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EE Na Prática

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CAMPUS VII - CODÓ


LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ELAINE CONCEIÇÃO DA SILVA

EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional

CODÓ/MA
2020
ELAINE CONCEIÇÃO DA SILVA

EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do curso de Pedagogia da
Universidade Federal do Maranhão, campos VII,
Codó, como requisito para obtenção de grau de
Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Dias Martins da


Costa

CODÓ/MA
2020
Ficha gerada por meio do SIGAA/Biblioteca com dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Núcleo Integrado de Bibliotecas/UFMA

Conceição da Silva, Elaine.


EDUCAÇÃO EMOCIONAL : reflexões e desdobramentos na
prática educacional / Elaine Conceição da Silva. - 2020.
75 p.

Orientador(a): Cristiane Dias Martins da Costa.


Monografia (Graduação) - Curso de Pedagogia,
Universidade Federal do Maranhão, Codó, 2020.

1. Educação emocional. 2. Ensino-aprendizagem. 3.


Práticas de ensino. I. Dias Martins da Costa, Cristiane.
II. Título.
ELAINE CONCEIÇÃO DA SILVA

EDUCAÇÃO EMOCIONAL:
reflexões e desdobramentos na prática educacional

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura


Pedagogia, da Universidade Federal do Maranhão
– UFMA – Campus VII - Codó, como requisito para
obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Dias Martins da


Costa

Codó - MA, 18 de Julho de 2020

APROVADA EM: / /2020. NOTA: _____________

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Cristiane Dias Martins da Costa


Orientadora

Profa. Dr. Maria do Socorro Borges da Silva

Profa. Me. Kelly Almeida de Oliveira


Um Eu malformado terá grandes chances de
ser imaturo, ainda que seja um gigante na
ciência; sem brilho, ainda que seja
socialmente aplaudido; viverá de migalhas de
prazer, ainda que tenha dinheiro para
comprar tudo o que bem desejar; engessado,
ainda que tenha grande potencial criativo.
(CURY, 2014a, p. 15)
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois ele é a base de minhas conquistas;

A minha orientadora, pelas valiosas orientações, paciência, compreensão e


contribuições para que eu concluísse essa etapa;

A minha família por todo incentivo e força, minha mãe Maria de Jesus Conceição da
Silva, meu pai Expedito Costa da Silva e meus irmãos, Leticia, Patricia, Abmael,
Expedito;

A todo corpo docente da Universidade Federal do Maranhão – Campus Codó que


contribuíram na minha formação, cada um com sua maneira de enriquece-la;

A todos os discentes que fizeram parte dessa trajetória, em especial aos meus amigos
(as), Claudia, Denílson, Evandson, Irla, pelo companheirismo e que me
proporcionaram momentos de muita alegria;

A minha amiga Maria Léia da Silva dos Reis e toda família por toda ajuda e cuidado;

A meu namorado pelo companheirismo, força, dedicação, por estar sempre presente
e ser tão compreensivo;

A todos meu muito obrigada!


RESUMO

O presente trabalho apresenta uma abordagem sobre a emoção vinculada ao contexto


educacional, tendo por intuito verificar a relação das emoções com as práticas de
ensino e a aprendizagem. A pesquisa buscou explicitar a importância de inserir a
educação emocional na formação dos educandos em prol de melhores resultados no
processo ensino aprendizagem e na vida como um todo. Para averiguar o papel das
emoções na escola pesquisada, sua relação com as práticas de ensino e
aprendizagem, buscou-se verificar qual as práticas de ensino mais recorrentes na
escola, além disso, identificar práticas de ensino baseadas na emoção, bem como,
averiguar a importância da emoção para aprendizagem do ponto de vista docente. Na
fundamentação da pesquisa destacam-se alguns conceitos imprescindíveis para
melhor compreensão do trabalho, especificamente: Inteligência Emocional, Emoção e
cognição. A pesquisa apresenta uma abordagem bibliográfica, na qual tem como
destaque a produção de autores como Antunes (2012), Fonseca (2016), Goleman
(2011), entre outros, que estudam sobre a temática. Assim sendo, o aporte
metodológico do trabalho se evidencia em um estudo de caráter qualitativo, sendo
uma pesquisa do tipo documental, descritiva e de campo. A pesquisa foi realizada na
escola Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma, localizada na cidade de Codó-MA,
durante o estágio supervisionado no ensino de ciências que ocorreu de 09/2019 a
11/2019. Para coleta de dados, a pesquisa dispõe da entrevista semiestruturada,
realizada com seis professores, o questionário, aplicado em 15 alunos do quinto ano
e a observação participativa na mesma turma, O estudo mostrou nos resultados que
os professores reconhecem a importância de trabalhar com a emoção dos alunos na
sala de aula, que trabalham as emoções dos estudantes e que as atividades lúdicas
contribuem nesse processo, no entanto foi observado que os professores não
trabalham a emoção de forma efetiva e planejada, assim sendo, torna-se propício que
os educadores reflitam sobre a relevância de planejar aulas que levem em
consideração não somente o cognitivo , mas o emocional. Portanto, a pesquisa
demonstrou a importância da educação emocional ser inserida no contexto escolar
para melhores condições de aprendizagem e a formação plena dos educandos. É
válido pontuar que para o exercício de uma cidadania eficiente é relevante o preparo
intelectual e emocional dentre outros aspectos.

Palavras chaves: Educação emocional. Práticas de ensino. Ensino-aprendizagem.


ABSTRACT

The present work presents an approach on emotion linked to the educational context,
with the aim of verifying the relationship between emotions and teaching and learning
practices. The research sought to explain the importance of inserting emotional
education in the education of students in order to achieve better results in the teaching-
learning process and in life as a whole. In order to ascertain the role of emotions in the
researched school, its relationship with teaching and learning practices, we sought to
verify which teaching practices are most recurrent in school, in addition to identifying
teaching practices based on emotion, as well as verifying the importance of emotion
for learning from the teaching point of view. In the basis of the research, some essential
concepts for better understanding of the work are highlighted, specifically: Emotional
Intelligence, Emotion and cognition. The research presents a bibliographic approach,
which highlights the production of authors such as Antunes (2012), Fonseca (2016),
Goleman (2011), among others, who study the theme. Therefore, the methodological
contribution of the work is evidenced in a qualitative study, being a documentary,
descriptive and field research. The research was carried out at the Renê Bayma
Integrated Teaching Unit school, located in the city of Codó-Ma, during the supervised
internship in science teaching that took place from 09/2019 to 11/2019. For data
collection, the research has a semi-structured interview, carried out with six teachers,
the questionnaire, applied to 15 fifth year students and participatory observation in the
same class. The study showed in the results that teachers recognize the importance
of working with emotion of the students in the classroom, who work the emotions of
the students and that the playful activities contribute to this process, however it was
observed that the teachers do not work the emotion in an effective and planned way,
therefore, it becomes propitious that the educators reflect on the relevance of planning
classes that take into account not only the cognitive, but the emotional. Therefore, the
research demonstrated the importance of emotional education being inserted in the
school context for better learning conditions and the full training of students. It is worth
noting that intellectual and emotional preparation, among other aspects, is relevant for
the exercise of efficient citizenship.

Key words: Emotional education. Teaching practices. Teaching-learning.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Atividades que mais gostam ................................................................... 50

Gráfico 2 – Atividades que menos gostam ................................................................ 50

Gráfico 3 – Importância de trabalhar a emoção na aprendizagem do aluno ............. 58


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Práticas de ensino na sala de aula ......................................................... 54


LISTA DE SIGLAS

BNCC - Base Nacional Comum Curricular


CASEL - Cooperativa de Aprendizado Acadêmico, Social e Emocional
IE - Inteligência Emocional
QE - Quociente Emocional
QI - Quociente de Inteligência
SEL – Aprendizagem social e emocional
UFMA - Universidade Federal do Maranhão
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

1. EDUCAÇÃO EMOCIONAL: ROMPENDO PARADIGMAS ................................. 15

1.1 EDUCAÇÃO EMOCIONAL: ORIGEM E TEORIAS ...................................... 16

1.2 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A PARTIR DA EMOÇÃO ................ 19

1.3 AS CONTRIBUIÇÕES DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO


EMOCIONAL ......................................................................................................... 24

2. PRÁTICAS DE ENSINO EM INTERAÇÃO COM A EMOÇÃO: POSSIBILIDADES


E DESAFIOS............................................................................................................. 29

2.1 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL NO CONTEXTO


ESCOLAR .............................................................................................................. 30

2.2 COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS E PRÁTICAS DE ENSINO: UMA ANÁLISE


BASEADA NA BNCC ............................................................................................. 35

2.3 AS PRÁTICAS DE ENSINO E SUA RELAÇÃO COM A EMOÇÃO ............. 39

3. EDUCAÇÃO EMOCIONAL NA UNIDADE INTEGRADA DE ENSINO RENÊ


BAYMA ..................................................................................................................... 43

3.1 PRÁTICAS DE ENSINO PRESENTES E A RELAÇÃO COM A EMOÇÃO .. 43

3.2 A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS EM RELAÇÃO A EMOCIONALIDADE ...... 48

3.3 A PERCEPÇÃO DOCENTE À EDUCAÇÃO EMOCIONAL E AS PRÁTICAS


DE ENSINO ........................................................................................................... 52

3.4 ESTRATÉGIAS COMO PROPOSTA PARA SE CONSTRUIR UM NOVO


SIGNIFICADO NA EDUCAÇÃO ............................................................................ 61

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 64

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66

APÊNDICES ............................................................................................................. 71
12

INTRODUÇÃO

A construção de uma sociedade mais humanizada exige que a educação não


se limite apenas na formação do intelecto, mas que promova a capacidade do aluno
de saber lidar com suas próprias emoções. Para Antunes (2012, p. 19): “As emoções
são respostas químicas, geradas pelo cérebro, que originam atos corporais”. Nessa
perspectiva, a aprendizagem está vinculada a emoção, pois o ato de aprender é uma
mudança definitiva no comportamento e resultante da experiência. Desse modo, cada
sujeito é pertencente de comportamentos inatos e experiências adquiridas, e ambos
podem ser transformados pela educação, o que consequentemente trará mudanças
permanentes no comportamento (ANTUNES, 2012).
A emoção adquiriu mais espaço no ambiente de ensino depois da amenização
do denominado ensino tradicional, entendendo-se que as práticas educacionais não
são neutras e estão entrelaçadas com aspectos sociais, culturais e emocionais,
comprovando-se que sem emoção o aprendizado se torna mais difícil na medida em
que as emoções são aspectos das interações, sendo decisiva nesse processo
(FONSECA, 2016).

Nesse sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o


aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim
um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem.
Cansa porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento,
surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 2002, p.
33)

Desse modo, se torna necessário fazer com que o processo de ensino


aprendizagem seja mais prazeroso e significativo. Ou seja, na medida em que esse
processo se fizer transparecer com um caráter mais lúdico, tendo o aluno como
principal protagonista, o diálogo com os discentes poderá ser facilitado.
Educar é um processo no qual o docente precisa se desafiar, pois são inúmeros
os problemas relacionados ao sistema de ensino, na busca por uma educação
eficiente e que possa promover a formação integral do aluno. Nessa perspectiva,
Freire (2002, p. 23) pontua que “saber ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Assim, é
imprescindível o professor adentrar o território do ensino e faze-lo com dedicação e
responsabilidade, despertando no aluno o interesse em aprender e tornando o ensino
mais atrativo.
13

O interesse pelo tema advém das experiências de estágio na educação infantil


realizado a partir do 4º período e do estágio do ensino fundamental a partir do 5º
período do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão, Campus Codó,
onde foi possível observar os diferentes comportamentos dos alunos que variavam de
acordo com a metodologia usada pelos docentes. Além disso, ficou claro o desafio
dos professores para trabalhar práticas de ensino diversificadas que não trabalhem
apenas o aspecto intelectual, mas também o emocional, motor e social dos alunos,
dentre outros. Observou-se também a presença de alunos que apresentam
dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, ressalta-se que a despeito dos
outros aspectos nos enfatizaremos a relação do aspecto cognitivo com o aspecto
emocional
Desse modo, situações como as observadas no estágio devem ser refletidas e
discutidas para entender melhor o processo de ensino, tendo em vista que o ambiente
escolar é permeado por relações sociais que são construídas e estabelecidas
continuamente. Nessa perspectiva, considera-se importante entender a temática a
partir de diferentes olhares, dos quais fazem parte do ambiente de ensino.
Além das experiências do estágio, a participação como bolsista no Programa
Residência Pedagógica possibilitou vivenciar o cotidiano da sala de aula ao participar
das atividades do 4º ano durante o período de um ano e cinco meses. Notou-se
também que alguns alunos apresentavam dificuldades de aprendizagem e uma das
hipóteses levantadas foi acreditar que isso se deu por conta de emoções negativas
como desanimo e sentimentos de incapacidade, advindos de experiências dentro e
fora da sala de aula.
Partindo desse pressuposto houve a necessidade de investigar o papel da
emoção na aprendizagem. Assim, a pesquisa propôs verificar como a emoção pode
ser trabalhada na sala de aula e quais as contribuições podem proporcionar à prática
docente e nas ações dos educandos. Acredita-se que a emoção se mostra como um
campo vasto e cheio de possibilidades, no entanto, revela-se como um grande desafio
enfrentado pelos educadores na busca de sua aplicação em práticas educativas, visto
que a temática se relaciona com diversos fatores, dentro e fora do ambiente escolar.
Nesse sentido, a presente monografia tem como objetivo geral: analisar a
relação da emoção com as práticas de ensino e aprendizagem. E, como objetivos
específicos: verificar as práticas curriculares mais presentes na escola; identificar as
14

práticas de ensino baseadas na emoção e; averiguar a importância da emoção para


a aprendizagem do ponto de vista docente.

O presente trabalho tem como questão problematizadora verificar qual o papel


da emoção nas práticas pedagógicas desenvolvidas na Unidade Integrada de Ensino
Renê Bayma. A escolha da instituição se deu por ter realizado o estágio, do curso de
pedagogia da UFMA/Campus Codó nesta escola, que ocorreu de 09/2019 a 11/2019.
Ressaltasse que a instituição autorizou a divulgação do seu nome e a aplicação da
pesquisa referente ao presente trabalho.

Na busca para se aproximar das respostas para problemática levantada, adota-


se como processo metodológico a revisão de literatura em livros e artigos científicos
sobre a temática abordada, embasado nos seguintes autores: Goleman (2011),
Antunes (2012), Fonseca (2016), entre outros autores. A pesquisa realizada apropria-
se da abordagem qualitativa, que está interessada em casualidades (FLICK, 2013).
Além disso, possibilita uma descrição e interpretação da realidade com enfoque
fenomenológico (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009), a partir da compreensão dos fatos
vivenciados no campo, que possibilitaram conhecer a realidade (SILVA; MENDES,
2013), apropria-se da análise documental para melhor compreensão em relação a
temática estudada (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009), tendo como instrumento de coleta
de dados um questionário (Apêndice A). O instrumento foi aplicado em 15 alunos da
turma do 5º ano B, do turno matutino da escola Unidade Integrada de Ensino Renê
Bayma, no dia 27 de novembro de 2019 com perguntas objetivas e subjetivas. Além
disso, a observação participativa que ocorreu de 09/2019 a 11/2019 e a entrevista
semiestruturada (Apêndice B), que foi aplicada no mesmo dia do questionário,
realizada com seis professores (identificados com os nomes fictícios: Aurora, que
significa o nascer do sol, aquela que brilha como o ouro; Ayla, que significa luz da lua
ou luar; Maitê, que significa amável; Luna, que significa Lua, a iluminada; Heitor, que
significa aquele que guarda e Noemi, que Significa encantadora, agradável), tendo
como característica questionamentos essenciais que são embasados em teorias e
hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa (TRIVIÑOS, 1987).

A pesquisa se baseia na importância de se trabalhar a emoção na sala de aula,


visto que a ressignificação do processo ensino aprendizagem deve ser repensada
pelos educadores que visam alcançar uma educação de qualidade e chegar a um
patamar satisfatório. Refletir sobre os problemas da prática educativa e buscar
15

possíveis mudanças não é uma tarefa fácil, mas é o meio mais eficaz para que haja
progresso na sala de aula e na educação como um todo (FRANCO, 2016).
Portanto, é essencial que as emoções sejam trabalhadas no processo ensino
aprendizagem e os educandos sejam centro desse processo, para se alcançar uma
educação de qualidade, na qual o aluno se sinta motivado e tenha uma aprendizagem
significativa, pois um ensino que não leva em consideração a realidade do discente e
priorizam a memorização não é positivo para construção do conhecimento
(BEZERRA, 2006).
Desse modo, o trabalho está estruturado da seguinte forma: a primeira seção
abordará sobre a educação emocional do ponto de vista histórico, analítico e teórico.
Na segunda seção, será enfatizado sobre as práticas de ensino e sua relação com a
emoção, que parte da perspectiva educacional e traz uma analisa da temática
baseada na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Por fim, a terceira seção
consiste na análise dos dados obtidos na pesquisa, que dispõe de reflexões
essenciais para o presente trabalho, mostrando a realidade vivenciada por docentes
e alunos dentro do espaço escolar.

1. EDUCAÇÃO EMOCIONAL: ROMPENDO PARADIGMAS

A presente seção dispõe de reflexões que evidenciam sobre a educação


emocional em uma perspectiva histórica, conceitual e teórica. Considerando esse
pressuposto, inicialmente, será dado enfoque a origem da educação emocional e
algumas teorias que expressam conceitos a respeito do tema em questão. Em
seguida, a segunda subseção traz uma análise sobre a relação do cognitivo com a
emoção, dando ênfase a importância da junção de ambos para a eficácia do
desenvolvimento humano. Para finalizar, apresenta-se, na terceira subseção, as
contribuições das múltiplas inteligências na educação emocional, a princípio com uma
contextualização do que é e quais são as múltiplas inteligências, assim como sua
importância para educação, além de explanar de que maneira as múltiplas
inteligências podem contribuir na educação emocional, dando destaque
principalmente nas inteligências intrapessoal e interpessoal que possuem ligação
direta com a emocionalidade.
16

1.1 EDUCAÇÃO EMOCIONAL: ORIGEM E TEORIAS

Os campos de estudos sobre educação se ampliam constantemente em prol


de novas perspectivas e avanços no desenvolvimento pleno do educando, nesse
contexto, o processo educacional vislumbra de uma nova abordagem denominada
educação emocional, na contemporaneidade. O estudo sobre emoções na educação
surge para desmistificar a ideia de que a inteligência humana seja limitada, segundo
Smole (1999, p. 16) “as diversas concepções anteriores de inteligência valorizavam
apenas as inteligências linguística e lógico-matemática e se baseavam na crença de
que a inteligência humana é totalmente determinada por fatores hereditários”, ou seja,
a aprendizagem estava vinculada somente a esses dois tipos de inteligências
impedindo o aprimoramento de novas competências e habilidades. Havia uma
preocupação somente com o intelecto e o emocional era deixado de lado.
Nessa perspectiva, em 1990 é publicado em um artigo e difundido pela primeira
vez o conceito de IE (Inteligência Emocional), pelos autores psicólogos Jonh Mayer e
Peter Salovey (GOLEMAN, 2011). Entretanto o conceito somente foi popularizado
pelo autor Daniel Goleman, como afirma Woyviekoski; Hutz (2009, p. 3):

Entre 1994 e 1997 procedeu-se o fenômeno da popularização da IE,


especialmente quando Daniel Goleman (1996), lançou o livro intitulado
“Emotional intelligence”, ocasionando a ampliação e a “mudança” da
definição da IE (em especial na mídia e literatura popular), que a partir de
então passou a incluir aspectos da personalidade.

Nesse sentido, o conceito de IE ganhou novos traços e ficou conhecido


mundialmente, Goleman (2011), baseado nos autores Jonh Mayer e Peter Salovey,
reformulou o conceito apresentando uma nova visão. Partindo desse pressuposto o
autor enfatiza que a expressão IE também é denominada Quociente Emocional:

[...] ou sua abreviação QE, se tornou onipresente, aparecendo em lugares tão


improváveis quanto nas tirinhas Dilbert e zippy the pinbead e na arte
sequêncial de Roz Chast na the New Yorker. Já vi caixas de brinquedos que
dizem aumentar o QE das crianças; pessoas buscando parceiros às vezes
alardeiam a expressão em anúncios pessoais. Uma vez encontrei uma
piadinha sobre QE no rótulo de um xampu no meu quarto de hotel.
(GOLEMAN, 2011, p. 8)

Evidencia-se assim que o conceito de IE perpassou por uma trajetória de


mudanças, sendo de suma importância para o campo de estudo e para sociedade,
pois proporciona uma nova visão de como enxergar a vida. O seu uso já se encontra
17

presente em distintas circunstâncias vivenciadas, como mencionado pelo autor, o qual


deixa explicito o quanto o termo tem sido utilizado, se destacando desde materiais
educativos, a experiências amorosas e até mesmo propagandas comerciais.
Desse modo, “surge então o estudo da Inteligência Emocional, entendida por
nós como a harmonia entre a razão e a emoção ou como a capacidade em lidar com
a emoção de forma inteligente” (RÊGO; ROCHA, 2009, p.142). Ou seja, o estudo se
expandiu e passou a se caracterizar como um aspecto essencial para o
desenvolvimento saudável dos indivíduos, uma vez que o cognitivo está intimamente
ligado ao emocional e para compreender o funcionamento de ambos é imprescindível
estudos que norteiam e promovam a construção de pensamentos inovadores e
consequentemente produzam resultados positivos, na constituição dos sujeitos. De
acordo com Antunes (2003) é definido por Goleman cinco pontos essenciais na IE,
expressos por:

1) Autoconhecimento-capacidade de identificar seus próprios sentimentos,


usando-os para tomar decisões e resolver problemas que resultem na
satisfação pessoal. 2) Administração das emoções-habilidade de controlar
impulsos, de aliviar-se da ansiedade e direcionar a raiva à condição correta.
Muitas vezes o ato de odiar uma atitude cometida por uma pessoa acaba
sendo confundido com ódio por essa pessoa. 3) Empatia-habilidade de se
colocar no lugar do outro, entendendo-o e percebendo seus sentimentos e
intenções não verbalizadas. 4) Automotivação- a capacidade de perseverar e
conservar o otimismo sereno, mesmo em condições relativamente adversas.
5) Capacidade de relacionamento pleno-habilidade em lidar com as reações
emocionais de outras pessoas e interagir com as mesmas. (ANTUNES, 2003,
p. 27)

A IE possui uma abordagem ampla, contendo aspectos primordiais para educar


o emocional, por meio das cinco características (autoconhecimento, administração
das emoções, empatia, automotivação e capacidade de relacionamento pleno) citadas
acima pelo autor é possível tornar-se uma pessoa educada emocionalmente,
compreendendo melhor o funcionamento de suas emoções assim como as de outras
pessoas. Adquirindo competências e habilidades emocionais, evitando-se os conflitos
internos e externos e conduzindo-se a uma nova percepção do eu e do outro. Essa
visão é notória quando Antunes fala sobre QE (Quociente Emocional), o qual é
definido como:

A capacidade que cada ser humano tem para lidar com os conflitos
cotidianos, o volume e controle de suas angústias e ansiedades
compreendendo-se ao compreender seus próprios sentimentos e
descobrindo-se nos outros, com quem busca efetivamente com + viver.
(ANTUNES, 2003, p. 28).
18

O conceito de QE propicia compreender que os seres humanos têm


capacidades de saber lidar com suas próprias emoções, porém é indispensável que o
meio o qual esteja inserido contribua nesse processo, tendo em vista que as relações
sociais são permeadas por relações afetivas, com as pessoas que vivem ao redor.
Desse modo, vivendo experiências com o outro se faz possível desenvolver o
autoconhecimento e também o entendê-lo. Nesse segmento “quando é devidamente
trabalhado o equilíbrio de nossas emoções, conseguiremos formar um sujeito mais
centrado, mais focado e possivelmente uma sociedade melhor” (SANTOS, 2018, p.
39). Percebesse assim a importância de se trabalhar o equilíbrio emocional.
Nesse viés, com a popularização do conhecimento sobre a IE, surgem
programas especificamente para educação, voltado para gestão das emoções nos
espaços escolares, sendo adotado em várias instituições de ensino no mundo todo.

Mas gratificante para mim foi a maneira como o conceito foi ardentemente
abraçado pelos educadores, na forma de programas de “aprendizado social
e emocional”, ou SEL (social and emotional learning). Nos idos de 1995, havia
apenas um punhado desses programas ensinando habilidades de inteligência
emocional a crianças. Agora, uma década depois, dezenas de milhares de
escolas em todo o mundo oferecem SEL às crianças. (GOLEMAN, 2011, p.9)

É valido ressaltar que para Goleman (2012) a IE pode ser desenvolvida desde
a infância e pode ser aprimorada ao longo da vida, mas é indispensável dar
oportunidade aos estudantes no desenvolvimento das habilidades da vida
principalmente as que envolvem o emocional e por isso defende o programa SEL ou
aprendizagem social/ emocional, que para o autor são programas escolares que
ensinam de maneira geral sobre as capacidades de IE. “Os melhores programas vão
do jardim de infância ao ensino médio, e ensinam essas habilidades em qualquer
idade de um modo adequado de desenvolvimento” (GOLEMAN, 2012, p.104)
Nesse sentido, educar emocionalmente, se constitui como essencial e
necessária em algumas escolas, trazendo aos alunos uma educação diferenciada. O
que é de grande valia, pois além da formação social e emocional dos estudantes os
educadores também aprenderão ao ensinar e os alunos também ensinarão ao
aprender (FREIRE, 2002), o que torna uma aprendizagem compartilhada e
significativa. O SEL tem forte influência sobre a constituição de sujeitos mais
preparados para sociedade e é um ganho significante para todas as escolas que
adotam este programa e tem a educação emocional integrada em seus currículos
19

(GOLEMAN, 2012). Nesse contexto, Antunes (2012) ao falar sobre a educação


emocional afirma que:

Ela se fortaleceu após as experiências desenvolvidas nos Estados Unidos,


particularmente na Califórnia, em alguns países europeus e, há mais de vinte
anos, em escolas públicas ou particulares de diferentes pontos do Brasil.
Essas experiências sempre apresentaram resultados bastante significativos,
ainda que não seja fácil fazer-se uma avaliação física de seus resultados.
(ANTUNES, 2012, p. 11-12)

Assim sendo, a educação emocional é o estímulo de emoções saudáveis no


ser humano, ou seja, alfabetizar ou educar emocionalmente é preparar pessoas para
saberem lidar com suas emoções, desenvolver equilíbrio emocional ao lidar consigo
mesmo e com o outro (ANTUNES, 2012). Nesse viés, a educação emocional vem
sendo estudada e aplicada cada vez mais em divergentes espaços e situações do
cotidiano. Ainda na perspectiva de Antunes (2012) aponta que as escolas estão
incluídas nesse processo de valorização da educação emocional, algumas escolas,
públicas e particulares compreendem a importância desse novo método para
educação e propiciam resultados satisfatórios, assim como uma aprendizagem
significativa.
Partindo desse pressuposto, é visível que a educação emocional possibilita
avanços para humanidade. Ser emocionalmente inteligente, além de saber lidar com
o emocional do outro, requer um aperfeiçoamento do seu próprio emocional.

Ser emocionalmente educado significa dar conta das próprias emoções por
estar familiarizado com elas. Na Educação Emocional, aprendemos quando,
onde e como expressar os próprios sentimentos, e de que maneira eles
influenciam outras pessoas, assumindo a responsabilidade pelas
consequências desses sentimentos. (RÊGO; ROCHA, 2009, p. 143)

Para ser educado emocionalmente, necessita ter experiência com seu próprio
eu, seu emocional, assim estará preparado para lidar com ele, sabendo expressar
seus sentimentos sabiamente, e estabelecendo limites tendo em vista que as
emoções podem afetar o outro dependendo da forma que é transmitida e podem
influenciar também positivamente. Desse modo, ainda possibilitará está apto a se
responsabilizar pelas consequências dos sentimentos expressos.

1.2 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A PARTIR DA EMOÇÃO


20

O processo de compreensão sobre o funcionamento da mente é um estudo


complexo, mas que propicia uma gama de conhecimentos essenciais para administrar
o intelecto e o emocional com sabedoria. Ademais, é imprescindível entender o
funcionamento do cognitivo a partir da emoção e a importância que possui a junção
de ambos para o funcionamento da mente humana com eficácia, assim como outros
aspectos que contribuem nesse processo. Partindo desse pressuposto, para
compreender de forma mais clara, a associação do cognitivo com a emoção é
indispensável à conceituação dos dois termos mencionados, de maneira sucinta, sem
aprofundamento, para contextualizar a temática.
O conceito de emoção é amplo, pois envolve distintas características que as
definem, abordando desde o conceito que exprimem os tipos de emoções ao que
demonstra uma visão mais geral do que ela representa (DAMÁSIO, 2000). Nesse
contexto emoções:

[...] são conjuntos complexos de reações químicas e neurais, formando um


padrão; todas as emoções têm algum tipo de papel regulador a desempenhar,
levando, de um modo ou de outro, à criação de circunstâncias vantajosas
para o organismo em que o fenômeno se manifesta; as emoções estão
ligadas à vida de um organismo, ao seu corpo, para ser exato, e seu papel é
auxiliar o organismo a conservar a vida (DAMÁSIO, 2000 p. 104/105).

Desse modo, as emoções se expressam de diversas formas no corpo humano,


causando reações que influencia no seu comportamento e cada emoção exerce uma
função diferente na formação do sujeito, dando suporte para valorização do ser e
oportunizando resultados positivos no desenvolvimento do ser humano, quando
estimuladas de forma adequada. Com base na concepção de que as emoções fazem
parte da vida (FONSECA, 2016), faz-se necessário destacar o que vem a ser o
cognitivo, já que ele também está envolvido e conectado com o emocional.

Acreditamos que a cognição é um ato ou processo de conhecer o


conhecimento, o sujeito, o contexto, a sociedade envolvendo a percepção, a
afetividade, o intelecto, o ético, o político e o estético no seu todo social e
cultural que são inerentes à constituição humana, necessária para
interpretação e compreensão do processo formativo, dimensão esta que
supera a perspectiva evolucionária desse termo. (SALES; BURNHAM, 2014,
p. 78)

Por este ângulo, entende-se que a cognição guia o processo de aquisição do


conhecimento e compreensão do mundo que nos cerca, ela é a base para formação
do sujeito e para percepção de si mesma. Desse modo o cognitivo é primordial na
21

construção do saber e fundamental no funcionamento da vida humana. Assim, torna-


se evidente sua relevância na constituição do ser humano, desempenhando papel
essencial em seu desenvolvimento psicológico.
Nessa perspectiva, o sucesso do ser humano nas mais variadas situações da
vida, seja profissional, pessoal, escolar, advêm de um processo que engloba aspectos
cognitivo e emocional, dentre outros (GOLEMAN, 2012). Ambos são indissociáveis,
uma vez que sem as emoções o cognitivo não obtém resultados satisfatórios em todas
as facetas que o sujeito necessita para evoluir. Embora o cognitivo exerça uma função
de grande valia no processo da aquisição do conhecimento, estar bem
emocionalmente pode contribuir fortemente para uma aprendizagem de qualidade. É
necessário haver um equilíbrio entre a razão e a emoção.
Aliando-se a isso Damásio (2000, p. 85) salienta-se que, “certamente não é
verdade que a razão opere vantajosamente sem a influência da emoção. Pelo
contrário, é provável que a emoção auxilie o raciocínio, em especial quando se trata
de questões pessoais e sociais que envolvem risco e conflito”. Visto isso se presume
que quando as emoções não são estimuladas adequadamente o ser humano pode ter
consequências graves concernentes a situações desagradáveis na sua vida, por isso
as emoções devem estar em interação com o cognitivo.
Em oposição ao pensamento de que o QI (Quociente de Inteligência) era
responsável pelo desenvolvimento total do indivíduo, as emoções estabelecem
funções essenciais nesse processo, pesquisas como a de Fonseca (2016, p. 368) vão
questionar este pensamento ao afirmar que “as emoções capturam a atenção e
ajudam a memória, tornando-as mais relevantes e claras, a sua ativação ou
exercitação somática desencadeia vínculos que fortalecem as funções cognitivas, ao
contrário do que se pensava no passado”. Nesse sentido, as emoções se constituem
como fundamental nas funções cognitivas, dado que, o ser humano não é dotado
apenas pela razão, sendo influenciado também pelo emotivo no processo de tomadas
de decisões, seja por sentimentos positivos ou negativos.
Santos (2007, p. 181) afirma que “as emoções desempenham uma função na
comunicação de significados a nossos interlocutores e podem, também, ter papel na
orientação cognitiva e na compreensão das mensagens e de seu conteúdo”. As
expressões externas envolvem uma série de significados gerados pela junção da
cognição e emoção causando reações corporais no ato de informar ou compreender
22

situações vivenciadas. Visto isso as emoções contribuem no desenvolvimento


cognitivo, como afirma Fonseca (2016).

As emoções como estados mentais, positivos ou negativos, conscientes ou


inconscientes, têm assim um impacto muito relevante nas funções cognitivas
e executivas da aprendizagem, podem transformar experiências, situações e
desafios difíceis e complexos, em algo de agradável e de interessante, ou
pelo contrário, em algo aborrível, fastiento, enfadonho ou detestável
(FONSECA, 2016, p. 369).

As condições emocionais de uma pessoa podem determinar consequências em


seu comportamento e impactar nas funções cognitivas, assim como na aprendizagem.
Por isso, a ligação das emoções com a cognição é marcante e tornam-se inseparáveis
(FONSECA, 2016).
Com essa abordagem o processo de formação da personalidade e
aprimoramento intelectual pode ocorrer por meio da educação, especificamente nos
espaços escolares e as instituições de ensino que não devem separar a cognição da
emoção, uma vez que, a aprendizagem só terá, mas significado se o emocional for
valorizado.

As emoções não podem continuar a ser separadas da cognição nas escolas


e nas salas de aula do século XXI, como o foram no passado. A
aprendizagem significativa e motivadora é o resultado da interação entre a
emoção e a cognição, ambas estão tão conectadas a um nível neurofuncional
tão básico, que se uma não funcionar a outra é afetada consideravelmente
(FONSECA. 2016, p. 370/371).

Ou seja, se a emoção é deixada de lado pelos educadores, pode afetar


negativamente a aprendizagem e causando nos estudantes sentimentos negativos. A
educação necessita está centrada em promover uma aprendizagem que desperte
interesse nos alunos, que contribua positivamente no seu desenvolvimento, mas, para
isso, o emocional deve auxiliar a cognição e suceder um aprendizado completo. Nessa
perspectiva, quando não se valoriza o emocional no âmbito escolar e prezam mais
por valorizar o QI mais elevado e a transmissão de conteúdos, visando apenas o
crescimento intelectual, poderá causar déficit no processo ensino aprendizagem.
Nesse enfoque, destaca-se que:

Quantos alunos não desenvolvem gravíssimas crises emocionais no Japão,


na China, nos Estados Unidos, no Brasil, por não serem os melhores da
classe? Alguns se matam, sem saber que é possível ser o número dois, três,
dez, com dignidade. Sem saber ainda que nem sempre os melhores da classe
serão os maiores profissionais, empreendedores, cientistas. (CURY, 2019, p.
20)
23

Com essa abordagem, Cury (2014b, p.15) afirma que “por ser ilógica, a emoção
traz ganhos enormes, mas também grandes problemas, uma ofensa pode estragar a
semana. Uma perda pode destruir uma vida. Um fracasso pode gerar um trauma
gigante”. Desse modo, fica evidente a importância e impacto da emoção na vida do
ser humano e no ambiente escolar não é diferente, afetando o processo de ensino e
aprendizagem do aluno, pois as emoções permeiam as relações sociais estabelecidas
entre professor e aluno, com grandes ganhos ou enormes problemas, uma vez que a
boa relação professor-aluno favorece na construção do conhecimento.
Além disso, a postura do professor frente ao ambiente de ensino pode estimular
o aluno e auxiliar no seu desenvolvimento emocional, tendo em vista que as relações
sociais são construídas de diversas formas, estando intimamente relacionadas às
experiências humanas. Paralelamente a isso, Vieira e Lopes (2010, p. 57), destacam
que: “sabe-se que é no período da infância que se constrói a base da identidade
adotada na vida adulta e que os adultos que convivem com a criança tornam-se
referência comportamental e moral servindo como modelos a serem seguidos”. Dessa
forma, uma relação afetiva positiva pode oportunizar diferentes sentimentos,
favorecendo o sucesso escolar, pois ao se analisar a emoção, não se pode
desvincular-se das características inerentes do sujeito, assim como o ambiente social
no qual ele está inserido.
Partindo desse pressuposto, se não se constrói pensamentos motivadores nas
escolas, não se busca experimentar um método que contribua no emocional dos
alunos, os estudantes podem continuar com baixa autoestima e com sentimento de
incapacidade e mesmo os que são considerados melhores da classe poderão falhar
muitas vezes em circunstâncias da vida, se não forem orientados emocionalmente.
Quando o cognitivo é trabalhado com o auxílio do emocional poderá existir a
possibilidade de resultados satisfatórios. Nesse contexto, o pensamento e o
sentimento se relacionam, como destacado por (FREIRE, 2002, p. 146):

Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como


uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e emoções, os
desejos, os sonhos, devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura
reacionista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma
experiência a que faltasse o rigor em que se gera a necessária disciplina
intelectual.

Nessa lógica, entende-se que uma educação completa está permeada por
ensinamentos que contribuam na construção de uma sociedade mais humanizada,
24

que não forme apenas para o mercado de trabalho, para competir, mas que enriqueça
os conhecimentos dos alunos de maneira a fazê-los refletirem sobre o bem interior de
si e do próximo (ANTUNES, 2003). Práticas que leva os educandos a também se
sentirem revigorados, com inspirações e os façam sentir a importância de estudar
suas emoções para seu crescimento intelectual e pessoal. Nesse sentido a educação
deve permitir a valorização de práticas relacionadas a educação emocional e assim
oportunizar o bem-estar de todos além do sucesso escolar.

1.3 AS CONTRIBUIÇÕES DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO


EMOCIONAL

São inúmeras as estratégias que contribuem nesse processo, desse modo


destaca-se que as inteligências múltiplas podem estar inclusas nas estratégias,
partido da percepção de que elas fornecem um vasto campo de conhecimento que
pode ser explorado de acordo com as particularidades de cada indivíduo.
Como já mencionado, a inteligência foi considerada por muito tempo como algo
que poderia ser medido através de testes de QI, valorizando apenas os
conhecimentos lógico-matemático e linguístico (SMOLE, 1999). No entanto surgiram
novos estudos que propiciaram uma visão divergente dessa concepção, apresentando
novos conceitos sobre a inteligência. Nesse segmento, destaca-se a teoria das
Inteligências Múltiplas, na qual tem como autor Howard Gardner, estudioso que
defende a concepção que o ser humano não possui apenas um tipo de inteligência,
mas sim distintos tipos de inteligências que são desenvolvidas socialmente
(GARDNER, 2010).
A teoria das Inteligências Múltiplas surge devido a inquietação de
pesquisadores com a utilização dos testes de QI, buscando assim estudos que
comprovassem uma concepção oposta da que a inteligência era predeterminada
como única. Desse modo, as múltiplas inteligências são classificadas por: inteligência
linguística, lógico-matemático, musical, espacial, corporal-cinestésica, interpessoal,
intrapessoal, naturalista e uma possível nona inteligência, a inteligência existencial.
Essas são tipos de inteligências que os seres humanos possuem, sendo
desenvolvidas em um patamar diferenciado em cada ser, pois cada um possui suas
particularidades. Partindo desse pressuposto, Gardner (2010) aponta:
25

Inteligência Linguística - Expressa principalmente por grandes poetas e


escritores, se destaca em pessoas que tem facilidade de se expressar. Ou seja, é a
capacidade que o ser humano tem de construir um significado com o uso da palavra.
Inteligência Lógico-Matemática - É a capacidade de aprender com mais
facilidade os conceitos, símbolos e fórmulas matemáticas.
Inteligência Espacial - É a capacidade de criar, organizar e conduzir um
modelo de mundo no espaço, se manifestando principalmente em artistas plásticos,
engenheiros e arquitetos.
Inteligência Musical - É a capacidade de compor, valorizar, reproduzir uma
música e habilidades de tocar instrumentos.
Inteligência Corporal-cinestésica - É a habilidade de utilizar o próprio corpo
para solucionar problemas e facilidade de lidar com seus movimentos.
Inteligência Interpessoal - É a capacidade de saber lidar com o outro, saber
se colocar no lugar do próximo, agir adequadamente socialmente, sendo
características comuns em professores, políticos etc..
Inteligência Intrapessoal - É a capacidade de saber lidar com as próprias
emoções e solucionar os problemas cotidianos.
Inteligência Naturalista - É capacidade de conhecer e interagir com a
natureza, sendo visível principalmente em biólogos.
Inteligência Existencial- Possibilita o reconhecimento do mundo o qual se
integra, a busca por respostas de problemas e possíveis soluções.
Visto isso, é importante ressaltar que existe um vasto campo de conhecimentos
na sociedade e cada sujeito detém habilidades particulares, assim como possuem
mais de um tipo de inteligência. Cada inteligência possuindo sua importância para
desenvolvimento social e pessoal dos indivíduos. Smole (1999, p. 9) aponta que “para
Gardner, as pessoas possuem capacidades diferentes, das quais se valem para criar
algo, resolver problemas e produzir bens sociais e culturais, dentro de seu contexto”.
Com isso destaca-se que cada inteligência poderá oportunizar ao sujeito desenvolver
competências e habilidades que somarão no mundo que está inserido.
Nesse contexto, é imprescindível a valorização de todas as inteligências,
principalmente no espaço escolar, onde se constrói constantemente conhecimentos,
pois poderá estimular emoções e estabelecer relações afetivas, podendo assim
contribuir na aprendizagem. Nesse sentido, a oportunidade aos estudantes de
26

manifestarem suas próprias capacidades no contexto escolar e serem reconhecidos


ou avaliados por habilidades próprias podem contribuir significativamente na sua
formação (CHUEIRI, 2008).
Em virtude disso, o sistema de ensino deve se adequar a realidade dos
estudantes e não valorizar apenas alguns tipos de conhecimentos, como por exemplo,
o ensino da língua portuguesa e da matemática, nem mensurar a inteligência dos
alunos com avaliações que visam o alcance de melhores notas. Antunes (2006, p.
109) afirma que “o estímulo das inteligências múltiplas não deve estar limitado a uma
avaliação que toma como referência o valor máximo e tem como polo nuclear de
referência a expressão de resultados em formas de notas ou de conceitos”. Ou seja,
a avaliação não deve ser apenas quantitativa, uma vez que, a avaliação é um
processo contínuo que deve levar em consideração diferentes aspectos ligados ao
desenvolvimento dos estudantes.
Entretanto, algumas escolas necessitam repensar suas práticas de ensino,
visto que algumas instituições de ensino, não reconhecem as capacidades individuais
de seus alunos, mesmo que possuam vários conhecimentos e capacidades de se
tornarem grandes profissionais do futuro, impedindo assim que os alunos tenham a
oportunidade de se sentirem mais confiantes e determinados para irem à busca de
seus sonhos (CURY, 2019).
Com o estímulo das múltiplas inteligências na sala de aula, uma avaliação
adequada, poderá facilitar o processo ensino aprendizagem, porque os educandos
poderão se sentir mais motivados e valorizados contribuindo assim no seu
desenvolvimento emocional saudável. No entanto, se a escola reproduzir ideias
errôneas e negar os conhecimentos que os alunos já trazem consigo ou a forma que
cada um possui em aprender com mais facilidade, poderá afetar os alunos e
possivelmente leva-los a desenvolver sentimentos de incapacidade (CAMARGO,
2002).
Dessa forma, a escola enquanto formadora também de cidadãos plenos, pode
pensar também no bem-estar dos educandos, e as múltiplas inteligências podem
contribuir nesse processo, sendo capaz de auxiliar na educação emocional dos
educandos. Visto que as práticas de ensino que possibilitam formas distintas de
aprender proporcionam aos alunos mais facilidades em se expressarem e
desenvolverem autoestima mais elevado na aquisição do conhecimento, gerando
27

assim boas emoções, tendo em vista que aulas que apenas transferem
conhecimentos aos alunos, não é eficaz nesse ato de alfabetizar emocionalmente.
Como pontua Antunes (2012, p. 27):

É difícil afirmar, entre tantos disponíveis, qual o melhor tipo de aula, a mais
adequada estratégia para se trabalhar a Alfabetização Emocional. Mas para
a pergunta: “Qual a pior estratégia a ser usada para trabalhar Alfabetização
Emocional?”, a resposta é ainda mais fácil e imediata: a aula expositiva.

Antunes (2012) afirma que não é discriminando a aula expositiva, pois ela
sendo bem planejada, que estimule a reflexão e desafie os alunos, pode sim contribuir
na aprendizagem, mas para desenvolvimento emocional não funcionará da mesma
forma, dado que os conteúdos que são trabalhados nas disciplinas por meio de
explicações visam construir um significado na aprendizagem dos educandos por meio
de teorias ou conceitos pertinentes a ciência levando-os a compreenderem e
interpretarem. No entanto ser capaz de saber lidar com suas próprias emoções,
conhecer a si mesmo e ter empatia pelo próximo, necessita de mecanismos que não
condiz com a memorização, mas com contextos particulares e intransferíveis.
A educação emocional é eficiente quando se busca por meio da
representatividade, conhecer os estudantes para assim intervir na presente realidade,
usando dessa forma, diferentes meios para instigar os alunos a se expressarem. E
por isso, as múltiplas inteligências estão vinculadas a essa ação, porque dispõem de
divergentes conhecimentos e habilidades capazes de contribuir na gestão das
emoções dos alunos (ANTUNES, 2003).

Para se recuperar a objetividade será necessário trabalhar a subjetividade


retida, e para tanto, o sujeito precisa ter a possibilidade de cantar, dançar,
desenhar, falar de si, ler histórias que falem de seu mundo interno, escrever
fatos vividos ou imaginados, colocando suas emoções retidas numa outra
esfera, a da representação. (ALEXANDROFF, 2012, p. 44)

Usando meios diferenciados, o professor conseguirá buscar nos alunos novos


conhecimentos a respeito de suas histórias, sendo este passo essencial na educação
emocional. Além disso, poderá conciliar os conhecimentos que os alunos já trazem
consigo com práticas lúdicas através da valorização da inteligência individual de cada
aluno para realizar esse processo, assim poderá facilitar a construção do saber na
sala de aula e fora dela (ARANTES, 2019).
Nesse contexto, pontua-se que todas as inteligências podem ter sua
contribuição no estímulo das emoções, porém, há duas que estão ligadas diretamente
28

com as emoções, sendo elas as inteligências intrapessoal e interpessoal. Conforme


Antunes (2012, p. 12) ambas, “[...] se agrupam nas competências a que o psicólogo
cognitivo e educacional Howard Gardner, conhecido pela teoria das inteligências
múltiplas, chamou pessoais e dizem respeito à conduta humana”. Ou seja, se
relacionam com o comportamento humano, especialmente com a capacidade de
saber lidar consigo mesmo e com o outro, como destacado por Antunes (2012) que
ressalta ainda que as pessoas que desenvolvem as duas inteligências, a intrapessoal
e interpessoal, expressam mais alegria de viver, reconhecem os próprios erros, vivem
com mais sabedoria, reconhecendo seus limites e aceitam as diferenças no meio em
que vivem.
Nessa perspectiva, se faz indispensável dar enfoque também nas duas
inteligências citadas dentro dos espaços educacionais, intervindo assim de maneira
significativa na vida das pessoas, tendo em vista as contribuições que as inteligências
proporcionam no desenvolvimento humano ao influenciar em sua emocionalidade.
Entretanto, Antunes (2003) esclarece que as escolas ainda valorizam só
algumas inteligências, principalmente a linguística e lógico matemática e não se
preocupam em promover a felicidade pessoal dos alunos, o bem-estar deles.

[...] se alguém procurar na escola um ambiente onde possa desenvolver a


felicidade, dificilmente encontrará uma resposta, e até o porteiro poderá
sintetizar uma ideia generalizada por todos: felicidade é besteira. Aqui se
ensina português, matemática, história, geografia, geometria, inglês,
computação, física, biologia, química, e outras coisas importantes. Não temos
tempo para nos preocupar com essa tal de felicidade. (ANTUNES, 2003, p.
22)

É pertinente refletir sobre como a escola vem se portando mediante a


valorização das inteligências múltiplas, pois é relevante que ela se preocupe com o
emocional de seus alunos e não busque apenas ensinar conteúdos e preparar o aluno
para competir. Nessa abordagem, Antunes (2012, p. 16) ressalta que a educação
emocional:

“[...] não constitui proposta oportunista, menos ainda expressa vontade de


inovar. Representa, pelo contrário, passo seguro para uma educação
completa, caminho fundamental para a construção de pessoas mais seguras
e sentimentalmente mais bem preparadas”.

Nesse viés, partindo-se do pressuposto de que a aprendizagem possui não


apenas base cognitiva, mas também emocional, se faz relevante desenvolver uma
prática de ensino, com a utilização de metodologias diversificadas, a fim de trabalhar
29

a emocionalidade das crianças em busca de uma formação integral, na qual visa o


desenvolvimento da criança em competências que contribuirão na vida pessoal e
profissional. Como afirma Fonseca (2016, p. 370), “a emoção dirige, conduz e guia a
cognição, não se pode compreender a aprendizagem sem reconhecer o papel dela
em tão importante função adaptativa humana”.
Portanto, o educador enquanto mediador do processo de ensino aprendizagem
deve ter uma postura que possa estimular o desenvolvimento de uma identidade
saudável e positiva na criança, rompendo com o ensino que é voltado para o professor
e não para o aluno. O professor também tem um papel constitutivo que auxilia na
formação do aluno enquanto sujeito, ressalta-se que o aluno não é um agente passivo
nesse processo, tendo desse modo suas próprias convicções, aprendizados e
vínculos emocionais que são trazidos do lar, da sociedade e etc (SOUZA, 2013).
Na sala de aula, os professores precisam de diversos métodos e práticas de
ensino, que variam de acordo com a realidade e com o objetivo que visa alcançar,
para influenciar na emocionalidade da criança. Assim como priorizar os métodos que
trabalham a afetividade e a emoção, caracterizados por terem um caráter mais lúdico,
na medida que se aproximam mais da realidade dos alunos e facilitam a
aprendizagem, tais como a música, jogos, poemas, cordéis e etc. (SANTOS, 2007).
Dessa forma, essa proposta destaca a necessidade de o docente sempre
refletir sobre seus métodos e práticas, tendo em vista que um dos grandes desafios
em sala de aula é atender as necessidades de todos os alunos e identificar quais
recursos podem intervir na presente realidade. É preciso não apenas resgatar a fala
das crianças, mas dar voz a elas.

2. PRÁTICAS DE ENSINO EM INTERAÇÃO COM A EMOÇÃO:


POSSIBILIDADES E DESAFIOS

A abordagem apresentada nesta seção visa explicitar sobre a emoção na


perspectiva escolar, da prática de ensinar. Primeiramente enfatizou-se sobre a
importância da educação emocional no contexto educacional, apontando de que modo
a educação emocional contribui na formação dos educandos. Em seguida é feita uma
análise da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sobre as competências sócio
emocionais contidas no documento, com destaque na visão que ela traz a respeito
30

desse conteúdo e também um olhar de como pode ser útil nas práticas de ensino,
além de uma reflexão sobre seu uso nos dias atuais. Por fim, é apresentada a possível
relação entre a emoção e as práticas de ensino, na qual compreendeu-se o que vem
a ser o ensinar e a que ponto essa prática se torna eficiente, fazendo uma análise de
como ela pode influenciar na emoção dos educandos.

2.1 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR

O contexto escolar está integrado por uma diversidade de personalidades que


possuem realidades, culturas, habilidades, sentimentos, comportamentos e
pensamentos diferenciados, sendo responsabilidade da escola se adequar às
diferenças, elaborando materiais pedagógicos que visem à valorização e a construção
de saberes pertinentes à formação de sujeitos, capazes de exercerem a sua cidadania
com eficácia e compreender seu papel na sociedade (SANTOS, 2007).

A cidadania é o próprio direito a vida no sentido pleno. Trata-se de um direito


que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do atendimento
as necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de existência,
incluindo o mais abrangente, o papel do(s) homem(s) no Universo. (COVRE,
2002, p. 11)

A escola como um espaço que se constrói coletivamente o conhecimento,


possui o papel de contribuir no desenvolvimento integral dos alunos, orientando-os de
seus direitos, deveres e os preparando para saber lidar com os problemas vivenciados
no cotidiano e serem capazes de solucioná-los. Propiciando, além do conhecimento
de mundo, o senso crítico e o respeito a autonomia (FREIRE, 2002).
Nesse segmento, é notório o quão importante é a função da escola na vida do
ser humano, mas para que esse processo de formação do sujeito ocorra de forma
eficiente é necessário que seja de fato trabalhado no aluno, além dos conteúdos
específicos das disciplinas como o português, matemática, ciências, história,
geografia etc., as competências sócio emocionais. Sendo possível até mesmo utilizar
as disciplinas para a educação emocional dos estudantes, pois, Rêgo e Rocha (2009,
p. 144) afirmam que “as lições emocionais podem fundir-se naturalmente com a leitura
e escrita, saúde, ciência, estudos sociais e também com outras disciplinas padrão”.
Desse modo, são inúmeras as possibilidades de incluir no processo ensino-
aprendizagem maneiras de proporcionar aos educandos uma educação diferenciada.
31

Diante disso, Antunes (2003, p. 17) enfatiza que “a Alfabetização emocional,


ainda que jamais tire o indivíduo o poder de seu livre arbítrio, pode ajudá-lo a perceber
seus estados emocionais e melhor administrar eventuais explosões, se efetivamente
deseja fazê-lo”. O método da educação emocional guiará os educandos a ter
autocontrole e evitar frustações, melhorando assim seu estilo de vida e mudando sua
realidade.
Alfabetizar emocionalmente é de suma importância, pois vivemos em uma
sociedade que se cobra não apenas o preparo intelectual, mas também o emocional.
Observa-se que a cada dia aumenta o número de pessoas com problemas
emocionais, devido a questões internas mal resolvidas nas pessoas, o que vem
causando a infelicidade e impedindo uma vivência saudável (RÊGO; ROCHA, 2009).
Com isso, a inserção e permanência de estudos que contribuem com os problemas
emocionais torna-se um desafio para as escolas que pretendem alcançar uma
educação eficaz, tendo alunos que saibam controlar suas emoções nas várias
circunstâncias da vida.
Nessa perspectiva, Santos (2018) alerta que a inserção da educação emocional
não resolverá todos os problemas dos alunos, mas é uma ferramenta pedagógica de
extrema relevância que diminuirá os problemas existentes na escola e na sociedade
como um todo. Assim é indubitável que as escolas devem providenciar a inclusão da
educação emocional, pois tornará a aprendizagem mais significativa, na medida em
que a aprendizagem não seja mecânica, estimulando mais os alunos no gosto pelo o
aprender (ANTUNES, 2003). Visto isso, observa-se que a aprendizagem se torna
importante para as pessoas quando elas estão fazendo algo prazeroso que os façam
sentir bem, como pontua Fonseca (2016):

As emoções são uma fonte essencial da aprendizagem, na medida em que


as pessoas (crianças, adolescentes, adultos e idosos) procuram atividades e
ocupações que fazem com que elas se sintam bem, e tendem, pelo contrário,
a evitar atividades ou situações em que se sintam mal. (FONSECA, 2016, p.
366).

O sistema escolar necessita está atento aos impasses da aprendizagem,


identificar as dificuldades dos alunos, conhecer suas realidades e assim buscar a
melhor forma para que os alunos se tornem motivados a irem para escola, facilitando
assim o processo ensino-aprendizagem. A escola é um espaço de interação social,
construção de valores e desenvolvimento intelectual, os estudantes não podem se
32

sentirem excluídos, ameaçados, incapazes ou desenvolver baixa autoestima. Nela


precisa haver a criatividade, consciência e um leque de oportunidades para os
educandos se reinventarem e se tornarem construtores da sua própria história e
conhecimento (CURY, 2019).
Partindo desse pressuposto a emoção é inerente à aprendizagem, no entanto
a integralização da mesma nas escolas como um instrumento fixo a ser trabalhado
cotidianamente não é comum em todas as instituições de ensino. Para Duarte et al.
(2005) as escolas ainda estão presas a uma metodologia que não considera a
educação emocional plenamente e não preparam os alunos para aprenderem a ser,
saber administrar emoções, não instigando-os a gostarem da existência, o que aponta
como um direito de todo cidadão, o amor pela vida.

“Aprender a ser, por parte dos educadores e educandos, é o ponto central da


educação para este novo milênio. Aprender a ser pessoa, ser gente, ser
humano, ser solidário, ser compreensivo, ser prestativo é dever e direito de
todos” (DUARTE ET AL., 2005, p.110).

Com essa abordagem, os educadores devem se preparar para dar melhores


condições aos estudantes de se expressarem e criar uma relação amigável para ter
um maior conhecimento de seus alunos e poderem ajudá-los.

Há milhares de jovens que estão à beira do suicídio esperando que alguém


indague sobre seu drama, que os abrace num momento difícil, que lhes
pergunte por que eles estão ansiosos e agressivos, que seja capaz de lhes
dizer palavras simples, mas impactantes: “Eu acredito em você” ou “não
tenha medo da vida, tenha medo, sim, de não vivê-la intensamente” ou ainda
“eu já passei por tempestade emocional semelhante. Espere, em breve o sol
vai raiar (CURY, 2019, p. 72-73).

Na escola muitos estudantes silenciam problemas vivenciados até mesmo os


que ocorrem dentro desse espaço e na maioria das vezes são passados
despercebidos, o tempo passa e isso pode acarretar graves problemas futuramente.
Os educadores devem se atentarem e buscarem contribuir de alguma forma, para
evitar consequências negativas que interfiram no processo ensino aprendizagem. São
eficazes os aconselhamentos, atitudes motivacionais e principalmente a
demonstração de preocupação com bem-estar do próximo.
Considerando a eficácia dos estudos voltados para o emocional no espaço
escolar, no ensino e na aprendizagem, ressalta-se que essa maneira de educar
propõe uma motivação essencial para avanços significante nas habilidades da vida.
33

A palavra “motivação” partilha sua raiz com “emoção”: ambas vêm do latim
motere, mover. Nossas motivações nos dão nossas metas e o ímpeto de
alcançá-las. Qualquer coisa motivadora nos faz sentir bem”. Como um
cientista me falou: “A maneira como a natureza nos leva a fazer o que ela
quer é fazendo disso um prazer. (GOLEMAN, 2012, p. 53)

A motivação está associada a aquilo que promove os prazeres e as emoções


serão positivas quando o resultado das metas desejadas for alcançado com êxito.
Nesse sentido, aquilo que nos faz bem é fruto de uma motivação que possibilitou a
realização de uma meta com eficácia (GOLEMAN, 2012). Consequentemente a
motivação é pertinente às emoções saudáveis. Assim, considerando que a motivação
é um aspecto essencial para desencadear emoções positivas, a escola precisa tê-la
como uma das metas a serem alcançada para transformar cidadãos motivados e
consequentemente com o emocional mais preparado.
Goleman (2011) afirma que já é comprovado cientificamente que a IE sendo
aprimorada, desenvolvendo autoconfiança, preparação para lidar com as emoções e
capacidade de saber se colocar no lugar do outro nas crianças, contribui não apenas
em seu comportamento, mais no seu rendimento escolar. E uma vez sendo trabalhada
nos espaços escolares promoverá grandes avanços, dado que, são comprovados,
com base nas pesquisas realizadas por Ross Weissberg1 que é responsável por
conduzir o CASEL (Cooperativa de Aprendizado Acadêmico, social e Emocional) na
Universidade de Chicago, sendo também responsável em dirigir o SEL, levando-o às
escolas mundialmente.

Os dados mostraram que os programas SEL geraram grandes benefícios no


desempenho acadêmico, conforme demonstram os resultados de teste de
desempenho e média de notas. Nas escolas que adotaram os programas,
mas de 50% das crianças tiveram progresso nas suas pontuações de
desempenho e mais de 38% melhoraram suas médias. Os programas SEL
também tornaram as escolas mais seguras: ocorrências de mau
comportamento caíram em média 28%; as suspenções, 44%; e outros atos
disciplinares, 27%. Ao mesmo tempo, a percentagem de presença aumentou,
enquanto 63% dos alunos demonstraram um comportamento
significativamente mais positivo. (GOLEMAN, 2011, p.10)

É notório o êxito da inserção da educação emocional nas escolas dos Estados


Unidos, um aumento considerável de resultados positivos desde a melhoria de
comportamentos ao desenvolvimento escolar. As escolas que investem nesse tipo de
educação estão prevenindo acontecimentos negativos dentro da escola e na vida dos

1A pesquisa foi elaborada no ano de 2005, feita através de uma metanálise de 668 estudos avaliativos
de programas SEL e teve como público alvo crianças desde a pré-escola até o ensino médio
34

educandos. Estão evitando problemas que podem lesar seriamente a vida dos
estudantes. E por isso é de extrema importância o investimento na educação
emocional, porque pode ajudar milhares de estudantes a mudarem suas realidades e
se tornarem pessoas melhores e até mesmo ajudar outras pessoas. Nesse viés Cury
(2019, p. 72) ressalta:

Quantos gravíssimos conflitos poderiam ser evitados se pais e professores


penetrassem no território da emoção dos seus educandos, até para
encaminhá-los para um psiquiatra ou psicólogo, se for o caso. É fundamental
perguntar sobre os sofrimentos que as crianças e os adolescentes porventura
vivem sem coragem de expressá-los, se alguém está de alguma forma
abusando deles ou os constrangendo.

Desse modo, é necessário que os programas de educação emocional se


expandam por mais escolas e os professores e os pais se aliem para promover aos
filhos ou alunos mais oportunidades de se expressarem. Assim poderão contribuir no
processo de formação e na educação emocional dos seus filhos ou responsáveis e
quando for o caso de um acompanhamento psicológicos mais profundo, espera-se
que tenham a iniciativa de encaminhá-los para profissionais específicos da área e não
deixem passar despercebido os problemas emocionais.
Nesse contexto, vale ressaltar que a participação da família no
desenvolvimento emocional do educando é imprescindível, a escola deve incentivar
os pais a assumirem a responsabilidade de trabalhar as habilidades emocionais dos
filhos, proporcionando a eles algumas atividades em casa, como leitura de histórias,
jogos, filmes, desenhos, entre outros, assim poderá auxiliar na formação plena dos
estudantes (POLONIA; DESSEN, 2005).
Diante da importância da mediação da educação emocional nas escolas, é
necessário verificar a relação da temática com a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), documento que fornecesse diversos conteúdos necessários à aprendizagem
dos alunos durante a Educação Básica, ou seja, é um documento normativo que está
direcionado especificamente ao contexto escolar, sendo um modelo nacional que
deve servir para orientação dos currículos dos sistemas e redes escolares dos
estados, do Distrito Federal, dos municípios e das propostas pedagógicas das
instituições escolares, (BRASIL, 2017). Sendo considerado um documento importante
para o desenvolvimento das práticas de ensino na escola, uma vez que ela traz
diversos conhecimentos que os educadores devem fazer uso para uma formação
completa dos estudantes.
35

2.2 COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS E PRÁTICAS DE ENSINO: UMA ANÁLISE


BASEADA NA BNCC

O convívio em sociedade, requer de cada sujeito ações que favoreçam às


relações sociais, para que se construa um mundo mais igualitário. Desenvolvendo
assim, competências essenciais para crescimento pessoal e profissional de cada ser.
Para isso, existem materiais que contribuem nesse processo, pois reforçam a
necessidade de transformar a humanidade e torná-la mais humanizada. E o contexto
educacional está inserido nesse propósito, na qual dispõe da BNCC para que oriente
as escolas em suas práticas pedagógicas, direcionando-as a formarem os estudantes
para exercício de uma vida plena (BRASIL, 2017).

Nesse contexto, a BNCC visa o desenvolvimento integral dos estudantes


apresentando competências gerais a serem desenvolvida pelos alunos em prol de seu
desenvolvimento cognitivo e sócio emocional, na qual devem ser inseridas nas
práticas pedagógicas sendo constituídas como um direito à aprendizagem (BRASIL,
2017).

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos


(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e sócio
emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL,
2017, p. 8)

A Base destaca que as competências a serem adquiridas pelos alunos


englobam aspectos gerais da vida na sociedade, se preocupando com o
desenvolvimento de um mundo melhor, oportunizando conhecimentos que
possibilitam o crescimento individual, tal que, envolvem saberes pertinentes a
resoluções de problemas cotidianos, orientações sobre os direitos e deveres assim
como, habilidades diversas que contribuirão nas suas vidas (BRASIL, 2017).

Em vista disso, é importante dar enfoque às competências emocionais


mencionada na Base porque elas sendo trabalhadas em sala de aula causam um
impacto positivo na aprendizagem, partindo do pressuposto de que quando se ministra
bem as próprias emoções os conteúdos estudados em sala poderão ser absorvidos
com mais facilidade.
36

Além disso, mediante a inserção das competências sócio emocionais na BNCC


é propício subsidiar a reflexão sobre um conjunto de ideias que podem auxiliar na
compreensão de fatos pertinentes para desenvolver um olhar mais atento e crítico ao
documento e seu uso no contexto educacional. Partindo dessa premissa é
interessante pontuar que a BNCC em seu processo de construção chegou a
apresentar três versões, mas a educação socioemocional passou a ganhar destaque
apenas na terceira versão, após a proposta da educação para o século 21 (UNESCO,
2015). Nesse sentido, no documento aprovado é apontado que o método de ensinar
apenas os conteúdos e preparar os alunos para atuar no mercado profissional não é
suficiente para as demandas da sociedade, sendo que para atuar no mercado de
trabalho e também em outras instâncias da vida é importante saber lidar com as
emoções e se portar no meio social (VALENTE; MONTEIRO, 2016).
Vale ressaltar que na aprovação da última versão do documento houve
algumas perdas, como pontua Neira et al. (2016). Segundo a autora, nas versões
preliminares da BNCC havia uma série de objetivos que visavam a garantia do direito
à aprendizagem e ao desenvolvimento dos alunos, tendo o professor como agente do
processo de ensino-aprendizagem. Assim o docente seria o responsável pela escolha
dos caminhos a serem percorridos no seu trabalho docente, de acordo com as
interpretações educativas de cada instituição. Porém o documento aprovado se
apresenta como um currículo mínimo.

A BNCC, ao menos na sua primeira e segunda versões, foi concebida como


um ponto de partida e não um currículo mínimo. Seu intuito era apoiar os
sistemas na calibragem das propostas existentes. Não se tratava de uma
relação de conteúdos a serem ensinados obrigatoriamente em todas as
escolas. Na sua concepção inicial, a ideia era que o texto se tornasse um
material de apoio para a elaboração de propostas estaduais, municipais, da
rede privada e de cada unidade escolar. (NEIRA, et al, 2016, p. 32)

Nesse viés, observa-se que o professor tinha mais autonomia para elaboração
de sua aula, uma vez que, juntamente com a escola era repensado como ia ocorrer o
processo ensino-aprendizagem, no entanto a BNCC atualizada já traz consigo
definida todas as aprendizagens que julga como essenciais, que os alunos precisam
desenvolver, com foco no desenvolvimento pleno dos alunos. Dentre as
aprendizagens tidas como essenciais se destaca as competências gerais que
englobam as competências sócio emocionais que são consideradas importantes no
âmbito escolar.
37

Dessa maneira, considerando a valorização das emoções na sala de aula pelo


docente, ao se basear nas orientações da BNCC sobre as competências emocionais,
os educandos poderão ter um avanço na aprendizagem ao possibilitar mais autonomia
nos educandos e pensamentos diferenciados. De acordo com a BNCC, são três
competências ligadas com o emocional dos educandos que devem ser trabalhadas
em sala.

 A capacidade de saber lidar com suas próprias emoções, sabendo


reconhece-las e as das outras pessoas a sua volta, usando a criticidade.

 Saber se colocar no lugar do próximo, ser capaz de resolver os


problemas a sua volta, praticar a solidariedade, respeitando seu próximo e a
diversidade.

 Habilidade de desenvolver responsabilidade e autonomia em ações


individual ou coletiva, levando em consideração os princípios básicos de convívio
social.

Segundo a Base, essas três competências sendo desenvolvidas nos alunos


propiciará o reconhecimento de si próprio, fazendo-os se sentirem mais preparados
para atuar na sociedade e contribuir com ela, refletindo sobre os impasses que nela
acontecem e buscando a melhor forma para que sejam solucionados, com objetivo de
promover a equidade.

Em uma sala de aula, estão presentes problemas de diversas ordens que


podem causar falta de concentração e consequentemente dificultar o crescimento
intelectual dos alunos, por isso a falta de uma reeducação emocional faz diferença no
processo ensino-aprendizagem. Acredita-se que a inserção dela nas práticas
pedagógicas favorecerá além de uma aprendizagem benéfica, práticas de ensino mais
prazerosas.

A BNCC pode auxiliar o professor em suas práticas de ensino, ao orientar os


alunos a agirem de forma inteligente nas situações desagradáveis, analisar a vida com
criticidade, tomar decisões sabiamente e resolver situações difíceis com serenidade,
consciente, cautelosamente com os sentimentos alheios, trabalhar em grupos com
compreensão e responsabilidade, ou seja, serem aptos a viver de maneira a estarem
prontos para encararem os desafios da vida, o que é de extrema importância nesse
mundo globalizado.
38

Com isso, a escola possui a responsabilidade de estar atenta as demandas que


surgem nesse espaço e fazer uso do que vem sendo exigido por meio desse
documento, principalmente o que concerne à educação emocional, refletindo assim
sobre suas práticas pedagógicas. Santos aponta (2018, p. 40-41) que “a escola
enquanto uma instituição social que é, precisa está apta para executar um trabalho
objetivo e planejado dentro do campo emotivo nas suas muitas relações”. Ou seja, ela
possui grande influência sobre a vida de quem nela participa e precisa dar valor
também aos sentimentos porque uma pessoa se constitui também de emoções. “A
importância de uma educação emocional, que seja mais efetiva e plena para o sujeito
dentro do processo de escolarização é uma necessidade, que requer atenção e
prioridade” (SANTOS, 2018, p. 45). E por isso ganha destaque na BNCC, como
conteúdo indispensável.
Somando se a isso, a BNCC se preocupa com uma formação que inclui a
educação emocional nas práticas de ensino porque busca equidade e melhores
resultados no processo ensino-aprendizagem. No entanto, é pertinente uma análise
do que vem sendo trabalhado nas escolas e se estão cientes das orientações que
contém nesse documento, para que seja reajustado o ensino e inserido propostas de
acordo com a necessidade e realidade dos alunos, pois a BNCC deixa evidente a
relevância de uma formação integral, como explicito no trecho do documento:

A BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação


integral, reconhecendo que a educação básica deve visar à formação e ao
desenvolvimento humano global, o que implica romper com visões
reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a
dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e
integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os
como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu
acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas
singularidades e diversidades. (BRASIL, 2017, p. 14)

O documento expressa que a formação plena envolve práticas que não se


restringem apenas a bases cognitivas, mas que possuam uma dimensão ampla, ou
seja, abordem conhecimentos diversos associados a vivências dos estudantes que
possam contribuir em uma formação que abrangem a sociedade como um todo e
forneça capacidades distintas de entender as situações que surgem, respeitando as
diversidades e a si próprio.
E por isso é imprescindível que todos os educadores compreendam a
importância dessas competências e utilizem esse documento como orientação para
39

preparar seus alunos emocionalmente. Mostrando também aos alunos a relevância


do presente tema para suas vivências e buscando as melhores formas de aplicar
esses conhecimentos utilizando as capacidades individuais de cada aluno.
Portanto, observa-se por meio de documentos como esse que na educação se
pensa em estratégias de mudanças, visando melhorias, mas depende de cada
instituição de ensino a busca pela qualidade de vida dos estudantes, depende de cada
profissional que contribui no processo de educar, depende da conscientização desses
profissionais com a educação.
A Base como documento orientador do planejamento docente, faz parte do
ambiente de ensino, devido este fator é imprescindível se atentar para a maneira como
os conteúdos são apresentados dentro da sala de aula, uma vez que a BNCC não
apresenta dispositivos para aplicação dos conteúdos. É valido ressaltar que o
documento não deve ser o único orientador da escola é preciso dialogar com a
comunidade local e escolar para adequar-se à realidade vivenciada (CÂNDIDO;
GENTILINI, 2017).

2.3 AS PRÁTICAS DE ENSINO E SUA RELAÇÃO COM A EMOÇÃO

A prática de ensinar é um processo que engloba múltiplas estratégias


concernentes às maneiras que melhor desenvolverá a inteligibilidade dos estudantes.
Ademais, as práticas de ensino envolvem o educador e o educando e ambos
necessitam estar conectados de forma positiva, para haver a troca de conhecimentos
sem que nenhum dos dois seja prejudicado. Nesse sentido, o educador precisa refletir
sobre sua prática e está sempre inovando seus métodos, buscando compreender os
alunos e proporcionando a eles além do conhecimento científico, uma maneira
diferente de enxergar o mundo, pois é necessário fazer com que os estudantes
usufruam da criticidade para fazer do conhecimento, saberes pertinentes para suas
vivências na sociedade (TIBA, 2019).
Nesse enfoque, Freire (2002) aponta que ensinar vai além de transmitir apenas
os conteúdos de forma monótona, sem que seja instigado nos alunos o senso crítico,
conhecimentos éticos e que os tornem cidadãos com um pensar diferenciado. Ele
afirma que ensinar é criar condições para que os educandos construam seu próprio
conhecimento, e principalmente que esse conhecimento seja embasado em vivências
40

do seu cotidiano. Com isso, ressalta-se que ensinar é mostrar caminhos para que os
estudantes desenvolvam sua autonomia na produção do conhecimento. E o professor
possui extrema responsabilidade nesse processo, pois irá mediar a aprendizagem de
seus alunos.
Visto isso, o papel do professor é indispensável na formação do sujeito pleno,
pois não faz parte da tarefa docente apenas ensinar conteúdos, mas ampliar os
saberes dos estudantes para aprenderem a lidar com o mundo (FREIRE, 2002) ou
seja, o professor além de preparar o intelectual dos alunos deve formá-los também
moralmente, treinando-os a pensar de maneira correta, justa.

Assim, as contínuas e rápidas mudanças da sociedade contemporânea


trazem em seu bojo a exigência de um novo perfil docente. Daí a urgente
necessidade de repensar a formação de professores, tendo como ponto de
partida a diversidade dos saberes essenciais à sua prática, transpondo,
assim, a racionalidade técnica de um fazer instrumental para uma perspectiva
que busque ressignificá-la, valorizando os saberes já construídos, com base
numa postura reflexiva, investigativa e crítica. (DIESEL ET AL, 2017, p. 269)

Considerando que a sociedade está em constante transformação e a educação


também está envolvida nesta mudança, as práticas de ensino que valorizam apenas
o ensino tradicional, já não produzem uma aprendizagem significativa, sendo
fundamental desenvolver novas estratégias. De acordo com Freire (2002, p. 36) “a
autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do
educando. Não faz parte de sua forma de ser, esperar, sequer, que o educando revele
o gosto de aventurar-se”. Nesse sentido, enquanto o ensino estiver centrado na
repetição e no autoritarismo, não será despertado nos alunos o interesse pela
aprendizagem e poderá causar desânimo, além de impedi-los de estimularem sua
produtividade. As práticas de ensino conteúdistas não produzem resultados
satisfatórios, sendo necessário ampliar o campo de estudo e preparar a IE dos
educandos.
Nessa perspectiva, as práticas de ensino que visam proporcionar a formação
completa dos alunos, que os instigam a pensar com criticidade, promove também uma
reflexão sobre o papel que cada um exerce na sociedade, sobre si e sobre os que
compõem o mundo o qual estão inseridos. Assim, os educadores devem,
principalmente, inserir em suas práticas de ensino estratégias que visem trabalhar o
emocional dos estudantes, dado que, “a racionalidade, sozinha, não conseguiu levar
a humanidade para um patamar aceitável de educação, por isso a necessidade da
41

busca pelo equilíbrio entre razão e emoção na sala de aula” (REGÔ; ROCHA, 2009,
p. 139).
Ainda nessa perspectiva, “podemos salientar que diante das transformações
culturais e sociais impostas pela sociedade globalizada, rica de oportunidades e
inovações tecnológicas, surge a necessidade de busca de uma maturidade muito mais
emocional do que intelectual” (DUARTE, ET AL., 2005, p.110). É por isso que não se
pode negar o fato de que as práticas de ensino em prol de uma educação também
emocional poderão contribuir na vida de muitos estudantes oportunizando sucesso
não apenas no mercado de trabalho mais na vida como um todo e principalmente no
ambiente escolar.
Com isso, Goleman (2012) destaca que, depois de anos de estudos sobre IE
por vários estudiosos, nos dias atuais a IE é um prestigioso exemplo para a educação
na forma de aprendizado social/emocional, assim como agente indispensável numa
vida plena. Percebe-se assim que os estudos sobre emoção são relevantes para
compor o planejamento dos educadores, pois ajudará os alunos a terem melhor
desempenho, uma vez que para aprender é essencial está bem consigo mesmo e
com os outros.
Desse modo, são diversas as possibilidades de colaboração na aprendizagem
com a inserção da educação emocional nas práticas de ensino, porque “as emoções
conferem, portanto, o suporte básico, afetivo, fundamental e necessário às funções
cognitivas e executivas da aprendizagem que são responsável pelas formas de
processamento de informações mais humanas, verbais e simbólicas” (FONSECA,
2016, p. 369). As emoções conduzem a cognição sendo indispensável na aquisição
do conhecimento dos discentes e os tornam mais aptos a agirem de maneira mais
coerente, entendendo com mais facilidade os problemas impostos pela sociedade.
Somando-se a esse entendimento, para se ensinar competências emocionais,
as estratégias de ensino também devem ser diferenciadas, o professor deve procurar
métodos que não causem nos alunos desmotivação e falta de atenção, mas práticas
que levem os discentes a se sentirem incentivados.
Trabalhar a educação emocional na sala de aula requer que o educador lecione
de maneira lúdica, valorizando os conhecimentos prévios dos educandos, e trazendo
recursos inovadores. Assim, o processo ensino-aprendizagem será mais significante,
as informações que o educador desejar repassar será adquirido com maior êxito e
42

uma vez sendo estudadas competências emocionais na sala de aula propiciará os


alunos a se reconhecerem melhor e compreenderem seu próximo sem que mudem
suas essências, serão apenas mostradas estratégias que poderão somar em suas
vidas e de quem faz parte dela (ANTUNES, 2003).

A utilização de atividades lúdicas ou similares no espaço escolar favorece o


desenvolvimento da personalidade do indivíduo, faz bem ao corpo, à mente
e são funcionais e significativas nas tarefas dinâmicas do indivíduo,
possibilitam a convivência na diversidade e o respeito pelas diferenças
individuais, aceitando-se a si próprio e ao outro com seus limites e
potencialidades. (DUARTE, ET AL., 2005, p. 110)

Atividades lúdicas proporcionam diversas contribuições na aprendizagem e na


formação moral dos sujeitos e por isso é importante que o professor saiba valorizar
essa forma de ensinar para não tornar o ensino enfadonho, instigando assim a
aprendizagem de maneira eficaz. Antunes (2012, p. 21-22) enfatiza que “crianças
educadas em ambientes estimulantes quando comparadas com outras que crescem
sem respaldo de afeto evidenciam mais tarde e muitas vezes pela vida inteira
diferença de comportamento emocional extremo, privilegiando de forma destacada as
primeiras”. Dessa forma, o ambiente e a forma como se ensina faz toda diferença no
desenvolvimento da personalidade e da aprendizagem dos sujeitos, sendo de
responsabilidade do educador ter esses conhecimentos para evitar problemas em sua
prática e aprendizagem dos discentes.
Com essa abordagem é explicito que as emoções estão intimamente
relacionadas com as práticas de ensino, pois a maneira como se ensina pode
influenciar nas emoções dos educandos de forma positiva ou negativa. Por isso, é
importante que os professores busquem alternativas para tornarem suas práticas de
ensino mais significativas, ou seja, insiram em seu planejamento aulas que possam
estimular as emoções dos discentes (DUARTE, ET AL., 2005).

É urgente a necessidade de uma educação que proporcione condições para


a organização/ equilíbrio emocional e até espiritual do ser humano. É preciso,
portanto, repensar as práticas pedagógicas desenvolvidas na escola e fora
dela, (re)dimensionando-as para promover o desenvolvimento emocional dos
envolvidos no processo educativo. (DUARTE, ET AL., 2005, p. 111)

Deve se perpetuar nos espaços educacionais a consciência da necessidade de


uma educação emocional na formação das pessoas e de empatia dos educadores
para com os educandos para melhores resultados, porque as adversidades fazem
parte da vida humana, uma vez que cada pessoa possui uma realidade diferente, que
43

são construídas socialmente. Por isso, é indiscutível a relevância de se colocar no


lugar do próximo para tentar ajudá-lo, embora não seja uma tarefa fácil, mas gestos
como esse é um passo para que a equidade possa ser alcançada e as pessoas sejam
cada vez mais equilibradas emocionalmente.
Nessa perspectiva é necessário quebrar paradigmas educacionais que não
inovam e só enaltecem a repetição, pois dificilmente trarão resultados plausíveis para
educação. E a primeira providência que precisa ser tomada para que ocorra um
processo de mudanças é uma reflexão crítica de como está acontecendo e como pode
acontecer para a melhoria das práticas de ensino.

3. EDUCAÇÃO EMOCIONAL NA UNIDADE INTEGRADA DE ENSINO RENÊ


BAYMA

A seção discorre sobre os resultados da pesquisa, assim como algumas


estratégias a serem utilizadas para desenvolvimento emocional. Primeiramente
expõe-se as observações da pesquisa, na qual relata-se algumas atividades
realizadas na turma observada, com um diálogo baseado em alguns autores. Além
disso, apresenta dados sobre a pesquisa realizada com as crianças e professores da
Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma, sobre a temática pesquisada. Por fim,
apresenta estratégias para trabalhar com as emoções em sala de aula.

3.1 PRÁTICAS DE ENSINO PRESENTES E A RELAÇÃO COM A EMOÇÃO

A pesquisa de campo foi realizada durante o período de estágio


supervisionado2 no ensino de Ciências do curso de Pedagogia da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA - Campus Codó), ocorrendo durante o segundo
semestre de 2019. O estágio teve duração de 45 horas e foi organizado da seguinte
forma: reflexões introdutórias, observação, regência e relatório final.
O trabalho de observação e acompanhamento foi realizado no turno matutino
da Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma e a turma observada foi a do quinto ano
do ensino fundamental, na qual foi escolhida devido a busca de novas experiências,
uma vez que não havíamos feito estágio na referida serie.

2 Estágio realizado em dupla


44

O estágio supervisionado teve duração de 3 meses, sendo realizado uma vez


por semana. A observação concernente à pesquisa ocorreu em todas as etapas do
estágio, desde a observação participativa da prática docente à regência, sendo
utilizado como estratégia, a verificação do comportamento dos alunos, como, a fala
deles, movimentos, expressões faciais e corporais, para analisar possíveis
expressões de emoções, causadas pelas práticas de ensino durante as aulas. Com
isso diversas situações foram observadas e serão destacados alguns acontecimentos
que possibilitem a discussão da temática da pesquisa.
Na fase da observação participativa houve resultados considerados positivos e
negativos, desse modo, o período teve duração de quatro dias com ocorrências de
determinadas situações relevantes para pesquisa. Assim, no primeiro dia observado,
a professora da turma ministrou de maneira expositiva a temática “sistema digestório”
e fez uso do livro didático. Diante disso, observou-se que os alunos estavam muito
distraídos, desanimados, inquietos e sem dar atenção a aula.

Na aula expositiva, como o próprio nome diz, o foco está na exposição, feita
por pessoas que tenham um conhecimento satisfatório sobre o assunto, e por
isso, pode ocorrer o negligenciamento da importância do interesse e da
atenção do aluno. Uma palavra desconhecida mencionada, um ritmo de fala
maior do que o habitual, muitas ideias expostas ao mesmo tempo podem
fazer com que a informação a ser transmitida não seja retida (MARCHETI,
2001, p. 107).

Frente a essa concepção, compreende-se que o professor como mediador da


aprendizagem deve buscar meios que garantam o sucesso dessa maneira de ensinar,
usando mecanismos que tornem a aula mais atraentes. Marcheti (2001) ressalta que
a comunicação, sendo técnica da aula tradicional, pode tornar a aula mais eficiente,
vai depender da forma como o professor conduz a aprendizagem.
No segundo dia, o professor já trouxe algumas mudanças, a aula de ciências
foi destinada, para apresentação de um trabalho em grupos que o professor havia
passado na aula anterior. No trabalho os alunos deveriam utilizar cartolinas para
desenhar o sistema digestório e escrever as funções dos órgãos que os compõe.
Assim, deveriam apresentar para toda a turma o trabalho. A estratégia do professor
mostrou que os alunos gostam de trabalhos que envolvem desenhos, mas foi notório
a insegurança dos alunos na realização da atividade, acredita-se que não é uma tarefa
que os alunos estão acostumados a fazer, sendo necessário maior mediação do
professor. Após as apresentações o professor passou um vídeo sobre o sistema
45

digestório, apesar de ser uma estratégia interessante e com conteúdo relevante para
a matéria, a linguagem técnica e o tempo longo do vídeo (23 minutos) tornaram a
tarefa cansativa para os alunos. As crianças demonstraram desanimo e vontade de ir
para casa, pois a todo momento perguntavam se estava para terminar o horário.
Nesse sentido destaca-se que “A tecnologia é mais poderosa, quando utilizada com
abordagens construtivistas de ensino, que enfatizam mais a solução de problemas, o
desenvolvimento de conceitos e o raciocínio crítico do que a simples aquisição de
conhecimento factual” (DINIZ, 2001, p. 7), ou seja, a tecnologia é uma ferramenta
inovadora e pode ser útil na sala de aula, desde que seja feito um bom uso delas.
No terceiro dia de observação, notou-se grande empolgação pelas crianças, o
tema da aula ainda era sobre o sistema digestório e o professor trouxe uma aula
divertida e dinâmica. Com a utilização de uma tv, quatro celulares e internet, realizou
um quiz interativo, que funcionava da seguinte forma: o professor criou um jogo de
perguntas que seria possível conectar múltiplos jogadores a competirem. Desse
modo, conectou o jogo na tv e dividiu a turma em grupos, cada grupo, possuía um
celular com o jogo conectado, à medida que acertavam as perguntas aumentava suas
pontuações, no final teria um grupo vencedor. A metodologia do professor despertou
muito o interesse dos alunos pela aprendizagem e observou-se a expressão de muitas
emoções positivas, pois no momento do jogo, as crianças pulavam, dançavam,
cantavam e sorriam muito, demonstravam estarem felizes pelo que estavam fazendo,
até mesmo o professor estava contente com os resultados. Ademais, o professor
encerrou a aula dando ênfase nas questões que erraram no quiz, com uso do livro
didático.

Em diversos espaços, os jogos e brincadeiras possibilitam às crianças a


construção do seu próprio conhecimento, pois oferecem condições de
vivenciar situações-problemas, a partir do desenvolvimento de jogos
planejados e livres que permitem à criança uma vivência no tocante às
experiências com a lógica e o raciocínio e permitindo atividades físicas e
mentais que favorecem a sociabilidade e estimulam as reações afetivas,
cognitivas, sociais, morais, culturais e linguísticas. (COTONHOTO ET AL.,
2019, p. 41)

Como destacado pelo autor, o jogo proporciona múltiplas contribuições,


podendo assim facilitar a aprendizagem e estimular boas emoções nos alunos, os
alunos poderão ser o centro do processo ensino aprendizagem e construir seu próprio
conhecimento, dependo do planejamento do professor e o objetivo que se visa
alcançar.
46

No quarto dia, o professor buscou novamente trazer a inovação, pois pensando


na temática da aula “terra”, levou para turma um globo, um espelho e uma lanterna
para explicar o assunto fazendo demonstrações, apesar de usar o livro didático para
leitura do conteúdo, não foi cansativo porque os alunos estavam participando,
demonstraram interesse e empolgação para aprenderem o conteúdo estudado. Desse
modo, se faz importante ressaltar que o livro didático é relevante no processo ensino
aprendizagem, uma vez que traz de forma sistematizada os saberes científicos e
proporciona a reflexão crítica dos educandos, possibilitando-os a mudarem suas
realidades e como enxergar as mudanças a sua volta (ARAUJO, 2018). Nessa
perspectiva cabe ao professor utilizá-lo com sabedoria para despertar o interesse dos
alunos pelos conteúdos.
Em síntese, o professor demonstrou preocupação em trazer inovação para sua
sala e mesmo indiretamente estimulou emoções em seus alunos. Partindo desse
pressuposto, nas situações apresentadas, encontram-se pontos que precisam ser
repensados em relação as práticas de ensino. Embora na maioria das aulas o
professor tenha utilizado práticas de ensino que fogem do tradicionalismo, foi
demonstrado algumas atitudes que não contribuíram de forma positiva no
desenvolvimento intelectual e emocional dos alunos, como uso excessivo do livro e
apresentações longas carregadas de linguagem técnica que não se adequa a idade
das crianças.
Entretanto, ficou visível a influência de práticas lúdicas como jogos e aulas que
possibilitem a participação na emoção dos estudantes e por isso é importante ressaltar
que se deve refletir sobre os resultados de determinada prática, com olhar não
somente no cognitivo, mas também no emocional.
O período da regência foi um período que pensando nas dificuldades dos
alunos e nos resultados observados, buscou-se em todas as aulas fazer algo
diferente, essa fase teve duração de cinco dias, e os resultados foram melhores que
o esperado. As metodologias utilizadas foram: dinâmicas de empatia, experimentos,
gincana, trabalhos em grupos, vídeos, desenhos, cartazes com imagens, dinâmicas
sobre os conteúdos e explicações rápidas com uso do livro didático. Observou-se
resultados satisfatórios pois os alunos se concentravam e interagiam durante a aula.
Uma das melhores experiências foram os experimentos realizados na sala
sobre o sistema digestório, com a participação deles, pois ficaram muito felizes
47

quando viram os resultados dos experimentos e queriam participar a todo momento,


foram cinco experimentos, sendo eles: “o movimento da digestão”, realizado com duas
meias finas, duas bolas pequenas de plástico e bolachas para que os alunos
compreendessem a ação do esôfago, “mastigar bem”, realizado com a utilização de
dois comprimido, um triturado e outro inteiro e dois copos com água, para mostrar
como ocorre a digestão e explicar a importância de mastigar bem, “acidez do suco
gástrico”. Esse experimento ocorreu com a mistura do vinagre, café e leite em um
copo para comparar com o suco gástrico e explicar sua ação no estômago, “o
detergente da digestão”, feito com uso de dois copos com água, detergente e óleo,
para mostrar aos alunos sobre o funcionamento da bile e como facilita na digestão,
“absorção da água pelo corpo” realizado com duas esponjas de espuma e dois
recipientes com água para mostrar como ocorre o processo de absorção de água no
corpo e sua importância. As participações ocorreram por meio de sorteio, devido a
quantidade de experimentos não serem suficientes para quantidade de alunos, mas
era notável a vontade de todos em participar na realização dos experimentos, no
entanto, todos participaram das discussões.

Uma outra atividade que se destacou bastante foi a gincana sobre o sistema
respiratório, a turma foi dividida em duas equipes, e a gincana continha quatro etapas;
na primeira etapa, cada equipe deveria escolher um integrante do grupo para
competir, cada aluno escolhido para realizar a prova recebeu um balão, quem
enchesse o balão maior com um único sopro ganhava a competição. Na segunda
etapa, cada equipe recebeu um dicionário e foi escolhido pelas professoras algumas
palavras sobre o sistema respiratório para que os alunos procurassem no dicionário e
escrevessem os significados em uma cartolina, a equipe que fizesse em menos tempo
ganhava. Na terceira etapa, foi realizado um quiz com dez perguntas de verdadeiro
ou falso, que estavam escritas em pedaços de papel e estavam dentro de um copo, a
equipe deveria escolher um componente do grupo para tirar uma pergunta e
responder, se o aluno não soubesse poderia pedir ajuda ao grupo, a equipe que mais
acertasse as perguntas ganhava a prova. Por fim, na última etapa, cada equipe
deveria produzir uma história em quadrinho sobre o sistema respiratório, baseado no
conteúdo “doenças respiratórias”, a equipe que produzisse a melhor história ganhava
a prova, podendo haver também um empate, durante a gincana as crianças gritaram
muito de alegria ao ganhar as provas, pularam e aplaudiram, somente algumas
48

crianças que perderam a competição ficaram desanimadas por um pequeno


momento, mas no final, foi explicado que independentemente dos resultados, de certa
forma todas saíram ganhando por terem adquirido conhecimento, em suma, as
crianças demonstraram felicidade com as práticas adotadas e não queriam que o
estágio acabasse.
Diante dos resultados, foi observado que as atividades que os alunos
participaram, na qual foram o foco da ação, eles se sentiram mais envolvidos e
participaram mais das atividades, demonstraram alegria em aprender. Entretanto, na
aula expositiva e no trabalho com o livro didático observou-se que os alunos
demonstravam desinteresse em realizar as atividades, dessa forma, ao reconhecer tal
influência dos métodos na aprendizagem e emoção dos alunos, o professor pode
buscar trabalhar atentando-se aos resultados de suas ações, para na medida do
possível contribuir de modo favorável na formação dos educandos. Gadotti (2011)
afirma que é importante o professor aprender a aprender, para que se compreenda
melhor a prática de ensino e o ato de aprender. Ou seja, o docente deve estar sempre
a aperfeiçoar seus conhecimentos enquanto educador para propiciar transformação
na educação. Sendo assim torna-se de suma importância os professores participarem
de formações continuadas com esse intuito, uma vez que a formação continuada
possibilita ao professor refletir criticamente sobre sua prática educativa como um todo
(GADOTTI, 2011).

3.2 A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS EM RELAÇÃO A EMOCIONALIDADE

A turma pesquisada foi o 5° ano B da Unidade Integrada de Ensino Renê


Bayma com 19 alunos, no dia da aplicação do questionário (Apêndice A) havia quinze
presentes, sendo a maioria do sexo masculino, totalizando 11 meninos e 4 meninas.
O objetivo do instrumento aplicado foi verificar a percepção dos mesmos em relação
as práticas de ensino e a emoção, buscou-se compreender a relação professor-aluno
dentro desta temática. Também foi possível perceber a realidade vivenciada pelos
alunos cotidianamente em sala de aula através da perspectiva do alunado
Ao serem questionados sobre a relação afetiva com os professores, as
respostas foram bastante semelhantes, todos afirmaram ter uma boa relação com o
professor, mas ao relatar os motivos houve algumas diferenças. A maioria, total de
49

nove criança, afirmou gostar do professor porque acha ele legal e deixa a aula mais
legal; cinco alunos relataram que gostam do professor porque ele os ensina,
ajudando-os aprenderem a ler e escrever; e uma criança destacou que gosta do
professor porque ele faz trabalho de educação física e faz brincadeiras.
Foi possível perceber que o professor possui uma boa relação com seus
alunos e que suas práticas de ensino são agradáveis, principalmente pelo fato de se
dar bem com seus alunos. É satisfatório perceber que os estudantes reconhecem o
trabalho do professor e o valoriza desde sua postura em sala de aula como a forma
que conduz o aprendizado. Nessa perspectiva é importante destacar:

[...] Uma aprendizagem significativa é aquela que ajusta raciocínio, análise e


imaginação com afetividade e emoção, onde o vínculo afetivo será um grande
facilitador das atividades cognitivas e simbólicas, dimensão possibilitadora de
uma racionalidade melhor definida e de um saber mais prazerosamente
construído (BEZERRA, 2006, p. 25).

A afetividade é fundamental no processo ensino aprendizagem, quando o


professor está atento a este aspecto torna-se mais fácil colocar em prática esses
conhecimentos e contribuir para uma aprendizagem mais significante, contribuindo
também na formação dos educandos enquanto seres humanos atuantes na
sociedade.
Além da afetividade, as atividades realizadas em sala influenciam na
aprendizagem de forma a contribuir ou não na construção do saber. Nesse contexto,
buscou-se ainda saber a opinião dos alunos sobre as atividades desenvolvidas em
sala. De acordo com o gráfico 1 e 2, é possível verificar quais atividades os alunos
mais gostam e menos gostam na sala de aula.
50

Atividades que mais gostam


Arividades de Portugês
Todas 5% Atividades de Matemática
10% 30%
Desenhos
5%
Jogar bola
5%

Arte
5%

Atividades que menos gostam


Atividades de
Educação Prova Trabalho em
física 14% Grupo
10% Dinâmica Experimentos 14%
5% 25%

Gráfico 1 – Atividades que mais gostam

Fonte: Própria (2020)

Atividades de Portugês
Atividades de Matemática
43%
29%

Gráfico 2 – Atividades que menos gostam

Fonte: Própria (2020)

A maioria dos alunos citaram como atividades preferidas os experimentos nas


aulas de ciências (25%) e as atividades de matemática (30%); os outros destacaram
o desenho, dinâmicas, jogo de bola, educação física, atividade de português e artes,
apenas duas crianças relataram gostar de todas atividades, um deles relatou “gosto
de todas porque ajuda a crescer com sabedoria” o outro apenas afirmou “gosto de
todas”. E em relação as atividades que menos gostam, foi diversificada as respostas,
citaram: prova, trabalho em grupo, atividades de português e matemática.
Ao responderem o porquê gostavam ou não das atividades foi possível notar
que a maioria das crianças gostam de aprender fazendo, através da prática, sendo
atraídas principalmente para atividades divertidas e que tenham interação com os
colegas sendo essas características das atividades lúdicas segundo Rau (2013).
Percebe-se assim, que esses tipos de atividades se tornam mais prazerosas na sala
de aula e estimulam a aprendizagem, se fazendo essencial investir em aulas que
apresentam resultados positivos e que desencadeiam a motivação.
51

Desse modo, é indispensável inovar nas práticas pedagógicas e proporcionar


uma formação completa dos alunos.

“[...] Nesse contexto, as proposições que versam sobre a importância da


experiência lúdica como um recurso básico para esse desenvolvimento
integral do educando têm-se destacado, adquirindo uma posição privilegiada
no pensamento educacional”. (SILVA, 2015 p. 102)

Assim, é notável que deve haver a diversificação de metodologias em sala de


aula, para não se tornar repetitiva as práticas pedagógicas e possibilitando uma
aprendizagem significativa.
Nessa perspectiva, buscou-se verificar a frequência da utilização do livro
didático em sala de aula, houve uma contrariedade nas respostas, pois apesar de a
maioria responder que usam o livro didático diariamente, dois alunos marcaram a
opção de alguns dias na semana. Os estudantes deixam explicito que mesmo que o
professor utilize outras atividades diferentes ainda prevalece todos os dias nas aulas
a utilização do livro didático.
É relevante ressaltar que, a utilização do livro didático torna-se negativo quando
se utiliza somente ele e ainda com um ensino monótono que preza pela repetição
(EIDELWEIN; LOPES, 2012). Ainda nesse enfoque, foi notório perceber através dos
dados dos questionários que todos os alunos gostam das atividades do livro didático,
mas não são todas as atividades que gostam, destacaram que gostam do livro porque
ele possibilita alternativas de atividades legais, como desenho, histórias e porque são
boas para responder. Observa-se que os alunos dão ênfase nas atividades mais
atrativas do ponto de vista deles, como desenhos e histórias.
Mesmo que o professor utilize o livro didático todos os dias, as crianças
apontaram que gostam das atividades, com isso, o que torna a aula agradável é a
forma que o professor a ministra. Além da metodologia é preciso dar uma boa aula,
para que os alunos se sintam melhor. Desse modo Silva (2015) ressalta que alguns
pensadores dão ênfase a questão abordada.

Tais estudos têm chamado a atenção para a necessidade de se promover


uma educação que, superando a abordagem conteudista e instrumental, não
esteja focada apenas no desenvolvimento da racionalidade, do cognitivo dos
educandos, mas que também considere o seu desenvolvimento emocional e
afetivo, o cultivar de sua sensibilidade e de suas habilidades sociais, enfim,
uma educação que, transcendendo a ênfase no pensar, e buscando um
processo de aprendizagem significativo para os estudantes, possa também
orientar-se para o sentir e o fazer do educando, voltando-se para o
desenvolvimento do SER inteiro.(SILVA, 2015, p. 102).
52

O processo de ensino aprendizagem deve estar vinculado não somente em


transferir conhecimentos, mas propiciar o desenvolvimento pleno, considerando os
aspectos cognitivos e afetivos. Foi verificado através das observações e do
questionário aplicado aos alunos que a metodologia utilizada influência positivamente
no processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, o trabalho que considere uma
aprendizagem significativa leva em consideração não só o conteúdo, mas também as
emoções envolvidas neste processo. Observou-se que a maioria das crianças
consideram que o professor os ajuda a lidar com suas emoções, ou seja, dez alunos
disseram que o professor já estimulou positivamente suas emoções na sala de aula e
apenas cinco disseram que não, ademais a maioria citou as brincadeiras como
atividade que o professou trabalhou suas emoções.
Ao explicar para os alunos a pergunta que enfatiza se o professor já trabalhou
as emoções na sala, foi esclarecido que a questão não estava atribuída somente ao
sentido de trabalhar intencionalmente a emoção, ou seja, se o professor dedica um
tempo de sua aula apenas para trabalhar as emoções dos alunos na sala, mas se eles
já tinham sentido alguma emoção com a aula do professor, com algum tipo de
metodologia específica, desse modo durante a aplicação do questionário (Apêndice
A) foi citado alguns tipos de emoções (alegria, tristeza, desanimo etc.) e de atividades
(brincadeiras, jogos, músicas etc.) para auxiliar na hora dos alunos responderem.
Visto isso, mesmo após a explicação, alguns afirmaram que não (33,4%), mas a
maioria afirmou que sim (66,6%), o que é de extrema importância.
Cury (2003, p. 66) destaca, que “bons professores ensinam seus alunos a
explorar o mundo em que estão, do imenso espaço ao pequeno átomo. Professores
fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo que são, o seu próprio ser.” O ato
de trabalhar a emoção dos alunos não pode ser deixado de lado pelos educadores é
preciso que estejam em constante busca de novas maneiras para estimular a emoção
de seus alunos positivamente.

3.3 A PERCEPÇÃO DOCENTE À EDUCAÇÃO EMOCIONAL E AS PRÁTICAS


DE ENSINO

Os participantes dessa etapa da pesquisa foram seis professores do ensino


fundamental I, da Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma, localizada na cidade de
53

Codó-MA. É relevante destacar que a pesquisa foi realizada com os professores do


turno matutino, totalizando sete professores, mas apenas seis aceitaram participar da
pesquisa. Para preservar a identidade dos participantes não será utilizado o nome
deles para divulgação dos resultados (serão identificados com os nomes fictícios:
Aurora, que significa o nascer do sol, aquela que brilha como o ouro; Ayla, que
significa luz da lua ou luar; Maitê, que significa amável; Luna, que significa Lua, a
iluminada; Heitor, que significa aquele que guarda e Noemi, que Significa
encantadora, agradável), somente algumas informações básicas sobre eles serão
apresentadas. A pesquisa ocorreu por meio da entrevista semiestruturada (Apêndice
B), contendo seis perguntas que objetivaram verificar as práticas de ensino utilizadas
em sala de aula da escola Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma, para
compreender sobre quais práticas são mais utilizadas e com qual frequência.

Os educadores entrevistados lecionam entre o 1º e 5º ano do ensino


fundamental, apenas um é do sexo masculino, todos os seis professores possuem
mais de 30 anos de idade, quatro lecionam a mais de 15 anos e dois a mais de 1 ano.
Todos são graduados, sendo cinco em pedagogia e apenas um em química, além
dessa formação três deles possuem especialização.

Nesse contexto, inicialmente ao questionar sobre as práticas de ensino


utilizadas na sala de aula foram apresentadas as seguintes opções de atividades: livro
didático, trabalho em grupo, atividade individual, avaliação/prova, recursos
tecnológicos, jogos/ brincadeiras, além da possibilidade de indicar uma atividade não
disposta nas alternativas, ainda contém opções de frequência, como, diariamente,
mensalmente, anualmente e alguns dias na semana.

Nessa perspectiva, foi possível perceber por meio dos dados obtidos através
da entrevista que a maioria dos professores compreendem a importância de inovarem
em suas práticas de ensino, pois ao serem questionados sobre suas práticas de
ensino mais recorrentes e a frequências das atividades, eles relataram que são
frequentes as pinturas, desenhos, histórias, experimentos e dinâmicas. Das
alternativas propostas, apenas dois dos professores não utilizam recursos
tecnológicos com a justificativa que a escola não colabora nesse quesito, ademais
apenas dois professores utilizam o livro didático diariamente, no entanto, segundo os
dados levantados pela entrevista apenas uma leciona de maneira mais tradicional. Os
demais afirmam fazer um revezamento, balanceando a frequência de cada maneira
54

de ensinar. O quadro 1 a seguir sintetiza os resultados apresentados, em relação as


práticas de ensino utilizadas pelos professores.

Quadro 1 - Práticas de ensino na sala de aula

Fonte: Própria (2020)

É positivo quando os educadores buscam fazer a diferença e trazem para suas


aulas o novo para ensinar aos seus alunos, porque a aprendizagem deve proporcionar
uma harmonia em quem aprende, ou seja, evidenciar uma lógica, uma vez que o aluno
só aprende quando sente desejo em aprender e esse desejo só será despertado
quando perceber na aprendizagem algum sentido (GADOTTI, 2011). Nesse
segmento, Gadotti (2011, p. 59) ressalta que o “[...] aluno não deixa de aprender
porque é “burrinho”. Ao contrário, às vezes, a maior prova de inteligência encontra-se
na sua recusa em aprender”. Com isso, fica explícito que as vezes a forma como se
ensina determina o motivo de não se aprender e, por isso é necessário dar sentido
também ao ensinar.

Baseado nessa percepção, é pertinente entender se as práticas de ensino


causam algum impacto emocional a depender da atividade realizada. Desse modo, a
pesquisa buscou compreender se os educadores acreditam que existem algumas
55

práticas de ensino que estimulem as emoções dos alunos, na qual tiveram que citar
algumas atividades, no caso de respostas afirmativas.
É perceptível a semelhança na concepção dos entrevistados, visto que, todos
consideram que existem práticas de ensino que estimulem as emoções, foi notório
que as atividades indicadas tinham características mais lúdicas, destaca-se aqui
algumas respostas, desse modo, a professora Aurora relatou: “sim, brincadeiras,
jogos e atividades dinâmicas”. Ayla aponta: “sim, leitura de poemas e história em
quadrinhos”. Noemi ressalta: “sim, historias reflexivas e diálogos”. Maitê destaca: “sim,
jogos didáticos”. Heitor responde: “sim, jogos e atividades que possibilitem a
participação ativa dos alunos”. Luna ressalta: “contação de histórias”. Visto isso, é
importante destacar que durante as entrevistas, ao indagar os professores, foi
explicado que estava atribuído dois sentidos à pergunta em relação às práticas de
ensino que estimulam emoções. Primeiro, verificou saber se existe um estímulo das
emoções apenas pelo tipo de prática adotada, classificadas por serem mais lúdicas,
ou por serem tradicionais; segundo, o estímulo das emoções por práticas de ensino
que trabalham intencionalmente a emoção.
Assim, os professores afirmam que ambas as formas podem estimular a
emoção dos educandos. A maioria, ainda expressa exemplos de resultados de
algumas aulas que causaram nos alunos o sentimento de alegria, como a construção
de cartazes, maquetes, jogos entre outros. Percebe-se assim, que as atividades que
os alunos participam de forma mais ativa e possuem características lúdicas estimulam
boas emoções.

[...] o que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, quando
age ludicamente, vivencia uma experiência plena. [...] Enquanto estamos
participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na
nossa experiência, para qualquer outra coisa além desta atividade. Não há
divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. [...] Brincar,
jogar, agir ludicamente exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente
ao mesmo tempo. (LUCKESI, 2000, p. 21)

Ter a consciência de que a forma como se ensina e o que se ensina pode


influenciar positivamente ou negativamente no desenvolvimento dos estudantes
engrandece o trabalho docente. Pode se dizer que ao planejar sua aula, o educador
poderá refletir sobre a melhor forma em ministra-la, usufruindo da criatividade para
desperta-la em seus alunos e instiga-los a serem reflexivos, sobre si e sobre o mundo,
proporcionando também o prazer em aprender.
56

Bons professores usam a memória como armazém de informações,


professores fascinantes usam a memória como suporte da criatividade. Bons
professores cumprem o conteúdo programático das aulas, professores
fascinantes também cumprem o conteúdo programático, mas seu objetivo
fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de
informações. (CURY,2003, p. 68)

O bom professor, trabalha em prol de formar o aluno para que liberte o seu
imaginário e não para desenvolver desanimo; para isso, precisa se reinventar para
que torne positivas as emoções dos alunos e sejam estimulados a fazerem a diferença
no mundo, pois o autor é claro ao apontar que as práticas tradicionais, baseada na
repetição de informações não são mais significativas do que as práticas mais
atraentes.
Partindo dessa análise fica clara a influência das práticas de ensino nas
emoções, mas é imprescindível esclarecer sobre a influência da emoção na
aprendizagem. Nesse viés, os docentes foram indagados se concordam que as
emoções podem influenciar na aprendizagem, se é trabalhado em sua sala de aula as
emoções e de que forma.
Ao analisar os dados obtidos, observa-se que os professores têm um olhar
atento nas situações vivenciadas cotidianamente em sala de aula ou fora dela. Todos
docentes afirmaram que concordam com a influência das emoções na aprendizagem.
Desse modo, ressalta-se que:

A aprendizagem eficiente e com sucesso incorpora as emoções nas funções


cognitivas da aprendizagem, seja a atenção, a análise perceptiva, a tomada
de decisão, a regulação executiva, a memória ou a planificação de respostas
motoras adaptativas, só com essa integração neurofuncional a aquisição de
conhecimento pode ser construída (FONSECA, 2016, p. 373).

As emoções exercem um papel importante na aprendizagem, influenciando-a


de diversas formas como apontado por Fonseca (2016), em vista disso, a
aprendizagem pode ser eficaz ou falha, dependendo de como será conduzido o
ensino, ou do estado emocional que se encontra o educando.
Ainda nesse enfoque, os professores apresentaram diversas opções de como
trabalham as emoções na sala de aula. A professora Aurora aponta: “sim, jogos,
brincadeira e até mesmo nos conteúdos do livro didático, trabalhar com aulas práticas
também deixa os alunos mais dispostos e animados”. Noemi ressalta: “sim, por meio
de diálogos e conteúdos do currículo”. Luna responde: “sim, com contação de
histórias”. Heitor: “sim, dialogando com os discentes, com elogios e reconhecimento
57

para com o aluno”. Maitê relata: “sim, ajudando os alunos com baixo rendimento a
superar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem”. Apenas a professora
Ayla relata que trabalha de forma mais tradicional, “sim, por meio de leitura de textos”.
Partindo desse pressuposto, destaca-se que:

O estudante brasileiro já não pode continuar sendo visto como um intelecto


uniformizado e a escola precisa abdicar de sua função única, a de ser agência
transmissora de saberes. A implementação de um projeto de Alfabetização
Emocional (que não implica custos elevados ou adoção de métodos
específicos) pode desenvolver nos alunos a dignidade de se descobrir como
pessoa e de perceber no outro a essência da solidariedade e a doçura do
amor. (ANTUNES, 2012, p. 14-15)

Deve fazer parte da rotina dos alunos um aprendizado, além dos conteúdos
específicos das disciplinas, as atitudes dos professores que valorizem o emocional
dos alunos, pois é importante para eles se desenvolverem plenamente. Vale ressaltar,
que não existe um método único para que trabalhe com um projeto como esse,
conhecer a realidade dos alunos poderá esclarecer qual a melhor forma para que eles
se sintam confortáveis e sejam alfabetizados também emocionalmente, uma vez que
existe uma variedade de estratégias que podem ser utilizadas com esse propósito,
mais também nem sempre o método escolhido pode ser eficiente para tal prática.

Em continuidade a pesquisa buscou verificar sobre a importância da emoção


na aprendizagem do aluno. Percebe-se semelhanças e divergências nas respostas,
mas nenhum dos entrevistados negou sobre a importância que a emoção possui na
aprendizagem. A pergunta objetivava, saber de uma escala entre 0 a 100 qual a
importância de trabalhar a emoção na aprendizagem do aluno, com a opção dos
educadores explicarem o motivo da nota atribuída. O gráfico 3 a seguir sintetiza os
resultados apresentados, em relação a importância de trabalhar a emoção na
aprendizagem do aluno.
58

Importância de trabalhar a emoção na


aprendizagem do aluno
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0

Aurora Ayla Maytê Luna Heitor Noemi

Gráfico 3: Importância de trabalhar a emoção na aprendizagem do aluno

Fonte: Própria (2020)

Apenas duas pessoas deram nota 90, com a justificativa de que no processo
ensino aprendizagem deve haver um equilíbrio e que além das emoções existem
muitas coisas também a serem ensinadas, a professora Aurora afirmou, “se não
trabalhar a emoção pode afetar a aprendizagem do aluno, mas não é possível atingir
a nota 100, pois, deve haver um balanceamento, trabalhar emoções, mais também
outros aspectos”, a entrevistada Luna enfatizou, “ 90, porquê, não se pode trabalhar
somente as emoções, existe outros fatores a serem trabalhados em sala de aula”.
Entretanto, quatro dos professores atribuíram nota máxima e explicaram que
quando o aluno está bem, a aprendizagem desenvolve melhor e que se o aluno não
está bem a aprendizagem pode ser comprometida, por isso é importante que seja
trabalhada a emoção. A docente Noemi relatou, “100, porquê conhecendo o aluno, o
seu eu, sua emoção pode facilitar o processo ensino aprendizagem”, Heitor destacou,
“100, o aluno quando está bem, consegue aprender melhor e quando o aluno está
com problemas emocionais a aprendizagem não é significativa”, ainda foi relatado
pela professora Maitê, “ 100, porque a troca de conhecimentos se torna mais
59

prazeroso e segura”, além disso a docente Ayla pontuou o seguinte, “ 100 porque
levanta a autoestima, faz o aluno se sentir bem e faz o aluno se interessar mais pela
aprendizagem”.

Embora se trabalhe diversos conteúdos em sala de aula, não deixa de ser de


extrema importância se preocupar com o emocional dos estudantes, deve haver sim
um equilíbrio, porém, é importante saber discernir um conhecimento do outro e saber
reconhecer seu valor. É necessário formar pessoas que saibam lidar com suas
emoções, uma vez que na escola se encontram barreiras na aprendizagem. “A
educação passa por uma crise sem precedentes na História. Os alunos estão
alienados, não se concentram, não têm prazer em aprender e são ansiosos” (CURY,
2003. p. 58). E para que esse quadro seja revestido, precisa-se reconhecer a
importância de trabalhar além do intelecto o emocional.

Ainda baseado nessa linha de pensamento, buscou-se analisar se os


professores acreditam que com as práticas pedagógicas baseadas na emoção, os
alunos aprendem mais do que as práticas tradicionais. A maioria dos professores,
totalizando cinco afirmaram que consideram que os alunos aprendem mais com
práticas pedagógicas baseadas na emoção porque a aprendizagem ocorre de
maneira mais significativa, só que um dos cinco entrevistados afirmou não trabalhar
com frequência, sendo trabalhado raramente. E apenas um dos seis entrevistados
afirmou que não tem uma melhor que a outra e que o professor deve estar sempre
analisando se está sendo significativo ou não tal prática. Desse modo, a professora
Maitê aponta: “sim, porque nos ajuda a entender melhor o aluno e o incentiva na
participação das aulas”. Heitor destaca: “sim, desperta mais o interesse dos alunos
pela aprendizagem, o aluno aprende mais com atividades lúdicas, brincadeiras,
dinâmicas, construção de materiais pedagógicos”. Luna responde: ‘sim, devemos
trabalhar com as emoções, mas também visualizar se a pratica está sendo significativa
para o ensino e aprendizagem do discente, não devemos trabalhar com apenas uma
pratica mais sempre refleti-las”. Noemi afirma: “sim, porque tradicionalmente o aluno
não aprende de forma significativa e trabalhando baseado nas emoções pode ajudar
o aluno a se concentrar melhor”. Aurora relata: “sim, instigando a participação dos
alunos estimula mais a aprendizagem”. Ayla argumenta: “sim, porque as práticas
baseadas na emoção estimulam mais a aprendizagem do que as práticas tradicionais,
aqui a gente não trabalha direto”. Ou seja, fica claro que os professores compreendem
60

que devem sempre repensar suas práticas para promover uma aprendizagem
eficiente.
O aprendizado pode fluir em ambas as práticas de ensino, no entanto, deve
haver o equilíbrio para não tornar a aprendizagem enfadonha e o conhecimento possa
ser adquirido com mais facilidade. É importante destacar que a aprendizagem é mais
significativa quando é despertado no aluno a criatividade, levando-o a se sentir mais
motivado. Nesse sentido, “a memória clama para que o ser humano seja criativo, mas
a educação clássica clama para que ele seja repetitivo. A memória não é um banco
de dados nem nossa capacidade de pensar é uma máquina de repetir informações,
como as pobres máquinas dos computadores” (CURY, 2003, p. 69). Nota-se que a
prática tradicional, não promove uma aprendizagem atrativa quando não há um
planejamento e estratégias que chamem atenção do aluno, ou seja quando há apenas
a repetição e por esse motivo, práticas diferenciadas podem despertar mais o
interesse dos alunos.
Considerando o envolvimento dos entrevistados com a temática pesquisada,
foi solicitado que eles citassem alguns desafios para trabalhar com atividades
baseadas na emoção em sala de aula, a maioria apresentou semelhanças nas
respostas e dois apenas tiveram um pensamento diferente.
A professora Ayla aponta: “o comportamento dos alunos, quando ele não
interage, os alunos indisciplinados que não obedecem ao professor, o professor tem
que berrar muito e beber agua direto”. A docente Aurora destaca: “falta de recursos
didáticos na escola’. A entrevistada Noemi relata: ‘não possuo dificuldades, até
mesmo com os conteúdos do livro didático pode ser trabalhado as emoções”. Luna
declara: “o maior desafio é fazer com que os alunos demonstrem o que sentem, é
complicado falar de suas emoções, mas quando eles conseguem falar, botar para
fora, a aprendizagem é bastante satisfatória”. Maitê Argumenta: “vínculo afetivo com
o aluno”. O professor Heitor Afirma: “identificar o problema dos alunos, saber o que
eles estão sentindo, deveria haver na escola um planejamento que contribuísse nesse
aspecto e uma melhor comunicação entre o corpo docente para que ao se identificar
um problema se repasse aos outros”.
Reconhecer a dificuldade é um passo importante para a busca de
aperfeiçoamento das práticas pedagógicas com intuito de trabalhar a emoção, se não
houver dificuldades é ainda mais positivo, pois poderá ser trabalhado na sala de aula
61

efetivamente, se o docente reconhece também o valor desse tipo de aprendizagem.


Cabe ao professor não deixar com que as dificuldades interfiram no ato de alfabetizar
emocionalmente, porque “a educação, para ser transformadora, emancipadora,
precisa estar centrada na vida, ao contrário da educação neoliberal que está centrada
na competitividade sem solidariedade” (GADOTTI, 2011, p. 109). Assim é
indispensável que os educadores nunca desistam de formar os discentes com o intuito
de contribuir com um mundo melhor.
Portanto, a pesquisa evidenciou que os docentes do 1° ao 5° ano da escola
Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma possuem conhecimento em relação as
emoções no contexto escolar, e sobre sua importância para desenvolvimento dos
estudantes. Contudo, a maioria das respostas apontam que além de terem o
conhecimento aplicam em suas salas de aula apesar de ter também aquele que
reconhece a importância mais não colocam em prática de maneira satisfatória. Mas
de modo geral, os resultados são positivos.
Em suma a pesquisa na escola Unidade Integrada de Ensino Renê Bayma,
evidenciou que os professores da escola, acreditam que existe uma relação da
emoção com as práticas de ensino e a aprendizagem, por isso concordam que as
emoções são importantes no processo de ensinar e aprender. Sendo assim,
trabalham em suas aulas com a emocionalidade dos educandos através do uso de
metodologias diversificadas.
No entanto observou-se que os professores não fazem um planejamento com
intuito de trabalhar as emoções na sala de aula, mas por as emoções permearem o
ambiente de ensino, acabam por trabalha-la indiretamente, principalmente através do
uso de metodologias como: jogos, dinâmicas, textos, conteúdo do livro didático, entre
outros. Com isso, ressalta-se que é um resultado considerável, mas tornaria mais
significante se os professores planejassem práticas com objetivo de trabalhar a
emoção dos alunos.

3.4 ESTRATÉGIAS COMO PROPOSTA PARA SE CONSTRUIR UM NOVO


SIGNIFICADO NA EDUCAÇÃO

Diante de toda argumentação em favor da educação emocional para melhoria


no desenvolvimento humano, torna-se propício apresentar além das teorias,
62

estratégias que possibilitam trabalhar a educação emocional com qualidade. Sendo


mecanismos de grande valia para os educadores fazerem a diferença em suas
práticas. Desse modo são distintas as estratégias que contribuem nesse processo, o
que torna de responsabilidade do educador utiliza-las de acordo com a realidade de
seus alunos.

Mediante as experiências antes e durante a pesquisa, vale pontuar que foi


observado a influência positiva de algumas metodologias na emocionalidade dos
estudantes, métodos que por terem características lúdicas, serem divertidos,
desafiadores provocadores e atraentes, percebe-se que promoveram, concentração,
alegria, reflexão e empolgação nos discentes.

Antes de cita-los, destaca-se que a forma como o professor planeja e realiza


as atividades também influenciam, podendo obter sucesso ou fracasso independente
de qual seja a prática adotada. Desse modo, são exemplos de metodologias
mencionadas anteriormente: jogos digitais, gincanas, produção de desenhos,
dramatização, contação e produção de histórias, jogos, músicas, produção ou
exposição de poesia, dinâmicas, brincadeiras e filmes. Desse modo, apresenta-se
como uma estratégia, o uso de metodologias lúdicas que possibilitam ao aluno ser o
centro do processo ensino aprendizagem.

Assim sendo, foi notório, que os alunos também gostam de se sentirem


valorizados pelo professor e os elogios tornam-se significantes para eles, pois se
sentem mais confiantes, felizes e até mesmo motivados para realizar as atividades,
sendo uma estratégia de suma importância para trabalhar a emoção, desenvolver o
hábito de elogiar.

Partindo desse pressuposto, o hábito de fazer elogios é pertinente a uma boa


relação professor aluno, ou seja, nessa relação amigável, o docente procura entender
e ajudar seus alunos nas dificuldades, quando possível, evita o excesso de críticas e
muitas brigas em sala de aula, busca conhecer a realidade dos estudantes e dialogar
com eles, fazendo associação com acontecimentos a sua volta, levando-os a
refletirem sobre suas vidas e desenvolverem confiança.

Nesse contexto, conhecer o aluno pode facilitar o trabalho com a emoção, uma
estratégia seria providenciar um caderno para cada aluno e todos os dias pedir que
eles escrevam ou desenhem o que estão sentindo, como estão sendo seus dias entre
63

outras perguntas. Assim, o professor poderá obter mais conhecimento sobre seus
alunos e poder planejar estratégias com o intuito de ajuda-los.
Nesse viés uma ferramenta que pode desenvolver a concentração e promover
a reflexão dos discentes é um filme que não tenha duração longa e esteja voltado para
uma temática que tenha haver com determinada situação observada pelo professor
ou que trabalhe a motivação e ajude os alunos a lidar consigo mesmo e com o
próximo.
Elaborar um projeto voltado para educação emocional também pode ser
significativo, o professor pode proporcionar um trabalho em grupos e oportunizar aos
alunos pesquisarem e falarem sobre o assunto, com a valorização das múltiplas
inteligências, ou seja, falar sobre as emoções da maneira que se sentirem mais
confortáveis e felizes, com habilidades particulares, como dança, música, entre outros.
Uma outra ferramenta que pode fazer parte da rotina dos alunos e proporcionar
resultados satisfatórios são as dinâmicas, que podem ser utilizadas antes de começar
a aula e proporcionar uma reflexão aos estudantes, dinâmicas de empatia, de
respeito, solidariedade, amizade e que possibilitam pensar sobre si.
As possibilidades de trabalhar com as emoções são inúmeras, foram
apresentadas apenas algumas atividades de forma sucinta, é importante destacar que
as metodologias citadas anteriormente como: jogos digitais, gincanas, produção de
desenhos, dramatização, contação e produção de história, jogos, música, produção
ou exposição de poesia, dinâmicas, brincadeiras e filmes, também podem ser
utilizadas pelo professor com intuito de trabalhar diretamente com a emoção. O
docente só precisa usar a criatividade e adequar cada uma de acordo com o que
deseja trabalhar.
Nessa perspectiva, Antunes (2012) também apresenta algumas estratégias, ou
situações de aprendizagem que possibilitam trabalhar com o emocional, destacadas
como: dramatizações, jogos operatórios ou atividades de sensibilização, resolução de
conflitos, estudos de casos que envolvem diferentes estados emocionais, role-playing
(tipo específico de dramatização), hierarquia de valores (debate), autorregulação e
discussão sobre dilemas morais
Nesse segmento, Cury (2003) também defende uma escola que a chama de
escola da vida, que anseia o desenvolvimento de alunos capazes de saber lidar com
suas próprias emoções. E por isso dispõe de estratégias que segundo ele pode tornar
64

o educado mais inteligente emocionalmente. São elas: música ambiente em sala,


sentar-se em círculo, exposição interrogada e dialogada, ser contador de histórias,
humanizar o conhecimento e o professor, educar a autoestima, gerenciar os
pensamentos e as emoções e, participar de projetos sociais.
Nessa mesma perspectiva, Fonseca (2016) apresenta três estratégias que
contribuem no crescimento emocional, são elas:

1°-Fomentar conexões emocionais com as matérias a serem aprendidas: a


estratégia a desenhar e a implementar deve envolver experiências
educacionais que encorajem conexões relevantes com os conteúdos a serem
aprendidos, com formas cooperativas, sérias, responsáveis e criativas de
selecionar, com a participação ativa dos alunos, tópicos ou temas de
pesquisa em pequenos grupos, com calendários e processos de planificação,
execução e exposição devidamente acordadas [...]. 2°- Encorajar os
estudantes a desenvolver intuições escolares inteligentes: esta estratégia
prende-se com a promoção e enriquecimento do pensamento intuitivo e
estratégico dos estudantes, na medida em que se torna hoje, numa sociedade
global em mudança acelerada, cada vez mais necessário potenciar a sua
criatividade e o seu raciocínio crítico. Aprender a colocar perguntas
relevantes, saber questionar e dispor de instrumentos mentais analíticos, são
condições críticas para desenvolver, aprofundar e criar conhecimento [...]. 3°-
Gerir intencionalmente e ativamente o clima emocional e social da sala de
aula: por último, esta estratégia de aprendizagem emocional enfoca-se com
a possibilidade de cometer erros e aprender com eles, algo só possível de
ocorrer numa atmosfera pedagógica de confiança e de respeito. O clima e o
envolvimento social onde decorrem as interrelações entre experientes e
inexperientes ou entre professores e alunos, etc., contribui de forma crucial
para a aprendizagem, pois só nesses ambientes as emoções positivas podem
fazer parte das interações dinâmicas de transmissão e recepção da cultura
[...].

As estratégias apresentadas são ferramentas de suma importância para


educação, elas visam desenvolver alunos mais saudáveis emocionalmente, podendo
contribuir em uma boa relação entre professor aluno e estimular a aprendizagem. Com
isso torna-se imprescindível no processo ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do estudo realizado, observou-se que as emoções permeiam o


desenvolvimento humano em distintas circunstâncias da vida, podendo se manifestar
de modo favorável ou não, e possuindo uma importante ligação com o cognitivo.
Dessa maneira, ficou evidente sua importância principalmente no âmbito educacional,
na qual foi possível notar que as emoções refletem na motivação dos educandos ao
realizar determinadas atividades, assim “a mediação do docente é fundamental para
65

dinamizar e potencializar as emoções e sentimentos positivos e para filtrar e amenizar


as emoções negativas” (SILVA, 2017, p. 141). Posto isso compreende-se que as
práticas de ensino influenciam no desenvolvimento emocional dos alunos, tornando-
se papel do docente repensar sobre a práxis pedagógica, assim como não duvidar da
capacidade da educação emocional e sua necessidade no âmbito escolar.
Visto isso, a BNCC que dispõe de orientações para educação, destaca
competências sócio emocionais com intuito de orientar para uma formação plena dos
educandos, reforçando e reconhecendo a importância de trabalhar não apenas o
cognitivo. Baseando-se nessa concepção, a pesquisa ainda mostrou que há
educadores que reconhecem a importância de trabalhar com as emoções, mais falta
colocar em prática de forma mais efetiva e planejada para eficácia dos resultados,
notou-se também que práticas de ensino que adotam métodos criativos e com
características lúdicas podem contribuir nesse processo.
Nesse viés é relevante situar que as emoções influenciam também na
aprendizagem e só com ela a aquisição do conhecimento pode se tornar significativa,
portanto, não se pode fazer parte das práticas educacionais somente a valorização do
cognitivo, uma vez que o educando é um ser social com habilidades cognitivas e
competências emocionais (FONSECA, 2016).
Visto isso, ao acompanhar a turma do quinto ano, foi possível observar a
maneira como o professor lida com a aprendizagem e emoção dos alunos, assim,
observou-se durante o período de observação que o professor inova em suas práticas,
mas não é cotidianamente, causando nos alunos alegria em aprender e as vezes
desmotivação ao fazer uso da prática tradicional. Ademais o professor encontra
dificuldades em planejar suas aulas devido seu excesso de trabalho, o que torna ainda
mais importante para o docente refletir sobre sua prática para proporcionar ainda mais
melhores condições de aprendizagem.
Sendo assim, para se afirmar as observações feitas em sala aplicou-se um
questionário às crianças que deixou explicito que as crianças gostam de atividades
onde são o foco da ação e atividades mais atrativas, assim como ficou claro que o
professor já trabalhou as emoções, mas de forma indireta, é importante ressaltar
também que o professor possui uma boa relação com os alunos, o que contribui no
desenvolvimento emocional, diante disso, destaque-se que é de suma importância a
reflexão crítica dos professores sobre suas práticas e que busquem inserir as
66

emoções em seus planejamentos para que trabalhem de forma mais efetiva em sala
de aula.
Logo, é indispensável que o docente esteja constantemente em busca de novos
conhecimentos para lidar com a aprendizagem e com o emocional dos educandos,
assim como de toda a comunidade escolar, que pode estimular os pais a também
exercerem essa responsabilidade no seio familiar e assim propiciar um maior preparo
emocional nos estudantes. Nesse contexto, promover o equilíbrio emocional, pode
harmonizar as relações sociais, na família, escola e nos espaços o qual haja interação.
É importante a educação romper com paradigmas e estar em constante
inovação, buscando a formação de sujeitos capazes de exercerem a cidadania com
responsabilidade, preparando seres mais saudáveis emocionalmente, para obter-se a
eficácia no processo ensino aprendizagem e vida dos educandos.
As reflexões apresentadas no trabalho podem ser campo de estudo para outros
pesquisadores que visem ampliar as pesquisas sobre a temática abordada e
enriquecer os conhecimentos que contribuem para com a educação e
desenvolvimento do ser humano.

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71

APÊNDICES
72

APÊNDICE A – Questionário dos alunos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


CAMPUS VII - CODÓ

Nome:
_________________________________________________________________
Idade________________________ Ano_____________________________

1. Você gosta dos seus professores?


Sim ( ) Não ( )
Porque?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2. Qual atividade que você mais gosta/ menos gosta? Porque?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Qual a frequência do uso do livro didático?
( ) Todos os dias ( diariamente)
( ) Alguns dias da semana (semanalmente)
( ) algumas vezes ao mês (mensalmente)
( ) Algumas vezes durante o ano (anualmente)
4. Você gosta das atividades do livro?
Sim ( ) Não ( )
Porque?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5. Algum professor já trabalhou com a turma sobre como lidar com as emoções?
Como?
73

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

APÊNDICE B – Entrevista semiestruturada com os professores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


CAMPUS VII - CODÓ

1ª PARTE: INFROMAÇÕES GERAIS


Dados de identificação
Professor do ensino fundamental: Sexo: ( ) Masculino ( )
Feminino
( ) 1º ano ( ) 2º ano ( ) 3º ano ( ) 4º ano ( ) 5º ano
Idade:
( ) Entre 20 e 25 anos ( ) Entre 26 e 30 anos ( ) Entre 31 e 35 anos ( ) Mais de 35
anos
Em relação a formação docente:
( ) Magistério ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
Tempo que leciona:
( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) acima de 15 anos

2ª PARTE: INFORMAÇÕES SOBRE AS PRATICAS DE ENSINO BASEADAS NAS


EMOÇÕES E SUA IMPORTÂNCIA
1. Quais práticas de ensino mais são recorrentes na sua sala de aula?
Frequência de utilização:
1. Livro didático ( ) (1) Diariamente
2. Trabalho em grupo ( ) (2) Mensalmente
3. Atividade individual ( ) (3) Anualmente
4. Avaliação/ Prova ( ) (4) Alguns dias da
semana
5. Recursos tecnológicos ( )
6. Jogos/ Brincadeiras ( )
7. Outros ___________________________________________________ ( )
2. Você acredita que existe algumas práticas de ensino que estimulem a emoção
dos alunos?
Sim ( ) Não ( )
74

Você poderia citar alguma atividade?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Você concorda que as emoções podem influenciar na aprendizagem?
Sim ( ) Não ( )
Você trabalha na sala de aula? Como?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. Em uma escola de 0 a 100 qual a importância de trabalhar a emoção na
aprendizagem do aluno? Porque?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5. Você acredita que com as práticas pedagógicas baseadas na emoção, os
alunos aprendem mais do que as práticas tradicionais? Porque?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6. Você pode citar alguns desafios para trabalhar com atividades baseadas na
emoção em sala de aula?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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