Notas Sobre Experiencia em Thompson Benj PDF
Notas Sobre Experiencia em Thompson Benj PDF
Notas Sobre Experiencia em Thompson Benj PDF
Resumo
O objetivo deste texto é discutir a noção de experiência em três autores da tradição crí-
tica a partir da exposição daquela noção em Thompson, Benjamin e Adorno. Parte-se da
hipótese segundo a qual a experiência serve como ponto de crítica das relações de classe,
da narrativa e sociedade administrada. Para isso recuperamos o caráter histórico, cor-
poral, narrativo e político da experiência. Nos três autores que tomamos para discutir,
tal noção é possível, mesmo considerando suas particularidades teóricas. As similitudes
residem precisamente na forma como a experiência fundamenta e permite realizar o
diagnóstico da sociedade existente, sublinhando os elementos alienadores e as possibi-
lidades de sua superação, e, ademais, na construção de um pensamento crítico ou uma
reflexão que vislumbre na práxis social cotidiana as possibilidades de emancipação.
Introdução
4 Há que se observar o tom ríspido, contundente e, muitas vezes, agressivo e debochado presente no texto.
Mas, esse parece ser um estilo cultivado pelo próprio Thompson, pois em outra polêmica ele se posiciona
da seguinte forma: “A teoria não pode ser desenvolvida ou testada sem crítica, e crítica deve incluir a
identificação direta, e de modo polêmico, das posições alternativas. Para quem tem respeito pelas ideias,
é difícil escrever sobre um erro (ou o que se considera um erro) sem adotar um tom mais ríspido.”
(THOMPSON, 1998, p. 108)
5 De acordo com Thompson, Althusser simplifica o empirismo, na medida em que confunde, no trabalho
de investigação histórica, o emprego de técnicas, métodos e procedimentos de pesquisa com a natureza
ideológica do empirismo.
6 Aqui Thompson polemizando com Popper, sobretudo, a partir de entendimento deste das fontes
históricas, acentua que os fatos, evidências históricas não se restringem ao que os sujeitos decidiram
documentar como interessante à posteridade, pois não basta a intencionalidade dos sujeitos para que
determinada evidência seja tomada como expressão de sua imagem às gerações posteriores, visto que,
a evidência histórica sobrevive por motivos bem diferentes das intenções dos sujeitos. E mais ainda, as
evidências podem revelar comportamentos, práticas, lutas etc., que os sujeitos não tinham em mente
quando registraram, materializaram suas experiências.
7 Esta passagem será motivo de análise mais detida quando estivermos discutindo a noção de experiência
em Adorno.
[...] experiência – uma categoria que, por mais imperfeita que seja, é indis-
pensável ao historiador, já que compreende a resposta mental e emocional,
seja de um indivíduo ou de um grupo social, a muitos acontecimentos inter-
-relacionados ou a muitas repetições do mesmo tipo de acontecimento.
8 Quando a experiência está estruturada em termos de contradições de classe, os valores que também
fazem parte deste processo, não se autonomizam da ideologia. Vale dizer, que a experiência expressa
valores, concepções e visões de mundo da ideologia do mundo social onde ela se realiza. No entanto,
mesmo que haja imposição de valores existem contradições com determinados valores.
9 Em outro texto de 1933, Experiência e pobreza, o trecho acima citado é utilizado (p. 115), o que nos permite
supor que o autor usa estas formulações no texto de 1936, que versa sobre a experiência do narrador.
[...] aqui se revela, com toda clareza, que nossa pobreza de experiência é
apenas uma parte da grande pobreza que recebeu novamente um rosto,
nítido e preciso como o do mendigo medieval. Pois qual o valor de todo
o nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós?
A horrível mixórdia de estilos e concepções do mundo do século passado
mostrou-nos com tanta clareza aonde esses valores culturais podem nos
conduzir, quando a experiência nos é subtraída, hipócrita e sorrateira-
mente, que é hoje em dia uma prova de honradez confessar nossa pobre-
za. Sim, é preferível confessar que essa pobreza de experiência não é mais
privada, mas de toda humanidade [...]. (BENJAMIN, 1994b, p. 115)
12 Assim define Adorno o conceito de totalidade: “Ora, é quase como tautológico que o conceito de totalidade
não pode ser apontado de igual modo como aqueles facts dos quais se destacou como conceito. Para
primeira aproximação, ainda em demasia abstrata, recorde-se a dependência de todos os singulares
quanto à totalidade que constituem. Nesta também todos são dependentes de todos. O todo só se mantém
graças à unidade das funções efetuadas por seus membros.” (ADORNO, 1975, p. 221-222)
Considerações finais
Abstract
The objective of this paper is to discuss the notion of experience in three authors of the
critical tradition from the exposure that notion, Thompson, Benjamin and Adorno. It
starts with the assumption that the experience serves as a point of criticism of class
relations, narrative and administered society. For this assumption, we recover cha-
racters historical, body, narrative and political of experience. In the three authors, we
take to discuss, such a notion is possible, even considering their theoretical particula-
rities. Their similarities resides precisely in the way the experience is based and allows
diagnose the existing society, highlighting the alienating elements and possibilities of
overcoming them, and, moreover, the construction of critical thinking or reflection that
glimpse into the everyday social practice possibilities of emancipation.
Referências
ADORNO, T. W. Introdução à controvérsia sobre o positivismo na sociologia alemã.
In: ______. Textos escolhidos. São Paulo: Abril cultural, 1975. p. 215-263. Tradução de
Wolfang Leo Maar. (Coleção Os pensadores, vol. XVLVIII)
______. Experiência e pobreza. In: ______. Magia e técnica, arte e política. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1994b, p. 114-119. (Textos Escolhidos, v.1).
______. Sobre o conceito de história. In: ______. Magia e técnica, arte e política. São
Paulo: Editora Brasiliense, 2012. p. 241-252. (Obras Escolhidas, v. 1).