A Ilusão Americana - Eduardo Prado
A Ilusão Americana - Eduardo Prado
A Ilusão Americana - Eduardo Prado
/Ilusão Americana
PARIS
Armand Colin & Cie, Éditeurs
Libraires de la Société de"s Gens de lettres
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Illúsao Americana.
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L.IVItARIA KCONONI:ICA
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Francis.co Nogudra, Innão & C.
Rua 15 de Novembro N.· 73
ANTIGA . DO IMPERADOR
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9, t'LI C de Fleut·us, 9
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ED.UARDO PRADO
A
lllusa-o Americana
2 " EDIÇAO
PARIS
A\RMAND CQLIN ET Qi e , ÉDITEURS
Libraires de la Société des Gens de lettres
5 1 RUE DE i\IÉZ IERES, 5
1 895
Tous droits ré ~ crv é s
•\
E ste trabalho, já editado no Brazil e
agora reimpresso no estrangeiro, merece-
ria vir de novo á luz, ainda na falta de
proprio interesse.
Este despretencioso escripto foi coníis-
cado e prohibido pelo governo r epublicano
do Brazil. Possuir este livro foi delicto,
lel-o conspiração, crime havei-o escripto t .
Antes da dolorosa pro_vação que -sob o
nome de r epublica, tanto tem amargurado
a patria brazileira, nenhum governo se jul-
gou fraco e culpado ao I?Onto de não poder
tolerar contradicções ou verdades, nem mes:-
1 Vide Appendice.
mo as ele uma crítica impessoal e ele-
vada·.
Eram jovens os nossos bisavós quando ·
foi extincto o Santo Officio. Desde então,
em nosso .pa.iz, nunca mais o poder ousou
interpor-se entre os nossos raros escripto-
res e o seu escasso publico. Julgavam to-
dos definitiva esta conquista liberal, mas o
governo republicano do Brazil., tristemente
predestinado a reagir sempre contra a ci-
vilisação, a todos desenganou. Na republi-
ca o livro não teve mais liberdade do que
•\ o jornal, do .que a tribuna, nem mais ga-
rantias do que o cidadão.
Disse um romàno que os livros têm o
seu destino. O d'este não foi dos peiores 1
honrado, como foi, com a-e iras dos inimi-
gos ela liberdade. A. propria Verdade não
proclamou felizes os que soffrem persegui-
ção pela justiça?
Londres, 7 de novembro de 1894.
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AILLUSlO AMERICANA
..
Pensamos que é tempo de reagir contra
a insanidade da absoluta confraternisação
que se pretende impor entre o Brazil e a
grande republica anglo-saxonia, de que nos
achamos separados, não só pela grande dis-
tancia, como p·ela raça, pela religião, pela
índole, p ~la ljngua, pela historia epelas tra-
dições do nosso povo. .
O facto do Brazil e dos Estados Unidos
se acharem n o mesmo contin~nte é um acci-
dente geog.raphico ao qual seria pueril attri-
buir uma exagerada importancia.
Onde é que se foi descob1:ir nahi&toria que
todas as nações de um mesmo continente de-
vem ter o mesmo governo? E onde é que .a
historia nos mostrou que essas·nações têm por
forÇJ1 de ser irmãs ? Em plen,~ Europa p:~.o
narchica não existem a França e it Suissa
8
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22
. .
- 1Wolsey, I nt,·oduction to tlw Study of Intema-
:tional Law, § "74. •
27
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39
57
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69
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70
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8G
1
O direito elo Pcrú é d-emonstr ado á sacieclacle
na corr espondencia ofEcial, trocada a esse propo-
sito entre os governos de Washington c de Lima.
Vide Question belween thc United States anel Pe1·u.
D?:plom-atic co?TesponJence. Lima, 1861.
-- --.. . ._-_
90
•
91
..
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113
.
·-
118
1
Calvo, Droit international thé01·ique et prati-
que, § 1268.
'1'
120
II
Já mostrámos, de passagem, a frieza com
que no seculo passado ~efferson acolheu a
idéa ela independencia do Brazil1 e o pro-
ceaimento indigno do governo de Washing-
ton denunciando ao governo portuguez as
aberturas dos revoltosos de Pernambuco
em 1817. Vimos a demora no reconheci-
mento da nossa inclependencia, vimos o mi-
11
122
1853.
139
. •.
143
•\
1 Quarterly Review, vol. Lxrr, pag, 150.
2 James A. Whiteney, Th c Chinese ctnd the
Chinese Question, New York, 1880, pag . 41.
153
156
...'•
lGl
1
J. I. von Diillinger, traducçito ingleza sob o·
titulo : Studies in Eu1·opean IIistory t1·anslatecl by
lllargaret \Varre London, 1890, pag. 24.
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Hi4
1
Dizia Stendhal que quando se começa a fali a r
muito no principio de alguma cousa é IJorquc essa
cousa já não exist e. F alla-se muito hoje no B razil
em p1·irJcipi o de auctol'idade. É porque já não existe.
a auctoridade, que foi substituida pela oppressão.
166
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172
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187
TV
Seria um erro col ossal Ó acreditar que nos
Estados Unidos ha sympathias pela Ame-
rica do Sul, Brazil e especialmente pela fôr-
ma de governo gne lhe foi applicada ha
quatro annos.
Por mil modos se revela o desprezo ame-
ricano pelos ú·mãos elo sul do continente.
Em frente ao capitolio de Washington ha
uma estatua do fundador ela inclependencia
americana. O esculptor Greenongh fez: lhe
uns baixos relevos symbolicos tirados da
histeria de Hercules. Hercules e seu irmão
lphicles, infantes, repousavam no mesmo
berço e foram assaltados por duas serpen-
tes . Iphicles, simples mortal, filho de Am-
"
(
191
.:
193
1 Outubl'o de 1893.
205
v
Devemos concluir de tudo quanto escre-
vemos:
Que não ha rasão para querer o Brazil
imitar os Estados Unidos, porque saíl'ia-
mos da nossa indole, e, principalmente, por-
que já estão patentes c lamentaveis, sob
nossos olhos, os tristes r esultados da nossa
imitação;
Que os pretendidos laços que se diz
existirem entre o Brazil e a republica
americana, são fict;icios, pois não temos
com aquelle paiz affinidades de natureza
alg_uma r eal e duradoura;
Que a historia da política internacional
dos Estados Unidos não demonstra, por
parte d'aquelle paiz, benevolencia alguma
para comnosco ou para com qualquer re -
publica latino-americana;
Que todas as vezes que tem o Brazil es-
tado em contacto com os Estados Unidos
tem tido outras tantas occasiões para se
convencer de que a amisac1e americana
(amisade unilateral e que, aliás, só nós apre-
goâmos) é nulla quando não é interesseira;
226
7 de novembro de 1893.
20
o\
APPENDICE
Nq dia 4 de dezembro de 1893 foi posto
este livro á venda nas livrarias ele S. Paulo.
V encliclos todos os exemplares promptos
n'esse clia, foi ás livrarias o chefe ele
policia e prohibiu a venda. Na manhã
seguinte a typographia em que foi impres-
so o livro amanheceu cercada por uma for-
ça de cavallaria, e compareceram á porta
da officina um delegado de policia acom-
panhado de um burro que puxava uma
carroça. O delegado entrou pela officina e
mandou ajuntar todos os exemplares elo
livro, mandando-os amontoar na carroça. O
burro e o delegado levaram o livro para a
repartição da policia. No mesmo dia a Pla-
téa publicava o seguinte :
Um interview com o dt·. Eduardo P1·a-
do.- Como sabem os nossos leitores, ap -
pareceu á venda o novo livro do dr. Eduar-
do Prado, a lll~tsão americana~ de cuja
20.
234
.•
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