Relatorio 2020 PALBL Anexos
Relatorio 2020 PALBL Anexos
Relatorio 2020 PALBL Anexos
PARA A BIODIVERSIDADE
EM LISBOA 2020
Relatório intercalar de execução 2020
1º Semestre 2021
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 3
3. EXECUÇÃO DO PLANO 10
Atividades realizadas no âmbito do Plano 10
5. CONCLUSÕES 28
ANEXOS
ANEXO I: Linhas orientadoras do Plano
Como é natural, face às contingências pandémicas que ocorreram durante o ano 2020, muitas das
ações previstas para esse ano foram adiadas e só se concretizaram em 2021. Deste modo, é natural
que o presente relatório de execução também aponte as atividades realizadas no primeiro semestre
do corrente ano.
Terminada a Década das Nações Unidas para a Biodiversidade (2011-2020), constata-se a relevância
crescente do tema e o reconhecimento da sua importância como indicador do funcionamento dos
ecossistemas e dos co-benefícios para a qualidade do ambiente. Neste quadro, o relatório não esgota
a temática da biodiversidade nem encerra as dinâmicas entretanto introduzidas sobre o tema, na
vigência do PALBL. Por isso, entende-se, à partida, que este último deverá ter continuidade enquanto
instrumento em contínuo desenvolvimento e atualização mediante a evolução do contexto interno e
externo ao município.
O Plano de Ação Local para a Biodiversidade em Lisboa 2020 (PALBL) foi aprovado em 2015 pela
Câmara Municipal de Lisboa (CML) e em 2016 pela Assembleia Municipal 1, tendo sido nomeado o
respetivo Grupo de Trabalho, através do Despacho nº 41/P/2016 de 22 Março de 2016.
Contextualizado no Ano Mundial da Biodiversidade e da Década das Nações Unidas a ele sequente,
este Plano surge no seguimento da Estratégia Municipal para a Biodiversidade em Lisboa,
(Biodiversidade na Cidade de Lisboa: Uma estratégia para 2020, Documento Técnico, 2015), publicada
e disponível online, onde se destacou a importância da biodiversidade urbana em termos gerais e a
sua importância em Lisboa, quer por contribuir, quer por constituir um indicador para a qualidade de
vida e do ambiente, não só na cidade – município, mas também na cidade – conurbação.
Conforme previsto para o acompanhamento do Plano, foi submetida à Assembleia Municipal uma
monitorização intercalar do Plano em 2018, através da proposta 791/CM/2018, tendo a mesma sido
aprovada por unanimidade.
Paralelamente, o conceito foi adotado pelo modelo de desenvolvimento territorial do Plano Diretor
Municipal (2012) através da estrutura ecológica municipal - um dos seus sistemas vitais a par da
mobilidade.
Desta forma, o PALBL veio contribuir para a monitorização do Plano Diretor Municipal, onde se faz a
avaliação de aspetos de concretização territorial transversais à infraestrutura verde, através de um
sistema de indicadores com informação muito relevante sobre a qualidade dos ecossistemas,
designadamente dos serviços urbanos prestados por estes valores naturais.
No âmbito regional, a relevância da infraestrutura verde como medida para a adaptação foi
enfatizada no Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas (PMAAC, 2020), dando
origem à formulação de projetos intermunicipais para consolidar e melhorar a conetividade de uma
infraestrutura verde metropolitana.
O Plano começa por seguir as Metas de Aichi para a Biodiversidade. Contudo, ele tem também em
consideração alguns aspetos determinantes:
Assim, foram delineados no PALBL os principais eixos de atuação, que conduziram à definição de
diferentes ações. Estas enquadravam-se em 3 grandes linhas orientadoras, que depois se viriam a
subdividir:
Algumas das ações desenvolvidas ao longo do Plano partiram da sua equipa promotora, mas outras
resultaram da normal atividade dos diferentes agentes no concelho, quer sejam institucionais,
municipais ou não.
Em 2010, quando se estabeleceu o CBI de Lisboa pela primeira vez, pretendia-se caracterizar a
biodiversidade em Lisboa em sensu strictu (número de espécies), e como tal procurou fazer-se uma
listagem das espécies com presença já assinalada na cidade. Algumas das listas obtidas datavam de
alguns anos atrás e poderiam referir espécies de presença muito esporádica ou mesmo espécies que
deixaram de aqui ocorrer, fruto da evolução do ecossistema (de agrícola para florestal, de claramente
periférico relativamente à urbe para uma localização no seu seio).
Essa estratégia de avaliação veio a demonstrar-se imperfeita para avaliações posteriores (com as
quais interessa fazer comparações), uma vez que estas teriam que ser as resultantes de um período
de avaliação concreto e obviamente mais curto (no máximo de 10 anos).
Essas atividades encontram-se alinhadas com os eixos de atuação e linhas orientadoras, contribuindo
para a melhoria dos indicadores, mesmo considerando que estes não resultem estritamente da ação
humana, sendo também reflexo de outros fatores, externos ou internos, com influência nos
ecossistemas naturais ou naturalizados.
[A. Sensibilizar]
Formação [A1]
Realização de diversas ações de formação para colaboradores da CML, mestres e
guardas florestais, público em geral e comunidade escolar (algumas ações de
formação foram reagendadas, devido ao contexto de pandemia)
Formação no âmbito das Hortas Urbanas, quer para a população em geral, quer para
a comunidade educativa (‘Horta na Escola’), com a Escola de Jardinagem
Apoio a ações de formação, em colaboração com entidades externas
Colaboração em aulas de mestrado
Anexo
Divulgação [A2]
Divulgação do trabalho desenvolvido no âmbito do PALBL:
Informação disponibilizada regularmente no portal da CML, da Capital Verde
Europeia 2020 e respetivas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter
Newsletter da Gebalis, sessões públicas e eventos
Divulgação nacional e internacional através da participação em conferências /
workshops, e outros eventos
> Anexo
[C. Agir]
Anexo
Micro-bacias de retenção:
- 2017 | Campo Grande Sul e Vale Fundão (expansão)
- Parque Verde da Feira Popular (em construção)
Para além disso, as condições geradas pela pandemia no último ano fizeram com que, infelizmente,
não fosse possível atualizar alguns indicadores e concluir a monitorização final do número de
espécies.
Em anexo (III) podem ser consultadas as fichas dos indicadores, com informação gráfica e
georreferenciada, detalhada.
Balanço 2010-2020
Indicadores de biodiversidade
1. Percentagem de espaços ‘naturais’ na área da cidade
Áreas naturais 61,3 ha (0,7%) 52,6 ha (0,6%)
Áreas seminaturais 1512,5 ha (17,9%) 1708,9 ha (19,9%)
Áreas naturalizadas por abandono 3 935,5 ha (11,1%) 816,5 ha (9,5%)
Áreas naturalizadas por gestão 920,7 ha (10,9%) 956,4 ha (11,1%)
Total de áreas ‘naturais’ (ha; %) 3430,0 ha (40,6%) 3534,4 ha (41,2%)
Ecótopos relevantes (N.º) 23 23
2CML (2015). Biodiversidade na Cidade de Lisboa: Uma Estratégia para 2020 | Documento técnico. Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa E-
Nova, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Ed CML. Lisboa.
CML (2018). Relatório de Monitorização do Plano de Ação Local da Biodiversidade de Lisboa (PALBL). Câmara Municipal de Lisboa.
3 No contexto da caracterização das áreas naturalizadas, entende-se “por abandono” aquelas que estão expectantes, aguardando
estruturação e/ou consolidação e uma afetação de uso (quer seja espaço a integrar a infraestrutura verde, espaço público ou edificado),
podendo ser propriedade pública ou privada.
Mamíferos 19 sp +2 ferais = 21 ** 28 sp
Répteis 16 sp +2 exóticas = 18 ** 9 sp
Anfíbios 12 sp ** 7 sp
Fungos 140 sp 249 sp
Borboletas 33 +12 prováveis +16 pouco prováveis *
Peixes 45 sp *
Macroinvertebrados bentónicos 257 taxa 210 taxa
Total (N.º espécies / taxa) 3825 3835
(considerando iguais a 2010 os valores ainda
desconhecidos)
9. Áreas de proteção
Perímetros florestais 1355,8 ha 1355,8 ha
Fitomonumentos 247,3 ha 247,3 ha
(113,3 ha + 134 ha de áreas de proteção)
* Número em avaliação
** Diferente estratégia de avaliação: valores não comparáveis.
4 Áreas verdes públicas: classificadas de acordo com as respetivas funções e dimensões, enquanto espaços verdes públicos que prestam
serviços de lazer e recreio. Englobam as classes: parque periurbano, central, urbano e vizinhança, maiores que 7500 m 2 (anexo III, ficha 13).
5 População servida por todos os tipos de espaços verdes públicos, ou seja, abrangida simultaneamente pelos raios de influência
associados a cada tipologia: parque periurbano (7000m), central (1000m), urbano (500m), vizinhança (250m).
6 Indicador adicional à matriz CBI Lisboa, adaptado do indicador European Green Capital. Considera a população residente a uma distância
linear de 300m (equivalente a 10 minutos a pé) de um parque ou jardim de acesso público, independentemente da sua área.
7 Indicador adicional à matriz CBI Lisboa, considera todos os espaços verdes sob gestão da CML ou das freguesias, incluindo espaços
verdes de enquadramento de edifícios e vias, bem como parques e jardins de acesso público/condicionado (de gestão pública ou
privada), independentemente da sua área.
Os únicos espaços naturais, propriamente ditos (sem qualquer influência humana), em Lisboa
ocorrem somente no estuário do Tejo. Por sua vez, a intervenção humana na cidade pode fazer-se
no sentido de catalisar os processos sucessionais e assim facilitar o desenvolvimento dos
ecossistemas potencialmente naturais, permitindo a sua instalação por naturalização.
Apesar da evolução das áreas naturais ter diminuído quase 9 hectares, a intervenção do município
fez com que, no global, houvesse um aumento de áreas naturalizadas de 104 ha (mais de 3%)
(ecossistemas mais evoluídos, como prados biodiversos, matagais e até
alguns bosquetes).
O Índice de Singapura
considera o ótimo
O valor total atingido (naturais + naturalizadas) corresponde a cerca de 40% acima de 20% de áreas
da área territorial do município. naturais
Tratando-se de uma cidade consolidada, foi feito um grande esforço no reforço da conetividade
ecológica através da criação de nove corredores verdes, alguns deles a ligarem ao coração da cidade
antiga.
Em alguns locais com maior densidade de ocupação, essas conexões puderam ser estabelecidas ao
nível das copas das árvores (9 % de aumento); noutras áreas também foi possível aumentar a
conectividade ao nível do solo permeável (1,5 %). O valor total atingido corresponde assim a um
aumento de cerca de 10,5 %.
Tal como já referido, o CBI de 2010 foi elaborado por adição cumulativa de ocorrências. Para o
período 2020 houve necessidade de estabelecer um critério por intervalos de tempo, pelo que os
valores não são comparáveis. Assim sendo, foram realizados os seguintes levantamentos:
- Foram acrescentados às listagens as espécies verificadas no campo por pessoal do município com
experiência nas diferentes classes de seres vivos.
Embora este valor ainda esteja em apuramento, existem alguns indicadores que geram expectativas
positivas:
- Os ecossistemas do PFM estão cada vez mais ricos. Por exemplo, o número de espécies de orquídeas
silvestres registadas inclui mais 4 novos taxa, o que, para o Índice de Singapura, já é considerado
ótimo pois houve um aumento de mais 4 espécies;
- Também já se conhece o número de espécies de fungos no PFM, que subiu para 109 espécies (78%);
Embora não tenha havido um reforço da atividade legislativa neste âmbito, o valor total atingido
corresponde ainda assim a um aumento de cerca de mais 92,3 ha, sobretudo devido à definição de
espaços relevantes para a conservação da biodiversidade. Tratam-se de áreas identificadas como
tendo interesse para a biodiversidade, dada a importância dos seus valores
naturais - pela sua raridade, interesse científico ou pedagógico - que
O Índice de Singapura
merecem um especial acompanhamento, na perspetiva de virem a ser considera o ótimo
reconhecidas e classificadas como áreas de interesse público. Estas áreas acima de 19,4% de
áreas de proteção
foram cartografadas e algumas delimitadas para evitar o corte e pisoteio.
No entanto, embora este indicador ainda esteja em apuramento, prevê-se O Índice de Singapura
considera o ótimo
continuar com um valor “bom”, pois o rácio de espécies exóticas é ainda
abaixo de 1% de
inferior a 11%, o que constitui o limite para esta avaliação. espécies invasoras
Por outro lado, tem vindo a ser adotado um conjunto significativo de Soluções de Base Natural que
promovem o ciclo da água, cujo efeito na infiltração será de todo o interesse começar a monitorizar.
A disponibilidade desta informação mais completa e rigorosa permitirá a atualização deste indicador
num calendário que se prevê coincidir e desse modo contribuir para uma futura revisão do PDM.
A extensão da monitorização do PALBL até 2022 vai permitir aferir a metodologia de apuramento
deste indicador face à nova informação, de modo a que, de forma robusta, os valores sejam
facilmente calculados e atualizáveis ao longo do tempo.
Na sequência do já referido aumento dos corredores verdes na cidade e entre a cidade e a periferia,
aumentou a quantidade de árvores de alinhamento e nos espaços verdes, tendo sido realizadas várias
ações de plantação com a população. Consequentemente, a área de copado aumentou em 6,2 %, o
que para uma cidade consolidada é efetivamente um valor muito elevado.
Verifica-se um aumento de áreas verdes publicas (19,1 %) o que se repercute também no aumento
do valor de área verde per capita.
Através do projeto Greensurge - Centre for Ecology, Evolution and O Índice de Singapura
considera o ótimo
Environmental Changes (cE3c) da Universidade de Lisboa), foram obtidos
acima de 3 visitas /
importantes dados neste contexto, pelo que se pode afirmar que em Lisboa ano (população
se realizam mais de 3 visitas / ano por pessoa (<16 anos) a espaços verdes. escolar < 16 anos)
A iniciativa Jardins Abertos tem permitido que, em duas épocas (Primavera e Outono) desde 2017,
todos os anos, os cidadãos possam visitar diversos jardins privados ou semi-públicos.
No entanto, o apuramento deste indicador requer um maior refinamento para obtenção de dados
que traduzam o orçamento envolvido por tipologia de ação no universo do município. Este passo
implica melhorar e adaptar a gestão orçamental ligada à promoção da Biodiversidade em função do
sistema interno de contabilidade analítica.
Não se conhecendo todos os projetos realizados na área do município com influência direta ou
indireta na biodiversidade, foram quantificados 38 entre aqueles que são desenvolvidos sob iniciativa
ou em parceria com a autarquia.
Este valor corresponde a um aumento de 124 % relativamente a 2010, o que significa que a
biodiversidade entrou definitivamente na agenda dos projetos de intervenção na cidade com
repercussões sobre o ambiente.
Para este indicador, o Índice de Singapura considera a existência (ou não) de planos locais para a
biodiversidade e o seu alinhamento com estratégias de biodiversidade nacionais e com iniciativas
CBD (Convenção para a Diversidade Biológica). No caso de Lisboa, a avaliação é positiva pois já existe
a Estratégia Municipal para a Biodiversidade e o Plano de Ação Local para a Biodiversidade em Lisboa
2020, enquadrados na agenda nacional e internacional.
Saliente-se ainda o concurso de ideias para o projeto da Praça de Espanha, a abertura da discussão
e debate sobre o Anteplano do Plano de Salvaguarda da Tapada das Necessidades e o processo
participativo para a concretização do Jardim do Caracol da Penha (em obra) e para o projeto da futura
Praça do Martim Moniz.
Cada vez mais o tema da biodiversidade é abordado internacionalmente, havendo uma maior
divulgação e reconhecimento público do trabalho desenvolvido por Lisboa. Os trabalhos que têm
vindo a ser desenvolvidos no âmbito da infraestrutura verde e dos corredores verdes urbanos tem
tido reconhecimento público nacional e internacional. O trabalho de restauro dos ecossistemas,
nomeadamente no Parque de Monsanto, é também habitualmente considerado um caso de estudo.
Estes factos têm levado ao aumento significativo de convites para redes e parcerias regionais,
nacionais e internacionais, com partilhas enriquecedoras para ambas as partes. O número de
entidades parceiras aumentou quase 9 vezes entre 2010 e 2020.
O Índice de Singapura considera a existência (ou não) de conteúdos curriculares ligados ao tema da
biodiversidade no ensino escolar. Atualmente os curricula escolares integram elementos da
biodiversidade, não havendo alterações neste indicador.
Até 2010 foram quantificados pelos serviços de sensibilização ambiental 811 eventos de educação
ambiental.
Em agosto de 2019 foi criada uma plataforma de registo detalhado desta informação, com vista à
melhoria da qualidade dos dados, o que possibilitou o apuramento do número de ações,
descriminado por tema ambiental. Assim, de agosto ao final desse ano, o indicador aponta para a
realização de 442 ações exclusivamente dedicadas ao tema da biodiversidade.
Em 2020, pese embora o contexto de pandemia, foi possível alcançar as 537 ações de educação
ambiental, parte delas online, devido sobretudo ao dinamismo proporcionado pelo ano Lisboa
Capital Verde Europeia.
Em 2021 começou a construção de uma biblioteca no Jardim da Estrela que estará concluída entre
Agosto e Setembro do corrente ano e que será dedicada ao ambiente e à biodiversidade.
No conjunto, a transposição para Lisboa do CBI (City Biodiversity Index) revelou-se enriquecedora, ao
permitir uma avaliação clara e objetiva da maioria dos indicadores e ao mesmo tempo garantindo a
sua comparabilidade com valores de referência adotados internacionalmente.
Merece destaque, por exemplo, o Indicador 15 - Orçamento para a Biodiversidade – que, como antes
referido, requer uma revisão da programação orçamental para se alinhar com o sistema de
contabilidade analítica de modo a fornecer dados mais desagregados. Todavia, no que respeita ao
Orçamento dedicado à Biodiversidade por outros agentes, externos à Câmara, esta dificuldade é
acrescida, quer na obtenção do valor, quer depois na recolha e concentração da informação no Plano.
É recomendável também adaptar o indicador 22, dado que os curricula escolares não dependem da
CML. Em vez disso, poder-se-ia adotar uma forma de avaliação binária (0/1), por exemplo, para cada
um dos níveis de escolaridade.
De um modo geral, há que desenvolver processos que melhor habilitem a CML a recolher dados da
ação com origem na sociedade civil.
Há ainda a referir processos em curso na monitorização da fauna e flora – cujo atraso se deve
maioritariamente ao impasse causado pela pandemia, mas cuja concretização está em preparação.
Em concreto, salientam-se os processos de monitorização de insetos, líquenes e briófitos, cujos
resultados estarão disponíveis ainda este ano, grupos estes que serão pela primeira vez alvo de um
levantamento científico rigoroso. Estudo semelhante deverá ser realizado oportunamente para a
ictiofauna, como forma de atualizar informação e verificar as consequências do investimento na
melhoria da qualidade do ambiente do estuário.
Ainda em fase de conclusão, em termos de concurso estão alguns troços de alguns corredores verdes,
como a implementação da 2ª fase do Parque Urbano do Vale da Montanha, no Corredor Verde
Oriental, o projeto do Vale do Forno relativamente ao Corredor Verde Periférico e a consolidação do
corredor ribeirinho no Parque do Tejo e Foz do Trancão - cujo calendário de concretização foi
prejudicado por vicissitudes várias, com destaque para as consequências da pandemia.
Não menos importante, há que garantir a monitorização com base na nova e pormenorizada
cartografia digital do município no que respeita aos indicadores relativos à biodiversidade
(naturalidade, permeabilidade, povoamentos arbóreos), a par da atualização das layers temáticas dos
espaços verdes públicos, arvoredo e áreas sob proteção (regime florestal, fitomonumentos,
geomonumentos e outras zonas de interesse para a biodiversidade). A qualidade dos dados de base
(alfanuméricos e vetoriais) é essencial ao apuramento de grande parte dos indicadores de
biodiversidade (com georreferenciação) e à integração destes, com rigor, na monitorização do PDM,
bem como noutros instrumentos de gestão territorial e gestão operacional do município.
Esta avaliação positiva foi alcançada em duas dimensões: desempenho de Lisboa no contexto
internacional - quando comparados os resultados com as classes de referência do CBI, que
posicionam a cidade, na maior parte dos indicadores, em nível Ótimo - bem como pela evolução per
si dos valores dos seus indicadores, nas 3 categorias onde se englobam.
Em alguns indicadores o aumento foi menos expressivo, mas esses são também aqueles mais
controlados pelos processos naturais do que pela ação humana. Em concreto, no que respeita aos
indicadores de biodiversidade sensu strictu, as atividades que se podem realizar, quer sobre as
espécies, quer sobre os habitats, não conduzem a incrementos imediatos e ficam, algumas vezes,
sujeitas a acontecimentos de causa natural, fora do controlo dos agentes que aí intervieram, por
exemplo: instabilidade climática e meteorológica em consequência das alterações climáticas, o
surgimento de espécies invasoras (como alguns Psitacídeos ou alguns Quelónios), alterações de
comportamento ou de tolerância de algumas espécies (no caso das gaivotas, por ex.).
Feito o presente balanço, sobressai a necessidade de fechar o ciclo de monitorização até 2022,
completando processos ainda em aberto devido à pandemia e aferir metodologias e instrumentos a
adotar na evolução da estratégia futura para a biodiversidade em Lisboa.
Finalmente, há ainda a considerar a conjuntura atual, com destaque para a urgência climática, saúde
e sustentabilidade face a ameaças e perigos imprevistos, temas emergentes que devem estar
presentes numa estratégia para a biodiversidade para a próxima década. Nesse sentido, tendo cada
vez mais presentes os objetivos de aumentar a resiliência climática e as metas para a descarbonização,
reputa-se da maior importância continuar a promover a Biodiversidade e prosseguir com a sua
monitorização através da Matriz de Indicadores de Lisboa.
Por último realça-se a conveniência em orientar a ação para a Biodiversidade até 2030 de modo a
que seja um contributo claro e inequívoco para a atualização dos instrumentos estratégicos (Carta
Estratégica da Cidade vigente até 2024) e de desenvolvimento do modelo territorial da Cidade (PDM).
Daí o interesse em compaginar o calendário destes vários instrumentos para que se articulem e
integrem.
A. Sensibilizar
A1 - Formação
A1.1. Desenvolver e promover ações de formação sobre a biodiversidade em meio urbano sob as
diferentes perspetivas, dirigidas a técnicos da autarquia, professores, alunos, outros agentes educativos e
munícipes em geral, de modo a formar potenciais guias e intérpretes da biodiversidade em Lisboa.
A2 - Comunicação
A2.1. Criar suportes de comunicação para partilha de informação e disseminação de materiais:
a) Boletim periódico digital sobre biodiversidade em Lisboa;
b) Plataforma online sobre biodiversidade em Lisboa.
A2.2. Edição de livros, guias de campo, fichas de espécies, materiais pedagógicos e criação e promoção
de Roteiros da Biodiversidade sob diferentes temáticas (inclusivé a cultural).
A2.3. Apoio a ações de divulgação e comunicação com objetivos científicos, pedagógicos e lúdicos para
divulgação da nossa Biodiversidade ao público em geral, através de:
a) Eventos de promoção da biodiversidade associada ao património cultural, através nomeadamente
da realização de feiras / mercados de produtos locais e / ou biológicos;
b) Conceptualização e incentivo à produção de conteúdos multimédia com carácter lúdico e
pedagógico;
c) Campanhas dirigidas aos munícipes, com informações e recomendações sobre medidas de
promoção e proteção da biodiversidade em meio urbano.
d) Concursos que premeiem as boas práticas em matéria de gestão de biodiversidade, dirigidos por
exemplo à comunidade escolar, Juntas de Freguesia e aos munícipes.
A3 – Rede de percursos temáticos
A3.1. Rede de jardins temáticos – espaços verdes que privilegiem a flora autóctone, abrangendo outros
aspetos que realcem características das espécies e dos ecossistemas, com uma dimensão cultural e
pedagógica.
A4 – Eventos
A4.1. Celebração de dias comemorativos relacionados com a biodiversidade, como o Dia da
Biodiversidade.
Divulgação
Divulgação internacional:
Encontro Anual FEDENATUR (European Association Periurban Parks), Valencia, 2016
Conferência da Europarc, Arouca, 2017
Encontros dos Projetos MAES - Mapping and Assessment of Ecosystems and their Services e EnRoute
- Enhancing Resilience of Urban Ecosystems through Green Infrastructure
Projeto Space4Environment - Using Space Data to provide Space for the Environment
Projeto GREEN SURGE - Green Infrastructure and Urban Biodiversity for sustainable Urban
Development and the Green Economy
Desdobráveis:
Plano de Ação Local para a Biodiversidade de Lisboa
Mapa do Parque Florestal de Monsanto (em inglês)
Booklet Mimetismo e Camuflagem
Booklet Musgos e Líquenes
Mapa “Venha descobrir o Parque de Monsanto (Trilhos e Percursos)”
A Natureza protegida em Monsanto
O meu jardim é um ecossistema: construção de abrigos para aves
Fichas pedagógicas, no âmbito do “Projeto Mochila Verde” e reeditadas aquando da Capital Verde Europeia
Utilizando o Caderno de Campo
Um passeio à beira do rio Tejo
Parque Florestal de Monsanto
Porquê visitar um jardim?
Diário Gráfico
Biodiversidade
Áreas Protegidas
Em fase de maquetização:
Biodiversidade Aquática da Frente Ribeirinha de Lisboa, FCUL/MARE
A Fauna na cidade de Lisboa e soluções de base natural para promover a biodiversidade urbana, FCUL
Biodiversidade urbana no Parque Florestal de Monsanto – Aves, FCUL
Biodiversidade urbana no Parque Florestal de Monsanto – Anfíbios, répteis e mamíferos, FCUL
Biodiversidade urbana em Lisboa – Aves, FCUL
Biodiversidade urbana em Lisboa – Anfíbios, répteis e mamíferos, FCUL
Folhetos:
- Como conhecer as aves do seu jardim
- O seu jardim é um ecossistema: construção de alimentadores para aves
- O seu jardim é um ecossistema: construção de bebedouros para aves
- O seu jardim é um ecossistema: construção de abrigos para aves
No prelo:
Guia do Parque Florestal de Monsanto, 2ª Ed. Revista
Guia dos Corredores Verdes, Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa, 2ª Ed. Revista
Guia do Rio Tejo, 2a Ed. Revista
Hortas de Lisboa, da Idade Média ao Século XXI, Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, 2020-2021
Árvores e Jardins Históricos de Lisboa - Dois séculos e meio de património botânico, paisagístico e
cultural
Espaço de uso público de Lisboa. (1950-1970) Plano projeto e obra da primeira geração de arquitetos
paisagistas
Lisboa guardiã de saber tropical
No prelo:
João da Silva o escultor animalista
No prelo
Livro Vermelho dos Peixes do Mar.
Variações Naturais - Uma Viagem Pelas Paisagens de Portugal, MNHNC, 2020-2022
Organização de exposições
Outras atividades:
Floresta e Ambiente - Da ecologia à estética, da ética à educação, no Parque do Vale Fundão
Dos saberes da vinha aos sabores da poesia, no Parque Vitícola de Lisboa, com adultos do Centro de
Desenvolvimento Comunitário do Bairro dos Lóios
Observação de Aves no Parque do Trancão Tejo e na Quinta das Conchas
Observação de Aves no estuário do Tejo no Encontro de Quadros da CML
Projeto Mochila Verde da PMEDS, com a Lisboa E-Nova
Hortas na Escola, Legumes no Prato, com a Lisboa E-Nova
Produção do caderno de campo “Hortas na escola”
Produção de placas identificativas de espécies para a Estufa Fria de Lisboa e para as exposições “As
plantas na 1ª Globalização” e “Os Dinossáurios vão à estufa”
Municípios AML - Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas (PMAAC, 2019), do qual
resultaram propostas de projetos intermunicipais:
Corredores intermunicipais - projetos com o objetivo de promover a continuidade física e a
consolidação da infraestrutura verde e azul à escala intermunicipal, reforçando a ligação entre grandes
manchas verdes de interesse natural, existentes na área metropolitana:
- Corredor Periférico de Lisboa às Costeiras de Odivelas;
- Parque Florestal de Monsanto à Serra de Carnaxide;
- Corredor Periférico de Lisboa à Várzea de Loures.
Parques dos Rios Tejo e Trancão - permitirão estabelecer a continuidade física e ambiental a projetos
já existentes e/ou em desenvolvimento ao longo da frente ribeirinha do Estuário do Tejo, nos
municípios de Loures e Vila Franca de Xira.
Associação Adapt.local - Rede de Municípios para a Adaptação Local às Alterações Climáticas
Juntas de Freguesia - Estabelecimento de parcerias no sentido da mobilização para o desenvolvimento de
atividades relacionadas com este Plano:
Junta de Freguesia de Benfica – Parque Silva Porto
Junta de Freguesia das Avenidas Novas
Junta de Freguesia de Alvalade – Parque José Gomes Ferreira
Apoio técnico:
ANCV - Associação Nacional de Coberturas Verdes
SPEA - Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves
* Parceria com a Associação Caminhos da Lua: auxílio à monitorização de ocorrências no Parque Florestal de
Monsanto e identificação de situações de risco (ex., árvores caídas ou em risco, lixos, existência de novos
trilhos abusivos em zonas ecologicamente sensíveis), limpeza de alguns trilhos, entre outras iniciativas
Parceria com associações ambientalistas ZERO, Quercus, LPN e GEOTA na plantação de 20.000 árvores e
arbustos no dia 12 de janeiro de 2020
Outras colaborações:
Parques de Sintra - Monte da Lua SA
Associação Zoófila Portuguesa
Associação para o Desenvolvimento Sustentável Empowering People
Associação Jardins Abertos
Associação Portuguesa dos Jardins Históricos
Projetos cofinanciados:
LIFE LUNGS (LIFE18 CCA/PT/001170)
CONEXUS - CO-producing Nature-based solutions and restored Ecosystems: transdisciplinary neXus
for Urban Sustainability
Life Preparatory Project c/ Europarc Federation / Urban Greening Plans (LIFE20 PRE/BE/000008)
Outros projetos:
FEDENATUR/EUROPARC – Federação Europeia Parques Peri-Urbanos/Federação Europeia de Parques
MAES – Mapping and Assessment of Ecosystem Services,
EnRoute – Urban Green Infrastructure Mapping and Assessment: Case studies across Europe.
(Helsínquia, Manchester, Lyon, Leipzig, Lisboa, Dublin)
Redes internacionais:
Eurocities
ICLEI – Local Governments for Sustainability
Carbon Disclosure Project – CDP
Urban Water Agenda 2030 (Core Group Cities)
Pacto de Autarcas para o Clima e Energia – Global Convenant of Mayor’s for Climate & Energy
Rede Cidades C40 - Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Climática C40
Rede Europeia de Capitais Verdes
Monitorização
(1513)
(936)
(5009) (921)
53 (61)
(29%)
Áreas
(113)
Classificação: *
CBI_n4 (11,2-19,4%)
NOTAS:
Dados 2005-2010:
Dados Número de espécies com ocorrência confirmada entre 2005 e 2010.
Plantas Espécies vegetais mais invasoras em Lisboa: cana (Arundo donax), charuteira (Nicotiana glauca), rícino (Ricinus communis),
albizia (Albizia lophanta), capim-das-pampas (Cortaderia selloana), erva-tintureira (Phytolacca americana), árvore-do-incenso
(Pittosporum undulatum).
Aves Espécies invasoras de aves exóticas (residentes): bico-de-lacre, periquito-de-colar, periquito-monge, faisão.
Peixes Espécies de peixes invasores (dulciaquícolas): gambúsia e perca-sol.
Répteis Espécies exóticas de répteis que constituem ameaça para outras espécies: tartaruga-da-florida e lagartixa-italiana.
Mamíferos Espécies de mamíferos invasores: rato-preto e ratazana.
(3331)
(5107)
Observações
A nova cartografia digital (em processo de homologação) é um instrumento fundamental para o cálculo atualizado e rigoroso des te indicador
sobre a evolução da permeabilidade do solo na regulação dos fluxos de água.
Por outro lado, tem vindo a ser adotado um conjunto significativo de Soluções de Base Natural que promovem o ciclo da água, c ujo efeito na
infiltração será de todo o interesse começar a monitorizar.
A disponibilidade desta informação mais completa e rigorosa permitirá a atualização deste indicador num calendário que se prevê coincidir e
desse modo contribuir para uma futura revisão do PDM.
A extensão da monitorização do PALBL até 2022 vai permitir aferir a metodologia de apuramento deste indicador face à nova informação, de
modo a que, de forma robusta, os valores sejam facilmente calculados e atualizáveis ao longo do tempo.
(1558)
(6583)
Classificação:
CBI_n2->n3 (11-29%)
(1304)
(23)
Dados 2010-2020
Ações de sensibilização
(cont.)
* Existência e estado do processo de consulta pública, formal ou informal, relacionado com a biodiversidade: Existe como parte
do processo de rotina (n5).
** Inclusão da biodiversidade nos curricula escolares: A biodiversidade e temáticas associadas estão incluídas nos curricula
escolares (n5).
Indicadores CBI
NOTAS:
Indicadores
Projetos relativos à Número de projetos, programas, estudos e trabalhos de investigação, em execução, relativos à biodiversidade,
biodiversidade promovidos ou em colaboração com a CML.
Número de normas, regulamentos, planos, políticas públicas e outros instrumentos legais relativos à
Regulamentos e política
biodiversidade.
Número de instituições governamentais e académicas, ONG, empresas e outras entidades relacionadas com a
Entidades e instituições
biodiversidade.
Número de agências locais envolvidas em iniciativas, ações e projetos de cooperação relacionadas com a
Agências locais
biodiversidade.
Consultas públicas Número de consultas públicas de documentos relacionados com a temática de biodiversidade.
Entidades parceiras Número de entidades com parcerias em atividades, projetos e programas sobre a biodiversidade.
Número de eventos / ações de educação e sensibilização para a biodiversidade. A partir de 2019, o registo das
ações da CML passou a ser efetuado numa plataforma única, com indicação do tema da ação, o que permitiu
Ações de sensibilização
apurar, de forma sistematizada, as ações especificamente relacionadas com a temática da biodiversidade. Não
foram considerados os dados de 2020, por se tratar de um ano atípico neste contexto (pandemia Covid19).
Indicadores CBI São só apresentados os indicadores com correspondência direta com o índice CBI.
No caso de indicadores previstos no CBI, é mostrada a evolução do indicador para Lisboa e a sua classificação,
enquadrada nos valores de referência das classes do CBI.
Neste relatório, os níveis das classes são apresentados entre n1 a n5, sendo n5 o nível com melhor
desempenho (‘Ótimo’).
Fonte de dados:
2010
CML (2015). Biodiversidade na Cidade de Lisboa: Uma Estratégia para 2020 | Documento técnico. Câmara
Municipal de Lisboa, Lisboa E-Nova, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Instituto da Conservação
da Natureza e da Biodiversidade. Ed CML. Lisboa.
2018
CML (2018). Relatório de Monitorização do Plano de Ação Local da Biodiversidade de Lisboa (PALBL). Câmara
Municipal de Lisboa.
Considerações metodológicas:
Área total territorial considerada para Lisboa (pré e pós reforma administrativa): 8439 ha (2010) e 8587 ha
(2018). A alteração da área total administrativa de Lisboa também poderá introduzir distorções na
comparabilidade dos indicadores (% de área total) entre diferentes anos, que deverão ser tidas em
consideração.