Apresentacao
Apresentacao
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2.Etnomatemática .............................................................................................................................................................................................. 2
2.1.Conceito....................................................................................................................................................................................................... 2
3.Figuras ............................................................................................................................................................................................................ 4
3.Conclusão ....................................................................................................................................................................................................... 9
2.Etnomatemática: Conceito, objectivos e Objecto de estudo; Contexto histórico do surgimento da Etnomatemática; Principais
denominações da Etnomatemática; e Conexão entre Etnomatemática e educação matemática.
2.1.Conceito
Segundo D’Ambrósio (1990) citado por MUALACUA (s/d), a etnomatemática é um programa que visa explicar os processos de geração,
organização e transmissão de conhecimento em diversos sistemas culturais.
O mesmo autor, citado por MUALACUA (s/d), explicitou de uma forma etimológica as razões da sua escolha, dividindo o termo em três
partes, isto é, o prefixo “etno” que significa ambiente natural e cultural, o nome “matema” significa conhecer, explicar, entender, lidar com
o ambiente; por último: “tica” significa artes e técnicas.
Ainda nas tentativas de conceitualização da Etnomatemática, o casal Marcia e Robert Ascher (1986) citado por ESQUINCALHA (s/d:7)
define Etnomatemática como o estudo de idéias matemáticas de povos não letrados.
BORBA (1988) apud ESQUINCALHA (s/d:7) define Etnomatemática como a matemática praticada por grupos culturais, como sociedades
tribais, grupos de trabalho ou grupos de moradores.
Para Lakatos citado por autor, fazendo um estudo etimológico da palavra Etnomatemática, dá uma aproximação do seu pensar sobre seu
programa: “ é a arte ou técnica (techné = tica) de explicar, de entender, de se desempenhar na realidade (matema), dentro de um contexto
cultural próprio (etno).”
Na base dos autores acima citados, percebemos que a etnomatemática são os conhecimentos empíricos construídos pela sociedade não
escolarizada. Ou seja, a relação estabelecida por diferentes culturas ao modo de conceber a matemática como ferramenta indissociável na
solução de problemas do cotidiano, estando estes relacionados ao contexto sociocultural em que se insere cada povo.
2.2.Objectivos da etnomatemática
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Segundo D’Ambrosio (1993:11) citado por MUALACUA (s/d:37), a etnomatemática tem como objectivos:
Criar possibilidades para a interlocução de uma sobre a outra, numa articulação que favoreça a melhor compreensão e
decodificação dos jargões matemáticos pelo sujeito;
Buscar, através da contextualização dos conhecimentos empíricos, dar significado a matemática padrão, relacionando o que eu sei
com o que eu preciso saber;
Organizar projetos que digam respeito ao interesse da criança, aproveitando seu próprio ambiente para observar, refletir sobre as
coisas, questionar;
Utilizar a calculadora, como um meio de desenvolver a estimativa;
Estimular o cálculo mental, que funciona como ferramenta para o aluno perceber se o resultado obtido faz sentido ou não;
Trabalhar a Geometria como orientação espacial, lidando com os lugares onde a criança se movimenta (seu quarto, sua casa, sua
escola, sua cidade);
Enfocar a história da Matemática, de modo a mostrar que essa ciência evolui e nasce de sistemas culturais;
Garantir ao aluno, uma verdadeira compreensão dos conteúdos trabalhados, através da análise, reflexão, visando sua aplicação no
cotidiano.
Nas concepções de FRANKENSTEIN & POWELL (2002) citado por BANDEIRA (2016:66), um dos objetivos da Etnomatemática, no
campo educacional, é capacitar os alunos a descobrir que eles já pensam matematicamente e, portanto, podem aprender a Matemática
escolar. Nós defendemos a conexão de suas compreensões matemáticas com uma história da matemática desconstruída e com a matemática
acadêmica que eles estão estudando.
3.Figuras Monolineares: Aproveitamento Matemático e/ou Educacional): Galo em fuga; Estômago de leão; e Traçado de esteiras
rectangulares
3.0. Conceito de Figuras Monolineares
Figuras Monolineraes são desenhos lusonas, cujas suas linhas se podem desenhar sem levantar o dedo (1 linear). (MUALACUA, s/d:48).
Fig1: Exemplo concreto de um lusona.
Veja que o seguinte lusona, por exemplo, desenha-se levantando o dedo uma vez, isto é composto por duas linhas (2-linear), os chamados
polineares.
Fig2: Figura Polinear
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Estes dois primeiros paus são então combinados com dois outros paus, também de igual comprimento, mas normalmente menores que os
primeiros:
Por último, ajusta-se a figura até que as diagonais – medidas com uma corda – fiquem com igual comprimento. Onde ficam os paus
estendidos no chão são então desenhadas linhas e a construção da casa pode começar.
Será possível formular o conhecimento geométrico implícito nesta e noutras técnicas de construção em termos de um axioma? Que axioma
do rectãngulo?
Isto é, se AD = BC, AB = DC e AC = BD, então ∠A, ∠B, ∠C, e ∠D são ângulos retos. Por outras palavras, um paralelogramo com diagonais
iguais é um retângulo.
Deste modo, cresce ou amadurece uma consciência de que ideias matemáticas não são alheias às culturas africanas. (MUALACUA, s/d:56)
𝑛(𝑛+1)
1 + 2 + 3 + 4 + ⋯ + (𝑛 − 1) + 𝑛 = , 𝑛 ∈ 𝑁.
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Na primeira diagonal tem um ponto. Na segunda dois e na terceira três; em seguida a diagonal apresenta três, dois e um ponto
respectivamente. Vamos calcular:
1+2+3+3+2+1= 3×4
2(1 + 2 + 3) = 3 × 4
3×4
1+2+3=
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Pode-se concluir através de uma indução matemática que soma dos primeiros n termos de números naturais é igual a 1 + 2 + 3 + 4 + ⋯ +
𝑛(𝑛+1)
(𝑛 − 1) + 𝑛 = , 𝑛 ∈ 𝑁.
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2.3.Galinha-do-mato em fuga
Os sona podem ser classificados de acordo com o tipo de algoritmo geométrico usado para os desenhar, por exemplo, as marcas deixadas no
chão por uma galinha perseguida, como ilustra a figura abaixo:
De acordo com este algoritmo, a galinha-do-mato é considerada fugitiva quando todos os pontos da rede tiver a fronteiras de uma única linha
fechada, caso contrário a galinha é dita não fugitiva. (MALUCUA;2006;51)
De uma forma geral, a galinha-do-mato diz-se fugitiva da rede (t,k) se satisfaz as seguintes condições:
1.𝒕 𝐞 𝒌 ∈ ℕ
2. 𝒕 ∈ {𝒏ú𝒎𝒆𝒓𝒐𝒔 𝒊𝒎𝒑𝒂𝒓𝒆𝒔}
3. 𝒌 ∈ {𝒏ú𝒎𝒆𝒓𝒐𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒆𝒔}
4. t 3 k >t
5. m.d .c(t , k ) 1
6. t e k são números consecutivos
Observe que a rede (9,10) acima satisfaz as condições mencionadas, daí que a galinha pode ser considerada fugitiva na rede. Verifique se nas
seguintes redes a galinha-do-mato foge.
Rede (3,4)
Rede (7,8)
Ora, nas redes (3,4) e (7, 8) os valores de t e k são consecutivos e observam as condições impostas no algoritmo da galinha fugitiva. Então,
pode-se dizer que a galinha-do-mato foge em ambos os casos.
GERDES (2014:99) propõe um algoritmo para a construção de linhas do tipo galo em fuga:
Passo1: Uma linha do tipo “galo-em-fuga” arranca ligeiramente acima de um dos pontos, numerados de par (segundo, quarto, sexto, etc.), da
primeira fila. O referido número par tem de ser diferente de 2𝑛. Vira se, para a direita, em torno desse ponto e, em seguida, desce-se
verticalmente em ziguezague, como mostra a Figura.
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Passo 3: Quando a linha chega à primeira fila, vira para a direita à volta do ponto mais próximo. Se este ponto é o mesmo que aquele acima
do qual a linha arrancou, então para-se; um caminho do tipo “galo-em fuga”foi completado. Se o ponto não é nem o mesmo que o ponto de
arranque nem o último ponto da fila, repete-se o passo 1. Se é o último ponto da fila, então avança-se com o Passo 7.
Passo 4: Quando a linha chega à última coluna, vira, para cima, à volta do ponto mais próximo e avança em seguida, horizontalmente, da
direita para a esquerda, em ziguezague.
Passo 5: Quando a linha chega à primeira coluna, vira, se possível, para cima, à volta do ponto mais próximo, e, em seguida, sobe para a
direita fazendo um ângulo de 45° com as filas e colunas.
Passo6: Se não é possível virar para cima, a linha vira para a esquerda e para baixo à volta do ponto mais próximo, isto é, do primeiro ponto
da primeira coluna, e, em seguida, desce em ziguezague para o último ponto da primeira coluna, vira em torno deste ponto e sobe para a
direita, fazendo um ângulo de 45° com as filas e colunas.
Passo 7:Quando a linha chega ao último ponto da primeira fila, vira à volta dele e desce ao longo da última coluna em ziguezague; vira à
volta do último ponto desta coluna e continua horizontalmente para a esquerda em ziguezague.
Teorema:
Para abraçar todos os pontos duma rede de referência de dimensões 𝟐𝒎 + 𝟏 × 𝟐𝒎 precisa-se de 𝒎 + 𝟏 linhas do tipo “galo em-
fuga”, ou seja, 𝒇 (𝟐𝒎 + 𝟏, 𝟐𝒎) = 𝒎 + 𝒍.
2.4.Estômago do Leão
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Segundo MUALACUA (s/d:52), Trata-se de um tipo de lusona com um padrão diferente dos desenhos até já descritos, apesar de ter o
formato rectangular. GERDES (2014) Chamou de desenhos da terceira classe (ou desenho de Estômago de Leão).
Segundo o investigador FAVILLI at al. (2001), citado MUALACUA (s/d:52) por propôs uma regra generalizada para construção da esteira
rectangular relativo ao Estômago de Leão:
Consideremos uma matriz de pontos equidistantes (m,n). Introduzimo-la numa caixa planar rectangular com os pares ordenados (0,0), (2m,0),
(0,2n), (2m,2n) e traçamos segmentos paralelos, tanto verticais, assim como horizontais, passando pelos pontos da matriz. O raio da linha de
emissão tem um ângulo de 45º em relações as rectas. A linha não passa pelos pontos e é reflectida nas extremidades da caixa rectangular.
Exemplo:
Resposta: Temos aquí uma rede trançada composta por 3 linhas e 4 colunas. Vamos coloca-la numa caixa, obtendo:
O passo a seguir é remover o traço, obtendo apenas um conjunto de pontos isolados como ilustra a figura:
E agora emitimos feixe de luz passando por todos os lados em ângulos de 45º , seguindo um caminho que define a forma como uma versão
retangular da rede trançada (figura 5).
Teorema: dada uma caixa retangular com 𝒎 filas e 𝒏 colunas de pontos, o número de linhas (ou traços) necessários para fechar o
design da esteira será o maior divisor comum de 𝒎 e 𝒏 denotado 𝒎𝒅𝒄 (𝒎, 𝒏).
Entretanto, existem malhas que não é possível envolver todos os pontos dentro do único traço a que chamamos de casos particulares.
Exemplo:
Quantos traços fechados serão necessários quando houver uma malha trançada com 3 linhas e 5 colunas? E se for uma malha de 3 𝑥 6?
Resposta:
Ora vejamos as figuras das malhas mencionadas no Exemplo:
A malha 3𝑥5 exigirá apenas um traço, uma vez que 1 é o único número que divide o número 3 e 5. No entanto, a malha 3𝑥6 terá 3 traços,
uma vez que 3 é o maior divisor comum de 3 e 6.
𝑁 (3,5) = 1 𝑒 𝑁(3,6) = 3.
Tabela de número de traços de acordo com as linhas e colunas:
Filas 2 2 2 2 2 3 3 …
Colunas 2 3 4 5 6 3 4 …
Traços 2 1 2 1 2 3 1 …
3.Conclusão
Depois da realização deste trabalho concluímos que a etnomatemática busca assimilar no ensino da matemática todos os espaços
socioculturais ao qual o sujeito está inserido, valorizando sua historicidade e construindo a partir dessa compreensão, significado em torno do
processo de ensino-aprendizagem, desmistificando o mito da matemática difícil e compreendendo o sujeito em sua singularidade. E foi
constando que é de extrema importância sugerir aos futuros professores, ao descobrir o potencial tanto didáctico como matemático de uma
tradição como a dos sona, pertencente à herança cultural de África, ganham em confiança não só nas suas capacidades individuais e
colectivas de inventar e de compreender Matemática, como também nas potencialidades da cultura africana em geral. Por outras palavras,
estimula-se, desta maneira, a consciência cultural no seio dos (futuros) professores de Matemática, satisfazendo assim uma das condições
necessárias para a educação matemática se tornar orientada-pela-cultura.