Sergio Folha
Sergio Folha
Sergio Folha
www1.folha.uol.com.br
1 of 5 13/05/2020 16:54
Em conto inédito, Sérgio Sant'Anna narra as memórias de uma trave de... about:reader?url=https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/04/...
2 of 5 13/05/2020 16:54
Em conto inédito, Sérgio Sant'Anna narra as memórias de uma trave de... about:reader?url=https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/04/...
gol contra na minha baliza, mas um gol contra normal, pois foi cortar um
centro rasteiro e a bola deslocou, enganou, o Castilho e entrou. O
nosso goleiro teve de consolar o Duque, que estava quase chorando,
isso num reles treino.
Castilho é um grande profissional, ama tanto a profissão que fez com
que lhe amputassem um dedo da mão esquerda, que vivia inflamando.
E ali no tricolor ele não podia dar sopa, com a sombra do Veludo. A
amputação foi um ato heroico para a torcida tricolor, que idolatra o
nosso goleiro.
Mas nem todos são craques consumados, há o Escurinho na ponta-
esquerda, dotado de uma velocidade impressionante, foi comprado do
Vila Nova, de Minas, por causa disso, mas que muitas vezes centra alto
demais e a bola não chega nem perto de mim e muito menos do
Castilho. E às vezes é capaz de sair pela linha de fundo com bola e
tudo. Mas, com sua velocidade, puxa contra-ataques de uma rapidez
impressionante, que não raro terminam em gol nosso e às vezes dele
mesmo. Titular indiscutível.
Voltando ao time reserva, que hoje defendo, há outros jogadores muito
bons, pois o Fluminense atravessa uma boa fase. Tem gente que
aposta nele para ser campeão, embora o Flamengo esteja buscando o
tetra, com jogadores do quilate de um Rubens, um Evaristo, um Zagalo.
Fico sabendo deles pelos comentários dos que passam aqui perto do
gol, pois time grande só enfrenta o tricolor no Maracanã. Entre esses
nossos reservas há jogadores tão bons como o Emilson Peçanha,
apoiador, um negro bonito, do sul, cheio de categoria, que forma uma
dupla com o Ramiro, santista, outro craque.
Mas Zezé Moreira, o nosso técnico, é conhecido por sua obsessão
defensiva. No seu entender é uma “marcação por zona”. Mas no
pensamento de muitos é ferrolho mesmo. E a torcida arranca os
cabelos quando o Fluminense marca um gol num clássico e recua todo
para se defender, quase matando os torcedores do coração. E o Zezé
não está nada satisfeito com a gente hoje, pois já levamos quatro gols,
o último do Didi que, como se quisesse ir à forra da falta que bateu em
mim, quer dizer, na trave, chutou de efeito da entrada da área e
encobriu o Castilho, marcando o quinto gol.
O Castilho foi então substituído, não por que tivesse tido culpa nesses
gols, mas porque Seu Zezé, por psicologia, pelo menos eu penso
assim, queria poupar o goleiro da seleção de uma goleada homérica.
3 of 5 13/05/2020 16:54
Em conto inédito, Sérgio Sant'Anna narra as memórias de uma trave de... about:reader?url=https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/04/...
4 of 5 13/05/2020 16:54
Em conto inédito, Sérgio Sant'Anna narra as memórias de uma trave de... about:reader?url=https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/04/...
5 of 5 13/05/2020 16:54