O Retrato Do Rei Dom Sebastiao Do Museu PDF
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História da Arte
Maio de 2013
ÍNDICE
Índice…...……………………………………………………………………………….2
Introdução………………………………………………………………………………3
Ambiente……………………………………………………………………………......4
Descrição e análise……………………………………………………………………...6
Investigação……………………………………………………………………………11
Cristóvão de Morais…………………………………………………………………..15
Conclusão……………………………………………………………………………...20
Bibliografia………………………………………………………………………….....22
Galeria e Anexos………………………………………………………………………23
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INTRODUÇÃO
(1) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
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AMBIENTE
Portugal não é um país isolado, pelo contrário, ocupa uma posição geográfica
estratégica. Nesta altura, a coroa mantem importantes ligações diplomáticas aos
principais centros de poder da Europa através de uma política de casamentos. A dinastia
de Avis usou a arte para se legitimar e ser reconhecida. Na arquitetura, os mosteiros da
Batalha e dos Jerónimos são exemplos desse investimento. Os principais mecenas são a
coroa e o clero. Os pintores são profissionais polivalentes e desdobram-se em várias
tarefas na corte. Além da pintura, também são iluminadores, escultores, gravadores e
pedreiros. É uma arte anónima, porque raramente assinam as obras.
No que toca ao retrato de corte, é inaceitável que entre 1470 e 1552, período que
abrange o estilo manuelino, não seja conhecido um único exemplar a óleo de época de
D. Manuel I (1495-1521) nem do seu antecessor D. João II (1481-1495).
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Até aos nossos dias chegaram excelentes tábuas de arte sacra, mas poucos
retratos. Tudo leva a crer que muitas obras de qualidade terão embelezado os palácios e
as igrejas portuguesas até serem dispersadas, roubadas ou até destruídas durante o
domínio Filipino, no terramoto de 1755, ou nas invasões francesas.
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DESCRIÇÃO E ANÁLISE
(Figura 1)
Data: 1570-1574
Matéria: Óleo
Suporte: tela
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Retrato de meio corpo. Dom Sebastião aparece numa pose “amaneirada” (figura
1). O rei de cabelo louro e curto, de olhos azuis fita o espetador com um ar sobranceiro
e distante em posição de três quartos (figuras 2 e 3). O rosto é pálido, bem como as
mãos.
(figuras 2 e 3)
A figura do rei surge recortada num fundo escuro e opaco. Segura a espada de
punho dourado com a mão esquerda, ao estilo dos cavaleiros cristãos (figura 5).
Enquanto a direita repousa na cintura com elegância. No indicador usa um anel com
uma joia e aliança no mindinho (figura 4). Os dedos são finos e bem desenhados. Está
armado com um punhal cujo punho é visível entre o fundo e a curva do braço direito.
(figura 4) (figura 5)
(figura 6) (figura 7)
7
O rei traja calções com bordados a ouro. O retratado tem a companhia de um
galgo com uma cabeça enorme em comparação à do próprio rei. Eparece farejar o seu
dono e senhor (figura 8).
(figura 8)
O cão tem uma coleira de couro encarnada forrada a veludo na qual está
desenhado um escudo com as armas de Portugal. Este detalhe encontra-se tapado pela
moldura que não é de origem (figura 11). É possível observar este pormenor delicioso a
partir de uma fotografia inédita feita antes do restauro. A imagem foi solicitada e
amavelmente cedida pelo MNAA para ser publicada neste trabalho (figura 9).
(figura 9)
8
No canto superior esquerdo da tela existe uma inscrição: “Rex Portvgal’ et
Algarbiorvm’ XVI” indicando o estatuto e a idade de 16 anos do retratado (figura 10). O
quadro não está assinado. Contudo, a cabeça oval e os olhos azuis amendoados são
típicos de Cristóvão de Morais tal como no retrato de D. Sebastião no Convento de
Madrid, pelo que parece justificada a atribuição da obra ao mestre português.
Na visita que realizei ao museu também pedi uma fotografia do lado inverso do
quadro na expetativa de encontrar informação relevante (figura 12). No outro lado da
tela apenas é visível o número de inventário “1165” e autocolantes indicando que o
quadro pertenceu à coleção do Conde da Penha Longa e participou nas exposições
“Royal Academy of Arts” de Londres, em 1955, “Portugal et Flandres” em Bruxelas,
1991 e no Kunst und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutshland de Bona, em
1999.
(figura 12)
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A atribuição deste quadro ao pintor português tem por base uma nota de
pagamento da rainha D. Catarina em 1571 e a comparação com a pintura de D.
Sebastião aos 11 anos que se encontra no Convento das Descalzas em Madrid (figura
13). Essa última obra está assinada “Cristobal de Morales Faciebat 1965” (4) (5). As
parecenças estilísticas com o quadro do MNAA levam os peritos a concluir que se trata
do mesmo autor.
Esse retrato também foi pintado em 1965 (figura 15), curiosamente na mesma
altura em que Cristóvão de Morais se deslocou a Madrid para oferecer o quadro de D.
Sebastião com 11 anos a D. Joana. É provável que tenha pintado D. Carlos nessa
passagem pela capital espanhola. Uns anos mais tarde inspirou-se certamente no retrato
de D. Carlos para “tirar ao vivo” D. Sebastião.
Analisando as duas obras é bem possível que estejamos perante o mesmo artista.
Parece até haver mais afinidades entre estas duas obras do que entre os retratos de
Madrid e de Lisboa. O detalhe na armadura, a pose e o rosto são garantidamente da
mesma mão. Se não foi Alonso Sanchéz Coello que pintou os retratos de D. Carlos e D.
Sebastião. O autor só pode ter sido Cristóvão de Morais.
(4) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
(5) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
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INVESTIGAÇÃO
Quando escolhi este retrato para análise sabia que não ia ter uma tarefa fácil.
Decidi, por isso, entrar em contacto com Anísio Franco do MNAA que diariamente
convive com esta pintura. A sua reação à minha opção foi: “Ui!!!! É que já foi quase
tudo dito sobre esse quadro”. Expliquei-lhe que há sempre qualquer coisa a acrescentar
e que este trabalho seria sempre a minha interpretação dos factos, pelo que só por isso
valia a pena arriscar. Marcámos uma visita à galeria no segundo andar do museu onde
está exposto o retrato. Na nossa conversa apurei alguns dados que importa destacar no
tocante ao histórico e à origem desta pintura. A versão oficial é que esta peça “terá sido
comprada em Paris em 1885 pela rainha D. Maria Pia, tendo pertencido anteriormente à
colecção de D. Maria del Carmen Aragon Azloré Idiáquez, descendente da Casa de
Aragão. Contudo, o especialista do MNAA não é dessa opinião. Lembra que existe no
Palácio da Vila em Sintra um quadro que representa o infante D. Carlos, mas até há
poucos anos era tido como um retrato de D. Sebastião. É possível ver no raio X o
desenho subjacente e os repintes que foram feitos por altura da Restauração da
independência política de Portugal. A ordem de Cristo no colar e as armas de Portugal
no canto direito são posteriores. Tudo aponta para que seja este o quadro comprado no
leilão (figuras 18 e 19). Se o quadro do MNAA tivesse sido adquirido pela rainha D.
Maria Pia seria natural que permanecesse na posse do Estado. Não foi o caso, uma vez
que o retrato figurava na coleção particular do Conde de Olivais e Penha Longa e foi
oferecido ao MNAA em 1909 que por sua vez o adquiriu ao ministro da América (6).
(6) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
(7) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
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Parece muito arriscado, o palpite Maria Kusche que prefere atribuir a obra ao
pintor flamengo Rolan Moys, por comparação com outras pinturas que integram cães.
Diz a autora que há dois indícios inconfundíveis: “o cão e a mão extremamente aberta e
plana” que se repetem nos seus quadros. E acrescenta “é provável que em 1570,
descontente com o quadro pouco atraente de Morais tenha pedido a Moys que fosse a
Lisboa retratar o rei” (8).
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O quadro do MNAA poderá então ter sido pintado em 1570 quando D. Sebastião
completou 16 anos, ou seja antes da encomenda para o Papa. A correspondência trocada
entre D. Catarina e o seu embaixador em Roma e tornada pública por Baptista Pereira
sustentam esta hipótese. Nas cartas enviadas pela rainha confirma-se que o envio do
quadro para o Papa está atrasado devido à impaciência do rei.
Depois da morte da princesa, a peça deve ter seguido para o palácio Alcazar de
Madrid, para integrar a coleção de Filipe II porque também surge no inventário de 1600.
“Outro retrato de medio corpo, de pincel, en lienzo, del serenissimo Rey de Portugal
don Sebastián, armado, com un lebrel al lado” (11) (12).
Mas qual a simbologia do cão neste quadro? Além de copiar a pose do seu avô,
Carlos V no retrato de 1530, existe uma leitura avançada por Baptista Pereira, citando
Julius Evola que no seu mistério do Graal interpreta a dupla do dux e do galgo da
seguinte forma: “Dante prevê o advento daquele que porá termo à dupla usurpação. É
precisamente o galgo que segundo a referida convergência dos símbolos forma um todo
com o dux, Enviado de Deus que matará a barregã, com o gigante que com ela peca”
(10).
(10) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
(11) LEITE, SOFIA, O Retrato do rei D. Sebastião do Museu de Arte Antiga, Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa em 1999
(12) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
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Este D. Sebastião simboliza o vingador e o restaurador, imagem do senhor
Universal de que fala Dante no De Monarchia. O monarca surge representado como
instrumento guerreiro da vingança a dois níveis. “O espiritual representado pelo rei e o
temporal representado pelo Galgo, visando a regeneração da Cristandade cuja realidade
o rei parece olhar com desdém”, explica Baptista Pereira (10).
Esse retrato faz parte de uma coleção particular em Espanha e o modelo tem
muitas parecenças com o quadro de Lisboa. A armadura é idêntica, a gola, as mangas de
camisa, o desenho da cabeça (figura 20). Na tela há uma inscrição indicando que D.
Sebastião tem 18 anos, uma idade que acaba por estar cronologicamente mais próxima
da encomenda para o Papa do que o retrato em que o rei aparece com 16 anos e que faz
supor que o quadro do MNAA afinal terá sido mesmo acabado dois anos antes, em
1570, cerca de dois anos antes da correspondência entre a rainha e o seu embaixador em
Roma quando ainda falavam de um quadro inacabado.
Existe uma cópia deste retrato de corpo inteiro que deverá ter sido executada em
Espanha na oficina de Alonso Sanchéz Coello, uma vez que apresenta muitas diferenças
relativamente ao retrato de Morais, sobretudo na cabeça, na expressão e no detalhe
(figura 21).
(13) LEITE, SOFIA, O Retrato do rei D. Sebastião do Museu de Arte Antiga, Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa em 1999
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CRISTÓVÃO DE MORAIS
Nascido cerca de 1530, Cristóvão de Morais foi criado na corte de Lisboa e era
de nacionalidade portuguesa, mas provavelmente de ascendência espanhola.
Pedro Flor faz referência ao livro da Guilda de Antuérpia em 1538 que menciona que
“Chrystoffele Moralys terá realizado a sua aprendizagem na Flandres junto a Cornelius
Buys II” (15).
(14) LEITE, SOFIA, O Retrato do rei D. Sebastião do Museu de Arte Antiga, Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa em 1999
(15) FLOR, PEDRO, “A Arte do retrato de corte em Portugal nos séculos XV e XVI”, 2005
(16) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
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Em 1560, João de Barros vendeu umas casas a Cristóvão de Morais (18). Em
1965 pinta o quadro das Descalzas. Após a saída de Jooris Van der Straten do reino,
Morais é promovido a pintor oficial do rei. Há ainda documentação que prova que foi
autor douramento e pintura do leito para D. Catarina. Dois anos depois pinta uma liteira
para a rainha. Nesse mesmo ano, executou um retábulo entretanto perdido que decorava
a capela-mor da igreja conventual da Conceição de Beja (17), o que demonstra que o
mestre português não pintava apenas retratos.
(17) FLOR, PEDRO, “A Arte do retrato de corte em Portugal nos séculos XV e XVI”, 2005
(18) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
(19) LEITE, SOFIA, O Retrato do rei D. Sebastião do Museu de Arte Antiga, Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa em 1999
(20) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
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ANTÓNIO MOURO, JORGE DA RUA,
Reservei para este capítulo os nomes dos pintores que ajudaram a desenvolver a
arte do retrato de corte em Portugal na segunda metade do século XVI.
Depois de trabalhar no país vizinho, Mor fugiu para a Holanda por causa da
Inquisição. Teve vários filhos, um dos quais acompanhou-o em Espanha, mas
desapareceu na batalha de Alcácer Quibir, onde lutou ao lado de D. Sebastião (22).
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Na época era habitual que os pintores estrangeiros adotassem nomes
portugueses. Por cá, Mor ficou conhecido por António Mouro ou Moro, Jooris Van der
Straten que chegou na comitiva de Mouro era conhecido por Jorge da Rua ou Jorge
Destrata, enquanto Alonso Sanchéz Coello, também colaborador de Mouro, era
apelidado de Afonso Sanches. Ainda hoje subsistem dúvidas quanto à naturalidade
exata deste importante pintor. Após a morte do príncipe D. João, em 1554 e do rei D.
João III três anos depois, Sánchez Coello mudou-se para Espanha e ficou ao serviço do
rei Filipe II e de D. Joana de Áustria. Várias fontes dizem que era espanhol, outras
garantem que seria português. O que não oferece contestação é que a formação artística
do pintor foi feita em Portugal. Segundo Francisco de B. de San Roman, Sanchéz
Coello nasceu em território espanhol e emigrou para Portugal quando era jovem. Para
provar a sua tese, o autor apresenta três documentos inéditos do Arquivo de la Capilla
de Reyes Nuevos de Toledo referentes a Juan Sanchéz Coello Reynalte, filho do pintor.
O primeiro é um juramento de limpeza de sangue antes de ser nomeado capelão em
1593. Os restantes dizem respeito a um testamento e a um inventário do filho do pintor
datado de 1631. Juan Sanchéz declarou que o pai havia nascido em Benifairó del les
Valls um “lugar junto a Valência del Cid” e por isso era espanhol (23). O estudo serviu
para rebater a tese apresentada em 1908 por José de Figueiredo (24), na qual era de
defendida a nacionalidade portuguesa do artista. Figueireido explica que após 1580, é
possível que fosse conveniente aos Sanchéz Coello negar a sua origem portuguesa,
porque emigraram para Espanha para trabalharem na corte espanhola. Francisco San
Roman contesta, afirmando que as declarações do filho de Sanchéz Coello foram feitas
sob juramento soleníssimo “juro a Dios y a esta cruz y por las ordenes que tengo que es
ansi verdade” (22).
(23) SAN ROMAN, FRANCISCO DE B., “Alonso Sánchez Coello”, Grupo dos Amigos do Museu de
Arte Antiga em 1938
(24) FIGUEIREDO, JOSÉ DE, “Algumas Palavras sobre a Arte em Portugal”, 1908
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Esta carta será um bom ponto de partida para uma futura investigação. O
documento prova que existia um pintor chamado Afonso Sanches na corte de Lisboa de
nacionalidade portuguesa. A não ser que houvesse outro artista com o mesmo nome, o
que não parece possível, já que Alonso Sanchéz Coello partiu para Madrid nesse mesmo
ano de 1557 e nunca mais regressou a Portugal, pelo que deverá ser a mesma pessoa.
Quanto a Cristóvão Lopes, filho de Gregório Lopes, foi pintor régio em 1550.
Seguiu o estilo de Anthonis Mor como se pode ver nas réplicas magníficas de D. João
III e D. Catarina que estão no museu de São Roque em Lisboa (figuras 25 e 26).
Contudo, existe uma gravura de 1561 de Hieronymous Cock (figura 28), que
permite constatar que afinal o rei já tinha completado sete anos. É provável que tenha
sido esta imagem a servir de inspiração a Sanchéz Coello para pintar o retrato
descoberto em Viena, já que as figuras apresentam os mesmos traços.
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CONCLUSÃO
4-Uma carta da rainha de Dezembro de 1571 indica que esse quadro só ficou
pronto em 1572. Nessa data o rei teria 18 e não 16 anos como no quadro do MNAA
que, por sua vez, estaria assim destinado à galeria de Cavaleiros de D. Joana no
convento das Descalzas e teria sido executado, dois anos antes em 1570.
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Como sintetiza tão bem Baptista Pereira, o quadro de D. Sebastião de Lisboa “é
a imagem paradigmática de um projeto político que interveio no reequacionamento da
identidade coletiva do povo português no último terço do século XVI e se apresenta
hoje como o mais notável testemunho artístico e cultural da última grande utopia
cavaleiresca da Dinastia de Avis e também da Nação portuguesa” (25).
Concordo com Annemarie Jordan quando diz que a chave de todo o processo foi
o relacionamento e as afinidades existentes entre D. Catarina e D. Joana de Áustria. De
ambas partiu uma constante permuta de artistas e intercâmbio cultural entre Lisboa e
Madrid (26).
Partilho da opinião de Sofia Leite quando afirma: “ao contrário do que é habitual
dizer-se, foi em Portugal e não em Espanha que primeiro se criou um grupo de artistas
formados no retrato aúlico Maneirista”, do qual o pintor português fez parte (27).
(25) PEREIRA BAPTISTA, “Retrato de Dom Sebastião como cavaleiro do Graal”, Cavalaria
Espiritual e Conquista do mundo, INIC, Lisboa, 1986
(26) JORDAN, Annemarie, Retrato de Corte em Portugal, o legado de António Moro, 1994
(27) LEITE, SOFIA, O Retrato do rei D. Sebastião do Museu de Arte Antiga, Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa em 1999
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BIBLIOGRAFIA
22
GALERIA E ANEXOS
(figura 13)
23
(figuras 16 e 17)
(figuras 18 e 19)
(figuras 20 e 21)
24
(figura 22)
(figura 23)
(figura 24)
25
(figura 25 e 26)
(figuras 27 e 28)
26