Expansão Do Mercado Pet E A Importância Do Marketing Na Medicina Veterinária
Expansão Do Mercado Pet E A Importância Do Marketing Na Medicina Veterinária
Expansão Do Mercado Pet E A Importância Do Marketing Na Medicina Veterinária
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The expansion of the pet market is intrinsically associated with the socioeconomic
changes of the Brazilian population and advances in veterinary medicine are intrinsically
related to the expansion of the pet market observed in the country in recent years. This
panorama joins the importance of marketing for market analysis and construction of strategies
within the consumer public.
The work focuses on show the relations existing between the expansion of pet market
with the change in the structure of the Brazilian family observed in recent decades, especially
in large urban centers.
The work also aims at highlighting the importance of the study of marketing and their
strategies by veterinary doctor, for which he has conditions to orient themselves within the
market in which it is inserted.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10
1.1 Tema .............................................................................................................................. 11
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 11
1.3 Justificativas .................................................................................................................. 12
2 MUDANÇAS NA FAMÍLIA E NA RELAÇÃO COM O PET ................................... 13
2.1 Pets, ou animais de estimação ....................................................................................... 13
2.1.1 Pet - O novo membro da família ................................................................................ 14
2.2 Relação homem e animais de estimação ....................................................................... 15
2.2.1 Benefícios decorrentes da relação homem e animal de estimação ............................. 16
2.2.1.1 Benefícios físicos ………………………………………………………………… 17
2.2.1.2 Benefícios psicológicos ........................................................................................... 17
2.2.1.3 Benefícios psicoterápicos ........................................................................................ 18
2.2.2 Perfil dos donos de animais de estimação .................................................................. 18
2.3 Os novos arranjos familiares ......................................................................................... 19
2.4 Impulsionadores de consumo no mercado pet .............................................................. 22
3 MARKETING E CONCEITOS ENVOLVIDOS NO MERCADO PET ................... 24
3.1 Definição de marketing ………………………………………………………………. 24
3.2 Valor .............................................................................................................................. 25
3.2.1 Valor tangível e intangível .......................................................................................... 26
3.3 Troca .............................................................................................................................. 27
3.4 Transações ..................................................................................................................... 27
3.5 Mercado ......................................................................................................................... 28
3.5.1 Segmento de mercado ................................................................................................ 28
3.5.2 Necessidade ................................................................................................................ 29
3.5.3 Desejos ....................................................................................................................... 31
3.5.4 Demanda .................................................................................................................... 31
3.6 Composto de marketing - Os 4 P’s ................................................................................ 32
3.6.1 Produto ....................................................................................................................... 32
3.6.2 Preço ........................................................................................................................... 33
3.6.3 Praça ........................................................................................................................... 33
3.6.4 Promoção .................................................................................................................... 33
3.7 Marketing de relacionamento ........................................................................................ 34
3.7.1 Fidelização de cliente ................................................................................................. 34
4 MERCADO PET E O MARKETING .......................................................................... 37
4.1 Um setor em crescimento .............................................................................................. 37
4.1.1 A influência das mudanças socioeconômicas ............................................................. 38
4.1.2 O papel das pet shops na expansão do mercado ......................................................... 38
4.1.3 O Crescimento em Números ...................................................................................... 39
4.1.4 Política Tributária: entrave ao crescimento ................................................................ 39
4.2 Cuidados especiais ........................................................................................................ 40
4.2.1 Ramos específicos do segmento pet ........................................................................... 40
4.2.1.1 Alimentação ............................................................................................................. 40
4.2.1.2 Saúde ....................................................................................................................... 42
4.2.1.3 Lazer: lazer/acessórios/brinquedos ......................................................................... 42
4.2.1.4 Higiene .................................................................................................................... 43
4.2.1.5 Beleza: Beleza/adornos/moda ................................................................................. 43
4.3 Marketing como diferencial no Mercado Pet ................................................................ 44
9
1 INTRODUÇÃO
O mercado de pet shop tem ganho espaço na economia do país, e tudo indica que o
sucesso de empreendedores nessa área depende muito de uma boa colocação no mercado, pois
percebe-se a importância que cada vez mais os consumidores tem dado aos artigos e serviços
disponibilizados para o cuidado com o seu animal de estimação.
Assim como é característico em todo processo de expansão, o mercado pet tem atraído
novos investidores, consequentemente aumentando a concorrência pela atenção e fidelidade
do consumidor. Para que o empreendedor conquiste o seu espaço e consiga desenvolver um
negócio de sucesso, é importante estar atento ao processo evolutivo pelo qual vem passando o
perfil dos consumidores, desde a sua reestruturação familiar, relacionamento com o pet,
objetos de consumo e importância que ele dá à satisfação das suas necessidades.
Como consequência da expansão observada no mercado pet, surge a necessidade de
especialização na área de marketing veterinário. Nesta área do conhecimento encontramos
ferramentas que são essenciais para o desenvolvimento e gerenciamento de trabalho nos
estabelecimentos veterinários, marketing pessoal, gestão de funcionários, concorrência de
mercados, tanto para o médico veterinário clínico, como para o representante comercial.
O conhecimento de marketing é necessário a todo profissional inserido no mercado de
trabalho e empresas que buscam crescimento, com o objetivo de prestar serviços de qualidade
a modo de satisfazer o seu cliente e quanto consumidor.
O processo de humanização dos animais domésticos está diretamente ligado à
expansão do consumo de produtos e serviços destinados a esse consumidor. A compreensão
das particularidades que envolvem o proprietário e seu animal de estimação e as
características domiciliares relacionadas ao consumo abrangendo estes animais seja algo a ser
desvendado. Este comportamento deve ser levado em conta ao se traçar estratégias que visem
atrair o consumidor, isso é, deve-se conhecer esse público-alvo, identificar seus desejos e
necessidades.
Identificando os pontos a serem atingidos, o veterinário empreendedor só tem a ganhar,
conseguindo atender especificamente o que os seus clientes procuram, e dessa forma
sobressair-se diante da competitividade comercial. O proprietário de animais de estimação, ao
conhecer a importância de usar um serviço de alta especificidade técnica para a saúde do seu
animal, também só tem a ganhar.
11
1.1 Tema
1.2 Objetivos
1.3 Justificativas
expansão, com o aparecimento de um novo modelo de família, onde cães e gatos passaram a
ocupar um papel importante na vida das pessoas. Esse contexto justifica a importância da
caracterização e análise da nova estrutura e comportamento da família brasileira, e sua relação
com a reação do mercado de produtos e serviços destinados aos animais de estimação.
13
A relação entre o homem e o animal vem passando por alterações ao longo da evolução,
com inegáveis modificações do papel desempenhado pelo pet na rotina das pessoas e da
sociedade. Com o crescente envolvimento do animal de estimação nas famílias, o mercado pet
vem encontrando oportunidades de expansão, devido a fatores como a diminuição do número
de filhos e o aumento da expectativa de vida do brasileiro.
A importância dada a esses animais é decorrente dos benefícios obtidos a partir do
vínculo afetivo estabelecido com eles, e que influência na vida e na saúde humana de formas
diversas (HEIDEN, 2009).
Essa relação de fundo emocional fez com que o animal deixasse o status de
companheiro para se tornar um membro da família. Dessa forma, animais que antes eram
restritos aos pátios e quintais das residências, agora passaram a circular pelos ambientes
internos, sendo facilmente encontrados na sala em almofadas especificamente destinados a
eles, ou em cima do sofá, e até mesmo no quarto de dormir do proprietário, algumas vezes em
cima da cama.
Segundo Viotto (2009), essa relação tão próxima favorece o mercado pet, elevando o
padrão de consumo destinado aos animais de companhia.
O termo pet é uma expressão da língua inglesa comumente utilizada pelas áreas de
vendas, marketing e mídia, para se referir aos animais de estimação, que são todos aqueles
criados para o convívio com os seres humanos, fazendo parte da rotina nos domicílios,
inseridos no ambiente familiar, e que geram benefícios através das relações afetivas
estabelecidas com eles.
As principais espécies dessa categoria são cães, gatos, aves canoras e ornamentais,
pequenos roedores, peixes, cobras, répteis, dentre outros. O que marca esta relação é a
responsabilidade do proprietário na criação destes animais e contato entre ambos.
Hoje os animais de estimação são considerados integrantes da família, tendo
participação fundamental em tratamentos terapêuticos, além de fazerem parte dos programas
de políticas de inclusão social. Algumas atividades com envolvimento dos animais de
companhia são: terapia, companhia, lazer, auxílio aos portadores de necessidades especiais,
esportes, ornamentação, participação em torneios e exposições e trabalhos especiais (Abinpet,
14
2012).
Para compreender a participação do pet nas atividades acima mencionadas e a sua
inclusão no âmbito familiar, é importante compreender o significado e a extensão que a
relação homem x animal de estimação adquiriu nos dias atuais.
entre pessoas e outros animais, influenciada pelos comportamentos essenciais para a saúde e
bem estar de ambos. Isso inclui as interações emocionais, psicológicas e físicas entre pessoas,
demais animais e ambiente” (FARACO, 2008).
Inicialmente a relação homem e animal de estimação está baseada na necessidade do
homem em obter companhia e diversão, tendo uma fonte de apego e de afeto através da
criação do pet. Este comportamento propiciou a ocorrência do fenômeno já há algum tempo
observado, em que os animais de estimação são responsáveis pelo desempenho de vários
papéis na vida de seus proprietários, seja no círculo familiar, ou num contexto social mais
amplo (HIRSCHMAN, 1994).
Devido ao isolamento presente nas grandes cidades, o animal tem atuado também
como facilitador social ao propiciar interações com outros proprietários, nesse ambiente onde
o estabelecimento das relações interpessoais é cada vez menos favorecido.
A convivência com animais de estimação pode trazer muitos benefícios para a vida das
pessoas. O contato com cães e gatos é o último elo com um passado anterior à troca do campo
pela cidade. A necessidade de tê-los em casa foi estimulada pelo aumento na expectativa de
vida, por mais pessoas estarem morando sozinhas e adiando os planos de terem filhos
(HEIDEN, 2009).
Ao mesmo tempo em que cresce o número de famílias que possuem ao menos um
animal de estimação, diversos estudos procuram identificar quais os benefícios que esse
convívio traz para o homem.
Para Faraco (2008), entre os benefícios proporcionados pelos animais aos seres
humanos, que estão a companhia, a promoção de mudanças positivas no autoconceito e
comportamento das pessoas além de auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades e no
exercício de responsabilidades. Os animais ajudam a diminuir o estresse, combatem a
depressão e o isolamento e estimulam o exercício.
A seguir, serão brevemente explorados três benefícios diretos que são possíveis de
atribuir a essa interação, conforme Holbrook et al. (2001). São eles os benefícios físicos,
psicológicos e psicoterápicos.
17
Esta categoria refere-se à saúde humana, onde proprietários de cães e gatos relatam ter
adquirido melhor qualidade de vida após a inclusão de um animal no lar, atribuindo também a
isso a diminuição de tensões entre os membros da família.
Alguns estudos publicados no American Journal of Cardiology mostram que pessoas
que convivem com animais de estimação apresentam níveis de estresse e de pressão arterial
controlados, e consequentemente, menor chance de desenvolver problemas cardíacos
(HOLBROOK et al. 2001).
Beck (1999) demonstra que interações diárias com animais de companhia, podem
reduzir a pressão sanguínea e aumentar a sobrevivência depois de um ataque de coração.
Segundo Cutt et al. (2007), os proprietários de animais de estimação se sentem
motivados a praticar atividades físicas, principalmente caminhadas com seus animais,
situação que propicia a interação social com outros proprietários.
O segundo benefício atua no campo psicológico, que surge na relação com o animal de
estimação como um companheiro, diminuindo a ocorrência de quadros de depressão e do
sentimento de solidão, aumentando dessa forma a sensação de conforto e segurança
(HOLBROOK et al. 2001). Eles despertam afetividade, melhoram a autoestima, diminuem a
agressividade e o estresse.
Para quem mora sozinho, o pet representa cumplicidade, afeto, alegria,
companheirismo. Neste sentido, o animal de estimação tem tido cada vez maior importância
na nossa sociedade como estímulo revitalizador para pessoas idosas.
Em um estudo de caso sobre o relacionamento entre idosos e animais de estimação, os
relatos mostram que para alguns, ter um animal de estimação é sinônimo de independência,
pois reflete a capacidade de cumprir com responsabilidades (HARA, 2007).
Para Diniz (2005), um animal assume importância ao preencher as lacunas emocionais
deixadas pela saída dos filhos de casa na chamada “síndrome do ninho vazio”, assumindo este
papel como substituto: “Cresce cada vez mais o número de casais que não tiveram filhos ou
que, com a saída dos filhos de casa, resolvem completar a família com animais, tornando-os
membros, evitando a já famosa depressão chamada síndrome do Ninho Vazio. Atualmente,
pessoas que moram sozinhas sentem que os animais podem ocupar um lugar especial dentro
18
de suas vidas, e assim, eles passam a preencher um espaço na vivência destas pessoas, a tal
ponto de se tornarem verdadeiros componentes da família. É aí que entra a medicina
veterinária, favorecendo com recursos e respaldos que visam o bem-estar de nossos animais,
proporcionando-lhes, quando doentes, condições de restabelecimento que há pouco tempo não
existiam”.
centros urbanos, em moradias cada vez menores, buscando a companhia de animais que se
adaptem a esse espaço e sejam mais independentes dos seus donos.
Considerando que o processo de humanização do animal de estimação é o primeiro
fator em escala de importância no processo expansivo do mercado pet, o segundo refere-se à
nova estrutura das famílias. Atualmente, esses animais assumiram um papel diferenciado nas
relações interfamiliares nas residências. Observamos a construção de famílias cada vez
menores devido ao alto número de separações conjugais, ou formadas por jovens casais que
optam pela guarda de um animal de estimação antes de investirem na criação de um filho, e
arranjos monoparentais (ARRIAGADA, 2001).
Enquanto a cada ano diminui o número de recém nascidos no Brasil, cresce o número
de famílias que optam pela inclusão de um animal de estimação no núcleo familiar (FARIA,
2003).
Em 2009 foi divulgada a pesquisa Radar Pet, encomendada pela COMAC (Comissão
de Animais de Companhia) do SIDAN (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
Saúde Animal), que estimou a presença dos pets em 44% dos lares das classes A, B e C
(alguns estudos chegam a mencionar 60%), chegando a estar presentes em metade das casas
em lugares como Porto Alegre, Curitiba e Campinas.
De acordo com a pesquisa, o novo status que os animais de estimação estão assumindo
tem pelo menos três razões sociais distintas (ABINPET; IBGE):
a) famílias cada vez menores;
b) número de pessoas morando sozinhas; e,
c) envelhecimento da população.
Famílias cada vez menores: Conforme dados publicados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a densidade domiciliar no Brasil apresentou uma queda de
13,2% no último censo. Esse declínio foi mais acentuado que os 9,6% anteriormente
observados entre os censos de 1991 e 2000, passando de 3,8 em 2000, para 3,3 pessoas por
domicílio particular habitado em 2010.
Essa tendência de formação de famílias, com número cada vez mais reduzidos de
integrantes, é uma característica observada nas cinco regiões do país e está diretamente
relacionada à redução da fecundidade. Das cinco regiões, apenas a Norte apresenta média de
moradores por domicílio igual a 4,0. Nas demais, esse valor se encontra entre os 3,1 da região
Sul e os 3,5 do Nordeste. No contexto estadual, as médias oscilam entre 3,0 no Rio Grande do
Sul e no Rio de Janeiro, e 4,3 nos estados do Amazonas e Amapá (IBGE).
Os casais têm optado em ter apenas um ou dois filhos, raramente ultrapassando esse
21
número. Isso é demonstrado nos dados do IBGE que mostram a queda no número de crianças
de até quatro anos que em 2000 era de 16,3 milhões, passando para 13,3 milhões em 2010.
O pet, em geral um cão ou um gato, entra para o convívio familiar para completar esse
lar, auxiliando no desenvolvimento da criança, ou preencher o papel do filho que, quando já
crescido, vai embora da casa dos pais.
Outra situação de importância refere-se às famílias formadas, em geral, por jovens
casais que cada vez mais focados no desenvolvimento das suas carreiras, têm optado em adiar
ou eliminar os planos de serem pais. Dessa forma, cães e gatos acabam entrando nesse lar
para fazer o papel que seria de um filho, compondo assim um novo modelo de família.
Número de pessoas morando sozinhas: De acordo com os dados da PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE, o percentual de pessoas que
residem sozinhas aumentou de 8,6% em 2000 para 12,1% em 2010. Esse fenômeno, que é
mais característico dos grandes centros urbanos, tem sido mais observado nos estados com
maior envelhecimento populacional, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que passaram
do percentual de unidades domésticas habitadas por apenas uma pessoa de 11,2% e 10,9%,
para 15,6% e 15.2% respectivamente.
A mesma pesquisa mostra que de 2009 a 2011, 800 mil brasileiros se somaram aos 7
milhões que já moravam sozinhos, aumentando o percentual em 0,7%. Segundo o
levantamento, entre as capitais, Porto Alegre (RS) lidera o ranking de pessoas que moram
sozinhas, respondendo por 21,6% das unidades domésticas unipessoais.
Conforme mostram os dados dos Indicadores Sociais Municipais do Censo
Demográfico 2010, alguns dos motivos que explicam esse aumento no número de "moradores
solitários” é a elevação da expectativa de vida com consequente aumento do número de
idosos morando sozinhos, a verticalização das cidades e diminuição do tamanho das
residências e ainda o aumento no número de divórcios.
Dessa forma, enquanto cresce o número de pessoas que residem sozinhas nos grandes
centros urbanos, aumenta também a procura pela companhia de um animal de estimação para
evitar sentimento de isolamento e solidão.
Envelhecimento da população: O aumento da expectativa de vida do brasileiro é uma
das mudanças socioeconômicas que tem influenciado fortemente o processo de expansão do
mercado pet. O perfil da pirâmide social brasileira cada vez mais composto por pessoas da
terceira idade evidencia o número de idosos morando sozinhos, por já terem filhos adultos
vivendo em seus próprios lares, e que muitas vezes adotam um cão ou gato como companhia
para o dia-a-dia.
22
Marketing é uma palavra anglo-saxônica que deriva de market, “mercado”, que tem
origem no latim mercatus, “local de compra e venda” (LAROUSSE, 1992), do verbo mercari,
“negociar, fazer compra e venda”, de merx, “objeto para negociar, mercadoria”. Mais tarde
essa palavra derivaria o termo francês marché, “espaço físico onde as mercadorias eram
comercializadas”, e assim marché virou market, “mercado”.
Em meados da década de 50 nos EUA, a palavra passou a ser usada livremente por
todos os envolvidos no comércio. Derivou-se daí o marketing, que significava “tudo que influi
na comercialização de um produto”.
Em 2005, a Associação Americana de Marketing conceituou marketing como “uma
função organizacional e uma série de processos para a criação, comunicação e entrega de
valor para clientes, e para a gerência de relacionamentos com eles de forma que beneficie a
organização e seus stakeholders (interessados)” (AMA - Definição 2005).
Mais tarde a mesma associação complementou definindo marketing como a atividade,
conjunto de instituições e processos utilizados para criar, comunicar, distribuir e efetuar a
troca de ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como
um todo (AMA - Definição 2008).
Em uma abordagem mais direta, Kotler e Keller (2006) definem marketing como “o
processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam
e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com
outros”
Ao assumir a tradução literal: “mercado”, pode-se afirmar que marketing é o estudo do
mercado; é “a capacidade de identificar por meio de estudos científicos as necessidades e
25
3.2 Valor
ao produto ou serviço, baseado na relação entre os benefícios que este trata segundo a sua
ótica, e os custos envolvidos para sua aquisição, comparativamente à concorrência.
Conforme ZEITHAML (1998), o valor percebido é a avaliação total do consumidor
sobre a utilidade de um produto, baseada em percepções do que é recebido (benefícios) e do
que é dado (sacrifícios).
O conceito utilizado por WOODRUFF (1997), aduz sobre valor como a percepção do
cliente sobre as preferências e as avaliações dos atributos do produto, do desempenho desses
atributos e as consequências originadas pelo uso.
Conforme Grönroos 2003, o cliente não compra bens ou serviços, e sim um agregado
de bens, serviços, informações, atenção pessoal e outros componentes, que compõem os
benefícios proporcionados nessa aquisição.
Assim, concluímos que “marketing” é o conjunto de ferramentas utilizadas pelas
empresas para manter seus consumidores constantemente ligado a elas.
O valor pode ser observado de duas formas, sob duas nomenclaturas distintas, mas
combinados em um mesmo produto ou serviço, em proporções diferentes. O valor tangível
refere-se aos aspectos físicos, a forma como o serviço ou produto é apresentado visualmente
ao cliente. O valor intangível é composto pelos benefícios que o consumidor espera obter na
aquisição de bens ou serviços (KOTLER e KELLER, 2006).
Em 2009, Cobra sugeriu um modelo, em forma de iceberg (Figura 1). Ele compara a
percepção consciente do cliente, aquilo que ele pode ver e tocar, ao cume.
possibilitando que a empresa atinja o consumidor neste ponto, disponibilizando uma vasta
quantidade de prêmios e benefícios, visando agregar a seus serviços um atendimento que
encante os clientes, levando-os se possível, ao deslumbramento.
Assim, o valor é atribuído pelo cliente a partir da sua percepção da capacidade do
produto ou serviço em atender as suas necessidades, sejam práticas ou emocionais. Lidar com
a parte intangível de um produto ou serviço é delicado, visto que o cliente fará sua avaliação
através das percepções que nunca são neutras, sendo elas positivas ou negativas (PEREIRA,
2001).
3.3 Troca
O marketing não cria as necessidades, ele próprio é criado para atender as que surgem
em um ambiente, contexto econômico e social, de acordo com a educação e renda disponível.
O processo central do marketing é o comportamento de troca e os problemas a ele
relacionados (KOTLER e KELLER, 2006).
Troca pode ser definida como um processo que envolve a transferência de algo
tangível ou intangível, real ou simbólico, entre dois ou mais autores sociais. Envolve a
obtenção de um produto desejado de alguém, oferecendo algo em substituição (Mowen e
Minor, 2003).
Kotler e Keller (2006) estabeleceram cinco condições para que se crie a possibilidade
de troca:
a) existência de pelo menos duas partes;
b) possuam algo que possa ter valor para as outras partes;
c) tenham capacidade de comunicação e de entrega;
d) estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca; e,
e) acreditem ser adequado participar da negociação.
3.4 Transações
3.5 Mercado
Diversos são os conceitos que podem definir mercado. Alguns autores referem-se a ele
como um local onde são efetuadas as trocas de mercadorias, e outros como o conjunto dos
atores que participam desde o processo de produção, até o consumidor-final.
Segundo Kotler (1998):
[...] mercado é o grupo de compradores reais e potenciais de um produto,
que têm uma necessidade ou desejo específico que pode ser satisfeito através
da troca. Assim, o tamanho de um mercado depende de um número de
pessoas que apresentam necessidades, têm recursos para fazer trocas, estão
dispostas a oferecer esses recursos em troca do que desejam.
Percebe-se então já neste conceito, a importância de direcionar a produção de
determinado produto a um consumidor-alvo. A oferta do produto e a demanda do mercado
devem atuar de forma harmônica para satisfação das duas partes, compradores e vendedores,
onde chegamos à teoria clássica da economia: oferta x demanda.
Samara e Morsh (2005) descrevem mercado como “o ambiente em que acontece o
processo de troca entre o grupo de produtores/vendedores e os consumidores”.
Outros autores definem mercado como uma instituição em que se usa o dinheiro como
meio e forma de pagamento pelas mercadorias nas transações.
Conforme o entendimento de Castilho (2006):
O mercado é definido como instituição social na qual as pessoas trocam
livremente mercadorias (bens, recursos, serviços). Em geral, usando como
meio o dinheiro, pressupõe uma divisão social de trabalho, e (pelo menos de
fato), a propriedade privada dos meios de produção"
Todo mercado é composto por tipos diferentes tipos de compradores, o que caracteriza
os segmentos de mercado (KOTLER, HAYES e BLOOM, 2002). Existem duas formas de
abordagem de mercado: a abordagem única e abordagem segmentada. A abordagem única
desenvolve um único plano de marketing, que visa atingir todos os tipos de consumidores da
forma mais abrangente possível. Já a abordagem segmentada divide os consumidores deste
grupo heterogêneo em partes homogêneas, direcionando as ações de marketing para o
consumidor-alvo (LAS CASAS, 2009).
A segmentação de mercado se baseia em seis pontos (COBRA, 2009):
a) os segmentos devem ser facilmente mensuráveis, possibilitando a identificação do
poder de compra e perfil do público analisado;
29
3.5.2 Necessidade
As necessidades não podem ser criadas por ações de marketing, elas existem e tem
origem instintiva, biológica e natural. “Necessidades descrevem exigências humanas básicas.
As pessoas precisam de comida, ar, água, roupa e abrigo para poder sobreviver. Elas também
têm uma necessidade muito grande de recreação, educação e entretenimento” (KOTLER,
2000). Confunde-se conceito de necessidade e desejo. Todo novo produto tem seu lançamento
no mercado baseado em pesquisas onde são descobertas as necessidades do consumidor, e
avaliadas as possibilidades de êxito na tentativa de suprir essas carências. Na verdade, tudo
que surge como novo produto, nada mais é do que a adaptação de uma antiga necessidade não
satisfeita.
Conforme Kotler e Keller (2006) “o marketing envolve a identificação das
necessidades humanas e sociais”. Para tal, muitos autores citam como essencial o
conhecimento da Teoria de Maslow, objetivando conhecer os aspectos psicológicos
determinantes no comportamento humano, e com isso compreender o comportamento de
compra do consumidor. Conforme a Teoria de Maslow (fig. 2), as necessidades humanas
surgem na caracterização da privação de alguma coisa, e podem ser classificadas por
categorias e hierarquizadas (Churchill e Peter, 2000). Nessa hierarquização, passa-se de um
nível a outro, desde que o anterior estivesse totalmente satisfeito.
São três as hipóteses em que essa teoria está fundamentada:
a) Um indivíduo sente várias necessidades que não tem o mesmo grau de
importância, e por isso podem ser hierarquizadas;
b) Inicialmente procura-se satisfazer a necessidade que parece ser a mais
importante;
c) Uma necessidade deixa de existir quando for satisfeita, e então o indivíduo
segue para a satisfação da seguinte.
30
3.5.3 Desejos
Para Kotler (1998), os desejos são carências por satisfações específicas para atender às
necessidades, e são moldados pela cultura e pelas características pessoais. Têm origem
emocional ou racional, e relação direta com nossa cultura e com os hábitos sociais.
Segundo ele, as “necessidades se tornam desejos quando são dirigidas a objetos
específicos capazes de satisfazê-las. Um norte americano necessita de comida, mas deseja um
hambúrguer, batatas fritas e um refrigerante... Desejos são moldados pela sociedade em que se
vive”.
3.5.4 Demanda
Após ter estabelecido e estudado o seu mercado alvo, ele é tomado por base para
determinar o composto (ou mix) de marketing a ser utilizado para a empresa perseguir os seus
objetivos (KOTLER e KELLER, 2006 e LAS CASAS, 2009). O composto de marketing
refere-se às estratégias utilizadas pelas empresas para atingir com maior eficiência o público-
alvo, influenciando-o na demanda pelo seu produto. Essas ferramentas são tradicionalmente
identificadas como os 4 P’s do marketing: produto, preço, praça e promoção.
3.6.1 Produto
É o que a empresa fornece aos seus clientes, seja em forma de mercadoria ou serviços,
abrangendo suas especificações e elementos que o cercam. É definido por Kotler e Keller
(2006) como tudo o que pode ser oferecido a um mercado e que satisfaça uma necessidade ou
desejo, não se limitando a objetos físicos, mas também serviços, experiências, eventos,
pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias. Produtos são quase
sempre combinações do tangível e do intangível, e podem satisfazer um desejo ou uma
necessidade (Levitt apud Cobra, 2009).
Conforme Kotler e Keller (2006), os produtos seguem uma hierarquia conforme valor
agregado oferecido ao cliente:
a) benefício central que o produto proporcionará ao cliente;
b) produto básico oferecido ao cliente;
c) produto esperado pelo cliente, com atributos e condições que os compradores
normalmente esperam ao adquirir determinado produto;
d) produto ampliado, que excede as expectativas do cliente e é o principal
diferenciador do mesmo; e,
e) produto potencial, que abrange todas as ampliações e transformações a que
deve ser submetido no futuro.
33
3.6.2 Preço
Informa quanto a empresa cobra por determinado produto, quanto o cliente desembolsa
na obtenção deste, incluindo além do custo monetário os aspectos não financeiros, como
tempo e conveniência. A determinação de preços não visa apenas receita e lucros, mas
também clientela, participação e penetração no mercado (LAS CASAS, 2009).
Os fundamentos para determinação de preços são descritos por Lobelock e Wirtz
(2006),como um tripé cujas bases são os custos para a empresa, os preços da concorrência e o
valor para o cliente.
Para Dornelas (2001) logo que lançado no mercado, um produto deve ser ofertado com
preço abaixo do mercado para rapidamente conquistar clientes, aumentando-o gradativamente
após a promoção inicial.
3.6.3 Praça
3.6.4 Promoção
(DORNELAS, 2001).
A fidelização de clientes tem relação direta e intrínseca com o sucesso de uma empresa,
e está inserida em um contexto no qual a empresa está voltada para o cliente.
O conceito de fidelização visa transformar o cliente eventual em um comprador
assíduo, que se torna referência da empresa a partir da divulgação espontânea a partir da sua
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d) a responsabilidade pelo programa deve ser centralizada: deve existir uma gerência
responsável por definir uma estratégia para a implantação e manutenção do programa,
de modo que exista um relacionamento claro com os consumidores.
A estratégia do marketing de relacionamento pode fazer mais sentido para
algumas empresas do que para outras, mas uma coisa é certa: a tendência
para um marketing customizado e personalizado é o caminho para se manter
e conquistar novos clientes. (RODRIGUES, 2008).
Estes conceitos auxiliam o médico veterinário a introdução do estudo do marketing, e
espera-se com essa análise despertar o interesse não apenas do veterinário atuante na área
comercial, mas também do clínico veterinário, geral e especialista, a envolver-se com estas
questões que trazem benefícios para o aprimoramento e valorização do seu trabalho.
Ainda mostrando no próximo capítulo a correlação entre o trabalho desenvolvido em
medicina veterinária e a área de marketing, fica evidente a deficiência que o acadêmico
encontra em sua formação, chegando após formado a um mercado de trabalho extremamente
competitivo e que exige muito da capacidade de comunicação tanto com clientes, como com
fornecedores.
37
O Brasil é um dos cinco maiores mercados veterinários em todo o mundo. O setor vem
apresentando crescimento constante em âmbito internacional, apesar da crise econômica
mundial.
Segundo dados da Abinpet, o setor apresentou um crescimento de 16,4% no país em
2012, movimentando R$14,2 bilhões, o que correspondeu a 0,32% do Produto Interno Bruto.
O Brasil é o segundo país em faturamento, atrás somente dos EUA, e a projeção para 2013 é
de que o crescimento e a colocação se mantenham.
Esses números tem chamado a atenção de novos empreendedores, que devem atender
às necessidades de um consumidor final cada vez mais exigente.
Figura 3. Números do mercado pet em 2012 Fonte: Rev. Negócios Pet, 2013.
4.2.1.1 Alimentação
Na indústria pet food são diversas as opções exploradas, existindo ainda muito
potencial de crescimento. A evolução em alimentos para humanos, é seguida em versões
análogas para pets. Essa área é um segmento competitivo do mercado pet, caracterizada pela
variedade e qualidade dos produtos, e por um número crescente de fabricantes que vêem no
setor uma oportunidade de crescimento e sucesso nos negócios (CARCIOFI et al., 2009).
41
4.2.1.2 Saúde
4.2.1.4 Higiene
Todas as empresas que pretendem se manter no mercado e ganhar espaço dentro dele,
devem procurar diferenciais que as destaquem em relação aos concorrentes, como focar em
artigos inovadores, e no desenvolvimento de relacionamento com os clientes.
Os produtos e serviços oferecidos encontram concorrentes que assemelham-se tanto
em preço quanto em desempenho, não bastando ao profissional de prestação de serviços ter
todo o conhecimento sobre eles se não souber comunicar-se eficientemente com os seus
clientes afim de realizar de forma efetiva a venda do seu produto. O objetivo deve ser saber
vender os produtos e serviços disponíveis, conquistar, e o que é mais importante: manter a
clientela (GIOSO, 2007).
estoque;
d) Entender que o mercado é sensível às transformações, e flexibilidade é um diferencial
competitivo: atenção às novidades e serviços para animais de estimação, participação
de feiras setoriais, criação de novas ferramentas como planos de fidelização para
manter os melhores clientes, pesquisa de satisfação;
e) Treinamento é fundamental em todos os setores e em todos os níveis: conversar com a
equipe sobre a importância do atendimento como um diferencial competitivo,
programar junto com as clínicas pet um treinamento sobre as características técnicas
de cada produto disponível para venda;
f) Estabelecer um profissional programa de comunicação empresarial é garantir a
visibilidade de sua marca: ter conhecimento sobre como está a imagem da empresa no
mercado, como estão os uniformes dos funcionários, analisar periodicamente o
material gráfico; e,
g) O principal motivo para a existência de um negócio é a satisfação de desejos em um
nível de excelência: divulgar essa ideia junto aos funcionários, que devem estar
capacitados em suas áreas de atuação.
5 CONCLUSÃO
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