Artigo Alterabilidade e Comportamento Geomecânico PDF
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AHE SIMPLÍCIO
Rio de Janeiro
Março de 2019
ALTERABILIDADE E COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO DE ROCHAS NO
AHE SIMPLÍCIO
Examinada por:
________________________________________________
Prof.ª Anna Laura Lopes da Silva Nunes, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Marcus Peigas Pacheco, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Ana Cristina Castro Fontenla Siera, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.
iii
A Deus e a todos que me apoiaram e
incentivaram, em especial à minha
família e amigos.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as oportunidades e por toda a força e coragem que tem me dado para
que eu continue a caminhar com fé e perseverança.
À minha família, por todo o apoio que sempre me deram, por toda a fé que depositam em
mim, e por serem o meu exemplo de força e o motivo de eu continuar caminhando.
Ao meu namorado, Airam, por todo apoio, força e auxílio durante o período de pesquisas,
sem os quais o caminho teria sido mais árduo.
A todos os amigos e colegas do Programa de Engenharia Civil, que durante esses 2 anos
acrescentaram ensinamentos e sorrisos em minha vida.
À minha orientadora Anna Laura, por todo apoio e paciência para ensinar, por toda a
dedicação destinada a mim e ao meu projeto e pela amizade desenvolvida no período de
pesquisa.
Aos membros da banca, professores Alberto de Sampaio Ferras Jardim Sayão, Marcus
Peigas Pacheco, Ana Cristina Castro Fontenla e Fernando Artur Brasil Danziger pela
avaliação do trabalho.
Ao CNPq, pela concessão de bolsa de mestrado, sem a qual a realização desta etapa em
minha vida não seria possível.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Março/2019
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
March/2019
The alteration of rocks and joints causes changes in their properties, causing a
strength reduction of rock masses, and consequently the reduction of the safety of
engineering works. The alteration process introduces a series of material modifications,
changing its geomechanical behavior, originally intended for engineering purposes. The
prediction of the behavior of rocks over time is of great importance in order to carry out
plans for maintenance and even reinforcement of rock material. This research presents
the studies carried out on the variation of the mechanical behavior of rocks joints of the
gneiss masses that compose the hydraulic circuit of the AHE Simplício according to the
alteration of these rocks. The hammer tests were carried out in the field and laboratory,
where were tested unaltered and altered rocks and joints. The Schmidt Hammer tests
showed satisfactory results and confirmed the advantages of use, such as speed, ease of
execution and reduces costs. In addition, the hammer test shows great versatility of
application in various samples, with minimum restrictions of area, volume and surface
quality. The analysis of the tests carried out and the comparison with the results of
laboratory investigations of other researches in the same material of Simplício allowed
the development of empirical relations of prediction of behavior of the material as a
function of the compressive strength, the rebound of the hammer and the time of
alteration.
vii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................1
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO .................................................................3
1.2 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ...........................................................3
CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................5
2.1 ROCHAS, DESCONTINUIDADES E SOLO ........................................5
2.1.1 Rochas ..................................................................................................5
2.1.2 Descontinuidades .................................................................................8
2.1.3 Solo.......................................................................................................9
2.1.4 Classificação das rochas .....................................................................11
2.2 ALTERAÇÃO DE ROCHAS ................................................................14
2.2.1 Alteração e alterabilidade de rochas...................................................15
2.2.2 Efeitos da alteração ............................................................................20
2.2.3 Ensaios para avalição da alteração .....................................................22
2.2.4 Avaliação da alteração .......................................................................24
2.3 MARTELO SCHMIDT .........................................................................26
2.3.1 Correlações .........................................................................................30
CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................34
3. ÁREA DE ESTUDO ..............................................................................................34
3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO GERAL..........................................34
3.2 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ...................................................38
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ESTUDADOS ..................41
3.3.1 Solo residual e estruturas reliquiares ..................................................42
3.3.2 Gnaisse Simplício...............................................................................45
3.4 ESTUDOS E ENSAIOS REALIZADOS ..............................................50
3.4.1 Ensaios realizados por MACHADO (2012).......................................50
3.4.2 Ensaios realizados por SALLES (2013).............................................53
3.4.3 Ensaios realizados por OLIVEIRA (2017) ........................................64
3.4.4 Ensaios realizados por STEFFENS (2018) ........................................74
CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................83
viii
4. METODOLOGIA ..................................................................................................83
4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS ................................................84
4.2 ENSAIOS COM MARTELO SCHMIDT .............................................87
4.2.1 Ensaios em campo ..............................................................................88
4.2.2 Ensaios em laboratório .......................................................................88
CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................91
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ...........................................................................91
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS ...........................................91
5.2 ENSAIOS COM MARTELO SCHMIDT REALIZADOS EM
CAMPO 93
5.3 ENSAIOS COM MARTELO SCHMIDT REALIZADOS EM
LABORATÓRIO ............................................................................................................94
5.3.1 Comparação com as correlações entre rebote e resistência da literatura
101
5.4 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS OBTIDOS COM OLIVEIRA
(2017) E STEFFENS (2018) .........................................................................................105
CAPÍTULO 6 ................................................................................................................112
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................112
6.1 CONCLUSÕES ...................................................................................112
6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................115
APÊNDICE I – FICHAS DE CLASSICAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................124
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Rocha ígnea – maciço de basalto com fraturas (NUNES, 2009). ................ 6
Figura 2.2 - Rocha sedimentar com acamamentos – Gran Canyon, EUA (NUNES, 2009).
.......................................................................................................................................... 7
Figura 2.3 – Rocha metamórfica – afloramento de gnaisse no AHE Simplício. .............. 7
Figura 2.4 – Descontinuidades em maciço de gnaisse – Costa Brava, RJ. ...................... 8
Figura 2.5 – Talude escavado em solo residual de gnaisse – AHE Simplício (Acervo de
D. L. Machado)............................................................................................................... 10
Figura 2.6 – Esquema de textura (a) clástica e (b) cristalina (NUNES, 2009). .............. 12
Figura 2.7 – Textura das rochas em função do tamanho dos grãos: (a) fanerítica, (b)
afanítica, (c) fanerítica porfirítica e (d) afanítica porfirítica. (NUNES, 2009). .............. 13
Figura 2.8 – Tipos de degradação em função da temperatura e da precipitação (PELTIER,
1950; MAIA, 2001). ....................................................................................................... 17
Figura 2.9 – Ordem de alteração química das rochas (MAIA, 2001). ........................... 20
Figura 2.10 – Classificação dos ensaios para avaliação da degradação (SALLES, 2013).
........................................................................................................................................ 23
Figura 2.11 – Equipamento soxhlet convencional para ensaios de lixiviação contínua
(MAIA, 2001). ................................................................................................................ 24
Figura 2.12 - Realização de ensaio com Martelo ou Esclerômetro Schmidt. ................ 27
Figura 2.13 – Esquema simplificado de funcionamento do Martelo Schmidt (OLIVEIRA,
2017). .............................................................................................................................. 28
Figura 2.14 – Ábaco de correlação entre o valor de rebote (R) e a resistência à compressão
da rocha (DEERE & MILLER, 1966; HOEK E BRAY, 1981). .................................... 31
Figura 3.1- Mapa do AHE-Simplício e vias de acesso (MARCHESI, 2008). ............... 34
Figura 3.2 - Cartas fotogramétricas das obras de interligação entre a PCH Anta e a UHE
Simplício (SALLES, 2013). ........................................................................................... 36
Figura 3.3- Arranjo geral – Obras de Interligação do AHE Simplício (adaptado de
MACHADO, 2012). ....................................................................................................... 37
Figura 3.4 - Localização da Faixa Ribeira em Planta e Corte (MARCHESI, 2008). ..... 39
Figura 3.5 - Alinhamento topográfico marcante da Zona de Cisalhamento do Rio Paraíba
do Sul entre os municípios de Além Paraíba e Sapucaia (MARCHESI, 2008). ............ 39
Figura 3.6 – Mapa geológico do Alinhamento de Além Paraíba (MARCHESI, 2008). 40
x
Figura 3.7 – Geometria do talude de escavação do desemboque do túnel 5A (MACHADO,
2012). .............................................................................................................................. 43
Figura 3.8 - Seção transversal da escavação do desemboque do túnel 5A (MACHADO,
2012). .............................................................................................................................. 43
Figura 3.9 – Traços das estruturas reliquiares na face do talude (MACHADO, 2012). 44
Figura 3.10 – Estrutura reliquiar com material preto na superfície (MACHADO, 2012).
........................................................................................................................................ 44
Figura 3.11 – Estruturas reliquiares: (a) elevação 303,30 (b) elevação 299,25
(MACHADO, 2012). ...................................................................................................... 44
Figura 3.12 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de
0,00 a 8,82m (SALLES, 2013). ...................................................................................... 46
Figura 3.13 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de
8,82 a 15,96m (SALLES, 2013). .................................................................................... 47
Figura 3.14 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de
15,96 a 23,22m (SALLES, 2013). .................................................................................. 47
Figura 3.15 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de
23,22 a 30,59m (SALLES, 2013). .................................................................................. 48
Figura 3.16 – Recipientes utilizados para o armazenamento das amostras coletadas em
Simplício......................................................................................................................... 49
Figura 3.17 – Superfícies das juntas rochosas em função do tempo de alteração (SALLES,
2013). .............................................................................................................................. 55
Figura 3.18 – Resultado típico do ensaio de compressão diametral (SALLES, 2013). . 57
Figura 3.19 – Resistência à tração vs. tempo de alteração em laboratório (SALLES, 2013).
........................................................................................................................................ 59
Figura 3.20 – Curvas tensão axial vs. deformação axial, lateral e volumétrica
representativas do nível intacto e com 8300h de alteração em laboratório (SALLES,
2013). .............................................................................................................................. 60
Figura 3.21 – Valores médios dos parâmetros de tensão axial em função do nível de
alteração no laboratório (SALLES, 2013). ..................................................................... 62
Figura 3.22 – Valores médios dos módulos de Young em função do nível de alteração no
laboratório (SALLES, 2013). ......................................................................................... 62
Figura 3.23 – Valores médios dos coeficientes de Poisson em função do nível de alteração
no laboratório (SALLES, 2013). .................................................................................... 63
xi
Figura 3.24 –Martelo Schmidt HT225 (OLIVEIRA, 2017). .......................................... 65
Figura 3.25 – Ábaco de correlação entre o rebote e a resistência à compressão para o
Martelo Schmidt HT225 (OLIVEIRA, 2017). ............................................................... 66
Figura 3.26 – Sistema de fixação da amostra com morsa: (a) medição do rebote das juntas
com o martelo na horizontal e (b) medição do rebote da rocha intacta com o martelo na
vertical (OLIVEIRA, 2017). ........................................................................................... 66
Figura 3.27 – Juntas típicas classificadas em alteradas (a, b, c) e inalteradas (d, e, f)
(OLIVEIRA, 2017). ........................................................................................................ 67
Figura 3.28 – Lateral das amostras classificadas em alteradas (a, b) e inalteradas (c)
(OLIVEIRA, 2017). ........................................................................................................ 68
Figura 3.29 – Adaptação do ábaco de correlação disponibilizado pelo fabricante do
martelo, com as fórmulas aproximadas para as posições horizontal (juntas) e vertical
(rocha intacta) do martelo (OLIVEIRA, 2017). ............................................................. 68
Figura 3.30 – Distribuição das médias de resistência à compressão obtidas para as juntas
e para a rocha intacta em função do estado de alteração da amostra (OLIVEIRA, 2017).
........................................................................................................................................ 71
Figura 3.31 – Curvas das correlações entre rebote e resistência à compressão com limites
inferior e superior (OLIVEIRA et al., 2018). ................................................................. 73
Figura 3.32 – Curvas médias obtidas para junta e rocha intacta alteradas e inalteradas com
relação proposta para o Gnaisse Simplício (OLIVEIRA, 2017). ................................... 73
Figura 3.33 – Equipamento de cisalhamento direto (STEFFENS, 2018). ..................... 76
Figura 3.34 – Sistema de aplicação de carga (STEFFENS, 2018). ................................ 76
Figura 3.35 – Contato da junta após encapsulamento em moldes de gesso (STEFFENS,
2018). .............................................................................................................................. 77
Figura 3.36 – Curvas tensão cisalhante vs. deslocamento horizontal – Junta 0h-2
(STEFFENS, 2018). ....................................................................................................... 78
Figura 3.37 – Envoltória de resistência – Junta 0h-2 (STEFFENS, 2018). .................... 78
Figura 3.38 – Valores de rebote em função do grau de alteração das juntas (STEFFENS,
2018). .............................................................................................................................. 80
Figura 3.39 – Correlações entre rebote e resistência à compressão – Amostra sem
alteração artificial (0h) (STEFFENS, 2018). .................................................................. 81
Figura 3.40 – Correlações entre rebote e resistência à compressão – Amostra com 4800h
de alteração (STEFFENS, 2018). ................................................................................... 81
xii
Figura 3.41 – Resistência à compressão determinados em laboratório, CP e por Martelo
Schmidt, J (STEFFENS, 2018). ..................................................................................... 82
Figura 4.1 – Fluxograma da metodologia deste trabalho. .............................................. 83
Figura 4.2 – Conjunto de amostras selecionadas para classificação. ............................. 85
Figura 4.3 – Comparação da dimensão entre uma amostra pequena (B1-P03) e uma
amostra grande (B4-P11). ............................................................................................... 86
Figura 4.4 – Comparação entre o grau de alteração de amostras classificadas como: (a)
rocha inalterada, (b) rocha levemente alterada, (c) e (d) rocha moderadamente alterada.
........................................................................................................................................ 87
Figura 4.5 – Realização do ensaio de Martelo Schmidt em campo. ............................... 88
Figura 4.6 – Realização do ensaio de Martelo Schmidt. ................................................ 89
Figura 4.7 – Amostras rompidas durante o ensaio devido ao aperto da morsa. ............. 90
Figura 4.8 – Amostras rompidas durante o ensaio devido à alteração. .......................... 90
Figura 5.1 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt
em amostras pequenas em função dos graus de alteração A, B e C. .............................. 95
Figura 5.2 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt
em amostras grandes em função dos graus de alteração A, B e C. ................................ 95
Figura 5.3 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt.
........................................................................................................................................ 96
Figura 5.4 – Correlações entre resistência à compressão e rebote conforme DEERE &
MILLER (1966) e fabricante do Martelo HT225 - Amostras pequenas. ..................... 100
Figura 5.5 – Correlações entre resistência à compressão e rebote conforme DEERE &
MILLER (1966) e fabricante do Martelo HT225 - Amostras grandes. ........................ 100
Figura 5.6 – Correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial - Amostras
pequenas. ...................................................................................................................... 102
Figura 5.7 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial para
amostras grandes. ......................................................................................................... 102
Figura 5.8 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial
compreendidas entre os limites inferior e superior para amostras pequenas. ............... 104
Figura 5.9 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial
compreendidas entre os limites inferior e superior para amostras grandes. ................. 104
xiii
Figura 5.10 - Proposta de equação para a previsão do comportamento do gnaisse da região
de Simplício em função da variação da resistência à compressão e do valor de rebote.
...................................................................................................................................... 107
Figura 5.11 – Curva de variação do índice de alteração em função do tempo de lixiviação
em laboratório. .............................................................................................................. 109
Figura 5.12 – Proposta de equação para a previsão da variação do rebote do gnaisse de
Simplício em função do tempo de lixiviação em laboratório. ...................................... 109
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Classificação do grau de alteração das rochas (OLIVEIRA, 2017). ......... 13
Tabela 2.2 - Comparação da Série de Goldich (estabilidade dos minerais) com a série de
cristalização de Bowen (TEIXEIRA et al., 2000). ......................................................... 19
Tabela 2.3 - Correlações entre o rebote do martelo Schmidt e a resistência à compressão
uniaxial e o módulo de elasticidade. ............................................................................... 32
Tabela 3.1 – Resumo das obras de interligação (MACHADO, 2012). .......................... 38
Tabela 3.2 - Tipos e características gerais das unidades litológicas encontradas na área do
empreendimento AHE Simplício (adaptado de VIANA, 2012). .................................... 41
Tabela 3.3 – Identificação, localização e nível de alteração dos testemunhos de sondagem
(SALLES, 2013). ............................................................................................................ 46
Tabela 3.4 – Valores de RQD para a sondagem SR–657 (SALLES, 2013)................... 48
Tabela 3.5 – Resumo dos parâmetros de resistência do solo residual de gnaisse (adaptado
de MACHADO, 2012). .................................................................................................. 52
Tabela 3.6 – Minerais essenciais, acessórios e secundários presentes na rocha em
diferentes níveis de alteração (SALLES, 2013). ............................................................ 56
Tabela 3.7 – Resultados dos ensaios de absorção em corpos de prova cilíndricos do
Gnaisse Simplício para diferentes níveis de alteração (SALLES, 2013). ...................... 56
Tabela 3.8 – Valores médios da resistência à tração referente à fratura primária FP) e
secundária FS) em diferentes níveis de alteração (SALLES, 2013). ........................... 58
Tabela 3.9 – Resistência à compressão das amostras e valores médios em função do nível
de alteração (SALLES, 2013). ........................................................................................ 60
Tabela 3.10 – Valores dos índices de alteração em função do tempo de alteração
(SALLES, 2013). ............................................................................................................ 64
Tabela 3.11 – Valores médios de rebote e resistência à compressão para as juntas em
função do grau de alteração (OLIVEIRA, 2017). .......................................................... 69
Tabela 3.12 – Valores médios de rebote e resistência à compressão para a rocha intacta
em função do grau de alteração (OLIVEIRA, 2017)...................................................... 70
Tabela 3.13 – Classificação do grau de alteração das juntas (STEFFENS, 2018). ........ 75
Tabela 3.14 – Classificação do grau de alteração das juntas (STEFFENS, 2018). ........ 79
Tabela 4.1 – Descrição do número de amostras retiradas de cada bombona. ................ 84
Tabela 5.1 – Classificação do grau de alteração das amostras pequenas. ...................... 92
xv
Tabela 5.2 – Classificação do grau de alteração das amostras grandes. ......................... 93
Tabela 5.3 – Distribuição do número de amostras por nível de alteração. ..................... 93
Tabela 5.4 – Valores de rebote obtidos nos ensaios de campo....................................... 94
Tabela 5.5 - Valores médios de rebote calculados para as amostras pequenas. ............. 97
Tabela 5.6 - Valores médios de rebote calculados para as amostras grandes. ............... 98
Tabela 5.7 - Valores médios rebote por classe de alteração. .......................................... 99
Tabela 5.8 – Resultados dos ensaios de rebote em campo e laboratório comparados com
resultados de OLIVEIRA (2017) e STEFFENS (2018). .............................................. 105
Tabela 5.9 – Valores de resistência à compressão conforme DEERE & MILLER (1966).
...................................................................................................................................... 106
Tabela 5.10 – Índices de alteração do rebote em função do nível e tipo de alteração das
amostras. ....................................................................................................................... 108
Tabela 5.11 - Proposta de previsão de comportamento do material ao longo do tempo.
...................................................................................................................................... 110
xvi
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
Abreviações:
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AHE Aproveitamento Hidrelétrico
ASTM American Society for Testing Material
BR040 Rodovia Federal Radial do Brasil – sentido sudeste
BR116 Rodovia Federal Longitudinal do Brasil – CE/RS
BR393 Rodovia Federal Diagonal do Brasil – RJ/ES
CCR Concreto Compactado a Rolo
CE Estado do Ceará
CP (‘s) Corpo(s) de Prova
ES Estado do Espirito Santo
FP Fratura primária
FS Fratura secundária
ISRM International Society for Rock Mechanics
LL Limite de Liquidez
LP Limite de Plasticidade
MG Estado de Minas Gerais
NBR Norma Brasileira
PCH Pequena Central Hidrelétrica
RJ Estado do Rio de Janeiro
RQD Rock Quality Designation
UHE Usina Hidrelétrica
Símbolos:
Deformação
G Densidade real dos grãos
IA Índice de alteração da absorção
IFP Índice de alteração da resistência à tração na fratura primária
IFS Índice de alteração da resistência à tração na fratura secundária
xvii
IC Índice de alteração da resistência à compressão na ruptura
IRI Índice de alteração da tensão axial final da região I
IID Índice de alteração da tensão axial no início da dilatância
IES Índice de alteração do módulo de Young secante
IET Índice de alteração do módulo de Young tangente
IS Índice de alteração do coeficiente de Poisson secante
IT Índice de alteração do coeficiente de Poisson tangente
MS Massa Seca
FP Resistência à tração na fratura primária
FS Resistência à tração na fratura secundária
C Resistência à compressão uniaxial
Unidades de medida:
ºC Grau Celsius
h Hora
s Segundo
mm Milímetro
cm Centímetro
m Metro
km Quilômetro
m³/s Metro cúbico por segundo
l Litro
kgf Quilograma-força
N Newton
Pa Pascal
MPa Megapascal
W Watt
g/cm³ Grama por centímetro cúbico
xviii
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
1
Esta pesquisa procura estudar o comportamento mecânico das rochas em função
de sua alteração, e assim, estabelecer correlações empíricas que possibilitem prever o
comportamento do material ao longo do tempo.
As amostras selecionadas para esta pesquisa foram retiradas da área do
Aproveitamento Hidrelétrico Simplício (AHE Simplício), que se localiza na divisa entre
os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Durante as obras de escavações dos canais
e túneis do empreendimento, rupturas condicionadas pelas estruturas geológicas
ocorreram nos taludes dos canais. Para entender o comportamento do maciço em
diferentes níveis de alteração e, espacialmente, o mecanismo de ruptura dos taludes de
Simplício foram realizados diversos estudos pelo Grupo de Pesquisa de Alterabilidade da
PUC-Rio e COPPE-UFRJ. Dentre as pesquisas realizadas pelo grupo destacam-se os
trabalhos de MAIA (2001), MAIA et al. (2002, 2003) realizados nos maciços das
barragens de Marimbondo e Serra da Mesa e as pesquisas desenvolvidas nos maciços do
AHE Simplício por MACHADO (2012), SALLES (2013), OLIVEIRA (2017),
OLIVEIRA et al. (2018), STEFFENS (2018) e a presente pesquisa.
O primeiro estudo realizado com o material de Simplício foi o de MACHADO
(2012), que buscou caracterizar as estruturas reliquiares do solo residual de gnaisse ao
longo das escavações do Canal 5. O comportamento geomecânico do solo condicionado
por suas estruturas reliquiares foi determinado por meio de ensaios físicos e mecânicos e
do mapeamento das estruturas reliquiares.
SALLES (2013) buscou avaliar a alterabilidade do gnaisse da região de
Simplício por meio de ensaios de alteração acelerada realizados em um equipamento de
percolação, por ela desenvolvido. Esse equipamento permitiu que fosse simulado o efeito
do fluxo de água ao longo dos canais e túneis do circuito hidráulico, para diferentes
tempos de percolação. Para cada tempo utilizado no ensaio (0h, 600h, 1200h, 2400h,
4800h, 6000h, 8300h), ocorreu um nível distinto de alteração da rocha, que foi analisado
por meio de ensaios laboratoriais e de índices de qualidade.
OLIVEIRA (2017) desenvolveu uma proposta para a caracterização de juntas
naturalmente alteradas, utilizando os testemunhos recuperados das sondagens feitas em
Simplício. Para isso, a resistência à compressão das juntas foi determinada a partir de
ensaios com o Martelo Schmidt.
Por fim, STEFFENS (2018) avaliou o comportamento mecânico de juntas
alteradas em diferentes níveis por meio dos ensaios de alteração acelerada no
2
equipamento de percolação, utilizando ensaios de cisalhamento direto e de Martelo
Schmidt.
3
O Capítulo 2 apresenta uma revisão das principais referências relacionadas ao
tema da pesquisa. São abordados neste capítulo temas como rochas, juntas e solos
residuais; alteração de rochas, suas implicações e os mecanismos de alteração; além de
reportar os ensaios que auxiliam na avaliação da alterabilidade e os métodos de avaliação
da alteração da rocha e do seu comportamento mecânico.
O Capítulo 3 traz uma breve descrição da área de estudo, onde foram retiradas
as amostras utilizadas nos ensaios de MACHADO (2012), SALLES (2013), OLIVEIRA
(2017), STEFFENS (2018) e na presente pesquisa. Neste capítulo é apresentada uma
descrição do arranjo geral da obra, bem como um resumo dos aspectos geológicos e
geotécnicos do local. Também é apresentada uma compilação dos dados obtidos em cada
uma das pesquisas citadas.
O Capítulo 4 descreve a metodologia utilizada na compilação de dados, na
seleção e classificação das amostras ensaiadas, e nos ensaios realizados com Martelo
Schmidt.
No Capítulo 5 são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios com
Martelo Schmidt, a comparação destes resultados com os das demais pesquisas, as
correlações de comportamento encontradas, e as correlações para a previsão do
comportamento dos materiais que constituem os canais e túneis do AHE Simplício.
O Capítulo 6 apresenta as principais conclusões e sugestões para pesquisas
futuras.
O documento conta ainda com um apêndice, no qual são apresentadas as fichas
de caracterização de cada amostra.
4
CAPÍTULO 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1 Rochas
Figura 2.1 – Rocha ígnea – maciço de basalto com fraturas (NUNES, 2009).
Figura 2.2 - Rocha sedimentar com acamamentos – Gran Canyon, EUA (NUNES, 2009).
7
2.1.2 Descontinuidades
2.1.3 Solo
9
físicos e químicos, o material resultante deste processo de intemperismo é o solo (Figura
2.5).
A formação dos solos residuais e dos solos sedimentares se dá por processos
distintos de transporte. Os solos residuais são aqueles que permanecem no local de origem
da rocha, enquanto o segundo é transportado e depositado em outro local. Os fatores que
mais influenciam na formação dos solos sedimentares são a formação, o transporte e a
deposição do sedimento, com ação predominante do intemperismo físico. Já nos solos
residuais, a ação do intemperismo químico é o principal fator de influência, sendo este
controlado pelo clima, tipo de rocha, drenagem, entre outros.
Figura 2.5 – Talude escavado em solo residual de gnaisse – AHE Simplício (Acervo de D. L.
Machado).
10
predominantemente, com a atuação complementar do intemperismo físico (MACHADO,
2012).
1 – Talco
Riscados pela unha
2 – Gipsita
3 – Calcita
4 – Fluorita Riscados por vidro/canivete
5 – Apatita
6 – Ortoclásio
7 – Quartzo
8 – Topázio Riscam o vidro
9 – Coríndon
10 – Diamante
Quanto à estrutura, as rochas podem ser maciças (com ou sem fratura), foliadas
e xistosas ou estratificadas. As rochas com estrutura maciça são mais comuns dentre o
11
grupo das rochas ígneas; as com estrutura foliada e xistosas são mais comuns entre a
rochas metamórficas; e as com estrutura estratificada são mais comuns em rochas
sedimentares.
A textura das rochas é dividida em cristalina, mais comum em rochas ígneas e
metamórficas, e clástica, mais comum em rochas sedimentares. Em uma estrutura de
textura cristalina (Figura 2.6b), os grãos estão imbricados, ou seja, são perfeitamente
unidos, virando uma estrutura única. Já em uma estrutura de textura clástica (Figura 2.6a),
os grãos são envoltos por uma matriz, sem estarem unidos uns aos outros (NUNES, 2009).
Figura 2.6 – Esquema de textura (a) clástica e (b) cristalina (NUNES, 2009).
12
determinação do grau de alteração das amostras, será utilizada a classificação
desenvolvida por OLIVEIRA (2017) e apresentada na Tabela 2.1.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 2.7 – Textura das rochas em função do tamanho dos grãos: (a) fanerítica, (b) afanítica, (c)
fanerítica porfirítica e (d) afanítica porfirítica. (NUNES, 2009).
GRAU DE DESCRIÇÃO
ALTERAÇÃO
A – Inalterada Minerais originais intactos, sem indícios de decomposição, podendo
existir leve oxidação.
B – Pouco alterada Alteração incipiente com pouca transformação dos componentes
mineralógicos originais e pouca descoloração do material
C – Medianamente alterada Minerais medianamente alterados e, em geral, sem brilho; maior
descoloração do material.
D – Muito alterada Minerais muito alterados e sem brilho; superfície com intensa
decomposição, desagregando-se facilmente.
E – Extremamente alterada Componentes mineralógicos originais transformados total ou
parcialmente pelo intemperismo químico; transição da rocha para solo.
13
Quanto à cor, as rochas podem apresentar coloração homogênea ou com
variação, sendo estas colorações predominantemente máficas (escuras) ou félsicas
(claras).
Segundo MAIA (2001), a utilização das rochas como material de construção data
do princípio da civilização e a observação das modificações que elas sofrem ao longo do
tempo também não é algo novo. A alteração das rochas ocorre de forma natural ao longo
de milhares de anos, porém alterações significativas podem ocorrer em um intervalo de
alguns anos ou meses. Alterações significativas veem ocorrendo em intervalos cada vez
menores devido principalmente às intervenções que as obras de engenharia têm
provocado. O desmonte a fogo tem sido muito utilizado e provoca danos que podem
resultar em uma aceleração do processo de alteração das rochas.
As modificações sofridas pelas rochas devido à exposição a agentes ambientais
recebem diversos nomes na literatura, sendo intemperismo o mais utilizado. O
intemperismo é o conjunto de processos que provocam a desintegração e a decomposição
das rochas, quando expostas à processos físicos e químicos de alteração, respectivamente
(TEIXEIRA et al., 2000).
O termo alteração também é utilizado para denominar estas modificações
sofridas pelas rochas. Este termo é mais utilizado quando tais modificações provocam
mudanças no desempenho da rocha, em especial quando afeta o seu desempenho
geomecânico (FRAZÃO, 1993).
A alteração das rochas causa o enfraquecimento do maciço, levando ao
surgimento de fissuras, a alteração dos minerais e a redução dos parâmetros de resistência
da rocha (GUIDICINI & NIEBLE, 1983). O entendimento dos processos de alteração das
rochas e seus efeitos é importante para a engenharia, pois têm influência nas propriedades
mecânicas da rocha (BRADY & BROWN, 2005).
MAIA (2001) apresenta diversos casos de obras nacionais e internacionais, nas
quais a alteração das rochas causou diversos tipos de problemas. FARRAN & THENÓZ
(1965) apresentaram um caso onde rochas graníticas desagregaram-se em meses quando
expostas aos agentes atmosféricos. São relatados também, alguns casos que ocorreram no
Brasil como o do basalto utilizado no aterro da ponte do Rio Sucuri (obra complementar
14
da barragem de Jupiá), que se desagregou em poucas semanas (FARJALLAT et al.,
1972); os basaltos da Barragem de Capivara no Rio Paranapanema, que se desagregaram
completamente em contato com agentes atmosféricos, levando a uma redefinição de parte
do projeto (FARJALLAT et al., 1972; SIGNER, 1973; CRUZ, 1996); e os relatos de
FRAZÃO & CARUSO (1983) sobre a alteração acelerada sofrida por rochas basálticas
utilizadas em barragens da Bacia do Alto Paraná.
Ressalte-se que, os termos ‘alteração’ e ‘intemperismo’ correspondem ao mesmo
processo de modificação das propriedades das rochas, devido a sua interação com o meio
ambiente e seus agentes de transformação. Porém, o termo intemperismo é utilizado para
tratar, de um modo mais geral, todos os processos de modificação das rochas. Enquanto
o termo alteração é mais utilizado para se referir aos processos de modificação que
provocam mudanças no comportamento geomecânico da rocha. Desta forma, o segundo
termo será o adotado na presente pesquisa.
15
desagregação devido a variações de temperatura e umidade que provocam dilatação e
contração térmica da rocha; fraturamento por alívio de tensões provocado por escavações
ou cortes; desagregação devido ao crescimento de cristais, que pode ocorrer pelo
congelamento da água ou pela cristalização de sais dissolvidos na água; crescimento de
raízes, que causa o fraturamento da rocha; e abrasão provocada por atrito ou impacto entre
partículas e que causa o desgaste da rocha (TEIXEIRA et al., 2000; MAIA, 2001).
A alteração química das rochas são os processos que provocam a sua
decomposição e ocorrem geralmente em meios úmidos. O principal agente do
intemperismo químico é a água, que infiltra nas fraturas da rocha e em contato com gases
da atmosfera e matéria orgânica, adquire um caráter ácido.
As principais reações que ocorrem no intemperismo químico são: hidratação,
que promove variação de volume dos minerais; dissolução que, promove a perda de
minerais; hidrólise que, enfraquece a estrutura devido à retirada de íons; e oxidação que
promove a formação de óxidos e hidróxidos facilmente lixiviados (TEIXEIRA et al.,
2000; MAIA, 2001).
A alteração da rocha depende de fatores relacionados à rocha e relacionados ao
meio ambiente. Esses fatores atuam como promotores da alteração, que ocorre em um
determinado período de tempo (MAIA, 2001).
Os principais fatores responsáveis pela ação do intemperismo são: as
características e propriedades da rocha, pois a mineralogia e a microestrutura determinam
uma maior ou menor facilidade com que a rocha sofre alteração; clima, pois as variações
de temperatura e pluviosidade determinam a velocidade da alteração; relevo e topografia,
pois controlam o regime de infiltração e escoamento da água, determinando se a rocha
está mais sujeita a alteração física (terreno em declive) ou a alteração química (terreno
suave); fauna e flora, pois fornecem matéria orgânica favorecendo as reações químicas e
produzem raízes que ajudam a fraturar a rocha; e tempo de exposição da rocha
(BEGONHA, 1989; PRESS et al., 2006; TEIXEIRA et al., 2000).
PRESS et al. (2006) citam ainda a atividade humana como fator de alteração das
rochas, devido aos desmontes mecânicos e com explosivos realizados pelas obras de
engenharia, e devido às alterações ambientais e climáticas provocadas pelos homens,
como o aumento das chuvas ácidas e a contaminação do solo por produtos químicos.
Desintegração consiste na perda de coesão da rocha e individualização dos
minerais devido à ação de agentes físicos. Decomposição é a modificação progressiva da
16
composição dos minerais provocada pela ação de agentes químicos. A desagregação
também é importante na avaliação da alteração da rocha e consiste no mecanismo pelo
qual ocorre a redução da resistência mecânica da rocha e aumento da produção de finos
devido à ação de processos químicos e físicos.
MAIA (2001) separa e elenca os principais agentes de alteração em agentes
físicos, químicos e biológicos. Os principais agentes físicos são radiação solar,
temperatura, precipitação, umidade relativa do ar, vento, pressão atmosférica e atrito
mecânico. Dentre os agentes químicos estão água, ácidos, bases, solventes, oxigênio,
ozônio e poluentes atmosféricos. Os agentes biológicos são os microorganismos como
fungos e bactérias.
Neste contexto, é possível notar que alguns dos principais agentes de alteração
das rochas estão ligados a fatores climáticos como temperatura, precipitação, umidade
relativa do ar, vento, pressão atmosférica, potencial hidrogeniônico e de oxirredução.
Em regiões quentes e úmidas, o intemperismo químico tende a atuar de forma
mais intensa, enquanto em regiões glaciais, o intemperismo físico comanda o processo de
alteração das rochas (PRESS et al., 2006). Portanto, a intensidade com que os agentes de
alteração atuam em cada ambiente depende do fator climático. A Figura 2.8 apresenta
uma correlação entre a temperatura e a precipitação média anual e os tipos de alteração
que devem preponderar em cada região, bem como sua intensidade (PELTIER, 1950;
MAIA, 2001).
18
A Tabela 2.2 apresenta uma comparação entre as séries e pode ser explicada da
seguinte maneira: quanto mais tempo o mineral leva para se cristalizar, mais estável ele
se torna e menor será a velocidade com que ele se altera sob a ação do intemperismo.
Tabela 2.2 - Comparação da Série de Goldich (estabilidade dos minerais) com a série de
cristalização de Bowen (TEIXEIRA et al., 2000).
De acordo com MINETTE (1982), quanto menor o teor de sílica presente nas
rochas magmáticas e metamórficas, mais susceptíveis à alteração química são os seus
minerais constituintes. Desta forma, rochas basálticas se tornam mais alteráveis em
relação às rochas graníticas e xistos em relação aos gnaisses.
MINETTE (1982) apresenta uma ordem de alteração química das rochas em
função da suscetibilidade de alteração de seus minerais constituintes. Uma adaptação
desta série feita por MAIA (2001) é apresentada na Figura 2.9.
19
Figura 2.9 – Ordem de alteração química das rochas (MAIA, 2001).
20
O processo de alteração da rocha promove o enfraquecimento das ligações entre
cristais, grãos e fragmentos das rochas, reduzindo a sua resistência e deformabilidade.
Além disso, o processo pode aumentar o tamanho das fraturas e juntas da rocha,
e formar material de preenchimento (AYDAN et al., 2014).
Uma característica importante do intemperismo é que uma pequena alteração da
rocha sã pode causar uma diminuição da resistência mecânica maior do que a que ocorre
para níveis mais altos de alteração (BARTON, 1973).
Do ponto de vista da engenharia, a importância da alteração das rochas reside
em quatro efeitos principais, sendo eles: a diminuição da resistência com ou sem produção
de finos; a variação das características mecânicas de deformabilidade; a variação na
porosidade, permeabilidade e estanqueidade; e a diminuição da aderência entre os
minerais (FARJALLAT, 1972).
A alteração provoca a diminuição da resistência à compressão e à tração da
rocha, além da sua desagregação e aumento de fissuras. A redução da resistência da rocha
provoca uma redução do fator de segurança da obra.
Quanto à permeabilidade, a alteração da rocha pode causar tanto o seu aumento
como a sua redução, provocando modificações no regime de fluxo e nos níveis de
pressões nas descontinuidades do maciço. Em fundações, por exemplo, a alteração da
rocha pode provocar o aumento da permeabilidade, aumentando a perda de água pela
fundação. Já em taludes, a produção de finos provocada pela alteração pode reduzir a
permeabilidade do maciço, podendo causar sobrecarga por acúmulo de água no talude.
Outros efeitos provocados pela alteração dos materiais rochosos são:
modificação da granulometria, da forma e da rugosidade da rocha; aumento da absorção
de água; e propagação de fissuras, podendo levar à desagregação.
A resistência ao cisalhamento de uma junta rochosa que sofreu alteração será
menor que a resistência da mesma junta sem alteração, devido à redução da resistência à
compressão que ocorre em juntas alteradas. A resistência das juntas sofre maior redução
com o aumento do nível de alteração da rocha (BARTON, 1973).
A alteração da junta causa a redução da resistência das paredes da junta, a
condução da água pelas juntas, a redução da resistência à compressão das paredes dos
blocos mais internos do maciço, e o aumento da permeabilidade da rocha do maciço
(BARTON, 1973).
21
A rugosidade das juntas contribui positivamente para a resistência ao
cisalhamento da descontinuidade, porém a alteração da junta e a presença de material de
preenchimento afetam a resistência negativamente (BARTON et al., 1974).
22
Figura 2.10 – Classificação dos ensaios para avaliação da degradação (SALLES, 2013).
23
2.2.4 Avaliação da alteração
Figura 2.11 – Equipamento soxhlet convencional para ensaios de lixiviação contínua (MAIA,
2001).
24
A avaliação quantitativa do grau de alteração das amostras pode ser feita por
meio dos índices de alterabilidade, nos quais são comparadas as características de rochas
de um mesmo tipo petrográfico, em seu estado intacto e em seu estado alterado. Estes
índices permitem comparar diferentes níveis de alteração em diferentes amostras de uma
mesma rocha e simular a variação de cada propriedade desta rocha com o aumento do
grau de alteração da mesma. Os índices de qualidade são aplicados na quantificação de
propriedades mensuráveis como resistência, absorção, desgaste, porosidade, massa
específica, propagação de ondas e granulometria (SALLES, 2013).
Segundo FARJALLAT (1972), a associação das características das rochas a
índices de qualidade que comparam seus diferentes graus de alteração, é uma evolução
na análise quantitativa da alterabilidade dos materiais rochosos.
Alguns dos principais índices de qualidade são assim definidos por MAIA
(2001) são:
Índices geoquímicos: usados para comparar a composição química da rocha
alterada com a da rocha sã;
Índices petrográficos: usados para quantificar os minerais sãos e alterados da
rocha, além de avaliar o estado das microfissuras e quantificar o teor de
minerais secundários;
Índices físicos: as propriedades mais utilizadas na avaliação do grau de
alteração da rocha são absorção de água, porosidade, peso específico,
expansibilidade e permeabilidade;
Índice de propagação de ondas: quanto mais alterada a rocha estiver, maior
será o número de descontinuidades presentes na amostra, fazendo com que a
velocidade de propagação da onda diminua;
Índices geomecânicos: as propriedades geomecânicas das rochas podem ser
muito afetadas pelo processo de alteração. Por isso, a avaliação destes
índices é muito relevante nos projetos de engenharia.
MAIA (2001) apresenta ainda alguns ensaios de caracterização que podem ser
utilizados como indicadores de alteração da rocha como: ensaios de abrasão Los Angeles,
microdureza Vickers, impacto Treton, ensaios de sanidade a sulfatos de sódio e magnésio,
ataque por etileno-glicol e água oxigenada, além do ensaio de durabilidade (slake
durability).
25
HEIDARI et al. (2013) determinaram correlações entre o grau de alteração de
rochas como granito e granodiorito e propriedades como resistência à compressão
uniaxial, resistência à tração, carga pontual, absorção e porosidade. Verificaram que a
alteração provocou o aumento da fissuração das amostras e que o granito é menos
alterável que o granodiorito.
AREL & TUGRUL (2001) apresentaram análises petrográficas, mineralógicas e
químicas feitas em amostras de granodiorito e verificaram que o peso específico e a
resistência da rocha diminuem com a alteração, enquanto a porosidade aumenta.
ÖZVAN et al. (2014) avaliaram a resistência ao cisalhamento de granitos de
acordo com o grau de alteração das amostras e dos parâmetros de rugosidade da junta
(JCR). Averiguaram que a rugosidade da superfície da junta aumentou com o processo
de alteração das amostras, enquanto que a sua resistência ao cisalhamento diminuiu.
26
Figura 2.12 - Realização de ensaio com Martelo ou Esclerômetro Schmidt.
27
Figura 2.13 – Esquema simplificado de funcionamento do Martelo Schmidt (OLIVEIRA, 2017).
28
geralmente, apresenta melhores resultados, ou seja, uma maior energia de impacto
caracteriza melhor a resistência e o comportamento da amostra (AYDIN & BASU, 2005;
BUYUKSAGIS & GOKTAN, 2007).
O tipo de martelo e o intervalo de medição da resistência à compressão da rocha
são determinados pela suas características litologicas e microestruturais, pois elas
controlam a extensão do dano causado pelo impacto e a magnitude do rebote (AYDIN &
BASU, 2005).
As pesquisas desenvolvidas por AYDIN (2009) provocaram a substituição de
parte do documento antigo da norma ISRM (1978) sobre ensaio com Martelo Schmidt. O
autor reporta que as amostras devem possuir um núcleo com diâmetro mínimo de 54,7mm
para o martelo tipo L e 84mm para o tipo N, e devem ter pelo menos 100mm de espessura
no ponto de impacto. O cuidado com as dimensões das amostras é essencial para que a
energia de impacto não seja dissipada na forma de ondas ou rachaduras, pois os pontos
de impacto estão muito próximos dos limites corpos de prova.
De acordo com a ASTM D5873 (2000), deve ser utilizada uma base de aço com
no mínimo 20kg para fixação das amostras em formato de bloco. Para amostras de
sondagem (cilíndricas), é recomendado que se faça nesta base de aço, uma abertura
semicilíndrica com o mesmo raio do testemunho de sondagem (ASTM, 2000). As
amostras devem ser colocadas e fixadas na base de aço para garantir total apoio da base
da amostra na região de impacto do martelo (AYDIN, 2009).
O ensaio deve ser realizado com o pistão sempre perpendicular à superfície da
amostra de rocha, a fim de evitar remoção de lascas e dissipação da energia (AYDIN,
2009). Além disso, BRANDI et al. (2015) salientam que os resultados obtidos em
direções diferentes da horizontal sofrem ação da gravidade e devem ser normalizados por
meio de curvas de correção, que são fornecidas pelo fabricante do equipamento ou
padronizadas pela ISRM (1978).
Nos testes realizados em campo há uma maior dispersão de resultados e o valor
de rebote médio tende a diminuir. Já em laboratório, as dimensões limitadas das amostras
podem trazer problemas devido à geometria, confinamento lateral e rugosidade de
pequena escala das amostras, fazendo-se necessário maiores estudos com relação ao uso
deste equipamento em laboratório (AYDIN, 2009).
Alterações na rocha e em seus minerais resultam em valores de rebotes
significativamente diferentes. A alteração provoca o aumento da heterogeneidade dos
29
minerais da rocha, que consequentemente aumenta a dispersão dos valores de rebote
(AYDIN, 2009). Além disso, os resultados obtidos em superfícies com descontinuidades
são diferentes daqueles obtidos nas partes intactas do maciço (GUERREIRO, 2000).
Os resultados deste ensaio em juntas rochosas, são influenciados pelas
irregularidades das juntas e pela ação do intemperismo, cuja ocorrência dificulta a análise
principalmente em profundidade (BARTON, 1973; WILLIAMS & ROBINSON, 1983;
OLIVEIRA, 2017; OLIVEIRA et al., 2018).
Os valores de rebote obtidos com Martelo Schmidt são menores para superfícies
rugosas em relação às superfícies lisas. Superfícies mais rugosas fazem com que uma
parcela maior da energia do ensaio seja dissipada, pois o contato entre a rocha e o martelo
não se dá em uma superfície uniforme, ou seja, o pistão aplica o impacto nas rugosidades
da rocha, diminuindo a área de contato entre eles.
Por sua vez, a alteração da rocha também provoca uma redução do valor de
rebote do Martelo Schmidt (WILLIAMS & ROBINSON, 1983).
2.3.1 Correlações
30
Figura 2.14 – Ábaco de correlação entre o valor de rebote (R) e a resistência à compressão da
rocha (DEERE & MILLER, 1966; HOEK E BRAY, 1981).
31
Tabela 2.3 - Correlações entre o rebote do martelo Schmidt e a resistência à compressão uniaxial
e o módulo de elasticidade.
32
Buyuksagis &
C = 2,101*e(0,0613*RN) 0,95 27 litologias 18-292 40-83
Goktan, 2007
Shalabi et al., Dolomito e calcário
C = 3,201*RL-46,59 0,76 11-127 23-45
2007 dolomítico
Kiliç & Teymen,
C = 0,0137*RN2,2721 11 litologias 5-235 17-64
2008
Torabi et al., 2011 C = 0,0465*RL2-
0,86 Siltito, arenito e xisto 25-224 16-67
0,1756*RL+27,682
Oliveira, 2017 C = 3,8181*e(0,0567*RN) Gnaisse 1-114 14-69
σc = resistência à compressão uniaxial (MPa); ρ = massa específica (g/cm³); RL e RN = valor de rebote
para martelos tipo L e N, respectivamente; e = logaritmo neperiano; r = coeficiente de regressão.
Como as normas técnicas sugeriam somente o uso do martelo tipo L, muitas das
correlações da Tabela 2.3 foram elaboradas para este tipo de martelo. Alguns trabalhos
foram desenvolvidos com o intuito de estabelecer correlações entre os dois tipos de
martelo. AYDIN & BASU (2005) compararam os resultados dos martelos tipo L e N, e
propõem a seguinte correlação de rebote:
𝑅𝑁 − 6,3679
𝑅𝐿 = (2.1)
1,0646
onde, RL é o valor de rebote para o martelo tipo L e RN o valor de rebote para o martelo
tipo N.
33
CAPÍTULO 3
3. ÁREA DE ESTUDO
35
Figura 3.2 - Cartas fotogramétricas das obras de interligação entre a PCH Anta e a UHE Simplício
(SALLES, 2013).
36
Figura 3.3- Arranjo geral – Obras de Interligação do AHE Simplício (adaptado de MACHADO,
2012).
37
Tabela 3.1 – Resumo das obras de interligação (MACHADO, 2012).
OBRAS DE INTERLIGAÇÃO COMPRIMENTO (m)
Canal 1 1905
Túnel 1 1458
Canal 2 1011
Canal 3 565
Túnel 2 1755
Canal 4 – Parte 1 85
Túnel A 782
Canal 4 – Parte 2 105
Túnel A5 502
Túnel C5 1590
Canal 6 73
Túnel 3 6030
Canal 7 202
Túnel 8 580
38
Figura 3.4 - Localização da Faixa Ribeira em Planta e Corte (MARCHESI, 2008).
Figura 3.5 - Alinhamento topográfico marcante da Zona de Cisalhamento do Rio Paraíba do Sul
entre os municípios de Além Paraíba e Sapucaia (MARCHESI, 2008).
39
De acordo com MARINHO (2007), a área do aproveitamento é constituída
principalmente por rochas gnáissicas com forte tendência ao desgaste físico devido aos
intensos processos tectônicos ocorridos na região e que deram origem a muitas falhas,
diaclases e foliações acentuadas.
Quanto ao clima, a região apresenta clima úmido e precipitação anual acima de
1200mm, o que provoca uma intensa alteração nas rochas a partir das fraturas, gerando
mantos de intemperismo bastante desenvolvidos, que se tornam mais susceptíveis ao
escorregamento e à erosão.
A geologia do entorno do AHE Simplício é composta por substrato cristalino de
gnaisses, migmatitos e rochas granitoides, intrudidos por diques de diabásio e recobertos
parcialmente por depósitos de solos aluvionares, coluvionares e residuais (VALERIANO,
2006; MARINHO, 2007).
O empreendimento localiza-se entre três unidades litológicas distintas: o Grupo
Italva, o complexo Juiz de Fora e o complexo Paraíba do Sul, sendo este último a mais
predominante como pode ser visto na Figura 3.6. A região é composta essencialmente por
rochas do tipo gnaisses-migmatíticos, as quais foram classificadas por VIANA (2010) em
ortognaisses e paragnaisses, como mostrado na Tabela 3.2.
Minerais
Litologias Tipos Características gerais
principais
Quartzo
(Originado de rocha ígnea)
Neste item são descritos os locais do circuito hidráulico de onde foram retiradas
as amostras que foram estudadas por MACHADO (2012), SALLES (2013), OLIVEIRA
(2017), STEFFENS (2018) e no presente trabalho.
Além disso, são reportados os procedimentos utilizados para caracterização e
escolha das amostras de solo e rocha, que foram ensaiados em cada um dos cinco
trabalhos citados, considerando a base na descrição feita por cada um dos autores.
Os materiais são apresentados por tipo: Solo residual, reportado e ensaiado por
MACHADO (2012); e Gnaisse Simplício, com a descrição do material proveniente de
41
sondagens, ensaiado por SALLES (2012), OLIVEIRA (2017) e STEFFENS (2018), e as
amostras em blocos que foram ensaiadas neste trabalho.
42
Figura 3.7 – Geometria do talude de escavação do desemboque do túnel 5A (MACHADO,
2012).
43
Figura 3.9 – Traços das estruturas reliquiares na face do talude (MACHADO, 2012).
Figura 3.10 – Estrutura reliquiar com material preto na superfície (MACHADO, 2012).
Figura 3.11 – Estruturas reliquiares: (a) elevação 303,30 (b) elevação 299,25 (MACHADO,
2012).
44
Os resultados da grande campanha de ensaios de cisalhamento direto mostraram
ângulos de atrito 60% inferiores para amostras com estruturas reliquiares em relação às
amostras sem estruturas, indicando a relevância destas estruturas para a instabilidade do
talude.
Para simular o efeito do fluxo de água pelos canais do circuito hidráulico, Salles
(2013) construiu e utilizou um equipamento de Percolação para Alteração Acelerada, que
permitiu provocar em laboratório diversos níveis de alteração das amostras de gnaisse. O
material escolhido por SALLES (2013) para a sua pesquisa foram os testemunhos
provenientes do furo SR - 657, localizado no emboque do Túnel 1 e ao lado do Canal 1.
A escolha deste furo se deu devido a qualidade das amostras desta sondagem, tendo sido
consideradas intactas, e a quantidade de amostras disponíveis (oito caixas), que deveriam
ser suficientes para promover diversos níveis de alteração nos ensaios de degradação.
SALLES (2013) determinou o valor de RQD (Rock Quality Designation) dos
furos de sondagem e classificou amostras de testemunhos provenientes de três áreas do
empreendimento. A identificação dos testemunhos de sondagem disponíveis, a
localização deles e a sua classificação são apresentados na Tabela 3.3.
45
Tabela 3.3 – Identificação, localização e nível de alteração dos testemunhos de sondagem
(SALLES, 2013).
Coordenadas de RQD
Identificação GPS Nível de
Localização Caixa Médio
do Furo alteração
Norte Este (%)
46
Figura 3.13 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de 8,82 a
15,96m (SALLES, 2013).
47
Figura 3.15 – Testemunho recuperado do furo de sondagem SR – 657: Profundidade de 23,22 a
30,59m (SALLES, 2013).
48
Amostras ensaiadas neste trabalho
Figura 3.16 – Recipientes utilizados para o armazenamento das amostras coletadas em Simplício.
49
A descrição dos procedimentos utilizados no presente trabalho para a escolha
das amostras ensaiadas, bem como a descrição dos procedimentos de classificação e
ensaio destas amostras será realizada posteriormente, no capítulo de metodologia.
50
média de 3,14. A elevada plasticidade poderia estar associada à grande presença de mica
na amostra, pois segundo MACHADO (2012), grandes concentrações de mica podem
conferir um “índice de atividade fictício” para o solo, ou seja, um índice de atividade não
relacionado à mineralogia da fração argila presente.
A densidade real dos grãos foi determinada de acordo com as recomendações
normativas, e os resultados apresentaram pequena variação entre as amostras da matriz
de solo e as amostras com presença de estruturas reliquiares. Segundo o autor, os valores
obtidos convergem para a faixa de valores usual, entre 2,6 e 2,8.
Os ensaios de permeabilidade tiveram por objetivo identificar a influência da
estrutura reliquiar na condutividade hidráulica do solo. Os resultados obtidos mostraram
uma diferença inexpressiva, indicando que a estrutura reliquiar parece não afetar a
permeabilidade do maciço, considerando as linhas de fluxo perpendiculares ao plano da
estrutura reliquiar.
As análises mineralógicas foram realizadas em microscópio para análises
petrográficas de luz transmitida, tendo sido analisadas 11 lâminas. O resultado das
análises apontou uma predominância de materiais de alteração compostos por: sericita,
minerais opacos e minerais de cor marrom e avermelhados. A análise mineralógica não
foi capaz de identificar diferenças na composição mineral que expliquem a grande
variação de resistência entre os ensaios feitos em matriz de solo e os feitos em solo com
estruturas reliquiares.
Quanto aos ensaios de cisalhamento direto, foram executados 26 ensaios em dois
estágios com reversão manual descarregada entre os estágios. Dos 26 corpos de prova
ensaiados, 8 deles foram moldados a partir da matriz de solo e os demais foram moldados
em solo com estruturas reliquiares. Além disso, as amostras foram ensaiadas em
condições de saturação natural e submersas, para tensões normais de 25, 50, 100 e 150
kPa.
Os corpos de prova retirados de amostras de solo com estruturas reliquiares
foram moldados de forma que o plano de cisalhamento do ensaio coincidisse com os
planos das estruturas, permitindo assim que fossem obtidos os parâmetros de resistência
das estruturas reliquiares, que seriam comparados aos parâmetros obtidos para a matriz
do solo.
De acordo com MACHADO (2012), o critério de ruptura de Mohr-Coulomb se
mostrou representativo para o material ensaiado e as envoltórias foram obtidas a partir de
51
regressão linear. A partir das envoltórias apresentadas no estudo, foram obtidos os
parâmetros de resistência para cada bloco e condição de saturação, estando estes
resumidos na Tabela 3.5.
Os critérios e parâmetros de referência utilizados para determinação da tensão
cisalhante e deslocamento horizontal no momento da ruptura são apresentados em
detalhes no seu trabalho.
Tabela 3.5 – Resumo dos parâmetros de resistência do solo residual de gnaisse (adaptado de
MACHADO, 2012).
Parâmetros de Resistência
Tipo de
Amostra Estágio Umidade
resistência
Φ (º) c (kPa) r²
BL1 Matriz 1 Sub. Pico 31 12 0,97
52
da matriz de solo sob a condição de umidade natural, o que confirmou as baixas
resistências deste tipo de estrutura.
A grande diferença entre os parâmetros de resistência obtidos para o Bloco 1 e
para o Bloco 5 com estrutura reliquiar se justifica pelo fato da superfície dos corpos de
prova do bloco 5 não ser tão lisa quanto a do bloco 1. Além disso, o autor aponta uma
diferença na composição mineralógica das estruturas reliquiares dos dois blocos, onde as
do Bloco 5 apresentariam partículas vermelhas e as do bloco 1 material preto, porém essa
diferença não pôde ser confirmada através das análises das lâminas delgadas.
O autor concluiu que os ensaios mostraram a grande influência dos materiais de
matriz e reliquiar no comportamento tensão-deformação obtidos nos ensaios, e pouca
influência das tensões normais e da condição de saturação dos corpos de prova. No que
diz respeito aos parâmetros de resistência, foi constatado no estudo que a submersão dos
corpos de prova provoca uma redução destes parâmetros e a redução da resistência por
alinhamento de partículas até a resistência residual. Além disso, comparando-se os
parâmetros de resistência obtidos para o Bloco 1 Reliquiar e o Bloco 1 Matriz é possível
notar a diminuição destes parâmetros devido à presença das estruturas reliquiares.
53
Análise Qualitativa das Juntas Rochosas
Análise Petrográfica
54
Figura 3.17 – Superfícies das juntas rochosas em função do tempo de alteração (SALLES,
2013).
55
Tabela 3.6 – Minerais essenciais, acessórios e secundários presentes na rocha em diferentes níveis
de alteração (SALLES, 2013).
Nível de Minerais
alteração (h) Essenciais Acessórios Secundários
Sericita, clorita, biotita e óxido
0 Titanita, zircão e opacos
de ferro
600 Zircão e opacos Sericita e caulinita
Quartzo, Allanita, epidoto, zircão e
1200 k-feldspato, Caulinita
opacos
plagioclásio, Titanita, zircão, muscovita e
2400 biotita e Sericita e caulinita
opacos
anfibólio Titanita, zircão, muscovita e
4800 Sericita e caulinita
opacos
Allanita, muscovita, zircão e Calcita, clorita, óxido de ferro,
8300
opacos sericita e caulinita
Ensaio de Absorção
De acordo com QUEIROZ (2009) a absorção de água pela rocha pode ser um
indicador de seu estado de alteração, visto que os materiais alterados tendem a absorver
mais água devido à modificação química de seus minerais essenciais, podendo gerar
minerais secundários mais absortivos.
Os valores de absorção obtidos por SALLES (2013) para as amostras intactas e
para as amostras artificialmente alteradas estão apresentados na Tabela 3.7.
Observa-se um aumento de aproximadamente 40% do valor da absorção da
rocha submetida a 8300h de alteração com relação ao material no estado intacto.
Tabela 3.7 – Resultados dos ensaios de absorção em corpos de prova cilíndricos do Gnaisse
Simplício para diferentes níveis de alteração (SALLES, 2013).
56
Ensaio de Compressão Diametral (Ensaio Brasileiro)
57
Tabela 3.8 – Valores médios da resistência à tração referente à fratura primária (FP) e secundária
Segundo a autora, com relação à fratura primária (FP) foi possível observar que
não houve variação significativa dos valores em função da direção de carregamento
(paralelo e perpendicular à foliação) e em função do tempo de alteração. No que diz
respeito à fratura secundária (FS), foi possível observar que na direção paralela à foliação
houve um aumento de FS até 2400h de alteração; já na direção perpendicular não se
verificou uma variação significativa em função do tempo de alteração.
De modo geral, SALLES (2013) concluiu que a resistência à tração da rocha foi
pouco sensível ao procedimento de alteração em laboratório e que o procedimento de
ensaio pode ter influenciado nos resultados, visto que durante o ensaio a fratura do corpo
de prova é condicionada pelo carregamento e não pelas fraturas existentes, que resultam
do processo de alteração da rocha.
58
Figura 3.19 – Resistência à tração vs. tempo de alteração em laboratório (SALLES, 2013).
59
Figura 3.20 – Curvas tensão axial vs. deformação axial, lateral e volumétrica representativas do
nível intacto e com 8300h de alteração em laboratório (SALLES, 2013).
Tabela 3.9 – Resistência à compressão das amostras e valores médios em função do nível de
alteração (SALLES, 2013).
5* 118,16
6 160,78
7* 164,56
8* 133,56
600 9 145,74 147,37 146,25
10 137,78
11 155,22
12 114,62
1200 13 138,42 128,76 134,26
14 144,28
60
15* 106,76
16 139,73
17* 174,48
18 167,13
2400 19 173,70 164,98 165,68
20 159,15
21 153,38
22* 117,47
23* 148,62
4800 24 162,58 150,23 161,68
25 151,24
26 171,23
27 157,36
28 149,28
6000 29* 167,59 148,73 149,35
30 141,42
31* 127,99
32 152,65
33* 173,87
34 135,72
8300 144,47 142,79
35 154,45
36* 121,82
37 128,33
61
Figura 3.21 – Valores médios dos parâmetros de tensão axial em função do nível de alteração no
laboratório (SALLES, 2013).
Figura 3.22 – Valores médios dos módulos de Young em função do nível de alteração no
laboratório (SALLES, 2013).
62
Figura 3.23 – Valores médios dos coeficientes de Poisson em função do nível de alteração no
laboratório (SALLES, 2013).
Índices de Alteração
63
na ruptura (15,9%) e no início da dilatância (16,6%), do módulo de Young (Secante=
20,6%; Tangente= 10,7%) e do coeficiente de Poisson (Secante= 18,3%; Tangente=
4,1%).
Tabela 3.10 – Valores dos índices de alteração em função do tempo de alteração (SALLES,
2013).
1200 3,03 2,98 2,13 29,27 8,71 0,11 13,91 0,87 9,35 4,12 10,86 0,53
2400 11,26 3,97 2,19 31,95 8,13 0,10 15,23 0,47 13,98 6,60 16,06 0,92
4800 24,91 2,74 1,10 29,73 6,34 2,92 16,52 2,18 18,44 9,08 18,28 1,71
6000 29,26 1,51 0,08 28,33 5,73 6,61 13,91 6,11 19,44 9,74 18,28 2,49
8300 36,34 1,92 1,72 27,36 5,11 15,91 11,13 16,62 20,60 10,73 18,28 4,06
O parâmetro que se mostrou mais sensível à alteração artificial das amostras foi
a absorção e o menos sensível foi a resistência à tração na fratura primária.
Vale ressaltar que apesar da alteração das amostras realizadas no equipamento
de percolação para alteração acelerada ter se mostrado satisfatória, a alteração ocorreu no
perímetro e nas juntas das amostras, tendo o núcleo permanecido pouco alterado.
Portanto, os resultados obtidos refletem o comportamento da parte mais externa (alterada)
associada à parte mais interna ainda pouco alterada (OLIVEIRA, 2017).
65
Figura 3.25 – Ábaco de correlação entre o rebote e a resistência à compressão para o Martelo
Schmidt HT225 (OLIVEIRA, 2017).
Figura 3.26 – Sistema de fixação da amostra com morsa: (a) medição do rebote das juntas com o
martelo na horizontal e (b) medição do rebote da rocha intacta com o martelo na vertical
(OLIVEIRA, 2017).
66
Segundo OLIVEIRA (2017), o método utilizando a morsa apresentou bons
resultados e por isso, foi o método usado no ensaio de 40 amostras provenientes do furo
de sondagem SR-657. Foram realizadas 10 medições de rebote em cada região da
amostra, ou seja, 10 medições no topo, 10 na base e 10 na lateral da amostra, totalizando
30 medições por amostra. Porém, nem sempre foi possível realizar todas as medições
devido ao rompimento da amostra, à superfície muito irregular da junta ou à junta da
amostra não ser natural e sim originada no processo de manobra e perfuração da
sondagem.
As amostras ensaiadas por OLIVEIRA (2017) apresentavam comprimentos
variados e diâmetro igual a 4,4cm. A fim de verificar o efeito da alteração natural das
amostras nos resultados dos ensaios, as amostras foram classificadas em inalteradas e
alteradas.
A classificação em inalterada e alterada foi realizada de forma qualitativa,
avaliando a existência de sinais de alteração nas amostras. No caso das juntas, quando
alteradas elas apresentam redução da quantidade de minerais máficos e presença de
minerais oxidados (amarelados), conforme Figura 3.27. Já no caso da rocha intacta
(lateral da amostra), a alteração diminui com a profundidade, além disso, ocorre a redução
de máficos (Figura 3.28).
Figura 3.27 – Juntas típicas classificadas em alteradas (a, b, c) e inalteradas (d, e, f) (OLIVEIRA,
2017).
67
Figura 3.28 – Lateral das amostras classificadas em alteradas (a, b) e inalteradas (c) (OLIVEIRA,
2017).
Figura 3.29 – Adaptação do ábaco de correlação disponibilizado pelo fabricante do martelo, com
as fórmulas aproximadas para as posições horizontal (juntas) e vertical (rocha intacta) do martelo
(OLIVEIRA, 2017).
68
A partir dos valores de rebote obtidos nos ensaios e das correlações apresentadas
na Figura 3.29, foram calculados os valores médios de rebote e resistência à compressão
para a junta (média entre os valores obtidos para o topo e para a base) e para a rocha
intacta, organizando-as em alteradas e não alteradas. Os resultados são apresentados na
Tabela 3.11 e na Tabela 3.12.
As cores utilizadas nestas tabelas indicam o motivo pelo qual a medição do
rebote não pôde ser realizada, simbolizando o azul a ruptura das amostras e o verde a
superfície muito irregular. Quando da ruptura da amostra resultavam duas partes com
comprimento suficiente para realização de novos ensaios em ambas as partes, cada parte
era identificada como A ou B.
Tabela 3.11 – Valores médios de rebote e resistência à compressão para as juntas em função do
grau de alteração (OLIVEIRA, 2017).
JUNTAS
ALTERADAS INALTERADAS
69
Tabela 3.12 – Valores médios de rebote e resistência à compressão para a rocha intacta em função
do grau de alteração (OLIVEIRA, 2017).
ROCHA INTACTA
ALTERADAS INALTERADAS
70
Os resultados obtidos mostram uma redução de aproximadamente 26% da
resistência à compressão da junta inalterada para a alterada, e de 39% da resistência da
rocha inalterada para a alterada. Além disso, comparando os valores de resistência entre
juntas e rocha, de acordo com o nível de alteração, houve uma redução de cerca de 37%
da rocha alterada para a junta alterada, e de 48% da rocha inalterada para a junta
inalterada.
Os valores de resistência obtidos por OLIVEIRA (2017) utilizando o ensaio de
Martelo Schmidt foram aproximadamente 49% menores que os valores obtidos por
SALLES (2013) por meio do ensaio de compressão uniaxial.
OLIVEIRA (2017) apontou alguns fatores que podem causar dissipação de
energia no ensaio do Martelo Schmidt e, por consequência, reduzir os valores de rebote,
destacando-se as dimensões do corpo de prova, método de fixação da amostra e direção
de impacto do martelo.
Apesar da diferença de resultados, o Martelo Schmidt mostrou-se sensível ao
estado de alteração da amostra, o que pode ser observado na Figura 3.30, que apresenta a
relação entre resistência à compressão e rebote das juntas e da rocha nos diferentes
estados de alteração.
Figura 3.30 – Distribuição das médias de resistência à compressão obtidas para as juntas e para a
rocha intacta em função do estado de alteração da amostra (OLIVEIRA, 2017).
71
OLIVEIRA (2017) também apresenta uma comparação das correlações entre
rebote e resistência, publicadas na literatura.
Como a ISRM (1978) sugere que para utilização em rocha seja empregado o
Martelo Schmidt do tipo L, muitas dessas correlações são estabelecidas em função apenas
deste equipamento. Para que os resultados dos ensaios realizados com um martelo do tipo
N sejam utilizados nas correlações de rebote e resistência, alguns trabalhos tentam
estabelecer correlações entre os dois tipos de martelo. OLIVEIRA (2017) adotou a
relação proposta por AYDIN & BASU (2005), apresentada na Equação (2.1).
A partir dos valores de rebote obtidos, determinou-se a resistência à compressão
das juntas e da rocha intacta para cada uma das correlações. Os valores obtidos foram
utilizados na construção de curvas de resistência à compressão vs. rebote para cada tipo
de amostra e nível de alteração: Juntas alteradas, juntas inalteradas, rocha intacta alterada
e rocha intacta sã.
Para uma melhor adequação das curvas de correlação aos resultados obtidos para
o Gnaisse Simplício, foram eliminadas as correlações que apresentaram resultados muito
subestimados, superestimados, conservadores e/ou não representativos do material.
Após a eliminação das curvas não representativas, foi calculada a média das
relações restantes com o intuito de obter uma relação representativa do gnaisse Simplício.
A Figura 3.31 apresenta as curvas de correlação compreendidas entre o limite inferior e
superior estabelecidos pela autora para cada tipo de material e seu respectivo nível de
alteração.
As quatro correlações médias obtidas para juntas e rocha intacta, alteradas e
inalteradas, foram reunidas em gráfico para estabelecer uma correlação geral de
resistência para o material, em função do rebote do martelo. A partir dessa curva (Figura
3.32), OLIVEIRA (2017) propôs a seguinte correlação entre o rebote do martelo e a
resistência à compressão uniaxial para o Gnaisse Simplício:
72
Figura 3.31 – Curvas das correlações entre rebote e resistência à compressão com limites inferior
e superior (OLIVEIRA et al., 2018).
Figura 3.32 – Curvas médias obtidas para junta e rocha intacta alteradas e inalteradas com relação
proposta para o Gnaisse Simplício (OLIVEIRA, 2017).
73
3.4.4 Ensaios realizados por STEFFENS (2018)
STEFFENS (2018) desenvolveu uma ficha técnica para caracterização das juntas
ensaiadas no equipamento de cisalhamento direto. Cada junta foi caracterizada de acordo
com: diâmetro da seção transversal do corpo de prova, diâmetro máximo e mínimo da
área cisalhante, área cisalhante, distância entre área cisalhante da junta e do material do
molde (gesso), análise de fissuras, grau de saturação, teor de umidade, características
geológicas relevantes na superfície cisalhante, grau de alteração, coeficiente de
rugosidade, classificação qualitativa quanto à cor, granulação, textura, dureza, estrutura.
Com relação ao grau de alteração, a classificação foi realizada de acordo com as
recomendações feitas por GUIDICINI & NIEBLE (1983), IPT (1984) E OLIVEIRA
(2017). De acordo com estes trabalhos, as amostras podem ser classificadas em quatro ou
cinco classes abrangendo o material são até muito alterado.
A classificação das juntas quanto ao grau de alteração foi realizada por
comparação entre os grupos de amostras, tomando como referência as amostras intactas.
A Tabela 3.13 resume as classificações das amostras.
74
A partir da classificação das juntas é possível observar que o grau de alteração
das amostras aumenta com o aumento do tempo de ensaio no equipamento de percolação.
Segundo STEFFENS (2018), houve redução do brilho dos minerais com o aumento da
alteração.
75
Figura 3.33 – Equipamento de cisalhamento direto (STEFFENS, 2018).
Figura 3.35 – Contato da junta após encapsulamento em moldes de gesso (STEFFENS, 2018).
77
Figura 3.36 – Curvas tensão cisalhante vs. deslocamento horizontal – Junta 0h-2 (STEFFENS,
2018).
Por meio dos resultados obtidos por STEFFENS (2018), nota-se que existe uma
tendência de redução dos valores de ângulo de atrito com o aumento do nível de alteração
das juntas, e esta redução se mostrou igual a 6º.
78
Tabela 3.14 – Classificação do grau de alteração das juntas (STEFFENS, 2018).
STEFFENS (2018) optou por utilizar apenas seis correlações entre rebote e
resistência à compressão das juntas, ao invés de utilizar diversas correlações como fez
OLIVEIRA (2017).
A equação adotada por STEFFENS (2018) para corrigir os valores de rebote
obtidos com Martelo Schmidt do tipo N para o martelo tipo L, foi a proposta por AYDAY
& GÖKTAN (1992):
80
Figura 3.39 – Correlações entre rebote e resistência à compressão – Amostra sem alteração
artificial (0h) (STEFFENS, 2018).
Figura 3.40 – Correlações entre rebote e resistência à compressão – Amostra com 4800h de
alteração (STEFFENS, 2018).
81
Figura 3.41 – Resistência à compressão determinados em laboratório, CP e por Martelo
Schmidt, J (STEFFENS, 2018).
82
CAPÍTULO 4
4. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho foi dividida em: compilação dos resultados obtidos
nos estudos anteriores, reportada no Capítulo 3; ensaios com Martelo Schmidt em campo;
escolha e caracterização das amostras a serem ensaiadas em laboratório; ensaios com o
Martelo Schmidt em laboratório; análise comparativa dos resultados obtidos com
SALLES (2013), OLIVEIRA (2017) e STEFFENS (2018), a fim de formular correlações
que possam prever o comportamento do gnaisse Simplício ao longo do tempo. A Figura
4.1 apresenta um fluxograma da metodologia deste trabalho, para melhor compreensão.
Ensaios com
Comparações Análise dos Martelo Schmidt
dos resultados resultados em laboratório
Ensaios com
Martelo Schmidt
em campo
83
4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS
O conjunto de amostras foi identificado pelo número da bombona (B1, B2, B3,
B4, B5, B10 ou B11), mais o código da amostra (Pn), onde n é o número da amostra. Por
exemplo, a amostra identificada como B1-P1 é a amostra número 1, e que foi retirada da
bombona número 1.
As amostras foram classificadas visualmente, de forma qualitativa e de acordo
com critérios tais como tamanho, cor, dureza, estrutura, textura, granulação e grau de
alteração, sendo o último o critério o mais importante para o desenvolvimento desta
pesquisa.
Quanto ao tamanho, as amostras foram divididas em pequenas e grandes, tendo
as amostras pequenas, dimensões variando entre 5 e 15cm; e as amostras grandes,
dimensões superiores a 15cm. A medição das dimensões das amostras não pôde ser
85
realizada devido à complexidade dos formatos dos blocos, porém a diferença entre
amostras grandes e pequenas pode ser vista na Figura 4.3. A diferença de tamanho dos
blocos também ficou nítida durante os ensaios, pois os procedimentos e respostas de
ensaio não foram semelhantes.
Figura 4.3 – Comparação da dimensão entre uma amostra pequena (B1-P03) e uma amostra
grande (B4-P11).
86
Figura 4.4 – Comparação entre o grau de alteração de amostras classificadas como: (a) rocha
inalterada, (b) rocha levemente alterada, (c) e (d) rocha moderadamente alterada.
87
4.2.1 Ensaios em campo
O método para fixação das amostras também foi o mesmo utilizado por
OLIVEIRA (2017) E STEFFENS (2018), ou seja, as amostras foram fixadas com auxílio
de uma morsa de bancada. Além disso, foram utilizados calços de madeira para o ajuste
88
das amostras na morsa, visando minimizar a dispersão de energia que pode ocorrer
durante o ensaio devido à má fixação das amostras.
A perpendicularidade do Martelo Schmidt foi observada durante todo o ensaio,
porém a direção de impacto variou de horizontal a vertical devido à irregularidade das
superfícies das amostras.
A Figura 4.6 ilustra o martelo utilizado nos ensaios, o método de fixação das
amostras com morsa e a realização do ensaio com observância da perpendicularidade
entre a superfície ensaiada e o equipamento.
Foram ensaiadas 119 amostras de rocha, sendo que grande parte das amostras
pequenas sofreram ruptura durante o processo de fixação ou durante o ensaio. Decidiu-se
inicialmente obter, no mínimo, 10 medições de rebote para cada amostra, porém como
grande parte das amostras se romperam, foram realizadas em cada amostra o maior
número possível de medições, tendo esse valor variado entre 1 e 60. O alto número de
medições teve por objetivo diminuir a dispersão dos resultados após o tratamento
estatístico dos dados, pois durante os ensaios foram notadas faixas de rebote muito amplas
para uma mesma amostra.
89
O grande número de amostras rompidas, principalmente entre as amostras
pequenas, é explicado por alguns aspectos relacionados ao método de fixação e ao grau
de alteração da amostra. O método de fixação com morsa se mostrou eficaz. Porém, para
que o Martelo Schmidt consiga registrar uma leitura de rebote, a amostra deve estar
perfeitamente fixada, exigindo um maior aperto na morsa, o que pode provocar sua
ruptura. Além disso, como a alteração da amostra enfraquece a ligação entre seus
minerais, ao se realizar o aperto da morsa, a amostra alterada se rompe com mais
facilidade. A Figura 4.7 e Figura 4.8 mostram alguns exemplos de amostras rompidas
durante o ensaio.
90
CAPÍTULO 5
91
A distribuição do número de amostras classificadas para cada nível de alteração
é apresentada na Tabela 5.3.
92
Tabela 5.2 – Classificação do grau de alteração das amostras grandes.
93
Tabela 5.4 – Valores de rebote obtidos nos ensaios de campo.
Local Classe Rebote Rebote médio
53
PCH Anta Rocha Inalterada 61
57
55
UHE Simplício Rocha Inalterada 58
44
PCH Anta Rocha alterada 34 41
45
29
PCH Anta Junta alterada
36
31
27
UHE Simplício Junta alterada
33
94
60
50
40
Rebote
30
20
10
0
A B C
Figura 5.1 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt em
amostras pequenas em função dos graus de alteração A, B e C.
60
50
40
Rebote
30
20
10
0
A B C
Figura 5.2 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt em
amostras grandes em função dos graus de alteração A, B e C.
95
50
45
40
35
30
Rebote
25
20
15
10
0
A B C
A - Amostras Pequenas B - Amostras Pequenas C - Amostras Pequenas
A - Amostras Grandes B - Amostras Grandes C - Amostras Grandes
Figura 5.3 - Distribuição dos valores de rebote obtidos nos ensaios de Martelo Schmidt.
B1-P14 34 B10-P16 -
B1-P15 34 B10-P17 31
B1-P16 29 B10-P18 -
B1-P17 34 B10-P19 25
B1-P18 - B10-P20 -
B1-P19 - B10-P21 -
B1-P20 38 B10-P22 30
B10-P23 -
B10-P24 31
B10-P25 -
97
Tabela 5.6 - Valores médios de rebote calculados para as amostras grandes.
Este tipo de análise é importante para que seja possível perceber a redução do
rebote das amostras em função do aumento do grau de alteração. Além disso, os
resultados obtidos nestas análises podem auxiliar na previsão de comportamento da rocha
ao longo do tempo.
98
Tabela 5.7 - Valores médios rebote por classe de alteração.
32 36 39 35
33 36 39 38
33 36
33 37
34 37
34 37
34 39
34
34
35
36
36
37
38
Rebote médio 36 34 28 35 36 34
Classe A B C
Média geral 36 35 31
99
80,0
70,0
Resistência à compressão (MPa)
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
Fabricante
Deere&Miller
0,0
20 25 30 35 40 45
Rebote
Figura 5.4 – Correlações entre resistência à compressão e rebote conforme DEERE & MILLER
(1966) e fabricante do Martelo HT225 - Amostras pequenas.
80,0
70,0
60,0
Resistência à compressão (MPa)
50,0
40,0
30,0
20,0
Fabricante
10,0
Deere&Miller
0,0
25 30 35 40 45
Rebote
Figura 5.5 – Correlações entre resistência à compressão e rebote conforme DEERE & MILLER
(1966) e fabricante do Martelo HT225 - Amostras grandes.
100
Importante lembrar que, como a direção de ensaio variou entre horizontal e
vertical devido à irregularidade das superfícies, optou-se por utilizar no cálculo dos
valores de resistência à compressão, a média dos valores obtidos para o martelo na vertical
e na horizontal.
Observa-se, a partir das correlações entre resistência à compressão e rebote, que
os valores de resistência obtidos por meio do ábaco do fabricante são inferiores aos
calculados por DEERE & MILLER (1966). O ábaco do fabricante tem seu uso indicado
para ensaios executados em amostras de blocos de concreto, enquanto o ábaco de DEERE
& MILLER (1966), foi proposto após uma série de ensaios de Martelo Schmidt realizados
em amostras de 28 tipos diferentes de rochas. Além disso, o valor máximo de resistência
dado pelo ábaco do fabricante é de 70MPa, o que corresponde a um valor muito inferior
ao valor médio de resistência à compressão uniaxial obtido por SALLES (2013), igual a
aproximadamente 165 MPa para as amostras inalteradas. Desta forma, optou-se por
utilizar o ábaco proposto por DEERE & MILLER (1966) ao invés do ábaco fornecido
pelo fabricante nas análises desta pesquisa.
101
180,0
150,0
Resistência à compressão (MPa)
120,0
90,0
60,0
30,0
0,0
20 25 30 35 40 45
Rebote
Deere & Miller, 1966 Aufmuth, 1973 Dearman & Irfan, 1978 Beverly et al., 1979
Kidybinski, 1980 Singh et al., 1983 Shorey et al., 1984 Haramy & DeMarco, 1985
Ghose & Chakraborti, 1986 O’Rourke, 1989 Cargill & Shakoor, 1990 Sachpazis, 1990
Xu et al. (1990a) Xu et al. (1990b) Xu et al. (1990c) Xu et al. (1990d)
Xu et al. (1990e) Gokceoglu, 1996 Kahraman, 1996 Katz et al., 2000
Kahraman (2001a) Kahraman (2001b) Kahraman (2001c) Yilmaz & Sendir, 2002
Yasar & Erdgan, 2004 Aydin & Basu, 2005 Fener et al., 2005 Buyuksagis & Goktan, 2007
Shalabi et al., 2007 Kiliç & Teymen, 2008 Torabi et al., 2010 Oliveira, 2017
Ábaco Deere&Miller (1966)
Figura 5.6 – Correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial - Amostras pequenas.
180,0
150,0
Resistência à compressão (MPa)
120,0
90,0
60,0
30,0
0,0
25 28 30 33 35 38 40 43 45
Rebote
Deere & Miller, 1966 Aufmuth, 1973 Dearman & Irfan, 1978 Beverly et al., 1979
Kidybinski, 1980 Singh et al., 1983 Shorey et al., 1984 Haramy & DeMarco, 1985
Ghose & Chakraborti, 1986 O’Rourke, 1989 Cargill & Shakoor, 1990 Sachpazis, 1990
Xu et al. (1990a) Xu et al. (1990b) Xu et al. (1990c) Xu et al. (1990d)
Xu et al. (1990e) Gokceoglu, 1996 Kahraman, 1996 Katz et al., 2000
Kahraman (2001a) Kahraman (2001b) Kahraman (2001c) Yilmaz & Sendir, 2002
Yasar & Erdgan, 2004 Aydin & Basu, 2005 Fener et al., 2005 Buyuksagis & Goktan, 2007
Shalabi et al., 2007 Kiliç & Teymen, 2008 Torabi et al., 2010 Oliveira, 2017
Ábaco Deere&Miller (1966)
Figura 5.7 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial para
amostras grandes.
102
As curvas resultantes das correlações da literatura foram analisadas eliminando-
se as correlações que apresentaram valores muito restritivos e abaixo dos valores obtidos
pelo ábaco de DEERE & MILLER (1966). Desta forma, foram eliminadas, tanto para as
amostras pequenas quanto para as amostras grandes as seguintes relações: DEARMAN
& IRFAN (1978); SHOREY et al., (1984); GHOSE & CHAKRABORTI (1986), XU et
al. (1990a, b, c, d); GOKCEOGLU (1996); KAHRAMAN (2001b, c); YILMAZ &
SENDIR (2002); YASAR & ERDGAN (2004); AYDIN & BASU (2005);
BUYUKSAGIS & GOKTAN (2007); SACHPAZIS (1990).
Foram eliminadas também as correlações que apresentaram um comportamento
superestimado ou não representativo do material, ou seja, foram eliminadas as curvas
muito afastadas ou com comportamento muito diferente da obtida conforme DEERE &
MILLER (1966). Em todos os casos, os resultados de AUFMUTH (1973); CARGILL &
SHAKOOR (1990); XU et al. (1990e) são superestimados e os de O’ROURKE (1989);
KAHRAMAN (2001a); HARAMY & DEMARCO (1985) não são representativos.
O limite inferior dos valores de resistência para o gnaisse estudado foi dado pela
correlação de KATZ et al. (2000). O limite superior dos valores de resistência foi dado
pela correlação de TORABI et al. (2011).
Após a eliminação dos valores não representativos do material e da definição
dos limites inferior e superior, foram construídos os gráficos apresentados na Figura 5.8
e Figura 5.9, os quais correspondem ao intervalo de valores de resistência e rebote obtidos
para o gnaisse da região do AHE Simplício.
As relações consideradas não representativas do material e que foram eliminadas
possuem um campo de aplicação muito restritivo e que não corresponde ao
comportamento do gnaisse estudado.
A grande variação dos resultados obtidos pelos diversos autores se deve
principalmente ao fato de que os materiais ensaiados e as resistências à compressão são
muito diferentes quando comparados ao Gnaisse Simplício. Além disso, a alta dispersão
do ensaio e o uso de diferentes tipos de martelo também podem influenciar a diferença
de resultados.
103
80,0
70,0
Resistência à compressão (MPa)
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
20 25 30 35 40 45
Rebote
Deere & Miller, 1966 Beverly et al., 1979 Kidybinski, 1980
Singh et al., 1983 Kahraman, 1996 Katz et al., 2000
Fener et al., 2005 Shalabi et al., 2007 Kiliç & Teymen, 2008
Torabi et al., 2010 Oliveira, 2017 Ábaco Deere&Miller (1966)
Figura 5.8 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial
compreendidas entre os limites inferior e superior para amostras pequenas.
90,0
80,0
Resistência à compressão (MPa)
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
25 30 35 40 45
Rebote
Deere & Miller, 1966 Beverly et al., 1979 Kidybinski, 1980
Singh et al., 1983 Kahraman, 1996 Katz et al., 2000
Fener et al., 2005 Shalabi et al., 2007 Kiliç & Teymen, 2008
Torabi et al., 2010 Oliveira, 2017 Ábaco Deere&Miller (1966)
Figura 5.9 – Curvas de correlações entre rebote e resistência à compressão uniaxial
compreendidas entre os limites inferior e superior para amostras grandes.
104
5.4 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS OBTIDOS COM OLIVEIRA (2017) E
STEFFENS (2018)
Tabela 5.8 – Resultados dos ensaios de rebote em campo e laboratório comparados com resultados
de OLIVEIRA (2017) e STEFFENS (2018).
Ensaios em
Oliveira (2017) Steffens (2018) Ensaios em campo
laboratório
Classe Rebote Tempo Rebote Classe Rebote Classe Rebote
Rocha não 0h 47 Rocha não
57 57 A 36
alterada 600h 46 alterada
Rocha
41 1200h 39 Rocha
alterada 41 B 35
alterada
Junta não 2400h 33
40
alterada 4800h 32
Junta
Junta 31 C 31
34 8300h 31 alterada
alterada
105
alteradas artificialmente em equipamento de percolação, sejam alteradas naturalmente e
representadas pelos testemunhos de sondagens e taludes na área de Anta e Simplício.
Os valores de resistência para os rebotes apresentados na Tabela 5.8 foram
calculados de acordo com o ábaco de DEERE & MILLER (1966), respeitando a direção
de ensaio para cada caso (Tabela 5.9). No caso dos resultados de OLIVEIRA (2017) e
STEFFENS (2018), a direção de ensaio foi horizontal para as juntas e vertical para as
superfícies de rocha do testemunho. Para as rochas e juntas ensaiadas em campo, a direção
de ensaio foi horizontal, visto que as faces dos taludes ensaiadas eram verticais. No caso
das amostras de laboratório, a direção de ensaio variou entre horizontal e vertical devido
às irregularidades das superfícies. Desta forma, decidiu-se calcular a média entre os
valores de resistência ensaiados tanto na vertical quanto horizontal, como explicado
anteriormente.
Tabela 5.9 – Valores de resistência à compressão conforme DEERE & MILLER (1966).
Ensaios em
Oliveira (2017) Steffens (2018) Ensaios em campo
laboratório
106
𝜎𝑐 = 10,121 ∗ 𝑒 0,046∗𝑅𝑁 (5.1)
160,0
140,0
y = 10,121e0,046x
R² = 0,9887
Resistência à compressão (MPa)
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
20 25 30 35 40 45 50 55 60
Rebote
Figura 5.10 - Proposta de equação para a previsão do comportamento do gnaisse da região de
Simplício em função da variação da resistência à compressão e do valor de rebote.
𝑅𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑅𝑎𝑙𝑡𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
𝐼𝑅 = ∗ 100 (5.2)
𝑅𝑖𝑛𝑎𝑙𝑡𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
Tabela 5.10 – Índices de alteração do rebote em função do nível e tipo de alteração das
amostras.
108
50
45
40
35
Índice de alteração (%)
30
25
20
15
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
37
35
33
Rebote
31
y = -3,025ln(x) + 58,266
29
R² = 0,99
27
25
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
109
A proposta desenvolvida corresponde a uma curva de tendência traçada através
de três pontos. O reduzido número de pontos existentes foi condicionado ao modo de
tratamento dos dados desta pesquisa. Na caracterização dos materiais resultaram apenas
amostras representativas das três primeiras classes de alteração e, portanto, esse fator se
tornou um condicionante da análise dos resultados.
De acordo com a correlação apresentada na Figura 5.12, a equação proposta para
a previsão da variação de rebote para o Gnaisse Simplício, em função do tempo de
lixiviação em laboratório, é dada por:
110
longo de 50 anos de alteração natural, ou seja, uma redução de resistência de
aproximadamente 76%.
SALLES (2013) também avaliou a previsão de comportamento do Gnaisse
Simplício, ensaiado no equipamento de percolação para alteração artificial por meio de
ensaios tais como análises petrográficas, ensaios de absorção e ensaios de compressão
uniaxial e diametral. A autora apresentou uma proposta de previsão de comportamento
do material, considerando:
Resultados dos ensaios de compressão uniaxial realizados nos corpos de
prova do Gnaisse Simplício alterados artificialmente;
Correlações entre os resultados obtidos para o material de Simplício e os
resultados de FERREIRA (2004) e MAIA e SALLES (2006) para um
gnaisse de comportamento similar, o gnaisse Pedra Madeira, de Santo
Antônio de Pádua/RJ.
Segundo a proposta apresentada por SALLES (2013), em 50 anos de alteração
natural em campo, a redução da resistência à compressão do gnaisse da região de
Simplício seria aproximadamente 92MPa. O valor da resistência à compressão da rocha
inalterada obtido pela autora é igual a 164,8MPa e o da rocha alterada durante 50 anos é
igual a 72,9MPa, ou seja, previsão de uma redução de 56% no valor da resistência à
compressão.
Ressalta-se que, os valores de resistência à compressão obtidos com Martelo
Schmidt são menores que os valores encontrados nos ensaios de compressão uniaxial.
Alguns fatores relacionados à diminuição do rebote podem estar ligados à esta diferença
de valores, como a dissipação de energia que ocorre durante o ensaio de Martelo Schmidt;
o método de fixação das amostras, que foi realizado com apoio em base de madeira e não
em base metálica como é recomendado; e a velocidade de carregamento, que ocorre quase
instantaneamente no ensaio de Martelo Schmidt e continuamente no ensaio de
compressão uniaxial.
A redução da resistência obtida pela proposta de SALLES (2013) foi de 92MPa
e a do presente trabalho foi igual à 105MPa, o que representa uma diferença de 13 MPa
(12%) entre as duas previsões. Apesar da diferença de valores de resistência, a redução
da resistência obtida pelas duas propostas apresenta grandezas muito similares, o que
auxilia a corroborar e fortalecer o uso de ambas as previsões propostas para a avaliação
de comportamento de materiais similares ao gnaisse da região de Simplício.
111
CAPÍTULO 6
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos nos ensaios com Martelo Schmidt permitem concluir que:
i. Os valores de rebote obtidos para amostras pequenas são similares aos
obtidos para amostras grandes, indicando que o tamanho da amostra não tem influência
significativa nos valores de rebote obtidos;
ii. Os ensaios realizados em amostras pequenas apresentam maior dispersão
de valores que a dos ensaios em amostras grandes;
112
iii. A alteração das amostras pequenas é mais invasiva que a de amostras
grandes, sendo observados sinais de alteração tanto na superfície quanto no interior;
iv. Os resultados obtidos mostraram que o equipamento foi capaz de detectar
o efeito da alteração na resistência à compressão das amostras.
113
iii. A relação de previsão indicou que o nível de alteração atingido em cerca
de 1 ano de alteração acelerada no equipamento de percolação de SALLES (2013), é
equivalente ao nível de alteração alcançado em aproximadamente 10 anos de alteração
natural em campo;
iv. A previsão de comportamento do Gnaisse Simplício apontou uma redução
da resistência à compressão da rocha de aproximadamente 105MPa (76%) em 50 anos de
alteração natural;
v. A comparação de resultados obtidos pela proposta de previsão apresentada
por SALLES (2013) e por este trabalho mostra que os valores de resistência obtidos com
o martelo Schmidt são menores que os obtidos no ensaio de compressão uniaxial, sendo
a diferença justificada principalmente pela dissipação de energia do ensaio com martelo;
vi. As previsões de redução da resistência à compressão do gnaisse Simplício
conforme SALLES (2013) e este trabalho apresentaram resultados bastante similares,
com diferença de 13% para 50 anos de alteração natural.
114
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123
APÊNDICE I – FICHAS DE CLASSICAÇÃO DAS AMOSTRAS
124
Quadro AI.4 – Ficha de classificação – Amostra B1-P04
Ficha de classificação
Amostra B1-P04
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Levemente
Grau de alteração
alterada
Granulação Fina
125
Quadro AI.7 – Ficha de classificação – Amostra B1-P07
Ficha de classificação
Amostra B1-P07
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscada pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
126
Quadro AI.10 – Ficha de classificação – Amostra B1-P10
Ficha de classificação
Amostra B1-P10
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina
127
Quadro AI.13 – Ficha de classificação – Amostra B1-P13
Ficha de classificação
Amostra B1-P11
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
128
Quadro AI.16 – Ficha de classificação – Amostra B1-P16
Ficha de classificação
Amostra B1-P16
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina a média
Levemente
Grau de alteração
alterada
129
Quadro AI.19 – Ficha de classificação – Amostra B1-P19
Ficha de classificação
Amostra B1-P19
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
130
Quadro AI.22 – Ficha de classificação – Amostra B2-P02
Ficha de classificação
Amostra B2-P02
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
131
Quadro AI.25 – Ficha de classificação – Amostra B2-P05
Ficha de classificação
Amostra B2-P05
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
132
Quadro AI.28 – Ficha de classificação – Amostra B2-P08
Ficha de classificação
Amostra B2-P08
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
133
Quadro AI.31 – Ficha de classificação – Amostra B2-P11
Ficha de classificação
Amostra B2-P11
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
134
Quadro AI.34 – Ficha de classificação – Amostra B2-P14
Ficha de classificação
Amostra B2-P14
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscada pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Média
Levemente
Grau de alteração
alterada
135
Quadro AI.37 – Ficha de classificação – Amostra B3-P03
Ficha de classificação
Amostra B3-P03
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Grau de alteração Inalterada
136
Quadro AI.40 – Ficha de classificação – Amostra B3-P06
Ficha de classificação
Amostra B3-P06
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Grau de alteração Inalterada
137
Quadro AI.43 – Ficha de classificação – Amostra B3-P09
Ficha de classificação
Amostra B3-P09
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
138
Quadro AI.46 – Ficha de classificação – Amostra B3-P12
Ficha de classificação
Amostra B3-P012
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
139
Quadro AI.49 – Ficha de classificação – Amostra B3-P15
Ficha de classificação
Amostra B3-P15
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
140
Quadro AI.52 – Ficha de classificação – Amostra B4-P03
Ficha de classificação
Amostra B4-P03
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
141
Quadro AI.55 – Ficha de classificação – Amostra B4-P06
Ficha de classificação
Amostra B4-P06
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscada pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
142
Quadro AI.58 – Ficha de classificação – Amostra B4-P09
Ficha de classificação
Amostra B4-P09
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
143
Quadro AI.61 – Ficha de classificação – Amostra B4-P12
Ficha de classificação
Amostra B4-P12
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Grau de alteração Inalterada
144
Quadro AI.64 – Ficha de classificação – Amostra B4-P15
Ficha de classificação
Amostra B4-P15
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscada pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
145
Quadro AI.67 – Ficha de classificação – Amostra B5-P03
Ficha de classificação
Amostra B5-P03
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Grau de alteração Inalterada
146
Quadro AI.70 – Ficha de classificação – Amostra B5-P06
Ficha de classificação
Amostra B5-P06
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Grau de alteração Inalterada
147
Quadro AI.73 – Ficha de classificação – Amostra B5-P09
Ficha de classificação
Amostra B5-P09
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Dureza Risca o vidro
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
148
Quadro AI.76 – Ficha de classificação – Amostra B5-P12
Ficha de classificação
Amostra B5-P12
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Levemente
Grau de alteração
alterada
149
Quadro AI.79 – Ficha de classificação – Amostra B5-P15
Ficha de classificação
Amostra B5-P15
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Grau de alteração Inalterada
150
Quadro AI.82 – Ficha de classificação – Amostra B10-P03
Ficha de classificação
Amostra B10-P03
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Fanerítica
Granulação Fina a Média
Levemente
Grau de alteração
alterada
151
Quadro AI.85 – Ficha de classificação – Amostra B10-P06
Ficha de classificação
Amostra B10-P06
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
152
Quadro AI.88 – Ficha de classificação – Amostra B10-P09
Ficha de classificação
Amostra B10-P09
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
153
Quadro AI.91 – Ficha de classificação – Amostra B10-P12
Ficha de classificação
Amostra B10-P12
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
154
Quadro AI.94 – Ficha de classificação – Amostra B10-P15
Ficha de classificação
Amostra B10-P15
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
155
Quadro AI.97 – Ficha de classificação – Amostra B10-P18
Ficha de classificação
Amostra B10-P18
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscada pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Levemente
Grau de alteração
alterada
156
Quadro AI.100 – Ficha de classificação – Amostra B10-P21
Ficha de classificação
Amostra B10-P21
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
157
Quadro AI.103 – Ficha de classificação – Amostra B10-P24
Ficha de classificação
Amostra B10-P24
Tamanho Pequena
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
158
Quadro AI.106 – Ficha de classificação – Amostra B11-P02
Ficha de classificação
Amostra B11-P02
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
159
Quadro AI.109 – Ficha de classificação – Amostra B11-P05
Ficha de classificação
Amostra B11-P05
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
160
Quadro AI.112 – Ficha de classificação – Amostra B11-P08
Ficha de classificação
Amostra B11-P08
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
161
Quadro AI.115 – Ficha de classificação – Amostra B11-P11
Ficha de classificação
Amostra B11-P11
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
162
Quadro AI.118 – Ficha de classificação – Amostra B11-P14
Ficha de classificação
Amostra B11-P14
Tamanho Grande
Cor Heterogênea
Riscado pelo
Dureza
canivete
Estrutura Foliada
Cristalina
Textura
Afanítica
Granulação Fina
Moderadamente
Grau de alteração
alterada
163