praticas-de-ensino3
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UFES – Vitória
2017
Presidente da República Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Michel Temer (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Ministro da Educação Designer Educacional
José Mendonça Bezerra Filho Juliana de Souza Silva Almonfrey
Foerste, Gerda Margit Schütz.
Diretoria de Educação a Distância Design Gráfico F654p Prática de ensino III [recurso eletrônico] / Gerda Margit Schütz-Foerste,
DED/CAPES/MEC Laboratório de Design Instrucional – SEAD Fernanda Monteiro Barreto Camargo. - Dados eletrônicos. - Vitória : Univer-
Carlos Cezar Modernel Lenuzza sidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância, 2017.
60 p. : il.
SEAD
UNIVERSIDADE FEDERAL Av. Fernando Ferrari, nº 514 Inclui bibliografia.
DO ESPÍRITO SANTO CEP 29075-910, Goiabeiras ISBN: 978-85-63765-99-4
Vitória – ES Modo de acesso: <Disponível no ambiente virtual de aprendizagem –
(27) 4009-2208 Plataforma Moodle>
Reitor
Reinaldo Centoducatte
1. Prática de ensino. 2. Ensino médio. 3. Estágios supervisionados. I.
Laboratório de Design Instrucional (LDI) Camargo, Fernanda Monteiro Barreto, 1973-. II. Título.
Secretária de Ensino a Distância – SEAD
Maria José Campos Rodrigues
Gerência CDU: 371.133
Diretor Acadêmico – SEAD Coordenação:
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Equipe: Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir deste trabalho para fins não
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Maria José Campos Rodrigues Iury Borel sob termos idênticos.
Fabiana Firme A reprodução de imagens nesta obra tem caráter pedagógico e científico, amparada pelos limites do direito de autor, de
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Júlio Francelino Ferreira Filho de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir,
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direito de autor no Brasil.
Diretor do Centro de Artes (CAR) Coordenação:
Paulo Sérgio de Paula Vargas Heliana Pacheco
Letícia Pedruzzi Fonseca
Coordenadora do Curso de Graduação Thaís André Imbroisi
Licenciatura em Artes Visuais – EAD/UFES Equipe:
Andréia Chiari Lins Thaís André Imbroisi
Kathellen Timoteo Matos
Revisor de Conteúdo
Stela Maris Sanmartin Ilustração
Equipe:
Revisor de Linguagem Thaís André Imbroisi
Julio Francelino Ferreira Filho
Sumário
08 Introdução
11 Unidade 1
Contextualização Histórico Social
37 Unidade 2
Contextualização Pedagógica
45 Unidade 3
Prática de Ensino da Arte para Ensino Médio
Atenção:
51 Conclusão Esse livro é interativo, use os recursos de
52 Notas interatividade para navegar nos capítulos, Notas,
Anexos e sites indicados.
53 Bibliografia
57 Anexo - Links para Pesquisa Palavras com sobrescritoex. ou sublinhadas
58 Sobre as Autoras levam às Notas ou Anexos. Nas Notas, clique em
A disciplina de Estágio Supervisionado em Artes Visuais no e logo após, no ano de 2018 seja efetivada a conclusão da Refor-
Ensino Médio propõe a vivência/experiência na Educação Bási- ma do Ensino Médio.
ca, com jovens e adultos, que se encontram e processo de for- O volume aqui disponibilizado atende às exigências básicas
mação e definição de campo profissional. Desta forma, temas a serem desenvolvidas nesta disciplina, contudo, não intenta
como Educação Profissional, formação propedêutica, socializa- esgotar o assunto que está em constante transformação, pois se
ção e juventude são desafios colocados por esta disciplina. Ao refere a um dos campos de maior disputa conceitual e meto-
mesmo tempo em que discute as mudanças históricas que se dológica. Complementaremos o presente volume, com algumas
processam e processaram em torno do, então, denominado En- sugestões de textos, vídeos e sites, com o objetivo de atualizar
sino Médio, Ensino Médio Integrado, Proeja e outras modalida- o debate, que nos últimos anos envolve grande polêmica e que,
des de formação de jovens e adultos. no momento é afetado por disputas políticas que atingem di-
O atual Ensino Médio, que até 1967 estava dividido em três retamente o trabalhador, tanto aquele que está no mercado de
cursos: o curso científico, o normal e o clássico, passou a ser de- trabalho – através de reformas nas leis trabalhistas, na previ-
nominado 2º Grau a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educa- dência e nos cortes nos postos de trabalho e a terceirização –
ção (LDB) nº 5692/71 com caráter profissionalizante. Chegou em como também os trabalhadores em processo de formação – no
1996, com a LDB nº 9394/96 a corresponder uma etapa da Edu- caso as reformas do Ensino Médio . O material, após consultado
cação Básica com a atribuição de aprofundar conhecimentos e deverá ser discutido nos encontros presenciais e compartilhado
preparação dos jovens ao seguimento dos estudos. nos fóruns da disciplina. Entre os textos sugeridos destacamos:
A Lei que Reforma o Ensino Médio tem origem em uma Me- “O ensino médio e as novas diretrizes curriculares na-
dida Provisória e depende da implantação da Base Nacional Co- cionais:entre recorrências e novas inquietações” de Sabri-
mum Curricular (BNCC). A previsão é que isso aconteça em 2017 na Moehlecke (2012), “O marco conceitual da vulnerabilida-
de social” de Monteiro Simone Rocha da Rocha Pires (2012),
Concepções de Ensino Médio Integrado de Marise Ramos ( 2004), participação popular e interesses de mercado, conceitos de juventu-
“Uma base em falso”, de Salomão Ximenes e Fernando Cássio (2017), de Cultura e Trabalho e Estágio: Intervenção na Realidade Escolar
“Ensino Médio integrado à educação profissional: limites e pos- desenvolvimento/aplicação/regência.
sibilidades” de Maria José Pires Barros ( 2015) ; O site do Observató- A culminância do projeto se dará em um evento final da discipli-
rio do Ensino Médio; os blogs do Carrano e do Freitas e Movimento na, onde cada polo, organizará a apresentação dos relatórios de está-
Nacional em Defesa do Ensino Médio. gio a partir da exposição de pôsteres. As eventuais dúvidas que ocor-
Compreendemos que este debate exige reflexões que podem ser rerem serão respondidas nas vídeos-aula, Fóruns Tira-Dúvidas, Web
mediadas pelos textos atuais que problematizam a relação entre Conferência e mediação dos tutores presencial e a distância. Além
as expectativas e culturas juvenis e a estrutura curricular e formal dos trabalhos desenvolvidos na Plataforma Moodle em Ambiente
da instituição escolar. Procure relacionar o debate sobre juventude, Virtual, as discussões propostas nesta disciplina podem encontrar
com a Educação Profissional e outros temas transversais que atin- subsídios nos links que seguem:
gem a formação de jovens na sociedade contemporânea, a exemplo
das questões de gênero, ou vulnerabilidade social, entre outras. •https://tecerarte.files.wordpress.com/2014/12/orientac3b5es-relat-
Busque articular sua reflexão a partir da realidade local, pois es- c3b3rio.pdf
tas questões subsidiarão seu Estágio Supervisionado de Artes Visu- • http://web2.ufes.br/arteeducadores/down/avaliacao_aluno.pdf
ais no Ensino Médio e devem se fazer presentes no processo de in-
vestigação diagnóstica da realidade escola, como durante a regência Desta forma, iniciamos um profícuo debate e um compartilhado
e, posteriormente, suas reflexões devem ser incorporadas em seus processo de formação, no qual estaremos todos engajados em me-
relatórios de estágio. Neste sentido, procure em seu estágio compre- lhor qualificar as práticas das Artes Visuais no Ensino Médio.
ender como os jovens participam da formação no Ensino Médio e
como expressam sua força ou resistência? Bom Trabalho,
Tanto neste volume, quanto no AVA a orientação da disciplina As organizadoras.
está orientadas em três unidades, a saber: Unidade 1 - Discussão
teórico -metodológica sobre docência no Ensino Médio: Educa-
Nota:
ção Propedêutica e Profissional; juventude e contemporaneidade;
Em observação à orientação do PCO do Curso de Artes Visuais, o nome da
Unidade 2 – Contextualização Pedagógica: Dimensionamento disciplina Prática de Ensino III foi alterado para Estágio Supervisionado em
legal e conceitual do Ensino Médio: PCN/ PNE/ BNCC / Reformas Artes para Ensino Médio.
do EM e Unidade 3 – Debate sobre a Reforma do Ensino Médio:
AOS COLEGAS
A disciplina Prática de Ensino de Arte no Ensino Médio está auto-avaliação, atribua uma nota. A nota final será resultado da
organizada em três eixos fundamentais: contextualização his- média do total de notas atribuídas pelo cumprimento das ativi-
tórico-social, contextualização pedagógica e prática com inter- dades sugeridas neste caderno, a pontualidade em entregar as
venção em contexto de Ensino Médio. Será desenvolvida com atividades, o envolvimento no estudo dos textos, a participação
duração mínima de nove semanas de estudos. nos encontros presenciais, os questionamentos que forem en-
Compreendemos que a dinâmica de estudo pode ser cons- caminhados e a de sua própria nota ao final de seu relato de au-
truída por vocês. Para tanto, propomos uma metodologia de to-avaliação. Para aprovação na disciplina você deverá alcançar
trabalho diversificada: leituras individuais, questionários ava- no mínimo a nota sete.
liativos, fóruns de discussão, análise de experiências de prática Temos como objetivo, na elaboração deste fascículo, possi-
de Ensino Médio, resenha crítica e efetiva prática do ensino de bilitar um estudo referido ao seu contexto de trabalho e vida.
Artes para Ensino Médio. Para isso, sua participação é fundamental. Somente no diálogo
A proposta desta disciplina está relacionada às questões da com a realidade vivida os temas poderão ser dimensionados na
prática escolar, assim o trabalho implica constante atenção e prática de cada um e cada uma de nós.
leitura do seu entorno, dimensionando a teoria com as práti- Os textos selecionados estão disponibilizados no Ambiente
cas vividas. A avaliação do ensino e aprendizagem será reali- Virtual de Aprendizagem (ava) em documento pdf.
zada durante o processo em trabalho colaborativo dos tutores Este é o momento de juntos construirmos novos conheci-
presenciais e à distância, do professor pesquisador e também mentos, produzirmos novas realidades, experimentarmos ou-
de sua autoavaliação, com a qual você irá relatar seus estudos, tras práticas, darmos visibilidade às coisas que fazemos bem e
sua participação nos encontros presenciais, seu empenho e en- compartilharmos saberes. Bom trabalho!
volvimento na leitura dos textos, realização das atividades pro- Abraços,
postas e também seus questionamentos. Ao final deste relato de As organizadoras
Introdução
Esta disciplina abordará conceitos fundamentais relacionados às Considerando que a pesquisa se desenvolve segundo a concep-
praticas de ensino médio, a saber: educação de jovens, ensino pro- ção de unidade da relação teoria-prática, as atividades da disciplina
fissional e médio, práticas escolares e leitura de imagens. Propõe levarão o licenciando a introduzir-se no processo de investigação
uma aproximação com a realidade escolar na integração entre teoria científica, abrangendo as fases de discussão epistemológica, eleição
e prática educativa. por ser uma disciplina de natureza teórica-prá- de problemas, elaboração de projetos, coleta, tratamento e análise de
tica, desenvolver-se-á a partir de vivências pedagógica em escolas de dados, elaboração de síntese e relatório final.
ensino médio. A fundamentação teórica far-se-á mediante a vivên- O material está organizado a partir dos seguintes eixos de reflexão:
cia prática de tal forma que o licenciando possa teorizar a sua prá- tendências no ensino e papel do professor de artes, base teórica do
tica, bem como, exercitar a teoria. Caso o licenciando seja professor Ensino Médio (jovens/juventude; ensino profissional e propedêutico),
no ensino médio a prática será desenvolvida a partir de pesquisa em elementos da prática (pcn, Cultura visual e Novas Tecnologias) e ob-
seu ambiente de trabalho, num total de 20% da carga horária. jetivos do ensino da arte, metodologias e avaliação no ensino da Arte.
Como atividades práticas os alunos farão a análise de projetos de
ensino da Arte, disponíveis nos sites https://tecerarte.wordpress.com/
e http://web2.ufes.br/arteeducadores/, e, individualmente ou em dupla,
acompanharão uma turma, na qual desenvolverão seu projeto, procu-
rando atender ás seguintes questões:
Bom trabalho!
11
de planejamento, demostram insegurança. Esta constatação é parti- Ao professor da prática de ensino cabe organizar o curso no sen-
lhada por professores da disciplina que, na entrevista, disseram: tido de estabelecer uma relação entre os conteúdos trabalhados ao
longo da licenciatura e o saber pedagógico, construir pontes para su-
“Quando os alunos chegavam aqui (na Prática de Ensino) peração da dicotomia entre teoria e prática, tão discutida na univer-
ficavam muito perdidos, tendo que dar conta em 105 horas sidade, e, assim, levar o aluno às escolas campo de estágio (que nem
de um universo jamais pensado.” sempre estão à disposição para receber os alunos, visto que projetos
de parceria entre a universidade e a escola básica são incipientes).
Contudo, no processo de elaboração e execução do projeto a re- Na escolas os alunos também buscam subsídios para a construção
flexão teórico-prática se realiza. Percebe-se, ao longo desse, a cons- de seus projetos. Na entrevista com os professores da escola básica e
trução de uma síntese, em alguns mais elaborada em outros ainda na observação das aulas procuram informações sobre o desenvolvi-
precária. Nesse momento os alunos expressam sua concepção de li- mento do plano de curso, o interesse dos alunos e as possibilidades
cenciatura, alguns de forma otimista e engajada, articulam os conhe- que o espaço físico da escola oferecem ao desenvolvimento do proje-
cimentos construídos ao longo do curso, outros reforçam um discur- to. Os alunos constatam que a observação se constitui em importan-
so de negação de sua formação e de sua possível inserção no trabalho te aspecto na construção de suas propostas.
docente, conforme podemos identificar nas falas que seguem. Após elaborado o projeto, os alunos executam-no e, ao final do
semestre letivo apresentam, em seminário e na forma de relatório,
“Quando estamos estudando as teorias educacionais forma-se uma as atividades desenvolvidas e os resultados a que chegaram. Os rela-
sala de aula imaginária onde o educador consegue passar todas as tórios são organizados tendo por base a observação, a elaboração e
informações desejadas sem nenhuma frustração, com relação aos aplicação do projeto, relato e análise da prática e as conclusões a que
alunos, sejam eles de qualquer faixa etária. Mas a realidade chegaram. Também são anexadas imagens, fotos, desenhos produ-
é bem diferente, esses projetos de prática de ensino nos ajudam a zidos pelos alunos, fichas de avaliação que são resultantes do traba-
conviver com a realidade do dia-a-dia dos alunos e ver como a teoria lho ou foram produzidas para esse fim.
precisa muito se aproximar da prática”. Os projetos de prática de ensino são apresentados por grupos e
organizados em torno de uma justificativa, dos objetivos, de conte-
“Nunca entrei em sala de aula údos e métodos de ensino, de recursos e da proposta de avaliação,
e sempre disse: nunca vou ser professora”. conforme orientações apresentadas na terceira unidade. Os pro-
jetos desenvolvidos por licenciandos e disponibilizados nos sites
https://tecerarte.wordpress.com e http://web2.ufes.br/arteeducadores
Divulgar a vida e a obra do artista brasileiro Cândido Portinari, relacio- Durante o desenvolvimento do projeto verificamos que a arte é fun-
nando o contexto social contido em suas obras com o contexto social damental no processo educacional pois é uma disciplina que permite
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Teixeira como referências. O movimento da Arte Moderna de 1922, arte constituiu-se ora em um meio para atingir fins a ela exteriores,
que introduziria as ideias de livre-expressão, também foi elemento ora em uma técnica com fins em si mesma.
fundamental para desencadear mudanças na forma de fazer arte e O desenvolvimento de propostas pedagógicas críticas se constrói
educação no Brasil. no bojo de um processo de embates ao longo da história social do
A tendência que daí se desenvolve é denominada de modernis- país. Nessa perspectiva, torna-se importante trazer à luz a noção de
ta e introduziu a arte na escola como elemento integrador. No seu conflito, as questões de classe social e as condições históricas e de
percurso, porém, produziu alguns equívocos, como: a idéia de que a contexto que constituem a complexa trama das questões sociais. As
arte pode ser considerada motivadora ou facilitadora da aprendiza- propostas pedagógicas críticas foram produzidas, na maior parte do
gem de “matérias sérias” que, por si só, são desinteressantes. Outro tempo, na clandestinidade e no exílio por aqueles que se opunham
equívoco que até hoje persiste diz respeito ao aligeiramento do ar- aos regimes totalitários e que buscavam superar o “status quo”. Cons-
gumento da livre expressão pela maximização do “laissez-faire” e da tituem instrumento de luta e referência teórica para os que buscam
sensibilização como exercício de Arteterapia. construir propostas educativas voltadas à cidadania.
Embora a concepção escolanovista viesse em contraposição à ten- A tendência crítica no ensino é responsável pela introdução da
dência tradicional e estivesse voltada à democratização da sociedade, problemática da democratização da cultura, que se produz no em-
os escolanovistas não se dedicaram em explicitar as contradições e bate entre cultura popular versus cultura erudita. A busca da supe-
lutas sociais, visto que defendiam que o processo de inclusão social ração das relações de opressão/dominação passa necessariamente
dos indivíduos deveria se dar gradativa e organizadamente pela for- pelas questões culturais. Nesse ponto, também, entre os teóricos da
mação desses. Uma preocupação com as contradições sociais se evi- tendência crítica, podem ser percebidas algumas diferenças na con-
dencia posteriormente a partir de um processo social complexo, nas dução do debate e nas propostas, que, para fins didáticos, poderiam
proposições do ensino, a partir de tendências educacionais críticas. ser assim sistematizadas: os que defendem o resgate do saber po-
No que se refere ao tecnicismo, pode-se afirmar que este recebeu pular e a valorização da cultura produzida pela classe trabalhadora.
novo impulso e encontrou sua base política no regime autoritário Identifica-se nessa perspectiva a Pedagogia Libertadora, que tem por
instaurado a partir de 1964. O tecnicismo educacional consolidou-se expoente o teórico Paulo Freire (Freire, 1985) e aqueles que defendem
no país na década de 70. Juntamente com a obra de Piaget, o pensa- que a classe trabalhadora se aproprie do saber produzido e acumula-
mento de John Dewey influenciou o pensamento oficial que norteou do pela humanidade. Compreendem que cabe à escola instrumenta-
a elaboração da Lei 5692/71 e dos pareceres, a partir dos quais se tor- lizar os alunos para participarem ativa e criticamente da sociedade.
nava obrigatório o ensino de arte nas escolas de ensino fundamental É representante dessa tendência a Pedagogia Crítico Social dos Con-
e médio, através da disciplina Educação Artística. Nesse período, a teúdos (saviani, 1988, 1989, libâneo, 1990).
45
1) Folha de rosto: Cabeçalho(Universidade Federal do Espírito que posso acrescentar com esse estudo/projeto?” Qual é o tema?
Santo/Licenciatura em Artes Visuais/Disciplina Prática III),Título Elaborar uma pergunta objetiva e clara que será perseguida pela
e Local/Data (Cidade, data); investigação, pelo olhar do pesquisador na sua relação com o uni-
2) Capa: Nome dos membros do grupo, Título e Orientador (Profª verso da pesquisa. Tanto pode se obter sucesso com o estudo, na
Drª Gerda Margit Schutz Foerste) e Local/Data; busca de respostas, como pode se deparar com dificuldades e bar-
3) Introdução: Caracterização da escola, Período de Vigência, reiras que impossibilitarão o alcance de resultados satisfatórios.
Nome da escola e endereço onde o projeto será desenvolvido,re- Geralmente, o pesquisador fica com a sensação de que está num
levância científica e tecnológica; Necessidade estratégica; Bene- oceano e suas contribuições não passam de uma pequena gota.
fícios para a cidade/área, Problema que o projeto propõe solucio- 6) Objetivos Gerais e Específicos: São os propósitos/metas a se-
nar/minorar. A origem do tema está ligada a trajetória de vida do rem alcançados. Evitar a proposição de muitos objetivos. Uma boa
pesquisador. Atenção: não se deter em relatar aspectos que não dica é pensar que cada capítulo do trabalho deve atender a uma
estejam diretamente relacionados com o objeto de estudo. Trata- ou dois objetivos no máximo. No projeto de pesquisa as idéias
se de buscar na história de vida do pesquisador (história de for- dimensionam-se como metas a serem atingidas. Na dissertação,
mação e inserção profissional) experiências, inquietações e refle- a redação dos objetivos tem outra perspectiva, visto que o estudo
xões que contribuam na construção do problema da pesquisa. já foi desenvolvido/finalizado, ainda que provisoriamente.
4) Justificativa: A justificativa busca mostrar a relevância da re- 7) Revisão de Literatura: Aqui se deve situar o objeto de pesquisa
alização de um estudo como o que está sendo apresentado. A no campo teórico de que faz parte. Isso sempre tem um caráter
partir de que problemas concretos a investigação se coloca como muito precário/provisório, pois hoje é muito difícil mapear toda
um desafio a ser perseguido – pelo pesquisador, pelos sujeitos do a produção teórica acumulada. A diferença entre revisão da lite-
universo da pesquisa por instituições, pelo poder público etc.? ratura: mapeamento de pesquisas disponibilizadas sobre o objeto
Muitas vezes, há temas que são muito estudados e o pesquisador de estudo (por exemplo: no caso da pesquisa sobre parceria entre
precisa usar argumentos de que pretende dar um enfoque teóri- universidade e escola básica, o pesquisador precisa verificar que
co e/ou metodológico diferenciado. Que contribuições o estudo autores tratam disso, quando fizeram suas pesquisas e que con-
pode trazer? tribuições oferecem em termos teóricos e metodológicos; quais
5) Delineamento do assunto a ser estudado: Definição, explici- são as tendências investigativas numa mesma época ou em perí-
tação do tema. De como o assunto é transformado em problema. odos diferentes etc.) e autores que necessariamente não abordam
Como aparece nas suas preocupações. Razões intelectuais, razões a problemática central do estudo, mas contribuem às reflexões
da prática. “Por que desejo abordar especialmente esse assunto, o do pesquisador em todo o processo de pesquisa ou em parte dele
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adesão genuína de educadores e gestores.” Disponível em: Uma Base em falso https://
www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/Uma-Base-em-falso
Juntamente com seu grupo de estudos analise a Terceira versão da BNCC. Dispo-
ANEXO 1 E 2
ANEXO 4
ANEXO 3