EE Na Prática
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EE Na Prática
EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional
CODÓ/MA
2020
ELAINE CONCEIÇÃO DA SILVA
EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional
CODÓ/MA
2020
Ficha gerada por meio do SIGAA/Biblioteca com dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Núcleo Integrado de Bibliotecas/UFMA
EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional
BANCA EXAMINADORA
A minha família por todo incentivo e força, minha mãe Maria de Jesus Conceição da
Silva, meu pai Expedito Costa da Silva e meus irmãos, Leticia, Patricia, Abmael,
Expedito;
A todos os discentes que fizeram parte dessa trajetória, em especial aos meus amigos
(as), Claudia, Denílson, Evandson, Irla, pelo companheirismo e que me
proporcionaram momentos de muita alegria;
A minha amiga Maria Léia da Silva dos Reis e toda família por toda ajuda e cuidado;
A meu namorado pelo companheirismo, força, dedicação, por estar sempre presente
e ser tão compreensivo;
The present work presents an approach on emotion linked to the educational context,
with the aim of verifying the relationship between emotions and teaching and learning
practices. The research sought to explain the importance of inserting emotional
education in the education of students in order to achieve better results in the teaching-
learning process and in life as a whole. In order to ascertain the role of emotions in the
researched school, its relationship with teaching and learning practices, we sought to
verify which teaching practices are most recurrent in school, in addition to identifying
teaching practices based on emotion, as well as verifying the importance of emotion
for learning from the teaching point of view. In the basis of the research, some essential
concepts for better understanding of the work are highlighted, specifically: Emotional
Intelligence, Emotion and cognition. The research presents a bibliographic approach,
which highlights the production of authors such as Antunes (2012), Fonseca (2016),
Goleman (2011), among others, who study the theme. Therefore, the methodological
contribution of the work is evidenced in a qualitative study, being a documentary,
descriptive and field research. The research was carried out at the Renê Bayma
Integrated Teaching Unit school, located in the city of Codó-Ma, during the supervised
internship in science teaching that took place from 09/2019 to 11/2019. For data
collection, the research has a semi-structured interview, carried out with six teachers,
the questionnaire, applied to 15 fifth year students and participatory observation in the
same class. The study showed in the results that teachers recognize the importance
of working with emotion of the students in the classroom, who work the emotions of
the students and that the playful activities contribute to this process, however it was
observed that the teachers do not work the emotion in an effective and planned way,
therefore, it becomes propitious that the educators reflect on the relevance of planning
classes that take into account not only the cognitive, but the emotional. Therefore, the
research demonstrated the importance of emotional education being inserted in the
school context for better learning conditions and the full training of students. It is worth
noting that intellectual and emotional preparation, among other aspects, is relevant for
the exercise of efficient citizenship.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66
APÊNDICES ............................................................................................................. 71
12
INTRODUÇÃO
possíveis mudanças não é uma tarefa fácil, mas é o meio mais eficaz para que haja
progresso na sala de aula e na educação como um todo (FRANCO, 2016).
Portanto, é essencial que as emoções sejam trabalhadas no processo ensino
aprendizagem e os educandos sejam centro desse processo, para se alcançar uma
educação de qualidade, na qual o aluno se sinta motivado e tenha uma aprendizagem
significativa, pois um ensino que não leva em consideração a realidade do discente e
priorizam a memorização não é positivo para construção do conhecimento
(BEZERRA, 2006).
Desse modo, o trabalho está estruturado da seguinte forma: a primeira seção
abordará sobre a educação emocional do ponto de vista histórico, analítico e teórico.
Na segunda seção, será enfatizado sobre as práticas de ensino e sua relação com a
emoção, que parte da perspectiva educacional e traz uma analisa da temática
baseada na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Por fim, a terceira seção
consiste na análise dos dados obtidos na pesquisa, que dispõe de reflexões
essenciais para o presente trabalho, mostrando a realidade vivenciada por docentes
e alunos dentro do espaço escolar.
A capacidade que cada ser humano tem para lidar com os conflitos
cotidianos, o volume e controle de suas angústias e ansiedades
compreendendo-se ao compreender seus próprios sentimentos e
descobrindo-se nos outros, com quem busca efetivamente com + viver.
(ANTUNES, 2003, p. 28).
18
Mas gratificante para mim foi a maneira como o conceito foi ardentemente
abraçado pelos educadores, na forma de programas de “aprendizado social
e emocional”, ou SEL (social and emotional learning). Nos idos de 1995, havia
apenas um punhado desses programas ensinando habilidades de inteligência
emocional a crianças. Agora, uma década depois, dezenas de milhares de
escolas em todo o mundo oferecem SEL às crianças. (GOLEMAN, 2011, p.9)
É valido ressaltar que para Goleman (2012) a IE pode ser desenvolvida desde
a infância e pode ser aprimorada ao longo da vida, mas é indispensável dar
oportunidade aos estudantes no desenvolvimento das habilidades da vida
principalmente as que envolvem o emocional e por isso defende o programa SEL ou
aprendizagem social/ emocional, que para o autor são programas escolares que
ensinam de maneira geral sobre as capacidades de IE. “Os melhores programas vão
do jardim de infância ao ensino médio, e ensinam essas habilidades em qualquer
idade de um modo adequado de desenvolvimento” (GOLEMAN, 2012, p.104)
Nesse sentido, educar emocionalmente, se constitui como essencial e
necessária em algumas escolas, trazendo aos alunos uma educação diferenciada. O
que é de grande valia, pois além da formação social e emocional dos estudantes os
educadores também aprenderão ao ensinar e os alunos também ensinarão ao
aprender (FREIRE, 2002), o que torna uma aprendizagem compartilhada e
significativa. O SEL tem forte influência sobre a constituição de sujeitos mais
preparados para sociedade e é um ganho significante para todas as escolas que
adotam este programa e tem a educação emocional integrada em seus currículos
19
Ser emocionalmente educado significa dar conta das próprias emoções por
estar familiarizado com elas. Na Educação Emocional, aprendemos quando,
onde e como expressar os próprios sentimentos, e de que maneira eles
influenciam outras pessoas, assumindo a responsabilidade pelas
consequências desses sentimentos. (RÊGO; ROCHA, 2009, p. 143)
Para ser educado emocionalmente, necessita ter experiência com seu próprio
eu, seu emocional, assim estará preparado para lidar com ele, sabendo expressar
seus sentimentos sabiamente, e estabelecendo limites tendo em vista que as
emoções podem afetar o outro dependendo da forma que é transmitida e podem
influenciar também positivamente. Desse modo, ainda possibilitará está apto a se
responsabilizar pelas consequências dos sentimentos expressos.
Com essa abordagem, Cury (2014b, p.15) afirma que “por ser ilógica, a emoção
traz ganhos enormes, mas também grandes problemas, uma ofensa pode estragar a
semana. Uma perda pode destruir uma vida. Um fracasso pode gerar um trauma
gigante”. Desse modo, fica evidente a importância e impacto da emoção na vida do
ser humano e no ambiente escolar não é diferente, afetando o processo de ensino e
aprendizagem do aluno, pois as emoções permeiam as relações sociais estabelecidas
entre professor e aluno, com grandes ganhos ou enormes problemas, uma vez que a
boa relação professor-aluno favorece na construção do conhecimento.
Além disso, a postura do professor frente ao ambiente de ensino pode estimular
o aluno e auxiliar no seu desenvolvimento emocional, tendo em vista que as relações
sociais são construídas de diversas formas, estando intimamente relacionadas às
experiências humanas. Paralelamente a isso, Vieira e Lopes (2010, p. 57), destacam
que: “sabe-se que é no período da infância que se constrói a base da identidade
adotada na vida adulta e que os adultos que convivem com a criança tornam-se
referência comportamental e moral servindo como modelos a serem seguidos”. Dessa
forma, uma relação afetiva positiva pode oportunizar diferentes sentimentos,
favorecendo o sucesso escolar, pois ao se analisar a emoção, não se pode
desvincular-se das características inerentes do sujeito, assim como o ambiente social
no qual ele está inserido.
Partindo desse pressuposto, se não se constrói pensamentos motivadores nas
escolas, não se busca experimentar um método que contribua no emocional dos
alunos, os estudantes podem continuar com baixa autoestima e com sentimento de
incapacidade e mesmo os que são considerados melhores da classe poderão falhar
muitas vezes em circunstâncias da vida, se não forem orientados emocionalmente.
Quando o cognitivo é trabalhado com o auxílio do emocional poderá existir a
possibilidade de resultados satisfatórios. Nesse contexto, o pensamento e o
sentimento se relacionam, como destacado por (FREIRE, 2002, p. 146):
Nessa lógica, entende-se que uma educação completa está permeada por
ensinamentos que contribuam na construção de uma sociedade mais humanizada,
24
que não forme apenas para o mercado de trabalho, para competir, mas que enriqueça
os conhecimentos dos alunos de maneira a fazê-los refletirem sobre o bem interior de
si e do próximo (ANTUNES, 2003). Práticas que leva os educandos a também se
sentirem revigorados, com inspirações e os façam sentir a importância de estudar
suas emoções para seu crescimento intelectual e pessoal. Nesse sentido a educação
deve permitir a valorização de práticas relacionadas a educação emocional e assim
oportunizar o bem-estar de todos além do sucesso escolar.
assim boas emoções, tendo em vista que aulas que apenas transferem
conhecimentos aos alunos, não é eficaz nesse ato de alfabetizar emocionalmente.
Como pontua Antunes (2012, p. 27):
É difícil afirmar, entre tantos disponíveis, qual o melhor tipo de aula, a mais
adequada estratégia para se trabalhar a Alfabetização Emocional. Mas para
a pergunta: “Qual a pior estratégia a ser usada para trabalhar Alfabetização
Emocional?”, a resposta é ainda mais fácil e imediata: a aula expositiva.
Antunes (2012) afirma que não é discriminando a aula expositiva, pois ela
sendo bem planejada, que estimule a reflexão e desafie os alunos, pode sim contribuir
na aprendizagem, mas para desenvolvimento emocional não funcionará da mesma
forma, dado que os conteúdos que são trabalhados nas disciplinas por meio de
explicações visam construir um significado na aprendizagem dos educandos por meio
de teorias ou conceitos pertinentes a ciência levando-os a compreenderem e
interpretarem. No entanto ser capaz de saber lidar com suas próprias emoções,
conhecer a si mesmo e ter empatia pelo próximo, necessita de mecanismos que não
condiz com a memorização, mas com contextos particulares e intransferíveis.
A educação emocional é eficiente quando se busca por meio da
representatividade, conhecer os estudantes para assim intervir na presente realidade,
usando dessa forma, diferentes meios para instigar os alunos a se expressarem. E
por isso, as múltiplas inteligências estão vinculadas a essa ação, porque dispõem de
divergentes conhecimentos e habilidades capazes de contribuir na gestão das
emoções dos alunos (ANTUNES, 2003).
desse conteúdo e também um olhar de como pode ser útil nas práticas de ensino,
além de uma reflexão sobre seu uso nos dias atuais. Por fim, é apresentada a possível
relação entre a emoção e as práticas de ensino, na qual compreendeu-se o que vem
a ser o ensinar e a que ponto essa prática se torna eficiente, fazendo uma análise de
como ela pode influenciar na emoção dos educandos.
A palavra “motivação” partilha sua raiz com “emoção”: ambas vêm do latim
motere, mover. Nossas motivações nos dão nossas metas e o ímpeto de
alcançá-las. Qualquer coisa motivadora nos faz sentir bem”. Como um
cientista me falou: “A maneira como a natureza nos leva a fazer o que ela
quer é fazendo disso um prazer. (GOLEMAN, 2012, p. 53)
1A pesquisa foi elaborada no ano de 2005, feita através de uma metanálise de 668 estudos avaliativos
de programas SEL e teve como público alvo crianças desde a pré-escola até o ensino médio
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educandos. Estão evitando problemas que podem lesar seriamente a vida dos
estudantes. E por isso é de extrema importância o investimento na educação
emocional, porque pode ajudar milhares de estudantes a mudarem suas realidades e
se tornarem pessoas melhores e até mesmo ajudar outras pessoas. Nesse viés Cury
(2019, p. 72) ressalta:
Nesse viés, observa-se que o professor tinha mais autonomia para elaboração
de sua aula, uma vez que, juntamente com a escola era repensado como ia ocorrer o
processo ensino-aprendizagem, no entanto a BNCC atualizada já traz consigo
definida todas as aprendizagens que julga como essenciais, que os alunos precisam
desenvolver, com foco no desenvolvimento pleno dos alunos. Dentre as
aprendizagens tidas como essenciais se destaca as competências gerais que
englobam as competências sócio emocionais que são consideradas importantes no
âmbito escolar.
37
do seu cotidiano. Com isso, ressalta-se que ensinar é mostrar caminhos para que os
estudantes desenvolvam sua autonomia na produção do conhecimento. E o professor
possui extrema responsabilidade nesse processo, pois irá mediar a aprendizagem de
seus alunos.
Visto isso, o papel do professor é indispensável na formação do sujeito pleno,
pois não faz parte da tarefa docente apenas ensinar conteúdos, mas ampliar os
saberes dos estudantes para aprenderem a lidar com o mundo (FREIRE, 2002) ou
seja, o professor além de preparar o intelectual dos alunos deve formá-los também
moralmente, treinando-os a pensar de maneira correta, justa.
busca pelo equilíbrio entre razão e emoção na sala de aula” (REGÔ; ROCHA, 2009,
p. 139).
Ainda nessa perspectiva, “podemos salientar que diante das transformações
culturais e sociais impostas pela sociedade globalizada, rica de oportunidades e
inovações tecnológicas, surge a necessidade de busca de uma maturidade muito mais
emocional do que intelectual” (DUARTE, ET AL., 2005, p.110). É por isso que não se
pode negar o fato de que as práticas de ensino em prol de uma educação também
emocional poderão contribuir na vida de muitos estudantes oportunizando sucesso
não apenas no mercado de trabalho mais na vida como um todo e principalmente no
ambiente escolar.
Com isso, Goleman (2012) destaca que, depois de anos de estudos sobre IE
por vários estudiosos, nos dias atuais a IE é um prestigioso exemplo para a educação
na forma de aprendizado social/emocional, assim como agente indispensável numa
vida plena. Percebe-se assim que os estudos sobre emoção são relevantes para
compor o planejamento dos educadores, pois ajudará os alunos a terem melhor
desempenho, uma vez que para aprender é essencial está bem consigo mesmo e
com os outros.
Desse modo, são diversas as possibilidades de colaboração na aprendizagem
com a inserção da educação emocional nas práticas de ensino, porque “as emoções
conferem, portanto, o suporte básico, afetivo, fundamental e necessário às funções
cognitivas e executivas da aprendizagem que são responsável pelas formas de
processamento de informações mais humanas, verbais e simbólicas” (FONSECA,
2016, p. 369). As emoções conduzem a cognição sendo indispensável na aquisição
do conhecimento dos discentes e os tornam mais aptos a agirem de maneira mais
coerente, entendendo com mais facilidade os problemas impostos pela sociedade.
Somando-se a esse entendimento, para se ensinar competências emocionais,
as estratégias de ensino também devem ser diferenciadas, o professor deve procurar
métodos que não causem nos alunos desmotivação e falta de atenção, mas práticas
que levem os discentes a se sentirem incentivados.
Trabalhar a educação emocional na sala de aula requer que o educador lecione
de maneira lúdica, valorizando os conhecimentos prévios dos educandos, e trazendo
recursos inovadores. Assim, o processo ensino-aprendizagem será mais significante,
as informações que o educador desejar repassar será adquirido com maior êxito e
42
Na aula expositiva, como o próprio nome diz, o foco está na exposição, feita
por pessoas que tenham um conhecimento satisfatório sobre o assunto, e por
isso, pode ocorrer o negligenciamento da importância do interesse e da
atenção do aluno. Uma palavra desconhecida mencionada, um ritmo de fala
maior do que o habitual, muitas ideias expostas ao mesmo tempo podem
fazer com que a informação a ser transmitida não seja retida (MARCHETI,
2001, p. 107).
digestório, apesar de ser uma estratégia interessante e com conteúdo relevante para
a matéria, a linguagem técnica e o tempo longo do vídeo (23 minutos) tornaram a
tarefa cansativa para os alunos. As crianças demonstraram desanimo e vontade de ir
para casa, pois a todo momento perguntavam se estava para terminar o horário.
Nesse sentido destaca-se que “A tecnologia é mais poderosa, quando utilizada com
abordagens construtivistas de ensino, que enfatizam mais a solução de problemas, o
desenvolvimento de conceitos e o raciocínio crítico do que a simples aquisição de
conhecimento factual” (DINIZ, 2001, p. 7), ou seja, a tecnologia é uma ferramenta
inovadora e pode ser útil na sala de aula, desde que seja feito um bom uso delas.
No terceiro dia de observação, notou-se grande empolgação pelas crianças, o
tema da aula ainda era sobre o sistema digestório e o professor trouxe uma aula
divertida e dinâmica. Com a utilização de uma tv, quatro celulares e internet, realizou
um quiz interativo, que funcionava da seguinte forma: o professor criou um jogo de
perguntas que seria possível conectar múltiplos jogadores a competirem. Desse
modo, conectou o jogo na tv e dividiu a turma em grupos, cada grupo, possuía um
celular com o jogo conectado, à medida que acertavam as perguntas aumentava suas
pontuações, no final teria um grupo vencedor. A metodologia do professor despertou
muito o interesse dos alunos pela aprendizagem e observou-se a expressão de muitas
emoções positivas, pois no momento do jogo, as crianças pulavam, dançavam,
cantavam e sorriam muito, demonstravam estarem felizes pelo que estavam fazendo,
até mesmo o professor estava contente com os resultados. Ademais, o professor
encerrou a aula dando ênfase nas questões que erraram no quiz, com uso do livro
didático.
Uma outra atividade que se destacou bastante foi a gincana sobre o sistema
respiratório, a turma foi dividida em duas equipes, e a gincana continha quatro etapas;
na primeira etapa, cada equipe deveria escolher um integrante do grupo para
competir, cada aluno escolhido para realizar a prova recebeu um balão, quem
enchesse o balão maior com um único sopro ganhava a competição. Na segunda
etapa, cada equipe recebeu um dicionário e foi escolhido pelas professoras algumas
palavras sobre o sistema respiratório para que os alunos procurassem no dicionário e
escrevessem os significados em uma cartolina, a equipe que fizesse em menos tempo
ganhava. Na terceira etapa, foi realizado um quiz com dez perguntas de verdadeiro
ou falso, que estavam escritas em pedaços de papel e estavam dentro de um copo, a
equipe deveria escolher um componente do grupo para tirar uma pergunta e
responder, se o aluno não soubesse poderia pedir ajuda ao grupo, a equipe que mais
acertasse as perguntas ganhava a prova. Por fim, na última etapa, cada equipe
deveria produzir uma história em quadrinho sobre o sistema respiratório, baseado no
conteúdo “doenças respiratórias”, a equipe que produzisse a melhor história ganhava
a prova, podendo haver também um empate, durante a gincana as crianças gritaram
muito de alegria ao ganhar as provas, pularam e aplaudiram, somente algumas
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nove criança, afirmou gostar do professor porque acha ele legal e deixa a aula mais
legal; cinco alunos relataram que gostam do professor porque ele os ensina,
ajudando-os aprenderem a ler e escrever; e uma criança destacou que gosta do
professor porque ele faz trabalho de educação física e faz brincadeiras.
Foi possível perceber que o professor possui uma boa relação com seus
alunos e que suas práticas de ensino são agradáveis, principalmente pelo fato de se
dar bem com seus alunos. É satisfatório perceber que os estudantes reconhecem o
trabalho do professor e o valoriza desde sua postura em sala de aula como a forma
que conduz o aprendizado. Nessa perspectiva é importante destacar:
Arte
5%
Atividades de Portugês
Atividades de Matemática
43%
29%
Nessa perspectiva, foi possível perceber por meio dos dados obtidos através
da entrevista que a maioria dos professores compreendem a importância de inovarem
em suas práticas de ensino, pois ao serem questionados sobre suas práticas de
ensino mais recorrentes e a frequências das atividades, eles relataram que são
frequentes as pinturas, desenhos, histórias, experimentos e dinâmicas. Das
alternativas propostas, apenas dois dos professores não utilizam recursos
tecnológicos com a justificativa que a escola não colabora nesse quesito, ademais
apenas dois professores utilizam o livro didático diariamente, no entanto, segundo os
dados levantados pela entrevista apenas uma leciona de maneira mais tradicional. Os
demais afirmam fazer um revezamento, balanceando a frequência de cada maneira
54
práticas de ensino que estimulem as emoções dos alunos, na qual tiveram que citar
algumas atividades, no caso de respostas afirmativas.
É perceptível a semelhança na concepção dos entrevistados, visto que, todos
consideram que existem práticas de ensino que estimulem as emoções, foi notório
que as atividades indicadas tinham características mais lúdicas, destaca-se aqui
algumas respostas, desse modo, a professora Aurora relatou: “sim, brincadeiras,
jogos e atividades dinâmicas”. Ayla aponta: “sim, leitura de poemas e história em
quadrinhos”. Noemi ressalta: “sim, historias reflexivas e diálogos”. Maitê destaca: “sim,
jogos didáticos”. Heitor responde: “sim, jogos e atividades que possibilitem a
participação ativa dos alunos”. Luna ressalta: “contação de histórias”. Visto isso, é
importante destacar que durante as entrevistas, ao indagar os professores, foi
explicado que estava atribuído dois sentidos à pergunta em relação às práticas de
ensino que estimulam emoções. Primeiro, verificou saber se existe um estímulo das
emoções apenas pelo tipo de prática adotada, classificadas por serem mais lúdicas,
ou por serem tradicionais; segundo, o estímulo das emoções por práticas de ensino
que trabalham intencionalmente a emoção.
Assim, os professores afirmam que ambas as formas podem estimular a
emoção dos educandos. A maioria, ainda expressa exemplos de resultados de
algumas aulas que causaram nos alunos o sentimento de alegria, como a construção
de cartazes, maquetes, jogos entre outros. Percebe-se assim, que as atividades que
os alunos participam de forma mais ativa e possuem características lúdicas estimulam
boas emoções.
[...] o que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, quando
age ludicamente, vivencia uma experiência plena. [...] Enquanto estamos
participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na
nossa experiência, para qualquer outra coisa além desta atividade. Não há
divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. [...] Brincar,
jogar, agir ludicamente exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente
ao mesmo tempo. (LUCKESI, 2000, p. 21)
O bom professor, trabalha em prol de formar o aluno para que liberte o seu
imaginário e não para desenvolver desanimo; para isso, precisa se reinventar para
que torne positivas as emoções dos alunos e sejam estimulados a fazerem a diferença
no mundo, pois o autor é claro ao apontar que as práticas tradicionais, baseada na
repetição de informações não são mais significativas do que as práticas mais
atraentes.
Partindo dessa análise fica clara a influência das práticas de ensino nas
emoções, mas é imprescindível esclarecer sobre a influência da emoção na
aprendizagem. Nesse viés, os docentes foram indagados se concordam que as
emoções podem influenciar na aprendizagem, se é trabalhado em sua sala de aula as
emoções e de que forma.
Ao analisar os dados obtidos, observa-se que os professores têm um olhar
atento nas situações vivenciadas cotidianamente em sala de aula ou fora dela. Todos
docentes afirmaram que concordam com a influência das emoções na aprendizagem.
Desse modo, ressalta-se que:
para com o aluno”. Maitê relata: “sim, ajudando os alunos com baixo rendimento a
superar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem”. Apenas a professora
Ayla relata que trabalha de forma mais tradicional, “sim, por meio de leitura de textos”.
Partindo desse pressuposto, destaca-se que:
Deve fazer parte da rotina dos alunos um aprendizado, além dos conteúdos
específicos das disciplinas, as atitudes dos professores que valorizem o emocional
dos alunos, pois é importante para eles se desenvolverem plenamente. Vale ressaltar,
que não existe um método único para que trabalhe com um projeto como esse,
conhecer a realidade dos alunos poderá esclarecer qual a melhor forma para que eles
se sintam confortáveis e sejam alfabetizados também emocionalmente, uma vez que
existe uma variedade de estratégias que podem ser utilizadas com esse propósito,
mais também nem sempre o método escolhido pode ser eficiente para tal prática.
Apenas duas pessoas deram nota 90, com a justificativa de que no processo
ensino aprendizagem deve haver um equilíbrio e que além das emoções existem
muitas coisas também a serem ensinadas, a professora Aurora afirmou, “se não
trabalhar a emoção pode afetar a aprendizagem do aluno, mas não é possível atingir
a nota 100, pois, deve haver um balanceamento, trabalhar emoções, mais também
outros aspectos”, a entrevistada Luna enfatizou, “ 90, porquê, não se pode trabalhar
somente as emoções, existe outros fatores a serem trabalhados em sala de aula”.
Entretanto, quatro dos professores atribuíram nota máxima e explicaram que
quando o aluno está bem, a aprendizagem desenvolve melhor e que se o aluno não
está bem a aprendizagem pode ser comprometida, por isso é importante que seja
trabalhada a emoção. A docente Noemi relatou, “100, porquê conhecendo o aluno, o
seu eu, sua emoção pode facilitar o processo ensino aprendizagem”, Heitor destacou,
“100, o aluno quando está bem, consegue aprender melhor e quando o aluno está
com problemas emocionais a aprendizagem não é significativa”, ainda foi relatado
pela professora Maitê, “ 100, porque a troca de conhecimentos se torna mais
59
prazeroso e segura”, além disso a docente Ayla pontuou o seguinte, “ 100 porque
levanta a autoestima, faz o aluno se sentir bem e faz o aluno se interessar mais pela
aprendizagem”.
que devem sempre repensar suas práticas para promover uma aprendizagem
eficiente.
O aprendizado pode fluir em ambas as práticas de ensino, no entanto, deve
haver o equilíbrio para não tornar a aprendizagem enfadonha e o conhecimento possa
ser adquirido com mais facilidade. É importante destacar que a aprendizagem é mais
significativa quando é despertado no aluno a criatividade, levando-o a se sentir mais
motivado. Nesse sentido, “a memória clama para que o ser humano seja criativo, mas
a educação clássica clama para que ele seja repetitivo. A memória não é um banco
de dados nem nossa capacidade de pensar é uma máquina de repetir informações,
como as pobres máquinas dos computadores” (CURY, 2003, p. 69). Nota-se que a
prática tradicional, não promove uma aprendizagem atrativa quando não há um
planejamento e estratégias que chamem atenção do aluno, ou seja quando há apenas
a repetição e por esse motivo, práticas diferenciadas podem despertar mais o
interesse dos alunos.
Considerando o envolvimento dos entrevistados com a temática pesquisada,
foi solicitado que eles citassem alguns desafios para trabalhar com atividades
baseadas na emoção em sala de aula, a maioria apresentou semelhanças nas
respostas e dois apenas tiveram um pensamento diferente.
A professora Ayla aponta: “o comportamento dos alunos, quando ele não
interage, os alunos indisciplinados que não obedecem ao professor, o professor tem
que berrar muito e beber agua direto”. A docente Aurora destaca: “falta de recursos
didáticos na escola’. A entrevistada Noemi relata: ‘não possuo dificuldades, até
mesmo com os conteúdos do livro didático pode ser trabalhado as emoções”. Luna
declara: “o maior desafio é fazer com que os alunos demonstrem o que sentem, é
complicado falar de suas emoções, mas quando eles conseguem falar, botar para
fora, a aprendizagem é bastante satisfatória”. Maitê Argumenta: “vínculo afetivo com
o aluno”. O professor Heitor Afirma: “identificar o problema dos alunos, saber o que
eles estão sentindo, deveria haver na escola um planejamento que contribuísse nesse
aspecto e uma melhor comunicação entre o corpo docente para que ao se identificar
um problema se repasse aos outros”.
Reconhecer a dificuldade é um passo importante para a busca de
aperfeiçoamento das práticas pedagógicas com intuito de trabalhar a emoção, se não
houver dificuldades é ainda mais positivo, pois poderá ser trabalhado na sala de aula
61
Nesse contexto, conhecer o aluno pode facilitar o trabalho com a emoção, uma
estratégia seria providenciar um caderno para cada aluno e todos os dias pedir que
eles escrevam ou desenhem o que estão sentindo, como estão sendo seus dias entre
63
outras perguntas. Assim, o professor poderá obter mais conhecimento sobre seus
alunos e poder planejar estratégias com o intuito de ajuda-los.
Nesse viés uma ferramenta que pode desenvolver a concentração e promover
a reflexão dos discentes é um filme que não tenha duração longa e esteja voltado para
uma temática que tenha haver com determinada situação observada pelo professor
ou que trabalhe a motivação e ajude os alunos a lidar consigo mesmo e com o
próximo.
Elaborar um projeto voltado para educação emocional também pode ser
significativo, o professor pode proporcionar um trabalho em grupos e oportunizar aos
alunos pesquisarem e falarem sobre o assunto, com a valorização das múltiplas
inteligências, ou seja, falar sobre as emoções da maneira que se sentirem mais
confortáveis e felizes, com habilidades particulares, como dança, música, entre outros.
Uma outra ferramenta que pode fazer parte da rotina dos alunos e proporcionar
resultados satisfatórios são as dinâmicas, que podem ser utilizadas antes de começar
a aula e proporcionar uma reflexão aos estudantes, dinâmicas de empatia, de
respeito, solidariedade, amizade e que possibilitam pensar sobre si.
As possibilidades de trabalhar com as emoções são inúmeras, foram
apresentadas apenas algumas atividades de forma sucinta, é importante destacar que
as metodologias citadas anteriormente como: jogos digitais, gincanas, produção de
desenhos, dramatização, contação e produção de história, jogos, música, produção
ou exposição de poesia, dinâmicas, brincadeiras e filmes, também podem ser
utilizadas pelo professor com intuito de trabalhar diretamente com a emoção. O
docente só precisa usar a criatividade e adequar cada uma de acordo com o que
deseja trabalhar.
Nessa perspectiva, Antunes (2012) também apresenta algumas estratégias, ou
situações de aprendizagem que possibilitam trabalhar com o emocional, destacadas
como: dramatizações, jogos operatórios ou atividades de sensibilização, resolução de
conflitos, estudos de casos que envolvem diferentes estados emocionais, role-playing
(tipo específico de dramatização), hierarquia de valores (debate), autorregulação e
discussão sobre dilemas morais
Nesse segmento, Cury (2003) também defende uma escola que a chama de
escola da vida, que anseia o desenvolvimento de alunos capazes de saber lidar com
suas próprias emoções. E por isso dispõe de estratégias que segundo ele pode tornar
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
emoções em seus planejamentos para que trabalhem de forma mais efetiva em sala
de aula.
Logo, é indispensável que o docente esteja constantemente em busca de novos
conhecimentos para lidar com a aprendizagem e com o emocional dos educandos,
assim como de toda a comunidade escolar, que pode estimular os pais a também
exercerem essa responsabilidade no seio familiar e assim propiciar um maior preparo
emocional nos estudantes. Nesse contexto, promover o equilíbrio emocional, pode
harmonizar as relações sociais, na família, escola e nos espaços o qual haja interação.
É importante a educação romper com paradigmas e estar em constante
inovação, buscando a formação de sujeitos capazes de exercerem a cidadania com
responsabilidade, preparando seres mais saudáveis emocionalmente, para obter-se a
eficácia no processo ensino aprendizagem e vida dos educandos.
As reflexões apresentadas no trabalho podem ser campo de estudo para outros
pesquisadores que visem ampliar as pesquisas sobre a temática abordada e
enriquecer os conhecimentos que contribuem para com a educação e
desenvolvimento do ser humano.
REFERÊNCIAS
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possibilidades e desafios de uso do livro didático de química. Monografia
(Licenciatura em química) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
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APÊNDICES
72
Nome:
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Idade________________________ Ano_____________________________
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3. Qual a frequência do uso do livro didático?
( ) Todos os dias ( diariamente)
( ) Alguns dias da semana (semanalmente)
( ) algumas vezes ao mês (mensalmente)
( ) Algumas vezes durante o ano (anualmente)
4. Você gosta das atividades do livro?
Sim ( ) Não ( )
Porque?
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5. Algum professor já trabalhou com a turma sobre como lidar com as emoções?
Como?
73
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