Modulo-Seminario Integrador 5 PDF
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Volume 4
SEMINÁRIO INTEGRADOR V
Maria Elizabete Souza Couto
Andréa Maria Brandão Meireles
Ilhéus . 2012
Universidade Estadual de
Santa Cruz
Reitora
Profª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro
Vice-reitor
Prof. Evandro Sena Freire
Pró-reitor de Graduação
Prof. Elias Lins Guimarães
Ministério da
Educação
Pedagogia | Módulo 5 | Volume 4 - Seminário Integrador V: Políticas, saberes escolares e práticas docentes
Capa
Sheylla Tomás Silva
Imagens
UESC/UAB
Impressão e acabamento
JM Gráfica e Editora
Ficha Catalográfica
ISBN: 978-85-7455-275-0
CDD 649.1
EAD . UAB|UESC
Coordenação UAB – UESC
Profª. Drª. Maridalva de Souza Penteado
Elaboração de Conteúdo
Profª. Drª. Maria Elizabete Souza Couto
Profª. Esp. Andréa Maria Brandão Meireles
Instrucional Design
Profª. Msc. Marileide dos Santos de Oliveira
Profª. Msc. Cibele Cristina Barbosa Costa
Profª. Msc. Cláudia Celeste Lima Costa Menezes
Revisão
Prof. Msc. Roberto Santos de Carvalho
Coordenação Design
Msc. Saul Edgardo Mendez Sanchez Filho
PARA ORIENTAR SEUS ESTUDOS
SAIBA MAIS
Aqui você terá acesso a informações que complementam seus
estudos a respeito do tema abordado. São apresentados
trechos de textos ou indicações que contribuem para o
aprofundamento de seus estudos.
PARA CONHECER
Prezado(a) aluno(a)!
O Seminário Integrador tem como objetivo a articulação e integração
curricular, mediadas pelo encadeamento das disciplinas estudadas no módulo,
mobilizando saberes construídos anteriormente no curso, na trajetória escolar
e profissional dos alunos. É mais uma tentativa de apresentar o conhecimento
como um todo, mesmo que em termos organizacionais. O curso se apresenta
separadamente em áreas de conhecimento e por semestre/módulos.
Neste momento, propomos como tarefa desta disciplina, no V Módulo
do curso, uma análise e reflexão sobre o ‘lugar’ do conhecimento das
diversas disciplinas estudadas no curso e dos saberes escolares em classes
de Educação Infantil, visto que será realizado o estágio nesta modalidade
de ensino. Faremos, também, uma reflexão sobre os tipos de conhecimento
que são necessários ao professor na sua trajetória profissional, identificando
as possibilidades e condições para construir o conhecimento da docência
com os alunos, pais, escola e colegas no seu sentido mais amplo. A escola e
a sala de aula são espaços de construção de conhecimentos da docência,
porque é lá que se concretiza a ação docente/ação pedagógica.
A docência na Educação Infantil também possui as suas
especificidades pela natureza do conhecimento/saberes da formação –
infância, desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças, construção
da linguagem, desenvolvimento do raciocínio lógico matemático etc. - que
é exigido do(a) professor(a) no desenvolvimento da sua ação e na relação
com as crianças.
Assim, desejamos a você bons estudos!
UNIDADE 1
INFÂNCIA, EDUCAÇÃO INFANTIL E A DOCÊNCIA
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 15
ATIVIDADES............................................................................................ 26
RESUMINDO............................................................................................ 27
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 27
UNIDADE 2
A BASE DE CONHECIMENTO PARA O ENSINO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 33
ATIVIDADES............................................................................................ 67
RESUMINDO............................................................................................ 68
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 68
AS AUTORAS
Profª. Dra. Maria Elizabete Souza Couto
SEMINÁRIO INTEGRADOR V
Políticas, saberes escolares e práticas docentes
Profª. Drª. Maria Elizabete Souza Couto
Profª. Esp. Andréa Maria Brandão Meireles
EMENTA
Atividades de integração curricular, mediadas pelo encadeamento das
disciplinas no módulo em estudo.
OBJETIVOS
Ao final do Módulo, o aluno deverá:
• identificar e compreender a relação entre os conceitos de docência,
infância e educação infantil no contexto da formação de professores;
• analisar o ‘lugar’ do conhecimento das diversas disciplinas estudadas
no curso e dos saberes escolares construídos e mobilizados para
ensinar nas classes de Educação Infantil;
• refletir sobre a docência e os tipos de conhecimento que são
necessários ao professor na sua trajetória profissional;
• identificar as possibilidades e condições que o professor tem para
construir o conhecimento da docência com os alunos, pais, escola,
colegas no seu sentido mais amplo.
1ª
unidade
INFÂNCIA, EDUCAÇÃO
INFANTIL E A DOCÊNCIA
Infância, educação infantil e a docência
1
Unidade
1 INTRODUÇÃO
16 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
Infantil?
Unidade
O que irei/posso aprender com as crianças?
Do Direito à Educação,
à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
18 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
educação, visando ao pleno desenvolvimento de
Unidade
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos,
podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em
entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis
ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito,
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e
gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças
de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através
de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório
Da Política de Atendimento
Capítulo I - Disposições Gerais
20 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
Unidade
I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e
nacional dos direitos da criança e do adolescente,
órgãos deliberativos e controladores das ações em
todos os níveis, assegurada a participação popular
paritária por meio de organizações representativas,
segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas
específicos, observada a descentralização político-
administrativa;
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
municipais vinculados aos respectivos conselhos
dos direitos da criança e do adolescente;
V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Ministério Público, Defensoria, Segurança
Pública e Assistência Social, preferencialmente
em um mesmo local, para efeito de agilização do
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua
autoria de ato infracional;
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar
e encarregados da execução das políticas sociais
básicas e de assistência social, para efeito de agilização
do atendimento de crianças e de adolescentes
inseridos em programas de acolhimento familiar ou
institucional, com vista na sua rápida reintegração
à família de origem ou, se tal solução se mostrar
comprovadamente inviável, sua colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades
previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - mobilização da opinião pública para a
indispensável participação dos diversos segmentos
da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
Art. 89. A função de membro do conselho nacional
e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos
da criança e do adolescente é considerada de
22 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
desenvolvem estratégias de luta para participar no mundo
Unidade
social. Mesmo assim, ainda necessitamos construir referenciais
de análise que nos permitam conhecer estes atores sociais que
nos colocam inúmeros desafios, seja na vida privada ou na vida
pública (CASTRO, s/d, s/p).
Entre os três conceitos, vamos, agora, refletir sobre o
sentido e significado da Educação Infantil. Na LDB 9394/96,
no Art. 29º, encontramos que essa primeira etapa da educação
básica tem como finalidade o desenvolvimento integral
da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade (BRASIL, 1996).
Assim, o sujeito da aprendizagem, na Educação
Infantil, é a criança, o(a) professor(a) e os pais. No Parecer
CNE/CEB Nº: 20/2009, no subtítulo 6 – intitulado A visão
de criança: o sujeito do processo de educação - há indicadores
que contribuem para o estudo, as pesquisas e a organização
das classes, planejamento e prática pedagógica nas classes de
Educação Infantil.
No referido Parecer, encontramos que:
24 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
saiba mais
Unidade
As fotos que ilustram
este texto representam
uma escola de Educação
Infantil no município
de Itabuna. Para a
realização da sessão de
fotos, os pais, a gestão e
a professora assinaram o
Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e
autorizaram colocar as
fotos neste material.
ATIVIDADES
26 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
1
Creche e/ou Educação Infantil?
Unidade
Esta atividade será socializada no fórum da disciplina.
RESUMINDO
REFERÊNCIAS
DOCUMENTOS
28 Pedagogia EAD
Infância, educação infantil e a docência
Suas anotações
1
Unidade
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2
2ª
Unidade
unidade
A BASE DE CONHECIMENTO
PARA O ENSINO
2
Unidade
1 INTRODUÇÃO
34 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
escola para um grupo de alunos. Assim, podemos perguntar: Entre elas, o livro SHOR,
Unidade
I.; FREIRE, P. Medo e
o que o professor precisa saber para lecionar em classe da Ousadia: O Cotidiano do
Educação Infantil? (estamos aqui falando da Educação professor. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1986.
Infantil, por tratar-se da modalidade de estágio que será
Esse livro é organizado
realizada neste semestre/módulo). A base de conhecimento com uma entrevista com
para o ensino pode ser entendida como o “conjunto de os dois autores. Na pági-
na 210, um depoimento
compreensões, conhecimentos, habilidades e disposições de Freire (1986) relata a
experiência de um pro-
necessário para atuação efetiva em situações específicas de fessor com trabalhadores
ensino e aprendizagem” (MIZUKAMI, 2010, p. 67), “para espanhóis que diz: “um
exemplo de um educa-
que o professor possa propiciar processos de ensinar e de dor que começou fazendo
com os estudantes e não
aprender” (MIZUKAMI, 2004, p. 290). Entretanto essa
fazendo para os estudan-
base de conhecimento apresenta seus limites, não é fixa, tes” (grifos do autor), de-
ve estar sempre presen-
é diversificada, pode ser construída e reconstruída a todo te quando pensamos na
instante, bem como é indispensável na formação inicial e realização dos trabalhos/
pesquisas em sala de au-
continuada dos professores. A formação e a docência são la, superando assim uma
concepção behaviorista
movimento e um continuum. de aprendizagem e pas-
Assim, para organização e sistematização desse sando a adotar uma con-
cepção mais interacionis-
conhecimento, recorremos aos estudos de Shulman (1986; ta em que advoga a ideia
de que devemos aprender
1987), que nos apresenta a base de conhecimentos para o com os pares – alunos,
ensino, ajudando-nos a compreender como os alunos/ pais, colegas, coordena-
dores, gestores etc.
futuros professores constroem saberes sobre a docência,
a educação, a escola, o aluno, o professor, o ensino, a
aprendizagem e tantos outros que dizem respeito à profissão
docente e à atuação do professor (MARCON et al, 2010).
Shulman, educador e pesquisador americano,
iniciou seus estudos sobre o conhecimento na formação
de professores no final da década de 1980. De acordo com
este autor, a base de conhecimentos necessária para o ensino
dos estudantes-professores está organizada em sete tipos de
conhecimentos, assim denominados:
36 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Unidade
Figura 2.1. O conhecimento do professor.
Conhecimentos/saberes da formação profissional
Conhecimento da matéria de ensino
38 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
se cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Chega-se
à conclusão que o movimento humano, portanto, é mais do que simples
Unidade
deslocamento do corpo no espaço, constituindo-se em uma linguagem que
permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente
humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.
São manifestações dessa linguagem: a dança, a dramatização, o jogo,
as brincadeiras, o uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais
envolvendo ou não a intencionalidade.
Música
A expressão musical nas crianças é caracterizada pelos aspectos
intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros.
As crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam
enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos,
dançam e dramatizam situações sonoras diversas, conferindo “personalidade”
e significados simbólicos.
O trabalho de música desenvolve nas crianças as seguintes
capacidades: ouvir, perceber, discriminar eventos sonoros diversos, fontes
sonoras e produções musicais. Para favorecer o desenvolvimento desta
linguagem a criança precisa brincar com músicas, imitar, inventar e reproduzir
criações musicais.
Artes Visuais
A Arte Visual é uma linguagem que possibilita a expressão e
compreensão da criança com o mundo, requer profunda atenção, pois os
pensamentos, a sensibilidade, a imaginação, a percepção, a intuição e a
cognição da criança devem ser trabalhados de forma integrada, visando a
favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças.
A manipulação de diferentes tipos de materiais nas atividades de
Artes Plásticas permite às crianças explorar possibilidades de transformação,
de reutilização e de construção de novos elementos da expressão infantil.
A arte visual, enquanto linguagem infantil, constitui a expressão da
criança através dos desenhos, pinturas e modelagens.
Linguagem oral e escrita
A linguagem oral e escrita constitui um dos eixos básicos da educação
infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação
com as outras pessoas na orientação das ações das crianças, na construção de
muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.
A aquisição e ampliação da oralidade permitem à criança explorar
novas possibilidades de organização do pensamento. O registro (a escrita)
permite manipular apoios para a memória, reter informações que podem
ser ressignificadas pelas crianças, mas que são identificadas como produções
pessoais. A exploração do registro da criança desenvolve a habilidade da
leitura ou a atribuição de significado ao registro.
Oralidade – desenvolvimento da expressão oral (recados, relatos,
recontos etc).
Escrita – a primeira forma de registro do aluno é o DESENHO.
saiba mais
40 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
infantil.pdf> Acesso em: 08 set. 2011.
Unidade
VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 1991.
Organização da rotina da
Organização da sala de
sala de aula – planejamento,
aula (carteiras, mobiliário,
material didático) conteúdo, metodologia, recursos
(jogos, livros, filmes etc) e
avaliação.
Dos conhecimentos pedagógicos gerais disponíveis que conheço e
sei utilizar, quais e como posso utilizá-los em classes de Educação
Infantil?
42 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
de repertórios apresentados pelos alunos
Unidade
(MIZUKAMI, 2000, p.146).
44 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Planejamento – Conteúdo – Metodologia – Recursos – Avaliação
Unidade
O planejamento da ação pedagógica em turmas de Educação Infantil tem de
contemplar muitas propostas de trabalho: é preciso coordenar atividades
de sala, com as brincadeiras, os jogos, as músicas e os cuidados, garantindo
momentos de aprendizagem de modo articulado. Por isso, a organização do
planejamento prévio é fundamental.
Devemos planejar as atividades de modo detalhado, verificando previamente
as possibilidades de materialização do mesmo (recursos didáticos e
tecnológicos disponíveis, adequação da metodologia ao espaço, tempo, idade
e necessidades das turmas etc..), considerando as particularidades de cada
criança e se mantendo atento ao cotidiano da escola e da comunidade, e,
ao mesmo tempo, percebendo a melhor forma de garantir que os pequenos
aprendam em grupo.
É bom considerar também as etapas do desenvolvimento humano, segundo
Piaget, e as especificidades da infância, desenvolvendo atividades que
possibilitem uma multiplicidade de experiências para as crianças, explorando
a autonomia, o conhecimento do corpo, a linguagem oral, a expressão de
sensações por meio de falas e gestos e a expressão artística, movimentos, as
relações com adultos e outras crianças.
d) Conhecimento do currículo
46 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
módulos de ensino e são distribuídos pelo governo federal
Unidade
às escolas. Por exemplo, o Plano Nacional do Livro
Didático/PNLD que distribui livros didáticos para as
escolas públicas da educação básica. Na Educação Infantil
não há a distribuição de livros didáticos. A literatura infantil
é o ponto da intertextualidade entre as diversas formas de
construção de conhecimentos.
Assim, é preciso identificar as áreas de conhecimento
que fazem parte do currículo da Educação Infantil e conhecer
o projeto pedagógico da escola de Educação Infantil: sua
organização, objetivos e construção do conhecimento.
48 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
• se já frequentou a escola antes;
Unidade
• o que as crianças fazem quando estão em suas casas;
• as brincadeiras mais frequentes no seu dia a dia;
• assiste a quais programas de televisão;
• se gosta de realizar atividades em grupo ou
individualmente.
• qual o conhecimento que as crianças têm sobre a
leitura, escrita, número etc.
àà
O movimento de ir e vir na sala de aula
àà
Princípio para a construção de conceitos
50 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Unidade
A gestão da matéria/conteúdo remete aos enunciados relacionados ao
planejamento, ensino, metodologia e avaliação da aula. “Engloba o conjunto
das operações de que o mestre lança mão para levar os alunos a aprenderem
o conteúdo” (GAUTHIER et al, 1998, p.197). Isto é, envolve todas as ações
que são presentes na organização de uma aula: organização do ambiente na
sala de aula (rotina, tempo, material, recursos), conteúdo à qual sua função
social, ou por que meus alunos na Educação Infantil precisam aprender esse
conteúdo?, a seleção das estratégias e as atividades que vou desenvolver com
eles e a avaliação. Um planejamento caracteriza-se minuciosamente pela
descrição das ações que serão desenvolvidas. Sabemos que leva tempo para
fazer tudo isso, mas oferece segurança, principalmente, ao(a) professor(a)
iniciante. Para o bom andamento deste planejamento, é importante
conhecer os alunos para organizar o conteúdo e as demais ações de uma
aula. A flexibilidade também é uma característica para o planejamento e a
gestão do conteúdo em classes de Educação Infantil.
A gestão da classe “consiste num conjunto de regras e de disposições para
criar e manter um ambiente ordenado favorável tanto ao ensino quanto
à aprendizagem” (GAUTHIER et al,1998, p.240). A construção dessas
regras é fundamental, mas nem sempre garante condição absoluta para a
aprendizagem e para o sucesso das crianças. Isso porque, algumas vezes, a
sala de aula está em ordem, disciplinada, mas a aprendizagem nem sempre
acontece como o esperado. Assim, a gestão da classe depende do contexto
(condições da escola, apoio da gestão, reuniões pedagógicas frequentes,
participação dos pais e comunidade etc.). É uma tomada de decisão do(a)
professor(a). A ordem, a elaboração de regra em uma sala de aula, com
crianças, depende muito do tipo de atividade que está sendo desenvolvida,
por exemplo: leitura de história (literatura infantil), pelo professor (espera-se
que as crianças fiquem atentas, ouvindo e ampliando o universo das suas
fantasias) e uma atividade em grupo, com recorte, colagem, uma experiência
etc.
A gestão da matéria e a gestão da classe são atividades cognitivas para o(a)
professor(a), baseadas no planejamento, no desenrolar das atividades em
sala de aula e no conhecimento das consequências dessas atividades na
aprendizagem.
1 - CONAE <http://relatoria.mec.gov.br/anais_vol_I.pdf>
<http://relatoria.mec.gov.br/anais_vol_II.pdf>
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/conae/documento_
referencia.pdf>
2 - Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf>
3 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - RESOLUÇÃO
CEB Nº 1, DE 7 DE ABRIL DE 1999. Disponível em:
< http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0199.pdf>
4 - LDB - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Capítulo II, Seção II- Da
Educação Infantil
5 - Plano Nacional de Educação/PNE - 2011-2012 Meta 1. < http://conae.
mec.gov.br/images/stories/pdf/pne_projeto_lei1.pdf>
52 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Shulman (1992) considera que cada área de
Unidade
conhecimento tem uma especificidade própria que indica
a necessidade de estudar e explicar o conhecimento do(a)
professor, considerando a disciplina que leciona. No
nosso caso, vamos pensar na Educação Infantil e na teia
de conhecimentos que o(a) professor(a) precisa construir
para organizar sua ação docente. Conhecimentos sobre
linguagem, desenho, escrita, oralidade, conhecimento
lógico-matemático, cálculo, geometria; mas, também,
como a criança aprende e como suas estruturas cognitivas
estão organizadas para a construção de conceitos. Na
Educação Infantil, esta teia de conhecimentos apresenta-se
interligada, constituindo-se num ir e vir constante, numa
nova construção do(a) professor(a) e alunos(as), o que deve
gerar um novo conhecimento. O professor precisa começar
a pensar que a aula, a sala de aula e o diálogo com as crianças
formam um novo texto, nova aula, novas aprendizagens.
Um aspecto a destacar é que os referidos
conhecimentos apresentam dimensões e focos diferenciados,
considerando que os professores possuem uma história de
vida própria, com saberes, culturas, ideias e concepções que
fazem parte da sua trajetória pessoal e também constroem
conhecimentos no curso de formação inicial; conhecimentos
que estão interligados e constituem o ser professor.
Podemos dizer, ainda, que esses conhecimentos dos(as)
professores(as) estão sendo constantemente reformulados,
consolidados e aprofundados, à medida que avançam e
ampliam suas experiências.
Para os alunos/formandos que ainda não têm
54 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Neste sentido, surge uma pergunta: O que um
Unidade
professor precisa saber para trabalhar em classes de Educação
Infantil? Assim, a base de conhecimento para o ensino
consiste “de um corpo de compreensões, conhecimentos,
habilidades e disposições que são necessários para que o
professor possa propiciar processos de ensinar e de aprender,
em diferentes áreas de conhecimento, níveis, contextos e
modalidades de ensino. Essa base envolve conhecimentos
de diferentes naturezas, todos necessários e indispensáveis
para a atuação profissional” (MIZUKAMI, 2004, p. 3). A
base de conhecimento não é fixa e imutável, depende do
contexto, das condições de trabalho na escola, da origem das
crianças com quem você irá trabalhar (idade, classe social,
conhecimentos do cotidiano que as crianças vão construindo
e, na escola, não devem ser ignorados). Conhecer esses
aspectos deve ser o ponto de partida para o planejamento e
replanejamento constante. Uma construção contínua, visto
que é no dia a dia, na convivência com as crianças e na escola
que muito ainda está para ser descoberto, inventado, criado.
No curso de formação inicial (graduação), talvez, essa
base de conhecimento possa parecer limitada; entretanto é
na trajetória docente que vai se ampliando e aprofundando,
a partir da própria experiência do professor. A experiência
também se constitui como um conhecimento construído
pelo professor.
56 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
capaz de ensinar, que as dificuldades da prática não são iguais para todos e os
“saberes docentes obedecem, portanto, a uma hierarquia: seu valor depende das
dificuldades que apresentam em relação à prática” (TARDIF, 2002, p.51).
Aprender a ser professor e aprender a ensinar acontecem ao longo da carreira
do professor, sem um período preestabelecido, e constituem um processo que
perpassa toda a trajetória profissional (MIZUKAMI, 1996), considerando todos
os seus saberes e aprendizagens docentes. Na formação inicial e continuada,
a articulação de saberes dos professores, dos alunos, da comunidade e as
informações veiculadas pelos meios de comunicação fortalecem a docência nas
2
situações simples e complexas que ocorrem e constituem a complexidade da
sala de aula, “caracterizada por uma multidimensionalidade, simultaneidade de
Unidade
eventos, imprevisibilidade, imediaticidade e unicidade. [...]. Eventos inesperados
e interrupções variadas podem, por sua vez, mudar igualmente a condução do
processo instrucional” (MIZUKAMI, 1996, p. 64).
Vivendo e convivendo com muitas situações semelhantes em sala de aula,
o professor pode prever e manipular esquemas de relações entre uma ação
educativa e os objetivos pretendidos. Na maioria das vezes, exige uma atuação
docente em relação à prática educativa e às crenças, às habilidades, às ideias
e aos valores que os professores professam de forma diferenciada. Essas
reações, habilidades, compreensões e conhecimentos dependem da base
de conhecimento para o ensino que está apoiado nos conhecimentos: do
conteúdo específico; pedagógico geral; do currículo; pedagógico do conteúdo;
dos alunos; de contextos educacionais e das finalidades, propósitos e valores
educacionais. A base de conhecimento surge em busca do “paradigma perdido”,
fazendo referência ao saber do professor, o que constitui o conteúdo de ensino
e da aprendizagem (SHULMAN, 1986; 1987), e como uma “excelente maneira de
melhorar a formação dos professores, o que, na opinião de muitos, não deixará,
no final das contas, de exercer uma influência positiva no encaminhamento do
ensino” (GAUTHIER et al, 1998, p.77).
58 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
esse profissional. Essas concepções são construídas a partir
Unidade
de visões de infância e de Educação Infantil que subsidiam
as escolhas em termos de conhecimentos, habilidades e
competências que seriam necessárias ao profissional que
atua na formação e no desenvolvimento das crianças em
seus primeiros anos.
Em relação às concepções de infância, podemos
destacar duas que se fazem bastante presentes no cotidiano
da Educação Infantil e que norteiam as propostas de
formação de professores.
De um lado, a concepção primária que relaciona
a criança a um ser puro, sem consciência e sem voz nos
processos sociais, políticos e econômicos, incapaz de opinar
e de se expressar, imaturo para responsabilidades e sem
direito de expor seus próprios desejos. Para esses sujeitos,
as instituições de ensino são espaços de cuidado e ocupação
do “tempo ocioso” com “atividades saudáveis” que livrem as
mesmas do contato com influências ruins que lhes tirariam
a pureza. Essas instituições se organizam na concepção de
“pré” escola, espaços de preparação para a vida escolar, e sua
prática pedagógica se constitui em organizar atividades de
preparação da criança para as práticas escolares, envolvendo
a ludicidade como pano de fundo para suavizar a inserção da
criança na escola.
Os profissionais necessários a essas instituições
desenvolvem suas funções com ênfase nos aspectos
assistenciais e necessitam de uma formação pautada
nos cuidados básicos com a criança, noções de higiene,
brincadeiras e músicas que facilitem o treino de atividades
da escola.
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A base de conhecimento para o ensino
2
relacionamento com o meio. É baseado em ensaio e erro na busca de solução
de problemas, no desenvolvimento de operações.
Unidade
Segundo os estudos de Paulo Freire, o ensino procura superar a relação de
opressor-oprimido. Assim, o ensino deve considerar princípios, ou seja,
apresentar desafios para que o aluno e o professor reconheçam-se criticamente,
Sociocultural estando engajados em uma prática libertadora, onde o diálogo seja o ponto de
mediação para a percepção da realidade opressora; ajude o oprimido a lutar
pela transformação da sua realidade, transformando a situação opressora. O
ensino deve ter como base situações problematizadoras.
Fonte: Quadro elaborado pelas autoras com base nos estudos de MIZUKAMI, M. da. G. N. Ensino. As abordagens do
processo. São Paulo: EPU, 1986.
62 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
desenvolvimento real da criança (nos aspectos: linguagem,
Unidade
construção de conceitos, relações sociais etc.). Por isso
não pode ficar separado do saber do cotidiano, isto é,
daqueles saberes que aprendemos nos espaços sociais com
as pessoas (na família, vizinhança, igreja etc.) e dos meios
de comunicação (impressos e digitais). Sendo assim, os
conceitos científicos aprendidos na escola “se relacionam
àqueles eventos não diretamente acessíveis à observação
ou ação imediata da criança: são os conhecimentos
sistematizados, adquiridos nas interações escolarizadas”
(REGO, 1995, p. 77). Muitas vezes, conceitos como o
de gato, banco, cadeira, cachorro podem ser ampliados e
tornam-se abstratos e abrangentes, não contribuindo para
uma construção de conceitos significativos.
Contudo o aprendizado das crianças inicia-se muito
antes de irem à escola. Por exemplo, uma criança, quando
chega à escola, tem a linguagem desenvolvida (ou em
desenvolvimento, dependendo da sua idade), sabe cantar,
contar histórias, falar do que gosta etc. Isto é conhecimento
social. Segundo Vygotsky (1991, p. 94), “qualquer situação
de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola
tem sempre uma história prévia”. Este aprendizado pode
ser chamado de saberes do cotidiano que, na escola, deverá
ser sistematizado, socializado e reorganizado para que o
aprendizado tenha significado social, o aluno entenda a sua
função social, compreendendo a famosa pergunta: para que
serve estudar os animais? Para que serve estudar as plantas,
o meio ambiente etc.? E tantas outras perguntas que são
feitas a todo instante em sala de aula.
64 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
Entretanto é a escola que irá estabelecer este diálogo e
Unidade
mediação para avançar nas aprendizagens.
Neste cenário, caro aluno, para pensar uma formação
e prática pedagógica para a Educação Infantil, é preciso
ter como base os saberes da práxis social, construídas no
cotidiano da profissão que “formam um conjunto de
representações a partir das quais os docentes interpretam,
compreendem e orientam” (TARDIF; LESSARD,
1991, p. 215) a prática. Uma prática que é construída e
reconstruída todos os dias, configurando que a docência é
uma aprendizagem constante, revelada, segundo Therrien e
Therrien (2000), por alguns aspectos.
a) O turno – matutino e/ou vespertino – em que
o(a) professor(a) irá desenvolver suas atividades
é marcado pela diversidade, isto é, professor(a)
e alunos têm intensidade, iniciativa e autonomia
diferentes conforme o turno de atividade.
b) O tempo das rotinas das escolas – Creche e
Educação Infantil - envolvendo todas as turmas,
docentes, funcionários, gestores e coordenadores
que organizam os horários (entrada na escola, fila
para sala de aula, horário de banheiros, lanche,
lavar as mãos, soneca, saída etc.).
c) O tempo da sala de aula é o tempo para ação e
reflexão da prática pedagógica, mobilização
de saberes escolares e do cotidiano, bem como
a construção e reconstrução da sua base de
conhecimento. Como nos disse Gonzaguinha
em sua canção A vida é bonita, é bonita e é bonita
66 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
ATIVIDADES
2
os saberes, as políticas e as práticas aprendidos e mobilizados
Unidade
durante os estudos do módulo, e o estágio na Educação
Infantil. Por isso, juntamente com o professor e os tutores,
vamos organizar o Seminário Integrador V, apresentando
uma discussão, oral e por escrito, sobre: Políticas, saberes
escolares e práticas na Educação Infantil
orientação de estudo
Retomar uma leitura do Seminário
Integrador IV para construção da
escrita do relatório.
RESUMINDO
REFERÊNCIAS
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A base de conhecimento para o ensino
2
de Francisco Pereira. Ijuí: Editora UNIJUÌ, 1998.
Unidade
KNOWLES, J. G.; COLE, A. L.; PRESSWOOD, C. S.
Through Preservice Teachers’ Eyes: experiences through
narrative and inquiry. New York, McMillan College
Puyblishing Co, 1994.
70 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
2
professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
Unidade
SHULMAN, L. Renewing the pedagogy of teacher
education: the impacto subject-specific conceptions
of teaching. In: MESA, L. M; JEREMIAS, L. M. V. Las
didácticas específicas em La formación del professorado.
Santiago de Compostela, Tórculo Edicións, 1992.
DOCUMENTOS
72 Pedagogia EAD
A base de conhecimento para o ensino
Suas anotações
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Unidade
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