Livro - Articulação Curricular Do Método ECIT

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 100

Articulação Curricular e

Projetos Empreendedores
Uma Prática Inovadora na
Rede Pública Estadual da Paraíba

3
Governador do Estado da Paraíba
RICARDO COUTINHO

Secretário de Estado da Educação da Paraíba


ALÉSSIO TRINDADE

Secretário Executivo de Administração


de Suprimentos e Logística de Educação
JOSÉ ARTHUR VIANA TEIXEIRA

Chefe de Gabinete
FRANKSUELLA LINS DO SANTOS

Assessoras de Gabinete
ANTONIETA SILVA NÓBREGA
TAÍSA DANTAS

Gerente do Ensino Médio


ROBSON RUBENILSON DOS SANTOS

Gerente de Educação Integral


GABRIEL DOS SANTOS SOUZA GOMES

Coordenadora de Educação
Técnica da Educação Integral
RAYSSA FERREIRA ALENCAR

4
Organização
Aléssio Trindade

Coordenação Técnica
Carla Christine Chiamareli

Autoria
Aléssio Trindade
Bruno Pires de Oliveira Rigolino
Carla Christine Chiamareli
Francisco Fechine Borges
Paulo Roberto da Cunha

Coautores
Antônio de Pádua Rique de Plácido, Alecsandro
de Paiva Farias, Ana Cecília Costa Nascimento,
Ana Lúcia de Freitas Oliveira, Antonio Avelino
Soares, Eliziane de Carvalho Carolino, Erikson Belo
de Ataide, Flaviano Moura Pereira, Flávio Soares da
Silva, George Bezerra da Silva, Greyce Michelinne
Rocha Martins, Janiele Tavares de Santana, Jeimes
Ferreira Campos, José Augusto Neto, José Saul
Pereira da Silva, Juliana Elisabeth Teixeira, Julyene
da Silva Costa Barros, Kaline Arlen Serrão, Kym
Kanatto Gomes Melo, Liliane Alves de Sousa, Luiz
Ferreira da Nóbrega Filho, Magally Morgana Lopes
da Costa, Manuel da Silva Azevedo, Manuelle
Cristine Silva, Maria dos Anjos de França Dias,
Maria Vânia Mendes da Silva, Paulo Henrique do Apoio
Nascimento, Rawlison Calixto de Vieira, Rayssa
Ferreira Alencar, Rinaldo Souto Xavier Filho,
Sayonara Maria Ferreira de Araújo, Thayene Gomes
Cavalcante, Washington Cesar lima da Silva
e William Ferreira Mendes

Comissão Técnica da Primeira Etapa


Márcio Gomes da Silva, Aerton Ferreira Diniz,
Ana Lúcia Fernandes, Edson Alves da Silva
e Mônica Souto Maior

Edição de Texto
Ricardo Prado

Capa
Hêvilla Costa

Projeto Gráfico e Diagramação


Andrea Petkevicius

Revisão de Texto/Copidesque
Across the Universe Communications

Coordenação Editorial
Márcia Leal

Agradecimentos
Ana Inoue, David Saad e Igor Lima

5
Sumário

Apresentação ..................................................................... 07 Projetos Empreendedores ......................................... 28

Pontos de Partida ............................................................ 10 Empresa Pedagógica .......................................... 30

Histórico ............................................................................... 11 Intervenção Comunitária ................................ 37

Implantação ........................................................................ 16 Inovação Social e Científica .......................... 42

Articulação Curricular ................................................. 17 Monitoramento .................................................... 45

Matrizes Curriculares ................................................... 23 Ações de Gestão .................................................. 48

Métodos de Resolução de Problemas ...... 48

Considerações Finais .................................................... 52

Referências ........................................................................... 54

Anexo

Relatos de Práticas

Apêndice

Matrizes Curriculares

6
Apresentação

Transformar a realidade social tendo como um dos


principais pilares a melhoria da educação pública
ofertada à população é uma das metas estabelecidas
que norteiam a gestão do Governador do Estado
da Paraíba, Ricardo Coutinho.

Com o objetivo de alcançá-la, fez-se ne- Considerando que o período letivo


cessário que a Secretaria de Estado da Edu- se estenderia para 9 horas de atividades
cação, ao longo dos últimos anos, realizasse educacionais diárias e que a escola se
diferentes ações. Entre elas, a implantação modificaria, de forma ainda mais signi-
de um novo modelo de escola pública, que ficativa, em um espaço de aprendizagem
rompeu diversos paradigmas do que, até constante, mostrou-se necessário fortale-
então, se entendia por ensino e aprendiza- cer o papel do estudante como autor da
gem na Rede Pública Estadual de Ensino. construção da própria aprendizagem, por
Em 2015, quando assumimos o desa- meio da aquisição de competências que o
fio de conduzir a Secretaria de Educação capacitasse e convidasse a pensar, dialo-
paraibana, tínhamos em mãos várias res- gar, construir e intervir, de modo a trans-
ponsabilidades, e uma delas era iniciar a formar sonhos em realidade.
implantação de uma política pública vol- Este novo modelo de escola não oferta-
tada para a organização e funcionamento ria ao estudante apenas conteúdos didáti-
de unidades de ensino em tempo integral, cos tradicionais, mas teria como foco uma
que atendessem às metas tanto do Plano proposta curricular diferenciada, com me-
Nacional como Estadual de Educação. todologias específicas e centradas no con-
Vivemos em um mundo em constante ceito de formação dos jovens a partir do
transformação, e é fundamental preparar fortalecimento do projeto de vida de cada
os jovens para compreender essas mudan- um deles. Isto é, considerando a formação a
ças, de tal forma que nelas possam inter- partir de uma base curricular comum e de
vir e crescer. Nesse sentido, ao pensar um um currículo diversificado.
novo modelo de escola, agora em tempo Ainda em 2015, demos andamento ao
integral, percebemos que não poderíamos desenho da política de Educação Integral
nos amparar em métodos antigos, em que o para o Ensino Médio e criamos a Escola
professor detinha o conhecimento e o estu- Cidadã Integral – ECI. Nesse momento,
dante era somente um receptor. verificamos também, dentro do contexto

7
da aprendizagem como base para a realização
de sonhos, ser necessário fortalecer, além do
ensino integral, o ensino profissional e técni-
co, uma vez que é natural que os anseios da ju-
ventude girem em torno da inserção no mun-
do do trabalho e as inúmeras possibilidades
que se apresentam. Assim, criamos também a
Escola Cidadã Integral Técnica – ECIT.
No ano seguinte, iniciamos a implantação
desse modelo de educação integral em oito es-
colas, sendo cinco ECIs e três ECITs. Em 2017,
ampliamos para 33 escolas, das quais 7 eram
ECITs. Até alcançarmos, em 2018, um total de
100 escolas, com 69 ECIs e 31 ECITs.
Para implantar uma escola com foco no pro-
tagonismo juvenil, o Estado investiu em infra-
estrutura, dotando as unidades de ensino com
equipamentos adequados para o estudante
construir a própria aprendizagem e vivenciar
atividades teóricas e práticas. Dessa forma, to-
das as escolas integrais foram equipadas com
laboratórios de Robótica, Matemática, Ciên-
cias, Física, Elétrica, Mecânica e Ondas, con-
tando com sistemas portáteis de aquisição de
dados e com impressoras 3D em cada unidade.
No que se refere ao âmbito pedagógico, tam-
bém foi necessário ir além dos investimentos já
realizados pelo Estado. Pensando em melhorar
a forma de implantar o modelo de educação
integral citado, onde o protagonismo juvenil é
a base da formação, definimos como proposta
curricular o método da Escola da Escolha, que
tem como princípios norteadores a pedagogia
da presença, o protagonismo juvenil e o projeto
de vida do estudante. Para tanto, estabelece-
mos parcerias com o Instituto de Corresponsa-
bilidade pela Educação – ICE, com o Instituto
Natura, o Instituto Sonho Grande e o Itaú BBA.
Ao final de 2016, realizamos um balanço
avaliativo das oito escolas nas quais o mode-
lo foi implantado inicialmente e verificamos
que o currículo aplicado nas ECITs não ofere-
cia atividades específicas voltadas ao prota-
gonismo profissional. Essa lacuna fazia com
que a formação nas unidades de ensino não

8
estivesse em conformidade com a missão es- Além disso, as escolas se abriram para uma
pecífica que deve nortear as escolas técnicas: interação efetiva com a comunidade e as em-
formar os estudantes para o sucesso na vida presas do entorno, e os estudantes vivenciaram
social e profissional por meio da aquisição de atividades práticas, criaram tecnologias sociais
competências e habilidades para o mundo do e elaboraram projetos com soluções de proble-
trabalho e para o curso técnico específico es- mas reais enfrentados no cotidiano das empre-
colhido pelo estudante. sas e da comunidade onde vivem.
Desse modo, sugerimos aos parceiros que Convidamos todos a lerem a sistematiza-
desenhássemos e implantássemos um Projeto ção da nossa experiência em criar coletiva-
Piloto em uma ECIT com o objetivo de con- mente uma proposta nunca antes vivencia-
tribuir para o protagonismo profissional dos da pela Rede Estadual de Ensino da Paraíba
estudantes, de tal forma que fossem capazes e com potencial para permanecer e expan-
de transformar a si mesmos, a comunidade em dir-se ainda mais.
que estão inseridos e o setor produtivo. Para
participar do Projeto Piloto, selecionamos a ALÉSSIO TRINDADE
ECIT Erenice Cavalcante Fidelis, localizada Secretário de Estado da Educação da Paraíba
no município de Bayeux, que oferta cursos téc-
nicos de Design de Móveis e Mecânica.
Queríamos algo inovador, transformador
e sustentável, que pudesse posteriormente ser
expandido para as demais ECITs, e assim o fi-
zemos. Contamos com a participação dos profis-
sionais da escola selecionada, mas também com
coordenadores e professores das outras sete
ECITs que integram a Rede Estadual de Ensino.
Ofertamos formação para 33 profissionais
das escolas, construímos um currículo arti-
culado entre a área propedêutica e técnica
pautado em aquisição de competências e ha-
bilidades, reelaboramos as matrizes curricu-
lares, criamos três projetos empreendedores,
que compõem a formação geral para o traba-
lho do currículo técnico.
Implantamos uma proposta curricular
construída coletivamente com assessores
técnicos, formadores, professores e coorde-
nadores pedagógicos técnicos e propedêuti-
cos, que trouxe resultados bastante positivos,
uma vez que conseguimos proporcionar aos
estudantes uma aprendizagem significativa,
com interação direta com a comunidade e
com as empresas locais. Formamos também
um grupo de líderes com profissionais da
Rede Estadual responsável pela expansão do
projeto nas demais escolas.

9
Pontos de Partida

A partir da implantação, em 2016, das


oito ECIs, das quais três eram técnicas
(ECITs), a Rede de Educação da Paraíba
iniciou a oferta de cursos técnicos inte-
grados ao Ensino Médio, composto por
disciplinas propedêuticas e técnicas,
além de uma parte diversificada com op-
ções de escolha pelo estudante de disci-
plinas eletivas e clubes juvenis. O método
teve como princípio pedagógico orienta-
dor o projeto de vida do estudante, trata-
do em uma disciplina específica chamada
Projeto de Vida, e previu também outras
ações, como a disciplina de Orientação
de Estudos e a Tutoria.
No entanto, durante o processo de im-
plantação, realizado ao longo deste ano, o
Secretário de Estado da Educação (SEE)
da Paraíba, Aléssio Trindade, se inquietou
pelo fato de as ECITs seguirem o mesmo
modelo pedagógico inovador das ECIs
na parte diversificada e, na parte técni-
ca, se diferenciarem apenas pela oferta
de componentes curriculares específicos.
Faltavam ações que mantivessem a escola
sintonizada com desafios comunitários e
empresariais relacionados às atividades
do mundo do trabalho, além de garantir
um foco na parte diversificada capaz de
promover o protagonismo profissional e
social do estudante.
Dessa forma, conjuntamente, os par-
ceiros e a equipe da SEE optaram por
realizar um projeto piloto voltado para
as ECITs, que articularia o currículo téc-
nico com o propedêutico, com a prepara-
ção básica para o trabalho e com a parte
diversificada do currículo, além de criar
disciplinas eletivas voltadas ao protago-
nismo profissional e social.

10
Histórico

O processo de elaboração e implantação do Projeto Piloto seguiu as etapas mostradas na Figura 1.

figura 1 – projeto piloto

visitas a
empresas criação das apresentação
para definir a metodologias para
metodologia para a apoiadores
da preparação preparação e elaboração entrega
desenho 1ª articulação básica para básica para do desenho 1º encontro 2º encontro 3º encontro finalização da 1ª versão
piloto curricular o trabalho o trabalho da formação de formação de formação de formação do produto da publicação

nov/2016 dez/2016 fev/2017 mar/ mai/ jul/2017 out/2017 dez/2017 fev/ abr/2018
jan/2017 abr/2017 jun/ mar/2018
jul/2017

fonte: autores (2018)

1a etapa – Desenho do Projeto Piloto 2a etapa – Articulação curricular


Aqui foram contempladas três ações cen- A segunda etapa constituiu a elaboração da
trais: o desenho do Projeto Piloto, com a se- versão inicial da articulação curricular, por
leção da escola e do público-alvo, a compo- meio de duas ações centrais: reorganização
sição de uma equipe técnica e a elaboração dos componentes curriculares da parte téc-
de um Plano de Ação. nica específica, em um primeiro momento, e
A equipe foi composta por uma represen- articulação curricular entre a parte técnica e
tante dos parceiros, para coordenar e asses- a propedêutica em seguida.
sorar o processo inteiro até a implantação, A equipe do projeto alterou alguns
um profissional da equipe da SEE, um pe- dos componentes curriculares dos cursos
dagogo e quatro profissionais especialistas bem como realizou ajustes na carga horá-
– dois da área de Design de Móveis e dois ria, quando se constatou a sobreposição
da área de Mecânica –, já que a unidade se- de conteúdos ou quando estes não se co-
lecionada, ECIT Erenice Cavalcante Fide- nectavam aos objetivos do projeto peda-
lis, também conhecida como ECIT Bayeux, gógico dos cursos, considerando-se seu
oferta cursos técnicos nessas duas áreas. alinhamento às necessidades dos arranjos
O Plano de Ação para a implantação do produtivos locais. Os novos componentes
Projeto Piloto estabeleceu prazos para a re- curriculares deveriam permitir que o es-
alização da articulação curricular, elabora- tudante tivesse ciência do perfil profissio-
ção de metodologias empreendedoras, visi- nal esperado para ingresso no mercado de
tas às empresas locais que pudessem atuar trabalho, bem como clareza dos conteúdos
como parceiras e a previsão de um seminá- que seriam trabalhados na parte específi-
rio com o setor produtivo. ca ao longo dos três anos.

11
O currículo do curso técnico implantado Pouca definição da aprendizagem
nas ECITs, além da seção propedêutica, é di- esperada pelos estudantes.
vidido em duas partes, uma que contempla Pouca clareza da distribuição
a preparação básica para o trabalho e outra dos conteúdos ao longo dos três anos.
com componentes curriculares específicos
dos cursos ofertados. As ponderações apresentadas pelo espe-
Nas duas ações centrais da fase de articula- cialista levaram à seguinte reflexão da equi-
ção curricular foram alterados, realocados, in- pe: para elaborar um currículo pautado em
cluídos e excluídos componentes curriculares e competências e habilidades, seria necessário
conteúdos programáticos da parte propedêutica, ofertar formação aos profissionais, uma vez
diversificada, comum e técnica. A segunda gran- que, historicamente, os currículos sempre fo-
de ação foi de articulação da parte propedêutica ram mais conteudistas, e pensar o currículo
com a técnica e com a parte diversificada. em termos de competências e habilidades re-
O resultado da segunda etapa de articula- quer mudança de paradigma e de prática pe-
ção curricular, na qual ocorreu um replaneja- dagógica dos docentes. Quanto à dificuldade
mento dos conteúdos ofertados nos compo- em estabelecer a articulação entre as discipli-
nentes curriculares propedêuticos, levando em nas, promover ações interdisciplinares entre
consideração as habilidades e competências componentes propedêuticos e técnicos espe-
necessárias para a formação técnica nos cursos cíficos nunca foi uma tarefa fácil, e esse era
oferecidos, teve como produto as matrizes rea- um dos desafios que o projeto apresentava.
dequadas, além de planos para os componen-
tes curriculares das três áreas do curso: prope- 4a etapa – Empresas parceiras
dêutica, técnica e diversificada. Ao final da etapa de articulação curricular e
paralelamente à etapa de análise crítica do
3a etapa – Leitura crítica material produzido, a equipe do Projeto Pi-
Na 3ª etapa, um especialista em currículos foi loto realizou visitas a empresas locais a fim
convocado para fazer uma análise do material de verificar, do ponto de vista dessas empre-
produzido na etapa de articulação curricular. sas, quais eram as maiores potencialidades
Vale dizer que a análise do especialista não e dificuldades encontradas ao contratar um
adentrou no mérito dos conteúdos programá- jovem na condição de aprendiz ou estagiá-
ticos das partes propedêutica e técnica, mas rio. Foram entrevistados profissionais de
focou na metodologia, na organização e no sete empresas: Usina Monte Alegre, Usina
produto final da articulação entre ensino pro- Japungu, Coteminas, Jornal A União, Al-
pedêutico, técnico e parte diversificada. pargatas, Penalty e Florence.
A leitura crítica destacou os seguintes As entrevistas foram sistematizadas e, das
aspectos que poderiam ser redefinidos ou sete empresas, seis dispunham de programa
aperfeiçoados, como segue. de estágio universitário, e destas, cinco con-
tavam com programas de aprendizagem e to-
Planos construídos com base em das previam efetivar o jovem após o término
conteúdos e não em objetivos de do contrato por meio de processo seletivo. Por
aprendizagem, competências e habilidades. outro lado, notou-se um distanciamento entre
Pouca articulação e interdisciplinaridade o conteúdo ministrado na escola e as neces-
entre componentes curriculares, parte sidades imediatas das empresas: geralmente,
diversificada e parte propedêutica. segundo os entrevistados, os cursos técnicos
Objetivos pautados na ação docente ofertados são mais generalistas.
e não na aprendizagem dos estudantes. Em todas as empresas visitadas, os princi-
Objetivos genéricos, com pais aspectos mencionados como frágeis em
pouca especificação quanto relação aos aprendizes referiam demandas
aos conteúdos apresentados. que ultrapassam as habilidades específicas

12
ensinadas nos cursos técnicos, mas dizem res- Empresa Pedagógica;
peito a questões comportamentais e cognitivas Intervenção Comunitária; e
que deveriam, também, ser trabalhadas no Ensi- Inovação Social e Científica.
no Médio, regular ou técnico. Demandas como a
necessidade de comprometimento, assiduidade, Nesse contexto, é importante ressaltar que,
pontualidade, ética, maturidade de atitudes e ainda que existisse uma real preocupação com
adequação de vocabulário etc. o aperfeiçoamento da formação técnica dos es-
Dessa forma, pensou-se, num primeiro momen- tudantes, a equipe não teve intenção de alterar
to, em criar projetos empreendedores que garantis- os princípios e metodologias que norteiam as
sem o desenvolvimento das habilidades identifica- ECIs, das quais fazem parte as ECITs, mas so-
das pelas empresas visitadas como importantes. mar projetos à estrutura vigente. Dessa forma
Para tanto, deveriam ser garantidas ações pedagó- os três projetos empreendedores compuseram
gicas que possibilitassem aos estudantes vivenciar o currículo preparação básica para o trabalho
situações-problema reais, gerando um ambiente dos cursos técnicos.
pedagógico autêntico para que desenvolvessem Vale salientar que os cursos técnicos são com-
autonomia e adquirissem competências de resolu- postos por um conjunto de componentes curri-
ção de problemas e de dificuldades socioemocio- culares de preparação básica para o trabalho e
nais, de tal forma que pudessem articular o projeto outro de formação técnica específica de acordo
de vida à capacidade de transformação social. com curso ofertado pela escola.
Nessa perspectiva, foram elaboradas três Desse modo, ao final do processo de forma-
metodologias que permitiriam aos estudantes ção, da articulação curricular, das matrizes curri-
compreender o contexto onde estão inseridos, culares reelaboradas e da criação das sequências
vivenciar experiências investigativas, identificar didáticas empreendedoras, o desenho do Projeto
problemas e propor soluções: Piloto se apresentou como mostra a Figura 2.

figura 2 – percurso do projeto piloto

l.e.
função
social da ept:
currículo informática protagonismo
propedêutico profissional;
h. e s.t. conhecimento
preparação
e habilidades
básica para
o trabalho i.s.c. significativas
para a vida,
currículo mundo do
técnico e.p.
trabalho
e atuação
i.c. profissional

médio
prazo
projeto disciplinas é desejável que as eletivas também
de vida eletivas visem ao protagonismo profissional
longo
prazo

l.e. = língua estrangeira / h. e s.t. = higiene e segurança do trabalho / i.s.c. = inovação social e científica / e.p. = empresa pedagógica / i.c. = intervenção comunitária
fonte: autores (2018)

13
5a etapa – Encontro com
o setor produtivo
Finalmente, a quinta etapa correspondeu à
realização do Seminário da Educação com o
setor produtivo local, com a consequente va-
lidação por parte das empresas parceiras dos
projetos empreendedores, que serviu para am-
pliar o diálogo com as empresas na constru-
ção de currículos que fizessem mais sentido e
promovessem uma melhor inserção produtiva
dos estudantes no mercado de trabalho.
Participaram do seminário, além do Go-
vernador Ricardo Coutinho, seis Secretários
de Estado e representantes da Federação das
Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), Feco-
mercio, Senai, Senac, Sebrae-PB e Sebrae-MG,
Instituto Federal do Espírito Santo, CIEE, Uni-
versidade Estadual da Paraíba, Samsung, Usina
Japungu, Associação Brasileira de Recursos
Humanos, entre outros. Ao todo, 58 empresas
locais compareceram ao evento, além de pro-
fissionais que atuam nas ECITs e equipes das
Secretarias de Estado envolvidas.
No seminário, foi apresentado o modelo
das Escolas Cidadãs Integrais Técnicas, a pes-
quisa realizada com as empresas e a solução
curricular proposta a partir dos projetos em-
preendedores. Todo o processo foi validado e
aprovado pelos participantes.

14
Implantação

Uma vez apresentado o ponto de partida e as bases


que fundamentaram o desenvolvimento do Projeto
Piloto, o passo seguinte foi implantar a formação
dos docentes, que precisariam apropriar-se de
metodologias que pudessem promover o protagonismo
profissional e social entre os estudantes.

Desenho da formação seja, não foi elaborado um método de articu-


O desafio foi planejar um desenho de for- lação curricular prévio, tampouco sequências
mação que atendesse às necessidades iden- didáticas estanques. Optou-se por construir
tificadas na leitura crítica e no mapeamento os métodos coletivamente com os partici-
feito com as empresas, que permitisse aos pantes ao longo do processo de formação,
participantes, ao final do processo, construir uma vez que, para mediar a construção de
currículos articulados pautados em compe- conhecimento do estudante, de tal forma que
tências e habilidades, bem como conceber seja capaz de adquirir habilidades para vida
projetos empreendedores voltados ao pro- social e profissional, o professor também pre-
tagonismo profissional e social. cisa ser protagonista do próprio planejamen-
Essa etapa foi dividida em três ações to e da condução das aulas. Pensar juntos e
principais: definição do público-alvo, se- criar coletivamente fizeram com que profes-
leção de temas e conteúdos e carga horá- sores também fossem autores de metodolo-
ria da formação. gias e sequências didáticas que extrapolam a
apreensão de conhecimentos, promovendo a
1. Definição do público-alvo aquisição de competências para a vida.
Para selecionar o público-alvo a equipe Nesse sentido, estava posto o desafio de
levou em consideração aspectos que permi- pensar a formação, bem como os temas e
tissem implementar um projeto piloto, que conteúdos que seriam trabalhados, a fim de
posteriormente possibilitasse sua amplia- gerar um material pedagógico com a identi-
ção nas demais escolas cidadãs integrais dade do grupo e das escolas representadas.
técnicas. Assim, o grupo foi composto por A articulação do currículo pautado em
alguns professores e coordenadores peda- competências e habilidades ainda é tema
gógicos e técnicos das 8 ECITs, além de pouco conhecido e explorado pelas redes
professores multiplicadores, de forma que de ensino, bem como a construção de se-
tivesse, pelo menos, um representante de quências didáticas que promovam o pro-
cada área do conhecimento. Assim, o gru- tagonismo social e profissional. Em vista
po formou-se com profissionais dos 9 mu- disso, foram selecionados três eixos para
nicípios paraibanos: Bayeux, Cajazeiras, compor a formação:
Coremas, Cuité, Mamanguape, Santa Rita,
Sapé, São Bento e a capital, João Pessoa. planejamento pautado em
competências e habilidades;
2. Seleção de temas e conteúdos inovação social e científica –
A equipe adotou como princípio norte- oficina de criatividade; e
ador da formação a construção coletiva, ou métodos de resolução de problemas.

15
a. Planejamento pautado em de inovação social e científica, pedagogia de
competências e habilidades projetos, identificação de problemas e planeja-
Com o objetivo de elaborar o currículo ar- mento de soluções, construção de tecnologias
ticulado pautado em competências e habilida- sociais e uso de ferramentas de e-learning.
des foi necessário ofertar aos participantes um
arcabouço teórico conceitual que permitisse c. Métodos de resolução de problemas
uma compreensão da prática cotidiana sobre As habilidades para o protagonismo profis-
esses conceitos. O currículo se expressa, na sional, identificadas nas visitas realizadas às
sala de aula, sempre por meio de atividades empresas, deixaram evidente que, para se tor-
para os estudantes desenvolverem. nar um adulto emancipado, o estudante precisa
O objetivo foi convidar os participantes a ter capacidade de resolver problemas das mais
experimentarem outra lógica de pensamento, diversas naturezas; lidar com desafios pessoais,
planejando objetivos de aprendizagem e ativi- como desenvolver autonomia, resiliência e ca-
dades em prol da aquisição de competências e pacidade de liderança, além de enfrentar a frus-
habilidades que promovessem a função social tração e desafios profissionais, como ter boa
do Ensino Médio; ou seja, formar estudantes comunicação, pensamento estratégico, visão
capazes de interagir e transformar o meio em sistêmica, flexibilidade, capacidade de análise
que vivem, aprofundando e aplicando os co- de dados, raciocínio lógico, além de saber pro-
nhecimentos adquiridos no Ensino Fundamen- por soluções, construir textos etc.
tal e na área propedêutica do Ensino Médio. Para conseguir desenvolver nos estudan-
Três encontros abordaram temas como a tes as demandas identificadas, tanto pessoais
função social do Ensino Médio e Técnico, a le- quanto profissionais, o professor também pre-
gislação vigente, a Base Nacional Curricular cisaria ser formado em métodos de resolução
Comum (BNCC), conceitos de competências e de problemas, visto que tais metodologias são
habilidades e como pensar as áreas curricula- pouco utilizadas na formação inicial ou con-
res a partir delas. O uso de ferramentas tecno- tinuada docente. Assim, a equipe optou por
lógicas para planejamento e monitoramento ofertar as seguintes metodologias de resolu-
da aprendizagem e algumas metodologias de ção de problemas: Kanban, Canvas e Design
articulação curricular também foram apresen- Thinking (vide página 49).
tadas nesses encontros de formação docente.
3. Carga horária da formação
b. Inovação social e científica Os formadores do grupo foram consulta-
– oficina de criatividade dos para identificar qual o tempo mínimo de
A prática de inovação social e científica é formação necessário para cada eixo, com o
baseada na participação dos estudantes em objetivo de conseguir construir as matrizes
oficinas práticas, em ações facilitadas pelos de forma a alcançar os resultados esperados
professores, cujo tema gerador é o desenvol- ainda no ano letivo de 2018.
vimento de tecnologias sociais relacionadas à Isso posto, a equipe definiu que seriam ofer-
área de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Ma- tadas aos participantes 156 horas de formação,
temática, com o diferencial de serem aplicadas sendo 120 horas presenciais e 36 horas por en-
na solução de problemas reais de comunidades, sino a distância (EaD). As formações foram di-
órgãos públicos, empresas e associações comu- vididas em três encontros de 40 horas, sendo 16
nitárias do entorno institucional da ECIT. horas destinadas ao planejamento pautado em
Com o objetivo de desenvolver nos es- competências e habilidades, 16 horas para inova-
tudantes as habilidades identificadas como ção social e científica e 8 horas de metodologias
essenciais para o sucesso na vida social e de resolução de problemas. Entre os encontros
profissional, a equipe optou por ofertar uma presenciais foi prestada assessoria aos formado-
formação que permitisse a estudantes e pro- res para sanar eventuais dúvidas do grupo no
fessores identificarem problemas reais e pro- desenvolvimento das tarefas nas escolas.
por soluções de baixo custo, fácil aplicabilida-
de e forte geração de impactos sociais. Resultados da formação
Nesse sentido, foram tratados temas como: Os capítulos seguintes apresentam detalha-
fundamentação (teórica e prática) da proposta damente os resultados obtidos na formação.

16
Articulação Curricular – competências
e habilidades em tempos de imprevisibilidade

O desafio de construir um currículo não está apenas


em pensar os jovens e as escolas, está em pensar
o mundo a partir dos jovens e das escolas. Este
mundo, complexo e dinâmico, deve ser compreendido
estabelecendo-se conexões entre fatos passados
e presentes que denunciam as inter-relações entre
povos e comunidades muito diferentes e desiguais.
Tal interdependência é uma condição da realidade
que se evidencia cotidianamente em nossa vida.

A ideia de que estamos em uma aldeia Assim, um currículo pensado de for-


global é uma forma de ressaltar a íntima ma integrada não se restringe a articular
conexão entre seres humanos, países, po- as áreas de conhecimento, a formação
vos, culturas e natureza. profissional e as estratégias didáticas.
Imprevisibilidade é outra marca da Requer, além disso, criar oportunidades
sociedade moderna. Uma sociedade sem para que estudantes se reconheçam na
rumos traçados, à mercê das possibili- diversidade, analisem o próprio contexto
dades, eventos e novas criações que se de vida e da realidade local, desenvolvam
sucedem em uma dinâmica que não per- habilidades de leitura do mundo nas di-
mite acomodação. ferentes dimensões, sejam aptos a se co-
É nesse contexto que devemos pensar municar com diferentes interesses e pú-
as escolas e a formação das juventudes. blicos e, também, sejam capazes de atuar
Escolas e juventudes porque são plurais e intervir sobre uma realidade que, a todo
e diversas e, mesmo compartilhando um momento, se modifica.
mundo global, partem de realidades sin- Foi considerando esse panorama que
gulares. Realidades que devem estar ex- se propôs a articulação curricular para os
pressas e referenciadas nas práticas esco- cursos técnicos da SEE da Paraíba a par-
lares, não para serem cristalizadas, mas tir da lógica de desenvolvimento de com-
para serem transformadas. petências e habilidades (Figura 3).

17
figura 3 – diferentes instâncias que afetam à aptidão do indivíduo em executar as atividades
a definição e a construção de um currículo
propostas de forma exitosa. O que é corroborado
com o conceito de Perrenoud (1999), para quem
competência é a forma eficaz de enfrentar situa-
ções, de modo a articular consciência e recursos
cognitivos com saberes, capacidades, atitudes,
compromissos

cultura e
internacionais
transformações
informações e valores, tudo de maneira rápida,
conhecimentos sociais, criativa e conexa. Este autor enfatiza a ideia de
prévios culturais e
econômicas que competências não são objetivos, não são in-
dicadores de desempenho e tampouco potencia-
lidades da mente humana, pois as competências
valores
tipos de
conhecimento
só se desenvolvem e se manifestam por meio
da aprendizagem – ou seja, competências são
construídas e adquiridas.
currículo Na perspectiva curricular, a educação por
ambiente competências apresenta algumas características
escolar políticas
públicas e princípios que a diferenciam dos modelos tradi-
cionais, sendo que, para desenvolver competên-
cias, é preciso trabalhar a partir de situações-pro-
procedimentos blema. Isso significa propor tarefas complexas e
didáticos/
pedagógicos
instâncias
de poder
desafios que incitem os estudantes a mobilizar
conhecimentos e, em certa medida, completá-
relações mundo -los, na busca de encontrar soluções viáveis para
sociais do trabalho
os desafios propostos. Essas tarefas complexas
devem considerar, entre outros aspectos, a parti-
cipação ativa dos estudantes; o intercâmbio con-
fonte: autores (2018)
tínuo de informações e experiências entre eles e
com os professores; tarefas abertas que descorti-
nem possibilidades para diferentes abordagens
e estratégias de soluções, que possam chegar a
O que são competências? diferentes resultados; e situações que estejam
A educação baseada em competências pas- em sintonia com a cidade, com o bairro ou com o
sou a ser disseminada no Brasil com maior contexto de vida dos estudantes.
destaque na década de 1990, em decorrência É importante, e necessário, que os profes-
do uso desse conceito na Reforma do Ensino sores entendam que, na perspectiva do currí-
Brasileiro ocorrida à época. As competências culo por competências, “dar o seu curso” não
estão presentes nos principais documentos é o cerne da atividade docente, como salien-
da reforma, como os Parâmetros Curriculares tou Perrenoud (2000, página): “Ensinar hoje
Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), os Parâme- deveria consistir em conceber, encaixar e re-
tros Curriculares Nacionais do Ensino Médio gular situações de aprendizagem, seguindo
– PCNEM (BRASIL, 2000), o Sistema de Ava- princípios pedagógicos ativos (…)”.
liação da Educação Básica – Saeb (BRASIL, Além disso, conceber situações-problema
2008) e a BNCC (BRASIL, 2017). como norteadoras do processo de ensino e
Competência, segundo a Enciclopédia de Pe- aprendizagem estabelece um papel diferente
dagogia Universitária (2010), refere-se ao sentido para os tradicionais conteúdos, sejam disci-
de um saber fazer que requer um conjunto de sa- plinares, conceituais, motores/procedimen-
beres, procedimentos (estratégias) e implica um tais, atitudinais, sejam socioemocionais.
posicionamento diante daquilo que se apresenta O desenvolvimento de competências a serem
como desejável e necessário. Portanto, no âmbito propostas no contexto curricular requer conteú-
educacional, a palavra competência relaciona-se dos de diversas disciplinas, de diferentes áreas

18
do conhecimento; e, dessa forma, selecionar e Reorganizando o currículo
trabalhar tais conteúdos deixa de ser uma prer- por competências
rogativa apenas da disciplina e do especialista. No início do processo, o desafio da equipe
Os conteúdos devem estar a serviço de algo foi compreender o sentido de competências
maior, ou seja, devem ser selecionados a partir para o processo formativo de jovens e que
da contribuição que podem dar aos estudantes mudanças se faziam necessárias na estru-
no desenvolvimento de habilidades e compe- tura de cursos, escolas, salas de aula e da
tências específicas. Dessa forma, o caráter dis- própria SEE, para que a lógica de ensino por
ciplinar dos conteúdos deve estar em segundo competências fosse implantada.
plano, priorizando-se um currículo integrado, Dessa forma, a equipe se debruçou so-
que expresse uma articulação dos conteúdos bre os cursos técnicos que estavam sendo
com conceitos estruturantes e processos meto- propostos e passou a projetar, em termos
dológicos, tudo a serviço da aprendizagem. de competências, que tipo de egresso cada
Portanto, construir um currículo nesses curso pretendia formar. Na sequência, essas
moldes significa, acima de tudo, educar os jo- características foram cotejadas com as com-
vens para um fazer reflexivo e crítico, no bojo petências gerais propostas no documento
de seu grupo social, analisando o mundo e o promulgado pela BNCC (Brasil-2018). E,
contexto que os cerca. O que coloca a educa- dessa forma, elaborou-se um conjunto de
ção a serviço das necessidades reais dos estu- competências que refletia o perfil dos estu-
dantes, para sua vida e sua preparação para o dantes ao término de cada curso.
mundo do trabalho. Propor uma organização Em uma última etapa, a equipe buscou
curricular por competências supõe, então, mu- analisar como decompor cada competência
dança na postura metodológica da ação peda- proposta para determinado curso em habili-
gógica docente (Figura 4). dades que conciliassem recortes temáticos/
conceituais e estratégias didáticas que ex-
figura 4 – temas que nortearam pressassem expectativas de aprendizagem.
Cada habilidade foi então analisada em rela-
os encontros para a articulação curricular
ção à inserção nos diferentes componentes
dos cursos técnicos das ecits
curriculares, o que permitiu elaborar uma
matriz para cada curso a partir das compe-
tências, articulando as diferentes habilida-
des por componentes curriculares (de for-
mação propedêutica e técnica) e projetando
o processo de formação do estudante ao lon-
educação
go dos três anos do Ensino Médio.
baseada em

O que são habilidades?


competências

estratégias de Habilidades são uma série de procedimentos


ensino adequadas
à educação por mentais que o indivíduo aciona para resol-
competências
ver uma situação real, quando precisa tomar
uma decisão. Trata-se, portanto, de uma se-
resolução relação entre quência de modos operatórios, induções e
de problemas
e contextos
formação
técnica e
deduções, na qual são utilizados diferentes
de aprendizagens propedêutica
conhecimentos, procedimentos e esquemas
cognitivos. Com isso, salientamos uma dife-
construção de articulação das
competências competências rença importante entre a educação tradicio-
específicas para gerais da bncc com
cada curso as competências nal (baseada na acumulação de saberes) e a
técnico específicas
dos cursos educação baseada em competências. Nesta
técnicos
última, as habilidades são o foco da aprendi-
relação competências relação entre
entre gerais da componentes zagem e não apenas os conhecimentos.
competências bncc e outros curriculares
e habilidades documentos oficiais e habilidades

fonte: autores (2018)

19
Planejamento didático
FUNDAMENTOS A construção destas matrizes também con-
DE UM CURRÍCULO
tribui com outra etapa importante da estru-
POR COMPETÊNCIAS
turação de um currículo, que diz respeito ao
Colocar foco na construção planejamento didático. Este planejamento
de competências. apresenta diferentes dimensões, no entanto,
Definir qual o perfil de cidadão criar estímulos e situações favoráveis para
que se pretende formar. que ocorra de forma mais coletiva contribui
Tomar sempre por base as para a articulação de projetos, a otimização
competências para selecionar de tempo, a aprendizagem significativa dos
os conteúdos curriculares. estudantes, além de possibilitar maior orga-
Considerar os conhecimentos nicidade à prática docente.
como recursos a serem mobilizados O esquema a seguir ilustra os diferentes
para a aprendizagem, e não como aspectos estudados para o enfrentamento
a aprendizagem em si. dos desafios em relação ao planejamento nas
Reconhecer a natureza unidades escolares (Figura 5).
interdisciplinar e transdisciplinar
dos conhecimentos.
Adotar contextos interdisciplinares,
figura 5 – desafios no planejamento escolar
ora em relação às temáticas,
ora em relação à enunciação
de situações-problema. análise de
contexto de
Utilizar a estrutura por habilidades/ temas atuais
competências para aglutinar
componentes, permitindo uma
apresentação mais modular do estratégias
cuja
de estudo
currículo, mesmo considerando a atual pelos
novas seleção
habilidades
ideias nos que permita a deve
organização do sistema educacional estudantes estudantes priorizar as

por componentes curriculares. que


promovam

Reconhecer que toda aprendizagem


é individual sem ignorar que as
que que ideias nucleares competências
dinâmicas coletivas, envolvendo ampliem provoquem das áreas de
conhecimento
trocas, estratégias de ensino e
mobilização também são promotoras
das aprendizagens.
estratégias planejamento
Reconhecer que as pessoas se de ensino de pesquisa
orientam melhor quando identificam identificar

metas a serem atingidas.


Reconhecer que as pessoas se diversificar desenvolver

envolvem mais com a própria


aprendizagem quando a articulam aos explicações desafios para
interação e
baseadas construir o planejamento promover
próprios contextos de vida. em evidências articulado
cooperação

Reconhecer que o processo de


aprendizagem é mais fácil quando permitir ampliar

o estudante sabe precisamente o


desempenho que se espera dele. favorecer

Reconhecer que é mais provável avaliação processos


processual comunicativos
que o estudante faça o que se espera
dele, e identifique o que deseja
de si próprio, se lhe é concedida mudanças
progressivas
responsabilidade nas tarefas no pensamento
relacionadas à própria aprendizagem. dos estudantes

fonte: autores (2018)

20
Ferramentas de avaliação figura 6 – modelo de avaliação reguladora
Vista como ferramenta poderosa e presen-
te em todos os documentos norteadores da
meta
educação nacional, a avaliação ainda é, ape-
sar da importância, um gargalo no processo
de ensino e aprendizagem e pouco diversifi-
cada no ambiente da sala de aula.
Diferentes autores têm mostrado as múl- situar-se
em relação
ajustar

tiplas possibilidades advindas do ato de à meta


a ação

avaliar, que deve estar sempre, e em todos


os casos, a serviço dos protagonistas no pro-
cesso de ensino e aprendizagem e, especial-
mente, a serviço dos sujeitos que aprendem. feedback guidance
Muitas vezes, porém, temos visto que, em
vez de ferramenta de poderosa superação e fonte: hadji (2010, p. 108)

emancipação, a avaliação ainda possui res-


quícios, ou mesmo fortes marcas, de “ferra-
menta de poder” e de instrumento que pode
ou deve ser manuseado exclusiva e unica-
mente pelo professor.
A avaliação deve ser considerada, no for- No esquema da Figura 6, o autor eviden-
mato de currículo ora proposto, como um me- cia a relação entre avaliação e metas ou ex-
canismo de regulação do processo ao oferecer pectativas, a proposição de situações de ava-
parâmetros para que os educadores observem liação com o intuito de se situar em relação
o desempenho dos estudantes e forneçam às metas, tanto na perspectiva do educando
elementos para que estes tomem consciência como do professor, e por último a utilização
do próprio processo de aprendizagem. Além desse feedback para promover ajustes na
disso, a avaliação, quando entendida com condução do processo.
este caráter, permite que os educadores reve- Portfólio, autoavaliação, coavaliação, se-
jam os encaminhamentos realizados no pro- minário, dentre outras tantas modalidades,
cesso de ensino e façam ajustes necessários estão a serviço dessa forma de enxergar a
a seu aprimoramento. Graficamente, pode-se avaliação enquanto colaborativa para com o
entender o processo de avaliação como ilus- processo de ensino e aprendizagem. Assim, o
trado a seguir (Figura 6). processo avaliativo, entendido como formati-
vo, deve guardar coerência com o processo
de ensino e de aprendizagem.

Currículo por Competências


Segue abaixo um exemplo do Currículo por
Competências elaborado durante o processo
de formação (Quadro 1). O modelo apresenta
vários aspectos inovadores, como uma matriz
que reúne competências, habilidades, com-
ponentes curriculares associados, conceitos/
conteúdos a serem ministrados e orientações
pedagógicas/estratégias didáticas.

21
quadro 1 – currículo por competências da ecit bayeux (paraíba)

curso técnico em design de móveis integrado ao ensino médio - ecit bayeux - pb

componente conceitos/ orientações pedagógicas/


competências habilidades
curricular conteúdos estratégias didáticas

.ELABORAÇÃO DE
H1. ANALISAR E PROJETO DE MÓVEIS
CATEGORIZAR AS .MARKETING,
NECESSIDADES
DO USUÁRIO, SEUS
NEGOCIAÇÃO
E VENDAS .CARACTERIZAÇÃO .DESENVOLVER ATIVIDADES
HÁBITOS DIÁRIOS .ERGONOMIA DO PERFIL
PRÁTICAS EM QUE O ALUNO
FAÇA ANÁLISES DE PERFIS
E RECURSOS E DESIGN INCLUSIVO DO CLIENTE
SOCIOECONÔMICOS .ORGANIZAÇÃO
DE PESSOAS DISTINTAS
PARA IDENTIFICAR ESPACIAL
SEU PERFIL .INTERVENÇÃO
COMUNITÁRIA

H2. MANUSEAR
.MANUSEIO DE .DESENVOLVER ATIVIDADES QUE
INSTRUMENTOS DE
.DESENHO TÉCNICO CONTEMPLEM O MANUSEIO DE
MEDIÇÃO, DENTRE
.ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO.
ELES, TRENA, ESCALA
PROJETO DE MÓVEIS
.
DE MEDIÇÃO
.REALIZAR ATIVIDADES DE
E PAQUÍMETRO PARA
MEDIR E CALCULAR
.ERGONOMIA E MEDIÇÃO DO
AMBIENTE
MEDIÇÃO DE MOBILIÁRIOS

C1. COLETAR E
A ÁREA DO ESPAÇO DESIGN INCLUSIVO
.ORGANIZAÇÃO .MEDIÇÃO .
E PARTES DO MESMO.
APLICAR EXERCÍCIOS DE MEDIÇÃO
FÍSICO E AS DE MOBILIÁRIOS
INTERPRETAR DADOS DIMENSÕES DE ESPACIAL DE AMBIENTES DE DIVERSOS
E PEÇAS
NECESSÁRIOS MOBILIÁRIO FORMATOS E CÁLCULO DE ÁREA
PARA ELABORAÇÃO
OU REFORMA DE .EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE
PROJETOS DE ANTROPOMETRIA, A PARTIR
H3. ANALISAR
MÓVEIS, A PARTIR
DA ANÁLISE DO
AS MEDIDAS .ERGONOMIA E DA ANÁLISE DE MOBILIÁRIOS
DISTINTOS, A FIM DE QUE O ALUNO
ANTROPOMÉTRICAS DESIGN INCLUSIVO
USUÁRIO, ESPAÇO
FÍSICO E DEMANDA
DO USUÁRIO PARA .ELABORAÇÃO DE .ERGONOMIA APRENDA E MEMORIZE AS MEDIDAS
MAIS USUAIS DE MOBILIÁRIOS
APLICAR ASPECTOS PROJETO DE MÓVEIS E ANTROPOMETRIA
DE MERCADO
ERGONÔMICOS .MODELAGEM .
PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS
DESENVOLVER PROTÓTIPOS
AO PROJETO DE E PROTÓTIPO
MOBILIÁRIO DOS PROJETOS DE MOBILIÁRIOS
PARA VALIDAR OS PARÂMETROS
ERGONÔMICOS

H4. ELABORAR O
PROGRAMA DE
.ELABORAÇÃO DE
PROJETO DE MÓVEIS
NECESSIDADES,
.MARKETING, .APLICAR EXERCÍCIOS DE
TENDO COMO BASE A
CARACTERIZAÇÃO DO NEGOCIAÇÃO .ORGANIZAÇÃO ELABORAÇÃO DO PROGRAMA
E VENDAS ESPACIAL DE NECESSIDADES A PARTIR
PERFIL DO USUÁRIO
A PARTIR DE DADOS
.GESTÃO DA .PROGRAMA DE DOS DADOS COLETADOS
ANTROPOMÉTRICOS, QUALIDADE NECESSIDADES DURANTE A ANÁLISE DO
E PRODUÇÃO AMBIENTE E DO USUÁRIO
DE MEDIÇÃO E
OBSERVAÇÃO DO
.ORGANIZAÇÃO
ESPAÇO FÍSICO ESPACIAL

.REALIZAR VISITAS TÉCNICAS


H5. ANALISAR AS
.MARKETING, A EMPRESAS DO RAMO DE MÓVEIS
DEMANDAS DE NEGOCIAÇÃO PARA CONHECER A SISTEMÁTICA
E VENDAS E AS DEMANDAS DE MERCADO
MERCADO PARA
OFERTAR SERVIÇOS
. ELABORAÇÃO DE .TENDÊNCIAS .REALIZAR PESQUISAS PARA
PROJETO DE MÓVEIS DE MERCADO CONHECER OS SERVIÇOS
E PROJETOS DE
. GESTÃO DA .PRODUTO E SERVIÇO EXISTENTES NO MERCADO QUE SÃO
MOBILIÁRIOS
QUALIDADE .PROGRAMA DE VINCULADOS AO RAMO MOVELEIRO
CORRESPONDENTES
E PRODUÇÃO NECESSIDADES .ELABORAR ATIVIDADES EM QUE
ÀS EXPECTATIVAS E
NECESSIDADES DO
. EMPRESA O ALUNO POSSA ANALISAR DE
PÚBLICO ALVO PEDAGÓGICA FORMA CRÍTICA O PERFIL DE CADA
(EMPREENDEDORISMO) CLIENTE COM OS PROJETOS
DE MÓVEIS JÁ REALIZADOS

obs. no total são 10 competências:

c2. selecionar e adequar materiais para a elaboração de projetos de móveis em conformidade


com o programa de necessidades e os dados levantados referentes ao espaço físico.
c3. analisar a viabilidade de execução do projeto de mobiliário considerando custo e demanda do mercado.
c4. elaborar e interpretar esboços e desenhos técnicos de mobiliários, em formato bi e tri dimensional,
para apresentação do projeto em relações comerciais.
c5. elaborar maquetes e protótipos para o estudo volumétrico, análise funcional do projeto de mobiliário e apresentação.
c6. reconhecer mobiliários dentro do contexto histórico-cultural quanto as suas características, estilos, patrimônio
artístico, influências, aspectos econômicos, sociais e políticos para elaborar projetos característicos
de culturas diversas e períodos históricos.
c7. planejar e utilizar métodos sustentáveis na produção de projetos para sensibilizar e contribuir com a redução
de resíduos e outros impactos que possam afetar a sociedade e a natureza.
c8. compreender e utilizar os parâmetros normativos da acessibilidade e do desenho universal para elaborar
um projeto de mobiliário inclusivo, que atenda à diversidade dos padrões humanos.
c9. elaborar um projeto de móveis funcional, criativo, ergonômico, dentro dos parâmetros normativos e de acordo
com as necessidades do cliente e com base nos dados coletados do espaço físico (residencial, institucional ou comercial).
c10. acompanhar o processo de execução do mobiliário.

fonte: autores (2018)

22
Matrizes Curriculares

Elaborar um currículo articulado pautado em


competência e habilidade também implica alterar a
lógica de elaboração da matriz curricular, de tal forma
que a organização do currículo e a matriz estejam em
consonância. Desse modo, segue abaixo a metodologia
criada para a reorganização das matrizes utilizando
como exemplo a matriz do curso de Mecânica.

tabela 1 – currículo articulado do curso técnico de mecânica integrado ao ensino médio:


ecit bayeux – paraíba

carga horária anual (ha) carga horária anual (ha)


mecânica
mecânica
1º 2º 3º 1º 2º 3º

língua portuguesa 5 4 3 205 164 123

linguagem arte 1 1 1 41 41 41

educação física 2 2 2 82 82 82

história 2 2 1 82 82 41

ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41

sociologia 1 1 1 41 41 41

química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza

biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123

subtotal da formação geral 25 23 19 1.025 943 779

orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21

eletiva 2 2 2 82 82 40

projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42

avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21

subtotal da parte diversificada 8 8 8 4 328 328 160 84

total da base comum 33 31 27 23 1.353 1.271 1.023

23
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s

informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84

empresa pedagógica 4 80

higiene e segurança do trabalho 2 40

total fbt 6 8 4 8 8 2 120 168 80 168 160 42

introdução à tecnologia mecânica 2 40

metrologia 2 40

tecnologia dos materiais


2 40
e ensaios mecânicos

desenho técnico 2 42

termodinâmica 2 42

mecânica dos fluidos 2 40

desenho técnico auxiliado


4 80
por computador

hidráulica e pneumática 2 40

elementos de máquinas 2 40

manutenção mecânica 2 42
formação
profissional processos de fabricação mecânica 4 84

motores de combustão interna 2 40

refrigeração 2 40

automação eletromecânica 2 40

planejamento e controle da produção 2 40

gestão de qualidade 2 40
total formação profissional
(componentes curriculares) 6 4 10 6 10 120 84 200 126 200

ch fbt + ep (sem estágio) - cnct 12 12 14 14 18 2 240 252 280 294 360 42

ch semanal comp. curriculares 45 45 45 45 45 25

atividades de estágio/tcc 20 420

ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)

formação geral 2.289


parte diversificada 750
total da base comum (atendimento às dcns) 3.039
formação básica para o trabalho (fbt) 615
formação profissional (fp) 608
fbt +fp (atendimento ao catálogo nacional de cursos técnicos) 1.223
estágio 420
carga horária total 4.683

* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)

24
Aspectos inovadores 2. Aumento da carga horária
do Currículo Articulado total de Português e Matemática
As graves deficiências dos estudantes da
1. Flexibilidade nos períodos parte final do Ensino Fundamental e do iní-
das disciplinas: anuais e semestrais cio do Ensino Médio em Língua Portuguesa
Uma das principais inovações deste novo e Matemática já foram evidenciadas por di-
modelo de currículo é que os componentes cur- versas pesquisas e indicadores da Educação
riculares propedêuticos (formação geral) e da Básica no país. Para combater o problema,
parte diversificada continuam sendo anuais, en- no novo currículo integrado das ECITs do
quanto as disciplinas da Formação Profissional Estado da Paraíba aumentou-se a carga ho-
passam a ser semestrais. Esta estrutura traz algu- rária total das duas disciplinas, que passou
mas vantagens muito importantes, como segue. para 5, 4 e 3 horas-aula semanais no 1º, 2º e
3º ano respectivamente.
Viabiliza maior interdisciplinaridade A redução para 3 horas no último ano se
entre a formação geral (FG) e a deve ao limite de carga horária semanal (45
formação profissional (FP), uma vez que horas-aula, ou 9 horas-aula diárias), uma vez
os planos de disciplina da FG podem ser que houve aumento da carga horária destina-
mais integrados, semestralmente, com da ao estágio neste último semestre. Mesmo
cada uma das disciplinas daquele assim, a carga horária anual das duas discipli-
semestre específico. nas é maior que a média ministrada em cursos
Evita a “diluição” da FP em um ano semelhantes, o que se traduz num grande es-
inteiro, com, muitas vezes, uma única aula forço para suprir as deficiências da formação
por semana. Entendemos que é mais fácil atual dos ingressantes no Ensino Médio.
que o estudante adquira competências Além disso, entende-se que, em uma forma-
profissionais em disciplinas mais “densas”, ção técnica verdadeiramente integrada e articu-
com duas aulas por semana concentradas lada, é necessário maior suporte de Matemática
em um único semestre. e domínio da Língua Portuguesa.
Disciplinas com maior carga horária
semanal facilitam o aprendizado prático 3. Manutenção da parte diversificada
em laboratórios e oficinas, uma vez que A parte diversificada permaneceu com
nestes espaços é necessário um maior os componentes curriculares propostos pela
tempo de preparação dos equipamentos metodologia da Escola da Escolha, apenas
e ajustes dos experimentos. Muitas vezes, sofrendo alteração de carga horária no 2o se-
anteriormente, o que se observava é que mestre do 3o ano. Foi diminuída uma aula em
uma aula de 50 minutos era insuficiente Orientação para o Estudo, uma em Eletivas
para a execução de atividades práticas e uma em Avaliação Semanal e inseridas, no
mais complexas. lugar, horas destinadas ao Estágio, que pas-
A semestralidade das disciplinas da FP sou a integrar a matriz curricular como ativi-
reduz a quantidade de disciplinas que o dade prática obrigatória.
professor ministra simultaneamente, o que
contribui para melhor preparação de aulas 4. Preparação Básica
e mais foco nas atividades. para o Trabalho (PBT)
Foram mantidas as disciplinas de FG no Neste novo currículo, a Preparação Básica
formato anual pelo fato de também estarem para o Trabalho passa a ter um papel muito
relacionadas ao Exame Nacional do mais importante. As mudanças foram subs-
Ensino Médio – Enem e a outros aspectos tanciais, com inserção de disciplinas comple-
operacionais dos currículos gerais, tamente novas e mudanças de estratégia de
como livros e conteúdos historicamente oferta de outras, como explicado a seguir.
distribuídos de forma anual. No entanto, Informática Básica: esta disciplina já é
a articulação com a FP é melhor quando tradicionalmente ofertada na PBT. Formal-
oferecida de forma semestral, como mente, está no currículo com apenas 1 ho-
argumentado anteriormente. ra-aula semanal, o que, se fosse ofertada de

25
forma tradicional, geraria problemas opera- foi necessária a previsão de carga horária
cionais, uma vez que, em apenas 50 minutos, específica. Assim, a semestralidade das dis-
é muito difícil executar qualquer atividade ciplinas técnicas abriu, também, a possibi-
prática em um laboratório de informática. lidade de realização do estágio ou do TCC
Assim, será ofertada de forma articulada no último semestre, com reserva de 20 horas
com outras disciplinas, nas quais o profes- semanais para tal fim. A disponibilidade de
sor de informática utiliza o laboratório com horário é importante para que o estudante e
mais professores simultaneamente. Por a escola busquem parcerias com outras em-
exemplo, 2 das 5 aulas semanais da discipli- presas e instituições na oferta do estágio.
na de Língua Portuguesa podem ser reali- Sabe-se que a maioria das empresas deseja
zadas no laboratório de informática, onde o a presença do estagiário por, no mínimo, um
professor de Informática Básica atuará como turno diário, ou seja, 20 horas semanais. Foi
tutor na primeira hora. Pretende-se, com pensando exatamente nessa questão que
isso, que a informática seja, de fato, um ins- esta proposta curricular contemplou essa
trumento para a melhoria da aprendizagem prática no mundo do trabalho.
das demais disciplinas, ao tempo em que o O estudante também poderá estagiar na
professor estará mais próximo dos professo- própria Empresa Pedagógica na escola. Isso
res das outras áreas, inclusive auxiliando na trará flexibilidade de escolha e maiores opor-
escolha de programas de computador mais tunidades de vivenciar atividades práticas.
adequados para cada caso, instalando e via-
bilizando a utilização de ferramentas de e-le- 6. Nova Formação Profissional
arning, além de cuidar para a otimização dos Outro aspecto inovador deste novo currícu-
aspectos operacionais. lo é a escolha e sequenciamento das disciplinas
Língua Estrangeira (Inglês): foi mantida da FP, com novas disciplinas, mais concentra-
com 2 horas-aula semanais, com abordagem das e um itinerário formativo otimizado.
instrumental, mais conectada às áreas de cada
um dos cursos técnicos ofertados na escola. 6.1. Novas disciplinas: toda a concepção
Língua Estrangeira (Espanhol): foi man- da parte específica do curso (no exemplo aci-
tida com 1 hora-aula semanal, com abordagem ma, a Mecânica) foi exaustivamente pensada
instrumental, igualmente mais conectada e revisada pela equipe de professores e de for-
com áreas de cada um dos cursos técnicos madores durante encontros de formação de
ofertados na escola. Apenas não foi possível professores para a educação profissional. São
mantê-la no último semestre, devido ao au- disciplinas mais integradas com o atual mun-
mento da carga horária do estágio curricular. do do trabalho e que consideram as compe-
Higiene e Segurança do Trabalho: impor- tências profissionais para além dos aspectos
tante disciplina, tradicional da PBT. No en- puramente técnicos, complementando a arti-
tanto, será ofertada de forma interdisciplinar, culação com aspectos sociais, de liderança,
semelhante à Informática Básica. trabalho em grupo e empreendedorismo.
Inovação Social e Científica (ISC), Inter- 6.2. Disciplinas mais densas: como co-
venção Comunitária (IC) e Empresa Peda- mentado anteriormente, um mesmo conteú-
gógica (EP): correspondem às três disciplinas do técnico será mais bem abordado se forem
inovadoras na PBT deste novo currículo articu- ministradas aulas com maior carga horária
lado, detalhadas em capítulos específicos. (no mínimo 2 horas-aula). Em alguns casos,
é importante uma carga horária compacta
5. Novo Estágio Curricular ainda maior, como, por exemplo, na discipli-
O Trabalho de Conclusão de Curso na de Processos de Fabricação Mecânica, via-
(TCC) e o Estágio Curricular são dois com- bilizando a realização de aulas práticas mais
ponentes importantes para uma boa forma- complexas e adequadas.
ção profissional. No caso do novo currículo 6.3. Itinerário formativo otimizado: a
articulado, a previsão é que o estudante pos- semestralidade permitiu reconfigurar as
sa optar por um desses dois componentes. disciplinas e as sequências, de modo que a
Para viabilizar a execução das atividades, formação passe a ter um sentido mais lógico

26
dentro de cada um dos eixos temáticos do
curso. Por exemplo, no eixo temático de Fa-
bricação Mecânica, o estudante tem a opor-
tunidade de evoluir desde a parte introdutó-
ria (Metrologia, Tecnologia dos materiais e
Desenho Técnico), passando pela Fabrica-
ção Mecânica em si e pela Automação Ele-
tromecânica ao final do terceiro ano. Esse ra-
ciocínio vale também para os demais eixos
(Fluídos e Máquinas Térmicas).
6.4. Possibilidades reais de articula-
ção: com tantas modificações, além da inclu-
são das três novas disciplinas (ISC, IC e EP),
que também são densas e de características
práticas, bem como a nova construção por
competências, fica viabilizada a integração e
a articulação do currículo. Aliás, todos os fa-
tores convergem para essa articulação, uma
vez que há um espaço e um tempo pedagógi-
co para que isso ocorra.

7. Atendimento à legislação
O novo currículo das ECITs do Estado da
Paraíba atende integralmente à legislação
educacional no que diz respeito à carga ho-
rária mínima, que atende com sobras às Di-
retrizes Curriculares Nacionais para o En-
sino Médio, tanto a anterior quanto a nova,
que está em análise no Conselho Nacional
de Educação – CNE.
A Formação Profissional juntamente
com a Preparação Básica para o Trabalho
compõem a carga horária preconizada pelo
Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos. No
exemplo mostrado, do Curso Técnico de Me-
cânica, a carga horária mínima prevista no
catálogo é de 1.200 horas, enquanto, na pre-
sente proposta, é de 1.223 horas. O estágio
está previsto no curso, atendendo ao dispos-
to na Lei de Estágio (Lei nº 11.788/2008).

27
Projetos Empreendedores

A partir da sistematização das visitas realizadas a


empresas locais, a equipe envolvida no Projeto Piloto da
ECIT Bayeux desenvolveu três projetos empreendedores,
que tiveram como principais objetivos permitir aos
estudantes a aplicação prática dos conhecimentos
adquiridos nos componentes curriculares propedêuticos e
o desenvolvimento de habilidades e competências que lhes
proporcionassem o protagonismo social e profissional.

A fase de visitas às empresas permitiu que permitam a apropriação de conceitos


elencar uma série de competências e ha- essenciais para intervenções mais cons-
bilidades necessárias para os jovens ad- cientes da realidade, de acordo com a Reso-
quirirem sucesso na vida profissional que lução nº 6 e Parecer nº 11 (CNE, 2012).
ultrapassam os aspectos técnicos especí- Muitas vezes, o Ensino Profissional
ficos da área de atuação e se relacionam e Técnico se apresenta desconectado da
muito mais com aspectos comportamen- parte propedêutica e do projeto de vida do
tais e com a capacidade de resolver pro- estudante, não estimula a criatividade em
blemas, tomar iniciativas, criar soluções busca de soluções reais para os problemas
e saber comunicar-se. do cotidiano e não aproveita os recursos
O Ensino Médio, etapa final da Educa- materiais disponíveis na comunidade, fre-
ção Básica, tem como principais finalida- quentemente gratuitos, e que podem ser
des o desenvolvimento de valores, compe- reusados ou reciclados.
tências e habilidades voltados à formação Considerando o descompasso entre o
de pessoas e cidadãos autônomos e críti- que deveria acontecer e o que acontece na
cos, aptos ao prosseguimento dos estudos formação técnica e os direitos garantidos
e à compreensão das transformações do na Constituição de 1988 (BRASIL, 1988)
mundo para nele intervir, conforme o Arti- e nas demais legislações e normas vigen-
go 36 da LDB (BRASIL, 1996). tes que visam à oferta de educação pro-
A Educação Profissional e Técnica de fissional e técnica de qualidade, a equipe
Nível Médio tem a função social de prepa- envolvida na elaboração e implantação do
rar o jovem para exercer profissões técni- Projeto Piloto propôs três metodologias de
cas, com vista à formação integral para a ensino que integram o currículo da prepa-
vida social e profissional; ou seja, ao estu- ração básica para o trabalho, tendo como
dante de educação técnica deve-se garantir propulsoras as reais necessidades dos es-
o direito de vivenciar atividades práticas tudantes e do setor produtivo:

28
Empresa Pedagógica; mas e desenvolvimento e aplicação de tecno-
Intervenção Comunitária; e logias sociais, e são organizadas em forma de
Inovação Social e Científica. projetos, por meio de intervenções reais nas
quais o estudante estará inserido.
Vale destacar que as propostas elaboradas Nas sequências didáticas, estão garantidas
pela equipe não tiveram a pretensão de criar as seguintes etapas: Compreensão de contex-
métodos científicos complexos, mas sim de to, Experiência investigativa e Identificação e
pensar sequências didáticas inovadoras que proposta de resolução de problemas.
utilizassem o vasto arcabouço metodológico Compreensão de Contexto: o mundo está
existente para compor o currículo de prepara- em constante transformação, e, para que possa
ção básica para o trabalho, a fim de promover atuar, intervir e alterar a realidade, o estudante
ações concretas que fizessem sentido e eman- precisa compreender alguns conceitos básicos
cipassem os estudantes, uma vez que estes e saber ler o contexto em que está inserido.
serão convidados a pensar e propor soluções Experiência Investigativa: na busca por
para problemas reais do contexto em que es- garantir a aplicabilidade dos conhecimentos
tão inseridos e junto de empresas parceiras adquiridos no currículo propedêutico, será ga-
participantes das ações. rantida ao estudante a experiência de campo,
uma vez que se faz necessário compreender
Projetos Empreendedores: são uma como as pessoas, a comunidade, as empresas
proposta de utilização de parte da carga e as relações sociais interferem na formação e
horária da Preparação Básica para o Traba- desenvolvimento das pessoas.
lho do currículo dos cursos ofertados nas Identificação e Proposta de Resolução
ECITs em uma ação interdisciplinar prática de Problemas: as sequências didáticas ga-
inovadora, de aprofundamento dos conhe- rantem que o estudante identifique proble-
cimentos e aquisição de competências. mas reais existentes, seja na empresa, seja
As metodologias criadas de forma coletiva na comunidade, de tal forma que consigam
visam proporcionar a aquisição de competên- produzir uma intervenção que solucione ou
cias relacionadas ao mundo do trabalho. Logo, proponha solução para, ao menos, um pro-
as execuções dos projetos não precisam ne- blema identificado.
cessariamente relacionar-se com o curso téc-
nico específico ofertado pela escola, mas sim Preparando o jovem para o mundo
permitir que o estudante vivencie atividades As metodologias de Projetos Empreendedo-
práticas de campo, de tal forma que aplique res elaboradas visam ofertar atividades práti-
os conhecimentos da parte propedêutica do cas que permitam ao jovem diferentes possi-
currículo e compreenda o contexto onde está bilidades de caminhos e escolhas no projeto
inserido, a cadeia produtiva de uma empresa, de vida. À medida que o estudante explora,
as relações de trabalho e interpessoais exis- experimenta e intervém na realidade em que
tentes, os serviços comunitários etc. está inserido, por meio de ações concretas,
Cada uma dessas disciplinas será ofer- irá ampliando a capacidade de compreensão
tada com 80 horas-aula de 50 minutos cada sobre o mercado de trabalho e os problemas
uma, com 4 horas-aula semanais em um sociais relacionados.
único encontro no período da tarde. O to- As visitas realizadas às empresas e, poste-
tal de horas dos Projetos Empreendedores, riormente, o seminário realizado com o setor
portanto, é de 240 horas-aula de 50 minutos produtivo local reiteraram uma série de habili-
cada uma, ou 200 horas-relógio. dades gerais necessárias para o bom desempe-
Embora os projetos tenham sequências nho do estudante na vida social e profissional.
didáticas específicas, também podem ser tra- Deste modo, foram identificadas as seguintes
balhados de forma integrada, já que as três competências e habilidades gerais como impor-
metodologias visam à resolução de proble- tantes para o sucesso do estudante (Quadro 2).

29
quadro 2 – competências e habilidades tificadas como fundamentais para o desem-
gerais para o mundo do trabalho penho dos jovens no mundo do trabalho, os
Projetos Empreendedores foram organizados
ANALISAR DADOS E PROPOR SOLUÇÕES
da forma como segue.
APRENDIZAGEM CONTÍNUA

Empresa
AUTOCONHECIMENTO

AUTONOMIA

BOA COMUNICAÇÃO

CAPACIDADE DE ANALISAR PROBLEMAS


Pedagógica
CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO

CAPACIDADE DE LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO Empresa fictícia criada pelos estudantes e


CAPACIDADE DE LIDAR COM O MEDO professores, a partir da parceria com uma em-
presa real, que visa à aquisição de competên-
CONTROLE EMOCIONAL
cias e habilidades gerais para melhor desempe-
CRIATIVIDADE
nho do estudante no mundo do trabalho. Dessa
ESPÍRITO DE LIDERANÇA forma, a Empresa Pedagógica permitirá:
ÉTICA DE VALORES

FLEXIBILIDADE a apreensão de conhecimentos e


habilidades profissionais por meio da
INICIATIVA
aplicabilidade dos conteúdos cursados na
MOTIVAÇÃO
parte propedêutica e técnica específica;
PENSAMENTO ESTRATÉGICO compreender quais são as profissões
PERSEVERANÇA relacionadas com o curso técnico
PERSONALIDADE escolhido e as possibilidades de
atuação na região;
POSTURA PROFISSIONAL
compreender quais são os setores da
PRODUÇÃO DE TEXTO VOLTADO AO TRABALHO
economia e da sociedade, tipos de trabalho,
RACIOCÍNIO LÓGICO empreendedorismo, cooperativismo
RESPEITO relacionados ao curso técnico;
RESPONSABILIDADE ao estudante alterar, criar novos
processos, produtos e serviço com
SABER OUVIR
as empresas parceiras;
TOMADA DE DECISÃO
o protagonismo juvenil por meio
TRABALHO EM EQUIPE de resolução de problemas e propostas
VISÃO SISTÊMICA de intervenções práticas relacionadas
fonte: autores (2018)
ao objeto da empresa parceira;
ao estudante compreender a cadeia
produtiva de uma empresa, os diferentes
A equipe optou por elaborar Projetos Empre- papéis, cargos, relação entre áreas,
endedores que permitissem ao grupo participan- relações interpessoais, liderança, ética,
te da formação, equipe escola e estudantes cria- de tal forma que adquira competências
rem atividades para cada etapa das sequências para o mundo do trabalho.
didáticas, bem como elaborou fichas de registro
para planejamento e reflexão sobre a prática. Vale destacar que é desejável que a em-
Os três Projetos Empreendedores necessitam presa parceira seja relacionada ao curso
ser trabalhados de forma interdisciplinar e inte- técnico ofertado, mas não necessariamente,
grada. Os professores tanto dos cursos técnicos uma vez que o projeto visa propiciar ao es-
como do currículo propedêutico deverão pla- tudante habilidades gerais para o mundo do
nejar as atividades conjuntamente, bem como trabalho, independentemente do curso téc-
acompanhar a aprendizagem dos estudantes. nico específico. (Figura 7)
Na perspectiva de elaborar métodos que
propiciassem a aquisição de habilidades iden-

30
figura 7 – etapas da sequência didática escolhido e possibilidades
de inserção produtiva; e
empresa organograma e papéis dos profissionais
pedagógica
dentro de uma empresa.
compreensão
de contexto
(profissões, indicadores
Conceitos e leitura de
socioecnômicos e indicadores socioeconômicos
arranjos produtivos
Neste campo, o professor deverá planejar ativi-
dades que qualifiquem o estudante à compre-
ensão e uso de conceitos e indicadores como:
visita à
empresa

conhecer a definir a linha aplicabilidade dos conceitos de juros,


performance da
empresa parceira
de atuação da
empresa pedagógica
inflação, preço, lucro etc.;
no mercado leitura de indicadores econômicos
participação da
como taxas e Produto Interno Bruto – PIB,
empresa parceira tipos de PIB, Índice de Desenvolvimento
por meio da oferta de
desafios vivenciados Humano – IDH, Taxa Selic, Índice
para os alunos
proporem soluções Nacional de Preços – INPC, entre outros.

os alunos em Deseja-se que o estudante, ao final dessa eta-


ação na busca de
soluções ante os
pa, compreenda conceitos como:
desafios propostos

o que é um indicador;
retorno da empresa a importância de um indicador econômico,
parceira para
debater as soluções para que serve e por que ele foi criado;
encontradas
pelos alunos
como funciona um indicador,
de tal forma que consiga ler o contexto
protagonismo social
econômico mais amplo, do Brasil,
e profissional e o contexto local, do Estado
fonte: autores (2018) e Município, em relação aos indicadores
e conceitos mais utilizados;
Compreensão de contexto o que são juros, a diferença
O estudante terá estudado na parte propedêu- da taxa Selic e outras utilizadas
tica uma série de conceitos e conteúdos sobre, por financiadoras privadas etc.; e
por exemplo, Português, Matemática, História o impacto das taxas, juros, preço,
e Geografia. A compreensão do contexto, neste lucro e inflação no consumo cotidiano,
projeto, visa aplicar o conhecimento adquirido de tal forma que consiga identificar as
na parte propedêutica para uma leitura da rea- “armadilhas” dos financiamentos, cheque
lidade no que diz respeito a economia, relações especial, o quanto os juros aumentam
de trabalho, profissões possíveis nos cursos téc- o valor das coisas etc.
nicos e possibilidades de trabalho existentes.
Durante esta etapa, será necessária uma ação Profissões e possibilidades
de gestão para firmar parceria com uma empresa de inserção produtiva
local, regional ou estadual. Deve-se tentar estabe- Nesta etapa, pretende-se que o estudante sai-
lecer esta parceria com uma empresa relaciona- ba quais as profissões relacionadas ao curso
da ao curso, mas isso não é condição para desen- técnico escolhido, qual o mercado de trabalho
volver a Empresa Pedagógica, como explicado existente para essas profissões no seu Estado
anteriormente. Nesse sentido, a etapa da com- ou Município e as possíveis relações e tipos de
preensão de contexto se divide em 3 subetapas: trabalho existentes dentro da área escolhida.
Esta etapa deve ser focada nos cursos técni-
conceitos e leitura de cos ofertados pela escola, independentemente
indicadores socioeconômicos; da atuação da empresa que será parceira nas de-
profissões possíveis no curso técnico mais etapas da Empresa Pedagógica (Figura 8).

31
figura 8 – exemplo de organograma de empresa

presidente

administrativo,
comunicação, recursos criação de engenharia/ vendas/ relacionamento
financeiro
marketing e ti humanos produto/serviço laboratório e-commerce com cliente
e jurídico

vp
vp vp vp vp vp vp
diretor
diretor diretor diretor diretor diretor diretor
gerente
gerente gerente gerente gerente gerente gerente
coordenador
supervisor supervisor supervisor supervisor supervisor supervisor
supervisor
especialista especialista especialista especialista especialista especialista
especialista
assistente assistente assistente assistente assistente assistente
assistente
estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/
estagiário/
aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz
aprendiz

fonte: autores (2018)

O professor deverá organizar e dividir o traba- tro das áreas e entre as áreas; questões éticas
lho desta etapa em subtemas, de tal modo que o relacionadas; e o papel de cada um para que a
estudante vivencie atividades que contemplem, empresa tenha lucro e êxito.
por exemplo, os aspectos descritos a seguir. A partir de um exemplo de organograma, o
professor, nesta etapa, deverá explorar a hierar-
Quais profissões podem ser exercidas a quia da empresa, as diferentes funções, plano de
partir da conclusão do curso técnico? carreira, liderança, interface entre as áreas etc.
Quais os arranjos produtivos locais A primeira atividade a ser desenvolvida
(APLs) existentes na cidade e no Estado deverá proporcionar ao estudante compreen-
relacionados ao curso que está fazendo? der o que cada área dentro de uma empresa
Quais as empresas que podem contratar faz para a posteriori trabalhar as relações ver-
o estudante dentro do mercado de trabalho ticais e horizontais e suas interfaces.
relacionado ao curso escolhido? Na cadeia produtiva de uma empresa exis-
Quais os tipos de trabalho existentes tem relações verticais e horizontais. No eixo
e que atividades realizam relacionadas da verticalidade é importante que o estudan-
ao curso escolhido – trabalho te compreenda que inicia a vida profissional
assalariado, autônomo, microempresário, como aprendiz/estagiário, mas pode progre-
microempreendedor individual, dir, por meio de um plano de carreira com-
terceirizado, informal etc.? binado com a própria capacidade de crescer.
Quais os setores existentes e o papel de Cada lugar que ocupa e função que desem-
cada um na economia e na sociedade; e penha requer competências específicas para
como o egresso do curso pode atuar nesse avançar em progressão contínua.
mercado (1o setor, 2o setor, 3o setor)? No eixo da horizontalidade, o estudante
Como o curso escolhido pode ser deve compreender que existe a possibilidade
desenvolvido na perspectiva do de mudar de área dentro da empresa, a partir
empreendedorismo e do cooperativismo? da sua vocação e habilidades. O fato de o estu-
Quais as diferenças entre trabalho, dante fazer curso técnico específico não impe-
ocupação e emprego dentro do curso de que exerça outros papéis, cargos e funções
técnico escolhido? a partir da própria competência.
O estudante também deverá conhecer
Organograma e seus papéis nesta etapa, pelo menos em linhas gerais, a
dentro de uma empresa cadeia produtiva da empresa, ou seja, compre-
Neste campo, o professor deverá focar as au- ender que da criação do produto/serviço até
las e atividades na simulação de uma imersão a comercialização todas as áreas da empresa
dentro de uma empresa. O estudante deverá têm responsabilidade para que isso aconteça.
compreender, aqui, a cadeia produtiva de uma Em todas as etapas da compreensão de
empresa; o que cada área faz e com o que tra- contexto, o professor, como estratégia de aula,
balha; relações interpessoais existentes den- poderá utilizar pesquisa, vídeos, textos de pe-

32
riódicos, dramatizações para desenvolvimen- Visita à empresa
to das atividades, de tal forma que o estudante Considerando os produtos resultantes da
veja sentido e queira participar delas. Deven- compreensão de contexto, está na hora de o
do, ao final de cada etapa da compreensão de professor planejar a visita de campo.
contexto realizada, refletir sobre sua prática Definida a empresa parceira, inicia-se a pre-
registrada na ficha de monitoramento e apon- paração para realizar a visita à empresa com os
tar quais foram as habilidades trabalhadas em estudantes. Se o professor conseguir investigar
cada ação desenvolvida. quais são as áreas da empresa com antecedên-
Seguem abaixo sugestões de como o pro- cia, isso poderá ajudá-lo na elaboração de um
fessor poderá utilizar as metodologias de instrumento de coleta de dados em campo.
resolução de problemas no planejamento e O professor junto com os estudantes deve-
desenvolvimento das atividades com os estu- rá montar um questionário para observação e
dantes (Quadro 3). entrevistas para o dia da ação no campo. De-
ve-se garantir aos estudantes o protagonismo
na elaboração do questionário, de modo que
quadro 3 – aplicação de metodologias o instrumento de coleta produzido garanta
de resolução de problema questionar e observar os seguintes pontos.
kanban design thinking canvas
Setores da empresa: Comunicação e
APRESENTAR O
CURSO EM QUE O AS ATIVIDADES DO
Marketing; Administrativo/Financeiro/
PREENCHER
ESTUDANTE ESTÁ KANBAN REFEREM-SE
O CANVAS Jurídico/Recursos Humanos/Criação
INSERIDO E LISTAR À ETAPA DE IMERSÃO
AS PROFISSÕES DO DESIGN THINKING
DA EMPRESA
de produto/ Laboratório e Engenharia/
POTENCIAIS
Vendas e E-commerce/ Relacionamento
APRESENTAR
POR MEIO DE com clientes, entre outros.
UM EXEMPLO O
CONCEITO DE
Papel e importância de cada área
ORGANOGRAMA para o sucesso da empresa.
DA EMPRESA
Cargos em cada área e como funciona
FAZER ATIVIDADES
QUE PRATIQUE o plano de carreira.
O CONCEITO DE
ORGANOGRAMA
Funções existentes e o
APRESENTAR O
que se faz em cada uma delas.
CONCEITO DE Competências e habilidades necessárias
INDICADORES
para desenvolver cada função.
FAZER UMA
ATIVIDADE DE
Impostos são incorporados ao valor
PROBLEMATIZAÇÃO do produto – quanto custa e por quanto
APRESENTAR é comercializado.
O PROJETO
EMPREENDEDOR Possibilidades de transitar entre
DE EMPRESA
PEDAGÓGICA
áreas dentro da empresa a partir das
competências e habilidades para além
SELECIONAR A
EMPRESA PARCEIRA de uma função específica.
Princípios éticos que regem a
VISITA DO
PROFESSOR À empresa e as áreas, qual a missão
EMPRESA PARA UM
PRIMEIRO DIÁLOGO
e visão da empresa.

FIRMAR PARCERIA
COM EMPRESAS
É importante que o estudante compreenda
a cadeia produtiva da empresa, da matéria-pri-
PESQUISAR SOBRE
OS INDICADORES ma até a comercialização do produto, as redes
E O MODELO DE
NEGÓCIOS DA
e ligações que se estabelecem interna e exter-
EMPRESA PARCEIRA namente com vista ao sucesso da empresa.
REALIZAR ANÁLISE No dia da visita, munidos do questionário
DOS DADOS
COLETADOS elaborados coletivamente em sala de aula os
estudantes poderão se organizar em grupos
fonte: autores (2018)
ou individualmente, para a realização das
entrevistas. Na volta, é hora de sistematizar

33
as informações coletadas. A partir da organi- Performance da empresa no mercado
zação e de como foi conduzida a visita, a sala Nesta etapa da Empresa Pedagógica os estu-
terá um ou mais questionários. Se houver dantes também terão atividade de campo, mas
mais de um questionário, o professor deverá com a intenção de verificar como a empresa
realizar a consolidação de forma coletiva, por comercializa seu produto no mercado. Desse
meio da elaboração de um documento de ta- modo, novamente, professores e estudantes
bulação de dados utilizando a planilha Excel. juntos deverão elaborar um instrumento de
Na sistematização da visita à empresa par- coleta, no entanto, deve-se considerar o co-
ceira, o professor deverá aprofundar os concei- nhecimento que o estudante já terá sobre o
tos de porcentagem estudados nas aulas de Ma- funcionamento da empresa.
temática. Dessa forma, colocando na planilha as O questionário deverá focar as perguntas
questões nas linhas e as respostas em colunas. em como o produto é comercializado e como
Para as perguntas com respostas fechadas, sim os produtos dos concorrentes são comercializa-
ou não e múltipla escolha, o professor deverá co- dos, de tal forma que seja possível identificar:
locar, por exemplo, o número 1 no que foi respon-
dido, ao final contar todos os números 1 e fazer a Onde o produto está disposto nas lojas.
porcentagem com base no total de questionários Por que está disposto no lugar onde
respondidos e/ou informações apresentadas. está, se existe alguma exigência e acordo
No caso de perguntas abertas e escritas, com a loja que o comercializa.
o professor deverá, junto com os estudantes, Quem define como o produto
categorizar as informações, ou seja, agrupar será comercializado.
as informações em dimensões que tragam os Qual o valor do produto, se existe
mesmos tipos/natureza de informação. Após mudança de valor, de acordo com
a categorização será possível ter um mapa da a loja que o comercializa.
empresa e fazer uma análise com os estudan- Quais são os produtos concorrentes,
tes das informações coletadas. como estes produtos estão dispostos,
Seguem abaixo sugestões de como o pro- qual o preço dos produtos.
fessor poderá utilizar as metodologias de
resolução de problemas no planejamento e Para a visita de campo, o ideal é que os
desenvolvimento das atividades com os estu- estudantes façam uma pesquisa prévia na in-
dantes (Quadro 4). ternet ou já tenham coletado a informação na
visita à empresa dos locais em que o produto
é comercializado. Feito isso, os estudantes po-
quadro 4 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
dem se dividir em grupos e cada um visitar
um estabelecimento comercial distinto.
kanban design thinking canvas Na volta da visita de campo, o professor de-
AS ATIVIDADES DO
verá sistematizar e debater com os estudantes
SELECIONAR OS VALIDAR O
SETORES E A DATA
KANBAN REFEREM-SE
CANVAS as informações coletadas por eles.
À ETAPA DE IMERSÃO
DA VISITA
DO DESIGN THINKING
DESENVOLVIDO Nesta etapa é importante que o estudan-
CRIAR PERSONAS te adquira a visão completa da cadeia produ-
DEFINIR OS
OBJETIVOS
(VIDE PÁG. 49) A
PARTIR DO QUE FOI
ATUALIZAR O
CANVAS COM OS tiva da empresa.
DA VISITA APRENDIDO NA
VISITA DE CAMPO
NOVOS DADOS Seguem abaixo sugestões de como o pro-
fessor poderá utilizar as metodologias de
PREPARAR
ENTREVISTAS/ resolução de problemas no planejamento e
QUESTIONÁRIOS
desenvolvimento das atividades com os estu-
COMPLEMENTAÇÃO
(VALIDAR E SOLICITAR
dantes (Quadro 5).
DADOS QUE NÃO
FORAM APURADOS
NA ETAPA DE
CONTEXTO) DE
DADOS GERAIS
DA EMPRESA

RELATÓRIO DA
VISITA DE CAMPO

fonte: autores (2018)

34
quadro 5 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
Participação da Empresa Parceira –
kanban design thinking canvas
oferta de desafios
Uma vez escolhida(s) a(s) área(s) de atuação
SELECIONAR OS
SETORES E AMBIENTES
AS ATIVIDADES DO
VALIDAR O na Empresa Pedagógica, chegou a hora de
KANBAN REFEREM-SE
RELACIONADOS À
CADEIA PRODUTIVA DE
À ETAPA DE IMERSÃO
CANVAS
DESENVOLVIDO
mais uma ação de gestão: professor, coorde-
COMERCIALIZAÇÃO
DO DESIGN THINKING
nador pedagógico e diretor deverão falar com
VISITAR OS LOCAIS a empresa e estabelecer novas visitas para os
SELECIONADOS
DA CADEIA DE estudantes conversarem com profissionais
COMERCIALIZAÇÃO
dentro das áreas escolhidas.
CRIAR PERSONAS
ANALISAR
A PARTIR DO QUE
ATUALIZAR O A conversa do profissional da empresa com
OS DADOS CANVAS COM OS
DA EMPRESA
FOI APRENDIDO NA
VISITA DE CAMPO
NOVOS DADOS os estudantes deverá ser dividida em duas ações:
LISTAR
CONCORRENTES DA uma em que o profissional lhes conte a
EMPRESA PARCEIRA
experiência de vida e trajetória. Essa ação
PREENCHER UM
QUADRO COM
contribuirá para que o estudante possa
FORÇAS, FRAQUEZAS, saber que é possível vencer na vida e
AMEAÇAS E
OPORTUNIDADES conquistar um projeto e um sonho;
RELATÓRIO DA outra em que o profissional convidará
VISITA DE CAMPO
estudantes e professor para resolver um
fonte: autores (2018) desafio enfrentado por ele dentro da área
que atua e função que ocupa. O profissional
Definindo a linha de atuação apresenta o desafio e estabelece um tempo
da Empresa Pedagógica para que os estudantes o resolvam.
Uma vez sistematizadas e analisadas todas as
informações da 2a e 3a etapa, é hora de escolher Espera-se que, ao final dessa ação, o(s) pro-
a(s) área(s) de atuação da empresa pedagógica. fissional(is) deixem agendado o próximo en-
Para tanto, o professor deverá coletivamente contro com os estudantes.
com os estudantes definir em quais áreas o Seguem abaixo sugestões de como o profes-
grupo irá trabalhar na perspectiva de resolver sor poderá utilizar as metodologias de resolução
problemas enfrentados cotidianamente na em- de problemas no planejamento e desenvolvimen-
presa. Por exemplo: Criação de Produto/Recur- to das atividades com os estudantes (Quadro 7).
sos Humanos/Vendas etc.
A partir da(s) área(s) escolhida(s) o docen- quadro 7 – aplicação de metodologias
te deve montar com os estudantes um quadro de resolução de problema
com informações que norteiem a próxima eta-
kanban design thinking canvas
pa, que será resolver um desafio.
Seguem abaixo sugestões de como o profes- APRESENTAR AS ATIVIDADES DO
ELABORAR
A EMPRESA KANBAN REFEREM-SE
sor poderá utilizar as metodologias de resolução PEDAGÓGICA PARA A À ETAPA DE IMERSÃO
O CANVAS
DO DESAFIO
EMPRESA PARCEIRA DO DESIGN THINKING
de problemas no planejamento e desenvolvimen-
to das atividades com os estudantes (Quadro 6). SOLICITAR PROPOSTA
DE DESAFIO DA
EMPRESA PARCEIRA

quadro 6 – aplicação de metodologias fonte: autores (2018)

de resolução de problema

Estudantes resolvem problemas


kanban design thinking canvas
Nesta etapa, os estudantes deverão buscar so-
SELECIONAR
AS ATIVIDADES DO
KANBAN REFEREM-SE
ELABORAR
O CANVAS
luções para os desafios propostos por área. É
ENFOQUE
DE ATUAÇÃO
À ETAPA DE IMERSÃO DA EMPRESA o momento em que o professor deverá utilizar
DO DESIGN THINKING PEDAGÓGICA
com os estudantes os métodos de resolução
DEFINIR OS PAPÉIS SELECIONAR O
DE ATUAÇÃO DOS
FAZER SESSÃO DE
IDEAÇÃO COM
CANVAS MAIS de problemas que estudaram na formação:
ESTUDANTES
NA EMPRESA
OS ESTUDANTES
ADEQUADO
PARA O MODELO Kanban, Canvas e Design Thinking (na pági-
PARA ELABORAR O
PEDAGÓGICA E
PROPOR O RODÍZIO DE
CANVAS DA EMPRESA
DE NEGÓCIOS
DA EMPRESA
nas 49 há uma explicação sobre esses métodos).
ATUAÇÃO INTERNA
PEDAGÓGICA
PEDAGÓGICA É importante ressaltar o papel de mediador
DEFINIR OS que o professor deverá assumir durante as ativi-
OBJETIVOS
DA EMPRESA
PEDAGÓGICA

fonte: autores (2018)


35
dades e garantir o protagonismo dos estudantes Seguem abaixo sugestões de como o profes-
na busca de soluções aos desafios apresentados. sor poderá utilizar as metodologias de resolução
Seguem abaixo sugestões de como o pro- de problemas no planejamento e desenvolvimen-
fessor poderá utilizar as metodologias de to das atividades com os estudantes (Quadro 9).
resolução de problemas no planejamento e
desenvolvimento das atividades com os estu-
dantes (Quadro 8). quadro 9 – aplicação de metodologias
de resolução de problema

quadro 8 – aplicação de metodologias kanban design thinking canvas

de resolução de problema APRESENTAR O


CANVAS DAS
AGENDAR A AS ATIVIDADES SOLUÇÕES DO
kanban design thinking canvas APRESENTAÇÃO DO KANBAN DESAFIO (SE
DA SOLUÇÃO DO REFEREM–SE À ETAPA POSSÍVEL, UMA VEZ
ELABORAR CANVAS DA DESAFIO PARA A DE EXECUÇÃO DO QUE O DESAFIO E SUA
AS ATIVIDADES DO SOLUÇÃO DO DESAFIO EMPRESA PARCEIRA DESIGN THINKING SOLUÇÃO PODEM
ANALISAR O DESAFIO KANBAN REFEREM-SE (SE POSSÍVEL, UMA NÃO INFLUENCIAR O
PROPOSTO PELA À ETAPA DE IDEAÇÃO VEZ QUE O DESAFIO E MODELO DE NEGÓCIO)
EMPRESA PARCEIRA E PROTOTIPAGEM DO SUA SOLUÇÃO PODEM
DESIGN THINKING NÃO INFLUENCIAR O APRESENTAR
MODELO DE NEGÓCIO) SOLUÇÃO
AO DESAFIO
PREPARAR
ATIVIDADES PARA PROMOVER
SOLUCIONAR CONVERSA ENTRE
DESAFIO (ATIVIDADE ESTUDANTES,
DE CRIAÇÃO EM PROFESSOR E
CONJUNTO EM REPRESENTANTES
QUE O GRUPO DE DA EMPRESA
ESTUDANTES ATUE
COMO EMPRESA FAZER SESSÕES DE REALIZAR
PEDAGÓGICA. PARA IDEAÇÃO COM OS RELATÓRIO
AS ATIVIDADES É ESTUDANTES PARA DO DEBATE
NECESSÁRIO QUE ELABORAR SOLUÇÕES
O GRUPO TENHA PARA O DESAFIO fonte: autores (2018)
ACESSO AO MATERIAL
ELABORADO
DURANTE A ETAPA DE
CONTEXTUALIZAÇÃO.
É ESSENCIAL
DOCUMENTAR
Protagonismo Profissional
O PROCESSO Ao final da visita à Empresa Pedagógica, o
DE ATUAÇÃO)

CRIAR PLANO DE
professor deverá apontar quais habilidades
AÇÃO NO KANBAN
FAZER SEÇÃO DE
PROTOTIPAGEM DAS
do quadro de habilidades gerais foram de-
PARA SOLUCIONAR O
DESAFIO
IDEIAS senvolvidas em cada etapa do trabalho reali-
PROPOR SOLUÇÕES
FAZER TESTES REAIS zada pelos estudantes.
PARA DESAFIO DA
DOS PROTÓTIPOS
OU SIMULAÇÕES SE
O professor em cada etapa e atividade deverá
EMPRESA PARCEIRA
POSSÍVEL preencher a ficha de planejamento e a ficha de
fonte: autores (2018) reflexão sobre a prática. Ao final, deverá refletir
junto com os alunos sobre as aprendizagens e
habilidades adquiridas pelos estudantes.
Participação da Empresa Parceira – Ao longo da formação ofertada ao grupo
debate com estudantes de formadores, alguns professores da ECIT
Uma vez concluídas as atividades e resol- de Bayeux experimentaram algumas ações
vidos os desafios, chegou a hora de mais um da Empresa Pedagógica de acordo com a
encontro com o(s) profissional(is) da empresa. sequência didática apresentada, bem como
Desta vez, os estudantes serão os protagonis- criaram novas sequências didáticas num
tas, e os profissionais serão os ouvintes. Os formato de Empresa Júnior, respeitando a
estudantes deverão organizar em Power Point vontade e escolha dos estudantes. Não foi
uma apresentação para cada desafio proposto, possível durante o período da formação de-
contando como o solucionaram e que propos- senvolver a sequência didática inteira, mas
tas têm para os desafios apresentados. Após as ações desenvolvidas mostraram grande
a apresentação do(s) estudante(s), o professor adesão dos estudantes à metodologia e ao
deverá promover um debate entre os estudan- projeto da Empresa Pedagógica. Os relatos
tes e o(s) profissional(is) para discutirem as de experiência deste Projeto Piloto se encon-
propostas apresentadas. tram na segunda parte desta publicação.

36
Intervenção
parte propedêutica para uma leitura da reali-
dade no que diz respeito aos indicadores so-

Comunitária
cioeconômicos e ao espaço que o estudante
ocupa no território.

Compreensão de Indicadores
A Intervenção Comunitária visa a uma Neste campo, o professor deverá planejar
mudança na comunidade que promova o atividades que promovam no estudante a
bem-estar das pessoas por meio da aplicabili- compreensão e o uso de conceitos e indica-
dade das competências da Base Comum Cur- dores. Deseja-se que o estudante, ao final
ricular e do curso técnico. desta etapa, compreenda o uso de conceitos
O Projeto de Intervenção Comunitária po- e o que é um indicador, a importância de um
derá ser desenvolvido em parceria com em- indicador socioeconômico, para que serve,
presa parceira, com a Prefeitura, com o Estado porque foi criado, como interpretá-lo, de for-
ou somente com a escola. E pode ou não estar ma que consiga ler o contexto social mais
relacionado a uma intervenção do curso técni- amplo, Brasil, e o contexto local, o Estado e o
co, uma vez que visa desenvolver habilidades Município em relação aos indicadores e con-
gerais para o mundo do trabalho e atuação na ceitos mais utilizados.
vida social (Figura 9).
Estudante na Comunidade
Nesta subetapa o professor deverá explorar
figura 9 – sequência didática com os estudantes a relação com a comuni-
dade em que estão inseridos, para posterior-
intervenção mente elaborarem juntos um questionário de
comunitária
visita à comunidade.
compreensão
Para tratar deste tema, o professor poderá
de contexto fazer uma atividade prática e prazerosa, que
(indicadores
socioecnômicos, consiste na construção de uma maquete. As
relação do aluno
com a comunidade)
maquetes elaboradas pelos estudantes deverão
ser revistas a partir da segunda etapa, com a vi-
visita de campo sita de campo. Para a confecção de maquetes, o
à comunidade
professor deverá levar para sala de aula placas
de isopor, sucatas como copinhos de plástico,
definição do
problema objeto
criação do
projeto de intervenção
garrafas PET, palitos de sorvete ou de dente,
da intervenção comunitária papel crepom, potes vazios, novelos de lã, re-
vistas, jornais, cola, barbante, tesoura.
execução Dividida a sala em pequenos grupos de
do projeto
cinco a seis estudantes, que devem ser con-
vidados a construir duas maquetes, uma com
protagonismo social
e profissional a visão que possuem da comunidade que mo-
fonte: autores (2018)
ram, a real, e outra com a visão do ideal, de
como eles gostariam que a comunidade fosse.
Após marcar ao meio a base do isopor, de-
Compreensão de Contexto ve-se pedir que de um lado construam a co-
Como na Empresa Pedagógica, a primeira munidade real e ao lado a ideal. Deve-se pre-
etapa deverá ser dividida em duas subeta- ver para esta atividade um tempo entre 1 e 2
pas: na primeira, o professor irá trabalhar horas. Após a primeira parte da atividade, os
com o estudante a compreensão de fatores grupos devem apresentar as maquetes. Du-
socioeconômicos; na segunda irá explorar rante a apresentação, deve-se propor uma dis-
como o estudante interage com a comunida- cussão, considerando os pontos a seguir
de em que está inserido.
A compreensão do contexto neste proje-
to visa aplicar o conhecimento adquirido na

37
O que é uma comunidade? quadro 10 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
Ações e equipamentos
de lazer e cultura. kanban design thinking canvas
Ações e equipamentos sociais –
REVISÃO DO REVISÃO DO REVISÃO DO
CRAS/CREAS/abrigos/ ONGs. CONCEITO DA CONCEITO DA CONCEITO DA
Atividades e espaços esportivos. ABORDAGEM ABORDAGEM ABORDAGEM

Ações e espaços educativos. AS ATIVIDADES


DO KANBAN
Ações e equipamentos de saúde. DELIMITAR O
CONTEXTO
REFEREM–SE À ETAPA
DE IMERSÃO DO
Ações e possibilidades de trabalho. DESIGN THINKING
Ações de qualidade
SELECIONAR OS
de vida (saneamento básico, INDICADORES

coleta de lixo, zeladoria).


PESQUISAR
Ações para inserção do mundo SOBRE ASSUNTOS
RELACIONADOS À
do trabalho e mercado local. INTERVENÇÃO
Atividades e ações SELECIONAR
intersetoriais e em rede. MATERIAL
AUDIOVISUAL, TEXTOS
Redes de proteção social existentes. SOBRE O CONTEXTO
DA INTERVENÇÃO

PREPARAR A
Esta atividade permitirá ao professor ATIVIDADE DE

problematizar qual o conhecimento que os PROTOTIPAGEM


COM FOCO NO
estudantes têm sobre a comunidade, o uso ENTENDIMENTO DA
SITUAÇÃO ATUAL
que fazem dos espaços e serviços e como E PROJETO DA

gostariam que a comunidade fosse a partir SITUAÇÃO DESEJADA.


EX.: MAQUETES,
da perspectiva de diminuir a desigualdade CARTOLINAS, POSTERS,
INFOGRÁFICOS ETC.
social e promover o bem-estar de todos os CRIAR CRONOGRAMA
moradores e a inserção produtiva. GERAL DA
INTERVENÇÃO
O professor poderá problematizar com os COMUNITÁRIA
estudantes durante as apresentações os as- fonte: autores (2018)
pectos a seguir listados.

Conceito de comunidade. Visita de Campo à Comunidade


Relação entre comunidade e escola. Nesta etapa, o professor junto com os estudan-
Trabalho realizado pelas entidades e tes deverá elaborar um instrumento de cole-
associações da comunidade (ONGs). ta de dados para campo, que deve incluir um
Espaços possíveis de convivência questionário e um formulário onde arrolar in-
prazerosa/saudável e de aprendizagens. formações de caráter geral, como o estoque de
Reconhecimento e mapeamento da equipamentos sociais, culturais e esportivos
paisagem social e ambiental da comunidade. disponíveis na comunidade etc. O professor
O que mais gostam na comunidade, deverá mediar a construção do instrumento
o que mudariam. deixando os estudantes com o protagonismo
na escolha das perguntas.
Concluído o trabalho sobre a relação do es- A visita de campo deverá ter três focos: ma-
tudante com a comunidade, chegou a hora de pear os equipamentos e serviços existentes e o
planejar a visita de campo. Vale guardar as ma- grau de satisfação desses equipamentos e ser-
quetes construídas, expor na escola, a fim de que viços por parte da população usuária – além de
sejam revisitadas após o trabalho de campo. elaboração do perfil socioeconômico e demais
Seguem ao lado sugestões de como o pro- indicadores demográficos da comunidade.
fessor poderá utilizar as metodologias de Paralelamente à construção do instrumento
resolução de problemas no planejamento e de coleta, ainda na primeira etapa será necessá-
desenvolvimento das atividades com os estu- ria uma ação de gestão do professor, coordena-
dantes (Quadro 10). dor pedagógico e diretor para agendar a visita
a alguns dos equipamentos sociais, culturais e
esportivos existentes na comunidade.

38
O instrumento de coleta elaborado con- Organização da Comunidade:
juntamente deverá trazer perguntas sobre l conselhos (escola, tutelares, segurança,

os três focos prioritários e abordar os tópi- saúde, orçamento participativo).


cos listados a seguir. l instituições religiosas (igreja católica,

evangélica, umbanda, candomblé,


Infraestrutura existente na comunidade: centros espíritas etc).
l tipo de moradia existente; l associações (moradores, comerciários,

l condições de moradia (saneamento, industriais, profissionais liberais,


água encanada, luz elétrica etc); cooperados, ONGs, sindicatos etc).
l serviços de zeladoria (asfalto,

iluminação, coleta de lixo, limpeza, História da Comunidade:


transporte coletivo, tipos de transporte, l localização;

zeladoria em praças, parques etc). l como surgiu;

l principais acontecimentos que

Condições socioeconômicas marcaram a formação da comunidade;


da população local: l principais características dos

l número de habitantes por moradores da comunidade


faixa etária e sexo; (origem geográfica e étnica); e
l oportunidade de trabalho; l festas típicas/eventos.

l tipos de trabalho possíveis; .


l presença de empresas de pequeno, Uma vez criado o instrumento de coleta, é
médio e grande porte; hora de planejar a visita. Para tanto, o docente
l atividade(s) econômica(s) poderá organizar os estudantes em pequenos
predominante(s); grupos para a coleta das informações e para
l presença de cooperativas e garantir a diversidade de olhares no momento
associações de bairros; da sistematização.
l renda familiar. É importante também que em cada espaço
visitado, os estudantes façam perguntas so-
Serviços existentes na comunidade: bre o funcionamento do estabelecimento, tais
l educação – creches, escolas do Ensino como: público-alvo, principais ações desen-
Fundamental I e II, EJA, Ensino volvidas, tipos de serviço, maiores dificulda-
Médio, universidades, escolas públicas des e potencialidades – no posto de saúde, por
e privadas por segmento; exemplo, questionar o tempo de espera para
l cultura – cinema, teatro, biblioteca, consultas, serviços ofertados, doenças recor-
grupos musicais, teatrais, dança, rentes, vacinação etc.
centros culturais, rádio, jornal etc.; Seguem abaixo sugestões de como o profes-
l lazer – playground, parques, praças, sor poderá utilizar as metodologias de resolução
quadras poliesportivas, piscinas públicas, de problemas no planejamento e desenvolvimen-
campo de futebol, serviços públicos, to das atividades com os estudantes (Quadro 11).
privados, ONGs de cada segmento etc.;
l saúde e assistência social – posto de quadro 11 – aplicação de metodologias
saúde, pronto-socorro, hospitais, UBS, de resolução de problema

consultórios, ambulatórios, CRAS,


kanban design thinking canvas
CREAS, asilos, centros de convivência
para idosos, ONGs assistenciais etc.; SELECIONAR
AS ATIVIDADES
DO KANBAN
l mobilidade urbana – tipos de O LOCAL E DATA REFEREM–SE À ETAPA
DA VISITA DE IMERSÃO DO
transporte, como ônibus, metro, pista de DESIGN THINKING

bicicleta, lotação, barco, táxi, mototáxi, DEFINIR OS


CRIAR PERSONAS

pista para pedestre, acessibilidade para OBJETIVOS


A PARTIR DO QUE
FOI APRENDIDO NA
DA VISITA
deficientes etc.; VISITA DE CAMPO

l outros – correio, restaurantes, PREPARAR AS


ENTREVISTAS/
supermercados, bares, frutarias, feiras, QUESTIONÁRIOS

bancos, lojas, delegacias etc. RELATÓRIO DA


VISITA DE CAMPO

fonte: autores (2018)

39
Definição do Problema quadro 12 – aplicação de metodologias
e Objeto de Intervenção de resolução de problema

Após a realização das visitas aos diferentes es-


kanban design thinking canvas
paços da comunidade, passa-se a sistematizar
e analisar as informações para, então, definir ELABORAR O
CANVAS DA
AS ATIVIDADES
qual será o objeto de intervenção em que o gru- ELABORAR O DO KANBAN
SITUAÇÃO ATUAL;
UTILIZAR UM
po irá atuar e executar nas próximas etapas. DIAGNÓSTICO DA
SITUAÇÃO ATUAL
REFEREM – SE À
ETAPA DE IMERSÃO
CANVAS ADAPTADO

Assim como na Empresa Pedagógica, será DO DESIGN THINKING


PARA ESTA
REALIDADE, CASO
preciso sistematizar as informações coleta- SEJA NECESSÁRIO

das. Dessa forma, a partir da organização e DEFINIR O ESCOPO


ELABORAR A
JORNADA DAS
de como foram conduzidas as visitas, a sala DA INTERVENÇÃO
PERSONAS

terá questionários com finalidades diferen-


fonte: autores (2018)
tes: o mapeamento do que existe na comuni-
dade, as características e operacionalização
dos espaços visitados e a enquete de satisfa- Criação do Projeto de
ção dos munícipes. Intervenção Comunitária
Se houver mais de um questionário para Uma vez selecionado o problema, será então
cada tipo de ação da visita de campo, caso elaborado o Projeto de Intervenção Comu-
os estudantes tenham sido divididos em nitária. Nesta fase, o projeto deverá ser ar-
grupos com propósitos diversos, o professor quitetado coletivamente com os estudantes
deverá realizar a sistematização de forma e o professor. Dessa forma, um passo a passo
coletiva utilizando o software Excel. deverá ser seguido.
Recomenda-se que o instrumento de co-
leta de mapeamento da comunidade tenha a. Definição do Problema
perguntas fechadas tipo “sim ou não” e de O grupo deverá decidir e escrever qual pro-
múltipla escolha. Já os questionários sobre blema deseja enfrentar. O problema consiste em
a operacionalização dos serviços e enquete uma situação indesejável que se quer mudar.
de satisfação deverão ter perguntas abertas b. Relação e causalidade
(resposta discursiva) e fechadas. O professor deverá promover uma discus-
Finda a sistematização das informações, de- são com os estudantes sobre as principais cau-
vem-se analisá-las com o objetivo de definir o sas e consequências do problema definido.,
recorte do Projeto de Intervenção Comunitária. que respondam quais as principais consequên-
Divididos os estudantes em grupos ou cias do problema, porque ele existe, e quais as
mesmo coletivamente, como a turma prefe- causas mais importantes do problema (X).
rir, procede-se à análise com os estudantes c. Objetivo
da realidade da comunidade em questão. O objetivo do projeto deve traduzir a mu-
A partir de então, professores e estudan- dança que se espera com a ação dentro de um
tes selecionarão em qual foco vão querer tempo determinado. Deve-se evidenciar qual
atuar. Pode ser uma intervenção na escola, resultado se espera, o que se pretende supe-
equipamentos de saúde, cultura, lazer, assis- rar no problema identificado. O projeto pode
tência social, zeladoria da comunidade – o ter um objetivo geral e outros específicos, não
leque para escolha será enorme. importa a quantidade de objetivos, desde que
Com o objetivo de conseguir elaborar e sejam atingíveis.
executar o projeto de intervenção comuni- d. Público-alvo
tária, recomenda-se que a escolha do objeto O público-alvo é o grupo de pessoas que
de intervenção seja algo possível de os estu- serão beneficiadas com o Projeto, ou seja,
dantes executarem, ainda que em parceria quem será atendido e se beneficiará com as
com a Prefeitura, Estado e empresas locais. ações desenvolvidas.
Seguem abaixo sugestões de como o profes- e. Ações, produtos e resultados
sor poderá utilizar as metodologias de resolução Estes três itens estão relacionados dentro
de problemas no planejamento e desenvolvimen- de um projeto. Todo objetivo visa alcançar
to das atividades com os estudantes (Quadro 12). um resultado, tendo como norte a solução do

40
problema escolhido. Para cada resultado es- quadro 13 – aplicação de metodologias
perado, faz-se necessário executar um con- de resolução de problema

junto de ações, e para cada ação definida se


kanban design thinking canvas
tem um produto.
Dessa maneira, nesta etapa alguns questio- DEFINIR OBJETIVOS,
FAZER UMA SESSÃO
DE IDEAÇÃO COM OS
ELABORAR CANVAS
DA SITUAÇÃO
namentos são essenciais, como: METAS E ESTUDANTES PARA DESEJADA; PODE-SE
ESTRATÉGIAS CRIAR POTENCIAIS ELABORAR MAIS
PARA ELABORAÇÃO SOLUÇÕES EM DE UM CANVAS
l o que fazer; DO PROJETO DIREÇÃO À SITUAÇÃO
DESEJADA
APROVEITANDO DAS
SESSÕES DE IDEAÇÃO
l como fazer; ELABORAR PLANO
PROTOTIPAR E/OU
l quando fazer; e DE AÇÃO PARA
SIMULAR AS IDEIAS
EXECUÇÃO DA
l quem fará. SOLUÇÃO NO
POSSÍVEIS DE SER
EXECUTADAS
QUADRO KANBAN

f. Atividades/cronograma/responsáveis DETALHAR
CRONOGRAMA
SELECIONAR A
SOLUÇÃO A SER
Uma vez definidas as ações necessárias DE AÇÃO EXECUTADA

para atingir a mudança que se espera, che- fonte: autores (2018)


gou a hora de detalhar a(s) atividade(s) que
será(ão) realizada(s) para concluir cada ação.
Definidas as atividades necessárias para Execução
execução do projeto, torna-se fundamental Desenhada a arquitetura do Projeto de Inter-
estipular um prazo de realização e um res- venção nas Comunidade e seu detalhamento,
ponsável para que se concretize. é tempo de pô-lo em prática. Para tanto, nesta
O professor e os estudantes poderão di- etapa será necessária a articulação da escola
vidir as ações e atividades correspondentes com todos os atores envolvidos na execução.
para ser realizadas em pequenos grupos, de No caso de o projeto precisar de parceiros que
tal forma que cada grupo seja responsável ultrapassem a autonomia da escola, professor,
por um conjunto de atividades e, ao final, o coordenador pedagógico e diretor deverão
projeto seja executado como um todo. viabilizar o contato dos estudantes com os
Algumas ações e atividades, muitas ve- atores responsáveis de cada ação.
zes, deverão ser realizadas por agentes ex- Seguem abaixo sugestões de como o pro-
ternos à escola. Quando isso acontecer, os fessor poderá utilizar as metodologias de
estudantes e professores deverão identificar resolução de problemas no planejamento e
os parceiros (Estado, Município, empresas) desenvolvimento das atividades com os estu-
e quais atividades estes parceiros deverão dantes (Quadro 14).
realizar, para procurar o responsável e in-
formar que o que precisa ser realizado foge
quadro 14 – aplicação de metodologias
do alcance dos estudantes, como, por exem- de resolução de problema
plo, a autorização para leitura de livros para
idosos em asilo ou a intervenção em um kanban design thinking canvas
equipamento público. MANTER O QUADRO
MANTER ACESSÍVEIS MANTER O CANVAS
ATUALIZADO
OS MATERIAIS SOBRE DA SITUAÇÃO
DURANTE A
g. Orçamento EXECUÇÃO
O CONTEXTO DESEJADA VISÍVEL

Todo projeto tem um custo, e será neces- FAZER SESSÕES


PERIÓDICAS DE
sário que o professor com os estudantes con- ATUALIZAÇÃO DO

sigam mensurar o valor em dinheiro para QUADRO

executar o projeto. Para cada ação, atividade, fonte: autores (2018)

produto e resultado será necessário verificar


o custo de implantação.
Seguem abaixo sugestões de como o pro- Protagonismo Profissional
fessor poderá utilizar as metodologias de Ao final do Projeto de Intervenção Comu-
resolução de problemas no planejamento e nitária, o professor deverá apontar quais ha-
desenvolvimento das atividades com os estu- bilidades do quadro de habilidades gerais fo-
dantes (Quadro 13). ram desenvolvidas em cada etapa do trabalho

41
realizadas pelos estudantes. Lembre-se que o figura 10 – sequência didática
Protagonismo Social e Profissional visa pos-
sibilitar ao estudante a aquisição de conheci- inovação social
e científica
mento e habilidades significativas para a vida,
o mundo do trabalho e a atuação profissional. identificação dos
Seguem abaixo sugestões de como o pro- equipamentos sociais
existentes na
fessor poderá utilizar as metodologias de comunidade (posto de

resolução de problemas no planejamento e saúde, serviços sociais,


creches, infraestrutura
desenvolvimento das atividades com os estu- de moradia etc.)

dantes (Quadro 15).


visita de campo
aos equipamentos

quadro 15 – aplicação de metodologias


definição do problema
de resolução de problema
para intervenção

kanban design thinking canvas


elaboração do desenvolvimento
PREPARAR UMA RETORNAR AO LOCAL projeto de intervenção de tecnologias
AVALIAÇÃO DE DA INTERVENÇÃO do equipamento sociais aplicadas à
DESEMPENHO DO PARA VERIFICAR escolhido solução do problema
PROJETO COM O IMPACTO DO
A FINALIDADE PROJETO.
DE MENSURAR O EX.: ENTREVISTANDO
busca de parceiros
APRENDIZADO DO AS PESSOAS,
para viabilização
ESTUDANTE NO REAVALIANDO OS
da intervenção no
PROJETO INDICADORES ETC.
equipamento social
PEDIR PARA O
ESTUDANTE RELATAR
A SUA EXPERIÊNCIA implantação
NO PROJETO. da tecnologia
EX.: TEXTOS, VÍDEOS, social elaborada
DESENHOS pelos alunos

fonte: autores (2018)

protagonismo social
e profissional

Inovação Social
fonte: autores

Identificação dos equipamentos


e Científica sociais da comunidade
Exemplos: creches, escolas, PSF, Cras, posto
policial, restaurantes populares, cozinhas
A Inovação Social e Científica permite a e lavanderias comunitárias, praças, órgãos
participação dos estudantes em oficinas prá- públicos diversos.
ticas, facilitadas pelos professores, cujo tema O professor responsável pela ação coorde-
gerador é o desenvolvimento de tecnologias nará as atividades relacionadas a seguir.
sociais em áreas como Ciência, Tecnologia,
Engenharia e Matemática relativas ao curso Levantamento dos equipamentos
técnico escolhido. sociais existentes na comunidade,
Dessa forma, torna-se possível a aplicação prioritariamente no entorno da escola,
de soluções de problemas reais de comunida- com auxílio da Prefeitura, moradores
des, órgãos públicos e empresas privadas do locais e comunidade escolar.
entorno institucional da unidade escolar. Seleção dos equipamentos cujas áreas
A Inovação Social e Científica é viabiliza- de atuação ou problemas tenham maior
da, também, pela utilização de equipamentos relação de proximidade com as áreas
disponíveis nas ECITs da Paraíba, como labo- dos cursos técnicos da escola. Por
ratórios de robótica, laboratórios interdiscipli- exemplo, se o curso é de Eletrotécnica,
nares, impressoras 3D e kits de instrumentos pode ser interessante selecionar
de medição (Figura 10). equipamentos públicos que tenham
problemas de instalações elétricas;
se é Informática, pode ser que vários

42
equipamentos do entorno da escola Qual é a qualificação do pessoal
precisem de serviços de manutenção e número de funcionários
de computadores, redes, instalação e Qual é o horário de funcionamento?
manutenção de programas etc. Qual é o layout dos equipamentos?
Elaborar, juntamente com os estudantes, Possuem sistemas de segurança?
questionário de levantamentos de dados Como são os fluxos de pessoas e de
para uso durante a visita. Pode ser um materiais dentro do local? Qual é o
questionário eletrônico, se houver acesso número de clientes/usuários por dia?
à internet no local e número suficiente Quais são os problemas existentes
de celulares com acesso à internet, relacionados com a infraestrutura,
naquele horário; ou, alternativamente, logística, espaços ou serviços)
um questionário impresso. Quais experiências exitosas anteriores
Realização de contato com os para a solução de problemas?
responsáveis pelos equipamentos sociais, Quais aspectos legais que podem
requerendo autorização para visita de interferir na resolução de problemas?
estudantes e professor ao local.
Com autorização concedida, preparar a Diagnóstico situacional
visita: autorizações e recursos necessários, do Equipamento Social
logística, aspectos de segurança,
equipamentos a serem levados (câmeras Análise dos questionários respondidos
fotográficas, celulares, pranchetas, e dados coletados durante a visita.
papel etc.). Será necessário o uso de Avaliação do Equipamento Social
equipamentos de proteção individual (roda de conversa ou outras dinâmicas).
(EPIs) específicos? Será necessária Definição de problemas-alvo: sugere-se
autorização dos pais dos estudantes? a identificação de um a três problemas,
Realizar visita prévia ao local para não muito complexos, que tenham chances
conhecer o ambiente e conversar com reais de solução a partir da intervenção
os gestores, identificando as normas do da equipe da escola, considerando-se
estabelecimento. orçamento e recursos disponíveis.
Agendar a visita, dando ciência
a todos os participantes. Elaboração de Projeto de Intervenção
Definir, juntamente com os estudantes, no equipamento escolhido
o roteiro da visita: locais a serem Pode-se seguir os moldes do Projeto de Inter-
visitados, tempo em cada local, venção Comunitária.
número máximo de visitantes em cada
ambiente simultaneamente, necessidade Para turmas com 50 estudantes,
de uso de EPI etc. sugere-se a formação de dez grupos de
cinco estudantes, que serão engajados
Visita de campo aos equipamentos em propor soluções para os problemas
Realizar, juntamente com os estudantes, a diagnosticados na visita ao equipamento
visita ao Equipamento Social selecionado, público escolhido.
elaborando um diário de bordo, fotografan- Os grupos serão orientados a discutir
do aspectos relevantes do espaço físico e os problemas identificados e propor
respondendo ao questionário. Seguem exem- soluções, tão simples e baratas quanto
plos de questões relevantes. possível, de modo que seja viável a
realização de uma intervenção posterior,
Quais são os dispositivos visando à resolução do problema.
e máquinas existentes? Os problemas devem ser tais que a
Qual é a infraestrutura atual? equipe da escola seja capaz de propor
Quais são os “gargalos” soluções que, preferencialmente, utilizem
dos processos internos? os laboratórios e equipamentos disponíveis
Qual é o nível de automação na escola. Também é possível a realização
dos serviços? de parcerias com empresas públicas e

43
privadas, de modo que estas possam Apresentam-se, portanto, como excelentes
colaborar para a resolução do problema temas geradores no que diz respeito ao apren-
das mais diversas maneiras possíveis, com dizado autêntico, quando os estudantes apren-
doações, serviço voluntário, assessoria dem enquanto desenvolvem projetos relacio-
técnica, atuação de ONGs na região, etc. nados com o espaço onde vivem.
Ao final dessa fase, os grupos Exemplos de Tecnologias Sociais em uti-
apresentarão os Projetos de Inovação lização no Brasil são a cisterna de placas, o
Social e Científica que elaboraram, composto multimistura para combate à des-
utilizando técnicas e ferramentas nutrição infantil, os biodigestores, além de
aprendidas ao longo do curso. diversos empreendimentos solidários. Assim,
este tipo de tecnologia pode desempenhar im-
Desenvolvimento de portante papel para a formação dos estudan-
tecnologias sociais aplicadas tes, por meio da promoção do desenvolvimen-
à solução de problemas to sustentável, especialmente em regiões com
Em algumas situações, os problemas exis- baixo Índice de Desenvolvimento Humano
tentes nos equipamentos sociais podem ser (IDH), cujos efeitos podem ser potencializa-
resolvidos pela implantação de uma Tec- dos e serão mais visíveis e imediatos.
nologia Social (TS), que pode ser definida
como “(...) um método ou instrumento capaz Parceiros para intervenção
de solucionar algum tipo de problema social no equipamento social
e que atenda aos quesitos de: simplicidade, Com o Projeto de Inovação Social e Científica
baixo custo, fácil aplicabilidade e geração nas mãos, professores e estudantes podem bus-
de impacto social”. Esse tipo de tecnologia car parcerias que viabilizem a realização da inter-
se origina, geralmente, de um processo de venção no equipamento escolhido, como segue.
inovação resultante do conhecimento cria-
do coletivamente pelos atores interessados Para a intervenção de conserto/
no seu emprego. reforma da instalação elétrica de um
Considerando a necessidade de elaboração posto policial, estudantes e professores
de políticas sociais inclusivas, os processos, do curso técnico de Eletrotécnica podem
técnicas e metodologias desenvolvidos na buscar parcerias com lojas de materiais
interação com a população representam uma de construção para a doação do material
opção para facilitar a inclusão social e a me- necessário ou compra a preços reduzidos;
lhoria na qualidade de vida (CHRISTOPOU- também podem buscar ajuda de um
LOS, 2011, pp. 109-110). eletricista da região, com experiência,
As Tecnologias Sociais fundamentam-se para auxiliar no trabalho.
na oposição às tecnologias convencionais. Para a construção de uma horta
Segundo Dagnino (ITS BRASIL, 2016), “(...) a orgânica em uma praça, terreno,
Universidade que se presta a desenvolver tec- escola, presídio, estudantes e professores
nologias sociais necessariamente necessita de cursos técnicos de Agroecologia
despir-se da tradição do modelo tecnológico e de Meio Ambiente podem buscar
moderno que produziu a tecnologia conven- parcerias com cooperativas de catadores
cional”. Podemos extrapolar esta necessidade de materiais recicláveis para utilização
para as escolas técnicas de nível médio, onde de garrafas PET e de madeira
o saber fazer tem fundamental importância na para a construção de hortas em
formação do futuro profissional. cavaletes produtivos.
Além disso, o desenvolvimento de uma
Tecnologia Social alia aspectos técnicos com
aspectos sociais, incluindo a colaboração, a
construção coletiva e o respeito às diferenças.
Desenvolve, também, a capacidade do estu-
dante de trabalhar em grupo e realizar um
projeto multidisciplinar, onde diversos aspec-
tos precisam ser considerados.

44
Implantação da Tecnologia Social É importante ressaltar o aspecto priori-
desenvolvida colaborativamente tário, que não descarta, por exemplo, a atu-
Pode seguir os moldes de intervenção co- ação da ISC para a solução de um problema
munitária. de uma associação de moradores. Tudo de-
Após a realização das parcerias, a equipe de pende do contexto do equipamento social e
estudantes e professores, juntamente com os dos atores envolvidos.
profissionais que atuam no equipamento social
e membros da comunidade, deverá executar o quadro 16 – aplicação de metodologias
projeto de Inovação Social e Científica – ISC no de resolução de problema
local, obedecendo a todos os aspectos e crité-
inovação social intervenção
rios definidos, como cronograma, recursos, se- e científica comunitária
gurança e normas legais. ALVOS PRIORITÁRIOS (NÃO
Realizada, a solução proposta deve ser OBRIGATÓRIOS) SÃO EMPRESAS
PÚBLICAS. PARCERIAS ALVOS PRIORITÁRIOS
documentada e monitorada por um determi- SÃO BEM-VINDAS PARA A SÃO INSTITUIÇÕES
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE DO TERCEIRO SETOR
nado período, para avaliação da efetividade. EMPRESAS PRIVADAS, COM

Também é possível, em caso de sucesso, a CONTRAPARTIDAS

utilização desse exemplo para visitação, como PROBLEMAS MAIS ESPECÍFICOS,


UTILIZANDO, POR EXEMPLO, O
PROBLEMAS MAIS

estímulo à realização de outros projetos seme- MÉTODO DE ENGENHARIA


GERAIS, COLETIVOS

lhantes pelas próximas turmas. PROBLEMAS MAIS


PROBLEMAS MAIS
RELACIONADOS COM
RELACIONADOS COM
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Protagonismo Profissional
A FORMAÇÃO SOCIAL
DO CURSO TÉCNICO
E HUMANA
ESPECÍFICO
Deve seguir os moldes da Empresa Pedagógi-
fonte: autores (2018)
ca e Intervenção Comunitária.
É evidente que a disciplina ISC pode trazer

Monitoramento
grandes benefícios para a formação dos estudan-
tes, uma vez que estimula o protagonismo social
e profissional ainda na fase de aprendizado, na
própria escola. Os estudantes serão empoderados
pela realização de uma atividade concreta que irá Os Projetos Empreendedores apresentados
beneficiar a comunidade do entorno. acima têm como principais objetivos possibi-
Em outras palavras, esta metodologia alia litar ao estudante a aquisição de competên-
aprendizagem autêntica por meio de uma in- cias e habilidades para a Preparação Básica
tervenção em um espaço social público, bene- para o Trabalho e para o Protagonismo Social
ficiando a comunidade, podendo reduzir cus- e Profissional. Desse modo, o registro das ati-
tos de operação e manutenção desses espaços, vidades é peça fundamental para obtenção do
levando ao empoderamento dos estudantes sucesso esperado com os estudantes.
no sentido de torná-los capazes de transfor- Registrar permite planejar, executar e refle-
mar, para melhor, o local onde vivem. tir sobre a prática realizada, desde que é pos-
sível verificar se o objetivo de cada uma das
Comparativo entre propostas de etapas das sequências didáticas foi atingido.
ISC e de Intervenção Comunitária Em vista disso, foram elaborados dois ti-
Estas duas novas disciplinas possuem se- pos de ficha de registro (Figura 11 e 12) para
melhanças em relação às metodologias de o professor elaborar o planejamento e ava-
execução. Ambas têm como temas geradores liar as aulas, bem como uma seleção de per-
os problemas da comunidade, por meio de um guntas para a condução das atividades com
diagnóstico e proposta de intervenção relacio- os estudantes em sala.
nada diretamente às necessidades locais. No
entanto, algumas diferenças devem ser iden-
tificadas, para que os professores e estudantes
possam propor os projetos mais adequados
para cada caso. A seguir, apresentam-se dife-
renças entre alguns aspectos importantes de
cada uma das disciplinas (Quadro 16).

45
figura 11 – modelo de ficha de planejamento

objetivos de como fazer – materiais


aprendizagem para o que fazer planejamento pedagógicos que
atividade /aula da aula serão utilizados

fonte: autores (2018)

figura 12 – modelo de reflexão sobre a prática

relação da atividade
objetivos de impressão e reflexão: pontos de
com as competências
aprendizagem para desenvolvimento de destaques e dificuldades
para protagonismo
atividade/aula como aconteceu – alunos e professores profissional

fonte: autores (2018)

Perguntas norteadoras O que pretendo com a atividade?


para a condução da aula O que considero importante trabalhar
O papel do professor em sala de aula foi se nesta atividade?
transformando ao longo do tempo, deixando Quais competências e habilidades
de ser um mero transmissor de conhecimen- quero que os estudantes desenvolvam?
to para atuar como mediador da construção
do conhecimento do estudante.
Desse modo, foram elaboradas e sugeri- Conhecimentos dos saberes
das algumas etapas e perguntas norteadoras prévios dos estudantes
para o planejamento e condução do processo Antes de iniciar um tema novo, ainda desco-
de ensino-aprendizagem que poderão ajudar o nhecido para a turma, é interessante que o
professor a promover uma aula mais moderna, professor investigue previamente o que os es-
atraente e significativa aos estudantes. tudantes sabem sobre o assunto que será tra-
balhado a partir das seguintes indagações.
Objetivos claros
É importante que o professor tenha clareza do O que os estudantes já sabem sobre
que quer ensinar e o que os estudantes devem o assunto da atividade?
aprender com cada atividade proposta, orien- Como explorar o que os estudantes
tando-se em perguntas como as que seguem. já sabem sobre o tema?

46
Quais condições posso oferecer-lhes para Quais materiais disponibilizo para
que exponham noções e conhecimentos os estudantes em sala de aula?
iniciais em relação ao tema?
Que cuidados devo tomar para não Sistematização dos
antecipar respostas e realmente dar registros dos estudantes
protagonismo aos estudantes? Após a realização das atividades é importan-
te, juntamente com os estudantes, sistema-
Problematização tizar todo o percurso durante as aulas para
Ao assumir o papel de mediador da construção que tenham compreensão do conhecimento
do conhecimento, a estratégia de aula precisa produzido. Seguem indagações para ajudar a
despertar o interesse do estudante em apren- nortear a questão.
der o tema que será trabalhado, com base em
questões como as que seguem. Que procedimentos adotei para que
os estudantes pudessem organizar e
Como contribuo para que os estudantes sistematizar as competências e habilidades
se envolvam no assunto a ser tratado, adquiridas na atividade?
de modo que tenham dúvidas e se Os estudantes adquiriram clareza das
mostrem dispostos a buscar soluções? situações de aprendizagem que eu propus?
Na hora de problematizar, meu ponto Sugiro aos estudantes a produção de textos
de partida é o conhecimento e as coletivos e/ou individuais com conclusões
considerações do estudante sobre finais obtidas nas atividades realizadas?
o tema a ser tratado?
Divulgo os trabalhos dos estudantes
Quais estratégias utilizo para nos espaços da escola?
garantir a participação ativa dos
estudantes nas atividades? Utilizo os conhecimentos elaborados
pelos estudantes como ponto de partida
para novas aprendizagens?
Desenvolvimento da atividade
Faço a relação com os estudantes do ponto
Após explorar o conhecimento prévio dos
de partida (conhecimento inicial sobre
estudantes e problematizar questões sobre o
os assuntos) e ponto de chegada?
tema que será tratado, podem-se questionar
que atividades planejadas podem ser pro-
postas, como segue. Avaliação e registro do professor
Finalizadas as atividades sobre o tema tra-
Mapeado o conhecimento inicial dos tado, o professor deve organizar os próprios
estudantes, que propostas ofereço para registros e refletir sobre objetivos iniciais
que possam ampliar, contrapor e/ou propostos vs. Resultados.
reforçar os conhecimentos iniciais?
Quais métodos vistos na formação Estabeleço uma sistemática para observar
para resolução de problemas os avanços conquistados pelos estudantes
(Canvas, Kanban, Design Thinking, para dar continuidade aos trabalhos?
Planejamento de Competências e Utilizo a ficha de registro sugerida pelos
Habilidades) utilizo na atividade? Projetos Empreendedores, na perspectiva
Quais estratégias diversificadas de de constituir uma memória do percurso
aprendizagem utilizo: situações de do ensino e da aprendizagem?
levantamento de hipóteses; pesquisas; Sistematizo as fichas de reflexão para
experimentos; discussões em pequenos ter uma visão de todo o processo utilizado,
grupos; leituras de diferentes textos o que deu certo, obstáculos
(filmes, mapas, gráficos, textos, e dificuldades encontradas?
músicas, jornais, livros etc); Compartilho e discuto com os outros
Como organizo a turma: em duplas, trios, professores as informações coletadas
pequenos grupos ou no coletivo da classe; sobre as aprendizagens dos estudantes?

47
Ações de Gestão
Realizar horário de Trabalho Coletivo
com coordenadores pedagógicos e
coordenadores dos cursos técnicos,
professores dos componentes
Ao longo do processo de formação e desen- curriculares propedêutico e técnico.
volvimento das atividades previstas nas metodo- Implantar um currículo articulado
logias de Articulação Curricular e Projetos Em- com atividades interdisciplinares
preendedores, a equipe envolvida verificou que requer que gestores garantam um
algumas ações de gestão da Secretaria de Edu- espaço coletivo de planejamento e
cação Estadual e da escola seriam fundamentais monitoramento das aprendizagens.
para a implantação bem-sucedida do projeto. Elaborar um Plano de Ação para
No âmbito da Secretaria de Educação Esta- estabelecer relação com o setor produtivo
dual (SEE), será necessário implantar as mo- e comunidade (uso de equipamentos
dificações a seguir. sociais). Para a realização dos projetos
empreendedores se faz necessário
Nomear um coordenador do projeto elaborar um plano de trabalho para
na SEE para atuar conjuntamente com o efetivação de parceria com empresas e
restante da equipe de Educação Integral e equipamentos sociais da comunidade.
Educação Profissional e Técnica. Elaborar um plano de ação para
Ampliar a carga horária do Coordenador implantação dos Projetos Empreendedores
Pedagógico Técnico. Anteriormente, em sala de aula, organizando a escola
para esta função a carga horária era de para garantir que se desenvolvam como
20 horas, verificando-se a necessidade esperado nas sequências didáticas.
de ampliá-la para 40 horas.
Ampliar ou ajustar a carga horária

Métodos
dos professores do curso técnico
garantindo a realização de horário

de Resolução
de trabalho coletivo com professores
técnicos e propedêuticos. Esta ação

de Problemas
pode ser implantada de duas formas:
aumentando a carga horária do professor
ou redirecionando um número de horas
para planejamento coletivo e ampliando
o quadro de professores. Um problema é o abismo entre duas situa-
Garantir infraestrutura de laboratórios ções. De um lado há uma situação real descon-
para realização de aulas práticas dos fortável, do outro lado uma situação projetada
cursos técnicos. Equipar as escolas com e desejável. Resolver o problema pode signi-
o mínimo necessário para o curso ficar construir uma ponte entre os dois lados,
acontecer com vivências práticas, escalar as paredes do abismo ou, talvez, pro-
imprescindíveis em um curso técnico. jetar uma máquina voadora. Para todas essas
Aprovar as matrizes curriculares soluções é necessário ver o abismo como uma
reorganizadas no Conselho oportunidade, enxergar o problema como um
Estadual de Educação. desafio para a criatividade.
Elaborar um plano de ação com o setor Encarar os problemas a partir de uma abor-
produtivo para maior participação das dagem criativa é uma das formas mais eficazes
empresas na criação de novos currículos. de resolvê-los, principalmente quando a resolu-
Planejar a multiplicação da formação ção pode ocorrer com a ajuda de um grupo de
para novas 27 ECITs. trabalho capaz de aplicar técnicas de design e
gestão ágil de atividades e projetos. Essa ma-
No âmbito das escolas, será necessário im- neira de resolver problemas por meio da criati-
plantar as modificações a seguir. vidade é uma das premissas do design.

48
Quem busca solucionar um problema ge- deve agir criativamente sobre esse problema
ralmente não parte de uma ideia preconcebi- ou demanda?”; “Em que lugar o problema ou
da. Ao contrário, a ideia é, ou deveria ser, o demanda aparece?”; “Quem são as pessoas-
resultado de observação e estudo cuidadosos, -chave no problema ou demanda?”; “O que
enquanto o design é um produto dessa ideia. deve ser melhorado ou resolvido?”; “Qual a
A fim de chegar a uma solução eficaz para o situação confortável imaginada?” etc.
problema, portanto, quem busca uma solução A partir do exercício de responder às per-
deve necessariamente seguir algum tipo de guntas, o grupo de trabalho terá percorrido o
processo mental (RAND; CIPOLLA, 2015). processo de imersão no problema ou deman-
da. Nessa fase se reúnem insumos, por meio
Design Thinking de pesquisa, para a próxima etapa: a Ideação.
O Design Thinking, ou “pensamento de de- A pesquisa pode ser tanto quantitativa como
sign”, é uma abstração do modelo mental qualitativa, com informações sobre hábitos
utilizado há anos pelos designers para dar de determinado grupo, modelos mentais e
vida às ideias por meio de uma abordagem estilo de vida. Isso é o que vai permitir que
criativa dos problemas. Esse modelo mental a pessoa responsável pela atividade visua-
pode ser aprendido e utilizado por qualquer lize o perfil do indivíduo com quem está in-
pessoa e aplicado em qualquer cenário de teragindo e para quem está desenvolvendo
negócio social. De acordo com Tim Brown algo (AMBROSE; HARRIS, 2016). É impor-
et al. (2010), o Design Thinking começa com tante destacar que muitas vezes o processo
habilidades que os designers têm aprendi- de imersão pode, e deve, envolver visitas ao
do ao longo de várias décadas na busca por local real do problema e entrevistas com as
estabelecer a correspondência entre as ne- pessoas envolvidas, por exemplo.
cessidades humanas com os recursos técni- Ainda na etapa de imersão, podem-se
cos disponíveis, considerando as restrições criar personas.
práticas dos negócios. E, mais do que isso, Personas – a criação de personas é uma
o Design Thinking coloca essas ferramen- técnica utilizada para representar um gru-
tas nas mãos de pessoas que talvez nunca po de usuários finais durante discussões de
tenham pensado em si mesmas como desig- design, mantendo todos focados no mesmo
ners, aplicando-as a uma variedade muito alvo. As personas são definidas principal-
mais ampla de problemas. mente pelos objetivos, determinados num
Realizar a complexa façanha criativa da processo de refinamento sucessivo durante a
criação paralela de uma coisa (um objeto, ser- investigação inicial do domínio de atividade
viço, sistema) e de sua maneira de funcionar do usuário, geralmente na fase de imersão.
é o principal desafio do raciocínio de design. Criar personas não pode ser caracterizado
Esse estágio duplamente criativo requer de- como uma atividade que tem como base sim-
signers que proponham respostas para o “o plesmente caricaturas ou invencionices. Para
quê” e o “como”, e depois as testem em con- definir personas realmente úteis, elas devem
junto. A fim de perceber o real valor que o De- ser baseadas em dados reais.
sign Thinking pode ter para as organizações Ideação – técnica pela qual o grupo de
é preciso articular essas práticas com clareza trabalho responde à pergunta “o que pode-
e de forma muito detalhada. Elas são a contri- mos fazer para solucionar o problema ou de-
buição-chave que os pesquisadores e desig- manda; ou, em alguns casos, promover uma
ners podem trazer a um universo profissional melhora significativa?”
que realmente precisa deles. Durante a Ideação, o objetivo principal é
Esta metodologia pode ser dividida em listar o maior número de ideias que aparen-
quatro etapas, como segue. temente, sem um julgamento muito crítico,
Imersão – neste momento, a equipe vai podem contribuir para a solução do problema
aproximar-se do problema ou demanda e ma- ou demanda. Algumas técnicas de brainstor-
pear o contexto. A ideia é responder a algu- ming sugerem que os participantes comparti-
mas perguntas-chave, tais como: “Por que se lhem com o grupo ideias conforme vão ocor-

49
rendo; outras sugerem que cada participante Business Model Canvas
faça um exercício silencioso de escrever pala- É um quadro de uma única página que permite
vras-chave em um pequeno pedaço de papel entender rapidamente o funcionamento de um
e, só depois de alguns minutos de Ideação modelo de negócio. Essa ferramenta lembra
individual, compartilhar as ideias, para que uma tela de pintura – mas pré-formatada e com
o grupo inicie um processo de análise e prio- nove blocos – e permite criar imagens de mode-
rização. Para essa formação, recomenda-se a los de negócios novos ou já existentes.
abordagem descrita por último (VIANNA; O quadro funciona melhor quando impres-
VIANNA; ADLER, 2014). so em uma grande superfície, para que vários
Prototipagem – é uma das técnicas (e o grupos de pessoas possam rascunhar e discu-
protótipo uma das ferramentas) mais impor- tir juntos seus elementos, com anotações em
tantes para o processo de design. Por meio adesivos ou marcadores. É uma ferramenta
da Prototipagem o grupo conseguirá testar prática e útil que promove entendimento, dis-
as ideias de forma ágil, colocando em prática cussão, criatividade e análise.
os pontos mais importantes e visualizando O Canvas foi formalizado no livro Business
as potenciais falhas ou melhorias. O protó- Model Generation, de Osterwalder e Pigneur
tipo pode ser desde um artefato complexo (2010), e tem sido muito utilizado por empre-
construído com o uso de tecnologias como sas e startups para estruturar modelos de ne-
impressão 3D até uma simples dobradura fei- gócios, devido principalmente à facilidade de
ta em papel. O importante é que o protótipo implantação. De acordo com os autores, há
seja capaz de representar os aspectos funda- nove componentes básicos que formam a base
mentais de uma ideia a ser testada. dessa ferramenta útil, que mostram a lógica de
como uma organização pretende gerar valor.
Kanban Os nove componentes cobrem as quatro áreas
A palavra japonesa kanban significa “mural principais de um negócio: clientes, oferta, infra-
ou quadro de cartões”. Trata-se de um concei- estrutura e viabilidade financeira.
to relacionado à utilização de cartões (post-it
e outros) para indicar o andamento dos fluxos Aplicação da Metodologia
de produção em empresas de fabricação em de Resolução de Problemas
série, mas que pode ser aplicado a diversos Em uma primeira etapa o entendimento so-
processos criativos de trabalho para a organi- bre o problema e a apropriação do tema em
zação de projetos por atividade. questão. Para isso, é recomendada a utiliza-
No Kanban sugerido na formação há três ção das ferramentas de Imersão, Ideação,
colunas: “fazer”, “fazendo” e “feito”. Dessa for- Prototipagem e Kanban, na sequência mos-
ma o grupo de trabalho consegue descrever trada no Quadro 17.
as atividades de um projeto em pequenos car-
tões e distribuí-los no Kanban para indicar o
estágio de cada atividade.
Há uma variedade de abordagens para o
Kanban, mas a maioria concorda que esse é um
sistema e um método focado nos seguintes prin-
cípios: visualizar o trabalho, limitar as atividades
em progresso, explicitar as políticas de trabalho,
medir e fazer a gestão do fluxo das atividades e
identificar oportunidades de melhorias.

50
quadro 17 – aplicação de Após essa etapa de apropriação do tema,
metodologias de resolução de problema quando o problema foi situado e a potencial
solução configura um modelo de negócio,
ORGANIZAR AS TAREFAS NECESSÁRIAS PARA pode-se adotar o Business Model Canvas
ALCANÇAR O OBJETIVO DA ATIVIDADE,
OU SEJA, A RESOLUÇÃO DE DETERMINADO (BMC) com seus componentes e padrões – e
PROBLEMA. DEVE-SE DESENHAR UM KANBAN aplicar as técnicas e ferramentas de Design
EM UMA FOLHA E PREENCHER AS ATIVIDADES
NOS CARTÕES COLORIDOS. Thinking para a criação de modelos de ne-
gócios. Essa atividade deve percorrer cinco
UMA VEZ QUE O GRUPO SE TENHA passos, como segue.
ORGANIZADO, DEVE-SE COMEÇAR O
PROCESSO DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
PELA ETAPA DE IMERSÃO, RESPONDENDO ÀS 1. Afixar ou desenhar o BMC
PERGUNTAS INICIAIS. É RECOMENDADO USAR
UM QUADRO DESENHADO EM PAPEL COMO em uma parede ou lousa.
APOIO PARA ESTA ETAPA. 2. Definir os conceitos ou
componentes principais.
DEPOIS DE RESPONDER ÀS PERGUNTAS,
INICIA-SE A ETAPA DE IDEAÇÃO. NESTE 3. Oferecer uma visão geral sobre os
MOMENTO, DEVEM-SE ANOTAR padrões que podem ser formados no quadro.
EM UM CARTÃO COLORIDO IDEIAS QUE
TENHAM POTENCIAL DE SOLUCIONAR O 4. Construir um exemplo de quadro
PROBLEMA OU A DEMANDA DA ATIVIDADE. de modelo de negócio.
É IMPORTANTE QUE ESSA FASE DE IDEAÇÃO
TENHA UM TEMPO LIMITADO (ALGO ENTRE
5. Sugerir caminhos, por meio do exemplo,
5 E 15 MINUTOS) E QUE SE COMPREENDA para aplicação do Design Thinking a fim
QUE O MAIS IMPORTANTE, NESTE MOMENTO,
É GERAR IDEIAS POTENCIAIS, SEM ANÁLISES
de apoiar a criação de modelos de negócio.
OU JULGAMENTOS. CASO A RESOLUÇÃO
ESTEJA ACONTECENDO EM GRUPO, UMA
VEZ QUE TODOS TENHAM COLOCADO AS
A intenção é que após o preenchimento
IDEIAS NOS CARTÕES COLORIDOS, CADA do BMC o grupo de trabalho tenha um mapa
PARTICIPANTE DEVE COMPARTILHÁ-LOS
COM O GRUPO. EM SEGUIDA, AS IDEIAS
com os principais parceiros, atividades-chave,
SEMELHANTES DEVEM SER AGRUPADAS valores, segmentos de clientes, estrutura de
EM UMA FOLHA DE PAPEL, DE MODO A
REUNIR AS POTENCIAIS SOLUÇÕES.
custo e receita; enfim, constituem os princi-
NESSE MOMENTO É IMPORTANTE QUE pais componentes de um modelo de negócio
OS PARTICIPANTES NÃO CRITIQUEM NEM
JULGUEM AS IDEIAS, APENAS AS AGRUPEM,
pronto para validar e testar a solução.
DE MODO A FACILITAR A PRÓXIMA FASE. Uma sugestão é que o grupo de trabalho
preencha vários quadros do BMC, de modo que
DEPOIS DE TER TODAS AS IDEIAS
AGRUPADAS, É HORA DE REVISAR O
possa testar variações do modelo e selecionar
CONJUNTO DE IDEIAS E PRIORIZAR aquela com maior aderência à demanda inicial.
AQUELAS QUE SERÃO REFINADAS
E TESTADAS NA FASE DE PROTOTIPAGEM.
Uma vez que o modelo de negócio fique
pronto, pode-se, a partir dele, elaborar um pla-
A PROTOTIPAGEM É A FASE DE TESTAR AS no de negócio mais detalhado, essencial ao
IDEIAS. É IMPORTANTE LEMBRAR QUE EXISTEM início da operação.
VÁRIAS MANEIRAS DE PROTOTIPAR UMA IDEIA:
PODEM-SE USAR PAPÉIS E DOBRADURAS PARA É importante destacar que muitas vezes a
REPRESENTAR ALGUM ARTEFATO FÍSICO; solução do problema inicial não configura exa-
PODE-SE REPRESENTAR UMA SITUAÇÃO
(NO CASO DE UM TESTE SOBRE UMA IDEIA tamente um modelo de negócio, uma vez que
DE SERVIÇO OU JOGO, POR EXEMPLO) EM pode não ter como intenção criar uma fonte de
QUE CADA PARTICIPANTE DESEMPENHA UM
PAPEL; O IMPORTANTE É QUE O PROTÓTIPO receita, por exemplo. No entanto, o quadro do
FORNEÇA CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA QUE BMC é modular e seus componentes podem
A IDEIA SEJA TESTADA E APERFEIÇOADA.
ser adaptados, de modo que o quadro funcione
fonte: autores (2018) melhor para uma situação específica.

51
Considerações Finais

A presente experiência trouxe resultados significativos


para os envolvidos – secretário de Educação, parceiros,
assessores técnicos, formadores, coordenadores
pedagógicos técnicos e propedêuticos, professores,
estudantes, empresas e comunidade –, especialmente
porque os produtos alcançados foram elaborados
por meio de uma construção coletiva.

A equipe apostou num desenho inova- articulação entre a parte propedêutica, a


dor que promovesse a transformação da parte diversificada e a parte técnica. A
prática cotidiana com mudanças de para- elaboração de uma metodologia de Arti-
digmas e propiciasse o protagonismo tan- culação Curricular permitiu mudança no
to ao grupo de formadores como aos estu- modo de pensar o currículo, pautado ago-
dantes participantes das atividades. ra em competências e habilidades. Isso
Sabia-se, quando construído o desenho fez com que todos os componentes curri-
piloto, que seria necessário ofertar forma- culares, quer da parte propedêutica e da
ção com temas que instrumentalizassem parte diversificada, quer da parte técnica,
o grupo participante a apropriar-se de fer- se unissem em favor das aquisições de
ramentas inovadoras que atingissem os competências necessárias para cumprir a
resultados esperados: um currículo arti- função do Ensino Médio – formar jovens
culado pautado em competências e habi- emancipados, capazes de interagir e in-
lidades e a criação de projetos empreen- tervir na realidade em que vivem.
dedores que permitissem aos estudantes O processo de formação dos forma-
aquisições de competências e habilidades dores foi uma situação de permanente
para a vida e para o mundo do trabalho. aprendizagem para todos, algo que se
A equipe optou por não apresentar um evidenciou na forma como os partici-
material previamente pronto ao grupo, pantes se envolveram com as atividades
mas, sim, escolheu construir coletivamen- e com a perspectiva de continuarem se
te as metodologias necessárias ao longo aperfeiçoando. Um bom exemplo disso
do processo de formação. Essa decisão foi diz respeito à preocupação que o grupo
assertiva, posto que o grupo se engajou e demonstrou em relação aos processos de
se dedicou sem medir esforços por expe- avaliação alinhados à concepção do cur-
rimentar tudo que foi trabalhado nos três rículo desenvolvido.
eixos da formação nas próprias escolas, e Da mesma forma aconteceu com a ela-
assim o projeto tomou corpo e forma. boração dos Projetos Empreendedores.
Os currículos das ECTs até então Inicialmente, a equipe sabia que deveria
eram desconectados; embora houvesse criar atividades que desenvolvessem a
uma matriz única, na prática havia pouca aquisição de competências e habilidades

52
gerais para o mundo do trabalho. A partir des-
se pressuposto, selecionaram-se três focos de
atuação: interação com empresas, interação
com a comunidade e interação na escola com
a criação de tecnologias sociais e científicas
com baixo custo e com uso de materiais reci-
cláveis. Por meio da oferta de métodos de re-
solução de problemas na formação oferecida
aos docentes do Projeto Piloto, as sequências
didáticas dos Projetos Empreendedores fo-
ram validadas e aprimoradas coletivamente
ao longo do processo.
Dentre todos os resultados adquiridos,
quatro merecem destaque: a criação de um
grupo de formadores engajados para multipli-
cação e implantação do projeto nas escolas; a
relação efetiva das escolas com a comunidade
e empresas locais; o uso de metodologias ino-
vadoras dentro da sala de aula; e, por fim, a
implantação de projetos entre estudantes au-
torizados a intervir efetivamente nas escolas,
comunidades e empresas locais.
No desenvolvimento das ações dos Proje-
tos Empreendedores, os equipamentos sociais
visitados e as empresas participantes das
ações também aderiram à proposta e sempre
recepcionaram os professores e estudantes
para a realização das atividades conjuntas.
Foi um processo rico de aprendizagem
com emancipação de todos os envolvidos,
uma vez que se incorporaram, na práti-
ca, ações transformadoras no processo de
aprendizagem do estudante.
Pensar uma educação contemporânea
implica investir, ousar, experimentar e acre-
ditar que é possível inovar mesmo dentro
das limitações da escola pública. Precisa-se
apenas de um grupo de pessoas que acre-
dite que a escola deve abrir as portas para
interagir com o entorno e que o estudante é
capaz de construir a própria história – basta
orientá-lo para tanto.

53
Referências

AMBROSE, G.; HARRIS, P. Design thinking. Coleção Design FERREIRA, H; CASSIOLATO, M; GONZALEZ, R. Como
Básico. São Paulo: Bookman, 2016. elaborar modelo lógico de programa: um roteiro básico. Bra-
sília: Ipea, 2007.
BARBOSA, S.; SILVA, B. Interação humano-computador.
São Paulo: Elsevier Brasil, 2010. HADJI, C. Da educatividade em educação e de sua avaliação. Dis-
ponível em <http://www.vila.com.br/html/outros/2010/30_anos/
BOEG, J. Kanban em 10 passos: otimizando o fluxo de trabalho
pdf_30/30_textos/11_Charles_hadji.pdf>. Acesso em out. 2017
em sistemas de entrega de software. C4Media, 2010.
HARADA, F.J.B.; CHAVES, I.G.; CROLIUS, W.A. O design cen-
BRASIL. BNCC, 2017.
trado no humano aplicado: A utilização da abordagem em diferentes
BRASIL. Caderno de Formação Técnica Geral. Brasília: Ministé- projetos e etapas do design. Blucher Proceedings, v. 2 n. 9, 2016.
rio da Educação, 2006. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
KALBACH, J. Design de navegação web: otimizando a experi-
Programa Projovem.
ência do usuário. São Paulo: Bookman, 2009.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organiza-
BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB/96), art. 35. ções da sociedade civil. São Paulo: Global, 2001.
BRASIL. Lei nº 9.394. Lei de Diretrizes e Base da Educação KUENZER, Acácia Zeneida. Conhecimento e competências no
(LDBN). Brasília, 1996. trabalho e na escola. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro,
v. 28, n. 2, p. 45-68, maio/ago. 2002.
BRASIL. Parecer CNE/CEB No11/2012 Brasília. Relatores:
Adeum Hilário Sauer, Francisco Aparecido Cordão, José Fer- MAGALHÃES, M. Pernambuco. Modelo da escola da escolha.
nandes de Lima, Mozart Neves Ramos. Instituto de Corresponsabilidade da Educação, 2004.
BRASIL. PCNEM, 2000. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business model genera-
tion. Alemanha: John Willey Trade, 2010.
BRASIL. PCNs, 1997.
PERRENOUD, Phillipe. A Arte de construir competências. Re-
BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 02/2012 Brasília, 2012
vista Nova Escola, edição, página 53, set/2000. São Paulo, Abril
BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 06/2012 Brasília, 2012 Cultural.
BRASIL. SAEB, 2008. PERRENOUD, Phillipe. Construir competências é virar as costas
aos saberes? Pátio – Revista Pedagógica, Porto Alegre, n. 11, p.
BROWN, T. et al. Design thinking: uma metodologia poderosa
15-19, nov. 1999. Disponível em: <http://www.unige.ch/fapse/
para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_39.html>.
CHRISTOPOULOS, Tania P. Tecnologias sociais. RAE, São Pau-
RAND, Paul; CIPOLLA, M. B. Pensamentos sobre Design.
lo, v. 51, n. 1, jan./fev. 2011, pp. 109-110. Disponível em <http://
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.
www.scielo.br/pdf/rae/v51n1/11.pdf>. Acesso em mar. 2018.
SÃO PAULO, Governo do Estado. Educação: ponte para o mun-
CNE. Resolução nº 6 e Parecer nº 11/2012. Conselho Nacio-
do. Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
nal de Educação. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/
Comunitária, 2004. Programa Educação e Cidadania, módulo I.
index.php?option=com_docman&view=download&alias=-
11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&I- SILVA, G. B.; FELICETTI, V. L. Habilidades e competências na
temid=30192>. Acesso em jan. 2018. prática docente. Educação por escrito, v. 5 n. 1, Porto Alegre, 2014.
DORST, K. The core of Design thinking and its application. Tecnologia Social: experiências inovadoras em extensão universitá-
Design Studies, v. 32, n. 6, p. 521–532, 2011. ria. Instituto de Tecnologia Social. São Paulo: ITS Brasil/MCTI-SE-
CIS, 2012. Disponível em http://www.itsbrasil.org.br/sites/itsbrasil.
ENCICLOPÉDIA PEDAGÓGICA UNIVERSITÁRIA.Dispo-
w20.com.br/files/Digite%20o%20texto/miolosatecs-grafica.pdf.
nível em <http://portal.inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-/
asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/489875>. VIANNA, Ysmar; VIANNA, Maurício; ADLER, Isabel K. De-
Acesso em jan. 2018. sign thinking: inovação em negócios. São Paulo: MJV, 2014.

54
Sugestões de sites
para planejamento de aulas

https://www.fablabs.io/labs/map, dez/2017.
https://www.swissinfo.ch/por/sistema-su%C3%ADço-de-educação/29726022
http://cmap.ihmc.us/
http://cmap.ihmc.us/cmap-cloud/
http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx
http://www.ibge.gov.br
https://cidades.ibge.gov.br
http://portugues.doingbusiness.org
http://porque.uol.com.br
https://www.wikipedia.org
http://paraiba.pb.gov.br
http://trabalho.gov.br/rais
https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/
https://www.wikipedia.org
https://endeavor.org.br
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae
http://datasus.saude.gov.br

55
56
Anexo
Relatos de Experiências

57
EcoClima - Empresa
Júnior de Refrigeração
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELIS
BAYEUX, PARAÍBA
POR RAYSSA FERREIRA ALENCAR

A
A partir de necessidades identificadas no ensi- Planejamento
no para o melhor aproveitamento do estudante Nós professores, selecionamos turmas da 3ª
no mercado de trabalho, inseri a eletiva EcoCli- série do Ensino Médio técnico integral, a fim
ma – Empresa Jr. na ECIT Erenice Cavalcante de que a realização do projeto se concretizas-
Fidelis como um modelo piloto de Empresa Pe- se, pois essas turmas concluiriam o curso em
dagógica, com a proposta de desenvolver nos 2017, e a eletiva melhoraria o desempenho no
estudantes o senso crítico e empreendedor, de mercado de trabalho.
liderança e resolução de problemas para inser- A escolha pela área de refrigeração foi
ção no mercado de trabalho. dos próprios estudantes, por afinidade com
Após algumas reuniões pedagógicas com os a disciplina e por verificar que o mercado de
professores das disciplinas da área técnica, per- trabalho disponibiliza grandes oportunida-
cebi a dificuldade dos estudantes em aprender des decorrentes da escassez de mão-de-obra
e compreender a maneira de se colocar diante especializada na região. Com esse levanta-
de problemas que lhes eram lançados na área mento, planejei um método para trabalhar
de Mecânica. A partir daí, senti falta de diver- os pontos importantes na eletiva. No méto-
sos assuntos não abordados nas disciplinas do do foram inseridos parâmetros como estru-
curso de Mecânica, tais como: técnicas de ges- tura da empresa, áreas de atuação do cur-
tão de pessoas e de projetos; trabalho em equi- so, empreendedorismo etc. Também foram
pe; funcionamento de uma empresa; linguagem feitas parcerias com empresas desse ramo
empregada na comunicação e venda do serviço; industrial para que os estudantes pudessem
produção e execução de projetos na área etc. vivenciar a prática do trabalho.
Para que este projeto fosse realizado, a O projeto dividiu-se em etapas, como segue.
Secretaria de Educação do Estado (SEE) da
Paraíba fez uma parceria com o Itaú BBA, o Apresentação do projeto
Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande, aos estudantes, inscrição e seleção.
que possibilitou aos professores três etapas de Discussão com os estudantes
formação, quando foram apropriados métodos selecionados para direcionar da
de resolução de problemas e de metodologia melhor maneira possível os trabalhos.
criativa para aplicação na disciplina eletiva de Início das atividades com o
Projeto Empreendedor. mapeamento de profissões.

58
Apresentação de um
organograma de empresa.
Apresentação aos estudantes
dos setores de uma empresa.
Elaboração de questionário
de visita à empresa.
Visita à empresa parceira Penalty.
Visita de um profissional da empresa
parceira Penalty à escola.
Retorno à empresa parceira com
a solução do problema proposto.
Visita de um profissional liberal
empreendedor à escola.
Estudo de indicadores
socioeconômicos, tais como PIB, IDH etc.
Criação da Empresa Júnior
de Refrigeração Ecoclima.
Participação no Seminário com o setor
produtivo do Sebrae em João Pessoa.
Mapeamento de produtos, clientes,
comércio e concorrentes locais
relacionados à área de refrigeração.
Culminância em dezembro
de 2017 na ExpoEcit, feira em
que muitos dos trabalhos realizados
nas eletivas foram expostos.
Exposição dos trabalhos realizados
pelos estudantes na empresa Jr.

Execução
Iniciamos as atividades na eletiva com o mape-
amento de profissões dentro do curso de Mecâ-
nica. Foi apresentado um organograma de uma
empresa, com a distribuição dos setores exis-
tentes entre os estudantes, ficando cada um res-
ponsável por uma atividade dentro da empresa,
como Presidência, Comunicação, Financeiro etc.
Em seguida, os estudantes, por meio de fonte: acervo da professora (2017)

pesquisa, montaram apresentações sobre o


setor da empresa que estava sob sua responsa-
bilidade. Cada um elaborou uma apresentação
do setor, funções e papéis e identificou onde
um técnico em mecânica pode atuar na em-
presa parceira. Foi uma discussão interessan-
te, posto que pela primeira vez tiveram acesso
àquelas informações.
Realizamos uma ação de aproximação com
o setor produtivo, pois para dar certo a experi-
ência da Empresa Pedagógica era necessário
estabelecer uma parceria com alguma empre-
sa. Conseguimos criar essa relação com a Pe-
nalty, localizada no mesmo bairro da escola.
Foram feitas reuniões, a diretoria da empresa

59
foi consultada e concordou em participar de dantes um problema que enfrentavam, e lan-
nossa ação experimental. çaram o desafio para os estudantes: eles te-
Concluída a etapa de compreensão sobre riam uma solução?
as profissões existentes dentro de uma em- Para enfrentar o desafio trazido pela em-
presa, elaboramos um roteiro de perguntas presa parceira, utilizamos alguns métodos de
para o dia da visita à Penalty, com a partici- resolução de problemas trabalhados ao longo
pação ativa dos estudantes – e eu fui apenas da eletiva como, PDCA, 5W2H e Kanban. Du-
mediadora. Essa atividade de elaboração das rante essas atividades, foi possível identificar
perguntas permitiu debater com os estudan- que os estudantes desenvolveram a capacida-
tes temas como competências, ética e valores; de de analisar e resolver problemas, lidar com
a importância de saber ouvir; o que significa situações adversas e saber ouvir.
uma boa postura profissional; e a importância Os estudantes, antes de solucionarem o
de ter responsabilidade. problema apresentado, retornaram à Penalty
Na visita à Penalty, os estudantes vivencia- para conhecer de perto o objeto do desafio
ram na prática a aplicação dos conhecimentos proposto. A partir disso, organizaram ideias,
do curso em uma indústria de grande porte, identificaram os possíveis caminhos que pode-
conheceram como funciona o dia a dia da pro- riam seguir e, posteriormente, apresentaram à
dução e quais as competências necessárias empresa parceira a solução do problema. Foi
para atuar em cada setor da empresa. Os se- uma experiência muito rica, uma vez que os
tores de administração, manutenção, recursos estudantes conseguiram analisar dados técni-
humanos, além de todo o processo de produ- cos específicos do curso de Mecânica, desen-
ção da fábrica foram visitados pelos estudan- volvendo o raciocínio lógico e a capacidade de
tes, sempre acompanhados pelo profissional argumentação até chegarem à elaboração de
responsável pela área. uma solução para o desafio proposto.
Como a eletiva também focou na atitude em- Já com certa bagagem de informações, os
preendedora, um profissional empreendedor foi estudantes quiseram extrapolar as ações da
convidado a visitar a escola e contar sua experi- Empresa Pedagógica previstas inicialmente,
ência cotidiana. Ele falou sobre dificuldades e re- criando uma Empresa Júnior de refrigeração
alizações como empresário autônomo e deixou chamada Ecoclima. Nesta ação, os estudantes
evidente que para empreender é necessário ter desenvolveram atividades relacionadas à re-
personalidade, autonomia e perseverança. frigeração, estabeleceram cargos e funções e
As principais perguntas dos estudantes trabalharam essencialmente com cálculos de
foram: Por que ser um empreendedor? Qual carga térmica, instalação e manutenção de ar
o perfil de um empreendedor? Como o convi- condicionado e conhecimento de diversos ti-
dado nunca desistiu apesar de todos os pro- pos de máquinas.
blemas por que passou? Como resultado dessas atividades experi-
Visto que, para trabalhar em grandes em- mentais, tivemos a oportunidade de participar
presas, ou ser um empreendedor, os estudantes de um seminário com o setor produtivo que
precisam compreender o contexto em que es- aconteceu no Sebrae de João Pessoa, quando foi
tão inseridos, tornou-se necessário buscar in- apresentada a empresa criada pelos estudantes.
formações importantes sobre economia. Uma Ao longo desse processo, as turmas que partici-
apresentação de alguns indicadores socioeco- param da disciplina eletiva produziram textos,
nômicos, como PIB e IDH, foi realizada pelo montaram apresentação em Power Point e exer-
professor de Geografia. Observei que a partir citaram a comunicação de diferentes formas.
dessas atividades os estudantes conseguiram Sempre ao final do semestre ou anualmente,
adquirir uma visão sistêmica, uma vez que a escola organiza um evento chamado Culmi-
analisaram e compararam resultados dos indi- nância, em que cada turma apresenta os produ-
cadores discutidos na aula, melhorando assim tos e trabalhos desenvolvidos ao longo das ele-
a capacidade de argumentação. tivas. Na nossa escola, a ExpoEcit aconteceu no
dia 5 de dezembro de 2017, quando pude verifi-
A empresa traz um desafio car como, com aquele trabalho, os estudantes
A empresa parceira também visitou a escola, adquiriram flexibilidade e postura profissional,
com o objetivo de compartilhar com os estu- além das habilidades já citadas acima.

60
Considerações finais
Ao concluir o projeto, professora e alunos veri- selecionada para ser a Presidente
ficaram que as metas e os objetivos propostos da Empresa. Foi muito importante
foram atingidos. Nesse contexto, posso afirmar ter participado, pois me tornei uma pessoa
que as atividades desenvolvidas contribuíram mais responsável em relação aos meus
para a formação e ampliação do conhecimen- deveres. Essa experiência foi de grande
to dos alunos e também lhes permitiram atuar importância para todos, pois colocamos
como pesquisadores capazes de produzir dados, a teoria em prática e aprendemos como
fazer análises de problemáticas reais, utilizar ra- realmente funciona uma empresa, como
ciocínio lógico e aplicar conteúdo de engenharia trabalhar em equipe e como realizar um
para resolver problemas e compreender o mer- projeto de qualidade. Espero que essa
cado de trabalho. Além da participação ativa dos experiência tenha marcado cada um para
estudantes, vale salientar que houve a participa- que daqui para a frente todos possam
ção da comunidade escolar, pois professores, e se tornar um profissional de qualidade,
gestores mantiveram presença significativa nas como eu quero me tornar.”
atividades desenvolvidas pelos educandos. Beatriz Leoni, 3º AM 2017
Os estudantes foram avaliados segundo o
comprometimento de cada um em diferentes
aspectos, como assiduidade, pontualidade,
elaboração de ideias de execução, estudo teó-
rico e abordagem conceitual, propostas de so-
lução de problemas e apresentação do projeto
para a comunidade escolar na ExpoEcit.
Apesar dos obstáculos presentes, tais como
falta de recursos e apoio de outras empresas para
serem parceiras, vários pontos favoráveis foram
obtidos, como a interação entre os discentes, a
diversidade de temáticas tratadas, a interdisci-
plinaridade entre as áreas do conhecimento e a
iniciativa de estudantes em relação à produção.

Depoimentos dos estudantes:

“A eletiva​EcoClima objetivou enviar


mais estudantes preparados do Ensino
Médio para o mercado de trabalho,
com certeza fez um grande diferencial.”
Lucas Veloso, 3º AM 2017

“A experiência que eu tive na Empresa


Pedagógica foi definitiva na minha
formação acadêmica e influenciou minha
carreira profissional. Escolhi qual rumo
tomar após conhecer uma empresa e tenho
confiança que me destacarei no mercado
de trabalho, pois aprendi como me
comportar em um ambiente de trabalho
e como melhorar como profissional.”
Fábio Dantas, 3º BM 2017

“Durante o primeiro dia dos alunos


na Empresa Júnior, houve uma seleção
de quem ia dominar tal área, e fui

61
Concepção da Empresa Júnior
na disciplina eletiva “Sou mais Erenice”
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA
POR PAULO HENRIQUE DO NASCIMENTO

A
A ECIT Erenice Cavalcante Fideles, em Bayeux, Nessa perspectiva, apresentei uma proposta
Paraíba, também chamada de ECIT Bayeux, foi de disciplina eletiva que pudesse contribuir
fundada em 2014 com dois cursos técnicos: De- para o desenvolvimento de tais habilidades,
sign de Móveis e Mecânica Industrial. tão pouco exploradas no cotidiano das escolas
A ECIT começou as atividades com 160 e tão necessárias para os jovens adentrarem o
estudantes em 2015 e em dezembro de 2017 mercado cada vez mais competitivo. A eletiva
contava com 383 matriculados, distribuídos “Sou mais Erenice” trabalhou usando como
em 12 turmas, estudando de maneira integral principal ferramenta a criação de uma Empre-
e integrada em um modelo de ensino no qual sa Júnior, espaço onde tais competências tão
a pedagogia da presença é uma constante exigidas pelo mercado de trabalho globaliza-
dentro da escola, e a aprendizagem por proje- do poderiam aflorar e ser trabalhadas.
tos é bastante utilizada. Para planejar a eletiva, organizei as ideias uti-
Dentre as diversas ferramentas de ensi- lizando a metodologia de projetos, definindo o
no, o uso das disciplinas eletivas tem sido a objetivo geral e os objetivos específicos, pois isso
peça fundamental na concepção desse projeto facilitaria chegar aos resultados pretendidos.
pedagógico. Disciplina eletiva é aquela que
o estudante tem direito de escolher indepen- Objetivo Geral
dentemente de qual seja a sua série. Essa mo- Conceber uma metodologia para o desenvol-
dalidade já faz parte da grade curricular desse vimento de competências e habilidades por
modelo de ensino vivenciado na escola. meio da criação de uma Empresa Júnior den-
Sendo assim, foi oferecida uma discipli- tro de uma escola de Ensino Médio técnico
na eletiva que tinha como objetivo ajudar o integral e integrada.
educando dos cursos técnicos a se preparar
para o mercado de trabalho, tendo o primeiro Objetivos específicos
contato com o setor produtivo e adquirindo
competências que o mercado exige e que se- Selecionar estudantes interessados
rão descritas neste relato. em participar da eletiva.
Existe no mercado de trabalho globalizado Sondar quais habilidades e competências
uma série de exigências que requerem compe- os estudantes selecionados já possuíam
tências e habilidades voltadas ao mundo con- para um melhor planejamento das aulas.
temporâneo e que os jovens precisam adquirir Apresentar as competências e
para conseguirem melhor inserção e manuten- habilidades previstas na Empresa
ção entre a população economicamente ativa. Pedagógica para os estudantes.

62
Apresentar indicadores econômicos curso de Design de Móveis e cinco para o
de interesse do setor produtivo. curso de Mecânica do 3º ano, para trabalha-
Sondar possíveis parceiros do setor rem a parte de logística e maquinários da fu-
produtivo nas imediações ou mesmo tura Empresa Júnior, e, ao mesmo tempo, dar
distantes da escola mas dentro de um raio oportunidade para os concluintes de manter
de ação possível de trabalhar. contato com o setor produtivo.
Criar e/ou apresentar dinâmicas
que sensibilizassem os estudantes 4ª Etapa – Iniciando os trabalhos!
sobre possíveis obstáculos que Após a inscrição dos estudantes que que-
encontrarão no mercado de trabalho. riam participar da criação da Empresa Júnior,
Estabelecer parcerias foram aplicadas dinâmicas em sala de aula que
com o setor produtivo. ajudaram não só a identificar o perfil e a situa-
Pesquisar e estudar as bases ção socioeconômica do educando, mas verificar
legais de como abrir uma empresa quais competências e habilidades já possuíam.
no que tange ao aspecto fiscal, contábil, Focou-se em habilidades como liderança, empa-
de recursos humanos e vendas tia, iniciativa e comunicação, entre outras.
de produtos e serviços. Paralelamente às aulas, foram formaliza-
Trabalhar empreendedorismo utilizando das parcerias que pudessem contribuir com a
técnicas como Business Model Canvas construção da Empresa Júnior e que seriam
e Design Thinking, entre outros. acionadas para a consolidação da ideia por
Criar uma Empresa Júnior com produtos meio de aulas e palestras.
e serviços bem definidos, a partir do uso
das técnicas acima citadas. 5ª Etapa – Conhecendo as estratégias
Trabalhamos conjuntamente com os estu-
1ª Etapa – Apresentação do projeto dantes técnicas de Business Model Canvas e
Apresentei a proposta para a equipe de pro- Design Thinking, usando como exemplo um
fessores e reuni, de acordo com o curso e as com- negócio que eles mesmos gostariam de abrir,
petências de cada professor, o máximo de docen-
tes possíveis, deixando clara a ideia do projeto e
a maneira como cada um poderia contribuir.

2ª Etapa – Ferramentas de planejamento


Em reuniões pedagógicas, elaboramos o currí-
culo a ser abordado na disciplina eletiva. Esta eta-
pa foi uma das mais fundamentais para o suces-
so da eletiva, pois nesse momento são definidas
muitas parcerias e a metodologia. É importante
salientar o uso do Design Thinking, pois apare-
ceram muitas ideias no brainstorming e, após o
refinamento dessas ideias, foi feita a Imersão, que
compõe uma das etapas do Design Thinking.

3ª Etapa – Apresentação das eletivas


Apresentamos a disciplina na Feira das Ele-
tivas, carinhosamente assim chamada por nós,
que é quando todas as disciplinas são apresenta-
das. E a partir desse momento, fizemos a inscri-
ção dos estudantes interessados em participar
do projeto, já que não há como comportar todos
os educandos no projeto de uma só vez.
Como as inscrições foram um sucesso,
foi preciso estabelecer critérios de seleção.
Separamos dez vagas para os estudantes do
fonte: acervo do professor (2017)

63
ou um sonho que gostariam de realizar en- 9ª Etapa – Dando forma ao projeto
quanto empresa. Na formulação da ideia, dos Finalizada a fase de construção do objeto
produtos e do modelo de negócio, foram inseri- piloto, foi escolhido o nome da empresa, o slo-
dos desafios e obstáculos que pudessem contri- gan, a logomarca, o local dentro da escola onde
buir ou dificultar a criação e a manutenção da ficaria alocada, o fardamento, e definiu-se que a
empresa. Nesse momento, foram apresentados empresa não teria fins lucrativos.
também os indicadores econômicos e introdu- Foram elaboradas as estratégias para aquisi-
zida a “realidade” empresarial. ção da matéria-prima e feito um plano de marke-
ting e vendas. Nesta etapa, também foi definida a
6ª Etapa – Execução das ideias missão da empresa e o modo de funcionamento.
Utilizando as mesmas técnicas da etapa
anterior, agora como motivação a criação da 10ª Etapa – Regulamentação
Empresa Júnior, foi realizado um brainstor- A consolidação da Empresa Júnior com sua

N
ming, onde defini junto com os alunos o pro- abertura legal e inauguração é a meta desta eta-
duto e/ou serviço a ser oferecido para a co- pa, que não chegou a ser realizada. No entanto,
munidade. Foram pelo menos dois encontros, pode-se informar que isso pode ser realizado
para que houvesse tempo de os estudantes com a ajuda da Associação das Empresas Ju-
vivenciarem uma imersão mais profunda no niores do Estado, no nosso caso da Paraíba, pois
setor produtivo por meio de pesquisas. Fize- ela dará todo o suporte legal para regularização
mos também uma visita técnica de campo à da EJ e outras ações que se fizerem necessárias.
empresa parceira, para que os alunos presen- Na falta de uma associação específica, as uni-
ciassem as reais necessidades do mercado e versidades geralmente possuem Empresas Ju-
pudessem abrir uma empresa rentável. niores e poderão, por meio de parcerias, apoiar
a escola na consolidação do projeto.
7ª Etapa – Criação da Empresa Júnior
Após a definição do modelo de negó- Conclusão
cio com que trabalharíamos, foi realizada a Das dez etapas apresentadas para a abertura da
apresentação burocrática de como abrir uma Empresa Júnior na ECIT Bayeux, não foi con-
empresa, por meio de parcerias. Foram con- cluída a última, e a 9ª etapa ficou devendo no
vidadas pessoas capacitadas que pudessem que se refere à orientação fiscal, contábil e de
orientar de maneira sucinta como funcionam recursos humanos. Não foi possível concluir o
os setores contábil, fiscal e de recursos huma- projeto em 2017 por falta de tempo, uma vez
nos de uma empresa, como se inicia um pe- que as eletivas acontecem uma vez por semana
queno negócio e como regularizá-lo. em 100 minutos. Os trabalhos duraram de julho
Nesta etapa, foram distribuídos os cargos a dezembro, totalizando quatro meses e meio,
da empresa de acordo com a aptidão de cada com 18 encontros entre aulas e palestras.
estudante, mas eles, por consenso do grupo, A complexidade do projeto e a agenda
poderiam transitar por mais de um cargo, de cheia dos parceiros fizeram com que algumas
modo que tivessem contato com diferentes metas planejadas previamente atrasassem
funções dentro de uma empresa. para a consolidação da Empresa Júnior, expe-
riência que terá continuidade em 2018.
8ª Etapa: Banco de baixo custo Todas as parcerias estabelecidas no projeto
Foram convidados arquitetos e outros pro- serão mantidas, e os estudantes formados do
fissionais do setor produtivo para auxiliar na 3º ano que se dispuserem a continuar envolvi-
confecção do produto ou serviço. Antes de dos com o projeto da Empresa Júnior poderão
abrir a empresa propriamente dita, deveria participar dessa disciplina eletiva.
ser definido um produto ou serviço a ser ofe- Na avaliação dos estudantes, a disciplina foi
recido aos clientes. Foi elaborado o projeto, muito produtiva e enriquecedora, pois, além de
construída uma maquete, depois um protóti- agregar conhecimentos sobre o setor produtivo,
po, para, então, chegar ao produto final. Nes- melhorou a forma de ver o mercado de trabalho,
te momento, utilizou-se a técnica de Design que era uma visão minimalista, de que tudo era
Thinking, útil na criação de um banco de bai- simples e fácil; agora, relatam, entenderam a
xo custo, como planejado. complexidade e os desafios que os esperam.

64
Técnico em vestuário
ECIT DE CAJAZEIRAS PROFESSORA
NICÉA CLAUDINO PINHEIRO
CAJAZEIRAS, PARAÍBA
POR ELIZIANE DE CARVALHO CAROLINO

N
Na perspectiva de aproximar a ECIT Profes- acompanhar como acontecem os processos de
sora Nicéa Claudino Pinheiro do setor produ- enfesto, encaixe, modelagem e corte dos teci-
tivo, foi firmada parceria com a empresária dos. Por meio dessa visita, foi possível mostrar
Rosilene da Silva Freitas, proprietária de uma como é realizado todo o processo de criação
fábrica do setor de vestuário chamada Jeito e confecção dos produtos do vestuário até ao
Carinhoso, localizada na cidade de Cajazeiras. produto final a ser comercializado.
Em seguida, agendei uma visita técnica à fá- Durante as aulas teóricas na disciplina
brica para os estudantes do curso de vestuário. Tecnologia da Confecção, discutimos sobre a
Tendo em vista a quantidade de estudantes e importância das técnicas utilizadas para evi-
pensando em organizar e aproveitar melhor o tar o desperdício de tecidos. Foi então possí-
tempo, dividi a turma em dois grupos, sendo as vel verificar que na fábrica havia muito des-
visitas realizadas nos dias 2 e 9 de agosto de 2017. perdício de tecido, especialmente durante as
Essa ação foi de fundamental importância etapas de enfesto e do encaixe e risco. Diante
para ampliar os conhecimentos e melhorar o disso, pude perceber que os estudantes de fato
aprendizado da turma em relação ao desenvol- aprenderam as técnicas que devem ser utiliza-
vimento das competências e habilidades fun- das no setor de confecção do vestuário. Ficou
damentais para os estudantes do curso Técnico evidente que o aprendizado da turma aconte-
em Vestuário, visto que a escola, por estar no ceu de forma efetiva, e a visita técnica foi de
1º ano, não possuía laboratórios específicos. Ou grande importância para esclarecer e ampliar
seja, os estudantes não tinham como vivenciar os conteúdos teóricos que os estudantes estu-
uma situação real de como funciona o processo daram em sala de aula.
de confecção de um vestuário.
A visita a uma fábrica do setor possibili- Fim do desperdício
tou conhecer os diversos tipos de máquina Solicitei aos estudantes um relato da visita
de costura industrial, tais como reta, overlo- e que elencassem pontos que poderiam ser
que, interloque, galoneira, travet e botonei- melhorados e sugerissem uma proposta de
ra. Conheceram ainda os tipos de acessório melhoria para a dona da fábrica. Sem colocar
utilizados nas máquinas e cada uma de suas esses pontos como problemas, mas como algo
funções. Também tiveram acesso a mesa que que pudesse ser melhorado.
é utilizada para o enfesto e corte dos tecidos Os estudantes identificaram que na empre-
e a alguns equipamentos utilizados no cor- sa, além de os funcionários não utilizarem os
te. Os estudantes tiveram a oportunidade de equipamentos de segurança, havia muito des-

65
perdício de matéria-prima, resíduos que iriam do vestuário podem gerar para o meio ambien-
poluir o meio ambiente. Tiveram então a ideia te. Diante disso, pude trabalhar o empreen-
de utilizar as sobras dos tecidos para confec- dedorismo, visto que os estudantes tiveram a
cionar algo que fosse útil. oportunidade de aprender a confeccionar um
Em pesquisas encontrei uma forma de uti- produto que pode gerar retorno financeiro.
lizar as sobras de tecidos e garrafas PET. A
ideia surgiu com a proposta de confeccionar Considerações finais
tiaras e fivelas de cabelo utilizando garrafas O trabalho foi muito importante para que os
PET e as sobras de tecidos. As tiaras e as fi- estudantes do curso de Vestuário tivessem
velas foram confeccionadas pelos próprios uma aprendizagem ampla em vários aspectos.
estudantes da ECIT. Com a aproximação do Tendo em vista que os estudantes participa-
dia 12 de outubro, sugeri doar os trabalhos ram de uma ação que envolveu várias habili-

A
produzidos a crianças carentes da comuni- dades fundamentais para o desenvolvimento
dade no Dia Da Criança. Os trabalhos foram de competências imprescindíveis para a cons-
entregues na Creche Nossa Senhora da Pie- trução da formação integral como estudante
dade, localizada próximo à escola. protagonista, observamos em sala pontos im-
Nessa perspectiva, trabalhamos em sala de portantes que serviram de base para construir
aula oficinas envolvendo atividades práticas, uma proposta de intervenção comunitária,
utilizando algumas técnicas específicas do consolidando uma relação de parceria entre
curso de vestuário tais como: design, modela- escola, setor produtivo e comunidade.
gem e a compreensão sobre alguns produtos Por essa perspectiva, trabalhamos uma
têxteis tais como: tecido plano e o tecido de proposta de aprendizagem que proporcio-
malha para confeccionar laços, tiaras e pren- nou a discussão de aspectos importantes
dedores elásticos para cabelo. Também discu- tais como: trabalho em equipe, empreende-
timos a questão da reciclagem e os impactos dorismo, solidariedade, cidadania, meio am-
sociais que os resíduos produzidos pelo setor biente e protagonismo.

fonte: acervo da professora (2017)


66
Visita à Empresa Usina Monte Alegre
ECIT JOÃO DA MATTA
CAVALCANTE DE ALBURQUERQUE
MAMANGUAPE, PARAÍBA

A
POR ERIKSON BELO DE ATAIDE

A ECIT João da Matta Cavalcante de Albuquer- visita a uma empresa fabricante de açúcar,
que está localizada no Conjunto Nossa Senhora com o objetivo de ampliar o conhecimento,
da Penha, Bairro Areial, zona oeste do município perceber as limitações, as dificuldades, mas
de Mamanguape, próxima ao polo industrial de também identificar quantas conquistas são
usinas de cana-de-açúcar e fazendas produtoras possíveis ao longo do curso.
de frutas. A cidade é circundada por vários mu- Foi firmada parceria com a Usina Monte
nicípios interligados ao sistema industrial, com Alegre, empresa localizada na cidade de Ma-
crescente número de pequenos estabelecimen- manguape (PB), a 50 quilômetros da capital.
tos comerciais e prestadores de serviços. A área agrícola da usina é responsável pelo
Contando com quatro pavimentos, onde são plantio, cultivo e colheita da cana-de-açúcar
distribuídas as salas para uso pedagógico, admi- para a produção, gerando anualmente cerca
nistrativo, secretaria, as 12 salas de aula e os dois de 2.000 empregos diretos no período da sa-
laboratórios, além de biblioteca, refeitório, sani- fra. Atua no segmento de varejo com a marca
tários (inclusive com acessibilidade), quadra de Açúcar Alegre e também produz etanol.
esportes e uma área de convivência no pátio ex- A usina é pioneira no Brasil na fabricação
terno, a escola completa 3 anos com um perfil de do açúcar sem utilização de enxofre, pois este
grande inserção em toda a comunidade escolar. componente pode causar danos à saúde. Na
Fui convidado pela Secretaria da Educação indústria norte-americana e europeia, o nível
do Estado da Paraíba para compor o grupo de permitido é zero. No Brasil, só há limitação
formadores da SEE. Os professores participaram para o açúcar exportado, que é de 7 ppm (par-
de uma formação de 156 horas, que teve como tes por milhão). O novo processo consiste em
foco desenvolver uma metodologia de articula- produzir oxigênio na unidade industrial, o gás
ção curricular do curso técnico com os compo- passa por ozonizadores e é misturado ao caldo
nentes curriculares propedêuticos, implantando de cana que será processado para a industria-
projetos pedagógicos que promovessem o prota- lização do açúcar branco.
gonismo profissional do estudante. A partir daí, Foi elaborado antes da visita um questioná-
pude então apresentar um Projeto Pedagógico rio com perguntas sugeridas pelos estudantes
para ser realizado com os alunos da ECIT João para as entrevistas na empresa, sendo a visita
da Matta Cavalcante de Albuquerque. realizada em novembro de 2017. Ao chegar à
usina, fomos recebidos na escolinha que fica
Visita à usina de açúcar ao lado do escritório agrícola pelo chefe do
Considerando o ensino de agronegócio no setor de Recursos Humanos, gerente agrícola
âmbito escolar atual, foi programada uma e gerente de segurança de trabalho. Eles nos

67
mostraram todo o processo da usina, desde o clo da cultura, exigindo-se nessa etapa um bom
planejamento que acontece no escritório até planejamento e conhecimento técnico, que co-
os produtos finais, que são açúcar e álcool. meça no escritório e chega ao campo.
A fim de entender como funciona o pro- Coletamos as informações planejadas so-
cessamento da cana-de-açúcar do plantio ao bre esses processos e aprendemos muito com
fornecimento de matéria-prima à indústria e, a visita de campo. Ao trabalhar com informa-
consequentemente, detectar possibilidades de ções reais e práticas, os estudantes compre-
melhoria, professor e alunos acompanharam enderam melhor as aulas teóricas do curso de
os processos de corte, colheita, carregamento, agronegócio e perceberam quais são as impli-
transbordo e transporte da cana. cações em cada processo, da matéria-prima
No campo, verificamos como se faz o corte até a comercialização dos produtos finais.
da cana-de-açúcar para moagem na indústria,
com o objetivo de garantir um bom desempe- Conclusão

O
nho operacional e industrial com baixo índi- Com o presente relato, buscou-se evidenciar
ce de perdas e impurezas. Verificamos que as a importância da visita às empresas, pois por
operações podem ser realizadas manualmen- meio de experiências práticas contribuímos
te ou por máquinas de acordo com a disponi- para a elevação da qualidade e do aprendiza-
bilidade de mão de obra, topografia, aspectos do dos estudantes. Ao vivenciar as atividades
tecnológicos, condições de campo etc. desenvolvidas na Usina Monte Alegre, conhe-
Durante o preparo do solo, acompanhamos cemos melhor o perfil do curso de agronegó-
um conjunto de atividades realizadas para pre- cio. A experiência foi de extrema importância,
parar o terreno e adequá-lo à implantação da e os estudantes ficaram satisfeitos com os re-
cultura, com o objetivo de promover uma me- sultados, pois tiveram a certeza de que saíram
lhor condição para desenvolvimento do siste- com grandes aprendizados. A maioria não
ma radicular, destruição de restos de colheitas teve um Ensino Fundamental de qualidade,
anteriores, incorporação de corretivos quími- tampouco acesso a tecnologia, pois cursaram
cos e controle de pragas do solo e otimização escolas rurais; apenas uma minoria, que re-
do desempenho das operações agrícolas. Ob- side na cidade, conseguiu cursar um Ensino
servamos que as operações de plantio são fun- Fundamental com mais qualidade.
damentais para o sucesso e longevidade do ci- O processo de ensino-aprendizagem é
muito complexo, envolve entrega, tanto do
docente quanto dos discentes. Nesse contex-
to, a aula de campo destaca-se como um bom
recurso para desenvolver habilidades de cole-
ta, análise e manipulação de dados empíricos.
Sendo bastante utilizada como instrumento
de análise, essa prática contribui em muito
para os estudantes desenvolverem a capaci-
dade de observação e senso crítico.

fonte: acervo do professor (2017)

68
Relato de prática de Empresa
Pedagógica no Ramo Alimentício
ECIT SÃO BENTO
SÃO BENTO, PARAÍBA

O
FLÁVIO SOARES DA SILVA
E ASSISIVÂNIA DANTAS DE SOUSA

O motivo de realizar esse trabalho partiu da isso se reflete negativamente no baixo rendi-
observação da necessidade dos estudantes mento escolar e, consequentemente, na qua-
de conhecerem a rotina de uma empresa na lidade do ensino.
prática, além da falta de vivência de empre-
endedorismo e de controle financeiro por Gestão criativa e motivacional
parte dos jovens. Com o projeto “Gestão de pessoas: criativa e mo-
Este projeto foi criado para dar oportunida- tivacional”, tivemos a intenção de proporcionar
de aos estudantes de aperfeiçoarem as habili- aos educandos condições reais de planejamento
dades relacionadas ao processo administrati- estratégico criativo e motivacional, agregando
vo partindo do pressuposto de que a base de sucesso e prazer em suas atividades.
um bom administrador também é saber admi- Para a realização de atividades da Empresa
nistrar a vida pessoal com sucesso. Pedagógica, nós, professores da ECIT de São
Demos prioridade para que os estudantes Bento, desenvolvemos, juntamente com os jo-
conhecessem o funcionamento de uma empre- vens protagonistas, o trabalho articulado de
sa a fim de que desenvolvessem habilidades imersão em uma empresa. Organizamos uma
de administração, aprendessem práticas de pesquisa bibliográfica em livros e na internet
empreendedorismo e conhecessem a rotina de e produzimos mapas mentais. Com a ajuda da
trabalho, para nela intervir quando necessário. metodologia de gestão Project Model Canvas,
Esperávamos que os estudantes também ad- organizamos o projeto de forma conjunta e in-
quirissem experiência sobre ter o próprio ne- terativa. A Empresa Pedagógica estava sendo
gócio, e que a disciplina trouxesse elementos construída com os estudantes, pelos estudan-
de responsabilidade financeira e qualificação tes e para os estudantes.
para a atuação profissional. O projeto foi desenvolvido em uma empresa
Há uma queixa por parte dos professores do ramo alimentício. Assim, sugerimos que os
acerca do desinteresse que muitos estudan- estudantes pensassem em alimentos que pu-
tes demonstram quando a atividade envolve dessem ser produzidos e comercializados na
ações de planejamento estratégico. Isso se própria escola. Depois fizemos uma pesquisa
justifica pelo fato de que muitos apresentam interna sobre as preferências dos estudantes
desorganização no próprio projeto de vida, e criamos uma logomarca para cada uma das
sem a preocupação de entender o que real- empresas. Cada uma das duas turmas do cur-
mente almejam para o futuro e sem interesse so Técnico em Administração foi dividida em
em desvendar o problema. Como resultado, quatro equipes, ficando cada equipe responsá-

69
vel por um tipo de alimento a ser produzido, en-
tre massas, doces, chocolates e sorvetes.
Decidimos que cada estudante faria um in-
vestimento de R$ 5,00 (cinco reais). Esse valor
lhe seria devolvido ao final do projeto, acrescido
da porcentagem de lucro, a depender da lucrati-
vidade da empresa. Os produtos a ser vendidos
precisavam atender a três principais requisitos:
ter boa aparência, ser saboroso e ter preço bai-
xo. Paralelamente, foi realizado um debate sobre
a importância de o produto ser ecologicamente
correto e estar de acordo com a legislação vigen-

S
te acerca da comercialização de alimentos.
As etapas do processo incluíram a definição,
elaboração bem como a validação do produto.
A descoberta dos clientes e a validação foi um
processo que durou uma semana. Construção
e estruturação da empresa, produção e comer-
cialização dos produtos levaram mais duas se-
manas. Criaram-se algumas restrições para os
estudantes, como a proibição da venda fora da
escola ou em horário de aula.
Os resultados alcançados com o projeto fo-
ram ressaltados pelo envolvimento dos jovens,
que relataram o desenvolvimento da capacida-
de de compreender melhor o curso que estão
fazendo e a profissão que pretendem seguir, o
protagonismo profissional, o respeito, o trabalho
em equipe e a responsabilidade. Enfatizou-se
também a importância da valorização da escola
ao trabalho dos alunos, pois as equipes que mais
venderam os produtos receberam troféus de re-
conhecimento, o retorno do investimento mais
o percentual do lucro alcançado e conseguiram
adquirir as habilidades previstas no projeto.

figura 1 – modelo canvas


de gestão de projetos*

* desenvolvido pelos estudantes do curso técnico em administração


fonte: acervo dos professores (2017)

70
“Bisbilhotando Bayeux”: Projeto Piloto
de Turismo de Contemplação
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA

S
POR GEORGE BEZERRA DA SILVA

Sou professor da disciplina de Geografia desde quei muito surpreso quando ao final da inscri-
2008, e durante esses anos minha expectativa ção verifiquei a quantidade de estudantes que
era baixa em relação à educação dos discentes. queriam participar: foram ofertadas 20 vagas e,
Diante do atual quadro de transformações na diante da demanda, a direção autorizou a aber-
educação, minhas expectativas foram reno- tura de mais 10 vagas, totalizando 30 estudan-
vadas com o desenho curricular diferenciado tes para fazer parte da eletiva.
e com as metodologias específicas que foram
apresentadas aos estudantes do Ensino Médio Momento 2: início da eletiva
com a implantação das ECITs, que trazem pos- Na primeira aula, foi feita uma abordagem
sibilidades integradoras ao projeto de vida dos sobre o processo historiográfico do municí-
estudantes. Nesse modelo, existem as chama- pio de Bayeux, esclarecendo-se como ocorreu
das disciplinas eletivas, que compõem a parte o processo de ocupação da cidade, urbaniza-
do currículo diversificada. No ano de 2017, criei ção, biomas, clima, tipos de solo, entre outros
a eletiva “Bisbilhotando Bayeux”, um Projeto aspectos relevantes.
de Intervenção Comunitária que tinha como Os discentes se mostraram bastante empol-
objetivo promover maior conhecimento do pró- gados e se surpreenderam com fatos como, por
prio município pelos estudantes. exemplo, descobrir que Bayeux possui áreas
ocupadas por um bioma que desconheciam, o
Turismo de contemplação Cerrado. A aula foi ministrada de forma expo-
No decorrer das aulas, propus que fizéssemos sitiva com o auxílio de mapas cedidos pela pre-
uma reflexão sobre o que realmente gostariam de feitura e apresentação de slides.
conhecer. A partir daí surgiu a ideia de inteirar-se
dos equipamentos sociais existentes no municí- Momento 3: indicadores sociais
pio. Ao conhecer esses equipamentos, observei Para mostrar o desenvolvimento do muni-
que Bayeux possui um potencial enorme para o cípio e também para fazer algumas compara-
turismo. A seguir, elaborei a sequência didática ções entre Bayeux, outros municípios e a Pa-
em passos que culminaram com a criação de um raíba, os estudantes tiveram uma aula sobre o
Projeto Piloto de Turismo de Contemplação. conceito e tipos de indicador, como PIB, renda
per capita, IDH, Índice Gini, taxa de desem-
Momento 1: apresentação da eletiva prego e oferta de serviços à população.
No dia 17 de julho foi realizada na escola a Em um primeiro momento, os estudantes
feira das eletivas, ocasião em que “Bisbilhotan- não ficaram confortáveis com os números,
do Bayeux” foi apresentada aos estudantes. Fi- gráficos e tabelas, mas ao longo da aula come-

71
çaram a familiarizar-se com os indicadores, e Momento 5: a visão do município
antes do término foi possível verificar que já pelos estudantes
faziam comparações entre os municípios apre- O objetivo era fazer, em conjunto com os
sentados e questionavam alguns dados. Nessa discentes, uma maquete que representasse sua
aula, busquei trabalhar as seguintes compe- cidade; no entanto, isso não seria possível. En-
tências: capacidade de analisar problemas e tão, foi proposta uma roda de produção textual
dados e tomar iniciativa. na qual os discentes produziriam relatos escri-
tos de como veem seu lugar e como gostariam
Momento 4: o que conhecer em Bayeux? que fosse. Na aula houve muitos debates, pois os
A escolha do que os discentes gostariam alunos ficaram à vontade para realizar a ativida-
de conhecer no município se deu de forma de- de em grupos; houve também bastante reflexão
mocrática. Em aula foram discutidos vários te- acerca dos próprios anseios.
mas, logo após as discussões e debates os pró- Competências trabalhadas: produção textual,
prios discentes propuseram uma eleição, tudo trabalho em equipe e pensamento estratégico.
organizado por eles, apenas mediei os debates
e o direcionamento da aula. O tema escolhido Momento 6: planejamento das visitas
pelos estudantes foi conhecer os equipamen- Esse momento foi um dos mais esperados
tos que prestam serviços sociais. pelos discentes: a aula em que foi feito o plane-
Escolhido o tema, foi o momento de construir jamento de como seria a visita aos equipamen-
um Kanban para orientar as atividades; a turma tos sociais existentes no município de Bayeux.
empolgou-se bastante com essa metodologia. Apresentado o mapeamento dos equipamen-
Buscaram-se trabalhar na aula em 17 de tos a ser visitados, os estudantes se mostraram
agosto as seguintes competências: trabalho em bastante empolgados em conhecer o CREAS,
equipe, pensamento estratégico e criatividade. CRAS, Centro POP (instituição que trabalha
com moradores de rua), Rotary Club, Residên-
cia Inclusiva e Casa de Acolhida.
A partir daí, foi estabelecido o roteiro das
figura 2– aulas de campo. Antes das visitas, entrei em
kanban com as etapas do projeto contato com a assessoria de comunicação do
município informando sobre a ação e seus ob-
jetivos, bem como com os representantes das
instituições. Nessa ação eu levava um grupo de
estudante comigo para que pudessem acompa-
nhar o passo a passo de como fazer uma visita
a órgãos públicos. E sempre alternava os gru-
pos para que todos tivessem as mesmas opor-
tunidades de realizar as visitas prévias, tendo
em vista que havia 30 estudantes na turma.
Os questionários foram flexíveis e aber-
tos aos representantes dos equipamentos.
No final de cada visita, os estudantes faziam
o relato sobre a visita. Era possível ver nos
olhos deles a empolgação e a satisfação em
fonte: acervo do professor (2017)
conhecer um outro lado da própria cidade. O
site PB em Destaque publicou em 20.10.2017,
10.11.2017 e 22.11.2017 matérias sobre as visi-
tas às Unidades da Assistência Social (http://
pbemdestaque.com.br/unidades-da-assisten-
cia-social-de-bayeux-recebem-visita-de-alu-
nos-da-escola-tecnica/).
Competências trabalhadas: habilidade de
escuta, controle emocional, respeito, capaci-
dade de argumentação e responsabilidade.

72
Momento 7: produção textual Momento 8: visitas à comunidade
e nascimento do LIA O objeto de estudo proposto pela turma foi
Na retomada da produção textual, foi pos- a criação de uma trilha ecológica para o Turis-
sível fazer uma análise do que os estudantes mo de Contemplação. Produzimos o material
puderam constatar nas visitas às institui- para apresentar à comunidade, que foi muito
ções. Em campo, foi possível verificar o gran- bem aceito pelos munícipes. O presente projeto
de potencial turístico que o município de Ba- busca criar uma rede produtiva no município
yeux possui e que foi desperdiçado ao longo de Bayeux trazendo grande benefício para a
do processo de colonização do território. “E cidade no que se refere à criação de trilhas, cir-
como vocês gostariam que Bayeux fosse vis- cuitos gastronômicos e culturais.
ta?” A partir dessa provocação, tivemos um Foram vistos na aula competências de es-
momento de reflexão sobre os variados te- pírito de liderança, trabalho em equipe, moti-
mas que envolvem o município e, mais uma vação e capacidade de argumentação.
vez, de forma democrática, os estudantes es-
colheram criar um Projeto Piloto de Turismo Momento 9: o teste da trilha
de Contemplação. Na mesma aula foi criado O momento de testar a trilha foi de funda-
um laboratório para criação e divulgação do mental importância. Nessa aula, retomamos
conhecimento, o Laboratório de Interven- o método Kanban e o Canvas para auxiliar
ções Ambientais – LIA. Essa aula se mostrou nas ações, e contamos com todo o apoio da
muito produtiva, visto que todos se mostra- comunidade de Casa Branca, no município
ram interessados em colocar as ideias para a de Bayeux, na pessoa do presidente da As-
melhoria da comunidade. sociação dos Moradores, senhor Nildo, que
Foram trabalhadas as seguintes competên- acompanhou o grupo.
cias nesse momento: saber ouvir, iniciativa, Criada a trilha, os estudantes debateram a
respeito e pensamento estratégico. visita e verificaram o que poderia ser melhora-
do, apresentando o projeto em um seminário
na ExpoEcit 2017 para toda a comunidade es-
colar. Foi um momento de muita satisfação por
parte dos estudantes envolvidos na ação.
Competências trabalhadas: pensamento
estratégico, aprendizagem continuada, visão
sistêmica, motivação, tomada de decisão e
boa comunicação.

Conclusão
Os discentes se envolveram diretamente
com as ações do Projeto de Intervenção
Comunitária, querendo continuar com a
eletiva, o que evidenciou que as ações obti-
veram êxito, como também foi possível ve-
rificar que discentes que não participaram
nesse primeiro momento se dispuseram a
participar em 2018.
Todas as ações foram planejadas em par-
ceria com a direção da escola, a Prefeitura
Municipal de Bayeux e a comunidade de
Casa Branca. O projeto desenvolveu-se no
ano de 2017 e terá sequência em 2018, com
fonte: acervo do professor (2017)
a criação da primeira trilha de turismo de
contemplação de Bayeux.

73
Inovação social e científica
em cultivo de camarão kanban que norteou o processo
quadro 1–

ECIT NOBEL VITA Imersão


preliminar
Imersão
profunda Análise Síntese Ideação Prototipagem

COREMAS, PARAÍBA Entendendo


o problema
a partir da
Exploração
do contexto
do problema:
Produção
de mapa
conceitual
Busca de
padrões
através
Definição do
público-alvo
Elaboração
do modelo
de tecnologia
pesquisa aplicação de de cartões social a ser
exploratória questionários de insight apresentado
POR WASHINGTON CESAR LIMA DA SILVA

C
11/09/2017 22/09/2017 28/09/2017 28/09/2017 05/10/2017 05/10/2017

E ANTÔNIO AVELINO SOARES


Visita Aula de campo Atividade de Identificação Análise do Confecção
exploratória e aplicação de brainstorming das principais impacto social e teste da
ao laboratório questionários para o necessidades do projeto a metodologia
de reprodução – professores e levantamento observadas ser prototipado alternativa –
de camarões estudantes de tecnologias, durante a visita, considerando professores e
– gestor implementos através da a relação estudantes
pedagógico Identificação e práticas reestruturação custo-benefício
dos alternativas – virtual do – professores e
12 a 15 de equipamentos professores e ambiente estudantes
setembro comerciais estudantes observado, de
Articulação com utilizados e acordo com as
empresários do análise de ideias lançadas
setor produtivo infraestrutura na fase anterior
da carcinicultura – professores e – professores e
– gestor estudantes estudantes
pedagógico

12 a 21 de

Como proposta de reestruturação e consoli- setembro


Articulação
com gerência
dação da Educação Profissional conduzida regional e
Secretaria de
pela Secretaria Estadual de Educação – SEE, Educação para
contrapartida

os estudantes tiveram a missão de levantar as de transporte


– gestor
pedagógico
demandas do setor produtivo para balizar a
fonte: professores (2017)
intervenção comunitária, que se deu por meio
da metodologia de resolução de problemas.
Para organizar os processos de trabalho, Para a realização das atividades que envol-
utilizamos o Design Thinking como ferra- viam os estudantes utilizamos 2 horas-aula
menta de estruturação das etapas de trabalho. para planejamento em sala; 9 horas-aula para
Na imersão preliminar, realizamos os prepa- visita técnica (sem contar o tempo gasto em
rativos para a viagem: articulação com empre- deslocamento); 2 horas-aula em debate, relató-
sários do setor, visita exploratória e reserva do rio e definição do produto; 2 horas-aula para
transporte na SEE. Em seguida, fomos a campo confecção do produto em laboratório maker,
e aplicamos os questionários. Na análise reali- num total de 15 horas-aula de atividades.
zamos brainstorming para o levantamento de Em 22.09.2017, visitamos com os estudan-
tecnologias, implementos e práticas alterna- tes do 3º ano técnico em Aquicultura o la-
tivas. Na síntese, identificamos as principais boratório de reprodução de camarões HQZ
necessidades percebidas durante a visita por Aquicultura. Lá acompanhamos todos os pro-
meio da reestruturação virtual do ambiente cessos envolvidos: maturação, acasalamento,
observado, de acordo com as ideias lançadas desova, eclosão de ovos, além dos estágios
na fase anterior. Para a Ideação, imaginamos larvais e pós-larvais. Pudemos verificar que,
o impacto social do projeto a ser prototipado, além da aquisição da capacidade técnica, os
considerando-se a relação custo-benefício. Para estudantes desenvolveram várias competên-
a Prototipagem, realizamos a confecção e teste cias sociais e emocionais.
da metodologia alternativa. A paixão pelo trabalho demonstrada pelo
Esses conceitos do Design Thinking foram técnico responsável durante a apresentação
estruturados dentro de um Kanban para asse- dos espaços gerou grande impacto motiva-
gurar o controle do processo. As atividades de cional nos estudantes, cujas atitudes influen-
Inovação Social e Científica foram incluídas ciaram o comportamento dos estudantes em
na atividade maker do protótipo da solução aspectos como responsabilidade, tomada de
apresentada como retorno social. decisão, iniciativa, personalidade e respeito.

74
O roteiro das atividades seguiu a ordem do tervenção, agendamos para o mês de março de
desenvolvimento do camarão. Primeiro, os es- 2018 nova visita técnica à empresa para a insta-
tudantes entraram em contato com diversos lação do equipamento produzido.
tanques voltados para todas as fases do desen-
volvimento das larvas. Quando interpelaram o Empresa pedagógica
técnico, os estudantes demonstraram iniciativa, A produção do alimentador automático du-
capacidade de argumentação, raciocínio lógico rante intervenção comunitária aliada a outras
e postura profissional. Tiveram ainda de superar propostas de parceria e demandas da comuni-
o medo ao manusear os espécimes cultivados. dade local nortearam a elaboração do projeto
Após a compreensão do que se passava nos de Empresa Pedagógica. A proposta, denomi-
tanques, fomos encaminhados ao laboratório de nada Aquavita, visa à implantação de siste-
produção do plâncton, alimento fundamental mas automatizados em aquicultura, aquapo-
para o camarão no estágio larval. Lá os estudan- nia e processamento de pescado.
tes aprenderam como se faz a análise da quanti- Todas as ações desenvolvidas pela proposta
dade correta de alimento que deve ser produzido da Empresa Pedagógica estão relacionadas com
diariamente para o camarão nesse estágio. as competências e habilidades propostas para a
formação profissional dos estudantes dos cursos
Problema identificado, solução à vista de Aquicultura e Processamento do Pescado.
Durante a visita, os estudantes fizeram anota-
ções acerca das melhorias que poderiam ser quadro 2–
implantadas para o aumento da produção, a re- business model canvas da aquavita*
dução da mortalidade e do uso de antibióticos e
para a boa nutrição dos organismos cultivados. Empresa Pedagógica AQUAVITA – Soluções em tecnologia para a Aquicultura e processamento de pescado

As notas tomadas pelos estudantes em cam- Key Key Value


Proposition
Customer
Relationships
Customer
Segments
Partnes Activities
po foram discutidas em sala de aula, e optamos lProjeto lDesenvolvimento lSistemas lEmpresas que lEmpresas do
de soluções automatizados desejam realizar terceiro setor;
por desenvolver um alimentador automático
Aquiparaíba –
Sebrae – PB; em automação, de filtragem e intervenção l Empresas que
HQZ tecnologia de recirculação de água comunitária; desejam realizar
para os camarões na fase da reprodução. Os
l

Aquicultura; produção aquícola para Aquicultura e l Comunidades contrapartida


lGrupo Rio Alto; e processamento de Aquaponia; tradicionais e socioambiental;

jovens verificaram que na fase reprodutiva os Produtores pescado; Desenvolvimento Agricultura familiar; Associações
l l
l

locais. l Desenvolvimento de tecnologias l Escolas que comunitárias,


de sistemas sociais para o desenvolvam cooperativas e
camarões precisam alimentar-se em intervalos automatizados de
integração entre
processamento,
beneficiamento e
trabalhos no setor
da aquicultura e/ou
sindicatos;
l Universidades
de 4 em 4 horas, e o técnico responsável infor- Aquicultura e
Aquaponia.
conservação do
pescado;
horticultura. através de projetos
de extensão

mou que não possuía pessoal suficiente para Tecnologias universitária;


l

Key para a resolução Channels l Comunidades


Resources de problemas tradicionais.
garantir o correto intervalo de alimentação no lKits de automação
considerando as
necessidades dos
lSite da empresa
pedagógica;
turno noturno. A deficiência nutricional gerada Arduíno;
lTubos, conexões,
produtores locais;
lDesenvolvimento
l

l
Redes sociais;
Atendimento,

por esse problema causava impacto direto na


bombas, filtros e cabos; de aplicativos mobile instalação e
lLaboratório Maker; para o setor. manutenção
Computadores. em campo.
sanidade dos organismos cultivados.
l

Cost Revenue
Como proposta de resolução do problema, os Structure Streams

estudantes utilizaram o método previsto na Ino- Equipamentos e insumos; A empresa pedagógica será financiada pela Secretaria
l l

l Transporte; de Educação, parceiros empresários e investidores sociais.


Bolsa auxílio para os estudantes envolvidos. Todas as atividades realizadas são sem fins lucrativos.
vação Social e Científica para desenvolver um
l

* empresa pedagógica de intervenção comunitária


alimentador automático acionado por uma placa fonte: acervo dos professores (2017)

controladora, motores e mola. A placa controla-


dora utiliza programação por meio de fluxogra-
ma para determinar o intervalo de acionamento
do motor responsável pela extrusão do alimento.
Os estudantes realizaram todo o processo
de confecção do protótipo de alimentador, des-
de o projeto à execução. Com o protótipo fina-
lizado, os participantes demonstraram imensa
satisfação ao vê-lo em perfeito funcionamento.
Durante a atividade, os alunos demonstraram
criatividade para a construção do protótipo,
perseverança na correção dos erros ao longo
do processo, além da capacidade de lidar com
frustrações. Para o fechamento do ciclo da in-

fonte: acervo dos professores (2017)


75
Reutilização de Água
como Prática Interdisciplinar
ECIT DE SÃO BENTO
SÃO BENTO, PARAÍBA
FLÁVIO SOARES DA SILVA

S
E FRANKLIN KAIC DUTRA PEREIRA

São Bento é uma das cidades localizadas no os dados físico-químicos da água. Em segui-
sertão paraibano que depararam recente- da, ocorreu a coleta in loco e a análise de água
mente com a escassez de chuvas e, conse- no Laboratório de Química, enfatizando-se na
quentemente, falta de água. Considerando a ocasião a importância do uso dos equipamen-
aprendizagem na formação em Inovação So- tos de proteção individual (EPIs), sempre ne-
cial e Científica, decidi implantar na escola cessários nas atividades de laboratório.
um projeto sobre água. O professor de Química pôde contribuir
Nessa perspectiva, os estudantes propuse- na correlação de conteúdos como capacidade
ram ideias para serem discutidas em sala de volumétrica, volume, extensão, dentre outros
aula e, a partir do debate, desenvolver ações assuntos problematizadores que foram elen-
concretas. Assim surgiu o projeto intitulado cados no momento da aula de campo. Assim,
“Compreender ciência a partir do contexto so- juntamente com o professor de Química, pu-
cioambiental: reutilização de água como prá- demos planejar uma aula prática na qual tive-
tica interdisciplinar”, em conformidade com mos a oportunidade de nos familiarizar com
a Política Nacional de Recursos Hídricos, que as técnicas para análise de água, bem como o
aponta para a relevância de trabalhos sobre a tratamento para uso potável.
água, e com a Política Nacional de Educação
Ambiental, que prevê a oferta de Educação Um filtro biológico
Ambiental em todos os níveis de ensino de Em seguida, construímos um filtro de água
forma interdisciplinar. biológico, para os estudantes se apropria-
Nas aulas de Biologia foram lançadas pro- rem melhor de como tratar a água, e, assim,
postas para que os estudantes começassem a se conscientizarem que a água é um recurso
pesquisar o tema, a fim de avaliar dados que natural que pode ser reutilizado, mas antes
traduzissem a questão da falta de água. Nesse tem de passar por alguns processos quími-
momento, sugeri a elaboração de uma ativi- cos. Na oportunidade, elaboramos nas au-
dade de campo, para que os estudantes iden- las de Biologia assuntos correlacionados à
tificassem onde estão localizados os focos de poluição, por meio da Educação Ambiental,
água parada na cidade de São Bento. A ativi- bem como os riscos para a saúde quando se
dade foi realizada juntamente com os profes- ingere água contaminada.
sores de Química e Matemática, pois cada um Construído o filtro de água biológico, tive-
deles participou trazendo informações sobre mos a oportunidade juntamente com os estu-

76
dantes e o professor de Química, de realizar
a análise físico-química da água, a fim de es-
tabelecer comparações se era potável ou não.
Para isso, pedimos aos estudantes que cole-
tassem água suja e trouxessem para a escola,
com os devidos cuidados.
Em seguida, discutimos na aula que a água
de uso doméstico, bem como de lagos, rios,
açudes, mares etc, não é pura. Então, com o
intuito de tornar efetivo o ensino desses con-
teúdos curriculares, realizamos uma ativida-
de investigativa referente aos nutrientes dos
alimentos industrializados. Com isso, tivemos
a oportunidade de analisar as embalagens de
água comercializada na cidade de São Bento, e
que são consumidas pela população.

Conclusão
Na atividade, pudemos perceber que os estu-
dantes tiveram a oportunidade de pôr em prá-
tica os conhecimentos das Ciências adquiri-
dos para interpretar, por exemplo, se a água é
potável ou não, bem como a capacidade volu-
métrica das garrafas PET, além do uso da gar-
rafa PET para fazer o filtro de água biológico.
Podemos dizer que alcançamos resultados
satisfatórios, uma vez que desenvolvemos
juntamente com os jovens as competências
e habilidades previstas para esta metodolo-
gia, entre elas a possibilidade de desenvolver
tecnologia social a favor de melhorias para
a comunidade, a criatividade, a iniciativa e o
protagonismo social.

77
“Nosso Jeito”: soluções sustentáveis
no cotidiano escolar
ECIT PASTOR JOÃO
PEREIRA GOMES FILHO
JOÃO PESSOA, PARAÍBA

A
THAYENE GOMES CAVALCANTE, GREYCE MICHELINE, MANUELLE CRISTINE,
ALECSANDRO DE PAIVA FARIAS E ANA CECÍLIA COSTA NASCIMENTO

A ECIT Pastor João Pereira Gomes Filho 3. Diminuição da quantidade


está situada nas imediações do bairro mais de água das descargas.
populoso da capital da Paraíba, Mangabei- 4. Mangueiras para bebedouro
ra, e integra uma área de expansão urbana, 5. Reuso da água do ar-condicionado
com grande concentração de estabeleci- 6. Produção de calhas e captação de água
mentos comerciais e serviços públicos, tais
como Detran, Fórum Regional, Mangabeira Procedimentos
Shopping, dentre outros. Campanha – teve como objetivo conscienti-
A escola apresenta uma base técnica integra- zar a comunidade escolar sobre a sustentabilida-
da ao Ensino Médio, com dois cursos, Vendas e de, ação desenvolvida em três etapas:
Cozinha. Esse relato tem por objetivo criar um
produto ou serviço inovador. Optamos então intervenções no acolhimento dos
por realizar uma intervenção na comunidade es- estudantes por meio do uso de cartazes;
colar, propondo soluções sustentáveis para a re- divulgação de folder nas redes sociais
dução do consumo de água, bem como a criação alertando quanto ao desperdício de água; e
e/ou uso de processos e produtos para resolver o elaboração e divulgação da Campanha
problema de escassez de água na comunidade. “Adote sua garrafa”.
A ideia surgiu de um grupo de estudantes a
partir de uma prova da Gincana 2017 que teve figura 3–
como objetivo criar um produto ou serviço ino- logomarca da campanha “adote sua garrafa”
vador. Uma das equipes propôs um sistema de feita pelos estudantes
reaproveitamento da água dos condicionado-
res de ar e da chuva, com o intuito de utilizá-la
na horta ou na lavagem de ambientes.
Para a realização do projeto buscamos iden-
tificar as propostas de produtos inovadores
apresentados pelos estudantes naquele evento.
Assim, realizamos intervenções em seis
pontos, como segue.
1. Entendimento do processo ou produto.
2. Campanha na escola.
fonte: acervo dos professores (2017)

78
Diminuição da quantidade de água das tabela 1 – medição da água
descargas – para efetivar esta proposta, os es-
tudantes realizaram as seguintes ações: antes da ação após a ação

QUANTIDADE QUANTIDADE

contaram a quantidade de caixas DE CAIXAS DE


DESCARGA
17 DE CAIXAS DE
DESCARGA
17

de descarga acopladas na escola; QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE


341 341
contaram a quantidade de pessoas PESSOAS PESSOAS

que utilizam estes vasos sanitários; QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE


ACIONAMENTO ACIONAMENTO
pesquisaram sobre a quantidade DE DESCARGA POR
3
DE DESCARGA POR
3

de água gasta em uma descarga PESSOA (EM MÉDIA) PESSOA (EM MÉDIA)

e quantas vezes, em média, uma QUANTIDADE DE


ACIONAMENTO DAS 1023
QUANTIDADE DE
ACIONAMENTO DAS 1023
pessoa vai ao banheiro; DESCARGAS/DIA DESCARGAS/DIA

pesquisaram sobre como é medida VOLUME DE CADA


0,006
VOLUME DE CADA
0,004
DESCARGA (CM3) DESCARGA (CM3)
a quantidade de água pelo fornecedor
VOLUME (LITROS) VOLUME (LITROS)
e o valor cobrado por isso pela empresa DE ÁGUA UTILIZADA 122,76 DE ÁGUA UTILIZADA 81,84
de saneamento básico; (20 DIAS) (20 DIAS)

propuseram uma solução para VALOR DA TAXA


COBRADA (R$)
12,73
VALOR DA TAXA
COBRADA (R$)
12,73

diminuição da quantidade de água


GASTO MENSAL (R$) 1.562,73 GASTO MENSAL (R$) 1.041,82
utilizada para efetuar a descarga e,
assim, calcularam o desconto em reais VALOR MENSAL QUE SERÁ ECONOMIZADO: R$ 520,90

por mês que a escola economizaria fonte: professores (2017)


com essa medida;
acoplaram uma garrafa PET de 2 litros
cheia de água em cada descarga, com Reutilização da água dos condiciona-
o intuito de diminuir o volume de água dores de ar – a escola possui a maioria dos
utilizado para efetuar a descarga. ambientes climatizados. A água que goteja
do ar-condicionado é limpa, com grande po-
Mangueiras para bebedouros – esta ação tencial para reaproveitamento. Devido a esse
consistiu no desenvolvimento de um produto potencial, esta ação visou analisar a viabilida-
acessório para encaixar nos bebedouros de de da instalação de sistema de coleta de água
água da escola que promovesse economia de proveniente do gotejamento dos aparelhos de
água. Os estudantes durante o dia a dia da ar condicionado para ser reaproveitada na jar-
escola perceberam que ao ser acionado o be- dinagem e limpeza da própria escola.
bedouro jorrava um jato de água para cima, Para tanto, fizemos um planejamento com a
e isso desperdiçava água. Então, tiveram a comunidade escolar, a partir do Project Model
ideia de desenvolver um acessório utilizando Canvas, com vista a buscar soluções coletivas, vi-
a impressora 3D disponível na escola. Com o áveis e baratas para a problemática em questão..
produto, uma espécie de canudo encaixado
por onde sai a água, seria possível direcionar figura 4 – project model canvas*
o jato com uma curvatura que possibilitaria
utilizar copos ou garrafas. Assim, toda a água
que saísse do bebedouro poderia ser utilizada
para consumo, sem desperdício.
Essa ação foi realizada em conjunto com
a campanha “Adote uma garrafa”, com o
intuito também de evitar o consumo de co-
pos descartáveis.
O material utilizado na produção foi
o ABS (Acrilonitrilabutadieno estireno),
um tipo de polímero bastante rígido e leve
que apresenta bom equilíbrio entre resis-
tência e flexibilidade.
* reaproveitamento da água dos condicionadores
de ar elaborado com a comunidade escolar
fonte: acervo dos professores (2017)

79
Produção de calhas e captação da água Reaproveitamento de alimentos
da chuva – o objetivo aqui foi construir calhas Com o objetivo de reaproveitar os alimentos
para recolher a água da chuva e reaprovei- e promover a educação alimentar sustentável,
tá-la. As calhas foram feitas com as garrafas no segundo semestre de 2017 idealizamos uma
PET arrecadadas na Gincana 2017. O modelo disciplina eletiva com o propósito de propor-
adotado foi a CalhaPET, disponível no livro de cionar ao educando senso de responsabilidade
experimentos Caixa de Ciências,*(referência e oferecer uma maneira correta de reaprovei-
completa ao final do artigo) do nosso forma- tar os alimentos, principalmente envolvendo
dor professor Francisco Fechine Borges. O pe- os estudantes do curso de Cozinha.
ríodo para construção e montagem das calhas
foi de janeiro a março de 2018, com o objetivo Transformando lixo em lucro
de termos o sistema de captação montado an- O projeto de empreendedorismo sustentável
tes do início das chuvas. “Transformando lixo em lucro” foi muito im-
portante para os estudantes que participaram

D
Horta, arborização, casa ecológica do projeto e para a escola, pois atraiu os olha-
A horta teve como objetivo cultivar alimen- res dos estudantes para uma ótica empreende-
tos orgânicos plantados no ambiente escolar, dora e sustentável, na qual puderam perceber
com vista a promover uma alimentação sau- o quão possível é transformar algo que estava
dável e utilizar os alimentos colhidos nas au- em desuso e iria poluir o meio ambiente em
las práticas do curso de Cozinha. algo comercial e rentável. Além do mais, com
A escola possui um amplo terreno, o que a comercialização dos produtos resultantes foi
também possibilitou realizar um processo de ar- possível levantar fundos para investimento
borização em alguns locais, contribuindo com a em utensílios para o curso de Cozinha.
preservação do meio ambiente e tornando o nos-
so ambiente convívio mais aconchegante. Conclusão
Outra ação sustentável executada no âm- Este relato teve o propósito de comunicar prá-
bito da disciplina eletiva “Debaixo do Nariz” ticas sustentáveis planejadas e desenvolvidas
foi a construção pelos estudantes de uma a partir do Projeto de Intervenção Comunitá-
casa ecológica feita de paletes. Na casa, ain- ria “Nosso Jeito”. Tais práticas envolveram
da em construção, será inserido um sistema os estudos de Inovação Social e Científica e
de ventilação e um sistema de iluminação metodologias de planejamento como Kanban
com garrafas PET. e Canvas, com o intuito de construir soluções
coletivas e criativas para problemáticas da
Economia de Energia e Coleta Seletiva comunidade escolar.
Os estudantes fizeram a sondagem sobre o As ações implantadas e as ações em curso
gasto de energia e lançaram uma proposta de são de grande valia, tanto em termos de eco-
conscientização sobre o consumo de energia, nomia de recursos para a escola quanto em
por meio das seguintes ações: desligar luzes em conscientização de todos em ter uma vida mais
locais que não estiverem sendo utilizados, não sustentável, voltada para o bem comum e com
carregar celulares na escola, ter cuidado para não mais qualidade. Acredito que a partir das ati-
deixar os aparelhos de ar condicionado ligados. vidades implantadas os estudantes também
No que diz respeito à coleta seletiva, traba- possam colocar em prática os conhecimentos
lhamos a conscientização e foram propostas adquiridos e levá-los para dentro de casa e para
soluções para o lixo produzido, como: reduzir a a comunidade. Dessa forma, pretende-se conti-
quantidade de lixo produzida; reutilizar, dando nuar com as ações implantadas e aprimorá-las,
uma nova utilidade para os materiais antes de por meio da realização de mais pesquisas que
descartá-los; reciclar, separando o lixo que será possam contribuir para a melhoria das inter-
encaminhado à coleta seletiva, para se transfor- venções na escola e na comunidade.
mar em matéria-prima para outros produtos; re-
pensar hábitos de consumo e as consequências
geradas ao meio em que vivemos.

80
Desafio – Consertar o mobiliário didático:
resolução de problemas aplicada à BNCC
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDÉLIS
BAYEUX, PARAÍBA
POR KALINE ARLEN SERRÃO

D
Durante as atividades cotidianas, e principal- O Design Thinking é uma ferramenta de re-
mente nas aulas, percebo o quanto a sociedade solução de problemas, criação e idealização que
vive em constante mudança, e que despertar o prevê uma série de ações. É dividida por etapas
interesse dos estudantes para a aprendizagem e pode ser realizada de forma coletiva e colabo-
vai muito além da teoria. Isso me faz pesquisar rativa, que possibilita aflorar diversidades cul-
e desenvolver novas atividades, como também turais, diferentes visões de mundo e processos
sempre reavaliar minha didática de ensino. de vida, além de permitir que todos idealizem
Desse modo, a partir desta formação continua- e participem do processo criativo para formar
da, elaborei uma atividade que foi desenvolvida uma única ideia, até chegar a um produto final.
na ECIT Erenice Cavalcante Fidélis, instituição Na elaboração da atividade propos-
que faz parte do novo modelo de educação pro- ta foram utilizadas três etapas do Design
posto pelo governo do Estado da Paraíba. A es- Thinking, como segue.
cola possui uma metodologia que prioriza o pro-
jeto de vida e o protagonismo dos estudantes, Imersão, etapa em que os estudantes
além de oferecer uma formação que possibilita desenvolvem pesquisas acerca da
aos jovens formação para atuarem no mercado temática ou problemática abordada. Muitas
de trabalho, por meio dos cursos técnicos inse- vezes também se sugere que os estudantes
ridos na grade curricular. A escola oferta dois passem alguns minutos em silêncio,
cursos técnicos; um deles é o Técnico em De- apenas refletindo sobre o que precisam
sign de Móveis, do qual integro o corpo docen- desenvolver e mergulhar no conteúdo.
te, o outro é Técnico em Mecânica. Sou formada Ideação, comumente desenvolvida
em Design de Interiores pelo Instituto Federal com cartolina, lápis colorido e adesivos
de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (tipo Post it), é a fase em que os
(IFPB) e nas turmas de 1º ano ensino Criativida- estudantes em grupo expressam ideias
de. Nesta disciplina, escolhi desenvolver uma por diversas formas, como frases ou
atividade utilizando o Design Thinking, por se palavras em adesivos, desenhos e pinturas,
tratar de um processo criativo e de resolução organizando assim as propostas que serão
de problemas apresentado durante a formação. desenvolvidas na próxima etapa.
Chamei a atividade de Desafio Mobiliário Didá- Prototipagem é a terceira etapa, que
tico, e a disciplina eletiva envolve todas as dis- consiste no desenvolvimento de um
ciplinas da base comum articuladas ao Curso protótipo do produto final, formado a partir
Técnico em Design de Móveis. da junção das ideias de todos os estudantes.

81
Expliquei cada etapa do processo aos alu- conversa com os professores e as pesquisas
nos, fiz organogramas no quadro, mostrei agregaram mais ideias para o projeto.
exemplos da ferramenta e em seguida ensinei Solicitei que começassem a esboçar a pro-
como aplicá-la ao desafio proposto. posta. Confesso que ainda não sabia se daria
certo e se tinham compreendido realmente o
Desafio Mobiliário Didático que propus, pois ainda havia muitas perguntas
Iniciamos a seguir o Desafio Mobiliário Didá- como: “Professora, como vou colocar Portu-
tico, uma proposta para auxiliar os estudantes guês em uma cadeira?” Realmente para turmas
a aplicar os conteúdos trabalhados nos com- de 1º ano é algo desafiador, mas, por se tratar de
ponentes propedêuticos, pois a atividade con- algo que lida com criatividade, eu queria passar
siste em criar um mobiliário que referencie para eles o primeiro contato com o design, de
determinado componente da base comum. O maneira que compreendessem o que realmente
mobiliário objeto da ação precisa ter a funcio- é projetar e o quanto precisam esforçar-se, pes-
nalidade convencional (ser usado para sentar, quisar e estudar para formar uma ideia funcio-
ler, armazenar, descansar etc.), mas, também, nal e que atenda às necessidades propostas.
auxiliar a pessoa que a utilizará a estudar de- Após alguns momentos de apreensão, as
terminado conteúdo. ideias começaram a surgir, e, então, nós to-
Dessa forma, dividi as turmas em grupos, dos ficamos impressionados com a qualidade
realizei um sorteio dos componentes da base dos primeiros projetos “saindo do forno”. Esta
comum e lancei o desafio: pedi que cada gru- parte da atividade demandou dois encontros.
po pesquisasse sobre o componente por que
ficou responsável, para que na próxima aula
iniciássemos as atividades. Os estudantes figura 5 – resultados do
ficaram bastante animados e ansiosos para segundo e terceiro encontro*
começar o desenvolvimento dos projetos.
As atividades aconteciam semanalmente no
componente de Criatividade.
Na primeira etapa do desafio (Imersão),
pedi que os estudantes se juntassem em gru-
pos preestabelecidos, distribui folhas de papel
A4, adesivos e pedi que iniciassem o desenvol-
vimento do processo criativo, marcando tempo
para que realizassem a Imersão, em silêncio, e
então demos início à segunda etapa, a Ideação.
Foi uma aula bastante produtiva, com os
estudantes empenhados em solucionar o de-
safio, quando surgiram muitas ideias. Após
finalizar o primeiro encontro, pedi que con-
versassem com os professores do componente
curricular do grupo, apresentassem todas as
ideias pensadas, estudassem, dialogassem e
unissem a ideia deles à dos professores.
Passada a semana, chegou o momento de
mais um encontro com os estudantes. Pedi
então que formassem os grupos novamente
e fui conversar com cada um sobre as no-
vas ideias e as conversas que tiveram com
os professores, também para auxiliá-los na
parte de design, composição, formato, fun- * fase de ideação
(esboço das propostas)
cionalidade e desenvolvimento do “perfil do fonte: acervo da

cliente”, ou persona, que se refere a quem professora (2017)

será destinado o projeto. Os alunos chega-


ram com muitas novidades e falaram que a crédito: kaline serrão, 2017

82
Dentre as ideias surgiram: um banco em for-
ma de mapa do Brasil, no qual os assentos se-
riam formados pelos Estados; uma estante e maquete dos projetos
cantinho para leitura remetendo à história do
Pequeno Príncipe; uma poltrona suspensa em
formato de globo terrestre; uma mesa redonda
com jogos referentes à disciplina de História;
uma mesa e uma cadeira ilustrando os átomos
e a tabela periódica; uma horta com as leis de
Newton descritas, entre outros projetos.

fonte: acervo da professora (2017)

Estabelecidas as ideias, passamos à terceira cessidade de estudar mais, para que pudessem
etapa do Design Thinking, a Prototipagem, na extrair as ideias de forma criativa e fora dos pa-
qual os estudantes criaram maquetes dos pro- drões convencionais. Observei que a motivação
jetos. Esta etapa os ajudou a visualizar melhor a partiu do aprender fazendo, devido ao contato
ideia proposta, inspirando-os ainda mais a deta- feito com o conteúdo no decorrer de todo o pro-
lharem o trabalho. Os resultados da terceira eta- cesso criativo. Além de desempenharem papel
pa foram maravilhosos, atendendo aos requisi- de protagonistas no espaço de aprendizagem, os
tos solicitados, além de muito satisfatórios para estudantes da disciplina se empenharam para
mim, para os demais docentes da Base Comum contribuir com o ambiente escolar ao criar mó-
e para os próprios estudantes. veis que servirão para auxiliar os demais alunos
da escola, e a si próprios, na aprendizagem das
Conclusão disciplinas que inspiraram os protótipos.
Realizada a atividade, vi a importância de O Desafio Mobiliário Didático utilizando
sempre desafiar os estudantes a realizarem o Design Thinking estimulou os estudantes
novas descobertas. As aulas mais dinâmi- a trabalhar em equipe; desenvolver a criativi-
cas e elaboradas exigem mais trabalho; po- dade e o senso crítico; estudar os conteúdos
rém, o retorno é de qualidade, bastante sig- abordados na escola; serem protagonistas do
nificativo e gratificante. ambiente de aprendizagem; lidar com medos
Os objetivos da atividade, de incentivar a e frustrações; saber ouvir e respeitar a ideia de
inter-relação entre componentes da área pro- todos; analisar problemas e buscar soluções,
pedêutica e o desenvolvimento dos estudan- entre outras competências e habilidades re-
tes, foram cumpridos. No decorrer das etapas queridas para o próprio desenvolvimento aca-
pude ver a dedicação dos demais professores dêmico, profissional e social.
em contribuir para o projeto, além de terem fi- Entendo que a prática pedagógica impõe
cado entusiasmados, juntamente com os estu- constantemente desafios aos profissionais do
dantes, para criar um mobiliário que represen- ensino, e que nós docentes precisamos estar
tasse a disciplina correspondente. Isso gerou preparados para lidar com tais situações; den-
mais aproximação entre eles. tre elas, sempre que possível, fazer com que o
Em relação aos conteúdos das disciplinas tra- processo do ensino adquira caráter significati-
balhadas, os estudantes sentiram também a ne- vo para o estudante.

83
Mudando a educação profissional
com metodologias ativas
ECIT JOÃO DA MATTA
CAVALCANTE DE ALBUQUERQUE
MAMANGUAPE, PARAÍBA
POR KYM KANATTO

A
A Educação Cidadã Profissional compõe uma de Formadores ofertada pela Secretaria de
das modalidades de educação prevista na Educação Estadual – SEE, em parceria com
LDB/96 e tem como missão preparar os estu- o Itaú BBA, Instituto Natura e Instituto So-
dantes para o protagonismo profissional por nho Grande, voltada a professores e coorde-
meio da aquisição de competências e habilida- nadores pedagógicos de cursos técnicos e
des significativas para a vida social, o mundo propedêuticos. Sou coordenador e professor
do trabalho e a atuação profissional. do curso de Manutenção e Suporte em Infor-
O Ensino Médio nos últimos anos passou mática da escola e fui convidado para com-
por importantes modificações e hoje priori- por o grupo que passaria por três etapas de
za uma educação centrada na contextualiza- formação. Durante esse período, aprendemos
ção, com ênfase na interação entre ciência, métodos de resolução de problemas e de me-
tecnologia e sociedade. todologia criativa.
O presente relato trata de uma prática As metodologias apresentadas ao longo
pedagógica realizada na ECIT João da Mat- da formação fizeram com que eu mudasse a
ta Cavalcante de Albuquerque, situada no prática cotidiana, pois comecei a utilizá-las
Conjunto Nossa Senhora da Penha, bairro como recursos pedagógicos para melhorar a
do Areal, em Mamanguape, Paraíba, onde formação crítica dos estudantes.
foram ofertados os cursos técnicos de Ma- Desenvolvi a atividade na disciplina ele-
nutenção e Suporte de Informática e Agro- tiva Empreendedorismo, Instalação e Confi-
negócio para 430 estudantes. guração de Redes com estudantes do curso
de Manutenção e Suporte de I em Informáti-
Desenvolvimento ca. A ação teve como objetivo discutir e im-
A ideia de realizar este relato surgiu com plantar o uso das metodologias ativas como
base nas discussões realizadas na Formação recurso didático na formação crítica do es-

84
tudante, e foi dividida nas seguintes etapas: Primeiramente, realizei uma contextua-
a) contextualização das metodologias ativas; lização das metodologias ativas, seguido da
b) apresentação dos métodos de soluções aos apresentação do uso dos métodos de resolu-
problemas reais; e c) proposição de desafios ção de problemas – Kanban, Design Thinking
para uso de metodologia ativa dentro do per- e Canvas – utilizados em empresas nos diver-
fil profissional do curso técnico. sos setores comerciais. Para isso, vali-me de
Diante do mundo em constante transfor- um material audiovisual.
mação, minha questão central foi problema-
tizar com os estudantes que o aprendizado Kanban na prática
significativo permite melhor colocação no Após a explicação dos métodos de resolu-
mercado de trabalho e a realização de seus ção de problemas e das metodologias criati-
projetos de vida. O atual contexto da socieda- vas, apresentei aos estudantes a plataforma
de questiona relações, práxis e formas de or- Trello, que permite vivenciar o Kanban na
ganização, bem como produção e aquisição prática. A plataforma permite o gerencia-
de conhecimentos escolares. A escola deve mento de projetos com listas extremamente
atualizar-se e modernizar-se com o objetivo versáteis e que podem ser ajustadas de acor-
de formar jovens protagonistas, por meio do do com as necessidades do usuário. A partir
uso de metodologias inovadoras. daí, o estudante poderá organizar as tarefas
Nesse sentido, a atividade teve como ob- de trabalho, projetos de vida, priorizar os es-
jetivo principal o desenvolvimento de com- tudos, pois a Trello permite a organização
petências e habilidades para a formação do conforme a prioridade do estudante.
profissional qualificado por meio do uso das Em um segundo momento, os estudantes
metodologias ativas de formação do profis- foram convidados a utilizar a plataforma com
sional do suporte em TI. o desafio Hora de Empreender, por meio da
aplicação do método Kanban; ou seja, foram
desafiados a desenvolver um quadro Kanban
para a própria rotina de vida, estudos e pro-
quadro 3 - habilidades necessárias jetos da área profissional, objetivando contri-
para o protagonismo profissional buir com a formação para seu projeto de vida
e no desenvolvimento do jovem protagonista
habilidades do protagonismo profissional e o profissional técnico.
Além da Trello, durante as atividades prá-
AUTONOMIA ÉTICA E VALORES
ticas os estudantes tiveram acesso a outras
CRIATIVIDADE ESPÍRITO DE LIDERANÇA ferramentas tecnológicas, aplicativos e pla-
taformas que também os ajudaram na tarefa
FLEXIBILIDADE CAPACIDADE DE ANALISAR PROBLEMAS
que seria apresentada ao final da aula. Foram
MOTIVAÇÃO CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO realizados alguns registros fotográficos e
produzido um vídeo da atividade, que pode
INICIATIVA PENSAMENTO ESTRATÉGICO
ser acessado neste endereço do Facebook:
PERSEVERANÇA POSTURA PROFISSIONAL goo.gl/KPwvrK (acesso em 28.06.2018).
RACIOCÍNIO LÓGICO CAPACIDADE DE LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO
Segundo Janiele Peixoto, aluna concluin-
te do curso de Manutenção e Suporte em In-
BOA COMUNICAÇÃO PRODUÇÃO DE TEXTOS VOLTADOS AO TRABALHO formática: “O Kanban como metodologia ati-
AUTOCONHECIMENTO TRABALHO EM EQUIPE
va para resolver problema é bem legal, pois
lembra um quadro onde você pode controlar
RESPONSABILIDADE TOMADA DE DECISÃO
as atividades de uma maneira mais visual,
RESPEITO SABER OUVIR simples, e também descobrir quais pontos e/
ou ações você demorou mais para finalizar,
APRENDIZAGEM CONTÍNUA ANALISAR DADOS E PROPOR SOLUÇÕES
onde encontrou problemas e precisa fazer
fonte: professor (2017)

85
uma revisão (ou estudar de novo), e quais fo-
ram fáceis. Ajuda bastante na organização do
profissional, e pra nós, estudantes”.

Conclusão
Com base nas atividades práticas desenvolvi-
das, observou-se que as metodologias ativas de
resolução de problemas podem ser utilizadas
como recursos didáticos inovadores na sala de
aula, visto que proporcionam uma formação
crítica e reflexiva ao estudante técnico, além
de permitirem a participação coletiva e demo-
crática para a construção de uma aprendiza-
gem significativa e empreendedora. Por meio
das metodologias ativas poderemos implantar

A
uma pedagogia inovadora que contribua para a
aquisição de autonomia e desenvolvimento do
diálogo e trabalho em equipe. figura 6 – método kanban*

* atividade realizada na formação da secretaria estadual de


educação das metodologias a serem aplicadas nas escolas.

fonte: acervo do professor (2017)

86
Intervenção tecnológica para
economizar água da escola
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA
POR JEIMES FERREIRA CAMPOS

A
A equipe pedagógica e eu, no papel de profes- acompanhar alguns raciocínios matemáti-
sor orientador do Projeto Piloto STEM Susten- cos. A partir desse diagnóstico, constata-
tável Práticas Experimentais, identificamos, mos que seria interessante melhorar os re-
elaboramos e organizamos os recursos peda- sultados da aprendizagem e o rendimento
gógicos capazes de melhorar o rendimento escolar por meio de novas práticas pedagó-
escolar dos estudantes na disciplina de Físi- gicas, nas quais os alunos pudessem viven-
ca, de acordo com a necessidade específica de ciar atividades de resolução de problemas
cada estudante participante da eletiva. aplicadas aos cursos técnicos de Mecânica e
Design de Móveis, por intermédio de expe-
Conceitos de Física na prática rimentos de baixo custo.
Nosso Projeto Piloto é uma proposta de inter- Diante disso, vimos a necessidade de
venção a partir de um roteiro de práticas sus- produzir um guia dividido por experimen-
tentáveis de baixo custo, que possam auxiliar tos, contendo uma breve introdução teóri-
os professores de Física em aulas experimen- ca acerca do fenômeno que seria analisado.
tais, tendo como objetivo central promover a Pensando em facilitar a utilização do guia
integração teoria-prática por meio de expe- pelos estudantes e professores, definimos
rimentos já desenvolvidos na formação pelo que deveria trazer as seguintes informações:
professor Francisco Fechine (ver Referências). objetivos, materiais necessários, processo de
Adaptamos os experimentos para a disci- montagem, metodologia utilizada, conclu-
plina de Física, visando a uma aprendizagem sões sobre o experimento e fotos ilustrativas.
significativa, que também motivasse os es- O nosso plano de trabalho previa as ações
tudantes e despertasse interesse pela disci- abaixo listadas.
plina, bem como contribuísse para uma vida
familiar mais sustentável, com práticas que Apresentação do Projeto.
possam desenvolver na própria residência. Inscrição e seleção dos estudantes.
Após reuniões com os estudantes inte- Discussão sobre o Projeto com
grantes da eletiva pedagógica, nós profes- os estudantes selecionados.
sores percebemos a dificuldade deles para Mapeamento de dificuldade
aprender e compreender Física por meio dos estudantes em Física.
de aulas expositivas teóricas, bem como de Seleção de práticas experimentais.

87
Organização de grupos de trabalho. Os conceitos trabalhados foram:
Aulas expositivas.
Definição e solução de problemas. 1. radiação solar, temperatura,
Elaboração de relatório análise físico-química;
dos experimentos realizados. 2. transformações de energia,
Elaboração de material de divulgação. termologia, ondulatória,
Apresentação para a comunidade óptica geométrica e eletricidade;
escolar e convidados. 3. análise físico-químico e bacteriológica
(parâmetros de cor, turbidez,
Planejamento das ações temperatura, ferro, manganês, sólidos
Abertas as inscrições da eletiva, formou-se um em suspensão, oxigênio dissolvido,
grupo de 25 estudantes. Em um primeiro mo- coliformes totais e coliformes fecais); e
mento, promovi uma discussão com eles sobre 4. hidrostática (diferença de pressão
Física e apliquei um questionário de diagnós- e a lei de Pascal aplicada no sistema).
tico para identificar os motivos pelos quais
sentem dificuldade e por que não demonstram O problema mais importante identificado
interesse nem bom rendimento em Física. A no desenvolvimento do projeto foi o desper-
partir disso, conseguimos definir com mais dício da água proveniente dos bebedouros
clareza como seria realizado o projeto e quais da escola. Sendo assim, pensamos em várias
escolhas faríamos para compor o Guia. Em propostas de resolução, tais como: tratamen-
seguida, selecionamos as práticas experimen- to pelo sistema Sodis e posterior reutilização
tais que seriam desenvolvidas e as adequamos para várias finalidades, filtragem através de
à Física, considerando as atividades que nós, um filtro lento, como também utilização do
professores, vivenciamos na Formação de Ino- produto final para atividade agrícola: neste
vação Social e Científica. caso um irrigador solar de baixo custo feito
Os experimentos desenvolvidos pelos es- com materiais alternativos.
tudantes foram:
A fase de experimentação
1. avaliação da eficiência Após concluir a etapa inicial de compreensão
do método Sodis (desinfecção conceitual e seleção dos experimentos, partimos
solar da água que usa os raios para a experimentação prática. As situações-
ultravioleta do sol e garrafas PET) -problemas propostas deveriam ser soluciona-
para tratamento de água das tendo como foco principal a capacidade do
do bebedouro da instituição; estudante de identificar os fenômenos da Física
2. aquecedor solar de água feito presentes. Durante a realização das atividades,
com tubos de PVC; os estudantes também apontaram os fenôme-
3. filtro lento de areia e carvão nos físicos conceituais envolvidos e utilizaram
ativado como pós-tratamento conhecimentos matemáticos para tabular os da-
de efluentes domésticos e reuso; dos físicos presentes. Finalizados os experimen-
4. ações de combate ao desperdício tos, propus aos estudantes fazerem um relatório
de água e energia; e sobre o que tinham vivenciado.
5. irrigador solar. Após a conclusão do produto final, os es-
tudantes montaram um material de divulga-
Identificação dos problemas ção de todo o trabalho realizado. Nesta ação,
Antes da execução das atividades de campo, trabalharam bastante a criatividade, uma vez
realizei uma aula expositiva para apresentar que precisaram selecionar as informações
experimentos similares, a fim de que os estu- essenciais para divulgação, de modo que os
dantes tivessem conhecimento dos conceitos convidados para a culminância se interessas-
que seriam trabalhados, fundamentais para sem pelo tema a ponto de conhecê-lo. Para o
a realização das experiências. Em seguida, dia da culminância dos projetos que seriam
identificamos problemas reais e hipóteses mostrados à comunidade, montamos banners
para solucioná-los. para explicitar nosso Guia.

88
Conclusão
Como o objetivo do projeto foi motivar os
professores e demais estudantes a elevar o
rendimento escolar da disciplina de Física e
desenvolver mecanismos em prol da comu-
nidade, considero que concluímos com êxi-
to o Guia, uma vez que medimos o nível de
aprendizagem em Física e identificamos que
75% dos estudantes participantes melhora-
ram a aprendizagem por meio de atividades
experimentais. Durante o desenvolvimento
do Projeto Piloto, foi possível verificar que
os estudantes adquiriram habilidades como
capacidade de analisar problemas e dados e
propor soluções além de utilizar a criativida-
de; assumir responsabilidades; fazer trabalho
em grupo; manter a aprendizagem contínua;
ampliar a autonomia; melhorar a produção de
textos e habilidades de oratória.
O produto resultante do trabalho foi a
criação de um Guia, um pequeno manual de
práticas laboratoriais impresso, com o intui-
to de facilitar e tornar prática a condução
das atividades propostas. Assim, como pen-
sado de início por nós, estudantes e profes-
sor, conseguimos contribuir para o ensino
de Física pautado em práticas sustentáveis
viáveis, não necessariamente realizadas em
laboratório, uma vez que podem acontecer
na residência dos estudantes ou em local
adaptado da própria escola.

89
90
Apêndice
Matrizes Curriculares

91
escola cidadã integral técnica – bayeux
eixo tecnológico: produção cultural e design
curso: design de móveis
carga horária: 800h com 09 aulas/dia
203 dias letivos/aulas de 50 minutos cada uma

carga horária anual (ha) carga horária anual (ha)


design de móveis
mecânica
1º 2º 3º 1º 2º 3º

língua portuguesa 5 4 3 205 164 123

linguagem arte 1 1 1 41 41 41

educação física 2 2 2 82 82 82

história 2 2 1 82 82 41

ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41

sociologia 1 1 1 41 41 41

química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza

biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123

subtotal da formação geral 25 23 19 1.025 943 779

orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21

eletiva 2 2 2 82 82 40

projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42

avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21

subtotal da parte diversificada 8 8 8 4 328 328 160 84

total da base comum 33 31 27 23 1.353 1.271 1.023

92
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s

informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84

empresa pedagógica 4 80

higiene e segurança do trabalho 2 40

total fbt 6 8 4 8 8 2 120 168 80 168 160 42

história do design e do mobiliário 2 40

materiais para produção moveleira 2 40

criatividade, cor e composição visual 2 40

desenho técnico 2 42

ergonomia e design inclusivo 2 42

organização espacial 2 40

computação gráfica i 4 80

elaboração de projeto de móveis 2 40

modelagem e protótipos 2 40

computação gráfica ii 4 84
formação
profissional
design sustentável 2 42

marketing, negociação e vendas 2 40

oficina de fabricação moveleira 4 80

automação de mobiliário 2 40

gestão da qualidade e produção 2 40


total de formação profissional
(componentes curriculares) 6 4 10 6 10 120 84 200 126 200

ch fbt + ep (sem estágio) - cnct 12 12 14 14 18 2 240 252 280 294 360 42

ch semanal comp. curriculares 45 45 45 45 45 25

atividades de estágio/tcc 20 420

ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)

formação geral 2.289


parte diversificada 750
total da base comum (atendimento às dcns) 3.039
formação básica para o trabalho (fbt) 615
formação profissional (fp) 608
fbt +fp (atendimento ao catálogo nacional de cursos técnicos) 1.223
estágio 420
carga horária total 4.683

* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)

93
escola cidadã integral técnica – bayeux
eixo tecnológico: controle e processos industriais
curso: mecânica
carga horária: 1200h 09 aulas/dia
203 dias letivos/aulas de 50 minutos cada uma

carga horária anual (ha) carga horária anual (ha)


mecânica
mecânica
1º 2º 3º 1º 2º 3º

língua portuguesa 5 4 3 205 164 123

linguagem arte 1 1 1 41 41 41

educação física 2 2 2 82 82 82

história 2 2 1 82 82 41

ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41

sociologia 1 1 1 41 41 41

química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza

biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123

subtotal da formação geral 25 23 19 1.025 943 779

orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21

eletiva 2 2 2 82 82 40

projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42

avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21

subtotal da parte diversificada 8 8 8 4 328 328 160 84

total base comum 33 31 27 23 1.353 1.271 1.023

94
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s

informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84

empresa pedagógica 4 80

higiene e segurança do trabalho 2 40

total fbt 6 8 4 8 8 2 120 168 80 168 160 42

introdução à tecnologia mecânica 2 40

metrologia 2 40

tecnologia dos materiais


2 40
e ensaios mecânicos

desenho técnico 2 42

termodinâmica 2 42

mecânica dos fluídos 2 40

desenho técnico auxiliado


4 80
por computador

hidráulica e pneumática 2 40

elementos de máquinas 2 40

manutenção mecânica 2 42
formação
profissional processos de fabricação mecânica 4 84

motores de combustão interna 2 40

refrigeração 2 40

automação eletromecânica 2 40

planejamento e controle da produção 2 40

gestão de qualidade 2 40
total de formação profissional
(componentes curriculares) 6 4 10 6 10 120 84 200 126 200

ch fbt + ep (sem estágio) - cnct 12 12 14 14 18 2 240 252 280 294 360 42

ch semanal comp. curriculares 45 45 45 45 45 25

atividades de estágio/tcc 20 420

ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)

formação geral 2.289


parte diversificada 750
total da base comum (atendimento às dcns) 3.039
formação básica para o trabalho (fbt) 615
formação profissional (fp) 608
fbt +fp (atendimento ao catálogo nacional de cursos técnicos) 1.223
estágio 420
carga horária total 4.683

* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)

95
96
FICHA TÉCNICA:

Supervisão Gráfica:
Jacinto Júnior

Pré-impressão:
Naudimilson Ricarte

Formato: 21,0 x 29,7


Papel: (capa) Duo Design 250g.
Papel: (Miolo) Offset 75 g/m2
Nº de Págs. 96

Tiragem: 1.300 exemplares

Produzido nas oficinas gráficas


A UNIÃO — Superintendência de Imprensa e Editora
Br 101 — KM 03 — Distrito Industrial — 58.082-010
João Pessoa — Paraíba — Brasil

Você também pode gostar