História Da Educaçaõ 2

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CEERSEMA – CENTRO ECUMÊNICO DE ESTUDOS

RELIGIOSOS SUPERIORES DO ESTADO DO MARANHÃO

DISCIPLINA – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO II


DOSCENTE – MANOEL ALCIRENE PEREIRA DA SILVA FILHO

2019

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO II

CARGA HORÁRIA:
60h
EMENTA:
Aborda o caráter uno e plural da experiência humana, as diferentes
formas de organização societária e escolar atual, a articulação entre
sociedade, cultura e educação com ênfase nas sociedades
contemporâneas e no âmbito psicopedagógico escolar e suas
vertentes.
OBJETIVOS GERAIS:
Introduzir o aluno no estudo da história da educação, buscando
analisar a experiência humana em sua diversidade cultural e as
articulações entre indivíduo, cultura, educação e sociedade.
METODOLOGIA:
 Exposição oral;
 Seminários;
 Vídeos;
 Trabalhos de grupo;
 Análises;
 Resenhas de textos.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
- Conhecimento do Tema; - Domínio do Tema; - Oratória;
- Criatividade; - Pesquisa.

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INTRODUÇAO

Para iniciar os estudos de história da educação, é importante


esclarecer os conceitos de história e de educação para a compreensão
do papel específico de cada uma das áreas e as suas interconexões. Na
atualidade, o termo história apresenta uma ambiguidade: de um
lado, indica o conhecimento de fatos humanos ou a ciência que
disciplina e dirige esse conhecimento; por outro, refere-se aos
próprios fatos. Ao se reduzir a história a uma sequência de fatos ou de
ideias, acaba-se por torná-la apenas uma disciplina que reterá uma
série de grandes fatos desvinculados da realidade e, portanto, sem
sentido.
Cotidianamente, ouvimos falar que a história refere-se aos
acontecimentos do passado. Mas, o presente não é história? Hoje, a
história não visa somente explicitar o passado, de maneira estática,
mas está intrinsecamente interligada ao presente, vivo e dinâmico. A
história é, então, o estudo do passado que nos ajuda a
compreender o presente, mas de um passado vivo, que está presente
em nós. Um dos principais objetivos da História é resgatar os aspectos
culturais de um determinado povo ou região para o entendimento do
processo de desenvolvimento. Entender o passado também é
importante para a compreensão do presente.
Educação é um fenômeno social, chamando atenção para o
fato de que esse processo se configura por meio de relações
estabelecidas dentro do próprio processo de ensino. Assim,
considerada como um fator de mudança social, a educação reflete os
acontecimentos históricos, políticos e culturais responsáveis pelas
mudanças que experimentamos cotidianamente. Poderíamos dizer que
esse processo contínuo tem início com o nascimento do ser humano e
encerra-se com a sua morte.
É possível afirmar que não existe apenas uma Educação, uma
sociedade ou um só conteúdo, porque, na realidade, existem tantas
educações quantas forem as vivências do indivíduo. Afinal, os valores
mudam à medida que os grupos aos quais eles pertencem sofrem
mutações. Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja
ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos
pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-
e-ensinar.

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1. HISTÓRIA & EDUCAÇÃO

Sendo uma das disciplinas básicas do curso de Pedagogia,


sua importância é indiscutível na medida em que fundamenta a prática
e fornece subsídios às discussões em torno da problemática
educacional, transformando- se no alicerce da formação do futuro
pedagogo. O estudo dessa disciplina revela-se como indispensável à
análise das situações do presente, pois trata do desenvolvimento das
idéias a respeito da educação nas sociedades.
O estudo da História da Educação é importante devido o seu
potencial formativo, autor reflexivo e cognitivo. Ou seja, o estudo da
história da educação tem a capacidade de fazer com que os alunos
raciocinem de forma a compreender o porquê de se estudar
determinada matérias e temas. Através de uma visão de conjunto da
História da Educação, objetiva-se conduzir os educandos à aquisição
de conhecimentos e modos de entendimento da realidade educacional,
possibilitando uma forma permanente de vivência e de atenção ao
fenômeno educativo e à prática docente.
A educação não é algo isolado, abstrato, mas está relacionada
estreitamente com a sociedade e a cultura de cada época, as quais
produzem ideais e tipos humanos que a educação trata de realizar. É
necessário, portanto, relacionar a educação e as concepções sociais e
culturais de cada momento histórico. A educação não nasce com o
homem. E sim é adquirida no decorrer de sua vida. Ela pode, como
processo social, reforçar a coesão social, atuando como força
conservadora; ou, então, estimular ou libertar as possibilidades
individuais de autodireção e escolha entre alternativas divergentes, em
determinados momentos em que se afrouxam os meios sociais
coercitivos. Entre esses dois extremos há, portanto, um meio-termo
que deve ser, do ponto de vista da sociedade e do indivíduo, a meta
ideal de todo processo educacional.
Podemos afirmar que a história da educação é atualmente um
complexo interligado de várias ‘histórias’, unidas pela complexidade do
objeto ‘educação’. O educador deverá, portanto, tornar sua prática
intencional, o que significa ultrapassar a dimensão do senso comum. A
prática crítica e emancipatória, consciente de seus fins, será mais
eficaz. os fins a serem atingidos no processo, a educação, como
prática, precisa estar em constante abertura para a teoria, porque é o
vaivém entre o agir e o pensar que dinamiza a ação, evitando as formas
esclerosadas da ideologia”. A pedagogia, como teoria da educação,
possui seu conteúdo próprio, mas necessita de ciências auxiliares,
dentre elas, a história, como também outras ciências.
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Para entender a história da educação, podemos partir não da
história, mas de uma caracterização de Educação. E, para entender a
educação podemos, entre outras áreas do conhecimento, nos voltar
para a filosofia, a sociologia, a antropologia, a moral... todas essas
áreas têm uma palavra sobre isso que chamamos de Educação. Assim,
se fossemos tratar a educação do ponto de vista filosófico, deveríamos
começar perguntando: O que é isso que chamamos de Educação?
A educação é um processo amplo e se desenvolve
nas relações. O processo educacional nasce no ambiente familiar e se
ramifica por todos os ambientes nos quais e com os quais a pessoa
mantém contato ou estabelece relações. Isso implica dizer que uma
primeira característica do processo educacional é o fato de se
desenvolver a partir de um cada vez mais amplo processo de relações.
Ninguém se educa sozinho, mas nas relações. E relação é processo que
se amplia, constantemente.
Podemos acrescentar, a partir disso, a constatação de que só
ocorre educação em processo. A estagnação é a negação da educação.
Entretanto a sociedade humana, apesar de se caracterizar pela
constância do progresso, concretamente é avessa às novidades. Por
mais que se beneficie com a evolução, com o progresso, com o
desenvolvimento, sempre que se defronta com situações que
demandam a desinstalação para instalação de novidades o ser humano
cria resistências.
O novo incomoda... e, sendo assim, o processo
educacional é um processo incômodo...mas necessário.
Tudo é história e tudo tem história. No processo educacional
isso é ainda mais presente. No processo educacional escolar o
professor, para lecionar, sempre precisa apresentar informações ao
estudante. A questão é que todas as informações apresentadas não
são produzidas simultaneamente ao processo da aula. São
conhecimentos que se foram produzindo e acumulando ao longo de
alguns anos, em tempos passados. Portanto são informações
históricas.
Como saber se aquilo que está sendo apresentado
como fato histórico realmente aconteceu como está sendo
apresentado?
O passado é, por definição, um dado que nada mais
modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso,
que incessantemente se transforma e aperfeiçoa.

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2. PERÍODOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
2.1 Período Primitivo

A educação dos jovens, nesta fase, torna-se o instrumento


central para a sobrevivência do grupo e a atividade fundamental para
realizar a transmissão e o desenvolvimento da cultura. No filhote dos
animais superiores já existe uma disposição para acolher esta
transmissão, fixada biologicamente e marcada pelo jogo-imitação.
Todos os filhotes brincam com os adultos e nessa relação se
realiza um adestramento, se aprendem técnicas de defesa e de ataque,
de controle do território, de ritualização dos instintos. Isso ocorre – e
num nível enormemente mais complexo – também com o homem
primitivo, que através da imitação, ensina ou aprende o uso das armas,
a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, as técnicas
de transformação e domínio do meio ambiente.
Nascem as primeiras civilizações agrícolas: os grupos
humanos se tornam sedentários, cultivam os campos e criam animais,
aperfeiçoam e enriquecem as técnicas (para fabricar vasos, para tecer,
para arar), cria-se uma divisão do trabalho cada vez mais nítida entre
homem e mulher e um domínio sobre a mulher por parte do homem,
depois de uma fase que exalta a feminilidade no culto da Grande Mãe
(findo com o advento do treinamento, visto como “conquista
masculina”).
Fixa o papel - chave da família na reprodução das
infraestruturas culturais: papel sexual, papéis sociais, competências
elementares, introjeção da autoridade; produz o incremento dos locais
de aprendizagem e de adestramento específicos (nas diversas oficinas
artesanais ou algo semelhante; nos campos; no adestramento; nos
rituais; na arte) que, embora ocorram sempre por imitação e segundo
processos de participação ativa no exercício de uma atividade, tendem
depois a especializar-se, dando vida a momentos ou locais cada vez
mais específicos para a aprendizagem.

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2.2 Período Oriental

Nas civilizações orientais, a educação era tradicional: dividida


em classes, opondo cultura e trabalho, organizada em escolas fechadas
e separadas para a classe dirigente. O conhecimento da escrita era
restrito, devido ao seu caráter esotérico. As preocupações com
educação apareceram nos livros sagrados, que ofereceram regras
ideais de conduta e enquadramento das pessoas nos rígidos sistemas
religiosos.
Nesse período surgiu o dualismo escolar, que destina um tipo
de ensino para o povo e outro para os filhos dos funcionários, ou seja,
grande parte da comunidade foi excluída da escola e restringida à
educação familiar informal.

2.3 Egito

As escolas funcionavam como templos e em algumas casas


foram frequentadas por pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem
se fazia por transcrições de hinos, livros sagrados, acompanhada de
exortações morais e de coerções físicas. Ao lado da escrita, ensinava-
se também aritmética, com sistemas de cálculo, complicados
problemas de geometria associados à agrimensura, conhecimentos de
botânica, zoologia, mineralogia e geografia.
O primeiro instrumento do sacerdote-intelectual é a escrita,
que no Egito era hieroglífica (relacionada com o caráter pictográfico
das origens e depois estilizada em ideogramas ligados por homofonia
e por polifonia, em seguida por contrações e junções, até atingir um
cursivo chamado hierático e de uso cotidiano, mais simples, e
finalmente o demótico, que era uma forma ainda mais abreviada e se
escrevia sobre folha de papiro com um cálamo embebido em carbono).

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Ao lado da
educação escolar, havia
a familiar (atribuída
primeira à mãe, depois
ao pai) e a “dos ofícios”,
que se fazia nas oficinas
artesanais e que atingia
a maior parte da
população. Este
aprendizado não tinha
nenhuma necessidade
de “processo
institucionalizado de
instrução” e “são os pais
ou os parentes artesãos
que ensinavam a arte aos filhos”, através do observar para depois
reproduzir o processo observado. Os populares eram também
excluídos da ginástica e da música, reservadas apenas a casta
guerreira e colocadas como adestramento para guerra.

2.4 Período Grego

Neste período, as crianças viviam a primeira infância em


família, assistidas pelas mulheres e submetidas à autoridade do pai,
que poderia reconhecê-las ou abandoná-las, que escolhia seu papel
social e era seu tutor legal. A infância não era valorizada em toda a
cultura antiga: era uma idade de passagem, ameaçada por doenças,
incerta nos seus sucessos; sobre ela, portanto, se fazia um mínimo
investimento afetivo.
A criança crescia em casa, controlada pelo “medo do pai”,
atemorizada por figuras míticas semelhantes às bruxas, gratificada
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com brinquedos (bonecas) e entretida com jogos (bolas, aros, armas
rudimentares), mas sempre era colocada à margem da vida social. Ou
então, era submetida à violência, a estupro, a trabalho, até a sacrifícios
rituais. O menino – em toda a Antiguidade e na Grécia também – era
um “marginal” e como tal era violentado e explorado sob vários
aspectos, mesmo se gradualmente – a partir dos sete anos, em geral
– era inserido em instituições públicas e sociais que lhe concediam uma
identidade e lhe indicavam uma função. A menina não recebia qualquer
educação formal, mas aprendia os ofícios domésticos e os trabalhos
manuais com a mãe.
A educação grega era centrada na formação integral do
indivíduo. Quando não existia a escrita, a educação era ministrada pela
própria família, conforme a tradição religiosa. A transmissão da cultura
grega se dava também, através das inúmeras atividades coletivas
(festivais, banquetes, reuniões). A escola ainda permanecia elitizada,
atendendo aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou dos
comerciantes enriquecidos.
O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais
para se difundir, já que nas escolas a formação era mais esportiva que
intelectual.

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2.5 Período Romano

Sublinhava-se o valor da tradição (o espírito, os costumes, a


disciplina dos pais) e delineava-se um código civil, baseado na pátria
potestas e caracterizado por formas de relação social típicas de uma
sociedade agrícola atrasada. Como modelo educativo, as tábuas
fixavam à dignidade, a coragem, a firmeza como valores máximos, ao
lado, porém, da pietas e da parcimônia.
A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático,
familiar e civil, destinada a formar em particular o civis romanus,
superior aos outros povos pela consciência do direito como fundamento
da própria “romanidade”. Os civis romanus era, porém, formado antes
de tudo em família pelo papel central do pai, mas também da mãe, por
sua vez menos submissa e menos marginal na vida da família em
comparação com a Grécia.
A mulher em Roma era valorizada como mater famílias,
portanto reconhecida como sujeito educativo, que controlava a
educação dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. Diferente,
entretanto, é o papel do pai, cuja auctoritas, destinada a formar o
futuro cidadão, é colocada no centro da vida familiar e por ele exercida
com dureza, abarcando cada aspecto da vida do filho (desde a moral
até os estudos, as letras, a vida social).
Foi a partir do século II a. C. que, em Roma, também se
foram organizando escolas segundo o modelo grego, destinadas a dar
uma formação gramatical e retórica, ligada à língua grega. Só no
século I a. C. é que foi fundada uma escola de retórica latina, que
reconhecia total dignidade à literatura e à língua dos romanos.
Existiam também escolas para os grupos inferiores e
subalternos, embora menos organizadas e institucionalizadas. Eram
escolas técnicas e profissionalizantes, ligadas a os ofícios e às práticas
de aprendizado das diversas artes. As técnicas eram ligadas num
primeiro momento, ao exército e à agricultura, depois ao artesanato,
e por fim ao artesanato de luxo.

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2.6 Período Moderno

Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma


profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a
escola, que se tornaram cada vez mais centrais na experiência
formativa dos indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica
e profissional) da sociedade. As duas instituições chegaram a cobrir
todo o arco da infância – adolescência, como “locais” destinados à
formação das jovens gerações, segundo um modelo socialmente
aprovado e definido.
A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos e
animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez mais da
criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um sistema de
cuidados e de controles da mesma criança, que tendiam a conformá-
la a um ideal, mas também a valorizá-la como mito, um mito de
espontaneidade e de inocência, embora às vezes obscurecido por
crueldade, agressividade etc.
Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no
mundo. A moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao
primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas, uma
preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal afirmação é atribuída
à escola.
Ao lado da família, a escola: uma escola que instruía, formava
e ensinava não apenas conhecimentos, mas também comportamentos,
que se articulava em torno da didática, da racionalização da
aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina, da
conformação programada e das práticas repressivas (constritivas, mas
por isso produtoras de novos comportamentos). Mas, sobretudo, uma
escola que reorganizava suas próprias finalidades e seus meios
específicos.
Com a instituição do colégio (no século XVI), porém, teve
início um processo de reorganização disciplinar da escola e de
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racionalização e controle de ensino, através da elaboração de métodos
de ensino/educação – o mais célebre foi a Ratio studiorum dos jesuítas
– que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento,
o qual tinha ao centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”,
além da graduação do ensino/aprendizagem.
Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma
disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e
autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na disciplina
religiosa; era menos instrumento de exercício que de aperfeiçoamento
moral e espiritual, era buscada pela sua eficácia, como condição
necessária do trabalho em comum, mas também por seu valor próprio
de edificação.
Enfim, a escola
ritualizava o momento
do exame atribuindo-lhe
o papel crucial no
trabalho escolar. O
exame era o momento
em que o sujeito era
submetido ao controle
máximo, mas de modo
impessoal: mediante o
controle do seu saber.
Na realidade, o exame
agia, sobretudo como
instrumento disciplinar,
de controle do sujeito,
como instrumento de
conformação.

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3. A Educação no Brasil e a Sua História

A educação no Brasil não teve o mesmo incentivo que nas


demais colônias européias na América, como as espanholas. Enquanto
na América Hispânica foram fundadas diversas universidades desde
1538. A primeira universidade brasileira só surgiu em 1912
(Universidade Federal do Paraná.
No momento, o termo história apresenta uma ambiguidade:
de um ponto que esclarece os conceitos de história e de educação para
uma disciplina abrangente e direciona esse conhecimento; por outro,
refere-se aos únicos fatos. Ao reduzir uma história após uma sequência
de fatos ou de ideias, acaba-se por exibir apenas uma disciplina que
reterá uma série de grandes fatos desvinculados da realidade. Mas, o
presente não é história? Hoje, uma história não visa apenas
explicitamente o passado, a maneira estática, mas está
intrinsecamente interligada ao presente, ao vivo e dinâmica.
A história compreende o presente, e também um passado
vivo que está presente em nós. Um dos principais objetivos da História
é registrar os aspectos culturais de um determinado povo ou região
para entender o processo de desenvolvimento. Entender o passado
também é importante para a compreensão do presente. Assim,
considerado como um fator de mudança social, uma educação que
afeta os históricos históricos, políticos e culturais envolvidos pelas
mudanças que experimentam diariamente. Poderíamos dizer que esse
processo continuará sendo iniciado com o nascimento do ser humano
e será incluído dentro de sua morte.
É possível afirmar que não existe apenas uma Educação,
uma sociedade ou um conteúdo, porque, na realidade, existem tantas
educações quantas vezes mais como vivências individuais. Afinal, os
valores mudam à medida de quais grupos e quais eles pertencem a
mutações. Ninguém escapa da educação. Em casa, rua, igreja na
escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos partes da
vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar.
A História da Educação, é uma parte muito restrita do que é
a experiência coletiva, uma cultura viva de uma comunidade humana,
até porque há muita coisa que é rejeitada, esquece ou abandona os
aspectos culturais e não se trata apenas de um abandono do passado,

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mas também de aspectos presentes na atualidade no interior da
sociedade.

Aparentemente temos a impressão de que o grande problema


de nossa deficiência educacional se resume a o problema da rigidez do
modelo tradicional de ensino, mas ao aprofundarmos nossa
investigação constáramos que a péssima qualidade de ensino presente
nas escolas do Brasil acontece devido, em parte tanto a falta de
estrutura educacional adequada como pela desestruturação das poucas
bases presentes na pedagogia tradicional, causada pela crítica dos
escolanovistas, que acreditavam piamente que puramente pela crítica
se atingiria uma melhoria no aprendizado.
A relação entre escola e democracia depende de diferentes
aspectos presentes na sociedade. Contudo, parece que o problema
aparece realmente nas teorias de educação. Isso se expressa pelo
elevado índice de analfabetismo funcional, configurando uma
marginalidade desses indivíduos analfabetos. Por outro lado, “no
segundo grupo, estão as teorias que entendem ser a educação um
instrumento de discriminação social, logo, um fator de
marginalização”.
O processo educacional nasce no ambiente familiar e se
ramifica por todos os ambientes nos quais e com os quais a pessoa
mantém contato ou estabelece relações. Isso implica dizer que uma
primeira característica do processo educacional é o fato de se
desenvolver a partir de um cada vez mais amplo processo de relações.
Ninguém se educa sozinho, mas nas relações. E relação é processo que
se amplia, constantemente.

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4. AS FASES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
4.1 Educação Jesuítica

Os primeiros jesuítas a chegarem ao Brasil vieram com a


caravana de Tomé de Souza em 1549. O objetivo dos jesuítas era
catequizar os índios, para isso primeiramente teriam que ensiná-los a
ler e a escrever. Ao longo de 20 anos de ensino, os jesuítas construíram
cinco escolas de educação elementar e três colégios. O objetivo
principal era catequizar - afinal, a Igreja Católica se sentia ameaçada
pela Reforma Protestante -, mas para isso todos precisavam saber ler.
As letras e a doutrina estavam imbricadas na cultura europeia medieval
vigente ainda nos séculos 16 e 17. E a gramática portuguesa também
vinha carregada de orações e pensamentos religiosos.
Os padres faziam parte de um regime privados de muitas
coisas e preparados para viverem distantes e preparados para diversas
condições. Os padres organizavam os índios em regimes que
combinavam trabalho e religiosidade. Todo acesso ao conhecimento na
época era controlado pela igreja. A ação da igreja foi de extrema
importância nos traços culturais de nosso país, onde até hoje
predomina a fé católica.
O fim dos jesuítas no Brasil se deu por conflitos com
Bandeirantes, que disputavam por terras cultivadas pela ordem dos
padres. No final de 1760, o reino de Portugal ordenou definitivamente
a saída dos Jesuítas do Brasil.

4.2 A Educação no Império

A Constituição de 1824 estabeleceu que a Educação deveria


ser gratuita para todos os cidadãos. Para cumprir essa determinação,
deputados e senadores aprovaram uma lei em 15 de outubro de 1827
que marcou o Dia do Professor e indicou que fossem criadas escolas de
primeiras letras em todas as cidades e vilas. Na prática, o ensino
permaneceu sem mudanças estruturais até 1834. Nessa data, um ato
adicional alterou a Constituição e deu poder para cada província, entre
outros aspectos, definir as regras educacionais em seu território.
Como parte do esforço de criar mais escolas, o Colégio Pedro
II foi fundado em 1837, no Rio de Janeiro, para ser um modelo para o
ensino secundário. E para quem iniciava os estudos havia as escolas
de primeiras letras. Nelas, as aulas abordavam temas como a leitura,

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a escrita e as operações matemáticas e adotavam o método mútuo ou
lancasteriano, criado na Inglaterra e muito usado por aqui na primeira
metade do século 19.

4.3 A Educação na Primeira República

Com a Proclamação da República, o Brasil adotou o


federalismo e o poder, até então centralizado no imperador, foi dividido
entre o presidente e os governos estaduais. O período foi marcado pelo
desenvolvimento da indústria, pela reestruturação da força de trabalho
não mais escrava, pelas greves operárias e pela Semana de Arte
Moderna. No mundo, aconteceu a Revolução Russa, a Primeira Guerra
Mundial e a queda da bolsa de Nova York. Essas transformações
tiveram ecos na Educação. A ideia do ensino como direito público se
fortaleceu e surgiram modelos que se perpetuaram.
No Brasil, com a Constituição de 1891, a União ficou
responsável apenas pela Educação no Distrito Federal (então, o Rio de
Janeiro). Os estados mais ricos assumem diretamente a
responsabilidade pela oferta de ensino e os mais pobres repassam-na
para seus municípios, ainda mais pobres.
Na base pedagógica das reforma estavam princípios como a
simplicidade, a progressividade, a memorização e a autoridade,
fundamentada no poder do professor e em prêmios e castigos aos
estudantes. Rosa complementa que os docentes eram bastante
pressionados pelo estado. "Notamos uma preocupação nos relatos de
professores da época em cumprir o programa. O aluno que repetia
trazia um gasto extra que preocupava a escola", ela diz. A Educação,
então, tinha um viés excludente, já que quem era reprovado (cerca de
50%) acabava deixando de estudar.

4.4 A Educação na Ditadura Militar

As propostas de uma Educação mais democrática foram


abandonadas com o início do regime militar, em 1964. O novo governo
manteve a preocupação com a industrialização crescente e o foco em
formar um povo capaz de executar tarefas, mas não necessariamente
de pensar sobre elas.

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Na Educação de adultos, a educação assumiu um modelo
assistencialista por meio do Movimento Brasileiro de Alfabetização
(Mobral). A leitura passou a ser tratada como uma habilidade
instrumental, sem contextualização. Os alunos aprendiam palavras
acompanhadas de imagens, faziam a divisão silábica e, por último,
trabalhavam com frases e textos. Também eram estudados os cálculos
matemáticos, a escrita e hábitos para a melhoria da qualidade de vida.
A União
Nacional dos Estudantes
(UNE) foi considerada
ilegal e qualquer
tentativa de se
organizar politicamente
era vista como atividade
subversiva a ser
reprimida. No fim de
1968, a presidência
promulgou o Ato
Institucional nº 5 (AI-5),
que deu a ele poderes
de legislativo e
executivo e permitiu o
confisco dos bens de quem fosse incriminado por corrupção. E, no ano
seguinte, o Decreto-lei nº 477 determinou que "comete infração
disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de
estabelecimento de ensino público ou particular que pratique atos
destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas,
desfiles ou comícios não autorizados". Muitos estudantes e docentes
foram presos e torturados por aderirem à oposição ao governo.
O incentivo ao patriotismo era uma marca forte nas escolas
públicas. Uma vez por semana, meninos e meninas se posicionavam
com a mão direita no peito, observavam a bandeira ser hasteada e
cantavam o Hino Nacional. Um desejo desde o início do regime, a
disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC) foi tornada obrigatória em
1969. A maior parte dos que a lecionaram era militar ou religioso e lia
na aula cartilhas com temas como cidadania, patriotismo, família e
religião.
Os concursos públicos eram poucos e não havia professores
suficientes para atender a todas as vagas que vinham sendo criadas
com a construção de escolas e a oferta de aulas pela manhã, à tarde e
à noite. Então, quando não havia profissionais habilitados suficientes
era permitido contratar outros temporariamente.

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5. A EDUCAÇÃO COMO BASE DO PROCESSO SOCIAL

A educação sempre possui uma dimensão política tenhamos


ou não consciência disso, portanto assume-se um caráter educativo e
político para a educação e este só cumpre seu papel quando permite a
formação integral do indivíduo. Mas o desafio permanece, como
podemos falar em educação global se vivemos em uma sociedade
fragmentada, imbuída de diferentes conceitos de razão, educação,
ética, política, marginalidade, sociedade e cultura?
O agir educativo sempre cumpre um papel fundamental na
estruturação da sociedade. O modelo tortuoso e desorganizado de
nosso sistema educacional gera aberrações como as que vemos nas
instituições de ensino público superior.
A estagnação é a negação da educação. Entretanto a
sociedade humana, apesar de se caracterizar pela constância do
progresso, concretamente é avessa às novidades. Por mais que se
beneficie com a evolução, com o progresso, com o desenvolvimento,
sempre que se defronta com situações que demandam a desinstalação
para instalação de novidades o ser humano cria resistências. O novo
incomoda e, sendo assim, o processo educacional é um processo
incômodo, mas necessário.
A história é um processo constante, construída a cada dia e a
cada hora. O problema da história é que o historiador precisa fazer
escolhas. Nem todos os fatos são estudados nem todos os processos,
mas selecionados. Principalmente por que não tem acesso a eles. Além
disso, o historiador olha para os fatos e processos históricos não em si
mesmos, pois esses já não existem mais, mas os examina de forma
indireta: mediante os documentos históricos que são uma versão do
fato e não o fato mesmo. Isso posto, podemos dizer que tudo o que é
apresentado como histórico não é a história, mas as versões da
história. Cada versão do passado manifesta-se no tempo presente
somente enquanto tem alguma relevância para aquele momento
histórico ou para justificar algum elemento considerado importante no
presente.
O passado é, por definição, um dado que nada mais
modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso,
que incessantemente se transforma e aperfeiçoa. Podemos dizer que o
problema da história manifesta-se também quando pretendemos
fazer a história da educação. O objeto de estudo é o passado, mas o
passado do processo histórico já não está acessível; o historiador está
na “impossibilidade de ele próprio constatar os fatos que estuda”. O

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que temos são as versões dos fatos; os textos com estas ou aquelas
opiniões; os comentários localizados no espaço e no tempo;
comentários que foram válidos para o momento em que foram
emitidos.
Mas como saber se essas opiniões permanecem válidas
para nosso cotidiano?
Como podemos dizer que aquilo que foi dito sobre a
educação em outro tempo e espaço pode ser aplicado à nossa
realidade educacional?

A educação é a base para a transformação do homem e,


consequentemente, do lugar em que ele habita. O conhecimento
permite ver além do básico e por isso cobra dos sujeitos uma ação
refletida, uma prática concreta. É mister compreender que a educação
é um direito humano e, portanto, leva as pessoas à produção de
conhecimento e, consequentemente, à transformação da natureza e do
que está ao seu redor. Para que isso aconteça, a educação sobretudo
a escolar surge como elemento proporcionador do desenvolvimento
humano.
Muitos são os desafios para que a educação básica e
obrigatória garanta não apenas o acesso, mas, sobretudo, a
permanência com qualidade no ambiente escolar. Para tanto, é
fundamental que se invista na contínua formação dos docentes. Com
isso, espera-se o encontro do formar com o formar-se, ou seja,
oportunizar ao professor o espaço e as condições necessárias para a
sua qualificação profissional com vistas ao desenvolvimento de práticas
pedagógicas significativas.

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