Prática de Pesquisa em História
Prática de Pesquisa em História
Prática de Pesquisa em História
1. Aula
O conhecimento histórico como uma ciência especializada
Se a história do conhecimento histórico, na cultura ocidental, é muito antiga, nos
remetendo, em última instância, a autores como Heródoto e Tucídices, a História da
ciência histórica é muito recente, sendo uma construção moderna que data do século
XIX.
Entender as discussões teóricas e filosóficas que caracterizaram a construção da
ciência História é o tema da nossa primeira aula e é algo fundamental para que
sejamos capazes de compreender os protocolos metodológicos que foram definidos
como indispensáveis para essa prática científica.
Alguns desses protocolos, como, por exemplo, a definição da análise da documentação
como requisito básico da ciência histórica, é até hoje o fundamento da nossa prática
profissional.
2. Aula
Já no século XX, o movimento historiográfico francês que aprendemos a chamar de "Escola dos
Annales" afirmou que a "História problema" de cariz sociológico era a melhor forma de
produzir o conhecimento histórico. Sob aspecto algum, essa proposta foi inventada pelos
Annales, mas foi o produto de uma apropriação de uma discussão que já existia desde o final
do século XIX.
Analisar essa discussão oitocentista que colocou frente a frente os historiadores historicistas e
os sociólogos estruturalistas é o objetivo da segunda aula.
Essa reflexão é fundamental para a compreensão da noção de "História problema", que até
hoje é importante nos projetos de pesquisa histórica.
3. Aula
Fundamentado em conceitos como luta de classes, ideologia e modo de produção, esse tipo de
abordagem por muitas vezes foi alimentado pela orientação política dos pesquisadores que o
utilizaram; ainda que hoje ele esteja relativamente fora de uso, o que se explica pela rejeição
que a historiografia contemporânea tem pelos macro modelos modernos, o marxismo e os
seus mais diversos desdobramentos nos ajudam a pensar o ofício do historiador e a construção
do discurso histórico.
4. Aula
Em 1962, veio à luz a primeira edição do "Meta-História", livro escrito pelo intelectual norte-
americano Hayden White. Esse polêmico trabalho questionou o estatuto científico da História
e se tornou um símbolo para um tipo de discussão que ficou conhecido como "giro linguístico".
Alguns anos mais tarde, em 1971, o historiador francês Michel de Certeau publicou o seu
Escrita da História, mostrando que a narrativa historiográfica estava na agenda dos
historiadores profissionais.
Essa preocupação, que deu origem ao surgimento do sub campo dos estudos historiográficos,
relaciona-se diretamente com o ceticismo em relação às concepções mais rigorosas de
"verdade histórica". Se por um lado, as discussões propostas pelo "giro linguístico" são cada
vez mais frequentes na historiografia contemporânea, pelo outro, as suas inspirações estão na
antiguidade, particularmente na discussão que Aristóteles desenvolveu a respeito da retórica.
Entender esse debate e a sua contribuição para as pesquisas históricas que estão sendo
desenvolvidas atualmente são os objetivos da quarta aula dessa disciplina.
5. Aula
Na década de 1970, ganhou fôlego, no espaço universitário italiano, a abordagem histórica que
ficaria conhecida como "micro História". Autores como Carlo Poni, Edoardo Grendi, Giovanni
Levi e Carlo Guinzburg reagiram ao colapso das macro análises de inspiração sociológica de
forma menos cética do que fizeram os autores afinados com o "giro linguístico".
Não se tratou, para esses micro historiadores, de questionar o estatuto científico da História,
mas sim de redefinir as pretensões da análise histórica.
6. Aula
A derrocada dos macro modelos e a proposta da “Nova História Cultural”
Essa "nova" história cultural propôs a ênfase no conceito de "práticas", o que havia sido
ofuscado pelo conceito de "utensilhagem mental", que foi o principal aporte teórico
mobilizado na "História das Mentalidades".
7. Aula
Na esteira das considerações de Michel Foucault e Pierre Bourdieu, esses temas foram
revitalizados e se tornaram fundamentais para as pesquisas históricas que atualmente estão
sendo desenvolvidas.
8. Aula
9. Aula
Por isso, a delimitação do problema de pesquisa, com seus devidos recortes, é fundamental
para a prática da pesquisa histórica. Refletir sobre essa etapa do processo de construção do
conhecimento histórico é o objetivo da nona aula dessa disciplina.
10. Aula
BIBLIOGRAFIA
ELIAS, Norbert. A Sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado. Contribuição à semântica dos tempos modernos. Rio de
Janeiro: Contraponto, 2006.
REVEL, Jacques (org.) Jogos de escala: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV, 1998.