Toni Cidade

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FIB001 – Biofísica aplicada a Ciências Biológicas – Tonicidade - Prof.

Christopher Kushmerick

Objetivos: ao completar este módulo, o estudante deve estar capaz de


1 Definir concentração osmótica e calcular a concentração osmótica de uma mistura aquosa de
sais
2 Definir tonicidade, e classificar soluções como isotônica, hipertônica, ou hipotônica
3 Explicar a diferença entre Osmolaridade e Tonicidade
4 Prever o efeito no volume celular quando hemácias são colocado em soluções com diferentes
tonicidades.

Bibliografia recomendado
 Aires, M, Fisiologia 3ª ed., Guanabara Koogan, (2008)

Tonicidade – definições
A tonicidade relaciona diferenças em
concentração osmótica com o movimento de
água através de uma membrana. Quando
uma membrana separa duas soluções, uma
diferença de concentração osmótica entre as
duas soluções pode gerar um movimento de
água de um lado para outro da membrana
(Figure 1). Quando isso acontece, a direção
do movimento de água é sempre no sentido
do lado onde a concentração de água está
maior para o lado onde a concentração de
água está menor. A presença de solutos reduz
a concentração de água comparada com a
água pura. Logo, uma maior concentração de
solutos implica em uma menor concentração de água. Portanto, podemos dizer também que o
movimento de água acontece na direção de onde a concentração de solutos está menor para onde a
concentração de solutos está maior. Neste caso, a concentração de solutos obrigatoriamente tem que
ser expressa em termos de concentração osmótica.

Em termos de tecidos e células, vamos definir três condições de tonicidade:

Isotônica Refere-se a uma solução que não causa movimento de água


Hipertônica Refere-se a uma solução que causa um movimento de água de
dentro para fora das células ou do tecido
Hipotônica Refere-se a uma solução que causa um movimento de água de fora
para dentro dás células ou do tecido.
Exemplo 1: Uma salina contendo
NaCl a 150 mM é isotônica para
hemácias de mamíferos. Sabemos
disso porque quando retiramos
hemácias do plasma e colocá-las
em uma solução NaCl a 150 mM,
não ha movimento de água. Ou
seja, o volume das hemácias não
aumenta e também não diminui.
Por outro lado, se colocarmos as
hemácias em uma solução de
NaCl a 300 mM, haverá um
movimento de água para fora das
hemácias. Logo, esta é uma
solução hipertônica. Finalmente,
se colocarmos hemácias em
solução NaCl a 125 mM, haverá
um movimento de água para
dentro das células. Logo, esta
última é uma solução hipotônica.
Ver Fig 2.

Como prever se uma solução é isotônica, hipertônica, ou hipotônica?


Caso 1. A membrana semipermeável.
Define-se uma membrana semipermeável como membrana que é permeável a água e impermeável a
todos os tipos de soluto. Neste caso, o movimento de água é determinado pela diferença de
concentração osmótica entre as soluções presentes nos dois lados da membrana. O movimento de
água neste caso é no sentido de reduzir a diferença de concentração osmótica. Isso porque o
movimento de água é sempre na sentido de onde a água está mais concentrado para onde a água está
menos concentrada. Se a concentração osmótica dentro da célula for maior do que fora, o movimento
da água será de fora para dentro da célula. Este movimento de água terá o efeito de diluir o líquido
intracelular e assim reduzir a sua concentração osmótica. Outra consequência é que o volume celular
vai aumentar. Dependendo da quantidade de água que entra, a célula pode ou não aguentar o
aumento de volume. Se a célula não aguarentar, pode acontecer a ruptura da membrana plasmática
que chamamos de lise celular.
Exemplo 2. A membrana plasmática de determinado tipo de célula tem a propriedade
definida acima para uma membrana semipermeável. Para estas células, uma salina
contendo NaCl a 150 mM é isotônica. A concentração molar de 150 mM de NaCl
equivale a uma concentração osmolar de 300 mOsm porque cada molécula de NaCl
dissocia em duas partículas osmoticamente ativas, o íon Na+ e o íon Cl-. Logo,
podemos inferir que a concentração osmótica do líquido intracelular também é de 300
mOsm, porque senão, a salina citada acima não seria isotônica. Se colocarmos esta
célula em uma solução de NaCl a 125 mM, a osmolaridade do líquido extracelular
(250 mOsm) será menor do que do líquido intracelular (300 mOsm). Logo, haverá
movimento de água no sentido de onde a sua concentração é maior para onde está
menor. Neste caso, a concentração de água é maior no liquido extracelular do que no
líquido intracelular e portanto o movimento de água será no sentido de entrar na
célula. A água vai entrar até que a concentração osmolar do líquido intracelular
igualiza a concentração osmolar do líquido extracelular. Se consideramos o volume do
líquido extracelular infinito quando comparado com o volume intracelular, podemos
considerar a concentração osmótico do líquido extracelular constante. Neste caso,
precisamos considerar apenas o líquido intracelular.
Qual seria o novo volume intracelular quando a célula entra em equilíbrio osmótico?
O novo volume pode ser calculado considerando que a concentração osmótica do
líquido intracelular tem que ser igual a concentração osmótica do líquido extracelular.
A osmolaridade dos dois tem que ser igual a 250 mOsm. A concentração osmótica do
líquido intracelular inicialmente foi de 300 mOsm. Para reduzir a sua concentração
para 250 mOsm é necessário que o volume do líquido intracelular aumente pelo fator
de 300/250, ou seja, pelo fator 1,2. Você acha que uma célula pode aguentar este
aumento de volume? Imaginando que a célula seja uma esfera, se o seu volume
aumenta por um fator de 1,2 por qual fator deve aumentar a sua área de superfície?

Caso 2. A membrana seletiva.


As membranas reais não são semipermeáveis. Elas são permeáveis a água, e no que diz respeito aos
solutos, são seletivas. Isso significa que eles são permeáveis a alguns solutos e impermeáveis a
outras. Cada caso é um caso porque a permeabilidade de uma membrana depende de quais proteínas
de transporte são expressas, e isso varia de uma célula para outra, ou ainda de um momento para
outro porque a quantidade de transportadores inseridos na membrana pode ser afetado por hormônios.
No caso de uma membrana seletiva, os cálculos de tonicidade devem levar em consideração apenas
os solutos impermeáveis. O solutos permeáveis não interferem na questão de tonicidade porque,
sendo permeáveis, a sua concentração vai acabar sendo igual nos dois lados da membrana, e desta
forma os solutos permeáveis não vão contribuir para a diferença de concentração osmótica.
Exemplo 3. A membrana plasmática de determinado célula é seletiva. Ela é
impermeável aos íons Na+ e Cl- e permeável a ureia. Para estas células, uma salina
contendo NaCl a 150 mM (300 mOsm) é isotônica. Se colocar estas células em uma
mistura de NaCl (150 mM) e ureia (150 mM = 150 mOsm), o que podemos esperar
em temos do movimento de água? Certamente, a osmolaridade da mistura de NaCl e
Ureia é maior do que a osmolaridade da salina pura. Isso porque as concentrações
osmolares somam. A osmolaridade da mistura é dado pela soma das componentes,
sendo 300 mOsm do NaCl e 150 da ureia totalizando 450 mOsm. Logo, se a
membrana fosse semipermeável, esta mistura seria hipertônica e causaria um
movimento de água para fora das células. No entanto, no caso atual a membrana não é
semipermeável e sim seletiva, sendo permeável a ureia. Neste caso, a presença ou não
de ureia não interfere com a questão de tonicidade. A ureia presente no liquido
extracelular, sendo permeável, vai entrar nas células. Logo, em breve a concentração
do liquido intracelular será igual a 450 mOsm e a diferença de concentração osmolar
vai ser eliminada sem a necessidade de movimento de água. Pela mesma lógica, para
estas células uma solução contendo apenas 300 mOsm de ureia seria completamente
hipotônica porque ao entrar na célula, a ureia vai aumentar a osmolaridade do líquido
intracelular de 300 mOsm para 600 mOsm enquanto a osmolaridade do líquido
extracelular permanecerá em 300 mOsm. Está célula nunca vai entrar em equilíbrio
porque a hiperosmolaridade intracelular vai causar um movimento de água para
dentro que vai diluir a ureia intracelular, o que causaria mais movimento de ureia para
dentro em um ciclo vicioso que só terminará quando a célula sofre lise.

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