ANJOS, Moacir Dos. Arte em Trânsito PDF
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Documents of 20th-century
Latin American and Latino Art
A DIGITAL ARCHIVE AND PUBLICATIONS PROJECT AT THE MUSEUM OF FINE ARTS, HOUSTON
Bibliographic Citation:
Anjos, Moacir dos. Local/global: arte em trânsito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. 78p.
local/global:
arte em trânsito
Introdução [7]
[7]
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o mudanças, destacam-se a complexa transnacionali-
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·u1"0 zação da produção de mercadorias; a constituição
o
E de mercados financeiros que crescentemente esca-
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um roteiro amplo para discussões mais específicas
o
E sobre temas de relevância crescente.
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Exposição de diferenças
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em artes visuais. Com as atenções voltadas, principal-
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E mente, para a América Latina, África e Ásia, essas for-
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o somente considerando as conseqüências dos proces-
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sos de transculturação em curso nos países que for-
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E mam aqueles continentes, entretanto, que fica evi-
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seqüentes e renovados fluxos migratórios no campo
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da produção simbólica do continente. Incluindo o
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variados meios de expressão e articulando questões -co
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políticas e artísticas, a exposição questionava qual- ..9
quer noção de autenticidade da cultura africana ou
seu reducionismo a mitos ou etnias. Apresentava-a,
ao contrário, como um dinâmico conjunto de locais
em permanente e ativa construção de identidades
cosmopolitas. A segunda mostra, <<Africa Remix:
Contemporary Art of a Contin ent'~ foi organizada,
em 2004, por Simon Njami (camaronense residente
na França) para o Museum Kunst Palast, em Düssel-
dorf, Alemanha, tendo itinerado por outras cidades
da Europa e também pelo Japão. De modo seme-
lhante à anterior, a exposição interrogava a idéia de
uma arte africana na contempo raneidade, afas-
tando-se tanto dos clichês primitivistas quanto de
parâmetros artísticos eurocêntricos. Confrontou
ainda, no espaço expositivo, a produção de artistas
africanos negros e brancos, e aproximou as artes
visuais de literatura, moda e música. Em vez de
oferecer respostas para o que seria a identidade
cultural da África, optou por formular questões
que testemunhavam a reinvenção simbólica de um
continente.
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(norte-americano) e por Gao Minglu (chinês resi-
o
E dente na França), em 1998, para o P.S. 1, em Nova
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o forma atenuando as rígidas partições territoriais e
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políticas vigentes nas Américas. Dentre as mostras
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E que melhor dialogaram com os esforços de posicio-
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saístas (Gilberto Freyre, Djacir Menezes), romancis-
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tas (Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Amé-
rico de Almeida, Rachel de Queiroz), músicos (Luiz
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Gonzaga, Jackson do Pandeiro) e pintores (Cícero ..9
Dias, Vicente do Rego Monteiro, Lula Cardoso Ayres,
Carybé), os habitantes daquele espaço descobrem e
articulam, a partir de influências portuguesas, afri-
canas, holandesas e indígenas, um legado de mitos,
paisagens, memórias e sentimentos que lhes seria
próprio e específico. Através do resgate seletivo do
que individualizaria aquele espaço- permeado, evi-
dentemente, por conflitos de classe, raça, gênero e
crença, e mediado pela presença da cultura moderna
européia-, essa variada produção inventa os códigos
de compreensão simbólica de uma comunidade e,
simultaneamente, a eles se conforma, adquirindo
um inequívoco caráter regionalista e fazendo com
que o Nordeste se perceba e se apresente como nor-
destino. Ainda que fisicamente dispersos e distintos
em quase tudo, os habitantes dos seus mais distantes
recantos constroem um lugar simbólico comum e
passam, gradualmente, a se imaginar como perten-
centes a uma comunidade única.
Um momento exemplar desse processo de
construção identitária é o Livro do Nordeste, organi-
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fato, expressavam visões distintas do que seria edis-
o
E tinguia, então, o Brasil; oferecendo sedutores espe-
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efetivamente brasileira. Havia, ademais, na proposta
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E do Movimento Armorial (a qual abarcava artes vi-
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u
e conhecido armazém local - Comercial São Luís -, ..9
oferecendo ''tudo no mesmo lu gar pelo menor
preço". Apropriando-se de algo que já existia, o
artista se aproxima, nesse e em outros trabalhos, do
conceito de readymade, subvertendo, contudo, a
estratégia original de quem o criou, o francês Mar-
cel Duchamp: em vez de capturar, para o campo da
arte, objetos que lhe sejam indiferentes, Marepe
escolhe um pelo qual nutre afeto e que possui valor
simbólico em sua terra natal. Sem intenção irônica,
o slogan pintado no muro afirma, ademais, o
quanto o local está embebido de toda parte no
mundo contemporâneo.
A obra de Delson Uchôa, pintor alagoano, se
insere em tradições, se não conflitantes, com freqüên-
cia dispersas. É patente, em seus trabalhos, uma nego-
ciação constante entre as cores que o artista enxerga à
volta (iluminadas pelo sol do litoral do Nordeste) e
áquelas pelas quais é atraído em uma história seletiva
da arte. Essa vontade de mistura se expressa, também,
nas referências simbólicas que seus trabalhos car-
regam. Muitas das imagens que cria são devedoras de
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o Torna opaca, por isso, a familiaridade do material
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usado, ativando o interesse pelo rigor da unidade
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E repetida.
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Albuquerque Jr. em sua obra mencionada acima.
Os pressupostos e as criações do Movimento
[p58]
Armorial são apresentados e analisados critica-
mente no estudo de Maria Thereza Didier, Emble-
mas da sagração armorial: Ariano Suassuna e o
Movimento Armorial (1970/1976) (Recife, Editora
Universitária da UFPE, 2000).
Sobre os conceitos de "diferentes modernis-
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mos", (( contra-mo d ern1smos
. " e "P os-
/ M o d ern1smo
. ",
consultar, respectivamente, Peter Nicholls, Mo -
dernisms. A Literary Cuide (Londres, Macmillan,
1995 ); H o mi K. Bhabha, obra já indicada; e Mike
Featherstone, O desmanche da cultura (São Paulo,
Studio Nobel, 1997).
Ver Caranguejos com Cérebro, manifesto do
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movimento Mangue assinado por Chico Science e
Fred Zero Quatro e reproduzido no encarte do pri-
meiro CD de Chico Science & Nação Zumbi, da
lama ao caos (Rio de Janeiro, Sony, 1995).
O conceito de "cosmopolitismo do pobre" é
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apresentado por Silviano Santiago em O cosmopoli-
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