Identidade e Profissionalidade
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Identidade e Profissionalidade
Resumo
A complexidade do tempo presente e a diversidade de solicitações que hoje se colocam às
escolas têm avivado a importância estratégica que a educação continua a ter em termos
sociais. Assim se compreende a atenção que a educação tem merecido por parte do poder
político e se justificam as reformas desencadeadas com o intuito de adequar os sistemas
educativos aos desafios contemporâneos. Nesse processo, tem sido atribuído um papel
especial aos professores, já que deles dependem, em grande parte, as transformações a
imprimir no ensino e o sucesso educativo dos estudantes. Porém, a possibilidade de os
professores perseguirem em melhores condições as finalidades educativas depende, em
nosso entender, de três factores: competência profissional, identidade profissional e pro-
fissionalidade docente. Partindo dos elementos referidos, reflectimos sobre alguns dos
desafios e problemas com que actualmente se confrontam as escolas e os professores e
que têm dificultado a mudança e melhoria das suas práticas. Além disso, elencamos vários
aspectos fundamentais para revalorizar a profissão e devolver aos professores o protago-
nismo e o reconhecimento que merecem por parte da sociedade.
Palavras-chave: Identidade profissional. Profissionalidade docente. Autonomia.
Práticas curriculares.
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particular attention by the political power. This attention has been translated into
various changes aiming at adjusting the educational systems to the present time.
Along this process, teachers have been given a special role, as the
transformations that are to be implemented in the teaching area and the success
of the students depend, widely, on them. Nevertheless, the possibility of the
teachers to pursue, in better conditions, the aims of education depend, in our
opinion, on three factors: professional competence, professional identity and
professional teaching. Bearing in mind the aspects referred to above, we have
analyzed some of the challenges and problems that schools and teachers have to
face nowadays. These have obstructed the change and the improvement of their
daily practice. Besides that, we have listed some aspects that we consider
essential to raise the prestige of this profession and to give back to the teachers
the leading role and recognition that they deserve in our society.
Keywords: Professional identity. Professional teaching. Autonomy. Curricular
practice.
Não suscita controvérsia a ideia de que vivemos num mundo cada vez mais
globalizado, impregnado de vertiginosos progressos científicos e tecnológicos e de
importantes avanços culturais e econômicos, e, por isso, mais complexo e exigente.
Não surpreende, pois, que de todo este cenário em constante transformação te-
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nham brotado novos reptos para as escolas, que se vêem perante a necessidade de
criarem condições para que os estudantes desenvolvam capacidades autónomas de
aprendizagem e de lhes proporcionarem conhecimentos e experiências que permi-
tam uma compreensão mais reflexiva e mais crítica do mundo em que vivem.
Nesses processos de reforma, tem sido consignado um papel especial aos professores,
que continuam a ser vistos como agentes efectivos de mudança, deles dependendo, em
grande parte, tanto as transformações que urge imprimir na escola e no ensino, quanto o
sucesso educativo dos estudantes e a sua realização como pessoas. Apesar disso, a profis-
são docente atravessa uma fase difícil e não consegue adquirir o estatuto social que lhe é
devido. Na opinião de Monteiro (2009, p. 4), comprovam-no alguns estudos realizados
recentemente no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), da União Europeia e em vários países anglo-saxónicos, cujos resultados confirmam
que, embora a educação continue a ser reconhecida como um bem fundamental das
sociedades contemporâneas e os professores sejam profissionais dedicados, a profissão
docente está em declínio, tanto por se ter tornado numa profissão mais complexa e
exigente, como por ser “exercida em condições que não ajudam”.
Com base nos aspectos referidos, é nossa intenção reflectir sobre os desafios e os proble-
mas com que actualmente se confrontam as escolas e os professores e que têm dificultado
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a mudança das suas práticas curriculares, bem como a construção da tão almejada autono-
mia. Para o efeito, estruturámos esta análise em três segmentos principais:
(1) O primeiro, em que esclarecemos a que nos referimos quando falamos em
identidade profissional, competência profissional e profissionalidade docen-
te, elementos fundamentais quer para (re)valorizar a profissão docente, quer
para construir uma efectiva autonomia curricular nas escolas;
(2) O segundo, em que procuramos identificar alguns factores que têm confor-
mado o cenário educativo actual e que, em certos casos, têm dificultado a
assunção de uma profissionalidade docente mais consonante com os desafi-
os que hoje se colocam às escolas e contribuído, directa ou indirectamente,
para a situação de crise que a profissão atravessa;
(3) Uma última parte, em que elencamos alguns aspectos que, em nosso enten-
der, se revelam fundamentais para revalorizar a profissão e devolver aos
professores o protagonismo e o reconhecimento que merecem (e já tive-
ram) por parte da sociedade.
Para o efeito, importa referir que a profissão docente tem sofrido transformações
significativas ao longo das últimas décadas, sendo hoje exigida, na generalidade dos
países, uma formação de nível superior para se poder leccionar quer no Ensino Básico,
quer no Ensino Secundário. Tais transformações conduziram à emergência de um
movimento de profissionalização (TARDIF; FAUCHER, 2010) que pretendia apoiar
não só a formação inicial de professores, mas também a sua formação contínua.
Convém esclarecer que existem autores (DAY, 2001; ROLDÃO, 2008) que, em
vez de falarem em movimento de profissionalização, preferem falar em desenvol-
vimento profissional, considerando-o como um processo contínuo de formação e
aprendizagem ao longo da carreira docente, circunscrevendo a profissionalização à
primeira etapa desse processo, isto é, ao período de formação inicial que culmina na
certificação do aluno/futuro professor e no reconhecimento da sua competência
para exercer a profissão. Tratando-se de um processo que visa o desenvolvimento
de competências profissionais, a profissionalização deve promover, em simultâ-
neo, a apropriação de uma dada cultura profissional por parte dos formandos e
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1 Num sentido mais generalista, a identidade é o conjunto de características próprias e exclusivas de cada
indivíduo, com base nas quais se diferencia quer dos seus semelhantes, quer de outros grupos.
2 Em vez de identidade, devemos falar ‘identidades’, uma vez que a noção de identidade não tem
subjacente as ideias de homogeneidade e/ou imobilismo social, embora essa seja uma tendência ao
nível do senso comum.
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lhoria dos padrões do ensino e da aprendizagem, bem como dos resultados escolares
dos alunos (DAY, 2001, p. 16). Daí que o maior ou menor sucesso educativo dos alunos
seja frequentemente relacionado com a qualidade da sua profissionalidade.
É, pois, a partir destas questões que pretendemos abordar alguns aspectos que,
em nosso entender, têm concorrido para configurar o cenário educativo actual e para
caracterizar a profissão docente, embora no espaço de que dispomos para este texto
seja impossível abordá-las na totalidade e com a profundidade que seria desejável.
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Além disso, as medidas políticas que norteiam estas reformas têm feito da avali-
ação do desempenho um dos seus eixos estruturantes, procurando pressionar os
professores e responsabilizá-los pelos resultados do sistema. Embora a Avaliação do
Desempenho Docente (ADD) seja um procedimento que permite conhecer com rigor
as potencialidades e limites dos professores e introduzir mudanças que viabilizem a
melhoria da sua profissionalidade, a verdade é que tem sido implementada mais numa
perspectiva de controlo e com um sentido implícito de punição, o que, em nosso
entender, poucas melhorias proporciona. Sob a capa da retórica da qualidade, o que
se constata é que, na prática, e em grande parte pela complacência dos professores, a
ADD tem respondido mais a exigências de escrutínio social e de prestação de contas e
a imperativos de natureza económica e de mercado do que a necessidades de índole
educativa e social6. A recente implementação do regime de ADD nas escolas básicas e
secundárias, em Portugal, tem revelado isso mesmo.
4 Andy Hargreaves e Dean Fink (2007, p. 21) designam este movimento como “movimento da reforma
educativa e dos padrões de desempenho [standards]”, esclarecendo que o conceito de padrão é um conceito
importante e construtivo, que “exprime a noção de que a aprendizagem tem prioridade sobre o ensino e que
deveríamos ser capazes de saber e de demonstrar quando é que essa aprendizagem ocorre efectivamente”.
5 O facto de se determinarem metas ou standards a atingir pelos alunos não parece negativo, nem que colida com
os propósitos mais amplos de uma educação democrática ou de garantir o direito de todos a uma educação básica
de qualidade. O problema é quando esses standards se transformam em factor de selecção das escol(h)as,
relegando para segundo plano as escolas (ou os indivíduos) que não conseguem concretizá-los.
6 Aliás, existem poucas evidências concretas de que a avaliação do desempenho dos actores e a prestação
de contas provoquem, por si mesmas, uma melhoria dos resultados educativos. Pelo contrário, elas têm
servido mais para, através do estabelecimento de rankings, alargar o fosso entre as escolas que obtêm
melhores e piores resultados. Acresce, ainda, o facto, sublinhado por Hargreaves e Fink (2007), de que
quando essa pressão deixa de existir as escolas regridem rapidamente, tornando visível a inoperância
e fragilidade de tais medidas.
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Em suma, estas mudanças têm acabado por gerar uma obsessão compulsiva pela
estandardização – os mesmos programas para todos, uma única forma de os ensinar,
“uma solução de tamanho único generalizada” – e por estimular uma “competição
feroz em ambiente de mercado” (HARGREAVES; FINK, 2007, p. 21). No que diz res-
peito aos professores, em vez de criarem condições para o reforço da sua identidade
profissional e a melhoria da sua profissionalidade docente, estas mudanças têm tido
efeitos muito negativos – sobrecarga de trabalho, excesso de stress, perda confiança,
sensação de incompetência, resistência à mudança, erosão da própria profissão, re-
curso a estratégias dissimuladas e calculistas para obtenção de resultados, “corrida” às
aposentações –, gerando um profundo mal-estar no seio da classe docente.
Embora existam situações de formação mais centrada nos formandos, na acção edu-
cativa e nos contextos de trabalho, originando experiências muito positivas, em grande
parte dos casos tem prevalecido um paradigma de cariz mais técnico, assente numa lógica
disciplinar, concorrendo para uma concepção de professor como “transmissor de conteú-
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dos”, cuja competência se determina em função do maior ou menor domínio de uma área
científica e de “algumas capacidades pedagógicas que facilitem a transmissão dessa infor-
mação”, aspectos que levam Canário (2002, p. 60-61) a afirmar que os processos de
formação inicial têm continuado “mais perto de modelos de produção de conformidade
do que de modelos que apontem para a transgressão inovadora”. Um conformidade que,
na opinião de Nóvoa (1992, p. 24), tem sido facilitada pela separação entre a concepção
dos curricula de formação e a sua concretização pedagógica; um fraccionamento que
“legitima a intervenção de especialistas científicos e sublinha as características técnicas do
trabalho dos professores”, contribuindo para a degradação do seu estatuto e para lhes
retirar importantes margens de autonomia profissional.
7 Referimo-nos a lógicas do poder central no sentido que lhe é atribuído por Benavente (1992, p. 51)
para se referir a medidas de cariz macro-social, “orientadas para a obtenção e avaliação de resultados
quantificáveis” e que concebem a mudança como “um processo faseado que vai da decisão à execução”.
No fundo, medidas que tentam “impor uma racionalidade única à acção local”.
8 As recentes decisões do Ministério da Educação de apenas serem creditadas “as acções de formação
realizadas com avaliação e que estejam relacionada com a área científico-pedagógica que o docente
lecciona” (artº 14º, do Regime Jurídico da Formação Contínua), bem como de, em termos de financia-
mento, poderem ser preteridas as acções que não se inscrevam no domínio da Língua Materna, da
Matemática e das Tecnologias de Informação são a evidência clara do que acabamos de referir e deixam
transparecer uma certa “tentação” de funcionarizar a formação de professores.
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Importa ainda referir que um dos problemas que continua a afectar a vida das escolas,
e consequentemente a organização e os modos de trabalho docente que aí se concreti-
zam, bem como a própria formação de professores, tem a ver com a persistência de uma
lógica profissional norteada por princípios de homogeneidade, conformidade e segmenta-
ção, e que tem concorrido para perpetuar a tendência de transmissão de saberes, a fide-
lidade às normas oficiais e ao currículo prescrito e o trabalho individualista dos docentes.
O terceiro aspecto que tem conformado o papel dos professores diz respeito ao
currículo que se desenvolve nas escolas.
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Nesse domínio, o que se tem constatado é que, além da cultura docente ser
“pouco exigente do ponto de vista intelectual e muito exigente do ponto de vista da
moral convencional de cariz conformista”, o individualismo e o isolamento – tradu-
zidos pelo regime quase privado da acção profissional em sala de aula – e o colec-
tivismo – no que diz respeito à uniformidade dos comportamentos do grupo do-
cente e à regulação do comportamento dos alunos (LOPES, 2005, p. 89) – continu-
am a ser as principais marcas da qualidade da cultura docente.
Embora sejam aspectos que têm sido favorecidos tanto pela arquitectura das
escolas – salas de aula individuais, ausência de espaços lectivos abertos e polivalen-
tes –, como pela própria organização curricular –, especificamente no que se refere
à disciplinarização do conhecimento –, a verdade é transportam consequências muito
negativas não só para o desenvolvimento profissional dos docentes, como também
para a melhoria das práticas educativas e para o desenvolvimento de projectos
colectivos de mudança. Esta postura individualista tem servido de obstáculo ao
acesso e à partilha de novas ideias, bem como à definição de soluções para os
problemas do ensino, estando ainda relacionada com a fragilidade da relação com o
saber na actividade docente (ROLDÃO, 2001, p. 20), o que contribui para debilitar o
seu saber profissional e, consequentemente, a sua profissionalidade.
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Concluída esta breve reflexão, coloca-se a seguinte questão: O que pode ser
feito para alterar toda esta situação?
Contudo, para que isso seja possível, é necessário que os responsáveis políticos
compreendam que as políticas educativas não conseguem “prescrever o compro-
misso, a ilusão ou as emoções positivas para a melhoria da educação que cada
educador ou professor tem a seu cargo” (BOLÍVAR, 2007, p. 18-19). Assim sendo, é
imprescindível que os decisores políticos compreendam que as mudanças na educa-
ção não podem ser decididas à margem dos sentimentos, emoções e horizontes
profissionais dos professores. Caso contrário, estarão condenadas ao fracasso. Como
lembra Goodson (2008, p. 13), “para entender o social e o político é preciso antes
entender o pessoal e o biográfico”, o que enaltece a importância das missões pesso-
ais e das trajectórias biográficas dos professores em todo esse processo.
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Além disso, é necessário que se desfaçam das posturas individualistas que têm
caracterizado o seu dia-a-dia profissional, passem a trabalhar em equipa e reflictam
conjuntamente sobre o que fazem, como fazem e porque é que o fazem. Como
sustenta Bolívar (2007, p. 20), a mudança dirime-se “no que os sujeitos [são] capa-
zes de pensar e fazer com ela”, o que comprova que a mudança da escola pública
deve ser idealizada com os professores e não para os professores.
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Referências
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