164 Ingenium PDF
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º 164 • 3€
Julho/Agosto/Setembro 2018
Diretor
Carlos Mineiro Aires
Diretor-adjunto
Carlos Alberto Loureiro
ENGENHARIA
NAVAL E OCEÂNICA
52 Colégios 90 Opinião
A energia elétrica no Horizonte 2020-2030
82 Comunicação
Engenharia CIVIL 93 Ação Disciplinar
A gestão patrimonial das infraestruturas rodoviárias
94 Legislação
da Argélia
95 Crónica
86 Análise Quatro cores não chegam!
A reengenharia aeroportuária à medida de Lisboa – Hub
Alverca longo curso e Portela médio curso 98 Em Memória
DIA
NACIONAL
DO ENGENHEIRO
2018
SAVE THE DATE
24 E 25 DE NOVEMBRO
PORTO
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES EM
WWW.DNE2018.ORDEMENGENHEIROS.PT
Carlos Mineiro Aires
Diretor
EDITORIAL
Uma boa parcela do mercado de trabalho, desempenho do Membro através de uma sional. Esta situação vai ser revista? Há a
na área da Engenharia, não exige inscrição solução que permita equidade e credibili- intenção de criar novas Especialidades/
na OE para efeitos de exercício profissional. dade interna e externa. Colégios?
O que pode/deve a OE fazer em relação a Esse problema está identificado há muito.
esta situação? Que reações espera obter e quais os obje- Face ao que estava por fazer, sabíamos que
De facto, a maioria dos alunos que conclui tivos dessa ferramenta? não conseguiríamos resolver tudo num
cursos superiores de Engenharia não se Estou certo que vai ter uma grande acei- mandato. Como tal, estabelecemos priori-
sente obrigada a inscrever na OE. A minha tação. Com este terceiro patamar conse- dades. Este assunto, quer por obrigar a um
leitura sobre isso tem a ver com o facto de guido, a OE fica em condições de partir para ajustamento do Estatuto, recém-promul-
a maioria dos Atos de Engenharia não serem o seu último patamar na dimensão dos as- gado, quer por obrigar a uma reflexão in-
legalmente regulados, a exemplo de outras suntos profissionais, que é o da criação do terna profunda, ficou desde logo assumido,
profissões. Não faz sentido um profissional Curriculum Vitae Certificado. Não é mais quando tomámos posse para este mandato,
exercer Medicina sem ser Médico ou um que o chancelar do Curriculum Vitae do que só se debateria num segundo mandato,
profissional exercer Advocacia sem ser Ad- Engenheiro, que o próprio, através da pla- se tal se verificar. É um dos assuntos cen-
vogado, mas ainda há quem entenda que é taforma acessível no Sistema de Valorização trais a entrar na ordem do dia a partir de
possível exercerem-se Atos de Engenharia do Engenheiro, vai consubstanciando com 2019. Será um debate apaixonante e tenso.
sem se ser Engenheiro. as suas atividades profissionais. O epílogo Mexerá com muitas questões. Certamente
A OE tem vindo a tentar corrigir este forte deste processo é o de convencer o “mer- que terão de ser criadas novas Especiali-
desajuste. Tem-no feito a dois níveis: pri- cado” – público e privado – que quando dades. O conhecimento tem aumentado
meiro, externamente, nas instâncias próprias exige um Curriculum Vitae para um con- exponencialmente e a Engenharia é o pilar
do Estado. Com a publicação do novo Es- curso, proposta ou execução, o exija chan- desse conhecimento. Por tal, também é
tatuto da OE, Lei n.º 123/2015, de 2 de se- celado pela OE. Ao estar desenvolvido e ao evolutiva. A OE tem que ter mecanismos de
tembro, ficou claro que só podem ser exer- ser imutável no momento, assegura a sua flexibilidade que permitam o acompanha-
cidos Atos de Engenharia por engenheiros. credibilidade e obedece ao preceito de exer- mento deste ritmo de aparecimento de
Já era claro no anterior Estatuto que só é cício profissional do Engenheiro defendido novas áreas de Engenharia. Já tem uma es-
Engenheiro quem está reconhecido como pela OE, que é o da confiança pública. Com tratégia para lançar esse debate e quer ver
tal pela OE. O reconhecimento do título estas dinâmicas, em muitos casos, a ins- este assunto ajustado até final de 2021. Pro-
profissional é uma delegação de compe- crição na OE passar-se-á a fazer por defeito vavelmente haverá o desdobramento de
tências do Estado Português às Ordens Pro- e vontade própria, sendo a não inscrição Colégios e Especialidades, mas para já não
fissionais. Ficou também definido no novo residual ou apenas para quem não pretende estamos em condições de aprofundar de-
Estatuto que os profissionais da Função Pú- exercer Engenharia. talhes, pois é um assunto que terá muitos
blica que exercem Atos de Engenharia têm intervenientes.
obrigatoriamente que estar inscritos na OE. Apesar de alguns casos isolados, o próprio
É de referir, e há ainda quem não entenda Estado, na maioria das situações, não cumpre Como enquadrar profissionais altamente
isto, que habilitação académica é diferente com o que acaba de referir. O que tem feito valorizados pelo mercado, no seio da OE,
de qualificação profissional. A primeira cabe a OE para acabar com esta situação? nomeadamente, e a título de exemplo, nas
às Escolas e a segunda às Ordens Profissio- A Lei n.º 123/2015, de 2 de setembro, o Es- áreas da Engenharia Biomédica, Aeroespa-
nais, sempre sob a alçada do Estado. tatuto, é relativamente recente. Até lá não cial, Alimentar e Gestão Industrial, entre
Em segundo lugar, internamente, tornando havia essa imposição. A OE tem vindo a outras?
a OE mais apelativa do ponto de vista pro- sensibilizar as instituições e empresas pú- São potenciais possíveis novas Especiali-
fissional. Independentemente do reconhe- blicas cujos profissionais pratiquem Atos de dades de Engenharia e cuja resolução se
cimento do exercício profissional de atos Engenharia para que estes se inscrevam na enquadra no processo de ajustamento ma-
legalmente regulados, entendemos que o Ordem, pois passou a ser obrigatório o re- tricial técnico que a OE quer levar a efeito.
profissional Engenheiro deve ser reconhe- conhecimento desses engenheiros que antes Trata-se de um dos objetivos primordiais da
cido e valorizado por qualquer ato que se entendiam diretamente reconhecidos OE já a partir de 2019.
exerça. Assim sendo, depois da definição pelo Estado. De uma maneira geral, esta
dos Atos de Engenharia e depois da defi- abordagem da OE tem tido sucesso, em- As competências podem/devem ser espe-
nição da Hierarquização de Competências, bora haja sempre algumas resistências. É cificadas tendo em conta os níveis de for-
queremos consolidar até 2021 um Sistema uma questão de tempo até que tudo vá fi- mação E1, E2, etc.? Qual a lógica que deve
de Valorização do Engenheiro, que está em cando resolvido como deve estar. reger e guiar esta definição?
aplicação de experiência-piloto e que visa Não tenho dúvidas que à partida, ou à en-
registar toda a atividade do Engenheiro ao Os Atos de Engenharia estão definidos por trada, conforme se lhe queira chamar, as
longo da vida, seja ela de experiência, exer- Especialidade, mas temos hoje muitos pro- competências de um Engenheiro E1 e de
cício específico, formação, gestão, envol- fissionais de Engenharia, no ativo e recém- um Engenheiro E2 devem ser diferentes. São
vimento social ou com a OE e ainda con- -licenciados, que não se enquadram nos percursos académicos diferentes que, com
templando os preceitos éticos e disciplinares. Colégios que a OE oferece e que por isso diferentes habilitações, geram qualificações
A ideia é criar um sistema de creditação do não se inscrevem nesta Associação Profis- profissionais diferentes. Aquilo que a OE está
a ultimar relativamente à Hierarquização de Estando o SIGOE – Sistema Integrado de tende que a presença dos engenheiros por-
Competências determinará essa diferen- Gestão de Membros da OE a entrar em ve- tugueses é importante. Desde logo privile-
ciação. A lógica que a Ordem adotou para locidade de cruzeiro, para quando pode- giamos os países que falam o nosso idioma,
a diferenciação de competências tem a ver remos contar com a implementação, de o Português. Depois, por ser um mercado
com a complexidade, dimensão ou tipo do facto, dessa ferramenta? natural, os principais países que falam Cas-
Ato de Engenharia. Salvo exceções de tipos A ferramenta VALORE, do ponto de vista in- telhano. Para além disso, trabalhamos também
de trabalho ou atos que possam ser per si formático, está pronta e em aplicação como acordos que permitam proximidade institu-
complexos, o Engenheiro E1, quando possa experiência-piloto. O VALORE acopla no SIGOE cional ou mais-valias para o Engenheiro por-
à partida praticar Atos de Engenharia, estes e foi pensado como aplicação complementar. tuguês. Tudo isto, sempre num contexto de
serão de complexidade menor que aqueles Os Membros que fazem parte dos órgãos es- parceria e reciprocidade.
que já poderão, nas mesmas circunstâncias, colhidos para a experiência-piloto poderão
ser reconhecidos ao Engenheiro E2. Isso não interagir com a plataforma de imediato. É de Internacionalmente, no mundo global que
invalida que ao longo do percurso profis- adesão facultativa. O início da aplicação efe- hoje vivemos, qual o papel que está reser-
sional de cada um, E1 ou E2, a aceleração tiva do VALORE está previsto para o início de vado ao Associativismo, nomeadamente o
de reconhecimento de competências ad- 2020 e a generalização da sua aplicação está de cariz profissional? Qual o posiciona-
quiridas não possa ser mais acentuada num prevista para o início de 2022. mento da OE relativamente a esta questão?
ou noutro. A OE, no contexto europeu e até no contexto
Uma das prioridades do presente mandato mundial, é um caso à parte e quase exclusivo
De que forma esta problemática se cruza tem sido a aposta no estreitamento de re- de associativismo profissional. É uma asso-
com a valorização profissional do Membro? lações, já formalizadas, com Associações ciação gremial, mas está organizada congre-
Ao serem estabelecidos os Atos de Enge- Profissionais congéneres, mas também na gando todas as áreas de Engenharia. É a en-
nharia e respetiva graduação dos mesmos, aproximação e constituição de novos acordos tidade nacional competente para a outorga
e em função da prática de Engenharia com e protocolos de reciprocidade. Porquê? do título profissional de Engenheiro, assim
registos e evidências, fica garantida a evo- A Engenharia não tem fronteiras. Este é o como é a autoridade para o reconhecimento
lução e consubstanciação curricular do En- lema da OE. Além disso, o Engenheiro é um do exercício profissional de Engenheiro. O
genheiro. Assim, pode o Membro ir passando recurso estratégico determinante. Por ciclos seu Estatuto é Lei. Não há paralelismo inter-
os vários graus profissionais ao longo da sua económicos, torna-se necessária a mobili- nacional que congregue estas quatro valên-
vida de Engenheiro. Com isso também po- dade de engenheiros. Em alguns períodos é cias que a OE detém. No máximo conhecem-
derá ver o reconhecimento para o exercício importante o “escoamento” de engenheiros -se exemplos que congreguem até três destas
de Atos de Engenharia aumentado, como portugueses para outros países, se possível valências. Esta situação é invejável pois dá à
é, por exemplo, a passagem a Engenheiro num contexto de internacionalização que OE uma intervenção e dimensão extrema-
Sénior. Na maior parte dos casos, o Enge- beneficie as empresas portuguesas. Noutros mente interessantes no contexto interna-
nheiro E1 e o Engenheiro E2 farão percursos períodos, é importante a “recetividade” a en- cional. É essa uma das principais razões para
profissionais diferenciados, mas sempre com genheiros de outros países, como aparen- que, atualmente, a Engenharia portuguesa
as mesmas condições e possibilidades de temente será o ciclo que se avizinha se se presida ao World Council of Civil Engineers,
evolução. confirmar que, em quantidade, a Engenharia Conselho das Associações Profissionais de
O Sistema de Valorização do Engenheiro ao portuguesa poderá vir a não ser suficiente Engenheiros Civis dos Países de Língua Por-
longo da sua vida profissional, apelidado de para os desafios que Portugal terá a curto tuguesa e Castelhana, Federação Europeia
VALORE, está em fase terminal de desen- prazo. Realço que o Engenheiro português de Associações Nacionais de Engenheiros,
volvimento e contempla a valorização cri- é muito completo. Temos um excelente en- ou vice-presida à Federação de Associações
teriosa da experiência, do exercício profis- sino de Engenharia, o que, associado à ca- de Engenheiros de Língua Portuguesa. Também
sional detalhado através de emanação de pacidade inata de resolver problemas, de a OE tem vindo a ter um protagonismo cres-
declarações, a passagem de grau, a formação iniciativa e de proatividade, liderança e ap- cente na Federação Mundial de Organizações
contínua ao longo da vida, a intervenção tidão para falar outros idiomas, faz com que de Engenheiros. Claramente que este posi-
social do Engenheiro, a sua interação com o Engenheiro português se mova com faci- cionamento internacional da Ordem tem
a OE, bem assim como a sua dimensão pro- lidade internacionalmente. beneficiado direta ou indiretamente os en-
fissional no ensino ou liderança de outros Tendo estas premissas e oportunidades pre- genheiros portugueses, nas negociações e
engenheiros, sem deixar de contemplar os sentes, a OE, como Associação Profissional, representações que se têm conseguido de
preceitos éticos e disciplinares. Naturalmente não poderia deixar de estar empenhada em uma forma global ou específica.
que o ponto de partida de entrada na OE potenciar essa mobilidade e o reconheci-
será importante na diferenciação e poste- mento internacional do Engenheiro portu- A internacionalização da Engenharia lusó-
riormente na evolução da valorização do guês. Tem-no feito através da integração de fona, não apenas portuguesa, é já uma rea-
percurso profissional. Para os que já estão federações internacionais de engenheiros, lidade? Cabe à OE encabeçar este movi-
na OE, a entrada no sistema VALORE será mas também de forma bilateral, fomentando mento?
facultativa e terá um enquadramento ade- a consumação de acordos de reconheci- A OE, juntamente com as associações pro-
quado ao percurso e antiguidade do Membro mento bilateral de engenheiros, com asso- fissionais congéneres do Brasil, Macau, An-
enquanto Engenheiro. ciações congéneres de países onde se en- gola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé
Manutenção e observação
de infraestruturas e instalações
Uma exigência nacional
dura, por vezes a faca entra no músculo e pois foi um pouco de Portugal que também
até no próprio osso, como, por exemplo, foi consumido pelas chamas.
está à vista em resultado de supostas pou- No essencial, estas facilidades de acesso à
panças nos contratos de manutenção da informação deixaram de ser exigências ab-
rodovia. surdas e de respostas morosas para pas-
Carlos Mineiro Aires Embora cientes das limitações e dos cons- sarem a ser direitos dos cidadãos, a quem
Bastonário da Ordem dos Engenheiros trangimentos financeiros de um país pobre deve ser garantido fácil e imediato acesso
como o nosso, os contribuintes e quem nos às mesmas.
visita têm de ter a certeza de que a obser- Todavia, se por um lado temos excelentes
vação, manutenção e conservação das in- exemplos nestes domínios, outros existem
fraestruturas ou dos produtos que estas ori- em que a opacidade ou a falta de informação
ginam são realizadas nas melhores condi- não constituem boas práticas, sobretudo
D
urante as últimas décadas, mediante ções e que podem estar tranquilos no que porque não estamos perante segredos de
o acesso que teve a fundos comu- toca à sua utilização, nas mais diferentes Estado.
nitários, Portugal construiu um inu- formas e objetivos a que se destinam. Na verdade, quando a informação não é
sitado número de infraestruturas, edifícios A postura dos estados modernos e as pla- facultada ao público, mesmo que incipiente
e instalações destinados aos mais diversos taformas tecnológicas vieram permitir e fa- e tratada de uma forma acessível que qual-
usos, entre as quais as rodoviárias serão cilitar o acesso à informação, um direito quer cidadão possa interpretar, passa a ser
talvez a face mais visível, tendo, por isso, constitucional dos cidadãos e uma obrigação legítimo que se duvide da sua existência, o
saído do estado de atraso estrutural e edu- do próprio Estado, pelo que, através da in- que ninguém pode levar a mal.
cacional que já aceitávamos como crónico. ternet, a sua consulta costuma ser disponi- É, assim, por esta razão que assistimos a
Hoje somos um País dotado de excelentes bilizada nos sites das instituições, das enti- frequentes alaridos mediáticos sempre que
infraestruturas em praticamente todos os dades empresariais públicas e privadas, mu- alguma suspeita é levantada, porque, na dú-
domínios, desde as básicas às tecnológicas, nicípios, etc., o que permite facilmente vida, a desconfiança instala-se.
temos indicadores que rivalizam com os aceder ao que procuramos. Acresce que deixar de manter, conservar e
países mais desenvolvidos e uma nova ge- Assim, à semelhança da informação meteo- renovar os ativos que ainda estamos a pagar,
ração que, graças à qualidade do nosso en- rológica que cautelarmente buscamos antes admitindo que os mesmos se deteriorem e
sino, é altamente competente e, por isso, de sair de casa ou de irmos para qualquer assegurem em más condições, ou deixem
cobiçada. destino longínquo, também temos o direito mesmo de exercer, as suas funções, também
Também não será novidade que tivemos de de ter acesso à qualidade da água da praia, são atitudes inaceitáveis.
endividar-nos para a construção de toda do rio ou da barragem onde nos iremos ba- Sendo a Engenharia uma profissão de con-
esta nova solução infraestrutural, pois os nhar, da água que iremos beber em diversos fiança pública, não se nos oferecem dúvidas
fundos comunitários sempre exigiram o concelhos ao longo da viagem, à qualidade sobre o papel dos engenheiros no estabe-
complemento nacional que, segundo me do ar em hospitais e recintos coletivos, e ao lecimento, implementação e acompanha-
recordo, implicou um esforço financeiro estado de conservação e segurança dos mento de planos de observação, manu-
que começou em 5%, mas que, no final, meios e infraestruturas que utilizaremos nas tenção, conservação e renovação de in-
chegou a 90% do investimento, ou até mais. deslocações. fraestruturas e de todas as demais instala-
Isto para recordar que as novas infraestru- No caso, por exemplo, de um internamento ções passíveis de colocarem em risco a
turas foram apoiadas pela União Europeia, hospitalar, também temos o direito de não segurança de pessoas e bens.
mas também pelo nosso endividamento ter receio de que iremos ser vítimas de uma Porque as há e não são poucas…
coletivo, o que nos obriga a termos de saber qualquer outra causa, como os surtos de A par da transparência na informação e no
cuidar delas, bem como das que já existiam. legionela, e não só, cujo controle deve obe- acreditar de que tudo está a ser feito devi-
Por isso, a sua observação e manutenção e, decer a exigentes especificações e obriga- damente, os contribuintes também ficarão
nos casos em que se justifica, a monitori- ções. cientes de que os empregos gerados, desde
zação dos seus objetivos (como é o caso da Conforme alertámos, também seria muito que dignamente remunerados, constituem
água para consumo humano e tratamento oportuno que a segurança dos nossos mu- uma boa aplicação dos seus impostos, po-
de efluentes), são exigências imperiosas. seus fosse urgentemente escrutinada, a fim dendo confiar que o Estado tudo faz e de-
Mais recentemente também ficou demons- de ficarmos tranquilos de que a tragédia do monstra que garante segurança e cuida dos
trado que quando se pretende tirar a gor- Rio de Janeiro não possa voltar a acontecer, ativos coletivos.
www.coloradd.net
Notícias
O
O programa é integrado pela Assembleia Magna, Eng. António Brito,
que terá lugar no auditório da Sede da Região A noite fica por conta da Estação de São Bento, Membro Eleito
Norte desta Associação Profissional, e pela onde será servido o Jantar do Dia Nacional do pertencente ao Con-
Sessão Solene, reservada para a Fundação Eng. Engenheiro. Programa e restantes informações selho de Admissão e
António de Almeida, num momento de ho- disponíveis em breve no Portal do Engenheiro, Qualificação da Ordem
menagem aos engenheiros portugueses. em www.ordemengenheiros.pt • dos Engenheiros (OE),
representando o Colégio de Engenharia do
Seguro de Responsabilidade Civil Profissional Ambiente, assume o cargo de Presidente do
Instituto Superior de Agronomia (ISA).
Região NORTE
Sede Porto Delegações distritais
Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto Braga • Bragança
Tel. 222 071 300 – Fax 222 002 876 Viana do Castelo • Vila Real
E-mail [email protected]
www.oern.pt
Região NORTE
Região CENTRO
Sede Coimbra Delegações distritais
Rua Antero de Quental, 107 – 3000-032 Coimbra Aveiro • Castelo Branco
Tel. 239 855 190 – Fax 239 823 267 Guarda • Leiria • Viseu
E-mail [email protected]
www.ordemengenheiros.pt/pt/a-ordem/centro
Região CENTRO
CISPEE 2018
A Ordem dos Engenheiros, através do Delegado Adjunto de Aveiro, Eng. Pedro Fonseca,
participou, com uma intervenção na mesa redonda inicial, na CISPEE 2018 – 3.ª Con-
ferência Internacional da Sociedade Portuguesa de Educação em Engenharia, que de-
correu na Universidade de Aveiro de 27 a 29 de junho.
Esta Conferência pretendeu proporcionar aos participantes a oportunidade de se en-
volverem não apenas na investigação da temática da Educação em Engenharia, mas
também participarem numa série de debates abertos, discussão e decisão sobre o papel
do Ensino Superior (e do Professor) nas sociedades atuais e futuras. •
Região CENTRO
Região CENTRO
Numa organização conjunta do Instituto Poli- mano que afetaram Viseu no período de seca de recursos hídricos/eficiência hídrica. Para o
técnico de Viseu, da Ordem dos Engenheiros extrema prolongada de 2017, Viseu e a região efeito, a conferência contou com a intervenção
(OE) e da Câmara Municipal de Viseu, realizou- envolvente configuraram um lugar adequado de várias personalidades regionais e nacionais,
-se, no dia 6 de junho, no Solar do Vinho do à discussão da gestão dos recursos hídricos intervenientes e decisores, no plano técnico,
Dão, em Viseu, a “Conferência Anual sobre Al- neste contexto. O programa da conferência científico e político, estando a OE representada
terações Climáticas – A Emergência da Eficiência abordou as alterações climáticas, os impactes com intervenções do Bastonário, do Presidente
Hídrica”, uma iniciativa integrada no âmbito do globais e locais nos recursos hídricos e as me- da Região Centro, da Secretária do Conselho
“Ano OE das Alterações Climáticas”. Com os didas adotadas para 2018 e anos seguintes, Diretivo da Região Centro e do Delegado Dis-
problemas de falta de água para consumo hu- nomeadamente no que se refere à “nova” gestão trital Adjunto de Viseu. •
Região CENTRO
Conferência
“Prevenção e Proteção da Floresta Contra Incêndios”
da OE, Eng. Armando da Silva Afonso, a que
se seguiram as intervenções da Presidente da
CCDRC, Prof.ª Ana Abrunhosa, e do Eng. José
de Jesus Gaspar, Vogal do Colégio Nacional
de Engenharia Florestal da OE.
Num segundo bloco intervieram a Entidade
Gestora de ZIF – Solo-Vivo, o Eng. Enrique
Ferreira – que efetuou a apresentação de
exemplo de infraestruturas de DFCI do tipo
“Ponto de Água para Defesa da Floresta Contra
Incêndios por Meios Terrestres” – e os técnicos
Enquadrada no orçamento participativo da maio, uma conferência sobre “Prevenção e da ANPC, Carlos Cruz e João Lucas, que apre-
Região Centro da Ordem dos Engenheiros Proteção da Floresta Contra Incêndios – Exis- sentaram o programa “Aldeia Segura e Pessoas
(OE) e no programa de atividades do “Ano OE tência de Pontos de Água”. Seguras”.
da Alterações Climáticas”, realizou-se, na sede A sessão de abertura foi presidida pelo Presi- Após as apresentações seguiu-se um período
da Região Centro, em Coimbra, no dia 23 de dente do Conselho Diretivo da Região Centro de debate. •
Região SUL
Sede Lisboa Delegações distritais
Av. Ant. Augusto de Aguiar, 3D – 1069-030 Lisboa Évora • Faro
Tel. 213 132 600 – Fax 213 132 690 Portalegre • Santarém
E-mail [email protected]
www.ordemengenheiros.pt/pt/a-ordem/sul
Região SUL
Região SUL
Região SUL
A 26 de maio, a Delegação Distrital de Santarém, tares, integrando as freguesias da Golegã e com os terrenos mais férteis do País, a agri-
com a colaboração do Instituto de Conservação Torres Novas e, por pouco, não atingiu a margem cultura continua a desempenhar um papel
da Natureza e Florestas, promoveu uma visita do rio Alviela no concelho de Santarém. essencial para a economia.
técnica à Reserva Natural do Boquilobo. No Centro de Interpretação, localizado na “A visita teve como objetivo proporcionar aos
Situada na confluência dos rios Almonda, Al- Quinta do Paul, os participantes ficaram a saber participantes a oportunidade de constatar in
viela e Tejo, a Reserva Natural abarca uma área que, desde 1981, a Reserva Natural do Paul do loco o contributo da Reserva para a conservação
de 817 hectares, pertencente às Quintas da Boquilobo passou a integrar a rede mundial dos valores naturais, favorecendo a conservação
Broa, de Mato Miranda e do Paul, tendo o Es- de Reservas da Biosfera da UNESCO, tendo da paisagem, dos ecossistemas e das espécies,
tado adquirido cerca de 180 hectares de ter- sido a primeira área portuguesa a integrar a fomentando o equilíbrio entre a natureza e o
renos onde se localiza a área de proteção total rede, classificação esta que está para o patri- desenvolvimento social, cultural e económico,
da reserva. Já a Reserva da Bioesfera abrange mónio natural como a classificação da UNESCO promovendo o desenvolvimento sustentável”,
uma área muito maior, superior a 2.000 hec- está para o património cultural. Nesta área, afirmou o Delegado Distrital Rui Barreiro. •
Iniciativas Regionais • Visita Técnica ao Biocant Park » ver notícia da Região » CENTRO
Região SUL
João Sarrico
1.º Prémio (ex-aequo)
“Projeto, Fabrico e Teste de um Motor Elétrico de Alta Performance
para um Veículo de Competição Formula Student”
Região SUL
Pedro Montenegro
1.º Prémio (ex-aequo)
“Metodologia para a Análise da Segurança de Circulação de Comboios
Sobre Pontes”
eu e a minha mulher Erica temos tido a com- práticos da Engenharia. Prova disso foi a con-
panhia do nosso filho Gil! tratação por parte da empresa Institute Gy-
prostroymost para analisar a segurança de
Fale-nos um pouco de si… Como é que a Engenharia entrou na sua vida? circulação de comboios sobre futuras pontes
Nasci no Porto, há 33 anos, mas vivi em Pa- Desde pequeno que adorava legos… Talvez de alta velocidade da Rússia. No entanto, o
redes até terminar o curso de Engenharia Civil tenha sido um ponto de partida para a Enge- programa desenvolvido carece ainda de al-
na Faculdade de Engenharia da Universidade nharia Civil. Mais tarde, já no Secundário, tinha gumas melhorias, que poderão ser levadas a
do Porto (FEUP), em 2008. Nesse ano mudei- um gosto especial pela Física, o que me fez cabo num futuro próximo. Além disso, há boas
-me para o Porto. Antes de começar o dou- optar pelo ramo da Engenharia Civil. As saídas perspetivas para continuar a trabalhar com
toramento, em 2010, na FEUP, em Engenharia profissionais na altura davam ainda boas pers- essa empresa, com vista a desenvolver novas
Ferroviária, trabalhei dois anos na empresa petivas de futuro. análises de segurança.
Adão da Fonseca Engenheiros Consultores
(AdF). Em 2013, fiz um estágio em Tóquio, no Jovem, engenheiro, inovador e premiado. O Uma mensagem aos jovens engenheiros.
âmbito do meu doutoramento que viria a que representa para si esta combinação? Apesar da crise que afetou a área da Enge-
terminar em 2015. Voltei à AdF nesse mesmo Esta distinção foi o incentivo adicional que nharia Civil entre 2009 e 2015, o mercado está
ano, onde desde então trabalho como enge- precisava para continuar a desenvolver o pro- de novo a florescer, dando boas perspetivas
nheiro projetista de estruturas de pontes e jeto iniciado durante o doutoramento. Foi o de futuro, tanto na vertente mais prática, como
edifícios. Em simultâneo, trabalho como in- reconhecimento por parte de engenheiros na de investigação.
vestigador externo da FEUP, onde tenho vindo credenciados que um trabalho de investigação Têm vindo a aumentar as oportunidades de
a desenvolver projetos internacionais na área pode ter aplicabilidade prática e interesse por investigação nas instituições académicas, o
da segurança de circulação ferroviária. À parte parte da indústria. que pode vir a ser um forte impulsionador da
da vida profissional, tenho um interesse muito economia num futuro próximo. Penso que a
grande na corrida… Não sendo um profissional, Considera possível a implementação prática Engenharia continua a ser um ramo funda-
tento participar no máximo de provas possí- do seu projeto a médio prazo? mental para o desenvolvimento das sociedades
veis por ano, tendo já concluído três mara- Felizmente, uma das partes interessantes da e que nunca esgotará, por muitas crises que
tonas. Sempre que posso, e tenho tempo, minha candidatura foi o facto de o meu tra- venham a suceder num futuro que se espera
tento viajar, sendo que nos últimos dois anos balho já estar a ser aplicado em problemas longínquo. •
Carlos Serra
3.º Prémio
“Betão Digital – Modelos de Partículas para a Previsão do Comportamento
do Betão. Uma Aplicação ao Betão de Barragens”
âmbito do trabalho que tenho vindo a desen- Como é que a Engenharia entrou na sua vida?
volver no LNEC. Antes disso, estive dois anos No nono ano estive dividido entre a Engenharia
Fale-nos um pouco de si… a fazer projeto de pontes e viadutos numa e a Arquitetura. Dois fatores fizeram-me decidir
O meu nome é Carlos Serra, tenho 35 anos empresa privada. pela Engenharia Civil: o meu gosto e aptidão
e sou engenheiro civil. Trabalho no Departa- Nos últimos sete anos tenho desempenhado pelas ciências e matemáticas e o facto de o
mento de Barragens de Betão do Laboratório funções de Professor Assistente da disciplina perfil de artes não estar disponível na escola
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) como de Projeto de Edifícios, na Universidade Lu- que frequentava. Apesar do gosto que continuo
bolseiro de pós-doutoramento. Nos últimos sófona de Humanidades e Tecnologias, em a ter pela Arquitetura, acho que a opção de ser
anos estive dedicado ao doutoramento, no Lisboa (em tempo parcial). Engenheiro foi bastante mais acertada, na me-
Região SUL
dida em que dá uma visão assertiva de reso- Penso que todos os candidatos ao prémio mero de ensaios e dar um apoio importante
lução dos problemas do dia-a-dia. acreditam na possibilidade de aplicação prá- na tomada de decisões sobre, por exemplo,
tica do seu projeto. Os projetos e as ideias o dimensionamento do betão, o faseamento
Jovem, engenheiro, inovador e premiado. O vivem e alimentam-se dessa crença. Em re- construtivo, o impacto de diferentes opções
que representa para si esta combinação? lação ao meu projeto, considero que a utili- de reabilitação, entre outros.
Representa uma validação de todo o trabalho zação de modelos de partículas para a previsão
e de toda a dedicação. Mostra também que do comportamento do betão apresenta grandes Uma mensagem aos jovens engenheiros.
a Região Sul da Ordem dos Engenheiros, ao potencialidades que poderão acrescentar valor Quando uma vez questionei alguém bem-
destacar os trabalhos dos Membros mais jo- à análise e interpretação do comportamento -sucedido o que tinha feito para alcançar os
vens, está a dar-lhes visibilidade e a mostrar do betão, dando apoio à execução dos en- seus objetivos, a resposta foi: “Trabalho, tra-
que existem grandes mais-valias nas suas saios de caraterização e a estudos específicos balho, trabalho...”. Eu acrescento: “Discutam
ideias e na sua capacidade de trabalho. para avaliação de cenários de deterioração as vossas ideias com colegas, amigos e fami-
ao longo do tempo. A médio prazo, ferra- liares mesmo que não sejam da mesma área.
Considera possível a implementação prática mentas de previsão do comportamento do Deste modo, vão crescer com uma visão muito
do seu projeto a médio prazo? betão bem calibradas poderão reduzir o nú- mais alargada da Engenharia.” •
João Zeferino
Menção Honrosa
“Otimização Aplicada à Distribuição dos Dispositivos Aéreos
de Combate a Incêndios Florestais”
construção de cidades. A opção por me li- dito que a sua implementação é possível a
cenciar em Engenharia Civil era a mais óbvia. curto prazo. Trata-se de um modelo de apoio
Fale-nos um pouco de si… Hoje continuo a procurar soluções ótimas à decisão baseado em otimização matemática
Sou natural de Coimbra, onde fiz todo o meu aplicando o conhecimento científico a dife- que garante soluções que só poderão me-
percurso académico, tendo-me licenciado rentes tipos de problemas. lhorar as decisões existentes. As restrições
em Engenharia Civil em 2005, obtendo pos- que podem ser usadas nesse modelo permitem
teriormente o grau de doutorado em 2012. Jovem, engenheiro, inovador e premiado. O responder a qualquer pretensão do tomador
Sou, desde aí, docente na Faculdade de Ciên- que representa para si esta combinação? de decisão.
cias e Tecnologia da Universidade de Coimbra. É uma combinação interessante e gostava de
Sou ambicioso e determinado, mas aprecio acreditar que são quatro componentes dura- Uma mensagem aos jovens engenheiros.
igualmente desfrutar da vida e aproveitar o douras e indissociáveis. Infelizmente pouco A todos os engenheiros a mensagem que
tempo com a família. posso fazer relativamente à primeira, a não deixo é que procurem sempre aprender em
ser manter a dedicação e ambição nas res- todos os dias da vossa vida, mesmo quando
Como é que a Engenharia entrou na sua vida? tantes de forma a preservar um espírito jovem. já não forem jovens. É estando na fronteira
Sempre gostei do conhecimento e de solu- do conhecimento que a qualquer momento
cionar problemas aplicando o conhecimento. Considera possível a implementação prática podemos criar algo novo e inovador, contri-
Quando era mais jovem também passei muitas do seu projeto a médio prazo? buindo assim, não só, para a realização pes-
horas a jogar computador, mas no meu caso Sim, a aplicabilidade prática está demonstrada soal e profissional, mas essencialmente para
eram essencialmente jogos de simulação de no estudo de caso que foi apresentado. Acre- o bem comum. •
Região da MADEIRA
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nheiros (OE) um conjunto de benefícios e de vantagens na compra ou gama de artigos que disponibiliza online. Já a empresa Salgo, dedicada
no usufruto de serviços prestados por empresas sediadas na Região, a exclusivamente à venda de produtos online, garante 5% de desconto
Região dos Açores da OE aproveitou a altura mais tranquila do ano aos Membros da Ordem que recorram aos seus serviços.
para estabelecer novas parcerias com empresas locais que, tendo de- Todas as parcerias encontram-se publicadas no Portal do Engenheiro,
monstrado interesse recíproco, fazem agora parte da rede de parceiros em www.ordemengenheiros.pt, e podem também ser consultadas
da Ordem. No setor da Construção foi celebrado um protocolo com junto dos serviços administrativos da Região. •
A
Engenharia Naval foi admitida como mesmo fora do grupo das Engenharias. cursos de Engenharia Naval de índole mais
Especialidade da Ordem dos Enge- Desde sempre a Engenharia Naval centrou clássica.
nheiros (OE) por resolução da As- a sua intervenção nos meios aquáticos des- A característica iminentemente internacional
sembleia Geral extraordinária realizada em tinados ao transporte de pessoas e bens, ao da Engenharia Naval manifesta-se no fun-
29 de Janeiro de 1941, onde também foi exercício da autoridade do Estado, à pesca, cionamento da Organização Marítima In-
criada a Secção de Engenharia Naval. Tornou- à cartografia dos mares e à investigação ternacional/International Maritime Organi-
-se a sexta Especialidade, juntando-se às científica e aos meios necessários à insta- zation (OMI/IMO) e das Sociedades de Clas-
cinco fundadoras: Civil, Electrotécnica, Me- lação de cabos submarinos, dragagens e sificação.
cânica, Minas e Químico-Industrial. outras recolhas de inertes que exijam navios A IMO é uma agência especializada da ONU,
ou barcaças, e as embarcações auxiliares, responsável pela segurança e protecção
Os conhecimentos científicos e o como sejam os rebocadores e as embarca- (safey & security) do transporte marítimo e
desenvolvimento das tecnologias ções de apoio (serviços portuários, fiscali- pela prevenção de poluição marítima e at-
inerentes à Engenharia Naval. zação, socorro a náufragos, serviços de pi- mosférica causada pelos navios; a sua prin-
A introdução da Engenharia lotagem, etc.). cipal função é a criação de um quadro re-
Oceânica Ao longo dos tempos, em particular nos úl- gulador na indústria do transporte marítimo
timos três quartéis, cresceu em ritmo acele- que seja equilibrado e eficaz, para ser uni-
A Engenharia Naval é o ramo de Engenharia rado a importância da náutica de recreio e versalmente aceite e implementado. O re-
que tem como foco principal a concepção, de competição, o turismo fluvial e marítimo, sultado último da acção da IMO são as Con-
a construção e manutenção de navios, em- costeiro e oceânico, a prospecção e extracção venções Internacionais que, não vinculando
barcações e outras estruturas flutuantes, de hidrocarbonetos de origem fóssil em todos os tipos de navios, acabam por ser
independentemente da área de operação fundos marítimos a cada vez maior profun- um referencial para os tipos de navios não
desses meios. didade, a identificação e avaliação do poten- abrangidos.
As áreas do conhecimento que integram os cial de aproveitamento de outros recursos As Sociedades de Classificação são organi-
fundamentos e o domínio de aplicação da vivos e não vivos, as diversas formas de apro- zações não-governamentais que estabe-
Engenharia Naval e as vertentes de actuação veitamento de energias renováveis, etc. lecem e mantêm normas técnicas (desig-
profissional estão bem detalhadas no portal A complexidade e especialização necessá- nadas por regras de classificação) para a
da OE, no enunciado dos domínios de in- rias para desenvolver soluções eficazes e construção e operação de navios e de es-
tervenção do Engenheiro Naval, no local eficientes para o aproveitamento de recursos truturas offshore; certificam que a cons-
dedicado ao respectivo Colégio e Especia- marítimos recentemente identificados como trução está conforme com normas relevantes
lidade. Do mesmo modo, o conjunto dos tendo interesse estratégico, quer sejam flu- para a utilização dos mesmos e conduzem
Actos próprios do Engenheiro Naval, apro- tuantes, quer sejam localizados nos fundos inspecções periódicas durante a vida útil dos
vados em 2015, detalham o âmbito de ac- oceânicos profundos e os recursos ener- navios para assegurar a continuidade com
tuação específica do Engenheiro. géticos igualmente a grandes profundidades, a conformidade fixada previamente. Além
A abordagem das correspondentes áreas que requerem veículos submarinos autó- das regras, as Sociedades de Classificação,
científicas de base e as aplicações tecnoló- nomos ou de comando directo, com ou graças à capacidade técnica que detêm,
gicas desenvolvidas têm, em certos aspectos, sem capacidade de manipulação robótica, produzem todo um conjunto adicional de
afinidades com outras áreas de Engenharia, levaram a que há cerca de 50 anos se adop- informação técnica de grande relevância
para o exercício profissional da Engenharia uma relação de vantagem mútua entre as redução da intervenção dos profissionais de
aplicada aos navios e outras estruturas flu- actividades económicas ligadas aos navios Engenharia Naval, a despeito do relevante
tuantes. A quase totalidade dos navios em e ao mar e a Engenharia Naval endógena. desempenho de alguns estaleiros, entre os
tráfego internacional é classificada, nomea- Mas a realidade nacional demonstra que as quais se cita a Lisnave, o Arsenal do Alfeite
damente porque tal classificação condiciona referidas potenciais vantagens não são su- e os Estaleiro Navais de Viana do Castelo,
o montante dos prémios de seguro e res- ficientes para dinamizar o crescimento eco- este último até ao início do século XXI.
pectivas condições contratuais. nómico, os benefícios do emprego qualifi- Ao contrário das centenas de navios de pesca
cado no sector marítimo e o crescimento que foram maioritariamente projectados e
Breve cronologia da situação dos efectivos de profissionais ligados às ac- construídos em Portugal, grande parte dos
da Engenharia Naval em Portugal tividades de Engenharia centrada nos navios navios mercantes decorrentes desse pro-
e meios afins. grama de apetrechamento nacional foi ad-
A limitação do espaço e o propósito do pre- Efectivamente, depois de um período de quirida no estrangeiro; no entanto, há que
sente artigo não permitem uma apreciação crescimento da frota mercante, consequência relevar a participação dos engenheiros navais
pormenorizada da evolução da Engenharia da publicação do Despacho do Ministro da e de outras especialidades, pretendendo-se
Naval ao longo dos tempos, contudo existe Marinha n.º 100, de 10 de Agosto de 1945, nesta oportunidade salientar a intervenção
uma convicção forte que se tem mantido: e do crescimento das diversas frotas de na- profissional do actual Decano da Especiali-
Portugal é um país marítimo com um ex- vios de pesca, consoante as técnicas de dade de Engenharia Naval, o Membro Con-
tenso litoral no território continental e detém pesca e os locais de operação, que teve o selheiro Rogério de Oliveira, que a par de
uma localização geográfica e condições seu auge na década de sessenta do século outras complexas e muito relevantes funções
meteorológicas muito favoráveis ao desen- passado, ocorreu uma gradual redução da profissionais ao serviço da Marinha projectou
volvimento da economia do mar e de uma actividade, com cessação de empresas ar- um número significativo de navios de diversos
indústria naval robustas, aliadas ao corres- madoras e consequente abate de navios, tipos, entre eles o mítico “Funchal” e, com
pondente crescimento de emprego qualifi- que mais de 50 anos depois ainda não foi impacto no período áureo das carreiras para
cado. Nos países marítimos, em regra, existe possível suster e que teve claros efeitos na o Brasil e para África, o paquete “Príncipe
Perfeito”. No âmbito militar projectou as Cor- O segundo elemento refere-se à ausência alternativa será a celebração posterior de
vetas “João Coutinho” e “Baptista de Andrade” de regulamentação profissional na área do concessões onde os benefícios nacionais
e, mais recentemente, projectou as réplicas projecto, construção, legalização de cons- se cingirão à cobrança de rendas.
das Caravelas “Bartolomeu Dias”, “Boa Espe- truções importadas, etc. Ao longo de de- Em concreto, as expectativas de desenvol-
rança” e “Vera Cruz” e da Nau Quinhentista zenas de anos foi usada a argumentação de vimento da Engenharia Naval em Portugal
“Vila do Conde”. que, a existir regulamentação, a inexistência estão associadas a:
de efectivos suficientes com a referida qua- › Implantação ou crescimento local das
A situação e as expectativas lificação académica em Engenharia Naval diversas indústrias de produção, manu-
da Engenharia Naval levaria a um bloqueio da actividade… tenção ou assistência a navios, embarca-
Em 2007 a Ordem dos Engenheiros en- ções e plataformas offshore, estas últimas
A Engenharia Naval, como todas as outras tregou ao membro do Governo com a tu- que venham a operar nas vastas áreas de
Especialidades, é um recurso estratégico ao tela do assunto uma proposta de regula- interesse nacional;
serviço do todo nacional, designadamente mentação profissional para o projecto e › Retoma da Marinha de Comércio – Ar-
nas vertentes económica e social – mas por construção de navios, que teve trabalho madores nacionais, aproveitando as anun-
si própria não tem condições nem lhe com- posterior de melhoria, de adaptação legis- ciadas alterações no regime fiscal (ton-
pete mobilizar os investidores privados e lativa e pareceres de diversas entidades; ao nage tax e redução de impostos e de en-
capitalizar as empresas; do mesmo modo que se sabe, até ao presente não foi con- cargos da segurança social sobre o tra-
não tem tido canais de acesso eficazes para cretizada. balho dos marítimos);
sensibilizar as instituições políticas para o O terceiro elemento, de natureza institu- › Incremento dos serviços de Engenharia
que considera serem as melhores políticas cional e com muito maior impacto, refere- (gabinetes de projecto, Sociedades de
públicas que produzam dinamização das -se às alterações políticas ocorridas em Classificação, assistência técnica, consul-
actividades ligadas ao mar e à indústria naval, Portugal em 1974, ao processo de desco- toria, peritagem, inspecção), em linha
em particular em matéria de defesa da con- lonização que se seguiu, à crise social, eco- com o aumento da procura nacional, in-
corrência, obtenção de investimento directo nómica e financeira ocorrida no final da cluindo a prestação de serviços ao MAR
estrangeiro e de apoio à internacionalização. década de setenta e início da década de – Registo Internacional de Navios da Ma-
Do passado, citam-se três factores que se oitenta do século XX e, finalmente, às con- deira;
considera terem sido importantes para não sequências da entrada na CEE, implicando › Incremento da Internacionalização da
se progredir como se desejaria. alterações nas regras da economia e um actividade, em resultado da credibilidade
Primeiro, refere-se o erro nacional de só excessivo foco na Europa dos “fundos so- reforçada com o aumento da actividade
muito tardiamente, em 1976, se ter iniciado ciais, estruturais e da coesão”, com o País a nacional;
o ensino superior da Engenharia Naval, curso “virar as costas ao Atlântico”. › Progressiva constituição de um cluster
que só em 1981 foi integrado no Instituto Entretanto, com a Expo 98 iniciou-se o dis- marítimo.
Superior Técnico, coincidindo esse início curso nacional de “reconciliação” com a
com as consequências de uma crise petro- vertente Atlântica que desde então se man- Os desafios futuros serão sobretudo rela-
lífera que na Europa afectou de modo irre- teve em contínuo, com os Governos a rea- cionados com a continuação da minimização
versível as respectivas economia do trans- firmarem periodicamente a importância es- dos actuais problemas ambientais, os pro-
porte marítimo e a indústria naval. A inexis- tratégica do mar, mas sem mudanças reais blemas de segurança específicos dos navios
tência, em Portugal, de formação superior significativas, nem políticas públicas, nem de grande dimensão (em particular navios
dedicada a esta Especialidade condicionou investimentos produtivos, salvo no que aos de cruzeiros oceânicos e navios porta-con-
o desenvolvimento da própria profissão, portos diz respeito. tentores), a eficiência energética, os novos
quer na vertente de projecto de Engenharia, É frequentemente afirmada a importância combustíveis e novos tipos de geradores de
quer no correspondente sector industrial – expectável dos recursos emergentes asso- energia a bordo (com células de combus-
construção e reparação, quer ainda em todas ciados ao alargamento da extensão da pla- tível), a viabilização de navios autónomos e
as funções do Estado em matéria de regu- taforma mas, enquanto se espera, continua a implementação de soluções materiais e
lamentação e de regulação das actividades a não haver qualquer plano de identificação de natureza organizacional tendentes à re-
económicas relativas à obtenção e de mo- concreta de novos recursos na Zona Eco- dução dos custos de produção e de manu-
nitorização da vida útil de embarcações, em nómica Exclusiva, ela própria com uma ex- tenção de navios, para se manterem con-
matérias de segurança, de funcionalidade, tensão significativa e possivelmente incor- correnciais com outros meios de transporte
etc. Na ausência de profissionais de Enge- porando recursos marinhos semelhantes alternativos para as mesmas funções. Outros
nharia devidamente preparados, determi- aos da extensão da aludida plataforma. desafios certamente aparecerão, nomeada-
nados cargos técnicos, seja em organiza- Com um plano nacional orientado para a mente em resultado da necessidade de subs-
ções do Estado, seja em empresas, foram acção, a Engenharia Naval e outras Espe- tituição de materiais tornados indisponíveis,
ocupados por outros profissionais de outros cialidades poderiam dar um contributo forte excessivamente onerosos ou reconhecidos
sectores, com os inconvenientes que se na inventariação dos recursos e na imple- como perigosos.
pode imaginar. Uma comparação com o mentação de tecnologias experimentais de
que ocorreu no país vizinho poderá dar nota aproveitamento sustentável desses mesmos Nota: o autor escreve segundo a ortografia
das diferenças e das consequências. recursos. Sem essa actuação concertada, a anterior ao Acordo de 1990.
LEDVANCE.PT
Tema de Capa ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA
E
m boa parte dos últimos 40 anos, géticos no mar (essencialmente prospecção acrescentado cresceu 11% entre 2009 e 2016,
Portugal virou as costas ao mar, as- e exploração de petróleo e gás natural) não enquanto o emprego se reduziu 15%, espe-
sistindo-se ao desmantelamento de tinha qualquer expressão, ainda que para o lhando a profunda reestruturação de que o
um conjunto de estruturas empresariais conjunto dos países com frente de mar na sector foi alvo. Os lucros agregados antes
consolidadas ao longo de décadas, algumas União Europeia representasse 1,7% do em- de impostos atingiram os 2,3 mil milhões de
com um passado de relevância fora das prego da economia do mar do conjunto euros, quase mais 50% do que em 2009.
nossas fronteiras. Este processo conduziu destes países. Embora registando um cres- O sector em Portugal também se reestru-
a uma perda do conhecimento e know-how cimento de 27% desde 2009, o Valor Acres- turou, procurou novos mercados e segmentos
acumulados durante as décadas precedentes, centado Bruto da economia do mar ainda e estará em melhor forma do que o que se
assim como à erosão e mesmo desapare- representa apenas pouco mais de 3,5% do achava possível no auge da crise, em 2011/12.
cimento de muitas das capacidades e com- total da economia. Com uma produtividade Contudo, é ainda relativamente pequeno e
petências dos recursos humanos afectos a em linha com a média do sector, o turismo não suficientemente capitalizado para os de-
actividades da economia do mar. de mar representa 3/4 do valor criado, contra safios que se perspectivam no médio prazo.
Como já referi em escritos anteriores, esta apenas 16% da pesca, função da muito baixa Para que o sector ganhe competitividade
perda de competências e capacidades, produtividade do sector. carece ainda de investimentos relevantes,
mesmo nas actividades mais tradicionais, A construção e reparação navais perderam mesmo tendo em conta apenas a base ins-
onde se incluem a construção e a reparação cerca de 1.000 trabalhadores entre 2009 e talada. Porém, havendo capital, o desafio de
navais, levou a que se chegasse ao início do 2016, tendo actualmente uma força de tra- crescer num ambiente crescentemente exi-
presente século com pouco mais do que balho de cerca de 3.300. Contudo, o seu gente, onde as capacidades relevantes são
uma mera afinidade emocional num con- valor acrescentado manteve-se relativa- cada vez mais sofisticadas, e garantindo o
texto em que a larguíssima maioria dos mente estável, passando de 107 milhões de acesso às tecnologias mais eficientes, não é
agentes económicos nacionais não tem euros em 2009 para 109 milhões em 2016. impossível. Implica, isso sim, uma aposta
praticamente qualquer interação económica Porém, a evolução ao longo do período re- consistente e persistente de todos os actores
com o nosso mar e o enorme potencial que gistou alterações relevantes, tendo atingido relevantes, no sector, a montante e até a ju-
este encerra. Tal não significava o desapa- um mínimo de apenas 66 milhões em 2012. sante. Para tal, espera-se estabilidade das
recimento das actividades ligadas ao mar, De qualquer modo, a dimensão do subsector políticas públicas para o sector e a capaci-
mas antes que estas se tinham reconfigu- é modesta, quer face à sua expressão em dade de estabelecer parcerias mutuamente
rado a uma expressão muito inferior à que décadas anteriores, quer quando compa- vantajosas, incluindo com clientes, de modo
tinham em décadas anteriores. rada com os pesos correspondentes em a assegurar a procura que justifique os in-
No início deste século, a conjugação das outras economias da União Europeia. vestimentos que são necessários se mate-
vontades de vários agentes, quer políticos, Para o conjunto da União Europeia há que rialize. O sector tem hoje oportunidades que
quer empresariais e mesmo académicos, destacar a reconversão de muitos dos esta- não se vislumbravam há cinco ou seis anos.
trouxe a temática da economia do mar de leiros, incluindo os maiores, reduzindo a Saibamos todos aproveitá-las.
novo para a agenda política e mediática. In- sobre-capacidade notória existente na dé-
felizmente, tem-se falado muito mais do que cada anterior. Os estaleiros têm vindo a Nota: o autor escreve segundo a ortografia
aquilo que se tem realizado, sendo a expressão apostar na sua reconversão e mais intensa anterior ao Acordo de 1990.
OPTE POR
LUMINÁRIAS
LEDVANCE
LEDVANCE.PT
Tema de Capa ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA
tura, direção e força de vento, qualidade do num conjunto de tecnologias mais direcio- Um ecossistema de inovação
ar, qualidade da água, por forma a obter in- nadas para os navios e para os portos, tais e de empreendedorismo como
formação em tempo real destes parâmetros como automação, descarbonização das instrumento de competitividade
na área portuária e medir a pegada carbónica. operações, eletrificação dos transportes, do maior porto europeu
De uma forma muito simplista, podemos produção aditiva – 3D, entre outras, para se
imaginar dois canais paralelos, um digital manter competitiva e resiliente. Roterdão, o maior porto europeu em vo-
(Data), que precede a chegada do navio e De acordo com a McKinsey, estima-se que lume de mercadorias (450 milhões ton/ano),
das suas mercadorias, o qual permite “pre- mais de 11 triliões de dólares podem ser ge- pretende ser o porto mais inteligente do
parar os meios e desenvolver as formali- rados conectando o mundo físico e digital Mundo. Para manter essa posição de lide-
dades” para a chegada física do navio e seu até 2025. Com a computação em cloud rança, aposta claramente na inovação e no
conteúdo. A digitalização a montante e a cada vez mais disseminada, a demanda por empreendedorismo como instrumentos de
jusante da referida escala pode e segura- soluções inovadoras e orientadas por “Big competitividade e de concretização da tran-
mente será incomensuravelmente mais Data” para tarefas correntes está a crescer sição energética, de promoção de eficiência,
complexa; por exemplo, já existem unidades rapidamente. de sustentabilidade, de redução de custos,
fabris que, em face das suas encomendas A importância deste tema conduziu o Fórum descarbonização dos seus processos logís-
e da consequente produção, injetam dire- Económico Mundial a refletir sobre a quarta tico-portuários. Vide www.portofrotterdam.
tamente reservas de espaços a bordo dos revolução industrial aplicada ao setor da lo- com/innovationhub.
navios de determinadas linhas. gística e dos transportes marítimos. Grandes
A conhecida plataforma de comércio eletró- desafios geram naturalmente oportunidades Trabalhar em rede para manter
nico Alibaba desenvolveu uma parceria com transversais para o setor das tecnologias um passo à frente e investir
a Dinamarquesa MAERSK na qual promovem marítimas e para todo um amplo espetro no setor portuário do futuro
uma partilha direta de informação, que per- de outras indústrias, onde a integração entre
mite reduzir elos da cadeia logís- As empresas que se concentram em sus-
tica, reservar espaços para conten- tentabilidade e tecnologia encontram nos
tores, reduzir custos e fornecer portos amplas oportunidades de cresci-
informação rigorosa ao comprador mento. O Fundo do Porto de Roterdão dá
quanto ao tempo de entrega. O E- aos seus investidores a oportunidade de
-commerce a interagir diretamente moldar a economia portuária do futuro e
com a logística e consequente- realizar as suas metas comerciais e de sus-
mente a influenciar as frequências tentabilidade. Conjuntamente com o mu-
e as dimensões dos navios a alocar nicípio, com a comunidade portuária e com
a determinada rota comercial. as universidades desenvolveram quatro ini-
Em resposta ao exigido reforço de Figura 3 Os marcos das diferentes revoluções industriais ciativas de aceleração de negócios cujos
segurança e de eficiência logística, e o desconhecimento da plenitude resultados não deixam ninguém indiferente.
da abrangência dos CPS
a Indústria do Shipping 4.0 tem- Fonte: World Economic Forum
-se revestido de uma “camada di-
gital” suportada num intrincado mosaico o mundo físico e mundo digital ocorra de
tecnológico de Inteligência Artificial, “Blo- um modo fluido e síncrono, através dos
ckchain”, Máquinas Cognitivas, Internet das chamados sistemas de produção ciberfísicos
Coisas (IoT – Internet of Things), mas também (CPS – Cyber-Phisical Systems).
Figura 4 M
anufatura aditiva, primeira impressão
em 3D de um hélice
https://www.portofrotterdam.com/en/news-and-
press-releases/ramlab-prints-first-ships-propeller
“Pela primeira vez, passa a existir uma Constata-se, com muito interesse, que passa dos processos, criadoras de um ecossistema
forma de um usuário da Internet transferir a vigorar a noção de que os portos portu- potencialmente propenso ao surgimento
uma propriedade digital para outro usuário gueses podem beneficiar e simultaneamente de softwares inovadores capacitadores de
da Internet, de modo que a transferência estimular a inovação e o empreendedorismo melhor excelência operacional.
seja garantida como segura e protegida. tecnológico.
Todos sabem que a transferência ocorreu Shipping 4.0 Applications
e ninguém pode contestar a legitimidade Criação de um hub portuário acelerador de Ship System
Operation Improve
Design Design
da transferência.” negócios com capacidade para atrair o in-
vestimento e apoiar a internacionalização Shipping 4.0 Information Infrastructure
As consequências desse avanço são difíceis da economia portuguesa; pilar que se sub- International standards
de quantificar, mas obviamente aporta mais divide em objetivos e metas muito concretas
Figura 6 Campos de aplicação do Shipping 4.0
“integridade, transparência, interoperabili- e desafiantes:
dade e segurança às trocas comerciais in- › Aumentar o volume de negócios e o grau Seguramente, a presente estratégia e estes
ternacionais, beneficiando empresas de de especialização da indústria naval – au- projetos de ITS – Intelligent Transport Sys-
todas as dimensões”. mentar em 50% o volume de negócios tems and Services irão trazer novos desafios,
da indústria naval; mas, acima de tudo, novas oportunidades
A dinâmica de inovação › Incentivar a inovação e modernização do para as empresas e para os profissionais.
nos portos portugueses setor (formação, I&D e tecnologia); Em Portugal, na EMSA – Agência de Segu-
› Criar plataformas de aceleração tecno- rança Marítima Europeia, está a ser desen-
A Resolução do Conselho de Ministros n.º lógica nos portos para novos negócios volvida a European Maritime Single Window
175/2017, de 24 de novembro de 2017, nas indústrias avançadas do mar – Au- – EMSW que irá testar o E-Manifest, a inte-
aprovou a Estratégia para o Aumento da mentar em 50% o volume de negócios ração com o safeseanet e rever a arquite-
Competitividade Portuária no horizonte das atividades conexas/transversais. tura modular do E-Maritime.
2016-2026, a qual refere o seguinte:
Domínios de Intervenção
do Engenheiro Naval, Empregabilidade
e Actos de Engenharia
quadro actual e perspectivas futuras
sistemas de armas. Tem alojamentos, cozi- bração e ruído, sobrevivência em situação
nhas, messes, refeitórios, espaços técnicos, de avaria e também, por vezes pouco valo-
de lazer, gabinetes, oficinas, paióis e espaços rizada mas fundamental, a capacidade de o
de carga. Tem meios de segurança contra navio ser operado em condições aceitáveis
alagamento e incêndio, etc. Os requisitos a de conforto, segurança e eficácia. De facto,
Francisco Cunha Salvado que obedecem estes sistemas são muitas o enjoo reduz consideravelmente a eficácia
Vogal do Colégio Nacional vezes conflituantes entre si e a sua harmo- da acção dos tripulantes, aspecto que é,
de Engenharia Naval nização requer aturada coordenação e par- contudo, passível de previsão e análise, pois
da Ordem dos Engenheiros
ticular esforço de integração e síntese, par- este desagradável fenómeno tem expressão
ticularmente na fase de projecto, sendo a estatística em função das acelerações e am-
formação em Engenharia Naval muito focada plitudes do movimento do navio.
na busca de sínteses optimizadas desta Cabe, pois, ao Engenheiro Naval, por força
A
s especificidades da utilização de amalgama de requisitos em que inúmeros da sua formação, a preferência na coorde-
sistemas de engenharia, na superfície sistemas competem entre si pelas margens nação de equipas de projecto, de construção
ou sub-superfície do mar, requerem disponíveis de espaço, acesso, peso e energia. ou de fiscalização, multidisciplinares. Esta
do Engenheiro Naval um conjunto de co- Em cada uma destas áreas existem outros característica abre, também, ao Engenheiro
nhecimentos que, embora utilizem as mesmas especialistas com conhecimentos especí- Naval, um amplo leque de empregabilidade
disciplinas científicas de outros ramos da ficos nos respectivos sistemas (engenheiros como gestor de projectos industriais com-
engenharia (nomeadamente, estruturas, me- mecânicos, electrotécnicos ou de teleco- plexos, mesmo em áreas não directamente
cânica de fluídos, materiais, electricidade, municações e electrónica). Contudo, apenas relacionáveis com a construção naval.
etc.), têm de ser organizados em torno das o Engenheiro Naval conseguirá analisar e Contudo, o mercado da Engenharia Naval
particularidades do ambiente em que tais compreender, e em última análise decidir, deixou de se centrar apenas no projecto e
veículos marítimos irão ser utilizados. De sobre o efeito individual ou combinado que construção de navios e o Engenheiro Naval
facto, um navio compreende muitos sis- as soluções técnicas adoptadas para cada passou a estar envolvido noutras actividades,
temas mecânicos, eléctricos e electrónicos. um dos sistemas irão ter no desempenho em funções de gestão técnica, comercial,
Tem máquinas térmicas, hidráulicas e/ou do veículo marítimo. É a sua área de espe- manutenção, investigação e consultoria. O
eléctricas. Tem sistemas de produção e dis- cialidade a análise e síntese do veículo ma- seu sector de actividade, que tradicional-
tribuição de energia que podem ser de alta, rítimo em termos das suas características mente tem sido o estaleiro naval, inclui hoje,
média ou baixa tensão. Tem sistemas hi- hidrostáticas e hidrodinâmicas e de estabi- também, empresas ligadas à concepção e
dráulicos e pneumáticos, redes de fluídos e lidade, das suas características de resistência construção, ou comercialização e instalação
HVAC, e sistemas de tratamento de resíduos. e propulsão, das suas características de re- de sistemas marítimos, sociedades classifi-
Tem sistemas de informação, automação, sistência e integridade estrutural, de com- cadoras, universidades, gabinetes de pro-
comunicações, sensores e, por vezes também, portamento no mar, manobrabilidade, vi- jecto e de consultoria, centros de investi-
gação ligados ao mar, portos e operadores
portuários, armadores, seguradoras e, na-
turalmente, as organizações públicas res-
ponsáveis pela regulação, inspecção e cer-
tificação de navios ou outros veículos ma-
rítimos e sistemas afectos ao transporte
marítimo, ou à exploração dos recursos do
mar, ou à defesa e exercício da autoridade
do Estado no mar, ou ao seu uso para fins
científicos, culturais, lúdicos e de lazer ou
desporto.
No projecto, encontramo-lo como con-
sultor independente, colaborador do esta-
Os estaleiros são ainda um destino preferencial para o Engenheiro Naval leiro, colaborador ou representante do ar-
A aquicultura é uma das novas áreas que deverá suscitar a criatividade e capacidade de inovação do Nota: o autor escreve segundo a ortografia
Engenheiro Naval anterior ao Acordo de 1990.
Engenharia Naval
e Oceânica no Técnico
ao fundo do mar, quer flutuando com an- ligado ao processo de fabricação em esta-
coragem, são mais o âmbito da Engenharia leiros navais e daí as suas ligações à Enge-
Oceânica. Como facilmente se compreende, nharia Mecânica de onde o seu fundador
o conjunto de matérias que são necessárias era originário.
para o estudo de qualquer dos tipos de ob- Em 1988 fez-se uma reestruturação curri-
jetos é basicamente o mesmo pelo que esta cular que deu mais ênfase aos aspetos de
Carlos Guedes Soares
é uma área científica clara que faz todo o projeto, como é tradicional em cursos de
Professor Distinto
do Instituto Superior Técnico sentido ser tratada em conjunto. Engenharia e a designação do curso passou
Membro Conselheiro Foi realmente esta evidência, associada com a Engenharia Naval.
da Ordem dos Engenheiros
a expansão das atividades de exploração Em 1998 houve uma nova reestruturação
Membro do Conselho de Admissão
e Qualificação da Ordem dos Engenheiros
dos recursos oceânicos, que tem levado as curricular que refletiu as alterações operadas
universidades de praticamente todos os a nível mundial em que a atividade da indús-
países onde se ministra este tipo de ensino tria de construção e reparação naval se re-
F
inalmente, o curso de Engenharia Naval a evoluir a sua formação e a sua designação duziu na Europa e se transferiu para países
e Oceânica chegou a ser reconhecido para esta forma mais abrangente, à qual o asiáticos. Em consequência, a atividade pro-
formalmente em Portugal. A evolução Instituto Superior Técnico (IST) também fissional dos engenheiros navais deixou de
de Engenharia Naval para Engenharia Naval aderiu a partir do ano letivo de 2017/18. ser dominada pelas atividades fabris e a ati-
e Oceânica tem vindo a ocorrer em todo o A designação já estava adotada há algum vidade ligada ao transporte marítimo tomou
Mundo e Portugal é um dos países que se tempo no Centro de Engenharia e Tecno- um maior peso relativo, pois as economias
tem atrasado nesta atualização, o que de logia Naval e Oceânica (CENTEC) e já há europeias tornaram-se ainda mais depen-
certo modo também se entende pois o curso cerca de 30 anos que se desenvolve ativi- dentes do transporte marítimo, que passou
também é relativamente recente, somente dade de investigação nestes domínios, in- a incluir em maior medida os bens de con-
com cerca de 40 anos de existência enquanto clusivamente em consórcios internacionais sumos fabricados no Oriente. A reestrutu-
noutros países há tradições muito mais longas. envolvendo empresas do setor. Esta ativi- ração curricular de 1998 respondeu a esta
A Engenharia Naval e Oceânica trata dos dade serviu em parte para a elaboração de realidade criando um ramo do curso dedi-
objetos que operam no mar, desde a sua teses de mestrado e doutoramento e, por- cado ao Transporte Marítimo e Portos, no
fase de conceção, projeto e construção, até tanto, tem contribuído para a formação qual se trata de aspetos de logística e eco-
às fases de planeamento de operação, ma- avançada neste domínio, apesar de não estar nomia ligados a esta atividade. Este ramo
nutenção e reparação. Os veículos que têm refletido na designação dos graus atribuídos. veio aumentar as interfaces com a Enge-
propulsão e têm a característica de veículos, O curso de Engenharia Naval iniciou-se no nharia Civil, que tradicionalmente trata dos
quer navios, quer submarinos, são o âmbito, IST no ano letivo de 1980/81 por uma ini- outros meios de transporte que comple-
por excelência, da Engenharia Naval. Os ob- ciativa muito louvável do Prof. Luciano Faria. mentam o transporte marítimo no transporte
jetos que não têm propulsão e que, portanto, Nessa altura tinha a designação de Enge- multimodal. O curso tradicional ficou então
estão relativamente estacionários, quer fixos nheiro de Construção Naval, estava muito no ramo de Projeto e Construção Naval.
Mais tarde houve a adaptação do curso ao preenchido pelos diplomados do IST, as- de Shanghai, que há muitos anos tem vindo
processo de Bolonha, mas isso não trouxe sistiu-se a uma importante componente de a ordenar as universidades nas várias áreas
qualquer alteração no âmbito do curso, a diplomados portugueses que optaram por científicas e que tratava a área de Engenharia
qual só ocorreu em 2017 com a criação de trabalhar nestas empresas no estrangeiro. globalmente, iniciou em 2017 a separação
um novo ramo de Sistemas Oceânicos e, si- Noruega, Holanda, Dinamarca, Alemanha e das áreas de Engenharia por especialidades
multaneamente, com a alteração da desig- Reino Unido tornaram-se destinos de muitos e apresentou um ranking específico para a
nação dos três ciclos de estudos para Enge- engenheiros navais portugueses, que têm Engenharia Naval e Oceânica.
nharia Naval e Oceânica. A oportunidade de feito carreira nessas empresas e já atingiram Tanto no ranking de 2017 como no de 2018,
criação deste novo ramo deveu-se ao inte- posições de gestão e intervenção técnica o IST (agora a Universidade de Lisboa) man-
resse crescente da Galp por atividades de de nível intermédio nas mesmas. Esta evo- teve-se em segundo lugar na Europa, de-
exploração de petróleo e gás em mar aberto lução de um número apreciável de diplo- pois da Universidade de Trondheim. No en-
a nível internacional, nomeadamente no Brasil mados do IST, quer em Portugal, quer no tanto, desde 2008 tem-se assistido a um
e Moçambique, entre outros. Esta atividade estrangeiro, documenta de forma convin- crescente desempenho das universidades
de crescente importância nesta empresa cente a boa preparação com que concluem chinesas, em resultado de um esforço sis-
levou à necessidade de engenheiros prepa- os seus cursos. temático do Governo chinês de apoiar a
rados para esta atividade e foi com o apoio Para além da qualidade dos diplomados que investigação dos domínios associados à ex-
da Galp, através de bolsas de estudo, que se produzem, os cursos das várias universidades ploração dos recursos do mar e da diferente
iniciou este novo ramo no IST e que levou à tornam-se conhecidos internacionalmente dimensão dos corpos docentes das univer-
formalização da Engenharia Naval e Oceâ- e ganham a sua reputação pela qualidade sidades chinesas, que nesta área científica
nica como uma área de formação e, por- do trabalho de investigação que produzem, chegam a ter cerca de uma ordem de gran-
tanto, como uma área científica específica, o qual reflete de forma direta a qualidade do deza mais do que o IST e algumas univer-
como já existe há muito tempo em vários corpo docente e indiretamente a qualidade sidades europeias. Assim, em 2017 o pri-
outros países. Tem-se assistido também à e atualidade do ensino ministrado. Esta re- meiro lugar foi de uma universidade chinesa
criação em Portugal de escritórios de impor- putação internacional reflete-se no número ficando Portugal em terceiro lugar e em
tantes empresas multinacionais de projeto e de alunos internacionais que procuram o 2018 Portugal passou para quarto trocando
consultoria ligados à área do petróleo e gás, curso e nos rankings internacionais das uni- com uma universidade chinesa que era a
o que abriu também mais uma porta para a versidades nas respetivas áreas científicas. quarta em 2017.
contratação dos graduados deste ramo. O atual curso de Engenharia Naval e Oceâ- Portanto, a Universidade de Lisboa (o ranking
Genericamente, pode dizer-se que a for- nica tem já de há muitos anos um núme- é feito por universidades) nestes dois anos
mação ministrada pelo IST nesta área tem ro significativo de alunos estrangeiros que tem ficado em lugar de grande destaque na
sido excelente, o que se pode concluir por vêm fazer intercâmbio ao abrigo do pro- área científica de Engenharia Naval e Oceâ-
diferentes tipos de observações. As primeiras grama Erasmus para países europeus e de nica, o que foi o melhor resultado de todas
gerações de engenheiros navais do IST já outros programas bilaterais para outros países. as áreas científicas de universidades portu-
chegaram a várias posições de responsabi- O número de alunos de intercâmbio no guesas no Ranking de Shanghai. Estudos
lidade em diversos domínios e empresas na- mestrado tem sido cerca de 100% a 150% subsequentes das publicações indexadas na
cionais, incluindo estaleiros navais, sociedades dos alunos matriculados no curso do IST, o “Web of Science” nas áreas de “Marine and
de classificação, armadores da Marinha Mer- que é provavelmente a maior percentagem Ocean Engineering” mostraram que cerca
cante, portos, empresas de consultoria e de entre todos os cursos do Técnico. de 87% das publicações da Universidade de
projeto e Administração Pública. A nível de rankings internacionais baseados Lisboa, nos últimos cinco anos, neste do-
Acontece que, com a globalização, as em- na quantidade e qualidade da produção cien- mínio, foram produzidas pelo CENTEC. Alar-
presas têm vindo a aumentar de dimensão tifica, o primeiro que foi conhecido foi um gando o período aos últimos 35 anos essa
e a tornarem-se internacionais e as sedes promovido pela Noruega em 2014, abran- percentagem é de 79%, mostrando que a
das maiores empresas do setor não se en- gendo o período de 2008/12, no qual a Uni- situação tem sido sustentada e melhorada
contram em Portugal. Por isso, apesar da versidade Técnica de Lisboa apareceu em ao longo do tempo.
continuada existência de emprego em Por- segundo lugar logo a seguir à Universidade Pode-se, pois, concluir que a área científica
tugal que não conseguia ser totalmente de Trondheim. Mais recentemente, o Ranking de Engenharia Naval e Oceânica, embora
formalmente só tenha sido criada nos cursos
do IST em 2017, está muito saudável e muito
prestigiada a nível internacional. Torna-se
agora necessário que a seu tempo o Co-
légio de Engenharia Naval da Ordem dos
Engenheiros também atualize a sua desig-
nação para Engenharia Naval e Oceânica,
seguindo aliás os nossos colegas espanhóis
que já em 2012 alteraram, por Decreto Real,
a sua titulação profissional para “Ingenieros
Navales y Oceanicos”.
Legislação da Especialidade,
Regulação e o papel das
Sociedades Classificadoras
lamentos da IMO, tendo vindo a sofrer atua- navios existentes e de conseguir estabelecer
lizações regulares desde a data da sua pu- níveis de risco aceitáveis para as segura-
blicação inicial. doras, vindo daí a o termo classificadora.
A EMSA é uma agência europeia que tem Cada uma destas organizações foi desen-
como missão assistir a Comissão Europeia volvendo regulamentos específicos, inicial-
Paulo Viana
na implementação e monitorização da legis- mente de forma empírica, sendo gradual-
Engenheiro Naval lação europeia aplicável a vários assuntos; mente substituídos por métodos científicos,
Inspetor e Diretor da DNVGL Portugal entre eles podem ser destacados a cons- sobretudo a partir da década de cinquenta
trução, manutenção e a inspeção de navios do século passado.
comerciais, a certificação de equipamentos É importante clarificar que a regulamen-
marítimos e a proteção dos navios. Executa tação da IMO atrás referida abrange muitos
auditorias aos Estados-membros para veri- temas relacionados com a construção e
A
operação, construção e reparação ficar a implementação da legislação europeia. operação de navios, mas existem alguns
de navios de comércio é uma ativi- As Administrações de cada Estado repre- assuntos, como seja a resistência estrutural,
dade muito antiga e que tem vido a sentam a autoridade desse Estado e aplicam em que só existem os regulamentos desen-
ser sujeita à aplicação de regulamentos, a legislação em vigor nas suas águas terri- volvidos pelas Sociedades Classificadoras.
normalmente em resultado de grandes de- toriais e nos navios que arvoram a sua Ban- Apesar de existirem mais de 50 Sociedades
sastres. O caráter reativo da regulamentação deira. São também responsáveis pelas ins-
tem dado lugar, sobretudo desde a última peções realizadas a navios de bandeiras es-
década do século passado, a uma atitude trangeiras quando chegam aos seus portos
preventiva, com regulamentos baseados em (Port State Control).
análises de risco. Enquanto nas atividades Por sua vez, existem organizações que
de extração e transporte de hidrocarbonetos agrupam vários países e que têm por obje-
(Oil and Gas) existem muitos regulamentos tivo harmonizar os sistemas de inspeção
de base, em que cada caso é um caso tendo nos portos dos Estados-membros por forma
em conta a especificidade de cada insta- a eliminar a operação de navio sub-standard,
lação, na marinha de comércio os regula- como é o caso do Paris MoU, do qual Por-
mentos são prescritivos, com regras bem tugal faz parte juntamente com 26 outros
definidas. Estados.
Para se poder entender como funciona este Devido à limitação de recursos das Admi-
mercado é importante conhecer as orga- nistrações é comum haver delegação de
nizações que estão por trás destes regula- funções nas Sociedades Classificadoras,
mentos, como se aplicam e quem fiscaliza utilizando-se a rede internacional destas
a sua aplicação. organizações para inspecionar os navios nos
A IMO (Organização Marítima Internacional) locais ondem exercem a sua atividade. Esta
é uma agência das Nações Unidas respon- delegação é feita com base em regulamentos
sável pela segurança, proteção e prevenção emitidos pela IMO e por sua vez tanto a IMO
da poluição no mar e estabelece os regu- como a União Europeia têm instrumentos
lamentos internacionais para a indústria ma- para avaliar as Sociedades Classificadoras
rítima. Estes regulamentos abrangem o pro- de forma a que estas possam ser aceites
jeto, construção, equipamentos, tripulações, como Organizações Reconhecidas.
operação e abate de navios, de forma a as- As Sociedades Classificadoras são organi-
segurar um nível de segurança aceitável, o zações que podem ou não ter fins lucrativos
respeito ao meio ambiente, a eficiência e que, de uma forma geral, têm como ob-
energética e a proteção da indústria marí- jetivos a proteção da vida humana, da pro-
tima. A Solas (Salvaguarda da Vida Humana priedade e do meio ambiente.
no Mar) foi o resultado direto do afunda- Estas organizações tiveram origem no sé-
mento do Titanic e é um dos vários regu- culo XVIII, com a necessidade de avaliar os
Classificadoras, só 12 estão reconhecidas de forma faseada a navios que já existiam como a Escola Náutica Infante D. Henrique.
pela Comissão Europeia. na altura em que ela foi publicada. Além Continuando com o aspeto operacional do
Por sua vez, as Sociedades Classificadoras disso, muitos navios operam pelo mundo navio, e tendo em conta que é necessária
criaram uma associação para promover a fora, e em águas de outros países, que podem uma estrutura de apoio em terra, o ISM (In-
harmonização dos seus regulamentos e para impor legislação diferente daquela imposta ternational Safety Management, Capítulo IX
garantir um patamar mínimo de qualidade, pela Administração da Bandeira onde o navio da Solas) veio impor a cada empresa o es-
publicando interpretações de regulamentos está registado. tabelecimento dos seus requisitos de com-
da IMO, promovendo a utilização de regu- Sabendo que a maioria dos acidentes é cau- petência por forma a garantir a segurança
lamentação comum e realizando auditorias sada pelo fator humano, é importante vermos dos navios que opera, sendo sujeita a audi-
de controlo aos seus membros. Esta asso- o que tem sido feito para a formação das torias regulares por parte da Administração
ciação é a IACS e integra 12 Sociedades. pessoas envolvidas nesta atividade. da(s) Bandeira(s) dos seus navios.
Em Portugal, a DGRM – Direção Geral de Começando pelas organizações já descritas, Quanto ao projeto, construção e modifi-
Recursos Naturais, Segurança e Serviços a abordagem é bastante uniforme, sendo cação (tipicamente alterações ou conver-
Marítimos tem a responsabilidade de admi- necessário que cada organização garanta a sões), o assunto não tem uma abordagem
nistrar o registo e a regulação da Bandeira competência dos seus empregados tendo homogénea. Para todos os efeitos, a Admi-
Portuguesa, de acordo com os standards em conta um sistema formal de requisitos nistração da Bandeira onde o navio está re-
internacionais de segurança, de proteção de conhecimentos, treino, certificação in- gistado tem a responsabilidade final, mas
das instalações portuárias e navios, da pre- terna e avaliação periódica. essa responsabilidade pode ser partilhada
venção da poluição dos oceanos, de qua- Para as tripulações, que fazem a condução mediante a delegação de funções, tal como
lificação dos marítimos e do controlo do (incluindo as operações de carga e descarga) já foi referido. Havendo um acordo entre
tráfego marítimo na costa e portos. e a manutenção dos navios, existem regu- uma Administração e uma Organização Re-
Como se pode ver, a estrutura da legislação lamentos internacionais (STCW – Interna- conhecida, e tendo esta a responsabilidade
marítima é bastante complexa, sobretudo tional Convention on Standards of Training, da verificação de um projeto ou construção,
tendo em conta que a legislação emitida Certification and Watchkeeping for Seafarers) fechamos o sistema, pois a Organização
pela IMO não é adotada por todos os países que definem os padrões de formação ne- Reconhecida tem de garantir a competência
e que essa legislação tem de ser aplicada cessários, sendo esta dada por organizações das pessoas envolvidas. No entanto, no caso
de haver um projeto submetido à Adminis-
tração por uma empresa ou pessoa indivi-
dual, não há, em muitos casos, nada que
garanta que quem fez esse projeto, ou que
esteja a seguir uma construção, tem a com-
petência para o fazer.
A forma de lidar com esta questão tem tido
abordagens diferentes por parte das Admi-
nistrações: algumas obrigam a que se envolva
uma Organização Reconhecida no processo,
mesmo que o navio ou objeto flutuante não
seja classificado, outras obrigam a que existam
responsáveis que tenham qualificações re-
conhecidas ou utilizam uma autorregulação
de mercado mediante a exigência de garan-
tias de responsabilidade civil (seguros), que
em geral só são concedidas a quem possa
provar a sua competência mediante um es-
quema reconhecido nesse país.
Em Portugal, para projetar um navio, a le-
gislação apenas exige que o projeto da ins-
talação elétrica seja assinado por um enge-
nheiro eletrotécnico, não havendo requisitos
para as questões relativas à estrutura e à
estabilidade, que são elementos primários
na segurança do navio. A Ordem dos En-
genheiros tem estado ativa neste aspeto,
com uma proposta de legislação, feita há já
vários anos, mas que até agora não recebeu
a atenção necessária por parte das entidades
competentes.
Estudo de Caso
Lisnave
Passado, presente e futuro
A
origem da Lisnave remonta a 1937, ano em Peter Luijckx Durante o período de restruturação foi efetuada,
que o Grupo CUF tomou de concessão a Managing Director em junho de 2000, uma operação de MBO, na se-
exploração do Estaleiro da Rocha do Conde Lisnave, Estaleiros Navais S.A. quência da qual foi desenvolvida, pelos novos acio-
de Óbidos, situado na margem norte do estuário nistas, uma série de ações estruturantes orientadas
do Tejo, em Lisboa. O sucesso deste projeto, que à recuperação e sustentabilidade da empresa.
no final dos anos cinquenta se encontrava já saturado, levou à ne- A vertente de Infraestruturas deste plano, incluindo obras de be-
cessidade de construir novas instalações que pudessem incluir neficiação e melhoramento do estaleiro da Mitrena, a construção
docas de maiores dimensões. de duas ETAR e a construção do Hydrolift (único no Mundo), com-
É neste contexto que em setembro de 1961 é criada a Lisnave – posto por três docas para navios tipo Panamax, foi concluída no
Estaleiros Navais de Lisboa, empresa virada para o mercado global final de 2000.
e que tinha como primeira missão a construção, na margem sul do Este processo de recuperação, em implementação desde a segunda
Tejo, de um novo estaleiro – a Margueira, provido com instalações metade do ano 2000 e no âmbito do qual a Lisnave encerrou de-
para receber navios de grande porte. finitivamente o estaleiro da Margueira, transferindo e concentrando
Na sequência do grande sucesso do estaleiro da Margueira, inau- toda a sua atividade no renovado estaleiro da Mitrena, tem vindo a
gurado em 1967, e da grande expectativa de novas oportunidades demonstrar a adequação das medidas empreendidas, designada-
que adviriam do encerramento, neste mesmo ano, do canal do Suez, mente através da inversão de um ciclo de muitos anos consecu-
é decidida a criação de uma nova empresa e a construção de um tivos de resultados de exploração negativos e da consequente ro-
novo estaleiro, cujo centro de formação iniciou atividade em 1973, tura financeira, para resultados positivos, com expressão relevante,
a Setenave – Estaleiros Navais de Setúbal, construído na Mitrena, que deixam antever um novo horizonte de futuro para a Lisnave e
em Setúbal, vocacionado para a atividade de construção naval. para a continuação desta indústria em Portugal.
Em meados de 1997, na sequência de repetidas dificuldades de na- A Lisnave, com seis docas secas com uma capacidade de até 700.000
tureza financeira e do insucesso de um primeiro plano de reestru- toneladas brutas, as suas inúmeras oficinas, sete cais com um com-
turação que, em 1993, envolveu a Lisnave, a Setenave e a Solisnor, primento total de 1.400m, 20 guindastes móveis com capacidade
foi iniciada a implementação de um vasto plano de reestruturação até 100 toneladas e um pórtico (localizado por cima das docas 20
que incluía uma vertente de Infraestruturas e uma vertente de Re- e 21) de 500 toneladas, disponibiliza infraestruturas de primeira ca-
cursos Humanos, a desenvolver até 2007 e que previa, ainda, o tegoria para qualquer tipo de manutenção e reparação naval ou
abandono do estaleiro da Margueira e a concentração de todas as conversão.
atividades da Lisnave no estaleiro da Mitrena. A implementação A mais-valia da localização do estaleiro, bem como a qualidade e
deste novo plano, que envolveu a criação ex-novo, em julho de diversidade das infraestruturas associadas à reconhecida qualidade
1997, da atual Lisnave, Estaleiros Navais S.A., veio a ser desenvolvida da mão-de-obra e competência técnica, constituem vantagens
desde esta data. competitivas que colocam a Lisnave na linha da frente dos esta-
leiros de manutenção e reparação naval na Europa e no Mundo. A formação é realizada nas instalações da Lisnave e na escola de
Presentemente, a Lisnave está centrada e continuamente ocupada formação gerida pela Solisform, que desenvolveu, em conjunto
com projetos de manutenção e reparação naval, mantendo ele- com a Lisnave, programas ajustados às necessidades específicas
vadas expectativas relativamente às oportunidades que são espe- da atividade. As ações de formação centram-se na componente
radas da implementação dos inúmeros projetos de montagem de técnica sem esquecer a formação e desenvolvimento de capaci-
equipamento e modificações aos sistemas dos navios mercantes, dades humanas.
para permitir o cumprimento da regulamentação internacional A Lisnave recruta ainda, anualmente, cinco a dez jovens engenheiros
emanada pela OMI, relativamente ao tratamento de águas de lastro para as suas equipas de gestão de projetos, que recebem formação
e no futuro também em relação adequada e que se pretende ve-
à redução de CO2, NOx e SOx. nham a ser a base da futura
Durante o ano, as docas da Mi- equipa de gestão da empresa.
trena estão ocupadas com na- O propósito dos processos de
vios oriundos de todo o Mundo, recrutamento é garantir o futuro
a grande maioria de clientes re- da empresa com pessoal quali-
gulares. A qualidade da mão-de- ficado, competente e motivado,
-obra e a relação qualidade-preço pois os colaboradores da Lisnave
são uma das vantagens diferen- são a espinha dorsal da organi-
ciadoras que contribui para o zação.
retorno de muitos clientes à Lis- O que a reparação naval repre-
nave e a Portugal. sentará para Portugal e para a
A manutenção naval caracteriza- Europa no futuro é uma incer-
-se pela flutuação das cargas de teza. O mercado da manutenção
trabalho nos diferentes setores e reparação naval depende do
que a atividade envolve, condi- desenvolvimento das rotas de
cionada pelo tipo de navio e pelo transporte marítimo mundial,
tipo de trabalho. Pode afirmar-se que há necessidade de até 2.000 que em si dependem do crescimento e das constantes mudanças
trabalhadores por dia. Um terço deste efetivo é empregado pela Lis- da economia mundial.
nave e por empresas associadas, sendo os restantes originários de Mas estes não são os únicos desafios que se adivinham para o fu-
prestadores de serviços e empresas parceiras. turo. Identifica-se, num horizonte próximo, um aumento de regu-
A gestão deste efetivo, que exige mão-de-obra qualificada e pre- lamentação relativa a regras de proteção ambiental, saúde e segu-
parada para enfrentar diferentes tipos de trabalho todos os dias, rança no trabalho, entre outras, oriunda de várias autoridades e
requer um nível elevado de capacidade técnica e de gestão. Todos organizações internacionais com impacto significativo nas opera-
os navios são diferentes e todos os projetos têm requisitos distintos, ções dos estaleiros de reparação naval.
o que requer um ajustamento constante das operações. Muito embora as regulamentações internacionais pretendam ser
Para conseguir cumprir com as elevadas expectativas dos clientes, universais, a consciência ambiental e aplicação destes regulamentos
cada projeto é gerido por uma equipa dedicada de gestores de não é a mesma em todas as regiões e países do globo.
projeto, enquanto os gestores dos diferentes setores produtivos, O maior fator de risco na indústria global é o desequilíbrio entre os
mecânica, caldeiraria, tubagens, eletricidade, tratamento de super- países europeus e os países em desenvolvimento no que respeita
fície, pintura, etc., gerem os efetivos próprios e externos e garantem à legislação laboral, legislação de saúde e segurança no trabalho e
o cumprimento dos requisitos de qualidade. o consequente impacto do cumprimento das regras mais restrin-
Esta matriz de gestão funcional assegura a gestão dos projetos de gentes no custo da mão-de-obra. Os países em desenvolvimento
acordo com os níveis de satisfação dos clientes desejados, ao procuram constantemente áreas de negócio onde podem com-
mesmo tempo que permite a manutenção das capacidades de petir agressivamente e a reparação e manutenção naval é um dos
gestão e transmissão de conhecimento necessários aos diferentes setores de atividade onde o crescimento da competição é quase
setores produtivos. diário.
A flexibilidade e capacidade de adaptação às mudanças constantes Num futuro próximo há mercado, em quantidade, suficiente para
dos projetos são altamente apreciadas pelos clientes. permitir a continuação do sucesso da Lisnave registado nas últimas
O tempo é um fator fundamental para os clientes, que pretendem duas décadas.
ter o navio fora de serviço o menor número de dias possível. Assim, Mas, neste contexto de crescente agressividade e concorrência, há
os estaleiros de reparação naval necessitam de operar 365 dias por riscos acrescidos de carência de recursos humanos para responder
ano e 24 horas por dia. A Lisnave necessita de ter trabalhadores às necessidades deste mercado. Contudo, embora sejam já visíveis
dos diferentes setores a trabalhar durante todos os dias do ano, o dificuldades no recrutamento de pessoal operário e técnico para
que requer um significativo esforço dos trabalhadores e das suas uma indústria de mão-de-obra intensiva, exigente e pesada como
famílias. esta, a Lisnave acredita que a estratégia de formação e rejuvenes-
Cada ano, a Lisnave recruta cerca de 40 a 50 colaboradores da re- cimento que tem vindo a prosseguir vai permitir-lhe assegurar os
gião de Setúbal para ações de formação específica, de entre os recursos necessários à continuação do seu sucesso.
quais recruta os mais aptos para integrarem a sua força produtiva. A Lisnave está a preparar-se para conquistar o futuro.
Estudo de Caso
West Sea
Percorrendo o seu caminho
na indústria naval
A
West Sea teve a sua génese no ano de 2013, André Queiroz mais importante ainda na gestão do capital humano
na sequência do processo de subconcessão, Engenheiro da antiga empresa Estaleiros Navais de Viana do
ao grupo Martifer, das instalações dos Esta- Diretor Técnico e de Projeto Castelo, capital este com a experiência e o conhe-
leiros Navais de Viana do Castelo. O renascer da cimento essenciais para dar continuidade às ativi-
construção e da reparação naval, em Viana do Cas- António Jardim dades de construção e reparação naval.
telo, deve-se em primeira mão ao espírito empreen- Engenheiro Depois deste primeiro navio de rio, o Viking Osfrid,
dedor do Engenheiro Carlos Martins, líder e Presi- Diretor de Planeamento mais cinco construções do mesmo tipo (entenda-
dente do grupo Martifer. -se como conceções distintas mas destinadas a
O início da atividade da construção naval, na West operar na mesma área) foram contratualizadas e
Sea, foi marcado pela assinatura do navio-hotel Vi- entregues a dois diferentes armadores/operadores.
king Osfrid em dezembro de 2014. O Viking Osfrid
é uma embarcação operada pela empresa Douro
Azul para exploração turística no rio Douro, com
cerca de 80 metros de comprimento, 53 camarotes
de passageiros e 15 para tripulantes, provida de dois
propulsores azimutais acoplados a dois motores
diesel a quatro tempos, sobrealimentados, com
aproximadamente 440 kW, e ainda um propulsor
axial de proa de aproximadamente 300 kW, também
acoplado a um propulsor diesel. Esta configuração
permite ao navio atingir uma velocidade máxima de
11 nós em águas calmas. O Viking Osfrid foi en-
tregue no prazo contratualmente previsto e com
resultados positivos. Estava alcançado o primeiro Intervalados com a construção dos navios de rio,
desafio do recém-criado estaleiro. foram contratualizados em junho de 2015 dois na-
Este facto muito se deve ao investimento feito pelo vios de patrulha oceânica para a Marinha de Guerra
grupo Martifer na reabilitação dos meios operacio- Portuguesa. Estes dois navios batizados de NRP
nais dos antigos Estaleiros Navais de Viana do Cas- Sines e NRP Setúbal, embarcações tecnologica-
telo (mais de oito milhões de euros até à data) e mente muito exigentes, vieram obrigar a West Sea
a um reforço do capital humano, tanto qualitativo como quantita- mestre de 2019. Este conceito foi a plataforma de lançamento para
tivo, e ao estabelecimento de parcerias com empresas de áreas o desenvolvimento de um sistema de propulsão totalmente elé-
tecnológicas específicas (a título de exemplo refira-se a EDISOFT trico, sem recurso a qualquer tipo de equipamento de combustão.
– empresa portuguesa de tecnologia de hardware e software), tor- É ainda um desafio não materializado em nenhuma construção,
nando a gestão deste contrato num novo desafio para uma tão atendendo ao campo inovador e pioneiro onde a legislação apli-
jovem empresa. Os NRP Sines e NRP Setúbal são navios da mesma cável é muito escassa, mas será com certeza uma realidade num
classe dos NRP Viana do Castelo e NRP Figueira da Foz, construídos futuro próximo.
pelos antigos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, com diversas
alterações das especificações requeridas pela Armada Portuguesa
e ainda com diferentes equipamentos alterados, de modo a serem
colmatadas diversas obsolescências inevitáveis num mercado tão
competitivo como é o da construção naval. O NRP Sines foi en-
tregue à Marinha de Guerra Portuguesa no passado mês de julho,
pronto para iniciar o desempenho das missões para o qual foi con-
cebido. O segundo navio, o NRP Setúbal, tem data de entrega pre-
vista para o final deste ano.
Enquanto seguia em bom ritmo a construção dos navios de pa-
trulha oceânica e dos navios de rio, a West Sea ainda construiu e
entregou uma porta flutuante com cerca de 42 metros de com-
primento, 6,5 metros de altura e 2,5 metros de profundidade, des-
tinada a equipar uma doca seca nos estaleiros militares de Saint Completando a carteira de encomendas atual, a West Sea encontra-
Nazaire, em França. Obra esta muito específica, com diversos de- -se a finalizar a construção de mais um navio de turismo. Esta cons-
safios para a área produtiva. trução foi concebida para realizar especificamente cruzeiros no
Ártico ou Amazónia, podendo operar ainda em qualquer outra zona
do Mundo. É a construção de maior porte realizada até à data pela
West Sea (cerca de 126 metros de comprimento, 200 passageiros
e 111 tripulantes) com uma especificidade única, atendendo ao tipo
de áreas onde irá operar (condições ambientais extremas e regu-
lamentações aplicáveis muito díspares e diversas) e conceito muito
feito à medida do cliente (Mystic Cruises). A propulsão do navio é
também resultado de um conceito muito evoluído. O navio possui
dois motores diesel acoplados a dois alternadores que também
operam como motores elétricos e um motor diesel auxiliar aco-
plado a dois alternadores. A instalação propulsora está acoplada a
duas linhas de veios com passo controlável. O navio tem ainda dois
propulsores axiais horizontais a ré e dois verticais a vante, ambos
operados eletricamente. A gestão de energia permite a partilha dos
dois alternadores/motores, dos propulsores axiais, do consumo de
todo o navio, mantendo o regime de rotação dos motores diesel
no ponto ótimo de eficiência atendendo à carga solicitada. Este
Ainda em paralelo com as construções anteriormente referidas, a navio tem data de entrega prevista no final do presente ano.
West Sea construiu e entregou uma draga de 1.000 m3, tipo “split Para fazer face a esta carteira de encomendas, a West Sea conta
hooper”, para um armador português, projeto igualmente desa- atualmente com 345 trabalhadores, dos quais 155 dos extintos Es-
fiante atendendo à especificidade do navio: zona de operação com taleiros Navais de Viana do Castelo. Para além destes colaboradores
limitações muito restritivas no calado, boca, comprimento e altura efetivos, desenvolvem atividade, diariamente e em média, mais de
(rio Douro) e ainda operação em mar aberto. Deve ainda referir-se 700 trabalhadores indiretos de subempreiteiros adstritos à atividade
a completa inexistência de tradição de construção deste tipo de de construção, manutenção e reparação naval, fazendo dos esta-
navios em Portugal. leiros de Viana do Castelo uma das mais importantes unidades do
Atualmente, a West Sea tem “entre mãos” a construção de mais setor na Península Ibérica.
três navios-hotel para operar no rio Douro, sendo que dois deles Nos três anos de atividade da West Sea foram ainda intervencio-
têm todo o sistema de propulsão totalmente reformulado. O novo nados 158 navios (reparados ou reconvertidos).
desafio contratualizado passou por desenhar um sistema de pro- No curto prazo estão previstos novos investimentos. Uma nova
pulsão híbrido, constituído por propulsão mecânica e elétrica com doca de 200 metros de comprimento, num investimento de 11 mi-
recurso a baterias. Este conceito permitirá a operação do navio em lhões de euros, e a dragagem, em parceria com a Administração
áreas muito mais sensíveis, com um nível de conforto acrescen- do Porto do Douro e Leixões e Viana do Castelo (APDL), do canal
tado e melhor rendimento total da instalação de produção de de acesso. Estes investimentos irão permitir que navios de maior
energia. Os navios têm data prevista de entrega no primeiro tri- calado possam ser reparados ou construídos na West Sea.
Especializações HORIZONTAIS
Especialização em
Colégio Nacional de
Engenharia Civil
Paulo Ribeirinho Soares › [email protected]
no Setor da Engenharia e da Construção”, e António Matos de Almeida, que analisou aplicações práticas desde a realidade virtual,
focou a importância do setor da construção as ameaças e oportunidades quês e colocam passando pela realidade aumentada até à
para a economia e identificou a tecnologia à Engenharia Civil. Ao Dr. Diogo Duarte realidade mista. Desde as aplicações de si-
como a alavanca principal para o aumento Campos, que interveio em representação mulação de ambientes até exemplos de in-
da produtividade do setor que, contraria- da PLMJ Advogados, coube refletir sobre o tegração da informação com o ambiente
mente aos outros setores industriais, sofreu tema “Digitalização versus a Responsabili- construído, a audiência pode constatar o
um decréscimo de cerca de 6% de 2006 a dade dos Intervenientes”. grau de evolução destas aplicações, no-
2015. Esta diminuição de produtividade re- meadamente na indústria da Arquitetura,
sulta do facto de se tratar de um dos setores Integração dos trabalhadores Engenharia e Construção.
que regista os mais baixos níveis de digita- de primeira linha em aplicações No debate que se seguiu às apresentações
lização, de investimento em I&D e em IT. informáticas e realidade mista foram apresentados argumentos que con-
Como solução para inverter esta situação, aplicada à gestão da construção correram para a consciência coletiva da
apontou o investimento na digitalização, inevitabilidade da digitalização na indústria
nas metodologias de trabalho colaborativo, Para o final deste intenso dia de reflexão e da construção, tendo sido feitas várias re-
que permitem a gestão fiável de informação partilha sobre o Futuro da Engenharia Civil, ferências ao BIM como um dos exemplos
ao longo de todo o ciclo de vida de um ficaram reservadas as sessões de aplicação da transformação digital que o setor está a
Projeto, sendo a metodologia BIM – Buil- prática das tecnologias de Informação com implementar. Também se concluiu que a
ding Information Modeling, uma das que influência direta na indústria da Construção. colaboração e a comunicação entre equipas
contribuirá para se atingir um desenvolvi- A cargo do Eng. António Maia, Engenheiro têm vindo a integrar os mais recentes de-
mento inteligente do setor. Informático pela FEUP, em representação senvolvimentos tecnológicos, estando cada
A transformação digital é, assim, imperativa da Claranet, esteve a abordagem à “Inte- vez mais alicerçadas na interoperabilidade
para o setor e não uma opção. gração dos trabalhadores de primeira linha e necessidade de intercâmbio aberto entre
A designada quarta revolução industrial está em aplicações informáticas”. O orador iden- diferentes sistemas.
considerada como a maior revolução tec- tificou o desafio que se coloca na integração Por último, foram lançadas algumas ques-
nológica de sempre. Constitui, através da deste tipo de trabalhadores nas aplicações tões importantes, revelando que muito ainda
informatização dos processos produtivos, digitais de uma organização e realçou a im- está por discutir em relação a este futuro
uma evolução dos sistemas produtivos in- portância de diagnosticar necessidades e próximo: a crescente presença no dia-a-dia
dustriais, o que garante benefícios ao nível culturas antes de se desenvolver qualquer do Big Data e das análises que daí podem
da redução de custos, de energia, do au- aplicação. O desenvolvimento de compe- advir; a questão da perenidade do digital; a
mento da segurança e da qualidade, e da tências e a capacitação dos colaboradores, temática dos direitos de propriedade e au-
melhoria da eficiência dos processos. A in- bem como a gestão do risco inerente à di- toria dos modelos; as implicações que a
dústria 5.0 pretende colocar tudo isso ao gitalização dos processos, surge como cru- inteligência artificial vai trazer ao setor, foram
serviço do homem, posicionando o ser hu- cial. Por último, António Maia identificou algumas delas.
mano no centro da inovação e transfor- como relevante a necessidade de medir e A Ordem dos Engenheiros, através do seu
mação tecnológica para melhorar a sua valorar os benefícios obtidos com estas im- Colégio de Engenharia Civil, agradece às
qualidade de vida, cabendo aos Engenheiros plementações, nomeadamente elencando empresas e demais organizações patroci-
Civis um papel preponderante nesta Revo- as principais melhorias que daí advêm, como nadoras e apoiantes deste Encontro, no-
lução Industrial. seja o aumento da produtividade. meadamente à McKinsey’s Capital Projects
Foram igualmente oradores os Engenheiros Seguidamente, o Eng. Luis Agrellos, Enge- & Infrastructure, ao Laboratório Nacional de
Carlos Pina, Presidente do Laboratório Na- nheiro Eletrotécnico e de Computadores Engenharia Civil, à PLMJ, Claranet, à Geoma,
cional de Engenharia Civil (LNEC), cuja in- também pela FEUP, em representação da à Mota-Engil, à Sanjose e à Lúcios.
tervenção sumariou a contribuição do La- GEMA, apresentou uma visão sobre a “Rea- Na área dos media, os agradecimentos são
boratório no apoio à decisão da adminis- lidade mista aplicada à gestão da construção”. dirigidos ao Jornal de Negócios e à Rádio
tração central para as grandes obras públicas; O orador percorreu o estado da arte das Renascença.
servações que foi fazendo da sua exe- sociações voluntárias de solidariedade pelo Mundo e como os outros vão resol-
cução; esta última exige dele dotes de social, a frequência de museus e galerias vendo os seus próprios problemas. Isso
observação que tem de passar a articular e todas as outras formas possíveis de abrir representa um dos caminhos para, com
com as suas capacidades de cálculo. Mas horizontes são necessárias para inserir um espírito crítico, olhar para as soluções para
a evolução natural da sua carreira vai, se- jovem no seu espaço e no seu tempo. cuja formulação contribui. Estou a referir-
guramente, reclamar dele capacidades de -me, naturalmente, à parte da estrutura
coordenação de uma equipa e de interli- Potencialmente, um Engenheiro terá de social que tem responsabilidades dirigentes
gação quer com outras que são respon- liderar uma grande ou uma pequena equipa. e que, através da sua acção, enquadra a
sáveis por valências distintas de um dado A Engenharia não é um a profissão de me- sociedade no seu funcionamento global.
Empreendimento, quer com profissionais ditação mas de acção. Por isso é esta que
de outros sectores com os quais terá de deve ser treinada a escalas próprias às di- Todavia, em meu entender, isso não é bas-
se articular para o levar a bom termo. versas idades dos educandos. tante. Num tempo em que a mudança re-
presenta a regra, ajuda muito conhecer o
As exigências irão sendo tanto maiores Acresce que não se conhecem os con- passado e compreender a forma como as
quanto o profissional subir na carreira. tornos dessa acção. Sabe-se que a auto- pessoas e os grupos evoluíram ao longo
Mesmo para aqueles que permanecem mação que começou há quase cinquenta da História. Em primeiro lugar, porque se
num dado patamar as coisas mudam, anos está em crescendo, esperando-se observam invariantes nos comportamentos
porque à sua volta tudo muda. Para aqueles que metade dos postos de trabalho hoje que convém conhecer para se ser capaz
que ascendem no seu percurso profis- existentes seja anulada por recurso a má- de avaliar a elasticidade dos mesmos. Há
sional, as coisas mudam duplamente. quinas, e que muitas das competências povos que, por diversas razões, são mais
Por isso, além dos conhecimentos com principais do futuro não sejam as que hoje abertos em relação a essa mudança e ou-
que os formandos têm de ser profusa- conhecemos. tros que a aceitam com dificuldade. Assis-
mente alimentados e que podem respeitar timos, todos os dias, a manifestações de
a saberes concretos ou, pelo menos, à Por tudo isso se deve apostar no robus- rigidez nas ideias e na acção para as quais
forma de os obter se deles vier a neces- tecimento emocional, na capacidade para convém procurar a explicação. A previsão
sitar, eles têm de adquirir outras capaci- enfrentar a mudança, no gosto por re- dos comportamentos futuros é uma tarefa
dades que lhes assegurem versatilidade e solver problemas complexos, na prática difícil e arriscada que, por isso, reclama a
confiança para enfrentar a novidade e os do trabalho de equipa e na liderança de busca de explicações que nos ajudem a
desafios permanentes que vão constituir grupos de composição variada. compreender primeiro para, de seguida,
a regra na sua vida futura. fundamentarmos a acção. Ora, para isso,
Esta formação de partida terá de ser acom- o conhecimento da História importa muito.
Sublinho a importância da confiança em panhada por outra com carácter perma-
si próprio para resolver os problemas que nente que irá durar toda a vida activa. Esta Pode parecer estranho que eu sublinhe
surgirem. Ela é dada, naturalmente, pelo poderá ser dada pelas Faculdades, onde este aspecto quando abordo a formação
comando dos conhecimentos necessá- se deve aprender a voltar, pela Ordem dos dos Engenheiros que irão trabaIhar no fu-
rios, mas também pela capacidade de Engenheiros e por numerosas instituições turo, depois de acentuar que o que os es-
analisar e criticar a questão que tem para que, devidamente alertadas para as ne- pera é a mudança permanente. Mas é exac-
resolver e pela sua capacidade de orga- cessidades que surgirem, organizem ac- tamente por isso que o faço! Quando se
nização da resposta. ções diversas de actualização ou mesmo impõe tentar perceber para poder prever,
de abordagens de sectores completamente o conhecimento do que aconteceu antes
De um Engenheiro espera-se que ele seja novos para os formandos. de nós, ajudará a definir barreiras para es-
capaz de dissecar uma questão mais ou tabelecer os caminhos que nos parecem
menos complicada e de definir com sen- Essas acções, obrigatoriamente de natu- praticáveis. A elasticidade dos comporta-
tido operacional a resposta que ela reclama, reza limitada no tempo, não dispensam mentos é, na maior parte das situações,
tudo enquadrado por um clima de incer- que os profissionais sejam cidadãos da muito menor do que a mudança reclama.
teza, porque é esta a situação corrente. sua época, informados acerca dos pro- Por isso se deve ter uma grande informação
blemas do mundo e das suas regiões e acerca do que aconteceu antes de nós,
Todas estas capacidades não se adquirem populações. Nos nossos dias, é possível para poder avaliar a capacidade de mu-
somente na Faculdade. Quando se lá chega distinguir o grau de inserção de cada um, dança e aproveitar o potencial para evoluir
já se deve ir dotado com muitas delas. conforme a sua vivência na Sociedade em que as sociedades contêm.
Tudo tem de começar muito mais cedo e que está. As pessoas com obrigação de Os resultados do jogo não estão definidos
não é só na escola que se conquistam. A liderança, como sucede correntemente à partida. Os vencedores não são neces-
prática de um desporto, a integração num com os Engenheiros, têm de possuir um sariamente os que sabem mais matemática
coro ou numa orquestra, a pertença a as- espírito cosmopolita, sabendo o que vai ou os que viajaram mais.
Isso também conta, obviamente, mas os assim, preciso estar atento em relação aos fundamental da sua formação. É esse o
desafios a que teremos de responder re- campos onde, dentro do sector, é prati- caso do Ambiente. A importância que as
clamam a articulação de muitas outras cável uma injecção mais intensa das so- questões ligadas à preservação dos ecos-
capacidades que têm a ver com a forma luções próprias da “inteligência artificial”, sistemas assumiram, bem como o impacto
como se apreende a realidade que nos começando por ver onde é que elas pro- ambiental de todas as obras, fazem com
cerca e com a facilidade com que se de- duziram resultados visíveis noutros sec- que este domínio não possa ser esquecido
finem e organizam as respostas que damos tores e desenvolvendo instrumentos ade- na formação dos Engenheiros. Todos serão
aos problemas que se põem. quados à Engenharia e à Construção. Isto confrontados, seguramente, com questões
Estando, assim, vincado que a formação não significa mais do que explorar as po- ligadas a esta área.
dos futuros Engenheiros não pode ser ex- tencialidades da digitalização, tentando
clusivamente técnica mas antes enqua- generalizar aos sectores menos avançados Continuaremos a assistir a desenvolvi-
drada numa perspectiva global acerca do o que já é corrente nos mais propensos à mentos tecnológicos em todos os sec-
funcionamento da Sociedade, é certo que inovação que são, geralmente, os mais tores, desde a ciência dos materiais até à
no campo da tecnologia há demasiadas recentes. digitalização dos processos. Não é pos-
coisas a passarem-se que reclamam muita sível, obviamente, estar a par de todas as
atenção. Como disse há pouco, a situação corrente evoluções que ocorrem, tantas e tão va-
na carreira de um Engenheiro leva alguns riadas elas são. Os seus promotores en-
O sector da Engenharia e Construção pesa deles a assumir responsabilidades de gestão carregar-se-ão, contudo, de chamar a
muito no Mundo. Há estimativas de que nas empresas em que se integram. Por atenção para a importância das suas des-
ele valha mais de 10 biliões de dólares, isso, devem ser sensibilizados desde o cobertas ou dos produtos ou processos
permanecendo um diferencial manifesto início para a importância de saber que que põem no mercado. É preciso, porém,
entre o grau de digitalização dos clientes sorte de instituições elas são e como fun- assegurar que os recém-formados saem
e o próprio sector, verificando-se que há cionam, para seguir ao longo da vida nu- da Escola despertos para a necessidade
um largo campo para progresso deste úl- merosas acções de formação, corrente- de se manterem actualizados no campo
timo, que vai desde a pré-fabricação até mente curtas mas indispensáveis para que em que sucede terem-se especializado.
à fase de operação e, mesmo, da gestão. eles passem a dominar campos tão áridos Essa abertura é indispensável para que a
como a contabilidade e outros tão sensí- inovação adquira as dimensões de um
A redução de custos está, naturalmente, veis como a gestão de pessoal. Esta va- movimento.
presente como objectivo a alcançar. Mas, riedade faz, contudo, parte da panóplia
sucede, estar a dar-se muito mais atenção de sectores que um gestor de Engenharia Como se vê, os desafios que se põem à
ao domínio do risco que vai do associado e Construção tem de dominar. formação dos Engenheiros nem são poucos
directamente à construção (riscos sísmicos Alguns deles chegarão ao topo dessas nem pequenos. Há, obviamente, que fazer
ou tornados e outras catástrofes naturais) empresas. E, aí, a tomada de decisões, a sempre selecções, nunca abrandando em
até ao risco económico e financeiro do agilidade e o fundamento com que o matéria de exigência da qualidade. Uma
próprio empreendimento e, mesmo, até fazem, a arte de comunicar porque o fi- coisa é certa: a formação tem de ser feita
ao risco político de realizar este em de- zeram desse modo e a capacidade para ao longo da vida. Sempre! A isso nos leva
terminado país ou com certos parceiros. congregar a vontade dos órgãos colegiais o ritmo frenético a que se passa inovação
Tudo isso é susceptível de avaliação prévia, em volta de uma determinada solução tecnológica. Mas a evolução tem também
sendo hoje possível precavermo-nos me- contam muito. A capacidade de liderança outras dimensões: ela é feita por homens,
lhor contra muitos possíveis acidentes ou é, para essas posições, muito importante. e destina-se sempre a melhorar a sorte
contra decisões insuficientemente funda- Mas ela pode ser potenciada por via da dos seus semelhantes, com respeito pela
mentadas. Não é difícil, hoje, melhorar as racionalização dos factores que contri- Natureza e pelos altos valores da civili-
previsões neste domínio. E, por isso, será buem para o seu exercício competente; zação em que nos inserimos. Por isso os
natural que cresça muito a atenção dada muitos dirão que se trata de uma capaci- futuros Engenheiros – que irão ter posi-
às muitas formas de risco com que os En- dade inata; em todos os casos, conhecer ções sempre destacadas na vida colectiva
genheiros têm de lidar. Isso terá se de re- e racionalizar o uso dos seus instrumentos – têm de ir para o terreno munidos com
flectir, naturalmente, na sua formação. próprios contribuirá sempre para agilizar conhecimentos suficientes para os tornar
um processo que é sempre crítico para as autónomos nas suas formas de pensar e
Coisa semelhante se passa no domínio da empresas. de actuar e com o sentido da responsa-
“inteligência artificial”, que se tornou cor- Nem todos os campos podem ser objecto bilidade social que as suas funções im-
rente em muitas indústrias mas que pode de acções formais de preparação num plicam.
avançar muito mais no sector da cons- curso inicial de introdução a uma profissão.
trução, que ainda experimenta o peso de Há sensibilizações que têm de ocorrer de
ter sido dos primeiros a desenvolver-se e, modo complementar para muitos, sendo Nota: o autor escreve segundo a ortografia
por isso, ser afectado pela tradição. É, certo que para alguns representará o tronco anterior ao Acordo de 1990.
• Sessões Técnicas para Engenheiro Civis com mais de 700 participantes » ver secção Regiões » NORTE
Iniciativas Regionais
• Sessão “Construção e Inovação em Sistema Plastbau” » ver secção Regiões » CENTRO
Civil
Colégio Nacional de Especialização em
Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos
Iniciativas Regionais • “Mondego: Passado, Presente e Futuro” » ver secção Regiões » CENTRO
Colégio Nacional de
Engenharia Eletrotécnica
Luis Filipe Cameira Ferreira › [email protected]
DL 96/2017:
“O Termo de Responsabilidade pela Execução
de Instalações Elétricas de Serviço particular
para efeitos de Realização de Obra” foi retificado
Colégio Nacional de
Engenharia Mecânica
Gonçalo Manuel Fernandes Perestrelo › [email protected]
académicos, cientistas e técnicos de todas as disciplinas com os A próxima edição do ASME realizar-se entre 9 e 15 de novembro,
propósitos de explorar soluções para os desafios globais e para o em Pittsburgh, Pensilvânia, nos Estados Unidos da América.
avanço da excelência da Engenharia em todo o Mundo. • Mais informações disponíveis em: www.asme.org/events/imece
• Visita Técnica às Instal. de Armazenagem Subterrânea de Gás Natural do Carriço » ver secção Regiões » SUL
Iniciativas Regionais • Qualificação de Auditores de Sistemas de Gestão de Energia » ver secção Regiões » MADEIRA
• Gestão Técnica Centralizada » ver secção Regiões » MADEIRA
Colégio Nacional de
Engenharia Geológica e de Minas
Teresa Burguete › [email protected]
Lítio de Portugal para a Europa para a revolução da eletrificação dos transportes e dos setores da
energia. Contudo, as boas práticas de sustentabilidade que suportam
à regressão linear múltipla com a introdução detonação de substâncias explosivas, para O modelo selecionado apresenta um coe-
de variáveis quantitativas e qualitativas, este escavação do maciço rochoso granítico, na ficiente de determinação de 0,914, supe-
estudo pretende determinar, aplicando uma obra de construção do Túnel de Águas rando o dobro daquele que, para o mesmo
metodologia de proposta e validação de Santas, no Porto. conjunto de dados, é oferecido pelo mo-
modelos matemáticos candidatos, aquele A modelação foi desenvolvida através de al- delo de Johnson (1971).”
que se afigura como o mais adequado a um goritmos desenvolvidos em MATLAB sobre A cerimónia oficial de entrega do prémio
conjunto de dados obtidos na monitorização um conjunto de 1188 observações, que advêm ocorreu em 8 de junho, no Laboratório Na-
das vibrações nos terrenos, produzidas pela da monitorização de 203 desmontes. cional de Engenharia Civil (LNEC).
Colégio Nacional de
Engenharia Química e Biológica
Manuel Fernando Ribeiro Pereira › [email protected]
Colégio Nacional de
Engenharia Naval
Tiago Alexandre Rosado Santos › [email protected]
Colégio Nacional de
Engenharia Geográfica
Maria João Oliveira de Barros Henriques › [email protected]
lhado constantemente para melhorar a pre- do Standard Setting Committee (SSC) da gestão de projetos e de custos na área da
cisão da realização do ITRF: a sua origem, International Construction Measurement construção de grandes empreendimentos.
escala e orientação e a evolução temporal Standard (ICMS), uma iniciativa apoiada pelo Membro do RICS, integra também grupos
desses parâmetros definidores. Está também Fundo Monetário Internacional, pelo Banco de estudo estabelecidos pelo Governo bri-
profundamente envolvido na iniciativa das Mundial e pela Comissão Europeia. A sua tânico na área da construção, sendo de
Nações Unidas sobre o Quadro de Refe- atividade tem sido desenvolvida quer no destacar o grupo para o desenvolvimento
rência Geodésico Global para o Desenvol- setor público, na área de obras públicas, do protocolo BIM.
vimento Sustentável. quer, posteriormente, no privado, nas áreas A Conferência contará com uma sessão or-
See Lian Ong foi Presidente do Royal Insti- de gestão dos custos do projeto e de obra, ganizada pelo grupo português de Jovens
tution of Chartered Surveyors (RICS) entre fiscalização, avaliações, etc. Engenheiros Geógrafos integrados na FIG
2011 e 2012, tendo sido o primeiro cidadão Alan Muse tem mais de 30 anos de expe- Young Surveyors Network, que se espera
não britânico a ser eleito para este cargo. riência na área da construção, das quais 15 ser muito estimulante e entusiasmante para
Especialista em BIM, é atualmente Presidente como Diretor, tendo-se especializado na os jovens participantes.
Colégio Nacional de
Engenharia AGRONÓMICA
Miguel Castro Neto › [email protected]
1 P
ublicada, entre outros locais, no AGROPORTAL a 29 de junho, sob o título “IFAP acusa beneficiários de má-fé e de falta de transparência” e que pode ser consultada
em: https://www.agroportal.pt/ifap-acusa-beneficiarios-de-ma-fe-e-de-falta-de-transparencia/
como membros efetivos da Ordem dos En- genharia por Especialidade da Ordem dos designadamente na área de Engenharia
genheiros. Engenheiros. Agronómica (por exemplo, a assinatura e
Os referidos Atos de Engenharia constam Assim, os Atos praticados pelos engenheiros responsabilidade por projetos de investi-
da legislação e também do Regulamento das empresas consultoras, do IFAP e das mento agrícola), obrigam a inscrição na
n.º 420/2015, de 20 de julho – Atos de En- Direções Regionais de Agricultura e Pescas, Ordem dos Engenheiros.
Iniciativas Regionais • Engenheiros à descoberta da alma do vinho alentejano » ver secção Regiões » SUL
Colégio Nacional de
Engenharia Florestal
Luis Rochartre › [email protected]
Iniciativas Regionais • Luís Rochartre nomeado Diretor-executivo da Forest Solutions » ver secção Regiões » SUL
Colégio Nacional de
Engenharia de Materiais
Luis Gil › [email protected]
DR
seguiu transformar o grafeno num ma- transição para a supercondução. Verificou-
terial supercondutor de correntes elétricas. -se que colocar o grafeno sobre um metal
Combinando o grafeno com uma substância pode alterar dramaticamente as suas pro-
composta por cério e praseodímio (PCCO), priedades e fazer com que se comporte de
conseguiram obter a passagem de corrente um modo inesperado.
elétrica sem resistência, o que poderá ha- O grafeno é formado por uma única camada
bilitar o novo material a ser usado em com- de átomos e destaca-se pela dureza, trans-
putadores quânticos de alta velocidade. tivamente como um supercondutor. parência e flexibilidade, justificando o inves-
Num estudo publicado na “Nature Commu- Até agora tinham sido registadas proprie- timento de cerca 500 milhões de dólares
nications”, os responsáveis pela experiência dades similares à supercondução unindo o que a Comissão Europeia destinou à sua
descrevem que a propriedade supercondu- grafeno a outros metais, uma técnica que, investigação até 2023.
tora foi ativada apenas quando os dois ele- no entanto, não demonstrava que o próprio
mentos se combinaram. A investigação su- material estivesse a transmitir eletricidade • http://observador.pt/2017/02/02/novo-mate-
gere que o PCCO “desperta” certas proprie- sem resistência. rial-que-reage-a-luz-promete-janelas-e-pai-
dades intrínsecas do grafeno, que atua efe- Já tinha sido provado que, sob as condições neis-solares-inovadores
• http://zap.aeiou.pt/o-material-mais-duro-do
crometeoritos e detritos orbitais. A fim de camp) e as Federais do Rio Grande do Norte -universo-e-um-solido-esponjoso-150211
A descoberta do KBNNO acende uma nova célula do material consegue gerar energia KBNNO é inferior, quando comparada com
esperança no rol dos recursos renováveis, suficiente para as necessidades de uma casa. a de outros perovskitas, como as células
já que pode ser uma maneira alternativa de A notícia torna-se ainda mais interessante solares usadas nos painéis fotovoltaicos.
gerar energia elétrica para carregar smart devido a uma peculiaridade do material, que Mas, segundo a equipa de cientistas, é pos-
phones, tablets e notebooks. é capaz de converter três fontes de energia sível que com uma modificação na com-
De acordo com os autores do estudo, pu- ao mesmo tempo em eletricidade. posição do material, o seu potencial de gerar
blicado na “Applied Physics Letters”, uma A eficiência da energia elétrica gerada pelo mais energia seja aumentado.
Colégio Nacional de
Engenharia do Ambiente
Lisete Calado Epifâneo › [email protected]
para Todos” vai ser chefiada por portuguesa for All”, para a qual tinha sido convidada há
três anos como Diretora Executiva, depois
Fonte: CM Lisboa
A cidade de Lisboa ganhou o Prémio Ca-
pital Verde da Europa para 2020. O título
do European Green Leaf 2019 vai para as
cidadãos na sua transformação para se tornar
mais verde. A cidade tem recebido vários
prémios internacionais, em especial na área
cidades de Cornellà de Llobregat (Espanha) do turismo, e tem transformado alguns de-
e Horst aan de Maas (Holanda). Estes títulos safios ambientais em oportunidades de ne-
de prestígio foram concedidos pelo Comis- gócio e emprego.
sário da UE para o Meio Ambiente, Assuntos O júri do prémio sentiu que Lisboa, que ini-
Marítimos e Pesca, Karmenu Vella, numa ciou a sua jornada rumo à sustentabilidade cançar uma redução de 50% nas emissões
cerimónia em Nijmegen (Holanda), que é a durante o período de crise económica, pode de CO2 (2002-14), reduzindo o consumo
atual Capital Verde da Europa. Para além ser uma inspiração para um modelo de ci- de energia em 23% e o consumo de água
deste título, Lisboa recebe um prémio fi- dade onde a sustentabilidade e o cresci- em 17%, de 2007 a 2013;
nanceiro de 350 mil euros da Comissão mento económico andam de mãos dadas. › Tem uma visão clara para a mobilidade
Europeia para o seu ano de capital verde. O painel de peritos destacou que Lisboa é urbana sustentável, com medidas para
As principais preocupações do Comissário particularmente forte no domínio do uso restringir o uso de carros e priorizar o ci-
Karmenu Vella relacionam-se com a sus- sustentável dos solos, mobilidade urbana clismo, o transporte público e a caminhada.
tentabilidade urbana, a mitigação dos efeitos sustentável (transportes), crescimento verde Em 2017, Lisboa lançou um esquema de
das mudanças climáticas, o consumo ex- e inovação ecológica, adaptação às altera- compartilhamento de bicicletas, com bi-
cessivo de bens que geram resíduos, como ções climáticas e gestão de resíduos, no- cicletas elétricas que compreendem dois
o plástico, e a perda de biodiversidade, en- meadamente: terços da frota, para incentivar o ciclismo
tendendo que Lisboa tem tomado iniciativas › Foi a primeira capital na Europa a assinar nas partes mais montanhosas da cidade;
de boas práticas de gestão ambiental, bom o Novo Pacto de Autarcas para Mudanças › Possui uma das maiores redes de pontos
planeamento urbano e de envolvimento dos Climáticas e Energia em 2016, após al- de carregamento de veículos elétricos do
Mundo e 39% da frota municipal de carros
Fonte: CM Lisboa
é elétrica;
› Cerca de 93% das pessoas vivem a menos
de 300m de um serviço de transporte
público frequente;
› Cerca de 76% das pessoas vivem a menos
de 300m de áreas verdes urbanas;
› Tem um forte compromisso com o uso
sustentável da terra, com enfoque parti-
cular no estabelecimento de infraestrutura
verde, ou redes conectadas de espaços
verdes, para neutralizar os efeitos das mu-
danças climáticas, como secas, calor ex-
Veículos Elétricos para a Limpeza Urbana tremo e enchentes tempestuosas.
Bruxelas propõe medidas para tornar mais fácil alternativo de água fiável. Ao tornar viáveis
as águas residuais, as novas regras contri-
e segura a reutilização da água para fins agrícolas buem igualmente para reduzir custos eco-
nómicos e ambientais ligados à criação de
Fonte: http://vozdocampo.pt
de maio, novas regras para incentivar O regulamento proposto pela Comissão visa
e facilitar a reutilização da água para irri- atenuar a escassez de água em toda a UE, no
gação agrícola na União Europeia (UE). As contexto da adaptação às alterações climá-
novas regras ajudarão os agricultores a fa- ticas, garantindo a segurança das ART desti-
zerem o melhor uso possível das águas re- nadas à irrigação agrícola e protegendo os
siduais tratadas, atenuando a escassez de cidadãos e o ambiente. A proposta agora
água e protegendo ao mesmo tempo o apresentada faz parte do programa de tra-
ambiente e os consumidores. O Comissário balho da Comissão para 2018, na sequência
Karmenu Vella, responsável pelo Ambiente, do plano de ação para a economia circular,
Assuntos Marítimos e Pescas, considera que e novas regras para que o público tenha e completa o atual quadro jurídico da UE
esta proposta beneficiará os agricultores, acesso a informação sobre práticas de reu- sobre a água e os géneros alimentícios. A Co-
que terão acesso a uma fonte sustentável tilização da água nos Estados-membros. missão Europeia estima que seria necessário
de água para irrigação, os consumidores, A percentagem de reutilização e ART na UE um investimento de, pelo menos, 700 milhões
que saberão que os produtos que consomem está atualmente muito abaixo do seu po- de euros para aumentar o volume de efluentes
são seguros, e as entidades gestoras de ser- tencial, não obstante o facto de o impacto reutilizados na UE, permitindo passar dos
viços de água, que terão novas oportuni- ambiental e a energia necessária para a ex- atuais 1,1 mil milhões de m3/ano para 6,6 mil
dades e negócio. tração e o transporte de água doce ser muito milhões de m3/ano. O custo para o utilizador
A nova Diretiva estabelece requisitos mí- mais elevado. Um terço do território da UE poderia ser inferior a 0,50 €/m3.
nimos para a reutilização das águas residuais sofre de stresse hídrico durante todo o ano
tratadas (ART) provenientes de estações de e a escassez de água continua a ser uma › Mais informação pode ser consultada em:
tratamento de águas residuais (ETAR) ur- preocupação importante para muitos Es- - http://ec.europa.eu/environment/water/pdf/
banas, abrangendo parâmetros microbio- tados-membros. Cada vez mais se verificam water_reuse_regulation.pdf
lógicos e requisitos para os controlos de padrões meteorológicos imprevisíveis, in- - http://ec.europa.eu/environment/water/pdf/
rotina e de validação de qualidade. O esta- cluindo secas graves, que podem ter con- water_reuse_regulation_impact_assessment.pdf
belecimento de requisitos mínimos tem por sequências negativas para a quantidade e a - http://ec.europa.eu/environment/water/pdf/
objetivo garantir que a água é reutilizada de qualidade dos recursos de água doce. As water_reuse_regulation_impact_assessment_
acordo com as novas regras de segurança novas regras pretendem garantir que se fará summary.pdf
para a irrigação. A Comissão propõe também um melhor uso das ART provenientes de - http://ec.europa.eu/environment/pdf/28-05-
uma gestão de riscos da reutilização de ART ETAR urbanas, garantindo um abastecimento 2018_water_reuse_memo.pdf
Especializações Horizontais
Especializações Horizontais
A Mulher na Engenharia
• Sessão Técnica “Gestão de Risco em Segurança Alimentar” » ver Especialização em Engenharia de Climatização
Especializações Horizontais
É um especialista notável em CFD, douto- vice. É ex-Presidente do Capítulo da ASHRAE de Renovação de Ar”. Na presente confe-
rado pela Universidade de Minnesota e tem em Detroit, ex-Presidente do Comité Téc- rência abordou os seguintes temas: Sistemas
regularmente publicado artigos em várias nico da ASHRAE TC9.11 – Espaços Limpos, de Ventilação em Blocos Operatórios Hos-
revistas técnicas e comerciais. O Dr. Khankari e Presidente do Comité de Administração pitalares1 e Dinâmica do Fluxo de Ar em
fez mais de 60 apresentações em todo o de Pesquisa a nível nacional. Atualmente Quartos de Pacientes2.
Mundo sobre temas relacionados com con- está a liderar um novo Grupo de Trabalho Seguiu-se um vivo e longo debate com a
ceção, projeto e otimização de sistemas de Multidisciplinar sobre a temática de “Taxas assistência.
AVAC. Também tem participado em confe-
rências técnicas e reuniões profissionais. É 1 ASHRAE Journal May 2018, Part I: https://technologyportal.ashrae.org/Journal/ArticleDetail/1966
1 ASHRAE Journal June 2018, Part II: https://technologyportal.ashrae.org/Journal/ArticleDetail/1975
membro da ASHRAE tendo recebido o prémio
2 REHVA Journal October 2017: https://www.rehva.eu/publications-and-resources/rehva-journal/2017/052017/
ASHRAE Distinguished and Exceptional Ser- airflow-dynamics-of-a-patient-room.html
Especializações Horizontais
• Sessão Técnica “Gestão de Risco em Segurança Alimentar” » Ver Especialização em Engenharia de Climatização
Especializações Horizontais
Especialização em GEOTECNIA
Alice Freitas › [email protected]
Especialização em GEOTECNIA
Especializações Horizontais
O programa contou com a participação de sintonia com as restantes intervenções, o últimos tempos, em particular no que se
moderadores e oradores de excelência, na- responsável da OE caracterizou a temática refere à forma de projetar e pensar, incluindo
cionais e estrangeiros, entre os quais o Se- como um problema de Engenharia, com- a utilização, quer de novas ferramentas e
cretário de Estado do Ambiente, Eng. Carlos petindo a esta a Transformação Digital, no plataformas que se ligam entre si, quer de
Martins, e o Bastonário da Ordem dos En- sentido da sua adaptação às Alterações Cli- soluções limpas e amigas do ambiente, sa-
genheiros (OE), Eng. Carlos Mineiro Aires. máticas. lientando a capacidade da Engenharia, das
Na sua intervenção, o Bastonário começou Aliar a adaptação à eficiência foi outra das instituições e das empresas portuguesas
por recordar o XXI Congresso da OE, reali- preocupações e prioridades evidenciadas para enfrentar os novos desafios. Por fim,
zado em novembro de 2017, que foi dedi- na intervenção de Mineiro Aires. Destacou destacou o desafio da gestão de ativos, no
cado à Engenharia e à Transformação Di- a eficiência material como uma das eficiên- que toca às infraestruturas, que carecem de
gital, e o facto de a OE ter declarado 2018 cias que vai ser tema da OE para o ano de um adequado programa de manutenção
como o Ano das Alterações Climáticas, 2019. Fez ainda referência à mudança de que preserve o elevado investimento feito
temas comuns ao VI Fórum AQUASIS. Em paradigma na Engenharia, já verificada nos pelo País.
Especializações Horizontais
A Gestão Patrimonial
das Infraestruturas Rodoviárias da Argélia
Apoio através de um projeto de geminação com França e Portugal
financiado pela União Europeia
Resumo Abstract
Está em curso um projeto de geminação a cargo de um consórcio Asset Management of Road Infrastructures in Algeria
franco-português, ao abrigo do Acordo de Associação Argélia-UE, Support given by a twinning project with France and Portugal
que tem por objetivo prestar apoio ao Organisme National de financed by the EU
Contrôle Technique des Travaux Publiques (CTTP) argelino na A twinning project, developed by a french-portuguese consortium,
implementação de um sistema de suporte à decisão para a gestão under the Algeria-EU Association Agreement is under way, aiming
da rede de estradas nacionais e das obras de arte rodoviárias. Neste at assisting Organisme National de Contrôle Technique des Travaux
artigo pretende-se dar a conhecer sumariamente os principais Publiques (CTTP) on the implementation of a decision support
aspetos desta interessante cooperação científica e técnica internacional, system for the management of national roads and bridges. This
em que Portugal é representado pelo Laboratório Nacional de article is intended to provide a brief presentation of the main aspects
Engenharia Civil (LNEC). of this interesting international cooperation, in which Portugal is
represented by the National Laboratory for Civil Engineering (LNEC).
O parque automóvel deste País ultrapassa os seis milhões de veí- e a indicação de soluções pertinentes para a sua conservação.
culos. Os números associados aos acidentes rodoviários são ex- No CTTP foi criada, no âmbito do projeto de geminação, uma base
tremamente elevados, pese embora algum decréscimo nos últimos de dados relativa aos principais elementos que constituem o refe-
anos. O Centro Nacional de Prevenção e Segurança Rodoviária rido património rodoviário. Os dados sobre as estradas e obras de
contabilizou, só no primeiro semestre de 2017, 12.358 acidentes arte permitem identificá-las e caracterizá-las fisicamente, e, sobre-
rodoviários, de que resultaram 1.695 mortos e 17.715 feridos1; va- tudo, descrever com exatidão o seu estado de conservação e nível
lores que pecarão por defeito. de qualidade. A base de dados foi concebida de modo a ser evo-
De acordo com os dados do Ministério das Obras Públicas e dos lutiva, o que implica atualizações periódicas. Esta dimensão pres-
Transportes2, a rede rodoviária argelina tem uma extensão total da supõe um trabalho importante, que requer o estabelecimento de
ordem dos 114.000 km, dividida por estradas nacionais, com 29.573 uma organização geral com incidência em diversos outros órgãos
km, estradas e caminhos das 48 províncias (Wilayas), com 24.109 da administração argelina (ministérios, agências, administração
km, e caminhos comunais, com 60.420 km. As autoestradas, que local), cobrindo a totalidade do território, com a clara definição de
se incluem no primeiro grupo, perfazem cerca de 2.500 km. Nesta atribuições, e, se necessária, a criação de novas competências. Em
rede contam-se 4.815 obras de arte rodoviárias. consequência, o CTTP está a examinar com a Direção Geral das
O Plano Diretor de Estradas e Autoestradas 2005-2025 tem cons- Infraestruturas diferentes soluções possíveis para organizar a re-
tituído a referência para o desenvolvimento da rede rodoviária na- colha generalizada e sistemática de dados fiáveis na rede rodoviária.
cional a curto, médio e longo prazo. Nele está contemplada a cons- Caberá ao CTTP explorar a informação recolhida, em especial
trução da autoestrada este-oeste com 1.216 km (2×3 vias), quase acompanhar a evolução das degradações, para efeitos de análises
concluída, e o projeto da autoestrada dos altos planaltos, sensivel- comparativas e para, finalmente, deduzir quais as prioridades téc-
mente paralela à primeira no interior da faixa litoral atrás referida, nicas de intervenções e, portanto, de investimento. As decisões fi-
bem como vários eixos de penetração norte-sul. nais quanto a despesas públicas caberão, evidentemente, ao mi-
nistério da tutela, que é responsável pelas estratégias que asseguram
a aplicação de políticas ao nível nacional. Mas essas decisões pas-
sarão a ser tomadas com o apoio de informações, análises e pro-
postas técnicas mais fiáveis, exaustivas, objetivas e, portanto, mais
rigorosas do que até agora.
Figura 1 Mapa da Argélia com as principais ligações rodoviárias Figura 2 Vista das instalações do CTTP em Argel
Esta política governamental encontrou eco no estabelecimento de tação junto dos outros parceiros, quer do seu Departamento de
parcerias com a UE e traduziu-se, no quadro do “Acordo de Asso- Estruturas.
ciação” com a Argélia, pela implementação de programas de tra- O LNEC conta com o apoio da Infraestruturas de Portugal, IP, en-
balho comuns, recorrendo a instrumentos diversos, entre os quais tidade responsável pela gestão da rede rodoviária nacional, nomea-
o de “Projeto de Geminação”. damente na organização de visitas de estudo a Portugal dos téc-
nicos do CTTP envolvidos no projeto, previstas no programa de
ações. No caso da visita relacionada com a componente de tráfego
e pesagem de veículos, contou-se igualmente com a colaboração
da Brisa Autoestradas de Portugal e da Guarda Nacional Republi-
O recurso aos projetos de geminação constitui uma oportunidade cana, através da sua Unidade Nacional de Trânsito.
para a consultoria avançada e a transferência de conhecimentos
entre os países europeus e os países beneficiários, designadamente
países africanos da orla mediterrânica. Permitem reunir competên-
cias do setor público dos Estados-membros da UE e desses países,
de forma a obterem-se resultados concretos do reforço das ativi-
dades de cooperação técnica. Os beneficiários são não só institui-
ções públicas, como é o CTTP, mas também vários outros tipos de
organismos. Deste modo, estão em curso na Argélia uma quinzena
de projetos de geminação, em diferentes domínios, como os da jus-
tiça, da energia, da indústria e dos transportes, para só citar alguns.
No que respeita à geminação em causa – Projeto DZ20 – esta
apoia o CTTP há quase dois anos (a sua operacionalização teve
início a 3 de janeiro de 2016) na implementação de sistemas de
apoio à decisão para a gestão da rede de estradas e das obras de
arte rodoviárias. O diálogo e a cooperação encetados neste âm-
bito, entre a UE e a Argélia, têm obviamente em consideração as
Figura 3 Equipamento embarcado em veículo de recolha de dados para o
prioridades dadas pelo Governo argelino à preservação do seu pa- sistema de gestão de pavimentos da Infraestruturas de Portugal
trimónio de infraestruturas rodoviárias.
A atribuição pela UE de um montante de 1,6 milhões de euros para 6. NOTA CONCLUSIVA
o projeto permite mobilizar cerca de 40 especialistas franceses e
portugueses, cujas missões de apoio ao CTTP devem contribuir No estádio atual de desenvolvimento do projeto, os alicerces da
decisivamente para a implantação de métodos de gestão rodoviária construção da base de dados estão de pé. Ao mesmo tempo, foram
apropriados, de acordo com as melhores práticas atuais. Com efeito, adquiridas pelos técnicos do CTTP competências e o domínio de
as respetivas intervenções conjuntas, ao longo do período que já boas práticas no diagnóstico do estado dos pavimentos e das obras
decorreu, têm sido determinantes para o avanço dos trabalhos, es- de arte. Dominam-se também os procedimentos definidos para as
truturados em torno de três grandes temas (resultados), liderados, contagens do tráfego, em termos quer organizacionais, quer da
cada um, por um responsável argelino e por outro do consórcio utilização de equipamentos. Detém-se já um conhecimento bas-
França-Portugal. Esses temas correspondem a três objetivos prin- tante completo sobre as implicações relativas aos problemas co-
cipais, a saber: locados pelas sobrecargas dos veículos pesados. Esta aquisição de
1. Uma base de dados rodoviários como suporte a um sistema de conhecimentos e de experiências deverá, daqui para a frente, ser
apoio à gestão da conservação dos pavimentos; aproveitada e valorizada através da adequada inserção das missões
2. Uma base de dados e uma organização fiável das atividades do CTTP na cadeia de funcionamento da administração argelina.
conducentes à gestão das obras de arte rodoviárias; Os trabalhos já realizados e em curso são prometedores e é ma-
3. Um dispositivo de contagem do tráfego no conjunto da rede de nifesta a vontade de atingir com sucesso os objetivos por parte dos
estradas nacionais, acompanhado do domínio técnico da questão parceiros envolvidos. O intercâmbio tecnológico inerente a um
da pesagem de veículos pesados. projeto desta natureza decorre num ambiente de grande respeito
mútuo. Os resultados que se vão obtendo, suportados por ensaios
5. A PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA NO PROJETO numa extensão de trechos piloto selecionados e numa amostra
representativa das obras de arte, são objeto de validação por parte
O ponto de contacto nacional para os projetos de geminação da da direção do organismo beneficiário argelino, em estreita ligação
UE em que Portugal participa encontra-se sediado no Ministério com a sua tutela.
dos Negócios Estrangeiros. Prevê-se que o projeto fique concluído no decurso de 2018, sem
No caso do presente projeto, a participação portuguesa é assegu- prejuízo de se desenvolverem ações de acompanhamento e cola-
rada pelo LNEC, que está sob a tutela do Ministério do Planeamento boração futuras, o que, no que respeita a Portugal, se enquadra, no-
e das Infraestruturas. Para o efeito, este Laboratório mobilizou uma meadamente, na política de cooperação com os países do Mediter-
equipa de investigadores, quer do seu Departamento de Trans- râneo Ocidental, bem como na missão do LNEC neste âmbito, con-
portes, o qual assegura a coordenação das tarefas e a represen- tando com o apoio institucional da Infraestruturas de Portugal.
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Análise
Análise
A reengenharia aeroportuária
à medida de Lisboa
Hub Alverca longo curso e Portela médio curso
Nota da Redação
Seguindo políticas editoriais, o presente artigo foi publicado a pedido do seu autor por se entender que pode constituir um contributo
interessante no âmbito da discussão de uma solução aeroportuária para Lisboa e uma vez que o recurso a Alverca sempre foi
descartado por se basear no traçado e orientação atuais da pista aí existente.
Assinala-se que a solução enferma de importantes omissões de diversa natureza e que carecem de aprofundamento, nomeadamente
de natureza técnica e ambiental, e pressupõe a ocupação do Mouchão da Póvoa, uma ilha fluvial com 1200 ha, onde se desenvolve
atividade agrícola e pecuária e com elevado interesse para a avifauna e para a proteção da natureza, com elevados impactes que
não foram considerados.
N
o presente artigo é apresentada uma pro- pista de orientação 03-21 em Alverca, paralela à
posta autónoma e independente que pista principal da Portela, o que representa uma
promove Lisboa como hub interconti- situação nunca antes analisada e da qual resultam
nental e capaz de rapidamente resolver o presente significativos benefícios técnicos, económicos e
obstáculo aeroportuário ao crescimento turístico ambientais para Portugal.
de Portugal, sem comprometer a segurança, a José Joaquim
competitividade e a sustentabilidade no horizonte Proença Furtado O enquadramento contratual da concessão
da concessão aeroportuária, prevista até 2062. Engenheiro Civil ANA-Vinci no que respeita ao NAL
Consultor e Assessor (novo aeroporto de Lisboa)
da Presidência da APPLA –
É, assim, intenção contextualizar a proposta re- – Associação dos Pilotos
dutora da concessionária ANA-Vinci que dispersa Portugueses de Linha Aérea A concessão ANA-Vinci, com prazo até 2062, es-
o tráfego aéreo do atual hub por dois aeródromos tipula “gatilhos” para despoletar o processo NAL
desligados, evidenciar a respetiva insuficiência em Alcochete, dando abertura a uma proposta
face à potencial procura (até 55 milhões de pas- alternativa da concessionária desde que obser-
sageiros) e clarificar que os seus malefícios para vadas as especificações mínimas do anexo XVI do
a população não são uma “inevitabilidade”, pois será aqui apresen- contrato, onde, nomeadamente, se estabelece que, para além de
tada uma alternativa inovadora que assenta na criação de uma nova menos onerosa e mais eficiente, deve: corresponder a um hub com
transferência direta entre terminais e capacidade inicial de 90-95
movimentos por hora mediante o funcionamento de um par de
pistas paralelas independentes ≈ 4.000 m / 4 taxiways, proporcio-
nando um sistema de usabilidade ≥ 95%. Este hub deverá estar pre-
parado para potencial terceira e quarta pistas com operação se-
gregada, ter conexão ferroviária nacional e suburbana e ter manu-
tenção de aeronaves.
curto prazo, construir de raiz um aeroporto intercontinental com civilizacionais europeus, obrigando a profunda e dispendiosa reor-
“desminagem” preliminar do Campo de Tiro de Alcochete, a que ganização militar e ficando esgotado em poucos anos.
acresce a demorada e onerosa travessia do mais largo estuário eu-
ropeu, a concessionária propôs, ao arrepio das condições técnicas Revisitar as bases aéreas à luz dos requisitos traçados
do anexo XVI do contrato de concessão, uma medida intercalar pela reengenharia
para alguns anos. Esta medida pressupõe operar duas pistas de-
pendentes, uma na Portela e uma na base aérea do Montijo, com O avizinhar da sobrelotação do aeroporto de Lisboa foi a razão
a capacidade total de 64-68 movimentos por hora, manter o longo- para, em 2016, se ter avançado com um estudo para a capital, re-
-curso/transferência na Portela à custa do encerramento da pista visitando as bases aéreas à luz do primado estratégico de manter
17-35 windshear (expediente para obter alguns stands de aviões), Lisboa como hub uno (massa crítica), assegurar a sua sustentabili-
e estabelecer na base aérea uma plataforma para uso civil com dade a longo prazo, o que tanto supõe atender os requisitos téc-
acessibilidade por autocarro até à estação fluvial (percurso de 4 km) nicos da concessão como as práticas ambientais dos aeroportos
e por barco até Lisboa (percurso de 13 km). É, assim, uma solução europeus (convivência com cidade) e, ainda, ser a solução de rá-
provisória com uma capacidade significativamente mais fraca que pida implementação, tudo isto requerendo:
a contratualmente prevista. 1. Ser um hub com transferência entre terminais até 10-15 minutos
através de um trem automático de elevada cadência;
O Relatório elaborado pela Autoridade Nacional para a Aviação Civil 2. Dispor de um par de pistas paralelas independentes com ex-
(ANAC) e pela Roland Berger prevê que Lisboa atinja os 22 milhões tensão ≥ 3.700 m, a que acrescenta eventual terceira pista se-
de passageiros em 2020 e que chegue aos 30 milhões em 2023/2024, gregada como segurança;
sendo que “assumindo a transferência LCC para Montijo a partir de 3. Desviar o longo curso da cidade, ficando só o médio curso e
2020, Portela apenas atingirá 30 M PAX em 2035”. com horário reduzido, eliminando os voos noturnos;
4. Reduzir o ruído e melhorar a segurança (safety) da Portela, através
Porém, em apenas dois anos o boom turístico ultrapassou a esti- do recuo do ponto de aterragem pelo lado sul (o de sobrevoo
mativa, tendo atingido os 26,7 milhões de passageiros em 2017, da cidade) em 1.000 m para dentro do perímetro;
sendo que as revisões atualizadas apontam para cerca de 40 mi- 5. Usabilidade ≥ 95% mediante duas pistas por aeródromo:
lhões de passageiros em 2023/2024 se não houver estrangulamento • Portela: Pista 03-21 + Pista 17-35 (prevenção de ocorrência
aeroportuário. Ora, se nessa altura se desviarem 9-10 milhões de windshear presente e futura);
passageiros para o Montijo, ainda ficam na Portela 30 milhões (em • Complementar: uma das pistas com orientação 03-21 fazendo
2024), o que antecipa em mais de 10 anos a previsão da ANAC- par com Portela;
-Roland Berger (30 milhões em 2035). 6. Conexão ferroviária, com utilização do metropolitano e dos per-
cursos suburbanos e nacionais dos comboios;
O imperativo nacional de uma nova solução é a razão 7. Não depender de atravessamentos do Tejo ou de mudanças
da reengenharia aeroportuária proposta para Lisboa operacionais de natureza militar.
As restrições ao investimento público numa nova travessia do Tejo, Apenas a base-depósito Alverca tinha condições para satisfazer
junto com o modelo de privatização da ANA, dificultam, no hori- todos os requisitos impostos, circunscrevendo-se o desafio à criação
zonte da concessão, a construção do aeroporto em Alcochete. Isto de uma nova pista de orientação 03-21. Observando mais em por-
verifica-se quer ele comece com duas pistas, como está estabele- menor, constatava-se que as pistas 03-21 e 04-22 eram “quase”
cido, quer com uma pista, pois mesmo o custo desta variante re- paralelas (pistas que entre si formam um ângulo ≤ 15º) e que não
presenta mais de dois terços do total de investimento devido à es- havia impedimento habitacional do lado exterior à pista existente.
pecificidade da implantação, que exige que a terraplenagem seja
feita na globalidade com a desminagem preliminar do terreno e a Era, assim, possível avançar um pouco sobre o plano de água, à
construção de um novo campo de tiro. Paralelamente, há a con- imagem do que fez a maioria dos aeroportos à beira de água quando
siderar o facto da enorme distância a Lisboa exigir logo no arranque foi necessária uma nova pista, como é o caso recente da quinta
operacional de Alcochete o funcionamento de uma ligação ferro- pista do maior aeroporto de Xangai.
viária por via de uma nova ponte que atravesse o Tejo.
Inovadora pista Alverca 03-21 enformando um par de pistas
Por outro lado, a solução proposta pela ANA-Vinci iria colocar a paralelas independentes com Alverca 03-21
população de Lisboa a viver sob permanente stress aeronáutico até
2062, uma vez que prevê que, na infraestrutura da Portela, cuja A compatibilização de Alverca-Portela foi sempre avaliada com o
aproximação à pista sobrevoa toda a cidade (situação única na Eu- conjunto existente [uma pista 04-22 + um taxiway], assentando a
ropa), devem ser feitos os mesmos 48 movimentos por hora que originalidade da reengenharia numa nova pista de orientação 03-21
a pista do recordista aeroporto de Gatwick (que não é hub) faz, mas e transfigurando o que existe em duplo taxiway, um deles pista-
a 40 Km da cidade e com aproximações sobre o campo. Em sín- -reserva. Alverca fica com um sistema igual a Gatwick (Londres),
tese, um novo aeroporto em Alcochete com duas pistas ou com mas de escala superior, em que a pista principal seria operacional-
uma pista será inviável por muitos anos. Por outro lado, a solução mente independente da Portela, com capacidade conjunta de 90
minimalista da concessionária é intolerável segundo os padrões a 95 movimentos por hora.
A área entre as duas pistas não é necessária do ponto de vista nacional –, em troço quadruplicado, possibilita a utilização de car-
aeroportuário, mantendo-se assim a passagem de água pela Cala Norte.
ruagens suburbanas e nacionais, bem como a ligação direta ao nú-
Cada taxiway da nova pista terá um curto viaduto, perfazendo estes uma cleo turístico (baixa pombalina e terminal de cruzeiros), ficando,
extensão total de 800 m (em Macau a extensão total de viaduto é 2.500
deste modo, não só toda a área metropolitana de Lisboa ligada por
e em Tóquio-Haneda é 1.300)
ferrovia, como também o resto do País.
Situação presente
Os passageiros de companhias low cost, sejam nacionais ou tu-
ristas, que tenham como destino a cidade de Lisboa, a sua área
metropolitana ou o restante País, podem hoje chegar ou sair da
Portela por metro, no que é igual a Madrid e Barcelona.
* Relatório ANAC-Roland Berger avalia custo NAL em 5.400 M€ sem acessibilidade ** Indicação ANA
Em Alverca, o primeiro aumento de capacidade aeroportuária iii) Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) de hub Alverca longo
de Lisboa será logo no primeiro trimestre de 2020 curso e Portela médio curso
O impacte sobre a natureza e os habitantes é inferior ao da so-
A Portela tem capacidade aérea disponível, mas capacidade de solo lução da concessionária por, entre outros motivos, desviar as
esgotada por causa do défice de infraestrutura (só um taxiway que grandes aeronaves da cidade para aproximações sobre planos
corta a pista principal) e pela gritante falta de stands de aviões. Al- de água em Alverca, reduzir o horário operacional na Portela e
verca fornecerá os stands que faltam à Portela e beneficiará da melhorar a segurança (safety) global. No capítulo AAE, os be-
gestão comum das duas infraestruturas para preencher a disponi- nefícios são claros e transparentes, por exemplo, o hub dual
bilidade aérea em aberto, encaixando 25.000 movimentos/ano, o está do lado do Tejo com mais de 90% das origens/destino, ma-
que significa 3-3,5 milhões de passageiros, o que é suficiente para ximiza o uso da ferrovia nas deslocações, não altera as infraes-
absorver o crescimento de Lisboa em mais dois anos enquanto se truturas militares operacionais e mantém o uso do campo de
acaba a nova pista. tiro aéreo de Alcochete (tem certificação ambiental).
A aprovação global da solução hub será mais rápida que a “pro-
Na primeira fase de Alverca, fundamentalmente melhora-se a visória-definitiva” da concessionária, dado o associado risco e
infraestrutura que já existe (sem impacto ambiental), ficando o terminal de
passageiros com dimensão igual ao do aeroporto de Beja (edifício 4.500 prejuízos ambientais-económicos desta última, bem como a
m2/14 stands/900 lugares de estacionamento) e a OGMA encarregar-se-á demorada discussão das respetivas medidas de mitigação, an-
da manutenção dos aviões.
tevendo-se a conclusão do processo de certificação de Alverca
A beneficiação poderá avançar com celeridade por ser integralmente até ao final do primeiro trimestre de 2019.
financiada pela concessionária.
v)
Construção de “retenção ribeirinha + consolidação de aterro +
estrutura da pista”
Este conjunto integrado será iniciado em julho de 2019 e estará
concluído até ao final de 2020, subindo então a capacidade no
início de 2021 para 7 milhões de passageiros.
opinião
A ENERGIA ELÉTRICA
NO HORIZONTE 2020-2030
O
setor da energia elétrica tem sofrido nos As sociedades modernas são também cada vez mais
últimos anos alterações significativas, umas exigentes em termos de sustentabilidade ambiental,
decorrentes da evolução tecnológica, ou- pelo que a produção de energia elétrica exige a es-
tras decorrentes de preocupações ambientais e colha de formas de produção eficientes, de baixo
outras, ainda, decorrentes dos hábitos e tendências custo e de reduzido impacto ambiental. Por isso há
sociais que influenciam a procura. Por estas razões, João Gomes de Aguiar um movimento crescente da sociedade e da indús-
Engenheiro Eletrotécnico
será conveniente fazer uma breve abordagem à tria para o uso de energias renováveis e para o aban-
Consultor para a área
evolução da sociedade, às caraterísticas da procura de Energia dono progressivo dos combustíveis fósseis.
de energia elétrica e das diferentes fontes utilizadas Ex-Administrador A energia elétrica é a forma mais eficiente, segura,
na sua produção, para podermos traçar algumas de empresas do Grupo EDP fácil de utilizar e menos poluente de uso de energia,
linhas estruturantes do caminho a seguir. seja na indústria, nos transportes e nas atividades
domésticas, pelo que a escolha das formas de pro-
1. A Sociedade e a Energia dução e das fontes de utilização de energia primária
utilizadas reveste-se de primordial importância para
As sociedades atuais, cujo funcionamento assenta atingir todos estes objetivos.
no uso intensivo da energia, seja para assegurar as A satisfação da procura de energia elétrica, asso-
atividades produtivas, seja para a mobilidade das ciada à necessidade de redução de emissões dos
mercadorias e dos cidadãos, seja para as atividades gases de efeito de estufa que provocam as altera-
domésticas, dependem fortemente do seu forne- ções climáticas, tem impulsionado a adoção de
cimento regular, contínuo, eficiente e a preços com- medidas de eficiência energética, nomeadamente
petitivos. a construção de equipamentos elétricos mais efi-
cientes, mas também a promoção do uso racional de energia, ga- das energias renováveis têm vindo a tornar atrativa a sua instalação
rantindo os fornecimentos necessários ao conforto doméstico e ao nível dos consumidores individuais, nas redes de baixa tensão.
ao setor produtivo, da forma mais eficiente. A possibilidade de instalação de equipamentos de produção para
Paralelamente, tem-se assistido a uma transferência de consumos autoconsumo, com possibilidades de venda de excedentes à rede,
de energia de combustíveis fósseis para energia elétrica, particu- torna esta produção local mais atrativa. Os consumidores tornam-
larmente na indústria e nos transportes, substituindo equipamentos -se, assim, também produtores.
industriais e veículos de combustão por equipamentos e veículos
elétricos. Esta tendência deverá acentuar-se no futuro, por razões 3. O futuro no horizonte 2030
ambientais e de eficiência.
Para antever a evolução futura do mercado de energia, e da forma
2. A emergência das energias renováveis mais eficiente e sustentável para a sua produção, é preciso res-
ponder a algumas questões fundamentais, a saber:
O desenvolvimento tecnológico atingido pelas sociedades mo-
dernas tem permitido a produção de energia elétrica a partir de 1) Qual a tendência de evolução dos consumos na próxima dé-
diversas fontes, renováveis e não renováveis, o que se traduz no cada? Depois de uma década de estagnação, a tendência é para a
aproveitamento dos recursos disponíveis onde eles existem, mor- manutenção nos níveis atuais ou crescimento? Qual a influência
mente aqueles que são mais vantajosos económica e ambiental- das políticas de eficiência energética nos consumos?
mente. Os mais utilizados em Portugal são os seguintes: Pelas caraterísticas e vantagens associadas ao uso da energia elé-
› Energia termoelétrica, produzida a partir de carvão, por ser mais trica temos razões para crer que, apesar das melhorias de eficiência,
abundante e mais barato, e de gás natural, por ser o que permite a tendência de crescimento da procura vai continuar, devido so-
uma produção mais eficiente e com menor nível de emissões. bretudo à melhoria das condições económicas e à conversão de
Em Portugal existem duas centrais a carvão (Sines e Pego I), com consumos de outras formas de energia.
uma potência total de 1.756 MW, e quatro centrais a gás natural
(Tapada do Outeiro, Ribatejo, Lares e Pego II), com uma potência 2) Tendo em conta o provável encerramento das centrais a carvão
total de 4.608 MW. na década de 20-30, o sistema elétrico conseguirá garantir a sa-
› Fontes de energia renovável, onde se incluem as energias hi- tisfação da procura apenas com energias renováveis? As atuais
droelétrica, eólica, solar, biomassa e dos oceanos. A energia hi- centrais de ciclo combinado a gás natural (CCGT) serão suficientes
droelétrica é utilizada em Portugal desde meados do século pas- para fazer a reserva de capacidade? Ou precisa de nova produção
sado, tendo sido a base da eletrificação do País, enquanto a de base com novas CCGT?
energia eólica e a solar tiveram um forte desenvolvimento desde Mesmo com uma forte penetração de produção de origem solar,
o início do século atual, graças ao desenvolvimento tecnológico em centrais fotovoltaicas, tendo em conta a sua dependência da
e ao apoio de que beneficiaram. O crescente aumento da pro- insolação e a intermitência da energia eólica, dificilmente o sistema
dução de energia eólica e solar fez descer fortemente o preço elétrico subsistirá sem nova produção de base térmica.
dos equipamentos de produção (aerogeradores e painéis foto-
voltaicos), fazendo com que os custos de produção se apro- 3) O aprofundamento do mercado europeu de energia será sufi-
ximem cada vez mais dos custos de produção convencional, ciente para responder a eventuais carências de produção de um
sendo possível ir reduzindo os apoios de que beneficiaram no Estado-membro, como Portugal? O reforço das interligações entre
início. As energias renováveis estão fortemente dependentes das Portugal, Espanha e França será suficiente para garantir as neces-
condições climatéricas – a energia hidroelétrica dependente da sidades de importação numa situação de carência?
pluviosidade, a eólica dependente do regime de ventos, de grande O mercado europeu de energia começou a ser construído há cerca
variabilidade local e temporal, e a fotovoltaica dependente da de 20 anos e apesar de ter registado evoluções positivas no sen-
incidência de luz solar. Estas condições fazem com que estas tido de uma maior integração, através da criação de mercados re-
energias apresentem intermitências horária, diária, mensal e anual, gionais, de construção de novas interligações, de maior comércio
não podendo por si só garantir o fornecimento regular exigido. transfronteiriço de energia, de maior partilha de informação e de
Assim, o sistema elétrico tem de dispor de reserva de capacidade maior cooperação, ele não é ainda suficientemente fluido para res-
de produção que possa entrar rapidamente em operação. ponder a situações de carência de energia num país ou região, não
tendo ainda sido submetido a provas reais, pelo que devemos ser
Vivemos, pois, com um sistema em que o Estado, devido ao inte- conservadores e procurar manter a autossuficiência energética.
resse em promover energias limpas, cuja tecnologia era inicialmente
mais cara, teve de assegurar preços garantidos à produção de 4) A emergência da armazenagem de energia elétrica em baterias,
origem renovável, através do mecanismo conhecido por “Feed-In a preços mais competitivos, em complemento das formas de ar-
tariffs”, bem como de garantir níveis de rentabilidade adequados às mazenagem tradicional, permitirá acumular energia de produção
centrais de reserva a gás natural, quando estas não são chamadas renovável, produzida em horas de forte produção e recuperá-la
a produzir, através do mecanismo de “Garantia de Potência”. De em horas de baixa produção? A energia acumulada em baterias de
outro modo, os consumidores corriam o risco de ter falhas de abas- veículos elétricos poderá ter um impacto significativo na acumu-
tecimento ou de pagar sobrecustos em épocas de crise. lação de energia, se gerida de forma eficaz?
A miniaturização dos equipamentos e o abaixamento dos custos Acreditamos que o preço das baterias vai baixar e permitir o seu
uso em termos económicos na armazenagem de energia, tal como zação do sistema, influenciando a procura, mas também as formas
acreditamos numa forte penetração dos veículos elétricos e na de produção descentralizada, a carga dos veículos elétricos, o ar-
gestão da carga das baterias pelo sistema elétrico de forma posi- mazenamento e a gestão das redes elétricas.
tiva, embora os seus ritmos sejam difíceis de prever. Ao nível da produção manter-se-á a tendência de maior penetração
das energias renováveis, em particular da fotovoltaica, da eólica e
5) Estarão os consumidores disponíveis para aceitar interrupções da biomassa, quer a nível local, quer em sistemas de produção cen-
de fornecimento? tralizada. Com elevada probabilidade, em função do crescimento
Os esforços feitos nos últimos anos no sentido do aumento da efi- da procura, esta produção precisa das atuais centrais térmicas como
ciência no consumo e de modular a procura de energia através dos reserva de potência e, provavelmente, de mais unidades de ciclo
preços têm dado sinais positivos. No entanto, pela importância que combinado a gás natural, após a saída do carvão.
a energia elétrica assume nos dias de hoje, em todas as atividades As interligações internacionais, o armazenamento em baterias de
humanas, não acreditamos que os consumidores aceitem pacifi- baixo custo e os veículos elétricos, pelas implicações positivas que
camente interrupções de fornecimento de âmbito significativo. O têm na gestão do sistema e na sua otimização, visando a redução
mecanismo de interruptibilidade tem funcionado para unidades dos custos para os consumidores, não poderão deixar de ser incen-
industriais com possibilidades de modulação da carga, embora nos tivadas. Também o desenvolvimento de sistemas inteligentes, ba-
últimos anos, devido à recessão económica, se tenha verificado seados em redes de telecomunicações e de inteligência artificial,
uma estagnação dos consumos, que gerou excedentes de capa- colocados ao serviço das cidades e da gestão das redes elétricas,
cidade, com reduzido recurso àquele mecanismo. terão um forte impacto na gestão energética e na vida dos cidadãos.
Os mercados grossistas, puramente baseados em bolsas de energia,
6) A capacidade de investimento das famílias e das empresas vai têm revelado algumas debilidades, ora porque os preços marginais
aumentar de modo a que possam investir na produção local de não remuneram adequadamente o investimento, ora porque os
energia e, assim, reduzir as necessidades de produção centralizada? preços podem atingir picos incomportáveis em épocas de carência
Há um crescente interesse por parte de muitos consumidores na de oferta, com riscos de abastecimento, pelo que os Estados têm
instalação de unidades de produção para autoconsumo e em uni- vindo a ter necessidade de intervir em situações pontuais através
dades de pequena produção para venda à rede, mas as dificuldades de medidas fora dos mecanismos de mercado. Uma dessas me-
de financiamento e de garantias de retorno não provocaram ainda didas é o lançamento de concursos para unidades de produção
um forte incremento. centralizada, para as diferentes tecnologias, induzindo a concor-
rência na fase de construção, de acordo com modelos de planea-
4. Os caminhos a seguir mento da oferta.
A liberalização do mercado de retalho veio criar oportunidades de
No domínio da energia, tal como em muitos outros da vida mo- negócio para os comercializadores, com a prestação de serviços
derna, há cada vez menos certezas e cada vez mais incertezas, o associados à venda de energia, mercado que tenderá a desenvolver-
que obriga a fazer o caminho à medida que se vai caminhando. -se nas áreas de produção local de energia, na mobilidade elétrica
Para tal situação, o País e as empresas precisam de dispor de indi- e na eficiência energética, entre outros. Contudo, importa também
cadores adequados sobre a evolução do sistema, e de sistemas de defender os consumidores menos informados sobre eventuais riscos
planeamento que permitam uma gestão ótima do sistema, e uma associados às tarifas praticadas e aos novos produtos comerciali-
visão integrada do sistema energético. zados. A existência de simuladores tarifários, de tarifas de referência
Também os sistemas de gestão e de modulação da procura pas- indexadas ao mercado grossista e da tarifa social são mecanismos
sarão a desempenhar um papel cada vez mais relevante na otimi- a desenvolver e garantir pelas instituições públicas.
Ação Disciplinar
Apresenta-se o resumo
de um acórdão proferido
pelo Conselho Jurisdicional
da Ordem dos Engenheiros
que confirma a decisão
de Arquivamento do Conselho
Disciplinar da Região Sul.
Legislação
ERSE ALARGA PODERES
DE REGULAÇÃO
QUATRO CORES
NÃO CHEGAM!
A
ubrey D. N. J. de Grey é uma perso-
nagem extremamente original. De-
dica-se profissionalmente à geron-
tologia biomédica, tendo vasta obra publicada
e sendo editor da principal publicação cien-
tífica da área. O seu trabalho de investigação
concentra-se na questão de a medicina
regenerativa poder atrasar de forma eficaz
o processo de envelhecimento. Trabalha no
desenvolvimento daquilo a que chama SENS
(“Strategies for Engineered Negligible Senes-
cence”), conjunto de métodos para rejuve-
nescer o corpo humano a nível celular. De
Grey afirma que a maior parte da ciência
fundamental necessária para desenvolver Figura 1 Aubrey de Grey
particular do Othello. Foi por esta influência guesa na área da Matemática, editada pela construção de um grafo com dez vértices.
que se começou a interessar pela área da Sociedade Portuguesa de Matemática). Em O leitor pode divertir-se a verificar que a co-
Matemática Discreta, conhecida como Teoria 1960, um artigo do excepcional divulgador loração do grafo de Golomb exige quatro
de Grafos. Um grafo é um objecto mate- Martin Gardner na Scientific American trouxe cores. A consequência é a mesma: o número
mático muito simples: um conjunto de o problema de Hadwiger-Nelson à luz do cromático do plano é pelo menos 4.
pontos (vértices) unidos por arestas. A Teoria grande público. Quanto a uma resposta, ela
de Grafos é o estudo sistemático de pro- é desconhecida: o problema do número
priedades destes objectos. cromático do plano permanece em aberto
Desengane-se o leitor se pensa que, tra- até hoje.
tando de objectos aparentemente tão ele- Em 1961, os irmãos William e Leo Moser
mentares, a Teoria de Grafos é simples. Pelo provaram que o número cromático do plano
contrário, a situação é semelhante à da (CNP) é maior ou igual do que 4. Fizeram-
Teoria de Números: sendo os objectos e a -no encontrando uma construção geomé-
estrutura muito simples, podemos formular trica de um grafo que, nas condições do
perguntas elementares mas cuja resposta problema, exige quatro cores para ser co-
pode demorar séculos a ser dada, sendo lorido. Esse grafo é conhecido como fuso
diabolicamente complexa (caso do Teorema de Moser (devido à aparência pontiaguda do
de Fermat) ou simplesmente desconhecida triângulo interno) e apresenta-se com os Figura 3 O grafo de Golomb
(caso da Conjectura de Goldbach: será ver- vértices por colorir (Figura 2).
dade que um inteiro par maior do que 2 é Em sentido inverso, será que conseguimos
soma de dois primos?). encontrar um limite superior para o número
A situação na Teoria de Grafos é semelhante: cromático do plano? A resposta é sim: pode
é possível formular problemas, num certo fazer-se uma pavimentação regular do plano
sentido, naturais e de expressão elementar. com azulejos hexagonais, usando no má-
A complexidade, profundidade, ou sequer ximo sete cores, por forma a satisfazer a
existência de respostas é, contudo, toda condição do problema de Hadwiger-Nelson.
uma outra questão. Essa construção, aparentemente devida ao
O problema a que Aubrey de Grey se dedicou, matemático John Isbell, representa-se na
para “descontrair do trabalho a sério”, nas Figura 4.
suas palavras, nas férias de Natal de 2017, é
conhecido como problema de Hadwiger- Figura 2 O fuso de Moser
-Nelson e formula-se de modo desconcer-
tantemente simples. Pense num plano. Qual No fuso de Moser todas as arestas têm o
é o número mínimo de cores necessárias para mesmo comprimento (que se toma como
pintar o plano por forma a que, escolhendo 1); os vértices unidos por arestas têm pois
um conjunto qualquer de pontos do plano, de ter cor diferente. Vamos mostrar que este
nenhum par de pontos que distem uma uni- grafo exige quatro cores para ser colorido.
dade esteja colorido da mesma cor? Suponhamos que o tentamos começar a
Este problema, conhecido como o Número colorir partindo do vértice superior, pintando-
Cromático do Plano, parece desesperada- -o com a cor 1. Como este está ligado a dois
mente vago nesta formulação geométrica, vértices no losango do lado esquerdo, e
pois podemos escolher os pontos de forma estes entre si, estes têm de ser pintados com
arbitrária. No entanto, como só estamos in- cores 2 e 3. Voltamos então à cor 1 para
teressados em impor a condição sobre as pintar o vértice inferior do lado esquerdo, Figura 4 P
avimentação de Hadwiger-Nelson
cores a pares de pontos que distem uma usando apenas três cores. O problema é que com sete cores
Em Memória
Os resumos biográficos dos Membros da Ordem dos Engenheiros falecidos são publicados na secção “Em Memória”, de acordo com o
espaço disponível em cada uma das edições da “INGENIUM” e respeitando a sua ordem de receção junto dos Serviços Institucionais da
Ordem. Agradecemos, assim, a compreensão das famílias e dos leitores pela eventual dilação na sua publicação.
Igualmente, solicita-se, e agradece-se, que futuras comunicações a este respeito sejam dirigidas à Ordem dos Engenheiros através do
e-mail [email protected] e/ou [email protected]