Gestão de Pessoas - Bônus
Gestão de Pessoas - Bônus
Gestão de Pessoas - Bônus
GESTÃO DE PESSOAS
SAÚDE
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239p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-360-9
CDD 658.3
SUMÁRIO
1 PERSONALIZANDO A ORGANIZAÇÃO........................................................................................7
10.2.3.2CIPA ......................................................................................................................................151
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................236
1 PERSONALIZANDO A ORGANIZAÇÃO
7
“... eu te ajudo a conquistar os teus objetivos e você os meus...”
As organizações são criadas pelo homem e se perpetuam através dos homens, são
compostas de pessoas que assim como as empresas têm seus objetivos geralmente delineados
e específicos.
O homem A empresa
1.1 SISTEMAS
A administração utiliza este conceito para explicar suas ações e interações como
sendo um ser vivo.
Um enfoque sistêmico possibilita ter uma visão mais abrangente do conjunto de ações
da empresa e da gestão de seus recursos. 9
Produto ou
Insumos
serviço final
10
Processo (output)
(Input)
Retroação ou
Feedback
Vamos usar um exemplo: uma indústria do segmento alimentício faz uma pesquisa e
descobre que a população tem preferência por biscoitos de chocolate, então decide inovar a
produção e lançar uma nova marca de biscoitos de chocolate. A empresa faz testes com novos
ingredientes, desenvolve seus fornecedores, analisa os custos, contrata novos funcionários, cria
a linha de produção, se preocupa com o Marketing do novo produto, treina a equipe de
vendedores e lança no mercado.
Agora vejamos como podemos representar um sistema com este exemplo:
Entradas (input)
Processo (operacionalização)
Saídas (output)
A Retroação é uma realimentação do sistema, ou seja, é uma informação que vai fazer
um retorno para dizer se o sistema está ou não atingindo os resultados esperados e pode ser
considerado como uma Entrada. Um exemplo de retroação é a aceitação, ou não, dos novos
biscoitos de chocolate pelo mercado. Este retorno do mercado vai realimentar o sistema, 12
informando se o produto final alcançou a aceitação desejada ou se devem ser alterados os
processos para que a indústria consiga o resultado esperado.
Ambiente é tudo o que envolve uma organização, é o universo vasto e complexo que
compõe outras empresas, organizações, grupos, etc. É do ambiente que as empresas
conseguem os recursos para seu funcionamento e é para o ambiente que produzem. Os
sistemas das organizações sofrem diretamente com as interferências do ambiente,
principalmente com as constantes mudanças no aspecto social, político e econômico.
A maioria dos autores concorda que muitas empresas ainda conservam um sistema
autocrático e fechado e resistem em adotar uma administração mais moderna, mesmo com as
mudanças sociais, culturais, políticas, econômicas e tecnológicas que acontecem todos os dias.
Uma visão mecanicista ainda gerencia e predomina essas empresas, que não se adaptam
facilmente a mudanças, mesmo em um mundo que hoje defende questões como a democracia,
a liberdade de expressão, a qualidade de vida, etc.
Chiavenato (2003) faz uma analogia da cultura organizacional com um iceberg. A parte
visível do iceberg representa os aspectos formais da Cultura Organizacional que são facilmente
reconhecidos, como as políticas e diretrizes, os métodos de trabalho, a estrutura da empresa e a
estrutura dos cargos. A parte inferior, oculta pela água, esconderia aspectos informais como os
sentimentos, as percepções, os valores, as regras informais do grupo, etc.
15
Missão
Visão
1.4.3 Teoria X
Esta é uma visão tradicional da Administração que predominou por muitos anos no
passado, tem como base concepções distorcidas da natureza do homem. Nesta teoria, a
Administração deve dirigir as pessoas, preocupar-se em incentivar e controlar suas tarefas para
garantir os resultados esperados pela empresa, persuadindo, recompensando e punindo, já que
o homem é um ser passivo. Esta teoria defende premissas como:
1.4.4 Teoria Y
Este trabalho tem por finalidade proporcionar elementos para que você possa pensar a
respeito das situações que vive e sobre aqueles que você virá a vivenciar, tanto na vida pessoal
quanto profissional, mas, sem dúvida, o interesse maior diz respeito à sua atividade de trabalho.
Cabe ainda salientar que seu desempenho profissional depende de suas próprias
habilidades, de suas percepções e capacidade de manejar as diversas situações do dia a dia,
mas certamente depende também de aspectos que lhe são alheios, que não dependem
diretamente de sua atenção, ao contrário, sua atenção é que dependerá delas.
Muitas coisas dependem de você, mas muitas outras não dependem de você e sim das
pessoas que o cercam e, especialmente, da constituição do grupo – e da instituição – a que você
pertence.
Porém, isto não significa que você está isento de responsabilidades naquilo que faz e
nos resultados que produz. Isto está aqui indicado apenas para acentuar o caráter de
interdependência entre sua prática e o funcionamento institucional, ou seja, o que você faz
produz efeitos sobre o andamento da organização a que você pertence, mas o funcionamento
próprio dessa organização também interfere naquilo que você poderá fazer e no alcance ou
repercussão do que você possa fazer.
Assim sendo, o conhecimento que você adquire só tem valor se você o aplica. Não
aplicá-lo reduz significativamente a importância que ele possa ter na sua vida. Então, o valor do
conhecimento está no que você faz com ele. Pense nisso! Agora, prosseguiremos abordando o
processo grupal.
As relações humanas são determinadas pela conjugação dos fatores até aqui
abordados. Quando se referem ao espaço organizacional, apresentam algumas particularidades 26
importantes de considerar, principalmente para aqueles que trabalham em contextos desta
natureza.
Segundo Fela Moscovici (1975), é possível identificar dois níveis distintos próprios das
relações interpessoais existentes nas empresas. São elas:
O nível da tarefa.
O nível socioemocional.
São níveis que funcionam e existem de formas interdependentes, ou seja, são níveis
que se influenciam mutuamente, o que significa dizer que não são excludentes, ou melhor, a
existência de um não implica ausência do outro; ao contrário, são níveis que acontecem
simultaneamente, cada um com suas características próprias, mas também interferindo no que
se processa no outro nível.
Essas considerações evidenciam que não basta competência técnica para o exercício
das funções, ou seja, ela é necessária, mas não suficiente. Porém, infelizmente, as empresas
ainda não têm reconhecido que apostar todas as fichas na qualificação técnica de mão de obra é
um sério equívoco.
maior ou menor, será mais ou menos satisfatório, dependendo do que se sucede em termos
socioemocionais. Assim, a facilitação ou não do desempenho nas tarefas está intimamente
relacionado com o que se passa no nível socioemocional.
Existem três dimensões a serem consideradas quanto ao processo dos grupos. São
dimensões que não se excluem mutuamente, ao contrário, coexistem simultaneamente. O que
ocorre é que cada uma se manifesta de forma mais evidente de acordo com as circunstâncias.
As dimensões em questão são as seguintes:
Dimensão Intrapessoal: Diz respeito ao repertório de reações da pessoa, assim
como sua motivação e pontos de vista. É a dimensão relativa dos processos que envolvem a
relação do indivíduo consigo mesmo, de tal forma que Fela Moscovici (1975) a denomina de
“relação eu-eu” e que é decisiva no processo grupal, pois as relações que o indivíduo estabelece
com outras pessoas dependem, de maneira significativa, da forma pela qual ele se relaciona
consigo próprio. Assim, o contato com o mundo e com as outras pessoas está diretamente
relacionado com o modo como a pessoa se sente em relação a si mesma. Ou melhor, a 28
Segundo Fela Moscovici (1975), é Schutz o autor que formula a concepção relativa aos
núcleos de necessidades que se evidenciam no processo grupal e identifica os núcleos em
número de três.
29
São necessidades que podem ser verificadas em todas as formas de relacionamento,
não estão presentes de forma particularizada apenas em uma ou em outra situação de
agrupamento ou de relação interpessoal.
31
Você acredita que liderança e gerenciamento eficazes impulsionam uma equipe para o
sucesso? 32
Qual o administrador que já não se fez algumas dessas perguntas pelo menos uma
vez? As pessoas comunicam-se, aproximam-se, afastam-se, sentem aversões, carinho, medo,
sentimento de ameaça, de segurança, etc. Existe uma infinidade de reações e sentimentos,
conscientes ou inconscientes, que derivam da mente humana e constituem o complexo processo
de interação entre os homens.
A princípio uma empresa não contrata seus colaboradores por caridade, mas porque
ela precisa das pessoas, de seus esforços, conhecimentos e experiências. 33
O tempo todo, as pessoas estão interagindo umas com as outras, por meio de um
olhar, de um sorriso, da postura corporal de aproximação ou de defesa, de um gesto espontâneo
ou intencional.
Toda interação passa uma mensagem, comunica algo aos outros, seja em linguagem
verbal, seja em linguagem não verbal.
É comum alguém se deixar guiar pela primeira impressão quando conhece uma
pessoa. Esse contato inicial está condicionado por diversas experiências anteriores, fatores
psicológicos e preconceitos internalizados, que criam um clima favorável ou desfavorável para
ambos os lados da interação e condicionam um comportamento de aceitação ou de afastamento.
Quem alguma vez não disse: “Eu não imaginava que você fosse assim?”, “Puxa, mas
você, hein, parecia tão calminho?”, “Antes eu tinha uma imagem tão diferente de você!”, “Mas
você pensava isso de mim?”.
Quantas vezes uma pessoa pode ser vítima de impressões equivocadas ou, então, ter
ela mesma uma imagem irreal de outras. É frequente que a impressão a respeito dos outros
indivíduos mude quando passamos a conhecer um pouco mais sobre eles. 34
Porém, para isso, é necessário dar uma chance para que aconteça e não rotulá-los ou
diagnosticá-los, colocando um ponto final na percepção, sem dar uma chance para confirmar ou
modificar aquela primeira impressão.
Hereditariedade
35
Personalidade
Essa interação é facilitada, ou não, por essas características pessoais, que interferem
no processo de percepção de si mesmo, dos outros e do ambiente.
O grupo interage com o ambiente, sobre o qual atua como um agente de mudanças; ao
mesmo tempo, é influenciado pelo ambiente e pela cultura em que está inserido.
Afirma Jalowitzki (1998) que, independente do grupo ou grupos de que uma pessoa
faça parte, as necessidades de participar de grupos podem ser caracterizadas em três níveis,
conhecidas como necessidades de INCLUSÃO, CONTROLE e AFLIÇÃO, descritas a seguir.
As organizações que buscam ter um diferencial de mercado devem atuar sobre seus
grupos de trabalho para que consigam atingir a fase da maturidade e sejam fontes de vantagem
competitiva, estimulando o comprometimento e a produção de resultados por meio da sinergia
de esforços, de modo a transformar grupo em equipe de trabalho.
Mas o que é uma equipe? Uma equipe é um grupo que tem objetivos bem definidos, no
qual todos os seus integrantes buscam essas mesmas metas por meio de habilidades
complementares e de um contínuo processo de experimentação e troca de experiências.
Por que os conflitos podem ser considerados como motivadores de mudanças e ter
uma conotação positiva? Os conflitos acontecem quando existem divergências ou insatisfações
no grupo.
A experiência do conflito não é agradável, traz dor, mas não tem necessariamente uma
conotação negativa, depende de como é administrada.
O lado positivo das situações de conflito é que, quando bem gerenciadas nas equipes,
podem trazer um novo momento no grupo, uma nova fase em que:
3.1.3 Liderança
40
Não pretendemos discutir aqui se a liderança é uma condição inata ou adquirida com o
tempo, mas a dinâmica interpessoal no processo de liderança demonstra que existem
características pessoais que facilitam a certos indivíduos desenvolverem a liderança e formarem
equipes de alto desempenho.
A liderança nem sempre tem uma conotação positiva. Já vimos que liderar é o
fenômeno de influenciar pessoas, e essa ação, às vezes, pode até mesmo diminuir o senso
crítico do homem e, em casos mais extremos, ter consequências desastrosas, como podemos
observar em algumas seitas que induzem pessoas ao suicídio com promessas de uma vida mais
feliz após a morte.
Nos grupos de trabalho, também é comum encontrar, mesmo em nível operacional,
funcionários com forte liderança, mas que focam objetivos pessoais e não as metas
organizacionais.
Estilos de Liderança
41
Três pilares fundamentais são descritos por Vergara (1999) no exercício da liderança:
o líder, os seguidores e a situação.
Foco na Liderança
44
A liderança acontece nos dois níveis, ou seja, orientada para o controle e a tarefa ou
para a manutenção e o fortalecimento do grupo. Maximiano (2004) faz um paralelo entre essas
duas orientações e os estilos: autoritário e democrático.
Liderança e Poder
O que o poder tem a ver com a liderança? Enquanto a liderança supõe relação
interpessoal, o poder está relacionado com o processo de influência social.
O poder consiste em conseguir que uma pessoa ou grupo aja da forma desejada ou
em manipular e modificar o comportamento dos outros, influenciando seus pontos de vista e
suas ações.
A psicologia social classifica o poder como tendo diferentes bases de influência, dentre
as quais cinco principais são descritas por Spector (2002): poder legítimo, de coerção, de
recompensa, de referência, de competência.
No entanto, as outras pessoas também têm suas formas de utilizar o poder e exercitar
alguma liderança informal, colaborando ou não com a liderança formal.
47
O líder educador
Fazer mudanças não é fácil, é preciso estar preparado para as frustrações, para os
reveses do dia a dia, e não desanimar. Os líderes devem mobilizar as pessoas para enfrentar
esses desafios, e não as proteger, proporcionando-lhes suporte e conscientizando-as da
necessidade de mudanças por meio de um ambiente de aprendizagem e desenvolvimento.
Desenvolvimento gerencial
Técnicas gerenciais
51
Desempenho eficaz
Conhecimentos.
Estilos de liderança
Será que eu preciso abrir meu próprio negócio para ser uma pessoa empreendedora?
A palavra empreendedor geralmente está associada a pessoas que abrem seu próprio negócio,
mas será que, para ser empreendedor, é necessário ter uma empresa própria?
A resposta é não. Nós podemos ser empreendedores dentro da nossa própria área de
atuação, ou departamento, agindo como se fosse realmente nosso próprio negócio.
Ser empreendedor é uma ferramenta que impulsiona o homem para o sucesso, tendo
um cargo de chefia ou não. A visão da pessoa empreendedora está focada no futuro, na
superação de desafios e nas oportunidades que pode abraçar no mercado ou na carreira
profissional, impulsionando as ações para que realmente se concretizem e sejam um sucesso. 52
FIGURA 10
Objetivos e metas;
Soluções criativas;
As pessoas com Oportunidades de negócios no mercado e
comportamento profissionais;
54
empreendedor Oportunidades de crescimento nos
visualizam: desafios.
Problemas e culpados;
Só dificuldades;
As pessoas sem Os outros fazendo primeiro;
comportamento Os desafios como uma ameaça à
empreendedor segurança.
visualizam:
Define metas: os objetivos devem ser: desdobrados em curto, médio e longo prazo,
claros e específicos, desafiantes, factíveis e mensuráveis; e devem ter um
significado pessoal.
Tem iniciativa e proatividade: movimenta-se no sentido de aproveitar as
oportunidades do mercado para expandir os produtos ou os serviços para os novos
negócios ou nichos de mercado.
Aceita os riscos e trabalha bem sob pressão: aceita os desafios e os riscos e não
desanima diante da pressão por resultados.
Tem motivação e entusiasmo: possui automotivação relacionada com os desafios e
objetivos, além de manifestar entusiasmo e defender suas ideias e projetos.
Busca assegurar a qualidade: visa a atingir uma qualidade de 100% para evitar o
retrabalho, promover a redução de custos e garantir a satisfação do cliente.
Tem criatividade e inventividade: busca soluções alternativas, não desanima diante 55
dos obstáculos.
Tem foco no cliente: esforça-se em deixar os clientes satisfeitos, age “com o cliente
na mente”, procurando atender às necessidades de qualidade, agilidade e redução
de custos dos clientes.
Busca estar atualizada: empenha-se para estar munida de dados, resultados e
informações, procura estudar pessoalmente o meio ambiente para conhecer
clientes, fornecedores e concorrentes.
Tem organização e planejamento: procede a um monitoramento periódico de seus
resultados, estabelece os objetivos e define metas e prazos.
Forma sua rede de contatos: preocupa-se em desenvolver as relações e manter um
networking dentro de seu círculo de interesses.
Tem foco em resultados: não perde o foco, tem persistência e comprometimento,
não desanima com as dificuldades, age rapidamente e assume suas
responsabilidades, buscando resultados.
Tem habilidades de relacionamentos: mantém uma postura flexível e de aceitação
de críticas, além de buscar a integração de esforços nas equipes de trabalho.
56
4 COMUNICAÇÃO UM PROCESSO DE INTERAÇÃO
Quem nunca brincou de “telefone sem fio”? Ao fazermos um paralelo entre essa
brincadeira e o ambiente das organizações, observamos que, no dia a dia acontece o chamado
“rádio peão” ou “rádio corredor”, que deturpa uma mensagem e desencadeia situações delicadas
para a empresa.
No mundo dos negócios, deve existir uma atenção aos problemas da comunicação,
sendo que um desafio para os gestores tem sido estabelecer e manter uma rotina de
comunicação eficiente e eficaz, evitando as temidas barreiras que desviam o sentido da
mensagem.
Uma boa comunicação é a chave para a interação plena dos grupos de trabalho? A
amplitude da comunicação é bem maior do que transmitir uma informação por meio da
linguagem verbal. Engloba o reconhecimento da mensagem por intermédio de um sistema
complexo que pode modificar o conteúdo da informação em virtude de barreiras que podem ser
justificadas, por exemplo, por diferenças na percepção e na forma de pensar das pessoas.
58
59
Ruídos
Feedback
Isso quer dizer que o processo de comunicação pode sofrer interferências? Mas quais?
Chiavenato (2003) aponta três variáveis que interferem no processo de comunicação: pessoais,
físicas e semânticas.
60
4.1.2 Feedback
62
O que é importante para que um feedback proporcione resultados positivos? O
feedback pode ser uma realimentação positiva e reforçar um comportamento desejado,
demonstrar uma comunicação clara e precisa, mas também pode identificar uma falha no
processo de comunicação, um comportamento indesejado ou inadequado.
Nesses casos, o feedback pode enfrentar certas resistências da parte de quem recebe
as informações e seguir as fases abaixo:
O termo JANELA alude à figura das janelas das casas, com o perímetro externo rígido
e, no local onde se encaixariam os vidros, encontram-se as áreas separadas por divisões
(caixilhos) que podem ser móveis. A palavra JOHARI é uma configuração dos nomes Joseph e
Harry.
Área desconhecida
67
Área secreta
ou fechada
Área encoberta
ou cega
Área aberta 69
Qual o papel da comunicação não verbal e de seus processos? Um olhar pode ter
diferentes expressões: atento; curioso; preocupado; amoroso; agressivo ou amedrontado. E
cada uma delas transmite mais do que apenas palavras.
A comunicação não verbal é um dos fatores responsáveis pela primeira impressão que
temos dos outros e, às vezes, carregamos as marcas dessas impressões por muito tempo.
O que você entende sobre a relação entre a comunicação não verbal e a comunicação
falada? A comunicação não verbal deve estar em harmonia com o que falada. É preciso estar
coerente com as nossas intenções ao nos comunicarmos, para que proporcione credibilidade, e
não gere sentimentos indesejáveis.
Na comunicação falada, geralmente são transmitidos dados ou informações, e os
sentimentos são expressos na comunicação não verbal. Assim, por exemplo, o tom da voz pode
dizer mais do que dizem palavras.
Nas organizações, uma cultura que privilegia uma comunicação que seja coerente,
sincera e clara traduz uma gestão transparente para sua força de trabalho e para a comunidade,
transmitindo segurança e credibilidade nos seus projetos. 70
Por que a comunicação pode ser considerada uma ferramenta estratégica nas
organizações? Os novos modelos de gestão exigem uma nova postura nos relacionamentos da 71
empresa com seus grupos de trabalho e com a comunidade, adotando a transparência, com
base em valores éticos e gestão socialmente responsável.
Você diria que uma comunicação eficaz é vital para o sucesso das empresas e para as
rodadas de negociações na economia globalizada? A comunicação precisa ser considerada
como ferramenta estratégica para as organizações que têm como premissa uma postura
transparente e que esperam formar lideranças transformadoras e equipes de alto desempenho.
Em sua opinião, quais os aspectos que devem ser considerados para que tenhamos
harmonia nas empresas? As organizações são compostas de pessoas, que representam o 73
coração da empresa, bombeando informações e ações para sua sobrevivência. Para que a
relação homem-empresa seja agradável e eficaz, devemos buscar harmonia e equilíbrio de
interesses.
COMPORTAMENTO DO HOMEM
Variáveis Variáveis do
individuais ambiente
Personalidade Família 74
Aspirações Escola/ Comportamento do
Motivações educação homem
Medos Política/leis
Percepções Religião
Cultura/regras
Essa nova concepção revela a preocupação com o aspecto humano nas organizações,
que, hoje, tem aumentado. A consequência desse fato é um maior comprometimento dos
funcionários com as empresas em virtude da relação de “ganha-ganha” – a empresa ganha em
produtividade e fidelidade, e os funcionários, em desenvolvimento e satisfação profissional.
Por outro lado, a necessidade pode ser frustrada, não encontrando saída normal. A
tensão do organismo procura um meio indireto de saída, seja por meio de sintomas psicológicos,
como agressividade, descontentamento, apatia, etc., seja por meio de sintomas fisiológicos,
como nervosismo, insônia, palpitações, etc.
Estado de equilíbrio
Estímulo intrínseco ou
extrínseco
Necessidade
Barreira
Tensão
Compensação
Frustração
Estado de
Assim, essa progressão acontece quando uma necessidade inferior está total ou
parcialmente satisfeita, e, quando isso ocorre, o indivíduo passa a experimentar tensões
associadas à próxima necessidade da hierarquia.
Sentir-se responsável;
As atividades realizadas;
Reconhecimento profissional;
Ascensão profissional;
Liberdade de ação.
Sem Satisfação
Salário;
Ambiente físico;
Estabilidade no cargo;
Segurança no trabalho;
Relacionamento com colegas e
Insatisfação Ansiedade de
chefia.
David McClelland, segundo Robbins (2004), desenvolveu outra teoria, a qual tem como
pano de fundo a satisfação de necessidades e cujos fatores enquadram-se na teoria de Maslow. 82
84
Desempenho e resultados (instrumentalidade): é a relação entre desempenho a
mais e uma recompensa para seus resultados.É a crença de que o desempenho produz
resultados, configurando-se como o instrumental para o individuo conseguir atingir os resultados:
Se uma pessoa acredita que seu desempenho não vai atingir seus
resultados, sua expectativa é 0;
Se uma pessoa acredita que seu desempenho vai atingir seus resultados, a
expectativa é 1.
Se uma pessoa acredita que seu desempenho vai vencer um adversário, sua
expectativa é +1.
Bardwick (1996) traz um estudo sobre empresas dos Estados Unidos, no qual constata
que o crescimento da economia após a Segunda Guerra trouxe um estado de acomodação das 85
pessoas e uma atitude chamada “direito adquirido”, proporcionado por um período de
estabilidade e riqueza do país.
Bardwick acredita que, se as pessoas não têm que fazer por merecer o que
conseguem, passam a aceitar como normal o pagamento que recebem. No
entanto, o mundo mudou e trouxe a competitividade.
A necessidade de desenvolvimento de novas competências desafia as pessoas a
saírem dessa “zona de conforto” e a encontrarem o que Bardwick chamou de PSICOLOGIA DO
DIREITO ADQUIRIDO OU DO GANHO, ou seja, as pessoas devem conquistar o que lhes
pertence por direito.
Esse conceito vem ao encontro da gestão por competência, que avalia e premia o
desempenho das competências consideradas chaves para desempenho do cargo. 86
Que atitudes deve ter um gestor que busca desenvolver uma equipe de alto
desempenho e entusiasmada para o trabalho? As pesquisas de Bardwick sugerem algumas
atitudes para os gestores que atuam como MOTIVADORES DE UM AMBIENTE DE
CONQUISTA:
mercados, para os clientes que estão mais exigentes, para a superação de novos desafios e
para obter maior competitividade.
A busca pela cultura da conquista não é um processo fácil, mas é necessário aos
novos modelos de gestão, nos quais a Gestão de Pessoas deve estar preparada para o
gerenciamento da cultura da conquista e para a atuação, como consultores formadores de
pessoas motivadas, engajadas, criativas e, principalmente, felizes no trabalho.
7 GESTÃO DE PESSOAS E MOTIVAÇÃO
As práticas para estimular a motivação dos colaboradores não precisam ser onerosas
e de difícil aplicação e estão mais voltadas para um modelo de gestão participativa e de
valorização da força de trabalho.
A Gestão de Pessoas pode alinhar um plano de ação para otimizar os resultados que a
empresa, os acionistas, os gestores e os colaboradores estejam esperando. Pode fazer isso ao
estimular e desenvolver o entusiasmo e a motivação por meio de ações como:
O mundo parece que foi diminuído com o avanço dos meios de telecomunicações, com
a agilidade dos meios de transporte que facilitam o andamento de negócios e com as novas
parcerias e ideologias. A preocupação em acompanhar essas mudanças tem um papel
estratégico para a sobrevivência no mundo hoje globalizado.
FIGURA 24 - EVOLUÇÃO DA VISÃO E DO FOCO DA ÁREA DE
ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
Gestão focada em
Gestão focada na Gestão mais dinâmica administrar com
burocracia e no e focada no pessoas. Considera
controle das desenvolvimento e na os colaboradores
pessoas. A empresa motivação das como talentos
é mais centralizadora pessoas. Inicia uma dotados de
e o RH é visto como abertura da área para capacidades,
A atuação das pessoas nas organizações, como elas se relacionam, como vendem,
como dirigem, como tomam decisões, etc., depende das diretrizes e da política da empresa, do
negócio, de seus valores, da sua visão, do clima e da cultura organizacional.
Gerenciar pessoas significa ver a organização como um sistema vital, em que seus
colaboradores são considerados parceiros que atuam por meio de suas competências técnicas e
comportamentais e dão vida, foco e alma à organização.
Seres Humanos: não são considerados somente como recursos, mas como
pessoas com sentimentos, personalidade própria, deferentes entre si e portadores
de conhecimentos, habilidades e capacidades.
Ativadores inteligentes de recursos organizacionais: as pessoas não são
consideradas como passivas e inertes, mas ativas e fonte de impulso próprio que
faz a empresa ter dinamismo e capacidade de enfrentar a competitividade.
Parceiros das organizações: as pessoas investem nas organizações com seus
esforços, dedicações e comprometimentos em troca de um retorno destes
investimentos como salários, reconhecimentos, desenvolvimento profissional, etc.
93
Benchmarking é uma expressão inglesa: Bench significa juiz ou tribunal e marc (marco)
são pedras colocadas por topógrafos como sinalizadores, ou seja, são pontos de demarcação.
Uma empresa que tem um padrão de referência a ser copiado, como um sistema de
distribuição de peças, por exemplo, domina um processo que representa um benchmark, um
marco de referência de processo bem-sucedido.
Você considera que, com o que vimos, já temos subsídios para um modelo de gestão
estratégica de pessoas? Os novos modelos de gestão buscam processos flexíveis, orientados à
missão, à visão e aos valores da empresa, abertos a mudanças de paradigmas e adaptados às
demandas provocadas pela organização para que esta mantenha uma vantagem competitiva no
mercado e, ao mesmo tempo, instaure uma cultura e um clima organizacional que atraiam e
motivem a equipe de trabalho.
96
97
Por meio das políticas de Gestão de Pessoas são elaborados os procedimentos que
servem de guia para orientar as pessoas no seu trabalho.
Todos estes processos podem ser independentes, mas estão interligados entre si e a
sinergia entre os subsistemas é importante para a eficácia da área de Gestão de Pessoas.
Dentro de uma abordagem sistêmica, os subsistemas fazem parte de um sistema maior. O
ambiente organizacional, as políticas e os valores da empresa, a qualidade e as competências
dos funcionários fazem da Gestão de Pessoas um processo situacional, mutável e flexível, tendo
que se adaptar ao novo com agilidade e dinamismo.
FIGURA 26 - PROCESSOS DE GESTÃO DE PESSOAS
E PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES
Adequação e orientação de
Pessoas Escolha dos requisitos exigidos das pessoas para o
desempenho das funções do cargo.
Determinação do posicionamento da alocação das
Análise e descrição de pessoas.
cargos Determinação de um plano de ascensão profissional.
Plano de carreira Implantação de um plano de avaliação sistemática para
Avaliação de avaliação das pessoas nas organizações.
desempenho
e duradouro.
Recrutamento é uma série de ações que tem o objetivo de atrair candidatos com
potencial para disputar uma vaga e ingressar em uma organização. É a divulgação para o 103
mercado de trabalho das vagas disponíveis para um processo seletivo. O recrutamento pode ser
interno e externo:
Muitas empresas mantêm um espaço no site reservado para divulgação das vagas
disponíveis, oferecendo um campo de cadastro para as pessoas que têm interesse em se
candidatar à vaga. Esta fonte pode comprometer as vagas que são sigilosas.
B - Anúncios em jornais
fechado, ou seja, pode conter ou não o nome da empresa contratante. Deve ser claro, preciso,
mencionar os requisitos exigidos pela vaga e uma breve apresentação da empresa.
Empresa do setor automotivo, líder no seu segmento, está buscando no mercado o seguinte
profissional para ingressar no seu quadro de talentos em Curitiba.
ENGENHEIRO DE PROCESSOS
E - Internet
As pesquisas na internet vêm desbancando outras fontes que já foram as mais
eficazes como anúncios em jornais. O Brasil tem bons sites de pesquisa, os quais possuem
ótimos candidatos cadastrados, desde níveis operacionais, mas principalmente cargos
administrativos, analistas, engenharias até profissionais de alta gerência e diretoria.
106
F - Cartazes
G - Indicação de funcionários
H - Networking
J - Banco de dados
H - Agências do Sine
A área de Gestão de Pessoas atua como uma assessoria nos processos de seleção; é
um cliente interno que utiliza testes, entrevistas, provas situacionais, etc., para identificar os
melhores candidatos que serão apresentados aos gestores responsáveis que estão contratando
e são eles que têm a responsabilidade de decidir quem será selecionado. A identificação das
características e exigências do cargo pode ser verificada pelos seguintes meios:
109
7.5.5 Ferramentas de seleção
A seleção de pessoal é constituída por uma série de etapas e cada fase deste
processo fornece uma série de informações sobre as pessoas. Ao passo que os candidatos vão
sendo bem-sucedidos vão avançando no programa de seleção.
Entrevistas de seleção
Não diretivas: a entrevista não segue nenhum padrão e não busca respostas
específicas, é mais de exploração.
Quanto ao formato:
Provas específicas
Avaliação psicológica
Para que a dinâmica de grupo seja eficaz deve considerar, no seu planejamento,
variáveis como:
Escolhido o candidato que vai ocupar o cargo oferecido pela empresa, o próximo passo
é a ambientação deste profissional à empresa. O programa de integração dura geralmente de
um a três dias e é realizado antes do funcionário iniciar suas atividades profissionais, após este
período ele ainda continua em processo de integração no acompanhamento de suas atividades.
É comum as empresas prepararem uma revista ou manual de apresentação da
empresa aos novos funcionários, contendo uma mensagem de boas-vindas, o histórico da
empresa, a missão, o nicho de mercado da empresa, a visão de futuro, os regulamentos internos
e os benefícios sociais oferecidos.
Por outro lado, a empresa constitui um sistema integrado, de atividades e papéis, que
é atribuído às suas equipes de trabalho. Espera-se comprometimento, foco em resultados e
conhecimento técnico das pessoas para que o desempenho delas nestes papéis seja eficaz.
Outras empresas adotam uma abordagem mais moderna nos processos de adequar
pessoas, baseados em uma visão sistêmica e em um modelo orgânico e flexível.
As empresas precisam produzir mais e com custos reduzidos para serem competitivas
no mercado.
Descrever um cargo significa fazer uma listagem do que deve ser feito, como deve ser
feito, sob que condições deve ser feito, descrevendo as principais responsabilidades, deveres e
condições de trabalho.
A análise do cargo vai pesquisar e discriminar o que o ocupante do cargo precisa 118
conhecer tecnicamente, suas habilidades e capacidades para que consiga desempenhar bem
suas funções.
A – Método de entrevista
119
B – Método do questionário
120
A coleta de dados pode ser feita por meio de um questionário entregue aos
participantes ou à chefia imediata. As questões são as mesmas da entrevista, é um método
rápido para pesquisar um número grande de funcionários. Os custos são menores, porém
requerem um cuidadoso planejamento antecipado para evitar falta de clareza e ambiguidade nas
questões, que devem ser bem claras, objetivas e diretas.
Nome: _________________________________________________________
Atividades desenvolvidas
Responsabilidades
Qualificação Profissional
Contatos
10 – Faça uma relação das pessoas com quem você se relaciona (clientes e fornecedores
internos e externos).
Supervisão
11 – O seu cargo exige que você supervisione outras pessoas? Sim ( ) Não( ) Quais cargos
você supervisiona?
12 – Qual é a frequência de supervisão que você recebe da sua chefia? Sempre ( ) Às vezes (
) Raramente ( ) Nunca ( )
Máquinas e equipamentos
13 – Faça uma lista das máquinas e equipamentos (calculadoras, computador, motor, etc.) que
você usa para trabalhar.
Condições de trabalho
14 – Descreva as condições com as quais você precisa trabalhar, como barulhos, temperatura
ambiente, trabalho externo, horas extras, condições desagradáveis, etc.
122
Observações
C – Método da observação
Este método consiste em observar o ocupante do cargo enquanto ele está trabalhando.
É utilizado principalmente em cargos mais simples, operacionais e rotineiros. É importante fazer
anotações enquanto observa.
123
124
RESPONSABILIDADES
CONHECIMENTOS DESEJADOS
Informática avançada;
Sistemas integrados;
Inglês fluente;
LNT – Levantamento de necessidades de treinamento;
Subsistemas de RH;
Avaliação por habilidades e competências.
HABILIDADES DESEJADAS
Condução de entrevistas;
Negociações;
Falar em público.
Iniciativa;
Proatividade;
Resistência à pressão.
FORMAÇÃO
REQUISITOS FÍSICOS
Não existem.
MÁQUINAS OU EQUIPAMENTOS
NÍVEL DECISÓRIO
As decisões devem ser tomadas em parceria com a gerência de Recursos Humanos, tem
autonomia para decidir os fornecedores e as ferramentas de seleção.
126
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
RESPONSABILIDADES
127
FORMAÇÃO
REQUISITOS FÍSICOS
Não existem.
MÁQUINAS OU EQUIPAMENTOS
Computador.
NÍVEL DECISÓRIO
As decisões devem ser tomadas em parceria com a gerência de Recursos Humanos, tem
autonomia para decidir os fornecedores e as ferramentas de seleção.
CONHECIMENTOS DESEJADOS
Informática avançada;
Sistemas integrados;
Inglês fluente;
LNT – Levantamento de necessidades de treinamento;
Subsistemas de RH; 128
Avaliação por habilidades e competências;
Sistemas de qualidade ISO 9001:2000;
Pesquisa pela Internet.
HABILIDADES DESEJADAS
Realizar entrevistas;
Negociar com fornecedores;
Falar em público;
Administrar conflitos;
Conduzir programas de T&D;
Realizar dinâmicas de grupo;
Controlar indicadores de qualidade e desempenho.
ATITUDES DESEJADAS
Iniciativa;
Proatividade;
Resistência à pressão;
Agilidade;
Coordenação de equipe.
Última atualização em __/__/____
129
130
8.4 MÉTODOS MODERNOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
O texto abaixo foi extraído do artigo veiculado pela Revista Melhor, de Vinícius
Gorgulho, sob o título “As ações do RH na bolsa”. 131
O RH tem de mostrar de forma consistente e analítica de que maneira seu trabalho contribuiu
para atingir a meta estratégica - que é ganhar dinheiro.
"É preciso estar muito seguro das informações divulgadas. O RH tem de saber todas
as consequências de seu trabalho", afirma o profissional de investimentos Roberto Gonzalez,
conselheiro para assuntos de Sustentabilidade da Apimec.
"Você, por exemplo, pode contextualizar a melhora da produtividade, ou seja,
transformar os números num texto que já traga uma análise da relação operação-resultado. Você
diz que um milhão de reais foi investido em treinamento e mais dois milhões de reais em
educação formal o que - e essa é a contextualização - possibilitou uma redução de custos de
cinco milhões de reais. Enfim, que o investimento foi revertido em controle de desperdício e,
portanto, redução de custos. A prestação de contas deve revelar as consequências de todas as
atividades do RH: como seu trabalho se refletiu em melhora da qualidade, qual o vínculo das
pessoas com a marca, etc.", diz.
No Grupo Totvs, a segunda classe de informação mais requisitada pelos acionistas é a 133
divulgação do passivo trabalhista. "Isso denota o nível de transparência da empresa", explica
Luiz, vice-presidente de gestão e relações com os investidores da holding.
Essa política, contudo, não é regra no mercado, segundo Gonzalez, da Apimec. "A
realidade da abertura de contas ainda não é tão presente, infelizmente", afirma.
"É preciso expor as informações sobre turnover, demissões, investimento em
outplacement, o total de números, a aposta em diversidade, o número de acidentes de trabalho,
passivo trabalhista, a reserva de contingente", diz Gonzalez.
Se há falta de disclosure – jargão corporativo para a transparência na divulgação de
informações sobre riscos e vantagens, úteis à tomada de decisão –, a avaliação da empresa cai
e ela pode perder investimentos.
Comitês de ética que só se reúnem quando a organização tem problemas, políticas
copiadas de outras empresas, mas não colocadas em prática, e informações insuficientes são
exemplos de brechas que depõem contra a credibilidade da companhia.
"E credibilidade é a essência do mercado de capitais. Quando a empresa tem um
patamar superior de disclosure, o analista fica mais confiante para recomendar o investimento",
explica o analista de investimentos da Concórdia Corretora, Eduardo Kazuo.
"Certa vez, numa reunião, o investidor perguntou, logo de cara, quais eram os salários
teto e o base. O representante da empresa não titubeou: 'Um diretor ganha 80 mil reais e um
trainee, cerca de 1,5 mil reais'. A pronta divulgação desse tipo de informação denotou uma
grande transparência por parte da companhia. Isso chamou muito a atenção do investidor. A
credibilidade tornou aquele investimento muito mais seguro", relata.
Para encarar o mercado de capitais, as empresas precisam tirar seus esqueletos do
armário, como dizem os investidores. É preciso solucionar seus passivos trabalhistas e
socioambientais.
"A responsabilidade social começa em casa: a organização tem de provar que valoriza
as pessoas que a constituem", diz Gonzalez. "Para os analistas de investimento, é algo muito
importante. Eles captam isso em informações de RH como pesquisas de clima organizacional e
índices de produtividade. Há pesquisas indicando que 22% das decisões de compra dos
consumidores sofrem influência do vínculo socioambiental."
Gonzalez frisa que, ainda que essa estatística pese para empresas atuantes no
mercado de B2C (business-to-consumer), a sustentabilidade socioambiental é um valor que
começa a fazer pressões também em mercados como o B2B (business-to-business).
"No B2B é muito maior a preocupação com dados sobre receita e qualidade dos 134
produtos. Mas o mercado financeiro está se reciclando, os investimentos sociais no mundo
atingiram 10% do total de investimentos. As certificações ambientais e do tipo OHSAS 18000
estão exercendo pressão. Muitas indústrias tiveram de implementar essa norma, por exemplo,
para poder atender clientes no exterior. Além disso, o Índice de Sustentabilidade Empresarial fez
os fundos de investimento crescerem", conta Gonzalez.
A sustentabilidade da cadeia produtiva é o futuro, frisa o professor. Para defender sua
tese, Gonzalez tem um aliado de peso que, apesar de ter poucos meses de idade, é
mundialmente famoso: o relatório sobre o aquecimento global no século 21, lançado pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas).
10 PROCESSOS DE REMUNERAÇÃO, VALORIZAÇÃO E SEGURANÇA DE PESSOAS
135
Você acredita que as possibilidades de obter recompensas impulsionam os interesses
e as ações dos funcionários?
136
10.1 REMUNERAÇÃO
139
A escolha das empresas pesquisadas deve seguir alguns critérios, como a localização,
a qualidade dos serviços ou produtos, o segmento de atuação e o porte da empresa, para
assegurar um resultado que corresponda às necessidades de comparação de salários dos
cargos da empresa.
REMUNERAÇÃO
Existem diversas formas de avaliação dos cargos? Sim, mas optamos por apresentar
nesta obra um dos métodos mais utilizados atualmente: o método de avaliação por pontos.
É um método de ANÁLISE e avaliação dos cargos, de caráter QUANTITATIVO, em
que são atribuídos valores numéricos (pontos) para cada fator de avaliação do
cargo.
São comparados os fatores de avaliação e os pontos numéricos atribuídos para
cada fator, que fazem uma somatória final.
Essas somatórias são escalonadas e associadas a uma classificação de cargos,
como, por exemplo, comprador I, comprador II e comprador III, atribuindo-se graus 142
O método de avaliação por pontos tem como base a descrição de cargos. Esse estudo
resulta no manual de avaliação e as respectivas pontuações. A elaboração do manual pode ser
planejada obedecendo às seguintes etapas: determinação das categorias que serão avaliadas;
determinação dos fatores de avaliação; ponderação dos fatores; graduação de fatores;
montagem do manual.
Determinação das categorias que serão avaliadas: nesta fase, são definidas as
categorias de cargos que serão avaliadas, as quais podem ser operacionais,
técnicas, administrativas e gerenciais. Cada categoria deve ter um manual próprio
de avaliação.
Responsabilidade Habilidade
143
Pessoas e equipes. Formação.
Por processos. Experiência.
Por equipamentos. Habilidades
Informações manuais.
Responsabilidades – 30%
Habilidades – 25%
Relacionamentos – 25%
Condições de trabalho – 20%
Concluída a ponderação, pode ocorrer a necessidade de fazermos ajustes, o que
implica que a soma de todos os fatores pode ser diferente de 100.
Nos dias atuais, muitas empresas estão adotando uma postura flexível e de 147
negociação com os colaboradores quanto ao pacote de benefícios e adaptando-o às diferentes
necessidades de cada funcionário da empresa.
Como deve ser desenvolvida nas empresas uma cultura de segurança no trabalho? A
higiene do trabalho está diretamente relacionada com as condições ambientais e de segurança
que garantem a saúde e o bem-estar do trabalhador. Um ambiente saudável deve conter
condições ambientais físicas que proporcionem proteção ao corpo físico do funcionário e
condições psicológicas e sociológicas saudáveis que evitem descontroles emocionais e estresse
ocupacional.
148
A segurança no trabalho e a qualidade de vida aumentam os níveis de produção, a
qualidade nos produtos ou serviços e reduzem os custos.
10.2.1 Ergonomia
Incapacidade temporária;
Incapacidade parcial permanente;
Incapacidade total permanente;
Morte.
Existem duas causas que provocam os acidentes de trabalho: as condições inseguras
e os atos inseguros.
Piso escorregadio;
Máquinas desprovidas de proteção;
Instalações elétricas com fios descascados;
Máquinas defeituosas;
Estoque sobrecarregado;
Iluminação insuficiente;
Ventilação insuficiente.
10.2.3.2 CIPA
A constituição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA é uma
imposição da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT e tem a função de verificar os atos
inseguros dos trabalhadores e as condições de insegurança das empresas. No total dos
integrantes da CIPA, 50% são indicados pela empresa, e os outros 50% devem ser escolhidos
por meio de eleições realizadas entre os funcionários.
152
O problema é quando passamos por pressões constantes ou muito fortes e não damos
tempo para o nosso organismo voltar ao estado normal. Nesse caso, é desencadeado um
conjunto de reações físicas e mentais que prejudicam a saúde. 154
Ansiedade;
Depressão;
Problemas de relacionamento;
Angústia;
Distúrbios cardiovasculares;
Dores de cabeça;
Palpitações
Aumento do uso do álcool e outras drogas, etc.
do autoritarismo do chefe;
do excesso de horas trabalhadas e de responsabilidades;
das cobranças;
das dificuldades de relacionamento; 155
A Síndrome de Burnout, que, segundo Rossi (2005), significa exaustão física e mental,
é uma das consequências mais marcantes do estresse ocupacional e consiste em uma exaustão
emocional, levando à depressão e à instabilidade emocional. O termo vem do idioma inglês
“burn” (queimar) e “out” (exterior), significando “queimar de dentro para fora”.
Necessidades Projeto
Atividade
Vivência e
envolvimento.
Análise
Conexão Diagnóstico.
Conceituação
Reformulação.
Estas necessidades nem sempre são fáceis de perceber, é importante uma pesquisa
detalhada para identificá-las. Uma necessidade de treinamento é uma carência de conhecimento
ou de habilidades que a pessoa precisa adquirir para desempenhar bem o seu trabalho.
Existem outros indicadores não formais como LNT que demonstram a necessidade de
um programa de T&D, que são:
Expansão da empresa;
Redução do número de funcionários;
Transferências ou promoções;
Mudanças no método de trabalho e nos cronogramas;
Novos produtos;
Produção e qualidade em baixa;
Problemas de comunicação e de relacionamento; 163
167
Promover uma mudança transformadora por meio do “Assessment”: Uma visão que
compensa o esforço!
O que significa a palavra “assessment”? Devo esclarecer que não conheço qualquer
palavra na Língua Portuguesa que incorpore todo o significado que, nos Estados Unidos, é
atribuído ao conceito de assessment.
Nos últimos vinte anos o conceito de assessment evoluiu de uma perspectiva técnica e
restrita, subordinado à avaliação, à testagem e à medição; para uma visão mais ampla e
abrangente que inclui a avaliação, a testagem e a medição.
Este realinhamento da opinião dos acadêmicos não surgiu, obviamente, por acaso.
Desde meados dos anos oitenta que um quadro disperso de ativistas e de líderes de opinião,
que integram associações de ensino superior, instituições de credenciamento profissional,
sociedades científicas, em conjunto ou isoladamente, pressionam os acadêmicos americanos a
usar assessment para promover a qualidade e a produtividade da aprendizagem.
Assessment nos dias de hoje: Em seguida, as más notícias. Apesar dos muitos
indicadores positivos, há um sentimento partilhado por críticos e adeptos de que os nossos
esforços, no domínio do “assessment” não estão ainda produzindo uma diferença significativa,
ou ainda, que as diferenças atingidas não justificam os custos despendidos.
De um modo particular, depois de uma década e meia de esforços neste campo, nos
E.U.A., ainda são poucos os exemplos bem documentados de melhorias significativas e
duráveis, quer na qualidade da aprendizagem, quer na eficácia do ensino e do currículo. Esta
opinião foi corroborada por um estudo empírico realizado pelo National Center for Postsecondary
Improvement – NCPI sobre a “Natureza, Extensão e Impacto nos Estudantes das Estratégias de
Assessment”, e publicado na Revista Change. Vale a pena citar a síntese do próprio estudo:
O NCPI identificou o que está faltando, mas não a razão desta falta. Por que é que
apesar das tentativas bem intencionadas de assessment o resultado na eficácia da
aprendizagem é tão reduzido?
Por que o assessment não tem sido mais eficaz? Peter Ewell (1997, p. 3) apresenta
duas razões explicativas para o fracasso frequente das tentativas acadêmicas de mudança no
que se refere ao assessment:
“As tentativas desenvolvidas não têm por base a compreensão profunda do que
significa ‘aprendizagem universitária’ e, circunstâncias e estratégias específicas
necessárias para a implementar”.
“Terem sido, na maior parte dos casos, migalhas insignificantes dentro das
instituições e entre elas”.
Ao longo da história das tentativas fracassadas de uso do assessment, as duas razões
apontadas por Peter Ewell têm um peso significativo. Com efeito, tem-se, por um lado, ignorado
o que a investigação e as boas práticas têm revelado, e, por outro, verifica-se que uma
abordagem sistêmica é raramente utilizada. Mas, permitam-me sugerir uma terceira razão
explicativa para o pouco sucesso resultante dos esforços desenvolvidos com assessment.
Aqueles que entre nós estão realmente interessados em promover a mudança têm 171
falhado em responder, simultaneamente, a docentes, a estudantes e aos administradores a
pergunta crucial: O que é que isso me pode trazer de útil? Parafraseando uma frase de Steve
Gilbert, Diretor do Teaching, Learning and Technology Group, de Washington D.C., assessment,
por si mesmo, não é uma visão que compensa os esforços.
A seguir três respostas inter-relacionadas à questão – O que isso pode nos trazer de
útil? Assessment como meio de promover a produtividade da aprendizagem.
Entretanto, é importante destacar que os alunos por quem estamos competindo, estão
se tornando cada vez mais consumidores melhor informados exigindo um ensino mais
requintado e sofisticado. Há também mais opções aos alunos do que aquelas existentes no 174
passado, especialmente se considerarmos a educação a distância.
Até o momento, a maioria das campanhas tem enfocado os recursos que temos a
oferecer aos alunos. Observa-se de forma consistente, o aumento dos pedidos de informação
sobre o desempenho dos nossos estudantes no processo seletivo de ingresso nas melhores
escolas de pós-graduação, no mercado de trabalho e, em termos de futuros ganhos salariais. Os
pais querem informações sobre quais os nossos melhores programas e querem ter
comprovações das nossas afirmações.
O que isso traz e para quem? Os administradores são os que mais necessitam das
informações provenientes do assessment, mas outros grupos também dela se beneficiam como
os alunos, os docentes e os ex-alunos.
O empurrão transformador desta ideia provém da valorização de uma faixa mais ampla
de atividades e dos modos para avaliar, academicamente, as contribuições que podem 175
facilmente ser contadas – tais como publicações e financiamentos de projetos.
O que isso traz e para quem? À medida que o corpo docente valoriza uma faixa mais
ampla de opções de trabalho acadêmico e se convence que os departamentos e as instituições a
que pertencem igualmente valorizam tais opções, a probabilidade de mudança aumenta.
176
A quarta razão pela qual os esforços americanos de assessment têm tido menos
sucesso do que o esperado está ligada ao nosso próprio conceito de assessment, isto é,
assessment é, frequentemente visto, como um processo técnico, fundamentalmente mecanicista,
uma espécie de mecanismo para coletar dados, para monitorar e resolver problemas, que
podem ser simplesmente lançados dentro dos programas acadêmicos, tal como quando ligamos
um taxímetro ou acoplamos um catalisador no escapamento do motor do carro.
Em qualquer dos casos, assessment é visto como algo que pode resultar em pequenas
mudanças, em geral caracterizado pela adição de dados e pelo relato pontual deste ou daquele
processo.
Neste sentido, já temos uma experiência coletiva que nos permite concluir que quando
o assessment é utilizado por meio de uma abordagem aditiva e episódica raramente traz
resultados positivos.
13.2 QUATRO PILARES DO ASSESSMENT TRANSFORMADOR
Muitos de nós aprendemos muito pouco de significativo com as pessoas em quem não
confiamos. Para construir uma comunidade de aprendizagem realmente produtiva, os docentes
envolvidos em assessment têm que, prioritariamente, confiar uns nos outros.
Antes de se centrarem nos problemas e tarefas a enfrentar, gastem algum tempo
compartilhando os sucessos; o encorajamento no compartilhamento de exemplos de práticas de
sucesso no ensino e no assessment nos leva a disponibilizar o melhor de cada um e a mostrar
que cada um pode dar uma contribuição válida para o processo coletivo.
Muitos de nós tendemos a ser mais produtivos quando trabalhamos para a consecução
de objetivos claros e pessoalmente significativos. Ainda que os estudantes e os docentes
possuam objetivos, eles raramente são capazes de articulá-los de forma clara, e tampouco
sabem como é relacioná-los com os objetivos dos respectivos pares e raramente os enfocam na
aprendizagem.
O corpo docente tem tendência a valorizar o que ensina, em vez de valorizar o que os
estudantes irão aprender; por sua vez o foco dos objetivos dos estudantes é, simplesmente,
“sair-se bem”.
Há uma ampla variedade de técnicas para avaliar objetivos, mas a questão aqui é
encontrar e desenvolver objetivos comuns diretamente relacionados com a aprendizagem.
O Teaching Goals Inventory, desenvolvido por Angelo & Cross (1993, p. 393-397), é
um questionário que permite ajudar docentes a identificar os respectivos objetivos de ensino de
maior importância. Uma forma ainda mais simples é pedir aos docentes que formulem duas ou
três questões de assessment que eles gostariam que fossem respondidas no ano seguinte, ou
que destaquem aspectos que gostariam de ter a certeza que os alunos tivessem aprendido,
antes de concluir a disciplina.
Depois disso, há que procurar, nas diferentes listas de objetivos produzidas pelos
docentes, alguns objetivos comuns. Quaisquer que sejam os objetivos, se os queremos úteis, 179
deveremos ter a certeza de que sejam claros, específicos, enquadrados no tempo, realizáveis e,
acima de tudo, significativos.
Os objetivos não são sempre suficientes para nos motivar a aprender. Acima de tudo,
se o “status quo” não é problemático, para quê mudar? Por outro lado, nem todos os problemas
com que nos confrontamos nos fornecem pontos de partida úteis. Como destaca Ewell (1997, p.
4): “a aprendizagem máxima tem tendência a ter lugar quando as pessoas são confrontadas com
problemas identificados e específicos que querem resolver e cuja solução está dentro das suas
próprias capacidades”.
Trago aqui um exercício, em três fases, que pode ser útil a docentes e estudantes na
identificação de problemas promissores de assessment.
Primeiro: uma vez que tenham um problema identificado, escrevam qual a melhor
solução que julguem poder resolvê-lo.
Uma estratégia muito simples para externalizar diferentes modelos conceituais é pedir
ao corpo docente que descreva ou defina, por escrito, o que é que se entende por um termo-
chave como, por exemplo, assessment. As respostas e a discussão sobre elas permitirá tornar
visível quais são as áreas de concordância e de discordância.
Pode ser que o assessment tenha, para o grupo, significados tão diferentes quantos os
testes padronizados, avaliação dos professores pelos alunos, notas, pesquisa institucional, ou
mesmo, tempo perdido, para muitas pessoas.
Nessa altura, em vez de se insistir na busca de uma definição correta, sugiro que se
adote uma definição instrumental comum do tipo adicional, a exemplo do que acontece quando
se acrescentam mais um significado à palavra descrita no dicionário. Esta estratégia não
obrigará ninguém a mudar a sua perspectiva ou conceito, o que poderia se constituir em fator de
resistência.
Em vez disso, solicita-se apenas que cada um reconheça as diferenças entre os 181
significados ou modelos conceituais e os do grupo, utilizando o modelo do grupo como referência
para colaborar.
Como exemplo, destaco aqui uma lista de princípios, por mim desenvolvida, com base
em leituras sobre pesquisa na promoção e no desenvolvimento da aprendizagem.
10 linhas orientadoras para Assessment, tendo como ponto de partida que
o mais importante é a aprendizagem
Diz o provérbio que todas as longas caminhadas começam com um passo inicial.
Permitam-me, ao final, sugerir não um, mas cinco passos iniciais na caminhada que visa à
transformação departamental. Estes cinco passos, refletindo os domínios de Peter Senge (1990)
são: competência pessoal, modelos conceituais, visão compartilhada, aprendizagem cooperativa 183
e sistemas de pensamento.
Quinto, sistemas de pensamento este é o quinto passo, o que integra todos os outros,
o elo de ligação, fundindo-os em um corpo coerente de teoria e prática. O pensamento sistêmico
ajuda os estudantes a enxergarem as coisas como parte de um todo, não como peças isoladas,
bem como criar e mudar a sua realidade. 184
È de fundamental importância que os cinco passos funcionem em conjunto. Embora
isso pareça mais fácil de ser dito do que de ser feito, é preciso reconhecer que o raciocínio
sistêmico reforça cada uma das outras etapas, “mostrando que o todo pode ser maior que a
soma das partes” (Senge, 1990, p. 21).
FIGURA 35
Ética é um dos seis ramos tradicionais da filosofia, em que ocupou papel importante,
desde o começo. A ética constitui também parte essencial da fé religiosa. Não existe um
conceito específico definindo do que é ética, pois este é abstrato e depende das concepções e 185
convicções de cada indivíduo.
No entanto, podemos encontrar algumas expressões que devem estar intrinsecamente
ligadas à ética, a saber: “Ética é a teoria da natureza do bem e como ele deve ser alcançado. A
ética é a conduta ideal do indivíduo”.
Sócrates é considerado o “pai” da ética como um sistema filosófico sendo que as
primeiras escolas éticas se originaram de seus discípulos. O professor Vitorino Félix Sanson
(2005, p. 81) apud Gonçalves, no artigo “Ética Estoica”, publicado no livro “Ética e Trabalho”, diz
que “ética não é uma ciência mecânica, não é técnica que se aprende, põe-se a funcionar e
funciona. Nem é ciência, como a lógica, voltada para a inteligência: aprende-se, põe-se em
prática, é eficiente”.
Segundo Sanson (2005, p. 84) apud Gonçalves, “a ética dirige-se à vontade, ao âmago
do ser humano, à consciência. Mais do que ciência, ética é sabedoria. Supõe o saber, mas é o
que fica quando se esquece de tudo o que se aprendeu. Permanece o caráter, o hábito, que se
for bom, é virtude”.
Antes de falarmos sobre ética profissional, devemos estudar sobre o trabalho, pois
trabalhar envolve relações sociais entre as pessoas, nas quais as questões éticas e profissionais
aparecem.
Contudo, não apenas o trabalho participa da atividade produtiva. A economia considera
três os fatores que, combinamos entre si, são responsáveis pela produção de bens e serviços.
São eles os recursos naturais, o trabalho e o capital.
O fator trabalho, que pode ser o exercício de uma atividade física ou intelectual, ou
ambos, consiste no emprego de um esforço humano dirigido para a produção de bens materiais
(uma casa) ou de serviços (dar uma aula, etc.). 186
O fator de produção de capital inclui tanto os recursos monetários quanto físicos, tais
como máquinas, ferramentas e prédios, que contribuem direta ou indiretamente para o processo
produtivo. Nas sociedades modernas, a interação mais eficiente e produtiva desses três fatores –
capital, trabalho e natureza – é feita numa empresa.
Nesse particular, a ética exerce um papel relevante, pois pode determinar um aumento
de produtividade nos agentes humanos, na medida em que desenvolve um sentimento ético de
respeito à dignidade do trabalhador, valorizando o seu trabalho.
A política de recursos humanos nas empresas, habitualmente desenvolvida para a
formação e desenvolvimento das habilidades específicas de uma ocupação, deve se preocupar,
também, com uma formação mais integral e abrangente dos trabalhadores.
Sabe-se que numa economia globalizada, na qual os processos de produção são mais
flexíveis e a rotatividade do emprego é mais comum, a qualificação do trabalhador não é garantia
de emprego e nem o cria. No entanto, não resta dúvida de que, no atual quadro econômico, os
novos empregos passarão a absorver os trabalhadores mais qualificados.
A empresa deve não só oferecer um salário justo para o trabalhador, como também
criar uma política salarial estimulante para os seus funcionários. Sobre esse item, as
observações de Gonçalves e Weyse (2005, p. 64) são pertinentes, ao afirmarem que:
[...] uma postura ética das empresas com relação à questão salarial é,
sem dúvida, a implantação de um plano de cargos e salários. A
adoção desse instrumento propicia uma decisão mais justa sobre um
assunto sensível à totalidade dos que estão envolvidos com os
trabalhos da empresa. Por meio de um plano criteriosamente
elaborado, os trabalhadores são justamente recompensados com
promoções sistemáticas. Isso contribui para a melhoria do
desempenho e, conseqüentemente, para a maior produtividade da
organização. [...] é importante destacar que a participação do
trabalhador é tanto maior quanto maior for a consciência de sua
responsabilidade, de seus compromissos com os objetivos da
organização, com sua produtividade e com a qualidade dos serviços
oferecidos.
É óbvio que empresas do tipo da citada acima no livro de Gonçalves e Weyse terão
mais dificuldades em conseguir funcionários competentes e éticos. É nossa esperança que você,
enquanto sujeito ético fuja de empresas como esta não apenas como funcionário, mas também
como cliente. Ainda nas palavras de Gonçalves e Weyse (2005, p.67): “A consciência dessa
situação faz com que a questão da ética venha se tornando, cada vez mais, uma preocupação
no meio empresarial”.
Constituição Federal;
Código Civil;
Código Comercial;
Código Penal;
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho);
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078 de 11/9/90);
Lei 8.884/94 (Repressão ao Abuso do Poder Econômico);
Lei n. 9.605 de 17/02/98 (Lei dos Crimes Ambientais);
Lei n. 8.666/93 (Princípios Aplicáveis às Legislações Públicas);
Decreto n. 1.171/94 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Federal); 190
Lei nº. 9.279 de 14/5/96 (Nova Lei de Patentes);
Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas);
Lei n. 9.613 de 1/3/98 (Punições relativas à “lavagem de dinheiro”).
Como podemos observar, uma reflexão sobre a dimensão ética e legal nas empresas
deverá passar não só pela valorização do profissional, mas deve incluir outros aspectos
relacionados com: a sociedade em geral e a cidadania em particular, o consumidor, os direitos
humanos e o meio ambiente.
191
Cada mercado, cada carreira possui seu conjunto único de problemas e fontes de
estresse, e cada atividade tem seus fardos específicos e porque não dizermos pesadelos 192
eventuais.
De tempos em tempos, a maioria de nós precisa lidar com certa combinação de uma
variedade de questões desagradáveis – prazos e expectativas irreais, burocracias, chefes
difíceis e exigentes, reuniões e memorandos ridículos, quotas, ataques desleais e críticas,
perseguições, incerteza e rejeição.
193
Para alguns, está claro que você pretende encontrar a resposta dentro de si mesmo.
Simplesmente não existe um emprego disponível, ou qualquer maneira de arrumar a sua vida
que não contenha seu próprio conjunto único de desafios.
Pode-se acreditar que praticamente qualquer um pode ser um otimista. Acredito que
praticamente qualquer um pode realizar melhorias produtivas na qualidade de sua vida tentando
fazer, pelo menos, pequenas alterações diárias de comportamento.
Sem minimizar qualquer uma das questões difíceis que existem lá fora, sei, no fundo
do coração, que não somos vítimas do status quo – uma expressão latina que designa o estado
atual das coisas em que momento for. Nós podemos mudar!
Entretanto, a mudança não será resultante de um trabalho com menos exigências ou
de uma vida mais fácil. Bem ao contrário, ela deve vir de dentro de nós. A boa nova é que,
quando isso acontece, nossa vida profissional – na verdade, toda a nossa vida – parecerá mais
fácil e menos estressante.
Quando você para e pensa sobre isso, é bastante impressionante, quando não incrível.
De maneira geral, as pessoas são corajosas, inovadoras e perseverantes quando forçadas a
lidar com esses problemas realmente desafiadores.
Contudo, como em outras áreas da vida, ao lidar com os problemas cotidianos, a coisa
muda de figura. De fato, se você fizer um retrocesso, vai poder perceber que, apesar dos
eventuais problemas significativos no local de trabalho, muito do que nos incomoda no dia a dia
são, na verdade, “coisas pequenas”.
Com sorte, para a maioria de nós, as questões verdadeiramente sérias e trágicas são
poucas e esporádicas. Na verdade, são todos esses pequenos incômodos que tendem a nos
deixar loucos.
Que impacto essas emoções têm sobre nossa produtividade e apreciação do nosso
trabalho?
Agora imagine o que poderia acontecer se você usasse essa mesma energia – ou
mesmo parte dela – para ser mais produtivo, criativo e voltado para soluções.
Embora possa haver pouco a fazer em relação às coisas realmente “grandes”, é
preciso admitir que existam muitos casos em que aumentamos pequenos problemas além da
sua proporção e transformamos as coisas em emergências gigantescas.
Diante de tantas “coisas pequenas” para lidar no trabalho, existe uma correlação entre
a maneira como você trata com coisas pequenas e a qualidade geral da sua experiência. Não há
dúvida de que, se você conseguir aprender a lidar com os problemas menores com mais
perspectiva, sabedoria, paciência e senso de humor, vai começar a aproveitar o que há de
melhor em si e nos outros.
Passará menos tempo aborrecido, irritado e frustrado, e mais tempo sendo criativo e
produtivo. As soluções brotarão num estado mental mais calmo assim como os problemas nas
situações de grande irritação.
Uma das vantagens de aprender a não “fazer tanta tempestade em copo d’água” é
que, finalmente, você começa a enxergar cada vez mais aquelas questões do dia a dia como
“coisas pequenas”. Enquanto antes tratava praticamente tudo como se fosse algo realmente
importante, passa a identificar melhor o que é verdadeiramente significativo e muito mais
benéfico.
Em vez de reagir a cada questão com uma negatividade automática, você vai aprender
a responder com muito mais graça e tranquilidade. O seu nível de estresse vai diminuir, e você
vai começar a se divertir muito mais.
Eu sei que o trabalho pode ser difícil, mas também sei que podemos aprender a reagir
às dificuldades de uma maneira mais positiva.
FIGURA 38
196
São também altamente estressados porque, embora geralmente haja cinco dias da
semana para se preocuparem com o trabalho, há sempre aquele maldito fim de semana que fica
no caminho.
O dia mais difícil da semana costuma ser a sexta-feira, porque significa que o membro
se ausentará do trabalho durante alguns dias. Eles podem até tentar trabalhar nos fins de
semana, mas as exigências familiares acabam interferindo.
Nem é preciso dizer que os membros dos dois clubes acham que os membros do
“outro clube” são completamente malucos! Que tal optarmos em fazer parte de um clube
alternativo? Minha esperança é que juntos possamos chegar a uma participação de 100 por
cento. Na verdade, gostaria de tirar os outros dois clubes do negócio! Este novo clube se chama
“GDEH” (Graças a Deus é Hoje).
Os membros deste clube ficam felizes durante os sete dias da semana porque
compreendem que cada dia é único, e traz consigo dádivas diferentes. São pessoas felizes por
estarem vivas; são felizes com suas muitas bênçãos e esperam que cada dia seja cheio de
beleza, surpresas e oportunidades.
Não existem requisitos para unir-se ao clube “GDEH”, a não ser o desejo de melhorar a
qualidade de vida e de apreciar em vez de lamentar cada dia. Os membros deste clube
compreendem que é inútil desejar que qualquer dia seja diferente.
Eles sabem que as segundas-feiras não se importam se você gosta ou não delas –
elas simplesmente continuam sendo segundas-feiras. Do mesmo modo, as sextas-feiras
continuarão chegando a cada sete dias quer você queira quer não. Cada um de nós é que deve 198
tornar cada dia o mais especial possível. A intensidade de desejo não fará a menor diferença.
Por mais simples que pareça, o desejo de participar deste clube pode fazer uma
grande diferença substancial na postura que você assume no trabalho, ou em toda a sua vida.
Simplesmente pense: se você despertar todos os dias da semana com esta atitude,
“estou feliz porque hoje é hoje” ou “vou tornar este dia o mais positivo e maravilhoso que puder”,
ficará surpreso com a redução do seu nível de estresse.
Esta simples mudança de atitude é extremamente valiosa para alcançar vivências mais
positivas tanto na vida quanto no trabalho.
Infelizmente, para a maioria de nós é também uma das grandes fraquezas. Contudo,
um pequeno aprimoramento na nossa capacidade de ouvir pode render enormes dividendos sob
a forma de melhores relacionamentos, um melhor desempenho e até mesmo como redução de
estresse!
FIGURA 39
199
Pare um momento para refletir sobre a sua capacidade de ouvir no trabalho. Você
realmente ouve seus colegas? Deixa que eles terminem seus pensamentos antes da sua vez de
falar? Você, às vezes, conclui as frases de outras pessoas? Nas reuniões, é paciente e sensível
– ou impaciente e nervoso? Você permite que as palavras dos outros calem fundo, ou acredita
que sabe o que a pessoa está tentando dizer e, portanto, se adianta?
O simples fato de fazer essas perguntas a si mesmo pode ser muito útil. A maioria das
pessoas a quem perguntei (também estou nessa categoria) admite que, pelo menos durante
parte do tempo, sua capacidade de ouvir poderia ser aprimorada.
Há uma grande variedade de motivos que nos leva a considerar o ato de saber ouvir
uma excelente técnica redutora de estresse. Em primeiro lugar, as pessoas que sabem ouvir são
altamente respeitadas e procuradas.
Os ouvintes verdadeiramente excelentes são tão raros que o fato de ficar perto de um
deles é muito agradável. Evitam muitos dos principais aspectos estressantes do trabalho –
punhaladas pelas costas, ressentimento, sabotagem e má vontade. 200
Bons ouvintes também são boa companhia, de modo que, de uma maneira bastante
natural, as pessoas querem se oferecer para ajudá-los. É provável, portanto, que ao se tornar
um ouvinte melhor, muitas pessoas ao seu redor lhe ofereçam ajuda. As pessoas tendem a ser
leais aos bons ouvintes porque sentem que são reconhecidas e respeitadas.
Saber ouvir ajuda você a compreender logo de cara o que as pessoas estão dizendo,
permitindo, assim, que você evite muitos enganos e mal-entendidos que, como você sabe,
podem ser muito estressantes. Se você perguntar às pessoas o que costuma deixá-las
zangadas, a resposta “não prestarem atenção no que estou dizendo” certamente encabeçará a
lista de muitas delas.
Assim, dar mais atenção ao que os outros dizem também ajuda você a evitar muitos
conflitos interpessoais. Finalmente, saber ouvir poupa muito tempo, porque ajuda você a eliminar
erros descuidados. As instruções e preocupações alheias tornam-se mais claras, como cristal,
ajudando a evitar erros e atrasos desnecessários.
As pessoas com quem trabalha podem não conseguir identificar exatamente o que
mudou em seu procedimento, mas sem dúvida notarão uma diferença no próprio comportamento
quando estiverem perto de você ou falando com você. E, além de ser mais apreciado e
admirado, você também perceberá que ficou mais calmo e mais tranquilo.
15.3 PERDOE A SI MESMO
A máxima “Errar é humano, perdoar é divino” que nos é muito conhecida poderia
tranquilamente receber a adição das palavras “a si mesmo”. Nesta observação tão verdadeira 201
sobre o ser humano, vamos encarar a verdade: somos todos humanos, e ser humano significa
cometer erros, pelo menos durante parte do tempo.
Você vai cometer muitos erros, pisar na bola de vez em quando, desviar-se do
caminho, esquecer coisas, perder a paciência, dizer coisas que não deveria, e todo o resto.
Nunca compreendi por que este fato simples da vida – nossa tendência de cometer
erros – é tão surpreendente ou desapontador para as pessoas. Certamente não compreendo por
que é um problema tão grande.
Para mim, um dos mais tristes erros que cometemos é a falta de capacidade para
perdoar, especialmente a nós mesmos.
Constantemente nos recordamos das nossas falhas e erros anteriores; prevemos erros
futuros. Somos altamente críticos de nós mesmos, frequentemente desapontados e impiedosos
na nossa autocrítica. Perseguimos e culpamos a nós mesmos, e muitas vezes somos nossos
piores inimigos.
Parece que não perdoar a si mesmo é algo tolo e ridículo. A vida não vem com um
manual à prova de erros. A maioria de nós tenta fazer o melhor que pode – de verdade –, mas
não somos perfeitos. A verdade é que somos um trabalho em andamento.
Aprendemos com nossos erros e tropeços. O melhor que qualquer um de nós pode
fazer num dado momento é lidar com as situações à medida que elas aparecem e fazer o melhor
possível. Porém, nenhum de nós, pelo menos eu, dominou a vida.
Tenho certeza de que um dos motivos pelos quais podemos ser felizes é ser muito
tolerante com os próprios erros. Devemos fazer as atividades de uma forma verdadeira, fazendo
o seu melhor.
A ética de trabalho, assim como o padrão de excelência, é tão alto quanto os da
maioria das atividades que as pessoas realizam. Assim, a atitude tolerante para comigo mesmo
não tem nada a ver com algum tipo de apatia ou diminuição dos padrões.
É mais uma questão de ser realista, Como quase todo o mundo, temos uma infinidade
de responsabilidades. Na verdade, geralmente parece que estamos fazendo malabarismos com
dez ou vinte bolas no ar simultaneamente. Assim, achar que nunca cometeremos erros é 202
absurdo.
Você pode sentir como ver os erros dessa maneira mais realista o redime? Em outras
palavras, quando comete um erro – mesmo que seja um erro estúpido – esta perspectiva mais
filosófica permite que você mantenha a objetividade e o senso de humor, em vez de ficar se
punindo. Em vez de dizer para si mesmo “que idiota”, será capaz de dizer “mais provas de que
sou humano”.
Veja este exemplo: João é um agente de uma grande instituição financeira. Cerca de
uma década atrás, um cliente pediu especificadamente que ele investisse as economias da sua
vida nas ações de uma pequena empresa!
João, conservador por natureza, convenceu seu cliente de que nunca é boa ideia
investir em ações individuais, mesmo com a idade relativamente jovem do cliente – 45 anos.
João achou que seria melhor colocar todo o dinheiro em fundos mútuos.
Neste caso específico, o conselho de João custou ao seu cliente uma fortuna. João
dera o mesmo conselho a algumas pessoas, e ficou desesperado e autodestrutivo. Perdeu a
autoconfiança, e finalmente mudou de carreira. Tudo isso porque ele não perdoou a si mesmo.
Seus amigos, colegas, até mesmo seus clientes, tentaram convencê-lo de que seu julgamento e
raciocínio na época eram sólidos – e que a grande maioria de seus clientes era incapaz de
perdoar a si mesmo, a lógica não costuma ser recebida de mente aberta.
Felizmente, em algum momento, ele encontrou um bom terapeuta que lhe ensinou o
óbvio: que tudo é muito mais claro quando olhamos para trás e que ninguém possui uma bola de
cristal. Finalmente, ele foi capaz de perdoar a si mesmo e de voltar à carreira que adorava –
planejamento financeiro.
Obviamente, alguns erros são grandes. Um erro de controle de tráfego aéreo ou um
movimento errado cometido por um cirurgião podem ser mortais. Todavia, a maioria dos erros
que cometemos não é caso de vida ou morte. Os erros não são nada mais do que “tempestade
em copo d’água” disfarçados de “coisa séria”. É verdade que até mesmo erros pequenos podem
causar inconveniências, conflitos ou trabalho extra – e, como no exemplo anterior, podem custar
caro – mas qual é a novidade? Quando foi que a vida subitamente tornou-se conveniente e livre
de problemas? 203
FIGURA 40
Acompanhe a ilustração:
204
Um amigo, de outra cidade, que era consideravelmente mais calmo e sábio, estava
visitando-me. No seu estilo casual costumeiro, fitou-me com calma e disse: “João, você está
respirando?” Chocado e um pouco irritado com o que parecia ser uma pergunta tola, repliquei:
“Claro que sim, e você?”
Ele prosseguiu, explicando que a maioria dos adultos respira de uma maneira
demasiado superficial e não leva ar suficiente aos seus pulmões. Ele colocou a mão no meu
peito e me mostrou o que estava fazendo (ou não estava fazendo).
Foi um dos momentos mais surpreendentes da minha vida, pois percebi que estava
respirando de uma maneira tão superficial que sequer parecia respirar!
À medida que adquiria mais prática e ficava um pouco melhor na respiração mais
profunda, notei que tinha mais energia, e talvez mais do que qualquer outra coisa, deixei de
sentir pânico como costumava acontecer.
Aposto que se você der um pouco de atenção para o modo como respira, vai concluir
que é do seu interesse aprender a respirar um pouco mais fundo. Na verdade, você pode ficar
surpreso com a rapidez com que consegue melhorar seus sentimentos e a qualidade da sua
vida.
A ideia de respirar um pouco mais fundo faz sentido quando pensamos melhor. Afinal
de contas, se você está realmente com medo de fazer algo, mas precisa fazê-lo, o que você faz?
Você pode nem mesmo perceber, mas provavelmente respira bem fundo.
Já viu um jogador de basquete profissional imediatamente antes de jogar uma bola à 205
cesta num momento importante e cheio de pressão? Na maioria dos casos, o atleta respira fundo
antes de fazer a jogada.
O que estamos sugerindo nessa estratégia é que você incorpore a respiração mais
profunda até ficar desesperado para respirar fundo, por que não fazer disso uma prática regular?
Se pensar sobre o assunto, é algo óbvio. Estamos todos correndo por aí como
abelhas, fazendo todo tipo de coisas. Se não conseguirmos ar o bastante para os pulmões, não
é surpresa que a maioria de nós sinta pânico na maior parte do tempo. Exagerando um pouco, é
como se estivéssemos sufocando-nos. Se você já ficou debaixo d’água tempo demais, sabe
como fica paranoico e assustado.
Verifique a sua respiração. Quão profundas são suas inspirações? Note o que
acontece quando você respira um pouco mais fundo.
Quando está recebendo ar suficiente, o mundo parece menos louco e as coisas são
vistas objetivamente. A vida parece mover-se num ritmo mais fácil de se lidar, e muitos daqueles
incômodos cotidianos não parecem nos chatear tanto. Resumindo, você tem menos
probabilidades de fazer tempestade em copo d’água se seu corpo está recebendo ar suficiente!
A respiração pode ser vista como uma arma secreta que se pode usar contra o
estresse a qualquer momento. É simples, produz resultados rápidos e significativos, e é
completamente particular.
Acrescente você também esta “arma” ao seu arsenal contra o estresse na vida
profissional. Ela certamente o ajudará.
FIGURA 41
206
Uma das maneiras pelas quais muitos de nós costumamos nos meter em encrencas é
o fato de nos comprometermos com coisas demais; deixar de dizer não. Dizemos “claro, vou
fazer isso,” ou “tudo bem, vou tomar conta disso”, quando bem no fundo sabemos que realmente
não queremos fazê-lo ou que já temos coisas demais para fazer.
O problema em relação a dizer sempre sim é duplo. Em primeiro lugar, o resultado final
é quase sempre sentir-se sobrecarregado, estressado e cansado. Simplesmente existe um ponto
em que basta, um ponto de retorno diminuído em que nossa atitude, nosso espírito e até mesmo
nossa produtividade começam a sofrer. Nosso trabalho sofre, assim como nossa vida pessoal e 207
familiar.
Dizendo sim inúmeras vezes, começamos a nos sentir vitimados e ressentidos por
termos tanta coisa a fazer. Como tendemos a nos sentir culpados quando dizemos não, muitas
vezes é difícil ver que fomos nós que nos metemos nessa confusão ao deixarmos de dizer não
com mais frequência.
O segundo maior problema em deixar de dizer não quando apropriado é que você
acaba manifestando uma atitude ligeiramente insincera. Em outras palavras, você está fazendo
coisas que realmente não queria estar fazendo ou que não deveria estar fazendo – mas está
agindo como se tudo estivesse bem. Por exemplo, você vai concordar em executar uma tarefa
ou trocar turnos com um colega dizendo “oh, tudo bem”, quando o que realmente precisa é de
um dia de folga.
Então, como você não conseguiu o descanso necessário, sente-se vitimado pela sua
agenda sobrecarregada ou zangado quando tantas pessoas pedem favores a você! Mais uma
vez, você desempenhou um papel-chave na criação do seu próprio estresse, mas acredita que o
estresse é causado por forças externas, ou que é inevitável.
Dizer não sem culpa não é egoísmo – é uma necessidade protetora. Se alguém disser
a você “posso ter o ar com que você respira?”, provavelmente vai questionar sua sanidade e
você certamente não sentiria culpa ao dizer não. Contudo, se alguém diz: “Posso pedir que você
faça algo por mim?”, que irá levá-lo ao seu extremo e fazer com que se sinta estressado ou
ressentido, muitas vezes você vai concordar, por hábito, obrigação ou simplesmente por culpa.
Com certeza, a pessoa provavelmente não colocou a questão dessa maneira, mas na verdade, é
exatamente isso o que está sendo pedido.
Obviamente, existem muitas ocasiões em que não podemos dizer não, e muitas outras
nas quais é do nosso interesse dizer sim ou simplesmente queremos dizer sim. Ótimo! O truque
é usar sua sabedoria, em vez de reações intempestivas, para decidir quando dizer sim ou
quando dizer não.
FIGURA 42
Quando você trabalha para viver é muito fácil adquirir certos hábitos – alguns bons,
outros nem tanto; alguns por necessidade, outros por falta de algo melhor; alguns porque todo 209
mundo parece estar fazendo a mesma coisa; e alguns simplesmente porque você “sempre faz as
coisas assim”.
Muitos destes hábitos tornam-se parte de nós de tal forma que parecemos nunca
questioná-los, quanto mais alterá-los. Muitas vezes, adquirimos um hábito e continuamos com
ele por toda a nossa carreira.
Olhar de perto alguns desses hábitos e rituais e estar disposto a alterar alguns deles
pode gerar um excelente resultado na qualidade da sua vida. Nossos hábitos muitas vezes são
enormes fontes de estresse.
Aqui estão alguns hábitos e rituais comuns, entre centenas de possibilidades. Alguns
podem parecer familiares, outros nem tanto: você pode ter o hábito de não permitir a si mesmo
tempo bastante antes de trabalhar, e está sempre com pressa; pode ter o hábito de fazer um
almoço farto, mas reclamar de não ter tempo para fazer exercícios ou de sempre estar cansado
à tarde.
Talvez você ingira muita cafeína e sinta-se nervoso e agitado grande parte do tempo
ou vá direto para um bar depois do trabalho para tomar uns drinques, ou faça do vinho ou de
outra bebida alcoólica parte do seu ritual doméstico.
Pode ser que fique um pouco rabugento ou mal-humorado pela manhã, em vez de ser
amigável com as pessoas com quem trabalha, o que faz com que elas hesitem em ajudá-lo ou
criem ressentimentos desnecessários. Talvez você passe tempo demais lendo jornais, mas
raramente se permita tempo de ler seu livro favorito. Talvez você vá para a cama muito tarde –
ou muito cedo. Ou ainda, talvez aquele lanche noturno que supostamente seria uma forma de
relaxamento esteja interferindo na qualidade do seu sono.
Só você sabe qual hábito, se é que há algum, está tornando a sua vida mais difícil.
Você pode ver que qualquer um destes hábitos tem o potencial de gerar uma grande dose de
estresse em sua vida – tornando seu dia mais difícil e encorajando-o a fazer tempestade em
copo d’água no trabalho. Sendo assim, a disposição para examinar seus hábitos quase sempre 210
pode significar um exercício útil.
Vamos explorar, muito brevemente, como a alteração de alguns dos exemplos acima
pode ajudá-lo a reduzir o estresse em sua vida. Apesar da simplicidade aparente, são mudanças
poderosas que podem ser feitas.
Em vez de dizer para si mesmo “nunca poderia fazer isso”, abra sua mente e imagine
que está realizando a mudança!
Conhecemos muitas pessoas que substituíram a hora reservada para o almoço por
uma caminhada de uma hora. Suas vidas se transformaram devido a esta simples decisão;
perderam peso e ficaram mais saudáveis. Passaram a sentir-se melhor e a ter muito mais
energia.
Estão poupando dinheiro no almoço e investindo esse dinheiro no seu futuro. Muitas
vezes, saíam com amigos para caminhar, fazendo disso uma hora social. Sentiram-se mais
relaxadas e mais calmas do que em qualquer outro momento de suas vidas.
Se você só anda de carro, pode ter outras opções. Conheço pessoas que decidiram
usar o trem (ou outros tipos de transporte) em vez do carro, e que se beneficiaram muito com
isso. Em vez de agarrar o volante e ficarem frustradas, elas usam o tempo para ler ou escutar 211
música ou notícias. Dormem, meditam, pensam ou simplesmente relaxam.
FIGURA 43
Existem ocasiões, contudo, nas quais ninguém parece estar aplicando este conselho a
nossa pessoa e ninguém parece nos apreciar. 212
Às vezes, é importante parar o que você está fazendo e elogiar a si mesmo. Pense
alguns minutos sobre o que esteve fazendo e sobre a natureza das suas intenções e ações.
Recorde mentalmente suas realizações; pense em como trabalha duro e como está contribuindo
para as suas metas e com as pessoas com quem está trabalhando.
Por mais simples que possa parecer, realmente funciona! Ao fazer isso várias vezes
você poderá perceber que o ajudou a ver as coisas de forma objetiva.
Andamos tão rápido que nos esquecemos de parar e refletir. Quando paramos algum
tempo, contudo, podemos recuperar nossa perspectiva e perceber que estamos dando uma
contribuição valiosa para nós mesmos, para nossas famílias, para os colegas de trabalho, para a
empresa e para a humanidade.
Quase todos gostam de ser elogiados pelos outros. Parece ótimo. Contudo, quando
não acontecer, não deixe que isso o deprima ou afete de forma negativa seu comportamento.
Elogios dos outros nunca são uma certeza, e torná-los uma condição para sua felicidade é
realmente má ideia. O que você pode fazer é elogiar a si mesmo. Seja honesto e sincero quanto
aos seus cumprimentos.
Se você está fazendo um bom trabalho, diga isso; se está fazendo hora extra, dê
algum crédito a si mesmo. Se, está tornando a vida um pouco melhor, mesmo que para uma
única pessoa, ou fazendo algum tipo de contribuição à sociedade, então o mundo é um lugar
melhor graças a você. 213
Você merece ser reconhecido. Se realmente se der ao trabalho de fazê-lo, acredito que
vai considerar este exercício digno de esforço.
FIGURA 44
Para muitos, a pergunta mais importante que você pode fazer a si mesmo é: “Estou
aproveitando este momento ao máximo?” Pense sobre isso. 214
Se você aproveitar ao máximo este momento específico e depois fizer o mesmo com
todos os momentos futuros, a vida terá uma maneira mágica de se resolver. Você será tão
eficiente e produtivo quanto antes e, mais importante, dificilmente alguma coisa irá incomodá-lo.
Tantas vezes passamos nossos momentos desejando que eles fossem diferentes,
reclamando, choramingando, nos lamentando ou sentindo autopiedade. Porém, quando
chegamos ao fundo da questão, concluímos que desperdiçar nossos momentos dessa maneira
não é apenas uma perda de tempo, é absolutamente contraproducente! Todavia, usando este
exercício você poderá notar uma mudança quase imediata.
Parece que na maioria dos casos, quando estamos nos sentindo negativos,
sobrecarregados ou pessimistas, podemos melhorar o nosso estado mental fazendo essa
pergunta.
Creio que não deveríamos ficar surpresos com o fato de que, quando estamos nos
sentindo negativos, sobrecarregados, passamos o momento presente pensando sobre todas as
coisas que estão nos sobrecarregando, em vez de passá-lo fazendo o melhor que podemos ou
concebendo um plano de ataque melhor.
Ao ler esta estratégia, você pode sentir que, quando não está aproveitando o máximo o
momento, vai ser um alvo fácil para sair do equilíbrio! Vai pensar sobre todas as coisas que o 215
incomodam e sobre tudo o que está errado com a sua vida!
FIGURA 45
Muitos de nós tendem a mergulhar muito rápido, empurrar com muita força, ou pedir o
que queremos de alguém antes de estabelecermos a empatia necessária. Na maioria dos casos,
esta tentativa excessivamente entusiástica ou ambiciosa de conseguir algo de alguém sairá pela
culatra. É desagradável! Você terá agido prematuramente, e carecerá da conexão vital
necessária para otimizar suas metas.
Quando você não sente empatia por alguém, o problema pode ser difícil de descrever.
Talvez lhe falte um vínculo ou o senso de confiança; por algum motivo, a coisa simplesmente
não funciona.
A melhor maneira de estabelecer empatia com alguém é partir do princípio de que você
não o fez ainda. 217
Em outras palavras, não fique achando que simplesmente porque você conhece
alguém ou porque já fez negócios com essa pessoa anteriormente a ligação está madura.
Em vez disso, renove a conexão. Esteja mais interessado em prestar atenção do que
em falar. Seja altamente respeitoso e cortês; demonstre sua sinceridade e preocupação
genuínas; faça perguntas e seja paciente.
A chave para a empatia é fazer com que a pessoa com quem você está (ou com quem
está falando) sinta que ela é a pessoa mais importante em sua vida naquele momento. Se você
quer estar totalmente presente que ela se sinta especial, não pode fingir esse tipo de
sinceridade; ela precisa ser real.
Acompanhe o caso:
João achava que já tinha um “negócio fechado”. Habilmente convencera seu novo
cliente a comprar uma grande apólice de seguro de vida pelo telefone. João nunca se incomodara
em bater papo com Pedro, seu cliente, mas fizera seu dever de casa e conhecia bem seu produto.
218
Não havia dúvida em sua mente de que o produto era de grande interesse para Pedro.
Pedro, por sua vez, sabia que estava subsegurado e decidira comprar a apólice. Ambos
concordaram em se encontrar no almoço e assinar os papéis.
Pouco depois, ele se levantou e anunciou a João que teria de “pensar mais um pouco”
antes de tomar sua decisão final. Desnecessário dizer que João perdeu o negócio. Ele tinha
minimizado o poder de empatia.
Se tivesse se esforçado para conhecer Pedro melhor, seu cliente teria ficado à vontade
com ele e provavelmente não teria recuado.
Uma vez que a empatia genuína seja estabelecida, o resto da interação ocorre de
maneira muito mais tranquila.
Em vez disso, estão ali, nos tratando como se fossemos realmente importantes. Estas
são as pessoas com quem desejamos fazer negócio; são as pessoas que queremos ao nosso
redor.
Se você investir tempo e energia para estabelecer uma ligação com os outros, sua vida
vai começar a mudar imediatamente. Você terá uma relação melhor com as pessoas, o que
criará interações mais positivas – pessoal e profissionalmente. As pessoas vão confiar em você,
amá-lo e admirá-lo, e você vai tornar-se muito mais eficiente ao lidar com os outros.
FIGURA 46 219
Às vezes, você inicia a conversa, em outras ocasiões, você continua uma conversa
sem perceber. Você aumenta os comentários de alguém, conta uma história ou exemplo, entra
em muitos detalhes, ou faz perguntas demais. Então, se pergunte por que passar tanto tempo ao
telefone e por que não consegue trabalhar o bastante.
Isso pode não parecer um problema tão grande se você não pensar quanto tempo e
energia gasta em conversas que podem não ser totalmente relevantes, ou que podem não estar
acontecendo no momento ideal.
Pense a respeito da frequência com que você fica estressado por falta de tempo ou
energia. Quantas vezes você repassa seu dia e deseja ter tido só mais trinta minutos para fazer
algo ou simplesmente para se atualizar? Ou você pensa sobre quantas vezes corre para
completar algo.
Se analisar como realmente gasta seu tempo, pode chegar a uma conclusão: existem
ocasiões demais em que se está envolvido em conversas sem importância, pessoalmente ou ao
telefone, quando honestamente não se tem tempo ou energia para fazê-lo.
Como você poderia suspeitar, essa tendência pode contribuir para sentimentos gerais
de estresse no trabalho. Este hábito pode fazer com que seu tempo torne-se
desnecessariamente escasso, ou forçá-lo a uma pressa constante. A menos que esteja
consciente dessa tendência, é fácil culpar o mundo e as pessoas com que fala durante o dia por
sentir-se sobrecarregado, quando, na verdade, você pode ter tido um papel significativo no
problema.
Obviamente, existem muitas ocasiões em que você quer conversar com amigos ou
colegas, e isso é perfeitamente normal e saudável. O truque é estar consciente de quando você
está conversando por hábito em vez de por escolha. A menor alteração na sua consciência em
relação a essa tendência pode render dividendos tremendos na qualidade do seu trabalho.
A verdade é que só uma parte disso está além do nosso controle. Aprende-se que é 221
Mesmo quando se está mais ocupado do que antes, parece que se tem tempo. E mais,
quando se usa o tempo para conversar com os outros, fazemos isso sabendo que é um bom
momento para falar.
Esta é uma estratégia muito poderosa, porque mesmo que você só acrescente uma
hora a cada semana da sua vida profissional mordendo a língua, é uma hora extra de tempo
muito necessário que você não tinha antes.
Essa hora extra pode fazer a diferença entre uma semana estressante e uma semana
pacífica. Não estou sugerindo que você se torne antissocial ou grosseiro, só que seja cuidadoso
com o que ou como você fala – quando o que você diz pode levar a conversas mais longas e
talvez indesejadas. Você vai ficar impressionado com o poder dessa estratégia.
FIGURA 47
Foi desenvolvida a estratégia dos três “S”, que pode ser considerada muito importante,
especialmente se você quer aprender a ser uma pessoa menos intempestiva e mais feliz. Os três 222
“S” de que estou falando são: sensível, solícito e sensato.
“Solícito” significa estar aberto a ideias e sugestões. Quer dizer que você está
inclinado e disposto a receber o que quer que seja necessário naquele momento – dados,
criatividade, uma nova ideia, o que for. É o oposto de ter a mente fechada e ser teimoso.
Pessoas que são solícitas estão dispostas a ter uma “mente de iniciante”, com disposição de
aprender, mesmo que sejam consideradas especialistas. Como não estão na defensiva, essas
pessoas têm curvas de aprendizado agudas e quase sempre as melhores ideias. É divertido
trabalhar com elas, e são excelentes membros de equipes, porque pensam de maneira não
automática e consideram diferentes pontos de vista.
Como estão dispostas a escutar, as outras prestam atenção no que têm a dizer. As
pessoas sensatas raramente têm inimigos, e seus conflitos são mantidos no grau mínimo
absoluto. Elas são capazes de ver além dos próprios desejos e necessidades, o que as torna
compassivas e úteis para os outros.
Se você puder lutar para ser sensível, solícito e sensato, aguarde, pois a maioria das
outras coisas vai se encaixar no devido lugar e se resolver.
FIGURA 48
Não sei exatamente por que tantos de nós tendemos a ignorar conselhos dados.
Talvez fiquemos embaraçados por precisarmos de ajuda ou por escutarmos coisas que não
queremos ouvir. Talvez sejamos orgulhosos demais para admitir que um amigo ou membro da
família sabe algo que não sabemos. Talvez o conselho exija esforço ou uma mudança no estilo
de vida. Provavelmente existem muitos outros fatores.
Lembre-se que geralmente alguém pode oferecer uma sugestão capaz de ajudar. Não
há somente benefícios em recebermos e aceitarmos conselhos, além disso, a pessoa que os
oferece fica animada em poder ajudar. Afinal, enquanto se permanece receptivo e não defensivo,
pode-se sempre aprender alguma coisa. E às vezes uma única sugestão pode fazer um mundo
de diferença.
O truque é estar disposto a admitir que outras pessoas podem ver coisas a nosso
respeito (ou nossas circunstâncias) das quais estamos perto demais ou pessoalmente muito
envolvidos para que possamos ver. Assim, embora você provavelmente não queira aceitar todos
os conselhos que escuta, pode tentar ficar um pouco mais aberto a alguns deles
FIGURA 49
225
15.13 RECUPERE-SE
Não há dúvida; sempre existirão ocasiões em que você cometerá erros, às vezes,
grandes erros. Haverá ocasiões em que você reagirá exageradamente, ofenderá alguém,
deixará de perceber o óbvio, se meterá onde não é chamado, escorregará, dirá algo que não
deveria ter dito e assim por diante. Assim, talvez o mais importante não seja se você já deu uma
mancada, mas sim quão rapidamente você se corrigiu.
Quando foi contada a história para uma terceira pessoa esta disse: “Pedro, me parece 226
que você estava realmente roubando a glória dela.” Ele explicou seu raciocínio, que realmente
fazia bastante sentido. Afinal de contas, tudo o que ela realmente queria era um simples
reconhecimento das suas ações e um pedido de desculpas da parte de quem tomou posse da
sua ideia.
Veja se você está trabalhando com alguém que oferece uma sugestão, ou algum tipo
de crítica construtiva, em vez de ficar na defensiva ou lutar para mostrar como se está certo e
eles errados, tente manter a mente aberta e continuar receptivo ao crescimento. Sabe de uma
coisa? Na maioria dos casos, a pessoa que faz a sugestão tem pelo menos uma pitada de razão
ou alguma sabedoria em sua posição.
O truque parece ser: estar disposto a perdoar a si mesmo – e aos outros – por serem
humanos e por cometerem erros. Uma vez que você reconheça a verdade do antigo ditado “errar
é humano, perdoar é divino”, você cria o clima emocional para recuperar-se de praticamente
qualquer erro e seguir adiante.
227
É difícil quantificar exatamente quão útil esta estratégia pode ser para fazer a diferença
na vida profissional, porque muitas vezes os resultados são sutis ou especulativos. Pode-se
dizer, contudo, que ela pode ser, com certeza, uma ferramenta poderosa e significativa.
Aprender a ser menos rápido nos comentários pode livrá-lo de iniciar uma enorme quantidade de
conversas desnecessárias ou fora de hora. Sem dúvida, também poupa tempo, energia e
provavelmente algumas discussões.
Contudo, fatalmente alguns dos nossos comentários serão, na melhor das hipóteses,
desnecessários, e na pior, contraproducentes. Eles surgem do hábito, de uma reação
automática, ou de alguma necessidade de comentar. Alguns desses comentários levam a
argumentos que ferem sentimentos ou causam confusão. São estes que devemos evitar!
Vejamos um exemplo: uma senhora que estivera trabalhando o dia inteiro e estava
prestes a sair do escritório, disse que estava sonhando em passar a noite sozinha – tomar um
banho quente e ir para a cama com um bom livro. Ela viu alguns colegas no corredor e foi até
eles para se despedir.
Eles discutiram sobre um tema que, em termos práticos, tinha pouco ou nenhum efeito
sobre ela. Ninguém perguntou sua opinião. Contudo, ela teve uma ideia que decidiu compartilhar
com o grupo. Ela disse: “Sabem o que deveriam fazer?”, você provavelmente pode adivinhar o
resto da história. Imediatamente, ela foi envolvida na conversa, e, como havia dado a ideia, seria
inadequado ir embora. Ela passou as duas horas seguintes explicando e defendendo sua
posição. No final, não houve uma resolução. Ela foi para casa exausta, cansada demais para ler.
Ela previa uma noite tranquila. Em vez disso, acabou indo para casa tarde, com muita coisa na
cabeça, ressentida e confusa.
Embora os detalhes sejam sempre um pouco diferentes, existem centenas, talvez até
mesmo milhares de maneiras de agir similares que regularmente usamos. A mulher não fez nada
errado; a sua única intenção foi ser útil e agradável. Contudo, seu comentário simples e
inofensivo levou a uma discussão estressante que a desgastou. Existem ocasiões em que é 229
adequado se envolver nesse tipo de conversa? Certamente que sim.
230
15.15 PERSONALIDADES
Embora seja fácil entender por que algumas pessoas estabelecem esses
pressupostos, na verdade não existem choques de personalidade. Se existissem, então nossas 231
generalidades seriam sempre aplicáveis – e isso obviamente não acontece.
Às vezes, duas pessoas simplesmente não combinam, e não há nada que possa ser
feito quanto a isso. Embora eventualmente esse pareça ser o caso, desistir e entregar-se ao
sentimento amargo é derrotismo e desnecessário.
Como todo mundo, preferimos trabalhar com certos tipos de pessoas em vez de
outras. Porém, com um leve esforço, aliado a um aumento de perspectiva, geralmente se pode
trabalhar bem com praticamente qualquer pessoa, independentemente do tipo de personalidade.
O que pode funcionar bem é pensar em termos de se dar bem com os outros como
parte do trabalho. Em vez de deixar de lado o relacionamento (ou a experiência do
relacionamento de trabalho), como se estivesse condenado ao fracasso ou à frustração, é
necessário verificar se é possível lidar com a situação e aceitar o desafio.
Em vez de se ver como certo e a outra pessoa como errada, é importante usar o bom
humor e rotular os dois como “personagens”, desempenhando papéis diferentes. Tente manter o
espírito leve e o senso de humor intacto. Gentilmente, deixe de lado a insistência de que as
outras pessoas vivam ou se comportem da sua maneira. Quase sempre, isto abre o coração e
amplia a perspectiva.
Alicia respondeu que Fernanda “não só era incompetente, como os pais deveriam
saber que ela elegia alunos favoritos e tinha padrões mais exigentes para os garotos de quem
não gostava”.
O resto do ano escolar foi cheio de estresse, raiva e preocupação para os pais dos
estudantes, e um embaraço (bem merecido) da sua própria criação, para as duas professoras.
Neste exemplo, como em todos os outros, ninguém venceu, pelo contrário houve um
desgaste imenso!
Deixar de lado diferenças pessoais deste jeito faz uma grande diferença na vida
profissional. Trabalhar com pessoas diferentes torna o trabalho mais interessante!
FIGURA 52
233
Esta pode ser uma escolha difícil de abraçar. Inúmeras pessoas resistem a ela, mas se
você puder aceitá-la, sua vida irá começar a mudar – imediatamente. Você vai começar a sentir-
se mais capacitado, menos vitimado, e como se tivesse mais controle da sua vida. Não é pouca
coisa para uma simples admissão da verdade.
“Espere um minuto”, quem já não ouviu muitas vezes, “estou fazendo isso não por
escolha, mas porque tenho de fazer. Eu não tenho escolha.” Eu sei que pode parecer que é
assim. Contudo, se você refletir bem sobre isso vai começar a ver que, na verdade, é realmente
sua escolha. 234
Quando sugiro que você admita que seu emprego ou sua carreira é escolha sua, não
estou dizendo que seus problemas são necessariamente culpa sua, ou que seja realista fazer
outras escolhas. O que estou sugerindo é que, em última instância, levando tudo em conta
(incluindo a necessidade, escolhas de estilo de vida, necessidades financeiras e a possibilidade
de perder sua casa ou mesmo o seu lar), você tomou a decisão de fazer o que está fazendo.
Você pesou todas as opções, considerou suas alternativas, estudou as consequências e, depois
de tudo, decidiu que a melhor alternativa seria fazer exatamente o que está fazendo.
235
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