Farm em Man Livro Digital PDF
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FARMACOTÉCNICA EM MANIPULAÇÃO
SAÚDE
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153p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-66104-09-7
CDD 615.4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA................................................................................................... 7
1.3.2.2Cuidados na Pesagem............................................................................................................................. 17
1.4.2.2Coadjuvantes Técnicos............................................................................................................................ 23
4.1.1.1Técnicas de dissolução............................................................................................................................ 49
5 SUSPENSÕES ........................................................................................................................................ 63
5.3.3.4 Pastas...................................................................................................................................................... 94
Dose: quantidade de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico ideal.
A dose usual segura e eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores fisiológicos,
patológicos e genéticos.
Posologia: frequência com que uma dose é administrada para manter níveis
plasmáticos terapêuticos. Pode ser determinada empiricamente ou por estudos farmacocinéticos,
por meio de duas possíveis abordagens:
a) Abordagem empírica: administração de determinada dose e observação do efeito.
Reajuste da dose e dos intervalos e nova observação.
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Quanto ao grau de dispersão ou diâmetro () das partículas dispersas dos ativos e
coadjuvantes no veículo, temos as dispersões moleculares ( < 0,01 ), dispersões coloidais
(entre 0,01 e 0,5 ), dispersões finas (entre 0,05 e 10 ), e dispersões grosseiras (< 10
). As dispersões moleculares são favorecidas pela afinidade com que as interações
intermoleculares ocorrem. Nos demais casos, a falta de afinidade pode requerer o uso de
técnicas especiais e maior número de operações unitárias. São exemplos de dispersões
moleculares: as soluções líquidas, as ligas metálicas e algumas formas plásticas, como
pomadas, supositórios e géis. Como exemplos de dispersões coloidais, temos alguns géis e
suspensões. As dispersões grosseiras incluem a maioria das suspensões, emulsões e formas
sólidas. As dispersões não moleculares são também conhecidas como dispersões mecânicas.
Assim, quanto à técnica de preparo (dispersão) temos dispersões moleculares e mecânicas.
Finalmente, uma das classificações mais úteis do ponto de vista farmacotécnico diz
respeito à forma física:
Convém ressaltar ainda que, além das práticas supracitadas, são também
imprescindíveis em uma farmácia magistral às práticas relacionadas ao Controle de Qualidade
de matérias-primas (MP), que na verdade antecedem a manipulação. Segundo as exigências da
RDC 067, de 2007 (Anvisa), são operações básicas no controle de qualidade de MP:
a) Caracteres organolépticos;
b) Solubilidade;
c) pH;
d) Peso;
e) Volume;
f) Ponto de fusão;
g) Densidade;
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No caso das preparações oficinais, em geral não apresentam erros de dosagem, já que
são descritas em literatura confiável. Entretanto, a atenção farmacêutica se estende também à
área de manipulação, assim sendo, é passível de erro nos cálculos matemáticos, e a conferência
desses se faz imprescindível.
Por fim, temos as prescrições magistrais, as quais são elaboradas por médicos,
veterinários ou dentistas, profissionais esses especializados em clínica e terapia, e não em
medicamentos. Assim sendo, cabe ao profissional farmacêutico, sempre que pertinente,
consultar a literatura de referência a fim de evitar danos algumas vezes irreparáveis.
1.3.2 Pesagem
Balança Roberval: para pesagem de massa maior que 1 g, utilizada para produções em
grande escala.
Balança Granatária: para pesagem de massa a partir de 0,01 g, útil em situações de
emergência (como um “apagão”) e em caso de produções em pequena escala.
Balança semianalítica: com precisão para pesagens a partir de 0,001 g, sendo a mais
utilizada na rotina das farmácias.
Balança analítica: de grande precisão (0,0001 g), útil no controle de qualidade.
O custo das balanças varia de acordo com o modelo e fabricante e, em geral, aumenta
em ordem crescente em função da precisão e capacidade.
1.3.2.2 Cuidados na Pesagem
*O recipiente deve ser o mais leve possível e grande o suficiente para garantir que não haja
queda de insumos no equipamento, especialmente se esses forem corrosivos.
No caso de formas farmacêuticas líquidas nas quais os sólidos são livremente solúveis, 18
ou os líquidos são miscíveis ao veículo utilizado, tem-se uma solução (sistema homogêneo).
Entende-se por mistura todo processo que busca a dispersão entre partículas com a
maior uniformidade possível. Já por dissolução entende-se como sendo uma mistura na qual, por
exemplo, partículas sólidas se dispersariam intimamente em um líquido de modo a obter-se um
sistema homogêneo verdadeiro (dispersão molecular). Bons exemplos de dispersões
moleculares são os casos das ligas metálicas (solução de aço: carvão e ferro; solução de latão:
cobre e zinco) e das pomadas (pomada amarela: vaselina e lanolina; pomada branca: vaselina e
cera branca), sistemas estes que, embora não sejam líquidos, constituem dispersões
moleculares.
Assim, percebe-se que uma dissolução é um processo de mistura, mas nem toda
mistura caracteriza-se por um processo de dissolução, ou seja, por uma dispersão molecular.
Para que uma dissolução ocorra, é necessário que soluto e solvente apresentem
afinidades, como, por exemplo, graus de polaridade ou constante dielétrica semelhante. De
modo que o processo de dissolução é facilitado por estes aspectos físico-químicos.
19
i. FÁRMACO
ii. FÁRMACO + VEÍCULO
iii. FÁRMACO + ADJUVANTES + VEÍCULO
Os antissépticos podem atuar por mecanismos diversos, tais como poder redox, pKa
(acidez), quelação, alquilação.
Os queratoplásticos e queratolíticos, por sua vez, não possuem nenhuma relação com
processos inflamatórios, e sim com síntese e lise de proteínas, respectivamente.
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Enfim, os agentes cáusticos são agentes corrosivos utilizados com fins terapêuticos na
remoção de verrugas e calosidades.
Como exemplos, temos o ácido salicílico, que atua como coadjuvante terapêutico em
preparações antimicóticas por sua ação queratolítica, removendo tecido necrosado e viabilizando
a ação dos princípios ativos antifúngicos.
No que diz respeito aos aspectos físicos, estão relacionados à estabilidade física do
medicamento. Os aspectos físico-químicos dizem respeito às interações físico-químicas
envolvidas na estabilidade de um medicamento e marcam a interface entre as duas classes
anteriores. Com relação aos aspectos biológicos, temos os coadjuvantes envolvidos na
resistência do medicamento frente à contaminação microbiana e aqueles envolvidos nas
propriedades organolépticas.
I) Estabilizantes Químicos
a) Antioxidantes
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b) Quelantes
São agentes que complexam com metais (traços contaminantes), evitando que estes
catalisem (acelerem) um processo de oxidação. São exemplos de quelantes o EDTA, ácido
cítrico, ácido tartárico.
c) Tamponantes
São agentes que mantêm o pH em uma faixa estreita ótima de estabilidade. São ainda
importantes quanto ao aspecto fisiológico, processo de solubilização de determinados fármacos
e processo de absorção. Os principais sistemas tampão são: citrato de sódio/ácido cítrico;
fosfatos alcalinos, bicarbonato/gás carbônico.
d) Acidificantes
e) Alcalinizantes
Agentes que diminuem a tensão interfacial entre duas fases de polaridades distintas.
Possuem uma porção polar e outra apolar, sendo que, dependendo da característica da parte
polar, classificam-se em:
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FIGURA 2 – EXEMPLOS DE TENSOATIVOS ANIÔNICOS, CATIÔNICOS, ANFÓTEROS E NÃO IÔNICOS
Dodecil betaína
Monoéster de sorbitano
Cloreto de n-dodecil piridina
Por outro lado, entende-se por molhantes os tensoativos utilizados com o intuito de
diminuir a tensão interfacial e superficial num sistema sólido-líquido-gasoso promovendo o
contato sólido-líquido e o deslocando gás adsorvido.
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Esses processos resultam no aumento da molhabilidade da partícula sólida e,
consequentemente, favorecem sua dispersão no veículo. São molhantes os tensoativos
sintéticos (LSS, Span®, Tween®) e naturais (lecitina, colesterol, gomas).
b) Alcalinizantes e Acidificantes
São coadjuvantes que atuam sobre cargas superficiais residuais de partículas sólidas
ou amorfas, atenuando, evitando ou modificando processos de sedimentação. Exemplos:
complexos e sais metálicos, polímeros hidrofílicos, bem como acidificantes e alcalinizantes.
São agentes que diminuem a fluidez ou conferem consistência. São úteis no sentido de
aumentar o tempo de sedimentação das suspensões.
c) Aglutinantes
d) Agentes de Cobertura
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a) Conservantes Antimicrobianos
b) Conservantes Antifúngicos
a) Corantes
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b) Flavorizantes
Agentes que conferem sabor e aroma (ex.: menta, vanilina, essências de abacaxi,
hortelã, tutti-fruti, canela).
c) Edulcorantes
Agentes que conferem sabor doce (ex.: xarope, glicose, frutose, maltose, sorbitol,
glicerina e adoçantes, como a sacarina, ciclamato e aspartame).
1.4.3 Veículos
Veículos são os agentes carreadores do fármaco. Devem ser inertes e inócuos. Têm a
função de completar a forma de dosagem aumentando o volume, possibilitando a quantificação
da dose certa de fármaco e permiti sua administração.
1.4.3.1 Veículos em Formas Líquidas
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São geralmente denominados bases, sendo que, quando lipófilas, caracterizam-se pela
mistura de ceras (ex.: cera de abelhas, parafina, álcool cetílico) e óleos (ex.: óleos vegetais,
óleos de silicone e óleo mineral) diversos. Por outro lado, quando hidrófilas caracterizam-se por
sistemas gel, os quais são formados por polímeros hidrofílicos (tais como derivados de celulose,
ácido carboxivinílico e polipeptídeos) e encerram acima de 90% de água.
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II) Diluentes
Acondicionamento Embalagem
a) Contato direto, devendo ser inerte, inócuo e a) Contato indireto (envolve o material já
estável. embalado).
c) Proteção primária contra luz, umidade, CO2, c) Proteção secundária contra luz, poeira, insetos
O2, microrganismos, poeira, insetos. e choque mecânico (protege o medicamento por
proteger acondicionamento).
d) Materiais usuais: vidro, plástico e metal, bem
como de uso exclusivo para tampas de borracha. d) Materiais usuais: papel ou cartolina.
São compostos constituídos de uma mistura de óxidos metálicos nos quais predomina
o dióxido de silício (SiO2). Embora fisicamente tenham aspecto de sólido, trata-se de um líquido
de elevada viscosidade.
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A adição de óxido de cálcio e magnésio aumenta a resistência hidrolítica de vidros
alcalinos, sendo que o óxido de magnésio reduz a tendência de desvitricação.
Tipos de Vidros
Uso: cubetas de quartzo são úteis como recipiente para análises espectrofotométricas
na região do UV, por não absorverem radiação nesta faixa de frequência.
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b) Sódico cálcico: (SiO2, NaO2, CaO) Tipo III
Apresentam menor ponto de fusão, são mais baratos, têm menor resistência hidrolítica
(transfere basicidade).
Uso: xaropes, solução oral e pós, desde que não sejam muito incompatíveis a álcalis
como Na+ e K+.
Boa fusibilidade, boa resistência hidrolítica, menor custo que a sílica (quartzo) e tipo I.
Tipo II até 100 mL, Tipo IV para volumes maiores que 100 ml.
2.1.2 Plásticos
Permeabilidade
Termorresistênc
Tipo de plástico a gases e Transparência Autoclavação Outros Aplicações
ia
vapores
Celulósicos
(metil, etil, Comprimido
Decompõe em Folhas
hidroxi, etil, Impermeável Boa Não suporta s, pós e
água quente plastificantes
carboximetil cápsulas
celulose)
Comprimido
Polivinílicos
Frascos e s, pós e
(acetato de Pouco permeável Boa Alta Sim
cintas cápsulas e
polivinila e PVC)
líquidos.
Teflon - Revestiment
Pouca
politetrafluoroetil - Opaco Até 200 oC - o de
adesividade
eno superfícies
40
Poliacrilatos
(polimetacrilato - Boa Baixa Não - Frascos
de metila)
Poliamidas
Impermeável Boa Boa Sim - Filmes
(nylon)
Impermeável a Leve e
Policarbonatos
vapor e pouco resistente ao
(ésteres do ácido - Boa Não Frascos
permeável a choque
carbônico)
gases mecânico
Polietileno Frascos p/
Pouco permeável Opaco Boa Sim -
(baixa pressão) injetáveis
Polietileno
Permeável Opaco Baixa Não - Frascos
(alta pressão)
2.1.3 Metais
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São muito úteis na dispensação de formas semissólidas (ex.: pomadas, cremes). Entre
os mais utilizados, temos os tubos de estanho e alumínio. Ambos são leves e maleáveis,
impermeáveis, apresentam boa plasticidade, boa proteção contra luz e boa resistência térmica,
são inodoros, não são tóxicos e podem ser moldados facilmente. Como principal desvantagem
dos acondicionamentos metálicos está a possibilidade de ocorrer catálise oxidativa.
O estanho Sn, embora mais caro, é mais quimicamente inerte que o alumínio, que em
alguns casos exige revestimento interno com vernizes.
2.1.4 Borrachas
Formulações
Matérias-primas Formulações aquosas
não aquosas
Hidrólise: processo solvolítico no qual, a partir de reação com solvente, ocorre quebra
de ligação (cisão) da molécula. Em se tratando de medicamentos, a água é o solvente mais
utilizado, assim como o mais solvolítico. Exemplos de grupos susceptíveis incluem anidridos,
ésteres, carbamatos, ureídas, amidas e imidas.
45
Fotólise: a luz pode desencadear várias reações, incluindo oxidação, polimerização,
rearranjos, entre outras. Os grupos mais vulneráveis são cromóforos com o máximo de 400 a
800 nm e moléculas com S, N e/ou O.
Já os fatores extrínsecos são aqueles que podem agravar os fatores intrínsecos, tais
como temperatura, luz, oxigênio, umidade, gás carbono e tempo. As correlações entre fatores
intrínsecos e extrínsecos, bem como exemplos de alterações ou fenômenos envolvidos, são
mostradas no Quadro 3.
Por sua vez a forma define a fórmula farmacêutica, que se refere à composição, bem
como o tipo de acondicionamento ideal e equipamentos de produção a serem utilizados.
4.1.1 Soluções
No que diz respeito ao veículo (solvente) a água, seguida pelo etanol, glicerina e óleos
vegetais, é o mais utilizado. Dependendo do veículo utilizado as soluções podem ser
classificadas em: hidróleos (água), alcoóleos (álcool), glicerina (gliceróleos), éter (eteróleos),
cetóleos (acetona) e enóleos (vinho). Um tipo especial de solução são os xaropes (sacaróleos),
os quais contêm elevado teor de açúcar (sacarose), valor este que ultrapassa 80%. Tais
soluções são excelentes para via oral, uma vez que além do valor energético do açúcar,
viabilizam o mascaramento de sabor desagradável. Comparativamente, os elixires apresentam
menor viscosidade e sabor menos adocicado do que os xaropes. Mas por se tratarem de
soluções hidroalcoólicas, quando o valor de álcool ultrapassa 10% esses são autoconservantes.
Do mesmo modo, os elixires apresentam possibilidade de dissolução de solutos solúveis em
água ou álcool.
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Com relação ao valor da constante de solubilidade (Ks), quando este é alto, a
dissolução é obtida facilmente. Assim sendo, do ponto de vista farmacotécnico, estas
preparações são as mais simples. Entretanto, para situações em que o fármaco apresenta baixa
solubilidade, o conhecimento das técnicas de dissolução é fundamental.
Vantagens
Desvantagens
Baixa estabilidade química: reações químicas dependem da colisão intermolecular,
favorecida em dispersões moleculares.
Alta biodisponibilidade: nem sempre se deseja absorção imediata.
51
4.1.1.3 Isotonia e pH em Soluções
No caso dos íons de hidrogênio, a manutenção da quantidade ideal destes nos meios
intra e extracelulares depende de um delicado equilíbrio químico entre os ácidos e bases
existentes no organismo, denominado equilíbrio ácido base. Alterações bruscas de concentração
de hidrogênio podem mudar a permeabilidade das membranas e as funções enzimáticas
celulares (biossínteses) comprometendo também as funções de diversos órgãos e sistemas. A
unidade de medida da concentração de hidrogênio em soluções é denominada pH. A redução do
pH (aumento da concentração de íons de hidrogênio) é denominada acidose, enquanto o seu
aumento é denominado alcalose.
Fluido pH Relevância
a) Ajuste de pH em soluções:
Ácido fraco e seu sal (ex.: ácido acético/acetato de sódio, ácido bórico/borato de
sódio);
Base fraca e seu sal (ex.: amônia/cloreto de amônio);
Dois sais (ex.: fosfato monopotássico/fosfato bipotássico).
Alguns sistemas tampões que se tornaram clássicos são os de Gifford, à base de ácido
bórico e carbonato de sódio (pH 5,0 a 8,6); de Sorensen, à base de fosfatos mono e dissódico
(pH 5,91 a 8,04); e de Palitzsh, à base de ácido bórico e borato de sódio (pH 6,7 a 8,7) - todos
utilizados em colírios.
Para formulações via oral, os tampões mais utilizados são de ácido cítrico e fosfato
dissódico (pH 2,8 a 8,0), sendo que tampões contendo borato são proibidos em virtude da
toxicidade (hemolítico via oral).
A isotonia é uma propriedade que ocorre quando a pressão osmótica de duas soluções
distintas é idêntica (soluções isotônicas). No caso dos medicamentos, esta identidade é
comparada com a tonicidade dos fluidos biológicos. Lágrima, sangue, muco nasal e fluidos
teciduais possuem mesma pressão osmótica, que corresponde a uma solução aquosa de NaCl
0,9 %.
Essas correlações são válidas para soluções ideais (diluídas), sendo que desvios
positivos para solutos de forte atração intermolecular com solventes e negativos para atrações
fracas são potencializados em soluções concentradas. Particularmente para os eletrólitos, há
desvios consideráveis na Lei de Raoult, mesmo em soluções diluídas. Entretanto, estes desvios
são corrigidos dividindo-se o valor obtido por fatores de correção baseados na valência dos
eletrólitos envolvidos.
56
Quando não houver dados tabelados para soluções a 1% sobre EqNaCl ou , pode-se
utilizar a Equação de Van´t Hoff , onde:
=
Logo, tem-se:
Assim:
= . m . i / PM .W (equação 1)
m = . PM . W / . i (equação 2)
Para i = 1 m = 0,2796 . PM
m = 0,2796 . 198,2 = 55,4 g/L
Exemplo 3: Qual a massa de NaCl que deve ser adicionada a 100 ml de água para
obter solução isotônica, dados: PM = 58,5; i (NaCl) = 1,8
Total = 0,067 ºC 59
m = 0,453 . 58,5 / 1,86 . 1,8 = 7,92 g/L (massa de NaCl para suprir déficit em 1L)
1% ------0,100ºC
x ----- 0,4475ºC
x = 4,48 %, ou seja, 4,48 g de glicose para cada 100 ml (~ 0,2 g para 5 ml)
1b) Quantidade de NaCl para isotonizar 30 mL de solução de Ringer.
*Obs.: O valor a ser multiplicado pelo valor “tabelado” de Eq NaCl ou 1% sempre deve
estar em percentagem (%). Logo, a quantidade de cada soluto devem ser calculadas em g /
100ml.
c) Método do Gráfico
Feito isto, traça-se uma reta ligando o ponto no eixo y relacionado à concentração
isotônica de NaCl ao ponto no eixo x correspondente à concentração isotônica do fármaco em
questão.
Nas doses personalizadas do fármaco que forem hipotônicas, a concentração de NaCl
necessária para se isotonizar o medicamento será o par y (do ponto x,y) correspondente à reta
traçada (Fig. 3).
62
São preparações líquidas obtidas pela dispersão de uma substância sólida insolúvel
(mas finamente dividida) em um veículo. Essa substância é a fase dispersa (interna) e o veículo
a fase dispergente (externa).
63
Destinam-se à via oral tópica ou parenteral, sendo que, no que diz respeito ao tamanho
da partícula, as vias oral e tópica permitem dimensões maiores que a oftálmica e a injetável.
Misturas: soluções ou suspensões para uso oral sem agentes de dispersão (leite de
magnésia).
Magmas: semelhantes aos géis, com partículas maiores e menor estabilidade física.
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5.1.1 Pré-requisitos para uma Suspensão Ideal
Sedimentação lenta;
Fácil redispersão;
Fluidez adequada.
a) Tamanho da partícula
dx / dt = 2 g.r2 (d1-d2) / 9
Portanto, com base na equação acima, pode-se inferir que as dispersões grosseiras e
finas apresentam em geral maior tendência à sedimentação que suspensões coloidais.
b) Consistência do veículo
No que diz respeito à densidade da fase interna, as suspensões (> densidade que o
veículo) tendem à sedimentação, enquanto as emulsões (< densidade que o veículo) tendem à
flutuação. Igualmente, segundo a Lei de Stokes, quanto maior a diferença entre densidade da
partícula dispersa e veículo dispergente, maior será a velocidade de sedimentação.
No que diz respeito à baixa afinidade entre fases dispersa (interna) e dispergente
(externa) em suspensões e emulsões, a tensão interfacial é um dos aspectos mais críticos.
Essa tensão será tanto mais crítica quanto maior for a área superficial de contato entre
as fases interna e externa. A influência da tensão no sistema pode ser expressa pela equação da
Energia Livre de Gibs (G).
G = S-L . A
Assim sendo, quanto maior a molhabilidade em um solvente polar como a água, maior
será o deslocamento de gás adsorvido nesta partícula, já que o ar é composto basicamente por
moléculas apolares (ex. O2, N2, CO2, Ar). Entretanto, se a afinidade pelos gases adsorvidos na
superfície da partícula for grande (repelir água) esta irá flutuar.
Para evitar a sedimentação de forma isolada, deve-se atuar sobre as forças repulsivas,
as quais são resultantes de eventuais cargas superficiais das partículas.
A redução do potencial Zeta pode ser lograda com a adição de íons de cargas opostas
até o ponto de neutralização das cargas, ou pela adição de polímeros hidrofílicos para formação
de uma camada protetora sobre as partículas. 70
5.1.4 Emulsões
São formas farmacêuticas constituídas por duas fases líquidas imiscíveis, em geral
água e óleo, e que podem apresentar consistência líquida ou semissólida.
71
A maioria das emulsões utilizadas na terapêutica constitui emulsões do tipo O/A, ou
seja, a fase interna (descontínua ou dispersa) é a oleosa, e a externa (contínua ou dispergente)
é a aquosa. As emulsões O/A além de serem laváveis, podendo ser facilmente removidas da
pele ou das roupas, apresentam, em geral, melhor biodisponibilidade.
Os métodos mais simples para descobrir qual é a fase interna e qual a externa são:
Nas emulsões, o fármaco pode estar dissolvido ou suspenso nas fases aquosa ou
oleosa, e esta versatilidade é uma das principais vantagens das emulsões.
Porção Polar A
Porção Apolar
A
73
ÓLEO
B
ÁGUA
EHL 20 . (1 – S / A)
IHL = O . 100 / C
Com o valor de EHL de cada componente envolvido na formulação da emulsão O/A ou
A/O, pode-se então escolher, de forma criteriosa, o sistema tensoativo ideal.
Obs.: quando os valores de EHL requeridos são distintos dos valores dos tensoativos
disponíveis, em geral trabalha-se com dois tensoativos, sendo que, obviamente, um deverá
apresentar valor superior e o outro inferior ao valor de EHL requerido. As proporções são
calculadas conforme Esquema B, a seguir.
Dados (EHL A/O e EHL O/A): cera branca (4 e 11); óleo mineral (5 e 12); óleo de
amêndoas (6 e 14); lanolina (8 e 11), óleo de rícino (6 e 14).
Com base nas formulações acima, pode-se inferir, sem a necessidade de qualquer
método de análise, que a fórmula a é uma emulsão O/A, e a b, A/O. Essa conclusão se baseia
no fato de que sempre que a fase aquosa for superior em proporção será a fase externa.
Igualmente, formulações com aproximadamente 31% ou mais de água já tornam possível
sistemas O/A. Em contrapartida, sempre que a FO for superior a 75% será a fase externa.
Esses valores, por sua vez, são multiplicados pelas respectivas proporções de cada
componente da fase oleosa. A somatória nos dará o EHL requerido para cada emulsão.
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Cera branca ............ 5,0 / 49 . 11 = 1,12 Cera branca ............ 40 / 112 . 4 = 1,43
Óleo mineral .......... 26,0 /49 . 12 = 6,36 Lanolina .................. 10 / 112 . 8 = 0,71
78
Como nenhum dos tensoativos apresenta EHL exatamente igual aos EHLs requeridos
que são encontrados nos cálculos, utilizam-se dois cujos valores estejam imediatamente superior
e inferior ao determinado.
Por exemplo, para emulsão a (EHL req = 12,62), os tensoativos Myrj 45 e Tween 21
podem, nas devidas proporções, resultar em um sistema tensoativo de EHL exatamente igual a
12,62.
x = 0,31 = 31%
Ou seja, o sistema tensoativo será composto por 50% do tensoativo Myrj 45 e 50% de
Tween 21, o que em gramas corresponderia a 2,5 g de cada.
Já para a emulsão b, os tensoativos com EHL mais próximos do requerido (5,45) são o
Span 60 (EHL = 4,7) e o Span 40 (EHL = 6,7).
79
Considerando que 3% de 132 g (FO + FA) é igual a 3,96 g (~ 4,0 g), o sistema
tensoativo ideal para fórmula b será composto por 1,5 g de Span 60 e 2,5 g de Span 40.
A dispersão da fase interna na externa deve ser feita com ambas as fases
praticamente à mesma temperatura (em torno de 70 ºC).
II) Fase oleosa: no caso de emulsões A/O, a fase oleosa é, invariavelmente, superior
em proporção. Pode ser composta por ampla variedade de substâncias lipofílicas, as quais em
geral são responsáveis pela inerente ação emoliente das emulsões. Estas substâncias podem
ser de origem:
Natural: os óleos de origem vegetal, como óleo de amêndoas, óleo de soja e cera de
carnaúba; têm como vantagem ser renováveis. Entre os compostos de origem animal, cada vez
menos utilizados para elaboração de cosméticos e medicamentos, destacam-se: lanolina e
derivados, espermacete e derivados.
Óleos de silicone: formam uma película isolante sobre a pele, repelindo a água,
agindo como lubrificante e emoliente (ex.: dimeticona e a fenilmeticona).
Silicones voláteis: evaporam-se rapidamente quando aplicados, porém são capazes
de deixar sobre o local uma fina película (ex.: ciclometiona).
Silicones emulsionantes: apresentam-se sob a forma emulsionada e podem ser
empregados na obtenção de preparações do tipo A/O.
81
Minerais: são hidrocarbonetos extraídos do petróleo cuja inocuidade depende do grau
de pureza, pois os mesmos podem conter substâncias carcinogênicas. Não são saponificáveis e
são quimicamente inertes, resistindo à oxidação e à hidrólise. Não apresentam capacidade de
penetração percutânea, sendo que o tamanho da cadeia determina ainda propriedades
emolientes, oclusivas e espessantes. Destacam-se o óleo mineral, a vaselina e a parafina.
III) Tensoativos: podem ser naturais (saponinas, colesterol, lecitina, lanolina, gomas)
ou sintéticos, os quais se subdividem em: aniônico (estearato de sódio, oleato de sódio,
laurilsulfato de sódio); catiônicos (cloreto de benzalcônio, cloreto de cetilpiridineo); não iônicos
(ésteres de sorbitano, alquil ésteres de sorbitano); tensoativos anfóteros (aminoácidos). Para o
uso interno são permitidos os tensoativos naturais como gomas, gelatina, lecitina, ou sintéticos,
como monoestearato de glicerilo, Spans® e Tweens®.
Do mesmo modo, uma vez que a adição de ativos de carga contrária pode ocasionar a
desestabilização da emulsão, as ceras ditas não iônicas apresentam vantagens sobre as
demais, já que o risco de incompatibilidades é menor. Em contrapartida, as ceras
autoemulsionantes à base de tensoativos catiônicos apresentam ainda a desvantagem de serem
mais irritantes.
82
5.3 FORMAS PLÁSTICAS OU SEMISSÓLIDAS
No que diz respeito à forma farmacêutica, destacam-se como fatores positivos para a
penetração percutânea:
O veículo deve ter consistência adequada (boa espalhabilidade), ser bem tolerado, não
apresentar incompatibilidades, apresentar cedência adequada a cada tipo de fármaco para
melhor permeação, ser estável, ser preferencialmente lavável e esterilizável.
a) Hidrófobos
Ceras: são usadas para aumentar a consistência das pomadas, e embora não
laváveis, podem absorver água. Em geral, apresentam poucas incompatibilidades. Como
exemplos podem citar a lanolina, cera de abelhas, cera de cacau, espermacete e palmitato de
cetila.
b) Hidrófilos
c) Emulsionados
Emulsões O/A: são mais empregadas em razão das vantagens como fácil remoção da
água. Formam um filme na superfície da pele quando a água evapora. Destaque para
diadermina, com elevado poder desengordurante. Entre os agentes espessantes temos o ácido
esteárico saponificado, e ceras autoemulsionáveis à base de álcool cetílico e estearílico
associadas aos tensoativos.
87
5.3.3.1 Géis
I) Os Componentes Usuais
a) Gelificantes
São utilizados para evitar a perda de água da formulação, conferindo ao gel maior
elasticidade (melhor espalhamento). Entre os mais utilizados temos a glicerina, o propilenoglicol
e o sorbitol. A concentração usual gira em torno de 5%.
89
c) Outros Coadjuvantes
Os agentes quelantes são particularmente importantes para os géis, pois inativam por
complexação metais pesados e alcalinos terrosos, bem como potencializam a ação de alguns
antimicrobianos. Entre os problemas causados por estes metais nas formulações destacam-se:
5.3.3.2 Pomadas 90
As pomadas propriamente ditas, assim como os géis, são do tipo solução. Entretanto,
empregam veículos hidrófobos ou, no caso específico das pomadas hidrófilas, polietilenoglicóis.
I) Produção de Pomadas
A preparação de pomadas pode ser feita a frio (ex.: pomada amarela) ou por fusão
(ex.: pomada branca).
Nas preparações a frio faz-se uma simples dispersão com auxílio de espátula, pão-
duro ou equipamentos industriais apropriados. Ressalta-se que a dispersão a frio só é possível
para veículos pastosos e líquidos.
Na preparação por fusão, os componentes da base da pomada são submetidos a
aquecimento. No caso de ceras sólidas, esta é a única alternativa viável.
91
I) Componentes Usuais
a) Excipientes inertes ou veículos: constituem a base do supositório; devem
desintegrar-se obrigatoriamente a 37 ºC.
a) Manteiga de cacau: apresenta três formas polimórficas (α, β e β'), sendo muito
utilizada em supositórios. Funde-se aproximadamente a 30 ºC, devendo ter baixa acidez.
Susceptível à rancificação.
b) Óleos hidrogenados: são obtidos por hidrogenação catalítica de vários óleos
vegetais (ex.: óleos de coco, amendoim e semente de algodão), processo este que diminui a
vulnerabilidade à oxidação (rancidificação).
a) Fusão-solidificação
b) Compressão
A preparação das pastas requer subdivisão das partículas sólidas seguida por 94
incorporação na base semissólida. A incorporação deve ser feita sempre de forma gradativa e
progressiva.
5.3.3.5 Cremes
Os cremes são emulsões semissólidas. Assim como para as formas líquidas, sua
preparação deve ser embasada na Lei dos Semelhantes e seguir as seguintes fases:
Agitação
Emulsão A/O 95
Emulsão O/A
As formas sólidas representam mais de dois terços dos medicamentos atuais. Tal
difusão deve-se a vantagens como:
5.4.1 Pós
96
Pós são formas farmacêuticas sólidas constituídas por um ou mais princípios ativos,
adicionados ou não de adjuvantes, pulverizados e misturados homogeneamente. Apresentam
vantagens como:
Inconveniente na ingestão;
Estabilidade;
Dificuldade de proteção da decomposição dos pós contendo materiais
higroscópicos.
I) Quanto à aplicação
Uso interno: podem constituir solução no momento da administração.
Uso externo: devem possuir boa espalhabilidade e tenuidade e não devem causar
irritação local.
2 9,5 mm 98
4 4,75 mm
8 2,36 mm
10 2,00 mm
20 850 m
40 425 m
60 250 m
80 180 m
100 150 m
120 125 m
200 75 m
400 38 m
1. Velocidade de dissolução;
2. Suspensibilidade;
3. Uniformidade na distribuição;
4. Tecnologia de obtenção de comprimidos e cápsulas;
5. Penetrabilidade (partículas inaladas: 1 a 5 m);
6. Espalhabilidade (não aspereza < 100 m).
99
II) Pulverização: subdivisão das partículas. Em pequena escala pode ser feita por:
Por outro lado, a seleção de partículas garante a obtenção de partículas com tenuidade
adequada, diminuindo riscos de irritação, promovendo estabilidade física, dissolução e absorção.
IV) Mistura
Para eficiência desta etapa todos os componentes devem ter o mesmo tamanho de
partícula.
101
V) Secagem
Antecede a mistura dos pós, realizada em estufas com sistemas blindados e captura
de vapores de solventes. O controle é feito pela avaliação do teor de umidade.
I) Requisitos:
a) Bases Inorgânicas
Óxido de zinco: pó cristalino, bom adsorvente de água e óleo, boa fluidez, baixa
aderência, ação antisséptica e adstringente.
b) Bases Orgânicas
Amido: alta aderência, boa fluidez, boa capacidade de adsorção de água e óleo.
Embora de baixo custo, constitui, quando úmido, excelente substrato para crescimento
microbiano.
Lactose: baixa fluidez, baixo poder aderente. Utilizada para pós absorvíveis. 103
Pós antissépticos: ácido salicílico, ácido bórico em bases aderentes e com boa
capacidade de adsorção de água (óxido de zinco, amido e talco).
I) Requisitos:
Permitir solubilização dos ativos;
Quando efervescentes (trituração de ácido e base separadamente);
Garantir sabor e odor agradáveis;
Boa conservação;
Compatibilidade entre componentes.
104
5.5 GRANULADOS
Vantagens:
105
Os granulados podem ser obtidos por via úmida, fusão ou via seca. As etapas para
obtenção de cada via são descritas a seguir.
Calibração Calibração
Calibração
Lubrificação Lubrificação
Lubrificação
V) em V)
em V)
5.5.2 Cápsulas
São formas farmacêuticas sólidas nas quais o(s) fármaco(s) e excipientes estão
contidos no interior de um invólucro solúvel, geralmente constituído de gelatina de tamanho
variável, normalmente destinado ao uso oral. Em geral, representam 50% da produção de
106
farmácias de manipulação.
Vantagens:
Desvantagens:
I) Quanto ao invólucro
107
Duras: podem constituir-se de gelatina ou amido.
Moles: compostas basicamente de gelatina e plastificantes (glicerina).
Pós.
Granulados.
Substâncias oleosas (cápsulas moles).
No da
Diâmetro (cm) Comprimento (cm) Volume (mL)
cápsula
Não devem ser utilizados como diluentes de cápsulas: talco, caulim, derivados de
celulose formadores de géis viscosos, bem como outros agentes viscosificantes como
carbopol®, gomas e PVP.
I) Cápsulas Duras
Classificação
Vantagens:
Granulação úmida;
Granulação seca;
Compressão direta.
Independentemente do processo, este sistema particulado deve apresentar reologia
adequada, baixa aderência e abrasividade ao ferramental e, após comprimido, fácil ejeção.
Vantagens:
Desvantagens:
Vantagens:
Não emprega aglutinante úmido, podendo ser utilizado a fármacos hidrolisáveis; 113
Não é necessária a secagem, podendo ser empregada em fármacos termolábeis;
Demanda menor tempo de processo.
Desvantagens:
Vantagens:
114
Etapas do processo:
Tamização;
Mistura;
Adição de lubrificantes;
Compressão.
116
IV) Desagregantes: são substâncias que aceleram a dissolução ou a desagregação
dos comprimidos na água ou nos líquidos do organismo. Normalmente são compostos que
possuem grande poder de absorção de água, inchando-se em contato com esta, ocasionando a
desintegração do comprimido. São exemplos de desagregantes: amido, alginatos, gelatina,
derivados de celulose, silicatos (bentonita, Veegum®, Explotabe®), amido glicolato de sódio
(Explosol®), croscarmelose sódica (Explocel®), entre outros.
Corretivos
Edulcorantes: possuem sabor doce e são empregados para corrigir o gosto de uma
preparação, sendo muito empregados em granulados. Ex. sacarina, ciclamatos e aspartame.
Estabilizantes
Vantagens:
Uma vez que na maioria dos métodos de revestimento os comprimidos são submetidos
à rolagem, onde ocorre grande atrito entre comprimidos e/ou paredes do equipamento, as
seguintes propriedades são essenciais:
119
III) Tipo de Processo
5.5.4.2 Drageamento
É bastante demorado;
Dependente do operador (experiência);
Difícil validação;
Baixo grau de uniformidade (peso e tamanho); 120
Variação intralote e interlote;
Maior tempo de dissolução;
Não permite gravações;
A película formada é mais frágil.
I) Isolamento
Após a obtenção dos núcleos esses são levados à estufa para retirar a umidade
residual;
A seguir, são colocados na bacia e deixados sob rolamento, para aparar possíveis
arestas;
O isolamento é obtido aplicando-se camadas de material impermeável, como por
exemplo, goma laca, PVP, acetato de polivinila, entre outros. O material geralmente
é uma solução de solvente orgânico, aplicada aos poucos. Após um período de
rolamento dos núcleos, são feitas novas aplicações, quantas forem necessárias.
II) Sub-revestimento
121
O xarope simples pode conter cerca de 5% de goma arábica, a fim de se obter um
revestimento mais resistente.
O pó mais comumente empregado é o carbonato de cálcio, com cerca de 10 a 15%
de talco, para facilitar a sua distribuição uniforme pelo lote.
Todo o processo é realizado com a turbina em movimento e com a insuflação de ar
quente.
III) Alisamento
Utiliza-se nesta fase sucessivas aplicações de xarope simples, seguidas cada uma de
um espaço de tempo em que a turbina se mantém em funcionamento e é feita a insuflação de ar
quente.
O xarope simples deve conter menor quantidade de goma arábica (~2,5%), a fim de
permitir melhor desgaste e eficiência no alisamento.
IV) Coloração
Tem finalidade apenas estética, sendo, portanto, opcional. Para tanto, basta adicionar
nas últimas camadas da fase de alisamento o corante desejado à solução de xarope simples.
V) Polimento
Tem como objetivo dar às drágeas um brilho peculiar e revesti-las com uma película
fina impermeável, que protegerá as camadas de açúcar da umidade do ar.
123
I) Equipamentos Utilizados em Processos de Revestimento
Pré-requisitos:
Barato;
Biodisponível;
Solúvel;
Produzir produtos com bom aspecto;
Estável e compatível;
Inócuo (atóxico);
Inodoro, incolor e insípido;
Mecanicamente resistente (gastrorresistente quando necessário);
Capacidade de impressão em equipamentos de alta velocidade.
Sistemas solventes:
Etanol / Água;
Acetona / Água;
Cloreto de Metileno / Etanol;
Cloreto de Metileno / Acetona;
Etanol / Isopropanol.
124
Plastificantes: melhoram as características das películas, evitando trincas, quebras e
reduzindo a temperatura de transição vítrea. Podem ser:
I) Fatores físico-químicos
Formas gasosas: incluem aerossóis e sprays para aplicação tópica, nasal ou bucal,
bem como formas de uso veterinário, hospitalar ou mesmo caseiro, como as fumigações,
vaporizações, inalações.
Algumas dessas formas farmacêuticas merecem destaque no que diz respeito à via de
administração, seja pelas características anatomofisiológicas, seja pela importância terapêutica.
Termos como USO TÓPICO ou VIA TÓPICA são trocados por USO EXTERNO ou VIA
CUTÂNEA de modo tão deliberado, que frequentemente geram dúvidas quanto ao verdadeiro
significado do termo tópico.
128
No que diz respeito ao espectro de ação, os medicamentos podem ser tópicos (ação
local) ou sistêmicos. Assim, pode-se entender por produto de uso tópico todo aquele que,
aplicado a um determinado local, não atinja o sistema circulatório.
A pele merece destaque por ser o segundo maior órgão do corpo humano, perdendo
apenas para esqueleto ósseo. A importância da pele se justifica ainda por suas funções que
incluem:
Função sensorial;
Função nutricional (biossíntese de vitamina D);
Excreção e balanço eletrolítico (suor);
Termorregulação (transpiração);
Fotoproteção (melanina);
Proteção (mecânica, química e imunológica).
A pele é constituída basicamente por três camadas (Fig. 7): epiderme, derme
(endoderme) e hipoderme (diaderme).
A derme é formada por tecido conjuntivo composto por proteínas fibrosas (colágeno
74%, elastina 4%, e reticulina 4%). É enervada, vascularizada (sistema linfático e sanguíneo) e
apresenta alto grau de hidratação, conferido pela presença de vários componentes que integram
o NMF - fator natural de hidratação (ex.: mucopolissacarídeos, lactatos, aminoácidos, eletrólitos,
entre outros), bem como pela característica oclusiva da emulsão epitelial. Entre as células da
derme destacam-se os fibroblastos, responsáveis pela biossíntese do material conjuntivo, os
mastócitos e histócitos, que além de apresentarem natureza conjuntiva conferem proteção
biológica, e os linfócitos, relacionados a funções sensoriais, vasculares e imunológicas. Na
derme, fixa-se a base de vários anexos da pele, como o aparato pilossebáceo (pelos e glândulas
sebáceas) e as glândulas sudoríparas.
A vascularização, que é maior tanto pelo sistema linfático, quanto sanguíneo, confere à
hipoderme proteção imunológica e absorção sistêmica.
131
O pH cutâneo é regulado pelas secreções glandulares e situa-se em torno de 4,5,
contribuindo de modo importante para defesa da pele. Igualmente, o valor de pH varia de uma
região para outra, podendo atingir 7,2 nos espaços interdigitais ou 8 em doenças da pele. A
psoríase, por outro lado, tende a aumentar a acidez da pele.
Por outro lado, existem várias preparações líquidas de uso tópico, cujo conceito está
atrelado a vias de administração tópicas bastante específicas.
Colutórios: forma farmacêutica líquida viscosa que se destina à aplicação tópica sobre
as gengivas e partes internas da boca. Geralmente é veiculado na forma de spray e deve
apresentar, além de estabilidade adequada, sabor agradável.
Enemas: forma farmacêutica líquida destinada à aplicação retal com fim laxativo ou
para produzir efeito local ou sistêmico. Os requisitos básicos destas preparações são
estabilidade e viscosidade adequada.
Os componentes usuais são fármacos (aminofilina, hidrocortisona, fosfatos de sódio,
docusato de potássio, glicerina, óleo mineral leve), veículo (glicerina: água, óleo mineral, óleos
vegetais).
133
Duchas: forma farmacêutica líquida destinada a ser introduzida em cavidades do corpo
para limpeza ou ação local antisséptica - faríngea, vaginal, ocular, nasal. Em alguns casos
devem ser estéreis.
A via nasal merece destaque pela característica do epitélio nasal, que é altamente
vascularizado, podendo-se obter tanto ação tópica quanto sistêmica, bem como pela importância
fisiológica do nariz. Por outro lado, o nariz é um reservatório importante para agentes
134
infecciosos, especialmente vírus e microrganismos causadores de doenças.
136
A córnea é uma membrana que reveste o globo ocular, pouco irrigada, mas muito
enervada e, portanto, muito sensível a estímulos dolorosos.
138
Entende-se por via de administração parenteral qualquer via interna que não pertença
ao trato gastrintestinal (TGI).
139
Por outro lado, a injeção IV de grandes volumes com desvio significativo de pH pode
causar tromboflebites.
Também denominada via hipodérmica, a via SC aceita volumes de, no máximo, 2 ml.
Permite a administração de formas líquidas (soluções, suspensões e emulsões) ou sólidas
(pellets). Embora seja a camada mais vascularizada da pele, a absorção é lenta, sendo
eventualmente indicada a adição de hialuronidase.
6.6.5 Intrarraquidiana (IR)
Quando se deseja ação sistêmica, a via oral é a mais conveniente e, portanto, a mais
utilizada. Entre as formas farmacêuticas de uso oral e interno, destacam-se os produtos sólidos
(comprimidos, cápsulas e drágeas) e líquidos (gotas, xaropes, elixires), bem como geleias. O
grande diferencial desta via está no fato de que o TGI é um órgão especializado na digestão e
absorção, funções responsáveis tanto pelo aspecto negativo da instabilidade, quanto positivo da
boa biodisponibilidade.
A via retal é uma alternativa à via injetável e oral, que em virtude da alta vascularização
pode apresentar também ótima absorção sistêmica.
Em relação à via injetável apresenta a vantagem de não requerer pessoa qualificada
para administração, porém os níveis de absorção são em geral menores.
Já em relação à via oral apresenta como principal vantagem o fato de se evitar por esta
via a ação do suco gástrico e entérico, porém perde, obviamente, no quesito conveniência.
143
• Fator de Equivalência;
• Conversão de Unidades;
• Proporcionalidade.
A análise da prescrição deve levar em conta o nome usual, que é em geral o mais
frequentemente utilizado em prescrições.
O Fator de Equivalência poderá ser maior, igual ou menor que 1,0, dependendo dos
seguintes casos:
→ FEq = 1,00 (quando a matéria-prima disponível e fármaco forem iguais)
Exemplos:
• Cloridrato de amitriptilina.
• Cloridrato de anfepramona.
• Cloridrato de doxepina.
• Difosfato de dietilbestrol.
Exemplos:
• Acetato de Dexametasona.
• Benzoato de Metronidazol.
• Citrato de Tamoxifeno.
• Cloridrato de Cefalexina.
• Dicloridrato de Flunarizina.
• Palmitato de Cloranfenicol.
→ FEq ³ 1,00 (quando dose pode ser expressa em relação ao sal ou base).
• Cloridrato de Clordiazepóxido.
• Fenitoína sódica.
• Fenobarbital sódico.
• Naproxeno sódico.
Neste último caso, se a matéria-prima disponível for igual à forma prescrita FEq = 1, se
não FEq > 1.
145
• Valência do sal.
• Grau de Hidratação.
• Teor de Umidade;
• Potência;
• Diluições.
Dados:
C i p r o f l o x a c i n a (C17H18FN3O3): PM = 331,3
FE = 385,8 = 1,16
331,3
Fc = 100 / 95 = 1,053
147
Fc = 100 / 96 = 1,0417
4.2) Calcule o Fator de correção para Cloridrato de ciprofloxacina mono-hidratada, cujo teor
determinado foi de 98 % do valor rotulado.
Aplicar Fc = 1000
Aplicar Fc = 100
Aplicar Fc = 5
7) Exemplos Práticos
7.1) Calcule a quantidade a ser pesada de betacaroteno para preparar a fórmula abaixo:
Fc = 100 / 11 = 9,09
7.2) Calcule a quantidade a ser pesada de Kawa Kawa para preparar a fórmula abaixo:
Fc = 70 / 30 = 2,33
7.3) Calcule a quantidade a ser pesada de Al2O3 para preparar a fórmula abaixo:
PM=102 PM=2x78
7.4) Calcule a quantidade a ser pesada de Al2O3 para preparar a fórmula abaixo:
Al(OH)3 .......... 10 %
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