICCAU. Fala das demandas que surgiram  oferta de cursos no país. Existe um documento da Procuradoria Jurídica do MEC, e o CAU/BR 
da  própria  comissão  de  ensino  sobre  a  distribuição  espacial  das  IES  no  Brasil,  com  a  está para assinar um acordo de cooperação, diferente de simplesmente fazer manifestações 
classificação  das  IES  em  Faculdade,  Centros  Universitários  e  Universidades,  bem  como  os  técnicas,  mas  para  realizar  estudos  relacionados  a  distribuição  espacial  das  IES  e  dos 
regimes, se anual ou semestral e sobre o rebatimento destas informações no território, pois  profissionais  no  território  nacional.  Possibilitando  a  construção  de  novas  políticas  para 
agrega dados sobre a prática profissional a partir do número de IES e seus egressos. Hoje, o  avaliar o nosso projeto pedagógico, já que vamos poder saber o que nossos egressos estão 
IGEO já possui mapeamentos georeferenciados das IES por unidade da Federação com dados  fazendo e onde estão atuando. Em seguida a professora Mirna agradece acrescentando que 
do censo de dois mil e dez dos municípios, onde são produzidos mapas com comparação do  foi  feita  uma  capacitação  nacional  de  quarenta  horas  para  o  aprendizado  de  todos  os 
PIB por IES e análises regionais onde podem ser avaliadas as ofertas de estágio na região de  Conselhos  Estaduais.  Todos  possuem  um  software  específico  dentro  do  CAU  do  Estado  e 
abrangência.  A  Professora  Mirna  acrescenta  que  as  doze  informações  georeferenciadas  informa que aquilo que a IES precisar, existe uma certa capacidade de poder agregar estes 
existentes na base de dados do sistema de inteligência IGEO do SICCAU também facilitará o  dados e de disponibilizá‐los para que sejam associados as feições geográficas. O Presidente 
trabalho de fiscalização dos Conselhos Estaduais, pois a partir da localização das atividades  da ABEA, professor Fernando Costa encerra agradecendo a palestra da professora Mirna e 
nos eixos das vias e dos sentidos de tráfegos, poderão ser traçadas as rotas para as ações de  convocando os conselheiros da Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR para compor a 
fiscalização.  Outra  informação  gerada  pelos  primeiros  mapeamentos  do  IGEO  despertou  mesa e passa a palavra ao Presidente da CEF do CAU/BR.  
uma  preocupação  em  relação  a  distribuição  espacial  dos  Arquitetos  e  Urbanistas  no  3) Mesa com a Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR. O Professor Fernando Diniz do 
território  nacional  alertando  para  municípios  sem  profissionais  habilitados  para  atuar  no  CAU/RJ,  coordenador  da  CEF  do  CAU/BR  agradece  a  ABEA,  apresenta  a  comissão  e  os 
planejamento  dessas  cidades,  na  monitoração  de  seus  planos  diretores,  etc.  A  assessora  conselheiros presentes, lembrando que a mesma é renovada a cada três anos. Informa que 
conclui sua fala lembrando que pela primeira vez na história de nossa existência profissional  existe um grande interesse da Comissão em manter uma boa relação com o MEC para evitar 
sabemos  quantos  somos,  o  que  fazemos  e  onde  estamos,  possibilitando  uma  série  de  problemas como os ocorridos no Conselho anterior. Acrescenta que apesar de apenas três 
tomadas de decisões para que tenhamos o que almejamos para a arquitetura e o urbanismo  anos a  Comissão tem contribuído com a melhoria do  ensino criando pontes entre a ABEA, 
retomar o seu espaço com qualidade dentro da sociedade e da realidade Brasileira. Conclui  Escolas, Comunidades de ensino, CNPQ e o MEC. Esclarece aos presentes sobre as ações de 
informando  que  a  partir  deste  novo  sistema  os  pesquisadores  contarão  com  novas  rotina,  de  análises  de  processo  de  profissionais  graduados  no  Exterior,  do  cadastramento 
possibilidades de produção a partir desta plataforma digital e que as IES interessadas em ter  dos  cursos  e  acrescenta  que  a  palestra  da  professora  Mirna  possibilitou  uma  visão  da 
acesso ao IGEO poderão entrar em contato com a CEF do CAU/BR. Lembrando que a Matriz  contribuição que o CAU pode ter para as IES na definição de políticas conforme ilustrada na 
de Mobilidade permite aferir as especificidades do exercício profissional como insumo não  apresentação  da  assessora.  Informa  que  o  trabalho  constante  da  CEF  junto  ao  MEC  gerou 
só  para  a  matriz  curricular,  mas  para  as  ações  de  planejamento  e  gestão  das  IES  que  convênios tanto das Manifestações Técnicas quanto do novo mencionado pelo Conselheiro 
passarão a  verificar  o  nível  de  abrangência de  seus  cursos  e  de  suas  atividades a  partir  de  Geraldine.  Das  ações  realizadas  lembra  que  organizaram  junto  a  ABEA  seminários  para  a 
mapas  com  nível  de  análises  regionais  ou  interurbanas.  As  estatísticas  aparecerão  com  o  discussão de propostas de revisão da DCN, confirmando que as duas propostas estão no CNE 
nível  de  agregação  do  estrato  territorial  desejado.  Encerrada  a  fala  da  professora  Mirna,  e  que  esperam  que  seja  colocada  em  votação  para  ser  aprovada  a  partir  do  próximo  ano. 
pede  a  palavra  o  professor  Wilson  Ribeiro  Junior  que  elogiou  o  trabalho  e  a  apresentação  Fala  sobre  os  projetos  que  estão  ainda  na  fase  inicial,  como  a  questão  de  acreditação  dos 
declarando‐se  maravilhado  com  as  possibilidades  de  uso  e  aplicação  do  sistema.  Esclarece  cursos, para isto viabilizaram a participação da  Sra Andrea Rutledge, Diretora Executiva da 
que o sistema irá contribuir tanto com as manifestações sobre o reconhecimento e abertura  Agencia  de  Acreditação  de  Cursos  de  Arquitetura  dos  Estados  Unidos  para  apresentar  a 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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experiência deles que utilizam o sistema de acreditação para garantir a qualidade nos cursos  com  algumas  das  Instituições  para  que,  respeitadas  obviamente  a  autonomia  das  IES 
de  arquitetura  do  país.  O  Conselheiro  Diniz  esclarece  que  outras  experiências  serão  Públicas,  conseguissem  homogeneizar  os  procedimentos  de  análise  passando  a  adotar  o 
consultadas  para  refletir  e  avaliar  se  estas  estratégias  internacionais  podem  servir  de  formulário  único  criado  pelo  CAU.  Concluídas  as  falas  o  presidente  da  ABEA,  professor 
referência para futuras ações da CEF do CAU/BR. Informa que também foi feito um acordo  Fernando  Costa  retoma  a  coordenação  da  mesa  e  convida  a  Diretora  Executiva  da  NAAB, 
com o RIBA com a mesma finalidade e que a CEF pretende estudar sobre o processo destes  Andrea Rutledge que cuida das acreditações dos cursos para explicar o papel das principais 
conselhos  internacionais  em  relação  as  IES  e  como  podemos  nos  beneficiar  destas  IES  que  se  autorregulam  e  da  NAAB,  criada  em  1940  como  um  sistema  de  acreditação  de 
experiências. Sugere que após a apresentação da Sra Rutledge sejam abertos dois blocos de  escolas  nos  USA.  Explica  que  dos  50  estados  Americanos,  os  Arquitetos  só  podem  se 
questionamento,  o  primeiro  sobre  a  palestra  e  o  segundo,  para  ouvir  da  plateia  as  candidatar ao título para exercer a profissão se tiverem estudado em uma IES credenciada 
manifestações em relação ao posicionamento em relação a esta questão da acreditação no  pela  NAAB.  Lembra  que  o  CAU  realizou  em  2012  um  encontro  nacional  que  trouxe 
Brasil.  O  Conselheiro  Diniz  passa  a  palavra  para  o  Conselheiro  Fernando  Costa  que  profissionais  de  várias  IES  e  que  agora  trazem  a  experiência  específica  de  acreditação  da 
acrescenta  que  a  CEF  tem  procurado  estar  presente  nos  CAU  Estaduais  para  participar  de  NAAP.  
eventos  relacionados  ao  Ensino,  tentando  enfatizar  esta  preocupação  sobre  o  registro  de  4) Palestra sobre o Sistema Nacional de Acreditação de Cursos de Arquitetura e Urbanismo 
profissionais  formados  no  Exterior.  Informa  ainda  que  existe  uma  dificuldade  grande,  pois  dos  Estados  Unidos  –  NAAB.  A  Diretora  inicia  agradecendo  o  convite  da  CEF  e  da  ABEA  e 
algumas  Instituições  estão  avaliando  sem  atender  os  critérios  de  comprovação  deste  explicando  que  não  é  arquiteta  nem  professora,  mas  que  tem  sido  a  diretora  da  NAAB  há 
conhecimento  para  a  revalidação  deste  registro.  Precisamos  estabelecer  um  diálogo  para  mais de dez anos, que já trabalhou antes no Instituto de Arquitetura Americano – AIA e na 
verificar um ponto comum para que este processo de revalidação siga os mesmos critérios  Casa Branca. Iniciou lembrando a palestra de abertura ministrada pelo Professor Constantin 
em  todo  o  Brasil.  O  Conselheiro  Geraldine  da  CEF  do  CAU/BR  segue  na  sequência  sobre a questão do presente de ensinar, de planejar ao reverso e da palestra da Mirna sobre 
apresentando  a  assessora  de  Comissão  de  Ensino  e  Formação  do  CAU/BR  Arquiteta  e  o  uso  de  dados  na  formulação  de  políticas  de  gestão  acadêmica  e  do  próprio  conselho  e 
Urbanista  Ana  Laterza  que  faz  parte  da  equipe  juntamente  com  o  Arquiteto  e  Urbanista  destacou  que  a  sua  palestra  teria  a  função  de  apresentar  alguns  meios  para  avaliar  a 
Guilherme.  Explica  que  diferente  de  outros  Conselhos,  o  CAU,  solicita  o  registro  das  qualidade dos cursos nas IES. Informa que disponibilizou a versão em PDF da apresentação 
Instituições no SICCAU, pois este procedimento traz economia ao Conselho que possui uma  para  a  CEF  do  CAU/BR.  Explicou  que  existem  vários  sistemas  de  acreditação  cujo  princípio 
equipe enxuta, eliminando ainda o problema de identificação de diplomas falsos e agilizando  fundamental  é  o  processo  voluntário  para  assegurar  a  qualidade  da  avaliação.  Neste 
o processo de registro dos egressos que podem ter o seu registro iniciado e passar a dialogar  processo  são  avaliados  os  serviços,  a  infraestrutura  e  as  atividades  das  IES  através  de 
com  o  CAU  para  exercer  suas  atividades  assim  que  obtêm  o  seu  diploma.  Este  sistema  instrumentos  específicos  de  aferição.  A  Acreditação  é  realizada  por  empresa  particular, 
contribui ainda para que as informações do SICCAU sejam mais atualizadas que as do MEC  requer um nível alto que contempla um relatório sobre os critérios de auto avaliação da IES, 
que só possui a informação se um novo curso existe quando este solicita o reconhecimento  várias visitas in loco durante as diferentes etapas do processo de avaliação, recomendações 
após  três  anos  de  funcionamento  do  mesmo,  pois  os  Centros  Universitários  e  as  de avaliação e treinamento. Informa que os avaliadores precisam ser totalmente imparciais 
Universidades  possuem  autonomia  para  abertura  de  novos  cursos.  Acrescenta  ainda  que  sem  qualquer  vínculo  com  a  IES,  não  podem  ter  familiares,  não  podem  sequer  ter  sido 
outra  frente  é  a  da  Acreditação,  a  União  Internacional  dos  Arquitetos  implantou  este  estudante ou ter feito vestibular naquela IES mesmo que morem em outro Estado. Informa 
sistema,  foram  feitos  vários  pilotos,  algumas  IES  brasileiras  se  inscreveram,  mas  nunca  que  as  Instituições  americanas  possuem  autonomia  para  criação  de  seus  cursos  que  são 
efetivamente  chegaram  a  passar  por  este  processo,  implantado  pelo  RIBA,  Instituição  estruturados  em  créditos,  onde  existem  Estados  com  ofertas  de  graduação  e  outros 
Britânica  de  Acreditação,  ocasião  em  que  convidaram  vários  conselhos  para  identificar  o  somente  com  ofertas  de  pós‐graduação  como  em  Harvard,  por  exemplo,  lá  não  existe  a 
melhor  sistema  de  acreditação  tendo  assumido  por  indicação  do  CONAES,  os  professores  graduação  e  sim  a  pós‐graduação  em  arquitetura,  em  que  os  alunos  devem  possuir  uma 
Fernando Costa, Lanchotti e Debora Frazatto das discussões. Explica que a ideia de se buscar  graduação  em  qualquer  área  antes  de  se  candidatarem  a  pós‐graduação  em  Arquitetura. 
um  sistema  de  acreditação  de  cursos  para  contribuir  com  a  qualidade  do  ensino  de  Explica  que  o  tempo  de  integralização  vai  variar  de  acordo  com  a  formação  preliminar  do 
Arquitetura  e  Urbanismo  em  nosso  país  surgiu  a  partir  da  lacuna  deixada  pelo  INEP  que  aluno,  ou  seja,  aquele  com  graduação  em  arquitetura  deverá  cursar  menos  créditos  no 
substituiu o antigo instrumento de avaliação de cursos que possuía algumas especificidades  mestrado que um aluno que tenha se graduado em alguma outra área. Acrescenta que para 
demandas  pelos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  por  um  Instrumento  generalista  exercer  a  profissão  como  profissionais  autônomos  com  registro  de  Arquiteto,  o  egresso 
aplicada  para  todos  os  cursos  superiores.  A  partir  desta  realidade  surgiu  o  interesse  pela  precisa  ainda  passar  por  um  período  de  residência  de  cinco  mil  e  setecentas  horas  em 
proposição da comunidade internacional e um movimento da associação de ensino do CAU  escritórios de Arquitetos licenciados para obterem experiência prática nas diferentes áreas 
para refletirmos se este seria o caminho que desejamos ou não para avaliação da qualidade  de atuação da profissão, ser aprovado no exame da ordem e terem o diploma de instituição 
do  ensino  em  nosso  país.  Sobre  a  questão  do  registro  dos  estrangeiros,  acrescenta  o  acreditada pela NAAB. Alerta que uma vez conquistado o registro em um Estado, o Arquiteto 
Conselheiro Geraldine ser também um assunto que tem ocupado boa parte dos trabalhos do  só poderá atuar naquele Estado, e que para atuarem em outro Estado é preciso requerer um 
Conselho,  pois  existe  a  preocupação  se  o  profissional  teve  a  formação  plena,  já  que  não  novo  registro.  Explica  que  em  arquitetura,  a  acreditação  é  o  principal  meio  em  que  as  IES 
existe um interesse de emissão de registros com restrições. Perceberam que na análise das  possuem  para  demonstrarem  qualidade  aos  estudantes  e  a  sociedade  e  se  estas  atendem 
IES  públicas  existem  critérios  distintos  e  ao  perceber  o  problema  a  CEF  iniciou  um  diálogo  aos pré‐requisitos de infraestrutura, serviços de apoio ao estudante, currículo, ou seja, se os 
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programas  formam  profissionais  que  tem  competência  para  atuarem.  A  Acreditação  dos  Alberto  SOUZA;  e  “A  extensão  universitária  integrando  a  graduação  em  Arquitetura  e 
Estados  Unidos  é  única  e  avaliam  dentre  outros  quesitos  se  os  programas  demonstram  Urbanismo ao Ensino Médio no Vale Do Taquari/RS “ de Sabrina Assmann Lücke, Laura Costa 
através da apresentação da evolução dos trabalhos desenvolvidos por seus estudantes que  e Luciana Regina Fauri Caetano que, embora não estivesse constando da programação, foi 
seus  futuros  egressos  possuem  o  conhecimento  e  as  habilidades  definidos  como  mínimos  apresentado.  
nos  critérios  de  avaliação  do  desempenho  na  evolução  da  produção  destes  enquanto  6ª SEÇÃO: A Sessão, que teve como coordenador o Professor Gogliardo Maragno e relatora 
estudantes.  As  Condições  exigidas  para  acreditação  da  NAAB  são  estruturadas  em  duas  a  Professora  Wanda  Vilhena,  foi  aberta  às  9:10  pelo  com  o  anúncio  da  organização  da 
partes, a primeira com critérios que avalia o Suporte Institucional e o Compromisso por um  apresentação  de  todos  os  trabalhos  e  ao  final,  os  debates.  Foram  apresentados  cinco 
aperfeiçoamento contínuo, e a segunda com critérios que avalia a Estrutura Curricular e os  trabalhos na ordem a seguir. 1. “A formação e os interesses profissionais dos estudantes de 
Resultados  Acadêmicos.  Concluiu  informando  que  os  critérios  possuem  um  rigoroso  arquitetura e urbanismo da FAU‐UnB frente aos objetivos da Lei de Assistência Técnica para 
processo  de  revisão  periódico  onde  são  revisados  os  relatórios  das  avaliações  e  a população de baixa renda” de autoria de Maria do Carmo de L. Bezerra e Erick Welson B. 
entrevistadas  as  organizações  da  área,  escritórios  de  profissionais,  além  das  próprias  IES.  Mendonça.  O  estudante  Erik  apresentou  uma  reflexão  sobre  a  Lei  11.888,  sobre  a 
Cita o exemplo de que até pouco tempo era exigido certo número de livros nas bibliotecas  Assistência  Técnica.  Motivado  pela  observação  que  fazia  das  cidades  e  das  casas  da 
das IES, mas que na revisão dos critérios verificaram que importante é avaliar o acesso dos  população  de  baixa  renda,  apresentou  os  precedentes  históricos  e  o  resultado  das  más 
estudantes as informações e recursos. Então o que importa da acreditação é como a Escola  conduções do atendimento a essa população. Mostrou levantamento em que constata que a 
disponibiliza  estas  informações  aos  seus  estudantes.  Os  procedimentos  detalham  tudo,  profissão  elitista  e  que  77%  das  habitações  não  foram  feitas  por  arquitetos.  O  resultado 
como são feitas cada etapa, o que precisa ser contemplado, com formulários padronizados  disso  é  a  má  qualidade  dos  projetos  e  construções  de  habitações  populares.  O  estudo 
para que todo time de avaliação desenvolva o mesmo critério de avaliação para todas as IES  levanta, baseado no Censo do CAU de 2012, a presença dos arquitetos não só em relação à 
do país. Explica que os procedimentos devem ser claramente definidos para evitar conflitos  sua  localização  mas,  principalmente,  ao  seu  interesse:  melhores  índices  no  sudeste  e  sul, 
de  interesses,  de  forma  transparente  e  se  basear  nas  melhores  praticas  para  assegurar  a  piores  no  norte  e  nordeste;  os  clientes  são,  em  sua  maior  parte,  empresas.  Com  a 
qualidade. Encerra explicando o Acordo de Camberra, assinado na Austrália, um sistema que  implementação da lei, há a possibilidade de mudança do senso comum, de que o arquiteto 
acredita  os  acreditadores.  Foi  um  acordo  multinacional  envolvendo  sete  organizações  da  só  trabalha  para  a  elite.  Apontou  no  Currículo  da  UNB  a  presença  das  disciplinas 
Austrália,  Canadá,  República  da  China,  Inglaterra,  República  da  Coréia  do  Sul,  México  e  relacionadas  ao  interesse  social  e  o  gráfico  dos  temas  dos  TFGs.  Relatou  algumas 
Estados Unidos. Os sistemas dos sete signatários são equivalentes, as condições refletem a  experiências ocorridas desde década de 70 ATME, no RS. Conclusão: a implementação da lei 
carta da UNESCO e surgiu para facilitar a portabilidade de intercâmbio na área de ensino, no  pode  melhorar  as  condições  de  atendimento  da  população  de  baixa  renda  e  ampliar  o 
qual  cada  membro  precisa  passar  pela  atualização  e  capacitação  a  cada  seis  meses.  Às  18  campo  de  atuação  do  arquiteto.  2.  “Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UFSJ:  uma 
horas do dia 30 de outubro foi suspensa a seção do XXXVI COSU para um intervalo.   experiência  com  a  flexibilidade  e  a  autonomia”  de  Rafael  Silva  Brandão;  Flávia  Nacif  da 
PALESTRA.  Às  19  hora  os  trabalhos  recomeçaram  com  a  palestra  Un  arquitecto  en  “El  Costa. Rafael, um dos autores do PPP atual, relatou que o curso recebe 60 alunos (30+30), 
Paraíso”  com  o  Arquiteto.  Simon  Hosie  Samper,  da  Colômbia.  O  palestrante  iniciou  sua  tem 3600 horas, e pode ser cursado em 4 anos e meio pois o estágio é desenvolvido em 1 
palestra relatando sua trajetória profissional na Colômbia e a metodologia que desenvolveu  semestre  e  pode  ser  acumulado  com  outras  disciplinas.  O  perfil  do  egresso  é  generalista, 
para a realização de projeto com a participação da comunidade. Em seu trabalho utiliza‐se  com ênfases regionais, ênfase na obra civil, planejamento urbano e regional e preservação 
de  fundamentos antropológicos e  sociológicos  relacionando  elementos da  cultura  do  lugar  do patrimônio. O curso tem grande flexibilidade e autonomia, cuidando da integração entre 
com  soluções  arquitetônicas.  Relatou  sua  experiência  com  o  projetos  de  bibliotecas,  em  teoria  e  prática  e  do  estímulo  às  experiências  de  trabalhos  externos,  visando  à  pratica 
comunidades  no  interior  da  Colômbia.  Este  projeto  agora  conhecido  como  a  "Casa  del  profissional.  As  estratégias  são  formação  crítica,  com  conexão  constante  entre  teoria  e 
pueblo" nasceu como desenvolvimento do seu final trabalho de graduação e baseia‐se nos  prática,  com  o  objetivo  de  formar  arquitetos  e  urbanistas  propositores  e  não  somente 
valores  do  lugar  e  seus  habitantes.  A  Arquitetura  de  Simon  Hosie  pode  ser  descrita  como  projetistas. Apresentou a matriz curricular, organizada em módulos semestrais e bimestrais, 
sem precedentes, local e comunitária.  trabalhos  integrados.  Para  facilitar  a  organização  do  percurso  pelo  aluno,  a  oferta  de 
XXXIII  ENSEA  –  As  seções  de  comunicações  continuaram  na  manhã  do  dia  31  de  outubro  módulos  teóricos  está  divulgada  até  2017/2.  Dos  14  módulos  teóricos,  6  são  livres.  O 
quando foram instaladas cinco seções.   controle do percurso e histórico de cada aluno é feito no 6o.período e antes do TFG. O aluno 
5ª SEÇÃO: Coordenação do professor Carlos Eduardo Ferreira e relatoria da professora Ana  produz, a cada semestre, 3 pranchas‐resumo sobre todas as disciplinas cursadas. A avalição 
Maria  Reis  Goes  Monteiro.  Foram  apresentados  cinco  trabalhos.  “Sociologia  Urbana:  é  interna  e  externa,  com  critérios  gerais  e  critérios  específicos  para  cada  período  sobre  a 
conversas  com  futuros  arquitetos  e  urbanistas”  de  Ivany  Câmara  Neiva;  “Importância  da  representação.  O  TFG:  é  disciplina  com  seminários,  3  orientações  quinzenais,  avaliação 
área  da  Paisagem  para  o  Projeto  Pedagógico  da  Universidade  de  Uberaba  –  UNIUBE”  de  intermediária  e  troca  de  orientador  obrigatória.  3.  “Uma  experiência  de  Planejamento 
autoria de Carmem Silvia Maluf e, Veronica Garcia Donoso; “Exercício relâmpago no ensino  Participativo aplicado à elaboração do Projeto Político Pedagógico do curso de Arquitetura e 
de paisagismo: uma oportunidade!” de Carmem Silvia Maluf e Juliano Carlos Cecílio Batista  Urbanismo  da  Universidade  de  Taubaté,  SP”  de  Flavio  Jose  Nery  Conde  MALTA.  O 
Oliveira;  “A  Contribuição  do  Programa  de  Extensão  do  Núcleo  de  Estudos  Urbanos  e  Coordenador do curso, percebe que muitas vezes fica isolado e sem possibilidade de arejar o 
Regionais  da  FURB  no  Planejamento  de  Cidades  da  Região  do  Vale  do  Itajaí/SC”  de  Luiz  ambiente  de  discussão.  Apresentou  o  processo  de  elaboração  do  PPP  na  sua  instituição  e 
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todas  as  dificuldades  que  tem  encontrado.  Vê  que  o  processo  vai  exigir  constantemente  a  Escola da Cidade: tem turmas de 6 anos a partir de 2012; 60 alunos por ano; viagens de uma 
participação  dos  docentes,  alunos  e  também  dos  familiares  na  busca  de  uma  identidade  semana em vários períodos fazem parte do currículo como forma de conhecer os lugares e 
nova  para  o  curso.  O  Curso  tem  30  anos  e  o  PPP  começou  em  2007  e  ainda  não  está  exemplares  significativos  da  arquitetura;  seminários  verticais  todas  as  semanas;  estúdio 
terminado. Esclareceu que é um relato crítico e pretende promover um diálogo construtivo.  vertical todos os dias; viagens de férias, mais longas e com conteúdos de teoria e desenho, 
Constatou a ausência de procedimentos de documentação e sistematização dos processos e  também  são  incentivadas  e  acompanhadas.  Quanto  ao  estágio,  a  escola  criou  uma 
a  influencia  das  relações  institucionais  com  efeitos  sobre:  autonomia  sobre  conteúdo  ;  associação  de  escritórios  para  receberem  os  alunos  com  acompanhamento  estreito  dos 
construção  de  PPP  com  formatação  oficial;  ausência  de  metodologia  de  avaliação  e  professores  responsáveis.  Apresentou  uma  atividade  realizada  em  julho  2014:  3  a  4 
monitoramento  de  resultados;  descontinuidades  na  gestão;  princípios  e  valores  semanas,  com  a  participação  das  universidades  de  Cape  Town  e  Constanz.  A  viagem 
determinados  pela  demanda  de  mercado;  concepção  especialista  do  profissional  de  demanda um semestre de preparo com estudo do local a ser visitado: Durban, Cape Town. 
arquitetura;  estruturação  da  matriz  curricular  sem  resultados  permanentes.  Apresentou  a  Todas  as  noites  são  aproveitadas,  não  há  sossego.  No  dia  de  descanso  foi  proposta  uma 
Matriz  em  vigência  desde  2010  e  mostrou  preocupação  em  como  implementar  e  atividade: construir em equipe, somente com os materiais da praia e em 40 minutos, uma 
desenvolver os trabalhos integrados.  Hoje convivem os regimes anual e semestral (a partir  intervenção  onde  se  possa  identificar  o  gesto  humano.  Foram  compostos  grupos  de  4 
de  2012) com  ingresso  de  50  alunos  por  semestre.  Relatou  que  o  aumento do  número de  incluindo  alunos,  professores  e  o  motorista  do  grupo.  Daí  surgiram  vários  trabalhos: 
ingressos não é compatível com o número de docentes. O termo de referencia prevê uma  quadrado com material natural, círculo com lixo; barco com gravetos; abrigo com gravetos, 
construção  pedagógica  coletiva  PPARQ  2015,  com  grupos  temáticos,  alunos,  professores  e  marcação vertical com mastros, ornatos; castelo de areia, torres para cada país; poltrona de 
funcionários, para a definição de instâncias decisórias, tendo, no cronograma de execução, a  areia;  sombra, tripé  intertravado  com  trama e  vegetação; tronco  circundado por  caminho; 
meta de implantação em março de 2015. 4. “Praticar o que se aprende ou aprender o que se  ninho coberto com trama de gravetos; intervenção em vertedouro anteriormente existente. 
pratica:  nexos  e  dicotomias  entre  a  qualidade  do  ensino  e  a  prática  de  arquitetura  e  Conclui  que  a  tecnologia  é  primordial.  O  curso  enfatiza  a  construção  da  memória,  as 
urbanismo” de Gogliardo Vieira Maragno. Gogliardo apresentou uma reflexão sobre alguns  experiências  em  tecnologia.  Ressalta  que  muitas  vezes  esquecemos  de  ensinar  a  intuição. 
aspectos sobre a teoria e prática nos cursos no Brasil. Apresentou o número de arquitetos  Após  as  apresentações  dos  trabalhos  abriu‐se  o  debate  com  a  organização  de  blocos  de  3 
atuantes  no  país  (100.000),  de  formandos  ao  ano  (10.000)  e  de  cursos  (360).  Questionou:  perguntas:  Nirce  –  FAU/RS  –  estágio.  Pesquisa  do  CAU,  planejar  campanha  de  oferta  de 
como  avaliar  a  qualidade  do  arquiteto  e  urbanista?  Como  avaliar  a  qualidade  dos  cursos?  estágio, priorizar aquilo que o mercado ainda não está ofertando, para cobrir todas as áreas 
Constatou que há uma ruptura entre o que a sociedade necessita e o que efetivamente se  profissionais.  Verissimo  –  CAU/RS  –  todas  as  falas  se  entrelaçam.  Como  a  UFSJ  controla  a 
pratica, entre a teoria e a prática. Relembrou trechos das DCN e da Carta da UNESCO/UIA e  flexibilização? Preocupa Taubaté com as dificuldades relatadas.  
apresentou  seu  entendimento  de  que  a  educação  superior  não  deve  ser  privilégio  para  Luiz Amorim – UFPE – foi muito rica a sessão. UFSJ: conheci o PPP no PROJETAR, mas não 
poucos,  tampouco  transformar‐se  em  linha  de  produção.  Lembrou  que  o  sistema  de  ficou  claro  como  é  a  avaliação  intermediária?  Nós  tentamos  implantar  uma  reforma  com 
controle  do  ensino  e  os  padrões  foram  construídos  por  nós  e  que  o  MEC  declarou  que  o  grande resistência dos professores. Para Gogliardo: a conclusão é um e outro, mercado não 
Sistema não consegue mais aferir a qualidade dos cursos. A aferição fica para a qualidade da  pode ser parâmetro profissional  em nenhum caso; cursos específicos têm vida curta. AU é 
prática  profissional.  Apresentou  as  frequentes  queixas  profissionais  que  aponta  o  culpado  generalista, capacidade de compreensão de problemas e resolução; discutir a oposição entre 
principal:  o  ensino.  Citou  Artigas:  “é  preciso  procurar  fora  das  escolas  a  causa  dos  arquitetura e construção, não deve ser pejorativo. Qualquer coisa é arquitetura, sem juízo 
desajustes.  Não  cabe  às  escolas  a  culpa  de  tudo  o  que  acontece.  Antes,  pelo  contrário,  a  de  valor.  Assistência  técnica:  vincular  o  escritório  modelo,  e  empresas  júnior.  Empresa 
escola  é  vítima”.  Apresentou  as  críticas  conceituais  mais  comuns:  arquiteto  autoral  x  encubada  por  um  ano.  Respostas  –  todos  os  palestrantes  se  colocaram  à  frente  da  sala  e 
distanciamento  da  realidade;  alta  exposição  na  mídia  x  baixa  qualidade  resolutiva;  responderam em sequência: Rafael , UFSJ – há diferença entre ter cursado a disciplina e ter 
funcionalidade e baixo custo x valores essenciais; pragmática x atuação artística e cultural;  o  conteúdo:  não  é  suficiente  ter  cursado  tem  que  ser  avaliado  pelo  conteúdo.  Passou  em 
relevância  estática  e  urbana  x  especulação;  fotogenia  x  tecnologia.  Citando  Lucio  Costa,  todos  os  conteúdos.  pode  estar  suficiente  para  o  4o  período  e  não  para  o  7o.  A  primeira 
Keneth Frampton, questionou se há limites na atuação profissional, reportando‐se ao censo  turma formou‐se no ano passado e sofreu muito com a  implementação. Hoje percebemos 
do CAU de 2012. Relatou também que a FENEA está levantando as atividades realizadas nos  como os alunos se comunicam e passam as informações para os mais novos. A coordenação 
estágios. Questionou: o que vem a ser a qualidade na arquitetura: varia com tempo, cultura;  faz  reunião  semestral  com  alunos.  Ficha  de  avaliação  é  a  mesma  para  os  estúdios.  A 
tem  conceito  discutível,  sujeito  a  multiplicidade  de  atributos  e  valores.  Apresentou  avaliação  parcial  só  é  possível  porque  os  concursos  exigem  do  candidato  a  professor  um 
reportagem  do  um  jornal  de  NY  com  críticas  muito  semelhantes  às  que  vemos  no  Brasil:  plano de curso a partir do PPP. 
“fosso entre o ensino e a prática; é fácil apontar o problema do distanciamento, não é fácil  Analia, Cidade – o estágio supervisionado no 5º ano. A Escola tem 85 arquitetos, quase todos 
encontrar solução equilibrada”. Levantou a dicotomia entre formar para o mercado ou para  têm  escritórios,  e  as  redes  de  contato  com  estes.  Pergunta‐se  quem  tem  interesse  em 
a sociedade e questionou se isso é factível com a nossa realidade. Comentou que há cursos  receber os alunos e se precisam de algum auxílio financeiro. Há um caso em que o aluno se 
que objetivam adestrar ou simplesmente instruir. Conclui que a busca é a formação integral,  propõe a fazer um trailer para as viagens, com tutoria externa de metalurgia. 2 professores 
deve‐se  evitar  extemos.  5.  “Um  Exercício  na  Praia:  O  Homem,  a  Terra  e  a  Luta”  de  Anália  cuidam do estágio supervisionado. Há uma gráfica na escola que ajuda a produzir cadernos 
Maria Marinho de Carvalho Amorim. Contextualizando, a autora apresentou dados sobre a  de viagens.  Flavio – fico feliz em ver a solidariedade, mas fico frustrado por não ver algum 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  29    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  30 

órgão  que  possa  intervir  na  instituição para  facilitar a  ação do coordenador.  Gogliardo  – a  integração  no  ensino  de  teoria  da  arquitetura”  de  André  Luis  Carrilho,  Luiz  Salomão  Ribas 
formação  é  generalista,  concordo.  Passamos  décadas  compartilhando  o  modelo  dos  Gomez  e  Alice  Theresinha  Cybis.  O  trabalho  discorreu  sobre  a  utilização  de  mídias  e 
engenheiros,  prefiro  comparar  com  os  médicos,  todos  se  formam  em  médicos,  as  ambientes  virtuais,  em  especial  o  Facebook,  como  estratégia  de  ensino  colaborativo.  A 
especialidades vêm depois. Pergunto como na UFSJ se garante a abrangência? Não se pode  exposição ainda socializou os resultados obtidos e os ajustes realizados em edição posterior. 
formar  só  para  o  mercado.  Dentro  do  ambiente  do  CAU,  FENEA  e  IAB  a  crítica  é  que  os  O  perfil  criado  para  cada  arquiteto  escolhido  apresentou  conteúdos  muitas  vezes 
cursos  não  estão  formando  bons  profissionais,  bons  estagiários.  Felizmente  não  estamos  desconectados  das  bibliografias  de  aula,  mas  com  grande  repercussão  no  ambiente 
formando  cadistas.  Entendo  empresa  júnior  como  o  escritório  modelo  dos  cursos  de  acadêmico.  “Vivências  Espaciais  em  Arquitetura  e  Urbanismo:  desenvolvendo  uma 
administração  e  marketing.  Para  nós  é  o  Escritório  Modelo.  A  UFSJ  deve  refletir  sobre  a  compreensão  mais  sensível  do  espaço”  de  Ursula  Gonçalves  D’Almeida  e  Rosane  Fidalma 
formação  em  4  anos  e  meio:  que  vantagem  o  aluno  tem  em  perder  1  semestre  de  Leocadio  Dias.  Este  trabalho,  inscrito  por  estudantes,  apresentou  o  intenso  envolvimento 
convivência com o ensino? Pode trazer dificuldades para transferências e para o registro no  dos  alunos  em  atividade  da  disciplina  citada,  relatando  que  novas  vivências  e  dinâmicas 
CAU.  É  perigoso.    Flávia  –sobre  o  escritório  modelo,  quebra  de  conceito,  concorrência  atuam como potencializadoras do processo de ensino e aprendizagem. “Perspectivas para o 
desleal com o mercado. Queremos criar outro conceito de atuação: cobrar o mesmo preço,  ensino de história nos cursos de arquitetura” de Pedro Henrique de Carvalho Rodrigues. O 
vou oferecer produtos diferentes, consultorias, empresas júnior autogerida, ETA, nos moldes  autor discute os desafios de uma integrada inserção dos conteúdos de história e teoria nos 
da FENEA. Estamos formatando o LAB: projetos com vínculo com os projetos de extensão.  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  apresentando  como  paradigmas  que,  pelas  DCNs,  os 
Analia  –  levamos  6  anos  para  a  aprovação  da  escola.  Avançamos  na  direção  do  escritório  núcleos  de  História  e  Teoria  estão  no  núcleo  profissionalizante:  ainda  discute  que  o  aluno 
modelo, como trabalho participativo com a comunidade, manutenção e uso, coisas que os  não deverá formar‐se um historiador e traz desafios para a articulação com as atividades de 
escritórios  se  ausentam.  Na  África  do  Sul  a  grande  dificuldade  é  a  legitimação  do  espaço  atellier  e  a  construção  de  uma  postura  arquitetônica  crítica.  “O  capital,  a  arquitetura  e  o 
coletivo. Red location, ver sites... Risali, UFPE – a generalidade está na lei , mas nem sempre  ensino:  o  problema  social  no  canteiro  de  obras”  de  Gelson  de  Almeida  Pinto  e    Larissa 
ele  está  no  curso.  Paulo,  Mackenzie  –  qual  a  quantidade  de  professores  e  qual  a  atuação  Cardillo Acconcia Dias. O trabalho traz a discussão do papel histórico do trabalhador da área 
deles?  Em  Taubaté  todos  são  horistas,  Cidade  é  outra  dedicação.  Há  a  diferença  entre  de construção, seus desafios e problemas enfrentados bem como a discussão de seu papel 
escolas  de  massa  e  de  não  massa.  Analia,  Cidade  –  ABEA  deve  atentar  para  EAD.  Paulo  –  da  produção  da  Arquitetura  em  vários  momentos  da  história.  A  apresentação  também 
consigo manter uma qualidade porque a instituição permite. É muito desigual. Trabalhos de  relacionou  ao  trabalho  suas  técnicas  e  condições,  com  especial  destaque  às  alterações 
extensão  tem  que  ter  a  participação  do  aluno,  com  prazo  diferente.  Produção  do  destas  relações  com  o  advento  das  Revoluções  Industrial  e  Francesa;  o  trabalho  também 
conhecimento faz a diferença, nenhum escritório vai fazer isso. Nirce – estou preocupada se  discutiu  tanto  os  baixos  índices  de  mecanização  no  canteiro  de  obras  como  também  seu 
a gente consegue uma pauta comum para levar para as instituições. Quando a gente se une,  caráter fracionado e exploratório. “O ensino da ética e da prática profissional nas escolas de 
a  gente  consegue  que  algumas  coisas  se  rompam.  O  setor  de  informática  conseguiu  ...  arquitetura”  de  Ana  Luísa  Dantas  Coutinho  Perez,  que  embora  não  constasse  da 
devíamos  organizar  um  grupo  de  discussão  para  definir  qual  o  papel  estagio,  aprendiz.  >>  programação, foi apresentado. O trabalho discorreu sobre a Ética e a Prática Profissional nas 
ABEA deve. Luiz, UFPE – tem que ser muito clara, tem que ser resultado do ensino. FENEA  escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil a partir da experiência norte‐americana. Nesta 
quer  ter  autonomia,  é  errado.  Escritório  modelo  é  contra  a  lei,  unidade  laboratorial  é  que  experiência  dos Estados Unidos observa‐se a  organização das escolas e das associações de 
tem que cuidar disso. Erick, estudante – conheci a lei de assistência técnica através do Gilson  arquitetos  a  partir  do  fim  do  século  XIX  e  que  ainda  estas  escolas  organizam‐se  em 
Paranhos, observei que muitas coisas não eram feitas por arquitetos. Será que eu vou fazer  tipologias: escolas de serviços para a sociedade, escolas de conhecimentos puros e escolas 
o closet da minha tia o resto da vida? Apresentei no CAU/DF. Rafael, UFSJ – 20 professores  para elevação do gosto de sociedade; o trabalho também discutiu a influência da Beaux Arts 
do depto. de Arquitetura, todos com dedicação exclusiva, com média de 14 h/sem. Digo aos  e  a  participação  de  Gropius,  Mies  van  Der  Rohe  e  Lazló  nas  escolas  de  Harvard,  Illinoid  e 
alunos que eles não vieram aqui para aprender arquitetura porque não dá para aprender em  Escola  de  Design  de  Chicago.  Após  rápido  resumo  sobre  o  conteúdo  dos  trabalhos,  a 
5 anos, a gente vai ensinar a pensar dentro da lógica da arquitetura. Queremos que o aluno  discussão  foi  a  palavra  foi  disponibilizada  para  o  debate.  Discutiu‐se  sobre  os  limites  que 
tenha  uma  base  de  raciocínio  crítico,  autônomo,  e  gostaríamos  que  o  CAU  e  a  ABEA  não  poderiam ser considerados no comparativo entre realidades tão distintas como a brasileira e 
fossem  mais  um  limitador  da  flexibilidade  das  inovações.  Analia  –  fizemos  um  curso  a norte‐americana, não só econômicas mas também culturais que influenciam a formação. 
diferente, se der errado a culpa é nossa. O modelo jurídico foi difícil. Flavio, UNITAU ‐  fico  Também foi citada a experiência europeia na qual há, em muitas situações, concursos para 
no desconforto. Como as entidades poderiam interferir? Gogliardo – ABEA é como um clube,  recém‐formados.  Nas  disciplinas  de  História  e  Teoria,  o  conteudismo  não  é  a  melhor 
que  reúne  os  interessados  no  ensino.  O  COSU  é  o  momento  de  fazer  a  construção  dos  estratégia  de  ensino/aprendizagem  e  a  integração  é  fundamental  para  a  necessária 
próximos  passos.  Manoel  de  Barros:  o  meu  quintal  é  maior  que  o  mundo.  Mas  às  vezes  participação da discussão de História na produção da disciplina de Projeto. A articulação dos 
temos  que  abrir  o  portão  e  ver  o  que  está  lá  fora.  Por  isso  falo  da  dificuldade  de  conhecimentos é muito difícil, especialmente pela falta de repertório dos alunos. Deve haver 
transferência no caso da UFSJ.   a  preocupação  com  o  devido  e  necessário  distanciamento  histórico  para  uma  adequada 
7ª  SEÇÃO:  A  Sessão  foi  coordenada  pelo  Professor  Enio  Moro  Junior  com  relatoria  da  análise  do  presente.  Discutiu‐se  sobre  o  papel  do  Estágio  na  formação  profissional  e  suas 
Professora  Andrea  Vilela.  Foram  apresentados  cinco  trabalhos  na  ordem  a  seguir.  “Redes  relações  com  o  capitalismo,  sobre  o  papel  dos  Mutirões,  nos  quais  se  por  um  lado  há 
Sociais  e  Ambientes  Virtuais  de  Aprendizagem:  Facebook  como  uma  ferramenta  de 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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exploração pela ausência do Estado, por outro lado, em alguns casos, é a única opção para  UNIVATES  para  a  Aprendizagem  de  competências”  de  Jamile  Maria  da  Silva  Weizenmann, 
construção de moradias.  Glauco  Assumpção  Pachalski  e  Merlin  Janina  Diemer.  Apresenta  algumas  estratégias 
8ª  SEÇÃO:  A  Sessão  foi  coordenada  pela  Professora  Ana  Paula  Lyra  com  relatoria  da  metodológicas  abordadas  na  metodologia  de  ensino  no  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo 
Professora  Yone  Yara  Pereira.  Os  trabalhos  foram  apresentados  em  20  minutos  e  os  da  UNIVATES.  Trabalham  com  formação pedagógica  para  auxiliar  os  professores;  avaliação 
questionamentos  e  comentários  ficaram  para  o  final  das  apresentações.  1.  “Atividades  do  perfil  do  aluno  para  ver  como  se  dá  a  aprendizagem  qual  o  papel  da  universidade  – 
práticas e experimentos didáticos aplicadas no ensino de disciplinas que envolvem Conforto  ensino  de  competência  de  diversas  formas  de  ensino.  A  universidade  está  discutindo  em 
Térmico” de autoria de  Marcelo Galafassi, Carolina Rocha Carvalho, Rafael Prado Cartana e  como formar o estudante, não só na competência técnica mas também no saber. Leitura de 
João Luiz Pacheco: Este trabalho propôs a integração de seis disciplinas nos semestres 1, 2, 3  autores  como  suporte  pedagógico  (ZABALA,  DEMO,  etc).  No    âmbito,  da  universidade  eles 
e    4  envolvendo  os  conteúdos  ao  Conforto  Térmico,  com  o  suporte  do  Laboratório  de  conversam muito sobre as estratégias que buscam para aliar teoria e prática o tempo todo. 
Conforto  ambiental(LACA)  com  o  objetivo  de  introduzir  conceitos  de  conforto  ambiental  e  Teoria de aprendizagem baseada em problemas – buscam com este artigo reconhecer qual é 
inserir  atividades  práticas,  integrando  disciplinas  para  trazer  o  universo  de  conforto  o método de arquitetura e quais estratégias para as disciplinas funcionarem melhor. Usando 
relacionados  a  projeto  e  tem  por  objetivo  que  os  alunos  entendam  relação  de  projeto,  as  estratégias,  técnicas  de  métodos  ativas:  não  vai  trabalhar  entrando  no  projeto:  fazem 
entorno, incidência solar no lugar, utilizando  aparelho analisador de mascaramento. Assim  grupos e  esquemas do que é uma casa, qual referencial que utilizam, fazem fluxograma da 
os  professores  escolhem  um  ponto  a  ser  analisado  e  os  alunos  vão  fazendo  a  leitura.  unidade, fazem isso em grande grupo e depois propõe lançamento de ideia. Observa‐se que 
Contribuição: importante nas atividades praticas. Experimentos feitos: estudo de insolação,  quando fazem o  exercício novamente, não cometem os mesmos erros. Retomada de outras 
brises,  como  se  toma  decisões  de  projetos  baseadas  na  insolação,  confecção  de  maquete  disciplinas  dentro  do  ateliê,  inserindo  professores  de  outras  disciplinas  como  tecnologias, 
para análise da insolação e depois inserção nas maquetes de elementos de proteção solar, e  representação técnica, estruturas e urbano, etc, dentro do ateliê, para auxiliar na formação, 
faz estudo com solarscópio. Outro exercício é a integração com projeto arquitetônico onde  questão  complementar  ao  projeto.  “Os  estudantes,  devem  aprender,  ao  mesmo  tempo,  a 
há um terreno, projetar uma residência – analisar insolação utilizando diagrama solar, fazer  expor  as  ideias  com  a  língua  e  expressá‐las  por  meio  de  gestos,  de  modo  que  não  dê  por 
a  maquete  e  fotografar  desde  a  6  até  as  18h,  para  então  começar  a  projetar  a  partir  do  terminado  o  estudo  de  nenhuma  matéria,  se  não  depois  de  ela  estar  suficientemente 
estudo do sol no terreno. Exercício didático sobre efeito estufa: duas etapas. Contribuições  impressa nos OUVIDOS, NOS OLHOS, NA INTELIGÊNCIA E NA MEMÓRIA (COMENIUS,2001). 
resultados  comentados  em  sala, os  estudantes  começam  a  entender o  fenômeno  térmico.  5. “O redesenho como estratégia didática no processo de ensino‐Aprendizagem da História e 
Estes exercícios estão no inicio do curso com exercícios práticos aplicados para tornar aula  da  Teoria  da  Arquitetura”  de Maria  Marta  dos  Santos  Camisassa,  Josélia  Godoy  Portugal e 
mais  dinâmica  e  entendimento.  2.  “O  Ateliê  de  Projeto  e  o  Patrimônio  Cultural  nas  Maristela  Siolari.  Possui  como  ponto  de  partida  a  dificuldade  de  integrar  as  teorias  nas 
Estruturas  Curriculares  dos  Cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no  Brasil”  de  Heitor  de  disciplinas  de  projeto.  Entender  como  que  os  conceitos  ensinados  se  perdem  ao  longo  do 
Andrade  SILVA.  O  trabalho  parte  da  sua  tese  de  doutoramento  e  trata  da  abordagem  do  curso. Para o trabalho de projeto resgatar isso, poder a historia se aproximar mais d projeto, 
ensino de projeto articulado ao patrimônio cultural tratado nas escolas de ensino  superior  consequentemente  relação  entre  teoria  e  historia  junto  com  o  projetual.  Faz  uma 
no Brasil. Como parte da pesquisa Trabalha com uma ‐ abordagem panorâmica: 8 cursos de  fundamentação  teórica:  Mafhuz,  Elvan  Silva,  Mallard,  Dorfman,  Oliveira.  Alguns  autores 
arquitetura  e  Urbanismo  de  Instituições  públicas  –  critério:  escolha  de  escolas  que  tinham  ainda  veem  aprender  projeto  com  o  caso  a  caso,    orientação  individual.  O  desenho  como 
pós‐graduação  na  área  do  patrimônio.  Faz  considerações  sobre  o  conceito  de  patrimônio  poder  de  projeção,  os  alunos  querem  fugir  do  desenho  a  mão,  exercício  da 
cultural,  considerações  teóricas,  como  Rossi,  e  outros  urbanistas.  Tabelas  com  abordagens  interdisciplinaridade.  Desenham  analiticamente,  desenho  do  sistema  construtivo,  desenho 
das disciplinas nas escolas, carga teórica, cargas praticas e total. Período: praticamente todas  de  detalhes...  etc.  Nesta  metodologia  desenham  em  escala  e  fazem  maquete  em  escala. 
as disciplinas aparecem a partir do 5 período. Conteúdos: existem frequentes na abordagem  Considerações  sobre  o  conteúdo,  considerações  sobre  as  formas.  Seguiu‐se  o  debate  com 
de  projeto.  Conclusão:  disciplina  que  associa  teoria  e  prática  acaba  tendo  abordagem  questionamentos  e  comentários.  Merlin  UNIVATES  pergunta  para  Emanuela  se  os  alunos 
satisfatória para o tema. 3. “Utilização de Mapas Conceituais para o Ensino da Disciplina de  não  levam  o  aprendizado  para  as  disciplinas  posteriores,  se  eles  utilizaram  de  alguma 
Desenho Técnico I” de Emanuela Cristina M. da Silva, Roberta Vilhena Vieira Lopes e Fábio  estratégia com ateliê integrado para resgatar este desenho? Pergunta se a integração não é 
Paraguaçu Duarte da Costa: A pesquisa surgiu do ensinar desenho, mas o aprendizado dos  levada  para  uma  continuação?  Resposta:  não,  não  foi  levado  como  conhecimento,  há 
alunos  era  mecânico.  Definição  mapa  conceitual:  representação  gráfica  da  estrutura  grandes  dificuldades  e  que  não  tem  pré‐requisito.  Contribuição  da  Merlin:  na  UNIVATES 
cognitiva  ilustrando  as  formas  de  aprendizagem.  Fala  da  teoria  de  Auzubel:  aprendizagem  trabalham  com  pré‐requisitos  e  o  ateliê  integrado  com  a  presença  de  professores  de 
significativa tem o objetivo de explicar a aquisição de conhecimento e como armazena‐ser  desenho  e  sequencia  tem  melhorado  Complementação  de  Jamile  UNIVATES:  De  15  a  20 
este conhecimento. Estrutura cognitiva: conhecimento adquirido ao longo do tempo e como  alunos em sala, conseguiram apoio da pro reitoria de ensino,  mas estão olhando os custos. 
é passado. A utilização de mapas une as três coisas: pensamento/sentimento; aprendizagem  Professores de projeto e desenho na mesma sala de aula uma vez por semana, tiveram que 
significativa;  conhecimento.  Um  exemplo  de  uso  para  mapas  conceituais  no  processo  de  fazer integração em duas vezes por semana, a noite mas o professor de desenho só vai uma 
aprendizagem:  introduzir  conceito.  Metodologia  aplicada:  comparativo  do  aprendizado  vez  por  semana.  Daniele:  Qual  metodologia  usada  para  avaliar  os  mapas  conceituais? 
tradicional  e  o  aprendizado  significativo  trabalham  com  mapa  conceitual.  4.  “Metodologia  Reposta:  sistema  monta  mapa  conceitual  feito  com  software,  entendido  o  material,  se  o 
Ativa  e  Interdisciplinaridade:  práticas  pedagógicas  no  ensino  de  projeto  de  arquitetura  na  aluno na finalização conseguiu entender,a planta, avaliação do entendimento do desenho e 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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avaliação  do  processo.  Para  Maristela;  no  processo  de  redesenho  se  são  feitos  em  grupo?  17 / SE  60 / 31 27% estabelece várias relações entre os dados coletados. Croquis/maquete/ 
Resposta: em grupo, feitos em sala de aula em salas de prancheta, uma aula separada em  perspectiva digital/ preexistência/ edifício ‐urbano/Durante o período o n de páginas que as 
equipes para cada um da equipe faz o seu desenho de desenho. Miguel USP – Considerações  revistas  dedicaram  ao  concurso  diminui.  Temáticas:    Cultura  49  43%  habitação  13    11% 
Na USP, algum tempo atrás, começou discussão sobre pedagogia universitária, perguntava‐ urbanismo 12 10%  teórico 3 3%. O concurso visa evidenciar o que tem de melhor na escola, 
se sobre o processo de ser professor. Muitas discussões básicas sobre o que é arquitetura e  na  região  e  nacionalmente.  A  partir  das  Diretrizes  Curriculares    os  trabalhos  teóricos.  3. 
sobre  onde  a  arquitetura  se  encontra:  conhecimento  que  reúne  conhecimento,  inclusive  “Experiência  pedagógica  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UTFPR:  atividades 
cientistas;  na  formação  do  arquiteto  existe  conhecimento  q  é  fundamento  como  deve  ser  extraclasse como recurso para a formação integral do estudante” de Isabel Maria de Melo 
administrado.  Aprendizado  através  dês  solução  de  problemas,  o  aluno  deve  conhecer  o  Borba,  Marcia  Keiko  Ono  Adriazola  e  Armando  Luis  Yoshio  Ito.  Introdução:  O  ensino  de 
fenômeno físico p resolver questões. A melhor maneira de entender é através de disciplinas  Arquitetura e Urbanismo : histórico. Escola de Aprendizes Artífices / Escola Técnica Federal 
autônomas ou solução de problemas. O estudante deve passar forma híbrida: estrutura de  do PR / Centro de Federal Tecnológico do Paraná / UFTPR. Criação do Curso de AU Primeira 
pensamento  junto  com  a  prática.  Roni  IFPB‐  Considerações:  Divergência  que  há  sobre  turma agosto 2009. Equipe remanescente do fim da Escola Técnica resolve criar um curso de 
pensamentos,  ontem  abordavam  a  dissociação  da  tecnologia  e  aqui  o  caminho  é  outro...  AU  para  recuperar  o  legado  do  ensino  técnico.  Faz  considerações  sobre  o  surgimento  do 
quando  se  decidiu  optar  pelos  modelos  tecnicistas  a  intenção  era  tornar  as  pessoas  ensino de AU no séc. XIX e as vertentes politécnica e B. Artes nas origens dos cursos de AU 
melhores  em  cada  área,  mas  hoje  isto  é  problema  e  como    tornar  isto  disponível  com  o  no  Brasil.  Constatando  a  necessidade  de  aliar  o  ensino  de  AU  à  experimentação  técnica 
tempo? Fica impressionado com as dificuldades que os alunos tem de se expressar, de todos  organiza  atividades  extraclasses  de  formação  técnica.    A  Semana  de  AU  constituiu‐se  num 
os  semestres,  não  sabem  se  expressar  pelo  desenho.Como  conciliar  alunos  imersos  no  fator  motivador  do  curso.  Alunos  propõem  uma  Semana  Vertical  de  estudos.  Realizam 
imediatismo,  com  a  necessidade  desaceleração?  Maristela;  acha  que  são  as  duas  coisas,  o  viagens  monitoradas,  atividade  extensão  como  o  Anteprojeto  Capela  envolvendo  ensino 
problema é que a leitura da imagem que eles tem é muito superficial,  não conseguem ver o  médio,  oficinas  artísticas,  de  desenho  urbano,  visitas  a  obras  de  restauro,  casas  de 
contexto da arquitetura.   arquitetos  conhecidos,  visitas  temáticas  com  cursos  prévios.  Atividades  nos  laboratórios  e 
9ª SEÇÃO: A Sessão teve como coordenador o Professor Frederico Lopes M Barboza Júnior e  canteiros de obras. Projetos de Pesquisa e Extensão. 4. “A teoria e a prática do ‘sentimento 
relator o Professor Wilson Ribeiro dos Santos Junior. Foram apresentados cinco trabalhos na  estrutural’  no  processo  de  ensino  aprendizagem  do  projeto  arquitetônico”  de  Camila 
ordem a seguir. 1. “Deriva fotográfica do bem: encontro, memória e fotografia” de Bráulio  Cavalcanti  e  Renato  Medeiros.  O  artigo  enfoca  a  questão  da  estrutura  no  projeto  de 
Vinícius  Ferreira.  Deriva  do  Bem  trabalho  de  extensão  UFG;  expedição  fotográfica;  deriva  Arquitetura.  Arquitetos  ‐  concepção  estrutural  engenheiros  ‐‐  cálculos.  Foram  pesquisadas 
como  conhecimento  da  cidade  .  Teve  como  origem  uma  disc  na  UEGO/  Anápolis  numa  187 IES das quais 93,3 % seguem o ensino tradicional de estruturas só 13% tem 3 locais para 
disciplina chamada Comunicação Visual na Cidade. Objetivo: ir ao centro de Goiânia projeto  a  realização  de  atividades  de  extensão  e  laboratórios.  Verificaram  o  distanciamento  do 
de  Atílio  C  Lima.  Tornou‐se  uma  atividade  anual  reunindo  grupos  de  até  30  pessoas  pela  ensino de projeto com as disciplinas relacionadas à estrutura. Remete a citação de Saramago 
rede.  A  IES  UFG  acolheu  a  atividade  como  extensão.  Possibilita  o  encontro  das  pessoas,  o  sobre  a  construção  do  conhecimento.  5.  “Abordagens  sobre  ensino  e  sustentabilidade  na 
diálogo,  observar  e  fotografar.  É  precedida  de  um  bate  papo  com  profissionais  de  outras  construção  civil:  enlace  em  arquitetura  e  engenharia  civil”  de  Daniele  O.  Sant'  Anna  UF  e 
formações (artistas, antropólogos, etc.). A ideia é recuperar a memória do centro de Goiânia.  Sasquia  H.  Obata.  O  tema  sustentabilidade  ainda  se  encontra  em  fase  de  consolidação  no 
Reúnem‐se  grupos  de  10  a  15  pessoas  orientados  por  um  arquiteto.  GO  tem  9  cursos  de  ensino.  Refere‐se  às  atividades  das  disciplinas  Projetos  Arquitetônicos  Sustentáveis  da 
arquitetura.  O  nome  completo  da  atividade:  Deriva  do  Bem  :Pelo  bem  da  cultura,  da  Engenharia Civil da UFI e da disciplina Morfologia das Estruturas do Curso de AU da FAAp. Os 
memória  e  da  construção  da  cidadania  através  da  própria  cidade.  Pelo  bem  ao  próximo  perfis de arquitetos e urbanistas e dos engenheiros civis diferem apesar de confluência nos 
(doação  de  um  litro  de  leite).  1000  participantes,  900  litros  de  leite  doados.  125  conteúdos( des técnico, estruturas, etc.) A sustentabilidade aglutina as 2 áreas. O objetivo ao 
participantes expositores. Mapa do trajeto da Deriva com roteiro de comidas de rua e locais  apresentar os trabalhos da disciplina é discutir a inserção do conceito de sustentabilidade no 
tradicionais  (  empada  de  mercado,  restaurante  italiano,  etc..).  Foi  apresentado  um  vídeo  curso.  Exemplifica  com  projetos  de  residências  dando  ênfase  nas  soluções  de  iluminação. 
produzido por uma equipe multidisciplinar sob coordenação do autor. 2. “O concurso Opera  Após  as  apresentações  seguiu‐se  o  debate.  Isabel  UFTPR  :  pede  esclarecimentos  ä 
Prima e a formação do arquiteto e urbanista” de Bráulio Vinícius Ferreira. Trabalho integra  periodicidade da deriva do Bem , cumprimento pela realização. Prof. Bráulio esclarece que 
pesquisa de doutorado recentemente defendido. Origina‐se da organização de orientações  Andrea  UFRJ  pergunta  às  docentes  da  UFTPR  qual  a  carga  horária  das  atividades  extra‐
do  TCC  na  UEGO.  1.  TCC  e  Diretrizes  Curriculares;  2.  Concurso  Opera  Prima;  e  3.  classes,  seleção  de  alunos  para  a  Semana  Vertical,  etc.  As  docentes  esclarecem  que  os 
jurados/categorias de análise/ dados. O TCC e as Diretrizes Curriculares; apresentação geral  alunos encontram‐se motivados a partir da Semana que passou a ser organizado pelo Centro 
das  normas.  Destaca  que  a  partir  de  1994  passaria  a  ter  uma  relação  direta  com  as  acadêmico.  Pergunta  ao  autor  da  Deriva  do  Bem  sobre  como  trabalha  com  conteúdos  de 
atribuições  profissionais.  Descrição  o  da  estrutura  do  Concurso  OP,  nascido  por  meio  da  Comunicação  Visual.  Prof.  Bráulio  comenta  a  apresentação  das  docentes  da  UFTPR 
ABEA. Recorte a partir de 2011. Teve 25 edições com interrupção de apenas um ano. ABEA  reiterando sua importância. Pergunta como está o TCC?  Solicita esclarecimentos de Camila 
deixa  de  participar  em  2006.  Número  grande  de  trabalho,  cerca  de  7.000  trabalhos  sobre o uso da maquete como instrumento para a solução estrutural. UTFPR docente explica 
analisados  até  a  20ª  edição.  Levantamento  dos  jurados.  Por  região  e  atividades.  57%  que  estão  na  1ª  turma  de  TCC  das  quais  3  alunos  apresentaram  trabalhos  dada  à 
docentes e arquitetos. Gênero: 86% homens e 14% mulheres. Estatísticas: regiões CO 7 / NE  participação.  Camila  responde  da  importância  da  utilização  do  modelo  reduzido.  UFG 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  35    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  36 

pergunta à Danielle sobre a relação com os docentes da engenharia. Profa. Núbia UNICAMP  profissional. O livro já está sendo produzido e será encaminhado as escolas de Arquitetura 
pergunta  sobre  o  levantamento  de  temas  dos  trabalhos  do  Concurso  Opera  Prima  e  a  do  Brasil,  Uruguari,  Argentina,  Paraguai  e  Venezuela  via  Correios.  O  segundo  projeto  foi  a 
incidência  dos  trabalhos  de  projetos  de  arquitetura  e  planejamento  urbano.  Prof.  Bráulio  montagem de um curso de ensino a distância também sobre acessibilidade na arquitetura. 
esclarece as várias entradas possíveis para ler os dados da pesquisa. Prof. Núbia pergunta á  Foi  produzido  um  check  list  em  um  seminário  técnico  realizado  em  São  Paulo  no  mês  de 
profa.  Danielle  sobre  o  impacto  das  disciplinas  próximas  da  arquitetura  e  urbanismo  no  setembro  passado,  no  qual  vários  profissionais  de  outros  estados  também  participaram.  A 
âmbito do curso de Eng Civil. Profa. esclarece que tem sido positivo. Profa. Rosana da UFS  proposta a partir deste trabalho é que o Ministério das Cidades estará divulgando um check 
indaga sobre a ocorrência de aumento do número de disciplinas vinculadas ä estrutura nos  list oficial para que os Profissionais de Arquitetura e Urbanismo preencham na aprovação de 
curso  de  AU.  Encerradas  as  seções  de  comunicações,  deu‐se  o  intervalo  para  o  almoço.  À  projetos nas prefeituras municipais. Surgiu assim a ideia de um curso de ensino a distância 
tarde foi iniciada a seção de encerramento da XXXVI reunião do COSU da ABEA.  com  o  intuito  de  viabilizar  o  acesso  de  outros  profissionais  as  questões  relacionadas  à 
XXXVI COSU. A seção do COSU na tarde do dia trinta e um de outubro teve início às quatorze  acessibilidade e ao Desenho Universal. O Ministério das Cidades abrirá um cadastramento a 
horas e vinte minutos. O presidente da ABEA, Fernando Costa abre a seção e solicita que o  partir de Dezembro para inscrição no curso, as aulas serão disponibilizadas aos poucos e ao 
Diretor  financeiro  José  Roberto  Geraldine  Júnior  dê  o  informe  sobre  o  convênio  ABEA‐ final  de  cada  módulo  haverá  uma  avaliação.  Ao  final  de  todos  os  módulos  uma  outra 
CAU/BR  relativo  às  manifestações  técnicas.  GERALDINE  informa  que  foi  desenvolvido  um  avaliação  onde  o  aluno  deverá  alcançar  um  mínimo  de  70%  de  acerto  para  ter  acesso  ao 
convênio  através  de  um  termo  de  cooperação  técnica  entre  o  CAU/BR  e  a  ABEA  para  o  Certificado. O diretor Geraldine  informou também que a Carta da UIA para a Educação do 
atendimento do que estabelece o artigo 37 do Decreto 5773/2006 que faculta aos Conselhos  Arquiteto  vem  passando  por  revisões  constantes  a  cada  dois  congressos  da  UIA.  Nós 
das profissões regulamentadas se manifestarem sobre os processos de abertura, renovação  Congresso  da  UIA  realizado  em  agosto  passado  na  África  do  Sul,  participamos  de  uma 
e  reconhecimentos  de  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no  Brasil.  A  ABEA  já  havia  reunião da Comissão de Ensino da UIA. Nessa reunião foi apresentado o estágio da revisão 
desenvolvido convênios semelhantes com o antigo conselho de 2009 a 2011. Com a criação  deste  documento,  disponível  na  página  da  UIA  para  consultas  e  apreciações,  o  qual  será 
do  CAU  e  o  novo  sistema  SICCAU  tivemos  um  salto  de  qualidade  nas  informações  que  apresentado no próximo encontro da UIA. O documento prevê a inclusão de dois assuntos 
subsidiam as manifestações e nós encaminhamos ao Ministério de Educação o interesse do  importantes  na  formação  de  Arquitetos,  originados  em  organismos  da  ONU.  No  Fórum  de 
CAU/BR de resgatar este direito de manifestações. O CAU/BR então passou a ter acesso ao  Mudanças  Climáticas  da  ONU,  várias  agências  solicitaram  que  a  formação  do  arquiteto 
sistema  e‐MEC.  De  acordo  com  o  dispositivo  lega,  o  MEC  disponibiliza  os  processos  em  tivesse  uma  atenção  maior  para  o  Desempenho  e  Eficiência  Energética  das  Edificações. 
tramitação e abre prazo de 60 dias para o CAU/BR emitir as manifestações. Como o CAU/BR  Outra  questão  são  os  problemas  relacionados  à  Regularização  Fundiária,  vivenciados  em 
trabalha  com  uma  estrutura  reduzida,  não  tem  condições  de  realizar  estas  manifestações.  diversos continentes. Participamos também da reunião do sistema de avaliação da UNESCO 
Foi  feito,  então,  ao  final  de  2012  um  convênio  assinado  pelo  Prof.  Gogliardo,  na  ocasião  na  UIA,  da  qual  participaram  colegas  do  RIBA.  O  programa  que  está  passando  por  uma 
presidente em exercício da ABEA, para criar um sistema de credenciamento de avaliadores,  revisão  de  seu  instrumento  e  de  uma  atualização  em  função  dos  resultados  obtidos    nas 
treinar  e  capacitar  esse  grupo  para  passar  a  exercer  esse  trabalho  diretamente  para  o  ultimas reuniões da comissões, provavelmente será objeto de apreciação no próximo ano, já 
CAU/BR.  A  manifestação  não  é  de  caráter  deliberativo  decisório,  é  uma  orientação  para  com a nova diretoria da UIA. Houve uma alteração na composição desta diretoria e o Brasil 
embasar  a  Secretaria  de  Regulação  do  MEC.  Há  situações  em  que  o  CAU  se  manifestou  passou a contar com uma representação através do Conselheiro Roberto Simon, atualmente 
contrário a abertura naqueles termos apresentados pela IES e ainda assim a Secretaria deu a  conselheiro  do  CAU/BR  pelo  Estado  de  Santa  Catarina.  Também  nessa  reunião  da  UIA  em 
permissão  de  abertura  à  Instituição,  ou  seja,  é  mais  que  necessário  a  aproximação  e  Durban,  África  do  Sul,  ficou  decidido  que  o  Brasil  sediará  o  Congresso  Mundial  da  UIA  de 
interlocução do CAU com o MEC para valorizar a posição firmada na manifestação. A ABEA  2020  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro  tendo  o  IAB  como  entidade  promotora.  O  presidente 
vai publicar em seu site e no site do CAU/BR um edital convocando candidatos a avaliadores  Fernando Costa solicitou que o Vice‐presidente Gogliardo Maragno desse informe sobre as 
ainda no ano de 2014, uma vez que o convênio se encerra no dia 31 de dezembro próximo.  atividades  na  representação  da  ABEA  no  CEUA  do  CAU/BR  e  em  outros  fóruns.  Gogliardo 
GERALDINE informou ainda sobre o Acordum do Tribunal Regional Federal do processo que  informa que no mês de junho passado participou do Fórum Internacional “ARQUITECTURA, 
se iniciou em 2002, onde as entidades ABEA, IAB, FNA entraram uma ação contra o CREA da  EDUCACIÓN  Y  SOCIEDAD”  em  Barcelona.  O  evento  contou  com  a  participação  de  150 
BAHIA  a  respeito  do  registro  de  egressos  da  UNEB  da  Bahia.  A  justiça  entendeu  que  a  trabalhos  provenientes  dos  cinco  continentes  e  da  comunidade  Europeia,  em  sua  maioria. 
demanda deixou de  existir com a criação do CAU. Em um  dos  itens do acordão determina  Informou que fez a apresentação de um trabalho com o panorama do Ensino de Arquitetura 
que,  uma  vez  que  não  compete  mais  ao  CREA,  caberia  ao  CAU  tal  competência,  porém  o  e  Urbanismo  no  Brasil.  Dentro  do  âmbito  da  Comunidade  Europea,  as  entidades  também 
artigo  que  possibilitaria  o  registro  no  CAU  foi  objeto  de  Veto  presidencial.  Ou  seja,  os  estão  tratando  da  questão  de  acreditação  de  cursos,  da  não  padronização  e  do  respeito  a 
egressos do curso em Urbanismo da Universidade da Bahia não podem se registrar nem no  diversidade, porém buscando atingir um patamar mínimo de qualidade para todos os cursos. 
CREA  nem  no  CAU.  O  CREA  Bahia  ainda  foi  obrigado  ao  pagamento  dos  honorários   O  número  expressivo de  cursos  existentes  no  Brasil  chamou  à atenção  dos  participantes  e 
advocatícios.  O  diretor  da  ABEA  José  Antônio  Lanchiotti  informou  que  a  ABEA  firmou  dois  gerou  muito  debate.  Gogliardo  informou  que  os  europeus  ficaram  impressionados  com  a 
convênios de patrocínio com o CAU SP. Um primeiro para publicação bilíngue da legislação  quantidade  de  dados  e  informações  apresentados  na  forma  de  gráficos  e  quantitativos, 
relacionada  a  acessibilidade,  uma  retrospectiva  sobre  a  inserção  da  ABEA  no  tema  da  dados  que  eles  ainda  não  possuem  em  ralação  à  Europa.  A  discussão  se  concentrou  no 
acessibilidade, o histórico das leis, consequências e problemas  sempre na ótica da atuação  enfoque da teoria da arquitetura. Nessa ocasião Gogliardo teve a oportunidade de assistir as 
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conferencias tanto do professor Constantin quanto do Simon Rossi. E como tinham relação  Estados. O assunto não entrou na pauta das plenárias dos meses de março e abril. Somente 
com  a  temática  que  estávamos  propondo  para  o  XXXIII  ENSEA,  foi  feito  o  convite  e  eles  na plenária de maio o assunto entrou em pauta e foi deliberado pelo CAU/BR. Como forma 
aceitaram. Relata Gogliardo que se tratou de um evento muito similar aos nossos, com uma  de  cumprir  o  acordo  firmado  com  o  conselheiro  do  CNE  Sérgio  Franco,  protocolamos  a 
audiência parecida, éramos cerca de 120 pessoas, o que procuramos foi trocar experiências  proposta da ABEA no CNE ainda no mês de maio através de ofício datado de 14 de março. 
como fazemos nos encontros da ABEA, mas ali, uma professora de Bangladesh apresentou  Em audiência com o conselheiro Professor Gilberto Gonçalves Garcia Presidente da Câmara 
um  trabalho  com  uso  do  BIM  no  ensino  em  Bangladesh,  e  uma  de  Sidney  apresentou  um  de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação solicitamos o encaminhamento da 
trabalho  que  defendia  a  não  incorporação  do  desenho  assistido  por  computador  no  nossa proposta informando que o CAU/BR estava discutindo a nossa proposta e deveria se 
processo  projetual.  Identificamos  que  as  mazelas  e  dúvidas  são  as  mesmas  que  temos.  O  manifestar proximamente. Naquela ocasião fomos informados de que seria composta uma 
importante é que a gente crie vínculos com as demais entidades de ensino de outros países  comissão  para  estudar  as  atualizações  de  Diretrizes  Nacionais  de  outros  cursos  além  do 
e  continentes  para  trocarmos  experiências.  Quanto  ao  CEAU‐CAU/BR,  Gogliardo  informou  nosso  e  que  deveriam  ser  convocadas  audiências  públicas  para  ouvir  outros  atores.  Em 
que,  como  já  é  de  conhecimento,  foi  instalado  em  fevereiro  de  2012  após  a  Instalação  do  meados do mês de outubro corrente, solicitamos audiência no CNE com o conselheiro Sérgio 
CAU/BR.  A  ideia  inicial  era  que  CEAU  fosse  um  desdobramento  oficial  do  CBA,  criado  em  Franco que  assumiu a vice‐presidência da Câmara de Educação Superior daquele Conselho 
1998 pelas entidades nacionais com o objetivo de lutar pela criação do conselho próprio. O  para  solicitarmos  informações  sobre  a  tramitação  do  processo.  A  audiência  está  marcada 
CEAU está previsto na legislação como um órgão consultivo e imaginávamos que este seria  para  o  dia  5  de  novembro  próximo.  O  presidente  convida  a  mesa  os  representantes  da 
composto  somente  pelas  entidades,  mas  quando  a  plenária  do  CAU/BR  aprovou  o  seu  Comissão  Eleitoral  encarregada  da  eleição  do  representante  das  Comissões  de  Ensino.  A 
Regimento  Interno,  a  composição  do  CEAU  foi  alterada.  Inicialmente  era  coordenado  pelo  Comissão é composta por Enio Moro, Wilson Ribeiro dos Santos e Ester Gutierrez, membros 
presidente de uma das entidades com mandato de um ano em forma de rodizio e passou a  constituídos pelo plenário do CAU/BR. Enio Moro, presidente da Comissão, informou que no 
ser coordenado pelo presidente do CAU/BR e foi incluído na composição a representação de  dia  cinco  de  novembro,  data  do  processo  eleitoral  do  CAU  em  todos  os  Estados,  os 
dois  conselheiros  coordenadores  das  Comissões  de  Exercício  Profissional  e  da  de  Ensino  e  delegados  eleitores  das  escolas  também  vão  indicar  qual  será  o  seu  representante  no 
Formação. Às entidades coube a Secretaria Executiva do CEAU mantido o rodízio. Dentre os  CAU/BR para o mandato de 2015 a 2017. O processo foi feito inicialmente com a convocação 
trabalhos  executados  pelo  CEAU,  o  Manual  de  Contratação  do  Serviço  de  Arquitetura  e  das  escolas  para  indicarem  seus  delegados  eleitores.  Foram  convocadas  320  IES,  com  a 
Urbanismo foi um dos resultados mais expressivos do CEAU. Esse trabalho teve início no IAB  principal  condição  de  estarem  reconhecidas  oficialmente.  Os  representantes  indicados 
e  foi  coordenado  pelo  Departamento  do  IAB  DO  Ceará.  Outro  trabalho  é  o  Manual  de  deveriam  estar  com  sua  situação  regularizada  perante  o  CAU  e  deveriam  comprovar  o 
Concursos  de  Arquitetura,  para  avançar  nas  formas  e  possibilidades  de  organização  com  a  vínculo com sua IES. Foi feita uma reunião para verificação e 86 escolas foram habilitadas a 
possibilidade de realização de um seminário internacional sobre Concursos Públicos. Outro  indicarem  seus  delegados  eleitores.  No  dia  5,  no  site  “vota  arquiteto  e  urbanista”  os 
produto  que  está  sendo  desenvolvido  pela  CEARQ  é  um  “Manuarq”,  nos  moldes  de  um  delegados eleitores terão uma outra opção, além da escolha dos representantes estaduais, 
almanaque editado no final dos anos 90 pela FNA que serviria de apoio ao jovem arquiteto e  para  votarem  no  novo  conselheiro  representante  do  ensino.  O  COSU  recomendou  que  a 
urbanista sobre as questões que pode enfrentar no início de seu exercício profissional com  comissão eleitoral solicitasse ao CAU ampla divulgação da proposta da chapa inscrita. Wilson 
uma  edição  digital  e  física. Uma  reivindicação feita  pelas  entidades  ao  CAU/BR  é  a  de  que  Caracol  informou  que  essa  é  a  primeira  eleição  nestes  moldes,  houve  problema  com  a 
todos os normativos que vão ser submetidos as plenárias do CAU/BR, possam passar antes  documentação  apresentada  pelas  escolas.  Apesar  da  divulgação  antecipada,  várias  escolas 
pelo CEAU para que as Entidades possam se manifestar e oferecer contribuições ao plenário  não mandaram a documentação exigida. É importante divulgar que só votam os delegados já 
do  CAU/BR.  Nos  primeiros  anos  de  implantação  do  CAU/BR  tudo  era  muito  urgente  e  não  habilitados.  Houve  um  prazo  maior  para  a  apresentação  de  recursos  no  qual  a 
dava  para  trabalhar  desta  forma,  mas  agora  com  a  normalidade  de  funcionamento  do  documentação poderia ser complementada, onde se buscou o máximo de participação das 
Conselho espera‐se a retomada dessa prática que já era comum no antigo conselho. Quanto  IES.  Fernando  Costa  lembra  que  essa  é  primeira  vez  que  fazemos  uma  eleição  de 
ao  processo  eleitoral  em  curso  no  âmbito  do  CAU/BR,  ficou  acertado  que  as  entidades  representante  de  ensino  nestes  moldes.  As  anteriores  eram  realizadas  presencialmente 
procurariam  atuar  como  moderadores  entre  as  posições  no  âmbito  das  chapas  estaduais,  dentro  do  evento  da  ABEA,  momento  em  que  instalava‐se  uma  comissão  eleitoral  e  os 
sendo aprovado um documento que enfatizou o respeito ao regulamento eleitoral nacional  delegados habilitados que compareciam ao evento votavam. Espera que dessa nova forma 
e convocando a participação dos grupos que desejem atuar para a composição de chapas. O  de  eleição,  haja  um  maior  reconhecimento  da  representação  das  escolas  de  arquitetura. 
CEAU  também  tem  feito  um  trabalho  de  acompanhamento  legislativo  em  especial  do  Dessa  forma  o  representante  dos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  não  poderá  ser 
projeto  de  lei  que  cria  a  profissão  do  Paisagismo  e  do  Design  e  também  do  regime  confundido como o representante da ABEA no CAU. Essa confusão havia principalmente pelo 
diferenciado de contratação juntamente com o CAU/BR. Passado para o próximo informa, o  fato de o processo de eleição ocorrer dentro de um evento da ABEA, mesmo que gerido e 
presidente Fernando Costa relata que a proposta de Revisão da DCN aprovada no CONABEA  conduzido pelo Conselho Profissional. Enio voltou a informar que os delegados eleitores vão 
em  novembro  de  2013  foi  protocolada  no  CAU/BR  através  de  ofício  datado  de  10  de  ter  que  votar  clicando  em  um  banner  para  o  representante  do  ensino  e  em  outro  banner 
fevereiro de 2014. A proposta foi apreciada pela Comissão de Ensino do CAU/BR e pautada  para  a  eleição  da  chapa  de  seu  estado.  Informa  ainda  que  a  comissão  eleitoral  publicou  o 
para  a  plenária  do  mês  de  fevereiro.  Feita  a  leitura,  o  plenário  não  se  sentiu  seguro  para  nome dos delegados aprovados no site e que a única chapa inscrita Tem como candidato a 
decidir e retirou de pauta abrindo prazo de um mês para recebimento de contribuição dos  conselheiro  titular José  Roberto Geraldine Júnior, da Barão de Mauá, e suplente Gogliardo 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  39    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  40 

Vieira  Maragno,  da  Universidade  federal  do  Mato  Grosso  do  Sul.  Geraldine  e  Gogliardo  a  quando o CAU procurassem recuperar o espaço perdido. Gogliardo chamou à atenção para a 
presentam  a  candidatura  de  reeleição.  Lembram  que  o  processo  de  eleição  anterior,  era  perda de representatividade da área de ensino e da própria ABEA nos órgãos oficiais. Cabe 
presencial, elevava os custos por conta do deslocamento e falaram sobre os planos para a  uma manifestação de que a ABEA não concorda com esta forma de composição da comissão 
gestão  que  irão  assumir.  Por  ocasião  do  registro  de  candidatura,  apresentaram  de área e dos bancos de questões para o ENADE. Carlos Hardt reforça a preocupação com a 
documentação  e  um  Plano  de  Trabalho,  mas  este  material  ainda  não  aparece  no  site  do  forma como a avaliação oficial tem sido conduzida. Fernando Costa retoma o ponto de pauta 
CAU/BR.  Fez  uma  consulta  a  comissão  eleitoral  se  isto  seria  divulgado  pois  ainda  não  foi.  cujo  tema  é  a  acreditação.  A  questão  é  se  o  CAU  não  tem  estrutura  para  executar  o 
Parece adequado neste momento tendo em vista a presença de vários delegados eleitores.  processo,  ele  deve  criar  esta  estrutura,  por  menor  que  seja?  Hoje  nem  a  ABEA  tem  esta 
Plano  de  Trabalho  trata da  relação  com  o  CAU/BR,  com  o  CAU  dos Estados, no  âmbito do  estrutura. Uma das hipóteses levantadas na Comissão de Ensino do CAU/BR foi a de se criar 
Governo com o Executivo, o MEC e o CNE. Na relação com o Ensino Superior, a Lei que criou  um  Instituto  de  Avaliação.  O  CAU  deve  implementar  este  sistema?  Cesar  da  CEF  do 
o  CAU    estabelece  que  a  interlocução  deverá  ser  feita  pelo  conselheiro  das  IES,  único  CAU/Sergipe  ficou  com  dúvidas  sobre  a  acreditação,  os  USA  não  possui  um  Ministério 
conselheiro  que  tem  papel  estabelecido  pela  Lei.  A  Lei  estabeleceu  a  tarefa  de  fazer  a  Federal que regule o ensino, nós temos o MEC no Brasil, qual seria a função da acreditação 
interlocução com as Comissões de Ensino dos Estados. Como foi feito durante estes 3 anos  no Brasil já que nós já temos o INEP, se seria uma sobreposição, seria voluntário como nos 
iniciais,  acompanharam  várias  reuniões  discussões,  debates,  em  são  Paulo,  RJ,  Paraná,  RS,  USA, e se voluntário qual seria o sentido para as IES ? Mercadológicos, já que em algumas 
MS, SC, MS, RN, ES, GO, etc. A chapa expôs seus planos com relação aos seguintes assuntos:  regiões  não  existe  concorrência  pois  lá  em  Sergipe,  por  exemplo  só  existem  duas  IES  a 
cadastro dos cursos no CAU; regulação do registro dos estrangeiros; acompanhamento das  Federal  e  uma  Particular.  Caracol  recupera  informações  de  como  o  assunto  chegou  ao 
questões  discutidas  no  CEAU;  intensificar  e  melhorar  a  capacitação  dos  colegas  que  CAU/BR iniciando pela proposta por ele elaborada ainda quando conselheiro do CONFEA na 
trabalham  nas  comissões  de  ensino  nos  Estados;  interação  com  o  INEP  para  retomar  a  forma de Selo de Qualidade. No ano passado fez um trabalho de consultoria para o CAU/BR 
melhoria  do  Instrumento  de  Avaliação  para  atender  as  nossas  especificidades;  acordo  de  sobre as questões das DCNs, do Exame da Ordem, dos Perfis e Padrões de Qualidade e das 
cooperação com o MEC; diálogo com a divisão de temas internacionais do Itamaraty; relação  Acreditações.  Levanta  questões  relacionadas  à  fragilidade  do  atual  sistema  de  avaliação 
com o executivo no acompanhamento de diversos projetos de lei que trata de mudanças no  nacional. O papel da acreditação seria o de reforçar a dimensão social da arquitetura e do 
campo  da  legislação  superior;  projeto  de  lei  que  cria  um  INSAES  PL  4372/2012;  estudo  do  urbanismo.  A  acreditação é  um processo  externo  a própria  atividade  do  MEC,  é  uma  ação 
mapeamento  dos  egressos.  Fernando  Costa  consulta  a  Comissão  Eleitoral  se  a  ABEA  pode  mercadológica, sim, como as IES estão colocando hoje, e inclusive utilizam‐se de resultados 
fazer  a  divulgação  do  Plano  de  Trabalho  da  chapa  inscrita.  Enio  informa  que  o  CAU  vai  das  avaliações  criando  ranqueamentos  falsos.  Defende  a  criação  de  uma  agencia  de 
encaminhar  o  Plano  de  Trabalho  por  e‐mail  para  os  delegados  eleitores.  Fernando  Costa  acreditação  como  forma  de  se  alcançar  a  respeitabilidade  no  âmbito  da  identificação  da 
informa, então que vai incluir também no site da ABEA as informações. Sobre os Cadernos  qualidade.  Sugere  que  se  abra  um  espaço  em  um  próximo  evento  para  circular  esta 
da  ABEA,  o  presidente  informou  que  estão  disponibilizados  os  números  antigos  os  quais  informação. Fernando Diniz se manifesta sobre o processo de acreditação dizendo que não 
podem  ser  consultados  mas,  no  sistema  atual,  não  se  consegue  baixar.  Estamos  tentando  há nada definido, a ideia é conhecer o que se faz em outros países. A questão mercadológica 
solucionar  o  problema  através  do  site  da  ABEA.  O  de  número  38  está  na  gráfica  não  deu  é  uma  realidade  hoje  e  nossa  sociedade  tem  que  reconhecer  o  mérito  sobretudo  quais  as 
tempo  de  ficar  pronto  para  distribuição  neste  evento  e  deverá  ser  distribuído  no  próximo  boas  escolas,  até  mesmo  para  que  a  sociedade  possa  saber  onde  estão  colocando  seus 
evento da ABEA.  filhos. Propõe a realização de um seminário nacional tendo como referência um documento 
PAUTA. Terminado os informes, passou‐se aos pontos de pauta: 1) Acreditação de Cursos; 2)  base  para  avançar  nesta  discussão.  Dirce  do  CAU  RS  alerta  para  a  necessidade  de 
encaminhamentos das seções de comunicações; 3) A Rede ABEA; 4) local e tema do próximo  aprofundamento do tema, podendo se de colocar a estrutura Estadual do nossos CAUs para 
evento.   auxiliar na difusão da discussão, pois não temos em nossa associação esta capilaridade, para 
1) Acreditação de Cursos. Esse ponto foi inserido a partir da discussão levantada na sessão  de  forma  a  iniciarmos  no  nível  estadual  primeiro.  Dessa  forma  podemos  enriquecer  a 
anterior  do  COSU  em  decorrência  da  palestra  de  Andrea  Rutledge,  Diretora  Executiva  da  discussão e não corrermos o risco de chegarmos a um evento nacional para esta finalidade 
Agencia de Acreditação de Cursos de Arquitetura dos Estados Unidos na Mesa Redonda da  sem  conhecer o  tema.  Rosana da  Universidade Federal  Sergipe questiona  o  financiamento 
Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR. Sobre esse ponto houve várias manifestações  do sistema de acreditação. Gogliardo faz uma avaliação do atual sistema oficial de avaliação 
que inicialmente desviaram o foco da discussão para o sistema de avaliação oficial hoje sob a  e defende a realização de um seminário para a discussão do tema de forma a amadurecer o 
responsabilidade  do  INEP.  Wilson  Caracol  manifestou‐se  no  sentido  de  recomendar  aos  tema. Caracol lembra que no congresso de Fortaleza o tema foi colocado na mesa. Lembra 
nossos  representantes  no  CAU/BR  retomar  a  aproximação  com  o  INEP  no  sentido  de  também  o  processo  acelerado  de  fusão  de  empresas  de  ensino,  inserção  de  grupos 
recuperar  o  espaço  de  influência  da  ABEA  nas  decisões  e  implementações  das  ações   estrangeiros chegando a existir IES hoje com 40 cursos de Arquitetura e Urbansimo. Temos 
voltadas  para  a  avaliação  do  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  como,  por  exemplo,  na  que recuperar aquela nossa ideia dos padrões e perfis de qualidade que poderá até regular o 
indicação de membros para as comissões do ENADE. Com a total renovação dessa comissão   sistema de acreditação. Como deliberação do ponto de pauta ficou indicado a realização de 
nenhum membro das comissões anteriores permaneceu. Perde‐se a memória, a vivência e  um  Seminário  Nacional  sobre  a  Qualidade  do  Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no 
experiência acumulada. Houve um treinamento para os elaboradores de questões da prova  primeiro  semestre  de  2015.  Geraldine  informa  que  a  CEF  CAU/BR  já  fez  a  previsão  no 
para o banco de itens, porém com processo renovado, seria importante que tanto a ABEA  orçamento para a realização deste evento no próximo ano.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  41    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  42 

2) encaminhamentos das seções de comunicações. Com  base nas discussões  ocorridas nos  Balneário de Camboriú, 31 de outubro de 2014. 


grupos das seções de comunicações, Ana Paula encaminhou a proposta do tema da Extensão  Ana Paula Rabello Lyra 
para próximos eventos tendo em vista  a nova demanda da legislação do Plano Nacional de  Secretária da ABEA em exercício 
Educação  com  relação  à  Extensão  Universitária.  Cadu  sugere  o  Tema  da  avaliação  da  Fernando José de Medeiros Costa 
qualidade do ensino e de como avaliamos projetos e as disciplinas dentro do curso por conta  Presidente da ABEA 
de  todas  as  palestras,  falou‐se  muito  da  aprendizagem  pelo  erro.  Nas  seções  de 
comunicações  foram  discutidas  várias  práticas  pedagógicas,  e  viu‐se  que  a  crítica  está  no 
 
Ateliê de Projetos. Propõe também que a ABEA insera o tema da definição do conceito da   
Extensão. Wanda lembra que na seção 6 Nirce sugeriu organizar um grupo de discussão para 
definir qual o papel estagio.    
3)  A  Rede  ABEA.  O  diretor  da  ABEA  Frederico  Barbosa  apresentou  a  aquisição  dos  novos 
domínios  da  ABEA:  abea.org.br;  abea.arq.br;  e  abea.arch.  Esse  trabalho  visa  consolidar  a 
 
Diretoria da ABEA na secretaria do XXXIII ENSEA e XXXVI COSU 
identidade da ABEA nas mídias digitais. Também apresentou o aplicativo cedido sem custos 
pela Google de forma que hoje os e‐mails cadastrados na Rede ABEA tem maior capacidade 
de  armazenamento  que  os  demais  disponibilizados  de  forma  gratuita.  Convocou  todos  os 
presentes a criarem uma conta de e‐mail com extensão da ABEA. Apresentou as vantagens e 
possibilidades que inclui o ambiente do professor em interação com seus alunos.  
4)  local  e  tema  do  próximo  evento.  O  presidente  Fernando  Costa  leu  a  relação  de 
candidaturas postuladas em eventos passados para sede de eventos da ABEA: Natal (UFRN), 
Campo Grande (UFMS), Vitória (UVV), Juiz de Fora (UFJF) e João Pessoa (UFPB). A UVV retira 
candidatura em nome da candidatura de Natal, Campo Grande retira em nome de Natal. Rio 
de Janeiro (UNESA) se candidata para o Seminário no primeiro semestre de 2015. Uberaba 
(UNIUBE)  e  NATAL  (UFRN)  se  candidatam  ao  CONABEA.  Fernando  Costa  relata  que  no 
começo  do  ano  ficou  meio  triste  quando  soube  que  no  mesmo  período  que  realizamos  o 
CONABEA  irá  acontecer  o  evento  Projetar  na  UFRN.  Como    foi  nomeado  membro  da 
comissão  organizadora  do  Projetar,  na  última  reunião  da  comissão  perguntou  se  haveria 
possibilidade  de  realizarmos  o  CONABEA  na  mesma  semana  do  Projetar.  Houve 
concordância da organização desde que não houvesse coincidência de datas. Propõe realizar 
o evento em Natal na semana que termina setembro e inicia outubro. Podemos iniciar com 
as  seções  de  comunicações  durante  o  dia  e  fazermos  a  abertura  na  primeira  noite.  A 
proposta  foi  acolhida  por  todos.  Quanto  ao  tema,  após  várias  intervenções  ficou  decidido 
que deveríamos tratar um tema central relacionado à avaliação e subtemas relacionados. O 
tema  central  seria  “Qualidade  do  Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo”  e  os  subtemas 
versariam  sobre  a  avaliação  da  qualidade  do  ensino  (avaliação  do  curso);  a  avaliação  do 
 
processo  da  aprendizagem,  principalmente  dos  Ateliês  (avaliação  no  curso);  as   
restruturações  curriculares  em  andamento  (experiências  inovadoras)  a  questão  da 
experiência  prática  em  ambiente  profissional  (extensão,  estágio,  escritórios  modelos, 
   
assistência técnica). Cadu sugeriu a frase: “Qualidade no ensino de arquitetura e urbanismo 
– avaliação, extensão e inovação”. 
5) Encerramento do evento. A presidência dos trabalhos agradeceu o apoio da UNIVALI para 
a realização do XXXIII Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ENSEA) e 
do  XXXVI  COSU  –  Reunião  do  Conselho  Superior  da  ABEA,  agradecendo  o  professor  Carlos 
Alberto a acolhida . e convidando a todos para o XVIII CONABEA em Natal. 
Nada mais havendo a tratar, o Prof. Fernando José de Medeiros Costa, Presidente da ABEA 
encerrou oficialmente o XXXIII ENSEA e o XXXVI COSU dos quais lavro a presente ata 
assinada por mim e pelo presidente. 
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  Aprender na Obra 
  Risale NEVES 
Universidade Federal de Pernambuco; [email protected] 
   

  RESUMO 
Com  manual  de  orientação  e  um  programa  didático  próprio  a  serem  seguidos,  mais  de  180  alunos  de 
  arquitetura já vivenciaram a prática profissional em obras de Empresas Construtoras filiadas à Associação das 
Empresas  do  Mercado  Imobiliário  de  Pernambuco,  Ademi‐PE,  em  convênio  com  a  Universidade  Federal  de 
  Pernambuco, UFPE. O Aprender na  Obra é atividade de Estágio Supervisionado idealizada e coordenada pela 
professora arquiteta Risale Neves, e desenvolvida no Curso Arquitetura e Urbanismo da UFPE com parâmetros 
  de  seleção,  programa  didático  e  critérios  de  avaliação  próprios,  iniciada  em  1999  e  em  curso  contínuo  até  a 
data atual. Foi aprovada inicialmente como Projeto de Extensão, passando a Componente Curricular Eletivo do 
  curso  em  2004  por  solicitação  da  sua  própria  idealizadora,  porém,  mantendo  as  prerrogativas  originais  de 
seleção, programa e avaliação. Alunos participantes vivenciam obras em construção por um período mínimo de 
  seis  meses,  renováveis  a  critério  dos  Concedentes,  sem  que  exceda  o  limite  recomendado pelo  MEC.  Após  o 
período  mínimo  de  estágio  os  alunos  apresentam  a  prática‐vivenciada,  divulgando  entre  os  demais  colegas 
  interessados a experiência de aprendizado. Enquanto aguardam vagas, alunos “em espera” vão compondo as 
plateias dos Seminários.  
  PALAVRAS‐CHAVE: aprender na obra; vivenciar‐apreender; universidade‐empresa.  
 

SESSÕES DE COMUNICAÇÕES  INTRODUÇÃO

    A  partir  da  aprovação  do  Programa  de  Estágio  intitulado  Projeto  Aprender  na  Obra  nas 
instâncias envolvidas entre o final de 1998 e o início de 1999, (Departamento de Arquitetura 
e  Urbanismo  e  Pró‐Reitoria  de  Extensão  da  Universidade  Federal  de  Pernambuco,  UFPE,  e 
Associação  das  Empresas  do  Mercado  Imobiliário  de  Pernambuco,  Ademi–PE),  foram 
desenvolvidas  outras  ações  pedagógicas  demandadas  pela  iniciativa,  como  premiações  e 
parcerias com as áreas da Geologia e da Engenharia de Minas a partir de 2006.  
Uma  vez  iniciado  como  atividade  de  Extensão  em  1999,  o  Aprender  exigiu  uma  linha  de 
acompanhamento específico até 2004 e outra, após essa data, como Componente Curricular 
Eletivo. Independente do enquadramento, continuou sob a tutela de Supervisão de Estágio, 
mantendo‐se as prerrogativas pedagógicas, o conteúdo da Disciplina e o acompanhamento 
individual do aluno tal qual premissa original contida em Projeto aprovado.  
A primeira linha de atuação focou “no que” o aluno já poderia disponibilizar – da sala de aula 
para  as  obras  –  e  o  conhecimento  que  ele,  ao  apreender  procedimentos  de  obra  e 
tecnologias não vistas na sala de aula, poderia trazer de volta legitimando a troca prevista na 
Extensão. 
A segunda enfatizou o conteúdo didático a ser pesquisado pelo aluno em obra, contido em 
um  manual,  e  o  cumprimento  das  tarefas  da  própria  obra.  Em  paralelo,  foi  reforçada  a 
contínua  busca  por  vagas,  a  seleção  e  o  encaminhamento  de  alunos  para  contratação.  A 
supervisão  sistemática  e  a  programação  dos  Seminários  feita  pela  coordenação  do  Projeto 
caracteriza o que se espera de um Estágio Supervisionado.  
O pleito  para a atividade passar a Componente Curricular Eletivo em 2004 deveu‐se ao fato 
da ação extensionista não ser bem compreendida pelo segmento da construção civil – então 
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mantenedor do Convênio assinado com a UFPE. Ao passo em que foi divulgada como uma  Rapidamente  surgiu  a  ideia  de  levar  alunos  do  Curso  de  Arquitetura  para  aprenderem  nas 
Disciplina de Curso na Universidade Federal, os empreendedores da construção associados à  obras das empresas associadas à Ademi–PE, proposta que foi totalmente acatada.   
Ademi–PE passaram a oferecer mais vagas para alunos inscritos em fila de espera.  Um  projeto  foi  elaborado  então  pela  professora  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
Em  sua  continuidade,  o  Aprender  na  Obra  certificou  entre  1999  e  2006  cinco  turmas  de  UFPE,  arquiteta  Risale  Neves,  assessora  técnica  da  referida  associação  na  época,  conforme 
participantes, ora em eventos realizados no âmbito das entidades de apoio como a Ademi– mencionado.  Denominado  apropriadamente  Projeto  Aprender  na  Obra,  foi  apresentado ao 
PE e o Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Pernambuco, CREA–PE,  mesmo  tempo  ao  Mercado  Imobiliário  e  às  instâncias  de  aprovação  na  UFPE,  cumprindo 
ora  na  própria  UFPE.  Essa  foi  a  forma  adotada  para  prestigiar  os  diversos  parceiros  nesse âmbito os trâmites legais. 
envolvidos  na  iniciativa,  e  promover  a  divulgação  entre  os  concedentes  de  estágios  e  os 
Formalizado  o  convênio  entre  as  instituições  citadas,  os  primeiros  alunos  participantes 
alunos do Curso de Arquitetura.   tiveram seus contratos de estágio assinados em março de 1999 por empresas associadas – as 
Foi criado o Prêmio Ricardo Gama para melhor projeto, como ação complementar, em três  pioneiras Gabriel Bacelar e B. Luna, empenhadas em proporcionar o aprendizado em obra.  
edições.  O Prêmio demandou a eleboração de Editais e divulgação dos Concursos, captação 
Ocupava a presidência da associação na ocasião o engenheiro Armênio Cavalcanti Ferreira, e 
de  patrocínios,  constituição  de  Comissão  Julgadora  e  Sessão  de  Julgamento,  além  das  à frente da vice‐presidência de tecnologia e custos estava o engenheiro Henrique Suassuna 
Exposições dos projetos arquitetônicos concorrentes e premiados. A 3ª Edição foi diferente,  Fernandes.  Ambos  são  considerados  os  patronos  do  Projeto,  pelo  empenho  inicial  na 
premiando o  melhor relatório sobre a experiência em obra. 
convocação das empresas associadas com o objetivo de captar  vagas para estágio.  
A partir de 2006, visando o doutoramento no Programa de Pós‐Graduação em Geociências 
O  primeiro  convênio  teve  a  duração  de  cinco  anos,  foi  renovado  em  2004  e  mais  uma  vez 
do Centro de Tecnologia da UFPE, houve uma pausa com relação às atividades relatadas. Em  renovado em 2009, ocasião em que, por iniciativa da Ademi–PE, foi assinado em ato formal 
novo ambiente e contexto pedagógico, surgiram ideias novas em carater interdepartamental, 
na sua sede com a presença do então Reitor da UFPE Amaro Henrique Pessoa Lins e da Pró‐
mas sempre envolvendo os alunos do Projeto na troca de conhecimentos com os alunos da  reitora  Acadêmica  Ana  Maria  Santos  Cabral.  Até  a  data  atual,  completando  15  anos,  é 
Geologia e da Engenharia de Minas.  
coordenado  e  supervisionado  por  sua  idealizadora,  que  coordenará  outra  renovação  do 
Em  decorrência,  somou‐se  à  autoria  do  Aprender  na  Obra  (DOU/2001)  a  autoria  da  1ª   Convênio por mais cinco anos em setembro de 2014.  
disciplina  ministrada  no  Brasil  em  Cursos  de  Arquitetura  com  o  tema  Usos  de  Rochas  na 
Arquitetura, o mesmo defendido em Tese de Doutorado em dezembro de 2012 no Programa 
de Pós–graduação em Geociências, PPGEOC, do Centro de Tecnologia e Geociências, CTG, da  2 PARA QUE FOI IDEALIZADO? 
UFPE.   O  Aprender  vem  proporcionando  a  alunos  do  Curso  de  Arquitetura  da  UFPE  desde  1999  a 
Foi  uma  contribuição  à  especificação  de  materiais,  abordando  assunto  tão  corriqueiro  interação sala de aula/prática profissional, tendo como proposta básica: o contato dos alunos 
quanto  desconhecido,  porém  reconhecido  como  atribuição  do  arquiteto  e  urbanista,  diretamente com as técnicas construtivas com retorno para a sala de aula; a integração da 
regulamentada  no  Art.2º/Lei  12.378/2010  que  criou  o  Conselho  Federal  de  Arquitetura  e  arquitetura  com  a  engenharia  civil  em  diversos  níveis  nos  empreendimentos  e, 
Urbanismo do Brasil, CAU/BR.    principalmente, a valorização do conhecimento inerente à arquitetura em canteiros de obras, 
valores já reconhecidos pelas empresas, por meio das tarefas que os alunos têm condições 
de desenvolver.  
1 COMO SURGIU O APRENDER NA OBRA  A  atividade  tem  permitido  aos  alunos,  além  de  acompanharem  o  dia‐a‐dia  de  uma  obra, 
O  Projeto  Aprender  na  Obra  surgiu  a  partir  do  seguinte  comentário  feito  por  alguns  conviverem  com  vários  profissionais,  de  peões  a  empresários,  acompanharem  os  serviços 
empresários  da  construção  em  1998:  “arquitetos  não  entendem  nada  de  tecnologia  de  previstos em cronograma, bem como as práticas construtivas; e levar de volta à sala de aula 
construção”. Na ocasião, a autora do Projeto em pauta prestava assessoria na Associação das  o aprendizado, repassando experiências para outros alunos não participantes do projeto ou 
Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco, Ademi‐PE.   em fila de espera por vagas conforme citado em resumo.  
Tomado como uma certa provocação, esse comentário veio a coincidir com uma  realidade  Como nem sempre é possível o aluno acompanhar uma obra do início ao final devido à data 
há  muito  tempo  enfrentada  em  sala  de  aula:  o  distanciamento  entre  teoria  e    prática  da  de entrada no estágio e ao período de vigência, é importante induzi‐lo a pesquisar passado, 
construção, o que dificultava o desenvolvimento dos projetos dos alunos, principalmente das  presente  e  futuro  do  empreendimento.  Por  isso,  itens  como  os  que  seguem  adiante 
habitaçoes verticais, tema do sexto período do curso à época.  compõem o Programa da Disciplina e constam, não exatamente na mesma ordem, em cinco 
módulos no Manual do Projeto Aprender na Obra. 
Não havia nenhum investimento no Curso de Arquitetura da UFPE no sentido de sistematizar 
o aprendizado prático da construção de edifícios. O comentário  remeteu à vontade de ver os  As recomendações devem ser adotadas pelo aluno com a finalidade de treinar a observação 
alunos em canteiros de obras, com presença, rotina, tarefas, responsabilidades e chance de  e registrar aspectos importantes da obra, seja indagando sobre os procedimentos anteriores, 
aprender, apreender e fazer dela – da prática – referencial para a vida profissional.   o que e como foi feito, seja acompanhando etapas do cronograma em curso e verificando, 
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curiosamente, o que está por ser feito, para depois de seis meses apresentar o Seminário da  empresa disponibilizou cinco vagas ao mesmo tempo, uma para cada empreendimento em 
Disciplina.   construção.  
Entre os itens do referido documento a serem observados constam: tendências de mercado,  Ocorre  também,  o  que  não  deixa  de  ser  um  fato  positivo,  empresas  que  nunca  ofertaram 
viabilidade  de  projetos,  relações  custo/preço  de  venda;  legislação  vigente  para  habitação  vagas  solicitarem  um  arquiteto  ou  arquiteta  recém  graduada,  que  já  tenham  passado  pelo 
vertical  no  bairro  ou  zona  cadastral;  condicionantes  de  orientação,  paisagem,  vizinhança,  estágio, para assumir a coordenação de projetos da empresa, trabalhar com compatibilização 
sistema viário;   ou  programas  de  qualidade.  Em  resposta  a  esse  tipo  de  solicitação,  mesmo  fugindo  à 
partido arquitetônico, funcionalidade, dimensões e conforto dos ambientes; relação espacial  premissa do Projeto, a coordenação busca ajudar na indicação negociando com a empresa a 
abertura de vagas de estagio logo que possível. 
resultante  da  solução  estrutural  adotada;  racionalidade  e  sustentabilidade  das  soluções 
propostas;   Boa parte dos 180 estudantes que já passaram pela experiência estão atuando nas  empresas 
instalações prediais convencionais e especiais; circulações verticais acessíveis como rampas,  construtoras,  talvez  projetando,  não  há  dado  preciso,  mas  certamente  coordenando  e  
compatibilizando,  o  que  significa  uma  ampliação  do  mercado    de  trabalho  nas  cidades  do 
escadas  e  elevadores;  compatibilização  entre  projeto  arquitetônico,  projetos 
complementares  e  especificações;  relação    projetado/executado  e  assentamento  de  Recife e Olinda. Uma pesquisa está em curso para verificar  de fato a influência do Aprender 
materiais;  programas  de  qualidade;  relações  de  trabalho  entre  empregados,  mestres  de  na Obra nas oportunidades reais de trabalho pós estágio.  
obra, engenheiros, empresários, e demais estagiários. 
O  Manual  do  Projeto  é  entregue  ao  aluno  por  ocasião  do  seu  encaminhamento  para  a  4 PARA ONDE VÃO OS ALUNOS E O QUE FAZEM EM OBRAS? 
empresa contratante e contém, não só o que deve ser observado em obra, mas também a  Em primeiro lugar, conforme já mencionado, cabe principalmente à coordenação do Projeto 
apresentação do trabalho, o texto original do mesmo elaborado para a aprovação em 1998,  fazer a captação das vagas para os alunos, encaminhando‐os na sequência para as empresas 
orientações  iniciais  e  procedimentos  para  contratação,  compromissos  e  atribuições  das  contratantes. 
partes envolvidas, programa da Disciplina em cinco módulos e o Roteiro para Apresentação 
de Seminário e Relatório.   Disponibilizada  a  vaga,  mediante  consulta  à  lista  de  espera  e  obedecendo  à  ordem  de 
inscrição, procuram‐se alunos residentes próximos à localização da obra, ou seja: quem mora 
na zona sul da cidade preferencialmente é encaminhado para obras na zona sul e assim por 
3 QUEM MANTÉM?  diante,  zona  norte  e  centro.  Essa  é  uma  recomendação  do  Ministério  da  Educação  (Lei  de 
Estágio 11.788/2008) e esse tem sido o procedimento visando facilitar o deslocamento casa/ 
O Aprender na Obra é mantido há 15 anos pelas empresas construtoras associadas à Ademi–
PE,  legítimas  mantenedoras  da  Disciplina  no  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UFPE,  estágio/ universidade.  
respaldadas  pelo  convênio  já  citado  celebrado  inicialmente  em  1999  entre  as  duas  Alunos  residentes  na  vizinha  Olinda,  por  exemplo,  têm  chances  reduzidas,  podendo  optar 
instituições e renovados a cada cinco anos.   por estagiar em bairros do Recife mais próximos à cidade ou universidade.  
A  oferta  de  vagas  depende,  a  princípio,  da  disponibilidade  das  empresas  construtoras  As  obras  devem  ser  vivenciadas  em  seu  cotidiano,  conforme  prerrogativa  do  Projeto,  não 
associadas,  do  empenho  em  colaborar  com  a  iniciativa  e  da  evolução  do  cronograma  de  sendo  permitido  ao  aluno  cumprir  tarefas  apenas  nos  escritórios  das  empresas.  As  obras 
obra.  No  ponto  de  fundações,  por  exemplo,  não  tem  sido  comum  o  aluno  de  arquitetura  devem  estar  com  a  estrutura  de  elevação  em  curso,  com  alvenarias  e  sistemas  de 
iniciar o estágio, mas casos isolados já ocorreram.   fechamento em execução, e com instalações elétricas e hidráulicas iniciadas. 
Depende também da busca incansável feita pela coordenação do Projeto junto às empresas,  Referenda‐se que o aluno deve cumprir o programa de Disciplina contido no Manual, além 
por  meio  do  contato  direto  com  os  seus  representantes  durante  as  reuniões  ordinárias  da  das  tarefas  indicadas  dentro  da  própria  obra.  Grande  parte  dessas  tarefas  normalmente 
associação.  Como  reforço  para  a  divulgação,  contribuem:  a  mala‐direta  Ademi–PE  para  as  acompanhadas  pelos  alunos,  foram  anotadas  a  partir  dos  conteúdos  de  Relatórios 
empresas,  seus  informativos  semanais  publicados  nos  jornais  da  cidade  e  o  AdemiNEWS,  elaborados para os Seminários. 
jornal de periodicidade variável.  Conta‐se ainda com os meios de divulgação da UFPE.  
Entre  as  práticas  mais  comuns  estão  o  acompanhamento  dos  serviços  previstos  em 
Em todo esse tempo, tanto a coordenação do Aprender quanto a presidência da instituição,  cronogramas, as obras de modificação dos apartamentos adquiridos por clientes e o check‐
têm  procurado  convencer  mais  associadas  a  investirem  no  aprendizado  do  aluno  de  list  de  entrega  das  unidades  residenciais.  De  modo  geral,  as  tarefas  referidas  seguem 
arquitetura,  visando  a  prestação  de  serviços  abalizados  no  futuro.  A  iniciativa  conjunta  anotadas, e por vezes ilustradas pelos alunos em atividades, a saber: 
mostra  que  esse  futuro  já  chegou  ao  revelar,  em  decorrência  da  iniciativa,    jovens 
participação em treinamentos e programas de qualidade de modo a se integrar à filosofia de 
profissionais capazes de atuarem  nos empreendimentos.   trabalho  da  empresa,  interpretação  de  plantas  e  compatibilização  de  projetos  (Figura  1), 
Uma  prova  dessa  realidade  é  a  procura  no  sentido  inverso:  nos últimos  anos,  as  empresas  criação  de  planilhas  para  controle  de  serviços,  acompanhamento  das  auditorias  internas  e 
construtoras  têm  solicitando  o  encaminhamento  de  estagiários.  Em  2013,  uma  mesma  externas; 
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Figura 1 – Matheus Caluête – Duarte Construções S/A  desenhos  para  adaptar  plantas  às  modificações  pretendidas;  sugestões  de  acabamentos 
desde  que  não  interfiram  na  autoria  dos  projetos;  marcação  de  alvenarias,  verificação  de 
emboço, reboco e pisos, conforme ilustrado (Figuras 2 e 3); 
Figura 3 – Thiago Carvalho – Construtora AC CRUZ Ltda. 

 
Fonte: Carvalho‐Neves, 2007 

verificação  de  esquadro,  planos,  prumos  (Figura  4),  contra  marcos  e  folhas  de  portas  e 
  janelas,  balcões,  entre  outros  elementos  que  impliquem  em  marcação  de  furos  em  lajes  e 
Fonte: Caluête‐Neves, 2013  vigas para passagem de tubulações;  
atendimento  a  clientes  interessados  na  compra  de  apartamentos,  a  arquitetos  autores  de  Figura 4 – João Luiz Coutinho – M. Bacelar Construções Ltda. 
reformas,  fornecedores  e  terceirizados;  acompanhamento  de  reformas  solicitadas  por 
compradores; medições, quantitativos de materiais e orçamentos; 
Figura 2 – Leonardo Allouchie, Carolina Fernandes, Bianca Vasconcelos e Estevão Lima – Várias Empresas 

 
Fonte: Coutinho‐Neves, 2000 

definição quando não determinada ou verificação de paginação, colocação da primeira pedra 
de  revestimento,  trinchos  e  alinhamentos;  verificação de  prumos  (Figura  5),  inclinações  de 
pisos para os ralos, colocação de azulejos e demais revestimentos; 
 
Fonte: Neves, 2003/2004   
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Figura 5 – Carolina Pollari – Habil Engenharia Ltda. 

 
Fonte: Pollari‐Neves, 2008 

acompanhamento de serviços de aplicação de gesso em forros (Figura 6) e das instalações de 
ar  split  com  marcação  de  passagem  para  drenos;  levantamentos  tarefas  e  medições  para 
informar folhas de pagamentos; 
Figura 6 ‐ Thiago Carvalho – Construtora AC CRUZ Ltda. 
 
Fonte: Emerenciano‐Neves, 2013 

Estes são alguns dos serviços executados e mencionados pelos próprios alunos, que constam 
no Informativo do Aprender na Obra, disponível a título de esclarecimento para as empresas 
que demonstram interesse em ofertar vagas. 
Independente das tarefas atribuídas ao aluno, é importante não só a supervisão pedagógica 
do estágio, no caso a coordenação do Projeto, mas também a supervisão  do estágio em obra 
(identificação  exigida  nos  Contratos),  compartilharem  a  seguinte  recomendação:  “o  aluno 
deverá  se  pautar  pela  ética  e  respeito  à  autoria  do  projeto  arquitetônico  da  obra  na  qual 
cumpre estágio, não podendo alterar ou interferir nas resoluções do mesmo”. 
Essa  recomendação  foi  incluída  no  informativo  enviado  para  as  empresas,  e  nas  conversas 
  com  os  estagiários.  Ao  mesmo  tempo,  cabe  ao  aluno  discrição  e  respeito  às  normas  e 
Fonte: Carvalho‐Neves, 2007  procedimentos da sua Empresa Contratante. 
prenchimento de fichas de verificação de serviços – FVS (Figura 7) e por fim a fiscalização das 
unidades residenciais chamada check‐list de entrega da obra.   5 DIA‐A‐DIA DO APRENDER  
 Figura 7 – Vanessa Emerenciano – Duarte Construções S/A 
A trajetória do Aprender, conforme também referido, inicia a partir de uma lista de inscrições 
livre,  visto ser  a  Disciplina  opcional.  Os próprios participantes  se  encarregam  de  divulgar  a 
oportunidade  entre  os  demais  alunos.  Alguns  ficam  desmotivados,  procurando 
oportunidades  imediatas,  mas  aqueles  que  realmente  querem  participar  aguardam  e 
acabam por conseguir o objetivo.  
A  coordenação  do  Projeto  procura  divulgá‐lo  sempre  nas  primeiras  turmas  do  curso,  para 
que  os  novos  inscritos  tenham  mais  chances  de  conseguir  as  vagas.  Os  inscritos  devem 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  53    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  54 

assistir  aos  Seminários,  não  só  como  prova  de  interesse, mas para  terem  a certeza de  que  sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo realizado em Campo Grande MS, no ano de 1998, 
realmente querem vivenciar a oportunidade.  quando ainda era Projeto recém elaborado para aprovação. O discurso apostava no futuro, e 
Captada  a  vaga  e  verificada  a  proximidade  residência/obra,  o  aluno  deverá  estar  com  um  tudo se reportava ao que viria a ser. 
turno  livre  e  disponível  para  o  estágio,  sem  pendências  como  reprovações  em  disciplinas  Foi  apresentado  no  Projetar  2003  (UFRN)  e  foi  tema  de  Conferência  no  IV  Simpósio  de 
pendentes. Cabe, quando preciso, o exame de alguns casos que extrapolam esta regra.  Rochas  Ornamentais  do  Nordeste  realizado  em  Fortaleza  CE,  porque  sua  estrutura 
pedagógica  chamou  atenção  ao  se  assemelhar  ao  projeto  denominado  Pedreira/Escola 
Atendidos  esses  requisitos,  o  aluno  é  convocado  para  uma  conversa,  instruído  e 
encaminhado  para  a  empresa  contratante.  Nesse  momento  ele  assina  um  termo  de  desenvolvido na Bahia. 
compromisso  (Termo  de  Compromisso  do  Aluno)  e  recebe  um  informativo  sobre  a  Em  2004  foi  referência  para  participação  em  encontro  de  arquitetos  em  Verona,  IT, 
composição de nota da Disciplina (como ele vai ser avaliado). Atualiza os seus dados em nova  promovido  pela  Câmara  Italiana  de  Comércio  no  Brasil.  Outras  apresentações  vieram  na 
ficha  cadastral  e  recebe  o  Manual  do  Projeto  contendo  todas  as  orientações  relativas  à  extinta Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, FAU–PE (2005), na Ademi–PE 
atividade.  em 2008, e no XIX Congresso Brasileiro de Arquitetos  realizado no Recife em Junho de 2010. 
Feito  isto,  o  aluno  é  encaminhado  para  a  empresa  contratante  munido  da  documentação  Em quinze anos foram contabilizados mais de 180 alunos beneficiados pelo Projeto, cerca de 
referida  devidamente  fixada  nas  três  vias  do  Contrato  padrão  UFPE  para  Estagio  Curricular  12 alunos supervisionados por ano e entre 25 a 30 empresas associadas à Ademi–PE como 
não Obrigatório (via do aluno, via da empresa e a via da coordenação do Projeto).  participantes  ativas. Não todas  ao mesmo  tempo,  o  que  não seria possível  coordenar,  mas 
aquelas cujas obras se encontram com arcabouço estrutural e corpo formatado. Se todas as 
O  termo  de  compromisso  do  aluno  exime  de  responsabilidades  a  UFPE,  a  Ademi–PE  e  as  
coordenações do Curso de Arquitetura e do Projeto Aprender, caso ele – o aluno – entre em  100  empresas  associadas  participassem,  a  Disciplina  teria  que  ser  subdividida  para 
possibilitar a sua supervisão. 
obra  e  sofra  algum  acidente  sem  ter  providenciado  o  seu  seguro  obrigatório,  ou  sem  ter 
apresentado ainda a confirmação da própria empresa de que o seguro obrigatório foi feito e  Algumas ações institucionais vinculadas foram também contabilizadas, conforme já referido 
comprovado nominalmente.  na  introdução,  como  eventos  de  Certificações  e  Prêmio  Ricardo  Gama,  ora  para  melhor 
Quanto  a  esse  item,  têm  sido  registrados  problemas  quando  as  empresas  impõem  ao  projeto, ora para melhor relatório de experiência em obra. 
estagiário  a  sua  inclusão  em  uma  lista  dos  segurados  em  grupo.  Por  precaução,  a  Os  minicursos,  workshops  e  as  Feiras  de  Minerais  e  Rochas  da  UFPE  (2006  a  2009)  que  
coordenação do  Projeto só  libera  os contratos para assinatura pela  Coordenação do Curso,  foram  realizadas  em  parceria  com  as  graduações  de  Geologia  e  Engenharia  de  Minas, 
após verificar o correto preenchimento e a comprovação do seguro obrigatório.  aconteceram em decorrência da Tese de Doutorado desenvolvida entre 2008 e 2012. 
A aquisição do seguro, portanto, é  condição indispensável para iniciar  o estágio, ressaltada  Entre os ganhos obtidos nesses 15 anos, a Coordenação registra a abertura de outras frentes 
nos formulários contratuais e no termo de compromisso que o aluno assina.  de  trabalhos,  valorizando  a  Arquitetura  nas  competências  de  coordenação  de  projetos, 
É, portanto, vedada ao aluno a entrada em obra sem seguro obrigatório.  fiscalização de obras e compatibilizações, além da importância do arquiteto ser distinguido 
em obra por atribuições distintas do engenheiro. Esses fatores vem sendo enaltecidos pela 
O estágio Disciplina Eletiva – AQ 432 Aprender na Obra tem duração de seis meses, podendo  própria mantenedora do Projeto. 
ser renovado  por mais seis (o MEC prevê em Lei no máximo  24m). O aluno deve manter a 
No entanto, é preciso dizer que o Aprender na Obra não é oportunidade de emprego. 
coordenação do Projeto sempre informada de todo o trâmite do estágio, e adiante, também 
o interesse da empresa na renovação.  É  oportunidade  de  aprendizado,  com  bolsa  de  um  salário  mínimo  para  quatro  horas  de 
A renovação do estágio é administrada como atividade pedagógica até no máximo um ano  estágio  semanal,  vale  transporte,  seguro  obrigatório  e  créditos  de  disciplina  a  serem 
contabilizados no seu Histórico Escolar. 
(carga horária a constar em Certificado). Depois  disso, a permanência em obra é conquista 
do  aluno,  e  pede‐se  às  empresas  contratantes  que,  nestes  casos,  quando  possível,  abram  O  futuro  de  cada  participante  depende  diretamente  da  história  que  cada  um  começará  a 
mais uma vaga.  construir,  se  realmente  a  sua  vocação  for  projeto  e  obra.  O  arquiteto  João  Filgueiras  Lima, 
Lelé, costumava dizer que não há Arquitetura sem a Construção, opinião incontestável. 
O princípio deve ser a liberação da vaga para outro colega mantendo a rotatividade,  mas o 
interesse da empresa na continuidade do aluno em obra significa que ele demonstrou bom  Se algum professor de graduação de Arquitetura no Brasil procurar a ADEMI do seu estado 
desempenho  e  isso  vem a ser importante para  a  sua  atuação  profissional.  É  uma prova  de  (são  14  em  todo  o  país)  com  proposta  de  parceria  semelhante,  provavelmente  não 
que o aluno foi importante em obra, o que significa também mérito para a iniciativa.  encontrará  obstáculos.  A  base  para  tanto  já  existe  e,  como  esta  experiência,    poderão  vir 
outras iniciativas. 

6 CONSIDERAÇÕES  O  Aprender  na  Obra  tem  registro  autoral  no  Sistema  CONFEA‐CREA,  publicado  em  Diário 
Oficial da União em 17 de Julho de 2001 e migrado para o sistema CAU/BR.   
O Aprender na Obra foi enviado para primeira apresentação no XV ENSEA, Encontro Nacional 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS

A  coordenação  do  Aprender  na  Obra  agradece  em  primeiro  lugar  à  organização  do  XXXIII  A construção do texto, pelo teor descritivo da prática do Estágio Supervisionado apresentada, não contemplou 
ENSEA  pela  oportunidade  de  apresentar  agora  resultados  de  um  trabalho  iniciado  há  15  referências a artigos, capítulos ou livros. As indicações na prática da Disciplina se reportam a documentos para 
consultas recomendados aos alunos que ingressam no estágio, de acordo com a demanda dos 
anos.  empreendimentos nos quais estagiam, tais como: Plantas dos projetos arquitetônicos e dos projetos 
Agradece à Ademi‐PE pelo apoio, empenho, divulgação e manutenção do Projeto, bem como  complementares; Normas Técnicas Brasileiras afins, em especial a NBR 15.575/2013; o Plano Diretor das 
cidades do Recife e Olinda e as Leis de Uso e Ocupação do Solo e de Edificações. E, considerado indispensável, o 
à Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Pró‐reitoria de Extensão e Pró‐reitoria 
Manual que é disponibilizado para o aluno estagiário do Projeto Aprender na Obra. 
Acadêmica da UFPE. 
Agradece  especialmente  às  empresas  associadas  que  têm  sido  parceiras  respeitando  e 
valorizando os alunos e a iniciativa. 
Entre elas, as pioneiras Gabriel Bacelar e B. Luna, Romarco, Malus, M. Bacelar, Ulisses Porto, 
Habil,  AC  CRUZ,  Dallas,  AWM,  Torque,  Exata,  Rio  Ave,  Itacon,  Construtora  Maranhão, 
Imobiliária Norte, Sciortino, Conac, Asfora, AB Corte Real, Prolar, Casa Grande, Barbosa Pinto, 
Falcão, Moura Dubeux, Consult, Confort, Boa Vista, Santo Antônio e Duarte Construções. 
Os  agradecimentos  vão  também  para  a  ThyssenKrupp  Elevadores  Brasil,  empresa  que  vem 
apoiando  o  trabalho,  disponibilizando  informações  técnicas  em  sala  de  aula  e  destinando 
premiações. Os alunos vestem a camisa da ThyssenKrupp e vice versa. 
Por  fim,  agradece  aos  alunos  que  apostam  no  aprendizado  de  canteiros  de  obras,  aqui 
representados por ex‐participantes, hoje arquitetos, apresentados na Figura 8 por ocasião de 
aula em obra da Empresa B. Luna no bairro do Espinheiro, cidade do Recife. 
Figura 8 – Flavio, Flaviana, Evilácio, Lilian, Patrick, Roberta, Wellington, José Claudio – Lage de Obra da B. Luna 

  
Fonte: Neves, 2005 
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Contributos da Extensão Universitária na aprendizagem dos  Bases  da  Educação  (LDBE  9396/1996)  faz  várias  menções  à  extensão  atribuindo  a 
responsabilidade  da  promoção  da  extensão  aberta  à  participação  da  população  para  a 
acadêmicos no curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVATES   Universidade. A partir de 2004, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) 
inclui  a  extensão  nos  indicadores  de  avaliação  das  IES.  Por  fim,  no  ano  de  2014,  em 
Merlin Janina DIEMER  consonância  com  este  esforço  nacional,  para  que  a  extensão  seja  reconhecida  como  parte 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]  integrante  do  fazer  acadêmico,  o  novo  Plano  Nacional  de  Educação  Superior  (2011‐2020) 
Jamile Maria da Silva WEIZENMANN 
apresenta  como  meta  para  as  IES  garantir  10%  (dez  por  cento)  da  carga  horária  em 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected] 
Viviane Maria Theves ECKHARDT  programas e projetos de extensão universitária.  
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]   As  práticas  de  extensão  promovidas  pelas  IES  foram  e  são  muito  diversas  e  refletem  as 
  diferentes  concepções  que  as  norteiam.  Porém,  com  base  no  contexto  histórico  e  nas 
definições  de  extensão  apresentadas,  pretende‐se  compreender  a  extensão  como  um 
RESUMO  
A  partir  da década  de  80,  a  extensão  universitária  começa  aparecer  nos  documentos  oficiais  do  governo  e a 
processo aprendente1. Através das ações extensionistas realizadas no curso de Arquitetura e 
evolução  da  extensão  no  Brasil  permeia  por  diferentes  conceitos.  O  propósito  deste  artigo  é  analisar  os  Urbanismo  da  UNIVATES, Lajeado,  RS, é possível  observar que  a extensão universitária traz 
referenciais teóricos que dão visibilidade ao assunto e expor os diferentes modelos de extensão que ocorreram  em  seu  bojo  o  diferencial  de  proporcionar  aos  acadêmicos  sólida  e  significativa 
ao longo da história da universidade brasileira, passando pela Constituição Federal de 1988, a LDBE de 1996, a  aprendizagem.  Este  processo  aprendente  ocorre  não  somente  na  área  profissional  mas  no 
avaliação dos SINAES introduzida em 2004 e o novo Plano Nacional de Educação de 2014. A  partir disso, são  desenvolvimento de competências mais amplas, que perpassam pelo pessoal e interpessoal.  
explanadas  as  ações  de  extensão  realizadas  em  dois  projetos  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
UNIVATES, Lajeado, RS, para então refletir sobre a extensão como um processo aprendente fundamentada por  Portanto, a extensão, não deve ser vista somente como ação que possibilita a interação entre 
Síveres (2008, 2009, 2012). Este trabalho revela que é importante enxergarmos o contributo da extensão para  universidade  e  sociedade,  para  que  a  mesma  cumpra  seu  papel  e  dever  de  estar 
com a finalidade educacional que é desenvolver competências não somente no âmbito técnico‐científico, como 
comprometida  com  a  construção  da  sociedade  onde  está  inserida.  A  extensão  é  uma 
também, no âmbito pessoal e interpessoal.  Aliado à isso, procura mostrar a extensão como importante fonte 
de  aprendizagem  vista  num  sentido  amplo,  da  formação  integral  do  ser  humano,  dada  pelas  experiências  possibilidade  de  aprendizagem  para  o  aluno,  que  ao  estar  envolvido  com  as  ações 
educativas que ocorrem além dos limites das salas de aula.   extensionistas,  é  beneficiado  pelos  conhecimentos  diferenciados  que  contribuem  para  o 
PALAVRAS‐CHAVE: extensão universitária, aprendizagem, formação pessoal, educação  desenvolvimento  pessoal  e  profissional  dos  estudantes,  visando  uma  transformação 
qualitativa  dos  mesmos,  como  ser  humano,  cidadão,  com  consciência  crítica  e  preparado 
para o enfrentamento das realidades diversas.  
1 INTRODUÇÃO
[...]  torna‐se  importante  contextualizar  o  ambiente  de  aprendizagem  e  2 A EXTENSÃO NO ENSINO UNIVERSITÁRIO BRASILEIRO
compreender  como  as  experiências  universitárias  marcam  a  vida  acadêmica  dos 
estudantes,  porque  tais  experiências  influenciam  positiva  ou  negativamente  a  A Universidade é uma instituição responsável pela formação do ser humano. E não é de hoje 
formação  superior  deles.  [...]  O  ambiente  de  educação  superior,  ao  promover 
espaços  de  aprendizagem  diversificados,  contribui  diretamente  com  a  motivação 
o  consenso  que  a  Universidade  tem  como  responsabilidade  exercitar  três  atividades 
para o aprender dos estudantes (CARVALHO; SÍVERES, 2013).  fundamentais, que são requeridas para a excelência do ensino superior: o ensino, a pesquisa 
e a extensão.  
A história da extensão  nas  universidades brasileiras  perpassa por diferentes modelos e por 
muitos anos ela esteve desvinculada das atividades acadêmicas. Isso se deve, em parte, pela  A  concepção da  extensão nas universidades  brasileiras ocorreu de forma  diferenciada  e há 
extensão  ter  existido  como  respostas  imediatas  às  necessidades  da  sociedade  e  pela  poucos  anos  foi  reconhecida  como  uma  atividade  acadêmica,  indissociável  do  ensino  e  da 
característica  que  a  extensão  assumiu  de  difusão  dos  conhecimentos  produzidos  pela  pesquisa. A história da extensão no Brasil mostra que ela transitou por diferentes modelos, 
Universidade. Por este motivo, a extensão passou por diferentes formas de concepção, como  até que na década de 80, uma nova concepção ou conceito para a extensão foi incluída na 
cursos, palestras, conferências, assistencialismo, prestação de serviços, entre outros, sempre  Constituição  Federal  Brasileira  de  1988,  apresentando,  pela  primeira  vez,  a  extensão  como 
desvinculada do ensino e da pesquisa e baseado no desenvolvimento da comunidade.  uma  atividade  acadêmica  no  mesmo  nível  do  ensino  e  da  pesquisa.  O  artigo  207  da 
Constituição Brasileira de 1988 dispõe que "as universidades [...] obedecerão ao princípio da 
Nos  últimos  anos  esse  quadro  vem  se  modificando  no  cenário  brasileiro.  Segundo  Giora  indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão". Nesse contexto inicia‐se a reflexão das 
(2010), "a partir dos anos 80, a Extensão, até então, considerada a prima pobre do Ensino e  confluências desta tríade.   
da  Pesquisa,  começa  a  aparecer  nos  documentos  oficiais  do  governo  ocupando  o  mesmo 
status que as outras duas dimensões". A temática da extensão começa a ser propagada com  Numa  perspectiva  contemporânea,  essas  atividades  devem  ser  equivalentes  e 
                                                            
a criação dos Fóruns de Pró‐Reitores de Extensão das Instituições de Ensino Superior (IES). 
Num primeiro momento, a extensão aparece como atividade acadêmica, no mesmo patamar  1
 Termo utilizado pelo prof. Luiz Síveres (SÍVERES, 2008 e 2009). 
do ensino e da pesquisa, na Constituição Federal de 1988. Na sequência, a Lei de Diretrizes e 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  59    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  60 

merecer  igualdade  de  tratamento.  Mas  na  prática,  ainda  não  é  isso  que  ocorre,  elaborados por estas comunidades. Este processo acontecia de forma dialógica, produzindo 
especialmente  no  que  diz  respeito  a  conceitos.  Há  um  consenso  sobre  o  que  grande  impacto  na  comunidade  acadêmica,  porém,  ainda  desvinculada  do  ensino  e  da 
significa  Ensino  e  Pesquisa,  mas  o  conceito  de  Extensão  é  permeado  de  muitos 
equívocos, ambiguidades e incertezas (GIORA, 2010). 
pesquisa e sem conseguir se estender na universidade como um todo. 

Para Demo (2005) "o próprio termo já é muito infeliz, porque se considera a capacidade de  Em  1961,  o  conceito  de  Extensão  surge  novamente  na  legislação  federal  normativa  da 
intervenção  e  ética  como  algo  acrescido,  anexado  ‐  extensão!".  Esta  compreensão,  de  ser  atuação  universitária.  A  Lei  de  Diretrizes  e  Bases  da  Educação  Nacional1    apresenta  a 
anexo,  se  deve  a  própria  história  da  extensão  na  universidade  brasileira,  pois  houve  extensão  como  um  conjunto  de  atividades  que  as  Universidades  poderiam  executar  na 
diferenciadas formas de concebê‐la, sendo que em sua maioria desvinculadas do ensino e da  forma  de  cursos,  conferências  e  serviços  dirigidos  à  população.    O  vocabulário  "extensão" 
pesquisa.  aparece  apenas  no  art.  69,  que  trata  os  tipos  de  cursos  que  podem  ser  ministrados  em 
estabelecimentos  de  ensino  superior,  onde  é  mencionada  a  extensão  como  uma  das 
No percurso histórico da universidade brasileira, o conceito de extensão não surge com o de  alternativas (DUCH, 2006). 
ensino. A preocupação das universidades foi de especificar a função "ensino" e incorporando 
gradativamente  a  função  "pesquisa"  como  característica  do  ambiente  acadêmico.  Os  Com  a  reforma  universitária  de  1968,  exigida  pelas  elites  da  sociedade,  ocorre  uma  nova 
primeiros  relatos  de  concepções  da  função  "extensão"  universitária  no  Brasil  são  datados  compreensão  de  extensão  universitária  em  contraposição  a  anterior  proposta  pelos 
entre  os  anos  de  1911  e  1917,  na  Universidade  Livre  de  São  Paulo.    A  proposta  inicial  da  docentes  e  discentes.  Nessa  queda  de  braço,  a  concepção  de  extensão  e  sua  prática  nos 
extensão universitária foi a promoção de conferências, cursos e semanas abertas de estudos.  meios  populares  foram  abalados  e  prevaleceu  o  modelo  assistencialista.  Inicia‐se  as 
Esse modelo foi considerado como o de difusão do conhecimento, da arte e da cultura para  atividades de assistência social às comunidades carentes. (UNIMEP, 2000; SÍVERES, 2009). 
esse período histórico, sendo realizado pelas elites e para as elites, dissociadas do ensino da  Identifica‐se,  nesse  período,  o  caráter  fortemente  assistencialista  que  a  Extensão 
pesquisa e de questões políticas (CASTRO, 2004; SÍVERES, 2009).  Universitária deveria assumir. Não encontrando mais a vinculação com a sociedade, 
nem referência ao aperfeiçoamento ou desenvolvimento social, ideia presente em 
A  partir  do  Estatuto  da  Universidade  Brasileira,  em  19311,  foi  formalizado  um  modelo  de  1931 e, gradativamente, desconsiderada nas ações governamentais (DUCH, 2006). 
extensão universitária. Este modelo foi apresentado como sendo a realização de atividades 
No Estatuto do Magistério Superior, de 1965 e de 19682, o papel da extensão é caracterizado 
de  difusão  de  conhecimentos  para  elevar  o  nível  daqueles  que  não  estão  vinculados 
como  dispensável  e  complementar.  As  funções  de  ensino  e  pesquisa  estavam  como 
diretamente à Universidade. Com a promulgação do estatuto, a extensão aparece na forma  característica  da  vida  acadêmica  e  atividades  docentes,  posicionando  a  extensão 
de  "cursos  de  extensão  universitária,  destinados  a  prolongar,  em  benefício  coletivo  a 
universitária  como  um  conjunto  de  ações  não  inerentes  às  atividades  acadêmicas  (DUCH, 
atividade técnica e científica" das universidades (SÍVERES, 2009; DUCH, 2006).  2006). 
O Estatuto legislava a extensão como sendo destinada a "dilatar os benefícios da atmosfera 
A  concepção  de  extensão  como  prestação  de  serviços  foi  instituída  na  década  de  70  pelas 
universitária àqueles que não se encontram diretamente associados à vida da Universidade, 
indústrias,  devido  à  necessidade  de  mão  de  obra  qualificada  para  diversos  trabalhos.  As 
dando  maior  amplitude  e  mais  larga  ressonância  às  atividades  universitárias,  que 
indústrias  sentem  a  necessidade  de  formar  técnicos  qualificados  para  diversas  áreas  de 
concorrerão de modo  eficaz, para elevar o nível de cultura do povo." (SIVERES, 2009). Esta  serviços e a universidade, sendo procurada pela indústria, não soube localizar essa demanda 
definição  propõe  que a  função  da extensão  fosse  a de realizar  a  promulgação  do  que  está 
e  a  identificou  como  atividades  de  extensão  devido  ao  desenvolvimento  de  cursos 
sendo  visto  dentro  da  universidade  por  meio  de  cursos  sintéticos  e  palestras.  Embora  a  especializados,  consultorias,  e  assessorias  a  grandes empresas. A  vinculação  da  extensão  à 
extensão  estava  caracterizada  como  um  prolongamento  da  ação  acadêmica,  destinada  a 
prestação de serviços, subtrai da universidade a ação de integração com a sociedade prevista 
difusão de conhecimentos, nesta época, a extensão não se relacionava com o ensino e com a 
em 1931. 
pesquisa.  
Na década de 80, a partir da aliança entre setores da política e de várias universidades, foi 
Nas  próximas  duas  décadas  subsequentes,  não  há  qualquer  outra  menção  significativa  da  elaborado uma nova concepção ou conceito para a extensão universitária.  As atividades de 
função  da  extensão  nos  atos  legais  anunciados  pelo  Ministério  da  Educação,  fazendo  com 
extensão,  em  conjunto  com  as  de  Ensino  e  Pesquisa,  passam  a  ser  consideradas, 
que esse modelo de extensão universitária permanecesse até os anos 60, quando grupos de 
oficialmente, como atribuições do corpo docente (DUCH, 2006). 
docentes e discentes abriram‐se para a experiência de educação de base envolvidos com as 
mudanças  sociais  que  se  desenrolavam  no  país.  Nesse  momento,  segundo  Síveres  (2009), 
                                                            
inicia‐se  um  modelo  de  extensão  baseado  no  desenvolvimento  de  comunidades.  Esta 
concepção de extensão universitária tinha como referência levar o conhecimento acumulado  1
 LEI Nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 ‐ Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional ‐ Art. 
e  sistematizado  pela  universidade  às  comunidades  empobrecidas  e  trazer  os  saberes  69. Nos estabelecimentos de ensino superior podem ser ministrados os seguintes cursos ‐ c) de 
especialização, aperfeiçoamento e extensão, ou quaisquer outros, a juízo do respectivo instituto de 
                                                             ensino abertos a candidatos com o preparo e os requisitos que vierem a ser exigidos. 
1 2
 decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931.   Lei nº 4.881 e Lei nº 5.539, respectivamente. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  61    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  62 

Na passagem dos anos 80 para os 90, a temática da extensão tem se manifestado presente  Em  consonância  com  o  exposto  acima,  o  novo  Plano  Nacional  de  Educação  (2011‐2020)1 
nas agendas de discussão dos Fóruns de Pró‐Reitores de Extensão das IES. Em 1987 foi criado  formaliza  como  meta  para  as  IES  a  inserção  da  extensão  como  parte  dos  créditos 
o Fórum Nacional de Pró‐Reitores das Universidades Públicas Brasileiras; em 1999, foi a vez  curriculares.  A  meta  12.7  apresenta  que  os  currículos  de  graduação  devem  assegurar,  no 
do  Fórum  Nacional  de  Extensão  e  Ação  Comunitária  das  Universidades  e  Instituições  de  mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos exigidos para a graduação, em programas e 
Ensino Superior Comunitárias e em 2003 foi criado Fórum de Extensão das IES Particulares. A  projetos de extensão universitária.   
partir do primeiro  Fórum, das IES públicas, fica expresso uma postura da universidade diante  Enfim,  observa‐se  que  há  um  esforço  nacional  para  que  a  extensão  universitária  seja 
da  sociedade  em  que  se  insere,  o  fórum  define  que  a  extensão  "viabiliza  a  relação 
reconhecida como integrante do fazer acadêmico, ao lado do ensino e da pesquisa, inserida 
transformadora entre universidade e sociedade." Neste mesmo fórum, houve um avanço na  nos  projetos  pedagógicos  dos  cursos  e  formalizada  institucionalmente.  Porém,  até  o 
conceituação da extensão universitária, que é inserida no plano institucional e na proposta 
momento,  é  adequado  comentar  que  nenhuma  das  diferentes  concepções  de  extensão 
pedagógica como uma ação comprometida com a realidade social (FORPROEX, 1987). 
universitária  conseguiu  hegemonia  no  campo  universitário,  seja  o  assistencialismo,  a 
A  Constituição  Federal  1988,  como  já  apresentado  no  início  desta  seção,  caracteriza  a  prestação  de  serviço  ou  o  desenvolvimento  de  ações  junto  à  comunidade.  E,  não  existe, 
extensão  como  uma  função  da  universidade  ao  determinar  em  seu  artigo  207    que  "as  nenhum  documento  legal  que  trate  especificamente  da  extensão  universitária.  O  que 
universidades gozam de autonomia didático‐científica, administrativa e de gestão financeira  existem  são  documentos  setoriais  que  buscam  dar  orientações  gerais  às  IES  sobre  a 
e  patrimonial,  e  obedecerão  ao  princípio  de  indissociabilidade  entre  ensino,  pesquisa  e  extensão. 
extensão." 
Dando prosseguimento a essa compreensão, a LDBE, Lei 9.394/1996, ao estabelecer as bases  3 CONCEPÇÕES DE EXTENSÃO
da educação nacional faz várias menções à extensão, sem contudo, defini‐la. Em seu capítulo 
IV, a LDBE atribui à Educação Superior a promoção da extensão e a necessidade da existência  A  universidade  teve  o  ensino  como sua  primeira  função,  passando, posteriormente, para  a 
de programas de extensão.   pesquisa  e  somente  nos  últimos  trinta  anos  foi‐lhe  acrescentada  a  função  extensão. 
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:  Compreende‐se que houve um grande esforço do Brasil nas duas últimas décadas do século 
(...)  XX para dar significado a extensão universitária.  
VI ‐ estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os  A partir da história da extensão nas Universidades Brasileiras alguns teóricos como Lucchesi 
nacionais  e  regionais,  prestar  serviços  especializados  à  comunidade  e  estabelecer  (2002)  entendem‐na  como  atividades  permanentes  que  possibilitam  o  envolvimento  da 
com esta uma relação de reciprocidade;  universidade  na  comunidade  onde  está  situada  ou  atua.  Diante  disso,  percebe‐se  que  a 
VII  ‐  promover  a  extensão,  aberta  à  participação  da  população,  visando  à  difusão  extensão vem buscando reconhecimento principalmente no que diz respeito a concretização 
das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e  dela como compromisso com a comunidade externa à IES e pela contribuição no processo de 
tecnológica geradas na instituição. (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO ‐ LDB 
aprendizagem dos envolvidos na extensão.  
9394/96). 
Sob  essa  perspectiva,  a  extensão  seria  a  expressão  do  compromisso  social  do  próprio 
Foi também a partir deste momento, que se instituiu o sistema de Diretrizes Curriculares e, 
conceito de Universidade, da sua função maior que é fazer a diferença no meio onde ela está 
com  ele,  ocorre  a  inclusão  das  atividades  denominadas  complementares,  inserindo  como 
inserida, de contribuir para a construção de uma cidadania plena. A universidade, em uma 
parte do processo de formação dos estudantes, ações na área da extensão.  
perspectiva  ampla,  seja  pública  ou  privada,  é  uma  organização  humana  de  natureza 
Não obstante, a partir de 2004, a importância da extensão universitária enquanto atividade  comunitária.  Ela  tem  a  função  e  o  dever  de  estar  comprometida  com  a  construção  da 
acadêmica também é reconhecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior  sociedade  onde  ela  está  inserida.  "A  extensão  universitária,  caracterizada  pela  sua 
(SINAES) que a inclui na avaliação das IES. O SINAES estabeleceu as ações da extensão como  potencialidade  educacional  e  social,  é  um  elemento  essencial  da  identidade  institucional." 
indicadores  de  avaliação,  dentre  os  quais,  aparece  a  "concepção  de  extensão  e  interação  (SÍVERES, 2012). 
social afirmada no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI); "articulação das atividades 
Para  Saviani  (1984),  “cabe  à  universidade  socializar  seus  conhecimentos,  difundindo‐os  à 
de  extensão  com  o  ensino  e  a  pesquisa  e  com  as  necessidades  e  demandas  do  entorno 
comunidade e se convertendo, assim, numa força viva capaz de elevar o nível cultural geral 
social",  e  a  "participação  dos  estudantes  nas  ações  de  extensão  e  intervenção  social  e  o 
da sociedade”. Este conceito de extensão afirma que é necessário aceitar que aquilo que a 
respectivo  impacto  em  sua  formação".  A  avaliação  dos  SINAES  também  considera  as 
Universidade  produz  em  termos  de  conhecimentos  e  aquilo  que  se  difunde  através  do 
peculiaridades de cada instituição que deve abordar três níveis inter‐relacionados, que são: 
ensino não fique restrito apenas à comunidade interna da IES.  
"o compromisso institucional com a  estruturação e efetivação das atividades de extensão"; o 
"impacto das atividades de extensão junto aos segmentos sociais que são alvos ou parceiros                                                              
destas  atividades"  e  "processos,  métodos  e  instrumentos  de  avaliação  das  atividades  de 
1
extensão." (FOREXT 2013).   Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Essa  visão  de  extensão  como  "extramuros",  de  estender  à  sociedade  os  conhecimentos  Ao  tratar  a  extensão  como  um  processo  de  aprendizagem  é  preciso  pensar  as  ações 
produzidos,  pode  ser  interpretada  de  diferentes  formas.  Uma  primeira,  que  coloca  a  extensionistas  em  uma  dimensão  em  que  os  discentes  sejam  mais  ativos.  Tal  proposta  é 
realização  da  função  através  de  cursos,  assessorias,  eventos,  conferências  ou  palestras,  a  confirmada por Freire ao comentar que a educação é diálogo e não simples trasferência de 
segunda,  que  pode  ser  vista  como  a  Universidade  buscando  a  solução  para  os  problemas  saberes. 
sociais, atendendo a comunidade e realizando assim, a integração da IES com ela. A primeira  O conhecimento não se estende do que se julga sabedor até aqueles que se julga 
visão,  embora  trate  de  "prolongar"  conhecimentos  à  comunidade,  não  necessariamente,  não  saberem;  o  conhecimento  se  constitui  nas  relações  homem‐mundo,  relações 
necessita de vinculação com o ensino e com a pesquisa. A segunda, embute na extensão a  de  transformação,  e  se  aperfeiçoa  na  problematização  crítica  destas  relações 
característica  de  assistência  aos  mais  carenciados  da  sociedade.  Estas  interpretações  (FREIRE, 2006). 
refletem as diferentes visões de extensão que a história deixou como herança.   As ideias e práticas de Freire passam, portanto, a servir como fundamentação de conceitos e 
Sobre  a  concepção  acerca  da  extensão  universitária  num  viés  assistencialista,  Calderón  práticas  extensionistas  institucionalizadas  desde  a  década  de  80.  Sem  desvalorizar  as 
esclarece:   práticas de extensão existentes até então na história da Universidade brasileira, a extensão 
também  começa  a ser  vista como  uma  possiblidade  para  a  produção  do  conhecimento  do 
A ideia que está por detrás desse entendimento é basicamente a seguinte: aqueles 
que têm, estendem àqueles que não têm. Essa visão assistencialista traz, pois, uma 
acadêmico  universitário.  Para  Síveres  (2008)  trata  de  qualificar  a  extensão  como  um 
direção  unilateral,  ou  seja,  é  uma  espécie  de  rua  de  mão  única:  só  vai  da  percurso  aprendente  e  assim,  buscar  um  novo  direcionamento  à  ação  e  reflexão 
universidade  para  a  sociedade.  A  mão  inversa  não  é  considerada  (CALDERON,  extensionista.  
2003). 
Cabe ainda ressaltar, que ao tratar a extensão como um processo aprendente, onde o aluno 
Giora complementa e observa que esta visão de extensão não pode mais ser a única e está  tem a função do desenvolvimento das ações extensionistas, deve‐se tomar o cuidado para 
ultrapassada.   não  recair  em  modelos  de  extensão  que  envolvem  apenas  dois  agentes,  o  professor  e  o 
Existem  várias  concepções  de  Extensão.  A  mais  tradicional,  e  já  superada,  aluno, como por exemplo, viagens de estudos e visitas técnicas. Para caracterizar a extensão, 
compreende‐a  como  uma  prática  de  atendimento  as  carências  da  sociedade,  é  imprescindível  a  articulação  de  três  sujeitos,  que  são:  professores,  acadêmicos  e 
revestida de um caráter assistencialista. Nesse caso está dissociada do Ensino e da  comunidade externa (RABEL, 2012).  
Pesquisa e se constitui em atividades pontuais (GIORA, 2010). 
Além disso,  tem‐se detectado  em algumas situações acadêmicas  que  a postura  dos  alunos 
Até  recentemente  havia  conflitos  referentes  ao  conceito  de  extensão.  Segundo  Rocha 
nos últimos anos perpassa pela falta de interesse, de motivação, comprometimento com a 
(2001), muitos autores que se envolviam ou escreviam sobre ações de extensão enfatizavam 
própria  aprendizagem,  individualismo,  interesse  somente  pela  nota  e  falta  de  criticidade. 
ser essa uma nova função da Universidade e que ainda não possuía identidade bem definida, 
Nestes  casos,  é  importante  verificar  o  quanto  a  instituição  está  contribuindo  para  tal 
o que justificaria o exercício de práticas assistencialistas ou de prestação de serviços. 
postura. A extensão pode ser um caminho para que o trajeto educativo do aluno passe por 
Apesar  da  descrição  acima  referir‐se  aos  conflitos  que  existiam,  acredita‐se  que  ainda  é  uma ação mais exploratória e não fique apenas voltado para o conteúdo das disciplinas de 
possível  afirmar  que  há  divergências  perante  o  conceito  de  extensão  universitária.  Porém,  sala de aula. 
dentro dos diferentes modelos executados, há de ser observada que a função da extensão 
dentro da Universidade deve ser vista sem que ela perca a característica de sua gênese, isto 
é, de ampliar o conhecimento.  4 A EXTENSÃO COMO UM PROCESSO APRENDENTE PARA
A  concepção  de  que  a  extensão  deve  ser  vista  como  uma  atividade  geradora  de  ACADÊMICOS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
conhecimento  ficou  registrado  em  1987,  no  primeiro  Encontro  Nacional  de  Pró‐reitores  de 
Extensão, quando foi pactuado o conceito de extensão de mão dupla:  O Centro Universitário Univates é uma instituição de Ensino Superior, comunitária, localizada 
A  Extensão  é  uma  via  de  mão‐dupla,  com  trânsito  assegurado  à  comunidade  na cidade de Lajeado, no Vale do Taquari, RS. Atualmente oferece 38 (trinta e oito) cursos de 
acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis  graduação, um curso sequencial e  seis tecnólogos que estão distribuídos e  organizados em 
de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes  quatro Centros. O curso de Arquitetura e Urbanismo possui 11 anos de existência e a prática 
trarão  um  aprendizado  que,  submetido  à  reflexão  teórica,  será  acrescido  àquele  extensionista realizada através de projetos de extensão institucionalizados1 tem ocorrido há 
conhecimento.  [...]  Além  de  instrumentalizadora  deste  processo  dialético  de 
7  anos.  Os  projetos  de  extensão  devem  ser  aprovados,  no  ano  anterior  a  execução,  pela 
teoria/prática,  a  Extensão  é  um  trabalho  interdisciplinar  que  favorece  a  visão 
integrada do social (FORPROEX, 1987, grifo nosso).   Câmara  de  Extensão  composta por dois  professores  representantes  de  cada  Centro  que  se 
reúne  ordinariamente  uma  vez  por  mês.  A  Câmara  normatiza  e  avalia  os  projetos  que 
Esta  perspectiva  pode  estar  ancorada  na  proposta  de  Síveres  (2008)  que  afirma  que  as 
"relações  entre  conhecimento,  educação  e  aprendizagem  é  a  especificidade  da  educação                                                              
superior."  O  conhecimento  está  vinculado  a  um  percurso  educativo  e  a  um  processo  de 
1
aprendizagem.    O curso de Arquitetura e Urbanismo também realiza extensão através do Escritório Modelo.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  65    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  66 

concorrem  a  um  edital.  Anualmente,  os  coordenadores  do  projeto  ficam  incumbidas  de  vinculando  a  história  da  arquitetura  com  o  período  da  história  que  os  alunos  estão 
encaminhar o relatório final de execução, também avaliado pela Câmara.   estudando. 
No  ano  de  2008  teve  início  o  projeto  chamado  PASSEARQ  (Passeando  pela  Arquitetura  e  Figuras 3 e 4 ‐ Realização de atividades do Arquitetando na área de História 
Urbanismo  visando  o  Conforto  Ambiental),  que  no  ano  de  2013  recebeu  o  nome  de   
SUSTENTEC (Sustentabilidade e Tecnologia). Em 2012 foi iniciado o projeto ARQUITETANDO. 
Tanto o Sustentec, quanto o Arquitetando, respondendo à requisitos do Edital da UNIVATES e 
possui como comunidade externa os alunos de escolas do Ensino Médio de Lajeado e região. 
As  escolas  são  atendidas  conforme  contato  realizado,  não  distinguindo  o  fato  de  serem 
particulares, estaduais ou predomínio de classes sociais.  A intenção é fazer com que estes 
estudantes  tenham  uma  visão  diferenciada  e  ampliada  para  os  conteúdos  aprendidos  no 
período escolar. O Ensino Médio é uma etapa da escolarização que tem por finalidade maior 
o desenvolvimento do indivíduo, assegurando‐lhe a formação para o exercício da cidadania, 
meios  para  progredir  no  trabalho  e  em  estudos  posteriores  (LDB  Lei  9394/96,  art.  35).  No 
entanto, o que se tem observado é uma disseminação de conteúdos com foco na preparação         
pré‐vestibular.  A  preocupação  dos  alunos  está  centrada  em  obter  êxito  num  processo  Fonte: equipe do Projeto Arquitetando. 
seletivo  do  tipo  vestibular  ou  Exame  Nacional  do  Ensino  Médio  (ENEM).  Desta  forma,  os 
Na área de Artes são desenvolvidos modelos reduzidos de maquetes de vegetação (figuras 5 
projeto  de  extensão  entram  em  ação  com    finalidade  de  fazer  com  que  estes  estudantes 
e 6). Através da técnica do fio de cobre e esponja, os alunos são organizados em duplas e, a 
encontrem  novas  aplicabilidade  para  os  conteúdos  que  estão  aprendendo.  O  método 
partir da observação de uma imagem dada, desenvolvem o modelo de árvore. Num segundo 
utilizado  é  baseado  em  desenvolvimento  de  práticas  e  dinâmicas  lúdicas  que  podem  ser 
momento, partem para o croqui à mão livre da mesma vegetação, após breve aula a respeito 
realizadas na salas de aula das escolas ou nos ambientes acadêmicos da UNIVATES.  
do  assunto  e  com  assessoramento  dos  bolsistas  e  voluntários  do  projeto  de  extensão.  O 
O  Sustentec,  tem  como  objetivo  demonstrar  práticas  sustentáveis  consideradas  pelo  resultado esperado com este trabalho é fazer com que os alunos desenvolvam a percepção 
Arquiteto  e  Urbanista  na  execução  de  projetos,  como  Iluminação  e  Ventilação  Natural,  de escala e volumetria para então compreender a abstração em croquis. 
Consumo  Equilibrado  de  Energia,  Reutilização  da  Água  da  chuva  para  consumo  doméstico,  Figuras 5 e 6 ‐ Realização de atividades do Arquitetando na área de Artes 
pisos drenantes (figuras 1 e 2), entre outros. 
Figuras 1 e 2 ‐ Material utilizado no projeto Sustentec 

       
       Fonte: equipe do Projeto Arquitetando. 
Fonte:  equipe do Projeto Sustentec.  E, na área de matemática,  é utilizado um jogo  de  tabuleiro com  o  uso de maquetes  físicas 
Já  o  Arquitetando  realiza  atividades  de  associação  entre  os  conteúdos  das  disciplinas  de  simulando um quarteirão de uma cidade (figuras 7 e 8). O método compreende a realização 
História, Artes ou Matemática do Ensino Médio com os conteúdos do curso de graduação em  de oficinas interativas, onde os alunos das escolas são desafiados a responder questões que 
Arquitetura  e  Urbanismo.  Na  área  de  história,  as  atividades  envolvem  jogos  de  quebra‐ abordam  conteúdos  estudados  no  primeiro,  segundo  e  terceiro  ano  do  Ensino  Médio, 
cabeça representando edificações do período pré‐moderno (figuras 3 e 4).  Nesta atividade,  relacionados com a  graduação e vida profissional  de  um  arquiteto.  A turma é dividida em 
os  alunos  do Ensino  Médio  são  organizados em  grupos  e  durante  a  montagem  do  quebra‐ pequenos grupos e conforme jogam o dado, avançam com o "peão" e em  cada edificação 
cabeça,  recebem  dicas  referente  à  edificação  ou  período  histórico.  A  partir  destas  que  parar,  uma  questão  matemática  deve  ser  desenvolvida  com  tempo  cronometrado, 
informações,  ocorre  um  fechamento  do  conteúdo  através  de  aula  expositiva  dialogada  somando pontos de acordo com os acertos dos grupos.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  67    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  68 

Figuras 7 e 8 ‐ Realização de atividades do Arquitetando na área de Matemática  público  e  a  conviver  com  pessoas  que  possuem  diferentes  convicções  e 


pensamentos (BOLSISTA 1, grifo nosso). 
Participar de atividades extensionistas têm sido uma experiência ímpar na fase da 
graduação.  As  vivências  do  projeto  me  colocaram  a  frente  a  novas  situações, 
diferentes  das  experimentadas  em  salas  de  aula.  Atuar  no  projeto  me 
proporcionou uma  ampla  visão  ampla,  cumprindo  importante  papel  na  minha 
formação, tanto pessoal quanto profissional (BOLSISTA 2, grifo nosso). 
Atuar no projeto de extensão me proporcionou aprimorar conhecimentos diversos 
e  adquirir maior  convívio  com  a  comunidade e espaço acadêmico.  Estar inserida 
no  meio  de  docentes  e  discentes  me  permitiu  vivências  práticas  diferenciadas  e 
atuação  e  convivência  em  grupo,  que  refletem  na  visão  acadêmica  instigando  o 
        desejo de seguir minha formação acadêmica (BOLSISTA 3, grifo nosso). 
Fonte: equipe do Projeto Arquitetando. 
Essa conquista pessoal reflete que a extensão deve contribuir com a finalidade educacional 
Estas  atividades  de  extensão  permitem  experiências  de  aprendizado  não  somente  para  o  da Instituição que é "formar" uma pessoa para além da sua área de atuação técnica, que é 
estudante  que  está  no  Ensino  Médio,  mas  muito  tem  a  contribuir  para  os  bolsistas  e  formar um cidadão para enfrentar as dificuldades postuladas pela vida.  
voluntários  da  graduação.  Sob  esta  perspectiva,  da  contribuição  da  extensão  como  um 
Zabala enfatiza que as finalidades da educação deve ser dirigidas para o desenvolvimento de 
processo aprendente para os acadêmicos, é que a UNIVATES tem se preocupado nos dias de 
todas  as  competências  necessárias  para  responder  aos  problemas  que  a  vida  apresenta. 
hoje.  A  extensão,  além  de  trazer  benefícios  para  comunidade,  de  fazer  diferença  para  a 
Estas  competências  vão  além  do  âmbito  profissional.  A  educação  deve  abranger  o 
sociedade onde a IES está inserida,  deve possibilitar a aprendizagem para o graduando, pois 
desenvolvimento  de  competências  de  âmbito  social,  interpessoal  e  pessoal.  No  âmbito 
a  Escola,  mais  do  que  um lugar de  ensino,  deve ser  lugar  de  aprendizagem. Aprendizagem 
social, significa participar ativamente na transformação da sociedade, enquanto na dimensão 
vista como  uma formação integral do ser humano, dada pelas experiências educativas que 
interpessoal  é  educar  para  compreender  melhor  aos  demais  e  saber  se  comunicar,  bem 
ocorrem além dos limites das salas de aula.  
como aprender a dialogar, ser solidário para com os indivíduos e, por fim, o âmbito pessoal 
Possibilitar  a  participação  do  acadêmico  em  atividades  de  extensão  tem  permitido  ao  significa  formar  cidadãos  mais  autônomos,  com  responsabilidade  crítica  e    capazes  de 
discente, além de colocar em prática os conhecimentos da graduação, vivenciar experiências  compreender o mundo e compreender a si mesmo.  
de  outra  natureza,  que  contribuem  para  a  formação  do  ser  humano,  como  pessoa  mais 
Nesse  sentido,  a  extensão,  para  além  de  contribuir  com  a  formação  técnico‐científica  do 
experiente e preparado para a vida.  
acadêmico e cumprir com a finalidade da instituição de ensino de estender o conhecimento 
O  desenvolvimento  de  atividades  em  projetos  que  tenham  inserção  em  nela  produzido  para  a  comunidade,  também  tem  a  função  de  postular  uma  aprendizagem 
comunidade  supõe  desafios  que  se  apresentam  no  cotidiano.  Dessa  forma,  o 
estudante extensionista é desafiado a buscar soluções para as questões presentes 
significativa  no  âmbito  humanístico,  que  envolvem  o  desenvolvimento  das  competências 
que  lhe  são  lançadas  em  suas  tarefas  diárias.  [...]  O  aprendizado  na  extensão  pessoais, interpessoais e de transformação da sociedade.  
universitária não se limita a técnicas de determinada área profissional, mas propicia 
outros conhecimentos diferenciados que contribuem tanto para o desenvolvimento 
pessoal como profissional dos estudantes extensionistas (ALMEIDA, 2012).  4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma  característica  importante  das  experiências  extensionistas  no  curso  de  Arquitetura  e 
Urbanismo  na  UNIVATES  é  o  papel  fundamental  dos  estudantes  na  organização  das  O processo histórico da Universidade Brasileira mostra que a extensão se deu por meio de 
atividades.  Todas  as  atividades  são  pensadas,  organizadas  e  executadas  pelos  bolsistas  da  diversas práticas e consequentemente acarretou uma diversidade de conceitos. Dentre eles, 
extensão  e acadêmicos  voluntários,  com supervisão e acompanhamento  de  professores do  é  unanime  enxergar  a  extensão  como  um  dos  meios  pelos  quais  a  IES  exerce  sua  função 
curso.  A  intenção  é  trabalhar  num  processo  descentralizado  das  decisões  docentes,  social.  A  extensão  é  vista  como  uma  ponte  entre  a  Universidade  e  a  sociedade.  Muitos 
estabelecendo  uma  relação  mais  horizontal entre  educadores  e educandos,  incentivando  a  autores  comentam  que  a  extensão,  além  de  ser  uma  prática  social,  é  uma  forma  de 
autonomia dos acadêmicos e a formação pessoal. Neste sentido, acredita‐se que a extensão  "estender"  os  conhecimentos  produzidos  nos  meios  acadêmicos  e  que,  a  interação  com  o 
está  contribuindo  com  os  valores,  posturas  e  condutas  comportamentais,  como  pode  ser  meio externo deve ser visto para beneficiar a população, o crescimento e desenvolvimento 
observado nas manifestações colhidas dos extensionistas  que traduzem as suas experiências  da  região  na  qual  a  IES  está  inserida.  A  história  também  apresenta  diferentes  modelos  de 
da seguinte forma:   extensão, ora vista na forma de cursos, palestras, prestação de serviços e assistencialismo.  

Como  graduanda do curso  de Arquitetura e  Urbanismo,  estar participando de um  A partir dos anos 80, com a criação dos Fóruns de Extensão das IES, ela começa a aparecer 


projeto  de  extensão  tem  me  agregado  muito  tanto  como  pessoa  quanto  como  nos  documentos  oficiais  de  governo  assumindo  uma  conotação  mais  acadêmica,  porém, 
futura profissional, desse modo, aprimorando práticas do dia a dia em sala de aula,  continuando com os vínculos  das  necessidades sociais.   Sem contrariar o legado de todo o 
trabalho em equipe através do desenvolvimento das atividades, como se portar em 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  69    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  70 

processo evolutivo da extensão, Síveres (2009) a categoriza como um processo significativo  CASTRO, Maria da Consolação Gomes de; TODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Do desejo do (re)conhecimento de 
diferenças à gestão de resultados: análise de uma proposta de políticas substantivas de extensão universitária. In: CORRÊA, 
de aprendizagem.   Edison José; CUNHA, Eleonora Schettini Martins; CARVALHO, Alysson Massate (Org.). (Re)conhecer diferenças, construir 
resultados. Brasília: UNESCO, 2004. 
As experiências de extensão no curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVATES corroboram 
com  a  ideia  de  Siveres,  em  que  as  atividades  extensionistas  proporcionam  forte  relevância  DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. 
para  o  acadêmico  por  ser  fonte  de  aprendizagem.  Os  projetos  de  extensão  Sustentec  e  DUCH, Fernando Ferrari. Interface Extensão Universitária e Cultura Interdisciplinar. Dissertação (Mestrado) em Semiótica 
Arquitetando  contribuem  com  o  conhecimento  adquirido  pelos  discentes,  pois  os  coloca  Tecnologias da Informação e Educação. Universidade Braz Cubas, 2006. 

frente  a  novos  desafios.  Além disso,  o  processo  aprendente  é  fortalecido  no  momento  em  FOREXT, Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias. 
Referenciais para a construção de uma Política Nacional de Extensão nas ICES,  2013. 
que o aluno deve enfrentar as diferentes situações impostas pelo projeto. A extensão é vista 
como  um  espaço  privilegiado  para  a  formação  da  pessoa.  Neste  sentido  acredita‐se  que  FORPROEX, I Encontro de Pró‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Conceito de extensão, 
institucionalização e financiamento. Brasília, 1987. Disponível em  <http://www.renex.org.br/documentos/Encontro‐
estamos contribuindo com a função maior da Universidade que é a educação do acadêmico  Nacional/1987‐I‐Encontro‐Nacional‐do‐FORPROEX.pdf>. Acesso em 23 de novembro de 2013.  
no  sentido  de  prepará‐lo  para  a  vida,  ou  seja,  não  somente  preparar  para  uma  área  de 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 33. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. 
atuação,  mas  para  enfrentar  novos  desafios  e  se  tornar    "cidadão  competente"  (DEMO, 
GIORA. Regina Célia Faria Amaro. Extensão Universitária: um caminho possível para otimizar a prática extensionista numa 
2005).  universidade comunitária confessional. In: STALLIVIERI, Luciane. (Org.). Gestão e Liderança Universitária. Florianópolis: Ed. 
Aliado a isso, o novo Plano Nacional de Educação (2011‐2020)1 apresenta como meta para as  Tribo da Ilha, 2010. p. 215‐237. 

Instituições  a  inserção  da  extensão  como  parte  dos  créditos  curriculares.  A  meta  12.7  LUCCHESI, Martha Abrahão Saad. Universidade no Limiar do Terceiro Milênio: Desafios e Tendências. Santos: Leopoldianum, 
2002. 
descreve que os currículos de graduação devem assegurar, no mínimo,  10% (dez por cento) 
do total de créditos exigidos para a graduação em extensão universitária.   ROCHA, R.M.Gurgel. A Construção do Conceito de Extensão Universitária na América Latina  In: FARIA, Doris Santos de (org) 
Construção Conceitual da Extensão Universitária na América Latina. Brasília: Editora UNB, 2001. 
Sem resposta de como solucionar esta questão, é importante refletir  que a extensão, além  SAVIANI, Dermeval. Ensino público e algumas falas sobre universidade. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1984.  
de  contribuir  com  a  finalidade  educacional,  pode  ser  compreendida  como  um  processo 
SÍVERES, Luiz._____et al. Diretrizes de extensão. Brasília: Universa, 2009. Disponível em: 
aprendente  para  o  estudante  e  não  somente  como  um  benefício  para  a  comunidade.  <http://www.ucb.br/sites/000/2/DiretrizesDeExtensao.pdf>. Acesso em 10 de junho de 2014. 
Conviver  com  o  diferente,  além  dos  muros  da  sala  de  aula  é  de  fundamental  importância  SÍVERES, Luiz. A extensão como um princípio de arendizagem. Revista Diálogos: Universidade do Século XXI: a contribuição 
para  o  aluno.  A  extensão  pode  interferir  no  processo  de  mudança  do  acadêmico  como  da extensão na busca da aprendizagem. Brasília, vol. 10, p.8‐17, 2008. Disponível em: 
pessoa, criando oportunidades para o desenvolvimento de habilidades referente ao trabalho  http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDL/article/view/1946/1266. Acesso em 10 de junho de 2014. 
em equipe, fortalecendo o compromisso social e ético e de condutas comportamentais.   SÍVERES, Luíz. Perspectivas de Aprendizagem na Extensão Universitára. In: SÍVERES, Luíz (Org.). Processos de Aprendizagem 
na Extensão Universitária. Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2012. 
UNIMEP, Universidade Metodista de Piracicaba. Políticas de extensão. 3ª ed. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2000. 
REFERÊNCIAS ZABALA, Antoni. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010. 

ALMEIDA, Luciane Pinho de. A extensão universitária: processo de aprendizagem do aluno na construção do fazer 
profissional. In: SÍVERES, Luiz. (Org.). Processos de Aprendizagem na Extensão Universitária. Goiânia: Ed. da PUC, 2012. p. 
53‐77. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 10 de junho de 2014. 
BRASIL. LDB n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 23 de novembro de 2013. 
BRASIL. Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação ‐ PNE e dá outras providências. 
Disponível em: <http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/125099097/lei‐13005‐14>. Acesso em 10 de agosto de 
2014. 
CALDERÓN, A. I. Extensão universitária: institucionalização sem exclusão. In:Revista Educação Superior. Piracicaba: 
EDUNIMEP, v.53, p.36‐38, 2003. 
CARVALHO, Fabíola Gomide Baquero; SÍVERES, Luiz. A dinâmica motivacional no processo de aprendizagem na extensão 
universitária. In: SÍVERES, Luiz (Org.). A extensão universitária como princípio de aprendizagem. Brasília: Liber Livro, 2013. p. 
37‐58. 

                                                            
1
 Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014. 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  71    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  72 

Escritório modelo como estágio profissional na formação dos  consciência  da  função  social  da  Arquitetura  e  do  Urbanismo.  Atua  através  da  participação 
discente  no  desenvolvimento  de  projetos  fundamentalmente  de  cunho  social,  ou  para  a 
acadêmicos. Caso da comunidade PC3 – Florianópolis. SC  própria universidade.  
Fernanda Maria MENEZES  Os  trabalhos  são  coordenados  por  professores  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  que 
Universidade do Sul de Santa Catarina; [email protected]  orientam  os  alunos  no  exercício  da  prática  profissional,  objetivando  proporcionar  ao 
Silas Matias AZEVEDO  acadêmico: 
Universidade do Sul de Santa Catarina; [email protected] 
   Despertar ou aprofundar uma consciência social e de cidadania através do trabalho para a 
RESUMO  população carente e ou instituições beneficentes; 
O presente artigo relata a experiência dos acadêmicos em estágio profissional no Escritório Modelo do Curso de 
Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  do  Sul  de  Santa  Catarina  (EMAU/  UNISUL),  e  dos  professores   A aplicação prática de conhecimentos teóricos, relativos à área de formação profissional 
supervisores,  durante  os  anos  de  2013  e  de  2014.  Apresenta  o  processo  de  desenvolvimento  do  projeto  de  específica; 
habitação  social  realizado  pela  equipe  para  a  comunidade  PC3,  em  Florianópolis  –  SC.  Aborda a  participação 
dos  alunos  e  professores  no  processo  projetual  da  habitação  social,  o  uso  da  maquete  física  e  virtual  como   Desenvolvimento do seu espírito crítico, analítico e empreendedor; 
suporte  às  decisões,  enfoca  o  trabalho  de  assistência  técnica  dada  à  comunidade,  a  importância  do   Proporcionar o relacionamento comunidade/empresa/escola; 
envolvimento  e  da  participação  comunitária  na  construção  das  soluções  ligadas  ao  remanejamento  de 
comunidades em área de risco. Para os acadêmicos, o trabalho  se apresenta como uma possibilidade real de   Promover a interdisciplinaridade visível na prática da prestação de serviços, trabalhando 
interação entre o conhecimento teórico obtido em sala de aula e a prática projetual.   em conjunto com o Escritório Modelo de Engenharia Civil, sempre que possível; 
PALAVRAS‐CHAVE: escritório modelo, estágio profissional, assistência técnica, habitação social 
 Estudo de alternativas técnicas para solução de edificações de baixo custo; 
 Exercitar o contato com o cliente. 
1 INTRODUÇÃO 

Este  trabalho  trata  da  experiência  de  um  grupo  de  acadêmicos  e  professores  que  no  3 EQUIPE 
Escritório  Modelo  de  Arquitetura  Urbanismo  da  Universidade  do  Sul  de  Santa  Catarina 
fizeram a assistência técnica para uma comunidade carente em Florianópolis, SC.  Ao  iniciar  o  trabalho  com  a  comunidade  da  PC3,  em  2013,  a  equipe  do  EMAU  ‐  Escritório 
O  Escritório  Modelo  de  Arquitetura  Urbanismo  foi  constituído  para  dar  aos  acadêmicos  a  Modelo  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismos  da  UNISUL  estava  composta  pelos 
oportunidade  de  estágio  supervisionado,  e  à  sociedade  uma  resposta    para  as  demandas  acadêmicos da terceira fase Manuela Ferreira Bueno e Luiza Neves, da quinta fase Isadora 
sociais.  Cassel  Trot,  Luiz  Eduardo  Amanti  Machado  e  Murilo  Ramos,  sétima  fase  Ana  Claudia 
A  comunidade  da  PC3,  durante  anos  ocupou  uma  área  passível  de  sofrer  alagamentos  ao  Benedet, Mateus Rossarola e Rosemere Cardozo Cabral.  
lado da Avenida Perimetral Central 3 (PC3).  Após anos de reivindicações por moradia digna, 
e  ações  da  prefeitura  municipal  de  Florianópolis  tentando  solucionar  esta  questão,  o  Com  o  término  do  semestre  letivo  de  2013‐B  e  início  do  novo,  2014‐A  a  equipe  sofreu 
Escritório Modelo foi convidado para dar assistência técnica no desenvolvimento do projeto  modificações  e  alguns  acadêmicos  deixaram  o  escritório:  Ana  Claudia  Benedet,  Isadora 
de habitação social em função do remanejamento daquela comunidade.  Cassel Trot, Luiza Neves, Mateus Rossarola e Rosemere Cardozo Cabral. E novos juntaram‐se 
O processo de desenvolvimento do projeto de habitação social, a participação da população,  aqueles que já estavam compondo o grupo: Lissiane Zortea da segunda fase, Kênia Espindola 
dos  acadêmicos,  professores  e  técnicos  da  prefeitura  de  Florianópolis  são  relatados  neste  da quarta fase, Mahyara Klein e Priscila Carolina Alchini da sexta fase.  
trabalho. 
Em 2014B, nova troca de componentes do escritório, deixando o grupo a Lissiane Zortea, e 
integrando o mesmo os acadêmicos Ana Cecília Berto e Osmar Ojara da sétima fase e Filipe 
2 ESCRITÓRIO MODELO  Silva e Marcelo Leite na nona fase. 

O escritório modelo do Curso de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) da Universidade do Sul de  Em  todas  estas  etapas  os  alunos  foram  acompanhamos  pelos  professores  arquitetos 
Santa  Catarina  – UNISUL  (Campus  Sul  e  Campus  Norte)  foi  criado há  aproximadamente  14  Fernanda Maria Menezes e Silas Matias Azevedo, que os orientaram em todas as etapas do 
anos  com  o  objetivo  de  proporcionar  aos  acadêmicos  oportunidades  de  estágio  projeto.  
supervisionado. As atividades são geridas pelos próprios acadêmicos, através de equipes de 
projeto,  gerenciados  pelos  mais  experientes  e  sob  a  supervisão  de  professores,  que   
interagem  na  busca  de  uma  prática  que  combina  a  reflexão  e  a  experiência,  visando  à 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  73    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  74 

Figura 01 –  Acadêmicos do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo ‐ UNISUL 

   
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL  Fonte: Secretaria Municipal de Habitação 

A  comunidade  se  instalou  no  entorno  de  uma  vala,  onde  são  despejados  os  dejetos 
4 COMUNIDADE DA PC3  sanitários  das  casas.  A  rede  elétrica  e  de  água  é  informal  e  não  há  esgoto  no  local.  As 
moradias  são  improvisadas  e  estão  sujeitas  a  alagamentos,  principalmente  em  época  de 
A  comunidade  da  PC3  localizada  na  porção  continental  de  Florianópolis,  foi  formada  em  chuva (Figura 04). A Defesa Civil classifica a PC3 como área de risco 3, numa escala que vai 
1987  por  famílias  carentes  vindas    de  outras  comunidades  da  região  metropolitana,  do  de 1 a 4.  
interior de Santa Catarina ou de outros Estados (Figura 02).   Figura 04 – Imagem das moradias da comunidade PC3 

 
Figura 02 – Imagens da atual localização da comunidade PC3 

 
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL 

No ano de  2009  foram feitos os primeiros cadastros pelas assistentes sociais da  Prefeitura 


Municipal de Florianópolis, que tem sido mantido constantemente atualizado.   
Em 2013 o cadastro contava com 121 pessoas distribuídas em 38 famílias que, por conta da 
  ocupação  desta  área  com  risco  de  alagamento,  foi  priorizada  pela  Prefeitura  Municipal  de 
Fonte: Google Earth com intervenção EMAU 
Florianópolis para que pudessem receber novas habitações. A procedência destas famílias é 
  bastante heterogênea, predominando os moradores de Florianópolis e região, cerca de 55%.  
Estas famílias ocuparam uma área pública alagável ao lado da Via Perimetral Central 3, logo  Do interior de Santa Catarina constata‐se cerca de 20% e os demais moradores provem de 
após  a  sua  abertura  e  pavimentação.  Esta  área,  no  projeto  original  da  via,  deveria  ser  outros estados da federação, conforme Quadro 01. 
utilizada  como  praça  para  o  bairro  e  como  área  natural  para  enchentes  evitando  os  Quadro 01 – Procedência das famílias da comunidade PC3 
alagamentos  da  via.  A  área  prevista  para  remanejamento  das  famílias,  situa‐se  a  cerca  de  REGIÃO DE SC QUANTIDADE OUTROS ESTADOS QUANTIDADE TOTAL 
500m da atual ocupação (Figura 03).  Florianópolis 12 Rio de Janeiro ‐ RJ 2  
Planalto 9 Teofelândia ‐ BA 2  
 
Grande Florianópolis 8 Porto Alegre ‐ RS 1  
Figura 03 – Imagens da atual localização da comunidade PC3  Norte  1 Osasco ‐ SP 1  
Vale do Itajaí 1 Moreno ‐ PE 1  
SUB‐TOTAL 31 SUB‐TOTAL 7 38 
 Fonte: Cadastro Elaborado pela Secretaria Municipal de Habitação – Florianópolis ‐ SC 
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No que se refere a composição das famílias, cujos dados estão apresentados no Quadro 02,  pessoas portadoras de necessidades especiais (PNEs), bem como a previsão de espaços para 
observa‐se  que  a  maioria  das  famílias  possuem  até  03  filhos.  Os  dados  levantados  que elevadores possam ser instalados posteriormente. 
demonstraram, ainda que algumas famílias residem em co‐habitação.  A  primeira  alternativa  estudada  foi  à  utilização  de  edificações  unifamiliares.  Estas  foram 
Quadro 02 – Quantidade de filhos por família da comunidade PC3  dispostas no terreno formando pequenos lotes. Em função do desnível, da necessidade dos 
FILHOS NÚMERO DE FAMÍLIAS acessos,  ruas  e  espaços  públicos,  esta  opção  foi  abandonada  por  atender  apenas  uma 
01 14  pequena parcela da população prevista. 
02 12 
03 8  Na  sequência  foi  desenvolvido  um  estudo,  também  com  habitação  unifamiliar,  mas 
04 3  ajustando as edificações em fita. O número de habitações aumentou, porém comportando 
05 1  somente a metade dos moradores. 
Fonte: Cadastro Elaborado pela Secretaria Municipal de Habitação – Florianópolis ‐ SC 
Estudou‐se  uma  opção  híbrida,  com  parte  em  edificações  multifamiliares  e  parte 
No  cadastro  ficou  evidente  que  8  destas  famílias  tinham  certas  peculiaridades,  como  o  unifamiliares.  Além  de  apresentar  problemas  de  falta  de  insolação  e  sombreamento  e 
número  de  membros  e  a  presença  de  uma  portadora  de  necessidades  especiais.  Na  excessivo entre as edificações, não foi possível alojar o número de habitantes necessários ao 
consolidação do cadastro, realizada em 2012 a composição da faixa etária estava distribuída  programa. 
conforme Quadro 03. 
Por  fim  estudou‐se  uma  única  edificação  multifamiliar,  longitudinal  ao  terreno, 
Quadro 03 – Faixa etária dos integrantes da comunidade PC3 
acompanhando as curvas de nível, com no máximo 04 pavimentos. Com esta alternativa foi 
FAIXA ETÁRIA  QUANTIDADE DE PESSOAS possível  atender  o  número  de  unidades  habitacionais  necessárias  às  38  famílias,  sendo  08 
Mais de 18 anos  72 delas com 3 quartos e 30 com 02 quartos. 
De 13 a 18 anos  14
Até 12 anos  35 Todos os estudos foram desenvolvidos utilizando a maquete física no processo de projeto. A 
TOTAL 121 maquete  possibilitou  uma  maior  compreensão  do  terreno  –  em  função  do  desnível  que 
Fonte: Cadastro Elaborado pela Secretaria Municipal de Habitação – Florianópolis ‐ SC 
apresenta – e também das diversas formas como a edificação pode se relacionar com a área 
O  projeto  de  arquitetura  para  a  nova  área  onde  a  Comunidade  PC3  será  instalada  foi  (Figura  05).  Os  alunos  puderam  se  apropriar  mais  da  área  e  estudar  com  mais  clareza  as 
desenvolvido  pelo  Escritório  Modelo  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNISUL  –  Campus  diversas alternativas. Além disso, a maquete física foi fundamental para as reuniões com a 
Norte,  através  de  um  convênio  entre  a  Secretaria  de  Habitação  do  município  de  comunidade. 
Florianópolis e a Universidade do Sul de Santa Catarina.  Figura 05 – Maquete física para estudos volumétricos e compreensão da área da proposta para a  comunidade PC3 

5 PROPOSTA 

A dinâmica de desenvolvimento das atividades para a elaboração da proposta está descrita a 
seguir.  
Os  acadêmicos,  divididos  em  grupos,  pesquisaram  referencias  e  estudaram  as  diversas 
possibilidades  de  ocupação  para  o  lote.  Algumas  diretrizes  foram  norteadores  para  o 
desenvolvimento da proposta: 
 Definir  a  ocupação  do  solo  aproveitando  ao  máximo  a  inclinação  natural  do  terreno, 
procurando reduzir a movimentação de terra; 
 Utilizar a ventilação cruzada nas unidades habitacionais; 
 Tirar partido da inclinação do terreno como forma de acesso; 
 Priorizar a orientação do quadrante norte para os ambientes de longa permanência; 
 Definir áreas de uso coletivo com o intuito de integrar os moradores e reforçar o convívio 
já existente na comunidade. 
Outros  aspectos  foram  considerados  por  serem  prerrogativas  definidas  pelo  agente 
financeiro ‐ Caixa Econômica Federal ‐ através do programa Minha Casa Minha Vida como: a 
 
obrigatoriedade de que todas as unidades tenham as dimensões mínimas necessárias para 
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL 
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IMPLANTAÇÃO 
A edificação foi disposta longitudinalmente ao terreno, acompanhando o desnível natural do 
mesmo,  conforme  Figura  06.  A  posição  no  lote  permitiu  que  os  ambientes  de  longa 
permanência ficassem orientados a nordeste. A circulação horizontal periférica possibilitou a 
ventilação  cruzada  nas  unidades  habitacionais, bem como oportunizou o  convívio  entre  os 
moradores, semelhante a um passeio.  
A área foi dividida  em duas: uma de uso público, próxima à via – onde ficam os acessos  e 
estacionamento  para  os  moradores  (10  vagas);  e  outra  mais  privativa,  destinada  à 
convivência,  onde  se  localizam  a  sede  da  associação  da  comunidade,  a  horta,  as 
churrasqueiras  e  o  parque  infantil.  Estas  duas  porções  estão  ligadas  por  um  espaço  de 
 
integração no edifício, no térreo, que também pode ser utilizado para lazer – abrigado das 
Fonte: EMAU/UNISUL 
intempéries (Figura 06). 
A  associação  dos  moradores  possui  um  salão  de  festas  apropriado  para  o  encontro  da 
PAVIMENTOS 
comunidade,  onde  todos  poderão  usufruir  do  espaço  através  das  festas  familiares  e  dos 
A  edificação  projetada  para  a  comunidade  da  PC3  é  composta  por  quatro  pavimentos 
encontros  entre  os  moradores.  A  horta  comunitária  foi  uma  reinvindicação  surgida  das 
escalonados. A circulação de uso coletivo para acesso às unidades habitacionais fica voltada 
oficinas  comunitários  e  que  foi  incorporada  ao  projeto.  Na  frente  da  edificação  foram 
para  a  porção  sudoeste  do  lote.  Esta  circulação  tem  por  objetivo  simular  a  relação  que  os 
locadas 10 vagas de estacionamento em número para os moradores. 
moradores possuem hoje com as pequenas ruas de acesso a suas casas e ao mesmo tempo 
Figura 06 – Implantação da proposta para a comunidade PC3  são os locais de relação comunitária e encontros casuais. A circulação vertical é constituída 
por  dois  conjuntos  de  escadas  e  elevadores.  O  esquema  de  circulações  permite  que  os 
acessos  horizontais  se  desenvolvam  a  partir  de  dois  pontos  de  acesso  vertical,  conforme 
apresentado na Figura 08. 
Figura 08 – Esquema circulações vertical e horizontal da edificação proposta para a comunidade PC3 

 
Fonte: EMAU/UNISUL   
A  Figura  07  mostra  o  escalonamento  dos  pavimentos,  a  relação  da  edificação  com  a  área  Fonte: EMAU/UNISUL 

externa através do espaço de transição no térreo e as circulações verticais e horizontais. 
UNIDADES HABITACIONAIS 
Figura 07 – Vista sudoeste da edificação proposta para a comunidade PC3 
A edificação é composta por 38 unidades habitacionais, das quais 08 com 3 quartos (53,24 
m²) e 30 com 02 quartos (45,23 m²). Os apartamentos com 03 quartos estão localizados nas 
extremas  e  os  com  02  quartos  na  parte  central  (Figura  09).  Enquanto  os  quartos  estão 
voltados para nordeste, a cozinha, sala de estar/jantar e área de serviços ficam voltados para 
sudoeste, abrindo para a circulação coletiva. Desta maneira os apartamentos recebem uma 
ótima  insolação  bem  como  uma  ventilação  cruzada  (Figura  10).  Para  acesso  às  áreas 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  79    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  80 

internas, há pequenos deslocamentos das unidades com vistas à privacidade. Cria, também,  6 REUNIÕES COM A COMUNIDADE E SEUS ANSEIOS 
uma dinâmica nas fachadas que possibilita, inclusive a individualização das unidades a partir 
do uso da cor.  Foram  realizadas  várias  reuniões  com  a  comunidade  objetivando  construir  a  proposta  de 
Figura 09 – Esquema circulações vertical e horizontal da edificação proposta para a comunidade PC3  habitação de forma conjunta. Participaram destas reuniões: 
 Comunidade PC3 através de seus moradores 
 Secretaria  Municipal  de  Habitação  através  de  seus  técnicos  –  arquitetos,  engenheiros  e 
assistentes sociais 
 Ministério Público através do Procurador da República 
 Escritório  Modelo  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNISUL,  através  de  seus  professores 
supervisores e acadêmicos estagiários 
Em algumas das reuniões participaram também: 
 Secretário Municipal de Habitação 
 Secretário Municipal do Continente 
 Procurador Geral do Município 
 Representante das Centrais Elétricas de Santa Catarina 
 Representante da UFECO – União Florianopolitana de Entidades Comunitárias 
 Representantes de outras entidades comunitárias associadas a UFECO 
Nas reuniões realizadas para discussão do remanejamento da comunidade da PC3 houve a 
necessidade  de  organizar  a  comunidade,  deixando  de  ser  somente  um  coletivo  de 
moradores  para  uma  organização  comunitária.  Esta  etapa  foi  dirigida  pelas  assistentes 
sociais  da  Prefeitura  Municipal  de  Florianópolis  e  representante  da  UFECO,  e  acabou 
tomando  grande  parte  de  uma  das  reuniões  em  que  os  acadêmicos  e  professores 
  participaram.  Ficaram  evidentes  as  dificuldades  de  relacionamento  entre  os  moradores 
Fonte: EMAU/UNISUL  desta comunidade.  
Figura 10 – Esquema ventilação cruzada da edificação proposta para a comunidade PC3 
Outro  aspecto  observado  foi  a  desconfiança  da  comunidade  de  que  o  projeto  não  fosse 
viabilizado.  Nesta questão foi fundamental a participação do Ministério Público, que trazia 
serenidade quando os ânimos se exaltavam.  
Os  técnicos  da  Secretaria  da  Habitação  do  município  ressaltaram  a  preocupação  daquele 
órgão em localizar a área para remanejamento, próxima a ocupação existente, com o intuito 
de alterar o menos possível a rotina das famílias. 
A entrada da equipe do Escritório Modelo do Curso de Arquitetura da UNISUL trouxe uma 
visão  técnica  e  imparcial  para  processo.  Porém,  face  as  discussões  acaloradas,  acarretou 
preocupações sobre o andamento do processo. 
Cerca  de  45  dias  após  a  primeira  reunião,  foi  realizado  um    segundo  encontro.  Os  ânimos 
estavam  mais  calmos,  permitindo  a  apresentação  das  primeiras  análises  realizada  pelos 
acadêmicos e professores (Figura 11).  Foram apresentadas as questões legais relativas a lei 
específica  da  zona  especial  de  interesse  social  –  ZEIS,  segundo  o  plano  diretor  vigente  em 
  
Florianópolis. Estes dados evidenciaram que não seria possível trabalhar com casas isoladas 
Fonte: EMAU/UNISUL 
para  que  se  pudesse  alojar  o  número  necessário  de  moradores,  conforme  a  necessidade 
apresentada.  
Os  primeiros  croquis  foram  expostos,  onde  já  constavam  as  ideias  principais  de  circulação 
horizontal e vertical externa, de ventilação cruzada e insolação dos quartos. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  81    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  82 

Os  moradores  apontaram  a  necessidade  de  garagens.  Diante  desta  solicitação  os  alunos  e  As  maquetes  foram  uma  ótima  ferramenta  onde  cada  morador  pode  perceber  o  tamanho 
professores demonstraram que economicamente não seria possível, pois o custo de se criar  dos espaços em relação aos mobiliários e em relação as suas próprias casas. (Figura 13). Os 
um novo andar para alojar os veículos ampliaria em 25%. Além de que o órgão financiador  moradores  puderam  manuseá‐las  tendo  uma  percepção  mais  apurada  dos  novos 
não arcaria com o projeto caso este tivesse garagens no subsolo.  apartamentos  Uma  maquete  de  conjunto  chamou  a  atenção,  pois  evidenciou  as  áreas  de 
Figura 11 – Reunião de discussão das necessidades da comunidade PC3, em pequeno e grande grupo.  lazer, o parque infantil e o salão de festa. A ligação entre a as duas porções do terreno, ficou 
marcada  através  de  um  largo  espaço  na  edificação  facilitando  o  acesso.  Os  moradores 
chegaram  à  conclusão  através  da  maquete,  que  o  lote  possui  um  espaço  reduzido  e  uma 
inclinação  bastante  grande  para  que  pudesse  ter  garagens.  Mas  acordou‐se  em  tentar 
ampliar as vagas de estacionamento.  
Foi  demonstrado  o  ganho  em  qualidade  das  novas  edificações  propostas  em  relação  a 
segurança, ao  ambiente  construído, a  ventilação,  a insolação  e ao custo  para cada  família. 
Quanto  às  questões  de  sustentabilidade,  se  estudou  ainda  a  possibilidade  de  coletar  as 
águas das chuvas para serem usadas para a limpeza externa e a rega das plantas do conjunto 
de apartamentos. Criaram‐se áreas para hortas comunitárias para cultivo de vegetais para a 
  alimentação. 
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL 
A proposta foi aprovada para ter seu projeto executivo desenvolvido. 
Para tentar solucionar o impasse criado, foram propostas algumas vagas de estacionamento 
Figura 13 – Reunião de aprovação da  proposta do projeto comunidade PC3  
na  parte  frontal  do  conjunto,  que  seriam  suficientes  diante  do  cadastro  existente  pela 
prefeitura e pela exigência legal. 
Aprovada  esta  etapa  e  posterior  encaminhamento  para  a  comunidade,  iniciou‐se  o 
desenvolvimento mais apurado do projeto. 
Neste  interim,  por  solicitação  do  Conselho  de  Habitação  do  município  de  Florianópolis  a 
equipe do escritório modelo apresentou para considerações o diagnóstico, as diretrizes, os 
referenciais teóricos e o estudo preliminar do projeto de habitação social da comunidade da 
PC3 (Figura 12) – em julho de 2014. O trabalho foi aprovado pelo referido conselho, sendo 
elogiado por vários de seus componentes. 
Figura 12 – Reunião de apresentação do projeto comunidade PC3 ao Conselho Municipal de Habitação 

 
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL 
 
Fonte: Acervo EMAU/UNISUL 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Cerca de 70 dias após realizou‐se outra reunião, onde foi apresentada através de desenhos e 
maquetes a proposta final.  A comunidade da PC3 caracteriza‐se por ser uma comunidade carente, onde morar e arriscar 
Para  maior  compreensão  da  comunidade  optou‐se  em  construir  maquetes  físicas  dos  são sinônimos, pelas condições ambientais de risco. Passados muitos anos, agora, a poucos 
apartamentos  mobiliados  para  que  pudessem  entender  claramente  a  proposta  meses  de  uma  nova  habitação,  para  muitos  de  seus  integrantes  parece  um  sonho  que  foi 
desenvolvida, além da maquete de conjunto.  conquistado a duras penas. É evidente a dificuldade de prover as comunidades carentes com 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  83    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  84 

assistência técnica conforme lei 11.888 de 2008. É um direito constitucional que ainda está  As atividades de extensão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
longe de ser alcançado por muitos brasileiros. 
Universidade Católica de Brasília: o Acordo de Cooperação Técnica 
A  assistência  técnica  deve  ser  colocada  em  prática  pelos  diversos  níveis  federativos.  É 
preciso  que  se  divulgue,  que  se  disponibilize,  que  se  priorize  mas  acima  de  tudo  que  dê 
com o Governo do Distrito Federal e o Programa de Melhorias 
condições  para  que  exista  de  forma  concreta  e  não  somente  na  legislação.  E  necessário  o  Habitacionais do Governo Federal 
incentivo para que as universidades possam colocar em prática, sair dos casulos acadêmicos.  
E este processo foi extremamente rico para todos: universidade (corpo docente e discente),  Frederico Lopes Meira BARBOZA JR 
Universidade Católica de Brasília ‐ Curso de Arquitetura e Urbanismo; [email protected] 
comunidade,  órgãos  públicos  e  organizações  sociais.  Da  junção  dos  esforços  de  diversos 
Tatiana Mamede Salum CHAER 
segmentos  foi  possível  atender  aos  anseios  e  necessidades  de  uma  comunidade  em  Universidade Católica de Brasília ‐ Curso de Arquitetura e Urbanismo; [email protected] 
condição  de  risco.  A  participação  dos  moradores  foi  essencial  para  que  se  atingisse  o  Aline Stefânia ZIM 
resultado alcançado.   Universidade Católica de Brasília ‐ Curso de Arquitetura e Urbanismo; [email protected] 
 
A  pluralidade  de  fases  em  que  os  acadêmicos,  integrantes  das  equipes  de  trabalho,  se 
encontram,  possibilitou  que  o  conhecimento  fosse  passado  entre  os  alunos,  em  uma  ação  RESUMO 
constante e colaborativa.   Este artigo apresenta as atividades de extensão do Curso de Arquitetura e Urbanismo resultantes do Acordo de 
Cooperação Técnica entre a  Universidade Católica de  Brasília e o Governo  do Distrito  Federal.  O  Acordo  teve 
Durante o desenvolvimento do projeto de habitação, os alunos aplicaram os conhecimentos  como embasamento a Lei Federal de Assistência Técnica e o Programa do Governo Federal Pró‐Moradia. Neste 
aprendidos. Participaram do processo criativo, detectaram problemas, apontaram soluções.  contexto, o Subprograma Melhorias Habitacionais foi definido como objeto da ação e, como área de atuação, as 
Esta situação os  levou  a estarem mais atentos as aulas, a pesquisarem e a consultarem os  Quadras Norte Residenciais da cidade de Ceilândia.  O trabalho consistiu, inicialmente, na visita de campo com 
demais  professores  do  curso  na  busca  de  conhecimentos  para  efetivar  as  soluções  o  objetivo  de  prestar  esclarecimentos  a  cada  uma  das  famílias  contempladas  pelo  Programa  e  de  realizar  o 
necessárias.  levantamento físico da unidade residencial. Num segundo momento, tais procedimentos constituíram o suporte 
para  o  desenvolvimento  dos  projetos  de  melhorias  habitacionais  para  orientar  a  aplicação  dos  recursos  do 
As  reuniões  com  a  comunidade  prepararam  os  discentes  para  a  realidade  de  mediar  Programa,  cujos  elementos  norteadores  são:  a  segurança  da  habitação,  as  condições  de  salubridade,  a 
conflitos,  a  construir  conjuntamente  com  a  comunidade  envolvida  a  solução  de  seus  qualidade de vida, o desenvolvimento e o fortalecimento da comunidade. Os principais resultados alcançados 
demonstram  a  importância  de  se  proporcionar  a  contribuição  técnica  por  parte  dos  estudantes  em 
problemas. 
comunidades diversas do Distrito Federal, e, ao mesmo tempo, consolidar a formação acadêmica aproximada 
Os  acadêmicos  tiveram  seus  horizontes  abertos  para  a    participação  comunitária  e  sua  da realidade habitacional brasileira e do entendimento do conceito da função social do arquiteto e urbanista.    
posição  na  sociedade,  pensando  um  modelo  mais  justo  e  igualitária.  Um  sonho  que  todo  PALAVRAS‐CHAVE: cooperação técnica, extensão, habitação, função social. 
arquiteto precisa ter de "mudar o mundo". 

8 REFERÊNCIAS 
BONDUKI, Nabil G. Origens da Habitação Social no Brasil. Análise Social. Vol. XXIX (127) 1994. 
BONDUKI, Nabil (Org.). As práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. 
São Paulo, Nobel. 2ª ed. 1997.  
MENDES DA ROCHA, Paulo. Maquetes de papel. Cosac Naify, São Paulo; 1ª edição,  2007. 
MILLS, C.B. Projetando com maquetes. 2ª. ed ‐ Porto Alegre: Bookman, 2007. 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007‐2010/2008/Lei/L11888.htm acesso em 11/09/2014 
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 Projeto  e  Atendimento  Comunitário”,  é  importante  ressaltar  que  a  mesma  configura‐se 


como  importante  estratégia  para  as  ações  extensionistas  do  curso.  Integra  as  atividades 
1. INTRODUÇÃO  desenvolvidas  na  disciplina  às  práticas  de  trabalhos  orientados  à  comunidades  diversas 
A  Universidade  Católica  de  Brasília  –  UCB  possui,  dentre  suas  diretrizes  fundamentais,  o  inerentes ao Núcleo, amparadas por metodologias da pesquisa científica. Enfoca as questões 
entendimento  de  que  a  formação  do  estudante  deve  ir  além  da  dimensão  acadêmico‐ referentes  às  diferentes  demandas  de  comunidades  moradoras  de  áreas  urbanas, 
científica, a ser balizada por valores humanistas e permeada pelo exercício da cidadania. Um  desenvolvendo  temas  como  habitabilidade,  qualidade  de  vida,  justiça  social,  equilíbrio 
dos principais mecanismos, defendidos pela Instituição, para se alcançar estes propósitos é a  ambiental e direito à cidade, considerando o exercício profissional e sua função social. 
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.  O  NAU  prevê  ainda  a  integração  de  suas  ações  em  comunidades  já  assistidas  por  outros 
A visão de universidade, nesse contexto, é, portanto, a de uma entidade aberta, interativa e  cursos em diversos projetos na  UCB, como Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Direito, 
integradora,  onde  o conhecimento  gerado  e sistematizado  deve  ser  relevante e  acessível  a  Comunicação Social e Serviço Social. Essa estratégia favorece a interação dos estudantes de 
um maior número possível de sujeitos sociais.  diferentes  cursos  dentro  do  ambiente  universitário  e  a  organização  de  ações 
multidisciplinares no âmbito dos projetos extensionistas. 
Alinhados  a  este  conjunto,  os  princípios  da  política  de  extensão  da  instituição  têm  como 
objetivo o exercício de atividades educativas a partir da ótica social e de uma postura ética.  O presente trabalho pretende apresentar as atividades de extensão do Curso de Arquitetura 
Pautam‐se pelo compromisso com os processos de aprendizagem e podem nortear desde a  e Urbanismo, desenvolvidas pelo NAU, vinculadas ao Acordo de Cooperação Técnica1 entre 
estrutura curricular até a prestação de serviços para a  comunidade externa.   UCB  e  o  Governo  do  Distrito  Federal  –  GDF,  por  intermédio  da  Secretaria  de  Habitação, 
Regularização e Desenvolvimento Urbano – SEDHAB. 
O projeto ora apresentado vincula‐se ao Curso  de  Arquitetura e  Urbanismo – CAU/UCB, às 
atividades  extensionistas  da  UCB,  e  faz  parte  das  atividades  desenvolvidas  pelo  Núcleo  de 
Arquitetura e Urbanismo – NAU.   2. O ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão defendida no Projeto Pedagógico do 
Curso é consolidada pela formação do NAU; pela conexão deste Núcleo com a graduação por  O  Acordo  de  Cooperação  Técnica  –  ACT,  entre  GDF/SEDHAB  e  UCB/CAU/NAU,  foi  assinado 
meio de uma disciplina específica; pelo caráter interdisciplinar da proposta de suas linhas de  em 27 de julho de 2012, cujo extrato foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal em 12 
atuação e pela pré‐disposição em buscar intercâmbio com atividades de extensão de outros  de setembro de 2012. O Acordo objetiva a implementação de ações conjuntas com vistas à 
cursos.   elaboração  supervisionada  de  projetos  de  assessoria  técnica  a  comunidades  social  e 
economicamente vulneráveis, em localidades de atuação da Secretaria.  
O NAU foi idealizado no contexto do Projeto de Extensão do Curso, inscrito no Edital lançado 
em 2010, pela Pró‐Reitoria de Extensão – PROEX, homologado pelo Presidente do CONSEPE1  A  cooperação  técnica  abordada  neste  acordo,  de  maneira  ampla,  abrange  um  perfil  de 
em 30/08/2010 e aprovado em março de 2011. Desde então teve início seu funcionamento,  atuação  orientado  a  temas  como  desenvolvimento  urbano  e  habitacional,  regularização 
por  meio  do  planejamento  de  atividades  voltadas  ao  atendimento  comunitário  e  suas  fundiária (urbanística, ambiental, social), capacitação técnica e atividades voltadas ao ensino 
demandas  sociais  locais,  proporcionando  a  formação  acadêmica  comprometida  com  a  e ao suporte de pesquisas e publicações. 
realidade e com o entendimento da função social do arquiteto. Pelo terceiro ano consecutivo  O  meio  para  maiores  definições  e  detalhamento  das  ações  conjuntas,  conforme  pode  ser 
constitui‐se  do  trabalho  de  alunos  bolsistas  e  voluntários,  orientados  por  professores  verificado no teor do ACT, são os instrumentos específicos firmados por Planos de Trabalho. 
vinculados aos projetos da Instituição.  Neste caso, que será melhor explicado adiante, o principal objetivo da ação é o de subsidiar 
No  que  diz  respeito  às  linhas  de  atuação,  existe  a  pretensão  de  que  o  Núcleo  esteja  os  projetos  executivos,  por  meio  de  levantamentos  técnicos  de  campo,  diagnósticos  e 
habilitado  a:  (a)  ação  intrainstitucional  ‐  com  objetivo  de  atender  as  necessidades  do  desenhos  técnicos,  em  áreas  residenciais  no DF,  que  receberão  a  aplicação  de  recursos  do 
campus;  (b)  ação  extra  institucional  ‐  com  a  finalidade  de  responder  as  necessidades  dos  Governo Federal pelo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, em áreas, no âmbito 
funcionários da UCB; (c) ação comunitária – no intuito de atender comunidades especificas;  do Subprograma Melhorias Habitacionais. O Subprograma tem como elementos norteadores 
(d)  ação  por  demanda,  com  objetivo  de  ter  um  atendimento  aberto  a  comunidade  de  a salubridade, habitabilidade2, resgate da cidadania e o desenvolvimento de populações de 
pessoas  carentes;  e  (e)  ação  de  treinamento  comunitário,  com  o  fito  de  intermediar  a  baixa renda, em situação de risco social e ambiental. 
disseminação  do  conhecimento  prático  de  temas  da  construção  civil  e  produção                                                              
habitacional, voltada a comunidades carentes. 
1   Lei Federal n.º 11.888 de 24 de dezembro de 2008— que assegura às famílias de baixa renda, até 3 
Em  referência  à  disciplina  específica,  da  grade  curricular  obrigatória,  denominada  “PAC  –
(três) salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, assistência técnica pública e gratuita para 
                                                             projeto, construção e reforma de habitação com o objetivo da melhoria das condições de moradia. 

1  Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Católica de Brasília  2   Segundo Houaiss: qualidade, estado ou condição do que é habitável 
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O  planejamento  das  ações  que  vieram  a  integrar  o  ACT,  foi  uma  iniciativa  do  Curso  de  3. O CONTEXTO DO TRABALHO
Arquitetura e Urbanismo, e possuiu como inspiração e respaldo legal a Lei Federal n.º 11.888 
de 24 de dezembro de 2008 — que assegura às famílias de baixa renda, até 3 (três) salários  Considerando‐se este contexto específico de atuação delineado pelo Acordo de Cooperação 
mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, assistência técnica pública e gratuita para  Técnica, sobre a questão habitacional e a precariedade da moradia de populações carentes, o 
projeto,  construção  e  reforma  de  habitação  com  o  objetivo  da  melhoria  das  condições  de  trabalho  alinhou‐se  diretamente  à  missão  da  UCB  e  à  uma  das  diretrizes  de  extensão,  a 
moradia.  saber: Extensão como Ação Comunitária — que aponta a “realização de projetos acadêmicos 
Segundo essa mesma lei, em seu Art. 4º:  junto  à  comunidade  externa,  com  ênfase  nos  processos  de  inovação,  desenvolvimento 
sustentável  e  justiça  social”.  A  moradia  é  entendida  como  direito  individual  e  coletivo, 
“Art. 4º Os serviços de assistência técnica objeto de convênio ou termo de parceria 
previsto na Declaração Universal dos Direitos  Humanos e na Constituição Federal Brasileira 
com  União,  Estado,  Distrito  Federal  ou  Município  devem  ser  prestados  por 
profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia que atuem como: I  de 1988, enquanto vetor de inclusão social e do direito à cidade. 
– servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios;  O universo de atuação deste projeto de extensão está atrelado a um dos maiores problemas 
II – integrantes de equipes de organizações não‐governamentais sem fins lucrativos; 
III – profissionais inscritos em programas de residência acadêmica em arquitetura, 
brasileiros:  a  habitação.  A  questão  habitacional  brasileira  reflete  o  modelo  de  crescimento 
urbanismo ou  engenharia ou  em programas de  extensão  universitária, por  meio  urbano  determinado  pelo  ponto  de  vista  econômico  e  pautado  sobre  os  interesses  da 
de  escritórios‐modelos  ou  escritórios  públicos  com  atuação  na  área;  IV  –  propriedade  privada,  regida  por  legislação  urbanística  detalhista,  que  por  muito  tempo  foi 
profissionais  autônomos  ou  integrantes  de  equipes  de  pessoas  jurídicas,  reduzida predominantemente ao enfoque físico territorial. 
previamente credenciados, selecionados e contratados pela União, Estado, Distrito 
Federal ou Município.” (Grifo nosso)  O  problema  da  moradia  estampa  ainda  a  cisão  entre  a  cidade  regular,  servida  de 
infraestrutura  e  serviços,  e  a  cidade  irregular,  composta  por  grande  parcela  da  população 
A constatação  das possibilidades  de  atuação  nesta  seara, a partir  de  parcerias  com o setor 
que não possui recursos para custear a terra urbana.  
público, provocou a elaboração do ACT, fruto do trabalho do CAU/UCB e de técnicos do GDF, 
entre  2011  e  2012.  A  SEDHAB,  representante  do  GDF,  é  a  signatária  do  Termo,  que  ainda  Segundo Maricatto1: 
conta com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional – CODHAB/DF como interveniente  Esse  processo  lento  e  progressivo  de  produção  da  moradia  –  que  não  é 
do processo, enquanto órgão executor da política habitacional.  propriamente  capitalista,  mas  que  contribui  com  a  acumulação capitalista –  serve 
de exemplo para desvendar um dos paradigmas do ambiente urbano no Brasil. Se, 
Além  da  Lei  de  Assistência  Técnica,  acima  mencionada,  o  debate  em  torno  do  Acordo  foi  de um lado, a produção de parte da cidade que aloja moradores de baixa renda é 
contextualizado  pelos  recursos  repassados  pelo  Programa  de  Aceleração  do  Crescimento  –  mantida por eles próprios; de outro temos um mercado privado que também não 
PAC ao GDF, para financiamento de ações voltadas à melhorias das condições das habitações,  tem  uma  “vocação”  capitalista  strictu  sensu:  apenas  30%  da  população  urbana, 
de  acordo  com  financiamento  promovido  pela  Caixa  Econômica  Federal,  o  que  compôs  a  quando  muito,  têm  acesso  ao  produto  do  mercado.  Ele  se  dirige  a  uma  elite  e 
oferece um produto que confere distinção: um apartamento com vários banheiros e 
minuta do primeiro Plano de Trabalho. 
equipamentos  que  correspondem  a  um  clube  em  condomínio  fechado  em 
O Subprograma Melhorias Habitacionais foi definido como base da ação e orienta a aplicação  localização também plena de simbologia distinguidora. 
de  recursos  ao  resgate  da  habitabilidade  e  da  salubridade  das  moradias  em  áreas  de  Por meio do programa governamental que prevê aplicação de recursos e a intervenção em 
vulnerabilidade ambiental e social. O Plano previu como área piloto do Programa, as Quadras  áreas habitacionais deficientes, pretende‐se aproximar do aluno do CAU, (a) a realidade das 
Norte  Residenciais  de  Ceilândia  –  QNR  2,  3  (unidades  remanescentes  de  levantamentos  condições do habitat de populações em vulnerabilidade socioeconômica e ambiental e (b) as 
passados  feitos  pela  CODHAB)  e    QNR  5  (aproximadamente  200  unidades  residenciais).  possibilidades de atuação do profissional de arquitetura e urbanismo no enfrentamento dos 
Outras áreas foram selecionadas, pelo GDF, para receberem recursos do mesmo Programa e  problemas estruturais urbanos. 
também  foram  arroladas  no  Plano  de  Trabalho  como  áreas  de  potencial  replicação  da 
metodologia utilizada em Ceilândia.    O  acesso  à  moradia  adequada  não  é  ainda  realidade  para  todos,  no  Brasil.  Esse  direito, 
assegurado  pela  Constituição,  não  tem  sido  respeitado.  O  BID  calcula  que  no  Brasil  este 
Depois de longo período de discussão e tramitação (desde o início de 2011), os ajustes finais  número seja de 33%, ou seja, de 65 milhões de pessoas. 
do texto do ACT foram consolidados somente no mês de julho de 2012, enquanto o Plano de 
Trabalho  estabeleceu  cronograma  para  as  atividades  entre  setembro  e  dezembro  de  2012,  Podendo‐se  considerar  que  destes,  a  exemplo  de  dado  disponibilizado  pelo  Instituto 
até o final do semestre letivo. A morosidade e a burocracia que se interpuseram até que o  Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Censo 2010), 11.425.644 milhões de pessoas, ou 
Acordo  pudesse  ser  viabilizado  podem  ser  consideradas  uma  das  grandes  dificuldades  do  6%  da  população  brasileira,  vive  em  áreas  irregulares.  Ou  ainda,  que  o  déficit  habitacional 
                                                            
processo.  Tanto  no  sentido  do  desgaste  pela  espera  por  parte  dos  alunos  que  se 
disponibilizaram para o trabalho, quanto para o panejamento e adequação das etapas e os  1   MARICATO, Ermínia. Contribuição para um plano de ação brasileiro. In: Nabil Bonduki (Org.). Habitat – 
semestres letivos, considerando suas particularidades inerentes (eventos do curso, períodos  As práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo: 
de entregas de trabalhos e provas, dentre outros).  Studio Nobel, 1997. 
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(necessidade  de  reposição  do  estoque  de  moradia)  corresponde  a  5,546  milhões  de  22,3% dos domicílios particulares permanentes urbanos do país. 
domicílios, dos quais 4,629 milhões, ou 83,5%, estão localizados nas áreas1.  (2) 1.692 é o número de unidades no Brasil em situação de inadequação fundiária 
urbana – o segundo fator que mais afeta os domicílios. Grande parte do problema 
É certo que a quantidade de pessoas vivendo sob condições precárias acompanhou o grande  concentra‐se nas regiões metropolitanas, que respondem por 60,6% das moradias 
crescimento das cidades. Após os anos 1960, iniciou‐se o processo de intensiva urbanização;  nessa condição, que somam 1, 025 milhão. 
hoje,  82%  da  população  ocupam  as  áreas  urbanas  e,  de  forma  mais  expressiva,  as regiões 
(3)  O  tipo  do  material  de  cobertura  (telhado)  passou  a  ser  considerado  fator  que 
metropolitanas. A população urbana brasileira cresceu 58% entre 1980 e 2000, enquanto a  caracteriza  um  domicílio  como  inadequado  a  partir  da  atualização  de  2006  do 
população  em  favelas  e  loteamentos  precários  e  irregulares  cresceu  279%  no  mesmo  estudo  e  se  revelou  o  critério  de  menor  relevância.  Em  2008,  600  mil  domicílios 
período2.  necessitam de reforma do telhado. 

De  meados  dos  anos  1990  até  o  início  dos  anos  2000,  a  Fundação  João  Pinheiro  elaborou  (4) Os domicílios urbanos sem banheiro de uso exclusivo totalizam 800 mil. 
levantamentos  sobre  a  questão  habitacional  brasileira  e  atualizou‐os  para  publicação,  sob  (5)  O  adensamento  excessivo  em  domicílios  próprios  afeta  1,434  milhão  de 
encomenda da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano (SEDU) – atual Ministério das  domicílios, ou 2,9% dos domicílios particulares permanentes urbanos brasileiros. 
Cidades – por meio de contrato com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento  A mesma Fundação salienta que a simples somatória dos dados não reflete a realidade pois a 
(PNUD)  e  dentro  do  âmbito  do  Projeto  Habitar‐Brasil  do  Banco  Interamericano  de  maior  parte  dos  domicílios  enquadra‐se  em  mais  de  uma  categoria  de  inadequação  de 
Desenvolvimento  (BID).  O  mesmo  estudo  vem  sendo  atualizado  com  a  base  de  dados  do  moradia. 
Censo IBGE 2011. 
O universo deste Projeto está vinculado à questão da inadequação de moradias em áreas do 
A metodologia para o cálculo das necessidades habitacionais foi originalmente desenvolvida  Distrito  Federal,  considerando  que  as  possibilidades  de  minimização  dos  problemas 
tendo como base de informações a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do  decorrem  da  intervenção  por  meio  de  reformas  e  adequações  do  espaço  físico,  numa 
IBGE.  Com  o  objetivo  de  traduzir  melhor  a  realidade  do  país,  a  Fundação  apresentou  os  estratégia que visa  resgatar as condições básicas de saúde e  as melhorias socioambientais, 
conceitos  diferenciados  de  déficit  habitacional,  que  indica  a  necessidade  de  construção  ou  sem que necessariamente haja a reposição da unidade. 
reposição de novas unidades, e de inadequação de moradias, que demonstra os vários tipos 
de  condições  precárias  e  insatisfatórias  das  residências.  Os  domicílios  com  carência  de  O processo de uso e ocupação do solo, assim como de sua expansão, no Distrito Federal não 
infraestrutura,  com  adensamento  excessivo  de  moradores,  com  problemas  de  natureza  difere da realidade brasileira. Peluso1 destaca a contradição  entre o período da construção 
fundiária,  em  alto  grau  de  depreciação  ou  sem  unidade  sanitária  domiciliar  exclusiva  são  da Capital Federal planejada e o prematuro surgimento das ocupações irregulares. 
classificados como inadequados.  Paviani2 define Brasília como uma metrópole terciária — por atender, sobretudo, as questões 
A falta de infraestrutura urbana (iluminação elétrica, abastecimento de água com canalização  administrativas,  e  não  ser  polo  industrial  —  e  polinucleada  –  por  existirem  diversos 
interna,  rede  geral  de  esgotamento  sanitário  ou  fossa  séptica  e  coleta  de  lixo  regular  pelo  assentamentos  urbanos  dispersos  no  seu  quadrilátero.  Tais  assentamentos  tiveram 
menos duas vezes por semana) é um dos maiores problemas e a quantidade de domicílios  predomínio  da  função dormitório  uma  vez  que  o  grande  percentual  de  postos  de  trabalho 
não  atendidos  por  redes,  em  geral,  ultrapassa  os  10  milhões.  Quase  metade  da  população  estavam no Plano Piloto. 
não  possui  rede  de  esgoto  e  grande  parte  não  tem  acesso  à  água  potável.  Os  dados  que  A  acelerada  urbanização  do  Distrito  Federal  e  a  gestão  desse  espaço  teve  interferência  de 
demonstram a escassa infraestrutura confirmam a gravidade do problema social, de saúde e,  políticas  públicas  voltadas  para  habitação  de  baixa  renda,  muitas  vezes  patrocinada  pelo 
obviamente, do comprometimento ambiental.  clientelismo político. O mercado imobiliário especulativo e as ações reguladoras do governo 
Segundo a Fundação João Pinheiro3, os dados sobre a inadequação de moradias distribuem‐ reforçaram as distorções e a desigualdade deflagrada com a ocupação socialmente injusta do 
se em:  território. 

(1)  10,948  milhões  de  domicílios  carentes  de  infraestrutura,  o  correspondente  a  Muitas das cidades originadas pelo plano das Cidades‐Satélites, as quais foram criadas para 
alocar trabalhadores que não tiveram acesso a moradias no Plano Piloto, como é o caso da 
                                                             cidade de Ceilândia, apresentam uma situação urbana caracterizada pela baixa segurança e 
habitabilidade.  Apresentam  alto  índice  de  marginalidade  além  da  oferta  de  padrões 
1   Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
(Pnad), 2008. Elaboração: Centro de Estatística e Informações / Fundação João Pinheiro                                                              

2   BUENO, Laura Machado de Mello. O Tratamento Especial de Fundos de Vale em Projetos de  1   Peluso, Marília. “Contradições e conflitos no espaço de classes: cento versus periferia.” In Paviani, 
Urbanização em Assentamentos Precários como Estratégia de Recuperação das Águas Urbanas. In: Seminário  Aldo (org).Urbanização e metropolização. Brasília: Editora Universidade de Brasília, CODEPLAN, 1987. 
Nacional sobre Regeneração Ambiental das Cidades, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2005. 
2   Paviani, Aldo. Brasília, a metrópole em crise: ensaios sobre urbanização. Brasília: Editora Universidade 
3   2008 – Déficit Habitacional Brasileiro – Ministério das Cidades  de Brasília, 1989.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  91    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  92 

arquitetônicos  que  deixam  claro  a  ação  do  poder  do  Estado  como  paliativa  e  não  estão  para  ser  comprovados  na  prática,  porém  possuem  de  fato,  em  seu  cerne,  o  
solucionadora dos problemas reais ali existentes, como o desemprego e assistências técnicas  reconhecimento, por parte de um arcabouço legal e demais instrumentos, da função social 
diversas, incluindo a construção das residências e da organização de seus espaços públicos.  da  propriedade  e  da  cidade.  Como  exemplos  os  instrumentos  como  a  Lei  de  Assistência 
Técnica, já mencionada, a Lei do Programa Minha Casa Minha Vida, o Estatuto da Cidade e a 
As Quadras Norte Residenciais QNR (2, 3, 4, 5) de Ceilândia são o objeto do Projeto Piloto, 
conforme  anteriormente  mencionado,  do  programa  de  Melhorias  Habitacionais  e  segundo  Política Nacional de Habitação. 
divulgado em sítio eletrônico da secretaria:   O Brasil ratificou os dois instrumentos legais internacionais da ONU que asseguram o direito 
(...)  engloba,  além  das  melhorias,  a  regularização  e  a  previsão  de  construção  de  à moradia: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 – “toda pessoa tem direito 
unidades habitacionais, beneficiando ao todo mais de 2.000 famílias.  a  um  padrão  de  vida  capaz  de  assegurar  a  si  e  à  sua  família  saúde  e  bem‐estar,  inclusive 
Para assegurar os 20 milhões de reais o projeto precisou ser reformulado em quatro 
alimentação,  vestuário,  moradia,  cuidados  médicos  e  os  serviços  sociais  indispensáveis” 
fases. Nesta primeira fase, que incluiu a quadra 02, já foram realizadas reformas em  (artigo  25)  –  e  o  Pacto Internacional  de  Direitos Econômicos  e  Sociais  e  Culturais  (PIDESC), 
16 casas.  adotado em 1966. Os 138 Estados‐Parte desse Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à 
A  2ª  fase,  que  inclui  as  quadras  02  e  03,  prevê  a  realização  de  32  melhorias  e  a  moradia  adequada  e  comprometem‐  se  a  tomar  medidas  apropriadas  para  assegurar  a 
construção de 44 novas unidades imobiliárias. Já foi realizado o levantamento social  consecução desse direito.  
e  físico  (averiguação  para  determinar  se  seria  realizada  melhoria,  construção  de 
uma nova moradia ou apenas a regularização). Aguarda‐se a liberação da licitação 
O  direito  à  moradia  está  assegurado  na  Constituição  Federal  de  1988,  que  dispõe  em dois 
por parte da Caixa Econômica Federal – CEF.  artigos, 182 e 183, a política urbana e os deveres municipais na elaboração do plano diretor 
e no cumprimento da função social da propriedade. 
Na 3ª fase, que engloba as demais residências da quadra 02 e 03, já foi elaborado o 
levantamento  social.  Já  o  levantamento  físico  está  em  fase  de  elaboração  de  Para  a  implementação  dos  princípios  e  instrumentos trazidos  pela Constituição  Federal,  de 
orçamento  pela  Novacap.  Serão  realizadas  51  melhorias  e  construídas  43  novas  forma  pioneira  para  a  questão  urbana,  era  necessária  a  regulamentação  por  meio  de 
unidades. 
legislação específica a nível nacional. Após mais de uma década, foi aprovada a Lei Federal nº 
Já  o  levantamento físico da 4ª fase (quadra 05) terá início em junho de 2012. São  10.257 / 2001, conhecida como Estatuto da Cidade. O diploma legal internaliza a questão da 
224 famílias habilitadas e 13 remanescentes de outras etapas.1 
propriedade sob a ótica de sua função social e abre importantes caminhos para a promoção 
O Manual de Instruções – Projetos Prioritários de Investimentos PPI – Intervenções em  da moradia social e para a inserção das estruturas informais nas cidades de forma plena. 
Favelas, condicionado ao PAC, designa:
Em 2004, foi aprovada pelo Conselho das Cidades a Política Nacional de Habitação, principal 
instrumento de orientação das estratégias e das ações a serem implementadas pelo governo 
“Item  3.7  RECUPERAÇÃO  OU  MELHORIAS  DE  UNIDADES  HABITACIONAIS:  valor  federal.  Permeia  o  contexto  do  instrumento  o  entendimento  da  habitação  um  direito  do 
correspondente ao custo de realização das obras de recuperação ou melhorias de  cidadão,  o  alinhamento  com  o  Estatuto  da  Cidade,  que  estabelece  a  função  social  da 
unidades  habitacionais;  e  devem  ser  vinculadas,  exclusivamente,  a  razões  de 
propriedade  e  premissas  tais  como  a  inclusão  social,  a  gestão  participativa  e  democrática. 
insalubridade  e  insegurança,  inexistência  do  padrão  mínimo  de  edificação  e 
habitabilidade  definido  pelas  posturas  municipais  ou  inadequação  do  número  de  Convergindo‐se  para  a  promoção  do  acesso  à  moradia  digna  a  todos  os  segmentos  da 
integrantes da família à quantidade de cômodos passíveis de serem utilizados como  população, especialmente o de baixa renda. 
dormitórios.” 
O ACT, ao enfocar a questão habitacional da população de baixa renda, fortalece o conceito 
Os dados e levantamentos sobre as irregularidades e déficits habitacionais ainda são muito  da  função  social  do  arquiteto  dentro  da  visão  do  Projeto  Pedagógico  do  Curso  e  dos 
maiores que o aporte de recursos e as obras efetivamente iniciadas. Por outro lado é justo  princípios da extensão. 
reconhecer    que  algumas  mudanças  favoráveis  começam  a  despontar.  Entre  as  ações  de 
De maneira que o caráter desta atuação está intimamente relacionado à preocupação com a 
destaque  está  o  crescimento  dos  recursos  disponíveis  para  o  setor  durante  os  últimos 
qualidade  de  vida  dos  indivíduos,  grupos  sociais,  e  comunidades  dos  assentamentos 
governos, incluindo verbas orçamentárias e  mudanças nas  regras do sistema bancário para 
humanos; o zelo com a qualidade material do ambiente construído e sua durabilidade; o uso 
aumentar  a  oferta  de  crédito  na  área  habitacional.  O  Programa  de  Aceleração  do 
da  tecnologia  em  respeito  às  necessidades  sociais,  culturais  estéticas  e  econômicas  das 
Crescimento  –  PAC,  para  áreas  irregulares,  de  certa  forma,  sinaliza  alguma  ampliação  de 
comunidades; a busca do equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável do ambiente 
investimentos  em  infraestrutura  urbana  e  assentamentos  nos  últimos  anos,  além  do 
natural  e  construído  e  a  valorização  e  preservação  da  arquitetura,  do  urbanismo  e  da 
Programa Minha Casa, Minha Vida, que, segundo metas propagadas pelo Governo Federal, 
paisagem como patrimônio e responsabilidade coletiva. Temas estes que concorrem para a 
pretende ser a maior ação para construção de unidades habitacionais.  Estes avanços ainda 
produção de conhecimentos técnicos voltados também aos problemas socioambientais. 
                                                            

1 <http://www.regularizar.df.gov.br/pages/regularizacoes-andamento/ceilandia/index.php> Acesso em
15/09/2012
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4. OS OBJETIVOS distribuídas da seguinte forma: 
a) 8 horas – Professores do CAU/UCB e 12 alunos bolsistas e voluntários 
O  objetivo  geral do  trabalho desenvolvido  consiste  em proporcionar a  contribuição técnica 
por  parte  dos  estudantes  do  CAU,  devidamente  orientados,  em  comunidades  diversas  do  Aspectos teóricos do levantamento físico e treinamento de campo, com aplicação prática em 
Distrito Federal atendidas por programas governamentais, e, ao mesmo tempo, consolidar a  edifícios do Campus I da UCB; 
formação  acadêmica  aproximada  da  realidade  habitacional  brasileira  e  o  entendimento  b) 8 horas – Professores do CAU/UCB e 12 alunos bolsistas e voluntários 
prático do conceito da função social do arquiteto e urbanista. 
Utilização de software de desenho e apresentação gráfica em conformidade aos formulários 
Como objetivos específicos desenvolveram‐se:  desenvolvidos pelo GDF; 
a.  Capacitar  o  aluno  para  o  trabalho  de  campo  e  para  a  aproximação  e  diálogo  com  a  c)  8  horas  –  Seminários  com  técnicos  da  CODHAB,  12  alunos  bolsistas  e  voluntários  e 
população envolvida;  Professores  
b. Resgatar e aplicar os conteúdos estudados nas disciplinas, do CAU, de Sociologia Urbana,  Parte  A:  apresentação  do  trabalho,  da  área  a  ser  visitada,  possíveis  questões  a  serem 
Planejamento Urbano, Projetos de Arquitetura e Urbanismo e Desenho Técnico;  enfrentadas,  material  a  ser  utilizado  em  campo,  dinâmicas  de  levantamento. 
Parte  B:  disponibilização  de  arquivos,  recursos  para  elaboração  do  material  gráfico, 
c. Possibilitar o intercâmbio entre os resultados alcançados no Projeto e a disciplina Projeto  programas  computacionais,  modelos  para  preenchimentos  de  dados,  tabelas  de 
de Atendimento Comunitário – PAC;  quantitativos. 
d.  Permitir  os  desdobramentos  do  trabalho  realizado  replicando  à  comunidade  docente  e 
discente  do  CAU/UCB  os  resultados  alcançados  e  as  lições  aprendidas,  por  meio  de  ETAPA DE AÇÃO 
seminários no âmbito de eventos já consolidados no curso, como a Semana de Arquitetura –  Consistiu  no  conteúdo  aplicado  e  prático,  distribuído  em  ATIVIDADES  DE  CAMPO 
SEMANARQ e a Acolhida dos Calouros;  (levantamento  de  dados)  e  ATIVIDADES  DE  ATELIÊ  (produção  de  desenhos,  relatórios  e 
e. Aprimorar a partir da experiência adquirida, metodologia para pesquisa, levantamento e  diagnóstico). 
diagnóstico  para  intervenções  em  áreas  ocupadas  por  população  de  baixa  renda  que  se  Sobre a constituição de equipes de trabalho 
enquadrem  nos  preceitos  da  Lei  Federal  n.º  11.888,  nos  sentido  de  amparar  futuras 
aplicações;        As  atividades  de  levantamento  de  campo  e  de  ateliê  foram  alternadas  de  maneira  que 
pudessem ser liberados ao GDF, para orçamento final e cronograma de obras, os produtos de 
f. Incorporar a academia às atividades administrativas e finalísticas da administração pública  cada  unidade  residencial,  na  medida  em  que  se  venceram  o  levantamento  de  campo,  a 
possibilitando  a  futura  reprodução  do  modelo  e  sua  crítica  ampliando  a  interface  com  a  organização dos dados e a tarefa de desenho técnico. 
sociedade.  
A equipe formada por doze alunos bolsistas e voluntários foram divididos em três grupos de 
quatro pessoas. Cada grupo tinha como meta o atendimento de  unidades residenciais pré‐
5. A METODOLOGIA estabelecido diariamente e era liderado por técnicos do GDF e acompanhado de professores 
vinculados ao projeto. 
A  metodologia  de  trabalho  foi  construída  a  partir  de  experiências  iniciais  em  campo  por  O acordo previu como atribuição do GDF a disponibilização de veículos e motoristas para o 
parte do GDF, numa etapa inicial do programa. Os erros e acertos constituíram numa revisão  traslado UCB – Ceilândia e Ceilândia – UCB, no período vespertino. 
das  práticas  anteriores  e  os  novos  procedimentos  foram  elaborados  considerando‐se  a 
integração dos alunos da UCB na equipe.   Atividades de Campo 
Os novos procedimentos foram construídos a partir das discussões, entre UCB/CAU e GDF, a  As atividades desempenhadas, em campo, para subsidiar o desenvolvimento de projetos de 
que  se  sucederam  o  Acordo  de  Cooperação  Técnica  e  o  Plano  de  Trabalho.  Teve  como  modificação, reforma, casa nova e desistência foram:  
embasamento  atender  as  atribuições  de  cada  uma  das  partes  no  sentido  de  coordenar  os 
produtos e resultados em respeito ao definido em cronograma.   1) Diálogo com os moradores, explicando a importância de se morar bem, com segurança e 
salubridade. 
Foram designadas as seguintes etapas: 
2) Preenchimento de ficha cadastral, através de um questionário ao morador.  
ETAPA FORMADORA DE EQUIPE  3)  Verificação  da  condição  do  imóvel,  o  que  conduzia  à  etapa  seguinte,  da  abordagem  e 
Consistiu  na  capacitação  e  o  treinamento    teórico  e  prático  da  equipe  envolvida.  O  grupo  prestação de esclarecimentos aos moradores, conforme uma das três situações encontradas: 
piloto foi formado entre junho e agosto de 2012 a partir de uma carga horária de 24 horas,  (i) A modificação e reforma, quando a casa estava em condições de ser habitada, porém 
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mediante a necessidade de melhorias. A equipe divide as tarefas.   6. RESULTADOS
(ii) Uma nova unidade habitacional, quando a casa encontrava‐se em péssimas condições 
de moradia, principalmente no quesito salubridade. Um exemplo são as casas de Madeirit  A própria construção do Projeto, tanto da formação do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo 
ou  em  precárias  condições  de  construção,  ventilação  e  iluminação.  Neste  caso,  o  quanto  do  Acordo  de  Cooperação  Técnica,  concorreu  para  o  fortalecimento  das  bases 
proprietário  assinava  o  formulário  até  a  construção  da  casa  nova.  Sendo  esta  nova  formadoras  do  Curso  e  para  a  convergência  com  os  princípios  institucionais.  Da  mesma 
unidade  um  projeto  padrão  do  GDF  que  contém  dois  quartos,  sala,  cozinha  e  banheiro,  maneira,  o  alinhamento  deste  Projeto  às  diretrizes  extensionistas  possuiu  como  meta 
num total de 48m².  principal o fortalecimento da comunidade envolvida. 

(iii)  A  desistência  ocorria  quando  a  casa  apresentava  boas  condições  de  segurança,  Desta forma, podemos considerar, como resultados alcançados para o Curso e para a UCB: 
conforto, e portanto, as melhorias feitas pelo GDF não se aplicariam. Casas com invasão  a) Fortalecimento do Projeto Pedagógico do Curso ; 
de área pública ou de dois pavimentos também configuravam este tipo de situação.  
O Curso propõe atividades que superam os espaços da sala de aula e focam na aprendizagem 
4) Levantamento físico da residência (medição);  colaborativa.  Fortalecendo  os  princípios  da  UCB  e  do  Projeto  Pedagógico  do  Curso,  o  NAU 
5) Desenvolvimento de croquis;  promove,  a  partir  da  extensão,  a  convergência  entre  a  formação  pessoal,  profissional  e 
social.  
6) Levantamento fotográfico; 
b) Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão; 
Fig. 1 – Levantamento físico da residência (medição) e desenvolvimento de croquis
O desenvolvimento das atividades do ACT consolida o Núcleo de Arquitetura e Urbanismo – 
NAU,  e  contribuiu  com  insumos  para  a  conexão  com  a  graduação,  por  meio  da  disciplina 
específica, assim como, abriu o caminho  para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa, 
dentro deste mesmo universo, ainda em desenvolvimento. 
c) Temática de interesse social; 
Os assuntos tratados e discutidos no decorrer do trabalho contribuem para a  produção de 
conhecimentos que contribuem para a solução dos problemas humanos, sociais e ambientais 
detectados na intervenção social. 
d) Implementação do Plano Estratégico, a Missão e a Visão da UCB; 
 
O  conteúdo  do ACT  concerne  aos  princípios  gerais  da  UCB    em torno  da  extensionalidade, 
Fonte: NAU/CAU-UCB
indissociabilidade e pastoralidade, e às diretrizes da Política de Extensão, no que diz respeito 
 
a  aspectos  de  inovação,  desenvolvimento  sustentável  e  justiça  social  em  dimensão  local  e 
PRODUTO 1: RELATÓRIO DO LEVANTAMENTO DE CAMPO    regional. 

Atividades de Ateliê  Como resultados alcançados para a Comunidade, é possível ponderar: 

As informações coletadas em campo foram organizadas em dois tipos de documentos:  a) Fortalecimento da autonomia da Comunidade; 

Planilhas  com  a  organização  de  dados  para  possibilitar  posteriormente  a  definição  das  A melhoria da habitação e o resgate de suas condições de salubridade e segurança desperta 
melhorias a serem empreendidas e o orçamento detalhado para obra (pelo GDF), seguindo  ou  fortalece  o  sentimento  do  morador  de  pertencer  à  comunidade,  firma  os  vínculos  de 
matriz disponibilizada em treinamento pela CODHAB  vizinhança,  insere  socialmente  os  indivíduos  e  abre  caminhos  rumo  a  valores 
constitucionalmente  reconhecidos,  como  o  direito  à  cidade  e  ao  meio  ambiente  saudável. 
PRODUTO 2:  SISTEMATIZAÇÃO DA PESQUISA (Arquivo em formato .xls)  Entende‐se  que  a  partir  destes  avanços  e  da  estabilidade  das  condições  de  moradia 
Transposição  de  desenhos  do  levantamento  físico  para  programa  computacional  (Revit  –  conquistada, o desenvolvimento da comunidade tende a transcender a questão habitacional 
Autodesk)  que  serviram  de  base  para  a  elaboração  de  projetos  de  modificação  e  reforma  e  se  desdobrar  para  outros  âmbitos  como  socioeconômico,  emprego  e  renda,  educação, 
(pelo GDF), seguindo padronização disponibilizada em treinamento pela CODHAB  entre outros. 
PRODUTO  3:  DESENHO  DO  LEVANTAMENTO  FÍSICO  DA  EDIFICAÇÃO  (Arquivo  em  formato  b) Difusão e ampliação de conhecimentos para a Comunidade; 
.rvt)  As discussões entre equipe e comunidade, sobre as condições da moradia, deflagradas desde 
Nesta etapa foram previstos os procedimentos de correção após revisão do GDF.  os  primeiros  momentos  do  levantamento,  proporciona  a  divulgação  aos  moradores  de 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  97    XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  98 

importantes quesitos referentes à: segurança da construção, salubridade, higiene e conforto  previstas para o próximo ano. 
ambiental,  acessibilidade,  técnicas  construtivas,  soluções  dos  problemas  espaciais  de 
Como  aprendizado  do  processo,  nesta  primeira  experiência  do  ACT,  alguns  problemas 
maneira geral. Desta forma, é disponibilizada ao morador, no levantamento e na análise da  detectados  podem  ser  melhor  analisados,  juntamente  dos  resultados  positivos,  para 
edificação  e  no  questionário  sobre  seus  anseios,  conhecimentos  sobre  a  importância  da 
consolidarem  ajustes  no  planejamento  das  atividades  da  continuidade  do  Acordo.  Quais 
razoável  ventilação  para  a  saúde  e  conforto  dos  ocupantes,  da  aplicação  de  acabamentos  sejam: 
para  a  higienização  do  lugar,  do  planejamento  do  espaço  para  atender  a    segurança,  a 
circulação  e  a  acessibilidade,  da  existência  e  manutenção  de  redes  para  a  salubridade  e  a)  a  visita  de  campo,  não  comunicada  previamente  ao  morador,  gera,  muitas  vezes,  a 
conservação do meio, dentre tantos.  dificuldade de se encontrar os responsáveis em casa. 
c) Estreitamento de relações entre Universidade e Comunidade;       b) a morosidade do processo e a falta de um cronograma preciso, desperta na comunidade o 
sentimento de descrença com relação à efetiva realização da obra. 
O  contato  é  bastante  direto  com  a  Comunidade  e  se  dá  de  maneira plena,  uma  vez  que  o 
encontro  acontece  dentro  de  suas  próprias  residências.  Ainda  que  a  UCB  não  seja  a  c) outra questão avaliada e iniciada pela equipe do ACT, foi a necessidade da retomada do 
interlocutora principal no processo, a realização da primeira entrevista e dos levantamentos  trabalho social, mais amplo, de explicação do programa a comunidade como um todo, não 
cadastral  e  físico  abre  um  significativo  canal  de  comunicação  porque  permite  conhecer  os  somente  aos  contemplados,  fortalecendo  e  renovando  os  laços  com  as  lideranças 
anseios  e  aspirações  da  população,  bem  como  suas  maiores  dificuldades  e  entraves.  O  comunitárias.  Este  procedimento  havia  sido  realizado  apenas  inicialmente  nas  primeiras 
estreitamento das relações com a comunidade descortina novas possibilidades de apoio ao  etapas  do  trabalho  pelo  GDF,  há  mais  de  um  ano.  As  iniciativas  de  retomada  do  contato 
seu  desenvolvimento,  seja  por  meio  das  outras  linhas  de  atuação  do  próprio  NAU  ou  de  social ocorreram nos últimos 30 dias do cronograma, que deverá ser continuado nas etapas 
outros trabalhos extensionistas da UCB.  seguintes.  
d)  a  previsão  inicial  da  análise  conjunta,  entre  GDF  e  UCB,  sobre  os  resultados  finais 
Os resultados em termos numéricos 
alcançados  não  ocorreu.  Os  insumos  do  trabalho  poderiam  ser  revertidos,  com  base  em 
O  cronograma  das  atividades  propriamente  ditas,  previu  90  dias  para  a  realização  do  avaliações sistemáticas, na revisão das novas formas de atuação capazes de serem replicadas 
levantamento  em  262  unidades.  Algumas  questões  climáticas  e  de  logística  de  transporte  em outras áreas atendidas pelo Programa de Melhorias Habitacionais. 
(parte  providenciada  pela  Secretaria),  foram  algumas  das  causas  para  que  o  número 
inicialmente planejado para o total de levantamentos não se concretizasse.  
7. CONCLUSÕES
Este fator levou a um novo planejamento de atividades que estabeleceu, com a anuência da 
Caixa  Econômica  (responsável  pelo  repasse  de  recursos),  uma  subdivisão  do  trabalho  de  A  maior  parte  das  Cidades‐Satélites  de  Brasília,  criadas  para  alocar  trabalhadores 
campo, no sentido de concluir os projetos do conjunto já levantado e adiar para o próximo  assalariados de poder aquisitivo muito aquém das ofertas do Plano Piloto, como é o caso da 
período  a  retomada  das  visitas.  Desta  forma,  adequa‐se  também  o  período  letivo,  então  cidade  de  Ceilândia,  apresentam  uma  situação  urbana  caracterizada  pela  baixa  oferta  de 
encerrado para os alunos integrantes da equipe.  infraestrutura,  equipamentos  públicos,  segurança  e  habitabilidade.  As  condições  da 
O trabalho, em resultados numéricos, pode ser apresentado da seguinte forma:  autoconstrução  colocam  em  risco  a  estabilidade  e  a  salubridade  das  residências  e  os 
impactos ambientais  são desastrosos  e  podem  ser  entendidas  como  resultado  da ausência 
1) 190 unidades visitadas ao total, onde as equipes subdivididas puderam conversar com as 
do Poder Público nestas áreas, durante décadas, e de sua baixa capacidade de investimentos. 
famílias e estabelecer os procedimentos que dessem a devida sequência ao trabalho; 
O  Acordo  de  Cooperação  Técnica  se  desenvolve  num  contexto  de  resgate  da  atuação 
2) 57 desistências 
governamental  sobre  áreas  de  interesse  social.  A  parceria  com  a  Universidade  tem  o 
3) 60 casas novas  potencial  de  união  de  esforços  e  fortalecer  a  exequibilidade  dos  projetos  de  maneira 
4)  73  unidades  visitadas  aptas  a  receberem  as  melhorias  habitacionais.  Resultaram  no  multidisciplinar e em tempo hábil.  
universo  de  trabalho  desenvolvido  também  em  ateliê.  Os  alunos  integrantes  de  cada  O  objetivo  da  ação  componente  do  Programa  de  Melhorias  Habitacionais,  realizado  entre 
subequipes  tiveram  a  oportunidade  de  realizar  as  medições  da  residência,  os  croquis  de  setembro  e  novembro  de  2012,  na  QNR  5,  pela  equipe  NAU/ACT,  é  o  de  melhorar  a 
levantamento, o inventário fotográfico e a transposição do levantamento para o desenho por  qualidade  de  vida  da  população,  através  da  assistência  técnica,  que  visa  suprir  de  saúde, 
programa  computacional,  base  da  continuidade  do  processo,  que  tem  como  etapa  final  a  conforto  e  segurança  cada  uma  das  unidades  habitacionais  participantes  do  processo.  A 
realização das obras de melhorias.  moradia digna, entendida como direito universal, assim como, a necessidade de se promover 
Assim, o conjunto resultante deste projeto piloto foi entregue, pela equipe NAU/ACT ao GDF,  o  desenvolvimento  habitacional  e  urbano  da  população  são  os  princípios  que  unem  o 
para  o  desenvolvimento  dos  projetos  complementares,  especificação,  detalhamentos,  trabalho realizado e parte das metas da Extensão da UCB. 
planilhas orçamentárias e demais encaminhamentos necessários para a execução das obras,  O trabalho junto à comunidade externa, associado à dinâmica dos programas de atuação do 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Poder Público, antes de tudo, aproximam o aluno do Curso de Arquitetura e Urbanismo da  Um relato do CAU/RS sobre a Prática Profissional Assistida nas 
UCB,  ‐    especificamente,  o  aluno  envolvido  nas  ações  de  extensão,‐    das  realidades 
arquitetônica  e  urbana  brasileiras,  suas  verdadeiras  necessidades  e  da  compreensão 
escolas de Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul  
absoluta da dimensão social formadora da profissão do arquiteto e urbanista. 
Nirce Saffer MEDVEDOVSKI 
CEF CAU RS; [email protected] 
7. REFERÊNCIAS Carlos Eduardo PEDONE 
CEP CAU RS;  carlos [email protected] 
BUENO, Laura Machado de Mello. O Tratamento Especial de Fundos de Vale em Projetos de Urbanização em  Marindia GIRARDELLO 
Assentamentos Precários como Estratégia de Recuperação das Águas Urbanas. In: Seminário Nacional sobre  CAU RS; [email protected] 
Regeneração Ambiental das Cidades, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2005.  RESUMO 
O tema da prática assistida tem sido um dos eixos condutores das ações da Comissão de Ensino e Formação do 
CHAFFUN, Nelson. Dinâmica global e desafio urbano. In: Nabil Bonduki (Org.). Habitat – As práticas bem  CAU/RS. Esta apresenta, juntamente com a Comissão de Exercício Profissional, o relato do trabalho do ano de 
sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo: Studio Nobel, 1997.  2014. Foram realizados seminários com as escolas do RS, entrevistas com as coordenações, e pesquisa na mídia 
MARICATO, Ermínia. Contribuição para um plano de ação brasileiro. In: Nabil Bonduki (Org.). Habitat – As  da divulgação de atividades relativas à prestação de serviços a terceiros. Verificou‐se que há 4 formas básicas – 
práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo:  estágio,  disciplina,  escritório  modelo  e  projetos  de  extensão  ou  de  pesquisa  aplicada.  O  estudo  regionalizou 
Studio Nobel, 1997.  com dados do SICCAU e IGEO os dados relativos ao número de profissionais e empresas como possível espaço 
de prática assistida para os alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. Conclui‐se como aspectos positivos 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 2008.  da  prática  assistida:  ganho  acadêmico  na  preparação  para  o  exercício  profissional,  prestação  de  serviços  à 
Elaboração: Centro de Estatística e Informações / Fundação João Pinheiro  comunidade e abertura de campos de trabalho. Como pontos negativos foram elencados: concorrência desleal 
PELUSO, Marília. Contradições e conflitos no espaço de classes: cento versus periferia. In Paviani, Aldo  com profissionais liberais e empresas privadas; redução do campo de trabalho pelo “status” e “monopólio” do 
(org).Urbanização e metropolização. Brasília: Editora Universidade de Brasília, CODEPLAN, 1987.  conhecimento  pelas  IES  e  baixa  efetividade  e  pequena  abrangência  das  atividades  práticas  em  relação  à 
totalidade dos alunos do curso. Como encaminhamentos: discussão junto ao MEC da prevalência da exigência 
PAVIANI, Aldo. Brasília, a metrópole em crise: ensaios sobre urbanização. Brasília: Editora Universidade de  de  titulação  acadêmica  para  o  exercício  da  docência  em  detrimento  da  prática  profissional  e  garantir  a 
Brasília, 1989.  implantação da responsabilidade prática pelas IES.  Finalizando, foi lançada a sugestão de patrocínio do CAU/RS 
Legislação  para promoção de educação continuada pelas IES em suas áreas de excelência. 
BRASIL. Lei Federal nº10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Brasília, 2001.  PALAVRAS‐CHAVE: Prática assistida; prestação de serviços; extensão; formação continuada. 
BRASIL. Lei Federal nº11.888, de 24 de dezembro de 2008. Lei de Assistência Técnica. Brasília, 2008. 
Sítios Eletrônicos  1. INTRODUÇÃO
<http://www.regularizar.df.gov.br/pages/regularizacoes‐andamento/ceilandia/index.php> Acesso em 
15/09/2012  O XXXIII Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo  elegeu como seu tema 
<http://www.iabsp.org.br/sustentabilidade_inovacao_na_habitacao_popular.pdf> Acesso em 12/09/2014 
central  para  o  ano  de  2014,    “O  Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo:  Teoria  e  Prática”, 
propondo dois Eixos Temáticos: 1) na Graduação: estágio supervisionado; assistência técnica; 
<http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/biblioteca/textos/ferreira_2012_produzirhab_cidades.p canteiros  experimentais;  práticas  pedagógicas;  extensão  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  e  2) 
df>Acesso em 12/09/2014 
na  Educação  Continuada:  Latu  sensu;  strictu  sensu;  residência  técnica,  aperfeiçoamento, 
   
capacitação.  

Procurando  contribuir  com  o  debate  no  primeiro  eixo  temático,  e  o  encaminhamento  de 
alternativas  que  contribuam  para  a  qualificação  do  ensino  da  Arquitetura  e  Urbanismo,  o 
Conselho  de  Arquitetura  e  Urbanismo  do  Rio  Grande  do  Sul  ‐  CAU  RS,  através  de  sua 
comissão de Ensino e Formação apresenta o relato do trabalho realizado no decorrer do ano 
de 2014, por iniciativa conjunta desta comissão e da Comissão de  Exercício Profissional. 

                                                            
1
 Contribuição: Conselheiros do CAU/RS da Comissão de Ensino e Formação: Claudio Fischer, Luiz Antônio Machado 
Veríssimo, Nino Roberto Schleder Machado, Paulo Ricardo Bregatto e Conselheiro suplente Alexandre Couto Giorgi. 
Conselheiros do CAU/RS da Comissão de Exercício Profissional: Clarissa Monteiro Berny, Maria Bernadete Sinhorelli de 
Oliveira e Rosana Oppitz. Arquitetos e Urbanistas: Marina Leivas Proto e Antônio César Cassol. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  101   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  102 

Inicialmente  as  duas  Comissões  Permanentes  receberam  do  plenário  do  CAU/RS  a  instituições  de  ensino  que  ministram  curso  de  arquitetura  e  urbanismo  quanto  a  sua 
incumbência de preparar uma plenária extraordinária temática para tratar das instituições de  natureza  jurídica,  bem  como  o  levantamento  de  todos  os  organismos  de  atuação  destes 
ensino superior que prestam serviços de Arquitetura e Urbanismo. Esta solicitação partiu de  cursos  junto  à  sociedade  (laboratórios,  escritórios  técnicos,  escritórios  modelo,  grupos  de 
inquietações que vinham por parte das duas comissões e que são abaixo enunciadas:  pesquisa e extensão). 

 Há invasão do campo profissional por parte das instituições de ensino? Configura‐se 
uma  concorrência  desleal,  as  unidades  acadêmicas  utilizando  o  respaldo  da  2. REVISÃO DA LEGISLAÇÃO DO CAU
instituição, seja material, seja de um nome construído junto a comunidade? 
  As  atividades  de  prestação  de  serviços  desenvolvidas  por  docentes,  técnicos  A relação do CAU com as escolas de arquitetura e urbanismo se desenvolve em três âmbitos: 
administrativos e discentes realiza o RRT (Registro de Responsabilidade Profissional)?  o  do  registro  dos  profissionais  que  exercem  a  docência,  o  da  emissão  dos  registros  dos 
egressos e o da fiscalização caso as escolas realizem prestação de serviços de arquitetura e 
  Está  ocorrendo  a  prática  assistida?  Ela  atinge  a  totalidade  dos  alunos?  A  prática  urbanismo. 
assistida  é  a  forma  da  universidade  se  vincular  à  realidade  profissional?  Ao  prestar 
esses serviços, a universidade está a serviço da comunidade?  2.1 REGISTRO DE ARQUITETOS E URBANISTAS QUE EXERCEM DOCÊNCIA 
Desde o ano de 2012 a CEF/CAURS vem tratando da questão das dificuldades das faculdades  Foi efetuado o levantamento inicial dos dispositivos legais que tratam do  Registro junto ao 
de  arquitetura  e  urbanismo  para  proporcionar  aos  estudantes  o  aprendizado  prático  da  CAU em sua lei de formação e resoluções que a regulamentam. Iniciou‐se pela lei 12.378 de 
profissão. Em 2013 foi realizado o Seminário Prática Assistida em Arquitetura e Urbanismo1  31 de Dezembro de 2010 que no Art. 2° estabelece as atividades e atribuições do arquiteto e 
com  convite  a  todas  as  instituições  de  ensino  do  RS  com  vista  a  obter  informações  sobre  urbanista, sendo que em seu item VIII especifica as atividades vinculadas ao ensino formal: 
como  está  se  dando  esse  aprendizado.  Verificou‐se  que  há  4  formas  básicas  –  estágio,  “...treinamento, ensino, pesquisa e extensão universitária”. 
disciplina,  escritório  modelo  e  projetos  de  extensão  ou  de  pesquisa  aplicada,  sendo  
constatado  que  somente  a  forma  de  oferta  através  da  formalização  do  estágio  como  O texto torna claro que as ações desenvolvidas por arquitetos e urbanistas que exercem sua 
conteúdo  obrigatório  de  um  curso  é  a  que    abrange  a  totalidade  dos  alunos  do  mesmo.  A  profissão como professores são parte das atividades e atribuições do arquiteto e urbanista . 
prestação de serviços para terceiros é uma dessas formas de oferta de experiência de prática  Estas,  portanto,  deveriam  ser  registradas  por  meio  de  RRT,  pois  conforme  o  Art.  45  da 
profissional elencada. Os resultados do Seminário foram apresentados em plenária e o tema  mesma  lei:  “Toda  realização  de  trabalho  de  competência  privativa  ou  de  atuação 
da responsabilidade profissional frente a beneficiário final, aliado às questões levantadas na  compartilhada  com  outras  profissões  regulamentadas  será  objeto  de  Registro  de 
ocasião,  levou  a  proposta  de  um  trabalho  conjunto  entre  as  duas  comissões,  CEF  e  CEP,  Responsabilidade Técnica RRT”. 
procurando esclarecer a abrangência (todos os alunos tem experiência de pratica assistida?) 
Porém esta obrigatoriedade é questionada pelo decreto presidencial n° 5.773 de 9 de maio 
e  as  responsabilidades  advindas  dessa  prática,  bem  como  debater  a  polêmica  questão  da 
de 2006, que em seu artigo 69 declara que “...o exercício de atividade docente na educação 
prestação de serviços configurar‐se em concorrência aos próprios egressos das instituições.  
superior não se sujeita a inscrição do professor em órgão de regulamentação profissional. 
Como metodologia do trabalho, foram coletadas informações junto ao Setor de Fiscalização 
do CAU RS, busca de dados junto ao sistema SICCAU2 e IGEO3, realização de entrevistas com  2.2 REGISTRO DE EGRESSOS DAS ESCOLAS DE ARQUITETURA E URBANISTAS PELO CAU 
informantes qualificados (diretores das escolas, coordenadores de curso, coordenadores de  A lei 12.378/2010 em seu Art. 4° expõe a relação das escolas com o CAU para fins de registro 
escritórios,  núcleos  de  pesquisa  e  extensão)  e  pesquisa  bibliográfica  referente  a  legislação   dos  egressos.  “O  CAU/BR  organizará  e  manterá  atualizado  cadastro  nacional  das  escolas  e 
universitária sobre o tema da prestação de serviços.   faculdades de arquitetura e urbanismo, incluindo o currículo de todos os cursos oferecidos e 
os projetos pedagógicos”. 
As  duas  comissões  inicialmente  solicitaram  à  Fiscalização  do CAU  RS  um  levantamento  das 
denúncias  ou  consultas  recebidas  sobre  o  tema.  Foi  também  realizada  uma  pesquisa  das  Este cadastro se faz necessário, visto que uma das exigências para o registro do arquiteto e 
                                                             urbanista no Conselho é o diploma de graduação emitido em instituição de ensino superior 
oficialmente  reconhecida  pelo  poder  público  e  este  registro  os  habilita  a  atuar  em  todo 
1
 Realizado dias 12 e 13 de setembro de 2013, palestras dos conselheiros federais José Geraldine Júnior e Cesar Dorfmann,  território  nacional.  Cabe  ao  CAU,  enquanto  autarquia  responsável  pelos  registros 
do médico Rogério Aguiar, presidente do Conselho de Medicina do RS, do estudante Vitor Halpen representando a FENEA, 
profissionais, certificar‐se da regularidade das instituições de ensino perante o MEC.
dos professores Alessandra Brito da FEEVALE, Helena Salvatori da UFRGS, Noé Vega da UCPEL, Nirce Saffer Medvedovski da 
UFPEL e com a presença de 24 escolas, sendo que 12 escolas apresentaram trabalhos sobre as práticas que adotam. 
2.3 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS PELAS IES 
2
 Sistema de Informação e Comunicação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. 
A lei 12.378/2010, em seu Artigo. 10, em seu Paragrafo único, determina que: 
3
 Sistema de Inteligência Geográfica do CAU. 
Os  arquitetos  e  urbanistas,  juntamente  com  outros  profissionais,  poder‐se‐ão 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  103   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  104 

reunir  em  sociedade  de  prestação  de  serviços  de  arquitetura  e  urbanismo,  nos  ou privado:  
termos das normas de direito privado, desta Lei e do Regimento Geral do CAU/BR.  
§ 1° Enquadram‐se na situação deste artigo as seções técnicas das pessoas jurídicas 
Em seu paragrafo único o Artigo 10 determina que estas sociedades deverão cadastra‐se no  de direito privado e das de direito público, dos órgãos da administração direta, das 
CAU:  autarquias e das fundações que desenvolvam atividades privativas de arquitetos e 
urbanistas  ou  compartilhadas  entre  estes  e  outras  profissões  regulamentadas,  no 
Sem  prejuízo  do  registro  e  aprovação  pelo  órgão  competente,  a  sociedade  que  caso de terem entre seus responsáveis técnicos arquitetos e urbanistas. 
preste  serviços  de  arquitetura  e  urbanismo  dever‐se‐á  cadastrar  no  CAU  da  sua 
sede,  o  qual  enviará  as  informações  ao  CAU/BR  para  fins  de  composição  de  Pela  analise  da  legislação  acima  citada,  entendemos  que  as  instituições  de  ensino  de 
cadastro unificado nacionalmente.  arquitetura e urbanismo que venham a prestar serviços de arquitetura e urbanismo através 
de suas seções técnicas, deverão registrá‐las junto ao CAU de sua região. 
As  universidades  são  pessoas  jurídicas  que  podem  desenvolver,  além  de  suas  atividades 
acadêmicas,  a  prestação  de  serviços  de  Arquitetura  e  Urbanismo  devendo,  portanto,  Quanto  ao  polêmico  tema,  de  que  se  as  faculdades  de  arquitetura  e  urbanismo  devam 
cadastrar‐se  no  CAU  de  sua  sede,  cumprindo  ainda  com  todos  os  procedimentos  exigidos  desenvolver  atividades  de  cunho  prático,  voltemos  as  Diretrizes  Curriculares  Nacionais  do 
para o registro de empresas.   Curso de Arquitetura e Urbanismo.  

Entendemos  que  a  Resolução  CAU/BR  n°28,  de  06  de  Julho  de  2012  que  dispõe  sobre  Na  Resolução  n°2,  de  17  de  Junho  de  2010,  do  MEC  dois  importantes  tópicos  são 
registro de pessoa jurídica no CAU, no seu Art. 1°, esclarece e desenvolve melhor este tema.  mencionados:  a  necessária  integração  entre  teoria  e  prática  e  a  necessidade  do  projeto 
pedagógico  especificar  a  “concepção  e  composição”  das  atividades  de  estágio 
Em cumprimento ao disposto na Lei n° 12.378, de 31 de dezembro de 2010, ficam  supervisionado.
obrigadas ao registro nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do 
Distrito Federal (CAU/UF):  Conforme o Art 3°:   
 I  ‐  as  pessoas  jurídicas  que  tenham  por  objetivo  social  o  exercício  de  atividades  O projeto pedagógico do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, além da 
profissionais privativas de arquitetos e urbanistas;   clara  concepção  do  curso,  com  suas  peculiaridades,  seu  currículo  pleno  e  sua 
II  ‐  as  pessoas  jurídicas  que  tenham  em  seus  objetivos  sociais  o  exercício  de  operacionalização, deverá incluir, sem prejuízos de outros, os seguintes aspectos: 
atividades  privativas  de  arquitetos  e  urbanistas  cumulativamente  com  atividades  IV ‐ modos de integração entre teoria e prática;  
em  outras  áreas  profissionais  não  vinculadas  ao  Conselho  de  Arquitetura  e 
Urbanismo;   VII ‐ incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e 
como instrumento para a iniciação científica; 
 III  ‐  as  pessoas  jurídicas  que  tenham  em  seus  objetivos  sociais  o  exercício  de 
atividades  de  arquitetos  e  urbanistas  compartilhadas  com  outras  áreas  IX  ‐  concepção  e  composição  das  atividades  de  estágio  curricular  supervisionado 
profissionais, cujo responsável técnico seja arquiteto e urbanista.  em  diferentes  formas  e  condições  de  realização,  observados  seus  respectivos 
regulamentos; 
Ainda na Resolução 28, encontramos no Art. 20: 
Nestes  parágrafos  anteriores  buscou‐se  reunir,  seja  entre  as  normativas  das  universidades 
A pessoa jurídica que, na forma de seus atos constitutivos ou em razão do objeto  bem como na legislação do CAU, o que dizia respeito as responsabilidades e o entendimento 
social  ou  das  atividades  efetivamente  desenvolvidas,  mantenha  seção  técnica  por  de como a universidade deva conduzir as questões relativas ao ensino vinculada ao tema da 
meio da qual preste ou execute, para si ou para terceiros, obras ou serviços técnicos 
que  se  enquadrem  nas  atividades,  atribuições  ou  campos  de  atuação  profissional 
prática. 
da Arquitetura e Urbanismo, está obrigada ao registro da referida seção no CAU/UF 
da localidade da sua sede. 
Pelo exame da legislação, entende‐se que, cabe a universidade a responsabilidade de pensar 
os “modos de integração entre teoria e prática”. A CEF e CEP percebem que, caso essa oferta 
Nota‐se  que  o  Art.  20  dá  as  duas  possibilidades:  a  pessoa  jurídica  poderá  ter  especificado  de integração entre teoria e prática seja capitaneada pelas instituições de ensino, que essa 
como  seu  objeto  social  a  prestação  de  serviços  de  arquitetura  e  urbanismo  ou  poderá  ter  seja registrada como seção técnica, identificando o(s) seu(s) responsável técnico e que estes 
atividades efetivamente desenvolvidas através de seção técnica. Em ambos está obrigada a  efetuem o RRT da atividade correspondente.  
efetivar o registro no CAU da sua respectiva unidade da federação. 
A  concepção  da  responsabilidade  de  vínculo  da  universidade  com  sua  comunidade 
As  referidas  unidades,  como  Escritório  Técnico,  Escritório  Modelo,  Institutos,  Núcleos, 
encontram‐se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB ‐ Lei Nº9.394/96:
Laboratórios, Prefeituras Universitárias etc, podem ser entendidas como  “seção técnica”, já 
que podem ser enquadradas nas modalidades de pessoa jurídica  que “... preste ou execute,  Art. 43º A educação superior tem por finalidade:  
para  si  ou  para  terceiros,  obras  ou  serviços  técnicos  que  se  enquadrem  nas  atividades,  II ‐ formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção 
atribuições ou campos de atuação profissional da Arquitetura e Urbanismo...”.   em  setores  profissionais  e  para  participação  no  desenvolvimento  da  sociedade 
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; 
Este fato é reafirmado no paragrafo 1° do Art. 20, enquadrando todas as modalidades dentro 
das quais podem incluir‐se as faculdades de arquitetura e urbanismo, seja de direito publico  VI ‐ estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  105   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 106 

nacionais  e  regionais,  prestar  serviços  especializados  à  comunidade  e  estabelecer  estrutura,  patologia,  técnicas  retrospectivas,  etc.)  e  escritórios  modelos.  Como  ofertas 
com esta uma relação de reciprocidade;   externas de prática assistida, foi pesquisada a possível oferta em empresas de Arquitetura e 
VII  ‐  promover  a  extensão,  aberta  à  participação  da  população,  visando  à  difusão  Urbanismo  e  profissionais  liberais  atuantes  na  área.  Salienta‐se  que  este  mapeamento  foi 
das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e  feito através do cruzamento de dados do SICCAU e do IGEO de profissionais registrados no 
tecnológica geradas na instituição. 
CAU e apresentam uma série de gráficos que demonstram o estudo realizado. 
 Em seu Art. 52º esclarece: 
3.1 O PANORAMA DOS ARQUITETOS E EMPRESAS SEGUNDO AS REGIÕES DA SEP – 
As  universidades  são  instituições  pluridisciplinares  de  formação  dos  quadros  SECRETARIA ESTADUAL DE PLANEJAMENTO 
profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do 
saber humano, que se caracterizam por:  Utilizando o banco de dados dos IGEO e SICCAU procurou‐se colocar a situação das escolas 
 I ‐ produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas  do Rio Grande do Sul bem como sua localização. Para isto o estudo usa como base a divisão 
e  problemas mais relevantes,  tanto do ponto  de  vista científico  e  cultural,  quanto  do  estado  em  regiões  estabelecido  pela  Secretaria  Estadual  de  Planejamento,  a  qual 
regional e nacional;  subdivide o Rio Grande do Sul em 9 regiões (figura 1). 
Em seu Art. 53º coloca:   Figura 1 – Rio Grande do Sul ‐  Regiões da SEP – Secretaria Estadual de Planejamento

No exercício da sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de 
outras, as seguintes atribuições:  
III  ‐  estabelecer  planos,  programas  e  projetos  de  pesquisa  científica,  produção 
artística e atividades de extensão;  
VII ‐ firmar contratos, acordos e convênios 

Há,  portanto  um  desejo  da  sociedade,  expresso  na  LDB,  de  que  as  universidades  estejam 
inseridas em suas comunidades, cabendo a educação superior “ ...estimular o conhecimento 
dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços 
especializados à comunidade”.  

Como  estão  sendo  realizadas  essas  ações?    Se  buscarmos  através  das  oportunidades  de 
estágio  curricular  supervisionado,  inserir  os  alunos  nos  escritórios  de  arquitetura  e 
urbanismo ou em empresas que prestam serviço na área resta‐nos a dúvida, existirão estes 
em  número  suficiente  e  distribuídos  regionalmente  para  atender  a  demanda  de  vagas  por 
estágios?  

Todas  as  atribuições  do  arquiteto  e  urbanista  encontrarão  no  mercado  e  nas  instituições 
públicas a oportunidade de ser vivenciadas através de um estágio supervisionado? Ou temos 
algumas  práticas,  como  processos  participativos  voltados  para  habitação  social, 
requalificação  de  áreas  degradadas,  planos  de  habitação  e  planos  diretores,  que  ficarão 
 
inacessíveis  aos  alunos,  caso  o  “mercado”  não  os  ofereça?  Caberá  à  universidade  oferecê‐
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013. 
las? E a inovação, não cabe a universidades avançar o conhecimento e concretiza‐lo através 
da experimentação?  Está em trâmite o cadastramento de uma vigésima oitava Instituição, porém até o presente 
momento  são  27  Instituições  de  ensino  cadastradas  junto  ao  CAU/RS  com  2.281  vagas  de 
oferecidas nos cursos de Arquitetura e Urbanismo no ano de 2013 e 776 alunos egressos no 
3. OFERTAS EXTERNAS E INTERNAS DE PRÁTICA ASSISTIDA mesmo ano. 

As duas comissões buscaram analisar qual seriam as possibilidades que os alunos teriam de  Neste conjunto, estão subdivididas em 4 Instituições Públicas e 23 Instituições Privadas. Em 
ter uma experiência de prática assistida e consideraram que as universidades, para cumprir  relação  à  inserção  destas  Instituições  na  comunidade,  foi  encontrado  apenas  3  Faculdades 
com as Diretrizes Curriculares de Arquitetura e Urbanismo bem como a sua missão junto à  classificadas  como  particulares  em  sentido  restrito  não  sendo,  portanto,  filantrópicas, 
sociedade  preconizada  pela  LDB,  devem  intermediar  oportunidades  de  estágio  extra  confessionais, comunitárias e de utilidade pública. Neste contexto, podemos afirmar que há, 
universidade e oferecer oportunidades de prática através de disciplinas, extensão, pesquisa  de  forma  geral,  um  envolvimento  forte  das  universidades  do  estado  do  Rio  Grande  do  Sul 
aplicada  e  laboratórios  de  serviços  técnicos  especializados  (conforto,  eficiência  energética,  com  a  comunidade.  A  localização  e  a  classificação  em  categorias  administrativas  das 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  107   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  108 

Instituições no estado estão representadas na figura 02.  Figura 3 – Rio Grande do sul ‐ Relação entre Profissionais Liberais e Empresas por regiões da SEP 

Figura 2: Distribuição das universidades e classificação em categorias administrativas no estado do Rio Grande do Sul 

 
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013. 
Quadro 1 – Rio Grande do Sul ‐ quadro descritivo com o quantitativo de profissionais e empresas registradas por regiões da 
SEP 

  REG. 1  REG. 2  REG. 3  REG. 4  REG. 5  REG. 6  REG. 7  REG. 8  REG.9  Total 
Profissionais  5706   345  1106  178  573  251  115  522  481  9.277 
  Liberais 
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013.  registrados 
% sobre o total  61,5%  3,7%  11,9%  1,9%  6,2%  2,7%  1,3%  5,6%  5,2%  100% 
Segundo o Art.19 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), as Instituições de  de Profissionais 
ensino classificam‐se nas seguintes categorias administrativas:  Liberais 
registrados 
 Públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo 
Empresas  794  112  211  108  44  22  52  74  156  1.573 
Poder Público;   Registradas 

 Privadas,  assim  entendidas  as  mantidas  e  administradas  por  pessoas  físicas  ou  % sobre o total  50%  7,2%  13,4%  6,9  2,9%  1,5%  3,3%  4,8%  10%  100% 
de Empresas 
jurídicas  de  direito  privado,  podendo  enquadrar‐se  nas  seguintes  categorias:  Registradas 
particulares em sentido estrito, comunitárias, confessionais e filantrópicas.  
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013. Elaboração própria. 

3.1.1 Análise geral do estado  Esta é uma primeira  tentativa,  de  caráter quantitativo sem aprofundamento qualitativo, de 


comparar  os  dados  do  número  de  vagas  de  egressos  do  conjunto  de  instituições  das 
Como  ofertas  externas  de  prática  assistida,  analisando  o  Estado  como  um  todo  foram 
microrregiões  com  o  número  de  empresas  e  profissionais  atuantes  na  mesma.  Parte‐se  do 
pesquisadas  possíveis  ofertas  em  empresas  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  profissionais 
pressuposto  que  estes  são  locais  com  potencial  de  oferecer  estágio  orientado  por 
liberais  ativos  registrados1  no  CAU.  Este  levantamento  está  representado  na  figura  03  e 
profissional arquiteto e urbanista. 
quadro  01.  Tais  informações  foram  importadas  do  sistema  SICCAU  para  o  programa  IGEO, 
inserindo  através  de  camadas  diversas  variáveis  com  intuito  de  gerar,  também,  mapas  Na apresentação deste levantamento junto a Plenária do CAU RS1 os conselheiros alertaram 
temáticos por regiões.   que a grande parte das empresas em que atuam arquitetos urbanistas ainda tem seu registro 
  no  CREA,  assim  como  também  destacaram  que  há  grande  informalidade  na  prestação  de 
serviços  em  nosso  campo  profissional.  Também  foi  colocado  que  o  IGEO  ainda  tem 
                                                            
1
                                                            
 Profissionais registrados e ativos. Dados levantados no final do ano de 2013. Total de profissionais ativos 
1
registrados: 10.850 profissionais.   8ª Sessão Plenária Extraordinária ‐ Plenária Temática que ocorreu em 27 de Junho de 2014. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  109   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  110 

deficiência de material e informações, faltam dados de muitos profissionais, desta forma, foi 
alertado para o fato de que o Conselho não pode tomar medidas estratégicas baseado nestes 
dados, pois podem estar falhos. Seja para ampliar as oportunidades de estágio, seja para que 
se cumpra os fins últimos de um conselho profissional, o CAU/BR e o CAU/RS devem buscar 
maneiras de incentivar os profissionais a trabalharem na formalidade. 
Sabe‐se  que  faltam,  ainda,  os  dados  dos  órgãos  públicos  das  esferas  nacional,  estadual  e 
municipal e das empresas privadas não registradas no CAU, atuantes no ramo da construção 
civil  ambos  com  profissionais  arquitetos  e  urbanistas  integrantes  no  seu  quadro  técnico  e 
que  podem  ofertar  alternativas  de  estágios.    A  intenção  é  complementar  este  banco  de 
dados com informações que estão sendo coletadas pelo CAU/RS como, por exemplo: novos 
relatórios de fiscalização relativos a arquitetos que estejam trabalhando no serviço público e 
registro de seções técnicas de pessoas jurídicas de direito privado ou publico. 
Numa primeira análise, buscou‐se levantar o número de profissionais registrados no CAU e 
considerados  ativos,  por  região  da  SEP  onde  estão  cadastrados.  Foi  também  levantado  o 
número de empresas ativas. Como havia sobreposição dos dois cadastros, o número total de 
 
profissionais de cada região foi obtido através da estimativa de 1 profissional por empresa, 
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013. 
subtraindo então, o número de empresas do total de profissionais cadastrados na região.  Os 
dados estão apresentados no Quadro 1 e nas Figuras 3, 4 e 5.  Como resultado, puderam‐se  As empresas de Arquitetura e Urbanismo registradas no Conselho também foram levantadas 
apontar as seguintes constatações1:  e mapeadas pelo estudo, conforme figura 5. Novamente a região Metropolitana aparece em 
destaque  com  794  empresas  registradas,  ou  seja,  50%  do  total,  sendo  reduzido,  de  forma 
 Grande  concentração de profissionais na  região metropolitana de  Porto  Alegre  com 
abrupta,  o  número  de  empresas  nas  outras  regiões,  chegando  a  22  empresas  ou  1,5%  do 
5706 profissionais, ou seja, 61,5% do total de arquitetos e urbanistas registrados no 
total da região da Campanha.  
Estado; 
Figura 5 – Rio Grande do Sul ‐ Empresas registrados por região da SEP 
 Aparecendo  como  o  segundo  número  mais  elevado,  a  região  da  Serra  com  1106 
profissionais, 11,9% do total de arquitetos e urbanistas registrados no Estado; 
 Nas  demais  regiões,  o  número  cai  consideravelmente,  chegando  a  até  115 
profissionais na região Noroeste.  
Figura 4 – Rio Grande do Sul ‐ Profissionais Liberais registrados por região da SEP 

 
Fonte: IGEO e SICCAU, 2013. 
                                                            
Fazendo  uma  comparação  através  de  proporcionalidades,  entre  os  resultados  atingidos 
1
 Este estudo será complementado pelo artigo “Prática Assistida nas escolas de Arquitetura e Urbanismo no Rio  verificou‐se  que  a  região  metropolitana  se  destaca  nos  dois  quesitos,  porém  existe  uma 
Grande do Sul – um diagnóstico preliminar da oferta externa”, dos mesmos autores, apresentado ao XXXIII  disparidade  entre  o  número  de  profissionais  e  o  número  de  empresas,  acusando,  por 
ENSEA.  conseguinte,  um  grande  número  de  profissionais  liberais  sem  registro  civil  jurídico.    No 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  111   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  112 

mesmo contexto encontram‐se as regiões Sul, da Campanha e Central.   ou outro) e por esse motivo foi alterado o objetivo social da fundação, incluindo a prestação 
de serviços de arquitetura e urbanismo e designando um responsável técnico pelos mesmos. 
Em contraponto à situação citada, estão as regiões Noroeste, Norte e Litoral, onde o número 
de  profissionais  não  se  distancia  de  maneira  considerável  do  número  de  empresas  Fato este que resolveu a parte legal junto ao conselho profissional. Colocamos em discussão 
o aspecto ético dessa responsabilidade, pois um mesmo profissional, no exercício de cargo e 
registradas,  indicando  assim,  um  forte  contingente  de  profissionais  vinculados  a  pessoas 
jurídicas.  função,  fica  responsável  frente  à  sociedade  pela  totalidade  de  projetos  que  a  fundação 
administra  financeiramente.  Até  onde  vai  a  responsabilidade  deste  profissional,  que  na 
3.2 A OFERTA POTENCIAL DE OPORTUNIDADES DE PRÁTICA ASSISTIDA ‐ A OFERTA  maioria das vezes nenhum contato tem com os usuários do serviço?
INTERNA DA UNIVERSIDADE  Um  segundo  entrevistado,  professor  de  uma  universidade  federal  expôs  que  o  foco    da 
Uma  pesquisa  sobre  as  atividades  e  serviços  relacionados  à  arquitetura  e  urbanismo  no  prestação de serviços são projetos relacionados aos temas de planejamento urbano,  e que 
âmbito  das  Instituições  de  Ensino  Superior  e  suas  relações  com  a  comunidade  onde  se  promove  e  defende  a  atuação  em  urbanismo  como  é  feito    pelo  seu  curso,  onde  a 
inserem, foi realizada através de uma consulta formal, sobre forma de questionário, a todos  oportunidade de um trabalho interdisciplinar entre várias unidades acadêmicas promove um 
os  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  do  RS.  Como  o  percentual  de  respostas  foi  muito  ensino de qualidade  e oportunidade de prática  orientada. 
baixo,  decidiu‐se,  como  forma  complementar,  realizar  uma  busca  nos  sites  e  consulta  por  Outro entrevistado, coordenador de um Escritório Modelo de uma universidade privada, de 
telefone,  levantando  laboratórios,  escritórios  técnicos,  escritórios  modelo,  grupos  de  cidade  de  porte  médio,  relatou  que  a  Prefeitura  Municipal  é  parte  integrante  da 
pesquisa e extensão. Desta forma, obtivemos o seguinte levantamento:  mantenedora  e  segundo  ele  “...virar  as  costas  para  isso  é  difícil”.  Salientaram  que  realizam 
 11 universidades possuem Escritório Modelo;  trabalhos  que  tenham  uma  finalidade  social,  para  entidades  que  não  sejam  particulares  e 
que estão estudando a assistência à população de baixa renda. 
 01 possui Empresa Júnior; 
Também compareceu a uma reunião, a direção de uma faculdade pública, que enfatizou que 
 04 possuem Institutos;  todos  esses  trabalhos  extra  universidade  são  executados    após  tramitarem  nas  instâncias 
 03  intermediam  a  relação  com  a  sociedade  através  de  Fundações  (Universidades  regulamentares e, portanto, têm o aval da Universidade e que em nenhum momento dessa 
Públicas)  tramitação  é  feita  alguma  ressalva  sobre  a  pertinência  ou  não  da  atividade,  inclusive 
ninguém  contesta  um  item  que  consta  das  liberações  possíveis  para  as  atividades  dos 
 02 possuem laboratórios;  professores com DE que é serem esporádicas (não constantes e contínuas) e estarem dentro 
 03 possuem núcleos.  da  carga  horário  a  permitida  pelos  conselhos  superiores  das  universidades.  Informa  ainda, 
essas atividades envolvem um número reduzido de alunos. 
No  seguimento  do  trabalho  foram  convidados  alguns  professores  a  participar  das  reuniões 
conjuntas da CEP e CEF, convites estes originados tanto dos dados coletados junto ao meios  Um  último  encontro  teve  a  participação  de  um  coordenador  de  escola  confessional  e 
de divulgação  ou contatos com as IES, quanto pelas consultas ou denuncias que chegaram  comunitária que relata que em sua escola “observam o ganho acadêmico e a não invasão do 
ao CAU RS  identificando instituições de ensino superior que prestam serviços de arquitetura  território das atribuições dos profissionais, como critérios para aceitar, ou não, prestação de 
e urbanismo. Foram convidados coordenadores de curso, diretores de fundações  de apoio,  serviço  em  arquitetura  e  urbanismo”.  Restringem‐se  a  levantamentos  de  dados  e  análise 
coordenadores  de  projetos  de  extensão  e  de  escritórios  modelo  professores  para  iniciais e estudos preliminares, sem efetivar o projeto. 
esclarecerem como se processa a prestação de serviços. 
Um  dos  entrevistados  esclareceu  que  a  Universidade  Pública  se  vale  de  Fundações  para  4. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA PRETAÇÃO DE
administrar cursos de extensão e outras atividades que envolvem recursos financeiros e citou 
que  atualmente  a  grande  parte  dos  cursos  de  especialização  são  administrados  pela  SERVIÇOS DE ARQUITETURA E URBANISMO PELOS CURSOS DE
fundação.  Esclareceu  que  não  é  papel  da  mesma  efetuar  a  captação  de  serviços,  somente 
atuando  para  administrar  projetos  encaminhados  pela  universidade,  após  tramitação  e  ARQUITETURA E URBANISMO
aprovação  nos  setores  competentes.      Para  o  entrevistado  “...  existe  uma  grande  diferença 
Após a realização destas reuniões e debate entre as comissões, foram elencados os aspectos 
entre a Universidade Pública e  a Privada, a Pública tem  recursos, mas não pode  gastar por 
positivos e negativos  da prestação de serviços a terceiros pelas faculdades de Arquitetura e 
não  ter  orçamento aprovado,  fazendo  com  que  as  grandes  financiadoras  do  país  passem  a 
Urbanismo, 
carrear  os  seus  recursos  para  as  fundações”.  Assim  esclarece  que  os  serviços  prestados  de 
arquitetura  e  urbanismo  administrados  pela  fundação,  foram  plenamente  aprovados  4.1 – Aspectos positivos – O compromisso com a sociedade e o ganho acadêmico  
anteriormente pelas suas unidades acadêmicas de origem. Acrescentou a informação de que 
conselho  anterior  (CREA)  exigia  que  a  instituição  fosse  registrada  para  prestar  serviços  de  4.1.1. O ganho acadêmico 
arquitetura e urbanismo, devendo constar tais atividades em seu ato constitutivo (estatuto 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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O ensino através de atividades práticas, desde que orientadas por profissionais arquitetos e  desenvolvidos  pelas  universidades  sem  invadir  as  áreas  que  podem  ser  atendidas  pelos 
urbanistas,  seja  na  oferta  exterior  ao  mundo  acadêmico  ou  provinda  dos  profissionais  e  profissionais  e  empresas  privadas,  e  ,ao  contrário,    muitas  vezes  preenchendo  lacunas  não 
empresas em atuação, atende aos princípios do Art. 3 da Resolução n°2, de 17 de junho de  preenchidas pelo mercado profissional. 
2010, do MEC: a necessária integração entre teoria e prática. 
4.1.3  A abertura de campos de trabalho 
Um dos aspectos mais destacado é o ganho acadêmico com o aprendizado através da prática 
assistida.  Como  resultado  de  projetos  de  extensão  em  temas  relativos  ao  urbanismo,  uma  Outro ponto positivo levantado é que depois de realizado o plano diretor o município precisa 
das  escolas  de  universidade  pública  entrevistada  constatou  que  muitos  de  seus  egressos  implementá‐lo  dentro  da  prefeitura  e  é  muito  comum  que  as  prefeituras  contratem  ex‐
procuraram trabalhar com urbanismo e a instituição aumentou a carga horária das disciplinas  alunos que trabalharam no plano – portanto há uma abertura de campo de trabalho para os 
da  área  de  urbanismo,  proporcionando  o  relacionamento  com  outros  cursos  (direito,  arquitetos  e  urbanistas.  Exemplificado  pelo  caso  de  uma  escola  pública  de  arquitetura  e 
geografia, sociologia, economia, engenharia, agronomia) para capacitar os alunos na atuação  Urbanismo, no tema de patrimônio histórico, a disciplina de Técnicas Retrospectivas deixou 
e  coordenação  de  equipes  multidisciplinares.  Também  outra  escola  pública  constatou  que  um  legado  a  cada  município  para  efetuar  seu  plano  de  preservação.  Provoca  uma 
muitos  de  seus  egressos  atuam  no  serviço  público  em  arquitetura  e  urbanismo  pelas  necessidade  no  mercado  de  trabalho,  que  é  o  projeto    de  arquitetura  e  urbanismo 
oportunidades  de  aprendizagem  prática  criadas  com  projetos  de  extensão  e  pesquisa  “especializado”  em  temas  de  preservação  de  patrimônio,  resolução  de  patologias,  etc.  No 
aplicada,  tendo  como  temas  principais:  habitação  de  interesse  social,  planos  diretores,  tema  do  projeto urbano, uma  disciplina   que  ministra conteúdos de  planejamento  urbano,  
patrimônio histórico.   abriu campo de trabalho para contratação de arquiteto e urbanista em todos os municípios 
em que tem atuado, com levantamentos e estudos preliminares.  
4.1.2 A prestação de serviços à comunidade ‐ geralmente de cunho social, que não são 
objeto da iniciativa privada   4.2 Aspectos negativos da prestação de servicos de arquitetura e urbanismo pelos cursos 
de arquitetura e urbanismo  ‐  Concorrência desleal? 
O  atendimento  das  demandas  da  sociedade,  principalmente  os  da  comunidade  onde  a 
instituição  de  ensino  está  inserida  cumpre  com  as  determinações  da  finalidade  educação  4.2.1 Concorrência desleal com profissionais e empresas privadas  
superior,  segundo  a  Lei  de  Diretrizes  e  Bases  da  Educação,  LDB  –  Lei  n°9.394/1996 
principalmente nos seguintes aspectos:  Com relação aos aspectos negativos da prestação de serviços a terceiros pelas faculdades de 
arquitetura e urbanismo há o entendimento das comissões de que algumas universidades se 
participação  no  desenvolvimento  da  sociedade  brasileira,  e  colaborar  na  sua 
beneficiam da dispensa de licitação possibilitada pela Lei 8.666, artigos 24 e  25 e com isso 
formação  contínua;  (...)  estimular  o  conhecimento  dos  problemas  do  mundo 
presente, em particular os nacionais e regionais, (...) prestar serviços especializados  excluem  profissionais  e  empresas  privadas  de  concorrer  por  contratos  junto  aos  órgãos 
à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade,  (...) promover  públicos,  especialmente  nos  serviços  de  planejamento  urbano  e  que  a  universidade, 
a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e  colocando‐se como uma empresa prestadora de serviços, tem a seu favor o prestígio de uma 
benefícios  resultantes  da  criação  cultural  e  da  pesquisa  científica  e  tecnológica  instituição detentora do saber com a qual nenhum profissional ou empresa privada poderá 
geradas na instituição;  (Art. 43II, VI e VII)  
competir. 
Verificou‐se  que  os  temas  de  trabalhos  práticos  das  universidades  surgem  como  uma 
demanda da própria comunidade, das prefeituras municipais de sua área de abrangência. As  4.2.2 Redução do campo de trabalho 
Universidades  fazem  parte    da  maior  parte  dos  conselhos  de  desenvolvimento  local  e  Salienta‐se  ainda  como  ponto  negativo,  a  redução  do  campo  de  trabalho,  pois  se  as 
regional. Por outro lado, os Conselhos Universitários das universidades públicas têm em sua  instituições  de  ensino  suprem  as  necessidades  do  mercado,  especialmente  nas  questões 
composição representações e membros da comunidade local.  urbanas,  podem  inibir  a  atuação  dos  profissionais  e  empresas  privadas  nestas  áreas.  Por 
Foi destacado o cunho  social  desta  atividade, salientando que os ministérios abrem editais  outro lado, como os serviços profissionais nos temas do urbanismo e planejamento urbano, 
para  determinados  projetos  que  só  podem  ser  feitos  pelas  universidades,  muitas  vezes  principalmente  fora  do  perímetro  metropolitano,  são  eventuais  (a  prefeitura  deveria 
focado  nas  instituições  federais,  envolvendo  altos  valores  que,  caso  as  universidades  não  atualizar seu plano diretor e demais planos a cada gestão, o que frequentemente apresenta 
participarem,  serão  perdidos.  Na  área  urbana  o  Ministério  das  Cidades  tem  programas  um  prazo  mais  estendido),  poucos  profissionais  e  empresas  conseguem  se  manter  nessa 
específicos.  Cita‐se    como  exemplo  os  editais  do  PROEXT  Ministério  da  Educação  com  atividade.
repasses de recursos do Ministério das Cidades para capacitação de técnicos das prefeituras 
em  GIS,  para  a  regularização  fundiária.  Editais  como  o  de  criação  de  certificadoras  de  4.2.3 Pequena abrangência em relação à totalidade de estudantes dos cursos 
eficiência  energética  são  voltados  prioritariamente  para  as  universidades  que  já  vem  Foi  verificada  a  pequena  abrangência  das  experiências  de  prática  assistida  em  relação  ao 
recebendo recursos para programas de capacitação em eficiência energética e montagem de  conjunto dos estudantes, onde o ganho acadêmico da instituição em alguns casos é mínimo, 
laboratórios de pesquisa, ensino e extensão.  porque poucos alunos são envolvidos. Alguns ateliês de arquitetura e ou de urbanismo tem 
Os  municípios  necessitam  de  serviços  de  arquitetura  e  urbanismo  que  podem  ser  essa  visão  de  trabalhar  com  a  realidade,  com  problemas  e  usuários  reais,  propiciando  à 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  115   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  116 

totalidade  dos  alunos  uma  experiência  prática.  Alguns  projetos  de  extensão  contam  com  empresas de planejamento urbano nas universidades e ofertando cursos de capacitação aos 
escassos  estagiários,  alguns  profissionais  contratados  e  poucos  estudantes.  Exceções  são  arquitetos e urbanistas já diplomados ou de formação continuada.  
relatadas  nas  universidades  públicas,  de  núcleos  de  pesquisa  e  extensão  com  elevado  Concluindo  a  apresentação  do  trabalho  realizado  pelas  comissões  de  Ensino  e  Formação  e 
número de alunos participando, consequência de programas de estímulo à extensão, como o 
Exercício  Profissional,  entende‐se  que  a  prática  assistida  no  ambiente  universitário  é 
PROEXT.  obrigatória  e  necessária  para  que  o  estudante  adquira  as  competências  para  exercer  sua 
Os  estágios  intermediados  pelo  CIEE  são  os  que  podem  ser  registrados  como  outras  profissão e que há várias formas de proporcionar essa prática e a escolha entre elas cabe à 
atividades  acadêmicas,  pois  são  os  que  formalmente  cumprem  com  a  orientação  de  Universidade  e  ao  Curso  evidenciá‐las  no  Projeto  Pedagógico.    A  prestação  de  serviços  a 
profissional externo e de docente da entidade de ensino. Entretanto, para todo Rio Grande  terceiros  é  uma  dessas  formas,  e  tem  aspectos  positivos  e  negativos,  conforme  relato  das 
do  Sul, tivemos  somente    466  estagiários,  para um total  estimado  de alunos    formados  de  comissões. A questão, na qual burla à Lei das Licitações por parte de órgãos da administração 
776  em  2013.  Como  o  estágio  ocorre    da  metade  em  diante  do    curso,  se,  por  hipótese,   pública,  configurando  concorrência  desleal  com  os  profissionais  e  empresas  da  iniciativa 
estimarmos  que os 5 últimos semestres tenham essa mesma quantidade de alunos que se  privada, deve ser observada com atenção pelo CAU e, se  constatadas ações oportunistas e 
formaram, teríamos somente 10% dos alunos estagiando ( 466/ 4656).   não éticas, as medidas cabíveis devem ser tomadas.  
Finalizando, as duas comissões, CEP E CEF, apresentam a sugestão de que o CAU/RS estude a 
5. CONCLUSÕES possibilidade de edital de patrocínio para promoção pelos cursos de arquitetura e urbanismo 
de educação continuada em suas áreas de excelência.  
Finalizando, as comissões  elaboraram como propostas  de encaminhamento do  tema que o 
CAU/RS  realize  visitas  às  universidades,  levando  aos  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo 
6. REFERÊNCIAS
orientações e sugestões, sobre a prestação de serviços, buscando o envolvimento de maior 
número de alunos nos trabalhos e que estes trabalhos tenham alto nível de aprendizado e  BRASIL. Lei n°12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o 
não a realização de tarefas burocrático ‐ administrativas.  Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil ‐ CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos 
Estados e do Distrito Federal ‐ CAUs; e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 
As  duas  comissões  bem  como  plenário  do  CAU  RS  também  manifestam  sua  preocupação  Brasília, DF, 31 de dezembro de 2010. Disponível em: < 
sobre os critérios de seleção dos profissionais para o exercício da atividade acadêmica, onde  http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1000&pagina=1&data=31/12/2010>. Acesso 
as exigências atuais dos concursos privilegiam muito mais a titulação do que a experiência na  em: agosto de 2014. 
prática da profissão, invertendo a situação dos primórdios de nossas escolas onde “quem faz  BRASIL. Decreto 5.773, de 09 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e 
ensina”.  Sugerimos  uma  ampla  discussão  sobre  o  tema  em  nossas  instituições  de  avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema 
representação e nas escolas.   federal de ensino.  Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 de maio de 2006. Disponível 
em:< 
Também  foi  proposto  implantar  a  garantia  da  responsabilidade  técnica  pelos  trabalhos  http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=10/05/2006&jornal=1&pagina=6&totalArquivo
realizados,  e  que os  projetos  tenham  um  responsável técnico  registrado  no  CAU  e  os  RRTs  s=108>. Acesso em: agosto de 2014. 
(Registro  de  Responsabilidade  Técnica)  correspondentes  aos  trabalhos  realizados.  Acabar  CAU/BR. Resolução n°28, de 06 de julho de 2012. Dispõe sobre o registro e sobre a alteração e a baixa de 
com a informalidade presente frequentemente nas ações universitárias, onde o seguimento  registro de pessoa jurídica de Arquitetura e Urbanismo nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados 
regular dos  trâmites acadêmicos não as dispensa das obrigações estabelecidas nos  códigos  e do Distrito Federal e dá outras providências. Disponível em: < http://www.caubr.gov.br/wp‐
de condutas e de ética das categorias profissionais e da formalização da responsabilidade do  content/uploads/anexos/resolucao/RES‐28REGISTRO‐PJRP‐JUL‐2012.pdf>. Acesso em agosto de 2014. 
profissional frente ao usuário de seus serviços e a sociedade.  MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução n°2, de 17 de junho de 2010. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais 
do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, alterando dispositivos da Resolução CNE/CES n° 6/2006. 
Uma mudança cultural se faz necessária para que fique  claro  ao aluno que  o  estágio é um  Disponível em: < 
ganho  real,  sem  requerer  necessariamente    pagamento.  Em  outras  área  de conhecimento,  http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14917&Itemid=866>. Acesso em 
como na da saúde, se estabeleceu um modo de ensino em que a prática é inerente, tem que  agosto de 2014. 
ter  uma  situação  real    que  aproxime    o  aluno  do  que  é  a  profissão  no  seu  cotidiano.  Na  BRASIL. Lei 9.396, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário 
arquitetura e urbanismo, há muito tempo, nos afastamos desse modelo de ensino, que está  Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. Disponível em:< 
nas origens de nossa profissão, quando se adquiria conhecimento praticando.   http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=23/12/1996&jornal=1&pagina=10&totalArquiv
os=289>. Acesso em agosto de 2014. 
É  proposto  às  IES  que  adotem  atitude  protagonista  na  criação  de  conhecimento,  pois 
IGEO. Sistema de Inteligência Geográfica do CAU. http://igeo.caubr.gov.br/Acesso em: junho de 2014. 
considerando que uma das maiores demandas junto as IES é para a realização de trabalhos 
de  urbanismo,  pois  há  carência  no  mercado  de  profissionais  e  empresas  com  atuação  SICCAU. Sistema de Informação e comunicação do conselho de Arquitetura e Urbanismo. 
https://siccau.caubr.org.br/. Acesso em junho de 2014. 
consolidada  nessa  área,  no  sentido  de  que  se  crie  conhecimento  nessas  áreas,  incubando 
   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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O ENSINO EM PROJETO DE ARQUITETURA FRENTE ÀS INOVAÇÕES  atualização  de  seus  conhecimentos.  O  acesso  à  internet  nos  aproxima  da  produção  de 
conhecimento,  pesquisas  acadêmicas,  acervos  digitais,  sites,  vídeos  de  acontecimentos  e 
TECNOLÓGICAS – UM PROCESSO REFLEXIVO  pessoas que compartilham seus conhecimentos sem limites geográficos ou culturais. 
Essa  mudança  de  paradigma  atinge  a  sociedade  como  um  todo,  e  também  no  âmbito  do 
Marcel A. CLARO 
FAU ‐ Uniube; [email protected]  ensino  de  arquitetura  e  urbanismo,  mais  especificamente  no  campo  do  ensino  de  projeto, 
Larissa C. S. JORDÃO  que  passa  a  ser  subsidiado  por  novos  aparatos  tecnológicos,  como  maquetes  eletrônicas, 
PPGFAU ‐ UnB; [email protected]  renderizações, experimentações virtuais entre outros, assunto tratado neste artigo. 
 
Desta  forma,  são  necessários  estudos  que  abordem  e  tragam  a  discussão  sobre  como  é, 
RESUMO  como acontece e quais as potencialidades e problemáticas desse ensino auxiliado por essas 
Este artigo busca trazer uma reflexão sobre os processos de projeto de arquitetura e urbanismo no atelier de  novas  tecnologias  dentro  do  ensino  de  projeto  arquitetônico.  Além  de  ser  um  assunto  de 
projeto com a inserção de novas tecnologias. Traça‐se um perfil de como era o ensino de projeto de arquitetura  grande  relevância  acadêmica,  existe  uma  grande  importância  por  nossa  atuação  como 
e  urbanismo  quando  seu  principal  instrumental  eram as  elaborações  de  croquis  e  desenhos técnicos  feitos  à  professores  de  projeto  de  arquitetura  e  urbanismo,  desenho  técnico  e  desenho  digital, 
mão.  Tem‐se  como  objetivo  discutir  sobre  como  essa  metodologia  de  trabalho  e  ensino  tradicional  foram  simulação  digital  e  projetos  assistidos  por  computador  na  graduação  em  Arquitetura  e 
gradativamente  incorporadas  às  novas  tecnologias,  a  priori  pelo  desenho  realizado  no  computador,  às 
maquetes  virtuais,  para  depois  transcender  a  tela  do  computador  e  permitir  a  experimentação  de  espaços 
Urbanismo,  e  como  pesquisadores  das  interações  e  permeabilidades  entre  o  homem  e  o 
virtuais, através de imersões em ambientes virtuais. Com base na revolução tecnológica digital ocorrida no final  digital,  realidades  virtuais,  modelos  BIM  e  protótipos  arquitetônicos  virtuais  e  ensino  de 
do século XX e na total mudança de paradigma em que estas novas tecnologias trouxeram ao ensinar, pensar e  projeto assistido por novas tecnologias. 
representar a arquitetura toma‐se como embasamento teórico para este artigo, o trabalho de Graeff [1995] que 
caracteriza o ensino dentro do curso de arquitetura e urbanismo desde o início dessa faculdade, o de Chupin  No entanto, nesse contexto contemporâneo, para falarmos sobre educação, precisamos ter 
[2003]  é  de  suma  importância  para  se  caracterizar  o  ateliê  de  projeto  e  seu  processo  crítico‐reflexivo,  o  de  em  mente  que  se  trata  da  sua  relação  com  o  homem.  “O  homem  é  a  única  criatura  que 
Castells [1997]  por sua vasta bibliografia em assuntos sobre a sociedade da informação e por discorrer sobre  precisa ser educada” Kant [2002]. Educação como o cuidado de sua infância (a conservação, 
como  as  TIC’s  influenciam  as  estruturas  sociais  o  de  Balding  [2009]  que  trata  dos  principais  artefatos  o  trato),  a  disciplina  e  a  instrução  com  a  formação.  Paulo  Freire  [1979],  nos  afirma  que  a 
tecnológicos que transformaram as interfaces com as novas tecnologia e o trabalho de Florio [2011] que trata 
educação  só  é  possível  para  o  homem,  porque  este  é  um  ser  inacabado  e  sabe  de  sua 
dos processos de projeto com as novas tecnologias. 
incompletude, ele deve ser sujeito de sua história e não objeto dela. 
 
PALAVRAS‐CHAVE: Novas tecnologias; Projeto de arquitetura; Ensino de projeto.  Dertouzos [2000] alerta que a educação é muito mais que a transferência de conhecimentos 
  de professores para alunos. Para ele, “é acender a chama da vontade de aprender no coração 
dos  estudantes,  dar  o  exemplo  e  criar  vínculos  entre  professores  e  alunos”,  assim 
acreditamos  que  esses  são  fatores  essenciais  para  o  sucesso  do  processo  de  ensino  e 
1 INTRODUÇÃO aprendizagem. 
Além desses autores são utilizados como referência e embasamento teórico para este artigo 
A chegada do século XXI trouxe novas características à sociedade: um mundo globalizado e a  o trabalho de Vigotsky [1978], Schön [2000], o trabalho de Graeff [1995], o de Chupin [2003], 
emergência  de  uma  nova  sociedade  que  se  convencionou  chamar  de  sociedade  da  o de Castells [1997], de Balding [2009], o de Florio [2011] e outros. 
informação  e  do  conhecimento.  Tal  cenário  traz  inúmeras  transformações  em  todos  os 
setores da vida humana. Talvez o maior progresso esteja vinculado ao surgimento e evolução 
da internet, da Tecnologia  da Informação  e Comunicação ‐ TIC1 e as  novas  mídias, que são  2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (SI) -
facilitadores  comunicacionais,  não  dependentes  mais  do  espaço  e  do  tempo,  efêmeras  e 
criando condições para o exercício de uma cidadania global, atemporal, sem limites físicos ou  TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS)
geográficos [CASTELLS, 1997]. 
O final do século XX representou para a sociedade mundial um período de total evolução. A 
A nova característica de organização dessa sociedade é a rede que se constitui, não apenas  informação  passou  a  ter  um  papel  cada  vez  mais  importante  na  vida  econômica,  social, 
como uma rede  global  de informação, mas como  redes de aprendizagem  que  exigem cada  cultural e política. Tal importância relaciona‐se diretamente com a crescente velocidade de 
vez  mais  dos  profissionais  dessa  sociedade  informacional  uma  busca  desenfreada  pela  transmissão  das  informações  pelos  Sistemas  de  Informação  –  SI  que  têm  um  alcance 
                                                             mundial, como suporte satélites e redes de comunicação, e que não reconhecem fronteiras. 
Para Moore [1999] uma sociedade da informação é uma sociedade na qual a informação é 
1
 As TIC’s correspondem a todas as tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos. Um  utilizada intensamente como elemento de vida econômica, social, cultural e política. 
conjunto  de  recursos  tecnológicos  integrados  entre  si,  que  proporcionam,  por  meio  de  hardware,  software  e 
telecomunicações a automação e comunicação dos processos digitais em todas as áreas do conhecimento.  A  Tecnologia  de  Informação  ‐  TI  dos  sistemas  compreendem  elementos  de  hardware, 
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software  e  redes.  Hardware  á  a  parte  física  dos  sistemas  computacionais,  envolve  linguagem com  as  novas possibilidades  de  comunicação,  TICs  e  internet  que  gradualmente 
componentes  de  entrada  –  inputs,  saída  –  outputs,  armazenamento,  comunicação  e  aumentam a complexidade na apropriação das informações e conhecimentos disponíveis na 
tratamento de dados. Software é um conjunto de instruções que definem um programa que  internet.  Podemos  então,  somar  as  possibilidades  do  uso  dessas  informações  e 
comanda operações no hardware. Redes são dispositivos que possibilitam a comunicação do  conhecimentos para uma profunda transformação nos aprendizados e conhecimentos. 
computador com outros dispositivos que estejam afastados do corpo central da máquina. A  Com base nisso podemos afirmar que hoje, até mais do que antes, a internet, as TICs, e as 
aplicação da TI é vasta e em alguns campos do conhecimento e outros já se tornam inviáveis  novas tecnologias possibilitam transformações em nossa maneira de pensar, agir e relacionar 
sem  ela.  As  vantagens  do  uso  das  TI  dentro  dos  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo  são 
com o mundo. Mudam nossa percepção de mundo e os relacionamentos entre o tempo real 
inúmeras, mas podemos listar as mais importantes:  ou  não,  principalmente  quando  essas  ferramentas  são  introduzidas  e  utilizadas  dentro  de 
1. Simulação;  espaços como escolas, faculdades e universidades que historicamente são lugares de ensino 
e aprendizagem, mudanças e transformações. 
2. Comunicação: internet; 
3. Sistemas de desenho auxiliado por computador CAD/CAM/BIM;  O CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
4. Integração de banco de dados;  No Brasil o primeiro curso de Arquitetura e Urbanismo era vinculado à Academia Imperial de 
5. Visualização 3D e realidade virtual;  Belas Artes da cidade do Rio de Janeiro, fundada  pela Missão Francesa no início do século 
XIX.  
6. Inteligência artificial. 
Antes  disso,  de  1500  até  1816,  os  arquitetos‐engenheiros  que  aqui  desenvolviam  suas 
Desse  modo,  a  informática  passa  a  ser  um  instrumento  estratégico  para  a  adaptação  e  atividades  eram  todos  provenientes  de  países  como  Portugal,  França  e  Holanda.  Com  a 
inovação no ensino de arquitetura e urbanismo e em todas as áreas do conhecimento. Tais  criação  da  Academia  Imperial  de  Belas  Artes  formaram  os  primeiros  arquitetos‐mestre‐de‐
recursos  têm  esse  sucesso,  pois  os  usuários  sentem  que  há  um  valor  naquele  sistema  ou  obras,  profissionais  que  detinham  além  dos  conhecimentos  técnicos  (o  saber  fazer),  o 
instrumento  que  utiliza  em  suas  atividades  como  notebooks,  celulares,  tablets  e  outros  conhecimento teórico (o saber). 
aparatos  tecnológicos.  Hoje  a  demanda  por  tais  dispositivos  é  enorme,  devido  ao 
consumismo de tecnologias e a necessidade de sempre estarmos cada vez mais informados,  Atualmente,  no  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  os  alunos  são  estimulados  a  sempre 
nos  transformamos  em  consumidores  de  informação.  O  poder  da  informação  é  tal  que  buscarem  novas  informações  e  experiências  através  de  uma  investigação  constante, 
continuará influenciando cada vez mais as instituições sociais e a vida do cidadão. Ao mesmo  possibilitando  o  surgimento  e  o  aprimoramento  de  uma  postura  crítica  em  relação  a  tudo 
tempo,  as  tecnologias  do  virtual  (computador,  fax,  telefone,  TV,  etc.)  seguirão  estendendo  que se refere à arquitetura e a sociedade. O aluno de arquitetura e urbanismo precisa desde 
sua importância como veículo principal de acesso a informação e a proliferação de softwares  sua formação compreender que para um completo processo criativo, deve não somente se 
cada vez mais fáceis de usar (amigáveis) e de melhor funcionalidade seguirão aparecendo no  ater  aos  saberes  trazidos  por  seus  professores,  mas  para  que  este  processo  se  efetive,  ele 
mercado, assim como novas gerações de máquinas eletrônicas cada vez mais poderosas com  deve ter a habilidade de fazer algo que sempre foi feito de uma maneira diferente, fugindo 
serviços privados novos, melhores, e mais úteis continuarão aparecendo na rede digital.  dos  moldes  do  costume.  E  esse  pensamento  criador  caracteriza‐se  por  ser  um  processo 
exploratório, recompensa de uma aventura, por uma busca pelo desconhecido, pelo risco e 
As  TICs  influenciam  diretamente  na  nossa  produção  de  conhecimentos  buscamos  pela incerteza. Diferente do pensamento não criativo, que prefere soluções e métodos mais 
compreender sua lógica e nos adaptarmos para a criação de novos modelos. Podemos tomar  cautelosos, organizados e conservadores. E é nesse contexto, na busca por experimentações 
as  TICs  como  artefatos  disponibilizados  nessa  nova  sociedade.  Para  Vigotsky  [1978]  os  novas,  simulações  do  desconhecido,  e  estudos  do  que  se  projeta  mas  que  ainda  não  se 
artefatos  construídos  socialmente  e  culturalmente  tem  efeitos  sobre  a  mente  de  quem  o  conhece que o uso das novas tecnologias, TIC’s e internet auxiliam a essa busca e curiosidade 
utiliza  e  sobre  o  contexto  em  que  está  inserido.  Ao  surgir  uma  nova  ferramenta  ela  é  que será se suma importância para a consolidação de um profissional crítico‐reflexivo. 
portadora  da  carga  cultural  anterior  que  está  envolvida  na  sua  concepção  e  construção  e 
suas  novas  formas  de  ação  são  interiorizadas  pelo  indivíduo  que  as  utiliza.  São  O  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  busca  formar,  não  somente  um  profissional,  mas  um 
transformadoras da mente [Vygotsky, 1978 apud Pereira, 2009].  cidadão que irá compreender e desenhar espaços para outros cidadãos. O aluno é instruído 
para  que  seja  capaz  de  compreender  um  determinando  tema  e  suas  condicionantes, 
As TICs têm o potencial para melhorar o desenvolvimento cognitivo, mas não garantem este  elencando  objetivos  e  elaborando  propostas  que  possibilitem  tornar  o  imaginado  em  um 
desenvolvimento.  Para  Freitas  [2010]  este  desenvolvimento  depende  de  como  as  TICs  são  futuro concreto1. 
usadas durante a mediação do professor entre  a técnica (dos computadores)  e  a simbólica 
(da  internet  e  da  linguagem)  e  da  própria  mediação  dos  alunos  entre  eles  e  deles  com  o  Para  tanto,  o  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  é  fundamentado  em  um  ensino  prático‐
professor. A linguagem, para Vigotsky, leva a um desenvolvimento cognitivo e torna possível 
                                                            
apreender fenômenos mais complexos do que os aprendidos por atividades práticas quando 
ainda não se tem o domínio da linguagem. Podemos fazer uma analogia da apropriação da  1
 Diretrizes Curriculares Gerais. Portaria nº 1.770 – MEC, de 21 de Dezembro de 1994: 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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reflexivo  onde  a  aprendizagem  é  baseada  no  fazer.  É  uma  experiência  de  alta  intensidade  possibilidade de simulação de uma construção da fundação aos acabamentos o que contribui 
interpessoal.  O  estudante  é  introduzido  a  uma  variedade  de  situações  que  aprende  a  para um ensino‐aprendizagem cada vez mais completo. 
dominar,  mas  cabe  a  ele  desenvolver  sua  própria  combinação  de  técnicas  e  estratégias  Figura 01: Programa utilizado para experimentação de formas e soluções projetuais. 
[Lawson,1986].  Segundo  Schön  [2000]  o  relacionamento  com  o  conhecimento,  numa  aula 
pratica, está baseado no pressuposto de que a aprendizagem de um estudante depende da 
ideia  que  ele  constrói  sobre  as  demonstrações  e  descrições  de  um  instrutor.  Os  próprios 
colegas  podem  ser  instrutores,  outros  cenários  e  outras  aulas  práticas  podem  ajudar  a 
moldar a experiência do estudante e mais importante sua autoeducação pode transcender o 
ensino  prático. O  que  ele  recebe  poderá servir  basicamente  para  estabelecer  as  condições 
para uma aprendizagem posterior mais próxima da independência. 
Espera‐se  que  o  estudante  de  arquitetura  mergulhe  na  atividade  de  projetar,  tentando, 
desde  o início, fazer o que ainda não sabe como fazer, de modo a ganhar uma experiência 
que o ajudará aprender o que significa projeto. Para Schön [2000] isto é um paradoxo geral 
que acompanha o ensino e aprendizagem de qualquer competência ou ideia nova, porque o 
estudante  busca  aprender  coisas  cujo  significado  e  importância  ele  não  pode  ter  de   
antemão,  em  função  disso,  sentimentos  de  mistério,  confusão,  frustração  e  futilidade  são  Fonte: xnavigation.1 
experimentados por eles nos meses inicias de seus estudos. Desta forma o ensino de projeto 
de arquitetura e urbanismo deve sair da caixa preta e ir para a caixa de vidro1.  NOVAS TECNOLOGIAS E O PROJETO DE ARQUITETURA 
A espinha dorsal dos cursos de arquitetura e urbanismo é o ateliê de projeto. O Ateliê tem  No atelier de projeto de arquitetura baseado no sistema tradicional de ensino de arquitetura 
um caráter multidisciplinar onde são desenvolvidas as atividades de projetação, integrando e  faz‐se  os  primeiros  esboços  e  croquis  das  ideias  de  projeto  em  papel,  para  depois 
testando  todos  os  conhecimentos  adquiridos  nas  disciplinas  teóricas  e  técnicas  que  dimensionar  os  espaços  e  posteriormente  desenhá‐los.  O  uso  de  novas  tecnologias  e 
compõem o curso de arquitetura e urbanismo. No ateliê de projeto é onde as atividades de  softwares  computacionais  é  dado  meramente  como  ferramentas  de  representação  dos 
projetação acontecem. A capacidade de criação e invenção humana é ilimitada. Chamamos  projetos, onde se produz o mesmo desenho, antes feito na prancheta, no software CAD, e a 
essa  atividade  de  projeto,  que  pode  ser  um  ato  racional,  científico  ou  uma  variedade  de  maquete física é apenas substituída pela maquete digital. Nesse processo o aluno não faz um 
operações  entre  a  ideia  e  sua  concretização.  O  projeto  de  arquitetura  é  caracterizado  por  uso reflexivo das novas tecnologias, apenas as utiliza como facilitador de representação. 
uma  série  de  ações  de  criação  dotadas  de  abstrações  e  representações  que  envolvem  No  atual  contexto  do  ensino  de  projeto  em  arquitetura  e  urbanismo  os  novos  meios 
reflexões,  problematizações  e  experimentações  e  podem  ser  reguladas  por  métodos  que  tecnológicos acompanham as transformações nos processos criativos da Arquitetura. Usa‐se, 
orientam desde sua concepção ao detalhamento do projeto.  cada vez mais, os novos meios digitais em quase todas as etapas do processo de projetação. 
O ato de projetar é uma atividade criadora, um percurso entre a ideia e a concretização da  O  croqui,  antes  feito  à  mão  livre,  agora  também  pode  ser  feito  digitalmente  usando 
arquitetura  das  habitações  e  edifícios  em  geral,  projetos  de  objetos,  paisagens,  vazios,  softwares  e  aplicativos  que  funcionam  como  sketchbooks  ‐  cadernos  de  desenhos  ‐ 
estruturas  urbanas  das  cidades  e  regiões.  As  ideias  são  discutidas,  representadas,  substituindo o papel pela tela do tablet, celular ou notebook. A vantagem desses dispositivos 
exercitadas, modeladas pelos estudantes com a mediação  dos professores. Nesse processo  é poder carregá‐los o tempo todo e ter acesso a uma quantidade enorme de desenhos que 
de  projetação  a  criação  é  fundamental  para  a  solução  dos  problemas  de  projeto.  Neste  se  fossem  feitos  no  papel,  seriam  armazenados  em  pastas  pesadas  e  de  grandes  volumes. 
contexto  do  ateliê  de  projeto,  as  novas  tecnologias  têm  se  mostrado  um  grande  Outra  facilidade  está  em  executar  os  desenhos  com  rapidez,  ampliar,  girar,  copiar  e  colar 
potencializador  criativo e  instrumento  de experimentação  para  o  processo  de projetar, por  partes  dos  desenhos  e  colori‐los  sem  ter  que  levar  um  monte  canetas  ou  lápis  de  cor.  A 
meio de maquetes virtuais, modelagens tridimensionais e desenhos em plataforma CAD2 que  desvantagem  dessa  tecnologia  está  na  automatização  de  técnicas  de  desenho  que  passam 
possibilita ao  aluno uma  maior  visualização,  discussão  e  criação  daquilo  que ele ainda  não  despercebidas pelo aluno enquanto as utiliza. 
tem  o  total  controle.  Trazendo  à  tona  novos  questionamentos,  possibilidades  de  trabalhar  Figura 02: Maquetes eletrônicas de experimentações formais baseadas em quadros de Kandisnky 
com  novos  materiais,  análises  de  lugares  e  realidades  longes  do  nosso  domínio,  além  da 
                                                            
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 Caixa preta simboliza na terminologia cientifica atual, um dispositivo do qual se desconhece o funcionamento. Enquanto 
caixa de vidro – simboliza o mecanismo do qual se pode conhecer o funcionamento e o que pode ser reproduzido 
                                                              
2 1
 Computer Aided Design. – desenho assistido por computador.   Disponível em www.xnavigation.com.br. Acesso em 16/08/2013. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  123   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  124 

 
  Fonte: Exercícios de alunos – Disciplina Simulação Digital. 
Fonte: Exercícios de alunos – Disciplina Simulação Digital. 
A tecnologia BIM – Bulding Information Modeling, que significa a Informação do modelo da 
Além  do  uso  do  croqui e  do  desenho,  o  ateliê  de  projeto  conta  com  o uso  de  maquetes e  construção,  traz  possibilidades  de  se  construir  virtualmente  o  espaço  projetado  com  uma 
protótipos,  para  visualização  das  propostas  construtivas,  ideias  e  testarem  como  será  o  infinidade  de  informações  em  cada  etapa,  material,  estrutura,  formas,  e  etc.  que  são 
projeto e quais são as possíveis mudanças e melhoramentos. No entanto, esse processo de  parametrizados, formam um banco de dados, e que posteriormente podem ser modificados 
fabricação  de  maquetes  físicas  é  um  processo  demorado,  pois  exige  cortes,  lixamento,  com maior facilidade e agilidade. Existia uma grande dificuldade em manipular todas essas 
colagem,  pintura  e  acabamento  desfavorecendo  a  etapa  de  exploração  formal  livre.  Na  informações  como:  catalogação,  desenho  e  sistematização  para  o  homem,  com  essa 
maioria  das  vezes  o  aluno  opta  por  realizar  a  maquete  física  como  produto  final  de  tecnologia BIM  é possível que o modelo  gerado  no computador  seja enviado direto para a 
apresentação,  o  que  faz  com  que  o  processo  de  aprendizagem  seja  reduzido  deixando  as  fabricação, num processo de prototipagem rápida, corte a laser e impressões 3D onde antes 
experimentações  de  formas  somente  através  dos  desenhos  e  croquis.  Isso  causa  uma  o  projeto  era  detalhado  em  várias  pranchas  de  desenhos  e  com  base  neles  era  feito  o 
redução  considerável  na  apreensão  das  volumetrias,  relações  estéticas  e  materialidades  protótipo. Além disso, essa tecnologia permite que o projeto seja feito em diferentes lugares 
onde maquete física é de extrema importância.  e  ao  mesmo  tempo,  numa  produção  colaborativa  de  arquitetos,  engenheiros  e  outros 
Por  isso,  hoje  o  ensino  de  arquitetura  e  urbanismo  conta  com a possibilidade  de  trabalhar  profissionais  envolvidos  no  processo  de  projeto,  e  caso  seja  necessário  uma  mudança  de 
com  as  maquetes  em  meio  digital.  A  maquete  eletrônica  tridimensional  é  uma ferramenta  algum  dado  do  projeto,  toda  a  maquete  virtual  e  os  desenhos  são  reajustados  de  forma 
poderosa  para  a  visualização  das  ideias  e  organizações  espaciais  feitas  pelo  aluno  durante  automática,  minimizando  a  perda  de  tempo  e  maximizando  a  potencialidade  criativa  do 
seu processo de criação (Ver imagem 02). Por ser digital, o aluno consegue modelar formas,  arquiteto.  Já  que  o  modelo  é  interativo,  faz  com  que  o  arquiteto  possa  explorar  múltiplas 
testar  materialidades,  visualizar  de  um  jeito  ou  de  outro,  até  que  o  projeto  fique  como  alternativas possibilitando diversas soluções e auxiliando as tomadas de decisão. 
planejado, tudo isso em um tempo muito inferior ao desprendido com as maquetes físicas.  Figura 04: Sequência de modelagem paramétrica de alternativas para estrutura de um edifício. 
Busca‐se  trabalhar  com  estas  ferramentas  de  forma  conjunta,  uma  vez  que  a  maquete 
eletrônica é ótima para a rápida exploração formal, mas possui algumas armadilhas, como os 
problemas de escala, devido ao sistema de “zoom”, que faz com que o aluno perca a noção 
da proporção e da escala real daquilo que projetou. Enquanto que a maquete física, apesar 
do tempo gasto ser muito maior para sua execução, permite que o aluno tenha total domínio 
das relações de escala e proporção. 
Outro aspecto relevante dentro do uso dessas novas tecnologias é que quando trabalhadas 
em conjunto com as tecnologias passadas, como maquetes físicas e desenhos de prancheta, 
aumenta‐se  a  capacidade  criativa  do  aluno  durante  o  processo  de  projeto.  Isso  gera  uma 
nova mentalidade na produção arquitetônica, com uma completa mudança de paradigma da 
arquitetura.  Os  novos  sistemas  computacionais  agora  permitem  que  formas  complexas, 
algoritmos  e  fractais  sejam  inseridos  na  discussão  formal  e  espacial  da  arquitetura 
modificando o processo de pensamento e execução desses novos espaços projetados.   
Fonte: Florio, 2009.1 
Figura 03: Maquete física de experimentação elaborada em conjunto com maquete eletrônica. 
                                                            
1
 Florio, Wilson. Modelagem Paramétrica no processo de projeto em Arquitetura. Simpósio SBQP‐USP. 2009 
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Devido a esse tipo de tecnologia permite‐se uma forma de construção mais inteligente onde  completo  processo  criativo  existir  é  necessário  que  o  aluno  experimente  e  reflita  sobre 
as  relações  desses  parâmetros  são  codificados  e  hierarquizados  pelo  arquiteto,  permite  aquilo  que  faz  e  projeta.  Assim  ele  será  capaz  de  discorrer  sobre  a  teoria  e  visualizar  e 
alterações  dessas  variáveis  e  relações,  transformando  as  geometrias  e  configurações  experimentar  a  prática,  associando  partes  que  devem  ser  trabalhadas  juntas, 
espaciais. Atualmente vemos novos tipos arquitetônicos (ver figura 04) que fogem do padrão  complementando  um  ensino  de  melhor  qualidade,  que  possibilite  a  formação  de  um 
imposto  pela  construção  civil,  onde  ainda  se  faz  uso  dos  mesmos  materiais  de  séculos  profissional mais preparado para as constantes mudanças capaz de improvisar e lidar com as 
passados, que as paredes de alvenaria retilínea são as únicas possíveis, estruturas pesadas,  mais diversas situações. 
com  vigas  e  pilares  ortogonais,  sem  permitir  que  a  “caixa”  seja  quebrada,  onde  a 
experimentação formal do arquiteto  limita‐se ao sistema de construção. Esse novo sistema 
de  tecnologias  de  representação  e  experimentação  formal  revolucionou  o  ensino  de  3. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA O USO DE TICS
arquitetura  e  urbanismo  e  também  norteou  pesquisas  que  buscavam  novas  formas  de  NA APRENDIZAGEM
construir  aquilo  o  que  agora  é  possível  projetar  com  o  suporte  dessas  novas  plataformas, 
novas  materialidades  e  tecnologias  construtivas.  Essas  novas  técnicas  e  os  sistemas  Acredita‐se  que  o uso das TIC’s  dentro do  ensino  de arquitetura  seja de suma importância 
computacionais  permitem  que  estudos  de  insolação,  de  ventos,  resistência  de  materiais  e  para  resgatar  uma  prática,  mesmo  que  virtual  e  experimental.  Uma  vez,  implantado  e 
estruturas  e  outros  sejam  realizados  através  de  simulações  computacionais,  e  depois  trabalhado  com  orientação  essa  nova  possibilidade  de  visualização  de  projeto  pode  vir  a 
reproduzidos  e  sistematizados  em  imagens,  vídeos.  Outra  forma  de  experimentações  servir  como  um  canteiro  experimental,  onde  o  aluno  projete  e  visualize  as  etapas  de 
espaciais são as realizadas em CAVE (Cave Automatic Virtual Enviroment, Caverna Digital, que  construção e interfira nelas. 
significa Ambiente Virtual Automatizado), como ilustra a figura 05. É pequena sala onde são 
projetados  gráficos  e  imagens  em  três  dimensões  em  todas  as  paredes,  teto  e  chão,  que  Salientamos que deve haver uma revisão da postura do professor em relação às TICs e novas 
podem  ser  visualizados  pelos  usuários  através  de  dispositivos  (óculos  e  capacetes),  tecnologias e que é preciso uma adequação das salas de aula e laboratórios com pranchetas 
explorando  e  interagindo  com  o  espaço, com objetos  e  pessoas  virtuais  mergulhando num  e  computadores,  mesas  digitalizadoras  e  acesso  a  internet.  A  maquetaria  também  deve 
mundo virtual. Essa exploração espacial pode levar o estudante de arquitetura a experienciar  agora  ser  equipada  com  maquinas  adequadas  ao  uso  conjunto  dessas  novas  tecnologias, 
novos espaços, vivenciar e conhecer o espaço quer ele mesmo projetou, certificando‐se de  fresadoras e cortadoras à laser e impressoras 3D. 
sua forma, estrutura, materiais e etc.  O  papel  dos  professores  é  indiscutível  neste  aprendizado,  que  deverá  refletir  sobre  essas 
Figura 05: CAVES.  novas  possibilidades  de  usos  dessas  novas  tecnologias  e  utilizá‐las  de  forma  conjunta  as 
tecnologias  já  existentes  na  ampliação  da  discussão,  não  somente  sobre  representação  de 
novas formas geométricas complexas, mas de como elas são e como podem ser geradas  e 
experimentadas via essas novas tecnologias. Tal situação se configura como um novo desafio 
que  deve  ser  enfrentado  e  assimilado,  principalmente  nas  mediações  com  os  alunos, 
evidenciando que o papel da universidade é formar profissionais crítico‐reflexivo sobre a sua 
prática  e  as  de  outros  profissionais.  Incorporar  de  modo  crítico  e  reflexivo  essas  novas 
tecnologias digitais no ensino e no processo de criação gerará profissionais mais preparados 
para o enfrentamento de novas questões técnicas e estéticas da arquitetura contemporânea 
com maior clareza, destreza e discernimento. Sugere‐se que os antigos métodos de ensino 
de  projeto  de  arquitetura  não  sejam  deixados  de  lado,  visto  a  sua  importância  no 
desenvolvimento  no  processo  cognitivo  do  desenho  como  linguagem  expressiva  da 
  arquitetura. Visa‐se aliar a esses métodos tradicionais, as novas tecnologias, que devem ser 
Fonte: Fraunhofer.1  somadas  ao processo  de projetação  da  arquitetura em  todas  as suas  etapas  e  trabalhadas 
Fica evidente, que o processo de mudanças no ensino de projeto devido à introdução dessas  em conjunto. Deve‐se solicitar do aluno que haja uma integração entre o croqui, o desenho 
novas  tecnologias  é  algo  que  levará  um  tempo  para  ser  assimilado  e  compreendido.  Tanto  técnico,  o  vídeo,  a  fotografia,  o  sistema  de  mapas,  da  internet,  o  desenho  em  plataforma 
pelos professores como pelos alunos do curso de arquitetura e urbanismo. No entanto, é de  CAD,  a  maquete  física,  a  maquete  digital,  impressão  3D,  enfim  todos  os  recursos  de 
suma  importância  que  exista  discussões  sobre  este  assunto,  e  que,  tanto  o  processo  representação e expressão de ideias para que ele consiga tirar o maior proveito do que cada 
analógico  como  o  processo  digital,  devem  ser  qualificados  e  explorados,  para  que  o  uma dessas tecnologias disponibiliza para o processo criativo de projeto de arquitetura. Há 
aprendizado do aluno seja completo e instigante, já sinalizado por Schön (2000) que, para o  de  se  modificar  o  espaço  de  trabalho  do  ateliê,  pois  todos  esses  recursos  digitais  devem 
estar disponíveis e com rápido acesso aos estudantes e professores para que a mediação e 
                                                             interação entre eles seja facilitada, um “ateliê digital.  
1
  Fonte: http://www.vdtc.de/en/en_dru/press‐photos.htm ‐ acessado em 18/08/2013.  Diante  da  utilização  das  tecnologias  o  professor  tem  papel  fundamental  como  mediador 
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entre o aluno e o conhecimento. Onde o principal ensinamento é fazer o aluno aprender a  Divergências e convergências.  
pensar  e  lidar  com  essas  novas  tecnologias  subvertendo‐as  a  seu  favor,  e  não  apenas 
“apertar  teclas”,  uma  vez  que  uma  das  características  dessas  novas  tecnologias  é  a  sua 
Design Thinking e problematização no ensino de projeto 
capacidade  de  se  reinventar  em  pouco  tempo,  mesmo  que  para  isso,  seja  obrigado  a  se  arquitetônico. 
atualizar  com  frequência  e  anteceder  o  que  essas  tecnologias  podem  favorecer  dentro  do  Ivo R. GIROTO 
âmbito da sala de aula.  Universidade Estácio de Sá; [email protected] 
 
Acredita‐se  que  as  TICs  e  as  novas  possibilidades  que  essas  novas  tecnologias  trazem  não   
acabarão com as práticas tradicionais de projetação, pois os croquis e os desenhos manuais   
ainda  caracterizam  a  profissão  de  arquiteto  e  são  bastante  utilizados  para  uma  rápida  RESUMO 
Este artigo descreve e analisa uma experiência de aplicação pedagógica em disciplinas de projeto arquitetônico 
comunicação entre profissionais. Porém é inegável que as TICs e as novas tecnologias farão 
baseada na integração de abordagens com enfoques, em princípio, essencialmente diferentes: uma baseada na 
parte de todo o processo de projetação. Por isso defendemos que as instituições de ensino  divergência  e  inovação  (o  Design  Thinking)  e  outra  calcada  na  definição  de  um  problema  a  ser  resolvido, 
de  arquitetura  e  urbanismo  devem  estar  preparadas  para  a  inserção  das  Tics  e  novas  cercado  de  condicionantes  e  restrições  (Problematização).  Partindo  da  premissa  da  possibilidade  de  se 
tecnologias  nas  grades  curriculares  e  adequações  das  instalações  na  busca  de  reduzir  o  coadunar os pontos positivos de ambas abordagens, discorre sobre as etapas de aplicação e seus impactos no 
abismo existente entre o que se ensina e a prática profissional de arquitetos e urbanistas.  processo e nos resultados alcançados, com base na aplicação de dinâmicas que estimulam o debate, a criação 
colaborativa e a proposição de novas alternativas, ao mesmo tempo que desenha um marco restritivo definido 
pelo lançamento de um enunciado claro de projeto. O texto apresenta ainda as possibilidades abertas para o 
processo  de  ensino‐aprendizagem  resultantes  desta  experiência,  a  partir  da  premissa  da  necessidade  da 
REFERÊNCIAS  utilização de um método condutor para a prática pedagógica em disciplinas de projeto de arquitetura. 
PALAVRAS‐CHAVE: processo, método, inovação, pedagogia. 
CASTELLS, Manuel. The Power of Identity. Oxford: Blackwell, 1997.  
CHUPIN, Jean‐Pierre. As Três lógicas Analógicas do Projeto em Arquitetura: do impulso monumental à 
necessidade de pesquisa passando pela inevitável questão da « ensinabilidade » da arquitetura. Tradução Sonia  1 INTRODUÇÃO
Marques, pp11‐30. 2003.  
DERTOUZOS, Michael. O que será: como a informação transformará nossas vidas. São Paulo: Companhia das  O  processo  criativo  é  frequentemente  descrito  como  uma  sucessão  de  eventos  e  insights 
Letras, 2000. DEWEY, John. Vida e Educação. Trad. Anísio Teixeira. 10ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.  relativamente  imprevisíveis  e  incontroláveis,  dadas  as  altas  cargas  de  subjetividade  e 
(Série Indicação e Debate)  
personalidade que lhe são inerentes. Em grande parte, deriva desta constatação a alegação 
FLORIO, Wilson. Modelagem paramétrica, criatividade e projeto: duas experiências com estudantes de  de  que  projeto  arquitetônico  não  se  ensina,  comumente  disseminada  entre  docentes  de 
arquitetura. São Carlos.   Revista Gestão e Tecnologia de Projetos.  Volume 6, Número 2 | Dezembro, 2011   
Arquitetura. 
[ISSN: 19811543] DOI: 10.4237/gtp.v6i2.211  
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 9ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. FREIRE, Paulo.  Se a subjetividade e a personalidade do autor são realidades inescapáveis e parte integrante 
Pedagogia do Oprimido. 6ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.   da  riqueza  do  ato  criativo,  por  outro  lado,  o  estudo  de  metodologias  de  projeto  procura 
GRAEFF, Edgar A., Arte e Técnica na formação do arquiteto. São Paulo: Studio Nobel – Fundação Vilanova 
mapear os caminhos gerais que regem o processo de criação tentando identificar o que há 
Artigas, 1995.   de comum e racional nesta trajetória, ainda que seja impossível detectar o modo como cada 
autor constrói seu projeto. 
BALDING, J.J.   Incorporating  Innovative  and  Immersive  Technologies:  Changing  the  Art  of  Design.  
AECbytes ‐  Building  the  Future,  Autodesk.  June  2009. Disponível em:  A  possibilidade  de  aplicação  de  métodos  que  norteiem,  ou  auxiliem,  o  processo  criativo  é 
http://www.aecbytes.com/buildingthefuture/2009/InnovativeTechnologies.html   algo  complexo,  pois  se  trata  de  assunto  tão  discutido  quanto  discutível.  Porém, 
KANT. Sobre a Pedagogia. 3. ed. Trad. Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: Unimep, 2002.   especialmente  quando  se  trata  de  ensino  de  projeto  arquitetônico,  a  busca  por  uma 
LAWSON, B. Como os Arquitetos e Designers pensam. Trad. Doris Kowaltowski, São Paulo: Oficina de textos,  dinâmica  processual  minimamente  clara  e  estruturada  parece  ser  acertada,  visto  que  a 
2011.   abdicação da mesma  coloca,  em  última  instância,  a figura do  professor  como mero  agente 
MOORE, N. A sociedade da informação. In: IBICT. A informação e tendências para o novo milênio. Brasília, 1999.  “corretor” ou “cliente” de um projeto que o aluno deve desenvolver sozinho. 
p. 94‐108.   Por  outro  lado,  tais  dinâmicas  metodológicas  não  podem  ser  tão  estritas  ou  definitivas  a 
SCHÖN,  D.A.  Educando  o  Profissional  Reflexivo:  um  novo  design  para  o  ensino  e  a  ponto  de  tolher  a  liberdade  criativa  e  propositiva  dos  alunos.  Formas  de  ativação  e 
aprendizagem. Trad.Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2000.  potencialização  da  criatividade  e  da  criticidade  ao  longo  do  projeto  parecem  depender  da 
existência de liberdade e da falta de restrições e condicionantes, especialmente no início do 
   
processo.  
De  alguma  maneira,  o  que  se    sugere  é  a  busca  por  uma  prática  pedagógica  ideal,  que 
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congregue  condução  e  autonomia,  divergência  e  convergência,  quase  um  oximoro.  As  humano, da sociologia, passando pela história e desembocando na tecnologia. A adequação 
possibilidades e tentativas de aplicação de um processo de projeto claramente conduzido e  e utilidade de se experimentar o Design Thinking como apoio ao processo projetivo reside, 
ao  mesmo  tempo  potencializador  da  criatividade  dos  estudantes  é  um  desafio  que  este  portanto,  justamente nas  convergências  entre  o  mesmo  e  a  condição  da  Arquitetura  como 
artigo pretende levantar sem no entanto ter a pretensão de solucionar.  atividade  criativa.  Sua  aplicação  se  torna  ainda  mais  interessante  quando  se  toma  como 
referência  a  prática  pedagógica  tradicionalmente  observada  nas  disciplinas  de  Projeto 
Arquitetônico. 
2 DIVERGÊNCIA: DESIGN THINKING
Um  ponto  de  atenção  contemplado  pelo  Design  Thinking  é  seu  interesse  maior  pelo 
Nos últimos anos, a abordagem denominada Design Thinking alcançou grande penetração no  processo, ao invés de privilegiar o produto final. O “modo como os designers pensam” é que 
meio empresarial e, apenas recentemente, no meio acadêmico. O nome em inglês remete à  contém  o  germe  da  inovação  presente  no  produto  acabado  e  por  isso  quanto  mais  rico  e 
maneira de pensar atribuída aos designers, descritos por seus ideólogos  como profissionais  estimulante for o processo maiores possibilidades qualitativas apresentará o resultado final. 
capazes de captar, entender e sintetizar os problemas que afetam o cotidiano das pessoas e  Segundo  LAWSON  (2011,  p.  51),  os  arquitetos  costumam  ser  obcecados  pela  solução  em 
solucioná‐los  de  forma  inovadora,  a  partir  do  mapeamento  da  cultura,  dos  contextos,  das  detrimento  da  análise  do  problema  ou  do  projeto,  fruto  da  experiência  educacional  dos 
experiências e processos presentes na vida dos indivíduos.  cursos  de  graduação:  “Os  arquitetos  aprendem  com  uma  série  de  estudos  de  projetos  e 
recebem  críticas  às  soluções  encontradas,  e  não  ao  método  utilizado.  Ninguém  lhes  pede 
Descrito como uma abordagem voltada às necessidades e desejos latentes do ser humano,  que entendam problemas nem que analisem soluções”.  
se  apoia  na  multidisciplinaridade  e  no  design  colaborativo  como  meios  de  tangibilizar 
pensamentos e processos, sendo aplicável a diversas finalidades e contextos.  A tendência a saltar direto à solução final dificulta o atendimento às reais necessidades do 
ser  humano,  possível  somente  a  partir  de  uma  análise  acurada  do  universo  que  envolve  o 
Ao  abarcar  a  complexidade  de  questões  de  natureza  diversa  dos  problemas  específicos  a  projeto,  abrindo  caminhos  a  exercícios  meramente  formais  e  auto  referenciados.  Tal 
serem  enfrentados,  o  Design  Thinking  propõe  a  estruturação  de  uma  visão  mais  completa  concepção  comumente  relega  um  papel  burocrático  à  etapa  preparatória  ao  projeto, 
acerca do tema de trabalho, a fim de identificar melhor as barreiras e gerar alternativas mais  interpretando‐a como fase de coleta e análise de dados necessários ao início da projetação: 
efetivas. O enfoque que contempla a complexidade deriva no argumento de que o trabalho  dimensões  do  terreno,  legislação  pertinente,  fluxos  e  entorno,  condições  climáticas  e  de 
colaborativo  em  equipes  diversificadas  possui  melhores  condições  de  responder  aos  orientação solar, histórico e evolução urbana, etc. A mera reunião desses dados, ainda que 
problemas existentes e gerar novas alternativas. Trabalha a partir de um processo multifásico  imprescindível,  não  estimula  o  surgimento  de  um  pensamento  voltado  à  discussão  dos 
e não linear que permite interações e exercícios constantes, pois aceita o erro como parte do  padrões  estabelecidos  e  à  criação  de  soluções  que  realmente  atendam  às  necessidades 
processo de aprendizagem e experimentação (VIANNA, 2012, p. 13).  humanas de forma efetiva.  
Neste  sentido  se  diferencia  da  visão  científica  tradicional  ao  considerar  a  empatia  como  Este  tipo  de  atuação  pouco  reflexiva  representa  um  empecilho  ao  desempenho  do  futuro 
parte  inexpugnável  do  processo  de  análise  de  um  problema  ou  situação  dada  ao  lado  da  arquiteto  no  cenário  contemporâneo,  no  qual  os  projetistas  devem  ter  uma  grande 
abordagem  racional  e,  por  isso,  teria  maiores  condições  de  encontrar  soluções  mais  capacidade  adaptativa  frente às  constantes  e  rápidas  mudanças  observadas  no  mundo.  De 
adequadas aos desejos e necessidades das pessoas.  acordo  com  CUERVAS‐MONS  (2011),  a  arquitetura  enfrenta  atualmente  problemas  e 
A  aplicação  do  Design  Thinking  se  estabelece  a  partir  de  processos  (análise  >  ideação  >  situações  nos  quais  as  abordagens  plásticas,  formais  ou  espaciais  não  são  suficientes.  É 
prototipação  >  iteração  >  implementação)  e  técnicas  (brainstorming,  prototipação  rápida,  necessário  adaptar  e  melhorar  as  ferramentas  e  processos  para  incorporar  criativamente 
criação  de  cenários,  jornadas  de  usuários,  pesquisas  primárias  e  secundárias,  etc.),  questões  de  ordem  social  e  humana,  e  até  mesmo  aspectos  relacionados  ao  marketing  e 
extremamente elásticos e variáveis em função do autor ou dos desígnios de cada projeto.  gerenciamento do projeto. 
De  forma  geral,  podem‐se  considerar  como  pilares  estruturadores  da  abordagem  os  Se o processo de projeto nos ateliês universitários, tal como nos escritórios profissionais, é 
princípios    de  resolução  holística  dos  problemas,  o  usuário  como centro  do  processo  (user  eminentemente  prático  por  outro  lado  não  há  clientes  com  problemas  reais,  dúvidas  e 
centered design), a criação colaborativa e participativa (cocriação), o caráter prático (hands‐ condições  a  atender.  A  formação  intramuros,  centralizada  no  ateliê,  dificulta  aos  alunos 
on) e a criação de protótipos (CUERVAS‐MONS, 2011).  identificar e exercitar a relação entre as partes interessadas no projeto.  
O Design Thinking, como visto, é uma abordagem proveniente do campo do design, do qual  No  mesmo  sentido,  é  comum  observar  nas  disciplinas  de  projeto  arquitetônico  um 
foi adaptada e diretamente relacionada ao seu universo criativo e aberto. Trata‐se, portanto,  direcionamento estritamente baseado na satisfação dos requerimentos da tríade vitruviana, 
do  universo  próprio  da  Arquitetura,  no  qual  se  insere  de  forma  natural  e  participa  privilegiando  questões  concernentes  à  funcionalidade  –  utilitas  ‐,  definição  estrutural  – 
organicamente.  firmitas ‐ e concepção formal, volumétrica e estética – venustas. Tais princípios basilares da 
arquitetura  concorrem  para  satisfazer  as  necessidades  humanas,  porém  quando 
Como todas as áreas relacionadas ao processo criativo, a Arquitetura encerra em si mesma 
interpretadas de forma isolada,  tendem a gerar edifícios que reduzem a arquitetura a  uma 
um  alto  poder  de  inovação,  fundamentado  na  resolução  de  um  “quebra‐cabeças”  que 
condição de mero objeto, desvinculada do usuário, para quem deveria ser idealizada.  
envolve uma infinidade de condicionantes provenientes de diversas áreas do conhecimento 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  131   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  132 

A perda do referencial humano como norteador do processo de projetar tem resultado em  mais qualificado que ele para avaliar a arquitetura. Por fim, tal  posicionamento pode estar 


edifícios ensimesmados que, a despeito da qualidade estética e técnica que eventualmente  também  na  raiz  da  ansiedade  tantas  vezes  submissa  do  arquiteto  frente  aos  desejos  do 
apresentam, pouco consideram a condição das pessoas que a utilizam. Quando dessa forma  cliente. Para LAWSON (2011, p. 19): 
se estudam o terreno, as técnicas e sistemas estruturais mais adequados, casos e exemplos  |...|  é  mais  fácil  desenvolver,  de  forma  muito  pessoal,  processos  autorreflexivos 
referenciais,  raramente  se  pondera  acerca  da  condição  humana  fundamental  que  a  que visam principalmente satisfazer a si mesmos e, talvez, aos professores. |...| No 
arquitetura deveria contemplar.   processo, isso tende a distorcer não só o equilíbrio de habilidades como também o 
conjunto de valores que os alunos adquirem.  
O Design Thinking propõe uma interpretação que parte das pessoas, de seus desejos, anseios 
e  comportamentos  como  ponto  de  partida  para  a  composição  da  arquitetura.  O  que  a  O estabelecimento de um enunciado claro acerca de quais  objetivos o exercício de projeto 
abordagem  define  como  inovação  se  apoia  no  entendimento  dos  padrões  de  deve atingir é um primeiro passo  importante para que o desenvolvimento traga resultados 
comportamento  e  utilização  dos  usuários,  para  que  novas  ideias  e  concepções  sejam  satisfatórios,  desde  a  concepção  até  as  definições  de  materialização  da  arquitetura.  O 
estruturadas,  com  base  em  uma  visão  eminentemente  propositiva  e  voltada  para  a  lançamento  de  um  problema  de  projeto,  a  modo  de  desafio  principal  (que  pode  estar 
idealização de soluções.  vinculado  a  outros),  cria  um  ponto  de  partida  mais  tangível  e  auxilia  no  desafio  inicial  de 
“enfrentar  o  papel  em  branco”  das  infinitas  possibilidades,  momento  tão  liberador  quanto 
angustiante. 
3 CONVERGÊNCIA: PROBLEMATIZAÇÃO Não é incomum que o tempo gasto com as atividades e análises pré‐projeto terminem por 
sufocar  o  desenvolvimento  posterior  de  composição  formal  e  funcional  da  proposta.  Em 
A  desconexão  da  prática  acadêmica  de  projeto  com  o  usuário  final  guarda  relações  com  a 
geral não há, nem por parte do professor nem por parte do aluno, uma análise do impacto 
sobrevivência da tradição de ensino formulada pela École de Beaux‐Arts de Paris, segundo a 
dos  estudos  e  trabalhos  iniciais  no  resultado  final  do  projeto.  Esta  é  uma  das  razões  pela 
qual  o  aprendizado  se  dá  através  da  realização  de  uma  série  de  projetos  teóricos,  de 
qual,  segundo  LAWSON  (2011,  p.  43),  essa  etapa  de  recolhimento  e  análise  de  dados 
complexidade crescente, porém desvinculados de condicionantes reais, entre eles o usuário 
converte‐se em procrastinação improdutiva, visto que recolher informações é mentalmente 
e muitas vezes o próprio terreno. 
menos exigente que solucionar problemas. 
A  libertação  das  principais  condicionantes  pode  soar  aos  ouvidos  dos  alunos  como  uma 
Ao acelerar a definição conceitual e do partido arquitetônico, o foco em aspectos definidos 
espécie  de  música  libertadora  quando  é  na  realidade  um  canto  de  sereia  altamente 
conduz  a  uma  dedicação  de  tempo  e  esforço  mais  equilibrada  entre  as  etapas  projetuais, 
traiçoeiro.  Além  do  fato  da  quase  impossibilidade  de  um  projeto  ser  desenvolvido  livre  de 
redundando  em  propostas  mais  maduras  e  bem  compostas  ao  final  do  exercício.  Neste 
limitações (físicas, tecnológicas e legais) no  decurso da  vida profissional, tal falsa liberdade 
sentido, considera‐se que o estabelecimento de algumas condicionantes principais oriente o 
atrapalha o reconhecimento dos elementos disparadores do partido arquitetônico, atrasando 
exercício a melhores resultados. Conforme CORONA MARTÍNEZ (2000, p. 62), a restrição de 
a  maturidade  da  ideia  e  do  próprio  projeto.  Além  disso,  pode  desconectar  a  definição  da 
alternativas para a solução, seja devido ao terreno ou à exigências programáticas, conduz ao 
arquitetura  de  elementos  fundamentais  para  sua  composição,  como  o  entorno,  o  clima, 
aperfeiçoamento  das definições formais e construtivas. 
empobrecendo  a  complexidade  da  síntese  que  o  projetista  deve  realizar  para  alcançar  um 
bom resultado de projeto.   O que se entende por problemática, ou desafio, de projeto está relacionado ao lançamento 
de uma ou mais condicionantes ao projeto, dada pelas características do terreno (topografia, 
Livre  das  condicionantes  que  o  compõem,  o  projeto  tende  a  ser  resultado  de  uma 
dimensões,  formato  ou  morfologia),  do  entorno  (fluxos,  cruzamentos,  gabaritos,  paisagem, 
organização  do  organograma  funcional  –  o  plantismo  ‐,  ou  de  um  exercício  livre  de 
etc.),  do  clima,  do  programa,  etc.  É  importante,  no  entanto,  que  seja  eleito  um  número 
manipulação  formal,  cujos  limites  são  alargados  ano  a  ano  pelo  surgimento  de  novas 
restrito (um ou dois, preferencialmente) de problemas principais, de forma a manter o foco 
tecnologias  computacionais.  A  ênfase  teórico‐conceitual  nas  disciplinas  de  projeto  conduz 
do estudante em sua resolução. 
ainda  a  um  resultado  que  pode  ser  observado  na  maior  ênfase  dada  à  apresentação  e  à 
representação que à definição do projeto e de sua materialidade.   Este processo  condutivo do ensino de projeto facilita vinculação entre  produto  e  processo, 
tanto por parte do aluno quanto do professor. A ativação da consciência sobre a existência 
Ainda  que  o  processo  de  aprendizagem  em  disciplinas  de  projeto  de  arquitetura  seja 
de um problema, a definição de um processo de resolução e seus reflexos no produto final é 
baseado no aprender fazendo, e a própria disciplina não tenha uma doutrina explícita, isso 
altamente instrutiva, pois clarifica a importância da definição de um processo consciente de 
não significa que deva se desenvolver sem direcionamento pedagógico. 
projeto.  
A  figura  do  professor  muitas  vezes  se  propõe  a  representar  a  figura  do  cliente,  a  quem  o 
Finalmente,  observa‐se  que  o  direcionamento  claro  do  exercício  não  diminui  o  potencial 
projetista deve atender e convencer com seu projeto. Nada mais distante da realidade, visto 
crítico e questionador dos projetos, senão ao contrário, aumenta sua complexidade e obriga 
que  o  diálogo  entre  docente  e  discente  se  dá  em  termos  muito  mais  específicos  e 
a uma consistência propositiva maior. Ademais, ao auxiliar o “desatamento dos nós” iniciais 
especializados que entre cliente e arquiteto. Além do mais, o cliente não se coloca frente ao 
do  projeto  contribui  para  a  catalisação  do  processo  como  um  todo  e  induz  a  uma  maior 
arquiteto  como  o  responsável  pela  “correção”  do  projeto  proposto,  como  alguém  em  tese 
maturidade dos resultados arquitetônicos. 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 133   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  134 

4 CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA: EXPERIÊNCIA DE forma,  os  estudos  assumem  maior  significado  para  o  estudante,  pois  se  revestem  de  um 
potencial de aplicabilidade claro. 
APLICAÇÃO
Assim, os processos de análise e síntese das informações são mesclados com dinâmicas de 
A  experiência  apresentada  a  seguir  reflete  uma  tentativa  pedagógica  que  busca  criar  uma  ideação e exercícios propositivos, possibilitando uma ampla discussão conceitual e de ideias 
problemática clara para o projeto proposto, ao mesmo tempo que estimula a formulação de  possíveis  para  o  projeto,  antes  do  início  do  desenvolvimento  das  propostas  definitivas,  de 
ideias que fogem ao senso comum. Foi estruturada a partir da aplicação dos preceitos gerais  forma a estimular os estudantes a encontrarem respostas a seus questionamentos de forma 
do Design Thinking em cinco turmas da disciplina de Ateliê de Projeto VII (7º período), com  autônoma. Tais exercícios são feitos coletivamente, de forma a estimular o pensamento e o 
aproximadamente  95  alunos  no  total,  dos  períodos  matutino  e  noturno  da  Universidade  debate  de  forma  criativa  e  colaborativa,  onde  as  ideias  se  encadeiam  e  se  enriquecem 
Estácio de Sá do Rio de Janeiro ‐ parte de um projeto de pesquisa fomentado pela mesma  através  da  interação  entre  elas,  através  do  reenquadramento  e  rediscussão  de  soluções 
universidade.  consolidadas e aceitas como padrão referencial. 

Trata‐se  de  uma  proposta  de  requalificação  para  o  Mercado  Popular  da  Rua  Uruguaiana,  Neste  contexto,  a  proposta  conceitual  do  Design  Thinking  se  mostra  bastante  adequada, 
típico  aglomerado  espontâneo  de  boxes  comerciais  improvisados  onde  se  comercializam  visto que é pautada por uma grande geração de ideias e possibilidades de partida perfazendo 
produtos de baixo custo, localizado no centro da capital fluminense. A temática, vinculada a  uma lógica onde a quantidade gera a qualidade e as propostas mais exequíveis ou adequadas 
um  local  existente  e  a  usuários  reais,  oferece  a  possibilidade  de  contato  direto  com  o  são  selecionadas  e  refinadas  ao  longo  do  processo.  Quanto  mais  inicial  é  a  etapa  mais 
problema a ser solucionado, e possibilita o intercâmbio de ideias e o diálogo com os atores  propostas e ideias são geradas e, conforme o grau de especificidade aumenta, estreita‐se o 
envolvidos.  campo das possibilidades e a solução definitiva começa a ser desenhada. 

O problema de projeto foi lançado logo nas aulas iniciais, a modo de desafio a ser vencido  O Design Thinking supõe uma estrutura de aplicação aberta, podendo variar em função dos 
pelos  estudantes  da  turma.  O  enunciado  exigia  a  formulação  de  um  edifício  aberto,  cuja  requerimentos próprios de cada projeto. Assim, não há divisão rígida entre etapas e mesmo 
forma fosse definida através da concepção estrutural em grandes vãos. A forma do terreno e  os  tipos  de  dinâmicas  e  exercícios  propostos  podem  variar  segundo  as  necessidades  e  as 
a  existência  de  uma  torre  vertical  na  esquina  voltada  à  avenida  mais  movimentada  do  sugestões do momento específico. Existe, no entanto, um encadeamento de fases que segue 
entorno ‐ e da cidade, a Avenida Presidente Vargas –, preexistência supostamente incômoda  a  ordem  lógica  de  coleta  e  análise  de  dados,  ainda  que  a  mesma  possa  ser  flexibilizada, 
e com a qual eles teriam de conviver, complementavam a problemática proposta.   mesclada ou alterada. A aplicação da metodologia seguiu, em linhas gerais, uma subdivisão 
em etapas proposta em diversas literaturas sobre Design Thinking.  
Figuras 1 e 2 – O terreno e imagem da área de intervenção do projeto, com o edifício vertical em destaque. 
Figura 3 – Esquema processual geral proposto pelo Design Thinking. 

   
Fonte: http://mercadouruguaiana.com.br, acessado em 05/09/2014, e imagem manipulada pelo autor. 

É  importante  ressaltar  que  a  prática  projetual  foi iniciada  logo  no  início  das  discussões,  de 
forma a se  desenvolver e  amadurecer simultaneamente e com o subsídios das pesquisas e   

estudos realizados. Esta relativa antecipação ‐ se comparada à prática tradicional de estudos  Fonte: IDEO. Design Thinking for educators. Nova Iorque, 2012. 

prévios isolados acerca do terreno, do entorno e de repertório, antes de se iniciar o projeto  Desta forma, o desenvolvimento do projeto foi dividido em duas fases: a etapa preparatória 
propriamente dito – reflete a crença da pesquisa de que projeto e teoria se entrelaçam em  ao projeto, feita coletivamente, e a elaboração do projeto em si, individualmente (segundo 
uma relação simbiótica, na qual uma potencializa os efeitos da outra.  recomenda o Projeto Pedagógico do curso). A primeira etapa se caracteriza por uma série de 
Neste  sentido,  as  pesquisas  e  estudos  realizados  pelos  estudantes  eram  direcionados  em  exercícios e dinâmicas coletivas, cuja finalidade é refletir acerca da temática proposta e abrir 
função  da  necessidade  do  projeto  e  de  suas  características  e  exigências  específicas.  Por  caminho  a  uma  atitude  inovadora  e  criativa.  Na  fase  de  desenvolvimento  de  projeto,  cada 
exemplo, após uma primeira tentativa volumétrica ou composicional, o aluno vai em busca  estudante aplica e refina as ideias geradas anteriormente pelo grupo, finalizando o processo 
de edifícios cujas tipologias ou implantações resolvam um problema análogo ao seu. Dessa  com a validação da proposta pelos potenciais usuários. 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  135   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 136 

Procurou‐se  manter  o  caráter  aberto  proposto  pelo  Design  Thinking  no  conteúdo  previsto 
para cada exercício, segundo basicamente a ordem descrita a seguir:  

4.1 DESCOBERTA (IMERSÃO) 
Nesta  etapa  inicial,  de  aproximação  e  entendimento  dos  desafios  e  problemas  a  serem 
resolvidos, são desenvolvidos pesquisas e visitas, e reúne‐se material de referência. De certa 
forma, corresponde‐se à coleta de dados cadastrais e estudo do terreno/área de intervenção 
aplicada  na  metodologia  tradicional,  porém  interpretando  tais  estudos  como  etapas 
analíticas e propositivas, enfocando o ser humano como objetivo final do projeto. 
   
Iniciou‐se por um exercício de “Reenquadramento”, que consiste em examinar os problemas  Fonte: Fotos do autor, 2013. 
ou  questões  típicas  relacionadas  ao  tema  do  projeto  e  detectar  problemas  não  resolvidos 
sob  diferentes  perspectivas  e  ângulos,  de  forma  a  desconstruir  crenças  e  suposições  4.2 INTERPRETAÇÃO (ANÁLISE E SÍNTESE) 
preestabelecidas.  Com  o  objetivo  de  questionar  padrões  de  pensamento  consolidados,  os 
Neste momento as informações reunidas ao longo do processo anterior são analisadas a fim 
estudantes  foram  instados  a  construir,  coletivamente  através  do  uso  da  técnica  de 
de  descobrir  os  significados  e  oportunidades  que  a  temática  projetual  oferece.  Esta  etapa 
brainstorming,  um  panorama  da  situação  atual  do  Mercado,  listando  seus  principais 
completa o ciclo de organização, de forma a obter‐se padrões e criar desafios que auxiliem 
problemas e potencialidades. 
na compreensão do problema. 
Divididos  em  grupos  os  estudantes  passaram  a  traçar  soluções  conceituais  aos  problemas 
A “Análise do Usuário” proporciona um mergulho a fundo no contexto de vida dos atores e 
detectados e a criar propostas que reforçassem as virtudes do local, valendo‐se do método 
do assunto trabalhado,  buscando desvendar  as maneiras como as  pessoas se relacionam e 
“como  é?  –  por  que  é?  ‐  como  poderia  ser?”,  de  forma  a  induzir  o  questionamento  em 
como as funções se desenvolvem em seu cotidiano. Os membros da equipe vão ao encontro 
relação às propostas e a realidade observada, evitando o recurso a soluções preconcebidas e 
dos usuários para observar e interagir com eles no contexto de uso, de forma a aproximar‐se 
sacadas de forma acrítica. 
de seus pontos de vista. Através de entrevistas informais, procuram descobrir o que dizem, 
Na  “Pesquisa  Exploratória”,  os  grupos  coletaram  e reuniram  as  informações  necessárias  ao  como agem, o que pensam e como se sentem naquele ambiente. 
entendimento do contexto físico, histórico‐cultural e sociológico que envolve o projeto. Esta 
A partir do observado, enumeraram‐se em sala de aula os atores por eles identificados, de 
etapa normalmente coincide com os trabalhos solicitados tradicionalmente no que se refere 
forma  a  definir  que  tipos  de  pessoas  utilizam  o  espaço  cotidianamente  e  quais  são  seus 
à análise de dados e informações gerais. 
interesses  naquele  local.  O  exercício  foi  conduzido  de  forma  que  os  próprios  estudantes 
O  tradicional  estudo  de  referenciais  arquitetônicos  que  amparam  o  processo  inicial  de  traçassem os perfis gerais de cada usuário detectado. Após esse primeiro agrupamento cada 
geração de ideias foi feito a partir da identificação das condicionantes e restrições dadas ao  grupo  criou  uma  história  para  cada  um  dos  atores  identificados,  de  forma  a  humanizar  o 
projeto. Trata‐se de uma busca de informações sobre o tema do projeto em diversas fontes  perfil padrão, criando tipos arquetípicos a partir da síntese de comportamentos observados 
(campo, websites, revistas, blogs, artigos, etc.), evidenciando o caráter rápido e superficial da  entre  os  diferentes  usuários,  a  fim  de  compreender  e  contemplar  a  diversidade  humana  e 
pesquisa,  de  forma a criar uma visão geral sobre o assunto. A pesquisa deve  ser orientada  funcional que o projeto deve atender.  
para  a  busca  de  soluções  que  resolvam  problemas  análogos aos que  os  estudantes  devem 
A  intenção  subjacente  neste  exercício  é  a  de  que,  ao  compreender  o  contexto  de  vida  das 
solucionar (terrenos com formato parecidos, contextos urbanos similares, fluxos e formas de 
pessoas a quem busca atender, o estudante se coloque no lugar delas, evitando o surgimento 
utilização  paralelas  e  esquemas  de  composição  –  forma,  volume,  escala,  etc.  –  análogos) 
de propostas impositivas, que agradem mais ao projetista que ao usuário. Após a criação de 
sendo útil para ajudar a equipe a compreender melhor as fronteiras e perspectivas do tema 
tais  avatares,  denominados  “Personas”,  parte‐se  para  uma  recriação  gráfica  das  atividades 
em questão. 
cotidianas de cada usuário, chamada de “Jornada do Usuário”. 
Para este exercício os estudantes elegeram temas de interesse relativos ao projeto, a partir 
das  quais  cada  grupo  desenvolveu  Cartões  de  Referência  identificados  por  cores.  Estes  4.3 IDEAÇÃO 
cartões  contêm  informações  essenciais  e  diretas  –  majoritariamente  gráficas  –acerca  de 
Nesta fase os dados coletados e interpretados anteriormente servem de base à geração e ao 
exemplos  e  soluções  que  podem  subsidiar  a  projetação.  Uma  vez  entregues  e 
refinamento de propostas conceituais. Tem como intuito gerar ideias inovadoras e propostas 
compartilhados  entre  os  grupos,  os  cartões  foram  afixados  na  parede,  em  envelopes 
que nasçam do questionamento de modelos e padrões consolidados, contribuindo a definir 
identificados pelas cores dos temas pesquisados, ficando à disposição de todos ao longo do 
os rumos do projeto. 
processo de projeto. 
 Figura 4 e 5 – Cartões de Referência e criação de Personas 
Com base na “Jornada do Usuário”, foi elaborado um diagrama com as principais atividades 
de  cada  uma  das  pessoas  e  suas  interações  no  espaço  do  projeto.  Do  cruzamento  de 
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caminhos  e  ambientes  definidos  para  cada  ator,  os  estudantes  montaram  juntos  um  definição  da  composição  formal  e  volumétrica  diretamente  através  da  manipulação 
organograma síntese de fluxos e funções do projeto, retirando daí o programa mínimo a ser  tridimensional.  Acredita‐se  que  desta  forma  os  estudantes  adquiram  maior  controle  sobre 
obedecido.  todos  os  aspectos  e  partes  do  projeto,  pois  é  obrigado  a  pensa‐lo  de  forma  integrada. 
Segundo CORONA MARTÍNEZ (2000, p. 63), além das restrições provenientes do terreno e do 
Feito isso, cada grupo estabeleceu dez diretrizes, definidas com o objetivo de criar soluções 
que  agregassem  novos  usos  e  funções  ao  Mercado,  energizando  o  espaço  urbano  programa,  a  confecção  de  maquetes  em grande escala  potencializa  as  definições  formais e 
circundante. A partir do cruzamento das Diretrizes com as Personas, criou‐se uma “Matriz de  construtivas. 
Posicionamento”,  a  fim  de  se  analisar  e  definir  os  principais  critérios  norteadores  do 
4.5 EVOLUÇÃO (PROJETO) 
processo de projeto, verificando a efetividade da diretriz no atendimento das necessidades 
dos usuários. Este exercício desperta a atenção e o juízo crítico dos estudantes em relação a  O que  se denomina Evolução é a efetiva transformação  das  ideias preliminares em projeto 
suas próprias propostas e o real desejo dos futuros usuários do projeto.  arquitetônico, cujo processo de acompanhamento tradicional de atendimento personalizado 
ao longo das aulas foi transformado em atendimentos coletivos e colaborativos, onde cada 
4.4 EXPERIMENTAÇÃO (PROTOTIPAÇÃO)  aluno apresentava sua proposta e os demais auxiliavam com sugestões e ideias. 
A  partir  da  etapa  de  Experimentação,  cada  estudante  passou  a  trabalhar  individualmente,  Após a entrega do projeto finalizado, as pranchas conceituais e explicativas de cada proposta 
apoiado pelas experiências e informações levantadas nas fases anteriores.  foram  levadas  ao  Mercado  Popular  da  Uruguaiana  e  submetidos  a  opinião  dos  usuários 
Inicialmente,  foi  aplicado  um  exercício  denominado  “Dez  projetos  em  uma  hora”,  onde  o  detectados  nas  etapas  anteriores,  a  fim  de  ouvir  suas  impressões  e  análises.  A  interação 
entre estudantes e usuários, com maior envolvimento destes últimos no processo de projeto 
aluno  deve  esboçar  rapidamente  dez  propostas,  as  mais  distintas  entre  si  possíveis,  no 
deve ser estimulada pois efetiva as possibilidades de co‐design. Esta etapa final, denominada 
período  indicado  de  sessenta  minutos.  Antes  de  iniciar  os  croquis,  os  objetivos 
“Validação”,  pretende  estabelecer  novamente  o  contato  com  os  atores  envolvidos, 
comunicativos básicos e os parâmetros gerais foram definidos, e depois de finalizados, foram 
oferecendo  ao  estudante  a  possibilidade  de  refletir  sobre  a  aceitação  e  o  alcance  de  seu 
comparados e selecionados como possíveis pontos de partida para o projeto. 
projeto por parte de quem deveria ser seu objetivo final: o ser humano. 
Das propostas esboçadas, duas foram escolhidas para a “Experimentação Escalar”, exercício 
de experimentação volumétrica na maquete física do entorno, prévio à definição do projeto.  Ainda  que  aplicado  de  forma  simplificada,  devido  à  dificuldade  de  acesso  e  ao  tempo  que 
vendedores  e  clientes  do  tumultuado  Mercado  podem  disponibilizar  aos  alunos,  o  contato 
Consiste em descobrir as relações entre forma, volume, altura e massa possíveis no terreno a 
com o usuário real em seu contexto de uso é altamente enriquecedor no processo. Ademais, 
ser trabalhado. 
indica possibilidades ainda maiores, conforme descreve LAWSON: 
Como continuidade a esse processo, aplicou‐se o exercício de “Dedução Estrutural”, onde o 
Nesse papel, os projetistas continuam a ser especialistas profissionais qualificados, 
aluno procura criar um protótipo, através do uso de maquete de estudo, de uma estrutura  mas tentam envolver no processo os usuários dos projetos. Essa abordagem  mais 
capaz  de  suportar  o  edifício.  A  construção  de  um  modelo  físico  em  pequena  escala  visa  participativa  do  projeto  pode  incluir  várias  técnicas  relativamente  novas,  que  vão 
tornar tangíveis as possibilidades construtivas e a dinâmica de forças atuantes nas estruturas.  de  pesquisas  públicas  com  jogos  e  simulações  até  os  procedimentos  recentes  de 
projetar  com  o  auxílio  dos  computadores.  Todas  essas  técnicas  incorporam  a 
Também nesta etapa, uma nova fase de pesquisas referenciais é elaborada individualmente,  tentativa,  de  identificar  e  explicitar  os  aspectos  fundamentais  do  problema  e 
a fim de encontrar projetos cuja afinidade com a solução pré‐definida pelo estudante auxilie  sugerir  vias  alternativas  de  ação  a  serem  comentadas  pelos  participantes  não 
na definição posterior da proposta.  projetistas.  É  provável  que  aqueles  que  seguem  essa  abordagem  tenham 
abandonado  a  ideia  tradicional  de  que  o  projetista  individual  domina  o  processo, 
Figuras 6 e 7 – Matriz de Posicionamento e Validação. 
mas  talvez  ainda  acreditem  que  têm  a  oferecer  certa  habilidade  especializada  de 
tomar decisões. (2011, p. 38) 

CONCLUSÃO

A experiência de aplicação descrita acima, baseada em ciclos de divergência e convergência ‐ 
representados pelo uso das premissas do Design Thinking e da problematização do projeto ‐ 
mostrou‐se um instrumento de apoio pedagógico eficaz, capaz de estimular a criatividade e 
o  pensamento  crítico  e  autônomo  dos  estudantes  acerca  do  projeto  e  suas  finalidades 
    precípuas.  
Fonte: Fotos do autor, 2013.  As  etapas  marcadas  pela  divergência  abrem  o  pensamento  às  infinitas  possibilidades 
A partir desta etapa, passou‐se a  utilizar maquetes  em grande escala, de forma a induzir a  projetuais e propositivas ao passo que a imposição de condicionantes e restrições conduzem 
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o  desenvolvimento  dos  projetos  a  melhores  mais  resultados,  mais  bem  definidos  e  Sobre os efeitos dos estudos e análises do problema, a partir da coleta e síntese de dados, 
relacionados  ao  problema  lançado.  Na  realidade,  é  sabido  que  a  presença  de  restrições  observou‐se  uma  forte  tendência  à  inovação  no  âmbito  programático,  o  que  denota  forte 
claras aumenta o potencial qualitativo das propostas, pois obriga a ideação de soluções mais  vinculação  dos  projetos  aos  potenciais  usuários.  Em  sua  maioria,  a  busca  por  atender  as 
inovadoras e engenhosas frente à facilidade que a liberdade total oferece.  necessidades  das  pessoas,  detectadas  a partir  das  entrevistas  e  estudos  comportamentais, 
Tais inferências se confirmam no resultado final da maioria dos projetos desenvolvidos pelos  frutificaram  na  incorporação  de  usos,  na  definição  de  fluxos  e  na  organização  compositiva 
estudantes,  fortemente  relacionados  à  forma  do  terreno,  ao  elemento  preexistente  (torre  geral dos projetos.  
comercial de esquina) e aos fluxos de pedestres sugeridos pela morfologia e uso da área. A  A  maior  contribuição  do  Design  Thinking,  quando  introduzido  na  prática  projetual  de 
presença  de  condicionantes  claros  não  resulta,  no  entanto,  em  uma  única  solução  para  o  arquitetura, não é a mudança de um tipo de pensamento, mecânico, para outro, criativo, que 
partido  arquitetônico  ‐  risco  que  se  corre  ao  restringir  demasiado  as  alternativas  ‐,  ao  potencialize  as  possibilidades  de  inovação.  O  arquiteto  é  um  designer  e,  por  isso,  pensa 
contrário, auxiliam nos momentos iniciais de definição da implantação e da composição geral  como um designer. O maior interesse observado e confirmado ao longo da aplicação reside 
do projeto.  na  identificação  de  uma  dinâmica  processual,  flexível  e  iterativa,  calcada  em  princípios 
Figura 8 e 9 – Implantação que acompanha a forma do terreno.  geradores  que  regem  o  ato  de  projetar.  De  forma  complementar,  a  implementação  de 
técnicas,  exercícios  e  dinâmicas  que  atuam  no  processo  de  projeto,  podem  estimular  o 
florescimento de momentos criativos ao longo do trajeto que une a ideia inicial ao projeto 
final. 
Ao  final  dos  ciclos  de  aplicação,  observou‐se  que  o  uso  da  metodologia  possibilita  a 
conversão  da  dinâmica  da  disciplina  de  um  processo  eminentemente  individual,  ligado 
apenas ao universo pessoal e interior do projetista, para uma experiência colaborativa, onde 
as  questões  que  envolvem  o  projeto  são  debatidas  e  analisadas  em  grupo,  bem  como  as 
decisões e diretrizes das propostas, definidas coletivamente. A pesquisa entende o processo 
criativo  colaborativo  de  forma  positiva  pela  sua  capacidade  de  estimular  o  pensamento 
    crítico  e  a  reflexão  sobre  as  decisões  do  projeto,  envolvendo  o  grupo  e  instigando  a 
Fonte: Cedido pelo aluno Fábio Marques Oliveira, 2013.  participação ativa. 
Figura 10 e 11 – Implantação que utiliza o elemento vertical como gerador do projeto. 
Além  de  refletirem  profundamente  sobre  os  diversos  campos  que  tangenciam  o  projeto‐ 
programa,  necessidades,  usuários,  cidade,  clima,  técnica,  etc.‐  a  metodologia  propicia  aos 
estudantes um ambiente afeito à discussão, no qual as decisões usuais são questionadas e 
repropostas,  e  os  possíveis  desvios  de  interpretação  são  normalmente  detectados  pelo 
próprio grupo. 
A  criação  coletiva  possibilita  um  repertório  de  ideias  sempre  mais  rico  e  interessante, 
baseado  na  construção  conjunta  de  propostas,  onde  “um  constrói  sobre  a  ideia  do  outro”, 
    aumentando  exponencialmente  as  possibilidades  de  que  boas  propostas  surjam  e  se 
Fonte: Cedido pela aluna Thaís Andrigheto, 2014. 
desenvolvam. A co‐criação defendida pelo Design Thinking aposta na força do pensamento 
Figura 12 e 13 – Implantação que utiliza os fluxos como organizadores da composição.  colaborativo  para  fazer  florescer  ideias  inovadoras,  que  fujam  do  usual  e  atendam 
necessidades humanas ainda negligenciadas. 
A  análise  que  ora  se  apresenta,  observou  que  a  questão  da  inovação  em  projetos 
arquitetônicos  deve  ser  interpretada  segundo  critérios  específicos  à  disciplina.  Como  visto, 
Arquitetura  e  Design  compartilham  o  mesmo  universo  disciplinar,  portanto,  a  busca  de 
soluções inovadoras  sempre  fez  parte do pensamento arquitetônico. Dessa maneira, o que 
as  dinâmicas  e  exercícios  do  Design  Thinking  podem  trazer  de  contribuição  ao  campo  do 
projeto não é o pensamento inovador em si, já parte da essência de fazer arquitetura, mas a 
possibilidade  de  impulsionar  e  potencializar  o  processo  criativo,  com  base  no  trabalho 
colaborativo. 
   
Fonte: Cedido pelo aluno Raphael Lopes , 2014.  No mesmo sentido, a questão da inovação em arquitetura deve ser relativizada e ponderada, 
dada  sua condição  de artefato construído  com  a  intenção  de durabilidade  e  seu  alto  custo 
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relativo. O tempo da arquitetura é outro, mais longo e duradouro.   design‐thinking acessado em 01/04/2013. 

Alargando  um  pouco  mais  as  fronteiras  da  interpretação,  poder‐se‐ia  também  considerar  IDEO. Design Thinking for educators. Nova Iorque, 2012.Disponível 
http://www.designthinkingforeducators.com/ acessado em 06/05/2013. 
como inovação o entendimento do projeto tendo como centro de sua intenção o ser humano 
e  suas  reais  necessidades,  um  dos  pilares  do  Design  Thinking.  Replicando  o  arrazoamento  LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam; tradução Maria Beatriz Medina. São Paulo: Oficina de Textos, 
2011. 
apresentado acima, a arquitetura deve seu surgimento e perpetuação ao longo dos tempos à 
necessidade humana de abrigo físico e psicológico. Esta “arte útil”, porém, presta‐se muitas  LUPTON, Ellen (org.). Intuição, ação, criação; tradução Maria Helena Bandarra. São Paulo: G. Gili, 2013. 
vezes  ao  exercício  hedonista  e  espetacular  que  as  formas  e  a  técnica  atuais  possibilitam,  NAGAI, Y.; NOGUCHI, H. An experimental study on the design thinking process started from difficult keywords: 
comportando‐se como realidade objetual, onde a presença humana é acessória. Tal cenário  modeling the thinking process of creative design. Journal of Engineering Design, Londres, n. 4, vol. 14, p. 429‐
revela‐se  mais  evidente  e  preocupante  no  âmbito  acadêmico,  onde  a  inexistência  de  um  437, dez. 2003. 
“cliente” real muitas vezes interrompe, ou secundariza, a conexão entre a arquitetura e o ser  ROWE, Peter G. Design Thinking. Cambridge: The MIT Press, 1987. 
humano.  STEINBECK, Reinhold. El “Design Thinking” como estrategia de creatividad en la distancia. Comunicar. Revista 
Uma proposta metodológica que  recoloque  os  interesses  das  pessoas  como  grande  função  Científica de Educomunicación, Buenos Aires, v. XIX,nº 37, p. 27‐35, 2011. 
da arquitetura é, acima da questão da inovação em si, uma contribuição muito adequada e  THINKING LAB. Metodología para el Design Thinking. Disponível em: <http://thinkbig‐
conveniente  da  metodologia  ao  exercício  do  projeto  arquitetônico.  Neste  ponto,  o  lab.com/blog/architecture‐design‐thinking>. Acesso em 01/04/2013. 
aprofundamento  no  universo  do  usuário  e  a  validação  dos  projetos,  com  virtuais  clientes,  VIANNA, Maurício; et. al. Design Thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012. 
mostraram‐se fundamentais.      
A questão da multidisciplinaridade, cara à proposta do Design Thinking e essencial à prática 
arquitetônica, foi trabalhada ao longo do processo de aplicação da pesquisa basicamente de 
duas formas: extramuros, a partir da interação com os usuários do Mercado, e intramuros, 
através do diálogo com outras disciplinas do currículo do curso, especialmente às de ordem 
tecnológica.  
O exercício projetivo é uma mistura complexa de ações intuitivas e intencionais, de tal forma 
incontrolável  que  não  pode  ser  simplesmente  sistematizado.  A  experiência  de  aplicação 
apresentada,  cujos  resultados  foram  analisados  neste  artigo,  não  trata  de  propor  nenhum 
programa definido de estruturação disciplinar, porém acredita que o processo criativo tende 
a  trilhar  percursos  identificáveis.  A  decomposição  deste  processo  em  etapas  e  a 
implementação  de  métodos  conscientes  de  pensamento  e  execução,  acredita‐se,  abrem 
possibilidades de potencializar a capacidade criativa dos estudantes.  
O  projeto de arquitetura não  acontece  de forma  isolada  no cotidiano  da  profissão,  onde  o 
contato  com  clientes  e  profissionais  de  outras  áreas  é  obrigatório.  Com  as  devidas 
adaptações  e  ponderações,  conclui‐se  que  o  Design  Thinking  pode  ser  uma  ferramenta 
relevante para que a interdisciplinaridade, em suas diversas formas e possibilidades, deixe de 
ser  apenas  necessidade  e  passe  a  ser  entendida  como  possibilidade  de  criação  conjunta, 
desde os bancos universitários. 

REFERÊNCIAS
AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Design Thinking; tradução Mariana Belloli. Porto Alegre: Bookman, 2011. 
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias; tradução 
Cristina Yamagami. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
CORONA MARTÍNEZ, Alfonso. Ensaio sobre o projeto; tradução de Ane Lise Spaltemberg. Brasília: Editora 
Universidade de Brasília, 2000.  
CUERVAS‐MONS, Ion. “Architecture Design‐Thinking”. Disponível em http://thinkbig‐lab.com/blog/architecture‐
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  143   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  144 

Como deve ser o ensino de sustentabilidade nas Faculdades de  3 AS VISITAS ÀS OBRAS SUSTENTÁVEIS


Arquitetura e Urbanismo? Reflexões sobre uma experiência docente  Iniciada  a  fase  de  leitura  e  discussão  da  bibliografia  passou‐se  também  às  visitas  às  obras. 
Selecionaram‐se  algumas  obras  e  seguiu‐se  com  a  leitura  e  discussão  da  bibliografia.  É 
Joel OUTTES  necessário  mencionar  que  no  momento  em  que  escrevo  a  última  versão  da disciplina  está 
GEST‐ Grupo de Estudos sobre Sociedades e Territórios, UFRGS‐ Universidade Federal do Rio Grande do Sul;  em  curso,  portanto  estou  ainda  implementando  algumas  ideias  na  disciplina  no  momento 
email [email protected]; j.outtes‐[email protected]  em que escrevo.  
 
Iniciou‐se então uma pesquisa para localizar obras na RMPA‐ Região Metropolitana de Porto 
RESUMO  Alegre  que  tivessem  algum  aspecto  de  sustentabilidade  para  que  pudéssemos  visitá‐las  e 
Este trabalho discute como deve ser o ensino de sustentabilidade nas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo  para que servissem de exemplo para repertório nos exercícios de projeto arquitetônico ou de 
refletindo sobre a experiência de montagem de um curso sobre o tema, uma disciplina eletiva de dois créditos  urbanismo, o que não é tarefa fácil posto que os exemplos de obras com tais características 
na Faculdade de Arquitetura da UFRGS‐ Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A disciplina foi estruturada  em Porto Alegre não são muitos. 
em  quatro  partes:  Leitura  de  bibliografia  sobre  o  tema,  visitas  a  obras  de  arquitetura  e  urbanismo  com 
características sustentáveis, palestras de especialistas em sustentabilidade e um trabalho final constituído por  Mesmo  assim  conseguimos  localizar  algumas  obras  e  estamos  em  fase  de  visitação.  A 
um projeto de arquitetura ou de desenho urbano sustentável a nível de esboço ou anteprojeto.  primeira  das  obras  foi  um  condomínio  sustentável  de  autoria  de  um  reputado  arquiteto‐
PALAVRAS‐CHAVE: sustentabilidade, ensino, projeto, desenho urbano.  ecologista, Otavio Urquiza, o qual inclusive abandonou a cidade e foi morar em Curitiba dada 
  a pouca aceitação de suas ideias na nossa região em sua opinião e a muito melhor aceitação 
que as características de sua arquitetura estão tendo naquela localidade. O arquiteto tem um 
site, o ecoovilas.com e através dele pudemos estabelecer um contato através do qual fomos 
1 INTRODUÇÃO muito bem recebidos e conciliamos uma vinda do arquiteto à cidade para uma possível visita 
a duas de suas únicas obras em Porto Alegre, a Ecoovila 01 (Ecoovila com dois os porque seus 
Como  deve  ser  o  ensino  de  sustentabilidade  nas  Faculdades  de  Arquitetura  e  Urbanismo?  projetos procuram ser cooperativos, ver a Figura 1) e a Cotrajor, cooperativa dos jornalistas 
Deve  ser  ele  teórico  ou  prático?  Estas  foram  algumas  das  questões  com  as  quais  nos  (Figuras 4 e 5). 
deparamos  ao  montar  uma  disciplina  sobre  o  assunto  pela  primeira  vez  em  2007.  Nossa  Em uma tarde de sábado muito chuvosa coloquei alguns estudantes no meu carro e fomos 
opção  foi  por  montar  uma  disciplina  teórico‐prática,  pois  nos  pareceu  que  o  estudante  até  um  bairro  da  Zona  Sul  de  Porto  Alegre  visitar  o  empreendimento,  onde  também  se 
deveria ter conhecimentos tanto conceituais sobre o assunto quanto de projeto. Com essas  juntou a nós uma turma de uma disciplina de arquitetura da UFSM‐ Universidade Federal de 
diretivas em mente nos colocamos a montar o curso dividindo‐o em quatro módulos: leitura  Santa Maria. A casa da Ecoovila tem basicamente três características que a classificam como 
de bibliografia e discussão, palestras de convidados especialistas no assunto, visitas a obras  sustentável: um sistema de ar‐condicionado natural aromatizado por ervas e temperos, uma 
que utilizassem princípios de arquitetura e urbanismo sustentáveis e por fim a elaboração de  lareira‐fogão  que  aquece  os  banheiros  (Figura  3)  e  cobertura  viva,  ou  seja,  telhado  verde 
um projeto de arquitetura e/ou desenho urbano a nível de esboço ou anteprojeto utilizando  (Figura 2),  se  bem  que na  casa  que  visitamos, a casa 18 de propriedade do arquiteto,  este 
princípios de sustentabilidade.  item não se encontra disponível. O ar‐condicionado natural consiste em um cilindro cavado 
no chão com uma profundidade de 60 cms onde é plantada uma espiral de ervas e temperos 
e  através  de  um  sistema  de  dutos  a  frescura  deste  cilindro  e  o  aroma  destas  ervas  é 
2 A ESCOLHA DA BIBLIOGRAFIA
distribuída  para  o  resto  da  casa  durante  o  verão  através  da  desobstrução  de  algumas 
Para a escolha da bibliografia não houve muito segredo. Fizemos uma pesquisa bibliográfica  aberturas  específicas  através  da  casa  e  através  da  escadaria  que  funciona  como  uma 
no sistema eletrônico da biblioteca da nossa universidade, selecionamos aqueles títulos que  chaminé  de  verão.  Através  de  um  sistema  semelhante  de  dutos  a  lareira‐fogão  aquece  os 
nos  pareceram  os  mais  interessantes  e  montamos  uma  pasta  com  tais  textos  para  que  banheiros no inverno. Devido à forte chuva não visitamos a Cotrajor. 
servisse  de  base  para  que  fotocópias  fossem  feitas  e  fosse  iniciada  a  fase  de  leitura  e     
discussão de textos. Nas primeiras versões do curso os textos selecionados foram os listados 
abaixo  na  bibliografia.  É  preciso  aqui  mencionar  que  alguns  textos  não  correspondem 
exatamente  ao  que  seus  títulos  sugerem,  sendo  muitas  vezes  de  conteúdo  extremamente 
genérico,  abstrato  ou  superficial  sobre  o  seu  conteúdo,  o  que  nos  serviu  de  lição  para 
anotarmos  estas  informações  e  não  mais  adotarmos  alguns  destes  textos  em  versões 
posteriores do curso. 
 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  145   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  146 

Figura 1: Maquete do condomínio residencial Ecoovila 01 no bairro da Vilanova em Porto Alegre  Figura 3. Fogão/lareira que aquece os banheiros da casa 18 da Ecoovila 01 

 
Fonte: www.ecoovilas.com   
Figura 2. Casa com cobertura viva na Ecoovila 01 em Porto Alegre  Fonte: www.ecoovilas.com 
Figura 4. Maquete Cotrajor‐ Cooperativa dos jornalistas. 

   
Fonte: www.ecoovilas.com  Fonte: www.ecoovilas.com 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  147   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  148 

Figura 5. Casa tipo, Cotrajor‐ Cooperativa dos jornalistas  Figura 6. Uma das salas reunião do acampamento do MST. 

 
Fonte: www.ecoovilas.com 
 
Fonte: Foto Joel Outtes. 
A segunda obra que visitamos são duas edificações em arquitetura sustentável localizadas no 
acampamento São Sepé do MST‐ Movimento dos trabalhadores sem‐terras sito às margens  Figura 7. Edifício da sala de reuniões, detalhe da fachada. 
da  RS‐040  no  Km  20  no  município  de  Viamão  na  RMPA.  Fazia  muito  tempo  que  eu  não  ia 
neste  lugar  então  tive  que  fazer  uma  visita  preliminar  para  rever  as  obras  (na  verdade  era 
uma  obra  inicialmente  e  quando  eu  cheguei  lá  tive  a  grata  surpresa  de  ver  que  uma  nova 
edificação  havia  sido  construída)  e  conseguir  permissão  para  voltar  lá  depois  com  os 
estudantes pois foi impossível se conseguir até mesmo um simples telefone da localidade. 
No caso do acampamento São Sepé o interesse das obras é o seguinte, uma das edificações é 
uma antiga sala  de  reuniões  feita com paredes em fardo de palha  prensado revestido  com 
barro, estrutura de toras de madeira e cobertura viva, ou seja, mais uma vez o telhado verde 
(Figuras  11  a  15).  A  edificação  possui  o  que  os  bio‐construtores  chamam  de  janela  da 
verdade,  uma  janela  de  vidro  que  permite  ver  o  interior  da  parede  e  de  que  esta  é  feita 
(Figura  15).  Já  a  segunda  edificação  é  uma  espécie  de  sala  de  reuniões/escola/centro  de 
treinamento  com  uma  sala  para  a  preparação  de  fármacos  (Figuras  06  a  10).  Trata‐se 
também de uma edificação com estrutura em toras de madeira e dois pavimentos. Embaixo 
existe uma sala maior que abarca uma sala menor onde são dados cursos de treinamento, no 
dia  em  que  fui  lá,  por  exemplo,  estava  sendo  ministrado  um  curso  de  corte  e  costura.  No 
pavimento  superior,  ao  qual  se  tem  acesso  por  uma  escada  de  madeira,  existem  dois 
cômodos,  um  que  estava  sendo  usado  para  a  preparação  de  fitoterápicos  e  o  outro  como 
quarto de dormir. Esta edificação tem paredes de taipa de barro com palha com estrutura de 
madeira,  possui  também  cobertura  verde  e  parte  da  iluminação  lateral  nas  paredes  do 
pavimento térreo é feito através de garrafões de vinho coloridos verdes e marrons. 
 
  Fonte: Foto Joel Outtes. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  149   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  150 

Figura 8. Sala de reuniões do MST, espaço interior.  Figura 10. Sala de reuniões do MST, detalhe da escada. 

 
Fonte: Foto Joel Outtes. 
Figura 9. Sala de reuniões do MST, detalhe da entrada. 
 
Fonte: Foto Joel Outtes. 
Figura 11. Antiga sala de reuniões do MST, volumetria. 

 
  Fonte: Foto Joel Outtes. 
Fonte: Foto Joel Outtes. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  151   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  152 

Figura 12. Antiga sala de reuniões do MST, cobertura verde.  Figura 14. Antigo salão de reuniões do MST, detalhe da estrutura. 

   
Fonte: Foto Joel Outtes.  Fonte: Foto Joel Outtes. 
Figura 13. Antigo salão de reuniões do MST, espaço interior.  Figura 15. Antigo salão de reuniões do MST, janela da verdade. 

   
Fonte: Foto Joel Outtes.  Fonte: Foto Joel Outtes. 
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Um terceiro edifício com o qual estamos em contato com o construtor para uma visita com  muitos  “atuantes”  na  área  da  sustentabilidade  não  são  acadêmicos,  são  arquitetos  de 
os estudantes é um edifício residencial multifamiliar. Trata‐se de um edifício construído por  escritório  e  como  eles  dizem  “precisam  colocar  o  pão  na  mesa”,  portanto  cobram  por 
um  engenheiro  que  é  um  professor  aposentado  de  conforto  ambiental  da  UFRGS,  Juan  palestras  e  nós  em  uma  universidade  pública  federal  não  temos  verba  para  pagar 
Mascaró,  que  ao  se  aposentar  abriu  uma  construtora  junto  com  um  dos  filhos  e  resolveu  palestrantes.  Em  episódio  recente,  por  exemplo,  levei  o  caso  à  COMGRAD‐  Comissão  de 
colocar  em  prática  algumas  de  suas  ideias.  A  sustentabilidade  neste  caso  se  apresenta  Graduação, na tentativa de convidar o palestrante para fazer uma apresentação para toda a 
através da manutenção das arvores do terreno, no uso de pedras locais e na não necessidade  Faculdade (no que fui super bem acolhido pela COMGRAD), mas ai fiquei sabendo que não 
de  drenagem  das  águas  do  subsolo  (este  item  ainda  nos  será  explicado  melhor  pelo  temos verba para pagar palestrantes nem a nível da Diretoria da Faculdade, pois o máximo 
engenheiro  durante  a  visita).  Outros  contatos  estão  sendo  estabelecidos  com  outros  que  podemos  oferecer  são  passagens  aéreas  e  diárias  de  hotel.  Isso  causou  uma  grande 
arquitetos  para  visitas  a  outras  obras  mas  como  dito  anteriormente,  obras  de  arquitetura  decepção  por  parte  do  potencial  palestrante  que  achou  estranho  que  “todo  mundo  podia 
sustentável  em  Porto  Alegre  não  são  abundantes.  De  todo  modo,  foi  estabelecido  um  ganhar: hotel, companhias aéreas, menos o palestrante”. Resumindo, até então não convidei 
contato com o escritório cubo verde que iniciará algumas obras com estas características na  ninguém  ainda  para  vir  fazer  palestras  sobre  sustentabilidade  nesta  edição  do  curso  mas 
cidade  no  semestre  que vem  assim  como  com  o  escritório  Nader  Arquitetos  Associados,  o  estou ainda quebrando a cabeça para ver quem seria adequado convidar. 
qual também iniciará obras com tais características no semestre que vem de forma que na 
próxima edição da disciplina pretendemos visitar exemplos de arquitetura sustentável destes 
respectivos escritórios. Foi ainda feito um contato com o escritório Sousa Guerra Arquitetura  5 O PROJETO FINAL DE ARQUITETURA OU URBANISMO
que ficou de nos retornar o contato com vistas a uma visita à edificação do Grupo DIMED no 
municípo de Eldorado do Sul, a qual contém princípios de arquitetura sustentável.  O trabalho final de conclusão da disciplina será um projeto de arquitetura e/ou urbanismo a 
nível de esboço ou anteprojeto. Para esta fase os estudantes tem total liberdade de escolher 
Foi ainda estabelecido um contato com uma empresa de certificação ambiental, a Petinelli, e  o tema do trabalho assim como o terreno sendo o único requerimento que utilizem algum 
através desta empresa ficaram arranjadas negociações para visitas a várias outras obras de  ou alguns elementos de arquitetura sustentável no projeto. 
arquitetura sustentável, entre elas a DNA do aço; um edifício comercial de 08 pavimentos na 
Avenida Carlos Gomes; o Edifício SAP construído pela Construtora Tedesco no município de 
São Leopoldo, assim como a loja de roupas da C&A da Rua dos Andradas no centro de Porto  6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alegre,  a  qual  possui  sistema  de  eficiência  energética  no  uso  da  iluminação  e  sistema 
especial para economizar água.  Apesar  de  nem  todos  os  aspectos  e  detalhes  do  curso  estarem  fechados  ou  totalmente 
definidos  o  curso  vem  se  desenvolvendo  bem  e  os  alunos  estão  extremamente 
entusiasmados com o andamento da disciplina, sobretudo com as visitas às obras. 
4 PALESTRAS DE ESPECIALISTAS

Esta é a parte que  está menos desenvolvida  na disciplina. Como dissemos  esta disciplina é  REFERÊNCIAS


uma  disciplina  eletiva,  ou  seja,  não‐obrigatória  e  tem  por  nome  Tópicos  especiais  em 
urbanismo  II‐C,  ou  seja,  quando  é  “anunciada”  para  os  alunos  como  opção  de  disciplina  ACSELRAD, H. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 1999, 
ninguém  sabe  exatamente  sobre  o  que  é.  Isto  faz  com  que  seja  necessária  a  utilização  de  n.1, pp.79‐90. 
estratégias alternativas de divulgação da disciplina para que se consigam alunos e conseguir  BUNYARD, P. A teoria de gaia e a gestão do planeta. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.). Desenvolvimento 
alunos  para  disciplinas  eletivas  na  UFRGS  é  algo  que  é  historicamente  difícil  posto  que  os  sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto Alegre: EDUFRGS, 2004, 
pp.377‐393 (Capítulo 15). 
alunos se encontram normalmente sobrecarregados, tanto que o curso é de cinco anos mas 
os  alunos  se  formam  em  média  em  sete  anos  e  meio.  Os  alunos  tem  aulas  das  disciplinas  CORDEIRO, M. P. O momento atual do ensino de arquitetura Brasileiro e a arquitetura sustentável preconizada 
obrigatórias de manhã e à noite e uma massiva maioria estagia à tarde, restando quase que  na agenda 21. Revista Pós, dez. 2003, n.14, pp.58‐65. 
tempo  algum  para  disciplinas  eletivas.  Meu  curso  este  semestre  por  exemplo  tem  apenas  DIAS, L. C. & SANTOS, G. A. Região, território e meio ambiente: Uma historia de definições e redefinições de 
quatro estudantes e me dou por muito feliz pois três destes estudantes são extremamente  escalas espaciais (1987‐2001). Revista de Estudos Urbanos e Regionais, 2003, vol.5, n.3, pp.45‐56. 
interessados.  Além  do  mais,  uma  colega  que  ofereceu  uma  disciplina  eletiva  também  este  FRANCO, M. A. R. Planejamento ambiental para a cidade sustentável, São Paulo: Annablume, 2001, 296pp. 
semestre acaba de cancelar a disciplina dado o baixo numero de estudantes inscritos.  (Contém estudos de caso sobre o Vale do Itajaí e São Paulo, capítulos 08, pp. 193‐249 e 09, pp. 250‐283). 
FYFE, W. S. Desenvolvimento sustentável e conhecimento do planeta Terra: Perspectivas para o século XXI. in 
Isto,  o  baixo  numero  de  estudantes  inscritos  nas  disciplinas  eletivas,  faz  com  que  seja 
MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.). Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a 
complicado  e/ou  constrangedor  convidar  especialistas  para  vir  fazer  palestras  nas  aulas  do  partir de Porto Alegre, Porto Alegre: EDUFRGS, 2004, pp.305‐324. 
curso dado justamente o pequeno tamanho do público. Não dá para chamar ninguém muito 
GUILLÉN, R. F. Ambiente e desenvolvimento sustentável. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.). 
eminente  e  fica  então  o  ministrante  da  disciplina  reduzido  a  convidar  palestrantes  mais  Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto Alegre: 
jovens  e/ou  menos  experientes,  dada  esta  especificidade  do  público.  Outra  questão  é  que 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  155   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  156 

EDUFRGS, 2004, pp.61‐78 (Capítulo 02). 
As atividades experimentais no contexto acadêmico: o confronto 
MACHADO, M. H. F. Urbanização e sustentabilidade ambiental: Questões do território. Revista Brasileira de 
Estudos Urbanos e Regionais, 2004, n.3, pp.81‐95. 
entre o projeto e a materialidade 
MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. Desenvolvimento sustentável, participação popular e conhecimento: A gestão 
ambiental urbana em Porto Alegre. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.). Desenvolvimento sustentável e  Albenise LAVERDE 
gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto Alegre: EDUFRGS, 2004, pp.199‐231.  Faculdade de Arquitetura e Urbanismo ‐ Universidade de São Paulo ‐ FAUUSP; [email protected] 
Cláudia Terezinha de Andrade OLIVEIRA 
MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. Sustentabilidade, democracia e gestão ambiental urbana. in MENEGAT, R. &  Faculdade de Arquitetura e Urbanismo ‐ Universidade de São Paulo ‐ FAUUSP; [email protected] 
ALMEIDA, G. (Orgs.). Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto 
Alegre, Porto Alegre: EDUFRGS, 2004, pp.175‐196 (Capítulo 06). 
 
MARTINS, C. H. B. & OLIVEIRA, N. Desenvolvimento e meio ambiente: Potencial poluidor das atividades  RESUMO 
industriais e gestão ambiental municipal no Rio Grande do Sul. Indicadores Econômicos FEE, 2006, vol.34, n.2,  A utilização de processos experimentais para o estudo da materialização arquitetônica teve ao longo dos anos 
pp.71‐80.  um importante papel para a compreensão e resolução de diferentes questões que envolvem o projeto. Como 
MARTINS, C. H. B. & OLIVEIRA, N. Desenvolvimento sustentável e sistemas de informação: Indicadores do  prática  pedagógica,  estes  processos  permanecem  ainda  válidos  e  são  intensamente  explorados  no  contexto 
potencial poluidor da indústria Gaúcha. Indicadores Econômicos FEE, 2008, vol.36, n.1, pp.99‐114.  internacional, destacando‐se a adoção de modelos e protótipos no desenvolvimento de inovações para o setor 
técnico‐construtivo.  Inserido  neste  debate,  o  presente  trabalho  apresenta  uma  reflexão  sobre  o  percurso  de 
PAULSULE, S. S. O desenvolvimento sustentável e a cidade. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.).  diferentes profissionais, tanto arquitetos como engenheiros que se apoiaram nesta metodologia projetual com 
Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto Alegre:  base  na  experimentação.  Também  são  apresentadas  experiências  com  práticas  em  canteiros,  laboratórios  e 
EDUFRGS, 2004, pp.31‐57.  projetos específicos no  contexto nacional. É destacada a importância desta discussão ser ampliada no campo 
PESCI, R. Um novo humanismo e o planejamento ambiental. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. (Orgs.).  acadêmico por meio do incentivo às práticas experimentais em canteiros e laboratórios, que permitam discutir 
Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto Alegre:  sobre a indissociabilidade entre os aspectos construtivos e expressivos. 
EDUFRGS, 2004, pp.99‐128 (Capítulo 04).  PALAVRAS‐CHAVE: modelos físicos, protótipos, experimentação, ensino. 
RIBEIRO, W. C. Cidades ou sociedades sustentáveis?. in CARLOS, A. F. A & CARRERAS, C. (Orgs.) Urbanização e 
mundialização, São Paulo: EDUSP, 2004, pp.60‐69. 
1. CONTEXTO DE INSERÇÃO DO TRABALHO
SATTHERWAITE, D. Como as cidades podem contribuir para o desenvolvimento sustentável. in MENEGAT, R. & 
ALMEIDA, G. (Orgs.). Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto 
Alegre, Porto Alegre: EDUFRGS, 2004, pp.131‐169 (Capítulo 05).  Atualmente,  há  um  crescente  interesse  sobre  o  potencial  expressivo  dos  materiais  e  do 
processo técnico‐construtivo dos elementos arquitetônicos, com o desenvolvimento de uma 
SATLER, M. A. Edificações sustentáveis: Interface com a natureza do lugar. in MENEGAT, R. & ALMEIDA, G. 
(Orgs.). Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre, Porto  produção  conceitual  que  assume  as  questões  ligadas  à  matéria  como  tema  de  projeto. 
Alegre: EDUFRGS, 2004, pp.261‐288.  Segundo  Gonçalves  (2005),  a  presença  destes  fenômenos  na  arquitetura  contemporânea 
destaca  claramente  duas  questões  fundamentais  no  exercício  do  projeto:  a  integração  da 
SCUSSEL, M. C. B. & SATLER, M. A. Qualidade do espaço residencial e sustentabilidade: (Re)discutindo conceitos 
e (des)construindo padrões. Revista de Estudos Urbanos e Regionais, nov. 2004, vol.6, n.2, pp.85‐96.  tecnologia  na  linguagem  plástica  da  arquitetura  e  a  inserção  do  conhecimento  técnico‐
científico no “saber‐fazer” do arquiteto.  
STEINBERGER, M. A (re)construção de mitos: Sobre a (in)sustentabilidade do (no) espaço urbano. Revista de 
Estudos Urbanos e Regionais, maio 2001, n.4, pp.9‐32.  Inserido neste debate, este trabalho traz como principais unidades de análise: 
VILLAVERDE, A. E. Desenvolvimento urbano sustentável: Critérios de planejamento. Dynamis: Revista Tecno‐ a) O processo experimental com modelos e protótipos sob a ótica expressiva e construtiva; 
Cientifica, jul/set. 2000, vol.8, n.32, pp.7‐21. 
b) O desenvolvimento projetual auxiliado pela experimentação, realizando a mediação entre 
    lógica  de  concepção  e  materialidade;  c)  O  ensino,  como  campo  onde  os  procedimentos 
cruzam  métodos  empíricos,  estatísticos  e  crítico‐analíticos.  Estes  assuntos  correlacionados, 
contribuem para fomentar a discussão sobre a relevância destas experiências serem cada vez 
mais estimuladas no contexto acadêmico nacional. 

2. A CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA ORIENTADA PELA


EXPERIMENTAÇÃO FÍSICA

Ao  longo  do  desenvolvimento  de  um  projeto  sem  precedentes,  não  sendo  a  ciência  ou  os 
procedimentos  usuais  suficientes  para  gerar  a  confiança  necessária  para  o  início  da 
construção,  os  projetistas  são  inspirados  com  frequência  a  realizar  estudos  experimentais 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  157   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  158 

específicos, geralmente envolvendo maquetes físicas e até mesmo protótipos para ampliar a  intenção  de  complementar  os  cálculos  teóricos.  Em  Nervi  (1951),  percebe‐se  uma 
ciência  da  engenharia  existente.  O  objetivo  destas  pesquisas,  segundo  Addis  (2009),  não  é  proximidade entre suas ideias e as de Torroja (1958), quando consideram a importância das 
desenvolver um método de projeto universal, mas sim compreender uma situação particular  demonstrações  experimentais  em  apoio  à  teoria,  considerando  esta  ausência  ser  uma  das 
a resolver um problema e/ou contexto específico.  grandes deficiências do ensino de sua época, tanto da Engenharia como da Arquitetura. 
Alguns exemplos no decorrer da história podem sustentar a importância da retomada deste  Outros  exemplos  que  se  destacaram  neste  período  foram  os  engenheiros  Felix  Candela  e 
assunto nos dias atuais, e revelam que a arquitetura esteve sempre condicionada a evolução  Eládio  Dieste,  considerados  grandes  exploradores  dos  protótipos  em  escala  real  para  o 
tecnológica de produção. Em Addis (2009) e Miracle (2002), é relatada como a exploração da  estudo de formas complexas. O primeiro, construiu um grande número de edificações com 
terceira dimensão pelos projetistas veio influenciar até mesmo os métodos mais tradicionais  coberturas  feitas  com  paraboloides  hiperbólicos  de  concreto  armado,  considerada  como  a 
de  construção  em  alvenaria,  como  a  obra  do  arquiteto  catalão  Antoni  Gaudì,  que  levou  à  única tipologia estrutural que foi inventada com o uso da matemática e da engenharia antes 
terceira dimensão o axioma de Robert Hooke, que afirma que a forma de um arco estável é  de  ter  sido  concebida  ou  construída.  Segundo  Candela  (1962),  o  objetivo  de  qualquer 
aquela de uma catenária invertida. Na década de 50, o uso de modelos para a descoberta de  projetista  não  seria  resolver  as  exigências  estruturais  de  uma  forma  pré‐estabelecida,  mas 
formas estruturais, especialmente para estruturas tridimensionais, foi adotado também por  sim  encontrar  a  forma  ideal  para  solucionar  os  problemas  colocados  a  partir  do  uso  de 
Frei Otto em seu Institute for Lightweight Structures, em Stuttgart. Segundo Otto (1973), a  diferentes ferramentas, inclusive os modelos físicos e protótipos. 
utilização de modelos foi imprescindível, com o desenvolvimento de processos de projeto e 
No livro de Eládio Dieste, La Estructura Cerámica, de 1987, fica nítido que o desenvolvimento 
manufatura inteiramente novos, inconcebíveis em termos matemáticos. Ao longo de 30 anos 
de  suas  obras  com  tecnologias  inovadoras  está  diretamente  vinculado  ao  fato  dele  ter 
o arquiteto continuou a aperfeiçoar os seus métodos para a definição da forma por meio de 
exercido  sua  carreira  como  construtor,  com  a  possibilidade  de  validar  suas  teorias  com 
modelos, tanto para membranas como para coberturas com malhas de cabos.   economia  e  eficácia,  experimentando  soluções  espaciais  e  composições  de  novas  formas. 
Neste período também se destacou Jean Prouvé, considerado tanto por Piano (2011) quanto  Sua  obra  vai  contra  a  supervalorização  do  projeto  (e  do  desenho)  de  arquitetura  em 
por  Rollet  (2007),  como  o  profissional  que  trouxe  as  pistas  mais  consistentes  no  que  diz  detrimento do processo de construção. Segundo o engenheiro, para que a arquitetura possa 
respeito  ao  papel  e  importância  da  experimentação  na  Arquitetura.  Em  Prouvé  (2005)  e  ser realmente construída os materiais não devem ser usados sem um profundo respeito à sua 
Suzer (2008), é possível verificar que em seu trabalho o ‘fazer e o pensar’ constituíam uma  essência e, consequentemente, às suas possibilidades1. 
mesma coisa: a mão e a mente atuando juntas em uma ida e volta contínua da máquina para 
A  Figura  01  ilustra  uma  sequencia  de  imagens  de  experimentos  com  modelos  em  pequena 
o  projeto.  Sua  capacidade  criativa  estava  embasada  na  verificação  constante  de  ideias  escala e protótipos próximos à escala real, utilizados tanto por engenheiros como por arquitetos 
abstratas por meio da execução concreta, e como ambas influenciavam‐se reciprocamente. 
para o estudo de formas e processos inovadores.  
Para  Prouvé,  a  centralidade  do  processo  investigativo  e  o  diálogo  com  a  realidade  física 
Figura 01‐ Sequencia de imagens de experimentos utilizados na investigação de formas complexas desenvolvidos por 
estavam  no  protótipo  do  projeto.  Esta  metodologia  vai  além  de  suas  produções  materiais,  Antonì Gaudi (a), Felix Candela (b), Frei Otto (c) e Renzo Piano (d). 
pois  seu  pensamento  pode  ser  observado  atualmente  entre  muitos  arquitetos 
contemporâneos  que  se  identificam  com  o  processo  experimental  ao  longo  do 
desenvolvimento projetual como: Renzo Piano, Pascal Rollet, entre outros.  
Em Vincent (2007) e Piano (2011), fica claro que para Renzo Piano o projeto é definido por 
inúmeras pesquisas ao longo do processo e a técnica não é trabalhada de maneira isolada. O  a b c d 
material, por exemplo, não é investigado somente por suas características mecânicas, e sim          d 
Fontes: a) Addis,2009; b) http:www.chqs.net/archivos/informes/archivos_1_040310_la+estructura+veloz.pdf; c) Otto,1973; 
pela  vibração  que  proporciona.  Estes  são  valores  almejados  no  projeto,  em  que  o  uso  do 
d) Buchanan, 2007. 
protótipo  é  fundamental  iniciando  por  análises  mais  generalistas  chegando  até  ao 
detalhamento de problemas específicos.  
                                                            
Além  destes  exemplos  desenvolvidos  por  arquitetos,  destacam‐se  também  as  inovações 
1
realizadas por engenheiros no campo da investigação estrutural, principalmente, no período    De  acordo  com  os  conceitos  de  classificação  de  Harris  e  Sabins  (1999),  as  experiências  de  Candela  e  Dieste  podem  ser 
consideradas  no  campo  estrutural  como  modelos  reduzidos.  Esta  forma  investigativa  é,  sempre  que  possível,    construída 
entre 1930 e 1960. Embora alguns tenham trabalhado com arquitetos, muitos deles tiveram  segundo as leis da ‘Teoria da Semelhança’, a qual considera a geometria real como réplica da estrutura original. Para que um 
uma  atuação  independente,  criando  praticamente  um  vocabulário  arquitetônico  próprio,  o  modelo possa representar um protótipo, ou para que os resultados obtidos em ensaio com modelos possam ser estendidos 
que representa um fenômeno inédito em qualquer outra época da história da engenharia da  aos protótipos, é preciso que, além da semelhança geométrica, os modelos sejam construídos com materiais que apresentem 
semelhanças  físicas  em  relação  aos  materiais  do  protótipo.    De  acordo  com  Carneiro  (1996)  e  Cowan  (1974),  a  ‘Teoria  da 
edificação.   Semelhança’  foi  estudada  pioneiramente  por  Galileu  Galilei,  que  chegou  à  teoria  que  quando  se  comparam  dois  corpos 
geometricamente semelhantes, as forças resistentes estão entre si como o quadrado da escala geométrica, ao passo que os 
O engenheiro espanhol Eduardo Torroja foi um deles, que durante sua carreira aprimorou o  pesos próprios se relacionam com o cubo dessa escala. Quando se passa de um modelo reduzido ao protótipo, a importância 
processo  de  intuição  por  meio  da  experimentação.  Assim  como  ele,  o  engenheiro  italiano  relativa  do  peso  próprio  cresce  de  tal  maneira  que  ao  ser  atingido  um  tamanho  limite,  o  protótipo  gigante  rui  pela  ação 
Pier Luigi Nervi foi pioneiro no uso desta ferramenta como auxílio à concepção estrutural na  exclusiva  de  seu  peso  próprio,  ao  passo  que  o  pequeno  modelo  é  capaz  de  suportar  cargas  adicionais,  além  do  seu  peso 
próprio. De acordo com esta teoria, o cientista adotou a expressão “A Fraqueza dos Gigantes”.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  159   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 160 

Os  modelos  e  protótipos  apresentados  na  Figura  01  contribuíram  para  a  compreensão  e  ou no sentido do construtivismo, e sim no sentido mais amplo, sobretudo o intenso contato 
execução  de  obras  emblemáticas  em  diferentes  períodos,  como  pode  ser  observado  na  com o material dado. Para alcançar o objetivo da formação do ‘homem criativo’ na Bauhaus, 
Figura 02: a) Cripta Guell do arquiteto Antonì Gaudì, de 1917; b) High Life Textile Factory de  Albers escolheu um princípio pedagógico que também concedia uma posição primordial ao 
Felix Candela, de 1955; c) Pavilhão de Munique de Frei Otto, de 1972 e d) Pavilhão Itinerante  aspecto criativo, e que ele mesmo resumiu de maneira expressiva na frase: “Experimentar é 
da IMB de Renzo Piano, 1982.  melhor  que  estudar”.  Ainda  de  acordo  com  Wick  (1989),  Albers  censurava  a  transmissão 
Figura 02 ‐ Sequencia de fotos de obras desenvolvidas a partir de experimentos investigativos com modelos em pequena  tradicional de conhecimentos e de habilidades que, a seu ver, não deixa espaço à criação e 
escala e protótipos em escalas próximas a real.   inibe a capacidade de inventar:  
 ....no tocante de tais experimentações, as supostas inovações em sua aplicação ou 
adaptação geralmente  são reconhecidas a  posterori como processos já existentes. 
Mas o resultado é vivido e constitui uma propriedade de quem os viveu, posto que 
aprendido e não ensinado. (WICK, 1989, p. 236) 

Ao longo dos anos, os processos experimentais foram incorporando os avanços tecnológicos 
a  b  c d disponíveis em cada período e permanecem como processos didáticos ainda válidos para o 
           d
Fontes: a) Miracle, 2002; b) http:www.chqs.net/archivos/informes/archivos_1_040310_la+estructura+veloz.pdf; c)  estudo de diferentes questões que envolvem o ambiente construído, como os desenvolvidos 
Otto,1973; d) Buchanan, 2007.  na  École  Nationale  Superieure  d’Architecture  de  Grenoble  ‐  Studio  Architecture  et  Cultures 
Nos  exemplos  apresentados,  fica  evidente  que  a  resolução  construtiva  foi  um  campo  Constructives,  cujas  atividades  podem  ser  observadas  na  Figura  03.  Para  um  dos 
essencial  à  criação  e  porta  obrigatória  para  a  realização  final  do  objeto  previamente  coordenadores do curso, Pascal Rollet, as práticas realizadas dentro da universidade podem 
concebido.  Estes  projetistas  e/ou  criadores  em  circunstâncias  diferentes  tiveram  que  ser  ser  tidas  como  uma  pedagogia  que  encoraja  a  descoberta  do  potencial  de  diferentes 
confrontados com a materialização de suas obras, pois não bastava concebe‐las, tiveram que  materiais, propiciando a aquisição de maior segurança sobre os princípios de desenho, uso 
construí‐las,  e  na  maior  parte  das  vezes  como  clientes  de  suas  próprias  criações.  Esta  dos  materiais  e  análise  estrutural,  permitindo  que  o  aluno  tenha  maior  controle  sobre  o 
imagem  de  "auto‐construtores"  revela  claramente  até  que  ponto  as  suas  ideias  estavam  projeto de arquitetura. Esta aprendizagem pode oferecer aos estudantes a oportunidade de 
conectadas à realidade, e as soluções sempre voltadas para a busca da solução mais natural,  expressar a mudança de posição sobre as questões sociais, técnicas e ambientais, de acordo 
econômica e eficiente.  com o seu tempo. 
Figura 03‐ Sequencia de imagens de experiências realizadas em Les Grands Ateliers, em Grenoble – França. 

3. ADOÇÃO DE PRÁTICAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE


ARQUITETURA

Durante o Período Moderno, a utilização de processos experimentais ao longo da concepção  a b c d
       
da  materialidade  teve  um  importante  papel  no  campo  acadêmico.  Em  Droste  (2006)  e,  Fonte: Les Grands Ateliers. Activités 2011‐2012. 
principalmente, em  Wick (1989), é realizada uma explanação sobre a forma de abordagem 
deste  assunto  na  escola  da  Bauhaus  ao  longo  de  importantes  investigações  sobre  os  Em relação às experiências acadêmicas desenvolvidas no contexto nacional, destacam‐se as 
materiais, no que diz respeito tanto aos aspectos técnicos de processamento como também  divulgadas nos trabalhos de Rebello (1999), Ronconi (2002), Leite (2005) e Saramago (2011). 
aos aspectos sensoriais que a materialidade poderia evocar.  Estes autores relatam várias iniciativas pedagógicas realizadas por pesquisadores na intenção 
de  contribuir  para  a  melhoria  do  ensino  na  área  construtivo‐tecnológica  nos  cursos  de 
Desde  sua  fundação,  a  Bauhaus  tratou  a  questão  da  experimentação  como  algo  crucial  no  Arquitetura  e  Urbanismo  do  país.  De  acordo  com  Saramago  (2011),  no  que  se  refere  à 
curso, promovendo oficinas aos alunos na direção da síntese entre arte e técnica. No livro de  adoção  de  modelos  e  protótipos,  as  primeiras  experiências  nacionais  foram  realizadas  por 
Rainer Wick, chama à atenção a atuação docente de Josef Albers1, porque diferente de seus  professores  engenheiros  como  Adolpho  Polillo,  Mário  Franco  e  Aluízio  Margarido,  com  a 
predecessores  o  curso  preliminar  não  era  ministrado  somente  pelo  lado  criativo‐individual  adoção de modelos intuitivos para o ensino de estruturas. A autora também ressalta em seu 
                                                             trabalho,  que  o  início  da  adoção  de  modelos  em  escala  real  para  o  ensino  de  estruturas e 
1
técnicas  construtivas  em  associação  com  as  práticas  de  projeto  foi  realizado  por  uma 
 Josef Albers exerceu atividade docente no Curso Preliminar da  Bauhaus entre 1923‐1933. Destacou‐se por promover uma 
metodologia embasada sob dois alicerces: os “exercícios com a matéria” e os “exercícios com materiais”. De acordo com Wick 
iniciativa na década de 70, dos arquitetos Vítor Amaral Lotufo e Eduardo Kneese de Melo, na 
(1989), diversamente dos exercícios com a matéria, cujo objetivo era o reconhecimento sensorial das superfícies dos materiais,  Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – atual Faculdade de Guarulhos. Ao longo dos anos, 
os exercícios com materiais voltavam‐se a experimentação das características imanentes aos materiais, tais como estabilidade,  outras  experiências  também  tiveram  destaque  no  contexto  nacional,  como  as  atividades 
resistência,  consistência,  capacidade,  etc.  Assim,  através  de  uma  observação  exata  e  de  uma  nova  visão  os  estudantes  não 
apenas adquiriam indutivamente conhecimentos técnicos básicos mas, ao mesmo tempo, cruzavam estes conhecimentos com 
desenvolvidas na Escola de Belas Artes de São Paulo, PUC‐Campinas, Universidade São Judas 
princípios formais genéricos como harmonia, ritmo, proporção, medida, simetria, entre outros.  Tadeu,  Unimep‐Santa  Bárbara  d´Oeste,  Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 161   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  162 

Universidade  de  São  Paulo,  PUC‐Minas  e  Instituto  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  humanos,  financeiros  e  materiais  para  a  realização  das  metas  nos  prazos  estabelecidos. 
Universidade de São Paulo em São Carlos, de acordo com a Figura 4.  Trata‐se de um projeto de edificação industrializada, com elevado nível de inovação em razão 
Figura 04 ‐ Sequencia de imagens com experiências acadêmicas realizadas por meio de modelos e protótipos em algumas  do  uso  de  equipamentos  e  soluções  técnicas  não  convencionais  em  residências  brasileiras. 
escolas nacionais: a) Escola de Belas Artes‐SP, 1981/86; b) PUC‐Campinas, 1980; c) Unimep‐Santa Bárbara d´Oeste, 1994; d)  Nesse campo, há grandes desafios impostos pela mudança dos paradigmas de projeto e de 
FAU‐Universidade de São Paulo, 2002 e e) IAU‐Universidade de São Paulo‐São Carlos, 2008.  produção, ainda fortemente baseados em métodos e técnicas tradicionais de construção no 
país.  Os  sistemas  adotados  devem  ser  compreendidos  como  sistemas  de  montagem,  que 
demandam  o  trabalho  integrado  entre  as  equipes  de  projeto  e  produção,  o  que  não  é 
corrente na prática profissional da construção civil. No entanto, desses desafios decorrem os 
maiores ganhos do projeto. A atuação dos alunos como agentes da produção em escala real 
a   b   c   d   e   e o seu comprometimento com o resultado final, possibilitou a descoberta e apreensão dos 
Fonte: Saramago, 2011.  aspectos  práticos  do  processo,  aspectos  não  frequentemente  verificados  no 
Um recente projeto inovador realizado por meio da parceria entre universidades brasileiras,  desenvolvimento  de  pesquisas  acadêmicas.  A  sequencia  de  imagens  da  Figura  6  ilustra  o 
expressa  um  novo  modelo  possível  de  experimentação  no  campo  do  ensino,  pesquisa  e  envolvimento dos alunos no processo de construção do protótipo. 
desenvolvimento. Trata‐se do projeto Ekó House1, que resultou na produção de um protótipo  Figura 06 ‐ Sequencia de imagens das várias etapas envolvidas na construção do projeto Eko House, realizadas no 
Laboratório LAME da FAUUSP. 
de  uma  residência  energia  zero  –  REZ,  também  conhecida  por  Zero  Energy  Building  –  ZEB, 
que funciona exclusivamente com o aproveitamento da energia solar fotovoltaica e térmica. 
O  processo  de  desenvolvimento  do  protótipo  envolveu  alunos  de  graduação  e  pós‐
graduação,  não  apenas  dos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  mas  também  das 
engenharias, comunicação e marketing (OLIVEIRA et al, 2013). 
         
O  protótipo  participou  de  um  concurso  internacional  de  casas  solares,  Solar  Decathlon 
Fonte: OLIVEIRA, C. A. et al, 2013. 
Europe  2012,  ocasião  em  que  os  alunos  de  graduação  e  pós‐graduação  montaram  o 
protótipo e demonstraram a sua operacionalidade e o seu desempenho frente às provas do  A partir das atividades acadêmicas supracitadas, percebe‐se que a maior parte das iniciativas 
concurso, de acordo com a Figura 5.  voltadas à exploração do processo experimental nos cursos de Arquitetura e Urbanismo no 
Figura 05 – Etapas da montagem e perspectiva do protótipo Ekó House na competição internacional Solar Decathlon 
país  teve  início  e  maior  evidencia  em  escolas  particulares.  Esta  situação,  traz  à  tona  a 
Europe 2012, realizada em setembro de 2012, em Madri, Espanha.  necessidade de resgatar o processo de desenvolvimento de atividades deste caráter também 
nas  escolas  públicas,  a  fim  de  investigar  se  este  cenário  se  deve  apenas  pela  falta  de 
divulgações sobre as experiências realizadas ou problemas de diferentes ordens conduziram 
à realidade constatada. 
Estes  dados  tornam‐se  importantes  diante  das  mudanças  vivenciadas  nos  últimos  tempos, 
          com a inserção de novas ferramentas investigativas no processo projetual.  Em Kowaltowski 
Fonte: Solar Decathlon Europe 2012.  et.  al.  (2011),  é  possível  verificar  diferentes  abordagens  que  envolvem  o  projeto 
arquitetônico  e  as  metodologias  e  tecnologias  associadas  ao  seu  processo  de 
Embora  desenvolvido  em  ambiente  universitário,  o  projeto  da  Ekó  House  distingue‐se  dos 
desenvolvimento,  com  discussões  recentes  sobre  esta  sistemática.  Defende  como  postura 
demais  projetos  acadêmicos.  A  razão,  é  que  além  de  realizarem  uma  série  de  ações  pré‐
teórica,  a  associação  do  fazer  arquitetônico  à  atividade  científica  e,  no  que  diz  respeito  à 
estabelecidas  na  pesquisa  acadêmica  para  a  produção  e  conhecimento  em  campos 
técnica, traz investigações acerca de técnicas e ferramentas disponíveis para a aplicação no 
específicos,  o  processo  envolveu  a  contínua  tomada  de  decisões,  que  viabilizaram  a 
processo de projeto, com exemplos de emprego de alguns experimentos em laboratório1. 
produção,  montagem  e  a  completa  funcionalidade  do  protótipo.  Assemelhou‐se,  nesse 
aspecto,  a  um  empreendimento  real  que  requer  a  captação  e  gerenciamento  de  recursos  A  partir  deste  trabalho,  é  possível  verificar  nas  pesquisas  sobre  tecnologias  aplicadas  no 
processo  de  projeto,  a  necessidade  de  expandir  a  discussão  que  aproxime  a  adoção  de 
                                                            
ferramentas físicas investigativas com a realidade material. O contato com a materialidade, 
1
  Projeto  P&D  amparado  pelo  convênio  ECV308/09  estabelecido  entre  Eletrobrás  (Centrais  Elétricas  Brasileiras  S.A.),  por meio de protótipos que avaliem aspectos inerentes aos materiais construtivos, continua 
Universidade de São Paulo (USP) e Fundação da Universidade de São Paulo (FUSP), considerando as diretrizes e o plano de 
ação do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Além dos pesquisadores da Universidade de São                                                              
Paulo,  também  participam  desse  convênio  pesquisadores  das  Universidades  Federais  de  Santa  Catarina  (UFSC),  do  Rio  1
 O trabalho intitulado ‘O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia’ foi desenvolvido entre 2006 e 2011 
Grande do Sul (UFRGS), do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e da Universidade Estadual de 
como projeto temático financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo. Foi publicado na forma de 
Campinas (Unicamp). Informações em http://www.ekobrasil.org e http://www.sdeurope.org. 
um livro em 2011 com a compilação de diferentes pesquisas com interface à temática. 
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sendo um processo de experimentação mais passível de ser atingido em um espaço como o  enfrentar  esta  contradição,  seria  a  aquisição de  um sólido  conhecimento  de  cada uma  das 
canteiro e laboratórios específicos. As novas ferramentas investigativas como prototipagem e  diferentes ciências que contribuem para a materialização do projeto. O autor ainda reforça 
modelagem  virtual,  complementam  os  estudos,  mas  não  substituem  os  dados  obtidos  por  esta questão ao colocar que o necessário é o conhecimento que torna o profissional capaz de 
meio de processos próximos à escala real1.  A deficiência advinda da falta de contato com a  interpretar criativamente os fatos científicos, e tirar deles as ideias para o seu projeto. Esta 
materialidade  também  tem  provocado  prejuízos  em  outras  áreas,  como  o  desenho  postura, pode decidir sobre o sucesso ou fracasso de solidificar a influência do arquiteto com 
arquitetônico.  Tamashiro  (2010),  associa  esta  deficiência  à  diminuição  da  vivencia  com  relação aos profissionais que atuam diante dos avanços de seu tempo.  
experiências  materiais  e  o  entendimento  técnico‐construtivo  insuficiente  por  parte  dos 
A  arquiteta  Lina  Bo  Bardi,  também  faz  menção  sobre  a  impossibilidade  do  conhecimento 
alunos  e  profissionais,  resultando  em  desenhos  inexpressivos  ou  representados  de  forma  enciclopédico. E em seus textos – compilados no livro Lina por escrito, de 2009 – ela salienta 
incoerente com a realidade material. 
a necessidade de aumentar a percepção sobre a existência dos problemas respeitando‐se as 
Pippard (1947), faz uma consideração pertinente e atemporal sobre a adoção de ferramentas  limitações da profissão, de maneira que determinados conhecimentos sejam aprofundados 
físicas  no  âmbito  acadêmico,  salientando  a  importância  da  associação  dos  processos  apenas  quando  necessário.  Neste  mesmo  livro,  a  arquiteta  não  exime  o  arquiteto  de  sua 
experimentais  ao  conteúdo  teórico  trabalhado  em  sala  de  aula,  para  que  os  dados  responsabilidade  técnica  sobre  a  obra,  entrando  em  defesa  de  um  profissional  capaz  de 
fornecimentos  por  estas  ferramentas  sejam  tratados  e  interpretados  por  quem  as  conceber a estrutura de uma obra e que fosse conhecedor das práticas científicas. E nisso, 
desenvolve. O processo de interpretação é fundamental para o amadurecimento das ideias e  segundo a arquiteta, o ensino é terrivelmente falho1.  
aperfeiçoamento do projeto, principalmente quando o desenho não fornece a dimensão real 
Embora  muitos  dos  trabalhos  aqui  apresentados  tenham  sido  desenvolvidos  entre  as 
do problema a ser enfrentado. Devido a isso, os protótipos produzidos têm uma importância 
décadas de 40 e 70, a partir deles é possível levantar preocupações e desafios comuns aos 
significativa  nas  etapas  iniciais  de  desenvolvimento,  porque  elucidam  e  permitem  a  vivenciados  atualmente,  como  a  construção  hipotética  de  um  cenário  mais  favorável  ao 
verificação  da  teoria.  Embora  este  reconhecimento,  normalmente  há  uma  tendência  em 
ensino  do  conteúdo  tecnológico  nos  cursos  de  Arquitetura2,  como  o  faz  Vianna  (1989), 
subestimar  as  potencialidades  que  estas  ferramentas  oferecem  na  simplificação  e  Zanettini  (2002)  e  Lima  (2004),  que  reforçam  o  discurso  de  uma  formação  profissional 
encurtamento do tempo de desenvolvimento de projeto e novos produtos.   generalista,  que  proporcione  ao  aluno  ferramentas  compatíveis  com  os  desafios 
O  autor  reforça  esta  questão  ao  relatar  algumas  experiências  de  Hardy  Cross2  no  campo  contemporâneos  no  que  diz  respeito  às  questões  sociais,  ambientais,  tecnológicas  e 
acadêmico,  observando  que  a  maioria  dos  estudantes  de  estruturas  complexas  estão  tão  industriais, atuando como agentes responsáveis pela abertura de novos caminhos a partir da 
ocupados na busca de inúmeras ferramentas que nunca aprendem a usá‐las. Para Pippard e  invenção e quebra de paradigmas. 
Cross, a habilidade de projetar objetos complexos é mensurada na habilidade de visualizar e 
Neste sentido, o processo experimental pode ser considerado como uma prática pedagógica 
interpretar  o  processo  experimental  em  associação  com  o  conteúdo  teórico  em  direção  à  que  estimula  a  análise  de  diferentes  questões  que  envolvem  o  projeto,  desde  a  dimensão 
simplificação  do  problema.  Este  caminho,  leva  à  formação  de  um  profissional  capaz  de 
expressiva  até  a  dimensão  tecnológica,  contribuindo  para  uma  formação  generalista  e  um 
reinventar  continuamente,  para  adaptar‐se  as  mudanças  que  influenciam  com  mais  ou 
profissional  mais  crítico  e  reflexivo  sobre  os  assuntos  que  envolvem  a  materialização  do 
menos força as possibilidades de ações sobre o ambiente construído.  projeto. 
Os princípios defendidos por Pippard estão diretamente ligados com os de Torroja (1958) e 
Nervi  (1951),  quando  salientam  a  importância  de  preparar  um  profissional  mais  crítico  e 
reflexivo  e  não  apenas  proporcionar  a  aquisição  de  conhecimento,  algo  tido  como  4. CONSIDERAÇÕES
impensável nos dias atuais, com a diversidade de tecnologias disponíveis.  
O processo  experimental possibilita a averiguação e evolução das decisões de projeto para 
Nos textos introdutórios do livro de Heino Engel, de 1967, o autor já faz sinalizações sobre os 
novos desafios que o arquiteto enfrentaria no futuro, como a disparidade entre a amplidão                                                              
dos  conhecimentos  exigidos,  por  um  lado,  e  a  limitação  individual,  por  outro,  diante  da  1
  Para  Lina  Bo  Bardi,  há  entre  os  arquitetos  uma  rejeição  pela  estrutura  do  edifício,  delegando  esta  responsabilidade  a 
multiplicidade  de  fatores  e  particularidades  envolvidos  na  construção.  Uma  saída  para  outros  profissionais.  Sobre  isso,  defende  a  fusão  entre  arquitetura  e  estrutura,  elevando  a  estrutura  ao  nível  da  poesia, 
                                                             como parte da estética, para ela: “Um arquiteto deve projetar a estrutura como projeta arquitetura, no sentido doméstico 
da palavra”. In: Lina por escrito (2009), p. 143. 
1
  Independente  da  escala,  os  processos  exploratórios  são  passíveis  de  absorção  de  tecnologias  mais  avançadas, 
2
possibilitando a otimização dos processos construtivos.   A formação multidisciplinar do arquiteto e o equilíbrio entre o conteúdo teórico e prático, foram intensamente discutidos 
2 por diversos profissionais brasileiros na década de 50, e revelam desafios comuns aos vivenciados atualmente no ensino de 
 Hardy Cross foi professor de engenharia civil e engenharia estrutural na Universidade de Illinois (1930‐1937) e Yale (1937‐
Arquitetura e Urbanismo, principalmente, no que se refere à dualidade entre arte e técnica, assunto que sempre suscitou 
1951),  criador  do  famoso  método  matemático  interativo  de  cálculo  de  reações  estruturais  conhecido  como  método  de  opiniões divergentes, como visto no documento O Ensino de Arquitetura, de 1956, quando os professores Mário Wagner 
Hardy‐Cross,  fundamental  para  simplificação  de  cálculos  estruturais  e  adaptado  para  cálculos  de  vazões  em  tubulações  Vieira  da  Cunha,  Luís  Saia,  João  Vilanova  Artigas  e  Lina  Bo  Bardi  participaram  de  um  debate  sobre  as  reestruturações 
malhadas  sobre  pressão  em  redes  de  distribuição  de  sistemas  de  abastecimento  de  água. Disponível  em:  necessárias ao curso de Arquitetura da FAUUSP.  
http://www.brasilescola.com/biografia/hardy‐cross.htm. Acesso em 08 de setembro de 2014. 
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um contínuo aperfeiçoamento, em que o contato com o material construtivo e a escala real é  OTTO, F. Tensile Structures. Cambridge. Mass.: MIT Press, 1973. 
um fator importante para a maior interação entre projeto e particularidades do contexto.  PIANO, R. Renzo Piano ‐ A responsabilidade do arquiteto/ conversas com Renzo Cassigoli. São Paulo: BEI 
Comunicação, 2011. 
Os exemplos apresentados neste trabalho revelam a pertinência desta discussão, e validam 
positivamente  estas  práticas  como  ferramentas  pedagógicas  eficientes  para  a  exploração  PIPPARD, A. J. S. The Experimental Study Of Structures. London: Edward Arnold & Co, 1947. 
formal e técnica do projeto e elementos arquitetônicos, com a possibilidade de se trabalhar  PROUVÉ, J. Conversaciones com Jean Prouvè./Armelle Lavalou (ed.). Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 2005. 
de  forma  simultânea  assuntos  multidisciplinares.  Além  disso,  oferece  ao  aluno  a  REBELLO, Y.C.P. Uma proposta de ensino da concepção estrutural. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e 
possibilidade de conhecer diferentes aspectos envolvidos no projeto de arquitetura, tanto de  Urbanismo. Universidade de São Paulo. 1999. 
caráter  expressivo  como  também  construtivo  e  refletir  sobre  questões  sociais,  técnicas  e  SARAMAGO, R.C.P. Ensino de estruturas nas escolas de arquitetura do Brasil. Dissertação (Mestrado). Faculdade 
ambientais.   de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo, 2011. 
Embora  estes  processos  tragam  contribuições  já  validadas  no  ensino  do  conteúdo  técnico  SULZER, Peter. Jean Prouvé, oeuvre complète. 1934‐1944. Vol.2. Basel : Birkhäuser Boston Berlin. 2008. 
nos  cursos  de  arquitetura,  são  escassas  as  pesquisas  e  práticas  deste  caráter  no  contexto  TAMASHIRO, H. A. Entendimento técnico‐construtivo e desenho arquitetônico: uma possibilidade de inovação 
nacional,  evidenciando  a  necessidade  de  maior  envolvimento  de  profissionais  com  a  didática. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo ‐ Escola de Engenharia de São Carlos. 
temática.   Universidade de São Paulo. 2010. 
Textos sobre o ensino de arquitetura: Mario Wagner Vieira da Cunha, Luís Saia, João Batista Vilanova Artigas, 
Lina Bo Bardi ‐ Grêmio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 
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  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Biomimética aplicada ao ensino de projeto em arquitetura: o  natural  para  um  sistema  artificial  também  requer,  inicialmente,  conhecimento  entre  dois 
domínios, o biológico e o de design, ou seja, o projeto biomimético é multidisciplinar. 
método BioTRIZ 
Um  dos  métodos  sistemáticos  encontrados  na  literatura  que  auxilia  na  transferência  de 
soluções universais da natureza  para sistemas  técnicos  é  o  BioTRIZ,  método especialmente 
Ronnie Elder da CUNHA 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba; [email protected]  desenvolvido  com  base  em  fenômenos  biológicos  que  destila  princípios  da  natureza  para 
Carlos Alejandro NOME  serem empregados em projetos biomiméticos. A premissa que guia esta pesquisa é a de que 
Universidade Federal da Paraíba; [email protected]  sendo  o  BioTRIZ  um  método  que  traz  princípios  extraídos  da  natureza  dispensa  a 
  necessidade de conhecimento profundo no domínio biológico auxiliando na aplicação desses 
princípios em soluções humanas. 
RESUMO 
No  design  e  nas  engenharias  são  utilizadas  várias  estratégias  para  obtenção  de  soluções  bem  sucedidas  que  O  presente  trabalho estuda a adequabilidade do  método  BioTRIZ  para  o  ensino  de  projeto 
sejam qualitativamente superiores às soluções convencionais. Uma dessas estratégias é o projeto inspirado nos  através da aplicação do BioTRIZ em exercícios de projeto em ateliês de plástica no curso de 
princípios naturais. A biomimética é uma nova ciência que estuda os modelos da natureza e imita ou se inspira  Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa. 
nesses  projetos  ou  processos  naturais  para  resolver  problemas  humanos.  Um  dos  métodos  sistemáticos  É  um  recorte  dos  resultados  da  pesquisa  de  mestrado  desenvolvida  no  Programa  de  Pós‐
encontrados na literatura que auxilia na transferência de soluções universais da natureza para sistemas técnicos 
é o BioTRIZ. O presente trabalho estuda a adequabilidade do método BioTRIZ para o ensino de projeto e, para 
graduação de Arquitetura e Urbanismo ‐ PPGAU/UFPB. Foram utilizados estudos de caso de 
tanto, utilizou‐se de estudos de caso de caráter exploratório através da aplicação do BioTRIZ em exercícios de  caráter  exploratório  e  os  resultados  parciais  obtidos  no  processo  são  apresentados  e 
projeto em ateliês de plástica no curso de Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da  discutidos  mais  adiante.    Esta  pesquisa  contribui  para  a  discussão  sobre  a  utilização  de 
Paraíba em João Pessoa. Pode‐se concluir que o BioTRIZ não se mostrou adequado para o ensino de projeto de  métodos  sistemáticos  para  a  aplicação  de  conceitos  biomiméticos  no  ensino  de  projeto 
arquitetura possivelmente em função do pouco repertório projetual, dificuldades em evitar a fixação em ideias  arquitetônico. 
predefinidas  e  limitações  na  capacidade  de  abstração,  requisitos  necessários  para  o  adequado  emprego  do 
método. Sugere‐se a replicação do estudo em turmas de períodos mais avançados aliados a exercícios paralelos 
de abstração.  BIOMIMÉTICA NO PROJETO DE ARQUITETURA 
PALAVRAS‐CHAVE: biomimética, ensino de projeto, projeto de arquitetura, BioTRIZ.  A  arquitetura  desempenha  importante  papel  na  absorção  de  novas  estratégias  projetuais 
  que possibilitem melhor economia de recursos e menor impacto ambiental na ocupação do 
solo. De acordo com Gruber (2011), o progresso tecnológico proporciona diferentes formas 
de  planejamento  e  construção;  gera  oportunidades  que  permitem  uma  interpretação  mais 
1 INTRODUÇÃO generosa  da  arquitetura  quanto  à  funcionalidade  e  mediação  entre  o  homem  e  seu  meio 
ambiente. Para Benyus (2002), se observarmos melhor a natureza que nos rodeia, podemos 
É inerente às mais diversas áreas de projeto a  busca por soluções inovadoras. No design e  aprender  concepções  de  projeto  que  farão  avançar  a  tecnologia  e,  simultaneamente, 
nas engenharias são utilizadas várias estratégias para se obter soluções bem sucedidas que  ajudarão  a  minimizar  o  nosso  impacto  ambiental.  Para  Pawlyn  (2011),  os  organismos 
sejam  qualitativamente  superiores  às  soluções  convencionais.  Uma  dessas  estratégias  é  o  biológicos podem ser vistos como tecnologias incorporadas equivalentes àquelas inventadas 
projeto  inspirado  em  princípios  naturais,  pois  a  natureza  guarda  uma  fonte  inesgotável  de  pelos  humanos  e,  em  muitos  casos,  apresentam  soluções  para  problemas  similares  com 
inspiração para cientistas e projetistas de diferentes áreas. Nesse meio, os arquitetos podem  economia muito maior de recursos. 
desempenhar papel fundamental na incorporação dessa estratégia no seu processo projetual  Gruber  (2011)  ressalta  o  potencial  inovador  da  biomimética  para  a  arquitetura.  Para  a 
a fim de se apropriar de soluções desenvolvidas pela natureza para a resolução de problemas  autora,  a  biomimética  na  arquitetura  é  uma  estratégia  para  atingir  a  inovação  usando 
técnicos.  modelos naturais, criando novos insights a partir da comparação entre natureza animada e o 
A biomimética é uma nova ciência que estuda os modelos da natureza e imita ou se inspira  ambiente construído. A questão é que a biomimética é derivada da analogia com modelos da 
nesses  projetos  ou  processos  naturais  para  resolver  problemas  humanos  (BENYUS,  2002).  natureza  para  imitar  ou  inspirar  soluções  de  problemas  (KIATAKI,  2004).  Em  muitos  casos, 
Apesar da biomimética já ser bastante utilizada nos campos do design e da engenharia, na  porém, é confundido com o biomorfismo ou a mera analogia formal. Segundo Pawlyn (2011), 
literatura, estudos sobre o biomimetismo na arquitetura são escassos e por isso os métodos  sob  a  perspectiva  arquitetônica,  existe  uma  importante  distinção  entre  biomimética  e 
de  aplicação  da  biomimética  no  projeto  arquitetônico  ainda  não  são  claros,  sobretudo  no  biomorfismo. Pode‐se citar casos de arquitetos renomados como Calatrava, Gaudi, Wright e 
ensino de projeto. Para Vincent et al. (2006), uma barreira em particular para o emprego do  Saarinen  que,  frequentemente,  usaram  a  natureza  como  uma  fonte  de  formas  não 
biomimetismo é a  falta de uma abordagem claramente definida para que os  projetistas  de  convencionais  e  para  associação  simbólica  (Pawlyn,  2011;  Gruber,  2011).  Por  outro  lado 
arquitetura  possam  utilizar  inicialmente.  O  autor  acrescenta  que  a  transferência  de  um  existem  casos  de  projetos  arquitetônicos  biomiméticos  em  que  a  inspiração  do  princípio 
conceito  ou  mecanismo  de  um  organismo  vivo  para  sistemas  não  vivos  não  é  uma  tarefa  natural  vai  além  do  aspecto  formal  e  cria  verdadeiros  exemplos  de  inovação,  como:  o 
trivial.  Faz‐se  necessário  alguma  forma  ou  procedimento  de  interpretação  ou  tradução  da  Seawater  Greenhouse  em  Oman,  o  Eastgate  Centre  em  Harare,  o  Singapore  Arts  Centre,  o 
biologia para a tecnologia (VINCENT et al., 2006). Além disso, a transferência de um princípio  Waterloo International Terminal em  Londres (PAWLYN, 2011) e a BIQ  House em Hamburgo 
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(WALLIS, 2013), para citar alguns exemplos.  constituem  princípios  naturais  que  foram  abstraídos  de  forma  que  possam  ser 
implementados em sistemas humanos em diversos contextos. Para acessar o endereço dos 
Apesar  do  conhecido  potencial  do  projeto  inspirado  nas  soluções  da  natureza,  a  adoção 
dessa  nova  estratégia  não  acontece  na  velocidade  necessária.  Segundo  Pawlyn  (2011)  a  indicadores  adequados  na  matriz  é  necessário  formular  o  problema  a  ser  resolvido 
precisamente e identificar os conflitos que surgem da questão de projeto. 
profissão  do  arquiteto  tem  sido  lenta  para  incorporar  qualquer  dos  princípios  básicos  e, 
muito menos, a prática de biomimetismo em seu ensino.  Do  ponto  de  vista  pedagógico,  o  BioTRIZ  é  um  método  de  concepção  simples  com  um 
procedimento  rígido  e  um  pequeno  conjunto  de  materiais  necessários.  Com  uma  breve 
MEIOS DE APLICAÇÃO DA BIOMIMÉTICA EM PROJETOS  introdução  à  metodologia  e  umas  poucas  tabelas,  estudantes  de  engenharia  podem 
Vincent (2006) afirma que a transferência de um conceito ou mecanismo de um sistema vivo  aproveitar uma riqueza de informações de projetos biológicos sem a necessidade de traduzir 
para um não vivo não é uma tarefa trivial e que uma réplica simples e direta de um protótipo  a literatura biológica em termos de engenharia, podendo‐se abstrair as informações úteis em 
biológico raramente é bem sucedida, até mesmo quando a tecnologia atual permite. Alguma  algo aplicável ao seu problema de projeto (GLIER, MCADAMS, LINSEY, 2011). Sabe‐se que em 
forma ou procedimento de tradução da biologia para a tecnologia é necessária.  arquitetura  existem  muitos  aspectos  conflitantes  que  necessitam  de  resolução.  A  maneira 
criativa de solucionar esses conflitos é aquela que encontra no próprio conflito impulso para 
Existem algumas abordagens e métodos encontrados na literatura utilizados para auxiliar o  gerar  inovações  e  descobertas  (KIATAKI,  2004).  Sendo  o  BioTRIZ  um  método  que  sugere 
projeto biomimético. Pode‐se citar as abordagens top down e bottom up (KNIPPERS e SPECK  soluções para características conflitantes  ou desafiadoras, é razoável  afirmar que  o mesmo 
2012;  GRUBER,  2011;  EL‐ZEINY,  2012;  AHMAR,  2011).  Na  primeira,  o  projeto  parte  do  possui grande potencial de inserção no processo de projeto arquitetônico. 
problema  a  ser  resolvido,  em  busca  de  um  organismo  biológico  análogo,  que  possua  a 
solução  para,  através  da  abstração  dessa  solução,  aplicar  à  resolução  do  problema  técnico 
inicial. Na segunda abordagem, parte‐se do estudo do organismo biológico para, a partir de  2 MATERIAIS E MÉTODOS
sua  estratégia  natural  abstraída,  buscar  potenciais  aplicações  técnicas.  No  entanto,  essas 
duas  abordagens  constituem  métodos  não  estruturados  com  procedimentos  pouco  claros  O  presente trabalho caracteriza‐se como uma  pesquisa qualitativa na qual  foram  utilizados 
para possibilitar sua ampla utilização.  estudos de casos de caráter exploratório com o objetivo de julgar se o BioTRIZ é adequado 
como  recurso  de  geração  de  ideias  em  ateliês  de  projeto.  Através  de  exercícios  de  projeto 
O  TRIZ  e  o  BioTRIZ  são  métodos  sistemáticos  encontrados  na  literatura.  Os  estudos  que 
nos ateliês  de  plástica,  foi  possível  coletar  informações a  respeito  do  processo  utilizado na 
tratam  da  aplicação  desses  métodos  na  concepção  e  ensino  de  projetos  biomiméticos  são 
aplicação  do  método  proposto  e,  baseado  na  análise  das  variáveis  levantadas  no  projeto 
escassos (CRAIG, 2008; GLIER et al., 2011; GLIER, 2012). Vincent (2006) alerta que o TRIZ foi 
piloto,  foi  possível  emitir  juízo  de  valor  em  relação  ao  emprego  do  BioTRIZ  no  ensino  de 
concebido e derivado de um ambiente de coisas artificiais, não vivas, um meio técnico e de 
projeto no curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo da UFPB.  A pesquisa foi dividida 
engenharia,  enquanto  a  biomimética  opera  na  fronteira  entre  sistemas  vivos  e  não  vivos. 
em  oito  etapas  principais:  projeto  piloto,  definição  das variáveis,  treinamento das  equipes, 
Uma  vez  que  a  razão  para  olhar  para  a  natureza  é  a  busca  de  soluções  e  melhoria  das 
coleta  de  dados  em  exercícios  de  projeto  com  aplicação  do  método  BioTRIZ,  aplicação  de 
funções  técnicas,  é  importante  ressaltar  que  o  TRIZ  não  contém  muitas  dessas  funções  e, 
questionário, execução de grupos focais, análise e discussão dos resultados. 
provavelmente, não tem os meios de derivação delas. 

O BIOTRIZ  PROJETO PILOTO 
Nesta etapa foram realizados dois pilotos com simulação de aplicação do método BioTRIZ em 
Dentre os métodos encontrados na literatura, o BioTRIZ é aquele que mais parece atender os 
um  exercício  de  projeto.  O  primeiro  piloto,  com  duração  de  12  horas,  foi  feito  com  uma 
requisitos de interdisciplinaridade entre o campo biológico e o projetual. 
turma  do  3º  período  na  disciplina  de  projeto  de  edificações  I,  do  curso  de  Arquitetura  e 
O  BioTRIZ  foi  desenvolvido  por  Dr.  Julian  Vincent  e  sua  equipe  na  Universidade  de  Bath.  É  Urbanismo da UFPB. Verificou‐se que os instrumentos de coleta de dados (o questionário e o 
baseado  na  análise  de  aproximadamente  500  fenômenos  biológicos  com  mais  de  270  formulário) necessitavam de ajustes e que seria necessário a realização de grupos focais para 
funções  e  cerca  de  2500  conflitos  e  suas  resoluções  na  biologia  classificados  em  níveis  de  ajudar na análise dos resultados obtidos com os outros instrumentos de coleta. Nesse caso, 
dificuldade (VINCENT et al., 2006). O método agrupa os diversos parâmetros de sistema do  optou‐se  por  realizar  um  segundo  piloto  em  formato  de  workshop,  em  razão  do  pouco 
método  TRIZ1  em  apenas  seis  Campos  de  Operação  (COs):  substância,  estrutura,  espaço,  tempo  disponível,  com  duração  de  8  horas  acrescida  de  mais  1  hora  para  a  realização  do 
tempo,  energia  e  informação.  O  BioTRIZ  emprega  uma  matriz  de  6x6  na  qual  se  faz  o  grupo  focal;  este  piloto  contou  com  a  participação  de  um  grupo  de  6  alunos,  de  períodos 
cruzamento  de  dois  Campos  de  Operação  (COs)  em  conflito;  a  matriz  aponta  os  Princípios  variados,  também  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UFPB.    Buscou‐se  com  os  dois 
Inventivos (PIs) que são indicadores de como resolver o conflito de projeto. Esses indicadores  pilotos,  obter  informações  iniciais  acerca  de  possíveis  dificuldades  no  uso  do  método  e 
                                                             permitir ajustes necessários nos instrumentos de coleta de dados para as etapas posteriores. 
1
Nesse momento, foram levantados dados quanto ao processo de aplicação do BioTRIZ para 
 Teoria da Solução Inventiva de Problemas é uma metodologia criada por Altshuller na ex‐URSS que oferece uma 
validar a escolha das variáveis (Tabela 1) que foram utilizadas para responder a questão do 
abordagem sistemática que permite a forma criativa de solução de problemas (KIATAKI, 2004). 
trabalho.  Essa  etapa  também  permitiu  correções  no  protocolo  utilizado  para  aplicação  do 
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método nos exercícios de projeto posteriores;  tal protocolo foi baseado em  orientações  de  inspirado  pela  natureza,  de  exemplos  de  projetos  biomiméticos  na  área  de  design  e  de 
Vincent (2006). Todo o procedimento foi documentado com registro fotográfico, anotações  arquitetura. Em seguida fez‐se a introdução ao BIOTRIZ, com abordagem teórico‐processual. 
da  observação  direta,  formulário  de  registro  de  processo,  aplicação  de  questionário  e  Nesse  momento,  foi  apresentado  a  origem  do  método,  o  conceito  e  o  seu  processo  de 
registro  em  áudio  das  sessões  de  grupo  focal.  O  formato  do  projeto  piloto  foi  similar  ao  utilização.  Exemplificou‐se  a  forma  de  preenchimento  do  formulário  para  registro  do 
utilizado  nos  exercícios  nos  ateliês  de  plástica:  palestra  com  apresentação  de  conceitos  de  processo, com a criação de alguns ciclos para demonstrar os passos a serem seguidos para 
biomimética  e  do  BioTRIZ;  formação  das  equipes;  apresentação  do  problema  de  projeto;  emprego do método. Mostrou‐se aos alunos, o procedimento e o resultado obtido por uma 
desenvolvimento  do  exercício  com  emprego  do  BioTRIZ;  aplicação  do  questionário  e  equipe, de turma anterior, que participou de exercício com uso do BioTRIZ. 
realização de grupo focal. 
COLETA DE DADOS EM EXERCÍCIO DE PROJETO 
Protocolo seguido para aplicação do BioTRIZ: 
Nessa  etapa,  deu‐se  início  ao  primeiro,  dos  três  pontos  de  coleta  de  dados  programados, 
 Definir o problema de forma geral e precisa;  com turmas de Plástica II, períodos 2013.1 e 2014.1 do curso de Arquitetura e Urbanismo da 
 Evitar instruções específicas ou soluções prematuras do problema;  UFPB  com  o  apoio  do  Prof.  Carlos  Nome,  responsável  pela  disciplina.  Na  primeira  turma 
 Listar as propriedades e funções desejáveis e não desejáveis do sistema;  foram  formadas  sete  equipes,  sendo  seis  delas  com  três  participantes  e  uma  com  apenas 
 Analisar e descobrir os principais conflitos em pares;  dois. Nessa essa turma, o exercício de projeto foi o desenvolvimento de uma luminária com a 
(obs.: o que se quer alcançar? E qual o impedimento?)  intenção de  explorar o  uso  da  luz.  O tipo  de  luminária  ficou  a  critério  de  cada  equipe  que 
 Identificar quais os Campos de Operação enquadram as características conflitantes;  teve quatro semanas (cada semana com 3 horas/aula) para declarar a intenção de projeto e 
(obs.: Qual o Campo de Operação que se quer melhorar e qual o Campo de  desenvolver um protótipo do sistema. Na segunda turma, foram formadas mais sete equipes 
impedimento? Em caso de insegurança na identificação dos mesmos pode‐se  com dois participantes.  Dessa vez o exercício de projeto foi  uma intervenção no Centro de 
recorrer ao agrupamento de parâmetros por Campos de Operação)  Ciência  e  Tecnologia  –  CCT/UFPB;  cada  equipe  teve  quatro  semanas  (cada  semana  com  3 
 Cruzar os Campos de Operação em conflito na matriz e listar os PIs.  horas/aula) para desenvolver a proposta. Em ambas as turmas, orientou‐se que cada equipe 
 Localizar os PIs adequados e gerar soluções a partir destes.  deveria cumprir com três etapas principais, exigência da disciplina: a declaração da intenção 
de  projeto,  a  geração  de  soluções  com  execução  de  maquetes  propositiva  e  executiva  e, 
finalmente, a execução do protótipo. Na formalização do problema foi dado, a cada equipe, 
DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS  formulário para registro e declaração das etapas relativas ao emprego do BioTRIZ. Com isso 
A definição das variáveis foi possível a partir do planejamento e realização do projeto piloto.   pretendia‐se que cada uma definisse claramente o problema de projeto e cumprisse com os 
As variáveis balizaram a estrutura do questionário e  a  sequência das questões. A coleta de  passos para efetiva aplicação do método. Ao final de cada ciclo, com auxílio das ferramentas 
dados referente  às  mesmas  foi realizada através da  aplicação  do questionário,  ao  final dos  de  apoio  que  lhes  foram  entregues  (formulário  para  registro  do  processo,  lista  dos 
exercícios,  com  cada  participante.  Esses  dados  foram  confrontados  com  as  informações  parâmetros  de  Altshuller  com  descrições,  lista  de  PIs  com  descrições,  agrupamento  dos 
obtidas através da observação direta, dos formulários para registro de processo e análise de  Parâmetros  por  COs  e  a  Matriz  de  Conflitos),  cada  equipe  deveria  obter  o  conjunto  de 
conteúdo  dos  grupos  focais.  As  variáveis  foram  divididas  em  quatro  categorias  conforme  diretrizes  (PIs)  para  auxiliar  na  geração  de  soluções  de  projeto  e  guiar  todo  o 
Tabela 1:  desenvolvimento das propostas. Durante o exercício, todas as equipes participantes tiveram 
a  possibilidade  de  orientação  para  dirimir  dúvidas  quanto  à  aplicação  do  método  e 
 
desenvolvimento  das  maquetes  e  do  protótipo.  As  dúvidas  e  dificuldades  enfrentadas  por 
Tabela 1 – As variáveis separadas em suas categorias 
elas foram registradas através de observação direta. 
Assimilação Compreensão, Prática e Dificuldade
Abstração Problematização, Identificação de Propriedades e Funções, Identificação de Conflitos,
APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO 
Identificação dos Campos de Operação e Intermediação por Parâmetros
Após  o  término  do  exercício  e  execução  do  protótipo  da  luminária  foi  solicitado  a  cada 
Extração Identificação dos PIs e Quantificação dos PIs participante preencher o questionário com questões relativas à avaliação de todo o processo 
Coerência Apropriação dos PIs, Atendimento aos Condicionantes e Satisfação de aplicação do método BioTRIZ até os resultados obtidos. O questionário foi formulado com 
quatorze  questões  objetivas  e  utilizou‐se  de  escala  tipo  Likert  para  as  possíveis  respostas. 
TREINAMENTO DAS EQUIPES  Tais  questões  foram  formuladas  de  maneira  a  atribuir  valores  qualitativos  às  variáveis 
envolvidas  em  todo  processo  de  aplicação  do  método.  Na  Tabela  2  são  apresentadas,  em 
Esta  fase  foi  dedicada  à  preparação  das  equipes  de  alunos  do  ateliê  de  Plástica  II  que, 
ordem,  as  questões  que  constituíram  o  questionário.  Os  códigos  das  questões  serão 
voluntariamente,  se  dispuseram  a  participar  da  pesquisa  utilizando  o  método  BioTRIZ  na 
utilizados  posteriormente  como  referências  ao  longo  desse  trabalho.  Após  a  aplicação  do 
resolução de um exercício de projeto. A duração da palestra foi de 1 hora/aula; nela foram 
questionário,  os  dados  foram  tabulados  utilizando  o  Excel  e,  através  de  método  estatístico 
apresentados  os  conceitos  da  biomimética,  das  abordagens  existentes  para  o  projeto 
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simples, foi possível criar gráficos para ilustração dos resultados apresentados adiante. Com  Figura 1 – Grupo focal com 1ª turma de Plástica II 
isso, buscou‐se traçar um panorama preliminar do julgamento dos  participantes quanto ao 
processo de aplicação do BioTRIZ durante os referidos exercícios. 
Tabela 2 – Perguntas que constituíram o questionário 

CÓDIGO  QUESTÕES 
Q1  Em que nível você julga a sua compreensão sobre o método BioTRIZ? 
Q2  Em que nível você julga a sua autonomia na aplicação prática do método? 
Q3  Qual etapa do método achou mais difícil? 
 
Q4  Você conseguiu definir os problemas de forma mais geral e precisa? 
Fonte : Arquivo pessoal 
Q5  Você conseguiu listar propriedades e funções desejáveis e indesejáveis? 

Q6 
Você conseguiu transformar as características e funções desejáveis e indesejáveis em pares de  ANÁLISE DE DADOS 
conflitos? 
Nessa  etapa  optou‐se  pelo  método  proposto  por  Sampieri,  Collado  e  Lucio  (2013)  para 
Q7  Você conseguiu identificar os campos de operações relacionados aos conflitos diretamente? 
análise de conteúdo das sessões. Tal método baseia‐se na extração de significado de dados 
Você recorreu à lista de agrupamentos de parâmetros para encontrar os campos de operação 
Q8 
corretos? 
textuais obtidos das transcrições dos grupos focais a partir da codificação e categorização de 
unidades  de  análise.  Segundo  Sampieri,  Collado  e  Lucio  (2013),  na  maioria  dos  estudos 
Q9  Você conseguiu identificar os PIs relacionados ao seu problema na Matriz? 
qualitativos, os dados são codificados para se obter sua descrição mais completa, resumindo, 
Q10  Quantos PIs você conseguiu aproveitar na geração de soluções?  eliminando  a  informação  irrelevante,  realizando  análises  quantitativas  elementares  e, 
Q11  As soluções geradas se apropriaram dos PIs indicados pela Matriz?  finalmente,  gerando  um  maior  entendimento  do  material  analisado.  De  acordo  com  os 
Q12  As soluções geradas atendem aos condicionantes de projeto?  autores, a codificação possui dois planos ou níveis: no primeiro, as unidades são codificadas 
Q13  Qual o grau de satisfação com as soluções geradas a partir do método? 
em categorias (cada categoria precisa de pelo menos 3 unidades para apoia‐la); no segundo, 
compara‐se as categorias entre si para que sejam agrupadas em temas e busca‐se possíveis 
Q14  Você utilizaria o método novamente para projetar? 
ligações. Os temas são a base das conclusões que são tiradas da análise e que servem para 
complementar os resultados obtidos com os questionários. Utilizou‐se o programa Excel para 
GRUPOS FOCAIS  auxiliar  na  análise  de  conteúdo.  As  unidades  de  análise  (optou‐se  por  frases  com  sentido 
Nessa etapa foi adotada a formatação de grupos focais descrita por Sampieri, Collado e Lucio  completo) foram organizadas em uma coluna central com divisões horizontais para separar 
(2013) que consiste em entrevistas coletivas com reuniões de pequenos grupos ou médios (3  as  unidades  das  participações  (Figura  2).  As  participações  foram  representadas  pela  letra 
a  10  pessoas).  De  acordo  com  os  autores,  os  grupos  focais  podem  ser  utilizados  em  inicial  “P”  e  quando  eram  longas  foram  divididas  em  várias  unidades  de  análise  e  ficaram 
pesquisas qualitativas em todos os campos do conhecimento.  localizadas  na  coluna  esquerda  cinza.  A  coluna  à  direita  foi  reservada  para  realizar  a 
codificação em primeiro nível (Figura 2). As categorias e seus respectivos memos (descrição 
Nessa  etapa,  logo  após  a  aplicação  dos  questionários,  foram  formados  três  grupos  de  6 
da  categoria)  foram  organizados  em  outra  planilha  (Figura  3),  junto  com  a  codificação  em 
alunos,  em  média,  para  participação  dos  grupos  focais,  com  cerca  de  50  minutos  cada 
segundo nível para facilitar a geração dos temas e agrupamento das categorias (Figura 4). 
sessão.  Foram  necessárias  três  sessões  para  cada  turma  de  Plástica  II  previamente 
agendadas  em  dias  diferentes  para  atender  a  disponibilidade  de  horário  dos  alunos,  Figura 2 – Codificação em primeiro nível feita no Excel 

totalizando 6 sessões de grupo focal. Os participantes foram convidados a falar livremente a 
respeito  das  questões  colocadas,  conforme  roteiro  previamente  planejado,  para  extrair 
informações complementares para os dados extraídos do questionário (Figura 1). Enquanto 
com  o  questionário  buscou‐se  coletar  informações  quanto  ao  julgamento  que  os 
participantes fizeram de todo o processo utilizado no exercício, com os grupos focais buscou‐
se entender o motivo das respostas obtidas no questionário. As sessões foram gravadas em 
áudio para transcrição e análise de conteúdo. 
   

  Figura 3 – Categorias e respectivos memos 

 
 
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Figura 5 ‐ Desenvolvimento do modelo conceitual de luminária por equipe do período 2013.2 

 
Figura 4 – Codificação em segundo nível 

 
Fonte: arquivo pessoal 
Figura 6 ‐ Protótipo da proposta de luminária de equipe do período 2013.2 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A  seguir  são  apresentados  os  resultados  da  análise  dos  dados  obtidos  nos  exercícios  de 
projeto com duas turmas de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, na disciplina de Plástica II em 
2014 (nos períodos 2013.2 e 2014.1). 

OS EXERCÍCIOS NO ATELIÊ 
O primeiro ponto de coleta de dados aconteceu na turma de Plástica II, período 2013.2. Os 
alunos,  que  voluntariamente  aceitaram  participar  da  pesquisa,  utilizaram  o  BioTRIZ  para 
cumprir com o exercício de projeto no ateliê que consistiu em desenvolver uma proposta de   
luminária.  As  equipes  de  3  alunos  deveriam  apresentar  uma  maquete  conceitual,  uma  Fonte: arquivo pessoal 
maquete  executiva  e,  finalmente,  o  protótipo  da  proposta.  As  equipes  foram  orientadas  a  Figura 7 – Desenvolvimento de intervenção no CCT por equipe do período 2014.1 
utilizarem  o  método  BioTRIZ  para  auxiliar  na  caracterização  do  problema  da  intenção  de 
projeto  e  na  geração  de  soluções  com  auxílio  de  um  formulário  para  registro  do  processo 
(Tabela 3). 
Tabela 3 ‐ Formulário para registro do processo 

 
As  propostas  foram  desenvolvidas  através  de  modelos  físicos  e  maquetes  (Figuras  5  e  6), 
objetivo  da  disciplina  de  Plástica  II.  O  segundo  ponto  de  coleta  de  dados  aconteceu  com 
outra turma de Plástica II, período 2014.1. Novamente os alunos convidados, que aceitaram 
participar  do  estudo,  formaram  equipes  de  2  alunos.  Dessa  vez,  o  exercício  consistiu  na 
 
proposição  de  uma  intervenção  para  o  CCT;  algo  que  pudesse  ser  transformado  em 
Fonte: arquivo pessoal 
problema  de  projeto,  em  que  cada  equipe  deveria  apresentar  uma  solução  com  auxílio  do 
BioTRIZ.  Da  mesma  forma,  as  intervenções  foram  desenvolvidas  através  de  três  níveis  de 
RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS 
modelos: conceitual, executivo e protótipo (Figura 7). 
 
A partir dos dados dos questionários aplicados foi possível traçar um panorama de como os 
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participantes  julgaram  todo  o  processo  de  aplicação  do  método  BioTRIZ  nos  exercícios  de  As  questões  Q4  a  Q8  estão  relacionadas  às  etapas  que  envolvem  a  formalização  da 
projeto no ateliê. Da  análise dos 33 questionários respondidos  ao término dos exercícios e  problemática  e  enquadram‐se  na  categoria  Abstração,  onde  deve‐se  transformar  conceitos 
execução dos modelos finais, foi possível afirmar que a maior parcela dos participantes (43%)  específicos  em  conceitos  abrangentes.  Quando  questionados  se  conseguiram  cumprir  tais 
julga  que  o  seu  nível  de  compreensão  em  relação  ao  método  BioTRIZ  é  “bom”,  conforme  etapas,  houve  alternância  na  maior  parte  das  respostas.  Quando  perguntados  se 
apresentado no gráfico que resume o resultado da primeira questão (Q1) (Figura 8).   conseguiram  definir  o  problema  de  maneira  mais  geral  e  específica  (Q4)  a  maioria  (55%) 
Figura 8 – Nível de compreensão (Q1 ‐ Em que nível você julga a sua compreensão sobre o método BioTRIZ?)  respondeu “acho que sim” (Figura 11), mostrando discreta insegurança quanto à conclusão 
da etapa; somente 9% respondeu que conseguiu concluir a etapa seguramente. 
Figura 11 – Definição do problema (Q4 ‐ Você conseguiu definir o(s) problema(s) de maneira mais geral e precisa?) 

 
Já com a segunda questão (Q2), que buscou medir qualitativamente o nível de autonomia de 
aplicação  do  método,  observou‐se  que  a  maior  parcela  (46%)  respondeu  que  é  “bom”,   

seguido  de  42%  do  montante  que  respondeu  “regular”  (Figura  9).  Se  somadas  as  parcelas  Na  questão  de  definição  das  funções  e  propriedades  desejáveis  e  indesejáveis  de  projeto 
dos  participantes  que  julgam  a  compreensão  e  autonomia  respectivamente  entre  “bom”  e  (Q5),  46%  dos  participantes  respondeu  “sim”,  que  conseguiu  realizar  a  etapa; 
“muito  bom”,  pode‐se  afirmar  que  a  assimilação  do  método  pelos  participantes  é  aproximadamente  1/3  do  montante  respondeu,  com  discreta  insegurança,  que  “acha  que 
considerada satisfatória.  sim” (Figura 12). 
Figura 9 – Nível de autonomia (Q2 ‐ Em que nível você julga a sua autonomia na aplicação do método?)  Figura 12 – Definição do desejável e indesejável (Q5 ‐ Você conseguiu listar propriedades e funções desejáveis e 
indesejáveis?) 

 
 
Quando questionados sobre qual a etapa mais difícil na aplicação do BioTRIZ (Q3), a maior 
parcela  dos  alunos  (46%)  respondeu  “enquadrar  os  conflitos  no  rol  de  parâmetros  de  Na  questão  seguinte  (Q6),  em  que  desejava‐se  saber  se  os  participantes  conseguiram 
Altshuller”,  seguido  por  “identificar  os  pares  de  conflitos”,  resposta  escolhida  por  36%  dos  identificar os pares de conflitos, a maior parcela (43%) respondeu que “acha que sim”, que 
participantes (Figura 10).  concluiu  a  etapa;  apenas  30%  dos  participantes  acreditaram  ter  identificado  os  conflitos 
seguramente (Figura 13). Deve‐se ressaltar que a conclusão da etapa anterior era relevante 
Figura 10 ‐ Etapa mais difícil (Q3 ‐ Qual a etapa do método achou mais difícil?) 
para a identificação das características conflitantes, condição necessária para que o método 
BioTRIZ funcione corretamente. 
Figura 13 – Identificação de conflitos (Q6 ‐ Você conseguiu transformar as características e funções desejáveis e 
indesejáveis em pares de conflitos? 

 
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COs diretamente. 
Com  a  próxima  questão  (Q9)  pretendeu‐se  descobrir  se  os  participantes  conseguiram 
identificar  os  PIs  relacionados  ao  seu  problema  na  Matriz  de  Conflitos.  A  maioria  (61%) 
respondeu  seguramente  que  “sim”  que  encontraram  os  PIs  utilizados  para  a  geração  de 
soluções (Figura 12), revelando que a maioria teve pouca dificuldade no cumprimento dessa 
etapa. 
Figura 16 ‐ Identificação de PIs – (Q9 ‐ Você conseguiu identificar os PIs relacionados ao seu problema na Matriz?) 
 
Em  seguida, os  participantes foram questionados se conseguiram  identificar  os Campos  de 
Operação  relacionados  diretamente  aos  conflitos  (Q7).  Apesar  de  grande  parte  (43%)  ter 
respondido  que  “acha  que  sim”  (Figura  14),  acredita‐se  que  tal  resposta  não  foi  dada 
conscientemente  visto  que  as  outras  fontes  de  dados  não  confirmaram  esse  resultado. 
Infere‐se  que  isto  ocorreu  em  função  do  curto  período  de  tempo  dos  ateliês  e  da  pouca 
prática com o BioTRIZ, uma vez que é necessário além de alguma experiência e familiaridade 
com o método, também, entender quais os parâmetros estão inseridos nesses campos e qual 
a lógica de enquadramento dos conflitos em seus respectivos COs.   

Figura 14 – Identificação dos COs (Q7 ‐ Você conseguiu identificar os COs relacionados aos conflitos diretamente?)  A  questão  seguinte  (Q10)  teve  a  intenção  de  levantar  o  número  de  PIs  que  foram 
aproveitados  na  geração  de  soluções.  Três  PIs  foi  o  número  mais  utilizado  na  geração  de 
soluções, registrado pela maior parcela (40%) dos alunos participantes (Figura 17).  
Figura 17 ‐ Número de PIs aproveitados – (Q10 ‐ Quantos PIs você conseguiu aproveitar na geração de soluções?) 

 
Da  questão  Q8  vem  a  confirmação  da  hipótese  levantada  anteriormente,  pois  quando 
perguntado  se  os  participantes  recorreram  ao  agrupamento  de  parâmetros  por  Campo  de 
Operação, a grande maioria (76%) respondeu seguramente que “sim” (Figura 15), ou seja, o   
recurso do agrupamento de parâmetros tinha a função de auxiliar aqueles que não tivessem  Com  a  questão Q11  pretendeu‐se descobrir se  as soluções  geradas  se  apropriaram dos PIs 
experiência ou estivessem inseguros quanto a identificação direta dos COs relacionados com  selecionados que foram indicados pela Matriz de Conflitos. A maior parcela (40%) respondeu 
àquelas características conflitantes.  que  as  soluções  se  apropriaram  “parcialmente”  dos  PIs  e  aproximadamente  1/3  dos 
Figura 15 ‐ Uso do agrupamento de parâmetros (Q8 ‐ Você recorreu à lista de agrupamentos de parâmetros para encontrar  participantes respondeu que “acha que sim” revelando insegurança na apropriação dos PIs 
os Campos de Operação corretos?)  nas  soluções  (Figura  18).  Deve‐se  ressaltar  que  para  que  os  PIs  fossem  adequados  à 
resolução do problema de projeto era necessário seguir as orientações para a formalização 
da  problemática,  necessária  para  aplicação correta  do  BioTRIZ.  Caso  o  problema  não  fosse 
caracterizado  adequadamente  os  PIs,  que  são  as  diretrizes  para  solucionar  os  conflitos  do 
problema, também estariam fora do contexto e assim os PIs iriam direcionar erroneamente 
os participantes para a resolução do problema. 
Figura 18 – Aproveitamento dos PIs (Q11 ‐ As soluções geradas se apropriaram dos PIs indicados pela Matriz?) 

 
Inclusive era esperado que houvesse essa dificuldade do salto dos pares de conflitos para os 
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Figura 21 – Futura utilização (Q14 ‐ Você utilizaria o método novamente para projetar?) 

 
Com a questão seguinte (Q12) intencionava‐se descobrir se as soluções geradas atenderam 
 
aos  condicionantes  de  projeto.  Entenda‐se  como  condicionantes  de  projeto,  aqueles 
definidos  pelos  próprios  participantes,  pois  os  mesmos  tinham  liberdade  para  escolher  a  RESULTADOS DOS GRUPOS FOCAIS 
intervenção e definir toda a problemática O resultado revelou que as duas maiores parcelas 
de  participantes  34%  e  30%  responderam  que  “acha  que  sim”  e  “sim”,  respectivamente  Após  a  análise  de  conteúdo  dos  grupos  focais,  seis  sessões  ao  todo.  Pôde‐se  encontrar  as 
(Figura 19).  relações  entre  os  temas  e  categorias  utilizados  nas  codificações  de  primeiro  e  de  segundo 
nível. A Tabela 4 a seguir, ilustra os temas que surgiram do agrupamento na codificação de 
Figura 19 – Atendimento aos condicionantes (Q12‐ As soluções geradas atendem aos condicionantes de projeto?) 
segundo nível e as suas principais categorias. 
Tabela 4 – Agrupamento de categorias em temas 

 
  O  método  de  análise  proposto  por  Sampieri,  Collado  e  Lucio  (2013),  define  que  para  uma 
Com  a  próxima  questão  buscou‐se  entender  como  estava  o  nível  de  satisfação  dos  categoria ser válida é necessário ter ao menos três unidades de análise que a suportem. No 
participantes com as soluções geradas (Q13). Pode‐se destacar que (49%) dos participantes  entanto, devido ao grande número de categorias que atendiam a esse quesito, optou‐se por 
se  revelaram  “parcialmente  satisfeitos”,  enquanto  30%  do  montante  se  revelou  indiferente  fazer  a  sobreposição  dos  quadros  de  análises  dos  seis  grupos  focais  e  com  isso  obter  uma 
(Figura 20).  síntese  das  categorias  mais  recorrentes  (Tabela  4).  Os  códigos  sombreados  de  cinza 
Figura 20 – Nível de satisfação (Q13 ‐ Qual o nível de satisfação com as soluções geradas a partir do método?)  representam  as  categorias  que  tiveram  pelo  menos  três  ocorrências  nos  grupos  focais  e 
aquelas não sombreadas tiveram no mínimo duas ocorrências nos mesmos grupos. Observa‐
se  que  grande  parte  das  categorias  se  concentraram  nos  temas  Dificuldades  e  Outras 
Constatações. A partir das relações dos temas foi possível construir um mapa conceitual que 
ilustra tais relações (Figura 22). 
Figura 22 – Mapa conceitual das relações entre os temas 

 
Na  última  questão  (Q14)  do  questionário  buscou‐se  saber  quanto  à  futura  utilização  do 
método  pelos  os  participantes.  Somente  9%  do  montante  respondeu  seguramente  que 
voltaria a utilizar o BioTRZ e destacou‐se a maior parcela (31%) que respondeu que “talvez” 
voltasse a utilizar o método novamente pra projetar como ilustra a Figura 21.  
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 O método BioTRIZ não se mostrou adequado para o ensino de projeto em ateliês de 
plástica,  com  destaque  para  os  fatos  de  que  os  alunos  desse  período  (3º  período) 
possuem  pouco  repertório  projetual,  dificuldades  em  evitar  a  fixação  em  ideias 
predefinidas e limitações na capacidade de transformar características específicas em 
abstratas e vice‐versa, requisitos necessários para o adequado emprego do método; 
 Outro fato importante é que, na observação direta e nos grupos focais, as equipes se 
sentiram  pouco  à  vontade  para  trabalhar  com  um  método  sistemático  e  muitos 
relataram a preferência pelo método intuitivo e da ideia predefinida como ponto de 
partida para projetar, o que configura certamente obstáculo para o uso eficiente do 
BioTRIZ; 
 É  razoável  dizer  que  para  uma  melhor  experiência  com  o  BioTRIZ  seria  necessário 
repetir o estudo com turmas de projeto mais experientes e somente aplicar o método 
 
após sessões de exercícios que visem separadamente a capacidade de abstração. 
A partir do gráfico acima  é possível dizer que os temas CONDICIONAMENTOS DE PROJETO, 
INTERFERÊNCIAS NA APLICAÇÃO DO BIOTRIZ e LIMITAÇÕES DO CONHECIMENTO são fatores 
que  geraram  dificuldades  no  emprego  do  método.  As  dificuldades  foram  classificadas  em  6 REFERÊNCIAS
dificuldade  relacionadas  à  COMPREENSÃO  e  relacionadas  à  APLICAÇÃO  do  método  e 
entende‐se  que  uma  favorece  o  surgimento  da  outra.  Todas  essas  dificuldades  constituem  AHMAR, S. A. S. E. Biomimicry as tool for sustainable architectural design. 2011.  Dissertação (Mestrado em 
Arquitetura). Faculdade de Pós Graduação em Engenharia, Universidade de Alexandria. 
obstáculos  para ASSIMILAÇÃO  do  método. No  entanto,  observou‐se  que  a  maior  parte  das 
dificuldades foram realmente relacionadas à aplicação do método conforme a Tabela 4. Em  BENYUS, J. M. Biomimicry: innovation inspired by nature. New York, William Morrow Paperbacks, 2002. 
contrapartida,  surge  o  tema  FORMAS  DE  MELHORAR  A  ASSIMILAÇÃO  com  ações  para  CRAIG, S.  et al. BioTRIZ Suggests Radiative Cooling of Buildings Can Be Done Passively by Changing the 
transpor  tais  obstáculos  e  OUTRAS  CONSTATAÇÕES  que  contém  categorias  que  em  sua  Structure of Roof Insulation to Let Longwave Infrared Pass. Journal of Bionic Engineering, v. 5, n. 1, p. 55‐66, 
maioria  representam  consequências  da  boa  assimilação.  O  tema  OUTRAS  FORMAS  DE  2008. 
APLICAÇÃO DO BIOTRIZ surge como maneiras de utilizar o método, algumas não usuais mas  EL‐ZEINY, R. M. A. Biomimicry as a Problem Solving Methodology in Interior Architecture. Procedia ‐ Social and 
que  podem  tornar  o  BioTRIZ  um  recurso  válido  de  projeto,  com  destaque  para  uso  do  Behavioral Sciences, v. 50, p. 502‐512, 2012. 
BioTRIZ para transformar a ideia predefinida.  GLIER, M. W. et al. Evaluating Methods for Bioinspired Concept Generation. Design Computing and Cognition, 
10, 2012. 1‐20. 
GLIER, M. W.  et al. Methods for supporting bioinspired design. ASME 2011 International Mechanical 
5 CONCLUSÕES Engineering Congress and Exposition. Colorado: ASME 2011. 
GRUBER, P. Biomimetics in Architecture Architecture of Life and Buildings.  Alemanha: SpringerWienNewYork, 
A partir dos resultados obtidos da análise dos dados é possível concluir que:  2011. 
 A  assimilação  do  processo  de  aplicação  do  BioTRIZ  foi  satisfatória,  com  maior  KIATAKI, M. Modelo de suporte ao projeto criativo em arquitetura: uma aplicação da TRIZ ‐ Teoria da Solução 
dificuldade  para  a  etapa  de  enquadramento  dos  pares  de  conflitos  no  rol  de  Inventiva de Problemas. 2004. 124 f. (Mestrado). Engenharia da Construção Civil, Escola Politécnica da 
parâmetros;  Universidade de São Paulo, São Paulo. 
KNIPPERS, J.; SPECK, T. Design and construction principles in nature and architecture. Bioinspir Biomim, v. 7, n. 
 A  limitada  capacidade  de  abstração  dos  participantes  foram  determinantes  para  1, mar. 2012. 
justificar  a  maior  parte  das  dificuldades  e  inseguranças  registradas  nas  etapas 
PAWLYN, M. Biomimicry in architetcure.  England: Riba, 2011. 
responsáveis pela formalização do problema. Em parte, isso pode ser justificado pela 
imaturidade projetual dos participantes e a preferência por métodos mais intuitivos,  SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, M. D. P. B. Metodologia de Pesquisa. 5ª ed. Porto Alegre: Penso, 2013. 
como a tentativa e erro;  VINCENT, J. F.  et al. Biomimetics: its practice and theory. Journal of The Royal Society Interface, v. 3, n. 9, p. 
471‐482, ago. 2006. 
 Na categoria extração, houve pouca dificuldade devido à concentração das etapas de 
mais fácil cumprimento: identificação e quantificação dos PIs;  WALLIS, D. When Algae on the Exterior Is a Good Thing. The New York Times. New York. 25 Abr. 2013. Business, 
p. F9. Disponível em < http://www.nytimes.com/2013/04/25/business/energy‐environment/german‐building‐uses‐algae‐
 Na categoria coerência, houve maior nível de insegurança por parte dos participantes  for‐heating‐and‐cooling.html?pagewanted=all&_r=0> 
com destaque para o baixo nível de satisfação com o resultado das soluções geradas     
(apenas 18% de participantes completamente satisfeitos); 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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O projeto e a integração com o conteúdo tecnológico no ensino de  2 SOBRE O ENSINO DE PROJETO DE ARQUITETURA:


Arquitetura e Urbanismo no Brasil.  INCERTEZAS, QUESTIONAMENTOS E PERSPECTIVAS.

Renato de MEDEIROS  No  Brasil,  no  final  da  década  de  1970  e  início  dos  anos  de  1980,  a  questão  do  ensino  do 
PPGAU/ UFRN; [email protected]  projeto  em  arquitetura  passou  a  ser  abordada  nas  instâncias  acadêmicas  de  discussão, 
Camila Cavalcanti RESENDE  sobretudo  em ocasiões  que  precederam  alterações ou  reformas  curriculares  como  no  caso 
PPGAU/UFRN; [email protected]   de instituições como a FAU‐USP e no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS1.  
 
De lá pra cá, o espaço destinado à reflexão dos processos e procedimentos de ensino e seus 
RESUMO  resultados  foram  abordados em eventos  realizados pela  Associação  Brasileira de Ensino  de 
A  partir  da  construção  de  um  panorama  das  pesquisas  desenvolvidas  sobre  o  tema  do  ensino  de  Arquitetura  (ABEA) e  com mais  afinco  e  especificidade,  em  fóruns  de  pesquisa e  discussão 
projeto arquitetônico, esse  artigo busca caracterizar e analisar as situações identificadas por diversos autores 
acerca  do  processo  de  ensino‐aprendizagem  na  área,  como  o  evento  PROJETAR,  cuja 
quanto  a  uma  situação  de  distanciamento  entre  as  disciplinas  de  projeto,  seus  processos  e  produtos,  com  o 
conteúdo das disciplinas de tecnologia da construção e afins (estruturas, instalações, materiais de construção e  primeira  edição  aconteceu em 2003  em Natal/RN e  atualmente,  configura‐se  como evento 
outras). Por ser indiscutível a importância dessa relação que envolve concepção e materialização e ainda que,  bienal de referência neste campo no país. 
de  maneira  geral,  a  situação  caracterizada  se  apresente  na  contramão  desse  pensamento,  aponta  para  a 
necessidade  de  revigorar  o  ensino  de  AU,  ampliando  a  reflexão  critica  e  integradora  na  prática  de  ensino  do 
Segundo  Arcipreste  (2012,  p.21),  incertezas  e  questionamentos  perpassam  o  ensino  da 
ateliê de projeto.  profissão em função da “difícil conciliação de abordagens da arquitetura como ofício e como 
conhecimento,  como  prática  e  teoria.”  A  formação  é  alvo  de  críticas  tanto  por  parte  dos 
PALAVRAS‐CHAVE:  Arquitetura  e  Urbanismo,  ensino  de  projeto,  práticas  pedagógicas,  integração  de 
conteúdos.  
discentes quanto pelos docentes que, juntos, buscam minimizar problemas de uma formação 
que pretende ser generalista e que consequentemente, solicita dos egressos, especializações 
para lidar com as exigências do atual mercado de trabalho. 
1 INTRODUÇÃO Pode‐se  dizer  que  dentro  dessa  temática  do  ensino,  nessas  últimas  décadas,  muito  já  foi 
debatido,  várias  teses  na  área  já  foram  publicadas  e,  no  entanto,  situações  identificadas 
A partir da construção de um panorama das pesquisas desenvolvidas sobre o tema do ensino  como semeadoras de uma “crise” no ensino de arquitetura parecem ainda configurar muitas 
de projeto arquitetônico,  esse artigo busca caracterizar e analisar as situações identificadas  das problemáticas dos estudos e pesquisas elaboradas e que vem sendo desenvolvidas. Uma 
por  diversos  autores  quanto  a  uma  situação  de  distanciamento  entre  as  disciplinas  de  delas  e  que  se  apresenta  como  um  ponto  chave  é  a  questão  da  interdisciplinaridade  e  a 
projeto  arquitetônico,  seus  processos  e  produtos,  com  o  conteúdo  das  disciplinas  de  integração  de  conteúdos  que  não  foi,  até  hoje,  bem  resolvida  na  prática  acadêmica, 
tecnologia da construção e afins (estruturas, instalações, materiais de construção e outras).   caracterizando‐se  como  um  dilema  que  sucessivas  reformas  curriculares  em  diversas 
Trata  do  afastamento  entre  o  arquiteto  e  o  canteiro  que  já  foi  citado  por  diversos  autores  instituições  tentam  solucionar.  Inúmeras  investigações  realizadas  por  meio  de  análises  de 
como Ferro (1979) que remonta ao processo de separação entre a figura do arquiteto e do  currículos e práticas de cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, além de pesquisas em 
engenheiro a partir do Renascimento, intensificada com a revolução industrial e influenciada  trabalhos  finais  de  graduação  demonstram  os  problemas  existentes  relacionados  a  essa 
pelo  modelo  Beaux  arts  de  ensino,  o  que  gerou,  como  adverte  Costa  Lima  (2003),  questão (TEIXEIRA, 2005; ARCIPRESTE, 2012; CAVALCANTE, 2013). 
consequências que pouco são discutidas na formação profissional.   Pois bem, se tanto já foi escrito, pesquisado e aparentemente, pouco parece ter sido obtido, 
Atualmente,  as  realidades  dos  currículos,  as  práticas  existentes,  a  lógica  do  produtivismo  vale  a pena  novamente  escrever  sobre  o  ensino  e  educação  em  Arquitetura  e  Urbanismo?  
acadêmico e as incursões ainda limitadas na reflexão do ensino de projeto demonstram um  Segundo Naruto (2006, p.18) 
descompasso  entre  esses  campos  do  saber  arquitetural.  Logo,  percebe‐se  que  o  Certamente que sim, porque esse movimento incessante de mudanças demonstra 
distanciamento entre as disciplinas de projeto arquitetônico e as de tecnologia da construção  exatamente  que,  para  além  do  próprio  dinamismo  da  arquitetura  como  pratica 
acabam  gerando  interferências  no  processo  e  na  compreensão  do  discente  quanto  à  social e, apesar das incontáveis tentativas, existem problemas específicos de ensino 
materialização  do  projeto.  Tal  situação  afeta  as  soluções  projetuais  gerando  hiatos  na  de arquitetura  que não  estão  sendo  satisfatoriamente  encaminhados.  Não  que  se 
acredite que existam soluções definitivas ou algum  padrão universal  valido para o 
formação do futuro profissional.  ensino  de  arquitetura  e  para  todas  as  escolas,  mas  o  fato  é  que  as  propostas  e 
experiências não têm conseguido responder ao que foi percebido como problema e 

                                                            
1
  O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS realizou em 1985 o I Encontro sobre Ensino de Projeto
Arquitetônico o que gerou um conjunto de textos organizados no livro Projeto deArquitetura: Disciplina em
Crise, Disciplina em Transformação (COMAS, 1986), que ainda hoje é referência nos debates sobre o assunto. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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sequer formular uma dinâmica de constante avaliação face à evolução vertiginosa  Partindo desse pressuposto, vemos na literatura, pesquisas como a desenvolvida por Donald 
não só́ dos meios de produção do espaço arquitetônico como da própria sociedade  Schön,  nos  Estados  Unidos  durante  a  década  de  1970.    Na  faculdade  de  Arquitetura  do 
como sistema cultural e econômico. 
Massachussetts  Institut  of  Technology,  estudou  o  ateliê  de  projeto  como  ambiente  de 
Soma‐se a essa afirmação, a constatação realizada por Elvan Silva (2003, p.32) que diz que o  investigação  e  protótipo  do  espaço  de  ensino  prático‐reflexivo,  onde  os  estudantes 
tema  ensino  do  projeto  arquitetônico  recebe  menos  atenção  do  que  se  poderia  esperar,  aprendem  através  do  fazer,  apoiados  pela  instrução  do  professor.  O  autor  considera  a 
apontando que há aspectos que exigem aprofundamento.   atividade  de  projeto  como  uma  forma  de  talento  artístico  que  pode  ser  desenvolvido  por 
Desse  modo,  estudar  aspectos  relacionados ao  ensino  e  educação em  Arquitetura,  exige  o  meio  de  um  ensino  que  se  ampara  no  relacionamento  entre  o  mestre  e  o  aprendiz  e,  na 
aprofundamento  nas  práticas  educacionais  desenvolvidas  pelo  país  afora,  para  tentar  compreensão  da  reflexão  teórica  aplicada  na  ação  da  concepção  do  projeto.  Schön 
compreender o modelo de ensino existente e como fazer para aperfeiçoá‐lo.  desenvolveu uma pesquisa de acompanhamento, descreveu e analisou os fatos observados 
durante a investigação e apesar de não ter proposto métodos para o ensino de arquitetura, 
Hoje, esse tipo de investigação se beneficia com a expansão do universo das pós‐graduações  contribuiu para o desenvolvimento de trabalhos desenvolvidos posteriormente na área. 
em  AU  na  última  década  e  com  a  criação  de  áreas  de  pesquisa  em  projeto  de  arquitetura 
(VELOSO,  M;  ELALI,  G;  2003).  Esse  fato  tem  colaborado  para  fomentar  o  debate  nacional  Na Europa, especificamente na França e em Portugal, temos os exemplos dos professores e 
atual,  focando  no  estudo  dos  métodos  de  projetação  e  no  ensino  do  projeto  que  se  pesquisadores Philipe Boudon e Jorge Cruz Pinto que, ao desenvolverem estudos acerca dos 
caracteriza como um dos eixos principais das estruturas curriculares de ensino de arquitetura  processos e métodos de projetação, elaboraram manuais que podem ser aplicados em sala 
no  país  ou  se  não,  o  principal,  para  onde  deveriam  convergir  ou  serem  rebatidos  os  de aula, em disciplinas de projeto de arquitetura ou que tratem da concepção arquitetural.  
conteúdos ensinados e relacionados.  O  primeiro,  desenvolveu  o  conceito  de  arquiteturologia  que  configura  uma  ciência  da 
No entanto, de acordo com Lara e Marques (2003, p.08), os estudos sobre o ato de projetar  concepção  arquitetural,  baseada  em  uma  série  de  ações,  amparadas  em  um  conjunto  de 
não  acompanharam  a  evolução  desse  processo  de  consolidação  da  pós‐graduação  em  conceitos  definidos  pelo  autor.  Trata‐se  de  uma  proposta  com  caráter  epistemológico, 
Arquitetura  e  Urbanismo  e  sofrem  com  a  resistência  dos  profissionais  (do  mercado  ou  da  relacionada  ao  conhecimento  do  processo  e  da  concepção  arquitetônica.  Busca‐se 
academia) em sistematizar e organizar o que realmente fazem o que ensinam ou o que seus  compreender a concepção por meio de exercícios que estimulam a reflexão sobre o ato de 
alunos realmente aprendem. Arcipreste (2012, p.23), quase uma década depois, relata que  projetar (BOUDON et al, 2001).  
pesquisas  abordando  as  práticas  projetuais  dos  estudantes  ainda  são  insuficientemente  Já  a  metodologia  pedagógica  proposta  por  Cruz  Pinto  (2007)  apresenta‐se  com  um  forte 
exploradas  em  relação  ao  potencial  que  têm  para  produção  de  conhecimento  no  campo  direcionamento  fenomenológico.  Pretende  incentivar  a  reflexão  e  a  compreensão  da 
arquitetônico.  arquitetura  pelo  discente  por  meio  da  valorização  da  experiência  arquitetural  do  espaço  e 
Analisando  o  quadro  atual  da  pesquisa  e  da  pós‐graduação  no  Brasil,  observa‐se  que  dos  das suas relações intrínsecas como composições, volumes, texturas e cores. O processo está 
trinta  e  três  programas  de  pós‐graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  reconhecidos  pela  centrado  no  sujeito  da  aprendizagem  que  representa  o  receptor  e  produtor  do 
CAPES  (2012)  apenas  onze  possuem  áreas  de  concentração  e/ou  linhas  de  pesquisa  conhecimento  (em  conjunto  com  o  docente).  Esse  sistema  deve  ser  dinâmico  e  crítico  e 
abordando questões relacionados ao projeto de arquitetura, ensino e tecnologias. Quanto à  pretende direcionar o aluno para um confronto dialético entre o conhecimento teórico e o 
produção  desenvolvida  pelos  grupos  de  pesquisa  brasileiros,  foi  visto  que  são  elaborados  experimentado com a sua sensibilidade individual. 
estudos  relacionados  aos  métodos,  processos,  estratégias  e  formulações  de  projeto;  as  Buscando caminhos para o ensino de projeto no Brasil, Rheingantz (2003, p. 126) se ampara 
teorias  e  métodos  aplicados  ao  ensino  e  ao  aprendizado,  análises  sobre  a  questão  da  em leituras, investigações sobre a pedagogia, ensino de arquitetura e a sua vasta experiência 
interdisciplinaridade, além de averiguações sobre as relações das tecnologias em arquitetura  acumulada em sala de aula, para desenvolver o argumento sobre a possibilidade de ensinar 
e urbanismo, sua história e interfaces. Como já afirmado, esse quadro, apesar de ainda ser  arquitetura,  superando  a  crença  de  que  professores  de  projeto  são  meros  treinadores  e 
insuficiente,  demonstra  uma  evolução  no  cenário  da  investigação  sobre  o  projeto  de  transferidores  de  conhecimento.  Apresenta  a  proposta  de  que  o  ensino  de  projeto  deve 
arquitetura  e  o  seu  ensino  no  país,  evidenciando  uma  crescente  de  valorização  que  vem  apontar  para  uma  perspectiva  sócio‐interacionista,  onde  a  produção  do  conhecimento  é 
sendo dada ao tema.  reconhecida  como  tradução  individual  e  coletiva  que  é  construída  a  partir  da  interação 
social.  Para  o  autor,  os  conteúdos  devem  possibilitar  a  apreensão  dos  valores  culturais 
expressos  a  partir  dos  objetivos  programáticos  e  do  contexto  definidor  do  problema.  O 
3 CONSTRUINDO A TEORIA NA PRÁTICA DO ATELIÊ DE PROJETO. professor  deve  ser  um  intermediador  do  processo,  superando  autoritarismos  e  instituindo 
uma  avaliação  a  ser  realizada  em  função  do  conteúdo  com  critérios  definidos  pelas  duas 
Considerando  que  o  ato  de  projetar  caracteriza  a  principal  atividade  do  arquiteto  e  que  a  partes ativas do processo: o mestre e o aluno.  
universidade é o lócus de formação desse profissional generalista, outro ambiente não seria 
mais propicio para o desenvolvimento de pesquisas sobre os processos que se desenvolvem  Vemos  que  essas  abordagens  distintas  denotam  a  preocupação  com  o  ensino  de  projeto 
na concepção do projeto que o ateliê educacional de projeto de arquitetura.  inserido  em  uma  discussão  ontológica,  prático‐reflexiva  e  crítica  das  ações  da  concepção. 
Apontam caminhos para o desenvolvimento de um campo de métodos didáticos na prática 
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do ateliê, inserindo novos conceitos e técnicas por meio de exercícios a serem desenvolvidos  A verdade é que o afastamento entre o arquiteto e o canteiro, que já foi citado por diversos 
pelos alunos.  autores  como  Sérgio  Ferro  (1979)  e  remonta  ao  processo  de  separação  entre  a  figura  do 
arquiteto e do construtor a partir do renascimento, o que foi intensificado com a Revolução 
Industrial,  gerou  consequências  que  pouco  são  discutidas  na  formação  do  profissional 
4 CONCEPÇÃO E MATERIALIZAÇÃO: O LUGAR DA FIRMITAS 1NO conforme adverte Costa Lima (2010). 
ENSINO DE PROJETO. Gregotti  (1975,  p.13)  já  havia  alertado  para  essa  situação  quando  descreveu  a  situação  da 
prática profissional. 
Sabemos  que  o  projeto  supõe  uma  antecipação  da  construção  com  base  na  seleção  de  A  produção  arquitetônica  institui‐se  hoje  segundo  fases  distintas  pelas  quais  a 
materiais  e  técnicas  construtivas.  Logo,  esse  tema  pode  ser  abordado  desde  as  primeiras  operação projetual se separa da atividade propriamente construtivo‐produtiva que 
etapas de concepção do projeto. Helio Piñon (2006), em seu livro Teoria do projeto, assinala  outros  projetos  haverão  constituído  separadamente,  até  chegar  ao  consumo  do 
que  não  há  projeto  sem  matéria  e  que  concepção  e  projeto  para  obra  não  se  tratam  de  objeto, este também produto de uma ação projetual diversa. Assim, fica eliminada 
questões  diversas,  porém  representam  facetas  de  uma  mesma  atividade.  Para  o  autor,  a  a unidade entre projeto e construção na obra (...).  
construção é um instrumento para conceber, não uma técnica para resolver (PIÑON, 2006, p.  É  certo  que  a  evolução  e  a  ampliação  do  quadro  tecnológico  que  envolve  a  indústria  da 
122). Não se trata de uma opção de projeto nem de uma escolha arbitrária, porém configura‐ arquitetura,  engenharia  e  construção  exigiram  uma  especialização  maior  entre  os 
se  como  uma  condição  necessária  para  a  atuação  do  arquiteto,  uma  exigência.  Ainda  profissionais, criando campos próprios de atuação e formações distintas, porém totalmente 
segundo Piñon (2006), tanto a técnica como o programa são fundamentais para a concepção  relacionadas.  A  necessidade  de  integração  entre  os  profissionais  nos  processos  de 
arquitetônica  e  esta  não  existe  sem  consciência  construtiva,  que  se  configura  como  um  desenvolvimento  do  projeto  em  todas  as  suas  fases  é  imprescindível  mesmo  porque  é 
problema central da arquitetura.  impensável  que  o  arquiteto  articule  domínio  e  plena  liberdade  em  todos  os  aspectos 
Bryan  Lawson  (2011,  p.21),  por  sua  vez,  diz  que  os  problemas  de  projeto  costumam  ser  particulares  do  oficio  que  são  necessários  ao  ato  de  projetar  (SARAMAGO,  2012).  Desse 
multidimensionais  e  interativos  e  que,  ao  projetar,  é  necessário  imaginar  uma  solução  modo, não se pretende aqui, discutir uma formação ainda mais ampla para o arquiteto (essa 
integrada para toda uma conglomeração de exigências. A solução que responde de maneira  já  é  bastante  generalista),  porém  questionar  a  relação  entre  o  ensino  de  projeto  e  as 
mais integrada e combinada a essas questões dá origem ao bom projeto ou expressam a sua  disciplinas  tecnológicas  ligadas  à  materialização  da  proposta  arquitetônica  e  o  seu  efetivo 
boa qualidade.  resultado na vida acadêmica.  

O mesmo autor classifica os aspectos construtivos como restrições práticas do processo de  Deve‐se  lembrar  que  as  decisões  tecnológicas  vão  além  do  essencial  sistema  estrutural, 
projeto e nesses são incluídos fatores externos como a capacidade de resistência do terreno  envolvendo  aspectos relativos  às vedações, materiais  de acabamento,  orçamento,  gestão  e 
e outros considerados internos. Nesse segundo  grupo, se enquadram os materiais  a serem  qualidade no projeto e na execução. Isso quer dizer que existe um conjunto abrangente de 
utilizados  na  construção,  além  de  outras  questões  inerentes  à  obra  construída,  como  o  informações e que essas noções precisam ser vistas em sala de aula, integradas ao ensino de 
desempenho  e  a  vida  útil  dos  componentes  e  do  edifício  como  um  todo.  Entende‐se  que  projeto  e,  até  mesmo,  de  outras  disciplinas  que  compõem  a  estrutura  curricular  do  curso 
pensar o projeto não se esgota no objeto arquitetônico e na sua materialização, mas também  como  as  existentes  na  área  de  teoria  e  história  da  arquitetura.  Acredita‐se  ser  importante 
em viabilizar o seu planejamento que se expressa em aspectos pouco explorados em sala de  discutir  questões  associadas  às  técnicas  utilizadas  e  como  o  seu  emprego  repercutiu  em 
aula,  como  o  conceito  de  construtibilidade2,  os  custos  de  execução,  de  operação  e  de  obras‐ícones  de  diversas  fases  da  história  arquitetônica,  colaborando  para  a  formação  e 
manutenção da edificação. No cenário atual, onde se discute tanto sobre sustentabilidade e  evolução arquitetural e, consequentemente, da sociedade.  
planejamento estratégico é inadmissível não refletir sobre isso na prática projetual, em seu  A  partir  de  coletas  de  dados  sobre  teses,  dissertações  e  produção  científica  no  Brasil  e  no 
ensino e nas disciplinas relacionadas às tecnologias da construção.   exterior,  pode‐se  afirmar  que  a  temática  tecnologia  na  arquitetura  e  sua  relação  com  o 
ensino  vêm  sendo  muito  pesquisada.  No  entanto,  o  foco  é  maior  para  as  ferramentas  de 
                                                             projetação  e  de  representação  arquitetônica  sendo  pouco  recorrente  esta  relação  com  as 
tecnologias da construção e a concepção arquitetural. Talvez, isso se deva à notória evolução 
1
  O  termo  Firmitas  representa  a  resistência  e  a  firmeza  da  construção  e  junto  com  os  princípios  de  beleza  nos modos de produzir o projeto nas últimas décadas por meio de tecnologias auxiliadas por 
(Venustas) e utilidade ou função (Utilitas) compõem a tríade vitruviana, presente no tratado escrito no século I  computador,  o  que  tem  suscitado  muitas  investigações  e  colocado  essa  temática  como  de 
A.C.  pelo  romano  Marco  Vitruvio.  A  sua  obra  Sobre  Arquitetura  possui  grande  importância  histórica  por  se  maior interesse para os pesquisadores. 
tratar do único tratado clássico sobre o tema que se conservou até os dias atuais. VITRUVIO, M. Tratado  de 
arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2007.  Foi observado que existem muitos trabalhos científicos voltados para a relação entre forma e 
2
 O conceito de construtibilidade associado ao projeto diz respeito a “consideração detalhada dos elementos de  a  estrutura  portante  ou,  relacionadas  às  envoltórias  das  edificações.  Essas  pesquisas,  a 
projeto  para  atender  os  requerimentos  técnicos  e  financeiros  do  empreendimento,  considerando  quando  princípio,  estudam  os  elementos  isolados  inseridos  na  lógica  do  processo  de  projeto, 
possível a relação projeto ‐ construção para melhorar a efetividade do projeto e com isto subsidiar o processo  entretanto,  não  tratam  dessa  relação  a  partir  de  uma  análise  holística  do  fazer/  aprender/ 
de construção no canteiro” (GRIFFITH, 1995). 
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projetar arquitetura inseridas no processo pedagógico.  buscando avaliar a eficácia de determinados pressupostos metodológicos e práticos voltados 
à formação tecnológica do arquiteto (2004, p. 23). Nessas disciplinas, realizou atividades de 
As  teses,  livros  e  artigos  que  abordam  essa  relação  entre  projeto  e  tecnologia,  quando  o 
fazem,  reafirmam  os  problemas  evidenciados  há  décadas.  É  o  caso  do  artigo  desenvolvido  cunho  teórico‐conceitual  inicialmente  para,  em  outra  etapa,  envolver  os  alunos  em 
atividades práticas e reflexivas como análises de projetos executados e a construção de suas 
por  Costa  Lima  (2012).    O  autor  cita  que  em  sua  experiência  prática  na  docência  tem 
observado que o principal problema apresentado pelos estudantes   maquetes  em  escala  reduzida  pelos  próprios  discentes.  Em  outra  componente  curricular, 
tendo em vista a necessidade de aprofundar as questões referentes à produção industrial, foi 
diz  respeito à dificuldade  de  explorar  a  energia expressiva  da  construção.  Persiste  realizado  o  projeto  e  o  planejamento  para  a  confecção  de  elementos  estruturais  (vigas, 
uma  nítida  desarticulação  entre  o  pensar  a  forma  e  o  pensar  a  técnica,  que 
denuncia um vácuo de conhecimento em tectônica. Este fenômeno não é isolado e 
pórticos,  contenções,  escadas)  com  o  objetivo  de  promover  o  enfrentamento  de  todos  os 
tem  clara  determinação  histórica:  ele  é  fruto  da  prevalência  do  discurso  sobre  a  aspectos que estão presentes no processo de pré‐fabricação e que fazem parte da realidade 
experimentação (...) (2012, p.07).  da construção contemporânea.  A análise das experiências didáticas gerou a constatação de 
que  a  materialização  dos  objetos  arquitetônicos  concebidos  intelectualmente  implica  o 
Observação semelhante é realizada por Teixeira (2005, p.36) em sua tese sobre integração de 
enfrentamento  da  realidade  em  todas  as  suas  vertentes:  recursos  físicos,  materiais, 
conteúdos no ensino de arquitetura: 
econômicos e temporais (LEITE, 2005).  
Uma situação recorrente diz respeito à insistência com que a elaboração do projeto 
de  arquitetura,  durante  a  formação,  continua  separada  de  sua  materialização,  Segundo Leite (2005), a partir dessas atividades foi possível refletir sobre as diversas formas 
tratada ‐ se diria, à primeira vista, “pelos alunos” – muito mais como uma questão  de solucionar os problemas propostos, sobre os materiais e o desempenho próprio de cada 
plástica,  meramente  formal,  independente  da  caracterização  física,  material  e  um, além do planejamento para a execução e a aproximação com a realidade da construção 
construtiva do objeto, sem a preocupação, ou com grandes dificuldades, em relação  através  do  estabelecimento  do  contato  com  fornecedores,  custos  de  execução,  alcance  de 
à sua própria existência, à sua viabilidade. 
metas de produção e a instituição de comparativos entre os produtos desenvolvidos.  
Um  ano  antes,  Vidigal  (2004,  p.72),  em  sua  pesquisa  sobre  o  ensino  nas  escolas  de 
Além  dessas  pesquisas  apresentadas,  sabemos  de  outras  que  também  já  abordaram  um 
arquitetura e urbanismo de Curitiba diz que “(...) o maior problema do ensino de arquitetura, 
aspecto muito importante do elo arquitetura e tecnologia como a relação entre a estrutura e 
no  entanto,  para  65%  dos  professores,  é  o  distanciamento  entre  as  disciplinas  das  áreas 
a  arquitetura.  Uma  delas  é  a  que  foi  desenvolvida  por  Yopanan  Rebello  (1999).  Esse  autor 
teórica e tecnológica e o ensino de projeto”. 
detectou as dificuldades dos alunos em compreender o funcionamento das estruturas e as 
Merece  destaque  a  tese  elaborada  pela  professora  e  pesquisadora  Maria  Amélia  Devitte  abordagens  pouco  didáticas  presentes  na  literatura  técnica  sobre  o  tema,  comprometidas 
D’Azevedo  Ferreira  Leite  (2005)  que  busca  investigar  a  aprendizagem  tecnológica  do  pela  escassez  de  procedimentos  que  pudessem  servir  de  apoio  para  uma  melhor 
arquiteto  no  ambiente  acadêmico.  Desenvolve,  inicialmente,  uma  retrospectiva  e  análise  compreensão do assunto sem, no entanto, perder de vista as suas relações com a concepção 
histórica da sua formação e das relações existentes entre os conteúdos que a compuseram  arquitetônica (REBELLO,  2000, p.  16).  Com  o  objetivo  de promover  um  entendimento mais 
desde  a  instituição  do  ensino  em  Arquitetura  e  Urbanismo  no  Brasil.  Segundo  a  autora,  a  qualitativo  dos  assuntos  relativos  às  estruturas  inseridas  no  processo  de  projeto,  Rebello 
análise  dos  dados  demonstra  a  existência  de  relações  intrínsecas  entre  o  ideário  sobre  a  publicou  a  partir  do  ano  2000,  livros  que  tratam  dessa  temática,  com  destaque  para  A 
profissão e o padrão de formação, as quais definiram, e ainda mantém uma desvalorização  concepção estrutural e a arquitetura (2000) e Bases para projeto estrutural na arquitetura 
da formação tecnológica frente à formação teórica e projetual.   (2007).  
A  verificação  da  inexistência  de  um  ensino  verdadeiramente  tecnológico  em  Arquitetura  e     Mais  recentemente,  pesquisas  em  desenvolvimento  como  a  de  Saramago  (2012) 
Urbanismo faz com que a autora o considere proto‐tecnológico.  Segundo Leite (2005), isso  reafirmam  esse  estranhamento  entre  o  que  se  entende  por  concepção  arquitetônica  e  a 
se  deve  ao  fato  das  concepções  curriculares  adotadas  se  caracterizarem  por  conteúdos  resolução  tecnológica  –  estrutural.  Tal  fato,  como  no  caso  do  ensino  de  tecnologia  da 
fragmentados e com alta abstração, em função do comportamento didático‐pedagógico que  construção,  implica  na  constatação  de  que  se  houverem  deficiências  no  seu  processo 
valoriza a acumulação de conhecimentos e a sua reprodução, além da ausência de contato  educativo,  esses  profissionais  ficam  comprometidos  de  exercer  plenamente  a  sua  prática 
dos alunos com a realidade.  (SARAMAGO, 2012, p.02).   
Relacionados  a  esses  aspectos,  a  pesquisa  demonstra  dois  fatores  críticos.  Inicialmente,  o  Arcipreste  (2012)  em  sua  tese  que  trata  da  análise  de  trabalhos  finais  de  curso  em  seis 
despreparo dos profissionais que migram do mercado de trabalho para o ambiente da sala  instituições de ensino de arquitetura e urbanismo das cidades de São Paulo e Belo Horizonte 
de aula sem haver passado por um processo de formação voltado para a prática do ensino e  confirma a deficiência quanto aos aspectos tecnológicos nos projetos analisados. De acordo 
um  entendimento presente  nas  concepções dos  currículos  que  aponta  que  a  finalidade  do  com  a  sua  pesquisa,  mesmo  aqueles  trabalhos  que  focaram  nessas  dimensões  denotaram 
arquiteto é a de elaborar o projeto arquitetônico e não a obra arquitetônica (LEITE, 2005, p.  um desequilíbrio na consideração dos aspectos técnicos e da materialidade, pois ainda que a 
18).  relação  forma/estrutura  tenha  sido  explorada  plasticamente  em  vários  projetos,  poucos 
A  pesquisadora  realizou  no  período  de  2001  a  2005,  experiências  didáticas  em  disciplinas  enfocaram suas possibilidades e condições efetivas de viabilidade para execução. Segundo a 
que  fazem  parte  do  quadro  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  PUC/  Campinas,  autora,  por  diversas  razões,  as  questões  de  ordem  técnica  têm  sido  pouco  trabalhadas  de 
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maneira reflexiva e  investigativa no TFG e esse detalhamento é frequentemente  tratado de  de  obras,  em  direção  aos  operários.  Tsukumo  analisa  alguns  projetos  de  habitação 
maneira  burocrática  pelos  estudantes  e  pouco  considerado  efetivamente  na  avaliação  dos  multifamiliar na cidade de São Paulo e acompanha a execução dessas obras, apoiando‐se em 
trabalhos (ARCIPRESTE, 2012, p. 181).   entrevistas  com  os  arquitetos  responsáveis,  engenheiros  e  operários  envolvidos  para  tecer 
algumas  conclusões.  Dentre  essas,  destaca‐se  a  percepção  de  uma  dicotomia  entre  o 
Aqui,  a  autora  apresenta  uma  situação  chave  e  crítica.  Observa‐se  que,  além  da  postura 
discente,  a  etapa  de  análise  das  qualidades  que  faz  parte  do  processo  avaliativo,  uma  das  desenho  e  o  canteiro,  com  a  preponderância  de  um  sobre  o  outro,  fruto  do  processo 
etapas  pedagógicas  do  ensino‐aprendizagem  de  fundamental  importância  para  o  processo,  histórico de separação entre quem concebe e quem executa as obras em instâncias distintas 
(TSUKUMO, 2009, p.199).  
parece desconsiderar ou preterir a apreciação desse conteúdo.  
Nesse caso, a autora não faz relação com o processo de ensino de projeto e a necessidade de 
É fazendo uso da tese de Leite (2005), que Claudia Arcipreste apresenta algumas razões para 
esse problema no ensino, refletido na produção dos trabalhos de conclusão de curso por ela  articulação  de  conhecimentos  de  representação  junto  ao  conhecimento  das  tecnologias 
construtivas e o planejamento de obra.  Como seu universo é o da prática profissional suas 
estudados: 
análises  estão  direcionadas  para  esse  meio.  No  entanto,  suas  observações  reverberam  e 
(...)  a  deficiência  de  formação  do  arquiteto  na  área  tecnológica,  motivada,  alcançam o processo de formação do arquiteto contemporâneo, constituindo‐se como mais 
principalmente,  pelos  padrões  curriculares  adotados,  que,  entre  outros  aspectos, 
são  desprovidos  de  metas  de  aprendizagem  claras;  restringem‐se  a  trabalhar  a 
um alerta para discussão. 
concepção  formal,  em  detrimento  à  resolução  global  do  objeto  arquitetônico;  e 
apresentam  resistência  à  revisão  dos  paradigmas  estruturadores  das  concepções 
curriculares,  em  especial  no  campo  tecnológico  (LEITE,  M.  A.,  2005,  p.301  CONCLUSÃO 
apud ARCIPRESTE, 2012). 
É indiscutível a importância da relação entre arquitetura e construção. Do mesmo modo, no 
O texto extraído de um artigo publicado por Costa Lima (2011, p.07), durante o V Seminário  ambiente  acadêmico,  a  compreensão  dessa  relevância  é  fundamental  para  o  ensino  de 
Projetar, complementa esse fator apresentado anteriormente.  projeto.  No  entanto,  de  maneira  geral,  vê‐se  que  a  situação  caracterizada  por  diversos 
A  própria  divisão  do  ensino  de  arquitetura  nas  três  já  tradicionais  “áreas  de  autores  denota  um  panorama  que  se  apresenta  na  contramão  desse  pensamento.  Aponta 
conhecimento” – Teoria, Projeto e Tecnologia – reflete um quadro de banimento da  para  a  necessidade  de  revigorar  o  ensino  de  AU,  ampliando  a  reflexão  critica  no  ateliê  de 
razão  construtiva  do  âmbito  teórico,  e,  ainda  mais  grave,  do  âmbito  projetual.  A 
expressão  “lançar  a  estrutura”  ‐  hoje  muito  utilizada  no  meio  acadêmico,  e  já 
concepção  projetual  e  incentivando  o  melhor  entendimento  da  materialização  da  obra, 
generalizada no meio profissional, para se referir à concepção estrutural como uma  associando  a  aspectos  pouco  explorados  em  sala  de  aula  como  os  conceitos  de 
etapa de projeto posterior à concepção da arquitetura, e alienada ao engenheiro –  construtibilidade, custos de execução, de operação e de manutenção da edificação.  
testemunha  uma  persistente  desarticulação  entre  o  pensar  a  forma  e  o  pensar  a 
técnica em arquitetura.  Vê‐se  a  necessidade  de  engendrar  respostas  aos  desafios  que  se  desenham  na  atualidade 
que,  como  cita  Costa  Lima  (2010,  p.10),  “pede  uma  renovação  das  teorias  e  práticas  do 
Essa provocação encontra lugar também nas palavras de Verde Zein (2003) quando esta se  projeto, no sentido da recondução da razão construtiva para o núcleo do processo projetual, 
refere  à  existência  de  uma  ilusão  quanto  às  tradicionais  estruturas  curriculares  que  são  como co‐determinante privilegiada da forma arquitetônica”. 
organizadas de maneira fragmentada e segmentadas por áreas de conhecimento, ou ainda, 
departamentalizadas,  para  usar  o  termo utilizado  pela  própria  autora.  Segundo  Verde  Zein 
(2003, p. 83) “ urge também propor que, cada vez mais, as disciplinas “teóricas” e “técnicas”  REFERÊNCIAS 
sejam transformadas, igualmente, em atividades teórico‐práticas”.   
ARCIPRESTE, C.M. Entre o discurso e o fazer arquitetônico: reflexões sobre o ensino de arquitetura e urbanismo 
A  partir  desse  panorama,  a  tese  de  Ronconi  (2002)  sobre  a  Inserção 
e seus referenciais a partir do trabalho final de graduação. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) 
do canteiro experimental  nas  Faculdades  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  a  dissertação  de  Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. 
mestrado  de  Minto (2009), sobre a  experimentação  da  prática  construtiva  na  formação  do 
BOUDON, P., DESHAYES, P. et al. Enseigner la conception architecturale. Cours d’architecturologie. 2 ed. Paris: 
arquiteto, colaboram com a apresentação de uma proposta de aproximação do estudante da  Éditions de la Villette, 2000. 
realidade  prática  do  ofício.  Ambos  caracterizam  o  canteiro  e  a  experimentação,  que  lhe  é 
CAVALCANTE, E. S. A integração de conteúdos das disciplinas nos TFG’s do CAU‐UFRN. IN: SIMPOSIO DE 
típica,  como  um  espaço  de  ações  privilegiadas  para  formar  aspectos  importantes  do  PESQUISA DO PPGAU – UFRN. 1º, 2013, Natal. Anais. Natal: UFRN; 2013. 1 CD‐ROM.  
Arquiteto  e  Urbanista  em  desenvolvimento.  Contudo,  segundo  Minto  (2009,  p.20)  esse 
COSTA LIMA, H. A estrutura arquitetônica como “entrada” do aprendizado de projeto. In. Lara, F. & Marques, S. 
instrumento didático e de grande potencial reflexivo quando existente é, na grande maioria 
(org.) Projetar‐ Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2003. 
das instituições, trabalhado de maneira muito isolada em relação ao restante do curso. 
_____ H. Tectônica e ensino de projeto. Sugestões para uma renovação (necessária) da formação do arquiteto. 
Também  preocupada  com  essa  relação  projeto‐canteiro,  a  dissertação  de  Tsukumo  (2009)  In: PROJETAR, V, 2011. Belo Horizonte. Anais...Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. CD‐
levanta  um  aspecto  pouco  explorado  no  ambiente  acadêmico:  o  projeto  da  obra  ou  o  ROM. 
conjunto de informações (principalmente composto por desenhos) que vão para o canteiro  _____ H. Tectônica é uma disciplina, uma área ou uma abordagem da arquitetura? In: ENANPARQ, II, 2012. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Natal. Anais...Natal: PPGAU, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012. CD‐ROM. 
Representação e apresentação do projeto urbano em “Ateliê 
FERRO, Sérgio. O canteiro e o desenho. São Paulo: Projeto Editores Associados, 1979. 
Integrado 2” do quarto ano da FAU‐UFRJ 
GREGOTTI, Vittorio. Território da Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1975. 
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Alexandre PESSOA 
2003. 
FAU‐UFRJ; [email protected]  
MINTO, F. A experimentação prática construtiva na formação do arquiteto. Dissertação (Mestrado em  RESUMO  
Arquitetura e Urbanismo) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.  O Ateliê Integrado 2 (AI2) de Projeto Urbano do oitavo período – quarto ano – é uma disciplina obrigatória que 
NARUTO, M. Repensar a formação do arquiteto. Tese de Doutorado. São Paulo: FAU USP, 2006.  se  implanta  a  partir  da  última  reforma  curricular  da  Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade 
Federal do Rio de Janeiro (FAU‐UFRJ), aprovada em 2005. A proposta da disciplina consiste em congregar, em 
PIÑÓN, H. Teoría del proyecto. Barcelona: Edicions UPC, 2006.  ateliê, as disciplinas de projeto urbano, paisagístico, de arquitetura, e sua comunicação e representação gráfica, 
PINTO, J. C., Processos e metodologias de projecto. Lisboa: Centro editorial da FAUL, 2007.  para  o  desenvolvimento  de  um  projeto  urbano  em  uma  área  consolidada  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Este 
artigo  pretende  estabelecer  uma  perspectiva  crítica  sobre  as  experiências  relativas  aos  aportes  do  eixo 
REBELLO, Y. Uma Proposta de Ensino da Concepção Estrutural. Tese de Doutorado. São Paulo: FAU USP, 1999.  representação  na  estrutura  do  AI2.   Inicialmente  –  a  partir  de  2007  –  a  dinâmica  pedagógica  do  eixo 
RHEINGANTZ, P.A. Arquitetura da autonomia: bases pedagógicas para a renovação do atelier de projeto de  representação se organizou a partir de exercícios com o objetivo de aprimorar o instrumental gráfico do aluno: 
arquitetura. IN: Lara, F. & Marques, S. (org.) Projetar‐ Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino. Rio de  grids  de apresentação, tipografia, linguagens e narrativas  gráficas.  O  desafio enfrentado tem sido o de tentar 
Janeiro: Editora Virtual Científica, 2003.  romper com a oferecimento isolado de conteúdo de cada uma das disciplinas, em favor de uma dinâmica onde 
o  desenvolvimento  do  projeto  se  coloca  como  síntese.  No  momento  atual,  verifica‐se  que  a  integração  da 
RONCONI, R. L. N. Inserção do canteiro experimental nas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo. Tese de  disciplina  de  representação  e  apresentação  do  projeto  deve  se  desenvolver  par‐e‐passo  com  o  próprio 
Doutorado. São Paulo: FAU USP, 2002.  desenvolvimento do projeto urbano.  
SARAMAGO, R.C.P. História do ensino e profissão de arquitetura no Brasil e suas relações com o aprendizado do  PALAVRAS‐CHAVE: representação, apresentação, ensino, projeto urbano  
comportamento estrutural. In: ENANPARQ, II, 2012. Natal. Anais...Natal: PPGAU, Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, 2012. CD‐ROM. 
SCHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre:  1 INTRODUÇÃO
Artmed, 2000. 
TSUKUMO. T. J. O desenho da obra e a produção de arquitetura. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e  Edgar  Morin  afirma  que  o  pensamento  complexo  é  o  que  se  esforça  para  unir,  não  na 
Urbanismo) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.  confusão,  mas  operando  diferenciações.  Espontaneamente  tentamos  contextualizar. 
VELOSO, M.D., ELALI, G.A. A pós‐graduação e a formação do (novo) professor de projeto de arquitetura. IN: 
Evidentemente, se nos faltam conhecimentos, contextualizamos muito mal.  
Lara, F. & Marques, S. (org.) Projetar‐ Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino. Rio de Janeiro: Editora   “Aprendemos  na  escola  muitos  conceitos,  muitos  conhecimentos,  mas  todos 
Virtual Científica, 2003.  dispersos.  Precisamos  desenvolver  um  modelo  educacional  que  ligue  esses 
VERDE ZEIN, R. A síntese não é ponto de chegada, mas de partida. IN: Lara, F. & Marques, S. (org.) Projetar‐  conhecimentos, que lhes coloque em perspectiva. As escolas acumularam saberes, 
mas  não  são  capazes  de  organizá‐los.”  (PENA  VEGA  A.;  NASCIMENTO  E.P.,  1999, 
Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2003. 
p.28) 
VIDIGAL, E. Um estudo sobre o ensino de projeto de arquitetura em Curitiba. Dissertação (Mestrado em 
Arquitetura e Urbanismo) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.  No Brasil, a importância social da arquitetura e do urbanismo, praticada crescentemente por 
um  maior  número  de  profissionais,  terá  que  fazer  face  à  constante  ampliação  do  campo 
VITRUVIO, M. Tratado de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 
profissional.  Se  há  50  anos  a  profissão  do  arquiteto  poderia  ser  considerada  como  uma 
   
prática  de  elite,  cada  vez  mais,  a  ampliação  do  campo  profissional  tem  democratizado  a 
profissão.    Se  colocam  novos  desafios  de  formação  do  profissional  que  deverá  ter  que 
enfrentar novas questões, postas em jogo pelo crescimento desordenado das cidades, e pela 
majoritária  parte  da  população,  que  nelas  habita.  O  desenvolvimento  e  a  atualização  de 
questões ligadas à habitação, mobilidade urbana, espaços públicos, entre tantas outras que 
dizem respeito às cidades, posicionam o arquiteto urbanista, de forma particular, no papel de 
refletir e propor novas respostas espaciais. 
O  ensino  de  arquitetura  hoje,  deve  também  fazer  face  aos  desafios  da  complexidade 
contemporânea e da dispersa e hiperconectada geração Y (SANSÃO, A. F. ; PESSOA, A., 2013). 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  197   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 198 

A atual geração de alunos faz parte do grupo conhecido como “nativos digitais” – a “Geração  2011). Contudo, a ideia de integração encontrava obstáculos na organização departamental, 
Y”,  nascidos  entre  1980  e  1990  –  totalmente  familiarizados  com  a  internet  e  demais  vigente  nas  universidades  brasileiras  a  partir  da  Reforma  Universitária,  que  através  da  Lei 
ferramentas  tecnológicas,  em  oposição  aos  “imigrantes  digitais”  –  a  “Geração  X”,  geração  5.540/68, havia extinto as cátedras e definido uma nova estrutura para o ensino superior no 
intermediária  entre  os  baby‐boomers  e  esta  geração,  nascidos  entre  1960  e  1980  –  que  Brasil.  Com departamentos organizados por eixos temáticos, e a definição de uma estrutura 
formam  o  grupo  dos  nascidos  quando  o  mundo  digital  ainda  era  incipiente  ou  mesmo  por créditos, e não mais em anos, esbarrava‐se na autonomia alcançada pelas disciplinas e 
inacessível às pessoas fora das universidades e centros de pesquisa.  no problema da segmentação do conhecimento ministrado. 
A reforma curricular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal  Seria somente na reforma curricular aprovada em 2005, e implantada na FAU‐UFRJ a partir 
do Rio de Janeiro (UFRJ), aprovada em 2005, e implementada a partir de 2006, se estabelece  de 2006 (Figura 1), que se conceitua a ideia de trabalhos integrados como pontos de síntese 
como  uma  tentativa  de  atualizar  a  organização  das  disciplinas  oferecidas  pelos  seis  pedagógica,  localizados  em  dois  momentos  do  curso,  no  quarto  e  no  oitavo  períodos 
Departamentos, a saber: Projeto de Arquitetura (DPA), Urbanismo e Meio Ambiente (DPUR),  correspondentes,  respectivamente,  ao  fechamento  do  ciclo  de  fundamentação  e  de 
Análise  e  Representação  da  Forma  (DARF),  Estruturas  (DE),  História  e  Teoria  (DHT),  aprofundamento,  que  antecede  ao  Trabalho  Final  de  Graduação  (TFG),  que  transcorre  no 
Tecnologias Construtivas (DTC).   último ano de formação.  
A  nova  grade  curricular  se  estrutura  horizontalmente  em  quatro  eixos:  discussão,  Figura 1 ‐ Grade curricular FAU‐UFRJ da Reforma Curricular de 2005. 
representação, concepção e construção; e verticalmente em três grandes blocos ou ciclos: do 
primeiro ao quarto período acontece o ciclo de fundamentação, com fechamento feito pelo 
“Trabalho  Integrado  1”;  do  quinto  ao  oitavo  período  se  desenvolve  o  ciclo  de 
aprofundamento,  sendo  concluído  com  o  “Trabalho  Integrado  2”;  e  o  ciclo  de  síntese  nos 
dois últimos períodos destinados ao desenvolvimento do “Trabalho Final de Graduação”. 
 O diagrama da grade curricular (Figura 1) apresenta uma estrutura onde predomina a ideia 
do  conhecimento  ainda  segmentado  em  “caixas”,  distribuídas  através  dos  Departamentos, 
onde as únicas exceções estão na síntese vertical definida pelos Trabalhos Integrados (TIs). A 
implementação  das  dinâmicas  dos  TIs  vem  se  constituindo  um  esforço  para  colocar  os 
conhecimentos adquiridos nas disciplinas em coerência de perspectiva, através do projeto. 
Compete  ao  DARF  o  oferecimento  da  quase  totalidade  das  disciplinas  do  eixo  de 
representação, com a exceção de uma única disciplina “Expressão Gráfica em Urbanismo” a 
cargo  do  DPUR.  O  DARF  possui  ainda  duas  disciplinas  no  eixo  concepção,  “Concepção  da 
Forma Arquitetônica 1 e 2”. Das dez disciplinas obrigatórias oferecidas pelo DARF, nove estão 
localizadas  no  ciclo  de  fundamentação.  Ou  seja,  a  disciplina  “Técnicas  de  Apresentação  do 
Projeto” (TAP) é a única disciplina do DARF fora do ciclo de fundamentação. Por sua vez, TAP 
também se insere no Trabalho Integrado 2. Isto é, duas novidades se apresentaram para essa 
nova  disciplina:  estar  inserida  fora  do  ciclo  onde  o  DARF  tem  maior  atuação  e,  ao  mesmo 
tempo,  ter  que  promover  sua  integração  com  as  outras  disciplinas  de  oitavo  período   
integrantes do TI2.  Fonte: FAU‐UFRJ, 2006. 

Pretendemos neste artigo estabelecer uma perspectiva critica sobre a evolução da disciplina  As disciplinas  de  “Ateliê  Integrado”  1 e 2 (AIs 1 e  2), inicialmente intituladas de “Trabalhos 


Técnicas de Apresentação do Projeto (TAP) como nova disciplina obrigatória que nasce com a  Integrados”, passam a ocorrer a partir de 2007, com a proposta de reunião de várias áreas de 
reforma  curricular  de  2005,  e  refletir  sobre  o  papel  do  eixo  de  representação  dentro  da  estudo – e disciplinas – a serem trabalhadas de forma conjunta, para o desenvolvimento de 
proposta dos Trabalhos Integrados.    um produto comum, que é o projeto. O AI1 objetiva, portanto, a formulação de um projeto 
arquitetônico,  estrutural,  de  instalações  e  paisagístico  de  um  edifício  em  um  lote,  com 
definições  técnicas em  nível  de  anteprojeto;  e  o  AI2, por sua vez, o  projeto urbano  de um 
2 O ATELIÊ INTEGRADO DE PROJETO URBANO recorte da cidade consolidada, contemplando áreas públicas (calçadas, praças, parques etc.) 
e privadas (lote, quadra e edificação). 
Desde finais dos anos 1980 registram‐se reinvindicações, por parte do movimento estudantil, 
para a integração de disciplinas no formato de ateliê de projeto, na Faculdade de Arquitetura  O  Trabalho  Integrado  2  (TI2)  reunia,  em  seu  primeiro  momento,  cinco  disciplinas:  “Projeto 
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU‐UFRJ) (ALBERNAZ e MACHADO,  Urbano  2”  (PU2),  “Projeto  Paisagístico  2”  (PP2),  “Projeto  de  Arquitetura  5”  (PA5), 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  199   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  200 

“Conservação  e  Restauro  do  Patrimônio  Cultural”    (CRPC)  e  “Técnicas  de  Apresentação  do  pelo processo de desenvolvimento do projeto e pelo produto alcançado.  
Projeto”  (TAP),  alocadas  em  4  departamentos:  Planejamento  e  Meio  Ambiente  (DPUR), 
Por  outro  lado,  as  disciplinas  de  “Projeto  Paisagístico  2”  e  “Técnicas  de  Apresentação  do 
Projeto  Arquitetônico  (DPA),  História  e  Teoria  (DHT),  Análise  e  Representação  da  Forma  Projeto”,  que  se  desenvolvem  na  grade  horária  em  dois  dias,  sendo  um  dia  em  ateliê  – 
(DARF),  oferecidas  de  forma  isolada  para  quatro  ateliês  de  cerca  de  vinte  e  cinco  a  trinta 
juntamente com os outros três professores de projeto urbano, paisagístico e arquitetônico – 
alunos cada um. A abordagem buscava simular o contexto profissional de uma demanda real  e  em  outro  dia  separado  para  inserção  de  conteúdo  especifico,  tem  alimentado  os 
de  projeto,  com  a  concomitância  de  disciplinas  de  conteúdos  teórico,  teórico‐prático  e  questionamentos sobre a fusão/integração de disciplinas. As questões que ainda se colocam 
prático, com o objetivo de formar o aluno para a futura prática profissional. As disciplinas se 
são  sobre  a  também  necessidade  de  inserção  de  conteúdos  teóricos,  fora  do  espaço 
organizavam  de  forma  seguida  na  grade  horária  do  aluno,  distribuídas  em  quatro  dias  na  conjunto de ateliê, sobre urbanística e o projeto arquitetônico. E a necessidade de se definir 
semana, onde o plano de curso proposto por um professor coordenador de TI2 (COUTINHO, 
na  grade  horária  um  tempo  específico  para  aulas  expositivas  que  aprofundem  os 
R.,  2007)  buscava  definir  momentos  de  inserção  dos  diversos  conteúdos,  onde  a  síntese 
conhecimentos teóricos e técnicos sobre esses campos.   
deveria ser desenvolvida pelos alunos individualmente nas disciplinas denominadas, em sua 
raiz, de “projeto”, que aconteciam duas vezes por semana.   A partir de 2012, a tônica do que se passou finalmente a intitular, como disciplina, por “Ateliê 
Integrado  2” passou a residir na formulação  do projeto  urbano e como as ênfases  de cada 
As  dificuldades  encontradas  após  o  primeiro  ano  de  experiência  diziam  respeito  à  própria 
um  dos  temas  que  o  compõem  devem  se  distribuir  ao  longo  do  semestre.  Com  o  foco 
dinâmica  do  uso  do  tempo  pelas  disciplinas,  pois  mesmo  sendo  sequenciadas  na  grade 
principal passando a ser a formulação do projeto urbano, e menos nos exercícios parciais que 
horária, os alunos não conseguiam levar a cabo, por si sós, a complementaridade entre elas 
as  disciplinas  pudessem  desenvolver,  experiências  de  fusão  e  integração  vem  sendo 
em  seus  projetos,  pois  ficavam  ao  sabor  da  pluralidade,  e  eventuais  divergências,  de 
desenvolvidas, dependendo da metodologia do ateliê.  
conceitos  e  processos  dos  diversos  professores.  Em  resposta  a  estas  dificuldades  as 
disciplinas  de  PA5  e  PU2,  e  seus  respectivos  professores,  se  amalgamaram,  criando  No  momento  atual  discute‐se  um  modelo  híbrido  no  qual  possa  acontecer  –  por 
efetivamente  a  disciplina  AI2,  vindo  a  se  desenvolver  no  mesmo  espaço  e  tempo.  Isto  fez  determinado  tempo  no  semestre  –  a  frutífera  convivência  no  espaço‐tempo  do  ateliê  dos 
com que houvesse um alinhamento conceitual prévio dos professores, o que viria, também,  quatro  professores  com  suas  ênfases  disciplinares  (fusão),  e  que  também  possam  haver, 
contribuir positivamente na constituição de abordagens específicas em cada um dos quatro  sobretudo  na  primeira  metade  do  semestre,  tempos  diferenciados  para  aulas  expositivas 
ateliês.  No  que  se  refere  à  contribuição  das  demais  disciplinas,  observou‐se  a  maior  específicas  (integração),  as  quais  precisariam  de  um  só  professor.  Os  principais  obstáculos 
autonomia  da  disciplina  de  CRPC,  talvez  devido  a  uma  dificuldade  de  aproximação  do  seu  que  vêm  sendo  enfrentados  neste  sentido  são  o de  se  alcançar  um  modelo  administrativo 
conteúdo,  ou  do  DHT,  sobre  o  projeto.  Isto  resultou  na  redução  a  quatro  as  disciplinas  para o desenvolvimento dessa dinâmica dentro da lógica em disciplinas em suas “caixas”, na 
integrantes do TI2.   qual está estruturada a lógica que computa as cargas horárias de professores e alunos.  
Após  os  primeiros  dois  anos,  surgiram  novos  questionamentos  que  demonstravam  que  a  As  premissas  e  objetivos  inicialmente  definidos  para  o  AI2  de  formação  do  estudante 
desejada  integração  era  algo  muito  mais  complexo  de  se  alcançar  do  que  se  imaginava  “profissional”,  pela  simulação  da  experiência  real  de  projeto,  vem  se  verificando,  e  se 
inicialmente.  Dois  aspectos  são  intensamente  discutidos  pelos  professores  entre  os  anos  colocando,  também,  como  pressuposto  à  possibilidade  de  investigação  através  do  projeto. 
2009 e 2012, que estão de certa forma relacionados (IZAGA F.; ALBERNAZ M.P; PORTAS. D.,  Acreditamos  que  a  experiência  em  ateliê  tem,  em  muito,  contribuído  para  a  compreensão 
2013).  O  primeiro  deles  diz  respeito  à  ideia  de  integração  ou  fusão  de  disciplinas.  O  por  parte  do  aluno  que  o  projeto  urbano  é  uma  atividade  colaborativa,  e  que  conteúdos 
entendimento era de que na  integração, parte‐se do princípio de que  os conteúdos dessas  diversos se superpõem e sobrepõem, em diferentes momentos de seu desenvolvimento com 
disciplinas  devem  colaborar  para  um  mesmo  resultado  final,  independentemente  do  seu  maior ou menor ênfase. Por outro lado, a experiência da fusão de disciplinas tem se revelado 
compartilhamento integral na sala de aula. Deste modo, pressupunha a manutenção parcial  como oportunidade  para  a formulação  de  instrumentos  para  projetação,  e  é  neste  sentido 
de aulas isoladas – no caso, expositivas – por disciplina. Na fusão, a compreensão era de que  que o eixo de representação tem aprofundado suas investigações.  
todas  as  disciplinas,  e  seus  respectivos  professores,  devem  compartilhar  integralmente  os 
tempos de ensino no ateliê de projeto. O outro aspecto diz respeito ao método de avaliação 
e  a  composição  final  da  nota  do  aluno.  Deveriam  as  disciplinas  ter  notas  diferenciadas? 
3 EXERCICIOS PROPOSTOS PELO EIXO REPRESENTAÇÃO
Deveriam haver pesos específicos para cada uma delas, para compor uma nota única?  ATRAVÉS DA DISCIPLINA DE “TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO DO
A questão da composição da nota veio a ser mais facilmente definida. Durante o processo de 
PROJETO” (TAP)
avaliação, que se desenvolve com a presença de todos os quatro professores de cada ateliê, 
e marcadamente em dois momentos – na banca preliminar, no meio do período; e na banca  A  disciplina  “Técnicas  de  Apresentação  do  Projeto”  (TAP)  oferecida  pelo  Departamento  de 
final,  no  fechamento  do  semestre  –  a  definição  de  uma  lista  única  de  produtos  conseguiu  Análise  e  Representação  da  Forma  (DARF),  compõe  o  Eixo  Representação  no  AI2,  e  foi 
estabelecer  patamares  mínimos  de  conteúdo  que  o  aluno  deveria  alcançar.  A  reunião  das  inicialmente  pensada  como  disciplina  isolada,  cujo  conteúdo  daria  suporte  para 
disciplinas  de  projeto  urbano  e  arquitetônico  em  um  mesmo  espaço‐tempo  também  apresentação  do  projeto.  Desta  forma,  em  um  primeiro  momento,  os  exercícios  foram 
contribuiu para que uma única nota, consensuada entre todos os professores, fosse atribuída 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  201   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  202 

propostos  independentemente  da  dinâmica  AI2,  destinados  a  aperfeiçoar  o  desenho  de  São  explorados  conteúdos  sobre  espaço,  unidade,  arquitetura  da  página  e  tipografia.  O 
apresentação e tinham um caráter exclusivamente instrumental.  exercício consiste em utilizar uma grade de forma quadrada com 18x18cm de lado composta 
Estes  exercícios  tinham  como  objetivo  “(...)  capacitar  o  aluno  a  representar  o  projeto  por  3x3  quadrados  de  6x6cm,  para  elaborar  opções  de  composição  com  seis  elementos 
retangulares (manchas) e um círculo, identificado como elemento dinâmico (ELAM, K., 2001, 
arquitetônico de maneira adequada à máxima visualização e compreensão de todos os seus 
elementos,  e  capacitar  com  noções  básicas  de  planejamento  visual  com  foco  para  2004; LUPTON, E., 2006; SAMARA, 2007). Inspirado no livro de Kimberley Elam (2004), os seis 
apresentação do projeto” (IZAGA, F; VILAS BOAS, N., 2007).  elementos possuem tamanhos distintos, de um, dois, e três módulos quadrados de extensão, 
com alturas diferenciadas. Os alunos devem desenvolver composições horizontais e verticais, 
Com  a  consolidação  do  processo  de  fusão  da  disciplina  no  AI2,  o  desenvolvimento  dos  e  em  cada  caso  explorar a  localização  do  maior  elemento  (três  módulos)  em  cada  um  dos 
exercícios passou a ser ajustado conforme a dinâmica de cada atelier, a partir de demandas  terços da página. O formato estável do quadrado da página leva o aluno a compreender a lei 
específicas da metodologia e do desenvolvimento do projeto, e em momento diferentes dos  dos terços,  e  o  peso  de  cada  elemento  na  composição da  página,  investigando noções  de: 
planejados  inicialmente.  Os  exercícios  inicialmente  propostos,  e  aqueles  desenvolvidos  ao  grupamento, espaço negativo, hierarquia dos espaços da  prancha, composição horizontal e 
longo  do  tempo, constituem‐se  atualmente como  um  cardápio de saberes, que  podem  ser  horizontal/vertical  dos  elementos  em  relação  à  grade.  O  conteúdo  dos  seis  elementos  (ou 
utilizados,  ou  não,  em  sua  totalidade,  mas  que  estão  contidos  na  dinâmica  e  conteúdo  de  manchas)  vem  do  projeto  urbano  que  o  aluno  desenvolve  nas  outras  disciplinas  de  AI2, 
cada  atelier.  Alguns  desses  exercícios,  como  por  exemplo:  elaboração  de  cortes  urbanos,  preparando‐o  para  o  desenvolvimento  do  terceiro  exercício,  que  consiste  na  “Prancha  de 
desenvolvimento de narrativas gráficas do projeto, fabricação de pranchas de apresentação  Apresentação”, para a Banca Final. 
acabaram, ao longo do tempo, sendo inteiramente incorporados às dinâmicas de ateliê e aos 
A “Prancha de Apresentação” é um painel no formato A0 montado para a exposição final dos 
produtos mínimos obrigatórios finais do AI2.  
trabalhos de AI2. Nela, o aluno é levado a lidar com o pouco espaço gráfico disponível para 
PRIMEIRA FASE (2006‐08)  explicar  e  defender  seu  projeto,  o  que  o  obriga  a  tomar  decisões  sobre  o  que  é  mais 
representativo,  fazendo  assim  uma  síntese  de  todo  o  aprendizado  em  representação  e 
O primeiro ano do TI2, em 2006, foi um período de teste no qual a disciplina contava com a  apresentação do projeto urbano. 
carga  horária de um tempo  semanal de 50 minutos  para cerca de vinte e cinco alunos por 
Fig. 2 – Pranchas de Apresentação, alunos Wallacy Coelho e Luciano Mota (esq.), alunas Mariana Lopes, Ana Luisa Lopes e 
ateliê,  com  somente  um  professor  responsável  por  todos  os  quatro  ateliês.  Em  2007,  da  Joana Moreira (dir.). 
exígua  e  insuficiente  carga  de  um  tempo  semanal  TAP  passou  a  contar  com  três  tempos,   
passando, portanto para 150 minutos semanais com dois professores responsáveis, cada um, 
por  dois  ateliês,  o  que  permitiu  a  incorporação  de  novos  conteúdos  gráficos  e  narrativos 
divididos em três exercícios. 
O  exercício  “Linguagens  gráficas  da  arquitetura  e  urbanismo  no  século  XX”  busca  o 
enriquecimento do repertório gráfico e visual do aluno. Consiste na análise, e na produção “à 
maneira  de”  três  momentos  da  arquitetura  e  do  urbanismo  no  século  XX,  a  partir  de 
publicações representativas: O movimento moderno através do icônico livro Brazil Builds, de 
Philip Goodwin; a reação do pós segunda guerra mundial através da produção de colagens e 
ilustrações  do  grupo  inglês  Archigram;  e  a  globalização  do  final  do  século  XX,  com  o  livro 
S,M,L,XL  do  arquiteto  Rem  Koolhaas  e  do  designer  Bruce  Mau.  O  aluno  deve  escolher  um 
projeto  contemporâneo  e  desenvolver  uma  nova  apresentação,  em  formato  A3,  para  cada 
um dos momentos indicados, a partir das publicações fornecidas. O objetivo consiste em, a 
partir de uma perspectiva histórica, introduzir noções de linguagens gráficas do século XX e 
sua  relação  com  o  projeto,  sensibilizando  o  aluno  para  a  compreensão  das  diferentes 
concepções  gráficas  de  representação  e  apresentação  relacionadas  à  própria  ideia  de 
projeto.  Através  da  manipulação  de  diferentes  formas  de  utilização  do  espaço  gráfico  e 
diagramação, do uso da tipografia, da cor, das imagens perspectivadas de diferentes técnicas 
(fotografia,  colagens,  desenho  em  perspectiva,  etc.)  o  aluno  alcança  uma  melhor 
compreensão  das  relações  entre  projeto  e  apresentação  e  representação,  através  de 
momentos históricos de clivagem da arquitetura e urbanismo no século XX. 
   
O segundo exercício intitula‐se “Princípios Visuais de Composição”, e visa instrumentalizar o  Fonte: arquivo dos professores disciplina TAP, 2010 (esq.) e 2009 (dir.). 
aluno para explorar a interrelação de composição e textura de elementos do projeto gráfico. 
 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  203   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  204 

SEGUNDA FASE (2009‐2012)  que  hoje  comumente  se  chama  de  renderização  (MAY,  K.,  2012),  mas  com  liberdade  para 
fazê‐la a maneira de uma colagem crítica.  
A partir de 2009 ajustes importantes na disciplina de TAP foram efetivados, tendo em vista as 
dificuldades  encontradas,  sobretudo  em  relação  à  carga  horária  de  integração  para  De  maneira  geral,  uma  imagem  perspectivada  pode  ser  compreendida  sem  as  convenções 
participação em bancas de avalição e quantidade de professores. Aos três tempos semanais  do  desenho  arquitetônico,  o  que  a  torna  acessível  a  uma  audiência  maior,  tornando  sua 
isolados para conteúdo de TAP são agregados mais três tempos ao professor em espaço de  fabricação  cada  dia  mais  crucial  na  comunicação  de  um  projeto,  seja  em  concursos, 
ateliê,  com  os  demais  professores  de  AI2.  A  isto  se  soma  o  fato  do  DARF  passar  a  apresentações  a  clientes,  divulgação  de  imprensa  e  outros  tipos  de  fóruns  públicos.  Neste 
disponibilizar quatro  professores  para a  disciplina, um para  cada ateliê,  o  que  é viabilizado  sentido, a elaboração de uma colagem crítica possibilita a comunicação de um conceito de 
pela realização de novos concursos públicos pela UFRJ. Isto permitiu que se aprofundassem  forma a ser apreendida facilmente, e na qual se deveria buscar um caráter mais exploratório 
os  conteúdos  dos  exercícios  existentes  e  que  novos  fossem  propostos,  possibilitando,  do que final.  
igualmente, a formação de equipes de professores por ateliê.   Fig. 3– Exemplo exercício “Conceito em uma imagem” aluna Ana Luisa Lopes. 

No  contexto  do  AI2  é  realizado,  por  todos  os  professores,  o  “Caderno  do  AI2”,  no  qual  se 
consolidam conceitos, os papéis das disciplinas, os critérios de avaliação, permitindo que se 
definam  produtos  mínimos  para  as  Bancas  Intermediária  e  Final.  A  maior  contribuição dos 
professores da disciplina TAP diz respeito à definição dos produtos gráficos e suas formas de 
apresentação.  Assim,  as  “Pranchas  de  Apresentação”  passam  a  ser  obrigatórias  em  ambas 
bancas.  E  é  proposto  um  formato  de  Banca  Final  que  passa  a  ser  realizado  em  quatro 
manhãs, onde são apresentados, em cada dia, trabalhos de todos os quatro ateliês, e no qual 
a banca é composta por um professor de cada um dos quatro ateliês. Na Banca Final, o aluno 
deve fazer uma apresentação oral a partir da narrativa definida por uma projeção de slides.  
Mais  do  que  uma  Apresentação  Visual,  a  projeção  é  tratada  e  trabalhada  como 
complemento  do  discurso  oral  de  defesa  do  projeto,  capacitando  o  aluno  a  dominar 
linguagem  e  técnica  de  apresentação,  indispensável  ao  entendimento  do  projeto  urbano. 
Este formato de Bancas Final é vigente até hoje, em 2014. 
Mais  três  exercícios  são  propostos  pela  disciplina  TAP  nesta  fase  durante  o  ano  2009.  O 
primeiro  deles  é  o  “Estudo  tipo‐morfológico  e  de  densidades”  destinado  à  elaboração  de 
análise  de  trechos  do  tecido  urbano,  edifício  ou  grupamento  de  edifícios  para  auxiliar  no 
futuro desenvolvimento do projeto urbano.  O objeto  de estudo  definido deve ser analisado 
 
quanto à sua localização na cidade através de mapas; suas dimensões em projeção horizontal 
Fonte: arquivo dos professores disciplina TAP, 2009. 
e  densidade  de  ocupação,  através  de  diagramas;  e  volumetria,  através  de  maquetes  e  em 
modelos digitais. A  fabricação de  diversos registros gráficos como a cartografia,  diagramas,  Por último,  o  exercício  dos  “Cortes urbanos” visa  explorar  a  linguagem  de  representação  e 
modelagem 3D e maquetes visa trabalhar a capacidade analítica do aluno sobre um objeto  projetação  em  urbanismo;  introduzir  noções  de  representação  para  além  da  cartografia 
arquitetônico  ou  urbanístico,  e  a  escolha  de  determinado  registro  gráfico  para  comunicar  “clássica”  de  mapas  temáticos  (mapas  de  uso  do  solo,  gabarito,  etc)  e  sensibilizar  o  aluno 
uma  determinada  ideia.  Busca‐se,  também,  formular  informações  quantificadas  sobre  o  para a outra forma de visualização do espaço urbano, através de desenhos, fotografias ou a 
tecido urbano da cidade sobre as quais ancorar ideias de ocupação para o projeto urbano em  mistura de técnicas. Utilizado inicialmente como forma de levantamento e reconhecimento 
desenvolvimento (formas e taxas de ocupação, densidades).  do ambiente urbano, este exercício foi rapidamente integrado na dinâmica de ateliê, sendo 
reconhecido  pelos  demais  professores  do  AI2  como  instrumento  de  alto  potencial  para 
O  exercício  “Conceito  em  uma  imagem”  propõe  integrar  o  conteúdo  do  projeto  em 
projetação.  
desenvolvimento  no  AI2,  levando  o  aluno,  ao  fim  da  etapa  de  proposição‐conceituada 
alimentada  pelo  diagnóstico,  a  desenvolver  uma  “imagem‐síntese  conceitual”  da  proposta.  A  partir  da  definição  da  área  urbana  destinada  ao  desenvolvimento  do  projeto,  o  aluno  é 
Embora  a  demanda  pudesse  parecer  prematura,  o  exercício  instiga  e  obriga  o  aluno  a  levado  a  desenhar  cortes  urbanos,  representando,  em  escala,  os  elementos  urbanos  que 
enfrentar  a  representação  daquilo  que  ainda  não  está  materializado,  formalmente  compõem aquele trecho. A princípio, parece apenas um exercício de diagnóstico, no entanto, 
desenvolvido e validado. Imagens de projetos, ou visualizações arquitetônicas não são algo  o exercício induz o aluno a aguçar sua percepção para conseguir representar este ambiente 
novo  em  si,  entretanto,  avanços  em  aplicativos  e  equipamentos  tem  feito  com  que  elas  urbano, e o leva a entender as relações do construído e os vazios urbanos, a topografia, as 
possam ser desenvolvidas cada dia mais rápido e de forma mais realista do que antes.  E a  diferentes  tipologias  que  compõem  o  edificado,  detalhes  de  edificações,  a  degradação  de 
proposta deste exercício reune a necessidade de um domínio básico de um ferramental do  certos trechos, muros, vegetação etc. Com isso, a produção deste material gera uma análise 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 205   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  206 

espacial rica em elementos que o estimulam no processo projetual, e é utilizado como base  4 INTEGRAÇÃO DE CONTEÚDOS DE REPRESENTAÇÃO E


para apresentação de suas propostas. 
APRESENTAÇÃO EM AI2– PROCESSOS E MÉTODOS
Desta forma, os “Cortes urbanos” passaram a acontecer dentro do espaço‐tempo de ateliê, 
com  a  reunião  de  todos  os  professores  em  sua  avaliação,  e  passaram  a  integrar  o  rol  de  Uma das grandes  evoluções  relativas  à  integração de disciplinas no  AI2  é a convergência  e 
exercícios de todos os quatro ateliês.  otimização dos  esforços de professores e alunos.  O  que  não  nos  parece que  aconteça, por 
Fig. 4 – Exemplo exercício “Cortes urbanos”, aluno Wallacy Coelho.  exemplo,  nos  três  semestres  que  separam  os  AI’s  entre  si,  onde  volta  a  predominar  o 
“pensamento  compartimentado”,  que  tem  como  reflexo  a  resposta  dos  alunos  para  o 
cumprimento de metas desta ou daquela disciplina, apostando no bom aproveitamento da 
média final, independente do nível de compreensão alcançado. É o que temos chamado de 
aproveitamento “tarefeiro”, onde o aluno faz tudo que o professor pede cumprindo de forma 
automática o check‐list de produtos, mas como se trata de um conhecimento dissociado de 
  um  problema  arquitetônico‐espacial,  ele  cumpre,  pode  até  tirar  boas  notas,  mas  não  é 
Fonte: arquivo dos professores disciplina TAP, 2010. 
induzido  a  pensar.  Nada  mais  equivocado,  pois  o  processo  criativo  é  complexo, 
Fig. 5 – Exemplo exercício “Cortes urbanos”, alunos Ana Luisa Buturini e Daniel Meza. 
simultaneamente genérico e especifico, e aprofundado conforme as fases do projeto. 
Neste cenário, a mudança de abordagem aparece não só na hora de confecção do material 
gráfico,  mas  em  seu  acompanhamento  constante  e  interdisciplinar.  Tradicionalmente,  a 
matéria  de  representação  gráfica  ia  alimentando  os  estudantes  de  técnicas  e  métodos  de 
apresentação do projeto. No entanto, a experiência na disciplina TAP nos leva a compreender 
que  a  representação,  na  verdade,  opera  como  força  síntese  e  costura  entre  as  disciplinas, 
funcionando como catalisador e alimentador do projeto.  
Há  uma  dificuldade  em  mudar  o  ensino/aprendizado  em  caixas  temáticas,  principalmente 
  dentro  da  tendência  natural  do  estudante  de  tentar  moldar  as  respostas  à  preferência  e 
Fonte: arquivo dos professores disciplina TAP, 2009  perfil de cada docente, ali identificado como titular de uma determinada disciplina. Como no 
atelier  são  quatro  docentes,  que  muitas  vezes  se  contradizem  ou  não  concordam 
TERCEIRA FASE (2012‐2014)  integralmente entre si, essa tendência gera uma crise de identidade nos alunos acostumados 
Em  2012,  o  “Trabalho  Integrado  2”  muda  de  nome  para  “Ateliê  Integrado  2”,  a  partir  de  ao check‐list. O aluno acostuma‐se a ver o professor de urbanismo, de projeto arquitetônico 
quando  se  consolida  o  protagonismo  do  trabalho  conjunto  em  ateliê  de  todos  os  4  e de paisagismo discutindo representação e apresentação do projeto, e vice‐versa, o que o 
professores  das  4  disciplinas  para  a  elaboração  de  um  projeto  urbano.  Em  alguns  ateliês,  força a ver o projeto como produto de muitos saberes. Por outro lado, este processo induz a 
passa‐se  a  prescindir  da  aula  isolada  de  TAP,  e  os  conteúdos  de  TAP  são  plenamente  que todos os professores se comprometam com o desenvolvimento do projeto por parte dos 
integrados  a  dois  dias  de  ateliê  de  projeto,  com  a  presença  dos  demais  professores.  Os  alunos, evitando‐se que o docente atribua deficiências de aprendizado a outras disciplinas, 
conteúdos  de  representação  e  apresentação  do  projeto  são  parte  do  desenvolvimento  do  sobretudo  de  desenho.  Muitas  vezes,  essas  deficiências  estão  relacionados  ao  ensino  do 
projeto urbano.  como projetar, e não do conhecimento de representação. 

Na  disciplina  TAP  já  se  conta  com  um  rol  de  exercícios,  cujo  aperfeiçoamento  é  buscado  Outra contribuição de TAP tem sido no  sentido de estruturar e  alimentar o projeto urbano  
dentro de cada um dos ateliês, por cada um dos professores de TAP junto aos seus colegas  através  de  outras  formas,  como  por  exemplo,  por  meio  de  indicativos  e  quantitativos 
de ateliê. Não há, portanto, a proposta de novos exercícios a partir deste momento, mas sim  numéricos e estatísticos, mas traduzidos em elementos gráficos, visualizados em diagramas. 
a busca da sua plena integração aos conteúdos propostos pelos ateliês, de acordo com seus  Quanta gente mora, quantas são atingidas pela proposta, qual a oferta de transportes, qual o 
tempos e suas abordagens.   IDH,  quanto  custa,  qual  a  superfície?  Projeta‐se  para  quem  e  por  quê?  Projeta‐se  em  que 
território, em que cidade? O projeto deixa de ser uma resposta a um programa previamente 
Os  exercícios  propostos  em  TAP  passam  a  alimentar  os  produtos  finais  do  AI2  comuns  a  estabelecido  com  uma  espécie  de  cardápio  de  soluções  que  não  necessariamente  são 
todos os ateliês.  Os produtos finais se firmam em 4 itens principais: a apresentação digital  adequados a todas as soluções, e começa efetivamente a responder a questões intrínsecas a 
em  slides;  o  material  gráfico  impresso,  que  é  composto  pelas  pranchas  técnicas  contendo  cada sítio, situação, população e oportunidades. 
todos os desenhos necessários à explicação de um projeto; a prancha de apresentação, que é 
a  síntese  do  projeto,  mas  com  conteúdo  suficiente  para  garantir  a  sua  compreensão;  e  O aspecto da diluição do papel de cada professor “especialista” tem sido muito importante 
maquete física da proposta.   no contexto da FAU‐UFRJ. As críticas e análises do material gráfico de apresentação não são 
exclusivas do professor  de TAP, pois este material deixa  de  ser uma mera  diagramação  dos 
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conteúdos dos projetos, e passa a ser uma justificativa e encadeamento de ideias e conceitos  quantidade de Departamentos – no total seis – ainda existente na FAU‐UFRJ até os dias de 
da proposta apresentada. O mesmo vale para os outros conteúdos, aproveitando melhor  a  hoje,  tenha  como  consequência  o  aumento,  nessa  proporção,  da  necessidade  corrente  de 
experiência e conhecimento de cada profissional, que normalmente transborda os limites de  renovação de infraestrutura, apoio técnico‐administrativo, além da própria segmentação do 
sua disciplina e mesmo de seu departamento.  conhecimento, contribuindo para a dispersão de energias e o isolamento de saberes. Com a 
Edgar  Morin  afirma  que  diante  dos  problemas  complexos  que  as  sociedades  existência do DARF, habituou‐se a dissociar o ensino do desenho do ensino do projeto, tendo 
contemporâneas  hoje  enfrentam,  apenas  estudos  de  caráter  inter‐poli‐transdisciplinar  em vista a existência de um Departamento de Projeto (DPA). Ao longo desses 50 anos, talvez 
isto  tenha  acarretado  uma  visão  do  desenho  como  algo  estático,  instrumental  que  se 
poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades: "Afinal, de que serviriam 
todos  os  saberes  parciais  senão  para  formar  uma  configuração  que  responda  a  nossas  aprende antes, separado, de forma abstrata, para depois projetar. 
expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.” (MORIN, 2003, p. 116)   O próprio nome da disciplina “Técnicas de Apresentação do Projeto” (aproveitado de uma 
antiga disciplina eletiva) alocado no oitavo período do currículo, induz a essa compreensão, 
Dentro  desta  linha  podemos  dizer  que  o  pensamento  projetual  é  sistêmico  e 
interdependente,  onde  a  integração  e  unidade  das  disciplinas  aparece  justamente  em  sua  razão  pela  qual  vimos  estudando  para  que  passe  a  se  intitular  “Representação  e 
Apresentação  do  Projeto”.  O  que  a  disciplina  TAP  desenvolveu  dentro  os  AI’s  vem 
representação, apresentação e comunicação. 
demonstrando  a  necessidade  de  voltar  a  juntar  saberes  no  espaço  da  sala  de  aula,  e 
reposicionar o desenho como desígnio, investigação que traduz uma intenção a ser realizada.  
5 CONCLUSÕES No  AI2,  a  experiência  da  disciplina  TAP  acumulada  nos  últimos  sete  anos,  primeiro  com 
exercícios  isolados  sobre  conteúdos  específicos,  que  aos  poucos  foram  se  transformando, 
A  proposta  dos  “Ateliês  integrados  de  projeto”,  e  em  especial  o  AI2,  têm  se  demonstrado  com  a  formulação  de  novos  exercícios  que  incorporam  questões  associados  ao  projeto 
uma experiência exitosa, com vasta aceitação por parte dos alunos e dos professores da FAU‐ urbano, mudaram o papel do eixo de representação no contexto do AI2.  Partiu do eixo de 
UFRJ.  Poderíamos  dizer  que  a  principal  razão  dessa  ampla  aceitação  –  apesar  de  ainda  representação  a  formulação  dos  produtos  a  serem  entregues  nas  Bancas  Intermediária  e 
permanecerem diversas questões a serem aperfeiçoadas, após um primeiro ciclo de testes e  Final,  o  que  contribuiu  para  o  amadurecimento  dos  objetivos  da  disciplina  de  AI2  e  os 
consolidação, ao longo dos últimos sete anos, o qual acreditamos esteja em vias de se fechar  conteúdos  mínimos  que  os  alunos  deveriam  alcançar  para  serem  considerados  aprovados. 
–  deve‐se  à  relevância  dada  à  integração  de  disciplinas  no  tempo  e  no  espaço  da  grade  Lembremos  que  a  baliza  definida  pelo  AI2  estabelece  o  último  momento  no  curso  de 
curricular do aluno, e na constante busca de  associação de conteúdos disciplinares diversos  arquitetura e urbanismo para o aluno fazer trabalhos em grupo, antes do ano final dedicado 
promovida pelos professores.   ao Trabalho Final de Graduação.  
É bom lembrar que isso se dá mesmo com a existência dos seis departamentos da FAU‐UFRJ,  Outro aspecto que se verificou ao longo do tempo foi a migração de conteúdos propostos na 
onde a responsabilidade pela disciplina de AI2 encontra‐se submetida diretamente à Direção  disciplina TAP para outras disciplinas, localizadas em semestres anteriores do DARF. Em um 
da  escola.  A  experiência  dos  AIs  teria  demonstrado  que  a  existência  da  estrutura  primeiro momento, esse intercâmbio ocorreu entre as disciplinas alocadas nos AIs (Técnicas 
administrativa  dividida  em  departamentos  por  eixos  temáticos,  pode  conviver  com  outras  de  Apresentação  do  Projeto,  em  AI2  e  Gráfica  Digital,  em    AI1),  tendo  em  vista  que  quase 
estruturas pedagógicas. E que, talvez, não haja a necessidade de grandes transformações, ou  todos os professores atuavam em ambos AIs. Em um segundo momento, exercícios inteiros 
mesmo  extinção  –  como  se  chegou  a  pensar  recentemente  –  da  estrutura  administrativa  foram levados para outros momentos do curso, como foi o caso do exercício do grid em base 
calcada  nos  saberes  departamentais,  para  a  melhora  do  ensino.    O  reconhecimento  do  quadrada  (Princípios  visuais  de  composição),  que  vem  sendo  utilizado  como  introdução  à 
projeto como um momento de  síntese vertical do aprendizado das disciplinas isoladas, e o  diagramação  em  disciplinas  do  segundo  período.  Esse  processo  de  intercambio  tem 
investimento  no  desenvolvimento  de  seu  ferramental  constituem‐se  em  importante  ocasionado uma contaminação positiva com outras disciplinas do DARF, em especial aquelas 
redirecionamento pedagógico para o curso de arquitetura e urbanismo da FAU‐UFRJ.    do  setor  de  Expressão  Gráfica  (Desenho  de  Arquitetura,  oferecida  no  primeiro  período; 
No que se refere ao eixo representação nos parece que a sua presença dentro dos AI’s tem  Desenho de Observação 1 e 2, oferecidas nos primeiro e segundo períodos; Gráfica Digital, 
sido  de  grande  relevância.  Talvez  a  FAU‐UFRJ  seja  um  dos  poucos  cursos  de  arquitetura  e  oferecida no quarto período).  
urbanismo  no país que ainda mantenha um  “Departamento  de  análise  e  representação da  O caminho trilhado até o momento, buscando investigar as questões da representação e da 
forma” (DARF) exclusivamente para o ensino da arquitetura e do urbanismo1. O DARF, assim  apresentação  ou  comunicação  do  projeto  aponta  para  o  grande  potencial,  por  exemplo, 
como os outros departamentos da FAU‐UFRJ, originou‐se de forma a manter a estrutura de  sobretudo  em  sua  comunicação,  a  ser  desenvolvido  em  outras  e  novas  mídias,  através  de 
poder  dos antigos catedráticos,  quando  da  Reforma Universitária de  1968.  Talvez  a  grande  vídeos e constante renovação de aplicativos que deem suporte a uma linha argumentativa do 
                                                             projeto. A importância de conscientizar o aluno do estabelecimento de uma linha narrativa 
1 de  comunicação  de  um  processo  criativo,  que  é  em  sua  essência  aleatório,  tem  se 
 O Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS possui um Departamento de Expressão Gráfica (DEG), mas que 
fornece subsídios para outros cursos, e desde 2005, responde pela criação do Curso de Design. Disponível em: 
demonstrado apropriado para o quarto ano de sua formação.  
http://www.ufrgs.br/deg/?pg=paginas|departamento‐html. Consulta em: agosto, 2014. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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REFERÊNCIAS CONCEITO, INSTRUMENTO, INTEGRAÇÃO: POSTULADOS 
ALBERNAZ, Maria Paula; MACHADO, Denise Pinheiro (orgs.) (Re) Conexão e Futuro: FAU 65 Anos. Rio de Janeiro.  PEDAGÓGICOS DO CAU/UFPE 
Editora RioBooks. No prelo. 
COUTINHO, Rachel. Trabalho Integrado II – plano de curso. Rio de Janeiro: mimeo, 2007.  Luiz AMORIM 
Universidade Federal de Pernambuco; [email protected]  
COOK, Peter (ed.). Archigram. New York: Princeton Architectural Press, 1999.  Maria de Jesus LEITE 
ELAM, Kimberley. Grid Systems. New York: Princeton Architectural Press, 2004.  Universidade Federal de Pernambuco; [email protected] 
Gilson GONÇALVES 
________. Geometry of Design. New York: Princeton Architectural Press, 2001 
Universidade Federal de Pernambuco; [email protected] 
IZAGA,F.; ALBERNAZ M.P.; PORTAS, D. Integração de disciplinas no ensino de projeto urbano. Congresso  Patrícia Porto CARREIRO 
Internacional “O que é uma escola de projeto na contemporaneidade – questões de ensino e critica do  Universidade Federal de Pernambuco; [email protected] 
conhecimento em Arquitetura e Urbanismo”. São Paulo, 2013. Disponível em: <   
http://projetocontemporaneo.wordpress.com/>. Acessado em: setembro, 2014. 
IZAGA, F. ; VILAS BOAS, N. Caderno de exercícios da disciplina “Técnicas de apresentação do Projeto”. Rio de  Este artigo é dedicado a Claudia Loureiro. Seus reflexões e ensinamentos forjaram parte substancial deste 
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, Departamento de análise e representação da forma DARF,  Projeto Pedagógico e permanecem fortemente presentes na memória dos autores.  
2007.   
GOODWIN, Philip. Brazil Builds – architecture new and old 1965‐1942. New York: The Museum of Modern Art,  RESUMO 
1943.  O  artigo  trata  do  processo  de  implantação  do  projeto  pedagógico  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
Universidade  Federal  de  Pernambuco  (CAU/UFPE)  iniciado  em  2010.  Apresenta  um  breve  histórico  do  curso, 
KOOLHAAS, Rem; MAU, Bruce. Small, Medium, Large, Extra‐Large – Office for Metropolitan Architecture. New 
sua  importância  na  formação  de  quadros  profissionais  segundo  princípios  modernistas  e  suas  recentes 
York: The Monacelli Press, 1995. 
condições de oferta.  O artigo procura  evidenciar  os  fundamentos  que  constituem  o novo  Projeto  Pedagógico 
PENA VEGA A.; NASCIMENTO E.P. (Org.). O pensar complexo, Edgar Morin e a crise da modernidade. Rio de  (PPC  2010),  sua  estrutura  pedagógica  e  curricular,  seus  momentos  de  integração  e  algumas  experiências 
Janeiro: Garamond, 1999.   pedagógicas em curso. 
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2006.  PALAVRAS‐CHAVE: projeto pedagógico; ensino de arquitetura e urbanismo; estrutura curricular. 
MAY, K. (ed.) et. al.  CLOG ‐ Rendering. Canada, 2012.  
MORIN, Edgar. A cabeça bem‐feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand  1 DA HISTÓRIA
Brasil, 2003. 
SANSÃO, A. F. ; PESSOA, Alexandre . Outra forma de aprender: o ensino de arquitetura como um jogo.  O Curso de  Arquitetura e  Urbanismo da  Universidade Federal de  Pernambuco (CAU/UFPE), 
Arquitextos, Arquitextos 152.03 ano 13, jan. 2013; Disponível em:  pela sua história e produção, tem reconhecimento nacional na formação de profissionais  e 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.152/4636   pesquisadores. É herdeiro de uma tradição na produção de conhecimento e na formação de 
SAMARA, Timothy. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac Naify, 2007  quadros  profissionais  de  mais  de  oitenta  anos.  Sua  origem  remonta  ao  curso  livre  de 
WILLIAMS, Robins. Design para quem não é designer ‐ Noções Básicas de Planejamento Visual. São Paulo: Callis  arquitetura  oferecido  pela  Escola  de  Belas  Artes  de  Pernambuco  (EBAP)  desde  a  sua 
Editora, 2a. Ed, 2005.  fundação  no  20  de  agosto  de  1932,  quando  não  era  reconhecido  pelos  órgãos  de 
regulamentação  da  formação superior  no  país  e,  portanto,  quando  não  conferia  título  que 
garantisse  a  prática  profissional.  Desta  maneira,  o  curso  de  engenharia  civil  oferecido  pela 
Faculdade de Engenharia, criado em 1895 e reconhecido no início do século XX, se constituía 
como  a  primeira  opção  para  aqueles  interessados  em  atuar  no  campo  profissional  da 
engenharia  e  da  arquitetura.  Nesta  primeira  fase,  participaram  como  docentes  do  curso, 
profissionais associados à arquitetura moderna no Brasil, como Luís Nunes, Joaquim Cardoso 
e Antônio Bezerra Baltar.  
O reconhecimento do curso de arquitetura por decreto federal em 14 de novembro de 1945 
e  a  criação  da  Universidade  do  Recife  (UR),  em  20  de  junho  de  1946,    formada  pela 
aglutinação das diversas unidades de ensino superior do estado, permitiram a melhoria das 
condições de oferta e promoveram o interesse de estudantes pela formação profissional no 
campo da arquitetura.  
Este novo contexto de rápida alteração da formação profissional em Pernambuco  promoveu, 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  211   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  212 

a  partir  de  1949,  a  emergência  de  movimento  de  criação  de    unidade  de  ensino  dedicada  aos movimentos internos de docentes e discentes para sua adequação às teorias prevalentes 
exclusivamente  ao  ensino  da  arquitetura,  concretizada  em  abril  de  1958.  A  Faculdade  de  no seio do curso, ora aos ajustes necessários às normas federais de ensino superior. 
Arquitetura do Recife foi instalada provisoriamente no Seminário de Olinda, em 1959, sendo  A primeira grande alteração na estrutura curricular se dá em 1986 (duas versões oferecidas 
transferida para sua nova sede, na Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, no ano seguinte. 
no  1º  e  no  2º  semestres),  sendo  seguida  por  outra  alteração  realizada  em  1995,  como 
Seu  primeiro  diretor  foi  Evaldo  Coutinho,  autor  do  seminal  O  Espaço  da  Arquitetura  exigência  de  adequação  às  diretrizes  curriculares  do  curso  de  graduação  em  Arquitetura  e 
(COUTINHO, 1970).   Urbanismo (PORTARIA 1770/94). No entanto, uma avaliação realizada no ano de 2001 sobre 
O movimento separatista, de caráter nacional, contou com o apoio do Instituto de Arquitetos  das  condições  de  oferta  do  Curso  de  Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  (LOUREIRO, 
do  Brasil    e  da  Secretaria  Nacional  de  Estudantes  de  Arquitetura  e  Urbanismo  (BAYEUX,  2001)  demonstrou  que  as  referidas  exigências  não  haviam  sido  contempladas  plenamente. 
1991), porta‐vozes das categorias profissional e estudantil. Se fundamentava em duas bases:  Além  disso,  investigações  acerca  das  práticas  pedagógicas  em  áreas  específicas,  como  na 
isolar‐se  do  meio  acadêmico  Beaux  Arts  para  abraçar  plenamente  os  princípios  e  estética  área  de  informática  aplicada  à  arquitetura  e  ao  urbanismo  (PORTO  CARREIRO,  2007), 
modernista,  e  fortalecer  o  papel  do  profissional  arquiteto  no  contexto  social  e  produtivo  contribuíram  para  deixar  evidente  as  fragilidades  da  estrutura  curricular  em  vigor, 
nacional.  notadamente  no  que  se  refere  a  algumas  preconizações  oficiais  exigidas  pela  referida 
portaria, ratificada ainda pela Resolução CES/CNE Nº 06/2006.  
As  décadas  de  1950  e  1960  podem  ser  consideradas  como  aquelas  de  formação  e 
consolidação  de  uma  estrutura  pedagógica  alinhada  com  o  pensamento  modernista,  Uma  visita  técnica  de  representantes  do  Ministério  da  Educação  ao  CAU/UFPE  em  2009 
sintetizada pela reforma  pedagógica realizada em 1962 sob a coordenação dos professores  estabeleceu  a  urgência  de  adequação  àquela  portaria,  como  também  às  novas  demandas 
Delfim  Amorim,  Acácio  Gil  Borsoi  e  Heitor  Maia  Neto,  e  do  representantes  do  alunos,  estabelecidas  nas  normativas  que  a  ela  se  seguiram,  com  a  Lei  de  Diretrizes  e  Bases  da 
Geraldo  Gomes  da  Silva  (SILVA  et  al,  1981).  É  nestes  anos  que  são  formados  quadros  Educação  (Lei  Nº  9394),  e  às  novas  demandas  da  sociedade,  particularmente  no  que 
relevantes  da  arquitetura  brasileira  como  Marcos  Domingues  da  Silva,  Reginaldo  Esteves,  concerne aos avanços tecnológicos para a concepção e a realização de planos e projetos.  
Wandenkolk Tinoco, Frederico de Holanda, Armando de Holanda, dentre outros. 
O  Projeto  Pedagógico  do  Curso  (PPC)  aqui  resumido  é  fruto  desta  visita  técnica  e  se 
A  reforma  universitária  de  1968  (MARTINS,  2009;  LEI  Nº  5540)  reestruturou  o  ensino  fundamenta em uma série de premissas didático‐pedagógicas desenvolvidas ao longo de 10 
superior  no  Brasil,  introduzindo  o  sistema    departamental,  além  de  outras  importantes  anos,  de  2000  a  2009  (LOUREIRO,  AMORIM,  2000;  AMORIM,  LOUREIRO,  LEITE,  2001; 
alterações.  A  Faculdade  de  Arquitetura  passou  a  ser  o  Departamento  de  Arquitetura  e  AMORIM, LOUREIRO, LEITE, 2002; AMORIM, LAPROVITERA, BRANDÃO, 2005; LAPROVITERA, 
Urbanismo  (DAU)  da,  agora,  Universidade  Federal  de  Pernambuco  (UFPE).  Em  1973  foi  2005).  
transferido  para  a  Cidade  Universitária,  instalado  provisoriamente  no  Centro  de  Filosofia  e  De fato, sua origem advém de reflexões iniciadas ainda nas décadas de 1980 e 1990 quando 
Ciências  Humanas  e  transferido  em  1976  para  o  Centro  de  Artes  e  Comunicação,  onde  se 
da participação de professores do curso nos seminários nacionais e nas diretorias regionais e 
encontra até hoje.   nacional da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA)1, bem como na Comissão 
O DAU é responsável pela oferta de cursos de pós‐graduação nos níveis de Mestrado (1974)  de Especialistas de Arquitetura e Urbanismo da Secretaria de Ensino Superior do Ministério 
e  Doutorado  (1998)  em  Desenvolvimento  Urbano  (MDU)  e  o  Curso  de  Especialização  em  da  Educação  (CEAU‐SESu).  A  participação  nestes  fóruns  avançados  de  reflexão  sobre  a 
Conservação e Interação, em convênio com o Centro de Estudos Avançados da Conservação  formação  do  arquiteto  e  urbanista  nutriram  a  formulação  de  várias  ações  e  projetos  de 
Integrada (CECI), desde 1996.  sucesso, dos quais se destaca o Trabalho Final de Graduação, cujo regulamento apresentado 
o  Seminário  Nacional  Critérios  para  Avaliação  da  Educação  do  Arquiteto  e  Urbanista 
(LOUREIRO  et  al,  1992),  forneceu  subsídios  para  estruturação  da  atividade  em  diversos 
2 DA REFORMA PEDAGÓGICA cursos de arquitetura do país. 

O ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil foi objeto de reflexões ao longo deste último  Na  primeira  versão  do  projeto  pedagógico  (AMORIM,  LOUREIRO,  LEITE,  2001;  AMORIM, 
século,  que  resultaram  em  reestruturações  profundas  nas  práticas  pedagógicas.  Basta  LOUREIRO,  LEITE,  2002)  já  estavam  estabelecidos  os  fundamentos  que  estruturam  a  sua 
observar  o  progressivo  abandono  dos  paradigmas  projetivos  e  pedagógicos  da  tradição  versão implementada em 2010, salvo a iniciativa de oferecer cursos sequenciais, a saber:  
beaux arts francesa e consecutiva aproximação das práticas inovadoras de instituições como  Um  princípio  que  pode  ser  tomado  como  regulador  da  concepção  geral  do  novo 
a  Bauhaus,  no  período  entre  as  grande  guerras,  e  a  Architectural  Association,  a  partir  dos  curso é a organização e possibilidade de formação de diversas habilitações em fases 
anos  de  1960.  As  estruturas  curriculares  dos  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo  no  Brasil  distintas do curso, para as quais seriam definidas as habilidades e conhecimentos a 
serem  adquiridos.  Desta  forma,  prenuncia‐se  a  criação  de  cursos  seqüenciais  de 
refletem este movimento e incorporação de ideias.  
                                                            
No  caso  do  CAU/UFPE,  identificam‐se  16  distintas  estruturas  curriculares  ao  longo  da  sua 
existência,  sendo  a  primeira  delas  datada  de  1933,  alterada  continuamente  nos  anos  de  1
 O professor Luiz Amorim foi Vice‐Diretor da ABEA entre os anos de 1993 e 1994 e membro da CEAU‐SESU entre os anos 
1955, 1958, 1960, 1961, 1963, 1965,  1967,  1968, 1969,  1970, 1972 e 1978, atendendo ora  de 1993 e 1994. A professora Claudia Loureiro foi membro do CEAU‐SESu entre os anos de 2000 e 2002. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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complementação  de  estudo  com  destinação  individual,  além  da  habilitação  de  b) instrumentais, que fornecem os instrumentos necessários para tomadas de decisão, como 
profissionais arquitetos e urbanistas em áreas específicas (arquitetura de interiores,  as disciplinas de expressão gráfica; c) conceituais, as que reúnem os conteúdos teóricos.  
paisagismo,  etc.).  Esses  princípios  gerais  definem  algumas  diretivas  para  o  curso, 
organizadas em torno de: a) flexibilidade curricular; b) integração entre conteúdos;  Entre  os  anos  de  2001  e  2010,  ano  de  implantação,  estas  contribuições  iniciais  forma 
c) incorporação de novas tecnologias; d) integração entre a atividade profissional e  discutidas nos fóruns colegiados do curso e dos departamentos de arquitetura e urbanismo, 
a  acadêmica;  e)  sistema  de  avaliação  sistemática;  f)  oferta  de  cursos  de 
engenharia  civil, expressão gráfica e cartografia, unidades responsáveis  pelo maior  número 
complementação  de  estudo  (seqüenciais);  g)  ‘empreendendorismo’.  (AMORIM, 
LOUREIRO, LEITE, 2002)  de  disciplinas  oferecidas.  Também  foram  promovidos  seminários  e  palestras  sobre  temas 
convergentes  com  a  formação  profissional  do  arquiteto,  como  aspectos  da  construção, 
Figura 1 – Duas opções para organização dos blocos de formação segundo critérios de periodização e avaliação (q). 
legislação e perfil profissional frente às demandas dos diversos mercados.  
Em  maio  de  2009  foi  constituída  a  Comissão  de  Reforma  Pedagógica  do  CAU/UFPE.  1  A 
retomada dos trabalhos teve início com uma leitura crítica dos documentos produzidos nos 
anos anteriores, a definição de princípios estruturadores e a elaboração das ementa 

3 SOBRE PRINCÍPIOS DO PPC 2010

Os princípios pedagógicos e consequente estrutura pedagógica são seguidos, mas adaptados 
para  as  especificidades  dos  conteúdos  obrigatórios  estabelecidos  pelas  diretrizes 
 
curriculares. Também são introduzidos três pressupostos2 que veem caracterizar o PPC:  
 A  interdisciplinaridade,  superando  o  caráter  compartimentalizado  do  ensino  da 
arquitetura e urbanismo por reunir o ato projetual integrado arquitetônico, urbano e 
paisagístico  em  uma  única  disciplina,  subsidiada  por  disciplinas    conceituais  e 
instrumentais;  
 A  indissosiabilidade  dos  problemas  espaciais  da  cidade/paisagem/edifício, 
desenvolvendo as práticas de ensino tendo como objeto central de estudo a cidade, 
baseado  na  interoperabilidade  entre  os  espaços  privados  (as  edificações)  e  os 
espaços públicos (a cidade); 
 A  aprendizagem  baseada  em  problema  (problem‐based  learning),  estimulando  o 
  estudante,  desde  o  início  de  formação  acadêmica,  a  desenvolver  uma  leitura  e 
Fonte: Amorim, Loureiro, Leite, 2002.  compreensão críticas da cidade, apoiando a resolução de uma problemática concreta 
desta, sob as óticas integradas da paisagem, do urbanismo e da arquitetura. 
Aquela versão original  definia que a estrutura curricular seria subdividida em três sistemas: 
a)  o  curricular,  que  define  a  distribuição  de  matérias  e  conteúdos;  b)  o  pedagógico,  que,  Complementarmente,  entendeu‐se  que  a  organização  do  curso  se  dá  pela  definição  de 
associado  ao  primeiro,  trata  das  maneiras  de  sua  implementação,  e  (c)  o  de  avaliação.  mecanismos  estruturadores  ‐  currículo,  pedagogia  e  avaliação.  O  currículo  define  os 
Quanto ao sistema curricular, propunha três níveis três blocos de formação, estruturados em conteúdos que serão tratados ao longo do curso. A pedagogia define a forma de transmissão 
torno da atividade de projeto, em todas as suas especificações (projeto de edificações, desses conteúdos, por exemplo, por seu sequenciamento ao longo do curso (período, pré e 
projeto urbano, projeto de paisagismo) (AMORIM,  LOUREIRO,  LEITE,  2002). Os blocos de co‐requisitos)  e  da  integração  horizontal  (mesmo  período  sequencial)  e  vertical  (diferentes 
formação atendem a uma estrutura de organização em torno dos níveis de aquisição de períodos sequenciais) das disciplinas. A avaliação do aluno se dá pela aferição dos resultados 
conhecimento e habilidades a serem alcançados, sendo denominados de introdução, obtidos frente aos objetivos estabelecidos preliminarmente. 
habilitação e conclusão (ver Figura 1).                                                             
O  sistema  pedagógico  propunha  a  criação  de  distintos  tipos  de  atividades  pedagógicas:  a)  1
 Fizeram parte desta comissão os professores Luiz Amorim, Gílson Gonçalves, Maria de Jesus Brito Leite, 
disciplina eixo reuniria os conteúdos relativos ao projeto nas suas diversas especificações; b) 
Patrícia Porto Carreiro e a representante estudantil Priscila Bello. 
disciplina  satélite  obrigatória  e  eletiva,  ofereceria  o  conhecimento  ou  instrumento  exigido 
pelas disciplinas eixo do mesmo período; d) disciplina de extensão e de iniciação científica; e)  2
  Uma  discussão  mais  detalhada  pode  ser  encontrada  no  artigo  intitulado  Novas  práticas  pedagógicas  da 
Atividades  e  visitas;  e  f)  Estágio  supervisionado.  Por  fim,  as  disciplinas  seriam  classificadas  matéria  de  informática  aplicada  à    arquitetura,  urbanismo  e  paisagismo:  experimentações  dentro  do  Novo 
em três grupos: a) de integração, correspondentes às disciplinas de projeto e planejamento;  Currículo do DAU/PE, deste mesmo evento. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  215   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  216 

Do ponto de vista do currículo, as disciplinas, comumente identificadas como teóricas, tem  quanto às condutas profissionais serem fundamentais para a formação.  
uma  estrutura  curricular  de  coleção,  ou  seja,  elas  apresentam  currículos  fortemente 
Nesse  sentido,  procurou‐se  tratar  os  aspectos  concernentes  às  ordens  referidas  por 
classificados, já que seus conteúdos são precisamente delimitados e estão reunidas em áreas  Bernstein de duas maneiras:  
de  conhecimento  bem  delimitadas,  tais  como,  história  ou  tecnologia.  Por  outro  lado,  as 
disciplinas  de  projeto  são  consideradas  como  disciplinas  de  integração,  já  que  elas  não   Na  esfera  instrumental,  pela  concepção  de  modelo  pedagógico  integrador  de 
apresentam um conteúdo específico, de forte classificação (Bernstein, 1975).   conteúdos formadores de habilidades específicas;  
As  disciplinas  de  currículo  de  coleção  fornecem  os procedimentos  e  práticas  de  integração   Na  esfera  expressiva,  pela  abordagem  da  cidade  contemporânea  como  objeto  de 
necessárias à aquisição de habilidades específicas. As disciplinas de projeto têm por objetivo  estudo, com o intuito de aproximar os atores sociais que constituem a diversidade e 
integrar,  por  meio  do  desenvolvimento  de  exercícios  projetuais,  os  diversos  conteúdos  dinâmica  urbana  e  os  diversos  campos  do  conhecimento  se  debruçam  sobre  o 
componentes  do  currículo,  como  a  história  da  arquitetura  e  do  urbanismo,  as  técnicas  referido objeto.  
construtivas,  o  controle  do  ambiente,  a  composição  da  forma,  a  configuração  espacial,   A  estrutura  pedagógica  é  classificada  (estrutura  curricular)  nas  seguintes  classes  de 
técnicas  de  representação,  etc.,  ou  seja,  essas  são  sempre  permeadas  pelos  conteúdos  do  matérias:  
currículo de coleção. 
a. conceituais  ‐  matérias  responsáveis  por  introduzir,  discutir  e  viabilizar 
A estrutura pedagógica do curso pode ser também observada pela forma de transmissão e  conceitos, princípios, teorias e ideias na intervenção/criação adequada do ato 
recepção  do  conhecimento,  ou  seja,  pela  relação  pedagógica  entre  professor  e  aluno,  e  projetual integrado. As disciplinas conceituais oferecem as seguintes matérias 
definição dos limites entre o que pode e o que não pode ser transmitido. Isso significa dizer o  exigidas  pelas  diretrizes  curriculares:  (a)  Estética,  (b)  História  das  artes,  (c) 
grau de controle que o professor tem em selecionar, organizar e apresentar os conteúdos ao  Estudos  sociais  ambientais,  (d)  História  da arquitetura e  do urbanismo,  e  (e) 
longo do tempo. A prática pedagógica pode ser classificada em visível e invisível. A pedagogia  Teoria da arquitetura e do urbanismo;;  
visível  coloca  ênfase  no  grau  em  que  o  aluno  atende  a  critérios  que  tem  uma  referência 
externa transmitida pelo professor. É o que acontece nas disciplinas que se caracterizam por  b.  instrumentais ‐ matérias responsáveis por viabilizar técnicas ou instrumentos 
forte classificação de seus conteúdos. Por outro lado, na pedagogia invisível, é o adquirente  práticos  para  o  desenvolvimento  do  ato  projetual  integrado.  As  disciplinas 
que preenche o espaço pedagógico: o foco está nos procedimentos e competências que os  instrumentais  oferecem  as  seguintes  matérias  exigidas  pelas  diretrizes 
adquirentes  trazem  para  o  contexto  pedagógico.  Este  é  o  caso  das  disciplinas  de  projeto  curriculares:  (a)  Desenho,  (b)  Técnica  retrospectiva,  (c)  Tecnologia  da 
onde não há  uma receita previamente prescrita à qual o ‘texto’ produzido pelo adquirente  construção, (d) Controle ambiental, (e) Informática aplicada, (f) Topografia, e 
deve se conformar.  (g) Sistema estrutural; 

Para estruturar a premissa de fortalecimento das atividades de extensão estabelecida desde  c. Integração:  matérias  responsáveis  pela  síntese  dos  conteúdos  teórico‐


as primeiras versões do projeto pedagógico e enquadradas pelos membros da comissão de  práticos.  É  aquela  formada  por  disciplinas  de  projeto,  em  todas  as  suas 
reforma  pedagógica  na  sua  versão  final,  foram  incorporadas  algumas  práticas  em  especificações  (projeto  de  edificações,  projeto  urbano,  projeto  de 
desenvolvimento  no  curso.1  Esta  incorporação  se  deu,  por  questão  de  tempo,  sem  que  paisagismo).  A  atividade  de  projeto,  especificidade  e  diferencial  do 
houvesse os necessários ajustes aos princípios que fundamentam o PPC 2010.   profissional  arquiteto  e  urbanista,  é  entendida  como  a  capacitação  para 
organizar os espaços para as atividades humanas. A concepção do ensino do 
projeto abrange a definição conceitual do problema e sua resolução técnica – 
4 DA DEFINIÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS CONTEÚDOS sua  construtividade.  Desta  forma,  cada  exercício  de  projeto  é  desenvolvido 
em sua completitude – desde a ideia até à resolução técnica de todos os seus 
Segundo  Berstein  (1975),  o  conjunto  de  práticas,  procedimentos  e  julgamentos  que  a  elementos,  superando  a  prática  atual  de  dividir  o  ensino  de  projeto  nas 
sociedade  espera  que  uma  instituição  de  ensino  transmita  aos  seus  educandos  pode  ser  tradicionais  fases  do  exercício  profissional  –  estudo  preliminar,  anteprojeto, 
distinguido em duas ordens. A ordem expressiva refere‐se ao treinamento de caráter, relativa  projeto executivo. As disciplinas de integração oferecem as seguintes matérias 
aos aspectos de conduta, e modos, por meio de determinadas práticas e atividades. A ordem  exigidas pelas diretrizes curriculares: (a) Projeto de arquitetura, (b) Projeto de 
instrumental refere‐se ao aprendizado formal, aquele relacionado aos fatos, procedimentos,  urbanismo, (c) Projeto da paisagem, e (d) Planejamento urbano e regional. 
práticas e julgamentos necessários à aquisição de habilidades específicas. Em instituições de  Os  quadros  1  e  2,  a  seguir,  apresentam  o  enquadramento  dos  conteúdos  disciplinares 
ensino  superior,  a  ordem  instrumental  é  mais  evidente,  apesar  de  aspectos  expressivos  propostos pelo PPC 2010 segundo as matérias constantes das diretrizes curriculares. 
                                                              
1  
  Como as ações extensionistas praticadas pelo professor Luis de la Mora, que apesar de incorporadas ao PPC 
2010, não conseguiram se integrar ao contexto didático‐pedagógico proposto.   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  217   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  218 

Quadro 1 – Classificação das matérias curriculares de acordo com o tipo de enquadramento  Quadro 2 – Comparação entre as classificações da Resolução CES/CNE Nº 6 e do PPC 2010 

Resolução CES/CNE N 6  Conteúdo mínimo dos CAUs  PPC 2010 
Instrumental  Conceitual  Integração 
Desenho  Instrumental 
Desenho  Estética  Projeto de arquitetura 
Estudos socioeconômicos e 
Técnica retrospectiva  História das artes  Projeto de urbanismo 
Fundamentação  ambientais 
Tecnologia da construção  Estudos ambientais  Projeto da paisagem 
Estética 
Controle ambiental  História da arquitetura e do  Planejamento urbano e regional 
História das artes 
urbanismo  Conceitual 
História da arquitetura e do 
Informática aplicada  Teoria da arquitetura e do   
urbanismo 
urbanismo 
Teoria da arquitetura e do 
Topografia   
urbanismo 
Sistema estrutural 
Técnicas e metodologia de pesquisa 
Fonte: AMORIM et al, 2010. 
Técnicas retrospectivas 
Tais  grupos  de  matérias  ainda  têm  seus  conteúdos  subdivididos,  e  por  consequência  suas  Tecnologia da construção 
disciplinas, em dois subgrupos de forma a atender tanto a legislação vigente para formação  Profissional 
Sistemas estruturais  Instrumental 
profissional quanto à dinâmica e complexidade crescente da área. São eles: 
Conforto ambiental 
 Obrigatório: Essenciais à formação profissional, respeitando as diretrizes curriculares 
Topografia 
e as exigências dos órgãos reguladores da profissão;  
Informática aplicada à arquitetura 
 Eletivo: Essenciais à formação de gestores de processos com conteúdos exploratórios: 
Projeto de arquitetura, urbanismo 
de  investigação  (novos),  de  aprofundamento  ou  de  aplicabilidade  dos  obrigatórios  e paisagismo 
instrumentais e conceituais. 
Planejamento urbano e regional 
O enquadramento, ou seja, o contexto no qual o conhecimento é transmitido e recebido se  Integração 
Trabalho de Curso 
dá  hierarquicamente  em  disciplinas  obrigatórias  e  eletivas,  e  segundo  periodicidade  Estágio supervisionado 
harmonicamente  modulada  segundo  os  movimentos  Capo  (introdução  do  curso),  Segno  Outras 
Atividades complementares 
(desenvolvimento  do  conteúdo  central)  e  Coda  (conclusão).  São  definidos  para  cada 
movimento  conteúdos  temáticos  específicos.1  No  Capo,  que  corresponde  ao  primeiro  ano,  Instrumental 
da  requalificação  de  áreas  urbanas,  tema  adequado  para  explorar  o  conhecimento  Eletivas  Várias  Conceitual 
precedente que cada aluno carrega e introduzi‐lo no contexto dos campos epistemológicos  Integração 
que  constituem  a  profissão.  No  Segno,  desenvolve‐se  e  aprofunda‐se  o  conhecimento  Fonte: AMORIM et al, 2010. 
específico por meio das temáticas de renovação, expansão e conservação urbana. A Coda é  Quadro 3 – Classificação das matérias curriculares de acordo com o tipo de enquadramento 
dedicada ao trabalho de conclusão de curso, de livre escolha do aluno (Ver Quadro 3 e Figura 
Ano  Tema  Conteúdo 
2). 
Tem por objetivo promover a análise do existente, apreender a perceber o espaço 
    urbano, os objetos arquitetônicos e a paisagem com o foco na mudança de uso. 
1o  Requalificação  Tem por pressuposto a aplicação de princípios de intervenção que levem em 
consideração o uso responsável das estruturas urbanas existentes, promovendo 
sua reciclagem e o reuso 
Promove a intervenção no existente, com enfoque na mudança de uso e de forma 
2o  Renovação  urbana e edilícia existentes. Seleciona áreas urbanas que passam por abandono 
ou obsolescência 
Tem por foco a intervenção no novo por meio da urbanização de áreas periféricas 
3o  Expansão 
ou em áreas rurais 
                                                             Dedicado à intervenção  no antigo segundo ações de conservação e de restauro 
4o  Conservação 
arquitetônicas e paisagísticas. 
1
 A terminologia Capo, Segno e Coda substituem de maneira mais apropriada aquelas utilizadas nas versões  o
5  Trabalho de Curso  Conteúdo de livre escolha do aluno 
iniciais do PPC ‐ introdução, habilitação e conclusão. 
Fonte: AMORIM et al, 2010. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 219   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  220 

Figura 2: Nova estrutura pedagógica do CAU/UFPE.  seguintes: (a) Desenho, (b) História da arquitetura e do urbanismo, (c) Teoria da arquitetura e 
do urbanismo, (d) Projeto de arquitetura, (e) Projeto de urbanismo, (f) Projeto da paisagem, 
(g) Planejamento urbano e regional, (h) Tecnologia da construção, (i) Informática aplicada, e 
(j) Sistema estrutural. 

SEGNO ( ) 
É  organizado  em  blocos  de  formação,  definidos  de  acordo  com  temas  e  responsabilidade 
estabelecido  pela  natureza  e  integração  entre  os  diversos  problemas  de  arquitetura, 
urbanismo e paisagismo.  
Este  bloco  forma  a  parte  central  da  formação  do  aluno  e  observa  os  temas  de  renovação, 
 
urbanização  e  conservação,  seguindo  os  mesmos  propósitos  anunciados  no  bloco  anterior, 
Fonte: AMORIM et al, 2010. 
ou  seja,  da  abordagem  crítica  do  contexto  arquitetônico,  urbanístico  e  paisagístico 
contemporâneos.  O  tema  da  renovação  se  fundamenta  na  substituição  de  estruturas 
CAPO ( )  existentes, o da urbanização, na extensão da malha urbana ou de novas áreas urbanizadas, e 
o da conservação, na aplicação dos seus princípios em áreas históricas. 
A primeira fase tem por objetivo oferecer ao aluno recém‐ingresso no Curso os instrumentos 
fundamentais  para  conhecer  seu  objeto  de  estudo.  Pretende‐se  oferecer,  nesta  fase,  os  As  matérias  exigidas  pelas  diretrizes  curriculares  que  serão  ministradas  neste  bloco  são  as 
instrumentos e conteúdos necessários para implementar uma visão geral do aluno sobre os  seguintes: (a) Desenho, (b) História da arquitetura e do urbanismo, (c) Teoria da arquitetura e 
diversos  problemas  da  arquitetura,  do  urbanismo  e  do  paisagismo.  Os  blocos  de  formação  do urbanismo, (d) Projeto de arquitetura, (e) Projeto de urbanismo, (f) Projeto da paisagem, 
seguintes terão a responsabilidade de aprofundar os diversos conteúdos introduzidos nesta  (g) Planejamento urbano e regional, (h) Tecnologia da construção, (i) Informática aplicada, (j) 
primeira fase. Dessa forma, este bloco introdutório deverá oferecer a oportunidade ao aluno  Sistema  estrutural,  (l)  Estética,  (m)  Estudos  sociais  ambientais,  (n)  História  das  artes,  (o) 
para  objetivar  o  seu  conhecimento  anterior,  pré‐formação  profissional,  introduzir  Técnica retrospectiva, (p) Controle ambiental, (q) Informática aplicada, e (r) Topografia. 
instrumentos  para  a  realização  desse  processo  e  para  o  entendimento  de  fenômenos 
arquitetônicos mais genéricos; introduzir conhecimentos suficientes para o aluno perceber a  CODA ( ) 
complexidade do fazer arquitetônico. Este bloco deve ter como objeto principal de estudo os  É  composto  pelo  Estágio  Curricular  e  do  Trabalho  de  Curso  (TC)  entendidos  como 
problemas contemporâneos, estudados segundo uma abordagem holística e com ênfase na  componentes  curriculares  de  preparação  da  monografia  e,  portanto,  não  se  caracterizam 
experiência  concreta  no  universo  arquitetônico,  urbanístico  e  paisagístico.  Em  síntese,  como disciplina. Este bloco em por objetivo conferir, através de procedimentos  e  avaliação 
objetiva‐se o amadurecimento precoce do aluno. Introduzindo‐o na realidade profissional.  estabelecidos pelas Diretrizes Curriculares, o grau de arquiteto e urbanista.  
Este  bloco  parte  do  princípio  pedagógico  do  aprendizado  inserido  na  realidade,  centrando 
seu  foco  de  interesse  no  conhecimento  das  questões  contemporâneas  (experiências  ESTRUTURA CURRICULAR COM MOMENTOS DE INTEGRAÇÃO DO PPC 2010 
contemporâneas  –  teorias,  práticas,  os  projetos,  os  arquitetos,  os  problemas  urbanos,  Este ciclo é repetido na escala do semestre letivo. Ou seja, do mesmo modo que momentos 
conflitos),  explorando  a  capacidade  perceptiva  do  aluno  e  seu  conhecimento  pré‐ingresso  de  integração  regem  o  movimento  da  estrutura  pedagógica  geral  proposta  para  o  novo 
universitário, e com o objetivo de desenvolver procedimentos metodológicos de análise da  currículo  (Figura  1),  recursivamente,  repetem‐se  a  cada  semestre  letivo  que  também  são 
realidade.  Por  este  motivo,  o  tema  central  do  bloco  é  a  requalificação,  ou  seja,  as  ações  divididos em três ou mais momentos de integração: Capo, Segno e Coda. 
propositivas  se  fundamentam  na  atualização  do  ambiente  construído  às  demandas 
Como pode ser percebido pela Figura 3, o ciclo do Curso é repetido na escala do semestre 
contemporâneas, levando em consideração conceitos como sustentabilidade.  
letivo.  A  disciplina  Capo  introduz  o  tema  de  cada  ano  letivo  e  o  objeto  de  estudo  a  ser 
Inicia‐se  com  uma  disciplina  que  aborde  a  história  da  profissão  do  arquiteto  e  urbanista  e  tratado.  A  disciplina  Segno  oferece  oportunidades  para  discussão  coletiva  do 
suas  práticas  profissionais.  Utiliza‐se  enfaticamente  os  conhecimentos  e  métodos  de  desenvolvimento dos projetos semestrais. São momentos parciais de integração onde blocos 
descrição e representação da realidade, como o Desenho, tanto técnico, quanto artístico, e a  de  disciplinas  conceituais  e  instrumentais  são  avaliadas  em  sua  aplicabilidade  junto  ao 
Estatística,  por  exemplo,  quanto  os  conhecimentos  que  ofereçam  a  compreensão  dos  processo projetual conduzido pela da disciplina semestral de Projeto. Dependendo do grupo 
aspectos físicos fundamentais para o entendimento e a concepção arquitetônicas, como os  de professores responsáveis por essa disciplina de Projeto, podem‐se escolher um esquema 
sistemas  estruturais.  O  bloco  corresponde  a  um  percentual  significativo  de  atividades  nas  de integração semestral e definir de um a três momentos de Segno, ou integrações parciais 
diversas modalidades sugeridas pelo PPC 2010, como workshops, palestras, visitas, etc.   por  semestre.A  disciplina  Coda  encerra  o  semestre  letivo  com  a  apresentação  pública  dos 
As  matérias  exigidas  pelas  diretrizes  curriculares  que  serão  ministradas  neste  bloco  são  as  projetos. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 221   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  222 

Figura 3: Esquemas de Integração Semestral  grupos sociais, isto é, emite juízo direcionado a seus interesses.   
Alguns podem alegar que  esse principio já estaria contido  ou  mesmo impregnado 
nos aspecto teórico‐metodológico. A escolha de teorias e métodos deve ultrapassar 
o  utilitarismo  dominante  da  contemporaneidade  e  a  sua  influência  no 
entendimento  dos  espaços  da  cidade,  da  sua  produção,  concretude  física  e 
expressão compositiva. Assim, a unidade da expressão composta teoria – método ‐ 
princípio  de  equidade  forma  a  unidade  da  abordagem  integrada  na  proposta  do 
PPC 2010. (GONÇALVES, 2014) 

 
AGRADECIMENTOS
Fonte: AMORIM et al, 2010. 
Os  autores,  membros  do  Núcleo  Docente  Estruturante  do  CAU‐UFPE,  agradecem  aos 
Figura 4: Nova estrutura curricular modular e flexível dos períodos ímpares e pares – turnos manhã e tarde, 
respectivamente, do PPC 2010/CAU/UFPE.  
estudantes que se engajaram no difícil processo de transformação das práticas pedagógicas e 
 

contribuíram, pela crítica permanente, para a contínua melhoria das condições de oferta do 
curso. 

REFERÊNCIAS
 

AMORIM, L., LEITE, M. J., GONÇALVES, G. M., PORTO CARREIRO, P.,Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura 
e Urbanismo da UFPE: Diretrizes da Reforma Curricular 2010, Recife: CCEPE‐UFPE, julho de 2010. 
AMORIM, L., LOUREIRO, C., LEITE, M. J. Uma pedagogia para o ensino do arquiteto e urbanista: o caso UFPE In: 
Anais do XVIII Seminário Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura. Rio de Janeiro: ABEA, 
  2002.  
Fonte: elaborado pelos autores, 2013.  AMORIM, L., LOUREIRO, C. e LEITE, M. J Da reformulação do ensino no Curso de Graduação em Arquitetura e 
Urbanismo da UFPE. Recife: UFPE, julho 2001 (mimeo) 

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES AMORIM, L., LOUREIRO, C. e LEITE, M. J., Uma pedagogia para o ensino do arquiteto e urbanista: o caso UFPE, 


In: Anais do XVIII Seminário Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura. Belo Horizonte: ABEA, 
2002 
O  enorme  esforço  institucional  empreendido  para  ofertar  concomitantemente  dois  perfis 
curriculares  impediu  que  muitas  das  propostas  contidas  no  PPC  2010  fossem  atendidas  AMORIM, L. O projeto pedagógico para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPE: das Unidade de 
Produção, Departamento de arquitetura e Urbanismo, mimeo, 2005 
plenamente. Um processo de avaliação está em fase de implementação. Pretende‐se analisar 
em que medida as práticas pedagógicas em curso se ajustaram às premissas do PPC 2010.  AMORIM, L., LAPROVITERA, E., BRANDÃO, Z. Projeto Pedagógico para Curso de Graduação em Arquitetura e 
Urbanismo da UFPE: reforma pedagógica aberta e participativa (versão preliminar). Recife: UFPE, 2005 (mimeo) 
Os  primeiros  ensaios  já  se  fazem  presentes  com  observações  críticas  acerca  das  práticas  BAYEUX, G. M. O Debate da Arquitetura Moderna Brasileira nos Anos 50, Tese (Doutorado) Arquitetura e 
pedagógicas,  particularmente  no  que  se  refere  à  relação  entre  as  disciplinas  conceituais  e  Urbanismo – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1991 
instrumentais  como  suporte para as disciplinas  de integração. Também  estão sob  análise a 
BERNSTEIN, B. Class, code and control: towards a theory of educational transmission – Vol 3. London: Routledge 
distribuição das matérias ao longo do curso e a carga  horária à elas destinadas, segundo o  & Keagan, 1975. 
desempenho obtido pelos alunos.  
BOYER, E., MITGANG, L. Building Community. Ney Jersey: The Carnegie Foundation for the Advancement of 
No  entanto,  o  tema  que  deverá  permear  as  discussões  estará  centrado  nos  princípios  que  Teaching, 1996, 172p. 
estruturam  o  próprio  PPC  2010.  Neste  sentido,  as  reflexões  apresentadas  pelo  professor  BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Arquitetura 
Gilson Gonçalves (2014) colocam com precisão ponto central de debate:    e Urbanismo. Parecer CES/CNE 112/2005, homologação publicada no DOU 06/06/2005, Seção 1, p. 13. 
Resolução CES/CNE 06/2006, publicada no DOU 03/02/2006, Seção 1, p. 36.  
Pode‐se  afirmar  que  a  experiência  de  ensino  no  contexto  do  presente  Projeto 
Pedagógico  tem  mostrado  que  a  inovação  do  processo  de  ensino/aprendizagem  CEAU – Comissão de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo. Ensino de Arquitetura e Urbanismo: 
promovido  pelo  novo  currículo  se  encontra  no  princípio  de  equidade  (em  suas  condições e diretrizes. Brasília: SESu/MEC, 1994.  
várias manifestações no espaço). 
CEAU – Comissão de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo. Proposta de diretrizes curriculares 
É o princípio de equidade que, ao percorrer as teorias e os métodos, faz escolhas de  nacionais para o ensino de graduação em Arquitetura e Urbanismo, junho de 1999, disponível em 
preferências,  nega  ou aprova,  explicita  modos  de  ser  e fazer  contextualizados nos  http://www.mec.gov.br 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  223   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  224 

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Diretrizes curriculares: arquitetura e 
urbanismo. Piracibaba/SP: Universidade Metodista de Piracicaba, 1998. 
NOVAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA MATÉRIA DE INFORMÁTICA 
COUTINHO, E. O Espaço da Arquitetura. Recife: Editora da UFPE, 1970 
APLICADA À ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO: 
FORGRAD – Fórum de Pró‐reitores de Graduação das Universidades Brasileiras. Plano Nacional de Graduação:  Experimentações dentro do Novo Currículo do Curso de Arquitetura 
um projeto em construção. Texto apreciado e aprovado no XII Fórum Nacional de Pró‐Reitores de Graduação  e Urbanismo/UFPE 
das Universidades Brasileiras, realizado na cidade de Ilhéus/BA, em maio de 1999; disponível em 
http://www.unicamp.br/prg/forgrad. 
Patrícia Porto CARREIRO  
GONÇALVES, G. Comunicação pessoal, 19/07/2014. 
Universidade Federal de Pernambuco ‐ UFPE, [email protected] 
LAPROVITERA, E. O movimento pela reforma pedagógica aberta e participativa do curso de arquitetura e  Rejane de Moraes RÊGO  
urbanismo da UFPE: memorial da gestão 2003‐2005.  Recife: UFPE, 2005 (mimeo)  Universidade Federal de Pernambuco ‐ UFPE, [email protected] 
Lei Nº 5540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e   
sua articulação com a escola média, e dá outras providências, disponível em 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.540‐1968?OpenDocument   RESUMO 
O artigo apresenta as experiências pedagógicas, em contínuo aperfeiçoamento, das disciplinas de Informática 
Lei Nº 9394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases para a Educação, disponível em  aplicada  à  Arquitetura  e  Urbanismo  (InfoAU)  I,  II  e  III,  no  contexto  do  novo  Projeto  Pedagógico  do  Curso  de 
http://www.mec.gov.br   Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, em implantação a partir de 2010.1. 
LOUREIRO, C. Relatório: Roteiro de avaliação para reconhecimento de cursos de Arquitetura e Urbanismo:  Tem  como  objetivo  discutir  e  avaliar  as  experiências  de  inserção,  nas  disciplinas,  das  propostas  teórico‐
simulação das condições de oferta do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade  metodológicas  de  indissociabilidade  do  problema  projetual urbano/paisagem/edifício;  interdisciplinaridade;  e 
Federal de Pernambuco. Recife: abril 2001.  aprendizagem  baseada  problemas  apresentadas  do  novo  currículo.  Neste  novo  contexto  pedagógico,  várias 
ferramentas, técnicas e tecnologias vêm sendo introduzidas no processo projetual em ambiente computacional 
LOUREIRO, C. ; AMORIM, L. ; GONÇALVES, G. ; MARINHO, G. . Trabalho de Graduação em Arquitetura: uma  como fonte de investigação, de representação, de gestão de informação, tanto na fase de apreensão quanto na 
experiência. In: Seminário Nacional: critérios para avaliação da educação do arquiteto e urbanista, 1992, Belo  de resolução do problema projetual integrado de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Toma‐se por premissa 
Horizonte. Caderno 9 ‐ Anais do Seminário Nacional Critérios para Avaliação da Educação do Arquiteto e  que o problema projetual integrado está relacionado diretamente à construção e à manipulação de modelos de 
Urbanista. Rio de Janeiro: ABEA, 1992. p. 19‐32.  representação  de  cidades  inteiras  ou  de  interiores  de  edifícios.  E,  que  há  mais  de  30  anos,  se  vem  gerando 
LOUREIRO, C., AMORIM, L. Avaliando práticas pedagógicas no ensino de arquitetura In: Anais do XII Seminário  dados  digitais sobre  as  cidades  em  vários  tipos  de  sistemas  de  informação  computacionais,  tais como:  CAD  ‐ 
Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura. Londrina: ABEA, 1999.  Computer  Aided  Design,  BIM  ‐  Building Information  Model,  GIS  ‐  Geographic  Information  System  ou  modelos 
aplicados. Assim, as disciplinas da matéria de INFOAU vêm trabalhando com um ou mais tipos destes sistemas 
MARTINS, C. B. A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil Educ. Soc.,  de informação de bases específicas: geométrica, geográfica,  topológica, semântica,  etc, através  do uso crítico 
Campinas, vol. 30, n. 106, p. 15‐35, jan./abr. 2009   de  programas  que  implementam  tais  abordagens,  fazendo  experimentações  pedagógicas  para  conscientizar 
PORTARIA 1770/94, de 21 de dezembro de 1994, fixa diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do curso de  seus alunos deste contexto e se obter a melhor integração e reutilização destes dados digitais. 
graduação em Arquitetura e Urbanismo; disponível em http://www.mec.gov.br  PALAVRAS‐CHAVE:  modelagem  de  informação,  interdisciplinaridade,  aprendizagem  baseada  em  problema, 
PORTO CARREIRO, P. Inserção da informática nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (1994 – 2006):  projeto pedagógico. 
diagnósticos, rebatimentos e perspectivas nas Instituições Federais de Ensino Superior do Nordeste: UFRN, 
UFPB e UFPE. Dissertação (Mestrado) Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
2007.  
1 NOVO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE ARQUITETURA E
SILVA, G., AMORIM, L., OITICICA, D., SALLES, M., E SANTOS, P. S. Delfim Amorim, Arquiteto. Recife, Instituto de 
Arquitetos do Brasil ‐ Departamento de Pernambuco, 1981  URBANISMO DA UFPE: CONTEXTO ACADÊMICO
    Com  mais  de  80  anos  de  existência,  o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade 
Federal de Pernambuco ‐ CAU/UFPE iniciou, em 2010, a implantação de um novo currículo.  
No novo Projeto Pedagógico do Curso (PPC2010)1, as mudanças pedagógicas propostas visam  
ampliar  as  capacidades  do  profissional  de  Arquitetura  e  Urbanismo  que  o  Curso 

                                                            
1
 Nesta seção encontra‐se um resumo do PPC2010 do CAU/UFPE para contextualizar o presente artigo. Para 
entendimento detalhado do PPC2010 ver o artigo intitulado “CONCEITO, INSTRUMENTO, INTEGRAÇÃO: 
POSTULADOS DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UFPE” deste mesmo 
evento. 

 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  225   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 226 

estará  formando,  seja  pela  dinâmica  que  requer  uma  busca  permanente  de  de  forma  que  o  conhecimento  é  sintetizado,  priorizando‐se  a  essência  do  conteúdo  e 
inovação de métodos e procedimentos, em acordo com as demandas da sociedade,  centrando‐se na habilidade e competência de como adquiri‐lo. 
seja  pela  efetiva  relação  de  proximidade  com  a  problemática  da  cidade  pelo   

princípio  da  indissociabilidade  de  compreensão  entre  os  espaços  privados  (as  Figura 1: Nova estrutura pedagógica do CAU/UFPE. 
edificações) e os espaços públicos (a cidade) (AMORIM et al, 2010). 

Centra‐se na abordagem integrada do ato projetual de arquitetura, urbanismo e paisagismo 
por  meio  de  um  desafio  real  relacionado  à  cidade.  Sendo  articulada  e  subsidiada  por 
abordagens  teóricas  (ex.:  Teoria,  História,  Estudos  Econômicos  Socioambientais,  entre 
outras) e práticas (ex.: Conforto, Informática aplicada, Tectônica, Instalações Prediais, entre 
outras).  Assim,  a  distribuição  dos  conteúdos  pedagógicos  respeitam  temas  que  orientam  o 
enfoque da atuação, ou seja, a intervenção do ato projetual integrado por ano. Esses temas 
são, segundo AMORIM et al, 2010:  
 1º  ano  –  REQUALIFICAÇÃO  (análise  do  existente):  apreender  a  perceber  o  espaço 
urbano,  os  objetos  arquitetônicos  e  a  paisagem  com  o  foco  na  mudança  de  uso, 
 
chegando‐se a pequenas reformas e até a uma renovação; 
Fonte: AMORIM et al, 2010. 
 2º ano – RENOVAÇÃO (intervenção no existente): atuar no urbano, na arquitetura e 
Como se pode observar na Figura 1, recursivamente, do mesmo modo que a estrutura geral 
na paisagem com mudança de uso e de forma, podendo‐se chegar a uma expansão; 
proposta  para  o  novo  currículo,  cada  ano  letivo  é  dividido  em  três  fases  ou  momentos  de 
 3º  ano  –  EXPANSÃO  (intervenção  no  novo):  atuar  no  urbano  com  experiências  de  integração: CAPO, SEGNO e CODA. Cada qual formado por conteúdos e práticas pedagógicas 
projeto arquitetônico e paisagísticos novos;  adequadas às fases anuais, e recursivamente semestrais, de formação do aluno.  
 4º  ano  – CONSERVAÇÃO  (intervenção no antigo):  intervenção  urbana com  ações  de 
conservação e de restauro arquitetônicas e paisagísticas.  A  CAPO    introduz  o  enfoque  da  intervenção  projetual  anual  e  para  tal  os  conteúdos  a 
 
serem tratados no ano letivo, sendo realizada em formato de simpósio, palestras e visitas ao 
De  forma  a  respaldarem  as  necessidades  ligadas  ao  ato  projetual  integrado,  os  conteúdos  sítio estudado naquele ano. 
pedagógicos são divididos em três grupos de matérias (AMORIM et al, 2010): 
 CONCEITUAIS: responsáveis por viabilizar conceitos/ideias no ato projetual;  Os SEGNOS   são momentos parciais de integração onde blocos de disciplinas conceituais e 
 INSTRUMENTAIS: responsáveis por viabilizar técnicas ou instrumentos práticos no ato  instrumentais  são  avaliadas  em  sua  aplicabilidade  junto  ao  processo  projetual  conduzido 
projetual;  pela disciplina semestral de Projeto. Dependendo do grupo de professores responsáveis por 
essa disciplina de Projeto, pode‐se  escolher um esquema  de integração semestral e  definir 
 INTEGRAÇÃO: responsáveis por promover a síntese dos conteúdos teórico‐práticos no  de um a três momentos de SEGNOS, ou integrações parciais por semestre. 
ato projetual;  
As  matérias  de  integração  (ex.:  Projeto  e  Planejamento  Urbano)  são  vistas  como  elos  de  O  CODA     encerra  cada  semestre  letivo  com  a  apresentação  e  discussão  da  produção 
ligação  entre  as  conceituais  e  as  instrumentais.  Tais  grupos  de  matérias  ainda  têm  seus  daquele semestre e é composta por atividades, tais como simpósio, exposição de trabalhos e 
conteúdos  subdivididos,  e,  por  consequência,  suas  disciplinas.  Essas  compõem  dois  oficinas.  Cada  ano  letivo  apresenta  dois  CODAS,  onde  o  primeiro  é  centrado  na 
subgrupos  de  forma  a  atender  tanto  à  legislação  vigente  para  formação  do  problematização da área de estudo, reconhecimento das necessidades da comunidade local, 
arquiteto/urbanista/paisagista quanto à dinâmica e complexidade crescente da área.  e  setorização  destes  em  trabalhos  por  equipes,  focando  mais  na  projetação  urbana  e 
 

paisagística,  mas  sempre  em  atenção  ao  edifício  que  será  tratado  em  maior  detalhe  no 
 OBRIGATÓRIAS:  essenciais  à  formação  profissional  em  arquitetura,  urbanismo  e 
segundo CODA. Contudo, mesmo no segundo CODA, mais focado no edifício, o  urbano e a 
paisagismo  (AUP),  respeitando  as  diretrizes  do  Ministério  da  Educação  (MEC)  e  as 
paisagem (espaço público) têm papel fundamental, pois a melhor solução para um retoma o 
exigências dos órgãos reguladores da profissão;  
repensar  do  outro  até  se  atingir  uma  proposta  projetual  integrada  no  final  de  cada  ano 
 ELETIVAS:  essenciais  à  formação  de  gestores  de  processos,  com  conteúdos  letivo. 
exploratórios  de  investigação  (novos),  de  aprofundamento  ou  de  aplicabilidade  dos 
Todos  estes  momentos  regem  como  as  inserções  das  disciplinas  e  a  síntese  projetual  vai 
obrigatórios instrumentais e conceituais. (AMORIM et al, 2010) 
 
sendo  conduzida  dentro  de  dois  semestres  letivos,  ou  seja,  cumprindo  um  tema  anual  de 
intervenção projetual.  
Por fim, as disciplinas obrigatórias são implementadas em conteúdos semestrais de 15, 30 ou 
45 horas/aula, quando instrumentais/conceituais e até 75 horas/aula, quando de integração,  Neste semestre de 2014.2, completa‐se cinco anos de implantação do PPC, quando forma‐se 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  227   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  228 

a  primeira  turma  desta  nova  estrutura  curricular.  Fecha‐se,  assim,  um  ciclo  completo  de   a interdisciplinaridade e  
experimentações e podem‐se fazer avaliações preliminares globais das práticas e dinâmicas 
 a aprendizagem baseada em problemas.  
pedagógicas  que  o  novo  PPC  vem  imprimindo  dentro  do  Curso.  Como  as  disciplinas,  os 
momentos de integração veem amadurecendo, assim como o processo de integração como  A primeira diretriz teórico‐metodológica – a indissociabilidade dos problemas espaciais da 
um  todo,  pois  a  cada  semestre  consegue‐se  obter  melhores  resultados,  evidenciados  pela  cidade,  da  paisagem  e  do  edifício  –  pressupõe  que  a  maioria  dos  problemas  encontrados 
qualidade dos trabalhos dos alunos e pelas discussões acadêmicas entre os professores, que  nas cidades é fruto da qualidade inapropriada dos próprios espaços destinados ao convívio e 
já  conseguem  solicitar  intervenções  específicas  de  uma  matéria  sobre  outra  para  se  obter  moradia, pois quase sempre são dissociados da cultura do cidadão que vai utilizá‐lo, como já 
resultados específicos, para se eliminar problemas identificados no processo pedagógico ou  detectado por Artigas (2004), Coelho Netto (1999), Rasmunssen (1998), entre outros. Sentiu‐
para se testar determinada abordagem ou técnica.   se,  assim,  a  necessidade  de  reavaliar  os  conteúdos  e  as  práticas  pedagógicas  que  estavam 
sendo  perpetuados  dentro  do  Curso  visando  buscar  uma  nova  forma  de  apreensão, 
A matéria de Informática aplicada à Arquitetura e Urbanismo insere‐se no PPC2010 no grupo 
problematização, proposição e de resolução dos problemas espaciais.  
“instrumental”  e  é  composta  por  três  disciplinas  obrigatórias:  Informática  aplicada  à 
Arquitetura e Urbanismo I, II e III. A primeira (InfoAU I), com 30 horas/aulas no 1º semestre,  Considerando‐se, ainda, que há uma interligação direta dos problemas urbanos, paisagísticos 
a segunda e a terceira (InfoAU II e InfoAU III) com 15 horas/aulas cada, no 3º e 5º semestres  e  arquitetônicos  na  forma  de  viver  de  uma  sociedade,  percebeu‐se  que  os 
respectivamente.  arquitetos/urbanistas deveriam estar em ligação direta com a cultura e a população de onde 
atuarão.  Portanto,  no  novo  currículo  tornou‐se  de  importância  vital  integrar  a  educação 
Complementarmente,  para  novas  investigações  e  aprofundamento  dos  conceitos  formal do arquiteto/urbanista com a vivência da cidade. Formação voltada a uma realidade 
trabalhados  nas  obrigatórias,  são  ofertadas  eletivas  intituladas  “Tópicos  Especiais  em 
socioambiental,  tomando  como  indissociável  os  problemas  públicos  (cidade)  e  os  privados 
Informática aplicada a Arquitetura e Urbanismo”, com 45 horas/aula cada.  
(edifícios)  buscando  melhorar  a  forma  de  viver  dos  indivíduos  e,  por  consequência,  a 
Esse  artigo  aborda as experiências das disciplinas  obrigatórias (InfoAU  I, InfoAU  II e InfoAU  intervenção  cultural  do  arquiteto‐urbanista  na  contemporaneidade.  Desse  modo,  além  de 
III),  de  2012.2  a  2014.1.  No  período  de  2010.1  a  2012.2  os  conteúdos  disciplinares  e  reforçar  a  importância  do  trabalho  desse  profissional,  incrementa‐se  um  novo  perfil  como 
procedimentos  didáticos  de  InfoAU  I  se  mantiveram  muito  próximos  da  disciplina  do  gestor de processos que “projeta para o futuro e prepara o contexto urbano, para um longo e 
currículo  anterior  (Perfil  8103),  denominada  “Introdução  à  Computação  Gráfica”.  Somente  demorado funcionamento, o qual deve ser flexível a improvisações” (RASMUNSSEN, 1998). 
em 2012.2, com a composição de professores da matéria via concurso público, iniciaram‐se  No PPC2010 assume‐se que a atuação do arquiteto‐urbanista sempre deverá estar 
as experimentações nas disciplinas de InfoAU I, InfoAU II e InfoAU III. 
interligada a um contexto social, pois segundo Führ, Dias, Dias (2014, p.165): 
Toma‐se  por  premissa  que  o  problema  projetual  integrado  está  relacionado  diretamente  à 
construção e à manipulação de modelos digitais de representação de cidades inteiras ou de  [...]  ao  se  propor  um  projeto  arquitetônico  deve‐se  levar  em  conta que  o  mesmo 
interiores  de  edifícios  e  que  há  mais  de  30  anos  se  vem  gerando  dados  digitais  sobre  as  possui  um  contexto  urbano  e  ao  ser  implantado  influenciará  não  só  na  paisagem 
local,  mas  também  na  forma  como  as  pessoas  vivem.  Sendo  assim,  nota‐se  a 
cidades  em  vários  tipos  de  sistemas  de  informação  computacionais  (tais  como:  CAD  ‐  importância  do  papel  do arquiteto  na vida da  sociedade  e  o  conhecimento  que  o 
Computer  Aided  Design;  BIM  ‐  Building  Information  Model;  GIS  ‐  Geographic  Information  mesmo  deve  possuir.  Entre  esses  conhecimentos  estão  questões  relativas  ao 
System  ou  modelos  aplicados  ao  Conforto  Ambiental,  à  Morfologia,  à  Tectônica,  etc);  as  significado  da  arquitetura,  o  processo  projetual,  tanto  arquitetônico  como 
disciplinas da matéria de INFOAU vêm trabalhando com um ou mais tipos destes sistemas de  urbanístico e paisagístico, e a função que os mesmos terão na sociedade.  
informação, de bases específicas: geométrica, geográfica, topológica ou semântica, adotando  Na  matriz  curricular  do  novo  Curso,  o  ensino  indissociável  do  problema  espacial  do 
o  uso  crítico  de  programas  que  implementam  tais  abordagens,  fazendo  experimentações  urbano/paisagem/edifício  é  efetivamente  concretizado  tendo‐se  como  centralidade  o 
pedagógicas  para  conscientizar  seus  alunos  sobre  esse  contexto  e  se  obter  a  melhor  projeto  integrado  a  ser  desenvolvido  em  um  ano  letivo  (com  níveis  diferentes  de 
integração e reutilização destes dados digitais.   aprofundamento  e  intervenção  em  cada  semestre),  sendo  de  responsabilidade  das 
disciplinas  de  “Projeto  de  Arquitetura,  Urbanismo  e  Paisagismo”,  para  a  qual  devem 
convergir  as  demais  disciplinas  de  acordo  com  sua  natureza  (instrumental,  conceitual).  O 
2 O CONTEXTO METODOLÓGICO DO PPC2010 projeto integrado deve corresponder a um desafio concreto, identificado, problematizado e 
desenvolvido,  relacionado  a  uma  área  da  cidade  do  Recife  ou  de  cidade  da  sua  região 
Do  ponto  de  vista  teórico‐metodológico,  o  PPC2010  procura  que,  desde  o  início  da  sua 
metropolitana. 
formação acadêmica, o estudante desenvolva leitura e compreensão crítica da cidade, sob as 
óticas  da  paisagem,  do  urbanismo  e  da  arquitetura  em  uma  educação  proativa,  integrada,  Ressalta‐se,  ainda,  que  a  busca  pelo  ensino  indissociável  do  problema  espacial  do 
flexível, vivenciada e de qualidade. Para tanto, se fundamenta em três diretrizes principais,  urbano/paisagem/edifício,  está  associada  a  uma  constante  pesquisa  dentro  da  própria 
de maneira a possibilitar a formação a que se propõe, ou seja:   graduação,  formalizada  pelas  disciplinas  de  Métodos  e  Pesquisas  I,  II,  III  e  IV,  diretamente 
relacionadas  a  cada  tema  de  atuação  anual,  onde  buscam‐se  teorias,  estratégias  de 
 a indissociabilidade do problema projetual da cidade/paisagem/edifício, 
investigação,  de  formulação  de  conceitos  e  métodos  para  contextualizar  da  maneira  mais 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  229   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  230 

adequada  as  propostas  de  intervenções  integradas,  de  forma  a  funcionarem  não  só  como  o  deslocamento  do  aluno  para  o  centro  do  processo  educativo,  dando‐lhe  autonomia  e 
paisagem  urbana,  mas  para  serem  passíveis  de  apropriação  pelos  usuários  que  as  responsabilidade  pela  aprendizagem.  Um  processo  que  se  desenvolve  através  da 
vivenciarão.  identificação  e  análise  de  problemas,  da  capacidade  de  elaborar  questões  e  procurar 
informações  para  ampliá‐las  e  respondê‐las,  criando‐se  um  ciclo  onde  novas  questões são, 
A discussão sobre interdisciplinaridade remonta a meados do século passado, surgindo pela 
crítica à compartimentalização  do conhecimento,  com origem no pensamento moderno de  naturalmente,  levantadas,  e  novos  processos  de  aprendizagem  e  de  problematização  são 
tendência  positivista  em  cujas  raízes  estão  o  empirismo,  o  naturalismo  e  o  mecanicismo  desenvolvidos (ARAÚJO e SASTRE, 1999). 
científico.   Diversas  teorias  e  filosofias  educacionais,  que  compreendem  a  aprendizagem  como  a 
Segundo Thiessen (2008),   construção  de  novos  conhecimentos  sobre  a  base  de  conhecimentos  atuais,  podem  ser 
conectadas  à  ABP,  como  as  derivadas  das  ideias  e  perspectivas  de  Dewey 
A  discussão  sobre  a  temática  da  interdisciplinaridade  tem  sido  tratada  por  dois  (Pragmatismo/Instrumentalismo) e Brunner (Instrumentalismo Evolucionista). 
grandes  enfoques:  o  epistemológico  e  o  pedagógico,  ambos  abarcando  conceitos 
diversos  e  muitas  vezes  complementares.  No  campo  da  epistemologia,  toma‐se 
Moesby (2009) apresenta uma taxonomia da implementação da ABP que permite observar 
como categorias para seu estudo o conhecimento em seus aspectos de produção,  os  diferentes  estágios  que  a  abordagem  pode  ser  utilizada.  Para  o  autor,  a  ABP  pode  se 
reconstrução  e  socialização;  a  ciência  e  seus  paradigmas;  e  o  método  como  realizar em três níveis: individual, sistema/grupo e institucional.  
mediação  entre  o  sujeito  e  a  realidade.  Pelo  enfoque  pedagógico,  discutem‐se 
fundamentalmente  questões  de  natureza curricular, de ensino  e de aprendizagem  O nível individual caracteriza‐se por ser uma nova prática no marco do sistema educacional; 
escolar.   por relacionar‐se com a educação de cada professor e, assim, configurar‐se como “pessoal”; 
e por não haver mudanças no sistema de avaliação. 
A  segunda  diretriz  teórico‐metodológica  do  PPC2010  –  interdisciplinaridade  –  objetiva 
superar  o  caráter  compartimentalizado  do  conhecimento  arquitetônico‐urbanístico  na  As principais características do nível sistema/grupo é a indução à mudança nos objetivos das 
formação acadêmica. Embora, mantendo‐se as disciplinas, busca‐se a interdisciplinaridade a  disciplinas;  nos  métodos  de  ensino  e  aprendizagem;  e  nos  sistemas  de  avaliação  da 
partir  do  processo  de  projeto  integrado  a  ser  desenvolvido  no  ano,  nos  dois  semestres  organização. 
letivos, nas disciplinas de Projeto, conforme registrado anteriormente.  Já  no  nível  institucional  as  mudanças  atingem  a  estrutura  da  organização  como  um  todo, 
Como afirma Fazenda (1996, 2003, 2008), a interdisciplinaridade pode permear as fronteiras  abrangendo a proposta educacional. 
disciplinares,  integrando  saberes.  No  caso  do  PPC2010,  cada  disciplina  tem  seu  “saber”  Considera‐se  que  a  adoção  da  ABP  pelo  PPC2010,  embora  objetive  o  nível  sistema/grupo, 
específico, porém relacionados e convergentes, e como base teórica ou procedimentos para  ainda apresenta  abordagens  didático‐pedagógicas tradicionais  em  muitas  disciplinas.  Assim 
o estudante resolver o problema projetual proposto. Segundo Nicolini (2001, p.7) citado por  como o trabalho interdisciplinar, a ABP exige mudanças de práticas sedimentadas e avaliação 
Telles  e  Guevara  (2011),  “o  problema  fundamental  dos  currículos  não  é  a  ordenação  das  permanente. Acredita‐se que a partir da conclusão da implantação do PPC2010 em 2014.2, 
matérias que o compõem. É a interrelação entre elas.”  se possam envidar esforços na concretização mais satisfatória de sua proposta metodológica. 
No  PPC2010,  esta  interrelação  deve  ser  proporcionada  pela  figura  do  Coordenador  Anual, 
pessoa  ligada  diretamente  a  uma  disciplina  de  um  dos  semestres  do  enfoque  de  atuação  3 MODELOS DIGITAIS DE REPRESENTAÇÃO PROJETUAL EM
anual (via de regra da disciplina de Projeto), como apoio direto à Coordenação do Curso no 
ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO: ANTECEDENTES E
planejamento e acompanhamento das turmas dos semestres letivos daquela fase anual em 
questão.   ATUALIDADE

A aprendizagem baseada em problema (ABP) – terceira diretriz teórico‐metodológica –, em  A  disponibilidade  dos  dispositivos  computacionais  (hardware  e  software)  direcionados  à 


paralelo, deve conduzir a metodologia das disciplinas e, em especial, da disciplina de Projeto,  prática  projetual  em  arquitetura,  urbanismo  e  paisagismo  tem  provocado  mudanças  na 
para  o  protagonismo  do  estudante  no  processo  de  aprendizagem,  fundamentalmente  por  projetação  ao  longo  dos  últimos  30  anos.  Inicialmente,  com  emprego  predominante  na 
proporcionar ambiente, processos e instrumentos para que ele “aprenda a aprender”.  representação  gráfica,  possibilitou  o  aumento  de  produtividade  por  automatização  do 
desenho, reconfiguração das atribuições de membros das equipes projetuais, novas formas 
O PPC2010 explicita o desafio de tornar a interdisciplinaridade e a aprendizagem baseada em  de organização das informações de projeto e do compartilhamento das mesmas, etc.  
problemas uma prática individual e coletiva, assim como cotidiana e permanente. 
Mais recentemente, como resultado da evolução dos programas para as áreas de arquitetura 
A  ABP  constitui‐se  em  uma  expressão  que  abrange  diferentes  enfoques  do  ensino  e  da  e construção, e de urbanismo, a representação gráfica digital vem colocando em discussão a 
aprendizagem,  podendo‐se  referir  a  conceitos  didáticos  pautados  apenas  na  resolução  de  necessidade  de  adoção  de  novas  e  específicas  metodologias  projetuais,  baseadas  na 
problemas  ou  a  conceitos  que  combinem  a  abordagem  pedagógica  tradicional  com  a  modelagem  de  informação,  visto  que  se  atingiu  novo  patamar,  no  qual  a  representação 
resolução de problemas através do trabalho com projetos (ENEMARK e KJAERSDAM, 2009).  gráfica  é  um  dos  tipos  de  informação  do  modelo  digital,  configurando‐se,  também,  como 
Porém, em que pese as diferentes variações e abordagens, a ABP tem por eixo fundamental  uma instância de visualização do mesmo.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Superando  a  fase  inicial  de  emprego  de  ferramentas  digitais  para  desenho  e  projeto  fundamental  está  no  auxílio  à  tomada  de  decisões,  pois  o  SIG  permite  que  seus  usuários 
(programas  Computer  Aided  Design  –  CAD),  denominadas  CAD  2D,  por  meio  das  quais  se  possam visualizar e melhorar dados georreferenciados, tornando‐os mais flexíveis e fáceis de 
manteve  o  procedimento  projetual  e  transferiu‐se  para  o  instrumento  computacional  a  interpretar de modo que tomadas de decisões orientadas possam ser feitas para resoluções 
tarefa  de  representação,  chegou‐se  à  segunda  fase  com  o  uso  da  modelagem  geométrica  de problemas.  
tridimensional. Entretanto, o modelo 3D foi empregado principalmente como representação  As  informações  georreferenciadas  estão  influenciando  quase  tudo  e,  consequentemente, 
perspectiva, possibilitando a visualização do projeto muito próxima ao que seria construído e  mudando  a  nossa  forma  de  pensar,  agir  e  interagir.  A  junção  de  informações  obtidas  por 
funcionando  com  muito  êxito  no  processo  de  comunicação  entre  projetistas  e  clientes, 
satélites e as tecnologias baseadas em localização vêm criando uma base de conhecimento 
devido  à  dificuldade  destes  últimos  em  compreender  as  representações  arquitetônicas  geográfico  mundial,  vital  para  a  resolução  de  inúmeros  problemas  sociais  e  ambientais  da 
sistematizadas e normatizadas, em plantas, cortes e elevações. 
comunidade  global  interconectada.  Auxiliando,  por  exemplo,  no  combate  à  mudança 
Na  medida  em  que  as  ferramentas  para  modelagem  3D  passaram  a  agregar  avanços  da  climática,  no  monitoramento  de  doenças,  no  socorro  global  em  grandes  catástrofes,  no 
Ciência da Computação como, por exemplo, melhor desempenho da tecnologia orientada a  mapeamento  de  populações  em  todos  os  continentes,  países  e  comunidades  e  até 
objetos, melhor controle de versões de arquivos, potencializou‐se o trabalho colaborativo e  orientando as viagens pessoais. 
as possibilidades de agregar diversas mídias de informações, obtendo melhor controle de seu 
As  TICs  e  as  Tecnologias  baseadas  em  Localização  também  estão  modificando  as  cidades, 
gerenciamento.  Chegou‐se  à  categoria  de  “CAD  dedicados”,  dando‐se  os  primeiros  passos 
pois  não  só  passaram  a  exigir  transparência  dos  governos  (informando  o  planejamento,  a 
para  o  desenvolvimento  das  ferramentas  de  modelagem  de  informação  da  construção 
forma de execução e os gastos de suas ações nas cidades), mas, também, transferindo mais 
(Building  Information  Modeling  –  BIM)  e,  em  paralelo,  a  configuração  de  uma  nova 
poder  e  responsabilidade  aos cidadãos  sobre  a  gestão  da cidade. O cidadão  e  os  governos 
metodologia  de  projeto.  A  característica  principal  desta  metodologia  é  a  geração,  podem trabalhar em parceria para melhorar os problemas urbanos, beneficiando ambos. O 
manipulação, compartilhamento e rastreabilidade da informação ao longo do ciclo produtivo 
indivíduo tem o poder e o governo recebe feedback sobre o que precisa ser feito. 
e construtivo dos produtos (incluindo aí o ambiente construído). 
Não  desconsiderando  o  papel  central  das  representações  projetuais  tradicionais,  haja  vista 
Hoje, baseado no processo de simulação construtiva, a projetação em arquitetura pode ser 
seu  potencial  inquestionável  de  desenvolvimento  da  percepção  visioespacial  e  do 
realizada  em  ambiente  computacional,  com  a  elaboração,  desenvolvimento  e  simulações 
pensamento projetual, os modelos digitais – sejam modelos geométricos tridimensionais ou 
diversas do objeto antes do início da construção no canteiro. 
modelos georreferenciados – tornaram‐se imprescindíveis como instrumento projetual, cuja 
As inovações digitais da “era da informação”, a partir do advento da internet estendendo‐se  função  mediadora  entre  o  projetista  e  o  problema  ganhou  possibilidades  que  para  a 
até  os  atuais  telefones  inteligentes,  conhecidas  como  Tecnologias  de  Informação  e  representação projetual tradicional seria muito trabalhosa e difícil. E porque não afirmar, a 
Comunicação (TIC) vêm imprimindo uma nova realidade às informações associando‐as a sua  impossibilidade de serem viabilizadas, visualizadas e socializadas com toda a comunidade. 
localização geográfica, redefinindo conceitos, dinâmicas e as relações entre estes.  E, ainda, devido à variedade destes modelos digitais de representação e do vasto campo de 
Dentre  as  TICs,  os  Sistemas  de  Informação  Geográfica  (SIG),  oriundos  da  década  de  60  e  aplicação de cada um deles é muito complicado a unificação dos mesmos. De forma que, os 
usados  inicialmente  por  governos  e  empresas,  agora  estão  disponíveis  para  milhões  de  programas  ainda  centram  em  responder  a  problemas  específicos,  em  vez  de  fazer 
internautas  e  oferecem  mapas  digitais  e  informações  associadas  a  eles  (informações  aproximações  genéricas  que  permitiriam  qualquer  tipo  de  simulação  para  uma  tomada  de 
georreferenciadas)  por  meio  de  dispositivos  eletrônicos  móveis,  tablets  ou  smartphones,  decisão mais precisa sobre problemas projetuais integrados da cidade.  
contendo variadas aplicações e receptores de GPS (Global Positioning System). Assim, os SIGs 
Várias  formas  de  integração  destes  modelos  têm  sido  estudadas,  se  vem  testando  desde 
vêm se expandindo e desenvolvendo técnicas e ferramentas compondo uma nova tecnologia  tipos de arquivos de saída que permitam a interoperabilidade entre as informações geradas 
baseada  em  localização  para  coletar,  armazenar,  formatar  e  distribuir  informações 
entre  os  vários  programas  de  modelagem  até  a  criação  de  novos  programas  que 
georreferenciadas. 
implementam modelos de representação híbridos. (PRIETO, IZKARA e EGUSQUIZA, 2013) 
Tecnologias  e  projetos  como  o  Google  Maps,  Google  Earth  e  OpenStreetMaps  Internet  são 
Este contexto se torna mais crítico, quando ao se analisar qualquer plataforma de sistemas 
bons exemplos desse fenômeno e dependem de SIG para a geração de mapas. Através destas  de  informação  (CAD,  BIM,  GIS  ou  modelos  personalizados  para  morfologia,  conforto 
ferramentas  on‐line  gratuitas,  os  usuários  são  capazes  de  acessar  a  mapas  e  modelar  as 
ambiental,  tectônica,  etc),  os  modelos  digitais  não  são  gerados  automaticamente  e 
informações  georreferenciadas  do  SIG  para  obter  mapas  interativos  que  exibem,  por  independente  de  sua  aplicação,  a  grande  maioria  permanece  tendo  a  necessidade  de  se 
exemplo, efeitos do aquecimento global, os museus de arte no mundo todo ou as farmácias 
estruturar  formas  para  extrair  informações  semânticas  deles  (ALVARADO  e  FERNANDEZ, 
que estão mais próximas de sua localização atual.  
2011). 
Os  mapas  digitais  atuais  não  são  mais  só  para  orientação  (obter  direções  para  um 
O  que  se  observa,  portanto,  é  que  a  modelagem  digital  constitui‐se  em  fundamento  das 
determinado  lugar)  ou  registro.  Com  a  tecnologia  baseada  em  localização,  podem‐se  ferramentas digitais aplicadas à AUP, em diferentes níveis de complexidade. Da modelagem 
atualizar continuamente os mapas, registrando suas mudanças ao longo do tempo, ajudando 
3D à modelagem de dados para composição de um SIG, o maior potencial da tecnologia só é 
a  contar  a  história  de  uma  comunidade,  de  uma  cidade.  Contudo,  sua  importância 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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melhor explorado com a compreensão do poder da modelagem computacional. O contexto  contabilizando as 60 horas mínimas exigidas pela legislação. (RÊGO, 2011) 
projetual passa, portanto, a exigir novo comportamento organizacional dos projetistas para 
Compreendendo a necessidade de desenvolver a percepção visioespacial do estudante logo 
lidar eficaz e eficientemente com a quantidade de dados e de informações envolvidas, para  no início do curso e considerando que o estudo e representação de formas tridimensionais 
aproveitá‐los  de  maneira  plena  e  é  neste  sentido  que  as  disciplinas  da  Matéria  de  InfoAU 
são mais adequados para tal, o PPC2010 inverte a sequência tradicionalmente adotada nas 
vêm atuando.  matrizes  curriculares  dos  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo,  trazendo  para  o  primeiro 
semestre  o  estudo  das  representações  tridimensionais,  tanto  nas  disciplinas  de  geometria, 
quanto nas de InfoAU. 
4 AS EXPERIÊNCIAS DAS DISCIPLINAS DE INFORMÁTICA
InfoAU  I,  primeira  disciplina  da  matéria,  tem  por  objetivo  geral  contribuir  para  o 
APLICADA À ARQUITETURA E URBANISMO NO PPC2010: desenvolvimento da percepção visioespacial do aluno, por meio do emprego de modelagem 
geométrica  tridimensional  (CAD).  A  partir  de  2014.1,  acrescentou‐se  a  modelagem 
DIFICULDADES, ACERTOS E DESAFIOS
georreferenciada, mas ainda com programas específicos para etapas específicas do processo 
A  introdução  das  disciplinas  de  informática  aplicada  (InfoAU)  nos  cursos  de  arquitetura  e  projetual integrado. 
urbanismo,  por  efeito  da  Portaria  MEC  n°  1770  de  21/12/94,  repercutiu  diretamente  nas 
Para  a  disciplina  de  InfoAU  II,  no  terceiro  semestre,  definiu‐se  como  foco  central  a 
disciplinas  de  desenho,  uma  vez  que  as  ferramentas  digitais  eram  compreendidas  apenas 
compreensão  da  necessidade  e  importância  da  gestão  da  informação  em  ambientes 
como instrumento de representação. Segundo Porto Carreiro (2007), o contexto da inserção 
computacionais  de  projeto,  onde  os  estudantes  desenvolvem  formas  de  organização, 
da matéria de InfoAU nos CAUs brasileiros é preocupante, pois apesar da força de lei existir 
nomeação e armazenamento de pastas e arquivos, de acordo com uma situação real. Ocorre 
desde 1994: 
 
a  compreensão  da  abordagem  BIM  e  da  necessidade  de  gestão  de  informação  anterior  ao 
uso  de  qualquer  programa  que  implemente  esta  tecnologia.            Ferramentas  manuais  e 
 As preconizações oficiais para a utilização da informática em AU subestimavam o seu 
computacionais são usadas para explicitação do volume de informação e da necessidade de 
uso ao apoio instrumental para o desenho de projetos, além de agravar a distorção 
gestão das mesmas dentro do processo projetual integrado.  
atribuída ao uso do computador às perdas de habilidades perceptivas e motoras; 
Já a disciplina de InfoAU III, no quinto semestre, introduz‐se conceitos, princípios e técnicas 
 Nos  CAUs  brasileiros,  os  discentes  continuaram  a  aprender  a  projetar  por  meio  de 
de  modelagem  e  simulação  computacional  da  Ciência  da  Computação,  mas  centra‐se  na 
desenhos,  acrescido  de  uma  subutilização  da  matéria  de  InfoAU  centrando‐se  na 
compreensão  da  sua  aplicação  em  arquitetura,  urbanismo  e  paisagismo,  como  forma  de 
representação gráfica, dissociada da concepção de projetos; 
apoiar o processo projetual integrado. Especificamente, se vem trabalhando a aplicação da 
 A existência de visões segmentadas do uso da informática em AU e a inexistência de  modelagem  e  simulação  computacional  georreferenciada,  usando  um  SIG  e 
um  documento  oficial  orientador  da  inserção  de  InfoAU  nos  CAUs  gera  uma  instrumentalizando o aluno a identificar, desenvolver e modelar problemas de análise e/ou 
irregularidade da matéria quanto a conteúdo mínimo e formas eficazes de integração  soluções projetuais solicitadas em disciplinas conceituais ou propriamente em disciplinas de 
às demais matérias.  Projeto. 
Nesse  contexto,  suprimiram‐se  e/ou  reduziram‐se  disciplinas  de  desenho  e/ou  suas  cargas 
horárias,  substituíram‐se  salas  de  pranchetas  por  laboratórios  com  computadores  e pôs‐se  4.1 INFO AU I 
em dúvida o papel e importância dos professores de geometria e desenho técnico.   Com a implantação do PPC2010 a primeira dificuldade encontrada para InfoAU I foi o ajuste 
Para  as  duas  matérias  (geometria  e  informática  aplicada)  estabeleceu‐se  um  vínculo  do  conteúdo  à  carga  horária  sem  comprometer  o  objetivo  de  contribuir  para  o 
equivocado, sendo as disciplinas de InfoAU assumidas por departamentos ou professores de  desenvolvimento da percepção visioespacial do estudante calouro. Cabe registrar que no 1º 
desenho, em muitos cursos de arquitetura e urbanismo do Brasil. A reboque desse processo  semestre também são cursadas as disciplinas de “desenho de observação” e de “geometria 
muitos departamentos de desenho mudaram de nome para “expressão gráfica”, assim como  gráfica 3D I” convergindo para esse objetivo. 
as disciplinas, com objetivo de ampliar o desenho para todas as possibilidades instrumentais  Desenvolvendo  as  primeiras  experiências,  ainda  muito  associada  à  prática  anterior  de 
de sua elaboração.   disciplina  de  mesmo  conteúdo,  a  partir  de  2012.2  reformularam‐se  os  procedimentos 
Natural,  portanto,  que  se  seguisse  a  mesma  lógica  de  estruturação  dos  conteúdos  das  didático‐pedagógicos  de  InfoAU  I  de  maneira  a  estabelecer  maior  vínculo  com  Projeto  I, 
disciplinas de geometria e desenho técnico para as disciplinas de InfoAU. Ou seja, primeiro o  associando  o  desenvolvimento  visioespacial  e  a  representação  tridimensional  ao  contexto 
estudo  e  representação  de  formas  bidimensionais,  seguindo‐se  o  mesmo  para  formas  indissociável da paisagem, do urbano e do edifício. 
tridimensionais.   Nessa abordagem,  adotou‐se  a  modelagem  geométrica  3D em  exercícios  de  representação 
A primeira disciplina de InfoAU geralmente nomeada de “CAD 2D”, a ser cumprida a partir do  de  um  contexto  urbano  hipotético,  composto  por  quadras  e  edificações  de  diferentes 
4º  semestre  na  maioria  dos  cursos,  e  o  “CAD  3D”  no  semestre  seguinte  ou  mais  adiante,  tipologias, permitindo que o estudante compreendesse as diferentes escalas e características 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  235   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  236 

representacionais específicas das mesmas.  Figura 4: Mapas temáticos da Morfologia dos Loteamentos e do Uso do Solo do Portal Norte do Bairro da Várzea‐Recife, 
respectivamente. 
A partir da avaliação dos resultados obtidos e do próprio procedimento didático‐pedagógico 
concluiu‐se que a interdisciplinaridade ainda deixava a desejar e a ABP não estava presente. 
Ou  seja,  das  três  diretrizes  teórico‐metodológicas  apenas  uma  (indissociabilidade  dos 
problemas espaciais da cidade, da paisagem e do edifício) estava presente. 
Buscando praticar a segunda diretriz teórico‐metodológica (interdisciplinaridade), passou‐se 
a ampliar a representação tridimensional com a modelagem 3D da área de estudo definida 
em  Projeto  I.  Com  isso  os  estudantes  puderam  perceber  melhor  o  espaço  urbano‐
paisagístico de intervenção e a importância dos diferentes tipos de representação projetual, 
associando o modelo 3D da área à maquete e aos desenhos de observação realizados. 
Esse  procedimento  esboçou  as  premissas  para  a  prática  da  terceira  diretriz  teórico‐  
metodológica  (ABP),  uma  vez  que  se  pôde  observar  o  surgimento  de  questões  específicas 
Fonte: Turma da Disciplina de InfoAU I, 2014.1. 
para  a  realização  da  representação  tridimensional  da  área  e  a  necessidade  dos  estudantes 
buscarem soluções para as mesmas, discutirem sua viabilidade com professores e monitores,  Os mapas temáticos georreferenciados de todas as equipes podem ser acessados e através 
além de construírem um percurso próprio para lidar com a resolução do problema.  deles foi socializado todo o conhecimento produzido pela turma. (Quadro 1) 
No processo contínuo de avaliação das experiências didático‐pedagógicas, compreendeu‐se   
que  InfoAU  I  poderia  ter  um  trabalho  ainda  mais  interdisciplinar,  desenvolvendo  a  Quadro 1 – Links para os Mapas temáticos georreferenciados feitos colaborativamente  
representação de dados e de informações de diagnóstico da área de estudo de Projeto I, por  do Bairro da Vázea‐Recife 
meio de mapas georrefereciados.  
G01_InfoAU01_História‐Da‐Ocupação: 
Dessa forma, os  conteúdos tratados nas disciplinas de Métodos  e  Técnicas de Pesquisa  em  https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zemUV7dGXgnI.kB2EE1Im30Hk 
Arquitetura,  Urbanismo  e  Paisagismo  I,  Estudos  Sócio  Econômicos  e  Ambientais  I  e  G02_InfoAU01_Infraestrutura:  
Planejamento Urbano I, que são sintetizados em mapas temáticos para subsidiar as análises  https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zbvj6Tyf9NH8.ky875m5h3IEs 
da  área,  foram  reunidos  em  mapas  georreferenciados,  ampliando  as  possibilidades  de  G03_InfoAU01_Morfologia dos loteamentos: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zhIKyWGDaotE.kpHV72mFGtH4 
compreensão  da  área  de  estudo  e  melhor  subsidiando  o  desenvolvimento  da  proposta 
G04_InfoAU01_Uso‐do‐Solo‐Portal‐Norte: 
projetual.   https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=z0VIa80M‐Lic.k_4SCHIzTwF4 
 

G05_ INFOAU01 MAPA USO DE SOLO LADO OESTE: 
Figura 3: Mapas temáticos georreferenciados da História da Ocupação e Instraestrutura do Bairro da Várzea‐Recife,  https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zUN‐XScAYH58.kWy34so0s1cA 
respectivamente. 
G06_InfoAU01_Tipos‐Arquitetonicos: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zDcUBSfV9Mk0.k45gNFvlXab4 
G07_InfoAU01_Gordon‐Cullen: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zuxi2zy3‐2Mc.k7aqx14dl‐KQ 
G08_InfoAU01_apropriação‐social‐do‐espaço: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zT‐IW62L0VRk.k‐IXvZDmUHVQ 
G09_InfoAU01_Espaços‐Públicos: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zASNishXjgIw.kwKWnKAaPG3M 
G10_InfoAU01_Desejos: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zzySduabEtv8.kgNKRW9XvO80 
G11_infoAU01_legislação: 
https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zaR4mM5fd‐ME.kp73ZUY5oMUY

  Fonte: Elaborado pelos autores. 
Fonte: Turma da Disciplina de InfoAU I, 2014.1. 
 
 
 
 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  237   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  238 

Figura 5: Modelagem geométrica 3D feita colaborativamente do Bairro da Vázea‐Recife.  gestão  da  informação  projetual  (princípios  e  procedimentos),  especialmente  no  atual 
contexto da projetação em ambiente computacional. 
O  procedimento  adotado  visando  o  primeiro  objetivo,  explorou  a  elaboração  de  mapas 
mentais  (MM)  como  um  método  gráfico  que  facilita  a  visualização,  a  correlação  e  a 
recuperação de ideias, por meio de mapeamento e organização de informações não‐lineares, 
visuais  e  de  forma  radial  (BUZAN,  1996).  Os  alunos  elaboraram  MMs  retrospectivos  de 
processos  projetuais  já  desenvolvidos  em  semestres  anteriores  buscando  recuperar  e 
compreender como chegaram à proposta final e, também, quais as informações e conteúdos 
   
das várias disciplinas mais contribuíram ou influenciaram no projeto. 
Fonte: Turma da Disciplina de InfoAU I, 2014.1. 
Optou‐se pelo emprego do programa Prezi para exploração de MMs em meio digital, a partir 
Os produtos dessa experiência (Figuras 3, 4, 5), mesmo com alguns problemas especialmente  da identificação de recursos que permitem: (a) disposição de informações de várias mídias 
no modelo 3D da área, subsidiou a disciplina de Projeto I de uma maneira inédita. E, avalia‐se  (especialmente  imagens)  em  um  espaço  virtual  dito  ilimitado;  (b)  flexibilidade  de 
que  a  ampliação  da  representação  da  área  com  os  mapas  temáticos  georreferenciados  interconexão destas informações; (c) inserção de informações sem nenhuma regra prévia e 
proporciona  mais  um  instrumento  mediador  para  a  projetação,  facilitando  o  processo  de  (d)  recuperação  de  informações  orientada  pelo  usuário.  Mesmo  sendo  um  software  para 
reflexão‐na‐ação  (SCHÖN,  2000)  do  estudante  no  contexto  da  indissociabilidade  entre  os  apresentação, considerou‐se que estaria melhor adequado à experiência que os programas 
espaços  da  paisagem,  do  urbano  e  do  edifício  e  suas  relações  sócio‐econômico‐ambiental‐ típicos para elaboração de MMs que  exigem uma categorização e hierarquização inicial da 
culturais.  informação para sua inserção e futura rastreabilidade.  
A  adoção  de  ferramentas  computacionais  de  fácil  aprendizado  (SketchUp  e  Google  Maps  A partir da reflexão sobre o emprego das informações projetuais, a disciplina aprofundou a 
Engine  Lite)  foi  fundamental  para  o  desenvolvimento  da  abordagem  didático‐pedagógica  compreensão  da  projetação  como  processo  de  gestão  da  informação,  destacando  os 
visto a carga horária de 30 horas/aula. Instruções básicas são dadas aos estudantes e esses  fundamentos  de  armazenamento,  organização  e  compartilhamento  de  informação  em 
passam a ser responsáveis pelo domínio dos programas, a partir das necessidades específicas  ambiente computacional. 
para resolução do problema de representação. 
A realização dessa experiência pedagógica, com caráter exploratório, atingiu os objetivos de 
Paralelamente,  compreendem  a  importância  do  trabalho  colaborativo  no  ambiente  provocar  no  estudante  a  reflexão  do  processo  projetual  e  da  importância  da  gestão  de 
computacional de projeto e a necessidade de organização das informações para um eficiente  informação. Gestão, essa, especialmente exigida quando a projetação se realiza em ambiente 
trabalho  de  gestão  das  mesmas.  Dessa  maneira,  a  disciplina  prepara  o  estudante  para  as  computacional. Essa constatação se  apoia  na  observação dos  MMs  e  no  acompanhamento 
disciplinas obrigatórias seguintes.  dos estudantes em sala de aula1. 
  Identificando  a  dificuldade  dos  estudantes  em  fundamentos  básicos  da  gestão  da 
informação, como nomeação pastas e arquivos, uso de arquivos padrão com configurações 
4.2 INFO AU II 
específicas,  registro  de  versões  de  arquivos,  entre  outros,  as  experiências  de  2013.1  em 
O  emprego  de  sistema  de  gestão  da  informação  em  ambiente  computacional  de  projeto  diante têm focado mais especificamente na gestão da informação. O trabalho com MMs está 
pressupõe  a  compreensão  do  processo  projetual,  incluindo  as  etapas  adotadas,  as  sendo  reavaliado  quanto  à  melhor  maneira  e  momento  de  inseri‐lo  como  instrumento  de 
atribuições dos membros da equipe, as TICs disponíveis, entre outras coisas.  reflexão e registro do processo projetual. 
Se, por um lado, as tecnologias computacionais para projetação em AUP facilitaram muitas  Nos últimos três semestres letivos têm‐se desenvolvido exercícios para construção de bases 
tarefas  pela  automatização  das  mesmas,  por  outro  passou  a  exigir  novas  formas  de  de  um  sistema  de  gestão  da  informação.  Considerando  a  carga  horária  de  15h/aula, 
organização da equipe de projeto no tocante aos dados e às informações digitais. Entretanto,  privilegia‐se  a  apreensão  dos  conceitos  envolvidos  na  gestão  da  informação  em  ambiente 
a  gestão  da  informação  projetual  por  meio  de  sistematizações  simples,  ainda  é  uma  computacional,  na  modelagem  de  informação  da  construção  e  no  emprego  de  TICs  para 
dificuldade para muitas empresas e profissionais. Em consequência, perdem‐se informações,  colaboração projetual. Esse conteúdo é sedimentado com a experiência de identificação de 
repetem‐se tarefas, subutilizando a tecnologia disponível.  procedimento de organização, de armazenamento, de nomeação de arquivos e pastas, e de 
No contexto do PPC2010 almeja‐se que o processo projetual seja explícito e consciente, para  uso  de  TICs  para  compartilhamento  de  informação  e  colaboração  projetual  por  uma 
que o aluno possa questioná‐lo e reformulá‐lo. Visando colaborar com esse direcionamento,  empresa/escritório ou setor de projeto em arquitetura, em construção, em urbanismo ou em 
desenvolveu‐se uma experiência didático‐pedagógica em InfoAU II, no semestre 2012.2, com                                                              
os  objetivos:  (a)  despertar  no  aluno  a  importância  de  refletir  sobre  a  projetação  como 
1
processo  de  integração  de  conhecimentos  multidisciplinares;  (b)  discutir  a  importância  de  Detalhes da experiência em PORTO CARREIRO, P.; RÊGO, R. M. (2013) 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  239   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  240 

paisagismo.  forma de organização  das  informações e quais  os  resultados  esperados. Após o projeto, as 


equipes  partiram  para  a  modelagem  do  mapa  georreferenciado  de  acordo  com  o  projeto 
Adota‐se  metodologia  de  pesquisa  para  desenvolvimento  do  exercício,  com  emprego  de 
questionário  semiestruturado  com  membros da  equipe  de projeto,  com  objetivo  de  colher  desenvolvido,  focando  na  simulação  de  respostas  às  questões  projetuais,  como  subsídio 
técnico ou investigativo. 
informações  sobre  o  processo  projetual  (etapas,  informações  geradas,  responsável); 
procedimentos de organização, de armazenamento, de nomeação de arquivos e pastas; uso  Nestes semestres, a identificação do problema a ser resolvido levou os alunos a entenderem 
de  templates  nos  programas  adotados  (especialmente  estruturação  de  camadas  de  a modelagem digital georreferenciada e trabalharem colaborativamente para construção do 
informação); e adoção de TICs no compartilhamento de informação.  modelo.  E,  pela  visualização  online  dos  mapas  houve  a  socialização  dos  trabalhos  das 
diversas  equipes,  o  que  complementou  as  várias  possibilidades  que  cada  uma  identificou 
As informações colhidas são analisadas com base na bibliografia lida e discussões em sala de 
aula,  para  fundamentar  a  proposta  de  sistematização  da  gestão  de  informações.  A  para  modelar  e  simular  dados  georreferenciados  em  questões  relacionadas  ao  processo 
projetual. 
experiência  em  InfoAU  II  já  foi  realizada  em  empresas  diferentes  por  cada  equipe  de 
estudantes  e,  também,  em  uma  mesma  empresa  por  todas  as  equipes.  Avalia‐se  que  o 
contato direto com um ambiente real de projeto e seus profissionais tem proporcionado uma  5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
compreensão maior dos alunos (a maioria dos alunos de 3º período ainda não faz estágio e 
esse  é  um  primeiro  conhecimento  de  uma  empresa  de  projeto)  da  necessidade  de  O  artigo  apresentou  as  experiências  realizadas  nas  disciplinas  obrigatórias  de  Informática 
procedimentos  sistematizados  de  gestão  da  informação.  Os  depoimentos  dos  profissionais  aplicada  à  Arquitetura  e  Urbanismo,  do  CAU  /  UFPE,  no  contexto  da  implantação  do  novo 
registram  as  dificuldades  encontradas  pela  falta  de  um  sistema  de  gestão  da  informação  e  PPC2010  e  de  suas  diretrizes  teórico‐metodológicas  fundadas  em:  indissociabilidade  do 
dos problemas consequentes.  problema  projetual  da  cidade/paisagem/edifício;  interdisciplinaridade  e  aprendizagem 
Considera‐se  que  InfoAU  II  tem  adotado  satisfatoriamente  à  ABP,  mas  ainda  não  responde  baseada  em  problema.  Discutiu  as  potencialidades  de  ferramentas  e  ambientes 
adequadamente  às  diretrizes  teórico‐metodológicas  da  interdisciplinaridade  e  da  computacionais  aplicados  às  áreas  de  arquitetura,  de  urbanismo  e  de  paisagismo, 
indissociabilidade.  Para  tanto,  em  2014.2,  a  disciplina  adotará  como  exercício  a  especialmente o emprego das modelagens geométrica 3D e da georreferenciada. 
sistematização da gestão da informação da disciplina de Projeto III. Dessa forma, espera‐se   

colaborar  com  a  sedimentação  dos  princípios  do  PPC2010  e,  paralelamente,  trabalhar  um  Como principais dificuldades das experiências considerou‐se a necessidade de formulação de 
conteúdo fundamental da matéria.  uma metodologia que reúna de maneira satisfatória as três diretrizes teórico‐metodológicas 
do  PPC2010,  em  especial  uma  melhor  estruturação  de  procedimentos  para  aplicação  da 
 
aprendizagem baseada em problemas. 
 

4.3 INFO AU III 
A  indissociabilidade  do  problema  da  cidade/paisagem/edifício  faz  com  que  se  tente 
A disciplina tenta conscientizar o aluno dos conceitos, princípios e técnicas de modelagem e  contextualizar  os  conteúdos  disciplinares,  explicando‐os  e  conferindo‐os  sentido  no  sítio 
de  simulação  computacional  aplicadas  à  AUP,  como  forma  apoiar  o  processo  projetual  estudado.  Assim,  tais  conteúdos  só  podem  ser  realmente  compreendidos  a  partir  das 
integrado.   interrelações  com  a  dinâmica  do  todo,  revelando  os  múltiplos  elementos  que  precisam 
Em  2013.1,  primeira  vez  em  que  foi  ofertada,  realizou  4  (quatro)  seminários  com  interagir  na  medida  de  sua  integração.  Revela,  assim,  a  existência  de  vários  níveis  da 
especialistas  apresentando  e  discutindo  aplicações  da  modelagem  e  simulação  realidade e  abre possibilidade de visões  diferentes sobre  a mesma. Em suma,  começa‐se a 
computacional  em  Conforto  Ambiental,  Tectônica,  Morfologia  e  Geoprocessamento,  perceber  que  na  dinâmica  pedagógica  gerada  pelo  PPC2010,  os  conteúdos  disciplinares 
respectivamente. Os alunos puderam fazer leitura crítica e construir um relatório sobre uma  começam  a  deixar  de  ser  o  foco  do  ensino  e  próprio  processo  de  construção  do 
destas  áreas,  ressaltando  o  diferencial  no  processo  projetual  com  o  uso  da  modelagem  e  conhecimento torna‐se a essência do Curso. 
simulação  computacional  específica.  Nesse  semestre,  ficaram  evidentes  para  os  alunos  os  Ao  identificarem‐se  a  necessidade  de  formulação  de  metodologia  para  o  trabalho 
diferentes modelos digitais de representação aplicados e a dificuldade de interoperabilidade  colaborativo  de  construção  do  modelo  3D,  as  limitações  para  elaboração  dos  mapas 
entre eles.  georreferenciados  ou  as  dificuldades  de  elaboração  de  sistema  de  gestão  da  informação 
A partir de 2013.2, vem‐se explorando ferramentas, técnicas, tecnologias desenvolvidas para  projetual, evidenciou‐se a reflexão‐na‐ação e ressaltaram‐se as especificidades de ambientes 
a gestão de informação georreferenciadas, usando‐se um SIG e estimulando o senso crítico  computacionais  de  projeto  quanto  a  formas de organização  da  informação  e  da  equipe  de 
do  estudante  na  sua  utilização  eficiente,  segundo  as  necessidades  das  áreas  de  AUP.  Para  projeto.  
atingir tal objetivo, após instruções de utilização do programa online Google Maps Engine, foi  Dentro  da  matéria  de  InfoAU,  toma‐se  como  necessidade  a  criação  de  meios  para  a 
solicitada a construção, por equipe, do projeto de uma modelagem georeferrenciada, dando  interoperalibidade,  comunicação  e  visualização  das  informações  geradas  por  diversas 
detalhes  dos  dados  a  serem  utilizados,  quais  disciplinas  seriam  adotadas  como  suporte,  plataformas de modelagem de informação: geométrica, BIM ou georreferenciada, sem que 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  241   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  242 

seja  necessário  se  criar  um  novo  formato  de  arquivo  de  informação,  até  para  garantir  a  sostenible de la ciudad. In: IV Jornadas Ibéricas de Infraestructuras de Datos Espaciales. Toledo, 2013.  
utilização de toda uma base de informações digitais que vem sendo gerada sobre as cidades  PORTO CARREIRO, P. Inserção da informática nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil: diagnósticos, 
nos últimos 30 anos.   rebatimentos e perspectivas nas Instituições Federais de Ensino Superior do Nordeste, UFRN, UFPB e UFPE. 167 
f. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Departamento em Arquitetura e Urbanismo  ‐ 
O  amadurecimento  das dinâmicas  do  PPC2010  e  a  avaliação  contínua  das  experiências  ora  UFRN. Natal, 2007.  
apresentadas  nessas  disciplinas  estão  conduzindo  a  construção  de  um  documento  interno 
PORTO CARREIRO, P.;  RÊGO, R. M. Mapas Mentais e Ferramentas Computacionais na Gestão da Informação do 
contendo uma proposta de estruturação da matéria de InfoAU abrangendo: a formulação de  Processo de Ensino Projetual da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo. In: Anais 17 SiGRADi 2013 ‐ XVII 
conteúdos  mínimos  para  as  disciplinas  obrigatórias  e  eletivas;  formas  de  utilização  do  Congreso de la Sociedad Iberoamericana de Gráfica Digital, Vol. 1, pp.?‐?, Valparaíso, Chile, 2013.  
programa  de  monitoria;  possibilidades  de  atividades  de  extensão  e  de  interligação  com  a  RASMUSSEN, S. E. Arquitetura Vivenciada. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.  
pós‐graduação; além da proposição de uma nova configuração de laboratório vislumbrando 
SCHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo – um novo design para o ensino e a aprendizagem. Trad. 
as recentes inovações tecnológicas. 
Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 256 p. 
TELLES, B. M.; GUEVARA, A. J. H. Interdisciplinaridade: facilitadora da integração da sustentabilidade no ensino 
AGRADECIMENTOS superior. Interdiciplinaridade, vol. 1, n. 1, pp. 35‐42. Out. 2011.  
THIESEN, J. S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino‐aprendizagem. 
Aos  estudantes  das  disciplinas  Informática  aplicada  à  Arquitetura  e  Urbanismo  I,  II  e  III  de  Revista Brasileira de Educação.[online]. vol.13, n.39, pp. 545‐554. set./dez. 2008. 
2012.2 a 2014.1 do CAU/UFPE, por terem acreditado e participado das propostas sugeridas     
para cada disciplina e por torná‐las possíveis. 

REFERÊNCIAS
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  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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O ensino de Teoria e História da Arquitetura e das Cidades: desafios  disciplinas: fazer com que o aluno conheça a importância e aplicabilidade da historicidade da 
arquitetura para a sua formação futura. 
e estratégias 
Diante dessas questões, o presente artigo tem como objetivo compartilhar novas linguagens 
e  métodos  no  ensino  das  disciplinas  que  envolvem  o  conhecimento  da  história  da  arte, 
Taise Costa de FARIAS 
Universidade Nilton Lins; [email protected]  arquitetura  e  cidade  suscetíveis  a  influenciar  a  concepção  e  a  prática  do  projetar  em 
  arquitetura e urbanismo.  
Para tanto, a estrutura do texto busca entender inicialmente as questões da prática docente 
RESUMO 
no ensino da história dentro do Plano Pedagógico do curso de Arquitetura e Urbanismo e em 
Este artigo versa sobre questões pedagógicas referentes ao ensino de História da Arquitetura e do Urbanismo, 
a  partir  da  experiência  docente  da  autora  e  os  seus  desafios  no  curso  de  graduação  em  Arquitetura  e  seguida,  o  objeto  propriamente  dito,  através  da  experiência  didática  da  autora,  suas 
Urbanismo  da Universidade Nilton Lins,  em  Manaus/AM.  O  objetivo  geral  é  compartilhar novas  linguagens  e  estratégias, desafios e resultados. 
métodos  no  ensino  das  disciplinas  que  envolvem  o  conhecimento  da  história  da  arte,  arquitetura  e  cidade 
suscetíveis  a  influenciar  a  concepção  e  a  prática  do  projetar  em  Arquitetura  e  Urbanismo.  Embasam  esse 
estudo Vitrúvio (2007); Gil (2012); Mahfuz (2003); dentre outros. O percurso metodológico utiliza as técnicas  2 O ENSINO DE TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DAS
de  pesquisa  bibliográfica  e  a  experiência  didática  da  autora.  Os  resultados  apontam  para  a  importância  de 
inovar o ensino da teoria e história da Arquitetura e do Urbanismo através de novas estratégias de ensino que  CIDADES
adequem as necessidades e expectativas dos estudantes, a fim de melhorar o processo de aprendizagem. 
PALAVRAS‐CHAVE: História da Arquitetura e do Urbanismo, docência, didática.  As disciplinas de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo são instrumentos essenciais 
para a reflexão e elaboração de um projeto, seja de arquitetura, urbanismo e/ ou paisagismo, 
onde  se  compreende  o  presente  e  se  busca  orientação  para  o  futuro,  contribuindo  assim, 
1 INTRODUÇÃO  para a formação crítica do estudante.  

O  presente  trabalho  trata  sobre  questões  pedagógicas  referentes  ao  ensino  de  História  da  O  estudo  da  história  da  Arquitetura  e  das  Cidades  só  faz  sentido  se  aluno  e  professor 
Arquitetura e do Urbanismo, a partir da experiência docente da autora e os seus desafios no  acreditarem  na  importância  do  estudo  como  ferramenta  crítica  para  a  produção  da 
curso  de  graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  Nilton  Lins,  em  arquitetura contemporânea, por meio da reflexão sobre as obras dentro do período histórico 
Manaus/AM.  e suas características espaciais, solução projetual, expressividade plástica, materiais, técnicas 
e  sistemas  construtivos,  além  da  relação entre  o edifício  e  o  seu contexto  urbano, social  e 
Os cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo são organizados segundo as Diretrizes  econômico. Ou seja, estudar a história da arquitetura não é apenas fazer um levantamento 
Curriculares  Nacionais  do  MEC,  que  institui  os  componentes  curriculares  que  abrangem  o  das  formas  e  estilos  ao  longo  do  tempo,  mas  sim,  através  da  análise  das  condições  de  um 
projeto pedagógico, descrição das competências, habilidades e perfil profissional, conteúdos  ambiente (histórico, social, econômico) poder identificar as práticas, formas, representações 
curriculares,  estágio  supervisionado,  avaliações,  atividades  complementares  e  o  trabalho  e soluções para se criar um leque de opções úteis no processo projetual do futuro arquiteto. 
final de curso. No âmbito das competências tem‐se: 
Para Mahfuz (2003), a história da arquitetura que interessa à prática de projeto é aquela que 
Os conhecimentos de teoria e história da arquitetura, urbanismo e do paisagismo, 
está voltada para a descoberta  de  seus valores  universais  e suas aplicações circunstanciais, 
considerando  sua  produção  no  contexto  social,  cultural,  político  e  econômico  e 
tendo como objetivo a reflexão crítica e a pesquisa (BRASIL, 2010, p. 02).  explicando porque determinadas obras de arquitetura são como são.  

Sendo as disciplinas de teoria e história parte do Núcleo de Conhecimentos Profissionais, que  Entretanto,  é  comum  abordar  a  História  da  Arquitetura  como  um  desencadear  de  estilos 
visam contribuir ao aperfeiçoamento e qualificação do profissional formado.  artísticos de forma autônoma, sem mostrar para o aluno o que se pretende desenvolver com 
aqueles  conteúdos  e  propostas  de  aprendizagem.  Ou  seja,  sem  apresentar  a  prática  e  a 
No  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  da  Universidade  Nilton  Lins/AM,  as  disciplinas  de  utilidade  dos  assuntos  estudados,  os  alunos  perdem  o  interesse  por  esse  conhecimento 
teoria  e  história  estão  presentes  nos  quatro  primeiros  períodos  do  curso,  cujo  objetivo  especifico acreditando que esse conhecimento está restrito apenas ao campo teórico. 
principal é dotar o aluno de conhecimentos que o capacitem a ver e interpretar as obras de 
arquitetura  e  as  formas  urbanas,  para  além  da  compreensão  dos  elementos  estéticos  e  Para  Gil (2012),  o  professor  precisa  não  apenas  de  sólidos  conhecimentos  na  área  em  que 
técnicas  construtivas.  Tais  disciplinas  são  essenciais  para  situar  o  aluno  no  processo  de  pretende  lecionar,  mas  também  de  habilidades  pedagógicas  suficientes  para  tornar  a 
desenvolvimento da arquitetura e das cidades, estabelecendo correlações entre os períodos  aprendizagem mais eficaz. 
históricos,  os  valores  sociais e a evolução  das  técnicas do  projetar e  construir no  mundo  e  De fato, um dos maiores desafios que se impõem à prática docente no ensino superior, como 
também no Brasil, e é por isso que elas se encontram nos primeiros dois anos do curso.  em qualquer outro nível, é conseguir articular o ensino e a aprendizagem no contexto de sala 
Mas, porque estudar Teoria e História da Arquitetura e das Cidades? Essa é a pergunta feita  de  aula. O  estudante  que  antes  era visto  como  um  sujeito passivo,  é  hoje substituído pelo 
por todos os alunos no primeiro dia de aula, é aí que está o grande desafio em lecionar tais  sujeito ativo da aprendizagem, onde o ensino é mais do que a transmissão de conhecimento 
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e o professor um facilitador da aprendizagem.  manufatura de maquetes para facilitar a compreensão e discussão dos projetos estudados. 
Nesse  contexto,  requer‐se  do  professor  competências  para  proceder  o  diagnóstico  das  Analisando  as  construções  antigas,  fica  claro  a  solução  de  certos  problemas  construtivos 
necessidades e expectativas dos estudantes, objetivando medidas educativas adequadas no  visando,  antes  de  tudo,  uma  necessidade  de  abrigo  diante  das  intempéries  e  a  proteção 
processo de ensino e aprendizagem.   contra o mundo selvagem, levando os mesmos a desenvolver soluções que foram elaboradas 
a partir da precariedade de instrumentos, estabelecendo uma comparação com os métodos 
Para  as  disciplinas  em  questão,  visando  despertar  o  interesse  dos  alunos,  procurou‐se 
atuais.  Esses  povos,  adotando  a  ótica  evolucionista,  desenvolveram  capacidades  de 
metodologias didáticas que transformassem o ensino tradicional, como a aula expositiva, em 
algo  realmente  interessante  e  prazeroso.  Para  tanto,  utilizou‐se  o  uso  de  estratégias  de  construção  puramente  empíricas,  isto  é,  a  construção  a  partir  da  observação  dos  possíveis 
problemas e  suas soluções, por  isso que se torna  necessário  o estudo dos mesmos, já  que 
ensino que abrangessem a teoria e a prática, partindo do pressuposto que, em arquitetura, 
entre  a  teoria  e  pratica  não  existe  contraposição  e  sim,  complementaridade.  Para  Mahfuz  suas soluções em termos de estrutura tornaram‐se atemporal. 
(2003),  não  pode  haver  teoria  que  não  se  alimente  dos  resultados  da  prática,  nem  existe  O  desejo  de  edificar  inclui,  como  se  vê,  respostas  a  requisitos  funcionais,  mas,  com 
prática que vá além da simples reprodução mecânica do existente que não se apoie em uma  frequência, vai muito além deles e acaba por abordar necessidades espirituais, psicológicas e 
reflexão de caráter teórico.   emocionais. Assim, toda arquitetura reflete tais valores, e a melhor arquitetura, como afirma 
Aqui,  a  teoria  se  apresenta  com  uma  maneira  de  explicar  e  entender  o  que  o  aluno  está  Fazio (2011) expressa os gostos e aspirações da sociedade como um todo.  
fazendo ou pretende fazer. A teoria e a história aparecem como referencial, exemplificando  No  aspecto  urbano,  o  seu  conhecimento  abrange  questões  sobre  a  morfologia  urbana,  ou 
situações que poderão auxiliar o estudante a encontrar uma solução para o seu problema, ou  seja,  estudará  essencialmente  os  aspectos  exteriores  do  meio  urbano  e  as  suas  relações 
seja,  fornecer  o  conhecimento  necessário  para  a  prática  projetual.  Sobre  essa  relação,  recíprocas, definindo e explicando a paisagem urbana e sua estrutura (LAMAS, 2011).  
Vitrúvio (2007) afirma que 
Sendo  a  maquete  física  a  reprodução  tridimensional  de  uma  obra  ou  projeto  em  escala 
A  prática  consiste  na  preparação  continua  e  exercitada  da  experiência,  a  qual  se  reduzida,  ela  permite  ao  aluno  a  visualização  espacial  das  ideias  elaboradas  em  plantas, 
consegue  manualmente  a  partir da  matéria,  qualquer  q  seja  a  obra  de  estilo  cuja  cortes e  fachadas, além da compreensão das técnicas  construtivas e materiais. Ou seja, de 
execução se pretende. Por vez, a teoria é aquilo que pode demonstrar e explicar as 
coisas  trabalhadas  proporcionalmente  ao  engenho  e  à  racionalidade  (VITRUVIO, 
uma  maneira  mais  lúdica  o  aluno  compreende  os  fundamentos  do  projeto  relacionando‐o 
2007, p.61).  com a teoria e história da arquitetura. 
Partindo  desse  pressuposto da  relação complementar  entre  teoria  e  prática  que  se  propôs  Como atividade na disciplina, os alunos foram divididos em grupos, no qual cada grupo ficou 
utilizar nas disciplinas de História da Arquitetura e das Cidades, a metodologia dos estudos  responsável pela pesquisa de uma determinada civilização e estilo arquitetônico. A partir daí, 
de casos e a modelagem de maquetes e modelos, visa compreender em cada caso estudado  o  grupo  desenvolveu  uma  pesquisa  prévia  afim  de  selecionar  uma  obra  que  melhor 
a  relação  entre  arquitetura,  métodos  e  procedimentos  projetuais  e  seu  contexto  histórico,  representasse aquele período estudado e que posteriormente iria ser representada por uma 
social, econômico e etc.  maquete física. 
Na  produção  da  maquete  dois  aspectos  são  destacados:  o  aspecto  técnico,  ou  seja,  a 
compreensão dos projetos e documentos, além da conversão da escala e das medidas; e o 
3 A PRÁTICA DOCENTE: ESTRATÉGIAS E RESULTADOS
aspecto artístico que abrange os recursos empregados para criar e reproduzir as maquetes, 
atentando para os materiais, técnicas construtivas e elementos que compõem a arquitetura 
As  seções  anteriores  mostram  a  teoria  e  história  da  arquitetura  como  conhecimentos 
da edificação escolhida. 
importantes  dentro  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo.  A  história  transmite  soluções, 
êxitos,  fracassos,  e  hipóteses  que  servirão  como  repertório  conceitual  e  projetual  para  o  Observa‐se  então  que,  as  maquetes  não  são  meros  instrumentos  de  apresentação  e 
estudante,  além  da  base  para  reflexões  críticas  a  respeito  daquilo  que  foi,  está  e  será  comunicação  de  um  projeto,  mas  também  a  expressão  das  soluções  idealizadas  pelos 
desenvolvido no espaço urbano.  arquitetos que o projetaram, pois permite ao aluno representar a organização estrutural, a 
composição espacial e até mesmo a volumetria de um conjunto, além de mostrar detalhes 
Pensando  nessas  questões  que  surgiu  a  vontade  e a  necessidade  de  trabalhar  o  ensino  da 
da construção, como os materiais, cores, texturas, formas, escalas, ritmo, hierarquia, etc. 
história  através  de  atividades  que  desenvolvessem  a  prática  projetual,  além  da  teoria  e 
crítica.  Foi discutido com os alunos, o valor educativo da atividade e sua metodologia e estratégias 
que consistia em: 
O USO DA MAQUETE FÍSICA  
 Dividir os alunos em grupos; 
Na  disciplina  de  História  da  Arquitetura  e  das  Cidades  I,  cuja  ementa  trata  do  estudo  das   Dividir os temas (estilos e civilizações) aos grupos; 
formas  de ocupação do território pelo homem e a  evolução das técnicas e formas de suas   Cada grupo deveria produzir e apresentar uma maquete física; 
habitações  desde  a  pré‐história  até  o  Renascimento,  utilizou‐se  na  sua  metodologia  a 
Para  a  produção  dos  trabalhos  foi  encaminhado  aos  alunos/grupos  dois  roteiros  contendo 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  247   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  248 

todos  os  pontos  que  deveriam  ser  trabalhados  e  apresentados.  No  caso  do  estudo  de  Todos os pontos acima foram apresentados pelos grupos de forma oral e exemplificados por 
edificações, o trabalho deveria apresentar:  meio  da  maquete  física.  Alguns  grupos  foram  além  e  elaboraram  folders  e  painéis  para 
1. Intenção  e  razão  motivadora  para  a  construção  com  base  nos  contextos  histórico,  complementar as informações da edificação ou do espaço urbano.  
social e econômica;  No processo de realização dos trabalhos pôde‐se constatar o despertar dos estudantes para a 
2. Implantação: Como o edifício insere‐se no terreno?  importância das disciplinas de teoria e história da arquitetura dentro do curso de graduação. 
3. Acessos: A relação ou conexão que se estabelece entre interior e exterior;  Ao  executar  os  modelos  os  alunos  tiveram  a  oportunidade  de  experimentar  a  natureza  da 
4. Definição  espacial:  O  edifício  é  configurado  por  volumes  ou  planos?  Qual  a  concepção  espacial,  o  processo  de  elaboração  e  construção  do  projeto,  a  experiência  de 
hierarquia? Existe equilíbrio? A composição é simples ou complexa?   expressar através de algo palpável os conceitos antes vistos de forma bidimensional. Alguns 
5. Estrutura  e  forma:  Qual  o  sistema  construtivo  utilizado?  A  estrutura  participa  da  alunos destacaram características que passaram despercebidos durante as aulas expositivas, 
forma?  provocando novos debates e conhecimentos acerca do objeto estudado.  
6. Materiais e texturas: Percepção e o efeito estético e técnico;  Sendo assim, conclui‐se que, a manufatura de maquetes possui um grande potencial como 
7. Relação forma/função: Quais a(s) função(ões) que compõem o edifício? 
instrumento pedagógico dentro do ensino da teoria e história da arquitetura. 
Figura 01: Maquetes arquitetônicas confeccionadas e apresentadas pelos alunos do 2º período. 
O USO DO ESTUDO DE CASO  
A  disciplina  de  História  da  Arquitetura  e  das  Cidades  II,  apresenta  em  sua  ementa  o 
desenvolvimento das cidades a partir da Idade Média à cidade moderna e os seus problemas 
atuais,  passando  pela  análise  e  crítica  da  arquitetura  desenvolvida  durante  esse  período 
histórico. A disciplina  seguinte, História  da Arquitetura e  das  Cidades III trata a respeito da 
formação  e  evolução  da  arquitetura  e  das  cidades  das  américas,  aprofundando  o 
conhecimento  na  ocupação  e  desenvolvimento  urbano  e  arquitetônico  do  Brasil  e  em 
Manaus. 
  Para ambas as disciplinas utilizou‐se na sua metodologia o estudo de caso, como ferramenta 
Fonte: Acervo da autora, 2012. 
para facilitar a compreensão dos projetos urbanos e arquitetônicos estudados ao longo das 
Para  os  grupos  que  estudariam  a  morfologia  e  o  desenho  das  cidades,  o  trabalho  deveria  disciplinas. 
conter: 
O estudo de caso trata de uma abordagem metodológica comum no curso de arquitetura e 
1. A configuração do espaço urbano e sua relação com o contexto geográfico, histórico,  urbanismo, sendo bastante utilizada nas disciplinas de projeto arquitetônico e planejamento 
cultural, social e econômico;  urbano,  por  associar  diretamente  o  conhecimento  à  ação.  Ou  seja,  o  conhecimento  é 
2. A  forma  urbana  e  critérios  de  natureza  funcionais  (econômicos,  tecnológicos,  apreendido por intermédio da experiência prática, assim como afirma Gil (2012): “O método 
jurídico‐administrativos) ou critérios de natureza estética e arquitetônica;  de casos utiliza o mundo real e complexo como seu foco e os estudantes nele envolvidos são 
3. Mecanismos de transformação do território;  desafiados a desenvolver habilidades para lidar com problemas práticos”. 
4. Os  elementos  morfológicos  do  espaço  urbano:  o  solo,  os  edifícios,  o  lote,  o 
Sendo assim, o estudo de casos ou métodos de casos mostra grande coerência com a ideia 
quarteirão, o logradouro, o traçado, os espaços públicos, os edifícios singulares; 
moderna de educação, onde procura‐se focar mais na aprendizagem do que no ensino. 
Figura 02: Maquetes urbanas confeccionadas e apresentadas pelos alunos do 2º período 
A metodologia de estudos de caso se mostra especialmente adequada para as disciplinas em 
questão, pois estimula o estudante a procurar respostas para o “como?” e o “porque?”, com 
o objetivo de compreender, explorar e descrever o projeto analisado, dentro de um contexto 
complexo onde estão envolvidos simultaneamente diversos fatores. 
Para o desenvolvimento desta atividade dentro das disciplinas descritas acima, foi utilizado 
as seguintes estratégias: 
 Dividir os alunos em grupos; 
 Dividir os temas (arquitetos ou escritórios de arquitetura) aos grupos; 
 Cada grupo deveria produzir e apresentar uma obra de autoria do seu arquiteto ou 
  escritório de arquitetura, em painéis com formato A1; 
Fonte: Acervo da autora, 2012. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  249   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  250 

Os  alunos/grupos  seguiram  um  roteiro  previamente  discutido,  contendo  os  pontos  que  O objetivo principal da atividade foi à sistematização e reflexão sobre o processo de criação e 
deveriam  ser  explorados  e  apresentados  através  de  análises  gráficas  e  descritivas,  sendo  a  desenvolvimento dos projetos estudados, relacionando o fazer arquitetônico com as teorias 
escolha da obra e a formatação dos painéis a critério de cada grupo.  gerais da arquitetura, estudadas em sala de aula. Dessa maneira, os alunos puderam ver na 
prática  a  importância  da  teoria  e  história  para  a  criação  de  um  repertório  conceitual  que 
1. Contextualização histórica, social, econômica; 
2. Implantação: Como o edifício insere‐se no terreno?  servirá como base para o processo de desenvolvimento dos futuros projetos arquitetônico, 
3. Acessos: A relação ou conexão que se estabelece entre interior e exterior;  urbano e paisagístico desenvolvido por eles. 
4. Compatibilidade  formal:  A  relação  da  edificação  com  as  demais  construções  do  Os autores Cotrim, Tinem, Vidal e Soares (2013) ao descrever a metodologia do redesenho 
contexto, analisada em termos de escala, cor, textura, cheios e vazios;  utilizada nas disciplinas de história, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirmam que 
5. Definição  espacial:  O  edifício  é  configurado  por  volumes  ou  planos?  Qual  a  Com tais procedimentos utilizados no atelier  de história,  o  conhecimento de  uma 
hierarquia? Existe equilíbrio? A composição é simples ou complexa?   obra  de  um  arquiteto  transcende  esse  exercício  e  gera  inferências  relativa  à 
6. Estrutura  e  forma:  Qual  o  sistema  construtivo  utilizado?  A  estrutura  participa  da  produção  geral,  com  auxílio  de  seminários/debates  entre  os  alunos  com  seus 
forma?  exemplares  arquitetônicos  distintos,  mas  pertencentes  a  um  mesmo  movimento. 
Assim o aluno passa a conhecer, não somente a obra em questão, mas também a 
7. Materiais e texturas: Percepção e o efeito estético e técnico; 
produção  do  arquiteto,  sendo  capaz  de  reconhecer  suas  influências,  costumes, 
8. Ritmo: Análise da repetição de elementos semelhantes;  “assinatura”,  verificando  os  pontos  reiterativos  na  sua  obra  ou,  ao  contrário,  as 
9. Cheios  e  vazios:  Como  os  vazios  são  ordenados?  Qual  a  forma  das  aberturas,  sua  exceções. (COTRIM; TINEN; VIDAL; SOARES, 2013, p. 11). 
quantidade, agrupamento? O que domina na composição é a massa ou as aberturas? 
Dessa maneira, percebe‐se a importância de inovar o ensino da teoria e história, nos cursos 
10. Relação forma/função: Quais a(s) função(ões) que compõem o edifício? 
de  graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  não  só  pelos  professores  que  disponham  de 
11. Forma da planta e as conexões espaciais internas; 
conhecimentos  técnicos  específicos  na  determinada  área  do  conhecimento,  mas  de 
12. Luz e sombra; 
professores  que  não  se  vejam  como  o  “centro  do  cenário  do  ensino”  e  que  reconheça  os 
Com  os  seminários  dos  trabalhos  fechava‐se  o  panorama  histórico  apresentado  nas  aulas  estudantes  como  parceiros  do  processo  de  ensino‐aprendizagem.  Além  da  vontade  do 
teóricas,  reforçando  por  meio  de  exemplos  a  relação  existente  entre  os  arquitetos,  suas  professor  em  procurar  adequar  as  estratégias  de  ensino  as  necessidades  e  as  expectativas 
obras e os períodos e vertentes históricas, gerando uma discussão final entre as várias obras  dos estudantes, com vistas a prescrever as medidas mais adequadas para o aprendizado. 
expostas.  
Figura 03:Painéis desenvolvidos pelos alunos 3º e 4º período, nas disciplinas de História da Arquitetura e das Cidades II e III. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A  diretriz  curricular  que  institui  os  cursos  de  graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo 
constitui‐se não apenas de conteúdos conceituais, mas também de situações e experiências 
que permitam melhor desenvolver a aprendizagem no âmbito das experiências, observação 
e associação de ideias. 
Para Fazio (2011) a história da arquitetura e das cidades começa com as edificações e para 
que se possa enxergá‐las de verdade é necessário utilizar uma linguagem descritiva e exata. 
Porém,  é  importante  ir  além  das  descrições  para  que  se  possa  chegar  a  um  processo  de 
análise  e  julgamento  crítico.  Isso,  por  sua  vez,  requer  inserir  a  edificação  em  seus  mais 
 
diversos contextos – social, político, econômico, artístico, tecnológico e ambiental. 
Neste  artigo,  que  conferiu  centralidade  nas  questões  pedagógicas  do  ensino  da  teoria  e 
história  da  arquitetura  e  das  cidades,  verifica‐se  que  a  partir  de  novas  metodologias  que 
visam  estimular  a  relação  da  teoria  e  prática,  os  estudantes  foram  estimulados  ao 
questionamento,  a  observação  de  pequenos  detalhes  passados  despercebidos  nas  aulas 
teóricas,  gerando  observações  importantes  para  o  enriquecimento  de  todo  o  conteúdo 
estudado nas disciplinas. 
É  claro  que  só  o  uso  de  novas  metodologias  não  garante  uma  boa  aula  ou  uma  aula 
participativa, é necessário que os alunos estejam envolvidos, motivados e abertos à vivências 
  novas experiências. Assim, como estarem conscientes da importância do estudo em questão 
Fonte: Acervo da autora, 2013. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  251   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  252 

e de sua aplicabilidade na sua vida profissional.  Desenho Técnico Geométrico e Geometria Descritiva – novas 
metodologias 
5 REFERÊNCIAS
Erika Pereira MACHADO 
BRASIL, Ministério da Educação. Resolução nº 2, de 17 de junho de 2010. Disponível em:  Universidade Católica de Petrópolis; [email protected] 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12991:diretrizes‐curriculares‐cursos‐de‐ Layla Christine AlvesTALIN 
graduacao. Acesso em 01 de setembro de 2014.  Universidade Católica de Petrópolis; [email protected] 
COTRIM, Marcio Cunha; TINEN, Nelci; VIDAL, Wylnna Carlos Lima; SOARES, Eduarda Kelen Silva. Ateliers de   
História da arquitetura: de desenhos e modelos descritivos a desenhos e modelos analíticos. Disponível em: 
http://www.lppm.com.br/?q=node/426. Acesso em 01 de setembro de 2014.  RESUMO 
O  presente  artigo  apresenta  uma  nova  metodologia  de  ensino  aplicada  ao  ensino  de  Geometria  Descritiva  e 
FAZIO, Michael. A história da arquitetura mundial. Porto Alegre: AMGH, 2011. 
Desenho Técnico Geométrico no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Petrópolis. O 
GIL, Antônio Carlos. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2012.  objetivo  foi  aprimorar  o  ensino,  visando  formar  profissionais  mais  competentes,  capazes  de  atender,  com 
qualidade superior, às demandas do mercado de trabalho; promover aulas que atendessem às peculiaridades 
LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa: Fundação Calouste 
do  perfil  dos  alunos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  dessem  suporte  à  demanda  de  alunos  mais  ativos  e  com 
Gulbenkian, 2011. 
acesso  facilitado  à  informação.  Aplicou‐se  metodologia  que  considerou  a  percepção  do  espaço  em  três 
MAHFUZ, Edson da Cunha. Teoria, história e crítica, e a prática de projetos. Disponível em:  dimensões, inerente ao ser humano, utilizando de método que leva os alunos a partirem do desenvolvimento 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/640. Acesso em 01 de setembro de 2014.  de  modelos  tridimensionais  para  entenderem  o  sistema  de  Projeção  Mongeano  e  a  representação  técnica 
VITRUVIO. Tratado de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2007.  bidimensional. A metodologia prezou pela aplicação da interdisciplinaridade e pela priorização do processo de 
criação, em vez do de cópia. Conclui‐se pelo êxito da metodologia diante do aprendizado facilitado verificado 
    na  qualidade  dos  trabalhos  desenvolvidos,  nos  depoimentos  dos  alunos  e  na  replicação  dos  resultados  em 
outras turmas.  
PALAVRAS‐CHAVE: Protótipos, Geometria Descritiva, Desenho Técnico Geométrico, maquete; modelo. 

1 INTRODUÇÃO

Objetivando  aprimorar  o  ensino,  ampliando  os  caminhos  do  conhecimento,  com  vistas  às 
particularidades  de  aprendizado  dos  alunos  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  desenvolveu‐se 
uma proposta de novas metodologias a serem aplicadas nas disciplinas de teor mais teórico‐
técnico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Petrópolis. 
Atualmente, o acesso tão facilitado  à informação combinado à avidez pela mesma faz com 
que  a  quantidade  de  dados  acessados  e  a  dedicação  dos  alunos  sejam  maiores  que  sua 
capacidade  de  discernimento,  demandando  do  professor  um  maior  aprofundamento  no 
conteúdo a ser dado, de modo a direcionar e gerenciar o acesso à informação de qualidade 
que, de fato, acrescente e aprimore o aprendizado na universidade.  
O  questionamento  quanto  à  necessidade  e  aplicabilidade  à  atuação  profissional  de 
determinadas  disciplinas  que,  tradicionalmente,  constam  na  grade  curricular  da  graduação 
em Arquitetura e Urbanismo é constante, especialmente nos discentes. A atuação enquanto 
docente de Arquitetura e Urbanismo não sana plenamente aos questionamentos, mas leva 
ao entendimento de que o aspecto digno de ser contraposto não é o conteúdo da disciplina, 
mas  sim  a  forma  como  ele  é  transmitido.  Assim,  as  inquietações  foram  transformadas  em 
propostas com o intuito de melhorar a maneira de apresentar o conteúdo das disciplinas de 
Desenho Técnico Geométrico (DTG) e Geometria Descritiva (GD).  
Através  de  novos  estímulos,  na  busca  do  conhecimento,  perseguiu‐se  a  inquietação  com 
afinco e alcançou‐se um resultado exitoso. O que só foi possível realizar pelo empenho dos 
alunos  ser  tão  grande  quanto  a  disponibilidade  e  qualidade  das  informações  que  estão 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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facilmente ao alcance coletivo.  majoritariamente preso à bidimensionalidade do suporte da representação: o papel.  
A  cognição  produzida  pelo  espaço  imagético  que  o  mundo  atual  coloca  o  indivíduo  em  A  escala  do  objeto  arquitetônico,  a  edificação,  exige  que  antes  a  ideia  seja  concebida  e 
superexposição  continuamente,  com  suas  ferramentas  velozes  e  demandas  sem  fim,  criam  representada pelo Projeto, uma representação tipicamente bidimensional, para que, depois, 
uma  nova  maneira  de  apreensão  e  processamento  das  informações.  Logo,  essa  situação  haja  a  materialização  do  objeto  em  três  dimensões.  A  mesma  ordem  de  produção  é 
requer  uma  nova  maneira  de  ensinar,  se  quisermos  formar  profissionais  devidamente  observada  na  metodologia  tradicional  do  ensino  de  GD  e  DTG,  que  antes  ensina  a 
capacitados  e  preparados  para  o  mercado  de  trabalho,  cada  vez  mais  exigente  e  em  representação  em  projeções  para  depois,  se  acontecer,  desenvolver  um  modelo 
constante renovação.  tridimensional. Contudo, diante da escala de pequeno a médio porte dos objetos propostos, 
a  aplicação  da metodologia pode ser inversa à tradicionalmente ensinada para projetos de 
Por isso, entende‐se como obrigação do professor criar novas perspectivas para a apreensão 
deste  mundo,  hoje  facilmente  explorado  por  meio  de  equipamentos  eletroeletrônicos  arquitetura. Assim explora‐se a capacidade humana de perceber o meio diretamente em três 
dimensões para depois decompô‐lo e entende‐lo, tal como descreve Lima:  
presentes a todo o momento no cotidiano e que acompanham o indivíduo a qualquer lugar.  
O  espaço  físico  pode  ser  descrito  a  partir  dos  três  eixos  das  coordenadas 
Quando  há  a  busca  por  abrir  uma  nova  janela  no  contexto  em  que  vive  o  aluno,  outras  cartesianas, que delimitam o espaço em três  dimensões,  que  pode ser facilmente 
percepções  e  análises  para  os  questionamentos  são  induzidas.  O  modo  de  resolver  às  intuídas, tomando como referencia o nosso corpo e a sua posição no espaço. Assim, 
questões é que deve ser decidido pelo aluno, dispondo dos instrumentos mais adequados e  percebemos  o  espaço  na  dimensão  vertical,  que  é  a  direção  da  gravidade  e  da 
que o conduzam a soluções inovadoras para problemas de ordem coletiva de qualquer grau  posição em pé, na dimensão horizontal que é a da altura dos ombros, paralela ao 
horizonte  visual;  e  na  profundidade,  que  corresponde  a  projeção  do  corpo  no 
de complexidade. 
espaço. (LIMA, 2010). 
Sendo  assim,  na  oportunidade  de  ministrar  duas  disciplinas  oriundas  do  ciclo  básico  dos 
cursos de Engenharia, tendo todo o apoio da Coordenação e do Núcleo Docente Estruturante 
do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  Católica  de  Petrópolis,  foi  possível  2 A SEMENTE – DESENHO TÉCNICO GEOMÉTRICO 
preparar, concluir e aplicar novos métodos frente às propostas de trabalho mais comumente  O ponto de partida foi dado no fim do 2º semestre de 2012, quando foi proposta a disciplina 
destinadas às disciplinas de Desenho Técnico Geométrico e Geometria Descritiva.  de  Desenho  Técnico  Geométrico  ser  ministrada  pela  Prof.ª  Erika  Machado,  Arquiteta,  no 
A proposta da nova metodologia de ensino de Desenho Técnico Geométrico e de Geometria  início do ano seguinte. A disciplina teria como público sessenta estudantes divididos em três 
Descritiva tem por base a interdisciplinaridade e objetiva estimular o raciocínio, apresentar  turmas. Quando foram empreendidos esforços nos estudos para aplicabilidade do conteúdo, 
com  clareza  o  conteúdo  e  sua  finalidade  prática,  além  de  criar  um  ambiente  propício  à  chegou‐se a um impasse. 
integração dos conhecimentos.  De acordo com os estudos sobre os planos de aulas usuais para esta disciplina, percebeu‐se 
Toda  a  nova proposta foi  pensada  de  modo a  unir  dois  aspectos:  a leveza  e  o  lúdico,  tidos  que os trabalhos são caracterizados por método de apreensão que se serve de observação 
como os veículos aceleradores do aprendizado. O lúdico se traduz através de formas, cores e  de peças mecânicas ou formas abstratas e suas respectivas representações gráficas usando 
texturas das matérias‐primas utilizadas, tais como papel colorido, massa de modelar, palito  do  Sistema  Mongeana,  onde    são  produzidas  as  vistas  ortográficas  principais,  auxiliares  e 
de churrasco, isopor, hidro cor, sucata, etc. Materiais simples, mas pouco convencionais no  seccionais do objeto. 
desenvolvimento de tais disciplinas.   Figura 1 – Representação gráfica usando o Sistema Mongeano 

Os  estímulos  do  tato,  do  controle  motor  e  da  visão  espacial  nas  criações  tridimensionais 
antes  das  soluções  matemáticas  e  de  desenho  técnico  favorecem  um  ambiente  criativo  e, 
portanto, propício a soluções dos problemas dados.  
O  contato  com  os  tipos  de  materiais  de  trabalho  utilizados  reaproxima  o  aluno  de  suas 
memórias da infância. Assim, estimula‐se a retomada do raciocínio independente do auxílio 
de computadores, prioriza‐se a identidade do traço manual, dos desejos e do processo inicial 
da concepção de protótipos físicos.  
Desta  forma,  é  possível  estabelecer  maior complexidade  às  tarefas,  propondo  a  criação  de 
objetos tridimensionais em Desenho Técnico Geométrico e, do mesmo modo, os elementos 
matemáticos em Geometria Descritiva.   
A  metodologia  tradicional  de  projeto  de  arquitetura  começa  com  representações  Fonte: KLEBER, 2009. 
bidimensionais  em  desenhos  planificados  –  plantas,  vistas  e  cortes.  Mesmo  quando  são  Considerando  as  potencialidades  das  turmas  e  o  modo  rápido  e  dinâmico  de  acesso  à 
usadas  técnicas  de  representação  da  tridimensionalidade  –  perspectivas  ‐,  ainda  fica‐se  informação,  concluiu‐se  que  o  modo  usual  de  aplicação  do  conteúdo  não  seria  suficiente. 
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Conhecendo  o  perfil  dos  grupos,  a  metodologia  tradicional  teria  chances  elevadas  de  materiais que teriam um destino menos nobre.  
culminar  em  um  semestre  improdutivo  e  que  não  fizesse  justiça  ao  potencial  de 
desenvolvimento dos alunos.  
NOVA METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DO CONTEÚDO DE
O método de observação e desenho planificado de peças mecânicas era abstrato e distante 
da correlação dos assuntos pertinentes ao curso de Arquitetura e Urbanismo; compreendeu‐ DESENHO TÉCNICO GEOMÉTRICO
se  que  o  conteúdo  obrigatório  da  disciplina  poderia  ser  aplicado  de  uma  forma  mais 
dinâmica  e  próxima  das  questões  inerentes  à  Arquitetura  e  ao  Urbanismo  e  da  forma  de  A estratégia para aproveitamento máximo das capacidades dos grupos, visando atender aos 
percepção característica do perfil dos alunos que procuram esse curso.   objetivos  propostos,  foi  a  de  estimular  os  alunos  através  da  criatividade,  da  pesquisa  e  do 
raciocínio independente do auxílio de máquinas, proporcionando novas perspectivas frente a 
O  fato de o  curso ser  basicamente  ministrado  do  período  noturno,  com    grande  parte  dos 
objetos do cotidiano. Assim, chegou‐se ao entendimento que a cópia de objetos e desenhos 
alunos  já  inseridos  no  mercado  de  trabalho  correlato  ao  curso,  reforçou  a  necessidade  de 
pré‐estabelecidos necessitava ser substituída pela criação. 
manter o interesse e o consequente empenho dos alunos às aulas, visando o aproveitamento 
máximo das capacidades de criação e apreensão dos conteúdos.  Aproveitou‐se  da  propriedade  de  a  tridimensionalidade  ser  intrínseca  à  natureza  e  à 
percepção  do  espaço  pelo  homem  para  determinar  que  os  alunos  deveriam  começar  o 
Desta  forma,    iniciou‐se  a  busca  por  assuntos  correlatos  à  ementa  de  Desenho  Técnico 
processo da disciplina pela criação por meio de protótipos, para, posteriormente, refinar  e 
Geométrico,  o  que  deixou  claro  que  uma  das  finalidades  da  disciplina  é  subsidiar  de 
concluir a ideia usando dos desenhos técnicos auxiliares, pertinentes ao conteúdo formal da 
conhecimento básico para viabilizar a produção de objetos, de diferentes escalas. Entendeu‐
disciplina. 
se  que  o  Desenho  Técnico  Geométrico  é  um  meio  de    aprimorar  o  desenvolvimento  de 
protótipos  e  torná‐los  passíveis  de  produção  industrial,  criando  um  modelo  reproduzível,   Entretanto, os alunos não poderiam ser lançados diretamente a uma proposta desligada de 
através do instrumento do desenho técnico.  seus fundamentos. Então, a ementa tradicional foi desdobrada num plano de aula composto 
por explanações teóricas intercaladas com nove exercícios.  
Unindo  este  raciocínio  ao  leque  de  áreas  de  atuação  proporcionadas  pela  Arquitetura  e 
Urbanismo,  encontrou‐se,  no  Design,  a  amálgama  para  atingir  o  resultado  esperado.  Cada  O  primeiro  exercício  demanda  observação  e  produção  de  croquis  técnicos  em  duas 
vez mais valorizado e popularizado, amplia‐se este nicho de mercado nos setores industriais  dimensões  ‐  vistas  ortográficas  principais,  auxiliares  e  seccionais  –  de  um  utensílio 
e de serviços.   doméstico,  proporcionando  a  primeira  aproximação  com  o  Design  que  nos  cerca  no 
cotidiano e que, na maioria das vezes, passa despercebido.  
O  Design  é  atualmente  mais  praticado  pelo  Desenho  Industrial,  que  se  tornou  há  décadas 
uma  profissão  individualizada. Contudo,  não  podemos esquecer que  tal  matéria  nasceu  da  Ao introduzir os alunos à compreensão do modo como é pensado e produzido tal objeto, o 
Arquitetura, destacando‐se enquanto assunto específico na Escola Bauhaus – principalmente  motivo de suas formas e materiais, empreende‐se às análises críticas sobre o sucesso de sua 
quando Mies van der Rohe foi seu diretor.   funcionalidade, ergonomia e design. Os desenhos auxiliam na materialização de tal análise, 
produzindo  uma  analogia  aos  tipos  de  desenhos  técnicos  aplicados  aos  objetos 
Mesmo  assim,  o  Design  mantém‐se  indissociável  da  vida  profissional  do  Arquiteto  e 
arquitetônicos,  assuntos dados de forma  concomitante em disciplinas  da  grade  do  período 
Urbanista e, portanto, não pode ser tema desamparado de seus fundamentos do decorrer do 
vigente. 
curso.  Assim,  o  tema  foi  conjugado  às  disciplinas  de  História  da  Arte  e  da  Arquitetura, 
principalmente Média e Tardia1, que é a oportunidade para o entendimento de suas origens  Figura 2 – Exercício 1: croquis técnicos de utensílio doméstico – caneca (aluna Elisandra dos Santos Silva – RGU: 11410559). 

e acompanhamento de sua evolução. 
Além disso, na necessidade de se pensar nos rumos do mundo em que vivemos, entende‐se 
que, uma das atuações que nossas atribuições profissionais permitem, é aplicar o Design a 
serviço  da  sustentabilidade.  O  reaproveitamento  faz  com  que  objetos  desprovidos  de  suas 
funções originais tornem‐se matrizes transformadoras.  
Essa metamorfose, da obsolescência à transformação criativa, é uma tentativa de amenizar 
os  efeitos  da  descartabilidade  imposta  pelo  sistema  capitalista  e  cultivar  a  semente  da 
responsabilidade social, enfatizada pelo aparato técnico próprio do arquiteto e do urbanista. 
Este  conceito  foi  aplicado  na  metodologia  proposta  pela  reutilização  e  reciclagem  de 

                                                            
 
1
 De acordo com as respectivas ementas da matriz curricular do Curso de Arquitetura e Urbanismo – UCP. 
Fonte: Erika Pereira Machado, 2014..  
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Na  etapa  seguinte,  associando  o  Desenho  Geométrico  às  Artes  Plásticas,  realizou‐se  uma  descartados ou subtilizados. 
introdução analítica com artistas cujas obras completas ou fases de produção, são dedicadas 
Para tanto, os exercícios quatro, cinco e seis têm por base o uso inicial de massa de modelar, 
ao Geometrismo, abstrato ou figurativo. Desta maneira, aplica‐se a interdisciplinaridade com  onde  os  alunos  desenvolvem  três  protótipos:  uma  escultura  ‐  objeto  sem  função  definida 
a  abordagen  feita  em  História  da  Arte  e  da  Arquitetura  como  fonte  direta  de  pesquisa  e 
que  não  a  arte  ‐;  um  objeto  funcional  de  tema  livre;  e  um  objeto  funcional  temático,  cuja 
inspiração para os exercícios seguintes.   proposta deve ter como parâmetro determinante a forma curva, a ser inserida em parte ou 
O  assunto  “Geometrismo  nas  Artes  Plásticas”  é  abordado  através  de  apresentação  sobre  no todo do objeto. 
artistas com atuação entre o séc. XIX e a atualidade, analisando a construção de suas obras –  A massa de modelar foi escolhida para matéria‐prima dos primeiros três protótipos, por ser 
pinturas,  esculturas,  gravuras,  instalações,  maquetes, formas, cores,  inspirações  etc. ‐,  e  os 
bastante acessível em termos de custos, reaproveitável para todos os exercícios e de simples 
motivos pelos quais estas foram produzidas.  manuseio em sala de aula. Este material permite a concepção livre e a modificação do objeto 
De  posse  deste  embasamento  teórico,  os  alunos  devem  criar  obras  de  arte  em  duas  a  qualquer  tempo;  é  de  fácil  transporte  e  com  uma  quantidade  média,  de 
dimensões (formato A3), com os materiais que tiverem mais afinidade – lápis, lápis de cor,  aproximandamente 500g, é possível modelar e montar protótipos legíveis.  
carvão, tinta, hidrocor, etc. ‐, em técnicas simples ou mistas. Pela ordem do cronograma de  Tendo  sido  desenvolvidos  os  protótipos,  os  alunos  partem  para  a  representação 
atividades, o segundo exercício da proposta tem tema livre e o terceiro, da mesma natureza,  bidimensional  de  suas  criações.  Em  um  primeiro  momento,  a  representação  se  dá  por 
deve  ser  inspirado  em  um  artista  plástico  de  escolha  do  aluno,  que  atenda  ao  assunto 
croquis técnicos, como ilustram as Figuras de 5 a 8.  
abordado no momento. 
Figura 5 ‐ Exercício 5:  Protótipo luminária – objeto funcional livre (aluna Mariana Constantino – RGU: 11310910). 
Figura 3 ‐ Exercício 2: Obra de arte livre  (aluno Rodrigo Pereira da Silva – RGU: 11211245). 

 
 
Fonte: Erika Pereira Machado, 2013. 
Fonte: Mariana Constantino, 2013. 
Figura 4 – Exercício 3: Obra de arte inspirada em Pieter Mondrian (aluno Luiz Guilherme Belo – RGU: 11420357). 
Figura 6 – Exercício 5:  croquis técnicos da luminária (figura 5)  – (aluna Mariana Constantino – RGU: 11310910). 

 
Fonte: Erika Pereira Machado, 2014. 

Após  essa  fase  introdutória,  inicia‐se  a  proposta  de  criação  a  partir  de  protótipos 
tridimensionais,  que  serão  abordados  em  todos  os  demais  exercícios,  divididos  de  duas   
formas  –  criação  a  partir  de  modelagem  e,  posteriormente,  a  partir  da  transformação  de  Fonte: Mariana Constantino, 2013. 
matrizes  existentes.  Aqui,  entende‐se  por  matrizes  existentes  aqueles  objetos  em  desuso, 
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Figura 7 ‐ Exercício 6: Protótipo de relógio – objeto funcional temático (aluna Mariana Constantino – RGU: 11310910).  Figura 9 ‐ Exercício 7: “Escultura” produzido com matrizes existentes (aluna Ana Paula Marques Corrêa – RGU: 11310908). 

 
Fonte: Ana Paula Marques Corrêa, 2013. 
 
 
Fonte: Mariana Constantino, 2013.  Figura 10 ‐ Exercício 7: Lanterna / castiçal – objeto funcional livre produzido com matrizes existentes (aluna Ana Paula 
Marques Corrêa – RGU: 11310908). 
Figura 8 ‐ Exercício 6: Croquis técnicos do relógio (figura 6) – (aluna Mariana Constantino – RGU: 11310910). 

 
Fonte: Ana Paula Marques Corrêa, 2013. 
 

  Figura 11 – Exercício 9: Bandeja ‐ objeto funcional temático produzido com matrizes existentes (aluna Ana Paula Marques 
Corrêa – RGU: 11310908). 
Fonte: Mariana Constantino, 2013. 

Pela  experiência  em  sala  de  aula,  observou‐se  que  a  maleabilidade  e  a  textura  podem  ser 
limitações impostas pela massa de modelar, tornando‐se, em certos casos, mais complexa a 
percepção  de  acabamentos  detalhados.  As  adversidades  são  resolvidas  pelo 
desenvolvimento  dos  croquis  técnicos,  que  permitiram  aperfeiçoar  e  definir  as  bases  do 
projeto  daquele  produto.  Assim,  na  fase  de  representação  técnica,  os  alunos  estão  mais 
preparados  e  familiarizados  com  a  conversão  de  um  contexto  tridimensional  para  a 
representação em projeções. 
O desenho é a invenção de um objeto por meio de outro que o precede no tempo. 
O projetista opera sobre este primeiro objeto, o projeto, modificando‐o até julgá‐lo 
satisfatório.  Em  seguida,  traduz  suas  características  em  um  código  adequado  de 
 
instruções  para  que  seja  compreendido  pelos  encarregados  da  materialização  do 
segundo objeto, o edifício ou a obra. (MARTÍNEZ, 2000).  Fonte: Ana Paula Marques Corrêa, 2013. 

Os  exercícios  que  se  seguem  no  processo  de  aprendizagem,  cuja  base  é  dada  pelo  uso  de  No  último  exercício,  o  tema  proposto  na  disciplinafoi  o  conceito  “Brasil”,  propondo  aos 
matrizes existentes, passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento dos temas: escultura,  alunos  uma  pesquisa  sobre  a  cultura  nacional  e  como  isso  poderia  se  desdobrar  em  um 
objeto funcional livre e objeto funcional temático.   objeto  interessante. O tema solicitado, motivado pelos eventos de Copa do Mundo 2014 e 
Olimpíadas  2016  no  nosso  país,  tinha  a  intenção  de  fazer  os  alunos  se  aprofundarem  no 
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conhecimento da pátria onde nasceram.  perspectivas ou vistas ortogonais oriundas do Sistema de Representação Mongeano.  
A dificuldade imposta nesta fase final da disciplina está em transformar e não mais criar do  Por  isso,  lançamos  mão  da  construção  de  modelos  e  maquetes  do  sistema  diédrico,  e  a 
zero. A natureza diversa dos materiais propostos para a criação de protótipos teve a intenção  percepção  física  dos  elementos  matemáticos  ali  inseridos,  para  que  fosse  capturado 
de  realizar  analogias  à  concepção  de  projetos  arquitetônicos,  que,  divididos  em  visualmente  o  comportamento  do  objeto,  mesmo  que  inicialmente  em  conceituação 
macrocategorias, podemos classificar como propostas que abrangem desde as fundações até  abstrata, em todas as suas três dimensões.  
os  acabamentos,  e  outras  em  que  apenas  reformamos  e  transformamos  espaços  pré‐ (...)  a  maquete  se  serve  pra  testar  ideias  globais  e  interagir  com  as  demais 
existentes.   linguagens  gráficas  –  o  desenho  no  papel  ou  o  formato  digital.  A  maquete  é  o 
elemento  mais  direto  de  estudo  de  detalhes  específicos,  sua  execução  e  a 
Todos  os  exercícios  de  criação  tridimensional  foram  devidamente  acompanhados  do  comunicação de ideias com usuários com pouca experiência na leitura de desenhos 
aprimoramento  das  propostas  dos  protótipos  através  de  croquis  técnicos,  onde  o  sistema  técnicos evitam interpretações equivocadas (KOWALTOWSKI, 2011).  
mongeano de representação gráfica foi novamente aplicado. 
Outra facilidade trazida pela maquete é que o aluno consegue percorrer visualmente todo o 
objeto  e  identificar  as  partes  ocultas  a  serem  representadas,  diferente  dos  desenhos 
3 O CULTIVO - GEOMETRIA DESCRITIVA bidimensionais, onde o aluno deve imaginar e desenhar aquilo que não pode ser visto.  
Reforçando  o  exposto  anteriormente  sobre  a  diferença  de  apreensão  entre  engenheiros  e 
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UCP surgiu a partir da Faculdade de Engenharia Civil,  arquitetos,  ilustra‐se  com  o  colocado  por  KOWALTOWSKI,  que  afirma  que  “para  os 
conferindo,  por  isso,  a  ambos  os  cursos  disciplinas  comuns.  Contudo,  a  problemática  se  estudantes  de  arquitetura  e  urbanismo,  as  maquetes  são  fundamentais  para  treinar  a 
coloca  quanto  à  aplicação  destas,  da  mesma  forma,  para  os  cursos  supracitados,  pois,  habilidade mão‐olho e estimular o senso de percepção espacial”. 
mesmo  sendo  a  Geometria  Descritiva  matéria  comum  de  ambas  as  áreas  profissionais,  a 
finalidade prática da mesma para cada curso é consideravelmente distinta.   Assim  como  em  Desenho  Técnico  Geométrico,  os  modelos  e  maquetes  foram  sempre 
acompanhados da análise bidimensional do comportamento do elemento no espaço e suas 
Quando a matéria é aplicada com o mesmo método para ambos os cursos, os estudantes de  interfaces.  Assim,  a  inovação  da  metodologia  se  mostra  primeiro  pela  confecção  dos 
Arquitetura e Urbanismo tendem a ter mais dificuldade de aprendizado, especialmente por  modelos  tridimensionais  e  segundo  pelos  desenhos  técnicos  tradicionais  tornando‐se 
não compreender  o objetivo prático do assunto em questão dentro da área de atuação do  instrumentos acessórios na conclusão de cada assunto. 
Arquiteto e Urbanista.  
Figura 12 – Maquete do sistema diédrco e inserção de pontos para a análsie de suas projeções e rebatimentos (trabalho do 
Da  mesma  forma  que  se  reinterpretou  a  aplicação  da  disciplina  de  Desenho  Técnico  grupo Thais Fontainha RGU 11310291, Thais Eurides RGU 11311014, Paula Pampillon RGU 11310718,e Vanessa Gomes RGU 
11411123). 
Geométrico,  reformulou‐se  de  forma  similar  a  disciplina  de  Geometria  Descritiva,  no  1º 
semestre  do  ano  de  2014,  já  conhecendo  os  resultados  positivos  na  aprendizagem  da 
metodologia aplicada ao DTG.  
O  material  didático  existente  sobre  o  assunto  faz  referência,  todo  o  tempo,  à 
tridimensionalidade e ao comportamento dos elementos no espaço – pontos, retas, planos, 
figuras planas, sólidos ‐ e  suas  interferências – paralelismos, intersecções, seccionamentos, 
sombras, etc. 
Entretanto,  analisando  os  exercícios  e  a  sua  forma  de  solução,  nota‐se  que  o  conteúdo 
continua  sendo  aplicado  através  de  simulações  tridimensionais  em  superfícies  de  duas 
dimensões,  utilizando‐se,  apenas,  de  papel,  lápis,  borracha  e  instrumentos  técnicos  – 
compasso,  esquadros,  escalímetro,  transferidores, etc.  ‐  para  sua  execução1,  tal como vem 
acontecendo há anos. 
Surge  então  o  questionamento:  por  que  desenvolver  em  duas  dimensões,  conceitos  que 
devemos  compreender  no  espaço  tridimensional?  Pela  experiência  adquirida  no  semestre 
anterior com Desenho Técnico Geométrico, esta questão foi respondida através da criação de 
maquetes  físicas  dos  modelos,  em  vez  das  correntes  construções  usando  somente 
 
                                                             Fonte: Thais Fontainha, 2014. 
1
 GALRINHO, Antonio. Manual de Geometria Descritiva. 2ª ed. 2012  Após  o entendimento  do sistema  de projeção pela  maquete,  o plano de aula desenvolvido 
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seguiu a abordagem clássica conteúdo: pontos – marcações, projeções frontais, horizontais e  Figura 15 – Modelo de análise das planos e seus comportamentos no espaço e classificação (trabalho do grupo Thais 
Fontainha RGU 11310291, Thais Eurides RGU 11311014, Paula Pampillon RGU 11310718,e Vanessa Gomes RGU 11411123). 
laterais,  simetria  e  rebatimentos  ‐;  retas  e  seus  segmentos;  planos  –  classificações  e 
rebatimentos  ‐;  figuras  planas  ‐  classificação,  representação  direta,  verdadeira  grandeza  e 
rebatimentos ‐; e sólidos ‐ verdadeira grandeza e rebatimentos. 
Figura 13 – Rebatimento de pontos – fios coloridos de lã sobre o sistema diérico desmontado, para compreensão da técnica 
de rebatimento (trabalho do grupo Alexandre Landeiro RGU 11320100, Wallace Lopes RGU , João Marcos José RGU 
11320118 e Raquel Gomes RGU 11320248).. 

 
Fonte: Thais Fontainha;Thais Eurides; Paula Pampillon; Vanessa Gomes, 2014. 

 Além das maquetes, ao fim do semestre, realizou‐se o paralelo entre o aprendido em GD e a 
aplicação  em  representação  de  telhados.  Essa  é  uma  forma  de  inserir  a  aplicação  prática 
direta e simples, ressaltando ser indispensável o conhecimento de Geometria Descritiva para 
  a concepção criativa e correta de coberturas e telhados.  
Fonte: Alexandre Landeiro; Rquel Gomes; Wallace Lopes; João Marcos José, 2014. 
Assim, foi feita a explanação teórica do assunto “Telhados: Introdução à aplicação prática da 
Figura 14 – Modelo de análise das retas e seus comportamentos no espaço (trabalho do grupo Thais Fontainha RGU 
11310291, Thais Eurides RGU 11311014, Paula Pampillon RGU 11310718,e Vanessa Gomes RGU 11411123).  Geometria  Descritiva  no  âmbito  dos  projetos  de  arquitetura”,  deixando  notório  que  a 
aplicação  prática  dos  preceitos  de  Geometria  Descritiva  é  intrínseca  ao  vasto  assunto  de 
Projetos de Arquitetura e Urbanismo.  
Mas, diante desse conteúdo tão abrangente e seus inúmeros desdobramentos, focamos os 
exercícios  de  acordo  com  a  situação  em  que  a  disciplina  de  Geometria  Descritiva  é 
usualmente  ministrada  no  ciclo  básico  dos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo.  Logo,  é 
necessário  abordar  o  tema  de  forma  coerente  dentro  do  universo  da  grade  do  período 
vigente à época (no caso, 3º período), promovendo a associação do conhecimento através da 
interdisciplinaridade. 
Muitos estudantes e profissionais da área, inseguros quanto à prática de projeto, deixam de 
utilizar  telhados  aparentes,  que  agreguem  qualidade  estética  ao  objeto  arquitetônico. 
Preferem  solucionar  as  coberturas  com  lajes  simplificadas,  cujo  uso  indiscriminado  –  sem 
justificativa no partido de projeto ‐, acaba por desvalorizar a arquitetura das edificações. 
Sua  multiplicação  cria  uma  imensa  monotonia  na  paisagem  urbana,  contribuindo  para  a 
padronização  da  imagem  das  cidades  e  a  perda  da  identidade  do lugar e  sua  comunidade. 
Portanto,  para  estimular  a  criação  tridimensional  do  objeto  arquitetônico,  para  o  exercício 
  final  da disciplina, foi  proposto  calcular o telhado  dos  projetos  que  estavam  trabalhando  – 
Fonte: Thais Fontainha;Thais Eurides; Paula Pampillon; Vanessa Gomes, 2014.  concomitante à disciplina de Projeto de Arquitetura II.  
  Desta maneira, após embasamento teórico através dos elementos tradicionais, foi exercida a 
  metodologia de cálculo de cobertura em função das especificações de projeto.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  265   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  266 

Outro  fato  importante  de  registrar  é  que,  para  tal  empreendimento,  todas  as  aulas  desta  Prof. Dr. Douglas Cerqueira, nosso atual Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo 
disciplina  foram  ministradas  nas  dependências  do  Laboratório  de  Arquitetura  (maquetes),  da Universidade Católica de Petrópolis: 
em grupos, de modo que a interação para a construção dos protótipos em conjunto também  Profª Ms. Ana Kyzzy Fachetti; 
estimulasse a análise e o debate, etapas fundamentais do processo de aprendizado. 
Prof. Ms. Maximino Soutelinho da Costa; 
Alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Petrópolis: 
4 A COLHEITA – CONCLUSÃO

O  estímulo  ao  raciocínio  que  busca  a  solução  para  cada  desafio,  diferente  da  repetição  REFERÊNCIAS
condicionada  de  um  modelo,  promove  resultados  extremamente  positivos,  mostrando  ao 
aluno que, diferente do imediatismo entranhado na vida de modo geral, o labor em prol de  ABDALA, Antonio Carlos; MACHADO, Alvaro. Jacques Douchez, Geoemtrismo Lírico (Catálogo da Exposição). São 
uma boa solução demanda maturidade das ideias e tempo suficiente para desenvolvê‐las.  paulo: Escritório de Arte Lordello & Gobbi, 2011. 48p. 

Um  dos  desdobramentos,  é  que,  mesmo  sem  o  aparato  tecnológico  costumeiro,  os  alunos  ARAUJO, Ivanildo Fernandes. FERNANDES, Maria da Conceição Vieira. Aplicação da geometria descritiva na 
solução de problemas de engenharia. Artigo apresentado no COBENGA, 2001. 
imergem  no  universo  criativo  e  produtivo  de  tal  modo  que,  além  de  realizarem  ótimos 
trabalhos, mantêm a sala de aula em silêncio. Isso demonstra a concentração, o empenho e  ARGAN, iulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos. São Paulo: Companhia das 
o interesse à abordagem proposta com esta nova metodologia, atingindo assim ao objetivo  Letras, 1992. 
de  ser  capaz  de  atender  às  demandas  de  manter  a  aula  interessante  e  atraente,  mesmo  BERNSTEIN, Rachel; LEE, Eunice; SHELL, Jenifer. Geometry and Art. Simetry, Balance, Scale. Los Angeles: Los 
diante de toda a dinâmica típica do contexto atual.  Angeles County Museum of Art. Museum Associates/LACMA ‐ Evenings for Educators., 2011. 12p. 
GALRINHO, Antonio. Manual de Geometria Descritiva. 2ª ed. 2012. 
O entendimento de metodologia exitosa é reforçado pela repercussão dada à disciplina pelos 
próprios alunos entre os companheiros e ao retorno dado por meio de seus depoimentos. É  KLEBER, Carlos. Apostila Percepção Espaciel & Geomatria Descritiva. 2009. 
ainda  mais  consolidado  ao  observar  que  os  resultados  se  repetem  nas  turmas  que  KOWALTOWSKI, Doris C. C. K; Et. Al. (orgs). O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. São 
atualmente, no segundo semestre de 2014, cursam a disciplina.  Paulo: Oficina de Textos,2011.  

Os produtos da disciplina de Desenho Técnico Geométrico foram trabalhos de alta qualidade,  LIMA, Mariana Regina Coimbra de. Percepção visual aplicada à arquitetura e iluminação. Rio de janeiro: Editora 
Ciência Moderna, 2010. 
que  permitiram  abrir  novas  perspectivas  aos  alunos,  fazendo‐os  perceber  e  ter  uma  nova 
abordagem  sobre  os  objetos cotidianos  e  o  lixo  que produzimos.  O  retorno  extremamente  MARTÍNEZ, Alfonso Corona. Ensaio sobre o projeto. Tradução Ane Lise Spaltemberg. Brasíli: Editora 
Universidade de Brasília UnB, 2000.” 
positivo dos alunos, demonstrando terem apreendido o conteúdo e atendido à proposta com 
alto  desempenho,  permitiu  que  esta metodologia  seja  consolidada  nesta  disciplina  voltada  MELLO, Hilton Andrade de. Geomatria nas Artes. Rio de Janeiro: Publicação virtual, 2010. 125 p. 
para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Petrópolis.  PRINCIPE JÚNIOR, Alfredo dos Reis. Noções de geometria descritiva. 3ª ed. São Paulo: Nobel, 1990. 
Os  desdobramentos  desta  nova  proposta  foram  ao  encontro  das  parcerias  feitas  pela  RODRIGUES, A. J. Geometria Descritiva. Operações fundamentais e poliedros. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 
universidade,  quando  o  Centro  de  Engenharia  e  Computação  onde  estamos  alocados  está  1964. 
desenvolvendo, junto ao INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial ‐, um Núcleo de  PUC/RS. Ementas das cisciplinas ‐ Currículo 4/803. Porto Alegre: FAU/PUC/RS, 2007. 
Patentes, para onde os melhores trabalhos da disciplina serão indicados, assim que o núcleo  Universidade Católica de Petrópolis. Matriz curricular/Programa Pedagógico. Curso de Arquitetura e 
estabelecido nas dependências da instituição. A proposta do Núcleo Docente Estruturante do  Urbanismo, 2013. 
Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  em  indicar  os  trabalhos  dos  alunos  para  possíveis  UFRJ. Ementas das disciplinas. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ, 2007. 
patentes é auxiliar na aproximação do aluno a um grande nicho de mercado e aprimorar seu 
UFRRJ. Ementas das disciplinas. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ, 2001. 
currículo ainda na fase estudantil. 
Univate. Ementas das disciplinas. Lajeado: FAU/Univate, 2012. 

AGRADECIMENTOS

Núcleo Docente Estruturante do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica 
de Petrópolis: 
Prof. Robson Luiz Gaiofatto, primeiro Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Católica de Petrópolis: 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  267   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  268 

Fabricação digital em ateliê vertical: uma experiência didática no  acadêmicos  em  relação  a  intervenções  que  venham  a  ser  realizadas  no  Município  de 
Chapecó  e  Região.  Considerando  a  arquitetura  como  elemento  estruturador  do  território, 
ensino de Arquitetura e Urbanismo  acredita‐se  que  a  dinâmica  do  Ateliê  Vertical  funciona  como  um  campo  de  discussão  para 
estratégias  e  desenhos  que  permitam  extrapolar  a  escala  do  edifício  e  se  projetem  como 
Juliano MIOTTO   possibilidades de qualificação da cidade e região. 
Unochapecó ‐ [email protected] 
Katiane Laura BALZAN   Em  2014,  a  2ª  Maratona  de  Projetos  aconteceu  na  1ª  semana  do  ano  letivo,  e  teve  por 
Unochapecó – [email protected]  objetivo estimular a integração de professores e acadêmicos de diferentes períodos do curso, 
Paula BATISTELLO  fomentando  a  troca  de  experiências,  visões  de  mundo  e  saberes  diretamente  ligados  ao 
Unochapecó ‐ [email protected]  ofício de Arquiteto e Urbanista. 
Vivian DELATORRE 
Unochapecó ‐ [email protected]  A  temática  proposta  foi  a  de  Requalificação  da  área  central  do  município  de  Chapecó/SC, 
  Brasil,  sendo  que  a  problemática  envolvia  fatores  de  mobilidade  urbana,  acessibilidade, 
comunicação visual, mobiliário urbano, resolução de vazios e miolos de quadra, edifícios de 
RESUMO 
Este  artigo  apresenta  uma  experiência  didática  no  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  na  Universidade  uso  coletivo,  possíveis  alterações  de  uso  de  edifícios  pré  existentes,  etc.  A  área  de 
Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, realizada no primeiro semestre de 2014. O ateliê vertical,  intervenção  foi  definida  por  cada  equipe,  atendendo  aos  seguintes  critérios:  situar‐se  no 
chamado  de  2ª  Maratona  de  Projetos,  teve  como  temática a  Requalificação  da  área  central  do  município  de  enquadramento  das  vias  Av.  Fernando  Machado  a  oeste,  Av.  Nereu  Ramos  a  leste,  Rua 
Chapecó/SC,  Brasil.  As  equipes,  composta  por  acadêmicos  do  1º  ao  10º  (penúltimo)  semestre  do  curso,  Uruguai a sul e Rua Quintino Bocaiúva a norte. Todas as equipes trabalharam com no mínimo 
desenvolveram  uma  proposta  em  nível  de  anteprojeto  e  um  protótipo  de  mobiliário  urbano,  com  auxílio  da 
seis quarteirões, a sua escolha. 
fabricação  digital.    Além  do  objetivo  de  estimular  a  integração  de  professores  e  acadêmicos  de  diferentes 
períodos  do  curso,  fomentando  a  troca  de  experiências,  visões  de  mundo  e  saberes  diretamente  ligados  ao  Além do estudo preliminar da proposta como um todo, as equipes tiveram que desenvolver 
ofício  de  Arquiteto  e  Urbanista.  A  experiência  também  proporcionou  aos  acadêmicos  uma  introdução  a  um mobiliário urbano que se integrasse ao conceito da proposta, com o auxílio da fabricação 
fabricação digital, no intuito de estimular uso de tecnologias e demostrar a importância da materialização no 
processo de projeto. 
digital,  com  o  intuito  de  estimular  o  uso  do  laboratório  e  demonstrar  a  importância  da 
materialização no  processo de projeto. Devido  ao fato de que o mesmo estava  em fase de 
PALAVRAS‐CHAVE: Fabricação digital, Ateliê vertical, Mobiliário urbano. 
implementação,  utilizou‐se  uma  fresadora  CNC  (controle  numérico  computadorizado),  por 
ser o único equipamento em completa instalação (figura 1). 
1 INTRODUÇÃO Figura 2 ‐ Corte de um mobiliário urbano proposto na CNC do Pronto 3D da Unochapecó. 

Os  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  Design  de  Moda  e  Design  com  Ênfase  em  Design 
Visual da UNOCHAPECÓ fazem parte de uma rede de laboratórios de prototipagem rápida e 
fabricação digital, denominada REDE PRONTO 3D (Prototipagem Rápida e Novas Tecnologias 
Orientadas  ao  3D)  que  consiste  em  um  espaço  de  ensino,  pesquisa  e  extensão  na  área  da 
materialização da forma por meio de técnicas automatizadas, sob gestão do curso de Design 
da  UFSC  (Universidade  Federal  de  Santa  Catarina)  e  financiada  pela  FAPESC  (Fundação  de 
Amparo  à  Pesquisa  e  Inovação  do  Estado  de  Santa  Catarina).  Segundo  PUPO  (2014)  “O 
PRONTO 3D objetiva a estruturação de um ambiente de pesquisa, criação, desenvolvimento 
e  produção  de  modelos,  protótipos,  maquetes  e  produtos  em  escala  real,  auxiliando  as 
diferentes etapas do processo de projeto em diversas áreas”. 
O laboratório existente na Unochapecó conta com uma fresadora CNC, uma cortadora a laser 
e uma impressora 3D. Com o intuito de iniciar as atividades do Laboratório PRONTO 3D da 
UNOCHAPECÓ,  o  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  integrou  a  fabricação  digital  nas   
atividades da 2ª Maratona de Projetos.  Fonte: Balzan, 2014. 
A  Maratona  de  Projetos  ‐  Ateliê  Vertical  tem  por  objetivo  lançar,  em  nível  de  Partido  Os alunos conceberam e desenvolveram a proposta de um mobiliário urbano com software 
Arquitetônico,  soluções  possíveis  para  contemplar  o  programa  relacionado  à  temática.  de livre escolha. Para fabricação dos protótipos, tiveram auxílio dos professores para o corte 
Através  da  produção  das  diferentes  equipes  a  serem  compostas,  acredita‐se  criar  um  na fresadora CNC. Participaram da Maratona de Projetos 12 equipes, envolvendo em torno 
caminho para a discussão e ponderação de diferentes alternativas e soluções não só para o  de 300 alunos, 60% dos acadêmicos do curso.  
equipamento  em  questão,  mas  também  uma  sensibilização  e  conscientização  dos 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  269   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  270 

2 METODOLOGIA

A 2ª Maratona de Projetos foi lançada no primeiro dia letivo do primeiro semestre de 2014 
(Figura  2).  Na  ocasião,  foram  reunidos  todos  os  acadêmicos  do  Curso  de  Arquitetura  e 
Urbanismo  da  Unochapecó  e  foi  apresentado  o  regulamento  da  atividade,  cronograma  e 
divisão dos grupos já pré‐determinados e compostos por uma proporção de acadêmicos do 
1º ao 10º (penúltimo) semestre do curso. 
Após a referida apresentação, os acadêmicos assistiram a uma palestra sobre uma proposta 
de requalificação para uma parte da área sugerida na temática a fim de instigar conceitos e 
novas visões sobre a área a ser estudada. 
Figura 3 ‐ Apresentação da 2ª Maratona de Projetos no 1º dia letivo de 2014. 

 
Fonte: Balzan, 2014. 
Figura 5 ‐ Entrega dos projetos com os protótipos. 

 
Fonte: Balzan, 2014. 

O  desenvolvimento  das  propostas  por  parte  das  equipes  aconteceu  nos  três  dias 
subsequentes  (Figura  3),  sendo  que  a  entrega  de  todos  os  elementos  exigidos  para 
apresentação da proposta foi realizada no quinto e último dia da maratona (Figura 4).  
Figura 4 ‐ Organização e trabalho das equipes com orientação de professores. 

 
Fonte: Balzan, 2014. 

Os produtos entregues foram: 
a) Texto de apresentação, com justificativa da escolha da área de intervenção; 
b) Planta de situação;  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  271   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  272 

c) Conceito da proposta;   de design, produzindo uma grande variedade de invenção e inovação arquitetônica”. Para a 
autora os modos de representação e de construção, estão cada vez mais se expandindo, de 
d) Implantação;  
maneira que seja possível conceber formalmente, espacialmente e materialmente, referindo‐
e) Perspectivas gerais, croquis, desenhos e textos para esclarecer as soluções propostas;  se principalmente ao uso da fabricação digital. 
f) Perspectivas na altura do observador;  Com  o uso  de técnicas de fabricação  digital  fica  evidente que  é necessário  o  entrelace  das 
g) Perfis das vias de intervenção;  duas áreas, digital e material, que “permitem ao arquiteto controlar processos de fabricação 
por  meio  de  dados  de  projeto,  o  que  transforma  as  possibilidades  e,  assim,  o  escopo 
h) Skyline e   profissional do arquiteto” (Gramazio & Kohler, 2008). 
i) Protótipo de Mobiliário Urbano, desenvolvido com auxílio da fabricação digital.  Acrescenta  Kolarevic  (2005)  que  “a  era  digital  tem  reconfigurado  radicalmente  a  relação 
Para o desenvolvimento do modelo tridimensional do mobiliário urbano, as equipes tiveram  entre a concepção e produção, criando uma ligação direta entre o que pode ser concebido e 
livre escolha das ferramentas às quais melhor se adaptavam. Os softwares utilizados foram:  o  que  pode  ser  construído". Complementa  ainda que  “os  projetos de  hoje não são apenas 
Autocad, Archicad, Revit e Sketchup.   nascidos digitalmente, mas eles também são realizados digitalmente através de processos de 
file‐to‐factory (do arquivo para a fábrica) de tecnologias CNC de fabricação”. 
Uma  mini  oficina  foi  ministrada  para  a  utilização  do  software  Autodesk  123D  Make,  que 
contou com a participação de dois alunos de cada equipe.   A  fabricação  digital  aos  poucos  vem  sendo  difundida  no  campo  profissional  e  acadêmico, 
neste  contexto  Pupo;  Orciuoli  (2012)  relatam  experiência  do  esforço  de  difundir  o 
Devido  ao  tempo  limitado  e  falta  de  conhecimento  por  parte  dos  alunos  em  outros 
conhecimento das tecnologias de fabricação digital para alunos, professores e profissionais, 
programas  de  planificação,  optou‐se  pelo  123D  Make  principalmente  pela  facilidade  da 
através de um evento para difundir a fabricação digital e prototipagem rápida no Estado de 
obtenção da planificação e encaixes das superfícies geradas tridimensionalmente. 
Santa  Catarina  através  de  três  etapas:  1)  Road  Show;  2)  Treinamento  online  dos  softwares 
Após o desenvolvimento do modelo tridimensional digital, planificação, encaixes e plano de  para os envolvidos e 3) Workshop de fabricação digital.   
corte, os protótipos personalizados foram cortados na fresadora CNC. 
O evento ressaltou a importância do conhecimento e aproximação por parte do profissional 
ao  processo  de  projeto  como  um  todo  e  também  para  o  uso  consciente  desta  tecnologia, 
DISCUSSÃO onde acredita‐se na importância da participação/supervisão do autor do projeto.  
Pupo (2009) reforça sobre o papel das universidades quanto à implementação da fabricação 
A  fabricação  digital  segundo  Kolarevic  (2005)  refere‐se  às  tecnologias  de  CNC,  que  sugere  digital  no  ensino  e  também  integradas  a  matriz  curricular  de  maneira  interdisciplinar.  
diretamente  da  transferência  de  um  programa  tridimensional  para  uma  máquina  CNC,  Segundo a autora estas tecnologias estão cada vez mais presentes no processo de projeto e o 
permitindo  através  dos  modelos  digitais  a  produção  de  maquetes  em  escala  reduzida  até  estímulo aos futuros profissionais é importante principalmente para que os mesmos possam 
protótipos em escala real.  tirar partido destas tecnologias e processos para qualificar ainda mais o seu trabalho.  
Com  o  surgimento  das  máquinas  controladas  digitalmente,  tornou‐se  possível  alterar  os  Celani; Pupo (2011) apontam a promoção de workshops, como uma maneira de transferir o 
processos  de  produção,  da  fabricação  padronizada  em  larga  escala  (racionalização,  formas  conhecimento  sobre  a  tecnologia  entre  alunos  e  professores,  tendo  como  objetivos:  “a 
geométricas  básicas  e  uso  repetitivo  de  componentes)  para  a  customização  em  massa.  O  integração das novas tecnologias ao processo de projeto, o desenvolvimento orientado para 
termo  customização  em  massa  é  a  capacidade  de  produzir  em  série,  componentes  as novas soluções arquitetônicas e a operacionalidade dos equipamentos disponíveis”. 
totalmente personalizados, com a mesma facilidade da produção de peças padronizadas. Por 
O  surgimento  de  novas  tecnologias  tem  contribuído  fortemente  para  o 
exemplo, uma CNC pode produzir a mesma quantidade de objetos como objetos idênticos,  desenvolvimento  de  projetos,  onde  os  modelos  geométricos  tridimensionais 
nesse  sentido a produção personalizada não tem aumento de custo pela sua customização  permitem  antecipar  possíveis  falhas  no  processo  antes  da  sua  execução.  Desta 
(KOLAREVIC, 2005).  maneira, os modelos  geométricos digitais tridimensionais  e dos  protótipos  físicos, 
contribuem para um processo integrado e automatizado, rápido e detalhado, e de 
Esta personalização  pode ser  auxiliada  pela modelagem paramétrica,  definida por  Eastman  grande complexidade (VIEIRA, 2008). 
(2008)  como  representação  de  objetos,  por  meio  de  parâmetros  e  regras  que  determinam 
sua  geometria,  sendo  algumas  propriedades  e  características  não  geométricas.  Os  Segundo  Orciuoli  (2009),  pode‐se  ter  o  máximo  controle  das  propriedades  físicas  e 
parâmetros dos objetos podem ser fixos ou variáveis e também personalizáveis permitindo a  geométricas através da fabricação assistida por computador, além disto, a precisão, rapidez e 
geração de geometrias complexas, que antes eram impossíveis de serem desenvolvidas. Ou  qualidade  de  acabamentos  e  a  relação  implícita  entre  projeto  e  execução,  aproximando  o 
seja, a modelagem paramétrica possibilita  ao usuário, gerar diferentes  soluções a partir de  profissional do processo fabril. 
um único modelo.   Acredita‐se que estas as discussões apenas reforçam a importância de iniciativas tanto para a 
Segundo Iwamoto (2009) “a fabricação digital, em particular tem estimulado uma revolução  implementação de laboratórios de Prototipagem Rápida e Novas Tecnologias Orientadas ao 
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3D, a exemplo do PRONTO 3D, como também, promover experiências como a Maratona de  Stacked  Slices  (método  de  fatiamento e  empilhamento  de  peças)  para  obter a  planificação 
Projetos que contribuam para o ensino e consequentemente para a formação do Arquiteto e  em painéis de tamanho 1050 mm x 1375 mm e exportando os arquivos em extensão do tipo 
Urbanismo  frente  às  mudanças  que  ocorrem  no  processo  de  projeto  a  partir  destas  DXF. O software utilizado para efetuar os cortes com a importação destes arquivos DXF foi o 
tecnologias.  Delcam ArtCam Express. 
Figura 7: Modelo tridimensional planificado no software 123 Make 

RESULTADOS

Esta  experiência  possibilitou  aos  alunos  uma  aproximação  com  a  fabricação  digital, 
estimulando  e  demostrando  a  importância  da  mesma  no  processo  de  desenvolvimento  do 
projeto.  Porém, durante o desenvolvimento e fabricação do protótipo aconteceram algumas 
falhas, principalmente geradas pela falta de experiência dos acadêmicos em relação à prática 
na fabricação digital. 
A  ferramenta  para  o  desenvolvimento  do  objeto  tridimensional  ficou  a  critério  de  cada 
equipe, os softwares mais utilizados foram: SketchUP, Revit e Archicad. Durante as oficinas os 
alunos foram orientados que independente do software utilizado estes deveriam exportar os 
seus modelos em extensão para STL (Stereolithography) ou OBJ (Wavefront 3D Object File). 
Estas  recomendações  foram  dadas  devido  ao  fato  de  que  o  software  disponível  para  a 
planificação automática do modelo tridimensional era o 123D Make.  
 
Além  disso,  enfatizou‐se  que  os  alunos  poderiam  fazer  a  planificação  manual  no  software  Fonte: Equipe 08 
gerando arquivos de extensão DWG ou DXF (Drawing eXchange Format), permitindo assim a 
Por questões relacionadas à interoperabilidade entre softwares e inexperiência dos alunos e 
leitura  pelo  software  específico  da  CNC,  o  qual  faz  a  conversão  do  GCODE  (linguagem  de 
também  por  ser  a  primeira  vez  que  os  mesmos  trabalham  com  este  tipo  de  tecnologia, 
programação que comanda a máquina de CNC). Sendo que a maior parte das equipes optou 
pequenas falhas geradas nos arquivos, acabaram desencadeando uma sucessão de pequenos 
pela planificação do modelo tridimensional no software 123D Make. 
erros.  
O  exemplo  abaixo  (figura  5)  mostra  o  modelo  tridimensional  de  um  banco  (mobiliário 
As falhas foram constatadas somente  na hora da montagem, que  ocorreram em função da 
urbano) desenvolvido no software SketchUP, por uma das equipes. 
interoperabilidade entre os softwares e problemas com a escala real do objeto em relação à 
Figura 6: Modelo tridimensional desenvolvido por uma das equipes da maratona  escala  de  corte  e  espessura  do  material  e  fresa.  Quanto  ao  material,  utilizaram  MDF 
(Medium‐Density  Fiberboard)  de  3mm,  para  o  corte  do  protótipo.  Alguns  acadêmicos 
preferiram criar os encaixes de forma bidimensional, o que resultou em um maior trabalho, 
na etapa de preparação do arquivo para o corte, mas não houve erros na hora dos encaixes.  
Apesar dos ajustes e falhas todas as equipes conseguiram fabricar o seu protótipo, a imagem 
a seguir mostra alguns modelos desenvolvidos pelas equipes (figura 7). 
Figura 8: Protótipos dos mobiliários desenvolvidos pelos alunos – corte na CNC 

 
Fonte: Equipe 05 

Após a conclusão do modelo tridimensional e importação para o 123 Make (Figura 6), estes 
fizeram uso do recurso Interlocked Slices (método de fatiamento e intersecção das peças) ou 
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BIBLIOGRAFIA
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Fonte: Balzan, 2014 
PUPO, Regiane Trevisan. The insertion of DIGITAL PROTOTYPING AND FABRICATION in the design process: a new 
Embora pequenos problemas ocorreram, como já comentado, pensa‐se que a aproximação  challenge for arquitecture learning. Campinas, 2009. 237 f. Theses (Doctorade in Civil Engineering) – Faculdade 
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas. 
do aluno com a realidade foi extremamente importante. Permitindo ao aluno compreender 
que o processo de projeto, envolve não apenas a concepção do modelo tridimensional, como  PUPO, Regiane Trevisan; ORCIUOLI, Affonso. Experiência sem fronteiras. No limits experience. SIGRADI, 2012. 
também é necessário entender o processo como um todo, da concepção até a montagem, e  Disponível em: http://cumincad.scix.net/data/works/att/sigradi2012_189.content.pdf. Acesso em: 15 de Março 
2014. 
estas envolvem desde a escolha do material, estrutura, interfaces, processos de montagem. 
VIEIRA, Erica Pinheiro. Produção digital de maquetes eletrônicas: um estudo exploratório. Dissertação 
A inserção da fabricação digital no processo de projeto permitiu aos acadêmicos prototipar  Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2007. Disponível em: 
de modo mais rápido, facilitando a visualização e a percepção de possíveis erros de projeto.  <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000438935&fd=y>. Acesso em: 05 de ago. 
Os principais erros detectados referiram‐se à execução dos protótipos e também à proporção  2014. 
e  ergonomia  dos  produtos.  Acadêmicos  relataram  que  após  a  visualização  do  protótipo     
finalizado,  perceberam  que  alterações  no  modelo  poderiam  aproximá‐lo  mais  da  aplicação 
que  esperavam  do  conceito.  Além  disso,  a  percepção  das  relações  espaciais  que  foram 
imaginadas  a  partir  do  modelo  virtual  mostraram‐se  diferentes  no  modelo  físico.  Se 
houvesse tempo hábil, após a fabricação do modelo, o produto final teria sido modificado.  
Isso  evidencia  que  a  inserção  da  fabricação  digital  no  processo  de  projeto  interferiu 
positivamente no produto final, interferindo  nas decisões de projeto. Isso ratifica o fato de 
que  fabricação  digital  e  prototipagem  permitem  maior  e  mais  rápida  reflexão  na  etapa  de 
avaliação  do  projeto,  o  que  pode  ser  utilizado  como  propulsor  da  síntese  arquitetônica. 
Neste caso, o processo começa a se tornar iterativo, e uma fase começa a interferir na outra, 
significativamente, como sugere Lawson (2011). 
Acredita‐se  que  esta  experiência  tenha  enriquecido  o  conhecimento  dos  alunos, 
contribuindo também com o processo de ensino aprendizagem, onde busca‐se gerar novas 
experiências  com  resultados  cada  vez  melhores  a  partir  dos  problemas  detectados  neste 
primeiro experimento. 
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A história presente: um exercício com maquetes  entre o passado e o presente arquitetônico. 
No  contexto  da  disciplina,  propusemos  aos  estudantes  o  seguinte  exercício:  em  grupos, 
Ana Carolina CARMONA  deveriam escolher uma das técnicas construtivas tradicionais do Brasil – taipa de pilão, pau‐
Instituto Federal de São Paulo; [email protected]  a‐pique, alvenaria de  pedra,  alvenaria de adobe  e enxaimel. Definida  a técnica, o grupo se 
  dedicaria  à  pesquisa,  tendo  como  desafio  desenvolver:  1.  Dois  painéis  expositivos,  um 
RESUMO  tratando da técnica em si (passo a passo da construção, das fundações ao telhado) e outro 
O  artigo  é  um  breve  relato  da  experiência  realizada  junto  à  turma  do  4o  ano  do  curso  de  Arquitetura  e  apresentando um edifício construído naquela técnica (preferencialmente um bem tombado 
Urbanismo  de  uma  faculdade  particular  em  São  Paulo,  na  qual  propusemos  a  construção  de  maquetes  e  que  pudesse  ser  visitado  pelo  grupo);  2.  Uma  maquete  em  escala  1:5  ou  1:10  de  uma 
utilizando técnicas construtivas tradicionais brasileiras. Trazendo como referência as reflexões da arquiteta Lina  parede, construída utilizando‐se a própria técnica.  
Bo Bardi acerca do presente histórico, o artigo tem como objetivo discutir, a partir de uma experiência concreta, 
as relações entre teoria e prática no ensino da arquitetura e o sentido do estudo da história enquanto reflexão  Não deve ser novidade, para um professor dos inúmeros cursos de arquitetura particulares 
crítica sobre o presente.  que  têm  surgido  nos  últimos  anos  no  Brasil,  as  dificuldades  imediatas  enfrentadas  pelos 
PALAVRAS‐CHAVE:  Ensino  de  arquitetura,  teoria  e  história,  arquitetura  brasileira,  maquetes,  técnicas  estudantes, no que se refere à leitura, à escrita e ao desenho, habilidades fundamentais para 
construtivas.   a formação plena do arquiteto. Mas, desde o princípio, ainda que intuitivamente, sentíamos 
  que  no  nosso  caso  essas  dificuldades  se  relacionavam  também  a  um  problema  mais 
Figuras 1 e 2 – Maquete de adobe em frente a parede de taipa | Painel expositivo taipa de pilão.  estrutural,  de  uma  falta  de  sentido  para  o  estudo  da  história  e  da  teoria  nos  cursos  de 
arquitetura em geral, voltados ao pragmatismo de “formar para o mercado”.  
Não  é  incomum  escutarmos  dos  estudantes  que  a  história  da  arquitetura  “não  serve  para 
nada”, na medida em que não pode ser “aplicada no projeto” – um questionamento ao qual 
os professores muitas vezes respondem explicando que a história traz um conhecimento de 
obras, arquitetos, movimentos que servirão como “referências” de projeto, sem sair da lógica 
de  um  conhecimento  enciclopédico  e  operativo  da  teoria/história  –  como  se  estas 
“servissem” ao projeto assim como uma fórmula “serve” ao cálculo da viga de concreto. 

TEORIA E HISTÓRIA

O  incômodo  inicial,  em  relação ao  sentido  da  teoria/história  na  formação  do  arquiteto,  foi 
sendo trabalhado em busca de uma problematização mais consistente. Ao mesmo tempo em 
que orientávamos o trabalho das técnicas construtivas, em termos de metodologia de ensino 
encontramos grandes possibilidades de diálogo na obra da  arquiteta  Lina Bo Bardi, que no 
ano de 1957 se dedica a pensar o tema, em Contribuição propedêutica ao ensino da Teoria 
da Arquitetura. 
Um primeiro ponto importante colocado por Lina, e com o qual nos identificamos, é a defesa 
  da concretude da teoria: 
Fonte: Autora, 2014.  Todo ensino baseado em teorias abstratas, que prescindem do homem, ignorando a 
sua presença e o seu trabalho, única fonte real de toda transformação da natureza 
 
e da sua própria [natureza] – documentada pela história – constitui um método que 
só pode conduzir a resultados vagos e insatisfatórios”. (BARDI, 1957, p. 58) 

INTRODUÇÃO Como  caminhar  rumo  a  essa  concretude  caracterizada  pela  presença  do  homem  e  de  seu 
trabalho nas obras de arquitetura, em busca de um novo método de ensino?  A nosso ver, o 
O  presente  texto  é  o  relato  de  uma  experiência  didática  realizada  ao  longo  do  primeiro  exercício  da  maquete  permitiu  acercarmo‐nos  do  problema:  como  já  foi  dito,  parte  da 
semestre de 2014, quando ministramos a disciplina “Arquitetura Brasileira” junto à turma do  proposição  era  a  da  execução  das  paredes  utilizando‐se  a  própria  técnica;  na  medida  do 
4o  ano  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  de  uma  faculdade  particular  em  São  Paulo.  possível  (considerando‐se  as  óbvias  diferenças  de  contexto),  a  equipe  deveria  ater‐se  aos 
Tem, a nosso ver, o caráter de uma reflexão inicial sobre como a relação entre teoria e prática  materiais,  métodos  e  técnicas  tais  como  tradicionalmente  utilizados.  Por  exemplo:  a 
pode se dar no âmbito das disciplinas de teoria e história, e sobre como trabalhar as relações  maquete  de  alvenaria  de  adobe  seria  efetivamente  construída  com  tijolos  de  barro  crus, 
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feitos  em  formas  de  madeira,  assentados  de  acordo  com  as  indicações  apontadas  por  HISTÓRIA COMO DOCUMENTO
restauradores etc.  
Mais  do  que  representar  uma  parede  de  adobe  em  sua  aparência,  interessava‐nos  uma  Um segundo ponto levantado por Lina Bo Bardi diz respeito a como a teoria da arquitetura se 
apresentação,  ainda  que  em  escala  reduzida,  das  reais  características  da  técnica,  liga com a história. O trecho anteriormente citado já aponta para essa relação: a história teria 
enfrentando  inclusive  as  dificuldades  inerentes  ao  processo  construtivo  e  as  suas  o  caráter  de  documentação  da  presença  do  homem  e  de  seu  trabalho,  cujos  resultados 
especificidades. A “presença do homem”, tal como colocada por Lina, estaria no fato de que,  seriam  profundas  modificações  da  natureza.  Na  década  de  1980,  preocupada  com  a 
para  efetivamente  conseguir  construir  a  parede  (e  mantê‐la  de  pé),  os  estudantes  emergência do pós‐modernismo historicista, escreve: 
precisariam que a leitura do fazer passado se encontrasse e se confrontasse com a prática do  Estão  voltando  os  arcos  e  as  colunas  do  nazi‐fascismo,  a  história  tomada  como 
seu próprio fazer presente.   Monumento  e  não  como  Documento.  (Michel  Foucault:  L’histoire  est  ce  qui 
transforme des  Documents en Monuments. É justamente o contrário: a História é 
Os alunos, instigados, precisaram não apenas se perguntar “como se construía”, “com quê se  aquilo  que  transforma  os  Monumentos  em  Documentos.  Claro  que  Monumento 
construía” e “quem construía” no passado, mas também atualizar todas essas questões (que  não se refere somente a uma obra de arquitetura, mas também às ações coletivas 
podiam ser respondidas por meio de leituras e visitas a edifícios históricos), trazendo‐as para  de grandes arranques sociais”.  (FERRAZ, 1996, p. 226)  
o  problema  imediato  da  construção  da  maquete.  Propusemos  um  problema  a  ser  O  trabalho  das  maquetes  conflui  com  essa  posição  justamente  por  documentar  o  fazer 
experimentado  e  não  uma  tarefa  cujos  resultados  seriam  esperados  e  conhecidos;  a  idéia  passado  em  sua  monumentalidade,  isto  é,  em  seu  sentido    social.  Considerando  que  a 
não  era  a  do  perfeito  resultado  formal‐final,  mas  sim  a  tomada  de  consciência  da  técnica construtiva é parte fundamental do habitat, o exercício de construir hoje,  utilizando‐
importância do processo que vai da pesquisa à execução.   se  uma  técnica  do  passado,  pode  ser  múltiplo  –  não  somente  técnico,  mas  também  e  ao 
Nesse  sentido,  temos  alguns  exemplos  esclarecedores.  Uma  das  equipes  de  alvenaria  de  mesmo tempo estético, ético, histórico  –, com potencial de recuperar também o contexto 
adobe, ao realizar o exercício, baseou‐se apenas em uma “idéia” do que seria a técnica, sem  em que a técnica se desenvolveu.  
pesquisar  a  bibliografia  especializada;  a  parede  foi  construída  com  tijolos  de  argila  cinza  As  equipes  que  trabalharam  a  taipa  de  pilão,  por  exemplo,  fizeram  uma  pesquisa bastante 
moldados à mão e assentados deitados, com cola Super Bonder; o resultado foi que a parede  extensa, visitando o Mosteiro da Luz e a Capela de São Miguel Paulista, alguns dos poucos 
não  se  sustentava  verticalmente.  Em  comparação  com  a  outra  equipe,  que  aprofundou  a  edifícios  remanescentes  da  antiga  mud  city  que  era  São  Paulo  até  o  séc.  XIX.  Conheceram 
pesquisa, usando materiais e técnicas adequados – em especial,  o barro vermelho argiloso  (em  visitas  técnicas  realizadas  com  toda  a  turma)  o  Sítio  Santo  Antônio  em  São  Roque,  a 
misturado à fibra vegetal, moldado em formas de madeira – a diferença foi enorme: antes de  cidade  de  Santana  do  Parnaíba  e  as  discussões  mais  atuais  acerca  das  relações  sociais  e 
qualquer  avaliação  ou comentário  por  parte  da  professora,  os  grupo  já  tinham  comparado  culturais no Planalto Paulista no século XVI e XVII, quando índios, mamelucos e bandeirantes 
seus trabalhos e feito uma auto‐avaliação de resultados e falhas no processo.  configuraram uma sociedade muito peculiar.  Enfrentaram, na prática, as dificuldades ligadas 
Figuras 3 e 4 – Duas experiências de maquetes de alvenaria de adobe.   à escolha e preparação do barro (que precisava ser argiloso e retirado a uma profundidade 
de  solo  especifica,  sem matéria orgânica) e  à  elevação  das  paredes  (que  envolve montar  e 
remontar diversas vezes as formas de madeira) – descobrindo que o processo da taipa exige 
esforço  físico  e  uma  mão‐de‐obra  muito  especializada,  a  dos  taipeiros,  profissão  que  hoje 
está praticamente extinta.  
Figura 5 – Maquete de taipa de pilão 

 
Fonte: Autora, 2014. 

Um  outro  caso  foi  o  de  uma  das  equipes  do  enxaimel,  que,  seguindo  uma  lógica 
representativa  dos  materiais,  por  assim  dizer,  executou  os  tijolos  também  em  argila  cinza 
sem  queima.  O  resultado:  apos  alguns  dias,  as  paredes  assentadas  dentre  as  traves  de 
madeira  encolheram  alguns  centímetros,  deixando  um  vão  na  parede.  Uma  possibilidade 
teria sido utilizar tijolinhos feitos a partir de tijolos maciços cortados, mantendo‐se assim as 
 
características originais do material.  Fonte: Autora, 2014 
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Além  disso,  por  uma  feliz  coincidência,  em  uma  das  equipes  um  dos  alunos  era  também  PRESENTE HISTÓRICO
marceneiro,  de  forma  que  a  maquete  da  equipe,  extremamente  caprichosa  e  despertando 
elogios da turma, recuperou a moralidade (ou a ética) do trabalho manual – em grande parte  Tentamos,  com  esses  exemplos,  mostrar  que  ler  a  história  como  documento  é  tomar  a 
abandonado nas escolas e na profissão de arquiteto de modo geral. Ainda no que se refere a  história como motor de conhecimento e reflexão. Lina, defendendo a continuidade entre a 
essa  ética,  poderíamos  ressaltar  a  potencialidade  do  exercício  para  o  trabalho  em  equipe,  arquitetura antiga e a moderna, irá trazer a noção de “presente histórico”: 
onde cada um contribuiu conforme suas aptidões, numa proposição suficientemente aberta  Na  prática,  não  existe  o  passado.    O  que  existe  hoje  e  ainda  não  morreu  é  o 
para abranger diversas habilidades e interesses.   presente  histórico.  O  que  você  tem  que  (...)  preservar  são  certas  características 
típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade”. (FERRAZ, 1996, p. 319)  
As equipes de alvenaria de pedra, por sua vez, enfrentaram várias dificuldades em relação à 
construção das paredes; talvez pela própria técnica exigir um conhecimento artesanal muito  O que está colocado é a história não como referência formal ou de projeto, mas sim como 
especializado (sobre fundações, escolha das peças, modo de assentar) e pela dificuldade em  um instrumento de crítica, que contribui para pensar (e agir) no fazer arquitetônico presente 
obter  materiais  equivalentes  aos  tradicionais,  os  alunos  recorreram  a  materiais  e  –  contra  os  historicismos  que  aprisionam  o  passado,  falsificando‐o,  e  contra  as 
procedimentos “anacrônicos”, por assim dizer (gesso, granito polido, Durepóxi...),  tema que  modernizações ignorantes, que promovem demolições: 
foi bastante debatido com as equipes.  É preciso se libertar das amarras, não jogar fora simplesmente o passado e toda a 
Figuras 6 e 7 – Maquetes de alvenaria de pedra  sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico, ainda 
vivo  (...)  nossa  tarefa  é  forjar  um  outro  presente,  “verdadeiro”,  e  para  isso  é 
necessário  não  um  conhecimento  profundo  de  especialista,  mas  uma  capacidade 
de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas 
situações  que  hoje  se  apresentem  a  vocês,  e  tudo  isto  não  se  aprende 
simplesmente nos livros. (FERRAZ, 1996, p. 319)  

Essas colocações nos parecem fundamentais; voltando às maquetes, pensemos nas técnicas 
da  taipa  de  pilão  e  do  adobe.  Assim  que  começaram  a  pesquisar,  os  alunos  relacionaram 
ambas  as  técnicas  tradicionais  com  o  que  hoje  conhecemos  como  “arquitetura  de  terra”, 
trazendo  exemplos  de  experiências  projetuais  recentes  e  fazendo  comparações.  Foi  uma 
oportunidade  de  debater  a  importância  do  conhecimento  da  técnica  tradicional  –  de  um 
tempo ido, mas “que ainda pertence à humanidade” – e de como a sua atualização pode (ou 
não) ser legítima, se pensarmos no que é (ou não) aplicável às novas situações de hoje.  
Nesse  sentido,  temos  exemplos  interessantes  de  uso  do  adobe  em  experiências  de 
  bioarquiteura,  que  exploram  características‐chave  da  técnica  tradicional  (como  o  fato  dos 
Fonte: Autora, 2014  materiais serem praticamente todos próprios ao local da obra) resignificando‐as no contexto 
Essas  dificuldades  –  que  aparentemente  seriam  “apenas”  técnicas  –  nos  levaram,  assim,  a  da  sustentabilidade  e  de  experiências  comunitárias  e  participativas.  Por  outro  lado,  há 
importantes  esclarecimentos  sobre  as  condições  de  vida  no  passado  colonial.  Ao  definir  o  projetos  de  arquitetura  contemporânea  como  mansões  de  estilo  “contemporâneo‐
tipo  de  pedra  a  ser  utilizada,  as  equipes  se  depararam  com  o  fato  de  que,  no  período  brutalista”, que se aproveitam da proximidade entre o concreto aparente e a taipa de pilão 
colonial,  as  grandes  dificuldades  de  comunicação  entre  as  diversas  regiões  levaram  à  (de que trataremos mais à frente) para criar grandes paredes de concreto pigmentado que 
utilização  das pedras que estivessem mais acessíveis no local, resultando em configurações  imitam  a  taipa  (numa  falsificação  formalista  da  técnica  tradicional1)  ou  mesmo  paredes 
estético‐arquitetônicas  típicas,  como  o  uso  do  granito  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro  ou  o  realmente construídas a duras penas em taipa de pilão, mas que não apresentam qualquer 
quartzito e a pedra‐sabão em Minas Gerais. Além disso, no Brasil colônia, era escassa a mão‐ função  estrutural  (uma  das  características  definidoras  da  técnica)  no  projeto,  tendo  papel 
de‐obra  que  trabalhava a  pedra  de  cantaria,  sendo o uso  da  pedra aparelhada  restrito  aos  puramente decorativo. 
edifícios mais importantes  e a  elementos como portadas e molduras; o mais comum era  o     
uso  da  pedra  irregular.  A  preparação  da  argamassa  também  trouxe  questões,  exigindo 
pesquisas sobre a cal que era utilizada no passado (a cal era importada de Portugal ou obtida 
a partir das conchas de sambaquis, com inferior qualidade) e ensaios com cal, areia, barro e 
mesmo  óleo  de  cozinha  (em  uma  tentativa  de  substituição  do  óleo  de  baleia  da  época                                                              
colonial).   1
 In: “Taipa ou concreto? Novas técnicas em concreto recriam cores e textura das antigas construções de barro”. Disponível 
em < www.mapadaobra.com.br/consumidor/parede‐de‐concreto‐aspecto‐de‐taipa/?utm_source=Parceria_CasaCom > 
Acesso em 10.09.14. 
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Figuras 8 e 9 – Maquete de pau‐a‐pique.  Um  último  ponto  a  ser  destacado  refere‐se  às  possibilidades  de  trabalhos  como  esse,  com 
seu caráter de pesquisa aplicada, de difundir o conhecimento da arquitetura para além dos 
limites  da  sala  de  aula;  foi  o  que  ocorreu  conosco.  Em  visita  técnica  ao  Museu  do 
Anhanguera,  em  Santana  de  Parnaíba,  observamos  as  paredes  restauradas  construídas  em 
pau‐a‐pique e taipa; oferecemos ao museu a doação de algumas de nossas maquetes, como 
complementação didática à exposição. Recebemos, em resposta, um convite da Secretaria de 
Cultura  para  participar  de  uma  exposição  com  todos  os  trabalhos,  painéis  e  maquetes,  na 
recém‐inaugurada Casa do Patrimônio da cidade.  Como finalização de um processo iniciado 
na  escola,  a  exposição  foi  uma  experiência  extremamente  positiva,  na  medida  em  que 
promoveu o intercâmbio com a sociedade de forma mais ampla, e, coerentemente com as 
discussões realizadas, permitiu vislumbrar  a arquitetura no âmbito mais geral da cultura.  
 
Fonte: Autora, 2014. 
CONCLUSÃO
A  noção  de  presente  histórico  nos  permite,  também,  pensar  no  significado  e  nas 
possibilidades  didáticas  de  realizar  paralelos  entre  sistemas  construtivos  tradicionais  e  Face  às indagações  que colocamos  inicialmente,  sobre  a  função  e  o  sentido  da  teoria  e da 
sistemas contemporâneos, como, por exemplo, a aproximação tão cara aos modernistas de  história, a experiência aqui discutida aponta para algumas questões: tentamos mostrar que o 
São Paulo,  que  na  décadas de  1940  e 50 associavam a  taipa ao concreto1 (por suas lógicas  ensino  de  teoria/história  pode  ter  um  caráter  prático  sem  entretanto  se  configurar  como 
construtivas  semelhantes,  com  fôrmas  móveis,  assim  como  pelo  aspecto  final  das  mera “referência projetual” ou “repertório para o projeto” – ao invés disso, a prática poderá 
superfícies); ou, ainda, uma aproximação mais recente, do pau‐a‐pique com as onipresentes  reforçar a capacidade crítica do estudante e futuro arquiteto, ajudando‐o a na conformação 
paredes  de  gesso  acartonado  (que  têm  em  comum  a  leveza,  a  rapidez  a  e  flexibilidade  de uma visão de mundo e de uma postura ativa em relação a esse mesmo mundo. 
construtiva).    Sabemos  que  os  materiais,  a  mão‐de‐obra,  o  contexto  não  são  os  mesmos, 
Esse caráter prático não implica em perdas ao caráter propriamente teórico e histórico das 
mas,  a  partir  da  intenção  de  distinguir,  no  passado,    o  que  poderia  “servir  para  novas 
disciplinas, pelo contrário: se bem elaboradas e articuladas às aulas expositivas e leituras, as 
situações  que  hoje  se  apresentem”,  será  que  esse  tipo  de  aproximação  poderia  estimular, 
atividades  práticas  são  estímulos  ao  entendimento  essencial  da  história  enquanto 
dentre os estudantes, uma reflexão acerca das lógicas construtivas inerentes a cada técnica, 
investigação, pesquisa que envolve, por parte do estudante, uma real curiosidade acerca da 
a cada sistema estrutural, a cada edifício, a cada período histórico e social?  
realidade que o cerca e que estimula a autonomia do aprendizado.  
Figuras 10 e 11 – Exposição dos trabalhos na Casa do Patrimônio. 
Além disso, ainda no que se refere à relação entre o campo da teoria/história e o do projeto 
–  relação  cujo  caráter  operativo  e  enciclopédico  já  havíamos  questionado  –  a  experiência 
aqui  relatada  pode  ser  considerada  enquanto  indutora  da  criatividade,  qualidade 
extremamente  importante  para  o  fazer  arquitetônico‐projetual.  Um  problema  histórico, 
trabalhado  de  forma  prática,  colocou  situações  e  problemas  para  o  presente,  exigindo 
respostas e soluções criativas com todo um potencial de desdobramento em projeto.  
A  tradição  –  nesse  caso  representada  pelas  técnicas  construtivas  tradicionais  –  revela‐se 
ponte  para  a  invenção,  uma  ligação  que  parece‐nos  chave  para  futuros  desenvolvimentos 
didáticos  (como  elaborar  e  inserir  outras  experiências  que  aliem  teoria  e  prática,  dentro  e 
fora da sala de aula? Como, a longo prazo, estruturar metodologias que repensem de forma 
conjunta  as  seqüências  de  disciplinas  de  história  e  teoria,  religando‐as  com  o  sentido 
concreto  que  deve  ter  a  arquitetura?  Como  experimentar  relações  mais  aprofundadas  e 
 
frutíferas  entre  história  e  projeto?).  “O  antigo  que  foi  novo  é  tão  novo  como  o  mais  novo 
Fonte: Autora, 2014. 
novo”, diz Augusto de Campos, provocando‐nos a insistir na noção de presente histórico. 
                                                            
1
  Referimo‐nos  a Luís Saia e  à  equipe do  SPHAN  (Serviço  do  Patrimônio  Histórico  e Artístico  Nacional)  de São Paulo, que 
REFERÊNCIAS
realizaram diversas experiências de restauração utilizando‐se do concreto armado e do concreto ciclópico – como no caso 
BARDI, Lina Bo. Contribuição propedêutica ao ensino da Teoria da Arquitetura. São Paulo, Instituto Lina Bo e P 
do Sítio Santo Antonio em São Roque. 
M Bardi, 2002. 
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BARDI, Lina Bo. Lina por escrito:textos escolhidos de Lina Bo Bardi. São Paulo, Cosacnaify, 2011. 
Ensino e aprendizagem do comportamento estrutural por meio de 
BICCA, Briane, BICCA, Paulo Renato [orgs]. Arquitetura na formação do Brasil. Brasília, IPHAN, 2008. 
modelos físicos 
CAMPOS, Augusto. Verso reverso controverso. São Paulo, Perspectiva, 1988.  
FERRAZ, Marcelo [org]. Lina Bo Bardi. São Paulo, Instituto Lina Bo e P M Bardi, 1996.  Marina M. DUARTE 
GONÇALVES, Cristiane Souza. Restauração arquitetônica: a experiência do SPHAN em São Paulo, 1937‐1975. São  Universidade do Vale do Itajaí; [email protected] 
Paulo, Annablume, 2007.  Károla A. STACH 
 Universidade do Vale do Itajaí; [email protected] 
REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 2014. 
 
SAIA, Luis. Morada paulista. São Paulo, Perspectiva, 2012. 
RESUMO 
O ensino de estruturas atualmente praticado nos cursos de Arquitetura apresenta, em sua grande maioria, uma 
metodologia  pouco  adequada,  deixando  de  atender  às  necessidades  mais  imediatas  e  aplicativas  para  a 
formação  profissional  desejada.  Nos cursos  de  Arquitetura  e Urbanismo  o  aluno tem contato,  desde  o  início, 
com  o  desenvolvimento  de  projetos  arquitetônicos  de  edificações.  A  compreensão  do  comportamento 
estrutural  é  essencial  para  a  elaboração  destes  projetos,  porém,  este  estudo  ocorre,  com  frequência,  de 
maneira descontextualizada, prejudicando a assimilação dos conteúdos por enfatizar aspectos quantitativos em 
detrimento do conhecimento conceitual, formando um profissional despreparado para conceber, manipular e 
aplicar  em  seus  projetos  várias  possibilidades  de  sistemas  estruturais  disponíveis.  Uma  alternativa  para 
promover  o  aprendizado  de  forma  qualitativa  é  a  utilização  de  modelos  reduzidos  de sistemas  estruturais.  O 
presente trabalho apresenta a aplicação, em sala de aula, de atividades para a elaboração de maquetes com a 
finalidade  de  representar  diferentes  fenômenos  físicos  das  estruturas.  A  forma,  a  dimensão,  os  materiais  a 
serem empregados, assim como a própria confecção dos modelos, foram definidos com o objetivo de aprimorar 
o entendimento do conteúdo e formular soluções e comprovar sua eficiência. O resultado imediato é ilustrado 
através das imagens e a comprovação de que a análise qualitativa promove, através da intuição, uma base para 
a elaboração dos primeiros projetos e o início do estudo quantitativo dos sistemas estruturais. 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino‐aprendizagem, estruturas, maquetes 

INTRODUÇÃO 

O desenvolvimento de qualquer projeto arquitetônico inicia‐se com uma ideia de forma. O 
projeto  dessa  forma  deve  levar  em  conta  diversos  fatores  como  conforto,  tecnologia, 
estrutura,  função  da  edificação,  entre  outros.  Todos  esses  itens  se  complementam  e 
interagem entre si. Portanto, o profissional responsável pela criação do desenho deve estar 
ciente  de  que  essa  tarefa  envolve  outros  tantos  conhecimentos  para  que  se  obtenha  uma 
forma agradável e coerente do ponto de vista estético, funcional, estrutural e tecnológico. 
Para Rebello (2006): 
[...] é muito comum entender‐se a arquitetura como a criadora das formas, como se 
essas  pudessem  acontecer  isoladamente  e  independentemente  da  estrutura,  do 
material do qual é produzida e dos processos de produção. Na verdade, a criação 
de  uma  forma  implica  a  criação  de  uma  estrutura.  A  estrutura  e  a  forma,  ou  a 
estrutura e a arquitetura, são um só objeto e, assim sendo, conceber uma implica 
conceber a outra. Arquitetura e estrutura nascem juntas; portanto, aquele que cria 
a forma também é aquele que cria a estrutura.  

Há,  de  fato,  uma  tendência  de  se  segmentar  os  conhecimentos  como  conteúdos 
independentes,  sem  a  preocupação  de  se  obter  ao  longo  da  formação  do  profissional  de 
arquitetura uma interdisciplinaridade indispensável para a elaboração de um bom projeto.  
Observa‐se frequentemente que o estudo de estruturas, por exemplo, tem seu enfoque nos 
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cálculos matemáticos sem antes ter havido uma abordagem qualitativa sobre os fenômenos  As ideias são propostas por grupos de alunos que definem, com o devido assessoramento e 
estruturais, seus esforços e suas implicações diretas no projeto da forma.  acompanhamento  do  professor,  a  forma,  a  dimensão  e  os  materiais  a  serem  empregados 
Vários  trabalhos  apresentados  nos  Encontros  Nacionais  de  Professores  de  Estruturas  para  para cada uma das partes do modelo. A metodologia utilizada explora a intuição no processo 
de  aprendizagem  com  o  objetivo  de  mostrar  ao  aluno  que,  desde  a  criação  de  qualquer 
Escolas  de  Arquitetura  recomendam  que  o  ensino  seja  dividido  em  três  etapas.  Segundo 
SARAMAGO; LOPES (2009):  forma,  há  a  necessidade  da  definição  simultânea  do  sistema  estrutural  e  da  concepção  da 
estrutura. Dessa maneira, salienta‐se a relevância do comportamento estrutural no processo 
Na primeira, de caráter introdutório, o objetivo é colocar o aluno em contato com  de projetar e executar uma edificação.  
os  fenômenos  estruturais  a  partir  de  uma  abordagem  conceitual  como  a 
manipulação  de  modelos.  Após  esta  etapa  intuitiva,  iniciam‐se  os  estudos  A  elaboração  é  feita  em  sala  de  aula  e  conta  com  o  apoio  do  LAMCO  ‐  Laboratório  de 
quantitativos de caráter aprofundado. Neste momento são realizadas comparações  Materiais e Técnicas Construtivas.  
dos resultados obtidos em ambas as etapas. Na terceira fase ocorrem as atividades 
de  projeto,  nas  quais  os  alunos  devem  desenvolver  soluções  arquitetônicas  O  resultado  é  a  percepção  do  comportamento  das  estruturas  por  meio  da  observação  das 
integradas à estrutura.  configurações  deformadas  dos  elementos,  confeccionados  com  materiais  relativamente 
Torroja  (1960)  foi  um  dos  primeiros  a  defender  a  ideia  de  que  a  concepção  estrutural,  flexíveis,  a  partir  da  aplicação  de  determinadas  solicitações.  Com  isso,  os  conhecimentos 
enquanto fruto de um processo criativo, necessariamente deve estabelecer a conexão entre  adquiridos durante o curso são visualizados na prática. 
processos  técnicos  e  artísticos.  O  autor  defende  que  a  discussão  conceitual  da  forma  e  da  A  seguir  são  apresentados  alguns  modelos  criados  e  construídos  pelos  alunos,  quando  do 
estrutura deve ser priorizada para que o modelo matemático seja o resultado e não a causa  primeiro contato deles com a área de estruturas. 
do projeto. Afinal, para ele, a concepção de um sistema estrutural é anterior ao cálculo – que 
existiria para confirmar ou testar aquilo que foi concebido pela mente humana.   DIREÇÃO DAS DIAGONAIS DE TRELIÇAS 
Tal  ponto  de  vista  é  compartilhado  por  Margarido  (2001),  ao  afirmar  que  a  dificuldade  de  Treliças  são  elementos  estruturais  bastante  empregados  para  vencer  grandes  vãos  e 
assimilação do comportamento estrutural tem sua origem no fato de que as grandezas físicas  conceber  grandes  balanços.  Os  elementos  das  treliças,  submetidos  a  esforços  de  tração  e 
que  determinam  as  modificações  nos  elementos  estruturais  –  facilmente  demonstráveis  e  compressão  simples,  podem  ter  seu  desempenho  otimizado  em  função  da  direção  das 
quantificáveis por fórmulas matemáticas – não são acessíveis à percepção direta.   diagonais. Observa‐se uma maior coerência dos resultados em projetos de treliças em que as 
Uma alternativa para promover o aprendizado de forma qualitativa é a utilização de modelos  diagonais estão direcionadas para os apoios, conduzindo mais facilmente o carregamento. 
reduzidos  de  sistemas  estruturais.  Esta  metodologia  tem  sido  empregada  com  sucesso  em  A  análise  desse  comportamento  foi  realizada  experimentalmente  por  um  grupo  de  alunos 
várias  universidades  (RODRIGUES;  HERMIDA,  2006;  OLIVEIRA,  2006).  Esses  modelos  são  que propôs a construção de duas treliças em balanço com variação da direção das diagonais. 
confeccionados  com  materiais  flexíveis  como  o  silicone,  a  borracha  e  o  elástico,  sem  a  Os banzos e montantes foram executados em madeira, as diagonais com elásticos e os nós 
preocupação com fatores de escalas, nem de estética. Eles simulam, de maneira exagerada,  articulados  com  botões  de  pressão,  conforme  apresentado  na  
os  deslocamentos  sofridos  pelos  diversos  elementos  estruturais,  o  que  facilita  a  Figura 1. 
compreensão  dos  conceitos  básicos  de  tração,  compressão,  flexão,  flambagem  e  torção.  Figura 1 – Modelo de treliça com variação da direção das diagonais. 
Utilizando‐se  o  sentimento  e  a  intuição,  o  assunto  torna‐se  mais  atraente,  sem  ser 
superficial, desenvolvendo‐se uma base para o início do estudo do processo quantitativo dos 
diversos fenômenos existentes na estrutura. (Rodrigues; Hermida, 2006). 
A  possibilidade  de  experimentação  com  modelos,  além  de  simples,  concretiza  o 
comportamento das estruturas e torna‐se um guia de intuição ao aluno iniciante motivando‐
o  a  ampliar  e  aprimorar  seus  conhecimentos  de  estruturas.  Além  disso,  conciliar  o 
comportamento  estrutural  no  momento  da  concepção  da  forma  torna  o  profissional  de 
arquitetura mais completo e o projeto melhor resolvido. 

DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS FÍSICOS 

O  trabalho  é  desenvolvido  no  primeiro  período  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo.  A 
intenção  é  a  modelagem  de  elementos  simples  que  demonstrem  conceitos  de  sistemas 
estruturais, esforços, comparem diferentes soluções de concepção e lançamento ou ilustrem 
 
alternativas distintas entre sistemas construtivos.   Fonte: Arquivo do autor. 
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Observa‐se  que  a  treliça  com  as  diagonais  na  direção  do  apoio  apresenta  tração  nesses  sem  nenhum  travamento  e  do  pórtico  com  travamento  em  “X”  comprova  a  fragilidade  do 
elementos,  enquanto  a  treliça  com  diagonais  no  outro  sentido  teria  que  ser  construída  primeiro  e  a  maior  rigidez  do  segundo.  Além  disso,  esforços  de  tração  e  de  compressão 
substituindo‐se  o  elástico  por  outro  material  em  função  dos  esforços  de  compressão  desenvolvidos nas diagonais podem ser visualizados. 
desenvolvidos nas diagonais.   Figura 3 – Modelo de quadro contraventado e sem contraventamento. 

ESFORÇOS EM ARCOS 
A geometria do arco pode fazer com que apareçam apenas esforços de compressão ou que 
apareçam  esforços  concomitantes  de  compressão  e  flexão.  Arcos  submetidos  somente  à 
compressão podem, teoricamente, serem construídos com o mesmo princípio dos romanos, 
apenas com blocos justapostos, sem o emprego de nenhum aglomerante. 
A ideia proposta por um grupo de alunos, ilustrada na Figura 2, tem o objetivo de mostrar o 
comportamento de diferentes soluções para o apoio de um tabuleiro de ponte. Partiram da 
elaboração de apenas um arco, bastante abatido e evoluíram até uma proposta com diversos 
arcos.  A conclusão obtida é de que à medida que se diminuem os vãos para cada um dos 
arcos,  menos  abatidos  eles  ficam  e  menos  tendência  a  fletir  apresentam.  Com  isso,  há 
aumento  da  rigidez  para  o  tabuleiro  da  ponte,  demonstrado  através  da  aplicação  de  carga 
(com um caminhão de brinquedo carregado de pedras). 
Figura 2 – Soluções em arco para a sustentação do tabuleiro. 
 
Fonte: Autor. 

VIGA 
As vigas são peças submetidas preponderantemente a esforços de flexão quando solicitadas 
por  carregamento  transversal.  Há  várias  maneiras  de  se  conseguir  um  aumento  da 
resistência da peça a esse tipo de esforço. Pode‐se, por exemplo, aumentar a resistência do 
material ou alterar sua seção transversal. 
Ao  alterar  a  seção  transversal  de  uma  viga  para  aumentar  sua  resistência  à  flexão,  é  mais 
interessante modificar o valor de sua altura e não de sua largura. Isso fica claro quando se 
observa o momento resistente na equação do calculo de tensões de flexão pura. No entanto, 
em um primeiro contato com o assunto e antes mesmo de estudar a porção do calculo de 
peças  submetidas  à  flexão,  é  possível  experimentar  as  duas  possibilidades  e  avaliar  a 
eficiência de cada uma delas através de modelos estruturais.  
   
Para  essa  compreensão,  um  grupo  de  aluno  construiu  três  modelos  de  espuma  com  um 
Fonte: Arquivo do autor. 
trecho bi apoiado  e variou  a  seção  transversal.  O primeiro  modelo  apresentava  uma seção 
transversal quadrada. O segundo modelo foi testado com o dobro da largura do primeiro e a 
CONTRAVENTAMENTO 
mesma altura. Já o terceiro modelo teve sua altura duplicada e manteve a mesma largura do 
As edificações estão sujeitas a esforços horizontais, como ação dos ventos, por exemplo. O  primeiro,  conforme  apresentado  na  Figura  4.  Através  da  configuração  deformada  após 
contraventamento é uma das soluções empregada para garantir a estabilidade global de uma  aplicação de carga nos três modelos, observa‐se qual é a alternativa mais resistente (Figura 
edificação.   5). 
A solução de um contraventamento em “X” aparece bastante em edificações com estruturas     
metálicas e em vigas treliçadas.  
A análise dos esforços e da deformação das barras do contraventamento pode ser realizada 
através dos pórticos apresentados na Figura 3. A observação do comportamento do pórtico 
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Figura 4 – Modelos em espuma de viga com variação da seção transversal.  Figura 6 – Modelos de laje bidirecional e unidirecional em madeira e tecido. 

       
Fonte: Autor. 

CONCEPÇÃO DE BALANÇOS 
Balanços  em  projetos  de  edificações  em  concreto  armado  moldado  ‘in  loco’  podem  ser 
concebidos de diferentes formas. Na elaboração do projeto arquitetônico deve ser levada em 
consideração  a  solução  final  desejada  para  que  se  obtenha  uma  configuração  estrutural 
compatível com o desejado esteticamente. 

 
Analisando‐se uma sacada executada com vigas em balanço engastadas numa viga de apoio 
Fonte: Autor. 
e  outra  sacada  de  mesma  dimensão,  porém,  com  solução  de  vigas  contínuas  é  possível 
observar comportamentos estruturais distintos (Figura 7).  
Figura 5 – Modelos em espuma de viga com variação da seção transversal. Modelo com seção transversal quadrada (a). 
Modelo com o dobro da largura do primeiro e a mesma altura (b). Modelo com o dobro da altura dos anteriores e mesma  Figura 7 – Modelos em EVA de duas formas de conceber uma sacada em balanço. 
largura (c). 

     
(a)                                                        (b)                                                        (c)     
Fonte: Autor.  Fonte: Autor. 

Mantendo‐se  as  mesmas  dimensões,  os  mesmos  vãos  e  aplicando‐se  a  mesma  carga, 
LAJES ARMADAS EM UMA DIREÇÃO E EM DUAS DIREÇÕES  conclui‐se  que  a  deformação  é  menor  quando  há  continuidade  das  vigas.  Além  disso, 
O comportamento das lajes quanto à direção da distribuição do carregamento dá origem à  observa‐se um esforço de torção no modelo sem continuidade das vigas (Figura 6). 
classificação desse elemento em unidirecional e bidirecional. O entendimento desse conceito 
torna‐se  simples  ao  se  analisar  dois  exemplos  extremos,  como  uma  laje  quadrada  e  outra  FUNICULAR DE CARGAS 
retangular com duas dimensões bem maiores que as demais.   O cabo é um sistema estrutural que tende a adquirir a forma diretamente ligada à posição, 
Os modelos apresentados na Figura 6 evidenciam, através do material flexível utilizado para  direção,  sentido,  quantidade  e  intensidade  das  forças  que  atuam  sobre  ele.  As  diferentes 
a simulação da laje,  o  comportamento bidirecional  e unidirecional de  uma laje  quadrada  e  formas  que  o  cabo  adquire  em  função  do  carregamento  denominam‐se  funiculares  das 
outra retangular, respectivamente.  cargas. A forma funicular apresentada pelo cabo é análoga ao diagrama de momento fletor 
    ao  longo  de  uma  viga  de  mesmo  vão  e  de  mesmo  carregamento  do  cabo.  Além  disso,  a 
observação dos funiculares de cargas permite visualizar o formato de um arco que apresente 
somente esforços de compressão.  
O modelo estrutural foi realizado com um suporte de madeira, barbante e pesinhos de pesca 
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removíveis para a visualização de diferentes funiculares, dependendo da carga que á aplicada  Uma  das  principais  diferenças  estruturais  entre  o  concreto  armado  moldado  ‘in  loco’  e  o 
(Figura 8).  concreto armado pré‐fabricado diz  respeito  à  questão  da estabilidade  estrutural. O fato de 
Figura 8 – Variação das cargas aplicadas em um cabo.  uma  edificação  em  concreto  armado  moldado  ‘in  loco’  ser  considerada  monolítica  e 
hiperestática,  com  grande  resistência  a  esforços  horizontais,  é  apontado  constantemente 
como uma vantagem em relação a outros sistemas estruturais.  
Um  grupo  de  alunos  se  propôs  a  representar  dois  sistemas  que  diferem  entre  si  quanto  à 
questão acima citada. Para o concreto armado moldado ‘in loco’, recortaram vazios em um 
bloco  de  isopor,  deixando  restar  elementos  para  simular  pilares,  vigas  e  lajes.  O  concreto 
armado  pré‐fabricado  foi  elaborado  com  o  mesmo  material,  mas  com  elementos  isolados 
(Figura 10).  
    Fonte: 
Autor.  Figura 10 – Modelos de edificações com simulação do sistema estrutural em concreto armado moldado ‘in loco’ e em 
concreto armado pré‐fabricado. 
CONCRETO ARMADO E CONCRETO PROTENDIDO 
Os  alunos de  arquitetura  apresentam  muita  curiosidade  em  conhecer  o  funcionamento  do 
concreto  protendido  em  função  de  suas  potencialidades  para  a  concretização  de  projetos 
arrojados,  com  grandes  vãos,  balanços  importantes,  layout  livre,  etc.  As  vantagens  e 
potencialidades do sistema são fundamentadas na execução de peças com armadura ativa. A 
observação  do  seu  comportamento  estrutural  possibilita  associar  propriedades  como 
diminuição de flechas e fissuras, maior área da seção transversal submetida à compressão e 
diminuição da seção transversal das peças.  
Com  esse  objetivo,  um  grupo  de  alunos  propôs  a  comparação  entre  dois  sistemas 
estruturais.  Foram  construídos  dois  modelos  de  vigas  bi  apoiadas  de  mesma  seção 
transversal  e mesmo vão.  O  primeiro simulava  o  concreto  armado  e  o segundo  o  concreto 
protendido. Os dois modelos foram executados em cubos de isopor com a introdução de um 
canudo  na  região  tracionada  para  representar  a  armadura.  A  armadura  passiva  foi 
reproduzida através de um elástico tracionado e fixo nas extremidades do canudo (Figura 9). 
Figura 9 – Modelos de vigas bi apoiadas simulando concreto armado e protendido.   
Fonte: Autor. 

A  diferença  da  estabilidade  global  é  de  fácil  visualização  através  dos  modelos  e  torna 
concreto mais um conceito teórico. 

CONCLUSÃO  

O ensino de Estruturas nos cursos de Arquitetura e Urbanismo carece de adaptações no que 
se  refere  à  interdisciplinaridade  e  à  abordagem  qualitativa  e  intuitiva  do  conteúdo 
programático.  A  descontextualização  do  processo  didático  pedagógico  adotado  na  maioria 
    dos casos abstrai o conhecimento dificultando a formação adequada do aluno. 
Fonte: Autor.  O  início  do  processo  de  ensino  e  aprendizagem  dos  fenômenos  físicos  que  acontecem  nas 
Através  da  aplicação  de  cargas  observam‐se,  no  modelo  de  viga  protendida,  menor  estruturas com um enfoque intuitivo‐qualitativo resulta em um entendimento facilitado do 
deformação e menor abertura das peças na região tracionada. A análise do comportamento  comportamento das peças solicitadas. 
possibilita um entendimento rápido das potencialidades do sistema.  Os  modelos  físicos  possibilitam  a  experimentação  dos  esforços  e  a  visualização  da 
configuração  deformada  concretizando  conceitos  abordados  em  sala  de  aula.  Todo  o 
CONCRETO ARMADO MOLDADO ‘IN LOCO’ CONCRETO ARMADO PRÉ‐FABRICADO  processo  de  elaboração  e  escolha  dos  materiais  envolve  experiências  e  tentativas  que 
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contribuem para essa etapa intuitiva.  Sociologia Urbana: conversas com futuros arquitetos e urbanistas 
Com  isso,  tanto  o  estudo  quantitativo  de  caráter  aprofundado,  quanto  a  aplicação  dos 
conceitos da área de estruturas na concepção dos projetos arquitetônicos, tornam‐se etapas  Ivany Câmara NEIVA 
facilitadas após o entendimento qualitativo inicial.  Universidade de Brasília; [email protected] 
 

REFERÊNCIAS  RESUMO 
Este artigo trata de práticas pedagógicas adotadas na disciplina Sociologia Urbana, no curso de graduação em 
MARGARIDO, A.F. Fundamentos de estruturas: um programa para arquitetos  e engenheiros que se iniciam no  Arquitetura  e  Urbanismo,  na  Universidade  Católica  de  Brasília,  durante  o  período  de  agosto  de  2012  a 
estudo das estruturas. São Paulo: Zigurate, 2001.  dezembro  de  2013.    Tem  como  objetivo  apresentar  não  apenas  a  ementa  da  disciplina,  mas  especialmente 
essas  práticas, que  configuraram a  disciplina  em termos de  contribuição, aos  futuros arquitetos e  urbanistas, 
OLIVEIRA, M.S. Maquetes Estruturais. Congresso Latino‐americano da Construção Metálica ‐ CONSTRUMETAL ‐,  para a percepção do processo de ocupação social do espaço. A disciplina Sociologia Urbana se propunha, então, 
São Paulo, 2006   a  possibilitar  olhares  críticos  sobre  o  processo  de  formação  e  desenvolvimento  das  cidades  –  especialmente 
REBELLO,  Y.C.P.  Algumas  questões  sobre  o  processo  de  concepção  da  arquitetura  e  da  estrutura.  Integração,  Brasília ‐, assim como enfatizar aspectos sociais, políticos e culturais da Arquitetura e do Urbanismo.  
ANO XII, n° 47, p.315‐321, Out/Nov/dez 2006.   PALAVRAS‐CHAVE: Arquitetura, Urbanismo, Sociologia, Sociologia Urbana, cidade. 
RODRIGUES, P.F.N., HERMIDA A. S. Modelagem de Elementos Básicos de Estruturas para a Análise Qualitativa 
do Comportamento Estrutural. Revista de Ciência & Tecnologia, Vol. 6 – n° 1 – Jun/2006. 
1 A SOCIOLOGIA URBANA NA GRADE CURRICULAR DO CURSO
SARAMAGO, R.C.P., LOPES, J.M.A. Ensino de estruturas nas escolas de arquitetura do Brasil: estrutura curricular 
e recursos didáticos. Revista Tecnológica, Edição Especial ENTECA 2009, p. 169‐179, 2009.  DE ARQUITETURA E URBANISMO, DA CATÓLICA DE BRASÍLIA
TORROJA,  E.  Razón  y  Ser  de  los  Tipos  Estructurales.  Madrid:  MAG.  English  version:  Philosophy  of  Structures, 
translated by J.J. Polivka and Milos Polivka, 1960.  Este  trabalho  se  inscreve  no  evento  “Encontro  Nacional  sobre  Ensino  de  Arquitetura”,  que 
tem como tema central “O Ensino de Arquitetura e do Curso de Arquitetura e Urbanismo”. 
Insere‐se  no  eixo  temático  Práticas  Pedagógicas,  na  Graduação.  Refere‐se  à  disciplina 
Sociologia  Urbana,  que  lecionei  no  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade 
Católica de Brasília, de agosto de 2012 a dezembro de 2013. 
Desde  a  criação  do  Curso,  em  2010,  a  disciplina  Sociologia  Urbana  consta  da  Grade 
Curricular.  Tomando  como  referência  o  segundo  semestre  de  2013,  verifica‐se  que 
compunha  o  terceiro  semestre  do  Curso,  e  sua  ementa  incluía  os  seguintes  assuntos: 
“Processo  de  formação  das  cidades  a  partir  do  período  industrial:  contexto  sociocultural  e 
espacial.  Tratamento  introdutório  de  aspectos  da  cidade  e  sociedade  brasileira:  agentes 
produtores  do  espaço  urbano  e  suas  ações,  segregação  e  exclusão,  desigualdades 
socioespaciais,  valor  da  terra  urbana  e  suas  consequências.  Problemáticas  no  espaço 
intraurbano brasileiro: habitação, urbanidade, espaços públicos x privados”. 

2 SOCIOLOGIA URBANA: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO


DO ARQUITETO E DO URBANISTA

Há  mais  de  quinze  anos,  nas  turmas  de  Comunicação  Social  e  de  Educação  Física  em  que 
lecionava Sociologia Geral, na Universidade Católica de Brasília, fiz um levantamento entre os 
alunos  e  verifiquei  que  aqueles  que  haviam  cursado,  no  Ensino  Médio,  as  disciplinas  de 
Sociologia ou de Filosofia, apresentavam melhor condição de estruturação do pensamento, 
curiosidade intelectual e interesse pelo mundo. 
Essa informação confirmava o que alguns autores que conhecíamos, dos cursos de Ciências 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Sociais,  diziam  a  respeito  da  Sociologia:  Florestan  Fernandes  lembrava  que  não  se  podia  acadêmico:  na  possibilidade  de  descoberta  e  de  solução  de  questões  em  que  aspectos 
separar  a  Sociologia  das  condições  histórico‐sociais  da  existência1;  José  de  Souza  Martins  sociais fossem levados em consideração. 
tratava da vida cotidiana, do homem simples, da sensibilidade2; vários autores destacavam o  Lembrava,  e  compartilhava  com  os  alunos,  o  apêndice  “Do  artesanato  intelectual”,  do 
papel da Sociologia na conquista da consciência crítica. 
sociólogo Wright Mills, no “A imaginação sociológica”1. Ali, Mills registra um “conselho” que 
Mais  tarde,  em  contato  e  conversas  com  os  estudantes  do  Curso  de  Arquitetura  e  pode ser adotado por arquitetos e urbanistas: “[...] os pensadores mais admiráveis dentro da 
Urbanismo,  também  na  Católica,  tive  possibilidade  de  observar  que  as  aulas  de  Sociologia  comunidade  intelectual  que  escolheram  não  separam  seu  trabalho  de  suas  vidas”2.  Esse 
Urbana  contribuíam  para  que  eles  exercitassem  olhares  mais  “humanos”  sobre  a  cidade.  comentário está na base da ideia de que as atividades estudantil e profissional requerem que 
Discutíamos  sobre  o  assunto  e  descobríamos  que  o  objeto  da  Sociologia  Urbana  é  a  se  goste  do  que  se  faz;  requerem  a  sensibilidade  e  a  descoberta  de  aspectos  além  dos 
ocupação social do espaço, com ênfase no espaço urbano. Líamos textos de Milton Santos3 –  técnicos. 
que, além de tudo, era geógrafo de formação, e, embora não fosse arquiteto ou sociólogo, se 
mantinha como referência para arquitetos e urbanistas. 
2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DESENVOLVIDAS
Apresentava a Sociologia aos alunos na visão de autores brasileiros e estrangeiros, atuais ou 
não,  e  enfatizava  o  que  pensava  o  sociólogo  polonês  Zygmunt  Bauman  (que  continua  Dentro da “lógica da descoberta”, procurava pautar as aulas por atividades que estimulassem 
pensando, escrevendo, falando sobre Sociologia, aos 88 anos):   esse olhar sociológico. 
Desenvolver um pensamento sociológico não só facilita nossa compreensão uns dos 
outros  e  de  nós  mesmos,  mas  também  propicia  explicações  importantes  para  a  ASSUNTOS DISCUTIDOS 
dinâmica  das  sociedades  e  das  relações  sociais  como  um  todo.  BAUMAN  e  MAY, 
2010, p.8.  a) O trabalho do arquiteto e do urbanista 
A partir disso, a discussão seguia sobre o entendimento da vida urbana e a necessidade, para  Procurávamos apontar, em textos acadêmicos, periódicos, filmes e canções, questões ligadas 
todo  cidadão,  entre  eles  os  arquitetos  e  urbanistas,  de  terem  acesso  às  “aventuras  ao trabalho do arquiteto e do urbanista. Era o caso de problemas de trânsito (“isso pode ser 
sociológicas” e à “imaginação sociológica”.  ocupação do arquiteto, do urbanista”), de especulação imobiliária (“em que isso pode afetar 
o  trabalho  profissional  do  arquiteto  e  do  urbanista?”),  dos  “aglomerados  subnormais”– 
Discutia‐se a predominância, ou não, de aspectos técnicos na Arquitetura e no  Urbanismo. 
segundo  denominação  adotada  pelo  IBGE3  (“quem  assina  projetos  de  arquitetura  e 
Discutia‐se  a  necessidade  de  considerar  aspectos  humanos  no  exercício  cidadão  e 
urbanismo nesses aglomerados?”), de expectativas de trabalho (“projetos de classe média? 
profissional de arquitetos e urbanistas. 
projetos  ‘populares’?,  assessoria  em  escritórios  de  arquitetura  e  urbanismo?  outras 
Nesse sentido fui buscar, em antigas aulas de Sociologia e nas orientações para a monitoria  atividades, como design, produção artística?”) 
em Sociologia Urbana na Universidade de Brasília (com o professor Fernando Correia Dias), 
Quanto à contextualização do trabalho, lembrávamos alertas do sociólogo Zygmunt Bauman: 
ensinamentos  que,  a  meu  ver,  mantinham  sua  atualidade  e  seu  interesse.  Em  “A  aventura 
sociológica:  objetividade,  paixão,  improviso  e  método  na  pesquisa  social”,  Edson  Nunes  [...] Diz‐se às vezes que a sociologia é o poder dos sem poder. Isso nem sempre é o 
caso, em particular nos lugares em que os praticantes se encontram sob crescentes 
reúne  “artigos,  crônicas  que  relatam  o  processo  de  elaboração  de  pesquisas  sociais”4,  pressões para se adequar às expectativas governamentais. Não há garantia de que, 
enfatizando que “a característica básica destas crônicas é representada por sua preocupação  tendo  adquirido  entendimento  sociológico,  alguém  possa  dissolver  e  destituir  o 
com a ‘lógica da descoberta’ ”5. Vai concluindo, ao longo  do texto, que “no dia‐a‐dia [...] o  poder das “árduas realidades” da vida. [...] 
analista  deverá  resolver  questões,  tomar  decisões,  escolher  caminhos  não  programados,  BAUMAN e MAY, 2010, pp.27‐28. 
solucionar, enfim, o ‘quebra‐cabeça’ cotidiano de sua pesquisa”6.  
Discutia‐se,  então,  a  questão  de  que  “o  conhecimento  é  requisito  para  transformações  na 
Aí,  a  meu  ver,  estava  a  necessidade  da  Sociologia,  e  da  Sociologia  Urbana,  para  o  mundo  sociedade; mas é necessário estar ciente dos conflitos de interesse, dos jogos de poder, das 
                                                             pressões  políticas  e  econômicas  (governamentais,  empresariais,  familiares),  presentes 
1
[também] no trabalho do arquiteto e do urbanista”4.  
 FERNANDES, Florestan. A herança intelectual da Sociologia. In: FORACCHI, Marialice Mencarini e MARTINS, José de Souza 
(orgs.). Sociologia e Sociedade (leituras de introdução à Sociologia). 21ª tiragem. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e  b) As informações 
Científicos Editora S.A., 2000. p.11. 
2
 MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Contexto, 2008. passim. 
                                                            
3
 Obrigatoriamente, líamos o Capítulo 3 de Metamorfoses do Espaço Habitado (1997).  1
 MILLS, Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. Apêndice. 
4 2
 NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio   Idem, p.211. 
de Janeiro: Zahar, 1978. p.9. 
3
5
 Idem, ibidem.   Disponível em http://www.censo2010.ibge.gov.br/agsn/. Acessado em 27.08.2014. 
6
 Idem, p. 11.  4
 Trecho de texto para discussão, incluído em apresentação, em power point.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  299   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  300 

Em textos de procedência  diversa (acadêmicos,  da mídia, da arte), e  buscando  suporte em  Procurava‐se  destacar  a  importância  da  imagem  para  o  arquiteto  e  para  o  urbanista, 
noções  da  Sociologia,  enfatizava‐se  a  possibilidade  de  diferentes  olhares,  diferentes  estimulando sua atenção para o desenho, para a fotografia, para o cinema. 
interpretações:   Estimulava‐se,  então,  que  fossem  feitos  “percursos  de  tempo”,  por  exemplo,  a  partir  da 
 [...]  O  pensamento  contemporâneo  solapou  a  crença  moderna  de  que  ciência  e  observação de imagens produzidas em diferentes momentos. Isso poderia ser feito a partir 
arte são campos irredutíveis da experiência humana. Tanto uma como a outra, e no  da observação  de  mudanças no próprio campus da Universidade, no  ambiente de moradia 
mesmo  nível  que  o  mito,  a  religião  e  a  magia,  são  formas  de  conhecimento  e  de 
produção cultural do(s) sentido(s) do mundo. As hierarquias entre essas diferentes 
do estudante, nos núcleos urbanos conhecidos:  
dimensões  do  estar‐no‐mundo,  e  entre  as  cosmovisões  que  lhes  são  suporte  Figura 1 ‐ Taguatinga, 1958                                                 Figura 2 ‐ Taguatinga, 1968 
natural,  não  são  hierarquias  naturais,  mas  constituídas  e  instituídas  cultural  e 
historicamente  num  jogo  que  não  é  alheio  às  relações  de  poder  intra  e  entre 
sociedades. [...] 
BENATTI, 2000. pp. 89‐90. 

Discutiam‐se várias possibilidades  de interpretação da realidade e dos  fatos  – e  da própria 


Sociologia,  e  os  estudantes  eram  convidados  a  avaliar  “definições”  de  Sociologia  e  de 
Sociologia Urbana que se adequassem à sua forma de interpretação e à disciplina.  
Observavam‐se, ainda, as interpretações possíveis em determinado período, em função das 
informações  então  existentes.  A  propósito,  os  estudantes  eram  convidados  a  simular  uma 
atualização  de  informações  (especialmente  sobre  Brasília  e  sobre  Taguatinga)  no  texto  “A 
    
outra Brasília”, escrito pela socióloga Lícia Valladares em 1999. Por exemplo, o texto incluía 
Fonte: PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL. Brasília – Ano X. Brasília, 1968. 
informações sobre Ceilândia: 
 [...]  À  medida  que  nos  distanciamos  do  Plano  Piloto  e  das  cidades‐satélites  de  e) A autoria 
“primeira  linha”,  penetramos  nas  regiões  mais  pobres.  Ceilândia,  com  360.000  Discutiam‐se  questões  referentes  a  autoria,  incluindo  orientações  que  desestimulassem 
habitantes, é a maior das cidades‐satélites do segundo grupo, resultando do grande 
plágios, pesquisas superficiais, cópias, uso inadequado da internet. 
programa  de  remoção  de  favelas  implementado  pelo  governo  do  Distrito  Federal 
nos anos 70. [...]  Buscava‐se  contextualizar  e  valorizar  os  trabalhos  apresentados  e  discutidos  durante  a 
VALLADARES, 1999, p.374.  disciplina  (dos  próprios  alunos  e  de  autores  já  conceituados;  esses  autores  eram 
considerados em sua condição de pessoas interessadas no assunto sobre o qual tratavam, e 
Considerando que  já  estavam disponíveis dados  do Censo  Demográfico de  2010,  os  alunos 
era estimulada a pesquisa sobre época em que viveram e suas imagens). 
deveriam “atualizar” essa informação sobre a população da Ceilândia, que fazia parte de sua 
realidade mais próxima, quase quinze anos depois de Lícia Valladares ter escrito seu artigo.  f) Os participantes e beneficiários de obras de Arquitetura e de Urbanismo  
Outras informações podiam ser atualizadas.  A obra, os operários 
A  propósito  das  possíveis  interpretações  a  respeito  de  um  acontecimento,  assistimos  ao  Tomando como base noções da Sociologia, era enfatizado que, além de quem faz projetos, 
filme  “Narradores  de  Javé”1  –  em  que  vários  moradores  de  Javé  contam  suas  diversas  há  aqueles  que  executam  as  obras.  Eram  utilizados  textos  acadêmicos  e  literários  (entre 
versões sobre a origem do povoado2.  esses, por exemplo, “Jorge, um brasileiro”, de Oswaldo França Junior, especialmente quando 
c) O tempo   Jorge comenta sobre seu trabalho em estradas – em trechos que não o reconhecem mais1). 
Buscava‐se  alertar  os  estudantes  quanto  à  utilização  de  palavras,  expressões  e  tempos  de     

verbo – que denotavam tempo. Estimulava‐se que textos, filmes, canções, parques, edifícios, 
vias,  assim  como  eventos  pessoais,  fossem  contextualizados  em  termos  da  época  em  que 
foram produzidos ou ocorreram. 
d) As imagens 

                                                            
                                                            
1
Narradores de Javé. Ficção. Direção: Eliane Caffé. Brasil, 2003.
2 1
 Resenha disponível em http://www.comciencia.br/resenhas/memoria/narradores.htm. Acessado em 27.08.2014.   FRANÇA JR., Oswaldo. Jorge, um brasileiro. Rio de Janeiro: Bloch, 1967. p.147. 
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Figura 3 ‐ Operários na reforma do Teatro Nacional. Plano Piloto, 2010.  professora universitária e pesquisadora. Indicamos seu blog1, destacando a importância, para 
os estudantes, de estarem atualizados sobre os assuntos de Arquitetura e de Urbanismo. 
Aproveitamos  a  oportunidade  da  eleição  de  representantes  de  turma  para  exercitar 
processos  eletivos  e  discutir  questões  de  participação  política.  A  Sociologia  nos  trouxe 
subsídios para essa atividade. 

OS EXERCÍCIOS 
Em todos os encontros, eram propostos, aos alunos, exercícios sobre os assuntos discutidos. 
Não  havia  provas,  e  sim  “revisões  de  ideias”,  cuja  “correção”  era  partilhada  com  a  turma, 
com atribuição de “notas”. 
Além  dessas  Revisões  de  Ideias,  eram  pontuados  alguns  dos  exercícios  feitos  em  aula, 
trabalhos individuais e em equipe, e relatórios das Visitas Técnicas realizadas. 

AS VISITAS TÉCNICAS 
Mesmo antes de ser professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Católica, participava 
  de Visitas Técnicas organizadas pelo Professor Frederico Barboza.  
Fonte: Foto de Ivany Neiva. 
Participei de visitas a duas Unidades de Vizinhança2 de Brasília: a primeira, composta pelas 
Quem vai ocupar as obras  superquadras 107, 307, 108 e 308; a segunda, composta pelas superquadras 207, 407, 208 e 
Sempre  tomando  como  base  noções  da  Sociologia,  enfatizava‐se  que  os  projetos  de  408. Desde então percebi que o olhar dos estudantes buscava, além das obras arquitetônicas 
Arquitetura e de Urbanismo iriam se transformar em espaços a serem ocupados por pessoas  e urbanísticas, o eixo de vida cotidiana que a Sociologia podia embasar, e a ligação de suas 
– diferentes pessoas, com perfis e perspectivas de vida diferentes entre si.  trajetórias de vida com o que estavam visitando.  

Na entrevista de Bauman em Fronteiras do Conhecimento1, selecionamos o trecho em que  Questões sobre memória e história surgiam, nessas Visitas. E foi entre esses estudantes que 
ele  se  refere  a  “conflitos  que  não  podem  ser  desmanchados”,  e  exemplificamos  o  conflito  surgiu a auto definição, de alguns deles, como “quase‐turistas” – viviam em Brasília, viviam 
entre  liberdade  e  segurança  nas  maquetes  e  nos  projetos  que  os  alunos  constroem  e  vão  no Distrito Federal, mas raramente vinham ao Plano Piloto. Sentiam‐se “quase‐turistas” em 
construir.  sua própria terra3. 
   
g) A atualidade do conhecimento 
Chegamos  a  conviver  com  as  manifestações  de  junho  de  2013,  e  tanto  a  urgência  de 
participação (manifestada por alguns alunos), como o desinteresse e a apatia (demonstrados 
por outros), indicavam que a Sociologia, e a Sociologia Urbana, traziam contribuições para a 
compreensão da contemporaneidade vivida. 
A  propósito,  lemos  trechos  do  “Cidades  Rebeldes  –  passe  livre  e  as  manifestações  que 
tomaram as ruas do Brasil”2, que conta com a participação de Raquel Rolnik, David Harvey, 
Ermínia Maricato, Mike Davis.  
Fizemos debates sobre o texto “A Cidade”3, da arquiteta Raquel Rolnik, salientando que ela é                                                              
1
                                                              O blog da Raquel Rolnik. Disponível em http://raquelrolnik.wordpress.com/. Acessado em 23.08.2014. 

2
1  Lucio Costa definia a Unidade de Vizinhança de Brasília como o conjunto de quatro superquadras. (Terceiro ítem de uma 
 Zygmunt Bauman ‐ Fronteiras do Pensamento. Entrevista, 2011. Disponível em 
carta manuscrita de Lucio Costa,  datada de 3.VII.1985 e publicada pela revista Módulo n0 89/90, jan, fev, mar, abril 1996, p. 
http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo‐D4A. Acessado em 23.08.2014.  117. In: FERREIRA, Marcílio Mendes e GOROVITZ, Matheus. A invenção da superquadra. O conceito de Unidade de 
2
Vizinhança em Brasília. Brasília: Iphan /Superintendência do Iphan no Distrito Federal, 2007. pp. 16 e 522).  
 HARVEY, David et al. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: 
3
Boitempo/Carta Maior, 2013. passim.   A autora deste artigo produziu artigos (alguns, citados nas Referências) sobre memória e imaginário no DF, que tratam 
3
 ROLNIK, Raquel. O que é cidade. 3.ed. São Paulo. Brasiliense, 1994.  dessas questões. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Figura 4 ‐ SQS 108: reforma, cobogós. Visita Técnica. Plano Piloto, 2010  Isso  motivou  a  inclusão,  no  programa  de  Sociologia  Urbana1,  de  Visitas  Técnicas  a  locais 
como Ceilândia e Parque Sol Nascente, onde não se viam referências célebres de arquitetura 
e  de  urbanismo,  nem  obras  de  arquitetos  reconhecidos  nacional  e  internacionalmente2, 
como acontecia no Plano Piloto3.   
As  Visitas  Técnicas  ao  Parque  Sol  Nascente  (considerado,  pelo  IBGE  e  pela  mídia,  como  “a 
maior  favela  brasileira,  depois  da  Rocinha,  no  Rio  de  Janeiro”),  foram  incluídas  a  partir  da 
experiência do motorista do ônibus que nos levava, e que naquele dia ia se mudar para “seu 
lote no Sol Nascente”. “É posse, vai toda a família morar um tempo num barracão que temos 
que construir, mas com isso saímos do aluguel...”, contava ele, feliz da vida. O depoimento do 
motorista motivou a discussão (agora contraposta à visão de alguém diretamente envolvido 
com o assunto) sobre temas polêmicos como a especulação imobiliária, as oportunidades de 
moradia, as desigualdades sociais.  
Figura 6 ‐ Parque Sol Nascente, 2010. Visita Técnica. 

 
Fonte: Foto de Ivany Neiva. 
Figura 5 ‐ Passagem subterrânea entre Eixos Oeste e Leste, na altura das SQS 108 e 208. Visita Técnica. Plano Piloto, 2010. 

 
Fonte: Foto de Ivany Neiva 
Figura 7 ‐ Ceilândia Norte, 2013 – prédios. Visita Técnica. 

 
Fonte: Foto de Ivany Neiva. 

Nessas  primeiras  Visitas  e  mais  tarde,  já como  professora no  Curso, me  intrigava  o  fato de 
quase  a  totalidade  dos  alunos  residirem  nos  núcleos  urbanos  de  Águas  Claras,  Taguatinga,   
Fonte: Foto de Ivany Neiva  
Ceilândia,  Samambaia,  Gama,  Planaltina,  e  em  outros  localizados  no  chamado  Entorno  do 
                                                            
Distrito Federal, como Valparaízo, Cidade Ocidental, Novo Gama, Luziânia – e não no Plano 
Piloto.  1
 No segundo semestre de 2012, vivemos a rica experiência de haver duas turmas de Sociologia Urbana, no mesmo dia e 
horário – portanto, com duas professoras. As Visitas Técnicas à Ceilândia tiveram início com a professora Marly dos Santos, 
Essa  situação,  a  meu  ver,  provocava  um  descolamento  do  que  os  estudantes  aprendiam  que já fazia parte da equipe do Curso de Arquitetura e Urbanismo, e nesse semestre decidimos fazer essas visitas juntando 
sobre  planejamento  urbano  e  arquitetura,  com  base  na  “paisagem”  do  Plano  Piloto,  e  a  as duas turmas. 
realidade mais próxima que vivenciavam em seu cotidiano. 
2
 Uma exceção é a Casa do Cantador, projeto de Oscar Niemeyer, localizada na Ceilândia. 

3
 Foi concedido pela UNESCO, em 1987, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade a Brasília.  
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Também parecia estranho, para mim, que os estudantes fizessem maquetes para galerias de  Figura 9 ‐ Entrada da Referência Galeria de Arte pela garage do Shopping Casa Park.  
Visita Técnica. Plano Piloto, 2013. 
arte,  sem  nunca  terem  conhecido  alguma.  Explicavam,  entre  outros  argumentos,  que  em 
seus locais de moradia não havia galerias de arte. Por isso, passamos a incluir Visitas Técnicas 
a  esses  espaços,  salientando  que  ali  estava  uma  possibilidade  de  mercado  para  futuros 
arquitetos  –  e  urbanistas.  Mais  uma  vez  voltamos  a  assuntos  da  Sociologia,  referentes  a 
política cultural, a desigualdade social. 
Um dos roteiros incluía a Referência Galeria de Arte1, especialmente porque seu projeto, em 
dois  andares,  havia  sido  feito  por  duas  arquitetas  (que  nos  acompanharam  nas  visitas  e 
conversaram  com  os  estudantes  sobre  sua  formação  acadêmica).  Um  dos  aspectos 
observados  referia‐se  à  existência  de  duas  entradas  –  uma  na  garagem  do shopping  que  a 
abrigava (a Galeria funcionava, nesse caso, também como acesso a outras dependências do 
shopping, o que estimulava maior circulação de pessoas na Galeria) outra próxima à área de 
alimentação  (o  que  poderia  estimular  visitas  à  Galeria  por  pessoas  que  não  tinham  como 
hábito frequentar ambientes de arte). 
Estivemos também nas dependências da Caixa Cultural, acompanhados pelo gerente da área 
cultural. Um dos motivos para essa escolha era o fato de o prédio ter sido adaptado, e terem 
sido  buscadas  condições  de  iluminação  e  de  ventilação  –  como  os  alunos  aprendiam  que 
deveria  ser  um  espaço  que  abrigava  obras  de  arte,  e  onde  se  previa  grande  circulação  de   
Fonte: Foto de Ivany Neiva. 
pessoas.  
Além  de  discutir  o  trabalho  do  arquiteto  na  organização  de  espaços  “culturais”,  pudemos 
discutir  possibilidades  de  trabalho  artístico  do  arquiteto  (e  do  urbanista),  especialmente  3 CONSIDERAÇÕES
quando  conhecemos  a  pintura  de  arquitetos‐artistas  (na  Referência  Galeria  de  Arte),  e 
quando visitamos, na Caixa Cultural, uma exposição que tinha um artista com formação em  A existência da disciplina Sociologia Urbana na grade curricular de Arquitetura e Urbanismo 
Arquitetura, como curador.  representou,  para  mim,  uma  presença  humanizadora  no  curso.  Representou  uma 
possibilidade de “respiro humanizador” entre as disciplinas técnicas do Curso. Isso se dava a 
A  Sociologia  nos  dava  suporte  quanto  à  questão  dos  trabalhadores  da  cultura  e  da  arte,  à  partir  de  olhares  respaldados  nas  Ciências  Sociais,  reforçando  a  visão  crítica  e  ressaltando 
circulação de pessoas, à proxemia, aos aspectos culturais da vida urbana.   dimensões sociais, culturais e políticas da ocupação do espaço. 
Figura 8 ‐ Entrada da Referência Galeria de Arte pela Praça de Alimentação do Shopping Casa Park. 
Visita Técnica. Plano Piloto, 2013.  A  forma  como  a  conduzi  caracterizou‐a  como  disciplina  mais  formativa  (no  sentido  da 
discussão de valores, da discussão de caminhos para os futuros arquitetos e urbanistas) do 
que informativa (no sentido de partilhamento de “conteúdos programáticos”). 
No  desenrolar  da  disciplina,  surgia  a  confirmação  de  que  “todos  somos  contadores  de 
histórias”1  –  cada  um  a  seu  modo,  cada  um  com  interpretações  próprias,  cada  um  com  a 
realidade  que  veio  construindo;  cada  um  com  sua  expectativa  pessoal  –  inclusive 
profissional. 

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos estudantes do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de 
Brasília, que contribuíram, inclusive, para a confirmação de que a Sociologia faz bem também 
 
Fonte: Foto de Ivany Neiva.                                                              
                                                            
1
 Afirmação confirmada na Oficina “Curso para formação de contadores de histórias – Aprendendo a contar histórias (como 
1
 A galeria funcionava, então, no shopping Casa Park. Em 2014 fechou suas portas nesse local.  se já não soubéssemos...)". Brasília: Caixa Cultural, agosto de 2014.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  307   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  308 

para arquitetos e urbanistas.  Importância da área da Paisagem para o Projeto Pedagógico da 
Universidade de Uberaba ‐ UNIUBE 
REFERÊNCIAS
Carmem Silvia MALUF 
Textos impressos  Professora Doutora, UNIUBE, [email protected] 
BAUMAN, Zygmunt e MAY, Tim. Aprendendo a pensar com a Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.  Veronica Garcia DONOSO 
 Professora Mestre, UNIUBE, Doutoranda FAUUSP, [email protected] 
BENATTI, Antonio Paulo. História, ciência, escritura e política. In: RAGO, M. e GIMENES, R.A.O. Narrar o   
passado, repensar a história. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências 
Humanas, 2000. 
RESUMO 
FERNANDES, Florestan. A herança intelectual da Sociologia. In: FORACCHI, Marialice Mencarini e MARTINS, José  Esse  trabalho  apresenta  a  proposta  de  introdução  dos  conteúdos  referentes  ao  Paisagismo  no  Projeto 
de Souza (orgs.). Sociologia e Sociedade (leituras de introdução à Sociologia). 21ª tiragem. Rio de Janeiro: LTC –  Pedagógico  do  Curso  de Arquitetura  e Urbanismo da Universidade  de  Uberaba. Trata  dessa  inserção  desde  o 
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2000.  momento  em  que  os  conteúdos  eram  abordados de  forma periférica  em  outros  componentes,  passando por 
sua  inclusão  como  uma  disciplina  isolada,  a  integração  ao  lado  dos  demais  conteúdos  de  projeto  até  o 
FERREIRA, Marcílio Mendes e GOROVITZ, Matheus. A invenção da superquadra. O conceito de Unidade de Vizinhança em 
Brasília. Brasília: Iphan /Superintendência do Iphan no Distrito Federal, 2007.  
momento em que se iguala na distribuição dos projetos de arquitetura e urbanismo ao longo de todo o curso, 
ganhando  um  importância  nas  reflexões  e  considerações  projetuais  em  todas  as  escalas  de  atuação  do 
HARVEY, David et al. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo:  arquiteto urbanista.  
Boitempo/Carta Maior, 2013. 
PALAVRAS‐CHAVE: projeto pedagógico, ensino de paisagismo, projeto de paisagismo. 
MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Contexto, 2008. 
______. Uma sociologia da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2014. 
1 INTRODUÇÃO
MILLS, Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. 
NEIVA, Ivany Câmara. Brasília: um “tour” guiado por memórias da capital. VII Seminário da Associação Brasileira  O  Projeto  Pedagógico do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  de  Uberaba  ‐ 
de Pesquisa e Pós‐Graduação em Turismo. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2010.    UNIUBE sofreu, desde sua implantação, três grandes alterações estruturais, que significaram 
______.  Turismo e imaginário no Distrito Federal: impressões de “quase‐turistas”. XXXIII Congresso Brasileiro de  sua  inserção  como  uma  das  escolas  mais  bem  conceituadas  do  país.  Os  estudos  contavam 
Ciências da Comunicação (Intercom). Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2010.  com  a  participação  de  todos  os  docentes,  através  de  oficinas,  que  buscavam  a  interação 
NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa  entre as diferentes áreas de atuação. 
social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. 
PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL. Brasília – Ano X. Brasília, 1968. 
2 AS TRANSFORMAÇÕES NO PROJETO PEDAGÓGICO
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. O livro é passaporte, é bilhete de partida. In: Curso para Formação de 
Contadores de Histórias. Brasília: Caixa Cultural, agosto de 2014. p.2. 
As  transformações  foram  pautadas  por  momentos  de  desenvolvimento,  onde  a  instituição 
ROLNIK, Raquel. O blog da Raquel Rolnik. Disponível em http://raquelrolnik.wordpress.com/. Acessado em  chamou  seus  docentes  a  uma  reflexão  sobre  as  práticas  pedagógicas  praticadas  e 
23.08.2014. 
principalmente  sobre  o  perfil  do  profissional  que  a  Universidade  estava  formando  e  seu 
______. O que é cidade. 3.ed. São Paulo. Brasiliense, 1994.   papel na sociedade contemporânea. 
SANTOS, Milton. A metamorfose do espaço habitado. 5.ed. São Paulo: Hucitec, 1997. 
______. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2008. 
1996 
VALLADARES, Licia do Prado. A outra Brasília. CADERNO CRH, Salvador, n. 30/31, p. 369‐381, jan./dez. 1999.  A  primeira  transformação,  que  gerou  dias  de  tensão  e  desgaste,  foi  quando,  em  1995,  o 
Disponível em http://www.cadernocrh.ufba.br/include/getdoc.php?id=1046&article=244&mode=pdf. Acessado  Curso  foi  chamado  a  atender  à  Portaria  1770/94,  que  regia  a  formatação  dos  Cursos  de 
em 23/08/2014.  Arquitetura e Urbanismo em todo o país. O curso, em seu início de vida, era estruturado em 
Filmografia  quatro anos, com disciplinas desconectadas entre si e sem incorporar os conteúdos mínimos 
10 rue Lesage, Belleville: arqueologia urbana de um bairro parisiense.  Documentário. Direção: Felipe Berocan 
obrigatórios na época. Havia a necessidade premente de reconhecimento do Curso pelo MEC 
et al. França/Brasil, 2010.  e em 1996, e quando o Prof. Marcelo Palmério assume a Reitoria da UNIUBE todos os cursos 
passam  por  revisão  de  seus  Projetos  Pedagógicos.  Com  isso,  o  Curso  de  Arquitetura  e 
Narradores de Javé. Ficção. Direção: Eliane Caffé. Brasil, 2003. 
Urbanismo têm sua Grade Curricular ampliada em carga horária e conteúdos. 
Zygmunt Bauman ‐ Fronteiras do Pensamento. Entrevista, 2011. Disponível em 
http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo‐D4A. Acessado em 23.08.2014.   Mesmo  com  aproximadamente  5400  horas,  essa  proposta  apresentava 
compartimentalização dos conteúdos, dificultando a formação transversal que buscávamos. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  309   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  310 

2002  Figura 2: Apresentação dos trabalhos dos alunos em disciplina de PAC ‐ Uniube 

Em  2002,  após  a  formação  da  primeira  turma  sob  essa  proposta,  surge  uma  nova 
oportunidade de revermos todos os passos e novamente a grade curricular sofre alterações. 
Dessa  vez,  atendendo  uma  necessidade  de  condensar  os  conteúdos  em  uma  carga  horária 
menor, com o objetivo de ajustar os valores das mensalidades praticados e manter o Curso 
dentro de um parâmetro que nos garantisse a seleção de bons candidatos, a carga horária foi 
reduzida  para  4400  horas.  Com  a  redução  de  praticamente  1000  horas,  a  proposta  de 
integração  de  diferentes  conteúdos  em  uma  mesma  disciplina  foi  praticamente  a  solução 
para que a qualidade do curso não fosse perdida. 
Surge,  então,  uma  proposta  cuja  linha  de  Projetos  incorporava  as  três  grandes  áreas  de 
atuação  do  Arquiteto  e  Urbanista:  Arquitetura,  Urbanismo  e  Paisagismo.  Sob  o  nome  de     
Projeto  do  Ambiente  Construído  (PAC),  esse  componente  acontecia  do  primeiro  ao  quarto  Fonte: Maluf, 2010. 

ano  letivo,  e apenas o  quinto  ano  ficou  sem  esse  componente,  uma  vez  que  iniciava, aí,  o  Essa  prática  iniciava‐se  no  primeiro  ano,  quando  os  trabalhos  eram  orientados  para  essa 
TFG  –  Trabalho  Final  de  Graduação,  onde  qualquer  uma  das  três  áreas  poderia  ser  a  integração, e a apresentação do resultado final dos trabalhos envolvia todos os professores 
escolhida pelo aluno.  do  período.  A  diversidade  de  olhares  sobre  um  mesmo  trabalho  fazia  com  que  o  aluno 
Com o conceito de projeto integrado, o aluno era levado a refletir sobre todas as escalas do  fortalecesse seu conceito e sua proposta, pois era exigido a expô‐los e defendê‐los.  
projeto:  do  objeto/edifício  ao  urbano/ambiental.  Passando  pela  inserção  desse  As imagens a seguir referem‐se à apresentação de trabalho dos alunos do primeiro ano, onde 
objeto/edifício no espaço/cidade, o conceito de paisagem era explorado também em todas  participavam professores de Leitura e Expressão Plástica Espacial (LEPE), Topografia, Análise 
as escalas, da intra‐lote, à paisagem ambiental e ao planejamento da paisagem. A integração  e  Representação  da  Forma,  História  da  Arte  e  Estética,  História  e  Teoria  da  Arquitetura, 
interior‐exterior (e vice‐versa) passou a ser discutida como uma forma de tomada de decisão  Urbanismo e Paisagismo e Projeto do Ambiente Construído. 
para todos os projetos. Também as demais disciplinas do Curso passaram a fazer parte dessa  Figura 4: Apresentação dos trabalhos ‐ Uniube 
dinâmica e todos os docentes contribuíam para o desenvolvimento do projeto proposto e de 
sua avaliação. 
As  imagens  a  seguir  referem‐se  à  apresentação  de  final  de  período  dos  alunos  do  3º  ano 
letivo.  Professores  de  Projeto  do  Ambiente  Construído,  Tecnologia  das  Construções, 
Instalações  Hidro  Sanitárias,  Análise  e  Representação  da  Forma,  História  e  Teoria  da 
Arquitetura,  Urbanismo  e  Paisagismo  participavam  da  banca  coletiva  de  avaliação  dos 
trabalhos.  
Figura 1: Apresentação dos trabalhos dos alunos em disciplina de PAC ‐ Uniube 

 
Fonte: Maluf, 2010. 
 

Figuras 5 e 6: Apresentação dos trabalhos ‐ Uniube 

  
Fonte: Maluf, 2010. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  311   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  312 

atribuição profissional de Projeto, e que fazem parte do Projeto Pedagógico que hoje está em 
vigor. 
Dessa  forma,  o  Projeto  do  Ambiente  Construído  (PAC)  manteve‐se  nos  dois  primeiros 
períodos do Curso (que nessa mudança passou a ser semestral). A partir do terceiro período 
e  até  o  oitavo  os  componentes  de  PA,  PDU  e  PP  acontecem  simultaneamente,  com 
professores  distintos  entre  si,  na  maioria  das  vezes.  Mesmo  com  essa  “separação”,  a 
proposta  de  integração  entre  as  três  áreas  de  projeto  foi  mantida  enquanto  conceito  na 
Proposta  Pedagógica,  o  que  é  garantido  por  um  denso  e  constante  planejamento  das 
atividades e dos conteúdos programáticos desenvolvidos ao logo do semestre letivo. 
 
A exigência de um planejamento conjunto entre os professores de componentes diferentes 
Fonte: Maluf, 2010. 
de  um  mesmo  período,  embora  cansativo,  melhorou  o  desenvolvimento  acadêmico  e  a 
Figuras 7 e 8: Apresentação dos trabalhos ‐ Uniube  compreensão  por  parte  do  aluno  do  processo  de  formação  profissional  a  que  está  sujeito. 
Em alguns períodos, o mesmo docente assume dois diferentes componentes, fortalecendo a 
integração  que  existia  no  modelo  do  PAC  anterior.  Esses  docentes  são,  geralmente, 
remanescentes da antiga proposta e que permanecem no curso. Alguns docentes novos se 
reuniram a esse grupo, fazendo com que a proposta se mantenha viva, mesmo que em novo 
formato. 
Para isso, no entanto, o Projeto Pedagógico formatou os conteúdos programáticos em Eixos 
Temáticos, onde cada um desses componentes tem sua sustentação. 
São esses Eixos: 
1º Período: Espaço e Sociedade 
 
Fonte: Maluf, 2010.  2º Período: Forma e Representação 
O  conceito  de  projeto  integrado  aplicado  na  disciplina  de  PAC  foi  um  dos  momentos  mais  3 º Período: Cidade e ambiente 
ricos  de  toda  a  história  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  porém,  havia  grande  4 º Período: Paisagem e ambiente construído 
dificuldade  em  se  manter  e  garantir  a  qualidade  do  curso,  o  que  obrigou  a  uma  nova 
mudança  no  Projeto Pedagógico  geral,  já  que  a  proposta  que  estava  em  vigor  apresentava  5 º Período: Habitação social e tecnologia 
um problema inevitável: a carga horária docente a ser remunerada era grande, pois envolvia  6 º Período: Ambiente construído e bioclimatismo 
a  participação  dos  mesmos  nas  atividades  acadêmicas  diárias.  Isso  elevava  o  custo,  o  que 
implicava no aumento das mensalidades e consequente na queda da procura pelo curso.   7 º Período: Cidade, Habitação e tecnologia 
8 º Período: Cidade, arquitetura e preservação 
Aliada a essa questão, a localização geográfica do Curso, em uma cidade do interior de Minas 
Gerais,  distante  500  km  dos  grandes  centros,  fazia  com  que  a  contratação,  formação  e  9 º Período: Compatibilização de Projetos 
manutenção  de  docentes  que  incorporassem  os  conceitos  desenvolvidos  nessa  Proposta  10 º Período: Tema livre 
Pedagógica  ficassem  prejudicadas.  Na medida  em  que os docentes que  faziam  parte desse 
Tabela 1: Distribuição dos componentes de projeto por períodos, considerando os Temas Transversais, os Eixos Temáticos e 
grupo seleto buscavam novas inserções, agregar novos colegas tornou‐se uma tarefa árdua, e  as respectivas Escalas de Abrangência. 
o  tempo  para  treiná‐los  era  incompatível  com  o  prazo que  tínhamos  para  dar  respostas  às 
turmas em andamento.  Componente 
Período  Escala de 
Tema Transversal  Curricular  Escala 
Eixo  Aproximação 
2009   
Com isso, em 2009, abriu‐se mão dessa ideia e novamente “repartiram‐se” os componentes  1º  Identificação da 
ÉTICA,  ESPAÇO E 
de  projeto.  O  Projeto  do  Ambiente  Construído  subdividiu‐se  e  somou‐se  a  três  novos 
SOCIEDADE,   PAC I  cidade  Escala Indivíduo 
componentes:  Projeto  de  Arquitetura  (PA),  Planejamento  e  Desenho  Urbano  (PDU)  e  Espaço e 
Planejamento da Paisagem (PP). Todos compondo toda a linha de formação profissional da  SUSTENTABILIADE  Sociedade  Ergonomia 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  313   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  314 

  Ex. Percurso;  DESENHO  Paisagem e  catalográfica de 


Invólucro  UNIVERSAL  ambiente  vegetação 
construído 
Composição/Estética Plano Diretor –
Planejamento e 
uso, ocupação e 
LEPE I  Identidade/Arte  Desenho 
parcelamento do 
Ex. Instalação  Urbano II 
solo. 
Aproximação do  Escala Bairro 
Projeto de 
indivíduo  Habitação 
Psicologia e  Arquitetura II 
Ecologia da  Percepção do  Planejamento  Espaço uso 
Paisagem  espaço  da Paisagem II  público/ privado 
Ex.  Percurso pessoal Plano diretor –
Integração estatuto da cidade 
– processo de 
PAC II  Atuação 
Planejamento e  urbanização 
Ex. Objeto Urbano  5º  Desenho  brasileiro – 
Função/Plasticidade Urbano III  fenômenos 
 
2º  urbanos ‐ Ex. 
LEPE II  Gestalt  Escala Urbana 
Habitação  Intervenção 
  social e  urbana 
Ex. Objeto Próximo  Escala Próximo 
Forma e  tecnologia 
Compreensão do  Projeto de  Habitação 
Representação  Arquitetura III  Coletiva 
Meio Ambiente 
Desenho  Condições  Planejamento  Espaços públicos e 
Ambiental  Fisiográficas  da Paisagem III  semi‐públicos 

Ex. Mapa de  Planejamento 
capacidade  estratégico – 
Planejamento e  Requalificação 
Introdução ao 
6º  Desenho  urbana – Ex. 
planejamento – 
Urbano IV  Intervenção 
legislação   
Planejamento e  ÉTICA, ESPAÇO E  urbana – 
Escala Cidade 
3º  Desenho Urbano I Morfologia Urbana   SOCIEDADE,  Ambiente  requalificação. 
  Ex. Intervenção  SUSTENTABILIADE,  construído e  Projeto de 
Escala Vizinhança  bioclimatismo  Edifício alto 
urbana/bairro  MOBILIDADE  Arquitetura IV 
Cidade e 
SUSTENTÁVEL, 
ambiente  Projeto de  Equipamento  Planejamento 
DESENHO  Praça 
Arquitetura I  Urbano.  da Paisagem IV 
UNIVERSAL 
Planejamento da  Planejamento 
Espaço Privado  7º 
Paisagem I  Planejamento e  territorial – 
  Escala 
Botânica  Morfologia  Desenho  Metropolização – 
ÉTICA,  ESPAÇO E  4º  Metropolitana 
Aplicada ao  Vegetal    Cidade,  Urbano V  aglomerações 
SOCIEDADE,  
  Paisagismo  Habitação e  urbanas 
SUSTENTABILIADE,  Ex. Ficha 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  315   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  316 

tecnologia  Ex. Intervenção  Figuras 9 e 10: Maquetes de estudos da disciplina de Planejamento da Paisagem I 


urbano/regional 
Projeto de  Complexo 
Arquitetura V  Multiuso 
Planejamento  Sistemas de áreas 
da Paisagem V  verdes 

Planejamento e  Planejamento 
8º  Desenho  Regional 
Urbano VI  Ex. cidade nova 
 
Escala Regional   
Cidade,  Projeto de 
Pré‐existência  Fonte: Donoso (2013) 
arquitetura e  Arquitetura VI 
Também nesse período são trabalhados exercícios de desenho da paisagem, com referência 
preservação  Planejamento 
Parque  no  trabalho  de  REID  (2002),  entre  outros  autores,  e  também  são  realizadas  incursões  no 
da Paisagem VI  campus  universitário  para  conhecimento  de  algumas  espécies  e  também  de  noções  de 
Fonte: NDE (BEZZON, J.C.F.; MALUF, C.S.; MESQUITA, A.P.; BENEVENTE, V.A.; EMÍDIO, M.F.), 2009.  projeto paisagístico. 
Dessa forma, os conteúdos foram definidos de forma a permitir a integração entre diferentes   

componentes  de  projeto  dentro  de  um  mesmo  período,  incluindo  também  os  demais  Figura 11: Estudos de representação de vegetação ‐ UNIUBE 
componentes  que  fazem  parte  da  Organização  Curricular  do  aluno,  dando  suporte  para  a 
tomada de decisões nas problemáticas abordadas. 
As  Escalas  de  Abrangência  foram  propostas  de  forma  crescente,  a  partir  do  próprio  aluno, 
que  no  seu  primeiro  período  é  levado  a  introduzir  seu  repertório  e  seus  referenciais  nas 
atividades acadêmicas. A  construção do  conhecimento a partir  do  próprio  aluno permite  a 
reflexão sobre sua formação profissional, considerando sua forma de inserção na sociedade, 
como indivíduo a princípio, chegando, ao final, como um profissional agente transformador 
social. 

PLANEJAMENTO DA PAISAGEM 
Assim,  as  disciplinas  de  Planejamento  da  Paisagem,  que  ocorrem  do  3º  ao  8º  período, 
ganham  importância  na  grade  curricular  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  atuando 
conjuntamente  com  as  disciplinas  de  Projeto  de  Arquitetura  e  Planejamento  e  Desenho 
Urbano.  
No  3º  período,  que  trabalha  a  escala  da  vizinhança,  o  primeiro  contato  com  a  área  da   
Fonte: Donoso (2012) 
paisagem  ocorre  com  exercícios  de  projeto  paisagístico  de  espaços  privados  como  lotes 
residenciais e comerciais. Simultaneamente, a disciplina de Planejamento e Desenho Urbano  Cabe  ressaltar  que  o  campus  da  Universidade  de  Uberaba  tem  projeto  do  renomado 
comenta sobre aspectos de morfologia urbana e apresenta exercícios de intervenção urbana  paisagista  Ney  Dutra  Ururahy,  e  visitas  guiadas  são  tanto  realizadas  na  disciplina  de 
na  escala  do  bairro,  e  a  disciplina  de  Projeto  de  Arquitetura  atua  na  escala  da  vizinhança,  Planejamento  da  Paisagem  I  quanto  também  na  disciplina  de  Botânica,  de  maneira  a 
com projetos de Equipamentos Urbanos.  aproveitar todo o potencial do projeto de Ururahy. 
Para  trabalhar  esse  primeiro  contato  com  o  projeto  da  paisagem,  inicialmente  realizam‐se  As imagens a seguir referem‐se a alguns espaços da UNIUBE ‐ Campus Aeroporto, onde está 
exercícios sobre composição do espaço livre com vegetação através de maquete volumétrica,  sediado o Curso de Arquitetura e Urbanismo. 
onde o aluno aprende noções de “cheios e vazios” e de composição com vegetação. Como   
referência para esse exercício, utilizam‐se os textos de MACEDO (1992 e 1994).   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  317   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  318 

Figuras 12 e 13: Praça da Lua ‐ Bloco L e Praça Central Bloco Z ‐ UNIUBE  particular que recebe um projeto paisagístico para uso público.  
Após  esse  primeiro  exercício,  o  aluno  passa  a  melhor  compreender  as  especificidades  do 
Projeto Paisagístico em áreas públicas, e insere‐se um novo exercício: o projeto do Park(ing) 
Day, onde se discute tanto o uso excessivo do automóvel nas atividades cotidianas quanto a 
carência de espaços livres de uso público para ações cotidianas na cidade.  
No 5º período, com discussões de habitação social enquanto tema transversal, os exercícios 
de  Planejamento  da  Paisagem  tratam  inicialmente  o  projeto  do  sistema  de  espaços  livres 
viários, atuando com um exercício de melhorias em um bairro da cidade de Uberaba, para 
posteriormente atuar em integração com as outras disciplinas no projeto das áreas livres de 
um conjunto habitacional. Como referência, utiliza‐se a obra de FRANÇA e BARDA, 2012. 
  No  6º  período,  a  disciplina  de  Planejamento  da  Paisagem  trabalha  o  projeto  de  praças 
Fonte: Maluf (2011)  urbanas,  em  um  momento  em  que  se  discutem  questões  de  planejamento  estratégico  e 
Figuras 14 e 15: Alameda dos Ipês ‐ Bloco I e Flamboyant – Bloco X (arquitetura) ‐ UNIUBE  intervenção urbana. Como referência para a disciplina, estão os trabalhos de SERPA (2004) e 
QUEIROGA (2003 e 2009). 
No  exercício  de  projeto  da  praça,  busca‐se,  sempre  que  possível,  realizar  um  projeto 
comunitário, de maneira que os alunos selecionam áreas destinadas à praças na cidade de 
Uberaba, mas que ainda não tiveram um projeto executado pela prefeitura. Assim, os alunos 
buscam  conhecer  as  especificidades  da  população  de  um  bairro  específico,  realizam  o 
projeto, e posteriormente o entregam para líderes comunitários. 
Figura 12: Entrega do projeto da praça para líder comunitário ‐ UNIUBE 

 
Fonte: Maluf (2011) 
Figuras 16 e 17: Brassaia e Quaresmeiras ‐ Bloco S ‐ UNIUBE 

 
Fonte: Caixeta (2012) 

  No 7º período, a discussão em Planejamento da Paisagem apresenta exercícios que colocam 
Fonte: Maluf (2011)  a  importância  do  Sistema  de  Áreas  Livres  no  planejamento  da  cidade.  São  referencia  para 
essa  disciplina  os  trabalhos  de  CAMPOS‐org.  (2011),  CAMPOS  at  al  (2012),  COCOZZA  at  al 
No  4º  período,  que  passa  a  atuar  na  escala  do  bairro,  a  disciplina  de  Planejamento  da 
(2011), QUEIROGA (2007) e SERPA (2012). Nesse período os alunos são levados a identificar 
Paisagem atua inserindo o aluno numa primeira mudança no olhar do projeto da paisagem: 
as áreas livres existentes e seu potencial de conexão com os maciços remanescentes, visando 
passar do conhecimento de atuação do projeto paisagístico voltado para o uso particular de 
a estruturação de um sistema de espaços livres para o município. 
um  espaço  em  um  lote  urbano,  para  o  uso  público  em  um  lote  urbano.  Essa  primeira 
abordagem é feita com um exercício de projeto de um Pocket Park, que consiste em um lote  Já  no  8º  período,  que  encerra  as disciplinas  de  Planejamento  da  Paisagem,  apresenta‐se  o 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  319   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  320 

exercício de projeto de um parque urbano, considerando que o aluno já está apto a trabalhar  _____ (Org.). Sistemas de espaços livres: conceitos, conflitos e paisagens. 1 ed. São Paulo: FAUUSP, 2011, v. 1. 
as  especificidades  do  projeto  da  paisagem  em  diferentes  escalas,  as  particularidades  da  COCOZZA, Glauco de Paula ; OLIVEIRA, L. M. . ESPAÇOS E ESPACIALIDADES: CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS 
apropriação do espaço público urbano, e entende que o projeto de um parque se insere em  LIVRES EM UBERLÂNDIA. In: Ana Cecília Arruda Campos; Eugênio Fernandes Queiroga: Fany Galender; Helena 
uma discussão sistêmica da importância dos espaços livres no cotidiano da população. São  Napoleon Degreas; Rogério Akamine; Silvio Soares Macedo; Vanderli Custódio. (Org.). Sistema de espaços livre: 
conceitos, conflitos e paisagens / organização. 01 ed. São Paulo: FAUUSP, 2011, v. 01, p. 143‐152. 
referencias  para  esse  período  HOUGH(1998),  KLIASS(1993),  MACEDO(2003)  e 
MCHARG(2000).  _____ O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA NA CIDADE DE UBERLÂNDIA, 
MG. In: VI Colóquio QUAPÁ‐SEL, 2011, São Paulo. VI Colóquio QUAPÁ‐SEL, 2011. 
Nesse contexto, considerando o componente de Planejamento da Paisagem e sua forma de 
FRANÇA, E.; BARDA, M. Entre o Céu e a Água – O Cantinho do Céu. Prefeitura Municipal de São Paulo. São 
composição  ao  longo  da  formação  do  aluno,  propôs‐se  seu  desenvolvimento  a  partir  da  Paulo, 2012.  
percepção  da  relação  interior/exterior.  Não  só  o  Planejamento  da  Paisagem,  mas  todos  os 
FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São Paulo: 
demais  componentes  de  projeto  são  entendidos  como  colaboradores  na  conceituação  e 
Annablume; FAPESP, 2001.
 
concepção dos projetos dos espaços vazios. 
HOUGH, Michael. Natureza e cidade. Barcelona: Editorial Gustavo Gili S. A.,1998.
 
O “vazio” passa a ser objeto de trabalho que permeia todos os projetos e que também tem 
KLIASS, Rosa. Parques urbanos de São Paulo e sua evolução na cidade. São Paulo: Pini, 1993. 211 p. 
que  ser  formalmente  considerado.  Em  suas  diferentes  escalas,  do  entorno  próximo  ao 
regional, os componentes de Planejamento da Paisagem ganham espaço para uma reflexão  MACEDO, Silvio Soares. Paisagismo e Paisagem Introduzindo questões. In Paisagem e Ambiente, FAUUSP, São 
teórica e madura no processo de formação acadêmica.  Paulo, v. V, 1994.  
_____ A vegetação como elemento de projeto. In Paisagem e Ambiente, FAUUSP, São Paulo, v. IV, 1992. P.11‐41. 
_____; SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial/EDUSP, 2003. 208 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS p. 
MCHARG, Ian L. Proyectar com la naturaleza. México: Gustavo Gili S.A., 2000. 
No Projeto Pedagógico atual, as discussões sobre a paisagem iniciam‐se no primeiro período 
do  curso,  com  o  componente  de  Psicologia  e  Ecologia  da  Paisagem.  Avançam  com  o  QUEIROGA, E. F. . O lugar da praça e a pracialidade nos lugares. Notícias Abap Associação Brasileira de 
Arquitetos Paisagistas, São Paulo ‐ SP, v. ano 4, n.36, p. 2‐3, 2003. 
componente  de  Desenho  Ambiental,  no  segundo  período  e  quando,  a  partir  do  terceiro 
período  o  componente  de  Botânica Aplicada  ao  Paisagismo  é  iniciado,  os  componentes  de  _____ Reflexões sobre a esfera pública contemporânea e os espaços livres da cidade brasileira. In: XIII Encontro 
Planejamento  da  Paisagem,  dividido  em  seis  módulos  –  do  terceiro  ao  oitavo  períodos,  Nacional da ANPUR, 2009, Florianópolis. XIV Encontro Nacional da ANPUR. Florianópolis: UFSC, 2009. p. 4‐4.  
introduzem  no  aluno  as  reflexões  e  as  práticas  projetuais  sobre  os  espaços  livres  de  QUEIROGA, Eugenio, BENFATTI, Denio. Sistemas de espaços livres urbanos: construindo um referencial teórico. 
edificação.  In: Paisagem e Ambiente: ensaios, n. 24, São Paulo, p. 81‐87, 2007. 
_____ O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo: Contexto, 2007. 
A forma como as disciplinas de paisagismo são compreendidas hoje no Curso de Arquitetura 
e  Urbanismo  da  UNIUBE,  permite  ampliar  e  aprofundar  as  discussões  sobre  a  Paisagem  SERPA, Ângelo. Espaço Público e acessibilidade: notas para uma abordagem geográfica. GEOUSP – Espaço e 
Urbana  e  Ambiental,  os  sistemas  alusivos  à  ela  e  a  sua  representação  na  concepção  de  Tempo, São Paulo, n. 15, PP 21 – 37, 2004. 
cidades mais saudáveis e espaços mais democráticos.  REID, Grant W. – FASLA – Landscape Graphics, Plan Section and Perspective Drawing of Landscape Spaces. 
Watson‐Guptill Publications, New York, 2002. 
Atualmente,  o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNIUBE  reforça  a  proposta  de 
   
integração  entre  os  trabalhos  desenvolvidos  pelos  alunos,  diminuindo  a  quantidade  de 
exercícios e melhorando a qualidade dos mesmos, com respostas mais maduras e com uma 
visão mais ampla da atuação do profissional Arquiteto Urbanista. 

AGRADECIMENTOS

À Universidade de Uberaba – UNIUBE.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, A.; QUEIROGA, E.; GALENDER, F.; DEGREAS, H.; AKAMINE, R.; MACEDO, S.; CUSTÓDIO, V. (Org.). 
Quadro dos sistemas de espaços livres nas cidades brasileiras. 1 ed. São Paulo: FAUUSP, 2012, v. 1. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  321   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  322 

Exercício relâmpago no ensino de paisagismo: uma oportunidade!  Urbanismo da Universidade de Uberaba, levou os alunos a assumirem a responsabilidade na 
criação de seu repertório próprio a fim de garantir‐lhes segurança na hora de responder às 
Carmem Silvia MALUF  novas questões. 
Universidade de Uberaba / Curso de Arquitetura e Urbanismo, [email protected] 
Esse repertório se faz presente na qualidade da composição formal resultante, na medida em 
Juliano Carlos Cecílio Batista OLIVEIRA 
Univ. Fed. de Uberlândia / Fac. de Arquitetura e Urbanismo e Design, [email protected]  que  os  conceitos  vêm  carregados  de  significados  e  signos  capazes  de  imprimir  em  seus 
projetos características estéticas coerentes. 
RESUMO  A inserção do exercício relâmpago num componente de projeto tem como objetivo forjar o 
O exercício relâmpago surgiu como proposta de fixação das metodologias de projetos aplicadas nos exercícios 
projetuais  trabalhados  no  período  imediatamente  anterior.  Uma  vez  desenvolvidos  os  conceitos  teóricos  do 
aluno  a  conceituar,  representar  e  desenvolver  através  de  uma  formulação  ligeira  uma,  e 
processo de projeto de paisagismo e aplicados em exercícios projetuais, o aluno era solicitado a dar solução, em  apenas uma ideia, dentre várias alternativas de soluções paisagísticas para um mesmo local. 
um prazo relativamente pequeno (2 horas), a uma nova problemática apresentada. Com isso, desenvolve‐se no 
Visa, ainda, fixar os conceitos trabalhados em etapas anteriores do curso/componente, com 
aluno  sua  capacidade  de  entender  rapidamente  uma  nova  demanda  e,  dimensionando‐a,  propor  soluções 
plausíveis de serem implementadas. Essa metodologia aponta para o desenvolvimento, no aluno, da habilidade  vistas a transformá‐los em instrumentos que possam ser utilizados em ocorrências futuras, 
na busca imediata de soluções e sua transmissão através de sua representação gráfica e espacial, com base no  reconhecendo  as  diferentes  formas  de  representação  da  ideia,  capazes  de  transmitir  os 
conhecimento  e  no  repertório  adquiridos  até  o  momento  de  aprendizagem  em  que  se  encontra.  Esses  conceitos fundamentais e específicos adotados. 
exercícios  são  desenvolvidos  individualmente,  incentivando  a  ampliação  das  habilidades  cognitivas  do  aluno, 
buscando  ampliar  sua  capacidade  de  formalizar  propostas  de  espaços  livres  e  garantindo  uma  identidade  e  Leva o aluno a compreender o espaço segundo diferentes (e simultâneas) premissas (fluxos, 
metodologia próprias.  barreiras, visuais, funções, focos) (REID, 2002, p.56) e propor solução para o uso dos espaços 
PALAVRAS‐CHAVE: Projeto de paisagismo, exercício relâmpago, metodologias projetuais.  livres  apresentados e  suas demandas, utilizando‐se  de  múltiplos  condicionantes (funcional, 
estético,  sensorial,  ambiental)  com  a  especificação  da  vegetação,  acabamentos,  mobiliário, 
1 INTRODUÇÃO iluminação,  etc.,  além  de  integrar  as  diferentes  escalas  de  resposta.  A  atividade  é, 
normalmente,  inserida  entre  atividades  de  maior  duração  dentro  do  cronograma  do 
O estímulo à leitura e à análise de projetos através do estudo e da pesquisa das diferentes  semestre.  Sua  aplicação  é  prevista  e  informada  aos  alunos,  que  devem  vir  para  o  ateliê  já 
alternativas de ocupação dos espaços livres de edificação (MACEDO,  1986, p. 16),  em suas  preparados para a realização de um projeto rápido. 
diversas configurações, faz parte do início  das atividades pedagógicas nos componentes de 
Esta condição é essencial, pois parte fundamental da dinâmica de aplicação é o início e fim 
Projeto de Paisagismo. Este esforço tem como objetivo contribuir para a criação e ampliação 
da atividade dentro da sala de aula, ocupando todo o tempo disponível da aula. Neste curto 
de repertório que permita ao aluno refletir sobre o evento que lhe será apresentado. 
período,  de  cerca  de  duas  horas,  deverá  ocorrer  o  lançamento  do  exercício,  seu 
Este  momento,  de  caráter  mais  teórico,  aparece,  primeiramente,  formatado  através  de  desenvolvimento e a discussão ao final, com a exposição dos trabalhos realizados. 
leituras  dirigidas  sobre  projetos  selecionados  em  determinado  tema,  para,  em  seguida, 
A  atividade  é  obviamente  dirigida  a  questões  específicas  do  projeto  de  paisagismo  – 
tornar‐se  uma  prática  independente,  incorporada  ao  dia  a  dia  da  formação  acadêmica  do 
relacionando  escala  e  tema/programa  a  discussões  já  inseridas  ao  longo  do  curso. 
aluno. 
Apresentado  a  um  novo  problema  –  que  exigirá  uma  solução  rápida,  o  aluno  deverá  ser 
Também o entendimento do modo como um determinado grupo social produz seus espaços  capaz  de  articular  conceitos  trabalhados  anteriormente,  ao  longo  de  exercícios  mais 
de  convivência  nos  diferentes  momentos  da  evolução  da  sociedade,  referências  essas  extensos, e relacioná‐los a outros incorporados em seus estudos autônomos. 
advindas  das  discussões  existentes  em  outros  componentes  curriculares  do  curso  como 
A  necessidade  de  dar  uma  resposta  a  determinado  problema,  ao  mesmo  tempo  em  que 
História  e  Teoria,  Sociologia  e  também  outros  ateliês  de  projeto  (arquitetônico  e  urbano), 
insere  no  exercício  um  novo  componente,  num  prazo  consideravelmente  curto,  trabalha  a 
conduzem o aluno a refletir sobre a sociedade em que está inserido e propor intervenções 
pressão  como  um  fator  que  o  impele  à  necessidade  de  produzir,  nesse  intervalo,  uma 
segundo as relações de usos contemporâneas.  
resposta de qualidade, aumentando cada vez mais seus limites e sua capacidade de articular 
O entendimento dessas relações sociais, inerentes a determinado espaço livre de edificação,  múltiplos fatores – característica essencial do trabalho do arquiteto. 
é fundamental na definição da forma de atuação sobre esse espaço, habilitando‐o a intervir  Arquitetos  paisagistas,  distintamente  de  quaisquer  outros  profissionais  de  design, 
em sua comunidade.  nunca  partem  de  uma  tela  em  branco  uma  vez  que  todo  contrato  envolve  a 
conversão  de  um  espaço  existente.  Adequação  de  tempo  e  máxima concentração 
A constância no estudo e na análise de projetos de referência apresenta‐se, segundo SUAREZ 
são necessários para uma comunicação profícua com o sítio e para que possamos 
(2009, p.1), como “caminho inevitável no ensino e aprendizagem de projetos”.   extrair inspiração do mesmo. (HUTCHISON, 2012, p. 72) 

Novos  atributos  são  inseridos  a  cada  novo  exercício,  aumentando  o  nível  de  complexidade 
2 UMA EXPERIÊNCIA EM ATELIÊ DE PROJETO DE PAISAGISMO dos mesmos e, com isso, ampliando suas habilidades e fortalecendo suas competências. 

A  sistematização  dessa  metodologia  ao  longo  dos  últimos  anos,  no  curso  de  Arquitetura  e  A  aplicação  da  atividade  não  necessariamente  envolve  temas  ligados  ao  programa  do 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  323   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  324 

semestre,  dando  liberdade  à  exploração  de  questões  projetuais  mais  amplas  –  porém,  há  uma  resposta  única  no  desenvolvimento  do  projeto  de  arquitetura,  ou  paisagismo,  ou 
sempre construindo rebatimentos do programa do curso.  urbanismo.  O  que  irá  aparecer  são  respostas  mais  ou  menos  satisfatórias,  normalmente 
É possível pensar o desenvolvimento de praças, de pátios residenciais ou comerciais e até de  resultado de maior atenção às diretrizes iniciais e também organização mais adequada das 
ideias  trabalhadas, do ponto de vista plástico / construtivo / funcional. Conseguir perceber 
situações  com  maior  nível  de  abstração  –  exercícios  gramaticais.  Os  projetos  são  sempre 
discutidos como estudos, enfatizando o desenvolvimento de croquis e diagramas de análise  estas diferenças é fundamental – e a atividade de olhar para o projeto do outro é um bom 
das  questões  em  foco  –  fluxo,  topografia,  organização  de  maciços  de  vegetação  /  visuais  caminho neste sentido. 
através  da  articulação  de  elementos  compositivos  diversos  do  universo  do  projeto  Finalmente,  a  percepção  dos  diferentes  recursos  gráficos  utilizados  pelos  colegas  também 
paisagístico (planos, texturas, cores, transparências, sons, etc.)  mostra‐se  importante  fonte  de  aprendizado.  Diferentes  técnicas  de  desenho,  capazes  de, 
O desenvolvimento da atividade, dada sua brevidade, altera o tradicional funcionamento do  além de melhor aproveitar o tempo disponível, valorizar o conceito ou a ideia trabalhada são 
importantes recursos de fixação e aprofundamento das técnicas de desenho que os mesmos 
ateliê  –  usualmente  estruturado  em  orientações  individuais.  A  revisão  de  um  padrão  de 
discussão que o aluno normalmente se acostuma o retira de uma zona de conforto e o lança  têm tomado contato. 
frente  a  um  novo  desafio  –  captar  a  essência  da  discussão,  lançada  coletivamente,  e 
concentrar‐se  na  apresentação  de  uma  resposta  possível.  Dúvidas  são  normalmente  3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
levantadas  e  discutidas  também  coletivamente  –  a  urgência  do  tempo  exige  a  socialização 
das  informações,  com  o  interessante  conjunto  de  diferentes  possíveis  respostas  delas  Finalmente é fundamental entender o momento como uma oportunidade. De aprender! 
derivadas. Este é, também, outro interessante resultado da aplicação da atividade relâmpago 
– mas este ponto discutimos à frente.  Quais os critérios de avaliação a serem adotados que permita, após essa pequena maratona, 
ser  justo  com  os  resultados  obtidos,  considerando  a  diversidade  de  “seres”  e  suas 
A agilidade exigida nesse exercício obriga o aluno a verificar, na complexidade das relações  habilidades também específicas, próprias e intrínsecas? 
de um espaço livre, os requisitos primordiais para seu desenvolvimento e uma metodologia 
particular no projeto paisagístico.  Os  condicionantes  que  apontam  para  uma  ou  outra  solução  mais  adequada,  dentre  os 
apresentados pela gama de alunos envolvidos no processo, variam da capacidade que cada 
É  preciso  definir  a  primeira  estratégia:  uso  racional  do  tempo  disponível.  Entender  sua  um deles tem de identificar o problema em seus aspectos essenciais ao domínio que detêm 
possibilidade de análise e capacidade de representação da ideia final.  dos instrumentos disponíveis para a representação fiel dos conceitos adotados. Do nível de 
Na  sequência,  deve  buscar  itens  importantes  que  irão  nortear  seu  trabalho,  como  a  envolvimento que cada um possui com as teorias discutidas nos ateliês de projeto ao rigor 
identificação do público alvo ou grupo social (suas características, necessidades e interesses),  técnico exigido para essa representação. 
as características do espaço‐base, seus valores e/ou sua vocação e a discussão das relações  A  exigência  de  uma  resposta  rápida,  a  um  exercício  realizado  de  maneira  intensiva, 
existentes  (espaço/usuários).  Após  esta  breve  leitura  /analise,  passará  à  busca  da  síntese,  certamente terá menos papel na avaliação do aluno e muito maior peso em sua formação. A 
quando  é  importante  definir  os  referenciais  para  o  projeto,  definir  (ou  optar)  por  um  intenção primordial aqui é colocá‐lo numa posição reflexiva sobre sua própria capacidade de 
conceito e planejá‐lo.  resposta, ao interpretar rapidamente uma questão projetual e vê‐la também respondida por 
Nesse  momento,  com  base  no  repertório  pessoal,  é  importante  identificar  as  tipologias  diversos colegas. 
possíveis  de  serem  utilizadas  como  referenciais,  as  características  simbólicas  e  estéticas  a  Há um projeto melhor que o outro? Qual o melhor? Porquê? 
serem valorizadas e as funcionais a serem respeitadas. 
Os critérios de análise devem ser imediatamente expostos pelos docentes, no momento da 
O  exercício  relâmpago  demanda  sempre  um  estudo  preliminar,  não  sendo  necessário  que  apresentação  dos  trabalhos  –  numa  espécie  de  exposição  coletiva.  Assim,  os  alunos 
resulte  em  outras  etapas  projetuais,  que  exigem  um  maior  detalhamento.  Quando  muito  aproximam‐se dos critérios de avaliação de seus trabalhos e também colocam‐se na posição 
definem‐se os espaços e seus elementos. É a representação da ideia.  do avaliador, devendo exercer juízo de valor ao questionar o outro, mais que justificar‐se. 
A APRESENTACAO E ANÁLISE DO PROJETO COMO (OUTRO) APRENDIZADO 
A apresentação dos resultados perante a classe, busca estabelecer critérios de intervenção e  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
socialização  dos  resultados  garantindo  ampliação  do  repertório  coletivo.  Exercitar  a  crítica 
HUTCHISON, Edward. O desenho no projeto da paisagem. Barcelona: Gustavo Gili, 2012. 240 p. 
também  é  uma  atividade  essencial  na  rotina  do  arquiteto  –  o  que  garantirá  o  esforço  de 
atualização de seu conhecimento e de sua própria produção.  MACEDO, Sílvio Soares. Espaços Livres. In: Paisagem Ambiente Ensaios, n.7. São Paulo: FAU‐USP, 1986, p. 15‐56. 
REID, Grant W. Landscape graphics: Plan, Section, and perspective Drawing of Landscape Spaces. New York, 
Porém,  outro  elemento  é  bastante  significativo  e  pode  ser  extraído  deste  esforço  –  de 
2002. 
apresentação/exposição de todo os trabalhos: a percepção, por parte do aluno, de que não 
SUAREZ, Maria Candela. Universidade da Beira Interior, Portugal, 2009.
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  325   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  326 

A Contribuição do Programa de Extensão do Núcleo de Estudos  Neste sentido, um grupo  de professores  aceitou enfrentar  esse desafio  e surgiu  a  primeira 


experiência  através  de  um  projeto  de  extensão  do  curso  através  de  um  convênio  de 
Urbanos e Regionais da FURB no Planejamento de Cidades da  cooperação técnica entre a Universidade e o Poder Executivo do município  de Brusque/SC, 
Região do Vale do Itajaí/SC  no  ano  de  1997.  O  objetivo  era  prestar,  de  forma  remunerada,  assessoria  ao  processo  de 
revisão do seu Plano Diretor. Entre as atribuições do NEUR, além de designar uma equipe de 
Luiz Alberto SOUZA  docentes e discentes para assessorar o processo de revisão do Plano Diretor, era participar 
Professor da Universidade de Blumenau; [email protected]  efetivamente das reuniões comunitárias para debater as propostas de alteração do plano, e 
  em  contrapartida,  o  município  providenciaria  os  recursos  financeiros  e  materiais  para  a 
  consecução dos serviços e a mobilização da comunidade. Essa primeira experiência abriu as 
portas para a inserção do Curso de Arquitetura e Urbanismo em diversas cidades da região, o 
RESUMO 
que  possibilitou  novas  ações  nesse  mesmo  sentido,  prática  essa  que  propiciou  a 
O  Núcleo  de  Estudos  Urbanos  e  Regionais  ‐  NEUR1  apesar  de  sua  curta  trajetória  construiu  uma  experiência 
inovadora ao possibilitar que acadêmicos do curso de arquitetura e urbanismo da FURB colocassem em prática  consolidação  do  Programa  NEUR  como  um  grupo  de  pesquisa  e  de  extensão  reconhecido 
os conhecimentos adquiridos para propor soluções relacionadas às questões socioespaciais em municípios do  internamente  pela  IES  e  posteriormente,  como  Grupo de  Pesquisa  do  CNPq. Os  resultados 
Vale  do  Itajaí.  O  foco  principal  do  Programa  está  no  apoio  à  efetiva  participação  da  sociedade  civil  nos  mensurados  são  extremamente  satisfatórios,  por  possibilitar  a  prestação  de  serviços  à 
processos que  contribuam à inclusão social  de  populações de  baixa renda e seu  fortalecimento como agente  comunidade regional, a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em sala de aula, o 
protagonista  na  elaboração  de  políticas  territoriais.  O  NEUR  atua  de  forma  interdisciplinar,  apoiando 
contato  e  a  inserção  do  corpo  discente  no  mercado  de  trabalho.  A  partir  dessa  primeira 
diretamente o público alvo dos projetos e, de forma indireta busca capacitar agentes públicos envolvidos com a 
temática.  A  viabilização  da  parceria  se  concretiza  através  de  convênio  de  cooperação  técnica  entre  a  experiência,  o  Programa  de  Extensão  ‐  NEUR  se  consolidou  a  cada  ano  e  passou  a  se 
Universidade (FURB) e os Municípios. Os estudos são desenvolvidos utilizando‐se da técnica do planejamento  constituir em referência regional no âmbito de ações voltadas para a formulação de políticas 
participativo  e  a  elaboração  do  diagnóstico  através  da  metodologia  CDP  –  condicionantes;  deficiências  e  públicas  municipais  e  regionais.  Surgiram  novas  parcerias  e  convênios  com  órgãos 
potencialidades. Os produtos são apresentados e discutidos em reuniões comunitárias e oficinas de trabalhos,  municipais, estaduais e federais evidenciando o alcance de seus resultados. Neste sentido, o 
sendo os resultados finais levados à audiência pública. 
apoio institucional das instâncias superiores da FURB, e as parcerias celebradas com outros 
PALAVRAS‐CHAVE: programas urbanos, extensão em arquitetura e urbanismo, planejamento participativo.  grupos  de  extensão  da  FURB,  como  dos  cursos  de  Serviço  Social  e  Direito,  contribuíram 
significativamente para o crescimento e reconhecimento do NEUR. Ao longo do tempo houve 
uma ampliação dos projetos de extensão vinculados ao NEUR, como, por exemplo, na esfera 
1 INTRODUÇÃO 
da  habitação  de  interesse  social  e  da  regularização  fundiária,  o  que  redirecionou  o 
laboratório para ações com alcance social cada vez mais focada nas comunidades carentes. 
O Programa de Extensão NEUR – Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais surgiu a partir da 
Desde  então,  a  equipe  do  NEUR  recebeu  diversas  solicitações  para  prestar  serviços  de 
experiência  de  assessoramento  aos  municípios  da  região  do  Vale  do  Itajaí/SC,  com  a 
assessoria  em  diversas  cidades  da  região  do  Vale  do  Itajaí/SC  (SIEBERT  &  SCHULT,  2010). 
finalidade  de  auxiliar  o  poder  público  local  nos  processos  de  revisão  dos  seus  Planos 
Dessa  forma,  o  Programa  de  Extensão  NEUR  tem  conseguido  de  forma  plena,  reunir  o 
Diretores,  bem  como  a  capacitação  da  sociedade  civil  no  âmbito  das  políticas  públicas  de 
aprendizado  do  ensino  e  da  pesquisa  para  aplicá‐los  em  ações  concretas,  de  modo  a 
caráter  urbano.  O  início  das  atividades  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  FURB 
propiciar  aos  nossos  alunos,  a  compreensão  da  realidade  urbana  de  forma  integrada.  Os 
começam no ano de 1992, sendo, portanto, o segundo curso2 a ser implantado no estado de 
professores que integram o laboratório lecionam disciplinas ligadas ao planejamento urbano, 
Santa  Catarina.  Reconhecendo  a  importância  fundamental  que  a  Universidade  (MEC/SESu, 
tanto na graduação como na pós‐graduação da FURB e se dedicam à produção de pesquisas 
2006) representa para o desenvolvimento social de uma região, e que a mesma se alicerça na 
vinculadas à temática urbana, principalmente em projetos de iniciação científica. 
efetiva oferta da tríade ENSINO – PESQUISA – EXTENSÃO, nosso grande desafio era de inserir 
o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo da FURB  como agente  de  transformação da  realidade 
local.  Dessa  forma,  o  NEUR  procurou  estabelecer  parcerias  com  os  municípios  da  região,  2 A CONTRIBUIÇÃO DO NÚCLEO DE EXTENSÃO DO CURSO DE ARQUITETURA E 
viabilizados  através  de  projetos  de  extensão  que  pudessem  socializar  os  conhecimentos 
acadêmicos, cumprindo assim seu papel social para o desenvolvimento da comunidade local.  URBANISMO  DA  FURB  NO  PLANEJAMENTO  DAS  CIDADES  DA  REGIÃO  DO 
                                                            
MÉDIO VALE DO ITAJAÍ/SC 
1
 O Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais – NEUR é um laboratório de pesquisa e de extensão vinculado ao 
Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Blumenau – FURB, e em funcionamento desde  Desde  o  início  das  atividades  do  curso  de  graduação  em  arquitetura  e  urbanismo  da 
o ano de 1999.  Universidade  de  Blumenau  ‐  FURB,  um  grupo  de  professores  colocou  como  desafio  a  ser 
2
vencido,  a  implantação  de  um  programa  permanente  de  extensão  na  área  do  urbanismo. 
 O primeiro curso de graduação implantado em Santa Catarina é da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, em 
Como anteriormente citado, a primeira experiência efetivada foi com a cidade Brusque/SC, 
1977.  
com  o  objetivo  de  contribuir  na  revisão  do  seu  Plano  Diretor.  Essa  atividade  tinha  uma 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  327   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  328 

previsão  inicial  de  duração  de  06(seis)  meses,  mas  o  trabalho  acabou  por  consumir  instrumento  muito  útil  na  apresentação  e  discussão  do  Plano  Diretor  com  a  comunidade 
16(dezesseis)  meses.  Este  fato  motivou  a  necessidade  do  NEUR  de  aprimorar  os  seus  local. A visão sintetizadora proporcionada  por  este  método  se mostrava naquele momento 
mecanismos  de  mensuração  de  cada  atividade  de  Extensão,  de  forma  a  evitar  o  risco  do  como eficaz para a definição de estratégias de ação visando à reformulação do Plano Diretor. 
descrédito de nossas propostas junto aos parceiros. Como nessa época ainda havia poucos 
A metodologia CDP classifica os dados levantados em três categorias básicas: 
relatos  vivenciados  nessa  área,  a  equipe  do  NEUR  buscou  trocar  experiências  com  outros 
grupos de extensão da FURB, e encontrou nos cursos de Serviço Social e de Direito, grandes    Condicionantes ‐ Elementos existentes ou projetados que não podem ou não devem ser 
parceiros  para  futuros  projetos  de  extensão.  Outras  cidades  da  região  também  foram  alterados; 
atendidas pelo NEUR como: Rio do Sul, Gaspar, Indaial, Itajaí e Blumenau.     Deficiências ‐ Elementos que representam problemas que devem ser solucionados; 
Os  diversos  Projetos  de  Extensão  do  NEUR  sempre  foram  norteados  pela  filosofia  da    Potencialidades  ‐ Elementos  que  podem  ser  aproveitados  para  melhorar a  qualidade  de 
transferência do “saber fazer”, ou seja, o NEUR, não se prontificava a elaborar ou revisar o  vida da cidade. 
Plano Diretor, mas sim de assessorar o Município no processo de elaboração ou de revisão. 
Ou  seja,  não  fazer,  mas  sim  ensinar  a  fazer,  pois  acreditamos  ser  essa  uma  das  principais  Após a classificação de todos os dados nestas três categorias ‐ lembrando que um item pode 
vocações  da  Universidade.  Por  este  motivo,  a  maior  parte  do  trabalho  sempre  foi  ser  considerado  simultaneamente  como  condicionante,  deficiência  e  potencialidade  ‐  foi 
desenvolvida  no  espaço  físico  das  Prefeituras  conveniadas,  de  forma  a  se  aproveitar  ao  feito  o  mapeamento  e  a  sobreposição  dos  mapas  para  subsidiar  a  elaboração  do  mapa 
máximo a contribuição da equipe técnica do município parceiro e propiciar a integração da  síntese visando construir as propostas de Macrozoneamento.  
mesma com a equipe técnica do NEUR (BACK & SOUZA, 2010).   O  Macrozoneamento  é  uma  estratégia  que  constrói  uma  visão  preliminar  do  uso  do  solo 
Desta forma, tínhamos a convicção de que, após aprovado o Plano Diretor o mesmo poderia  previsto  para  o  Plano  Diretor,  definindo  basicamente,  sem  detalhamento,  as  áreas 
ser aplicado com mais segurança pelos técnicos locais, pois estes haviam participado de cada  urbanizáveis,  e  as  áreas  não  passíveis  de  urbanização  (ZANIN,  2002).  O  detalhamento  do 
etapa da sua revisão, desde a elaboração do Levantamento de Dados e do Diagnóstico, até a  Macrozoneamento  passa  a  integrar  a  Lei  de  Zoneamento  e  Uso  do  Solo,  compondo  um 
redação  do  Projeto  de  Lei  e  as  discussões  com  a  sociedade  civil.  Também  sempre  foi  de  volume  denominado  de  Legislação  Urbanística,  contendo  o  Anteprojeto‐de‐Lei  do  Plano 
fundamental importância à participação da comunidade local nos processos que envolviam a  Diretor. Do ponto de vista urbanístico, as diretrizes mais relevantes inseridas nas propostas 
elaboração  ou  a  revisão  do  Plano  Diretor.  Desde  aquela  época,  o  NEUR  já  defendia  que  o  de revisão dos Planos Diretores em que o NEUR assessorou apontam na seguinte direção: 
processo  participativo  deveria  nortear  a  revisão  do  Plano  Diretor,  contando  com  o  I. Orientar a expansão da cidade para áreas adequadas à urbanização, evitando a ocupação 
envolvimento  de  diversos  agentes  da  sociedade:  associações  comunitárias,  moradores,  de encostas e fundos de vale; 
empresários,  vereadores,  etc.  Para  facilitar  esta  participação  popular,  a  equipe  do  NEUR 
II.  Estimular  o  desenvolvimento  econômico  do  Município  através  de  um  zoneamento  não 
participou  das  reuniões  nas  quais  sua  presença  foi  considerada  necessária.  Esses  debates 
restritivo, que venha a gerar um espaço urbano multifuncional; 
foram  sempre  conduzidos  politicamente  pelo  Município,  cabendo  ao  NEUR  atuar  como 
mediador e moderador das reuniões.   III. Evitar o colapso do centro da cidade através  do estímulo ao adensamento das áreas de 
expansão do centro; 
A  metodologia  de  elaboração  da  revisão  dos  Planos  Diretores  teve  sempre  como  primeira 
etapa a compilação de dados socioeconômicos e físico‐territoriais do Município, reunidos no  IV.  Aumentar  a  independência  dos  bairros  em  relação  ao  centro,  através  da  criação  de 
volume  denominado  Diagnóstico.  Neste  volume  os  dados  levantados  são  apresentados  na  Centros de Bairros nos principais núcleos comunitários já existentes na cidade, e através da 
forma de textos, tabelas, gráficos, mapas e fotos, formando um documento para subsidiar a  criação  de  um  sistema  de  corredores  de  serviço  nos  principais  corredores  de  circulação 
revisão  do  Plano  Diretor  e  servir  como  fonte  de  consulta  e  referência  tanto  para  a  urbana; 
Administração  Municipal,  como  para  a  sociedade  civil.  Os  dados  apresentados  no  V. Garantir o desenvolvimento industrial em áreas industriais adequadas, de forma a facilitar 
Diagnóstico  do  Plano  Diretor  possibilitam  análises  setoriais  detalhadas,  mas  ainda  não  o escoamento da produção e evitar conflitos com as áreas residenciais; 
formam  uma  visão  de  conjunto,  holística  e  integrada,  da  cidade  como  um  todo.  Por  este 
motivo  é  preciso  sintetizar  e  inter‐relacionar  estes  dados,  o  que  é  feito  no  volume  de  VI.  Adequar  o  sistema  viário  ao  crescimento  da  cidade,  com  a  fixação  de  novos  gabaritos 
Propostas  e  Diretrizes  através  da  utilização  da  metodologia  "CDP  ‐  Condicionantes  conforme  a  hierarquia  das  vias  para  permitir  melhor  circulação  de  veículos  e  pedestres,  e 
Deficiências e Potencialidades”.  com a previsão de áreas de estacionamento em todas as novas edificações; 

A  metodologia  CDP  ‐  Condicionantes,  Deficiências  e  Potencialidades,  empregada  em  VII. Preservar a paisagem e o meio ambiente, através da preservação de encostas e fundos 


processos de planejamento  urbano  e regional, foi desenvolvida na  Alemanha e introduzida  de vale, evitando assim erosão, deslizamentos e assoreamento dos cursos d'água. 
no estado de Santa Catarina pelo Gabinete de Estado do Planejamento ‐  GAPLAN, a partir de  A  utilização  da  metodologia  CDP  contribui  significativamente  na  elaboração  dos  mapas  da 
1983.  Trata‐se  de  uma  sistemática  de  organização  de  dados  levantados  que  possibilita  sua  etapa do diagnóstico, e foram utilizados nas oficinas comunitárias para debater as propostas 
apresentação  de  forma  compreensível  e  de  fácil  visualização,  sendo  por  este  motivo  um  estratégicas a serem desenvolvidas na etapa seguinte.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  329   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  330 

02 bolsistas Serviço social Graduação/FURB Trabalho de campo 


3 COOPERAÇÃO DA FURB/NEUR COM O MINISTÉRIO DAS
01 Consultor Área social Mestre/Doutor Assessoria
CIDADES PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO URBANÍSTICO E DE

‐ 
Giane R.Jansen Arquiteta e Urbanista Mestranda/FURB Coordenação grupo urbanístico 

urbanístico 
02 bolsistas  Arquitetura e Engenharia  Graduação/FURB  Trabalho de campo 
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

GTU 
02 Consultores Urbanismo/Engenharia Mestre/Doutor Assessoria

Dentre  os  diversos  projetos  de  extensão  elaborados  pelo  NEUR  ao  longo  desses  últimos  Luiz Alberto Souza  Arquiteto e Urbanista, Advogado   Doutor/UFRJ  Coordenação  geral  e  do  grupo 

GTJ ‐ jurídico 
jurídico 
quinze anos destaca‐se esse projeto como um dos mais interessantes desenvolvidos, pois se 
trata de parceria celebrada com o Ministério das Cidades. A ação financiada pelo Governo  01 bolsista Direito Graduação/ FURB Atividades jurídicas 

Federal através de um Edital do Ministério das Cidades (BRASIL, 2007) previa a realização de  01 Consultor Direito Mestre Assessoria


Fonte: NEUR, 2008. 
um Plano  Urbanístico e de Regularização Fundiária com a finalidade de definir e aplicar os 
instrumentos  legais  e  urbanísticos  previstos  na  Constituição  Federal  (Brasil,  1988),  no  Os  estudos  foram  aplicados  em  03(três)  comunidades  contíguas,  sendo  a  principal  delas 
Estatuto  da  Cidade  (Brasil,  2001)  e  que  estivessem  contemplados  no  Plano  Diretor  denominada de Morro do Artur (Área 1), em referência ao seu primeiro morador que iniciou 
Municipal. A proposta tinha por objetivo principal estabelecer diretrizes legais e urbanísticas  a ocupação do local. A área do Morro do Artur, possuía originariamente a matrícula nº 957 
necessárias  para  elaborar  um  Projeto  de  Assistência  Técnica  para  fins  de  urbanização  e  de  do  1º.  Ofício  de  Registro  de  Imóveis  e  era  de  propriedade  do  Sr.  Moacir  Hostins  e  Áurea 
regularização  fundiária.  As  comunidades  escolhidas  para  este  Projeto  estão  localizadas  em  Maria  Hostins.  O  terreno  com  área  de  207.748,855m2  foi  vendido  ao  Sr.  Artur  Arceno  dos 
uma  região  periférica  do  município  de  Blumenau/SC.  São  elas:  o  Morro  do  Artur  (área  1),  Santos  em  20/08/1976.  Este  último  hipotecou  o  terreno  ao  Banco  do  Brasil  S/A,  cujo 
Morro do Jerônimo (área 2) e Morro do Wigand Wild (área 3) (Mapa 1). O plano urbanístico  vencimento  era  no  ano  de  1981.  Constata‐se,  portanto  que  se  tratava  de  um  terreno 
deveria propor a implementação de instrumentos administrativos e legais para acesso a terra  particular, ocupado por terceiros, em função da venda ilegal dos lotes (parcelamento) pelo 
urbanizada,  de  forma  a  possibilitar  sua  regularização  e  a  implantação  de  equipamentos  proprietário Sr. Artur Arceno dos Santos, mas já falecido, e não houve o encaminhamento do 
sociais  e  de  uso  público.  As  três  áreas  localizadas  no  Bairro  Progresso  em  Blumenau/SC,  seu inventário pelos herdeiros.  
possuem área aproximada de 6,68 km² e estão distantes aproximadamente 18 km do centro 
Com relação à Área 2, denominada de Morro do Jerônimo, segundo dados da matrícula n º 
da  cidade.  Como  objetivo  secundário,  a  proposta  deveria  prever  instrumentos  que 
34250  do  1º.  Ofício  de  Registro  de  Imóveis,  o  terreno  continha  área  de  228.000  m²  e 
possibilitassem efetuar o registro dos instrumentos de outorga de direitos reais em favor dos 
pertencia ao Sr. João Doerfner, que possuía um título de concessão de terras, assinado em 
beneficiários  finais  dos  instrumentos  de  regularização  fundiária  perante  o  Cartório  de 
28/11/1924, pelo Vice  Governador do  Estado,  Coronel Antonio Pereira  da Silva de Oliveira. 
Registro de Imóveis e da Administração Municipal. Isto permitiria regularizar a permanência 
Em 25 de agosto de 1999, por usucapião, foi declarado o domínio do imóvel ao Sr. Jerônimo 
da  população  moradora  dessas  áreas  ocupadas  e  que  se  encontrava  em  desconformidade 
Corrêa.  
com a lei, para fins de habitação, proporcionando melhorias urbanísticas no assentamento, o 
resgate da cidadania e impor melhorias à qualidade de vida da população local.  A área 3, denominada de Morro do Wigand Wild, segundo dados da matrícula nº 50.905 do 
1º.  Ofício  de  Registro  de  Imóveis,  o  terreno  contém  área  de  199.097  m2  e  era  de 
A  equipe  da  FURB/NEUR  para  esse  Projeto  de  Extensão  foi  estruturada  em  três  grupos  de 
propriedade do Sr. Hans e da Srª Frieda Doerfner, os quais venderam ao Sr. Wigand Wild em 
trabalho para uma melhor distribuição metodológica das ações: (1) Grupo de Trabalho Social 
14/12/1965, tendo sido registrado em 13/05/1966. 
(GTS),  responsável  pelos  levantamentos  sociais  e  atividades  de  mobilização  e  organização 
social; (2)  Grupo  de  Trabalho  Urbanístico  (GTU),  para atuar  nos  levantamentos  físicos  e no  De modo geral, a infraestrutura urbana nas três áreas era quase inexistente, não possuindo 
projeto  de  urbanização,  e  (3)  Grupo  de  Trabalho  Jurídico  (GTJ)  cujas  atividades  seriam  em  sistema público de abastecimento de água, tratamento de esgoto e rede elétrica adequada. 
definir  quais  instrumentos  jurídicos  eram  passíveis  de  ser  aplicados  nesse  processo.  Para  O acesso às três áreas se dava somente através de estradas e vielas não pavimentadas, sendo 
realizar este trabalho cuja complexidade era maior que os anteriores, e para cumprir com as  dificultado o deslocamento devido aos aclives acentuados. A tipologia construtiva das casas 
exigências contidas no Edital do Ministério das Cidades, o NEUR buscou firmar parceria com  era bastante simples, a maioria em madeira, alvenaria não rebocada, com telha de cimento 
outros dois cursos da FURB que trabalhavam com projetos de extensão nessa área: Serviço  amianto e às vezes até de lona plástica.  
Social  e  Direito.  Dessa  forma  conseguimos  atender  todas  as  exigências  referentes  à  Os estudos realizados procuraram incluir a combinação de outros instrumentos do Estatuto 
composição de compor uma equipe multidisciplinar.  da Cidade, para o cumprimento da função social da cidade e da propriedade como forma de 
Tabela 1. Equipe Multidisciplinar do Projeto de Extensão  garantir  o  acesso  à  terra  regular,  urbanizada  e  bem  localizada  para  todos  os  moradores.  O 
  Plano  de  Urbanização  deveria  ser  composto  por  um  conjunto  de  estudos  básicos  e  peças 
     
GT  Nome  Formação  Titulação  Função 
técnicas,  que  tem  por  finalidade  definir  um  conjunto  de  medidas,  instrumentos  e 
intervenções  referentes  aos  aspectos  urbanísticos,  socioeconômicos,  jurídico‐legais  e  de 
GTS – social 

Jacqueline Samagaia  Assistente Social Doutoranda/UFSC Coordenação grupo social

Rubia dos Santos  Assistente Social Mestre/UFSC Atividades  de  capacitação,  gestão,  que  possibilitassem  acessar  recursos  dos  programas  de  desenvolvimento  urbano  e 
sensibilização da comunidade  habitacional existentes na esfera federal e/ou estadual para implantação das Zonas Especiais 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  331   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  332 

de Interesse Social ‐ ZEIS. A metodologia do trabalho foi estruturada a partir da realização de  Geral para a apresentação do projeto à comunidade local. Nesta assembleia foi constituído o 
entrevistas  com  os  moradores,  informações  obtidas  junto  a  equipe  técnica  da  Secretaria  Conselho Gestor do Plano de Urbanização do Morro do Artur, composto por representantes 
Municipal  de  Regularização  Fundiária,  nos  registros  dos  imóveis  e  na  compilação  de  dados  da  própria  comunidade  e  de  ambos  os  sexos,  (eleitos  na  Assembleia  Geral),  bem  como 
encontrados em estudos já realizados.  representantes  da  associação  de  moradores  e  de  técnicos  municipais  responsáveis  pelo 
Mapa 1. Localização das Áreas de Estudos do Projeto de Extensão  projeto. 

PRODUTOS: 
 Relatório contendo a metodologia detalhada dos trabalhos de campo, técnico e social 
para o projeto; 
 Relatório  da  Assembleia  Geral  e  listagem  de  nomes  dos  participantes  do  Conselho 
Gestor do Plano; 
 Materiais produzidos (divulgação e de apresentação); fotos da ação. 

ETAPA 2 ‐ CADASTRAMENTO 

As ações previstas nesta etapa tiveram por objetivo identificar as coordenadas geográficas, 
dimensões e delimitação da área, sistema viário e a situação habitacional (demarcação dos 
lotes,  especificando  as  edificações  existentes),  espaços  de  uso  público  e  equipamentos 
coletivos. Nesta ação foi realizado o levantamento da situação fundiária da área perante o 
Cartório de Registro Geral de Imóveis e nos respectivos órgãos públicos municipais (cadastro 
municipal), como o objetivo de verificar a situação jurídica e urbanística da área. 

Nesta etapa foi elaborado um levantamento topográfico georreferenciado e coletado dados 
urbanísticos  e  fundiários  relativos  aos  imóveis  objetos  da  regularização,  necessários  à 
instrução  dos  processos  jurídicos  e/ou  administrativos.  Ainda  nesta  etapa,  a  realização  de 
 
um  cadastramento  imobiliário,  para  inventariar  o  tipo  de  uso  da  edificação,  tipologia  da 
Fonte: NEUR, 2008. 
habitação, número de cômodos, instalações sanitárias e situação jurídica do imóvel (própria, 
Naquele momento, o NEUR efetivou uma parceria com a Secretaria Municipal de Habitação e  alugada, cedida, etc.). 
Regularização Fundiária, que estava em fase de instituir legalmente oito ZEIS. Os parâmetros 
sociais  e  urbanísticos,  que  seriam  transformados  em  Projeto  de  Lei  foram  estabelecidos  e  PRODUTOS: 
encaminhados  para  aprovação  pela  Câmara  Municipal  de  Vereadores.  Entre  essas  ZEIS   Mapas  digitalizados  em  escala  compatível  (1:5000  no  mínimo)  da  área  contendo  as 
previstas estavam as 03 (três) áreas objeto do nosso Projeto de Extensão.   coordenadas geográficas,  o  perímetro  da área,  vias  de  acesso,  áreas livres e  de  uso 
Para  a  realização das análises,  elaboração  dos  estudos,  peças  técnicas  e projetos deveriam  público; demarcação dos lotes (identificando os ocupantes de acordo com o cadastro 
ser  considerados  todos  os  normativos  e  manuais  dos  programas  vinculados  à  Secretaria  e  os  proprietários  conforme  matrícula  do  imóvel);  edificações  existentes,  áreas 
Nacional de Programas Urbanos, da Secretaria Nacional de Habitação, da Secretaria Nacional  verdes, áreas de riscos; 
de Saneamento Ambiental e da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade integrantes   Relatório do cadastro dos imóveis.  
do Ministério das Cidades. 
 Relatório completo do levantamento dos dados dos registros dominiais e cadastrais. 
Para  tanto,  o  processo  de  implementação  da  proposta  estruturava‐se  em  quatro  etapas: 
Etapa 1: Levantamento de Dados; Etapa 2: Cadastramento; Etapa 3: Diagnóstico e, Etapa 4:  ETAPA 3 ‐ DIAGNÓSTICO 
Implementação das Ações (sociais, urbanísticas e jurídicas).  
Nesta ação, identificar a situação territorial da área de intervenção, caracterizando as áreas 
ETAPA 1 ‐ LEVANTAMENTO DE DADOS  de  proteção  ambiental,  as  áreas  de  risco,  a  infraestrutura  existente  e/ou  projetada, 
equipamentos  e  serviços  públicos  comunitários,  de  educação,  saúde,  segurança  pública, 
Esta  ação  consistiu  no  detalhamento  da  metodologia,  onde  foi  elaborada  uma  descrição  lazer, cultura, transporte coletivo e as condições de mobilidade e acessibilidade universal. 
detalhada das atividades relacionadas ao projeto, e previa a organização de uma Assembleia 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  333   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  334 

PRODUTOS:  Diretor) inclusive com a indicação de alterações na Legislação Municipal. 
 Mapas  digitalizados  em  escala  compatível  (1:5000  no  mínimo)  da  área  contendo  as  PRODUTOS: 
áreas de proteção ambiental,  identificação das famílias que se encontram em áreas 
de  risco  e  que  necessitam  ser  relocadas,  infraestrutura  existente  e/ou  projetada,   Identificação  das  variáveis  possíveis  segundo  as  diversas  formas  de  ocupação,  tais 
identificação  dos  equipamentos  e  serviços  públicos/comunitários  de  educação,  como: 
saúde,  segurança  pública,  lazer,  cultura,  transporte  coletivo,  mobilidade  e   implementação das ZEIS; 
acessibilidade. 
 concessão especial de uso; 
 Relatório contendo os dados relativos ao levantamento das informações comunitárias 
e mapeamento da mesma.   desafetação; 
 regulamentação dos instrumentos de regularização fundiária; 
 Relatório contendo os dados com as informações levantadas.  
 identificação das necessidades de relocação de famílias; 
 Relatório do levantamento da legislação urbanística, edilícia, ambiental entre outras, 
a nível federal, estadual e municipal.   demais medidas cabíveis. 
 Relatório do cadastro dos ocupantes titulares da posse;  Esta atividade apresenta os trabalhos coletivos (Oficinas de Trabalho), os critérios técnicos 
 Relatório das informações socioeconômicas das famílias;  utilizados  para  a  elaboração  de  forma  participativa  do  estudo  de  viabilidade  urbanística, 
concebendo‐se, a partir daí, alternativas (partidos para o projeto urbanístico), com base no 
Esta etapa visou a análise e avaliação dos dados sociais, urbanísticos, jurídicos, coletados nas 
diagnóstico socioterritorial e das especificidades de cada área. 
etapas anteriores (levantamento de dados e cadastramento) e que caracterizavam a área de 
intervenção, contemplando  a identificação das áreas  a serem consolidadas e  das famílias a  PRODUTOS: 
serem remanejadas por se encontrarem em área de risco. Esta análise serviu para instruir as 
ações  jurídicas,  administrativas  e  urbanísticas  que  possibilitassem  a  regularização  fundiária   Critérios técnicos de viabilidade urbanística e relação custo x benefícios; 
da área do projeto.   Estudos de viabilidade urbanística conforme a necessidade de infraestrutura; 

PRODUTOS:   Alternativas  do  projeto  urbanístico  (implantação  geral  em  escala  compatível; 
proposta de macrozoneamento e de zoneamento se for o caso; croquis esquemáticos, 
 Relatório técnico‐social contemplando:  perfis e detalhes conforme a boa técnica urbanística). 
 análise e avaliação fundiária (Identificação das áreas públicas e particulares, bem 
como situação quanto a situação fundiária existente);  ETAPA 4 – IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES (SOCIAIS, URBANÍSTICAS E JURÍDICAS) 
 análise e avaliação físico ambiental (mapeamento das áreas de vegetação a serem  A partir da realidade apontada na etapa do diagnóstico, o plano prevê as estratégias para a 
preservadas e identificação das áreas de risco);  intervenção  ao  longo  do  projeto  visando  à  regularização  fundiária  nas  dimensões  social, 
urbanística e jurídica. Esta atividade visava dar coerência entre o Plano e os Projetos, com as 
 análise e avaliação urbanística (indicação das vias de acesso à área, das condições  etapas efetuadas anteriormente, junto às instituições e órgãos de financiamento. O Projeto 
de  acessibilidade  e  mobilidade,  tipologia  habitacional,  áreas  de  lazer,  dentre 
deveria  ser  aprovado  pela  comunidade  prevendo  alternativas  ao  Projeto  Urbanístico 
outros);  considerando‐se a melhor compatibilidade com os critérios técnicos de viabilidade do plano. 
 análise e avaliação  da infraestrutura (dos sistemas de circulação, de infraestrutura  A proposta a ser detalhada deveria conter: memorial descritivo e justificativo; a proposta de 
de  drenagem,  abastecimento  de  água,  esgotos  e  iluminação,  bem  como  a  parcelamento, parâmetros de uso e ocupação do solo; quadros demonstrativos das unidades 
caracterização do uso e ocupação do solo e dos equipamentos públicos e sociais  mobiliárias de acordo com as escalas e normas de apresentação do município para registro 
quando existentes);  cartorial; identificação e previsão de destinação de áreas para a instalação de equipamentos 
culturais de uso coletivo, considerando as demandas identificadas e os programas e ações do 
 análise  e  avaliação  social  (diagnóstico  da  situação  socioeconômica  das  famílias 
moradoras das áreas estudadas).  Ministério  da  Cultura,  intervenções  visando  garantir  a  acessibilidade  universal  dos 
portadores de deficiência física ou necessidades especiais. 
Também  foi  necessário  definir  as  medidas  administrativas,  urbanísticas  e  jurídicas 
necessárias  para  a  aplicação  dos  instrumentos  de  regularização  fundiária  previstos  na  PRODUTOS: 
legislação  tais  como:  usucapião  coletiva,  concessão  especial  de  uso,  desafetação, 
 Relatório  contendo  a  sistematização  e  comparação  dos  planos  e  projetos  junto  aos 
regulamentação  de  instrumentos  de  regularização  fundiária  (Estatuto  da  Cidade  e  Plano 
programas e fontes  de  recursos para a  implementação das ações  e  intervenções de 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  335   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  336 

natureza social e cultural.  capacitação e o trabalho de assessoria social.  
 Mapa digitalizado com a proposta do Projeto Urbanístico pactuado;  Estes  encontros  com  a  comunidade  tinham  por  objetivo  assegurar  que  as  diversas  forças 
mobilizadas continuassem ativas depois de finalizadas as ações que contemplavam o projeto. 
 Memorial  descritivo  e  justificativo,  contendo  a  compatibilidade  com  os  critérios 
As  assembleias  se  configuravam  como  sendo  o  momento  deliberativo  do  projeto,  quando 
técnicos de viabilidade urbanística; 
toda a comunidade era chamada para tomar decisões por consenso ou, se fosse o caso, iria 
 Proposta de parcelamento do solo, parâmetros e índices de uso e ocupação do solo;  para votação. 
perfis do sistema viário e de acessibilidade universal: 
As reuniões serviam como encontros da comunidade com a equipe técnica para tomada de 
 Quadros  estatísticos  demonstrativos  das  unidades  mobiliárias  de  acordo  com  as  decisões  em  relação  a  questões  diversas.  Num  primeiro  momento,  a  prioridade  foi  à 
escalas e normas de apresentação do município para registro cartorial;   formação  do  Conselho  Gestor  e  de  como  estruturá‐lo.  No  segundo  momento  deveria  ser 
implantado o Conselho Gestor do Plano; 
 Identificação  e  previsão  de  destinação  de  áreas  para  a  instalação  de  equipamentos 
culturais de uso coletivo, considerando as demandas identificadas e os programas e  Já as Oficinas de Capacitação tinham por objetivo instrumentalizar a comunidade para a luta 
ações do Ministério da Cultura e ações visando a acessibilidade universal.  por seus direitos, e debatidos temas relativos à regularização fundiária, estatuto das cidades, 
a  importância  do  trabalho  coletivo,  democracia  representativa  e  participativa.  Além  destas 
 Relatório  identificando  projetos  em  andamento  para  provimento  da  infraestrutura 
temáticas, a comunidade foi consultada sobre outras temáticas de seu interesse. 
pelos respectivos órgãos públicos competentes; 
No  que  se  refere  à  assessoria  técnica‐social  a  equipe  do  NEUR  teve  como  trabalho  as 
 Estudos  técnicos  preliminares  das  obras  de  urbanização,  incluindo  a  disposição  das 
atividades em parceria do conselho gestor, bem como, com os grupos organizados locais, no 
edificações  existentes  e  projetadas  e  se  for  necessário,  definição  da  área  onde  será 
intuito de contribuir com a autonomia, emancipação e o empoderamento dos atores locais.  
alocada  a  população  a  ser  remanejada,  levando‐se  em  consideração  à  promoção  a 
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida;  PRODUTOS:  
 Estimativa de custos das obras de infraestrutura.   Relatório com as estratégias propostas 
 Comparação  e  constatação  da  viabilidade  econômica  do  plano  a  partir  dos 
instrumentos de política urbana para a implementação da ZEIS e quais instrumentos  METAS E RESULTADOS ESPERADOS 
devem ser colocados em prática para viabilizar o Plano.  A meta do convênio celebrado entre o NEUR e o Ministério das Cidades previa a entrega final 
 Minuta dos pedidos administrativos de Concessão Coletiva de Uso Especial para fins  do  Plano  de  Urbanização  e  de  Regularização  Fundiária  do  Morro  do  Artur  bem  como  a 
de Moradia, nos casos cabíveis;  apresentação  das  medidas  administrativas  necessárias  à  titulação  da  posse  das  famílias 
moradoras  das  03  áreas  objeto  de  estudo.  Entretanto,  essa  última  etapa  não  foi  finalizada 
 Identificação e mapeamento das áreas passíveis de Usucapião Coletiva;  devido  à  ocorrência  de  fortes  chuvas  que  ocorreram  na  região  em  novembro  de  2008 
 Minuta dos pedidos administrativos de Concessão  Real de Direito  de Uso nos casos  (FRANK  &  SEVEGNANI,  2009)  que  acabou  por  inviabilizar  a  continuidade  do  Projeto  de 
cabíveis;  Extensão  e  resultou  na  finalização  do  Convênio  sem  que  o  mesmo  tivesse  chegado  à  sua 
meta final. Esse evento climático passou a ser reconhecido nos meios acadêmicos da região 
 Minuta do Termo de Acordo escrito a ser assinado entre os beneficiários, no caso de  como o “desastre socioambiental de 2008” (SIEBERT, 2012). 
serem  estabelecidas  frações  ideais  diferenciadas  de  lotes  na  conformação  do 
condomínio especial. 
 Atas das reuniões devidamente assinadas;  4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Relatório técnico social e lista de presença dos participantes das assembleias;  A  prática de atividades  de  extensão  pode  ser  muito  usual  em  alguns  cursos  de  graduação. 
 Materiais utilizados e sistematizados nas reuniões, assembleias, etc.;   Diria  até  que  são  imprescindíveis.  Mas,  nos  cursos  de arquitetura  e urbanismo o  usual é  o 
estágio obrigatório ser a atividade que mais atrai o interesse do acadêmico. Como então é 
 Registro fotográfico das atividades.   possível reverter esse quadro? O breve relato das atividades do NEUR nesse artigo teve como 
objetivo  demonstrar  que  é  possível  às  escolas  de  arquitetura  avançar  nessa  ainda  pouco 
DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS E DOS PROCESSOS PARTICIPATIVOS  atrativa  área  da  academia.  A  construção  de  alternativas  na  busca  por  mais  espaço  dos 
A  partir  do  diagnóstico  social  do  plano  de  ação  em  cada  área  (Morro  do  Artur,  Morro  do  futuros  arquitetos  no  meio  social  pode  se  dar  sim  pela  via  dos  projetos  de  extensão 
Jerônimo  e  Morro  do  Wigand  Wild),  a  intervenção  técnica  social  seria  definida  a  partir  de  universitária.  A  valorização  da  atividade  de  extensão  universitária  deve  ser  vista  como  a 
quatro  modalidades  de  encontros  com  a  comunidade:  assembleias,  reuniões,  oficinas  de  necessária prática acadêmica que interliga as atividades de ensino e de pesquisa na busca da 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  337   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  338 

solução  das  demandas  sociais  da  população.  Ao  mesmo  tempo,  a  oportunidade  de  Encontro Nacional da ANPPAS, Belém, 2012. 
possibilitar  ao  acadêmico  a  sua  formação  cidadã,  para  que  cada  vez  mais  a  sociedade  SIEBERT, C. & SCHULT, S. M. Assessoria na construção do plano diretor participativo: a experiência de Itajaí ‐ SC. 
compreenda  a  Universidade  não  somente  como  um  espaço  privilegiado  de  produção  do  In: SCHULT, Sandra; SIEBERT, Claudia; SOUZA Luiz Alberto (orgs.). In: Experiências em planejamento e gestão 
conhecimento,  mas  um  imprescindível  agente  de  transformação  da  realidade  social.  urbana: planos diretores participativos e regularização fundiária.  Blumenau: Edifurb, 2010. V. 1. 286 p. 
Acreditamos  que  as  práticas  de  extensão  universitária  nos  Cursos  de  Arquitetura  e  ZANIN, E. M. Caracterização ambiental da paisagem urbana e do Parque Municipal Longines Malinowski. 163f. 
Urbanismo  vivenciam um momento extremamente importante para sua consolidação, com  Tese de doutorado. Programa de Pós‐graduação em Ecologia e Recursos Naturais, São Carlos, SP, UFSCar, 2002. 
possibilidades de uma real contribuição do “saber acadêmico” cada vez mais se transformar  Disponível em: http://www.seb‐ecologia.org.br/viiceb/resumos/28a.pdf 
no “fazer acadêmico”.  
O  NEUR,  nesses  quinze  anos  de  atuação  em  projetos  de  extensão  universitária  contribuiu 
para inserir dezenas de futuros arquitetos em atividades práticas no campo do planejamento 
urbano  em  diversas  cidades  da  região  do  Vale  do  Itajaí.  Essa  experiência  prática  do  NEUR 
contribuiu  para  sua  inserção  na  Rede  Nacional  de  Avaliação  e  Capacitação  para 
Implementação  de  Planos  Diretores  Participativos  (SANTOS  JR.  &  MONTANDON,  2011), 
projeto do Ministério das Cidades em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ),  através  do  Instituto  de  Pesquisa  e  Planejamento  Urbano  (IPPUR),  que  analisou 
centenas  de  planos  diretores  pelo  Brasil  e  procurou  construir  um  importante  quadro  da 
situação do planejamento urbano do nosso país. A pesquisa da Rede em Santa Catarina foi 
conduzida  e  coordenada  pelos  professores  integrantes  do  NEUR  juntamente  com  outros 
parceiros de instituições de ensino do estado.  
A experiência adquirida pelos acadêmicos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FURB que 
participaram  dos  projetos  de  extensão  do  NEUR  demonstra  a  nosso  ver,  a  efetiva 
necessidade de se ampliar e estimular a participação acadêmica nessas atividades. O contato 
direto  com  comunidades  carentes,  com  técnicos  do  setor  público,  e  a  possibilidade  da 
aplicação  prática  dos  conhecimentos  adquiridos  nas  disciplinas  curriculares  contribui 
significativamente para a maturidade profissional dos futuros arquitetos e urbanistas. 

REFERÊNCIAS
BACK, C. & SOUZA, L. A. Plano diretor de desenvolvimento urbano de Gaspar ‐ SC: um espaço de debates e 
exercício da cidadania. In: Experiências em planejamento e gestão Urbana: planos diretores participativos e 
regularização fundiária. Blumenau: Edifurb, 2010. 
BRASIL. Constituição Federal do Brasil. 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, acessado em: 30/08/2014. 
BRASIL. Lei Federal nº 10.257. Estatuto da Cidade. 2001. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm, acessado em: 28/08/2014. 
BRASIL. Edital da Chamada Pública SNPU nº 01/2007, publicado pelo Ministério das Cidades, 2007.  
FRANK, Beate; SEVEGNANI, Lucia. (orgs.). Desastre de 2008 no Vale do Itajaí: água, gente e política. Blumenau: 
Agência de Água do Vale do Itajaí, 2009. 
MEC/SESu. Fórum de Pró‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Indissociabilidade entre 
ensino, pesquisa e extensão e a flexibilização curricular: uma visão da extensão. Porto Alegra: UFRGS; Brasília: 
MEC/SESu, 2006. 
SANTOS JR., O. A. & MONTANDON, D. (orgs.). Os planos diretores municipais pós‐estatuto da cidade: balanço 
crítico e perspectivas. Rio de Janeiro: Letra Capital/Observatório das Cidades: IPPUR/UFRJ, 2011.  
SIEBERT, C. Resiliência Urbana: Planejando as Cidades para Conviver com Fenômenos Climáticos Extremos. VI 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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A extensão universitária integrando a graduação em Arquitetura e  os  conteúdos  abordados  na  Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  demonstrando  a 
aplicabilidade  de  cada  um  deles.  Com  isto,  o  projeto  busca  integrar  a  comunidade 
Urbanismo ao Ensino Médio no Vale Do Taquari/RS  universitária às escolas do Vale do Taquari, região de inserção da Univates, além de auxiliar 
na compreensão das atribuições profissionais de um arquiteto e urbanista. 
Sabrina Assmann LÜCKE 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]  O profissional acima referido precisa permear por diversas áreas do conhecimento para que 
Laura COSTA  tenha um embasamento teórico em que sustente sua atividade. O Arquitetando, ciente desta 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]  necessidade,  concentra  as  atuações  de  suas  ações  nas  áreas  de  Artes,  História  ou 
Luciana Regina Fauri CAETANO  Matemática,  visando  à  interação  do  aluno  da  graduação  a  uma  realidade  externa  à 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]  vivenciada diariamente em sala de aula.  
 
Neste artigo iremos relatar como ocorrem as atividades deste projeto de extensão, desde o 
RESUMO  contato com as escolas até o encerramento das ações realizadas, bem como qual a função 
O  presente  artigo  busca  relatar  o  desenvolvimento  do  projeto  de  extensão  Arquitetando,  contextualizando‐o  dos  envolvidos  (alunos  da  graduação  bolsistas  e  voluntários,  professores  coordenadores, 
dentro das teorias da Extensão Universitária. O projeto está vinculado ao Curso de Graduação em Arquitetura e  colaboradores e voluntários) em cada etapa das dinâmicas desenvolvidas. 
Urbanismo do Centro Universitário Univates, situado na cidade de Lajeado, Rio Grande do Sul. Busca relacionar 
os conteúdos aprendidos no Ensino Médio nas disciplinas de Artes, História ou Matemática, com as disciplinas 
da  referida  graduação,  revelando  determinadas  aplicações  no  exercício  da  profissão.  Desta  forma,  visa  2 CONTRIBUIÇÕES DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO
evidenciar a  importância  dos assuntos  abordados da  fase  de  escolarização para  a  vida  profissional, por  vezes 
não compreendida pelos estudantes. Adotando características extensionistas, o projeto visa se relacionar com  UNIVERSITÁRIA
as  escolas  do  Vale  do  Taquari,  região  de  inserção  da  UNIVATES,  com  enfoque  no  município  de  Lajeado/RS. 
Objetiva ainda, despertar o interesse dos alunos do Ensino Médio pela graduação em Arquitetura e Urbanismo, 
esclarecendo  dúvidas  sobre  a  mesma,  além  de  aprimorar  os  conhecimentos  dos  estudantes  através  da  A  participação  dos  graduandos  em  projetos  de  extensão  tem  se  tornado  mais  frequente 
interdisciplinaridade  e  aplicação  de  dinâmicas  lúdicas.  Os  assuntos  deste  artigo  relacionam  o  vínculo  entre  o  durante  a  sua  formação.  Os  estudantes  veem  a  oportunidade  de  aplicar  e  difundir  seus 
projeto  e  a  extensão  na  vida  acadêmica,  bem  como  a  importância  da  comunidade  envolvida,  expondo  os  conhecimentos  e  complementar  sua  formação  profissional  participando  ativamente  da 
propósitos da equipe, a metodologia empregada e os resultados obtidos ao longo do ano de 2014.  comunidade  acadêmica.  Segundo  Demo  (1999,  p.  127),  “A  alma  da  vida  acadêmica  é 
PALAVRAS‐CHAVE: Interdisciplinaridade; Dinâmicas Lúdicas; Arquitetura e Urbanismo, Extensão Universitária;  constituída pela pesquisa, como princípio científico e educativo”.  
Ensino Médio. 
A  busca  pela  atualização  das  informações  permite  um  desenvolvimento  sociocultural  dos 
envolvidos  com  a  atividade  extensionista.  Possibilitando  uma  aprendizagem  de  maior 
1 INTRODUÇÃO qualidade e compreensão de conteúdos aliados às vivências do cotidiano profissional, está o 
Arquitetando, em sua terceira edição. Assim, segundo Rogers (1969, p.358) existe três tipos 
A etapa de escolarização, compreendida também pelo Ensino Médio, visa o desenvolvimento  gerais de aprendizagem: 
do indivíduo e tem, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394,  […]  a  cognitiva,  que  resulta  no  armazenamento  organizado  de  informações  na 
de 20 de dezembro de 1996), Artigo 35, dentre outras atribuições:   mente do ser que aprende; a afetiva, que resulta de sinais internos ao indivíduo e 
[...] a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar  pode  ser  identificada  com  experiências  tais  como  prazer  e  dor,  satisfação  ou 
aprendendo,  de  modo  a  ser  capaz  de  se  adaptar  com  flexibilidade  a  novas  descontentamento,  alegria  ou  ansiedade;  e  a  psicomotora,  que  envolve  respostas 
condições  de  ocupação  ou  aperfeiçoamento  posteriores;  [...]  aprimoramento  do  musculares  adquiridas  por  meio  de  treino  e  prática.  (MOREIRA¹,  2011,  apud 
educando  como  pessoa  humana,  incluindo  a  formação  ética  e  o  desenvolvimento  ROGERS, 1969). 
da autonomia intelectual e do pensamento crítico; [...] (BRASIL, 1996).  No projeto de extensão Arquitetando do Centro Universitário Univates, o objetivo é levar aos 
Esta preparação dos alunos para o pensamento crítico, no entanto, foi substituída por uma  alunos  do  ensino  médio  conteúdos  que  assimilem  o  que  é  ensinado  em  sala  de  aula  aos 
busca por resultados: aprovações em vestibulares ou mesmo no Exame Nacional do Ensino  assuntos  abordados  durante  a  graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo.  Desta  forma, 
Médio  (ENEM).  Com  isto,  o  foco  educandário  está  na  preparação  para  estes  processos  buscamos relacionar através do curso de graduação a aplicabilidade de determinados temas 
seletivos,  visto  que  muitos  jovens  dedicam  suas  atenções  à  escolha  da  vida  profissional  ligados às áreas de Artes, História e Matemática, e, através disso, aprimorar o ensinamento, 
através de um curso de graduação. Desta maneira, a aplicação dos conteúdos na graduação  vocabulário e técnicas dos bolsistas do projeto de extensão, bem como dos estudantes das 
ou na atuação profissional futura recebe menor importância.   escolas participantes.  
Neste  sentido,  os  projetos  de  extensão  universitários  tem  a  oportunidade  de  apresentar  a  A extensão tem como finalidade integrar a comunidade universitária à comunidade externa. 
aplicação  dos  conteúdos  aprendidos  no  Ensino  Médio  para  estes  alunos.  O  Arquitetando,  Para  Freire  (1987,  p.69),  “o  desenvolvimento  de  atividades  em  projetos  de  extensão  que 
inserido neste propósito, procura relacionar os conteúdos estudados no Ensino Médio com  tenham  inserção  em  comunidade  supõe  desafios  que  se  apresentam  no  cotidiano.  Dessa 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  341   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  342 

forma, o estudante extensionista é desafiado a buscar soluções para as questões presentes  Se  o  graduando  pretende  seguir  uma  carreira  na  área  da  educação,  como  exercer  uma 
que lhe são lançadas em suas tarefas diárias”. Consequentemente o extensionista desenvolve  profissão  de  docente,  enfatiza‐se  a  importância  da  participação  dos  mesmos  em  projetos 
novas percepções em relação ao saber técnico, científico e cultural.   vinculados  às  pesquisas  e  aos  projetos  de  extensão,  assim  como  nas  oficinas  didáticas 
oferecidas pelas universidades entre outros eventos com o objetivo de qualificação discente 
A  oportunidade  de  desenvolvimento  intelectual  é  significativa  para  o  acadêmico  que 
participa de um projeto de extensão através dos conhecimentos compartilhados e atividades  e docente. Conforme cita Rabel, (2013, p. 37), “extensão integra, em sua prática, sujeitos de 
desenvolvidas.    Segundo  Síveres  (2013,  p.  32)  “a  extensão  universitária,  como  uma  realidades, experiências e conhecimentos diversos”.  
possibilidade  de  aprendizagem,  dispõem  os  sujeitos  e  processos  apreendentes  para  uma  A interação entre extensão e sociedade proporciona trocas culturais através de pessoas com 
dinâmica  educativa”.  Complementando  a  visão  do  autor,  Freire  diz  que  “a  extensão  é  costumes  e  convicções  diferenciadas,  favorecendo  um  diálogo  propriamente  entre  o  saber 
educativa”  (1979,  p.  22).  No  Arquitetando,  assim  como  acima  referido,  na  etapa  de  científico e o saber popular. “A educação tem caráter permanente. Não há seres educados e 
planejamento  das  atividades  há  um  processo  de  aprendizagem  dinâmica  que  envolve  não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são 
também a pesquisa, além da revisão de conteúdos já aprendidos.    absolutos.” (FREIRE, 1983, p.28). 
Fazer  extensão  universitária  no  Arquitetando,  portanto,  é  relacionar  o  que  é  aprendido  na  Quando o acadêmico participa de projetos vinculados à pesquisa ou extensão, é importante 
graduação  com  os  conteúdos  do  ensino  médio,  e,  ao  realizarmos  a  extensão  estamos  que  a  teoria  e  a  prática  estejam  em  sintonia,  com  o  propósito  de  constituir  uma  dinâmica 
produzindo conhecimento. Esse conceito está fundamentado não só na aprendizagem, mas  fundamentada  em  uma  lógica  concreta.  “Teoria  e  prática  detêm  a  mesma  relevância 
também  em  uma  troca  de  saberes  entre  a  população  e  o  acadêmico,  viabilizando  uma  científica e constituem no fundo um todo só. Uma não substitui a outra e cada qual tem sua 
relação transformadora entre Universidade e Sociedade.   lógica própria.” (DEMO, 2011, p.27).  
O conceito de conhecimento é dado a partir de um conjunto de informações e experiências,  O papel da Universidade perante o aluno é proporcionar, através da extensão universitária, 
ter  ideia  ou  noção  de  algo,  teorias  e  princípios,  desse  modo  a  informação  nada  é  sem  o  um vínculo não apenas com seu curso atuante,  mas com todo o âmbito em que se insere, 
conhecimento.  Para Demo, (2002, p. 124),  “o conhecimento é  um processo  linear”, já para  visando  promover  uma  maior  integração  com  outros  cursos  de  graduação,  ampliando  os 
Orlandi  (1996,2001),  “o  conhecimento  é  tratado  como  mercadoria  que  se  adquire”.  Na  campos do conhecimento. Conforme Rabel, (2013, p.52), “são inúmeros os atores e agentes 
vivência  diária  no  projeto  de  extensão  o  conhecimento  cresce  linearmente  através  de  causadores da aprendizagem que é um processo constante, inacabado e infinito”.  
pesquisas,  relatórios  e  atividades  manuais.  Com  as  atividades  realizadas  nas  escolas  da 
Segundo  Demo  (1999,  p.130),  “Universidade  não  será  um  campus  cheio  de  salas  de  aula, 
região do Vale do Taquari adquirem‐se experiências, valores e um conjunto de informações 
mas  um  lugar  para  produzir  ciência  própria,  com  qualidade  formal  e  política.  O  ensino 
vinculadas às vivencias de salas de aula, bem como atitudes posturais e técnicas de oratória.  decorre  como  necessidade  da  socialização  e  da  prática”.  Esta  divulgação  é  a  função  que  a 
(DEMO², 2002, apud ORLANDI, 1992,2001). 
extensão  tem  perante  a  comunidade  acadêmica,  realizando  a  exposição  dos  trabalhos 
A  partir  de  uma  acessibilidade  de  conhecimentos  e  informações  vinculados  às  disciplinas  realizados no campus para a comunidade externa, que, através destas atividades, constrói o 
aplicadas  nas  escolas,  é  feita  a  formulação  e  montagem  de  cada  atividade  que  será  reconhecimento da importância da atividade na universidade para a sua área de inserção. 
futuramente realizada com os alunos, promovendo, com isso, uma dinâmica e envolvimento 
Neste  sentido,  o  projeto  de  extensão  Arquitetando  tem  como  finalidade  elaborar  e  aplicar 
de  professores  do  curso  de  graduação,  professores  dos  âmbitos  escolares,  bolsistas  do 
atividades  nas  escolas  de  Ensino  Médio  do  Vale  do  Taquari/RS,  ampliando  o  vínculo  entre 
projeto  de  extensão  e  alunos  voluntários.    À  medida  que  os  atores  desenvolvem  as  Universidade  e  Escolas.  Tem  ainda  como  função  contribuir  com  o  desenvolvimento  das 
atividades  propostas  há  uma  retomada  de  conteúdos  já  vistos  em  algumas  disciplinas, 
atividades acadêmicas, instigando a produção intelectual dos envolvidos com suas ações. 
evidenciando  a  contribuição  do  trabalho  extensionista  para  a  vida  acadêmica  e  pós‐
acadêmica do bolsista. Sendo assim, podemos citar que: 
A  extensão  é  uma  via  de  mão‐dupla,  com  trânsito  assegurado  à  comunidade  3 INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO MÉDIO E GRADUAÇÃO EM
acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração de práxis 
de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes  ARQUITETURA E O URBANISMO ATRAVÉS DO PROJETO
trarão  um  aprendizado  que,  submetido  à  reflexão  teórica,  será  acrescido  àquele 
conhecimento. (FORPROEX, 1987, p.11)  ARQUITETANDO
Seguindo  o  pensamento  acima  citado,  percebemos  que,  com  esta  “via  de  mão‐dupla”,  há 
O  Projeto  de  Extensão  Arquitetando  está  vivenciando  no  ano  de  2014  sua  terceira  edição, 
uma  interligação  de  conhecimentos  e  não  uma  mistura,  e,  havendo  essa  interligação 
sendo desenvolvido com o intuito de integrar o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro 
compreendemos  que,  com  a  troca  de  experiências  devem‐se  gerar  mudanças,  tanto  da 
Universitário  Univates  com  a  comunidade  local.  O  projeto  visa  atingir  alunos  do  Ensino 
universidade  quanto  da  sociedade.  “No  processo  de  extensão,  observando  do  ponto 
Médio  da  Região  do  Vale  do  Taquari,  estabelecendo  parcerias  entre  as  Escolas  e  a 
gnosiológico, o máximo que se pode fazer é mostrar, sem revelar ou desvelar, aos indivíduos, 
Universidade relacionando ensinamentos de ambas as instituições na área de História, Artes 
uma presença nova: a presença dos conteúdos estendidos”.  (FREIRE, 1979, p.28) 
ou Matemática, atendendo uma média de 200 a 300 alunos durante o ano letivo. A equipe é 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  343   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 344 

composta por uma professora coordenadora, uma professora colaboradora, duas bolsistas e  Figura 1. Alunos com um dos quebra‐cabeças desenvolvidos para a atividade de História. 
eventuais voluntários dicentes e docente. Todos planejam e organizam as ações, preparam, 
confeccionam os materiais e participam da realização das atividades. 
A meta de alunos para participar das atividades desta edição do projeto de extensão era de 
250  alunos.  Com  as  atividades  realizadas,  atingimos  o  total  de  244  alunos  de  quatro 
diferentes  escolas  de  Ensino  Médio,  conforme  a  Quadro  1,  estando  previstas  outras 
atividades que proporcionarão que a meta seja ultrapassada. 
Quadro 1. Quantitativo de alunos x área/Escola 

ÁREA/ESCOLA ESCOLA A ESCOLA B ESCOLA C ESCOLA D TOTAL


ARTES  42  11  70  38  161 
MATEMÁTICA  0*  0*  52  31  83 
HISTÓRIA  0*  0*  0*  0*  0 
TOTAL  42  11  122  69  244 
* Atividades a realizar (já agendadas com as escolas). 
 
Fonte: Arquivo do Projeto de Extensão Arquitetando  Fonte: Arquivo do Projeto de Extensão Arquitetando (2014). 

“A  educação  é  comunicação,  é  diálogo,  na  medida  em  que  não  é  a  transferência  de  saber,  Para a realização, são formados grupos de, no máximo, 05 componentes, onde é selecionado 
mas  um  encontro  de  sujeitos  interlocutores  que  buscam  a  significação  dos  significados.”  um líder, que  tem a  incumbência de retirar algumas dicas referentes às obras,  sendo  estas 
(FREIRE,  1979,  p.  69).  Neste  aspecto,  conforme  cita  Freire,  os  integrantes  do  projeto  edificações exemplares da arquitetura dos povos Egípcio, Grego e Romano. O representante 
discutem as ideias, fazem propostas de trabalhos, analisam o conteúdo e o grupo chega a um  deverá repassar estas dicas aos demais componentes do grupo, descobrindo qual deverá ser 
acordo  de  quais  atividades  deverão  ser  desenvolvidas,  aplicando  os  resultados  obtidos  às  a obra de arquitetura nos quais montarão o quebra‐cabeça. Cada grupo terá cinco chances 
dinâmicas.  para trocar ou coletar mais peças para executar a montagem correta do jogo. Cada vez que o 
líder for trocar de peças, ele receberá mais dicas. Ao fim da montagem, o relator deve ler as 
Inicialmente,  na  elaboração  do  planejamento  das  atividades  é  realizado  o  contato  com 
dicas  e  a  obra  que  montou  para  dar  início  à  discussão  final,  que  será  conduzida  pela 
professores ou orientadores pedagógicos, no qual são apresentadas as propostas de trabalho 
professora graduada com auxílio de imagens virtuais. A finalização tem por objetivo refletir 
para  avaliação  dos  encarregados.  Obtendo  um  retorno  positivo,  iniciam‐se  as  discussões 
sobre  as  dicas  dadas  aos  grupos  e  revelar  como  estão  relacionadas  às  características 
sobre  o  conteúdo  a  ser  trabalhado  e  a  quantidade  de  alunos  que  participarão  em  cada 
arquitetônicas,  que,  por  sua  vez,  podem  estar  fortemente  vinculadas  à  questão  social, 
atividade.  As  escolas  podem  optar  em  realizar  as  atividades  propostas  na  sua  sede  ou  nas 
política ou cultural de cada um dos povos, na qual a professora da escola poderá explorar na 
dependências  da Univates, podendo assim  ter uma  noção maior  ao curso de Arquitetura e 
sequência das aulas. 
Urbanismo,  conhecendo  salas  de  aula,  laboratórios,  ateliers  de  desenho,  maquetaria  e 
demais dependências que estão à disposição do curso.   Os alunos do segundo ano do Ensino Médio recebem a prática da modalidade de Artes, onde 
podem  ser  aplicadas  duas  diferentes  dinâmicas.  Na  primeira  atividade  os  alunos 
A elaboração das ações é descrita através de um plano de aula, produzido pelos integrantes 
desenvolvem  desenhos  de  croquis  de  edificações;  na  segunda,  são  confeccionados 
do projeto e encaminhado para o professor responsável da escola. A dinâmica de trabalho é 
protótipos de árvores através de maquetes volumétricas, e, após, desenhos de observação e 
desenvolvida pela  equipe com a inserção das atividades  através  de  metodologias  ativas no 
croquis  tendo  como  referencia  os  modelos  criados.  Os  professores  selecionam  qual  a 
ambiente  escolar.  Na  data  agendada,  a  equipe  do  Arquitetando  participa  da  atividade  nas 
atividade a ser desenvolvida, levando em consideração os conteúdos que estão abordando 
quais as três modalidades iniciam com a mesma pauta: Apresentação do Projeto de Extensão 
em sala de aula. 
e componentes, bem como a explanação de cada atividade a ser produzida.  
Na sequência da apresentação do Projeto de Extensão, comum entre todas as atividades, são 
Na  atividade  realizada na disciplina  de  História, aplicada especificadamente  com  alunos  do 
abordados conteúdos da disciplina de Desenho de Observações e Croquis, da Graduação da 
primeiro  ano  do  ensino  médio,  as  explicações  prosseguem  direcionada  a  uma  disciplina 
Univates,  que  trabalha  os  níveis  de  abstração  de  desenhos  de  croquis  de  um  Arquiteto  e 
específica  do  Curso  de  Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Univates:  História  da 
Urbanista.  Na  atividade  que  engloba  a  representação  das  edificações,  os  bolsistas  e 
Arquitetura I, na qual é abordado certo período da antiguidade na arquitetura. Esta atividade 
voluntários distribuem o material que será utilizado de base para os desenhos, juntamente 
conta  com  a  montagem  de  um  quebra  cabeça  de  edificações  do  período  pré‐moderno, 
com  papel  manteiga,  lápis  6B  e  borrachas,  onde  individualmente  os  alunos  aprenderão  a 
conforme a imagem abaixo (Figura 1).  
abstrair  o  desenho  através  da  imagem  fornecida,  com  no  máximo  20  arestas  desenhadas 
  (Figura 2).  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  345   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  346 

Figura 2. Alunos desenvolvendo o desenho para a atividade de Artes.  extensão distribui o material previamente preparado e demonstra a técnica a ser utilizada na 
realização da atividade.  
Figura 5. Alunos desenhando a vegetação do modelo fornecido e maquete desenvolvida na atividade. 

 
  Fonte: Arquivo do Projeto de Extensão Arquitetando (2014). 
Fonte: Arquivo do Projeto de Extensão Arquitetando (2014). 
Após a confecção da maquete, os alunos recebem dicas de desenho de croquis e abstração, e 
Na próxima etapa desta atividade, os alunos formam duplas. Cada dupla recebe uma imagem  devem  representar, através destas  técnicas, a  vegetação criada.   Os  bolsistas, voluntários e 
de residências com características semelhantes executadas por arquitetos renomados, onde  professores  auxiliam  os  alunos  na  realização  da  atividade,  dando  dicas  e  demonstrando 
testam  as  técnicas  aprendidas  e  executam  o  desenho  do  croqui  desta  edificação,  podendo  técnicas para a execução dos desenhos. Na sequencia, são verificados os desenhos gerados e 
conter  até  30  linhas.  No  momento  de  produção  dos  croquis,  os  professores,  bolsistas  e  a similaridade com o modelo volumétrico criado e a imagem referencial fornecida no inicio 
voluntários auxiliam os alunos com dicas e ajudam os alunos nas produções.   da  atividade,  demonstrando  se  as  técnicas  foram  compreendidas  e  efetuadas  pelos  alunos 
Quando prontos, os desenhos são expostos na sala e todos os grupos deverão identificar as  participantes. 
obras desenhadas, com auxílio de um catálogo de imagens cedido pela equipe. O objetivo é  A atividade de Matemática é desenvolvida com alunos do terceiro ano, e trata de um jogo de 
verificar se os colegas conseguiram abstrair corretamente o desenho, conforme as figuras 3 e  tabuleiro (figura 6). Simula um quarteirão de uma cidade, composta por edificações que são 
4, e expressar as características que diferenciam uma residência da outra. Como fechamento,  representadas através de modelos reduzidos (maquetes físicas), a turma de alunos é dividida 
é  apresentado  um  vídeo  do  professor  que  ministra  esta  disciplina  na  Univates,  em  pequenos  grupos,  onde  selecionam  os  líderes.  Este  deverá  manipular  o  dado,  avançar 
desenvolvendo croquis destas mesmas edificações.   com o “peão”, e, em cada “casa” do tabuleiro em que parar, um problema matemático deve 
Figura 3. Imagem fornecida aos alunos.      Figura 4. Desenho desenvolvido por alunos.  ser  desenvolvido  por  todos  os  grupos,  respeitando  o  tempo  pré‐determinado  e 
cronometrado.  
Figura 6. Jogo de tabuleiro elaborado para a dinâmica de Matemática. 

 
Fonte: Arquivo Arquitetando (2014).      Fonte: Arquivo Arquitetando (2014). 

A outra atividade envolve o desenvolvimento de um modelo volumétrico e representação do 
mesmo  através  da  elaboração  do  croqui  da  vegetação.  Nesta  dinâmica,  os  alunos  são 
separados também em duplas. Cada dupla recebe uma carta com um modelo de vegetação. 
Esta  deverá  ser  representada  através  de  uma  maquete  confeccionada  com  fios  de  cobre  e 
espumas, respeitando as proporções da imagem fornecida (figura 5). A equipe do projeto de   
Fonte: Arquivo do Projeto de Extensão Arquitetando (2014). 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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As  questões  envolvem  os  mais  diversos  tipos  de  conteúdos  aprendidos  durante  o  Ensino  e laboratórios específicos utilizados durante a graduação em Arquitetura e Urbanismo. 
Médio,  relacionadas  com  o  cotidiano  do  profissional  arquiteto  e  urbanista.  Com  esta 
O  Arquitetando  obteve  sucesso  ao  demonstrar  o papel  atuante  do  profissional  Arquiteto  e 
atividade,  realizamos  uma  retomada  destes  conteúdos.  Através  destes  resultados,  os  Urbanista  na  sociedade,  além  da  pluralidade  de  atividades  que  este  pode  exercer.  A 
professores  identificam  quais  as  dificuldades  e  facilidades  de  cada  turma,  podendo  rever 
extensão,  para  o  graduando,  contribui  para  a  sua  formação  e  atuação  profissional.  Através 
conteúdos onde os alunos demonstram menor desempenho.  destas  práticas,  os  bolsistas  tem  contato  com  a  academia,  que  lhes  proporciona  trabalhar 
Após  a  aplicação  de  cada  dinâmica  é  realizada  uma  breve  explicação  sobre  a  profissão  do  com  práticas  metodológicas,  desenvolvimento  de  materiais  científicos  e  relacionar‐se  com 
Arquiteto e Urbanista e a sua importância para a sociedade, assim como a apresentação do  seus mestres. Conforme BERNARDI, (2003, P.101): 
curso  de  Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Univates.  Estas  explicações  são  Ao  participar  de  projetos  de  pesquisa,  os  graduandos,  utilizam  a  metodologia 
realizadas pelos mestres (coordenador, colaborador ou voluntários do projeto de extensão),  científica,  têm  oportunidade  de  crescer  como  profissional  ao  mesmo  tempo  em 
que citam ainda suas experiências como arquitetos e professores. Em seguida, os bolsistas e  que  realimentam  seus  conhecimentos  com  o  que  foi  desenvolvido  e/ou  esta  em 
voluntários  também  prestam  depoimentos  sobre  práticas,  vivências  e  experiências,  desenvolvimento  na  graduação.  Permite  também  que  em  um  momento  muito 
precoce de sua vida de estudante participe da dinâmica de uma Instituição, perceba 
vinculando a extensão à graduação. 
as  dificuldades  para  desenvolver  um  projeto  de  pesquisa  desde  o  levantamento 
No  final  de  cada  ação  é  aplicado  um  questionário  onde  os  estudantes  expressam  a  bibliográfico, à língua estrangeira, em particular o inglês, a busca de recursos, etc. 
importância da realização da dinâmica e a percepção da relação com a disciplina que estão  Além disto, a experiência do contato com seu orientador, pós‐graduandos e outros 
graduandos com suas experiências profissionais diversas, enriquece sobremaneira o 
estudando.  Observa‐se  que  os  alunos  compreendem  que  os  conteúdos  que  estão  aluno  e,  de  forma  rápida  produz  resultados  surpreendentes  em  sua  formação. 
aprendendo  ultrapassam  uma  necessidade  imediata,  que  muitas  vezes  é  obter  êxito  no  Acrescente‐se  ainda  que  esta  experiência  abre  uma  janela  imensa  para  novas 
vestibular ou em outro processo seletivo.  perspectivas  e  contatos  profissionais  para  o  graduando  que  podem  culminar  em 
sua colocação precoce no mercado de trabalho. 
No  Arquitetando  são  executadas  outras  práticas  além  de  dinâmicas  lúdicas  com  o  Ensino 
Médio.  Apresentações  em  salões  de  extensões  internos  e  externos  são  frequentes,  com  Durante  o  ano  de  2014,  alcançamos  resultados  satisfatórios,  superando  as  metas  pré‐
bancas  de  expectadores  das  mais  diversas  áreas  de  conhecimento.  A  Univates  também  estabelecidas  pela  equipe  de  trabalho.  Isto  foi  possível  mediante  o  aceite  das  escolas  em 
proporciona  aos  bolsistas  de  Extensão  treinamentos  mensais  nas  mais  variadas  áreas  de  receber  as  atividades  lúdicas  para  desenvolver  com  seus  alunos.  Por  fim,  o  projeto  de 
conhecimento, contribuindo para o saber de cada aluno.  extensão  aqui  referido  cumpre  a  função  social  da  Universidade  e,  por  meio  de suas  ações, 
constrói  e  amplia  os  conhecimentos  de  seus  participantes,  estabelecendo  o  vinculo  da 
Posteriormente,  são  elaborados  pelos  bolsistas  avaliações  e  relatórios  das  atividades 
Extensão com o Ensino e a Pesquisa. 
executadas,  bem  como  reportagens  que  são  publicadas  em  meios  de  divulgação,  como 
jornais correntes e virtuais, redes sociais e rádios. 
No  Arquitetando  são  executadas  outras  práticas  além  de  dinâmicas  lúdicas  com  o  Ensino  REFERÊNCIAS
Médio.  Apresentações  em  salões  de  extensões  internos  e  externos  são  frequentes,  com 
BERNARDI M.M. A importância da iniciação científica e perspectiva de atuação profissional. Biológico, São 
bancas  de  expectadores  das  mais  diversas  áreas  de  conhecimento.  A  Univates  também  Paulo, V.65, n. ½, p.101, Janeiro/Dezembro, 2003. 
proporciona  aos  extensionistas  treinamentos  mensais  nas  mais  variadas  áreas  de 
DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 8ª ed. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1999. 
conhecimento, contribuindo para o saber de cada aluno. 
DEMO, Pedro. Complexidade e Aprendizagem. A dinâmica não linear do conhecimento. São Paulo, Editora Atlas 
Participar de atividades extensionistas é uma experiência ímpar na fase da graduação, onde  S.A. 2002. 
pode  se  perceber  a  influência  da  transferência  de  saberes,  relacionada  a  metodologias, 
DEMO, Pedro. Pesquisa, Princípio Científico e Educativo. 14ª ed. São Paulo, Cortez Editora, 1996. 
organizações de trabalhos, didáticas e atividades desenvolvidas em grupos.  Nestas práticas 
podemos  evidenciar  a  interdisciplinaridade,  cumprindo  um  importante  papel  na  área  de  FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação?. 4ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979. 
formação tanto pessoal quanto profissional.  FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ªed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. 
FORPROEX, I Encontro de Pró‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Conceitos de 
extensão, institucionalização e financiamento. Brasília, 1987. Disponível 
4 CONCLUSÃO em <http://www.renex.org.br/documentos/Encontro‐Nacional/1987‐I‐Encontro‐Nacional‐do‐FORPROEX.pdf>. 
Acesso em 01 de setembro de 2014. 
O  projeto  de  extensão  Arquitetando  assumiu  um  papel  importante  para  o  graduando  e  o  MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de Aprendizagem. 2ª ed. Ampliada, São Paulo, EPU, 2011. 
aluno das escolas participantes de suas atividades, por relacionar os conteúdos da graduação 
SÍVERES, Luiz. Processos de aprendizagem na Extensão Universitária. PUC Goiás, Goiânia, 2012. 
em Arquitetura e Urbanismo com conteúdos abordados no Ensino Médio, assim como seus 
atores. Conseguiu oportunizar aos estudantes de escolas do Vale do Taquari o conhecimento  RABEL, C. Luciane. Os sujeitos envolvidos no fazer da extensão universitária. In: SÍVERES, Luiz. Processos de 
em relação ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, bem como suas dependências  aprendizagem na Extensão Universitária. PUC Goiás, Goiânia, 2012.
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  349   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  350 

Teoria e prática, razão e sensibilidade: difundindo a temática  a profissão  do arquiteto e urbanista exige, na prática, fazendo emergir os componentes da 


realidade vivenciada no cotidiano deste profissional, para além da universidade. 
hospitalar na graduação em Arquitetura e Urbanismo 
Neste  sentido,  a  vivência  profissional  do  docente  fora  da  academia,  principalmente  em 
atividades  de  desenvolvimento  de  projeto,  pode  se  tornar  elemento  chave  para  fornecer 
Bianca Breyer CARDOSO 
 Coordenadora Adjunta de Arquitetura e Urbanismo ULBRA Torres; [email protected]  subsídios  neste  processo  de  sensibilização.  São  inúmeros  os  aspectos  do  cotidiano  que 
  complexificam o fazer projetual: a aproximação com o tema, o reconhecimento de exigências 
legais  inerentes,  a  compreensão  de  normas  técnicas  especificas,  as  etapas  de 
RESUMO  desenvolvimento de projeto, a tramitação para aprovação, a necessidade de estimar custos e 
Este  artigo  se  estrutura  como  relato  da  experiência  como  docente  de  Prática  de  Projetos  IV  no  curso  de  avaliar  a  viabilidade  orçamentária,  o  relacionamento  com  o  cliente,  que  nem  sempre  é  o 
Arquitetura  e  Urbanismo  da  ULBRA  Campus  Torres,  cujo  planejamento  pedagógico  se  subsidiou  na  vivência 
usuário, e impõe necessidades específicas, etc.  
profissional  em  escritório  especializado  em  Ambientes  de  Saúde  para  inserir  a  temática  hospitalar  na  grade 
curricular, a fim de instrumentalizar os estudantes com conhecimentos específicos de área reconhecidamente  Enfim, diante do desafio de ministrar uma disciplina de prática de projetos, o educador que 
complexa.  O  trabalho  expõe  os  aspectos  teórico‐didáticos  e  conceituais associados,  avaliando  o resultado  do  experimenta,  ou  experimentou,  a  vivência  em  escritório  se  vê  diante  da  oportunidade  de 
exercício  projetual  de  cinco  turmas,  desde  2012/2.  Destaca,  ainda,  a  repercussão  da  prática  pedagógica, 
concluindo  que  a  difusão  da  Arquitetura  de  Ambientes  de  Saúde  na  esfera  acadêmica  vem  surtindo  efeitos  compartilhar  tal  experiência  com  seus  alunos,  sem  contudo  subestimar  o  necessário  rigor 
bastante  positivos,  verificados  sobretudo  pelo  incremento  significativo  de  equipamentos  de  saúde  entre  os  teórico e conceitual envolvido no fazer arquitetônico. Pelo contrário, a inserção da vivência 
temas de TCC. Isto indica que os estudantes se sentem aptos a lidar com as especificidades da temática, o que  profissional  deve  servir  como  elemento  de  valorização  da  necessidade  de  planejamento, 
supõe que, como profissionais, se sentirão mais preparados para encarar os desafios do projeto de ambientes  reforçando  a  importância  de  uma  postura  atenta  e  rigorosa  do  arquiteto  em  defesa  dos 
de saúde. O fato de não se limitarem aos aspectos normativos e funcionais, mas explorarem a humanização dos  princípios  atrelados  ao  seu  ofício.  Sendo  assim,  se  converte  em  chance  para  alertar  o 
espaços  aponta  benefícios  em  aliar  teoria  e  prática,  razão  e  sensibilidade,  na  busca  pela  excelência  dos 
ambientes de saúde, e da arquitetura como um todo, desde a formação universitária.   estudante  acerca  do  cotidiano  profissional,  preparando‐o  para  estruturar  estratégias  de 
enfrentamento  da  realidade  e  consolidar  argumentos  que  permitam  conduzir  o  projeto, 
PALAVRAS‐CHAVE: projeto, arquitetura hospitalar, formação universitária, humanização 
considerando  todas  as  variáveis  intrínsecas  ao  processo,  mas  assegurando  a  qualidade  do 
produto final.    
1 INTRODUÇÃO: TEORIA E PRÁTICA, COTIDIANO E ACADEMIA  Diante do exposto, o presente artigo se estrutura como relato da experiência como docente 
responsável  pela  disciplina  de  Prática  de  Projetos  IV,  situada  no  7º  semestre  da  grade 
A  ciência  do  arquiteto  é  ornada  de  muitas  disciplinas  e  vários  saberes,  estando  a  curricular  do  curso  de  Arquitetura  e Urbanismo  da  Universidade  Luterana  do  Brasil  ULBRA 
sua  dinâmica  presente  em  todas  as  obras  oriundas  das  restantes  artes.  Nasce  da 
prática  e  da  teoria.  A  prática  consiste  na  preparação  contínua  e  exercitada  da 
Campus Torres, para a qual a vivência prática no desenvolvimento de projetos serviu como 
experiência,  a  qual  se  consegue  manualmente  a  partir  da  matéria,  qualquer  que  principal subsídio para estruturação didática. Contando com a afinidade docente com a área 
seja a obra de estilo cuja execução se pretende. Por sua vez, a teoria é aquilo que  da Arquitetura dos Ambientes de Saúde, advinda da atuação em escritório especializado, a 
pode demonstrar e explicar as coisas trabalhadas proporcionalmente ao engenho e  temática hospitalar foi inserida na disciplina, objetivando instrumentalizar os estudantes com 
à racionalidade. (VITRÚVIO, 2007, p.61)   conhecimentos  específicos  de  uma  área  corriqueiramente  entendida  como  complicada, 
A  promoção  de  uma  formação  calcada  na  articulação  entre  teoria  e  prática  é  um  grande  muito em função do rigor normativo e funcional atrelado.  
desafio para qualquer educador, mas eleva‐se como dever para aqueles dedicados ao ensino‐ O  “medo  da  arquitetura  hospitalar”  pode  ser  verificado,  segundo  Carvalho  (2006),  na 
aprendizagem em Arquitetura e Urbanismo, uma vez que tal amálgama reside na origem do  reticência de estudantes em enfrentar a temática em trabalhos de conclusão de curso, por 
ofício do arquiteto, conforme sinalizado de forma decisiva por Vitrúvio, já no primeiro livro  exemplo,  mas  também  entre  profissionais  já  formados.  Sendo  assim,  o  objetivo  inicial,  ao 
de seu Tratado de Arquitetura.   inserir  a  temática,  é  de  desmistificar  a  arquitetura  hospitalar,  justamente  através  do 
Especificamente  no  ateliê  de  projeto,  principal  disciplina  de  exercício  projetual  na  grade  enfrentamento de sua complexidade, como forma de, num prazo mais longo, contribuir para 
curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo, o elo entre teoria e prática deve sobrepor o  a  excelência  dos  ambientes  de  saúde  brasileiros,  ao  introduzir  o  tema  no  cotidiano  dos 
entendimento  da  prática do projeto em  si.  Por óbvio, as  disciplinas  de  projeto são  aquelas  futuros profissionais. 
em que o estudante coloca em prática todo o conhecimento teórico que articula de forma  Incialmente,  este  trabalho  apresenta  a  estruturação  do  método  didático  da  disciplina, 
complexa história, representação gráfica, princípios compositivos, funcionais, técnicos, entre  expondo  os  aspectos  teóricos  e  conceituais  associados  à  temática.  Em  seguida,  avalia  o 
outros  saberes,  ao  exercitar  a  simulação  projetual  de  organização  do  espaço  físico.  processo  e  os  resultados  do  exercício  projetual  realizado  por  estudantes  de  cinco  turmas 
Entretanto, o ingrediente prático ultrapassa os limites da aplicação da teoria na prática, ainda  sucessivas,  desde  o  segundo semestre  de  2012.  Por  fim,  o  artigo  discute  a  repercussão  da 
que esta não seja tarefa simples, uma vez que deve incorporar a prática profissional em seu  prática  pedagógica  de  inserção  desta  temática  na  estrutura  do  curso  como  um  todo,  e  o 
sentido  amplo.  Ou  seja,  mais  do  que  provocar  os  estudantes  para  a  prática  projetual,  o  possível impacto sobre a prática profissional futura destes estudantes. 
professor do ateliê de projeto deve sensibilizá‐los para o entendimento da complexidade que 
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2 ARQUITETURA E SAÚDE: DO PLANEJAMENTO À HUMANIZAÇÃO  Torres,  situado  no  Litoral  Norte  do  estado  do  RS,  na  divisa  com  Santa  Catarina.  Com  120 
vagas anuais, o curso possui mais de 400 alunos matriculados, tendo mais de cem arquitetos 
Se  eu  insisto  em  aconselhá‐lo  mais  uma  vez  para  que  consiga  um  arquiteto  para  e urbanistas egressos. Devido à condição geográfica, o curso possui alcance regional, sobre 
dirigir os trabalhos de seu hospital, não é somente porque desejo muito trabalhar  todo o Litoral Norte do estado e também o Sul de Santa Catarina, numa área com mais de 
para  um  hospital  modelo,  mas  porque,  e  principalmente  porque,  não  posso  crer  400  mil  habitantes.  Ainda  como  especificidade  regional,  o  curso  está  situado  num 
que uma obra, da importância da sua, possa nascer sem estudo prévio. (VILANOVA 
ARTIGAS, 1945, p.49) 
importante polo da construção civil, determinante para o perfil do aluno, via de regra ligado 
à  construção,  por  tradição  familiar  ou  como  profissional  prestador  de  serviços.  Apesar  do 
Há quase 70 anos, o renomado arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1945) preconizava a  aquecimento  do  mercado,  no  entanto,  a  região  ainda  apresenta  carência  de  profissionais 
importância  do  que,  em  termos  contemporâneos,  denominamos  planejamento  físico  e  capacitados  para  o  projeto,  especialmente  de  estabelecimentos  assistenciais  de  saúde.  A 
funcional dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). Em carta endereçada ao dono  falta  de  especialização  na  área  hospitalar  culmina  na  busca  por  arquitetos  da  capital,  que 
de  um  hospital  que,  após  receber  sua  proposta  de  honorários,  havia  questionado  a  acabam atuando em hospitais e clínicas do Litoral Norte. 
necessidade  de  contratar  um  arquiteto  para  conduzir  seu  projeto,  Vilanova  Artigas  elenca 
uma série de motivos para a contratação de profissional especializado.   Buscando reverter esta carência, a temática dos estabelecimentos assistenciais de saúde vem 
sendo  difundida  no  curso,  especialmente  nas  disciplinas  que  desenvolvem  a  habilidade  de 
Defendendo  a  necessidade  de  planejamento  prévio  dada  a  escala  do  estabelecimento,  o  concepção de projetos. A grade curricular conta com uma sequência de cinco disciplinas de 
arquiteto  afirma  que  “o  plano  geral,  feito  com  antecedência,  é  economia  e  não  despesa”.  Prática de Projetos, do 4º ao 8º semestre. A disciplina de Prática de Projetos IV ‐ PPIV, situada 
Aludindo  à  tríade  vitruviana,  salienta  o  imperativo  reconhecimento  das  funcionalidades  no 7º semestre, foi a escolhida para abordar a temática, pela adequação de sua ementa, que 
específicas associadas ao tema hospitalar, discorrendo ainda sobre o rigor técnico necessário  trata da:      
ao  planejamento  de  instalações  e  infraestrutura,  finalizando  por  destacar  o  significado  de 
Elaboração  de  proposta  arquitetônica  para  equipamento  urbano  de  média 
contemplar também uma composição formal harmônica e esteticamente elevada.  Vilanova  complexidade,  considerando  sua  relação  funcional,  espacial  e  volumétrica  com  o 
Artigas encerra sua carta colocando‐se como defensor da economia, da ordem e do futuro,  entorno  e  experimentando  métodos  inovativos,  normativos,  miméticos  e/ou 
contrário ao empirismo e à imprevisão.  tipológicos  na  definição  de  uma  linguagem  coerente  e  contemporânea  para  o 
edificado. (ULBRA, 2013)  
Se, por um lado, chama atenção a atualidade das palavras de Vilanova Artigas, comprovada 
no  cotidiano  da  prática  projetual  e  pela  ainda  recorrente  desvalorização  do  planejamento,  Considerando a  vivência  docente na  área hospitalar, comentada  ainda na  introdução  deste 
por  outro,  destaca‐se  o  panorama  percorrido  nestas  décadas,  especialmente  no  que  se  artigo, a disciplina de PPIV aborda o projeto de um estabelecimento assistencial de saúde de 
refere à Arquitetura Hospitalar e ao espectro de conquistas relativas à normatização técnica  nível  secundário  do  tipo  Ambulatório,  unidade  de  saúde  destinada  a  prestar  assistência  a 
e  legal.  Tais  visões  são  complementares,  especialmente  no  que  tange  à  formação  pacientes  em  regime  de  não  internação,  com  atendimento  eletivo  (CARVALHO;  BATISTA, 
universitária, pois  devem  ser pontuadas objetivando, primeiro, a conscientização acerca  da  2011).  
valorização  profissional  para,  em  segundo,  focalizar  a  compreensão  de  uma  área  tão  A disciplina objetiva aproximar os estudantes de uma temática que, ainda que especializada, 
específica  como  a  Arquitetura  dos  Ambientes  de  Saúde,  que  experimenta  importante  oferece demanda crescente no mercado de trabalho, mas exige elevado rigor técnico. Sendo 
consolidação em nosso país.  assim, a construção do programa de necessidades buscou contemplar certa complexidade na 
A  arquitetura  de  edifícios  de  saúde  é  caracterizada  pela  grande  complexidade  e  articulação  de  funções,  mesmo  se  tratando  de  projeto  individual  desenvolvido  pelo 
pelo  seu  caráter  funcional,  atrelado  aos  procedimentos  e  práticas  médicas  e  suas  estudante em apenas um semestre.  
constantes  mudanças  e  atualizações.  É  necessário  considerar  a  necessidade  de 
expansão e flexibilidade, a divisão por atividades, o atendimento a diversos fluxos e  O  Ambulatório  proposto  para  este  exercício  projetual  contempla,  além  de  ações  do  nível 
processos  e  prevenção  de  contaminação  e  infecção.  (CAIXETA;  FABRICIO,  2011,  primário,  consultas  nas  quatro  especialidades  básicas  (clínica  médica,  gineco‐obstetrícia, 
p.293)  pediatria  e  cirurgia)  e  atendimento  odontológico.  Seu  programa  inclui,  ainda,  setor  de 
Entretanto,  para  além  de  toda  complexidade,  contemplada  de  forma  satisfatória  pelas  Imagenologia,  com  exames  de  Raio‐X,  mamografia  e  ultrassonografia,  além  de  todo  apoio 
exigências  normativas  vigentes,  o  edifício  de  saúde  exige  a  incorporação  da  chamada  técnico e logístico necessários ao desempenho das atividades assistenciais. A elaboração do 
“humanização”  que, nos  termos  de  Toledo (2007),  deve ser  resultado  de  um  processo  que  programa  segue  a  legislação  federal  vigente,  adotando  a  RDC‐50  (ANVISA,  2004)  como 
ultrapassa  a  beleza  do  traço,  o  respeito  aos  aspectos  funcionais  ou  o  domínio  da  técnica  principal  referência  técnico‐normativa,  que  também  prevê  aspectos  de  acessibilidade 
construtiva, mas garante o bem‐estar físico e psicológico dos usuários.   universal contemplados pela NBR 9050 (ABNT, 2004). Desde a nomenclatura dos ambientes 
até a definição de áreas mínimas e da relação funcional entre espaços, tudo está baseado na 
referida  resolução,  tomando  ainda  como  suporte  técnico  o  material  disponibilizado  pelo 
3 MÉTODO: ESTRUTURANDO O PROJETO DE UM AMBULATÓRIO  Ministério  da  Saúde  através  da  Política  Nacional  de  Humanização,  chamada  Humaniza  SUS 
(BRASIL,  2007),  e  do  portal  SomaSUS  –  Sistema  de  Apoio  à  Elaboração  de  Projetos  de 
O curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA está implantado desde 1998 no município de  Investimentos em Saúde (BRASIL,2014), importante fonte de pesquisas sobre infraestrutura 
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de EAS.   assistencial de saúde como referência arquitetônica, analisando‐a em seus aspectos formais, 
funcionais e técnicos. Só depois desta análise referencial é que os estudantes dão início ao 
A  adoção  de  tal  corpo  normativo  pretende  familiarizar  os  estudantes  com  as  normas 
vigentes, fazendo‐os compreender a importância do amparo legal para assegurar um projeto  desenvolvimento  do  projeto  em  si,  sequenciado  em  etapas  de  Partido,  Anteprojeto  e 
Detalhamento. 
adequado  às  boas  práticas.  Em  paralelo,  busca  desafiá‐los  a  seguir,  de  forma  rigorosa,  as 
definições  legais,  superando  a  dificuldade  inicial  de  compreensão  das  exigências  e  O  desempenho  dos  estudantes  é  avaliado  pelo  processo  de  envolvimento  ao  longo  do 
assimilando a sistemática de articulação espaço‐funcional.  semestre  e  pela  qualidade  do  projeto  final,  segundo  cinco  critérios.  O  primeiro  avalia  a 
De natureza teórico‐prática, a disciplina de Prática de Projetos IV se estrutura sob o formato  qualidade  de  representação  e  apresentação  gráfica,  fundamental  para  compreensão  das 
soluções projetuais por parte do professor. Os demais critérios avaliam: a lógica de ocupação 
do  consagrado  ateliê  de  projeto,  que,  conforme  explicitado  em  publicação  anterior 
(CARDOSO,  2013),  se  baseia  na  criação  de  um  ambiente  criativo,  no  qual  o  diálogo  seja  do  terreno  e  a  relação  com  o  entorno;  a  funcionalidade  expressa  pelo  cumprimento  das 
exigências  do  programa,  zoneamento,  fluxos,  dimensionamento  e  layout;  a  composição 
alicerce  da  interação  professor‐aluno  e  proporcione  a  reflexão  acerca  do  processo  de 
projetação  e  ensinagem,  estimulando  o  que  Schön  (2000,  p.130)  denomina  de  “escada  da  formal, do ponto de vista da articulação volumétrica e adequação da linguagem; e, por fim, a 
materialidade,  expressa  pelas  soluções  construtivas  e  estruturais  e  pelo  detalhamento 
reflexão”. No ateliê de projeto, que mescla aulas teóricas, apoiadas em material audiovisual, 
arquitetônico. 
e  exercícios  práticos,  cada  aluno  desenvolve  sua  versão  de  projeto  arquitetônico  para  um 
mesmo tema e terreno, orientados pelo professor através de assessoramentos individuais e 
painéis coletivos.   4 RESULTADOS: A FUNCIONALIDADE E O ESPAÇO HUMANIZADO 
Neste sentido, a estruturação da disciplina prevê, inicialmente, uma aproximação teórica do 
tema, a fim de situar o estudante no quadro atual da Arquitetura dos Ambientes de Saúde. A  Desde  a  introdução  da  temática  dos  Ambientes  de  Saúde,  cinco  turmas  já  passaram  pela 
primeira atividade é a leitura do artigo “Métodos para auxílio de projetos arquitetônicos de  disciplina de Prática de Projetos IV, contando a do semestre atual de 2014/2. Com número de 
EAS” (CARVALHO, 2012), que fornece um panorama da prática projetual de Estabelecimentos  matriculados entre 15 e 20 estudantes, os resultados variaram semestre a semestre. 
Assistenciais  de  Saúde.  Segue‐se  uma  aula  expositiva  sobre  o  Edifício  Hospitalar  Na primeira turma, as exigências funcionais do programa despertaram inquietação de uma 
Contemporâneo e a atuação do arquiteto, baseada em artigo de Jonas Badermann de Lemos  parcela dos alunos, que enfrentou dificuldades na articulação dos ambientes e nos requisitos 
(2011)  e  palestra  sobre  Humanização  e  Ambiência  proferida  por  ele  no  3º  CBDEH  (2008),  de  dimensionamento  e  layout.  A  coordenação  modular  também  foi  um  obstáculo  para 
durante  a  qual  são  apresentados  os  requisitos  para  criação  de  espaços  humanizados,  alguns  dos  estudantes,  que  apresentaram  dificuldades  na  definição  da  malha  estrutural. 
estimulando a compreensão do espaço arquitetônico em sua dimensão física e psicológica,  Porém ao final, grande parte dos estudantes obteve êxito na articulação entre forma, função 
em convergência à abordagem de Luiz Carlos Toledo em “Feitos para curar” (2002)  e  “Feitos  e materialidade, sendo que uma parcela da turma não atingiu resultado mínimo satisfatório 
para cuidar” (2008).  para aprovação.  
Em  seguida,  são  encadeadas  três  unidades  teórico‐práticas,  compostas  por  aulas  de  Superado  o  impacto  inicial  da  inclusão  de  um  tema  tão  específico  na  grade  de  projeto,  o 
repertorização e exercícios específicos. A primeira unidade apresenta o tema do Ambulatório  segundo semestre foi muito expressivo em termos de resultados, quando a absoluta maioria 
e  seu  Programa  de  Necessidades,  elencando  setores  funcionais,  atividades,  organograma,  teve  desenvoltura  para  lidar  com  as  exigências  programáticas  e  a  coordenação  modular,  o 
pré‐dimensionamento,  usuários  e  fluxos.  Ao  final,  os  estudantes  realizam  o  exercício  de  que  proporcionou  uma  exploração  mais  vasta  no  campo  das  formas  e  da  técnica.  Esta 
Interpretação  do  Programa,  através  do  qual  analisam  as  articulações  programáticas.  A  facilidade, acompanhada da excelente motivação dos estudantes, permitiu, inclusive, que o 
segunda  unidade  aborda  a  inter‐relação  entre  Programa,  Sítio  e  Condicionantes,  sendo  edital  de  entrega  final  aprofundasse  aspectos  de  projeto  executivo  e  detalhamento,  tão 
concluída com exercício de análise do sítio e interpretação pessoal através de mapa‐síntese.  necessários  à  prática  profissional,  abrangendo  até  detalhes  de  interiores,  aspecto  pouco 
Por  fim,  a  terceira  unidade  trata  de  Modulação  e Racionalidade  Estrutural,  tomando  como  usual nas demais disciplinas de projeto. 
referência  o  manual  prático  de  Goés  (2011),  especialmente  o  capítulo  sobre  Critérios  de 
Projeto,  e  artigo  de  Carvalho  e  Tavares  (2002)  sobre  coordenação  modular,  exemplificada  A  terceira  turma  apresentou,  em  sua  maioria,  domínio  dos  aspectos  formais,  funcionais  e 
pela  lógica  estrutural  utilizada  pelo  arquiteto  João  Filgueiras  Lima,  mais  conhecido  como  materiais,  porém  com  resultados  regulares,  tendo  apenas  um  caso  de  projeto  muito 
Lelé,  no  Hospital  da  Rede  Sarah,  no  Rio  (2009).  A  obra  do  arquiteto  Lelé  é  tomada,  aliás,  satisfatório,  no  tocante  à  racionalidade  estrutural,  ao  dimensionamento  enxuto  e  à 
como  referencial  significativo  no  âmbito  nacional  da  articulação  entre  rigor  tecnológico  e  humanização do espaço através da exploração dos efeitos de iluminação natural e o contato 
humanização  através  da  arquitetura  (LATORRACA,  2000).  A  unidade  3  é  concluída  com  com o verde.  
exercício  de  pesquisa  de  sistemas  construtivos  e  exploração  de  solução  estrutural,  com  Considerando que a presença de estudantes reprovados poderia ser fator de desmotivação, 
predefinição de módulo e malha.   foram  feitas alterações  no programa, com  redução de  área total,  em  paralelo  à  escolha de 
Após  esta  primeira  aproximação  de  Programa,  Lugar  e  Construção  (MAHFUZ,  2004),  os  um  novo  terreno,  com  entorno  mais  consolidado  e,  consequentemente,  mais  desafiador. 
estudantes  elaboram  estudo  de  caso,  tomando  o  projeto  de  outro  estabelecimento  Pelo  fato  do  terreno  estar  localizado  ao  lado  do  campus  universitário,  há  um  estímulo  em 
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estabelecer  o  diálogo  do  novo  equipamento  com  estruturas  assistenciais  existentes  forma  rigorosa  aos  aspectos  funcionais  e  técnicos,  com  uma  linguagem  arquitetônica 
vinculadas à Universidade, criando uma espécie de polo da saúde.   contemporânea.  Além  disso,  soa  como  anúncio  de  um  novo  cenário,  que  materializa  os 
A  quarta  turma,  com  terreno  e  programa  renovados,  respondeu  de  forma  satisfatória  às  preceitos da excelência no planejamento físico e funcional de EAS, especialmente no âmbito 
das  instituições  públicas,  e  ampara,  com  muita  pertinência,  a  discussão  proposta  aos 
alterações. A troca do terreno surtiu efeitos positivos, sobretudo pelo desafio de qualificar o 
entorno que os estudantes vivenciam cotidianamente, consolidando o tratamento do espaço  estudantes.  
aberto adjacente ao ambulatório de forma integrada ao projeto, como forma de assegurar a  Por fim, como questão recorrente entre as turmas, está o desafio de ultrapassar o limite das 
humanização  do  espaço.  Houve  também  adesão  significativa,  desde  o  princípio,  à  ideia  de  exigências  funcionais  e  da  complexidade  programática  e  normativa,  para  contemplar  a 
coordenação modular.  humanização  dos  espaços.  A  maioria  dos  estudantes  explora  as  relações  entre  interior  e 
A turma atual ainda realiza as etapas iniciais de aproximação do tema, mas parece mesclar a  exterior e a presença de áreas verdes, através da criação de pátios, como forma de qualificar 
os espaços internos, observando ainda a iluminação natural e o conforto térmico. As salas de 
motivação  pelo  tema  desafiador  à  apreensão  diante  de  sua  complexidade.  O  terreno  se 
mantém, especialmente por exigir preocupação especial com a inserção urbana do edifício,  espera se estruturam, para a maioria, como espaços diferenciados, de dimensões generosas, 
nos quais exploram variações de pé‐direito e abundante contato visual com o exterior. Outro 
bem  como  o  tratamento  do  espaço  aberto  adjacente,  gerando  o  questionamento  sobre  a 
aspecto  trata da preocupação  com as  circulações pois,  ao  passo  em  que  estão atentos  aos 
necessidade de controle e sobre o tipo de interface a ser proposta entre o espaço público da 
diferentes  fluxos  entre  pacientes  e  equipe, os  estudantes  procuram dotá‐las  de  iluminação 
rua e o interior do edifício. Como novidade, neste semestre os estudantes desenvolverão um 
natural, evitando caminhos tortuosos que gerem dificuldade de localização ao paciente. Em 
setor  denominado  multiuso,  que  abriga  mini‐auditório  e  cafeteria,  e  pode  proporcionar 
síntese,  observamos  que o rigor  funcional  e  normativo  se  estrutura  como  obstáculo  inicial 
ligação  mais  direta  com  usuários  externos  e  o  entorno  da  universidade.  Além  disso,  vêm 
sendo  estimulados  a  desenvolver  sistemas  construtivos  alternativos,  mais  propícios  à  aos  estudantes,  o  que,  contudo,  não  os  impede  de  buscar  soluções  arquitetônicas  que 
explorem, além da dimensão física, o bem‐estar dos usuários. 
natureza flexível do programa.  
Analisando  o  panorama  geral,  percebe‐se  que  a  exploração  da  temática  de  ambientes  de 
saúde no âmbito acadêmico suscita algumas questões comuns às diversas turmas. A primeira  5 CONCLUSÃO: AFASTANDO O MEDO DA ARQUITETURA HOSPITALAR  
reflete  a  dificuldade  de  distinção  entre  o  programa  ambulatorial  e  os  setores  de 
urgência/emergência,  não  previstos  na  proposta.    A  natureza  eletiva  do  atendimento  é  de  À guisa de conclusão, observamos que a experiência de difusão da Arquitetura de Ambientes 
difícil compreensão pelos estudantes que, em sua maioria, insistem em contemplar o acesso  de  Saúde  na  esfera  acadêmica,  a  partir  da  inserção  da  temática  nas  disciplinas  de  projeto, 
de ambulâncias como elemento central. Podemos supor que esta dificuldade reflete a falta  vem surtindo efeitos bastante positivos. O sucesso da iniciativa pode ser analisado a partir da 
de  uma  cultura  geral  de  prevenção  da  saúde,  o  que  induz  ao  entendimento  de  que  só  repercussão sobre o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, cujo tema de projeto é de livre 
buscamos  atendimento  em  casos  de  risco  iminente.  Em  paralelo,  podemos  atribuir  a  escolha do aluno. Metade dos alunos aprovados em PPIV nos semestres aqui analisados já 
confusão  ao  quadro  geral  de  más  condições  das  emergências,  vivenciado  pela  maioria  dos  chegaram ao TCC. Destes, cerca de 30% escolheram ambientes de saúde como tema, entre 
estudantes em algum momento da vida.   os quais se destacam ambulatório, clínicas médicas, instituições para idosos, entre outros.       
A  segunda  questão  está  relacionada  à  busca  por  repertório  para  elaboração  de  estudo  de  O incremento significativo de equipamentos de saúde, quase inexistentes até então, entre os 
caso.  Pela  majoritária  falta  de  estrutura  mínima  nas  instalações  dos  estabelecimentos  temas  de  TCC  indica  que  a  disciplina  vem  atingindo  o  objetivo  de  instrumentalizar  os 
assistenciais regionais, advinda muitas vezes de adaptações  malsucedidas  em edifícios pré‐ estudantes com conhecimentos específicos, sobretudo nos quesitos funcionais e normativos. 
existentes e do descaso com as normas, os estudantes são aconselhados a analisar projetos  Se  imaginarmos  que  a  escolha  do  tema  exige,  via  de  regra,  que  o  estudante  se  sinta 
publicados em livros, revistas e sites especializados. Se, por um lado, este caminho aumenta  minimamente  apto  a  lidar  com  as  especificidades  inerentes  ao  tema,  podemos  supor  que, 
o  rigor  na  escolha  dos  projetos,  dificulta  a  compreensão  do  funcionamento  prático,  pela  como  profissionais,  se  sentirão  mais  preparados  para  encarar  os  desafios  do  projeto  de 
impossibilidade  de  observação  in  loco.  Ademais,  a  análise  bibliográfica  é  focada,  em  sua  estabelecimentos  assistenciais  de  saúde. A  reticência  de  enfrentar  a  temática,  mencionada 
maioria,  em  projetos  internacionais,  pela  falta  de  referências  nacionais  que  tratem  do  por  Carvalho  (2006)  e  pontuada  anteriormente,  estaria  assim  se  reduzindo,  contribuindo 
projeto de novas edificações, para além de intervenções de arquitetura de interiores, e que  efetivamente  para  a  desmitificação  da  arquitetura  hospitalar,  afastando  o  “medo” 
contemplem de forma significativa, não apenas a funcionalidade, mas os aspectos formais e  geralmente associado. 
técnicos.   Neste  sentido,  a  conscientização  dos  estudantes  acerca  da  importância  da  legislação, 
A boa notícia é que, pela primeira vez em dois anos, no semestre de 2014/1 foi apresentado  estimulada  pelo  entendimento  de  que  a  norma  e  todo  conhecimento  sistematizado  pelos 
como estudo de caso o projeto de um ambulatório de especialidades médicas elaborado pela  órgãos  competentes  serve  de  auxilio  fundamental  para  o  arquiteto  e  não  como  entrave, 
equipe  técnica  de  uma  prefeitura  municipal  do  estado  de  São  Paulo  (VIEIRA;  HATIW  LÚ,  tende  a  assegurar  uma  prática  profissional  rigorosa  do  ponto  de  vista  legal  e  atenta  às 
2006).  O  projeto,  muito  similar  ao  desafio  proposto  na  disciplina,  reorganiza  a  paisagem  premissas da boa prática.    
urbana do entorno e aborda os temas de acolhimento e humanização, além de responder de  O balanço da experiência demonstra que a inserção de elementos da vivência profissional do 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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docente  fora  da  academia  atua  de  forma  muito  objetiva  no  processo  de  sensibilização,  ao  Sarah. In: III Fórum de Tecnologia Aplicada à Saúde, 2002, Salvador. III Fórum de Tecnologia Aplicada à Saúde, Anais. 
Salvador: Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Multgraf, 2002. 
trazer exemplos reais ao estudante. Diversas situações cotidianas do escritório de arquitetura 
hospitalar  são  levadas  para  dentro  da  sala  de  aula,  seja  para  pontuar  a  necessidade  de  _____; BATISTA, L.F. Unidade de Atendimento Ambulatorial: diretrizes arquitetônicas básicas. In: CARVALHO, A.P.A. (Org.). 
Programação Arquitetônica de Unidades Funcionais de Saúde ‐ volume 1. Brasília: Ministério da Saúde, 2011, v. 1, p. 09‐14.  
compreensão  dos  processos  através  da  vivência  das  rotinas  hospitalares,  por  exemplo,  ou 
GOES, R. de.  Manual Prático de Arquitetura Hospitalar. São Paulo: Blucher, 2011. 
para  demonstrar  como  as  soluções  arquitetônicas  podem  qualificar  o  trabalho  assistencial 
prestado  pelas  equipes  médicas  e  de  enfermagem.  A  prática  também  serve  para  ilustrar  LATORRACA, G. João Filgueiras Lima ‐ Lelé. Série Arquitetos Brasileiros. São Paulo: Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. 
como o domínio técnico e legal facilita o trânsito junto aos órgãos fiscalizadores, gerando a  LEMOS, J.B. de. O edifício hospitalar contemporâneo. In: ALLGAYER, C. Gestão e saúde: temas contemporâneos abordados 
por especialistas do setor. Porto Alegre: IAHCS, 2011. 
celeridade  dos  processos  de  aprovação  e  um  bom  relacionamento  entre  os  técnicos  das 
esferas pública e privada.  MAHFUZ, E. C. Reflexões sobre a construção da forma pertinente. Arquitextos (São Paulo. Online), v. 045, p. 045, 2004. 
SCHÖN, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
A  boa  repercussão  entre  os  estudantes  é  percebida  pelas  conversas  informais  que 
demonstram que a arquitetura hospitalar passa a fazer parte do rol dos possíveis campos de  TOLEDO, L. C. M. Feitos para Curar ‐ arquitetura hospitalar e processo projetual no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: ABDEH, 
2006.  
atuação,  pois  eles  visualizam  os  procedimentos  práticos  que  envolvem  o  cotidiano  do 
_____. Humanização do edifício hospitalar ‐ tema em aberto. In: DUARTE; C. et. al. (Org.). O lugar do projeto. Rio de Janeiro: 
arquiteto  de  edifícios  da  saúde.  Muitos  passam  manifestam  interesse  em  atuar  na  área 
Contra Capa, 2007. 
depois  de  formados,  mesmo  após  compreender  o  rigor  inerente  à  temática.  Muito 
_____. Feitos para cuidar: a arquitetura como um gesto médico e a humanização do edifício hospitalar. Rio de Janeiro: 
possivelmente, os aspectos de humanização e as possibilidades de qualificar de forma mais  UFRJ‐FAU‐ProArq, 2008 (Tese de doutorado). 
efetiva  a  vida  dos  usuários,  contribuindo  para  o  bem‐estar  e  a  cura,  são  o  motor  deste 
ULBRA. Projeto Pedagógico do curso de Arquitetura e Urbanismo. Universidade Luterana do Brasil ULBRA Campus Torres. 
envolvimento, que delineia de forma clara a contribuição social, no sentido mais amplo, que  Torres, 2013.  
o arquiteto pode oferecer através de seu ofício.  VIEIRA, E.; HATIW LÚ, R. Projeto de Clínica de Especialidades Médicas. Suzano, SP. 2006. Disponível em: 
Por fim, do ponto de vista dos produtos projetuais, o fato dos estudantes não se limitarem  <http://www.plataformaarquitectura.cl/2010/02/04/clinica‐de‐especialidades‐medicas‐elvis‐vieira‐ricardo‐hatiw‐lu/>. 
Acesso em: 14 de abril de 2014. 
aos  aspectos  funcionais,  mas  explorarem  soluções  arquitetônicas  que  contemplam  a 
VITRÚVIO. Tratado de Arquitetura. Tradução do Latim de M. Justino Maciel. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2007.  
humanização dos espaços e o bem‐estar dos usuários indica que estamos no caminho certo 
para aliar teoria e prática, razão e sensibilidade, na busca pela excelência dos ambientes de  VILANOVA ARTIGAS, J.B. Carta ao Cliente. 1945. In: FERRAZ, M. et al. Vilanova Artigas. Série Arquitetos Brasileiros.  São 
Paulo: Fundação Vilanova Artigas, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 1997. 
saúde brasileiros. Sabemos que a caminhada é longa, mas a semente lançada em época tão 
fértil,  como  a  de  formação  universitária,  há  de  espalhar  seus  frutos,  a  começar  pela 
qualificação  regional  destes  futuros  profissionais,  seguida  da  esperada  qualificação  dos 
equipamentos assistenciais locais. 

REFERÊNCIAS 
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a 
edificação, espaço mobiliário e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.  
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 50: Regulamento técnico para planejamento físico‐funcional de 
estabelecimentos assistenciais de saúde. 2004. 
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização.  HumanizaSUS. Brasília: 
Editora do Ministério da Saúde, 2007. 
_____. Ministério da Saúde. SOMASUS. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/somaus>. Acesso em: 04 de setembro de 
2014. 
CAIXETA, M.C.B.F.; FABRICIO, M.  Gestão de projetos complexos: edifícios de saúde. In: KOWALTOWSKI, D.C.C.K. et al (org). 
O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.  
CARDOSO, B. B. As habilidades criativas e o processo de ensino‐aprendizagem: o exemplo do ateliê de projeto em 
Arquitetura e Urbanismo. In: Conversas Interdisciplinares, v. 01, p. 01, 2013. 
CARVALHO, Antonio Pedro A. (Org.). Quem tem medo da Arquitetura Hospitalar. Salvador: Quarteto Editora/FAUFBA, 2006.  
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Ambiente Hospitalar, ano 6, nº 9, 2012. P. 9‐18. 
_____; TAVARES, I. Modulação no Projeto Arquitetônico de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: o caso dos Hospitais 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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A formação e os interesses profissionais dos estudantes de  possibilitava o exercício de sua atividade artística. No fim da Revolução Francesa, a burguesia 
sente a necessidade de recorrer a arquitetura como ferramenta de afirmação de seu status e 
arquitetura e urbanismo da FAU‐UnB frente aos objetivos da Lei de  poder. 
Assistência Técnica para a população de baixa renda.  Outros  episódios  históricos  reforçam,  ainda,  esse  caráter.  Edgar  Graeff1  afirma  que  houve 
uma  separação  da  arquitetura  com  o  campo  técnico  da  construção  civil  no  século  XVI, 
Maria do Carmo de L. BEZERRA  quando os arquitetos não acompanharam a revolução tecnológica daquele período cabendo 
Arquiteta e Urbanista, Professora Doutora do PPG/FAU‐UnB. E‐mail: [email protected]    
aos engenheiros assumirem toda a responsabilidade técnica. Os arquitetos então saíram dos 
Erick Welson B. MENDONÇA 
Formando de Arquitetura e Urbanismo, FAU/Universidade de Brasília. E‐mail: [email protected] 
canteiros de obras e foram para ateliês de pintores e escultores. Até o século XVIII, quando a 
  Revolução  Industrial  começava  a  se  manifestar,  as  academias  de  arquitetura  permaneciam 
predominantemente no campo das artes.  
RESUMO 
A  maioria  da  população,  tanto  hoje  como  ao  longo  da  história,  não  contou  com  este 
A Lei de Assistência Técnica assegura às famílias de baixa renda assistência gratuita para projeto e construção 
de  habitação  social.  Visa  democratizar  o  acesso  à  arquitetura,  melhorando  a  condição  de  segurança,  profissional para as soluções de suas habitações e demais espaços comunitários que mantém 
salubridade  e  conforto  das  famílias  de  baixa  renda  e  em  decorrência  do  espaço  de  nossas  cidades.  Sua  o dia a dia das cidades. A realidade brasileira da autoconstrução desponta como a força que 
implementação envolve arranjos institucionais do poder público; disseminação sobre o papel do arquiteto e dos  define  o  perfil  das  cidades.  De  acordo  com  Micheli  Garrido  e  Luiz  Reynaldo  Azevedo2,  a 
direitos da comunidade; Formação dos arquitetos para atender demandas da população  de baixa renda. Este  autoconstrução, ou autogestão, constitui 77% das residências brasileiras. Ampliando o olhar 
artigo identifica como os diferentes segmentos tem se preparado para implementar a Lei, com foco de análise 
da habitação para a escala urbana, verifica‐se se as cidades brasileiras não contam, também, 
na  formação  acadêmica  e  nos  interesses  dos  novos  arquitetos  em  atender  essa  “nova/velha”  demanda. 
Desenvolvida  na  FAU‐UnB,  a  pesquisa  analisou  a  carga  horária  do  curriculum  das  disciplinas  que  tratam  com o devido planejamento de seus espaços.  
diretamente dos assuntos pertinentes à problemática da Lei e as aspirações estudantis por meio dos trabalhos  Como  resultado  observa‐se  a  má  qualidade  dos  projetos  e  construções  de  habitações 
de conclusão de curso, tendo  como resultado, pouca ênfase da grade curricular nos assuntos de interesse da 
assistência técnica e por outro lado sensibilidade dos alunos com o tema. Ademais foram consultados o Censo 
populares,  e  das  edificações  de  uso  coletivo,  sem  falar  da  ausência  de  infraestrutura  com 
CAU/BR‐2013 e os Anais do I Seminário Nacional de Assistência Técnica do Ministério das Cidades em 2005, no  prejuízos socioeconômicos e ambientais para a população. Pois, como no caso da edificação, 
intuito de caracterizar a atuação dos demais segmentos.  a atividade do planejamento urbano, uma das atribuições do arquiteto e urbanista, também, 
PALAVRAS CHAVE: Lei De Assistência Técnica; Formação do Arquiteto; Curriculum de Arquitetura e Urbanismo;  não  é  reconhecida  pelo  poder  público  e  pela  própria  sociedade  como  relevante  para  as 
Arquitetura de Baixa Renda.  soluções de ordenamento territorial e urbano. 
O  processo  de  desenvolvimento  das  cidades  no  país  foi  marcado  pelo  crescimento 
1 INTRODUÇÃO  desordenado,  desde  os  primórdios,  o  que  culminou  em  problemas  que  comprometem  a 
qualidade de vida nos centros urbanos até os dias atuais. Por outro lado, o estado relegou a 
A  aplicação  Lei  de  Assistência  Técnica  pressupõe  uma  mudança  cultural  que  vai  desde  a  habitação popular às soluções a serem dadas pelas próprias famílias, seja em relação a seu 
formação  do  arquiteto  passando  pelo  mercado  de  trabalho  e  prática  profissional;  Significa  financiamento, arquitetura, construção e a localização na malha urbana, esta última gerando 
uma  vitória  dos  debates  e  discussões  promovidos  pela  categoria  dos  arquitetos  sobre  a  o desordenamento urbano.  
moradia  popular  no  Brasil  na  década  de  1970.  Ao  ser  aprovada  em  2008,  fecha‐se  um  A cidade ilegal passa a ser a característica da intensa urbanização brasileira dos anos de 1970 
processo de 30 anos pela sua aprovação, e se inicia o de sua implementação, que até agora  e  1980.  Na  tentativa  de  correção  dos  efeitos  negativos  deste  processo,  a  Constituição  de 
engatinha.  1988 passa a contar com capítulos sobre o tema Urbano fundamentados nos conceitos como 
A  profissão  de  arquiteto  é  associada  as  grandes  obras  que  marcaram  a  história  da  a função social da cidade e o direito à moradia. Dentre os problemas de ordem urbana social, 
humanidade,  ou  seja,  está  associada  à  qualificação  de  espaços  de  poder,  seja  econômico,  destaca‐se a carência de habitação.  
social ou político.   Como colocado em pauta pela Agenda Habitat/ONU em 1996, a habitação não se restringe à 
O  conhecimento  da  história  da  arquitetura  possibilita  uma  interpretação  para  a  atual  construção  de  casas,  mas  também  disposição  de  saneamento  básico  e  infraestrutura  e 
situação de distanciamento entre necessidades sociais e a atuação profissional do arquiteto.  consideração  às  questões  ambientais,  mas  este  nem  sempre  foi  o  entendimento.  No 
Um recuo histórico até o Renascimento Cultural, por entre os séculos XV e XVI, revela que os  passado, como sendo precárias as respostas públicas ao tema, a moradia era pensada como 
Mecenas  ‐  ricos  comerciantes,  príncipes,  condes,  bispos  e  banqueiros‐  contribuíram  a casa sem seu contexto urbano. 
significativamente para o desenvolvimento das artes plásticas (pintura e escultura), literatura                                                              
e arquitetura. Nesta condição, os arquitetos se especializaram por construir obras de grandes  1
programas,  palácios,  mansões,  jardins,  grandes  igrejas  e  monastérios,  órgãos  públicos   Edgar Graeff. Arquiteto, autor do texto: As condições da formação do arquiteto na Revolução Industrial”. Fonte: 
<http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Resumo‐Do‐Texto‐AsCondi%C3%A7%C3%B5es‐Da/46287822.html> 
majestosos e monumentos pomposos. De fato, atendiam a uma demanda que os mantinha e  2
 (GARRIDO, Micheli; AZEVEDO, Luiz Reynaldo. Assistência Técnica para melhoria habitacional. 2013) Fonte: 
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.157/4803 >acessado em maio/2014. 
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Do ponto de vista das competências, não resta dúvidas sobre a pertinência da contribuição  Anais do I Seminário Nacional de Assistência Técnica, promovido pelo Ministério das Cidades 
do  arquiteto. Verificando o Artigo  2º da Resolução CAU/BR nº  51, de  12 de julho de 2013,  que conta de experiências de profissionais em atendimento da baixa renda e nos informam 
que  dispõe  sobre  as  áreas  de  atuação  privativas  dos  arquitetos  e  urbanistas  e  as  áreas  de  sobre especificidades da demanda e das dificuldades institucionais para atende‐las.  
atuação  compartilhadas  com  outras  profissões,  constata‐se  que  o  profissional  arquiteto 
A segunda linha investigativa trata do foco do trabalho, a formação do arquiteto e urbanista. 
possui  um  campo  de  trabalho  vasto  na  área  do  projeto  e  construção  da  habitação,  do  Por  restrições  impostas  pelo  tempo  de  execução  da  pesquisa  foi  analisado  apenas  a 
planejamento urbano e da qualidade da construção. Assim, seria coerente pensar que este  formação  ofertada  pela  Faculdade de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  de  Brasília 
profissional estivesse atendendo a população em maiores escalas, tanto quanto amplas são 
por  meio  da  estrutura  disciplinar  do  curriculum  e  sua  carga  horária  para  fazer  frente  aos 
as suas atribuições.   assuntos pertinentes à problemática da referida Lei. Para verificar se as aspirações estudantis 
A problemática pode ser, ainda, colocada de outra perspectiva: O direito das faixas de renda  refletem  a  forma  como  o  curriculum  está  montado  e  o  grau  de  prioridade  que  os  alunos 
mais pobres à assistência técnica qualificada.  A casa do  "Seu Chico",  na periferia, pode ser  atribuem  a  uma  possível  resposta  às  necessidades  sociais,  foram  analisadas  as  temáticas 
uma casa projetada por arquiteto. Porque não?! E não erguida por uma "plantinha" pensada  eleitas em seus trabalhos finais de graduação no ano de 2013.  
por ele próprio e apresentada a um "pedreiro amigo" para construir sua "casa dos sonhos", 
ficando  a  participação  do  profissional  arquiteto  reduzida  a  um  ato  burocrático,  talvez,  de 
uma  assinatura  de  obtenção  do  "Habite‐se1",  por  exemplo.  Acredita‐se  que  esse  direito  2. AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO ARQUITETO E SUA
esteja incluído na ideia de direto à moradia e a função social da cidade expressas no Estatuto  ATUAÇÃO EM RESPOSTAS ÀS DEMANDAS DAS NECESSIDADES
das Cidades2.  
A mudança do senso comum de que arquiteto é um "item de luxo" passa inicialmente  por  DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA.
saber  se  o  profissional  está  sendo  formado  para  atender  as  diferentes  demandas  dos 
Verifica‐se uma mudança de atuação  dos arquitetos, que na segunda metade do século XX 
segmentos sociais. A resposta positiva a esse aspecto levará ao reconhecimento por parte da 
passam a se vincular mais às ciências sociais e a tecnologia, do que prioritariamente às artes, 
população  sobre  a  necessidade  da  arquitetura  na  solução  de  seus  espaços.  A  decorrência 
como em sua origem. Fruto desses novos focos de interesse é que pode ser entendido o fato 
natural será a cobrança junto ao poder público do direito de ter um arquiteto para auxiliar 
da  categoria  dos  arquitetos  ter  liderado  a  proposta  de  assistência  técnica  à  população  de 
nas soluções do ordenamento físico seja da edificação ou da cidade. 
baixa renda que resultou na Lei Federal nº 11.888/2008, aqui discutida, e que é vista como 
Isto  posto,  justifica‐se  o  foco  da  pesquisa  e  as  perguntas  norteadoras:  Que  formação  os  um instrumento de suporte à mitigação do déficit habitacional e melhoria da qualidade das 
estudantes  de  graduação  em  Arquitetura  estão  recebendo  para  fazer  frente  as  ações  cidades brasileiras. 
previstas na Lei de Assistência? Quais as aspirações estudantis? 
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil ‐ CAU/BR publicou o Censo dos Arquitetos 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS   e Urbanistas em 2013, onde consta um perfil da profissão revelando sua atuação. Segundo 
esses  dados1  existem  106.038  (cento  e  seis  mil  e  trinta  e  oito)  arquitetos  exercendo  a 
Para  análise da  formação  recebida  pelos  estudantes  de  arquitetura  e  urbanismo  e  de  seus  profissão, o que equivale a proporção de 0,55 arquiteto para cada grupo de mil habitantes, 
interesses  profissionais  frente  ao  atendimento  da  demanda  apresentada  pela  Lei  da  relação semelhante a dos países desenvolvidos. 
Assistência Técnica foram utilizados dois mecanismos investigativos.  
Quanto a distribuição geográfica é possível verificar que a Região Norte possui apenas 3,57% 
O  primeiro  referente  a  caracterização  da  atuação  do  arquiteto  no  Brasil  e  das  dificuldades  do  contingente  de  arquitetos,  que  significa  2.986  profissionais  para  uma  população  de 
encontradas  por  aqueles  que  visam  atender  as  populações  de  baixa  renda  de  forma  a  16.318.163  pessoas  (1arquiteto/5.464  pessoas).  53,8%  atuam  na  Região  Sudeste,  ou  seja, 
reforçar  a  premissa  do  trabalho  sobre  a  necessidade  de  uma  formação  profissional  que  45.057 arquitetos para uma população de 81.565.983 pessoas (1arquiteto/1.810 pessoas). A 
contemple  problemas  específicos  da  população  de  baixa  renda  e  enfrentamento  das  diferença  percentual  de  arquitetos  entre  as  duas  regiões  é  cerca  de  5  vezes.  Isto  confirma 
condições  institucionais  para  seu  alcance.  Como  ferramenta  de  investigação  foi  utilizado  o  que  os  profissionais  estão  concentrados,  o  que  é  natural,  em  regiões  mais  desenvolvidas, 
censo do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil ‐ CAU/BR de 2013 onde consta um  mais populosas e economicamente mais fortes. Não se pode esquecer que os profissionais 
perfil da profissão revelando áreas de atuação e distribuição espacial dos profissionais e os  atuam  de  modo  “desterritorializado2”,  ou  seja,  um  profissional  de  São  Paulo/SP  pode 
                                                             elaborar um projeto para Manaus/AM por exemplo. Isso significa que o arquiteto pode atuar 
em  qualquer  região  do  país,  não  necessariamente  residindo  naquela  localidade 
1
A certidão do “Habite‐se” é um documento que atesta que o imóvel foi construído seguindo‐se as exigências (legislação  especificamente. 
local) estabelecidas pela prefeitura para a aprovação de projetos. Contudo, este documento não é um certificado de 
garantia de que a construção foi executada em obediência às boas normas de engenharia e arquitetura, e portanto, não                                                              
atesta a segurança da obra e muito menos, a qualidade.Fonte: http://www.escolher‐e‐ 1
Fonte: <http://www.caubr.gov.br/?p=14019>acessado em jul./2014. 
construir.eng.br/dicas/dicasi/habite/pag1.htm>acessado em setembro/2014.  2
2
 Atuar fora do território, da localidade. Vide contexto. 
 Lei 10.257 de 10/jul. /2001 ‐ Estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  363   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  364 

Quadro1 ‐ Quadro de Distribuição de Arquitetos por População Regional.   dos clientes é composta por empresas e instituições (56,16%), sendo o número de pessoas 
Região  População  Arquitetos  % de arquitetos  Arquiteto/habitantes 
físicas  correspondentes  a  43,83%.  Tal  proporção  seria  considerável  se  ela  estivesse 
(IBGE)  (CAU)  (CAU)  distribuída nos diferentes segmentos, mas tendo em vista a realidade da prática profissional 
(serviços/custos/preços), é improvável que desta porcentagem haja um número considerável 
SUDESTE  81.565.983   45.057  53,80%  1 arquiteto para 1810 
pessoas.  de clientes de baixa‐renda. 
NORDESTE  53.907.144   10.162  12,13%  1 arquiteto para 5304 
pessoas. 
3.COMO ESTÁ SENDO FORMADO O ARQUITETO, E QUAIS
SUL  27.731.644   18.935  22,61%  1 arquiteto para 1464 
pessoas.  INTERESSES ESTE PROFISSIONAL POSSUI AO SE FORMAR.
NORTE  16.318.163   2.986  3,57%  1 arquiteto para 5464 
pessoas.  Como já referido, será que o problema está apenas no pequeno percentual de profissionais 
CENTRO‐OESTE  14.423.952   6.598  7,88%  1 arquiteto para 2186  por habitante, ou valeria a pena investigar como o interesse dos arquitetos, seja nas artes, na 
pessoas. 
tecnologia ou nas ciências sociais, está influenciando a formação do profissional?  
TOTAL  193.946.886  83.754  100%  1 arquiteto para 2316 
pessoas.  Dado as diversas vertentes (atribuições) da arquitetura é de se supor que a formação pode 
Fonte: Censo CAU/BR e IBGE. (Elaborado pelo autor).  estar  focada  na  necessidade  social,  preparando  o profissional  para  atender a  sociedade  na 
qual pertence; ou pode atender a demanda explícita de mercado da profissão, que no caso 
Por outro lado, é natural que esta concentração se dê em localidades de maior número de  do  arquiteto,  hoje,  está  restrita  aos  segmentos  de  maior  renda  da  sociedade.  Outra  linha 
habitantes  e  com  maior  desenvolvimento  econômico,  onde  as  oportunidades  de  mercado  possível de atuação é refletir os ideais intrínsecos da categoria que, em muitos casos ainda, 
são maiores. O fato de existir baixo índice de profissionais em algumas regiões não poderia  se vê como depositário do eruditíssimo artístico e pouco afeito as soluções tecnológicas e de 
em si ser um problema desde que sua atuação se desse também sobre as demandas de baixa  inovação. 
renda e urbanização precária, predominantes no interior do país. Em paralelo, é justamente 
nas  grandes  metrópoles  que  o  déficit  habitacional  é  maior,  pois  muitos  são  atraídos  pelas  Desse  modo,  a  questão  não  se  encerra  em  vencer  a  dificuldade  de  viabilizar  o  acesso  dos 
oportunidades  e  esperança  de  melhores  condições  de  vida,  e  ao  chegar,  deparam‐se  com  segmentos pobres da sociedade ao profissional arquiteto ‐ isto ocorre a partir da existência 
dificuldades de inclusão. A cidade não suporta as grandes demandas geradas pelo aumento  da Lei de Assistência Técnica, com o poder público financiando o profissional (como um tipo 
populacional,  rápido  e  desordenado.  Ocupações  irregulares  acabam  se  proliferando  por  de SUS1 ou Defensoria Pública). Essa abordagem permitiria circunscrever o problema apenas 
todos  os  lados;  A  favela  é  o  clássico  exemplo,  onde  a  carência  de  infraestrutura  e  de  como de responsabilidade do poder público. Cabe ver como as Escolas de Arquitetura e os 
saneamento básico são  latentes, como também são os casos  alarmantes em que situações  próprios profissionais se colocam em relação a essa demanda social.  
de risco de desastres naturais ameaçam a população.   Os cursos de Arquitetura e Urbanismo, dada as interfaces com as Ciências Sociais Aplicadas, 
Em  relação  às  áreas  de  atuação,  o  Censo‐CAU  identifica  que  cerca  de  um  terço  (34%)  dos  com as Engenharias e com as Artes, encontram‐se localizados em diferentes arranjos dentro 
profissionais  trabalham  majoritariamente  na  concepção  de  projetos.  16%,  participam  das universidades no Brasil. É de se supor que esse fato resulte em focos diferentes, gerando 
regularmente na fase de execução, o que é significativo apesar de ser um número menor. A  perfis diferentes de arquitetos. Como exemplo, podemos nos referir ao Rio de Janeiro, onde 
arquitetura  de  interiores  é  exercida  por  15%, enquanto  que  pequenas parcelas  do total  da  o  curso  está  correlacionado  à  Escola  de  Belas  Artes/UFRJ;  na  Universidade  de  São  Paulo 
categoria  dedicam‐se  às  atividades,  como  planejamento  urbano  que  representa  (3,99%),  e  (USP) o curso de Arquitetura integra as Ciências Exatas; na Universidade de Brasília (UnB) a 
paisagismo (3,36%).   profissão é tida como Ciências Humanas; na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 
está classificada no campo das Ciências Sociais; Até como Ciência Ambiental é passível se ver 
Aqui cabe uma reflexão sobre o que significam esses  números de  profissionais  atuando  na  inserido, como no artigo2da ecóloga Alessandra Pavesi e da bióloga Denise de Freitas.  
escala  urbana.  Pelo  percentual  visto,  cerca  de  4  mil  arquitetos  (incluindo  consultores, 
profissionais  liberais  e  arquitetos  funcionários  públicos)  trabalham  com  planejamento  A  pesquisa  se  limitou  à  análise  do  currículo  da  FAU/UnB  pelas  restrições  impostas  pelo 
urbano, o que é um número pequeno tendo em conta que o Brasil possui 5.564 municípios1.  tempo  e estrutura  da disciplina de Ensaio Teórico, no âmbito da  qual, se  desenvolveu esse 
Com essa proporção, não teria como ter, ao menos, 1 arquiteto em cada prefeitura.   trabalho,  fato  que  dificulta  a  extrapolação  dos  achados  que  merecem  análises  mais 
                                                            
Quanto  ao  perfil  social  dos clientes,  o  Censo  não  traz  informações  que  possam traçar  com 
exatidão quem está sendo assistido por arquitetos, mas existe a referência que a maior parte  1
 Sistema Único de Saúde. Amparado por um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado, em 1988 pela Constituição 
Federal Brasileira, para ser o sistema de saúde nacional, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a 
                                                             população do país. Fonte: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/entenda‐o‐sus> Acessado em set./2014.  
2
 PAVESI, Alessandra; FREITAS, Denise (2008): A problemática socioambiental na formação do arquiteto: Perspectivas e 
1
Fonte: Senado Federal <http://www12.senado.gov.br/noticias/entenda‐o‐assunto/municipios‐brasileiros>Acessado em  desafios apontados por um estudo do currículo de um curso de arquitetura e urbanismo. Pub. Revista RISCO. UFSCar 
maio/2014.   (Universidade Federal de São Carlos/SP).  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  365   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  366 

apuradas, como nos currículos de outras faculdades, públicas e privadas e de outras regiões  PRO  TEC  THAU 


do país, por exemplo.  Disciplinas (créditos)  Disciplinas (créditos)  Disciplinas (créditos) 

SOBRE A CARGA HORÁRIA DAS DISCIPLINAS DO CURRICULUM DA FAU‐UNB.  1 crédito = 15 horas/aula.  

116 cred. X 15 = 1740 horas.   58 cred. X 15 = 870 horas   40 cred. X 15 = 600 h.  


A análise que se apresenta da formação ofertada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo  1
da Universidade de Brasília é exemplificativa por uma expedida avaliação da distribuição da  Fonte: Sítio “matrícula web ”, acessada em maio 2014. (Elaborado pelo autor). 

carga  horaria  de  seu  curriculum  entre  diferentes  campos  disciplinares.  O  currículo  da  Separando‐se  as  disciplinas  em  áreas  de  conhecimento  (independente  do  departamento), 
FAU/UnB,  hoje  está  estruturado  por  três  Departamentos,  que  aglutinam  diferentes  obtêm‐se  o  gráfico  abaixo,  pelo  qual  é  possível  tomar  dimensão  das  partes  que  compõe 
conteúdos  programáticos  e  reúnem  os  conhecimentos  que  se  espera  do  arquiteto  para  currículo. 
exercer as atribuições que a profissão lhe reserva. Os Departamentos são: Projeto, Expressão  Gráfico 1. Grupamento das disciplinas FAU/UnB por hora/aula. 
e  Representação  ‐  PRO;  Tecnologia  ‐  TEC;  e  Teoria  e  História da  Arquitetura  e  Urbanismo  ‐ 
THAU.  
O  Departamento  PRO  dedica‐se  às  atividades  relacionadas  ao  desenvolvimento  de  projeto 
arquitetônico,  bem  como  a  representação  técnica  e  artística  de  apresentá‐lo  e  também  a 
expressão buscada pelo objeto em todas as suas escalas.  
O  Departamento  TEC  abrange  o  conhecimento  tecnológico necessário à  materialização  das 
ideias de projeto para os espaços arquitetônicos e urbanos, compreendendo os aspectos da 
Tecnologia  da  Construção,  dos  Sistemas  Estruturais,  do  Controle  Ambiental  e  da 
Infraestrutura Urbana.  
O  Departamento  THAU  compete  o  desenvolvimento  de  ensino  e  pesquisa  acadêmica, 
trabalhando no campo teórico e historiográfico da arquitetura e da arte.  
Quadro 2 ‐ Distribuição das disciplinas obrigatórias do curso de Arquitetura e Urbanismo – FAU/UnB, por departamentos e 
por respectivos créditos atribuídos. 
  
PRO  TEC  THAU 
Disciplinas (créditos)  Disciplinas (créditos)  Disciplinas (créditos) 

Projeto Arq. 1– Composição (8)   Introdução a Tecnologia (4)   Introdução a Arq. e Urb. (4)    


 
Projeto Arq.2 ‐ Linguagem (8)   Topografia* IGD (4)   História 1 (4)  
 
Projeto Arq. 3– Habitação (8)   Sistema Estrutural (8)   História 2(4)    
Projeto Arq.4– Grandes Vãos (8)   Concreto (8)   História 3(4)  
Fonte: FAU/UnB (Elaborado pelo autor). 
Projeto Arq.5– Edifício em Altura (8)   Aço (4)   História 4 (4)  
Projeto Arq.6– Funções Complexas (8)  Madeira (4)   História 5 (4)   Para fins desse artigo destaca‐se no Quadro 2, em negrito, as disciplinas que se entende por 
Desenho e Plástica 1 (4)   Materiais de Constr. Teor. (4)   História 6 (4)   possuírem relação direta com as questões urbanas e da habitação popular. A avaliação destes 
Desenho e Plástica 2 (4)   Materiais de Constr.Exp. (2)   Estética (4)   conteúdos  e  carga  horária  revelam  algumas  características  que  traduzem  o  “foco”  da 
Geometria Construtiva (4)   Bioclimatismo (2)   Planejamento Urbano (4)   formação profissional que os alunos da FAU/UnB recebem.  
Desenho Técnico Arquit. (4)   Conforto Térmico (4)   Ensaio Teórico (4)  
Observa‐se que enquanto o currículo abre espaço de 2 créditos para Infraestrutura Urbana e 
CAD e Modelagem 3D (4)   Conforto Sonoro (2)  
BIM – Building Inform. Model. (4)   Conforto Luminoso (2)  
4 para Planejamento Urbano, isto é, 6 créditos num total de 90 horas; dedica 24 créditos ‐
Paisagismo (8)   Instalações prediais (4)  
360  horas  ‐  para  História  da  Arquitetura  e  da  Arte.  Ou  seja,  enquanto  os  temas  das  artes 
Estágio Supervisionado Proj. (4)   Infraestrutura Urbana (2)  
continuam tendo espaço adequado não se pode dizer o mesmo em relação a problemática 
Projeto Urbanístico 1 (8)   Técnicas de Construção (2)   urbana  e  social  das  nossas  cidades,  nem  as  possíveis  soluções  para  qualidade  de  vida  no 
Projeto Urbanístico 2 (8)   Estágio Supervisionado Obra (2)    meio urbano.  
PROAU – Patrimônio (8)                                                               
TFG 1 (4)   1
MATRÍCULA WEB. Disponível em <https://matriculaweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/fluxo.aspx?cod=5126>. Acessado 
TFG 2 (4)  
em: maio 2014. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  367   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  368 

O  foco  está  na  apreciação  e  no  reconhecimento  da  arte,  da  história  da  arquitetura  e  Gráfico 2. Números de trabalhos por temáticas (Ensaio Teórico e Diplomação 1 e 2). Período 2/2013. 
urbanismo, e dos processos de desenvolvimento ocorridos por entre os séculos e seu acervo 
intelectual  e  artístico  formado.  Não  que  não  seja  importante  (não  é  da  pretensão  deste  92 trabalhos (Ensaio Teóricos/Diplomação 1 e 2)
trabalho excluir ou condenar esta vertente legítima), mas parece pertinente a discussão do 
tema na pesquisa que visa justamente identificar a capacidade de resposta dos arquitetos à 
demanda  social  das  cidades  brasileiras.  Não  só  de  capacidade  crítica  de  entender,  mas  de  análise interdisciplinar da arquitetura, arte, técnica.
3
apresentar soluções.  história/patrimonio/estética/apreciação de trabalho e obra
10
Como é de praxe nas grades curriculares de Arquitetura e Urbanismo, a cadeia de concepção  hospital/saúde
4
e  desenvolvimento  de  projeto  é  a  de  maior  carga  horária  e,  nesse  caso,  é  pertinente  a 
habitação
avaliação de seu conteúdo. Das 8 disciplinas de projeto de arquitetura (P.A. 1 a 6; Paisagismo  9
e PROAU‐Técnicas Retrospectivas) apenas 1 disciplina tem como temática a habitação ‐ essa  4 ambiental/ sustentabilidade/ conforto e desempenho
com 8 créditos, equivalentes a 120 horas. Não se deixa de considerar que as disciplinas de 
26 espaço público/intervenção urbana e social
projeto,  mesmo  que  por  temáticas  distintas,  são  acumulativas  de  exercício  da  busca  de  temáticas
soluções projetuais, integrando o conjunto de aprendizado dos  estudantes para o exercício  2 educacional
de qualquer projeto. Mas observa‐se que, somente 1/8 das disciplinas tratam propriamente  3 institucional
da habitação ‐ sem que com isto se esteja tratando necessariamente da habitação popular. 
4
shopping/comercial
Isso  não  parece  condizer  com  a  realidade  a  ser  encarada,  na  qual  o  maior  “produto 
arquitetônico” procurado é a casa1. Vale lembrar que aqui não se entende casa como  uma  7
estação de transporte/mobilidade
edificação  isolada,  mas  na  concepção  apresentada  pela  Agenda  Habitat/ONU  em  1996  já  17
memorial, museu, espaço cultura, esportivo,lazer
referida no texto.  3
creches/asilos/centro comunitários
Temos assim uma formação profissional que discute consideravelmente as coisas já vividas e 
apreciadas enquanto, comparativamente, se fala muito pouco, ou brevemente, da realidade  0 10 20 30
que nos cercam e da busca de solução para os problemas presentes na sociedade, como a 
falta de saneamento ou a situação precária e irregular de mais de 13 milhões de brasileiros   

segundo  dados  do  IBGE.  Quais  soluções  se  esperam,  dos  profissionais  arquitetos,  ao  Fonte: FAU/UnB (elaborado pelo autor). 

entrarem no mercado de trabalho?   Percebe‐se que mesmo com uma carga pequena de disciplinas que tratam propriamente das 
Há  outras  disciplinas  que  tratam  das  questões  da  habitação  e  da  qualidade  urbana/social,  questões  urbanas,  sociais,  de  planejamento  e  habitação,  os  alunos  não  estão  alheios  à 
porém  oferecidas  de  forma  esporádica  e  compondo  a  grade  como  disciplinas  optativas,  problemática existente. O resultado da avaliação demonstra que a maioria adota temáticas 
deixando  a  critério  do  aluno  o  interesse  de  cursá‐la;  Ou  seja,  é  ofertado,  mas  não  relacionadas  aos  temas  sociais.  É  curioso  este  resultado,  e  por  ele  pode‐se  pensar  que  a 
necessariamente  fará  parte  da  formação  do  aluno.  Em  outras  palavras,  possuir  essas  preocupação demonstrada pelos alunos poderia ter, então, maior apoio da grade curricular, 
qualificações  não  integra  necessariamente  do  perfil  profissional  que  a  FAU‐UnB  optou  por  estimulando  a  produção  social  arquitetônica  de  maneira  mais  difundida  e 
formar.   concomitantemente consolidando um pensamento contemporâneo, urbano, político e social, 
debatido de forma mais ampla e legítima entre os docentes e alunos.  
SOBRE AS ÁREAS DE INTERESSE PARA ATUAÇÃO MANIFESTADA PELOS ALUNOS  Esta  verificação  simples  (exploratória,  vale  ressaltar)  permitiu  que  o  trabalho  de  Ensaio 
Para verificar se as aspirações estudantis refletem a forma como o currículo está montado e  Teórico/THAU (disciplina onde a presente pesquisa foi desenvolvida) afirmasse que boa parte 
o grau de prioridade que os alunos atribuem a uma possível resposta às necessidades sociais,  dos  alunos  que  estão  concluindo  o  curso  se  preocupam  com  a  questão  social  e  mostram 
foram  analisadas  as  temáticas  eleitas  em  seus trabalhos  finais  de  graduação  de 2013. Para  interesse em temas de responsabilidade profissional que podem ser tratados no âmbito da 
melhor  explicitar,  segue  abaixo  o  gráfico  que  reúne  por  temáticas  os  últimos  trabalhos  de  Lei de Assistência Técnica, mesmo com muitos ainda não sabendo que ela existe! 
ensaio teórico e projetos de diplomação, desenvolvido por alunos da FAU/UnB.   Entende‐se  que  os  novos  arquitetos  não  ignoram  as  faixas  de  renda  mais  abastadas,  mas 
    entendem  a  demanda  social  como  legítima  e  como  um  nicho  de  trabalho.  A  questão 
colocada não é o arquiteto deixar de produzir o que produz (e para quem produz hoje), mas 
levar a arquitetura onde ela também precisa estar, no âmbito do “serviço comunitário” como 
                                                            
dizia Miguel Pereira.  
1
 Casa, aqui, não se refere literalmente à casa, mas sim ao lar (casa, apartamento, “kitnet”, entre outros tipos 
habitacionais). 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  369   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  370 

4.EXPERIÊNCIAS EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA À MORADIA NO O PROHABITE, realizado pela ONG Visão Mundial em Recife, também é um bom exemplo de 


aplicação  de  assistência  técnica.  De  acordo  com  Sá1,  trata‐se  de  uma  experiência  de 
BRASIL disponibilização  de  microcrédito  habitacional  com  assistência  técnica  para  apoiar  a 
construção  e  reabilitação  de  moradias  para  população  de  baixa  renda  em  comunidades 
A Lei Federal nº 11.888/2008 ‐ Lei de Assistência Técnica ‐ garante às famílias com renda de  urbanas  apoiadas  pela  Visão  Mundial,  sempre  em  parceria  com  organizações  comunitárias 
até  3 salários  mínimos  assistência  técnica  gratuita para  legalização,  construção,  reformas  e  de desenvolvimento local, dentro dos Programas de Desenvolvimento de Área (PDA).  
ampliações nas residências. Segundo a lei, as prefeituras são responsáveis pela operação de 
assistência  técnica,  podendo  estabelecer  parcerias  com  ONG’s  e  empresas  privadas.  Um projeto bem sucedido tem sido o de Construção Assistida, realizado em uma parceria da 
Entretanto,  as  prefeituras  ainda  não  se  mobilizaram  para  disponibilizar  esse  direito  à  Associação Brasileira de Cimento Portland ‐ ABCP, Banco do Nordeste e o Centro Federal de 
população até porque não existe uma condição de penalidade na Lei, que acaba em segundo  Educação  Tecnológica  ‐  CEFET/CE,  na  cidade  de  Fortaleza  no  ano  de  2007.  Este  programa 
plano  diante  de  outras  obrigações  legais  dos  municípios.  Soma‐se  a  isto  a  ausência  de  atendeu  180  casos  de  melhoria  habitacional  através  de  um  modelo  de  disponibilização  de 
cobrança da população ao poder público sobre seu direito.  microcrédito e  assistência  técnica  que  forneceu as  bases  para  o desenvolvimento  de  outro 
programa de assistência para melhoria habitacional na mesma cidade, o Programa Reforma 
Não foram identificadas informações sistematizadas sobre experiências de assistência técnica  Mais, iniciado em fevereiro de 20102.  
a  moradia  como  decorrência  da  Lei  nº  11.888/2008,  o  que  indica  sua  pouca  efetividade  e 
visibilidade no cenário nacional. É de se supor que devam ocorrer seminários para monitorar  Uma iniciativa que chama muito a atenção, principalmente pelo seu caráter público, são os 
estas experiências e verificar as causas das dificuldades encontradas para além do que aqui  Postos de Orientação Urbanística e Social – POUSO, criados pela Prefeitura do Rio de Janeiro 
foi investigado em relação a formação do arquiteto.  em 2005 e em funcionamento até hoje. No total, foram implantados 30 POUSO’s, atendendo 
a 64 comunidades que passaram ou passam pelo processo de regularização urbanística. Os 
A título de rememorar as motivações da Lei de Assistência Técnica foi procedido um resumo  POUSO’s  são  postos  descentralizados  da  Prefeitura  do  Rio  de  Janeiro,  implantados  nas 
de  algumas  experiências  pioneiras  anteriores  a  edição  da  Lei.  A  assistência  técnica  já  foi  comunidades  beneficiadas  por  programas  de  urbanização  e  têm  por  objetivo  promover  a 
desenvolvida em diferentes pontos do país, de caráter público, privado ou social, destinadas  consolidação  destas  áreas,  buscando  assegurar  a  real  integração  à  cidade  formal.  Esses 
a  moradores  de  conjuntos  habitacionais,  também  a  moradores  de  outros  tipos  de  postos desenvolvem ações de orientação social, assistência técnica, regularização urbanística 
assentamentos (favelas reurbanizadas, bairros pobres populares, etc.).   e fiscalização, estabelecendo parcerias com órgãos governamentais e ONGs.   
Em  1976,  no  Estado  do  Rio  Grande  do  Sul,  o  programa:  Assistência  Técnica  à  Moradia  Parte  importante  deste  processo  é  a  assistência  técnica,  atividade  na  qual  arquitetos  e 
Econômica  ‐  ATME,  atuou  no  atendimento  das  necessidades  da  população  de  baixa‐renda.  engenheiros  do  POUSO  fazem  projetos  e  orientam  para  que  as  casas  sejam  mais  salubres, 
Desenvolvido  pelo  arquiteto  e  vereador,  Clóvis  Ilgenfritz,  era  oferecido  assistência  técnica  seguras  e  regulares.  Este  projeto  ganhou  o  Prêmio  de  Melhores  Práticas,  em  2005,  em 
gratuita às famílias que não possuíam condições de arcar com os custos da contratação de  concurso promovido pela Fundação Habitat, Fórum Ibero Americano e do Caribe e Prefeitura 
profissionais para a projetação e construção de casas. Esta foi a primeira semente plantada,  de  Medellín.  Além  disto,  o  projeto  gerou  a  valorização  de  toda  a  área,  o  que  leva  os 
que logo foi difundida por todo país.  moradores a  investir em melhorias de suas casas, sendo sempre atendidos por serviços de 
O  I  Seminário  Nacional  de  Assistência  Técnica,  promovido  pelo  Ministério  das  Cidades  em  assistência técnica pelos profissionais dos POUSO’s.  
2005,  avaliou  79  experiências  com  assistência  técnica  em  todo  o  Brasil  que  foram 
posteriormente  publicadas  no  caderno  “Experiências  em  Assistência  Técnica  no  Brasil”1,  ALGUMAS LIÇÕES APRENDIDAS 
também do Ministério das Cidades.   Estas  experiências  contam  com  um  modelo  de  atuação  diferente,  mas  todas  apresentam 
Destaca‐se o Programa de Moradia Econômica de Bauru ‐ PROMORE, criado pelo Sindicato  dificuldades  muito  parecidas,  dentre  as  quais  a  de  sustentabilidade  econômica,  já  que 
dos  Engenheiros  do  Estado  de  São  Paulo,  em  parceria  com  a  Prefeitura  do  Município  de  poucas  delas  foram  promovidas  por  órgãos  públicos  e  dentro  de  programas  contínuos  de 
Bauru. Segundo Misleh2, há mais de 20 anos este programa auxilia a população da cidade a  atendimento. Assim,  verifica‐se que a Lei não tem sido efetiva. A  viabilização deste serviço 
construir,  reformar  e  regularizar  suas  casas  através  da  assistência  de  profissionais,  no Brasil ainda não foi obtida de forma satisfatória, ou seja, com resultados em larga escala e 
engenheiros e arquitetos, que executam os projetos, fazem a regularização junto à prefeitura 
e acompanham a obra. Os moradores que aderem ao programa têm descontos nas taxas de 
regularização do imóvel, mas pagam um pequeno valor pelo serviço de assistência.  
                                                            
                                                             1
SÁ, W. L. F. de. Programa de Melhoria Habitacional – PROHABITE: Experiência de microcrédito habitacional com 
assistência técnica. I Seminário Assistência Técnica: Um Direito de Todos: Construindo uma Política Nacional. Campo 
1
CUNHA, E. M. P.; ARRUDA, A. M. V.; MEDEIROS, Y (org.). Experiências em habitação de interesse social no Brasil. Brasília:  Grande, 2005. Disponível em: < http://www.fna.org.br/seminario/pdfs/Tema(1)Palestra%20(2).pdf >. Acesso em: 21 fev. 
Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação, 2007. 219 p.  2010.  
2 2
MISLEH, Soraya. ABC do PROMORE. Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo. São Paulo: Sindicato dos  SAITO, C. M; FRIGIERI JR, V. Construção Assistida – Projetos Selecionados. Associação Brasileira de Cimento Portland, 
Engenheiros no Estado de São Paulo, 2009.   Banco do Nordeste e CEFET‐CE, São Paulo, 2007. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  371   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  372 

que sejam possíveis de multiplicação, afirma Garrido e Azevedo1.   contratação de quadro técnico específico. Selecionar as famílias que serão contempladas, e 
garantir  o  atendimento  direto  facilitando  o  diálogo  dos  sistemas  integrados.  Garantir 
De modo  geral, faltam instrumentos que possam dar suporte à operação e  processos  mais 
padronizados  de  atendimento.  É  preciso,  também,  trabalhar  a  geração  de  valor  para  o  recursos anual no orçamento. 
usuário, que muitas vezes tem dificuldade em perceber o valor do serviço antes que ele seja  Aos profissionais cabe a capacidade de conhecer e propor soluções respeitando as premissas 
realizado.  Cabe,  portanto,  aos  técnicos  demonstrar  os  benefícios  da  assistência  técnica  ao  de  um  bom  projeto,  consistente  e  bem  resolvido.  Observar  as  normas  e  leis  balizadoras  e 
morador  e  à  mão‐de‐obra,  como  a  economia  e  a  redução  do  desperdício.  Como  a  equipe  educar  os  “clientes”  à  cultura  do  planejamento,  da  importância  dos  projetos,  e  a 
técnica tem que ter a habilidade de lidar com as funções técnicas e sociais, é preciso que os  manutenção da edificação. 
gestores  desse  tipo  de  programa  invistam  em  processos  de  seleção,  treinamento  e 
Às entidades de classe, conselhos e sindicatos cabem representar e fiscalizar. Divulgar a Lei 
motivação das equipes.   de  Assistência,  monitorar  sua  efetivada  e  contribuir  para  encaminhamento  dos  obstáculos 
Outra  barreira  recorrente,  de  caráter  técnico,  diz  respeito  à  correção  de  patologias  e  entrepostos para sua efetividade. Assegurar a ART – Anotação de Responsabilidade Técnica ‐  
intervenções  estruturais,  encaradas  com  muita  dificuldade  pelos  técnicos,  que,  em  sua  a toda cadeia envolvida e firmar parcerias com o poder público e as entidades da sociedade 
maioria,  são  jovens  engajados  na  questão  social,  mas  ainda  sem  a  experiência  necessária  civil para ampliar e aprimorar os serviços de assistência. 
para  lidar  com  essas  situações.  Nota‐se,  segundo  Garrido  e  Azevedo,  entretanto,  que  a  Aos Estados e União cabem garantir e implantar. Formular a aplicar políticas que promovam 
maioria  dos  profissionais  mais  experientes  e  mais  preparados  para  lidar  com  as  questões 
o acesso a assistência, tendo em vista as realidades locais. Instituir programas e ações que 
estruturais  e  patologias  das  edificações,  ou  seja,  em  condições  de  atuar  no  sentido  de  estruturam  e  promovam  os  serviços,  bem  como  a  destinação  de  verba  que  subsidie  os 
resolver tais questões, apresenta certa resistência em participar dessas experiências.  
programas municipais. 
Grande  parte  dessa  resistência  se  deve  às  questões  relativas  à  responsabilidade  técnica 
desses  profissionais  ao  intervir  em  uma  edificação  da  qual  não  têm  conhecimento  algum 
sobre  a  qualidade  dos  materiais  e  dos  serviços  executados.  De  acordo  com  a  legislação  CONCLUSÃO
vigente,  ao  intervir  na  edificação,  o  profissional  passa  a  ser  responsável  por  ela,  mesmo 
sobre aquilo que não foi projetado ou executado por ele. Dessa forma, a maioria prefere não  A frase que já compõe várias avaliações da condição da urbanização brasileira que diz “...A 
atuar  em  habitações  autoconstruídas  ou  autogeridas  para  evitar  problemas  futuros,  o  que  arquitetura  brasileira,  não  obstante  seu  inegável  sucesso  internacional,  fracassou  no  seu 
acaba sendo mais um gargalo para a difusão da assistência técnica para construção e reforma  papel  social”  deveria  nos  inspirar  mais  na  articulação  dos  diferentes  segmentos  acima 
de habitações populares.  referidos  na  busca  para,  pelo  menos,  no  que  tange  a  profissão  do  arquiteto,  este  poder 
avaliar seu papel de forma positiva. 
Refletir sobre o entendimento de que o arquiteto de “sucesso” é aquele que tem sua obra 
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS publicada  nas  revistas  especializadas  como  sendo  a  única  faceta  da  profissão  digna  de 
destaque;  que o atendimento ao  mercado  de  alto padrão é a  única alternativa para trilhar 
A  aplicabilidade  da  assistência  técnica  exige  papeis  diferentes  a  cada  agente  envolvido: 
um  caminho  profissional  de  reconhecimento  para  um  outro  entendimento  onde  existe 
Cidadãos; Universidades, Profissionais; Entidades de Classe; Prefeituras, Estados e União.   possiblidade  de  “sucesso”  como arquiteto  público  que  soluciona  os  problemas  sociais  com 
Ao  cidadão  cabe  conhecer  e  exigir.  Organizar‐se  para  participar  do  processo,  cobrar  a  visibilidade de trabalho publicado e reconhecimento expresso financeiramente. 
inclusão  dos  programas  de  assistência  no  orçamento  participativo  da  cidade.  Exigir 
Pois,  nas  condições  atuais  para  uma  atuação  social  é  comum  ver  arquitetos  com  anos  de 
responsáveis  técnicos  no  projeto  e  na  construção,  reforma,  ou  ampliação,  bem  como  na  experiência  tendo,  na  prática,  que  pagar  para  trabalhar.  Ou  aceitando  remunerações  pífias 
recuperação de áreas degredadas, de risco, que visam a regularização fundiária. Divulgar os 
para poder exercitar o atendimento da demanda que escolheu para trabalhar. 
programas habitacionais e de assistência afim de sensibilizar os seus vizinhos.  
A responsabilidade pelo desvio das expectativas em torno da profissão não é (somente) dos 
Às Universidades, por meio de suas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, devem ajustar 
próprios arquitetos é coletiva como já referido pois a extrema centralização em torno de um 
seus currículos para responder as demandas sociais;  único modelo profissional é apenas o reflexo de um processo social pelo qual a profissão da 
Às  prefeituras  cabem  basicamente  implantar  e  fiscalizar  a  assistência  técnica  com  a  arquitetura colocou‐se em uma posição de elitização e de afastamento da realidade urbana, 
como decorrência do longo período de autoritarismo e de políticas econômicas de extrema 
                                                             concentração da renda.  
1
GARRIDO, Micheli; AZEVEDO, Luiz Reynaldo. Assistência Técnica para melhoria habitacional. Disponível  O  caminho  é  longo,  porém  é  factível.  A  Lei  tem  precedências  –  histórico  –  de  ações  que 
em<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.157/4803>.Acessado em maio/2014.  funcionaram e outras nem tanto, e também tem a necessidade – déficit habitacional ‐  que 
  se  faz  latente  no  país.  O  recente  instituído  Conselho  de  Arquitetura  e  Urbanismo  –  CAU 
representa uma força capaz de promover o debate, o estímulo, a conscientização profissional 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  373   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  374 

e  cidadã  no  que  tange  a  assistência  técnica  e  a  relevância  do  projeto  arquitetônico  como  Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ: uma experiência com a 
instrumento de planejamento prévio fundamental.  
flexibilidade e a autonomia 
Em  que  pese  os  impasses  a  perspectiva  para  a  aplicabilidade  da  Lei  é  positiva  quando  se 
verifica  que  os  novos  arquitetos  estão  sensibilizados  para  o  tema.  Além  das  benfeitorias 
Rafael Silva BRANDÃO 
sociais no amparo das necessidades da baixa renda, pode agir como uma “injeção de ânimo”  UFSJ – Universidade Federal de São João Del Rei; [email protected] 
no  campo  da  prática  profissional  (refletida no  ensino, concomitantemente)  como  um  novo  Flávia Nacif da COSTA 
nicho  de  mercado  de  atuação,  transformando  o  pensamento  cultural  a  longo  prazo,  UFSJ – Universidade Federal de São João Del Rei; [email protected] 
mostrando uma arquitetura não predominantemente elitista, mas apenas a arquitetura onde   
ela precisa estar. 
RESUMO 
Este  trabalho  tem  o  objetivo  de  apresentar  as  premissas  que  nortearam  a  criação  e  implantação  do  Projeto 
REFERÊNCIAS Pedagógico  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UFSJ,  bem  como  as  reflexões  críticas  em  torno  de  sua 
expansão  e  sua  constante  capacidade  de  adaptação  mediante  as  experiências  do  cotidiano  do  curso.  Nesse 
sentido, destaca‐se uma linha de pensamento e atuação diferenciada no cenário acadêmico brasileiro, à medida 
CAU/BR. Disponível em <http://www.caubr.gov.br/?p=14019>.Acessado em 07 de julho de 2014. 
que  a  flexibilidade  e  a  autonomia  no  processo  de  ensino  e  aprendizagem  tornam‐se  eixos  fundamentais  da 
CUNHA, E. M. P.; ARRUDA, A. M. V.; MEDEIROS, Y (org.). Experiências em habitação de interesse social no Brasil.  formação de arquitetos críticos, atuantes e socialmente conscientes. 
Brasília: Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação, 2007. 219 p.  PALAVRAS‐CHAVE: projeto pedagógico, ensino, flexibilidade, autonomia, arquitetura. 
GARRIDO, Micheli; AZEVEDO, Luiz Reynaldo. Assistência Técnica para melhoria habitacional. Disponível em <   
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.157/4803>.Acessado em 16 de maio 2014. 

GRAEFF, Edgar A.As condições da formação do arquiteto na Revolução Industrial.  
MATRÍCULA WEB. Disponível em https://www.matriculaweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/fluxo.aspx?cod=5126 .  1 INTRODUÇÃO – CONTEXTO E PERFIL
Acessado em: 16 de maio 2014. 
MISLEH, Soraya. ABC do PROMORE. Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo. São Paulo: Sindicato dos 
O  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  Federal  de  São  João  del‐Rei  está 
Engenheiros no Estado de São Paulo, 2009.   inserido na cidade de São João del‐Rei, município da mesorregião do Campo das Vertentes, 
no centro‐sul do estado de Minas Gerais. A cidade sede, com cerca de 88 mil habitantes1, é 
PAVESI, Alessandra; FREITAS, Denise (2008): A problemática socioambiental na formação do arquiteto: 
Perspectivas e desafios apontados por um estudo do currículo de um curso de arquitetura e urbanismo. Pub.  polo  regional,  principalmente  como  centro  educacional  –    estimulado  pela  existência  da 
Revista RISCO. UFSCar (Universidade Federal de São Carlos/SP).  Universidade.  A  região  conta  com  uma  ocupação  originária  no  período  colonial  brasileiro, 
SÁ, W. L. F. de. Programa de Melhoria Habitacional – PROHABITE: Experiência de microcrédito habitacional com 
vinculada  a  uma  economia  mineradora,  contando  com  parque  edificado  do  período 
assistência técnica. I Seminário Assistência Técnica: Um Direito de Todos: Construindo uma Política Nacional.  relativamente preservado. 
Campo Grande, 2005. Disponível em: < http://www.fna.org.br/seminario/pdfs/Tema(1)Palestra%20(2).pdf >. 
A implantação do curso ocorreu no âmbito do programa de Reestruturação e Expansão das 
Acesso em: 21 fev. 2010. 
Universidades Federais (REUNI), iniciado pelo governo federal em 2009. Entende‐se que, no 
SAITO, C. M; FRIGIERI JR, V. Construção Assistida – Projetos Selecionados. Associação Brasileira de Cimento  momento  da  expansão  da  universidade  pública  brasileira,  torna‐se  mais  relevante  a 
Portland, Banco do Nordeste e CEFET‐CE, São Paulo, 2007. 
discussão  sobre  o  processo  tradicional  de  formação  dos  arquitetos  que,  desde  o 
Renascimento, voltou‐se para o planejamento e projeto de espaços extraordinários (grandes 
edifícios públicos, ou edifícios privados de dimensões e/ou relevância pública). O arquiteto, 
deste modo, unia arte e técnica na realização de obras com forte caráter autoral, baseadas 
em cânones discutidos exclusivamente dentro dos círculos de arquitetura. A partir do século 
XIX,  dentro  da  lógica  industrial  e  iluminista2,  houve  um  crescimento  da  demanda  por 
formação superior que superou a demanda existente por espaços extraordinários, forçando 
os arquitetos a se ocuparem também das demandas dos espaços cotidianos. Sua formação, 
entretanto, permaneceu conectada às grandes obras autorais, fazendo com que o arquiteto 
se desconecte da experiência ordinária do espaço e do seu usuário, fixando‐se somente nas 
questões plásticas e/ou técnicas que dizem respeito a estes espaços. 
                                                            
1
 fonte: IBGE, 2014 <http://cod.ibge.gov.br/234VF> 
2
 Stevens (1998) discute este processo na arquitetura norte‐americana no decorrer do século XIX. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  375   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  376 

Partindo  da  crítica  deste  contexto  atual  da  arquitetura  e  do  urbanismo  e  entendendo  as  diferente daquela utilizada nos grandes centros e em suas regiões metropolitanas. Ainda que 
demandas  regionais observadas, foi traçado um  perfil para  o curso e seu egresso que vem  muitas  questões  sejam  compartilhadas  com  o  mundo  globalizado,  há  a  necessidade  de 
sendo  orientado  em  três  eixos  principais,  alimentados,  complementados  e  ampliados  por  adaptação  à  escala  do  local,  na  proporção  do  tamanho  do  território  e  também  dos 
outras discussões contemporâneas relevantes global e localmente: Obra Civil, Planejamento  problemas  enfrentados,  contextualizando  as  possíveis  formas  de  ação  pelo  campo  do 
Urbano e Regional e Patrimônio Histórico.  urbanismo e da arquitetura. 
Vale lembrar ainda que, à medida que a concepção do edifício não está desconecta de seu 
EIXO DE OBRA CIVIL: 
entorno,  e  de  todo  contexto  em  que  se  insere  ‐  social,  econômico,  político,  ambiental,  a 
Ao  entender  a  autoprodução  de  edifícios  como  principal  processo  de  construção  no  Brasil  produção  do  objeto  se  mescla  à  do  espaço  urbano.  Não  é  possível  lidar  com  demandas 
(BONDUKI,1998;  FERRO,  2012),  atingindo  cerca  de  70%  do  parque  edificado  brasileiro1,  específicas  da  construção  do  espaço  arquitetônico  sem  compreender  a  lógica  de  sua 
valoriza‐se uma formação que exceda o paradigma da perspectiva e da projeção mongeana,  infraestrutura  urbana  e  as  consequências  de  sua  implantação  na  cidade,  sejam  elas  físicas 
conectando novamente o arquiteto com o objeto construído e sua materialidade.  (na própria ocupação do território) ou da ordem do planejamento e da gestão de recursos e 
Busca‐se  assim  superar  a  dicotomia  entre  obra  e  desenho  nascida  com  o  Renascimento  e  lugares.  Também  é  preciso  identificar  os  aspectos  globais  de  funcionamento  de  edifícios  e 
aprofundada  nos  anos  seguintes.  Entende‐se  que  o  processo  de  materialização  do  espaço  cidades para entender como questões locais se enquadram no panorama geral.  
(seja  urbano  ou  arquitetônico)  tem  a  mesma  relevância  de  seu  processo  conceptivo  e  Assim,  objetiva‐se  não  só  a  compreensão  generalista  dos  processos  de  planejamento  e 
portanto  precisa  ser  compreendida  pelo  arquiteto  e  urbanista.  Os  materiais  passam  a  ser  gestão nas escalas urbanas e regionais, mas também um entendimento das possibilidades de 
explorados  a  partir  de  seu  potencial  plástico,  funcional  e  estético,  sendo  utilizados  com  aplicação  à  realidade  e  às  características  próprias  da  região  analisada,  atendendo  às  suas 
maior propriedade e eficiência nas soluções propostas (YOPANAN, 2000). Cria‐se  ainda uma  especificidades.  O  projeto  pedagógico  do  curso  engloba,  neste  eixo,  uma  sólida 
ampliação  do  campo  de  atuação  profissional  do  egresso,  que  pode  também  atuar  no  instrumentação  e  sensibilização  crítica  para  a  participação  em  equipes  multidisciplinares 
acompanhamento  da  construção,  demanda  frequente  principalmente  dos  construtores  de  voltadas à elaboração de políticas públicas e diretrizes urbanas para o desenvolvimento de 
pequeno porte, nas regiões interioranas do país.  pequenas  e  médias  cidades,  considerando‐se  a  identificação  e  a  preservação  da  paisagem 
Chama‐se a atenção ainda para a importância de trabalhar novos processos propositivos que  cultural  e  natural,  assim  como  o  incentivo  ao  envolvimento  das  comunidades  locais  no 
contem com a participação tanto dos executores das obras quanto dos usuários, evitando a  processo de gestão urbana.  
concepção  solitária  e  autoral  do  projeto.  Também  se  busca  inserir  no  debate  as  novas 
possibilidades  tecnológicas  de  intervenção  no  espaço,  sejam  elas  novos  mecanismos 
EIXO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO:  
tecnológicos  de  interação  ou  novas  estratégias  de  fabricação,  conformação  e  utilização  de  Considerando  o  contexto  histórico  no  qual  o  curso  está  inserido,  não  é  possível  evitar  o 
materiais, principalmente aquelas relacionadas aos processos digitais.  debate  constante  entre  a  inserção  de  propostas  contemporâneas  e  sua  interface  com  o 
parque  edificado  já  existente.  A  cidade  de  São  João  del‐Rei  conta  com  um  expressivo 
EIXO DE PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL:   patrimônio  de  arquitetura  colonial,  especialmente  em  seu  centro  histórico,  sobre  o  qual 
Por  sua  localização,  o  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UFSJ  lida  com  o  panorama  incidem tombamentos federais  (Decreto‐Lei  Federal  N°  25,  de  30  de  novembro  de  1937) e 
delineado  pelas  especificidades  da  realidade  urbana  das  cidades  brasileiras  de  pequeno  e  municipais (Lei Municipal N° 3.531, de 06 de junho de 2000).  
médio porte,  onde ainda existe uma carência de estruturas de planejamento e gestão. Isto  Há um atuante conselho de patrimônio na cidade, que ainda não conta com diretrizes claras 
abrange  todos  os  níveis  da  gestão  pública  municipal,  desde  a  disponibilidade  de  recursos  que orientem suas ações, o que faz com que parte das edificações da cidade, principalmente 
humanos  para  planejamento  e  fiscalização  até  a  existência  de  uma  base  de  dados  de  no  centro  histórico,  acabem  por  adotar  como  estratégia  de  composição  com  o  patrimônio 
referência  e  de  um  arcabouço  legislativo  que  discipline  e  oriente  a  ocupação  do  solo  histórico  a  lógica  do  pastiche,  com  representações  contemporâneas  reduzidas  à  referência 
urbano2. As redes de infraestrutura apresentam‐se muitas vezes inexistentes, ineficientes ou  formal da arquitetura colonial. 
degradadas,  sem  registro  técnico  de  sua  implantação  que  permita  complementação  do 
Neste  sentido,  cabe  uma  discussão  das  cartas  patrimoniais  e  teorias  mais  recentes  (CURY, 
traçado. 
2000  1,  BRANDI,  2008),  bem  como  de  práticas  contemporâneas  de  intervenção  no 
Nesse sentido, a lógica que se deve utilizar na aproximação, compreensão e diagnóstico das  patrimônio  construído,  no  sentido  Entende‐se  que  a  maior  dificuldade  de  lidar  com  as 
questões  urbanas  existentes  e/ou  na  criação  de  um  plano  consistente  para  o  futuro  é  questões  da  revitalização,  restauração,  preservação  e  intervenção  no  espaço  urbano  e 
                                                             arquitetônico  reside  no  consenso  dos  critérios  de  avaliação  do  objeto,  em  atestar  sua 
1
relevância  e  saber  abordá‐lo  de  modo  coerente  ao  passado  e  também  ao  presente, 
 Cf. http://revista.construcaomercado.com.br/negocios‐incorporacao‐construcao/55/artigo121578‐1.asp, consulta em 
outubro de 2009.                                                              
2
 Lembra‐se aqui que a cidade conta apenas com um Plano Diretor (Lei nº 4.068 , 13 de novembro de 2006), ainda não 
1
plenamente implantado, sem grande parte da legislação complementar necessária, p. e. uma Lei de Uso e Ocupação do   Dentre as mais relevantes temos a Carta de Atenas (1934), Carta de Veneza (1964) e a Carta de Washington (1987), que 
Solo.  contradizem muitas das políticas adotadas na cidade de São João del‐Rei. 
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adaptando‐se ao contexto atual e às novas demandas de experiência e uso contemporâneos.  qual  o  aluno  busca  apropriar‐se  dos  conteúdos  apreendidos  nas  unidades  curriculares 
teóricas, aplicando‐os em propostas espaciais em diversas escalas e âmbitos de atuação; 
de  adequar  as  demandas  atuais  da  experiência  do  espaço  e  da  construção  da  cidade  à 
convivência com o tecido e edifícios históricos ainda existentes, sem congelar o crescimento  d)  formação  generalista  com ênfases  regionais:  inserindo  as questões  regionais  relevantes 
de sua arquitetura e de sua infraestrutura urbana. Para este projeto pedagógico, a dimensão  nos eixos principais do curso, mas buscando uma formação de fato diversificada e completa, 
crítica  em  torno  do  tema  do  patrimônio  torna‐se  tão  importante  quanto  o  próprio  que permita ao aluno atuar em diversas áreas no campo; 
conhecimento das técnicas de intervenção junto ao mesmo.   
e)  estímulo  às  experiências  de  trabalho  externas  e  à  formação  complementar:  com  a 
criação  de  unidades  curriculares  que  contabilizem  estas  experiências  na  carga  horária  do 
FORMAÇÃO GENERALISTA:  
aluno  e  proporcionando  horários  livres  no  decorrer  do  curso  para  a  efetivação  desta 
Apesar do reforço nas discussões dos eixos o curso busca manter uma formação generalista1,  formação complementar. 
compatível com Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo 
f)  integração  entre  projeto  e  tecnologia  visando  a  uma  formação  social:  desfazendo  a 
e  das  atribuições  profissionais  definidas  pela  Resolução  n°2  do  CAU/BR  2.  As  competências 
polaridade  entre  arte  e  tecnologia  e  direcionando  os  alunos  a  uma  prática  ética,  cidadã  e 
requeridas do Arquiteto e Urbanista estão no artigo 5° da referida resolução e orientam os 
socialmente inserida. 
princípios e diretrizes do currículo proposto. 
ESTRUTURA CURRICULAR 
2 ESTRUTURA CURRICULAR O curso é organizado em dois momentos: um primeiro de Fundamentação, que acontece nos 
dois primeiros períodos, e um segundo momento, de Profissionalização, que ocorre a partir 
DIRETRIZES CURRICULARES  do terceiro período, culminando com o Trabalho Final de Graduação (TFG). Estes momentos 
contêm  dois  tipos  de  atividades:  internas,  contabilizadas  em  horas‐aula  de  55  minutos 
A estrutura curricular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ foi pensada não como  (disciplinas  do  ciclo  de  fundamentação,  estúdios,  módulos  e  trabalhos  integrados),  e 
um  objeto  finalizado  e  enrijecido,  mas  antes  como  um  instrumento  de  mediação  entre  externas  ou  de  orientação  (Atividades  complementares,  Estágio  e  Trabalho  Final  de 
agentes e interessados (instituição, alunos, docentes, técnicos e a sociedade como um todo).  Graduação), contabilizadas em horas‐relógio de 60 minutos. 
Neste  sentido,  ele  é  norteado  pelas  seguintes  diretrizes,  condizentes  com  o  Art.  5°  da 
Resolução 027/2013 do Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão (CONEP/UFSJ)3:   A  carga‐horária  de  3.600  horas1  é  idealmente  dividida  de  forma  equilibrada,  sendo  que  o 
aluno é estimulado a cursar a carga horária prevista em cada um dos dois primeiros períodos, 
a) flexibilidade curricular: reduzindo o número de unidades curriculares obrigatórias e pré‐ podendo  personalizar  a  partir  do  terceiro  período.  Há  uma  diminuição  gradativa  da  carga 
requisitos  ao  mínimo,  garantindo  uma  diversidade  de  arranjos  curriculares  e  formas  de  horária a partir do terceiro período, visando à consolidação da autonomia do aluno. 
apropriação de conteúdos;  
Com o objetivo de garantir a flexibilidade proposta nas diretrizes, o currículo é estruturado 
b)  incentivo  à  autonomia:  ligada  à  flexibilidade,  tornando  o  aluno  responsável  pelo  seu  em três tipos de ementas para as unidades curriculares: 
percurso acadêmico, estimulando a formação de capacidade crítica e o meta‐aprendizado do 
discente;  a) fixas: dentro dos moldes tradicionais, definindo os conteúdos a serem abordados que são 
essenciais  na  formação  dos  alunos  e  garantem  a  base  para  as  discussões  posteriores  no 
c) integração entre teoria e prática: com a criação de unidades curriculares autônomas na  curso;  fazendo  parte  deste  grupo  principalmente  as  disciplinas  panorâmicas  do  ciclo  de 
fundamentação e as unidades curriculares do Trabalho de Curso; 
                                                            
1
b) maleáveis: integrando o conhecimento de áreas diversas ao redor de um mesmo trabalho, 
 MEC, CNE, CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resolução Nº 2, de 17 de junho de 2010. Institui as Diretrizes Curriculares 
fortalecendo a interdisciplinaridade e a capacidade crítica do aluno e o preparando para as 
Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e alterando dispositivos da Resolução CNE/CES n°6/2006. Disponível em 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com _docman&task=doc_download&gid =5651&Itemid= . Acesso em março de 
atividades propositivas ao longo do curso (são deste tipo as ementas das Oficinas); 
2013.  c)  genéricas:  nas  quais  são  trabalhados  temas  abrangendo  uma  gama  de  unidades 
2
 BRASIL. Conselho de, Arquitetura e Urbanismo. Resolução 21, de 5 de abril de 2012. Dispõe sobre as atividades e 
curriculares específicas variáveis ao longo do curso, compreendendo aí os Estúdios, Módulos 
atribuições profissionais do arquiteto e urbanista e dá outras providências. Disponível em:  e Trabalhos Integrados.  
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/ resolucao‐cau‐21‐2012.htm. Acesso em março de 2013.                                                              
3 1
 BRASIL. Universidade Federal de São João del Rei. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Resolução n° 027 de 11 de   Horas relógio, conforme estabelecido em  MEC, CNE, CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resolução Nº 2, de 18 de junho 
setembro de 2013. Estabelece definições, critérios e padrões para organização dos projetos pedagógicos de Cursos de  de 2007. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação, 
Graduação da UFSJ. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/portal2‐ bacharelados, na modalidade presencial . Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/rces002_07.pdf; 
repositorio/File/soces/Res027Conep2013_EstabeleceNormasPPCs_Graduacao(1).pdf. Acesso em maio de 2014  Acesso em março de 2013 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 379   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  380 

Para  preservar  a  liberdade  do  aluno  no  seu  percurso  acadêmico  e  evitar  retenções  quatro instâncias.  A  primeira, caracterizada como ciclo Intermediário, vai idealmente do 3º 
excessivas, os pré‐requisitos são aplicados predominantemente aos ciclos e não às unidades  ao 6º período e conta com unidades curriculares de duração bimestral, que conferem maior 
curriculares isoladamente. Por exemplo, para cursar o ciclo Intermediário, o aluno precisa ter  velocidade (ao realizar várias propostas em um curto espaço de tempo) e foco (ao limitar o 
concluído com aprovação as disciplinas práticas do ciclo de fundamentação e 80% da carga  número de unidades curriculares concomitantes em três ou quatro e não seis ou sete como 
horária  teórica;  para  cursar  o  ciclo  Avançado,  o  aluno  deve  ser  aprovado  na  Avaliação  ocorre nos cursos convencionais) ao aluno. Para cada período letivo (no caso deste ciclo, a 
Intermediária de Curso (AIC), que analisa o portfólio produzido no ciclo de Fundamentação e  cada bimestre), o aluno constrói um plano de trabalho, constituído de uma disciplina prática 
em oito (8) Estúdios Intermediários cursados.  –  Estúdio  –,  um  determinado  número  de  disciplinas  teóricas  –  Módulos  –  e  uma  unidade 
A  representação  gráfica  do  desenho  curricular  pode  ser  visto  na  figura  1,  com  as  cargas  curricular autônoma – Trabalho Integrado –, na qual o aluno produz, com tutoria individual, 
um caderno técnico‐teórico conectando suas atividades do período.  O resultado do Trabalho 
horárias colocadas sob o nome das unidades curriculares1. 
Integrado é compilado em um portfólio que, ao final do ciclo, é submetido a um processo de 
Figura 1: Representação gráfica do desenho curricular 
avaliação que verifica eventuais carências de conteúdo na sua formação, indicando unidades 
curriculares  complementares  a  serem  cursadas.  A  segunda  instância,  caracterizada  como 
ciclo  Avançado,  tem  estrutura  semestral,  semelhante  ao  ciclo  Intermediário,  buscando 
promover um aprofundamento no exercício da prática projetual e de planejamento urbano e 
regional.  Separando  o  ciclo  Intermediário  do  Avançado  propõe‐se  um  semestre  sem 
atividades  letivas  obrigatórias,  dedicado  à  terceira  instância,  o  Estágio  Curricular 
Supervisionado, que pode ser realizado em outras cidades. 
Ao  final  o  aluno  conclui  a  quarta  e  última  instância  profissionalizante,  ao  desenvolver  o 
Trabalho  de  Curso  em  dois  semestres:  o  primeiro,  idealmente  em  seu  9°  período,  com  a 
elaboração  de  um  plano  de  trabalho  na  disciplina  Seminários  de  Trabalho  Final  de 
Graduação, cursada concomitantemente ao Ciclo Avançado, e o segundo, idealmente em seu 
10°  período  na  unidade  curricular  Trabalho  Final  de Graduação  para  a  efetiva execução  do 
plano. 
Distribuída  do  terceiro  ao  nono  períodos,  ampla  carga  de  optativas  e  eletivas  livres  e 
atividades complementares completam a estrutura proposta. 

3 DETALHAMENTO E IMPLANTAÇÃO

 
CICLO DE FUNDAMENTAÇÃO 
Fonte: Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ, 2013. 
O curso inicia‐se com a disciplina prática Oficina I, trabalhando os processos de percepção, 
Os  dois  primeiros  períodos  iniciais,  compondo  o  ciclo  Introdutório,  são  dedicados  à 
proposição, execução e representação de intervenções espaciais. Busca‐se substituir a lógica 
fundamentação. A instrumentação clássica é substituída por uma abordagem voltada para a 
estrita da instrumentação para o projeto por um desenvolvimento da capacidade de crítica e 
crítica  e  problematização.  Busca‐se  a  construção  da  autonomia  do  aluno,  sensibilizando‐o 
problematização, levando a estratégias e soluções mais complexas e menos absolutas.  
para  as  questões  relativas  ao  espaço  e  ao  ambiente  construído,  estimulando  o 
desenvolvimento  de  uma  linguagem  de  representação  e  de  expressão  próprias  e  A  discussão  desta  disciplina  inicia‐se  no  espaço  bidimensional,  utilizando  simultaneamente 
promovendo  a  capacidade  de  apropriação  crítica  de  informações  e  técnicas  disponíveis  na  técnicas digitais e analógicas; tais como desenhos abstratos de ocupação do espaço, desenho 
produção do seu trabalho. Paralelamente, nas unidades curriculares teóricas, é traçado um  de  observação,  colagens  em  programas  de  edição  de  imagens  e  montagem  de  projetos 
panorama do campo da arquitetura e urbanismo, mapeando‐o para que o aluno seja capaz  gráficos. O embasamento teórico é sempre construído após o aluno ter iniciado o processo 
de navegar pelo mesmo.  propositivo,  ou  simultaneamente  a  ele,  apresentando  técnicas  de  desenho,  ferramentas 
computacionais  ou  estratégias  de  composição  formal  (CHING,  2011;  KANDINSKY,  2012). 
A partir do terceiro período, o curso dedica‐se à formação profissionalizante, composta por 
Também são iniciadas discussões urbanas, principalmente a partir das "Cidades Invisíveis" de 
                                                             Calvino (1990). 
1
 Lembrar das distinções entre hora‐relógio (Atividades complementares, Estágio e TFG) e hora‐aula (demais unidades  O  processo  é  tridimensionalizado  com  a  construção  de  estruturas  abstratas,  utilizando 
curriculares. Buscamos evitar a expressão "grade curricular" entendendo que há uma grande possibilidade de variação 
dentro da estrutura proposta. 
materiais  lineares  ou  de  superfície,  rediscutindo  as  questões  espaciais  já  abordadas  e 
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introduzindo a lógica estrutural do espaço. Por fim, a partir das questões da virtualidade e do  projeto  (como  nas  análises  históricas  dos  locais  das  intervenções  urbanas  da  Oficina  I), 
programa  (LEVY,  1996;  FLUSSER  2005),  os  alunos  propõem  um  objeto  interativo,  onde  são  respaldo técnico para aplicação e experimentação diretas nos projetos trabalhados (como o 
tratadas as questões da alteridade, da abertura e do diálogo no exercício propositivo.  suporte de Introdução aos Sistemas Estruturais e Cartografia e Topografia às Oficinas I e II). 
Objetiva‐se  consolidar  a  integração  de  conteúdos  e  o  meta‐aprendizado,  visando  à 
Os  dois  últimos  módulos  giram  em  torno  de  uma  intervenção  em  um  espaço  consolidado, 
apropriando os conceitos até então vistos dentro de um contexto urbano em escala real. O  autonomia  do  estudante  e  o  desenvolvimento  de  linguagem  própria  para  expressão  e 
terceiro  módulo  envolve  a  execução  da  intervenção,  levantando  as  dificuldades  que  a  representação,  bem  como  promover  a  capacidade  de apropriação  crítica de  informações  e 
técnicas disponíveis para a prática projetual. 
materialização das propostas suscita, e o quarto consiste na representação gráfica e técnica 
do resultado obtido, invertendo a lógica tradicional da arquitetura, na qual a representação 
CICLO INTERMEDIÁRIO, AVANÇADO E AVALIAÇÃO INTERMEDIÁRIA DE CURSO (AIC) 
sempre antecede o objeto. 
Para  o  ciclo  profissionalizante,  o  aluno  foca  nas  disciplinas  práticas  de  caráter 
No segundo período, a disciplina Oficina II completa o processo de fundamentação iniciado 
preferencialmente  propositivo  (podendo  em  alguns  casos  ser  analítico),  utilizando  como 
na  Oficina  I,  dando  continuidade  à  sua  linha  metodológica  e  expandindo  e  aprofundando 
suporte os conhecimentos técnicos e teóricos adquiridos nos Módulos. 
suas referências. As discussões estabelecidas com foco no corpo como referência sensório‐
espacial,  e  o  desenvolvimento  da  linguagem  e  da  representação  são  o  fio  condutor  da  Os Módulos são oferecidos em cinco categorias: Tecnologia da Construção; Teoria, História e 
disciplina. Entende‐se a representação como processo de conhecimento, e o aluno é levado a  Patrimônio;  Sustentabilidade  e  Instalações  Prediais;  Planejamento  Regional,  Urbanismo  e 
explorar  diferentes  técnicas  e  formas  de  expressão  analógica  e  digital  e  a  desenvolver  sua  Políticas  Públicas;  Tópicos  Especiais.  A  fim  de  assegurar  que  o  aluno  tenha  acesso  ao 
própria forma de comunicação, a partir do reconhecimento dos códigos básicos do desenho  conteúdo  básico  fundamental  ao  aprendizado  do  arquiteto  e  urbanista  e  que  as  áreas  de 
arquitetônico.  Sua  iniciação  ao  processo  de  projeto  ocorre  na  proposição  seguida  da  ênfase propostas para o curso tenham realmente relevância e destaque na sua formação, o 
representação,  a  partir  da  problematização  das  demandas  e  não  de  um  programa  pré‐ aluno  deverá  cursar,  dentre  os  Módulos  técnico‐teóricos  ofertados  a  cada  semestre,  em 
estabelecido.  Através  de  um  embasamento  teórico‐prático,  o  discente  deve  investigar  qualquer ordem e segundo seu interesse e escolha, pelo menos dois módulos de cada uma 
demandas  não  respondidas  do  homem  contemporâneo  e  a  relação  entre  ferramentas  de  das  quatro  primeiras  categorias.  Cobrem‐se,  assim,  oito  dos  14  Módulos  técnicos‐teóricos 
desenho e o processo de projeto.   mínimos  a  serem  cursados.  Os  demais  poderão  ser  escolhidos  livremente  pelo  aluno. 
Quando da elaboração do Projeto Pedagógico, foi prevista uma sequência de ofertas, que foi 
A  Oficina  II  é  dividida  em  três  módulos  principais.  Diversos  exercícios  são  aplicados,  com 
expandida  até  2017.  No  entanto,  sistematicamente  têm  sido  ofertados,  quando  há 
destaque para o desenho técnico à mão, croquis, workshops de percepção, maquetes físicas 
disponibilidade de cargas horárias, Módulos fora da sequência original, tais como Paisagismo 
e eletrônicas, diagramas, colagens, além de um caderno técnico e pranchas‐resumo, comuns 
e  Tópicos  Especiais  em  Tecnologia.  No  entanto,  foram  já  verificadas  carências,  tais  como  o 
às outras disciplinas de Estúdio. O Módulo 1 consiste em intervenção na escala do corpo. A 
estudo  de  técnicas  construtivas  convencionais1,  cuja  implantação  será  discutida  dentro  do 
partir  do estudo  aprofundado de  uma ação  que  ocorre  no  espaço  vivido  e das percepções 
Núcleo Docente Estruturante (NDE). 
vinculadas a tal ação, passa‐se ao desenvolvimento de "biomecanismos", que consistem em 
instrumentos a serem anexados ao corpo físico, como próteses sensórias, a fim de modificar  Nos estúdios, as ofertas são discutidas semestralmente dentro do conjunto de professores, 
o padrão de percepção de uma ação e rearticular sentidos e experiência corpóreo‐espacial. O  buscando  uma  diversidade  de  oferta  e  uma  afinidade  com  os  interesses  dos  docentes 
Módulo 2 propõe a intervenção na escala do objeto arquitetônico e engloba a projeção de  responsáveis. Busca‐se evitar a lógica tipológica convencional, com terreno e programa pré‐
espaços  a  partir  do  desenvolvimento  de  uma  postura  crítica  diante  de  diferentes  espaços  definidos e com complexidade associada exclusivamente à questão de escala. A abordagem 
arquitetônicos e suas interfaces com o contexto urbano, tendo como referência uma ação ou  temática  mais  ampla  pode  focar  em  questões  contemporâneas  relevantes  global  ou 
função no espaço vivido. O procedimento envolve a concepção de um espaço arquitetônico –  regionalmente, bem como trabalhar com processo de projeto e planejamento, deixando para 
um habitáculo –, bem como suas interfaces urbanas, e a representação desses espaços como  o aluno, dentro do plano de trabalho estabelecido, a responsabilidade de definir a proposta a 
projeto. O Módulo 3 propõe uma intervenção urbana que amplie a inserção e as interfaces  ser de fato desenvolvida. O nível de aprofundamento e a duração diferenciam os Estúdios do 
dos habitáculos com a cidade para além do entorno imediato. O objeto a ser gerado deverá  ciclo Intermediário (bimestrais) daqueles cursados no ciclo Avançado (semestrais). Espera‐se 
potencializar  a  ação  dos  objetos  no  espaço,  criando  novas  relações  em  rede  e  outras  que  os  últimos  tenham  maior  consistência  teórica  e  conceitual,  assim  como  um  maior 
respostas  ao  modo  de  habitar  a  cidade  contemporânea.  Como  procedimento,  devem  detalhamento das propostas realizadas. 
identificar estratégias de plano, gestão e projeto na cidade a partir das questões que foram  O processo de distribuição dos alunos nos temas é realizado pela Coordenação com auxílio 
levantadas e trabalhadas no habitáculo.   dos  professores.  Os  temas  são  apresentados  em  um  documento  sucinto  que  descreve 
O  conteúdo  das  Oficinas  I  e  II  são  frequentemente  integrados  aos  módulos  teóricos  de  objetivos,  métodos  e  produtos esperados  de  cada estúdio.  Os  alunos então  se  candidatam 
fundamentação dos dois primeiros períodos, onde se destacam análises de espaços comuns 
                                                            
para  as  mesmas  disciplinas  (como  a  análise  estrutural  e  de  conforto  ambiental  dos 
habitáculos produzidos na Oficina II), suporte de teórico, crítico e histórico aos processos de  1
 Há Módulos que tratam dos sistemas vernaculares e dos sistemas alternativos, mas os sistemas convencionais são 
abordados somente no Ciclo de Fundamentação. 
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aos  estúdios  apresentando  os  portfólios.  A  seleção  primária  é  feita  pelos  professores  domínio das técnicas utilizadas para conhecê‐las e alterá‐las. Além disso, é avaliada a área de 
avaliando o portfólio dos alunos e considerando como critérios a qualidade do desempenho  atuação  na  qual  o  projeto  se  insere:    edifício,  desenho  urbano,  planejamento  urbano  e 
anterior  (merecimento)  e  o  potencial  de  contribuição  para  o  aluno  naquele  momento  do  regional, paisagismo e patrimônio histórico. 
curso  (necessidade  imediata).  O  ajuste  final  é  realizado  pela  Coordenação,  que  busca 
Os alunos são avaliados continuamente por estes critérios, com notas de 0 a 10, que serão 
distribuir os alunos de modo que a maioria consiga cursar sua primeira opção ao menos em  considerados  também  na  Avaliação  Intermediária  de  Curso.  A  nota  7  indica  um  aluno  em 
um  dos  bimestres.  Embora  o  processo  pareça  subjetivo,  ele  permite  uma  análise  mais  estágio  adequado  para  o  período  em  que  se  encontra,  podendo  a  nota  ser  reduzida  ou 
cuidadosa  da  produção  do  aluno,  premiando  aqueles  que  construíram  um  conjunto  de 
aumentada caso ele supere as expectativas ou não atenda a elas.  
trabalhos mais consistente, sem deixar de atender aqueles alunos que apresentam lacunas 
na  área  do  Estúdio.  Os  alunos  não  selecionados  participam  de  uma  segunda  rodada  Ressalta‐se, no entanto, que a nota dada pelo tutor no decorrer do processo não considera o 
utilizando  os  mesmos  critérios,  até  que  todos  os  discentes  sejam  alocados  nas  vagas  conjunto  da  formação  do  aluno.  É  aceitável  que  o  aluno  deixe  de  trabalhar  algum  dos 
disponíveis.  quesitos e áreas em alguns dos estúdios, mas é fundamental que em algum momento todas 
as áreas sejam abordadas. Também é esperada uma evolução nos quesitos, sendo que um 
O processo do aluno é acompanhado pelo tutor, normalmente o professor do Estúdio, que o 
trabalho  que  obtém  nota  7  produzido  por  um  aluno  de  terceiro  período  não  receberá  a 
auxilia  na  integração  dos  conhecimentos  das  várias  unidades  curriculares  cursadas  no 
mesma avaliação se entregue por um aluno do sexto.  
Trabalho Integrado (T.I.). Esta tutoria é progressivamente reduzida, fortalecendo a autonomia 
do  aluno,  até  a  completa  independência  no  ciclo  Avançado.  O  Trabalho  Integrado  também  Neste sentido, é realizada, no sexto período, a Avaliação Intermediária de Curso, na qual o 
permite que o discente demonstre conhecimentos adquiridos fora das unidades curriculares  portfólio  do  aluno  é  enviado  a  um  Avaliador  Externo,  que  o  analisa  dentro  de  uma 
cursadas, em estudos autônomos. Dentro das normas atuais, os T.I.s são compostos de um  perspectiva global, atribuindo notas aos quesitos a partir do conjunto da produção e verifica 
caderno  técnico‐teórico,  no  qual  consta  toda  a  apropriação  e  aplicação  dos  conteúdos  de  as áreas trabalhadas pelo aluno ou eventuais lacunas existentes. A avaliação final é realizada 
Módulos,  optativas,  eletivas  e  estudos  extras  na  proposta  prática  realizada,  e  de  três  por um professor do curso (Avaliador Interno), tutor do último estúdio cursado pelo aluno, 
pranchas‐resumo, que irão compor seu porfólio.  que  é  capaz  de  avalizar  tanto  seu  processo  como  o  estado  corrente  da  sua  produção.  O 
resultado final é uma composição destas avaliações ‐ 40% da média obtida nos estúdios, 30% 
Uma das principais questões que se coloca é o nível de cobrança recomendado para alunos 
da nota dada pelo Avaliador Externo e 30% para o Avaliador Interno. 
de  cada  período,  uma  vez  que  todos  terão  percursos,  habilidades  e  dificuldades  muito 
diferentes.  Neste  sentido,  o  conjunto  dos  professores  busca  criar  parâmetros  homogêneos  Os resultados possíveis são: a) aprovação: quando o aluno se encontra em estágio adequado 
de cobrança de representação técnica, gráfica e de capacidade de comunicação acadêmica e  em  todas  as  áreas,  entrando  no  ciclo  Avançado  com  total  liberdade  para  selecionar  suas 
científica.  Exige‐se,  assim,  um  maior  nível  de  detalhamento,  uma  maior  complexidade  unidades curriculares;  b)  aprovação  com recomendações:  quando  o  aluno  se  encontra  em 
propositiva e uma maior capacidade analítica e crítica dos alunos mais avançados no curso.  estágio adequado na maioria das áreas, mas  apresenta deficiências, devendo ser  indicadas 
Também  é  considerada  a  necessidade  do  desenvolvimento  de  uma  escrita  acadêmica  nos  ao  aluno  unidades  curriculares  a  serem  cursadas  no  ciclo  Avançado  ou  temas  a  serem 
primeiros períodos do ciclo Intermediário, que pode dar lugar a outras linguagens na medida  trabalhados pelo aluno em Estúdios Avançados de modo a supri‐las e c) reprovação: quando 
em que o aluno vai ganhando maturidade.  o  aluno  apresenta  deficiências  graves  em  algumas  áreas  ou  desenvolvimento  geral 
inadequado, sendo indicado a ele cursar um ou mais Estúdios Intermediários e/ou Módulos 
O acompanhamento do aluno no ciclo Intermediário é realizado por meio de uma ficha, na 
específicos.   
qual o tutor aponta seu desempenho em cinco quesitos propositivos e quatro instrumentais. 
São quesitos propositivos: 1) ambiência: criar arranjos espaciais, conexões e ambiências de  A aprovação na Avaliação Intermediária de Curso é pré‐requisito para que o aluno ingresse 
qualidade;  2)  contexto:  relacionar  o  espaço  proposto  com  o  contexto  histórico,  social  e  no  ciclo  Avançado,  onde  vai  cumprir  as  eventuais  recomendações  (que  serão  checadas  ao 
cultural  do  entorno  e  dos  usuários;  3)  escala:  tratar  adequadamente  cada  escala  de  final deste ciclo) ou desenvolver seus projetos de acordo com as próprias escolhas de tema 
intervenção,  bem  como  estabelecer  relações  entre  as  escalas  trabalhadas;  4)  coerência:  ou ênfase, dentro das possibilidades de Estúdio oferecidas. 
conectar  dados,  conceitos,  diagnósticos  e  problematizações  com  programas,  planos  e 
projetos  e  5)  aplicação:  apropriar  conhecimentos  técnicos  e  teóricos  na  elaboração  das  OUTRAS ATIVIDADES: ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO E 
intervenções  espaciais.  Os  quesitos  instrumentais  são:  6)  comunicação:  conhecer  as  OPTATIVAS/ELETIVAS, ATIVIDADES COMPLEMENTARES  
linguagens  de  representação  gráfica,  arquitetônica  e  complementares,  utilizando‐as  O Estágio Curricular Supervisionado é componente fundamental na formação profissional do 
adequadamente  para  concepção,  desenvolvimento  e  comunicação  de  intervenções  aluno e deverá ser desenvolvido pelo aluno em conformidade com seu campo de formação 
espaciais;  7)  teoria:  discutir  criticamente  os  elementos  constituintes  da  arquitetura,  do  profissional  e  tem  como  objetivos:  complementar  a  formação  acadêmica,  formalizando  a 
urbanismo, do paisagismo e das artes, tendo como objetivo a reflexão crítica, a pesquisa e a  ligação entre educação escolar e o mundo do trabalho; assegurar a vivência de experiências 
prática  no  campo  profissional;  8)  tecnologia:  eleger  tecnologias  de  construção  (materiais,  próprias nas diversas áreas de competência profissional e o contato com situações, contextos 
infraestrutura, estrutura) e gestão adequadas à materialização das propostas de intervenção  e  instituições,  permitindo  que  conhecimentos,  habilidades  e  atitudes  previstas  no  Projeto 
espacial e 9) conforto: entender as condições ambientais geradas pela proposta e apresentar  Pedagógico  do  Curso  se  concretizem  em  ações  profissionais;  proporcionar  o  exercício  do 
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aprendizado  compromissado  com  a  realidade  socioeconômica,  cultural  e  política  do  país,  O  Trabalho  de  Curso  acontece  nos  dois  últimos  períodos  em  duas  unidades  curriculares 
contribuindo na sua formação profissional e pessoal.   Seminários  de  Trabalho  Final  de  Graduação  (STFG)  e  TFG.  Na  primeira,  são  definidos  os 
Observa‐se que, tendo em vista a oferta limitada de estágios na cidade de São João del‐Rei e  temas de estudo e elaboradas as estruturas dos planos de trabalho. A disciplina é organizada 
em duas partes: uma lecionada por dois professores, que orientam a construção do plano, e 
região, o projeto pedagógico prevê um período de seis meses (idealmente o 7º período do 
curso) livre de encargos acadêmicos, de modo que o aluno possa realizar o estágio em outras  outra com a participação do orientador, na qual o aluno consolida o plano e realiza pesquisas 
cidades1.  Com  isso,  permite‐se  que  o  aluno  tenha  contato  com  a  realidade  de  atuação  preliminares.  Busca‐se,  aqui  também,  escapar  da  definição  tipológica,  conferindo 
complexidade temática e processual aos temas abordados e flexibilizando a possibilidade de 
profissional  da  sua  cidade  de  origem  ou  de  um  grande  centro  urbano.  Sugere‐se  que  os 
alunos  optem  por  estágios  em  concedentes  que  atuem  nas  áreas  destacadas  do  Projeto  produtos no TFG. 
Pedagógico  do  Curso  –  obra  civil,  planejamento  urbano  e  regional  e  preservação  e  No  TFG,  procurou‐se  incentivar  a  autonomia  construída  pelo  aluno,  com  a  redução  do 
intervenção no patrimônio construído, devendo ser supervisionado por profissional da área  número de orientações individuais (apenas cinco ao longo do semestre) e a multiplicação de 
de Arquitetura e Urbanismo ou afim2.  orientações coletivas (duas bancas e duas orientações coletivas com outros professores que 
não  o  orientador).  Espera‐se  que  assim  o  aluno  responsabilize‐se  integralmente  pelo  seu 
Outra medida que visa a uma formação do aluno não restrita às atividades de sala de aula é 
trabalho  e  pelas  soluções  adotadas,  demonstrando  sua  capacidade  de  apropriação  de 
incentivar  atividades  complementares,  que,  segundo  as  diretrizes  curriculares  do  MEC, 
diferentes visões sobre seu tema de estudo e de argumentação em cima de suas tomadas de 
podem  compreender  até  10%  da  carga  horária  total  do  curso.  Assim,  atua‐se  
posição em relação ao trabalho desenvolvido. Tais habilidades serão extremamente úteis na 
estrategicamente no reforço da relação entre a graduação e as várias atividades acadêmicas 
sua atuação profissional futura, abrindo caminho para um posicionamento consciente, mas 
de  pesquisa  e  extensão,  além  de  incentivar  a  participação  dos  estudantes  em  eventos  e 
viagens  de  estudo.  Estas  atividades  não  significam  o  simples  cumprimento  de  tarefas  aberto e interdisciplinar. 
administrativas e, por possuírem importante caráter pedagógico, devem ser acompanhadas 
por  um  professor  do  curso.  Incentiva‐se  uma  diversidade  na  realização  destas  atividades,  4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
sendo  vedada  a  contabilização  de  mais  de  metade  da  carga  horária  em  um  único  tipo  de 
atividade.  O Curso de Arquitetura e Urbanismo formou, em março de 2014, sua primeira turma regular 
O projeto pedagógico do curso envolve ainda o cumprimento de carga horária de disciplinas  e recebeu conceito CPC 5 em sua avaliação de reconhecimento pelo MEC, consolidando um 
optativas e eletivas, sendo que as primeiras são ofertadas dentro da própria grade do curso e  primeiro ciclo de implantação do Projeto Pedagógico iniciado em 2009.  
as últimas compreendem qualquer unidade curricular ofertada na Universidade, ou mesmo  Ao  propor  um  projeto  pedagógico  fora  dos  moldes  tradicionais  da  academia  brasileira, 
em  outras  universidades  via  mobilidade  acadêmica.  O  Projeto  Pedagógico  não  diferencia  a  especialmente  na  área  da  arquitetura  e  urbanismo,  muitas  questões  se  colocam,  com  a 
carga horária de optativa ou eletiva, exigindo o cumprimento de 252 horas‐aula no total para  necessidade  constante  de  ajustes  na  estrutura  universitária,  seja  em  termos  legais  e 
integralização curricular3. No caso do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ, tem havido  conceituais, seja em termos de infraestrutura disponível.  
pouca  disponibilidade  de  encargos  didáticos  dos  professores  no  Departamento  (DAUAP  ‐ 
Departamento  de  Arquitetura  e  Artes  Aplicadas)  para  ofertar  um  número  suficiente  de  Destaca‐se  a  dificuldade  em  encontrar  um  equilíbrio  entre  a  flexibilidade  da  proposta  e  a 
optativas dentro da própria área do curso, o que leva os alunos à necessidade de procurar  garantia de formação adequada para o aluno. Considera‐se mais complexo avaliar o perfil do 
disciplinas em outros cursos e departamentos4.   aluno quando os percursos acadêmicos são únicos e devem ser analisados individualmente. 
A segurança, neste caso, vem de uma consolidação do ciclo de fundamentação, que servem 
TRABALHO DE CURSO  como referência para o restante do curso, lançando as bases de um novo raciocínio espacial 
                                                             e para uma postura necessária ao meta‐aprendizado ‐ autônoma, crítica e responsável. Une‐
se a isso um processo avaliativo continuado, baseado não em um sistema arbitrário de notas, 
1
  O estágio pode acontecer a qualquer momento após a integralização de 288 horas de Estúdios (normalmente 5º período),  mas em uma análise constante e diversificada da produção do aluno pelo conjunto do corpo 
inclusive de forma concomitante com outras atividades acadêmicas do curso.  docente. 
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 De acordo com a Lei Federal n° 11.788, de 25/09/2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes. O Estágio Curricular 
Supervisionado compreende um conjunto de atividades de aprendizagem profissional e cultural que ocorre além daquelas  Neste  sentido, apresenta‐se  outro  desafio,  que  está  na  construção  de  uma equipe  coesa  e 
previstas na grade curricular, e é parte integrante das diretrizes curriculares definidas pela Resolução n° 06, de 02/02/2006, 
e do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ.  afinada  com  a  proposta  do  Projeto  Pedagógico.  Isso  exige  um  fino  gerenciamento  para 
3
 Estas unidades podem ser cursadas como complementação do conhecimento em áreas afins, favorecendo a efetiva  articular  um  sistema  de  ofertas  de  disciplinas  flexíveis  ‐  tanto  em  temática  como  na 
interdisciplinaridade entre os cursos e estimulando sua capacidade de apropriação e aplicação de conteúdos diversos, de  possibilidade  de  ser  cursada  por  alunos  de  diferentes  níveis  ‐,  autonomia  do  professor  e 
forma mais aprofundada e crítica. Nesse sentido, estimula‐se o aluno que esteja em posição mais avançada no curso, a fim 
de que ele tenha maior maturidade para aproveitar plenamente tal experiência.  construção de um trabalho coletivo, diversidade de abordagens e uma base referenciada de 
4
 Embora o próprio projeto pedagógico do curso preveja a não‐obrigatoriedade de tal oferecimento, é do desejo de vários  conteúdos  e  critérios  de  avaliação.  A  estratégia,  neste  caso,  consistiu  em  separar  a 
de seus docentes ofertar optativas. Há um esforço nessa direção, especialmente a partir do momento atual, onde o quadro  apreciação  do  desempenho  do  aluno  nas  unidades  curriculares  da  compreensão  do  seu 
de professores se aproxima do número adequado a um funcionamento mais fluido do curso e de uma melhor distribuição 
de encargos didáticos, a fim de proporcionar o envolvimento dos docentes em outras atividades acadêmicas.  percurso  acadêmico,  considerando‐as  como  aspectos  complementares  do  curso.  As  figuras 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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da  Avaliação  Intermediária  e  das  Bancas  de  Trabalho  de  Curso  são  fundamentais  neste  Uma experiência de Planejamento Participativo aplicado à 
processo. 
elaboração do Projeto Político Pedagógico do curso de Arquitetura e 
Por  fim,  já  se  podem  experimentar  grandes  avanços  referentes  à  aplicação  deste  projeto 
pedagógico, sendo especialmente notada a formação de alunos com postura crítica, capazes 
Urbanismo da Universidade de Taubaté, SP 
de lidar com diferentes realidades e demandas, propositivos e conscientes de seu papel de 
atuação possível no cotidiano de formação das cidades.  Flavio Jose Nery Conde MALTA 
Universidade de Taubaté – UNITAU; Departamento de Arquitetura; [email protected] 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos à equipe do Projeto Pedagógico original – Profa. Ana Paula Baltazar, profa. Ana  RESUMO 
Cristina  Reis  Faria  (coordenadora  do  curso  quando  da  sua  elaboração),  Juliana  Torres  de  Este  texto  trata  da  elaboração  do  Projeto  Pedagógico  do  curso  de  Arquitetura  da  Universidade  de  Taubaté‐
UNITAU, São Paulo, em andamento. Apresenta um relato reflexivo sobre a busca de um método prático capaz 
Miranda  e  Roberto  Estaáquio  dos  Santos  (consultores)  –  ao  corpo  docente  atual  e  àqueles  de motivar e envolver a comunidade departamental na tarefa de propor novos caminhos pedagógicos para o 
que  por  lá passaram, além de todos  os integrantes da UFSJ, instituição que muito tem  nos  ensino e educação em arquitetura e urbanismo na Universidade de Taubaté. Distancia‐se das práticas comuns 
apoiado nesta empreitada.  adotadas  de  forma  geral  em  instituições  de  ensino  brasileiras  que  adotam  modelos  pré‐concebidos  e 
burocráticos de projetos pedagógicos, ao estabelecer procedimentos participativos inseridos em um processo 
de planejamento a ser implantado de maneira contínua e permanente na discussão e proposição pedagógica a 
REFERÊNCIAS ser praticada, a  partir  de  2015,  no curso  de  Arquitetura e  Urbanismo da UNITAU.  O texto  busca discutir  este 
processo de maneira reflexiva, convidando para um diálogo propositivo sempre necessário quando o objetivo é 
inovar nas praticas de ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil. 
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino, arquitetura e urbanismo, projeto pedagógico, planejamento participativo. 
BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008. 
 
CALVINO, Ítalo. (trad. Diogo Mainardi). Cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.  
CHING, Francis. Representação gráfica em arquitetura. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. 
CURY, Isabelle (Org.). Cartas Patrimoniais.  Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.  1 INTRODUÇÃO
FERRO, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac Naify, 2012. 
A  exigência  do  projeto  pedagógico  é  fato  reconhecido  por  todos  que  atuam  no  campo  da 
FLUSSER, Vilem. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Relume‐dumara, 2005.  educação  no  Brasil.  Isto  pode  ser  verificado  junto  ao  conjunto  de  legislação  pertinente, 
KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes, 2012.  desde o ensino fundamental ao superior, e principalmente após a Lei de Diretrizes e Bases da 
LEVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.  Educação Nacional de 1996, Lei 9394, e do Plano Nacional de Educação de 2001, Lei 10172. 
REBELLO, Yopanan C. P.. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2000.  Mais  recentemente,  e  a  partir  de  2006,  o  Ministério  da  Educação  por  meio  do  Conselho 
Nacional  de  Educação‐CNE  vem  discutindo  e  alterando  na  forma  de  Resoluções,  o  perfil 
STEVENS, Garry. The favored circle: the social foundations of architectural distinction. Cambridge: MIT Press, 
1998.  pedagógico dos cursos de graduação. Assim é que em 2007, a Resolução N°2, entre outros 
aspectos,  define  em  3600  horas  o  tempo  de  integralização  curricular  para  os  cursos  de 
graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  um  parâmetro  determinante  na  organização 
curricular dos Projetos Pedagógicos. 
Em  2010,  fruto  da  continuidade  nas  discussões  junto  ao  MEC‐CNE,  uma  nova  Resolução 
busca instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Arquitetura e 
Urbanismo,  alterando  a  Resolução  CNE  N°6  de  2006.  Neste  documento,  ressalta‐se  a 
importância  dada  aos  Projetos  Pedagógicos  como  parte  integrante  dos  componentes 
curriculares que estabelecem a organização destes cursos de graduação. 
É  relevante  destacar  nesta  argumentação,  que  os  Projetos  Pedagógicos  são  considerados 
referencia para os aspectos superestruturais dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, a citar, 
a idealização do perfil para o futuro profissional, a definição dos objetivos gerais do curso e 
sua  contextualização  em  termos  geográficos,  políticos,  institucionais,  e  econômico  ‐  social, 
entre outros. 
Atualmente, uma nova proposta de alteração da Resolução N° 2 de 2010 está em curso.  Com 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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a  participação  da  ABEA‐  Associação  Brasileira  de  Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  professor possa ensinar melhor. 
ampliando os debates em torno da Resolução de 2006, busca‐se desenhar um novo quadro  Assim,  submetida  à  necessidade  de  contínuas  mudanças  e  escolhas,  a  escola  tem  no 
referencial para o ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil.  planejamento  participativo  um  instrumento  de  previsão  e  organização  para  as  inovações 
São valiosos os argumentos que orientam tal discussão:  pretendidas e necessárias. 
 ...  transformações  recentes  no âmbito  da  disciplina, da  profissão  no  mundo  e no  A dimensão da qualidade do ensino aparece na questão pedagógica como parte integrante 
Brasil,  do  ordenamento  da  educação  superior  e  da  conjuntura  social,  climática  e  de  uma  perspectiva  de  planejamento  escolar  voltado  para  a  percepção  e  avaliação  das 
ambiental  (...)  apontam  para  a  necessidade  de  uma  atualização  de  conceitos,  tendências mais contemporâneas no campo profissional do arquiteto e urbanista, servindo‐
procedimentos,  perfis  e  padrões  visando  à  manutenção  e  aprimoramento  das 
condições de oferta dos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil. 
se para isto da reflexão sobre as experiências pedagógicas passadas.  

A  presença  da  ABEA  e  sua  reivindicação  em  tornar  mais  amplo  o  espaço  de  discussão  das  Como sabemos, em todo processo de planejamento a reflexão entre o passado e o presente 
diretrizes curriculares por meio da interlocução entre o Conselho Nacional de Educação e as  é constante na tomada de decisões e o mesmo se aplica sobre o ensino que se tem e o que 
áreas  de  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  marca  o  inicio  de  um  processo  mais  se quer. As rotinas educacionais acabam por esconder as desigualdades do modelo social e 
democrático  e  participativo,  assim  diferente  dos  ambientes  mais  burocráticos  que  perpetuam  uma  forma  de  educação  que  reproduz  estas  desigualdades  e  aumentam  as 
normalmente caracterizam as discussões nesta área.  distâncias sociais e econômicas na sociedade. 

Acertadamente,  a  ABEA  identificada  com  os  paradigmas  mais  atuais  nos  estudos  Como um antídoto, o uso do planejamento participativo na organização curricular possibilita 
pedagógicos  voltados  para  a  concepção  de  projetos  de  ensino  nos  níveis  superiores,  vem  a  reflexão  necessária  para  a  transformação  da  realidade.  Por  tratar‐se  de  um  processo  de 
nortear os processos de discussão interna existentes nos cursos de arquitetura no Brasil.   construção  coletiva,  o  projeto  pedagógico  feito  de  maneira  participativa  possibilita  a 
comunidade  escolar  usufruir  o  que  é  um  bem  comum  à  todos,  assim  aumentando  a 
O  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  de  Taubaté  –  UNITAU  está  neste  possibilidade de se assumir papéis ativos na formação e no exercício profissional. 
momento vivenciando a  oportunidade  de discutir  seu projeto pedagógico de maneira  mais 
participativa.  A  dimensão  política  do  projeto  pedagógico  está  na  intencionalidade  coletiva  de  se 
transformar a realidade equipando‐a de um projeto de escola capaz de integrar as múltiplas 
Na  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNITAU,  a  experiência  na  elaboração  dos  Projetos  visões e expectivas em torno de uma direção que articula princípios políticos e pedagógicos, 
Pedagógicos distribuídos ao longo de mais de 30 anos de existência do curso é marcada por  pratica e teoria, revelando uma identidade por vezes perdida na ausência de compromissos 
momentos  de  divergência  e  falta  de  consenso  pedagógico,  resultado  de  poucas  ou  entre os atores da comunidade escolar. 
ineficientes  tentativas  de  debates  mais  amplos  e  quase  sempre  resultando  em  ações 
descontinuas e sem envolvimento da comunidade departamental.  A  gestão  democrática,  conforme  se  desenha  na  experiência  do  curso  de  arquitetura  e 
urbanismo  da  UNITAU,  é  o  ponto  de  partida  para  o  trabalho  coletivo  de  desenvolver  o 
Neste texto, cujo objetivo principal é compartilhar uma experiência, defende‐se a aplicação  processo  pedagógico  futuro,  idealizado  para  contar  com  o  envolvimento  de  todos  que 
de técnicas de planejamento participativo na discussão pedagógica, já amplamente utilizada  participam da comunidade escolar, docentes, discentes, familiares dos discentes e o pessoal 
em  trabalhos  de  planejamento  urbano  e  regional,  onde  muitas  vezes  a  obtenção  de  administrativo. 
consensos é parte do exercício democrático e representativo. 
Esta perspectiva alimenta os passos iniciados pela atual Coordenadoria Pedagógica do curso 
Também  em  algumas  práticas  pedagógicas  mais  atuais,  a  aplicação  do  planejamento  de Arquitetura e Urbanismo da UNITAU na revisão de seu Projeto Pedagógico com vistas ao 
participativo é reconhecida  como um  recurso para o diálogo e instrumento de  organização  ano de 2015, e sobre o qual este texto busca fazer uma reflexão. 
do trabalho de ensino e educação com vistas a patamares de inovação. 
Dos Santos, Claudinete, M.; e outros, reconhecem que a escola em sua função precisa estar 
atualizada com o desenvolvimento da sociedade contemporânea, seus avanços tecnológicos  2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRATICA PEDAGÓGICA NO
e  suas  praticas  de  consumo,  o  que  tem  imposto  desafios  aos  paradigmas  pedagógicos  DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA DA UNITAU.
adotados.  
Argumenta a autora:  De  início,  a  busca  por  informação  sobre  os  projetos  pedagógicos  realizados  ao  longo  da 
existência do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNITAU resultou em poucos resultados. 
A  construção  de  projeto  político  pedagógico,  um  fazer  coletivo  marcado  pelo 
respeito  aos  princípios  democráticos,  deve  articular  os  aspectos  políticos  e  Isto  representa,  por  si,  uma  das  falhas  do  processo  pedagógico  do  curso,  a  ausência  de 
pedagógicos  da  educação,  cujas  expectativas  de  aprendizagem  estejam  sistematização de procedimentos pedagógicos e documentação sobre resultantes. Pouco se 
relacionadas com os fins e os objetivos que visem a transformação das praticas para  consegue obter com um olhar retrospectivo sobre a construção pedagógica do curso e isto 
atender ás necessidades reais da instituição e da sociedade (...) de modo que haja  condiciona toda e qualquer análise mais detalhada sobre a prática de ensino nesta escola. 
organização  e  coerência  entre  o  pensar  e  o  fazer  pedagógico  e  forneçam  as 
condições  adequadas  para  que  o  aluno  possa  aprender  mais,  com  qualidade  e  o  O  esforço  despendido  no  tempo  disponível  para  a  elaboração  deste  texto  centrou‐se  na 
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apreciação  dos  documentos  referentes  aos  projetos  pedagógicos  realizados  nos  anos  de   Os projetos pedagógicos seguem uma formatação oficial, desenhados pela administração 
2007, 2008, 2009, 2010 e 2014.  superior da universidade para todas as unidades de ensino; 
Uma  primeira  aproximação  crítica  nos  documentos  disponíveis  precisa,  de  antemão,   Em nenhuma versão dos projetos pedagógicos examinados, observou‐se a opção por uma 
objetivar  quais  aspectos  merecerão  um  olhar  mais  apurado,  de  maneira  a  separar  as  apreensão  mais  crítica  da  realidade  departamental  em  sua  inserção  institucional  e  em 
motivações  puramente  administrativas  das  intencionalidades  pedagógicas  propriamente  relação ao contexto regional e nacional que a ampara; 
ditas.  
 Os  projetos  pedagógicos  estão  voltados  ao  cumprimento  das  demandas  legais  e 
Um primeiro aspecto diz respeito ao ambiente acadêmico em cada tempo de elaboração dos  institucionais em atendimento as legislações e parâmetros do Ministério de Educação – 
projetos  acima  referidos.  Sem  querer  esgotar  o  assunto,  até  mesmo  impossível  sem  uma  MEC,  as  habilidades  e  competências  previstas  na  Lei  5194|66,  a  Resolução  218  e  a 
investigação  mais  profunda  sobre  os  condicionantes  administrativos  e  outros  relativos  à  decisão 47 do CONFEA e outras, todas à sua época de vigência; 
própria  localização  geográfica  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNITAU,  busca‐se 
 Uma das principais limitações observadas na estrutura dos projetos pedagógicos refere‐se 
refletir sobre as intencionalidades pedagógicas, explicitas ou não, práticas e memórias destas 
aos  procedimentos  para  sua  avaliação.  Em  quase  todos  os  momentos,  a  avaliação  dos 
ocasiões.  
projetos  pedagógicos  são  enquadrados  nas  diretrizes  do  Programa  de  Avaliação 
Um  segundo  aspecto  refere‐se  à  própria  elaboração  do  documento  pedagógico,  as  Institucional – PAI, da própria UNITAU, cujos critérios são necessariamente abrangentes. 
circunstancias  institucionais,  a  motivação  por  parte  da  comunidade  departamental  e  por  Some‐se  a  isto,  a  ausência  de  instrumentos  de  medição  das  diretrizes  pedagógicas 
ultimo  volta‐se  aos  resultados  possíveis  de  serem  identificados  a  partir  da  vigência  dos  adotadas ao longo do tempo no curso de arquitetura e urbanismo; 
projetos pedagógicos acima mencionados.  
 O processo de elaboração dos projetos pedagógicos examinados apresenta similaridades 
Ao  se  considerar  inicialmente  o  conjunto  dos  documentos  pedagógicos  elaborados  no  quanto  aos  procedimentos  administrativos.  Observa‐se  a  descontinuidade  das 
período  de  2007  a  2014,  e  mesmo  os  anteriores,  é  necessário  atentar  para  o  fato  Coordenações  Pedagógicas,  por  decisão  superior,  em  função  de  fatores  sempre 
institucional,  ou  seja,  a  relação  estatutária  entre  a  esfera  departamental  e  a  da  própria  relacionados  à  contenção de  despesas,  já que  isto  significaria  a  alocação  de  um  maior 
UNITAU.   numero de horas‐aula a serem dedicadas aos professores responsáveis; 
Em seu Estatuto, aprovado em 2009, a UNITAU apresenta‐se como uma instituição municipal   Uma  consequencia  importante  relacionada  ao  fato  descrito  anteriormente  é  que  a 
de  ensino  superior  que  goza  de  autonomia  pedagógica,  entre  outras,  e  que  objetiva  a  elaboração  dos  projetos  pedagógicos  acaba  sendo  uma  atribuição  da  Chefia  do 
formação de quadros profissionais de nível superior com alicerce no estudo sistemático dos  Departamento  e  assim  transformada  em  uma  atividade  administrativa,  apesar  do 
temas e problemas científicos e culturais mais relevantes, a nível regional e nacional.  esforço,  por  parte  de  alguns  professores  convidados  a  colaborar  informalmente    em 
Os cursos de graduação são meios para a consecução destes objetivos, e diante das normas  ampliar a discussão pedagógica; 
organizacionais preconizadas na forma do Estatuto, os Departamentos são unidades reunidas  A  seguir,  busca‐se  um  olhar  mais  detalhado  sobre  cada  projeto  pedagógico  examinado  no 
em torno das funções de ensino, pesquisa e extensão, os quais têm por princípio funcional  período de 2007 a 2014, com o objetivo de identificar tendências e repetições, experiências 
sua  estruturação  orgânica  para  que  ocorra  um  múltiplo  aproveitamento  de  recursos  e  tentativas  de  alcançar  uma  visão  identificada  com  a  prática  propositiva  do  curso  de 
materiais e humanos disponíveis.   arquitetura e urbanismo da UNITAU, oferecendo‐as para reflexão. 
Decorre  daí  que  a  inserção  do  curso  de  arquitetura  e  urbanismo  no  campo  das  ciências   Em  2007,  o  quadro  institucional  referente  à  demanda  pelo  curso  de  arquitetura  e 
exatas, conforme especifica o artigo 37 do referido estatuto, o aproxima mais das disciplinas  urbanismo  da  UNITAU,  comparado  ao  dos  anos  anteriores,  apresentava  um  ligeiro 
tecnológicas e menos das projetuais e culturais.  aumento  no  numero  de  ingressos,  em  patamares  semelhantes  a  2002,  anunciando 
Este fato está presente nas organizações curriculares examinadas no sentido de influenciar a  talvez uma mudança na demanda por arquitetos e urbanistas pelo mercado de trabalho, 
formação  profissional  descaracterizando  as  particularidades,  mesmo  tecnológicas,  que  que  se  afirmaria  a  partir  de  políticas  macroeconômicas  incidentes  diretamente  no 
identificam  o  profissional  arquiteto  e  urbanista.  Em  quase  todas  as  opções  e  programas  mercado da construção civil no país; 
disciplinares  da  área  técnica,  serve‐se  da  estruturação  orgânica  preconizada  pela   Em períodos anteriores, a partir de 2002, dados expostos no projeto pedagógico de 2007, 
universidade, orientando para o aproveitamento de docentes e programas de áreas como a  mostram que até 2007, a quantidade de vagas oferecidas para o curso de arquitetura e 
da engenharia civil.  Este é, hoje, um aspecto de questionamento nas discussões pedagógicas  urbanismo  não  eram  totalmente  preenchidas,  e  que  o  total  de  alunos  cursando,  em 
em curso no Departamento de Arquitetura e Urbanismo.  todas  as  séries,  apresentava  uma  diferença  de  aproximadamente  30%  a  menos  em 
Ainda de caráter geral, considerando os projetos pedagógicos de 2007, 2008, 2009, 2010 e  relação a 2002; 
2014,  examinados  nesta  ocasião,  cabe  destacar  outros  aspectos  relevantes  a  prática   Destaca‐se  do  documento  de  2007  que  o  profissional  de  arquitetura  e  urbanismo  a  ser 
pedagógica no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UNITAU, a seguir:  formado pela UNITAU seria: 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  393   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  394 

...instrumentalizado  para  fazer  leituras  sociais,  econômicas,  tecnológicas,  Quadro‐Estrutura das disciplinas do curso de Arquitetura e Urbanismo 


ambientais,  estéticas  (...)  para  intervir  no  ambiente  urbano  e  responder  as 
necessidades  de  abrigo  (...)  um  profissional  investigativo,  atento  as  questões 
contemporâneas (...) reflexivo, dialético, intuitivo, participativo, ético... 

Esta concepção aproxima‐se dos princípios estabelecidos pela UNITAU em seu estatuto para 
o  desempenho  de  suas  unidades  departamentais,  no  sentido  de  responder 
profissionalmente a realidade brasileira e regional, incentivando a vida intelectual, cultural e 
artística  e  prestando  assessoria  aos  poderes  públicos  e  a  iniciativa  privada.  No  entanto, 
conserva o grau de generalidade que estes princípios expressam e deixa de circunscrever o 
campo  especifico  da  pratica  profissional  do  arquiteto  e  urbanista,  e  assim,  o  desenho 
pedagógico do profissional a ser formado pelo curso de arquitetura e urbanismo da UNITAU; 
 Este  fato  acaba  por  impactar  o  próprio  desenvolvimento  do  curso  e  seus  valores 
explícitos, também nos projetos posteriores a 2007, e que revela a criatividade do corpo 
docente  do  curso  em  sua  procura  pela  melhoria  do  ensino  e  aprendizagem  no 
departamento de arquitetura; 
  A  partir deste momento,  pode‐se  verificar uma constante  procura por uma organização 
curricular mais aprimorada, em base a formulação de eixos pedagógicos e a integração 
de  conteúdos  que  permitam  uma  melhor  compreensão  e  resolução  de  problemas 
nacionais e regionais no campo de ensino da arquitetura e urbanismo; 
 Lamentavelmente,  a  prática  no  dia‐a‐dia  acaba  por  minimizar  as  possibilidades  de 
aplicação  da  proposta  pedagógica  ao  reduzir  a  possibilidade  de  maior  integração 
disciplinar por esta representar um maior numero de docentes dedicados e horas‐aula 
correspondentes.  Pode‐se  questionar  também  se  a  solução  pedagógica  estaria  na 
formulação de um desenho mais aprimorado para o desenvolvimento do curso ou se isto 
deveria ser consequencia de uma melhor conceituação do perfil profissional desejado; 
 Os  projetos  pedagógicos  posteriores,  2008,  2009,  2010,  2012,  não  conseguem  alterar  o 
quadro  acima  descrito.  Procura‐se  uma  variação  de  temas  básicos  escolhidos  em 
decorrência  de  reuniões  por  série,  os  Conselhos  de  Classe,  que  indicam  possíveis 
problemas capazes de gerar eixos temáticos e assim organizar e integrar os conteúdos e   
a pratica em sala de aula.  Novamente, pode‐se questionar se estas temáticas deveriam  Fonte: Projeto Pedagógico do Departamento de Arquitetura da Universidade de Taubaté, 2010. 
resultar das reuniões por série ou de tentativas mais amplas a partir de uma concepção 
clara e consensual sobre o perfil profissional desejado no curso da UNITAU; 
3 A ELABORAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO PARA 2015 E A
 A idéia seria a de promover um desenho integrador para o curso, em conjuntos nucleados 
de  disciplinas  que  buscam  expressar  um  entendimento  de  complementaridade  em  APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO.
termos  de  conteúdo  e  relação  teoria‐prática.  Cada  conjunto  integrado  de  disciplinas 
seria  o  condutor  das  práticas  integradoras  em  salas  de  aula,  atividades  de  atelier,  No  conjunto  de  aspectos  que  antecedem  a  atual  iniciativa  de  elaboração  do  projeto 
pesquisas  e  extensões.  O  quadro  abaixo  expressa  a  tentativa  de  integração  disciplinar,  pedagógico  do  curso  de  arquitetura  e  urbanismo  para  2015,  se  inclui  uma  alteração 
onde as cores indicam a nucleação entre as disciplinas segundo sua natureza pedagógica  significativa no  currículo a partir de  uma deliberação do  Conselho de Ensino e  Pesquisa da 
e conteúdo.  Universidade de Taubaté em 2012. Por força desta deliberação o curso passa a abrigar dois 
    regimes acadêmicos: um anual, seriado, presente desde sua criação, e um semestral, para os 
alunos ingressos a partir de 2013. 
Este talvez seja o fator de maior impacto sobre uma nova organização curricular cujos efeitos 
podem ser percebidos a partir deste ano de 2014. Entre estes, a alteração de carga horária 
para 4050 horas no regime semestral, comparada às 5508 horas presentes no regime anual. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  395   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  396 

 Outro  aspecto  relevante  é  que  a  matriz  curricular  foi  separada  em  duas  configurações  docente.  Isto  aconteceu  nos  períodos  que  antecederam  o  inicio  do  segundo  semestre  de 
distintas, correspondente a divisão dos alunos ingressantes em duas turmas. Se por um lado  2014, com a realização de duas reuniões gerais, com a participação de todo corpo docente.  
este  aspecto  revela  que  o  numero  de  ingressantes  aumenta  em  turmas  com  mais  de  100  No documento inicial, o Termo de Referencia, apresenta o enfoque participativo no processo 
alunos a cada semestre, confirmando a tendência observada a partir de 2008, por outro lado 
de  elaboração  e  discussão  do  PPP,  como  sendo  uma  maneira  de  permear  a  idealização  de 
identifica uma dificuldade maior que é a forma de adaptação dos conteúdos programáticos  futuras ações no departamento de arquitetura e urbanismo, e construir coletivamente uma 
do regime seriado para o semestral.   seqüência de ações planejadas para a concretização do PPP. 
Neste quadro de crescentes dificuldades pedagógicas, premido por visões institucionais que  Minguili, M. da Gloria e Daibem, Ana M.L, no artigo “Projeto Pedagógico e Projeto de Ensino: 
pouco  se  atém  aos  princípios  originais  preconizados  pelo  Estatuto  vigente  ou  que  buscam 
um  trabalho  com  os  elementos  constitutivos  da  prática  pedagógica”,  argumentam  que  o 
equilibrar o contexto financeiro da instituição como um todo, desponta uma nova tentativa  planejamento participativo na prática docente refere‐se a capacidade humana em “construir 
de concepção pedagógica para 2015, capaz de fazer frente aos novos e acumulados desafios.  
uma  seqüência  de  ações  ‐  planejar”  tendo  como  meta  a  realização  de  um  determinado 
De  maneira  geral,  o  cenário  presente  no  Departamento  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  projeto.  No  caso  do  Projeto  Político  Pedagógico‐PPP,  sua  realização  enquanto  pratica 
UNITAU não difere de anos anteriores. De um lado uma demanda crescente de candidatos,  inovadora articula‐se com o planejamento participativo. 
respondendo  a  uma  pressão  de  mercado  ainda  vigente.  De  outro  lado,  uma  realidade  Retomando  os  argumentos  das  autoras  acima,  se  verifica  que  na  área  educacional,  o 
departamental  que,  apesar  de  qualificada  e  criativa,  se  mostra  fragmentada  e  incapaz  de 
planejamento participativo  é  o  instrumento  de  sistematização de  um processo  que  aborda 
produzir visões de futuro mais mobilizadoras e integradoras da comunidade departamental.   dimensões  correlatas,  desde  a  proposta  da  instituição  como  um  todo  até  a  proposta  de 
É  reveladora  a  prática  pedagógica  ainda  vigente  no  departamento  de  arquitetura  e  trabalho docente em sala de aula. 
urbanismo. As elaborações pedagógicas são fortemente marcadas pela resposta a demandas 
O  documento  Termo  de  Referencia  acolhe  estes  argumentos,  propondo  que  o  processo 
administrativas  e  procedimentos  limitadores  em  termos  de  geração  de  idéias,  discussões  participativo  aborde  várias  dimensões,  a  partir  da  proposta  global  da  Universidade  de 
específicas  de  interesse  profissional  e  o  alinhamento  entre  os  princípios  institucionais  e  a 
Taubaté – UNITAU, até a proposta docente para a sala de aula, constituindo‐se desta maneira 
identificação  de  valores  e  necessidades  próprias  do  ensino  e  educação  em  arquitetura  e 
em  um  processo  de  “ensino‐aprendizagem”,  que  seja  contínuo  e  permanente  em  “pensar‐
urbanismo.  querer‐fazer” a educação em arquitetura e urbanismo, marcado por “ações‐reflexões‐ações”. 
A  aplicação  do  conceito  e  técnica  de  planejamento  participativo  vem  de  encontro  a  estas  Para  organizar  as  atividades  de  discussão,  reflexão  e  elaboração  do  PPP‐ARQ2015,  são 
conjecturas.  
propostas cinco etapas inter‐relacionadas: 
Com  a  aprovação  da  Pro  ‐  reitoria  de  Graduação,  por  iniciativa  da  atual  Diretoria  do 
 Etapa 1 – Leituras coletivas da realidade (o que somos) 
Departamento, conta‐se atualmente com uma Coordenação Pedagógica composta  por dois 
professores, cada qual com cinco horas‐aula atribuídas para tal finalidade.    Etapa 2– Definição de metas e objetivos (o que queremos ser – projeto) 
Uma proposta de trabalho elaborada por estes professores foi o primeiro passo para iniciar a   Etapa 3 ‐ Construção da identidade do Departamento  
construção  de  um  projeto  pedagógico  com  vistas  a  2015.  Ofereceu‐se  um  Termo  de   Etapa 4– Propostas de Ação: PPP (sumário de conteúdo, detalhamentos e mecanismos de 
Referencia intitulado        “Projeto Político  Pedagógico  ‐  PPPARQ  2015”  onde  foi  reunido  um  implantação e avaliação)  
conjunto de princípios e valores, parâmetros e critérios para servir de base para a elaboração 
do projeto.   Etapa 5 – Analise e monitoramento (realimentação) 
O papel deste Termo de Referencia é servir de instrumento para uma gestão democrática das  A primeira etapa objetiva iniciar um processo organizado de debate sobre a realidade atual 
metas e objetivos que serão propostos pelo projeto, uma ferramenta para sua concretização,  do Departamento de Arquitetura da UNITAU. “O que somos”, trata de uma discussão quase 
de  modo  a  contribuir  para  que  os  esforços  e  articulações    necessários  na  elaboração  do  existencial dos muitos anos de existência do curso, e valoriza depoimentos atuais de alunos, 
projeto resultem de um processo participativo.  professores  e  funcionários,  contrapostos  a  exposição  de  experiências  administrativas  e 
pedagógicas  anteriores,  organizados  em  quatro  temas  definidos  em  reuniões  coletivas 
Assim,  em  sua  concepção  inicial,  o  projeto  pedagógico  para  2015  é  denominado  Projeto 
participativas, cada qual coordenado por um docente e composto por alunos e funcionários 
Político  Pedagógico  –  PPP,  a  ser  construído  no  interior  de  um  processo  de  planejamento 
que se inscreveram para participar do processo nos vários temas indicados abaixo: 
participativo  que  culmine  em  um  cenário  departamental  próximo  do  desejável  por  sua 
comunidade, composta e representada por docentes, discentes e funcionários.  1. Estrutura curricular ‐ visão histórica do curso; 
Evidencia‐se  que  a  implantação  de  tal  processo  de  planejamento  na  elaboração  do  PPP  2. Regulamentações – MEC, CEE, CAU, ABEA 
demanda certas delimitações e procedimentos iniciais. Em Taubaté, o primeiro passo após a  3. Modelos de estruturas curriculares 
montagem  do  Termo  de  Referencia  foi  sua  discussão  e  acolhimento  por  parte  do  corpo  4. Perfil do aluno, professores e funcionários – histórico 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  397   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  398 

Ainda não se tem resultados desta primeira etapa, após a realização de apenas uma reunião  4 CONSIDERAÇÕES FINAIS


coletiva  sobre  o  tema  “Regulamentações‐MEC,  CEE,  CAU”.  Nesta  reunião  foi  discutida  a 
proposta  de  alteração  da  RESOLUÇÃO  CNE/CES  nº2/2010,  que  institui  as  diretrizes  Este  trabalho  foi  elaborado  com  o  objetivo  de  apresentar  uma  experiência  pedagógica  em 
curriculares  nacionais  do  curso  de  graduação  em  arquitetura  e  urbanismo,  elaborada  pela  curso  no  Departamento  de  Arquitetura  da  Universidade  de  Taubaté  ‐  UNITAU,  apontando 
ABEA em 2013.  aspectos  de  sua  elaboração  e  oferecendo‐os  a  uma  reflexão  inicial.  Espera‐se  que  um 
segunda etapa prevista no processo de planejamento participativo refere‐se à identificação  contraponto  de  posições  e  experiências  de  outras  instituições  e  departamentos  possa 
de metas e objetivos para os próximos anos do curso de arquitetura e urbanismo. A questão  enriquecer e contribuir para seu refinamento. 
central  é  “O  que  queremos  ser”,  indicando  a  partir  da  constatação  anterior,  possíveis  Em  síntese,  este  texto  é  um  relato  da  elaboração  do  projeto  político  pedagógico  do 
caminhos de inovação e mudança pedagógica. Trata da definição de um “partido projetual”  Departamento  de  Arquitetura  da  UNITAU.  Já  são  muitos  os  atores  envolvidos,  entre 
para  o  documento  pedagógico,  entendido  como  algo  já  existente  na  imaginação  de  todos  professores, alunos e funcionários, o que mostra o interesse real despertado pela proposta 
que compartilham da experiência de ensino e educação no Departamento de Arquitetura da  metodológica na aplicação de técnicas de planejamento participativo nesta elaboração. 
UNITAU, e como tal tem um sentido de identificar e garantir à realização do sonho coletivo, a 
Não há neste momento o que considerar quanto aos resultados esperados, mas ressaltar que 
utopia, a proposta ideal a ser perseguida. 
é  perceptível  uma  mudança  de  comportamento  entre  os  membros  da  comunidade 
A  terceira  etapa,  “Construção  da  Identidade  do  Departamento”  representa  o  momento  de  departamental a partir do direcionamento proposto e aceito nos Termos de Referencia para 
articulação  de  idéias  e  propostas  para  a  continuidade  do  processo  de  planejamento  o PPP ARQ‐2015. 
pedagógico,  de  maneira  a  instituir  um  procedimento  reconhecido  pela  comunidade 
departamental  que  possa  ser  permanente  e  que  garanta  a  contínua  construção  e  re‐
construção institucional conforme a dinâmica pedagógica de ensino e educação assim exija.  5. AGRADECIMENTOS
A  quarta  etapa,  “Propostas  de  ação:  PPP  –  conteúdo,  detalhamentos,  mecanismos  de  Embora  redigido  a  duas  mãos,  a  quem  cabe  todas  as  limitações  presentes  neste  texto,  o 
implantação  e  avaliação”,  é  o  próprio  artefato  já  construído  e  apresentado  para  sua  autor agradece aos colegas docentes e aos alunos e funcionários envolvidos nesta tentativa 
execução.  Deve  propor  uma  seqüência  ordenada  de  ações  que  serão  materializadas  na  de  encontrar  caminhos  mais  promissores  para  o  curso  de  arquitetura  da  Universidade  de 
medida em que se aproximam da sala de aula, expresso na forma dos planos de aula e suas  Taubate ‐ UNITAU. 
atividades integradoras. 
A quinta etapa, não menos importante, deve discutir a operacionalidade do PPP‐ARQ 2015 e 
sua  execução  planejada.  Como  o  ambiente  departamental,  institucional,  educacional  é  6 REFERENCIAS
bastante  dinâmico,  exige  que  as  práticas  pedagógicas  sejam  constantemente  revistas, 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO, Proposta de alteração da resolução 
atualizadas e inovadas para que possam sempre refletir o desejo e o sonho de transformação  cne/ces nº2/2010, que institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em arquitetura e 
do curso. Isto evidentemente exige um processo de sistematização de informação, coleta de  urbanismo. Abea ,2014.Disponível em<http://www.abea‐arq.org.br/wp‐ 
novos dados e documentos, discussões e debates sobre novas experiências, enfim atividades  uploads/2014/02/Proposta_Altera_Diretrizes.pdf >.Acesso em 25 set.2014.9:30. 
e tarefas voltadas à re‐alimentação do processo participativo em curso.   DOS SANTOS, Claudinete, M.; et al, O planejamento participativo da escola como prática inovadora, Cadernos 
 Em todas as etapas descritas, estão presentes os momentos decisórios que fazem parte do  de Educação, Pelotas [41]: 175‐187, 2012. 
processo de construção coletiva.  O Termo de Referencia estabelece que deva ser criada duas  MINGUILI, M. da Gloria e DAIBEM, Ana M.L, Projeto Pedagógico e Projeto de Ensino: um trabalho com os 
instancias decisórias. A primeira, de natureza consultiva e permanente, constituída pelos três  elementos constitutivos da prática pedagógica. UNESP 2012. Disponível em 
<http://www.fmb.unesp.br/Home/Graduacao/projeto‐pedagogico‐e‐projeto‐de‐ensino.pdf>, Acesso em 
segmentos  representativos  do  Departamento  de  Arquitetura,  docentes,  discentes  e  09ago.2014; 20:30. 
funcionários,  resultou  na  montagem  de  um  Grupo  Consultivo  de  Estudo  e  Trabalho  –  GET, 
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, Projeto Pedagógico 2007, 2008, 2009, 2010, 2014, Secretaria Administrativa, 
criado  para  subsidiar  com  informação  e  organização  as  discussões  previstas  nas  etapas 
2014;  
definidas  pelo  Termo  de  Referencia.  A  seguir,  definiu‐se  que  a  instancia  decisória  de  todo 
processo  participativo  será  composta  de  uma  Plenária  de  Ensino  e  Educação  –  PLEE  e  do                                                          , Estatuto da Universidade de Taubaté, 2009. 
Conselho de Departamento  –  CONDEP,  já  previsto  no regimento e  estatuto  institucional.  O   UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, Coleção Gestão e Avaliação da Escola Pública; 2. 2005. Disponível em 
Diretor do Departamento é parte integrante de todas as instancias.   <http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_1/caderno_2.pdf>, Acesso em 26set. 2014,12: 30. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  399   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  400 

Praticar o que se aprende ou aprender o que se pratica:   será ainda maior quando todos os atuais 330 cursos existentes no país estiverem totalmente 
implantados  e,  há  que  se  considerar  os  novos  cursos  a  serem  criados.  Os  atuantes  no 
nexos e dicotomias entre a qualidade do ensino e  chamado mercado de trabalho responderão que não. Porém, considerando que arquitetos e 
a prática de arquitetura e urbanismo  urbanistas  são  responsáveis  em  maior  ou  menor  medida  pelo  desenho  dos  espaços 
habitáveis, pela qualidade do entorno em que se desenvolve a vida urbana, e observando as 
Gogliardo Vieira MARAGNO  cidades, o caos urbano, a carência de moradia digna para boa parte da população, a ausência 
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; [email protected]  de  espaços adequados para  atividades de  educação,  saúde, cultura, lazer, etc.  nas  cidades, 
  entre tantas outras questões urbanas ainda não resolvidas, somos levados a considerar que 
sim.  
RESUMO 
A qualidade do trabalho e do ensino em arquitetura e urbanismo interessa à sociedade como um todo, porém  Porém,  há  necessidade  de  profissionais  com  domínio  pleno  dos  processos  de  produção  e 
não estão acessíveis indicadores que permitam aferi‐la.  Neste sentido o trabalho procura estudar as razões da  urbanização, de arquitetos e urbanistas capazes de compreender e traduzir as necessidades 
crise  que  há  algum  tempo  se  aponta  tanto  no  âmbito  do  ensino  quanto  da  prática  profissional  diante  dos  de  indivíduos,  grupos  sociais  e  comunidade  em  relação  à  concepção,  organização  e 
conceitos e busca pela qualidade, e suas relações com os nexos e dicotomias entre as duas fazes do arquiteto e  construção  do  espaço  interior  e  exterior,  abrangendo  a  edificação,  o  paisagismo,  o 
urbanista: sua formação como estudante e sua atuação como profissional. A metodologia empregada parte da 
análise de aspectos relacionados tanto a disciplina quanto a prática de arquitetura e urbanismo sob a ótica de 
urbanismo, bem como a conservação e  a valorização do patrimônio construído, a proteção 
alguns  críticos  e  arquitetos,  confrontando‐os  com  informações  da  realidade  profissional,  e  dos  conceitos  de  do  equilíbrio  do  ambiente  natural  e  a  utilização  racional  dos  recursos  disponíveis. 
qualidade e  sua  aplicação  no ensino  e  na prática  de arquitetura e urbanismo.  Em  seguida  procura  verificar a  Precisamente o que consta das Diretrizes Curriculares Nacionais e da Carta da UNESCO‐UIA 
situação  de  crise,  ou  de  suposta  crise,  como  consequência  da  dicotomia  entre  ensino  e  prática.  Finalmente,  para  Educação  dos  Arquitetos  quanto  à  missão  dos  cursos  de  graduação.  Cursos  que, 
questiona sua relação com os diferentes perfis adotados pelos cursos através de seus projetos pedagógicos e a  segundo esses documentos, devem desenvolver ações pedagógicas para formar profissionais 
adoção de maior conexão entre teoria e prática e entre o universo do ensino e o universo profissional como o 
caminho de superação das dificuldades e crise. 
com  condutas,  atitudes  e  responsabilidade  técnica  e  social  encerrando  como  princípios:  a 
qualidade  de  vida  dos  habitantes  dos  assentamentos  humanos,  a  qualidade  material  do 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino de arquitetura e urbanismo, prática profissional, qualidade de ensino  
ambiente  construído  e  sua  durabilidade;  o  uso  da  tecnologia  em  respeito  às  necessidades 
sociais,  culturais,  estéticas  e  econômicas  das  comunidades;  o  equilíbrio  ecológico  e  o 
 1 INTRODUÇÃO desenvolvimento  sustentável  do  ambiente  natural  e  construído  e;  a  valorização  e  a 
preservação  da  arquitetura,  do  urbanismo  e  da  paisagem  como  patrimônio  e 
O ensino com sucesso seria aquele que produz de fato a aprendizagem do que se  responsabilidade coletiva. 
pretende  ensinar.  Por  seu  lado,  o  bom  ensino  é  muito  mais  difícil  de  definir.  Não 
estou  sequer  certo  que  o  ensino  com  sucesso  seja  um  bom  critério  para  o  bom  É  manifesto  que  o  acesso  à  educação  superior  não  deve  ser  privilégio  para  poucos,  mas 
ensino. Na verdade, não me parece existir qualquer contradição em dizer que uma  tampouco  a  educação  deve  transformar‐se  em  uma  linha  de  produção  formando 
pessoa foi ensinada com sucesso, mas mal ensinada.1  profissionais  desprovidos  de  compromissos  com  a  qualidade.  Evitar  esta  (de)formação  é  a 
Que  tipo  de  satisfação  almeja  uma  pessoa  ao  contratar  o  trabalho  de  um  arquiteto  e  missão do sistema de controle e verificação da qualidade do ensino no país, do MEC, que, no 
urbanista?  Que  indicadores  servirão  para  subsidiar  sua  escolha  por  um  profissional  ou  sua  entanto,  pela  proporção  gigantesca  que  alcançou  e  pelo  seu  caráter  generalista,  tentando 
avaliação sobre a qualidade do seu trabalho? E no caso dos estudantes e seus familiares, que  atender  simultaneamente  quase  todos  os  cursos,  não  consegue  mais  acompanhar  com 
indicadores estão disponíveis para subsidiar a escolha de um curso e, posteriormente, aferir  especificidade,  proximidade  e  presteza  a  oferta  de  ensino  em  cada  área  garantindo  o 
a  qualidade  da  educação  e  sua  aplicabilidade  no  mundo  profissional?  São  questões  que  atendimento dos padrões mínimos de qualidade.  
oferecem respostas pouco objetivas, ainda que estejam no centro de inúmeras conversações  Fomos  capazes  de  construir  democraticamente  padrões  bastante  avançados  para  a 
sociais,  pois  muito  se  fala  da  qualidade  (ou  de  sua  ausência)  do  ensino  e  da  atuação  do  graduação em arquitetura e urbanismo, expressos pelas diretrizes curriculares nacionais, em 
arquiteto e urbanista.   sintonia com padrões internacionais, harmonizados e adequados à realidade e cultura local. 
Já são mais de cem mil arquitetos e urbanistas no Brasil e formam‐se a cada ano mais de dez  Porém  não  estamos  sendo  capazes  de  aplicar  convenientemente  estes  padrões  seja  no 
mil2.  Diante  destas  cifras,  é  natural  que  se  indague  sobre  a  necessidade  em  formar  tantos  acompanhamento da abertura e oferta dos cursos, ou nas iniciativas pedagógicas dos nosso 
profissionais quanto estamos formando, com o agravante de que a quantidade de formandos  cursos.  Mesmo  nas  experiências  consideradas  mais  exitosas,  não  há  acompanhamento 
metódico da inserção dos egressos no mundo profissional para que se possa avaliar acertos, 
                                                            
equívocos e grau de sucesso.  
1
 HIRST, 1973, p. 176. Traduzido por Olga Pombo.  Aliás,  diante  das  aceleradas  transformações  na  conjuntura  global  não  dispomos  de 
2
 Dados de 2014 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil e do relatório de 2011 do Exame Nacional de  indicadores  para  aferir  a  qualidade  da  própria  produção  da  arquitetura  e  urbanismo. 
Desempenho dos Estudantes do INEP/MEC.  Reclamamos  da  qualidade  apenas  pela  impressão,  sem  base  científica.  As  críticas  são 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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generalizadas, porém superficiais e pouco fundamentadas. Inexistem sistemas validados para  muitas oportunidades, quando solicitados a apresentar suas respostas aos desafios urbanos, 
aferição  da  qualidade  da  formação,    produção  e  prática,  inclusive  quanto  sua  efetiva  os arquitetos têm se afastado do foco ou atendido de maneira não inteiramente satisfatória 
adequação para a realidade e necessidade do país.  as solicitações.  
Que motivos têm levado a sociedade a abrir mão da contribuição dos arquitetos e urbanistas 
A CONJUNTURA, O ENSINO E A PRÁTICA. 
no desenvolvimento das cidades? Que motivos interna corporis os tem levado a se manter 
Nos  encontros  sociais,  profissionais  ou  acadêmicos  da  área  é  comum  um  momento  de  afastados  dos  processos  de  tomada  de  decisão  em  aspectos  importantes  de  configuração, 
reflexão,  quase  sempre  informal,  sobre  a  conjuntura  profissional.  As  constatações  sobre  o  construção  e  gestão  do  espaço  público  ou  privado?  Alguns  críticos  consideram  que  em 
campo de trabalho costumam desencadear uma série de julgamentos e queixas a respeito da  grande  parte  das  oportunidades  os  arquitetos  e  urbanistas  têm  reduzido  sua  atenção 
situação  econômica,  condições  de  contratação,  honorários,  reservas  técnicas,  condição  de  prioritariamente  a  aparência  formal  de  edifícios  e  espaços  urbanos,  sem  questionar  ou 
submissão  em  relação  aos  profissionais  do  marketing,  saturação  de  mercado,  invasão  do  intervir em questões de maior profundidade e abrangência relacionadas à qualidade da vida 
mercado, dificuldades em aprovações de projeto, novas leis  e normas, carência de mão de  urbana.  Por  escolha  própria  muitos  profissionais  tem  buscado  atuar  no  segmento  da 
obra,  baixa  qualidade  dos  egressos,  número  exagerado  de  cursos  e  falta  de  qualidade  da  chamada  arquitetura  autoral,  e  com  relativo  reconhecimento  e  sucesso,  mas  em  atuação 
maior parte deles.  Raramente a crítica se dá sobre a insuficiência daquele que faz a crítica,  destinada as classes de renda mais elevada. Diante disto, estudiosos do urbanismo indagam 
somente  em  relação  aos  demais.  Se  o  tema  caminha  para  a  qualidade  da  produção  se ao exacerbar cada vez mais o culto à atividade profissional autoral destinada à alta renda, 
arquitetônica, pouco se avança no exercício da crítica em seu sentido adequado de análise  não  estariam  os  arquitetos  e urbanistas correndo o risco  de  mais  uma  vez distanciar‐se  da 
cuidadosa e julgamento de mérito que ressalte valores positivos e negativos. O mais comum  realidade  urbana  brasileira,  o  que  pode  ser  considerado  uma  tragédia  já  que  “quase  a 
é buscar um culpado ao redor, e este costuma ser o ensino, porém com a ressalva de que os  metade  da  população  sequer  tem  acesso  a  casa,  quanto  menos  a  arquitetura?”  FERREIRA 
cursos,  segundo  os  comentários,  “perdem”  qualidade  após  a  própria  graduação,  o  que  é  (2011, não pag.) 
resumido  na  declaração:  “no  meu  tempo  os  cursos  eram  bons,  agora,  agora  deixam  a 
Em paralelo, outros autores têm questionado a própria qualidade da produção recente dos 
desejar...” A este respeito, Vilanova Artigas já avisava em 1952 que “é preciso procurar fora 
arquitetos e urbanistas mesmo nestes segmentos. Mahfuz (2014) aponta que a arquitetura 
das  escolas  a  causa  dos  desajustes”,  pois  “não  cabe  às  escolas  a  culpa  de  tudo  o  que 
nunca  obteve  tanta  exposição,  nos  meios  profissionais  e  também  nos  não  especializados, 
acontece. Antes, pelo contrário, a escola é igualmente vítima” (ARTIGAS, 1986, p. 131)1.   
como  nestes  tempos  recentes,  mas  a  qualidade  da  produção  não  faz  juz  à  acentuada 
A  análise  por  vezes  desanimadora  presente  em  certas  instituições  profissionais  contrasta,  exposição  midiática.  Outros  críticos  apontam  que  a  perda  de  qualidade  não  é  recente,  ao 
segundo  a  saudosa  professora  Maria  Elisa  Meira,  com  o  estimulante  imaginário  “leigo”  do  contrário,  tem  sido  gradual  e  crescente  acompanhando  uma  decadência  de  valores 
“ser arquiteto” que segue valorizando, ainda que de maneira difusa, a imagem profissional.  disciplinares  desde  a  inauguração  de  Brasília  no  final  dos  anos  1950.  O  professor  Roberto 
Para ela, existe um perfil do ser arquiteto que desperta atenção da sociedade e é refletido  Segre,  recentemente  falecido,  ao  buscar  as  razões  deste  declínio  considerou  que  as 
diretamente na demanda crescente por cursos de arquitetura e urbanismo (MEIRA, 2001a), o  edificações  recentes  tem  procurado  alcançar  tão  somente  um  mínimo  de  atendimento 
que  termina  por  incentivar  a  ampliação  do  número  de  cursos  e  vagas  que  se  observa  em  funcional e baixo custo, sem se preocupar com valores mais profundos. Como consequência, 
todo o país.   a  imagem  das  cidades  termina  por  estar  “mais  vinculada  às  construções  especulativas 
A maioria das críticas, mesmo as mais ponderadas, consentem que não se tem sido capaz de  anônimas  do  que  a  iniciativas  de  desenvolvimento  urbanístico”  (apud  BERTHO,  2011,  não 
oferecer soluções adequadas à vida nas médias e grandes cidades. Os motivos apontados são  pag.).  
vários  e  relacionam‐se  a  habitabilidade  das  cidades  como  degradação  estética  e  funcional,  Confirmando  que  críticas  como  essas  não  são  recentes,  há  quase  trinta  anos  Czajkowski 
poluição  acústica  e atmosférica,  caos  funcional,  deficiências no  planejamento  e construção  (1986,  p.  9)  já  anunciava  que  a  característica  predominante  de  fazer  arquitetura  no  Brasil 
das  edificações  e  infraestruturas,  problemas  de  mobilidade,  falta  endêmica  de  moradias  desde  os  anos  1960  tem  sido  o  pragmatismo,  ação  que  acaba  por  gerar,  segundo  ele,  a 
dignas entre tantos outros. Não é razoável responsabilizar apenas os arquitetos e urbanistas  “irrelevância  estética  da  maioria  das  obras  recentes”,  uma  atitude  pragmática  que  surge 
pela  desordem  urbana.  As  causas  e  fatores  são  amplos  e  complexos,  porém  ainda  que  se  como  resposta  a  pressões  externas,  socioeconômicas  e  culturais,  que  se  manifestam  em 
reconheça que a cidade é resultado de um processo de planejamento, construção e gestão  vários níveis, da oferta de trabalho até a própria imagem que a sociedade tem do arquiteto, 
em que intervêm múltiplos agentes sociais, econômicos, políticos e profissionais, é possível  levando‐o a afastar‐se da de artista, que detinha no passado, para aproximar‐se da imagem 
verificar‐se que a própria dinâmica política e social tem impedido a participação mais ampla  de um técnico objetivo e confiável. 
dos  arquitetos  e  urbanistas,  que  assistem  quase  impotentes  sua  substituição  por 
Há críticos e profissionais que creditam essa “crise” de identidade, ou de qualidade, a outros 
profissionais  de  áreas  menos  preparadas  ou  diretamente  envolvidas.  Por  outro  lado  em 
fatores  sendo  alguns  deles  relacionados  à  maneira  de  muitos  arquitetos  encararem  sua 
                                                            
própria  atuação,  de  maneira  isolada  e  independente.  Há  também  algumas  associações  de 
1
 Em “Os Caminhos da Arquitetura Moderna”, texto publicado originalmente na revista Fundamento em janeiro  classe e conselhos com atuação que pouco contribuem na divulgação e valorização adequada 
de 1952.   da  profissão  e  sua  boa  prática  chegando,  em  algumas  situações,  a  contribuir  para  divulgar 
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imagens e conceitos distorcidos em relação à arquitetura e urbanismo, reduzindo‐a a mera  relacionada  ao  esforço  do  homem  em  modificar  e  adaptar  o  meio  que  o  circunda, 
prestação de serviço, ou a um profissional responsável apenas pelos aspectos formais, quase  identificando‐se  com  edifícios  e  espaços  urbanos  que  conformam  seu  habitat.  Seu  campo 
decorativos.  As  publicações  especializadas,  responsáveis  pela  divulgação  da  produção  dos  disciplinar vem sofrendo transformações quanto aos limites, transcendendo as edificações e 
arquitetos  e  urbanistas,  recebem  sua  parcela  de  responsabilidade  por  restringirem‐se  a  estendendo‐se  para  a  cidade,  o  território  indo  até  os  objetos  mais  imediatos  do  entorno 
divulgar a  produção dos grandes centros,  desprezando  parte considerável do  país,  além de  humano. Para GUEVARA (2013), deve ser compreendida através de três lógicas: do espaço ‐ 
publicar pouca, ou nenhuma, análise crítica e exaltar desproporcionalmente o aspecto visual  configuração e significação; da função – habitar e comunicar; e, da produção – tecnologia e 
em detrimento das outras dimensões. Em entrevista a Otávio Leonídio, João Figueira Lima, o  socioeconômica,  que  compõe  uma  trama  de  interações  e  integrações.  Não  deve  ser 
Lelé, destaca o valor das revistas e sua importância na divulgação da arquitetura destacando,  considerada como arte, como ciência ou como técnica, ainda que se apoie em conceitos das 
entretanto,  o  efeito  por  vezes  danoso  para  os  arquitetos  em  formação  ou  com  pouca  três, podendo até mesmo caracterizar um campo próprio.   
experiência, ao estimular demasiadamente o aspecto fotogênico, o visual relegando a menor 
É bastante conhecida a definição de Lucio COSTA (1995, p.246), segundo a qual a arquitetura 
importância  os  demais  dimensões  da  obra  arquitetônica,  como  por  exemplo,  a  tecnologia 
é “antes de mais nada, construção, mas, construção concebida com o propósito primordial 
(LEONÍDIO, 2001). 
de  ordenar  e  organizar  o  espaço  para  determinada  finalidade  e  visando  a  determinada 
Entretanto,  o  mais  comum  tem  sido  relacionar  a  “crise”  na  arquitetura  e  urbanismo  intenção”.  Lucio  propõe  ainda  nesta  clássica  definição  que  "arquitetura  é  construção 
principalmente  ao  ensino.  Ainda  que  a  educação  tenha  grande  e  preponderante  concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma 
responsabilidade, é necessário observar que ensino e prática estão inter‐relacionados, com  determinada  época,  de  um  determinado  meio,  de  uma  determinada  técnica  e  de  um 
gerando influências e repercussões nas questões relacionadas à qualidade.   determinado programa”. Sua acepção distingue, portanto, a construção da arquitetura tanto 
O crescimento expressivo da oferta de cursos e em especial do número de formandos, com  pelo intuito quanto pelos atributos culturais. O bem‐conceituado crítico Kenneth Framptom 
em  entrevista  recente  em  que  pese  igualmente  seguir  o  caminho  da  diferenciação  entre 
taxas  superiores  a  10%  ao  ano  impressionam  e  até  mesmo  assustam,  não  somente  pela 
quantidade,  mas  também  pela  qualidade.  Já  pudemos  nos  posicionar  em  outro  artigo  que  arquitetura e construção, restringe a abrangência da arquitetura somente as construções de 
essa  evidencia  de  crescimento  acelerado  não  deve  ser  interpretada  precipitada  e  caráter público e coletivo, a saber: 
diretamente  como  causador  de  saturação  do  mercado  de  trabalho,  devendo  constituir  um  Normalmente  não  fazemos  a  distinção  entre  arquitetura  e  construção.  Mas  acho 
importante  alerta  quanto  à  necessidade  de  estudos  sobre  a  qualidade  da  formação  e  o  que é importante reconhecer que existem essas duas palavras  em quase  todas as 
línguas.  E  arquitetura  com  "A"  maiúsculo  sempre  tratou  da  construção  pública 
significado  da atual participação  do arquiteto  e urbanista na sociedade (MARAGNO,  2012).  (mais ou menos). Embora, é claro, muitos arquitetos distintos projetem casas muito 
Os  números  de  cursos,  formandos  e  profissionais  provocam  pertinente  questionamento  sofisticadas  e  belas  para  a  classe  alta,  para  a  classe  burguesa,  aqui  e  em  toda 
sobre  a  qualidade  da  formação  dos  jovens, mas  também  é  preciso  verificar  e  questionar  a  parte...  quando  se  trata  da  questão  de  pessoas  extremamente  pobres,  ou  da 
qualidade  da  arquitetura  e  urbanismo  que  vem  sendo  exercida  pelos  profissionais  já  invasão em massa das áreas urbanas, todo o problema de longa data das favelas , 
estabelecidos, sejam eles jovens ou experientes.  das "barriadas", que remontam uns bons 60 anos, 70 anos talvez, sabemos que os 
arquitetos  não  podem  fazer  muito  sobre  isso.  (FRAMPTON,  apud  QUIRCK,  2014, 
Parece‐nos  conveniente  analisar  além  do  impacto  da  formação  recebida  na  graduação  na  não pag.) 
prática  profissional,  também  o  impacto  que  a  prática,  através  de  estágios,  visitas  e  Frampton acaba por excluir da definição de arquitetura a moradia, ou pelo menos a moradia 
principalmente  publicações,  exerce  sobre  os  estudantes  e  sua  formação  acadêmica.  Esse  individual,  ressalvando:  “Não  estou  dizendo  que  não  se  pode  fazer  habitação  social  que 
mútuo impacto é o foco deste artigo a luz de seus nexos e dicotomias,  buscando critérios e  tenha grandes qualidades arquitetônicas. Às vezes exigimos da profissão arquitetônica coisas 
balizamentos da boa arquitetura e urbanismo a serem contemplados na formação.    que  a  profissão  por  si  só  não  pode  cumprir”,  para  afinal  alegar  que  arquitetura  trata,  em 
O trabalho procura estudar a partir da crise que há tempo se aponta no ensino e na prática  última instância, do “espaço da aparência pública”. 
as inter‐relações das duas faces da vida de um arquiteto e urbanista: de sua formação como  Dando sequência a esse caráter público e coletivo da arquitetura, ainda que acordemos que 
estudante  a  sua  realização  como  profissional.  A  metodologia  empregada  parte  da  existam demandas que a profissão não possa cumprir por si só, não é desejável ou mesmo 
confrontação entre a análise apontadas por críticos e arquitetos de aspectos da disciplina e  admissível  que  o  arquiteto  e  urbanista  se  afaste  das  demandas  urbanas,  especialmente 
sua prática, e dados da realidade do mundo profissional, verificando a aplicação do conceito  considerando as reconhecidas precariedades do espaço urbano no Brasil. A supervalorização 
de  qualidade  na  arquitetura  e  urbanismo  e  questionando  a  crise  como  consequência  da  dos  aspectos  visuais  é  resquício  de  um  olhar  limitado  das  formas  de  exercitar  a  profissão 
dicotomia  entre  formação  e  prática.  O  caminho  apontado  para  sua  superação  é  do  que, para a maioria ainda, não inclui todas as maneiras “possíveis e necessárias à sociedade 
estreitamente do vínculo entre ensino e prática de arquitetura e urbanismo no Brasil.   de ser  arquiteto” (MEIRA,  2001a, p.  100). Arquitetos  e urbanistas  não podem desconhecer 
que  além  da  cidade  oficial,  quase  sempre  central,  há  uma  cidade  informal  que  está  além 
daquela  reconhecida  pelo  chamado  mercado.  E  que  esta  outra  cidade  embora  raramente 
2 SOBRE A PRÁTICA NA ARQUITETURA E URBANISMO
possa pagar diretamente por seu serviço também demanda sua atuação profissional. Aliás, 
A  arquitetura  visa  antes  de  tudo  atender  as  necessidades  humanas  e,  portanto,  está  talvez seja a que, por suas carências, seja a que mais demanda. A realidade demonstra, no 
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entanto,  que  ainda  são  poucos  os  profissionais  que  se  dedicam  e  praticam  a  arquitetura  Figura 1 – Comparação da Distribuição das Atividades Realizadas pelos Arquitetos e Urbanistas 
no Brasil e nos Estados Unidos 
social, e menos ainda os que conseguem superar o alcance de mera construção, conforme as 
definições  acima,  tendo  em  vista  as  restrições  orçamentarias  dos  programas  de  moradia 
popular que consideram supérfluo o que deveria ser um direito, impedindo e restringindo as 
possibilidades  da  produção  de  uma  arquitetura  social  de  qualidade.  E  mesmo  a  pequena 
produção  de  qualidade  que  consegue  superar  as  barreiras  é  pouco  divulgada,  surgindo 
apenas  em  eventuais edições especiais  das  revistas de arquitetura, ressaltando  seu caráter 
de exceção.   
Na carência ou omissão da atuação de arquitetos e urbanistas muitas sociedades, inclusive a 
nossa, constroem por si, como podem, edificações para atender suas necessidades básicas, 
alcançando  apenas  parcialmente  aqueles  princípios  básicos  preconizados  por  Vitrúvios 
estudados nas universidades: buscam a funcionalidade e alcançam limitado resultado quanto 
     
a  solidez  e  estabilidade.  Esta  arquitetura  sem  arquitetos  algumas  vezes  e  em  algumas 
Fonte: Censo dos Arquitetos e Urbanistas – CAU/BR, 2012 e ACSA ‐ Association of Collegiate Schools of Architecture. 
culturas  são  capazes  de  obter  resultado  bastante  satisfatório,  porém  junto  às  populações 
mais carentes, isso não ocorre e o resultado são “sub‐habitações” com espaços edificados e  Essas  proporções  presentes  na  distribuição  entre  as  diversas  atividades  do  arquiteto  e 
urbanos  inapropriados,  insalubres  e  inseguros  em  pleno  século  XXI.  Como  aceitar  que  o  urbanista  não  devem  ser  compreendidas  como  precedência  ou  importância  de  uma 
arquiteto  e  urbanista  ainda  mantenha‐se  ausente  na  busca  por  solução  destes  graves  atividade  ou  outra,  apenas  parecem  espelhar  as  oportunidades  de  trabalho.  Ainda  que 
problemas? Será unicamente pelo fato do poder público ignorar os ordenamentos legais já  consideremos  a  inexatidão  do  que  possa  ser  entendido  por  “arquitetura  e  urbanismo  – 
existentes? Mesmo com uma lei que assegura às famílias de baixa renda assistência técnica  concepção”,  ou  seja,  se  esta  concepção  inclui  somente  espaços  edificados  ou  também 
pública  e  gratuita  para  o  projeto  e  a  construção  de  habitação  de  interesse  social  (Lei  espaços  urbanos  e  paisagísticos,  fica  evidente  que  nossas  cidades  e  principalmente 
11.888/2008),  por  falta  de  mecanismos  de  contratação  ou  remuneração  pública,  mas  metrópoles requerem significativa expansão no campo de atividades relacionado ao urbano. 
também  por  omissão  ou  menosprezo  a  este  tipo  de  demanda,  arquitetos  e  urbanistas 
seguem ignorando os aspectos relacionados às funções sociais da profissão.  
3 QUALIDADE NO ENSINO E NA PRÁTICA
Função  social  que  está  presente  mesmo  quando  projeta  para  as  classes  de  renda  mais 
elevadas,  ao  observar  com  maior  ou  menor  adequabilidade  a  realidade  social,  cultural,  Cada vez mais se fala sobre a qualidade de diferentes produtos e serviços e em  relação ao 
ambiental e paisagística, considerando sua obra como parte de um universo maior, a cidade.  ensino  e  a  arquitetura  e  urbanismo  não  é  diferente.  Como  visto  à  crítica  a  qualidade  da 
Com esse enfoque mais amplo, percebe‐se que os critérios e indicadores da boa arquitetura  arquitetura de maneira geral tem sido comum, e em especial sobre seu ensino. Comenta‐se 
deverão  contemplar  os  dois  tipos  de  demandas,  do  mercado  e  da  sociedade,  confirmando  sobre a falta de qualidade e as considerações negativas adquirem atitude usual e corriqueira. 
ARTIGAS  (1986)  no  reconhecimento  de  que  a  contribuição  do  arquiteto  deve  relacionar‐se  Entretanto, a avaliação precisa da qualidade do ensino ou da arquitetura em si não é tarefa 
com  a  explicação  da  conjuntura  social,  pois  ela  inegavelmente  provoca  decorrências  no  simples.  Apreciar  a  qualidade  física  de  uma  edificação  ou  de  um  conjunto  de  edificações 
caráter físico e ambiental da vida.  talvez  não  apresente  tanta  dificuldade,  mas  especificamente  a  qualidade  da  arquitetura 
A  analise  dos  campos  profissionais  permite  verificar  que  a    atuação  dos  arquitetos  e  apresenta  maior  complexidade.  Analisar  e  compreender  o  que  seja  boa  arquitetura  e  boa 
urbanistas  desdobram‐se  hoje  mais  além  da  prática  projetual,  seja  ela  de  edifícios  ou  prática em arquitetura têm gerado muito debate ainda com escassos resultados objetivos, o 
espaços  urbanos,  alcançando  a  execução  de  obras,  o  desenvolvimento  de  projetos  que não retira a necessidade de ampliar e aprofundar a prática e o debate.  
complementares, a consultoria especializada, entre outros tantos. Segundo o Censo do CAU‐ A apreciação  da  qualidade de forma individual, espontânea e não metodológica é exercida 
BR de 2012, um terço (34%) dos profissionais tem atuado majoritariamente na concepção de  diariamente. Porém, avaliações sistemáticas e metodológicas requerem maior profundidade, 
projetos. Um número menor, mas ainda significativo (16%) em execução, pouco mais que os  iniciando‐se  pela  definição  estrita  do  significado  e  abrangência  do  termo  qualidade. 
que  atuam  com  arquitetura  de  interiores  (15%),  enquanto  5%  estão  vinculados  ao  serviço  Cotidianamente nos referimos à qualidade presente em um produto ou serviço isoladamente 
público,  em  torno  de  4%  ao  planejamento  urbano,  outros  3%  ao  paisagismo,  e  os  demais  ou em comparação com outros, porém é preciso considerar sob que critérios esses produtos 
(23%) trabalham em outras atividades, inclusive ensino (2,76%). Se compararmos com dados  ou  serviços  se  destacam.  Reconhecidamente  a  qualidade  é  um  conceito  subjetivo 
americanos  perceberemos  que  a  distribuição  não  difere  muito,  exceto  por  uma  relacionado  diretamente  à  percepção  de  cada  pessoa  e  influenciado por diferentes  fatores 
discriminação mais detalhada do número de atividades, conforme demonstrado na figura 1.  como cultura e modo de pensar, além das características próprias dos produtos ou serviços. 
  Experiências  anteriores,  necessidades  e  expectativas  exercem  influencia  sobre  sua 
    apreciação, demandando nas análises que seja explicitado o tipo de aspecto, componente ou 
valor que está sendo submetido à consideração. 
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De maneira específica em arquitetura e urbanismo o conceito de qualidade está relacionado  específica  da  construção  civil,  ainda  que  também  possa  estar  relacionado  à  solução 
a um conjunto de valores cuja percepção varia principalmente com tempo e cultura, e por  arquitetônica. 
isso  mesmo  após o estabelecimento  de  parâmetros  e  indicadores,  será  preciso reconhecer  Ainda  que  estas  diferentes  acepções  sejam  abrangentes,  se  mergulharmos  no  universo  da 
que a qualidade em arquitetura e urbanismo é um conceito fundamentalmente discutível e 
teoria da arquitetura, observaremos que ainda que esses conceitos de qualidade relacionam‐
sujeito  a  uma  multiplicidade  de  atributos  e  valores.  Mesmo  que  estas  considerações  se mais diretamente aos conceitos vitruvianos de “firmitas” e “utilitas”, pouco avizinhando‐
apresente uma dificuldade inicial, é preciso avocar a conjectura de que o reconhecimento e a  se  ao  conceito  de  “venustas”.  Estão  relacionados  ao  reconhecimento  de  valores  e 
busca da qualidade na área é algo positivo, conta com aprovação pública e pode ser obtido 
desempenho, a sua utilização, a adequação de lugares, mas pouco ou nada contemplando o 
por  metodologias  que  incorporem  análises  comparadas  exaustivas  de  exemplos  tema  da  forma  arquitetônica,  da  estética.  A  arquitetura  além  de  sólida  e  durável,  do 
significativos,  auxiliadas  por  boa  fundamentação,  e  mesmo  com  todo  este  cuidado  deverá 
atendimento as necessidades e finalidades, deve servir a contemplação do belo e apreciação 
continuar a ser entendida como um conceito‐chave aberto e contestável. 
estética,  e  neste  caso  podemos  afirmar  que  os  conceitos  descritos  escorregam  de  nossas 
O conceito de qualidade deve tomar em conta que a obra arquitetônica mais que um bem  mãos  como  espuma  de  sabão.  Desde  a  Grécia  antiga  a  estética  desperta  interesse.  O 
privado e de uso particular, é de interesse público por suas inter‐relações com as cidades e  questionamento do belo tornou‐se uma preocupação filosófica. Para Platão, por exemplo, o 
comunidades.  Rönn (2010) nomeia quatro diferentes conceitos de qualidade, relacionados  belo  é  o  bem,  a  verdade,  a  perfeição.  Mas  como  aferi‐lo?  Pulls  (2006)  em  seu  livro 
antes de tudo a própria acepção do termo, que possam constituir ponto de partida para sua  Arquitetura  e  Filosofia  procura  a  resposta  através  da  busca  pela  compreensão  do  por  que 
aplicação na arquitetura e urbanismo, que assim adaptamos:   alguns  edifícios  são  considerados  belos  e  outros  não,  utilizando  argumentos  de  diferentes 
filósofos  ao  longo  da  história  para  explicar  a  beleza  na  arquitetura.  Boas  soluções  formais 
Em primeiro lugar a qualidade pode ser vista como um conjunto de boas propriedades, assim 
um  artefato  pode  ser  descrito  como  atraente,  útil,  resistente,  etc.,  com  características  podem  ser  visíveis,  porém  sempre  estarão  sujeitas  a  avaliações  subjetivas  e  serão  muito 
difíceis de explicar ou compreender. Há algo que escapa, há sempre ambiguidade no uso do 
positivas em relação a determinados aspectos ‐ como emprego do material, funcionalidade, 
acessibilidade, adequação climática, etc. Também podem ser ressaltados aspectos negativos,  conceito de qualidade estética, mas mesmo assim não se pode dissociar o valor estético da 
quando  então  se  identifica  má  qualidade,  presença  de  problemas.  Finalmente  podem‐se  arquitetura.  
ressaltar aspectos comparativos da qualidade quando se afirma que o artefato (A) tem maior  Importante  lembrar  que  na  arquitetura  e  urbanismo  os  conceitos  de  qualidade  já  estarão 
valor  arquitetônico  que  o  artefato  (B).  São  todos  exemplos  que  partem  de  um  conceito  presentes  no  projeto  antes  mesmo  da  obra  existir  de  fato,  nos  desenhos,  esboços, 
relativo  da  avaliação,  considerando  valores  específicos  que  podem  estar  mais  ou  menos  ilustrações,  maquetes  especificações  e  textos  descritivos.  Muitas  vezes  a  apreciação  da 
evidentes ou ocultos. Nestes casos a qualidade será um juízo de valor mais ou menos preciso  qualidade é feita pelo e no projeto. Reafirma‐se que ainda que seja difícil avaliar a qualidade 
e objetivamente mensurável.  na  arquitetura,  é  preciso  exercitá‐la  buscando  utilizar  critérios  claros  e  precisos  com 
julgamentos desprovidos de parcialidade afastando‐se ao máximo das posições subjetivas.  
Em segundo lugar a qualidade pode estar relacionada com o reconhecimento de capacidades 
pessoais dos indivíduos, situações em que se afirma que determinado arquiteto é talentoso  Apesar  da  persistência  de  certa  subjetividade,  a  apreciação  da  qualidade  na  arquitetura  e 
no  emprego,  por  exemplo,  do  concreto  aparente,  ou  na  formulação  de  projetos  para  urbanismo deve ser transparente, o que equivale a ser analisada e explicada à luz de critérios 
determinados  programas,  ou  mesmo  que  tem  vencido  inúmeros  concursos.  Neste  caso  a  evidentes, significativos, e justificáveis, compreendidos como ponto de partida, e não como 
qualidade da arquitetura será avaliada pela competência atribuída ao arquiteto.    absolutos.  Constituem  um  conceito  aberto  que  deve  incorporar  novos  padrões  e  novos 
pontos de vistas que surgem continuamente.  
Em  terceiro  lugar,  a  qualidade  pode  ser  entendida  como  uma  relação  específica  para  um 
local, conceito tipicamente empregado no universo da arquitetura e urbanismo. Neste caso,  Um bom exemplo constituem os concursos de ideias e de projetos. Ainda que neles continue 
é atribuída qualidade a projetos que representam um todo e se adequam em um contexto  presente  o  conceito  aberto,  devem  ser  adotados  os  critérios  significativos,  evidentes  e 
único, ou quando, por exemplo, forma, função e técnicas estão adequadamente reunidos na  justificáveis  evidenciados  no  regulamento,  programa  e  base  de  dados  apresentados  aos 
implementação de determinado projeto para determinado lugar. Nestes casos a qualidade da  concorrentes.  Uma  solução  nunca,  ou  dificilmente,  será  esmagadoramente  melhor  que  as 
arquitetura  está  sendo  atribuída  por  salientar,  fortalecer  e  interpretar  o  caráter  cultural  e  outras.  A  vencedora  será  a  que  contiver  maior  número  de  “qualidades”  nos  critérios 
singularidade do ambiente. Sob este enfoque não haverá respostas gerais para as questões  requisitados.  Por  constituírem  prática  profissional  onde  se  exercita  e  se  necessita  a 
de qualidade arquitetônica, pois cada lugar dispõe características únicas.   apreciação  de  qualidade,  muitos  dos  critérios  presentes  nos  concursos  passam  a  ser 
utilizados como critérios de qualidade para o projeto de arquitetura, sendo que o contrário 
Em quarto lugar, a qualidade pode se referir a certo tipo de produção material ou tecnológica 
de um produto. Por exemplo, qual a qualidade do produto ou tecnologia empregado, como é  também  é  válido,  ou  seja,  os  concursos  incorporam  critérios  de  qualidade  verificados  em 
projetos  e  obras.  Dentre  eles  estão  a  evidência  de  um  todo,  a  presença  de  uma  ideia 
seu  desempenho  para  determinado  tipo  de  situação,  estão  sendo  atendidos  todos  os 
principal  fundamentada,  a  coerência  com  o  entorno,  o  caráter  e  expressividade  formal,  a 
requisitos técnicos, etc. Neste caso é possível afirmar que determinados materiais atendem o 
padrão tipo (A), por exemplo, que recebeu determinando prêmio, ou que foi aprovado por  posição e tipo de acesso, a adequação aos requisitos funcionais, a economicidade, o apuro 
técnico  das  soluções,  as  possibilidades  de  ampliação  e  flexibilidade  de  adaptação  a  outros 
determinados  testes  e  ensaios.  Este  conceito  está  mais  próximo  do  conceito  de  qualidade 
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usos,  a  eficiência  energética,  conforto  ambiental  e  grau  de  sustentabilidade,  etc.  Mais  barateamento detectado quando da grande expansão do número de cursos de arquitetura e 
importante  que  a  presença  positiva  de  cada  quesito  será  a  combinação  dos  elementos  urbanismo  a  partir  dos  anos  1970,  e  que  estava  presente  não  só  na  carência  de  espaços 
constituidores do todo acolhendo simultaneamente as diferentes dimensões.   adequados ao trabalho de professores e alunos, como também na ausência, insuficiência ou 
indisponibilidade  de  equipamentos,  falta  de  capacitação  de  professores  e  ausência  de 
Ainda que  muitos valores  modifiquem‐se com  o  tempo,  há aqueles permanentes, como os 
propostos  por  Vitruvius  que  considera  boa  arquitetura  a  que  contempla  combinação  atividades  de  pesquisa  e  extensão  na  graduação.  As  Diretrizes  estabelecidas  em  1994  pela 
indivisível de beleza, função e técnica. Um cânone milenar ainda florescente (RÖNN, 2010).  Portaria  MEC  1.770,  preocupando‐se  em  recuperar  as  condições  materiais  dos  cursos  que 
comprometiam  a  essência  do  ensino,  detalham  minuciosamente  as  condições  de 
Tendo  em  vista  as  inúmeras  possibilidades  e  o  extenso  debate,  Maria  Lucia  Malard  (2007)  oferecimento,  especialmente  espaço  físico,  equipamentos  e  acervo  da  biblioteca,  como 
lança a possibilidade de um pacto sobre a ideia do que seria boa arquitetura, sugerindo, para  condição para abertura e funcionamento dentro de padrões aceitáveis de qualidade. Foram 
tanto,  afastar‐se  um  pouco  das  convicções  pessoais  visando  o  entendimento  coletivo.  Na  desenvolvidas  as  características  dos  conteúdos  mínimos  que  no  final  dos  anos  1990  no 
aceitação  deste  pacto  coletivo  conseguiremos  mais  efetivamente  encontrar  os  melhores  momento  de  revisão  das  diretrizes  foram  contemplados  com  o  detalhamento  das 
parâmetros para avaliação da boa prática e da boa arquitetura, contribuindo na construção  características do dos profissionais que se desejavam ser formados.  
de um sistema de apreciação de qualidade com maior alcance e reconhecimento. Para que 
Comas ao abordar o ensino de projeto arquitetônico cita que Mindlin já apontava em 1956 
esse sistema seja aceito majoritariamente será necessário maior confiança e difusão, uso de 
que  “o  estudante  de  hoje  permanece  exatamente  como  seus  colegas  que  criticam  a 
critérios de maior permanência que se afastem modismos, além de caracterização per si de 
arquitetura moderna no Brasil – autodidata”, e completa que de lá para cá a situação pouco 
um caráter educativo e formador. Na impossibilidade de definição de parâmetros precisos e 
mudou  e  pós‐69  com  a  “proliferação  de  escolas”  só  se  agravaram  (apud,  COMAS,  1986, 
objetivos, quanto maior, mais consolidada e atualizada for o conjunto de paradigmas de boa 
arquitetura  estudados e divulgados, mais  nos aproximaremos de  uma  conformidade, ainda  p.42). Mahfuz (2004, não pag.) expõe claramente que a crise não é só do ensino, como do 
próprio  campo  disciplinar  e  relaciona  a  crise  justamente  a  dificuldade  em  apreciar  a 
assim  contestável,  sobre  a  qualidade  na  arquitetura  e  urbanismo    com  aplicações  e 
influencias recíprocas no ensino quanto na prática profissional.  qualidade  arquitetônica  contemporânea.  Afirma  ainda  que  se  o  ensino  está  em  crise,  e 
seungo  ele  sempre  está,  mas  também  a  “profissão  passa  por  crise  disciplinar  sem 
precedentes, que ameaça torná‐la obsoleta ou alterar radicalmente sua natureza”, isto caso 
4 DICOTOMIAS ENTRE O ENSINO E A PRÁTICA – A CRISE não  se  alcance o consenso “sobre  os  procedimentos  projetuais que podem  conduzir  à boa 
arquitetura,  e  muito  menos  sobre  o  que  caracteriza  obras  de  qualidade  superior  no  início 
É  quase  inevitável  aceitar  que  o  ensino  de  arquitetura  e  urbanismo  no  Brasil  apresenta  deste novo século”. Ströher (2008, não pag.) o complementa considerando que “toda a crise 
problemas. Aliás, também é possível dizer que o Brasil vai mal, que o mundo contemporâneo  que  os  professores  e  teóricos  da  arquitetura  vêm  detectando,  não  significa  uma 
vive  uma  crise  sem  precedentes.  Mas  afirmações  desprovidas  de  fundamentação  e  de  inconformidade  com  as  soluções  técnicas  ou  funcionais  da  produção  contemporânea”. 
caminhos para superação da crise terão pouca ou nenhuma utilidade. No caso do ensino, as  Segundo  ele,  embora  a  profissão  pareça  estar  passando  também  por  uma  crise  política  e 
críticas não são recentes, como demonstram com os comentários de Artigas nos anos 1980,  ética, os resultados mais incômodos estão no terreno da estética, dos significados visuais. 
e tampouco são exclusividade brasileira. É fácil encontrar estudos e publicações dos últimos  Também  em  muitos  outros  países  têm  sido  comum  as  críticas  ao  ensino.  Antonio  Toca 
40‐45 anos referindo‐se a elas.   (2013),  arquiteto  e  crítico  mexicano,  afirma  que  as  teorias  e  práticas  arquitetônicas 
O professor Edgard Graeff em seu livro “Arte e Técnica na Formação do Arquiteto” analisava  convencionais  não  foram  capazes  de  incorporar  adequadamente  as  novas  tecnologias  nos 
as  transformações  no  ensino  de  arquitetura  ressaltando  que  em  determinado  momento  o  últimos 25 anos, e que se a arquitetura moderna foi capaz de realizar uma revolução teórica 
saber  fazer  foi  dando  lugar  na  formação  do  arquiteto  ao  saber desenhar  e  discursar  sobre  a  partir  do  aproveitamento  da  nova  tecnologia,  desde  então  o  que  se  tem  visto  é  um 
arquiteto,  destacando:  “o  divórcio  entre  arte  e  técnica  na  arquitetura  começa  com  o  distanciamento  dos  arquitetos  do  domínio  da  tecnologia  e,  como  consequência,  dos  níveis 
distanciamento entre teoria e prática, o desenho/proposta teórica e a construção/realização  de  decisão  e  planejamento de  projetos na  indústria da  construção.  Toca  é  contundente  ao 
prática da obra, vale dizer, do espaço” (GRAEFF, 1995, p.130).  afirmar que o mercado está saturado de arquitetos como perfil profissional tradicional e que 
há  obsolescência  na  formação.  Segundo  ele,  muitas  das  287  escolas  então  existentes  no 
Zanettini (1980, p. 17) inicia sua obra “O Ensino de Projeto na Área de Edificação” avisando 
México não dispõem de um nível mínimo de qualidade seja no sistema acadêmico, docente 
que as “críticas sobre o ensino de arquitetura sempre existiram e sempre existirão, o que em 
ou de instalações. 
si não é negativo e demonstra vitalidade e procura de transformação constante”. Ao formular 
detalhada análise dos 31 cursos então existente trás uma série de diagnósticos dos cursos e,  O  quadro  na  Espanha  pode  ser  considera  ainda  mais  grave.  Santiago  de  Molina  (2012) 
em sua discussão final, afirma que estes devem responder pela formação tanto dos aspectos  considera  que  a  crise  por  que  passa  a  atividade  da  arquitetura  na  Espanha  faz  com  que  a 
conceituais  como  instrumentais  para  que  o  arquiteto  possa  arcar  com  as  suas  formação  dos  arquitetos  passe  por  momentos  de  grande  indefinição  e  insegurança.  Alerta 
responsabilidades em sua prática profissional.   que  os  números  de  formandos  ao  ano  (3.000)  e  de  arquitetos  já  existentes  (60.000), 
considerando  a  população  do  país,  implica  em  uma  taxa  de  arquitetos  por  habitantes  de 
No  âmbito  da  CEAU  e  ABEA,  em  vários  momentos  fez‐se  referência  ao  fenômeno  do 
aproximadamente um para cada 800 habitantes, o que é quase o dobro da média europeia. 
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Para  ele,  estes  números  aliados  a  falta  de  trabalho  “catastrófica”  no  país  determinam  se  emprego  e  a  remuneração  satisfatória,  a  universidade  tem  como  funções  fundamentais 
busque  novo  sentido  para  a  figura  do  arquiteto  na  sociedade,  bem  como  produzir  conhecimento,  gerar  pensamento  crítico,  organizar  e  articular  os  saberes  e 
redimensionamento das escolas e reformulação na docência (MOLINA, 2012).     logicamente  formar  cidadãos  e  profissionais.  A  universidade  no  desenvolvimento  de  sua 
missão  deve  retribuir  o  investimento  que  recebe  da  comunidade  formando  profissionais  e 
Em  recente  editorial  no  “The  Architects  Newspaper”,  da  Nova  Iorque,  Sam  Lubell  escreve 
que a formação do arquiteto está cada vez mais distante da realidade prática profissional. O  desenvolvendo  estudos,  pesquisas  e  projetos  de  extensão  adequados  as  necessidades  da 
título  do  editorial  é  “O  Momento  do  Ensino:  o  fosso  entre  o  ensino  e  a  prática  da  comunidade e contribuindo para solucionar seus problemas. 
arquitetura”  1  (LUBELL,  2012).  Ele  afirma  sem  rodeios  que  os  profissionais  que  saem  da  Vale  ressaltar  que  das  sete  finalidades  estabelecidas  pela  Lei  de  Diretrizes  e  Bases  da 
escola não estão suficientemente bem preparados para a prática de arquitetura, ainda que  Educação  (LDB)1  para  a  educação  superior,  uma  delas  é  a  de  “formar  diplomados  nas 
disponham  de  laboratórios  extremamente  sofisticados  e  de  elevado  discurso  técnico  e  diferentes  áreas  de  conhecimento,  aptos  para  a  inserção  em  setores profissionais  e  para  a 
teórico. Lista uma série de problemas que não nos são distantes como: apesar  de extrema  participação  no  desenvolvimento  da  sociedade  brasileira”.  Outras  seis  finalidades  estão 
habilidade em determinadas áreas, como modelagem computacional, os recém‐egressos não  relacionadas a outros aspectos como estimulo a criação cultural, desenvolvimento científico 
apresentam familiaridade com  processos construtivos, com  questões comerciais,  gestão  de  e  pensamento  reflexivo,  incentivo  ao  trabalho  de  pesquisa,  estimulo  ao  conhecimento  dos 
empresas e pouca familiaridade com a história e terminologia do mundo real da construção.  problemas do mundo presente, etc.  
Lubell  concorda  que  os  programas  de  arquitetura  não  devam  se  como  das  escolas  de 
Tendo  em  vista  essa  diversidade  de  missões  e  finalidades  e  considerando  a  dinâmica  do 
comércio,  que  os  alunos  precisam  sonhar,  teorizar  e  ter  liberdade  criativa,  ponto  forte  da 
mundo atual, a relação entre universidade e realidade socioeconômica e cultural em que se 
educação  arquitetônica americana, mas  ressalta que  essa liberdade  tem  de  ser  equilibrada 
insere é inevitável, porém não unívoca. Por vezes fica evidenciado a unidade entre ideais e 
com  restrição  e  experiência  do  mundo  real.  Também  reconhece  que  é  fácil  apontar  o  interesses  entre  universidade  e  realidade  (ou  poderíamos  dizer,  comunidade,  ou  mesmo 
problema, mas não é nada fácil encontrar soluções equilibradas. Tão interessante quanto ler 
sociedade), porém há outros em que evidenciam conflitos, algumas vezes de tal monta como 
o  editorial  é  observar  os  comentários  dos  leitores  em  apoio  ou  discordando  da  posição,  se  fossem  antagonistas.  Esta  relação  com  maior  ou  menor  parentesco  é  determinante  na 
sendo  que  a  questão  central  acaba  sendo  a  compreensão  do  que  seja  realmente  “mundo  definição do modelo de educação superior e, consequentemente do modelo de profissional, 
real”,  se  a  volátil  conjuntura  econômica  e  os  valores  de  marketing,  ou  em  definitivo  as 
que  pretende  formar,  sendo  possível,  posicioná‐la,  com  certa  dose  de  generalização,  entre 
imutáveis leis da física, os fluxos de energia, etc.  duas posições extremas: 
Uma publicação da ACSA –  Association  of  Collegiate Schools  of  Architecture comemorativa  a) Modelo que considera que a universidade deva vincular o ensino que pratica com a vida 
de seu centenário e que procura retratar os 300 anos de ensino de arquitetura nos Estados 
social  cotidiana,  ou  seja,  com  a  prática  profissional,  reconhecendo  como  sua  função 
Unidos contém um capítulo em que o título é próximo da discussão que trazemos: “A Prática  primordial  proporcionar  mão  de  obra  qualificada  em  atendimento  ao  mercado  de 
Profissional  pode  ser  Ensinada  na  Escola?”  (JOHNSTON,  2012).  O  autor  indaga  se  mesmo 
trabalho; 
com  todo  o  sistema  de  controle  acadêmico,  profissional  e  semigovernamental  introduzido 
nas  últimas  décadas  no  país,  tanto  ensino  quanto  prática  profissional  melhoraram  b) Modelo  que  considera  que  a  universidade  deva  ser  a  geradora  e  difusora  de 
substancialmente. E demonstra que críticos e observadores da profissão não têm respondido  conhecimentos teóricos que serão futuramente incorporados à sociedade. (adaptado de 
positivamente à questão. Relaciona ainda algumas críticas sobre os currículos que não estão  GOYCOOLEA, 1998) 
sendo  capazes  de  transmitir  a  totalidade  dos  conhecimentos  e  habilidades  necessários,  os  Evidente que entre os dois modelos ocupando posições opostas, é possível considerar outros 
conflitos entre  os valores disciplinares e  profissionais e  uma ênfase  excessiva em  projeto e  com  vínculo  intermediário  mais  próximos  de  um  ou  de  outro,  ou  mesmo  que  busque 
teoria  em  detrimento  de  outros  campos  e  principalmente  um  distanciamento  entre  a  equidistar dos dois, equilíbrio não muito fácil de ser alcançado.  Não será uma mera decisão 
academia e o mundo real. Aspectos que podem ser superados, segundo ele, através de uma  técnica,  administrativa  ou  estabelecida  pela  tradição  que  determinará  o  modelo  adotado, 
aproximação de ambas as partes.   mas  sim  postura  ideológica  em  relação  à  função  que  a  comunidade  considera  deva  ser 
adotada pela universidade em determinado contexto e momento histórico.   
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A escolha da posição a partir dos interesses sociais parece ser mais simples em se tratando 
de  universidades  públicas.  Porém  quando  além  dos  interesses  da  sociedade  há  um  grupo 
CAMINHOS E NEXOS ENTRE O ENSINO E A PRÁTICA privado mantenedor que inevitavelmente as consideram também (em alguns casos somente) 
como fontes de capital para gerar lucro, a decisão e o equilíbrio tornam‐se mais complexos. 
São  inúmeros  os  papéis  que  as  universidades  desempenham  na  sociedade.  Mais  que 
possibilitar acesso ao ensino superior e obtenção de um diploma que facilitará o acesso ao                                                              
                                                            
1
 Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em 
1
 Tradução livre para “A teaching moment on the gap between architectural education and practice”.  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.  
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Em alguns países o processo educacional é de total competência do estado, por exemplo, na  em benefício da ênfase no que é voltado ao imediatismo do mundo profissional, ao mercado 
Alemanha,  enquanto  em  outros como  o  nosso ele  é  assumido  em  parte  pelo  estado  e  em  como muitos se referem. Essa prática termina por acentuar exagerada e indesejavelmente a 
parte pela iniciativa privada. Enquanto nos países desenvolvidos o estado e iniciativa privada  separação  entre  teoria  e prática  e  até mesmo  entre  trabalho manual –  ainda que  trabalho 
desempenham papel no desenvolvimento de pesquisas, nos países subdesenvolvidos ou em  manual por meios digitais – e trabalho intelectual. 
desenvolvimento como o Brasil, o investimento das instituições privadas em pesquisas tem  O  bom  arquiteto  e  urbanista  compreendido  pelo  mundo  profissional  passa  a  ser  o 
sido diminuto.   profissional  “tarefeiro”,  aquele  atende  com  presteza  e  eficiência  as  demandas  que  lhe  são 
Em  muitas  instituições  privadas  a  educação  costuma  ser  entendida  apenas  como  ensino  e  solicitadas, ainda que seu atendimento seja desprovido de um olhar mais crítico e profundo 
ensino  profissionalizante  na  maior  parte  das  vezes.  Segundo  esta  ótica,  universidades  e  sobre  a  tarefa  requerida.  Basta  que  apresente  respostas  através  de  boas  imagens  digitais, 
demais  instituições  de  ensino  superior  privadas  arcariam  em  especial  com  a  formação  de  respeite  normas  (mínimas)  de  representação  gráfica,  desenvolva  (alguns  poucos)  detalhes, 
recursos  humanos  voltada  para  atender  as  necessidades  mais  imediatas  do  mercado  de  especificações  e  cronogramas  empregando,  sempre  que  possível,  materiais  e  técnicas  em 
trabalho,  enquanto  o  desenvolvimento  científico,  tecnológico,  artístico  e  cultural,  evidência  no  “mercado”,  atendendo  (não  mais  que  suficientemente)  códigos  urbanos  e 
considerado responsável pela geração de riquezas, campos de trabalho e pela qualidade de  normas  técnicas  e,  evidente,  que  apresentem  solução  formal  “interessante”.  Aspectos 
vida, ficaria sob a responsabilidade da universidade pública.   socioculturais,  humanísticos  e  até  mesmo  ambientais  são  classificados  pejorativamente  de 
“filosofia”.  Para  este  universo,  a  dinâmica  do  mundo  atual  não  tem  mais  espaço  para 
As críticas ao atual estágio do ensino de arquitetura e urbanismo bem ilustram esta posição e 
profissionais  poetas  ou  filósofos  e  sim  para  profissionais  práticos  e  objetivos.  Mesmo 
anseio:  o  mercado  de  trabalho  deseja  absorver  profissionais  “sob  medida”  demandando 
aspectos  intrínsecos  a  profissão,  formulação  do  projeto  e  sua  dimensão  estética,  são 
cursos que preparem de maneira mais direta e imediata para o exercício de uma profissão, 
de  um  ofício.  Esses  cursos  seriam  oferecidos  por  universidades  caracterizadas  como  “de  desconsiderados  ou  menosprezados.  O  objetivo  restringe‐se  a  formulação  e  adequada 
interpretação do programa acompanhada de escolha da técnica que melhor se compatibilize 
ensino”, privadas certamente, e teriam uma característica essencialmente profissionalizante. 
Em  contrapartida,  outro  tipo  de  universidade,  a  pública,  ofereceria  uma  graduação  que  com a função, deixando estudo e resolução formal por conta da genialidade de cada um, ou 
poderia  ser  chamada  de  acadêmica.  Seus  egressos  é  que  assumiriam  a  função  social  de  pior, por conta de cópia superficial de um modelo em evidência na mídia (COMAS, 1986). 
mudar,  inovar,  transformar,  alavancar  e  modernizar  o  mercado  de  trabalho,  É  reconhecidamente  desejável  e  necessário  aproximar  a  formação  da  prática  profissional. 
responsabilizando‐se pelo desenvolvimento  científico e tecnológico  do país (NUNES, 2004).  Para tanto, deve‐se lançar mão do desenvolvimento de capacidade crítica visando sintetizar 
Esses cursos seriam integrados à pós‐graduação, de duração mais longa, em período integral  conhecimentos, e não do mero preparo prático para o exercício profissional em seu aspecto 
e assentados sobre bases científicas mais sólidas.   reducionista,  pois  desta  forma,  segundo  Malard  (2005),  se  estaria  mais  próximo  do 
Entretanto, se consideramos que essa deveria ser a alternativa possível, o que observamos  adestramento  ou  treinamento  do  que  da  educação  ou  formação.  Arquitetura  não  é 
puramente uma técnica na qual alguém possa ser simplesmente treinado. Usa a técnica, mas 
na  realidade  é  a  intenção  de  que  ambos  os  modelos  sejam  oferecidos  pelos  dois  tipos  de 
vai  bem  além.  Além  disso,  a  visão  pedagógica  do  imediatismo  acaba  dominada  pela 
instituição, e o resultado é que, com raras exceções, não temos tido exemplos de sucesso em 
praticamente  nenhum  deles.  Além  disto,  no  caso  da  arquitetura  e  urbanismo,  estaríamos  passagem  exclusiva  daquele  que  supostamente  sabe  ao  que  supostamente  não  sabe,  fato 
que além de deixar indevidamente o saber como propriedade de alguém (MEIRA, 2001b), é 
efetivamente formando dois tipos de egressos: o profissional e o acadêmico, com formação e 
agravado  atualmente  pela  incerteza  no  domínio  deste  saber,  tendo  em  vista  a  pouca 
perfis distintos. Seria desejável? Seria factível em nossa realidade? Honorários e atribuições 
seriam diferentes? Perderíamos então a unicidade de profissão a partir desta distinção? Ou  experiência  profissional  ou  didática  de  boa  parte  dos professores  recrutados  com  urgência 
para atender a demanda por novos professores em quase todos os rincões do país. 
seria possível e desejável alcançar uma solução intermediária? 
Para muitos esta dualidade que já se prenunciava no século XIX, acentua‐se como resultado 
O  grande  desafio  nos  ensina  a  professora  Maria  Elisa  Meira,  ex‐presidente  da  ABEA,  é 
da  massificação  experimentada  pelos  cursos  a  partir  da  segunda  metade  do  século  XX  em 
romper  a  dualidade  instrução/educação  que  gerou  duas  escolas,  ou  uma  escola  dual, 
muitos  países,  e  a  partir  dos  anos  1970  no  Brasil.  Revela‐se  através  do  protagonismo  das 
segundo ela, como alguns preferem denominar. Uma preparando para o trabalho‐instrução e 
matérias mais técnicas no ensino de arquitetura em detrimento das de abordagem teórico‐
outra  para  o  mando‐educação,  chamada  por  Gramsci  de  “escola  interesseira”  em 
contraposição  a  “escola  omnilateral”,  capaz  “de  possibilitar  aos  homens  não  só  a  instrução  conceitual e disciplinar, tendo em vista que estas implicam maior dificuldade de aplicação em 
salas  saturadas  de  alunos.  Essa  teoria,  que  pode  ser  considerada  funcionalista,  segundo 
para  o  trabalho,  mas  também  capacidade  crítica  e  renovadora,  verdadeira  Educação” 
(MEIRA, 2001b, p.15).   MAHFUZ  (1985),  busca  um  processo  de  criação  formal  fundamentado  em  considerações 
programáticas e tecno‐construtivas, com preferência do objeto isolado no espaço sem ater‐
A  consequência  que  salta  aos  olhos  no  campo  da  arquitetura  e  urbanismo  é  que  a  grande  se  as  questões  inerentes  ao  lugar,  segregando  funções  urbanas  e  exaltando  o  valor  da 
maioria  dos  aproximadamente  330  cursos  já  existentes,  principalmente  os  criados  mais  originalidade em um processo de inovação permanente. 
recentemente e, ainda que não exclusivamente, os de instituições privadas têm buscado ao 
invés de educar, adestrar ou simplesmente instruir para o trabalho. Para tanto retiram parte  Mais  recentemente  foi  possível  verificar  uma  tentativa  de  repensar  o  papel  destas 
abordagens  na  formação,  principalmente  pelos  insatisfatórios  resultados  urbanos  e 
considerável dos componentes conceituais que contribuem para desenvolver o senso crítico 
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arquitetônicos,  através  de  iniciativas  que  visavam  revalorizar  a  abordagem  teórica  e  outra, o que não parece ser desejável, será preciso sempre alcançar o profissional da maior 
disciplinar.  Entretanto  este  movimento  mais  uma  vez  depara‐se  com  procedimentos  de  competência em relação ao perfil proposto.   
configuração, materialização e gestão do espaço físico que  ao invés de teóricos ou estetas,  Verdadeiramente  o  que  interessa  não  é  simplesmente  matizar  as  alternativas,  e  sim 
apresentam  demanda  por  perfis  especialmente  técnicos  em  atendimento  a    prática 
constatar  o  equívoco  oferecido  pela  escolha  dicotômica  entre  um  ou  outro  perfil 
profissional especializada do “mercado”, voltada ao imediatismo e pragmatismo.  confirmando que o caminho mais acertado está na conexão entre as duas. Um ou outro pode 
Situação  que  pode  ser  mesmo  considerada  paradoxal  em  que  um  intento  acadêmico  de  ser mais enfatizado, conforme pretenda e determine a característica da instituição ofertante 
recuperação  dos  princípios  disciplinares  da  arquitetura  se  confronta  com  a  demanda  por  ou  mesmo  o  projeto  político  pedagógico  do  curso,  mas  somente  com  a  maior  conexão 
técnicos  especializados  no  mercado  de  trabalho,  que  por  sua  vez  crítica  a  qualidade  da  possível  se  poderá  formar  o  profissional  integral  e  competente  em  ambos  os  enfoques  da 
formação. Subjaz a indesejável oposição entre prática e teoria já assinalada até mesmo nas  disciplina,  com  o  maior  nexo  possível  entre  teoria  e  prática    entre  formação  e  o  chamado 
longínquas  eras  por  Vitruvio  que  ressaltava  a  necessidade  de  sua  permanente  superação  mundo real para que se pratique o que se aprende e se aprenda o necessário a prática. 
pela  boa  arquitetura.  A  continuidade  desta  oposição  demonstra  que  se  trata  de  aspecto 
fundamental do desenvolvimento da disciplina, primordial na definição da orientação a ser 
adotada  pelo  projeto  pedagógico  de  um  curso  de  arquitetura  e  urbanismo.  Oposição  que  REFERÊNCIAS
pode ser resumida pelas seguintes posturas: 
ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da Arquitetura. São Paulo: Pini: Fundação Vilanova Artigas, 1986. 
Por  um  lado  os  que  consideram  que  o  objetivo  da  arquitetura  é  a  compreensão  e  p.131. 
configuração  transcendente  do  espaço  físico,  apoiando  uma  formação  baseada  em  BERTHO, Beatriz Carra. Conversa com Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz. A trajetória do Brasil Arquitetura. 
conhecimentos  históricos,  teóricos  e  artísticos  inerentes  à  disciplina  e  determinando  certa  Entrevista, on line, São Paulo, ano 12, n. 045.01, Vitruvius, jan. 2011. Disponível em 
independência da universidade frente ao mercado de trabalho;   http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/12.045/3725. Acessado em 11/08/2014. 

Por outro lado os que definem a arquitetura como um saber técnico orientado a satisfazer as  COMAS, Carlos Eduardo. Ideologia Modernista e Ensino de Projeto Arquitetônico: duas proposições em conflito. 
In: ______ (org.). Projeto Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. P. 
demandas  espaciais  das  atividades  humanas,  apoiando  uma  formação  científica  com  uma  33‐45. 
vinculação muito direta entre a prática e o ensino superior. (adaptado de GOYCOOLEA, 1998) 
COSTA, Lúcio. Considerações sobre arte contemporânea. In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: 
O  primeiro  pode  ser  denominado  de  perfil  acadêmico  disciplinar,  relacionado  Empresa das Artes, 1995. 
conceitualmente com a definição tradicional de universidade e baseado na consideração de  CZAJKOWSKI, Jorge. Arquitetura Brasileira: produção e crítica. In: COMAS, Carlos Eduardo (org.). Projeto 
que o papel da academia não é simplesmente formar técnicos para o mercado de trabalho, e  Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. p. 9‐13. 
sim de ministrar conhecimentos e desenvolver habilidades que expliquem o porquê mais que  FERREIRA, João S. Whitaker. Perspectivas e desafios para o jovem arquiteto no Brasil: Qual o papel da profissão? 
o como das coisas. Considerando a arquitetura antes de tudo como uma realização estética,  Arquitextos, on line, São Paulo, ano 12, n. 133.07, Vitruvius, jul. 2011. Disponível em 
determinando  que  o  arquiteto  domine  um  corpus  de  conhecimentos  inerentes  à  disciplina  http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.133/3950 acessado em 10/08/2014. 
para  o  seu  exercício.  Sob  este  perfil,  ainda  que  a  técnica  seja  valorizada,  ela  estará  GOYCOOLEA Prado, Roberto. La práctica y la teórica: los desafíos de la enseñanza actual de la arquitectura. 
proximamente relacionada ou mesmo subordinada às dimensões artísticas e culturais. Este  Veracruz. Colección Pedagógica Universitaria, enero‐junio 1998, no. 29, p.45‐72. 
arquiteto  quando  ingressar  no  mundo  profissional  muito  provavelmente  necessitará  do  GRAEFF, Edgar Albuquerque. Arte e técnica na formação do arquiteto. São Paulo: Studio Nobel, 1995. 
apoio de especialistas nas áreas relacionadas à tecnologia. 
GUEVARA Alvarez, Oscar E. Análisis del proceso de enseñanza aprendizaje de la Disciplina Proyecto 
O  segundo  perfil  está  relacionado  a  uma  concepção  de  universidade  como  instituição  Arquitectónico, en la carrera de Arquitectura, en el contexto del aula. Tese (Doutorado) Calidad y Procesos de 
responsável  pela  formação  de  técnicos  necessários  ao  desenvolvimento  da  sociedade,  Innovación Educativa, Universitat Autònoma de Barcelona, 2013.  
caracterizando  a  arquitetura  mais  como  uma  prestação  de  serviço.  Sob  esse  enfoque,  o  HIRST, Paul H. What is Teaching. In: The Philosophy of Education, London: Oxford University Press, 1973, pp. 
exercício  profissional  é  que  determina  conteúdos  e  habilidades  a serem  desenvolvidos  nos  163‐177. 
cursos,  considerando  o  arquiteto  mais  um  agente  econômico  que  um  artista  ou  agente  JOHNSTON, Geroge Barnett. Professional Practice: can professionalism be taught in school? In: OCKMAN, Joan; 
cultural. Neste caso para alcançar a qualidade bastaria definir‐se as demandas do mercado, o  WILLIAMSON, Rebecca (ed.). Architecture School: Three Centuries of Educating Architects in North America. 
que, apesar da aparente simplicidade tendo em vista as múltiplas formas e particularidades  Washington: Association of Collegiate Schools of Architecture; Cambridge: The MIT Press. 2012. p370‐373. 
possíveis na prática do arquiteto e urbanista é de alta complexidade.   LEONÍDIO, Otavio. Eu vivo numa ilha. Entrevista com João Filgueiras Lima, Lelé. Entrevista, on line, São Paulo, 
ano 15, n. 058.01, Vitruvius, maio 2014. Disponível em 
Constituem posições extremas que devem ser evitadas na formação do profissional integral  http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/15.058/5170.  acessado em 30/08/2014. 
desejável, mas comumente adotadas e muitas vezes de maneira involuntária ou espontânea 
LUBELL, Sam. A teaching moment on the gap between architectural education and practice. The Architects 
em  cursos  do  país.  Dificuldades  e  deficiências  demonstradas  na  insatisfação  quase 
Newspaper, on line, New York, 29/03/2012. Disponível em 
generalizada  das  condições  de  oferta  do  ensino  demonstram  que  cada  uma  delas  http://www.archpaper.com/news/articles.asp?id=5972#.VAeDTPldWPs.  Acessado em 26/08/2014. 
isoladamente tem sido insuficiente ou até indesejável. Ademais, ainda que se adote uma ou 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  417   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  418 

MAHFUZ, Edson da Cunha. Arquitetura é Arte? Summa+, Buenos Aires, n.134, ed. em português, p. 128. mar. 
2014. 
Um Exercício na Praia: O Homem, a Terra e a Luta 
______. Os Conceitos de Polifuncionalidade, Autonomia e Contextualismo e suas Consequências para o Ensino 
Anália Maria Marinho de Carvalho AMORIM 
de Projeto Arquitetônico. In: COMAS, Carlos Eduardo (org.). Projeto Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina 
Coordenadora de Tecnologia da Escola da Cidade ‐ São Paulo, [email protected] 
em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. P. 47‐68. 
 
______. Reflexões sobre a construção da forma pertinente. Arquitextos, on line, São Paulo, ano 04, n. 045.02,   
Vitruvius, fev. 2004. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.045/606. 
Consultado em 02/09/2014.  RESUMO 
No bojo  das  discussões  sobre  a  internacionalização do ensino  da Arquitetura  e  Urbanismo,  o  presente artigo 
MALARD, Maria Lucia. Alguns problemas de projeto ou de ensino de arquitetura. In: ______ (org.). Cinco textos  apresenta o resultado de um dos exercícios realizado no III Summer School, em agosto de 2014. Trata‐se de um 
sobre arquitetura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 79‐114.   curso de férias, uma atividade pedagógica eletiva, realizada pela Escola da Cidade ‐ Faculdade de Arquitetura e 
______. A avaliação no ensino do projeto de arquitetura e urbanismo: problemas e dificuldades. In: DUARTE,  Urbanismo  de São Paulo, Brasil, a  Faculty of  Architecture and Design, Brauneggerstr, Konstanz, Alemanha e a 
Cristiane R. et al (org.). O lugar do projeto no ensino e na pesquisa em arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro:  School of Architecture, Planning & Geomatics of University of Cape Town, South Africa. Neste ano, trinta e dois 
Contra Capa, 2007.   estudantes  de  graduação  e  sete  professores  das  três  instituições  vivenciaram  este  curso  na  África  do  Sul.  O 
exercício  aqui  exposto  foi  idealizado  e  coordenado  pela  Professora  Anália  MMC  Amorim,  com  o  auxílio  da 
MARAGNO, Gogliardo Vieira. Questões sobre a Qualificação e o Ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil.  Professora  Maira  Rios,  ambas  da  Escola  da Cidade,  na Praia de  Chintsa, África do  Sul,  mas  pode  ser  feito  em 
Brasília: Cadernos ABEA, v. 37, p. 46‐75, 2012.  vários outros sítios.  
MEIRA, Maria Elisa. Contexto do Exercício Profissional. In: PINTO, Valeska P., EIRAS, Isabel C. (orgs). A Educação  PALAVRAS‐CHAVE: matéria, construção, forma, canteiro, meio 
do Arquiteto e Urbanista: reflexões da professora Maria Elisa Meira. Piracicaba: Editora Unimep, 2001. p. 97‐
103. 
______. Criatividade e o ensino de arquitetura e urbanismo. In: ______. A Educação do Arquiteto e Urbanista:  1 INTRODUÇÃO
reflexões da professora Maria Elisa Meira. Piracicaba: Editora Unimep, 2001. p. 15‐17. 
MOLINA, Santiago de. Sobre la calidad e la enseñanza de la arquitectura. La Civdad Viva, on line, Sevilla,  O  exercício  aqui  exposto  faz  parte  de  um  curso  de  férias  que,  há  três  anos  vem  sendo 
16/01/2012. Disponível em http://www.laciudadviva.org/blogs/?p=13035. Acessado em 05/09/2014.   desenvolvido  pela  Escola  da  Cidade  ‐ Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo de São  Paulo, 
NUNES, Daltro J. Instituições de ensino públicas versus privadas. Universia, on‐line, 05/04/2004. Disponível em   Brasil,  em  parceria  com  a  Faculty  of  Architecture  and  Design,  Brauneggerstr,  Konstanz, 
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2004/04/05/519614/instituies‐ensino‐publicas‐versus‐ Alemanha.  Neste  ano  contou  com  a  participação  da  School  of  Architecture,  Planning  & 
privadas.html. Acessado em 10/09/2014.  Geomatics of University of Cape Town, South Africa.  
PULS, Mauricio. Arquitetura e filosofia. São Paulo: Annablume, 2006.  Este curso de férias, denominado de Summer School, tem como conceito poder realizar aulas 
QUIRK, Vanessa. Kenneth Frampton: O que é Arquitetura? ArchDaily, on line, 14/07/2014,  trad. Romullo  fora  dos  espaços  da  escola.  Neste  ano  de  2014  foi  realizado  durante  o  período  de  três 
Baratto. Disponível em http://www.archdaily.com.br/br/623949/kenneth‐frampton‐o‐que‐e‐arquitetura.  semanas do mês de agosto. O mundo é o local do aprendizado.  
Acessado em 06/09/2014. 
Trata‐se  de  uma  atividade  eletiva,  escolhida  pelos  estudantes  do  terceiro,  quarto  e  quinto 
RÖNN, Magnus. Quality in Architecture and Urban Design: a disputed concept. Design Research Journal. 
Stockholm, 2.10, p. 46‐54, 2010. Disponível em http://kth.diva‐portal.org/smash/record.jsf?pid=diva2:396098.  
anos  do  curso  de  Arquitetura,  a  qual  conta  com  quatro  meses  letivos  de  preparação  que 
Acessado em 20/08/2014.  compreende  a  leitura  de  textos  sobre  o  país  anfitrião  e  o  estudo  de  obras  urbanas  e 
arquitetônicas dos países  envolvidos. Além  da logística que uma atividade  como  esta exige 
STRÖHER, Ronaldo de Azambuja. Algumas considerações sobre o ensino do gosto em arquitetura. Arquitextos, 
on line, São Paulo, ano 08, n. 092.06, Vitruvius, jan. 2008. Disponível em  dos organizadores. Uma rede de comunicação é mantida entre os envolvidos via computador 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.092/177. Acessado em 10/10/2012.  e é alimentada por vários colaboradores externos que participarão do processo ao longo da 
TOCA Fernandez, Antonio. Arquitectura: teoría y práctica, senderos que se bifurcan. Obrasweb, on line, Ciudad 
atividade.  
de México, 2013. Disponível em http://www.obrasweb.mx/arquitectura/2012/12/20/arquitectura‐teoria‐y‐ Neste ano de 2014, a primeira semana do III Summer School foi programada para coincidir 
practica‐senderos‐que‐se‐bifurcan. Acessado em 26/08/2014.  
com o XXV Congresso da União Internacional de Arquitetos em Durban, realizado na primeira 
ZANETTINI, Siegbert. O Ensino de Projeto na Área de Edificação. São Paulo: FAUUSP, 1980.  semana de agosto. Conseguimos, da organização do Congresso, a concessão de um espaço 
sob  a  tenda  de  eventos  paralelos  para  estudantes  e  lá  montamos  mesas  e  bancos  que 
conformavam  nosso  espaço  de  atividades.  Este  mobiliário  foi  usado  nas  três  semanas  de 
trabalho e nos serviram de apoio à elaboração de desenhos e modelos, foram nossas mesas 
de  refeições  e  de  conversas  e  debates  ao  longo  das  três  semanas  de  deslocamento  e 
atividades.  
Durante o Congresso, os arquitetos que haviam dado as principais palestras eram convidados 
a conversar com os trinta e dois estudantes. Estes, por sua vez, em grupo, estudavam com 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  419   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  420 

antecedência a obra dos arquitetos e preparavam‐lhes perguntas.   Figura 1: Praia de Chintsa ‐ Africa do Sul 

Entre a primeira semana – que se deu no  XXV Congresso da UIA em Durban – e a terceira 
semana que se deu em Cape Town, o grupo com seus trinta e dois estudantes – oito equipes 
de quatro ‐ e sete professores se deslocaram de ônibus entre as duas cidades. Este percurso 
foi  feito  parando‐se  em  cidades,  visitando‐se  obras,  comunidades...  Fomos  recebidos  por 
guias, moradores, arquitetos e professores locais que nos apresentaram suas comunidades, 
cidades, obras, fatos...  
Fora  a  elaboração  das  entrevistas  aos  arquitetos  e  a  outros  profissionais,  foram 
desenvolvidos  dois  longos  exercícios  e  algumas  curtas  atividades  pontuais  elaboradas  ao 
longo da viagem de ônibus. O que será aqui exposto é uma dessas atividades de percurso.  
Tal  qual  o  II  Summer  School,  um  dos  exercícios  longos  é  a  elaboração  de  um  arquivo  de 
memórias  de  viagem, atividade desenvolvida  durante as  três  semanas. Estipulou‐se  que  se 
trabalhariam cartões de papelão de 15 x 10 cm e que eles seriam o suporte das anotações 
individuais  de  campo  e  de  depoimentos  colhidos  durante  o  curso.  O  arranjo  dos  cartões, 
segundo um tema eleito pelo grupo, gerou composições espaciais fruto dos encaixes entre os 
cartões.    
Fonte: Anália Amorim, 2014 
A segunda atividade de longa duração se deu na terceira e última semana do curso, quando 
 
foram  feitas  propostas  urbanas  e  arquitetônicas  para  a  comunidade  de  Khayelisha,  uma 
favela de Cape Town, trabalho que se desenvolveu na biblioteca do lugar durante cinco dias.  Figura 2: Alguns materiais na praia de Chintsa ‐ Africa do Sul 

Ao  longo  do  deslocamento,  aproveitavam‐se  as  paradas  noturnas  nos  hostes  e  hotéis  para 
elaborar  os cartões e se avançar na  organização do como  expor, por grupo, os arquivos de 
memória individual e coletiva.  
Como já mencionado, durante o percurso foram realizados exercícios de curta duração, com 
a  finalidade  de  ampliar  o  olhar  observador  dos  estudantes,  ampliar  seu  vocabulário 
arquitetônico e urbanístico e exercitar suas habilidades manuais e intelectuais na proposição 
de arranjos construtivos. 
O exercício aqui exposto faz parte das atividades desenvolvidas durante o deslocamento de 
Durban a Cape Town e é uma das pequenas atividades que povoam as aulas fora da Escola. 
Trata‐se de uma atividade de pequena duração, mas ampla repercussão. 
O  exercício  não  previa  a  assessoria  ou  orientação  dos  professores  que,  por  sua  vez, 
montaram  um  grupo  e  fizeram  igualmente  a  mesma  tarefa.  Apenas  um  professor,  o 
proponente da dinâmica, ficou registrando os trabalhos das equipes através de fotos. 
 
Fonte: Anália Amorim, 2014 
2 MÉTODO E DESENVOLVIMENTO

A atividade se deu na manhã do dia 12 de agosto na praia de Chintsa, costa índica da África  3 RESULTADOS
do Sul.  
O  exercício  solicitado  foi  construir  uma  intervenção  onde  se  pudesse  identificar  o  gesto 
EQUIPE “GRAFIA NA AREIA” 
humano. Trabalho a ser feito com as equipes de quatro alunos, com os materiais da praia ‐ 
vegetação, areia, água, conchas...‐ e em quarenta minutos.   O trabalho foi escrever na praia uma denúncia. Um quadrado desenhado na areia continha 
   
os fragmentos  de  conchas e objetos de mar que o grupo encontrou no passeio pela costa. 
Envolvendo o quadrado, símbolo da razão, havia um círculo, considerado a representação do 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  421   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  422 

cosmo. Entre o quadrado e o círculo, todo o lixo que encontraram na praia. Demarcaram o  Tratava‐se  de  um  abrigo  incomum  cujas  proporções  e  escala  indicavam  servir  para  um  ser 
quadrado não apenas com o baixo relevo das linhas, como também com uma sequência de  imaginário ou para uma criança.  
gravetos fincados em fila.  Era dotado de adornos de seixos rolados no umbral de seu acesso e conchas foram postas no 
Figura 3 e 4: Grafia na Areia  interior dos seus troncos ocos. 
Figura 5 e 6: Um Barco para a Água 

   
   

   
Fonte: Anália Amorim, 2014  Fonte: Anália Amorim, 2014 

EQUIPE: “UM BARCO PARA A ÁGUA”.  EQUIPE: “MAR A VISTA” 
O  grupo  implantou  seu  gesto  humano  ao  rés  da  d’água.  Cavou  um  buraco  onde  brotou  a  O trabalho teve seu ponto auge na implantação. Escolheram um lugar alto, sobre uma duna. 
água. Com  a areia  retirada  na  operação  construíram  uma  contenção  em  forma  de  proa de  De lá se vê toda a baía.  
barco.  Sobre  esta  pequena  piscina  triangular,  tramaram  uma  coberta  horizontal  feita  de  Lá  construíram  um  abrigo  que  se  confundiria  com  a  paisagem,  não  fosse  a  presença  da 
varetas intertravadas, apoiadas em três troncos de madeira situados nos vértices do volume.   verticalidade dos pilares, que se projetam altos marcando o abrigo, e da horizontalidade das 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  423   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  424 

vigas.  Seu  canteiro  vivenciou  a  dificuldade  de  se  construir  num  ínfimo  platô  conquistado  Ali estava uma implantação de castelo, segundo a orientação norte, sul, leste e oeste, origem 
sobre íngremes encostas de areia.   dos  eixos  cardo  e  decumano,  posto  na  costa    segundo  as  necessidades  de  defesa.  Foi  a 
Figura 7 e 8: Mar a Vista  memória mais erudita de todas e a mais afeita à reminiscência coletiva dos castelos de areia 
e da criança que cada um carrega dentro de si. 
Figura 9 e 10: Mar a Vista 

 
 

 
  Fonte: Anália Amorim, 2014 

Fonte: Anália Amorim, 2014 
EQUIPE: “A POLTRONA E A PAISAGEM”. 
EQUIPE: “O CASTELO DE AREIA”  A  equipe  moldou,  numa  pendente  da  praia,  uma  poltrona  solitária  de  areia  de  onde  se 
O  grupo  dos  professores  construiu  um  castelo  de  areia.  A  pura  memória  de  criança  sob  a  mirava o mar. Complementando a poltrona um descanso de pés e um porta copo. O assento 
batuta  da  formação  de  arquiteto.  Era  um  castelo  quadrado,  de  quatro  bastiões,  cada  um  e seus braços não tinham dificuldades de se suportar.  
dedicado a um país: uma torre suíça, uma torre alemã, duas torres sul‐africana. A porta do  O  encosto  e  o  descanso  de  pés  ainda  eram  frágeis  pois  estavam  submetidos  o  primeiro  à 
castelo,  assim  como  a  ponte  que  vencia  o  fosso  foram,  segundo  o  grupo,  eram  criações  flexão do balanço e o segundo a pouca inclinação das pendentes e conformavam o descano. 
italianas que receberam um toque barroco quando se ornou o acesso com pedras e contas.  Tal  qual  o  castelo,  era  mais  simbólico  e  alegórico,  que  objeto.  Todavia,  era  um  belo  trono 
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modelado na areia.  toda  estrutura  foi  realizada  através  da  fibra  da  vegetação  rasteira  da  praia  que,  além  de 
Figura 11 e 12 A Poltrona e a Paisagem  conectar as partes, travar o sistema, ornou com suas folhas o abrigo.  
Figura 13 e 14: A Sombra 

 
 
  

 
Fonte: Anália Amorim, 2014 
 
Fonte: Anália Amorim, 2014 
EQUIPE: “O TRONCO”. 
EQUIPE: A SOMBRA  A  equipe  criou  uma  helicoidal  de  varetas  fincadas  na  areia  em  volta  de  um  tronco  seco, 
deitado  na  praia  que,  até  aquele  momento  era  despercebido,  envolto  no  seu  estado  de 
A equipe partiu de dois cavaletes de varas roliças amarrados em forquilha e interligados por 
paisagem natural. Celebraram seu estado de desidratação esbranquiçado e rugoso diante da 
uma vara horizontal.  Das duas águas geradas, cobriram apenas uma delas com mais varas, 
força incessante do sol, do sal, do oceano e do tempo. 
dispostas  horizontal  e  verticalmente  e  amarradas  pela  fibra  da  vegetação  rasteira  da  beira 
mar.      

Tinha a modulação de quatro pessoas sentadas juntinhas sob a meia água. A amarração de 
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Figura 16 e 17: O Tronco  arenoso  da  Terra  e  desfrutasse  do  desenho  da  sombra  sobre  o  seu  corpo  .  Tratava‐se  da 
construção de um ninho humano, concebido às avessas dos ninhos suspensos dos pássaros. 
Figura 17 e 18: O Ninho Humano 

 
  

 
Fonte: Anália Amorim, 2014 
   
Fonte: Anália Amorim, 2014  EQUIPE: “O  VERTEDOURO”. 
EQUIPE: “O NINHO HUMANO”  O  trabalho  partiu  da  observação  da  marca  de  água  no  chão  da  praia,  um  claroindício  de 
intercomunicação entre a lagoa e o oceano.  
O trabalho celebrou a construção de um trecho de abóbada que se lançava em balanço no ar, 
como fosse uma língua que nasce das varas curvas fincadas no chão e, na sua parte mais alta,  Cavaram, no dique de areia que os separava, um vertedouro.  
ostenta um tecido de gravetos roliços intertravados. Desenhava no chão e no corpo de quem  Sobre o veio ainda seco, instalaram um alegórico arco abatido barroco, feito a partir de mais 
ali se abrigasse durante a manhã, tramas de lógica construída e circunstancial.  O assento era  um tronco seco capturado na paisagem.  
um cômodo chão moldado pela carícia firme das mãos, como se ali residisse a vontade de 
Estava  plasmada  pelo  gesto  humano  a  intenção  de  unir  os  dois  mundos,  o  lacustre  e  o 
que,  o  homem  que  ali  sentasse,  conhecesse  o  aconchego  das  entranhas  do  chão  salino  e 
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oceânico.  contraventamentos,  o  simbólico  e  o  estrutural,  a  infraestrutura  como  arquitetura...  foram 


Figura 19 e 20: O Vertedouro  temas que surgiram durante as discussões reflexivas das propostas. 
Vale  ressaltar  o  apelo  que  este  tipo  de  atividade  tem  em  relação  ao  desenvolvimento  das 
habilidades mentais e manuais que o fazer pensando e o pensar fazendo propiciam. Não se 
deixe de pontuar o exercício intuitivo que este tipo de trabalho permite.  
Em linhas gerais, o grande mérito de atividades como esta – um curso de férias extramuros ‐ 
é  dar  a  conhecer  ao  estudante  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  uma  nova  cultura  histórica, 
geográfica,  urbana,  arquitetônica,  econômica,  política,  através  da  itinerância  e  da 
convivência com outros.  
As  viagens,  tais  quais  as  atividades  já  desenvolvidas  pela  Escola  da  Cidade  na  sua  Escola 
Itinerante, contam com as aulas e atividades preparatórias e são auxiliadas por arquitetos e 
professores convidados e guias de viagens que nos recebem nos locais.  
Outra  preocupação  desta  atividade  pedagógica  é  propiciar  uma  efetiva  e  afetiva  troca  de 
culturas  quando  os  estudantes  são  hospedados  pelos  anfitriões  do  país.  Preparar  o 
   estudante para que ele seja um viajante e não apenas um turista. 
  A  alta  qualidade  dos  convidados  que  participaram  dos  três  Summer  School  é  marca  desta 
atividade  e  um  ponto  acalentado  e  conquistado  através  da  rede  de  conhecimentos  dos 
professores que o organizam. 
É  muito  proveitoso  fazer  coincidir  os  cursos  de  férias  com  congressos  e  encontros  de 
arquitetura,  nacionais  e  internacionais,  como  se  deu  neste  ano  de  2014.  A  partir  do 
momento que se dispôs de um espaço de conversa com os convidados do evento, se pôde 
propiciar a aproximação dos arquitetos em evidência com os estudantes de Arquitetura. 
As características de cada Summer School são únicas. É uma atividade que ainda tem muito 
que avançar, mas já conta com uma experiência consolidada. 
Participaram deste III Summer School as Professoras: Anália MMC Amorim e Maira Rios da 
Associação  Escola  da  Cidade  ‐  Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo  de  São  Paulo,  Brasil; 
Myriam  Gautschi  e  Alyssa  Rau  da  Faculty  of  Architecture  and  Design,  Brauneggerstr, 
Konstanz,  Alemanha,  professores  que  há  três  anos  organizam  esta  atividade.  Em  2014 
contamos  com  o  apoio  dos  Professores  Matteo  Franschini,  Stella  Papanicolaou  e  Albertum 
Crowder da School of Architecture, Planning & Geomatics of University of Cape Town, South 
Africa. 
 
Fonte: Anália Amorim, 2014  Os estudantes envolvidos nesta atividade foram: da Associação Escola da Cidade‐ Faculdade 
de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, Brasil: Caio Lacerda, Clarissa Fogaça, Daniel Kohrn, 
Letícia Amado, Marcela Lino, Marília Serra, Marina Ribeiro e Nicole Cahali. 
4 CONCLUSÃO
Da School  of Architecture,  Planning & Geomatics of  University of Cape Town, South Africa: 
Especificamente,  o  exercício  construtivo  feito  diante  de  uma  circunstância  inesperada,  Alex Wunderlich, Alick Mwedzi, Blue Benington, Christine Botha, Claire Barry, Craig Matthew 
desenvolve o poder que um desafio exerce sobre um grupo.  Hodgson,  Jessie Swart, Lele Ramphele, Max Stoffberg, Ohna Clark, Richard Ward e Tasnemm 
Cassim. 
Por  se  tratar  de  estudantes  já  aptos  a  responder  solicitações  espaciais  e  construtivas,  o 
exercício tem trazido resultados que possibilitam análises in loco e a posteriori.   Da Faculty of Architecture and Design, Brauneggerstr, Konstanz, Alemanha:  Annalotte Irmler, 
Bem  Thillens,  Cindy  Wagner,  Hanna  Baumann,  Katia  Jantzren,  Lena  Zle,  Lukas  Brachmann, 
Questões  como  a  leitura  do  percurso  do  sol,  o  usufruto  da  paisagem,  a  habilidade  dos  Marie Gruetzner, Mona Kuner, Sophia Klings, TanjaNesper e VerenaGöllner. 
materiais  construtivos,  suas  potencialidades  formais,  o  estudo  das  conexões  e 
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Esta atividade nasceu do  feliz  encontro da  proposta da  Escola  Itinerante desenvolvida  pela  Redes Sociais e Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Facebook 


Associação  Escola  da  Cidade  ‐  Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo  de  São  Paulo  e  do 
projeto  de  Summer  School  desenvolvido  pela  Professora  Myriam  Gautschi  da  Faculty  of 
como uma ferramenta de integração no ensino de teoria da 
Architecture and Design de Konstanz, Alemanha.  arquitetura. 

André Luis CARRILHO 
Universidade Federal de Santa Catarina; [email protected] 
Luiz Salomão Ribas GOME 
Universidade Federal de Santa Catarina; [email protected] 
Alice Theresinha CYBIS 
Universidade Federal de Santa Catarina; [email protected] 
 

RESUMO 
Este  artigo  relata  uma  experiência  aplicada  em  sala  de  aula,  que  utiliza  de  uma  mídia  social  como  ambiente 
virtual  de  aprendizagem  colaborativa.  O  objetivo  do  artigo  é  compartilhar  essa  abordagem,  através  de  um 
estudo que verificou se o uso do Facebook na educação pôde motivar e integrar os estudantes com o conteúdo 
de  uma  disciplina  teórica.  Como  atividade  em  sala  foi  proposto  a  criação  de  um  perfil  de  cada  arquiteto 
estudado em mídia social, no qual os estudantes de uma turma de graduação devem inserir conteúdo sobre o 
assunto. Sendo assim por fim qualitativamente é analisado  o processo  que  ao final apresentou  resultados de 
apropriação da rede social como um espaço virtual de aprendizado e compartilhamento pelos estudantes. 
PALAVRAS‐CHAVE: Ambientes virtuais de aprendizagem, facebook, ensino de arquitetura. 

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta resultados preliminares de uma pesquisa em andamento sobre o uso 
de  uma  mídia  social  como  ambiente  virtual  de  aprendizagem  colaborativa.  Para  o  foco  de 
interesse  deste  trabalho  foi  apropriado  da  ideia  de  que  as  mídias  sociais  (MS)  podem  ser 
conceituadas  como  espaços  de  colaboração,  de  compartilhamento  de  informações,  de 
construção  coletiva  de  conhecimento,  por  meio  de  interações  pela  internet.  Plataformas 
como Facebook, Twitter, YouTube, dentre outros são conhecidos como redes sociais digitais. 
A partir dessa ideia se colocam pesquisas como a que a autora apresenta a baixo: 
Nos  dias  atuais,  com  a  geração  de  nativos  digitais,  não  se  pode  manter  o  ensino 
tradicional  baseado  em  livros  e  materiais  desenvolvidos  pelo  professor  e  passado 
em sala de aula. O tempo que a população jovem passa em frente ao computador 
pode  e  deve  ser  aproveitado  das  diversas  maneiras  disponíveis  para  melhorar  o 
ensino‐  aprendizado.  Além  disso,  os  estudantes  se  sentem  mais  estimulados  a 
desenvolver tarefas quando estas fazem parte do que gostam de fazer no seu dia‐a‐
dia (BATISTELLO, 2013). 

O  crescimento  do  uso  das  mídias  sociais  é  significativo  como  apresenta  MONTEZ,  2011, 
colocando que a participação da população brasileira chega a 22,57%, podendo considerar as 
mídias  sociais  como  importantes  meios  de  comunicação  e  de  fonte  de  informação.  As 
plataformas  permitem  o  compartilhamento  de  inúmeros  tipos  de  conteúdos  digitais 
(imagens, vídeos, áudios, simulações etc.), e também oferecem ferramentas para a interação 
entre seus usuários (chats, fóruns, envio de mensagens etc.), facilitando criação e publicação 
de  conteúdos.  As  redes  sociais  são  aplicações  que  suportam  um  espaço  comum  de 
interesses,  necessidades  e  metas  semelhantes  para  a  colaboração,  a  partilha  de 
conhecimento, a interação e a comunicação (Pettenati et al., 2006, Brandtzaeg et al., 2007).  
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Diversas experiências vêm acontecendo com o uso de mídias sociais aliadas a educação, para  MÍDIAS SOCIAIS COMO AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA 
essa  experiência  considera‐se  a  popularidade  do  Facebook  como  um  ambiente  virtual  de 
A proposta de uso das mídias sociais como ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa 
aprendizagem  de  graduação,  investigando  se  esses  espaços  serão  apropriados  para  o  uso 
precisa  considerar  os  conceitos  de  colaboração,  aprendizagem  colaborativa  e  ambientes 
como ambientes de aprendizagem colaborativa.  Atualmente se vive o auge das redes sociais, 
colaborativos. Dessa maneira supõe‐se que em atividades colaborativas, a aprendizagem se 
impulsionado  pelo  caráter  social  e  pela  ideia  de  partilha,  aliado  a  um  ambiente  informal, 
desenvolve  através  da  interação  com  o  ambiente,  explorando‐o  e  construindo  o 
atrativo e catalisador, contribuindo para que cada vez mais jovens se conduzam a este tipo 
conhecimento  a  partir  de  experiências.  Sendo  que  sempre  que  se  aprende  algo  constrói 
de software social e, particularmente, à rede social Facebook.  
novos conhecimentos, esses que são ligeiramente diferentes, já que cada experiência é única 
No  próximo  tópico,  serão  apresentadas  as  características  de  ambientes  colaborativos,  o  (RURATO, 2008).   
conceito  de  ambientes  virtuais  de  aprendizagem  e  uma  apresentação  breve  sobre  a  rede 
Para  Henry  e  Lundgren‐Cayrol,  2001,  apud  Barkley,  2005  as  atividades  colaborativas, 
social  Facebook.  Adiante  uma  explicação  sobre  a  metodologia  utilizada  para  o 
negociam‐se e orientam‐se a uma interação, exigindo interação entre os membros, pois são 
desenvolvimento  deste  trabalho,  contextualizando‐se  as  atividades  de  aprendizagem  que 
atividades  coordenadas  e  sincronizadas.  Por  meio  desse  pensamento  que  a  realização  de 
foram  objetos  deste  estudo.  Em  seguida,  são  feitas  análises  preliminares  dos  resultados 
uma tarefa se organiza em envolvimento pessoal, em ambientes interativos que possibilitem 
encontrados, e por fim são discutidas as considerações sobre a experiência. 
a ajuda mútua e compartilhando o resultado do trabalho, valorizando a troca das ideias e dos 
recursos . Assim para atingir o objetivo toda atividade colaborativa deve ter uma estrutura 
2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM intencional,  isto  é,  deve  ser  planejada  antecipadamente  tendo  em  mente  as  trajetórias  de 
aprendizagem, em prol  de que todos  do grupo atinjam uma aprendizagem significativa. Os 
Com a adoção de blogues, wikis e redes sociais, a Internet entrou na era da Web 2.0, que vai  integrantes do grupo , por sua vez, devem se engajar ativamente  no trabalho em conjunto 
além  da  informação  e  da  ligação  entre  pessoas.  As  redes  sociais  como,  por  exemplo,  o  para alcançar resultado (BARKLEY, 2005). 
Facebook,  tornou‐se  mais  frequentes  em  ambientes  de  aprendizagem,  explorando  novas  Dessa  maneira  os  docentes  têm  papel  relevante  na  criação  de  estratégias  que  possam 
formas  de  ensino  e  aprendizagem.  As  redes  sociais  apresentam‐se  assim  como  uma  estimular a ocorrência da colaboração, fomentando as condições para isso. Estas condições 
alternativa  às  plataformas  tradicionais  de  aprendizagem,  uma  vez  que  focam  o  espírito  podem vir da atuação do docente, da forma como ele planeja e orienta as atividades, mas 
colaborativo e de  comunidade,  combinando  o  perfil  individual  com  ferramentas  interativas  também  do  ambiente  em  que  uma  atividade  de  aprendizagem  se  estabelece.  Os  autores 
de grupo, como chat, blogues e fóruns de discussão (Arnold, 2010 apud Miranda et al, 2010).  definem  colaboração  como  a  atuação  simultânea  de  dois  ou  mais  indivíduos  em 
AVAs  são  ambientes  computacionais  desenvolvidos  com  o  intuito  de  facilitar  o  determinado  cenário;  por  meio  da  comunicação  entre  eles,  sendo  essa,  a  troca  de 
ensino‐ aprendizagem em  redes de computadores e,  mais especificamente, usado  informações entre os usuários do ambiente, que precisam ser coordenados, já que se trata 
para  EaD.  Em  geral,  diferentes  implementações  de  AVAs  possuem  capacidade  de  de gerenciamento dos integrantes de um grupo que se espera resultados harmônicos (BRITO 
gerenciar e hospedar material  de ensino, cursos, mídias eletrônicas,  tutoriais,  etc. 
Até por esse fato muitos AVAs também podem ser classificados como sistemas de 
E PEREIRA, 2004).   
gerenciamento  de  cursos  e  de  material  didático.  AVAs  oferecem  suporte  para  Dentre  as  ferramentas  comumente  encontradas  em  um  ambiente  virtual  de  aprendizagem 
controle e administração de usuários. Normalmente também oferecem ferramentas  (AVA),  podem‐se  citar:  fóruns,  messenger  (envido  de  mensagens  instantâneas), 
simples  de  edição  de  materiais  didáticos  e  outras  mídias  eletrônicas  baseadas  na 
Web,  como  editores  de  HTML  e  ferramentas  sociais  como  alguns  módulos  de  webconferência,  chat,  correio  eletrônico,  quadro  branco  compartilhado,  navegação  web 
identificação, comunicação e colaboração entre usuários; como, por exemplo, perfis  compartilhada, wiki, compartilhamento de arquivos e aplicativos, agenda, gestão de turmas, 
de  usuários,  fóruns  (comunicação  assíncrona  de  mensagens),  chats  (comunicação  gestão  de  grupos,  gestão  de  usuários,  sistema  de  avaliação,  questionários  e  banco  de 
síncrona de mensagens), troca de arquivos, Wiki’s, etc (SCHAF, 2011, p. 39).  questões‐tarefas.  Sendo assim algumas dessas atividades podem ser encontradas também 
Tecnicamente,  os  AVA  são  centrados  em  conteúdos  e  atividades  de  aprendizagem  pré‐ nas  redes  sociais  sob  o  ponto  de  vista  técnico,  permitem  o  compartilhamento  de 
determinadas  pelo  docente,  cujo  processo  de  aprendizagem  é  previsto  de  antemão,  e  sua  praticamente  todo  tipo  de  conteúdos  digitais  (imagens,  vídeos,  áudios,  simulações  etc.), 
estrutura não está aberta a intervenções espontâneas e desdobramentos imprevistos como  assim como oferecem diversas ferramentas para a comunicação entre seus usuários (chats, 
sugere Peters (2001). Os AVA devem oportunizar ajuda tutorial rapidamente acessível, vários  fóruns,  envio  de  mensagens  etc.  Além  de  facilitar  a  criação  e  o  compartilhamento  de 
meios de informação integrados, conteúdos enfocados a partir de diferentes pontos de vista,  conteúdos, como, por exemplo, blogs, links, vídeos etc.  
possibilidade  de  interagir  com  diferentes  conteúdos,  contato  com  professores,  pares  e  Conforme apresentado, as mídias sociais são espaços de colaboração, de compartilhamento 
especialistas,  planejamento  detalhado  da  estrutura  de  aprendizagem.  No  caso  das  redes  de  informações,  de  construção  de  conhecimento,  por  meio  de  interações  pela  internet.  A 
sociais,  mesmo  que  o  processo  de  aprendizagem  seja  previsto  e  planejado,  o  fato  de  seus  partir  disso  e  considerando  que  as  ferramentas  comumente  utilizadas  por  essas  mídias  se 
conteúdos  estarem  centrados  em  um  perfil,  implica  que  seu  uso  precise  contar  com  a  sobrepõem  em  algumas  as  mesmas  ferramentas  oferecidas  pelos  AVAs,  torna‐se  possível 
imprevisibilidade,  uma  vez  que  não  é  possível  saber  de  antemão  como  o  usuário  irá  se  apropriar‐se  dessas  mídias  como  ambientes  colaborativos  de  aprendizagem.  A  fim  de 
apropriar de seus recursos.    investigar essa hipótese de trabalho, foram  realizadas algumas atividades de aprendizagem 
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na  rede  social  Facebook,  de  modo  a  refletir  sobre  alguns  questionamentos:  se  as  redes  FERRAMENTA DE ENSINO COLABORATIVA 
sociais  podem  ser  utilizadas  como  AVA?  Seu  uso  em  processos  de  aprendizagem  pode 
Com a ideia de que o Facebook seja utilizado como recurso e instrumento pedagógico, vista 
ampliar  ou  motivar  a  colaboração  em  atividades  de  aprendizagem?  Haveria  diferenças  na 
sua  importância  significativa  para  de  alguma  maneira  promover  e  construir  maior 
aprendizagem em atividades conduzidas em redes sociais em relação aos AVAs? 
participação,  interação  e  colaboração  no  processo  educativo,  indo  além  de  somente 
As  maneiras  como  nos  comunicamos  mudaram  com  o  avanço  das  tecnologias  e  a  impulsionar a partilha da, crítica e reflexão de informações e conhecimento dirigidos em prol 
virtualização  das  redes  sociais,  possibilitou  uma  forma  de  ligação  entre  pessoas.  Para  da  inteligência  coletiva  que  neste  artigo  se  apresenta  uma  experiência  de  ensino,  uma 
Dillenbour  ET  AL.  2009,  as  tecnologias  não  são  utilizadas  apenas  para  promover  a  atividade  que  visava  a  integração  e  colaboração  dos  alunos  com  o  conhecimento  do 
aprendizagem  a  distância,  mas  servem  de  forma  eficiente  para  complementar  o  ensino  conteúdo da disciplina de teoria da arquitetura com foco nos arquitetos contemporâneos.  
presencial,  proporcionado  uma  aprendizagem  colaborativa.  Um  sistema  apoiado  por 
computador  colaborativo  é  um  sistema  onde  usuários  com  objetivos  semelhantes  podem  FACEBOOK: REDE SOCIAL EDUCATIVA?  
compartilhar  informações,  além  de  potencializar  formas  variadas  de  aquisição  do  O  Facebook  é  uma  das  redes  sociais  mais  utilizadas  em  todo  o  mundo  para  interagir 
conhecimento.   socialmente.  Esta  interação  surge  essencialmente  pelos  comentários  a  perfis,  pela 
Neste  sentido  vários  trabalhos  buscam  identificar  em  diversos  contextos,  melhorias  sociais  participação  em  grupos  de  discussão  ou  pelo  uso  de  aplicações  e  jogos.  É  um  espaço  de 
através  das  interações  dos  usuários  das  redes  sociais  virtuais.  As  tecnologias  imersivas  e  encontro,  partilha  discussão  de  ideias  e,  provavelmente,  o  mais  utilizado  entre  estudantes 
colaborativas  criam novas  formas  de  interação. Para  Kozinets (1997), quando um  indivíduo  universitários.  
torna‐se frequentador assíduo das ferramentas de comunicação da Internet, este passa a tê‐ Esta rede social proporciona uma vasta lista de ferramentas e aplicações que permitem aos 
las  como  um  meio  para  interação  social  e  aquisição  de  conhecimento.  Cada  dia  mais  se  utilizadores  comunicar  e  partilhar  informação,  assim  como  controlar  quem  pode  aceder  a 
destaca  as  comunidades  virtuais  e  colaborativas,  a  contribuição  e  participação  efetiva  de  informação específica ou realizar determinadas ações (EDUCAUSE, 2007).  
todos os indivíduos irão variar de acordo com o interesse do mesmo e tipo de comunidade. A 
forma  de  utilização  desses  s  virtuais  depende  das  características  que  o  ambiente  O  Facebook  transformou‐se  não  só  num  canal  de  comunicação  e  um  destino  para  pessoas 
proporciona.   interessadas em procurar, partilhar ou aprender sobre determinado assunto, mas igualmente 
um  meio  de  oportunidades  para  o  ensino  superior,  particularmente:  é  uma  ferramenta 
O usuário participará de redes sociais virtuais de acordo com seu interesse, tipo e objetivos  popular;  fácil  de  usar;  não  necessita  de  desenvolvimento  interno  ou  de  aquisição  de 
da rede. No caso de aplicações para Educação, o nível de engajamento das pessoas na rede  software;  é  útil  para  alunos,  professores  e  funcionários;  permite  a  integração  de  diversos 
irá  aumentar  a  frequência  de  interações  e  os  tipos  de  formas  de  mediação,  que  por  recursos  no  Facebook  (RSS  feeds,  blogs,  twitter,  etc.);  fornece  alternativas  de  acesso  a 
conseqüência pode ter impacto positivo sobre o processo de aprendizagem.   diferentes serviços; permite o controlo de privacidade (podemos controlar a informação que 
queremos que os outros vejam sobre nós); e, acima de tudo, não a podemos ignorar (KELLY, 
AS REDES SOCIAIS COMO FONTE DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA 
2007). 
A aprendizagem colaborativa é compreendida como um conjunto de métodos e técnicas que 
fazem  uso  de  estratégias  de  desenvolvimento  de  competências  mistas  (aprendizagem  e 
desenvolvimento pessoal e social), do modo que cada membro do grupo é responsável, pela  3 METODOLOGIA
sua  aprendizagem  e  pode  impactar  na  aprendizagem  dos  elementos  restantes,  dessa 
maneira  destaca‐se  pela  participação  ativa  e  a  interação dos  membros,  tanto  alunos  como  O  presente  artigo  se  baseia  em  uma  fundamentação  bibliográfica  para  trazer  o 
professores.  O  conhecimento  assim  é  visto  como  uma  construção  social  e,  por  isso,  o  conhecimento  de  ambientes  virtuais  de  aprendizagem  e  mídias  sociais.  Descreve  uma 
processo educacional se favorece a partir da participação dos integrantes em um ambiente  experiência  feita  em  sala  de  aula,  com  alunos  de  teoria,  do  Curso  de  Arquitetura  e  
que propicie a interação e a colaboração. Um ambiente de aprendizagem colaborativo deve  Urbanismo de uma universidade no interior de Santa Catarina.  
ser rico em possibilidades e facilitar o crescimento do grupo.    Trata‐se  de  um  trabalho  com  uma  abordagem  qualitativa,  com  experiências  de  ensino  na 
As redes sociais são como ambientes virtuais  que propiciam a prática de cooperação entre  qual  os  alunos  realizam  atividades  em  prol  de  desenvolver  seu  próprio  conhecimento, 
indivíduos,  que  incentivam  a  construção  do  conhecimento  de  modo  colaborativo,  uma  vez  caracterizando‐se como uma pesquisa‐ação. 
que  possibilitam  um  constante  intercâmbio  de  informações  entre  os  seus  membros.  De  A  metodologia aplicada com os alunos  veio  por meio  do convite  a  criação  de um perfil no 
acordo  com  Alves  e  Leite  (2000)  o  conhecimento  é  construído  a  partir  das  interações  nas  Facebook,  com  a  proposta  de  que  se  baseando  em  uma  bibliografia  especifica  deveriam 
quais  os  indivíduos  estão  envolvidos.  Logo,  as  redes  sociais  podem  ser  vistas  como  nos  fomentar  conteúdo  para  o  perfil  fictício  do  arquiteto.  A  intenção  era  que  os  acadêmicos 
ambientes quais as pessoas (dentro de suas comunidades  de  interesse), colaboram através  tornassem a disciplina de teoria e história mais dinâmica e mais atrativa, interagindo com o 
das diversas ferramentas que possibilitam a interação entre as mesmas (ABREU,2011).  conteúdo de maneira mais autônoma. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  437   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  438 

4 ESTUDO DE CASO E RESULTADOS praticamente nenhum desenvolvimento. 


Os perfis são dos arquitetos Zaha Hadid, Frank Gehry e por fim o arquiteto Vittorio Gregotti 
Nos  últimos  anos,  verifica‐se  que  os  alunos,  sobretudo  a  nível  pessoal,  comunicam  e  respectivamente. 
interagem mais continuamente por meio de redes sociais do que através da plataforma de b‐
Learning de suporte ao processo ensino/aprendizagem.   Zaha Hadid  

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE  Para  o  perfil  deste  profissional  ficou  encarregada  uma  aluna  que  não  havia  tido  nenhum 
contato  com  a arquiteta anteriormente, e manteve uma  identificação  muito  interessante o 
Na  universidade  onde  se  aplicou  a  atividade  existe  um  ambiente  virtual  de  aprendizagem  que à motivou trabalhar a atividade com muito entusiasmo. 
padrão vinculado ao sistema de notas e demais recursos da instituição, porém notava‐se que 
Figura 1 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteta.  
era comum o uso de redes sociais informalmente, onde os alunos com seus perfis pessoais 
tinham interação com as atividades dos componentes curriculares, compartilhando arquivos 
de texto, imagens, links de sites dentre outras informações.  
No segundo semestre letivo de 2013 de agosto a dezembro, visto a crescente tendência dos 
alunos no uso de redes sociais, se propôs uma atividade que pretendia explorar e identificar 
o potencial educativo da rede social Facebook, através de aplicações, recursos e atividades 
que pudessem suportar o processo de ensino e aprendizagem, com o intuito de obter uma 
participação mais pró‐ativa, participativa e interativa dos alunos. O estudo foi desenvolvido 
com  36  acadêmicos  de  arquitetura  e  urbanismo  do  componente  curricular  TEORIA  E 
HISTÓRIA  DA  ARTE,  ARQUITETURA  E  CIDADE  IV  do  quinto  período  na  Universidade 
Comunitária da Região de Chapecó. 
A  experiência  pedagógica  se  deu  a  partir  de  que  os  alunos  teriam  temas  definidos  da 
arquitetura  contemporânea  baseado  no  livro  Arquitetura  do  Novo  Milênio  do  autor 
Leonardo  Benévolo  onde  em  cada  sessão  trata  de  um  grupo  de  arquitetos  reconhecidos, 
para  cada  arquiteto  os  alunos  deveriam  criar  um  perfil  fictício  na  rede  social  facebook,   
informando que era um trabalho educacional vinculado a disciplina e a instituição evitando  Fonte: Facebook, 2013. 
transtornos com identidade e plágio. Todos concordaram com a proposta que foi muito bem 
A aluna se manteve atenta ao perfil e interagindo com os colegas durante todo o semestre, 
aceita. 
curtindo as postagens dos demais, marcando os perfis dos colegas nas suas postagens que se 
Em  seguida,  foi  sugerido  que  introduzissem  recursos  de  aprendizagem  (apresentações  relacionavam e convidando ate mesmo os perfis pessoais dos colegas que ela acreditava ter 
electrónicas,  ligações  Web,  observações,  atividades,  etc.)  de  apoio  aos  conteúdos  interesse em determinada postagem. Tomava até mesmo a liberdade para fazer brincadeiras 
programáticos  sobre  os  determinados  profissionais,  proporcionando  um  novo  espaço  de  criativas e sem maldade com a arquiteta e suas imagens de divulgação pessoal. 
comunicação,  interação,  debate  e  partilha  de  ideias,  opiniões  e  dúvidas,  sobre  matérias     
curriculares.  
De  acordo  com  Mazman  et  al.  (2009),  devemos  avaliar  as  potencialidades  de  contextos 
espontâneos  e  informais  que  ocorrem  na  Internet,  pois  a  e‐aprendizagem  informal,  em 
virtude da utilização generalizada de redes sociais, está a despertar grande atenção por parte 
dos indivíduos, podendo proporcionar várias vantagens para o contexto educacional, como a 
personalização,  a  colaboração,  a  partilha  de  informação,  a  participação  ativa  e  o  trabalho 
colaborativo.  

DESENVOLVIMENTO  
Uma  vez  que  o  objetivo  deste  estudo  era  analisar  o  potencial  educativo  do  Facebook, 
começamos por explorar e  utilizar a  maioria das  aplicações  desta  rede  social.   Para  fins  de 
analise  neste  artigo,  se  apresentara  somente  alguns  exemplos,  sendo  um  muito  bem 
sucedido,  um  que  teve  interesse,  mas  não  obteve  um  ótimo  resultado,  e  um  que  teve 
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Figura 2 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteta.   Figura 4 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteto.  

   

Fonte: Facebook, 2013.  Fonte: Facebook, 2013. 

Buscou fazer postagens inteligentes abrangendo todo o repertório da profissional no design  O aluno apresentou as obras cronologicamente tendo o cuidado de explicar o contexto delas 
(figura 3), arquitetura e intervenções urbanas. A acadêmica teve muito interesse e foi a mais  no tempo e a sua importância na carreira do arquiteto, demonstrou pouca interação com os 
envolvida  na  atividade,  contribuindo  muito  para  que  outros  colegas  se  sentissem  também  colegas, porém até o fato de o suporte do Facebook bloquear sua conta se manteve bastante 
envolvidos.  interessado  na  atividade,  somente  depois  que  levou  a  atividade  como  obrigação  para  a 
apresentação de fechamento da atividade. 
Figura 3 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteta.  
Figura 5 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteto.  

 
 
Fonte: Facebook, 2013. 
Fonte: Facebook, 2013. 
Frank Gehry  Deu  atenção  a  compreender  o  processo  de  projeto  do  profissional,  tentando  avaliar  as 
Neste perfil foi desenvolvido por um acadêmico que se mostrou interessado no ínicio, porém  etapas  da  produção,  as  definições  conceituais  e  até  a  evolução  executiva  das  obras,  como 
teve problemas com sua conta durante e acabou por se desmotivar bastante.  fica demonstrado na imagem acima. 
       
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Figura 6 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteto.   O trabalho não atingiu o resultado esperado, porém foi interessante ver a experiência com a 
turma, neste último caso durante a apresentação em sala a acadêmica  
Investigados  se  o  Facebook  deveria  ser  usado  como  recurso,  instrumento,  ferramenta  ou 
parte do método nas restantes unidades curriculares, os alunos consideraram que sim, mas 
muitos não tiveram uma resposta reflexiva à aprendizagem, somente atendendo a pergunta 
como  parte  do  trabalho;  concordam  que  a  partilha  de  informação  e  conhecimento  é  mais 
fácil e rápida, estando disponíveis para todos; porém essa avaliação não pode ser levada em 
conta para julgar o sucesso da atividade.  
O  trabalho  colabora  muito  para  com  a  experimentação  de  novas  técnicas  de  ensino  e 
aprendizagem  colaborativa,  através  do  Facebook,  promovendo  uma  participação  mais  pró‐
ativa de acadêmicos na sua própria aprendizagem, no desenvolvimento de informação e na 
partilha de conhecimento, na aprendizagem das aptidões digitais e sociais. 

 
5 CONCLUSÃO
Fonte: Facebook, 2013. 

  O  trabalho  feito  com  a  turma  proporcionou  uma  clara  experiência  de  que  as  redes  sociais 
estão  em  evidencia  e  possibilitam  inúmeras  formas  de  apropriação  melhorando  a 
Para  este  estudante  que  se  demonstrou  sempre  bem  maduro  com  as  aulas  e  atividades  a  cooperação  e  desenvolvimento da  aprendizagem.  Como  coloca  Anderson  (2007)  a  internet 
conclusão da proposta foi bem satisfatória, tendo somente um desgaste pelo problema com  foi  abandonando  suas  origens  de  ferramenta  de  escrita  e  leitura  para  uma  fase  mais 
o bloqueio da conta.  participativa  e  social.  As  redes  sociais  com  seus  formatos  informais  forma  se  organizando 
como um espaço de interação, comunicação, partilha e co‐criação entre grupos de pessoas, 
Vittorio Gregotti  possibilitando  ate  mesmo  esse  relacionamento  entre  professores  e  alunos  possibilitando  o 
Esse perfil ficou a cuidado de uma acadêmica que mesmo sendo sempre bastante produtiva,  uso dessas mídias sociais como um ambiente de aprendizagem. 
não  se  motivou  a  atividade,  dando  mais  importância  a  outros  trabalhos  da  disciplina  bem  Batistello  (2013)  afirma  que  as  redes  sociais  são  ambientes  sociais  e  digitais,  com 
como  do  curso.  O  perfil  teve  poucas  postagens,  praticamente  nenhuma  interação  com  os  conectividade  e  usabiquidade,  baseadas  na  procura  de  aprendizagem,  pelo  que  devemos 
colegas, e não levou em conta nada da bibliográfia indicada.  ampliar  a  nossa  visão  de  pedagogia  para  que  os  alunos  sejam  participantes  activos  e  co‐
Figura 7 – Página do exercício no Facebook com perfil da arquiteto.   produtores  de  conteúdos,  de  modo  a  que  a  aprendizagem  seja  um  processo  participativo, 
social, de apoio aos objetivos e necessidades individuais.   
A  internet  foi  evoluindo  e  tem  favorecido  uma  adaptação  mais  rápida  dos  alunos  às 
tecnologias,  ela  se  transformou  numa  plataforma  simples  e  fácil  de  usar,  que  satisfaz  aos 
interesses  e  necessidades  das  pessoas,  beneficiando  a  inteligência  coletiva  (O'REILLY; 
BATTELLE, 2009). 
Conclui‐se  assim  que,  o  Facebook  pôde  ser  eficaz  para  com  a  educação,  como  um 
recurso/instrumento  pedagógico  eficiente  para  a  promoção  de  maior  interatividade  dos 
estudantes  com  o  conteúdo  no  processo  educacional,  o  método  pode  contribuir  para 
impulsionar  a  construção  da  crítica  e  uma  consciência  reflexiva  de  informação  e 
conhecimento. 
A atividade mesmo que com alguns transtornos, pode‐se inferir que a rede social Facebook 
pode  ser  utilizada  como  ambiente  de  aprendizagem  colaborativa,  considerando,  todavia, 
algumas  limitações,  principalmente  em  aspectos  relacionados  à  gestão  da  sala  de  aula 
virtual, lançamento de notas e acompanhamento das ações dos estudantes. Porém, a relação 
  mais  intima  que  os  estudantes  fazem  das  ferramentas  disponíveis,  em  especial,  a 
Fonte: Facebook, 2013.  possibilidade  de  controle  de  uso  dessas  ferramentas  por  parte  de  qualquer  usuário, 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  443   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  444 

favoreceu  o  compartilhamento  de  materiais,  apoiando  a  diversidade  de  estilos  de  Advances in Consumer Research, 1997. 
aprendizagem.    MAZMAN, S. G.; USLUEL, Y. K.. The Usage of Social Networks in Educational Context.2009 [Online]; disponível 
em http://www.waset.org/journals/waset/v49/v49‐76.pdf e acessado em 9.Março.2013.  
Um risco que se notou é que o uso de uma rede social não fornecida pela universidade, cuja 
administração  e  hospedagem  não  estejam  sob  responsabilidade  dela,  atrapalha  o  MIRANDA, L.; MORAIS, C.; ALVES, P.; DIAS, P. Redes sociais: utilização por alunos do Ensino Superior. 2010. 
andamento das atividades no sentido em que os alunos possam não se sentir na necessidade  Artigo disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/3041/1/comunicacion.pdf.  Acessado em 
de participar. Como exemplo o que aconteceu com um dos acadêmicos que o provedor da  30. Setembro.2013.  
mídia causou o descontentamento ao decidir retirá‐lo da web, ou poderiam fazer algum tipo  MONTEZ, J. Facebook Conquista o Brasil. Tech&Net. Lisboa, Tech&Net, 2011. maio/2011. Disponível em: 
de modificação  que interfiram no andamento do trabalho.  http://www.techenet.com/2011/05/facebook‐brasilinfografico/.Acessado em 15. julho.2013. 
A  proposta  de  se  utilizar  uma  rede  social  como  ambiente  virtual  de  aprendizagem  O’REILLY, T.; BATTELLE, J.. Web Squared: Web 2.0 Five Years On. 2009.[Online]; disponível em 
colaborativa  apresentou  alguns  desdobramentos,  apresentando  um  interessante  caminho  http://www.web2summit.com/web2009/public/schedule/detail/10194 e acessado em 28.Março.2013.  
para pesquisas futuras. Examinou‐se também que a rede social, para alguns, motivou mais a  PATRÍCIO, R.; GONÇALVES,V. Facebook: rede social educativa? I Encontro Internacional TIC e Educação, 2010. 
participação aos trabalhos que o uso pelo AVA adotado pela universidade. Uma das razões  PETTENATI, M. C.; RANIERI, M.. Informal learning theories and tools to support knowledge management in 
dessa motivação pode ser atribuída às características da interface do Facebook, que oferece  distributed CoPs. IN Innovative Approaches for Learning and Knowledge Sharing, EC‐TEL. Workshop Proceeding. 
flexibilidade de adaptação das ferramentas e do layout aos interesses dos usuários, diferente  2006. 
do  AVA  que  tem  uma  interface  estruturada  de  forma  rígida  e  controlada.  Essa  observação  PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, Unisinos. 2001. P.404 .  
leva a considerar a necessidade de se ampliar estudos para o desenvolvimento das interfaces 
RECUERO, R. C. Comunidades em Redes Sociais na Internet: Proposta de Tipologia baseada no Fotolog.com. 
dos ambientes fornecidos pela universidade de modo a se aplicar melhor as ferramentas no  Porto Alegre, UFRGS. [Tese de doutorado] 2006. 
AVA,  principalmente  relacionados  aos  equipamentos  móveis,  que  não  atendem 
funcionalmente de maneira integral, desprivilegiando a experiência do usuário.   
RURATO, P. A. L.. As Características dos Aprendentes na Educação a Distância – Impacto no Processo Educativo 
com vista ao Desenvolvimento de Estratégias de Sucesso. Aveiro, Portugal, Universidade de Aveiro. [Tese de 
REFERÊNCIAS doutorado], 2008. 
SCHAF, F. M. Arquitetura modular para ambientes virtuais de ensino de automação com suporte à Realidade 
ABREU, J.; CLAUDEIVAN, L.; VELOSO, F.; GOMES, A.S. Análise das Práticas de Colaboração e Comunicação: 
mista e colaboração. Tese de Doutorado. Disponível em 
Estudo de Caso utilizando a Rede Social Educativa Redu. Anais do XXII SBIE ‐ XVII WIE Aracaju, 21 a 25 de 
http://coral.ufsm.br/eduworlds/public/schaf_tese_web_2011.pdf. Acessado em 02 de Setembro de 2013. 
novembro de 2011 
   
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Vivências Espaciais em Arquitetura e Urbanismo: desenvolvendo  exposição  dos  resultados  obtidos,  além  de  discussões  em  grupo  pautadas  em  bibliografia 
previamente selecionada.  
uma compreensão mais sensível do espaço 
Acredita‐se que a compreensão do lugar é um processo que deve ser estimulado em nossos 
alunos,  através  de  um  olhar  mais  atento  e  sensível,  para  que  eles  realmente  vivenciem  e 
Rosane Fidalma Leocadio DIAS 
Instituto Federal Fluminense; [email protected]  avaliem criticamente os  espaços,  seus usuários  e  usos,  não  só no  seu momento  de prática 
Ursula Gonçalves D’ALMEIDA  profissional,  mas  no  seu  cotidiano,  e  que  essa  analise  sirva  de  base  para  o  processo  de 
Instituto Federal Fluminense; [email protected]  desenvolvimento de projetos menos burocráticos e técnicos e mais inteligentes, imaginativos 
  e criativos.  

RESUMO 
Esse artigo apresenta os desdobramentos da disciplina optativa intitulada “Vivências espaciais em Arquitetura e  2 A COMPREENSÃO ESPACIAL   
Urbanismo” onde se buscou oferecer aos alunos subsídios para a compreensão espacial a partir de estudo da 
percepção humana,  focando principalmente no desenvolvimento de sua sensibilidade e  potencial perceptivo. 
Os  procedimentos  metodológicos  utilizados  foram  aulas  expositivas,  sempre  acompanhadas  das  visitas  de 
O  arquiteto  é,  pela  essência  de  sua  profissão,  interpretador  de  sonhos.  De  nada  adianta 
campo para observação prática dos conceitos abordados, e seminários para exposição dos resultados obtidos,  elaborar um projeto teoricamente perfeito, se não se consegue captar os anseios e desejos 
além  de  discussões  em  grupo  pautadas  em  bibliografia  previamente  selecionada.  A  didática  contou  com  um  de  seus  futuros  usuários.    A  produção  de  uma  arquitetura  representativa  de  valores  e 
ambiente descontraído, onde todos se sentiam a vontade para expressar suas opiniões, discutir e indagar sobre  necessidades  demanda,  de  início,  a  consciência  da  complexidade  que  envolve  o  processo 
os diversos assuntos que eram postos em pauta. As aulas não eram centradas no professor, e todos os alunos  criativo.  
tinham o  espaço para expor suas  ideias e opiniões,  em um ambiente horizontal. Como resultado, possibilitou 
aos alunos o desenvolvimento de um olhar diferenciado do espaço, com a percepção das interações do homem  Hertzberger (1999) apresenta o principal instrumento do arquiteto: tudo o que é absorvido e 
com o meio de uma forma mais significativa e lúdica.  registrado  pela  nossa  mente  soma‐se  à  coleção  de  ideias  armazenadas  na  memória:  uma 
PALAVRAS‐CHAVE: arquitetura, urbanismo, vivência, percepção.  espécie de biblioteca que se pode consultar toda vez que surge um problema. 
  Dessa  forma,  a  proposta  da  disciplina  de  vivências  era  de  ser  um  estudo  de  caráter 
exploratório,  que  permitisse  aos  alunos  aumentar  sua  experiência,  além  de  possibilitar 
formas diferenciadas de abordagem de conteúdos.  
1 INTRODUÇÃO
O  inicio  da  aproximação  dos  alunos  à  compreensão  de  como  são  compostos  os  espaços  e 
Esse  artigo  apresenta  os  desdobramentos  da  disciplina  optativa  intitulada  “Vivências  como  estes  organizam,  se  deu  através  de  um  exercício  que,  intrinsicamente,  foi  de 
espaciais em Arquitetura e Urbanismo” do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo,  autoconhecimento.   
do  Instituto  Federal  Fluminense,  disponibilizada  para  os  alunos  do  curso,  sem  distinção  de  O ponto de partida para o desenvolvimento do conteúdo foi o conceito de que “um mesmo 
período ou definição de pré‐requisitos, realizada no segundo semestre de 2013.  cenário pode ser visto pelas pessoas de diferentes modos” e que “qualquer cena é composta 
Ressalta‐se  que  a  elaboração  deste  trabalho  partiu  do  interesse  de  uma  das  alunas  da  não somente do que está diante de nossos olhos, mas do que está dentro de nossas mentes” 
disciplina,  que  inclusive  é  uma  das  autoras,  ansiosa  em  compartilhar  os  conhecimentos  (Meinig, 1979:34). 
apreendidos e a forma como o conteúdo foi ministrado.   Nesse  sentido,  a  primeira  proposta  de  trabalho  realizada  foi  baseada  nesses  conceitos 
O  objetivo  proposto  pela  disciplina  foi  de  discutir  o  conceito  de  espaço,  urbano  e  apresentados  no  texto  de  MEINIG,  1979:  Ten  versions  of  the  same  scene.  Para  o  autor,  a 
arquitetônico, buscando despertar no aluno a consciência da necessidade de se ter um olhar  preocupação maior não são os elementos da cena, mas sua essência, as ideias organizadoras 
mais  atento,  abrangente,  e  menos  técnico  e  pessoal  do  espaço  que  o  circunda.  Buscou‐se  que são utilizadas para dar sentido àquilo que se vê. 
também  esclarecer  que  não  se  deve  tratar  a  arquitetura,  o  urbanismo  e  o  paisagismo  de  Meinig (1979) sistematiza então dez versões para uma mesma cena:  
forma desassociada, e como a articulação  e comprometimento de um com o outro podem 
gerar ambientes de melhor qualidade, em todos os sentidos.  Natureza: nesta visão, a natureza controla a paisagem, e mesmo as construções humanas são 
meros arranhões na superfície da Terra em comparação com a beleza e o poder das forças 
Enfim,  oferecer  ao  aluno  subsídios  para  a  compreensão  espacial  a  partir  de  estudo  da  naturais.  Na  mente  deste  observador  há  uma  tendência  a  remover  o  homem  da  cena, 
percepção  humana,  focando  principalmente  no  desenvolvimento  de  sua  sensibilidade  e  restaurando a natureza original, e imaginando como a área realmente é. Trata‐se assim, de 
potencial perceptivo, a fim de ampliar seu próprio conhecimento e sua visão de mundo, uma  uma visão romântica. 
vez que a observação da paisagem nos ajuda a compreender a sociedade em que vivemos. 
Habitat:  nesta  visão,  cada  paisagem  é  “um  pedaço  da  Terra  como  a  casa  do  Homem”.  
Os procedimentos metodológicos utilizados foram aulas expositivas, sempre acompanhadas  Observa‐se  que  o  homem  trabalha  numa  relação  viável  com  a  natureza,  adaptando‐se  a 
das  visitas  de  campo  para  observação  prática  dos  conceitos  abordados,  e  seminários  para  características maiores, alterando de maneiras produtivas, criando recursos dos materiais da 
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natureza;  em  resumo,  o  homem  domesticando  a  terra.  Da  natureza  são  selecionadas  as  O que se propôs foi utilizar a observação como um instrumento de conhecimento capaz de 
características  que  interessam  ao  homem.  Evoca  a  ideologia  da  harmonia  entre  homem  e  despertar, através da sua abrangência, novos olhares sobre a realidade observada. 
natureza – ambientalismo.  Figuras 1 e 2 – Exemplo de trabalho realizado pela aluna Mariane Sá Freire. À esquerda, paisagem como problema, à direita, 
paisagem ideologia. 
Artefato:  nesta  visão,  “a  marca  do  homem  está  em  tudo”.    O  homem  é  visto  como  um 
criador,  o  conquistador  da  natureza.  Homem  como  um  tecnocrata,  encarregado  de 
remodelar a Terra para que se ajuste aos seus desejos. A conquista da natureza corresponde 
à imagem de progresso. 
Sistema:  tudo  que  se  avista  é  um  imenso  e  intrincado  sistema  de  sistemas.  Todos  os 
elementos, inclusive o homem, não são objetos individuais. O entendimento da cena se dá 
através da ciência, numa visão abrangente. 
Problema: a paisagem é vista em uma condição necessitando de correção. É uma visão que 
tende para o humanismo, aliado à política, gerando um movimento contra a indiferença, o 
egoísmo ou simplesmente a inercia. 
Patrimônio ou riqueza: nesta visão, cada coisa é considerada segundo o seu valor monetário,          
onde se atribui valor a tudo que se vê. É a visão do especulador, mas também do urbanista e  Fonte: Autora, 2014. 
paisagista,  na  medida  em  que  considera  “desenvolvimento”  como  “melhoramento”.  É  o  Figuras 3 e 4 – Exemplo de trabalho realizado pela aluna Maiany M. G. Neto. À esquerda, paisagem lugar, à direita, 
marco de uma sociedade fortemente comercial, dinâmica.  paisagem como ideologia. 

Ideologia:  os  elementos  são  chave  e  a  cena  como  símbolo  dos  valores,  das  ideias  de  uma 
cultura. É uma visão que a cena reflete ideias fundamentais de um sistema social.   
História:  tudo  que  se  descortina  na  paisagem  é  um  registro  cumulativo  e  complexo  do 
trabalho da natureza e do homem em um dado lugar. Pode ser uma visão da paisagem como 
processo. 
Lugar:  O  autor  descreve  a  paisagem  como  lugar  frisando  a  individualidade  dos  lugares, 
trechos da cidade onde há uso, identidade. 
Estética:  esta  visão  é  uma  abstração  da  paisagem  que  requer  um  distanciamento  entre  o 
observado e o observador, na busca de um sentido, da essência artística da paisagem.             
Fonte: Autora, 2014. 
O  autor  esclarece  que  essas  dez  visões  da  paisagem  não  esgotam  as  possibilidades  de 
interpretação de uma mesma cena, mas evidencia a complexidade do tema. Acredita que a  Figuras 5 e 6 – Exemplo de trabalho realizado pela aluna Ursula G. d’Almeida. À esquerda, paisagem problema, à direita, 
paisagem como lugar. 
identificação destas diferentes bases para as variações de interpretação do que nós vemos é 
um passo à frente para uma comunicação mais efetiva. Também afirma que: 
Para aqueles de nós que estão convencidos de que as paisagens espelham e de que 
as  paisagens  importam,  de  que  elas  dizem  muito  sobre  os  nossos  valores  e  ao 
mesmo  tempo  afetam  a  qualidade  das  vidas  que  levamos,  haverá  sempre  a 
necessidade de discussões mais abrangentes sobre ideias, impressões e interesses 
relacionados às paisagens que compartilhamos (Meinig, 1979: 47). 

Após a apresentação da teoria abordada pelo autor, foi proposto um exercício prático com os 
alunos,  onde  deveriam  escolher  um  lugar  de  observação  conveniente  que  se  pudesse 
observar um trecho central da cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. O objetivo da proposta 
era  que  eles  identificassem  como  a  cena  observada  provocaria  as  diferentes  versões 
comentadas  por  Meinig  (1979),  e  deveria  ser  feito  através  de  um  reconhecimento  dos        

elementos  que  se  referem  e  compõem  a  cena  escolhida.  Cada  aluno  registrou,  através  de  Fonte: Autora, 2014. 

ilustração ou fotografia, acompanhada de frases as abordagens que identificou.  Com este trabalho foi possível conhecer como cada aluno percebia a paisagem da cidade que 
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vivem  –  Campos  dos  Goytacazes,  RJ  e,  consequentemente,  quais  valores  intrínsecos  levam  dedicado meu tempo antes a olhar a cidade imediata que me cerca dessa forma, abriu meus 
consigo.   olhos  e  minha  mente  a  detalhes  e  pensamentos  que  não  havia  imaginado.”  (Ursula 
De acordo com os alunos, desde o primeiro momento em que a disciplina foi apresentada,  d’Almeida, 12/09/2014). 
despertou  a  curiosidade  de  como  se  dá  o  reconhecimento  do  território  pela  experiência  Como  observado  em  entrevistas  com  os  alunos  que  participaram  da  disciplina,  o  ponto 
individual de cada um que ali transita, fica ou utiliza. As atividades praticadas no local são o  principal de satisfação foi a forma como as aulas foram ministradas. É importante ressaltar 
que dão a forma organizacional do espaço. Porém, como desenvolver uma percepção menos  que as aulas dessa disciplina contavam com uma arrumação não clássica das carteiras, que 
técnica e mais sensível do espaço?  eram dispostas em círculos e criando um ambiente mais leve e descontraído, onde todos se 
sentiam a vontade para expressar suas opiniões, discutir e indagar sobre os diversos assuntos 
Os alunos se mostraram entusiasmados com a perspectiva de aplicar as discussões sobre tais 
visões da paisagem feitas em sala de aula, em um trabalho prático, eliminando as barreiras  que eram postos em pauta. Com essa atmosfera amigável, o aprendizado acontece de forma 
mais natural e eficaz. Outro ponto importante que deve ser mencionado é o fato de as aulas 
físicas das paredes de uma sala de aula, e levando o aprendizado a outros lugares. Os alunos 
fizeram visitas ao local acordado, e puderam observar e buscar uma maior compreensão nas  não terem sido centradas no professor, e todos os alunos tinham o espaço para expor suas 
ideias e opiniões, em um ambiente horizontal. 
cenas cotidianas. Uma das alunas do curso em entrevista oral comentou:  
Figuras 7 e 8 – Exemplo de trabalho realizado pela aluna Mariane Sá Freire. À esquerda, tema de percepção metamorfose, à 
Foi  muito  interessante  visitar  e  fotografar  lugares  da  cidade  em  que  estamos  direita, criatividade. 
acostumados a frequentar. Pudemos ter outro olhar da cidade com essa atividade 
interativa, foi um bom exercício de percepção que nunca havia feito antes (Tamires 
Freitas, 12/09/2014). 

Através de leituras e interpretações das paisagens, os alunos desenvolveram trabalhos com 
registros  fotográficos  e  frases que  contemplavam  o  reconhecimento  dos  elementos  que  se 
referem  e  compõem  uma  dada  cena.  Em  uma  aula  expositiva,  os  alunos  puderam  não  só 
mostrar  as  fotografias  que  criaram,  mas  também  explicar  o  porquê  de  cada  imagem  ter 
recebido a determinada versão previamente estudada e discutida em um seminário. 
O segundo conteúdo ministrado tratou da subjetividade, e foi denominado de “Imersão na 
Paisagem”. O objetivo foi de direcionar o olhar dos alunos para uma leitura específica, mas 
ao mesmo tempo diferenciada, do contexto e dinâmica urbana. Foram apresentadas algumas 
temáticas  de  percepção.  Cada  aluno  sorteou  o  seu  tema  para  o  trabalho  prático  de 
observação, onde deveriam identificar uma cena ou mais que considerasse correspondente à 
sua temática.  
Os  temas  propostos  foram:  narrativa  ‐  cenário  (espaço,  tempo)  e  personagens.  A  imagem              
que  passa  uma  mensagem,  a  narrativa  de  uma  história,  de  um  contexto;  simultaneidade  ‐  Fonte: Autora, 2014. 
concomitância  de  fatores,  atores,  ambientes,  sistemas,  tecnologias,  culturas,  tempos.  Ex.: 
Após  a  realização  dos  trabalhos,  durante  a  apresentação  pelos  alunos,  várias  questões 
produção  e  consumo,  mundo  real  e  virtual,  etc.;  caleidoscópio  ‐  várias  faces  de  uma  cena 
importantes  foram  levantadas.  Foi  perceptível  a  motivação  e  envolvimento  dos  alunos  nas 
que  apresentam  combinações  variadas;  encontro:  marca  a  inseparabilidade  do  corpo‐
discussões que surgiram.  
ambiente; metamorfose ‐ processo de transformação, reconhecimento da adaptabilidade do 
homem  (processo  de  transformação  física  e  sociocultural);  permanência  ‐  espaço  lugar  ‐  O resultado destes dois primeiros trabalhos serão apresentados em um evento de extensão 
apropriação, uso, espaço positivo, paisagem como símbolo temporal; ruptura ‐ rompimento,  na  Instituição  de  ensino,  que  ocorrerá  no  mês  de  novembro,  sob  a  forma  de  exposição 
separação,  quebra;  fragilidade  ‐  instabilidade,  fraqueza,  delicadeza;  perversidade  –  fotográfica, onde, paralelamente, será estimulada a percepção dos espectadores através dos 
crueldade;  abandono;  sociabilidade  ‐  vivência  em  comunidade,  civilidade;  opressão;  sentidos. 
inclusão;  singularidade;  e expressividade.  Independente do  tema, todos os  alunos  também  Após  a  imersão  proposta  aos  alunos  nos  dois  exercícios  abordados  anteriormente,  foram 
deveriam buscar imagens que refletissem criatividade e inovação.   trabalhados,  com  maior  profundidade,  alguns  dos  temas  percebidos  por  eles  nas 
Cada aluno registrou, através de ilustração ou fotografia, acompanhada de frases, as cenas  observações  de  campo  que  contextualizam,  de  forma  geral,  a  sociedade  atual  e  seus 
que identificou, e também expôs seu trabalho ao grupo em sala de aula.  desdobramentos no espaço. 
De acordo com os alunos, foi uma experiência única, que ensinou como olhar e perceber as  O  tema  da  aula  foi:  “Avaliando  as  questões  de  transformação  da  sociedade”.  As  questões 
interações  do  homem  com  o  espaço  de  uma  forma  mais  significativa  e  lúdica.  “Não  tinha  discutidas  foram:  o  emuralhamento  da  vida  social;  vivência  cada  vez  menor  do  espaço 
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urbano;  o  abandono  dos  espaços  públicos  e  sua  apropriação  pelos  “excluídos”;  uso,  arquitetura fria, e a apresentação de sua alternativa, uma arquitetura baseada na interação 
manifestações  e  apropriação  do  espaço  urbano;  cultura  “marginal”;  a  apropriação  privada  usuário  e  espaço  e  na  busca  por  uma  arquitetura  mais  humana  e  com  enfoque  social.  O 
crescente  dos  espaços  comuns;  a  progressão  das  identidades  territoriais  autor  acredita  que  o  papel  do  arquiteto  não  é  fornecer  uma  solução  completa,  mas  para 
(guetificação/autoguetificação); e o crescimento das ilhas utópicas.  fornecer uma estrutura espacial a ser eventualmente preenchido pelos usuários, através das 
Na sequência,  se  apresentou  algumas opções de transformação dessa realidade através do  apropriações. Ficando evidente também que mesmo os pequenos detalhes no projeto fazem 
exercício  de  projeto.  Destacou‐se  o  papel  vital  das  calçadas;  a  importância  da  dimensão  a diferença. 
urbana da arquitetura, desde que esta não assuma um papel opressivo e sim de valorização  Nesta  atividade,  os  alunos  se  mostraram  interessados  na  bibliografia  escolhida.  Teve‐se 
da gentileza urbana, fornecendo espaços de transição agradáveis e de uso “público”; espaços  grande aceitação entre os alunos e adicionou, segundo eles, ainda mais valor à disciplina. As 
que contemplem a diversidade de usuários; acesso a todos, eliminando barreiras subjetivas;  aulas  onde  as  exposições  sobre  o  livro  aconteciam,  geravam  um  diálogo  vivo  entre  os 
e  principalmente  fazer  uso  da  criatividade,  transformando,  por  exemplo,  os  locais  participantes  e  essas  discussões  acrescentaram  na  formação  individual  enquanto  arquiteto 
tradicionais de passagem em lugar.  de  cada  um  ali  presente.  “Gostei  muito  da  forma  como  a  matéria  foi  ministrada,  as 
Figuras 9 e 10 – sugestões criativas para espaços públicos, mobiliário urbano.  discussões  em  sala  foram  interessantíssimas.  A  exposição  do  resumo  do  livro  em  mesa 
redonda foi uma das coisas que mais gostei.” (Bruno Wyatt, 12/09/2014).  
Posteriormente, buscando fazer uma aproximação dos alunos às questões contemporâneas 
relativas  à  arquitetura,  foi  utilizado  como  base  de  analise  o  artigo  de  Bruno  Roberto 
Padovano (2012), “A lógica na arquitetura”. No estudo, o autor sugere que,  
entre uma arquitetura da razão coletivista e outra da emoção individualista, há um 
terreno  fértil  para  arquiteturas  que  poderíamos  chamar  de  lógicas.  Ou  seja, 
projetos  (e  obras)  capazes  de  resistir  a  uma  discussão  centrada  na  adequação  ao 
caso  específico  e  a  decorrente  preocupação  com  justificativas,  no  interior  do 
próprio projeto, sobre as escolhas realizadas pelo autor ou os seus autores ao longo 
do  processo  de  elaboração  de  seu  trabalho.  Levando,  assim,  para  uma  solução 
sustentada  por  um  paradigma  representativo  da  realidade  social  e  bem  resolvida 
com  relação  a  um  determinado  programa,  um  determinado  sítio  e  seu  contexto 
urbano,  que  se  sustenta  como  uma  resposta  contemporânea  para  uma  questão 
          atual. Para atingir essa lógica arquitetônica, é necessário, em nossa opinião, fundir 
Fontes: archdaily, 2012; wildemannenwoestewijven, 2013.   as  duas  abordagens,  gerando  uma  arquitetura  cuja  complexidade  inerente 
corresponde  à  da  vida,  com  a  convivência  de  razão  e  emoção,  ou  a  “emoção  e  a 
Dessa  forma,  esclarecer  ainda  aos  alunos  que  a  arquitetura  e  a  arte  urbana  revelam 
regra”, título de uma bela obra de Domenico di Masi. A arquitetura de uma terceira 
emoções, mensagens que se comunicam através de signos, possuem poder de comunicação.  via (PADOVANO, 2012). 
O  conteúdo  psicológico  da  arquitetura  motiva  ou  não  determinado  comportamento  nos 
indivíduos. Então, devem se preocupar com as mensagens que passam de forma intuitiva ou  Após  a  leitura  e  debate  do  texto,  foi  proposto  como  trabalho  final  da  disciplina,  que  cada 
intrínseca nos projetos, pois, às vezes, sem querer, coíbem usos e apropriações que seriam  aluno selecionasse, como estudo de caso, uma arquitetura contemporânea que considerasse 
desejáveis aos usuários potenciais.   como  lógica,  seguindo  o  exposto  por  Padovano.  Foi  realizado  um  seminário  de  análise  da 
arquitetura  escolhida,  mas  com  enfoque  nos  pressupostos  vistos  no  livro  “Lições  de 
Assim,  o  objetivo da aula foi despertar a sensibilidade  dos alunos de arquitetura para que,  Arquitetura”.   
através  do  desenvolvimento  da  percepção  espacial,  possam  repensar  o  papel  da  arte  e  da 
emoção  em  arquitetura  e  ampliar  a  visão  das  transformações  sociais  das  cidades.  Afinal,  a  O  Resultado  foi  um  seminário  onde  cada  um  pôde  expor  o  seu  ponto  de  vista  e  também 
“arquitetura é a criação reflexiva de espaços” (Louis Kahn, s/data).  acrescentar na apresentação do outro de forma participativa, dialogada e natural. 

Normalmente  os  arquitetos  criam  soluções  racionais  para  problemas  irracionais  (Rem  “Gostei muito do livro e a análise da edificação foi bem diferente de todas as análises que fiz 
Koolhaas, in Padovano, 2012). Mas precisamos fazer uma reflexão quanto ao efeito que uma  durante o curso, consegui ver o todo com outros olhos” (Bruno Wyatt, 12/09/2014).  
obra  de  arquitetura  produz  no  observador  pela  sua  condição  de  arte,  qual  a  sua  função 
simbólica, e principalmente qual seu papel social.  3 CONSIDERAÇÕES
A terceira atividade desenvolvida foi um seminário sobre o livro “Lições de Arquitetura” de 
Hertzberger (1999). Cada aluno ficou responsável por compartilhar, através de uma conversa  Gostei muito da optativa de ‘Vivencias espaciais em Arquitetura e Urbanismo’. Foi 
uma  disciplina  dinâmica  e  interativa  onde  acredito  que  conseguimos  ter  mais 
informal  na  sala  de  aula,  os  aspectos  mais  importantes  do  trecho  do  livro  que  leu,  e  suas 
sensibilidade para ver, entender e analisar questões espaciais no meio urbano. Dos 
conclusões  individuais.  Dentre  os  aspectos  destacáveis  apreendidos  estão  a  crítica  à  trabalhos  propostos,  entre  eles  análise  de  uma  residência  moderna,  análise  de 
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livros e capturar imagens da paisagem, acho que conseguir obter importantes lições 
para meu aprendizado de uma maneira leve e lúdica (Luma Barros, 12/09/2014). 
Perspectivas para o ensino de história nos cursos de arquitetura1 
Como  foi  possível  observar,  o  foco  principal  da  disciplina  optativa  “Vivências  Espaciais  em  Pedro Henrique de Carvalho RODRIGUES  
Arquitetura e Urbanismo” foi o de despertar nos alunos a capacidade de perceber o espaço  Universidade Nove de Julho ‐ Uninove; [email protected] 
de  forma  mais  atenta  e  sensível,  compreendendo  o  espaço  através  de  experiências  e   
vivências, analisando‐o e vivenciando criticamente.  
RESUMO 
A bagagem do conhecimento gerado nessas horas passadas juntos é levada com alunos e o 
conhecimento  é  aplicado  tanto  no  dia  a  dia,  quanto  em  seus  projetos.  Devido  a  grande  Disciplinas  de  história  em  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo  tendem  a  ser  encaradas  como  parte  da 
fundamentação  inicial  do  trabalho  prático  e  deveriam  ter  uma  aproximação  efetiva  com  o  campo  de 
satisfação, houve a sugestão, feita pelos mesmos, que a disciplina deveria entrar para a grade  conhecimento profissionalizante. Pretende‐se caracterizar a oferta de disciplinas de história e os desafios que 
curricular do curso de arquitetura e urbanismo da instituição de forma efetiva.  apresentam a professores a alunos, além de discutir suas perspectivas e possibilidades. O ensino da história não 
A  disciplina  de  Vivências  em  Arquitetura  e  Urbanismo  foi  uma  experiência  muito  deve comparecer apenas como referencial auxiliar na resolução de uma atividade prática e sim como fonte de 
positiva. Nos fez enxergar com mais clareza como pequenos detalhes na arquitetura  elementos para o próprio conhecimento do presente. Busca‐se, através da conexão com o trabalho prático e o 
muda  a  forma  do  ser  humano  viver  com  o  espaço  e  seu  entorno.  Pude  momento presente, refletir sobre a ressignificação do estudo de história da arquitetura e sua recolocação nos 
compreender melhor a integração que existe entre o usuário e o espaço (Eduardo  currículos como atividade prática. 
Perim, 12/09/2014).  PALAVRAS‐CHAVE: Ensino de história da arquitetura. Ensino de arquitetura. Graduação no ensino superior. 
Destaca‐se  que  realmente  é  significativo  exercitarmos  a  fuga  de  padrões  preestabelecidos 
que engessam nossas arquiteturas. Não queremos apenas construção, precisamos de lugares  1 INTRODUÇÃO 
receptivos como  “aqueles com  os  quais  as pessoas  se  sentem  em  perfeita  harmonia  e nos 
quais elas encontram sua identidade individual e coletiva” (Malard, 1993, p. 360).  Cursos  de  arquitetura  têm  natureza  eminentemente  prática  e  a  disciplina  de  ‘projeto  de 
arquitetura’, oferecida em todos os semestres na graduação, por meio de exercícios reais de 
atividade  profissional  sublinha  a  proximidade  entre  a  experiência  acadêmica  e  a  prática 
AGRADECIMENTOS profissional.  Disciplinas  de  história  tendem  a  ser  encaradas  como  parte  da  informação  ou 
fundamentação inicial do trabalho prático, quando deveriam ter caracterização efetiva como 
Agradecemos  a  todos  os  alunos  que  compartilharam  as  experiências  da  disciplina,  em  parte  do  campo  de  conhecimento  profissionalizante.  Este  parece  ser  o  maior  desafio  que 
especial  aqueles  que  contribuíram  com  suas  considerações  e  aqueles  que  forneceram  as  enfrentam  hoje  professores  e  alunos  dos  cursos  de  arquitetura.  Assim,  pretende‐se 
imagens inseridas no texto.  caracterizar a oferta de disciplinas teóricas e os desafios que apresentam, além de discutir as 
perspectivas e possibilidades do estabelecimento de uma experiência significativa. 
REFERÊNCIAS A educação superior, em todas as áreas do conhecimento, enfrenta muitos desafios hoje e é 
certo que se devem considerar questões que podem ser formuladas no âmbito da educação 
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1999.   superior  em  geral que beneficiariam o campo disciplinar da  arquitetura. A configuração de 
MALARD, M. L. “Os objetos do quotidiano e a ambiência”. Anais do 2. Encontro Nacional de Conforto no  uma experiência educativa que prepare indivíduos capazes de atuar criativamente em uma 
Ambiente Construído. Florianópolis, SC: ANTAC, 1993.  realidade  cada  vez  mais  incerta  ainda  está  por  se  efetivar.  Há  questões  ainda  por  ser 
MEINIG, D. W. "The Beholding Eye: Ten Versions of the Same Scene." In The Interpretation of Ordinary  trabalhadas  em  torno  do  necessário  entrelaçamento  da  educação  na  sociedade  de 
Landscapes: Geographical Essays, edited by D. W. Meinig and John Brinckerhoff Jackson. New York: Oxford  informação, na incorporação de novas tecnologias de comunicação no ambiente pedagógico 
University Press, 1979.  e  da  preparação  de  professores  para  atuar  em  ambientes  educativos  cada  vez  mais 
PADOVANO, B. R. A lógica na arquitetura. 2012. Disponível em:  inconstantes e desafiadores.  
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4218. Acesso em: 12 setembro 2014.  Muito  se  fala  sobre  a  revolução  da  informação,  mas  esse  processo  ainda  está  por  ser 
compreendido em toda sua extensão. Suspeita‐se que mesmo nossa maneira de conhecer e 
estudar  esteja  em  xeque.  Não  caberia  detalhar  as  implicações  desta  nova  onda  para  os 
cursos  de  arquitetura,  mas  deve‐se  concordar  que  estamos  diante  de  muitos  desafios  e 
perspectivas. Assim, é sensível a ansiedade daqueles para os quais a escola já não diz muito 
                                                            
1
 Texto revisado e ampliado. Apresentado em primeira versão como trabalho de conclusão de curso, exigência do curso de 
pós‐graduação lato sensu em formação de docentes para o ensino superior da Universidade Nove de Julho ‐ Uninove. 
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com quem a escola deixou de conectar‐se.   objetivo a reflexão crítica e a pesquisa. (MEC, 2010) 
Se há um ponto pacífico nessa questão é que ao mesmo tempo em que temos uma inédita  Em seu artigo 6º, a resolução dispõe que os conteúdos curriculares do curso deverão estar 
disponibilidade de informação, nunca estivemos tão perdidos. Argan (1993, s.p.) considera a  distribuídos  em  dois  núcleos  (Núcleo  de  Conhecimentos  de  Fundamentação  e  Núcleo  de 
hipótese  de  que  hoje  teria  sido  perdida  a  necessidade  de  se  fazer  projetos  ou  mesmo  ter  Conhecimentos  Profissionais),  além  do  trabalho  de  curso.  De  acordo  com  a  resolução,  o 
utopias,  já  que  a  tecnologia  contemporânea  realiza  muito  mais  rapidamente  que  a  núcleo  de conhecimentos de fundamentação deve ser composto por campos de saber que 
imaginação.  “E  inútil  ter  imaginação  se  há  um  aparato  tecnológico  que  produz  imagens,  e  forneçam  o  embasamento  teórico  necessário  para  que  o  profissional  em  formação  possa 
que nos oferece imagens para consumir em uma quantidade tal que a imaginação tenha uma  desenvolver seu aprendizado. Já o núcleo de conhecimentos profissionais deve ser composto 
atividade somente de recepção e não de atividade.” (ARGAN, 1993, s.p.)  por campos de saber destinados à  caracterização da identidade profissional do arquiteto  e 
Mais especificamente, deve‐se procurar entender por que o ensino de história na formação  urbanista. (MEC, 2010) 
de arquitetos permanece em um canto obscuro dos currículos, ao passo que discutir o papel  A divisão proposta pela Resolução entre disciplinas de fundamentação e profissionalização e 
do ensino de história significa discutir o papel do próprio conhecimento histórico no projeto  o agrupamento das disciplinas de história e teoria como parte do núcleo de conhecimentos 
de arquitetura. Disciplinas de história parecem ser entendidas como campos autônomos do  profissionais  pode  permitir  a  caracterização  do  estudo  histórico  e  a  prática  crítica  do 
conhecimento  de  arquitetura,  com  modos  de  funcionamento  e  objetivos  próprios.  Mahfuz  pensamento  arquitetônico  como  partes  integrantes  do  processo  de  desenvolvimento  de 
(2003) defende que a história e a prática de projeto são estreitamente vinculadas e coloca o  respostas arquitetônicas. O modelo propõe o avanço do conceito de que a fundamentação e 
projeto  como  fio  condutor  que  deve  guiar  as  demais  disciplinas.  A  independência  entre  a  a busca de referências são um dos principais critérios para a concepção de projetos. 
atuação  dos  arquitetos  ‘teóricos’  e  arquitetos  ‘de  prancheta’  certamente  não  beneficia 
Além  disso,  a  resolução  estabelece  ainda  que  o  Núcleo  de  Conhecimentos  de 
nenhum dos dois campos.  
Fundamentação  deverá  ser composto por campos  de  saber que forneçam o  embasamento 
Deve‐se  entender,  ainda,  que  a  história  tem  o  papel  de  fornecer  algum  conhecimento  teórico necessário para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado. Assim, 
necessário  à  prática  do  projeto  e  deve  ser  entendida  como  parte  integrante  do  processo  disciplinas  como  Estética  e  História  das  Artes,  Estudos  Sociais  e  Ambientais  e  Desenho  e 
projetual.  A  história  encontra‐se  na  base  da  arquitetura,  por  isso  não  faz  sentido  falar  em  Meios  de  Representação  e  Expressão  fazem  parte  deste  núcleo.  Por  sua  vez,  o  Núcleo  de 
dois campos autônomos. Entretanto, a teoria e a prática frequentemente “são comparadas  Conhecimentos  Profissionais  deverá  ser  composto  por  campos  de  saber  destinados  à 
de  uma  maneira  em  que  uma  sempre  aparece  como  mais  relevante:  ora  a  teoria  é  vista  caracterização  da  identidade  profissional  do  egresso.  Assim,  conta  com  as  disciplinas  de 
como diletantismo inconsequente, ora a  prática  é classificada como repetição mecânica de  Teoria e História; Projeto e Tecnologia da Construção. (MEC, 2010) 
fórmulas recebidas.” (LIRA, 2009, s.p.)  Assim, a organização curricular dos cursos oferece possibilidades e desafios. Por um lado, a 
Outra questão que deve ser discutida é justamente o isolamento entre história e projeto no  divisão  por  eixos  de conhecimento  pode permitir  a  fragmentação  da  experiência  cognitiva. 
ensino de arquitetura advindo da separação do trabalho do historiador em relação à prática  Por outro, a caracterização das disciplinas de história e teoria como campo profissional e não 
projetual.  A  profissionalização  do  trabalho  acadêmico  alterou  os  modelos  tradicionais  de  de  fundamentação  lhes  dá  caráter  operativo  junto  à  prática  profissional  e  mostra  como  o 
referência profissional: para além do amadorismo e do trabalho voluntário, surgiram novos  estudo da história não deve ser tratado apenas como um meio de informação do aluno.  
padrões de pesquisa, tipos de especialização, em paralelo a proliferação de institutos de pós‐
graduação, congressos, conferências, associações científicas e técnicas, revistas e publicações 
de  padrão  acadêmico.  Com  eles,  apareceram  também  novos  modos  de  recrutamento,  3 O ATELIÊ
promoção,  reconhecimento  e  satisfação  e,  se  os  benefícios  da  especialização  são 
inquestionáveis, novos riscos se somaram com o seu desenvolvimento. (LIRA, 2009)  A  subdivisão  expressa  pelas  Diretrizes  Curriculares  tem  origem  no  currículo  proposto  por 
Vilanova Artigas e implantado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de 
São Paulo em 1962. Este, por sua vez, foi posteriormente adotado em muitas outras escolas 
2 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DOS CURSOS DE de arquitetura por todo o país.  A ideia era que a divisão em três eixos daria aos estudantes 
um conhecimento amplo e colocava o ateliê de projetos como o principal espaço de aula e 
ARQUITETURA E URBANISMO de  discussão,  onde  todos  os  conhecimentos  seriam  integralizados.  A  partir  dessa  visão,  o 
ensino  de  arquitetura  se  organizou,  assim,  em  departamentos  que  deveriam  funcionar 
Os cursos de Arquitetura e Urbanismo organizam‐se segundo a Resolução CNE/CES nº 10 de  integrados. O projeto de arquitetura não poderia ser visto de forma autossuficiente, sendo 
17  de  junho  de  2010,  que  instituiu  as  Diretrizes  Curriculares  Nacionais  dos  cursos  de  necessária a colaboração direta entre os outros departamentos de técnicas e história.  
graduação.  Em  seu  artigo  5º,  institui  que  estes  deverão  possibilitar  uma  formação 
profissional  que  revele  uma  série  de  competências  e  habilidades,  entre  as  quais  os  As questões estruturais, de materiais e técnicas de construção e de controle ambiental são 
conhecimentos  de  teoria  e  de  história  da  arquitetura,  do  urbanismo  e  do  paisagismo,  rotineiramente  integradas  ao  projeto  de  arquitetura  no  ateliê  destinado  a  fornecer  aos 
considerando sua produção no contexto social, cultural, político e econômico e tendo como  alunos  uma  abordagem  unificada  da  prática  profissional.  Geralmente  ausente  de  tais 
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parcerias, no  entanto,  está  a  história.  Há certo  entendimento  de  que  ensinar  história  cabe  O movimento moderno na arquitetura foi uma tentativa de criar uma arquitetura a partir do 
aos historiadores e aos arquitetos cabe o ensino de projeto. No meio disso ficam os alunos,  recurso  aos  materiais  modernos  em reação  contra  o  pluralismo  estilístico  do  século  XIX.  O 
que são obrigados a ter cursos de  história, mas aos quais nunca é dito como este material  modernismo  foi  também  marcado  pela  crença  de  que  o  século  XX  deu  origem  ao  homem 
pode ser aplicado durante a sua carreira profissional. Para os historiadores da arquitetura, o  moderno,  que  precisaria  de  um  novo  tipo  de  arquitetura,  sem  influências  históricas, 
processo de investigação leva a um fim específico, um trabalho escrito. Nesse caso, a ação é  expressões  da  paisagem  local,  tradições,  ou  materiais.  O  ensino  de  história,  que  coincidia 
justamente produzir uma interpretação do passado e o produto é uma publicação científica.   com o ensino da arquitetura, entrou em processo de reformulação e deixou de ser vital para 
a formação de arquitetos.  
Para os alunos de arquitetura, o processo de investigação histórica pode ser intrinsecamente 
interessante, mas fica fora do âmbito da sua necessidade imediata, que é projetar e construir  É ilustrativa deste momento a experiência da Bauhaus. No currículo da escola fundada por 
prédios. Infelizmente, quando acontece essa investigação, ela geralmente se dá sob a forma  Walter  Gropius  e  que  logo  assumiu  papel  de  liderança  na  constituição  da  arquitetura 
de um estudo de caso. Estes são vistos rotineiramente como substitutos para a investigação  moderna  que  se  iniciava,  não  havia  a  disciplina  de  história.  Para  Gropius,  os  estudos  da 
histórica  e  são  caracteristicamente  superficial.  Os  alunos  selecionam  vários  exemplos  de  história da arte e da arquitetura não poderiam, por si só, desenvolver princípios válidos para 
construção que tratam questões semelhantes à sua própria e concentram‐se mais na análise  os  projetos.  Eles  poderiam  servir  para  familiarizar  os  estudantes  com  as  condições  e  as 
formal do que na relação que uma obra de arquitetura pode ter com a experiência cultural  razões que produziram as expressões visuais dos vários períodos. (ZEVI, 1986. p. 200) 
de  uma  sociedade.  No  ateliê,  deste  modo,  tais  estudos  não  resultam  em  uma  pesquisa 
O momento contemporâneo apresenta‐se como paradigmático para a revisão da pedagogia 
histórica que pode trazer uma diferença significativa através do projeto de arquitetura.  
anti‐histórica  do  movimento  moderno  e  a  crise  do  movimento  após  a  segunda  guerra 
Um  dos  pontos  fortes  do  ateliê  de  projetos  é  possibilitar  que  os  alunos  envolvam‐se  mundial  permitiu  reacender  o  debate.  Das  principais  possibilidades  que  se  apresentaram 
inteiramente com seu trabalho. Assim, devem‐se buscar formas de fazer a história tornar‐se  como  alternativa  ao  modernismo  para  a  discussão  acerca  do  lugar  da  história  no  projeto 
parte  da  equação  e  isso  passa  necessariamente  por  encontrar  uma  forma  de  vincular  a  contemporâneo  merece  especial  atenção  o  pós‐modernismo  historicista.  Na  procura  por 
pesquisa  histórica  ao  processo  de  projeto.  Para  que  a  história  possa  ser  vista  como  parte  humanizar a arquitetura e libertá‐la das restrições puristas do modernismo, apontou‐se para 
integrante  do  projeto,  precisa  ser  apresentada  como  algo  que  pode  levar  a  algum  tipo  de  a  retomada  da  referência  histórica  em  edifícios.  Para  além  do  excesso  inicial,  deve‐se 
ação e que tem alguma óbvia relevância ao trabalho do arquiteto.   perceber  os  anos  1990  como  repleto  de  sérias  tentativas  de  inserir  a  arquitetura  e  suas 
criações no centro do contexto histórico.  
Caberia,  ainda,  propor  a  questão  sobre  como  o  ateliê  pode  auxiliar  no  trabalho  das 
disciplinas  de  história.  Se  a  contribuição  da  história  para  o  projeto  parece  mais  ou  menos  Percebe‐se  que  há,  hoje,  uma  grande  ênfase  sobre  o  futuro  da  arquitetura  e  suas 
clara, qual poderia ser a contribuição do projeto para a história? A questão da relação entre a  possibilidades  formais,  sobre  o  que  pode  se  fazer  em  comparação  com  o  que  já  foi  feito, 
história  e  o  ateliê  deve  considerar  que  este,  por  meio  da  prática  contemporânea,  pode  sendo  raros  os  projetos  que  conversam  fluentemente  tanto  com  o  passado  quanto  com  o 
informar  e  transformar  nossa  percepção  e  interpretação  daquela,  de  modo  que  se  possa  futuro. Este desejo pela invenção pura, com abandono do passado, poderia ser substituído 
‘fazer história’ no ateliê.  por  uma  experiência  criativa  mais  profunda,  que  se  fundamentasse  no  lugar  e  fosse 
embebida  de  sua  cultura  e  de  seu  contexto.  Este  desafio  pode  ser  colocado  ao  ensino  de 
arquitetura. Um ensino que não considere a história como algo estático, mas que reconheça 
4 O MOVIMENTO MODERNO na  história  a  mudança  na  forma  de  se  encontrar  soluções  para  questões  práticas  de 
arquitetura.  Se  as  questões  mudam,  a  necessidade  de  encontrar  soluções  criativas 
No século XIX, a produção da arquitetura encontrava‐se tomada pela difusão de modelos de  permanece. Assim, é evidente a necessidade de formar profissionais que consigam navegar 
outras épocas que eram seguidos como estilos pelos arquitetos. Entendia‐se que a cada um  no espaço entre a história e o projeto, entre o que aconteceu e o que pode acontecer. 
desses modos de construção do passado corresponderia um ‘estilo’, com linguagem e regras 
que  poderiam  ser  dominadas  e  aplicadas.  Nesse  panorama,  o  ensino  da  história  da 
arquitetura era propriamente o ensino de arquitetura e recorria ao estudo da história para  5 DESAFIOS
extrair dela princípios para a composição arquitetônica. Até o final do século XIX, a utilidade 
da  história  consistia  na  extração  e  transposição  de  modelos  de  composição  para  a  O  ensino  de  história  apresenta  muitos  desafios  hoje.  A  partir  de  uma  perspectiva  mais 
arquitetura.    ampla,  não  pode  limitar‐se  a  uma  questão  de  historiografia  acrítica  e  meramente 
O  fim  da  tradição  acadêmica  no  ensino  da  arquitetura  pode  ser  associado  à  afirmação  da  informativa.  O  ensino  estruturado  cronologicamente  pelos  fatos  veiculados  por  obras  de 
arquitetura  hoje  pode  parecer  ingênuo  e  oferece  apenas  uma  compreensão  simplificada 
arquitetura  moderna  a  partir  do  início  do  século  XX,  quando  esta  se  voltou  para  a 
daquilo que ocorreu no passado (MAHFUZ, 2003).  
consolidação dos novos desenvolvimentos da engenharia e da tecnologia da construção e a 
arquitetura  decididamente  abandonou  a  imitação  de  estilos  históricos  como  forma  de  Uma das questões fundamentais para o ensino de história deve a ser a delimitação do papel 
expressão.  operativo que a pesquisa e o ensino de história podem assumir no campo disciplinar (LIRA, 
2009).  Pode‐se  entender  que  a  história  deve  informar  o  ensino  da  arquitetura,  mas  ainda 
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está  por  ser  estabelecido  acordo  sobre  como  se  deve  inserir  as  disciplinas  de  história  nos  Cursos de história fornecem aos alunos uma visão geral do desenvolvimento cronológico da 
cursos de arquitetura.  arquitetura como uma profissão e geralmente enfatizam a mudança formal de movimentos 
A  grande  quantidade  de  informação  disponível  põe  fim  à  perspectiva  iluminista  do  estilísticos definidos contra o maior pano de fundo da história da civilização. Quando muito, 
salientam  a  relação  fundamental  entre  a  cultura  e  a  arquitetura,  criando  na  mente  dos 
conhecimento segundo a qual era possível se ter um conhecimento ilimitado da história da 
arquitetura  (SVENSSON,  1999).  Ainda  assim,  a  história  é  uma  forma  de  acesso  ao  alunos um vínculo entre as pessoas e seus edifícios. Ao enfatizar a interpretação mais do que 
conhecimento  da  arquitetura  da  maneira  como  se  apresenta  à  nossa  experiência,  isto  é,  a  aquisição  de  conhecimentos,  estes  cursos  podem  favorecer  o  desenvolvimento  das 
habilidades  dos  alunos,  mais  do  que  o  acúmulo  do  corpo  de  conhecimento  da  disciplina. 
como hipóteses, soluções, êxitos e fracassos que devem ser considerados a partir do nosso 
momento atual. (GREGOTTI, 1975)  Assim, o professor deve apresentar suas visões e a de outros pesquisadores como possíveis 
interpretações  anteriores,  de  modo  que  cada  aluno  consiga  construir  suas  próprias 
Cabe  aos  cursos  de  história  desvelar  a  história  da  arquitetura  que  interessa  à  prática  de  estratégias de análise. 
projeto  e,  nesse  sentido,  a  história  não  deve  ser  confundida  com  o  passado,  pois  é  uma 
construção sempre contemporânea e orientada pelo interesse de quem a produz. (MAHFUZ,  Porém, Mahfuz (2003) chama atenção para  o  fato de que os cursos de história não devem 
perder  de  vista  seu  objetivo  principal,  que  é  o  de  ser  um  curso  de  história  da  arquitetura. 
2003). 
Embora seja óbvio que, se por um lado, para que se possa tentar entender uma sucessão de 
Propõe‐se, assim, certo deslocamento na compreensão do objeto e dos fins da arquitetura e  fatos arquitetônicos  ao  longo  do tempo  é  preciso situá‐los  num  contexto  em que  todos  os 
coloca‐se que o estudo de história e teoria da arquitetura pode avançar tendo como fatores  extratos históricos estejam presentes, por outro, deve ficar claro que o extrato arquitetônico 
fundamentais tanto a pesquisa quanto a prática da arquitetura. Assim, “a teoria, a história e  deve ser o fio condutor de tal explicação. (MAHFUZ, 2003, s.p.)  
a  crítica  da  arquitetura  se  encontram  na  base  de  toda  metodologia  para  fazer  arquitetura, 
Assim,  com  recurso  aos  métodos  epistemológicos  próprios  da  disciplina,  podem  ser 
por  isso  sua  separação  oficial  da  prática  de  projetos  não  pode  ter  bons  resultados.” 
desenvolvidas  competências e  habilidades  necessárias  à  formação  de  futuros  profissionais, 
(MAHFUZ, 2003, s.p.) 
entre as quais deverão estar a capacidade de situar as diversas produções arquitetônicas nos 
 O deslocamento dos ‘paradigmas’ do conhecimento histórico, ao assimilar um caráter ativo  respectivos  contextos  históricos  de  sua  constituição  e  significação  de  modo  que  o  aluno 
por meio de problematizações, permite superar o conhecimento descritivo e analítico para  consiga estabelecer relações entre permanência e transformação nos processos históricos. 
exigir práticas de pesquisa e participação, ou seja, de ‘fazer história’. (SVENSSON, 1999) 
Há que se retomar o papel da história sobre a o fazer do arquiteto, e ao mesmo tempo há 
que  reivindicar  a  volta  de  uma  perspectiva  histórica  ao  projeto.  Trata‐se  de  posicionar 
7 PERSPECTIVAS
novamente  o  estudo  da  história  da  arquitetura  como  uma  atividade  prática  e  de  redefinir 
A  história  não  é  estática,  bem  como  não  é  depositária  de  feitos  imutáveis  e,  sim,  um 
também  a  didática  de  projeto.  Sabe‐se  que  o  projeto  é,  modernamente,  intuitivo,  mas 
processo.  A  história  é  uma  exposição  de  feitos  vivos  e  de  interpretações.  Voltar‐se  ao 
também é um processo de decidida expressão e crítica. E como tal, deve‐se investir na ideia 
passado  não  é  inspecioná‐lo  a  procura  de  orientações.  O  ensino  da  história  não  deve 
de um ensino organicamente equilibrado entre passado, presente e o futuro. (LIRA, 2009) 
comparecer  apenas  como  referencial,  como  exemplificação  de  situações  que  poderão 
auxiliar o estudante a encontrar uma solução para sua atividade prática, e sim com fonte de 
6 QUAL DEVE SER O PAPEL DO ENSINO DE HISTÓRIA NA elementos para o próprio conhecimento do presente.  
Se  o  centro  de  nossa  atividade  como  arquitetos  está  para  além  da  mera 
FORMAÇÃO DO ARQUITETO manipulação de dados, para penetrar mais fundo na problemática da necessidade, 
para  eleger  e  decidir  dentro  desta  com  um  sentido  mais  claro,  para  modificar  e 
Disciplinas de história têm a função de preparar o espirito crítico do estudante por meio da  caminhar numa determinada direção, se a arquitetura é somente enquanto propõe 
construção  de  um  registro  e  uma  compreensão  mais  profunda  das  atividades  humanas.  e  transforma  em  meio  ao  mundo  que  quer  ser  servido  e  não  transformado,  é 
possível  fornecer  através  da  história  alguma  garantia  em  relação  à  utilidade  e  ao 
Pode‐se  considerar  que  também  caberá  aos  cursos  de  história  a  iniciação  à  pesquisa  de  sentido de nosso trabalho? (GREGOTTI, 1975, p. 135) 
investigação  que  possa  dar  conta  de  auxiliar  o  aluno  na  construção  de  sua  identidade 
profissional  e  na  estruturação  do  seu  discurso  consciente  do  seu  papel  nos  processos  Para  Gideon  (2009)  a  história  não  deve  ser  vista  como  estudo  capaz  de  proporcionar 
históricos tanto como sujeito quanto como produto dos mesmos.   indicações das quais deduzir as formas da arquitetura e através das quais tomar as medidas 
de  segurança  antes  de  iniciarmos  nossas  atividades  projetuais.  Para  o  autor,  o  que  se 
Para  Argan  (1993,  s.p.)  fazer  história  é  conceber  o  passado  como  um  tempo  em  que  as  aprende  na  história  constitui  uma  verdade  para  nós,  para  nossa  sociedade  de  hoje,  e  não 
contradições  da  sociedade  foram  resolvidas  e  se  o  objetivo  for  fazer  projetos  que  sejam  uma verdade em si. A história deve se apresentar, assim, como um conjunto de valores capaz 
coerentes  com  a  ideia  de  história  e  de  crítica  como  ideias  estruturais  da  cultura  de ajudar‐nos a dar uma direção à nossa construção da história futura, partindo do presente, 
contemporânea, então estudar e reconhecer as contradições da sociedade na qual vivemos é  enquanto a verdade de nossa interpretação está condicionada pela nossa ação e pelo nosso 
o primeiro passo.   estar aqui e agora. 
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O ensino da história, assim, distancia‐se do ensino dos estilos arquitetônicos e passa a ligar‐ ensino  recai na apresentação de  informações  sem  sentido  e  os  estudos  alcançam somente 


se  mais  à  história  das  associações  que  se  podem  estabelecer  entre  os  elementos  que  horizontes  limitados.  Assim,  a  história  deve  deixar  de  ser  um  corpo  de  conhecimentos 
intervêm na determinação do caráter da arquitetura. Desse modo, a fase de conhecimento e  congelados  no  qual  nenhum  trabalho  de  criação  é  possível.  Caberá,  assim,  ao  professor 
análise  dos  dados  para  a  elaboração  de  um  projeto  torna‐se  uma  atividade  de  pesquisa  e  revelar aos alunos, em sua época, as relações vitais que a unem ao passado. (GIEDION, 2009)  
também produção de conhecimentos sobre o objeto que se projeta. (ARGAN, 1993, s.p.).  
É por isso que o projeto não pode ser tão simplesmente um exame dos dados objetivos e um  8 CONCLUSÃO
cálculo das resistências dos materiais ou do preço dos materiais em relação à disponibilidade 
financeira,  mas  um  fator  de  intervenção  ativa  na  realidade  para  resolver  as  contradições  O  ensino  de  história  deve  ter  como  ponto  de  partida  o  interesse  pelo  momento  presente, 
existentes. (ARGAN, 1993, s.p.).  pois é certo que este se encontrará em todos os estudantes. A referência às questões ainda 
Para  Gregotti  (1975),  deve‐se  procurar  pela  relação  entre  o  projeto  e  a  tradição  por  serem  respondidas  pela  arquitetura  será  suficiente  para  estimular  o  conhecimento  de 
arquitetônica,  superando  a  ideia  da  historicidade  da  arquitetura  circunscrita  ao  história.  Ao  deixar  de  ser  apenas  um  repositório  de  fatos  desconexos  no  passado,  com 
conhecimento  do  próprio  passado  disciplinar.  Nesse  sentido,  aponta  que  a  “historicidade  finalidade  meramente  informacional,  disciplinas  de  história  devem  reivindicar  seu  papel 
pode  tanto  revelar‐se  como  resistência  à  transformação  ou  ressignificação  quanto  à  como parte do campo de conhecimento profissionalizante e, de fato, reestabelecer o vínculo 
colocação de nossa ação no ambiente que reassuma e atualize no momento do projeto, toda  que deve ter com a atividade prática de projeto.  
a historicidade circundante.” (GREGOTTI, 1975, pág. 137)  Assim,  caberia voltar‐se às  Diretrizes Curriculares Nacionais e efetivamente  fazer avançar  o 
Trata‐se de conceber novos objetivos para os cursos de história nos quais a historicidade se  conceito de que a fundamentação e a busca de referências por meio da pesquisa são um dos 
apresentará  não  somente  com  a  função  de  regulamentar  a  relação  entre  o  que  existe  e  o  principais critérios para a concepção de projetos. Cursos de história, sem afastar‐se de seu 
novo objeto construído. Ao mesmo tempo, deverá fazer parte dos cursos a constituição da  objetivo principal, que é o de ser um curso de história da arquitetura, podem tornar‐se parte 
consciência  do próprio  existir na história enquanto  presente provisório. Assim,  a leitura do  da atividade prática e assumir seu papel estrutural na cultura contemporânea.  
passado como seleção e conhecimento dos elementos constitutivos da arquitetura torna‐se,  Está,  ainda,  e  cada  vez  mais,  aberto  para  propostas  o  debate  sobre  o  lugar  da  história  no 
portanto,  um  princípio  do  ato  projetual.    O  encontro  da  arquitetura  com  sua  história  não  projeto  contemporâneo.  Ao  deixar  de  simplesmente  ser  o  passado,  a  história  assume  seu 
significará confronto com a condição de desenvolvimento da disciplina, pois não se trata de  papel  ativo  de  informar  sobre  quem  a  produz.  Assim,  deixa  de  comparecer  apenas  como 
uma estabelecer uma condição de progresso com relação ao que a precede.   referencial  e  passa  a  ser  fonte  inconteste  de  elementos  para  o  próprio  conhecimento  do 
A ressignificação do estudo de história da arquitetura e sua recolocação nos currículos como  presente.  
atividade  prática  devem  considerar,  portanto,  um  decidido  interesse  pelo  momento  O professor de história da arquitetura não deve perder de vista que é sempre um professor 
presente. A referência à arquitetura de hoje e às suas questões ainda por serem respondidas  de  arquitetura.  Deve  procurar,  em  seu  campo  disciplinar  de  especialização,  razões  e 
deve ser suficiente para estimular nosso conhecimento de história, agora tornado acessível e  significados  válidos  para  o  momento  atual,  que  é  o  que  os  alunos  buscam.  Assim,  não  só 
utilizável, para além da mera erudição.   realmente colocaria seu trabalho de pesquisa a favor do ensino ao levá‐lo ao encontro dos 
Assim, Lina Bo Bardi (2002, p. 39) sugere que “a tarefa do professor seria a de despertar a  alunos,  como  poderia  esperar  que  eles,  com  sua  curiosidade  característica  e  renovado 
consciência  crítica,  dando  ao  estudante  o  sentido  da  continuidade  da  história,  não  como  interesse, também encontrassem chaves para conectar‐se com a história. 
elegância cultural, mas como fonte viva de contribuições reais”.  O desafio, assim, é aproximar o processo de investigação histórica e a atividade projetual. Os 
Sabe‐se  que  a  fixação  dos  conteúdos  das  aulas  depende  da  possibilidade  de  sua  aplicação  nexos  possíveis  para  esta  aproximação  já  existem,  embora  estejam  esquecidos.  Cabe,  por 
pelos  alunos.  Isso  pode  ser  enfatizado  pela  aproximação,  no  âmbito das salas  de  aula,  dos  enquanto, ao ateliê, a responsabilidade de promover estudos que resultem em uma pesquisa 
cursos  de  história  e  de  projeto.  O  projeto  deve  levantar  os  conteúdos  técnicos,  teóricos,  histórica capaz de promover o avanço da cultura arquitetônica através do trabalho prático do 
históricos  e  críticos  necessários  aos  exercícios  projetuais  enquanto  que  o  curso  de  história  arquiteto.  Nesse  sentido,  a  história  não  será  confundida  com  o  passado  e  estará, 
pode contar com o interesse genuíno dos alunos pelo conteúdo.   definitivamente, no papel de ser uma matéria sempre dinâmica. 
Além  disso,  a  fragmentação  do  conhecimento  em  várias  disciplinas  estanques  representa  Outras possibilidades de aproximação estão por se definir e dependerão, necessariamente, 
uma sobrecarga para os estudantes, com grande número de disciplinas a cursar, porém, com  do rumo que tomar a discussão sobre o desenvolvimento da arquitetura. O momento atual 
carga  horária  pulverizada  entre  elas.  Nesse  sentido,  uma  possível  integração  curricular  ainda é de debate sobre a herança  do  movimento  moderno  e novas  alternativas  surgem a 
poderia  aumentar  a  carga  horária  dedicada  às  atividades  necessárias  à  compreensão  e  cada  instante.  A  integração  da  história  da  arquitetura  ao  projeto,  conforme  proposto  pelo 
desenvolvimento das disciplinas de prática de projeto.  pós‐modernismo,  parece  ser  uma  ideia  já  superada.  A  referência  às  questões  ainda  por 
serem  respondidas  deverá  ser  suficiente  para  estimular  a  retomada  da  importância  do 
O ensino de história deve estar em contato muito próximo com o tempo presente para que 
conhecimento de história. 
possa extrair dele as questões que interessam responder. Sem a consciência de seu tempo, o 
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Os desafios enfrentados pela educação superior no campo da arquitetura demandam que se  O capital, a arquitetura e o ensino: o problema social no canteiro de 
reconfigure a experiência educativa. A necessária apreensão dos conhecimentos de teoria e 
de história da arquitetura, considerando sua produção no contexto social, cultural, político e 
obras 
econômico, deve ter efetivamente como objetivo a reflexão crítica  sobre o  estado atual da 
sociedade e será parte da construção, pelo aluno, de sua identidade. O estudo de história da  Larissa Cardillo Acconcia DIAS 
arquitetura, desse modo, reassumirá seu compromisso com o momento presente na medida  IAU ‐ USP; [email protected] 
Gelson de Almeida PINTO 
em que a aproximação com a atividade prática apresentar as questões que poderá ajudar a 
IAU – USP; [email protected] 
responder.   

RESUMO 
REFERÊNCIAS A  questão  do  canteiro  de  obras  na  arquitetura  é  negligenciada  por  vários  profissionais,  empresas  e 
principalmente pelos próprios cursos de arquitetura. Os profissionais formados pelas universidades não estão 
ARGAN, G. C. A História na Metodologia do Projeto. Revista Caramelo, São Paulo, nº 6, 1993.  aptos a lidar com o problema da questão social envolvida nos canteiros de obras e acabam por não solucionar o 
BARDI, Lina Bo. Contribuição propedêutica ao ensino de teoria da arquitetura. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi,  problema  ou  mesmo  não  se  dar  conta  que  existe  um  problema.  Este  trabalho  apresenta  um  histórico  da 
2002.  evolução do canteiro de obras ao longo da história da arquitetura e uma análise do ensino de arquitetura com 
relação  à  questão  capitalista  levando  em  consideração  a  trajetória  e  os  estudos  de  Sérgio  Ferro.  Após  uma 
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução nº 2,  análise dos problemas apontados por Ferro e da situação atual do canteiro de obras que ainda continua critica, 
de 17 de junho de 2010. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e  são propostas soluções para o problema levando em conta o ensino e o mercado de arquitetura. 
Urbanismo, alterando dispositivos da Resolução CNE/CES nº 6/2006. Disponível em 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino de arquitetura, canteiro de obras, questão social na arquitetura 
<http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_docman&task=doc_download&gid=5651&Itemid=>. Acesso 
em 09/12/2013.   
GIEDION, Sigfried. Espacio, tiempo y arquitectura: Origen y desarrollo de una nueva tradición. Madri: Reverte, 
2009. 
1 INTRODUÇÃO
GREGOTTI, Vittorio. Território da Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1975. 
LIRA, José Tavares Correia de. Arquitetura, historiografia e história operativa nos anos 1960. Trabalho  A  modificação  proporcionada  pelo  sistema  capitalista  nos  modos  de  produção  de 
apresentado no 8º Seminário DOCOMOMO Brasil. Rio de Janeiro, 01 a 04 de setembro de 2009. Disponível em 
mercadorias tiveram várias consequências em várias áreas diferentes. Na área de arquitetura 
<http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/052. pdf>. Acesso em 29/11/2013. 
e construção uma das áreas afetadas foi no canteiro de obras, local de produção do espaço, 
MAHFUZ, Edson da Cunha. Teoria, história e crítica, e a prática de projeto. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n.  assunto amplamente discutido por Sérgio Ferro em seus trabalhos e principalmente em seu 
042.05, Vitruvius, nov. 2003. Disponível em <http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04. 042/640>. 
Acesso em 29/11/2013.  
trabalho  ‘O  Canteiro  e  O  Desenho’  (FERRO,  1982).  Esta  mudança  baseada  nos  conceitos 
capitalistas ocorreu de formas diferentes por todo o mundo, porém os impactos causados na 
SVENSSON, Frank. Problemas atuais do ensino e do aprendizado de Teoria e História da Arquitetura. In Luiz 
maioria  dos  casos  levaram  a  um  sistema  falho  que  busca  desenfreadamente  lucro  sem  se 
Alberto de Campos Gouvêa, Frederico Flósculo Pinheiro Barreto, Matheus Gorovitz (organizadores) (et al.). 
Contribuição ao Ensino de Arquitetura e Urbanismo. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas  preocupar com a condição do trabalhador. 
Educacionais, 1999.  O objetivo principal desse trabalho é colocar em evidência o tema do canteiro de obras no 
ZEVI, Bruno. Architectura in Nuce. Uma definição de Arquitetura. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora,  Brasil, que continua sendo um tema importante e constantemente negligenciado, relacionar 
1986.  o problema ao sistema econômico e, baseado nas análises, propor soluções para o problema. 
Este  assunto  é  demasiadamente  amplo  sendo  que  as  soluções  apresentadas  pretendem 
propor caminhos a serem explorados de forma mais profunda em trabalhos futuros. 
Esse  trabalho  apresenta  uma  análise  da  situação  atual  do  canteiro  de  obras,  que  não 
apresenta  uma  mudança  significativa  nos  processos,  mostrando  como  se  encontra  falha  a 
abordagem  da  parte  prática  de  Arquitetura  pelas  universidades  do  país.  Em  seguida,  a 
trajetória do arquiteto Sérgio Ferro é apresentada juntamente com os seus estudos a fim de 
identificar  a  origem  dos  problemas  encontrados  atualmente  nos  canteiros  de  obra  e 
apresentar  a visão interessante  de como  o problema foi  e  continua  negligenciado.  Existem 
poucos  trabalhos  relacionados  diretamente  a  esse  assunto  e  poucas  soluções  para  o 
problema  foram  apresentadas  ao  longo  dos  anos.  Como  a  causa  dos  problemas  atuais  do 
canteiro  estão  diretamente  relacionados  ao  cenário  econômico  e  acadêmico  atual  é 
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necessário retomar o assunto, e propor soluções para o problema com base em análises não  maiores aconteceu devido à vasta quantidade de material de alta qualidade disponível. Este 
somente  históricas,  mas  também  econômicas.  Atualmente  as  soluções  apresentadas  para  modelo  de  arquitetura  é  modificado  ao  longo  dos  anos  quando,  por  exemplo,  na  Grécia 
este  problema  não  devem  se  preocupar  somente  com  o  trabalhador  e  suas  condições  de  antiga  já  existiam  arquitetos  que  de  fato  projetavam  os  monumentos  e  edifícios  e 
trabalho, mas também com a questão da sustentabilidade no canteiro de obras.  supervisionavam a construção dos  mesmos. Nesta época foram introduzidas a  proporção e 
Este  trabalho  está  dividido  da  seguinte  maneira:  a  seção  2  apresenta  um  histórico  dos  as  ordens  clássicas  na  arquitetura.  O  trabalho  mais  pesado  poderia  ser  feito  por  escravos, 
canteiros de obra considerando suas modificações ao longo do tempo, em seguida a seção 3  porém as estruturas de pedra trabalhadas não poderiam ser montadas por qualquer pessoa, 
sendo necessários trabalhadores qualificados para o trabalho. 
apresenta um histórico do ensino de arquitetura e seus principais problemas. A relação entre 
os  canteiros  de  obra  e  o  sistema  capitalista  é  apresentada  na  seção  4,  juntamente  com  as  A arquitetura antiga na Grécia era realizada por colonos e escravos que eram instruídos por 
ideias  da  Arquitetura  Nova.  Algumas  propostas  para  solucionar  a  atual  situação  são  arquitetos  e  também  matemáticos  que  possuíam  alto  rigor  técnico.  Na  Roma  antiga  as 
apresentadas na seção 5 que é seguida pela conclusão e pelas referências bibliográficas.  construções eram executadas por escravos ou homens que trabalham em troca de comida. 
Os  edifícios  eram  construídos  da  forma  mais  rápida  possível,  o  que  demandava  um  alto 
número de homens na maioria das vezes. A utilização de escravos diminuía o custo total da 
2 HISTÓRICO DO CANTEIRO DE OBRAS obra  (aqui  já  é  possível  notar  um  pensamento  semelhante  ao  encontrado  atualmente)  e 
podia  ocorrer  na  maior  parte  do  tempo  devido  à  facilidade  proposta  pelos  materiais 
O  canteiro  de  obras  teve  várias  modificações  ao  longo  do  tempo  juntamente  com  outras  (SWENSON  &  CHANG,  2014).  Escultores  eram  contratados  apenas  para  a  decoração  dos 
modificações em materiais e técnicas construtivas. A ideia geral deste histórico é descrever e  edifícios (HAMLIN, 1906). 
analisar  estas  mudanças  ao  longo  do  tempo  para  identificar  corretamente  as  causas  e  as 
consequências dos problemas que serão encontrados. O registro de como são executadas as  Considerando o período da idade média, as construções eram executadas por trabalhadores 
obras  são  escassos  devido  ao  desinteresse  ou  até  mesmo  ao  interesse  de  se  omitir  certos  que  eram  pagos  pelo  serviço.  Como  os  únicos  desenhos  que  existiam  eram  os  desenhos 
fatos.  Devido  ao  fato,  esta  seção  pretende  organizar  de  forma  cronológica  as  dispersas  antigos e não existiam livros ou documentos sobre técnicas construtivas o conhecimento era 
informações  sobre  o  assunto.  É  importante  salientar  que  este  histórico  não  segue  passado de pai para filho. Nesta  época as construções eram projetadas pelos construtores. 
exatamente  a  sequencia  temporal  da história  da arquitetura, mas  apresenta a  evolução  de  Os  trabalhos  mais  simples  eram  executados  por  trabalhadores  pagos  por  dia.  As  mulheres 
forma que possa ser analisada.  também participavam da construção, porém não há registro de como era dividido o trabalho 
(SWENSON & CHANG, 2014). 
Os  primeiros  processos  construtivos  que  podem  ser  considerados  como  os  primórdios 
arquitetura  são  impossíveis  de  se  determinar  (HAMLIN,  1906).  Os  primeiros  monumentos  Durante a Renascença as ideias de Vitrúvio foram revisitadas e o conceito de arquiteto e de 
encontrados  pertenciam  a  civilizações  mais  avançadas  como  os  egípcios.  Considerando,  como  seria  o  perfeito  arquiteto  foram  novamente  colocadas  em  questão.  Este  fato  trouxe 
portanto, que os primeiros indícios de arquitetura sejam os monumentos egípcios o estudo  novamente o arquiteto para o projeto dos edifícios. O padrão de arquiteto da renascença era 
do trabalho irá se iniciar por está época.   um  artista  que possuía  algum  conhecimento de construção  e tinha  sua  base nas  regras do 
projeto  clássico.  Basicamente  o  esquema  de  trabalho  era  o  mesmo  do  período  medieval, 
No  Egito,  ao  construir  uma  pirâmide,  por  exemplo,  o  faraó  instituía  um  departamento  de  trabalhadores  eram  pagos  para  fazer  o  serviço.  Os  trabalhadores  se  organizavam  em 
engenharia constituído por um supervisor do faraó, um chefe de engenharia, um arquiteto e  associações que detinham o monopólio das técnicas construtivas o que proporcionava uma 
um  “departamento  de  mão‐de‐obra”1.  A  mão‐de‐obra  era  formada  por  pessoas  que  eram  forma limitada de construção (SWENSON & CHANG, 2014). 
isentas de  taxas e eram alocados para uma “cidade da pirâmide” onde conseguiam abrigo, 
comida e roupas. É possível notar que desde a época das pirâmides existia uma hierarquia no  Sergio  Ferro  (NOBRE,  REZENDE  &  STOFLI,  2002)  ressalta  de  forma  interessante  os 
canteiro  de  obras,  ou  como  era  chamada,  “cidade  da  pirâmide”.  Outros  importantes  acontecimentos  do  período.  Segundo  o  autor,  nesta  época  Brunelleschi  apresenta  uma 
monumentos foram construídos pelos assírios na mesopotâmia onde não existia a profissão  mudança  no  desenho  de  arquitetura.  Ao  construir,  Brunelleschi  aplica  técnicas  totalmente 
de arquiteto e os escribas eram responsáveis pelas obras. Neste caso os assírios acreditavam  diferentes  do  que  os  operários  extremamente  capacitados  pela  prática  das  construções 
que  os  escribas  que  possuíam  essa  habilidade  construtiva  eram  ensinados  pelos  deuses  anteriores  estavam  acostumados.  O  arquiteto  introduz  uma  divisão  entre  o  desenho  que 
(HAMLIN,  1906).  Os  trabalhos  eram  supervisionados  por  escribas,  porém  executados  por  apresentava várias técnicas anteriores e a construção que era realmente o resultado do que 
escravos.  era produzido no canteiro de obras. Esta entrada da divisão entre o desenho e a construção 
foi importante por inverter a autonomia produtiva dos trabalhadores para o arquiteto. Esta 
A  arquitetura  persa  seguia  o  mesmo  modelo  da  arquitetura  assíria  combinada  com  as  tendência já indica a classificação de construções como manufaturas na construção civil. 
técnicas  construtivas  egípcias.  A  possibilidade  de  construção  de  monumentos  e  palácios 
Os  séculos  XVII  e  XVIII  foram  marcados  pelo  início  da  capacitação  do  arquiteto  e  do 
                                                             engenheiro  e  também  é  época  do  nascimento  das  ciências  modernas.  Os  arquitetos  e 
engenheiros  começaram  a  implantar  a  ciência  experimental  para  modificar  as  formas  dos 
1
 http://news.psu.edu/story/141300/2008/03/24/research/probing‐question‐how‐were‐egyptian‐pyramids‐built  edifícios.  Apenas  no  século  XVIII  a  ciência  conseguiu  se  desenvolver  a  ponto  de  calcular 
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estruturas  mais  complexas,  e  também  nesta  época  a  utilização  do  ferro  ganhou  uma  nova  arquitetura é produzida de forma elementar, uma manufatura, cujo processo de produção é 
perspectiva.  Foi  também  neste  século  que  o  início  da  revolução  industrial  impulsionou  a  simples,  com  poucos  materiais  e  qualificações  de  trabalho  e,  o  lucro,  é  alto  (NOBRE, 
construção.  Apesar  de  todo  o  desenvolvimento,  as  técnicas  construtivas  não  estavam  REZENDE & STOFLI, 2002). A industrialização trouxe a mecanização, porém esta mecanização 
completamente diferentes do que era utilizado anteriormente (SWENSON & CHANG, 2014).  não atinge o canteiro como um todo. Então o trabalhador que precisa produzir mais rápido é 
Neste período, mais especificamente no final do século XVIII iniciou‐se a revolução industrial  explorado  de  uma  forma  mais  intensa  ao  invés  de  ter  auxílio  mecânico  em  seu  trabalho 
e  também  ocorreu,  entre  1789  e  1799,  a  revolução  francesa.  Dois  episódios  que  (FERRO,  1982).  A  arquitetura  moderna,  anos  depois,  continua  a  exploração  e  adota  ainda 
mais o processo produtivo da manufatura em seu processo construtivo. Uma arquitetura que 
influenciaram bruscamente na arquitetura e na forma de se construir.  A revolução industrial 
introduziu a mudança nos processos de produção substituindo a manufatura. O capitalismo  utiliza  os  materiais  produzidos  pela  indústria,  pré‐moldados,  e  incorpora  o  processo 
produtivo que degrada e explora o canteiro de obras.  
se  fortalece  ainda  mais  com  estas  novas  formas  de  produção  e  também  ficam  mais  fortes 
conceitos apontados por Marx (1988) como lucro, mais‐valia e diferentes tipos de capital. A  Há  com  certeza  algumas  exceções,  como  no  caso  do  Japão,  onde  trabalhadores  da 
revolução  industrial  levou  a  um  questionamento  das  relações  de  trabalho  e  acabou  construção civil possuem salário compatíveis com sua carga de trabalho1. Algum esforço no 
resultando na revolução francesa.   sentido de melhorar a condição de trabalho na construção civil pode ser visto no Brasil. Um 
exemplo é o método construtivo2 do arquiteto João Figueira Lima (Lelé) que apresenta um 
A  perspectiva  da  construção  neste  período  mostra  um  problema  grave  que  ocorre  com  a 
sistema construtivo mais limpo e menos exploratório³. 
revolução francesa. Foram proibidas toda e qualquer associação operária e este fato para a 
construção  civil foi  impactante, pois se  tratava  de  um  setor de exploração do  trabalho que 
2.1 O CANTEIRO DE OBRAS 
não  poderia  se  organizar para  impedir que a  exploração  acontecesse. Em contrapartida  no 
final  do  século  XIX  ocorre  um  movimento  que  tenta  retomar  o  cenário  anterior  que  cria  O histórico da construção apresentado acima demonstra a evolução das técnicas construtivas 
sindicatos  e  exige  que  os  operários  tenham  o  controle  total  das  obras  como  ocorria  e apresenta algumas origens do canteiro de obras encontrado atualmente. Considerado um 
anteriormente.  Para  combater  este  movimento  houve,  dentre  outras  medidas,  a  mudança  período  atual  com  relação  ao  histórico,  a  construção  de  Brasília  é  um  assunto  que 
nos materiais utilizados. Quando se constrói com materiais que se pode trabalhar no canteiro  constantemente  é  lembrado  quando  se  fala  em  problemas  de  canteiros  de  obras.  Sergio 
de obras todo o processo pode ser dominado pelos trabalhadores. Nesta época os materiais  Ferro  (NOBRE,  REZENDE  &  STOFLI,  2002)  relata  que  as  condições  de  trabalho  eram  muito 
como  madeira  e  pedra  são  substituídos  por  concreto  e  ferro  o  que  tira  a  força  dos  precárias.  Trabalhadores  de  todo  o  país  aguardando  para  serem  levados  às  obras,  onde 
trabalhadores  (NOBRE,  REZENDE  &  STOFLI,  2002).  Um  dos  movimentos  que  aproxima  a  encontravam  canteiros  cercados.  Qualquer  tentativa  de  greve  era  reprimida  com  mortes  e 
construção dos operários é o ecletismo1 quando a arquitetura é de certa forma devolvida aos  assassinatos.  Vários  problemas  eram  encontrados  como  fome,  miséria  e  comida  podre. 
construtores que utilizam as técnicas que conhecem.   Segundo  Sergio  era  difícil  pensar  em  uma  arquitetura  que  priorizava  as  pessoas  e 
presenciava  os  problemas do  canteiro de  obras. Atualmente o canteiro continua  sendo um 
No  Brasil  a  construção  civil  passa  por  mudanças  sindicais  a  partir  de  1920  baseados  nos 
local  de  exploração  onde  se  praticam  baixos  salários,  altas  jornadas  de  trabalho  e  são 
modelos  franceses.  As  grandes  reivindicações  como  citado  acima  vão  aos  poucos  se 
ambientes  insalubres  onde  ocorrem  todos  os  tipos  de  acidentes.  Esta  situação  não  é 
modificando  para  reivindicações  sem  grandes  pretensões  a  os  funcionários  aceitam  sua 
particular do Brasil.  
posição. A afirmação deste período pré‐primeira guerra não é mais vista ao longo dos anos.  
A comprovação de que o sistema de construção civil é o sistema onde o lucro é maior, dentre 
Uma visão diferente do canteiro pode ser vista no trabalho de Meyer (1972). Ele retrata sua 
outros  fatores  devido  à  alta  exploração  dos  trabalhadores,  é  a  constante  recorrência  por 
experiência  como  arquiteto  na  união  soviética.  Meyer  compara  o  arquiteto  ocidental  que 
parte do governo ao setor da construção civil para alavancar a economia3. 
possui  uma  função  de  mediador  em  grande  parte  do  tempo  e  realmente  de  arquiteto  em 
outra pequena parte. Na união soviética os arquitetos são construtores, são funcionários da  Outra maneira de se construir um canteiro de obras é por mutirão. Seria uma construção de 
obra e pertencem a sindicatos. Este profissional é visto como construtor cientifico e prático  habitações  por  um  sistema  autogerido,  onde  as  pessoas  que  irão  usufruir  da  construção 
responsável por construir a nova economia socialista. Ao mesmo tempo, Meyer foi professor  recebem o material e ajuda de profissionais e então constroem suas próprias moradias. Este 
e construtor de edifícios. Os estudantes recebiam para trabalhar em obras e estudar, desta  tipo de canteiro não experimenta a hierarquia da mesma forma que o canteiro de obras mais 
forma  aplicavam  os  conhecimentos  adquiridos  para  auxiliar  o  sistema.  Todo  o  trabalho  é  comum, é um trabalho de pessoas que são colocadas em um mesmo nível. Um bom exemplo 
sempre feito em grupo para priorizar este tipo de trabalho. Meyer defende que o arquiteto  de comparação entre os canteiros pode ser visto no trabalho de Paula Constante4. A questão 
para realmente entender o que ocorre em um canteiro de obras deve trabalhar juntamente 
                                                            
com os trabalhadores e vivenciar a situação. 
1
A  situação  retratada  acima  só  se  intensificou  ao  longo  dos  anos.  Considerando  que  a   http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.062/440 
2
                                                              http://au.pini.com.br/arquitetura‐urbanismo/175/architekton‐lele‐o‐mestre‐da‐arte‐de‐construir‐104932‐1.aspx 
3
1
 http://www.pac.gov.br/ 
 http://en.wikipedia.org/wiki/Eclecticism_in_architecture  4
 https://www.youtube.com/watch?v=M3hnzDHEfz8 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  469   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  470 

é que este tipo de canteiro não é apoiado, pois em tese retira a autonomia das construtoras  2008). 
e, além disso, o dinheiro para estes canteiros de obra geralmente vem de inciativas públicas 
Do  Liceu  surgiu  o  início  do  que  acabaria  se  tornando  a  Escola  Politécnica  de  São  Paulo.  O 
e, por vários motivos, apresentam problemas e a obra constantemente é interrompida.  primeiro  regulamento  da  Poli,  em  1894,  foi  o  ensino  técnico  voltado  para  a  agricultura, 
Grande  parte  dos  problemas  apresentados  é  resultado,  dentre  outras  questões,  de  uma  indústria e construção em consequência do grande crescimento, no final do século XIX, das 
negligência  com  relação  ao  assunto  por  parte  das  universidades  na  formação  dos  cidades causado pelo avanço industrial e as plantações de café.  
profissionais. A  seguir serão analisados  os  currículos  de  cursos  de arquitetura  e urbanismo 
O progresso de São Paulo exigia uma maior atenção à formação técnica principalmente para 
com relação ao histórico apresentado.  a  construção  de  estradas  de  ferro,  infraestrutura  urbana,  de  equipamentos  sanitários,  de 
loteamentos e obras particulares de toda a espécie. No ano de 1896 se iniciam as atividades 
3 O ENSINO DE ARQUITETURA da  Escola  de  Engenharia  do  Mackenzie  assim  como  as  novas  atividades  resultantes  da 
reforma, já citada nesse artigo, da Poli de São Paulo. 
A  partir  do  século  XIX  houve,  na  Europa,  a  ruptura  entre  a  formação  dos  artesãos  e  dos  Foi no ano de 1984 que se formulou o curso de engenheiro‐arquiteto, essa então foi a forma 
operários industrializados, passando do tradicional ensino entre mestres e aprendizes para o  de ensino institucional de arquitetura em São Paulo. Por todos os anos seguintes, até o de 
ensino profissionalizantes em escolas e universidades. Com o avanço da industrialização, as  1948, a procura por esse curso foi baixíssima e a maior turma formada foi de sete alunos, a 
corporações de ofícios foram desmontadas. A consequência foi a crise na formação de mão  procura para o curso de engenharia civil era maior, então, por lei, o curso foi fechado e, pela 
de  obra  já  que  a  Academia  de  Belas  Artes  havia  separado  as  “artes  maiores”  das  “artes  mesma lei, é criada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, a 
menores” e não se ocupava do ensino de ofícios (COSTA, 2008).  FAUUSP.  O  número  total  de  alunos  formados  como  engenheiros‐arquitetos  e  que 
Os  primeiros  ensinos  técnico‐artísticos  com  a  finalidade  de  fornecer  esses  tipos  de  experimentaram a primeira forma de institucionalização da arquitetura no país durante esses 
conhecimentos aos operários de trabalhos mecânicos surgiram na França e na Grã‐Bretanha.   60 anos foram de apenas 120 (COSTA, 2008). 

Houve alguns debates sobre  a  renovação do ensino técnico que envolvesse artes, ofícios  e  Atualmente, o cenário do ensino pode ser analisado de várias maneiras possíveis, porém o 


ensinos  mecânicos  para  o  progresso  técnico  dos  países,  porém  pela  relação  que  o  ensino  fato de que a situação atual é consequência do sistema capitalista não pode ser ignorado. As 
tinha  com  a  indústria,  ou  seja,  formar  operários  aptos  a  trabalharem  pelo  rápido  avanço  instituições  de  ensino  atualmente  formam  profissionais  com  intuito  apenas  de  suprir  a 
tecnológico, temeu‐se pela perda do viés artístico e criativo.  demanda do mercado e não se comprometem em formar o profissional com capacidade de 
questionamento  da  atual  situação  do  sistema,  que  também  seja  capaz  de  realmente  se 
No  Brasil,  a  trajetória  do  ensino  técnico  foi  diferente.  O  governo  real  tentou  introduzir  no  tornar membro útil da sociedade e ser capaz de transformá‐la. 
país um ensino artístico com oficinas, esse tipo de iniciativa acabou por volta de 1826 pela 
instabilidade política na Regência e diferentes tipos de revoltas regionais que não permitiram  Este  tipo  de  formação  profissional  pode  ser  associado  ao  conceito  de  alienação  de  Marx 
o investimento público para a formação de mão de obra.   onde  no  sistema  de  produção  capitalista  o  profissional,  que  antes  era  responsável  por 
fabricar  cada  produto  inteiramente,  agora  é  responsável  apenas  por  parte  do  processo. 
Ainda  segundo  Costa  (2008),  em  1854,  movidos  pelas  ideias  europeias  de  renovação  do  Desta forma as instituições de ensino trabalham para suprir a demanda do mercado. 
ensino técnico, ocorreu a grande reforma educacional da Academia Imperial de Belas Artes 
(AIBA) que teve como resultados um programa de ensino industrial, com aulas de desenho  Mészaros  (2005)  propõe  uma  visão  diferente  sobre  a  educação  apresentando  uma  visão 
geométrico,  de  ornatos,  desenho  industrial,  matemática  e  escultura  de  ornatos.  Nesse  interessante  sobre  a  formação  do  indivíduo.  Segundo  o  autor  é  necessário  que  se  mude  a 
mesmo período esse tipo de iniciativa ocorria pelo país, principalmente no Liceu de Artes e  forma  que  a  educação  é  pensada  para  que  se  torne  uma  educação  revolucionária.  A 
Ofícios, responsável pelo mesmo tipo de educação, porém com cunho mais popular.  educação desta forma deveria ser pensada em todos os ambientes  onde existam atividades 
em que a interiorização ocorre e não apenas nos ambientes formais de ensino. Desta forma 
Já no ano de 1873, na cidade próspera industrialmente e com grande taxa de imigrantes, em 
a  educação  iria  propor  um  pensamento  radical  que  vai  de  encontro  à  consciência  e 
São  Paulo  foi  criada  a  Sociedade  Propagadora  de  Instrução  Popular  para  atender  as 
questiona  os  valores  colocados  pelo  sistema  capitalista.  A  educação  seria,  portanto,  não 
necessidades da mão de obra da indústria, com uma educação popular. Com isso houve uma 
mais  hierárquica,  destrutiva,  fetichista  e  sim  sustentável,  cooperativa,  consciente  e 
democratização do ensino levando o ensino gratuito aos filhos de operários e camponeses. 
emancipada. 
Em 1882, com a inclusão de cursos profissionalizantes, a Sociedade torna‐se Liceu de Artes e 
Ofícios  de  São  Paulo  (LAO),  com  o  objetivo  de  formar  trabalhadores  para  as  oficinas,  Segundo Meszáros (2005) esta  educação alternativa somente pode  existir paralelamente a 
comércio e lavouras.  uma  teoria  política  socialista.  Além  disto,  esta  situação  deve  estar  clara  para  quem  está 
Com  a  República,  o  Liceu  passou  por  uma  crise  causada  pela  falta  de  repasse  de  verbas  envolvido com atividades formais de ensino, pois somente assim uma instituição específica 
porem, em 1895, o engenheiro‐arquiteto belga Francisco de Paula Ramos de Azevedo torna‐ de ensino pode se abrir para a sociedade. Esta junção entre as instituições formais de ensino 
se diretor  da instituição e faz uma grande  reforma  no seu ensino e  assim foram criadas as  e seus agentes com os processos políticos e sociais é uma forma de construir uma sociedade 
oficinas  de  marcenaria,  serralheria  e  plástica,  essa  foi  a  criação  do  LAO  Indústria  (COSTA,  emancipada do sistema capitalista.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Esta questão se sobrepõe a analise do ensino público e privado sugerindo que enquanto não  pessoais como repensar a arquitetura e as condições de produção dos canteiros de obra. Eles 
houver uma educação que vá de encontro ao sistema capitalista, as modificações feitas no  repensaram materiais e técnicas que eram utilizados e as imposições da industrialização da 
ensino  atualmente  serão  apenas  estratégias  do  próprio  capital  para  manutenção  de  seu  construção civil, para isso propunham experimentações. 
próprio  status  conservador  e  que  a  educação  enquanto  inserida  em  uma  sociedade 
As experimentações seguiram para uma pesquisa construtiva e espacial para adequar a obra 
capitalista não será uma solução. 
ao  subdesenvolvimento  da  época.  Nas  questões  relacionadas  às  técnicas  e  para  que  essas 
Aplicando esta analise ao cenário da educação apresentado pelo artigo, é possível concluir  fossem adequadas ao, então, subdesenvolvimento no qual o país se encontrava, era coerente 
que  a  atual  situação  das  instituições  de  ensino  que  transformaram  a  educação  em  utilizar  os  conhecimentos  das  diferentes  gerações  dos  trabalhadores.  Ferro  criticava  como 
mercadoria  é  uma  consequência  do  sistema  capitalista  em  que  estão  inseridas.  E  que  as  esse  conhecimento  era  utilizado  nos  canteiros:  cada  trabalhador  trabalhava  de  maneira 
mudanças  propostas  são  promissoras,  mas  tendem  a  não  proporcionar  uma  solução  individual  em  uma  pequena  função,  trabalhadores  que  teriam  condições  e  conhecimentos 
duradoura.   para  trabalharem  de  maneira  conjunta  e  em  atividades  maiores,  o  produto  final  vinha  da 
junção dessas pequenas funções, era esse o trabalho coletivo hierarquizado por um mestre 
As  soluções  podem  mudar  o  quadro  da  financeirização  do  ensino  temporariamente  ou  um  engenheiro  ou  um  arquiteto.  O  maior  questionamento  de  Ferro  era  a  grande 
impedindo que muitas universidades sejam criadas ou que universidades não possuam um  separação entre o pensar e fazer, a falta de diálogo e a hierarquia entre o trabalho e as ideias 
ensino de qualidade, porém os profissionais formados ainda serão meramente uma solução  que acontecem no canteiro de obra.  
para  a  demanda  do  mercado  e  não  profissionais  que  possuem  consciência  do  que 
Ainda segundo Costa (2008), essa ideia e outras colocaram o arquiteto em posição e opinião 
representam para a sociedade e de como podem transformá‐la. 
opostas às de Vilanova Artigas e, cada um com sua convicção, ficaram em diferentes posições 
Meszaros ainda propõe que a real mudança somente aconteceria se um sistema educacional  no  golpe  de  1964:  Ferro  e  seus  companheiros  foram  contra  a  opressão  e  a  favor  de  uma 
“social”  estivesse  inserido  em  um  sistema  de  governo  socialista,  fato  que  não  possui  política direta, no caso luta armada, e Artigas se recusou a aderir à luta. Na década de 1970, 
indicativos de que possa acontecer no Brasil em curto prazo. Considerando que as mudanças  Ferro teve sua carreira de docente da Universidade de São Paulo desligada, nesse processo 
podem trazer benefícios, o investimento nas propostas citadas anteriormente são validas e  de  desligamento  o  arquiteto  foi  convidado  pela  Faculdade  de  Arquitetura  de  Grenoble,  na 
deveriam ocorrer assim que possível para evitar que o sistema atual piore ainda mais.  França, para participar de um Seminário de Paisagem Urbana, de onde o arquiteto não mais 
se desvinculou.  
Em seu livro “O canteiro e o desenho”, de 1979, Sérgio Ferro tem uma tese central marxista 
4 O CANTEIRO E A ARQUITETURA NOVA da  miséria  dos  canteiros,  ou  seja,  como  tudo  sob  o  capital  a  arquitetura  também  é  uma 
mercadoria regida por ele e que busca a mais‐valia. Nessa busca há exploração do trabalho e 
A proposta desse artigo não é falar sobre o arquiteto e artista plástico Sérgio Ferro, mas ao 
submissão às autoridades que representam o próprio capital, no caso é a própria arquitetura. 
tratar do canteiro de obra e o ensino de arquitetura e urbanismo, ele acaba sendo uma parte 
As consequências são a irracionalidade do projeto, extermínio de qualquer vestígio artístico, 
importante dessa análise, principalmente por ser um dos únicos arquitetos que pensaram na 
miséria operária, baixos salários, doenças e acidentes (BENOIT & FERRO, 2002). 
relação canteiro de obras e as ideias de dominação do capital na arquitetura. 
Se a automação predominar por toda a produção, o capital é extinto, esse é um dos motivos 
Sérgio Ferro foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São 
para o proposital “atraso” no setor da construção civil: “São nossos candangos a desabar dos 
Paulo (FAU) até o golpe da ditadura militar no país, em 1964. Antes dessa data o arquiteto e 
andaimes que sustentam as montadoras abarrotadas de robots”. E o desenho dos arquitetos 
outros pensadores do país criticavam as políticas do Partido Comunista do Brasil, o PCB, na 
continua  sendo  instrumento  da  extração  do  mais  valia  nos  canteiros  que  alimentam  os 
época  esse  partido  político  reunia  a  maior  parte  da  esquerda  marxista  brasileira.  Essas 
setores mais “avançados” (BENOIT & FERRO, 2002). 
políticas envolviam em criar uma aliança com a burguesia industrial modernizadora que era 
contra  a  oligarquia  agro‐exportadora  ligada  ao  imperialismo.  O  partido  propunha  e  Do  arquiteto como  docente  é  importante  ressaltar  suas  tentativas  de  vincular o  ensino    às 
acreditava em uma revolução por etapas até atingir a revolução socialista no país.   questões sociais do país; em 1968 Ferro foi um dos arquitetos responsáveis pela criação da 
Faculdade de Arquitetura de Santos e lá  propôs um programa onde  todas as disciplinas do 
A situação enfrentada era que o partido colocava as lutas de classe em segundo plano para 
primeiro  ano  adotassem  as  mesmas  medidas  de  pesquisa  e  intervenção,  para  isso  iriam, 
combater, primeiramente, o “inimigo estrangeiro”. Assim, com o golpe militar, novas análises 
alunos e professores, às favelas próximas à faculdade e lá os professores de diferentes áreas 
políticas  são  colocadas  em  questão,  principalmente  sobre  as  classes  sociais,  e  então  as 
poderiam  ensinar  tendo  uma  realidade  concreta,  com  condições  construtivas  e  sociais 
políticas propostas por esse partido foram desacreditadas. Todo o otimismo gerado no país 
carentes.  Esse  projeto  só  existiu  por  um  ano  já  que  vários  professores  foram  presos  ou 
através do governo do presidente Juscelino Kubitschek já não mais existia (COSTA, 2008). 
ameaçados pela Ditadura Militar. Em sua trajetória pelo Brasil, o professor Sérgio Ferro não 
Nesse  cenário,  Sérgio  Ferro  juntamente  com  Flávio  Império,  Rodrigo  Lefévre  e  outros  que  acreditava  que  o  curso  de  arquitetura  e  urbanismo  formava  estudantes  como  críticos  da 
estavam  movidos  pelo  sentimento  de  desilusão,  romperam  com  o  PCB  e  suas  ideias  e  sociedade (COSTA, 2008). 
buscaram  eles  próprios  mudar  a  realidade  do  país  através  de  suas  próprias  experiências 
Lecionar  na  França  ocorreu  num  período  muito  favorável  para  a  implantação  de  novas 
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experiências de ensino, pois várias Escolas de Arquitetura foram desmontadas em 1968 por  diminuição  dos  salários  e  na  consequente  exploração  de  mão  de  obra,  seria  uma  maior 
serem vinculadas ao sistema de ensino das Escolas de Belas Artes. Ao serem reabertas essas  exploração exatamente como ocorrem nas indústrias para a obtenção do mesmo lucro. Ferro 
escolas buscavam uma nova maneira de ensino e foi quando Ferro teve sua ideia de ensinar  é  favorável  ao  trabalho  coletivo  no  canteiro  para  “dividir  sua  miséria”  e  em  relação  aos 
em ateliês visando à prática profissional calçada em problemas específicos.   eventuais  atrasos  nas  obras,  ele  diz  ser  bem‐vindo,  pois  facilita  a  experimentação  (COSTA, 
Ferro  teve  contato  com  ideias  de  Karl  Marx  e  dessas  ideias  compreendeu  que  o  objeto  2008). 
arquitetônico  é  uma  mercadoria  que  gera  acúmulo  de  mais  valia  em  sua  produção  e  a  Ferro  acredita  que  a  melhor  utilização  do  material  de  construção  em  sua  maneira  mais 
exploração  do  trabalhador  como  a  mesma  exploração  que  ocorre  em  indústrias  (COSTA,  “elegante”  é  utilizar  menos  material e  menos  trabalho  da  maneira  mais  justa  possível.  Um 
2008).  exemplo  deste  tipo  de  trabalho  seriam  as  abóbodas  e  domos,  estruturas  em  formas  de 
É pertinente, aqui explicar alguns conceitos apresentados por Karl Marx e outros pensadores,  hipérboles e arcos, aprendidas em cursos de resistência dos materiais. Essas ideias remetiam 
a uma ideia de padrão nacional ou nacional‐popular, que era acessível a todos, de maneira 
iniciando pela mais‐valia. Segundo as análises de Rosdolsky (2001) sobre as reflexões de Karl 
Marx, o capitalismo tem interesse em lucro e acúmulo de mais capital explorando condições  construtiva,  poderia  ser  feito  por  qualquer  trabalhador,  são  as  “casas  operárias”  (COSTA, 
2008). 
geográficas  desiguais  e  assimétricas  onde  ocorrem  acumulações.  A  mais‐valia  relativa  se 
obtém pelo barateamento do valor da mão de obra ao contrário da mais‐valia absoluta que é  A relação de Ferro com o canteiro de obras pode ser entendido, em relações ao ensino e as 
obtida  pelo  prolongamento  do  tempo  de  trabalho  do  dia.  A  tendência  do  capital  é  ideias  de  Marx,  através  do  ensaio  “Arquitetura  Nova”,  de  1968,  escrito  juntamente  com 
revolucionar  as  condições  técnicas  e  sociais  do  trabalho,  sendo  assim,  ao  aumentar  a  Flávio  Império  e  Rodrigo  Lefèvre.  As  análises  das  obras  arquitetônicas,  assim  como 
produção, o preço da força de trabalho é reduzido, assim como é reduzida a jornada desse  características técnicas e funcionais, são irrelevantes para esse artigo. É interessante afirmar 
trabalho.  que,  para  Ferro,  o  ensino  de  história  da  arquitetura  é  falho  em  termos  de  ensino  sobre  o 
canteiro, pela falta de documentação do mesmo (BENOIT & FERRO, 2002). 
O trabalhador vende ao capitalista sua força de trabalho individual, mas em um processo de 
produção conjunto com outros trabalhadores ele deixa de ser indivíduo e passa a ser força  A arquitetura nova  ou “novista” enfrentou dificuldades de  realização,  pois,  nas  palavras  de 
de trabalho coletiva acrescentada a um “organismo vivo”, essa associação é benéfica apenas  Ferro, “construção é coisa séria, envolve doutor e capital”. Pensar em arquitetura para uma 
ao capital. A divisão de seus trabalhos não é dividida por eles e sim pelo próprio capital e,  população  com  renda  baixa  englobava  financiamento  e  terreno  para  ser  concretizado. 
muito provavelmente, os trabalhadores não terão condições de se apropriarem do produto  Experimentalmente, os três arquitetos criaram casas burguesas e  antiburguesas em projetos 
final de seus esforços: a mercadoria (ROSDOLSKY, 2001).  residenciais  de  amigos,  resultando  possivelmente  em  casas  populares.  Nessas  experiências 
Nessa  realidade  tecnicamente  tangível  onde  o  trabalhador  não  mais  emprega  os  meios  de  foram extraídos componentes banais e presentes nas arquiteturas populares que seriam os 
elementos  da  Arquitetura  Nova:  tijolo,  vigota  e  caibro,  que  combinados  configuram  um 
produção,  a  maquinaria  acaba  sendo  como  qualquer  outro  desenvolvimento  da  força 
produtiva  do  trabalho;  ela  tem  o  propósito  de  baratear  a  mercadoria  e  diminuir  parte  da  ambiente popular típico do terceiro mundo. No que diz respeito à arquitetura moderna, esta 
jornada  de  trabalho.  O  trabalhador  “dá”  ao  capitalista  o  aumento  de  suas  jornadas  estava sendo reinventada em termos de habitação, é o híbrido entre casa burguesa e popular 
(ARANTES,  2002). 
necessárias, que são classificadas como o tempo de trabalho excedido. O lucro capitalista é 
então  composto  pelo  tempo  de  trabalho  excedido  já  que  o  trabalhador  é  remunerado  Nesse raciocínio de arquitetura popular brasileira, o mutirão/autoconstrução é apresentado 
como solução da “valorização da cultura  popular  e de formação profissional” e o arquiteto 
apenas  pelo  tempo  de  trabalho  necessário,  ou  seja,  são  as  horas  necessárias  em  que 
deve  passar  de  do  plano  ideológico  para  se  unir  aos  outros  trabalhadores  no  plano  de 
produzem, em menos de um dia de trabalho, o necessário para suprir suas necessidades. O 
produção utilizando técnicas populares, como a taipa, com uma interpretação mais moderna 
valor  que  o  empregador  capitalista  paga  como  salário  é  determinado  por  um  princípio  de 
e racional. Toda a planta é discutida coletivamente. Essa experiência de arquitetura nova não 
valorização  da  mercadoria,  ou  seja,  o  valor‐trabalho  e  o  lucro  capitalista  é  a  mais‐valia 
foi explorada, pois o Golpe Militar a interrompeu (ARANTES, 2002). 
correspondente ao tempo de trabalho excedente. A razão entre salário e mais‐valia e entre 
tempo  de  trabalho  excedente  e  tempo  de  trabalho  necessário  é  o  que  Marx  denomina  de  Essa  nova  prática  é  a  possibilidade  de  libertar  o  trabalhador  de  condições  de  penúria  e  o 
taxa  de  exploração.  Quanto  mais  os  capitalistas  almejam  o  lucro,  a  taxa  de  exploração,  colocaria  numa  situação  de  liberdade  em  relação  a  sua  consciência  em  relação  a  si  e  em 
consequentemente, é aumentada  (MARX, 1988).  relação  ao  mundo.  É  uma  nova  cultura  feita  pelo  povo,  sendo  que  
o  mais  interessante  é,  mais  uma  vez,  utilizar  o  conhecimento  do  trabalhador  e  encontrar 
Sérgio  Ferro  fala  da  exploração  no  canteiro  comparando  o  trabalhador  industrial  ao 
soluções na própria obra com a ajuda e opinião dos trabalhadores. Esta cultura se baseia na 
trabalhador do canteiro de obras: o trabalhador industrial não tem conhecimento específico 
e por isso possui maior mobilidade em seu trabalho que o trabalhador do canteiro de obras.  participação mais concreta dos menos privilegiados nas decisões habitacionais e até urbanas. 
A arquitetura nova foi um pensamento no futuro do país. 
Os  dois  são  semelhantes  pois  pelo  pouco  conhecimento  podem  desempenhar  pequenos 
papeis em diferentes atividades de pouca importância. O arquiteto S. Ferro não é a favor da  É interessantíssimo pensar no canteiro como uma escola, uma situação de aprendizado real e 
industrialização  no  canteiro  pois  aumentaria  a  exploração  já  que  o  aumento  de  máquinas  democrático com problemas reais e recorrentes a serem encontrados na vida profissional do 
diminui a necessidade de vários trabalhadores gerando menos lucro, que será conseguido na  estudante.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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5 PROPOSTAS diretrizes  curriculares  para  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  divulgada  pelo  MEC1.  As 
diretrizes  são  abrangentes  quanto  às  aptidões  técnicas dos  futuros  profissionais,  porém  se 
Considerando a análise apresentada seria interessante, e necessário, que fossem propostas  concentram no fato de que o profissional respeite as questões sociais em sua prestação de 
soluções para tantos problemas apresentados. O tema do canteiro de obras foi tratado por  serviços  e  não  relacionado  à  mão  de  obra  e  a  maneira  com  que  serão  construídos  seus 
Sergio Ferro em várias oportunidades, porém atualmente não se encontra tão presente nas  projetos. A solução neste caso seria uma inclusão de uma diretriz específica sobre o assunto 
universidades do país. Neste caso em particular é possível se analisar a situação do ensino  e a fiscalização dos cursos para uma rápida adequação.  
em dois âmbitos diferentes sempre lembrando que as análises propostas aqui não são gerais,  Atualmente a questão ambiental tem recebido uma atenção especial e se encontra presente 
e é necessário dizer que alguns casos são exceções.   nas diretrizes curriculares do MEC. No caso do assunto em questão, várias alternativas estão 
No  ensino  superior  particular,  existem  vários  problemas  relacionados  diretamente  à  sendo  criadas  para  viabilizar  o  que  é  chamado  “canteiro  de  obras  sustentável”  (ARAUJO, 
financeirização  como  foi  exposto  anteriormente.  Considerando  este  cenário  é  possível  2009).  Este  tipo  de  canteiro  possui  depósito  de  resíduos,  reaproveitamento  de  água  das 
concluir que um investimento em um canteiro experimental em uma universidade particular  chuvas,  são  construídos  com  materiais  sustentáveis  dentre  outras  soluções.  Esta  medida 
atualmente  é  quase  impensável  por  ir  de  encontro  à  filosofia  capitalista  e  de  obtenção  de  parece simples, porém vai de encontro ao que fala Sergio Ferro na questão do trabalhador 
lucro destas instituições. O projeto de formação mínima adotado também, neste caso, não  não  apenas  exercer  um  trabalho  simples  e  repetitivo,  mas  ser  qualificado  e  estar  em  um 
tem interesse em priorizar a análise social profunda de uma questão que atualmente não é  ambiente  de  trabalho  melhor.  Como  são  os  próprios  trabalhadores  que  constroem  os 
considerada primordial para a formação do arquiteto.   canteiros,  as  técnicas  sustentáveis  são  estudadas,  aplicadas  e  revisadas  constantemente, 
capacitando assim a mão de obra com relação à importância da questão ambiental. 
Este problema poderia ser amenizado com a capacitação do corpo docente com relação ao 
assunto  e,  como  consequência  direta  da  capacitação,  os  próprios  docentes  colocariam  as 
discussões  em  pauta  conscientizando  assim  os  alunos.  Ainda  que  o  corpo  docente  já  seja  6 CONCLUSÃO
conscientizado  em  uma  universidade  particular,  um  esforço  maior  como  a  experimentação 
em  canteiro  seria  possível  em  um  ambiente  onde  o  lucro  com  o  ensino  fosse  colocado  de  Não  há  dúvidas  de  que  a  sociedade  capitalista  na  qual  vivemos  está  se  desenvolvendo  de 
lado em detrimento a uma sólida formação.  maneira controversa. A produção exploradora da mão de obra pelo capital é o ponto central 
No  caso  de  universidades  públicas  o  cenário  é  diferente,  porém  apresenta  problemas  das  controversas  desse  sistema  que  leva  trabalhadores  de  ambos  os  sexos  e  diferentes 
semelhantes. Os docentes em universidades públicas geralmente apresentam uma formação  idades  à  condições  extremas.  O  impacto  que  o  sistema  capitalista  exerce  sobre  todos  os 
mais  sólida  e  abrangente1  e,  portanto,  possuem  a  consciência  do  problema  em  questão.  setores da economia é notável e em setores relacionados à construção não é diferente. 
Apesar  disso  as  universidades  públicas  atualmente  passam  por  um  período  financeiro  A falta de soluções e principalmente de conscientização com relação aos problemas sociais 
turbulento  o  que  resulta  em  um  menor  investimento  em  projetos.  Esta  crise  econômica  nos canteiros de obra faz com que a situação permaneça crítica. Os estudos de Sergio Ferro 
atingiu  principalmente  universidades  do  estado  de  São  Paulo2,  porém  é  interessante  deveriam  guiar uma modificação deste cenário, porém até o presente momento na prática 
salientar que as universidades federais e estaduais que não apresentam crise aparente estão  não  se  vê  uma  mudança  significativa.  Os  canteiros  de  obras  atuais  apresentam  as  mesmas 
sucateadas3.  Considerando  este  cenário  a  implantação  de  canteiros  experimentais  em  situações dos canteiros em obras passadas como a preocupação mínima com a condição dos 
universidades públicas torna‐se uma tarefa igualmente difícil.   trabalhadores, a prática de salários que prejudica a profissão dos trabalhadores que acabam 
Uma possível solução para o problema seria uma junção entre iniciativas públicas e privadas  por  trabalhar  muito  e  ganhar  pouco,  a  participação  dos  profissionais  na  obra  somente  em 
para  que  os  canteiros  de  obras  desenvolvidas  pelos  municípios,  estados  ou  pelo  governo  partes do trabalho sem que participem da obra como um todo. 
federal  pudessem  servir  de  laboratórios  para  a  aplicação  dos  conceitos  estudados  e  O  governo  pode  ajudar  na  questão  viabilizando  programas  de  auxílio  à  projetos  que 
verificação  de  viabilidade.  Desta  forma  os  alunos  poderiam  ter  contato  com  a  situação  e  priorizem  o  estudo nesta  área e também  utilizar  o  conhecimento das  universidades  para a 
propor  soluções.  Esta  solução  é  igualmente  complexa,  porém  é  uma  iniciativa  a  ser  execução de obras publicas tornando assim possível que os profissionais sejam formados de 
considerada.   forma mais completa e que possam pesquisar maneiras melhores de se formar um canteiro 
Outro problema encontrado é a falta de uma diretriz específica com relação ao assunto nas  de obras. Também é preciso uma maior fiscalização com relação às condições de trabalho e a 
aplicação de multas para as obras irregulares pois vária empresas constroem canteiros com 
                                                             todos  os  problemas  apresentados  e  é  curioso  que  não  sejam  fiscalizadas  ou  multadas.  As 
1
soluções com  mutirão  para moradias populares também  poderiam  ter um incentivo maior, 
 http://www.consecti.org.br/noticias/apenas‐15‐dos‐professores‐no‐ensino‐superior‐pago‐do‐pais‐sao‐doutores/  principalmente  financeiro,  juntamente  com  uma  fiscalização  maior  para  que  o  sistema 
2
 http://g1.globo.com/sao‐paulo/noticia/2014/05/crise‐financeira‐congela‐salarios‐na‐usp‐unicamp‐e‐unesp.html                                                              
3 1
 http://www.ufpe.br/ccen/index.php?option=com_content&view=article&id=219%3Asucateamento‐das‐federais&catid=19&Itemid=181   file:///C:/Users/dias/Desktop/rces002_10.pdf 
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funcionasse como devido.  O ensino da ética e da prática profissional nas escolas de arquitetura 
O  ensino  tem  um  papel  fundamental  nesta  questão.  Formar  profissionais  conscientizados 
com  relação  a  este  assunto  é  de  grande  importância  também  para  a  mudança  do  quadro  Ana Luisa Dantas C. PEREZ 
social  na  construção,  pois  estes  profissionais  irão  questionar  o  atual  sistema  e  propor  FAU/USP; [email protected] 
mudanças significativas que poderão melhorar consideravelmente esta situação. Atualmente   
os profissionais formados têm pouco ou nenhum contato com a realidade das construções e, 
consequentemente,  não  estão  preparados  para  enfrentar  o  problema  de  uma  maneira  RESUMO 
Como os temas da ética e da prática profissional são abordados dentro das escolas de arquitetura no Brasil é a 
satisfatória contribuindo para que a situação continue a mesma.  reflexão proposta no presente trabalho. Como principal condutor da reflexão foi utilizado o livro “Architecture 
Apesar de todo este esforço, será difícil aplicar soluções definitivas e eficazes para assuntos  School: Three Centuries of Educating Architects in North America”. Organizado e editado pela acadêmica norte‐
americana,  Joan  Ockman,  publicado  em  2012,  o  livro  fornece  um  contexto  histórico  do  desenvolvimento  do 
de  caráter  social  em  economias  de  caráter  capitalista.  Enquanto  o  objetivo  principal  for 
ensino  da  arquitetura  ao  longo  de  trezentos  anos  na  América  do  Norte.  Na  segunda  parte  do  livro  é 
apenas  o  lucro,  qualquer  política  de  incentivo  e  auxílio  aos  trabalhadores  será  deixada  de  apresentado um léxico temático composto de vinte e nove artigos escritos por diversos autores. Por entre eles 
lado por justamente ir contra a política capitalista.  A ideia principal é que a questão não seja  encontramos discussões sobre o ensino das disciplinas da ética profissional e da prática profissional. 
negligenciada como está sendo atualmente e que mudanças mesmo que pequenas, porém  Diante do atual quadro de renovação da prática da arquitetura e urbanismo no Brasil, surge a oportunidade de 
eficazes,  sejam  discutidas  e  aplicadas  sempre  que  possível.  Caso  seja  possível  atingir  este  trazer  à  tona  discussões  significativas  no  âmbito  da  profissão.  Questões  como  ética  profissional,  atribuições, 
nível de mudança espera‐se que os trabalhadores possam exercer suas atividades de forma  direitos  autorais,  honorários,  normas  de  responsabilidade  técnica,  etc.  estão  sendo  revistas  e  discutidas  no 
interior da profissão, permitindo assim, uma abordagem mais precisa e organizada, até mesmo dentro das salas 
digna, e que a Arquitetura realmente atinja um caráter social em sua plenitude como é seu 
de aula. 
principal objetivo. 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino, ética, prática profissional, arquitetura, urbanismo. 
 
REFERÊNCIAS
ARANTES, P.F. Arquitetura Nova‐ Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de Artigas aos multirões. São  INTRODUÇÃO
Paulo: Editora 34, 2002. 
ARAUJO, V. M. Práticas recomendadas para a gestão mais sustentável de canteiros de obras. Dissertação  A diversidade de parentescos que influenciaram o ensino da arquitetura na América 
(Mestrado) Engenharia Civil – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.  do  Norte  reflete  a  complexidade  de  um  continente  construído  por  imigrantes  de 
várias  tradições  culturais.  O  desenvolvimento  do  ensino  da  arquitetura  norte 
BENOIT, L. O.; FERRO, S.. Arquitetura e luta de classes: uma entrevista com Sérgio Ferro. Crítica Marxista,  americana  foi  consideravelmente  mais  complexo  do  que  propõe  o  conhecido 
Campinas, n.15, 140‐150, 2002.  caminho  da  “Beaux  Arts  a  Bauhaus”.  (OCKMAN  &  WILLIAMSON,  2012,  p.  11, 
COSTA, A. I. . Sérgio Ferro: didática e formação. Dissertação (Mestrado) Arquitetura e Urbanismo – Escola de  tradução nossa) 
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008. 
A  afirmação  acima  é  defendida  por  Joan  Oakman  no  livro  “Architecture  School:  Three 
FERRO, S. O canteiro e o desenho. São Paulo: Projeto, 1982.  Centuries of Educating Architects in North America”1, publicado em 2012.   O livro apresenta 
HAMLIN, A. D. F. History of Achitecture. New York: Longmans, Grenn and Co., 1906.  uma estrutura bipartida onde oferece dois eixos de abordagens. A primeira parte expõe uma 
MARX, K. O capital. Coleção Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1988.   visão cronológica organizada em seis capítulos seqüenciais, entregues a diferentes autores. 
Na segunda parte é apresentado um léxico temático composto de vinte e nove artigos que 
MESZÁROS, I. A educação para além do capital. Tradução Isa Tavares. São Paulo: Boitempo Editorial,2005. 
buscam  focar  temas  essenciais  emergidos  durante  discussões  no  decorrer  da  história  do 
MEYER, H. El arquitecto en la lucha de classes y otros escritos. Barcelona: Gustavo Gili, 1972.  ensino  da  arquitetura.  Ao  total  são  trinta  e  cinco  autores  colaboradores  provenientes  de 
NOBRE, T. M.; REZENDE, D.G.; STOFLI, A. Eternos questionamentos sobre o canto. 2002. Documento disponível  diferentes  instituições  educacionais.  É  com  base  na  publicação  referida  que  o  presente 
em http://www.fau.usp.br/depprojeto/labhab/biblioteca/textos/nobre_conversa_sf.pdf . Último Acesso 29/08/2014.  trabalho se desenvolve. 
ROSDOLSKY, R.  Gênese e estrutura de O Capital de Karl Marx. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001. 
SWENSON,A.; CHANG, P. The History of Building Construction. Documento disponível em                                                              
http://global.britannica.com/EBchecked/topic/83859/building‐construction/59309/The‐history‐of‐building‐
1
construction . Ultimo Acesso em 29/08/2014  Joan Ockman lecionou história da arquitetura, teoria e projeto na Columbia University's Graduate School of Architecture, 
Planning,  and  Preservation  por  mais  de  duas  décadas.  Foi  diretora  da  Columbia's  Buell  Center  for  the  Study  of  American 
Architecture  de  1994  a  2008.  Atualmente  é  membro  emérito  da  University  of  Pennsylvania  School  of  Design.  Lecionou 
também  em  Harvard,  Yale,  e  no  Berlage  Institute  na  Holanda. É  uma  autora  e  editora  largamente  publicada  nos  Estados 
Unidos.  Começou sua  carreira  no  Institute for Architecture and Urban  Studies  em Nova Iorque onde  foi editora do jornal 
Oppositions.. Ockman é graduada na Harvard University e na Cooper Union School of Architecture.  
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  479   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  480 

A  estrutura  do  trabalho  segue  a  mesma  do  livro.  Inicialmente  apresenta  um  resumo  da  cursos  particulares.  A  figura  do  arquiteto‐gentleman1  também  estava  presente  e  o  mais 
primeira parte do livro de Oakman, demonstrando o desenvolvimento histórico do ensino da  conhecido deles foi Thomas Jefferson, filho  de  um surveyour bem sucedido que  adquiriu o 
arquitetura na América do Norte. Em seguida, o trabalho destaca dois artigos pertencentes à  seu  conhecimento  em  arquitetura  por  meio  de  vastas  leituras  das  fontes  clássicas  e  de 
segunda  parte  do  livro.  O  primeiro  artigo,  de  Thomas  Fisher,  disserta  sobre  a  inserção  do  seguidas  viagens  a  Europa.  Em  1814,  Jefferson  lecionou  arquitetura  civil  e  militar  na 
tema  da  Ética  Profissional  dentro  das  escolas  de  arquitetura  norte  americanas,  as  suas  Albemarle Acadamy. Dois anos mais tarde a academia passou a ser a University of Virgina e 
diversas  formas  e  o  seu  desenvolvimento,  dentro  do  cenário  cronológico  proposto  na  Jefferson foi autor principal do projeto de sua vila acadêmica. 
primeira  parte  do  livro.  O  segundo  artigo,  de  George  Barenett  Johnston,  disserta  sobre  a 
Com  a  Industrialização  e  o  surgimento  da  educação  pública  no  século  XIX,  a  formação  da 
forma como a evolução da disciplina de Prática Profissional se apresenta ao longo do mesmo  instituição profissional voltada para a arquitetura, o Amarican Institute of Architecture (AIA), 
contexto histórico. 
em  1857,  buscou definir melhor a profissão. Como consequência da criação do instituto, o 
A exposição das ideias do livro tem como objetivo estimular uma reflexão sobre como esses  local da aprendizagem em arquitetura mudou da oficina para o ateliê de desenho. Também 
dois  temas,  o  da  ética  e  da  prática  profissional,  são  abordados  dentro  das  escolas  de  em  meados  do  século  XIX,  outros  dois  modelos  educacionais  europeus  surgiram  como 
arquitetura  no  Brasil.  A  atenção  dedicada  a  eles  atualmente  nas  escolas  de  arquitetura  é  formas  eficientes  e  atualizadas  de  preparação  para  a  carreira  arquitetônica  na  América  do 
suficiente para  a formação de  um  bom profissional?  A forma  e  a qualidade dos conteúdos  Norte: A escola politécnica alemã (originalmente inspirada na escola politécnica francesa) e a 
apresentados nas aulas  dos cursos de  graduação irão auxiliar o arquiteto recem formado a  French  École  de  Beaux‐Arts.  Tais  sistemas  de  ensino,  além  de  bem  organizados,  eram 
enfrentar  os  desafios  da  sua  atuação  prática  no  dia  a  dia?  Ou  ainda,  as  características  e  subsidiados  pelo  Estado  e  apresentavam  ser  altamente  valorizados  nas  suas  versões 
conhecimentos  deste  futuro  profissional  irão  atender  positivamente  as  expectativas  da  europeias. A primeira com raízes nas ciências e a outra enraizada nas belas artes. Ambos os 
sociedade?  O  presente  trabalho  busca  trazer  à  tona  tais  discussões  consideradas  sistemas  eram  produtos  da  racionalização  do  conhecimento  e  a  regulamentação  das 
extremamente importantes dentro do atual quadro de renovação da prática profissional da  profissões  anunciada  pelo  Iluminismo.  Paradoxalmente,  na  Grã‐Bretanha,  berço  da 
Arquitetura e Urbanismo no Brasil.   Revolução  Industrial,  a  arquitetura  continuou  a  ser  ensinada,  durante  a  maior  parte  do 
século XIX, por meio da pupilagem2, suplementada por cursos particulares.  

O ENSINO DA ARQUITETURA NA AMÉRICA DO NORTE Mas  o  fator  determinante  no  desenvolvimento  do  ensino  da  arquitetura  na  América  do 
Norte,  no  fim  do  século  XIX,  foi  o  surgimento  da  universidade  em  sua  distinta  forma 
Há três séculos, jovens que queriam obter as habilidades de arquiteto na América do Norte  americana.  Antes  da Guerra  Civil,  nos  anos  1860,  o  ensino  superior  nos  Estados  Unidos  se 
adquiriam o conhecimento prático por meio da aprendizagem em um ofício no mercado da  apresentava inspirado em uma tradição de raiz  religiosa; a faculdade tradicional americana 
construção.  A  prática  da  aprendizagem  emergida  na  Idade  Média  foi  codificada  por  lei  no  enfatizava a proficiência em grego e latim, e centralizava suas instruções em citações de um 
século  XVI  na  Inglaterra  e  regulamentada  pelas  guildas.  Porém  no  novo  mundo  Anglo‐ cânone de textos rigidamente determinados. Após a Guerra Civil, o novo espírito científico 
Americano,  as  guildas  não  existiam  e  os  acordos  não  eram  rígidos.  Tipicamente  os  jovens  do período e a expansão do capital nacional auxiliaram a suportar o desenvolvimento de um 
aprendizes eram colocados sob a orientação de algum mestre de ofício (como a carpintaria,  tipo  de  instituição  acadêmica  inteiramente  diferente.  A  propaganda  do  “orgulho  nacional 
por exemplo)  por  um  período  predeterminado  de  anos, (geralmente  sete) nos  quais,  eram  americano”,  largamente  aplicada  nos  Estados  Unidos  daquela  época,  também  estimulou  o 
iniciados  nas  “artes  e  mistérios”  da  ocupação.  Após  o  treinamento  se  tornavam  artífices  desejo  por  parte  dos  intelectuais  americanos  de  criar  um  sistema  educacional  com  a 
passando a ser remunerados por seus serviços ou iniciavam seu próprio negócio abrindo as  qualidade igual a suas contrapartidas europeias3.  
suas oficinas.   Dentro  de  tal  cenário,  podemos  identificar  o  surgimento  de  três  diferentes  concepções  de 
Naquela  época  já  existiam  algumas  tentativas  de  sistematização  dos  conhecimentos  das  universidade  na  América  do  Norte  daquele  período.    A  primeira  baseada  no  preceito  do 
ocupações  ligadas  à  arquitetura.  Em  1724,  na  Pensilvânia  foi  formada  uma  associação  de  ensino superior como uma preparação fundamental para o serviço na sociedade. A segunda 
carpinteiros  com  o  objetivo  principal  de  obter  instruções  na  ciência  da  arquitetura.  A                                                                                                                                                                                            
associação,  em  1834,  inaugurou  uma  biblioteca.  No  interior  de  suas  instalações  foi 
ambiente, em desenho gráfico, na organização de eventos, na descoberta de obras de arte perdidas ou no envolvimento 
organizado um curso de desenho arquitetônico oferecido para estudantes, cinco noites por  em negociações imobiliárias (RICS, 2012) 
semana. Outros praticantes empreendedores da construção, como os suveyours,1 ofereciam  1
 O termo arquiteto‐gentleman é referido a nobres que se aventuram no conhecimento da arquitetura de modo superficial. 
                                                             O conhecimento na área era considerado como um símbolo de status social. Também referido como Delittante. 
2
1  O treinamento mais indicado para iniciação da profissão do arquiteto na Inglaterra do século XIX era adquirido por meio 
  O  termo  surveyour  descreve  os  funcionários  da  construção,  da  época  Tudor,  que  lidavam  com  materiais,  finanças  e 
do sistema de pupilagem. O jovem, por volta de seus vinte anos, trabalhava no escritório de um arquiteto recebendo o seu 
organização,  mas  não  com  projetos;  mais  tarde  o  termo  se  tornou  amplo  e  abrangente,  englobando  os  funcionários  da 
treinamento por meio de pagamento de prêmios. Esses prêmios pagos pelo pupilo eram uma importante fonte de renda de 
Coroa  e  outros  cujas  funções  e  talentos  variavam  enormemente.  Era  por  entre  esse  grupo  amorfo  que  se  encontrava  a 
muitos profissionais arquitetos. Esse tipo de treinamento era mais comum entre os filhos de nobres e os da classe média 
figura que se aproximava ao do arquiteto, mas não se pode assumir que todos os surveyours praticavam como arquitetos. 
alta. Corria a lenda no século XIX de que quanto mais alto era o prêmio pago, menos o pupilo aprendia. (PEREZ, 2012)
(JENKINS, 1961, p. 31). Surveying, nos dias de hoje, também se apresenta como uma profissão extremamente diversificada. 
3
Dependendo da área especializada o profissional envolve‐se no  planejamento e criação de cidades, na proteção ao meio   OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 12 
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privilegiava a pesquisa científica “pura”, nos modelos das universidades técnicas alemãs. E a  graduados  em  engenharia  aumentou  dez  vezes.  Os  docentes  de  arquitetura  nas  novas 
terceira estipulou a missão universitária como sendo “a elevação do gosto da sociedade” e a  escolas de agronomia, rapidamente definiram a sua disciplina como um ramo da engenharia 
difusão  de  uma cultura humanística liberal. Enquanto todas as três atendiam as demandas  moderna.  E  enquanto  as  escolas  politécnicas  alemãs  forneciam  o  modelo  primário  para  o 
dos  reformadores  para  “mudanças  largas  e  fundamentais”  no  ensino  superior  norte  novo  currículo  de  engenheiro  arquitetos,  no  qual,  enfatizava  a  pesquisa;  o  Morrill  Act 
americano,  cada  conceito  vai  ter  suas  próprias  implicações  refletidas  em  programas  de  enfatizava a praticidade como marca americana1.  
arquitetura  a  ser  inaugurado  nas  maiores  universidades  da  América  do  Norte:  na  Figura 2 – Ateliê de desenho, University of Pennsylvania, 1914 
Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 1865, na University of Illinois em 1868, na 
Cornell University em 1871, na Syracuse University em 1873 e na University of Columbia em 
1881. 
Figura 1 – Ateliê de projeto na Massachusetts Institute of Technology (MIT), 1876.

 
Fonte: Ockman, 2012 

Em  1865,  a  quantidade  de  escolas  que  ensinavam  arquitetura  chegava  a  cinquenta  nos 
Estados Unidos e seis no Canadá. Entre elas, mais da metade residia dentro dos programas 
de engenharia apesar de serem adotados os métodos da Beaux Arts. Em 1916, com a criação 
do que veio a ser uma organização muito influente nos Estados Unidos, o Beaux Arts Institute 
of Design, o prestígio do diploma de engenheiro arquiteto sofre declínio em relação aqueles 
Fonte: 
Ockman, 2012  provindo do bacharelado em arquitetura.  
Em 1862, o presidente Abraham Lincoln assina o Morrill Land Grant Act também causando  Na década de 1920, a América do Norte começa a presenciar um fluxo constante de turistas 
mudanças  na  forma  em  que  era  aplicado  o  ensino  de  arquitetura  nos  Estados  Unidos.  arquitetos engajados no movimento Moderno Europeu. Adotavam um roteiro que incluíam 
Naquela  época,  a  maioria  dos  cidadãos  norte  americanos  eram  fazendeiros,  por  isso,  a  lei  paradas obrigatórias em cidades como Nova Iorque, Pittsburgh, Chicago e Detroit. Estendiam 
acabou por impulsionar a criação de um sistema nacional de faculdades e universidades de  seus interesses a trabalhos de engenharia em Buffalo, Minneapolis e Montreal. Le Corbusier, 
agronomia.  O  Morrill  Act  buscou  dar  pesos  iguais  as  necessidades  educacionais  de  uma  em  1925,  aconselhava  aos  seus  leitores  da  publicação  Vers  une  Architecture,  na  França,  a 
sociedade  que  se  tornava  industrial,  procurando  fornecer  diversos  ramos  de  ensino  darem mais atenção às realizações da engenharia nos Estados Unidos e menos as realizações 
relacionados  com  a  agricultura  e  artes  mecânicas.  Como  resultado  direto  do  Morill  Act,  o                                                              
número  de  faculdades  que  provia  diplomas  de  engenharia,  mais  que  triplicou  nos  Estados  1
Unidos  dentro  de  poucos  anos  após  a  guerra  civil.  Uma  década  depois  a  população  de   OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 17
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arquitetônicas1.   A  Bauhaus  varreu  o  ecletismo  inspirado  no  movimento  Francês  e  instalou  um  sentido  de 
rigor pedagógico no ensino da arquitetura na America do norte. Segundo Turpin C. Banister, 
Enquanto isso, a pedagogia experimental no ensino de arquitetura que estava sendo forjada 
na  Bauhaus,  na  Alemanha,  começa  a  se  infiltrar  dentro  das  escolas  de  arquitetura  da  citado no livro de Oakman: 
América do Norte. Com o fechamento da Bauhaus, em 1933, sua pedagogia chega com força  Apesar  da  afirmação  de  Gropius  de  que  a  Bauhaus  pretendia  estabelecer  apenas 
total  nos  Estados  Unidos  junto  com  a  imigração  dos  membros  fundadores  da  escola  um comportamento e método de trabalho, muito de seu impacto nos estudantes e 
praticantes  tem  sido  o  de  propagar  um  novo  estilo  com  seus  próprios  clichês. 
buscando refúgio do fascismo Europeu.   (tradução nossa) 
Na  sua  versão  original  em  Weimer,  a  Bauhaus  emergiu  de  mais  um  sistema  educacional  Figura 3 – Le Corbusier palestrando para estudantes de arquitetura da Columbia University, 1961. 
patrocinado  pelo  estado,  a  Escola  de  Artes  Aplicadas  que,  por  sua  vez,  foi  indiretamente 
originada no movimento Arts and Crafts da Inglaterra. A Bauhaus, desde então, representava 
uma  rebelião  contra  ambos  os  sistemas,  o  das  escolas  de  belas  artes  e  o  das  escolas 
politécnicas.  Por  esse  motivo,  seu  latente  espírito  anti  acadêmico  encontrou  solo  fértil  na 
América do Norte num momento em que o sistema Beaux Arts estava sendo corroído pelo 
impacto da realidade da era da civilização industrial e da Grande Depressão. 
Figura 4 – Walter Gropius orientando alunos da Harvard, 1946; Figura 5 – Mies Van der Rohe orientando alunos da Armour 
Institute of Technology, 1937; Figura 6 – Desenho do aluno de Mies, Joseph Fujikawa para o Crown Hall do Illinois Institute 
of Technology, 1950. 

 
Fonte: Ockman, 2012 

Acompanhando todos os acontecimentos ocorridos até meados do século XX, o final oficial 
do “laissez‐faire” representou na educação profissional uma maior eficiência funcional e um 
 
avanço  de  vários  assuntos  como;  teste  de  aptidão  e  seleção  de  estudantes,  orientação 
Fonte: Ockman, 2012 
profissional,  treinamento  de  professores  e  prática  profissional,  melhoria  na  qualidade  das 
edificações  das  escolas,  o  incremento  dos  relacionamentos  das  escolas  com  a  indústria  da 
A infusão da Bauhaus nos Estados Unidos tomou diversas formas; em Harvard com Walter  construção e o desenvolvimento de estudos de pós‐graduação e pesquisa acadêmica. 
Gropius,  no  Illinois  Institute  of  Technology  com  Ludwig  Mies  Van  Der  Rohe,  no  Institute  of 
Design  em  Chicago  como  László  Moholy‐Nagy,  e  em  outros  exemplos  menores.    Em  cada  O pós‐guerra na América do Norte representou uma década turbulenta marcada por revoltas 
caso,  a  natureza  do  currículo  não  só  dependia  da  personalidade  específica  envolvida,  mas  políticas e sociais, dentro e fora da universidade, estremecendo o ensino da arquitetura em 
também, do caráter já existente de cada instituição2.   suas bases. Estudantes de arquitetura protestavam contra todas as formas de tradicionalismo 
e  elitismo  representado  pelo  “establishment”.  O  próprio  modernismo  foi  considerado, 
naquele  momento,  um  falso  mensageiro  dos  ideais  de  democracia  e  reformas  sociais. 
                                                            
Associado aos acontecimentos dos anos seguintes houve o surgimento de grande quantidade 
1
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 20  de abordagens pedagógicas alternativas, a maioria de sustentação frágil e com vida curta.  
2
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 20 
Ao chegar a meados dos anos 1970, inicia‐se um período que ficaria largamente conhecido 
como o pós‐modernismo. O novo populismo foi absorvido  por uma formação acadêmica e 
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cultural  pluralista.  Uma  exposição  feita  no  Museum  of  Modern  Arts,  em  1975,  exibia  a  Como foi se desenvolvendo as questões éticas da profissão nas escolas de arquitetura dentro 
arquitetura da École de Beaux Arts. A exposição foi divulgada como um “reexame da teoria  do  processo  histórico  apresentado?  Thomas  Fisher1,  colaborador  do  livro  editado  por 
arquitetônica dominante no século XIX e os preceitos de ensino que o século XX rejeitou”.   Oackman, escreve sobre a ética e como ela se desenvolveu dentro do ensino da arquitetura 
Figura 7 – A Guarda Nacional de Ohio se aproximando do Taylor Hall na Kent State University, 1970.  na América do Norte dentro da sequência cronológica exposta no texto acima. 
Fisher  primeiramente  apresenta  quatro  aproximações  em  que  o  tema  da  ética  pode  ser 
aplicado ao ensino  da arquitetura. Classifica os  quatro temas dominantes tradicionalmente 
levantados no estudo da arquitetura em: a ética da virtude, a ética dos contratos sociais, a 
ética dos deveres, e a ética utilitarista. 
Segundo ele, o ateliê de projeto há muito tem servido como um local ideal de discussão e 
para transmissão dos conceitos de virtude. A ética das virtudes tem raízes na teoria clássica 
de  Aristóteles.  Segundo  ele,  a  virtude  é  uma  aptidão  ou  algo  que  podemos  aprender.  Não 
surgem em nós por natureza; a natureza nos dá a capacidade de recebê‐las, e tal capacidade 
se aperfeiçoa com o hábito2.  A educação no ateliê tem provado ser notavelmente eficiente 
em incutir nos estudantes as virtudes clássicas, tais como, o bom julgamento, o autocontrole, 
a honestidade e a coragem.  
A  ética  dos  contratos  sociais  tem  tido  um  papel  igualmente  fundamental  na  história  da 
educação  em  arquitetura  na  América  do  Norte.  A  questão  sobre  o  que  constitui  uma  boa 
sociedade  e  como  a  arquitetura  pode  auxiliar,  ou  interferir,  nas  conquistas  das  virtudes 
sociais, como justiça, integridade e equidade têm sustentado áreas de estudo como desenho 
urbano e comportamento ambiental. 
A  ética  normativa  ou  ética  dos  deveres  tem  também  sido  apresentada  com  destaque  na 
educação  em  arquitetura.  Os  alunos  frequentemente  aprendem  nos  ateliês  de  projeto  a 
  fazer  “o  que  é  certo”  independentemente  de  suas  consequências.  Segundo  Fischer,  o  foco 
Fonte: Ockman, 2012  nas boas intenções tem também gerado consequências negativas, (por) entre elas a escassa 
atenção prestada na maioria das escolas nas avaliações das edificações pós ‐ ocupação. 
Ao  alcançar  a  década  de  1980,  os  integrantes  da  geração  revoltosa  de  1968  acenderam  à 
posições de poder em ambos, escolas e profissão, resultando em uma geração de arquitetos  Por  fim,  a  ética  utilitarista.  Sua  teoria  julga  a  moralidade  das  ações  por  meio  de  suas 
experimentais que anteriormente operavam às margens da cultura arquitetônica e que agora  consequências.  Na  educação  em  arquitetura  ela  se  apresenta  nos  cursos  de  tecnologia  e 
encontravam maneiras de superar o abismo entre a academia e a prática real da profissão. A  sustentabilidade,  enfatizando  a  funcionalidade  e  a  eficiência.  Tal  ética  tem  procurado 
política  da  identidade  e  da  estética  do  pluralismo  que  fomentou  a  ascensão  de  uma  abordar as consequências das decisões de projeto quanto ao desempenho físico e ambiental 
especialização  acadêmica,  abriu  caminho  para  uma  abordagem  pragmática  das  novas  dos edifícios. Fisher coloca que na América do Norte o escasso investimento na pesquisa em 
tecnologias e das novas formas da construção no correr dos anos da década de 1970.  arquitetura tem limitado a habilidade dos arquitetos e de outros profissionais nas avaliações 
do desempenho das construções de forma ampla e sistemática. Coloca que o público sempre 
Segundo Ockman, ao menos por enquanto, a escola de arquitetura permanece como o local 
acaba  por  julgar  a  ética  do  que  os  arquitetos  fazem  de  acordo  com  a  utilidade  de  seus 
crucial onde  o  discurso  da arquitetura  é formulado  e  disseminado.  A  escola de arquitetura 
projetos e as consequências práticas de suas decisões. 
continua sendo o local em que os estudantes tornam‐se conscientes de pertencerem a uma 
comunidade pré‐existente profissional e intelectual.   Segundo Fisher, apesar da sociedade atual demonstrar um interesse maior no tema da ética 
É  na  escola  de  arquitetura  que  os  futuros  profissionais  descobrem  as  múltiplas  do  que  em  outros  tempos,  nas  escolas  de  arquitetura  o  assunto  tem  tido  uma  presença 
facetas disponíveis para a atuação, e como o futuro do campo da arquitetura, com  discreta.  Enquanto  várias  escolas  há  muito  tempo  vêm  oferecendo  aulas  ou,  mais 
todos os seus cognatos disciplinares e profissionais, é coletivamente constituído1. 
                                                            
O ENSINO DA ÉTICA NAS ESCOLAS DE ARQUITETURA NA AMÉRICA DO NORTE  1
 Thomas R. Fisher é professor de arquitetura na University of Minnesota e decano na Faculdade de Design. Formado em 
arquitetura pela Cornell University e história pela Case Western Reserve University. Publicou vários livros, por entre eles, 
                                                             Ethics for Architects: 50 Dilemmas of Professional Practice (2010) e Architectural Design and Ethics (2008).(UNIVERSITY OF 
MINNESOTA, 2014)  
1
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 32 (tradução nossa)  2
 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2001 p.223 
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comumente, palestras sobre o tema nos cursos de prática profissional, a ética só veio a ser  pessoal, por isso, faltava a clareza e a objetividade da análise linguística ou lógica1.  
um componente para a qualificação após 1970. Quanto a isso, Fisher aponta três possíveis 
Apesar  dos  filósofos  céticos  apresentarem  uma  maioria  havia  alguns  filósofos  americanos 
motivos.  O  primeiro,  pela  característica  onipresente  da  ética.  A  arquitetura,  em  sua  forma  daquela  época  que  não  rejeitavam  o  tema  da  ética.  John  Dewey,  por  exemplo,  teve  uma 
ideal, aspira melhorar a qualidade do ambiente construído e com ele a qualidade de vida das 
enorme  influência  na  educação  da  América  do  Norte,  especialmente  com  seu  “método  de 
pessoas. A ética acompanha sua realização de modo silencioso.   laboratório”  que  enfatizava  a  experimentação  como  um  modo  de  resolução  de  dilemas, 
O  segundo,  talvez  porque  a  pedagogia  da  Beaux‐Arts,  dominante  nos  séculos  XIX  e  XX  nas  tanto  morais,  como  também  sociais  e  políticos.  A  ética  de  Dewey,  ao  mesmo  tempo 
escolas de arquitetura na América do Norte, apesar de proporcionar uma maneira eficaz de  progressiva  e  pragmática,  contribuiu  para  a  crença  de  que  o  ateliê  deveria  ser  menos  um 
ensinar arquitetura, também inculcava nos alunos uma estética que, de certa forma, evitava  espaço de pupilagem e mais um laboratório de formação de novas ideias.  
os  problemas  preponderantes  das  cidades  industriais,  como  a  poluição  e  pobreza,  Na década de 1960, a crença no valor da experimentação tomou formas mais radicais. Assim 
inquestionavelmente  acobertadas  por  fachadas  neoclássicas.  Os  defensores  da  Beaux‐Arts, 
como  a  ética  materialista  de  Marx  desbancou  o  idealismo  ético  de  Hegel,  também  um 
muitas vezes, sentiam a necessidade de defender os seus preceitos diante das críticas éticas  crescente  número  de  estudantes  de  arquitetura  e  faculdades  nos  anos  1960  abandonou  a 
que sofriam, provocando um estranhamento latente entre a ética e a estética.  
idealização  Hegeliana  dos  mestres  modernos  e  da  tecnologia  moderna  para  abraçar  o 
O  último  motivo  está  ligado  às  mudanças  no  próprio  campo  da  filosofia  ética  daquele  interesse  Maxista  nas  necessidades  da  classe  trabalhadora  e  dos  menos  afortunados. 
período. Com o argumento de que o bom é indefinível e, portanto não analisável,  o então  Entretanto, a jovem cultura emergente da era refletia uma ética que era tanto niilista quanto 
famoso  livro  “Principia  Ethica”  do  filósofo  inglês  G.  E.  Moore,  publicado  em  1903,  onde  idealista: nietzschiana em sua confrontação com o poder e rousseauniana em seu desejo de 
afirma que a idéia de que o bom é infindável e, portanto impossível de ser analisado, gerou  retornar a um estado de natureza2. 
um  ceticismo  crescente  sobre  um  possível  debate  ético  nas  escolas.  Logo  depois,  a 
Em meados de 1970, finalmente a ética veio a ser tema obrigatório nos currículos das escolas 
publicação do livro, “Pragmatismo” de William James, publicado em 1908, alinhou o “bem” 
de  arquitetura  na  América  do  Norte.  Sua  formalização  ocorreu  nos  cursos  obrigatórios  de 
com o “que funciona”, dando suporte para aqueles que queriam contornar questões éticas 
prática  profissional,  embora,  por  vezes,  a  ética  era  discutida  em  outras  aulas.  Com  o 
favorecendo questões estéticas e técnicas.  
surgimento  do  pós‐modernismo,  os  debates  éticos  começaram  a  permear  o  pensamento 
O primeiro código de ética do AIA (American Institute of Architects), promulgado em 1909,  arquitetônico mais amplamente. Segundo Fisher, o pós‐modernismo na arquitetura, não só 
inconscientemente refletia a perspectiva pragmática em focar exclusivamente na relação da  representava uma abordagem historicista de estilo, mas também marcou uma “virada ética” 
profissão com o cliente e os contratados, e nos regulamentos dos concursos de arquitetura1  que no ensino superior representou um esforço em reconciliar a estética com a ética. 
2
.  O  pós‐modernismo  trouxe  para  o  contexto  do  ensino  da  ética  na  arquitetura  diversas 
Com a chegada dos ex‐professores da Bauhaus aos Estados Unidos, em 1930, a ética tornou‐ transformações.  Fisher  destaca  entre  elas:  o  ressurgimento  do  interesse  dos  educadores  e 
se uma presença mais visível no ensino da arquitetura. Walter Gropius e László Moholy‐Nagy  práticos. Na história arquitetônica criou ‐ se um paralelo com o interesse  entre os filósofos 
infundiram a disciplina da ética em seus programas de ensino estabelecidos em Harvard e na  em uma abordagem histórica da ética. Tal fato levou a um ressurgimento entre os filósofos 
New  Bauhaus  em  Chicago.  Apesar  de  não  ser  parte  obrigatória  do  currículo,  após  o  da  ética  do  “contrato  social”  dos  séculos  XVII  e  XVII.  Paralelamente,  em  arquitetura,  o 
estabelecimento de tais programas, o tema foi adotado largamente pelas escolas através de  nascimento  do  planejamento  participativo  e  protestos  voltados  à  preservação  histórica, 
toda  a  América  do  Norte.  A  estética  utilitária  e  os  projetos  socialmente  relevantes  que  versos  a  renovação  urbana  teve  fortes  repercussões  nas  escolas  de  arquitetura  durante  os 
emergiam  dos  ateliês  inspirados  na  Bauhaus  daqueles  tempos,  retratava  o  crescente  anos 1970, refletindo um comprometimento com questões relacionadas ao “contrato social” 
reconhecimento  pela  arquitetura  moderna  de  suas  responsabilidades  éticas.  Também,  a  do arquiteto com o público. 
pedagogia  influenciada  pelo  ideal neo‐Hegeliano  da  Bauhaus,  inspirava  os  alunos.  Naquele 
A  fenomenologia,  derivada  de  trabalhos  de  filósofos  como  Martin  Heidegger  e  Maurice 
momento,  estudantes  de  arquitetura  aprenderam  a  emular  os  trabalhos  de  “grandes 
Merleau‐Ponty,  ligou  a  arquitetura  e  a  ética  novamente  ao  significado  Grego  da  palavra 
mestres” como Le Corbusier, Alvar Aalto e Ludwig Mies van der Rohe.   “ethos”, como “lugar comum”. A adoção da fenomenologia também refletiu o ressurgimento 
Em meados do século XX, apesar das influências europeias, ainda dominava certo ceticismo  do  foco  dos  filósofos  pré‐socráticos  no  significado  existencial  do  mundo  material.  O  novo 
quanto  às  questões  éticas  na  cultura  norte‐americana.  Muitos  filósofos  concordavam  com  interesse nas qualidades empíricas e nas particularidades de cada local virou a preocupação 
seus  colegas ingleses que a ética envolvia a expressão subjetiva ou emotiva de preferência  central no ensino do projeto arquitetônico e urbanístico em muitas escolas após a década de 
1970, demonstrando a influência da fenomenologia e da ética existencialista existente até os 
dias de hoje. 
                                                            
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 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 313 
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 CENTER FOR THE STUDY OF ETHICS IN THE PROFESSIONS AT IIT., 2014  2
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 314
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Finalmente,  as  revisões  pós‐modernas  da  filosofia  ética  contribuíram  para  a  expansão  da  A incorporação do curso de arquitetura nas universidades após a Guerra Civil americana, por 
arquitetura  num  alcance  para  além  de  suas  disciplinas  tradicionais. Pensadores  como  Arne  um lado, deu a disciplina de prática profissional uma visão sublime de si mesma, inserindo 
Naess, Peter Singer e Bill McKibben ressaltaram o sentido de responsabilidade dos arquitetos  dentro de um ambiente de ensino sistematizado. Por outro lado a emergente pedagogia da 
para com o ecossistema e a profunda interação existente por entre todas as partes da Terra.  “Beaux Arts” conflitava com abordagens mais científicas. Os seus defensores regularmente a 
O crescente número de programas de sustentabilidade nas escolas de arquitetura e a adição  separavam  dos  aspectos  profissionais  da  prática  da  construção,  tanto  no  que  se  refere  à 
em  2007  de  um  princípio  voltado  a  interesses  ambientais  no  código  de  ética  do  AIA  deu  ciência  da construção,  como  também, à  orientação  da  prática  nos  escritórios.  A divisão do 
evidência a uma influência ainda em movimento da Ética Ambiental.   conhecimento  coincidia  com  a  divisão  do  trabalho  entre  os  educadores  e  os  praticantes. 
Cada grupo reconhecia, e às vezes até culpava, o outro pela sua contribuição na produção e 
O ENSINO DA PRÁTICA PROFISSIONAL NAS ESCOLAS DE ARQUITETURA NA AMÉRICA  reprodução da profissão. 
DO NORTE  Antes  da  Primeira  Guerra  Mundial,  um  amplo  espectro  de  disciplinas;  de  materiais, 
E  quanto  à  evolução  da  disciplina  de  prática  profissional  dentro  do  cenário  cronológico  estruturas, e sistemas mecânicos a desenhos técnicos, especificações, contratos e prática em 
desenvolvido  no  livro  de  Oakman?  George  Barenett  Johnston1  inicia  o  seu  artigo  com  três  escritório; foi agrupado dentro do currículo de arquitetura sob o enfoque da preparação para 
perguntas  interessantes:  O  profissionalismo2  pode  ser  ensinado  nas  escolas?  Pode  o  a  prática  profissional.  A  bifurcação  entre  projeto  arquitetônico  e  as  então  chamadas 
conhecimento  da  prática  em  arquitetura  ser  razoavelmente  adquirido  em  uma  ou  duas  disciplinas  profissionais  refletia  a  relação  ambígua  entre  a  arquitetura  e  a  engenharia  e  as 
disciplinas  dentro  de  um  programa  de  ensino  com  vários  anos  de  duração?  Ou  ainda,  a  constantes divergências que ocorriam no interior do sistema de ensino.  
prática em si, como forma de conhecimento baseado na repetição, é o contexto ideal para 
Por  meados  do  século  XX,  a  noção  da  “arte  pela  arte”  e  ou  do  estudo  da  arquitetura 
moldar o ethos profissional? 
desconectado do contexto social, econômico e tecnológico não satisfazia mais as escolas, os 
Segundo  Jonhston,  as  respostas  dos  educadores  e  práticos  norte‐americanos  para  estas  praticantes e os seus consumidores. 
perguntas  têm  mudado  consideravelmente  desde  a  formação  da  primeira  escola  de  Figura 8 – Frank Lloyd Wright com os membros do Taliesin Fellowship,, 1937. 
arquitetura.  Tais  mudanças  também  refletiam  as  mais  amplas  tendências  históricas  e 
comportamentais  relacionadas  ao  papel  da  profissão  na  sociedade  norte‐americana.  O 
próprio significado da palavra profissão mudou desde o século XIX: no começo sugeria uma 
ocupação  de  “gentleman”;  depois  passou  a  significar  uma  vocação  elevada;  finalmente 
assumiu o seu significado moderno como disciplina erudita com uma sistematização geral do 
conhecimento e do trabalho especializado, regulada pelo poder público e  protegida por lei 
como ocupação privilegiada. O conceito do papel social das profissões também sofria altos e 
baixos  com  diferentes  correntes  culturais,  políticas  e  econômicas,  algumas  vezes  mais 
associadas aos interesses privados, e outras mais associadas ao benefício público. 
No  cenário  pré‐industrial,  as  guildas  originadas  na  Idade  Média  e  seu  correspondente 
sistema de aprendizagem eram essências para a formação da profissão e a execução de seus 
serviços.  Para Johntson, no período moderno, a autonomia auto ‐ regulatórias das guildas foi 
em  parte  renunciada  a  universidade  e,  em  parte,  a  entidades  governamentais.  A 
universidade  ficou  responsável  pelo  recrutamento  de  futuros  profissionais,  enquanto  o 
poder público assumiu a tarefa de regulamentar o mercado buscando seu principal interesse 
na  saúde,  segurança  e  bem  estar  da  sociedade.  A  contradição  herdada  entre  os  valores 
intelectuais  e  culturais  da  universidade  e  dos  instrumentos regulatórios  governamentais  se 
encontra no âmago do conceito moderno da prática profissional3. 
                                                            
1
 George Barnett Johnston é professor de Arquitetura na Georgia Institute of Technology desde 1984.  Tem bacharelado em 
arquitetura pela Mississippi State University em 1979, mestrado em arquitetura pela Rice Universty em 1984 e doutorado 
em  filisofia  pela  Emory  University  em  2006  na área  de  Historia  Cultural  da  América.  Johnston praticou em  escritórios  de 
arquitetura no Mississipi, no Texas e na Georgia e atualmente é sócio no escritório Jonhston+Dumais, em Atlanta.  
2
  O  sentido  correto  da  palavra  profissionalismo  colocado  na  pergunta  seria  “o  procedimento  característico  dos  bons   
profissionais (seriedade, competência, responsabilidade etc.)” (HOUAISS, 2001) Fonte: Ockman, 2012 
3
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 370 
Após a Segunda Guerra Mundial, o contexto da prática arquitetônica moderna se encontrava 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  491   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  492 

cada  vez  mais  codificada  dentro  de  um  corpo  específico  do  conhecimento.  A  prática  CONSIDERAÇÕES
profissional fora baseada em princípios legais, econômicos e administrativos. A participação 
de  advogados  e  arquitetos  praticantes  no  ensinamento  do  curso  assegurava  sua  conexão  No  Brasil,  a  disciplina  de  prática  profissional  abrange  uma  enorme  gama  de  conteúdos, 
com situações do mundo real. Naquele momento, o incremento da relação entre os campos  variando  de  instituição  para  instituição.  A  diversidade  de  conteúdos  que  compõem  os 
da  prática  e  da  produção,  envolvendo  grupos  heterogêneos  de  clientes,  consultores  e  programas demonstra uma falta de padronização na formação, não só entre as escolas como 
usuários,  os  modos  alternativos  de  submissão  e  financiamento  dos  projetos,  a  demanda  também dentro do próprio corpo institucional, se moldando a cada professor que a leciona, 
crescente da sociedade quanto à prestação de contas, as novas ferramentas e tecnologias da  enfatizando  os  assuntos  de  suas  especialidades.  Temas  como  ética,  atribuições,  direitos 
informação  e  a  exigência  de  um  perfil  profissional  mais  demograficamente  diversificado  autorais,  registro  de  responsabilidade  técnica,  formas  de  contratação  de  um  arquiteto, 
promoveu  tentativas  complexas  em  circunscrever  a  prática  arquitetônica  dentro  de  um  execução  de  um  projeto  completo  para  a  prefeitura,  legislações  edilícias,  legislações 
modelo pedagógico único de profissionalismo.   urbanísticas,  conteúdos  e  etapas  do  projeto,  administração  de  obras,  custos,  preços  e 
O  envolvimento  dos  órgãos  quasi‐gorvernamentais  na  preparação  de  profissionais  despesas indiretas; planejamento e controle de projetos, orçamento de obra, elaboração de 
qualificados  levou  ao  desenvolvimento  de  um  esquema  regulatório  altamente  articulado  cronograma  físico‐financeiro,  por  entre  vários  outros  temas,  recheiam  os  programas  da 
para  o  registro  estadual  dos  arquitetos.  Uma  série  de  exigências  legais  vinculou  as  disciplina.  
responsabilidades e privilégios da classe com o processo de registro que, por sua vez, exigia  A diversidade de assuntos tratados dentro dos cursos de Prática Profissional nas escolas de 
uma educação profissional validada por um sistema externo de qualificação, seguido de um  arquitetura  no  Brasil  também  demonstra  a  inexistência  de  uma  discussão  e  reflexão  mais 
período de estágio obrigatório dentro de um escritório de arquitetura, e depois a conclusão  aprofundada  da  disciplina,  tanto  pela  classe  acadêmica,  como  também,  pela  classe 
satisfatória  de  um  formato  padronizado  de  exame.  A  formação  do  AIA,  em  1857,  o  profissional. Por vezes, dentro das salas de aulas são aplicados conteúdos complexos demais 
estabelecimento de um programa universitário no MIT em 1865 e o evento do primeira lei de  para  um  aluno  de  graduação,  como  técnicas  de  gerenciamento  de  grandes  escritórios, 
registro  obrigatório  de  arquitetos  no  estado  de  Illinois  em  1897,  criou  uma  dinâmica  enfatizando a formação antiquada do profissional autônomo e se distanciando da realidade 
progressiva de uniformização dos critérios para entrada na profissão1.  cada vez mais latente de um profissional voltado à uma atividade prática mais colaborativa. 
 O  licenciamento  estadual  obrigatório  dos  arquitetos  ocorrido  paralelamente  ao  de  várias  Podemos  encontrar  a  possível  causa  dessa  realidade  em  dois  aspectos.  Um  está  na  forma 
outras profissões surgiu com dois propósitos. O primeiro estava constitucionalmente ligado a  estrutural  das  Diretrizes  Curriculares1  promulgadas  pelo  Ministério  da  Educação.  O  MEC 
responsabilidade  de  salvaguardar  a  segurança,  a  saúde  e  o  bem  estar  da  sociedade.  O  estabelece  um  currículo  mínimo  a  ser  exigido  na  atuação  das  escolas  e  não  aponta  uma 
segundo de natureza mais protecionista: as leis de licenciamento dos estados serviam como  estruturação  específica  das  disciplinas.  Em  seu  artigo  5º  são  explanadas  as  habilidades  e 
um sistema de guildas, excluindo os indivíduos não qualificados do privilégio do uso do título  competências  mínimas  que  possibilitarão  a  formação  profissional.  Em  seu  artigo  6º  a  lei 
de arquiteto e de engajar em uma prática legalmente sancionada.  organiza dois núcleos de conhecimentos, um Núcleo de Conhecimentos de Fundamentação e 
Educação,  prática,  credenciamento  e  registro  agora  estão  dentro  de  uma  hierarquia  de  outro  Núcleo  de  Conhecimentos  Profissionais.  O  Núcleo  de  Conhecimentos  Profissionais  é 
controles  acadêmicos,  profissionais  e  quase  governamentais.  A  questão  permanece  se  o  composto  por  campos  de  saber  destinados  à  caracterização  da  identidade  profissional  do 
ensino  de  prática  profissional  tem  evoluído  substancialmente  da  época  quando  a  arte  da  egresso  que  é  constituído  por  Teoria  e  História  da  Arquitetura,  do  Urbanismo  e  do 
arquitetura foi exaltada acima de seus meios de execução. Para Johnston, indiscutivelmente,  Paisagismo; Projeto de Arquitetura, de Urbanismo e de Paisagismo; Planejamento Urbano e 
uma conexão próxima entre os ateliês de projeto e o “mundo real” da prática é possível. Os  Regional;  Tecnologia  da  Construção;  Sistemas  Estruturais;  Conforto  Ambiental;  Técnicas 
modos e instrumentos da prática têm mudado historicamente, assim como a pedagogia no  Retrospectivas;  Informática  Aplicada  à  Arquitetura  e  Urbanismo  e  Topografia.  O 
ateliê de projeto. Hoje, com abordagens mais variadas e historicamente conscientes, o antes  conhecimento  da disciplina  de Prática Profissional  se  apresenta  diluída  por  entre as  outras 
isolado  curso  de prática profissional  pode  ser  levado diretamente  para  dentro do  ateliê  de  disciplinas  não  representando  uma  disciplina  específica.  O  tema  da  ética  é  abordado  de 
projeto, bem como em outras disciplinas do curso. Johntson acredita que os educadores em  forma  geral  no  documento,  sendo  desvinculada  a  qualquer  forma  específica  de 
arquitetura precisam ir além da sala de aula para o mundo e os profissionais precisam entrar  conhecimento.  
nas  escolas  e  levar  as  escolas  a  seus  escritórios.  Particularmente  hoje,  os  interesses  Outro  aspecto  importante  a  ser  considerado  é  a  ainda  recente  criação  de  um  conselho 
compartilhados  pelas  escolas  e  pelos  profissionais  nas  pesquisas  arquitetônicas  têm  um  profissional  voltado  somente  para  a  classe  dos  arquitetos  e  urbanistas.  Tal  fato  forneceu  a 
efeito regenerador em ambos, academia e prática2.  oportunidade  de  organizar  questões  significativas  dentro  profissão,  antes  difíceis  ou  quase 
impossíveis  dentro  do  Sistema  CONFEA/CREA.  Questões  imprescindíveis  a  atuação  da 
                                                            
profissão  como  ética  profissional,  atribuições,  direitos  autorais,  honorários,  regras  de 
responsabilidade  técnica,  etc.  estão  sendo  revistas  e  discutidas  no  interior  da  profissão, 
1
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 371                                                              
2 1
 OCKMAN e WILLIAMSON, 2012, p. 373   MINISTÉRIO DA EDUCAÇÀO, 2010 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  493   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  494 

facilitando  uma  abordagem  mais  organizada  dos  problemas  enfrentados  pela  classe  HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2001. 
profissional, até mesmo, dentro das salas de aula.  JENKINS, F. Architect and Patron. A survey of professional relations an practice in England from the sixteenth 
century to present day. 1a. ed. London: Oxford University Press, 1961. 
O  UIA (União Internacional dos Arquitetos) estabelece no seu documento intitulado “Carta 
para  a  formação  do  Arquiteto”  1,  os  conhecimentos  referentes  à  prática  profissional  MINISTÉRIO DA EDUCAÇÀO. RESOLUÇÃO Nº 2. Brasília: CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010. 
encontrados  no  item  nomeado  estudos  profissionais.  No  item  são  expostas  as  questões  OCKMAN, J.; WILLIAMSON, R. Architecture School: Three Centuries of Educating Achitects in North America. 
específicas que envolvem os estudos profissionais:   Cambridge. Massachusetts: MIT Press, 2012. 

A capacidade de compreender as diferentes formas de contratação de serviços de  PEREZ, A. L. D. C. A Ética do Arquiteto e Urbanista: Um Estudo Deontológico. Dissertação de Mestrado. São 
arquitetura;  a  compreensão  dos  mecanismos  fundamentais  da  indústria  da  Paulo: FAU/USP, 2012. 
construção  e  de  desenvolvimento,  tal como  finanças,  investimentos  imobiliários  e  RICS. RICS New Rules of Measurement. RICS, 2012. Disponivel em: <http://www.rics.org/nrm>. Acesso em: 07 
gerenciamento de recursos; compreensão dos potenciais papéis dos arquitetos em  Fevereiro 2012. 
áreas  de  atividades  convencionais  e  novas  em  um  contexto  internacional; 
compreensão  de  negócios  e  sua  aplicação  para  o  desenvolvimento  de  ambiente  UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS. Carta para a Formação do Arquiteto. Tokyo: UNESCO, 2011. 
construído, do gerenciamento de projetos e do funcionamento de uma consultoria  UNIVERSITY OF MINNESOTA. Collage of Design ‐ About the Collage. University of Minnesota, 2014. Disponivel 
profissional;  e  finalmente  o  conhecimento  da  ética  profissional  e  dos  códigos  de  em: <http://design.umn.edu/about/news/from_dean_fisher/>. Acesso em: 08 Agosto 2014 
conduta  aplicados  a  prática  da  arquitetura  e  das  responsabilidades  legais  do 
arquiteto  no  que  concerne  ao  registro,  exercício  profissional  e  contratação  da     
profissão. (UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS, 2011) 

Quanto ao tema da ética em si, além da atenção específica dedicada na disciplina de prática 
profissional  é  preciso  também  caminhar  para  uma  didática  mais  ampla  ao  longo  de  todo 
curso,  pois  a  oportunidade  de  aplicar  as  questões  da  ética  da  profissão  surge 
constantemente no dia a dia do ensino da Arquitetura e Urbanismo. É na própria forma com 
que o professor conduz seus alunos nos desafios diários, que a ética é mais bem transmitida. 
Como coloca Cuff: 
O ethos de uma profissão nasce na escola. Como Larson (1977) aponta, “Este básico 
(treinamento  acadêmico)  define  a  linguagem  comum  e  o  conhecimento  implícito 
que distingue a profissão como um todo do laico. ‘É de fato o suporte principal da 
sub  cultura’.  O  conhecimento  implícito  –  as  suposições  não  ditas,  interpretações, 
expectativas  e  convenções  –  podem  ser  mais  importantes  para  o  aprendizado  do 
que  o  conhecimento  e  as  habilidades  explícitas.  Tal  conhecimento  implícito  é  a 
essência do ethos profissional, afetando ambas, a teoria exposta e a teoria em uso. 
(CUFF, 1991, p. 43, tradução nossa) 

REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2001. 
CENTER FOR THE STUDY OF ETHICS IN THE PROFESSIONS AT IIT. Convention of the American Institute of 
Architects (1909). CSEP: Codes of Ethics Collection, 2014. Disponivel em: <http://ethics.iit.edu/ecodes/ 
node/5058>. Acesso em: 23 Agosto 2014. 
 
CORNELL UNIVERSITY. Joan Ockman. AAP Architecture Art Planning, 2014. Disponivel 
em:<http://aap.cornell.edu/people/joan‐ockman>. Acesso em: 18 Agosto 2014. 
CUFF, D. Architecture: The Story of Pratice. Cambrige, Massachuttes: The MIT Press, 1991. 
GEORGIA TECH SCHOOL OF ARCHITECTURE. George B. Johnston. School of Architecture‐Georgia Tech, 2014. 
Disponivel em: <http://www.arch.gatech.edu/people/george‐b‐johnston>. Acesso em: 10 Agosto 2014. 

                                                            
1
 UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS, 2011
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  495   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  496 

Atividades práticas e experimentos didáticos aplicadas no ensino de  Ao longo dos anos, observou‐se a necessidade de tornar mais práticas as disciplinas teóricas, 
visando  melhorar  a  compreensão  do  conteúdo.  Freitas  e  Azerêdo  (2014)  destacam  que, 
disciplinas que envolvem Conforto Térmico  quando o aluno aprende conceitos através de sensações, o conhecimento adquirido é levado 
para  todo  o  curso  e  também  para  a  vida  profissional.  Desta  maneira,  foram  desenvolvidas 
Marcelo GALAFASSI  pesquisas  objetivando  a  elaboração  de  experimentos,  de  modo  a  fazer  com  que  os 
UNIVALI; [email protected]  fenômenos  físicos,  envolvidos  nas  disciplinas  que  abrangem  conceitos  de  Conforto 
Carolina Rocha CARVALHO 
Ambiental, se tornem mais claros. 
UNIVALI; [email protected] 
Rafael Prado CARTANA  O objetivo deste artigo é explanar a prática pedagógica e as estratégias adotadas por meio 
UNIVALI; [email protected]  de  atividades  práticas  e  experimentos  didáticos  visando  assimilação  e  consolidação  do 
João Luiz PACHECO  conhecimento  teórico,  nas  disciplinas  de  conforto  ambiental  do  curso  de  Arquitetura  e 
UNIVALI; [email protected] 
Urbanismo  da  UNIVALI.  As  práticas  pedagógicas  são  apresentadas  detalhadamente, 
 
possibilitando que sejam replicadas em outras Instituições de Ensino Superior. 
RESUMO  Dentre  as  práticas  aplicadas,  os  experimentos  didáticos  que  abordam  o  efeito  estufa  e  o 
Este artigo apresenta o modo como os conteúdos relacionados com Conforto Térmico são abordados no curso  efeito  chaminé foram  apresentados  em  algumas  turmas  da disciplina  de  Conforto  Térmico, 
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade  do Vale do Itajaí,  UNIVALI.  As disciplinas de Conforto Ambiental 
possuem  o  suporte  do  Laboratório  de  Conforto  Ambiental  (LACA),  onde  várias  pesquisas  científicas  são 
onde  os  alunos  contribuíram  respondendo  um  questionário  referente  à  importância  das 
elaboradas,  voltadas ao desenvolvimento de atividades e experimentos. O objetivo deste artigo é explanar a  práticas pedagógicas. Cartana e Pacheco (2010) e Carvalho et. al (2014) verificaram que cerca 
prática pedagógica e as estratégias adotadas por meio de atividades práticas e experimentos didáticos visando  de  85%  dos  alunos  consideraram  que  a  apresentação  dos  conceitos,  por  meio  de 
assimilar  e  a  consequente  consolidação  do  conhecimento  teórico.  Dentre  as  diferentes  práticas  pedagógicas  experimentos,  é  muito  importante  para  o  aprendizado  e  para  a  assimilação  e  fixação  do 
adotadas para o ensino das questões relacionadas com Conforto Térmico, são aplicadas as atividades práticas  conteúdo. Fica clara a importância de práticas pedagógicas diferenciadas para a explanação 
de:  (i)  análise  de  mascaramento  do  entorno,  (ii)  projeto  de  elementos  de  sombreamento,  (iii)  análise  de 
insolação  sobre  um  terreno,  (iv)  experimento  didático  sobre  o  efeito  estufa  e  (v)  experimento  didático  sofre 
de conteúdos que envolvem fenômenos físicos aplicados. 
efeito  chaminé.  As  duas  primeiras  atividades  são  aplicadas  na  disciplina  Introdução  ao  Conforto  Ambiental 
(segundo  semestre)  e  as  demais  na  disciplina  Conforto  Térmico  (terceiro  semestre).  Estes  exercícios  se 
mostraram importantes para o aprendizado dos alunos, melhorando a assimilação e a compreensão, aplicadas  2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
nos semestres subsequentes, onde essas estratégias são adotadas em disciplinas projetuais. 
PALAVRAS‐CHAVE: experimento didático, atividade prática, conforto térmico.  O curso de Arquitetura e Urbanismo possui cinco disciplinas que tratam diretamente sobre 
conhecimentos de Conforto Ambiental, sendo três teóricas e duas projetuais. A inquietação 
do corpo docente especialista nesta área fez com que pesquisas fossem desenvolvidas, com 
1 INTRODUÇÃO o  intuito  de  elaborar  outras  atividades  e  experimentos,  objetivando  com  que  os  alunos 
tenham maior e melhor domínio do assunto. 
O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) possui em 
sua  matriz  curricular  algumas  disciplinas  que  envolvem  conhecimentos  relacionados  ao  A  UNIVALI  disponibiliza  o  Laboratório  de  Conforto  Ambiental  (LACA)  para  dar  suporte  às 
Conforto Ambiental:  disciplinas e pesquisas na área. O Laboratório possui diversos equipamentos de medição, um 
simulador  físico  de  insolação  (Heliodom)  e  experimentos.  Este  espaço  é  muito  importante 
 Introdução ao Conforto Ambiental (segundo semestre);  para  as  atividades  relacionadas  ao  Conforto  Ambiental,  servindo  de  apoio  aos  alunos  do 
 Conforto Térmico (terceiro semestre);  curso, e também realiza pesquisas e consultorias para profissionais e empresas. 
 Conforto Lumínico e Acústico (quarto semestre);  Este  artigo  apresenta  as  atividades  práticas  e  os  experimentos  didáticos  relacionados  aos 
conhecimentos envolvidos no Conforto Térmico. Estes conhecimentos são apresentados em 
 Projeto  Integrado  I  (quarto  semestre):  disciplina  que  envolve  conhecimento  de  duas disciplinas: Introdução ao Conforto Ambiental e Conforto Térmico. 
Projeto  Urbanístico,  Projeto  Arquitetônico,  Infra‐estrutura  Urbana,  Tecnologia  das 
Construções, Sistemas Estruturais e Conforto Ambiental;   
 Projeto  Integrado  II  (sétimo  semestre):  aumento  do  nível  de  complexidade  da  Dentre as diferentes práticas pedagógicas adotadas para o ensino  de Conforto Térmico são 
disciplina anterior nas mesmas áreas de conhecimento.  aplicadas as atividades práticas  de: (i) análise  de mascaramento do entorno, (ii) projeto de 
elementos de sombreamento, (iii) análise de insolação sobre um terreno, e apresentação dos 
Destas,  as  três  primeiras  disciplinas  são  essencialmente  teóricas  e  as  outras  duas  são  experimentos didáticos sobre (iv) efeito estufa e (v) ventilação por efeito chaminé. 
projetuais,  com  aplicação  dos  conceitos  de  Conforto  Ambiental  em  projetos  urbanístico‐
arquitetônicos.   Todas as atividades práticas e experimento didáticos são precedidos por aulas teóricas com 
abordagem de conceitos e dos fenômenos para entendimento dos conteúdos abordados. 
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ATIVIDADE 1: ANÁLISE DE MASCARAMENTO DO ENTORNO  Com  este  equipamento,  os  alunos  conseguem  visualizar  a  situação  de  obstrução  do  céu, 
tornando mais fácil a compreensão do fenômeno. 
Esta  atividade  prática  é  aplicada  na  disciplina  de  Introdução  ao  Conforto  Ambiental, 
lecionada  no  segundo  semestre,  e  visa  demonstrar  ao  aluno  a  necessidade  de  estudar  a  Após desenharem o Mascaramento na Carta Solar, os alunos fazem uma análise da situação 
influência que as edificações têm na obstrução do céu para um determinado ponto. Estudos  de insolação no  Solstício  de  Verão  (22 de Dezembro), e  Solstício de Inverno  (22 de Junho). 
de  mascaramento  podem  auxiliar  em  decisões  de  projeto,  como  locação  de  equipamentos  Nessa análise pode‐se conferir em quais momentos do dia o Sol incide no ponto escolhido, e 
de  lazer  (piscinas,  bancos,  play‐ground),  posicionamento  das  aberturas  da  edificação,  quando  as edificações obstruem  o Sol.  Também é  feita  uma  análise  com a  Carta  Solar  que 
estudos  urbanísticos  para  praças  e  vias,  todos  com  relação  ao  sombreamento  que  os  mostra o tipo de radiação incidente, para que se possa entender qual a radiação que deveria 
edifícios do entorno causam.  ser evitada. 
O trabalho consiste na escolha de um ponto de análise no Campus da UNIVALI de Balneário  O mascaramento desenhado manualmente é apresentado em comparação com as imagens 
Camboriú,  tomando  como  base  de  justificativa  o  que  poderia  ser  projetado  no  local  geradas do Analisador de Mascaramento posicionado no ponto escolhido.  
escolhido. O objetivo do trabalho é  analisar na Carta Solar  o mascaramento causado pelos  A apresentação do trabalho é em formato de Seminário e os alunos têm a oportunidade de 
edifícios do entorno, nos Solstícios de Verão e de Inverno.  debater com os colegas e esclarecer possíveis dúvidas sobre Mascaramento de edificações. 
É fornecido aos alunos a implantação do campus de Balneário Camboriú e são selecionados  Esta  atividade  é  importante  do  ponto  de  vista  didático  para  que  os  alunos  percebam  os 
pontos que serão analisados. Escolher pontos dentro do Campus é importante para que os  espaços  e  consigam  analisar  o  efeitos  que  ocorrerão  no  mesmo,  apenas  analisando  o 
alunos  possam  visitar  o  local  em  diferentes  horas  do  dia  e  observar  o  fenômeno  do  mascaramento.  Conseguirão  observar  se  uma  área  oferece  condições  propícias  para  ser 
movimento aparente do Sol.   utilizada dependendo da estação do ano e das necessidades do usuário. 
O mascaramento do ponto escolhido é desenhado manualmente, com auxílio de material de 
desenho específico, como esquadros, transferidor e escalímetro.  ATIVIDADE 2: PROJETO DE ELEMENTOS DE SOMBREAMENTO 
Para  efeito  de  comparação  do  material  produzido  com  uma  situação  real,  utiliza‐se  um  A disciplina de Introdução ao Conforto Ambiental aborda o assunto Geometria da Insolação, 
equipamento elaborado no LACA pelo Professor João Luiz Pacheco e denominado Analisador  considerando  apenas  elementos  de  obstrução  solar  infinitos,  que  são  exemplificados  com 
de Mascaramento (Figura 9).  brises verticais, horizontais e mistos. 
O Analisador de Mascaramento é um equipamento que utiliza os materiais:  Esta atividade prática faz parte da disciplina de Introdução ao Conforto Ambiental presente 
no segundo semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo.  
 uma base em MDF; 
O  objetivo  desta  atividade  é  projetar  elementos  de  obstrução  solar  para  as  janelas  de  um 
 uma plotagem da carta solar para a latitude de 27°; 
ambiente.  Os  conceitos  de  Geometria  da  Insolação  são  fundamentais  para  que  os  alunos 
 uma bússola;  entendam o projeto destes elementos. O aprendizado é feito de maneira crescente no que 
tange o nível de dificuldade, fazendo com que o aluno comece por atividades simplificadas e 
 uma semi esfera em acrílico que representa a abóboda celeste; 
chegue  ao  ponto  de    projetar  elementos  para  as  edificações  em  função  do  movimento 
 uma semi esfera em material metálico polido.  aparente do Sol. 
Figura 9 ‐ Analisador de Mascaramento; (a) semi esfera em acrílico; (b) semi esfera em metal polido.  Neste exercício, após explanação teórica e demonstração prática de situações de projeto, o aluno 
projeta um ambiente de 8x16 m, com quatro paredes e quatro aberturas. Essas aberturas ficam 
posicionadas: uma para a fachada Oeste, uma para a fachada Leste e duas para a fachada Norte, 
conforme a    

        
Fonte: Autores, 2014. 
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Figura 10.  Figura 10 ‐ Modelo para a maquete física do ambiente. 

   

 
Fonte: Autores, 2014. 

Os alunos projetam elementos de proteção solar e sua respectiva máscara de sombra, para 
cada janela, visando obstruir os horários indesejáveis de Sol, e permitir a entrada de Sol no 
horário  desejável.  Todos  os  elementos  projetados  devem  ser  justificados  segundo  os 
conceitos explanados em aula. O projeto dos elementos é desenvolvido à mão, na forma de 
croqui e desenho técnico. 
Figura 11 ‐ Simulador de insolação (heliodom) ‐ Laboratório de Conforto Ambiental (LACA) 

 
Fonte: Autores, 2014. 

Uma maquete, na escala 1:50, é construída, com material livre, contendo as quatro paredes 
e as quatro aberturas. Essa maquete é utilizada para análise no simulador físico de insolação 
Heliodom (Figura 11),  quanto à insolação incidente  nas  fachadas Norte, Leste e  Oeste. São 
obtidas fotos da entrada de Sol pelas quatro aberturas, em datas e horários determinados: 
Solstício  de  Verão  (22/12)  às  9h,  12h e  15h;  Solstício de Inverno (22/06)  às  9h,  12h e  15h; 
Equinócio  de  Outono  ou  Equinócio  de  Primavera  (22/12)  às  9h,  12h  e  15h.  Os  alunos 
fotografam  a maquete física sem os elementos de obstrução solar (brises), e as comparam 
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com  fotos  da  maquete  física  com  os  brises,  fundamentando  o  resultado  com  o  projeto  dos elementos de sombreamento, seja introduzido por meio da percepção e curiosidade dos 
previamente elaborado.  alunos. 
A  atividade  consiste  em  uma  análise  da  efetividade  da  elaboração  do  projeto  através  de 
ATIVIDADE 3: ANÁLISE DE INSOLAÇÃO SOBRE TERRENO 
mascaramento  dos  elementos  de  obstrução  solar  na  maquete  física  com  o  auxílio  de  um 
Heliodom.  Este  exercício  é  aplicado  na  disciplina  de  Conforto  Térmico  (terceiro  semestre)  e  dá  apoio 
para  a  disciplina  de  Projeto  Arquitetônico,  também  no  terceiro  semestre.  Na  disciplina  de 
A Figura 12 e a Figura 13 mostram um trabalho dos alunos sendo analisado no Heliodom. 
Projeto Arquitetônico o produto final é o projeto de uma edificação residencial unifamiliar, e 
Figura 12 ‐ (a) e (b) Vistas laterais de um trabalho dos alunos sendo analisado no heliodom ‐ LACA  dois terrenos são disponibilizados aos alunos, sendo um de esquina e um no meio de quadra.  
A  atividade  consiste  em  uma  análise  de  insolação  realizada  sobre  uma  maquete  com  o 
auxilio  do  Heliodom.  Visando  promover  uma  integração  horizontal  entre  as  disciplinas  de 
Projeto Arquitetônico 3 e Conforto Térmico, o referido experimento é desenvolvido sobre o 
mesmo terreno utilizado na disciplina Projeto Arquitetônico, estabelecendo uma relação com 
os conteúdos de Geometria da Insolação desenvolvidos na disciplina de conforto.  
Para a  primeira  atividade  do  experimento  é  fornecida  aos  alunos  da disciplina  de  Conforto 
Térmico uma base cartográfica em formato digital (Figura 14), que mostra os terrenos e suas 
topografias,  além  das  orientações  solares  analisadas  com  o  auxilio  da  Carta  Solar.  Vale 
    salientar  que  os  alunos  já  têm  conhecimento  do  terreno  utilizado,  por  meio  de  uma  visita 
Fonte: Trabalho de Alunos, fotografado pelos autores, 2014.  técnica ao local orientada pelos professores da disciplina de Projeto Arquitetônico do mesmo 
Figura 13 ‐ Vista superior de um trabalho dos alunos sendo analisado no heliodom (Solstício de Inverno às 12h) ‐ LACA  semestre.  
Figura 14 ‐ Base cartográfica com análise de insolação fornecida aos alunos da disciplina de Conforto Térmico. 

 
Fonte: Trabalho de Alunos, fotografado pelos autores, 2014. 

Esta atividade tem importância acentuada no aprendizado projetual do aluno. Por meio dela,   
o  aluno  consegue  visualizar  a  incidência  solar  em  uma  abertura,  podendo  projetar  um  Fonte: Base de Geoprocessamento do Município Balneário Camboriú, 2014. 
elemento  de  obstrução  que  bloqueie  a  radiação  solar  indesejada  e  permita  a  entrada  da 
Os  alunos  providenciam  duas  plotagens  da  base  cartográfica  em  escala  1:200  e  demais 
radiação desejada. 
materiais  necessários  para  execução  da  maquete  física  (placas  de  isopor  e  EVA)  que  será 
O aluno aprende a projetar brises a partir de conceitos compositivos e estéticos, analisando  utilizada para simulação no Heliodom. 
o  resultado  na  Carta  Solar.  Mas,  também  aprende  a  projetá‐los  do  ponto  de  vista  técnico, 
A segunda parte da atividade consiste na confecção de uma maquete base que será utilizada por 
decidindo na Carta Solar o ângulo ideal do elemento, e desenhando‐o no projeto.  toda turma. Esta atividade, mostrada na    
Vale  ressaltar  que  a  disciplina  de  Introdução  ao  Conforto  Ambiental  tem  em  seu  escopo 
elementos de sombreamento infinitos, e quando os elementos são elaborados e analisados 
no  Heliodom,  os  alunos  percebem  que  existe  uma  diferença  entre  os  elementos  infinitos 
aprendidos e as análises feitas na maquete física. Isso permite que o novo assunto, o limite 
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Figura 15 (a) e (b), permite que os alunos tenham maior apropriação sobre as condicionantes  Figura 15 ‐ (a) Execução da maquete base para simulações; (b) Maquete base finalizada. 
do terreno, como topografia e configuração do entorno imediato. 
   

 
Fonte: Autores, 2014. 

Assim que a maquete base está finalizada, a análise de insolação sobre o terreno é realizada 
com  o  auxilio  do  Heliodom  disponível  no  LACA.  Os  alunos  são  agrupados  em  equipes  de 
quatro integrantes, e cada grupo é responsável por produzir uma sequencia de fotografias da 
maquete  correspondente  a  um  dia  completo  de  insolação  em  uma  determinada  época  do 
ano, Solstícios ou Equinócios. Ao final da atividade cada grupo fica encarregado de produzir 
uma apresentação de slides com a sequencia de fotografias obtida (Figura 16), informando a 
época  do  ano  e  o  horário  de  cada  fotografia.  Posteriormente,  este  material  produzido  é 
disponibilizado  para  todos  os  alunos  e  professores  das  disciplinas  de  Conforto  Térmico  e 
Projeto  Arquitetônico  3,  assim  como  a  maquete  física  que  fica  disponível  no  LACA  para 
realização  de  mais  simulações  que  venham  a  ser  necessárias  ao  longo  do  semestre,  para 
desenvolvimento  do  projeto  na  disciplina  Projeto  Arquitetônico  3.  Todo  o  processo  de 
construção da maquete e análises é realizado em uma aula de 4hs. 
Figura 16 ‐ Sequência de fotografias registradas no Solstício de Verão. 

 
Fonte: Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, 2014. 

À medida que as  sequências de fotografias vão sendo registradas, são feitas considerações 
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pelos professores de conforto à respeito do fenômeno observado. Nesta dinâmica os alunos  demonstrando que ondas longas não atravessam o vidro. 
também são estimulados à fazer suas observações, criando assim um ambiente interativo de 
Após  um  tempo  de  exposição  à  radiação  térmica  proveniente  da  estufa,  o  vidro  começa  a 
construção  do  conhecimento  específico  de  Geometria  da  Insolação,  que  por  sua  vez  será  aquecer e emitir radiação em direção ao vidro. Assim, o sensor passa a registrar aumento na 
fundamental para o desempenho ambiental do projeto que será desenvolvido.  Um aspecto 
temperatura, o que demonstra o começo da re‐irradiação por parte do vidro. O aumento da 
importante  para  o  aproveitamento  dos  resultados  obtidos,  é  que  o  experimento  seja  temperatura na superfície  do vidro  pode ser percebida ao tocar este material  e através do 
realizado no início do semestre, permitindo que as análises sejam incorporadas na definição  termômetro de contato, deixando claro para o aluno que ondas longas são absorvidas pelo 
dos partidos gerais dos projetos desenvolvidos. 
vidro, e este passa a emitir radiação térmica. 
Os  professores das disciplinas de conforto e também das disciplinas  de  projeto, envolvidos 
Na sequência, retira‐se o vidro deixando o sensor exposto à estufa, e este registra um rápido 
neste experimento, compreendem que a integração de suas disciplinas possibilita aos alunos  aumento nos valores registrados. O aluno, ao posicionar o vidro entre a estufa e a sua mão, 
domínio maior dos conteúdos e consequentemente maior interesse e facilidade de aplicação 
percebe a interrupção do elevado fluxo de calor, percebendo através de sensação pela pele, 
prática dos mesmos.   que  o  vidro  funciona  como  uma  barreira  de  proteção  para  a  radiação  de  ondas  longas 
provenientes da estufa.  
ATIVIDADE 4: EXPERIMENTO DIDÁTICO SOBRE EFEITO ESTUFA 
A Figura 17 mostra a montagem da primeira etapa do experimento, onde o efeito das ondas 
Este  experimento  didático  tem  como  objetivo  demonstrar,  de  maneira  prática,  o 
longas é observado. 
comportamento  das  ondas  longas  e  das  ondas  curtas  sobre  o  vidro  e,  consequentemente, 
um melhor entendimento do efeito estufa.  Figura 17 ‐ Experimento didático montado na etapa 1, para análise de ondas longas. 

Os materiais utilizados para o experimento são:  
 um vidro transparente comum de 3mm; 
 uma estufa elétrica com resistência incandescente; 
 uma lâmpada incandescente; 
 um sensor de radiação térmica de resposta rápida;  
 um termômetro de contato. 
Como  a  análise  com  o  experimento  se  dá  através  de  comparações  entre  os  valores  de 
temperatura, este não precisa necessariamente reproduzir valores precisos medidos por um   
termômetro  de  globo,  mas  registrar  valores  que  sejam  diretamente  proporcionais  à  Fonte: Cartana e Pacheco, 2010. 
intensidade  da  radiação.  Deste  modo,  utiliza‐se  um  equipamento  com  sensor  de 
temperatura de resposta rápida quando exposto à radiação térmica.  Etapa 2: ondas curtas 

O  filamento  incandescente  da  resistência  elétrica  da  estufa  apresenta  uma  temperatura  A Etapa 2 do experimento utiliza a radiação térmica proveniente da lâmpada incandescente. 
relativamente  baixa,  simulando  a  emissão  de  radiação  térmica  por  ondas  longas  que  O equipamento é montado de forma similar à Etapa 1: posicionando o vidro entre o sensor 
geralmente  são  emitidas  por  componentes  construtivos  das  edificações.  Por  outro  lado,  a  de temperatura e a lâmpada, o aluno observa que mesmo com o vidro frio o sensor registra 
lâmpada  incandescente  trabalha  em  alta  temperatura  para  fazer  seu  filamento  emitir  luz,  elevação na temperatura medida, demonstrando que ondas curtas atravessam o vidro com 
simulando a radiação térmica por ondas curtas, emitida pelo Sol.  muita facilidade.  

O experimento consiste em duas etapas permitindo a análise e diferenciação dos fenômenos  Após um tempo de exposição à radiação, a superfície do vidro apresenta um leve aumento 
físicos que ocorrem com relação à radiação térmica de ondas longas e ondas curtas através  em sua temperatura. Assim, o sensor de radiação passa a registrar temperaturas levemente 
do vidro.  maiores, demonstrando uma pequena re‐irradiação da carga térmica por parte do vidro. O 
leve aumento da temperatura da superfície do vidro pode ser percebido através de sensação 
Etapa 1: ondas longas  térmica,  com  o  toque  da  mão,  ou  por  meio  de  medição  realizada  com  o  termômetro  de 
contato, deixando claro que o vidro absorve pouca radiação por ondas curtas. 
Na  primeira  etapa,  o  experimento  é  montado  utilizando  a  estufa  elétrica  com  resistência 
incandescente, direcionada para o sensor de radiação térmica com o vidro posicionado entre  Ao manter a lâmpada incandescente acesa e retirar o vidro que estava entre a lâmpada e o 
os  dois  elementos.  Os  alunos  observam  que,  logo  que  o  experimento  é  ligado  na  corrente  sensor, registrou‐se um pequeno aumento na temperatura do sensor de radiação. Da mesma 
elétrica, o vidro está frio e o sensor não registra a presença da radiação emitida pela estufa,  forma,  ao  posicionar  e  retirar  o  vidro  entre  a  mão  do  aluno  e  a  fonte  de  calor  (lâmpada), 
observou‐se através de sensação térmica, que o vidro não interrompe o fluxo de calor. Desta 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  507   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  508 

forma, o vidro não funciona como uma barreira para a radiação de ondas curtas.  Figura  19  (a)  e  (b)  ‐  visa  demonstrar,  de  maneira  prática,  o  comportamento  e  a 
movimentação  das  massas  de  ar  que  possuem  temperaturas  diferentes  e  como  este 
A  Figura  18  apresenta  a  montagem  da  segunda  etapa  do  experimento,  onde  o  efeito  das 
ondas longas é observado.  fenômeno influencia na ventilação natural por efeito chaminé. Também é apresentada uma 
explanação de como  se  dão as trocas  térmicas com a adoção da estratégia bioclimática da 
Figura 18 ‐ Experimento didático montado na etapa 2, para análise de ondas curtas. 
ventilação por efeito chaminé. 
Os materiais utilizados para o experimento são:  
 dois tubos de PVC 100mm de 1 metro de comprimento; 
 dois conectores em PVC 100mm; 
 uma resistência elétrica para gerar calor; 
 uma chapa elétrica para dissipar o calor;  
 um equipamento com dois sensores de temperatura de resposta rápida; 
 um anemômetro. 
 
O  experimento  é  apresentado  em  três  etapas  permitindo  a  análise  e  diferenciação  dos 
Fonte: Cartana e Pacheco, 2010. 
fenômenos  físicos  que  ocorrem  com  relação  à  radiação  térmica  de  ondas  longas  e  ondas 
A  apresentação  do  experimento  é  importante  para  demonstrar  aos  alunos,  de  maneira  curtas através do vidro. 
prática e didática, que os vidros são transparentes com relação à radiação térmica de ondas 
   
curtas e são opacos quando rebecem radiação térmica de ondas longas. Estes conceitos são 
importantes e essenciais para o entendimento do fenômeno físico do efeito estufa. 

ATIVIDADE 5: EXPERIMENTO DIDÁTICO SOBRE VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ 
Este experimento didático ‐    
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Figura 19 ‐ (a) Experimento didático de ventilação por efeito chaminé; (b) base do experimento.  É importante aguardar cerca de 10 minutos antes de realizar as medições, de maneira que as 
temperaturas  estabilizem.  Logo  as  temperaturas  são  registradas,  marcando  T1=55°C  e 
T2=45°C. Após o primeiro registro, o anemômetro é colocado na saída de ar a fim de medir a 
velocidade do ar. A velocidade do ar na saída foi registrada em 1,00m/s e, logo que a saída de 
ar foi obstruída, as temperaturas aumentaram  registrando T1=59°C e T2=48°C. 

Etapa 2: Chaminé de tamanho médio 
Na segunda etapa (Figura 13), parte do tubo foi desmontado e a chaminé ficou com 1,00m 
de  altura.  É  importante  aguardar  cerca  de  10  minutos  antes  de  realizar  as  medições,  de 
maneira  que  as  temperaturas  estabilizem.  As  temperaturas  são  medidas,  onde  T1=59°C  e 
T2=48°C.  A  velocidade  de  ar  na  saída  foi  medida  com  o  anemômetro  registrando 
Var=0,80m/s,  e  como  aconteceu  anteriormente,  logo  que  a  saída  de  ar  teve  sua  área 
     
Fonte: Carvalho et al, 2014.  reduzida as temperaturas elevaram, registrando T1=70°C e T2=55°C. 
A  montagem  e  apresentação  do  experimento  se  dá  em  três  etapas:  (i)  chaminé  longa;  (ii)  Figura 21 ‐ Etapa 2 do experimento didático de ventilação por efeito chaminé. 

chaminé de tamanho médio; e (iii) chaminé curta. 

Etapa 1: Chaminé longa  
Na primeira etapa o experimento é montado e apresentado por completo, com a chaminé de 
2,00  m  de  altura.  A  Figura  20  apresenta  um  desenho  do  experimento  como  montado  na 
Etapa 1. 
Figura 20 ‐ Etapa 1 do experimento didático de ventilação por efeito chaminé. 

 
Fonte: Autores, 2014. 

Etapa 3: Chaminé curta 
Na  Etapa  3,  mostrada  na  Figura  22,  o  tubo  foi  desacoplado,  deixando  o  experimento  sem 
chaminé e apenas com uma abertura superior para a saída de ar, conforme Figura 9. Nesta 
configuração  a  T1  foi  medida  na  saída  de  ar  e  T2  não  foi  mais  registrada  pois  não  havia 
chaminé.  O  equipamento  ficou  nesta  situação  por  cerca  de  10  minutos  para  que  a 
temperatura estabilizasse. Assim, a temperatura foi registrada em T1 foi 73°C. 
Figura 22 ‐ Etapa 3 do experimento didático de ventilação por efeito chaminé. 

   
Fonte: Carvalho et. al, 2014.  Fonte: Carvalho et al, 2014. 
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Ao  final,  o  anemômetro  foi  posicionado  na  saída  de  ar,  reduzindo  a  área  de  saída,  que  REFERÊNCIAS
registrou  velocidade  do  ar  em  0,20m/s  e  a  temperatura  teve  um  aumento  rápido  que  foi 
registrado até T1=100°C e o experimento foi então desligado.  CARTANA, Rafael P.; PACHECO, João Luiz. Experimento didático para compreensão de fenômenos físicos 
envolvidos no desempenho térmico de edificações – trocas térmicas através de vidros. In: XIII ENTAC ‐ Encontro 
Ao  longo  da  apresentação  do  experimento,  alguns  pontos  são  questionados  aos  alunos,  Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 2010, Canela/RS. XIII Encontro Nacional de Tecnologia do 
como:  "por  que  quando  diminuímos  o  comprimento  da  chaminé,  a  velocidade  diminui?";  Ambiente Construído ENTAC, 2010. 
"por  que ao  colocar o  anemômetro na  saída  de  ar, as  temperaturas internas aumentam?".  CARVALHO, Carolina R. ; PACHECO, João Luiz ; GALAFASSI, Marcelo ; CARTANA, Rafael P.. Experimento didático 
Estes  questionamentos  são  importantes  pois  envolvem  todos  os  alunos  e  discussão  dos  utilizado para compreensão de ventilação natural por efeito chaminé. In: XV ENTAC ‐ Encontro Nacional de 
valores, melhorando a fixação do conteúdo.   Tecnologia no Ambiente Construído, 2014, Maceió/AL. Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente 
Construído, 2014. 
A  apresentação  deste  experimento  é  importante  pois  permite  ao aluno perceber  de  forma 
FREITAS, Ruskin M. de; AZERÊDO, Jaucele de F. A. de. A disciplina de conforto ambiental: Uma ferramenta 
visual a influência do calor interno e do comprimento da chaminé na troca de calor através 
prática na concepção de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo. Cadernos do PROARQ (UFRJ), 
de ventilação natural por efeito chaminé.   v. 1, p. 94‐113, 2014. 
GALAFASSI, Marcelo. Impacto do método prescritivo do RTQ‐C no processo de projeto arquitetônico de 
edificações: a visão de arquitetos em Florianópolis‐SC. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ‐ 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 2012, 102p. 

As  disciplinas  teóricas  que  envolvem  Conforto  Ambiental  do  curso  de  Arquitetura  e 
Urbanismo  da  UNIVALI,  estão concentradas  nas  fases  iniciais  do curso  (segundo,  terceiro  e 
quarto semestre). Esta definição da matriz curricular se mostra importante do ponto de vista 
que os conceitos devem ser entendidos e aplicados ao longo do curso e vida profissional. 
Segundo  Galafassi  (2012)  os  conceitos  de  conforto  devem  estar  presentes  desde  as  fases 
iniciais do projeto, de maneira que a edificação se adeque ao clima local e tenha um melhor 
desempenho energético.  
A utilização de exercícios que unem conceitos, atividades práticas e experimentação didática, 
são importantes no aprendizado dos alunos melhorando a assimilação e a compreensão dos 
fenômenos,  resultando  na  aplicação  direta  de  estratégias  que  são  adotadas  em  disciplinas 
projetuais nos semestres posteriores. 
Objetivando apresentar as práticas pedagógicas e as estratégias adotadas nas disciplinas de 
conforto  ambiental  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNIVALI,  foram  descritas  as 
atividades  práticas  e  os  experimentos  didáticos,  visando  a  assimilação  e  a  consolidação  do 
conhecimento teórico. 
Fica claro o comprometimento e a interação do aluno durante a realização dessas atividades, 
que geram nos mesmos uma facilitação na compreensão dos fenômenos físicos envolvidos. A 
apresentação das atividades práticas, de maneira clara e descritiva, colabora para que essas 
atividades sejam reproduzidas por outras Instituições de Ensino e/ou por outros professores, 
e possam servir como auxílio na explanação dos conteúdos. 

AGRADECIMENTOS

Os  autores  gostariam  de  agradecer  à  UNIVALI  e  todos  os  alunos  que  colaboraram  com  a 
pesquisa. 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  513   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  514 

O Ateliê de Projeto e o Patrimônio Cultural nas Estruturas  Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade 
Federal  do  Rio  Grande  do  Norte  (UFRN)  e  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do  Sul 
Curriculares dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil  (UFRGS).  Essas  escolhas  consideraram  a  instituições  públicas  com  tradição  no  ensino  e  na 
pesquisa  de  graduação  e  pós‐graduação  nas  áreas  de  patrimônio  arquitetônico,  urbano  e 
Heitor de Andrade SILVA  histórico, bem como de projeto. 
Universidade Federal de Campina Grande 
heitor.andrade@ ufcg.edu.br  Buscamos  verificar,  basicamente,  como  os  conteúdos  de  patrimônio  aparecem  nos  cursos 
  estudados, considerando, número e natureza (obrigatória ou optativa) de disciplinas, escalas 
de  atuação  (arquitetura  e/ou  urbanismo),  abordagens  (restauro,  tectônica,  história/teoria 
RESUMO  etc.),  carga  horária  (teórica,  prática  e  total)  e  situação  da  disciplina  na  estrutura  curricular 
O  ensino  de  projeto  articulado  a  matéria  do  patrimônio  cultural  responde  as  definições  das  Diretrizes  (período). O quadro delineado nos serve de parâmetro para algumas reflexões e, sobretudo, 
Curriculares Nacionais do Curso de Arquitetura e Urbanismo vigentes. Contudo, atualmente, encontra‐se uma 
considerável  diversidade  de  formatos  e  abordagens  de  componentes  curriculares  nas  Estruturas  Curriculares 
para identificarmos algumas experiências bem‐sucedidas do ensino de projeto vinculado aos 
(EC)  das  escolas  brasileiras.  Ademais,  os  conteúdos  do  patrimônio  cultural,  muitas  vezes,  não  são  sempre  conteúdos de patrimônio cultural. 
tratados como problemas de projeto. Este artigo apresenta, inicialmente, algumas considerações conceituais e 
um panorama nacional sobre o  ensino de projeto em Áreas Consolidadas de Patrimônio  Cultural (ACPC) com 
base  na  realidade  dos  Cursos  de Arquitetura  e  Urbanismo (CAU)  de  oito Instituições  de  Ensino  Superior (IES)  2 ÁREA CONSOLIDADA DE PATRIMÔNIO CULTURAL: BREVES CONSIDERAÇÕES  
representativas. A análise é feita a partir das EC dos CAU das Instituições e de disciplinas que revelem em suas 
ementas  conteúdos  ligados  ao  tema.  Constata‐se  que  as  soluções  que  buscam  relacionar  a  matéria  com  o  Inicialmente,  cabem  breves  considerações  sobre  o que  denominamos Área  Consolidada  de 
ensino de projeto no ambiento do ateliê consistem em um caminho teórico‐metodológico pertinente.  Patrimônio  Cultural  (ACPC)  o  espaço  onde  se  especializa  a  intervenção  projetual  ensinada 
PALAVRAS‐CHAVE: Ateliê de projeto; Ensino de projeto; Patrimônio cultural.  nas  escolas  pesquisadas.  Uma  noção  contemporânea  de  patrimônio  contempla  valores 
  culturais  e  ambientais,  que  consideram  os  grupos  de  edificações  históricas,  a  paisagem 
urbana  e  os  espaços  públicos,  assim  como  as  áreas  especiais  instituídas  nas  legislações 
urbanísticas das cidades – as quais incluem os novos instrumentos urbanísticos e reconhece 
1 INTRODUÇÃO  a  participação da iniciativa  privada como parceiras.  Nesse  sentido, ACPC  é uma  espécie  de 
área‐estudo (definida por Rossi) ampliada, onde se passa a reconhecer uma série de novos 
Este  artigo  apresenta  um  panorama  do  ensino  de  patrimônio  cultural  integrado  com  o  elementos tais como, os valores históricos e arquitetônicos, bem como o sentido material do 
exercício  de  projeto  em  Cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  (CAU)  brasileiros,  tendo  como  patrimônio  –  que  se  relaciona  com  aspectos  culturais  e  socioeconômicos  e  as  memórias 
objetivo  averiguar  a  pertinência  do  ateliê  como  uma  alternativa  positiva  para  essa  agregadas socialmente  aos espaços urbanos. Além disso, o sentido de área urbana central, 
abordagem.  Aduzimos  alguns  resultados  da  tese  (doutorado)  defendida  pelo  autor,  no  adotado nos planos e programas nacionais, que é, em geral, mais abrangente que as próprias 
Programa  de  Pós‐Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  Federal  do  Rio  áreas  especiais  adotadas  nas  legislações  urbanísticas  e  ambientais  brasileiras  também 
Grande  do  Norte,  em  2012,  com  o  apoio  da  Capes.  Nesse  sentido,  trazemos  algumas  enriquece  o  conceito.  Nesse  sentido,  as ACPC  referem‐se,  inclusive,  aos  conjuntos  edilícios 
reflexões sobre formatos pertinentes de componentes curriculares, da matéria, encontrados  recentes  constituídos  com  edifícios  modernistas,  ou  seja,  os  conjuntos  edilícios  de  valor 
nas  estruturas  curriculares  estudadas,  considerando  recomendações  das  Diretrizes  histórico e arquitetônico, entendidos como registros de culturas e identidades locais. 
Curriculares Nacionais vigentes e demandas sociais e profissionais no Brasil. O trabalho, filia‐
se  ao  tema  central  do  evento:  “O  Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo:  Teoria  e  Prática”, 
subtema:  “Na  Graduação:  estágio  supervisionado;  assistência  técnica;  canteiros  3  O  ENSINO  SUPERIOR  E  O  CONTEÚDO  DE  PATRIMÔNIO  APLICADO  AO 
experimentais; práticas pedagógicas; extensão em Arquitetura e Urbanismo”.  PROJETO NO BRASIL: ORIGENS E INFLUÊNCIAS 
Trabalhamos  com  dados  provenientes  de  fontes  de  naturezas  distintas  –  que,  ora  nos  Segundo Masetto (1998), o ensino superior no Brasil passa por três momentos importantes: 
revelaram informações novas, ora complementaram outros levantamentos e análises –, tais  1) a formação profissionalizante para o mercado de trabalho; 2) a formação do cidadão, do 
como, sites institucionais, estruturas curriculares e planos de ensino (ementas).  profissional  e  do  pesquisador;  e  3)  a  formação  em  contexto  de  mudanças  tecnológicas. 
Inicialmente, fizemos breves conceituações sobre Patrimônio Cultural e Área Consolidada de  Apesar do terceiro momento ser o vigente, a formação profissionalizante ainda persiste no 
Patrimônio Cultural (ACPC). Em seguida, apresentamos o panorama brasileiro do ensino de  sistema  educacional  superior.  Quando  pensamos  o  ensino  de  projeto  e  patrimônio,  nos 
patrimônio  cultural  nos  cursos  de  graduação  em  arquitetura  e  urbanismo.  Por  fim,  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  em  momento  de  mudanças  tecnológicas,  podemos 
verificamos a pertinência da abordagem do Patrimônio Cultural no ateliê de projeto.  pensar em abordagens multidisciplinares e em utilizações de tecnologias da informação e de 
representação  gráfica  na  confecção  de  projetos  em  áreas  de  valor,  reconhecidamente, 
O  universo  de  estudo  abrange  oito  Instituições  de  Ensino  Superior  (IES)  nacionais,  quais 
histórico. A questão, contudo, é mais complexa, pois demanda uma formação voltada para a 
sejam:  Universidade  de  Brasília  (UnB),  Universidade  de  São  Paulo  (USP),  Universidade 
intervenção no espaço existente, que remete a uma formação social e cultural, além de um 
Federal  da  Bahia  (UFBa),  Universidade  Federal  de  Minas  Gerais  (UFMG),  Universidade 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  515   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  516 

arcabouço conceitual e metodológico consistente.   4  UM  PANORAMA  NACIONAL:  OITO  ESCOLAS  DE  ARQUITETURA  E 


O  debate  sobre  o  ensino  do  projeto  vinculado  ao  patrimônio  cultural,  no  Brasil,  é,  URBANISMO NO BRASIL 
relativamente,  recente.  Além  dos  encontros  da  Abea,  o  debate  foi  reacendido  em  escala  Com  base  no  universo  de  estudo  da  pesquisa  –  que  abrange  oito  cursos  de  arquitetura  e 
nacional, a partir de 2003, no âmbito do Seminário Projetar, cuja a edição que se realizou em  urbanismo no Brasil – apresentamos as disciplinas (obrigatórias e optativas) constantes nas 
Porto  Alegre  (2007),  lançou  o  foco  sobre  o  patrimônio  histórico  edilício.  Os  conteúdos  Estruturas Curriculares das escolas estudadas, numa abordagem qualitativa e quantitativa da 
referentes  a  preservação  do  patrimônio  urbano  e  arquitetônico  foram  incorporados  aos  realidade atual, a fim de construir uma cartografia dos conteúdos de patrimônio aplicados ao 
currículos  do  cursos  de  arquitetura  e  urbanismo,  no  Brasil,  a  partir  de  1996,  após  as  projeto. Extraímos uma lista de 22 disciplinas que oferecem conteúdos de patrimônio numa 
discussões  sobre  a  reestruturação  curricular  de  1994.  As  Diretrizes  Curriculares  vigentes  abordagem apenas teórica ou teórico‐prática (Figura 01). 
preveem  a  inclusão  desses  conteúdos  (patrimônio)  nas  estruturas  curriculares  dos  cursos, 
Figura 01 ‐ Quadro geral das disciplinas de patrimônio 
considerando,  inclusive  competências  e  habilidades  para  os  projetos  de  arquitetura  e 

tectônica etc.) 
urbanismo.  Naturalmente, devido ao perfil generalista da formação de arquiteto urbanista, 

ou optativa) 

(arquitetura 
(obrigatória 

Abordagem 

CH Teórica 
Instituição 

CH Prática 
(restauro, 
no  Brasil,  apontada  nas  Diretrizes  Curriculares  Nacionais,  e  a  autonomia  das  escolas  para 

Disciplina 

Natureza 

CH Total 

Período 
definirem  os  seus  conteúdos  de  acordo  com  as  características  regionais,  encontram‐se 

Escala 

e/ou
consideráveis  diferenças  no  que  se  referem  à  carga  horária,  aos  métodos  e  aos  conteúdos 
empregados, sobretudo, no que tange a aplicação dos conteúdos do patrimônio cultural no  UFRN  Preservação  e  Técnicas  Obrigatóri A/U Tectônica 45h 45h 90h  7 
exercício do projeto.  Retrospectivas  a 

Nas  Diretrizes  Curriculares  existem  muitas  menções  às  questões  relacionadas  com  o  UFRN  Planejamento  e  Projeto  Obrigatóri U Projeto/patr 45h 45h 90h  7 
patrimônio  histórico.  Os  projetos  pedagógicos  dos  cursos  deverão  incluir  entre  muitos  Urbano e Regional V  a  imônio 
aspectos  a  concepção  e  composição  das  atividades  complementares  como  o  objetivo  de 
compreender e traduzir demandas sociais com respeito à concepção do espaço arquitetônico  UFRN  Projeto de Arquitetura V Obrigatóri A Projeto/patr 45h 45h 90h  7 
e urbanístico, tendo em conta a conservação e a valorização do patrimônio construído, bem  a  imônio 
como  a  proteção  do  equilíbrio  ambiental.  Os  cursos  deverão  adotar  como  princípio  a 
UFPE  Intervenções  em  Sítios  Obrigatóri A/U Projeto/patr 120 9 
valorização e a preservação da arquitetura, do urbanismo e da paisagem como patrimônio. O  Históricos  a  imônio  h 
perfil do egresso deverá contemplar, além de uma sólida formação generalista, a capacidade 
para  atuar  na  conservação  e  valorização  do  patrimônio  construído.  As  competências  e  as  UFPE  Técnicas Retrospectivas Optativa A/U Tectônica 60h  9 
habilidades desenvolvidas nos estudantes devem prever a prática projetual e a capacitação 
para  resolução  de  problemas,  visando  soluções  tecnológicas  para  a  preservação,  UFRG Técnicas Retrospectivas Obrigatóri A/U Tectônica 30h 0h 30h  9 
S  a 
conservação, restauração, reconstrução, reabilitação e reutilização de edificações, conjuntos 
e  cidades.  Os  conteúdos  curriculares  dos  cursos  deverão  contemplar  as  Técnicas  UFM Patrimônio Cultural Obrigatóri A/U Planejament 45h 0h 45h  7 
Retrospectivas,  em  que  se  evidencia  a  necessidade  de  se  explorar  os  conteúdos  do  G  a  o/Teoria 
patrimônio no curso. 
UFM Técnicas Retrospectivas Obrigatóri A Tectônica 5h 40h 45h  6 
Os  conteúdos  do  patrimônio  cultural  definidos  nas  Diretrizes  Curriculares,  no  âmbito  do 
G  a 
ensino,  podem  ser  dispostos  em  atividades  práticas  e  teóricas.  Portanto,  além  de  aulas,  a 
produção em ateliê, as visitas a canteiros de obras, as pesquisas e extensões, bem como as  UnB  Projeto  de  Arquitetura  e  Obrigatóri A/U Projeto/patr 60h 60h 120 8 
viagens  de  estudo  para  o  conhecimento  de  obras  arquitetônicas,  de  conjuntos  históricos,  Urbanismo  VIII  (Técnicas  a  imônio  h 
tem sido adotadas em muitas escolas como estratégias de ensino. Contudo, a carga horária  Retrospectivas) 
dos  componentes  curriculares  dedicados  a  matéria  ainda  revela  como  cada  escola  tem 
USP  Conservação  e  Restauração  Optativa A Restauração 60h 0h 60h  ‐ 
tratado o tema. Em síntese, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de arquitetura 
do Patrimônio Arquitetônico 
e  urbanismo,  no  Brasil,  reafirmam  conteúdos  de  patrimônio  e  sugerem  atividades 
extraclasses ligadas ao tema, mas, sobretudo, apontam para a aplicação destes conteúdos no  USP  Técnicas  Retrospectivas,  Obrigatóri A/U Tectônica 60h 0h 60h  5 
projeto,  seja  de  arquitetura,  urbanismo  ou  paisagismo.  A  seguir,  passaremos  ao  quadro  Estudo  e  Preservação  dos  a 
encontrado  no  Brasil  naquilo  que  se  refere  ao  formato  destes  conteúdos  nas  Estruturas  Bens Culturais 
Curriculares estudadas. 
UFBa  Técnicas Retrospectivas Obrigatóri A Tectônica 34h 34h 68h  6 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  517   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 518 

a Ao  observarmos  a  carga  horária  dedicada  aos  conteúdos  de  patrimônio  cultural  entre  as 
disciplinas obrigatórias e optativas constantes nas estruturas curriculares das IES estudadas 
UFBa  Ateliê IV  Obrigatóri A/U  Projeto/patr 136 272 408 7
percebemos  que  Instituições  que  não  tiveram  expressão  nas  análises  anteriores  –  como 
a  imônio  h  h  h 
UFPE, UnB e USP –, agora, aparecem com relativo destaque, justamente, porque concentra 
UFRJ  Arquitetura Museus Centros  Optativa  A  Projeto/patr 30h 15h 45h ‐ em algumas disciplinas uma carga horária considerável. A Tabela 01 revela que os cursos de 
Culturais  imônio  arquitetura e urbanismo da UFRJ, da UFBa, assim como da UFRN apresentam, oficialmente, 
expressiva carga horária dedicada a conteúdos ligados ao patrimônio cultural. 
UFRJ  Ateliê Integrado II Obrigatóri A/U  Projeto/patr 30h 0h 30h 8
Tabela 01 – Carga horária total (obrigatórias e optativas) de patrimônio por IES 
a  imônio 

UFRJ  Conservação  e  Restauro  do  Obrigatóri   Restauração 30h 0h 30h 8


Patrimônio Cultural  a 

UFRJ  Projeto Urbano II Obrigatóri U  Projeto/ 90h ‐


a   
Patrimônio  Observação: Os dados utilizados consideram a hora aula adotada por cada IES, que podem variar de 45 a 60 minutos (hora‐
aula estabelecida pelo MEC). 
UFRJ  Metodologia  de  Projeto  de  Optativa  A  Restauração,  60h ‐
Fonte: Andrade, 2012. 
Restauro  Projeto/ 
A  Figura  02  ilustra  a  relação  de  oferta  de  carga  horária  dedicada  aos  conteúdos  de 
Patrimônio  patrimônio cultural pelos cursos de Arquitetura e Urbanismo, entre as IES estudadas, e revela 
UFRJ  Políticas  de  Preservação  Optativa  U  Políticas  30h 0h 30h ‐ que  com  poucas  exceções,  em  geral,  as  instituições  oferecem  uma  carga  horária  acima  de 
Cultural no Brasil  públicas  100 horas‐aula, chegando as mais destacadas a uma média de 400 horas‐aula1. 
Figura 02 – Gráfico da carga horária dedicada ao patrimônio por IES 
UFRJ  Preservação  de  Centros  Optativa  U  Tectônica 30h 0h 30h ‐
Históricos 

UFRJ  Renovação  e  Preservação  Optativa  U  Tectônica 30h 30h 60h ‐


Urbana 

UFRJ  Tecnologia  da  Conservação  Optativa  A  Tectônica,  30h 0h 30h ‐


e Restauro de Arquitetura  Restauração 

Fonte: Andrade, 2012. 

Observamos  que  a  quantidade  de  disciplinas  obrigatórias  oferecidas  por  cada  IES 
investigada, em uma observação comparativa, é bastante baixo, sendo mais de 50% das IES 
com uma média de uma a duas disciplinas do total de disciplinas dedicadas ao patrimônio   
cultural ofertadas nas estruturas curriculares dos Cursos. Destacam‐se a UFRN (3 disciplinas)  Fonte: Andrade, 2012. 

e UFRJ (3 disciplinas). Quando consideramos a quantidade de disciplinas optativas dedicadas  Com  respeito  ao  período  (semestre  letivo)  onde  se  encontram  as  disciplinas  obrigatórias 
ao  patrimônio  a  UFRJ  ganha  destaque  com  seis  eletivas.  Quando  somamos  o  número  de  dedicadas  aos  conteúdos  de  patrimônio  cultural  nas  Estruturas  Curriculares  estudadas,  os 
obrigatórias e de optativas, essa Instituição apresenta nove disciplinas voltadas para o tema.  resultados apresentados (Figura 03) nos permitem fazer algumas considerações.  
Se  considerarmos  que,  em  geral,  a  oferta  de  disciplinas  optativas  tem  relação  com  a 
Figura 03 – Gráfico da frequência de disciplinas obrigatórias de patrimônio por período. 
formação  do  corpo  docente  e,  consequentemente,  com  as  pesquisas  realizadas  na 
Instituição,  esse  dado  revela  uma  importante  vocação  da  referida  Universidade  para  o 
patrimônio  cultural  em  arquitetura  e  urbanismo.  Naturalmente,  a  quantidade  é  um  dado, 
que  revela  apenas  um  aspecto  da  realidade  e,  certamente,  fará  mais  sentido  depois  de                                                              
apresentados outros resultados.  1
 Um estudo posterior pode identificar outras relações se considerados o que esses valores significam em termos de dados 
proporcionais com relação a carga horária de cada curso. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 519   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  520 

coerente esforço das IES pesquisadas para relacionar os conteúdos teóricos do tema com as 
competências  e  habilidades  a  serem  desenvolvidas  na  formação  do  arquiteto  e  urbanista, 
conforme  apontado  pelas  Diretrizes  Curriculares  nacionais  dos  cursos  de  arquitetura  e 
urbanismo.  Por outro  lado, se considerarmos apenas o percentual de  disciplinas ligadas ao 
projeto, um pouco mais de 40%, verificamos que ainda é pequena a abordagem em que o 
tema é tratado de forma integrada com o exercício projetual. Ou seja, em muitas escolas, os 
conteúdos da matéria (patrimônio) ainda estão, de certo modo, fragmentados nas estruturas 
curriculares dos CAU investigados. 
O  breve  panorama  apresentado  revela,  por  um  lado,  que  algumas  escolas  ainda, 
simplesmente, cumprem as recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais do Cursos 
de Arquitetura e Urbanismo, com respeito aos conteúdos do patrimônio aplicados a prática 
do  projeto.  Por  outro  que  algumas  escolas  têm  oferecido  uma  expressiva  carga‐horária  e 
 
espaços  de  síntese  em  que  os  conteúdos  são  abordados  com  carga  horária  prática  de 
Fonte: Andrade, 2012. 
projeto. A seguir, procederemos a uma breve síntese das situações encontradas. 
Do universo estudado, 100% das disciplinas obrigatórias identificadas dedicadas ao ensino de 
patrimônio  são  ofertadas  entre  o  5º  e  9º  períodos,  sendo  mais  de  70%  desse  total 
concentradas no 7º e 8º períodos. Se considerarmos a lógica encontrada na maior parte dos  5 QUANDO O PROJETO E O PATRIMÔNIO SE ENCONTRAM EM UM
Projetos Pedagógicos atuais de que o nível de complexidade dos problemas a serem tratados 
nos  cursos  superiores  de  arquitetura  e  urbanismo  aumenta  do  início  para  o  fim,  podemos  MESMO COMPONENTE CURRICULAR: O ATELIÊ COMO
concluir  que  as  disciplinas  ligadas  ao  tema  (Patrimônio  Cultural)  têm  sido  consideradas  REFERÊNCIA PARA O ENSINO DE PROJETO EM ACPC
matérias  que  exigem  uma  carga  de  conhecimentos  prévios  maior  do  que  outros 
componentes curriculares, sendo, portanto, em geral, consideradas mais complexas do que  Considerando a realidade das estruturas curriculares dos cursos de arquitetura e urbanismo 
outras.  brasileiros  (organizados  em  disciplinas  e  com  estrutura  seriada),  entendemos  o  ateliê  de 
Seguindo  com  essas  análises,  naturalmente,  quando  nos  referimos  aos  conteúdos  de  projeto  como  o  componente  curricular  com  carga  horária  prática  de  projeto,  tendo  uma 
patrimônio  cultural  identificados,  inevitavelmente,  lidamos  com  uma  considerável  carga  horária  maior  que  a  média  de  outras  disciplinas  e  onde  são  desenvolvidos  pelos 
diversidade  de  abordagens.  Desse  modo,  para  tratar  essas  variações  sobre  o  mesmo  tema  estudantes  exercícios  projetuais  auxiliados  por  professores  com  abordagens  de 
enquadramos  as  disciplinas  encontradas  nas  seguintes  categorias:  1) Tectônica  (técnicas  conhecimento  distintas  –  teoria  e  história  da  preservação,  e  da  arquitetura  e  urbanismo; 
recentes; técnicas tradicionais); 2) Projeto/patrimônio (disciplinas com carga horária prática  representação  gráfica;  materiais  de  construção;  estruturas;  legislações  e  normativas  etc.  –, 
de  projeto  em  ACPC  que  exercitem  tipos  de  intervenção  diferentes  do  restauro);  sendo os conteúdos dirigidos para o objetivo da intervenção no espaço. 
3) Planejamento/Teoria  (políticas  públicas;  estratégias  de  ação:  renovação,  reabilitação,  Constatamos  que  os  cursos  que  incluem,  em  suas  estruturas  curriculares,  disciplinas 
revitalização  e  conservação  urbana);  e  4) Restauração  (teorias  e  procedimentos  projetuais  obrigatórias  com  carga  horária  prática,  ou  seja,  em  formato  de  ateliês  de  projeto,  com  o 
específicos). Ao consideramos a frequência com que as referidas abordagens aparecem entre  objetivo de abordar o ensino do patrimônio cultural, além de formalizar a oportunidade de 
as 22 disciplinas investigadas, verificamos que o projeto/patrimônio e a tectônica destacam‐ síntese  das  questões  de  projeto  em  ACPC,  respondem  adequadamente  aos  princípios 
se com nove menções  cada uma1. Outra  observação que pôde ser feita refere‐se  ao maior  teórico‐pedagógicos,  destacado  por  Schon  (2000),  do  aprender  a  projetar  projetando.  São, 
número de abordagens do projeto/patrimônio (9) com relação à restauração (4). Esse dado  ainda,  coerentes  com  as  recomendações  das  Diretrizes  Curriculares,  com  o  documento 
revela  o  óbvio,  mas  importante,  entendimento  de  que  o  projeto  em  ACPC  não  consiste,  “Perfil da Área e Padrões de Qualidade” e com a habilitação atribuída ao egresso no sistema 
apenas, em práticas e teorias de restauro, mas em uma grande variedade de outros tipos de  de ensino superior brasileiro1. 
intervenção. 
Com  base  nas  análises  feitas  podemos  verificar  (Figura  04),  formatos  de  ateliês  de  projeto 
Com  base  nesses  mesmos  dados,  as  abordagens  projeto/patrimônio  e  tectônica,  juntas,  adotados em quatro escolas estudadas na pesquisa (UFRN, UFPE, UFBA, UnB). 
somam mais de 80% do total. Considerando que os conteúdos teóricos e humanísticos estão 
                                                            
intrinsecamente  ligados  a  essas  abordagens,  podemos  concluir  que  esse  dado  revela  um 
1
                                                             Conforme pode ser visto na Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010, que regulamenta o exercício
da Arquitetura e Urbanismo, cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR e os
1
 O número de abordagens supera o número de disciplinas porque algumas apresentam mais de uma  Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal – CAU, e dá outras
abordagem.  providências.
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  521   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  522 

Figura 04 – Esquema dos modelos de integração dos conteúdos de projeto e patrimônio nos cursos de Arquitetura e  convergência  de  saberes  e  práticas,  significa,  além  de  uma  forma  de  consolidação  dos 
Urbanismo de quatro IES brasileiras 
conhecimentos  prévios  dos  estudantes,  uma  maneira  de  dirimir  dificuldades  dos  alunos, 
relacionadas a: insuficiências de conhecimentos, desinteresses pela história da arquitetura e 
urbanismo, bem como influências negativas da “cultura do novo” em detrimento dos valores 
intrínsecos ao patrimônio cultural das cidades. 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que o formato do ateliê, entendido como uma disciplina de projeto com maior 
carga horária (acima de 90h), sendo parte dela dedicada às atividades práticas, que trata da 
matéria  do  patrimônio  cultural  em  distintas  escalas  de  reflexão  é  um  adequado  meio  de 
ensino  do  projeto  de  arquitetura  e  urbanismo  aplicado  ao  patrimônio  cultural.  No  país, 
pudemos identificar cinco ateliês de projeto, que, de algum modo, se enquadram em uma ou 
mais de uma situação acima identificada, são eles: Projeto de Arquitetura V e Planejamento 
e  Projeto  Urbano  e  Regional  V  (UFRN),  Intervenção  em  Sítios  Históricos  (UFPE),  Ateliê  IV 
(UFBa)  e  Projeto  de  Arquitetura  e  Urbanismo  VIII  (UnB).  Esses  constituem  exemplos  que 
  podem  servir  de  parâmetro  para  algumas  reflexões  sobre  o  ensino,  teoria  e  prática 
Fonte: SILVA, H. de A. 2012.  metodológicas e pedagógicas do projeto em ACPC. Essas conclusões suscitam reflexões sobre 
Constatamos que, em algumas estruturas curriculares, os conteúdos de patrimônio cultural,  formatos possíveis de abordagens do tema, no contexto acadêmico de ensino de arquitetura 
além de cumprirem  as  exigências  legais  e normativas com respeito  aos  conteúdos  teóricos  e  urbanismo,  mas,  sobretudo,  nos  aponta  algumas  pistas  no  sentido  de  preservarmos  um 
são  ofertados  de  maneira  aplicada  ao  projeto,  em  disciplinas  com  carga  horária  prática  e  ambiente  acadêmico  de  ensino  propício  e,  de  certo  modo,  ameaçado  por  pressões  mais 
abordadas na escala da arquitetura e do urbanismo, aspectos que, certamente, favorecem o  amplas,  materializadas  na  redução  da  carga  horária  de  cursos  de  graduação  e  de 
ensino‐aprendizagem da matéria. Em síntese, o diagrama (Figura 05) mostra que o ateliê de  componentes curriculares, bem como no aumento da relação professor/aluno nos Cursos. 
projeto de arquitetura e urbanismo que incorpora os conteúdos do patrimônio em diferentes 
abordagens  (teóricas,  históricas,  políticas,  sociais,  econômicas,  técnicas  e  estruturais)  e  REFERÊNCIAS
metodologias,  revela‐se  bastante  adequado,  quando  consideramos  os  propósitos  de 
desenvolver,  as  já  mencionadas,  habilidades  e  competências  propícias  para  a  formação  do  ANDRADE, Heitor. Projeto em áreas consolidadas de patrimônio cultural: diretrizes para a construção de uma 
arquiteto e urbanista.   metodologia de ensino (título provisório de tese em fase de conclusão). PPGAU/UFRN. Natal, 2012. 
Figura 05 – Esquema do Ateliê de projeto em ACPC: teorias e práticas  ANDRADE, Heitor; VELOSO, Maísa. O Patrimônio Histórico em Contexto de Integração Curricular: uma 
experiência de ensino de projeto arquitetônico e urbanístico em ambientes históricos. 2008, João Pessoa. XXVI 
ENSEA ‐ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo.  
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Fonte: SILVA, H. de A. 2012. 
Grande do Norte. Natal, 2012. 
O  princípio  do  ateliê  de  projeto  em  ACPC,  que  consiste  no  próprio  sentido  do  espaço  de 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Utilização de Mapas Conceituais para o Ensino da Disciplina de  ferramenta roda no sistema operacional Windows XP e Vista 7 (HEMERO, 2012); 
Desenho Técnico I   VectorWorks é um sistema CAD desenvolvido pela NemetschekVectorworks que permite 
a  integração  do  desenho  e  da  planilha  de  custo  de  uma  edificação.  O  Vector  Works  é 
Emanuela Cristina Montoni da SILVA  compatível  com  os  seguintes  sistemas  operacionais  Windows  e  Macintosh  (BRAULT, 
Centro Universitário‐ CESMAC; [email protected]  2012), etc. 
Roberta Vilhena Vieira LOPE   REVIT  é  um  sistema  para  arquitetura,  desenvolvida  pela  Autodesk  para  modelagem  de 
Universidade Federal de Alagoas; [email protected]  informação de construção. 
Fábio Paraguaçu Duarte da COSTA 
Universidade Federal de Alagoas; [email protected]   As ferramentas CAI usualmente, apresentam um conjunto de problemas projetados para 
  aumentar  o  desempenho  do  aluno  em  domínios  baseados  em  habilidades,  como 
aritmética e recuperação de vocabulário, sendo que a instrução não era individualizada 
RESUMO  para as necessidades dos mesmos. Servindo de meio para transmissão de conhecimento 
Este trabalho apresenta como a adoção de mapas conceituais, para auxiliar o processo de ensino‐aprendizagem 
da  disciplina  desenho  técnico  I,  podendo  melhorar  a  percepção  dos  alunos  de  cursos  de  Arquitetura  e 
de  caráter  sequencial,  previamente  determinadas  pelo  professor  e  sem  considerar  a 
Urbanismo e Engenharias ou áreas afins sobre a captação de conhecimento da disciplina de desenho de plantas  forma  de  aprendizagem  individual  dos  alunos(DBLP:journals/ml/CarbonaraS99)  
baixas, considerando que ele só poderá utilizar os conceitos e relações fornecidas pelo professor que estejam  (DBLP:conf/semweb/ReulPS11). 
em concordância com o conteúdo ministrado pelo mesmo até o momento. 
 As  opiniões  dos  professores  brasileiros  quanto  a  adoção  ou  não  de  ferramentas 
PALAVRAS‐CHAVE:Ambientes de Aprendizagem Significativa. Mapa Conceitual. Desenho Técnico. 
computacionais  na  sua  prática  pedagógica  varia  entre  aqueles  que  afirmam  ser  o 
  computador  responsável  pela  inibição  da  criatividade  dos  seus  alunos  (BACKES,  2002), 
até os que acreditam ser o computador um poderoso aliado para o desenvolvimento de 
práticas pedagógicas dinâmicas e prazerosas (GRIZ, 2007; BARROS, 2007). 
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo verificar de modo quantitativo se o ensino organizado e 
Na  prática  pedagógica  da  disciplina  desenho  técnico,  hoje  em  dia  verifica‐se  uma  conduzido  conforme  os  pressupostos  da  teoria  de  Ausubel  favorece  a  aprendizagem 
predominância  do  uso  das  ferramentas  computacionais  de  modelagem  CAD  (Computer  significativa dos conteúdos disciplinares da disciplina Desenho Técnico I. 
AidedDesign) e instrucionais CAI ({Computer AidedInstruction), fazendo a associação de uma 
dada modelagem a um conjunto de recursos instrucionais. 
2 O MAPA CONCEITUAL
As  ferramentas  CAD  oferecem  inúmeras  opções  em  seu  menu  para  se  criar  edificações 
(planta  baixa,  cortes,  fachadas,  plantas  elétrica  e  hidráulicas)  sem  uso  dos  instrumentos  Em 1960, um professor da Universidade de Cornell chamado Prof. Joseph D. Novak, propôs 
tradicionais  como  régua,  esquadro,  compasso  e  borracha.  Entre  as  ferramentas  CAD  uma  forma  de  representação  gráfica,  denominada  mapa  conceitual,  para  representar  a 
desenvolvidas para auxiliar o projeto de edificações têm‐se:  estrutura cognitiva e ilustrar as formas de aprendizagem descrita na teoria da Aprendizagem 
Significativa  de  Ausubel.  Novaka  achava  que  o  uso  de  mapas  conceituais  na  sala  de  aula 
 AutoCad  criado  e  comercializado  pela  Autodesk  desde  1982,  usado  para  o  desenho  de  poderia ajudar o processo de aprendizagem significativa do aluno ao exibir de forma clara a 
edificações em duas dimensões (2D) e três dimensões (3D), podendo rodar nos sistemas  semântica de unidade, articulação, subordinação e hierarquização dos conhecimentos sobre 
operacionais  Microsoft  Windows,  Mac  Os  e  UNIX.  Sendo  amplamente  utilizado  em  determinado assunto programático (NOVAK, 1996). 
arquitetura,  design  de  interiores,  engenharia  civil,  engenharia  mecânica,  engenharia  Dependendo  da  maneira  como  a  construção  do  mapa  conceitual  é  realizada  ela  pode 
geográfica, engenharia elétrica e em vários outros ramos da indústria (CHING, 2011);  favorecer  a  relação  professor‐aluno,  aluno‐aluno  e  professor‐turma,  ao  permitir  que  estes 
 ArchiCad é uma ferramenta de desenho técnico voltada exclusivamente para a construção  sujeitos  compartilhem  uma visão  integrada  e  clara  dos  seus  conhecimentos  e  das  relações 
de desenho usados nos cursos de arquitetura, desenvolvido pela Graphisoft para rodar  existentes entre estes conhecimentos. 
no  sistema  operacional  Linux,  permite  a  visão  de  desenhos  em  duas  e  três  dimensões  A  utilização  de  mapas  conceituais  no  processo  de  ensino‐aprendizagem  permite  a 
(MACKENZIE, 2011);  combinação do modelo sócio‐construtivismo, que visa à troca de conhecimentos pelo grupo, 
 ArchiStation sistema desenvolvido por Hemero Software Ltda para auxiliar o profissional a  com  o  modelo  construtivista‐cognitivo,  que  trabalha  a  ação  do  aluno  na  reconstrução  do 
criar rapidamente projetos de edificações em três dimensões (3D), permitindo além das  conhecimento aprendido.  
funcionalidade de desenho de edificação presentes no AutoCad e ArchiCad a avaliação e  Mas para que os alunos compartilhem um mesmo mapa conceitual sobre qualquer assunto 
apresentação  dos  projetos  através  de  passeios  virtuais  e  imagens  renderizadas.  Esta  faz‐se necessário primeiro a identificação da estrutura cognitiva comum a todos os alunos de 
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uma determinada classe, para depois através de um processo  de exposição e discussões, a  Figura 1 ‐Mapa Conceitual dos números 


estrutura  cognitiva  comum  aos  alunos  seja  acrescida  de  novos  conceitos  ou  relações, 
resultando em uma aprendizagem significativa coletiva de maior magnitude.  
O  mapa  conceitual  de  um  assunto  pertencente  ao  conteúdo  programático  de  uma 
determinada disciplina é um dígrafo D=(C,R) conexo, onde os conjuntos C e R são:  
 C ‐ conjunto não vazio de conceitos apresentados; 
 R ‐ conjunto das relações r contidas no conteúdo programático entre dois conceitos. 
Um elemento deste conjunto é uma n‐termo (c1,r,c2), com c1, c2 Î C. E satisfaz as seguintes 
restrições: 
" r= (ci, cj) Î R ( $1 r= (ci, cj)) 
caminho(R)= { < r1, r2, r3, ... , rn> | " r Î { r1, r2, r3, ... , rn } ( r Î R Ú r Î R ) } 
" ci, cj Î C ( $ <ci, ... , cj> Î caminho(R)) 
Por exemplo, o mapa conceitual dos tipos numéricos básicos da matemática, considerando 
 
que  o  número  é  um  objeto  da  matemática  usado  para  descrever  quantidade,  ordem  ou 
Fonte: Silva, 2012. 
medida. O conceito de número provavelmente foi um dos primeiros conceitos matemáticos 
assimilados pela humanidade no processo de contagem. 
Para isto, os números naturais eram um bom começo. O trabalho dos matemáticos nos levou  3 METODOLOGIA
a  descobrir  outros  tipos  de  números.  Os  números  inteiros são  uma  extensão  dos  números 
naturais  que  incluem  os  números  inteiros  negativos.  Os  números  racionais,  por  sua  vez,  A  comparação  quantitativa  que  será  apresenta  é  de  caráter  experimental,  envolvendo  dois 
incluem  frações  de  inteiros.  Os  números  reais  são  todos  os  números  racionais  mais  os  grupos  de  alunos  do  primeiro  ano  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  do  Centro 
números irracionais.  Universitário‐CESMAC  e  basear‐se  no  uso  de  exercícios  de  avaliação  a  aprendizagem  dos 
alunos dos dois grupos: denominados de grupo, tradicional e grupo significativo. Os alunos 
O  conjunto  dos  números  naturais    é  formado  pela  constante  zero  e  pela  função  do  Grupo  Tradicional  (GT)  foram  apresentados  aos  assuntos  do  conteúdo  programático  da 
sucessorsuc:   ®  , onde 1 = suc(0) e 3 = suc(suc(suc(0))). O conjunto dos números inteiros    disciplina  segundo  a  metodologia  de  ensino  instrucionalista  sem  uso  de  ferramentas 
é  formado  pelos  elementos  pertencentes  ao    e  pelos  números  simétricos  aos  números  computacionais.  Enquanto  para  os  alunos  do  Grupo  Significativo  (GS)  foi  adotada  a 
naturais, ou seja, o conjunto formado por {...,‐3,‐2,‐1}. Dois números x e y são simétricos, se  metodologia  de  ensino  construtivista,  com  uso  de  organizadores  prévios  e  da  ferramenta 
e  somente  se,  x+y=0.  O  conjunto  dos  números  racionais  ℚ  é  formado  pelo  conjunto  das  computacional CMAP TOOLS. 
frações x/y, com x pertencente ao  , e y pertencente ao   diferentes de zero.O conjunto dos 
números  reais    é  formado  pela  união  do  conjunto  dos  números    com  o  conjunto  dos  O  material  didático  utilizado  pelos  alunos  foi  a  apostila  elaborada  pelo  professor  da 
números irracionais ℚ.  disciplina, o que estabelecia certos limites para o trabalho em sala de aula. Todavia, mesmo 
assim, existiam espaço e apoio institucional para que os professores introduzissem algumas 
A  partir  do  trecho  acima  sobre  os  tipos  numéricos  pode‐se  identificar  o  conjunto  de  variações  e/ou  inovações  na  prática  docente  em  sala  de  aula,  seja  um  recurso  didático 
conceitos  presentes  neste  conteúdo  é  C  =  {Número,  Natural,  Inteiro,  Racional,  Real}.  diferente, seja realizando uma dinâmica a partir de fatos do cotidiano, etc.  
Enquanto  as  relações  binárias  envolvidas  neste  conteúdo  são:  C  =  {(Número,tem  tipos, 
Natural),  (Número,tem  tipos,  Inteiro),  (Número,tem  tipos,  Racional),  (Número,tem  tipos,  A  preferência  pelos  alunos do  primeiro  ano  deve‐se  aos  seguintes  fatores: os  alunos  ainda 
Real),  (Real,  contem,  Racional),  (Racional,  contem,  Inteiro),  (Inteiro,  contem,  Natural)}.  não haviam tido contato com o conteúdo mais sistemático da disciplina Desenho Técnico; e a 
Conduzindo a construção do mapa conceitual da Figura 1.  importância  do  conteúdo  da  disciplina  Desenho  Técnico  para  os  aluno  do  curso  de 
Arquitetura  e  Urbanismo,  uma  vez  que  este  apresentasse  como  pré‐requisito  para  várias 
   
outras disciplinas da grade curricular do curso.  
A  escolha  dos  alunos  de  cada  grupo  utilizado  nesta  pesquisa  baseou‐se  na  tentativa  de 
construir  dois  grupos  compostos  por  alunos  de  perfil  acadêmico  similares.  Isso  para  evitar 
questionamentos com relação o grau de conhecimento acadêmico dos alunos que compõe 
os grupos. Uma prova foi aplicada a todos os alunos que participaram da pesquisa, afim de 
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verificar  alguns  conhecimentos  de  nível  mais  geral  relacionados  com  a  área  de  geometria.  quem  quer  recuperar a  menor  nota obtida (se  esta  for  inferior  a  7.0).  O conteúdo da  1AV, 
Em seguida, foram formados os dois grupos com o mesmo número de alunos e as mesmas  2AV, 3AV é o assunto apresentado na sala de aula antes da prova e que não foi cobrado em 
competências acadêmicas.   nenhuma outra prova. Enquanto o conteúdo da prova de Reposição é todo o assunto visto 
durante todo o semestre.  
As  questões  da  prova  de  sondagem  foram  corrigidas  considerando  os  seguintes  critérios  e 
valores, estabelecidos no Quadro 1 abaixo.  As provas foram conduzidas da seguinte forma: o professor entrega aos alunos uma planta 
Quadro 1 –Critérios de Correção  baixa, o grupo tradicional deveria fazer seu desenho como tinha sido exposto pelo professor 
em  sala  de  aula,  enquanto  o  grupo  significativo  deveria  primeiro  construir  um  mapa 
critério  ponto 
conceitual  da  planta  baixa,  para  em  seguida  de  posse  da  planta  baixa  fornecida  pelo 
 Resposta correta  1  professor e do mapa conceitual construído pelo aluno ser realizado o desenho da planta pelo 
Resposta parcialmente  0,5  aluno.  
correta 

Resposta Incorreta  0  5 EXEMPLO DE UMA AVALIAÇÃO REALIZADA PELOS ALUNOS DO


Fonte: Elaborado pelo autor.  GRUPO SIGNIFICATIVO
A dinâmica das aulas nos grupos tradicional e significativo da pesquisa, as quais seguiram a 
O  professor  solicitou  aos  alunos  que  pegassem  a  planta  baixa  construída  baseada  nos 
ementa  da  disciplina  Desenho  Técnico  I  da  Instituição  de  Ensino‐CESMAC.  Para  o  grupo 
conceitos aprendidos de mapa conceitual e dirigissem a prancheta para executar o desenho 
tradicional  distribuição  de  material  para  o  conteúdo  a  ser  trabalhado,  apresentação  do 
da planta baixa correspondente ao mapa. Ao término desta atividade os alunos entregaram 
conteúdo, realização de exercícios para fixar o conteúdo ministrado e avaliação. Enquanto no 
ao professor seu desenho juntamente como o mapa conceitual. 
grupo  significativo  a dinâmica  das  aulas obedeceu ao  seguinte  planejamento:  introdução  a 
teoria  dos  mapas  conceituais,  apresentação  da  ferramenta  CMAP  TOOLS,  distribuição  do  De  posse  da  planta  baixa  do  aluno  e  do  seu  mapa  conceitual,  o  professor  analisa  se  o 
material,  introdução  do  organizador  prévio  e  o  desenho  de  edificações  baseada  na  sua  processo de aquisição de conhecimento por parte dos alunos de sua turma foi satisfatório, 
percepção significativa, análise do processo de ensino e aprendizagem, e avaliação.  permitindo  que  o  professor  de  prosseguimento  no  conteúdo  programático  da  disciplina, 
através  da  apresentação  do  próximo  assunto.  Caso  a  análise  do  processo  de  ensino  e 
aprendizagem não seja satisfatória o professor deverá reapresentar o assunto sobre um novo 
4 A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM enfoque. 
USADO NA PESQUISA Os  alunos  do  grupo  significativo  se  comportaram  durante  a  realização  das  avaliações  da 
pesquisa da seguinte forma: Ao receber uma planta os alunos iniciaram o processo de leitura 
No decorrer do desenvolvimento da metodologia de aula, deverá ser aplicado um conjunto  da planta isolando cada compartimento dessa planta, através de estudos feito anteriormente 
de  atividades  com  a  finalidade  de  avaliar  se  os  conteúdos  da  disciplina  Desenho  Técnico  I,  de mapa conceitual, como se fossem blocos separados, mas interligados ao mesmo tempo, 
principalmente  os  conceituais  e  relações  entre  os  mesmos  foram  aprendidos  de  forma  posteriormente  os  blocos  tinham  uma  conexão  dependendo  da  necessidade  do  projeto, 
significativa  pelos  alunos.  Como  preconiza  a  Teoria  de  Aprendizagem  Significativa,  a  tendo como resultado final a planta baixa concluída, através do processo de construção do 
aprendizagem ocorre no momento em que o sujeito é capaz de relacionar os conhecimentos  conhecimento. Segue abaixo nas figuras 02, 03, 04. 
ensinados,  com  um  aspecto  relevante  existente  em  sua  estrutura  cognitiva,  esta  relação  é     
dita substantiva e não‐arbitrária. 
Considera‐se que a avaliação dos resultados  do processo de ensino e aprendizagem é uma 
tarefa  complexa.  Para  efeito  desta  investigação,  limitou‐se  a  avaliação  da  aprendizagem 
conceitual  através  da  sua  projeção  no  desenho  de  uma  edificação  realizado  pelos  alunos, 
com o intuito de minimizar as alterações na dinâmica das provas já previstas pela Instituição 
ao  qual  foi  trabalhada‐CESMAC  (Centro  Universitário),  optou‐se  em  considerar  as  mesmas 
provas para a avaliação da presente pesquisa.  
As  provas  previstas  no  calendário  da  Universidade  são:  primeira  avaliação  (1AV),  segunda 
avaliação  (2AV),  terceira  avaliação  (3AV)  e  depois  a  prova  de  Reposição.  Na  elaboração 
dessas  provas,  foram  utilizadas  questões  que  envolviam  os  assuntos  ministrados  durante 
cada mês. A prova de Reposição é destinada ao aluno que perdeu alguma avaliação ou para 
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Figura 2 –Planta Baixa   Figura 4 –Mapa Conceitual da Planta Baixa 

 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Na figura acima é uma Planta Baixa que os alunos tiveram que desenvolver toda a planta no 
final das realizações das atividades.  Na  figura  acima  (Figura  4),  foi  utilizado  a  conceituação  de  Planta  Baixa  utilizando  o  mapa 
conceitual para desenvolver o processo de descrição dos elementos gráficos de cada bloco. 
Figura 3 –Desmembramento da Planta Baixa 
Depois os alunos vão ao computador e verificavam se suas observações estavam de acordo 
com o mapa conceitual construído pelo professor para a referida planta. 
Por  fim,  com  o  mapa  conceitual  e  a  planta  baixa  na  mão,  os  alunos  foram  a  prancheta  e 
realizaram o desenho da planta. 

6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS GRUPOS

Na  tabela  abaixo  são  apresentados  os  dados  resultantes  do  cálculo  da  média  das  notas 
obtidas em cada grupo. Uma comparação entre os resultados dos dois grupos mostra que o 
desempenho dos alunos do grupo construtivista foi melhor em relação aos alunos do grupo 
tradicional,  pois  as  médias  do  grupo  construtivista  foram  maiores  às  médias  do  grupo 
tradicional  em  todas  as  provas  aplicadas,  sendo  a  diferença  de  rendimento  do  alunos  do 
grupo significativo de 16,17% a maios do que o rendimento dos alunos do grupo tradicional. 
Quadro 2 – Das médias das notas obtidas pelos grupos nas provas 

Prova  1AV  2AV  3AV 

  Grupo Tradicional  6,0   7,5  8,0 


Fonte: Elaborado pelo autor.  Grupo Significativo  7,0  8,5  9,0 

Na  (figura  03)  acima,  os  alunos  através  da  conceituação  de  Planta  Baixa  conseguiram  Fonte: Elaborado pelo autor. 

desmembrar cada compartimento da edificação.  As Plantas Baixas são corrigidas observando o todo o desenho analisando os seguintes itens: 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  531   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  532 

traço do desenho ‐ dois pontos; desenhos das esquadrias de portas e janelas ‐ dois pontos;  [DBLP:conf/semweb/ReulPS11] Quentin Reul and Jeff Z. Pan and Derek H. Sleeman, Towards a framework for 
desenho  da linha de  desnível em  todo  o  desenho  ‐ cinco  décimos; inserir  os  símbolos  que  ontology mapping based on description  logic reasoning,  OM, 2011. 
indicam  o  nível  do  piso  nos  ambientes‐  cinco  décimos;  desenho  das  hachuras  da  área  HEMERO, Software Ltda, ArchiStation.  Tutorial Básico, 2012. 
molhada  ‐  cinco  décimos;  colocação  das  dimensões  das  esquadrias  ‐  dois  pontos;  GRIZ, C.; Carvalho, G. L. and  Peixoto, A., Cognitive Ergonomy: A combination of many didactics resources for the 
representação do beiral com 0.80cm ‐ um ponto; desenho dos balcões fixos e equipamentos  Architectural Drawing teaching, Proceedings of the 11th Iberoamerican Congress of Digital Graphics, México, 
mínimos necessários  ‐ cinco décimos; e indicação do norte verdadeiro ‐ um ponto.  2007. 

Com  base  nos  resultados  quantitativos  obtidos,  pode‐se  perceber  que  o  uso  do  mapa  NOVAK, J. D. andGowin, D.B., Aprender a aprender, Plátano Edições Técnicas, 1996. 
conceitual ajudou os alunos a perceberem com maior clareza o desenvolvimento da planta  NOVAK, J., Theory of education, Ithaca, NY: Cornell University Press,  1977. 
baixa e o significado de cada detalhe especificado na planta. Com a utilização da ferramenta  NOVAK, J., Learning, Creating, and Using Knowledge: Conceptual Maps as Facilitative Tools in Schools and 
de edição de mapas conceituais percebeu‐se uma evolução considerável, diante do universo  Corporations, Lawrence Erlbaum Associates, 1998.  
de alunos que participaram da pesquisa.   NOVAK, J. and Gowin, D., Learning How to Learn,  Cornell Univ. Press,  1984. 
NOVAK, J. D., Gowin, D. B., and Johansen, G. T., The use of concept mapping and knowledge vee mapping with 
junior high school science students,  Science Education, Spring, páginas  625‐645,  volume 67, 1983.  
6 CONCLUSÃO
NOVAK, J. D., How do we learn our lesson? Taking students through the process, Science Teacher", número  3,  
Após propor a adoção de mapas conceituais como ferramenta de trabalho para o processo  Spring, páginas  50‐55, volume 60, 1993. 
de  aprendizagem  significativa  da  disciplina  Desenho  Técnico  I  para  os  alunos  dos  curso  de  NOVAK, J. D. and Canas, A. J., The Theory Underlying Concept Maps and How to Construct and Use Them,  
Arquitetura e Urbanismo do CESMAC (Centro Universitário), pode‐se destacar o do ponto de  Technical Report IHMC CmapTools 2006‐01 Rev 2008‐01. Institute for Human and Machine Cognition, 2006. 
vista  metodológico,  quando  é  utilizada  uma  teoria  de  aprendizagem  bem  consolidada  no  SOARES, L. H., Aprendizagem Significativa na Educação Matemática: uma proposta para a aprendizagem de 
ensino de disciplinas bases para o desenho técnico como geometria (SOARES, 2009; GERSON,  Geometria Básica, Dissertação em Educação da Universidade Federal da Paraíba, 2009. 
1995).  
Durante a pesquisa foi possível observar que o uso da conceituação da planta baixa através 
dos Mapas Conceituais libertou o aluno da percepção sistematizada de uma planta baixa, os 
alunos percebem as características da edificação representada pelo desenho de forma livre, 
neste  momento  foi  observado  ainda  que  cada  aluno  iniciou  sua  leitura  da  planta  baixa  de 
uma forma diferente, gerando no final o mesmo mapa conceitual.  
A melhora nas notas do grupo significativo deve‐se ao fato de que o aluno pode "checar" os 
conhecimentos obtidos durante o processo de leitura do desenho com os conhecimentos do 
professor  através  da  ferramenta  CMAP  TOOLS.    Mesmo  assim,  pode‐se  considerar  que  as 
habilidades manuais dos alunos precisam ser melhores trabalhadas, ou os mapas conceituais 
do professor devem ser mais elaborados. 

REFERÊNCIAS
BARROS, T. F. G. and Correia, A. M. A., Quebrando Tabus: o ensino do Desenho Arquitetônico no curso de 
Engenharia Civil, Graphica, Curitiba, 2007. 
BACKES, R. J.", O Ato de desenhar: do desenvolver da percepção à construção da representação , XIV‐ Congresso 
Internacional de Ingenieria Gráfica. Universidade de Santa Cruz, RS, Brasil. Departamento de História e 
Geografia. Santander, Espanha, 2002. Disponível em: http://www.archistation.com/aprendizagem.asp. Hemero 
Software Ltda,  Acesso em Ago. 2012.  
BRAULT, F.,Vectorworks Architect Getting Started Guide, Diponível em: 
http://www.vectorworks.net/training/free\_resource.php, NemetschekVectorworks, Acesso em maio de 2012. 

CHING, F. D. K.,Representação gráfica em arquitetura, edição 5, Livraria Pinhoneira, Bookman, 2011. 
[DBLP:journals/ml/CarbonaraS99] Leonardo Carbonara and Derek H. Sleeman, Effective and Efficient 
Knowledge Base Refinement, Machine Learning, volume 37, número  2,  páginas 143‐181, 1999.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  533   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  534 

Metodologia ativa e interdisciplinaridade: práticas pedagógicas no  Nesse sentido, não basta pensar a graduação como ensino de conhecimentos técnicos e que 
estes  sejam  suficientes  para  capacitar  os  estudantes.  A  problemática  no  ensino  retorna  à 
ensino de projeto de arquitetura na UNIVATES para a aprendizagem  questão  pedagógica,  pois  se  percebe  a  necessidade  de  criar  metodologias  para  que  a 
de competências   aprendizagem  se  estabeleça  de  maneira  efetiva,  tanto  dos  conteúdos  conceituais, 
procedimentais  quanto  atitudinais  (ZABALLA,  2010).  Encontra‐se  na  definição  de  educação 
Jamile Maria da Silva WEIZENMANN  pela pesquisa (DEMO, 2005) uma importante contribuição para formar o perfil dos egressos.  
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]  A  pesquisa inclui  sempre  a  percepção emancipatória  do sujeito  que busca  fazer  e 
Glauco Assumpção PACHALSKI  fazer‐se oportunidade, à medida que começa e se reconstitui pelo questionamento 
Centro Universitário UNIVATES; [email protected]   sistemático  da  realidade.  Incluindo  a  prática  como  componente  necessário  da 
Merlin Janina DIEMER  teoria e vice‐versa, englobando a ética dos fins e valores (DEMO, 2005, p.8).  
Centro Universitário UNIVATES; [email protected] 
  Ou seja, a educação pela pesquisa coloca o estudante como sujeito de suas ações e provoca 
uma  postura  crítica  e  questionadora.  Nessa  proposta,  o  professor  não  mais  é  aquele  que 
RESUMO  professa a verdade absoluta, ou apenas ensina a copiar, mas que age como um orientador, 
O  presente  artigo  tem  por  objetivo  apresentar  algumas  estratégias  metodológicas  exploradas  no  ensino  de  tutor e articulador, provocando novas situações e estabelecendo relação direta entre teoria e 
projeto  para  a  construção  de  competências  relacionadas  ao  perfil  do  egresso,  no  curso  de  Arquitetura  e  prática.   
Urbanismo  da  UNIVATES.  Inicialmente,  traz  a  reflexão  sobre  o  papel  da  universidade  no  âmbito  da  educação 
superior  na  contemporaneidade.  Nessa  perspectiva,  o  artigo  trata  sobre  as  metodologias  ativas  e  a  Considerando estes aspectos, é fundamental rever as práticas pedagógicas para fomentar o 
interdisciplinaridade como meios de promover a aprendizagem no atelier. Os relatos de situações‐problema e  ensino  pela  pesquisa  através  de  alternativas  que  corroboram  à  aprendizagem.  Cada 
de  experiências  vivenciadas  na  disciplina  de  Projeto  de  Arquitetura  III  demonstram  como  tirar  partido  da  instituição, contando com apoio dos gestores, docentes e discentes, deve incentivar o debate 
metodologia  dialética  e  das  propostas  interdisciplinares  para  a  construção  do  conhecimento,  envolvendo  os 
conteúdos  pertinentes  à  formação.    A  reflexão  aborda  ainda,  a  importância  de  convergir  à  educação  para  o 
e  promover  ações  de  transformação  para  melhorar  qualitativamente  a  aprendizagem 
desenvolvimento  da  autonomia  do  aluno  e  da  habilidade  de  ser  pesquisador,  ou  seja,  preparando‐se  para  acadêmica.  
intervir na sociedade sendo capaz de reconstruir o conhecimento a cada novo desafio.  
Neste  contexto,  o  Centro  Universitário  UNIVATES1,  implantado  na  cidade  de  Lajeado,  na 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino, metodologia ativa, interdisciplinaridade, aprendizagem  região do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, vem repensando as estratégias de ensino em 
diversas  áreas  e  cursos.    Na  Instituição,  o  debate  referente  às  práticas  pedagógicas,  é 
impulsionado pelo NAP (Núcleo de Apoio Pedagógico) e pela PROEN (Pró‐reitoria de Ensino) 
1 INTRODUÇÃO
que  organizam  atividades  vinculadas  a  este  propósito,  com  objetivo  de  compartilhar 
Ensinar  competências  significa  utilizar  formas  de  ensino  consistentes  para  experiências,  trazer  novas  experiências  sobre  o  assunto,  auxiliar  nas  atualizações  dos  PPC, 
responder  a  situações,  conflitos  e  problemas  próximos  da  realidade,  em  um  Projeto Pedagógico do Curso e promover ações de melhoria no ensino. 
complexo  processo  de  construção  pessoal  com  exercitações  de  progressiva 
dificuldade  e  ajudas  contingentes  conforme  as  características  diferenciais  dos 
O  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNIVATES,  criado  no  ano  de  20032  e  reconhecido 
alunos (ZABALLA, 2010, p.108).   pelo MEC em 20103, integra‐se de maneira propositiva neste processo de transformação na 
educação  superior  da  Instituição.  O  curso  realiza  frequentemente  reuniões  com  o  Núcleo 
O tema desta reflexão versa sobre o ensino de Arquitetura e Urbanismo no âmbito teórico e 
Docente  Estruturante  e  com  o  Conselho  de  Curso  a  fim  de  observar,  discutir  e  propor 
prático  da  academia,  estabelecendo  como  cerne  da  discussão  as  práticas  pedagógicas 
sugestões  no  que  tange  aos  aspectos  metodológicos  e  aos  conhecimentos  envolvidos  nas 
aplicadas no processo de ensino e aprendizagem. Tal perspectiva relaciona‐se às demandas 
disciplinas e nas demais atividades, como extensão e pesquisa. 
da sociedade contemporânea, que exige a formação de um profissional que esteja preparado 
para  atuar  de  forma  inovadora,  capaz  de  utilizar  e  reconstruir  os  seus  conhecimentos  Em  parte,  as  discussões  concentram‐se  em  compreender  o  ensino  pela  pesquisa, 
acadêmicos  a  cada  situação  imposta.  Antes  mesmo  de  chegar  ao  mercado  de  trabalho,  despertando o interesse pela (re)construção do conhecimento e desenvolvendo a autonomia 
requer‐se,  portanto,  instrumentalizar  o  aluno  no  ensino  superior  para  que  seja  um  sujeito 
pesquisador,  autônomo  e  que  exerça,  sobretudo,  a  ética  e  a  cidadania  em  seu  contexto                                                              
social.    1
  O  Centro  Universitário  UNIVATES  conta  atualmente  com  aproximadamente  dez  mil  alunos  nos  cursos  de 
A  universidade  representa  um  importante  momento  no  desenvolvimento  do  processo  da  graduação, seqüencial e técnico. 
formação. Ela poderia como instituição, confirmar seu papel imprescindível e gerador frente 
2
ao  desenvolvimento  humano,  desde  que  se  fizesse  o  signo  exemplar  da  formação  da   A Resolução 037/REITORIA/UNIVATES, de 20/05/2003, aprova a criação e autoriza o funcionamento do Curso 
competência, indicando a gestão do cidadão capaz de intervir eticamente na sociedade e na  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  bacharelado.  O  curso  oferece,  anualmente,  160  vagas  anuais  e  possui, 
atualmente, cerca de 520 estudantes. 
economia (DEMO, 2005).     3
  O  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  bacharelado  teve  seu  reconhecimento  publicado  no  Diário  Oficial  da 
União (DOU) em 10 de março de 2010 através da Portaria no 178 de 08 de março de 2010. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  535   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  536 

dos estudantes. Aliado a este princípio, tem‐se estudado e aplicado as metodologias ativas1,  experiências  prévias  do  indivíduo.  Para  Paulo  Freire,  é  uma  superação  de  desafios,  a 
que envolvem a relação direta entre teoria e prática. Nesta perspectiva, o currículo integrado  resolução de problemas com a finalidade de reconstrução constante do conhecimento, com 
ou  disciplinas  de  caráter  interdisciplinar  são  fundamentais  para  a  educação  pela  pesquisa,  vistas  à  formação  da  autonomia  intelectual  do  cidadão  para  intervir  sobre  a  realidade 
pois em diversos momentos, as problematizações envolvem os conhecimentos de diferentes  (FREIRE, 1996).  
áreas e exigem soluções abrangentes.   O  conceito  de  metodologia  ativa  não  é  uma  novidade.  Em  Didáctica  Magna  (COMENIUS, 
Finalmente,  a  interdisciplinaridade  e  o  ensino  através  de  metodologias  ativas  são  2001), documento sobre a educação escrito no século XVII, já existiam citações importantes 
oportunidades  de  desenvolver  a  aprendizagem  junto  aos  estudantes,  promovendo  a  relacionadas ao entendimento desta prática, tal como a importância do ensino ocorrer por 
formação do cidadão e do profissional competente.  meio  de  exemplos  em  vez  de  regras,  ou  por  meio  de  demonstração  antes  de  argumentos 
autoritários.  
A  proa  e  popa  da  nossa  Didática  será  investigar  e  descobrir  o  método  segundo  o 
2 O ENSINO DE PROJETO NO CURSO DE ARQUITETURA E qual  todos  os  professores  ensinem  menos  e  os  estudantes  apreendam  mais;  nas 
escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil e, ao contrário,  
URBANISMO DA UNIVATES mais atrativo, e mais sólido progresso (COMENIUS, 2001). 

As  diretrizes  curriculares  nacionais  traçam  a  descrição  das  características  do  profissional  Reforça‐se que as disciplinas de Projeto procuram criar um ambiente mais atrativo, conforme 
egresso dos cursos de Arquitetura e Urbanismo.  Este deve reunir em seu perfil uma sólida  cita  Comenius,  mais  integrador,  de  convergência  dos  saberes  e  conhecimentos,  uma 
formação  generalista,  com  aptidão  para  compreender  e  traduzir  as  necessidades  de  oportunidade  de  aplicação  e  síntese  coletiva,  orientada  pelo  docente,  ou  seja,  a 
indivíduos com relação à concepção e construção do espaço interior e exterior, abrangendo o  (re)significação  do  sentido  do  atelier.  O  atelier  estimula  os  estudantes  a  oferecerem 
urbanismo, a  edificação e o paisagismo. Além disso,  o formado deve estar capacitado para  proposições arquitetônicas frente às problemáticas propostas. O projeto acadêmico gerado é 
atuar junto à conservação e valorização do patrimônio construído e a proteção do equilíbrio  uma alternativa de resolução do problema e exige uma postura ativa do estudante, uma vez 
do ambiente natural utilizando racionalmente os recursos disponíveis (RESOLUÇÃO CNE/CES  que é ele quem constrói o principal resultado. 
n. 02, 2010).  A  partir  deste  olhar,  pensar  sobre  o  ensino  de  projeto  é  tarefa  fundamental  no  curso, 
Percebe‐se  que  a  formação  do  Arquiteto  e  Urbanismo  permite  a  atuação  em  diversos  principalmente  no  que  tange  à  organização  coletiva  das  propostas  pedagógicas  para  o 
segmentos e a sociedade atual traz grandes desafios. Inseridos nessa diversidade cultural, os  desenvolvimento de competências. O desafio do profissional é saber propor novas soluções 
profissionais devem atender as diferentes necessidades considerando as especificidades de  para as situações ou problemáticas que enfrentarão. Nessa ótica, a aprendizagem por meio 
cada  lugar.  A  dinâmica  da  construção  civil,  do  crescimento  das  cidades  e  das  novas  de projetos, estruturada na dialética, reforça o espírito do perfil pesquisador1. 
tecnologias,  incorporada  às  questões  de  sustentabilidade,  exige  um  profissional  ético,  Entende‐se  por  dialética  a construção coletiva  do  conhecimento  na  qual  os  conteúdos  não 
criativo  e  propositivo,  que  seja  pesquisador  e  saiba  lidar  com  as  necessidades  são  depositados  e  sim  reconstruídos.  Nas  disciplinas  de  Projeto  do  Curso  de  Arquitetura  e 
contemporâneas.  Urbanismo  da  UNIVATES,  a  metodologia  contempla  três  etapas:  síncrese,  análise  e  síntese 
Para construir o perfil do egresso a matriz curricular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da  (VASCONCELLOS,  1992).  A  etapa  de  síncrese  é  formada  pela  mobilização  inicial  e  por 
UNIVATES está estruturada por áreas de Representação Gráfica, Teoria e História, Tecnologia,  exercícios  de fundamentação para o projeto, que são organizados  a  partir de metodologias 
Estruturas, Projetos e Humanidades. O núcleo principal concentra‐se na área de Projeto, que  ativas, com diversas estratégias e objetivos específicos para cada temática de projeto. Já nas 
possui  disciplinas  de  caráter  interdisciplinar,  impulsionando  a  aprendizagem  através  de  etapas de análise e síntese, se constroem e se orientam as propostas de projeto, seguidas de 
problematizações semelhantes às práticas profissionais reais do arquiteto. Em síntese, estas  assessoramentos  coletivos,  visitas  técnicas,  repertorização  constante,  painéis  de 
disciplinas  identificam‐se  com  as  metodologias  ativas, principalmente  com  a  aprendizagem  apresentação e  crítica,  até  o momento  de síntese  final  coletiva  sobre  o  tema  abordado  no 
baseada em problemas (PBL).   semestre. 
A  aprendizagem  baseada em  problemas  se desenvolve com  base  na  resolução  de 
problemas  propostos,  com  a  finalidade  de  que  o  aluno  estude  e  aprenda 
A  SÍNCRESE  E  A  IMPORTÂNCIA  DOS  EXERCICÍOS  DE  FUNDAMENTAÇÃO  EM  PROJETO 
determinados conteúdos. [...] esta metodologia é formativa à medida que estimula  DE ARQUITETURA 
uma atitude ativa do aluno em busca do conhecimento (SAKAI; LIMA, 1996). 
A etapa de síncrese nas disciplinas de Projeto de Arquitetura permite ao docente estabelecer 
A  metodologia  ativa  pode  ser  definida  pela  reconstrução  do  conhecimento,  a  partir  de 
                                                            
                                                             1
 Pesquisador no sentido de se interessar constantemente pelo conhecimento relativo à profissão, implicando 
1
  Entende‐se  por  metodologia  ativa  os  processos  interativos  de  conhecimento,  análise,  estudos,  pesquisas  e  na busca da informação, leitura sistemática, acompanhamento das novidades e atualização constante (DEMO, 
sínteses individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções diante dos problemas. (BERBEL, 2011)  2005, p.69).  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  537   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 538 

as  primeiras  conexões  da  temática  com  a  realidade  e  os  conhecimentos  prévios  do  Figura 1 e 2 – Estudantes realizando o exercício de fundamentação 01, no atelier de Projeto de Arquitetura III 
estudante. A mobilização inicial é fundamental para despertar o interesse do estudante para 
o desafio e a situação de projeto em que será inserido.  
O  trabalho  inicial  do  educador  é  tornar  o  objeto  em  questão,  objeto  de 
conhecimento  para  aquele  sujeito.  Aqui  é  necessário  todo  um  esforço  para  dar 
significação  inicial,  para  que  o  sujeito  leve  em  conta  o  objeto  como  um  desafio. 
Trata‐se de estabelecer um primeiro nível de significação, em que o sujeito chegue 
a  elaborar  as  primeiras  representações  mentais  do  objeto  a  ser  conhecido 
(VASCONCELLOS, 1992).  

Neste  momento,  muitos  professores  acreditam  que  o  aluno  já  está  motivado  e  apenas 
iniciam a disciplina solicitando uma série de exercícios tais como, a pesquisa de referencial,       
análise  do  sitio,  estudo  sobre  a  legislação  local,  e,  após  essas  exigências,  efetuam  uma  ou  Fonte: Glauco Pachalski, 2014. 
mais  entregas,  muitas  vezes  sem  qualquer  tipo  de  compartilhamento  do  conhecimento  ou 
O grupo constrói de maneira coletiva o programa de necessidades, considerando os aspectos 
critério avaliativo. Os acadêmicos realizam tais atividades, cumprindo cronograma, e partem 
para o lançamento do estudo preliminar, a partir de um programa de necessidades que lhes  legais  e  exigências  regulamentadas  pelo  plano  diretor  da  cidade,  como  dimensionamento 
dos lotes, abertura de vias, existência de áreas verdes e de uso comum, entre outros. Para 
é imposto. Como conseqüência, este processo acaba tornando‐se isolado do projeto e não 
sintetizar as análises, este exercício de fundamentação gera um resultado propositivo, onde 
efetivo. 
cada  grupo  deve  apresentar  dois  estudos  de  viabilidade  (EV)  com  maquete  de  estudos  e 
Contrário a esta definição, os docentes das disciplinas de Projeto de Arquitetura repensaram  prancha síntese.  
as  práticas  pedagógicas  utilizadas  nos  exercícios  de  fundamentação  e  tem  pretendido  de 
Geralmente os resultados da turma permeiam de cinco a seis hipóteses viáveis para a área, 
modo  coletivo  trabalhar  com  foco  no  desenvolvimento  crítico  e  reflexivo  do  estudante, 
que  posteriormente,  no  lançamento  de  estudo  preliminar,  são  adotadas  pelos  estudantes 
envolvendo  problematizações  e  exercícios  que  já  estejam  vinculados  ao  lançamento  do 
individualmente.   A  partir desses resultados  já se  consegue esclarecer as dúvidas quanto à 
partido do projeto. O relato da metodologia utilizada na disciplina de Projeto de Arquitetura 
topografia  e  as  curvas  de  nível  pensando  no  posicionamento  das  casas  e  na  área  de 
III é um exemplo do que se tem proposto adotar nas demais disciplinas de projeto do curso.  
movimentação de terra, dependendo do EV lançado.  
Relato da metodologia de fundamentação em Projeto de Arquitetura III  O segundo momento da síncrese, na preparação para o partido individual, parte do estudo 
A disciplina de Projeto de Arquitetura III pertence ao quarto semestre do curso e refere‐se à  de viabilidade proposto anteriormente. Sobre a implantação, os alunos estudam a inserção 
prática  de  projeto  tendo  como  base  o  tema  de  um  conjunto  residencial  horizontal  de  uma  unidade  residencial  do  conjunto.  Durante  duas  aulas  são  realizados  estudos  de 
unifamiliar,  inserido  em  terreno  com  desnível,  desenvolvido  até  a  etapa  de  anteprojeto,  partidos das unidades, tendo como base os lotes e os estudos de viabilidade.   
considerando a  unidade  residencial  e sua  relação  com as  demais unidades  e as  estratégias  O trabalho inicia a partir do conhecimento prévio  dos estudantes, que trazem informações 
bioclimáticas. Para realizar a disciplina o aluno deve ter cursado as disciplinas de Projeto de  sobre os ambientes de uma casa e, em turma, organiza‐se o programa de necessidades e o 
Arquitetura I, Representação Gráfica por Computador e Topografia.  pré‐dimensionamento. Com esses dados sintetizados, a metodologia para o partido de uma 
Este  projeto  assume  uma  complexidade  enfrentada  pelo  estudante  pela  primeira  vez  no  unidade residencial envolve a confecção de cartazes ou pranchas A2 para organizar as ideias. 
curso. A proposta final de projeto deve contemplar a adequação do conjunto e suas relações  Os estudantes trazem papéis coloridos e materiais de apoio para trabalhar o entendimento 
funcionais e legais; e, paralelo a isso, atender aos critérios funcionais, compositivos, técnicos,  de uma unidade  residencial. O trabalho prático é embasado por bibliografias1 de  teoria do 
estruturais e de inserção das unidades residenciais no terreno.   projeto e referências legais, como o código de edificações e o plano diretor.  
   
Para alcançar estes objetivos existem duas etapas de fundamentação. A primeira refere‐se ao 
entendimento do terreno, topografia e questões legais. Os estudantes inicialmente visitam o 
terreno  e  exploram  o  entorno  para  se  sensibilizar  quanto  ao  lugar  de  implantação  projeto.  
Aliado  a  isso,  ocorrem  visitas  técnicas  a  conjuntos  residenciais  da  região  como  meio  de 
confronto com a realidade regional. Após esse momento, ocorrem discussões no atelier para 
refletir sobre o potencial da região para absorver esta demanda e são discutidos os aspectos 
positivos  e  negativos  do  condomínio  fechado  ou  aberto,  a  luz  de  textos  contemporâneos                                                              
sobre a temática.   1
 No âmbito da teoria do projeto, destaca‐se a utilização das referências bibliográficas de Hélio Piñon e Edson 
    Mahfuz, para a construção do projeto no atelier. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 539   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 540 

Figura 3, 4, 5 e 6  – Estudantes realizando o exercício de fundamentação 02, no atelier de Projeto de Arquitetura III  Embasados  por  essas  três  atividades  os  estudantes, de  modo  geral,  estão  preparados  para 
enfrentar  o  lançamento  do  partido  individual.  Estão  seguros  do  programa  da  disciplina,  já 
conseguem  visualizar  o  todo  em  relação  às  partes  do  projeto  e  podem  seguir  sua  própria 
construção, utilizando como base os trabalhos iniciais. Geralmente os estudos de viabilidade 
servem  de  modelo  para  a  turma,  já  os  estudos  das  unidades  e  do  espaço  aberto  são 
observados  e  questionados,  estimulando  a  reflexão  individual  sobre  o  tema  da  habitação 
residencial e provocando o interesse em buscar mais referências sobre o assunto.  
Figura 7 e 8 – Estudantes realizando a apresentação das conclusões dos exercícios de fundamentos, no atelier de Projeto de 
Arquitetura III 

      

     
Fonte: Glauco Pachalski, 2014. 
    
No  geral,  o  resultado  final  da  disciplina  se  aproxima  consideravelmente  das  propostas  que 
Fonte: Jamile Weizenmann, 2013. 
foram  apresentadas  na  etapa  de  fundamentação,  com  evolução  significativa  no 
Os grupos constroem uma planta‐baixa esquemática pensando no zoneamento das funções,  desenvolvimento  do  projeto,  reafirmando  a  validade  da  etapa  de  síncrese  na  construção 
no  lançamento estrutural e no aspecto volumétrico que pode  resultar. Isso considerando  o  projetual, conforme seguem as manifestações dos acadêmicos.    
desnível do lote em que se insere. Paralelamente, realizam o trabalho de repertorização, que  [...] as dinâmicas nos ajudam a ver as possibilidades que teremos e como trazê‐las 
aliado aos conhecimentos prévios desperta a problematização de situações vivenciadas pelos  para o nosso projeto (Estudante 01). 
estudantes,  que  são  distintas  dos  projetos  de  excelência  da  arquitetura  moderna  e 
Acredito  ter  me  ajudado  muito  as  dinâmicas  iniciais  da  disciplina  porque 
contemporânea analisados. O referencial neste momento traz à luz a questão da linguagem,  precisamos  da  base  para  compreender  certas  coisas  para  então  iniciarmos  nosso 
da  materialidade  e  técnica  construtiva.  Além  de  elucidar  a  importância  do  lançamento  projeto (Estudante 02). 
estrutural  que  deve  nascer  junto  com  a  proposta.  A  análise  correta  dessas  informações  é  Os  exercícios  inicias,  em  grupo,  foram  muito  válidos  para  o  entendimento  do 
fundamental para desenvolver a habilidade de observação e interpretação dos referencias no  terreno e estudo de possibilidades, nos dando um "norte" para começar a projetar 
ensino de projeto.   individualmente (Estudante 03). 

A  síntese  desta  etapa  é  uma  maquete  de  estudo  volumétrica  e  uma  prancha  síntese  A  dinâmica  de  grupo  como  partido  de  um  projeto  sempre  facilita,  agora  em  P4 
contendo o estudo de viabilidade, a planta baixa esquemática e o fluxograma da casa. Além  também  está  ajudando  e  um  grande  exemplo  disso  foi,  para  mim,  o  espaço  e  a 
organização dos lotes no terreno todo. O espaço aberto que criamos em grupo foi 
isso,  a  análise  de  dois  referencias  exemplares  de  arquitetura  moderna  e  contemporânea,  tomado muito como base no meu espaço aberto, que logo foi resolvido (Estudante 
com formato livre.  04). 
Para finalizar, o terceiro exercício de fundamento propõe o lançamento do espaço aberto do   
conjunto  habitacional  em  grupo.  Nesse  desafio,  incentiva‐se  a  pesquisa  de  referencias  de     
praças,  parques,  mobiliário  urbano,  entre  outros  elementos  necessários  a  composição  do 
espaço  aberto.  Como  resultado,  cada  grupo  apresenta,  inserido  no  estudo  de  viabilidade, 
uma proposta esquemática com zoneamento, traçado e  referencias de mobiliário urbano a 
serem  explorados  posteriormente.    Ressalta‐se  que  o  traçado  do  espaço  aberto  nasce  das 
relações  com  as  unidades  e  de  acordo  com  os  fluxos  pensados  pelo  grupo.  Esse  exercício 
permite a reflexão de  uma série de condicionantes urbanos  envolvidos  na proposta de um 
conjunto residencial.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 541   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 542 

Figura 9 – Resultados da etapa de síncrese, no atelier de Projeto de Arquitetura III  Figura 11 – Painel de apresentação. Projeto de Arquitetura VIII    

   
Fonte: Glauco Pachalski, 2014.  Fonte: César Wagner, 2013. 

Após  o  painel  intermediário,  encaminha‐se  para  a  etapa  de  detalhamento,  que  envolve  a 
3 A CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR NO CURSO DE produção  de  um  ou  dois  cortes  ampliados  de  setores  pertinentes  definidos  junto  com  o 
professor. Nessa fase, algumas inconsistências têm sido observadas pelos docentes no que se 
ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVATES refere ao entendimento dos detalhes construtivos e suas implicações compositivas.  
Por  exemplo,  ao  detalhar  um  encontro  de  esquadria  com  uma  soleira,  uma  laje  ou  um 
ANÁLISE E SÍNTESE: A PROBLEMÁTICA DA CÓPIA DA CÓPIA  sistema  de  cobertura  da  edificação,  as  relações  construtivas  entre  os  elementos  de 
arquitetura são incoerentes, com problemas de proporção nos desenhos e inversão da lógica 
As  etapas  que  seguem  após  fundamentação  do  projeto,  seguindo  a  proposta  dialética  de 
construtiva. Nota‐se que alguns estudantes não conseguem chegar ao resultado desejado e o 
Vasconcellos,  podem  ser  entendidas  como  a  análise  e  a  síntese  (VASCONCELLOS,  1992).  A 
professor  passa  a  questionar‐se.  Para  reforçar  a  situação  problema,  os  docentes  percebem 
análise,  momento  de  construção  do  conhecimento,  principia  no  lançamento  do  partido 
na disciplina seguinte, de projeto, as mesmas dificuldades em estabelecer relações entre as 
individual  do  anteprojeto  e  permeia  a  seqüência  de  assessoramentos  e  algumas  visitas 
áreas da Tecnologia da Construção, Desenho, Estruturas e Projeto.   
técnicas.  
Figura 10 – Visita técnica. Projeto de Arquitetura VIII  Outra  questão  detectada é  a  cópia  da  cópia.  Ou  seja,  mesmo  que  o  aluno  tenha  uma  boa 
representação  no  detalhamento,  percebe‐se  que  ele  não  consegue  reconstruí‐lo  em  uma 
nova  situação  e  isso  reafirma  a  falta  de  compreensão  do  funcionamento  da  técnica 
construtiva relacionada à prática projetual. O que ocorre, na verdade, é a cópia bem feita de 
um desenho de um livro, uma revista, ou da explicação que o professor realiza no quadro ou 
no assessoramento.  
A ação do docente também é questionável. Se por um lado o aluno realiza a cópia da cópia, o 
professor  também  o  faz.  Considerando  o  exposto  sobre  as  estratégias  metodológicas 
utilizadas  na  fundamentação  dos  projetos  e  nos  momentos  de  construção  do  partido, 
buscando a autonomia e visão crítica do aluno, há uma perda desta metodologia, quando o 
  professor, sem se dar conta, acaba redesenhando um detalhamento no próprio trabalho do 
Fonte: César Wagner, 2013.  aluno durante um assessoramento, sendo que o acadêmico ainda não conseguiu estabelecer 
uma  relação  visual  ou  mental.  É  evidente  que  apreendemos  mais  facilmente  aquilo  que 
Reforça‐se  nesta  etapa  a  validade  dos  painéis  de  apresentação  durante  o  processo  para 
relacionamos  com  a  prática  ou  que  vivenciamos.  É  preciso  construir  as  relações  com  a 
formar  as  sínteses  parciais,  através  das  quais  o  estudante  pode  rever  a  proposta  e 
prática, com o objeto real.    
estabelecer novos significados ao projeto reconstruindo possibilidades a partir das críticas e 
sugestões  dos  colegas  e  do  professor.  Geralmente  as  disciplinas  de  Projeto  compõem  dois  Tudo aquilo que deve ser aprendido pelos alunos [...] associe‐se sempre o ouvido à 
painéis intermediários.  vista, a língua à mão; ou seja, não apenas se narre aquilo [...].  Os estudantes por 
sua  vez,  devem  aprender,  ao  mesmo  tempo,  a  expor  as  ideias  com  a  língua  e 
    exprimi‐las  por  meio  de  gestos,  de  modo  que  não  dê  por  terminado  o  estudo  de 
nenhuma  matéria,  senão  depois  de  ela  estar  suficientemente  impressa,  nos 
ouvidos, nos olhos, na inteligência e na memória (COMENIUS, 2001, grifo nosso). 

Apesar do docente que atua na área de projetos ser multidisciplinar, percebe‐se que não é 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  543   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  544 

possível construir as competências necessárias do futuro profissional apenas em disciplinas  disciplinas1, das avaliações  institucionais e conforme os  relatos de estudantes nas reuniões 


isoladas  e  que  o  atelier  deveria  ser  a  oportunidade  de  integração  retomando  os  com a coordenação do curso.  
conhecimentos de outras disciplinas e aplicando‐os.  
Grupo 01: Projeto de Arquitetura I, II e III  
Se  analisarmos  o  exercício  profissional,  em  contextos  reais,  veremos  que  são 
necessários o conhecimento e o domínio de muitas habilidades que não são objeto  No  grupo  de  disciplinas  composto  por  Projeto  de  Arquitetura  I,  II  e  III  os  docentes 
de estudo metódico por parte de nenhuma disciplina (ZABALLA, 2010, p.123).   perceberam  a  necessidade  de  estabelecer  a  relação  mais  próxima  entre  Representação 
Partindo desse princípio e considerando a complexidade dos contextos vivenciados, reforça‐ Gráfica  e  o  Projeto.  Esse  grupo,  que  retrata  o  início  do  curso,  apresenta  o  desafio  da 
se  a  necessidade  de pensar  a  interdisciplinaridade nos  cursos  de  Arquitetura  e Urbanismo,  transição de desenho manual para as ferramentas computacionais e a diversidade de escalas 
como meio de promover a aprendizagem efetiva no atelier de projeto.   para  representação  dos  desenhos.  As  temáticas  abordam,  respectivamente,  uma  escola, 
intervenção em interiores residenciais e comerciais, e, um conjunto habitacional horizontal.  
Pedro  Demo  expõe  a  alternativa  do  currículo  intensivo,  priorizando  a  qualidade  e  não  a 
quantidade  com  o  objetivo  de  formar  o  cidadão  competente.  O  autor  critica  o  ensino  O  estudante  demonstra  dificuldade  na  transposição  das  questões  normativas  do  desenho, 
superior atual, como sendo uma organização sistemática de oferta de aula, na qual o aluno  conteúdo  da  disciplina  de  Desenho  Técnico  de  Edificações,  para  o  projeto,  bem  como,  na 
comparece, assiste, faz provas e se passar está formado e ganha o canudo, considerando o  representação correta dos elementos de arquitetura, da clareza da topografia, das soluções 
aluno apenas como objeto de treinamento (DEMO, 2005).  técnicas e construtivas e da representação em diferentes escalas.  
Nesse sentido, como contribuição essencial para a qualificação do ensino de projeto e para a  Assim sendo, a proposta visa à inserção de um professor da área de Representação Gráfica, 
formação de competências, o Núcleo Docente Estruturante propôs uma forma de organizar a  para  assessorar  os  projetos  no  que  tange  a  questão  do  desenho  como  ferramenta  para 
integração  de  docentes  nos  ateliers  de  Projeto  no  Curso  de  Arquitetura  Urbanismo  da  demonstrar  o  entendimento  das  relações  construtivas  e  compositivas,  auxiliando  o 
UNIVATES, considerando as possibilidades institucionais para viabilização e  o perfil  de cada  estudante  a  retomar  os  conteúdos  das  disciplinas  da  área  de  desenho,  considerando  as 
disciplina de projeto.  regras e normas de desenho técnico, para elucidar as intenções projetuais e discutir sobre a 
O primeiro problema, terrivelmente comprometedor, é aceitar que dar aula copiada 
influência de uma representação correta na vivência prática. 
seria  uma  profissão,  ou  seja,  a  de  professor.  Ensinar  a  copiar  é  precisamente 
destruir  qualquer  competência,  pois  assassina‐se  o  sujeito,  restando  somente  a  Grupo 02: Projeto de Arquitetura IV, V, VIII 
manipulação de objetos (DEMO, 2005).  
As disciplinas de Projeto de Arquitetura IV, V e VIII abordam os temas de edifício residencial 
Ressalta‐se  que  a  ideia  de  atelier  integrado  não  é  uma  novidade.  Em  algumas  instituições,  vertical,  habitação  de  interesse  social  e  edifício  comercial,  respectivamente.  Esses  projetos 
por  exemplo,  a  UNISINOS,  já  existe  a  experiência  da  formação  de  disciplinas  integradoras,  exigem  uma  considerável  relação  com  a  área  de  Tecnologias  e  Estruturas.  Parte‐se  do 
como  o  Seminário  Integrado,  exposto  no  Encontro  Nacional  sobre  Ensino  de  Arquitetura.  princípio  que,  em  qualquer  nível  de  projeto  devam‐se  atender  plenamente  todos  os 
(RECK; COLUSSI, 2013).   condicionantes  (funcionais,  compositivos,  técnicos  e  de  inserção  no  lugar).  Porém,  assim 
como  o  grupo  01  adota  a  ênfase  em  representação  gráfica,  acredita‐se  que  nesse  grupo  é 
A PROPOSTA DO ATELIER INTEGRADO   fundamental  um  olhar  de  um  docente  da  área  de  tecnologias  ou  de  estruturas  para 
A interdisciplinaridade surgiu nos  anos 70 como  resposta às necessidades de uma  enriquecer o atelier.  
abordagem mais integradora da realidade. Ainda que muitas vezes esteja associada 
A  participação  do  docente  da  área  complementar  potencializa  a  orientação  do  projeto  e 
a  modismo  ou  à  realização  de  projetos  apenas  aparentemente  ou  pseudo‐
interdisciplinares  na  área  da  educação,  ela  nasce  da  hipótese  de  que,  por  seu  possibilita  articular  o  assessoramento  a  fim  debater  sobre  as  possibilidades  técnico‐
intermédio,  é  possível  superar  os  problemas  decorrentes  da  excessiva  construtivas, estratégias de conforto térmico e lançamento estrutural buscando retomar os 
especialização (DENKER, 2002). assuntos  das  disciplinas  isoladas.  Além  dos  dois  professores  atuantes  na  disciplina,  nos 
O  atelier  integrado  proposto  na  UNIVATES  visa  à  inserção  de  um  professor  de  uma  painéis  intermediários  são  convidados  profissionais  externos  para  participar  das 
determinada  área,  atuando  efetivamente  junto  ao  professor  de  projeto,  contribuindo  nos  apresentações, trazendo a visão de mercado para o atelier.  
assessoramentos com a visão de sua experiência docente e profissional. A proposta organiza‐  
se em grupos de ação interdisciplinar, devido às necessidades detectadas em cada momento 
do  curso.  Essas  lacunas  foram  estudadas  pelos  docentes,  conforme  os  resultados  das  Grupo 03: Projeto de Arquitetura VI e VII 
                                                            
1
  Ao  fim  de  cada  semestre  o  grupo  de  professores  do  curso  realiza  reuniões  sistemáticas,  nas  quais  são 
apresentadas  as  propostas  e  resultados  de  cada  projeto,  a  fim  de  observar,  criticar  ou  reafirmar  as  práticas 
pedagógicas e conteúdos abordados.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  545   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  546 

As  disciplinas  deste  grupo  caracterizam‐se  pela  complexidade  e  diversidade  estrutural,  edificações, tive muitas dúvidas pontuais ‐ e problemas específicos deste projeto ‐ 
trabalhando  conteúdos  vinculados  a  grandes  vãos  e  tecnologias  diferenciadas.  Possuem  surgiram e foram rapidamente solucionadas. Além do assessoramento individual e 
coletivo,  suas  breves  aulas  de  representação  gráfica  me  ajudaram  a  compor  um 
também  grande  complexidade  de  inserção  no  contexto  urbano  e  o  desafio  de  resolver  a  conjunto  de  relações  apropriadas  para  cada  escala,  facilitando  o  processo  de 
proposta aliando o projeto da edificação ao espaço aberto (praça, parque, área verde).  elaboração das pranchas. Sem  dúvida, os  assessoramentos dedicados as questões 
de  representação  gráfica  contribuíram  para  a  melhora  de  meus  desenhos 
A temática de construir no construído, programa de Projeto de Arquitetura VI, engloba uma 
(ESTUDANTE 06). 
edificação  preexistente  como  condicionante  em  um  entorno  de  interesse  cultural.  Já  no 
Projeto  de  Arquitetura  VII,  os  estudantes  desenvolvem  um  complexo  multifuncional.  As  Achei  muito  importante  a  presença  da  professora  de  representação  gráfica  nas 
aulas  de  P3,  já  que  é  o  primeiro  projeto  que  passa  a  nos  exigir  um  nível  alto  de 
propostas  expõem  o  aluno  a  desafios  similares  aos  da  realidade  deste  âmbito,  sendo  detalhamentos. A professora conseguiu nos dar um auxílio essencial nas entregas e 
necessário  ter  sensibilidade  para  elaborar  o  projeto  e  o  conhecimento  de  soluções  de  nos  fazer  entender  bastante  detalhes  construtivos  e  a  forma  de  representá‐los 
intervenção, tanto no patrimônio construído, no primeiro caso, quanto no uso de estruturas  (ESTUDANTE 07). 
adequadas para grandes vãos, no projeto seguinte.   A importância da professora de Representação Gráfica foi sim muito relevante, pois 
As áreas trabalhadas nestes temas necessitam revitalização ou proposição de espaço aberto  o  tema  do  projeto  se  diferencia  muito  do  anterior  [...]  e isso  ajuda  a  entender  as 
entregas  em  várias  escalas,  pranchas  A1  que,  em  primeiras  entregas  nos  fazem 
adjacente, o que agrega complexidade ao projeto, trazendo a importância de paisagismo  e  "perder  a  noção"  do  tamanho  real  da  folha.  Além  disso,  o  principal:  as  primeiras 
dos conteúdos de urbano.   entregas  de  detalhamentos,  que  foi  um  problema  em  quase  a  turma  toda  e  com 
uma professora só para assessorar os desenhos obviamente as coisas melhoraram 
Para  este  grupo,  a  proposta  visa  introduzir  um  professor  da  área  de  estruturas,  a  fim  de 
até a entrega final. Espero  que mais semestres e alunos  possam ter um  professor 
orientar  e  articular  questões  de  lançamento  e  dimensionamento  adequado  da  estrutura  e  monitor para isso (ESTUDANTE 08).  
análise  de  viabilidade  técnico‐construtiva.  Objetiva‐se,  principalmente,  desenvolver  a 
compreensão  e  o  domínio  das  diversas  possibilidades  de  definição  estrutural  e  suas 
conseqüências estéticas para a edificação, que confere a ideia de estrutura gerando a forma.    CONSIDERAÇÕES FINAIS
Também se propõe a inserção de um docente de urbano, para reafirmar os conhecimentos 
A  proposta  de  integração  nas  disciplinas  de  Projeto  de  Arquitetura  e  a  referência  da 
de  paisagismo,  orientando  especialmente  a  relação  entre  a  edificação  e  o  espaço  aberto 
metodologia dialética para a (re)construção do conhecimento traduz o anseio dos docentes 
adjacente, reforçando a importância da edificação e sua relação com a cidade.   
para qualificar a formação do Arquiteto e Urbanista frente à sociedade contemporânea.  As 
EXPERIÊNCIA DE ATELIER INTEGRADO EM PROJETO DE ARQUITETURA III  experiências citadas ainda são recentes no curso, mas já demonstram impactos relevantes no 
processo de ensino e aprendizagem e devem prosseguir com seus objetivos.  
A partir do exposto, no primeiro semestre de 2014, iniciou a participação de uma docente da 
área de representação gráfica, na disciplina de Projeto de Arquitetura III, para contribuir com  Diante  disso,  percebe‐se  que  as  metodologias  ativas  utilizadas  no  ensino  de  projeto, 
o  desenvolvimento  da  qualidade  gráfica  dos  trabalhos.  Em  um  levantamento  prévio  do  principalmente  as  aplicadas  na  fundamentação  projetual,  apontam  estratégias  para  a 
professor da disciplina, dos quatorze trabalhos entregues ao final, apenas dois apresentaram  condução  do  processo  de  construção  da  aprendizagem  no  atelier.    O  aluno  passa  a  ser  o 
qualidade gráfica inferior ao mínimo esperado. Doze estavam com qualidade suficiente para  agente  principal  das  ações  de  modo  a  promover  a  reflexão  coletiva  e  desencadear  as 
serem  aprovados,  demonstrando  o  entendimento  claro  do  projeto,  no  que  se  refere  aos  problematizações  sobre  o  tema  proposto.  Isto  implica  em  desenvolver  o  lado  crítico  e  a 
conteúdos  normativos  e  de  viabilidade  técnica.  Ressalta‐se  que  no  semestre  anterior,  na  metacognição1.  
mesma  disciplina,  teve vinte  e dois  estudantes.  No encerramento da  disciplina,  vinte  e  um  Da mesma forma, acredita‐se que a Interdisciplinaridade seja o caminho para contribuir na 
trabalhos, foram entregues, dos quais doze estavam com qualidade de representação gráfica  formação  dos  acadêmicos,  como  também  nas  relações  entre  os  docentes  dos  cursos,  uma 
abaixo  do  esperado,  sendo  sete  com  qualidade  inferior  ao  mínimo  esperado,  em  nível  de  vez que permite a integração entre as diversas áreas necessárias à formação da competência 
reprovação.  Portanto,  o  resultado  da  experiência  inicial  de  integração  foi  muito  positivo,  geral,  que  envolve  os  componentes  atitudinais,  procedimentais  e  conceituais  (ZABALA, 
conforme apontado pelos próprios alunos ao longo do semestre.  2010, grifo nosso) que devem ser desenvolvidos na educação em uma Instituição de Ensino 
  Superior.  
A  participação  da  professora  de  Representação  Gráfica  no  atelier  de  Projeto  de  O  ensino  pela  pesquisa  é  o  caminho  para  a  construção  das  habilidades,  incentivando  a 
Arquitetura  III  foi  de  grande  importância.  [...]  principalmente  para obter  uma  boa  autonomia do aluno e sensibilizando‐o para a busca constante do conhecimento, mutável a 
qualidade de graficação, um melhor entendimento do projeto, [...] passando assim  cada situação.  Hoje, as informações estão nos livros, nas revistas e nas redes sociais. Como 
a ter um projeto bem elaborado tecnicamente e bem compreendido graficamente” 
(ESTUDANTE 05).                                                              
 [...]  Sua  ajuda  foi  muito  significativa,  pois,  mesmo  tendo  cursado  a  disciplina  de  1
representação  gráfica  por  computador  anteriormente  e  desenho  técnico  de   Reflexão sobre como se produz a própria aprendizagem (ZABALA, 2010, p. 192). 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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cita  Pedro  Demo,  o  simples  repasse  dessas,  não  sustentará  a  profissão.  A  profissão  não  se  POLLIO, Marcus Vitruvius. Virtruvius: the ten books on architecture. MORRIS, Hicky Morgan, trad. New York: 
define mais pela transmissão, mas pela capacidade de reconstrução do conhecimento, onde  Dover, 1960.  
encontra papel insubstituível (DEMO, 2003).   VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril 
de 1992 n. 83 
Segundo Zabala, não existe uma metodologia própria para o ensino das competências, mas 
______. Construção do conhecimento em sala de aula. 5. ed. São Paulo: Libertad, 1996. 
condições  gerais sobre como devem ser as estratégias metodológicas (ZABALA, 2010, grifo 
nosso).  As  metodologias  ativas  e  a  interdisciplinaridade  sinalizam  o  caminho  da  SAKAI, M. H.; LIMA, G.Z. PBL: uma visão geral do método. Olho Mágico, Londrina, v. 2, n. 5/6, n. esp., 1996.      
aprendizagem e efetivam o estreitamento das relações entre a teoria e a prática.  ZABALA, Antoni. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010. p.108. 
Por fim, a perspectiva futura tende a retomar a definição atemporal de Vitrúvio1, citada no  Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIVATES.  
Tratado De Architectura, século I a. C., sobre a educação do arquiteto. Este necessita reunir  Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Resolução CNE/CES n. 02 , 17 de junho 
uma  série  de  habilidades  e  conhecimentos  de  diversas  áreas,  como  geometria,  história,  de 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12991:diretrizes‐
filosofia,  medicina,  astronomia,  artes,  direito,  entre  outras.  Ou  seja,  o  ensino  não  deve  se  curriculares‐cursos‐de‐graduacao>. Acesso em 05 de setembro de 2014. 
limitar  apenas  ao  campo  disciplinar,  mas  aos  conhecimentos  de  caráter  interdisciplinar  e     
metadisciplinar2,  possibilitando  rever  o  sentido  da  profissão,  conscientizando‐se  do  papel 
social do arquiteto e urbanista. 
Numa  perspectiva  a  longo  prazo,  passaremos  a  ver  as  pessoas  tendo  mais  vida 
dentro de uma mesma vida. A pessoa não terá mais uma profissão fechada. Dentro 
dessa  ideia,  existirá  um  alongamento  da  vida  e,  por  isso,  as  pessoas  poderão  ter 
não só uma profissão, mas transitarão mais. As pessoas não terão uma função, mas 
sim um papel. São questões pré‐modernas que eu acredito que vão voltar. O sujeito 
não tinha uma função, mas um papel dentro do grupo (MAFFESOLI, 2014).  

REFERÊNCIAS
BERBEL, N. A.N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e 
Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25‐40, jan./jun. 2010 
COLL, Cesar; MARTIN, Elena; MAURI, Teresa. O construtivismo na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 1998. 
COMENIUS, I.A. Didatica Magna, e‐booksBrasil, 2001. Disponível em: 
<http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf> 
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. 
FAVARÃO, N. R. L.; ARAÚJO. C. S. A Importância da Interdisciplinaridadae no Ensino Superior. EDUCERE. 
Umuarama, v.4, n.2, p.103 115, jul./dez., 2004. 
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 6. ed. [S.l.]: Paz e Terra, 1997. 
GIL, Antonio Carlos. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2006. 
HECK, A.; COLUSSO, I. Novas Práticas Pedagógicas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISINOS: O atelier 
de Projeto. Caderno ABEA número 38, 2013. Disponível em: <http://issuu.com/gogli/docs/abea_caderno_3>. 
MAFFESOLI, M. O sistema educacional não funciona mais. Reportagem Zero Hora, em 12/04/2014, por Fêcris 
Vasconsellos.  
                                                            
1
 POLLIO, Marcus Vitruvius. Virtruvius: the ten books on architecture. MORRIS, Hicky Morgan, trad. New York: 
Dover, 1960. xii, 319 p.
2
 É a característica que engloba  um conjunto de conhecimentos cujo suporte epistemológico não provém de 
nenhuma disciplina.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  549   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  550 

O redesenho como estratégia didática no processo de ensino‐ O estudo da história nos cursos de arquitetura e urbanismo demanda iniciativas e diálogos 
que interferem na estratégia didática adotada. Por outro lado, e historicamente, os estudos 
Aprendizagem da História e da Teoria da Arquitetura  da  história  e  da  teoria  da  arquitetura  sofreram  um  embate  desde  o  início  do  século  XX, 
quando  tendências  funcionalistas  se  impuseram  em  um  ambiente  que,  por  bem  dizer,  os 
Maria Marta dos Santos CAMISASSA  desprezava em favor de uma concepção de que qualquer novidade deveria vir, não de uma 
Universidade Federal de Viçosa/aposentada; [email protected]   releitura do passado, mas de um processo inovador da solução plástica, a partir dos novos 
Josélia Godoy PORTUGAL 
meios produtivos, das novas técnicas construtivas e dos novos materiais da construção civil. 
Universidade Federal de Viçosa; [email protected]  
Maristela SIOLARI  Era  o  útil  frente  a  frente  com  o  belo.  O  que  não  demonstrava  utilidade  passou  a  ser 
Universidade Federal de Viçosa; [email protected]  considerado  gratuito.  Era  a  prática  profissional  que  tinha  na  adequação  às  funções  do 
  programa  de  necessidades  a  pronta  indicação  de  mérito.  Sobre  esse  ponto,  há  muitos 
estudos.1 
RESUMO 
Este trabalho pretende fazer um relato de uma experiência didático‐pedagógica desenvolvida nas disciplinas de 
Um  fato  recorrente  na  historiografia  e  pouco  aprofundado,  é  a  supressão  do  estudo  da 
História e Teoria  da  Arquitetura do curso de Arquitetura e  Urbanismo da  Universidade Federal  de Viçosa, em  história na proposta da Bauhaus em seu projeto pedagógico, com o objetivo de privilegiar a 
uso  já  faz  alguns  anos.  O  exercício  do  redesenho,  da  elaboração  de  croquis  e  execução  de  maquetes  foram  autonomia  criativa  em  detrimento  do  conhecimento  do  passado  e  das  obras 
tomados como um meio de aprofundar o conhecimento do processo de projeto arquitetônico, tomando como  paradigmáticas2.  Esta  situação  foi  muitas  vezes  mal  interpretada  e  pode  ter  tido  como 
base  obras  paradigmáticas  apresentadas  e  ilustradas  nos  mais  conhecidos  compêndios  sobre  a  história  da  consequência um desinteresse, ou um afastamento do conteúdo das disciplinas de História e 
arquitetura. Dessa forma, pretende‐se que a relação teoria‐prática seja abordada de uma forma mais prática a 
partir do conhecimento teórico. O objetivo é ampliado ao ser solicitado o redesenho à mão livre paralelamente 
Teoria daquele de Projeto Arquitetônico em propostas pedagógicas recentes.3 
aos desenhos analíticos de algumas abordagens. Desta forma, a feitura dos croquis auxilia o aluno a perceber  No caso de Le Corbusier, aparentemente, a sua aversão ao que chamou de “os horrores da 
em detalhe a solução apresentada e a se expressar na linguagem gráfica de uma forma concisa e rápida. Nesse 
arquitetura” ao apontar “o problema mal formulado” (LE CORBUSIER, 1981, p. 84), típico da 
procedimento, o aluno tem, fundamentalmente, a oportunidade de avaliar a aplicação de teorias arquitetônicas 
diversas, nos mais diferentes períodos e locais, confrontadas com as soluções práticas atingidas.  virada  do  século  XIX  para  o  XX  e  aos  laureados  da  Academia  de  Belas  Artes,  levou‐o  a 
PALAVRAS‐CHAVE: práticas de ensino/aprendizagem; história da arquitetura; teoria da arquitetura.  
considerar que “A razão perdeu o equilíbrio” (LE CORBUSIER, 1981, p. xxvi). Apesar de seus 
estudos  sobre  os  traçados  reguladores  da  arquitetura  clássica  ‐  incluindo  entre  outras  “A 
 
Lição  de  Roma”  em  seu  livro  Por  uma  Arquitetura  (1923)  ‐  que  foram  fundamentais  para 
seus  projetos  desde  as  primeiras  décadas  de  sua  carreira,  pode‐se  perguntar  o  que 
permaneceu  como  conhecimento  amplo  sobre  as  obras  do  mestre  franco‐suíço  foram:  os 
1 INTRODUÇÃO
cinco pontos ou os traçados reguladores? No primeiro caso, restringe‐se a uma etapa (ou a 
uma das abordagens) de suas proposições teóricas. No segundo, fica a dúvida se os traçados 
Uma  discussão  recorrente  nos  meios  acadêmicos  é  a  relação  entre  o  conhecimento  da 
vieram a ser plenamente entendidos pelos profissionais da prática arquitetônica. 
história da arquitetura e, consequentemente, das teorias da arquitetura nas diversas épocas 
com a prática projetual. Sobre esse assunto, alguns estudiosos têm se debruçado no sentido  O Movimento Moderno abriu, assim, um tipo de preconceito quanto ao estudo da história: 
de entender a necessidade de estudos assim como no sentido de estabelecer propostas de  entre aqueles pouco conhecedores das propostas modernas e/ou aqueles que se satisfaziam 
relacionamento  entre  as  duas  áreas.  Um  dos  pontos  de  partida  no  aprendizado  sobre  a  com uma nova plástica arquitetônica. Ambos deixaram de se interessar, ou melhor, de tentar 
história da arquitetura é a leitura do material iconográfico de um projeto, com o objetivo de  aprender  o  que  é  a  arquitetura  através  do  rico  acervo  construído  ao  longo  dos  últimos 
compreender, analisar, criticar e fazer uso – no tempo presente – das ideias desenvolvidas no  milênios.  A  tônica  do  funcionalismo  foi  mais  forte  e  o  mote  “a  forma  segue  a  função”  foi, 
passado  recente  ou  longínquo.  Isto  constitui  a  formação  de  um  referencial  teórico,  talvez, a lição mais preponderante. A arquitetura, como uma produção de alta complexidade, 
metodológico e de um repertório para o desenvolvimento desse mesmo aprendizado.  apresenta  uma  série  de  outras  questões  que,  articuladas,  contextualizam  o  objeto  ou 
                                                            
Edson Mahfuz (2003) diz que “é só através de uma visão abstrata do passado que podemos 
torná‐lo  de  utilidade  para  nossos  interesses  atuais”  (MAHFUZ,  2003,  p.  70).  Eis  aí  uma  1  Sobre esse assunto, ver: MAHFUZ, E. C. Os conceitos de polifuncionalidade, autonomia e contextualismo e
questão  fundamental:  como  ter  essa  “visão  abstrata  do  passado”?  O  estudo  da  história  se  suas consequências para o ensino do projeto arquitetônico. In: COMAS, 1986, p. 47-68.
apoia  em  fatos,  evidências,  migalhas  que  o  tempo  nos  preservou.  Mas,  o  que  pode  ser  2  É claro que essa proposta não foi compartilhada por todos seus professores se lembrarmos que para um de
abstrato nisso? A arquitetura, a cidade, a paisagem têm uma aparência concreta e, apesar de  seus diretores mais influentes – Mies van der Rohe – a arquitetura acadêmica e tradicional alemã foi de vital
não ser a única, a abstração desse material – em especial, aquele que foi depositado em um  importância em seus projetos, em especial, as obras de Friedrich Schinkel.
tempo  passado  –,  para  um  jovem  estudante,  é  muitas  vezes  de  difícil  compreensão.  O  3 
Uma evidência desta abordagem é o sucesso do livro de E. Neufert “A Arte de Projetar em Arquitetura”,
próprio relato histórico também pode não ser cativante o suficiente quando não se percebe  publicado originalmente em 1936. Embora esteja ricamente ilustrado com obras paradigmáticas do Movimento
os fins imediatos para essas investidas.  Moderno, são os dimensionamentos detalhados que chamam a atenção do usuário (muitas vezes pouco atento à
indicação e referência ali dos exemplos citados).
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  551   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  552 

informam sobre uma série de intenções que vão além daquelas específicas de ordem técnica  pós‐graduação fazem presença constante, independentemente de sua área de estudo, e na 
ou estética.  University  of Cambridge. Os  professores proferem verdadeiras palestras semanais,  às quais 
Mesmo assim, teimamos em concordar com Elvan Silva ao dizer que:  os  estudantes  devem  comparecer.  Relatos  individuais  de  ex‐alunos  de  escolas  espalhadas 
pela  Europa  e  pelos  Estados  Unidos  indicam  o  grande  número  de  alunos  que  recebem 
A  natureza  híbrida  das  doutrinas  projetuais  não  é  um  obstáculo  à  manutenção  treinamento  nessa  área  por  meio  dessas  formas  expositivas  e  até  mesmo  aquelas 
deste tema como objeto de investigação, quer no escopo pedagógico propriamente 
dito, quer nos campos especulativos que o primeiro suscita. Na realidade, mais do 
instituições em que o padrão europeu e/ou norte‐americano foi adotado, como na Argentina 
que estudar o fenômeno do projeto isoladamente, as instituições de ensino devem  e no México. No Brasil, são também inúmeros os relatos dessa prática: há um conteúdo que 
–  e  efetivamente  o  fazem,  mesmo  que  de  modo  nem  sempre  ostensivo  –  é  exposto  de  forma  oral  e  visual  em  salas  de  aula  adequadamente  preparadas  para  tais 
aprofundar  o  estudo  da  projetualidade,  aqui  considerada  como  aquela  categoria  exposições,  com  avaliações  em  formas  de  provas  escritas,  apresentações  orais  com 
complexa  que  inclui  tanto  a  convicção  de  que  o  mundo  visível  pode  ser  seminários e trabalhos monográficos individuais ou em grupos. Em resposta a essa dinâmica, 
aperfeiçoado  como  a  sistematização  do  conhecimento  para  identificar  os 
elementos  programáticos  e  modos  apropriados  de  encaminhar  as  soluções 
os  alunos  fazem  uso  dessa  mesma  estratégia  nas  apresentações  orais  de  seus  trabalhos 
requeridas. (SILVA, 2003, p. 33).  ‘teóricos’,  no  sentido  de  ser  resultado  de  uma  investigação  com  métodos  científicos  e 
apresentado  com  o  padrão  acadêmico.  Nesta  forma  de  ensino‐aprendizagem,  entendemos 
Para  nós,  o  estudo  da  história  e  da  teoria  da  arquitetura  tem  várias  oportunidades  de 
que  há uma interação  direta pequena  entre  professor e  aluno. Porém,  mais do  que  isso,  o 
aplicação no ensino de projeto arquitetônico. A forma mais comum dessa aplicação está na 
grau  de  aproximação  da  lente  de  análise  do  aluno  em  seu  objeto  de  estudo  se  mantém  à 
defesa e instituição da dinâmica de atividade da concepção do ateliê. Essa defesa tem sido 
distância.  As  necessidades  imediatas  do  regime  de  ateliê  ficam,  portanto,  desligadas  desse 
formulada em várias instituições e em discursos isolados ou coletivos. Em alguns cursos de 
estudo. 
Arquitetura  e  Urbanismo  espalhados  pelo  país,  o  projeto  pedagógico  já  começa  a  ser 
esboçado  pela  discussão  sobre  a  adoção  da  prática  dos  ateliês,  nos  quais  professores  de 
várias  áreas  se  somam  no  enriquecimento  da  discussão  do  processo  projetual  junto  ao  2. SOBRE O EXERCÍCIO DE ANÁLISE PROJETUAL
alunado.  Elvan  Silva  assim  definiu  o  ateliê:  “[...]  como  espaço  de  treinamento,  onde  se 
exercitam habilidades adquiridas em outras disciplinas, ou espaço também de aquisição de  O que se pretende mostrar neste trabalho é uma prática diferenciada no desenvolvimento do 
outros  conhecimentos  e  habilidades.”  (SILVA,  1986,  p.  25).  Para  ele,  é  um  equívoco  a  conhecimento  sobre  as  obras  arquitetônicas  na  linha  do  tempo.  A  aproximação  maior  do 
separação entre a teoria e a prática. No entanto, em artigo publicado no livro Cinco Textos  objeto de estudo é, justamente, o indicador de que o cerne dessa matéria foi abstraído. Este 
sobre Arquitetura, a professora Maria Lúcia Mallard (Escola de Arquitetura da Universidade  procedimento a ser relatado se desenvolveu mais pela via intuitiva do que pela elaboração e 
Federal  de  Minas  Gerais)  afirma  que  a  prática  mais  comum  nas  aulas  de  projeto  adoção  de  alguma  teoria  no  ensino‐aprendizagem  de  formas  interativas  entre  professor  e 
arquitetônico nos “bons cursos […] do país e no exterior” (MALLARD, 2005, p. 104‐105) é a  aluno.  Ela  foi  desenvolvida  também  pela  exata  circunstância  de  uma  matriz  curricular  que 
postura  de  orientador  do  professor,  no  atendimento  de  caso  a  caso,  projeto  por  projeto,  segmenta  e  segrega  em  áreas  diferenciadas  o  conhecimento  da  história,  da  teoria,  da 
baseada em sua própria prática profissional (MALLARD, 2005, p. 88). Ela também indica que  tecnologia paralelamente e independentemente às disciplinas de projeto arquitetônico. Essa 
a  investigação  e o conhecimento da história  são  importantes pois “mesmo quando é mero  separação  tem  sido  comum  nas  matrizes  curriculares,  embora  as  Diretrizes  Curriculares 
registro  de  eventos,  permite  que  um  dia  esse  registro  aponte  para  algum  problema  indiquem  as  matérias  obrigatórias  ‐  que  podem  ser  entendidas  como  conteúdos  ‐  na 
relevante, sobre o qual um pesquisador criativo se debruce” (MALLARD, 2005, p. 93).  formação  do  arquiteto  e  urbanista.  Mas  é  necessário  confirmar  se,  na  prática  didático‐
Nesse  sentido,  pode‐se  perguntar  como  certas  expressões  típicas  do  discurso da  teoria,  da  pedagógica  interna  às  disciplinas  de  projeto  arquitetônico,  o  conteúdo  também  segrega 
história  e,  necessariamente,  do  projeto  arquitetônico  devem  ser  apreendidas  pelos  áreas  conexas  de  conhecimento.  Sem  a  opção  da  prática  de  ateliê,  no  nosso  contexto, 
estudantes em seu cotidiano profissional. Referimo‐nos a expressões como “espírito de uma  propusemos em seu lugar mudanças nos procedimentos das disciplinas de História & Teoria. 
época”,  comumente  escrita  no  vernáculo  alemão  “zeitgeist”,  como  “espírito  novo”,  que  a  A  forma  de  expressão  –  de  mostrar  uma  ideia  para  outros  ou  para  si  mesmo  –  mais 
partir da obra corbusiana foi adotada a expressão no vernáculo francês “l’esprit nouveau”, ou  adequada, no  caso de um  projeto  arquitetônico,  é o  desenho,  seja  ele  gráfico,  técnico,  em 
a  vontade  de  arte,  termo  essencial  para  a  teoria  de  Aloïs  Riegl,  em  seu  vernáculo  croquis,  ou  qualquer  outra  modalidade.  É  uma  das  formas  de  fazer  uma  ideia  se  tornar 
“kunstwollen”.  Será  que  essas  expressões  só  aparecem  nas  aulas  de  teoria  e  história  da  pública. No estudo das obras ao longo da história, o material iconográfico é de fundamental 
arquitetura, se delas depende justamente uma argumentação histórica, teórica e crítica bem  importância. A  coleta de dados  tem sido facilitada pelos  novos meios de comunicação, em 
formulada?  especial, através da World Wide Web. Em questão de segundos, qualquer pessoa com acesso 
Por outro lado, na Europa, embora seja comum a prática do ateliê, as disciplinas de História e  à  Web  pode  buscar  material  de  hipertextos  e  imagens  virtuais  de,  praticamente,  qualquer 
Teoria  tem  lugar  de  destaque  em  uma  prática  didático‐pedagógica  de  aulas  semanais  na  obra. As obras dos grandes mestres são as mais ricas nesse fundo de dados, quase infinito. 
forma de palestras, muitas vezes abertas ao público em geral, em um formato considerado  Mas,  como  Betty  Edwards  argumenta  em  seu  livro  Desenhando  com  o  lado  direito  do 
talvez conservador da prática pedagógica entendida que há aquele que “ensina” e há aquele  cérebro (cf. DORFMAN, 2002), o desenho de observação não tem comparação com a tomada 
que “aprende”. É assim na Architectural Association, onde até os estudantes dos cursos de  de  fotografias  no  sentido  do  primeiro  –  o  desenho  de  observação  –  fixar  na  memória  os 
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detalhes de cada solução arquitetônica  ou cada detalhe de uma paisagem,  urbana,  natural  mas  não chegamos à  compreensão  e  delimitação  da  Arquitetura  enquanto  ramos 
ou artificial.  do saber humano. (OLIVEIRA, 1986, p. 77). 

A  obra  de  Betty  Edward,  como  um  referencial  teórico,  ratifica  a  prática  do  redesenho  que  Mesmo  sem  ter  conhecimento  da  abordagem  desse  autor,  buscávamos  desde  o  início 
vem  sendo  adotada  e  desenvolvida  como  uma  prática  pedagógica  para  as  disciplinas  de  alguma solução para o caso de, pelo menos, os novos egressos do Curso de Arquitetura da 
História e Teoria, no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa. A  UFV.  No  início,  procurou‐se  aprofundar  a  visualização  das  obras  estudadas  em  três 
busca  de  fixação  de  soluções  arquitetônicas,  de  entendimento  e  análise  dos  projetos  e  de  dimensões por meio da execução de maquetes de obras paradigmáticas (figs. 02 e 03). 
aprofundamento  em  um  pensamento  crítico  e  analítico  resultou  em  uma  didática  Figura 2 – Maquete do Conjunto Pedregulho; Affonso Eduardo Reidy; Rio de Janeiro, 1940s; exercício da disciplina 
Arquitetura Brasileira II; c1999‐1;UFV 
experimental ao longo dos últimos quinze / vinte anos. 
Embora  os  novos  alunos  se  alvorocem  ao  se  defrontar  com  a  tarefa  de  desenhar,  de  fazer 
croquis, de  representar  algo  à  mão  livre  e  até  de  entregar  todas  as  folhas  de  um  trabalho 
escritas  à  mão,  o  resultado  tem  sido  bastante  satisfatório  e  com  uma  ótima  aceitação  por 
parte dos alunos. Nas imagens que se seguem (fig. 1), é perceptível o dispêndio de trabalho 
(= labor) que a grande maioria dos alunos dedica. 
Figura 1 – Redesenho de Casa dos Mestres; Wassily Kandinsky, 1920s; Dessau, Alemanha; exercício da disciplina História e 
Teoria da Arquitetura IV; 2013‐1;UFV 

 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 
Figura 3 – Maquete projeto de paisagismo; Burle Marx; Petrópolis, RJ; exercício da disciplina Arquitetura Brasileira II; c1999‐
1; UFV 

 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 

Além  de  ser  uma  oportunidade  para  exercitar  a  habilidade  manual,  a  compreensão  e  a 
análise dos projetos nos parecem mais eficazes que os conhecidos trabalhos monográficos, 
realizados com todo o aparato da era digital. De acordo com Rogério de Castro Oliveira1, já 
na década de 1980: 
 
O  estado  atual  da  disciplina,  isto  é,  do  conhecimento  arquitetônico,  é  deplorável. 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 
Conhecemos pouco sobre a natureza do fazer arquitetônico, sendo difícil discernir 
sua  lógica  interna.  A  teoria  reduz‐se  a  um  conjunto  de  opiniões,  preconceitos  e  Em um dos semestres letivos, ainda nos anos 1990, na disciplina em que se estudavam obras 
fragmentos  de  uma  perdida  filosofia  da  arquitetura  que,  mesmo  admitindo‐se  expressivas  do  Movimento  Moderno,  optou‐se  por  definir  uma  escala  comum  a  todos  os 
méritos  em  tais  ideias  quando  tomadas  isoladamente,  falham  em  atribuir‐lhe  um 
caráter  unificador.  Podemos  ter  acesso  a  muitas  informações  úteis  e  proveitosas, 
projetos a serem representados. Adotou‐se assim a escala de 1:100, quer seja para uma obra 
de J.J.P. Oud (no caso, as casas em fita do conjunto de Weissenhof, em Stuttgart, em 1927), 
                                                             quer  seja  para  a  Robie  House,  de  Frank  Lloyd  Wright  em  Chicago,  EUA,  obra  de  1910c.  As 
discussões  em  sala  foram  profícuas,  pois  foi  possível  fazer  uma  comparação  formal, 
1  Sobre o livro organizado por Carlos Eduardo Comas, Ruth Verde Zein afirma em 2003, que é “referência volumétrica e de ordem de grandeza, tudo ao mesmo tempo. A proporção física entre esses 
indispensável” sobre o assunto do ensino de Projeto Arquitetônico. (ZEIN, 2003, p. 81, n. 1).
objetos arquitetônicos ficaram marcadas na memória dos alunos. Por outro lado, apenas por 
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meio de fotografias estampadas em livros, é difícil compreender o contexto.  Fig. 04 –  Croquis analíticos – primeiro exercício (alunos do segundo período do curso de Arquitetura e Urbanismo, UFV, 
2012): Antiga Abadia de Cluny na França. 
Com o passar do tempo, buscou‐se aprimorar o estudo das maquetes para analisar o terreno 
e o contexto. Uma simples e hipotética casa eclética próxima a outras construções, de outras 
épocas, ao longo de uma rua, também hipotética, era representada em 3D, de forma física, 
com  materiais  simples  como  o  papelão.  As  comparações  tomaram  outras  dimensões 
influindo na apreciação crítica e temporal de linguagens arquitetônicas variadas. 
Ao  buscarmos  referências  teóricas  para  as  análises  projetuais,  encontramos  um  trabalho‐
chave  no  estudo  do  desenho  como  uma  representação  datada.  Trata‐se  de  um  estudo  do 
crítico e historiador inglês Robin Evans sobre os interiores de palacetes britânicos dos séculos 
XVIII  e  XIX.  Nesse  trabalho,  Evans  afirma  que  “As  in  architecture,  so  in  furniture  design: 
drawing was to be regarded as fundamental” (EVANS, 2003, p. 198). Para ele, o desenho e o 
redesenho são peças fundamentais para o entendimento das concepções arquitetônicas. 
Portanto, assim foi sendo desenvolvida a prática do redesenho. Esse não apenas como uma 
representação renovada ‐ seja à mão livre ou por meios computacionais. Era preciso indicar 
 
nos  desenhos  várias  análises  possíveis,  às  vezes  com  pequenos  textos  e/ou  citações:  o 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 
contexto  histórico,  social,  geográfico;  a  situação  física  com  insolação,  visibilidades,  visadas, 
etc.; a solução funcional, estrutural, construtiva, etc.; o conceito, enfim! Era preciso explicar  Os  resultados  continuam  sendo  bastante  satisfatórios.  Os  exemplos  mostrados  nas  figuras 
quem era o autor do projeto e sua trajetória para propor tais obras. Uma vez, um estudante  podem dar uma ideia da proposta. 
teve dificuldade em entender que o mesmo arquiteto que tinha feito o projeto do conjunto  O procedimento adotado durante os últimos semestres é o seguinte: cada grupo de alunos 
Japurá em São Paulo, tinha tido um início de carreira com obras tão “básicas”, pertencentes  tem  a  tarefa  de  desenvolver  um  estudo  de  uma  obra  indicada  pelo  professor  com 
ao  Ecletismo.  Dificuldades  com  a  linha  do  tempo  e  com  contemporaneidades  foram  orientações  específicas  a  cada  um  deles,  dependendo  obviamente  da  disciplina  em  curso. 
fartamente desenvolvidas. Tratava‐se, no caso, de um arquiteto tão importante na história do  Ora  se  quer  focalizar  uma  relação  de  projeto  estrutural  com  um  meio  de  produção  (ex.:  a 
modernismo paulistano como Eduardo Kneese de Melo.  produção em série e a modulação). Ora se quer indicar uma relação entre visão de mundo de 
Há alguns anos, esta didática tem sido adotada em toda a sequência de sete disciplinas (duas  uma  época  com  as  proporções  adotadas  pelos  artistas/arquitetos  em  suas  obras  (ex.:  o 
de arquitetura brasileira e cinco de arquitetura ocidental estrangeira) de História e Teoria que  Humanismo  no  Renascimento  e  as  proporções  vitruvianas).  Há  sempre  uma  indicação  de 
compõem a grade curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFV.  leitura  relacionada  com  o  tema  em  questão  de  cada  exercício.  A  essa  avaliação  se  deu  o 
nome de Exercício Prático de Croquis (fig. 5). 
Figura 03 – Croquis analíticos – primeiro exercício (alunos do segundo período do curso de Arquitetura e Urbanismo, UFV, 
2012): Catedral de Duham, na Inglaterra.     

 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 
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Figura 05 –  Croquis analíticos – Winslow House; F. L. Wright, c1900; exercício de croquis; disciplina História e Teoria da  Figura 05 –  Maquetes de projetos arquitetônicos em estudo; disciplina História e Teoria da Arquitetura II, 2013‐1, UFV. 
Arquitetura II, 2013‐1, UFV. 

 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras. 

É  de  Rogério  de  Castro  Oliveira  que  buscamos  mais  uma  citação  para  compactuar  com  a 
proposta relatada: 
O  conhecimento  arquitetônico  repousa  sobre  o  repertório  de  soluções  do  qual  a 
  história  é  o  repositório;  o  repertório  é  aplicado  com  sensibilidade  e  razão  a 
Fonte: Arquivo pessoal das autoras.  problemas  específicos  da  arquitetura,  segundo  a  teoria  e  a  prática  do  ofício  e  a 
inventividade pessoal do arquiteto. (OLIVEIRA, 1986, p. 75) 
Nos semestres letivos de 2012‐II e 2013‐I, foi acrescentada outra tarefa semelhante. No lugar 
de um exercício com muitas páginas escritas e desenhadas (mais desenhadas que escritas, de  E,  pouco  mais  adiante,  o  mesmo  autor  também  afirma  que  “O  ensino  do  projeto 
preferência)  foi  proposto  um  Exercício  de  Ilustração.  Esse  último  trata  da  decomposição  arquitetônico busca, pela investigação contínua e sistemática de problemas paradigmáticos, 
analítico‐formal  da  obra.  A  indicação  de  duas  ou  três  obras  paradigmáticas  é  feita  e  promover a transmissão, a transformação e o crescimento do saber.” (OLIVEIRA, 1986, p. 75‐
distribuída  para  a  turma  e,  em  um  horário  de  uma  aula  de  100min,  os  pequenos  grupos  76). 
desenvolvem suas análises a partir de um material iconográfico coletado por eles mesmos, 
antecipadamente.  Os  resultados  são  expostos  no  hall  do  Departamento  e  os  alunos  são 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
convidados a expor seus trabalhos diante de alunos de turmas diferentes. No semestre 2013‐
I,  tivemos  um  exercício  com  esse  objetivo  com  obras  de  Le  Corbusier,  Mies  van  der  Rohe,  Nesse sentido, não é possível mais distinguir em qual disciplina o projeto arquitetônico (ou 
Walter  Gropius,  Alvar  Aalto  e  outros.  As  obras  escolhidas  são:  a  Villa  Savoye  e  o  Pavilhão  as teorias e as histórias do objeto arquitetônico) é analisado e (re)produzido. Se a prática do 
Suíço,  o  Pavilhão  de  Barcelona  (fig.  6)  e  o  prédio  da  Bauhaus;  o  cemitério  de  Asplund  e  a  ateliê  ainda  não  foi  adotada  para  as  disciplinas  de  projeto  em  algumas  escolas  de 
biblioteca de Viipuri. No semestre seguinte, também a partir da aplicação desse formato de  arquitetura,  o  estudo  dos  projetos  arquitetônicos  com  a  reversão  aos  croquis  iniciais 
exercício na disciplina “Arquitetura Brasileira II” fizemos uma exposição no Departamento de  compositivos  e  analíticos  de  possíveis  soluções  está  sendo  adotado  nas  disciplinas  de 
algumas das obras publicadas no clássico Brazil Builds (Brazil Builds: New and Old 1652‐1942,  História & Teoria: o redesenho, a análise, a reconstituição do processo projetual, a crítica, a 
de Philip Goodwin, 1943). teoria,  tudo  aplicado  ao  estudo  do  projeto  arquitetônico  em  forma  de  um  ateliê  de 
Os croquis devem representar as formas geométricas da volumetria da solução arquitetônica  investigação. 
e buscar explicações, também formais, dessas soluções. Esse trabalho é completado com a  Diante  do  relato  de  nossas  experiências,  onde  nosso  objetivo  coincide  com  a  proposta  de 
entrega de uma maquete esquemática da solução final de uma das obras em análise, para  “[...] abordar o desenho como linguagem, como ferramenta indispensável para o arquiteto, 
cada  exercício.  Uma  maratona  de  desenhos  e  maquetes.  Uma  competição,  até  agora,  não apenas como forma de comunicar, como também de pensar a Arquitetura” (DORFMAN, 
saudável.  2002,  p.  247),  usarmos  os  desenhos  ou  redesenhos  de  obras  paradigmáticas  no  ensino  de 
    História  e  Teoria da  Arquitetura é  a  forma  que  temos  preferido  para  levar  nossos  alunos  a 
pensar a Arquitetura, conforme coloca a autora. 
Nossa  premissa  corrobora  a  proposta  da  autora  de  que  “desenhar  nos  ajuda  a  pensar  de 
maneira visual” (DORFMAN, 2002, p. 247). Essa autora tem discutido sobre a importância e o 
significado  do  desenho  como  ferramenta  para  pensar  a  arquitetura,  afirmando  que  essa 
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prática  é  também  uma  forma  de  análise  e  crítica.  E  isso  faz  sentido,  ao  entendermos  o  Deriva fotográfica do bem:  
desenho/croquis  como  forma  de  pensar  o  projeto  isto  é,  em  uma  instância  mais  abstrata, 
pensar a Arquitetura. 
cidade, encontro, memória e fotografia 
Nossa proposta coincide também com o entendimento de Montaner (2007): “O método do 
Bráulio Vinícius FERREIRA 
redesenho  é  uma  técnica  de  memorizar  os  projetos  criando  um  repertório  mental”.  Nesta  Universidade Federal de Goiás . [email protected] 
prática  não  se  pretende  uma  ação  passiva  meramente  ilustrativa  ou  até  artística.   
Entendemos  como  uma  crítica  arquitetônica  e  histórica  pela  prática  da  análise  através  do 
redesenho. É o próprio Montaner que afirma: “[...] toda crítica arquitetônica deve penetrar a  RESUMO 
fundo  na  análise  estritamente  formal,  superando  aquelas  leituras  que  limitam  apenas  a  Inspirada na Deriva dos Situacionistas Internacionais, a Deriva Fotográfica do Bem tem como objetivo promover 
o  encontro  das  pessoas  com  o  Centro  da  Cidade  de  Goiânia.  Desde  2010  a  Deriva  Fotográfica  do  Bem  vem 
interpretações gerais.” (MONTANER, 2007, p. 26) e, mais adiante: “A melhor crítica, portanto, 
sendo  realizada  e  produzindo  um  registro  coletivo  digital  de  fotografias,  com  a  intenção  de  preservar  a  
é  aquela  que  concilia  considerações  sobre  o  conteúdo  com  considerações  sobre  a  forma”  memória  e  registrar  o  olhar  de  cada  participante  sobre  a  cidade  em  sua  própria  caminhada  pelo  Centro  de 
(MONTANER, 2007, p. 27). No nosso entender, tentamos acompanhar o debate atual sobre a  Goiânia. A inscrição para o evento, que desde 2012 é um projeto de extensão da UFG, é a doação de dois litros 
necessidade  de  apurar  a  visão  crítica  dos  alunos  e  as  análises  de  forma  contribuir  para  a  de leite que são repassados para uma instituição de apoio que trata de moradores de rua e andarilhos, o que 
prática profissional, sendo que a matéria prima em questão está no estudo da História e da  justifica  seu  nome  ‘do  Bem’.  Este  artigo  objetiva  refletir  sobre  a  Deriva  Fotográfica  do  Bem,  tendo  com  o 
premissa os pressupostos da Deriva da IS e o registro dos participantes da  Deriva Fotográfica do Bem através 
Teoria da Arquitetura de obras sacralizadas pela historiografia. 
de algumas imagens e depoimentos registrados. 
PALAVRA‐CHAVE: Deriva. Fotografia. Memória. Cidade. 
REFERÊNCIAS
COMAS, C. E. (org.). Projeto arquitetônico disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. 
1. A DERIVA
DORFMAN, B. R. O ensino do desenho no curso de Arquitetura: a construção do pensamento visual. In:  A palavra Deriva está relacionada à ideia de um desvio de caminho. Quando dizemos que um 
MIRANDA, M. M. S.; BRUM, N. F. D. (orgs.). As relações arquitetônicas do Rio Grande do Sul com os países do 
Prata. Santa Maria: Pallotti, 2002. p. 247–255. 
barco  ficou  à  deriva  é  que  certamente  ele  foi  levado  pelas  águas  sem  rumo  ou  objetivo 
próprio. Derivar segundo o dicionário Aurélio é desviar do curso ou do caminho. (FERREIRA, 
EVANS, R. The Developed Surface. An Enquiry into the Brief Life of an Eighteenth Century Drawing Technique. 
2010). 
In: EVANS, R. Translations from Drawing to Building and Other Essays. Londres: Architectural Association, 2003. 
AA Documents, n. 2, p. 195‐231.  Para  a  Internacional  Situacionista,  a  Deriva  é  uma  técnica  de  passagem  rápida  por  várias 
LE CORBUSIER. Por uma arquitetura. 3. ed. Trad. Ubirajara Rebouças. São Paulo: Perspectiva, 1981.  ambiências  urbanas.  O  conceito  da  Deriva,  segundo  Guy‐Ernest  Debord  (1931‐1994),  está 
MAHFUZ, E. Reflexões sobre a construção da forma pertinente. In: LARA, F.; MARQUES, S. Desafio e Conquistas  ligado de forma indissolúvel ao reconhecimento de natureza pisicogeográfica e à afirmação 
da Pesquisa e do Ensino de Projeto. Rio de Janeiro: EVC, 2003. p. 64‐80.  de um comportamento lúdico‐construtivo, fazendo da experiência algo totalmente diferente 
e oposto à noção de passeio ou de viagem.  
MIRANDA, M. M. S. Desenho: a ferramenta de comunicação do arquiteto. In: MIRANDA, M. M. S.; BRUM, N. F. 
D. (orgs.). As relações arquitetônicas do Rio Grande do Sul com os países do Prata. Santa Maria: Pallotti, 202.  As grandes cidades são favoráveis à distração que chamamos de deriva. A deriva é 
p.243‐246.   uma  técnica  do  andar  sem  rumo. Ela  se  mistura  à  influência  do  cenário.  Todas  as 
casas  são  belas.  A  arquitetura  deve  se  tornar  apaixonante.  Nós  não  saberíamos 
MONTANER, J. M. Arquitetura e Crítica. 2. ed. Trad. Alicia Duarte Penna. Barcelona: Gustavo Gili, 2007.  
considerar  tipos  de  construção  menores.  O  novo  urbanismo  é  inseparável  das 
OLIVEIRA, R. de C. A formação de repertório para o projeto arquitetônico: algumas implicações didáticas. In:  transformações  econômicas  e  sociais  felizmente  inevitáveis.  É  possível  se  pensar 
COMAS, C. E. (org.). Projeto Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto,  que as reivindicações revolucionárias de uma época correspondem à ideia que essa 
1986. p. 69‐84.   época  tem  da  felicidade.  A  valorização  dos  lazeres  não  é  uma  brincadeira.  Nós 
insistimos que é preciso se inventar novos jogos.  (Debord, apud JACQUES, 2003, p. 
SILVA, E. Novos e Velhos Conceitos no Ensino do Projeto Arquitetônico. In: LARA, F.; MARQUES, S. (orgs.). 
17) 
Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino de Projeto. Rio de Janeiro: EVC, 2003, p. 32‐34.  
SILVA, E. Sobre a Renovação do Conceito de Projeto Arquitetônico e sua Didática. In: COMAS, C. E. (org.).  A deriva, portanto, como técnica de reconhecimento da cidade foi criada pela Internacional 
Projeto Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. p. 15‐31.   Situacionista como forma de promover a investigação e a pesquisa sobre a cidade. Para a IS a 
ZEIN, R. V. A síntese não é ponto de chegada, mas de partida. In: LARA, F.; MARQUES, S. Desafio e Conquistas da  Deriva poderia ser realizada por uma ou várias pessoas que, por um período mais ou menos 
Pesquisa e do Ensino de Projeto. Rio de Janeiro: EVC, 2003. p. 81‐84.  longo, pudessem  rejeitar  a  rotina de deslocamento do cotidiano na cidade  e “procurar  um 
outro caminho para entregar‐se às solicitações do terreno e das pessoas que nele venham a 
encontrar”, como diz Jacques (2003, p.87). 
A  deriva  segundo  Debord  (2003),  é  a  oportunidade  de  responder  à  frase  de  Marx  –  “Os 
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homens  não  veem  nada  em  torno  de  si  que  não  seja  o  próprio  rosto,  tudo  lhes  fala  deles  com o centro da cidade e no centro de Goiânia, permitindo, além de uma experiência urbana 
mesmos. Até a paisagem é alvo vivo.” Esta resposta se dá pelo caráter urbano da Deriva, no  sensorial,  a  percepção  de  todos  os  elementos  que  compõem  a  região  e  que, 
contato com centros de possibilidade e significações que são as cidades transformadas pela  quotidianamente, são despercebidos pela maioria do que passam pelo lugar. 
indústria. 
A criação de uma identidade conceitual e visual para a Deriva foi amplamente discutida pela 
equipe organizadora, que  levou à   definição de um conceito  e  também de  uma  identidade 
2. A DERIVA FOTOGRÁFICA visual  que    conseguisse    comunicar  todo  o  conceito  e  ideia  do  evento.    O  resultado  foi  o 
seguinte: 
Parece  ser  contraditório  a  proposta  de  uma  Deriva  que  utilize  a  fotografia  como  meio  de  Figura1. Marca da Deriva Fotográfica do Bem 2013 . 
Desenvolvida pela Zebra Design e Estúdio Go. 
registro das imagens, mas a contradição da memória imagética pode facilitar na descrição da 
experiência de derivar pela própria cidade. Assim, a Deriva fotográfica parece ser adequada 
ao reconhecimento urbano e arquitetônico de qualquer cidade. 

3. A DERIVA FOTOGRÁFICA DO BEM

A  Deriva  Fotográfica  do  Bem  é  uma  expedição  que  reúne  um  grupo  de  pessoas  que  tem, 
como  interesse  comum,  a  cidade,  a  fotografia  e  a  memória  e,  como  objetivo,  promover  o 
 
encontro com o centro da cidade utilizando o registro imagético como forma de expressão 
Fonte: Ferreira 2013. 
da memória. 
Assim, a marca da Deriva Fotográfica do Bem apresenta 03 pictogramas semelhantes ao que 
A  atividade  nasceu  em  2008,  em  uma  disciplina  optativa  do  curso  de  Arquitetura  e 
são encontrados nas máquinas fotográficas, uma tipografia que anuncia o evento e outra que 
Urbanismo  da  Universidade  Estadual  de  Goiás  (UEG),  na  qual  alunos,  divididos  em  grupos, 
explicita o tema do ano de 2013: “O Centro que eu nunca vi”. Os pictogramas referem‐se à 
andavam pelas ruas do centro da cidade, conhecendo e reconhecendo seu traçado histórico. 
cidade  –  através  de  uma  síntese  do  centro  de  Goiânia,  ao  encontro  –  características  do 
O  objetivo  da  Deriva  era  propiciar  uma  visita  ao  centro  da  cidade  de  Goiânia  e  o  registro 
evento – e à fotografia. 
através  de  fotografias  e  vídeos  da  cidade,  da  arquitetura  e  das  pessoas  que  habitam, 
trabalham e passam pelas ruas visitadas.  Durante  a  divulgação  do  evento,  a  equipe  organizadora  procurou  destacar  que  a  Deriva 
Fotográfica do Bem não é um encontro de fotógrafos profissionais, mas sim um encontro de 
Mas,  em  2010,  a  disciplina  acadêmica  deixou  de  ser  oferecida  e,  dando  continuidade  ao 
pessoas que têm como interesse comum a cidade, a memória e a fotografia. Foi estimulado, 
projeto,  um  grupo  de  15  pessoas  entre  estudantes  e  professores  de  arquitetura  da  UEG,  
durante  o  evento,  a  participação  de  pessoas  com  os  mais  variados  equipamentos 
resolveram  unir  a  fotografia  à  ação  beneficente.  Assim,  cada  pessoa  levou  gêneros 
fotográficos,  dos  smartfones  e  tablets,  passando  pelas  câmeras  compactas  e  também  os 
alimentícios e roupas usadas, para serem doados a uma instituição que assiste moradores de 
equipamentos profissionais dos clubes e escolas de fotografia da cidade. 
ruas e dependentes químicos e, desta forma, nasceu a Deriva Fotográfica do Bem. 
Outra mudança em relação às edições anteriores, foi a proposta de dois outros momentos da 
Em 2011, a Deriva, ainda  realizada de maneira informal, tendo como premissa de divulgação 
Deriva. Um evento que antecede a caminhada e outro de encerramento no dia da Deriva. Por 
a  internet  e  as  redes  sociais,  contou  com  a  participação  de  140  inscritos.  Não  foi  cobrado 
isso, no dia 16 de agosto,  no Centro de Cultura da UFG  houve um encontro chamado “Bate 
nenhum valor de inscrição: a única contrapartida era a doação de dois litros de leite longa‐
papo”  com  o  tema:  “A  arquitetura,  a  fotografia  e  a  poesia  –  olhares  sobre  a  cidade”.  O 
vida.  Na  ocasião,  foram  arrecadados  185  litros  e  na  edição  de  2012  alcançou  a 
encontro contou com a participação da Arquiteta Marcia Metran de Melo, do Fotógrafo Hélio 
surpreendente marca de 203 inscritos e arrecadou 225 litros de leite.  
de  Oliveira  e  do  Poeta  Alexandre  Marino.  O  objetivo  do  bate  papo  foi  provocar  o  debate 
sobre  arquitetura,  fotografia  e  cultura  urbana,  além  de  provocar  uma  reflexão  sobre  a 
A DERIVA FOTOGRÁFICA DO BEM DE 2013 
cidade, sua memória e a imagem. 
Em  2013,  a  Deriva  Fotográfica  do  Bem  apresentou‐se  bem  mais  organizada,  com  a 
No dia 17 de agosto,  – A Deriva 2013 teve início às 8 horas, com a concentração, na Praça 
participação  de  uma  equipe  multidisciplinar  composta  por  estudantes  de  arquitetura, 
Cívica, de aproximadamente 250 participantes  Em seguida, foi realizada a entrega dos litros 
psicologia,  além  de  arquitetos,  professores  e  profissionais  de  direito,  comunicação  social  e 
de leite e  feita também a divisão dos grupos, sendo iniciada a Deriva propriamente dita. 
informática.  
A  divisão  em  grupos  menores  é  essencial  à  prática  da  deriva.  E  sobre  a  quantidade  de 
A primeira mudança proposta pela equipe foi a criação de um tema que pudesse chamar a 
pessoas envolvidas na atividade Debord (apud JACQUES, 2003, p. 88 ) afirma: 
atenção para o centro da cidade e a percepção de toda a ambiência urbana. Assim, o  tema 
escolhido foi “O Centro que eu nunca vi”. A escolha foi feita visando o encontro das pessoas  Pode‐se derivar sozinho, mas tudo indica que a distribuição mais proveitosa será a 
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que  consiste  em  vários  grupinhos  de  duas  ou  três  pessoas  com  idêntico  nível  de  e a direção dos percursos feitos por cada derivante. Debord (2003) afirma que  o estudo de 
consciência, cujas observações serão confrontadas e levarão a conclusões objetivas.  mapas pode favorecer à exploração das cidades mesmo que não haja familiaridade com os 
É desejável que  a composição de grupos mude de uma deriva para outra. Acima de 
quatro ou cinco participantes, o cunho específico da deriva decai rapidamente e, se 
bairros  percorridos.  Nesse  sentido,  vale  ressaltar  que  em  todas  as  edições  a  Deriva 
o  grupo  chega  a  dez  ou  mais,  a  deriva  se  fraciona  em  várias  derivas  efetuadas  Fotográfica do bem contou com vários participantes de outras cidades, como os estudantes 
simultaneamente.  Aliás  a  prática  deste  último  movimento  é  de  grande  interesse,  de arquitetura de duas escolas de Anápolis, além de outros participantes que ou se mudaram 
mas  as  dificuldades  que  acarreta  não  permitiram  até  agora  que  seja  organizada  para  Goiânia ou estavam a passeio na cidade. 
numa dimensão desejável.   
Ao  final  do  percurso,    o  grupo  se  reuniu    no  saguão  de  entrada  do  Teatro  Goiânia  para  o 
O  número de  participantes  em cada grupo  da Deriva  Fotográfica  do Bem  está  diretamente  fechamento do evento e entrega dos certificados. Além das formalidades de encerramento, a 
relacionado  ao  número  de  orientadores.  Os  orientadores  são  arquitetos,  estudantes  palavra  foi  franqueada  para  os  participantes  que  quisessem  –  de  forma  voluntária  – 
formandos de arquitetura, professores de arquitetura, historiadores  entre outros. A  função  apresentar  seu  depoimento  sobre  a  experiência  da  Deriva  Fotográfica  do  Bem.  Neste 
do  orientador  é  pensar  em  um  provável  caminho  e  também    ajudar  na  identificação  de  momento os depoimentos, carregados  de emoção,  descreveram  experiências  ricas e  muito 
elementos  arquitetônicos  e  urbanos  interessantes  que  podem  aparecer  durante  a  interessantes. 
caminhada.  
O registro fotográfico1 do centro da cidade, de sua arquitetura, de seus usos, e das pessoas é 
Para orientar os grupos, a equipe da Deriva fotográfica do bem criou um mapa do centro de  uma das maneiras de valorizar e preservar a história e a memória da capital do Estado. Os 
Goiânia  contendo,  além  das  informações  geográficas,  outras  que  pudessem  revelar  ao  depoimentos são reveladores e deixam claras as conexões com a cidade nas esferas física e 
participante  as  possibilidades  de  reconhecimento  da  cidade  nas  seguintes  categorias:  emocional. É possível perceber a integração entre a cidade e seus usuários a partir de uma 
arquitetura,  monumento,  encontro  e  gastronomia.  Mais  que  orientar,  o  mapa  tem  como  técnica que tem como objetivo o reconhecimento urbano da cidade. 
objetivo  revelar  um  centro  da  cidade  que  continua  vivo  e  dinâmico.  Outro  objetivo  é 
potencializar  o  reconhecimento  geográfico  do  centro  histórico  da  cidade  através  de  seu  Alguns Depoimentos e Registros da Deriva Fotográfica de 2013 
desenho e informações textuais. 
Para  um  melhor  entendimento  sobre  a  Deriva  Fotográfica  do  Bem  e  também  para 
Figura 2 – Mapa da Deriva Fotográfica do Bem 2013.
reconhecer  nas  imagens  e  textos  um  interessante  conteúdo  de  pesquisa,  seguem  
depoimentos e imagens de alguns dos participantes da Deriva de 20132. 
Rerwer werw 
Figura 3 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 

Foi muito bom (re) conhecer Goiânia pela Deriva 
Fotográfica. Há 17 anos eu circulo em Goiânia, e 
nunca havia visto a cidade assim. Creio até que 
todas as cidades deveriam ser conhecidas dessa 
forma. Você agendaria sua chegada, e um grupo o 
esperaria para uma expedição fotográfica. As 
cidades seriam mais aconchegantes, e talvez menos 
inóspitas. A Deriva me apresentou um centro mais 
humano, ainda que maltratado. (MARINO, 2013) 

 
Fonte: Alexandre Marino, 2013 

                                                            
1
 Todos os registros feitos durante a expedição podem ser vistos na Expoderiva, projeto que dá continuidade ao evento, 
através de uma exposição virtual realizada no www.blogdobraulio.com, com o envio das imagens feitas pelos participantes. 
Atualmente, conta‐se com um total de 390 fotos enviadas por 78 participantes. 
  2 As imagens e depoimentos aqui selecionados foram enviados por email pelos participantes para a organização da
Fonte: Ferreira, 2013.  Deriva Fotográfica do Bem. E todas – no periodo de redação deste artigo ‐ ainda não haviam sido publicadas no
O mapa proposto ajuda a explorar o campo espacial marcado pelo estabelecimento de bases  endereço eletrônico www.blogdobraulio.com
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Figura 4 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013  Figura 7 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 
O centro é o meu lugar na cidade. É onde me sinto 
verdadeiramente parte de um todo. Ter participado 
da deriva reforçou em mim a percepção de ser cada 
Participar da Deriva fotográfica é uma oportunidade 
vez mais todo e menos parte. Derivar pelo centro 
incrível para caminhar e experimentar a cidade. Um 
fotografando me permitiu constatar que há flores 
convite a vivenciar uma cidade cheia de memórias, 
em todo ser, que há em cada um a vontade de 
histórias e encontros. A Deriva nos proporciona 
pertencer, que é de cada um o direito de reivindicar 
experimentar, apreciar e refletir nossa cidade. 
um lugar. Do bem que a deriva proporciona, 
Pensar o nosso papel nela e avaliar processos de 
destaco sobretudo uma importante lição: apreendi 
apropriação e abandono, zelo e descuido, o novo e 
que 'centro' é sinônimo de 'comunhão'. (VELOSO, 
o 'velho', o material e o imaterial urbano, realidades 
que a rotina dos dias privam nosso olhar. (CARLO,    2013) 
2013)  Fonte: Ellen Ribeiro Veloso, 2013. 
Figura 8 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 
 
Fonte: Altillierme Carlo, 2013. 
Figura 5 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 
Observar a cidade de dentro para fora, perceber o 
significado da paisagem urbana através da pulsação 
de seus habitantes, transitar à deriva pelo centro de 
A Deriva foi uma ótima oportunidade de  Goiânia não me trouxe apenas uma nova percepção 
redescobrir o centro em que eu nasci e cresci,  sobre a cidade, trouxe também novas conexões 
apesar do convívio de infância com o centro foi  com os transeuntes e breve, porém marcante, 
ótimo poder observá‐lo dentro de um novo  participação em seus caminhos, e a deles nos meus. 
aspecto, um aspecto mais urbano, mais ligado  (REIS, 2013) 
também ao cultural. Observar as pessoas que ali 
trabalham, vivem, observar também com novos 
olhos a arquitetura, o urbano, os equipamentos e   
mobiliários, muitos desgastados pelo tempo, já  Fonte: Emile Reis, 2013. 
outros, vandalizados foi uma experiência única.  
(BUCAR, 2013)  Figura 9 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 

 
Fonte: Amanda Bucar, 2013 
Figura 6 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 
 
Experiência única, a Deriva Fotográfica do Bem 
eterniza a bela Goiânia através da fotografia, e mais 
Foi gratificante participar da Deriva fotográfica,  que isso, mostra mais sobre mim mesma e minha 
tinha uma visão totalmente diferente de Goiânia,  percepção sobre o que me cerca. (SANT, 2013) 
através da deriva ver um centro bem mais 
harmonioso. Tenho uma foto que tire que eu gosto 
muito que foi da máquina antiga de dinheiro foi 
umas da coisa que eu não sabia que existe Goiânia. 
Obrigado pela oportunidade. (MORENINHA, 2013)   
Fonte: Fernanda Di Sant, 2013. 

Fonte: Elizangela Moreninha, 2013



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Figura 13 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 
Figura 10 – Foto Deriva Fotográfica do Bem 2013 

Eu acho que a Deriva significa um conjunto de 
Participar da Deriva foi viver um pouco, talvez  pessoas que gostam de fotografar, mas que nunca 
vivência ou experiência, não sei até que ponto me  viram o centro de nossa cidade daquela maneira. 
movi pelo momento em si e não pelas  Foi a primeira vez que fui no centro de Goiânia, 
consequências, no entanto sei que tentei captar  então achei muito legal.  
parte de uma vida política, uma convivência de 
indivíduos sozinhos, prédios e natureza, que não  (BRAGA, 2013) 
vivem em conjunto, apesar de juntos ou próximos.   
Ao mesmo tempo, pude ver desejos, anseios, a 
curiosidade e o sol. (MARIANO, 2013) 

 
  Fonte: Julia Braga, 2013. 
Fonte: Gustavo Borges Mariano, 2013  Figura 14 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 
Figura 11 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 

A Deriva Fotográfica do Bem me proporcionou ser 
turista na cidade onde vivo há 40 anos,  [...] mas acho que estas são representações do 
exercitando um olhar sem pré‐conceitos mesmo  cotidiano do centro e típicas minhas, que prefiro 
observando cenários conhecidos. A proposta:  fotografar mais detalhes a uma paisagem, por 
deixe‐se levar, derive pelas ruas da sua cidade e  exemplo. Espero que gostem. Abraços! 
registre essa experiência é especial, é redescobrir 
(WILSON, 2013) 
o local onde vive a partir do olhar curioso que 
praticamos, pelos mais diversos e pessoais   
motivos, apenas em momentos turísticos. (BRAGA, 
2013) 

   
Fonte: Hugo Braga, 2013  Fonte: Júlia Wilson, 2013. 
Figura 12 – Deriva Fotográfica do Bem 2013  Figura 15 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 

Sentado a beira do destino 
A cidade já está de pé 
Os invisíveis sociais. 
E eu não me levanto 
(LAFITTE, 2013) 
Onde fiquei preso? 
 
Em que sombras estive? 
Estou fora das grades 
Mas a sociedade me excluiu 
 
Qual a dose cavalar que tomei 
Fonte: Marcos Lafitte, 2013. 
Para levar um coice de vocês? 
(ALENCASTRO, 2013) 


 
Fonte: JB Alencastro, 2013 



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Figura 19 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 
Figura 16 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 

A Deriva Fotográfica foi uma experiência 
interessante porque me levou a refletir sobre a 
possibilidade de ver o comum, o simples e 
A deriva fotográfica do bem me proporcionou a 
corriqueiro de outra forma: parar e observar. E 
oportunidade de ver os detalhes dessa linda cidade, 
marcante por não ter ainda feito uma aventura 
que não observamos no dia a dia. 
dessas! Que venham mais Derivas Fotográficas do 
(GOMES, 2013)  Bem! (LIMA, 2013) 
   

 
  Fonte: Silas Lima, 2013. 
Fonte: Marli Gomes, 2013.   
Figura 17 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 
Flutuar ao sabor de Goiânia. 
Estar à deriva é essencial em certos momentos da  Esse foi meu segundo ano de Deriva e o centro de 
vida. Desviar o rumo de uma manhã de sábado e  Goiânia continua fascinante a cada olhar. Sem a 
flutuar ao sabor de Goiânia foi uma rica experiência  correria do dia‐a‐dia, boas companhias e uma 
para meu olhar e para meu pensar. Nasci e cresci  câmera em mãos ,derivar se torna um prazer, um 
na cidade, percorrendo as ruas do Centro, mas com  divertimento até. Meu encanto continua sendo o 
pouca atenção ao além calçada, faixa de pedestres,  verde misturado a incrível arquitetura da cidade e só 
sinaleiro ou comércio. Na Deriva Fotográfica do  tenho a agradecer aos organizadores pela atenção 
Bem pude atentar aos becos, monumentos, cores,  dos dois encontros e por proporcionar aos 
cheiros e sons, com calma, sem pressão ou  derivantes uma manhã incrível fazendo o que 
deadline. O centro eu já tinha visto, mas agora fui  adoramos e ajudando a quem precisa. Aguardando 
reapresentada a ele. Prazer, Centro.(MENDES,  ansiosa pela próxima edição. 
  2013) 
(FERREIRA, 2013) 
Fonte Marina Muniz Mendes , 2013 
 
Figura 18 – Deriva Fotográfica do Bem 2013 

 
Fonte: Samara Pinheiro Ferreira, 2013. 

A experiência de ser derivante por um dia em minha 
cidade me fez querer ser um derivante para a vida  Figura 21 – Deriva Fotográfica do bem 2013. 
toda. Ter nas mãos um objeto capaz de capturar os 
mais pequenos detalhes de uma vida exposta, é algo 
indescritível. Além da paixão por fotografia, descobri 
uma paixão que dormia, pela minha cidade, pelos 
cantos que mal conhecia, pela diversidade de lugares  Flanar pelas ruas do centro de Goiânia foi uma 
bonitos. O projeto é, de longe, o mais bonito que vi e  descoberta maravilhosa, fiquei completamente a 
vivi. Valeu, derivantes!(MACHADO, 2013)  deriva, descobri novos lugares na minha cidade. 
(CARVALHO, 2013) 
 

 
Fonte: Nathália Machado, 2013 
 
  Fonte: Vanusa Machado de Carvalho, 2013 
 
 
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Figura 22 – Deriva Fotográfica do bem 2013.  relatos  e  as  imagens  apresentadas  neste  artigo  podem  nos  dar  uma  rápida  impressão  das 
ambiências da cidade de Goiânia e também da construção de um comportamento lúdico em 
Minha terceira edição seguida deriva fotográfica foi 
cada participante. O que proporciona, entre outras coisas, novos e outros olhares sobre “o 
extremamente especial no sentido de um novo  centro que  nunca  se  vê”,  bem  como  acerca  das vidas  que  se  fazem  e  refazem  nestas  ruas, 
olhar sobre minha cidade e fotografar é a luz da  nestes prédios, nesta cidade. 
minha vida, e derivar para o bem teve um 
momento único e muito mais iluminado porque a 
minha filha que mora em Santa Catarina estava 
participando do encontro "o centro que eu nunca  REFERÊNCIAS
vi. (ROMANO, 2013) 
  ALENCASTRO, João Batista. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de 
outubro de 2013. 
  BRAGA, Júlia. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
Fonte: Zuca Romano , 2013.  BUCAR, A. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
CARLO, Altillierme. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
2013. 
CARVALHO, Vanusa Machado Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de 
4. CONSIDERAÇÕES outubro de 2013. 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio o Dicionário da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010. 
Desde o início da Deriva Fotográfica do Bem em 2010, havia sempre a intenção de se refletir  FERREIRA, Bráulio Vinícius. Deriva Fotográfica do bem. Disponível em www.derivafotográficadobem.com.br, 
sobre a produção de imagens e textos oriundos da experiência da Deriva Fotográfica do Bem  2013. Acessado em 07 de outubro de 2013. 
em Goiânia. O que levava centenas de pessoas a saírem de suas casas e irem para o centro  FERREIRA, Sara Pinheiro. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de 
da cidade caminhar à deriva com um grupo de pessoas que não se conheciam?  Mais do que  outubro de 2013. 
um simples passeio a Deriva Fotográfica do Bem é um convite ao reconhecimento da cidade.   GOMES, Marli. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
Tal  reconhecimento  é  visto  através  dos  depoimentos  registrados  acima,  bem  como  pelas  JACQUES, Paoa Berenstein. Apologia da deriva: escritos situacionistas sobre a cidade/Internacional 
imagens.  Situacionista. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. 
LAFITTE, Marcos. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
A Deriva Fotográfica do Bem como atividade de extensão atinge seu objetivo ao ter em seu  2013. 
público  pessoas  das  mais  variadas  formações,  idades  e  origens.  Além  da  atividade  de  LIMA, Silas. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
extensão, a deriva cumpre também um papel de ensino quando possibilita um aprendizado  MACHADO, Nathália. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
aos estudantes de arquitetura ‐ a todos os participantes ‐ que é impossível  ser transmitido  2013. 
apenas nas salas de aula. Nesse sentido, segundo Debord (apud JACQUES, 2003, p. 90)  MARIANO, Gustavo Borges. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de 
outubro de 2013. 

MARINO, Alexandre. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
As  lições  da  deriva  permitem  estabelecer  os  primeiros  levantamentos  das  2013. 
articulações psicogeográficas de uma cidade moderna além do reconhecimento de  MENDES, Marina Muniz. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro 
unidades  de  ambiência,  de  seus  componentes  fundamentais  e  de  sua  localização  de 2013. 
espacial, percebem‐se os principais eixos de passagem, as saídas e defesas. Chega‐
se  à  hipótese  central  de  plaques  tournantes  psicogeográficas.  Medem‐se  as  MORENINHA, Elizangela. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de 
distâncias  que  separam  de  fato  duas  regiões  de  uma  cidade,  distancias  bem  outubro de 2013. 
diferentes da visão aproximativa que um mapa pode oferecer.   REIS, Emile. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
ROMANO, Zuca. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
Além  das  lições  evidentes  e  concretas  que  a  deriva  pode  proporcionar,  como  apontou  2013. 
Debord , a Deriva Fotográfica do Bem pode trazer outras lições que resumidas em pequenos 
SANT, Fernanda Di. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 
depoimentos e frases apontam para sensível e poético. Outras leituras são possíveis a partir  2013. 
do  universo  imagético  de    fotografias  escolhidas  por  quem  fez  a  caminhada  e  pode  VELOSO, Ellen Ribeiro. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro 
selecionar 05 fotografias de uma manhã significativa para cada um e para o coletivo.  de 2013. 
A Deriva Fotográfica do Bem aponta para um caminho de continuidade da técnica da deriva  WILSON, Júlia. Expoderiva 2013. Disponível em www.blogdobraulio.com ‐ acessado em 07 de outubro de 2013. 
criada pela Internacional Situacionista que tinha como objetivo ser uma técnica de passagem     
rápida  por  várias  ambiências  e  a  afirmação  de  um  comportamento  lúdico‐construtivo.  Os 
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O concurso Opera Prima e a formação do arquiteto e urbanista  finais de graduação. O Quadro 5 apresenta uma comparação entre as Diretrizes Curriculares 
de  1994,  2006  e  2010,  relativamente  ao  TCC,  tendo  sido  destacadas  as  alterações 
promovidas na regulamentação. 
 
Quadro 1 ‒  Comparação entre as Diretrizes Curriculares de 1994, 2006 e 2010 relativamente ao TCC.
Bráulio Vinícius FERREIRA. 
Universidade Federal de Goiás . [email protected] 
DIRETRIZES CURRICULARES E O TCC
RESUMO 
1994 2006 2010
O Presente artigo apresenta um levantamento feito no conjunto de 115 trabalhos premiados em 23 edições do 
concurso Opera Prima, entre os anos de 1988 a 2011. Apresenta também a conceituação do Trabalho Final de  Art. 6o Os conteúdos curriculares do curso de
Art. 6o Os conteúdos curriculares do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo deverão
Graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  através  das  diretrizes  curriculares,  e  a  história  e  a  estrutura  do  graduação em Arquitetura e Urbanismo deverão estar distribuídos em dois núcleos e um Trabalho
Art. 2º ‐ O conteúdo mínimo do Curso de
concurso Opera Prima, além dos critérios de análise que foram elencados dentro de uma pesquisa mais ampla  Arquitetura e Urbanismo divide‐se em três partes
estar distribuídos em dois núcleos, e um trabalho de Curso, recomendando‐se sua
de curso, recomendando‐se sua interpenetrabilidade:
realizada nos últimos anos, na Universidade Federal de Goiás.  interdependentes: I) Matérias de Fundamentação,
interpenetrabilidade:I ‐ Núcleo de Conhecimentos I ‐ Núcleo de Conhecimentos de Fundamentação; II
constituindo‐se em conhecimentos fundamentais
PALAVRA CHAVE   e integrativos de áreas correlatas; II) Matérias
de Fundamentação; II ‐ Núcleo de Conhecimentos ‐ Núcleo de Conhecimentos Profissionais; III ‐
Profissionais; III ‐ Trabalho de Curso. Trabalho de Curso.
Profissionais, constituindo‐se em conhecimentos
Ensino de Arquitetura, Formação do Arquiteto e Urbanista.  que caracterizam as atribuições e
§ 3o O trabalho de curso será supervisionado por § 3o O Trabalho de Curso será supervisionado por
um docente, de modo que envolva todos os um docente, de modo que envolva todos os
responsabilidades profissionais; III) Trabalho Final
  de Graduação.
procedimentos de uma investigação técnico‐ procedimentos de uma investigação técnico‐
científica, a serem desenvolvidos pelo acadêmico científica, a serem desenvolvidos pelo acadêmico
ao longo da realização do último ano do curso. ao longo da realização do último ano do curso.

DO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO AO TRABALHO DE


Art. 9o O Trabalho de Curso é componente
CURSO Art. 9o O Trabalho de Curso é componente curricular obrigatório e realizado ao longo do
curricular obrigatório e realizado ao longo do último ano de estudos, centrado em determinada
Art. 6° ‐ Será exigido um Trabalho Final de último ano de estudos, centrado em determinada área teórico‐prática ou de formação profissional,
O  Trabalho  de  Conclusão  de  Curso  (TCC),  também  chamado  de  Trabalho  de  Graduação  ou  Graduação objetivando avaliar as condições de área teórico‐prática ou de formação profissional, como atividade de síntese e integração de
qualificação do formando para acesso ao exercício como atividade de síntese e integração de conhecimento e consolidação das técnicas de
Trabalho  Final  de  Graduação,  é  um  tipo  de  trabalho  acadêmico  amplamente  utilizado  no  profissional. Constitui‐se em trabalho individual, conhecimento, e consolidação das técnicas de pesquisa, e observará os seguintes preceitos:
ensino superior como forma de avaliar os graduandos concluintes do curso. Nessa avaliação,  de livre escolha do aluno, relacionado com as
atribuições profissionais, a ser realizado ao final
pesquisa e observará os seguintes preceitos:a)
trabalho individual, com tema de livre escolha do
I ‐ trabalho individual, com tema de livre escolha
do aluno, obrigatoriamente relacionado com as
tem‐se como objetivo examinar a diversidade dos aspectos de sua formação universitária.  do curso e após a integralização das matérias do aluno, obrigatoriamente relacionado com as atribuições profissionais;
currículo mínimo. Será desenvolvido com o apoio atribuições profissionais;b) desenvolvimento sob a II ‐ desenvolvimento sob a supervisão de professor
Em muitas instituições, o TCC é encarado como critério final de avaliação do aluno:  de professor orientador escolhido pelo estudante supervisão de professores orientadores, orientador, escolhido pelo estudante entre os
entre os professores arquitetos e urbanistas dos escolhidos pelo estudante entre os docentes docentes do curso, a critério da Instituição;
em  caso  de  reprovação,  o  aluno  estará  impedido  de  obter  o  diploma  e  departamentos do curso e submetido a uma banca arquitetos e urbanistas do curso ;c) avaliação por Parágrafo único. A instituição deverá emitir
consequentemente exercer a respectiva profissão até que seja aprovado. O escopo  de avaliação com participação externa à uma comissão que inclui, obrigatoriamente, a regulamentação própria, aprovada pelo seu
e  o  formato  do  TCC  ‐  assim  como  sua  própria  nomenclatura  ‐  variam  entre  os  Instituição à qual estudante e orientador participação de arquiteto(s) e urbanista(s) não Conselho Superior Acadêmico, contendo,
pertençam. pertencente(s) à própria instituição de ensino, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e
diversos cursos e entre diferentes instituições, mas na estrutura curricular brasileira  cabendo ao examinando a defesa do mesmo mecanismo de avaliação, além das diretrizes e
ele  possui  papel  de  destaque:  em  cursos  ligados  às  ciências,  normalmente  é  um  perante essa comissão. técnicas relacionadas com sua elaboração.

trabalho  que  envolve  pesquisa  experimental,  em  cursos  de  caráter  profissional, 
normalmente  envolve:  pesquisa  bibliográfica  e/ou  empírica,  a  execução  em  si  e 
uma  apresentação  de  um  projeto  perante  uma  banca  examinadora  entre  3  e  5 
professores. (NARUTO, 2007, p. 1). 
 
Os  primeiros  sinais  do  que  se  tem  hoje  como  Trabalho  Final  de  Graduação  no  curso  de  Fonte: Elaborado com base nos dados do MEC/CEAU (BRASIL, 2010,p.3). 
Arquitetura  e  Urbanismo  surgiram  na  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do  Sul  (UFRGS),  Nas três versões das diretrizes curriculares, o Trabalho de Curso, denominação do Trabalho 
em  meados  da  década  de  1960,  com  o  nome  de  “trabalho‐tese”.  Em  1968,  os  professores 
Final  de  Graduação  (TFG)  a  partir  de  2006,  aparece  como  um  componente  curricular.  Em 
João Batista Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha apresentaram uma proposta de Tese  1994,  o  TFG  era  parte  de  um  conteúdo  curricular  mínimo.  Em  2006  e  em  2010,  apenas 
de Graduação para a formação dos estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
conteúdo curricular, sendo destacado dos demais núcleos de conteúdo curricular. 
Universidade  de  São  Paulo  (FAU/USP).  Experiências  isoladas  em  diferentes  Instituições  de 
Ensino Superior (IES) marcaram também a formação de outros arquitetos.  As Diretrizes de  2006 e 2010 estabeleceram a obrigatoriedade de que o Trabalho de Curso 
tenha  a  supervisão  de  um  docente.  Este  critério  mereceu  destaque  em  um  parágrafo 
O  significado  da  proposta  de  um  trabalho  ou  uma  tese  de  graduação,  segundo  Naruto 
específico (§ 3º do art. 6º) na legislação, uma vez que o objetivo da supervisão, segundo o 
(2007), era abrir a possibilidade para uma efetiva aproximação com a realidade da profissão, 
texto das diretrizes, é garantir que a realização do trabalho tenha todos os procedimentos de 
além  de  realizar  uma  síntese  final  do  curso  e  fazer  a  transição  entre  a  escola  e  a  vida  uma investigação técnico‐científica. 
profissional.  
Duas  características  do  Trabalho  de  Curso  foram  mantidas  nas  três  edições  das  diretrizes 
Em 1994, as diretrizes curriculares apontavam para a primeira regulamentação dos trabalhos 
curriculares: seu caráter individual e a livre escolha do tema do trabalho, desde que tivesse 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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alguma relação com as atribuições profissionais do arquiteto e urbanista, entretanto a partir  O  outro  aspecto  considerado  é  a  defesa  deste  trabalho  junto  a  uma  banca  com 
de 2006 esta relação passou a ser obrigatória.  participação  externa  à  instituição  à  qual  o  aluno  e  orientador  pertençam,  o  que 
permite  envolver  e  comprometer  o  corpo  docente  na  avaliação,  trazendo 
A  orientação  por  um  professor  arquiteto  e  urbanista  docente  do  curso  deixou  de  ser  profissionais, seus pares, para avaliar o que se está desenvolvendo naquele curso. 
obrigatória  nas  Diretrizes  Curriculares  de  2010,  que  passaram  a  exigir  somente  que  a  A  proposta  apresentada  pela  área  de  Arquitetura  e  Urbanismo  para  o  exame 
orientação ao estudante seja feita por docente do curso.   nacional previsto em lei valoriza a conclusão do curso, fazendo dele um momento 
de comprovação ‐ um rito de passagem da fase de aprendiz à fase de profissional. 
Outro critério que deixou de existir a partir de 2010 está relacionado à avaliação. Em 1994 e  (BRASIL, 1994, p. 16). 
2006, a avaliação era feita por meio de defesa do examinando ante uma banca ou comissão 
pública,  cuja  composição  deveria  incluir  um  membro  externo  à  instituição  de  ensino.  Na  Portanto, não havendo a obrigatoriedade legal de aprovação do Trabalho de Curso por uma 
redação de 2010, este critério foi suprimido, passando a existir um parágrafo único do artigo  banca com componente externo, o discurso de uma ampla avaliação dentro da instituição de 
9º no qual a instituição de ensino é orientada a expedir um regulamento próprio. Este deve  ensino  fica  fragilizado  e  comprometido  quando  as  instituições  de  ensino  não  tiverem 
ser aprovado por seu conselho superior e conter os critérios, procedimentos, mecanismos de  compromisso com a qualidade da educação e formação superior. 
avaliação,  além  das  diretrizes  e  técnicas  relacionadas  com  a  elaboração  do  Trabalho  de 
Curso. 
O CONCURSO OPERA PRIMA
Cabe,  aqui,  um  olhar  mais  crítico  em  relação  às  mudanças  que  foram  implementadas  na 
redação do texto. A primeira observação diz respeito à mudança do nome. A nomenclatura  Os  concursos  de  projeto  como  prática  de  ensino  foram  instituídos  desde  o  século  XVII, 
Trabalho  Final  de  Graduação  é  mais  explícita  que  a  outra  adotada  pelas  Diretrizes  quando se deu o estabelecimento da Real Academia de Arquitetura na França. Até o início do 
Curriculares 2006/2010 ‒ Trabalho de Curso ‒, como se não existisse nenhum outro trabalho  século  XX,  as  escolas  francesas  e  politécnicas  continuaram  influenciando  a  formação  dos 
de curso durante a formação do estudante. Além disso, há uma herança histórica no nome  arquitetos pelo mundo. E mesmo durante o Movimento Moderno, quando o método francês 
Trabalho Final de Graduação que vem desde o Currículo Mínimo de 1969.  foi questionado, os concursos continuaram sendo praticados.  
Outra  mudança  na  redação  é  atinente  à  orientação  do  Trabalho  de  Curso  por  docentes  do  Até  início  deste  século,  as  escolas  francesas  de  belas  artes  ou  politécnicas 
continuaram  mantendo  seus  métodos  e  influenciando  a  formação  dos  arquitetos 
curso  que  não  sejam  arquitetos  e  urbanistas.  Esta  era  uma  reinvindicação1  antiga  dos 
das  três  Américas,  no  Novo  Mundo.  Mesmo  durante  o  chamado  Movimento 
professores  das  áreas  de  tecnologia  que,  muitas  vezes,  orientavam  ou  coorientavam  os  Moderno,  quando  questionadas  as  academias,  a  prática  dos  concursos  não  foi 
trabalhos,  mas  por  uma  questão  legal  não  podiam  assumir  responsabilidades  como  afastada. Em ambos os períodos históricos, tem sido tradição  júris compostos por 
orientadores.   guardiãs de doutrinas e tendências. (GUTIERREZ, 1999, p. 1). 

A principal alteração nas Diretrizes Curriculares em 2010 refere‐se à avaliação dos Trabalhos  Sobre a importância dos concursos, sobretudo os de arquitetura, Fayet (1990, p.57) defende: 
de Curso. Na redação atual, não há a exigência de que, na composição da banca, participe  Todo certame, especialmente os concursos de arquitetura para os projetos de obras 
um membro externo à instituição de ensino superior, cabendo à instituição fixar regulamento  públicas e de outra natureza, bem como as competições de projeto de estudantes 
próprio que normatize os critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação.  de  arquitetura  como  as  patrocinadas  pela  UIA,  constitui  momento  de  criação  e 
reflexão  em  que  se  envolvem  participantes,  jurados,  aqueles  que  comparecem  às 
Neste  ponto  reside  o  maior  prejuízo  para  a  qualificação  e  avaliação  do  Trabalho  de  Curso,  exposições  e  os  que  leem  o  que  se  publica  a  respeito.  Tudo  isso  é  um  grande 
amplamente  defendido  pela  CEAU  e  pela  ABEA  como  o  melhor  instrumento  de  exame  estímulo à criatividade para todos, não somente para a nova geração. 
profissional  para  o  formando  em  arquitetura,  contrapondo‐se  ao  “exame  de  ordem”  O  concurso  Opera  Prima  foi  criado  em  1988  mediante  uma  parceria  entre  a  Associação 
estabelecido pela Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB. O principal argumento para que o  Brasileira  de  Ensino  de  Arquitetura  (ABEA)  e  a  Revista  Projeto,  com  o  patrocínio  da 
Trabalho de Curso figurasse como Exame de  Conselho é que sua avaliação, feita por banca  FADEMAC, fabricante de pisos vinílicos no Brasil. Quando se deu o lançamento da primeira 
mista,  aconteceria  ainda  no  âmbito  acadêmico,  dividindo‐se,  assim,  a  responsabilidade  do  edição, havia no Brasil 48 unidades de ensino superior de Arquitetura e Urbanismo, sendo 16 
percurso acadêmico do aluno com a faculdade.  instituições federais, 3 estaduais e 29 particulares.  
Sobre  a  defesa  do  trabalho,  a  Comissão  de  Especialistas  do  Ensino  de  Arquitetura  e  Um recorte histórico e político é necessário para o entendimento do contexto do concurso, 
Urbanismo afirma:  visto que o ano de 1988 foi importante na história recente da política brasileira. Um marco 
                                                             importante no cenário político e que viria a interferir na vida da sociedade foi a aprovação da 
1
nova  constituição  brasileira,  que  ficou  conhecida  como  constituição  cidadã.  Uma  grande 
 A alteração deste critério nas Diretrizes Curriculares teve ampla divulgação nacional nos cursos de Arquitetura  conquista foi a aprovação, na lei máxima, do fim da censura e da tortura. O País, segundo o 
e Urbanismo, uma vez que o pedido de alteração fora postulado por um engenheiro civil, professor titular da 
Jornal Folha de São Paulo (1989), vivia um novo momento de reintrodução democrática após 
Universidade  Federal  de  Pernambuco.  Parecer  e  alteração  da  Resolução  de  2006  estão  disponíveis  no 
28 anos de ditatura militar.  
endereço eletrônico: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pces255_09.pdf. 
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O Trabalho Final de Graduação era o que a maioria das escolas tinha em comum, além de um  A segunda etapa do concurso é regional, portanto também o júri tem um caráter regional e é 
Currículo  Mínimo  implantado  em  1974.  Segundo  a  ABEA,  algumas  escolas  de  Arquitetura  composto por três arquitetos e/ou professores, escolhidos pela organização do concurso com 
creditavam  a  este  trabalho  de  graduação,  cujo  tema  seria  de  livre  escolha  do  aluno,  a  antecedência mínima de 90 dias. Este júri seleciona cinco trabalhos de cada região das cinco 
avaliação final do formando. Nesta atividade, seria realizada a síntese do aprendizado.   regiões  estabelecidas  pelo  concurso.  Segundo  o  regulamento  divulgado  nas  primeiras 
A ideia motivadora do concurso Opera Prima era divulgar uma seleção de trabalhos por meio  edições, julgam os trabalhos de regiões diversas daquelas a que eles pertencem. 
de uma exposição que percorreria todas as escolas brasileiras com o objetivo de informar e  As regiões do concurso são diferentes das regiões geográficas brasileiras e a justificativa para 
estimular  o  aperfeiçoamento  dos  Trabalhos  de  Graduação,  considerando  o  que  poderiam  tal  divisão  é  o  fato  de  haver  grande  desigualdade  na  distribuição  de  cursos  no  Brasil. 
significar para cada escola e formando.  Atualmente,  o  estado  de  São  Paulo  possui  o  maior  número  de  cursos  de  Arquitetura  (78 
Segundo  Fayet  (1989),  a  ABEA  e  a  Revista  Projeto  vinham,  há  algum  tempo,  procurando  cursos), o que representa um percentual de 26 % de todos os cursos  brasileiros. Assim, na 
Região  1,  estão  as  escolas  dos  estados  do  Paraná,  Santa  Catarina  e  Rio  Grande  do  Sul;  na 
viabilizar  um  concurso  que  selecionasse  e  divulgasse  os  mais  interessantes  trabalhos  de 
graduação.  Assim,  a  revista  atenderia  à  frequente  solicitação  de  publicar  trabalhos  de  Região  2,  de  São  Paulo;  na  Região  3,  do  Rio  de  Janeiro,  Espírito  Santo  e  Minas  Gerais;  na 
Região  4,  de  Alagoas,  Bahia,  Ceará,  Maranhão,  Paraíba,  Pernambuco,  Piauí,  Rio  Grande  do 
estudantes. A ABEA, por sua vez, com a realização periódica deste concurso e a publicação de 
Norte  e  Sergipe  e,  finalmente,  na  Região  5,  do  Acre,  Amapá,  Amazonas,  Distrito  Federal, 
seus resultados, deixaria à disposição dos interessados um farto material de pesquisa capaz 
Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. 
de indicar parâmetros para a avaliação dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. Interessava‐
lhe também conhecer as metodologias utilizadas pelas escolas neste Trabalho de Conclusão  Os 25 trabalhos selecionados, 5 de cada região, são submetidos ao júri nacional que atribui 5 
de Curso e a participação dos professores orientadores.  prêmios  e  20  menções  honrosas.  Nas  primeiras  edições  do  Opera  Prima,  os  25  trabalhos 
selecionados compuseram uma exposição que se deslocava até as escolas de Arquitetura no 
Da 8ª à 14ª edição, o concurso Opera Prima deixou de contar com a participação da Revista 
Brasil. A primeira edição do concurso percorreu 15 cidades brasileiras, possibilitando acesso 
Projeto e passou a ser denominado Concurso Paviflex, com divulgação feita pela Revista AU. 
a todos os estudantes e professores de cursos de Arquitetura do País. 
Em 2001, o consultor José Carlos Ribeiro de Almeida voltou a integrar a equipe do concurso, 
que passou a ser uma realização da FADEMAC em conjunto com o Instituto de Arquitetos do  O júri do concurso foi outro aspecto observado nesta pesquisa. Para cada edição do concurso 
Brasil (IAB).   Opera Prima, são selecionados 5 jurados por região, totalizando 25 jurados regionais. O júri 
nacional  é  composto  por  um  jurado  regional  de  cada  região.  Os  jurados  selecionados  para 
Com a saída da FADEMAC na 14ª edição, um convênio firmado entre o IAB, a Revista Projeto 
análise foram os cinco jurados nacionais de cada edição, totalizando 115 arquitetos. 
Design e a JOY Eventos, que está à frente da organização operacional do concurso desde o 
início, assumiu a realização das futuras edições e recuperou sua denominação original.   Um  detalhe  interessante  observado  no  regulamento  do  concurso,  que  passou  a  vigorar  a 
partir  da  2ª  edição,  em  1989,  foi  a  troca  dos  trabalhos  analisados.  Assim,  nenhum  jurado 
É importante destacar a metodologia de aplicação do concurso, uma vez que a proposta tem 
regional avalia os trabalhos da própria região em que atua profissionalmente como arquiteto 
mantido o  mesmo  formato  de  seleção  dos  trabalhos  desde  a  1ª  edição  (1988)  até  sua  24ª 
ou professor.  
edição  (2013).  A  seleção  acontece  em  três  etapas.  A  primeira  se  desenvolve  dentro  das 
unidades  de  ensino  quando  cada  escola  escolhe  um  trabalho  de  graduação  para  cada  dez  O primeiro levantamento aqui apresentado diz respeito às regiões e estados de origem dos 
formandos  ou  fração.  Os  critérios  de  seleção  destes  trabalhos  são  de  responsabilidade  da  jurados do concurso: 
unidade  de  ensino,  os  organizadores  do  concurso  exigem  apenas  uma  padronização  na  Tabela 2 ‒ Jurados por região geográfica e região do concurso Opera Prima 
quantidade, dimensão e layout dos painéis de apresentação.  
Quadro 2 ‒ Etapas do concurso Opera Prima.  JURADOS . REGIÕES JURADOS . REGIÕES OPERA PRIMA
CENTRO OESTE 13 11% 1 ( PR, SC, RS) 24 21%
NORDESTE 23 20% 2 (SP) 24 21%
NORTE 2 2% 3 (RJ, ES, MG) 29 25%
SUDESTE 52 45% 4 (AL, BA,CE, MA, PB, PE, 23 20%
SUL 25 22% 5 (AC, AP, AM, DF, GO, M 15 13%

 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 

Uma informação importante para a composição do júri nacional é a atividade exercida pelo 
arquiteto  e  urbanista  convidado.  Todos  os  jurados  eram  arquitetos  e  urbanistas,  havendo 
uma  variação  na  atuação profissional  entre a  docência  e  aqueles  que  não  tinham  nenhum 
  tipo de vínculo com instituições de ensino de arquitetura e urbanismo. A diferença entre os 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima.  arquitetos  e arquitetos  docentes mostrou‐se  pequena: dos  115  jurados  nacionais,  65  eram 
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docentes e 50 eram arquitetos.   Segundo dados do censo dos arquitetos e urbanistas realizado pelo CAU/BR, as mulheres são 
Tabela 4 ‒ Jurados por atividade profissional  maioria: 
Há uma prevalência de arquitetas e urbanistas no Brasil. Elas representam 61% do 
total  de  profissionais  em  atividade  no  país,  contra  39%  de  homens,  essa  é  uma 
JURADOS . ATIVIDADE tendência que vem crescendo ao longo das últimas décadas. Observando‐se a faixa 
ARQUITETOS 50 43% etária dos profissionais, percebe‐se que a predominância feminina é maior entre os 
DOCENTES 65 57% arquitetos mais jovens. Se entre os profissionais com idades entre 41 e 50 anos as 
mulheres são pouco mais que a metade (57,4), entre os 20 e 25 anos essa taxa é de 
  78,3%. Os homens são maioria apenas na faixa acima de 61 anos, na qual eles são 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima.  71% do total. (CAU/BR, 2012, p. 6). 

Quanto  à  distribuição  geográfica  do  corpo  de  jurados  do  concurso  Opera  Prima,  a  síntese 
baseada  nos  estados  revela  maior  participação  daqueles  vinculados  aos  grandes  centros  CATEGORIAS DE ANÁLISE
urbanos.  Não  foi  encontrada  justificativa  para  uma  participação  em  maior  número  de 
professores e profissionais das Regiões 1 e 2 (Região Sudeste). Pode‐se deduzir que há uma  Foram  definidas,  para  a    pesquisa,  três  categorias  para  analisar  os  trabalhos  do  concurso: 
provável relação com a logística de deslocamento em relação à sede tanto da ABEA quanto  dados  estatísticos,  conteúdo  e  meios  de  expressão.  Cada  uma  delas  possui  aspectos 
das revistas que divulgaram o concurso (a Revista Projeto e a Revista Au), todas sediadas na  específicos a serem considerados na análise dos dados. 
cidade de São Paulo. 
Tabela 3 ‒ Jurados por estados da Federação  DADOS ESTATÍSTICOS 
JURADOS . ESTADOS Uma primeira categoria de análise estabelecida foi a dos dados estatísticos, por meio da qual 
ALAGOAS 2 2%
se  procurou  examinar  os  seguintes  aspectos:  Trabalhos  Inscritos,  Escolas  Participantes, 
AMAZONA 2 2%
BAHIA 8 7%
Região Geográfica, Regiões do Concurso, Estados, Cidades e Instituições de Ensino. 
CEARÁ 5 4%
Em relação às regiões estabelecidas no concurso, merece destaque a Região 1, do estado de 
DISTRITO FEDERAL 9 8%
ESPÍRITO SANTO 2 2%
São Paulo, com o  maior número de trabalhos premiados, totalizando 29% dos prêmios nas 
GOIÁS 2 2% edições analisadas.  
MATO GROSSO DO SUL 2 2%
Tabela 6 – Premiações por regiões do concurso Opera Prima 
MINAS GERAIS 7 6%
PARAÍBA 1 1%
PARANÁ 7 6%
PERNAMBUCO 5 4%
RIO DE JANEIRO 20 17%
RIO GRANDE DO NORTE 2 2%
RIO GRANDE DO SUL 13 11%
SANTA CATARINA 4 3%
SÃO PAULO 24 21%  
 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
Tomando‐se  por  base  a  distribuição  geográfica  dos  115  trabalhos  nas  regiões  brasileiras,  é 
E,  por  fim,  o  outro  aspecto  observado  diz  respeito  ao  gênero  dos  arquitetos  e  docentes 
possível  observar  na  Tabela  7  que  a  maioria  dos  trabalhos  premiados  (60)  é  oriunda  da 
participantes do júri nacional: apenas 14% dos 115 arquitetos eram mulheres. Não é possível 
Região Sudeste, vindo depois a Região Sul com 31 trabalhos, Nordeste com 17 e, finalmente, 
desconsiderar  a  desproporcionalidade  desta  composição  com  86%  de  homens,  sobretudo 
Centro‐Oeste com 7 premiações. 
quando  se  leva  em  conta  a  quantidade  de  mulheres  arquitetas  e  urbanistas  atuantes  no 
mercado de trabalho.  Tabela 7 – Premiações por regiões geográficas 

Tabela 5 ‒ Jurados por gênero 

JURADOS . GÊNERO
MASCULINO 99 86%
FEMINIMO 16 14%
 
 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
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Uma análise mais detalhada da distribuição geográfica da premiação pode ser visualizada nas  Tabela 10 – Premiações por cidades 
tabelas 8 e 9 referentes a estados e cidades. Destacam‐se os estados de São Paulo, com 33 
prêmios, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro com 16 premiações. Em relação às cidades, um 
aspecto  interessante  diz  respeito  ao  número  de  capitais  que  tiveram  premiações  (93), 
comparativamente  às  cidades  do  interior  (22).  Esse  dado  de  distribuição  geográfica 
acompanha, em proporção semelhante, a distribuição de cursos de Arquitetura e Urbanismo 
no Brasil. Os dados analisados podem ser visualizados nas tabelas 8, 9 e 10. 
Tabela 8 – Premiações por estados brasileiros 

 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
Tabela 10 ‐ Distribuição de cursos por regiões no Brasil 

 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
Nota: As cidades com * são as capitais dos estados. 

  CONTEÚDO 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima.  A segunda categoria de análise proposta são os conteúdos. Foram denominados conteúdos 
    os  critérios  específicos  do  concurso  de  projetos  que  envolvem  questões  da  arquitetura  e 
urbanismo  e  incluem:  o  Tema,  o  Título  do  Trabalho,  a  Preexistência  e  o  Patrimônio 
Arquitetônico.  
O Tema Arquitetônico é a finalidade específica ou predominante que serve de motivo para a 
elaboração do projeto de arquitetura. “O projeto arquitetônico é desencadeado a partir do 
tema.  Quando  o  projeto  é  de  uma  escola,  significa  dizer  que  a  finalidade  específica  do 
edifício é a de conter uma instituição educacional, uma escola” (NEVES, 1998, p. 13). 
O  Título  do  Trabalho  muitas  vezes  ajuda  a  definir  o  projeto  desenvolvido.  Por  exemplo,  o 
projeto Abrigo Efêmero Portátil de Caráter Emergencial, desenvolvido por  Giovana Savietto 
Feres e premiado na 23ª edição/2010, pode ser enquadrado no tema da habitação.  
A Preexistência é uma característica do lugar onde o projeto será desenvolvido. Trata‐se da 
escolha de um lugar onde há espaço edificado. Segundo Frota (2004): 
Projetar,  hoje,  é  atuar  cada  vez  mais  no  lugar  já  edificado.  A  utopia  de  construir 
grandes  cidades  faz  parte  já  do  passado.  Projetar,  hoje,  é  lidar  com  grandes  ou 
pequenos  problemas,  sejam  eles  espaços,  lugares,  edifícios,  equipamentos  ou 
mesmo  objetos  urbanos  de  uso  público  é  interpretar  os  desejos  de  uma 
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comunidade.  Assim  paradoxalmente,  o  arquiteto  contemporâneo  se  afasta  da  Outro  aspecto  analisado  na  categoria  conteúdo  em  razão  do  destaque  revelado  durante  a 
especialização excessiva e adquire o velho e saudável status de um ofício ligado à  pesquisa  foi  a  quantidade de  trabalhos dedicados  ao  urbano  e  ao  edifício.  Em  razão  disso, 
solução  de  problemas,  interpretando  as  necessidades  ou  a  alma  de  uma 
comunidade,  de  um  lugar.  Desta  forma  a  atuação  no  contexto  histórico  só  terá 
foram  criadas  quatro  classificações  para  este  assunto:  a  primeira  delas  diz  respeito  aos 
algum  significado  à  medida  que  possa  dialogar  com  o  presente,  e  o  projeto  será  trabalhos que tinham como foco o edifício, ou seja, o lugar e seu entorno imediato tiveram 
mais  ou  menos  eficaz  enquanto  capaz,  na  sua  concepção  de  responder  à  pouca  ou  nenhuma  importância  para  o  seu  desenvolvimento.  A  segunda  refere‐se  aos 
contemporaneidade  implícita  a  toda  intervenção  arquitetônica.  (FROTA,  2004,  trabalhos  cujos  temas  estavam  diretamente  envolvidos  com  as  questões  da  cidade:  seu 
p.111).  desenho,  planejamento ou  reurbanização.  A  terceira  engloba  os  trabalhos  cujo  tema  era  o 
No critério Patrimônio Arquitetônico, foram arrolados os trabalhos que consideraram o sítio  edifício,  mas  apresentavam  interesse  pelo  urbano  e,  finalmente,  a  quarta,  que  abrange 
arquitetônico  e  urbano  com  algum  valor  histórico,  cultural,  artístico  e  arquitetônico.  Para  aqueles  com  uma  linha  condutora  de  desenvolvimento  a  partir  da  cidade  ou  do  tramo 
Lemos (1981), o Patrimônio Arquitetônico é um segmento do que recebe a denominação de  urbano,  ou  seja,  do  urbano  para  o  edifício.  Na  Tabela  12,  estão  compilados  os  números  e 
Patrimônio  Cultural  de  um  povo.  Há,  segundo  o  autor,  “[...]  um  grupo  de  elementos  percentuais obtidos. 
chamados  de  bens  culturais,  que  englobam  toda  a  sorte  de  coisa,  objetos,  artefatos  e  Tabela 12 ‐ Abordagens centradas no edifício e no urbano 
construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer” (LEMOS, 1981, p.10).  
A carta de Veneza, de maio de 1964, trata da conservação e restauração de monumentos e 
sítios: 
Portadoras  de  mensagem  espiritual  do  passado,  as  obras  monumentais  de  cada 
povo perduram no presente com o testemunho vivo de suas tradições seculares. A 
humanidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores humanos, considera   
um patrimônio comum, e perante as gerações futuras, se reconhece solidariamente  Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
responsável  por  preservá‐las,  impondo  a  sim  mesma  o  dever  e  transmiti‐las  na 
plenitude de sua autenticidade. (ICOMOS, 1964, p.6).  Neste  item,  a  análise  pode  iniciar‐se  pela  desigualdade  numérica  entre  o  tratamento  do 
urbano  e  do  edifício.  Se  for  considerada,  apenas  a  categoria  Edifício,  a  proporção  já  se 
Para  Choay  (2006),  os  monumentos  históricos  já  não  representam  senão  parte  de  uma 
mostra  bastante  desigual  (53  %),  mas,  quando  são  considerados  aqueles  trabalhos  cujo 
herança que não para de crescer, pois há sempre a inclusão de novos tipos de bens, além da 
desenvolvimento ainda  privilegia o  edifício, o acréscimo é de 23%, perfazendo um total de 
ampliação do quadro cronológico e das áreas geográficas no interior das quais esses bens se 
76% ou 87 trabalhos dos 115 premiados. 
inscrevem.  Assim,  muitas  vezes  a  escolha  de  determinada  área  na  cidade  já  estabelece 
relação com o patrimônio arquitetônico por se tratar de um sítio histórico e de valor cultural.  No  outro  lado  da  conta  está  o  urbanismo  com  uma  tímida  parcela  de  10%  dos  trabalhos 
selecionados.  Os  que  valorizaram  a  dimensão  urbana,  mesmo  em  propostas  dos  edifícios, 
A pesquisa dos trabalhos premiados destacou um tópico em relação aos demais: o fato de o 
somam mais 14%, totalizando 24% dos trabalhos premiados.  
lugar  ser  escolhido  em  uma  área  com  alguma  preexistência  na  cidade.  A  preexistência  de 
uma área urbana enriquece, sob muitos aspectos, a escolha do tema e, em muitos casos, o  Dos  projetos  de  arquitetura  e  urbanismo  são  sempre  esperadas  soluções  criativas, 
lugar escolhido com suas singularidades já define ou faz parte do tema em questão. Assim,  entretanto, dos 115 trabalhos analisados, apenas para 10 trabalhos o júri utilizou os termos 
dos 115 trabalhos pesquisados, 63% deles foram desenvolvidos em áreas urbanas adensadas  criativo, criativa ou criatividade ao caracterizar as soluções apresentadas pelos autores. 
preexistentes e 37% optaram por ocupar áreas livres.   Sobre o trabalho de Antonio Pedro Soares Leite Ribeiro Coutinho, da PUC do Rio de Janeiro, 
Tabela 11 – Preexistências  inserido na temática da Habitação, o parecer do júri deu destaque ao resultado do trabalho, 
fazendo  referência  ao  processo  de  desenvolvimento  e  à  comunicação  gráfica  do  projeto, 
PREEXISTÊNCIA considerada merecedora de distinção. 
SIM 72 63% A  proposta  caracteriza‐se  por  uma  visão  inusitada  da  cidade.  Instigante  e 
NÃO 43 37% provocadora, interfere criativamente sobre o construído, possibilitando subtrações 
 
e  adições  de  espaços  públicos  e  privados  e  novos  percursos  para  as  aventuras 
urbanas.  Ressalta‐se  a  novidade  do  tema,  expressa  na  coragem  de  optar  por  não 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
reduzir  o  destino  dos  tecidos  históricos  ou  consolidados  aos  usos  culturais, 
O  desafio  para  as  áreas  preexistentes  é  encontrar  uma  resposta  que  contemple  a  reconduzindo‐os  à  vida  cotidiana.  A  qualidade  da  comunicação  gráfica  do  projeto 
merece distinção. (GRUNOW, 2009, p. 4). 
requalificação das áreas em uso na cidade, o que pode gerar uma dificuldade extra para  o 
desenvolvimento  de  todo  o  trabalho.  Nos  pareceres  emitidos  pelo  júri,  podem  ser  No  parecer  sobre  o  trabalho  de  Ricardo  Alberti,  da  Universidade  Federal  do  Paraná,  cujo 
destacadas cinco propostas que conseguiram apresentar soluções interessantes para as áreas  tema era Cidade das Águas, o júri destacou a solução como sendo criativa. 
escolhidas.  Interessante  abordagem  para  a  recuperação  de  áreas  degradas.  Ao  dar  uso 
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adequado (educação e pesquisa) à orla dos lagos que se formaram como resultado  criadas eram muito primárias, mas já começaram a surgir no conteúdo das pranchas a partir 
da  atividade  de  extração  de  areia,  o  trabalho  recupera  de  forma  criativa,  o  sítio  do concurso de 1993.  
físico que seria o objeto de ocupação desordenada. (ALMEIDA, 1999, p. 36). 
Atualmente, novos programas e plataformas de trabalho incorporaram os novos programas 
Na proposta apresentada por Cristiane Aiax Cosentino, cujo tema, embora fosse Habitação, 
de  modelagem  e  representação  gráfica  em  arquitetura,  conhecidos  como  Building 
abordava  a  reciclagem  de  edifício  industrial  para  uso  habitacional  em  São  Paulo,  o  júri 
Information  Model  (BIM),  que  simulam  em  ambiente  virtual  um  projeto  urbano  ou  de 
ressaltou a pertinência do trabalho e a forma como o tema foi desenvolvido. Assinalando a 
edifício  em  sua  complexidade  construtiva.  O  produto  a  ser  desenvolvido  pelo  arquiteto  ou 
desenvoltura e a criatividade, argumentou: “Trabalho pertinente, pois abrange dois temas de 
estudante de arquitetura deixa de ser um desenho virtual e passa a ser um modelo virtual. 
forma  integrada.  Habitação  coletiva  e  reciclagem  de  espaços  degradados  com  significativo 
As informações são cada vez mais complexas e vão desde os materiais escolhidos para uma 
valor  arquitetônico  e  histórico.  Tratou  o  tema  com  desenvoltura  e  criatividade”  (ALMEIDA, 
edificação  até  as  condicionantes  de  geolocalização  (latitude,  longitude)  que  interferem  no 
1999, p. 36). 
comportamento climático do edifício.  
Alguns  trabalhos  foram  destacados  dos  demais  pela  capacidade  criativa  ao  responder  aos 
Somados  aos  dispositivos  de  modelagem  informacional,  os  programas  de  renderização, 
desafios  propostos.  Isso  revela  que  há  trabalhos  dentro  do  escopo  dos  premiados  que 
como  são  conhecidos  os  programas  computacionais  que  finalizam  as  imagens  com 
mereceram distinção pelo levantamento feito na cidade, proposição de um problema e pela 
resultados  realísticos,  colaboram  para  uma  nova  forma  de  apresentar  os  projetos  na 
solução encontrada. É o caso da proposta de Paulo Roberto do Nascimento, da Universidade 
arquitetura e no urbanismo. 
Federal de Santa Catarina. 
O  projeto  possui  grande  pertinência  na  problemática  atual  do  transporte  coletivo 
Uma  análise  dos  trabalhos  quanto  à  apresentação  de  croquis  para  ilustrar  e/ou  justificar 
de  ônibus  de  Florianópolis.  Solução  apresentada  bem  circunstanciada,  decisões  projetuais  revela:  dos  115  trabalhos,  57  utilizaram  o  croqui  como  meio  de 
demonstrando  maturidade  técnica  e  capacidade  criativa  destacada.  Projeto  representação das ideias e 58 não fizeram uso do desenho livre para comunicar e expressá‐
corretamente  apresentado,  de  forma  legível  e  esclarecedora.  (ALMEIDA,  1998,  p.  las.  
98). 
Tabela 13 ‒ Uso do croqui nos trabalhos premiados 
O júri também destacou como atributo criativo do trabalho a expressão gráfica, característica 
esta  analisada  em  um  trabalho  já  mencionado  anteriormente,  o  projeto  de  Nina  Carla  CROQUI
Segatto Cabeleira Bitelo, do Museu de Fotografia, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos,  SIM 57 50%
no  Rio  Grande  do  Sul.  O  júri  descreveu  assim  seu  trabalho:  “Um  edifício  sóbrio,  livre  de  NÃO 58 50%
 
ornamentos,  implantado  com  extrema  propriedade  em  lote  limítrofe  à  paisagem  de  uma  Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
praça constituem os principais atributos do trabalho. Destaca‐se ainda o tratamento gráfico 
extremamente criativo (GRUNOW, 2004, p. 96).  Nos  115  pareceres  dos  jurados,  apenas  uma  vez  foi  encontrada  referência  ao croqui  como 
ferramenta de comunicação e expressão das ideias. Na 16ª edição do concurso, realizada em 
MEIOS DE EXPRESSÃO  2004,  a  apreciação  do  júri  ao  trabalho  de  Pedro  Engel,  da  Universidade  Federal  do  Rio 
Grande do Sul, orientado por Benamy Turkiencz, foi assim resumida: 
A terceira categoria de análise é a apresentação e comunicação dos produtos exibidos pelas 
Solução adequada à finalidade proposta e escolha feliz do lote, localizado no centro 
publicações e também nas cinco pranchas de suporte do concurso, encontradas nas revistas 
de  Porto  Alegre,  são  alguns  dos  méritos  do  trabalho.  Destacam‐se  ainda  a 
e  mídias  digitais  específicas  para  a  divulgação  dos  concursos.  Vale  destacar  que  a  8ª  e  9ª  maturidade projetual, a habilidosa implantação na exígua área de um lote urbano e 
edições, intituladas Prêmio Paviflex, bem como a sequência da 10ª até a 14ª, denominadas  a  qualidade  da  apresentação,  sobretudo  pela  inserção  de  croquis  explicativos  dos 
Concurso Paviflex, foram pesquisadas em material específico do concurso em mídia cd‐rom  ambientes. (GRUNOW, 2004, p. 95). 
com todas as informações disponíveis, incluindo as pranchas dos trabalhos premiados.  No  parecer  dado  sobre  o  projeto  de  Nina  Carla  Segatto  Cabeleira  Bitelo  para  o  Museu  de 
Na análise, foram evidenciados os meios de representação e linguagem gráfica do arquiteto e  Fotografia  da Universidade do Vale do Rio  dos  Sinos, no Rio Grande do Sul, o destaque foi 
urbanista: o croqui, a maquete e a perspectiva digital.  para o desenho livre como meio de expressão. Os jurados descreveram o projeto da seguinte 
forma: 
O croqui é o desenho livre feito à mão utilizado para registrar as ideias iniciais do projeto. Já 
a maquete física, como foi descrita no capítulo anterior, é a representação tridimensional da  Um edifício sóbrio, livre de ornamentos, implantado com extrema propriedade em 
lote  limítrofe  à  paisagem  de  uma  praça  constituem  os  principais  atributos  do 
ideia projetual. A perspectiva digital é uma imagem gerada com base em um modelo digital 
trabalho. Destaca‐se ainda o tratamento gráfico extremamente criativo. (GRUNOW, 
desenvolvido  em  ambiente  computacional.  As  imagens  digitais  ao  longo  dos  anos  têm  2004, p. 96). 
ganhado  cada  vez  mais  destaque  na  produção  da  arquitetura  e  do  urbanismo,  sendo 
utilizadas  ricamente  nos  concursos  de  projeto.  Incialmente,  as  imagens  eram  geradas  As  maquetes  físicas  ou  maquetes  de  estudo,  também  elementos  de  comunicação  e 
utilizando‐se elaborados programas de representação gráfica da plataforma Computer Aided  expressão  do  projeto  de  arquitetura  e  urbanismo,  foram  objeto  de  análise  quando  da 
Design  (CAD).  No  início  da  década  de  1990,  as  imagens  finais  resultantes  das  perspectivas  tabulação  dos  115  trabalhos.  Desejáveis  no  momento  da  concepção,  são  importantes 
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instrumentos  na  elaboração  e  concepção  espacial,  já  que,  por  meio  delas,  é  possível  CONSIDERAÇÕES
perceber  as  proporções  da  proposta  do  edifício,  ou  da  intervenção  urbana,  representando 
assim a principal linguagem da arquitetura: o espaço.   Nas considerações finais deste artigo, são necessárias reflexões sobre algumas questões à luz 
Tabela 14 ‒ Proporção de apresentação de maquete física  do  que  a  pesquisa  sobre  o  concurso  Opera  Prima  apontou.  Elas  permitirão  reconhecer  os 
acertos, entender os erros e abrir novos caminhos para a formação do arquiteto brasileiro. 
MAQUETE Cumpre lembrar que a análise dos dados do concurso é sempre um recorte, mas o quadro 
SIM 32 28% formado  pelos  trabalhos  premiados  revela,  guardadas  as  proporções,  a  formação  dos 
NÃO 83 72% profissionais  nos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no  Brasil,  este  recorte  pode  ser 
 
sintetizado no quadro 3 que evidencia os critérios de análise aqui elencados. 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 

A  perspectiva  digital  é  um  recurso  relativamente  novo,  se  comparado  às  maquetes  físicas,  A primeira questão diz respeito à formação única em arquitetura e urbanismo. Os dados dos 
pois a popularização dos meios eletrônicos como ferramentas de desenho e projeto é muito  trabalhos  premiados  no  Opera  Prima  mostram  que  poucas  foram  as  experiências  que 
recente no contexto histórico da arquitetura e do urbanismo. Assim, os projetos premiados a  abordaram o urbanismo como fonte primária de um problema a ser resolvido. Planejamento 
partir  do  século  XXI  apresentaram  mais  perspectivas  eletrônicas  ou  representações digitais  urbano,  desenho  urbano,  reurbanização  foram  sempre  temas  proporcionalmente  menos 
da volumetria projetual do que aqueles elaborados entre os anos de 1988 até 1999, o que  presentes que  os da  arquitetura. É necessário reconhecer  que não se  formam arquitetos  e 
garante um certo equilíbrio em relação aos meios de representação enumerados.  urbanistas; as cidades, objeto de trabalho do arquiteto e urbanista, são provas contundentes 
de que os profissionais brasileiros não estão interessados no tema.  
Tabela 15 ‒ Proporção da utilização da perspectiva digital 
Uma  segunda  questão  diz  respeito  à  sólida  formação  generalista,  tendo  como  objetivo  a 
PERSPECTIVA DIGITAL atuação  profissional  no  amplo  campo  de  atribuições  e  atividades  profissionais.  Os  dados 
SIM 58 50% levantados  entre  os  trabalhos  premiados  demonstram  que  os  arquitetos  formados  nos 
NÃO 57 50% últimos 23 anos, no Brasil, são especializados no projeto, mais especificamente no projeto do 
 
edifício. Dentre os trabalhos premiados, apenas três eram teóricos, produtos de pesquisa e 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
levantamento de patrimônio arquitetônico. 
No que diz respeito às maquetes como ferramenta de informação do projeto, foi encontrada 
Outra questão que merece atenção refere‐se às novas demandas na formação do arquiteto e 
apenas uma citação do júri. Os jurados da 7ª edição, em 1995, elogiaram o trabalho de Fábio 
urbanista. As tecnologias de comunicação e informação trouxeram para o campo profissional 
Luiz Armínio, orientado por Paulo de Mello Bastos da Universidade Católica de Santos. 
e  educacional  outro  universo  de  organização,  manipulação  e  criação  de  dados.  Pesquisas 
Os aspectos relevantes do antigo Moinho Matarazzo e da região do Brás onde está  recentes indicam programas computacionais cada vez mais aptos a participar da concepção, 
situado são apontados com clareza através de mapas e maquetes. A proposta, que 
transforma  o  moinho  num  polo  multicultural,  expressa  uma  preocupação  com  a 
substituindo  os  métodos  tradicionais  de  lançamento  das  ideias  em  projeto  –  o  croqui  e  a 
qualidade  e  diversidade  da  vida  de  seus  usuários  e  sinaliza  a  potencialidade  de  maquete. Entretanto, foi no gerenciamento de projetos executivos para as construções que 
renovação de regiões e equipamentos urbanos. (MUNGIOLI, 1995, p. 11).  ocorreu  o  maior  salto  das  tecnologias  de  informação  e  comunicação,  sobretudo  com  a  
Embora  o  júri  tenha  citado  apenas  uma  vez  a  maquete  como  forma  de  expressão,  outros  plataforma Building Information Model (BIM).   
projetos premiados apresentaram, na seleção de imagens para apresentação, fotografias de  Novas demandas exigirão novas  posturas tanto  dos educadores quanto dos profissionais. É 
maquetes  físicas.  O  projeto  desenvolvido  por  Daltro  Mathias  Mendonça  para  a  Estação  preciso  pensar,  avaliar  e  definir  o  momento  em  que  estes  conhecimentos  entrarão  na 
Rodoferroviária de Guaratinguetá foi um deles. A proposta espacial é caracterizada por uma  formação do arquiteto. Para alguns, quanto antes melhor, pois o perfil do novo arquiteto se 
grande cobertura. O parecer destacou esta característica:  assemelha  ao  do  gerente,  do  comunicador,  do  coordenador  de  informações  e  conteúdos; 
O  trabalho  defende  o  equacionamento  do  problema  de  transporte  através  da  para  outros,  estes  novos  instrumentos  são  complementares  à  formação  tradicional,  não 
integração  do  modo  rodoviário  com  o  sistema  ferroviário  existente  na  região.  A  substituindo o croqui e a maquete.  
cobertura  é  o  elemento  determinante  do  projeto,  sua  concepção  parte  de  uma 
excelente  analogia  com  as  formas  estruturais  da  natureza,  propondo  um  sistema 
Além das novas demandas relacionadas às tecnologias de comunicação e informação, outras 
estrutural e construtivo com amplo potencial de utilização. (MUNGIOLI, 1995,p. 8).  associadas aos meios tradicionais de expressão devem ser valorizadas. O croqui e a maquete 
são  instrumentos  indispensáveis  à  fase  da  concepção  do  projeto  do  espaço  e  podem 
Outra  proposta  vencedora  que  apresentou  a  maquete  como  forma  de  representação  do 
expressar,  no  início  da  ideia  criativa,  os  aspectos  tecnológicos,  espaciais  e  compositivos.  A 
projeto foi o Hotel de Lazer de Tibaú do Sul, de Marise Diniz da Costa Cirne, da Universidade 
valorização destes meios de expressão facilita a comunicação, principalmente nos primeiros 
Federal de Pernambuco. O parecer do júri destacou a solução adotada em relação ao relevo 
anos do ensino da profissão de arquiteto e urbanista. 
da área escolhida, característica facilmente percebida através da maquete. 
   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 589   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  590 

Quadro 3 ‒ Síntese temporal do concurso Opera Prima. 
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. 10o Concurso Paviflex. In. Revista AU. São Paulo: Editora Pini, 1998. 
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria no 1.770, de 21 de dezembro de 1994. Diário Oficial [da República 
Federativa do Brasil], Brasília, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/ar_geral. pdf>. 
Acesso em: 2 jun. 2009. 
FAYET, Carlos M. Concurso Opera Prima. Premiação 88. In Revista Projeto 122. São Paulo, 1989. 
FAYET, Carlos M. Concurso Opera Prima. Premiação 89. In Revista Projeto 132. São Paulo, 1990. 
FROTA, José Artur D´Aló. Re‐Arquiteturas. Arquitexto 5, PROPAR – UFRGS. 2004. 
GRUNOW, Evelise. Concurso Opera Prima 2004. In. Revista Projeto 294. São Paulo: Arco Editorial, 2004 
GUTIERREZ, Ester J.B. Por uma avaliação do ensino de arquitetura e urbanismo. Trabalho Final de Graduação. 
São Paulo: ABEA, 1999. 
ICOMOS. Carta de Veneza. Veneza: 1964.  
MUNGIOLI, A. ;WISSENBACH, V. Concurso Opera prima 1995. 7o Prêmio Paviflex. In. Suplemento Especial da 
Revista Projeto 188. São Paulo: Revista Projeto, 1995. 
NARUTO, Minoru. Questionamento da Disciplinaridade do Ateliê como Fundamento para a Discussão da 
Formação do Arquiteto. Anais do Seminário Ensino de Arquitetura e Urbanismo da FAU‐USP. São Paulo, 2007. 
   

 
Fonte: Elaborada com base nos dados das 23 edições do concurso opera prima. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  591   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  592 

Ao  inovador  programa  de  ensino  de  Lúcio  Costa  para  a  Escola  Nacional  de  Belas 
Experiência pedagógica do curso de Arquitetura e Urbanismo da  Artes  no  Rio  de  Janeiro  em  1930/31,  seguiram  se  inúmeras  ações  no  plano 
UTFPR: atividades extraclasse como recurso para a formação  institucional,  educacional  e  cultural  que  prepararam  o  solo  para  a  expansão  do 
número  de  escolas  de  arquitetura  no  Brasil.  Aos  poucos  foram  delineando  se  os 
integral do estudante   contornos  das  atribuições  legais  da  profissão,  assim  como  foram  desenhados  os 
primeiros  currículos  e  perfis  profissionais  a  partir  de  debates  de  caráter  e 
Isabel Maria de MELO BORBA  abrangência nacional. Em decorrência disso gerou se a bandeira pela autonomia da 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná; [email protected]  formação do arquiteto em relação às antigas escolas de engenharia e belas artes. 
Marcia Keiko ONO ADRIAZOLA  Conforme a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura ‐ ABEA (2003), em 1933, ano da 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná; [email protected]  primeira regulamentação profissional no Brasil existiam quatro cursos de Arquitetura no país: 
Armando Luis Yoshio ITO 
a ENBA do Rio de Janeiro, a Escola Politécnica da USP, a Escola de Engenharia do Mackenzie 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná; [email protected] 
  em São Paulo e uma Faculdade independente, a da Universidade de Minas Gerais, criada em 
1930.  
RESUMO  De  1917  a  1946,  os  alunos  do  Curso  de  Arquitetura  da  Mackenzie  recebiam  o  título  de 
"É preciso que a experiência esteja desde o início, unida à formação e não seja meramente acrescentada mais 
engenheiro‐arquiteto,  devido  à  vinculação  com a  Escola  de  Engenharia. Em  1947, deu‐se  a 
tarde,  após  o  término  da  formação  acadêmica"  (GROPIUS,  1972).  Aliar  atividades  acadêmicas  com  atuação 
profissional  é  um  desafio  a  qualquer  curso  de  graduação.  Pensando  nisso,  considera‐se  um desafio  do  Curso  separação,  instalando‐se  a  Faculdade  de  Arquitetura  do  Instituto  Mackenzie,  a  primeira 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná ‐ UTFPR, propor trabalhos acadêmicos,  Faculdade de Arquitetura do Estado de São Paulo. 
que  permitam  a  experimentação  prática,  propulsores  da  profissão  de  arquitetos  e  urbanistas.  O  Projeto 
Didático‐Pedagógico do Curso foi concebido levando em consideração a tradição da instituição, que no passado 
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo ‐ FAUUSP foi fundada 
foi  uma  escola  de  artífices,  transformando‐se  em  escola  técnica  e  posteriormente  em  Universidade.  em  1948,  por  um  conjunto  de  professores  da  Escola  Politécnica  da  Universidade  de  São 
Considerando que a Instituição tem uma tradição primeira em propiciar aos acadêmicos o exercício da prática,  Paulo.  Entre  esses  professores  destacam‐se  João  Batista  Vilanova  Artigas  e  Luís  Inácio  de 
o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UTFPR,  ainda  em  fase  de  implantação,  tem  como  base  didático‐ Anhaia Melo.  
pedagógica  a  integração  entre teoria  e  experimentação  prática  e  a  interação  do  aluno  com  o  contexto  social 
atual. Esta integração tem sido proporcionada, em grande parte, através de atividades extracurriculares, onde  O Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná ‐ UFPR, em Curitiba, 
alunos  de  vários  períodos  trabalham  juntos,  trocando  experiências  e  conhecimentos.  Este  trabalho  é  foi  criado  em  1962  por  uma  comissão  especial  de  professores  da  Escola  de  Engenharia  do 
denominado “Estudo Vertical”.  Paraná. Para o funcionamento da Escola de Arquitetura da UFPR foi necessário a migração de 
PALAVRAS‐CHAVE: Canteiro Experimental, ensino de Arquitetura e Urbanismo, responsabilidade social.  arquitetos  de  diferentes  regiões  e  tradições  acadêmicas.  Contribuíram  profissionais  vindos 
de  Minas  Gerais  e  Rio  Grande  do  Sul,  além  daqueles  recrutados na  própria  região.  Porém, 
parte  significativa  dos  professores  e  arquitetos  pioneiros  veio  de  São  Paulo  e  do  Rio  de 
1INTRODUÇÃO Janeiro. Com o funcionamento regular  da escola, o Paraná se tornou um centro  difusor  de 
tecnologia  nessa  área  (PACHECO,  2010).  Em  1961,  o  arquiteto  Luiz  Forte  Netto  chegou  à 
Conforme Artigas (2004, p.64) :  
Curitiba.  Logo  depois  vieram  os  irmãos  José  Maria  e  Roberto  Gandolfi,  Joel  Ramalho  e 
No Brasil, o ensino universitário da arquitetura é relativamente jovem, ou melhor,  Francisco  Moreira.  Todos  tinham  menos  de  30  anos,  eram  recém‐graduados  no  curso  de 
temos pouca experiência, ainda, no emprego de métodos científicos para o ensino  arquitetura do Mackenzie e estavam aptos a manipular um arsenal de concepções inéditas 
das  artes.  A  primeira  escola  brasileira  de  arquitetura  nasceu  por  volta  de  1820, 
ainda  no  reinado  de  dom  João  VI,  sob  a  influência  da  Missão  Francesa  e  seu 
em Curitiba (DUDEQUE, 2001).  
arquiteto Grandjean de Montigny. Mas foi a única durante um século, pois tanto o  Como  resultados  desse  processo  atualmente  existem  em  Curitiba  quatro  cursos  de 
Império como a República depois, satisfeitos com esse esforço inicial, nada fizeram.  
arquitetura  já  implantados,  nas  seguintes  instituições:  Urbanismo  da  Universidade  Federal 
Porém, a criação de escolas especializadas na década de 1945 foi o ponto de partida para a  do Paraná ‐ UFPR, Pontifícia Universidade Católica do Paraná ‐ PUCPR, Universidade Tuiuti do 
abertura  de  Faculdades  de  Arquitetura  nas  principais  cidades  brasileiras,  como  São  Paulo,  Paraná  ‐  UT‐PR  e  Universidade  Positivo  ‐  UP.  O  Curso  de  arquitetura  e  Urbanismo  da 
Porto  Alegre,  Salvador,  Recife  e  Belo  Horizonte,  desligadas  dos  cursos  de  engenharia.  Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) está em fase de implantação. 
Conforme o mesmo autor, a fundação das novas escolas de arquitetura nessa década deve‐se 
A  UTFPR  é  uma  Instituição  de  ensino  com  tradição  de  102  anos  e  a  primeira  assim 
em grande parte ao movimento moderno. Segundo historiadores, a eclosão e a consolidação 
denominada  no  Brasil  e,  por  isso,  tem  uma  história  um  pouco  diferente  das  outras 
da arquitetura moderna brasileira deu‐se em 1930, quando Lucio Costa foi incumbido pelo 
universidades. A Instituição não foi criada e, sim, transformada a partir do Centro Federal de 
governo  de  Getúlio  Vargas  para  reformular  o  ensino  na  Escola  Nacional  de  Belas  Artes  ‐ 
Educação  Tecnológica  do  Paraná  ‐  CEFET‐PR.  Como  a  origem  deste  centro  é  a  Escola  de 
ENBA, que é hoje a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de 
Aprendizes Artífices, fundada em 1909, a UTFPR herdou uma longa e expressiva trajetória na 
Janeiro. 
educação profissional, tecnológica e social. 
De acordo com Chiesa (2011) ,  
Com a Lei Federal nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional ‐ 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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LDBE, que não permitia mais a oferta dos cursos técnicos integrados, foram extintos vários  primeira supera a segunda e os arquitetos distanciaram‐se da experimentação prática como 
cursos de excelência da escola, entre eles o Curso Técnico em Edificações que era ofertado  aprendizado. Ainda de acordo com o mesmo autor, com este processo o arquiteto abriu mão, 
pelo Departamento Acadêmico de Construção Civil ‐ DACOC. Este curso era reconhecido pela  durante  sua  formação,  de  conhecimentos  essenciais  para  o  ofício  criando  uma  falsa 
sociedade curitibana e pelo mercado de trabalho, pela alta qualidade dos profissionais que  dicotomia entre a técnica e a arte. Com isto predominam as escolas de arquitetura onde se 
atuavam  em  várias  áreas  da  construção  civil.  Assim  laboratórios  como  Canteiro  de  Obras,  privilegia  a  reflexão  teórica  em  detrimento  do  convívio  com  a  prática.  Lentamente  este 
Instalações  Hidráulicas,  Instalações  Elétricas,  Materiais  de  Construção,  Maquetaria,  entre  processo  forma  um  arquiteto  que  pensa  arquitetura,  mas  que  perde  progressivamente  a 
outros ficaram ociosos na maior parte do tempo.   chance de materializar seu pensamento. As realizações concretas em arquitetura, chamada 
Diante  destes  fatos  e  do  novo  perfil  da  escola,  uma  equipe  de  professores,  do  DACOC,  de  “arquitetura  de  laboratório”,  permitem  o  ensaio  de  inúmeras  possibilidades  técnicas  e 
espaciais, numa atitude que estimula transformações sociais profundas (FERRO, 2006). 
formada  por  arquitetos  e  alguns  engenheiros,  com  o  apoio  da  reitoria,  formaram  uma 
comissão para implantar um curso de Arquitetura e Urbanismo. Este processo de criação foi  De  acordo  com  Artigas  (2004)  as  artes  plásticas  deixaram  de  ser  uma  área  de  ensino 
iniciado  com  a  pesquisa  sobre  de  ensino  de  arquitetura  em  várias  instituições  nacionais  e  complementar  para  tornarem‐se  central  na  formação  do  arquiteto.  Conforme  Vitruvius 
internacionais, e análise do mercado de trabalho em Curitiba, região e no Estado do Paraná.   (1960), o arquiteto deveria ser instrumentado com conhecimento de vários ramos de estudo 
e  tipos  de  aprendizagem.  Este  autor  destaca  três  critérios  para  a  elaboração  do  projeto 
A ideia da equipe foi formatar um curso com ênfase no ensino tecnológico, considerando a 
arquitetônico:  construção,  utilidade  e  beleza.  De  acordo  com  Leite  (1998),  o  domínio  da 
sustentabilidade,  assim  como  a  interação  dos  egressos  com  o  Canteiro  de  Obras  e  demais 
tecnologia é a base para participação do arquiteto no desenvolvimento tecnológico, e para a 
laboratórios desde o início de sua formação. A principal intenção era aproveitar a experiência 
inserção intensiva do arquiteto na atividade econômica da construção. 
dos professores e da instituição no ensino tecnológico, assim como os laboratórios e ofertar 
um  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  diferenciado,  aprimorando  e  adaptando  as  bases  Piñón (2006), afirma que um dos problemas, se não o problema essencial, é a necessidade 
técnicas do Curso Técnico em Edificações.  de  recuperar  a  competência  do  saber  e  fazer  como  atributo  fundamental  da  atividade  do 
arquiteto. Segundo este autor, só com o domínio da técnica é possível um acesso eventual à 
Dentro  deste  contexto,  o  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UTFPR,  tem  como  base 
prática artística. Ainda de acordo com Piñón (2006, p. 126), 
didático‐pedagógica  a  integração  entre  teoria  e  experimentação  prática,  visando  ainda,  a 
interação do aluno com o contexto social atual.  A atenção à construção não é uma panacéia capaz de devolver à arquitetura, por si 
só, a qualidade que teve em outros tempos: é simplesmente uma condição básica 
do ato de conhecer. [...] Se desejamos um futuro com arquitetos deve‐se recuperar 
o sentido comum e difundir a evidência de que não há concepção sem técnica, nem 
2 O ENSINO DA ARQUITETURA projeto sem matéria. 

A separação entre Engenharia Civil e Arquitetura ocorreu no final do Século XVIII (DERRY &  Diante da constatação da necessidade de aliar o ensino de arquitetura e urbanismo na UTFPR 
WILLIAMS, 1997). Um levantamento das publicações sobre arquitetura lança uma discussão  ligado à experimentação  prática,  envolvendo  os alunos e  professores, propõe‐se atividades 
acerca  do  conflito  entre  engenheiros  e  arquitetos  já  no  final  do  século  XVIII,  quando  a  integradas ao ensino desde os primeiros períodos do curso. 
separação  entre  a  Ecole  des  Beaux‐Arts  e  a  Ecole  Polytechnique  provoca  “a  cisão  entre 
arquitetura e construção.” (GIEDION, 2004, p. 237, grifo nosso). 
3 O ENSINO DA ARQUITETURA NA UTFPR: PRÁTICA ALIADA À
O  Século  XIX  foi  considerado  como  o  Século  dos  Engenheiros,  onde  foram  construídas  as 
grandes estruturas metálicas. O Arquiteto é conhecido como artista do bordado, no sentido  TEORIA
pejorativo.  Conforme  capitulo  do  livro  de  Argan  (1992,  p.  84‐85)  –  “A  Arquitetura  dos 
Engenheiros”, onde descreve,  Objetivando  o  estabelecimento  de  novos  paradigmas  que  possam  aumentar  o  grau  de 
excelência nas relações entre a formação e a prática profissional do arquiteto, este trabalho 
Apesar  da  polêmica,  acirrada  principalmente  na  França,  entre  os  pioneiros  da 
funcionalidade técnica e os conservadores da arquitetura “dos estilos”, isto é, entre  aponta  as  formas  que  tem  sido  usadas  para  a  integração  da  experimentação  prática  ao 
estruturalistas  e  decoradores,  firma‐se  cada  vez  mais  a  convicção  de  que  apenas  ensino  de  arquitetura  no  curso  da  UTFPR.  Isto  ocorre  em  várias  áreas  de  conhecimento 
com as novas metodologias construtivas será possível alcançar aquela configuração  ligadas  à  profissão,  como  Projeto,  Restauro,  Paisagismo,  Urbanismo,  entre  outras.  Assim, 
dinâmica  do  espaço  que  corresponde  à  sensibilidade,  ao  sentido  da  sociedade  procura‐se  oportunizar  aos  discentes  atividades  práticas  e  reais,  desde  os  primeiros 
moderna.  A  vitória  dos  técnicos  é  consagrada  pela  construção  da  Torre  projetada 
períodos, tais como:  
por A. G. Eiffel (1832‐1923) para a exposição de Paris de 1889. 

A  história  da  profissão  do  Arquiteto  é  marcada  pelo  modelo  Francês  por  meio  de  uma  3.1 SEMANA DO CURSO 
instituição: a Ecole des Beaux‐Arts de Paris, reconhecida mundialmente. No Brasil, o ensino 
O curso de Arquitetura e Urbanismo teve início em agosto de 2009, e para dar as boas vindas 
de  arquitetura  tem  origem  em  duas  vertentes:  da  Escola  de  Belas  Artes  e  das  Escolas 
à primeira turma de alunos, foi realizada uma Semana do Curso. Nesta semana, além da aula 
Politécnicas,  conforme  citado  anteriormente.  Conforme  Ronconi  (2002),  rapidamente  a 
inaugural  proferida  pelo  arquiteto  Jaime  Lerner,  estiveram  presentes  os  arquitetos  Manoel 
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Coelho e Sérgio Teperman entre outros (Figura 1). Visando a integração dos calouros ao Setor  Figura 3 – Visitas monitoras pelos professores do curso na 1° SEV 
Histórico da  cidade, foi  realizada  uma  visita  ao  Museu  Paranaense  e passeio  pelo  Largo  da 
Ordem,  Praça  Tiradentes  finalizando  no  Paço  Municipal.  Diante  do  sucesso  deste  evento, 
todo semestre, a cada entrada de uma nova turma são realizadas Semanas do Curso. Para as 
Semanas são convidados profissionais importantes para a Arquitetura e o Urbanismo, cujas 
experiências, trajetórias, conhecimento e paixão pela profissão ajudam a definir o significado 
e o papel da Arquitetura e do arquiteto no século 21. São convidados também profissionais 
de outras áreas, como sociólogos, advogados, artistas, dentre outros, que contribuem para a 
formação  cultural  dos  discentes.  Além  das  palestras  são  promovidas  oficinas  com  diversos     
temas  ofertadas  por  professores,  alunos  e  convidados,  bem  como  viagens  culturais.  Estas 
semanas  são  importantes  para  apresentar  aos  alunos  o  vasto  campo  de  atuação  do 
profissional arquiteto e urbanista, assim como a divulgação do curso junto à comunidade. 
Figura 1 – Jaime Lerner e Sergio Teperman – Auditório da UTFPR, Câmpus Curitiba ‐ Sede Central. 

Fonte: Dos autores. 

   
A  partir  do  primeiro  semestre  de  2014,  sob  a  iniciativa  dos  alunos  do  Centro  Acadêmico 
Fonte: Dudeque e dos autores, 2014. 
Vilanova Artigas ‐ CAVNA, criaram a I Semana do Estudo Vertical ‐ SEV. 
3.2 ANTEPROJETO CAPELA 
A Semana de Estudo Vertical foi pensada pelos membros do CAVNA para expor a produção 
do corpo discente do curso. Teve por objetivo alcançar de maneira igualitária todos os alunos  O  primeiro  trabalho  envolvendo  alunos,  professores  e  comunidade,  foi  promovido  no 
dos diferentes  períodos  letivos.  Ocorreram  oficinas  e palestras  ministradas, em  sua  grande  terceiro semestre de implantação do curso. A atividade surgiu da necessidade dos moradores 
maioria, por alunos para seus colegas, com diversos temas e abrangências (Figura 2). Contou  do  Jardim  Pioneiro,  Campo  Magro,  Região  Metropolitana  de  Curitiba  ‐  RMC  em  construir 
ainda  com  visitas  monitoradas  com  professores  do  curso  em  obras  históricas  e  Museus  uma Capela.  
(Figura  3).  A  SEV  proporcionou  uma  maior  interação  entre  os  estudantes  e  desenvolveu  Essa  demanda  por  parte  da  comunidade  trouxe  uma  efetiva  troca  de  saberes  e 
afinidades com atividades que auxiliam no autoconhecimento.  conhecimento  entre  a  Universidade  e  a  comunidade  externa.  Ganharam  os  alunos  que 
Figura 2 – Palestras e Oficinas ministradas pelo alunos do curso para seus colegas na 1° SEV  tiveram contato com um cliente real descobrindo suas demandas e necessidades do projeto 
arquitetônico. Ganhou a comunidade que pode ter um anteprojeto assistido e orientado por 
profissionais  competentes  e  especializados.  Além  disso,  a  troca  em  termos  de  cidadania  e 
aprendizado mútuo pode‐se constituir no principal aspecto positivo desse intercâmbio.  
O projeto teve a participação dos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UTFPR e 
dos  alunos  do  Colégio  Estadual  Campo  Magro  (Figura  4).  Os  alunos  do  Colégio  Estadual 
Campo  Magro  receberam  no  contra  turno  das  aulas,  aulas  de  desenho  técnico  e 
      arquitetônico básico e colaboraram na confecção da maquete. O Anteprojeto da Capela foi 
Fonte: Dos autores  entregue à comunidade na Missa da Padroeira Nossa Senhora da Imaculada Conceição com a 
participação  de  alunos,  professores  e  Diretor  do  Câmpus  Curitiba  em  dezembro  de  2010 
   
(Figura 5). 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  597   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  598 

Figura 4 – Anteprojeto Capela ‐ Integração entre Professores e Alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UTFPR e  Figura 6 – Casa Polonesa Realocada de Campo Largo para Campo Magro (Municípios do Estado do Paraná – Brasil) 
Alunos do Colégio Estadual Campo Magro. 

Fonte: Dos autores. 
Figura 5 – Entrega do Anteprojeto na Missa da Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Comunidade Jardim Pioneiro –  Fonte: Dos autores. 
Campo Magro. 

3.4 OFICINAS 
Com  o  intuito  de  complementar  a  formação  dos  discentes  promovem‐se  diversas  oficinas 
nos  períodos  extra  classe.  São  realizadas  oficinas  de  Desenho  a  Mão  Livre,  que  ocorrem 
tanto em atelier de desenho como nas ruas das cidades de Curitiba e das viagens culturais 
(Figura 7). O objetivo é capacitar os alunos em comunicar uma ideia arquitetônica por meio 
de  desenho  à  mão  livre,  já  que  o  desenho  é  a  linguagem  do  arquiteto.  Outras  oficinas  já 
ofertadas  foram,  por  exemplo:  Conceitos  Básicos  de  Perspectiva,  Conceitos  Básicos  de 
Iluminação,  Oficinas  de  uso  de  Softwares  aplicados  à  Arquitetura  e  Urbanismo,  dentre 
Fonte: Dos autores. 
outros. 
Figura 7 – Oficinas de Desenho à Mão Livre, Noções de Perspectiva e Técnicas de Ilustração.   Desenho Urbano no Centro 
3.3 REALOCAÇÃO CASA POLONESA   Histórico de Curitiba‐PR 

Este trabalho foi realizado no primeiro semestre do ano 2011. O levantamento histórico e o 
projeto  de  realocação  participativa  da  casa  da  família  Mika,  localizada  no  Município  de 
Campo  Largo  ‐  RMC  foi  realizada  em  três  etapas.  Na  primeira  etapa  foi  realizado  um 
treinamento com acadêmicos e docentes abordando a metodologia correta no levantamento 
arquitetônico  e  histórico  com  a  participação  do  IPHAN.  Na  segunda  etapa  os  acadêmicos 
foram  divididos  em  grupos  com  tarefas  pré‐estabelecidas,  como  o  levantamento  global  da 
edificação,  a  codificação  de  cada  peça  componente  da  casa  e  sua  posição  no  todo,  o 
levantamento de  objetos encontrados na casa e  a história  dos  seus moradores, bem como     
um  levantamento  topográfico  incluindo  o  registro  da  locação  original  da  casa  e  das  duas 
outras edificações do conjunto (Figura 6). Finalmente foram realizados os desenhos técnicos 
de montagem e o novo projeto de implantação, em Campo Magro ‐ RMC, e a adequação à 
sua nova função bem como a documentação da história desta edificação. 
   

Fonte: Dos autores. 

3.5  VISITAS CULTURAIS 
São promovidas visitas culturais em museus, setor histórico, obras arquitetônicas relevantes, 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  599   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  600 

visitas a indústrias, com o objetivo de divulgar os valores históricos, arquitetônicos, técnicos  Figura 11 – Visitas Monitoradas: Casa do Arquiteto Manoel Coelho. 
e  culturais  da  cidade  (Figura  8).  São  realizadas  também  visitas  a  casas  de  arquitetos  da 
cidade,  como  exemplo  dos  arquitetos:  Bernardo  Kirchgassner  (Figura  9),  de  1936,  Vilanova 
Artigas  (Figura  10)  e  Manoel  Coelho  (Figura  11),  entre  outros.  Os  professores  do  curso 
motivam  os  alunos  a  participarem  de  palestras  e  cursos  relacionados  à  arquitetura  e 
urbanismo (Figura 12). 
Figura 8 – Museu do Lixo (Usina de Reciclagem ‐ C M), Obras e Restauro da Catedral Metropolitana de Curitiba‐PR. 

Fonte: Dudeque, 2013.
Figura 12 – Participação de professores e alunos do Curso na Palestra do arquiteto Lelé (João Filgueiras Lima) no Museu 
Oscar Niemeyer em Curitiba 

 
Fonte: Dos autores. 
Figura 9 – Visitas Monitoradas: Casa do Arquiteto Bernardo Kirchgassner. 

   
Fonte: Dudeque, 2012. 

3.6  VIAGENS TEMÁTICAS 
São  realizadas  viagens  com  o  objetivo  de  apresentar  a  riqueza  artística  e  arquitetônica  de 
várias  regiões  do  Brasil,  essenciais  para  a formação  do  profissional  arquiteto  e  urbanista  e 
como exercício de conhecimento da formação histórica do país.  
Uma  das  viagens  oportunizadas  aos  estudantes  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UTFPR  é  a 
viagem  a  Minas  Gerais,  que  tem  como  objetivo  vivenciar  e  perceber  os  espaços 
 
arquitetônicos  construídos,  permitindo‐lhes  compreender  a  concretização  dos  temas 
Fonte: Dos autores e de professores do curso. 
discutidos em salas de aulas e ateliês. Num primeiro momento, apresentam‐se, em sala de 
Figura 10 – Visitas Monitoradas: Casa do Arquiteto Vilanova Artigas  aula,  os  conceitos  norteadores  que  esclarecem  os  sítios  e  edifícios  que  serão  visitados.  O 
trecho percorrido, em trânsito, propicia aos estudantes a vivência das principais cidades do 
ciclo  do  ouro  das  Minas  Gerais:  Tiradentes,  São  João  Del  Rey,  Congonhas  do  Campo,  Ouro 
Preto, Mariana, Sabará, além de Belo Horizonte (Figura 13). 
   

    
Fonte: Dos autores, professores e alunos do curso. 
 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  601   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  602 

Figura 13 ‐ Viagem a Minas Gerais (Estado do Brasil‐Importante Pelo Valor Histórico‐Ciclo Do Ouro): Ouro Preto, Congonhas,  Conforme  previsto  no  Projeto  Pedagógico  do  Curso  ‐  PPC,  são  ministradas  aulas  práticas, 
Belo Horizonte, Caraça e Paraty ‐ RJ. 
aliadas as aulas  teóricas em diversas disciplinas, como: Conforto Ambiental, Tecnologia das 
Construções, Instalações Hidro‐sanitárias, Instalações Elétricas Prediais, Sistemas Estruturais 
e Materiais de Construção (Figura 15).  
Figura 15 – Aulas Práticas em Laboratórios 

     

Fonte: Dos professores do curso. 

Outras viagens proporcionadas aos alunos foram como exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro, 
Petrópolis, e cidades históricas no Estado do Paraná como Morretes e Lapa (Figura 14). 
Figura 14 ‐ Viagem a Lapa, Cidade Histórica no Estado do Paraná, São Paulo ‐ Museu De Arte Moderna (MASP) E Viagem de 
Fonte: Dos autores. 
Trem a Morretes ‐ PR 

3.8  PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO 
O objetivo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UTFPR é formar e qualificar o Arquiteto e 
Urbanista  para  o  mercado  de  trabalho  e  prepará‐lo  para  atuar  na  sociedade.  Assim,  e 
conforme  previsto  no  Projeto  Pedagógico  do  Curso  ‐  PPC,  as  atividades  de  ensino  são 
permeadas  por  atividades  de  pesquisa  e  extensão  nas  áreas  de  atuação  profissional  do 
arquiteto,  como:    Desenho,  Projeto,  Planejamento  Urbano,  Patrimônio  Cultural  e  Restauro, 
 
Técnicas  Construtivas,  Mobilidade  Urbana,  Conforto  Ambiental,  Meio  Ambiente,  Meios  de 
Fonte: Dos autores. 
Transporte, Avaliação Ambiental, Conflitos Urbanos, Paisagismo, dentre outros. Desta forma 
atende‐se  ao  tripé:  ensino,  pesquisa  e  extensão,  previstas  no  Plano  de  Desenvolvimento 
3.7  AULAS DE LABORATÓRIOS 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  603   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  604 

Institucional ‐ PDI da UTFPR, proporcionado ao estudante a prática da produção científica e  Experimental  da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná  ‐  UTFPR1,  a  aplicação  prática 
da  aplicação  dos  conhecimentos  em  benefício  da  comunidade.  Além  dos  trabalhos  reais  dos  conhecimentos  na  melhoria  construtiva  em  três  moradias  localizadas  na  Vila  Nova 
proporcionados  nas  diferentes  disciplinas,  aplicados  em  Curitiba  e  Região  Metropolitana  ‐  Esperança envolvendo alunos, professores e moradores. As moradias apresentam condições 
RMC, é oferecido aos alunos a oportunidade de realização de projetos como:  precárias  de  habitabilidade  e  salubridade  devido  a  problemas  de  ventilação  e  iluminação 
1. Levantamento  das  construções  no  Setor  Histórico  de  Curitiba  vem  sendo  realizado  em  natural, infiltrações, isolamento térmico, entre outras deficiências projetuais e construtivas. 
acordo  com  o  Instituto  de  Pesquisa  e  Planejamento  Urbano  de  Curitiba  ‐  IPPUC.  Este  Esta situação pode ser melhorada com pequenas intervenções apoiadas em conhecimentos 
técnicos  de  concepção  arquitetônica  e  construção  civil  básicos,  utilizando‐se  de  soluções  e 
levantamento  tem  gerado  os  projetos  das  construções,  maquetes  e  registro  fotográfico 
(Figura 16);  materiais  sustentáveis.  O  projeto  “Mão  na  Massa”  será  uma  oportunidade  de  levar 
resultados  palpáveis  e  imediatos  à  comunidade  ao  mesmo  tempo  em  que  propiciará  aos 
Figura 16 ‐ Levantamento das Construções do Setor Histórico de Curitiba ‐ PR 
estudantes e professores experiências práticas de projeto e obra (Figura 18). 
Figura 18 ‐ Atividade do Canteiro Experimental, Levantamento das Moradias e Apresentação do Estudo Preliminar às 
Famílias da Comunidade Vila Nova Esperança 

Fonte: Jornal Gazeta do Povo e dos autores. 

2. Projeto interdisciplinar “Estudo Vertical”:  No segundo semestre  de  2011,  professores do 


   
curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  criaram  o  Estúdio  Vertical,  onde  alunos  de  todos  os 
períodos  trabalharam  juntos  trocando  experiências.  Como  tema  deste  trabalho  foi  FONTE: Dos autores. 
proposto  o  levantamento,  a  análise  dos  dados  e  o  diagnóstico  da  situação  da  Vila  Nova  3. Desenvolvimento  estudos  e  projetos  técnicos  necessários  para  prover  os  moradores  do 
Esperança, comunidade carente localizada nas proximidades da UTFPR, Campus Curitiba ‐  assentamento  “Ilha”,  Almirante  Tamandaré,  de  alternativas  habitacionais  que  permitam 
Sede Ecoville (Figura 17).  condições dignas de moradia e a recuperação ambiental da área. O projeto denominado 
Figura 17 ‐ Localização da Vila Nova Esperança, próxima à UTFPR, Curitiba, Sede Ecoville.  “MORADIA e MEIO AMBIENTE: a construção do diálogo na urbanização do assentamento 
Pilarzinho”  está  aprovado  no  PROEXT  2014  ‐  Programa  de  Extensão  Universitária 
COMUNIDADE 
UNIVERSIDADE MEC/SESu, contemplado com recursos humanos que deverão incluir 4 bolsas de extensão 
de  alunos  de  graduação  da  área  de  Arquitetura  e  Urbanismo  e  mais  R$  12.000,00  na 
compra de equipamentos permanentes. 
4. Pesquisa  na  área  de  urbanismo  desenvolvida  pelos  professores  do  Laboratório  de 
Urbanismo e Paisagismo ‐ LUPA: O "Observatório dos Conflitos Urbanos de Curitiba" tem 
como objetivo registrar, sistematizar, classificar e prover informações sobre lutas urbanas, 
  movimentos sociais e as múltiplas e diversas manifestações da conflitualidade da cidade. 
Fonte: modificado do Google Earth , 2013.  O projeto de pesquisa constitui‐se parte integrante da Rede de Observatórios de Conflitos, 
que tem como um dos pontos de partida o projeto “Mapa dos Conflitos Urbanos do Rio 
Trata‐se  de  uma  ocupação  irregular  antiga,  onde  residem  140  famílias  em  péssimas 
de  Janeiro”  desenvolvido  a  partir  de  2004  pelo  Laboratório  ETTERN/IPPUR/UFRJ.  A 
condições  ambientais,  mas  em  habitações  que  –  certamente  pelo  longo  tempo  de 
pesquisa contempla 2 alunos de iniciação científica do curso de Arquitetura e Urbanismo, 
existência ‐ já adquiriram caráter definitivo. Este trabalho gerou outros dois projetos com 
que apresentaram trabalhos no SICITE 2013. 
enfoques diferentes: 
5. Pesquisa  "Observatório  dos  Conflitos  Urbanos  de  Curitiba",  que  objetiva  registrar, 
(a) questões Urbanas e Ambientais, com o projeto: “Arquitetura na Comunidade: Projeto de 
reabilitação Urbana da Vila Nova Esperança” ‐ contemplado com o PROEXT_2014 MEC/SISU;                                                              
(b)  Melhoria  das  Moradias,  com  o  projeto  “Mão  na  Massa:  Conhecimento  do  Canteiro  1
  A  Oficina  de  Canteiro  Experimental  da  UTFPR é  uma  atividade  extracurricular  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  na 
Experimental  da  UTFPR”:  pretende‐se  aliar  ao  aprendizado  da  Oficina  de  Canteiro  qual  o  estudante  aprende  e  experimenta  técnicas,  recursos  e  tecnologias  construtivas  utilizadas  na  materialização  do 
espaço arquitetônico. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  605   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  606 

sistematizar, classificar e prover informações sobre lutas urbanas, movimentos sociais e as  Figura 19 ‐ Alunos testando o COB (areia, argila e palha) e cimento. 
múltiplas  e  diversas  manifestações  da  conflitualidade  da  cidade.  Constitui‐se  parte 
integrante da Rede de Observatórios de Conflitos. 
6. Projeto de Pesquisa e Extensão Studio Cidades e Biodiversidade surgiu há 3 anos a convite 
das Nações Unidas (UNU‐IAS), com o intuito  de gerar conhecimento para a comunidade 
internacional sobre como a gestão local pode responder às metas de Aichi. Esta atividade 
contou  com  a  participação  dos  alunos  do  curso  de arquitetura  em  conjunto  com outras 
áreas o que tem proporcionado um rico ambiente de aprendizado. 
7. Prestação de serviços de arquitetura e urbanismo à população não atendida pelo mercado 
e pelo poder público – Com a criação do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da 
UTFPR ‐ EMAU UTFPR, em fevereiro de 2014, estudantes e professores orientadores tem a 
oportunidade  de  praticarem  a  profissão  oferecendo  estes  serviços  à  entidades  sociais,   
associações de moradores e outras organizações comprometidas com o bem comum, ao  FONTE: Dos autores. 
mesmo  tempo  em  que  se  aproximam  da  realidade  sócio  ambiental  e  exercitam  o  Figura 20 ‐ Atividade dos alunos testando o concreto permeável sustentável em jardins verticais 
cumprimento da função social do arquiteto e urbanista. O primeiro projeto atende a uma 
demanda  do  CISDIMI  –  Centro  de  Integração  Social  Divina  Misericórdia,  entidade  que 
atende  crianças  e  adolescentes  da  periferia  de  Curitiba  com  atividades  educativas, 
esportivas e culturais, sendo que outras demandas estão sendo analisadas. 
8. Outra atividade desenvolvida pelos docentes e discentes é a Oficina de Bioarquitetura. O 
objetivo principal é proporcionar aos alunos, professores e convidados um momento de 
estudo, pesquisa e  reflexão sobre novas formas  de projetar. Visa também a pesquisa de 
novos materiais. A partir do conflito entre desenvolvimento econômico e conservação de 
recursos naturais, surge  o  conceito de desenvolvimento sustentável, o  qual propõe uma 
harmonização  entre  o  desenvolvimento  socioeconômico  com  a  conservação  do  meio 
ambiente,  com  ênfase  na  preservação  dos  ecossistemas  naturais  e  na  diversidade 
genética, para a utilização racional dos recursos naturais (FRANCO, 2001). Considerando a   
importância  entre  os  elementos  climáticos  e  a  Arquitetura,  é  necessário  estipular  os 
FONTE: Dos autores. 
padrões  ótimos  de  habitabilidade  no  ambiente  interno,  no  que  se  refere  às  condições 
biotérmicas,  lumínicas,  acústicas,  respiratórias  e  psicológicas.  Uma  vez  definidas  as 
exigências  do  meio  interno,  é  possível  projetar  de  modo  consciente.Como  primeiro 
desafio para os alunos participantes da Oficina, foi proposto o Projeto e a construção de  4 CONCLUSÃO
uma  Guarita  para  a  Sede  Ecoville  da  UTFPR.  Para  iniciar  os  trabalhos,  os  alunos  foram 
divididos  em  três  equipes  de  pesquisa:  1.  Pesquisa  sobre  guaritas  (segurança,  conforto,  A  experiência  proporcionada  por  estes  trabalhos  vão  muito  além  de  promover  a  aplicação 
etc.);  2.  Pesquisa  sobre  conforto  ambiental  ‐  sustentável;  3.  Pesquisa  sobre  novos  prática de conhecimentos, tecnologias e técnicas na formação do profissional do arquiteto e 
materiais:  atualmente  estão  sendo  testados  o  COB  (técnica  construtiva  feita  de  areia,  urbanista como exercício de responsabilidade social. 
argila  e  palha)  e  cimento  como  proposta  de  melhor  eficiência  com  materiais  de  terra  O  convívio  do  aluno  com  a  comunidade  proporciona  uma  relação  de  exercício  profissional 
(Figura 19) e o concreto permeável sustentável em jardins verticais (Figura 20).  com  um  cliente  real,  resultando  em  um  trabalho  útil  à  sociedade  que  acrescenta  a 
    experiência  prática  desde  o  início  de  sua  formação  acadêmica  conforme  preconizado  por 
Gropius (1972). 
Estes  princípios  norteadores  do  curso  apresentam  muitos  desafios  como:  a  motivação 
contínua  dos  novos  e  antigos  docentes,  assim  como  a  compreensão  da  dinâmica  do  curso 
que exige trabalho integral de todos; além da motivação dos discentes na participação nas 
atividades extra‐classes, como por exemplo, no "Projeto Mão na Massa" em que os docentes 
e discentes trabalham em todas as sextas‐feiras, de forma voluntária das 13:30 h às 18:00 h 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  607   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  608 

desde agosto de 2013.  A teoria e a prática do “sentimento estrutural”  no processo de 
Apesar do trabalho árduo, estas atividades proporcionam realizações como: a oportunidade  ensino‐aprendizagem do projeto arquitetônico 
de interagir com a comunidade como no caso do desenvolvimento do Anteprojeto da Capela 
de  Campo  Magro.  Nesta  experiência  jovens  da  comunidade  participaram  do  projeto  junto  Camila Cavalcanti RESENDE 
com  os  alunos  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UTFPR.  Outro  exemplo  foi  a  PPGAUUFRN; [email protected] 
realocação  da  Casa  Mika  onde  atualmente  funciona  o  restaurante  polonês  Nova  Polska,  Renato de MEDEIROS 
importante  no  Circuito  Turístico  do  Município  de  Campo  Magro.  Destaca‐se  ainda  o  PPGAUUFRN; [email protected] 
 
levantamento  das  construções  no  Setor  Histórico  de  Curitiba,  cujos  projetos,  maquetes  e   
registros fotográficos estão sendo utilizados pelo IPPUC.   
Outro ponto muito positivo está sendo a organização dos trabalhos em si e das tarefas que 
RESUMO 
são desenvolvidas. É muito interessante formar grupos com alunos em diferentes estágios do  Este  artigo  trata  do  ensino  da  concepção  estrutural  como  parte  integrante  do  processo  de  aprendizagem  de 
curso  que  permite  maior  troca  de  conhecimentos  e  aprendizagem  para  a  execução  das  projeto  na  graduação  de  Arquitetura  e  Urbanismo.  O  conhecimento  técnico  dos  sistemas  estruturais  e  o 
atividades determinadas,  instigando  ainda o espírito de liderança  dos alunos e do trabalho  desenvolvimento do “sentimento estrutural” (ou apreensão intuitiva da estrutura) são de grande importância 
em equipe.  na  formação  do  arquiteto,  aspectos  muitas  vezes  adquiridos  apenas  com  a  prática  profissional.  A  busca  pela 
melhoria da didática do ateliê de arquitetura já é um tema recorrente no meio acadêmico, no entanto, ainda é 
escassa  a  literatura  sobre  a  concepção  estrutural  como  um  elemento  atuante  no  processo  de  projeto.  Desta 
maneira,  este  trabalho  visa  contribuir  com  o  debate  referente  a  aprendizagem  de  projeto  arquitetônico  no 
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Brasil e levantar algumas questões relacionadas ao ensino da concepção estrutural no atelier integrado. Por fim, 
evidenciar uma experiência didática com ênfase na integração arquitetura e estrutura.  
ABEA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA. 2003. O panorama do ensino de Arquitetura e 
Urbanismo no Brasil. Rio de Janeiro, ABEA. [CD‐ROM].  PALAVRAS‐CHAVE: ensino de projeto, concepção estrutural, graduação em arquitetura.  

ARGAN, G. C. Arte Moderna. Trad. Denise Bottmann e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 
 
p . 85. 
ARTIGAS, J. B. V. Caminhos da Arquitetura/ Vilanova Artigas. 4ª Ed. São Paulo: Cosac Naify, 2004. 
1 INTRODUÇÃO 
Decreto Federal Nº 2208/97, de 17 de abril de 1997 ‐ Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei 
Federal nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Atualmente,  vê‐se  uma  defasagem  no  que  se  refere  ao  ensino  da  concepção  estrutural 
DERRY, T. K.; WILLIAMS, T. I. História de la Tecnologia. Madri: Siglo Veintiuno de España, 1997.  integrada  à  criação  do  espaço.  Rebello(2000,  p.  15)  define  concepção  (ou  planejamento) 
GIEDION, S. T. Espaço, Tempo e Arquitetura: o desenvolvimento de uma nova tradição. Trad. Alvamar  estrutural  quando  a  arquitetura  e  a  estrutura  nascem  juntas.  Cabe  ao  profissional  que 
Lamparelli. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 237.  concebe  o  edifício  pensar  também  na  sustentação  da  sua  obra.  O  ensino  de  estrutura  nas 
DUDEQUE, I. J. T. Espirais de madeira: uma história de arquitetura em Curitiba. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP,  Escolas  de  Arquitetura  e  Engenharia  é  praticamente  igual,  a  diferença  é  que,  para  os 
2001.  arquitetos, o  foco está no   ensino  da concepção estrutural, já para  os  engenheiros  está no 
FERRO, S. Arquitetura e trabalho livre / Sérgio Ferro. Apresentação: Pedro Fiore Arantes – Posfácio: Roberto  ensino do cálculo matemático de estruturas.  De acordo com o autor, o que acontece é que 
Schwarz. São Paulo: Cosac Naify, 2006.  nem sempre o profissional responsável pela criação da arquitetura tem a consciência que seu 
GROPIUS, W. Bauhaus Novarquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1972.  perfil criador de espaços também deve ter intrisecamente um perfil criador de estruturas.  
LEITE, M. A. D. F. A. O ensino de Tecnologia e Arquitetura e Urbanismo. (1998). Dissertação (Mestrado em  Para  Corrêa(2001),  o  distanciamento  das  grades  curriculares  e  disciplinas  dos  cursos  de 
Arquitetura). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.  Arquitetura e Engenharia é uma das maiores causas da ocorrência do despreparo de muitos 
PACHECO, P. C. B. A Arquitetura do Grupo do Paraná 1957‐1980. (2010). 462 f. Tese (Doutorado em Arquitetura)  arquitetos  e  engenheiros  recém‐formados.  Estes  não  conseguem  lidar  com  interfaces  dos 
– Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.  projetos de arquitetura e estrutura durante a construção da obra.  
RONCONI, R. L. N. Inserção do Canteiro de Obras nas faculdades de Arquitetura e Urbanismo. (2002). 316 f. Tese  O objetivo deste artigo é discutir a concepção estrutural com o foco na apreensão intuitiva 
(Doutorado em Arquitetura). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo,  do  comportamento  estrutural,  como  parte  integrante  do  processo  de  projeto  e  a  sua 
2002. 
importância  no  ensino  de  arquitetura.  Desta  maneira,  este  trabalho  se  divide  em  cinco 
VITRUVIUS POLLIO, M. The ten Books on Architectures. Trad. Morris Hicky . São Paulo: Studio Nobel: FAPESP,  partes.  A  primeira  é  uma  apresentação  do  quadro  do  ensino  de  estruturas  nas  escolas  de 
2001. Morgan. New York, Dover, 1960. 
arquitetura do Brasil com ênfase para as disciplinas criadas na Universidade Federal de Santa 
    Catarina em 1996, já a segunda refere‐se as questões do ensino de projeto.  Em seguida,  a 
exposição do tema da concepção estrutural como uma soma do conhecimento técnico e da 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  609   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  610 

intuição  do  comportamento  das  estruturas.  Por  fim,  apresenta  uma  experiência  de  ensino  Normalmente Disciplinas como Cálculo, Resistência e Sistemas, são ministradas por 
com  o  foco  na  estrutura  arquitetônica    realizada  em  atelier  de  projeto  do  curso  de  professores engenheiros, cuja visão do processo de produção do projeto é bastante 
diferente  por  razões  da  sua  própria  formação,  da  visão  dos  Arquitetos 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.  (CARRIERI,2001, p. 01). 

Carrieri  (2001,  p.02)  e  Saramago  (2011,  p.  34)  ainda  esclarecem  que  a  bibliografia  sobre 
2 ENSINO DE ESTRUTURAS NOS CURSOS DE ARQUITETURA DO BRASIL  teoria e prática do comportamento estrutural voltada para estudantes de arquitetura ainda é 
muito  escassa.    Há,  no  entanto,  uma  grande  quantidade  de  obras  relacionadas  com  o 
Segundo a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA), hoje o Brasil dispõe de 293 
conhecimento  técnico  dos  sistemas  estruturais  e  que  se  direcionam  para  o  profissional  da 
cursos espalhados em 147 cidades do país.  Como observado por Saramago e Lopes (2009), 
arquitetura. 
em  estudo  realizado  em  2009  em  187  destas  instituições  (Ver  Figura  1),  observa‐se  que  a 
maioria  (93,3%)  segue  uma  sequência  tradicional  do  ensino  da  estrutura,  passando  da  O ensino de estruturas consiste em argumentos teóricos e aplicados através de arranjos de 
Resistência  dos  Materiais  e  Estática  até  conhecimentos  específicos  de  concreto,  aço  e  funcionamento,  os  quais  geram  expressões  matemáticas.  Estas  possibilitam    projetar  e 
madeira.  Apenas 13,3%  dos  cursos  afirmaram  terem  três  tipos  de locais  para extensão  em  dimensionar  as  partes  que  compôem  o  projeto  estrutural  (formal  e  construtivo).    Assim,  a 
estudos  de  materiais  e  análise  estrutural  (1‐  Laboratório  de  Ensaios;  2‐  Laboratório  de  teoria, o projeto, o dimensionamento e a sua verificação formam o conjunto abrangente da 
Modelos; 3‐ Canteiro Experimental). Ainda sobre o artigo, observou‐se que 60% dos cursos  didática  de  estruturas,  sendo  uma  tarefa  exaustiva  e  confusa.  Os  alunos,  neste  caso,  não 
analisados dão enfoque à Morfologia e à Concepção de projetos deste tipo (Ver Gráfico 1).  interferem  ou  não  participam,  assimilando  apenas  tudo  o  que  é  passado  pelo  professor.  A 
Figura 1 – Ensino de estruturas nas escolas de arquietura do Brasil: estrutura curricular e recursos didáticos.  aprendizagem  em  estruturas,  atualmente,  tem  sido  ministrada  de  maneira  “fragmentada, 
desinteressante e tunelizada”, ou seja, tem um início e um final, impedindo nos discentes  o 
“vislumbre o que ocorre ao redor”(DI PIETRO, 2000, p.07).  
Este  aparente  distanciamento  do  ensino  de  Projeto  com  as  disciplinas  relacionadas  à 
estrutura  já  vem  sendo  discutido  em  trabalhos  anteriores,  a  exemplo  da  proposta  de 
disciplinas de Integração Arquitetura e Estrutura I a III criadas por Vivian Delatorre e  Carlos 
Eduardo Nunes Torrescasana com base em estudos realizados na Universidade Comunitária 
da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ)(DELATORRE, V.; TORRESCANA. C.E.N, 2010).  
 
  De acordo com Di Pietro (2000, p.12), a maior parte das escolas de arquitetura do Brasil 
 Fonte: Revista Tecnológica, Edição Especial ENTECA, 2009. 
separam o ensino em quatro grandes áreas: projeto, urbanismo, história e tecnologia. Assim 
Gráfico 1‐ Ensino de estruturas nas escolas de arquietura do Brasil: estrutura curricular e recursos didáticos.  
sendo,  as  disciplinas  consideradas  técnicas  estão  incluídas  na  área  de  tecnologia,  o  que 
proporcionou  um  distaciamento  do  estudo  das  estruturas,  já  que,  esta  tem  feições 
aparentemente  técnicas,  impossibilitando  sua  integração.  A  fim  de  diminuir  o  problema,  o 
Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina 
alterou estrutura curricular do curso em 1996 (e ainda vigente) com o intuito de incentivar a 
integração entre algumas disciplinas e favorecendo a área de ensino de Estruturas, quando 
foi  criado  o  componente  que  faz  a  ligação  entre  matemática,  física  e  análise  estrutural 
chamado de Introdução a Análise das Estruturas e ofertada na segunda fase do curso.  
  O esquema do ensino de estruturas na proposta da UFSC começa na primeira e na segunda 
 Fonte: Revista Tecnológica, Edição Especial ENTECA, 2009.  fase  com  as  disciplinas  de  Experimentação  1  e  2,  por  meio  de  observações  de  intuição  e 
análise  qualitativa  dos  sistemas  estruturais  encontrados  na  natureza  e  sua  comparação  do 
Maria Amélia Leite argumenta que a departamentalização e o estabelecimento do regime de 
que foi feito pelo homem. O objetivo principal dos dois componentes curriculares é dar aos 
créditos  agravaram  a  fragmentação  e  a  falta  de  integração  entre  os  setores  do  curso  de 
alunos  uma  visão  geral  das  estruturas  existentes  e  suas  implicações  para  o  projeto  de 
arquitetura.  Na  área  de  tecnologia,  a  qual  as  disciplinas  de  Estruturas  está  associada,  este 
arquitetura.  Procura  também  avaliar  o  comportamento  estrutural  em  função  das  suas 
problema  tem  sido  acentuado,  porquanto,  o  corpo  docente  e  a  bibliografia  utilizada  são 
dimensões  e  das  suas  cargas,  como  também,  motivar  a  criatividade  por  meio  de 
provenientes  de  áreas  afins  e  nem  sempre  satisfazem  os  interesses  e  afinidades  dos 
experimentos  e criação de modelos reduzidos. A utilização destes modelos qualitativos são 
graduandos em arquitetura (LEITE, 2005, p.50‐56). 
de extrema importância, porquanto, são tridimensionais e mostram os resultados esperados, 
Desta forma, o curso avança pelas disciplinas de Fundamentos e Sistemas Estruturais, sendo  além de facilitarem a vizualização da estrutura do projeto (DIPIETRO,2000, p. 13).  
a base para o conhecimento técnico de extrema importância na formação em arquitetura, no 
A disciplina de Introdução a Análise das Estruturas refere‐se a aplicação da matemática e da 
entanto, de um ponto de vista um pouco diferente do desejado.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  611   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  612 

física  no  estudo  dos  sistemas  estruturais.  Seguindo  a  linha  da  tecnologia,  tem‐se  os  O  ateliê  de  projeto,  que  muitas  vezes  é  definido  como  teórico‐prático,  não  visa  só  a 
componentes curriculares: Resitência dos Materias, Estabilidade das Construções, Concreto  sistematização do método de projeto, mas promove a composição arquitetônica (MAHFUZ, 
armado, aço e Madeira completando o seguimento relativo ao ensino de estruturas.  O curso  1986, p. 80). 
conta ainda com as disciplinas de Tecnologia I a IV,as quais as duas primeiras referem‐se ao  Se os exercícios desenvolvidos na disciplina “Projeto Arquitetônico” atingissem um 
materiais  e  técnicas  de  construção  e  as  duas  últimas(optativas)  estão  relacionadas  com  a  grau  de  aprofundamento  maior,  não  veríamos  desenhos  onde  os  elementos 
pesquisa tecnológica e insdutrialização da construção(DIPIETRO,2000, p. 13).  estruturais  aparecem  quando  muito  em  planta,  geralmente  nem  isso,  onde  nos 
cortes as lajes e as vigas ou são desproporcionais ou são esquecidos. Tais absurdos 
Como pioneira na reforma curricular, a UFSC conseguiu transformar a metodologia de ensino  continuam ocorrendo com freqüência assustadora, mesmo nos Trabalhos Finais de 
melhorando  a  integração  entre  a  arquitetura  e  a  técnica  ao  longo  da  da  graduação  em  Graduação(CARRIERI,2001, p.01) 
Arquitetura(DIPIETRO,2000, p. 14).  Como  apresentado em  pesquisa desenvolvida pelo grupo  PROJETAR da UFRN entre 2006  e 
Enfim, a identificação da estrutura deve ser pensada no momento da criação da arquitetura  2008, em dados oriundos de 210 trabalhos finais de graduação realizados por discentes de 
como  explicado  por  Rebello(2000).  Suas  caracterísiticas,  formas  e  materiais  devem  ser  Arquitetura e Urbanismo, de nove instituições de ensino no Brasil verificou‐se que 51% dos 
estudadas pelo arquiteto que precisa ter como premissa a arquitetura associada diretamente  trabalhos,  os  projetos  foram  desenvolvidos  em  vários  blocos  e  61,5%  tem  de  1  a  3 
à estrutura. Logo, o ensino da concepção estrutural dentro do ateliê de projeto é também de  pavimentos. A respeito das técnicas construtivas utilizadas uma quantidade considerável dos 
extrema importância.    trabalhos faz uso do concreto armado (27,5%), enquanto que, 25% utilizaram outras técnicas 
de  construção.  Vale  salientar  que  27%  dos  autores  não  especificaram  nem  nas  pranchas  e 
nem  nos  textos  os  materiais  construtivos,  caracterizando  uma  falta  de  preocupação  com  a 
3 UMA CRÍTICA AO ENSINO DE PROJETO definição da obra (CAVALCANTE; VELOSO, 2013). 

As  “entradas”  tradicionais  nas  escolas  de  arquitetura,  tem  um  fluxo  do  processo  de  Esta discussão está relacionada com a estrutura curricular dos cursos de arquitetura e o real 
aprendizado  de  edifícios  da  seguinte  maneira:  forma‐função‐técnica  ou  função‐forma‐ envolvimento no ateliê de projeto com a área de tecnologia e estruturas. Formar arquitetos 
técnica.  Sequência  didática  fragmentada  a  partir  da  Tríade  vitruviana,  pela  forma  ou  pela  que  entendam  melhor  o  papel  dos  sistemas  construtivos,  o  qual  compreende  os  sistemas 
função.  Cabe  ao  estudante  compor  o  projeto,  no  entanto,  a  proposta  didática  tem  que  esrtuturais, e que consigam inserí‐los não só nos seus projetos, mas também na concepção 
estabelecer os fios condutores do processo. As questões levantadas  sobre os currículos dos  destes, tem se tornado um grande desafio.  
cursos de arquitetura tem trazido outras interrogações a este assunto, como se é desejável e 
conveniente  para  a  didática  de  projeto  a  fragmentação  de  conhecimento.  Há  então,  uma 
4 A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E O PROJETO DE ARQUITETURA 
crítica contra a Tríade de Vitrúvio, visto que ela ocasiona a decomposição de fundamentos e 
não decomposição de saberes em conteúdos didáticos(LIMA, 2003, p. 86).   A estrutura de um edifício é levada ao nível da poesia como parte da estética. Não 
há  nenhuma  diferença.  Um  arquiteto  deve  projetar  a  estrutura  como  projeta  a 
Neste  sentido,  os  resultados  das  “entradas”  pela  forma  e  pela  função  geram  dois  tipos  de  arquitetura, no sentido doméstico da palavra. (Lina Bo Bardi) 
tendências entre os alunos: o formismo e o plantismo.  O primeiro é bastante sedutor para o 
Segundo Carrieri (2001, p.02), a estrutura é parte integrante da arquitetura e para idealizá‐la 
estudante,  quando  este  associa  o  monumentalismo  à  imagem  idílica  do  arquiteto, 
é necessário conhecê‐la. De acordo com o autor, ela deve ser expressiva, além de servir para 
especialmente  após  o  pós‐moderno,  quando  surgiram  os  recursos  de  “citação”,  “alusão”  e 
a função  que se destina: sustentação e rigidez. Logo, a  forma do edifício está  intimamente 
“re‐leitura”. Levando a absurdos na arquitetura: “Como construir Bem...isso não é problema  ligada  à  forma  da  sua  estrutura  e  vice‐versa.    É  preciso  esclarecer  que  tais  mecanismos 
do arquiteto” (LIMA,2003, p. 87).    devem ser coerentes entre si, sendo assim, impossível de separá‐los no processo de projeto 
Já  o  “plantismo”,  tendo  a  entrada  pela  função,  tende  a  reduzir  a  espacialização  a  um  e na fase de construção. 
raciocínio bi‐dimensional, especialemten por conta da supervalorização da planta baixa e dos  Em primeiro lugar, os elementos estruturais interferem diretamente no artefato projetado e 
softwares de representação gráfica. O que chega a ser ainda pior com a composição gráfica  lhes  asseguram  estabilidade  mecânica  e  integridade  na  construção.  E  mesmo  que  simples 
das  fachadas.  E  por  último,  a  fase  de  lançamento  das  estruturas,  tarefa  normalmente  elementos  estruturais  arrumados  aleatoriamente  não  sejam  considerados  arquitetura 
exclusiva  do  engenheiro  calculista,  onde  devem  localizar  a  estrutura  entre  as  paredes  (espaços  humanizados)  é  o  que  a  torna  possível.  Consequentemente,  o  conhecimento  da 
previamente definidas (LIMA, 2003, p.87 ).    origem estrutural é básico para a profissão que dela depende (SARAMAGO, 2011, p. 193).  
Por isso, a  necessidade do  repertório  de  imagens,  modelos e tipos  arquitetônicos  é a base  Assim  sendo,  a  arquitetura  e  a  estrutura  nascem  juntas  e  dependem  principalmente  do 
para  a  atividade  projetual  que,  em  conjunto  com  os  elementos  do  programa  e  do  sítio,  arquiteto.  Na  concepção  estrutural,  segundo    Charleson,  o  espaço  da  arquitetura  e  a 
conduz o projeto (MAHFUZ, 1986, p. 78). Esta formação de precedentes é fundamental para  organização  dos  elementos  estruturais  se  unificam  no  processo  de  projeto.  Nas  teorias  de 
identificação  de  estruturas  arquitetônicas  e  para  a  análise  de  suas  implicações  Francis Ching, a volumetria é primariamente compreendida como uma forma tridimensional, 
(desenvolvimento do espaço, lógica estrutural e construtiva).   mas também, engloba aspectosAA arquiteturais incluindo uma configuração estrutural. Estes 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  613   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  614 

são  os  dois  fatores  que  devem  ser  organizados  e  unificados  no  processo  de  projeto  “integrando conhecimentos em um sítese criadora”(SARAMAGO,2011, p. 33). 
arquitetônico(CHARLESON, 2005, p.19).  Consideramos  que  a  escola  constitui  um  privilegiado  local  de  ensaio  para  a 
Para Silva(1983 citado por DI PIETRO, 2000, p.20), a definição da volumetria de um edifício e  reavaliação  da  prática  profissional,  justamente  porque  é  ali  que  se  articulam, 
sintética e analiticamente, as partes que compõem o todo de um ofício. Isto posto, 
sua  concepção  plástica  não  podem  estar  desligadas  da  concepção  construtivaestrutural,  questionar  a  lógica  de  formação  dos  arquitetos  e  urbanistas  pelo  exame  dos 
porquanto,  trazem  severas  consequências,  inclusive  no  aspecto  econômico  da  obra.  Por  processos  de  ensino  do  Comportamento  Estrutural  representa  uma  tentativa  de 
conseguinte, visando cumprir as competências pertinentes ao profissional de arquitetura, os  esboçar  um  campo  de  limitações  que,  se  existentes,  podem  restringir‐lhes  a 
alunos  necessitam ter a noção do conhecimento estrutural.    capacidade criativa e investigativa como profissionais (SARAMAGO, 2011, p.34). 

Nesse novo contexto, com a expanção dos limites que ligam a forma a matéria, há ainda a 
necessidade  de  assegurar  a  estabilidade  mecânica  e  a  integridade  física  das  edificações. 
5 O “SENTIMENTO ESTRUTURAL” NO PROCESSO DE Assim,  conhecer  o  comportamento  dos  sistemas  estruturais  tem  se  tornado  para  o 
APRENDIZAGEM DE PROJETO profissional de arquitetura, quem define o partido estrutural na composição de uma espaço, 
cada  vez  mais  importante.  Em  primeiro  lugar,  para  o  desenvolvimento  de  novas  soluções 
De  acordo  com    Saramago  (2011,  p.30),  em  citação  do  fIlósofo  alemão,  George  Simmel,  o  arquitetônicas  coerentes  e  em  segundo  para  propostas  de  soluções  aos  novos  problemas 
conceito  de  bildung  como  a  formação  a  partir  da  idéia  de  construção  individual  com  advindos da inovação da técnica de construção e dos novos materias.  
conhecimento em função do aperfeiçoamento de suas habilidades e talentos se encaixa nas  O  objetivo  da  primeira  disciplina,  correspondente  a  uma  etapa  introdutória  de 
questões  de  ensino  de  estruturas.  Porém,  no  mundo  atual  rápido  e  moderno,  esse  caráter conceitual, seria o de estimular o sentimento estrutural do aluno (aqui está 
conhecimento perde o sentindo de enriquecimento da personalidade criativa e passa a ser  a influência de Torroja) (SARAMAGO,2011, p.80) 
mero    acúmulo  superficial  de  informações.  Cita  também  Henio  Engel  que  adverte  sobre  o  Desta  forma,  pode‐se  afirmar  que  a  concepção  estrutural  não  depende  apenas  do 
dilema  dos  arquitetos  frente  a  amplitude  dos  conhecimentos  exigidos  e  as  limitações  conhecimento técnico, mas também deste “sentimento estrutural” ou “apreensão intuitiva” 
pessoais de cada profissional. No entanto, ressalta que os arquitetos só estarão capacitados a  do comportamento das estruturas e da distribuição das cargas.  
exercer a arquitetura se agregarem um mínimo sólido de cada campo do conhecimento.  
Assim, o estudante  de  Arquitetura e  Urbanismo precisa  desenvolver a capacidade 
de interpretar fatos e processos pertinentes a diferentes áreas do saber – incluindo  6 UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DA CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
a  Engenharia  de  Estruturas  –  ao  menos  de  uma  maneira  criativa,  extraindo  dali 
referências e manipulando‐as com desenvoltura em sua atividade como projetista e  Ao  explicar  a  importância  do  ensino  de  estruturas  nas  escolas  de  arquitetura,  Saramago 
construtor (SARAMAGO, 2011, p.33).  (2011)  exclarece  que  para  tornar  o  espaço  humanizado  possível,  sendo  um  dos 
Sobre  a  obra  de  Engel,    Saramago(2011,  p.32)    também  comenta  sobre  as  questões  conhecimentos necessários para o arquiteto:  
relacionadas à concepção estrutural em que o autor observa que as inovações tecnológicas  A justificativa para tanto se encontra na percepção de que, destituída de estrutura, 
vividas  nas  últimas  décadas  assumem  uma  importância  progressiva  no  fazer  arquitetônico.  qualquer forma física (seja a de uma pedra, de uma árvore, de um inseto, de uma 
Pois,  se antes a composição estrutural  era  concebida a partir da  experiência e da tradição,  máquina ou de uma casa) não pode ser preservada e, sem a estabilidade da forma 
(daquele arranjo  específico de  geometrias e materiais  para resistir a forças  vindas 
atualmente, a constante superação das barreiras naturais pela construção civil, incetivam a 
de  todas  as direções),  a  própria existência  da  Arquitetura  perde  sua  razão  de  ser. 
criação de formas diversas e que requerem soluções estruturais ainda mais complexas.   (SARAMAGO, 2011, p.29). 
Mudar a direção das forças é um desafio sobre o qual novos quadros de forças emergirão.   Isto  posto,  vale  elencar  uma  experiência  do  ensino  de  estruturas  no  processo  de 
Conhecer o mecanismo que guiam as forças em outras direções é o principal requisito para  aprendizagem do projeto arquitetônico. 
desenvolver novas estruturas. A teoria de como distribuir  as cargas é o elemento essencial 
do conhecimento de estruturas e “base para uma sistemática em estruturas arquitetônicas.”  A EXPERIÊNCIA DE HÉLIO COSTA LIMA NA UFPB 
(ENGEL, 2001, p.25). 
Hélio Costa Lima em seu artigo A estrutura arquitetônica como “entrada” do aprendizado de 
Ainda sobre as teorias de Simmel, para ocorrer a formação, ou bildung, é preciso a existência  projeto  publicado  no  livro  Desafios  e  conquistas  da  pesquisa  e  do  ensino  de  Projeto, 
da conciência do processo, consequentemente, a construção de conhecimentos não deve ser  publicado após o PROJETAR 2003, apresenta sua experiência didática com os alunos da UFPB. 
embasada  unicamente  no  acúmulo  de  informações  e  sim  no  desenvolvimento  de  um  Trata‐se  dos  resultados  de  três  semestres  consecutivos  na  disciplina  de  Projeto  de 
raciocínio.    Desta  maneira,  o  ensino  do  comportamento  estrutural,  no  currículo  de  Edificações  1  (PE1)  que  ocorre  no  início  do curso.  Segundo  o  autor, foi  uma  ótima  ocasião 
Arquitetura  deve  direcionar‐se  ao  desenvolvimento  do  que  muitos  autores  chamam  de  para questionar as “entradas” tradicionais de projeto e experimentar alternativas didáticas já 
“sentimento  estrutural”,  ou  seja,  de  um  raciocínio  do  funcionamento  das  estruturas.    Os  que  o  componente  curricular  acontecia  no  nível  1  do  currículo,  ou  seja,  no  “start”  da 
estudantes  estariam,  então,  aptos  a  solucionar  as  estruturas  e  a  comprovar  sua  eficiência  deflagração do processo de projeto.  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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A “entrada” pela “estrutura arquitetônica” pode conduzir ao desenvolvimento da capacidade  Já para o segundo exercício foram impostas mais restrições como a Lei de uso e ocupação do 
de  espacialização  (compreensão  antecipada  dos  espaços  arquitetônicos)  se  configurando  solo e o terreno urbano de dimensões limitadas, os quais impeliam a verticalização e assim, 
como  alternativa  didática  oposta  a  tradicional  maneira  de  iniciar  o  processo,    criticada  exigiam mais conhecimentos técnicos das construções verticais. Em comparação ao primeiro 
anteriormente. No entanto, frente as dificuldades dos conceitos de “estrutura arquitetônica”  exercício,  Lima  expôe  que  a  variável  de  sítio  não  foi  excluída  de  nenhum  projeto,    pois 
o autor afirma:   objetivava não causar impacto negativo, bloqueio ou distorção nos trabalhos subsequentes.  
Era  necessário  enfatizar  que  sua  problemática  compreende  não  apenas,  a  A experiência de ensino mostrou que é necessário estabelecer uma ordem de introdução de 
estabilidade  da  construção,  mas,  também,  resposta  a  questões  de  finalidade  do  variáveis de situação em doses controladas, sendo um novo desafio na gestão curricular dos 
edifício e decisões no campo da linguagem da expressão arquitetônica(LIMA,2003, 
p.88). 
cursos de Arquitetura. O sequenciamento didático desejado segue a ordem de complexidade 
dos  momentos  das  “entradas”  e  da  intensidade  de  condicionantes  de  projeto,  e  não  em 
Definiu então como:  a síntese da forma e da linguagem arquitetônica, realizada a partir das  termos de porte dos edifícios ou tamanho dos seus espaços. Também não deve ser na ordem 
escolhas tipológicas presididas pela finalidade do edifício e pela tectônica (LIMA,2003, p.88).    das questões estéticas em relação à função(LIMA,2003, p.91).  
Escolha tipológica e definição de variáveis  As disciplinas de Sistemas Estruturais, combinadas com os componentes do início do curso, 
introduzem os conhecimentos  técnicos necessários  e extremamente  importantes para uma 
Assim  sendo,  foi  escolhido  o  tipo  que  mais  revelava  a  estrutura  arquitetônica,  com 
análise morfológica das estruturas arquitetônicas. E ainda, a introdução dos softwares, como 
articulações  funcionais  e  sistemas  construtivos  simples  e  claros,  a  exemplo  de  quadras  de 
o  CAD,  são  utilizados  como  ferramentas  cognitivas  e  não  somente  como  instrumento  de 
esporte e piscinas de competição. A primeira impressão é de um desafio bastante complexo, 
representação  gráfica.  Por  fim,  a  análise  de  projetos  como  articulação  entre  teoria  e 
já  que  os  estudantes  estão  acostumados  a  começar  a  projetar  “casas”.  No  entanto,  se 
prática(LIMA,2003, p. 92).  
tratarmos  da  esfera  social  da  família,  a  última  pode  ser  verdadeiramente  complicada.  No 
ensino  de  projeto  é  mais  simples  começar  por  edifícios  coletivos  do  que  por  edificações  O método de ensino apresentado por Hélio Costa Lima dá ênfase à variações de restrições, a 
privadas (LIMA,2003, p.89).    exemplo  do  tipo  arquitetônico  no  início  do  processo  de  aprendizado  de  projeto  e  traz  um 
grande  incentivo  a  criatividade  e  a  liberdade  de  criação.  Da  mesma  forma,  traz  uma  nova 
Porém,  a  definição  do  tema  não  é  suficiente  para  um  bom  aprendizado  de  projeto,  é 
forma  do  “aprender  fazendo”  a  arquitetura  vinculada  ao  seu  sistema  estrutural.    Esta 
necessário delimitar as variáveis de situação. O primeiro exercício teve o foco na desinibição 
metodologia pode ser tomada como um fundamento no ensino do “sentimento estrutural” 
do  potencial criativo e  apreensão  das  estruturas arquitetônicas, bem como, as variáveis  de 
aplicado à didática do ateliê de projeto e, consequentemente, pode apontar para a solução 
situação  foram  abrandadas  com  identificação  de  um  terreno  de  grandes  dimensões  e  sem 
de  alguns  dos  problemas,  já  identificados  por  diversos  autores  quanto  à  relação  entre  a 
expressivos  acidentes  topográficos.  Segundo  Di  Pietro  (2010,  p.31):  “A  criatividade 
concepção arquitetônica estrutural.   
empregada para essa ordenação das forças, dando ainda um significado funcional e estético, 
constitui o atestado de qualidade da estrutura arquitetônica. O projeto estrutural constitui‐
se, portanto, de arte.”  7 CONCLUSÃO  
Figura 2‐ Modelo do Ginásio Poliesportivo – João Pedro Mazzarro. 
Tomando  como  base  a  universalidade  da  formação  em  arquitetura,  é  possível  reconhecer 
que o conhecimento necessário é aquele que confere ao arquiteto condições de interpretar 
criativamente  os  fatos  científicos  e  conseguir  extrair  deles  as  ideias  para  o  seu  projeto.  A 
principal dificuldade enfrentada  por  estes  profissionais  é atingir  um grau de conhecimento 
que possibilite a concepção de novas e criativas ideias sobre estruturas e apresentar sistemas 
    estruturais adequados (DI PIETRO,2000, p.26). 
Fonte: LIMA, 2003.  O  nível  do  ensino  de  estruturas  nos  cursos  de  Arquitetura  pode  variar  de  acordo  com 
Figura  3 ‐ Modelo Ginásio Poliesportivo Andréia Oshiro.  diversos  aspectos.  Um  deles  é  a  disponibilidade  de  disciplinas  integradoras  e  laboratórios 
experimentais das Universidades, além da reestruturação da grade de forma que ela esteja 
voltada  para  a  integração  arquitetura‐estrutura.  Segundo  Côrreia  (2001),  se  faz  necessário 
encontrar meios tanto do ensino quanto da reformulação da estrutura acadêmica, para que 
haja uma adaptação o perfil profissional desejado.  
Para  Cavalcante  e  Veloso  (2012),  é  preciso  que  haja  uma  integração  mais  efetiva  entre  as 
  disciplinas do curso de arquitetura, pois elas formam a base do saber projetual.  Comentam 
Fonte: LIMA, 2003. 
ainda, que ao sintetizar as soluções de projeto, o arquiteto não precisa ser uma especialista 
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em todas as ciências envolvidas pela arquitetura, porém, precisa integrá‐las.   renovação. Brasília: CNPqProjeto, 1986. 

Desse modo, Garrison(2005, p.08) afirma que todos os estudantes devem ter a consciência  REBELLO, Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2000. 
de que todas as partes de um edifício precisam de suporte e que eles devem sempre pensar:  SARAMAGO, R. C. P. Ensino de estruturas nas escolas de arquitetura do Brasil. 2011. 436p. Dissertação 
“Como o meu projeto irá ficar em pé”, pois se o seu modelo reduzido tem dificuldades de  (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São 
Carlos, 2010. 
permanecer  estático,  infelizmente,  a  construção  real  do  projeto  também  irá  ter  problemas 
de  sustentação.    O  autor  dedica  uma  parte  do  livro  para  os  estudantes  de  arquitetura  SARAMAGO. R.C.P.; LOPES.J.M.A. Ensino de estruturas nas escolas de arquietura do Brasil: estrutura curricular e 
(“Algumas  palavras para os estudantes nos cursos  de arquitetura”)  onde discute:  “ Se  você  recursos didáticos. Revista Tecnológica, Edição Especial ENTECA, 2009, P.169‐179, 2009. 
está  estudando  arquitetura,  você  deve  estar  se  perguntando  porque  precisa  estudar     
estruturas.” Depois, explica que o livro não pretende formar completos engenheiros civis, no 
entanto, como  futuros  arquitetos é  importante  para que os alunos  entendam os  princípios 
do  comportamento  estrutural.  Além  disso,  com  o  aprendizado  básico  dos  sistemas 
estruturais,  não  há  razão  para  os  arquitetos  não  projetarem  também  os  componentes  da 
estrutura.  
Em  síntese,  dominar  a  concepção  arquitetural  significa  também  compreender  a  relação 
existente  com  a  estrutura  que  a  conforma.  Valorizar  essa  questão  e  estimular  esse 
pensamento  na  prática  do  ensino  do  projeto  é  condição  essencial  para  formação  de  um 
futuro profissional mais capaz e seguro de suas decisões projetuais.  

REFERÊNCIAS 
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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. 
CAVALCANTE, E.; VELOSO, M. Considerações Sobre a Integração de Conteúdos Disciplinares e o Processo de 
Projeto no Trabalho Final de Graduação. VI Projetar. Salvador, 2013.  
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Oxford, 2005. 226 pp.  
CORRÊA. R.M.; NAVEIRO. R.M.  Importância do ensino da integração dos projetos de arquitetura e estrutura de 
edifícios: fase de lançamento das estruturas. Workshop Nacional Gestão do Processo de Projeto na Construção 
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DELATORRE, V.; TORRESCANA. C.E.N. Integração de projeto de arquitetura e estrutura: estudo para as 
disciplinas de projeto arquitetônico. Monografia (Formação para Magistério Superior). Universidade 
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DI PIETRO, J. E. O conhecimento qualitativo das estruturas das edificações na formação do arquiteto e do 
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LIMA. H.C. A estrutura arquitetônica como “entrada” do aprendizado de projeto. In. Lara, F. & Marques, S. (org.) 
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LOPES, J. M. A.; BOGÉA, M.; REBELLO, Y. C. P. Arquiteturas da engenharia, ou, engenharias da arquitetura. São 
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MAHFUZ.E.C. Os conceitos da polifuncionalidade, autonomia e contextualismo e suas consequências para o 
ensino de projeto arquitetônico. In: COMAS,C.E.(Org.) Projeto Arquitetôncio, disciplina em crise, disciplina em 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Abordagens sobre ensino de sustentabilidade na construção civil:  As  vantagens  dos  “edifícios  verdes”  em  relação  às  construções  convencionais  segundo 
Yudelson (2007) são:  
enlaces em arquitetura e engenharia civil 
 Podem diminuir a desigualdade da distribuição global de recursos, pois edifícios com 
Daniele Ornaghi SANT´ANNA  melhor  desempenho  podem  ser  comercializados  a  preços  menores  do  que 
Universidade Federal de Itajubá; [email protected]  construções convencionais; 
Sasquia Hizuru OBATA   Menos nocivos ao meio ambiente, inclusive ao habitat urbano; 
Fundação Armando Alvares Penteado; [email protected] 
   Redução e gestão de águas (inclusive as águas cinzas e pluviais) no local; 

RESUMO   Utilização  sustentável  de  materiais  (inclusive  recicláveis)  que  ajudam  a  reduzir  o 
Apesar de estar em voga em todas as áreas de conhecimento, o assunto sustentabilidade ainda se encontra em  impacto no meio ambiente; 
fase de consolidação no que se refere ao ensino e às ferramentas didático‐pedagógicas.  
 Caso  seja  comprovada  a  superioridade  de  um  espaço/edificação  pela  entidade  (no 
Este trabalho relata as abordagens pedagógicas para ensino de sustentabilidade na construção civil dentro de 
caso  a  USGBC)  é  fornecida  a  certificação  apropriada  que  funciona  como  boa 
disciplinas  de  cursos  distintos  com  diferentes  perfis  acadêmicos:  conteúdos  da  disciplina  de  Projetos 
Arquitetônicos Sustentáveis – ministrada na Engenharia Civil da Universidade Federal de Itajubá; e conteúdos  publicidade para o autor, inquilino ou proprietário.  
da  disciplina  de  Morfologia  das  Estruturas  –  ministrada  no  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Fundação   Reduzir poluição de rios, oceanos e pluviais num âmbito mais urbano. 
Armando  Alvares  Penteado.  A  formação  tecnológica  e  desenvolvedora  do  docente  engenheiro  civil  pode 
favorecer o aluno de arquitetura  no sentido de aprofundar conteúdos mais técnicos; assim como  a  formação   Estender a  vida de  infraestrutura  municipal, usando menos água  e menos de águas 
generalista  do  docente  arquiteto  e  urbanista  pode  facilitar  a  visão  integrada  de  projetos  para  o  aluno  de  pluviais  contribuindo,  assim,  permitindo  o  crescimento  sem  infraestrutura 
engenharia  civil,  acostumado  a  especificidades  técnicas.  Estes  relatos  demonstram  como  conteúdos  teóricos 
podem  ser complementados  por práticas de  atelier e  projeto com vistas à  sustentabilidade.  A ideia inicial  foi 
(expansão). 
direcionar  os  conteúdos  para  o  enfoque  adequado  (projetivo,  tecnológico),  discutir  pontos  divergentes  e   Estender a vida de aterros reduzindo o descarte de restos de construção. 
convergentes  (que  podem  ser  replicados).Este  trabalho  tem  por  objetivo  discutir  inserção  de  conteúdos  de 
sustentabilidade nos cursos de engenharia civil e de arquitetura e urbanismo.  Um projeto sustentável em si, em visão generalista, atendem a estes os tópicos: 
PALAVRAS‐CHAVE: ensino, pedagogia, engenharia civil,  arquitetura, sustentabilidade   Optimização dos recursos naturais: materiais, energia e recursos hídricos. 
 Qualidade ambiental interna 
1 INTRODUÇÃO   Adequação física territorial (clima, sítio de inserção) 
Nos cursos de graduação na área de construção civil – sejam bacharelados ou tecnológicos;  Não  se  vê  explicitamente  o  termo  sustentabilidade  nas  diretrizes  curriculares  das 
sejam nas diferentes áreas: arquitetura, engenharia ou construção de edifícios – as práticas  engenharias (segundo a Resolução CNE/CES 11/2001). 
projetivas são importantes para fixação de conteúdos teóricos.  Entretanto, no caso da engenharia civil pode‐se ponderar por setores e atores de uma cadeia 
No  caso  de  sustentabilidade  nas  construções,  por  se  tratar  de  um  assunto  relativamente  produtiva,  mas  considerando  os  impactos  que  nos  são  mais  visíveis  que  são  os  efluentes, 
recente ‐ cuja preocupação se consolida a partir dos anos 90, o conhecimento mais basilar  emissões, poluição e delapidação de recursos naturais há que em primeiro plano citar o setor 
ainda  está  se  estruturando  –  em  livros  e  publicações  mais  estáveis  –  e  embora  artigos  da construção civil, mesmo sabendo que este é somente uma parte muito pequena de uma 
científicos na área estejam se disseminando, é fato que há uma letargia em adotar em sala  toda  uma  cadeia  produtiva  e  de  responsabilidades  que  se  integram  para  a  obtenção  da 
de  aula  tanto  conceitos  quanto  práticas  pedagógicas  relacionadas  a  um  tema  novo  na  sustentabilidade.   
academia.  Desta forma, a sustentabilidade em recorte específico pelo setor da construção civil sempre 
Embora o assunto sustentabilidade tenha sido lançado a partir de meados do século XX, isso  esteve em contato direto com produtos e suas materialidades, as formas de obtenção e seus 
ocorre em primeiro momento nos Estados Unidos, demorando um pouco para repercutir no  resíduos, onde o viés relacionado a uma cadeia produtiva e de mercado, o capital é um bem 
Brasil.  ativo  e  de  vigor  das  relações  neste  ciclo.  Desta  forma  a  sustentabilidade,  na  verdade, 
historicamente  vieram  aderidas  a  formas  eficientes  e  mais  produtivas  e,  portanto  mais 
No  caso  de  ensino  de  arquitetura  e  urbanismo,  a  sustentabilidade  é  citada  nas  diretrizes 
lucrativas também. 
curriculares do curso, mas ocorre de forma tão aberta que se corre o risco de minorar este 
tão importante assunto.   Mas é claro também que o produto final é um bem durável e tempo de uso muito extenso, e 
atualmente,  considerado  como  parâmetro  em  ciclo  de  vida  de  50  a  100  anos  de  uma 
Dominando  o  cenário  de  projeto  sustentável  estão  as  autarquias  e  organizações  não 
edificação,  ou  seja,  um  produto  no  qual  a  cronologia  de  inovações  e  desenvolvimentos 
governamentais  aferidoras  dos  selos  sustentáveis,  tentando  se  valer  das  forças 
tecnológicos e avaliações de uso e operação são distribuídas em um período de tempo muito 
mercadológicas para induzir os investidores em buscar soluções menos impactantes ‐  
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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amplo,  razão  de  se  ter  em  diversas  publicações  a  caracterização  do  setor  das  construções  Qualidade
Tolerâncias
Variações Dimensional
como de inércia e produção artesanal. 
Em razão da busca por maiores produtividades e eficiências, o termo sustentabilidade, pode  Situação Presente
Variabilidade Dos Variações Devido a
ser visto como uma evolução e uma busca de integração maior e até recente, uma vez que se  Materiais Ação de Construção
buscarmos  o  termo  sustentabilidade  em  publicações  técnicas  no  Brasil  e  para  o  setor  da 
construção  civil,  iremos  nos  deparar  somente  e  após  as  discussões  e  direcionamentos  da  REDUZIR REDUZIR REDUZIR
ECO‐92  que  estabeleceu  a  AGENDA  21  com  as  diretrizes  de  desenvolvimento  em  vários 
níveis.   NO PROJETO NO PROCESSO PRODUTIVO NA ENTREGA NA CONSTRUÇÃO NO PROJETO NA CONSTRUÇÃO

No caso da construção civil somente depois de 10 anos da ECO‐92,  foi estabelecida a agenda  Alteração Controle Mudanças Mudanças Aceitação Controle Mudanças Mudanças


nos nos Mudanças Mudanças
e desafios para as construções como apresenta‐se a seguir na Figura 1. (CIB, 2013).   do da Processos
nos
Materiais
por da
nos
Processos Elementos na
Amostras no Método
Projeto Qualidade e Equipa- Projetados Qualidade e Equipa- Constru- Construção Construtivo
  mentos mentos tivos

Pequenas variações nos Pequenas variações nos


materiais e elementos processos de construção
Nova Situação

Pequenas Aumento da Aumento da


variações na qualidade quantidade
obra dimensional de tolerâncias

Redução dos ajustes no local

  LEGENDA

Figura 1: Parâmetros para atendimento a Agenda 21. (SALGADO, 2008).  Otimização do trabalho,


Industrialização dos
processos construtivos
materiais e tempo
Entretanto,  a  visão  sistêmica  e  integração  de  etapas  produtivas  com  foco  na  precisão,  Posição presente/atual

qualidade e eficácia na aplicação na construção civil sempre foram presentes, mas não trazia 
Aumento da
uma visão relacionada ao meio ambiente e sob o tema de sustentabilidade. Como exemplo  otimização do
Ações a serem tomadas
da prática em um passado de cerca de 50 anos atrás, apresenta‐se a Figura 2 a seguir, onde  trabalho, materiais
e tempo
se  vê  a  cadeia  produtiva  e  as  ações  sistematizadas,  assim  como  as  ações  para  melhorias 
através de ações como: 

Figura 2: Melhoria da qualidade dimensional na construção de edifícios. (CIB, 1961). 
1. Novos produtos que agreguem economia tendo a precisão dimensional em obra. 
2. Ter  melhor  conhecimento  das  tolerâncias,  bem  como  uma  uniformidade  entre 
produtos fabricados e a correspondente tolerância em uso. 
3. A integração dos itens anteriores para que as melhorias sejam efetivas. 
4. Divulgação das vantagens das melhorias dimensionais, fazendo com que a atenção a 
este respeito seja induzida. 
5. Aplicação  de  métodos  estatísticos  para  controle  da  qualidade  para  aumentar  a 
precisão dimensional. 
6. Métodos de aceitação e rejeição de materiais de construção. 
7. Projeto, escolha dos materiais e método construtivos adequado. 
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Percebem‐se desta Figura e descrições das ações no campo da construção, as diretrizes  Neste  sentido,  os  relatos  de  experimentações  didático‐pedagógicas  descritas  a  seguir 
para o atendimento da sustentabilidade, sendo que esta passou a ser um ciclo maior de  procuram levantar esses pontos fortes e dificuldades percebidos em sala de aula. 
atores e melhorias de qualidade e de desmaterializações. 
Aponta‐se que uma vez apresentado o contexto evolutivo na construção civil, apontar‐se‐ 3 JUSTIFICATIVA
á  a  prática  e  resultados  experimentados  em  disciplina  tecnológica  no  curso  de 
arquitetura e urbanismo, tomando como foco específico o estudo formal e morfológico  Para  contribuições  relevantes  na  área  de  sustentabilidade  são  necessárias  tanto  visão 
dos materiais e suas possíveis desmaterializações.   generalista  do  arquiteto  e  urbanista  quanto  à  aptidão técnica e  tecnológica  do  engenheiro 
Da  mesma  forma,  apontar‐se‐á  práticas  e  resultados  de  outra  disciplina  com  viés  em  civil.  Entende‐se  que  essa  interação  seja  salutar  tanto  no  ambiente  profissional  quanto  no 
arquitetura e sustentabilidade, procura providenciar ao futuro engenheiro civil uma visão  acadêmico. 
mais  generalista  sobre  o  tema,  comumente  pulverizado  ao  longo  da  formação  do  As  disciplinas  envolvendo  sustentabilidade  podem  ser  uma  boa  oportunidade  para  agregar 
arquiteto.  conhecimentos complementares entre arquitetos e urbanistas.  
A visão generalista da sustentabilidade em arquitetura pode ser aprofundada tecnicamente 
2 DIFERENÇAS ENTRE O PERFIL DOS ACADÊMICOS DA ENGENHARIA CIVIL E  quando  conduzidas  por  um  engenheiro  civil,  enquanto  um  docente  arquiteto  e  urbanista 
pode favorecer a visão sistêmica e estratégica do assunto. 
DA ARQUITETURA E URBANISMO  
Neste sentido, embora sejam cursos e localidades diferentes tratados neste trabalho, a ideia 
inicial  é  de  promover  a  discussão  de  como  inserir  conteúdos  de  sustentabilidade  para 
Os  perfis  profissionais  –  tanto  do  alunato  quanto  dos  docentes  –  engenheiros  civis  e 
enriquecer o repertório discente, bem como para promover maior entendimento entre estes 
arquitetos  e  urbanistas,  apesar  de  confluências  no  conteúdo  (desenho  técnico,  estruturas, 
profissionais em projetos futuros. 
instalações prediais, etc), são bastante diferentes. 
A  formação  do  engenheiro  civil  é  predominantemente  focada  em  disciplinas  exatas  e 
aptidões  de  caráter  técnico  e  tecnológico,  favorecendo  a  visão  do  detalhamento  e  da  4 OBJETIVOS DO TRABALHO
especificidade.  Desta  forma  conclui‐se  que  é  um  profissional  que  tende  a  ter  uma  visão 
aprofundada envolvendo competências tecnológicas, um perito.  O  objetivo  específico  deste  trabalho  é  relatar  as  experiências  didáticas  e  resultados 
percebidos nos discentes em relação a abordagens distintas da engenharia e da arquitetura. 
No  caso  dos  arquitetos  e  urbanistas,  a  formação  mais  heterogênea,  compreendendo 
disciplinas de ciências humanas, sociais, exatas e artes. Desta forma, conforme expressa no  Também  tem  por  objetivo  geral  promover  a  discussão  sobre  a  importância  da  inserção  de 
perfil  do  egresso  estabelecido  pelas  próprias  diretrizes  curriculares  destes  cursos,  é  a  conteúdos  de  sustentabilidade  nestes cursos,  visto  que  o  assunto  ainda se  encontra pouco 
formação de um profissional generalista, ou seja, com visão estratégica holística.   consolidado no cenário brasileiro. 

2.1 INTERAÇÕES ENTRE ARQUITETURA E ENGENHARIA CIVIL: ENLACE NA  5 MATERIAIS E MÉTODOS


SUSTENTABILIDADE  Foram  propostos  os  seguintes  exercícios  e  decorrentes  instrumentos  didático‐pedagógicos 
nas seguintes disciplinas e cursos: 
Este  colóquio  sobre  diferenças  e  similaridades  entre  os  cursos  de  engenharia  civil  e 
arquitetura não é novidade. A nova é a sustentabilidade, que tem permeado disciplinas de   Projetos  Arquitetônicos  Sustentáveis  (ECI009),  lecionada  para  alunos  do  curso  da 
ambas as áreas de conhecimento arquitetônico.  Engenharia Civil da Universidade Federal de Itajubá, sendo uma turma composta por 30 
alunos. Foram propostos dois exercícios: primeiro, um projeto básico arquitetônico para 
É  bastante  comum  encontrar  engenheiros  civis  ministrando  disciplinas  tecnológicas  em  diagnosticar  o  perfil  projetual  do  alunato  e;  segundo,  um  projeto  visando  solucionar 
cursos de arquitetura e urbanismo, bem como arquitetos lecionando para engenheiros civis  questões  de  iluminação  e  insolação,  vinculadas  a  sustentabilidade  pelo  viés  qualidade 
em disciplinas com viés arquitetural.  ambiental interna. O intuito dos exercícios é promover a solução integrada de diversos 
Entende‐se  que  esta  troca  de  experiências  e  visões  distintas  entre  esses  profissionais  aspectos  condizentes  com  o  projeto  de  arquitetura  (forma,  função,  durabilidade, 
promovam sinergia acadêmica e enriqueçam o repertório do alunato. É o pretendido dentro  plasticidade) com qualidade ambiental interna (aspecto da sustentabilidade). 
do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Itajubá, e no curso de arquitetura e   Morfologia das Estruturas, lecionada para alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da 
urbanismo da Fundação Armando Alvares Penteado.  FundaçãoArmando  Alvares  Penteado,  sendo  duas  turmas  (24  e  28  alunos 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  625   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 626 

respectivamente). O exercício proposto é a busca por solução de sistema estrutural com 
vistas  à  otimização  dos  recursos  e  reciclagem,  por  intermédio  do  pensamento  enxuto 
(partindo  da  seleção  do  produto  até  sua  viabilidade).  A  ideia  é  aprofundar  o 
conhecimento técnico e tecnológico do estudante de arquitetura em uma determinada 
solução de sistemas estruturais, partindo para um maior detalhamento.  
O  método  de  análise  utilizado  para  o  processo  criativo  e  de  aferção  de  resultados  é 
predominantemente  qualitativo,  baseado  em  observação  e  avaliações  diagnósticas, 
formativas e somativas. 

   
6 RESULTADOS Fonte: SANT´ANNA, 2014. 

Para reforçar a atividade e avaliar o alunato, atendimento individual no esquema atelier foi 
6.1 PRÁTICAS EM SUSTENTABILIDADE EM DISCIPLINA DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS  realizado. 
SUSTENTÁVEIS NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE  No  primeiro  módulo  da  disciplina,  percebe‐se  uma  tendência  à  simplificação  volumétrica 
ITAJUBÁ  (retangulares  ou  quadrados,  ortogonais,  ocorrendo  em  75%  das  entregas)  e  uma  maior 
A  disciplina  de  Projetos  Arquitetônicos  Sustentáveis  (ECI009),  lecionada  para  alunos  da  compactação da edificação (ausência de pátios internos, jardins de inverno, etc, em 90 % das 
Engenharia Civil da Universidade Federal de Itajubá, é ministrada predominantemente para  entregas), preferência por habitações térreas (ocorrendo em 70 % das entregas).  
alunos do 6º semestre.  A  otimização  da  circulação  (reduzida  ou  mínima)  foi  observada  apenas  em  27  %  dos 
A formação da docente ministrante em Arquitetura e Urbanismo torna o contato acadêmico  trabalhos, corrigida em quase 100% dos trabalhos quando sugeridas pela docente. Sugestões 
com os alunos da engenharia civil algo bastante peculiar. Com a formação obviamente mais  para  projeto  foram  explicitadas  em  atendimento  e  83%  dos  alunos  entregaram  o  estudo 
voltada para engenharia civil é natural que os estudantes não possuíssem maiores contatos  preliminar em conformidade. 
com projetos arquitetônicos.   No  segundo  módulo  da  disciplina,  conceitos  de  sustentabilidade  nas  edificações  foram 
Desta  forma,  foi  necessário  contextualizá‐los  com  um  breve  histórico  sobre  arquitetura  apresentados:  optimização  de  recursos  (água,  energia,  materiais),  redução  da  pegada 
(desde  antiguidade  até  contemporaneidade).  Também  se  providencia  uma  "visão  de  ecológica, adequação ao sitio de implantação e qualidade ambiental interna.  
arquiteto", mostrando etapas do processo de projetação em Arquitetura e Urbanismo, com  Qualidade ambiental  foi o primeiro  objeto  de estudo,  sendo  contextualizado a  priori  sobre 
passagens bastante sucintas e direcionadas sobre história da arquitetura, antes de adentrar  conceitos  de  conforto  ambiental  e  arquitetura  bioclimática.  A  qualidade  ambiental  interna 
conteúdos de projeto arquitetônico sustentável em si.  está  associada  tanto  à  adequação  ao  clima  (iluminação,  ventilação,  térmica  e  acústica) 
Os alunos da disciplina supracitada, neste semestre, se mostraram curiosos e receptivos ao  quanto à eficiência energética. 
seu conteúdo e atividades. Como instrumentação, os discentes foram introduzidos tanto ao  O exercício proposto se inicia pela iluminação natural. A instalação de um bunker de 6 x 6 x 6 
desenho  técnico  tanto  em  prancheta  convencional  quanto  em  programa  computacional  m,  com  uso  residencial  e  assobradado  não  é  novidade:  deriva  do  conceito  de  casa  cubo, 
gráfico  (AutoCAD)  em  disciplinas  anteriores  (desenho  técnico,  desenho  computacional,  iluminada por aberturas zenitais (vide figura 3). A ideia é desenvolver soluções criativas para  
desenho arquitetônico).  questão da luminação. 
Também  são  apresentados  conceitos  de  criatividade  e  métodos  de  projetação  (com  Figura 3 e 4 – 2º exercicio: projeção do bunker (casa‐cubo) e exemplo de projeto discente. 
exemplos  de  métodos:  inovador,  mimético,  normativo  e  tipológico).  Então,  solicitou‐se  ao 
aluno (em exercício individual) a elaboração de um estudo preliminar de projeto residencial 
unifamiliar  –  sobrado  ou  casa  térrea.  O  triangulo  vitruviano  –  com  o  tripé  beleza, 
durabilidade e funcionalidade – deve ser observado. Cabe ressaltar que esta etapa consiste 
em uma avaliação diagnóstica, que tem por intuito ajudar o docente a conhecer o aluno  e 
suas competências, devendo ser aplicada no início da disciplina. 
A implantação do projeto se daria em lote padrão da região (cuja área corresponde a 200 m2, 
contando com frente de 10 m por 20 m de profundidade) sem definição de norte. A restrição 
de recuo foi: frontal=2m e lateral =1,5m (para fachadas com janelas), visto nas Figuras 1 e 2. 
         
Figura 1 e 2 – 1º exercicio: lote tipico sul‐mineiro e exemplo de projeto discente. 
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Fonte: SANT´ANNA, 2014.  Quanto ao pensamento enxuto diz‐se aqui a abordagem que as propostas dos alunos devem 
O  programa  de  necessidades  contém  2  dormitórios,  1  banheiro,  1  cozinha,  1  sala  de  abarcar  quanto  à  seleção  dos  materiais  e  seus  usos,  aplicações,  tecnologias  que  de  modo 
estar/jantar,  1  área  de  serviço  e  1  lavabo,  que  deveriam  observar  as  dimensões  mínimas  resumido podem ser formalmente apresentados a seguir em diretrizes como: 
contidas na legislação e normas edilícias.   Seleção de produtos 
Após retificações via atelier (individual) e entrega, o projeto é modelado no programa Relux,   Correto detalhamento de projeto 
com dados de localização para Itajubá, MG. Explanações sobre iluminação artificial de modo 
mais  básico  (grandezas  fotométricas,  tipos  de  lâmpadas  e  luminárias,  sistemas  de   Impactos ambientais menores 
iluminação)  providenciaram  a  carga  teórica  necessária  para  que  os  alunos  fizessem  um   Maior benefício social 
projeto luminotécnico básico para a residência (via Relux). Parâmetros mais consistentes de 
eficiência energética foram extraídos na modelagem.     Limites da viabilidade econômica.  
Figura 5 – Modelagem do bunker (casa‐cubo) no programa computacional RELUX e resultados (curvas isolux).  A  partir  destas  diretrizes  e  tomadas  como  uma  metodologia  e  processo  de  projeto  e  de 
modo específico à seleção e estudo morfológico dos materiais, não há somente o pensar no 
produto  em  si,  mas  em  sua  produção,  transporte  e  uso  de  materiais  que  impactem  em 
menor contribuição da poluição global e as emissões de gases de efeito estufa, assim como 
de poluentes do ambiente interno das edificações. 
Sob  estas  condições  pondera‐se  também  que  a  definição  de  redução  da  quantidade  de 
materiais  deve  considerar  que  a  redução  em  massa,  implica  em  olhar  os  subprodutos  da 
produção  considerando  a  redução  de  fluxos  de  entrada  e  saída  e  de  fato  uma  redução 
absoluta da quantidade de materiais usados em relação à quantidade de resíduos gerados na 
        produção.  
Fonte: SANT´ANNA, 2014. 
No que se refere à produção ainda há que se considerar quantidade de energia e água que se 
Em relação à síntese entre arquitetura e sustentabilidade, objetivo desta disciplina, pode se  incorporam  ao  material  e  produto  final,  bem  como,  no  caso  de  proposição  de  um  novo 
relatar  que  os  resultado  expressivos  podem  ser  considerados  satisfatórios  (nota  relativa  material, que poderá ser um compósito, há ainda que ponderar se em relação aos produtos 
maior que 6,0 pontos) em 93% das entregas e ótimos (nota relativa maior que 8,5 pontos)  correntes  e  disponíveis  no  mercado,  se  a  proposta  não  está  se  oferecendo  algo  que  pode 
em 80% dos projetos entregues.  implicar  na  redução  da  vida  útil  de  um  produto,  ou  da  demanda  de  mais  transporte,  e 
conduzir ao descarte no lugar de reparos, e de redução de reciclabilidade ou de reuso. 
5.2 RELATO DE PRÁTICAS EM SUSTENTABILIDADE EM DISCIPLINA DE MORFOLOGIA  A  seguir  apresentam‐se  dois  exemplos  de  ideias  de  novos  produtos  como  geração  de 
possibilidade em fase de anteprojeto. 
DAS ESTRUTURAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA FUNDAÇÃO 
Exemplos de trabalhos desenvolvidos por alunos no ano de 2013: 
ARMANDO ALVARES PENTEADO 1. Grupo  de  alunos:  Amanda  Andrade,  Danilo  Fábio,  Guilherme  Freitas,  João  Pedro 
Zolubas e Tamara Cirlinas. 
O desenvolver de modo imaterial ocorre na prática profissional constantemente e vem a ser 
um  elemento  de  resultado  do  processo  criativo  do  arquiteto  urbanista  e  todo  e  qualquer  Proposta de placa composta (Figura 4): 
projetista e planejador.  
O ato de projetar vem a ser o prospectar o futuro e o que virá a frente, mas sendo executado 
virtualmente  no  agora,  desenvolver  etapas  a  serem  consolidadas  em  um  tempo  à  frente, 
prevendo e preparando o desenrolar de atividades que constituirão a construção e o edifício. 
Na FAAP a prática em sustentabilidades desenvolvida por uma das autoras e docente desta 
unidade, inicia na disciplina de Morfologia das Estruturas em que toda a fundação das aulas 
busca  reforçar  a  desmaterialização,  por  intermédio  do  desenvolvimento  de  propostas  de 
novos  sistemas  construtivos  e  avaliações  estruturais  onde  incidem  as  atividades  do 
pensamento  enxuto  e  de  análises  que  visem  à  redução  do  consumo  de  matérias‐primas, 
reusos, reciclagens e aproveitamentos de materiais.   
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  629   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  630 

Figura 4: Camadas da placa de reciclagens de pneu, pet e “tretapack”.   do curso de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Armando Álvares Penteado. 
A  placa  apresentada  pelo  grupo  de  alunos  teve  como  conceito  a  busca  de  agregar  a 
reciclagem de materiais que são de consumo não direto na construção civil e que poderão vir 
a ser empregados nesta devido a sua condição de maior inércia e de exigir grandes volumes,  REFERÊNCIAS
ou seja, absorver volumes de materiais que seriam encaminhados a aterros e contando com  Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Engenharia. Resolução 
proposta  de  uma  produção  no  que  concerne  a  logística  reversa  de  materiais  como  pneu,  CNE/CES nº 11/2002. 
garrafas pet e caixas “TetraPack”.  
Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo. 
Assim,  neste  caso,  os  produtores  das  matérias  primas  da  placa  já  assumindo  sua  Parecer 112/2005. Brasília, 2005. 
responsabilidade  na  captação  de  seus  produtos  ao  fim  do  uso  e  poderiam  compor  como  Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo. 
fornecedores e também produtores da placa.  Resolução 2/2010. Brasília, 2005. 

2. Grupo de alunos: Ana Claudia Armidoro, Katty Effa, Luiza Maraschin e Shani Rozansky  Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Arquitetura e 
Urbanismo. Resolução 4/2010. Brasília, 2006. 
Conceito: Renovar o conceito de Dry‐Wall, aprimorando e melhorando suas propriedades de 
CIB ‐  International Council for Building. Disponível em <http://www.cibworld.nl/site/home/index.html> 
resistência  e  estéticas  através  do  uso  de  Eco  Wall  que  atualmente  são usadas  no  mercado  Acessado em 01‐07‐2013. 
principalmente na produção de telhas e cumeeiras.  
CIB ‐  International Council for Building. INTERNACIONAL COUNCIL FOR BUILDING RESEARCH, STUDIES AND 
Também criar aplicações diferentes para estes painéis Eco Wall para arquitetura de interior  DOCUMENTATION BUILDING RESEARCH AND DOCUMENTATION “CONTRIBUTIONS AND DISCUSSIONS AT THE 
como  luminárias,  divisórias,  mesas,  etc.  Cita‐se  que  para  esta  última  alternativa  foram  FIRST CIB CONGRESS: “ACCURACY OF MEASUREMENT AND TOLERANCES IN THE BUILDING INSDUSTRY – A 
GENERAL INTRODUCTION”, ROTERDAM , 1959”. Elsevier Publishing Company, Amsterdam, 1961. 
desenvolvidos protótipos para concurso da revista Vogue, sendo um dos projetos premiado 
no ano de 2013.  SALGADO, M. S. Projeto integrado: caminho para a produção de edificações sustentáveis: a questão dos 
sistemas prediais. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 12., 2008. 
Fortaleza. Anais. Fortaleza, 2008. 
7 CONSIDERAÇÕES YUDELSON, Jerry. Green Building A to Z: Understanding the language of Green Building. Canadá: New Society 
Publishers, 2007. 
O  artigo  procurou  retratar  que  a  sustentabilidade  na  formação  de  futuros  profissionais  da     
construção  civil,  como  arquitetos urbanistas  e  engenheiros civis, sob atuações de docentes 
que  buscam  mesmo  diante  da  condição  particular  da  fragmentação  por  disciplinas  e 
períodos  em  semestre  ou  ano,  podem  realizar  a  aderência  e  justa  condição  de  premência 
que a exaustão de materiais primas e delapidação do meio ambiente devem ter, mesmo que 
sejam em atividades de projetos ou propostas de estudos morfológicos, a diretriz deve ser de 
construção  de  um  profissional  com  uma  visão  sistêmica  maior  e  de  maior  condições  de 
atuação para a sustentabilidade. 
Assim,  há  que  ser  ver  os  resultados  almejados,  mesmo  que  projetos  de  edificações 
representem apenas um dos tantos assuntos abarcados no curso de engenharia civil, assim 
como  propostas  de  novos  materiais  que  abarquem  reusos  e  reciclagens,  de  fato  as 
experiências  se  mostram  positivas  no  sentido  de  providenciar,  ainda  que  sucinto,  aspectos 
relacionados à sustentabilidade na arquitetura. 
Percebe‐se,  em  suma,  nestas  duas  propostas  pedagógicas  com  perfis  de  alunato  bastante 
distintos  a  intenção  de  aproximar  arquitetura  e  engenharia  civil  pelo  enlace  da 
sustentabilidade,  seja  por  intermédio  de  projeto  mais  generalista  típico  da  arquitetura  e 
urbanismo, seja pelo modelo mais pragmático e detalhista próprio da engenharia. 

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos aos alunos do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Itajubá e 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Como outros artistas criativos, os arquitetos se familiarizam com certas estratégias 
Estudo das etapas de elaboração do projeto arquitetônico, visando  de trabalho que empregam repetidamente em várias combinações. Aprendem por 
à construção de uma metodologia aplicável às disciplinas de projeto  experiência,  assimilando  novas  lições  com  cada  projeto  sucessivo,  assim,  tudo  o 
que fazem é afetado pelo que foi feito antes. Nesse sentido são tão moldados por 
de arquitetura  suas obras como as moldam. (BAKER, 1998). 

Zamara Ritter BALESTRIN  Fundamentado  nisso,  este  trabalho  juntamente  às  visitações  as  Instituições  de  Ensino 
URI – Câmpus de Frederico Westphalen; [email protected]  Superior  (IES)  renomadas  do  Estado  do  Rio  Grande  do  Sul,  procura  sanar  a  deficiência  de 
Alessandra Gobbi SANTOS  uma  metodologia  projetual  em  arquitetura,  dentro  do  contexto  atual,  de  tecnologias, 
URI – Câmpus de Frederico Westphalen; [email protected]  inovações, de sustentabilidade, buscando a construção de uma proposta metodológica para 
  as  disciplinas  de  Projeto  de  Arquitetura.  Isso  tudo  com  o  intuito  de  conduzir  da  melhor 
maneira o desenvolvimento do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus de Frederico 
RESUMO 
O  fundamental  para  o  ensino  do  projeto  é  desenvolver  metodologias  que,  sem  impedir  a  manifestação  da  Westphalen, que é novo, e precisa dos parâmetros “daqueles que têm mais história”, e, da 
criatividade, promovam a compreensão da relação do homem e seu meio. Desenvolvido a partir de um projeto  mesma  maneira,  pretende  contribuir  com  os  demais  Cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo, 
de iniciação  científica este trabalho objetivou  sistematizar um conjunto de  diretrizes, que em suas descrições  visando a sempre melhorar o desempenho e formação dos acadêmicos. 
trate sobre os procedimentos de concepção projetual em Arquitetura, buscando a construção de uma proposta 
metodológica às disciplinas de projeto de arquitetura. A metodologia utilizada consiste em, a partir de roteiros 
estruturados  de  entrevistas  com  Universidades  de  referência  do  Estado  do  Rio  Grande  do  Sul  (PUC‐RS,  2 DESENVOLVIMENTO
UNIRITTER, UNISINOS e UFRGS), diálogo e troca de experiências, conhecer a estrutura oferecida por cada uma, 
fazendo comparativos e absorvendo ideias. A proposta metodológica foi elaborada, considerando as discussões 
sobre  experiências  e  informações  relatadas  nas  universidades,  e  esta  segue  como  proposta  de  utilização  à  Com  o  intuito  de  nortear  a  pesquisa,  inicialmente  foram  realizadas  reuniões  com  as 
comunidade  acadêmica,  onde,  desenvolvida  concomitantemente  com  a  interdisciplinaridade,  melhorará  a  coordenações  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  dos  demais  Câmpus  da  URI,  e, 
compreensão e o processo de criação dos Projetos de Arquitetura e Urbanismo, refletindo no desempenho e  posteriormente, com o grupo de pesquisa, o Núcleo Docente Estruturado (NDE) e Colegiado 
qualidade  da  aprendizagem  dos  acadêmicos.  Assim,  as  disciplinas  de  Projeto  de  Arquitetura  terão  subsídios  do  Curso,  para  o  debate  de  opiniões  sobre  o  tema,  destacando‐se  sua  tamanha  relevância 
suficientes, para proporcionar certeza da qualidade de ensino, formando profissionais capazes de trabalhar os 
conceitos acadêmicos aplicados às necessidades da realidade social. 
tendo  em  vista  o  desafio  que  há  em  se  trabalhar  os  diferentes  métodos  de  ensino  da 
Arquitetura  nessa  era  digital.  Foram  discutidos  os  tópicos  mais  relevantes  para  o  projeto, 
PALAVRAS‐CHAVE: metodologia, ensino, aprendizagem, projeto 
bem  como  planejadas  e  programadas  visitas  a  quatro  das  universidades  de  referência  do 
Estado,  visando  a  pesquisar  e  comparar  suas  práticas  pedagógicas,  através  de  roteiros 
1 INTRODUÇÃO estruturados de entrevistas. Após o levantamento das Universidades, Faculdades e Centros 
Universitários  que  oferecem  o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no  Rio  Grande  do  Sul, 
Silva  (1984)  diz  que  a  utilização  do  método  de  trabalho  durante  o  processo  de  projeto  observou‐se o conceito preliminar dos cursos (CPC) e o seu desempenho no ENADE, e foram 
caracteriza  a  fuga  do  processo  intuitivo,  baseado  no  subjetivismo,  então,  dessa  forma,  o  visitadas  duas  no  primeiro  semestre  do  projeto  (PUCRS  e  UNIRITTER),  uma  no  segundo 
método passa em sequências de trabalho que possibilitam a materialização dos conceitos do  semestre (UNISINOS), outra no terceiro semestre (UFRGS), a fim de conhecer suas estruturas 
arquiteto  referente  a  aspecto  no  ato  de  projetar.  A  contextualização  de  uma  metodologia  e métodos pedagógicos, ver TABELA 1. 
alimenta a liberdade e a capacidade criativa dos estudantes, haja vista que conceitos básicos  Tabela 1. Universidades, Faculdades e Centros Universitários com o Curso de Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul 
serão repassados, ampliarão horizontes e os  integrarão à realidade social, acabando com a  sisitados. 
insegurança  de  como  se  está  repassando  o  conteúdo  e,  certamente,  não  engessaria  os  Nº  RIO GRANDE DO SUL  SITUAÇÃO  CIDADE  CPC 
estudantes às ideias de um professor. Partindo da premissa que a imaginação existe a partir 
de um conjunto de ideias conscientes ou inconscientes que têm como base o conhecimento 
01  Centro Universitário Ritter dos Reis – UNIRITTER  Particular  Porto Alegre  3 
e  as  experiências  adquiridas  ao  longo  do  tempo,  pode‐se  dizer  que  quanto  melhor  a  base 
para  a  construção  da  ideia,  melhor  será  o  resultado,  e,  no  caso,  a  proposta  projetual. 
Portanto,  se  os  métodos  aplicáveis  forem  modificados,  embasados  no  que  há de  melhor  e  02  Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS  Particular  Porto Alegre  4 
mais atual na arquitetura, contemplando as mais variadas atividades humanas da sociedade 
e  que  possuam  como  eixos  norteadores  o  social,  a  sustentabilidade,  o  meio  ambiente,  as  03  Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS  Particular  São Leopoldo  3 
tecnologias e a inovação, isso, automaticamente, refletir‐se‐á na qualidade da aprendizagem 
dos acadêmicos e, consequentemente, de forma positiva em suas propostas arquitetônicas 
04  Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS  Federal  Porto Alegre  4 
projetuais,  bem  como  na  propriedade  de  seus  projetos  depois  de  formados  e,  por 
conseguinte, na mudança da sociedade em que vivemos. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  633   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  634 

O próprio ato de criar algo já é indicação de criatividade. Para leigos (usuários em 
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –  Frederico 
05 
URI 
Particular 
Westphalen 
*  geral,  clientes,  imprensa  não  especializada),  estudantes  de  primeiros  anos  e  até 
muitos  arquitetos,  criatividade  é  algo  ligado  ao  imprevisto,  ao  insólito,  ao 
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –  surpreendente,  cuja  obtenção  é  dependente  de  um  talento  superior  inato.  Daí  a 
06  Particular  Santiago  2  existência  e  os  elogios  conferidos  a  edifícios  de  aparência  estranha,  cuja  lógica  é 
URI 
muito difícil de entender. (MAHFUZ, 2003). 
Fonte: Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em Agosto/2012. Editado pelo autor. 
LEGENDA:  Mahfuz (2003) ainda apresenta o que julga ser a “verdadeira Arquitetura”, referenciando‐se 
  CÂMPUS DA URI  ao estudo formal: 
CPC = Conceito Preliminar do Curso 
* Universidade com processo de reconhecimento previsto para 2015  A  verdadeira  criatividade  em  arquitetura  reside  em  resolver  seus  problemas 
  específicos  por  meio  da  síntese  formal  do  programa,  do  lugar  e  da  técnica, 
As  visitações  foram  realizadas  com  recursos  próprios.  Primeiramente,  foi  conhecida  a  resultando  em  objetos  dotados  de  identidade  formal  intensa,  a  qual  deriva  do 
emprego  de  critérios  tais  como  a  economia  de  meios,  o  rigor,  a  precisão,  a 
estrutura  oferecida  pela  Pontifícia  Universidade  Católica  do  Rio  Grande  Do  Sul  –  PUC  ‐  RS,  universalidade e a sistematicidade. (MAHFUZ, 2003). 
com acompanhamento do Prof. Dr. Paulo Regal, Diretor da Faculdade, que expôs sua imensa 
concordância com o problema do projeto e debateu sobre métodos pedagógicos de ensino, e  Como terceira Universidade, no segundo semestre do projeto, a visitação foi à Universidade 
sobre  o  quanto  a  multidisciplinaridade  é  fundamental  tanto  para  a  disciplina  de  projeto  do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Em conversa com a Prof.ª Patrícia Nerbas, que trabalha 
quanto  para  o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  como  um  todo,  visando  à  formação  do  algumas  das  disciplinas  de  projeto,  ela  expõe  sobre  anseio  que  há,  principalmente  nos 
melhor profissional para a área.  primeiros  projetos  do  Curso,  em buscar  fazer  os  alunos  trabalharem  “forma  e função”  dos 
projetos concomitantemente, reforçando que no Curso na UNISINOS é exigida a entrega de 
Ainda na vista à PUC – RS, o Prof. Dr. Paulo Bica, coordenador das disciplinas de projeto, com  maquete, pelo menos volumétrica, de estudos do primeiro ao nono ateliê1, que, juntamente 
o  qual  foi  debatido  sobre  a  importância  do  desenho  à  mão,  concomitantemente  com  a  com  o  embasamento  histórico,  consideram  fundamental  para  explicar  a  composição:  “O 
execução  de  maquetes  para  a  compreensão  física  antes  do  trabalho  com  CAD  (computer  diferencial  da  visão  do  arquiteto  é  no  desempenho  e  conforto  do  projeto,  assim  como  a 
aided  design),  onde  o  Professor  apresentou  o  artigo:  “A  Mão  Inteligente”,  de  Claudio  de  justificativa e o embasamento histórico são os aspectos que nos diferenciam do engenheiro e 
Moura Castro, economista, especialista em educação, o qual reforça esse conceito, dizendo  do designer”, disse Patrícia. 
que  "o  conhecimento  mora  na  cabeça,  mas  entra  pelas  mãos",  ressaltando  ainda,  a  ideia 
discutida de que ao transmitir uma ideia a mão “fala” mais rápido que o mouse. O Professor  Ainda  na  UNISINOS,  o  Coordenador  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  o  Professor 
Paulo  ainda  destaca  a  importância  que  vê  no  estudo  de  obras  arquitetônicas  renomadas,  Adalberto da Rocha Heck, reafirmou tudo o que a professora Patrícia havia dito, e, a partir de 
como,  por  exemplo,  as  do  século  XX,  para  oferecer  uma  compreensão  geral  da  Arte  e  sua  experiência  na  docência,  expôs  sua  visão  sobre  os  alunos  perante  a  arquitetura  e  a 
Arquitetura  ao  acadêmico,  salientando  que  é  fundamental  este  entendimento  das  bases  disciplina de Projeto: “O aluno vem de outro mundo, e traz consigo um conceito de estética 
teóricas para, posteriormente, projetar. Acrescentando às palavras do Professor Paulo Bica a  de deslumbramento. O professor deve repertoriar esse aluno”. 
respeito  do  desenho  a  mão  livre,  uma  passagem  do  renomado  arquiteto  Lúcio  Costa  em  Sobre metodologia de ensino de projeto, mais voltada aos alunos de final de curso disse: “A 
relação ao desenho, dizendo que este deve:  metodologia  deve  ser  flexível  de  acordo  com  o  tema  e  as  características  do  aluno.  O 
“...  desenvolver  nos  adolescentes  o  hábito  da  observação,  o  espírito  de  análise,  o  professor  deve  perceber  como  o  aluno  desenvolve  seu  raciocínio,  que  ‘tipo’  de  aluno  é 
gosto  pela  precisão,  fornecendo‐lhes  os  meios  de  traduzirem  as  ideias  e  de  este...”. 
registrarem  as  observações  graficamente,  o  que,  além  de  predispô‐los  para  as 
tarefas da vida prática, concorrerá, também, para dar a todos melhor compreensão  No terceiro semestre do projeto a Universidade visitada foi a UFRGS – Universidade Federal 
do  mundo  de  forma  que  nos  cerca,  do  que  resultará,  necessariamente,  uma  do  Rio Grande do  Sul,  em Porto Alegre. O objetivo  de  escolha desta Universidade foi,  que, 
identificação maior com ele”. (COSTA, 1940).  além  de  estar  entre  as  de  maior  referência  do  Estado,  é  uma  Universidade  Federal,  e, 
Como comentou o Professor Paulo Regal, Lúcio Costa (1940) afirma ainda que: “o arquiteto  portanto possui uma gestão um pouco diferente, um desafio para a pesquisa. 
não rabisca, o arquiteto risca”, entendendo‐se a partir disso que o risco é intenção, é projeto.  Com  recepção  pela  Professora  Eliane  Constantinoun,  que,  atualmente,  ministra  aulas  de 
A  segunda  visita  aconteceu  na  Universidade  Ritter  dos  Reis  –  UNIRITTER,  com  o  Introdução ao Projeto de Arquitetura I (IPA – I), durante as discussões metodológicas, relata 
acompanhamento do Professor Daniel Pitta, Coordenador Adjunto do Curso de Arquitetura e  um pouco sobre como o Curso tem trabalhado esta disciplina, e sobre como dão sequência 
Urbanismo, foi conhecida toda a estrutura da Universidade, desde os laboratórios até alguns  às disciplinas  iniciais que trabalham com projeto de Arquitetura: Primeiramente, as turmas 
trabalhos  acadêmicos,  sempre  referenciando  o  objeto  da  pesquisa.  Durante  a conversa  ele  passam por Introdução I (IPA – I), na qual quatro professoras trabalham de forma integrada 
falou sobre um método de ensino, chamado por ele próprio de: “o mergulho na Arquitetura”,  e, posteriormente, em Introdução II as turmas são divididas mas condicionadas a trabalhar 
usado  como  recurso  para  ensinar  aos  alunos  a  “verdadeira  arquitetura”  logo  no  semestre                                                              
inicial do Curso; isso lembrou um artigo, “O Mito da Criatividade em Arquitetura”, de Edson 
1
Mahfuz, autor este que é referência em ensino de projeto para Daniel.   O mesmo que Projeto de Arquitetura 
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  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 635   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  636 

de  forma  integrada.  Diante  da  exposição  sobre  o  tema  do  projeto  e  questionamentos,  a  reformulações  das  metodologias  de  algumas  disciplinas  bem  como  a  redistribuição  das 
Professora expõe que o Curso, mesmo com 50 anos de história, também tem se questionado  mesmas ao longo do currículo do Curso. Dentre isso, de que trabalham com poucas práticas 
quanto  aos  métodos  de  ensino  de  projeto,  tendo  em  vista  a  notável  dificuldade  que  os  em laboratório, relata que apenas levam os alunos nas obras para acompanhar os processos 
alunos têm encontrado, principalmente em compreender princípios básicos de composição  e as tecnologias da construção. A professora destaca o mesmo que as demais Universidades, 
formal e arquitetura. Neste sentido, a UFRGS tem dado uma especial atenção ao estudo das  “não  conseguem  aplicar  a  teoria  do  projeto  no  projeto”,  uma  dificuldade  em  comum  para 
formas  nas  disciplinas  de  Introdução  ao  Projeto  I  (IPA  I),  com  o  intuito  de  que  sigam  nos  todos  os  visitados.  Com  a  participação  na  aula  foi  possível  conhecer  e  presenciar  o  relato 
Projetos  de  Arquitetura,  já  com  este  embasamento  consolidado.  Porém,  para  este desafio,  anterior das professoras: uma habilidade bem maior destes alunos com o estudo das formas, 
utilizam  métodos  de  projeto  trabalhando  alguns  eixos  composicionais  e  a  utilização  de  croquis  e  perspectivas,  resultado  de  muitas  horas  de  ensino  e  prática,  visto  que  essa 
pequenas maquetes de estudo (escala 1/250) para compreensão da forma e da volumetria  disciplina é de 9 créditos enquanto na URI – Câmpus de Frederico Westphalen, Introdução e 
buscando associa‐las ao ambiente (Ver fotos 1, 2 e 3).  Pesquisa ao Projeto de Arquitetura é de 4 créditos. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Todas  as  coordenações  e  professores  entenderam  e  apoiaram  a  proposta  do  projeto, 


discutindo  sobre  os  mais  variados  assuntos  referentes  ao  objeto  da  pesquisa.  Durante  as 
visitações,  foi  importante  o  contato  com  diferentes  profissionais  da  área,  professores  com 
Fotos 1, 2 e 3 – UFRGS – 03/06/2014 ‐ Maqutes de estudo de introdução ao projeto de arquitetura I na escala 1/250.   um conhecimento admirável, que acompanharam com muito diálogo e troca de experiências 
Fonte: O Autor.  as visitas (Ver Tabela 02). 
A  professora  Eliane  destaca,  ainda,  que  as  disciplinas  de  Introdução  I  e  II  em  suas  etapas  Tabela 2. Universidades, Faculdades ou Centros Universitáio de Arquitetura e Urbanismo, visitados. 
iniciais são entregues à mão, para estimular esta prática, mas o resultado final é entregue em  DATA DA  DISTÂNCIA DA 
UNIVERSIDADE  CIDADE  ACOMPANHANTE 
um  portfólio  digital  no  blog  da  turma,  que  pode  ser  acessado  pelo  link:  VISITA  URI 
http://ipa1faufrgs.blogspot.com.br/.  Cabe  dar  ênfase  ao  ponto  de  que  o  Curso  de  Pontíficia Universidade  Prof. Dr. Paulo Horn Regal Diretor 
Católica do Rio Grande do  Porto Alegre  31/08/2012  da Faculdade de Arquitetura e  434 Km 
Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, em seu currículo, não possui computação gráfica, então  Sul (PUC‐RS)  Urbanismo 
estas  técnicas  e  programas  são  repassados  através  de  oficinas  extras,  desenvolvidas  por  Centro Universitário Ritter 
Prof. Daniel Pitta Fischmann 
monitores,  sem  um  programa  específico,  “Assim  possibilitamos  para  o  aluno  todas  as  Porto Alegre  14/12/2012  Coordenador Adjunto da Faculdade  434 Km 
dos Reis (UNIRITTER) 
de Arquitetura e Urbanismo 
opções”, disse Eliane. A disciplina de Projeto I é ministrada pelo já citado professor Edson da  Profª Patrícia Nerbas Professora da 
Cunha Mahfuz, da qual costumam dizer que ele a trabalha como se fosse um “minicurso de  Disciplina de Projeto Profº 
Universidade do Vale do 
arquitetura”, buscando fazer um apanhado geral sobre “o que um arquiteto faz”. Fez parte da  São Leopoldo  12/07/2013  Adalberto da Rocha Heck  429 Km 
Rio dos Sinos (UNISINOS) 
Coordenador do Curso de 
visitação à UFRGS, o convite das professoras titulares, uma participação especial na aula de  Arquitetura e Urbanismo. 
Introdução ao Projeto de Arquitetura – I (Ver fotos 4, 5 e 6).   Profª Eliane Professora da Disciplina 
de Introdução ao Projeto de 
Universidade Federal do  02/06/2014  Arquitetura I Profª Daniela 
Porto Alegre  434 Km 
Rio Grande do Sul (UFRGS)  03/06/2014  Professora da Disciplina de 
Introdução ao Projeto de 
Arquitetura I 
Fonte: Elaborado pelo autor. 

Como  uma  das  maiores  diferenças  entre  o  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  URI  –
Câmpus de Frederico Westphalen e os demais visitados, está a carga horária das disciplinas 
de projeto, bem como demais disciplinas igualmente fundamentais e consequentemente, a 
Fotos 4, 5 e 6 – UFRGS – 03/06/2014 – Alunos da disciplina de introdução ao projeto de arquitetura I trabalhando. 
carga  horária  total  do  curso.  O  Curso  oferecido  na  URI  de  Frederico  Westphalen  é 
Fonte: O Autor.  predominantemente  noturno1,  e  portanto  possui  uma  carga  horária  reduzida,  dificultando 
                                                            
Na oportunidade foi conversado ainda, com a professora Daniela Mendes Cidade, uma das 
professoras  que,  também  trabalha  Introdução  I  e  que  esteve  mais  à  frente  dessa  1
 Motivo disso é a característica da região que possui uma população que precisa trabalhar, 
reformulação  de  metodologia  que  o  Curso  da  URGS  estava  passando,  apresentando  as  concomitantemente ao estudo. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  637   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  638 

assim,  a  aplicação  de  todo  o  conteúdo  e  atividades  necessárias,  como  mostra  a  tabela  a  Arquitetura  ‐ Desenvolvimento de um projeto em nível de estudo  Aplicado 02/2012 
preliminar.  02/2013 
seguir. (Tabela 3). 
‐ Todas as Universidades visitadas aplicam maquetes 
Tabela 3. Comparativo de carga horária das disciplinas de projeto de arquitetura e da carga horária total dos cursos entre as  físicas em todos os Projetos de Arquitetura e nos  Aplicado 02/2012 
universidades visitadas e da URI de Frederico Westphalen.  Maquetes  Trabalhos de Conclusão (TC), o que reafirma o quão  01/2013 02/2013 
fundamental é o contato físico para a melhor  01/2014 
CARGA HORÁRIA  CARGA  compreensão da forma para o acadêmico. 
DAS DISCIPLINAS  HORÁRI A  Sociologia Urbana  ‐ Transferir para o 4º semestre.  Aplicado 02/2012 
UNIVERSIDADE  TURNO  TEMPO DE DURAÇàO DO CURSO 
DE PROJETO DE  TOTAL DO  Projeto de Arquitetura 
ARQUITETURA  CURSO  ‐ Para cada 25 alunos, 1 professor.  Aplicado 01/2013 
I – A 
Universidade Regional  ‐ Inserir na ementa da disciplina atividades relacionadas 
Integrada do Alto Uruguai  3º semestre  Perspectiva e Sombras  ao desenvolvimento de técnicas de desenho à mão livre,  ‐ 
NOTURNO/ 
e das Missões (URI)  6 créditos  5 anos  3.825 horas  sem a utilização de instrumentos. 
DIURNO 
Câmpus de Frederico 
Resistência dos  ‐ Nivelamento de Matemática voltado à disciplina de 
Westphalen  Aplicado 01/2013 
Materiais  Resistência dos Materiais, ministrada no 4º semestre. 
Pontíficia Universidade 
VESPERTINO/  ‐ Permitir a entrega, em formato impresso, de projetos 
Católica do Rio Grande do  6 créditos  5 anos  3.825 horas 
NOTUNRO  elaborados em Softwares de Computação Gráfica,  Aplicado 02/2013 
Sul (PUC‐RS)  Projeto de Arquitetura 
4º semestre  somente na etapa final. 
MATUTINO/  II ‐ A 
Centro Universitário Ritter  Aplicado 02/2013 
8 créditos  VESPERTINO/  5 anos  4.021 horas  ‐ Para cada 15 alunos, 1 professor. 
dos Reis (UNIRITTER)  01/2014 
NOTURNO 
Metodologia da  Aplicado 02/2012 
Universidade do Vale do  MATUTINO/  6º semestre  ‐ Transferir para o 2º semestre. 
8 créditos  5 anos  4.310 horas  Pesquisa  02/2014 
Rio dos Sinos (UNISINOS)   NOTURNO 
‐ Preservar a prática de que a história entra no ateliê 
Universidade Federal do  MATUTINO/ 
como veículo da construção, por isso, estudar e analisar  Aplicado 01/2013 
Rio Grande do Sul (UFRGS)   10 créditos  VESPERTINO/  5 anos  4.410 horas 
projetos exemplares como os da arquitetura renomada  02/2013 01/2014 
NOTURNO 
do século XX. 
Fonte: Dados retirados do PPC, Projeto Pedagógico do Curso, das IES (Instituições de Ensino Superior) visitadas. Elaborado  Projetos de Arquitetura I à VII 
‐ Transferir a média para 6 sem exame.  ‐ 
pelo autor.  ‐ Aumentar o nº de 6 créditos para no mínimo 8 créditos.  ‐ 
Para  tanto,  destaca‐se  como  uma  das  principais  e  necessárias  mudanças  para  o  Curso,  o  Aplicado 01/2013 
‐ Banca de projeto em todas as entregas finais de projeto. 
02/2013 01/2014 
aumento  de  carga  horária  tanto  para  as  disciplinas  de  projeto,  quanto  para  as  demais  que  Ideias a serem discutidas e possivelmente  ‐ Concurso Detalhe.  ‐ 
são  tão  importantes  quanto,  pois  virão  a  dar  subsídios  fundamentais  à  compreensão  e  implementadas.  ‐ CITA: Concurso Interno de Trabalhos Acadêmicos.  ‐ 
elaboração  dos  projetos  arquitetônicos,  como  eles  deverão  ser.  E  diante  da  realidade  de  Aplicado 01/2013 
‐ Provas teóricas em todas as disciplinas (buscando “pré‐avaliar” os acadêmicos para o ENADE) 
02/2013 01/2014 
nossa  região,  bem  como,  visando  a  manter  a  procura  que  este  Curso  da  URI  –  Câmpus  de  Aplicado 01/2012 
Frederico  Westphalen  possui,  a  melhor  opção  seria  que  este  passasse  para  uma  ‐ Trabalhar junto ao corpo docente o processo ensino‐aprendizagem nas disciplinas de Projeto de 
02/2012 01/2013 
Arquitetura com o objetivo de sincronizar as ações e planos de aula dos professores. 
integralização  de  5  anos  e  meio  ou  6  anos,  proporcionando  apenas  mais  qualidade  na  02/2013 01/2014 
formação  dos  profissionais  Arquitetos  e  Urbanistas,  que  trabalham  diretamente  com  as  Fonte: Elaborado pelo autor. 

necessidades  sociais.  A  partir  da  oportunidade  de  debater  e  analisar,  juntamente  às  Ainda há itens planejados, entre estas diretrizes, que se pretende que sejam aplicados, mas 
Instituições de Ensino Superior (IES) de referência do Estado, as metodologias de ensino de  foi  considerando  estes  fatores  descritos,  os  dados  coletados  com  as  Universidades,  as 
Arquitetura e Urbanismo, foi elaborado um conjunto de diretrizes (Ver Tabela 04), que levam  reuniões  com  o  corpo  docente  do  curso  e  as  bibliografias  de  referência,  que  este  projeto 
em  suas  descrições  uma  série  de  procedimentos,  envolvendo  a  matriz  curricular  do  curso,  propõe  uma  metodologia  sistematizada  no  que  há  de  melhor  para  o  acadêmico  e  sua 
tendo em vista que todas as disciplinas vêm a dar subsídio ao Projeto de Arquitetura.  compreensão  projetual.  Reforçando  o  item  das  diretrizes  que  fala  sobre  a  disciplina  de 
Tabela 04. Diretrizes traçadas a fim de aprimorar o Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da URI –  maquetes,  onde  afirma  que  todas  as  Universidades  visitadas  aplicam  Maquetes  físicas  em 
Câmpus de Frederico Westphalen.  todos os Projetos de Arquitetura e nos Trabalhos de Conclusão (TC), bem como as palavras 
SEMESTRE  DISCIPLINA  DIRETRIZES  SITUAÇÃO  do Professor Paulo Bica da PUC ‐ RS sobre desenho à mão livre, há uma passagem do livro “O 
Aplicado 01/2013  Processo  de  Projeto  em  Arquitetura:  da  teoria  à  tecnologia”  que  reafirma  o  quão 
‐ Priorizar o estudo das formas. 
Plástica 
01/2014  fundamental é o contato físico para a melhor compreensão da forma para o acadêmico:  
‐ Conteúdo mais voltado a dar subsídio ao Projeto de  Aplicado 01/2013 
Arquitetura  01/2014  Para  os  arquitetos,  a  mão  sempre  foi  um  precioso  instrumento  de  trabalho.  O 
1º semestre  Aplicado 01/2013  desenho  é  uma  forma  de  expressar  uma  ideia,  e  é  através  da  mão  que  ele  de 
Desenho Técnico  ‐ Aplicar desenho arquitetônico completo.  revela.  A arquitetura é um  produto processo  da  mão  pensante que  se transforma 
01/2014 
‐ Incluir a disciplina no currículo do Curso com o objetivo  depois  numa  imagem  concreta  (Pallasmaa,  2009).  O  desenho  está  ligado  ao 
Língua Portuguesa  de aprimorar a fala e a escrita dos acadêmicos para uma  Aplicado 01/2014  pensamento  e  é  o  meio  de  processo  de  projeto  de  Arquitetura  e  Urbanismo  se 
profissão que necessita tanto destes recursos.  desenvolver.  A  maquete  estabeleceu  novos  conceitos  com  os  avanços  e 
Introdução e Pesquisa  Aplicado 02/2012  complexidades programáticos, e é um caminho para configurar e dar forma a uma 
2º semestre  ‐ Tratamento como disciplina prática de Projeto. 
ao Projeto de  02/2013 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  639   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA 640 

ideia,  pois  se  pode  criar  e  desenhar  conjuntamente,  registrar  a  imagem  mental  e  modernos,  estava  centrado  nas  relações  proporcionais  e  na  aplicação  das  ordens 
iluminar  o  caminho.  Segundo  as  teorias  da  percepção  e  da  representação,  o  ser  clássicas ao exterior dos edifícios. No século XIX, soma‐se àquela concepção outro 
humano  pensa  por  imagens,  logo,  pensar  os  espaços  e  realizá‐los  passa  pelas  entendimento da boa arquitetura. Para que um edifício pudesse ser considerado de 
imagens  visuais.  Não  dominar  a técnica  pode  gerar dúvida  e, nessa fase, o croqui  qualidade,  deveria  apresentar  composição  correta,  referente  à  sua  organização 
contribui  com  o  detalhamento  da  imagem  e  facilita  o  processo  ao  ampliar  a  formal/espacial  em  duas  e  três  dimensões,  e  caráter  adequado,  conceito 
capacidade imaginativa. (KOWALTOWSKI [et. al.] 2011, p 115).  usualmente  associado  apenas  ao  aspecto  expressivo  e  simbólico  da  arquitetura, 
mas  que  depende  tanto  de  sua  materialidade  quanto  dos  seus  aspectos 
Esta  pesquisa  buscou  apresentar  uma  metodologia  projetual  aplicável  às  disciplinas  de  compositivos e de sua relação com o entorno. (MAHFUZ, 2003). 
projeto,  diante  disso,  segue  abaixo  um  esquema,  adaptado  de  SILVA  (2006),  para  o  que  se 
busca sanar nas disciplinas de projeto de arquitetura.  Com  base  nestes  conceitos,  esta  metodologia  está  dividida  em  módulos,  necessários  para 
organização  dos  métodos  avaliativos  da  academia,  e,  diante  do  tempo  de  6  créditos 
Figura 1: Esboço de esquema de metodologia do processo projetual. 
semanais,  cerca  de  4  meses,  e,  concomitantemente  às  demandas  de  outras  disciplinas,  a 
disciplina  procura  subsídios  para  resolver  o  programa,  buscando  atender  o  quaterno 
contemporâneo,  a  fim  de  resultar  no  que  este  mesmo  autor  chama  de  Boa  Arquitetura 
(Figura 2). 
Figura 2: O quaterno contemporâneo, a partir de discussões entre o arquiteto Alejandro Aravena e Edson Mahfuz 

   
Fonte: Adaptado de SILVA, 2006, p.79.   Fonte: MAPHUZ, 2003. 

É  possível  observar  a  partir  deste  esquema,  o  foco  em  que  o  objetivo  da  pesquisa  busca  O  quaterno  é  composto  por  três  condições  internas  ao  problema  projetual 
(programa, lugar e construção) e uma condição externa, o repertório de estruturas 
trabalhar são os Estudos, mas para contextualizar, mais claramente, segue uma explanação  formais  que  fornece  os  meios  de  sintetizar  na  forma  as  outras  três.  Enquanto  a 
geral  de  todo  o  processo  de  ensino/aprendizagem  de  projeto,  juntamente  com  a  busca  da  beleza  estava  no  centro  das  preocupações  arquitetônicas  até 
metodologia  estudada  descrita,  que  buscou  sintetizar  dentro  desse  esquema  adaptado  de  recentemente,  o  quaterno  contemporâneo  tem  como  foco  a  forma  pertinente. 
Silva (2006), a metodologia projetual mais adequada:  Sendo o conceito de beleza algo tão relativo e mutante – varia a cada época e lugar, 
até  mesmo  de  pessoa  para  pessoa  –,  parece  mais  apropriado  ter  como  objetivo 
Programa:  partindo  de  uma  “situação  problema”  define‐se  o  programa,  ou  seja  “o  que  criar  artefatos  marcados  pela  pertinência  ou  adequação  da  sua  forma.  (MAHFUZ, 
quer/precisa ter neste projeto”. Isso na faculdade é definido pelo professor em conjunto com  2003).  
seus alunos, a partir de uma simples análise conceitual do tema. Na profissão é definido pelo  Sabe‐se  que  é  necessário  o  domínio  do  professor  quanto  a  todos  estes  itens  do  quaterno 
cliente juntamente com o Arquiteto.  para  seu  pleno  desenvolvimento,  mas  diante  da  formação  específica  de  cada  um  isso  se 
Estudos: iniciam‐se então, os estudos preliminares. Com a evolução desses estudos é que a  torna quase irrealizável. O objetivo então, é de que ao longo das sete disciplinas de Projeto 
situação problema passa a ter uma definição mais clara, com o intuito de desenvolver uma  de  Arquitetura  mais  o  TFG  (Trabalho  Fina  de  Graduação),  seja  possível  que  os  acadêmicos 
proposta para o anteprojeto. Porém, dentro desta etapa, busca‐se trabalhar, principalmente,  tenham experiências com diferentes professores, de diferentes áreas do conhecimento, com 
sobre como “surge” a proposta arquitetônica, embasada em que aspectos formais e qual a  o intuito de agregar repertório aos mesmos e que as deficiências de um projeto possam ser 
melhor maneira de expor isso aos estudantes de arquitetura.  sanadas  nos  outros.  Para  isso,  é  necessário  que  além  de  tudo  haja  diálogo  entre  o  corpo 
Em toda construção deve‐se levar em conta sua solidez, sua utilidade e sua beleza”, 
docente e que seja realizado um verdadeiro trabalho de equipe em prol dos acadêmicos. 
dizia Vitruvio 2000 anos atrás. Até meados do século XVIII a boa arquitetura seria  Módulo1 ‐ Estudos de Caso/ Estudos de Sítio/Estudos do Programa. Estes três estudos que 
aquela  que  apresentasse  um  equilíbrio  entre  os  três  componentes  da  tríade 
compõem esta primeira fase precisam  ser  realizados de forma  integrada. Já disse  MAHFUZ 
vitruviana:  Firmitas  (solidez)  e  Utilitas  (adequação  funcional),  que  fazem  parte  da 
esfera racional do conhecimento e Venustas (beleza, no entendimento de alguns),  em 2003, que “... um projeto deveria sempre começar no edifício que melhor resolveu um 
que  é  o  componente  estético  da  tríade  significando  o  que,  em  tempos  pré‐ caso de características similares. O verdadeiro ato criativo não está nos elementos, mas na 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  641   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  642 

ação de associá‐los.” Para isso, os estudos de caso devem contribuir com o intuito de agregar  4 CONSIDERAÇÕES
repertório de projetos ao conhecimento dos acadêmicos, mas ao mesmo tempo em que se 
estuda  esta  arquitetura  de  referência  deve‐se  pensar  de  que  subsídios  será  possível  tirar  Esta metodologia tem sido usada como parâmetro para a construção e aperfeiçoamento do 
proveito  para  “a  proposta”,  considerando  o  sitio  (LUGAR  –  topografia,  entorno,  clima,  Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das 
realidade social, etc...) e fazendo referência ao Programa ‐ “o que preciso fazer”.  Missões  ‐  URI  ‐  Câmpus  de  Frederico  Westphalen,  e,  tendo  em  vista  os  bons  resultados 
Módulo  2  –  Zoneamento  em  3D  com  Memorial  de  Intenções  e  Pesquisa  Esta  etapa  é  o  obtidos,  tanto  na  sua  prévia  aplicação,  quanto  na  visita  às  demais  Instituições  de  Ensino 
momento de “visualizar” como se imagina a edificação, partindo do repertório adquirido e  Superior  (IES)  optadas  entre  as  de  maior  referência  no  Estado  do  Rio  Grande  Do  Sul,  a 
os  estudos  do  lugar  e  do  programa.    Através  de  pesquisas  e  o  memorial  de  intenções  metodologia  aplicável  às  disciplinas  de  Projeto  sintetizada,  segue  como  proposta  de 
(predominantemente  com  croquis)  o  acadêmico  agrega  repertório  sobre  materiais,  novas  utilização  à  comunidade  acadêmica,  ressaltando  que  deve  ser  desenvolvida, 
tecnologias, eixos compositivos e demais argumentos que podem vir a justificar o projeto, ou  concomitantemente  com  a  interdisciplinaridade,  para  maior  qualidade  na  compreensão  e 
apenas contribuir para o conhecimento e, talvez futuramente, agregar em outra proposta. A  criação  dos  Projetos  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  visando  a  melhorar  o  desempenho  e 
ideia  desta  fase  é  que  o  aluno  experimente,  faça  testes  e  desenvolva  pré‐propostas  para  formação dos acadêmicos. 
solução  arquitetônica,  partindo  do  estudo  anterior,  mas  que,  principalmente,  adquira  A metodologia elaborada tem sido discutida nas as reuniões de Colegiado e Núcleo Docente 
repertório  teórico,  visando  a  atender  os  itens  do  quaterno,  pois  qualquer  profissional  que  Estruturado (NDE), a fim de aplicá‐la dentro dos conceitos de interdisciplinaridade, e porque 
tem teoria faz melhor a prática.  deve  haver  concordância  e  contribuição  entre  o  Colegiado  do  Curso,  na  busca  de  oferecer 
Módulo  3  –  Partido.  É  um  conjunto  de  diretrizes  gerais  que  serão  determinantes  para  o  subsídios suficientes, para que esta possa ser aplicada, plenamente, formando profissionais 
projeto  arquitetônico,  tais  como  distribuição  do  programa  do  edifício,  conformação  capazes de trabalhar os conceitos da academia aplicados às necessidades da realidade social. 
topográfica  do  terreno,  a  orientação  e  o  clima,  o  sistema  estrutural  adotado,  as  condições  Ao expandir os horizontes desta pesquisa, estudando não só o ensino da disciplina de Projeto 
locais,  a  coerência  com  as  condições  econômicas  disponíveis,  as  codificações  das  posturas  de Arquitetura, mas também as demais disciplinas e condições que dão subsídios à esta, foi 
que  regulamentam  as  construções,  o  entorno  da  obra  e,  principalmente,  as  intenções  possível  ir  muito  além  com  seus  resultados,  propondo  melhorias  em  todos  os  aspectos  do 
plásticas do  arquiteto,  e  diz respeito à  distribuição  das massas construídas  no  terreno, aos  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo,  e  dentre  estas  ainda  ficam  algumas  propostas  e 
volumes  das  edificações,  à  proporção  entre  cheios  e  vazios,  às  superfícies  iluminadas  e  ideologias, que surgem diante desta busca pela qualidade associada a troca de experiências, 
sombras,  e  aos  principais  materiais  e  técnicas  construtivas  a  serem  empregados.  Partido  como a trazida por um de nossos professores de um intercâmbio na UBA ‐ Universidade de 
horizontal é aquele em que predominam as circulações horizontais e partido vertical, aquele  Buenos  Aires  ‐  Argentina,  que  possui  uma  das  melhores  Faculdades  de  Arquitetura  e 
em que predominam as circulações verticais. Esta fase busca desenvolver, a partir do estudo  Urbanismo  da  América  Latina,  a  FADU  –  Facultad  de  Arquitectura,  Diseño  &  Urbanismo, 
das  formas,  o  projeto  de  estudo,  buscando  atender  os  quatro  itens  da  quaterna  com  professor  Cristhian  Moreira  Brum  ressalta  que  o  ideal  é  que  todas  as  disciplinas  que 
coerência, sensatez e pertinência. Assim, a partir disso, será possível chegar às tão desejadas  acontecem  paralelas  à  Projeto  ‐  A,  de  uma  maneira  direta  contribuam  com  as  etapas  de 
beleza, funcionalidade e sustentabilidade.  elaboração  do  projeto  arquitetônico,  de  maneira  que  os  planos  de  ensino  das  mesmas 
Anteprojeto:  É  o  objetivo  geral  da  disciplina,  obter  a  solução  ou  proposta  arquitetônica.  estejam  voltados  a  este  grande  alvo  otimizando  tempo  e  aplicando  o  conhecimento 
Porém, as ideias definidas e defendidas nas etapas anteriores devem ser justificadas e estar  adquirido  diretamente  no  projeto  de  arquitetura,  fazendo  os  acadêmicos  trabalharem  a 
coerentes  nesta  fase  do  processo  do  projeto,  de  forma  detalhada  a  fim  de  explicitar,  da  interdisciplinaridade integralmente.  
melhor  maneira  possível  e  com  tudo  o  que  for  necessário,  a  ideia  e/ou  a  proposta 
arquitetônica  elaborada.  Apenas  no  TFG  (Trabalho  Final  de  Graduação)  os  acadêmicos  vão 
além desta etapa, elaborando a partir da proposta arquitetônica do anteprojeto um projeto 
executivo pronto para ser realizado. 
Dentro de todo este processo é que surge a explicação formal, seja ela qual for, deve ser bem 
argumentada e explicita no projeto. Para estes módulos compete ao professor especificar os 
itens mínimos obrigatórios à entrega, a fim de auxiliar a conduzir o acadêmico à uma melhor   
compreensão deste processo, bem como do projeto em si.  Figura 3: Esquema de contribuição das disciplinas paralelas com Projeto ‐ A 
Fonte: BRUM, 2014. 
Cabe ressaltar que mesmo esta metodologia sendo dividida em módulos, de maneira alguma 
eles  devem  ser  trabalhados  de  forma  isolada,  pelo  contrário,  em  Projeto  de  Arquitetura,  Sem  dúvida  é  um  grande  desafio  para  qualquer  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  que 
deve‐se pensar no todo, em sua coerência e pertinência.  busque  a  excelência,  trabalhar,  dentro  de  uma  equipe  conciliando  o  conhecimento, 
experiências e aspirações de todos os profissionais em prol deste ensinamento em comum, 
mas  é  este  o  foco  e  objetivo  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  URI  –  Câmpus  de 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  643   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  644 

Frederico Westphalen.  MARTINEZ, A.C. Ensaio sobre o projeto. Brasília: Universidade de Brasília, 2000. 

Acredita‐se  ainda,  que  o  ideal  para  disciplina  de  Projeto  de  Arquitetura  seria  que  fosse  MONTENEGRO, G. A. A invenção do projeto. 4.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1987. 
realizada  em  dois  semestres,  ou  seja,  um  ano,  dando  mais  liberdade  aos  orientadores  PDI‐ Plano de Desenvolvimento Institucional ‐ FURI, 2011 – 2015. 
trabalharem  todos  os  assuntos  pertinentes  e  atendendo,  de  forma  mais  eficaz,  a  todas  as  PPC ‐ Projeto Político‐Pedagógico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica 
especificações  e demanda de conteúdo que está possui. Porém, por  enquanto,  esta é uma  do Rio Grande do Sul – PUC – RS, 2011. 
realidade  apenas  para  algumas  escolas  de  Arquitetura  de  Países desenvolvidos  (EX.  FAUP  ‐  PPC ‐ Projeto Político‐Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Regional Integrada do 
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto – Portugal).  Alto Uruguai e das Missões – URI, 2011.   
Para finalizar, uma citação de Mahfuz, que expressa, claramente, o objetivo da aplicação dos  PPI‐ Projeto Político‐Pedagógico Institucional ‐ FURI, 2012.   
resultados deste trabalho.  SILVA, E. Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: UFRGS, 2006. 
Se  o  projeto  não  pode  ser  ensinado,  como  dizem  muitos,  certamente  pode  ser     
aprendido. Esse aprendizado se dá na própria prática de projetos, pela repetição de 
um  procedimento  e  pelo  acúmulo  de  conhecimentos que  acarreta.  A transmissão 
de conhecimentos arquitetônicos se dá também, por exemplo, seja apresentando e 
discutindo  projetos  do  próprio  professor,  seja  pelo  estudo  de  arquiteturas 
exemplares. (MAHFUZ, 2003). 

AGRADECIMENTOS

Agradecemos,  primeiramente  à  nossa  Instituição,  Universidade  Regional  Integrada  do  Alto 


Uruguai  e  das  Missões  –  URI  –  Câmpus  de  Frederico  Westphalen,  pela  oportunidade  de 
realizar  esta  pesquisa,  que  tanto  agregou  em  conhecimento  e  resultados  para  o  Curso  de 
Arquitetura e Urbanismo. 
Agradecemos,  também, a todas as  Universidades, Faculdades  e Centros  Universitários,  que 
abriram suas portas e tão bem nos receberam, em especial os professores e coordenadores 
que  nos  acompanharam  e  compuseram,  de  uma  forma  ou  de  outra,  os  resultados  obtidos 
por  esta  pesquisa,  além,  é  claro,  de  da  oportunidade  de  firmar  parcerias,  para  eventos  e 
intercâmbio de conhecimento, nosso sincero agradecimento por terem tornado isso possível. 
Em  especial,  agradecer  à  orientadora  e  idealizadora  desta  pesquisa,  professora  Alessandra 
Gobbi Santos, que esteve presente em todas as visitações e debates relacionados ao tema, 
compondo um papel fundamental no sucesso da mesma. 

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532: Elaboração de projetos de edificações – 
Arquitetura. Rio de Janeiro. 1995.   
BAKER, G. H.; Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
CASTRO, C. de M.; A Mão Inteligente. São Paulo: O Estado de São Paulo, 14, dezembro, 2011. 
COSTA, L.; O ensino do desenho. IPHAN, 1940. 
KOWALTOWSKI, D. C. C. K; [et. al.]; O processo de projeto em arquitetura. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 
MAHFUZ, E. C. O Mito da Criatividade em Arquitetura, 2003. 
MAHFUZ, E. C. Reflexões sobre a construção da forma pertinente. In: Projetar 2003: desafios e conquistas da 
pesquisa e do ensino de projeto, 2003. p. 32‐48. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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Revisão de Projeto Pedagógico, uma oportunidade para a reflexão  2 SOROCABA E A UNISO


sobre o ensino de arquitetura e urbanismo  Ainda no século XVI, a procura por minério na região originou as primeiras povoações nessa 
região do interior paulista. No século XVII, a construção da Igreja de Nossa Senhora da Ponte 
Luiz Antonio de Paula NUNES  levou à fundação do povoado que mais tarde chamou‐se Sorocaba. 
Universidade de Sorocaba ‐ UNISO; [email protected] 
Rebeca Cavalcante Albuquerque da SILVA  O século  XVIII foi fundamental para o  desenvolvimento comercial inaugurado pelo ciclo do 
Universidade de Sorocaba ‐ UNISO; [email protected]  Tropeirismo,  fazendo  com  que  Sorocaba  tornasse‐se  sede  das  Feiras  de  Muares,  reunindo 
  comerciantes das regiões norte e sul do Brasil e tornando conhecida a manufatura da região 
e o pioneirismo no campo metalúrgico quando, em 12 de novembro de 1818, correram dos 
RESUMO  altos fornos o metal da Real Fábrica do Ipanema. 
Este  artigo  retoma,  revê  e  atualiza  o  que  foi  publicado  nos  anais  do  Congresso  Internacional  “O  que  é  uma 
escola  de  Projeto  na  contemporaneidade  –  Questões  de  ensino  e  critica  do  conhecimento  em  Arquitetura  e  Pequenas  indústrias  caseiras  surgiram  ao  longo  do  século  XIX,  assim  como  a  nascente 
Urbanismo”, realizado em São Paulo, em Setembro de 2013. Esse documento, elaborado pelo Núcleo Docente  indústria têxtil, cuja produção era escoada pela Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 
Estruturante – NDE – do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sorocaba – UNISO – serviu de 
1875,  transformando  Sorocaba  num  dos  maiores  parques  industriais  do  interior  de  São 
base para a revisão  do Projeto Pedagógico do curso durante o primeiro semestre de 2014. O presente artigo 
registra o processo, incorpora dados de uma pesquisa de Iniciação Científica desenvolvida na UNISO, trás uma  Paulo, justificando ser chamada de "Manchester Paulista".  
reflexão sobre os conceitos debatidos nesses processos e avalia os primeiros resultados obtidos em termos de  Esse processo histórico chega ao século XX dando impulso ao setor educacional, origem da 
práticas pedagógicas para o curso da UNISO como contribuição ao debate nacional. 
Uniso, com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, criada em 1951, até que, 
PALAVRAS‐CHAVE: práticas pedagógicas, diretrizes curriculares, matriz curricular  em 13 de setembro de 1994, chegou‐se à criação da Universidade de Sorocaba – Uniso, que 
  agora completa 20 anos.  
Em 30 de julho de 1999, foi inaugurado o Campus da Cidade Universitária. Durante os anos 
1 INTRODUÇÃO que  se  seguiram  vários  foram  os  cursos  que  tiveram  início  e  a  capacidade  das  instalações 
foram  constantemente  ampliadas,  especialmente  os  laboratórios  e  os  programas  de 
A  Universidade  de  Sorocaba  ‐  UNISO,  apesar  de  tradicional  na  região,  possui  o  curso  de  mestrado  e  doutorado,  até  que,  em  2009,  a  Universidade  iniciou  o  funcionamento  dos 
arquitetura  e  urbanismo  mais  novo  da  recém  criada  Região  Metropolitana  de  Sorocaba.  Cursos  Superiores  de  Tecnologia  em  Design  de  Interiores,  Design  do  Produto  e  Gestão  da 
Criado em 2010, terá a formação de sua primeira turma no final deste ano.  Qualidade, além do bacharelado em Design e, em 2010, iniciaram as atividades dos cursos de 
Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil, dentre outros. 
Como  um  curso  que  vem  sendo  construído  ao  longo  destes  cinco  anos,  seu  Projeto 
Pedagógico  tem  sofrido  pequenas  alterações  para  se  adequar,  mas  no  momento  que  seu  Atualmente, Sorocaba é a quarta mais populosa cidade do interior de São Paulo (precedida 
corpo docente está praticamente estruturado como um todo, é natural que um processo de  por  Campinas,  São  José  dos  Campos  e  Ribeirão  Preto),  com  uma  população  de  586.625 
reflexão sobre as ações e resultados obtidos levem à formulação de uma nova proposta. Isso  habitantes  (IBGE,  2010).  A  Região  Metropolitana  de  Sorocaba1  soma  mais  de  1.500.000 
levou  inclusive  ao  desenvolvimento  de  uma  pesquisa  de  Iniciação  Científica,  sob  o  título  habitantes distribuídos em uma área superior a 456,0 km², sendo 349,2 km² de área urbana 
“Arquitetos e Arquitetura, Profissão e Formação. Um Estudo Sobre a Região de Sorocaba/SP”,                                                              
cuja aluna bolsista, Rebeca Cavalcante Albuquerque da Silva, é coautora deste artigo. 
1
 Em março de 2014, foi sancionada a lei que cria a Região Metropolitana de Sorocaba. Mantendo limite 
Este artigo registra esse processo, muito rico do ponto de vista institucional, mas que ainda 
territorial com as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas, a região é composta por 26 cidades: 
não terminou, para que assim possa, mais uma vez, servir como um documento de diálogo  Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, 
para  a  continuidade  do  processo  de  reflexão  sobre  o  ensino  e  a  formação  do  arquiteto  e  Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Miguel 
urbanista nessa região do interior paulista e dessa forma estabelecer uma relação necessária  Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí, Tietê e Votorantim, concentrando aproximadamente 
entre a formação profissional e as demandas da sociedade.  quase 1,7 milhões de habitantes. Tem como característica a atividade industrial voltada à inovação e ao 
Registrar  esse  processo  é  o  objetivo  principal  deste  artigo,  além  de  trazer  o  relato  dessa  desenvolvimento científico e tecnológico. Os empregos formais estão concentrados (96,9%) nas atividades 
experiência como uma contribuição ao debate que se propõe no Encontro Nacional sobre o  urbanas, sendo 36,88% no setor de serviços, 36,08% na indústria e 20,72% no comércio. A ocupação na 
Ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  sobre  as  práticas  pedagógicas,  tão  importantes  para  a  construção civil representa 3,22% e na agropecuária representa 3,10% do total. Sorocaba se sobressai com 
formação das novas gerações de arquitetos e urbanistas.  38,7% dos empregos da região, seguida por Itu, com 11,5% (dados da EMPLASA, Empresa Paulista de 
Planejamento Metropolitano SA, disponíveis em: 
http://www.emplasa.sp.gov.br/emplasa/Publicacoes/Noticias/2014/arquivo/N_08_05_2014_Sorocaba_NovaR
M_SP.html. 
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e  106,8  km² de área  rural. A  cidade  registra uma  diversificação  econômica raramente vista  sendo destes, 78 somente no estado de São Paulo1. Sorocaba e sua região contribuem com 


em outros municípios brasileiros. De acordo com dados da Prefeitura Municipal, Sorocaba é  apenas  três  instituições,  duas  delas  em  Sorocaba:  UNIP  –  Universidade  Paulista  e  UNISO  – 
a quinta cidade em desenvolvimento econômico do estado, com investimentos da ordem de  Universidade de Sorocaba e uma em Salto: CEUNSP – Faculdade de Engenharia e Arquitetura 
3.500.000.000  de  dólares,  com  5.000.000.000  de  dólares  de  Produto  Interno  Bruto  (PIB).  do  Centro  Universitário  Nossa  Senhora  do  Patrocínio,  conforme  pode  ser  visto  na  figura  1. 
Suas  indústrias  exportam  para  mais  de  115  países  gerando  impostos  da  ordem  de  Logo  ao  observar  o  mapa  com  a  localização  das  Instituições,  se  nota  a  concentração  em 
370.000.000 de dólares por ano. Existem em Sorocaba cerca de 1.700 indústrias instaladas,  apenas  duas,  das  vinte  e  seis  cidades  da  região.  Também  fazendo  uma  relação 
15.300  pontos  de  comércio,  9.900  prestadores  de  serviço  e  25.000  trabalhadores  população/curso  temos  um  índice  de  544.657  hab/curso,  que  é  bem  próximo  comparando 
autônomos.  com o índice de 660.752 hab/curso da RM de São Paulo que abrange trinta e nove cidades 
contabilizando  19.822,572  de  habitantes,  sem  nem  citar  sua  extensão  territorial;  e  bem 
Nesse cenário a Uniso mantém sua missão, que é “Ser uma Universidade Comunitária que, 
acima  dos  389.690  hab/curso  da  RM  de  Campinas  com  suas  vinte  cidades  e  2.338,144 
através  da  integração  de  ensino,  pesquisa  e  extensão,  produza  conhecimentos  e  forme 
habitantes.  
profissionais,  em  Sorocaba  e  região,  para  serem  agentes  de  mudanças  sociais,  à  luz  de 
princípios cristãos”.   Até 1978,  a região  obtinha  uma  grave lacuna  no ensino  superior  voltado  a  construção  civil 
tendo como essa data a construção de sua primeira instituição, a Faculdade de Engenharia 
Os  princípios  filosóficos  gerais  da  Uniso,  explicitados  em  seu  Projeto  Pedagógico 
de  Sorocaba  (FACENS)  com  os  cursos  de  engenharia  civil  e  elétrica  .  A  primeira  turma  a 
Institucional,  norteiam  os  pressupostos  implementadores  do  processo  de  formação  dos 
formarem‐se arquitetos e urbanistas é datada em meados de 2004 pelo CEUNSP em Salto, 
Arquitetos  e  Urbanistas,  quais  sejam:  Liberdade  e  autonomia  dos  sujeitos  do  processo 
tendo a demanda por profissionais da categoria supridos por engenheiros civis e arquitetos 
educativo; Valorização do trabalho pedagógico; Melhoria continuada da qualidade de ensino, 
pesquisa e extensão; Compromisso institucional com a realização permanente dos objetivos  vindos da capital.  
e das funções da Universidade e da vivência comunitária; Compromisso com a ética e com as  No  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  UNISO  houve  um  grande  acréscimo  de  novas 
práticas democráticas.  matrículas, ocorridas no período matutino, muito provavelmente em decorrência da política 
interna de valores adotada, e com uma característica predominantemente regional. Cerca de 
50%  dos  discentes  são  da  cidade  de  Sorocaba,  os  outros  50%  estão  distribuídos  em 
3 SOROCABA E O CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO municípios da região, de Ibiúna a Boituva e Itapetininga. De qualquer forma, cabe ressaltar 
que  mais  de  50% dos  ingressantes  afirmam escolher a  UNISO pela  qualidade de ensino  de 
A  região  de  Sorocaba,  e  particularmente  o  município  de  Sorocaba,  apresenta  franco  um  modo  geral,  muito  provavelmente  reconhecida  pela  tradição  da  instituição,  e  pela 
desenvolvimento  em  vários  setores  produtivos  (indústria,  comércio  e  serviços),  todos  qualidade do curso especificamente. Ainda que seja um curso recente, sem nenhuma turma 
demandando intrinsecamente melhores condições efetivas de profissionais qualificados para  formada, o mesmo tem se destacado na mídia regional. 
atender  a  tal  demanda.  Por  essa  razão,  o  Projeto  Pedagógico  do  curso  deve, 
obrigatoriamente, considerar o mercado de trabalho da região, como prescreve o item 12.11  A esse fenômeno devemos acrescentar o fato que, nos últimos anos, presenciamos no Brasil 
do Anexo ao Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação – PNE – no sentido de entender  um  melhor  processo  de  distribuição  de  renda,  o  que  corresponde  à  ascensão  de  muitas 
como  estratégica  a  análise  da  “necessidade  de  articulação  entre  formação,  currículo  e  famílias à classe média. Isso, aliado a outras políticas de inclusão, fez com que o ingresso no 
mundo do trabalho, considerando as necessidades econômicas, sociais e culturais do País”.  ensino  superior  observa‐se  significativo  aumento,  especialmente  a  partir  de  2007.  O  PNE 
reforça essa tendência ao colocar como meta, para o período de 2011 a 2020, “Elevar a taxa 
Por outro lado, precisamos observar que essas necessidades são diferentes em cada região e  bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 
que  a  distribuição  desses  profissionais  qualificados  não  se  dá  uniformemente  no  território  18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta”. 
Podemos  observar  o  “espraiamento”  dos  cursos  de  Arquitetura  e  Urbanismo  no  país,  com 
quase 300 cursos em 27 unidades da federação e 147 cidades e, particularmente no Sudeste  Nesse cenário,  as Instituições  de  Ensino Superior privadas  passaram a responder por cerca 
e, mais ainda, no estado de São Paulo, onde se concentram quase 100 cursos em 36 cidades.  de  dois  terços  de  todos  os  alunos  do  ensino  superior  com  perfil  socioeconômico 
correspondente  à  chamada  “Classe  C”.  No  caso  do  curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da 
Isso nos leva a crer que a atuação dos egressos será predominantemente regional, uma vez  UNISO, a renda média do aluno é de 3 salários mínimos, ligeiramente acima da média geral 
que, o ingressante pode escolher um curso mais próximo à sua residência, eliminando custos  da universidade, que é de 2,85 salários mínimos, mas abaixo de diversos outros cursos, como 
adicionais de hospedagem, transporte e alimentação. Isso pode ser visto como um ganho do  o próprio bacharelado em Design. 
ponto de vista regional, que terá um profissional mais afeto à realidade local, mas também 
temos um prejuízo do ponto de vista da troca de informações e saberes complementares.  Esse aluno, em média, é aquele que trabalha e estuda à noite, custeia a própria faculdade e é 
o  responsável,  ou  ao  menos  auxilia,  na  composição  do  orçamento  doméstico.  No  caso  da 
Segundo a ABEA (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo) até março de                                                              
2013 o Brasil somava 293 instituições responsáveis pelo ensino de Arquitetura e Urbanismo, 
1
 ABEA ‐ Cursos de Arquitetura e Urbanismo, publicado em http://www.abea‐arq.org.br/?page_id=11 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  649   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  650 

UNISO, apenas cerca de 25% são exclusivamente estudantes.  para as indústrias, além de demandas no campo do planejamento urbano; 
A  idade  média,  principalmente  para  as  turmas  do  noturno,  está  um  pouco  acima  da  faixa  4 ‐ A mobilidade urbana e intrarregional, tão precária hoje, que torna‐se uma pedra de toque 
etária  considerada  como  universitária  (18  a  24  anos),  a  maioria  fez  o  ensino  médio  em  da  questão  metropolitana  e  macrometropolitana,  principalmente  ao  considerarmos  o 
escolas públicas e pertence, muitas vezes, à primeira geração de universitários na família, o  transporte público, a densidade urbana e os locais de trabalho. 
que lhes empresta um valor simbólico importante. 
O mercado de trabalho  do arquiteto também deve ser visto à luz do censo elaborado pelo 
De  qualquer  forma,  essas  novas  características,  tanto  de  público  como  de  realidade  CAU/BR. Segundo esse trabalho1 o estado de São Paulo, até dezembro de 2012, concentrava 
educacional, passam a exigir mudanças significativas nas estruturas curriculares tradicionais  54% dos arquitetos do país (total de 30.153 arquitetos). A Região de Sorocaba soma o total 
e  demandam  aprofundamento  da  discussão,  para  conhecer  melhor  essas  novas  realidades  de  811  profissionais  cadastrados  no  Conselho.  Na  região  de  Sorocaba  o  número  de 
(regional,  nacional  e  global)  e,  consequentemente,  adequar  o  Projeto  Pedagógico  a  todos  arquitetos  ativos  por  município  apresenta  grandes  discrepâncias,  como  alguns  municípios 
esses aspectos.  sem  arquitetos  e  urbanistas  residentes,  enquanto  outros  apresentam  grande  número, 
principalmente aqueles que possuem cursos de arquitetura em suas sedes, como é o caso de 
A  primeira  questão que  se coloca sempre ao  se  rever um  Projeto  Pedagógico  é  sobre  qual 
tipo de profissional queremos formar e sobre o que os estudantes querem com seu curso. O  Sorocaba (dois cursos) e Itu / Salto (um curso). Esse quadro se apresenta da seguinte forma: 
primeiro ponto que precisamos considerar é que devemos trabalhar com o “aluno REAL”, não  Quadro 1 – Arquitetos e Urbanistas ativos na região de Sorocaba 
com  o  “aluno  IDEAL”.  Ignorar  isso  é  impedir  que  o  aluno  aprenda  e  desenvolva  as  Número de 
Município 
competências  necessárias  para  o  ofício  do  arquiteto,  que  são,  principalmente,  as  Arquitetos 
capacidades de planejar e projetar, e assim  transformar sonhos em realidade. Nosso aluno  02  Alambari 
real  tem  todas  as  dificuldades  inerentes  a  esse  processo  de  transformação  pelo  qual 
05  Alumínio 
passamos e que ainda exigirá décadas para alcançar o nível mais adequado e próximo do que 
12  Araçoiaba da Serra 
imaginamos de ideal para o ensino superior. Precisamos então adotar posturas condizentes 
com essa realidade.  09  Araçariguama 
00  Boituva 
Sem  dúvida,  como  preconizam  as  diretrizes  curriculares,  queremos  um  profissional 
generalista, mas além disso, deve ser  essencialmente teórico  e conceitual ou devemos nos  00  Capela do Alto 
preocupar  com  a  empregabilidade  e  o  empreendedorismo?  Afinal  esses  são  fatores  00  Cerquilho 
preponderantes  para  inserção  do  recém  formado  na  sociedade  através  do  mercado  de  04  Cesário Lange 
trabalho, e sua adequação às necessidades de qualificação profissional.  05  Ibiúna 
Nesse  sentido,  o  questionamento  que  se  segue  é:  que  tipo  de  profissional  tem  melhor  04  Iperó 
inserção no mercado de trabalho regional? Quais as perspectivas e potenciais desse mercado  145  Itu 
de trabalho? Quais são as competências indispensáveis para o arquiteto atuar e se preparar 
17  Jumirim 
para o futuro da região?  
08  Mairinque 
Para respondermos a essas questões é indispensável fazermos uma análise sobre essa nova 
10  Piedade 
realidade regional, onde, na Região Metropolitana de Sorocaba, pelo menos quatro aspectos 
nos chamaram atenção:  00  Pilar do Sul 
24  Porto Feliz 
1  –  O  fato  de  vários  municípios  da  região  de  Sorocaba,  mesmo  os  menores,  estarem 
45  Salto 
implantando  suas  equipes  de  projeto  e  planejamento  urbano  e,  consequentemente, 
discutirem tanto a realidade regional como o planejamento estratégico e ambiental em nível  00  Salto de Pirapora 
local e metropolitano;  43  São Roque 

2  –  A  necessidade  de  construção  de  muitos  equipamentos  públicos,  áreas  de  convivência  03  São Miguel Arcanjo 
cobertas  e  descobertas,  públicas  e  semi  públicas,  além  do  atendimento  da  crescente  00  Sarapui 
demanda  habitacional,  incluindo  aqui  enfrentamento  às  ocupações  em  áreas  de  risco  e 
necessidade de regularização fundiária;                                                              
3 ‐ A notória complexidade e potencial de desenvolvimento do parque industrial, que exige  1
 Censo CAU/BR disponível em  
constante atualização tecnológica, estudo de plantas e programas arquitetônicos específicos 
http://www.caubr.gov.br/censo/resource/site/pdf/nacional/Censo‐CAU‐e 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  651   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  652 

409  Sorocaba  Levando ainda em consideração que todos esses aspectos devem estabelecer diálogos com o 


00  Tapiraí  “estado  da  arte”  da  arquitetura  e  urbanismo  contemporâneos,  com  as  tendências  e 
preocupações  crescentes  na  área  da  sustentabilidade,  e  com  as  competências  que 
30  Tatuí 
precisamos  desenvolver  junto  aos  alunos  e  que  nortearam  a  discussão  e  elaboração  do 
08  Tiete 
Projeto  Pedagógico  do  curso,  a  fim  de  torná‐lo  compatível  tanto  com  a  realidade  do 
28  Votorantim  estudante  como  da  região  que  o  curso  se  insere,  tornando‐os  agentes  atuantes  e 
Fonte: CAU, quaadro elaborado por Rebeca Cavalcante  transformadores dessa mesma realidade. 
Outro  aspecto  interessante  a  ser  destacado  em  relação  ao  mercado  de  trabalho  é  a  Sendo  assim,  para  atingir  esses  objetivos,  a  prática  pedagógica  do  curso  de  arquitetura  e 
quantidade ínfima de estabelecimentos cadastrados no CAGED (Cadastro Geral de Empregos  urbanismo  deve  estabelecer  fortes  vínculos  com  a  realidade  local  e  regional  e  com  novas 
e Desempregos do Ministério do Trabalho), mostrando que o perfil do arquiteto e urbanista  formas  de  criação,  organização  e  construção  do  espaço,  o  que  exige  capacitação  e 
da  região  de  Sorocaba  é  o  de  profissional  liberal.  Comprovando  esses  dados  o  Censo  CAU  conhecimento  de  novos  instrumentais  técnicos  e  estéticos  que  propiciem  maior 
aponta que apenas 20,67% dos arquitetos no Brasil possui pessoa jurídica. Acredita‐se que os  competitividade e produtividade nos desafios deste novo cenário. 
estabelecimentos  que  compõem  essa  tabela  são  o  serviço  publico,  grandes  indústrias  e 
Para isso, o estudante de arquitetura e urbanismo deve ter à sua disposição uma instituição e 
empresas, e instituições de ensino.  
um conjunto de professores preocupados com sua formação humanista e comunitária, que 
Com  um  numero  tão baixo  de  estabelecimentos,  o  número de  Admissões e Desligamentos  estimulem sua íntima ligação aos problemas locais, de forma que participe da elaboração de 
que  é  o  outro  fator  observado,  revela  que  é  discrepante  a  sua  relação.  Em  alguns  meses  propostas  que  encaminhem  soluções  para  as  necessidades  espaciais  e  ambientais  das 
(outubro,  novembro  de  2013,  fevereiro,  maio  e  junho  de  2014)  a  quantidade  de  comunidades de Sorocaba e região e seus indivíduos em particular, contemplando aspectos 
desligamentos  chegou  a  ser  maior  que  o  número  de  estabelecimentos  cadastrados,  sendo  sociais, culturais, ambientais, técnicos e estéticos pertinentes ao desenvolvimento histórico e 
que em apenas dois meses (junho e agosto de 2013) o numero de Admissões consegue ser  tecnológico, de maneira compatível com o processo de transformação desejado. 
igual  ou maior  que  o  numero  de  estabelecimentos.  Vale  lembrar  que  meses  como  janeiro, 
fevereiro, junho, julho e dezembro tem uma alta significativa nos desligamentos em todos os 
setores  de  trabalho  que  não  sejam  voltados  ao  comércio  e  o  lazer  devido  ao  período  de  4 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A MATRIZ CURRICULAR
festas e férias.  
Mas como deve ser o ensino da arquitetura? Da velha questão da arte versus técnica, prática 
Quadro 2 – Setores de arquitetura e urbanismo1 ‐ Admissões e Desligamentos Agregados 
versus  teoria,  o  papel  social  do  arquiteto  versus  a  imposição  do  mercado,  da  realidade  às 
Mês / Ano  Estab. Decl.  Admissões  Desligamentos  Saldo mês  demandas que surgem com as peculiaridades de nosso país, estado, região e cidade. Qual é 
06/13  20  21  11  10  o ensino ideal para tantas questões?  
07/13  18  14  14  00 
Em  1959,  Vilanova  Artigas  (1981,  p.76)  já  respondia  a  mais  velha  das  questões  sobre  o 
08/13  20  20  18  02  ensino:  “As  duas  profissões  –  uma  é  essencialmente  técnica;  e  a  outra  também  tem 
09/13  22  19  18  01  conteúdo  artístico‐cultural  –  são  por  isso  contraditórias”,  contradição  essa  que  levou  à 
10/13  24  21  32  ‐11  criação do CAU  e  à Resolução  51/2013.  Sobre  esse  saber  especifico  Antônio  Carlos Barossi 
11/13  22  11  22  ‐11  (apud Pereira, 2008 p.124) diz que “nessa questão da arquitetura particular, arquitetura que 
12/13  13  13  16  ‐03  atende as demandas do país, está vinculada a essas especificidades culturais, essas formas, 
01/14  18  11  16  ‐05  essas  imagens,  esse  espaço,  essa  necessidade”,  necessidade  essa  de  um  conhecimento 
02/14  21  16  21  ‐05 
regionalista que dispõe do local como fonte de conhecimento e área de atuação.  
03/14  21  15  18  ‐03  Esses  parâmetros  devem  caracterizar  o  ensino,  como  afirma  Geraldo  Gomes  Serra  (apud 
04/14  18  14  18  ‐04  Pereira,  2008  p.360):  “Por  isso  as  escolas  de  arquitetura  não  podem  ser  idênticas,  mas 
05/14  22  11  29  ‐18  podem  tratar  de  temáticas  diferentes,  regionais  e  mais  adequadas  ao  seu  ambiente”,  mas 
06/14  17  14  22  ‐08  por  outro  lado,  é  fundamental  que  estejam  presentes  questões  contemporâneas,  como 
Fonte: CAGED, quadro elaborado por Rebeca Cavalcante 
sustentabilidade, meio ambiente e mobilidade. 
O  arquiteto  e  urbanista,  capaz  de  compreender  e  traduzir  as  necessidades  do  indivíduo 
                                                            
contemporâneo  e  da  sociedade  em  que  está  inserido  priorizará  o  aspecto  tecnológico  em 
1
 Setores de Atividades Econômicas inclusos: Serviços de Arquitetura (71111), Atividades Técnicas relacionadas  parceria  com  as  preocupações  humanistas  e  ambientais.  Este  conhecimento,  em  conjunto 
a Arquitetura e Engenharia (71197) e Atividades de Design e Decoração de Interiores (74102).  com  a  criatividade,  será  a  base  da  formação  deste  profissional,  permitindo  sua  atuação 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  653   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  654 

efetiva em áreas como a edificação, o paisagismo e o urbanismo, bem como a conservação  toda Matriz Curricular de qualquer curso no Brasil. 
do patrimônio construído e o equilíbrio do ambiente natural. 
Chegamos à conclusão que as disciplinas de caráter formativo não se esgotam nesses quatro 
Para  tanto  é  fundamental  considerarmos  o  fato  de  que  o  aluno  só  desenvolverá  as  campos  de  saber,  pois  há  uma  gama  ainda  maior  de  possibilidade  de  conhecimento  e 
competências  necessárias  se  tornarmos  o  processo  de  ensino  atraente.  Para  isso  é  integração.  No  entanto,  entendemos  que  deve  existir  ainda,  conteúdos,  ou  componentes 
importante  colocar  o  aluno  como  protagonista  do  processo,  e  não  como  coadjuvante,  curriculares,  que  devem  estar  no  abrigo  dos  campos  anteriores,  e  que  guardem  relação 
colocando o estudante em uma situação problema, sendo o professor apenas um facilitador  direta com a política geral da instituição e com a realidade regional da IES, oferecendo assim 
no  processo  e,  principalmente,  levar  em  conta  nesse  processo  que  a  possibilidade,  quase  um caráter pleno a essa Matriz. Nesse caso há um leque tão grande de possibilidades quão 
infinita,  de  acesso  à  informação  que  dispomos  hoje  em  dia,  principalmente  pela  internet,  grande é a diversidade das realidades locais e regionais de um país continental como o Brasil, 
caracteriza esse aluno não mais como um “acumulador de dados”, mas sim como um “gestor  com todas as suas peculiaridades e desigualdades. 
de informações”. 
Nesse  sentido,  a  IES  pode  e  deve  se  utilizar  de  recursos  que  disponha  em  outros  cursos  e 
No curso de arquitetura e urbanismo, trabalhar com projetos que apresentem soluções aos  áreas de conhecimento e oferecer aos alunos de arquitetura e urbanismo um leque ampliado 
problemas detectados a partir de análises e diagnósticos frente à realidade local e regional é  de disciplinas de formação, a fim de garantir essa característica generalista e contemporânea 
a maneira mais óbvia de atingir esses objetivos. No entanto, o que deve ser buscado, a fim  ao profissional‐cidadão que pretende oferecer ao mercado e à sociedade, tanto do ponto de 
do  projeto  assumir  um  caráter  mais  generalista,  deixando  de  ser  apenas  um  desenho  ou  vista nacional como regional. 
essencialmente  técnico,  é  a  maior  integração  possível  entre  os  diversos  componentes  Não é por outra razão que o Colegiado de curso decidiu, no caso da UNISO, rever seu Projeto 
curriculares de modo a permitir que essa prática seja ampliada. Essas questões devem estar 
Pedagógico  para  deixa‐lo  mais  explícito  nesse  caráter.  Esse  processo,  ainda  em  curso,  teve 
explícitas  no  Projeto  Pedagógico.  Para  isso,  a  Matriz  Curricular,  um  os  elementos  desse 
início com a instalação do Núcleo Docente Estruturante – NDE – em fevereiro de 2013 e a ele 
Projeto, acaba por se constituir na expressão dessa prática.  
se  agregou  a  estrutura  criada  pelos  professores  e  pesquisadores  do  grupo  de  estudos  do 
A  Lei  12.378/2010,  em  seu  artigo  2°,  define  as  atribuições  profissionais  do  arquiteto  e  Laboratório de Estudos sobre Habitação, Arquitetura e Urbanismo – LEHAU.  
urbanista, e em seu artigo 3°, define os campos da atuação profissional para o exercício da 
Como cabe ao NDE auxiliar o Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo na supervisão, 
arquitetura e urbanismo “a partir das diretrizes curriculares nacionais que dispõem sobre a  acompanhamento e avaliação do Projeto Pedagógico, esse órgão interno passou a ter papel 
formação  do  profissional  arquiteto  e  urbanista  nas  quais  os  núcleos  de  conhecimentos  de 
fundamental  na  promoção  de  reflexões  sobre  os  diversos  cenários  possíveis,  envolvendo 
fundamentação  e  de  conhecimentos  profissionais  caracterizam  a  unidade  de  atuação 
desde o perfil do estudante ingressante até o potencial do profissional egresso, considerando 
profissional”. No parágrafo 1° desse mesmo dispositivo a legislação incumbe o Conselho de  as  necessidades  e  características  regionais  e  a  linha  de  ensino  adotada  pelo  curso,  em 
Arquitetura  e  Urbanismo  do  Brasil  ‐  CAU/BR  de  especificar  quais  são  “as  áreas  de  atuação 
consonância  com  a  atualização  do  debate  nacional  sobre  a  formação  do  profissional 
privativas  dos  arquitetos  e  urbanistas”,  o  que  foi  feito  recentemente  através  da  Resolução  arquiteto,  ainda  mais  agora  quando  passamos  por  um  processo  de  consolidação  de  novas 
CAU/BR n° 51/2013.  estruturas  profissionais,  como  é  o  caso  do  Conselho  de  Arquitetura  e  Urbanismo  –  CAU,  e 
A  portaria  MEC  n°  1.770,  de  21  de  dezembro  de  1994,  fixou  as  diretrizes  curriculares  e  o  quando esse debate se reveste de nuances relacionadas com uma nova visão sobre a função 
conteúdo mínimo do curso de graduação em Arquitetura e  Urbanismo dividindo‐o em três  social do arquiteto. 
partes  interdependentes,  Matérias  de  Fundamentação,  Matérias  Profissionais  e  Trabalho 
Final de Graduação. A Resolução n° 02/2010 adotou outra terminologia e, em seu artigo 6°, 
definiu  os  “Núcleos  de  Conhecimento”  e  respectivos  “campos  de  saber”.  O  Núcleo  de  5 O PROCESSO DE REVISÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DO
Conhecimentos  de  Fundamentação  tem  quatro  campos  de  saber:  Estética  e  História  das  CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNISO
Artes;  Estudos  Sociais  e  Econômicos;  Estudos  Ambientais;  Desenho  e  Meios  de 
Representação e Expressão.  No Núcleo de Conhecimentos Profissionais temos os seguintes  Constatada  a  necessidade  de  revisão  do  Projeto  Pedagógico,  o  NDE  se  debruçou  numa 
campos  de  saber:  História  e  Teoria  da  Arquitetura  e  Urbanismo,  Técnicas  Retrospectivas,  análise preliminar que gerou um texto, escrito a várias mãos, apresentado, em setembro de 
Projeto de Arquitetura, de Urbanismo e de Paisagismo, Tecnologia da Construção, Sistemas  2013,  durante  o  Congresso  Internacional  “O  que  é  uma  escola  de  Projeto  na 
Estruturais, Conforto Ambiental, Topografia, Informática Aplicada à Arquitetura e Urbanismo  contemporaneidade  –  Questões  de  ensino  e  critica  do  conhecimento  em  Arquitetura  e 
e Planejamento Urbano e Regional.  Urbanismo”, São Paulo, de autoria dos membros do NDE, com o título: “A matriz curricular 
Esses  campos  de  saber  devem  oferecer  o  caráter  “generalista”  e  a  “caracterização  da  do curso de arquitetura e urbanismo – o caso do NDE na Universidade de Sorocaba – UNISO”. 
identidade  profissional  do  egresso”,  guardando  relação  direta  com  os  campos  de  atuação  Paralelamente,  o  coordenador  do  curso  participou,  em  25  e  26  de  julho  de  2013,  do 
profissional definidos pelo artigo 2° da Lei 12.378/2010 e com a Resolução CAU/BR n° 21, de  Seminário do  Conselho de Arquitetura  e  Urbanismo  – CAU BR – realizado em João Pessoa, 
05  de  abril  de  2010.  Ou  seja,  temos  aqui  definidos  requisitos  mínimos  de  formação  geral,  quando  várias organizações de arquitetos  e  urbanistas  brasileiros  se  reuniram para  discutir 
profissional  e  tecnológica  válidos  para  todo  o  território  nacional  e  que  devem  constar  de  propostas  ao  Conselho  Nacional  de  Educação  (CNE)  relativas  às  mudanças  nas  atuais 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  655   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  656 

diretrizes  curriculares  nacionais  do  curso  de  graduação  em  Arquitetura  e  Urbanismo,  componentes relacionados com EHA e HTAU ocupa 720 horas aula, ou seja, uma carga maior 
principalmente considerando as mudanças ocorridas nos últimos vinte anos na qualificação e  que  a dedicada ao componente curricular Projeto  (1 a 8 com 640 horas aula), três vezes o 
formação  e  no  processo  de  ensino  e  projeto,  como,  por  exemplo,  a  criação  do  CAU,  a  total de horas aula de todos os componentes de “Tecnologia das Construções” e mais que a 
atualização da carta da UNESCO/UIA sobre educação dos arquitetos”, e a necessidade de se  soma  (700  horas  aula)  de  todos  os  componentes  dos  campos  de  saber  de  Tecnologia, 
fortalecer o vínculo entre o conteúdo curricular, e a formação acadêmica, com a atribuição  Sistemas  Estruturais,  Topografia,  e  Conforto  Ambiental.  Aqui  não  se  coloca  em  dúvida  a 
legal  e  a  prática  profissional,  especialmente  levando  em  conta  as  definições  da  Resolução  importância  da  história  e  da  teoria  na  formação  do  arquiteto  e  urbanista,  mas 
51/2013.  evidentemente é necessária uma análise quanto ao tipo de profissional a ser formado, o que 
Portanto, esse artigo era, na época, apenas um exercício do Núcleo Docente Estruturante –  deve receber, nesse aspecto, um questionamento severo”; 
NDE  visando  reestruturar  seu  Projeto  Pedagógico,  mas  tornou‐se  elemento  básico  para  6 – “Muitos [componentes curriculares], inclusive teóricos, tem carga de 80 horas aula, o que 
reflexão e debate sobre o Projeto Pedagógico, de forma adequá‐lo o melhor possível ao que  corresponde  a  4  horas  aula  semanais.  Ora,  é  reconhecido  internacionalmente  que  aulas 
prescreve  a  normatização  sobre  o  tema,  à  realidade  da  instituição,  dos  corpos  docente  e  essencialmente  expositivas  com  duração  superior  a  50  minutos  (hora  relógio)  são 
discente e do mercado de trabalho da região.   inadequadas do ponto de vista pedagógico, mais ainda quando pensamos que se trata de um 
público, a chamada geração “Y”, cuja forma e velocidade de apreensão, e tempo de fixação, 
Após a apresentação desse artigo o NDE decidiu preparar uma proposta preliminar para levar 
está muito diferente de gerações anteriores. Nesse sentido é recomendável a distribuição de 
ao debate, dentro do Colegiado de curso, durante o primeiro semestre de 2014. Obedecendo 
carga  horária  de  maneira  que  limitemos  as  aulas  expositivas  a  2  horas  aula  seguidas  e 
a  um  extenso  cronograma  de  reuniões  que  envolveram  todos  os  docentes  e  também  os 
possamos  distribuir  carga  [...],  de  forma  a  perceber  uma  diversidade  maior  de  interações 
discentes,  especialmente  representantes de turma e  o Centro Acadêmico,  finalizou‐se  uma 
proposta que foi encaminhada para apreciação no Conselho Superior Universitário, visando  entre o conteúdo específico e os de projeto”; 
sua implementação a partir de 2015.  7  –  “Essa  proposta  deve  contemplar  maior  centralidade  ao  “Projeto”,  principalmente,  para 
oferecer  uma  real  oportunidade  de  compartilhamento  desse  campo  de  saber.  Uma  ideia  é 
Nesse  processo,  destacaram‐se  algumas  das  conclusões  do  texto  original  (NUNES,  2013), 
que, na definição da grade horária, se observe que, a cada dia da semana, haja pelo menos 2 
para efeito de determinação de diretrizes a serem observadas no debate que se seguiu: 
horas  aula  de  componentes  relacionados  com  o  campo  de  saber  do  Projeto  e  que  eles 
1 – “Entendemos que hoje já temos uma configuração adequada do corpo docente do curso,  fossem, obrigatoriamente, construídos de forma integrada, com o mesmo resultado final no 
uma  atuação  inicial  do  NDE,  como  organismo  que  pode  aprofundar  as  discussões  sobre  o  semestre, e ainda mais, que esse resultado fosse avaliado pelos estudantes e pelo conjunto 
PPP tornando‐o ainda mais compatível com o aluno que temos e o resultado que queremos,  de  professores  do  semestre,  o  que  deve  levar  em  conta  as  múltiplas  possibilidades  de 
mas  ainda  precisamos  avançar,  constantemente,  nas  discussões  sobre  o  planejamento,  o  interação e mútua influência no processo de construção do conhecimento”. 
aperfeiçoamento da matriz curricular e os investimentos necessários para termos o curso de 
arquitetura e urbanismo com a qualidade almejada”;  Aperfeiçoando o processo de discussão já em curso, ampliou‐se o debate e, em fevereiro de 
2013, elaborou‐se um primeiro esboço de reforma do Projeto Pedagógico, com o objetivo de 
2  –  “Um  aspecto  muito  positivo  da  Matriz  Curricular  da  Uniso  é  o  fato  de  “Projeto”,  ser  facilitar  o  debate  no  Colegiado.  Esse  esboço  foi  apresentado  ao  Colegiado  de  Curso  e  ao 
generalista  e  não  se  restringir ao  “Projeto Arquitetônico”,  mas  sempre  abranger  o  “Projeto  Colegiado Discente em 07 de março de 2014, a fim de que houvessem contribuições de um 
Urbanístico” como forma de levar o estudante a refletir constantemente sobre o edifício e o  modo geral antes do início da discussão.  
entorno. Outro ponto muito importante está na sequência da apropriação da escala, desde 
Recebidas  as  contribuições,  iniciou‐se,  em  21  de  março  de  2014,  um  primeiro  estágio  de 
pequenos espaços até a metrópole e ambientes especiais”; 
debates  com  reuniões  do  Colegiado  Discente  e  do  NDE,  abertas  aos  professores  e 
3  –  “Há  necessidade  de  aumentarmos  essa  carga  [horária  de  Projetos]  e  criarmos  novos  estudantes, seguindo cronograma de reuniões aprovado pelo Colegiado de curso. Destaca‐se 
componentes  como  resposta  às  demandas  sociais  e  novas  exigências  dos  cenários  que  nesse  processo  houve  um  amplo  e  participativo  debate  que  gerou  propostas 
profissionais,  à  luz  da  Lei  n°  12.378/2010,  Resolução  CAU/BR  n°  21/2012  e  da  recente  importantes para a reformulação do Projeto Pedagógico. 
resolução CAU/BR n° 51/2013”; 
Em abril de  2014, nova proposta era apresentada pelo NDE, incorporando as contribuições 
4  –  “É  interessante  reorganizar  a  inserção  de  determinados  componentes  para  que  os  anteriores  dos  professores  e  do  Colegiado  Discente.  Passou‐se  enfim  para  a  discussão  da 
estudantes  tenham  contato  com  esses  conteúdos  em  fases  mais  iniciais  do  curso,  além  de  nova  versão  da  Matriz  Curricular  e  definição  de  ementas,  sendo  que  a  proposta  final  foi 
adequar  o  nome  de  alguns  componentes  curriculares  para  que  se  guarde,  na  medida  do  apresentada e aprovada pelos Colegiados Docente e Discente no final de maio de 2014 e, em 
possível, uma relação direta na denominação desses componentes com a denominação dos  seguida, encaminhado o novo Projeto Pedagógico para avaliação e eventual aprovação pelo 
respectivos campos de saber”;  Conselho Universitário, processo ainda em curso. 
5  –  “Um  dos  pontos  que  mais  chama  atenção  é  certo  desequilíbrio,  em  termos  de  carga 
horária, entre componentes que privilegiam determinados campos de saber em detrimentos  A NOVA MATRIZ CURRICULAR E A PRÁTICA PEDAGÓGICA 
de outros. Isso é notório nos componentes ditos “teóricos”. A soma das cargas horárias dos  A Matriz Curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniso leva o estudante a refletir 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  657   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  658 

constantemente sobre o edifício e o entorno e sua sequência prevê a apropriação gradual da  Assim, apesar desse tema transversal oferecer certa centralidade ao projeto, como elemento 
escala espacial, desde pequenos espaços até a metrópole. Além disso, destaca‐se o fato dela  fundamental  para  o  arquiteto  e  urbanista,  é  nitidamente  o  esforço  de  integração  que 
ser  pensada,  essencialmente,  como  uma  atividade  integradora  entre  os  diversos  permite a formação generalista, como preconizado e desejado pelo MEC, CAU e docentes, e 
componentes  curriculares,  em  consonância  com  as  resoluções  já  citadas,  em  especial  a  que,  principalmente,  valoriza  o  trabalho  coletivo  e  os  diversos  “sabres”  da 
CAU/BR n° 51/2013, o que reforça a característica generalista do curso. A elaboração dessa  interdisciplinaridade, o que entendemos como essencial para o trabalho e para a arquitetura 
matriz se norteou por três princípios básicos:  e urbanismo contemporâneos, ou seja, realizado em equipe, e que exige, tanto de docentes 
como de estudantes, a generosidade do partilhar, conviver e respeitar a diversidade. 
•  "Alongar" o desenvolvimento, durante todo o curso (especialmente nos quatro primeiros 
anos),  do  conteúdo  de  todas  as  áreas  de  conhecimento:  Profissional  (incluindo  projetual  e  O  resultado desse debate,  seguido  das diretrizes elaboradas, resultou  na proposta de nova 
tecnológico); Expressão (incluindo as diversas formas de trabalhar os elementos, do desenho  Matriz Curricular, como segue: 
artístico  aos  mais  complexos  softwares);  Teórico  (incluindo  História  e  Teoria);  e  Quadro 3 – Matriz Curricular Proposta 
Fundamentação (de caráter generalista); 
Período / Tema  Componente Curricular 
•  "Reduzir"  a  carga  horária  semanal  de  componentes  caracteristicamente  mais  teóricos, 
Projeto 1: Fundamentos 
distribuindo‐a  em  maior  número  de  semestres,  a  fim  de:  permitir  a  melhor  absorção  do 
História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo 1 ‐ Do Clássico ao Barroco 
conteúdo, com a diluição temporal da quantidade de informação; aumentar a capacidade de 

FUNDAMENTOS 
amadurecimento  do  estudante,  no  componente  específico,  durante  o  processo  de  Estética e História das Artes 1 ‐ Antiguidade ao Séc. XIX 

1° Período 
aprendizado; e fomentar a percepção que há diferentes maneiras de aplicação do conteúdo,  Especificações de Materiais 1 ‐ Aplicações na Arquitetura 
de forma integrada com outros componentes que aparecem em outros semestres;  Língua Portuguesa: Texto e Contexto 
•  “Integrar”,  o  máximo  possível,  os  componentes  curriculares  do  mesmo  semestre,  para  Sistemas Arquitetônicos e Construtivos 1 – Fundamentos 
que o conhecimento não seja construído de forma compartimentada, como em "caixinhas",  Desenho Artístico 
mas  que  a  cada  semestre  o  aluno  perceba  que  é  necessário  um  trabalho  em  "bloco", 
Projeto 2: Pequenos Espaços 
abrangente  e  articulado  entre  as  áreas  citadas,  para  que  o  resultado  do  projeto  seja  o 
Expressão Gráfica e Desenho Arquitetônico 
melhor. 

PEQUENOS ESPAÇOS 
Geometria aplicada ao Desenho Arquitetônico 
Dessa  forma,  para  organizar  os  conteúdos  nesses  “blocos”,  e  seguindo  esses  princípios,  a 

2° Período 
Sistemas Arquitetônicos e Construtivos 2 ‐ Pequenos Elementos 
estrutura do curso foi dividido em cinco grandes "ciclos", que correspondem a um gradiente 
de  níveis  de  apropriação  desse  conhecimento  relacionado  diretamente  com  a  escala  Ergonomia e Acessibilidade 
espacial,  matéria  prima  do  arquiteto  e  urbanista.  São  eles:  1°  ano  ‐  Fundamentação  e  História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo 2 ‐ Da Revolução Industrial ao Movimento 
Pequenos  Espaços;  2°  ano  ‐  Habitat  e  Paisagem;  3°  ano  ‐  Comunidade  e  Complexidade;  4°  Moderno 

ano ‐ Cidade e Metrópole; 5° ano ‐ Conhecimento Integrado (Trabalho Final de Graduação), o  Estética e História das Artes 2 ‐ Vanguardas e Moderno 
que permite o retorno aos demais ciclos.  Percepção e Criatividade 

Por sua vez, cada um desses ciclos anuais se divide em dois semestres, sendo que cada um  Projeto 3: O Habitat 
deles “trabalha” um "tema central", sob o qual se busca a integração dentre os componentes  Projeto de Paisagismo1  ‐ O Habitat 
curriculares daquele semestre, com ênfase no projeto arquitetônico e urbanístico, principal  Design de Mobiliário 
atribuição do profissional que pretendemos formar. São eles: 1º Sem – FUNDAMENTOS; 2º 
Topografia 

O HABITAT 
Sem  ‐  CRIATIVIDADE E PEQUENOS  ESPAÇOS;  3º  Sem  ‐ O HABITAT;  4º  Sem ‐  O  EDIFÍCIO  E  A 

3° Período 
Projetos Complementares 1 ‐ Equipamentos hidráulicos 
PAISAGEM;  5º  Sem  ‐  O  EDIFÍCIO  E  O  BAIRRO;  6º  Sem  ‐  A  CIDADE;  7º  Sem  ‐  A  CIDADE  E  O 
PATRIMÔNIO CULTURAL;  8º  Sem  ‐  A  METRÓPOLE;  9º  Sem ‐  TFG  1  ‐  Embasamento  Teórico;  Conforto Ambiental 1 ‐ Condições climáticas 
10º Sem ‐ TFG 2 – Prática.  Informática Aplicada à Arquitetura 1 ‐ Fundamentos de Modelagem Digital e Desenho 
Arquitetônico Auxiliado por Computador 
Percebe‐se assim, um movimento que acontece por dois eixos principais:  
Ateliê de Maquetes 1 ‐ Projetos arquitetônicos 
•  Um  eixo,  “longitudinal”,  que  integra  todos  os  ciclos  numa  perspectiva  que  considera  o  História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo 3 – Modernismo 
nível de dificuldade de aprendizado e a crescente complexidade de temas e sua consequente 
O EDIFÍCIO E 
A PAISAGEM 
Projeto 4: Edifícios Multifuncionais 
4° Período 

escala espacial de apropriação;  
Projeto de Paisagismo 2 ‐ O Edifício e a Paisagem 
•  Outro eixo, “transversal”, que integra os diversos componentes a cada semestre, a partir 
Arquitetura de Interiores ‐ Ambientes Corporativos 
de um tema que se relaciona diretamente com o “eixo longitudinal”. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  659   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  660 

Planejamento Urbano 1 ‐ Fundamentos: Índices Urbanísticos, Uso e Ocupação do Solo  História da Arquitetura no Brasil ‐ Séc. XVI ao Séc. XX 
Conforto Ambiental 2 ‐ Condições acústicas 
Projeto 8: A Cidade e a Metrópole 
Sistemas Arquitetônicos e Construtivos 3 – Edifícios 
Projeto de Paisagismo 4 ‐ Parques Urbanos 
Informática Aplicada à Arquitetura 2 ‐ Aplicações do Desenho Arquitetônico Auxiliado por 

A CIDADE E A METRÓPOLE 
Computador  Planejamento Urbano 5 ‐ Estudo e Avaliação de Impactos Ambientais 

Cultura e Arte Contemporânea  Planejamento Urbano e Regional ‐ Mobilidade e Metropolização 

8° Período 
História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo 4 ‐ Modernismo no Brasil  Infraestrutura 2 ‐ Saneamento e Meio Ambiente 

Projeto 5 ‐ Bairros e Equipamentos Comunitários  Gestão da Qualidade e da Segurança na Construção Civil 

Projeto de Paisagismo 3 ‐ Praças e Pocket Parques  Informática Aplicada ao Urbanismo 2 ‐ Aplicações de Geoprocessamento para 
Planejamento Regional 
O EDIFÍCIO E O BAIRRO 

Introdução ao Desenho Urbano ‐ O Bairro 
Prática de Pesquisa I 
Planejamento Urbano 2 ‐ Parcelamento do solo 
5° Período 

Estudos Sociais e Econômicos ‐ Processos Metropolitanos 
Infraestrutura 1 ‐ Sistema Viário 
TFG 1 – Trabalho Final de Graduação 1 ‐ Elaboração Teórica e Estudo Preliminar 

EMBASAMENTO 
Sistemas Arquitetônicos e Construtivos 4 ‐ Sistemas mistos e complexos 
Sistemas Arquitetônicos e Contrutivos 6 ‐ Tendências e Inovações Tecnológicas 

9° Período 

TEÓRICO 
TFG 1 – 
Informática Aplicada ao Urbanismo 1 ‐ Fundamentos de Geoprocessamento 
Cultura, Religiosidade e Mudança Social 
Ateliê de Maquetes 2 ‐ Projetos Urbanísticos 
Teoria e Crítica da Arquitetura e Urbanismo ‐ Sécs XX e XXI 
História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo 5 – Contemporâneo 
Prática de Pesquisa II – TFG 
Projeto 6: O Edifício e a Cidade 
TFG 2 – Trabalho Final de Graduação 2 – Anteprojeto 
Desenho Urbano ‐ O Edifício e a Cidade 

TFG 2 – PRÁTICA 
Especificações de Materiais 2 ‐ Tendências e Inovações Tecnológicas 

10°Período 
O EDIFÍCIO E A CIDADE 

Planejamento Urbano 3 ‐ Estudo e Avaliação de Impactos de Vizinhança 
Ética, Legislação e Prática Profissional no campo da Arquitetura e Urbanismo 
Projeto do Objeto – Detalhamento 
6° Período 

Fundamentos de Administração e Empreendedorismo no campo da Arquitetura e 
Projetos Complementares 2 ‐ Energia e Transmissão de Dados  Urbanismo 
Conforto Ambiental 3 ‐ Condições lumínicas  Informática Aplicada à Arquitetura 4 ‐ Maquete Eletrônica 
Linguagem Iconográfica do Espaço ‐ A Cidade    Atividades Complementares ‐ Arquitetura e Urbanismo 
Técnicas Retrospectivas 1 ‐ Teorias da Preservação do patrimônio cultural    Estágio Supervisionado ‐ Arquitetura e Urbanismo 
Estudos Sociais e Ambientais ‐ Processos de urbanização e Sustentabilidade  Fonte: Elaborado pelo autor. 

Dentre as inovações que destacamos no processo, além da forte necessidade de integração 
Projeto 7: A Cidade e o Patrimônio Cultural 
entre  os  componentes,  estão  disciplinas  que  se  voltam  para  aspectos  do  desenvolvimento 
tecnológico de ferramentas de projeto, do cuidado com o patrimônio cultural, do vínculo que 
A CIDADE E O PATRIMÔNIO CULTURAL 

Planejamento Urbano 4 ‐ Cidades e Áreas centrais 
se  pretende  estabelecer  com  as  bases  econômicas  da  região,  em  especial  a  indústria,  e 
questões  ligadas  ao  processo  de  metropolização  e  os  problemas  dele  decorrentes, 
Projeto Executivo ‐ Detalhamento e compatibilização com projetos complementares  particularmente aspectos ambientais, de sustentabilidade, infraestrutura e mobilidade. Já os 
componentes  dos  9°  e  10°  períodos  se  propõe  a  auxiliar  a  confecção  do  TFG,  discutindo 
7° Período 

Sistemas Arquitetônicos e Construtivos 5 – Fundações  aspectos de inovação tecnológica inerentes ao processo de elaboração do projeto final, bem 
 

como  o  de  preparar  adequadamente  o  profissional  para  o  mercado  de  trabalho  que  o 
Conforto Ambiental 4 ‐ Aplicação em Ambientes de Trabalho  espera, seja do ponto de vista administrativo como do ponto de vista do empreendedorismo, 
Planejamento e Gerenciamento de Obras  sempre voltado especificamente para o campo da arquitetura e urbanismo. O total de carga 
horária  proposto  é  de  4.320  “horas  aula”,  ou  3.600  “horas  relógio”  e  a  ele  devem  ser 
Informática Aplicada à Arquitetura 3 ‐ Aplicações do BIM  agregadas  disciplinas  optativas,  passíveis  de  serem  feitas  em  outros  cursos,  notoriamente 
Pedagogia,  Engenharia  Ambiental  e  Engenharia  Civil,  e  os  trabalhos  de  Iniciação  Científica, 
Técnicas Retrospectivas 2 ‐ Análise, Diagnóstico e Projetos  amplamente incentivados pelos professores do colegiado. 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
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4 CONCLUSÃO O ensino de projeto arquitetônico com ênfase em sistemas 
Como  dito  inicialmente,  este  artigo  tem  como  objetivo  principal  o  registro  do  processo  de 
estruturais: relato de práticas didático‐pedagógicas da UFFS 
discussão,  atualizando  o  material  desenvolvido  anteriormente  a  partir  de  novos  dados 
relativos  ao  panorama  do  ensino  de  Arquitetura  e  Urbanismo  na  região  metropolitana  de  Edison K. TSUTSUMI 
Universidade Federal da Fronteira Sul; [email protected] 
Sorocaba  e  resgatando  momentos  dos  debates  havidos.  Subsidiariamente,  torna‐se  uma 
Marcela A. MACIEL 
contribuição para o debate em outros cursos que possam passar pelo mesmo processo.  Universidade Federal da Fronteira Sul; [email protected] 
Em termos de mercado de trabalho, podemos dizer que o mesmo já se encontra abastecido  Nébora L. MODLER 
numericamente,  mas  não  adequadamente  distribuído.  Isso  só  ocorrerá  com  a  contínua  Universidade Federal da Fronteira Sul; [email protected] 
 
formação de novos valores que se fixem por toda a região e se adequem às necessidades e 
realidades  locais. Esses mesmos valores que  podem  construir  a  massa crítica necessária  às  RESUMO 
mudanças  urbanísticas  que  se  exigem  para  o  desenvolvimento  equilibrado  da  região  O presente trabalho utiliza como marco teórico o conceito de tectônico aplicado ao projeto arquitetônico com 
metropolitana de Sorocaba.  ênfase  em  sistemas  estruturais,  numa  tentativa  de  aproximação  da  materialidade  intrínseca  a  exploração  da 
tecnologia no processo de projeto de arquitetura. O ensino de sistemas estruturais em cursos de arquitetura e 
Enfim,  a  discussão  sobre  a  formação  não  acaba  com  as  mudanças  institucionais  que  se  urbanismo  quando  desvinculados  do  ateliê  de  projeto  dificultam  a  transposição  e  síntese  do  conhecimento 
propõe,  pelo  contrário,  apenas  começam,  pois  esse  debate  deve  ser  constante  para  que  a  adquirido  pelo  discente  no  projeto  arquitetônico.  Assim,  neste  trabalho  apresentam‐se  propostas  didático‐
qualidade  profissional  seja  alcançada  com  êxito  independente  de  sua  condição  temporal.  pedagógicas utilizadas no ateliê integrado de projeto arquitetônico com ênfase em sistemas estruturais (PASE). 
Portanto,  a  revisão  do  Projeto  Pedagógico  deve  ser  vista,  antes  de  tudo,  como  uma  Essas propostas  utilizam de  classificações  de sistemas estruturais em termos de forças  e tensões atuantes na 
forma  ou  da  geometria  dos  elementos  estruturais  para  estruturação  didática  do  componente  curricular, 
oportunidade para o debate sobre a formação do arquiteto e urbanista e sua atuação junto à 
correspondendo às classificações de sistemas estruturais puros e híbridos, respectivamente. Os resultados são 
sociedade.  apresentados  em  termos  de  produtos  obtidos  pelos  discentes  participantes  das  diferentes  experiências 
Ou  seja,  não  há  dúvida  que  é  necessário  aperfeiçoar,  e  muito,  o  Projeto  Pedagógico,  desenvolvidas  nos  anos  de  2012  e  2013,  mais  especificamente  dos  estudos  preliminares  e  anteprojetos 
arquitetônicos  desenvolvidos  neste  componente  curricular.  A  qualidade  dos  resultados  obtidos  é  analisada 
atualizando‐o  conceitualmente  do  ponto  de  vista  das  práticas  pedagógicas,  e  é  justamente  utilizando como referência a expressão da tectonicidade da arquitetura em termos de consoância, contraste ou 
por  essa  razão  que  entendemos  que  nossa  contribuição  possa  ser  de  grande  valia  para  a  síntese  entre  os  partidos  arquitetônico  e  estrutural.  Finalizando,  apresentam‐se  sugestões  para  melhoria  do 
própria instituição, assim como para outros cursos.  processo ensino aprendizado desse componente curricular.  
PALAVRAS‐CHAVE: Estrutura Aparente, Materialidade, Tectônico.  
REFERÊNCIAS
ARTIGAS, V. Caminhos da Arquitetura. São Paulo : LECH, 1981. 
1 INTRODUÇÃO
NUNES et all. A matriz curricular do curso de arquitetura e urbanismo – o caso do NDE na Universidade de  A  partir  de  um  processo  linear  e,  sobretudo  cronológico,  a  história  da  produção  da 
Sorocaba – UNISO. Artigo publicado nos anais do Congresso Internacional “O que é uma escola de Projeto na 
arquitetura  ocidental,  de  um  modo  geral,  é  retratada  enquanto  “a  história  das  formas 
contemporaneidade – Questões de ensino e critica do conhecimento em Arquitetura e Urbanismo”. São Paulo, 
Universidade Mackenzie, 2013.  significativas”. Entretanto, há que se lembrar que as formas arquitetônicas são moldadas na 
experiência vivida do espaço e do tempo. Mas o que é, em síntese, o espaço? Esta pergunta 
PEREIRA, Miguel. Arquitetura: Cultura, Formação, Prática e Política Profissional. São Paulo, Pini Editora, 2005. 
encontra‐se como marco teórico do presente trabalho, que busca na materialidade uma base 
PEREIRA, Miguel. Sobre Arquitetura Brasileira e Ensino na Virada do Século. São Paulo. FAUUSP. 2008. Vl. 01 e  teórica para a compreensão da arquitetura. 
02. 
O conceito de espaço vinculado à prática arquitetônica, isto é, a sua propriedade física dimensional, 
SILVA, Rebeca Cavalcante Albuquerque. “Arquitetos e Arquitetura, Profissão e Formação. Um Estudo Sobre a 
não  existia  no  vocabulário  da  arquitetura  até  1890,  tornando‐se,  desde  então,  parte  integrante  do 
Região de Sorocaba/SP”. Relatório científico final apresentado ao programa institucional de bolsas de Iniciação 
científica como parte dos requisitos das atividades do bolsista. Sorocaba: Uniso, 2014.  pensamento  e  raciocínio  arquitetônicos.  Torna‐se  assim,  quase  que  impraticável  o  “fazer/pensar 
arquitetônico” e até mesmo a própria definição de arquitetura, sem a ênfase no conceito de espaço.  
   
É certo que a existência da arquitetura, bem como do ser humano, implica sua colocação no espaço, 
quer seja sua existência material, quer seja imaginária. De acordo com Malard (1997) a razão de ser 
da  arquitetura  decorre  da  espacialidade  inerente  ao  ser  humano,  já  que  todas  as  ações  humanas 
ocorrem no espaço. Heidegger citado por Malard (1997), aborda que o espaço pertence à essência do 
ser e incorpora todas as necessidades, expectativas e desejos que fazem parte da existência humana.  
Nesse sentido, temos a crença da essência da arquitetura relacionada a um conceito de espaço, tal 
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como  proposto  por  Zevi  citado  por  Rezende  (1998),  que  acredita  que  a  arquitetura  é  derivada,  construção. Arquitetura, música e literatura são a arte de manipular os seus meios 
precisamente,  do  vácuo,  do  espaço  contido  entre  larguras,  comprimentos  e  alturas  dos  elementos  de realização, de modo a torná‐los expressivos.  
construtivos. Entretanto, para Silva (1994), sem negar que as formas arquitetônicas são espaciais, as  Ainda segundo Stroter (1986), o projeto é de  uma construção, mas o processo mental que 
ideias  que  relacionam  a  arquitetura  a  um  conceito  abstrato  de  espaço  são  um  equívoco.  Assim, 
levou até ela, e o próprio resultado final são arquitetura. Nesse sentido, temos a colocação 
acredita  que  a  arquitetura  se  concretiza  não  na  produção  ou  organização  do  espaço,  mas  na 
da  essência  da  arquitetura  num  plano  muito  imaterial,  na  medida  em  que  se  coloca  a 
organização da matéria. 
arquitetura enquanto um processo mental.  
Frampton (1996), também sem a pretensão de negar a essência espacial da arquitetura, busca uma 
mediação e enriquecimento da relevância dada ao conceito de espaço. Assim, em seu livro “Studies in  Rasmussen  (1998)  em  seu  livro  Arquitetura  Vivenciada,  também  discute  as  relações  entre 
a  Tectonic  Culture”,  propõe  uma  reconsideração  da  história  da  arquitetura  através  dos  modos  arquitetura  e  construção.  Destaca‐se,  nesse  sentido,  a  crença  da  materialidade  enquanto 
estruturais e de construção, introduzindo para tanto, o termo tectônico, cuja primeira referência no  veículo da arquitetura.  
texto se dá sem qualquer tipo de definição.  (...) A construção, afinal de contas, é apenas um meio e não um fim em si (...) as é 
“It is my contention that the unavoidably earthbound of building is a tectonic and  compreensível que o arquiteto possa chegar à conclusão de que a finalidade de sua 
tactile in character as it is scenograph and visual, although none of these attributes  vocação  é  dar  forma  aos  materiais  com  que  trabalha.  De  acordo  com  sua 
deny its spatially.”  concepção, o material de construção é o veículo da arquitetura.  

Assim,  o  conceito  de  tectônico  proposto  por  Frampton  (1996),  apresenta‐se  como  uma  Rezende (1998) discute a impossibilidade de acreditar na tecnologia como fator constitutivo 
possibilidade de análise crítica e de compreensão da arquitetura e sua tecnologia.  básico da arquitetura, na medida em que temos outros fatores sócio‐culturais a intervir na 
sua concepção. A respeito do assunto, pode‐se citar ainda referenciar a Brandão (1991): 
A  exigência  de  uma  definição  de  arquitetura  pertence  tanto  à  esfera  da  especulação 
acadêmica quanto à esfera da práxis. Acrescenta‐se a isso ainda o escopo da arquitetura de  (...)  Dar  sensibilidade  ao  que  se  agrega  a  matéria,  tornando  nítida  a  substância 
existencial, cósmica, mística nas formas e nos espaços por aqueles que presumirão 
estabelecimento  de  dois  conceitos  distintos,  mas  associados.  Um  primeiro  conceito,  para as construções uma condição de transcendência.  
associado ao processo projetual e um último, a excelência arquitetônica. (SILVA, 1994) 
Apesar  de  algumas  das  supostas  definições  distanciarem‐se  da  materialidade  do  objeto 
Silva  (1994)  classifica  diversas  definições  de  arquitetura  propostas  ao  longo  da  história,  arquitetônico,  é  inegável  que  a  componente  tecnológica  está  historicamente  associada  à 
destacando  as  seguintes  categorias:  a  arquitetura  como  fenômeno  exclusivamente  nos  prática da arquitetura e intrinsecamente presente na concepção da forma edificada. Assim, a 
termos  da  prática  profissional;  arquitetura  constituída  por  enunciados  reducionistas;  partir  de  um  olhar  sobre  a  produção  arquitetônica  ao  longo  da  história,  observa‐se 
arquitetura como fenômeno exclusivamente nos termos da prática profissional; arquitetura  claramente esta inter‐relação entre tecnologia construtiva e arquitetura até um determinado 
como excelência na edificação; arquitetura como processo de concepção; arquitetura como  momento, em que se dá a cisão da tríade vitruviana.  
construção  esteticamente  diferenciada;  a  arquitetura  como  fenômeno  diferente  da 
construção.  A  partir  de  algumas  destas  categorias,  o  presente  trabalho  propõe  uma  breve  A palavra tecnologia aparece pela primeira vez nos textos retóricos de Cícero. De acordo com 
abordagem acerca da presença da entidade tecnológica em algumas propostas de definições  Heiddeger citado por Katinsky (2002), no seu estudo acerca da “Técne”, mostra que a técnica 
de arquitetura.   é uma palavra que não abrange todo o universo de significados contidos na palavra “técne”. 
Assim,  conclui  que  a  palavra  “Técne”  abrangia  não  só  a  habilidade  para  fazer  os 
Para Perret citado por Frampton (1996), a arquitetura é baseada na construção, mas é algo  conhecimentos  (empiria),  para  fazer  os  bens,  mas  também  a  peculiaridade  individual  (e 
mais que construção, como a poesia é algo mais que a prosa. Assim, observa‐se a presença  pessoal) no fazer, que nós identificamos com a palavra criatividade.  
de uma certa distinção entre arquitetura e construção. Lúcio Costa define a arquitetura como 
"construção  concebida  com  a  intenção  de  ordenar  plasticamente  o  espaço,  em  função  de  No Século XVIII, com Perrault, temos a transposição dos princípios do pensamento cartesiano 
uma  determinada  época,  de  um  determinado  meio,  de  uma  determinada  técnica  e de  um  para  a  arquitetura,  cujos  fundamentos  estão  na  busca  da  verdade  através  da  razão.  De 
determinado  programa".  Percebe‐se,  nesta  definição  o  reconhecimento  da  presença  da  acordo com Maciel (2000), aparece, neste momento, pela primeira vez, um desequilíbrio das 
entidade  tecnológica  na  arquitetura,  sem,  no  entanto,  abandonar  o  conceito  de  espaço.  diversas  demandas  que  interferem  na  arquitetura.  Assim,  temos  a  separação  entre  o 
Acrescenta‐se  a  isso  ainda  uma  questão  de  ordem  estética,  que  possivelmente  distinguira  subjetivo – arbitrário – e o objetivo – verificável racionalmente. Aí residem os princípios do 
arquitetura de construção.   pensamento funcionalista da arquitetura. No Século XX, o Movimento Moderno propõe uma 
reconsideração  do  equilíbrio  da  tríade  vitruviana,  a  partir  da  valorização  do  espaço 
Em contraposição às ideias de Lúcio Costa, temos a abordagem de Stroeter (1986), em que  arquitetônico  como  uma  integração  entre  estrutura  (técnica‐construção),  função  e  forma. 
acredita  que  a  arquitetura não  é  construção.  Assim, a  partir da  utilização  de  uma  analogia  Entretanto,  as  propostas  dos  primeiros  modernos  foram  rapidamente  desvirtuadas  em 
entre  arquitetura,  música  e  linguagem,  aborda  que  a  arquitetura  apenas  se  realiza  na  atitudes  que  valorizavam  um  dos  condicionantes  em  detrimento  aos  demais.  Em 
construção.   decorrência, temos o surgimento de correntes em que se observa tal desvio de concepção, a 
 (...) Mas a arquitetura é uma arte que  se realiza na construção, da mesma forma  saber, o funcionalismo, o high‐tech e o finalmente o formalismo.  
que  a  música  se  realiza  no  som  e a  literatura  na  linguagem  verbal.  Mas  a  música 
não  é  o  som,  nem  a  literatura  é  a  linguagem,  assim  como  a  arquitetura  não  é  Maciel  (2000),  comentando  tais  “desvios  de  concepção  arquitetônica”,  define  tais  movimentos.  O 
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funcionalismo consiste na minimização da importância da forma, promovendo uma arquitetura que  aspiração  da  categoria  estética  do  que  da  tecnológica.  Assim,  Frampton  (1996)  busca  uma 
se limita ao rebatimento direto de soluções funcionais estandardizadas como imagem arquitetônica:  abordagem  para  a  arquitetura  cuja  ênfase  esteja  no  potencial  expressivo  da  construção  e, 
a  utilidade  supera  a  importância  do  deleite  estético.  Já  no  high‐tech  se  estabelece  a  partir  da  com menor relevância, na técnica construtiva.  
valorização da tecnologia como aparência final do edifício, fazendo com que a tecnologia adquira um 
valor  simbólico,  tornando‐se  o  principal  condicionante  projetual:  a  técnica  como  deleite  estético  I’m not alluding to the mere revelation of constructional technique but rather to its 
expressive potential.  
supera o uso. E finalmente, temos o formalismo, que se pauta pela excessiva valorização da forma e 
sua  aparência,  parte  da  exclusão  de  determinantes  de  uso  para  atingir  uma  pretensa  pureza  ou  Assim,  a  partir  de  apenas  uma  breve  abordagem,  Frampton  (1996)  propõe  o  conceito  de 
integridade formal: o deleite estético supera a utilidade.   tectônico como um dos três vetores convergentes para a existência da arquitetura, sendo os 
Diante deste contexto, pesquisas acerca das inter‐relações entre arquitetura e tecnologia são  demais o “topos” e o “typos”.  
abordagens correntes a partir do século XIX, em que se origina pela primeira vez a separação  A  primeira  utilização  arquitetônica  do  termo  tectônico  na  Alemanha  data  da  publicação  do  livro 
entre  o  corpo  de  conhecimentos  da  arquitetura  e  sua  tecnologia  construtiva.  À  aparente  Müller, entitulado “Handbook of the Archaeology of Art”, publicado em 1830, onde tal autor utiliza o 
cisão  entre  tecnologia  e  arquitetura  no  século  XIX  contrapõe‐se  a  arquitetura  moderna,  termo  tektonische  referindo‐se  a  varias  formas  de  arte,  dentre  elas,  utensílios,  vasos,  bem  como 
propondo  uma  revalorização  dos  princípios  vitruvianos.  Assim,  a  proposta  dos  primeiros  habitações e espaços de convivência humana.  
modernos resgata a dimensão tecnológica como fundamento para a essência da arquitetura.  Outra  abordagem  é  a  do  teórico  Bötticher,  que  contrasta  a  estrutura  tectônica  do  trabalho  da 
Entretanto, tal proposta foi rapidamente desvirtuada em atitudes que valorizam apenas um  natureza.  Para  tanto,  parte  do  princípio  que,  diferentemente  do  trabalho  da  natureza,  em  que  as 
dos  condicionantes  em  detrimento  aos  demais.  Nesse  sentido,  podemos  destacar  que,  forças da vida causam a revelação da forma embrionária, o tectônico realiza suas formas a partir de 
mesmo  após  as  tentativas  do  Movimento  Moderno  de  resolver  a  questão,  ainda  hoje  material morto.  
persistem os debates acerca da arte e da tecnologia.   Sekler  (1973  apud  Frampton  1996),  no  seu  artigo  “Structure  Construction  and  Tectonics” 
Malard (1997), seu ensaio intitulado O Mito das Aparências, aborda que a arquitetura tem,  define  o  tectônico  como  uma  expressividade  proveniente  da  resistência  estática  da  forma 
inegavelmente,  uma  dimensão  simbólica  que  fala  à  nossa  sensibilidade,  uma  dimensão  construída, de maneira tal que o resultado expressivo não pode ser considerado apenas em 
utilitária e um valor de troca. Acrescenta ainda uma demanda técnica para se corporificar e  termos  da  estrutura ou  construção.  Nesse  sentido,  Sekler  ainda  introduz  o  contra‐conceito 
por isso a dimensão tecnológica lhe é imprescindível. Assim, diz que o objeto arquitetônico é  de  atectônico,  como  algo  que  descreve  a  maneira  em  que  a  interação  expressiva  entre  a 
fruído  na  sua  dimensão  artística,  usufruído  na  sua  dimensão  utilitária  e  construído  na  sua  estrutura e a arquitetura é visualmente negligenciada ou obscura.  
dimensão tecnológica.  Influenciado  por  Muller,  Semper,  quando  da  discussão  dos  atributos  da  beleza  formal, 
Nesse  sentido,  observa‐se  que  a  arquitetura  está  intrinsecamente  ligada  a  sua  materialidade  e  classifica  o  oficio  da  construção  em  alguns  procedimentos  fundamentais,  destacando‐se  o 
também a questão da sua temporalidade, da sua permanência e durabilidade. Assim, introduz‐se na  tectônico como um destes. Assim, considera o tectônico como uma arte, que leva a natureza 
arquitetura  uma  quarta  dimensão,  essa  representada  pelo  tempo.  Schamarsow  em  seu  livro  “The  como  um  modelo,  tendo  como  base  não  os  fenômenos  concretos  da  mesma,  mas  a 
Essence  of  Architectural  Creation”  citado  por  Frampton  (1996)  considera  que  a  evolução  da  forma  uniformidade e as regras pelas quais a natureza existe e participa dos processos de criação. 
arquitetônica coincide com a dos modelos de espaço‐tempo do universo. Essa situação é enfatizada  Nesse  sentido,  a  esfera  do  tectônico  pertence  a  um  plano  fenomenológico,  cuja 
pela  experiência  da  velocidade  e da  real transformação espaço‐tempo  no  sentido  cotidiano,  com  o 
manifestação  da  criação  existe  no  espaço  através  de  formas  e  cores.  Assim,  aplicação  do 
advento das invenções mecânicas da última metade do século passado, tais como o trem, o carro e o 
conceito  do  tectônico  no  processo  de  projeto  arquitetônico  com  ênfase  em  sistemas 
avião.  
estruturais utiliza‐se da ideia de que a estrutura é fortemente responsável pela forma final, 
Assim,  em  busca  das  interfaces  entre  a  arquitetura  e  sua  materialidade,  destacam‐se  as  ideias  de  não  sendo  apenas  um  elemento  que  faz  parte  da  arquitetura.  Destaca‐se  assim  um  dos 
Frampton  (1996),  que  acredita  que  o  caráter  da  construção  é  mais  ontológico  do  que  pressupostos do olhar tectônico da arquitetura relativo à autenticidade estrutural.  
representacional, fundamentando seu fascínio pela tectônica, cuja apreensão envolve características 
intelectuais, culturais e sensoriais, que, por sua vez, alteram‐se em predominância e intensidade.   De acordo com Charleson (2009), no processo de projeto é lugar‐comum a separação entre 
as formas arquitetônica  e estrutural.  De  uma maneira geral,  a  realidade  da  maior parte  da 
prática de projeto arquitetônico é que a estrutura raramente gera a forma arquitetônica. Ao 
2 TECTÔNICA APLICADA AO PROCESSO DE PROJETO contrário, responde a ela de forma que atenda ao programa de necessidades e, se possível, 
seja consistente aos conceitos de projeto.  
O  termo  tectônico  deriva  da  palavra  originalmente  grega  tekton  (FRAMPTON,  1996),  que 
significa carpinteiro, construtor. Este termo, cujo verbo correspondente é tektainomal, pode  Buscando  discutir  essas  relações,  Charleson  (2009)  entende  a  forma  arquitetônica  como 
ser  encontrado  em  outras  línguas  e/ou  artes,  adquirindo  conotações  ainda  referentes  ao  volumetria ou envoltória, categorizando a busca pela tectonicidade do processo de projeto 
ofício da carpintaria, tais como no sânscrito e na poesia Védica. É importante destacar ainda  em três categorias, sendo: síntese, consonância e constaste. No caso do processo de síntese, 
a  conotação  poética  do  termo,  conforme  se  evidencia  primeiramente  em  Sappho,  onde  o  a  estrutura  define  a  forma  arquitetônica  e,  frequentemente,  ou,  ao  menos,  parcialmente, 
tekton, o carpinteiro, assume o papel de poeta. Nesse sentido, o temo implica numa maior  define  as  funções,  como  o  fechamento.  Na  estratégia  projetual  do  contraste  observa‐se  a 
justaposição de características como geometria, materialidade, escala e textura. Se a forma 
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real for consideravelmente diferente do que aquela prevista, então provavelmente as formas  estabilidade  desse  sistema  é  possível  devido  à  posição  e  inclinação  das  barras  e  ao 
arquitetônica e estrutura contrastam. Já na consoância, as formas arquitetônica e estrutural  equilíbrio  mantido  pela  ação  de  contra‐forças  que  se  comparam  a  vetores.  O 
não sintetizam nem contrastam. Em vez disso, existe uma relação confortável e, geralmente,  redirecionamento  das  forças  por  mecanismo  vetorial  não  é  restrito  a  planos  ou  eixos 
discreta.  Muitas  vezes  vários  sistemas  estruturais  diferentes  coexistem  dentro  da  mesma  lineares  retos,  podendo  seguir  tanto  eixo  curvo  quanto  desenvolver‐se 
forma  arquitetônica.  É  importante  destacar  que  Charleson  (2009)  considera  que  nenhum  tridimensionalmente, sendo que tais variações garantem um incremento na eficiência do 
tipo de relação entre forma arquitetônica e estrutural é, a priori, melhor do que o outro. O  sistema no vencimento de vãos. No caso do projeto de superfícies treliçadas espaciais é 
que realmente importa, nesse caso, é o grau no qual a estrutura, independentemente da sua  necessário o conhecimento da geometria de poliedros e da trigonometria esférica. 
forma arquitetônica, contribui para a concretização das aspirações do projeto de arquitetura.  
 Forma ativa: caracterizam‐se pela especificidade da determinação da forma da estrutura 
No  Projeto  Pedagógico  do  Curso  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  Federal  da  como resultante do fluxo natural dos esforços simples de tração ou compressão, tendo 
Fronteira Sul (UFFS) a organização curricular dos semestres privilegia a integração horizontal  os  protótipos  básicos  os  cabos  e  os  arcos,  respectivamente.  Assim,  os  sistemas 
de  componentes  curriculares  nas  disciplinas  de  projeto  arquitetônico  através  de  ênfases.  estruturais  em  função  da  relação  direta  entre  a  linha  funicular  e  as  condições  de 
Temos  assim,  no  caso  do  quarto  semestre,  a  ênfase  na  estrutura  e  a  proposição  dos  carregamento,  bem  como  a  distância  entre  os  apoios,  não  podem  ser  submetidos  à 
seguintes componentes curriculares: História da Técnica, Canteiro Experimental, Introdução a  forma  livre  e arbitrária  do  projeto  arquitetônico.  Nesse  caso, o projeto  é que  deve  ser 
Análise de Estruturas e Projeto Arquitetônico e os Sistemas Estruturais (PASE).   concebido considerando os condicionantes do sistema. 
O  componente  curricular  PASE  apresenta  como  objetivo  geral  proporcionar  a  análise  e   Superfície  ativa:  caracterizam‐se  por  apresentar  na  superfície  o  mecanismo  resistente  à 
aplicação  de  diferentes  sistemas  estruturais  no  projeto  arquitetônico,  incluindo  pré‐ ação  das  forças  atuantes,  sendo  a  continuidade  da  superfície  o  requisito  fundamental 
dimensionamentos  e  compreensão  das  solicitações  às  quais  estão  submetidos  os  sistemas  para a estabilidade, tendo como protótipos placas, cascas e as  superfícies  dobradas. O 
estruturais  e  a  utilização  de  modulação  na  concepção  do  projeto.  Destaca‐se  ainda  como  mecanismo  portante  de  uma  superfície  ativa  é  mais  eficiente  quando  a  superfície 
objetivo  específico  deste  componente  curricular  exercitar  a  relação  entre  composição  resistente é paralela em relação a direção da força atuante. Caso contrário, o desvio da 
arquitetônica  e  os  diferentes  sistemas  estruturais  no  processo  de  projeto  arquitetônico,  forma  ideal,  seja  a  superfície  resistente  plana,  curva  ou  dobrada,  haverá  perda  na 
envolvendo  pesquisa,  concepção,  partido  geral  e  desenvolvimento  das  fases  projetuais  de  eficiência  do  sistema,  devido  a  necessidade  de  adoção  de  mecanismos  adicionais  de 
estudo preliminar até o nível de detalhe construtivo.   compensação estrutural, resultando em perda de economia. 
Assim,  no  presente  trabalho  relatam‐se  as  diferentes  experiências  didático‐pedagógicas  de  Figura 1 – Proposta de PASE 2012 com sistemas estruturais puros 
organização  do  componente  curricular  PASE,  com  o  objetivo  de  avaliar  as  estratégias 
projetuais  adotadas  pelos  discentes  em  busca  da  aplicação  do  conceito  de  tectônico  no 
partido arquitetônico e estrutural em termos de síntese, formas consoantes ou contrastes.  

3. PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS EM PASE

3.1 PROPOSTA 1 ‐ SISTEMAS ESTRUTURAIS PUROS 
Em 2012, a estruturação didático‐pedagógica do componente curricular PASE foi baseada na 
classificação dos sistemas estruturais puros proposta por Engel (1993), sendo:  
 Massa  ativa:  compreendem  predominantemente  elementos  estruturais  de  forma 
retangular em plano e seção, ou seja, são compostos por elementos lineares retos tais 
como  vigas,  lajes  e  pórticos.  Por  meio  do  mecanismo  de  associação  contínua  entre  os 
elementos  básicos  dos  sistemas  de  massa  ativa  é  possível  obter  um  incremento  na 
eficiência  em  vencer  grandes  vãos,  conseguindo  espaços  livres  consideráveis  sem 
abandonar  as  vantagens  da  geometria  retangular.  Destacam‐se,  nesse  sentido, 
 
estruturas  combinadas  de  malha  de  vigas  (ortogonais  ou  oblíquas);  lajes  nervuradas, 
caixão perdido ou cogumelo; pórticos múltiplos ou articulados entre outros.  Na primeira parte do semestre, que ocorreu até a 12ª semana e um total de 18 semanas, os 
alunos  desenvolveram  quatro  estudos  preliminares  referentes  o  tema  objeto  de  projeto 
 Vetor  ativo:  caracterizam‐se  por  barras  lineares  de  seção  reduzida  em  relação  ao  seu  elencado, nesse caso, Centro de Exposições de Erechim (RS), conforme Figura 1 Cada estudo 
comprimento arranjadas num sistema de triangulação, cujo protótipo é a treliça plana. A  preliminar  era  desenvolvido  baseado  em  um  sistema  estrutural  conforme  classificação  do 
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Engel (2009). Cada módulo de estudo preliminar era composto por uma aula de explanação  partir  da  9ª  semana  desenvolvia‐se  a  etapa  final,  em  que  os  estudantes  avançaram  na 
da teórica e experimentações com modelos estruturais, aula com apresentação de pesquisas  complementação  de  suas  propostas  arquitetônicas,  desenvolvendo  além  do  projeto 
desenvolvidas  pelos  estudantes  sobre  o  referido  sistema  estrutural,  duas  aulas  de  arquitetônico,  estimativa  volumétrica  dos  elementos  estruturais  (pilares,  vigas,  lajes,  entre 
assessoramento e aula final de entrega e apresentação do estudo preliminar desenvolvido. A  outros)  utilizando  ábacos  do  autor  de  referência,  maquetes  estruturais,  lançamento  da 
partir da 13º semana, os estudantes passaram a desenvolver suas propostas arquitetônicas  estrutura  através  de  planta  de  fôrmas  e  detalhes  construtivos.  Tanto  o  programa 
baseados  em  sistemas  estruturais  híbridos.  O  tema  centro  de  exposições  contava  em  seu  arquitetônico  quanto  o  terreno  assumiram  proporções  menores  do  que  no  semestre 
programa  arquitetônico  com  auditório,  oficinas  de  arte,  área  de  exposições  temporárias,  anterior, contando este com aproximadamente 2.900 m2. O programa prescrevia auditório, 
permanentes  e  ao  ar  livre,  restaurante,  livraria,  confeitaria,  praça  coberta  e  setor  oficinas de arte, área de exposições temporárias, permanentes e ao ar livre, praça coberta, 
administrativo.   laboratório  de  restauro  e  catalogação,  sala  de  montagem  de  exposição,  depósito,  livraria, 
café e setor administrativo. 
2.2 PROPOSTA 2 – SISTEMAS ESTRUTURAIS HÍBRIDOS  Figura 2 – Proposta de PASE 2013 com sistemas estruturais híbridos
“As possibilidades espaciais dependem da geometria do elemento estrutural eleito 
como base de projeto” (REBELLO, 2000). 

Em 2013, a estruturação didático‐pedagógica do componente curricular PASE foi baseada na 
classificação  dos  sistemas  estruturais  híbridos  proposta  por  Bogea  et  al.  (2006),  cujos 
elementos básicos são:  
 Blocos,  elementos  caracterizados  geometricamente  por  manter  a  mesma  ordem  de 
grandeza em relação as suas três dimensões, esses elementos mantém sua estabilidade 
através  da  atuação  apenas  de  esforços  de  compressão.  Apesar  de  aparentemente 
limitado  em  relação  às  suas  possibilidades  estruturais,  analisando  as  soluções 
tecnológicas utilizadas ao longo do tempo, pode‐se observar as configurações espaciais 
com  blocos  para  vencer  grandes  vãos,  como  as  pirâmides,  onde  os  blocos  são 
empilhados,  ou  mesmo  os  “falsos  arcos”  que  utilizam  do  mesmo  processo  de 
empilhamento.  Outra  solução  utilizada  são  os  arcos  onde  o  comprimento  dos  blocos 
enfileirados é maior que o vão a ser vencido.  
 Barras, elementos caracterizados geometricamente por uma de suas dimensões ser muito 
superior as outras duas, tendo os cabos como protótipo de limite extremo. A principal 
distinção  das  barras  é  sua  maior  diversidade  de  aplicação  em  relação  aos  blocos,  pois   
podem ser  utilizados  como  pilares,  vigas  ou  tirantes.  A  associação  das  barras  a  outros   
elementos  permite  aplicações  ilimitadas  para  vencer  grandes  vãos,  como  no  caso  de 
treliças, viga vierendeel e viga vagão.  
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
 Lâminas,  elementos  caracterizados  geometricamente  por  uma  de  suas  dimensões  ser 
muito  menor  que  as  outras  duas,  tendo  como  protótipos  as  placas,  as  cascas  e  as 
membranas. No caso das placas, a sua espessura permite o vencimento de grandes vão  4.1. SISTEMAS ESTRUTURAIS PUROS 
apenas  pela  sua  rigidez,  como  no  caso  das  lajes  planas.  No  caso  das  membranas,  Na Figura 3 apresentam‐se resultados obtidos no componente curricular PASE 2012 através 
destaca‐se a necessidade de aplicação de tensão de tração prévia para obter rigidez para  de  exercícios  projetais  em  nível  de  estudos  preliminares  utilizando  sistemas  estruturais 
vencer os vãos, já que se trata de materiais flexíveis. Já no caso das cascas, combinam‐se  puros,  isto  é,  concepção  do  projeto  arquitetônico  aplicando  partido  estrutural  em  massa 
as vantagens das placas e das membranas, isto é, rigidez e a esbeltez, respectivamente.  ativa, vetor ativo, forma ativa e superfície ativa para um mesmo programa arquitetônico.  
A  possibilidade  das  cascas  de  vencer  os  grandes  vãos  está  relacionada  a  superfícies 
dobradas ou geometrias complexas, como o parabolóide hiperbólico.   Nos estudos preliminares de superfície ativa evidencia‐se a forma mais pura de processos de 
de  síntese  entre  partidos  arquitetônico  e  estrutural,  já  que  o  sistema  estrutural  é 
A primeira etapa do semestre que aconteceu até a 8º semana de um total de 18 semanas,  simultaneamente  o  invólucro  do  espaço  interno  e  envoltória,  determinando  a  forma  e  o 
foram desenvolvidas explanações teórica acerca dos sistemas estruturais, estudo da temática  espaço da arquitetura. Situação semelhante ocorre nos estudos preliminares de forma ativa 
arquitetônica Museu de Erechim (RS) e seus condicionantes de projeto, estudos volumétricos  utilizando  membranas,  em  que  também  se  observa  uma  síntese  potencial  entre  forma 
em maquetes física, bem como o estudo preliminar propriamente dito, conforme Figura 2. A  arquitetônica  e  estrutural.  Por  outro  lado,  o  sistema  de  forma  ativa  também  apresenta 
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potencial  de  contraste,  especialmente  utilizando  arcos  e  cabos,  conforme  exemplos 


evidenciados na Figura 4. Nesse caso, temos uma proposta de estrutura em tenda sustentada 
por um arco de concreto armado e uma proposta de utilização de arcos para estruturação de 
pavimentos superiores atirantados nos mesmos.  
Já  nos  estudos  preliminares  de  massa  ativa  e  vetor  ativo  identifica‐se  uma  maior 
identificação com processos de consoância, em detrimento a contraste ou síntese. Destaca‐
se assim uma característica marcante do sistema em massa ativa relativa a solidez e rigidez 
formal  do  partido  arquitetônico  e  estrutural.  É  interessante  notar  que  a  obtenção  de 
contraste  ou  síntese  em  partidos  utilizando  sistemas  de  massa  ativa  ou  vetor  ativo  está 
condicionada à estratégia de estrutura aparente.  
Figura 3 – Estudos Preliminares de PASE para sistemas estruturais puros 

4.2. SISTEMAS ESTRUTURAIS HÍBRIDOS 
A  proposta  de  exercícios  projetuais  utilizando  sistemas  híbridos  permite  uma  maior 
diversificação de combinações entre partido arquitetônico e estrutural, permitindo obtenção 
de formas contrastantes, consoantes ou  até  mesmo a síntese sem necessariamente utilizar 
sistemas estruturais de forma ativa ou superfície ativa. Na Figura 5, por exemplo, apresenta‐
se uma proposta arquitetônica de sistema estrutural híbrido na qual se observa  relação de 
síntese entre partido arquitetônico e a estrutural através da composição de pórticos que se 
desenvolvem ao longo dos fechamentos externos. 
Figura 5 – Síntese em sistemas estruturais híbridos 

 
 
Figura 4 – Contraste em sistema estrutural em forma ativa 

 
Na Figura 6 apresenta‐se uma proposta em que se oberva uma relação de contraste entre a 
forma  arquitetônica  e  estrutural.  Apesar  de  a  solução  projetual  contar  com  cobertura  em 
catenária  que  configuraria  síntese  em  sistemas  estruturais  puros,  a  marcante  dissonância 
geométrica  entre  as  formas  dos  elementos  estruturais  e  os  blocos  da  edificação  define  a 
relação de contraste. 
Figura 6 – Contraste em sistemas estruturais híbridos 
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``   Por  outro  lado,  o  desempenho  acadêmico  dos  discentes  das  turmas  de  2012  e  2013  em 
termos de notas finais (NF) obtidas no componente curricular PASE só apresentam diferenças 
Na  Figura  7  apresenta‐se  uma  proposta  em  que  se  observa  uma  relação  de  formas  estatisticamente significativas para o processo de síntese da forma arquitetônica e estrutural, 
consoantes, ou seja, que concordam. A cobertura da área de convivência em placa dobrada  em  que  cerca  de  90%  dos  alunos  obtiveram  nota  final  superior  a  7,5.  Isso  se  justifica  pelo 
apoiada  em  pilares  de  concreto  armado  coexiste  de  modo  integrado  com  o  conjunto  fato  da  síntese ser  uma  estratégia  que  inegavelmente evidencia o atendimento satisfatório 
composto por blocos prismáticos.   dos objetivos do componente curricular. Para as demais estratégias de formas contrastantes 
Figura 7 – Consonância em sistemas estruturais híbridos  ou  consoantes,  não  se  pode  evidenciar  um  relação  entre  a  estratégia  projetual  e  o 
desempenho acadêmico, conforme Figura 9.  
Figura 9 – Comparação das notas finais de partidos híbridos obtidos em PASE 2012/2013 

 
Para um intervalo de confiança de 95%, observa‐se a partir de um teste t‐pareado que não   
existem  diferenças  estatisticamente  significativas  nos  perfis  das  turmas  de  PASE  2012  e  
Apesar dos produtos finais em termos de anteprojetos com sistemas estruturais híbridos das 
PASE  2013  na  solução  arquitetônica  e  estrutural  de  partidos  híbridos  no  que  ser  refere  à 
turmas  de  PASE  2012  e  PASE  2013  não  apresentarem  diferenças  significativas,  o  processo 
adoção das estratégias formais em termos de contraste, síntese e consoância. Cerca de 50% 
projetual  da  turma  de  PASE  2012  apresentou  uma  melhor  compreensão  dos  alunos  das 
dos  projetos  híbridos  utilizam  formas  consoantes  como  estratégia  projetual,  enquanto 
aplicação do conceito de tectônico, visto que os estudos preliminares eram concebidos para 
menos de 15% dos projetos utilizam a síntese da forma arquitetônica e estrutural, conforme 
sistemas  estruturais  específicos.  No  caso  da  turma  de  PASE  2013,  em  que  se  iniciou  o 
evidenciado na Figura 8.  
processo  de  projeto  já  com  sistemas  híbridos,  na  etapa  de  estudo  preliminar  os  projetos 
Figura 8 – Comparação das estratégias de partidos híbridos obtidos em PASE 2012 e PASE 2013  ainda não evidenciavam com clareza a tectonicidade do sistema estrutural híbrido.  
Os estudos volumétricos iniciais para o sistema estrutural híbrido da turma de PASE 2013 não 
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exploraram o carater tectônico da arquitetura, sendo ainda apenas composições de formas 
meramente  prismáticas.  Nesse  caso,  foi  necessário  a  aplicação  de  exercícios  práticos  que 
priorizavam  a  síntese  da  forma  arquitetônica  e  estrutural  para  reforçar  o  objetivo  a  ser 
alcançado no anteprojeto a ser entregue ao final do componente curricular.  
Os  exerícios práticos consistiam na  transformação de um sólido  de (30 x 75  x  15)  m tendo 
como  princípio  básico  a  utilização  de  um  sistema  estrutural  específico  como  elemento 
gerador do espaço arquitetônico e definidor da expressão plástica. Para tanto, os discentes 
utilizaram‐se  da  combinação  de  princípios  de  composição  propostos  por  Ching  (1998), 
sendo: transformação dimensional, transformação aditiva e transformação subtrativa.  
Figura 10 – Exercícios projetuais de estruturas tectônicas aplicado a turma de PASE 2013.  

 
Já  a  proposta  didático‐pedagógica  da  turma  de  PASE  2013  conseguiu  uma  melhor 
distribuição das semanas de desenvolvimento do projeto em termos de estudo preliminar e 
anteprojeto.  Dessa  forma,  conseguiu‐se  um  maior  aprofundamento  do  sistema  estrutural 
proposto,  com  a  realização  de  maquetes  estruturais  (Figura  12)  e  detalhes  construtivos, 
incluindo  as  plantas  de  lançamento  estrutural  e  estimativa  volumétrica  dos  elementos 
estruturais (Figura 13).  
 
Figura 12 – Maquete estrutural de anteprojeto proposto de PASE 2013 
Na Figura 11 exemplifica‐se os resultados em termos de representação gráfica dos elementos 
estruturais presente na maioria anteprojetos desenvolvidos em sistemas estruturais híbridos 
da  turma  de  PASE  2012  da  partir  dos  estudos  preliminares  em  sistemas  estruturais  puros. 
Observa‐se que há um entendimento do sistema estrutural e construtivo proposto, contudo 
não  há  uma  aproximação  detalhada,  conforme  previsto  nos  objetivos  do  componente 
curricular. Isso pode ser explicado pela concentração de aulas em estudos preliminares dos 
diferentes sistemas estruturais puros , em detrimento ao desenvolvimento dos anteprojetos 
propriamente ditos.  
Figura 11 – Representação gráfica dos elementos estruturais na proposta de PASE 2012 

 
Figura 13 – Planta estrutural de anteprojeto proposto de PASE 2013 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo   XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  677   XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  678 

termos de nota final dos projetos caracterizados por síntese foram superiores àqueles por contraste 
e consoância, devido à sintonia entre arquitetura e estrutura objetivada na disciplina.  
Portanto, ambas as práticas apontam para o processo de síntese como estratégia capaz de evidenciar 
o tectônico. Entretanto, em termos de processo de ensino‐aprendizagem a diretriz de concepção do 
projeto arquitetônico condicionado a um sistema estrutural puro permite uma melhor compreensão 
dos discentes para exploração das potencialidades tectônicas dos partidos arquitetônico e estrutural. 
Para  superação  da  limitação  da  superficialidade  do  detalhamento  estrutural  inerente  ao  tempo  de 
desenvolvimento  do  anteprojeto  em  sistemas  híbridos  após  estudos  preliminares  com  sistemas 
puros, sugere‐se a realização apenas de propostas de partido arquitetônico com sistemas estruturais 
puros,  enfatizando  a  modulação  estrutural  aplicada  a  setorização  do  programa  arquitetônico  e  sua 
implantação no terreno. Nesse caso, propõe‐se o desenvolvimento apenas de um estudo preliminar e 
anteprojeto de um sistema estrutural puro. 

AGRADECIMENTOS

Os  autores  gostariam  de  agradecer  os  discentes  das  turmas  de  2012  e  2013  do  curso  de 
Arquitetura  e  Urbanismo,  bem  como  aos  professores  Luís  Eduardo  Modler,  Murad  Vaz  e 
  Nauíra  Zanin  pelas  contribuições  na  estruturação  didático‐pedagógica  do  componente 
curricular Projeto Arquitetônico e Sistemas Estruturais (GCS 028).  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Neste  trabalho  foram  apresentadas  propostas  didático‐pedagógicas  de  ensino  de  projeto 
arquitetônico  com  ênfase  em  sistemas  estruturais  desenvolvidas  na  UFFS.  Essas  propostas  BOGEA, M. LOPES, J. M. REBELLO, Y. Arquiteturas da engenharia ou engenharias da arquitetura. São Paulo: 
utilizaram como eixos estruturantes do plano de ensino do componente curricular diferentes  Mandarim Editora, 2006.  
classificações  de  sistemas  estruturais  propostas  por  bibliografia  especializada  no  tema.  A  BRANDÃO, C. A. L. A formação do homem moderno vista através da arquitetura. 2. ed. Belo Horizonte: 1991. 
210 p.  
busca  pela  aplicação  e  exploração  do  potencial  tectônico  do  sistema  estrutural  é  uma 
CHARLESON, A. A estrutura aparente: um elemento de composição em arquitetura. 1. ed. Porto Alegre: 
característica comum às duas propostas apresentadas.  
Bookman, 2009. 216 p.  
Na  primeira  proposta,  adotou‐se  como  referência  o  desenvolvimento  de  quatro  estudos  CHING, F.D.K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
preliminares  em  cada  um  dos  sistemas  estruturais  puros,  a  saber,  massa  ativa,  vetor  ativo,  ENGEL, H. Sistemas de Estruturas. Hemus Editora Limitada. São Paulo. 1993. 
superfície  ativa  e  forma  ativa,  sendo  desenvolvido  um  anteprojeto  final  para  um  sistema  FRAMPTON, K. Studies in tectonic culture: the poetics of construction in nineteenth and twentieth century 
estrutural  híbrido.  Essa  proposta  possibilitou  uma  maior  compreensão  dos  diferentes  architecture. 2. ed. Cambridge: MIT, 1996. 430 p.  
sistemas  estruturais  com  ênfase  maior  experimentação  do  potencial  de  integração  entre  KATINSKY, J.R. Preliminares a um estudo futuro de Vitrúvio. In: Polião, M.V. Vitrúvio. Da Arquitetura. Tradução e 
partidos  arquitetônico  e  estrutural.  Já  na  segunda  proposta,  adotou‐se  como  referência  a  Notas por Maria Irene Szmercsányi, São Paulo : Editora AnnaBlume, 2002. p. 8‐47. 
geometria  dos  elementos  estruturais,  utilizando  sistemas  estruturais  híbridos  para  o  MALARD, M. L. O mito das aparências. 2. ed. Belo Horizonte: EAUFMG, 1997. 110p. 
desenvolvimento  de  um  estudo  preliminar  e  um  anteprojeto.  Essa  proposta  permitiu  uma  MACIEL, C. A. B. Arquitetura e complexidade: Le Corbusier e a consideração do homem. Dissertação de 
maior  aproximação  da  materialidade  do  sistema  estrutural  através  do  aprofundamento  do  Mestrado, Programa de Pós‐Graduação em Arquitetura, Escola de Arquitetura, UFMG, Belo Horizonte, 2000. 
detalhamento  do  sistema  estrutural  proposto,  sem  prescindir  da  exploração  da  integração  RASMUSSEN, S. E. Arquitetura vivenciada. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 246p 
entre os partidos arquitetônico e estrutural.   REBELLO, Y. C. P. Concepção Estrutural e Arquitetura. São Paulo: Zigurate Editores, 2000.  
REZENDE, M. A. P. DE; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Escola de Arquitetura. Influencia da 
A  análise  dos  estudos  preliminares  em  sistemas  estruturais  puros  em  massa  e  vetor  ativo  houve  tecnologia construtiva na arquitetura estudos de casos nos conjuntos COHAB‐MG do município de Belo 
maior  identificação  com  consoância,  em  detrimento  de  síntese  e  contraste,  devido  a  maior  rigidez  Horizonte (1964‐1988). Dissertação de Mestrado, Programa de Pós‐Graduação em Arquitetura, Escola de 
formal deste sistema. Já nos estudos de superfície e forma ativa salientou‐se síntese. Já a análise dos  Arquitetura, UFMG, Belo Horizonte, 1998. 
anteprojetos de sistemas estruturais híbridos apresentados no final do componente curricular para  SILVA, E. Matéria, idéia e forma : uma definição de arquitetura. 14 ed. Porto Alegre: UFRGS, 1994. 190p.  
ambas as propostas didático‐pedagógicas apresentaram resultados finais satisfatórios em termos da 
STROETER, J. R. Arquitetura e teorias. 6. ed. São Paulo: 1986. 210 p. 
busca do tectônico através de estratégias formais de contraste, síntese e consoância entre partidos 
 
arquitetônico  e  estrutural.  Também  se  verificou  que  o  desempenho  acadêmico  dos  discentes  em 
  XXXIII ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo
  XXXVI COSU – Reunião do Conselho Superior da ABEA  679

Indice Remissivo - AUTORES


Albenise LAVERDE ....................................... 156  Larissa C. S. JORDÃO .................................. 117 
Alessandra Gobbi SANTOS .......................... 628  Larissa Cardillo Acconcia DIAS .................... 464 
Alexandre PESSOA ...................................... 196  Laura COSTA .............................................. 339 
Alice Theresinha CYBIS ................................ 432  Layla Christine AlvesTALIN ......................... 252 
Aline Stefânia ZIM .........................................84  Luciana Regina Fauri CAETANO .................. 339 
Ana Carolina CARMONA ............................. 277  Luiz Alberto SOUZA .................................... 325 
Ana Luisa Dantas C. PEREZ .......................... 478  Luiz AMORIM ............................................. 210 
Anália Maria Marinho de Carvalho AMORIM Luiz Antonio de Paula NUNES .................... 642 
................................................................ 418  Luiz Salomão Ribas GOME ......................... 432 
André Luis CARRILHO .................................. 432  Marcel A. CLARO ........................................ 117 
Armando Luis Yoshio ITO ............................ 588  Marcela A. MACIEL .................................... 659 
Bianca Breyer CARDOSO ............................. 349  Marcelo GALAFASSI ................................... 495 
Bráulio Vinícius FERREIRA ................... 557, 570  Marcia Keiko ONO ADRIAZOLA .................. 588 
Camila Cavalcanti RESENDE ................ 185, 605  Maria de Jesus LEITE .................................. 210 
Carlos Alejandro NOME .............................. 167  Maria do Carmo de L. BEZERRA ................. 359 
Carlos Eduardo PEDONE ............................. 100  Maria Marta dos Santos CAMISASSA ......... 546 
Carmem Silvia MALUF ......................... 308, 321  Marina M. DUARTE .................................... 286 
Carolina Rocha CARVALHO ......................... 495  Marindia GIRARDELLO ............................... 100 
Cláudia Terezinha de Andrade OLIVEIRA .... 156  Maristela SIOLARI ...................................... 546 
Daniele Ornaghi SANT´ANNA ...................... 616  Merlin Janina DIEME .................................. 530 
Edison K. TSUTSUMI ................................... 659  Merlin Janina DIEMER .................................. 57 
Emanuela Cristina Montoni da SILVA .......... 520  Nébora L. MODLER .................................... 659 
Erick Welson B. MENDONÇA ....................... 359  Nirce Saffer MEDVEDOVSKI ....................... 100 
Erika Pereira MACHADO ............................. 252  Patrícia Porto CARREIRO ..................... 210, 224 
Fabiana IZAGA ............................................ 196  Paula BATISTELLO ...................................... 267 
Fábio Paraguaçu Duarte da COSTA ............. 520  Pedro Henrique de Carvalho RODRIGUES .. 454 
Fernanda Maria MENEZES ............................71  Rafael Prado CARTANA .............................. 495 
Flávia Nacif da COSTA ................................. 374  Rafael Silva BRANDÃO................................ 374 
Flavio Jose Nery Conde MALTA ................... 388  Rebeca Cavalcante Albuquerque da SILVA . 642 
Frederico Lopes Meira BARBOZA JR ..............84  Rejane de Moraes RÊGO ............................ 224 
Gelson de Almeida PINTO ........................... 464  Renato de MEDEIROS.......................... 185, 605 
Gilson GONÇALVES ..................................... 210  Risale NEVES ................................................ 44 
Glauco Assumpção PACHALSK .................... 530  Roberta Vilhena Vieira LOPE ...................... 520 
Gogliardo Vieira MARAGNO ....................... 399  Ronnie Elder da CUNHA ............................. 167 
Heitor de Andrade SILVA ............................ 510  Rosane Fidalma Leocadio DIAS .................. 445 
Isabel Maria de MELO BORBA ..................... 588  Sabrina Assmann LÜCKE ............................ 339 
Ivany Câmara NEIVA ................................... 296  Sasquia Hizuru OBATA ............................... 616 
Ivo R. GIROTO ............................................. 128  Silas Matias AZEVEDO .................................. 71 
Jamile Maria da Silva WEIZENMANN .... 57, 530  Solange CARVALHO .................................... 196 
João Luiz PACHECO ..................................... 495  Taise Costa de FARIAS ................................ 243 
Joel OUTTES ................................................ 143  Tatiana Mamede Salum CHAER ................... 84 
Josélia Godoy PORTUGAL ........................... 546  Ursula Gonçalves D’ALMEIDA .................... 445 
Juliano Carlos Cecílio Batista OLIVEIRA ....... 321  Veronica Garcia DONOSO .......................... 308 
Juliano MIOTTO .......................................... 267  Vivian DELATORRE ..................................... 267 
Károla A. STACH .......................................... 286  Viviane Maria Theves ECKHARDT ................. 57 
Katiane Laura BALZAN ................................ 267  Zamara Ritter BALESTRIN ........................... 628 
 

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