Docsi HFC PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 34

Redes de Acesso

Parte D - Redes Híbridas Fibra Cabo Coaxial (HFC)


Mário Serafim Nunes
Março 2005

1 INTRODUÇÃO 2
2 ARQUITECTURA HFC 2
3 NORMAS DOCSIS 6
3.1 Arquitectura de referência 6
3.2 Estrutura das normas 7
3.3 Plano de frequências 8
3.4 Estrutura de protocolos 8
4 PROTOCOLOS NA INTERFACE CMTS-NSI 8
4.1 IP sobre ATM 9
4.2 IP sobre IEEE 802.3 9
4.3 IP sobre Ethernet 10
5 PROTOCOLOS NA INTERFACE CMCI 10
6 INTERFACE DE RETORNO VIA LINHA TELEFÓNICA 12
7 PROTOCOLOS NA REDE DE CABO 13
8 CAMADA FÍSICA 15
8.1 Canal Descendente 15
8.1.1 Subcamada PMD 15
8.1.2 Subcamada TC 16
8.2 Canal Ascendente 16
9 CAMADA MAC 18
9.1 Mini-slots e canais lógicos ascendentes 19
9.2 Trama MAC 19
9.3 Atribuição de banda no canal ascendente 24
9.4 Suporte de qualidade de serviço 26
9.4.1 Serviço UGS 26
9.4.2 Serviço UGS-AD 27
9.4.3 Serviço rtPS 28
9.4.4 Serviço nrtPS 29
9.4.5 Serviço BE 29
9.4.6 Serviço CIR 29
9.5 Especificações da interface de gestão e operação 29
10 PRIVACIDADE (BPI+) 30
11 EURO DOCSIS 31
REFERÊNCIAS 32
ACRÓNIMOS 33
1 Introdução
As redes por cabo apareceram com o objectivo de efectuarem a distribuição de sinal analógico de televisão,
pelo que na sua fase inicial a estrutura destas redes era unidireccional. As redes por cabo são eficazes na
distribuição de canais de TV e são baseadas numa topologia em “árvore” (tree-and-branch), com os clientes
dispostos em bus ao longo dos ramos (Figura 1).
A infra-estrutura da rede de televisão por cabo tradicional é constituída por três segmentos ou partes:
• primária (trunk portion),
• secundária (feeder portion)
• ligação ao cliente (drop).
Através dos segmentos primário e secundário os sinais são transportados até um ponto na vizinhança dos
potenciais clientes. O objectivo principal é cobrir as distâncias envolvidas, preservando em simultâneo a
qualidade do sinal de modo económico. A sub-rede primária representa, em média, cerca de 10% da infra-
estrutura física da rede, enquanto que a sub-rede secundária representa cerca de 40%. O cabo flexível que vai
até casa do cliente, o drop, representa cerca de 50% dos cabos instalados [1].

Figura 1 - Arquitectura tradicional de sistemas de TV por cabo


O meio de transmissão usado era exclusivamente cabo coaxial, com os problemas de transmissão inerentes
devidos às suas elevadas perdas, tanto maiores quanto maior a frequência do sinal que o percorre. Para
ultrapassar esta limitação, recorreu-se ao uso de amplificadores de RF, contudo o uso destes elementos activos,
dispostos muitas vezes em longas cascatas, provoca a degradação da qualidade da imagem no receptor do
cliente, devido ao ruído e à distorção que introduzem. Assim, no início dos anos noventa, o advento da fibra
óptica em redes de televisão por cabo, tirando partido das suas propriedades de transmissão (baixa atenuação,
grande débito e imunidade a ruído radioeléctrico), trouxe alterações significativas na arquitectura das redes de
televisão por cabo. Como analisaremos adiante, os dois principais avanços do progresso actual em redes de
televisão por cabo são a arquitectura híbrida fibra/cabo coaxial e o vídeo digital.

2 Arquitectura HFC
Os cabos de fibra óptica, os transmissores e receptores ópticos são dispositivos caros. Por isso, a
disponibilização de fibra óptica até casa do cliente não é uma solução economicamente viável, apesar de
tecnicamente possível. Assim, a sua aplicação prática requer que cada um destes componentes sirva centenas

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 2
de clientes, de modo a haver partilha dos custos, que se traduz numa solução de compromisso: utilização mista
de cabos de fibra óptica (nos troços mais longos da rede) e cabos coaxiais nas zonas de distribuição. A este tipo
de redes dá-se a designação genérica de “Redes Híbridas Fibra – Cabo coaxial (Hybrid Fiber Coax,HFC), tal
como se mostra na Figura 2.

Antenas Internet
Parabólicas

HeadEnd

Cabo de
Fibra Óptica

Fiber Fiber Fiber


Nodes Nodes Nodes

Cabo Coaxial
(Feeder/Drop)

Figura 2 - Arquitectura típica de um sistema HFC.


Esta arquitectura segmenta a rede de televisão por cabo em células de dimensão variável (consoante o grau de
penetração da fibra óptica e o número de clientes potenciais), com cascatas de amplificadores limitadas a 4-6
amplificadores. Cada uma destas células está ligada à “Cabeça de Rede” (Headend) por fibra óptica, numa
topologia em estrela. Compromissos tecno-económicos ditam que o tamanho das células individualizadas varie
entre 500 a 2000 casas passadas.
A arquitectura HFC tornou assim possível aumentar o débito do sistema, a sua fiabilidade e a qualidade do
sinal de TV. Por outro lado, permitiu reduzir os custos de manutenção (redução do número de amplificadores)
mantendo as características de flexibilidade, na parte de distribuição, dos sistemas em árvore. Tornou
igualmente possível suportar comunicações bidireccionais, uma característica fundamental para a utilização
deste tipo de rede como tecnologia de acesso.
A largura de banda do cabo coaxial não apresenta cortes abruptos, é a cascata de amplificadores que restringe a
largura de banda do sistema. Um elevado número de amplificadores em série não reduz apenas a largura de
banda mas compromete fortemente a fiabilidade do sistema. A instalação de cabos de fibra óptica elimina a
longa cascata de amplificadores, deixando apenas a parte de distribuição da rede, com distâncias relativamente
pequenas, com 3-4 amplificadores, o que traduz numa maior largura de banda do sistema.
A comunicação bidireccional com débitos elevados torna-se possível porque por um lado a fibra óptica é imune
a interferências radioeléctricas e possui uma enorme capacidade nos dois sentidos. Por outro lado, o subsistema
de cabo é segmentado em células isoladas umas das outras, pelo que mesmo que haja ingresso de sinais que
possam causar interferência numa destas células, o desempenho das restantes células não é afectado.
À medida que os operadores de televisão por cabo integram fibra óptica nas suas redes, efectuando ao mesmo
tempo a sua renovação e reestruturação, verifica-se um aumento da sua capacidade: sistemas com larguras de
banda entre 330-400 MHz, suportando 40-52 canais, representam cerca de 75% dos sistemas instalados;
aproximadamente cerca de 15% dos sistemas têm capacidades compreendidas entre 400 MHz -1 GHz, com
ofertas de 52-150 canais [1]. Hoje em dia, é prática comum instalar componentes passivos com capacidade para
trabalhar até 1 GHz, apenas pela substituição dos módulos amplificadores.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 3
Outro avanço tecnológico com forte impacto nas redes de televisão por cabo é a tecnologia de compressão
digital de vídeo. O progresso tecnológico nesta área é constante, é já possível obter imagens de resolução
satisfatória com taxas de transmissão de 3 a 6 Mbit/s usando MPEG2. Aproveitando o facto do canal de
transmissão no sentido descendente, (sentido rede-utilizador) ter baixo ruído, é possível num único canal
analógico de televisão (7 MHz) transportar 7 a 14 programas digitais.
As técnicas de compressão digital de vídeo mais utilizadas em redes HFC baseiam-se na norma MPEG2,
embora haja actualmente tecnologias de codificação mais eficientes, como o MPEG4 ou H.264. A compressão
digital de vídeo é considerada como um dos elementos que potenciará a introdução de serviços de vídeo
interactivo em redes de televisão por cabo. Nos EUA e Europa, vários operadores de televisão por cabo
oferecem já um serviço comercial usando a norma MPEG-2.
Atendendo à proliferação de programas de entretenimento e à introdução de serviços interactivos, que
requerem a transmissão de forma individualizada para cada cliente, deixará de ser praticável difundir a
totalidade dos programas e serviços disponíveis por todos os segmentos da rede. Existem três opções que
permitem aumentar o leque de programas e a oferta de serviços por cliente:
- aumento do débito: recurso à fibra óptica e a elementos activos com características técnicas superiores;
- segmentação da rede/reutilização do espectro: usando arquitecturas HFC e equipamento de comutação
adequado é possível adicionar ao pacote básico de canais, programas específicos apenas para os
utilizadores de determinada célula; consequência também da segmentação é a reutilização do espectro,
ou seja, utilizar os mesmos canais, em células distintas, mas com conteúdos diferentes;
- compressão digital de vídeo: utilização de normas de compressão mais eficientes.
Parte importante das redes de televisão por cabo diz respeito à capacidade de oferta de serviços actuais ou
futuros, sendo condição fulcral que os sistemas implementados (ou a implementar) sejam evolutivos em relação
aos serviços suportados. Dado que o parque mundial de aparelhos de televisão e vídeo-gravadores é analógico,
que as normas de transmissão digital ainda não estão consolidadas e a crescente liberalização do sector das
telecomunicações, verifica-se a existência de vários cenários para ocupação do espectro do cabo. Um possível
cenário, actualmente utilizado, é ilustrado na Figura 3.
- sentido ascendente (5-40 MHz): retorno digital de entretenimento e comunicações;
- sentido descendente (52-450 MHz): difusão analógica/digital de entretenimento;
- sentido descendente (500-750 MHz): digital, comunicações e entretenimento de banda estreita.
Upstream Downstream
Downstream (digital)
(digital)
(analógico)
1 2 n 1 2 3 m

... ...

5 45 50 450 750 MHz

Figura 3 - Distribuição de espectro no cabo


Refira-se que a comunicação no sentido ascendente (utilizador-rede), mesmo sendo digital, apresenta alguns
problemas como é caso da agregação do ruído (o ruído gerado nos amplificadores dos diferentes troços é
cumulativo) e o ingresso de sinais que provocam interferência. Todavia, a utilização de células pequenas e as
fibras ópticas minimizam bastante os efeitos adversos provocados pelos referidos mecanismos.
Verifica-se em vários países onde existem vários operadores com redes CATV dispersas geograficamente, a
implementação de redes regionais em fibra óptica de modo a interligar e integrar essas diferentes redes (Figura
4). Tipicamente, até 500 utilizadores são suportados por cada nó óptico (fiber node); por sua vez, 40 nós
ópticos estão conectados a um centro de distribuição (distribution hub), servindo cada um cerca de 20 000
clientes; os centros de distribuição estão, por seu lado, interligados a uma cabeça de rede principal (master
headend) através de anéis em fibra óptica, recorrendo à tecnologia SDH (SONET nos EUA) para a transmissão
e comutadores ATM para a comutação digital, enquanto algumas fibras são dedicadas para suporte de
informação analógica.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 4
Figura 4 - Interligação de redes heterogéneas por fibra óptica
O master headend é a fonte primária dos serviços oferecidos ao utilizador, recebendo e processando sinais
externos, ou gerando-os, servindo também de interface da rede de acesso a outras redes externas (e.g. a rede
telefónica ou a Internet). De referir ainda que nesta arquitectura de rede, de modo a permitir maior flexibilidade
e segmentação, existe a possibilidade de a cada centro de distribuição ser permitido injectar programação
específica, tais como canais locais e inserção de publicidade.
Esta tendência tem também justificação no custo de serviços interactivos digitais (actuais ou previstos, tais
como vídeo a pedido, acesso a bases de dados, jogos interactivos, etc.), os quais requerem equipamento na
cabeça de rede bastante oneroso, que permita o armazenamento (servidores de dados e de vídeo), a compressão
digital (vídeo), comutação de canais (comutadores ATM) ou a inserção de publicidade com tecnologia digital.
Deste modo, seria possível a partilha de tais custos elevados por um número significativamente maior de
utilizadores.
Ponto fulcral da evolução das redes HFC é a interoperabilidade entre as várias plataformas físicas de
distribuição e seus elementos constituintes (comutação, transmissão e equipamento terminal) para suporte dos
futuros serviços interactivos digitais. Actualmente existe uma diversidade de redes de CATV e modems (para
voz e dados) de diferentes fabricantes, com especificações próprias e que funcionam em determinadas redes de
CATV, o que impede a sua portabilidade. Assim, torna-se necessário desenvolver um conjunto de normas que
garantam a interoperabilidade de equipamento de diferentes fabricantes, permitindo por outro lado obter
economias de escala, com a consequente redução do seu custo. Neste sentido, vários esforços foram
desenvolvidos, em especial no mercado norte-americano, de que se salienta o IEEE 802.14 Working Group e o
Multimedia Cable Network Systems Partners (MCNS).
O IEEE 802.14 foi responsável pela especificação da camada física e da camada de acesso ao meio para o
transporte de dados sobre redes de televisão por cabo. A arquitectura de referência preliminar adoptada
especifica uma infra-estrutura física de fibra óptica e cabo coaxial com um raio de 80 km a partir da cabeça de
rede [3].
A organização MCNS inclui a maioria dos operadores de televisão por cabo da América do Norte (80% dos
utilizadores nos EUA, 70% do mercado canadiano e 20% do mexicano), bem como o seu laboratório de

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 5
pesquisa, o Cable Television Laboratories (CableLabs), que tem como principais objectivos: i) desenvolver
especificações técnicas de interfaces para proporcionar uma variedade de serviços de dados sobre redes HFC
que sejam compatíveis com equipamento terminal e sistemas de cabo; ii) permitir independência de fabricantes,
mas que ao mesmo tempo sejam adoptadas por estes, de modo a garantir a necessária interoperabilidade.

3 Normas DOCSIS
Como vimos atrás, as redes de HFC foram originalmente desenhadas para difusão de televisão analógica e
rádio. A partir de meados dos anos 90, o desenvolvimento de tecnologia digital com baixo custo e o crescente
interesse por serviços digitais interactivos veio trazer algumas experiências que deram origem a alguns
protocolos proprietários, com os inerentes problemas associados a soluções fechadas, nomeadamente a
ausência de interoperabilidade.
Em 1994 o IEEE 802.14 formou um grupo para desenvolver um standard internacional para Modem de Cabo
(Cable Modem). Em Dezembro de 1995 foi publicado um documento onde foram definidas as metas a atingir.
Em Janeiro de 1996, um grupo de operadores de cabo associados no Multimedia Cable Network System
Partners (MCNS) publicou uma versão preliminar de especificações em Março de 1997, chamado Data Over
Cable Service Interface Specifications (DOCSIS 1.0) [2] para a comunidade de fabricantes. No início de 1998 o
CableLabs começou um programa de certificação formal com o intuito de permitir que produtos produzidos por
diferentes fabricantes fossem compatíveis. Em Março de 1998 o ITU aceitou o DOCSIS como standard do
Modem de Cabo, o ITU-T J.112.
Em Abril de 1999 o CableLabs publicou as especificações da segunda geração do Standard, o DOCSIS 1.1, que
veio adicionar alguns melhoramentos ao original, tais como uma QoS melhorada e capacidade de fragmentação
de pacotes baseada no hardware, para suportar telefone baseado em IP e outros serviços de ritmo constante,
isto é, garante débito e tempos de latência compatíveis com a necessária qualidade de voz, ou outras aplicações
multimédia de tempo real através de rede HFC e do Modem de Cabo.
À medida que o uso generalizado das redes de cabo aumentava, o débito disponível ficava cada mais
desajustada das necessidades reais, pois embora tenham sido feitos melhoramentos, o débito disponível
continuava a ser pouco, especialmente no canal ascendente. Para resolver este problema foi desenvolvida uma
nova versão do protocolo, o DOCSIS 2.0 [7], o qual vem melhorar a eficiência da utilização da largura de
banda de transmissão a nível físico, através da utilização de novos métodos de modulação, atingindo até três
vezes maior banda por canal ascendente. Este novo protocolo vem manter a compatibilidade com os formatos
anteriores. Na tabela 1 apresentam-se os principais parâmetros das três versões de DOCCSIS.
Tabela 1 – Parâmetros das diferentes versões DOCSIS
Máxima largura de Eficiência espectral/ Máximo Débito de Dados
banda por canal modulação por canal (Mbit/s)
DOCSIS 1.0 3,2 MHz 1,6 bps/Hz (QPSK) 5,12
DOCSIS 1.1 3,2 MHz 3,2 bps/Hz (16 QAM) 10,24
DOCSIS 2.0 6,4 MHz 4,8 bps/Hz (64 QAM ou 30,72
128 QAM/TCM)

3.1 Arquitectura de referência


A arquitectura da rede HFC proposta nas normas DOCSIS é a apresentada na Figura 3.1.
A rede tem uma arquitectura em árvore, usando um híbrido de fibra e cabo ou simplesmente cabo. Esta
apresenta três características:
- Transmissão bidireccional,
- Uma distância óptico/eléctrica máxima de 160 Km entre o CMTS e o CM mais distante, sendo a
distância padrão de entre os 16 e 20 Km,

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 6
- Uma diferença de distâncias óptico/eléctrica máxima de 160Km entre o CMTS e o CM mais próximo
e CMTS e o CM mais distante, sendo que esta distância é normalmente limitada a 24 Km.
- Cada fibra pode servir entre 500 a 2000 utilizadores, dependendo para tal do débito médio
disponibilizado a cada um.

Figura 5 - Arquitectura de referência DOCSIS

3.2 Estrutura das normas


A norma DOCSIS 2.0 consiste em 12 documentos de especificações cobrindo todos os aspectos da arquitectura
necessária para oferecer um serviço extremo a extremo. Como se pode observar na Figura 3.1, a arquitectura de
referência contém várias interfaces, a saber:
Interface Modem de Cabo – Terminal (CMCI) [4]. Interface entre o Modem de Cabo e o Termina
do utilizador.
Interface de Retorno Telefónico CMTRI [5]. É uma interface entre o Cable Modem e o caminho de
retorno telefónico, para usar nos casos em que o caminho de retorno não está disponível via rede de
cabo.
Interface Rede-Cabo CMTS-NSI [6] “Cable Modem Termination System (CMCS) – Network Side
Interface (NSI)”. Interface localizada no Headend, entre a terminação do cabo e a terminação de rede
core.
Interface Rádio RF [7]. Interface que descreve as interacções entre o Cable Modem e a rede de cabo;
entre o CMTS e a rede de cabo em ambos os sentidos, ascendente (upstream) e descendente
(downstream).
Interface de Privacidade BPI [8]. Interface que descreve os mecanismos para garantia de privacidade
no meio partilhado como é o cabo coaxial.
Interface de Suporte de Operação OSS [9]. Interfaces de gestão entre os elementos da rede e de
gestão de alto nível.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 7
3.3 Plano de frequências
O plano de espectro de frequências para a transmissão de dados e televisão no cabo é constituído por dois
grupos, ascendente (sentido Terminal - Headend) e descendente (sentido Headend - Terminal), sendo este
último constituído por sinal de TV analógica, sinal de dados e vídeo digital.
A gama de frequências para a transmissão ascendente situa-se entre os 5MHz e os 25 a 65MHz, dependendo da
implementação. Para a transmissão descendente é usada a gama de frequência tem como valor mínimo 47MHz,
indo até 862 MHz, sendo que a partir dos 136 MHz é para o envio de dados e vídeo digital para serviços de
televisão interactiva e outros. A ocupação de banda de canais analógicos de televisão, e no caso europeu, varia
entre 7 e 8 MHz por canal, sendo que para dados este valor é de 8 MHz. Nos EUA a ocupação de espectro por
parte dos canais de TV analógica é de 6 MHz.

3.4 Estrutura de protocolos


A arquitectura DOCSIS debruça-se sobre os protocolos das camadas de rede (IP); da camada de ligação de
dados e da camada física.
A camada de ligação de dados é composta por três sub-camadas:
- subcamada LLC que está em conformidade com a norma IEEE 802.2;
- subcamada de segurança de dados que suporta as necessidades básicas de privacidade, autorização e
autenticação;
- subcamada MAC que suporta PDUs de comprimento variável.
A camada física compreende as subcamadas:
- subcamada Downstream Transmission Convergence (TC)
- subcamada ‘Physical Media Dependent’ (PMD).

4 Protocolos na interface CMTS-NSI


As especificações da interface Cable Modem Termination System - Network Side Interface (CMTS-NSI)
incluem um conjunto de especificações de interfaces que se destinam a facilitar a implementação de serviços de
dados sobre HFC. Estas especificações definem os procedimentos e os protocolos de comunicações necessários
para implementar transferência de dados entre a terminação do cabo CMTS e a rede de dados core:
- Descreve os protocolos de comunicações e as normas que serão aplicados.
- Especifica os parâmetros de comunicações de dados que devem ser comuns a todas as unidades.
- Descreve qualquer especificação de interface adicional para aplicações únicas de modo a permitir
serviços de dados sobre cabo.
O objectivo do serviço é o transporte transparente de pacotes de protocolo IP entre a rede de dados, no seu
interface CMTS-NSI e o utilizador, com o interface CMCI. Um esquema simplificado da rede pode ser
observado na figura Figura 6.

Rede de Cable Modem


Dados Termination
(Internet) System RFI RFI
CMTS-NSI CMCI
Rede de Cabo CM
CMTS Cable Modem CPE
(Coax+Fibra)

Figura 6 – Tráfego IP transparente


Na interface CMTS-NSI são especificados protocolos abertos, com preferência por normas já existentes, bem
conhecidas e aceites.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 8
Várias combinações de camadas físicas e de dados foram definidas para transportar tráfego IP nesta interface,
tendo como pressuposto a existência do protocolo IP na camada de rede, isto é, todas as camadas de dados e
físicas devem suportar e ser transparentes aos datagramas IP de acordo com os standards especificados:
- ATM sobre STS-3c (STM1)
- ATM sobre DS3 (E3)
- FDDI
- 802.3 sobre 10BASE-T e 100BASE-T
- Ethernet sobre 10BASE-T e 100BASE-T
Veremos em seguida como foram definidas algumas destas interfaces.

4.1 IP sobre ATM


Na camada de rede deve ser utilizado IP de acordo com IETF RFC 1577. O interface na camada AAL deve
cumprir com IETF RFC 1577 e ATM UNI 3.1. Na camada física são implementadas duas camadas físicas,
definidas em função da infra-estrutura existente. A implementação das camadas físicas STS-3c e DS3 (STM1 e
E3 na Europa) deverá ser de acordo com ATM UNI 3.1.
Camada
IP
RFC 1577
Rede

AAL5
ATM
ATM

UNI 3.1 UNI 3.1


Física
STM-1 E3

Figura 7 – Pilha de protocolos de IP sobre ATM

4.2 IP sobre IEEE 802.3


O IP deverá ser utilizado na camada de rede de acordo com IETF RFC 1042. A resolução de endereços deverá
cumprir com IETF RFC 826. A interface da subcamada LLC 802.2 deverá estar de acordo com ISO/IEC 8802-
2 1994. A interface da subcamada MAC 802.3 deverá estar de acordo com ISO/IEC 8802-3 1995. O CMTS
deverá permitir MAC Bridging de acordo com ISO/IEC 10038 1993.
Camada
IP
RFC 1042
Rede

802.1D Bridging

802.2 LLC Ligação


de dados

802.3 MAC

802.3 802.3u
Física
10Base-T 100Base-T

Figura 8 – Pilha de protocolos de IP sobre IEEE 802.3

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 9
4.3 IP sobre Ethernet
Características básicas:
- O IP deverá ser utilizado na camada de rede de acordo com IETF RFC 894.
- A resolução de endereços deverá cumprir com IETF RFC 826.
- A interface da camada de ligação de dados deverá estar de acordo com DIX Ethernet Versão 2.0.
- Deverão ser utilizados 48 bits de endereço.
- As interfaces para a camada física 10BASE-T deverão estar em conformidade com ISSO/IEC 8802-3
1995, e a 100BASE-T de acordo com IEEE 802.3u 1995.
Camada
IP
RFC 894
Rede

802.1D Bridging
Ligação
DIX Ethernet de dados

802.3 802.3u
Física
10Base-T 100Base-T

Figura 9 – Pilha de protocolos de IP sobre Ethernet

5 Protocolos na interface CMCI


São definidas nesta secção as especificações do Modem de Cabo na interface com o equipamento terminal
(CPE). O termo usado para descrever esta interface é ‘Cable Modem to CPE Interface’ (CMCI).

Rede de Cable Modem


Dados Termination
(Internet) System RFI RFI
CMTS-NSI CMCI
Rede de Cabo CM
CMTS Cable Modem CPE
(Coax+Fibra)

Figura 10 – Tráfego IP transparente


Apresentam-se em seguida as especificações de algumas interfaces designadas para facilitar a implementação
de dados sobre HFC, desta vez do lado do cliente entre o computador do cliente e o Cable Modem (CM). São
definidas as normas de comunicação aplicadas e os protocolos necessários para implementar a interface com o
CM.
O cliente deverá ter um computador com interface de rede Ethernet 10Base-T ou USB (Universal Serial Bus) e
um software de comunicações TCP/IP capaz de suportar DHCP/BOOTP, endereçamento SNAP e multicast.
No caso de ser Ethernet, o CMCI deve suportar IEEE 802.3 e DIX Ethernet e a pilha de protocolos será de
acordo com a figura seguinte.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 10
Camada
IP
(exemplo)
Rede

802.1D Bridging

802.2 LLC / DIX Ligação


de dados

802.3 MAC / DIX

802.3 10Base-T
Física

Figura 11 – Pilha de protocolos CMCI Ethernet


No caso de ter uma interface USB esta fornece diversos atributos de particular interesse para o CM,
nomeadamente:
- Plug-in de novos periféricos sem necessidade de ferramentas especiais
- Identificação automática e funções de configuração de software, que simplificam o processo de instalação.
- Ritmos de transferência entre o periférico e o CPE de vários Mbit/s.
Ambas as tramas das camadas MAC IEEE 802.3 e DIX Ethernet, devem passar transparentemente através do
CMCI. A pilha de protocolos deverá ser de acordo com a figura seguinte:
Camada
IP
(exemplo)
Rede

802.2 LLC / DIX

802.3 MAC / DIX


Ligação
de dados
USB Manag. & Framing

USB Protocol

USB Electrical Física

Figura 12 - Pilha de protocolos CMCI USB


A Figura 13 mostra a pilha de protocolos dos vários componentes da rede HFC: CMTS, Cable Modem USB e
Terminal.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 11
Figura 13 - Pilha de protocolos em HFC, caso de CPE com USB
O CM USB tem de ter dois endereços MAC de 48-bits. Os primeiros 48 bits de endereço da camada MAC
devem ser associados com o redireccionamento das tramas para o Host CPE através da 802.3/DIX Filter, onde
o Terminal (CPE) interpreta este endereço MAC como se se tratasse de uma carta Ethernet. O segundo
endereço MAC de 48-bits deve ser associado com o CM sendo um Host IP/LLC para funções de Gestão do CM.

6 Interface de retorno Via Linha Telefónica


Quando não existe retorno pela rede cabo poderá usar-se o retorno pela linha telefónica (PSTN). O sistema
consiste nos seguintes elementos:
- CMTS;
- Rede de cabo;
- Cable Modem (CM);
- Rede Telefónica (PSTN)
- Telephone Remote Access Concentrator (TRAC).
A Figura 14 mostra um CM com modem telefónico incorporado mas este poderá ser independente do CM.
O CMTS e o TRAC podem estar juntos e localizados no Headend, e são denominados ‘Telephone Return
Termination System’ (TRTS). Em alternativa o TRAC poderá ser colocado numa localização geográfica
diferente e estar ligado ao Headend.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 12
TRAC-NSI TELCO Remote CM-TRI
Access Concentrator PSTN
(TRAC)

Rede de Cable Modem


Dados Termination Rede de
(Internet) System (CMTS) Cabo
CMCI
CM
CMTS-NSI TRTS Cable Modem CPE

Tráfego IP transparente através do sistema

Figura 14 - Diagrama de blocos de Sistema com Retorno Telefónico


Vejamos então como se processa a comunicação neste caso:
- Um datagrama IP da Internet, destinado para o CPE, entra no CMTS através do CMTS-NSI, o
CMTS codifica o datagrama IP de acordo com as especificações da interface RF e transmite-o no
sentido descendente.
- Um CM reconhecendo que uma determinada trama tem o endereço do CPE que lhe está agregado,
descodifica a trama e passa-o ao CPE através do CMCI.
- O CPE responde à trama, esta resposta entra no CM via CMCI, faz o encapsulamento do datagrama
IP de resposta numa trama PPP e transmite-o para o TRAC através da PSTN. O TRAC descodifica o
datagrama IP e redirecciona-o para o seu destino através do TRAC-NSI.
Existem outras possibilidades de caminhos de retorno, que podem incluir negociações PPP entre o CM e o
TRAC, bem como a interface de gestão através de uma consola CMTS usando SNMP entre o TRAC e o CM.

7 Protocolos na rede de cabo


Neste capítulo são analisados os protocolos de comunicação usados na transmissão de dados sobre cabo. O
protocolo DOCSIS define as três camadas mais baixas da pilha de protocolos, a camada de rede (IP), a camada
de ligação de dados (MAC) e a camada física. As várias camadas da pilha de protocolos do CM e do CMTS
podem ser observadas na Figura 15.

Figura 15 - Pilha de protocolos no cabo

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 13
Verifica-se na figura anterior que a camada de Rede usa como já se disse o protocolo IP, actualmente o IPv4 e
deverá fazer a migração para o IPv6.
A camada Data Link Layer é dividida em três subcamadas:
- Subcamada LLC (Logical Link Control). Responsável pela resolução de endereços.
- Subcamada “Link-Security”. Responsável por implementar segurança adicional.
- Subcamada MAC. Responsável pelo acesso ao meio no canal ascendente e pela recepção das
tramas no sentido descendente.
A camada física compreende duas subcamadas:
- Subcamada Transmission Convergence (TC), só existe no sentido descendente.
- Subcamada Physical Media Dependent (PMD).
O transporte de dados no CMTS pode ser efectuado na camada 2 através de Transparent Bridging ou na
camada 3 através de routing ou IP switching como mostra na figura abaixo. No CM a transferência de dados é
efectuada na camada de ligação de dados por transparent bridging.
CMTS CM (Cable Modem)
IP IP
802.2/DIX 802.2/DIX Transparent 802.2/DIX
Forwarding
LLC LLC Bridging LLC
Data Link
Link Link
Layer
Security Security 802.32/DIX
Cable Cable MAC
MAC MAC
DS Up. DS Up.
TC Cable TC 802.3
Physical Cable
Cable PMD Cable PMD 10Base-T
Layer
PMD PMD
Down Up. Down Up.
. . CPE
CMTS-NSI Rede de Cabo

Figura 16 - Transporte de dados através de CM e CMTS


A principal funcionalidade de um sistema de modem por cabo é a de transporte transparente de pacotes IP entre
o utilizador e a cabeça da rede (Headend). Para além do tráfego do utilizador, outros pacotes de administração
são também transportados, como sejam pacotes de protocolo DHCP e outros de gestão da rede IP ao nível da
camada de rede.
Tanto o CM como o CMTS funcionam ao nível de reencaminhador de tramas ou de ponte transparente
(bridging). Assim para o reencaminhamento de tramas têm que ser respeitadas as linhas principais do protocolo
802.1d, nomeadamente:
- Uma trama não pode ser repetida,
- Tramas que não conseguirem ser entregues a tempo devem ser descartadas,
- As tramas devem ser entregues pela mesma ordem com que chegam.
O funcionamento de reencaminhamento do CM e do CMTS seguem as linhas principais do 802.1d, para o
encaminhamento em ambas as direcções, ascendente e descendente. Para além destas regras, outras específicas
devem ser cumpridas para o reencaminhamento de tramas entre a rede HFC e a rede Ethernet, ou seja, no CM:
-Tramas para endereços desconhecidos não devem ser reencaminhadas entre a interface de cabo e de
rede.
-Tramas de broadcast devem ser reencaminhadas, excepto no caso da fonte das mesmas estar dentro
da rede Ethernet do utilizador (CPE).
- O reencaminhamento das tramas multicast é controlado por um conjunto de políticas de filtragem de
reencaminhamento, assim como por um algoritmo de controlo de multicast, só sendo permitido o seu
reencaminhamento no caso de ambos os sistemas de controlo o permitirem.
Do mesmo modo o reencaminhamento das tramas no sentido inverso, da rede Ethernet para a rede de cabo, é
controlado por um conjunto de regras entre as quais se refere:

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 14
- Tramas para destinos de endereços desconhecidos devem ser enviadas da interface Ethernet para a
interface de cabo.
- Tramas broadcast devem ser enviadas para a rede de cabo.
- Tramas multicast devem ser reencaminhadas para a rede de cabo de acordo com regras de filtragem
estabelecidas pelo operador de cabo.
- Tramas com endereços de origem diferentes dos estabelecidos pelo operador ou aprendidos pelo CM
como pertencentes ao utilizador, não devem ser reencaminhados.
- Se um CM para um utilizador singular aprender o endereço MAC do utilizador, este não poderá
reencaminhar tramas de uma segunda fonte.
Quando activado, o CM vai adquirir o endereço MAC do utilizador, quer por meio de provisioning ou por meio
de aprendizagem. Será adquirido um número de endereços equivalente ao número suportados pelo serviço, para
uma ou mais máquinas. O número de endereços terá que ser superior a 1. Para a alteração dos endereços deverá
ser feito um reset ao CM, devendo o valor do mesmo ser guardado num endereço de memória não volátil.

8 Camada Física
Existem diferenças no espectro a utilizar nos diversos pontos do mundo, como tal foram incluídas duas opções
para a camada física. Nos EUA os canais descendentes são de 6 MHz e a transmissão Ascendente é na banda
de 5 aos 42 MHz. Na Europa é baseada num canal descendente de 8 MHz e a transmissão Ascendente é dos 5
aos 65 MHz.
O sistema deverá ser capaz de operar com pacotes de 1500 octetos, com uma taxa de pacotes perdidos inferior a
um por cento, e ser capaz de pelo menos transmitir 100 pacotes por segundo.
O nível de potência do sinal no sentido Descendente CMTS 64QAM com canais de 6-MHz é apontado
preferencialmente entre –10 dBc a –6 dBc relativo ao nível da portadora de vídeo analógico. O nível de
potência do sinal do CM para o ascendente é variável em função da distância a que se encontra o CM do CMTS,
mas será o mais baixo possível, mas de modo a garantir a necessária margem acima do nível de ruído e das
interferências.

8.1 Canal Descendente


No sentido descendente, a camada física compreende duas subcamadas: subcamada ‘Downstream Transmission
Convergence’ (TC) e subcamada ’Physical Media Dependent´ (PMD).

8.1.1 Subcamada PMD


Na subcamada Physical Media Dependent (PMD) é definida a modulação utilizada no canal descendente, que
pode ser 64 QAM ou 256 QAM, com ritmos de transmissão aproximados de 5 Msímbolos/s, a que
correspondem os ritmos de 30 Mbit/s e 40 Mbit/s, respectivamente. A portadora vinda do CMTS é variável de
91 MHz a 857 MHz. Na tabela seguinte apresentam-se as principais características da camada PMD
descendente na interface CMTS.
Tabela 2 – Parâmetros da PMD descendente
Parâmetro Valor
Frequência central (fc) 91 - 857 MHz (±30 kHz)
Level Adjustable over the range 50 to 61 dBmV
Tipo de Modulação 64QAM and 256QAM
Symbol Rate 64 QAM 5.056941 Msym/sec
“ “ 256 QAM 5.360537 Msym/sec
Nominal Channel Spacing 6 MHz (Europe: 8 MHz)

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 15
8.1.2 Subcamada TC

A subcamada Downstream Transmission Convergence (TC), que existe apenas para o sentido Descendente,
fornece serviços adicionais como por exemplo vídeo digital, através de pacotes MPEG de 188-bytes. Estes
pacotes MPEG consistem em 4 octetos de ‘MPEG header’ 1 octeto de ‘Pointer-field’ (não existente em todos
os pacotes) e 184 octetos de dados (payload).

M PEG Header Pointer field DOCSIS Payload


(4 octetos) (1 octeto) (183 ou 184 octetos)
188 octetos

Figura 17 - Formato de Pacote MPEG


Uma trama MAC pode começar em qualquer lugar dentro de um pacote MPEG, ou várias tramas MAC podem
existir dentro de um mesmo pacote MPEG, quer concatenados uns a seguir aos outro quer separados por uma
sequência de octetos de stuffing. O campo “Pointer_field” é o 5º octeto de um pacote MPEG sempre que o
PUSI está a ‘1’ no cabeçalho, e contém o número de octetos a seguir ao ‘pointer_field’ que o descodificador
CM deve saltar neste pacote até encontrar o início de uma trama MAC. Todos os dados devem ser
transportados em pacotes MPEG-2 com o campo PID do cabeçalho a 0x1FFE.

MPEG Header Pointer field Trama MAC Trama MAC Octetos_stuff Trama MAC
(PUSI=1) (=0) #1 #2 (0 ou mais) #3
4 octetos 1 octeto
Figura 18 - Formato de Pacote MPEG com várias tramas MAC

8.2 Canal Ascendente


No protocolo DOCSIS 2.0 existem dois formatos de modulação de sinal para o canal ascendente. Um deles é
um sistema híbrido FDMA/TDMA, onde cada trama de informação é enviada num determinado intervalo de
tempo (slot) e numa determinada banda de frequência. Este método será designado simplesmente por TDMA.
O outro método acrescenta ao anterior uma modulação S-CDMA, podendo assim haver vários CM's a
transmitir no mesmo slot temporal e na mesma frequência, uma vez que o sinal vai espalhado na frequência,
codificado por uma palavra de código (codeword) e usando códigos ortogonais. O CM e o CMTS têm que
funcionar no mesmo formato, sendo o formato estabelecido pelo CMTS no início e transmitida a informação ao
CM por meio de mensagens MAC de controlo.
O CM e o CMTS em modo TDMA funcionam com ritmos de modulação de 160, 320, 640, 1280, 2560 e 5120
Ksímbolos/s. No modo S-CDMA aos ritmos de modulação são 1280, 2560 e 5120 Ksímbolos/s
Como foi dito atrás existem vários tipos de formatos de modulação usados no DOCSIS 2.0, sendo os seguintes
os requisitos de modulação a suportar pelo modulador e desmodulador no canal ascendente:
- Tem de permitir o formato de modulação QPSK e 16QAM diferencial para transmissão TDMA
- Tem de permitir modulações QPSK , 8QAM, 16QAM, 32QAM e 64QAM para canais TDMA e S-
CDMA
- Tem de permitir modulações codificadas QPSK, 8QAM, 16QAM, 32QAM, 64QAM e 128QAM
TCM para transmissão S-CDMA
O nível físico ascendente é responsável pela transmissão de tramas, também chamados burst, do CM para o
CMTS. Estas tramas são constituídas por um preâmbulo de início do pacote, e um conjunto de dados. Na
transmissão em modo TDMA, o centro do último símbolo de um pacote deverá ter uma distância mínima de 5
símbolos para o centro do primeiro símbolo do próximo pacote enviado por outro CM (tempo de guarda).
Desde a entrada dos dados na camada física, fornecidos pela camada MAC, até estes serem enviados pelo cabo
em sinais electromagnético, passam por um conjunto de etapas de processamento de sinal, tal como pode ser
observado na Figura 19.
Para a transmissão em modo TDMA, o fluxo de dados é segmentado em blocos de informação, sendo de
seguida calculado para cada um dos blocos o respectivo campo FEC usando o código Reed-Solomon. Este
processo é opcional, podendo ser desligado se necessário. De seguida é feito o entrelaçamento dos vários
pacotes de modo a limitar os erros no caso da perda de um pacote por súbitos picos de ruído na linha de

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 16
transmissão. Tratando-se de um canal de comunicação partilhado, os dados a transmitir são cifrados, mantendo
assim a segurança do serviço. Após adicionar um preâmbulo no início do pacote, agrupam-se conjuntos de bits
nos símbolos a modular e faz-se uma igualização do sinal e filtragem de modo a melhorar o espectro do sinal a
transmitir.

Figura 19 – Sequência de processamento de sinal ascendente


Para a transmissão em modo S-CDMA o fluxo dos dados segue o mesmo caminho até ao ponto da codificação,
passando de seguida pelo codificador TCM (Trellis Coded Modulation), o qual é de utilização opcional. De
seguida é adicionado o preâmbulo, como acima, os dados são preparados, e transformados em sinais
electromagnéticos onde o sinal é multiplicado (módulo 2) pelo código CDMA e enviado para o canal de
comunicação.
Em termos de correcção de erros o CM tem de suportar o código Reed-Solomon sobre GF (256) com T = 1-16,
em que o valor de T é configurado pelo CMTS. A trama RC pode ser constituída por um pacote de dados com
o seu respectivo campo FEC, ou ter tamanho superior à palavra suportada pelo algoritmo. Em ambos os modos,
o tamanho mínimo de um pacote de informação de dados é de 16 bytes. No caso dos dados não serem
suficientes, são adicionados zeros. Na figura 20 apresenta-se um exemplo de estrutura de dados em que a
dimensão dos dados é maior que o limite suportado pelo código RS.

Figura 20 – Estrutura de trama de dados


O objectivo do entrelaçamento é de conseguir recuperar totalmente uma trama que se tenha perdido na
transmissão, o que é conseguido não enviando uma trama de cada vez, mas sim partes de várias tramas. Este
mecanismo tem de ser executado na transmissão em modo TDMA, consistindo em dispor as várias tramas em
linhas numa matriz, e depois enviar os dados coluna a coluna. Se o último bloco RS for mais pequeno serão
enviados colunas mais pequenas no fim. O mecanismo de entrelaçamento é mostrado na Figura 21.

Sequência de entrada: C1(1),...C1(Nr),C2(1),....C2(Nr),C3(1).....CIr(Nr)


Sequência de saída: C1(1),C2(1)...CIr(1),C1(2),....CIr(2),C1(3).....CIr(Nr)
Figura 21 – Matriz de entrelaçamento

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 17
O canal ascendente tem que suportar encriptação de dados, devido ao facto de o canal ser partilhado, havendo
por isso a possibilidade de haver escutas não desejadas no canal. O diagrama de blocos do encriptador é
representado na figura 22.

Figura 22 – Diagrama de blocos do encriptador


O preâmbulo da trama é constituído por um conjunto de bits introduzidos no início para indicar o começo da
trama de dados. O tamanho do mesmo é programável no início pelo CMTS, em que em DOCSIS 2.0 este pode
ter o tamanho 0, 2, 4, ...,1536 bits. É obrigatório ser QPSK com dois factores de escala (QPSK0 e QPSK1).
Para o DOCSIS 1.x, e uma vez que os equipamentos têm que manter a compatibilidade, o preâmbulo deve ter o
tamanho de 0, 2, 4, ..., 1024 bits para QPSK e 0, 4, 8, ..., 1024 para 16 QAM.
O formatador (framer) S-CDMA aplica-se aos vários pacotes de dados, códigos de base do S-CDMS e tempos
de modulação. Este também realiza entrelaçamento de modo a proteger os dados de picos de ruído na linha.
O spreader será responsável por fazer a multiplicação (módulo 2) do sinal com os códigos CDMA. Isto torna
possível enviar informação de até 128 canais ao mesmo tempo num canal, usando para tal um conjunto de
códigos CDMA ortogonais.

9 Camada MAC
As principais funcionalidades da camada MAC no protocolo DOCSIS 2.0 são:
- Atribuição de débito, controlado pelo CMTS,
- Um stream de mini-slots na banda ascendente,
- Gestão eficiente de débito por controlo do tamanho das tramas da camada MAC,
- Fornecimento de extensões para futuro suporte de ATM e outras PDU's
- Suporte de Qualidade de Serviço onde se inclui:
- Suporte para garantia de débito e de latência
- Classificação de pacotes
- Estabelecimento dinâmico de serviços.
- Fornecimento de extensões para segurança a nível da camada de rede
- Suporte para uma grande variedade de larguras de banda fornecidas
- Aceder a débito sob controlo do CMTS.
O CMTS tem de aceder a todos os canais em ambos os sentidos, descendente e ascendente. Os CM's acedem a
um canal lógico de ascendente e um canal descendente de cada vez. Para além disso, o CMTS tem que policiar
as comunicações e descartar todos os pacotes MAC cujo endereço de origem não seja um endereço unicast. O

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 18
canal ascendente pode ter combinações DOCSIS 1.x e 2.0, podendo um mesmo canal transportar os dois
protocolos.
Um dos principais conceitos do funcionamento do protocolo MAC é o fluxo de serviço. Cada um destes fluxos
de serviço terá um ID que identifica uma ligação unidireccional entre o CM e o CMTS. Para o sentido
ascendente, um fluxo de serviço pode ter um ou mais serviços associados, cada um com o seu respectivo ID
(SID, Service ID), sendo por este meio que o CMTS fornece um determinado débito no sentido ascendente,
com uma determinada qualidade de serviço. Cada CM pode ter um ou mais ID de fluxo de serviço (SFID,
Service Flow ID), negociados ou no início do estabelecimento da ligação do CM ou no decorrer do
funcionamento. Normalmente são estabelecidos dois SFID, um para o canal ascendente e outro para o canal
descendente de pacotes IP. Para além deste funcionamento, outros SFID podem ser pedidos, como por exemplo
para serviços de banca constantes, como seja o VoIP. O ID do fluxo de serviço tem 32 bits, e um ID de serviço
tem 14 bits

9.1 Mini-slots e canais lógicos ascendentes


Os mini-slots são intervalos de tempo do canal de comunicação, onde é transmitida a informação. Cada mini-
slot tem informação quanto ao tipo de tráfego que pode conter, assim como o protocolo de modulação que pode
ser usado no mesmo. São estes mini-slots que serão pedidos pelo CM ao CMTS para o envio de dados,
Para comunicação em modo TDMA, e no protocolo DOCSIS 1.x, os slots têm a dimensão de múltiplos de 6.25
µs, podendo ser 2, 4, 8, 16, 32, 64 ou 128 vezes 6.25 µs. Para o protocolo DOCSIS 2.0 os mini-slots tem a
dimensão de 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64 ou 128 vezes 6.25 µs.
Cada mini-slot é etiquetado com o tipo de tráfego que pode ser transmitido durante o intervalo e o tipo de
codificação da camada física que será empregue.
Na comunicação usando modulação S-CDMA, os slots podem ter tamanhos diferentes de potências 2 de 6.25µs.
Os slots podem ter tamanhos diversos, sendo este estabelecido tendo em conta a capacidade de modulação e o
tamanho dos códigos de espalhamento do CDMA.
Cada CM só pode funcionar num único canal de transmissão, a que corresponde um canal lógico ascendente.
Há 4 tipos distintos de canais lógicos ascendente:
- Canal ascendente do DOCSIS 1.x que não suporta as características da modulação TDMA do DOCSIS 2.0,
- Canal ascendente misto que suporta modulação TDMA do DOCSIS 1.x e 2.0,
- Canal ascendente de modulação TDMA para o protocolo DOCSIS 2.0, que não suportam CM's DOCSIS 1.x,
- Canal ascendente de modulação S-CDMA, que só suporta CM's a funcionar em modo S-CDMA.

Na tabela 3 exemplificam-se os parâmetros típicos da camada MAC Canal ascendente.

Tabela 3 – Exemplo de parâmetros do canal ascendente


Parâmetro Valor de exemplo
Time tick 6.25 µs
Minislot 25 µs (4 Time ticks)
” 16 octetos (com QPSK)
Byte 4 símbolos (com QPSK)
Symbols/second 2 560 000
Mini-slots/second 40 000

9.2 Trama MAC


A Figura 23 apresenta o formato genérico de uma trama MAC, que é antecedida pelo overhead da subcamada
PMD para o canal ascendente, e o cabeçalho MPEG para o descendente. A trama MAC é constituída por um
cabeçalho e opcionalmente por um conjunto de dados, a PDU. A existência ou não de dados será indicada no
cabeçalho.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 19
PMD Overhead
(Upstream)

MAC Header Data PDU


(opcional)

MPEG PSI Header


(Downstream) Trama MAC

Figura 23 – Formato genérico de trama MAC


O transporte de tramas MAC pela camada física no canal ascendente é realizado da maneira mostrada na Figura
24.

Figura 24 – Convergência MAC/PMD no canal ascendente


Na Figura 25 é apresentado o formato de um cabeçalho MAC. O cabeçalho MAC é constituído por um
primeiro campo FC que identifica o conteúdo do resto do cabeçalho MAC. Seguem-se 3 bytes de controlo
MAC, um campo opcional para extensões futuras e um campo de correcção de erros do cabeçalho com 2 bytes
de tamanho.

Figura 25 – Formato do cabeçalho MAC


O cabeçalho MAC é constituído pelos seguintes campos:
- Frame Control (FC). Identifica o tipo de cabeçalho MAC, sendo constituído por vários campos:
- FC Type – Identifica o tipo de trama MAC :
- 00 – Cabeçalho MAC de um PDU de pacote de dados,
- 01 – Cabeçalho MAC de uma PDU ATM,
- 10 – Cabeçalho MAC para uma PDU reservada,
- 11 – Cabeçalho específico MAC.
- FC Parm – bits com parâmetros. O uso destes depende do tipo de do campo FC Type.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 20
- EHDR_ON – Quando a um, indica que o campo opcional EHDR está presente.
Neste caso o campo MAC_PARM indica o tamanho deste campo.
- MAC_PARM – A utilização deste campo depende do campo FC, sendo por ordem de prioridade:
- Quando EHDR_ON está a um indica o tamanho do campo opcional EHDR,
- Quando existirem tramas concatenadas, este é usado como contador para manter a ordem,
- Para pedidos é usado para indicar o número de mini-slots requisitados.
- LEN (SID) – Tamanho da trama MAC. Este valor é obtido pela soma do campo de dados (PDU) e pelo
campo EHDR caso este exista. No caso especial de se tratar de um cabeçalho MAC de pedido, o campo LEN
indica o ID do serviço, uma vez que neste caso não existe campo de dados (PDU) na trama. Este parâmetro é
muito sensível a erros, pois na eventualidade de um erro aqui, a camada MAC irá ler mais ou menos bits que
deveria ler, perdendo o sincronismo das tramas.
- EHRD – Campo opcional.
- HCS – Detecção de erros do cabeçalho. Composto por código CRC definido em ITU-T X.25.
A camada MAC pode transportar vários tipos de PDU de camadas superiores. Entre elas temos tramas Ethernet,
ATM e outras não especificadas para uso futuro. Na especificação do DOCSIS 2.0, apenas a trama Ethernet é
permitida, embora todas as outras se encontrem especificadas.
A camada MAC tem que suportar uma PDU de tamanho variável com o formato Ethernet/IEEE 802.3. Este
tem que estar contido numa única trama pelo que haverá apenas um cabeçalho MAC.
Os valores do cabeçalho MAC estão apresentados Figura 26, com atenção para o campo FC TYPE cujo valor é
00. Os parâmetros da PDU são os normais de uma trama IEEE 802.3:
- DA – Endereço de destino com 48 bits,
- SA – Endereço da fonte com 48 bits,
- Type/Len – Identificador do tipo de trama ou informação sobre o tamanho dos dados [ISO8802-3]
- User Data – Dados do utilizador com um tamanho variável, atingindo um valor máximo de 1500 bytes.
- CRC – Detecção e correcção de erros do campo de dados, de acordo com a Ethernet/ISO8802-3.

Figura 26 -Trama MAC para pacote Ethernet/802.3


Há vários cabeçalhos MAC que podem ser usados em casos muito específicos, tal como reajuste de potências
de transmissão, reajuste de débito disponível e fragmentação e concatenação de várias tramas MAC. Os vários
tipos de cabeçalhos estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Cabeçalhos específicos das tramas MAC


FC_PARM Tipo de cabeçalho/trama
00000 Cabeçalho de temporização
00001 Cabeçalho MAC de gestão
00010 Cabeçalho de pedidos
00011 Cabeçalho de fragmentação
11100 Cabeçalho de concatenação

As tramas de temporização são utilizadas para ajuste do tempo entre o CMTS e todos os CM's. No canal
descendente este cabeçalho MAC é usado para transportar o tempo de referência para toda a rede, para que

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 21
todos os CM's se sincronizem com o CMTS. No canal ascendente, este cabeçalho é usado como parte de
mensagens de ajuste de potência e tempo. O formato do cabeçalho MAC pode ser observado na Figura 27.

Figura 27 – Formato de cabeçalho MAC para trama de temporização


Os dados transportados na PDU são uma mensagem de sincronismo no canal descendente, e um pedido RNG
no canal ascendente. As tramas de gestão são usadas para todas mensagens de gestão da camada MAC. O
formato das mesmas é o mostrado na Figura 28.

Figura 28 – Formato de cabeçalho MAC para tramas de gestão


As tramas MAC de pedidos são o meio utilizado pelos CMs para pedir atribuição de débito para o canal
ascendente. O formato do cabeçalho está apresentado na Figura 29. Esta trama não contém dados, pelo que o
campo LEN (tamanho dos dados) é neste cabeçalho usado como identificador do serviço (SID). O pedido de
débito é feito pedindo um determinado número de mini-slots, valor que vai no campo MAC_PARM. O número
de mini-slots tem de ter em conta os dados a transmitir, assim como o overhead inserido pela camada física.

Figura 29 – Formato de cabeçalho MAC para tramas de pedidos


O cabeçalho MAC de fragmentação é utilizado no mecanismo de transmissão de uma PDU grande em várias
tramas MAC, que são enviadas separadamente no CM e reagrupadas no CMTS, logo este método é usado
apenas no canal ascendente. Os CM que implementam a norma 2.0 do DOCSIS têm de suportar a fragmentação
de tramas, enquanto que para os CMTS tal não é obrigatório. Na Figura 30 exemplifica-se a segmentação de
um pacote.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 22
Figura 30 – Formato de cabeçalho MAC para tramas de fragmentação
O campo Fragment Cntl contém os bits FL (First/Last) que indicam o tipo de fragmento, nomeadamente se é o
fragmento inicial (FL=10), se é um fragmento do meio (FL=00) ou o fragmento final (FL=01), o que permite
reconstituir o pacote original no receptor, tal como indicado na seguinte tabela:

Tabela 4 – Significados dos bits FL


Bits FL Tipo de fragmento
10 Inicial
01 Final
00 Do meio
11 Pacote não fragmentado

Para além dos dois bits FL, o campo Fragment Cntl contém 4 bits de número de sequência (SSSS), os quais são
incrementados por cada fragmento de trama que é enviado, ciclicamente, o que permite detectar erros na
recepção. Os dois primeiros bits (XX) deste campo são reservados para uso futuro.
O uso de tramas MAC com concatenação é útil para quando se transmitem vários pequenos pacotes, enviando
apenas um cabeçalho de camada física, diminuindo assim o overhead. Para tal a trama MAC terá de ser toda
ela enviada ao mesmo tempo pelo meio físico. O formato do cabeçalho deste tipo de tramas pode ser observado
na Figura 31.

Figura 31 – Formato de cabeçalho MAC para tramas de concatenação


O campo de tamanho deve apontar para o fim do primeiro pacote, sendo que os vários pacotes dentro da trama
possam ser de tipos diferentes, tendo como única obrigatoriedade o mesmo ID de serviço entre eles.
Todas as tramas MAC, com excepção da trama de temporização, concatenação e de pedido, têm a possibilidade,
como já foi dito atrás, de usar um campo adicional, o EHDR. O formato deste campo pode ser observado na
Figura 32.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 23
Figura 32 – Formato do campo EHDR do cabeçalho MAC
Este campo tem várias utilizações, entre elas o Piggyback. O Piggyback serve para fazer pedidos de mini-slots
para futuras tramas. Isto aumenta a eficiência do uso do canal, reduzindo o número de tramas enviadas apenas
para pedir débito.

9.3 Atribuição de banda no canal ascendente


O canal de dados ascendente é constituído por um conjunto de slots temporais, geridos pelo CMTS. Este tem a
função de manter o sincronismo no canal, assim como de atribuir slots aos diversos CM's de modo a que estes
transmitam os seus dados nos instantes especificados. Para alem disso, o CMTS tem a função de policiar o
acesso ao meio, verificando se todos os CM's transmitem apenas nos seus slots.
O mapa de ‘Allocation’ é uma mensagem de gestão MAC transmitida pelo CMTS no canal descendente, que
descreve para cada intervalo, o uso de cada mini-slot. Um determinado mapa pode conter mini-slots destinados
a uma estação e outros mini-slots disponíveis para contenção ou para outras estações se juntarem à ligação.
Cada mini-slot é numerado relativamente a uma referência mantida pelo CMTS. A informação temporal
(relógio) é enviada para todos os CM através de pacotes de sincronismo.
A especificação DOCSIS 2.0 não obriga a um determinado algoritmo de distribuição de mini-slots pelos CM's,
pelo que cada fabricante pode implementar o algoritmo que achar mais conveniente. Na Figura 33 exemplifica-
se o funcionamento do MAC no canal ascendente.

Figura 33 – Funcionamento de MAC ascendente


O pedido de débito no canal ascendente segue um conjunto de regras, entre os quais:
- Cada CM tem um ou mais identificador de serviço (14 bits) assim como um endereço de 48 bits,
- A banda ascendente é dividida em vários mini-slots numerados, onde a numeração é controlada pelo CMTS,
e é sincronizada com os vários CM's por meio de mensagens específicas MAC vistas acima,
- Quando um CM pretende transmitir, emite um pedido de débito ao CMTS.
- O CMTS deve transmitir um mapa das atribuições de mini-slots para os vários CM's pelo canal descendente.
Os pedidos podem ser feitos utilizando para tal tramas MAC específicas em alturas específicas, ou usar o
campo extra de uma trama, usando o método de piggyback explicado atrás. Os pedidos têm que conter o ID do

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 24
serviço, e o número de mini-slots pretendido. Na Figura 34 exemplifica-se o mecanismo de atribuição de banda
ascendente.

Descendente Mapa de Dados descendentes Mapa de


(CMTS) Atribuição i Atribuição i+1

Ascendente Oportunidades de Área de Oportunidades de


(CM) Transmissão de pedidos com Transmissão de Manutenção
Modem de Cabo contenção Modem de Cabo
Mapa i-1 Mapa i

Figura 34 – Mapa de atribuição de banda ascendente


Como podemos ver pela figura anterior, existe um período de Manutenção no qual qualquer nova estação se
pode juntar à rede. Durante um longo intervalo (equivalente ao máximo atraso de propagação ‘round-trip’ mais
o tempo de transmissão) é enviada uma mensagem de ‘Ranging Request’ (RNG-REQ), que permite que novas
estações se inscrevam para transmitir dados. Os pacotes transmitidos neste intervalo devem usar o formato de
mensagem de ‘MAC Management’ e usar RNG-REG.
Cada CM pode pedir no máximo 255 mini-slots seguidos, correspondente a um ou mais pacotes completos,
estando como é obvio sujeito a limites administrativos por parte do CMTS.
Este ‘Alocation map’ tem de ser transmitido a tempo de se propagar através do cabo e ser recebido e
processado pelos CM, e como tal tem de ser transmitido mais cedo do que o seu tempo efectivo, não pode no
entanto exceder um número de mini-slots superior a 4096.
Podemos ver em seguida um exemplo de troca de informação entre o CM e o CMTS quando o CM tem uma
PDU de dados que pretende transmitir.
t3 t6 t7 t9 t11
Descendente
(CMTS) t1 Mapa i Pedido Mapa i+1 Dados
CM k CM k
t2 t4 t8 t10
Ascendente Oportunidades de Área de Oportunidades de Oportunidades de
(CM) Transmissão de pedidos com Transmissão de Manutenção Transmissão de
Modem de Cabo contenção Modem de Cabo Modem de Cabo
Mapa i Mapa i+1

Figura 35 – Exemplo de protocolo


- No instante t1 o CMTS transmite o mapa que começará efectivamente no instante t3. Esta diferença entre t1 e
t3 é a soma do tempo de propagação descendente, mais o tempo de processamento do CM, mais o tempo de
propagação no sentido ascendente (para permitir que os dados comecem a chegar ao CMTS no instante t3).
- Em t4 o CM faz um pedido para um número de mini-slots de modo a acomodar uma PDU. T4 é escolhido
baseado no ‘Ranging Offset’ (processo de adquirir a temporização correcta de tal forma que a transmissão fique
alinhada no início do mini-slot correcto), de modo que o pedido chega ao CMTS no instante t6.
- Em t6 o CMTS recebe o pedido e agenda-o para o serviço do próximo mapa.
- Em t7 o CMTS transmite o mapa que se iniciará em t9, neste mapa um “crédito” de dados para o CM
começará em t11.
- Em t8 o CM recebe o mapa e procura os seus “créditos” de dados.
- Em t10 o CM transmite a sua PDU de dados de modo que esta chegará ao CMTS no instante t11. O instante
t10 é calculado em função da distância do CM ao CMTS.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 25
9.4 Suporte de qualidade de serviço
DOCSIS 2.0 fornece diversos serviços no sentido ascendente baseados em ‘Service Flows’ e em listas de
parâmetros de QoS associados a cada serviço. Cada serviço é ajustado a um tipo específico de fluxo de dados.
DOCSIS compreende os seguintes serviços básicos:
- Unsolicited Grant Service (UGS) - para suportar serviços de tempo real que gerem pacotes de comprimento
fixo como por exemplo voz sobre IP;
- Unsolicited Grant Service with Activity Detection (UGS-AD) - para suportar fluxos UGS que se podem
tornar inactivos durante períodos substanciais como voz sobre IP com supressão de silêncio;
- Real-Time Polling Service (rtPS) - para suportar serviços de tempo real que gerem pacotes de dados de
comprimento variável como por exemplo vídeo MPEG;
- Non-Real-Time Polling Service (nrtPS) - para suportar serviços que não sejam de tempo real que requeiram
dados de tamanho variável como por exemplo FTP de grande débito;
- Best Effort (BE) service - para suportar um serviço eficiente de tráfego.

Os parâmetros de QoS, modos de acesso e aplicações para utilização destes serviços são mostrados na tabela
seguinte.
Tabela 4 – Serviços QoS definidos em DOCSIS
Serviço Parâmetros QoS Modos de Acesso Aplicações
UGS Unsolicited grant size Isochronous access VoIP
Nominal grant interval
Tolerated grant jitter
UGS-AD Unsolicited grant size Isochronous access VoIP com supressão de
Nominal grant interval Periodic request polling silêncio
Tolerated grant jitter
Nominal polling interval
Tolerated polling jitter
RtPS Nominal polling interval Periodic request polling Videoconferência, vídeo on
Tolerated polling jitter Piggybacking reservation demand
NrtPS Nominal polling interval Periodic request polling FTP de elevado débito
Minimum reserved traffic rate Piggybacking reservation
Maximum sustained traffic rate Immediate access
Traffic priority
BE Minimum reserved traffic rate Normal reservation telnet, FTP, WWW
Maximum sustained traffic rate Piggybacking reservation
Immediate access
CIR A ser definido pelos fabricantes A ser definido pelos fabricantes Depende da definição do
serviço

9.4.1 Serviço UGS

O serviço Unsolicited Grant (UGS) é usado para tráfego de ritmo constante (CBR). Para este serviço o
Headend deve proporcionar grants de comprimento fixo em intervalos periódicos. Se o fluxo estiver inactivo o
débito correspondente pode ser desperdiçado. O serviço diz-se “não solicitado” porque o débito é prédefinido,
sem necessidade de enviar pedidos. O exemplo típico de aplicação de UGS é em Voz sobre IP (VoIP).
Parâmetros de configuração do serviço:
-Nominal Grant Interval
-Unsolicited Grant Size
-Tolerated Grant Jitter
-Grants per Interval

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 26
O Nominal Grant Interval é escolhido de modo a igualar o intervalo entre pacotes. Por exemplo, no caso de
VoIP com intervalo entre pacotes de 20 ms, o Nominal Grant Interval será de 20 ms. O tamanho do grant
(Unsolicited Grant Size) é escolhido de acordo com o tamanho dos pacotes da aplicação.

Descendente Mapa Mapa Mapa Mapa


(CMTS) i i+1 i+2 i+3

Grant i Grant i+1 Grant i+1 Grant i+2


Dados i-1 Dados i Dados i+1 Dados i+2

Ascendente Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão Manu-


(CM) de com de com de com de tenção
CM contenção CM contenção CM contenç CM
ão
Mapa i Mapa i+1 Mapa i+2

Figura 36 – Exemplo de serviço UGS

9.4.2 Serviço UGS-AD

O serviço Unsolicited grant service with activity detection (UGS-AD) é usado para tráfego de ritmo constante
(CBR) com possibilidade de suspensão de actividade, como é o caso de VoIP com Voice Activity Detection
(VAD) ou supressão de silêncio. VAD é uma técnica em que o Codec pára de transmitir pacotes quando o nível
de amplitude do sinal da voz desce abaixo de um determinado limiar. A vantagem do VAD é a redução de
débito requerida para uma conversação, estimando-se que numa conversação típica cada um dos participantes
está 60% do tempo em silêncio.
Para o serviço UGS-AD o Headend utiliza um algoritmo de detecção de actividade para examinar o estado do
fluxo. Quando um fluxo muda do estado activo para o estado inactivo, o Headend volta a proporcionar pedidos
de polling periódicos.
Parâmetros de configuração do serviço (adicionais ao UGS):
- Nominal Polling Interval
- Tolerated Poll Jitter
Quando não há actividade o CMTS envia Unicast polled requests ao CM. Quando há actividade o CMTS envia
Unsolicited Grants ao CM. O CM indica em cada pacote o número de Grants que precisa no intervalo, de modo
a manter o CMTS constantemente actualizado sobre as suas necessidades.

Descendente Mapa Mapa Mapa Mapa Mapa


(CMTS) i i+1 i+2 i+3 i+3

U.Grant i Unicast Unicast U.Grant i+1 U.Grant i+2


Polled Req Polled Req Dados i+1
Data Req

Ascendente Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão
(CM) de com de com de com/sem de com/sem de
CM contenção CM contenção CM contenção CM contenção CM
Mapa i Mapa i+1 Mapa i+2

Figura 37 – Exemplo de serviço UGS-AD


Quando o CM está a receber polled requests e detecta actividade da fonte, pede débito para um Grant por
intervalo.
Quando o CM está a receber Unsolicited Grants e detecta nova actividade pede mais um grant, contudo devido
ao atraso até à sua recepção podem acumular-se pacotes no buffer de transmissão do CM, pelo que o CMTS
gerará Grants extra para limpar o buffer.
Quando o CM está a receber Unsolicited Grants e detecta inactividade de um fluxo, pede menos um grant.
Como há um atraso até que essa redução ocorra, isso ocasiona em geral a limpeza do buffer.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 27
Quando o CM está a receber Unsolicited Grants e detecta inactividade em todos os fluxos, envia um pacote
indicando zero grants e pára a transmissão. O CMTS comuta para o modo Real Time polling. Quando é
detectada actividade de novo, o CM envia um pedido num poll a pedir a retoma dos Unsolicited Grants. O CM
retoma o envio dos Unsolicited Grants.
Na figura seguinte apresenta-se um exemplo do mecanismo de VAD

Figura 38 – Exemplo de início e fim de VAD

9.4.3 Serviço rtPS


O serviço Real-time polling (rtPS) é definido para suportar serviços de tempo real que geram pacotes de
tamanho variável numa base periódica, como é o caso de vídeo MPEG. Este serviço oferece oportunidades
periódicas de unicast request, permitindo ao CM especificar a dimensão dos dados do grant pretendido.

Descendente Mapa Mapa Mapa


(CMTS) i i+1 i+2

Unicast Unicast Unicast


Polled Req Data Polled Req Data Polled Req
Req i Dados i
Req i+1

Ascendente Transmissão Pedidos Transmissão Pedidos Transmissão Manu-


(CM) de com de com de tenção
CM contenção CM contenção CM
Mapa i Mapa i+1

Figura 39 – Exemplo de serviço rtPS


Parâmetros de configuração do serviço:
- Nominal Polling Interval
- Tolerated Poll Jitter
- Request/Transmission Policy
Quer os fluxos rtPS quer os nrtPS são polled através de request polling periódicos.
No rtPS os fluxos são polled independentemente da carga da rede.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 28
9.4.4 Serviço nrtPS

O serviço Non-real-time polling (nrtPS) é definido para suportar serviços de não tempo real que geram pacotes
de tamanho variável, como é o caso de transferência de ficheiros. Tal como os fluxos rtPS, os fluxos nrtPS são
polled através de request polling periódicos. No nrtPS os fluxos recebem poucas oportunidades de poll quando
a carga da rede é elevada.

9.4.5 Serviço BE

O service Best effort (BE) é usado para os serviços menos prioritários que não têm requisitos específicos nem
garantia de qualidade de serviço. Para o serviço BE, uma estação deve usar o modo normal de reserva ou o
modo de acesso imediato para obter débito ascendente.

9.4.6 Serviço CIR

O serviço Committed Information Rate (CIR) pode ser definido pelos fabricantes de diferentes modos. Pode por
exemplo ser configurado como um serviço nrtPS com um ritmo mínimo reservado.

9.5 Especificações da interface de gestão e operação


As especificações OSSI (Operations Support System Interface) permitem o controlo do Modem de Cabo de
múltiplos fabricantes e tipos, bem como de CMTS, de forma a permitir a interoperabilidade entre diferentes
fabricantes.
São necessários protocolos de gestão de rede para suportar o DOCSIS 1.1. O protocolo de gestão de
comunicações que foi escolhido para gerir serviços de dados sobre cabo foi o SNMP v3. Embora este protocolo
ofereça várias vantagens, muitos sistemas de gestão podem não ser capazes de o suportar, como tal é também
permitido o uso do SNMPv1 e SNMPv2, os quais devem ser implementado.
As RFI de DOCSIS 1.1 fornece mecanismos para que o CM se registe com o seu CMTS e se auto-configure
baseado em parâmetros de QoS externos, quando se liga a alimentação ou se reinicializa o sistema.
São definidos mecanismos para fornecimento automático e dinâmico das classes de policiamento subscritas,
baseadas baseadas no Service Level Agreement (SLA), onde se especificam as classes de serviço suportadas e
os valores suportados em cada classe.
O principal mecanismo para fornecer QoS diferenciado é a classificação dos pacotes que atravessam o interface
RF MAC e caso respeitem o critério aplicado, é estabelecido um Service Flow, que é essencialmente um fluxo
de pacotes unidireccional, ao qua é atribuído uma determinada QoS em função da latência e jitter pretendidos.
O CM (no tráfego ascendente) e o CMTS (no tráfego descendente) garantem esta QoS, através de ‘Shaping’
‘Policing’ e prioritização do tráfego através da atribuição de um parâmetro de QoS definido pelo Service Flow.
Os requisitos para a Qualidade de Serviço incluem:
- A configuração e funções de registo para pré-configuração de CM baseado em QoS Service Flow e
parâmetros de tráfego.
- Utilização de parâmetros de tráfego QoS para os Service Flows.
- Classificação de pacotes que chegam das interfaces de serviços das camadas superiores para uma Service
Flow activa específica.
- Agrupamento de propriedades de Service Flow em Classes de Serviço, de forma que entidades de camadas
superiores e aplicações externas (CM e CMTS) possam requerer Service Flows com os parâmetros de QoS
desejados de uma forma global consistente.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 29
10 Privacidade (BPI+)
A especificação Baseline Privacy Plus (BPI+) permite a privacidade de dados sobre a rede de cabo. Esta
privacidade é conseguida através da encriptação de dados entre o CM e o CMTS. Além disso permite ainda
uma forte protecção contra furto de serviço aos operadores de cabo. O BPI+ implementa um protocolo de
processamento de “chave” de autenticação entre cliente e servidor, no qual o CMTS controla a distribuição de
chaves aos CM clientes. As especificações BPI tinham um fraco serviço de protecção pois o protocolo de
gestão da chave não autenticava os CM’s. A especificação BPI+ reforçou este serviço de protecção adicionando
certificados digitais.
A Baseline Privacy + é constituída por dois protocolos:
- Um protocolo de encapsulamento para encriptação de pacotes de dados através da rede que define :
- O formato das tramas para transportar dados encriptados na camada MAC
- Uma série de algoritmos de autenticação e de encriptação de dados suportados
- As regras para aplicar esses algoritmos às tramas de pacotes de dados MAC.
- Um protocolo de manuseamento de Chaves, que permite uma distribuição segura de chaves entre o CMTS e
o CM. Através deste protocolo faz-se o condicionamento ao acesso aos serviços da rede pois só assim é que o
CMTS e o CM se conseguem sincronizar.
A encriptação utiliza dois tipos específicos de tramas DOCSIS MAC:
- Tramas MAC com PDU’s de dados em pacotes de comprimento variável
- Tramas MAC fragmentadas
A figura seguinte mostra tramas MAC com PDU’s de Dados em Pacotes de Comprimento Variável

Figura 40 - Formato de Pacote de tamanho variável DOCSIS com EH Privacy


Os primeiros 12 octetos do pacote PDU, que contêm os endereços de destino e de origem (DA/AS) da
Ethernet/802.3, não são encriptados, têm no entanto o CRC encriptado.
Os elementos ‘Privacy Extended Header’ empregam dois tipos de elementos EH, BPI_UP e BPI_Down para
serem usados nos pacotes de dados para os canais ascendente e descendente respectivamente.
De modo a suportar fragmentação de tramas MAC no canal Ascendente, a DOCSIS 1.1 reformulou o Baseline
Privacy EH, para permitir encriptação e fragmentação. Para isso quando funciona com as duas funcionalidades,

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 30
no elemento Upstream Baseline Privacy EH é acrescentado 1 byte, que serve de campo de controlo de
fragmentação. A figura seguinte mostra uma trama MAC com uma ‘Payload’ encriptada e fragmentada.
FC Type=11 e FC PARM=00011 identifica um trama MAC coma trama a ser fragmentado, que vemos assim
com um comprimento fixo de 6 bytes de EH.

Figura 41 – Formato de Trama com Fragmentação e com Payload cifrado

11 Euro DOCSIS
A aplicação das recomendações DOCSIS na Europa requereu algumas modificações, nomeadamente no nível
físico, tal como referido anteriormente. Na Figura 42 apresenta-se o diagrama de protocolos do DOCSIS para a
Europa.

Figura 42 – Camadas de Protocolo DOCSIS para a Europa

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 31
Referências
[1] W. Ciciora, “Cable Television in the United States” - An Overview, 1995.
[2] Cable Modem Termination System–Network Side Interface Specification”, SP-CMTS-NSII01, July
1996.
[3] IEEE 802.14/a Draft 3, Rev.3, “Cable-TV access method and physical layer specification”, October
1998.
[4] DOCSIS 1.1, “Cable Modem to Customer Premise Equipment Interface Specification”, SP-CMCI-I09,
July 2003.
[5] DOCSIS, “Cable Modem Telephony Return Interface Specification”, SP-CMTRI, August 1997.
[6] DOCSIS, Cable Modem Termination System–Network Side Interface Specification, SP-CMTS-NSI,
July 1996.
[7] DOCSIS 2.0, “Radio Frequency Interface Specification”, CM-SP-RFIv2.0-I07, December 2004.
[8] DOCSIS 1.1, “Baseline Privacy Plus Interface Specification”, SP-BPI+-I11, April 2004.
[9] DOCSIS 2.0, Operations Support System Interface Specification”, CM-SP-OSSIv2.0, December 2004.

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 32
Acrónimos
ABR Available Bit Rate
AAL ATM Adaptation Layer
AM-VBS Amplitude Modulation - Vestigial Side Band
ANSI American National Standards Institute
ATM Asynchronous Transfer Mode
BE Best Effort
BPI Baseline Privacy
BPI+ Baseline Privacy Plus
CATV Community Antenna Television / Cable Television
CBC Cipher Bock Caining
CBR Constant Bit Rate
CIR Committed Information Rate
CM Cable Modem
CMCI Cable Modem to CPE Interface
CMTS Cable Modem Termination System
CPE Customer Premise Equipment
CRC Cyclic Redundancy Check
CRE Collision Resolution Engine
CS Convergence Sublayer
DA Destination Address
DAS-REQ Dinamic Service Adition Request
DBE Data Backoff End
DBS Data Backoff Start
DES Data Encryption Standard
DOCSIS Data Over Cable Service Interface Specifications
DIX DEC/INTEL/XEROX
DVB Digital Video Broadcast
DVB-C DVB Cable
DVB-S DVB Satellite
DVB-T DVB Terrestrial
ETSI European Telecommunications Standards Institute
FC Frame Control
FDDI Fiber Distributed Data Interface
FDMA Frequency Division Multiple Access
FEC Forward Error Correction
FTP File Transfer Protocol
HFC Hybrid Fiber Coax
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IETF Internet Engineering Task Force
IP Internet Protocol
ITU-T International Telecommunication Union - Telecommunication Sector
QoS Quality of Service
LID Local IDentification
LLC Logical Link Control
LQ Local Queue
MAC Media Access Control
MCNS Multimedia Cable Network System Partners
MIB Management Information Base
MPEG Moving Picture Experts Group
nrtPS non-real-time Polling Service
NSI Network Side Interface
NTSC National Television System Committee
OAM&P Operations, Administration, Maintenance and Provision
OSI Open System Interconnection
OSSI Operations Support System Interface
PAL Phase Alternating Line

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 33
PDU Protocol Data Unit
PHY Physical
PHS Payload Header Supression
PID Program ID
PMD Physical Media Dependent
PPP Point-to-Point Protocol
PSTN Public Switched Telephone Network
QAM Quadrature Amplitude Modulation
QPSK Quadrature Phase-Shift Keying
RF Radio Frequency
RFI Radio Frequency Interface
RQ Resolution Queue
SAP Service Access Point
SNMP Simple Network Management Protocol
rtPS real-time Polling Service
SA Source Address
SE Secure Element
SID Service IDentification
SLA Service Level Agreement
TC Transmission Convergence
TCP Transmission Control Protocol
TDMA Time Division Multiple Access
TRAC Telephone Remote Access Concentrator
TRTS Telephone Return Termination System
TS Transport Stream
UDP User Datagram Protocol
UFS Unsolicited Grant Service
UGS-AD UGS with activity detection
UNI User-Network Interface
USB Universal Serial Bus
VAD Voice Activity Detection
VoIP Voice over IP
VBR Variable Bit Rate
WWW World Wide Web

Redes de Acesso: Parte D – Redes HFC, Mário Serafim Nunes, IST, Março 2005 34

Você também pode gostar