Papel Do Transporte Na Estratégia Logística
Papel Do Transporte Na Estratégia Logística
Papel Do Transporte Na Estratégia Logística
LOGÍSTICA
O transporte é uma das principais funções logísticas. Além de representar a maior
parcela dos custos logísticos na maioria das organizações, tem papel fundamental no
desempenho de diversas dimensões do Serviço ao Cliente. Do ponto de vista de custos,
representa, em média, cerca de 60% das despesas logísticas, o que, em alguns casos, pode
significar duas ou três vezes o lucro de uma companhia, como é o caso, por exemplo, do setor
de distribuição de combustíveis.
As principais funções do transporte na Logística estão ligadas basicamente às
dimensões de tempo e utilidade de lugar. Desde os primórdios, o transporte de mercadorias tem
sido utilizado para disponibilizar produtos onde existe demanda potencial, dentro do prazo
adequado às necessidades do comprador. Mesmo com o avanço de tecnologias que permitem a
troca de informações em tempo real, o transporte continua sendo fundamental para que seja
atingido o objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar
certo ao menor custo possível.
Muitas empresas brasileiras vêm buscando atingir tal objetivo em suas operações. Com
isso, vislumbram na Logística, e mais especificamente na função transporte, uma forma de obter
diferencial competitivo. Entre as iniciativas para aprimorar as atividades de transporte,
destacam‐se os investimentos realizados em tecnologia de informação, os quais objetívam
fornecer às empresas melhor planejamento e controle da operação, assim como a busca por
soluções intermodais que possibilitem uma redução significativa nos custos. São inumeros os
exemplos de empresas com iniciativas desse tipo, destacando‐se entre elas Souza Cruz, Coca‐
Cola, Alcoa, OPP‐Trikem, Brahma,
Martins, Dow Química, entre outras.
Ao longo desta seção, a função transporte será tratada inicialmente sob a perspectiva de
integração às demais funções logísticas. Em seguida, os cinco diferentes tipos de modais serão
classificados sob a óptica de custos e serviço. Também serão tratadas as questões que tornam a
matriz de transporte brasileira desbalanceada. O artigo encerra‐se com uma discussão sobre os
impactos que a tecnologia de informação, mais especificamente a Internet, vêm causando na
gestão do transporte.
Uma vantagem primordial desse sistema é ter uma visão de processos e estar orientado
para as atividades da empresa. Entre outras vantagens, também se podem destacar:
O Regime de Competência está associado à ocorrência dos fatos e o Regime de Caixa, aos
pagamentos ou recebimentos. Por exemplo, podemos contratar um operador logístico que prestará seus
serviços no mês de janeiro, mas só iremos pagar‐lhe no mês subsequente, fevereiro. Em termos contábeis,
ou seja, para apuração do resultado de uma operação e seus reflexos patrimoniais, esse gasto é de
competência do mês de janeiro, mas em termos de Fluxo de Caixa será um componente da movimentação
do mês de fevereiro. Os gastos desembolsáveis são aqueles que irão afetar o caixa da empresa quando
consumidos, como, por exemplo, os custos de transportes, enquanto os não desembolsáveis são aqueles
considerados econômicos, ou seja, afetam o resultado econômico da empresa mas não afetam o caixa no
curto prazo, tal como a depreciação de um veículo;
• Investimentos: contemplam os recursos comprometidos para funcionamento específico.
São os gastos ativados, ou seja, que fazem parte do ativo da empresa, compostos por bens
e direitos, de propriedade da empresa e que beneficiarão os exercícios, presente e futuro.
De acordo com nosso foco, todos os ativos logísticos, tais como equipamentos de
movimentação, veículos, instalações, prateleiras, os próprios estoques etc, podem ser
considerados como Investimentos. A tendência atual, aliás, é terceirizar algumas atividades
como, por exemplo, serviços de transportes de operadoras logísticas que são especializadas
nesta área, otimizando, de forma eficiente, os investimentos envolvidos nos processos
logísticos. Por outro lado, as empresas, geralmente, têm como objetivo produzir e vender,
sem muita habilidade para distribuir seus produtos, não otimizando de forma eficiente os
investimentos aplicados em Logística; e
• Perdas: estão associadas, segundo Martins (2003), aos bens ou serviços consumidos de
forma anormal ou involuntária, ou seja, algo inesperado, tal como a obsolescência dos
estoques. Podemos, também, associar as perdas às falhas e aos desperdícios incorridos no
processo, por exemplo, com atividades que não agregam valor e precisam ser minimizadas
ou eliminadas.
Continuando o raciocínio e focando, efetivamente, no que nos interessa nesta obra, cabe‐nos
ressaltar, como contadoras que somos, que a Teoria da Contabilidade segrega os gastos em despesas e
custos:
• Despesas: são todos os gastos incorridos no esforço de obter receitas. Por exemplo, um
gasto com propaganda e publicidade realizado pela área de marketing para obtenção de
clientes e, consequentemente, obter receita, assim como o gasto com frete da distribuição,
é contemplado contabilmente, na Demonstração de Resultados Societária, como Despesas
Comerciais. Os gastos com a Controladoria, normalmente, são Despesas Administrativas;
* custos: são gastos relacionados aos sacrifícios dos recursos ocorridos no processo produtivo.
Poderíamos considerar como custo a depreciação das empilhadeiras (ativos logísticos) assim como a
mão‐deobra do pessoal envolvido na função de armazenagem de matéria‐prima.
Martins (2003) comenta que inúmeras empresas prestadoras de serviços passaram a utilizar os
princípios e técnicas de Contabilidade de Custos, em razão da similaridade da situação, tratando seus
gastos como custos. Como a atividade de Logística é, eminentemente, prestadora de serviços para outras
atividades da empresa, os consumos dos recursos associados a esta atividade serão tratados aqui corno
custos, de maneira similar à tratada pelos autores e profissionais ligados à atividade de Logística.
Os custos são elementos essenciais, considerados nas estratégias competitivas de uma empresa.
Sink e Tuttle (1993, p. 67) afirmam que "em algumas linhas de produtos ou serviços, o custo é o principal
determinante do sucesso competitivo" e a competitividade continuará a forçar uma grande preocupação
com custos em todos os processos de negócios e segmentos da economia. Isso vale para o estratégico
macroprocesso de Logística.
A partir deste ponto, então, só falaremos em Custos Logísticos, sobre os quais o Instituto dos
Contadores Gerenciais ‐ IMA (1992), em um documento sobre seu gerenciamento, expressa:
"Os Custos Logísticos são os custos de planejar, implementar e controlar
todo o inventário de entrada (inbound), em processo e de saída (outbound),
desde o ponto de origem até o ponto de consumo."
Esta conceituação está em linha com o que foi discutido na Parte I, ao considerar os Custos
Logísticos como aqueles em que a empresa incorre ao longo do fluxo de materiais e bens, dos
fornecedores à fabricação (Logística de Abastecimento), nos processos de produção (Logística de Planta)
e na entrega ao cliente, incluindo o serviço pós‐venda (Logística de Distribuição), buscando a
minimização dos custos envolvidos e garantindo a melhoria dos níveis de serviço aos clientes.
De acordo com o conceito de Logística Integrada, visando a obter o menor custo total possível,
para que uma organização de natureza industrial, comercial ou prestadora de serviços possa gerenciar
seus custos, é essencial que se tenha conhecimento de alguns conceitos aplicáveis à gestão da Logística,
que serão utilizados no decorrer desta obra.
6.2 Conceitos de custos aplicáveis à logística
Neste tópico, serão descritos alguns conceitos de custos aplicáveis à gestão da Logística, que
serão inseridos no contexto do estudo dos Custos Logísticos. É importante que os gestores do sistema
logístico compreendam e utilizem uma série de informações de custos, bem como o comportamento de
cada um deles.
Bloomberg et ai. (2002) sugerem que os custos sejam segregados em: di‐retos e indiretos, fixos,
variáveis e semivariáveis, irrecuperáveis (sunk costs) e incrementais ou marginais. Cada um desses custos
revela uma importância única para a tomada de decisões em Logística e, dessa maneira, os
classificaremos da forma que se pode observar no Quadro 6.1.
1Conforme afirma Assaf (2001, p. 237), o Custo de Capital "equivale aos retornos exigidos pelos credores da
empresa e por seus proprietários
contemplado no resultado económico da empresa. Cabe ressaltar ser necessário que, nas tomadas de
decisões de manter ou não os estoques ou outros ativos logísticos, os gestores estejam conscientes da
existência desses custos financeiros.
Para que seja aplicado este conceito, segundo Nascimento (1998), deve‐se reconhecer a
existência dos juros sobre o capital empregado (ativos) nas operações. A contabilização desses juros é
defendida por Anthony (1973), que ressalta que "os juros são elementos de custos e, comotal, devendo
ser tratados como os outros fatores de produção". Pensando desta forma, este autor desenvolveu uma
metodologia para a mensuração e contabilização do custo do capital próprio, que se baseia na estimativa
de um custo ponderado de capital, que será a base para a mensuração do custo do capital, a ser agregado
ao valor dos Ativos (Estoques ou Imobilizados) ou, no caso dos Custos Logísticos, tendo como
contrapartida uma conta no Patrimônio Líquido. Voltaremos a tratar sobre o Custo de Oportunidade e
sobre o referido Custo Médio Ponderado de Capital, quando formos discutir sobre o Custo de
Manutenção do Inventário, no Capítulo 10;
• Custo Relevante: é um conceito, como comentado por Lambert (1994), importante à
gestão logística. Custos Relevantes são custos futuros, que diferem entre as diversas
alternativas. Para ser relevante, um custo não deve ser apenas um custo futuro, mas,
também, precisa ser diferente de uma alternativa para outra. Na escolha entre alternativas,
por exemplo, dos modais de transporte, apenas alguns custos serão relevantes na análise,
tais como os custos de embalagem ou os custos de manutenção de inventário, pois irão
ocorrer como resultado da tomada de decisão de qual modal de transporte utilizar e
afetam o fluxo de caixa. "Custo Relevante não é necessariamente o que foi incorrido no
passado, mas aquele que se espera incorrer no futuro para um determinado nível de
serviço. Os trade‐offs enquadram‐se na categoria de custos relevantes" (CEL, 2000).
Nos projetos logísticos, devem ser considerados todos os custos relevantes;
• Custos Irrecuperáveis (sunk costs): são custos incorridos no passado e que não são
relevantes para decisões no presente, pois não se alteram em função das decisões. A
depreciação de um ativo já existente, por exemplo, não deve ser considerada como um
custo relevante, pois não afeta o fluxo de caixa; em compensação, os custos de capital
sobre esse ativo devem ser considerados. Adaptando o exemplo de Jiambalvo (2002), se
você comprou ingresso para assistir a um filme no cinema e gastou R$ 12,00, e um amigo
o convida para ir a um churrasco, sem custo nenhum, e você aceita, os R$ 12,00 gastos
pelo ingresso não serão recuperados.
• Custo Incrementai, Marginal ou Diferencial: este conceito é importante na análise dos
Custos Logísticos e normalmente é considerado como um custo extra, associado a uma
unidade adicional. Em uma tomada de decisão, devemos analisar os aumentos (ou
diminuições) nas receitas e nos custos, que ocorrerão em cada decisão, ou seja, incluem
custos que se modificam, como conseqüência da escolha entre as diversas alternativas.
Em uma análise incrementai, devemos observar qual o resultado econômico que será
apurado, pela diferença entre a receita e o custo incrementai. Podemos citar como
exemplo a questão, descrita no Custo Relevante, da escolha do modal de transporte, em
que a alternativa que tiver o melhor resultado econômico, ou seja, a melhor solução
logística, deverá ser a escolhida. Novamente, isso remete para o conceito de trade‐off,
que concluímos que envolve custos relevantes e incrementais, marginais ou diferenciais;
• Custos Ocultos (Hidden Costs): são custos que não são visíveis aos gestores, mas que
afetam o resultado econômico da empresa, pois ocorrem em condições anormais de
operação, associados ao conceito de Perdas, tais como falhas e desperdícios nos
processos logísticos. Este é um dos maiores problemas de identificação de custos, pois
muitas falhas não são perceptíveis. No decorrer das atividades, por exemplo, os gestores,
muitas vezes, não percebem o quanto estão desperdiçando de recursos ou de tempo, em
atividades que não agregam valor à empresa, ou que não produzem nenhum produto ou
serviço, o que impacta, diretamente, o resultado econômico das empresas, de forma
negativa. McNair (2000) chama os desperdícios de "ladrões de lucro", incluindo
questões como complexidade excessiva, redundâncias, "re22‐qualquer coisa",
treinamento inadequado, comunicação deficiente, funcionários sem poder e imperícias,
2 Os "res" são as repetições de processos, tais como: re‐trabalhos, re‐engenharias, re‐negociação etc.
além da questão da capacidade humana, que também pode vir a causar perdas. Entre
outros exemplos de Custos Logísticos ocultos, baseados no Toyota Production System
comentado por Shingo (1981), podem ser citados: superprodução (quando existe a
geração de estoques desnecessários); defeitos (erros que necessitam de mensuração);
esperas e atrasos (que podem causar ociosidade em determinado momento e
horas extras em outros); acúmulos de material em processo, transportes internos e ações,
que podem gerar movimentações desnecessárias, e processos (que, muitas vezes,
necessitam ser modificados para serem eficientes).
Mesmo que a empresa consiga repassar para seus clientes, por meio de seu preço, todos os
desperdícios ou custos ocultos, seu lucro só será obtido pelo diferencial entre suas receitas e seus custos
totais, que estarão "inchados" pelos referidos itens, que não agregam valor. Qualquer atividade que gere
desperdício (perda) apenas aumenta o custo total, não agregando nenhum valor, e um cliente não vai
querer pagar por isso;
• Custo‐padrão: pode ser considerado como um custo "elaborado", que contempla
aspectos físicos e monetários, em que são considerados, dentro da normalidade, os
materiais, mão‐deobra, equipamentos e outros custos, aplicados ao produto/serviço ou à
atividade. É o custo que se deseja alcançar, em termos físicos e monetários, se tudo
ocorrer de acordo com o normal da atividade. Por exemplo, se formos apurar o custo‐
padrão de um serviço a ser prestado, devemos avaliar quanto tempo iremos gastar para
realizá‐lo (padrão físico) e qual é o custo da mão‐de‐obra envolvida, bem como outros
custos associados (padrão monetário). Após o serviço ter sido prestado, é necessário
realizar o acompanhamento das variações dos custos reais em relação aos padrões,
justificando as causas dos desvios, para que sejam tomadas as devidas ações corretivas;
• Custo‐Meta ou Alvo (Target Cost): É aquele em que, a partir do preço de mercado do
produto/serviço e tendo definida a margem de lucro desejada, a diferença é o custo‐meta.
Para ilustrar, vamos imaginar que o serviço a ser prestado tenha um preço de mercado de
R$ 200,00 e que a empresa espera ter uma margem de lucro de 20%, ou seja, R$ 40,00.
Portanto, o custo a ser atingido (meta) é de R$ 160,00. Normalmente, é apurado na etapa
de desenvolvimento do produto/serviço;
• Custo no Ciclo de "Vida: atualmente, em função de, em muitos segmentos, os produtos
estarem com ciclos de vida cada vez mais curtos, o tempo é a base para a competitividade,
é um elemento de diferenciação, e a tendência é que cada vez mais os tempos sejam
comprimidos. Quando se fala em compressão do tempo, estamos nos atendo às diversas
etapas do ciclo de vida de um produto, sendo que o tempo de vida de um produto varia
de acordo com a atividade econômica da empresa e independe desta atividade. O conceito
do Ciclo de Vida do Produto abrange todos os estágios de evolução dos produtos, desde
sua concepção, desenvolvimento, crescimento, maturidade até sua saturação e declínio,
quando será descontinuado. Desde sua concepção até a descontinuidade de um produto,
os custos devem ser acompanhados pelo custeio do ciclo de vida. O Custeio do Ciclo de
Vida é um sistema que fornece informação para que sejam entendidos e gerenciados os
custos existentes nos vários estágios ou ciclos de projetos, desenvolvimento, fabricação,
comercialização, distribuição, manutenção, serviços, até a entrega do produto. Um fator
extremamente relevante é a gestão dos materiais/produtos a serem descontinuados (stock‐
outs), quando chegam em sua etapa de declínio. Se não são bem administrados, podem
gerar perdas irrecuperáveis para a empresa;
• Custo Kaizen: está relacionado à melhoria contínua dos processos, visando à redução
constante dos custos em todas as fases do ciclo de vida de um produto/serviço. O Custo
Kaizen é similar ao custo‐meta em sua missão de reduzir custo, exceto que enfoca a
redução dos custos durante as outras fases do ciclo de vida, além do desenvolvimento.
Por exemplo, se em um determinado mês o custo de transporte incorrido foi de R$ 1
milhão, de acordo com a filosofia do kaizen, os gestores deverão encontrar um meio de
reduzi‐lo.
Vimos, até este ponto, alguns conceitos básicos de custos e outros específicos a serem aplicados
à gestão logística. No sentido de ordenar esta discussão sobre Custos Logísticos, procuramos estabelecer
um framework uma estrutura de raciocínio que, de um lado, permitisse uma discussão dos custos
relativos a cada elemento de custo em si mesmo (Capítulos 7 a 14) e, de outro lado, os associasse aos
processos logísticos (Capítulo 15).
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
3‐ Custos de Transporte
Ana Cristina de Faria
Maria de Fatima Gameiro da Costa
O transporte, no plano nacional ou internacional, é considerado como um dos
subprocessos mais relevantes da Logística. Envolve o deslocamento externo do fornecedor para
a empresa, entre plantas e da empresa para o cliente, estando eles em forma de materiais,
componentes, subconjuntos, produtos semi‐acabados, produtos acabados ou peças de reposição.
É um fator na utilidade de tempo e determina com que rapidez e consistência um produto move‐
se de um ponto a outro.
Segundo Gurgel (2000, p. 398), os principais objetivos da qualidade do transporte estão
associados aos objetivos finais da empresa; portanto, devem ser tratados de modo a
corresponder às expectativas previstas em termos de qualidade:
• Fazer com que o produto chegue ao seu destino final sem qualquer tipo de avarias;
• Cumprir os prazos previstos, evitando, assim, transtornos ao cliente;
• Entregar a mercadoria no local certo, bem como facilitar o processo de descarga para o
cliente;
• Investir no aprimoramento dos processos, possibilitando, assim, executar o processo de
forma mais ágil; e
• Reduzir os custos de entrega, levando‐se em consideração a satisfação do cliente e os
benefícios gerados para a organização.
A decisão de manter frota própria ou terceirizada, de acordo com Fleury (2004), deve
considerar os aspectos custo, qualidade do serviço e a rentabilidade financeira das alternativas,
ou seja, deve dar retorno ao acionista. Segundo esse autor, algumas características contribuem
para essa decisão, tais como o tamanho da operação, a capacitação interna, a competência do
setor, captação de cargas de retorno e o modal utilizado, pois se houver necessidade de um
investimento muito alto, tal como em uma ferrovia ou dutovia, é preferível terceirizar a
operação.
Por sua vez, a escolha do modo de transporte é influenciada pelos fatores custo, tempo
de trânsito da origem ao destino, risco (envolvendo a integridade da carga) e freqüência
(regularidade do transporte). Normalmente, o fator custo é o mais importante, em termos
econômicos e financeiros, mas os outros fatores também podem comprometer a definição do
modo de transporte, estando relacionados ao atendimento do nível de serviço exigido.
O transporte, nacional ou internacional, pode ser realizado pelos seguintes modais (ou
modos): rodoviário, ferroviário, aeroviário, dutoviário e aquaviário (marítimo, fluvial e
lacustre).
Esse tipo de modalidade de transporte é utilizado para cargas pequenas e médias, para
curtas e médias distâncias, com coleta e entrega ponto a ponto. O transporte rodoviário oferece
uma ampla cobertura, podendo ser caracterizado como flexível e versátil, sendo mais
compatível com as necessidades de serviço ao cliente do que outros modos de transporte.
Segundo Fleury (2000), este modo é amplamente utilizado devido a sua praticidade, no
que se refere à movimentação de diversos tipos de carga (completa ou fracionada) do ponto de
origem a um destino. E como no Brasil as rodovias são construídas com fundos públicos, mesmo
com algumas concessões a empresas privadas, deparamos com custos fixos baixos, mas médios
custos variáveis (combustível, pedágios, manutenções etc).
Ainda de acordo com esse autor, muito embora pareça óbvio que, ao executar a
operação com recursos próprios a empresa tenha maior controle sobre qualidade, prazos,
disponibilidade, flexibilidade, devido à proximidade, exclusividade e facilidade de
coordenação, nem sempre esses argumentos se efetivam na prática.
Deve‐se levar em conta que a classificação supracitada entre custos fixos e variáveis
depende tanto da operação da empresa quanto da ocorrência do fato gerador. Como exemplo,
se o motorista tiver um rendimento mensal, esse custo será fixo; se esse profissional for
remunerado por quilometragem, o custo passara a ser variável. Podemos concluir que um
veículo parado gera custo de tempo (custos fixos) e, quando em movimento, gera custo de
tempo e custo de distância (custos fixos e custos variáveis).
Segundo os referidos autores, um dos principais problemas apresentados por esse tipo
de modal é que o transporte ferroviário opera de acordo com horários previamente
determinados, o que dificulta a rapidez na entrega e a satisfação do cliente. Outro problema
apresentado, também, é que, muitas vezes, o vagão não está disponível na hora e no lugar
necessário.
O modo ferroviário, conforme comenta Bailou (2001), apresenta altos custos fixos,
provenientes da manutenção e depreciação de terminais, equipamentos, estradas de ferro etc, e
custo variável baixo, dependente da distância a ser percorrida.
Deve ser escolhido para médias e longas distâncias, em caso de produtos de alto valor
agregado, como já mencionado e com alto grau de exigência quanto aos níveis de serviço aos
clientes. Neste modo, são menores os custos com seguro e embalagem, em função do menor
tempo de trânsito.
Uma das principais vantagens apresentadas por esse meio de transporte refere‐se ao
tempoem‐trânsito. O produto é disponibilizado com maior rapidez e confiabilidade ao seu
destinatário, em se tratando dos níveis de segurança do produto transportado.
Essa modalidade refere‐se aos transportes de produtos por meio de dutos subterrâneos
e ainda não é amplamente utilizada em todos os segmentos da economia, pois sua utilização é
restrita a produtos em estado gasoso, líquido ou pastoso. Segundo Lambert et al. (1998, p. 175),
"as dutovias transportam apenas um número limitado de produtos, incluindo‐se aí o gás
natural, petróleo cru, produtos de petróleo, água, produtos químicos e pastas fluidas". Estes
autores ainda abordam o prazo de entrega dos produtos, salientando que os produtos têm
condições de serem entregues dentro de um determinado tempo, tal como se pode observar na
seguinte afirmação:
Os fluxos de produtos dentro do duto são monitorados e controlados pelo
computador; Perdas e danos devido a vazamentos ou danos no duto são
extremamente raros; Condições climáticas têm efeitos mínimos sobre os
produtos movimentados nos dutos; As dutovias não exigem muita mão‐de‐
obra, portanto, greves ou ausências de funcionários têm pouco efeito nas
operações (LAMBERT et. al., 1998, p. 175‐176).
Este modo, também, apresenta custo variável mais baixo, que diz respeito à energia
utilizada para movimentar o produto, bem como os custos associados com a operação das
estações de bombeamento (mão‐de‐obra e outros). E utilizado para grandes volumes, grandes
distâncias, com baixas velocidades e fluxo contínuo, normalmente, de itens de baixo valor
agregado.
Para que este modo seja utilizado, é preciso que se tenha condição geográfica favorável,
de maneira que o deslocamento seja concretizado com êxito. Pode ser desmembrado, segundo
Lambert et al. (1998, p.173‐174), em diversas categorias, como: "(1) fluvial para o interior, tais
como rios e canais; (2) lagos; (3) oceanos litorâneos e interlitorâneo; e (4) marítimo
internacional". A maioria dos produtos transportados por essa modalidade é de semi‐acabados
ou matérias‐primas a granel, como minérios, grãos, produtos de polpa de madeira, carvão,
calcário e petróleo.
Um exemplo que pode ser citado é o do piggiback (trailer on flatcar), que é uma
combinação do modo ferroviário com o rodoviário, em que carretas padronizadas são colocadas
em um vagãoplataforma, visando a eliminar o transbordo, unindo a flexibilidade do modo
rodoviário com o baixo custo do modo ferroviário. Outro exemplo é o da combinação do modo
aquaviário com o rodoviário, no roll‐on‐roll‐off, em que, no intuito de aproveitar a flexibilidade
do modo rodoviário com o baixo custo do hidroviário, diretamente, em balsas ou navios, são
embarcados veículos, visando a evitar, também, o transbordo.
Cabe ressaltar que, ainda, devem ser contemplados nos custos do transporte, em
qualquer modo, os gastos relacionados ao processo de documentação, que envolve os
conhecimentos de transporte, a nota de frete, recibos de doca, as declarações de importação e
exportação, liberações de frete, bem como outros documentos exigidos pela legislação de cada
país.
O sistema de transporte pode ainda ocorrer pela integração entre duas ou mais espécies
de modos, formando sistemas logísticos denominados transportes intermodais para
deslocamento da forma mais econômica possível, considerando o nível de qualidade pretendido,
que é uma tendência em transportes, com o objetivo principal de obter ganho de eficiência e
redução de custos. Por exemplo, para uma empresa enviar materiais de São Paulo para Manaus
(AM), há muitos anos empresas vêm utilizando‐se dos modos rodofluvial (rodoviário mais
aquaviário por rios) e, atualmente, estão combinando, também, com o modo ferroviário.
Na condição FOB (Free On Board), segundo Reis (2001), o comprador deve assumir
todos os custos e riscos de perda ou avaria das mercadorias a partir do costado do navio (da
transposição da amurada).
O impacto dos custos de transporte pode ser compensado, também, pela pontualidade
do serviço na entrega dos pedidos, na flexibilidade de manuseio de uma grande variedade de
produtos, no gerenciamento dos riscos associados a roubos, danos e avarias. A resposta a cada
uma dessas exigências está vinculada ao desempenho e tipo de modo de transporte utilizado.
Em contrapartida, este subprocesso contribui para o nível de serviço que a empresa presta a seus
clientes, evitando o custo de vendas perdidas (stockout).
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
4‐ Custos de embalagens
Ana Cristina de Faria
Maria de Fatima Gameiro da Costa
Um dos objetivos da Logística é movimentar bens sem danificá‐los. As
embalagens e os dispositivos de movimentação (pallets, racks etc), na Logística, têm
como principais objetivos facilitar o manuseio e a movimentação, bem como a
armazenagem, garantir a utilização adequada do equipamento/veículo de transporte,
proteger o produto e prover o valor de reutilização para o usuário.
Conforme Bowersox e Closs (2001), esse elemento de custo, geralmente, é
classificado em dois tipos: (1) embalagem para o consumidor, com ênfase em
marketing, e (2) embalagem voltada às operações logísticas (transporte e
armazenagem). Para a Logística, o manuseio/movimentação, de forma eficiente, dos
materiais e produtos, que garanta a sua integridade e qualidade, depende da embalagem.
Há três tipos principais de embalagem, segundo Alvarenga e Novaes (2000, p.
125): (a) invólucros diversificados, como caixas de madeira ou papelão, sacas, tambores
etc, que são os mais comuns, onde são movimentados sem outro invólucro especial; (b)
pallets, são estrados de madeira, plástico (slip sheets) ou metal (shrink), necessitando
de empilhadeiras para mover a carga para o transporte; (c) contêineres, caixas grandes
fechadas, normalmente de aço ou alumínio, utilizadas, principalmente, na importação e
exportação de produtos.
Na opinião de Bowersox e Closs (2001), essas embalagens são chamadas de
embalagens secundárias, por agrupar produtos em unidades ou cargas maiores para
formar um só volume. Para facilitar o manuseio ou transporte, tem‐se a unitização da
carga, que pode ocorrer em contêineres, transportados em vagões ferroviários abertos,
em chassis rodoviários, em navios ou grandes aeronaves Esses equipamentos podem
acondicionar embalagens secundárias ou produtos soltos, durante a armazenagem e o
transporte, protegendo e facilitando o manuseio, reduzindo avarias e roubos dos
produtos, protegendo contra fatores ambientais, ou reutilizando os contêineres para
outros transportes.
Para otimizar a cadeia logística, é importante padronizar a embalagem para
reduzir o custo de transporte, manuseio, movimentação e armazenagem. O contêiner é
uma forma de padronizar a embalagem, visando a aumentar a eficiência do manuseio e
movimentação dos materiais. Como o investimento em contêineres é alto, o armador
cobra um aluguel e, se é ultrapassado o tempo contratado, existe multa pelo atraso na
devolução3.
As embalagens e dispositivos de movimentação podem ser de uma única
utilização (descartáveis ‐ one way) ou retornáveis, que são reutilizáveis. O capital
investido na compra de embalagens retornáveis, aquelas que voltam à empresa após a
entrega dos produtos aos clientes, bem como sua manutenção e administração (follow
up), está associado aos custos de embalagem. Para uma decisão de qual embalagem
utilizar em uma operação logística,
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
3Por esse Método de Custeio, que é o único aceito fisicamente no Brasil, todos os custos, diretos e
indiretos, fixos e variáveis são absorvidos pelos produtos, assim como no Custeio Baseado em
Atividades, que é um método estratégico (gerencial)
de capital (oportunidade); (2) custos de serviços de inventário (impostos e seguros); (3)
custo de espaço de armazenagem (estocagem); e (4) custos de risco de estoques.
Custo de oportunidade dos estoques
O Estoque exige capital que pode ser utilizado para outros investimentos. Para
estabelecer o custo de oportunidade do capital empatado nos estoques, no caso de uma
indústria, deve‐se buscar apenas o montante correspondente ao desembolso feito pela
empresa na aquisição de materiais, mão‐de‐obra direta e outros que variam em relação
ao volume de produção. Outros custos de fabricação que são absorvidos no custo do
produto, e não variam em relação ao produto, não devem ser considerados como base
de cálculo do custo de oportunidade do capital investido em estoques, por não
considerarem um desembolso direto de estoques.
Ao investir em estoques, a empresa renuncia à taxa de retorno que poderia obter
com tais investimentos, em outras alternativas. A determinação da taxa de
oportunidade mais adequada ao custo de oportunidade de manter estoques é inerente
ao tipo de investimento que se faria, caso os recursos não fossem aplicados em estoques.
Para ilustrar, vamos considerar o exemplo de Lambert et ai. (1998, p. 369), em que diz
que "se o dinheiro fosse destinado a uma conta bancária ou utilizado para abater
dívidas, então se aplica a taxa de juros adequada".
No que tange à determinação da taxa de oportunidade mais adequada ao custo
de oportunidade de manter inventários, devemos considerar o tipo de investimento que
se faria, caso os recursos não fossem aplicados nesses ativos (estoques), mas sim em
outros. No dia‐a‐dia das empresas, na ausência da taxa de oportunidade da alternativa
desprezada, pode‐se obter outra forma de calculá‐la, como, por exemplo, a apuração do
Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)4
Para a apuração do CMPC, Martinez et ai. (2001) sugerem que seja reconhecido
o custo de capital de cada fonte específica de financiamento (capital próprio e de
terceiros), levando em conta determinada estrutura de capital ideal ou possível. Assim,
"os custos das fontes específicas seriam ponderados por participações determinadas no total
de financiamentos".
O processo para a apuração do CMPC, segundo Martinez et ai. (2001, p. 217), é
realizado da seguinte maneira:
1. Cálculo do custo de cada fonte financeira específica;
2. Determinação da porcentagem de cada fonte financeira no total do
financiamento; e
3. Soma dos produtos dos itens 1 e 2.
Para entender melhor essa colocação, é preciso identificar quais são as fontes de
recursos da empresa, que são registradas contabilmente no Balanço Patrimonial no
Passivo: Capital Próprio (PL) e Capital de Terceiros (PC+ELP). Estes recursos são
investidos no Ativo da empresa, que contempla todos os seus bens e direitos, tais como
4O conceito do Custo Médio Ponderado de Capital foi desenvolvido por Anthony (1973) em sua obra
Accounting for cost ofequity. Este conceito é intrínseco ao EVA®.
duplicatas a receber, estoques, máquinas, equipamentos etc, conforme pode ser
observado na Figura 10.1.
CMPC = (30% * 3%) + (70% * 2%) CMPC ‐ 0,9% + 1,4% => CMPC = 2,3%
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
6‐ Custos de Tecnologia de Informação (TI)
Ana Maria Cristina de Faria
Maria de Fátima Gameiro da Costa
Com o emprego dos sistemas de informações logísticas, que, por um lado, geram
aumento dos Custos com Tecnologia de Informação, por meio de trade‐offs, podem ser
reduzidos vários outros elementos de Custos Logísticos, trazendo os seguintes
benefícios:
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
7‐ Custos tributários
Ana Maria Cristina de Faria
Maria de Fátima Gameiro da Costa
Neste capítulo, trataremos sobre os custos tributários, que no Brasil são extremamente
relevantes em alguns segmentos da Economia.
Segundo o Portal Tributário5 (2004), o conceito de tributo engloba impostos, taxas de
serviços públicos e contribuições de melhoria (decorrentes de obras públicas), contribuições
sociais e econômicas, encargos e tarifas tributárias (com características fiscais) e emolumentos,
a serem pagos ao Poder Público em função de obtenção/transferência de bens e/ou serviços,
diretos, específicos ou de concessão.
Na China, Coréia e França, entre outros países, existe apenas um tipo de imposto sobre
o valor agregado, mas, no Brasil, até março de 2005, há, segundo o Portal Tributário (2004), 74
tipos de tributos, entre os quais alguns podemos considerar que estão, direta ou indiretamente,
associados aos processos logísticos (variando em função dos segmentos e tipos de
materiais/produtos movimentados, bem como dos serviços executados) e que, obviamente,
afetam os Custos Logísticos, caso não sejam recuperáveis, tais como:
1. Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ‐ AFRMM ‐ Lei nº
10.893/2004;
2. Contribuição à Direção de Portos e Costas (DPC) ‐ Lei nº 5.461/1968;
Para entender melhor essa questão tributária, a Tabela 12.1 apresenta um exemplo
adaptado de Carvalho (1992), que contempla as seguintes premissas:
• O preço do bem sem impostos é de R$ 100,00;
• As alíquotas de ICMS, PIS, COFINS e IPI são, respectivamente, 18%, 1,65%, 7,6%
e 15%
(base fev./2005);
• O custo de transporte da Fábrica ao Distribuidor é de R$ 5,00 e do Distribuidor ao
Varejista é de R$ 10,00; e
• O lucro do distribuidor é de 20% e o do varejista de 30% sobre o preço de venda.
Observa‐se na Tabela 12.1 que, na cadeia logística de distribuição, um bem cujo custo
é de R$ 100,00 está disponível para o consumidor final pelo preço de R$ 419,29, sendo 319,29%
a maior, compostos, basicamente, por Custos Logísticos de transporte e tributários, além da
margem desejada pelos membros da cadeia: fábrica, distribuidor e varejista. Na seqüência,
podemos observar a memória dos cálculos realizados para obtermos os números que constam
na Tabela 12.1:
* Frete Incluso na Nota Fiscal (ICMS 18%, PIS 1,65% e COFINS 7,6%)
** Frete Contratado (conhecimento frete) ‐ (ICMS 12%, PIS 1,65% e COFINS
7,6%) Fonte: Adaptada de Carvalho (1992).
O valor apurado de R$ 158,08 envolve: o Preço de Venda sem Impostos (R$ 100) mais
os impostos sobre vendas ao distribuidor (58,08). Partindo deste preço, iremos ter a apuração
dos outros custos, preços e tributos incidentes na cadeia logística.
Assumindo que o Custo de Transporte seja igual a R$ 5,00, compostos por R$ 1,36 de
tributos sobre o frete (ICMS, PIS e COFINS), serão apurados os demais custos e tributos que
serão base para a formação dos preços a serem praticados na cadeia logística, como se pode
observar a seguir:
Deixando um pouco de lado as operações domésticas brasileiras e focalizando a Logística
Internacional, Januário (2001) comentou que existe uma série de análises a respeito dos custos
tributários que pode ser realizada na busca da minimização dos Custos Logísticos, tais como: a
utilização das zonas primárias (portos ou aeroportos) ou das zonas secundárias (a mais de cinco
quilômetros dos portos ou aeroportos), a seleção do modal de transporte, a análise dos
benefícios fiscais e utilização de regimes fiscais especiais (Regime Aduaneiro de Entreposto
Industrial sob Controle Informatizado ‐ RECOF, drawback etc), seguros, lotes de compras,
terceirização de atividades para despachantes aduaneiros e agentes de cargas, uso de portos
alternativos, sem esquecer o controle do lead time que pode causar impactos em todo o fluxo
logístico, associado aos Custos de Manutenção do Inventário.
A Admissão Temporária, segundo Ferreira (2003, p. 53), "é o regime aduaneiro que
permite a entrada no país, de bens que devam permanecer, por prazo fixado com suspensão dos
tributos". O Drawback, por sua vez, pode ser definido como um incentivo fiscal à exportação,
compreendendo a isenção, suspensão ou restituição de tributos incidentes na importação de uma
mercadoria que será utilizada na industrialização de um produto que será exportado, tais como:
ICMS, II, IPI e o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
Cabe ressaltar que outra questão relevante a ser analisada é a incidência dos tributos
sobre o valor acrescido dos impostos (imposto sobre imposto), pois na importação o IPI, por
exemplo, incide sobre o valor aduaneiro mais II, e o ICMS, por sua vez, deve ser calculado
sobre o valor aduaneiro acrescido do II e IPI. A Lei nº 10.865/2004 instituiu a incidência de PIS
e COFINS sobre a Importação, contemplando em sua base de cálculo os outros tributos já
incidentes na Importação (II, IPI e ICMS).7O AFRMM, existente no modo de transporte, incide
percentualmente sobre o frete da importação. No Quadro 12.2, veremos a forma de como
calcular alguns tributos em uma importação: Quadro 12.2 Cálculo dos tributos incidentes em
uma importação8.
II = Valor do Produto ‐ Alíquota Específica
IPI = (Valor do Produto + II) * Alíquota Específica
6 A Receita Federal realiza auditoria remota de todo o fluxo das mercadorias importadas sob o regime RECOF, por
meio de controle informatizado, integrado aos sistemas corporativos da empresa compradora.
7 Uma fórmula matemática para a apuração do PIS e COFINS na Importação encontra‐se disponível no site
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
8- Custos decorrentes de nível de serviços
Ana Maria Cristina de Faria
Maria de Fátima Gameiro
da Costa
O Nível de Serviço ao Cliente está associado ao que se deseja de resposta no próximo
elo da cadeia, em termos de disponibilidade do produto/serviço (inventário), confiabilidade do
serviço (qualidade) e desempenho (velocidade e consistência de entregas). É algo que está sendo
acordado entre comprador e vendedor, onde o comprador faz suas exigências e o vendedor irá
verificar a viabilidade de atendê‐las, criando valor para ambos.
As maiores exigências de níveis de serviço podem requerer maior nível de estoques,
pessoal envolvido, sistemas de informação, enfim, determinar maiores Custos Logísticos, com
serviços cada vez mais diferenciados. Podemos considerar que o nível de serviço é a maior
restrição existente na Logística.
Vamos supor que a empresa decida definir o nível de serviço que pretende oferecer aos
clientes. Para isso deverá definir, inicialmente, o limite aceitável de possíveis rupturas (ou
vendas perdidas), que vamos supor, por exemplo, seja de 3% (três por cento). O nível de serviço
será, então:
A empresa pretende atender a no mínimo 97% (noventa e sete por cento) das
necessidades de seus clientes e, para isso, deveria estar criando indicadores para controlar esse
nível de atendimento. Essa questão será tratada no Capítulo 20, quando estudarmos o Balanced
Scorecard na
Logística.
Um planejamento inadequado na Logística, que acarrete, por exemplo, falta de produto
para atender à demanda, pode resultar em vendas perdidas, comprometendo a imagem da
empresa, a fidelidade de seus clientes, além de seu resultado econômico. A mensuração do
custo da venda perdida (custo da falta ou ruptura/stockout), em um determinado serviço, é
considerada difícil, pois, conforme afirmam Lambert et al. (1998, p. 47), não se deve considerar
apenas a margem perdida pelo não‐cumprimento da demanda atual das vendas, mas, também,
"o valor presente de todas as contribuições futuras ao lucro não realizado, devido à perda do
cliente pela falta do produto ou pelo não‐atendimento às suas exigências".
Lima (2004) desconsidera a questão da perda no futuro, pois, realmente, existe uma
dificuldade de mensuração dessa perda e sugere uma simplificação à proposta de Lambert,
considerando que o "custo de oportunidade unitário da venda perdida devido à falta de um
produto é igual à sua Margem de Contribuição Unitária"9
9A Margem de Contribuição Unitária é apurada por meio da diferença entre a Receita Líquida Unitária (preço
unitário menos os impostos incidentes sobre vendas, devoluções, cancelamentos e abatimentos) menos os Custos
Variáveis Unitários (materiais, mão‐de‐obra direta, fretes sobre vendas, comissões etc).
Os custos de vendas perdidas (custos de faltas/rupturas ou stockouts) que não se
concretizaram, em razão de falhas logísticas, podem ter ocorrido em função de um problema na
gestão dos estoques, tal como uma falta de mercadorias; nos desembaraços aduaneiros; nos
modos de transportes; na entrega atrasada de produtos devido às falhas na distribuição; em
cancelamentos de pedidos devido a atendimento insatisfatório; em devoluções devido a erros
de pedidos ou quaisquer outros problemas de ordem operacional que comprometam o nível de
serviço ao cliente ou, eventualmente, uma receita em potencial a ser realizada pela empresa.
As falhas relacionam‐se ao fato de a empresa incorrer em perdas anormais efetivas,
decorrentes do mau funcionamento dos elos da cadeia de suprimentos ou de algum processo
logístico que afete a qualidade do produto/serviço. Uma falha é qualquer evento que afete a
qualidade do produto/serviço ou a sua rentabilidade, tal como uma má administração de
compras ou vendas, de estoques de materiais, de prazos de estocagem, recebimentos e
pagamentos, assim como atraso na entrega de produtos e quaisquer outros problemas
operacionais.
Não se pode deixar de reconhecer a característica de anormalidade e involuntariedade,
que, conforme cita Martins (2003), é peculiar do conceito de perda, implícito na falha. Muitas
vezes, torna‐se difícil identificar a falha nos processos, e ainda mais mensurar seus custos que
podem, também, ser considerados como custos de não‐qualidade.10 Mas é imprescindível que
se focalize a identificação dos pontos de falha, a fim de que sejam tomadas ações corretivas, no
intuito de evitálas no futuro, pois se trata, nitidamente, de uma perda econômica à empresa.
Uma vez que a falha tenha, efetivamente, ocorrido, existem duas situações para corrigi‐
la: em uma incorre‐se em custos para a solução dessa falha, evitando, por exemplo, perder uma
venda, e a outra refere‐se à perda efetivada, na qual os esforços são despendidos para reversão
ou para amenizar as conseqüências da falha ocorrida. A gravidade da falha pode ser mensurada
em termos monetários, representando o somatório de todos os custos das atividades adicionais
que foram necessárias para que o bem ou serviço fosse disponibilizado ao usuário final. Por
exemplo, toda empresa necessita planejar adequadamente suas vendas, produção e compras,
para que não haja nem excesso nem falta de inventários, pois ambos os casos geram custos
desnecessários, muitas vezes ocultos (Hidden costs) e não mensurados.
O custo do excesso, segundo Lima (2004), é equivalente ao custo de manutenção de
cada unidade em estoque, enquanto que o custo da falta é equivalente ao custo da venda
perdida, já citada. O ideal é que ocorra o equilíbrio e, para isso, as empresas necessitam
estabelecer um estoque de segurança (mínimo), para que não ocorra a falta, bem como
coordenem seus planejamentos de vendas, produção e compras, para que não ocorra o excesso.
O estabelecimento do estoque de segurança, ou estoque mínimo, é o risco que a empresa
está disposta a assumir com respeito à ocorrência de falta de estoque. O estoque de segurança
deve ser menor quanto maior for o custo do excesso em relação ao custo da falta e o inverso,
ou seja, deve ser maior quanto maior for o custo da falta em relação ao custo do excesso. Para
que essa definição ocorra de maneira adequada, a empresa necessita utilizar algumas técnicas
para um bom gerenciamento dos níveis de estoque, tais como o Programa de Reposição
Contínua (Continuous Replenishment Programme ‐ CRP), que visa à reposição eficiente de
produtos, de forma a atender à demanda do cliente sem criar estoques excessivos ou causar
faltas dos referidos produtos. O CRP envolve dois modelos: o Vendor Managed Inventory
(VMI) e o Co‐Managed Inventory (CMI), em que no primeiro o estoque é gerenciado pelo
10 Os Custos de Não‐Qualidade, segundo Robles Jr. (2003), envolvem os custos relacionados à Prevenção
(treinamento e manutenção), à Avaliação (inspeção de condições) e às Falhas Internas (refugos, retrabalhos, erros
nos processos etc.) e Externas (reclamações/devoluções etc.)
fornecedor e o segundo tem o inventário co‐gerenciado pelos parceiros na cadeia de
suprimentos.
E já que falamos em Cadeia de Suprimentos, podemos citar vários exemplos de falhas, na
Cadeia de Suprimentos, citados por Rago (2004):
• Fornecedores com pouca integração, alto lead time, baixa confiabilidade, dificuldade
de reprogramação e altos custos;
• Suprimentos: altos níveis de rejeição, estoques altos (gerando altos custos de
manutenção de inventários), falta de materiais (incorrendo no custo da falta), processos
inadequados;
• Produção: alto lead time, baixa utilização da capacidade, horas extras, estoques altos
(que geram altos custos de manutenção de inventários), baixa disponibilidade;
• Marketing: falta ou excesso de produtos, produtos obsoletos, erros de previsão de
vendas, processamento lento de pedidos, desconhecimento das margens;
• Distribuição: necessidade de transparência de estoques, baixa ocupação de carga, pouca
otimização logística, danos à carga e alto lead time de entrega; e
• Consumidor: baixo nível de satisfação, comunicação deficiente, baixo esclarecimento,
perda de mercado e imagem "manchada".
É questão difícil e controversa determinar e atribuir responsabilidade pelo custo da falha
em Logística, que são os custos decorrentes do nível de serviço. Não é fácil compreender o
impacto de, por exemplo, uma fábrica parar por um dia ou um lote inteiro exportado chegar ao
destino danificado. Esses custos podem ser de responsabilidade de mais de uma atividade da
empresa, assim como de agentes externos, mas devem ser contemplados nos Custos Logísticos
da empresa como um todo. Para medir a ocorrência dessas falhas, podem ser utilizados os
indicadores de desempenho, que serão comentados no Capítulo 20.
E mais fácil buscar a eficiência na gestão dos Custos Logísticos, minimizando os custos
que a envolvem e, ao mesmo tempo, satisfazer ao cliente, do que perder uma venda, que seria
um bom exemplo de falha incorrida no processo. A difícil mensuração desses custos faz com
que as empresas busquem soluções alternativas de avaliar essas perdas. Tomaremos como
exemplo o caso da Ford Motor Company, bastante divulgado na mídia brasileira, a partir de
2002, que concedeu um bônus de R$ 100,00 para quem fizesse um test drive em alguns de seus
carros e efetivasse sua compra com algum de seus concorrentes. Esta atitude denotava que o
nível de serviço do cliente não havia sido atendido e o valor supracitado foi considerado como
o custo da venda perdida (não necessariamente pela falta). Óbvio que imaginamos que a
margem na venda de um carro seja maior do que o valor supracitado, mas foi a forma que a
empresa definiu para mensurar a perda.
Outro exemplo é a possibilidade de as vendas serem perdidas em função da escolha do
modo de transporte ou da forma de armazenagem, que estão relacionadas à questão da
substituição de produtos. Na Figura 14.1 (a), poderão ser observados alguns trade‐offs que o
gestor da Logística deve considerar na distribuição de produtos em diferentes graus.
A Figura 14.1 (a) mostra que melhorias nos transportes podem ser usadas para reduzir
vendas perdidas, evitando atrasos. Para um dado nível médio de estoque, um fornecedor pode
aumentar a velocidade e a confiabilidade da entrega de produtos e reduzir a incidência de falhas.
Assim, o produto torna‐se mais disponível para os clientes e, provavelmente, ocorrerão poucas
devoluções. Na maioria das vezes, o custo mais alto de transporte (CT) compensa o custo das
vendas perdidas (VP).
A Figura 14.1 (b), por sua vez, demonstra o mesmo tipo de compensação de custos,
exceto pela disponibilidade de estoques para o cliente, que é controlada por meio de níveis de
estoques, com a escolha do modo de transporte permanecendo constante. De qualquer forma, o
gestor da Logística deve controlar o impacto da substituição do produto (pelo do concorrente)
nos resultados econômicos da empresa.
De acordo com o conceito de Custo Logístico Total, visto no Capítulo 4, quando se
tratou da Logística Integrada, os custos do macroprocesso logístico devem ser analisados no
conjunto de todos os elementos integrantes dos processos logísticos, e não individualmente,
visando à busca de uma solução para o processo em que todas as atividades das cadeias
logísticas sejam otimizadas. Podem, também, ser observados no Quadro 14.1 alguns exemplos
de trade‐offs entre alguns elementos de Custos Logísticos que devem ser considerados sob a
ótica do Custo Logístico Total, objetivando atender ao nível de serviço determinado pelos
clientes. Qualquer nível de serviço é possível de ser atingido, mas deve‐se priorizar o equilíbrio
com os custos totais, que é o grande "dilema" da gestão logística.
Observando o Quadro 14.1, podem ser percebidas algumas características de alterações
no nível de serviço comprometido com o cliente por meio de: entregas mais freqüentes,
diminuição do tempo de ciclo (lead time), confiabilidade e continuidade de suprimentos e esses
fatores podem acarretar maiores ou menores custos totais para a empresa.
O nível de serviço ao cliente é um dos focos da Logística e, portanto, constata‐se ser
necessário que seja contemplado o impacto das exigências de cada cliente no resultado
econômico da empresa. Qualquer nível de serviço é possível de ser atingido, mas deve‐se
priorizar o equilíbrio com os custos totais, que é o grande "dilema ou paradigma" da gestão
logística.
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
Conforme cita o Instituto dos Contadores Gerenciais (IMA, 1989), via de ; regra, os
chamados custos de obtenção, que estão associados ao processo de compra, tais como: custos
de transportes, seguros e embalagens, entre outros, são incorporados aos materiais adquiridos.
Usualmente, no Brasil, a maioria dos fornecedores embute em seu preço os Custos Logísticos
associados aos subprocessos de Armazenagem/Movimentação de materiais e Transporte.
Nos EUA, conforme afirmam Bowersox e Closs (2001), os fretes de compra são
tratados como despesas dedutíveis no resultado do período, e não no Estoque ‐ Ativo. Se existe
a intenção de apurar os Custos Logísticos Totais, o frete incidente sobre as operações de
obtenção deve ser identificado.
Isso deveria ser realizado para que os gestores da Logística de Abastecimento possam
avaliar seus desempenhos, destacando os custos mais relevantes, tais como: Frete do Trânsito
Nacional, Frete do Trânsito Internacional, Seguros, Armazenagem, Honorários dos
Despachantes Aduaneiros, Agentes de Carga, Taxas de Uso dos Terminais Portuários e
Aeroportuários, Movimentação Interna, Imposto de Importação, Taxas Diversas (para
liberação, desconsolidação, entre outras) etc.
11O Direcionador de Custo é um fator aplicado ao custo, como: horas de mão‐de‐obra, quantidades
movimentadas, toneladas, metros cúbicos etc, no intuito de alocar, por exemplo, os recursos a uma
atividade ou os custos de uma atividade a um objeto.
Os fornecedores em seu país de origem, dependendo dos Incoterms ‐ Termos de
Comércio Internacional, podem ou não "embutir" em seus preços, além dos materiais, os Custos
Logísticos, englobando os custos de transportes e desembaraços, até a chegada do material à
empresa compradora e posterior agregação no valor dos materiais no estoque. Segundo Reis
(2001),
[,,.] a transferência de mercadorias entre países é uma atividade de risco, exigindo
conhecimento abrangente das fases envolvidas no processo e cuidados especiais na sua
realização. Uma das dificuldades encontra‐se na fixação das bases dos contratos
internacionais de venda de mercadorias, principalmente no tocante à divisão de
responsabilidades, quanto a riscos e Custos Logísticos, entre o vendedor (exportador) e o
comprador (importador), [grifo nosso]
Na condição Free On Board (FOB), segundo Reis (2001), o comprador deve assumir
todos os custos e riscos de perda ou avaria das mercadorias a partir do costado do navio (da
transposição da amurada). No Incoterm Free Carrier (FCA), o vendedor conclui suas
obrigações quando entrega a mercadoria, pronta para exportação, aos cuidados do transportador
internacional indicado pelo comprador, no local designado do país de origem. No Incoterm
Cost, Insurance and Freight (CIF), o vendedor tem a responsabilidade de assumir os custos
associados à transferência das mercadorias ao porto de destino designado, desembaraçando as
mercadorias para exportação, mais a contratação e pagamento do prêmio do seguro de
transporte marítimo.
Conforme se pode observar na Tabela 15.2, neste exemplo os Custos Logísticos Totais
pelo modo aquaviário são menores que pelo modo aéreo, basicamente pelo custo do frete
internacional no segundo modo. Como o produto é de baixo valor agregado, parece vantajoso
optar pelo modo aquaviário.
Para que seja realizada a atividade de planejar, programar, bem como controlar a
produção, é relevante que sejam revisados o planejamento da demanda, as políticas de
inventário, as restrições de recursos e capacidades, levando em consideração, inclusive, mix de
produtos, seqüenciamento, visando a que não ocorram falhas ou desperdícios no sistema
logístico (custos ocultos).
Está sendo considerada uma exportação para a Alemanha de 1.000 cestas de vime, cujo
preço unitário no mercado interno (sem IPI) é de R$ 12,75 e, sendo excluídos os tributos
incidentes no mercado interno (ICMS e PIS/ COFINS), e não incidentes sobre exportações,
apresentando um custo unitário de R$ 7,36‐ Como alguns Custos Logísticos são incidentes
sobre o valor da mercadoria e outros pela quantidade precisamos do valor total da exportação,
que é de R$ 9.203,91 e contempla uma margem desejada de 20%.
Neste exemplo, que pode ser observado na Tabela 15.3, optamos por considerar, além
da decisão do modo de transporte, a decisão do Jncoterm (termo de negociação internacional)
já citada na seção 15.1, que afeta os custos do vendedor. Observa‐se que a melhor opção, neste
caso, é optar pelo modo aquaviário (marítimo) e pelo Incoterm FCA, em que os custos com
frete e seguro ficam por conta do comprador.
Percebemos que cada um dos processos logísticos comentados (abastecimento, planta e
distribuição) constitui‐se, na prática, em toda a cadeia logística, Uma cadeia logística, no
sentido aqui empregado, é uma seqüência de eventos, tais como operações físicas que cumprem
com uma tarefa logística completa; por exemplo, uma importação de componentes eletrônicos
da Ásia até entrega na fábrica em São Paulo ou uma exportação para a França, com entrega na
fábrica do cliente.
Esses processos logísticos em funcionamento, por sua vez, envolvem diferentes tipos
de tributos (custos tributários), implicam custos de manutenção de inventários e têm que
satisfazer aos níveis de serviço comprometidos com os clientes, podendo ou não ocasionar
falhas, tais como paradas de produção por falta de materiais, entregas erradas ou com atrasos
etc. Na Figura 15.3, no intuito de sintetizar o que foi tratado até o momento, podemos visualizar
os Custos Logísticos Totais inerentes a cada processo.
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.
Visando a otimizar a Gestão dos Custos Logísticos, bem como facilitar a apuração do
Custo Logístico Total, sugerimos que, além de serem controlados, individualmente, como visto
nos Capítulos 7 a 14, cabe ressaltar que os Custos Logísticos devem ser gerenciados, conforme
os preceitos da Logística Integrada, de forma global, observando seus impactos no resultado
econômico da organização e atendendo ao nível de serviço estabelecido pelos clientes. Para
isso, necessitamos apurar o Custo Logístico Total (CLT).
O Custo Logístico Total (CLT) pode ser apurado da seguinte maneira, a partir da
somatória dos elementos de Custos Logísticos individuais:
Sendo que:
CAM ‐ Custos de Armazenagem e Movimentação de Materiais
CTRA = Custos de Transporte (incluindo todos os modais ou operações intermodais)
CE = Custos de Embalagens (utilizadas no sistema logístico)
CMI — Custos de Manutenção de Inventários (matérias‐primas, produtos em processo e
produtos acabados)
CTI = Custos de Tecnologia de informação
CDL = Custos Decorrentes de Lotes
CTRI ‐ Custos Tributários (tributos não recuperáveis)
CDNS = Custos Decorrentes do Nível de Serviço
CAD = Custos da Administração Logística
O Custo Logístico Total (CLT) pode ser apurado, também, a partir do somatório dos
custos dos processos logísticos:
Para apurar os custos relacionados a cada processo logístico, que serão tratados no
Capítulo 17, deveriam ser considerados todos os elementos individuais envolvidos. Em termos
de gerenciamento global, ou seja, da empresa como um todo, já existe uma dificuldade de
visualizar os Custos Logísticos, em função da dispersão das informações nas Demonstrações
Contábeis e, também, não podemos nos esquecer dos trade‐offs, que podem ocorrer entre os
elementos em cada decisão logística, pois não basta analisar os elementos isoladamente e, sim,
avaliar seus efeitos no Custo Logístico Total. O que é efetivamente relevante, como já foi
comentado anteriormente, é que seja apurado o Custo Logístico Total.
O Custo Logístico Total (CLT) não é, apenas, um somatório dos elementos de Custos Logísticos
individuais, mas, sim, um montante apurado, considerando os possíveis aumentos ou diminuições
de custos existentes entre esses elementos (trade-offs)
O modelo que comentaremos nesta seção, para complementar o assunto Custo Logístico
Total, foi desenvolvido por Cavinato (1992), que considera que, "para satisfação do cliente,
todos os custos e fatores que afetam custos e criam valor devem ser capturados em um modelo
de custo total".
O modelo de Cavinato (1992) parte do raciocínio de que tudo inicia‐se no Custo Básico
na Entrada ‐ que é o preço primário pago pela empresa na aquisição de materiais/produtos,
que envolve um possível leilão, negociação ou pedidos de lotes. É facilmente mensurado e deve
ser considerado no processo de obtenção. Além deste, existem os Custos Diretos de Transação
‐ que envolvem os custos do desenvolvimento do fornecedor e transmissão, necessários ao
processamento do pedido dos materiais. Incluem os custos do processo de detecção das
necessidades de compra de materiais/produtos, requisição, preparação e transmissão do pedido
ao fornecedor, aprovação, documentação para movimentação e embarque e recebimento da
informação para entrada no inventário.
No modelo de Cavinato (1992), os Custos Logísticos, que são o foco desta obra, e os
que foram tratados pelo referido autor como Custos de Operações foram segregados em quatro
custos básicos: (1) custos de recebimento e preparação dos materiais (disponibilidade para a
produção ou outros processos); (2) custos decorrentes de lotes, que afetam a necessidade de
espaço e fluxo de movimentação; (3) custos de produção, que podem ser impactados pelos
fornecedores, principalmente se houver atrasos; e (4) custos da Cadeia Logística, que também
consideram fatores importantes, tanto no abastecimento quanto na distribuição, tais como:
tamanho dos lotes, peso,
14
1 Goodwill é o "fundo de comércio" da empresa, que envolve fatores intangíveis, tais como: o valor
da marca, do ponto‐de‐venda, da carteira de clientes, mas que podem comprometer a imagem da empresa.
cubagem e condições estabelecidas, que afetam os custos de transporte,
armazenagem/movimentação etc. ou geram desperdícios, caso mal planejados. Com exceção
dos custos de produção, estes custos já foram tratados nos Capítulos 7 a 14.
Algo que não deve ser desconsiderado são os Custos Financeiros ‐ relacionados aos
termos de pagamento ao fornecedor que causam impacto no custo total. Um pagamento
antecipado reduz a disponibilidade de caixa da empresa no curto prazo, mas diminui os juros a
serem pagos futuramente. Por outro lado, um pagamento no longo prazo pode aumentar o preço
do fornecedor.
Alguns fatores que foram contemplados pelo modelo foram: fatores táticos no
abastecimento, na intermediação com cliente e estratégicos nos negócios. Os Fatores Táticos
no Abastecimento envolvem o reconhecimento de que a qualidade do fornecedor é o fator que
mais impacta o custo na cadeia de suprimentos. Os custos do comprometimento e desempenho
do fornecedor também devem ser considerados. Se houver colaboração e cooperação no
processo de pesquisa e desenvolvimento e engenharia por parte de comprador e fornecedor, os
custos podem ser reduzidos. Os Fatores na Intermediação com Cliente contemplam a
informação sobre exigências de nível de serviço e qualidade, transporte e inventário, que afetam
os custos da distribuição, e, por sua vez, os Fatores Estratégicos nos Negócios são os fatores
que afetam, efetivamente, a decisão do consumidor final em adquirir o produto de um
fornecedor ao invés de outro, relacionados aos aspectos físicos dos produtos, seu preço ou
serviços percebidos.
Sintetizando, observou‐se que o modelo de Cavinato (1992), que pode ser observado
neste fluxo, reconhece que o custo/valor de um produto inicia com o atendimento das
especificações na obtenção das matérias‐primas e termina quando o produto acabado de um é
entregue ao outro membro da cadeia e, assim, sucessivamente, até o consumidor final.
Reconhece que fornecedor e cliente não são adversários e, sim, parceiros. O que é extremamente
significativo neste modelo é que rivalidade só deve existir entre as cadeias de suprimentos e
não na própria cadeia. Um fator comum a todos é a Logística e uma sugestão do modelo é que
cada empresa tenha um fornecedor (parceiro/aliado) específico em cada nível.
FARIA, Ana Cristina. COSTA, Maria de Fatima Gameiro. Gestão de Custos Logísticos:
Custeio Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC) e Valor Econômico
Agregado (EVA). Atlas, São Paulo: 2005.