Direitos Reais TB Luis Menezes Leitao 14.02.2017.
Direitos Reais TB Luis Menezes Leitao 14.02.2017.
Direitos Reais TB Luis Menezes Leitao 14.02.2017.
1) Com a aquisição da herdade por parte António e Bruno, Carlos, constitui-se, através
de um negócio jurídico, uma situação de compropriedade (art. 1403º, nº 1).
Em termos possessórios, António, Bruno e Carlos passam a ser compossuidores, na
medida em que mais do que uma pessoa tem posse sobre a coisa nos termos de um
direito da mesma natureza. A posse é causal, titulada, de boa-fé, pública, pacífica,
efetiva, civil e imediata (arts. 1258º, 1259º, nº 1, 1260º, nº 1 e 2, 1261º, nº 1, 1262º). No
enunciado não é referido, mas parece que a posse foi adquirida através de traditio (art.
1263º, b)). De referir que o uso da coisa comum por um dos comproprietários não
constitui posse exclusiva do mesmo, a não ser que haja inversão do título da posse (art.
1406º, nº 2).
3) Nos termos do art. 1439º, o usufrutuário poderá gozar da coisa, desde que não altere
a sua forma ou substância, nem o seu destino económico (art. 1446º e 1450º, nº 1). Ao
alterar o tipo de cultivo, Daniel está a alterar o destino económico da coisa (o destino
económico da coisa deve ser aferido à data da constituição do usufruto e tendo em conta
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Poderão ser considerados outros elementos que se revelem pertinentes para a correta resolução das
questões colocadas.
a função dada pelos comproprietários e não aquela verificável em termos objetivos em
relação à herdade). Referir discussão doutrinária sobre o alcance destas limitações, se
serão subsumíveis à mesma limitação e a imperatividade ou supletividade da mesma.
Discutir se o usufrutuário poderia alterar o destino económico da coisa durante a
duração do usufruto, ainda que com a concordância do proprietário.
Pretensão de Filipe: Filipe adquiriu a posse através de traditio (art. 1263º, b)), sendo
que, para efeitos de usucapião, poderia juntar a posse dele à de Daniel, através da
acessão na posse (art. 1256º). Contudo, dado que Daniel adquiriu originariamente a
posse em 2012, a mesma é insuficiente para que Filipe consiga adquirir a propriedade
da herdade nos termos do art. 1294º, a). De qualquer forma, a usucapião para surtir
todos os seus efeitos não necessita de ser registada, sendo que o registo tem mero efeito
enunciativo (art. 5º, nº 2, a))
No que diz respeito às obras efetuadas, podemos estar perante um caso de acessão
industrial imobiliária (arts. 1325º e ss., em especial art. 1340º, nº 1 e 4), se as obras
tiverem trazido à totalidade do prédio um valor maior do que aquele que tinha antes
(distinguir entre acessão e benfeitorias). Para tal, Filipe terá de proceder ao pagamento
da indemnização, já que a aquisição da propriedade não será automática. No que diz
respeito ao registo, ao contrário do que sucede para a usucapião, o registo da acessão
não é meramente enunciativo, sendo que está sujeita a registo (art. 2º, nº 1, a)), sendo
tutelados os direitos adquiridos por terceiro e registados antes da acessão.