O Diálogo Um Principio Fundamental
O Diálogo Um Principio Fundamental
O Diálogo Um Principio Fundamental
Organizador
DIÁLOGO
Um princípio pedagógico
DIÁLOGO
Um princípio pedagógico
LUIZ SÍVERES
Organizador
DIÁLOGO
Um princípio pedagógico
Brasília, DF
Unesco, 2016
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por quaisquer meios, sem autorização
prévia, por escrito, da editora e do Programa Mestrado e Doutorado em Educação da UCB.
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1999, que entrou em
vigor no Brasil em 2009.
Comitê Editorial
Afonso Celso Tanus Galvão, Célio da Cunha, Cândido Alberto da Costa Gomes, Carlos Ângelo de
Meneses Sousa, Geraldo Caliman (Coord.), Luiz Síveres, Wellington Ferreira de Jesus
ISBN: 978-85-7963-149-8
CDU: 37.02
Prefácio
Gilberto Gonçalves Garcia ...............................................................................................7
Apresentação
Luiz Síveres...................................................................................................................15
Capítulo 1
O diálogo na educação: uma relação entre o dialógico e a dialogicidade
Luiz Síveres...................................................................................................................15
Capítulo 2
Princípios filosóficos do diálogo
Daniel Luís Steinmetz
Aurélio Rodrigues da Silva..............................................................................................31
Capítulo 3
Diálogos: desafios e possibilidades para (re)pensar a prática docente
Luiz Síveres
Elsa Helena Almeida Silva Balluz ..................................................................................43
Capítulo 4
O diálogo: drama e contradrama da educação
Ivar César Oliveira de Vasconcelos
Luiz Síveres...................................................................................................................57
Capítulo 5
O diálogo e a dialogicidade como mediação pedagógica
Luiz Síveres
Maria José Cunha Freire Mendes....................................................................................77
Capítulo 6
Diálogo, dialogicidade, ação dialógica:
elementos constitutivos da práxis no processo de ensino-aprendizagem
Oberdan Quintino de Ataides.........................................................................................97
Capítulo 7
Diálogo como potenciador do caráter democrático da avaliação
Alexandre Ventura.......................................................................................................111
Capítulo 8
O diálogo como elemento da dimensão lúdica:
uma contribuição ao processo de ensino e aprendizagem
Camille Anjos de Oliveira Santos..................................................................................127
Capítulo 9
A ecologia de saberes na formação de professores:
um estudo sobre os saberes docentes no curso de Pedagogia
José Roberto de Souza Santos
Luiz Síveres.................................................................................................................139
Capítulo 10
A gestão participativa e o dialogismo percebido no processo educacional
Renato de Oliveira Brito..............................................................................................157
Capítulo 11
Desafios da formação de professores: educar para a cidadania global
Mariana Aparecida Chistiano......................................................................................175
Sobre os autores.....................................................................................................189
Prefácio
É com grande prazer que aceitei o convite para escrever o Prefácio deste livro,
Diálogo: um princípio pedagógico, pois acredito que o fundamento de toda
ação educativa ocorre em função da capacidade do diálogo estabelecido entre os
agentes envolvidos pela aprendizagem.
O trabalho organizado pelo professor doutor Luiz Síveres, coordenador
do programa de mestrado e doutorado em Educação, da Universidade Católica
de Brasília, reforça o compromisso do pesquisador e dos demais autores com
uma educação libertadora, emancipadora e alicerçada em um grande projeto
educativo, no mesmo sentido que escreve o próprio organizador na Apresentação
desse livro, “que se desenvolve tanto pelo princípio dialogal quanto pelo processo
dialógico”.
O diálogo é a condição do ser humano em se humanizar frente aos demais
processos de humanização, aspectos relevantes no universo social e pedagógico.
É o diálogo, portanto, que permite se pensar e praticar uma “pedagogia da
presença, da proximidade e da partida”.
A proposta apresentada no decorrer do livro se torna de suma importância
para o cotidiano do processo de ensino e aprendizagem no ambiente educacional.
Discutir as práticas pedagógicas a partir da perspectiva do diálogo é decisivo
para se ampliar a visão que se tem do atual contexto da educação na sociedade
contemporânea, considerando os seus valores, a sua história e sua formação cultural.
7
A temática desenvolvida na presente obra deve ser um ponto de referência,
não apenas aos educadores e pesquisadores das áreas da Educação, mas também
aos responsáveis pelo cuidado com a questão pedagógica das instituições de
ensino, tanto superior quanto da educação básica.
É notório que todas as instituições de ensino se deparam com o desafio de
apresentar, em coerência com a sua missão especifica, um projeto educativo que
seja capaz de atender os anseios da formação humana integral, das necessidades
do mercado de trabalho, do desenvolvimento técnico e científico, de homens
e mulheres que sejam capazes de promover a vital importância da verdade,
da justiça, da paz, da igualdade, da defesa do meio ambiente, da instauração
máxima da ética nas relações e da valorização da transcendência como parte
integrante do sujeito.
No sentido acima, o diálogo deve ser a grande ferramenta das ações
pedagógicas na instauração de uma nova cultura para os ambientes educacionais,
que promovam a reflexão da condição do ser humano contemporâneo.
A sequência de artigos apresentados no livro permite uma análise filosófica,
pedagógica, política e antropológica da temática no processo evolutivo do assunto
na pauta das estratégias de uma educação emancipadora.
O conjunto de reflexões sistematizadas ao longo do trabalho pode ser motivo
de inspiração para organizar o processo de aprendizagem, usando outras fontes
de saberes, não limitando a discussão ao projeto da globalização econômica e da
revolução da informação.
Desejo a todos uma leitura repleta de inspirações flexíveis que possam
promover mudanças saudáveis nas práticas pedagógicas cotidianas, enriquecendo
a maravilhosa experiência de ensino e aprendizagem nos ambientes educacionais.
8
Apresentação
9
e prática educativa, estaria contribuindo com o percurso educacional. Por isso
mesmo, alguns textos têm tendência mais teórica e outros, mais empírica.
Contudo, todos procuram revelar, articuladamente, o princípio e o processo
dialogal no ambiente educativo.
Seguem brevíssimas apresentações dos textos.
10
de seu protagonismo profissional, o desenvolvimento de um processo dialogal
de adesão, ação e autoconsciência do professor, como dimensões decisivas para a
postura reflexiva de sua forma de agir e conduzir sua práxis educativa.
Apresentação | 11
Diálogo como potenciador do caráter democrático da avaliação.
Alexandre Ventura procura compreender a avaliação como um fenômeno
eminentemente social. Assim sendo, o diálogo desempenha papel infraestrutural
numa perspectiva capaz de encarar a avaliação como um meio de aumentar o
nível de conhecimento sobre determinado objeto que permita um aprimoramento
da sua morfologia, do seu funcionamento ou do seu impacto. A qualidade e a
horizontalidade do diálogo constituem nutrientes essenciais para que a avaliação
realize o seu potencial de vivência e robustecimento dos princípios societários
democráticos. O autor apresenta uma panorâmica sobre a pesquisa científica no
âmbito do papel do diálogo na avaliação como alavanca da democracia.
12
as relações interpessoais, à medida que aproxima os agentes envolvidos no
processo comunicacional e à medida que considera a pessoa como portador
de uma bagagem sociocognitiva, a qual se torna padrão de referência de cada
indivíduo. Para o autor, a comunidade escolar deveria assumir seu papel de forma
consciente, responsabilizando-se em construir elos entre o projeto e o sucesso de
sua concretização. Entende, ainda, que o fortalecimento da gestão democrática
deveria estar associado à democratização do processo pedagógico, pois isso
legitima esse processo, revertendo em favor da dita gestão.
Luiz Síveres
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação
Universidade Católica de Brasília
Apresentação | 13
Capítulo 1
O diálogo na educação:
uma relação entre o dialógico e a
dialogicidade
Luiz Síveres
Introdução
15
de tecnologias de comunicação. Mesmo contando com estas instrumentalidades,
o diálogo é um princípio instituidor da existência humana, uma mediação para
a construção do conhecimento e, portanto, uma possibilidade de contribuir com
as finalidades do processo educativo.
Estas categorias estiveram presentes, inicialmente na sistematização da
filosofia ocidental, especialmente na experiência originária da cultura grega,
que compreendia o diálogo como um convite a mergulhar no pensamento.
Na sequência, no período medieval, demarcado pelo conhecimento teológico,
propunha-se um conhecimento vinculado ao mistério, configurando-se uma
vinculação com o transcendente. E no contexto da modernidade, por fim,
o diálogo foi inserido na trajetória pessoal e social como um procedimento
comunicacional.
As características acima anunciadas, dentre muitas outras, continuam
repercutindo na realidade atual, como nos núcleos familiares, nas organizações
comunitárias, nos agrupamentos sociais ou nos sistemas globais, mas um dos
espaços apropriados para o exercício do diálogo é o ambiente educativo, que
deveria compreendê-lo, tanto como princípio educativo quanto como uma
mediação educadora.
Para a proposição deste diálogo educativo estaria se sugerindo, portanto,
uma compreensão do princípio dialógico tendo como referência a filosofia
de Martin Buber (1878-1965) e o processo da dialogicidade, tendo como
argumento a pedagogia de Paulo Freire (1921-1997). Portanto, o diálogo entre
estes educadores e a proximidade dos princípios educativos do dialógico e da
dialogicidade constituem a inspiração deste trabalho, que tem por objetivo
contribuir com uma educação que se projeta para o sentido existencial e social da
comunidade educativa.
16 | Luiz Síveres
semelhanças e diferenças entre Martin Buber (1987; 2001; 2009) e Paulo Freire
(1977; 1987; 1998; 2005; 2012), considerados dois pensadores contemporâneos
que deram uma significativa contribuição à humanidade e, de modo especial, ao
processo educacional.
Martin Buber nasceu em Viena/Áustria e doutorou-se em Filosofia na
Universidade de Berlim, tornando-se professor catedrático na Universidade de
Frankfurt. Migrou, posteriormente, para a Palestina onde assumiu o magistério
na Universidade Hebraica de Jerusalém e, nesta missão, foi indicado para o Prêmio
Nobel da Paz. Tanto a sua vida, quanto a sua obra, podem ser compreendidas
na inscrição esculpida na sua lápide: “Permaneço sempre contigo”, que é um
versículo do Salmo 73 que expressa o princípio da sua filosofia, pautada nos
conceitos de encontro, de relação e de diálogo.
Paulo Freire nasceu em Recife/Brasil e como criança aprendeu a ler e escrever
com seus pais debaixo dos pés de mangueira. Estudou Direito na Faculdade
de Direito do Recife, foi convidado para coordenar o Programa Nacional de
Alfabetização, mas com o golpe militar, em 1964, começou o seu período de
exílio. Neste tempo dedicou-se, principalmente, ao exercício da docência no
Chile, nos Estados Unidos e Suíça. Posteriormente, peregrinou pela América
Latina, Ásia e África para partilhar suas experiências pedagógicas. No retorno
do exílio, dentre muitas funções, foi Secretário de Educação na Prefeitura de São
Paulo e Professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Embora Buber e Freire nunca tenham se encontrado pessoalmente,
a percepção de mundo, a compreensão de ser humano e a importância de
contribuir com a humanidade, por meio da educação, os tornou muito próximos.
Esta proximidade se revelou, também, pelo desenvolvimento de uma dinâmica
de pensamento circular entre reflexão e ação, logos e práxis, ética e estética. As
semelhanças se deram, ainda, pela proposição de um projeto educativo que tinha
no horizonte de sua realização um projeto de liberdade, mediado por um diálogo
antropológico e pedagógico.
É possível perceber pelas obras, principalmente de Paulo Freire, que ele
reiteradamente fez referência à filosofia de Martin Buber, sempre com o espírito
de inspiração, mas ao mesmo tempo de superação, aspectos que caracterizam
o perfil dos grandes pensadores. Além disso, as distinções entre ambos podem
O diálogo, seja pela compreensão do seu conceito ou pelo exercício de sua prática,
acompanhou a história da humanidade e assumiu características próprias em
cada período da civilização humana. Por esta razão, também no projeto da
modernidade o diálogo foi retomado, de maneira mais explícita através da filosofia
de Martin Buber, que o compreendia como uma característica da identidade
humana e como uma relação inter-humana, definindo-se, assim, o perfil da
natureza humana por meio da relação entre a subjetividade e a intersubjetividade.
Martin Buber (1987; 2001; 2009) jamais buscou se identificar com alguma
corrente teórica, mas por meio de suas obras é possível entender que ele esteve
bastante próximo da filosofia da vida e, de modo especial, porque as suas
reflexões foram pautadas no princípio dialógico para estabelecer uma relação
inter-humana.
Além deste qualificativo atribuído ao ser humano, podem-se destacar,
18 | Luiz Síveres
ainda, as características de um ser político e econômico, social e cultural, ético ou
estético. Diante deste mosaico de representações humanas, a filosofia buberiana
parte do princípio de que o homem é um ser relacional e tal dinâmica pode se dar
de distintas maneiras, mas ela se efetiva dentro de uma comunidade orgânica,
que supera tanto o atomismo individual quanto o coletivismo totalitário.
Esta proposta está presente nas reflexões de Martin Buber, mas foi formatada
com maior profundidade na obra EU e TU, ao propor o diálogo como um projeto
de plenitude, isto é, não como um conceito, mas como um evento, um encontro,
um acontecimento. São estas disposições relacionais que caracterizam o inter-
humano e se expressam, segundo o autor, “em todas as formas, estruturas e ações
da vida comunitária dos homens” (1987, p. 41). O inter-humano é, portanto,
uma característica essencial da própria condição humana, mas que se efetiva na
reciprocidade entre os humanos e se configura na experiência social.
O ambiente idealizado por Buber (1987) para esta dinâmica seria a
comunidade, que por um lado constitui o elemento essencial da existência
humana e, por outro, a sociedade seria a estrutura criada para a sua experiência
social. Assim, a comunidade seria o espaço da aliança entre os humanos e a
sociedade o lugar do contrato para efetivar o bem comum. Portanto, seria tarefa
da sociedade promover o bem comum e da comunidade estabelecer laços de
convivência humana, que se dariam efetivamente, por meio de um procedimento
dialógico.
Desta forma, a compreensão do ser humano, como um projeto inter-
humano, se daria por meio do diálogo que abrangeria a dimensão individual,
comunitária e social. No entanto, seria no encontro e na relação que se daria a
plenitude da condição humana e, por esta razão, Buber afirma que “A esfera do
inter-humano é aquele do face a face, do um-ao-outro; é o seu desdobramento
que chamamos de dialógico” (2009, p. 138). O diálogo é compreendido, neste
sentido, como um princípio dialógico.
O diálogo como dialógico, para Buber (2001), estaria ancorado na palavra
e se expressaria como um princípio e uma finalidade. Por isso, ela é originária
porque está pautada numa palavra-princípio (Grundwort), mas tem uma
intencionalidade no sentido de estabelecer um diálogo entre o Eu-Tu. Esta
palavra é, portanto, portadora do ser e realizadora da condição humana, mas na
20 | Luiz Síveres
poderia se inaugurar na relação do inter-humano. A vida dialógica seria, sob esta
dimensão, um exercício de reciprocidade.
Outra característica do dialógico seria a diferenciação que Buber (2001) faz
entre o dito e o dizer. Embora os dois conceitos estejam vinculados à palavra, o
dito estaria mais próximo da transmissão de conhecimentos e o dizer seria uma
expressão da linguagem para responder às palavras que realizam uma vida vivida.
Neste sentido, o dialógico seria uma resposta aos dizeres da vida que seriam
assumidos como uma atitude de responsabilidade. A existência dialógica seria,
com base nesta reflexão, uma prática de responsabilidade.
Além dos atributos da reciprocidade e da responsabilidade, dentre outros,
Buber aponta para um processo dialógico pautado na alteridade, porque “o
movimento básico dialógico consiste no voltar-se-para-o-outro” (2001, p. 56).
Este direcionamento não se resume num deslocamento em direção ao outro,
mas muito mais num aproximar-se e num tornar-se presente na vida do outro,
acolhendo as suas perguntas e, a partir delas, inaugurando um novo diálogo.
Assim, o movimento de presença e de proximidade do outro é que vai caracterizar
o princípio dialógico como alteridade.
Com essas características, Buber (2001) deseja superar uma percepção
de sociedade, essencialmente pautada no monólogo, aspecto comparado a um
simples reflexo do espelho, ou a um inseto com uma asa mutilada, ou à figura
de um homem enfaixado. Portanto, para reverter este perfil extremamente
individualista e materialista, além das características dialógicas da reciprocidade,
da responsabilidade e da alteridade, o autor apresenta a possibilidade de um amor
e de um eros dialógico, de uma racionalidade e de um pensamento dialógico, e de
um princípio e de um processo educacional dialógico.
Enfim, considerando que “o homem se torna Eu na relação com o Tu”
(BUBER, 2001, p. 32), o caminho recomendado para este relacionamento é
encontrar o outro para permanecer em diálogo. O princípio dialógico caracteriza-
se, portanto, como a plenitude da condição humana, que vai se efetivando por
meio de uma relação inter-humana, que pode ser exercida através de inúmeras
mediações, mas a proposição da reciprocidade, da responsabilidade e da
alteridade, foi considerada mais adequada para o conjunto da reflexão sobre o
diálogo como um princípio dialógico.
22 | Luiz Síveres
o diálogo, que parte de uma percepção problematizadora da realidade, e na
sinergia entre a ação e reflexão procura-se desenvolver a consciência plena da
humanidade e a transformação coletiva da sociedade. Com base nesta proposta,
segundo o autor, os homens são ao mesmo tempo criadores da história e se fazem
seres históricos.
Por esta razão, segundo Freire, o diálogo é uma “exigência existencial”
(1987, p. 79). Neste sentido o ser humano é um ser dialógico e vai exercitando
a sua vocação dialogal na medida em que se caracteriza como palavra, isto é,
uma palavra capaz de pronunciar o mundo e de promover a sua transformação.
Assim, a relação dialogal não é apenas uma vinculação entre o Eu-Tu, proposta
apresentada anteriormente, mas a sua ampliação com a possibilidade de estabelecer
uma conexão entre o Eu-Mundo.
Para desenvolver este projeto, Freire (1987) sugere um processo de
dialogicidade que é, essencialmente, uma prática da liberdade. Para instaurar
esta proposta, a dialogicidade precisaria realizar a transição de uma consciência
simples para uma complexa, de um comprometimento técnico para um ético e
de um procedimento ingênuo para um filosófico. Assim, a prática da liberdade
estaria alicerçada numa práxis, que seria a interação entre uma atitude reflexiva e
uma ação transformadora.
Esta passagem remete à possibilidade de ser e ser melhor, bem como,
de conhecer e conhecer melhor. Para dar efetividade a este procedimento, a
dialogicidade deveria, segundo Freire, “supor maturidade, aventura do espírito,
segurança ao perguntar, seriedade na resposta” (2012, p. 131). Estes atributos
da dialogicidade, dentre outros, podem ser enriquecidos pelos conceitos de
humanidade, de historicidade e de solidariedade.
A condição humana se realiza pela subjetividade, mas ainda mais, pela
intersubjetividade. São as relações individuais e sociais que compõem as energias
para ir formando o ser humano, que nunca se encontra numa fase de acabamento.
Nesta dimensão mais subjetiva e social encontra-se a proposta de Freire que
afirma que, “estar no mundo implica necessariamente estar com o mundo e com
os outros” (2012, p. 32). É nesta conectividade entre o pessoal e o social que o ser
humano vai constituindo a sua humanidade.
Além da humanização, o ser humano é um ser histórico porque, segundo
24 | Luiz Síveres
da própria natureza humana e uma comunicação que se encontra no centro do
fenômeno vital. A dialogicidade é, enfim, um processo que acontece entre a
experiência vital e a dinâmica relacional, de modo específico pela expressão de
humanidade, de historicidade e de transformação do mundo, configurando-se
num projeto de vida e de mais vida.
26 | Luiz Síveres
de investigar a realidade e ter consciência dos seus significados, é necessária uma
práxis, que no fundo é o diálogo entre a reflexão e a ação.
De acordo com Freire, “O diálogo pedagógico implica tanto o conteúdo
ou objeto cognoscível em torno de que gira quanto a exposição sobre ele feita
pelo educador ou educadora aos educandos” (2005, p. 118). Isto revela que o
diálogo pedagógico está presente na subjetividade do educador e do educando,
bem como na mediação que se estabelece por meio do diálogo com a diversidade
de conhecimentos.
Tais procedimentos, segundo Freire (1998), fazem parte do princípio de
que o ser humano é um ser inacabado e, portanto, busca uma plenitude no
exercício ético para consigo mesmo e para com os outros, bem como um espírito
de abertura que se aproxima da relação política para desenvolver uma ação e
transformação social, bem como um direcionamento pedagógico de inquietação
e curiosidade. Estes atributos, dentre outros, configuram a existência humana,
principalmente pelo seu movimento contínuo de inacabamento.
Nesta percepção, o diálogo, além de caracterizar a dimensão ontológica do
ser humano, constitui-se também num procedimento epistemológico, na medida
em que a criação e sistematização do conhecimento percorrem um caminho que
considera, segundo Freire (1992), a problematização do próprio conhecimento
sobre a realidade através da sua compreensão e consequente transformação.
A educação como um processo de dialogicidade desenvolve-se mediante um
relacionamento entre os objetos do conhecimento que buscam as suas razões de
ser. Tal relação dialógica se daria, portanto, pela configuração pessoal e social
e se transformaria numa exigência epistemológica e, neste caso, a dialogicidade
se configuraria, conforme visto acima, como um projeto de humanização, de
historicização e transformação social.
Considerando que o processo educativo estaria vinculado, de acordo
com Síveres (2015), à natureza humana como uma expressão antropológica
e à necessidade de se efetivar um percurso aprendente pela processualidade
pedagógica, tal proposta reforçaria a necessidade de estabelecer uma articulação
entre o dialógico e a dialogicidade, bem como, compreender a educação como
uma finalidade em si mesma e como objetividade pessoal, social e profissional.
No contexto de uma realidade caracterizada pela complexidade, o processo
Conclusão
28 | Luiz Síveres
evidenciada no contexto atual, já foram captadas por Buber e Freire por meio da
percepção do monólogo e da atitude antidialógica, respectivamente. Com base
neste entendimento os autores sugeriram a retomada e a valorização da dinâmica
dialogal, de modo especial no processo educacional, porque estavam preocupados
com um projeto social e político que tivesse como referência a humanidade e a
liberdade do educador e do educando.
Por esta razão, torna-se necessário superar uma metodologia pautada na
dicotomia que separou o sujeito do objeto, aspecto fortemente desenvolvido
pela filosofia positivista, bem como, superar um modelo educativo que se
agrupou em torno da racionalidade, tendo como referência o iluminismo e,
ainda, a insurgência da instrumentalidade técnica, por meio de uma retomada
do pragmatismo. Tais vertentes filosóficas deram uma grande contribuição à
humanidade, mas percebe-se uma disposição para superar esta educação pautada
apenas na disciplinaridade, na racionalidade ou na instrumentalidade.
A possibilidade por compreender a educação, por meio de um projeto
dialogal, reafirma a oportunidade de retomar e exercitar uma dinâmica que
buscaria superar a despersonalização do ser humano e a instrumentalização da
educação. E para isso, com a inspiração no princípio dialógico, segundo a filosofia
buberiana, poderia ser uma “pequena faísca” que precisaria ser redescoberta a
todo instante, e no sentido do processo da dialogicidade, concernente à pedagogia
freireana, poderia ser a experiência do “inédito viável”, que entenderia a realidade
e projetaria para a utopia.
Enfim, apesar da predominância destes pressupostos, o percurso realizado
na companhia de Martin Buber e de Paulo Freire revelou que o caminho do
diálogo é mais indicado porque consegue vincular os diversos sujeitos educativos
e integrar as distintas finalidades educacionais, por meio do princípio dialógico
e do processo da dialogicidade. E, portanto, tendo como base esta proposta é
possível desenvolver uma educação que se constitua num procedimento dialogal
entre o ser e o agir, entre a paideia e a politeia, entre a prosa e a poesia, entre a
técnica e a ética, entre a realidade e a utopia.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1977.
______. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
30 | Luiz Síveres
Capítulo 2
Introdução
O diálogo sempre foi um momento esperado por todo ser humano, que pensa
num entendimento entre pessoas, grupos ou causas a serem esclarecidas e postas
em compreensão comum, com o objetivo de aprender e conduzir-se no caminho
31
da sociabilidade e do entendimento de forma harmônica e pacífica.
Duas individualidades que divergem sobre o assunto e que precisam unificar-
se, para que possam falar, discutir e se pôr de acordo para um entendimento
comum. Esse diálogo é entendido como uma forma de unir duas subjetividades,
a partir da linguagem, dos gestos e dos movimentos.
A intencionalidade do diálogo é requerida das duas partes envolvidas,
numa perspectiva de mediação, para acontecer aprendizagem no contexto do
processo educativo. A perspectiva dialética é fundamental para o processo do
entendimento acontecer, pelo fato de duas fontes de saber se posicionarem numa
perspectiva de doação de individualidades.
Historicamente, a comunicação se dava nessa forma dialógica, numa
dimensão de entendimento e de mediação de conceitos, para se ter uma unidade
de fala, sobre a compreensão da aprendizagem, mas também como uma forma
de fazer-se humano, e de resolver as grandes questões que se colocavam nesse
momento, a saber: quem sou? de onde vim? e para onde vou?
Os gregos foram os primeiros a se perguntar sobre essas questões
fundamentais do ser humano, e não faltaram esforços para esclarecer o tema
para sua época. De espírito livre e sem impedimentos, os gregos consideravam-se
seres humanos com possibilidade de usar da sua racionalidade para resolver essas
questões centrais da vida, numa perspectiva de se considerarem semideuses e,
portanto, empoderados para isso.
A cultura grega, conduzida pelos mitos e suas explicações, fez com que
desabrochasse um espírito dialógico muito intenso, a ponto de radicalizar a
sua compreensão, ou seja, a racionalidade. Algumas figuras humanas aparecem
para cristalizar essa compreensão, tais como Sócrates e sua maiêutica, Platão e o
mundo das ideias e o diálogo ético de Aristóteles.
Essas bases para a compreensão do tema são de fundamental importância
no sentido de serem princípios dessa tematização. Os gregos são originais
em desenvolver a questão, buscando seu entendimento sobre esse assunto e
permanecendo até nossos dias, na dimensão do estabelecimento das bases
para pensar a dimensão dialógica, que se busca levar ao cabo por meio de uma
pedagogia dos diálogos.
Tentar ligar os conceitos filosóficos básicos à dimensão dialógica é o desafio
1. Maiêutica Socrática
Aristóteles estabelece sua reflexão sobre o diálogo tendo como referência duas
finalidades humanas: o estudo da conduta individual do homem teria como fim
o desenvolvimento de uma ética; e o exercício da cidadania em uma sociedade
teria como fim a política. Dessa forma, o diálogo seria o fundamento para o ser
humano alcançar suas finalidades éticas e políticas.
Ao analisar o pensamento de Aristóteles, Reale e Antiseri (1990)
compreendem que todas as ações humanas tendem a fins que são bons. Estes,
entendidos como um conjunto de ações humanas particulares, as quais estão
subordinadas a um fim último, para Aristóteles, seria o bem supremo, ou seja, a
felicidade.
Esta felicidade, como seria definida? Para a maioria das pessoas estaria
associada ao prazer, mas essa compreensão simplista nos remete a atitudes similares
aos animais. Para alguns a felicidade seria a honra, ou seja, o sucesso do indivíduo
na sociedade. Outras pessoas identificariam a felicidade com o acúmulo de
______. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Porto Alegre: Sulina,
2015.
Luiz Síveres
Elsa Helena Almeida Silva Balluz
Introdução
43
situações, ligadas diretamente à docência ou não, em circunstâncias delicadas,
dada a rede de relações que se constituem no cotidiano escolar, no chão da sala
de aula, entre professores e alunos. O universo em questão, permeado pela ação
humana, carece de um olhar através de uma lente de aumento, oferecendo uma
visão melhor sobre o interior da escola e, mais adiante, dos processos de ação-
reflexão, dentro e fora dela.
Nessa busca, é impossível imergir nesse campo sem o rigor necessário a todo
trabalho científico, baseado na escolha por um ponto de vista que direcione ou
clarifique os estudos para a formulação de um ideal articulado com a realidade.
Portanto, o conhecer para compreender deu-se pela opção em dialogar com os
professores, em seu cotidiano, para extrair-lhes observações, não respostas, para
compartilhar ideias, não ideologias, acerca dos desafios e possibilidades que se
impõem aos educadores atuais.
A formação de ontem não dá conta dos desafios de hoje. É necessário
repensar as ideias e ações, é preciso assumir uma formação contínua, progressiva,
que alcance o amadurecimento pessoal e profissional, que conduz ao exercício do
diálogo, da interação, à busca de sua própria autonomia, do compromisso e da
responsabilidade pela transformação, pelo crescimento constante, legítimo papel
da docência.
É nessa direção que o presente trabalho constitui-se como ferramenta
para o despertar de uma nova prática docente, ao repensar seu cotidiano, e de
forma dialógica, desenhar perspectivas de valorização pessoal e profissional de
ser professor, para que possa agir, participar e transformar a realidade, desde o
transcender do chão da sala de aula, ao derrubar os muros altos que separam
a escola como corpo social, para que seus alunos também sejam capazes de
compreender, dialeticamente, o mundo em que vivem e que desejam.
Na constituição dessas relações a pesquisa pretendeu focalizar o profissional
docente no Ensino Fundamental, a fim de identificar a percepção dos protagonistas
sobre a importância do diálogo, na forma de atuar e ser professor, refletindo sobre
a tessitura de sua trajetória, e nessa perspectiva dialógica, considerar seu contexto
de trabalho, para que possam ser autores dos projetos de mudança, necessários para
o (re)conhecimento de sua identidade docente e, em consequência, contribuindo
para uma nova dinâmica de construção do conhecimento.
Conclusão
Referências
FREIRE, P. Professora sim tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo:
Editora Olho d’Água, 1993.
O diálogo:
drama e contradrama da educação
Introdução
57
É real o fato de que, com tal inserção em escala mundial, as instituições
vinculadas à educação superior passaram a acolher populações de diversificadas
origens socioculturais, com influência em políticas educacionais, currículos e
práticas didático-pedagógicas. Isso ocorre, apesar de ter permanecido a ideia de
neutralidade da escola, firmada no ideal modernista, com seu ímpeto de tudo
planificar (WILBER, 2006).
Desse modo, renovando discussões a respeito da educação que aliena ou
emancipa, este trabalho se encaminhou em duas perspectivas: num primeiro
momento, um drama, pelo qual se desenvolvem teorizações sobre o possível
papel reprodutor da escola, especificamente, a universidade, com base em análises
anteriores das interações sociais de estudantes e professores (VASCONCELOS;
GOMES, 2015); num segundo momento, um contradrama, em que se discute
o diálogo enquanto palavra e experiência plena de sentidos e significados para
a existência humana (SÍVERES, 2015), por isso mesmo, uma possibilidade
de converter-se em caminho(s) para romper a reprodução de desigualdades
socioculturais. Por ser uma atividade que humaniza pelo exemplo, o diálogo
realizado pelo professor reflete a esperança de concretizar-se tal rompimento.
Com efeito, a maior força sobre o comportamento dos estudantes é o “exemplo de
ex-professores, [sendo] este dado fundamental para quem trabalha na educação
de professores, pois identifica o ciclo de reprodução que se realiza nas relações
escolares” (CUNHA, 1989, p. 160).
Compreender esse ciclo e como se desenvolvem os diálogos capazes de
rompê-lo, no contexto de tais relações, pode contribuir para afastar ou reduzir
o fluxo de aspectos, efetivos potenciais de um círculo vicioso de reprodução
sociocultural presente na formação inicial de professores, com prosseguimento
em sua atuação na educação básica. Consequentemente, pode contribuir para
promover a transformação social.
1.1. O enredo
A herança vinculada à origem social dos estudantes ainda explica variações na vida
escolar e diferenças de capital cultural. O risco de só reproduzir, sem transformar,
se torna muito presente na universidade: seleciona-se, no contexto da globalização
econômica, da instrumentalização tecnológica e de ampliação do individualismo,
o tipo de cultura a ser internalizada pelos estudantes, com a inclusão de padrões
culturais médios (SANTOS, 2005), priorizando-se a formação para o trabalho
e, por consequência, levando à valorização desequilibrada do credenciamento
de competências. Nessa seleção, impõe-se o arbitrário cultural (BOURDIEU;
PASSERON, 1964) que, por sua vez, envolve a atuação didático-pedagógica.
Tal reprodução tende a reproduzir-se educação básica afora, por meio da
atuação de professores egressos dos cursos de licenciatura, conforme denotado em
estudo sobre a interação social de jovens estudantes e professores universitários,
em que foram explicitadas determinadas lógicas de ação (VASCONCELOS;
GOMES, 2015). Algumas dessas lógicas, utilizadas por membros da comunidade
escolar, têm contribuído para gerar o sistema educacional com tendências à inércia,
à negação antropológica dos sujeitos e a certo tipo de autoritarismo, vinculadas,
respectivamente, às lógicas da culpa do outro, crítica silenciosa e primazia da
informação. De acordo com o mencionado estudo, a informação tem sido o
astro-rei da sala de aula, convertendo-se no realce ontológico e epistemológico a
partir dos quais se desenvolvem as interações de estudantes e professores.
Dito estudo indicou a presença de um círculo vicioso em que, inseridos no
domínio de informações, estudantes de licenciatura e seus professores assumem
a lógica de culpar-se mutuamente e de desconsiderar a própria capacidade
crítica, consolidando a base do cenário escolar com tendência a reproduzir, sem
transformar. Refere-se aqui a qual reprodução? Esta é a dinâmica de perpetuação
da estrutura das relações de força entre classes sociais em sua propensão de manter-
se por meio da atuação do professor quando este distribui desigualmente o capital
cultural dos diversos grupos humanos com os quais convive (BOURDIEU;
PASSERON, 1992).
Figura 1
Estrutura reprodutiva na sala de aula
Tendências
Lógicas de
Culpa ação Crítica
do Outro silenciosa
Primazia da
informação
Autoritarismo
Quadro 1
Base empírico-teórica da estrutura reprodutiva na sala de aula
Pedagogia reprodutora
Autoritarismo/Primazia da informação
Uso da força da informação, em dado contexto, para impingir
a falsa autoridade. Apelo à coerção baseada na pouca visão
de contexto favorável ao desenvolvimento integral
do ser humano.
Conclusão
Referências
BOYNE, John. O palácio de inverno. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus,
1989.
______. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
______. Gramática do tempo. Para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 2010, (Coleção para um novo senso comum. v. 4).
Luiz Síveres
Maria José Cunha Freire Mendes
Introdução
O diálogo pode ser considerado, dentre distintas abordagens, como a palavra que
transforma o mundo, direcionando-o para a justiça social e pode ser apresentado
como um instrumento que o sujeito possui para inferir e transformar sua
realidade, seu contexto social ou o seu ambiente natural.
Desta forma, o diálogo definido como dialogicidade emerge pelo encontro
dos seres humanos que querem transformar o mundo. Assim, a dialogicidade
pode ser retratada como uma relação de diálogo entre sujeitos que problematizam,
refletem e agem, buscando a superação do diálogo passivo e propondo uma
relação dialógica interativa.
Mediante estas relações pode se dar a formulação de conhecimentos e no
77
percurso dessa construção, o sujeito adquire consciência de que pode inferir
e transformar sua realidade e o ambiente no qual está inserido. No contexto
educacional, estas relações são mediadas, principalmente, pelos educadores.
Neste trabalho, a mediação pedagógica corresponde ao que-fazer do
educador, que se posiciona entre os educandos por meio do conhecimento,
assumindo o papel de fomentador da aprendizagem, especialmente crítica
e reflexiva, tendo por objetivo a transformação pessoal e social dos sujeitos
envolvidos.
No presente artigo, o diálogo será apresentado nas perspectivas existencial,
epistemológica e política, e a presença dos aspectos da dialogicidade serão
abordados como condição essencial para o estabelecimento de uma mediação
pedagógica, que possibilite desenvolver nos educandos, especialmente os
educadores em formação, o pensar crítico, reflexivo e criativo.
2. Dialogicidade
4. Delineamento metodológico
A obra desta autora está fundamentando a análise deste estudo, por ser
considerada uma literatura de referência em análise de conteúdo.
A ideia recursiva é, pois, uma ideia em ruptura com a ideia linear de cau-
sa/efeito, de produto/produtor, de estrutura/superestrutura, já que tudo
o que é produzido, volta-se sobre o que o produz num ciclo ele mesmo
autoconstitutivo, auto-organizador e autoprodutor (p. 74).
Conto com mais intervenções. Penso que essa discussão ficará ainda mais
interessante quando postarem novas contribuições. Não se esqueçam que
essa interação com os colegas precisa ser continuada e ao longo da sema-
na. Portanto, não basta apenas visitas pontuais e esporádicas.
(...) A reflexão na e sobre a ação é uma estratégia que pode servir para
os professores problematizarem, analisarem, criticarem e compreenderem
suas práticas, produzindo significado e conhecimento que direcionam
para o processo de transformação das práticas escolares (p. 90).
Conclusão
Referências
______. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
______. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2013.
1. Introdução
97
ser enquanto agente atuante deste processo.
Para que este modelo de educação seja possível, faz-se necessário um processo
que se situe com base na essência do diálogo (FREIRE, 1987). O diálogo, para
o autor, é compreendido como um fenômeno humano que se revela na forma
da palavra. A palavra, no entanto, não é a concretude do processo em si, pois
existem elementos constitutivos que são essenciais ao diálogo, que devem ser
procurados e exercitados.
A busca e o exercício, conforme Freire (1987), podem levar-nos a
duas dimensões: da ação, e da reflexão. Tais aspectos convergem de formas
indissociáveis e constitutivas entre si e estão vinculados à palavra, palavra esta
(essência do diálogo) elemento base da práxis, por isto vista como verdadeira e
autêntica, no sentido de agente de visão e transformação do mundo.
Ao afirmar que a ação e a reflexão, centradas no diálogo, como elementos
centrais da palavra, Freire (1987) postula que, quando os atributos do diálogo
se esgotam, seja pelo exercício do discurso ou sacrificados automaticamente,
imediatamente a reflexão é acionada, gerando o que se denomina de verbalismo,
podendo a mesma ter um caráter alienado ou alienante, mas no que tange
ao processo educativo aqui em discussão, leva à superação desta alienação e
percepção das contradições da sociedade.
Por outro lado, alerta Freire (1987, p. 44), “se o processo se der de
forma inversa, se, pelo contrário, se enfatiza ou exclusivisa a ação, com sacrifício
da reflexão, a palavra se converte em ativismo. Este, que é ação pela ação, ao
minimizar a reflexão, nega também a práxis verdadeira e impossibilita o
diálogo”. O diálogo, ao se personificar como ação transformadora, não pode
se processar em silêncio, pois do contrário não transforma o homem, pois é na
palavra, pela ação e reflexão que o trabalho da práxis se revela, se qualifica, sendo
este diálogo, pela personificação da palavra, um direito de todos os homens e
capaz de personificá-los (FREIRE, 1987). O diálogo, segundo Freire (1987, p.
44), “é esse encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-
los, não esgotando, portanto, na relação eu-tu”. Por esta razão, este estudo
se fundamenta no princípio da práxis do diálogo, na dialogicidade, pois este
princípio transformador se desvela diante do encontro, não por um mero acaso,
mas marcado por uma intencionalidade.
deveríamos entender o diálogo não como uma técnica apenas que pode-
mos usar para conseguir obter alguns resultados. Também não devemos
entender o diálogo como uma tática que usamos para fazer dos alunos
nossos amigos. Isso faria do diálogo uma técnica para a manipulação, em
vez de iluminação (1987, p. 122).
Conclusão
Referências
______. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Alexandre Ventura
Introdução
111
determinados fins explícitos ou ocultos. Nesse cenário, o diálogo desempenha
um papel infraestrutural numa perspectiva que encare a avaliação como um meio
de aumentar o nível de conhecimento sobre um determinado objeto que permita
um aprimoramento da sua morfologia, do seu funcionamento ou do seu impacto.
A qualidade e a horizontalidade do diálogo constituem nutrientes essenciais para
que a avaliação realize o seu potencial de vivência e robustecimento de princípios
sociais democráticos. Neste capítulo apresentaremos uma panorâmica sobre a
pesquisa científica no âmbito do papel do diálogo na avaliação como alavanca
da democracia.
Numa perspectiva analítica, podemos encarar o design e a implementação
de cada avaliação como um ponto em um continuum em que num topo se situa
uma lógica de máximo controle e no oposto se manifesta a lógica do máximo
empoderamento do avaliando ou das partes interessadas na sua existência e
utilização. Numa sociedade democrática, o que verdadeiramente interessa é que
a avaliação seja um instrumento a serviço de bens maiores, nomeadamente que
contribua para o aprofundamento da transparência e para o desenvolvimento dos
que nela participam e dos seus destinatários. Nesse sentido, a desejabilidade é que
a tendência das avaliações seja assumidamente no sentido do empoderamento.
Assim sendo, podemos dizer que a avaliação tem um valor pelos seus
resultados de curto, médio e longo prazos, mas também pelos processos que
dão azo a esses resultados. Os referidos processos envolvem relacionamento
interpessoal que é essencialmente tangibilizado através do diálogo entre as partes
envolvidas. Aquelas que procedem à avaliação, os avaliandos e os destinatários
da avaliação. Tradicionalmente as avaliações usam uma abordagem top-down,
impositiva e em que se manifesta um desequilíbrio de poder, uma desigual
distribuição do capital de conhecimento e de informação. Nesta configuração,
os avaliandos e frequentemente os próprios destinatários da avaliação recebem
dados, informações e relatos truncados, desvirtuados relativamente ao capital
de conhecimento dos que controlam a avaliação por via institucional, formal.
Dessa maneira fica bem evidente uma configuração relacional desequilibrada,
com déficit de cidadania e de democracia. Ao analisarmos um determinado
modelo ou programa de avaliação é fácil identificarmos o seu caráter mais ou
menos democrático. Ele consubstancia-se, entre outros fatores, nas lógicas,
1. Avaliação
2. Avaliadores
3. Democracia
Uma avaliação de alto risco, que é honesta, que relata tudo tão objetiva-
mente quanto possível, pode ganhar credibilidade para a iniciativa, ou
pode expô-la, talvez prematuramente, a críticas injustas. Uma avaliação
de baixo risco, cosmética ou de compromisso, pode prejudicar pouco, mas
pode falhar na estimulação do tipo de crítica construtiva que pode ajudar
o Programa a melhorar (MACDONALD, 1994, p. 113).
Conclusão
Referências
ROSSI, Peter H. My views of evaluation and their origins. In: ALKIN, Marvin
C. (Ed.). Evaluation Roots. Tracing Theorists’ Views and Influences. Thousand
Oaks: Sage, 2004, p. 122-131.
Introdução
127
Desta forma, o primeiro tópico trata das concepções inerentes ao lúdico e
o seu desenvolvimento conceitual. Para isso, o lúdico é primeiramente definido
como um elemento cultural presente na civilização grega, transposto como
enigma, poesia e nos mitos. Depois, as conceituações mais comuns do lúdico são
abordadas, nas quais a ludicidade é vinculada ao jogo e a brincadeira. Contudo,
outra concepção é apresentada e o lúdico emerge como uma dimensão subjetiva,
ou seja, uma experiência interna do sujeito, um estado de plenitude.
O diálogo é uma dimensão humana e existencial, inicialmente significado
a partir da educação grega e na concepção filosófica de Sócrates e Platão. Em
seguida, são expostas as concepções freireanas sobre o diálogo, este considerado
um encontro entre os homens mediados pelo mundo. Nesta perspectiva, o
diálogo acontece de maneira horizontal, sem imposição de opiniões e origina o
pensamento crítico, como elemento educativo, tendo como proposta a mudança
da sociedade a partir da práxis, ação transformadora, crítica e reflexiva.
O terceiro tópico deste artigo faz o entrelaçamento entre o diálogo e o
lúdico no processo de ensino e aprendizagem. Uma das atribuições da dimensão
lúdica é considerar os sujeitos a partir da sua integralidade. O lúdico também
auxilia na significação do conhecimento a partir da contextualização, além de
promover a inter e a transdisciplinaridade. O diálogo permite que os pontos de
vista sejam expostos, e não impostos, além de ser o meio pelo qual os conteúdos
programáticos escolares podem ser discutidos e definidos em temas geradores
a serem problematizados. Sendo assim, pode-se compreender o diálogo como
elemento da dimensão lúdica, pois a complementa.
Conceituar o termo lúdico não é uma tarefa fácil de realizar, pois vários pontos
de vista diferentes precisam ser alinhados, para que sua conceituação seja sólida e
eficaz para aqueles que desejam compreendê-lo. É necessário resgatar a origem do
lúdico e como ele se apresentou historicamente, para que se perceba sua evolução
até a contemporaneidade. Deste modo, o filósofo Johan Huizinga (2001) pontua
que o termo lúdico vem de ludus e significa jogo. Sua abordagem ressalta a
Conclusão
Referências
Introdução
1 Padrão de poder criado pelo colonialismo. Para mais detalhes, ver Quijano (1992).
139
Embora o colonialismo2 – em sua dimensão política de controle direto de
uma metrópole sobre “suas” colônias – praticamente tenha chegado ao fim, o
mesmo não se pode dizer do padrão de poder criado por ele. Esse padrão de
poder continua a desperdiçar grande parte da experiência humana através da
invenção de saberes válidos e saberes subalternos, o que inviabiliza o diálogo
entre conhecimentos.
Argumentar-se-á que a colonialidade tem marcado profundamente o
sistema educacional ao longo de muitos anos, tendo como resultado um currículo
de feição moderna/colonial que se faz ainda presente em muitas instituições e
sistemas educacionais. Um currículo que, por inibir o diálogo entre diferentes
conhecimentos, desperdiça experiências.
Esse desperdício é particularmente preocupante nos cursos de formação de
professores. Isto porque muitos saberes expressos no real vivido dos professores têm
sido desperdiçados nos currículos desses cursos. Nesse caso, os próprios docentes
não são tidos como construtores de conhecimentos, não possuem o status de
autores. O efeito disso não é danoso apenas porque se desperdiçam experiências
sociais; tem um efeito perverso também na construção da identidade desses
profissionais, que se veem desprestigiados em seu trabalho, em suas experiências
e seus conhecimentos (ARROYO, 2011).
Diante de tais reflexões, propôs-se durante o curso de mestrado em Educação
a pesquisa intitulada “A ecologia de saberes na formação de professores”, realizada
no ano de 2012, para a qual foi formulada a seguinte questão-problema: como os
saberes docentes produzidos na educação básica têm influenciado os currículos
nos cursos de formação de professores?
Se, por um lado, esse problema revela a necessidade de compreensão da
influência do padrão de poder colonial na formação de professores, por outro,
representa um rompimento com esse padrão, uma vez que expressa a intenção de
analisar as possibilidades de se inaugurar elementos pós-coloniais3 no currículo,
Diante das considerações acima, parece claro que um projeto educacional para
além da modernidade/colonialidade precisa enfrentar o desafio de uma educação
para o homem-sujeito em detrimento do homem-objeto (FREIRE, 1974). Isto
impõe superar as características estruturantes do projeto moderno/colonial
destacadas anteriormente.
Em uma perspectiva pós-colonial, o educando deixa de ser mero recipiente
e a educação deixa de ser uma prática de arquivamento. Isso porque em uma
relação entre sujeitos, “conhecimento é interconhecimento” (SANTOS, 2007b,
p. 85), já que ambos, educador e educando, são sujeitos cognoscentes que se
intercomunicam, sempre mediados pela realidade. Além disso, “só existe saber
na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os
homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE, 1985, p.
66). Em função disso, o diálogo é outra implicação quando se reconhece o outro
como sujeito de conhecimento.
Ao contrário do antidiálogo, que se baseia numa relação vertical, de
forma que não comunica, mas faz comunicados, o diálogo dá-se numa relação
4 Na análise dos dados das falas dos entrevistados foram identificadas pela consoante “P”, maiúscula, seguida
dos numerais de 1 a 6, obedecendo à ordem das entrevistas. Assim, ao nos referirmos à fala do primeiro
docente entrevistado, utilizaremos a identificação P1, o segundo, P2, e assim por diante.
Conclusão
Referências
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1974.
______. Pedagogia do oprimido. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
______. Para além do pensamento abissal. Novos Estudos, São Paulo, v. 79, p.
71-94, nov. 2007b.
______. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São
Paulo: Cortez, 2010.
Introdução
157
os impactos positivos da mudança de paradigma no processo administrativo
do ambiente escolar e seus impactos positivos no processo educacional e na
comunidade em que a escola se insere.
Discute-se, neste cenário, a necessidade de se promover a gestão participativa,
que é um pressuposto essencial para a formatação da escola em uma nova
estrutura de educação que contribua para o desenvolvimento socioambiental.
Assim, a escola, representada por todos os seus colaboradores, busca incentivar
o diálogo com a sociedade, que por sua vez é representada pelos alunos, pais e
demais beneficiários da educação, recebida no ambiente escolar, ao mesmo tempo
em que também modifica sua estrutura de gestão, migrando de um modelo
tradicional para outro mais embasado em pressupostos de gestão participativa.
Segundo compreensão de Beraldo e Pelozo (2007), uma visão comum
compartilhada entre as pessoas que compõem a comunidade escolar resulta na
construção de objetivos, metas, caminhos teóricos e práticos a serem seguidos
por todos na construção do Plano de Desenvolvimento da Escola, dos projetos
financeiros e pedagógicos. Também é importante considerar que, por se tratar de
um espaço público, a escola deve apresentar-se como um espaço aberto e comum
a todos, ou seja, acessível à participação de seus usuários, governando e deixando-
se governar por todos de forma responsável e partilhada. No entanto, a realidade
que se apresenta não é bem essa. A comunidade tende a estar ausente, a sentir-
se desmotivada para a participação na tomada de decisões, comportamento
reforçado, de certa forma, pela própria escola que, conforme seu referencial de
gestão, pouco favorece essa participação, desobrigando-se da responsabilidade de
informar à comunidade envolvente acerca do grau de poder que deveria exercer
sobre suas decisões, caso lhe fosse oportunizado (BRITO, 2011).
O modelo de processo educativo deve ser, portanto, baseado na construção
conjunta do planejamento estratégico e da organização escolar. Pois, dentro de
uma ação participativa, sob a condução da gestão escolar, todos são corresponsáveis
pelo aperfeiçoamento do processo administrativo-pedagógico.
No processo de construção deste novo modelo que estimula uma ação
participativa, deve-se considerar que as relações interpessoais são uma das
maiores dificuldades encontradas. Segundo Bergamini:
Outro pensador que trata do tema é Sander (1995), que amplia essa
compreensão, apontando construções conceituais muito pertinentes. Segundo
ele,
Muitas vezes, por um medo interno de não serem aceitos, os pais acabam
não estabelecendo e/ou não fazendo cumprir os limites, levando a uma re-
lação muito permissiva. Outras vezes, sentindo necessidade de fazer algu-
ma coisa, mas não tendo clareza, acabam impondo limites, sem explicar
a razão. A superação desta situação pode se dar pelo diálogo, com afeto e
segurança, chegando a limites razoáveis.
COMUNIDADE
ENTIDADE
SOCIAL
FUNCIONÁRIOS
DA
ESCOLA
ESCOLA
PROFESSOR
FAMÍLIA
GOVERNO ALUNOS
Conclusão
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica: da empresa que temos para a
empresa que queremos. São Paulo: Saraiva, 2007.
GADAMER, H.G. Die Unfahigkeit zum Gesprach. In: Wahrheit und Methode
II, Band II. Tubingen: Mohr, 1993. (Tradução de Luiz Rohden)
Introdução
175
desigualdades e a ideologia dos dominantes sem jamais abandonar os sonhos e
utopias. Um educador democrático escuta seus educandos, dar-lhes voz, incentiva
a autonomia e a participação social como ato intrínseco aos indivíduos. Isso é
ensinar e aprender de forma estética e dialógica, partindo da realidade concreta
e se inserindo social e politicamente. Isso é educar para a cidadania e se faz cada
vez mais urgente.
Todavia, observa-se que os espaços de formação docente inicial e continuada
ainda mantém o foco na aquisição de conhecimentos sistematizados para uma
formação profissional de excelência, visando o mercado de trabalho e trata como
secundárias as questões relacionadas à construção da subjetividade, do aprender a
viver juntos e da formação para uma cidadania participativa e emancipada. Dessa
forma, faz-se necessário uma abordagem maior e mais significativa dos conceitos
de cidadania e sustentabilidade planetária nos cursos de formação de professores,
a fim de que esse olhar mais holístico se reflita nas ações e no exercício da docência
por esses profissionais.
Nesse sentido, propõem-se nesse trabalho refletir sobre a Educação para
a Cidadania Global – ECG – na perspectiva do Programa de Educação da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –
UNESCO – (2014-2017), como um contributo ao alcance dos pressupostos
básicos de uma educação que vise à aquisição de valores pautados nos direitos
humanos, na alteridade, na justiça e na participação social por parte dos
estudantes. Para tanto, cabe retomar os princípios norteadores da temática da
cidadania, em seu sentido amplo e da educação para a cidadania global, no
que diz respeito à formação de professores, visto que a reflexão e partilha dos
momentos de formação podem configurar-se como um processo inicial para uma
educação que priorize o diálogo, o respeito e a participação de todos os envolvidos
no processo educativo.
A educação reflete as práticas sociais inerentes a uma comunidade, visto que não
se dá somente na escola, mas ocorre onde houver a comunhão de saberes entre
Conclusão
Referências
DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir. 10. ed. São Paulo:
Cortez, 2006.
189
Daniel Luís Steinmetz é mestre em Educação nas Ciências pela Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e doutorando no
programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Brasília.
Atualmente é diretor do Colégio La Salle do Núcleo Bandeirante (DF).
[email protected]
190
Maria José Cunha Freire Mendes é mestre em Educação pela Universidade
Católica de Brasília, servidora pública, atua como professora de Informática
Educacional, além de desenvolver atividades de suporte à Seção de Apoio ao
Ambiente de Aprendizagem Virtual (SAAVA) no Colégio Militar de Brasília,
instituição de ensino na qual está lotada.
[email protected]
Autores | 191
A Universidade Católica de Brasília sedia, desde 2008,
a Cátedra 812 da UNESCO com o título de “Juventu-
de, Educação e Sociedade”. Parte de seus professores
‘leitores’ atuam no Programa de Mestrado e Doutora-
do em Educação da UCB. Neste período ela realizou
seus objetivos com ampla variedade de atividades
em pesquisa, ensino e extensão. Além de numerosos
artigos científicos, capítulos de livros e participação
em Congressos, seja no Brasil que no exterior, a
Cátedra publicou bem 21 livros nos últimos tres
anos, enriquecendo a literatura no seu campo
temático de juventude, educação e sociedade.
Integram a Cátedra vinte professores, entre Coorde-
nador e 19 “leitores”, participantes de uma rede
nacional e internacional de pesquisa, a maioria deles
com publicações e projeção internacional. A Cátedra
812 da UNESCO também oferece iniciação científica
para estudantes da graduação, alguns dos quais se
encaminham para estudos de mestrado e doutora-
do. Conta com seu escritório sede na UCB, além de
um necessário suporte financeiro para pesquisas.
Destaca-se a importância do diálogo com a Repre-
sentação de Brasília como também a participação
em uma rede internacional Instituições de Pesquisa
(Parceiros Nacionais e Internacionais), como
tambem de outras cátedras (UNESCO Chairs on
Children, Youth and Communities Network).