Orientações Professor Pré-Escola I e II 2013
Orientações Professor Pré-Escola I e II 2013
Orientações Professor Pré-Escola I e II 2013
1º semestre de 2013 1
Olá Professor (a),
Neste ano de 2013, a SME-RJ dará continuidade ao trabalho iniciado em 2012, com a utilização
de Cadernos de Atividades na pré-escola. O grupamento II (cinco anos) utilizará um caderno a
cada semestre. Já o grupamento I (quatro anos) receberá o Caderno de Atividades, específico para
esse grupamento, no 2º semestre de 2013.
Para aproveitamento máximo dos Cadernos de Atividades, trazemos algumas orientações que
dizem respeito às linguagens oral e escrita e à matemática, com o intuito de ampliar o trabalho
para e com as crianças da pré-escola.
Essas orientações ancoram-se em constantes discussões acerca das finalidades da Educação
Infantil, das Orientações Curriculares para Educação Infantil do município (apontamentos sobre
algumas práticas que devem estar presentes no cotidiano da pré-escola), e, em particular, sobre a
aprendizagem inicial da leitura e da escrita, a consciência fonológica e as atividades que fomentem
essas aprendizagens.
Ao fazer a leitura do material, procure alinhar as Orientações Curriculares da Educação Infantil
(e os outros documentos municipais) e a proposta pedagógica da escola com as necessidades dos
grupamentos apresentadas durante o decorrer do ano. Considere as suas primeiras observações das
crianças (preferências, necessidades, dificuldades e histórico de cada uma: quem frequentou creche,
quem está pela primeira vez na instituição...) e siga em frente, respeitando os interesses e demandas
delas, e, ao mesmo tempo, apresentando novos desafios e aprendizagens por meio do caderno e de
outras atividades inspiradas nele.
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Introdução
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (MEC/SEB, 2010), nos seus artigos 3º e 4º,
postulam que “o currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular
as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a
5 anos de idade”; e “as propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro
do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas
que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (pág. 12
e 13). Dessa maneira, as unidades de Educação Infantil devem planejar suas ações de maneira a organizar
experiências que permitam que as crianças tenham vivências adequadas para elas e que também promovam
interações em diversos níveis: com pessoas, conhecimentos e diferentes materiais.
Para que as crianças participem ativamente de seus processos de aprendizagem, é importante que os
adultos as ouçam, observem e conversem com elas sobre suas demandas e interesses. A partir dessas
interações, o planejamento sistemático e cuidadoso das situações e a organização dos ambientes devem ser
feitos de maneira que as crianças permaneçam curiosas e entusiasmadas por conhecer o mundo ao seu redor e
interagir de diversas maneiras com ele. O planejamento e a organização, no entanto, não só nos alertam para a
responsabilidade que nós, profissionais da educação infantil, temos nesse cenário, como também exigem que
estejamos atentos à variedade de situações nas quais as infâncias se desdobram. É preciso que nos
mantenhamos atentos às diferentes demandas que as crianças apresentam, atendendo a seus interesses e
necessidades, guiando-as no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. As experiências planejadas
devem refletir a identificação de interesses e necessidades e incluir possibilidades nas diversas áreas do
conhecimento e nas diferentes linguagens.
Nosso principal papel, como professores da Educação Infantil, é o de planejar atividades e experiências
que ampliem o conhecimento das crianças e a sua visão acerca do mundo, das pessoas, dos objetos e das
Atualmente,
relações entrehá um grande debate sobre o que e como devemos proporcionar às crianças durante o
esses.
As Orientações Curriculares Para a Educação Infantil (OCEI, 2010) propõem que a construção do
conhecimento pela criança se dê por meio das relações dessas com os adultos e com as outras crianças,
reconhecendo e incluindo suas sugestões e demandas para que novos saberes sejam elaborados por todos, em
uma ação conjunta, mediada e seguida de registros sobre o processo de aprendizagem. Os conteúdos que
permeiam as relações e introduzem conhecimentos devem estar em consonância com as possibilidades e
interesses das crianças, ou seja, devem ser pertinentes e adequados aos diferentes grupos.
Nesse cenário, a sequência das atividades/experiências sobre um tema/tópico/assunto propostas às
crianças deve estar em consonância com os projetos individuais e coletivos do grupo, abrindo possibilidades
para que elas possam se expressar por meio das experiências vivenciadas na pré-escola e para que os
professores possam acompanhar o seu desenvolvimento e sugerir novos caminhos, apoiando os seus
interesses.
O registro das atividades/experiências sobre o assunto escolhido pode tomar vários formatos. No entanto, a
complexidade dos assuntos deve ser cautelosamente programada e assistida, ao longo das conversas e
discussões com as crianças. Isso quer dizer que, ao identificar um assunto, o professor prepara diversas
possibilidades de vivências, experiências e atividades, observando a capacidade e o nível de compreensão de
cada uma delas e as suas possibilidades de avançarem no conhecimento, para que a própria criança venha a
incluí-las no seu repertório de possibilidades e registros.
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É importante que o professor trabalhe de maneira paciente e calma para que consiga ouvir as crianças e
reconhecer as contribuições delas nos vários momentos do processo ensino-aprendizagem e, ainda, esperar
que elas cheguem às próprias conclusões a partir da mediação do próprio professor e/ou dos colegas.
É importante visualizar a ordem do desenvolvimento das atividades, fazendo relação entre elas. Ou seja, ao
invés de apenas propor, diariamente, as atividades isoladas que considera importantes para as crianças, o
professor deve prestar atenção no processo de construção do conhecimento/habilidade para que a atividade
faça sentido no contexto mais amplo da aprendizagem e tenha significado para a(s) criança(s). Isso quer dizer
que as atividades planejadas devem estar relacionadas, demonstrando uma lógica que resgata experiências
anteriores, introduz as atividades planejadas e pode dar indicações das que virão a seguir.
Para organizar tais situações de aprendizagem que farão sentido para as crianças o professor precisa então,
se perguntar:
Quais os conceitos/experiências/ conteúdos/indagações/relações que as crianças me trazem
diariamente?
Quais os conceitos/experiências/atividades que pretendo introduzir e desenvolver a partir da
necessidade expressa pelo grupo?
Quais habilidades que eu, como professor, pretendo que desenvolvam? Como pretendo encaminhar
esse processo?
Quais as possibilidades de temas para trabalhar novos conceitos a partir de conceitos já aprendidos e
utilizados?
Quais as palavras novas que elas têm dito/aprendido? Como eu, professor, registro? E as crianças,
como podem registrar?
Qual a relação entre o que vivemos aqui na escola e os temas/assuntos trazidos por mim, professor, ou
pelas crianças?
Quais as decisões que tomo para introduzir a sequência dos fatos/atividades/experiências no dia a dia
do grupo?
O que devo observar antes de introduzir novos conceitos/conhecimentos?
Sobre o que elas, as crianças, conversam comigo e com seus pares?
Tenho planejado situações que lhes permitam expandir seu conhecimento? Quais?
Como as crianças aproveitam as situações vivenciadas para ampliar suas experiências, seu vocabulário
e suas relações?
Como as crianças se remetem aos conhecimentos adquiridos para fazerem planos, construírem
hipóteses, explicarem fenômenos, trazerem ideias e opiniões e se expressarem?
Quais são as principais características das crianças de 4 anos?
Quais os interesses das crianças de 4 anos? Quais atividades motivam mais as crianças?
Quais são as principais características das crianças de 5 anos?
Quais os interesses das crianças de 5 anos? Quais atividades motivam mais as crianças?
Conhecer muito bem a proposta curricular vigente (Orientações Curriculares para a Educação Infantil
Caderno de Planejamento na Educação Infantil, além dos documentos federais: Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil- RCNEI e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação infantil -
DCNEI).
Conhecer bem as crianças e as características de cada faixa etária.
Planejar situações de aprendizagem que propiciem experiências significativas, apropriadas e
pertinentes, que contemplem todas as áreas do currículo.
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Saber o ponto de partida e vislumbrar onde se quer chegar, visualizando os objetivos e metas.
Desenvolver uma rotina que contemple atividades individuais (que expressem interesses pessoais);
atividades em pequenos grupos (que possibilitem relações próximas e laços afetivos); atividades em
grande grupo (em que usufruam da companhia do grupo todo) e em áreas externas e internas.
Registrar o caminho percorrido com e pelas crianças.
Essas informações têm como principal objetivo apresentar uma forma de trabalhar o Caderno de Atividades
que não se restrinja somente às atividades ali contidas. É importante que as atividades do caderno estejam
contextualizadas e que sejam parte de um planejamento mais abrangente que dê às crianças várias
possibilidades de expandir sua aprendizagem e conhecimento. É necessário que as crianças tenham acesso ao
caderno sempre que quiserem para consultas e revisão e que se remetam a ele ao desenvolverem outras
atividades. Estas são valiosas oportunidades de aprendizagem para a criança e para o adulto que aprende mais
sobre a criança, seus pensamentos e intenções.
As metas da Educação Infantil nos orientam, de forma geral, em relação àquilo que desejamos que as
crianças usufruam durante a Educação Infantil. Essas metas esclarecem ainda sobre a importância de que, ao
planejar e executar as atividades, tenhamos sempre em mente aquilo que se espera que as crianças obtenham
e consigam fazer de forma autônoma e por meio de mediações. Isto não significa o engessamento das
atividades e dos conteúdos das aprendizagens propostos. Ao contrário, possibilita criar novas formas de
relação, interação e trocas de conhecimento.
Esperamos que o trabalho com o Caderno de Atividades esteja inserido na proposta e planejamento
pedagógico da unidade, respeite o processo de aprendizagem das crianças e seja inspiração para o
desenvolvimento de novas atividades relacionadas ao conteúdo do caderno, ampliando as possibilidades e
oportunidades de aprendizagem. O caderno foi elaborado a partir das Orientações Curriculares para a
Educação Infantil, dos objetivos e habilidades ali contidas, e das metas estabelecidas para a Educação Infantil
municipal.
Além das metas relacionadas acima, é importante destacar que o município do Rio de Janeiro aderiu ao
PNAIC1, um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e
municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º
ano do Ensino Fundamental. Nesse Pacto, o município do Rio de Janeiro assumiu como meta para a Educação
Infantil ter: “Toda criança da Educação Infantil imersa em ambiente letrado e iniciando o seu processo de
alfabetização”.
A próxima sessão dessas Orientações ao Professor será dedicada a aspectos importantes dos processos de
desenvolvimento da linguagem oral, da leitura e da escrita, processos esses que se dão ao longo de toda a
primeira infância. A intenção é esclarecer e apoiar o trabalho proposto pelo Caderno de Atividades da criança,
subsidiando a expansão do planejamento pedagógico para outras atividades, tanto na área das linguagens,
quanto nas demais áreas do conhecimento.
Bom trabalho!
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Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
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Aprendizagem e desenvolvimento da linguagem oral, leitura e escrita
As Orientações Curriculares para a Educação Infantil (OCEI) da rede municipal do Rio de Janeiro apontam
para o direito das crianças de se desenvolverem integralmente por meio das experiências com as diferentes
linguagens. Nesse documento, encontramos o currículo, com as metas e os objetivos para as turmas de pré-
escola, conforme abaixo transcritos:
Assim, “o trabalho com a oralidade, a leitura e a escrita é então entendido como processo, como
experiência socialmente construída e explorada em toda a sua complexidade...” (OCEI, pág. 20).
Nessa direção, para que as crianças se apropriem da riqueza de possibilidades que cada linguagem
oferece, é importante que os adultos organizem, sistematicamente, experiências focadas em cada uma delas.
“(...) o tempo e o espaço na Educação Infantil devem ser vividos e organizados considerando as demandas das
crianças e suas práticas do dia a dia, além da crença de que cabe à Creche, Pré-escola e EDI proporcionar de
forma intencional oportunidades para aprendizagens e desenvolvimento da criança”. (OCEI, pág.10).
Cabe ao professor compreender as metas, destacar os objetivos, preparar atividades e observar os
interesses das crianças para, então, desencadear diálogos e registros que as auxiliem a visualizarem claramente
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o conteúdo de suas aprendizagens, além de perceberem suas contribuições e se utilizarem do conhecimento
adquirido.
A criança aprende quando ela mesma percebe o seu conhecimento e o usa quando precisa, tanto
para avançar no seu próprio processo de desenvolvimento, quanto para resolver problemas/questões
que surgem em seu cotidiano.
É muito importante que elas possam ter contato constante com o que queremos que aprendam, pois elas
aprendem por meio da observação daquilo que propomos e apresentamos, do diálogo esclarecedor com os
adultos e seus pares e do registro desses diálogos e dessas observações. Essas possibilidades de observar,
discutir coletivamente e registrar, devem ser contempladas sistematica e cotidianamente no planejamento,
oportunizando que as crianças aprendam participando e agindo sobre o seu próprio processo de
aprendizagem.
Consideramos, ainda, que as crianças aprendem, também, por meio da imitação do que vivenciam
cotidianamente. Entendemos que imitar é uma ação genuína do ser humano, importante para a construção da
sua identidade pessoal e da ampliação de suas possibilidades de se relacionar socialmente.
A criança, por exemplo, quando reproduz na brincadeira do faz de conta uma fala da mãe ou quando imita o
modo de agir da professora ao contar histórias, está demonstrando a sua compreensão sobre essas situações e
sobre os papéis que elas desempenham, além de revelar o seu imaginário sobre “ser mãe” e “ser professora”
que apreende nos livros, nas histórias, nas novelas... construindo o seu próprio modo de ser e agir.
Da mesma forma, quando reproduz situações de leitura e escrita, ela está demonstrando o que está em
processo de aprendizagem e também o que já sabe. Por isso, a nossa tarefa, enquanto educadores, é a de
promover, valorizar e vivenciar com as crianças situações em que o uso da linguagem oral e escrita seja
necessário e esteja dentro de um contexto significativo para elas.
É parte importante dessa tarefa identificar aquilo que elas já sabem, para que possamos desafiá-las e apoiá-
las apropriadamente. Acompanhar cada uma delas torna-se essencial no processo de escolha das atividades
diárias que oferecemos com vistas ao desenvolvimento da linguagem oral, do letramento e à aquisição do
sistema de escrita alfabética por nossas crianças. Acreditamos que “(...) é vivendo a linguagem oral no dia a dia
que a criança vai aprendendo a fazer uso da mesma, se apropriando de seu funcionamento e descobrindo a
possibilidade de registro. O mesmo processo inserido em usos no cotidiano aplica-se também à linguagem
escrita. A construção da escrita é longa e se inicia nos primeiros anos de vida.” (OCEI, pág. 19).
Segundo Emília Ferreiro (1999), a criança, no contato com o mundo letrado (em seus brinquedos, nos
cartazes publicitários ou nas placas informativas, na sua roupa ou na TV, por exemplo), vai construindo
diferentes hipóteses sobre a linguagem escrita. Assim, ela observa ali, pergunta aqui e ousa se expressar
graficamente para encontrar respostas e possibilidades de representação dessa linguagem.
Esse processo de aprendizagem inicial da leitura e da escrita não é simples. Nessa “ebulição” de ideias,
saberes, dúvidas e convicções, as crianças vivenciam conflitos cognitivos e buscam a comprovação (ou não) de
suas hipóteses pela vivência de uma experiência concreta com a palavra.
O quadro a seguir apresenta um pouco desse percurso de pensamento (hipóteses) da criança sobre como
representar a língua escrita.
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A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA PELA CRIANÇA
CONCEITUAÇÃO EXEMPLO
PRÉ-SILÁBICO Nessa fase, geralmente as crianças criam suas próprias
escritas na tentativa de imitar a escrita dos adultos e inventam
formas gráficas (desenhos, garatujas ou rabiscos). Acreditam
que precisam de muitas letras para escrever o nome de coisas
grandes e que coisas pequenas têm nomes pequenos. Quando
começam a fazer uso das letras, geralmente usam as do
próprio nome e misturam números e letras em sua escrita.
Não estabelecem vínculo entre a a fala e a escrita, ou seja, não
fazem a correspondência entre as letras e os sons.
Hipótese do nome: imaginam que a escrita serve para nomear
os objetos. À medida que vão participando de situações de
escrita, como produções de textos coletivos, por exemplo, vão
desestabilizando essa hipótese.
Princípio da quantidade mínima: supõem que para algo ser
CINDERELA
lido, precisa ter, no mínimo, dois caracteres.
Princípio da variedade interna: para se escrever uma palavra
é preciso variar as letras.
SILÁBICO Nessa fase, começam a ter consciência de que existe alguma
relação entre a pronúncia e a escrita; começam a desvincular
a escrita das imagens e os números das letras. As letras
CINDERELA
podem, ou não, ser pertinentes ao valor sonoro. No entanto,
(escrita sem valor sonoro)
sempre há correspondência entre a quantidade de letras e a
quantidade de sílabas das palavras. As crianças já supõem que
MULHER GATO
a menor unidade da língua seja a sílaba e, em frases, podem
escrever uma sílaba para cada palavra.
(escrita com valor sonoro)
A evolução do processo de construção da escrita pela criança não é linear, como o quadro pode PARECER
sugerir. Em alguns momentos, a criança volta a utilizar formas gráficas presentes nas etapas anteriores, numa
tentativa de organizar suas ideias. Como exemplo, uma criança que já utilizava letras, volta a fazer linhas
serrilhadas para escrever algo que nunca escreveu.
Também nesse processo, a escrita da criança, do ponto de vista do sistema alfabético oficial/ortográfico,
pode não ser “correta”. Porém, do ponto de vista do percurso de pensamento e da compreensão da criança, é
correta. Ao produzir suas escritas, ela não está “comendo letras”, mas utilizando os recursos de que dispõe,
naquele momento, para representar suas hipóteses.
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Isso é o que Emilia Ferreiro chama de “erro construtivo”, ou seja, um erro que faz parte de um caminho já
construído pela criança. Não se trata de falta de atenção, de pouca memória ou desleixo. Ao contrário,
demonstra o quanto a criança já avançou em sua aprendizagem e nos dá dicas de como agir a seguir.
Nesse sentido, as atividades de escrita espontânea são ótimas oportunidades para que a criança possa
expressar o que entende sobre o ler e o escrever. A partir dessas atividades os adultos podem valorizar as
produções infantis e fazer as intervenções adequadas, além de promover situações em que outros parceiros,
principalmente os próprios colegas de turma, contribuam com suas experiências para o percurso de cada
criança em direção à escrita alfabética.
Lembramos que a apropriação da linguagem escrita não pode se dar de maneira decontextualizada para
a criança ou de maneira impositiva e arbitrária, pois nossas crianças vivem em uma sociedade letrada e
percebem a leitura e a escrita em diferentes situações de seu dia a dia, o que torna a leitura e a escrita
atividades de seu cotidiano. Devemos, portanto, considerar essas experiências ao planejarmos as ações
pedagógicas, para que as situações de aprendizagem sejam significativas e contextualizadas.
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Oralidade e consciência fonológica
Compreendemos que é falando e se expressando que as crianças, de fato, aprendem a utilizar a língua e se
tornam capazes de organizar e expressar o seu pensamento por meio da fala, para, posteriormente, fazê-lo por
meio da escrita. Dessa forma, devemos planejar atividades de linguagem que incluam ouvir as crianças
individualmente e em pequenos grupos, registrando com elas o que foi dito e criado, pensado e organizado,
apresentando possibilidades pertinentes ao grupo de crianças em questão.
Na Educação Infantil, é muito importante que as crianças percebam que a língua tem, como princípio,
também o som. Essa percepção não é evidente para as crianças pequenas, pois essas se apropriam primeiro da
língua como significado e associam as palavras às características e atributos dos objetos que essas nomeiam.
Isso pode ser observado no exemplo a seguir:
Por isso, é necessário planejar atividades que dêem ênfase ao desenvolvimento da consciência fonológica,
que nada mais é do que “...a percepção de que a fala é sonora, é composta de sons, percepção que se
evidencia nas habilidades de identificar e manipular partes da língua falada: palavras, sílabas, rimas,
aliterações”.
As crianças podem, por exemplo:
Brasil. Ministério da Educação. Diretoria de apoio à gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização
na Idade Certa. Aprendizagem do sistema de Escrita Alfabética. Unidade 3/ano 1.Brasília/2012.
Instigar as crianças a reproduzirem diferentes sons; falar claramente, chamando a atenção para a
sonoridade do ambiente, das palavras, das sílabas e dos fonemas; destacar os sons iniciais e finais; trazer
diferentes jogos e brincadeiras com as palavras que contemplem rimas, aliterações ou que destaquem as
sílabas das palavras devem ser ações contempladas diariamente no planejamento. Podemos utilizar o nosso
vasto repertório de cantigas, parlendas e trava-línguas, assim como o repertório das músicas populares
brasileiras que as crianças conhecem, gostam e apreciam cantar/tocar.
A exploração oral dessas “nuances” sonoras da língua, citadas acima, deve acontecer, cotidianamente, nas
brincadeiras, nos diferentes espaços da instituição e nas situações de conversa em grandes e pequenos grupos.
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Após a ampla exploração oral, registrar esses sons junto com as crianças deve ser também ação contemplada
no planejamento.
Essas possibilidades de exploração dos diferentes aspectos da sonoridade da língua devem se dar por meio
de atividades planejadas e, para que não sejam artificializadas, é preciso que observemos os interesses das
crianças, os livros que mais lhes chamam a atenção, as conversas que desenvolvem com seus pares, familiares
e professores, as brincadeiras que fazem entre si e individualmente, as intenções de registros que surgem nos
diferentes ambientes da escola – sala, pátio, refeitório, biblioteca, brinquedoteca, parque etc. e também
durante os passeios que fazem com a turma e com a família, para adequar o planejamento ao contexto que as
crinaças trazem para a sala.
De acordo com Magda Soares (2012), o foco principal da alfabetização na Educação Infantil é a percepção e
consciência do som, ou seja, a necessidade da vivência sistemática de situações que favoreçam a observação
da pauta sonora da língua (percepção do som dos textos, frases, palavras, sílabas e fonemas). O objetivo é que
a criança possa viver diferentes processos até que perceba as menores partes sonoras da língua, que são os
fonemas, e faça a transferência daquilo que escuta e/ou fala para aquilo que escreve.
A letra em “CAIXA ALTA”, por estar separada uma das outras, permite às crianças refletir sobre a
quantidade de unidades (letras), sua ordem, suas diferenças e semelhanças, enquanto estão pensando sobre
os sons das palavras. Por essa razão, na Educação Infantil, adotamos a letra em “CAIXA ALTA” para explorarmos
com as crianças, a possibilidade de corresponder uma letra para cada som da língua (e suas variações).
Reconhecer as propriedades das letras e sua correspondência sonora deve ser o principal desafio para as
crianças nesta etapa.
Sabemos que as crianças têm contato e vivências com diferentes formatos de letras, por meio dos
diferentes suportes textuais a que têm acesso e desejamos que isso ocorra naturalmente. No entanto,
defendemos que a letra em “CAIXA ALTA” por apresentar-se de forma estável (sem diferenciação entre
maiúsculas e minúsculas), favorece a discriminação visual entre elas e facilita o traçado, o que só traz
benefícios à criança na EI. Sendo assim, as propriedades das letras - traçado, forma e posição - serão melhor
exploradas sempre com as vinte e seis letras do alfabeto em “CAIXA ALTA”. Cabe lembrar que se as crianças
demonstrarem interesse por outras formas de escrita das letras, essas podem ser exploradas, mantendo-se
sempre a correspondência com a “CAIXA ALTA”.
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GRUPAMENTO I – 4 ANOS
Geralmente, as crianças acima de 4 anos podem conseguir fazer muitas das coisas abaixo exemplificadas
(pois esta não é uma lista exaustiva):
contar uma história memorizada ou a partir de um livro;
sequenciar elementos e fatos para compor um cenário – história, fatos, recados;
recontar uma situação, incluindo detalhes e revelando, desse modo, sua lógica de pensamento;
separar objetos com características semelhantes;
distinguir objetos e pessoas por suas diferenças;
participar de um jogo com regras simples e objetivas;
cantar músicas e dançar ao mesmo tempo;
fazer encenações, interagindo como personagens;
criar situações para brincadeiras com princípio, meio e fim;
buscar ajuda para solucionar um problema;
pegar no lápis para registrar algo no papel;
desenhar com contexto claro e representar vários personagens;
escrever a partir de suas hipóteses;
colocar um número na reta numérica;
escrever algumas palavras e reconhecer letras;
reconhecer números e compreender o seu significado;
montar jogos por meio de ilustrações, formatos variados, semelhanças e diferenças;
sequenciar fatos, a partir de figuras e ilustrações;
utilizar objetos para criar situações e contar histórias;
reconhecer animais e identificar suas características;
apreciar a natureza e descrevê-la, a partir de observação direta ou em livros;
lembrar fatos e relacioná-los com informações novas;
participar de atividades em pequenos grupos e colaborar uns com os outros;
fazer amizade, ter colegas preferidos e contar com eles para atividades em grupo;
relacionar-se com diversos colegas do grupo;
utilizar conhecimentos e raciocínio lógico ao descrever uma situação, fazendo referência, por
exemplo, a cores, formatos, números, tempo etc.
relacionar experiências familiares com o conhecimento adquirido em outras situações;
reconhecer emoções próprias e dos outros;
cuidar de si e de seus objetos pessoais;
apreciar sua privacidade (sua individualidade);
conhecer e cuidar da natureza;
pensar e executar planos para a resolução de problemas vividos e/ou propostos;
interagir com seus pares e adultos, revelando seus sentimentos, preferências, interesses e gostos;
desenhar, colorir, escrever, pintar, modelar, copiar, criar e inventar;
correr, pular, andar de velocípedes e pequenas bicicletas, jogar bola, subir e escalar;
assistir a pequenos filmes e falar sobre eles; criar outros finais para a história a que assistiram;
engajar-se em um projeto pessoal e/ou coletivo;
acompanhar o processo de crescimento e transformação de uma planta ou animal e fazer registros;
...
Continuem a preencher essa lista com aquilo que vocês, professores, pensam que elas são capazes de fazer,
além do que citamos acima!
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As crianças podem e querem registrar suas vivências das mais diversas maneiras e apreciam observar seus
avanços e a sua capacidade de explorar e conquistar o mundo. Gostam mais ainda quando têm a oportunidade
de compartilhar com os outros as suas descobertas e avanços. Poder olhar os seus próprios registros auxilia o
processo de aprendizagem, pois é revendo o que fizeram e o que aprenderam que conseguirão utilizar o
conhecimento construído para avançarem. Estes registros devem ser feitos em diferentes tipos e tamanhos de
papel, com diferentes tipos de lápis, canetas, tintas, recortes e expostos em diferentes suportes, como murais,
varais, cartazes, entre outros. Os recursos midiáticos como fotos, filmagens, gravações de áudio, CDs, DVDs,
entre outros, também são recursos importantes que podem ser visualizados no computador, televisão,
aparelho de som etc.
Ao confeccionar eses registros, as crianças devem ter a oportunidade de explorar os materias
disponibilizados de diferentes maneiras como rasgar, recortar, picotar, colar, desenhar, rabiscar, envolver,
modelar, colorir etc., produzindo seus trabalhos, se expressando e revelando sua identidade, interesses,
aprendizagens e compreensão sobre o que foi trabalhado.
A sala de aula deve dispor de cantos e materiais diversos, que instiguem a curiosidade e permitam à criança
se engajar em projetos individuais e coletivos. Alfabetários, numerários, calendários, murais, quadros de rotina,
chamada e observação do tempo devem ser construídos e reconstruídos diversas vezes ao longo do ano,
complexificando os desafios e trazendo mais informações para enriquecer as atividades, experiências e
repertórtio das crianças.
Organize também, um caderno de registros individual em que as crianças possam, ao longo do ano escolar,
registrar as suas descobertas e aprendizagens e que amplie o âmbito e o potencial de suas ações pedagógicas!
Utilize o caderno de registro das crianças como um regulador de suas ações diárias na pré-escola. Por meio
dele, você poderá visualizar o perfil de cada criança e de seus trabalhos e ainda a ação do adulto com/para as
crianças. Pode-se, também, verificar o caminhar de cada criança para que possa intervir em casos específicos e
verificar se está oferecendo uma proposta curricular equilibrada, ampla e interessante.
Esse caderno pode incluir registros de todas as áreas do currículo (OCEI, 2010). Ele possibilitará à criança o
registro de suas curiosidades, das suas hipóteses e descobertas, dos momentos compartilhados nas salas de
atividades e nos diferentes espaços da escola.
Em relação à aprendizagem inicial da língua escrita, espera-se que as crianças do grupamento I – quatro
anos, se engajem am atividades que lhes proporcionarão o desenvolvimento de habilidades tais como:
Parcialmente transcrito do documento “Projeto Alfaletrar: Ler e escrever, um direito de toda criança.” Núcleo de Alfabetização e
Letramento. Secretaria Municipal de Lagos Santa, 2011.
Ao longo do primeiro semestre de 2013, espera-se que essas turmas tenham a oportunidade de vivenciar
muitas experiências de leitura e escrita individuais e coletivas, integradas às diferentes linguagens e às
diferentes áreas do conhecimento, por meio da utilização dos diversos recursos, tais como diferentes estilos
de leitura e livros, registros e atividades de registro.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL constituem-se em materiais imprescindíveis de estudo onde o
professor e toda a equipe pedagógica poderão encontrar orientações sobre como articular as diferentes
atividades e temas abordados (tais como abordados em forma de projetos) no planejamento do trabalho com
os grupamentos.
No segundo semestre do ano de 2013, as turmas de grupamento I (com denominação EI-20,21,22...)
receberão um CADERNO DE ATIVIDADES do aluno, cujo foco estará centrado nas linguagens oral, escrita e
matemática. Tal caderno terá também como proposta a exemplificação de possibilidades de sistematização de
algumas das habilidades adequadas ao grupamento de 4 anos.
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GRUPAMENTO II – 5 ANOS
As crianças, em geral, mostram-se atentas, curiosas e ávidas por novos desafios e descobertas e as de cinco
anos não são diferentes. Em relação à aprendizagem inicial da língua escrita, elas também se mostram bastante
ativas e por isso espera-se que as crianças do grupamento II – cinco anos, tenham oportunidades diversas e
ricas para que possam desenvolver habilidades tais como as apresentadas no quadro abaixo:
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• Identificar os diferentes portadores de texto quu circulam no contexto social.
USOS PESSOAIS • Diferenciar os usos e objetivos dos diferentes portadores de texto que circulam no contexto social.
E • Identificar o tipo de informação encontrada em portadores de textos que circulam no contexto social.
SOCIAIS • Demonstrar interesse por material escrito disponível no cantinho da leitura da sala de aula e zelar por sua
organização.
DA
• Participar com interesse das atividades desenvolvidas na biblioteca da escola.
LEITURA
• Demonstrar interesse pelos livros da biblioteca, entender a sua organização e zelar por ela.
E DA • Selecionar, na biblioteca, com a ajuda da professora, livros para leitura individual, na escola ou em casa.
ESCRITA • Usar adequadamente livros e revistas sem rasgar, sujar, rabiscar e mantendo-os nos lugares a eles
destinados, na sala de aula ou na biblioteca.
Parcialmente transcrito do documento “Projeto Alfaletrar: Ler e escrever, um direito de toda criança.” Núcleo de Alfabetização e
Letramento. Secretaria Municipal de Lagos Santa, 2011.
Espera-se que os Cadernos de Atividades não sejam o suporte principal da dinâmica de trabalho para
estes grupamentos. Ao contrário, espera-se que eles sejam materiais exemplificadores de possibilidades de
atividades a serem desenvolvidas pelos professores e complementem as propostas que esses trazem,
tornando-se assim um instrumento enriquecedor das possibilidades desses grupos.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL constituem-se em materiais imprescindíveis de estudo onde o
professor e toda a equipe pedagógica poderão encontrar orientações sobre como articular as diferentes
atividades e temas abordados (tais como abordados em forma de projetos) no planejamento do trabalho com
os grupamentos.
Sabe-se que em função da organização interna da escola, há a necessidade de, em algumas situações,
formar turmas mistas de pré-escola. Tal organização não impossibilita ao professor a oferta de propostas
adequadas a cada criança, dentro das necessidades de sua faixa etária.
A distribuição dos cadernos será feita, respeitando-se a denominação das turmas. Isso significa que turmas
com denominação EI - 10,11,12... receberão o CADERNO DE ATIVIDADES DA PRÉ-ESCOLA II, ainda no primeiro
semestre de 2013 e que as turmas com denominação EI-20,21,22... receberão o CADERNO DE ATIVIDADES DA
PRÉ-ESCOLA-I apenas no segundo semestre de 2013.
Reiteramos que a professora da turma deve buscar fazer as adequações necessárias à utilização dos
cadernos por toda a turma. Reforçando o que já dissemos anteriormente, o CADERNO DE ATIVIDADES deve se
constituir em uma ampliação do trabalho já planejado e realizado pelas turmas, e não o único suporte para
este trabalho.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL configuram-se como materiais imprescindíveis de estudo para o
professor, que poderá encontrar nesses materiais a proposta curricular oficial da SME-RJ e as orientações sobre
como articular as diferentes linguagens no planejamento do trabalho com os grupamentos.
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Trazemos abaixo algumas sugestões para a prática cotidiana na Educação Infantil que podem favorecer a
presença de atividades que fomentem o interesse das crianças pelo registro espontaneo, pela leitura e pela
escrita. Sugerem-se também algumas formas de o(a) professor(a) trabalhar para ampliar este cenário. São
sugestões que podem ser ampliadas criando-se novas situações de interação e aprendizagem. Magda Soares
sugere que as crianças devem ter a oportunidade de vivenciar atividades relacionadas à escrita e leitura,
sistematicamente planejadas, todos os dias. Desta forma, terão garantido o seu direito a estas aprendizagens.
O NOME DA CRIANÇA
O nosso próprio nome é extremamente significativo. É o primeiro texto com contexto que
recebemos ao nascer. As crianças precisam ter contato diário com seu nome escrito:
observar as formas de suas letras;
perceber semelhanças e diferenças;
fazer compações com os dos amigos;
observar tamanho, comparar quantidade de letras;
falar e observar seus sons, percebendo as partes de seu nome;
perceber que o seu som inicial se parece com de outras palavras, assim como o final.
Ccriança escrevendo o nome na folha em
Na pré-escola a criança deve ser incentivada, diariamente, a escrever seu próprio nome
que irá desenhar. para identificar seus trabalhos, o nome de seus amigos mais próximos e outros nomes de seu
cotidiano...
A ORALIDADE
A criança aprende a falar falando e escutando. A escola precisa garantir momentos para
que as crianças se expressem de formas diferenciadas: narrar uma história, contar um caso,
transmitir recados, planejar junto ao professor o que vai desenhar ou construir, enfim, falar
e escutar seus amigos.
O trabalho com a oralidade deve ser intencionalmente planejado. Ampliar as
possibilidades de comunicação oral permite à criança a apreensão de um instrumento
Crianças na roda de conversas.
necessário não só para a vida escolar, mas para a vida em sociedade. A oralidade pode
contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da criança tanto na aprendizagem
como no desenvolvimento social, pessoal e cultural, proporcionando o saber ouvir, respeitar
a fala do outro, organizar as idéias e expor o seu ponto de vista
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ESCRITA ESPONTÂNEA
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LEITURA PELO PROFESSOR
Todo os textos sugeridos devem ser lidos previamente pelo professor. Os textos podem
ser os livros de literatura e informativos, as poesias, as parlendas, as músicas, os trava-
línguas, além dos comandos das atividades. É interessante, também, antecipar com as
crianças o conteúdo do texto a partir do título e/ou do formato. Por exemplo: Sobre o que
será esse texto? Qual é a sua estrutura? Uma música, uma poesia, uma receita culinária, um
conto? De que será que esse texto fala? Será que tem personagens? Explore bastante a
leitura desses textos junto com as crianças. Marque as rimas, envolva palavras iguais, que
comecem ou terminem com a mesma letra, conte o número de palavras e de frases,
reescreva o texto, entre outras possibilidades. As crianças também podem ler os textos com
Professora lendo um livro para as
crianças.
a ajuda do professor, acompanhar com os dedinhos, localizar as palavras iniciais e finais das
frases, por exemplo.
É importante que após as atividades de leitura, o professor proponha conversas sobre o
texto lido, de modo a ajudar a criança a construir significados com base no que escutou.
Lebre-se de que ler e contar histórias são propostas com objetivos diferentes:
na leitura a história é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor; o
leitor deve se manter fiel ao que está escrito; com isso, podemos desenvolver o
comportamento leitor das crianças; elas conhecem o portador e seus elementos (texto
e imagens);
na contação de histórias, a trama sempre sofre pequenas modificações, já que o
contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela; ele nunca conta
uma história da mesma forma, o que possibilita ampliar o repertório da cultura oral,
que se perpetua na forma e sofre mudanças de conteúdo de geração em geração.
LETRAS MÓVEIS
Utilizar as letras móveis, sejam elas de plástico, papel, E.V.A, madeira ou outro material,
contribui para que a criança vivencie uma série de possibilidades de tomada de decisões
sobre como escrever. Sua atenção irá se voltar para a escolha de qual (quais) letras vai usar e
em que ordem, ao invés de se preocuparem com a forma como vão traçar essas letras,
permitindo-lhe vencer até mesmo as limitações motoras com relação a esse traçado.
ATIVIDADES DE MATEMÁTICA
Na pré-escola, as crianças podem realizar muitas atividades que envolvem as ações de
observar, medir, comparar, classificar e registrar dados matemáticos. Criar e analisar gráficos
e tabelas permite que elas se apropriem de conceitos matemáticos que vão muito além da
simples recitação de sequencias numéricas e da associação algarismo & quantidade. Podem,
por exemplo, observar, entre seus colegas de turma: a criança mais alta, a mais baixa, com a
mesma altura e peso e, ainda, se a mais velha é a mais alta e vice e versa, fazendo a
comparação entre diversos elementos e não somente entre quantidades. As crianças são
capazes de analisar e comparar formas, grandezas e medidas de diversos objetos, do
Crianças preparando um bolo para um ambiente e do próprio corpo. Podem, também, estimar, criar e resolver problemas acerca de
lanche coletivo. situações cotidianas utilizando as ações de acrescentar, agregar, segregar, retirar, repartir,
entre outras. Desta forma, se apropriam significativamente desses conceitos.
É importante também destacar que os algarismos não existem apenas para quantificar
objetos. É preciso ter cuidado para não confundir número, numeral e algarismo, em seus
conceitos. Por exemplo: o numeral 193 representa uma quantidade (número) e é escrito com
os algarismos 1, 9 e 3. Minha senha bancária tem quatro algarismos e não 4 números. Os
algarismos e numerais são utilizados em outras funções que não apenas a de quantificação.
Por exemplo: identificação da linha de ônibus, do documento de identidade, do telefone,
entre outros.
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INTEGRAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES ÁREAS DO CONHECIMENTO
JOGOS
Os jogos desenvolvem o raciocínio lógico, a observação, a persistência, a aprendizagem de
regras simples, a socialização, entre outros conteúdos relacionados às diferentes áreas de
conhecimento.
ALFABETÁRIOS
Ao longo do ano, muitos alfabetários devem ser construídos com/pelas crianças. Eles
constituem-se em textos fixos, construídos no contexto da turma e que podem ser
consultados pelas crianças em diversas situações de leitura e escrita.
LITERATURA
Um boa seleção de títulos a serem disponibilizados na sala deve considerar a variedade de
temas, gêneros (contos, informativos, científicos, poesias..) e gostos do grupo.
Esse acervo deve estar ao alcance das crianças para que possa ser explorado em diferentes
momentos do dia.
A pré-escola é um período valioso, reconhecido legalmente como um direito de todas as crianças. Preparar-
nos para atuar com e para as crianças, organizar o ambiente que fomente e subsidie as aprendizagens,
interagir de maneira intencional e cordial com todas as crianças para que elas usufruam positivamente desta
oportunidade educativa é nosso dever diário!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, M. et. al. Consciência Fonológica em crianças pequenas. Artmed. Porto Alegre, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretoria de apoio à gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa. Aprendizagem do sistema de Escrita Alfabética. Unidade 3/ano 1. Brasília, 2012.
LAGOA SANTA. Projeto Alfaletrar: Ler e escrever, um direito de toda a criança. Núcleo de Alfabetização e
letramento. Secretaria Municipal de Educação de Lagoa Santa, MG, 2011.
RIO DE JANEIRO. Cadernos Pedagógicos volume I: Planejamento na Educação Infantil. Secretaria Municipal de
Educação do Rio de Janeiro, 2011.
RIO DE JANEIRO. Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do Rio
de Janeiro, 2011.
SEBER, Maria da Glória. A Escrita infantil, o caminho da construção. Scipione, São Paulo, 2010.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Autêntica, Belo Horizonte, 1998.
SOARES, Magda. Simplificar sem falsificar. In: Guia da Alfabetização. Revista Educação - Publicação Especial.
Editora Segmento, vol. 1. São Paulo, 2009.
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