CS - Apostila para Médiuns p1

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Curso Códigos e Segredos de Umbanda | Por Alan Barbieri e Adérito Simões

O r ie n t a ç ã o p a r a q u e m a in d a n ã o e n c o n t r o u u m t e r r e ir o

Encontrar um terreiro sempre será uma tarefa difícil. Não há uma lista de bons terreiros que
servem para todas as pessoas. O terreiro que eu acho que é bom é considerado péssimo
para meu irmão. O terreiro que ele gosta, para mim, é ruim. Por que? São muitos os
fatores. Vão desde a energia (axé) circulante no terreiro até o método de trabalho utilizado.
Não existe o melhor terreiro para todo mundo. O melhor terreiro será sempre aquele que eu
frequento. Então, qual seria a dica? A dica é gastar sola de sapato. Sim, a orientação
máxima para encontrar um bom terreiro é sair à procura, visitar muitos terreiros e escolher
depois.
Comece a busca através da pesquisa entre seus amigos e amigas. Sempre existirá um
amigo umbandista que estará disposto a falar sobre os terreiros e indicar um para você ir.
Anote os endereços e comece a sua jornada. Vá também até o Google e digite “terreiro de
Umbanda em ...” e coloque o nome de sua cidade. Anote os endereços e vá em cada um
deles. Existem aplicativos para celular que também indicam quais são os terreiros mais
próximos de ti. Vá até o facebook e faça o mesmo. Você verá como se encontra a
Umbanda aí em sua região depois dessa pesquisa. Existem lugares com um só terreiro e
outros lugares com mais de cem. Um umbandista na China não terá opções como um
umbandista em São Paulo. A espiritualidade nos leva aos lugares que devemos estar no
momento. Aproveite a oportunidade e o próprio momento e crie experiência. Como eu
aprendi em meu estágio junto ao balcão da Justiça do Trabalho na época da faculdade de
Direito, nem sempre a gente faz o que quer. Lógico, eu não queria estagiar buscando
processos o dia todo. Eu queria acompanhar audiências e sentenças. Não era possível.
Portanto, fui de balcão mesmo. Claro, não durei sequer três meses ali no olho do furacão e
busquei algo melhor. Fui para um escritório. Sem a experiência do balcão eu não saberia o
que não quero para minha vida. Provavelmente, algum terreiro por aí terá o mesmo
resultado para você. Aproveite.
Ao chegar em cada terreiro saiba o que deve fazer:
1. Vá com uma roupa clara. Não precisa estar toda de branco. Exemplo, calça jeans
comum e uma camiseta branca ou azul está ótimo. Se não tiver camiseta branca ou clara,
tudo bem.
2. Não vá de shorts, decote, camiseta regata, legging branca ou qualquer outra roupa que
não seja adequada à casa de Deus. Um terreiro é a casa de Deus. Vista-se
adequadamente.
3. Alguns terreiros atendem por ordem de chegada. Pergunte aos que já estão na porta
aguardando abrir como funciona o atendimento naquele terreiro.
4. Aproveite essa fila de pessoas para perguntar como é o terreiro. Se ele é bom e como
funciona. Cada terreiro tem um jeito de trabalhar, de chamar para consulta e até de chamar
para a corrente mediúnica.
5. Saiba que você terá que tirar o sapato ou chinelo antes de entrar na área de trabalho
para ser atendido. Portanto, vá com um calçado fácil de tirar e calçar.


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1. Vá aos terreiros mais de uma vez e, de preferência, nas giras de Exu e de Crianças.
Nessas giras você verifica se o terreiro tem ordem ou não, se os médiuns mistificam ou
não. Se um Exu estiver chamando as mulheres de prostitutas ou humilhando as pessoas
saiba, ali não tem Exu. É animismo ou mistificação. É qualquer coisa, menos Exu.
2. Pegue sua senha, aguarde sua vez e, na hora que for passar em consulta, não espere
que a entidade adivinhe o que você tem ou o que precisa. Diga o que precisa. Fale o que
você tem.
Tenha paciência. Após “correr gira”, esse é o temo que usamos para essa fase de procura
de terreiros, escolha o que mais lhe agradou. Saiba que essa escolha não é definitiva e que
você sempre estará amparado ou amparada pela espiritualidade. Axé!



Tudo o que você precisa saber para não ser enganado

Incoerências estapafúrdias surgem a partir da falta de conhecimento por parte da vítima
prestes a ser arrastada para um antro de loucuras injustificáveis e da lábia traiçoeira do
golpista, assediador, estuprador e/ou assassino disfarçado de pai de santo. Cenas
grotescas de pessoas cometendo os mais repugnantes e traumatizantes atos em nome da
fé cega apenas rodam o mundo por conta da ausência de consciência da verdade; se o
religioso jamais entrou em contato com o correto, não saberá julgar o incorreto.

Aproveitadores covardes têm sobrevivido por meio dos milhares de reais cobrados de
indivíduos desesperados, asquerosos pervertidos têm forçado homens, mulheres e
crianças a cederem aos seus desejos nefastos em troca de bençãos, assassinos
disfarçados têm sacrificado vidas humanas em nome de seus rituais milagrosos e
caríssimos, sequestradores enrustidos têm mantido participantes de seus cultos como
escravos sem qualquer chance de alforria. Todos eles justificam suas ações cruéis,
desumanas e egoístas como vontade de Deus; todos também estão presentes na
Umbanda.

Mergulhar numa religião sem trajar um colete salva-vidas é tão imprudente quanto pular de
um prédio e esperar asas crescerem antes de atingir o chão. A única defesa de um
consulente ou médium diante de mar de tubarões famintos por novas presas é o
discernimento entre o que é um fundamento plausível e uma mentira bem formulada, pois
do contrário as chances de ser devorado e se tornar apenas mais uma história trágica são
muito maiores do que qualquer dirigente ousa declarar.

Ainda que a euforia tome conta do corpo e preencha a alma de alegria, a mente deve estar
atenta a cada requisição feita pelos companheiros e superiores e as dúvidas devem
receber explicações mais conclusivas do que “porque é assim e ponto final” ou “você não

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conseguiria entender o motivo”. É uma artimanha muito eficiente dos charlatões impedir a
busca por respostas de seus clientes utilizando o medo, a coação ou a supervalorização de
si mesmos.

A perspectiva de dar fim a um tormento pessoal, mesmo que por um preço absurdo,
aparenta ser a melhor alternativa para quem está fragilizado tanto fisicamente como
emocionalmente, contudo pagar para cessar um martírio somente acarretará no nascimento
de outro que pode assombrar o sofredor pelo resto de seus dias. Como a venda de todos
os bens para uma limpeza espiritual, o oferecimento de si próprio e seus iguais para a
quebra de uma demanda ou um estupro em troca de uma amarração amorosa potente o
suficiente para trazer a pessoa amada de volta.

Os exemplos citados configuram crimes hediondos e serão tratados como tais pelas
autoridades policiais se denunciados, portanto é dever daqueles que presenciaram ou
sofreram algum tipo de abuso reportarem o mais breve possível. Nenhum Guia ou Orixá
castigará o médium/consulente por isso. A Umbanda, assim como as demais religiões
pacifistas, prega que a paz somente será alcançada no dia em que o seres humanos em
sua totalidade viverem em harmonia - e obrigar outrem a dar cada centavo que tem (ou pior)
definitivamente não é o caminho e nem Umbanda.



O que é e com o ser um bom cam bone

A relevância da presença do cambone nos trabalhos mediúnicos é, por diversas vezes,
completamente subestimada. Médiuns de “nariz empinado“ os veem como assistentes,
serviçais ou empregados submissos dignos de tratamento rude; barbarizam um dos
principais sustentadores da corrente mediúnica na esperança de serem enxergados pelo
“público“ como mais especiais e valorosos. Por este e outros motivos é imprescindível que
o indivíduo que está a cambonar tenha fibra moral, fé, equilíbrio emocional e confiança em
seu trabalho.

A responsabilidade de ser um interpretador de mensagens, organizador atento à dinâmica e
vocalizador dos procedimentos pertence integralmente ao indivíduo desincorporado que
assiste e auxilia o Guia durante as consultas. Também cabe a ele observar e comunicar
qualquer que seja a controvérsia testemunhada para que haja um deslocamento em direção
à solução do conflito imediatamente - em nenhum momento ser conivente com cenários
contrários aos princípios da casa que participa garante que os “pontos cegos“ dos terreiros
sejam, aos poucos, extintos.


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Embora alguns considerem que ser cambone é o mesmo que atestar inexperiência para
incorporar e dar consultas, não há cargo mais significativo do que esse, pois abre as portas
do conhecimento maleável e mutável a partir de visões diferentes daquela defendida pelo
médium. É a oportunidade ideal para aguçar e/ou construir o senso crítico que forma a base
moral exclusiva de cada umbandista sem ter de, obrigatoriamente, passar pelas
experiências ali relatadas.

Com tamanha incumbência é esperado dos encarregados comportamento impecável em
relação aos Guias incorporados por seus colegas, amigos, dirigentes, desafetos e/ou
familiares. Ignorar um pedido, ser desagradável e desrespeitoso, interromper o diálogo, ter
a atenção dispersa e demonstrar descontentamento são apenas alguns exemplos de
absurdos que revelam a falta de preparação como ser humano do filho de santo. Assim
como - e até mais que - os encarnados, os espíritos de luz de Umbanda merecem estima,
educação e o melhor que tiver a oferecer.Um bom cambone comporta-se de modo
atencioso e cortês do momento em que vai ao encontro do consulente até o instante em
que despede da entidade no final do encontro. Ele a todo momento estará à disposição
para buscar itens solicitados, transmitir recados, ajudar em preparos e o que mais for
requisitado; sem pestanejar. O sorriso sincero faz parte de seu modo de expressar a alegria
que sente por estar no terreiro.

A perfeição e a “ascensão” em tempo algum são visadas porque ambos os objetivos têm
importância mínima quando comparados com a felicidade genuína por ser útil à
espiritualidade em seus propósitos benevolentes.

É da ética desses servidores do divino assegurar o bem-estar da assistência e nunca
quebrar o sigilo entre o consulente e a casa - independente da ocasião que levaria a tal
decisão. Um bom cambone sempre guarda os ensinamentos absorvidos e aplica-os em sua
vida pessoal e futuras consultas.



C o m o m e lh o r a r o s e u d e s e n v o lv im e n t o m e d iú n ic o

Você já assistiu à aula. Portanto, vamos avançar nas explicações. O desenvolvimento
mediúnico é feito 90% em casa e 10% no terreiro. O que você faz, fala e pensa durante a
semana definirá o que ocorrerá no dia do desenvolvimento. É como uma prova. O que você
estudou, o que você sabe e seu estado emocional contarão para seu desempenho. Se não
estudou, não saberá o que responder, se não estiver calmo não saberá responder. O
desenvolvimento mediúnico é a mesma coisa.
Em casa, você deve fazer os exercícios de conexão com suas entidades, bem como a
limpeza espiritual de seus corpos sutis. Comece desta forma:


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Evocações:
1. Se o desenvolvimento mediúnico for na linha dos caboclos, por exemplo, sete dias antes
comece acendendo uma vela verde (palito Ð faça uma vela por dia) em seu congá
doméstico ou oratório e faça a evocação da seguinte forma.
2. Sente-se confortavelmente, feche seus olhos, respire profundamente três vezes.
Imagine uma luz verde surgindo do alto iluminando você como se fosse uma coluna de luz
que lhe envolve, aquece e protege. Sinta o cheiro desta luz, a sua temperatura, sua
textura, analise como esta luz age em você. Comece pelo alto da cabeça. O que acontece
ali? Analise o que essa luz verde está alterando ou ativando nesse local. Siga a sequência
dos chacras principais, coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico ou
qualquer outro mapa que você usa para os chacras principais.
3. Pronto, você está limpo. A atenção e a análise não era para você aprender o que ocorre
e sim, para irrigar de energia localizada e assim, curar, energizar ou esgotar excessos
dessas regiões. A atenção também cura e protege.
4. Mentalmente, peça para ser levado até um ponto de força, pode ser qualquer um e quem
decide é o caboclo ou a cabocla. Projete-se até esse local amparado pela entidade. Torne,
aos poucos, essa imagem nítida. Não imagine. Faça o fluxo contrário. Deixe as imagens
surgirem e se encaixarem sozinhas. Sinta o cheiro do local, toque a natureza, sinta o
vento, a água, as folhas ou qualquer outra coisa que tenha ali. Após, peça para ver o
caboclo ou cabocla. Devagar, a imagem surgirá e se tornará nítida na medida da proporção
de sua capacidade.
5. Interaja com a entidade conversando ou simplesmente estando presente.
6. Agradeça a entidade pela oportunidade e se despeça para retornar à sua casa.
7. Abra seus olhos lentamente e pronto. Amanhã faça de novo.
Não conseguiu nada na primeira vez? Bem-vindo ao mundo das pessoas normais que
precisam trabalhar e melhorar sua mediunidade. Tente várias vezes até conseguir.



A s d iv e r s a s m a n e ir a s d e s a b e r s e u s O r ix á s d e c a b e ç a 

Formas externas - Sistemas e oráculos:
As formas externas estão ligadas às outras pessoas. Temos os jogos oraculares como, por
exemplo, os búzios, o opele, as cartas. Temos também os sistemas como a numerologia e
a astrologia para esta identificação. Cada um com seu método próprio ou até mesmo com
seus métodos próprios, tendo em vista que o jogo de búzios possui o método dos odus e
também o método de Oxum. Em linhas gerais, uma pessoa habilitada à leitura desses
sistemas ou jogos identifica os Orixás de cabeça da pessoa que se consulta. Há um
período preparatório para a consulta, a própria consulta e as determinações posteriores à
consulta. Não basta marcar, chegar e tirar o jogo ou abrir a mesa.

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Ainda no que se refere as formas externas, temos a revelação por meio da boca de outro
médium através da incorporação. Um médium, de preferência o pai ou mãe de santo
daquele que se consulta, incorpora o guia chefe do terreiro e diz para a pessoa quem são
os Orixás de cabeça da pessoa. Não basta simplesmente perguntar. É preciso preparação
do médium e da pessoa que deseja saber. A energia dos Orixás de cabeça devem estar
puras no momento da consulta. É preciso preceito, banhos de ervas, descanso e entrega.
Talvez, a pessoa necessite retornar mais de uma vez para confirmação final.
Temos também a revelação por meio de médium que não seja o pai ou mãe de santo. Um
médium de corrente, durante a consulta, faz esta revelação aleatoriamente sem preceito
especial para este fim nem da pessoa que se consulta nem do médium incorporado.
Exemplo, um consulente, durante uma consulta comum sobre dor de cabeça pergunta
quais são seus Orixás de coroa e a entidade diz.
Temos a revelação por meio da mediunidade. A pessoa que deseja saber pergunta a um
médium e este responde, sem incorporação, preceito ou preparação. Às vezes, a pessoa
sequer pergunta. O médium diz apenas olhando: “Nossa, você é filho de Xangô mesmo,
né”? Este é o método menos indicado.

Formas internas - Incorporação e análise:
As formas internas de revelação do Orixá de cabeça da pessoa provêm da manifestação
mediúnica destes Orixás ao longo de uma jornada de desenvolvimento. O médium, através
das giras e de seus estudos, aprende quais são as características dos Orixás e seus
reflexos junto à personalidade dos seres humanos. Passa a sentir a afinidade energética
por meio dos cânticos e toques durante as giras de atendimento e de desenvolvimento.
Incorpora ou manifesta Orixás ou falangeiros, dependendo da tradição que seu terreiro
segue para, em momento oportuno e em ritual próprio, ocorrer a revelação.
Exemplo, toca-se para as sete linhas de Umbanda e o guia chefe diz: Quero o Orixá de
frente dos médiuns que aqui estão. Então, há a manifestação ou incorporação. O falangeiro
ou o Orixá se apresenta e confirma ser o de frente de seu médium acenando positivamente
com a cabeça. Repete-se a operação para o Orixá adjunto.
Outro método interno de revelação é quando um guia do médium diz quais são os Orixás.
Esta revelação, obviamente, deve ser feita enquanto incorporado. 



Q u a is s ã o o s f u n d a m e n t o s d a s g u ia s , r o u p a s e f e r r a m e n t a s d e t r a b a lh o

As guias

Podemos encontrar terreiros de Umbanda que utilizam guias e outros que não utilizam. A
Tenda Mirim não utilizava guias por determinação do Caboclo Mirim. Lembrando que
Bejamin Figueiredo, médium que incorporava o Caboclo Mirim, aprendeu Umbanda

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diretamente na TENSP com Pai Zélio Fernandino de Moraes. Contudo, não utilizar guias é
uma exceção.
As guias portam energia. Esta energia circula pela guia através de seus elementos
(material condutor de axé) sendo a firma a porta de entrada e saída. A firma fica na parte
de trás do pescoço, local em que as entidades utilizam para manipular energia para fora da
mesma e para dentro. Assim como um disjuntor, se ocorrer o excesso de energia a guia se
quebra preservando o médium. É melhor quebrar a guia do que quebrar o médium. Quantas
vezes, ao final de uma palestra falando sobre a importância do estudo, minha guia de
Ogum não se rompeu? Muitas. A guia protege, a guia atua contra energias negativas e a
favor das positivas. A guia não pode ser levada até o banheiro e o médium fazer suas
necessidades fisiológica com a mesma. É preciso retirá-las, no mínimo, em respeito e, no
máximo, para preservar o seu axé.
As guias de um médium são do médium. Não há o compartilhamento de guias. Emprestar
uma guia causa desequilíbrio na mesma. Desta forma, somente uma entidade pode fazer
isto e em situações de exceção. Normalmente, pede-se para que a pessoa confeccione
uma guia de proteção para esta finalidade.
Uma guia de proteção é uma guia de uso diário, ou seja, utilizamos para alcançar algum
objetivo específico como, por exemplo, abertura de caminhos para conseguir emprego. A
guia de proteção é uma guia de objetivo específico. A guia de trabalho é uma guia usada
para o trabalho mediúnico como, por exemplo, a guia de lágrimas de Nossa Senhora do
preto velho. Não se utiliza a guia de trabalho fora do trabalho, a não ser que uma entidade
diga que deve ser usada por X dias. No mais, vale a regra, guia de trabalho é usada no
trabalho de terreiro e a guia de proteção usada no dia-a-dia. Pode-se usar as guias de
proteção durante as giras.
Existem outros tipos de guias, a saber: guia de conversão, guia de batismo, guia de
casamento, guia de coroação, guia do terreiro dentre outras. Conversão é quando uma
pessoa que nunca participou de uma corrente mediúnica de terreiro de Umbanda ingressa
em nossa religião. Batismo e casamento são sacramentos já conhecidos e coroação é a
consagração que reconhece a maturidade mediúnica do umbandista preparando-o para as
próximas etapas de sua jornada rumo à abertura de um novo terreiro ou a assumir a
posição de exemplo como irmão mais velho do terreiro.
Por fim, as guias possuem correlação com a energia que circulará na mesma através de
cores, símbolos e material. Por exemplo, podemos confeccionar uma guia branca para
Oxalá. Aqui, teremos a relação de cor. Podemos confeccionar uma guia de pedras
vermelhas para Xangô. Aqui, teremos a relação do material pedra vermelha. Podemos
confeccionar uma guia de aço com os símbolos das sete linhas (chave para Obaluaê,
flecha para Oxóssi, lua para Iemanjá e Oxum, raio para Iansã, machado para Xangô, cruz
para Oxalá, espada para Ogum).

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As roupas

As roupas são fonte de axé e são símbolos de nossa condição como filho de santo. Uma
roupa de santo bem cuidada emana forte axé que protege o médium, auxilia na
incorporação e descarrega as energias negativas. Exemplo do que digo está no fato de
que, ao colocar a roupa de santo (roupa branca) a vontade de não ir ao terreiro desaparece
e novo vigor físico se instala novamente na pessoa. A roupa branca ou roupa de trabalho
ou roupa de santo deve ser guardada isolada da roupa de uso comum. Não queremos que
as energias desequilibradas do dia a dia sujem energeticamente nossa roupa de santo.
Também por esta razão, tomamos banho de ervas antes de colocar a roupa de santo. Tudo
para preservar o seu axé acumulado durante os dias de uso sagrado.
Temos a roupa branca de desenvolvimento mediúnico. Temos a roupa branca de trabalho.
Temos a roupa branca de festividades sagradas. Temos a roupa branca para eventos
sociais. A roupa branca de desenvolvimento mediúnico é mais simples. Normalmente,
resume-se a uma calça e uma camiseta branca para os homens e uma saia rendada e
camiseta branca para as mulheres. Não é preciso dizer que as roupas íntimas devem ser
brancas também. O branco é o símbolo da pureza e também das sete linhas, tendo em
vista ser a cor que reflete todas as demais além de outras definições para o branco como
humildade, por exemplo. A roupa de trabalho é a roupa completa de combate às forças
negativas e louvor à Deus, Orixás e entidades de Umbanda. Se fossemos um exército, a
roupa de desenvolvimento seria a roupa de treinamento e a roupa de santo seria o uniforme
de combate. A roupa de festas seria o uniforme com suas divisas e indicações. Por
exemplo, festa de Oxóssi teremos o cocar, a camiseta verde e a calça branca. Só para
constar, alguns terreiros não utilizam estas diferenciações. Apresento apenas e unicamente
minha forma de trabalho. Sendo bom, use. A roupa branca para eventos sociais é uma
roupa branca comum usada para confraternizações, palestras, encontros, homenagens.
No que se refere ao calçado, seu uso é opcional. Contudo, este sapato deve ser exclusivo
para o terreiro. Se o sapato é para o terreiro, só no terreiro deve ser utilizado.

Os instrumentos de trabalho

A capa de Exu é um instrumento de trabalho. O cocar do caboclo, o cachimbo do preto
velho, o chicote do boiadeiro, o facão do baiano são instrumentos de trabalho. Tudo aquilo
que uma entidade utiliza para atingir um determinado fim durante seus trabalhos é um
instrumento de trabalho. Instrumento de trabalho, portanto, pode ser uma ferramenta, uma
vestimenta ou qualquer outro objeto.
Dividimos, normalmente, em paramenta (chapéu, capa, lenço, bracelete, cocar),
instrumento (faca, punhal, taça, moeda) e ferramenta (ofá de Oxossi, espada de Ogum,
machado de Xangô). Contudo, aqui, tudo será chamado de instrumento de trabalho. Os
instrumentos de trabalho tornam a Umbanda incompreensível aos espíritas. Julgam que
tais vestimentas e material é dispensável e que as entidades ainda estão apegadas à
matéria. Tudo bem. Entendemos o pensamento espírita, mas somos de Umbanda, uma


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outra religião e independente da doutrina espírita. Uma faca pode ser usada como ponteira,
um verdadeiro para-raios de energias negativas. Pode também cortar uma fita devidamente
rezada cortando assim, o mal enviado à pessoa. Uma capa protege seu médium durante a
incorporação, bem como filtra as energias do ambiente. O machado de Xangô irradia
Justiça Divina libertando as pessoas presentes de seus males, o cachimbo libera sua
fumaça para alcançar o plano divino e levar nossas orações. Visão lúdica, instrumento
efetivo. Não importa. Cada ser humano entende Deus de uma forma.
Sendo mais técnico, um instrumento de trabalho possui o seu duplo espiritual, ou seja, um
cachimbo de preto velho possui um outro cachimbo espiritual ligado ao cachimbo material.
Este cachimbo espiritual dá vida e propósito à matéria. Ao ser utilizado pelo preto velho,
sua fumaça é dotada de energia espiritual capaz de alterar o meio-ambiente ou a pessoa
que recebe a baforada. Transforma-se oração em matéria (fumaça) e atinge seu objetivo.




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