Nara Leao

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NARA LEÃO

Nara nasceu em Vitória, no Espírito Santo, ainda criança foi morar no Rio de Janeiro com seus pais e sua irmã,
Danuza Leão, que mais tarde também se destacaria como modelo e jornalista. Conhecida como a musa da bossa nova,
Nara Leão contestava esse rótulo segundo a biografia de Sérgio Cabral ela afirmava: "Musa, não. Talvez eu seja a muda
da bossa nova". Mas muda com certeza Nara não era, mas muito pelo contrário, já que fez ecoar sua linda voz por
diversos lugares no mundo. Ainda quando criança, extremamente tímida. Nara iniciou seus estudos de acordeão,
instrumento muito difundido na época, após alguns anos passou a dedicar-se ao violão, que acabou se tornando o
companheiro de toda a sua vida.
Um de seus primeiros namorados foi Roberto Menescal, foi ele o responsável de apresentá-la o ritmo que estava
encantando os Estados Unidos, o jazz. Durante a adolescência a casa de Nara tornou-se um ponto de encontro de
conceituados músicos do cenário musical carioca, entre eles: Roberto Menescal, Carlos Lyra e João Gilberto. Neste
período Nara namorava o compositor Ronaldo Bôscoli e músicas como O barquinho, Se é Tarde me Perdoa, Lobo Lobo,
foram feitas em homenagem à Nara.
Nara registrou seu nome na história da MPB como a intérprete que abriu caminhos para Chico Buarque,
Martinho da Vila, Edu Lobo, Paulinho da Viola e Fagner, entre outros. Nara surpreendeu ao interpretar sambistas
esquecidos no seu disco de estréia.
A sua estréia profissional aconteceu com o musical em 1963 de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, 'Pobre
Menina Rica'. O sucesso de Nara chegou com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde ela resgata músicas
de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho. Anos mais tarde a menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se
uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. Sua
consagração efetiva ocorre após o movimento militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, um
espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar. "Os militares podem entender de canhão ou de
metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Em seu segundo
trabalho, Nara apostou tudo nas canções de protesto. A partir daí, popularizou-se como a mulher corajosa, diva do Show
Opinião e ícone da juventude brasileira engajada contra a ditadura nos anos 60. Maria Bethânia, por sua vez, a
substituiria no ano seguinte, interpretando Carcará, pois Nara precisara se afastar por problemas de saúde.
Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa
Nova, passa a ser cantora de protesto, simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE. Em 1966,
interpretou a canção A Banda, de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o
festival e público brasileiro.
Nara casa-se com o cineasta Cacá Diegues, com quem terá dois filhos e, no fim dos anos 1960, transfere-se para
a Europa, permanecendo por três anos. No começo dos anos 1970, decide estudar psicologia na PUC-RJ. De fato, Nara
planejava abandonar a música mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e
modificando o estilo dos espetáculos.
Nara Leão incorporou o que havia de bom na bossa nova e juntou com Nordeste, samba, Baden Powell. Deu um
tratamento moderno, pós-bossa, sem o formalismo e o purismo daquele movimento. O fato é que a geração de
compositores surgidos nos anos 60 - Caetano, Gil, Chico, ou seja, sinônimos eternos de MPB - já estava compondo as
canções que cabiam no repertório de Nara. O que se entende por música brasileira moderna foi inaugurado com aquele
primeiro LP dela." O fato é que Nara Leão nunca se esgotou na figura mítica da "Nara Joelhão", de sainha curta e
violão, cantando eternamente O Barquinho e outra platitudes. "Gosto de pensar que estou escrevendo a história da
música brasileira através de seus personagens.
Nara foi na música dos anos 60 e 70, uma legítima protagonista de seu tempo. Tinha muita personalidade, estava
sempre à frente de seu tempo, era muito antenada com tudo o que acontecia no cenário musical e serve muito bem de fio
condutor para a história daqueles anos. Não se rendia aos modismos e cada álbum novo dela era uma surpresa. Ou ela
fazia algo completamente inesperado ou resgatava algum compositor esquecido ou um ritmo fora de moda.
Nara lançou compositores novos, como o próprio Chico Buarque e Sidney Miller. Nara viveu a época dos
festivais, do tropicalismo, trafegou pela Jovem Guarda e manteve-se ativa até morrer. Foi uma das figuras mais
influentes da nossa música.
Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, Nara morreu devido a um tumor inoperável no cérebro.

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