Fichas de Coesão e Coerência

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Escola Secundária/3.

º CEB Poeta Al Berto


Funcionamento da língua
12.º Ano Turmas B/C
A coesão e a coerência
Ficha de Informativa e de Trabalho

A coesão no texto

O termo coesão engloba todo um conjunto de mecanismos lexicais e gramaticais que garantem a
ligação de componentes frásicos e interfrásicos configurados na superfície linear do texto. Nesta
relação gramatical ou lexical entre unidades do texto estão implicadas questões como a da sintaxe,
da construção de referencia, da selecção vocabular, da articulação de segmentos textuais, entre
outros, capazes de distinguir uma sucessão aleatória de elementos de outros que garantem sentido.
Coesão frásica
Construção de unidade entre Ÿ Organização sintáctica da palavras (normalmente, a ordem do Sujeito –
os vários elementos que Predicado (com ou sem Complemento)
constituem a frase simples Ÿ Princípio de flexão – concordância (em género, número, pessoa)
Ÿ Princípio de regência ou de selecção (dos elementos requeridos na
construção de um todo lógico e significativo)
Coesão interfrásica
Articulação de frases em Ÿ processos associados à construção de frases complexas
sequências textuais maiores a) coordenação
(parágrafos, por ex.) bem b) subordinação
como destas últimas entre c) justaposição
d) paralelismo estrutural
si
Ÿ processos de articulação lógica entre segmentos maiores (parágrafos,
sequências textuais mais amplas)

Ÿ articuladores lógicos (aditivos, causais, condicionais, enumerativos, finais,


concessivos, de aposição, de transição, de balanço/conclusão, de
inferência, de reformulação/substituição, de contraste…)
Coesão referencial
Recurso a termos/expressões Ÿ anáforas (retomas) lexicais e pronominais
que se relacionam com a Ÿ construções elípticas (por relação de repetição, expansão, substituição,
situação de enunciação ou, combinação)
então, que retomam o Ÿ catáforas (remissão para discurso avançado) lexicais/pronominais
Ÿ deícticos (marcadores da situação de interacção e produção comunicativa)
discurso anterior/preparam
a) pessoais
para o posterior b) temporais
c) espaciais
Coesão temporal
Sequencialização dos Ÿ processos de relação temporal prévia, simultânea, subsequente entre
enunciados de acordo com enunciados
uma lógica temporal a) palavras/expressões sequencializadoras
b) advérbios/expressões preposicionais com valor temporal
c) correlação entre tempos verbais
Coesão lexical
Relação entre termos/palavras Ÿ processos de relação lexical em torno de
que remetem para o mesmo a) repetição
referente (co-referencialidade) b) substituição
c) sinonímia/antonímia
d) hiperonímia/hiponímia
e) holonímia/meronímia
Adaptado de Português 12.º ano, Célia Fonseca, M.ª José Peixoto, Edições Asa

Aplicação

A. A coesão constrói-se atendendo às condições requeridas por algumas palavras na


linearização dos enunciados.
1. Faz a correspondência entre os segmentos da coluna A com os da B, de acordo com
as características requeridas pelo segmento inicial.

Coluna A Coluna B
1. Camões dedicou a sua epopeia... a)...foi produzida e publicada no século XVI
2. A obra Os Lusíadas... b)... é composto por um total de 10 cantos.
3. Mensagem figura entre as obras literárias c)... a um reino de Amor, no qual a segurança, a
justiça e o saber são condições essenciais
4. As reflexões... d)... ao rei D. Sebastião
5. O texto épico camoniano... e) ...formuladas pelo poeta têm valor pedagógico.
6. Camões imitou... f) ... cujo autor é de renome internacional.
7. O ideal camoniano aspira... g) ... o modelo das epopeias greco-romanas.

2. Explicita o factor de coesão implicado nas opções feitas.

B. Os princípios da flexão-concordância são um factor de coesão nos enunciados.

1. Preenche os espaços com a forma verbal conveniente.


1.1. Camões e Pessoa foram quem ____________(escrever) duas das obras mais
emblemáticas que ______________(fazer) parte da literatura portuguesa.
1.2. Foram Camões e Pessoa que __________(dar) voz aos mitos da pátria
portuguesa.
1.3. O livro que os alunos ________(ter) de ler ________(acabar) de chegar às
livrarias em nova edição, que apresenta nova capa.
1.4. São os poetas quem mais __________(pugnar) pelo ideal de construção de
um mundo novo.

2. Explicita o(s) princípio(s) de concordância que fundamenta(m) as flexões apresenta-


das nas formas verbais conjugadas.

C. Considera o parágrafo apresentado.

Portugal, que foi visto por Camões na sua obra épica como a cabeça da Europa, torna-se, na
Mensagem de Pessoa, no rosto de uma Europa moribunda que "fita", que contempla. O destino
civilizador do ocidente está para além da acção, da vida, da morte. Mas é na epopeia, no canto
do escritor quinhentista, que o Reino Lusitano mais se afirma pelo afecto. Este é o verso que o
evidencia: "Esta é a ditosa Pátria minha amada". Di-lo Vasco da Gama, a personagem escolhida
pelo poeta épico português, ao contar a História de Portugal ao rei de Melinde.
1. Distingue as frases simples das frases complexas.

2. Enumera os processos de coesão referencial detectados nessa unidade textual.

3. Faz o mesmo para os processos de coesão lexical.

A COERÊNCIA NO TEXTO

A coerência esta relacionada com a avaliação e a aceitação dos enunciados (orais ou escritos), tendo
em conta a referencia e o conteúdo informacional, o conhecimento enciclopédico que o falante
detém para interpretar esse conteúdo, o conhecimento das condições da própria situação
comunicativa (seja esta mais ou menos ficcionalizada).

Da combinação destes aspectos, chega-se a um princípio interpretativo, a uma semântica global,


orientadora do entendimento, da descodificação dos textos, construindo-se unidades de sentido em
que as partes ou componentes do todo (texto) se encontram relacionadas(os) entre si, bem como com
a situação comunicativa.

Em síntese, a coerência pode ser entendida a dois níveis complementares:

Coerência lógico-conceptual
Ÿ ordenação 1ógica das situações/sequencias apresentadas (ordem
O conhecimento do cronológica, hierárquica, dedutiva, indutiva ... )
mundo e o respeito por • articulação 1ógica entre as situações/sequências (causalidade; contraste,
princípios 1ógicos orientam temporalidade ... )
a aceitação das situações ou • atribuição de propriedades aos objectos, segundo:
condições (re)criadas na/pela a) o conhecimento da normalidade do mundo;
linguagem b) as condições de ficção, simulação sugeridas/propostas.
Coerência textual
• repetição - desenvolvimento do texto, sem rupturas nem ambiguidades,
pelo recurso a mecanismos de coesão (cf. ficha relativa a coesão) que
auxiliam na progressão temática
- definitivização (ex.: Uma obra > A obra)
- pronominalização (ex.: O poeta > Ele)
- substituição lexical, com base em
Um conjunto de regras a) sinonímia (ex.: Colectânea > compilação)
b) hiperonímia-hiponímia (ex.: Escritor > poeta)
orienta a boa formação c) holonímia - meronímia (ex.: O carro > O volante)
textual, que deve d) perífrases (Camões > poeta épico quinhentista)
apresentar: • progressão - renovação constante, evoluindo da informação conhecida
(tema) para a nova/relevante (rema)
• distribuição e progressão - progressão por tema constante: retoma sucessiva do mesmo tema
da informação; (ex.: "A crise afecta toda a gente. A crise é um mal geral”);
• construção de uma - progressão por tema linear: o rema da primeira frase torna-se o tema da
"memória" de seguinte;
informações; (ex.: "O estudo permite melhores resultados. Estes resultados nem sempre
• ordenação e linearização satisfazem os alunos.")
- progressão por tema derivado: um tema origina desenvolvimento de
de sequencias textuais
subtemas
mais ou menos alargadas (ex.: "A crise afecta muita gente. O desemprego atinge os mais velhos. A
(oração > frase > desmotivação apanha os mais jovens... ")
paragrafo > texto > • não contradição - evolução da informação sem introdução de elemento
capítulos ... ), não sendo semântico que contradiga outro já explicitado/implicitado
estas arbitrárias. (ex.: "Todos sentem frio com os actuais quarenta graus.")
• relação - apresentação de informação nova que mantenha relação directa
e constante ou inferencialmente integrável face a anteriormente considerada
(ex.: Uma senhora de véu. Retirei-o com cuidado. Fez-me chorar. Maldita
cebola!)

Adaptado de Português 12.º ano, Célia Fonseca, M.ª José Peixoto, Edições Asa

APLICAÇÃO

A. A propósito de Mensagem de Pessoa, Jacinto do Prado Coelho escreve o seguinte no seu Dicionário
de Literatura:
"A poesia da Mensagem e uma poesia épica sui generis, melhor diríamos epo-lírica, não só pela forma
fragmentária como pela atitude introspectiva, de contemplação no espelho da alma, e pelo tom menor
adequado."

1. Selecciona, dos tópicos seguintes, os que coerentemente servem a construção de um texto que aborde
o sentido épico da obra pessoana.

 a fragmentação na heteronomia pessoana


 criação poética ortónima marcada pelo tema da infância
 referências históricas em momentos distintos da Mensagem ü
 caracterização geral do género épico
 a participação de Pessoa na revista Orpheu
 compresença do épico e do lírico
 recurso à primeira pessoa (singular/plural) na Mensagem
 relato da Historia de Portugal ao rei de Melinde
 visão subjectiva da História
 a estrutura externa da obra: cantos e oitavas
 simbologia das referencias históricas
 a contemplação sugerida no "rosto" de Portugal

2. Ordena os tópicos seleccionados segundo uma lógica coerente para a construção do texto, explicitando-a.

3. Sugere um/dois subtópico(s) a considerar no desenvolvimento informativo dos tópicos seleccionados.

B. Considera o seguinte parágrafo, enquanto proposta de introdução ao texto anteriormente planificado.

A Mensagem de Pessoa, obra publicada por Pessoa no ano de 1934, apresenta-se como uma obra
composta por 44 poemas. Entre estes poemas contam-se poemas que privilegiam o sentido épico dos
feitos conseguidos; contam-se também os poemas marcados pela natureza lírica do discurso
apresentado nesses poemas. No entanto, é possível concluir que a Mensagem de Pessoa constitui uma
obra de género híbrido.

1. Procede à sua revisão, atendendo:

1.1. a eliminação de eventuais contradições na construção do parágrafo;


1.2. a substituição de repetições desnecessárias.
C. Lê o seguinte resumo de uma comparação de Os Lusíadas com Mensagem

A leitura do poema "O Mostrengo" da Mensagem permite associações com o mesmo poema de Os
Lusíadas. A proximidade dos textos é tão evidente que se torna desnecessário apontá-la: cenário
marítimo, personagens comparáveis, a simbologia do obstáculo. As diferenças, contudo, não são
menos claras: à figura do mar camoniana contrapõe-se a do ar, pessoana; a figura de Vasco da Gama é
substituída pelo "homem do leme"; o cabo das tormentas quinhentista da lugar a um espaço menos
geográfico, "o fim do mar", um "mar sem fundo", do século XX. Assim podemos comparar os textos
que analisámos.
1. Explicita em que medida a regra de não contradição foi aqui desrespeitada.
Prof.ª Célia Alves

PROPOSTA DE CORRECÇÃO – Coesão no texto 1.º


Exercício

Exercício A
1. 1. d); 2. a); 3. f); 4. e); 5. b); 6. g); 7.c);
2. 1: a construção sintáctica de um predicado com verbo transitivo directo e indirecto ("dedicar"
algo a alguém - com complemento directo e indirecto); 2: a construção sintáctica com um sujeito a
concordar, quanto ao numero e ao género (singular feminino) com o particípio passado da voz passiva;
3: a construção sintáctica do predicado, a requerer um complemento preposicional/obliquo expandido
por subordinada relativa restritiva (que especifica "as obras literárias"); 4: a construção sintáctica de
um sujeito expandido por oração não finita participial, que concorda quanto ao género e numero ("As
reflexões + formuladas pelo poeta"); 5: construção sintáctica de sujeito a concordar quanto ao número
e ao género (masculino singular) com o particípio passado na voz passiva; 6: construção sintáctica do
predicado numa realização transitiva directa, requerendo complemento directo; 7: construção
sintáctica do predicado a requerer complemento preposicional/oblíquo (seleccionando a preposição
"a").
Exercício B
1.
1.1. Camões e Pessoa foram quem escreveu duas das obras mais emblemáticas que fazem parte da
literatura portuguesa.
1.2. Foram Camões e Pessoa que deram voz aos mitos da pátria portuguesa.
1.3. O livro que os alunos tinham/ tem/ terão de ler acaba de chegar as livrarias em nova edição, que
apresenta nova capa.
1.4. São os poetas quem mais pugna pelo ideal de construção de um mundo novo.

2.
• O sujeito identificado com pronome relativo "quem" é seguido, de regra, por um predicado cuja
forma verbal se encontra na terceira pessoa do singular (1.1., 1.4.);
• O sujeito identificado com o pronome relativo "que" é seguido por um predicado cuja forma verbal
se conjuga, em numero e pessoa, com o antecedente retomado pelo pronome (1.1., 1.2., 1.3.);
• O sujeito concorda, em número e pessoa, com o predicado (1.3., primeira forma verbal com o sujeito
da subordinada: "os alunos"; segunda forma verbal com o sujeito da frase superior "O livro que os
alunos tem de ler".

Exercício C
Portugal, que (1) foi visto por Camões na sua (1) obra épica como a cabeça da Europa, toma-se, na Mensagem
de Pessoa, no rosto de uma Europa moribunda que (1) "fita", (3) que (1) contempla. O destino civilizador do
ocidente está para além da acção, (3) da vida, (3) da morte. Mas é na epopeia, no canto do escritor quinhentista
(1) que o Reino Lusitano mais se (1) afirma pelo afecto. Este (2) é o verso que o (1) evidencia: "Esta é a ditosa
Pátria minha (4) amada". Di-lo (1) Vasco da Gama, a personagem (1) escolhida pelo poeta épico português (1),
ao contar a Hist6ria de Portugal ao rei de Melinde.

1. Frase simples: segundo período e o verso citado entre aspas; frases complexas: as restantes.
2. Coesão referencial: anáforas (1); catáforas (2); construções elípticas (3); deícticos pessoais (4)
3. Coesão lexical: repetição (Europa); substituição (Portugal > cabeça da Europa > rosto de uma
Europa moribunda > Reino Lusitano > Pátria) / (Camões > escultor quinhentista > poeta épico
português) / (Vasco da Gama > a personagem escolhida); sinonímia (obra épica/epopeia/canto);
antonímia (vida/morte); hiperonímia (escritor) /hiponímia (poeta); holonímia (epopeia) /meronímia
(verso).

PROPOSTA DE CORRECÇÃO – Coerência no texto 2.º


Exercício
1. Seleccionar os tópicos

• referências históricas em momentos distintos da Mensagem


• caracterização geral do género épico
• compresença do épico e lírico
• recurso a primeira pessoa (singular/plural) na Mensagem
• visão subjectiva da História
• simbologia das referências históricas
• a contemplação sugerida no "rosto" de Portugal

2. Ordenação 1ógica: do tema relevado na citação a sua justificada demonstração na obra


pessoana, pela enumeração dos argumentos segundo a sequência geral > específico

• caracterização geral do género épico


• distinção entre épico e lírico
• recurso à primeira pessoa (singular/plural)
• visão subjectiva da História
• referências históricas em momentos distintos da Mensagem
• simbologia das referências históricas
• a contemplação sugerida no "rosto" de Portugal

3. Caracterização geral do género épico

è a narrativa em verso de uma acção heróica, com introdução do maravilhoso e das reflexões do
poeta
- o exemplo de Os Lusíadas

è compresença do épico e do lírico


- exaltação de heróis e dos grandes feitos/predomínio da subjectividade e emoção do sujeito
poético

è recurso à primeira pessoa (singular/plural) na Mensagem


- o "eu" associado a figuras a destacar pelo seu simbolismo (D. Duarte, D. Sebastião, o poema
terceiro de "Os Avisos")
- o "nós" associado ao sentido colectivo dos portugueses (poemas "Horizonte". "Mar
Português")

è visão subjectiva da História


- os fundadores do império ("Brasão") e a posse dos mares ("Mar Português") como
predestinados a um futuro por construir

è referências históricas em momentos distintos da Mensagem


- relevo a figura de D. Sebastião (no "Brasão", uma das Quinas; em "O Encoberto", nos
símbolos)
èsimbologia das referências históricas
- mito sebastianista associado ao mito do Quinto Império

è a contemplação sugerida no "rosto" de Portugal


- um império intelectual, espiritual, encabeçado por Portugal.

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