Livro - Articulação Curricular Do Método ECIT
Livro - Articulação Curricular Do Método ECIT
Livro - Articulação Curricular Do Método ECIT
Projetos Empreendedores
Uma Prática Inovadora na
Rede Pública Estadual da Paraíba
3
Governador do Estado da Paraíba
RICARDO COUTINHO
Chefe de Gabinete
FRANKSUELLA LINS DO SANTOS
Assessoras de Gabinete
ANTONIETA SILVA NÓBREGA
TAÍSA DANTAS
Coordenadora de Educação
Técnica da Educação Integral
RAYSSA FERREIRA ALENCAR
4
Organização
Aléssio Trindade
Coordenação Técnica
Carla Christine Chiamareli
Autoria
Aléssio Trindade
Bruno Pires de Oliveira Rigolino
Carla Christine Chiamareli
Francisco Fechine Borges
Paulo Roberto da Cunha
Coautores
Antônio de Pádua Rique de Plácido, Alecsandro
de Paiva Farias, Ana Cecília Costa Nascimento,
Ana Lúcia de Freitas Oliveira, Antonio Avelino
Soares, Eliziane de Carvalho Carolino, Erikson Belo
de Ataide, Flaviano Moura Pereira, Flávio Soares da
Silva, George Bezerra da Silva, Greyce Michelinne
Rocha Martins, Janiele Tavares de Santana, Jeimes
Ferreira Campos, José Augusto Neto, José Saul
Pereira da Silva, Juliana Elisabeth Teixeira, Julyene
da Silva Costa Barros, Kaline Arlen Serrão, Kym
Kanatto Gomes Melo, Liliane Alves de Sousa, Luiz
Ferreira da Nóbrega Filho, Magally Morgana Lopes
da Costa, Manuel da Silva Azevedo, Manuelle
Cristine Silva, Maria dos Anjos de França Dias,
Maria Vânia Mendes da Silva, Paulo Henrique do Apoio
Nascimento, Rawlison Calixto de Vieira, Rayssa
Ferreira Alencar, Rinaldo Souto Xavier Filho,
Sayonara Maria Ferreira de Araújo, Thayene Gomes
Cavalcante, Washington Cesar lima da Silva
e William Ferreira Mendes
Edição de Texto
Ricardo Prado
Capa
Hêvilla Costa
Revisão de Texto/Copidesque
Across the Universe Communications
Coordenação Editorial
Márcia Leal
Agradecimentos
Ana Inoue, David Saad e Igor Lima
5
Sumário
Referências ........................................................................... 54
Anexo
Relatos de Práticas
Apêndice
Matrizes Curriculares
6
Apresentação
7
da aprendizagem como base para a realização
de sonhos, ser necessário fortalecer, além do
ensino integral, o ensino profissional e técni-
co, uma vez que é natural que os anseios da ju-
ventude girem em torno da inserção no mun-
do do trabalho e as inúmeras possibilidades
que se apresentam. Assim, criamos também a
Escola Cidadã Integral Técnica – ECIT.
No ano seguinte, iniciamos a implantação
desse modelo de educação integral em oito es-
colas, sendo cinco ECIs e três ECITs. Em 2017,
ampliamos para 33 escolas, das quais 7 eram
ECITs. Até alcançarmos, em 2018, um total de
100 escolas, com 69 ECIs e 31 ECITs.
Para implantar uma escola com foco no pro-
tagonismo juvenil, o Estado investiu em infra-
estrutura, dotando as unidades de ensino com
equipamentos adequados para o estudante
construir a própria aprendizagem e vivenciar
atividades teóricas e práticas. Dessa forma, to-
das as escolas integrais foram equipadas com
laboratórios de Robótica, Matemática, Ciên-
cias, Física, Elétrica, Mecânica e Ondas, con-
tando com sistemas portáteis de aquisição de
dados e com impressoras 3D em cada unidade.
No que se refere ao âmbito pedagógico, tam-
bém foi necessário ir além dos investimentos já
realizados pelo Estado. Pensando em melhorar
a forma de implantar o modelo de educação
integral citado, onde o protagonismo juvenil é
a base da formação, definimos como proposta
curricular o método da Escola da Escolha, que
tem como princípios norteadores a pedagogia
da presença, o protagonismo juvenil e o projeto
de vida do estudante. Para tanto, estabelece-
mos parcerias com o Instituto de Corresponsa-
bilidade pela Educação – ICE, com o Instituto
Natura, o Instituto Sonho Grande e o Itaú BBA.
Ao final de 2016, realizamos um balanço
avaliativo das oito escolas nas quais o mode-
lo foi implantado inicialmente e verificamos
que o currículo aplicado nas ECITs não ofere-
cia atividades específicas voltadas ao prota-
gonismo profissional. Essa lacuna fazia com
que a formação nas unidades de ensino não
8
estivesse em conformidade com a missão es- Além disso, as escolas se abriram para uma
pecífica que deve nortear as escolas técnicas: interação efetiva com a comunidade e as em-
formar os estudantes para o sucesso na vida presas do entorno, e os estudantes vivenciaram
social e profissional por meio da aquisição de atividades práticas, criaram tecnologias sociais
competências e habilidades para o mundo do e elaboraram projetos com soluções de proble-
trabalho e para o curso técnico específico es- mas reais enfrentados no cotidiano das empre-
colhido pelo estudante. sas e da comunidade onde vivem.
Desse modo, sugerimos aos parceiros que Convidamos todos a lerem a sistematiza-
desenhássemos e implantássemos um Projeto ção da nossa experiência em criar coletiva-
Piloto em uma ECIT com o objetivo de con- mente uma proposta nunca antes vivencia-
tribuir para o protagonismo profissional dos da pela Rede Estadual de Ensino da Paraíba
estudantes, de tal forma que fossem capazes e com potencial para permanecer e expan-
de transformar a si mesmos, a comunidade em dir-se ainda mais.
que estão inseridos e o setor produtivo. Para
participar do Projeto Piloto, selecionamos a ALÉSSIO TRINDADE
ECIT Erenice Cavalcante Fidelis, localizada Secretário de Estado da Educação da Paraíba
no município de Bayeux, que oferta cursos téc-
nicos de Design de Móveis e Mecânica.
Queríamos algo inovador, transformador
e sustentável, que pudesse posteriormente ser
expandido para as demais ECITs, e assim o fi-
zemos. Contamos com a participação dos profis-
sionais da escola selecionada, mas também com
coordenadores e professores das outras sete
ECITs que integram a Rede Estadual de Ensino.
Ofertamos formação para 33 profissionais
das escolas, construímos um currículo arti-
culado entre a área propedêutica e técnica
pautado em aquisição de competências e ha-
bilidades, reelaboramos as matrizes curricu-
lares, criamos três projetos empreendedores,
que compõem a formação geral para o traba-
lho do currículo técnico.
Implantamos uma proposta curricular
construída coletivamente com assessores
técnicos, formadores, professores e coorde-
nadores pedagógicos técnicos e propedêuti-
cos, que trouxe resultados bastante positivos,
uma vez que conseguimos proporcionar aos
estudantes uma aprendizagem significativa,
com interação direta com a comunidade e
com as empresas locais. Formamos também
um grupo de líderes com profissionais da
Rede Estadual responsável pela expansão do
projeto nas demais escolas.
9
Pontos de Partida
10
Histórico
visitas a
empresas criação das apresentação
para definir a metodologias para
metodologia para a apoiadores
da preparação preparação e elaboração entrega
desenho 1ª articulação básica para básica para do desenho 1º encontro 2º encontro 3º encontro finalização da 1ª versão
piloto curricular o trabalho o trabalho da formação de formação de formação de formação do produto da publicação
nov/2016 dez/2016 fev/2017 mar/ mai/ jul/2017 out/2017 dez/2017 fev/ abr/2018
jan/2017 abr/2017 jun/ mar/2018
jul/2017
11
O currículo do curso técnico implantado Pouca definição da aprendizagem
nas ECITs, além da seção propedêutica, é di- esperada pelos estudantes.
vidido em duas partes, uma que contempla Pouca clareza da distribuição
a preparação básica para o trabalho e outra dos conteúdos ao longo dos três anos.
com componentes curriculares específicos
dos cursos ofertados. As ponderações apresentadas pelo espe-
Nas duas ações centrais da fase de articula- cialista levaram à seguinte reflexão da equi-
ção curricular foram alterados, realocados, in- pe: para elaborar um currículo pautado em
cluídos e excluídos componentes curriculares e competências e habilidades, seria necessário
conteúdos programáticos da parte propedêutica, ofertar formação aos profissionais, uma vez
diversificada, comum e técnica. A segunda gran- que, historicamente, os currículos sempre fo-
de ação foi de articulação da parte propedêutica ram mais conteudistas, e pensar o currículo
com a técnica e com a parte diversificada. em termos de competências e habilidades re-
O resultado da segunda etapa de articula- quer mudança de paradigma e de prática pe-
ção curricular, na qual ocorreu um replaneja- dagógica dos docentes. Quanto à dificuldade
mento dos conteúdos ofertados nos compo- em estabelecer a articulação entre as discipli-
nentes curriculares propedêuticos, levando em nas, promover ações interdisciplinares entre
consideração as habilidades e competências componentes propedêuticos e técnicos espe-
necessárias para a formação técnica nos cursos cíficos nunca foi uma tarefa fácil, e esse era
oferecidos, teve como produto as matrizes rea- um dos desafios que o projeto apresentava.
dequadas, além de planos para os componen-
tes curriculares das três áreas do curso: prope- 4a etapa – Empresas parceiras
dêutica, técnica e diversificada. Ao final da etapa de articulação curricular e
paralelamente à etapa de análise crítica do
3a etapa – Leitura crítica material produzido, a equipe do Projeto Pi-
Na 3ª etapa, um especialista em currículos foi loto realizou visitas a empresas locais a fim
convocado para fazer uma análise do material de verificar, do ponto de vista dessas empre-
produzido na etapa de articulação curricular. sas, quais eram as maiores potencialidades
Vale dizer que a análise do especialista não e dificuldades encontradas ao contratar um
adentrou no mérito dos conteúdos programá- jovem na condição de aprendiz ou estagiá-
ticos das partes propedêutica e técnica, mas rio. Foram entrevistados profissionais de
focou na metodologia, na organização e no sete empresas: Usina Monte Alegre, Usina
produto final da articulação entre ensino pro- Japungu, Coteminas, Jornal A União, Al-
pedêutico, técnico e parte diversificada. pargatas, Penalty e Florence.
A leitura crítica destacou os seguintes As entrevistas foram sistematizadas e, das
aspectos que poderiam ser redefinidos ou sete empresas, seis dispunham de programa
aperfeiçoados, como segue. de estágio universitário, e destas, cinco con-
tavam com programas de aprendizagem e to-
Planos construídos com base em das previam efetivar o jovem após o término
conteúdos e não em objetivos de do contrato por meio de processo seletivo. Por
aprendizagem, competências e habilidades. outro lado, notou-se um distanciamento entre
Pouca articulação e interdisciplinaridade o conteúdo ministrado na escola e as neces-
entre componentes curriculares, parte sidades imediatas das empresas: geralmente,
diversificada e parte propedêutica. segundo os entrevistados, os cursos técnicos
Objetivos pautados na ação docente ofertados são mais generalistas.
e não na aprendizagem dos estudantes. Em todas as empresas visitadas, os princi-
Objetivos genéricos, com pais aspectos mencionados como frágeis em
pouca especificação quanto relação aos aprendizes referiam demandas
aos conteúdos apresentados. que ultrapassam as habilidades específicas
12
ensinadas nos cursos técnicos, mas dizem res- Empresa Pedagógica;
peito a questões comportamentais e cognitivas Intervenção Comunitária; e
que deveriam, também, ser trabalhadas no Ensi- Inovação Social e Científica.
no Médio, regular ou técnico. Demandas como a
necessidade de comprometimento, assiduidade, Nesse contexto, é importante ressaltar que,
pontualidade, ética, maturidade de atitudes e ainda que existisse uma real preocupação com
adequação de vocabulário etc. o aperfeiçoamento da formação técnica dos es-
Dessa forma, pensou-se, num primeiro momen- tudantes, a equipe não teve intenção de alterar
to, em criar projetos empreendedores que garantis- os princípios e metodologias que norteiam as
sem o desenvolvimento das habilidades identifica- ECIs, das quais fazem parte as ECITs, mas so-
das pelas empresas visitadas como importantes. mar projetos à estrutura vigente. Dessa forma
Para tanto, deveriam ser garantidas ações pedagó- os três projetos empreendedores compuseram
gicas que possibilitassem aos estudantes vivenciar o currículo preparação básica para o trabalho
situações-problema reais, gerando um ambiente dos cursos técnicos.
pedagógico autêntico para que desenvolvessem Vale salientar que os cursos técnicos são com-
autonomia e adquirissem competências de resolu- postos por um conjunto de componentes curri-
ção de problemas e de dificuldades socioemocio- culares de preparação básica para o trabalho e
nais, de tal forma que pudessem articular o projeto outro de formação técnica específica de acordo
de vida à capacidade de transformação social. com curso ofertado pela escola.
Nessa perspectiva, foram elaboradas três Desse modo, ao final do processo de forma-
metodologias que permitiriam aos estudantes ção, da articulação curricular, das matrizes curri-
compreender o contexto onde estão inseridos, culares reelaboradas e da criação das sequências
vivenciar experiências investigativas, identificar didáticas empreendedoras, o desenho do Projeto
problemas e propor soluções: Piloto se apresentou como mostra a Figura 2.
l.e.
função
social da ept:
currículo informática protagonismo
propedêutico profissional;
h. e s.t. conhecimento
preparação
e habilidades
básica para
o trabalho i.s.c. significativas
para a vida,
currículo mundo do
técnico e.p.
trabalho
e atuação
i.c. profissional
médio
prazo
projeto disciplinas é desejável que as eletivas também
de vida eletivas visem ao protagonismo profissional
longo
prazo
l.e. = língua estrangeira / h. e s.t. = higiene e segurança do trabalho / i.s.c. = inovação social e científica / e.p. = empresa pedagógica / i.c. = intervenção comunitária
fonte: autores (2018)
13
5a etapa – Encontro com
o setor produtivo
Finalmente, a quinta etapa correspondeu à
realização do Seminário da Educação com o
setor produtivo local, com a consequente va-
lidação por parte das empresas parceiras dos
projetos empreendedores, que serviu para am-
pliar o diálogo com as empresas na constru-
ção de currículos que fizessem mais sentido e
promovessem uma melhor inserção produtiva
dos estudantes no mercado de trabalho.
Participaram do seminário, além do Go-
vernador Ricardo Coutinho, seis Secretários
de Estado e representantes da Federação das
Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), Feco-
mercio, Senai, Senac, Sebrae-PB e Sebrae-MG,
Instituto Federal do Espírito Santo, CIEE, Uni-
versidade Estadual da Paraíba, Samsung, Usina
Japungu, Associação Brasileira de Recursos
Humanos, entre outros. Ao todo, 58 empresas
locais compareceram ao evento, além de pro-
fissionais que atuam nas ECITs e equipes das
Secretarias de Estado envolvidas.
No seminário, foi apresentado o modelo
das Escolas Cidadãs Integrais Técnicas, a pes-
quisa realizada com as empresas e a solução
curricular proposta a partir dos projetos em-
preendedores. Todo o processo foi validado e
aprovado pelos participantes.
14
Implantação
15
a. Planejamento pautado em de inovação social e científica, pedagogia de
competências e habilidades projetos, identificação de problemas e planeja-
Com o objetivo de elaborar o currículo ar- mento de soluções, construção de tecnologias
ticulado pautado em competências e habilida- sociais e uso de ferramentas de e-learning.
des foi necessário ofertar aos participantes um
arcabouço teórico conceitual que permitisse c. Métodos de resolução de problemas
uma compreensão da prática cotidiana sobre As habilidades para o protagonismo profis-
esses conceitos. O currículo se expressa, na sional, identificadas nas visitas realizadas às
sala de aula, sempre por meio de atividades empresas, deixaram evidente que, para se tor-
para os estudantes desenvolverem. nar um adulto emancipado, o estudante precisa
O objetivo foi convidar os participantes a ter capacidade de resolver problemas das mais
experimentarem outra lógica de pensamento, diversas naturezas; lidar com desafios pessoais,
planejando objetivos de aprendizagem e ativi- como desenvolver autonomia, resiliência e ca-
dades em prol da aquisição de competências e pacidade de liderança, além de enfrentar a frus-
habilidades que promovessem a função social tração e desafios profissionais, como ter boa
do Ensino Médio; ou seja, formar estudantes comunicação, pensamento estratégico, visão
capazes de interagir e transformar o meio em sistêmica, flexibilidade, capacidade de análise
que vivem, aprofundando e aplicando os co- de dados, raciocínio lógico, além de saber pro-
nhecimentos adquiridos no Ensino Fundamen- por soluções, construir textos etc.
tal e na área propedêutica do Ensino Médio. Para conseguir desenvolver nos estudan-
Três encontros abordaram temas como a tes as demandas identificadas, tanto pessoais
função social do Ensino Médio e Técnico, a le- quanto profissionais, o professor também pre-
gislação vigente, a Base Nacional Curricular cisaria ser formado em métodos de resolução
Comum (BNCC), conceitos de competências e de problemas, visto que tais metodologias são
habilidades e como pensar as áreas curricula- pouco utilizadas na formação inicial ou con-
res a partir delas. O uso de ferramentas tecno- tinuada docente. Assim, a equipe optou por
lógicas para planejamento e monitoramento ofertar as seguintes metodologias de resolu-
da aprendizagem e algumas metodologias de ção de problemas: Kanban, Canvas e Design
articulação curricular também foram apresen- Thinking (vide página 49).
tadas nesses encontros de formação docente.
3. Carga horária da formação
b. Inovação social e científica Os formadores do grupo foram consulta-
– oficina de criatividade dos para identificar qual o tempo mínimo de
A prática de inovação social e científica é formação necessário para cada eixo, com o
baseada na participação dos estudantes em objetivo de conseguir construir as matrizes
oficinas práticas, em ações facilitadas pelos de forma a alcançar os resultados esperados
professores, cujo tema gerador é o desenvol- ainda no ano letivo de 2018.
vimento de tecnologias sociais relacionadas à Isso posto, a equipe definiu que seriam ofer-
área de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Ma- tadas aos participantes 156 horas de formação,
temática, com o diferencial de serem aplicadas sendo 120 horas presenciais e 36 horas por en-
na solução de problemas reais de comunidades, sino a distância (EaD). As formações foram di-
órgãos públicos, empresas e associações comu- vididas em três encontros de 40 horas, sendo 16
nitárias do entorno institucional da ECIT. horas destinadas ao planejamento pautado em
Com o objetivo de desenvolver nos es- competências e habilidades, 16 horas para inova-
tudantes as habilidades identificadas como ção social e científica e 8 horas de metodologias
essenciais para o sucesso na vida social e de resolução de problemas. Entre os encontros
profissional, a equipe optou por ofertar uma presenciais foi prestada assessoria aos formado-
formação que permitisse a estudantes e pro- res para sanar eventuais dúvidas do grupo no
fessores identificarem problemas reais e pro- desenvolvimento das tarefas nas escolas.
por soluções de baixo custo, fácil aplicabilida-
de e forte geração de impactos sociais. Resultados da formação
Nesse sentido, foram tratados temas como: Os capítulos seguintes apresentam detalha-
fundamentação (teórica e prática) da proposta damente os resultados obtidos na formação.
16
Articulação Curricular – competências
e habilidades em tempos de imprevisibilidade
17
figura 3 – diferentes instâncias que afetam à aptidão do indivíduo em executar as atividades
a definição e a construção de um currículo
propostas de forma exitosa. O que é corroborado
com o conceito de Perrenoud (1999), para quem
competência é a forma eficaz de enfrentar situa-
ções, de modo a articular consciência e recursos
cognitivos com saberes, capacidades, atitudes,
compromissos
cultura e
internacionais
transformações
informações e valores, tudo de maneira rápida,
conhecimentos sociais, criativa e conexa. Este autor enfatiza a ideia de
prévios culturais e
econômicas que competências não são objetivos, não são in-
dicadores de desempenho e tampouco potencia-
lidades da mente humana, pois as competências
valores
tipos de
conhecimento
só se desenvolvem e se manifestam por meio
da aprendizagem – ou seja, competências são
construídas e adquiridas.
currículo Na perspectiva curricular, a educação por
ambiente competências apresenta algumas características
escolar políticas
públicas e princípios que a diferenciam dos modelos tradi-
cionais, sendo que, para desenvolver competên-
cias, é preciso trabalhar a partir de situações-pro-
procedimentos blema. Isso significa propor tarefas complexas e
didáticos/
pedagógicos
instâncias
de poder
desafios que incitem os estudantes a mobilizar
conhecimentos e, em certa medida, completá-
relações mundo -los, na busca de encontrar soluções viáveis para
sociais do trabalho
os desafios propostos. Essas tarefas complexas
devem considerar, entre outros aspectos, a parti-
cipação ativa dos estudantes; o intercâmbio con-
fonte: autores (2018)
tínuo de informações e experiências entre eles e
com os professores; tarefas abertas que descorti-
nem possibilidades para diferentes abordagens
e estratégias de soluções, que possam chegar a
O que são competências? diferentes resultados; e situações que estejam
A educação baseada em competências pas- em sintonia com a cidade, com o bairro ou com o
sou a ser disseminada no Brasil com maior contexto de vida dos estudantes.
destaque na década de 1990, em decorrência É importante, e necessário, que os profes-
do uso desse conceito na Reforma do Ensino sores entendam que, na perspectiva do currí-
Brasileiro ocorrida à época. As competências culo por competências, “dar o seu curso” não
estão presentes nos principais documentos é o cerne da atividade docente, como salien-
da reforma, como os Parâmetros Curriculares tou Perrenoud (2000, página): “Ensinar hoje
Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), os Parâme- deveria consistir em conceber, encaixar e re-
tros Curriculares Nacionais do Ensino Médio gular situações de aprendizagem, seguindo
– PCNEM (BRASIL, 2000), o Sistema de Ava- princípios pedagógicos ativos (…)”.
liação da Educação Básica – Saeb (BRASIL, Além disso, conceber situações-problema
2008) e a BNCC (BRASIL, 2017). como norteadoras do processo de ensino e
Competência, segundo a Enciclopédia de Pe- aprendizagem estabelece um papel diferente
dagogia Universitária (2010), refere-se ao sentido para os tradicionais conteúdos, sejam disci-
de um saber fazer que requer um conjunto de sa- plinares, conceituais, motores/procedimen-
beres, procedimentos (estratégias) e implica um tais, atitudinais, sejam socioemocionais.
posicionamento diante daquilo que se apresenta O desenvolvimento de competências a serem
como desejável e necessário. Portanto, no âmbito propostas no contexto curricular requer conteú-
educacional, a palavra competência relaciona-se dos de diversas disciplinas, de diferentes áreas
18
do conhecimento; e, dessa forma, selecionar e Reorganizando o currículo
trabalhar tais conteúdos deixa de ser uma prer- por competências
rogativa apenas da disciplina e do especialista. No início do processo, o desafio da equipe
Os conteúdos devem estar a serviço de algo foi compreender o sentido de competências
maior, ou seja, devem ser selecionados a partir para o processo formativo de jovens e que
da contribuição que podem dar aos estudantes mudanças se faziam necessárias na estru-
no desenvolvimento de habilidades e compe- tura de cursos, escolas, salas de aula e da
tências específicas. Dessa forma, o caráter dis- própria SEE, para que a lógica de ensino por
ciplinar dos conteúdos deve estar em segundo competências fosse implantada.
plano, priorizando-se um currículo integrado, Dessa forma, a equipe se debruçou so-
que expresse uma articulação dos conteúdos bre os cursos técnicos que estavam sendo
com conceitos estruturantes e processos meto- propostos e passou a projetar, em termos
dológicos, tudo a serviço da aprendizagem. de competências, que tipo de egresso cada
Portanto, construir um currículo nesses curso pretendia formar. Na sequência, essas
moldes significa, acima de tudo, educar os jo- características foram cotejadas com as com-
vens para um fazer reflexivo e crítico, no bojo petências gerais propostas no documento
de seu grupo social, analisando o mundo e o promulgado pela BNCC (Brasil-2018). E,
contexto que os cerca. O que coloca a educa- dessa forma, elaborou-se um conjunto de
ção a serviço das necessidades reais dos estu- competências que refletia o perfil dos estu-
dantes, para sua vida e sua preparação para o dantes ao término de cada curso.
mundo do trabalho. Propor uma organização Em uma última etapa, a equipe buscou
curricular por competências supõe, então, mu- analisar como decompor cada competência
dança na postura metodológica da ação peda- proposta para determinado curso em habili-
gógica docente (Figura 4). dades que conciliassem recortes temáticos/
conceituais e estratégias didáticas que ex-
figura 4 – temas que nortearam pressassem expectativas de aprendizagem.
Cada habilidade foi então analisada em rela-
os encontros para a articulação curricular
ção à inserção nos diferentes componentes
dos cursos técnicos das ecits
curriculares, o que permitiu elaborar uma
matriz para cada curso a partir das compe-
tências, articulando as diferentes habilida-
des por componentes curriculares (de for-
mação propedêutica e técnica) e projetando
o processo de formação do estudante ao lon-
educação
go dos três anos do Ensino Médio.
baseada em
19
Planejamento didático
FUNDAMENTOS A construção destas matrizes também con-
DE UM CURRÍCULO
tribui com outra etapa importante da estru-
POR COMPETÊNCIAS
turação de um currículo, que diz respeito ao
Colocar foco na construção planejamento didático. Este planejamento
de competências. apresenta diferentes dimensões, no entanto,
Definir qual o perfil de cidadão criar estímulos e situações favoráveis para
que se pretende formar. que ocorra de forma mais coletiva contribui
Tomar sempre por base as para a articulação de projetos, a otimização
competências para selecionar de tempo, a aprendizagem significativa dos
os conteúdos curriculares. estudantes, além de possibilitar maior orga-
Considerar os conhecimentos nicidade à prática docente.
como recursos a serem mobilizados O esquema a seguir ilustra os diferentes
para a aprendizagem, e não como aspectos estudados para o enfrentamento
a aprendizagem em si. dos desafios em relação ao planejamento nas
Reconhecer a natureza unidades escolares (Figura 5).
interdisciplinar e transdisciplinar
dos conhecimentos.
Adotar contextos interdisciplinares,
figura 5 – desafios no planejamento escolar
ora em relação às temáticas,
ora em relação à enunciação
de situações-problema. análise de
contexto de
Utilizar a estrutura por habilidades/ temas atuais
competências para aglutinar
componentes, permitindo uma
apresentação mais modular do estratégias
cuja
de estudo
currículo, mesmo considerando a atual pelos
novas seleção
habilidades
ideias nos que permita a deve
organização do sistema educacional estudantes estudantes priorizar as
20
Ferramentas de avaliação figura 6 – modelo de avaliação reguladora
Vista como ferramenta poderosa e presen-
te em todos os documentos norteadores da
meta
educação nacional, a avaliação ainda é, ape-
sar da importância, um gargalo no processo
de ensino e aprendizagem e pouco diversifi-
cada no ambiente da sala de aula.
Diferentes autores têm mostrado as múl- situar-se
em relação
ajustar
21
quadro 1 – currículo por competências da ecit bayeux (paraíba)
.ELABORAÇÃO DE
H1. ANALISAR E PROJETO DE MÓVEIS
CATEGORIZAR AS .MARKETING,
NECESSIDADES
DO USUÁRIO, SEUS
NEGOCIAÇÃO
E VENDAS .CARACTERIZAÇÃO .DESENVOLVER ATIVIDADES
HÁBITOS DIÁRIOS .ERGONOMIA DO PERFIL
PRÁTICAS EM QUE O ALUNO
FAÇA ANÁLISES DE PERFIS
E RECURSOS E DESIGN INCLUSIVO DO CLIENTE
SOCIOECONÔMICOS .ORGANIZAÇÃO
DE PESSOAS DISTINTAS
PARA IDENTIFICAR ESPACIAL
SEU PERFIL .INTERVENÇÃO
COMUNITÁRIA
H2. MANUSEAR
.MANUSEIO DE .DESENVOLVER ATIVIDADES QUE
INSTRUMENTOS DE
.DESENHO TÉCNICO CONTEMPLEM O MANUSEIO DE
MEDIÇÃO, DENTRE
.ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO.
ELES, TRENA, ESCALA
PROJETO DE MÓVEIS
.
DE MEDIÇÃO
.REALIZAR ATIVIDADES DE
E PAQUÍMETRO PARA
MEDIR E CALCULAR
.ERGONOMIA E MEDIÇÃO DO
AMBIENTE
MEDIÇÃO DE MOBILIÁRIOS
C1. COLETAR E
A ÁREA DO ESPAÇO DESIGN INCLUSIVO
.ORGANIZAÇÃO .MEDIÇÃO .
E PARTES DO MESMO.
APLICAR EXERCÍCIOS DE MEDIÇÃO
FÍSICO E AS DE MOBILIÁRIOS
INTERPRETAR DADOS DIMENSÕES DE ESPACIAL DE AMBIENTES DE DIVERSOS
E PEÇAS
NECESSÁRIOS MOBILIÁRIO FORMATOS E CÁLCULO DE ÁREA
PARA ELABORAÇÃO
OU REFORMA DE .EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE
PROJETOS DE ANTROPOMETRIA, A PARTIR
H3. ANALISAR
MÓVEIS, A PARTIR
DA ANÁLISE DO
AS MEDIDAS .ERGONOMIA E DA ANÁLISE DE MOBILIÁRIOS
DISTINTOS, A FIM DE QUE O ALUNO
ANTROPOMÉTRICAS DESIGN INCLUSIVO
USUÁRIO, ESPAÇO
FÍSICO E DEMANDA
DO USUÁRIO PARA .ELABORAÇÃO DE .ERGONOMIA APRENDA E MEMORIZE AS MEDIDAS
MAIS USUAIS DE MOBILIÁRIOS
APLICAR ASPECTOS PROJETO DE MÓVEIS E ANTROPOMETRIA
DE MERCADO
ERGONÔMICOS .MODELAGEM .
PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS
DESENVOLVER PROTÓTIPOS
AO PROJETO DE E PROTÓTIPO
MOBILIÁRIO DOS PROJETOS DE MOBILIÁRIOS
PARA VALIDAR OS PARÂMETROS
ERGONÔMICOS
H4. ELABORAR O
PROGRAMA DE
.ELABORAÇÃO DE
PROJETO DE MÓVEIS
NECESSIDADES,
.MARKETING, .APLICAR EXERCÍCIOS DE
TENDO COMO BASE A
CARACTERIZAÇÃO DO NEGOCIAÇÃO .ORGANIZAÇÃO ELABORAÇÃO DO PROGRAMA
E VENDAS ESPACIAL DE NECESSIDADES A PARTIR
PERFIL DO USUÁRIO
A PARTIR DE DADOS
.GESTÃO DA .PROGRAMA DE DOS DADOS COLETADOS
ANTROPOMÉTRICOS, QUALIDADE NECESSIDADES DURANTE A ANÁLISE DO
E PRODUÇÃO AMBIENTE E DO USUÁRIO
DE MEDIÇÃO E
OBSERVAÇÃO DO
.ORGANIZAÇÃO
ESPAÇO FÍSICO ESPACIAL
22
Matrizes Curriculares
linguagem arte 1 1 1 41 41 41
educação física 2 2 2 82 82 82
história 2 2 1 82 82 41
ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41
sociologia 1 1 1 41 41 41
química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza
biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123
orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21
eletiva 2 2 2 82 82 40
projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42
avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21
23
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s
informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84
empresa pedagógica 4 80
metrologia 2 40
desenho técnico 2 42
termodinâmica 2 42
hidráulica e pneumática 2 40
elementos de máquinas 2 40
manutenção mecânica 2 42
formação
profissional processos de fabricação mecânica 4 84
refrigeração 2 40
automação eletromecânica 2 40
gestão de qualidade 2 40
total formação profissional
(componentes curriculares) 6 4 10 6 10 120 84 200 126 200
ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)
* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)
24
Aspectos inovadores 2. Aumento da carga horária
do Currículo Articulado total de Português e Matemática
As graves deficiências dos estudantes da
1. Flexibilidade nos períodos parte final do Ensino Fundamental e do iní-
das disciplinas: anuais e semestrais cio do Ensino Médio em Língua Portuguesa
Uma das principais inovações deste novo e Matemática já foram evidenciadas por di-
modelo de currículo é que os componentes cur- versas pesquisas e indicadores da Educação
riculares propedêuticos (formação geral) e da Básica no país. Para combater o problema,
parte diversificada continuam sendo anuais, en- no novo currículo integrado das ECITs do
quanto as disciplinas da Formação Profissional Estado da Paraíba aumentou-se a carga ho-
passam a ser semestrais. Esta estrutura traz algu- rária total das duas disciplinas, que passou
mas vantagens muito importantes, como segue. para 5, 4 e 3 horas-aula semanais no 1º, 2º e
3º ano respectivamente.
Viabiliza maior interdisciplinaridade A redução para 3 horas no último ano se
entre a formação geral (FG) e a deve ao limite de carga horária semanal (45
formação profissional (FP), uma vez que horas-aula, ou 9 horas-aula diárias), uma vez
os planos de disciplina da FG podem ser que houve aumento da carga horária destina-
mais integrados, semestralmente, com da ao estágio neste último semestre. Mesmo
cada uma das disciplinas daquele assim, a carga horária anual das duas discipli-
semestre específico. nas é maior que a média ministrada em cursos
Evita a “diluição” da FP em um ano semelhantes, o que se traduz num grande es-
inteiro, com, muitas vezes, uma única aula forço para suprir as deficiências da formação
por semana. Entendemos que é mais fácil atual dos ingressantes no Ensino Médio.
que o estudante adquira competências Além disso, entende-se que, em uma forma-
profissionais em disciplinas mais “densas”, ção técnica verdadeiramente integrada e articu-
com duas aulas por semana concentradas lada, é necessário maior suporte de Matemática
em um único semestre. e domínio da Língua Portuguesa.
Disciplinas com maior carga horária
semanal facilitam o aprendizado prático 3. Manutenção da parte diversificada
em laboratórios e oficinas, uma vez que A parte diversificada permaneceu com
nestes espaços é necessário um maior os componentes curriculares propostos pela
tempo de preparação dos equipamentos metodologia da Escola da Escolha, apenas
e ajustes dos experimentos. Muitas vezes, sofrendo alteração de carga horária no 2o se-
anteriormente, o que se observava é que mestre do 3o ano. Foi diminuída uma aula em
uma aula de 50 minutos era insuficiente Orientação para o Estudo, uma em Eletivas
para a execução de atividades práticas e uma em Avaliação Semanal e inseridas, no
mais complexas. lugar, horas destinadas ao Estágio, que pas-
A semestralidade das disciplinas da FP sou a integrar a matriz curricular como ativi-
reduz a quantidade de disciplinas que o dade prática obrigatória.
professor ministra simultaneamente, o que
contribui para melhor preparação de aulas 4. Preparação Básica
e mais foco nas atividades. para o Trabalho (PBT)
Foram mantidas as disciplinas de FG no Neste novo currículo, a Preparação Básica
formato anual pelo fato de também estarem para o Trabalho passa a ter um papel muito
relacionadas ao Exame Nacional do mais importante. As mudanças foram subs-
Ensino Médio – Enem e a outros aspectos tanciais, com inserção de disciplinas comple-
operacionais dos currículos gerais, tamente novas e mudanças de estratégia de
como livros e conteúdos historicamente oferta de outras, como explicado a seguir.
distribuídos de forma anual. No entanto, Informática Básica: esta disciplina já é
a articulação com a FP é melhor quando tradicionalmente ofertada na PBT. Formal-
oferecida de forma semestral, como mente, está no currículo com apenas 1 ho-
argumentado anteriormente. ra-aula semanal, o que, se fosse ofertada de
25
forma tradicional, geraria problemas opera- foi necessária a previsão de carga horária
cionais, uma vez que, em apenas 50 minutos, específica. Assim, a semestralidade das dis-
é muito difícil executar qualquer atividade ciplinas técnicas abriu, também, a possibi-
prática em um laboratório de informática. lidade de realização do estágio ou do TCC
Assim, será ofertada de forma articulada no último semestre, com reserva de 20 horas
com outras disciplinas, nas quais o profes- semanais para tal fim. A disponibilidade de
sor de informática utiliza o laboratório com horário é importante para que o estudante e
mais professores simultaneamente. Por a escola busquem parcerias com outras em-
exemplo, 2 das 5 aulas semanais da discipli- presas e instituições na oferta do estágio.
na de Língua Portuguesa podem ser reali- Sabe-se que a maioria das empresas deseja
zadas no laboratório de informática, onde o a presença do estagiário por, no mínimo, um
professor de Informática Básica atuará como turno diário, ou seja, 20 horas semanais. Foi
tutor na primeira hora. Pretende-se, com pensando exatamente nessa questão que
isso, que a informática seja, de fato, um ins- esta proposta curricular contemplou essa
trumento para a melhoria da aprendizagem prática no mundo do trabalho.
das demais disciplinas, ao tempo em que o O estudante também poderá estagiar na
professor estará mais próximo dos professo- própria Empresa Pedagógica na escola. Isso
res das outras áreas, inclusive auxiliando na trará flexibilidade de escolha e maiores opor-
escolha de programas de computador mais tunidades de vivenciar atividades práticas.
adequados para cada caso, instalando e via-
bilizando a utilização de ferramentas de e-le- 6. Nova Formação Profissional
arning, além de cuidar para a otimização dos Outro aspecto inovador deste novo currícu-
aspectos operacionais. lo é a escolha e sequenciamento das disciplinas
Língua Estrangeira (Inglês): foi mantida da FP, com novas disciplinas, mais concentra-
com 2 horas-aula semanais, com abordagem das e um itinerário formativo otimizado.
instrumental, mais conectada às áreas de cada
um dos cursos técnicos ofertados na escola. 6.1. Novas disciplinas: toda a concepção
Língua Estrangeira (Espanhol): foi man- da parte específica do curso (no exemplo aci-
tida com 1 hora-aula semanal, com abordagem ma, a Mecânica) foi exaustivamente pensada
instrumental, igualmente mais conectada e revisada pela equipe de professores e de for-
com áreas de cada um dos cursos técnicos madores durante encontros de formação de
ofertados na escola. Apenas não foi possível professores para a educação profissional. São
mantê-la no último semestre, devido ao au- disciplinas mais integradas com o atual mun-
mento da carga horária do estágio curricular. do do trabalho e que consideram as compe-
Higiene e Segurança do Trabalho: impor- tências profissionais para além dos aspectos
tante disciplina, tradicional da PBT. No en- puramente técnicos, complementando a arti-
tanto, será ofertada de forma interdisciplinar, culação com aspectos sociais, de liderança,
semelhante à Informática Básica. trabalho em grupo e empreendedorismo.
Inovação Social e Científica (ISC), Inter- 6.2. Disciplinas mais densas: como co-
venção Comunitária (IC) e Empresa Peda- mentado anteriormente, um mesmo conteú-
gógica (EP): correspondem às três disciplinas do técnico será mais bem abordado se forem
inovadoras na PBT deste novo currículo articu- ministradas aulas com maior carga horária
lado, detalhadas em capítulos específicos. (no mínimo 2 horas-aula). Em alguns casos,
é importante uma carga horária compacta
5. Novo Estágio Curricular ainda maior, como, por exemplo, na discipli-
O Trabalho de Conclusão de Curso na de Processos de Fabricação Mecânica, via-
(TCC) e o Estágio Curricular são dois com- bilizando a realização de aulas práticas mais
ponentes importantes para uma boa forma- complexas e adequadas.
ção profissional. No caso do novo currículo 6.3. Itinerário formativo otimizado: a
articulado, a previsão é que o estudante pos- semestralidade permitiu reconfigurar as
sa optar por um desses dois componentes. disciplinas e as sequências, de modo que a
Para viabilizar a execução das atividades, formação passe a ter um sentido mais lógico
26
dentro de cada um dos eixos temáticos do
curso. Por exemplo, no eixo temático de Fa-
bricação Mecânica, o estudante tem a opor-
tunidade de evoluir desde a parte introdutó-
ria (Metrologia, Tecnologia dos materiais e
Desenho Técnico), passando pela Fabrica-
ção Mecânica em si e pela Automação Ele-
tromecânica ao final do terceiro ano. Esse ra-
ciocínio vale também para os demais eixos
(Fluídos e Máquinas Térmicas).
6.4. Possibilidades reais de articula-
ção: com tantas modificações, além da inclu-
são das três novas disciplinas (ISC, IC e EP),
que também são densas e de características
práticas, bem como a nova construção por
competências, fica viabilizada a integração e
a articulação do currículo. Aliás, todos os fa-
tores convergem para essa articulação, uma
vez que há um espaço e um tempo pedagógi-
co para que isso ocorra.
7. Atendimento à legislação
O novo currículo das ECITs do Estado da
Paraíba atende integralmente à legislação
educacional no que diz respeito à carga ho-
rária mínima, que atende com sobras às Di-
retrizes Curriculares Nacionais para o En-
sino Médio, tanto a anterior quanto a nova,
que está em análise no Conselho Nacional
de Educação – CNE.
A Formação Profissional juntamente
com a Preparação Básica para o Trabalho
compõem a carga horária preconizada pelo
Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos. No
exemplo mostrado, do Curso Técnico de Me-
cânica, a carga horária mínima prevista no
catálogo é de 1.200 horas, enquanto, na pre-
sente proposta, é de 1.223 horas. O estágio
está previsto no curso, atendendo ao dispos-
to na Lei de Estágio (Lei nº 11.788/2008).
27
Projetos Empreendedores
28
Empresa Pedagógica; mas e desenvolvimento e aplicação de tecno-
Intervenção Comunitária; e logias sociais, e são organizadas em forma de
Inovação Social e Científica. projetos, por meio de intervenções reais nas
quais o estudante estará inserido.
Vale destacar que as propostas elaboradas Nas sequências didáticas, estão garantidas
pela equipe não tiveram a pretensão de criar as seguintes etapas: Compreensão de contex-
métodos científicos complexos, mas sim de to, Experiência investigativa e Identificação e
pensar sequências didáticas inovadoras que proposta de resolução de problemas.
utilizassem o vasto arcabouço metodológico Compreensão de Contexto: o mundo está
existente para compor o currículo de prepara- em constante transformação, e, para que possa
ção básica para o trabalho, a fim de promover atuar, intervir e alterar a realidade, o estudante
ações concretas que fizessem sentido e eman- precisa compreender alguns conceitos básicos
cipassem os estudantes, uma vez que estes e saber ler o contexto em que está inserido.
serão convidados a pensar e propor soluções Experiência Investigativa: na busca por
para problemas reais do contexto em que es- garantir a aplicabilidade dos conhecimentos
tão inseridos e junto de empresas parceiras adquiridos no currículo propedêutico, será ga-
participantes das ações. rantida ao estudante a experiência de campo,
uma vez que se faz necessário compreender
Projetos Empreendedores: são uma como as pessoas, a comunidade, as empresas
proposta de utilização de parte da carga e as relações sociais interferem na formação e
horária da Preparação Básica para o Traba- desenvolvimento das pessoas.
lho do currículo dos cursos ofertados nas Identificação e Proposta de Resolução
ECITs em uma ação interdisciplinar prática de Problemas: as sequências didáticas ga-
inovadora, de aprofundamento dos conhe- rantem que o estudante identifique proble-
cimentos e aquisição de competências. mas reais existentes, seja na empresa, seja
As metodologias criadas de forma coletiva na comunidade, de tal forma que consigam
visam proporcionar a aquisição de competên- produzir uma intervenção que solucione ou
cias relacionadas ao mundo do trabalho. Logo, proponha solução para, ao menos, um pro-
as execuções dos projetos não precisam ne- blema identificado.
cessariamente relacionar-se com o curso téc-
nico específico ofertado pela escola, mas sim Preparando o jovem para o mundo
permitir que o estudante vivencie atividades As metodologias de Projetos Empreendedo-
práticas de campo, de tal forma que aplique res elaboradas visam ofertar atividades práti-
os conhecimentos da parte propedêutica do cas que permitam ao jovem diferentes possi-
currículo e compreenda o contexto onde está bilidades de caminhos e escolhas no projeto
inserido, a cadeia produtiva de uma empresa, de vida. À medida que o estudante explora,
as relações de trabalho e interpessoais exis- experimenta e intervém na realidade em que
tentes, os serviços comunitários etc. está inserido, por meio de ações concretas,
Cada uma dessas disciplinas será ofer- irá ampliando a capacidade de compreensão
tada com 80 horas-aula de 50 minutos cada sobre o mercado de trabalho e os problemas
uma, com 4 horas-aula semanais em um sociais relacionados.
único encontro no período da tarde. O to- As visitas realizadas às empresas e, poste-
tal de horas dos Projetos Empreendedores, riormente, o seminário realizado com o setor
portanto, é de 240 horas-aula de 50 minutos produtivo local reiteraram uma série de habili-
cada uma, ou 200 horas-relógio. dades gerais necessárias para o bom desempe-
Embora os projetos tenham sequências nho do estudante na vida social e profissional.
didáticas específicas, também podem ser tra- Deste modo, foram identificadas as seguintes
balhados de forma integrada, já que as três competências e habilidades gerais como impor-
metodologias visam à resolução de proble- tantes para o sucesso do estudante (Quadro 2).
29
quadro 2 – competências e habilidades tificadas como fundamentais para o desem-
gerais para o mundo do trabalho penho dos jovens no mundo do trabalho, os
Projetos Empreendedores foram organizados
ANALISAR DADOS E PROPOR SOLUÇÕES
da forma como segue.
APRENDIZAGEM CONTÍNUA
Empresa
AUTOCONHECIMENTO
AUTONOMIA
BOA COMUNICAÇÃO
30
figura 7 – etapas da sequência didática escolhido e possibilidades
de inserção produtiva; e
empresa organograma e papéis dos profissionais
pedagógica
dentro de uma empresa.
compreensão
de contexto
(profissões, indicadores
Conceitos e leitura de
socioecnômicos e indicadores socioeconômicos
arranjos produtivos
Neste campo, o professor deverá planejar ativi-
dades que qualifiquem o estudante à compre-
ensão e uso de conceitos e indicadores como:
visita à
empresa
o que é um indicador;
retorno da empresa a importância de um indicador econômico,
parceira para
debater as soluções para que serve e por que ele foi criado;
encontradas
pelos alunos
como funciona um indicador,
de tal forma que consiga ler o contexto
protagonismo social
econômico mais amplo, do Brasil,
e profissional e o contexto local, do Estado
fonte: autores (2018) e Município, em relação aos indicadores
e conceitos mais utilizados;
Compreensão de contexto o que são juros, a diferença
O estudante terá estudado na parte propedêu- da taxa Selic e outras utilizadas
tica uma série de conceitos e conteúdos sobre, por financiadoras privadas etc.; e
por exemplo, Português, Matemática, História o impacto das taxas, juros, preço,
e Geografia. A compreensão do contexto, neste lucro e inflação no consumo cotidiano,
projeto, visa aplicar o conhecimento adquirido de tal forma que consiga identificar as
na parte propedêutica para uma leitura da rea- “armadilhas” dos financiamentos, cheque
lidade no que diz respeito a economia, relações especial, o quanto os juros aumentam
de trabalho, profissões possíveis nos cursos téc- o valor das coisas etc.
nicos e possibilidades de trabalho existentes.
Durante esta etapa, será necessária uma ação Profissões e possibilidades
de gestão para firmar parceria com uma empresa de inserção produtiva
local, regional ou estadual. Deve-se tentar estabe- Nesta etapa, pretende-se que o estudante sai-
lecer esta parceria com uma empresa relaciona- ba quais as profissões relacionadas ao curso
da ao curso, mas isso não é condição para desen- técnico escolhido, qual o mercado de trabalho
volver a Empresa Pedagógica, como explicado existente para essas profissões no seu Estado
anteriormente. Nesse sentido, a etapa da com- ou Município e as possíveis relações e tipos de
preensão de contexto se divide em 3 subetapas: trabalho existentes dentro da área escolhida.
Esta etapa deve ser focada nos cursos técni-
conceitos e leitura de cos ofertados pela escola, independentemente
indicadores socioeconômicos; da atuação da empresa que será parceira nas de-
profissões possíveis no curso técnico mais etapas da Empresa Pedagógica (Figura 8).
31
figura 8 – exemplo de organograma de empresa
presidente
administrativo,
comunicação, recursos criação de engenharia/ vendas/ relacionamento
financeiro
marketing e ti humanos produto/serviço laboratório e-commerce com cliente
e jurídico
vp
vp vp vp vp vp vp
diretor
diretor diretor diretor diretor diretor diretor
gerente
gerente gerente gerente gerente gerente gerente
coordenador
supervisor supervisor supervisor supervisor supervisor supervisor
supervisor
especialista especialista especialista especialista especialista especialista
especialista
assistente assistente assistente assistente assistente assistente
assistente
estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/ estagiário/
estagiário/
aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz aprendiz
aprendiz
O professor deverá organizar e dividir o traba- tro das áreas e entre as áreas; questões éticas
lho desta etapa em subtemas, de tal modo que o relacionadas; e o papel de cada um para que a
estudante vivencie atividades que contemplem, empresa tenha lucro e êxito.
por exemplo, os aspectos descritos a seguir. A partir de um exemplo de organograma, o
professor, nesta etapa, deverá explorar a hierar-
Quais profissões podem ser exercidas a quia da empresa, as diferentes funções, plano de
partir da conclusão do curso técnico? carreira, liderança, interface entre as áreas etc.
Quais os arranjos produtivos locais A primeira atividade a ser desenvolvida
(APLs) existentes na cidade e no Estado deverá proporcionar ao estudante compreen-
relacionados ao curso que está fazendo? der o que cada área dentro de uma empresa
Quais as empresas que podem contratar faz para a posteriori trabalhar as relações ver-
o estudante dentro do mercado de trabalho ticais e horizontais e suas interfaces.
relacionado ao curso escolhido? Na cadeia produtiva de uma empresa exis-
Quais os tipos de trabalho existentes tem relações verticais e horizontais. No eixo
e que atividades realizam relacionadas da verticalidade é importante que o estudan-
ao curso escolhido – trabalho te compreenda que inicia a vida profissional
assalariado, autônomo, microempresário, como aprendiz/estagiário, mas pode progre-
microempreendedor individual, dir, por meio de um plano de carreira com-
terceirizado, informal etc.? binado com a própria capacidade de crescer.
Quais os setores existentes e o papel de Cada lugar que ocupa e função que desem-
cada um na economia e na sociedade; e penha requer competências específicas para
como o egresso do curso pode atuar nesse avançar em progressão contínua.
mercado (1o setor, 2o setor, 3o setor)? No eixo da horizontalidade, o estudante
Como o curso escolhido pode ser deve compreender que existe a possibilidade
desenvolvido na perspectiva do de mudar de área dentro da empresa, a partir
empreendedorismo e do cooperativismo? da sua vocação e habilidades. O fato de o estu-
Quais as diferenças entre trabalho, dante fazer curso técnico específico não impe-
ocupação e emprego dentro do curso de que exerça outros papéis, cargos e funções
técnico escolhido? a partir da própria competência.
O estudante também deverá conhecer
Organograma e seus papéis nesta etapa, pelo menos em linhas gerais, a
dentro de uma empresa cadeia produtiva da empresa, ou seja, compre-
Neste campo, o professor deverá focar as au- ender que da criação do produto/serviço até
las e atividades na simulação de uma imersão a comercialização todas as áreas da empresa
dentro de uma empresa. O estudante deverá têm responsabilidade para que isso aconteça.
compreender, aqui, a cadeia produtiva de uma Em todas as etapas da compreensão de
empresa; o que cada área faz e com o que tra- contexto, o professor, como estratégia de aula,
balha; relações interpessoais existentes den- poderá utilizar pesquisa, vídeos, textos de pe-
32
riódicos, dramatizações para desenvolvimen- Visita à empresa
to das atividades, de tal forma que o estudante Considerando os produtos resultantes da
veja sentido e queira participar delas. Deven- compreensão de contexto, está na hora de o
do, ao final de cada etapa da compreensão de professor planejar a visita de campo.
contexto realizada, refletir sobre sua prática Definida a empresa parceira, inicia-se a pre-
registrada na ficha de monitoramento e apon- paração para realizar a visita à empresa com os
tar quais foram as habilidades trabalhadas em estudantes. Se o professor conseguir investigar
cada ação desenvolvida. quais são as áreas da empresa com antecedên-
Seguem abaixo sugestões de como o pro- cia, isso poderá ajudá-lo na elaboração de um
fessor poderá utilizar as metodologias de instrumento de coleta de dados em campo.
resolução de problemas no planejamento e O professor junto com os estudantes deve-
desenvolvimento das atividades com os estu- rá montar um questionário para observação e
dantes (Quadro 3). entrevistas para o dia da ação no campo. De-
ve-se garantir aos estudantes o protagonismo
na elaboração do questionário, de modo que
quadro 3 – aplicação de metodologias o instrumento de coleta produzido garanta
de resolução de problema questionar e observar os seguintes pontos.
kanban design thinking canvas
Setores da empresa: Comunicação e
APRESENTAR O
CURSO EM QUE O AS ATIVIDADES DO
Marketing; Administrativo/Financeiro/
PREENCHER
ESTUDANTE ESTÁ KANBAN REFEREM-SE
O CANVAS Jurídico/Recursos Humanos/Criação
INSERIDO E LISTAR À ETAPA DE IMERSÃO
AS PROFISSÕES DO DESIGN THINKING
DA EMPRESA
de produto/ Laboratório e Engenharia/
POTENCIAIS
Vendas e E-commerce/ Relacionamento
APRESENTAR
POR MEIO DE com clientes, entre outros.
UM EXEMPLO O
CONCEITO DE
Papel e importância de cada área
ORGANOGRAMA para o sucesso da empresa.
DA EMPRESA
Cargos em cada área e como funciona
FAZER ATIVIDADES
QUE PRATIQUE o plano de carreira.
O CONCEITO DE
ORGANOGRAMA
Funções existentes e o
APRESENTAR O
que se faz em cada uma delas.
CONCEITO DE Competências e habilidades necessárias
INDICADORES
para desenvolver cada função.
FAZER UMA
ATIVIDADE DE
Impostos são incorporados ao valor
PROBLEMATIZAÇÃO do produto – quanto custa e por quanto
APRESENTAR é comercializado.
O PROJETO
EMPREENDEDOR Possibilidades de transitar entre
DE EMPRESA
PEDAGÓGICA
áreas dentro da empresa a partir das
competências e habilidades para além
SELECIONAR A
EMPRESA PARCEIRA de uma função específica.
Princípios éticos que regem a
VISITA DO
PROFESSOR À empresa e as áreas, qual a missão
EMPRESA PARA UM
PRIMEIRO DIÁLOGO
e visão da empresa.
FIRMAR PARCERIA
COM EMPRESAS
É importante que o estudante compreenda
a cadeia produtiva da empresa, da matéria-pri-
PESQUISAR SOBRE
OS INDICADORES ma até a comercialização do produto, as redes
E O MODELO DE
NEGÓCIOS DA
e ligações que se estabelecem interna e exter-
EMPRESA PARCEIRA namente com vista ao sucesso da empresa.
REALIZAR ANÁLISE No dia da visita, munidos do questionário
DOS DADOS
COLETADOS elaborados coletivamente em sala de aula os
estudantes poderão se organizar em grupos
fonte: autores (2018)
ou individualmente, para a realização das
entrevistas. Na volta, é hora de sistematizar
33
as informações coletadas. A partir da organi- Performance da empresa no mercado
zação e de como foi conduzida a visita, a sala Nesta etapa da Empresa Pedagógica os estu-
terá um ou mais questionários. Se houver dantes também terão atividade de campo, mas
mais de um questionário, o professor deverá com a intenção de verificar como a empresa
realizar a consolidação de forma coletiva, por comercializa seu produto no mercado. Desse
meio da elaboração de um documento de ta- modo, novamente, professores e estudantes
bulação de dados utilizando a planilha Excel. juntos deverão elaborar um instrumento de
Na sistematização da visita à empresa par- coleta, no entanto, deve-se considerar o co-
ceira, o professor deverá aprofundar os concei- nhecimento que o estudante já terá sobre o
tos de porcentagem estudados nas aulas de Ma- funcionamento da empresa.
temática. Dessa forma, colocando na planilha as O questionário deverá focar as perguntas
questões nas linhas e as respostas em colunas. em como o produto é comercializado e como
Para as perguntas com respostas fechadas, sim os produtos dos concorrentes são comercializa-
ou não e múltipla escolha, o professor deverá co- dos, de tal forma que seja possível identificar:
locar, por exemplo, o número 1 no que foi respon-
dido, ao final contar todos os números 1 e fazer a Onde o produto está disposto nas lojas.
porcentagem com base no total de questionários Por que está disposto no lugar onde
respondidos e/ou informações apresentadas. está, se existe alguma exigência e acordo
No caso de perguntas abertas e escritas, com a loja que o comercializa.
o professor deverá, junto com os estudantes, Quem define como o produto
categorizar as informações, ou seja, agrupar será comercializado.
as informações em dimensões que tragam os Qual o valor do produto, se existe
mesmos tipos/natureza de informação. Após mudança de valor, de acordo com
a categorização será possível ter um mapa da a loja que o comercializa.
empresa e fazer uma análise com os estudan- Quais são os produtos concorrentes,
tes das informações coletadas. como estes produtos estão dispostos,
Seguem abaixo sugestões de como o pro- qual o preço dos produtos.
fessor poderá utilizar as metodologias de
resolução de problemas no planejamento e Para a visita de campo, o ideal é que os
desenvolvimento das atividades com os estu- estudantes façam uma pesquisa prévia na in-
dantes (Quadro 4). ternet ou já tenham coletado a informação na
visita à empresa dos locais em que o produto
é comercializado. Feito isso, os estudantes po-
quadro 4 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
dem se dividir em grupos e cada um visitar
um estabelecimento comercial distinto.
kanban design thinking canvas Na volta da visita de campo, o professor de-
AS ATIVIDADES DO
verá sistematizar e debater com os estudantes
SELECIONAR OS VALIDAR O
SETORES E A DATA
KANBAN REFEREM-SE
CANVAS as informações coletadas por eles.
À ETAPA DE IMERSÃO
DA VISITA
DO DESIGN THINKING
DESENVOLVIDO Nesta etapa é importante que o estudan-
CRIAR PERSONAS te adquira a visão completa da cadeia produ-
DEFINIR OS
OBJETIVOS
(VIDE PÁG. 49) A
PARTIR DO QUE FOI
ATUALIZAR O
CANVAS COM OS tiva da empresa.
DA VISITA APRENDIDO NA
VISITA DE CAMPO
NOVOS DADOS Seguem abaixo sugestões de como o pro-
fessor poderá utilizar as metodologias de
PREPARAR
ENTREVISTAS/ resolução de problemas no planejamento e
QUESTIONÁRIOS
desenvolvimento das atividades com os estu-
COMPLEMENTAÇÃO
(VALIDAR E SOLICITAR
dantes (Quadro 5).
DADOS QUE NÃO
FORAM APURADOS
NA ETAPA DE
CONTEXTO) DE
DADOS GERAIS
DA EMPRESA
RELATÓRIO DA
VISITA DE CAMPO
34
quadro 5 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
Participação da Empresa Parceira –
kanban design thinking canvas
oferta de desafios
Uma vez escolhida(s) a(s) área(s) de atuação
SELECIONAR OS
SETORES E AMBIENTES
AS ATIVIDADES DO
VALIDAR O na Empresa Pedagógica, chegou a hora de
KANBAN REFEREM-SE
RELACIONADOS À
CADEIA PRODUTIVA DE
À ETAPA DE IMERSÃO
CANVAS
DESENVOLVIDO
mais uma ação de gestão: professor, coorde-
COMERCIALIZAÇÃO
DO DESIGN THINKING
nador pedagógico e diretor deverão falar com
VISITAR OS LOCAIS a empresa e estabelecer novas visitas para os
SELECIONADOS
DA CADEIA DE estudantes conversarem com profissionais
COMERCIALIZAÇÃO
dentro das áreas escolhidas.
CRIAR PERSONAS
ANALISAR
A PARTIR DO QUE
ATUALIZAR O A conversa do profissional da empresa com
OS DADOS CANVAS COM OS
DA EMPRESA
FOI APRENDIDO NA
VISITA DE CAMPO
NOVOS DADOS os estudantes deverá ser dividida em duas ações:
LISTAR
CONCORRENTES DA uma em que o profissional lhes conte a
EMPRESA PARCEIRA
experiência de vida e trajetória. Essa ação
PREENCHER UM
QUADRO COM
contribuirá para que o estudante possa
FORÇAS, FRAQUEZAS, saber que é possível vencer na vida e
AMEAÇAS E
OPORTUNIDADES conquistar um projeto e um sonho;
RELATÓRIO DA outra em que o profissional convidará
VISITA DE CAMPO
estudantes e professor para resolver um
fonte: autores (2018) desafio enfrentado por ele dentro da área
que atua e função que ocupa. O profissional
Definindo a linha de atuação apresenta o desafio e estabelece um tempo
da Empresa Pedagógica para que os estudantes o resolvam.
Uma vez sistematizadas e analisadas todas as
informações da 2a e 3a etapa, é hora de escolher Espera-se que, ao final dessa ação, o(s) pro-
a(s) área(s) de atuação da empresa pedagógica. fissional(is) deixem agendado o próximo en-
Para tanto, o professor deverá coletivamente contro com os estudantes.
com os estudantes definir em quais áreas o Seguem abaixo sugestões de como o profes-
grupo irá trabalhar na perspectiva de resolver sor poderá utilizar as metodologias de resolução
problemas enfrentados cotidianamente na em- de problemas no planejamento e desenvolvimen-
presa. Por exemplo: Criação de Produto/Recur- to das atividades com os estudantes (Quadro 7).
sos Humanos/Vendas etc.
A partir da(s) área(s) escolhida(s) o docen- quadro 7 – aplicação de metodologias
te deve montar com os estudantes um quadro de resolução de problema
com informações que norteiem a próxima eta-
kanban design thinking canvas
pa, que será resolver um desafio.
Seguem abaixo sugestões de como o profes- APRESENTAR AS ATIVIDADES DO
ELABORAR
A EMPRESA KANBAN REFEREM-SE
sor poderá utilizar as metodologias de resolução PEDAGÓGICA PARA A À ETAPA DE IMERSÃO
O CANVAS
DO DESAFIO
EMPRESA PARCEIRA DO DESIGN THINKING
de problemas no planejamento e desenvolvimen-
to das atividades com os estudantes (Quadro 6). SOLICITAR PROPOSTA
DE DESAFIO DA
EMPRESA PARCEIRA
de resolução de problema
CRIAR PLANO DE
professor deverá apontar quais habilidades
AÇÃO NO KANBAN
FAZER SEÇÃO DE
PROTOTIPAGEM DAS
do quadro de habilidades gerais foram de-
PARA SOLUCIONAR O
DESAFIO
IDEIAS senvolvidas em cada etapa do trabalho reali-
PROPOR SOLUÇÕES
FAZER TESTES REAIS zada pelos estudantes.
PARA DESAFIO DA
DOS PROTÓTIPOS
OU SIMULAÇÕES SE
O professor em cada etapa e atividade deverá
EMPRESA PARCEIRA
POSSÍVEL preencher a ficha de planejamento e a ficha de
fonte: autores (2018) reflexão sobre a prática. Ao final, deverá refletir
junto com os alunos sobre as aprendizagens e
habilidades adquiridas pelos estudantes.
Participação da Empresa Parceira – Ao longo da formação ofertada ao grupo
debate com estudantes de formadores, alguns professores da ECIT
Uma vez concluídas as atividades e resol- de Bayeux experimentaram algumas ações
vidos os desafios, chegou a hora de mais um da Empresa Pedagógica de acordo com a
encontro com o(s) profissional(is) da empresa. sequência didática apresentada, bem como
Desta vez, os estudantes serão os protagonis- criaram novas sequências didáticas num
tas, e os profissionais serão os ouvintes. Os formato de Empresa Júnior, respeitando a
estudantes deverão organizar em Power Point vontade e escolha dos estudantes. Não foi
uma apresentação para cada desafio proposto, possível durante o período da formação de-
contando como o solucionaram e que propos- senvolver a sequência didática inteira, mas
tas têm para os desafios apresentados. Após as ações desenvolvidas mostraram grande
a apresentação do(s) estudante(s), o professor adesão dos estudantes à metodologia e ao
deverá promover um debate entre os estudan- projeto da Empresa Pedagógica. Os relatos
tes e o(s) profissional(is) para discutirem as de experiência deste Projeto Piloto se encon-
propostas apresentadas. tram na segunda parte desta publicação.
36
Intervenção
parte propedêutica para uma leitura da reali-
dade no que diz respeito aos indicadores so-
Comunitária
cioeconômicos e ao espaço que o estudante
ocupa no território.
Compreensão de Indicadores
A Intervenção Comunitária visa a uma Neste campo, o professor deverá planejar
mudança na comunidade que promova o atividades que promovam no estudante a
bem-estar das pessoas por meio da aplicabili- compreensão e o uso de conceitos e indica-
dade das competências da Base Comum Cur- dores. Deseja-se que o estudante, ao final
ricular e do curso técnico. desta etapa, compreenda o uso de conceitos
O Projeto de Intervenção Comunitária po- e o que é um indicador, a importância de um
derá ser desenvolvido em parceria com em- indicador socioeconômico, para que serve,
presa parceira, com a Prefeitura, com o Estado porque foi criado, como interpretá-lo, de for-
ou somente com a escola. E pode ou não estar ma que consiga ler o contexto social mais
relacionado a uma intervenção do curso técni- amplo, Brasil, e o contexto local, o Estado e o
co, uma vez que visa desenvolver habilidades Município em relação aos indicadores e con-
gerais para o mundo do trabalho e atuação na ceitos mais utilizados.
vida social (Figura 9).
Estudante na Comunidade
Nesta subetapa o professor deverá explorar
figura 9 – sequência didática com os estudantes a relação com a comuni-
dade em que estão inseridos, para posterior-
intervenção mente elaborarem juntos um questionário de
comunitária
visita à comunidade.
compreensão
Para tratar deste tema, o professor poderá
de contexto fazer uma atividade prática e prazerosa, que
(indicadores
socioecnômicos, consiste na construção de uma maquete. As
relação do aluno
com a comunidade)
maquetes elaboradas pelos estudantes deverão
ser revistas a partir da segunda etapa, com a vi-
visita de campo sita de campo. Para a confecção de maquetes, o
à comunidade
professor deverá levar para sala de aula placas
de isopor, sucatas como copinhos de plástico,
definição do
problema objeto
criação do
projeto de intervenção
garrafas PET, palitos de sorvete ou de dente,
da intervenção comunitária papel crepom, potes vazios, novelos de lã, re-
vistas, jornais, cola, barbante, tesoura.
execução Dividida a sala em pequenos grupos de
do projeto
cinco a seis estudantes, que devem ser con-
vidados a construir duas maquetes, uma com
protagonismo social
e profissional a visão que possuem da comunidade que mo-
fonte: autores (2018)
ram, a real, e outra com a visão do ideal, de
como eles gostariam que a comunidade fosse.
Após marcar ao meio a base do isopor, de-
Compreensão de Contexto ve-se pedir que de um lado construam a co-
Como na Empresa Pedagógica, a primeira munidade real e ao lado a ideal. Deve-se pre-
etapa deverá ser dividida em duas subeta- ver para esta atividade um tempo entre 1 e 2
pas: na primeira, o professor irá trabalhar horas. Após a primeira parte da atividade, os
com o estudante a compreensão de fatores grupos devem apresentar as maquetes. Du-
socioeconômicos; na segunda irá explorar rante a apresentação, deve-se propor uma dis-
como o estudante interage com a comunida- cussão, considerando os pontos a seguir
de em que está inserido.
A compreensão do contexto neste proje-
to visa aplicar o conhecimento adquirido na
37
O que é uma comunidade? quadro 10 – aplicação de metodologias
de resolução de problema
Ações e equipamentos
de lazer e cultura. kanban design thinking canvas
Ações e equipamentos sociais –
REVISÃO DO REVISÃO DO REVISÃO DO
CRAS/CREAS/abrigos/ ONGs. CONCEITO DA CONCEITO DA CONCEITO DA
Atividades e espaços esportivos. ABORDAGEM ABORDAGEM ABORDAGEM
PREPARAR A
Esta atividade permitirá ao professor ATIVIDADE DE
38
O instrumento de coleta elaborado con- Organização da Comunidade:
juntamente deverá trazer perguntas sobre l conselhos (escola, tutelares, segurança,
39
Definição do Problema quadro 12 – aplicação de metodologias
e Objeto de Intervenção de resolução de problema
40
problema escolhido. Para cada resultado es- quadro 13 – aplicação de metodologias
perado, faz-se necessário executar um con- de resolução de problema
f. Atividades/cronograma/responsáveis DETALHAR
CRONOGRAMA
SELECIONAR A
SOLUÇÃO A SER
Uma vez definidas as ações necessárias DE AÇÃO EXECUTADA
41
realizadas pelos estudantes. Lembre-se que o figura 10 – sequência didática
Protagonismo Social e Profissional visa pos-
sibilitar ao estudante a aquisição de conheci- inovação social
e científica
mento e habilidades significativas para a vida,
o mundo do trabalho e a atuação profissional. identificação dos
Seguem abaixo sugestões de como o pro- equipamentos sociais
existentes na
fessor poderá utilizar as metodologias de comunidade (posto de
protagonismo social
e profissional
Inovação Social
fonte: autores
42
equipamentos do entorno da escola Qual é a qualificação do pessoal
precisem de serviços de manutenção e número de funcionários
de computadores, redes, instalação e Qual é o horário de funcionamento?
manutenção de programas etc. Qual é o layout dos equipamentos?
Elaborar, juntamente com os estudantes, Possuem sistemas de segurança?
questionário de levantamentos de dados Como são os fluxos de pessoas e de
para uso durante a visita. Pode ser um materiais dentro do local? Qual é o
questionário eletrônico, se houver acesso número de clientes/usuários por dia?
à internet no local e número suficiente Quais são os problemas existentes
de celulares com acesso à internet, relacionados com a infraestrutura,
naquele horário; ou, alternativamente, logística, espaços ou serviços)
um questionário impresso. Quais experiências exitosas anteriores
Realização de contato com os para a solução de problemas?
responsáveis pelos equipamentos sociais, Quais aspectos legais que podem
requerendo autorização para visita de interferir na resolução de problemas?
estudantes e professor ao local.
Com autorização concedida, preparar a Diagnóstico situacional
visita: autorizações e recursos necessários, do Equipamento Social
logística, aspectos de segurança,
equipamentos a serem levados (câmeras Análise dos questionários respondidos
fotográficas, celulares, pranchetas, e dados coletados durante a visita.
papel etc.). Será necessário o uso de Avaliação do Equipamento Social
equipamentos de proteção individual (roda de conversa ou outras dinâmicas).
(EPIs) específicos? Será necessária Definição de problemas-alvo: sugere-se
autorização dos pais dos estudantes? a identificação de um a três problemas,
Realizar visita prévia ao local para não muito complexos, que tenham chances
conhecer o ambiente e conversar com reais de solução a partir da intervenção
os gestores, identificando as normas do da equipe da escola, considerando-se
estabelecimento. orçamento e recursos disponíveis.
Agendar a visita, dando ciência
a todos os participantes. Elaboração de Projeto de Intervenção
Definir, juntamente com os estudantes, no equipamento escolhido
o roteiro da visita: locais a serem Pode-se seguir os moldes do Projeto de Inter-
visitados, tempo em cada local, venção Comunitária.
número máximo de visitantes em cada
ambiente simultaneamente, necessidade Para turmas com 50 estudantes,
de uso de EPI etc. sugere-se a formação de dez grupos de
cinco estudantes, que serão engajados
Visita de campo aos equipamentos em propor soluções para os problemas
Realizar, juntamente com os estudantes, a diagnosticados na visita ao equipamento
visita ao Equipamento Social selecionado, público escolhido.
elaborando um diário de bordo, fotografan- Os grupos serão orientados a discutir
do aspectos relevantes do espaço físico e os problemas identificados e propor
respondendo ao questionário. Seguem exem- soluções, tão simples e baratas quanto
plos de questões relevantes. possível, de modo que seja viável a
realização de uma intervenção posterior,
Quais são os dispositivos visando à resolução do problema.
e máquinas existentes? Os problemas devem ser tais que a
Qual é a infraestrutura atual? equipe da escola seja capaz de propor
Quais são os “gargalos” soluções que, preferencialmente, utilizem
dos processos internos? os laboratórios e equipamentos disponíveis
Qual é o nível de automação na escola. Também é possível a realização
dos serviços? de parcerias com empresas públicas e
43
privadas, de modo que estas possam Apresentam-se, portanto, como excelentes
colaborar para a resolução do problema temas geradores no que diz respeito ao apren-
das mais diversas maneiras possíveis, com dizado autêntico, quando os estudantes apren-
doações, serviço voluntário, assessoria dem enquanto desenvolvem projetos relacio-
técnica, atuação de ONGs na região, etc. nados com o espaço onde vivem.
Ao final dessa fase, os grupos Exemplos de Tecnologias Sociais em uti-
apresentarão os Projetos de Inovação lização no Brasil são a cisterna de placas, o
Social e Científica que elaboraram, composto multimistura para combate à des-
utilizando técnicas e ferramentas nutrição infantil, os biodigestores, além de
aprendidas ao longo do curso. diversos empreendimentos solidários. Assim,
este tipo de tecnologia pode desempenhar im-
Desenvolvimento de portante papel para a formação dos estudan-
tecnologias sociais aplicadas tes, por meio da promoção do desenvolvimen-
à solução de problemas to sustentável, especialmente em regiões com
Em algumas situações, os problemas exis- baixo Índice de Desenvolvimento Humano
tentes nos equipamentos sociais podem ser (IDH), cujos efeitos podem ser potencializa-
resolvidos pela implantação de uma Tec- dos e serão mais visíveis e imediatos.
nologia Social (TS), que pode ser definida
como “(...) um método ou instrumento capaz Parceiros para intervenção
de solucionar algum tipo de problema social no equipamento social
e que atenda aos quesitos de: simplicidade, Com o Projeto de Inovação Social e Científica
baixo custo, fácil aplicabilidade e geração nas mãos, professores e estudantes podem bus-
de impacto social”. Esse tipo de tecnologia car parcerias que viabilizem a realização da inter-
se origina, geralmente, de um processo de venção no equipamento escolhido, como segue.
inovação resultante do conhecimento cria-
do coletivamente pelos atores interessados Para a intervenção de conserto/
no seu emprego. reforma da instalação elétrica de um
Considerando a necessidade de elaboração posto policial, estudantes e professores
de políticas sociais inclusivas, os processos, do curso técnico de Eletrotécnica podem
técnicas e metodologias desenvolvidos na buscar parcerias com lojas de materiais
interação com a população representam uma de construção para a doação do material
opção para facilitar a inclusão social e a me- necessário ou compra a preços reduzidos;
lhoria na qualidade de vida (CHRISTOPOU- também podem buscar ajuda de um
LOS, 2011, pp. 109-110). eletricista da região, com experiência,
As Tecnologias Sociais fundamentam-se para auxiliar no trabalho.
na oposição às tecnologias convencionais. Para a construção de uma horta
Segundo Dagnino (ITS BRASIL, 2016), “(...) a orgânica em uma praça, terreno,
Universidade que se presta a desenvolver tec- escola, presídio, estudantes e professores
nologias sociais necessariamente necessita de cursos técnicos de Agroecologia
despir-se da tradição do modelo tecnológico e de Meio Ambiente podem buscar
moderno que produziu a tecnologia conven- parcerias com cooperativas de catadores
cional”. Podemos extrapolar esta necessidade de materiais recicláveis para utilização
para as escolas técnicas de nível médio, onde de garrafas PET e de madeira
o saber fazer tem fundamental importância na para a construção de hortas em
formação do futuro profissional. cavaletes produtivos.
Além disso, o desenvolvimento de uma
Tecnologia Social alia aspectos técnicos com
aspectos sociais, incluindo a colaboração, a
construção coletiva e o respeito às diferenças.
Desenvolve, também, a capacidade do estu-
dante de trabalhar em grupo e realizar um
projeto multidisciplinar, onde diversos aspec-
tos precisam ser considerados.
44
Implantação da Tecnologia Social É importante ressaltar o aspecto priori-
desenvolvida colaborativamente tário, que não descarta, por exemplo, a atu-
Pode seguir os moldes de intervenção co- ação da ISC para a solução de um problema
munitária. de uma associação de moradores. Tudo de-
Após a realização das parcerias, a equipe de pende do contexto do equipamento social e
estudantes e professores, juntamente com os dos atores envolvidos.
profissionais que atuam no equipamento social
e membros da comunidade, deverá executar o quadro 16 – aplicação de metodologias
projeto de Inovação Social e Científica – ISC no de resolução de problema
local, obedecendo a todos os aspectos e crité-
inovação social intervenção
rios definidos, como cronograma, recursos, se- e científica comunitária
gurança e normas legais. ALVOS PRIORITÁRIOS (NÃO
Realizada, a solução proposta deve ser OBRIGATÓRIOS) SÃO EMPRESAS
PÚBLICAS. PARCERIAS ALVOS PRIORITÁRIOS
documentada e monitorada por um determi- SÃO BEM-VINDAS PARA A SÃO INSTITUIÇÕES
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE DO TERCEIRO SETOR
nado período, para avaliação da efetividade. EMPRESAS PRIVADAS, COM
Monitoramento
grandes benefícios para a formação dos estudan-
tes, uma vez que estimula o protagonismo social
e profissional ainda na fase de aprendizado, na
própria escola. Os estudantes serão empoderados
pela realização de uma atividade concreta que irá Os Projetos Empreendedores apresentados
beneficiar a comunidade do entorno. acima têm como principais objetivos possibi-
Em outras palavras, esta metodologia alia litar ao estudante a aquisição de competên-
aprendizagem autêntica por meio de uma in- cias e habilidades para a Preparação Básica
tervenção em um espaço social público, bene- para o Trabalho e para o Protagonismo Social
ficiando a comunidade, podendo reduzir cus- e Profissional. Desse modo, o registro das ati-
tos de operação e manutenção desses espaços, vidades é peça fundamental para obtenção do
levando ao empoderamento dos estudantes sucesso esperado com os estudantes.
no sentido de torná-los capazes de transfor- Registrar permite planejar, executar e refle-
mar, para melhor, o local onde vivem. tir sobre a prática realizada, desde que é pos-
sível verificar se o objetivo de cada uma das
Comparativo entre propostas de etapas das sequências didáticas foi atingido.
ISC e de Intervenção Comunitária Em vista disso, foram elaborados dois ti-
Estas duas novas disciplinas possuem se- pos de ficha de registro (Figura 11 e 12) para
melhanças em relação às metodologias de o professor elaborar o planejamento e ava-
execução. Ambas têm como temas geradores liar as aulas, bem como uma seleção de per-
os problemas da comunidade, por meio de um guntas para a condução das atividades com
diagnóstico e proposta de intervenção relacio- os estudantes em sala.
nada diretamente às necessidades locais. No
entanto, algumas diferenças devem ser iden-
tificadas, para que os professores e estudantes
possam propor os projetos mais adequados
para cada caso. A seguir, apresentam-se dife-
renças entre alguns aspectos importantes de
cada uma das disciplinas (Quadro 16).
45
figura 11 – modelo de ficha de planejamento
relação da atividade
objetivos de impressão e reflexão: pontos de
com as competências
aprendizagem para desenvolvimento de destaques e dificuldades
para protagonismo
atividade/aula como aconteceu – alunos e professores profissional
46
Quais condições posso oferecer-lhes para Quais materiais disponibilizo para
que exponham noções e conhecimentos os estudantes em sala de aula?
iniciais em relação ao tema?
Que cuidados devo tomar para não Sistematização dos
antecipar respostas e realmente dar registros dos estudantes
protagonismo aos estudantes? Após a realização das atividades é importan-
te, juntamente com os estudantes, sistema-
Problematização tizar todo o percurso durante as aulas para
Ao assumir o papel de mediador da construção que tenham compreensão do conhecimento
do conhecimento, a estratégia de aula precisa produzido. Seguem indagações para ajudar a
despertar o interesse do estudante em apren- nortear a questão.
der o tema que será trabalhado, com base em
questões como as que seguem. Que procedimentos adotei para que
os estudantes pudessem organizar e
Como contribuo para que os estudantes sistematizar as competências e habilidades
se envolvam no assunto a ser tratado, adquiridas na atividade?
de modo que tenham dúvidas e se Os estudantes adquiriram clareza das
mostrem dispostos a buscar soluções? situações de aprendizagem que eu propus?
Na hora de problematizar, meu ponto Sugiro aos estudantes a produção de textos
de partida é o conhecimento e as coletivos e/ou individuais com conclusões
considerações do estudante sobre finais obtidas nas atividades realizadas?
o tema a ser tratado?
Divulgo os trabalhos dos estudantes
Quais estratégias utilizo para nos espaços da escola?
garantir a participação ativa dos
estudantes nas atividades? Utilizo os conhecimentos elaborados
pelos estudantes como ponto de partida
para novas aprendizagens?
Desenvolvimento da atividade
Faço a relação com os estudantes do ponto
Após explorar o conhecimento prévio dos
de partida (conhecimento inicial sobre
estudantes e problematizar questões sobre o
os assuntos) e ponto de chegada?
tema que será tratado, podem-se questionar
que atividades planejadas podem ser pro-
postas, como segue. Avaliação e registro do professor
Finalizadas as atividades sobre o tema tra-
Mapeado o conhecimento inicial dos tado, o professor deve organizar os próprios
estudantes, que propostas ofereço para registros e refletir sobre objetivos iniciais
que possam ampliar, contrapor e/ou propostos vs. Resultados.
reforçar os conhecimentos iniciais?
Quais métodos vistos na formação Estabeleço uma sistemática para observar
para resolução de problemas os avanços conquistados pelos estudantes
(Canvas, Kanban, Design Thinking, para dar continuidade aos trabalhos?
Planejamento de Competências e Utilizo a ficha de registro sugerida pelos
Habilidades) utilizo na atividade? Projetos Empreendedores, na perspectiva
Quais estratégias diversificadas de de constituir uma memória do percurso
aprendizagem utilizo: situações de do ensino e da aprendizagem?
levantamento de hipóteses; pesquisas; Sistematizo as fichas de reflexão para
experimentos; discussões em pequenos ter uma visão de todo o processo utilizado,
grupos; leituras de diferentes textos o que deu certo, obstáculos
(filmes, mapas, gráficos, textos, e dificuldades encontradas?
músicas, jornais, livros etc); Compartilho e discuto com os outros
Como organizo a turma: em duplas, trios, professores as informações coletadas
pequenos grupos ou no coletivo da classe; sobre as aprendizagens dos estudantes?
47
Ações de Gestão
Realizar horário de Trabalho Coletivo
com coordenadores pedagógicos e
coordenadores dos cursos técnicos,
professores dos componentes
Ao longo do processo de formação e desen- curriculares propedêutico e técnico.
volvimento das atividades previstas nas metodo- Implantar um currículo articulado
logias de Articulação Curricular e Projetos Em- com atividades interdisciplinares
preendedores, a equipe envolvida verificou que requer que gestores garantam um
algumas ações de gestão da Secretaria de Edu- espaço coletivo de planejamento e
cação Estadual e da escola seriam fundamentais monitoramento das aprendizagens.
para a implantação bem-sucedida do projeto. Elaborar um Plano de Ação para
No âmbito da Secretaria de Educação Esta- estabelecer relação com o setor produtivo
dual (SEE), será necessário implantar as mo- e comunidade (uso de equipamentos
dificações a seguir. sociais). Para a realização dos projetos
empreendedores se faz necessário
Nomear um coordenador do projeto elaborar um plano de trabalho para
na SEE para atuar conjuntamente com o efetivação de parceria com empresas e
restante da equipe de Educação Integral e equipamentos sociais da comunidade.
Educação Profissional e Técnica. Elaborar um plano de ação para
Ampliar a carga horária do Coordenador implantação dos Projetos Empreendedores
Pedagógico Técnico. Anteriormente, em sala de aula, organizando a escola
para esta função a carga horária era de para garantir que se desenvolvam como
20 horas, verificando-se a necessidade esperado nas sequências didáticas.
de ampliá-la para 40 horas.
Ampliar ou ajustar a carga horária
Métodos
dos professores do curso técnico
garantindo a realização de horário
de Resolução
de trabalho coletivo com professores
técnicos e propedêuticos. Esta ação
de Problemas
pode ser implantada de duas formas:
aumentando a carga horária do professor
ou redirecionando um número de horas
para planejamento coletivo e ampliando
o quadro de professores. Um problema é o abismo entre duas situa-
Garantir infraestrutura de laboratórios ções. De um lado há uma situação real descon-
para realização de aulas práticas dos fortável, do outro lado uma situação projetada
cursos técnicos. Equipar as escolas com e desejável. Resolver o problema pode signi-
o mínimo necessário para o curso ficar construir uma ponte entre os dois lados,
acontecer com vivências práticas, escalar as paredes do abismo ou, talvez, pro-
imprescindíveis em um curso técnico. jetar uma máquina voadora. Para todas essas
Aprovar as matrizes curriculares soluções é necessário ver o abismo como uma
reorganizadas no Conselho oportunidade, enxergar o problema como um
Estadual de Educação. desafio para a criatividade.
Elaborar um plano de ação com o setor Encarar os problemas a partir de uma abor-
produtivo para maior participação das dagem criativa é uma das formas mais eficazes
empresas na criação de novos currículos. de resolvê-los, principalmente quando a resolu-
Planejar a multiplicação da formação ção pode ocorrer com a ajuda de um grupo de
para novas 27 ECITs. trabalho capaz de aplicar técnicas de design e
gestão ágil de atividades e projetos. Essa ma-
No âmbito das escolas, será necessário im- neira de resolver problemas por meio da criati-
plantar as modificações a seguir. vidade é uma das premissas do design.
48
Quem busca solucionar um problema ge- deve agir criativamente sobre esse problema
ralmente não parte de uma ideia preconcebi- ou demanda?”; “Em que lugar o problema ou
da. Ao contrário, a ideia é, ou deveria ser, o demanda aparece?”; “Quem são as pessoas-
resultado de observação e estudo cuidadosos, -chave no problema ou demanda?”; “O que
enquanto o design é um produto dessa ideia. deve ser melhorado ou resolvido?”; “Qual a
A fim de chegar a uma solução eficaz para o situação confortável imaginada?” etc.
problema, portanto, quem busca uma solução A partir do exercício de responder às per-
deve necessariamente seguir algum tipo de guntas, o grupo de trabalho terá percorrido o
processo mental (RAND; CIPOLLA, 2015). processo de imersão no problema ou deman-
da. Nessa fase se reúnem insumos, por meio
Design Thinking de pesquisa, para a próxima etapa: a Ideação.
O Design Thinking, ou “pensamento de de- A pesquisa pode ser tanto quantitativa como
sign”, é uma abstração do modelo mental qualitativa, com informações sobre hábitos
utilizado há anos pelos designers para dar de determinado grupo, modelos mentais e
vida às ideias por meio de uma abordagem estilo de vida. Isso é o que vai permitir que
criativa dos problemas. Esse modelo mental a pessoa responsável pela atividade visua-
pode ser aprendido e utilizado por qualquer lize o perfil do indivíduo com quem está in-
pessoa e aplicado em qualquer cenário de teragindo e para quem está desenvolvendo
negócio social. De acordo com Tim Brown algo (AMBROSE; HARRIS, 2016). É impor-
et al. (2010), o Design Thinking começa com tante destacar que muitas vezes o processo
habilidades que os designers têm aprendi- de imersão pode, e deve, envolver visitas ao
do ao longo de várias décadas na busca por local real do problema e entrevistas com as
estabelecer a correspondência entre as ne- pessoas envolvidas, por exemplo.
cessidades humanas com os recursos técni- Ainda na etapa de imersão, podem-se
cos disponíveis, considerando as restrições criar personas.
práticas dos negócios. E, mais do que isso, Personas – a criação de personas é uma
o Design Thinking coloca essas ferramen- técnica utilizada para representar um gru-
tas nas mãos de pessoas que talvez nunca po de usuários finais durante discussões de
tenham pensado em si mesmas como desig- design, mantendo todos focados no mesmo
ners, aplicando-as a uma variedade muito alvo. As personas são definidas principal-
mais ampla de problemas. mente pelos objetivos, determinados num
Realizar a complexa façanha criativa da processo de refinamento sucessivo durante a
criação paralela de uma coisa (um objeto, ser- investigação inicial do domínio de atividade
viço, sistema) e de sua maneira de funcionar do usuário, geralmente na fase de imersão.
é o principal desafio do raciocínio de design. Criar personas não pode ser caracterizado
Esse estágio duplamente criativo requer de- como uma atividade que tem como base sim-
signers que proponham respostas para o “o plesmente caricaturas ou invencionices. Para
quê” e o “como”, e depois as testem em con- definir personas realmente úteis, elas devem
junto. A fim de perceber o real valor que o De- ser baseadas em dados reais.
sign Thinking pode ter para as organizações Ideação – técnica pela qual o grupo de
é preciso articular essas práticas com clareza trabalho responde à pergunta “o que pode-
e de forma muito detalhada. Elas são a contri- mos fazer para solucionar o problema ou de-
buição-chave que os pesquisadores e desig- manda; ou, em alguns casos, promover uma
ners podem trazer a um universo profissional melhora significativa?”
que realmente precisa deles. Durante a Ideação, o objetivo principal é
Esta metodologia pode ser dividida em listar o maior número de ideias que aparen-
quatro etapas, como segue. temente, sem um julgamento muito crítico,
Imersão – neste momento, a equipe vai podem contribuir para a solução do problema
aproximar-se do problema ou demanda e ma- ou demanda. Algumas técnicas de brainstor-
pear o contexto. A ideia é responder a algu- ming sugerem que os participantes comparti-
mas perguntas-chave, tais como: “Por que se lhem com o grupo ideias conforme vão ocor-
49
rendo; outras sugerem que cada participante Business Model Canvas
faça um exercício silencioso de escrever pala- É um quadro de uma única página que permite
vras-chave em um pequeno pedaço de papel entender rapidamente o funcionamento de um
e, só depois de alguns minutos de Ideação modelo de negócio. Essa ferramenta lembra
individual, compartilhar as ideias, para que uma tela de pintura – mas pré-formatada e com
o grupo inicie um processo de análise e prio- nove blocos – e permite criar imagens de mode-
rização. Para essa formação, recomenda-se a los de negócios novos ou já existentes.
abordagem descrita por último (VIANNA; O quadro funciona melhor quando impres-
VIANNA; ADLER, 2014). so em uma grande superfície, para que vários
Prototipagem – é uma das técnicas (e o grupos de pessoas possam rascunhar e discu-
protótipo uma das ferramentas) mais impor- tir juntos seus elementos, com anotações em
tantes para o processo de design. Por meio adesivos ou marcadores. É uma ferramenta
da Prototipagem o grupo conseguirá testar prática e útil que promove entendimento, dis-
as ideias de forma ágil, colocando em prática cussão, criatividade e análise.
os pontos mais importantes e visualizando O Canvas foi formalizado no livro Business
as potenciais falhas ou melhorias. O protó- Model Generation, de Osterwalder e Pigneur
tipo pode ser desde um artefato complexo (2010), e tem sido muito utilizado por empre-
construído com o uso de tecnologias como sas e startups para estruturar modelos de ne-
impressão 3D até uma simples dobradura fei- gócios, devido principalmente à facilidade de
ta em papel. O importante é que o protótipo implantação. De acordo com os autores, há
seja capaz de representar os aspectos funda- nove componentes básicos que formam a base
mentais de uma ideia a ser testada. dessa ferramenta útil, que mostram a lógica de
como uma organização pretende gerar valor.
Kanban Os nove componentes cobrem as quatro áreas
A palavra japonesa kanban significa “mural principais de um negócio: clientes, oferta, infra-
ou quadro de cartões”. Trata-se de um concei- estrutura e viabilidade financeira.
to relacionado à utilização de cartões (post-it
e outros) para indicar o andamento dos fluxos Aplicação da Metodologia
de produção em empresas de fabricação em de Resolução de Problemas
série, mas que pode ser aplicado a diversos Em uma primeira etapa o entendimento so-
processos criativos de trabalho para a organi- bre o problema e a apropriação do tema em
zação de projetos por atividade. questão. Para isso, é recomendada a utiliza-
No Kanban sugerido na formação há três ção das ferramentas de Imersão, Ideação,
colunas: “fazer”, “fazendo” e “feito”. Dessa for- Prototipagem e Kanban, na sequência mos-
ma o grupo de trabalho consegue descrever trada no Quadro 17.
as atividades de um projeto em pequenos car-
tões e distribuí-los no Kanban para indicar o
estágio de cada atividade.
Há uma variedade de abordagens para o
Kanban, mas a maioria concorda que esse é um
sistema e um método focado nos seguintes prin-
cípios: visualizar o trabalho, limitar as atividades
em progresso, explicitar as políticas de trabalho,
medir e fazer a gestão do fluxo das atividades e
identificar oportunidades de melhorias.
50
quadro 17 – aplicação de Após essa etapa de apropriação do tema,
metodologias de resolução de problema quando o problema foi situado e a potencial
solução configura um modelo de negócio,
ORGANIZAR AS TAREFAS NECESSÁRIAS PARA pode-se adotar o Business Model Canvas
ALCANÇAR O OBJETIVO DA ATIVIDADE,
OU SEJA, A RESOLUÇÃO DE DETERMINADO (BMC) com seus componentes e padrões – e
PROBLEMA. DEVE-SE DESENHAR UM KANBAN aplicar as técnicas e ferramentas de Design
EM UMA FOLHA E PREENCHER AS ATIVIDADES
NOS CARTÕES COLORIDOS. Thinking para a criação de modelos de ne-
gócios. Essa atividade deve percorrer cinco
UMA VEZ QUE O GRUPO SE TENHA passos, como segue.
ORGANIZADO, DEVE-SE COMEÇAR O
PROCESSO DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
PELA ETAPA DE IMERSÃO, RESPONDENDO ÀS 1. Afixar ou desenhar o BMC
PERGUNTAS INICIAIS. É RECOMENDADO USAR
UM QUADRO DESENHADO EM PAPEL COMO em uma parede ou lousa.
APOIO PARA ESTA ETAPA. 2. Definir os conceitos ou
componentes principais.
DEPOIS DE RESPONDER ÀS PERGUNTAS,
INICIA-SE A ETAPA DE IDEAÇÃO. NESTE 3. Oferecer uma visão geral sobre os
MOMENTO, DEVEM-SE ANOTAR padrões que podem ser formados no quadro.
EM UM CARTÃO COLORIDO IDEIAS QUE
TENHAM POTENCIAL DE SOLUCIONAR O 4. Construir um exemplo de quadro
PROBLEMA OU A DEMANDA DA ATIVIDADE. de modelo de negócio.
É IMPORTANTE QUE ESSA FASE DE IDEAÇÃO
TENHA UM TEMPO LIMITADO (ALGO ENTRE
5. Sugerir caminhos, por meio do exemplo,
5 E 15 MINUTOS) E QUE SE COMPREENDA para aplicação do Design Thinking a fim
QUE O MAIS IMPORTANTE, NESTE MOMENTO,
É GERAR IDEIAS POTENCIAIS, SEM ANÁLISES
de apoiar a criação de modelos de negócio.
OU JULGAMENTOS. CASO A RESOLUÇÃO
ESTEJA ACONTECENDO EM GRUPO, UMA
VEZ QUE TODOS TENHAM COLOCADO AS
A intenção é que após o preenchimento
IDEIAS NOS CARTÕES COLORIDOS, CADA do BMC o grupo de trabalho tenha um mapa
PARTICIPANTE DEVE COMPARTILHÁ-LOS
COM O GRUPO. EM SEGUIDA, AS IDEIAS
com os principais parceiros, atividades-chave,
SEMELHANTES DEVEM SER AGRUPADAS valores, segmentos de clientes, estrutura de
EM UMA FOLHA DE PAPEL, DE MODO A
REUNIR AS POTENCIAIS SOLUÇÕES.
custo e receita; enfim, constituem os princi-
NESSE MOMENTO É IMPORTANTE QUE pais componentes de um modelo de negócio
OS PARTICIPANTES NÃO CRITIQUEM NEM
JULGUEM AS IDEIAS, APENAS AS AGRUPEM,
pronto para validar e testar a solução.
DE MODO A FACILITAR A PRÓXIMA FASE. Uma sugestão é que o grupo de trabalho
preencha vários quadros do BMC, de modo que
DEPOIS DE TER TODAS AS IDEIAS
AGRUPADAS, É HORA DE REVISAR O
possa testar variações do modelo e selecionar
CONJUNTO DE IDEIAS E PRIORIZAR aquela com maior aderência à demanda inicial.
AQUELAS QUE SERÃO REFINADAS
E TESTADAS NA FASE DE PROTOTIPAGEM.
Uma vez que o modelo de negócio fique
pronto, pode-se, a partir dele, elaborar um pla-
A PROTOTIPAGEM É A FASE DE TESTAR AS no de negócio mais detalhado, essencial ao
IDEIAS. É IMPORTANTE LEMBRAR QUE EXISTEM início da operação.
VÁRIAS MANEIRAS DE PROTOTIPAR UMA IDEIA:
PODEM-SE USAR PAPÉIS E DOBRADURAS PARA É importante destacar que muitas vezes a
REPRESENTAR ALGUM ARTEFATO FÍSICO; solução do problema inicial não configura exa-
PODE-SE REPRESENTAR UMA SITUAÇÃO
(NO CASO DE UM TESTE SOBRE UMA IDEIA tamente um modelo de negócio, uma vez que
DE SERVIÇO OU JOGO, POR EXEMPLO) EM pode não ter como intenção criar uma fonte de
QUE CADA PARTICIPANTE DESEMPENHA UM
PAPEL; O IMPORTANTE É QUE O PROTÓTIPO receita, por exemplo. No entanto, o quadro do
FORNEÇA CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA QUE BMC é modular e seus componentes podem
A IDEIA SEJA TESTADA E APERFEIÇOADA.
ser adaptados, de modo que o quadro funcione
fonte: autores (2018) melhor para uma situação específica.
51
Considerações Finais
52
gerais para o mundo do trabalho. A partir des-
se pressuposto, selecionaram-se três focos de
atuação: interação com empresas, interação
com a comunidade e interação na escola com
a criação de tecnologias sociais e científicas
com baixo custo e com uso de materiais reci-
cláveis. Por meio da oferta de métodos de re-
solução de problemas na formação oferecida
aos docentes do Projeto Piloto, as sequências
didáticas dos Projetos Empreendedores fo-
ram validadas e aprimoradas coletivamente
ao longo do processo.
Dentre todos os resultados adquiridos,
quatro merecem destaque: a criação de um
grupo de formadores engajados para multipli-
cação e implantação do projeto nas escolas; a
relação efetiva das escolas com a comunidade
e empresas locais; o uso de metodologias ino-
vadoras dentro da sala de aula; e, por fim, a
implantação de projetos entre estudantes au-
torizados a intervir efetivamente nas escolas,
comunidades e empresas locais.
No desenvolvimento das ações dos Proje-
tos Empreendedores, os equipamentos sociais
visitados e as empresas participantes das
ações também aderiram à proposta e sempre
recepcionaram os professores e estudantes
para a realização das atividades conjuntas.
Foi um processo rico de aprendizagem
com emancipação de todos os envolvidos,
uma vez que se incorporaram, na práti-
ca, ações transformadoras no processo de
aprendizagem do estudante.
Pensar uma educação contemporânea
implica investir, ousar, experimentar e acre-
ditar que é possível inovar mesmo dentro
das limitações da escola pública. Precisa-se
apenas de um grupo de pessoas que acre-
dite que a escola deve abrir as portas para
interagir com o entorno e que o estudante é
capaz de construir a própria história – basta
orientá-lo para tanto.
53
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Acesso em jan. 2018. sign thinking: inovação em negócios. São Paulo: MJV, 2014.
54
Sugestões de sites
para planejamento de aulas
https://www.fablabs.io/labs/map, dez/2017.
https://www.swissinfo.ch/por/sistema-su%C3%ADço-de-educação/29726022
http://cmap.ihmc.us/
http://cmap.ihmc.us/cmap-cloud/
http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx
http://www.ibge.gov.br
https://cidades.ibge.gov.br
http://portugues.doingbusiness.org
http://porque.uol.com.br
https://www.wikipedia.org
http://paraiba.pb.gov.br
http://trabalho.gov.br/rais
https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/
https://www.wikipedia.org
https://endeavor.org.br
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae
http://datasus.saude.gov.br
55
56
Anexo
Relatos de Experiências
57
EcoClima - Empresa
Júnior de Refrigeração
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELIS
BAYEUX, PARAÍBA
POR RAYSSA FERREIRA ALENCAR
A
A partir de necessidades identificadas no ensi- Planejamento
no para o melhor aproveitamento do estudante Nós professores, selecionamos turmas da 3ª
no mercado de trabalho, inseri a eletiva EcoCli- série do Ensino Médio técnico integral, a fim
ma – Empresa Jr. na ECIT Erenice Cavalcante de que a realização do projeto se concretizas-
Fidelis como um modelo piloto de Empresa Pe- se, pois essas turmas concluiriam o curso em
dagógica, com a proposta de desenvolver nos 2017, e a eletiva melhoraria o desempenho no
estudantes o senso crítico e empreendedor, de mercado de trabalho.
liderança e resolução de problemas para inser- A escolha pela área de refrigeração foi
ção no mercado de trabalho. dos próprios estudantes, por afinidade com
Após algumas reuniões pedagógicas com os a disciplina e por verificar que o mercado de
professores das disciplinas da área técnica, per- trabalho disponibiliza grandes oportunida-
cebi a dificuldade dos estudantes em aprender des decorrentes da escassez de mão-de-obra
e compreender a maneira de se colocar diante especializada na região. Com esse levanta-
de problemas que lhes eram lançados na área mento, planejei um método para trabalhar
de Mecânica. A partir daí, senti falta de diver- os pontos importantes na eletiva. No méto-
sos assuntos não abordados nas disciplinas do do foram inseridos parâmetros como estru-
curso de Mecânica, tais como: técnicas de ges- tura da empresa, áreas de atuação do cur-
tão de pessoas e de projetos; trabalho em equi- so, empreendedorismo etc. Também foram
pe; funcionamento de uma empresa; linguagem feitas parcerias com empresas desse ramo
empregada na comunicação e venda do serviço; industrial para que os estudantes pudessem
produção e execução de projetos na área etc. vivenciar a prática do trabalho.
Para que este projeto fosse realizado, a O projeto dividiu-se em etapas, como segue.
Secretaria de Educação do Estado (SEE) da
Paraíba fez uma parceria com o Itaú BBA, o Apresentação do projeto
Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande, aos estudantes, inscrição e seleção.
que possibilitou aos professores três etapas de Discussão com os estudantes
formação, quando foram apropriados métodos selecionados para direcionar da
de resolução de problemas e de metodologia melhor maneira possível os trabalhos.
criativa para aplicação na disciplina eletiva de Início das atividades com o
Projeto Empreendedor. mapeamento de profissões.
58
Apresentação de um
organograma de empresa.
Apresentação aos estudantes
dos setores de uma empresa.
Elaboração de questionário
de visita à empresa.
Visita à empresa parceira Penalty.
Visita de um profissional da empresa
parceira Penalty à escola.
Retorno à empresa parceira com
a solução do problema proposto.
Visita de um profissional liberal
empreendedor à escola.
Estudo de indicadores
socioeconômicos, tais como PIB, IDH etc.
Criação da Empresa Júnior
de Refrigeração Ecoclima.
Participação no Seminário com o setor
produtivo do Sebrae em João Pessoa.
Mapeamento de produtos, clientes,
comércio e concorrentes locais
relacionados à área de refrigeração.
Culminância em dezembro
de 2017 na ExpoEcit, feira em
que muitos dos trabalhos realizados
nas eletivas foram expostos.
Exposição dos trabalhos realizados
pelos estudantes na empresa Jr.
Execução
Iniciamos as atividades na eletiva com o mape-
amento de profissões dentro do curso de Mecâ-
nica. Foi apresentado um organograma de uma
empresa, com a distribuição dos setores exis-
tentes entre os estudantes, ficando cada um res-
ponsável por uma atividade dentro da empresa,
como Presidência, Comunicação, Financeiro etc.
Em seguida, os estudantes, por meio de fonte: acervo da professora (2017)
59
foi consultada e concordou em participar de dantes um problema que enfrentavam, e lan-
nossa ação experimental. çaram o desafio para os estudantes: eles te-
Concluída a etapa de compreensão sobre riam uma solução?
as profissões existentes dentro de uma em- Para enfrentar o desafio trazido pela em-
presa, elaboramos um roteiro de perguntas presa parceira, utilizamos alguns métodos de
para o dia da visita à Penalty, com a partici- resolução de problemas trabalhados ao longo
pação ativa dos estudantes – e eu fui apenas da eletiva como, PDCA, 5W2H e Kanban. Du-
mediadora. Essa atividade de elaboração das rante essas atividades, foi possível identificar
perguntas permitiu debater com os estudan- que os estudantes desenvolveram a capacida-
tes temas como competências, ética e valores; de de analisar e resolver problemas, lidar com
a importância de saber ouvir; o que significa situações adversas e saber ouvir.
uma boa postura profissional; e a importância Os estudantes, antes de solucionarem o
de ter responsabilidade. problema apresentado, retornaram à Penalty
Na visita à Penalty, os estudantes vivencia- para conhecer de perto o objeto do desafio
ram na prática a aplicação dos conhecimentos proposto. A partir disso, organizaram ideias,
do curso em uma indústria de grande porte, identificaram os possíveis caminhos que pode-
conheceram como funciona o dia a dia da pro- riam seguir e, posteriormente, apresentaram à
dução e quais as competências necessárias empresa parceira a solução do problema. Foi
para atuar em cada setor da empresa. Os se- uma experiência muito rica, uma vez que os
tores de administração, manutenção, recursos estudantes conseguiram analisar dados técni-
humanos, além de todo o processo de produ- cos específicos do curso de Mecânica, desen-
ção da fábrica foram visitados pelos estudan- volvendo o raciocínio lógico e a capacidade de
tes, sempre acompanhados pelo profissional argumentação até chegarem à elaboração de
responsável pela área. uma solução para o desafio proposto.
Como a eletiva também focou na atitude em- Já com certa bagagem de informações, os
preendedora, um profissional empreendedor foi estudantes quiseram extrapolar as ações da
convidado a visitar a escola e contar sua experi- Empresa Pedagógica previstas inicialmente,
ência cotidiana. Ele falou sobre dificuldades e re- criando uma Empresa Júnior de refrigeração
alizações como empresário autônomo e deixou chamada Ecoclima. Nesta ação, os estudantes
evidente que para empreender é necessário ter desenvolveram atividades relacionadas à re-
personalidade, autonomia e perseverança. frigeração, estabeleceram cargos e funções e
As principais perguntas dos estudantes trabalharam essencialmente com cálculos de
foram: Por que ser um empreendedor? Qual carga térmica, instalação e manutenção de ar
o perfil de um empreendedor? Como o convi- condicionado e conhecimento de diversos ti-
dado nunca desistiu apesar de todos os pro- pos de máquinas.
blemas por que passou? Como resultado dessas atividades experi-
Visto que, para trabalhar em grandes em- mentais, tivemos a oportunidade de participar
presas, ou ser um empreendedor, os estudantes de um seminário com o setor produtivo que
precisam compreender o contexto em que es- aconteceu no Sebrae de João Pessoa, quando foi
tão inseridos, tornou-se necessário buscar in- apresentada a empresa criada pelos estudantes.
formações importantes sobre economia. Uma Ao longo desse processo, as turmas que partici-
apresentação de alguns indicadores socioeco- param da disciplina eletiva produziram textos,
nômicos, como PIB e IDH, foi realizada pelo montaram apresentação em Power Point e exer-
professor de Geografia. Observei que a partir citaram a comunicação de diferentes formas.
dessas atividades os estudantes conseguiram Sempre ao final do semestre ou anualmente,
adquirir uma visão sistêmica, uma vez que a escola organiza um evento chamado Culmi-
analisaram e compararam resultados dos indi- nância, em que cada turma apresenta os produ-
cadores discutidos na aula, melhorando assim tos e trabalhos desenvolvidos ao longo das ele-
a capacidade de argumentação. tivas. Na nossa escola, a ExpoEcit aconteceu no
dia 5 de dezembro de 2017, quando pude verifi-
A empresa traz um desafio car como, com aquele trabalho, os estudantes
A empresa parceira também visitou a escola, adquiriram flexibilidade e postura profissional,
com o objetivo de compartilhar com os estu- além das habilidades já citadas acima.
60
Considerações finais
Ao concluir o projeto, professora e alunos veri- selecionada para ser a Presidente
ficaram que as metas e os objetivos propostos da Empresa. Foi muito importante
foram atingidos. Nesse contexto, posso afirmar ter participado, pois me tornei uma pessoa
que as atividades desenvolvidas contribuíram mais responsável em relação aos meus
para a formação e ampliação do conhecimen- deveres. Essa experiência foi de grande
to dos alunos e também lhes permitiram atuar importância para todos, pois colocamos
como pesquisadores capazes de produzir dados, a teoria em prática e aprendemos como
fazer análises de problemáticas reais, utilizar ra- realmente funciona uma empresa, como
ciocínio lógico e aplicar conteúdo de engenharia trabalhar em equipe e como realizar um
para resolver problemas e compreender o mer- projeto de qualidade. Espero que essa
cado de trabalho. Além da participação ativa dos experiência tenha marcado cada um para
estudantes, vale salientar que houve a participa- que daqui para a frente todos possam
ção da comunidade escolar, pois professores, e se tornar um profissional de qualidade,
gestores mantiveram presença significativa nas como eu quero me tornar.”
atividades desenvolvidas pelos educandos. Beatriz Leoni, 3º AM 2017
Os estudantes foram avaliados segundo o
comprometimento de cada um em diferentes
aspectos, como assiduidade, pontualidade,
elaboração de ideias de execução, estudo teó-
rico e abordagem conceitual, propostas de so-
lução de problemas e apresentação do projeto
para a comunidade escolar na ExpoEcit.
Apesar dos obstáculos presentes, tais como
falta de recursos e apoio de outras empresas para
serem parceiras, vários pontos favoráveis foram
obtidos, como a interação entre os discentes, a
diversidade de temáticas tratadas, a interdisci-
plinaridade entre as áreas do conhecimento e a
iniciativa de estudantes em relação à produção.
61
Concepção da Empresa Júnior
na disciplina eletiva “Sou mais Erenice”
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA
POR PAULO HENRIQUE DO NASCIMENTO
A
A ECIT Erenice Cavalcante Fideles, em Bayeux, Nessa perspectiva, apresentei uma proposta
Paraíba, também chamada de ECIT Bayeux, foi de disciplina eletiva que pudesse contribuir
fundada em 2014 com dois cursos técnicos: De- para o desenvolvimento de tais habilidades,
sign de Móveis e Mecânica Industrial. tão pouco exploradas no cotidiano das escolas
A ECIT começou as atividades com 160 e tão necessárias para os jovens adentrarem o
estudantes em 2015 e em dezembro de 2017 mercado cada vez mais competitivo. A eletiva
contava com 383 matriculados, distribuídos “Sou mais Erenice” trabalhou usando como
em 12 turmas, estudando de maneira integral principal ferramenta a criação de uma Empre-
e integrada em um modelo de ensino no qual sa Júnior, espaço onde tais competências tão
a pedagogia da presença é uma constante exigidas pelo mercado de trabalho globaliza-
dentro da escola, e a aprendizagem por proje- do poderiam aflorar e ser trabalhadas.
tos é bastante utilizada. Para planejar a eletiva, organizei as ideias uti-
Dentre as diversas ferramentas de ensi- lizando a metodologia de projetos, definindo o
no, o uso das disciplinas eletivas tem sido a objetivo geral e os objetivos específicos, pois isso
peça fundamental na concepção desse projeto facilitaria chegar aos resultados pretendidos.
pedagógico. Disciplina eletiva é aquela que
o estudante tem direito de escolher indepen- Objetivo Geral
dentemente de qual seja a sua série. Essa mo- Conceber uma metodologia para o desenvol-
dalidade já faz parte da grade curricular desse vimento de competências e habilidades por
modelo de ensino vivenciado na escola. meio da criação de uma Empresa Júnior den-
Sendo assim, foi oferecida uma discipli- tro de uma escola de Ensino Médio técnico
na eletiva que tinha como objetivo ajudar o integral e integrada.
educando dos cursos técnicos a se preparar
para o mercado de trabalho, tendo o primeiro Objetivos específicos
contato com o setor produtivo e adquirindo
competências que o mercado exige e que se- Selecionar estudantes interessados
rão descritas neste relato. em participar da eletiva.
Existe no mercado de trabalho globalizado Sondar quais habilidades e competências
uma série de exigências que requerem compe- os estudantes selecionados já possuíam
tências e habilidades voltadas ao mundo con- para um melhor planejamento das aulas.
temporâneo e que os jovens precisam adquirir Apresentar as competências e
para conseguirem melhor inserção e manuten- habilidades previstas na Empresa
ção entre a população economicamente ativa. Pedagógica para os estudantes.
62
Apresentar indicadores econômicos curso de Design de Móveis e cinco para o
de interesse do setor produtivo. curso de Mecânica do 3º ano, para trabalha-
Sondar possíveis parceiros do setor rem a parte de logística e maquinários da fu-
produtivo nas imediações ou mesmo tura Empresa Júnior, e, ao mesmo tempo, dar
distantes da escola mas dentro de um raio oportunidade para os concluintes de manter
de ação possível de trabalhar. contato com o setor produtivo.
Criar e/ou apresentar dinâmicas
que sensibilizassem os estudantes 4ª Etapa – Iniciando os trabalhos!
sobre possíveis obstáculos que Após a inscrição dos estudantes que que-
encontrarão no mercado de trabalho. riam participar da criação da Empresa Júnior,
Estabelecer parcerias foram aplicadas dinâmicas em sala de aula que
com o setor produtivo. ajudaram não só a identificar o perfil e a situa-
Pesquisar e estudar as bases ção socioeconômica do educando, mas verificar
legais de como abrir uma empresa quais competências e habilidades já possuíam.
no que tange ao aspecto fiscal, contábil, Focou-se em habilidades como liderança, empa-
de recursos humanos e vendas tia, iniciativa e comunicação, entre outras.
de produtos e serviços. Paralelamente às aulas, foram formaliza-
Trabalhar empreendedorismo utilizando das parcerias que pudessem contribuir com a
técnicas como Business Model Canvas construção da Empresa Júnior e que seriam
e Design Thinking, entre outros. acionadas para a consolidação da ideia por
Criar uma Empresa Júnior com produtos meio de aulas e palestras.
e serviços bem definidos, a partir do uso
das técnicas acima citadas. 5ª Etapa – Conhecendo as estratégias
Trabalhamos conjuntamente com os estu-
1ª Etapa – Apresentação do projeto dantes técnicas de Business Model Canvas e
Apresentei a proposta para a equipe de pro- Design Thinking, usando como exemplo um
fessores e reuni, de acordo com o curso e as com- negócio que eles mesmos gostariam de abrir,
petências de cada professor, o máximo de docen-
tes possíveis, deixando clara a ideia do projeto e
a maneira como cada um poderia contribuir.
63
ou um sonho que gostariam de realizar en- 9ª Etapa – Dando forma ao projeto
quanto empresa. Na formulação da ideia, dos Finalizada a fase de construção do objeto
produtos e do modelo de negócio, foram inseri- piloto, foi escolhido o nome da empresa, o slo-
dos desafios e obstáculos que pudessem contri- gan, a logomarca, o local dentro da escola onde
buir ou dificultar a criação e a manutenção da ficaria alocada, o fardamento, e definiu-se que a
empresa. Nesse momento, foram apresentados empresa não teria fins lucrativos.
também os indicadores econômicos e introdu- Foram elaboradas as estratégias para aquisi-
zida a “realidade” empresarial. ção da matéria-prima e feito um plano de marke-
ting e vendas. Nesta etapa, também foi definida a
6ª Etapa – Execução das ideias missão da empresa e o modo de funcionamento.
Utilizando as mesmas técnicas da etapa
anterior, agora como motivação a criação da 10ª Etapa – Regulamentação
Empresa Júnior, foi realizado um brainstor- A consolidação da Empresa Júnior com sua
N
ming, onde defini junto com os alunos o pro- abertura legal e inauguração é a meta desta eta-
duto e/ou serviço a ser oferecido para a co- pa, que não chegou a ser realizada. No entanto,
munidade. Foram pelo menos dois encontros, pode-se informar que isso pode ser realizado
para que houvesse tempo de os estudantes com a ajuda da Associação das Empresas Ju-
vivenciarem uma imersão mais profunda no niores do Estado, no nosso caso da Paraíba, pois
setor produtivo por meio de pesquisas. Fize- ela dará todo o suporte legal para regularização
mos também uma visita técnica de campo à da EJ e outras ações que se fizerem necessárias.
empresa parceira, para que os alunos presen- Na falta de uma associação específica, as uni-
ciassem as reais necessidades do mercado e versidades geralmente possuem Empresas Ju-
pudessem abrir uma empresa rentável. niores e poderão, por meio de parcerias, apoiar
a escola na consolidação do projeto.
7ª Etapa – Criação da Empresa Júnior
Após a definição do modelo de negó- Conclusão
cio com que trabalharíamos, foi realizada a Das dez etapas apresentadas para a abertura da
apresentação burocrática de como abrir uma Empresa Júnior na ECIT Bayeux, não foi con-
empresa, por meio de parcerias. Foram con- cluída a última, e a 9ª etapa ficou devendo no
vidadas pessoas capacitadas que pudessem que se refere à orientação fiscal, contábil e de
orientar de maneira sucinta como funcionam recursos humanos. Não foi possível concluir o
os setores contábil, fiscal e de recursos huma- projeto em 2017 por falta de tempo, uma vez
nos de uma empresa, como se inicia um pe- que as eletivas acontecem uma vez por semana
queno negócio e como regularizá-lo. em 100 minutos. Os trabalhos duraram de julho
Nesta etapa, foram distribuídos os cargos a dezembro, totalizando quatro meses e meio,
da empresa de acordo com a aptidão de cada com 18 encontros entre aulas e palestras.
estudante, mas eles, por consenso do grupo, A complexidade do projeto e a agenda
poderiam transitar por mais de um cargo, de cheia dos parceiros fizeram com que algumas
modo que tivessem contato com diferentes metas planejadas previamente atrasassem
funções dentro de uma empresa. para a consolidação da Empresa Júnior, expe-
riência que terá continuidade em 2018.
8ª Etapa: Banco de baixo custo Todas as parcerias estabelecidas no projeto
Foram convidados arquitetos e outros pro- serão mantidas, e os estudantes formados do
fissionais do setor produtivo para auxiliar na 3º ano que se dispuserem a continuar envolvi-
confecção do produto ou serviço. Antes de dos com o projeto da Empresa Júnior poderão
abrir a empresa propriamente dita, deveria participar dessa disciplina eletiva.
ser definido um produto ou serviço a ser ofe- Na avaliação dos estudantes, a disciplina foi
recido aos clientes. Foi elaborado o projeto, muito produtiva e enriquecedora, pois, além de
construída uma maquete, depois um protóti- agregar conhecimentos sobre o setor produtivo,
po, para, então, chegar ao produto final. Nes- melhorou a forma de ver o mercado de trabalho,
te momento, utilizou-se a técnica de Design que era uma visão minimalista, de que tudo era
Thinking, útil na criação de um banco de bai- simples e fácil; agora, relatam, entenderam a
xo custo, como planejado. complexidade e os desafios que os esperam.
64
Técnico em vestuário
ECIT DE CAJAZEIRAS PROFESSORA
NICÉA CLAUDINO PINHEIRO
CAJAZEIRAS, PARAÍBA
POR ELIZIANE DE CARVALHO CAROLINO
N
Na perspectiva de aproximar a ECIT Profes- acompanhar como acontecem os processos de
sora Nicéa Claudino Pinheiro do setor produ- enfesto, encaixe, modelagem e corte dos teci-
tivo, foi firmada parceria com a empresária dos. Por meio dessa visita, foi possível mostrar
Rosilene da Silva Freitas, proprietária de uma como é realizado todo o processo de criação
fábrica do setor de vestuário chamada Jeito e confecção dos produtos do vestuário até ao
Carinhoso, localizada na cidade de Cajazeiras. produto final a ser comercializado.
Em seguida, agendei uma visita técnica à fá- Durante as aulas teóricas na disciplina
brica para os estudantes do curso de vestuário. Tecnologia da Confecção, discutimos sobre a
Tendo em vista a quantidade de estudantes e importância das técnicas utilizadas para evi-
pensando em organizar e aproveitar melhor o tar o desperdício de tecidos. Foi então possí-
tempo, dividi a turma em dois grupos, sendo as vel verificar que na fábrica havia muito des-
visitas realizadas nos dias 2 e 9 de agosto de 2017. perdício de tecido, especialmente durante as
Essa ação foi de fundamental importância etapas de enfesto e do encaixe e risco. Diante
para ampliar os conhecimentos e melhorar o disso, pude perceber que os estudantes de fato
aprendizado da turma em relação ao desenvol- aprenderam as técnicas que devem ser utiliza-
vimento das competências e habilidades fun- das no setor de confecção do vestuário. Ficou
damentais para os estudantes do curso Técnico evidente que o aprendizado da turma aconte-
em Vestuário, visto que a escola, por estar no ceu de forma efetiva, e a visita técnica foi de
1º ano, não possuía laboratórios específicos. Ou grande importância para esclarecer e ampliar
seja, os estudantes não tinham como vivenciar os conteúdos teóricos que os estudantes estu-
uma situação real de como funciona o processo daram em sala de aula.
de confecção de um vestuário.
A visita a uma fábrica do setor possibili- Fim do desperdício
tou conhecer os diversos tipos de máquina Solicitei aos estudantes um relato da visita
de costura industrial, tais como reta, overlo- e que elencassem pontos que poderiam ser
que, interloque, galoneira, travet e botonei- melhorados e sugerissem uma proposta de
ra. Conheceram ainda os tipos de acessório melhoria para a dona da fábrica. Sem colocar
utilizados nas máquinas e cada uma de suas esses pontos como problemas, mas como algo
funções. Também tiveram acesso a mesa que que pudesse ser melhorado.
é utilizada para o enfesto e corte dos tecidos Os estudantes identificaram que na empre-
e a alguns equipamentos utilizados no cor- sa, além de os funcionários não utilizarem os
te. Os estudantes tiveram a oportunidade de equipamentos de segurança, havia muito des-
65
perdício de matéria-prima, resíduos que iriam do vestuário podem gerar para o meio ambien-
poluir o meio ambiente. Tiveram então a ideia te. Diante disso, pude trabalhar o empreen-
de utilizar as sobras dos tecidos para confec- dedorismo, visto que os estudantes tiveram a
cionar algo que fosse útil. oportunidade de aprender a confeccionar um
Em pesquisas encontrei uma forma de uti- produto que pode gerar retorno financeiro.
lizar as sobras de tecidos e garrafas PET. A
ideia surgiu com a proposta de confeccionar Considerações finais
tiaras e fivelas de cabelo utilizando garrafas O trabalho foi muito importante para que os
PET e as sobras de tecidos. As tiaras e as fi- estudantes do curso de Vestuário tivessem
velas foram confeccionadas pelos próprios uma aprendizagem ampla em vários aspectos.
estudantes da ECIT. Com a aproximação do Tendo em vista que os estudantes participa-
dia 12 de outubro, sugeri doar os trabalhos ram de uma ação que envolveu várias habili-
A
produzidos a crianças carentes da comuni- dades fundamentais para o desenvolvimento
dade no Dia Da Criança. Os trabalhos foram de competências imprescindíveis para a cons-
entregues na Creche Nossa Senhora da Pie- trução da formação integral como estudante
dade, localizada próximo à escola. protagonista, observamos em sala pontos im-
Nessa perspectiva, trabalhamos em sala de portantes que serviram de base para construir
aula oficinas envolvendo atividades práticas, uma proposta de intervenção comunitária,
utilizando algumas técnicas específicas do consolidando uma relação de parceria entre
curso de vestuário tais como: design, modela- escola, setor produtivo e comunidade.
gem e a compreensão sobre alguns produtos Por essa perspectiva, trabalhamos uma
têxteis tais como: tecido plano e o tecido de proposta de aprendizagem que proporcio-
malha para confeccionar laços, tiaras e pren- nou a discussão de aspectos importantes
dedores elásticos para cabelo. Também discu- tais como: trabalho em equipe, empreende-
timos a questão da reciclagem e os impactos dorismo, solidariedade, cidadania, meio am-
sociais que os resíduos produzidos pelo setor biente e protagonismo.
A
POR ERIKSON BELO DE ATAIDE
A ECIT João da Matta Cavalcante de Albuquer- visita a uma empresa fabricante de açúcar,
que está localizada no Conjunto Nossa Senhora com o objetivo de ampliar o conhecimento,
da Penha, Bairro Areial, zona oeste do município perceber as limitações, as dificuldades, mas
de Mamanguape, próxima ao polo industrial de também identificar quantas conquistas são
usinas de cana-de-açúcar e fazendas produtoras possíveis ao longo do curso.
de frutas. A cidade é circundada por vários mu- Foi firmada parceria com a Usina Monte
nicípios interligados ao sistema industrial, com Alegre, empresa localizada na cidade de Ma-
crescente número de pequenos estabelecimen- manguape (PB), a 50 quilômetros da capital.
tos comerciais e prestadores de serviços. A área agrícola da usina é responsável pelo
Contando com quatro pavimentos, onde são plantio, cultivo e colheita da cana-de-açúcar
distribuídas as salas para uso pedagógico, admi- para a produção, gerando anualmente cerca
nistrativo, secretaria, as 12 salas de aula e os dois de 2.000 empregos diretos no período da sa-
laboratórios, além de biblioteca, refeitório, sani- fra. Atua no segmento de varejo com a marca
tários (inclusive com acessibilidade), quadra de Açúcar Alegre e também produz etanol.
esportes e uma área de convivência no pátio ex- A usina é pioneira no Brasil na fabricação
terno, a escola completa 3 anos com um perfil de do açúcar sem utilização de enxofre, pois este
grande inserção em toda a comunidade escolar. componente pode causar danos à saúde. Na
Fui convidado pela Secretaria da Educação indústria norte-americana e europeia, o nível
do Estado da Paraíba para compor o grupo de permitido é zero. No Brasil, só há limitação
formadores da SEE. Os professores participaram para o açúcar exportado, que é de 7 ppm (par-
de uma formação de 156 horas, que teve como tes por milhão). O novo processo consiste em
foco desenvolver uma metodologia de articula- produzir oxigênio na unidade industrial, o gás
ção curricular do curso técnico com os compo- passa por ozonizadores e é misturado ao caldo
nentes curriculares propedêuticos, implantando de cana que será processado para a industria-
projetos pedagógicos que promovessem o prota- lização do açúcar branco.
gonismo profissional do estudante. A partir daí, Foi elaborado antes da visita um questioná-
pude então apresentar um Projeto Pedagógico rio com perguntas sugeridas pelos estudantes
para ser realizado com os alunos da ECIT João para as entrevistas na empresa, sendo a visita
da Matta Cavalcante de Albuquerque. realizada em novembro de 2017. Ao chegar à
usina, fomos recebidos na escolinha que fica
Visita à usina de açúcar ao lado do escritório agrícola pelo chefe do
Considerando o ensino de agronegócio no setor de Recursos Humanos, gerente agrícola
âmbito escolar atual, foi programada uma e gerente de segurança de trabalho. Eles nos
67
mostraram todo o processo da usina, desde o clo da cultura, exigindo-se nessa etapa um bom
planejamento que acontece no escritório até planejamento e conhecimento técnico, que co-
os produtos finais, que são açúcar e álcool. meça no escritório e chega ao campo.
A fim de entender como funciona o pro- Coletamos as informações planejadas so-
cessamento da cana-de-açúcar do plantio ao bre esses processos e aprendemos muito com
fornecimento de matéria-prima à indústria e, a visita de campo. Ao trabalhar com informa-
consequentemente, detectar possibilidades de ções reais e práticas, os estudantes compre-
melhoria, professor e alunos acompanharam enderam melhor as aulas teóricas do curso de
os processos de corte, colheita, carregamento, agronegócio e perceberam quais são as impli-
transbordo e transporte da cana. cações em cada processo, da matéria-prima
No campo, verificamos como se faz o corte até a comercialização dos produtos finais.
da cana-de-açúcar para moagem na indústria,
com o objetivo de garantir um bom desempe- Conclusão
O
nho operacional e industrial com baixo índi- Com o presente relato, buscou-se evidenciar
ce de perdas e impurezas. Verificamos que as a importância da visita às empresas, pois por
operações podem ser realizadas manualmen- meio de experiências práticas contribuímos
te ou por máquinas de acordo com a disponi- para a elevação da qualidade e do aprendiza-
bilidade de mão de obra, topografia, aspectos do dos estudantes. Ao vivenciar as atividades
tecnológicos, condições de campo etc. desenvolvidas na Usina Monte Alegre, conhe-
Durante o preparo do solo, acompanhamos cemos melhor o perfil do curso de agronegó-
um conjunto de atividades realizadas para pre- cio. A experiência foi de extrema importância,
parar o terreno e adequá-lo à implantação da e os estudantes ficaram satisfeitos com os re-
cultura, com o objetivo de promover uma me- sultados, pois tiveram a certeza de que saíram
lhor condição para desenvolvimento do siste- com grandes aprendizados. A maioria não
ma radicular, destruição de restos de colheitas teve um Ensino Fundamental de qualidade,
anteriores, incorporação de corretivos quími- tampouco acesso a tecnologia, pois cursaram
cos e controle de pragas do solo e otimização escolas rurais; apenas uma minoria, que re-
do desempenho das operações agrícolas. Ob- side na cidade, conseguiu cursar um Ensino
servamos que as operações de plantio são fun- Fundamental com mais qualidade.
damentais para o sucesso e longevidade do ci- O processo de ensino-aprendizagem é
muito complexo, envolve entrega, tanto do
docente quanto dos discentes. Nesse contex-
to, a aula de campo destaca-se como um bom
recurso para desenvolver habilidades de cole-
ta, análise e manipulação de dados empíricos.
Sendo bastante utilizada como instrumento
de análise, essa prática contribui em muito
para os estudantes desenvolverem a capaci-
dade de observação e senso crítico.
68
Relato de prática de Empresa
Pedagógica no Ramo Alimentício
ECIT SÃO BENTO
SÃO BENTO, PARAÍBA
O
FLÁVIO SOARES DA SILVA
E ASSISIVÂNIA DANTAS DE SOUSA
O motivo de realizar esse trabalho partiu da isso se reflete negativamente no baixo rendi-
observação da necessidade dos estudantes mento escolar e, consequentemente, na qua-
de conhecerem a rotina de uma empresa na lidade do ensino.
prática, além da falta de vivência de empre-
endedorismo e de controle financeiro por Gestão criativa e motivacional
parte dos jovens. Com o projeto “Gestão de pessoas: criativa e mo-
Este projeto foi criado para dar oportunida- tivacional”, tivemos a intenção de proporcionar
de aos estudantes de aperfeiçoarem as habili- aos educandos condições reais de planejamento
dades relacionadas ao processo administrati- estratégico criativo e motivacional, agregando
vo partindo do pressuposto de que a base de sucesso e prazer em suas atividades.
um bom administrador também é saber admi- Para a realização de atividades da Empresa
nistrar a vida pessoal com sucesso. Pedagógica, nós, professores da ECIT de São
Demos prioridade para que os estudantes Bento, desenvolvemos, juntamente com os jo-
conhecessem o funcionamento de uma empre- vens protagonistas, o trabalho articulado de
sa a fim de que desenvolvessem habilidades imersão em uma empresa. Organizamos uma
de administração, aprendessem práticas de pesquisa bibliográfica em livros e na internet
empreendedorismo e conhecessem a rotina de e produzimos mapas mentais. Com a ajuda da
trabalho, para nela intervir quando necessário. metodologia de gestão Project Model Canvas,
Esperávamos que os estudantes também ad- organizamos o projeto de forma conjunta e in-
quirissem experiência sobre ter o próprio ne- terativa. A Empresa Pedagógica estava sendo
gócio, e que a disciplina trouxesse elementos construída com os estudantes, pelos estudan-
de responsabilidade financeira e qualificação tes e para os estudantes.
para a atuação profissional. O projeto foi desenvolvido em uma empresa
Há uma queixa por parte dos professores do ramo alimentício. Assim, sugerimos que os
acerca do desinteresse que muitos estudan- estudantes pensassem em alimentos que pu-
tes demonstram quando a atividade envolve dessem ser produzidos e comercializados na
ações de planejamento estratégico. Isso se própria escola. Depois fizemos uma pesquisa
justifica pelo fato de que muitos apresentam interna sobre as preferências dos estudantes
desorganização no próprio projeto de vida, e criamos uma logomarca para cada uma das
sem a preocupação de entender o que real- empresas. Cada uma das duas turmas do cur-
mente almejam para o futuro e sem interesse so Técnico em Administração foi dividida em
em desvendar o problema. Como resultado, quatro equipes, ficando cada equipe responsá-
69
vel por um tipo de alimento a ser produzido, en-
tre massas, doces, chocolates e sorvetes.
Decidimos que cada estudante faria um in-
vestimento de R$ 5,00 (cinco reais). Esse valor
lhe seria devolvido ao final do projeto, acrescido
da porcentagem de lucro, a depender da lucrati-
vidade da empresa. Os produtos a ser vendidos
precisavam atender a três principais requisitos:
ter boa aparência, ser saboroso e ter preço bai-
xo. Paralelamente, foi realizado um debate sobre
a importância de o produto ser ecologicamente
correto e estar de acordo com a legislação vigen-
S
te acerca da comercialização de alimentos.
As etapas do processo incluíram a definição,
elaboração bem como a validação do produto.
A descoberta dos clientes e a validação foi um
processo que durou uma semana. Construção
e estruturação da empresa, produção e comer-
cialização dos produtos levaram mais duas se-
manas. Criaram-se algumas restrições para os
estudantes, como a proibição da venda fora da
escola ou em horário de aula.
Os resultados alcançados com o projeto fo-
ram ressaltados pelo envolvimento dos jovens,
que relataram o desenvolvimento da capacida-
de de compreender melhor o curso que estão
fazendo e a profissão que pretendem seguir, o
protagonismo profissional, o respeito, o trabalho
em equipe e a responsabilidade. Enfatizou-se
também a importância da valorização da escola
ao trabalho dos alunos, pois as equipes que mais
venderam os produtos receberam troféus de re-
conhecimento, o retorno do investimento mais
o percentual do lucro alcançado e conseguiram
adquirir as habilidades previstas no projeto.
70
“Bisbilhotando Bayeux”: Projeto Piloto
de Turismo de Contemplação
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA
S
POR GEORGE BEZERRA DA SILVA
Sou professor da disciplina de Geografia desde quei muito surpreso quando ao final da inscri-
2008, e durante esses anos minha expectativa ção verifiquei a quantidade de estudantes que
era baixa em relação à educação dos discentes. queriam participar: foram ofertadas 20 vagas e,
Diante do atual quadro de transformações na diante da demanda, a direção autorizou a aber-
educação, minhas expectativas foram reno- tura de mais 10 vagas, totalizando 30 estudan-
vadas com o desenho curricular diferenciado tes para fazer parte da eletiva.
e com as metodologias específicas que foram
apresentadas aos estudantes do Ensino Médio Momento 2: início da eletiva
com a implantação das ECITs, que trazem pos- Na primeira aula, foi feita uma abordagem
sibilidades integradoras ao projeto de vida dos sobre o processo historiográfico do municí-
estudantes. Nesse modelo, existem as chama- pio de Bayeux, esclarecendo-se como ocorreu
das disciplinas eletivas, que compõem a parte o processo de ocupação da cidade, urbaniza-
do currículo diversificada. No ano de 2017, criei ção, biomas, clima, tipos de solo, entre outros
a eletiva “Bisbilhotando Bayeux”, um Projeto aspectos relevantes.
de Intervenção Comunitária que tinha como Os discentes se mostraram bastante empol-
objetivo promover maior conhecimento do pró- gados e se surpreenderam com fatos como, por
prio município pelos estudantes. exemplo, descobrir que Bayeux possui áreas
ocupadas por um bioma que desconheciam, o
Turismo de contemplação Cerrado. A aula foi ministrada de forma expo-
No decorrer das aulas, propus que fizéssemos sitiva com o auxílio de mapas cedidos pela pre-
uma reflexão sobre o que realmente gostariam de feitura e apresentação de slides.
conhecer. A partir daí surgiu a ideia de inteirar-se
dos equipamentos sociais existentes no municí- Momento 3: indicadores sociais
pio. Ao conhecer esses equipamentos, observei Para mostrar o desenvolvimento do muni-
que Bayeux possui um potencial enorme para o cípio e também para fazer algumas compara-
turismo. A seguir, elaborei a sequência didática ções entre Bayeux, outros municípios e a Pa-
em passos que culminaram com a criação de um raíba, os estudantes tiveram uma aula sobre o
Projeto Piloto de Turismo de Contemplação. conceito e tipos de indicador, como PIB, renda
per capita, IDH, Índice Gini, taxa de desem-
Momento 1: apresentação da eletiva prego e oferta de serviços à população.
No dia 17 de julho foi realizada na escola a Em um primeiro momento, os estudantes
feira das eletivas, ocasião em que “Bisbilhotan- não ficaram confortáveis com os números,
do Bayeux” foi apresentada aos estudantes. Fi- gráficos e tabelas, mas ao longo da aula come-
71
çaram a familiarizar-se com os indicadores, e Momento 5: a visão do município
antes do término foi possível verificar que já pelos estudantes
faziam comparações entre os municípios apre- O objetivo era fazer, em conjunto com os
sentados e questionavam alguns dados. Nessa discentes, uma maquete que representasse sua
aula, busquei trabalhar as seguintes compe- cidade; no entanto, isso não seria possível. En-
tências: capacidade de analisar problemas e tão, foi proposta uma roda de produção textual
dados e tomar iniciativa. na qual os discentes produziriam relatos escri-
tos de como veem seu lugar e como gostariam
Momento 4: o que conhecer em Bayeux? que fosse. Na aula houve muitos debates, pois os
A escolha do que os discentes gostariam alunos ficaram à vontade para realizar a ativida-
de conhecer no município se deu de forma de- de em grupos; houve também bastante reflexão
mocrática. Em aula foram discutidos vários te- acerca dos próprios anseios.
mas, logo após as discussões e debates os pró- Competências trabalhadas: produção textual,
prios discentes propuseram uma eleição, tudo trabalho em equipe e pensamento estratégico.
organizado por eles, apenas mediei os debates
e o direcionamento da aula. O tema escolhido Momento 6: planejamento das visitas
pelos estudantes foi conhecer os equipamen- Esse momento foi um dos mais esperados
tos que prestam serviços sociais. pelos discentes: a aula em que foi feito o plane-
Escolhido o tema, foi o momento de construir jamento de como seria a visita aos equipamen-
um Kanban para orientar as atividades; a turma tos sociais existentes no município de Bayeux.
empolgou-se bastante com essa metodologia. Apresentado o mapeamento dos equipamen-
Buscaram-se trabalhar na aula em 17 de tos a ser visitados, os estudantes se mostraram
agosto as seguintes competências: trabalho em bastante empolgados em conhecer o CREAS,
equipe, pensamento estratégico e criatividade. CRAS, Centro POP (instituição que trabalha
com moradores de rua), Rotary Club, Residên-
cia Inclusiva e Casa de Acolhida.
A partir daí, foi estabelecido o roteiro das
figura 2– aulas de campo. Antes das visitas, entrei em
kanban com as etapas do projeto contato com a assessoria de comunicação do
município informando sobre a ação e seus ob-
jetivos, bem como com os representantes das
instituições. Nessa ação eu levava um grupo de
estudante comigo para que pudessem acompa-
nhar o passo a passo de como fazer uma visita
a órgãos públicos. E sempre alternava os gru-
pos para que todos tivessem as mesmas opor-
tunidades de realizar as visitas prévias, tendo
em vista que havia 30 estudantes na turma.
Os questionários foram flexíveis e aber-
tos aos representantes dos equipamentos.
No final de cada visita, os estudantes faziam
o relato sobre a visita. Era possível ver nos
olhos deles a empolgação e a satisfação em
fonte: acervo do professor (2017)
conhecer um outro lado da própria cidade. O
site PB em Destaque publicou em 20.10.2017,
10.11.2017 e 22.11.2017 matérias sobre as visi-
tas às Unidades da Assistência Social (http://
pbemdestaque.com.br/unidades-da-assisten-
cia-social-de-bayeux-recebem-visita-de-alu-
nos-da-escola-tecnica/).
Competências trabalhadas: habilidade de
escuta, controle emocional, respeito, capaci-
dade de argumentação e responsabilidade.
72
Momento 7: produção textual Momento 8: visitas à comunidade
e nascimento do LIA O objeto de estudo proposto pela turma foi
Na retomada da produção textual, foi pos- a criação de uma trilha ecológica para o Turis-
sível fazer uma análise do que os estudantes mo de Contemplação. Produzimos o material
puderam constatar nas visitas às institui- para apresentar à comunidade, que foi muito
ções. Em campo, foi possível verificar o gran- bem aceito pelos munícipes. O presente projeto
de potencial turístico que o município de Ba- busca criar uma rede produtiva no município
yeux possui e que foi desperdiçado ao longo de Bayeux trazendo grande benefício para a
do processo de colonização do território. “E cidade no que se refere à criação de trilhas, cir-
como vocês gostariam que Bayeux fosse vis- cuitos gastronômicos e culturais.
ta?” A partir dessa provocação, tivemos um Foram vistos na aula competências de es-
momento de reflexão sobre os variados te- pírito de liderança, trabalho em equipe, moti-
mas que envolvem o município e, mais uma vação e capacidade de argumentação.
vez, de forma democrática, os estudantes es-
colheram criar um Projeto Piloto de Turismo Momento 9: o teste da trilha
de Contemplação. Na mesma aula foi criado O momento de testar a trilha foi de funda-
um laboratório para criação e divulgação do mental importância. Nessa aula, retomamos
conhecimento, o Laboratório de Interven- o método Kanban e o Canvas para auxiliar
ções Ambientais – LIA. Essa aula se mostrou nas ações, e contamos com todo o apoio da
muito produtiva, visto que todos se mostra- comunidade de Casa Branca, no município
ram interessados em colocar as ideias para a de Bayeux, na pessoa do presidente da As-
melhoria da comunidade. sociação dos Moradores, senhor Nildo, que
Foram trabalhadas as seguintes competên- acompanhou o grupo.
cias nesse momento: saber ouvir, iniciativa, Criada a trilha, os estudantes debateram a
respeito e pensamento estratégico. visita e verificaram o que poderia ser melhora-
do, apresentando o projeto em um seminário
na ExpoEcit 2017 para toda a comunidade es-
colar. Foi um momento de muita satisfação por
parte dos estudantes envolvidos na ação.
Competências trabalhadas: pensamento
estratégico, aprendizagem continuada, visão
sistêmica, motivação, tomada de decisão e
boa comunicação.
Conclusão
Os discentes se envolveram diretamente
com as ações do Projeto de Intervenção
Comunitária, querendo continuar com a
eletiva, o que evidenciou que as ações obti-
veram êxito, como também foi possível ve-
rificar que discentes que não participaram
nesse primeiro momento se dispuseram a
participar em 2018.
Todas as ações foram planejadas em par-
ceria com a direção da escola, a Prefeitura
Municipal de Bayeux e a comunidade de
Casa Branca. O projeto desenvolveu-se no
ano de 2017 e terá sequência em 2018, com
fonte: acervo do professor (2017)
a criação da primeira trilha de turismo de
contemplação de Bayeux.
73
Inovação social e científica
em cultivo de camarão kanban que norteou o processo
quadro 1–
C
11/09/2017 22/09/2017 28/09/2017 28/09/2017 05/10/2017 05/10/2017
12 a 21 de
74
O roteiro das atividades seguiu a ordem do tervenção, agendamos para o mês de março de
desenvolvimento do camarão. Primeiro, os es- 2018 nova visita técnica à empresa para a insta-
tudantes entraram em contato com diversos lação do equipamento produzido.
tanques voltados para todas as fases do desen-
volvimento das larvas. Quando interpelaram o Empresa pedagógica
técnico, os estudantes demonstraram iniciativa, A produção do alimentador automático du-
capacidade de argumentação, raciocínio lógico rante intervenção comunitária aliada a outras
e postura profissional. Tiveram ainda de superar propostas de parceria e demandas da comuni-
o medo ao manusear os espécimes cultivados. dade local nortearam a elaboração do projeto
Após a compreensão do que se passava nos de Empresa Pedagógica. A proposta, denomi-
tanques, fomos encaminhados ao laboratório de nada Aquavita, visa à implantação de siste-
produção do plâncton, alimento fundamental mas automatizados em aquicultura, aquapo-
para o camarão no estágio larval. Lá os estudan- nia e processamento de pescado.
tes aprenderam como se faz a análise da quanti- Todas as ações desenvolvidas pela proposta
dade correta de alimento que deve ser produzido da Empresa Pedagógica estão relacionadas com
diariamente para o camarão nesse estágio. as competências e habilidades propostas para a
formação profissional dos estudantes dos cursos
Problema identificado, solução à vista de Aquicultura e Processamento do Pescado.
Durante a visita, os estudantes fizeram anota-
ções acerca das melhorias que poderiam ser quadro 2–
implantadas para o aumento da produção, a re- business model canvas da aquavita*
dução da mortalidade e do uso de antibióticos e
para a boa nutrição dos organismos cultivados. Empresa Pedagógica AQUAVITA – Soluções em tecnologia para a Aquicultura e processamento de pescado
jovens verificaram que na fase reprodutiva os Produtores pescado; Desenvolvimento Agricultura familiar; Associações
l l
l
l
Redes sociais;
Atendimento,
Cost Revenue
Como proposta de resolução do problema, os Structure Streams
estudantes utilizaram o método previsto na Ino- Equipamentos e insumos; A empresa pedagógica será financiada pela Secretaria
l l
S
E FRANKLIN KAIC DUTRA PEREIRA
São Bento é uma das cidades localizadas no os dados físico-químicos da água. Em segui-
sertão paraibano que depararam recente- da, ocorreu a coleta in loco e a análise de água
mente com a escassez de chuvas e, conse- no Laboratório de Química, enfatizando-se na
quentemente, falta de água. Considerando a ocasião a importância do uso dos equipamen-
aprendizagem na formação em Inovação So- tos de proteção individual (EPIs), sempre ne-
cial e Científica, decidi implantar na escola cessários nas atividades de laboratório.
um projeto sobre água. O professor de Química pôde contribuir
Nessa perspectiva, os estudantes propuse- na correlação de conteúdos como capacidade
ram ideias para serem discutidas em sala de volumétrica, volume, extensão, dentre outros
aula e, a partir do debate, desenvolver ações assuntos problematizadores que foram elen-
concretas. Assim surgiu o projeto intitulado cados no momento da aula de campo. Assim,
“Compreender ciência a partir do contexto so- juntamente com o professor de Química, pu-
cioambiental: reutilização de água como prá- demos planejar uma aula prática na qual tive-
tica interdisciplinar”, em conformidade com mos a oportunidade de nos familiarizar com
a Política Nacional de Recursos Hídricos, que as técnicas para análise de água, bem como o
aponta para a relevância de trabalhos sobre a tratamento para uso potável.
água, e com a Política Nacional de Educação
Ambiental, que prevê a oferta de Educação Um filtro biológico
Ambiental em todos os níveis de ensino de Em seguida, construímos um filtro de água
forma interdisciplinar. biológico, para os estudantes se apropria-
Nas aulas de Biologia foram lançadas pro- rem melhor de como tratar a água, e, assim,
postas para que os estudantes começassem a se conscientizarem que a água é um recurso
pesquisar o tema, a fim de avaliar dados que natural que pode ser reutilizado, mas antes
traduzissem a questão da falta de água. Nesse tem de passar por alguns processos quími-
momento, sugeri a elaboração de uma ativi- cos. Na oportunidade, elaboramos nas au-
dade de campo, para que os estudantes iden- las de Biologia assuntos correlacionados à
tificassem onde estão localizados os focos de poluição, por meio da Educação Ambiental,
água parada na cidade de São Bento. A ativi- bem como os riscos para a saúde quando se
dade foi realizada juntamente com os profes- ingere água contaminada.
sores de Química e Matemática, pois cada um Construído o filtro de água biológico, tive-
deles participou trazendo informações sobre mos a oportunidade juntamente com os estu-
76
dantes e o professor de Química, de realizar
a análise físico-química da água, a fim de es-
tabelecer comparações se era potável ou não.
Para isso, pedimos aos estudantes que cole-
tassem água suja e trouxessem para a escola,
com os devidos cuidados.
Em seguida, discutimos na aula que a água
de uso doméstico, bem como de lagos, rios,
açudes, mares etc, não é pura. Então, com o
intuito de tornar efetivo o ensino desses con-
teúdos curriculares, realizamos uma ativida-
de investigativa referente aos nutrientes dos
alimentos industrializados. Com isso, tivemos
a oportunidade de analisar as embalagens de
água comercializada na cidade de São Bento, e
que são consumidas pela população.
Conclusão
Na atividade, pudemos perceber que os estu-
dantes tiveram a oportunidade de pôr em prá-
tica os conhecimentos das Ciências adquiri-
dos para interpretar, por exemplo, se a água é
potável ou não, bem como a capacidade volu-
métrica das garrafas PET, além do uso da gar-
rafa PET para fazer o filtro de água biológico.
Podemos dizer que alcançamos resultados
satisfatórios, uma vez que desenvolvemos
juntamente com os jovens as competências
e habilidades previstas para esta metodolo-
gia, entre elas a possibilidade de desenvolver
tecnologia social a favor de melhorias para
a comunidade, a criatividade, a iniciativa e o
protagonismo social.
77
“Nosso Jeito”: soluções sustentáveis
no cotidiano escolar
ECIT PASTOR JOÃO
PEREIRA GOMES FILHO
JOÃO PESSOA, PARAÍBA
A
THAYENE GOMES CAVALCANTE, GREYCE MICHELINE, MANUELLE CRISTINE,
ALECSANDRO DE PAIVA FARIAS E ANA CECÍLIA COSTA NASCIMENTO
78
Diminuição da quantidade de água das tabela 1 – medição da água
descargas – para efetivar esta proposta, os es-
tudantes realizaram as seguintes ações: antes da ação após a ação
QUANTIDADE QUANTIDADE
de água gasta em uma descarga PESSOA (EM MÉDIA) PESSOA (EM MÉDIA)
79
Produção de calhas e captação da água Reaproveitamento de alimentos
da chuva – o objetivo aqui foi construir calhas Com o objetivo de reaproveitar os alimentos
para recolher a água da chuva e reaprovei- e promover a educação alimentar sustentável,
tá-la. As calhas foram feitas com as garrafas no segundo semestre de 2017 idealizamos uma
PET arrecadadas na Gincana 2017. O modelo disciplina eletiva com o propósito de propor-
adotado foi a CalhaPET, disponível no livro de cionar ao educando senso de responsabilidade
experimentos Caixa de Ciências,*(referência e oferecer uma maneira correta de reaprovei-
completa ao final do artigo) do nosso forma- tar os alimentos, principalmente envolvendo
dor professor Francisco Fechine Borges. O pe- os estudantes do curso de Cozinha.
ríodo para construção e montagem das calhas
foi de janeiro a março de 2018, com o objetivo Transformando lixo em lucro
de termos o sistema de captação montado an- O projeto de empreendedorismo sustentável
tes do início das chuvas. “Transformando lixo em lucro” foi muito im-
portante para os estudantes que participaram
D
Horta, arborização, casa ecológica do projeto e para a escola, pois atraiu os olha-
A horta teve como objetivo cultivar alimen- res dos estudantes para uma ótica empreende-
tos orgânicos plantados no ambiente escolar, dora e sustentável, na qual puderam perceber
com vista a promover uma alimentação sau- o quão possível é transformar algo que estava
dável e utilizar os alimentos colhidos nas au- em desuso e iria poluir o meio ambiente em
las práticas do curso de Cozinha. algo comercial e rentável. Além do mais, com
A escola possui um amplo terreno, o que a comercialização dos produtos resultantes foi
também possibilitou realizar um processo de ar- possível levantar fundos para investimento
borização em alguns locais, contribuindo com a em utensílios para o curso de Cozinha.
preservação do meio ambiente e tornando o nos-
so ambiente convívio mais aconchegante. Conclusão
Outra ação sustentável executada no âm- Este relato teve o propósito de comunicar prá-
bito da disciplina eletiva “Debaixo do Nariz” ticas sustentáveis planejadas e desenvolvidas
foi a construção pelos estudantes de uma a partir do Projeto de Intervenção Comunitá-
casa ecológica feita de paletes. Na casa, ain- ria “Nosso Jeito”. Tais práticas envolveram
da em construção, será inserido um sistema os estudos de Inovação Social e Científica e
de ventilação e um sistema de iluminação metodologias de planejamento como Kanban
com garrafas PET. e Canvas, com o intuito de construir soluções
coletivas e criativas para problemáticas da
Economia de Energia e Coleta Seletiva comunidade escolar.
Os estudantes fizeram a sondagem sobre o As ações implantadas e as ações em curso
gasto de energia e lançaram uma proposta de são de grande valia, tanto em termos de eco-
conscientização sobre o consumo de energia, nomia de recursos para a escola quanto em
por meio das seguintes ações: desligar luzes em conscientização de todos em ter uma vida mais
locais que não estiverem sendo utilizados, não sustentável, voltada para o bem comum e com
carregar celulares na escola, ter cuidado para não mais qualidade. Acredito que a partir das ati-
deixar os aparelhos de ar condicionado ligados. vidades implantadas os estudantes também
No que diz respeito à coleta seletiva, traba- possam colocar em prática os conhecimentos
lhamos a conscientização e foram propostas adquiridos e levá-los para dentro de casa e para
soluções para o lixo produzido, como: reduzir a a comunidade. Dessa forma, pretende-se conti-
quantidade de lixo produzida; reutilizar, dando nuar com as ações implantadas e aprimorá-las,
uma nova utilidade para os materiais antes de por meio da realização de mais pesquisas que
descartá-los; reciclar, separando o lixo que será possam contribuir para a melhoria das inter-
encaminhado à coleta seletiva, para se transfor- venções na escola e na comunidade.
mar em matéria-prima para outros produtos; re-
pensar hábitos de consumo e as consequências
geradas ao meio em que vivemos.
80
Desafio – Consertar o mobiliário didático:
resolução de problemas aplicada à BNCC
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDÉLIS
BAYEUX, PARAÍBA
POR KALINE ARLEN SERRÃO
D
Durante as atividades cotidianas, e principal- O Design Thinking é uma ferramenta de re-
mente nas aulas, percebo o quanto a sociedade solução de problemas, criação e idealização que
vive em constante mudança, e que despertar o prevê uma série de ações. É dividida por etapas
interesse dos estudantes para a aprendizagem e pode ser realizada de forma coletiva e colabo-
vai muito além da teoria. Isso me faz pesquisar rativa, que possibilita aflorar diversidades cul-
e desenvolver novas atividades, como também turais, diferentes visões de mundo e processos
sempre reavaliar minha didática de ensino. de vida, além de permitir que todos idealizem
Desse modo, a partir desta formação continua- e participem do processo criativo para formar
da, elaborei uma atividade que foi desenvolvida uma única ideia, até chegar a um produto final.
na ECIT Erenice Cavalcante Fidélis, instituição Na elaboração da atividade propos-
que faz parte do novo modelo de educação pro- ta foram utilizadas três etapas do Design
posto pelo governo do Estado da Paraíba. A es- Thinking, como segue.
cola possui uma metodologia que prioriza o pro-
jeto de vida e o protagonismo dos estudantes, Imersão, etapa em que os estudantes
além de oferecer uma formação que possibilita desenvolvem pesquisas acerca da
aos jovens formação para atuarem no mercado temática ou problemática abordada. Muitas
de trabalho, por meio dos cursos técnicos inse- vezes também se sugere que os estudantes
ridos na grade curricular. A escola oferta dois passem alguns minutos em silêncio,
cursos técnicos; um deles é o Técnico em De- apenas refletindo sobre o que precisam
sign de Móveis, do qual integro o corpo docen- desenvolver e mergulhar no conteúdo.
te, o outro é Técnico em Mecânica. Sou formada Ideação, comumente desenvolvida
em Design de Interiores pelo Instituto Federal com cartolina, lápis colorido e adesivos
de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (tipo Post it), é a fase em que os
(IFPB) e nas turmas de 1º ano ensino Criativida- estudantes em grupo expressam ideias
de. Nesta disciplina, escolhi desenvolver uma por diversas formas, como frases ou
atividade utilizando o Design Thinking, por se palavras em adesivos, desenhos e pinturas,
tratar de um processo criativo e de resolução organizando assim as propostas que serão
de problemas apresentado durante a formação. desenvolvidas na próxima etapa.
Chamei a atividade de Desafio Mobiliário Didá- Prototipagem é a terceira etapa, que
tico, e a disciplina eletiva envolve todas as dis- consiste no desenvolvimento de um
ciplinas da base comum articuladas ao Curso protótipo do produto final, formado a partir
Técnico em Design de Móveis. da junção das ideias de todos os estudantes.
81
Expliquei cada etapa do processo aos alu- conversa com os professores e as pesquisas
nos, fiz organogramas no quadro, mostrei agregaram mais ideias para o projeto.
exemplos da ferramenta e em seguida ensinei Solicitei que começassem a esboçar a pro-
como aplicá-la ao desafio proposto. posta. Confesso que ainda não sabia se daria
certo e se tinham compreendido realmente o
Desafio Mobiliário Didático que propus, pois ainda havia muitas perguntas
Iniciamos a seguir o Desafio Mobiliário Didá- como: “Professora, como vou colocar Portu-
tico, uma proposta para auxiliar os estudantes guês em uma cadeira?” Realmente para turmas
a aplicar os conteúdos trabalhados nos com- de 1º ano é algo desafiador, mas, por se tratar de
ponentes propedêuticos, pois a atividade con- algo que lida com criatividade, eu queria passar
siste em criar um mobiliário que referencie para eles o primeiro contato com o design, de
determinado componente da base comum. O maneira que compreendessem o que realmente
mobiliário objeto da ação precisa ter a funcio- é projetar e o quanto precisam esforçar-se, pes-
nalidade convencional (ser usado para sentar, quisar e estudar para formar uma ideia funcio-
ler, armazenar, descansar etc.), mas, também, nal e que atenda às necessidades propostas.
auxiliar a pessoa que a utilizará a estudar de- Após alguns momentos de apreensão, as
terminado conteúdo. ideias começaram a surgir, e, então, nós to-
Dessa forma, dividi as turmas em grupos, dos ficamos impressionados com a qualidade
realizei um sorteio dos componentes da base dos primeiros projetos “saindo do forno”. Esta
comum e lancei o desafio: pedi que cada gru- parte da atividade demandou dois encontros.
po pesquisasse sobre o componente por que
ficou responsável, para que na próxima aula
iniciássemos as atividades. Os estudantes figura 5 – resultados do
ficaram bastante animados e ansiosos para segundo e terceiro encontro*
começar o desenvolvimento dos projetos.
As atividades aconteciam semanalmente no
componente de Criatividade.
Na primeira etapa do desafio (Imersão),
pedi que os estudantes se juntassem em gru-
pos preestabelecidos, distribui folhas de papel
A4, adesivos e pedi que iniciassem o desenvol-
vimento do processo criativo, marcando tempo
para que realizassem a Imersão, em silêncio, e
então demos início à segunda etapa, a Ideação.
Foi uma aula bastante produtiva, com os
estudantes empenhados em solucionar o de-
safio, quando surgiram muitas ideias. Após
finalizar o primeiro encontro, pedi que con-
versassem com os professores do componente
curricular do grupo, apresentassem todas as
ideias pensadas, estudassem, dialogassem e
unissem a ideia deles à dos professores.
Passada a semana, chegou o momento de
mais um encontro com os estudantes. Pedi
então que formassem os grupos novamente
e fui conversar com cada um sobre as no-
vas ideias e as conversas que tiveram com
os professores, também para auxiliá-los na
parte de design, composição, formato, fun- * fase de ideação
(esboço das propostas)
cionalidade e desenvolvimento do “perfil do fonte: acervo da
82
Dentre as ideias surgiram: um banco em for-
ma de mapa do Brasil, no qual os assentos se-
riam formados pelos Estados; uma estante e maquete dos projetos
cantinho para leitura remetendo à história do
Pequeno Príncipe; uma poltrona suspensa em
formato de globo terrestre; uma mesa redonda
com jogos referentes à disciplina de História;
uma mesa e uma cadeira ilustrando os átomos
e a tabela periódica; uma horta com as leis de
Newton descritas, entre outros projetos.
Estabelecidas as ideias, passamos à terceira cessidade de estudar mais, para que pudessem
etapa do Design Thinking, a Prototipagem, na extrair as ideias de forma criativa e fora dos pa-
qual os estudantes criaram maquetes dos pro- drões convencionais. Observei que a motivação
jetos. Esta etapa os ajudou a visualizar melhor a partiu do aprender fazendo, devido ao contato
ideia proposta, inspirando-os ainda mais a deta- feito com o conteúdo no decorrer de todo o pro-
lharem o trabalho. Os resultados da terceira eta- cesso criativo. Além de desempenharem papel
pa foram maravilhosos, atendendo aos requisi- de protagonistas no espaço de aprendizagem, os
tos solicitados, além de muito satisfatórios para estudantes da disciplina se empenharam para
mim, para os demais docentes da Base Comum contribuir com o ambiente escolar ao criar mó-
e para os próprios estudantes. veis que servirão para auxiliar os demais alunos
da escola, e a si próprios, na aprendizagem das
Conclusão disciplinas que inspiraram os protótipos.
Realizada a atividade, vi a importância de O Desafio Mobiliário Didático utilizando
sempre desafiar os estudantes a realizarem o Design Thinking estimulou os estudantes
novas descobertas. As aulas mais dinâmi- a trabalhar em equipe; desenvolver a criativi-
cas e elaboradas exigem mais trabalho; po- dade e o senso crítico; estudar os conteúdos
rém, o retorno é de qualidade, bastante sig- abordados na escola; serem protagonistas do
nificativo e gratificante. ambiente de aprendizagem; lidar com medos
Os objetivos da atividade, de incentivar a e frustrações; saber ouvir e respeitar a ideia de
inter-relação entre componentes da área pro- todos; analisar problemas e buscar soluções,
pedêutica e o desenvolvimento dos estudan- entre outras competências e habilidades re-
tes, foram cumpridos. No decorrer das etapas queridas para o próprio desenvolvimento aca-
pude ver a dedicação dos demais professores dêmico, profissional e social.
em contribuir para o projeto, além de terem fi- Entendo que a prática pedagógica impõe
cado entusiasmados, juntamente com os estu- constantemente desafios aos profissionais do
dantes, para criar um mobiliário que represen- ensino, e que nós docentes precisamos estar
tasse a disciplina correspondente. Isso gerou preparados para lidar com tais situações; den-
mais aproximação entre eles. tre elas, sempre que possível, fazer com que o
Em relação aos conteúdos das disciplinas tra- processo do ensino adquira caráter significati-
balhadas, os estudantes sentiram também a ne- vo para o estudante.
83
Mudando a educação profissional
com metodologias ativas
ECIT JOÃO DA MATTA
CAVALCANTE DE ALBUQUERQUE
MAMANGUAPE, PARAÍBA
POR KYM KANATTO
A
A Educação Cidadã Profissional compõe uma de Formadores ofertada pela Secretaria de
das modalidades de educação prevista na Educação Estadual – SEE, em parceria com
LDB/96 e tem como missão preparar os estu- o Itaú BBA, Instituto Natura e Instituto So-
dantes para o protagonismo profissional por nho Grande, voltada a professores e coorde-
meio da aquisição de competências e habilida- nadores pedagógicos de cursos técnicos e
des significativas para a vida social, o mundo propedêuticos. Sou coordenador e professor
do trabalho e a atuação profissional. do curso de Manutenção e Suporte em Infor-
O Ensino Médio nos últimos anos passou mática da escola e fui convidado para com-
por importantes modificações e hoje priori- por o grupo que passaria por três etapas de
za uma educação centrada na contextualiza- formação. Durante esse período, aprendemos
ção, com ênfase na interação entre ciência, métodos de resolução de problemas e de me-
tecnologia e sociedade. todologia criativa.
O presente relato trata de uma prática As metodologias apresentadas ao longo
pedagógica realizada na ECIT João da Mat- da formação fizeram com que eu mudasse a
ta Cavalcante de Albuquerque, situada no prática cotidiana, pois comecei a utilizá-las
Conjunto Nossa Senhora da Penha, bairro como recursos pedagógicos para melhorar a
do Areal, em Mamanguape, Paraíba, onde formação crítica dos estudantes.
foram ofertados os cursos técnicos de Ma- Desenvolvi a atividade na disciplina ele-
nutenção e Suporte de Informática e Agro- tiva Empreendedorismo, Instalação e Confi-
negócio para 430 estudantes. guração de Redes com estudantes do curso
de Manutenção e Suporte de I em Informáti-
Desenvolvimento ca. A ação teve como objetivo discutir e im-
A ideia de realizar este relato surgiu com plantar o uso das metodologias ativas como
base nas discussões realizadas na Formação recurso didático na formação crítica do es-
84
tudante, e foi dividida nas seguintes etapas: Primeiramente, realizei uma contextua-
a) contextualização das metodologias ativas; lização das metodologias ativas, seguido da
b) apresentação dos métodos de soluções aos apresentação do uso dos métodos de resolu-
problemas reais; e c) proposição de desafios ção de problemas – Kanban, Design Thinking
para uso de metodologia ativa dentro do per- e Canvas – utilizados em empresas nos diver-
fil profissional do curso técnico. sos setores comerciais. Para isso, vali-me de
Diante do mundo em constante transfor- um material audiovisual.
mação, minha questão central foi problema-
tizar com os estudantes que o aprendizado Kanban na prática
significativo permite melhor colocação no Após a explicação dos métodos de resolu-
mercado de trabalho e a realização de seus ção de problemas e das metodologias criati-
projetos de vida. O atual contexto da socieda- vas, apresentei aos estudantes a plataforma
de questiona relações, práxis e formas de or- Trello, que permite vivenciar o Kanban na
ganização, bem como produção e aquisição prática. A plataforma permite o gerencia-
de conhecimentos escolares. A escola deve mento de projetos com listas extremamente
atualizar-se e modernizar-se com o objetivo versáteis e que podem ser ajustadas de acor-
de formar jovens protagonistas, por meio do do com as necessidades do usuário. A partir
uso de metodologias inovadoras. daí, o estudante poderá organizar as tarefas
Nesse sentido, a atividade teve como ob- de trabalho, projetos de vida, priorizar os es-
jetivo principal o desenvolvimento de com- tudos, pois a Trello permite a organização
petências e habilidades para a formação do conforme a prioridade do estudante.
profissional qualificado por meio do uso das Em um segundo momento, os estudantes
metodologias ativas de formação do profis- foram convidados a utilizar a plataforma com
sional do suporte em TI. o desafio Hora de Empreender, por meio da
aplicação do método Kanban; ou seja, foram
desafiados a desenvolver um quadro Kanban
para a própria rotina de vida, estudos e pro-
quadro 3 - habilidades necessárias jetos da área profissional, objetivando contri-
para o protagonismo profissional buir com a formação para seu projeto de vida
e no desenvolvimento do jovem protagonista
habilidades do protagonismo profissional e o profissional técnico.
Além da Trello, durante as atividades prá-
AUTONOMIA ÉTICA E VALORES
ticas os estudantes tiveram acesso a outras
CRIATIVIDADE ESPÍRITO DE LIDERANÇA ferramentas tecnológicas, aplicativos e pla-
taformas que também os ajudaram na tarefa
FLEXIBILIDADE CAPACIDADE DE ANALISAR PROBLEMAS
que seria apresentada ao final da aula. Foram
MOTIVAÇÃO CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO realizados alguns registros fotográficos e
produzido um vídeo da atividade, que pode
INICIATIVA PENSAMENTO ESTRATÉGICO
ser acessado neste endereço do Facebook:
PERSEVERANÇA POSTURA PROFISSIONAL goo.gl/KPwvrK (acesso em 28.06.2018).
RACIOCÍNIO LÓGICO CAPACIDADE DE LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO
Segundo Janiele Peixoto, aluna concluin-
te do curso de Manutenção e Suporte em In-
BOA COMUNICAÇÃO PRODUÇÃO DE TEXTOS VOLTADOS AO TRABALHO formática: “O Kanban como metodologia ati-
AUTOCONHECIMENTO TRABALHO EM EQUIPE
va para resolver problema é bem legal, pois
lembra um quadro onde você pode controlar
RESPONSABILIDADE TOMADA DE DECISÃO
as atividades de uma maneira mais visual,
RESPEITO SABER OUVIR simples, e também descobrir quais pontos e/
ou ações você demorou mais para finalizar,
APRENDIZAGEM CONTÍNUA ANALISAR DADOS E PROPOR SOLUÇÕES
onde encontrou problemas e precisa fazer
fonte: professor (2017)
85
uma revisão (ou estudar de novo), e quais fo-
ram fáceis. Ajuda bastante na organização do
profissional, e pra nós, estudantes”.
Conclusão
Com base nas atividades práticas desenvolvi-
das, observou-se que as metodologias ativas de
resolução de problemas podem ser utilizadas
como recursos didáticos inovadores na sala de
aula, visto que proporcionam uma formação
crítica e reflexiva ao estudante técnico, além
de permitirem a participação coletiva e demo-
crática para a construção de uma aprendiza-
gem significativa e empreendedora. Por meio
das metodologias ativas poderemos implantar
A
uma pedagogia inovadora que contribua para a
aquisição de autonomia e desenvolvimento do
diálogo e trabalho em equipe. figura 6 – método kanban*
86
Intervenção tecnológica para
economizar água da escola
ECIT ERENICE CAVALCANTE FIDELES
BAYEUX, PARAÍBA
POR JEIMES FERREIRA CAMPOS
A
A equipe pedagógica e eu, no papel de profes- acompanhar alguns raciocínios matemáti-
sor orientador do Projeto Piloto STEM Susten- cos. A partir desse diagnóstico, constata-
tável Práticas Experimentais, identificamos, mos que seria interessante melhorar os re-
elaboramos e organizamos os recursos peda- sultados da aprendizagem e o rendimento
gógicos capazes de melhorar o rendimento escolar por meio de novas práticas pedagó-
escolar dos estudantes na disciplina de Físi- gicas, nas quais os alunos pudessem viven-
ca, de acordo com a necessidade específica de ciar atividades de resolução de problemas
cada estudante participante da eletiva. aplicadas aos cursos técnicos de Mecânica e
Design de Móveis, por intermédio de expe-
Conceitos de Física na prática rimentos de baixo custo.
Nosso Projeto Piloto é uma proposta de inter- Diante disso, vimos a necessidade de
venção a partir de um roteiro de práticas sus- produzir um guia dividido por experimen-
tentáveis de baixo custo, que possam auxiliar tos, contendo uma breve introdução teóri-
os professores de Física em aulas experimen- ca acerca do fenômeno que seria analisado.
tais, tendo como objetivo central promover a Pensando em facilitar a utilização do guia
integração teoria-prática por meio de expe- pelos estudantes e professores, definimos
rimentos já desenvolvidos na formação pelo que deveria trazer as seguintes informações:
professor Francisco Fechine (ver Referências). objetivos, materiais necessários, processo de
Adaptamos os experimentos para a disci- montagem, metodologia utilizada, conclu-
plina de Física, visando a uma aprendizagem sões sobre o experimento e fotos ilustrativas.
significativa, que também motivasse os es- O nosso plano de trabalho previa as ações
tudantes e despertasse interesse pela disci- abaixo listadas.
plina, bem como contribuísse para uma vida
familiar mais sustentável, com práticas que Apresentação do Projeto.
possam desenvolver na própria residência. Inscrição e seleção dos estudantes.
Após reuniões com os estudantes inte- Discussão sobre o Projeto com
grantes da eletiva pedagógica, nós profes- os estudantes selecionados.
sores percebemos a dificuldade deles para Mapeamento de dificuldade
aprender e compreender Física por meio dos estudantes em Física.
de aulas expositivas teóricas, bem como de Seleção de práticas experimentais.
87
Organização de grupos de trabalho. Os conceitos trabalhados foram:
Aulas expositivas.
Definição e solução de problemas. 1. radiação solar, temperatura,
Elaboração de relatório análise físico-química;
dos experimentos realizados. 2. transformações de energia,
Elaboração de material de divulgação. termologia, ondulatória,
Apresentação para a comunidade óptica geométrica e eletricidade;
escolar e convidados. 3. análise físico-químico e bacteriológica
(parâmetros de cor, turbidez,
Planejamento das ações temperatura, ferro, manganês, sólidos
Abertas as inscrições da eletiva, formou-se um em suspensão, oxigênio dissolvido,
grupo de 25 estudantes. Em um primeiro mo- coliformes totais e coliformes fecais); e
mento, promovi uma discussão com eles sobre 4. hidrostática (diferença de pressão
Física e apliquei um questionário de diagnós- e a lei de Pascal aplicada no sistema).
tico para identificar os motivos pelos quais
sentem dificuldade e por que não demonstram O problema mais importante identificado
interesse nem bom rendimento em Física. A no desenvolvimento do projeto foi o desper-
partir disso, conseguimos definir com mais dício da água proveniente dos bebedouros
clareza como seria realizado o projeto e quais da escola. Sendo assim, pensamos em várias
escolhas faríamos para compor o Guia. Em propostas de resolução, tais como: tratamen-
seguida, selecionamos as práticas experimen- to pelo sistema Sodis e posterior reutilização
tais que seriam desenvolvidas e as adequamos para várias finalidades, filtragem através de
à Física, considerando as atividades que nós, um filtro lento, como também utilização do
professores, vivenciamos na Formação de Ino- produto final para atividade agrícola: neste
vação Social e Científica. caso um irrigador solar de baixo custo feito
Os experimentos desenvolvidos pelos es- com materiais alternativos.
tudantes foram:
A fase de experimentação
1. avaliação da eficiência Após concluir a etapa inicial de compreensão
do método Sodis (desinfecção conceitual e seleção dos experimentos, partimos
solar da água que usa os raios para a experimentação prática. As situações-
ultravioleta do sol e garrafas PET) -problemas propostas deveriam ser soluciona-
para tratamento de água das tendo como foco principal a capacidade do
do bebedouro da instituição; estudante de identificar os fenômenos da Física
2. aquecedor solar de água feito presentes. Durante a realização das atividades,
com tubos de PVC; os estudantes também apontaram os fenôme-
3. filtro lento de areia e carvão nos físicos conceituais envolvidos e utilizaram
ativado como pós-tratamento conhecimentos matemáticos para tabular os da-
de efluentes domésticos e reuso; dos físicos presentes. Finalizados os experimen-
4. ações de combate ao desperdício tos, propus aos estudantes fazerem um relatório
de água e energia; e sobre o que tinham vivenciado.
5. irrigador solar. Após a conclusão do produto final, os es-
tudantes montaram um material de divulga-
Identificação dos problemas ção de todo o trabalho realizado. Nesta ação,
Antes da execução das atividades de campo, trabalharam bastante a criatividade, uma vez
realizei uma aula expositiva para apresentar que precisaram selecionar as informações
experimentos similares, a fim de que os estu- essenciais para divulgação, de modo que os
dantes tivessem conhecimento dos conceitos convidados para a culminância se interessas-
que seriam trabalhados, fundamentais para sem pelo tema a ponto de conhecê-lo. Para o
a realização das experiências. Em seguida, dia da culminância dos projetos que seriam
identificamos problemas reais e hipóteses mostrados à comunidade, montamos banners
para solucioná-los. para explicitar nosso Guia.
88
Conclusão
Como o objetivo do projeto foi motivar os
professores e demais estudantes a elevar o
rendimento escolar da disciplina de Física e
desenvolver mecanismos em prol da comu-
nidade, considero que concluímos com êxi-
to o Guia, uma vez que medimos o nível de
aprendizagem em Física e identificamos que
75% dos estudantes participantes melhora-
ram a aprendizagem por meio de atividades
experimentais. Durante o desenvolvimento
do Projeto Piloto, foi possível verificar que
os estudantes adquiriram habilidades como
capacidade de analisar problemas e dados e
propor soluções além de utilizar a criativida-
de; assumir responsabilidades; fazer trabalho
em grupo; manter a aprendizagem contínua;
ampliar a autonomia; melhorar a produção de
textos e habilidades de oratória.
O produto resultante do trabalho foi a
criação de um Guia, um pequeno manual de
práticas laboratoriais impresso, com o intui-
to de facilitar e tornar prática a condução
das atividades propostas. Assim, como pen-
sado de início por nós, estudantes e profes-
sor, conseguimos contribuir para o ensino
de Física pautado em práticas sustentáveis
viáveis, não necessariamente realizadas em
laboratório, uma vez que podem acontecer
na residência dos estudantes ou em local
adaptado da própria escola.
89
90
Apêndice
Matrizes Curriculares
91
escola cidadã integral técnica – bayeux
eixo tecnológico: produção cultural e design
curso: design de móveis
carga horária: 800h com 09 aulas/dia
203 dias letivos/aulas de 50 minutos cada uma
linguagem arte 1 1 1 41 41 41
educação física 2 2 2 82 82 82
história 2 2 1 82 82 41
ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41
sociologia 1 1 1 41 41 41
química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza
biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123
orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21
eletiva 2 2 2 82 82 40
projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42
avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21
92
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s
informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84
empresa pedagógica 4 80
desenho técnico 2 42
organização espacial 2 40
computação gráfica i 4 80
modelagem e protótipos 2 40
computação gráfica ii 4 84
formação
profissional
design sustentável 2 42
automação de mobiliário 2 40
ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)
* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)
93
escola cidadã integral técnica – bayeux
eixo tecnológico: controle e processos industriais
curso: mecânica
carga horária: 1200h 09 aulas/dia
203 dias letivos/aulas de 50 minutos cada uma
linguagem arte 1 1 1 41 41 41
educação física 2 2 2 82 82 82
história 2 2 1 82 82 41
ciências
geografia 2 2 1 82 82 41
formação humanas
geral filosofia 1 1 1 41 41 41
sociologia 1 1 1 41 41 41
química 2 2 2 82 82 82
ciências
física 2 2 2 82 82 82
da natureza
biologia 2 2 2 82 82 82
matemática matemática 5 4 3 205 164 123
orientação de estudo 2 2 2 1 82 82 40 21
eletiva 2 2 2 82 82 40
projeto de vida 2 2 82 82
parte diversificada pós-médio 2 2 40 42
avaliação semanal 2 2 2 1 82 82 40 21
94
carga horária semestral (ha) carga horária semestral (ha)
mecânica
1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s 1º s 2º s 3º s 4º s 5º s 6º s
informática básica 1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
língua estrangeira
2 2 2 2 2 2 40 42 40 42 40 42
(inglês básico e instrumental)
língua estrangeira
1 1 1 1 1 20 21 20 21 20
(espanhol básico e instrumental)
formação
inovação social e científica 4 84
básica para
o trabalho
intervenção comunitária 4 84
empresa pedagógica 4 80
metrologia 2 40
desenho técnico 2 42
termodinâmica 2 42
hidráulica e pneumática 2 40
elementos de máquinas 2 40
manutenção mecânica 2 42
formação
profissional processos de fabricação mecânica 4 84
refrigeração 2 40
automação eletromecânica 2 40
gestão de qualidade 2 40
total de formação profissional
(componentes curriculares) 6 4 10 6 10 120 84 200 126 200
ch semanal total 45 45 45 45 45 45
resumo (horas relógio)
* eletiva 6ª e 7ª aula
avaliação semanal para 1º e 2º ano 4ª e 5ª aula
avaliação semanal para 3º ano 5ª e 6ª aula
fonte: autores (2018)
95
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FICHA TÉCNICA:
Supervisão Gráfica:
Jacinto Júnior
Pré-impressão:
Naudimilson Ricarte