10.1 - Redação Básica - Descrição - Ernani Terra 8p

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Redação básica

Terra, Ernani

De Nicola, José

469.5

Editora Scipione Ltda.

São Paulo, 1998

Texto proveniente de:

Seção Braille da Biblioteca Pública do Paraná

http://www.pr.gov.br/bpp

e-mail: [email protected]

Permitido o uso apenas para fins educacionais de pessoas com

deficiência visual

Texto-base digitalizado por Sueli Ducat

Este material não pode ser utilizado com fins comerciais.

Sumário

Capítulo 1

As qualidades e os defeitos de um texto - 4

Introdução - 4

As qualidades de um texto - 4

Os defeitos de um texto - 7

Capítulo 2

Tipos de redação - A descrição - 10

Tipos de redação - 10

A descrição - 10

Capítulo 3

A narração - Tipos de discurso - 14

A narração - 14

Tipos de discurso - 16

Capítulo 4

A dissertação - 22

A dissertação - 22

Planejando a dissertação - 25

Capítulo 5

Redação técnica - A carta - 28

A carta - 28

A carta familiar - 29

A redação comercial e oficial – 30

Página 4

Capítulo 1

As qualidades e os defeitos de um texto

Introdução

Não existem fórmulas mágicas que nos permitam

produzir uma boa redação.

Acreditamos, no entanto, que a leitura atenta de

bons textos e o domínio de alguns recursos

lingüísticos básicos, aliados a uma postura

crítica sobre a realidade, ajudem (e muito!) a

aprimorar a qualidade de nossos textos.

Nossa intenção, neste pequeno roteiro, não é a

de formar escritores, mas ajudá-lo na elaboração

de textos claros e coerentes, tanto em sua vida de

estudante, como em sua vida profissional. Para

tanto, apontamos algumas qualidades que você deve

observar na produção de seu texto.

As qualidades de um texto

São qualidades que você deve cultivar em uma

redação: a concisão, a correção, a clareza e a

elegância.

A concisão

Ser conciso significa que devemos ser precisos,

exatos. Não abusar das palavras para exprimir uma

idéia. Significa eliminar tudo aquilo que é

desnecessário.

A correção

A linguagem da redação deve obedecer ao padrão

formal, isto é, ela deve estar de acordo com os

princípios estabelecidos pela gramática normativa.

Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece

todas as regras gramaticais. Por isso, em caso de

dúvidas, ao escrever uma palavra ou uma frase, não

hesite em consultar a Minigramática.

A clareza

A clareza consiste na manifestação de uma idéia

que deve ser rapidamente compreendida pelo leitor.

Por isso é preciso ser coerente e ter cuidado para

não se contradizer.

São inimigos da clareza: a desobediência às

normas da língua, os períodos longos, o

vocabulário rebuscado e a imprecisão vocabular.

A elegância

A elegância consiste em tornar agradável a

leitura do texto.E isso é possível quando se

observam as qualidades que apontamos acima:

correção gramatical, clareza e concisão. Uma

linguagem original e criativa, adequada ao tema

tratado, também colabora para a produção de um

texto elegante.

Lembre-se de que a elegância deve começar pela

apresentação do texto, isto é, ele deve estar

limpo, sem borrões ou rasuras e com letra legível.

Leia, a seguir, um tipo de questão muito comum

em concursos.

Preste atenção:

- no enunciado e nas alternativas.

- na importância da pontuação: "grande, muda"

tem um significado completamente diferente de

"grande muda".

- na seleção vocabular: grande é muito

diferente de grandona.

- no emprego dos conectivos: em à portinhola e

na portinhola, as preposições estabelecem

diferentes relações.

-- Página 6

O período seguinte foi redigido de cinco formas

diferentes. Assinale a alternativa correspondente

ao período que tem melhor redação, considerando

correção, clareza, concisão e elegância.

a) E foi assim que ele, pela derradeira vez na

vida, viu Maria Eduarda, grande, muda, toda negra

na claridade, à portinhola daquele vagão que para

sempre a levava.

b) E ele assim, na derradeira vez na vida, é que

viu Maria Eduarda, grandona, emudecida, toda de

preto naquela claridade, na portinhola daquele

vagão que a levava para nunca mais.

c) E foi, assim, que ele, pela vez derradeira na

sua vida, viu a Maria Eduarda, grande muda, toda

negra naquela claridade, na portinhola daquele

vagão que a levava para jamais.

d) E, então, pela última vez na sua longa vida,

ele viu a Maria Eduarda, grande e muda, toda de

negro naquela claridade, debruçada na portinhola

em cujo vagão ela partia para sempre.

e) No vagão em que foi embora para sempre, a

Maria Eduarda apareceu para ele - pela última vez

na vida deste - muito grande e muda, toda negra

numa claridade; ela estava debruçada na

portinhola.

Evidentemente, você percebeu que o texto da

alternativa "a" apresenta correção, clareza,

concisão e elegância.

-- Página 7

Os defeitos de um texto

Após observar as qualidades de um texto, devemos

também evitar alguns defeitos que podem prejudicar

sua compreensão e empobrecê-lo.

Vamos agora tratar de alguns defeitos que

empobrecem o texto e que, portanto, devem ser

evitados.

Ambigüidade

Uma frase é ambígua se apresentar mais de um

sentido. A ambigüidade é considerada um defeito

quando ocorre em conseqüência de uma imprecisão:

neste caso, não há intenção por parte do autor do

texto. Por outro lado, em textos literários ou de

propaganda é muito comum a exploração intencional

de frases ambíguas; nestes casos, trata-se de um

recurso expressivo e não de um defeito.

A ambigüidade não intencional ocorre geralmente

por má pontuação ou pelo emprego inadequado de

palavras ou expressões. É considerada um defeito

porque atenta contra a clareza. Observe um

exemplo:

Pedro disse a Sandra que saiu com sua irmã.

O uso do pronome possessivo "sua" deixa a frase

ambígua, pois não sabemos exatamente se se trata

da irmã de Pedro ou da irmã de Sandra. A

ambigüidade seria desfeita se usássemos, em vez de

sua, as formas dele ou dela para designar,

respectivamente, se a irmã é de Pedro ou de

Sandra.

Obscuridade

Obscuridade significa falta de clareza. Vários

motivos podem determinar a obscuridade de um

texto: períodos excessivamente longos, linguagem

rebuscada, ambigüidade, má pontuação.

-- Página 8

Leia, a seguir, uma notícia veiculada pelo

jornal Folha de S.Paulo (Folha Sudeste, 6 jun.

1992), explorada em uma questão de vestibular da

Unicamp (Campinas/SP).

"As videolocadoras de São Carlos estão

escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão

atende a uma portaria de dezembro de 91, do

Juizado de Menores, que proíbe que as casas de

vídeo aluguem, exponham e vendam fitas

pornográficas a menores de 18 anos. A portaria

proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a

motéis e rodeios sem a companhia ou autorização

dos pais."

A interpretação literal da última frase cria uma

situação insólita e até produz um efeito de humor,

em conseqüência de uma redação que peca pela

obscuridade. Ao pé da letra, entendemos que a

presença de menores em motéis só é permitida

desde que acompanhados dos pais. Na verdade, a

portaria proíbe os menores de irem a rodeios, sem

a companhia ou autorização dos pais, e também de

freqüentarem motéis.

Pleonasmo

O pleonasmo (ou redundância) consiste na

repetição desnecessária de um conceito. Observe:

A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.

(matinal da manhã)

Ele teve uma hemorragia de sangue.

(hemorragia de sangue)

Convém notar, no entanto, que bons autores

recorrem ao pleonasmo como recurso estilístico, a

fim de tornar a mensagem mais expressiva. Neste

caso, o pleonasmo não é considerado um defeito.

Veja o exemplo:

"E rir meu riso e derramar meu pranto..."

(Vinícius de Moraes)

(rir meu riso)

"Os sonhos mais lindos sonhei..." (F. D.

Marchetti e M. de Feraudy, versão de Armando

Louzada)

(os sonhos sonhei)

-- Página 9

Cacofonia

A cacofonia consiste num som desagradável (às

vezes, obsceno), resultante da união das sílabas

finais de uma palavra com as iniciais de uma

outra. Veja:

Mande-me já os documentos.

Eco

Consiste na repetição de palavras terminadas

pelo mesmo som. Observe:

A decisão da eleição não causou comoção na

população.

Prolixidade

A prolixidade é o oposto da concisão. Consiste,

portanto, em utilizarmos mais palavras do que o

necessário para exprimir uma idéia, o que torna o

texto enfadonho.

O uso de cacoetes lingüísticos, expressões que

não acrescentam nada ao texto, servindo tão-

somente para prolongar o discurso, também podem

tornar prolixo um texto. Expressões do tipo: antes

de mais nada, pelo contrário, por outro lado, por

sua vez são, muitas vezes, utilizadas só para

prolongar o discurso. Cuidado com elas!

Além dos defeitos que apontamos, procure também

evitar

as frases feitas, os chavões, pois empobrecem

muito o texto. Veja alguns exemplos de chavões:

inflação galopante

vitória esmagadora

caixinha de surpresas

caloroso abraço

silêncio sepulcral

nos píncaros da glória

-- Página 10

Capítulo 2

Tipos de redação

A descrição

Tipos de redação

Damos o nome de redação (ou composição) a todo

trabalho que envolva o ato de redigir, isto é, de

escrever. Em sentido amplo, qualquer trabalho

escrito é uma redação.

A partir de agora, trataremos de alguns tipos de

redação ensinados nas escolas, por isso mesmo

chamados de redação escolar. São eles: a

descrição, a narração e a dissertação.

A descrição

A descrição se caracteriza por ser o "retrato

verbal" de pessoas, objetos, cenas ou ambientes.

Nela, são trabalhadas as imagens, o que permite

uma visualização do que está sendo descrito.

Uma boa descrição não deve resumir-se a uma

simples enumeração. É fundamental captar o traço

distintivo que diferencia o ser descrito dos

demais.

A descrição de pessoas deve, além dos traços

físicos, ressaltar os traços psicológicos para que

se tenha um "retrato" mais completo da pessoa

descrita.

-- Página 11

Na prática, é difícil você encontrar um texto

exclusivamente descritivo. O que ocorre mais

comumente são trechos descritivos, inseridos em um

texto narrativo ou dissertativo. Por exemplo, em

qualquer romance (que é um texto narrativo por

excelência ), você perceberá várias passagens

descritivas, seja de personagens, seja de

ambientes.

"Quando um homem morre, ele se reintegra em sua

respeitabilidade mais autêntica, mesmo tendo

cometido loucuras em sua vida. A morte apaga, com

sua mão de ausência, as manchas do passado e a

memória do morto fulge como diamante. Essa, a tese

da família, aplaudida por vizinhos e amigos.

Segundo eles, Quincas Berro Dágua, ao morrer,

voltara a ser aquele antigo e respeitável Joaquim

Soares da Cunha, de boa família, exemplar

funcionário da Mesa de Rendas Estadual, de passo

medido, barba escanhoada, paletó negro de alpaca,

pasta sob o braço, ouvido com respeito pelos

vizinhos, opinando sobre o tempo e a política,

jamais visto num botequim, de cachaça caseira e

comedida."

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro

Dágua.

A descrição subjetiva

Muitas vezes, ao descrever um ser, não nos

limitamos a fornecer ao leitor um retrato exato e

fiel. Podemos passar-lhe um ponto de vista pessoal

daquilo que descrevemos, produzindo, dessa forma,

uma descrição subjetiva.

Essa visão pessoal do personagem, carregada de

juízos de valor, não deve ser considerada um

defeito, pois, na descrição, não devemos nos

limitar a fornecer ao leitor um retrato frio e sem

vida daquilo que se descreve - se assim fosse, a

descrição seria uma simples fotografia. É

necessário, portanto, ir além do simples retrato,

isto é, transmitir ao leitor uma visão pessoal ou

uma interpretação a respeito do que descrevemos.

-- Página 12

Ademais, salvo as descrições técnicas ou

científicas, toda descrição revela, em maior ou

menor grau, a impressão que o autor tem daquilo

que descreve.

"No fim da tarde, quando as luzes se acendiam na

cidade e os homens abandonavam o trabalho, os

quatro amigos mais íntimos de Quincas Berro Dágua

- Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim e Pé-de-Vento

- desciam a ladeira do Tabuão em caminho do quarto

do morro. Deve-se dizer, a bem da verdade, que não

estavam eles ainda bêbedos. Haviam tomado seus

tragos, sem dúvida, na comoção da notícia, mas o

vermelho dos olhos era devido às lágrimas

derramadas, à dor sem medidas, e o mesmo pode-se

afirmar da voz embargada e do passo vacilante.

Como conservar-se completamente lúcido quando

morre um amigo de tantos anos, o melhor dos

companheiros, o mais completo vagabundo da Bahia?"

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro

Dágua.

A descrição objetiva

Na descrição objetiva, transmite-se uma imagem

concreta e precisa. do que se descreve, destacando

nitidamente os detalhes característicos, para que

a imagem seja o mais próximo possível da

realidade.

Convém lembrar o que antes já dissemos:

excetuando as descrições técnicas ou científicas,

é difícil encontrar uma descrição absolutamente

objetiva, pois sempre haverá alguma interferência

do autor em relação àquilo que está sendo

descrito. O que vai distinguir uma descrição

objetiva de uma descrição subjetiva é o grau dessa

interferência.

Na descrição subjetiva, a interferência do autor

é sempre maior e costuma ser caracterizada pela

emissão de juízos de valor.Já na descrição

objetiva, o autor interfere menos, tentando nos

passar uma imagem mais próxima ao real, evitando

os julgamentos pessoais.

-- Página 13

"O santeiro, velho magro de carapinha branca,

estendia-se em detalhes: uma negra, vendedora de

mingau, acarajé, abará e outras comilanças, tinha

um importante assunto a tratar com Quincas naquela

manhã."

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro

Dágua.

-- Página 14

Capítulo 3

A narração – Tipos de discurso

A narração

A narração é o relato de um fato, de um

acontecimento, em que atuam personagens. Há sempre

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